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Sistemas Elétricos de Potência II

Curto-Circuito Trifásico

Prof. George Victor Rocha Xavier


DEL/CCET/UFS

Material adaptado de: Prof. Andréa Araújo Sousa


Introdução
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SEP II

● Um curto-circuito pode ser definido como uma conexão de impedância muito baixa
entre pontos de potenciais diferentes num circuito elétrico;

Curto-circuito sólido ou franco.


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Introdução
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● Dentre as causas do curto-circuito,


podemos citar a ocorrência de falhas nos
isoladores, manobras de operação
indevidas, falhas em equipamentos do
sistema, queda de condutores, vandalismo,
fadiga mecânica, poluição, acidentes,
vento e outros.

● Em geral, as correntes de curto-circuito


são muito maiores que as correntes
nominais do sistema, podendo ser maior
em até 10 vezes.

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Introdução
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● O conhecimento das correntes de curto-circuito atende a diversos objetivos:

○ Dimensionar LTs e equipamentos em relação a seus limites suportáveis de elevação de


temperatura;

○ Dimensionar equipamentos de proteção;

○ Dimensionar TCs quanto ao nível de saturação de sua curva de magnetização definido pela
classe de exatidão;

○ Analisar sobretensões de frequência industrial devido ao curto.

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Introdução
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● Os curtos-circuitos podem ser classificados como:

○ Faltas série:

■ Abertura monopolar;

■ Abertura bipolar.

● Consistem na abertura monopolar ou bipolar, respectivamente, da linha sem contato


com o solo;

● Podem ocorrer por defeito no disjuntor ou em chave fusível ou por erro de manobra
manual.

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Introdução
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● Os curtos-circuitos podem ser classificados como:

○ Faltas shunt (curto-circuito):

■ Simétricas: o sistema permanece em um estado equilibrado mesmo após a ocorrência


do curto-circuito. Ex: curto-circuito trifásico;

■ Assimétricos: ocorrência de faltas desequilibradas no sistema. Ex: curtos-circuitos do


tipo fase-terra (monofásicos), fase-fase (bifásicos) e fase-fase-terra (bifásico-terra).

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Introdução
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● Os curtos-circuitos podem ser classificados como:

○ Permanentes: são irreversíveis espontaneamente, necessitando de manutenção emergencial


na rede após a abertura do disjuntor para restabelecer o sistema;

○ Temporários ou transitórios: ocorrem sem haver defeito na rede e extingue-se após o


funcionamento da proteção. Pode ser causado por umidade, chuva, neve, vento, galhos de
árvores, etc.

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Introdução
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● Pela própria natureza do sistema elétrico, o setor mais vulnerável a falhas é a LT, visto
que seus elementos (ferragens, cabos, estruturas) estão dispostos em série,
diminuindo a sua confiabilidade;

Setor Ocorrência
Geração 6%
Subestação 5%
LT 89%

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Curto Trifásico – Condições de Contorno
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● As correntes são equilibradas, portanto não há diferença entre o curto 3 e o curto 3-
terra;
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● Os curtos-circuitos trifásicos são equilibrados de forma que o circuito representativo


da falta é composto apenas de impedâncias de sequência positiva e de acordo com
os modelos representativos de cada elemento do SEP;

● Portanto, para a sua análise, deverão ser feitas as devidas correspondências das
técnicas aplicadas na solução de circuitos em corrente alternada;

Circuito representativo de um sistema antes e após a ocorrência de um curto-circuito trifásico.


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● Vamos determinar a corrente de falta trifásica nos terminais do gerador do circuito a


seguir a partir da análise das tensões internas do gerador e moto. Todos os dados
fornecidos estão em p.u. para as bases de 13,8 kV e 100 MVA a partir do gerador.

○ Gerador: 𝑋𝐺 = 𝑋𝐺′′ = 0,15 p.u.; Tensão nos terminais de 1,05 p.u., fornecendo 100 MVA com
FP de 0,95 em atraso;
○ Transformadores: 𝑋𝑇1 = 𝑋𝑇2 = 0,1 p.u.; 13,8 kV/138 kV ∆/Y;
′′
○ Motor: 𝑋𝑀 = 𝑋𝑀 = 0,2 p.u.
○ Linha de Transmissão: 𝑋𝐿 = 0,1 p.u.

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● Primeiramente, traça-se o circuito equivalente em p.u. do sistema:

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● A partir dos dados apresentados, podemos calcular a corrente de pré-falta do circuito:

● Analogamente, pode-se calcular os valores das tensões do gerador e do motor


anteriormente ao momento da falta:

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● Considerando a situação de falta nos terminais do gerador, o circuito equivalente em


p.u. pode ser redefinido como :

● A partir do circuito acima, pode-se verificar que a corrente de falta 𝑰𝑭 pode ser dada
como :

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● A corrente de falta ou curto-circuito pode ainda ser determinada por outros dois
métodos comumente aplicados na análise de sistemas de potência: o princípio da
superposição e o equivalente de Thévenin;

● Para a determinação da corrente de curto a partir do princípio da superposição, a falta


é representada por duas fontes de tensão de pré-falta de mesmo módulo e
polaridades opostas;

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● De acordo com o princípio da superposição, o circuito pode ser representado pela


soma dos seguintes circuitos:

● Assim, tem-se que as correntes do gerador, do motor e do curto são;

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● O primeiro circuito representa a condição de pré-falta do sistema, logo, tem-se os


seguintes valores de tensão e corrente:

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● Para o segundo circuito (condição de falta), as correntes podem ser determinadas


como:

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● A partir da análise do circuito pelo princípio da superposição, é possível verificar as


contribuições totais do gerador e do motor (pré-falta + falta) considerando as
correntes de pré-falta que circulavam no circuito:

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● Pode-se verificar que a corrente de pré-falta não possui influência tão significativa
sobre o valor final da contribuição de curto-circuito do gerador e do motor. Desta
forma, costuma-se omitir as contribuições pré-falta nos cálculos de curto-circuito.

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Curto-Circuito Trifásico
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● O fenômeno observado no diagrama fasorial apresentado anteriormente pode ser


justificado pelo fato das correntes de carga serem limitadas pelas próprias
impedâncias das cargas, de forma que seus valores são pequenos e com fator de
potência alto ( 0,85), consequentemente, a defasagem entre tensão de fase e a
corrente de carga é pequena;

● Em contrapartida, correntes de curto-circuito são limitadas pelos parâmetros da rede,


que têm valores baixos e são indutivos, sendo uma corrente de alta magnitude e com
defasagem grande em relação à tensão de fase (baixo fator de potência).

● Em caso de cálculos de curto-circuito de alta precisão, as correntes de carga são


consideradas e podem ser previamente definidas a partir de estudos ou programas de
fluxo de potência.

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Curto-Circuito Trifásico
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● Para a determinação da corrente de falta a partir do equivalente de Thévenin, o


sistema é representado a partir do seguinte circuito equivalente:

em que, a tensão de Thévenin (𝑽𝒕𝒉 ) é equivalente a tensão de pré-falta do circuito no


ponto de falta, enquanto que a impedância de Thévenin (𝒁𝒕𝒉 ) é a impedância do sistema
vista do ponto da falta.
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● Logo, para o sistema apresentado anteriormente, tem-se os seguintes resultados de


tensão e impedância de Thévenin:

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Curto-Circuito Trifásico
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● Assim, tem-se a seguinte corrente de falta:

● A partir do resultado de corrente de falta, as contribuições do motor e do gerador na


corrente de curto-circuito podem ser determinadas a partir de divisores de corrente :

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Curto-Circuito Trifásico
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SEP II

● Fazendo uso das condições de pré-falta, também é possível determinar as correntes


totais fornecidas pelo gerador e motor:

● Apesar das diversas abordagens para a solução de curtos-circuitos, diante de sua


aplicação mais simplificada, principalmente para grandes SEP, utiliza-se
preferencialmente o método de Thévenin para a determinação das correntes de curto-
circuito tanto para faltas simétricas (trifásicas) quanto assimétricas (desequilibradas).

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Potência de Curto-Circuito
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● Considere a parte de um sistema de transmissão composto pelas linhas LT1 e LT2,


barras 1, 2 e 3, e disjuntores CB1 e CB2, como mostrado a seguir;

● Além disso, admita que ocorra um curto-circuito trifásico franco na barra 3 e que a
carga ligada a essa barra seja uma impedância passiva que não contribua para o
curto.

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Potência de Curto-Circuito
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● Análise da situação:

○ A tensão pré-falta V3, assumida em 1 pu, irá para


zero;

○ Se for assumido que as barras 1 e 2 contêm fontes


ativas, elas irão alimentar o curto-circuito com as
correntes ICC1 e ICC2;

○ O valor dessas correntes será determinado pela


capacidade (força) das barras 1 e 2 e pelas
impedâncias das linhas LT1 e LT2;

○ Os disjuntores CB1 e CB2 serão comandados por


relés para abrir e isolar a barra quando as correntes
de curto alcançarem os valores especificados.
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Potência de Curto-Circuito
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● Além da própria barra em falta, as barras vizinhas à barra em falta também sofrem
diminuição no valor de suas tensões em relação os valores pré-falta durante um curto-
circuito;

● O valor dessa queda de tensão é uma indicação da força da rede: quanto mais forte
uma barra, menor será sua queda de tensão durante a falta e maior será a sua
contribuição para a corrente de curto;

● A força da barra é medida por uma grandeza denominada de Potência de Curto-


Circuito ou Capacidade de Curto-Circuito.

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Potência de Curto-Circuito
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● Desta forma, a potência de curto-circuito ou capacidade de curto-circuito de uma barra


pode ser dada, em módulo, por:

3∅ 3∅
𝑆𝐶𝐶 (MVA) ≜ 3𝑉𝐿 𝐼𝐶𝐶

em que:

○ 𝑉𝐿 é a tensão de linha pré-falta no ponto de falta, em kV;

3∅
○ 𝐼𝐶𝐶 é a corrente de curto-circuito trifásico, em kA.

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Potência de Curto-Circuito
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● Em p.u:
3∅ 3∅ 3∅
3∅ 𝑆𝐶𝐶 3𝑉𝐿 𝐼𝐶𝐶 𝑉𝐿 𝐼𝐶𝐶
𝑆𝐶𝐶 pu = = =
𝑆𝐵 𝑆𝐵 𝑉𝐵
𝑆𝐵
3𝑉𝐵
3∅ 3∅
3∅ 𝑉𝐿 𝐼𝐶𝐶 𝑉𝐿 𝐼𝐶𝐶 3∅
𝑆𝐶𝐶 pu = = = 𝑉𝐿 (pu) 𝐼𝐶𝐶 (pu)
𝑉𝐵 𝑆𝐵 𝑉𝐵 𝐼𝐵
3𝑉𝐵

em que:

○ SB é potência base, em MVA;

○ VB é a tensão base, em kV;

○ IB é a corrente base, em kA.


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Potência de Curto-Circuito
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● Sabendo que:
𝑉𝐹
ሶ =
𝐼𝐶𝐶
𝑗𝑋𝑇𝐻

● Realizando as devidas substituições e desprezando a corrente de carga pré-falta e


considerando a tensão pré-falta no ponto de defeito igual a 1 pu, temos:

3∅ 3∅ 1
𝑆𝐶𝐶 pu = 𝐼𝐶𝐶 pu =
𝑋𝑇𝐻

● Desta forma, pode-se representar toda uma porção de rede a montante de uma barra
pela potência de curto-circuito da barra.
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Curto-Circuito Trifásico – Exercícios
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● Dois geradores são ligados em paralelo no lado de baixa tensão de um transformador


trifásico ∆-Y. O gerador 1 tem valores nominais de 50.000 kVA e 13,8 kV. O gerador 2 é
de 25.000 kVA e 13,8 kV. Cada gerador tem uma reatância subtransitória de 25%. O
transformador apresenta valores nominais de 75.000 kVA e 13,8∆/69Y kV, com uma
reatância de 10%. Antes de ocorrer a falta, a tensão no lado de alta tensão do
transformador é de 66 kV. O transformador está em vazio e não há corrente circulando
entre os geradores. Calcule a corrente subtransitória em cada gerador quando ocorre
um curto-circuito trifásico no lado de alta tensão do transformador.

● Utilize os seguintes valores de base:

○ Sb = 75.000 kVA;

○ Vb = 69 kV (alta) e Vb = 13,8 kV (baixa)

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Curto-Circuito Trifásico – Exercícios
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● Um alternador e um motor síncrono têm para valores nominais 30.000 kVA, 13,2 kV e
ambos possuem reatâncias subtransitórias de 20%. A reatância da linha que os liga é
10% na base dos valores nominais das máquinas. O motor está consumindo 20.000
kW com fator de potência 0,8 em avanço e tensão terminal de 12,8 kV quando ocorre
uma falta trifásica em seus terminais. Determine a corrente subtransitória no
alternador, no motor e na falta usando os seguintes métodos:

○ Tensões internas (análise convencional);

○ Superposição;

○ Thévenin.

● Adote como valores de base 30.000 kVA e 13,2 kV.

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Curto-Circuito Trifásico – Exercícios
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● Considere o sistema a seguir, no qual as linhas de transmissão apresentam reatância


de 0,327 ohm/km. Desprezando a corrente de carga antes da falta e admitindo tensão
nominal no instante em que ocorre o defeito, determine:

○ A corrente de curto-circuito trifásico franco no ponto F, localizado na linha 2, a 30 km da


barra 2;

○ A corrente que flui do gerador G1, ligado à barra 1, em consequência do curto citado no item
a;

○ A corrente de curto-circuito trifásico no ponto F, considerando-se uma reatância de 5 ohms


no ponto de falta.

● Adote 1.000 MVA como potência de base.

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Curto-Circuito Trifásico – Exercícios
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Curto-Circuito Trifásico – Exercícios
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● Considere o sistema a seguir, com tensões de pré-falta iguais a 1,0 p.u. Com os
disjuntores CB1 e CB2 abertos, a rede divide-se em duas partes e, nesta situação, as
barras 1 e 2 têm as potências de curto-circuito Scc1 = 8,0 p.u e Scc2 = 5,0 p.u,
respectivamente. As impedâncias das linhas LT1 e LT2 são ZLT1 = ZLT2 = 0,3j p.u cada.

● Se fecharmos os dois disjuntores, qual será o nível de curto-circuito resultante da


barra 3?
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