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Júri
Presidente: Prof. Gil Domingos Marques
Orientador: Prof. Pedro Alexandre Flores Correia
Vogais: Prof. José Manuel Dias Ferreira Jesus
Eng. Rui Dias Jorge
Setembro 2007
Agradecimentos
Ao Prof. Pedro Flores Correia e ao Eng. Rui Dias Jorge, pelo indispensável apoio
naquilo que eu sozinho nunca conseguiria e pelo interesse demonstrado naquilo
que efectivamente fui conseguindo.
i
Resumo
ii
Abstract
In this work, studies are conducted on the use of Discrete Fourier Transform on the
low harmonic content of transients produced by simulated ground faults in distri-
bution networks, for protection purposes. These faults place protection algorithms
currently used beyond their operational limits, which is confirmed in this work. Sim-
ulations are carried out for a typical distribution network, where network parameters
and fault conditions are changed for a significant number of cases.
iii
Conteúdo
1 Introdução 1
1.1 Descrição Funcional Genérica das Protecções . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Protecções contra defeitos fase-terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Objectivos e Metodologia do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.4 Organização do Relatório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2 Defeitos Fase-Terra 5
2.1 Análise em Regime Permanente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Influencia do Neutro em Regime Permanente Pós-Defeito . . . . . . 8
2.2.1 Regime de Neutro Isolado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.2.2 Neutro com Impedância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3 Componentes Homopolares em Regime Permanente Pré-Defeito . . 10
2.4 Transitórios Electromagnéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.4.1 Principais Condicionantes dos Transitórios . . . . . . . . . . 11
iv
4.2.3 Algoritmo com Recurso a Detector de Transitórios . . . . . . 43
5 Conclusões 46
v
Lista de Siglas
PT Posto de Transformação
TM Time Multiplier
vi
Lista de Figuras
vii
3.20 Efeito da localização do defeito sobre a evolução da amplitude da
2a harmónica; distancia ao defeito {0, 12, 24, 36, 48} Km; Rdef =
1333Ω; neutro reactivo; defeito na passagem por zero da tensão . . 32
3.21 Efeito do ângulo de incidência sobre evolução da amplitude da 2a
harmónica Rdef = 1333Ω; distância ao defeito 12 Km; neutro reactivo 33
3.22 Efeito do regime de neutro sobre evolução da amplitude da 2a har-
mónica - Rdef = 1333Ω; distancia ao Defeito 12 Km; defeito na pas-
sagem por zero da tensão; Rdef = 1333Ω . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.1 Neutro Isolado; tempos de actuação do relé 51N para uma semi-
gama Rdef ; defeito localizado a 48 Km da subestação; linha sã ex-
pandida; Iop = 0.5 A; T M = 0.2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.2 Neutro Resistivo; tempos de actuação do relé 51N para uma semi-
gama Rdef ; defeito localizado a 48 Km da subestação; linha sã ex-
pandida; Iop = 0.5 A; T M = 0.2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4.3 Neutro Reactivo; tempos de actuação do relé 51N para uma semi-
gama Rdef ; defeito localizado a 48 Km da subestação; linha sã ex-
pandida; Iop = 0.5 A; T M = 0.2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4.4 Neutro Isolado; evolução da 1a harmónica e 2a harmónica com
Rdef ; 2a harmónica expressa em percentagem da 1a ; defeito a 48
Km da subestação; linha sã expandida; defeito na passagem por
zero da tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.5 Neutro Resistivo; evolução da 1a harmónica e 2a harmónica com
Rdef ; 2a harmónica expressa em percentagem da 1a ; defeito a 48
Km da subestação; linha sã expandida; defeito na passagem por
zero da tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.6 Neutro Reactivo; evolução da 1a harmónica e 2a harmónica com
Rdef ; 2a harmónica expressa em percentagem da 1a ; defeito a 48
Km da subestação; linha sã expandida; defeito na passagem por
zero da tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.7 Neutro Resistivo; evolução da 1a harmónica e 2a harmónica com
Rdef ; 2a harmónica expressa em percentagem da 1a ; defeito a 48
Km da subestação; linha sã expandida; defeito na passagem por
um máximo da tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.8 Neutro Resistivo; evolução da 1a harmónica e 2a harmónica com
Rdef ; 2a harmónica expressa em percentagem da 1a ; defeito a 12
Km da subestação; configuração original da rede; defeito na pas-
sagem por zero da tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
4.9 Neutro Isolado; evolução da 1a harmónica e 2a harmónica com
Rdef ; 2a harmónica expressa em percentagem da 1a ; defeito a 12
Km da subestação; configuração original da rede; defeito na pas-
sagem por zero da tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
viii
4.10 Neutro Reactivo; evolução da 1a harmónica e 2a harmónica com
Rdef ; 2a harmónica expressa em percentagem da 1a ; Rdef (t) (mod-
elo de arco eléctrico); configuração original da rede; defeito na pas-
sagem por zero da tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.11 Neutro Resistivo; evolução da 1a harmónica e 2a harmónica com
Rdef ; 2a harmónica expressa em percentagem da 1a ; defeito a 36
Km da subestação; configuração original da rede; defeito na pas-
sagem por zero da tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.12 Neutro Reactivo; evolução da 1a harmónica e 2a harmónica com
Rdef ; 2a harmónica expressa em percentagem da 1a ; defeito a 36
Km da subestação; configuração original da rede; defeito na pas-
sagem por zero da tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.13 Neutro Isolado; evolução da 1a harmónica e 2a harmónica com
Rdef ; 2a harmónica expressa em percentagem da 1a ; defeito a 36
Km da subestação; configuração original da rede; defeito na pas-
sagem por zero da tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.14 Espectro do transitório obtido para um defeito a 12 Km da subestação;
Rdef = 263; neutro resistivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.15 Neutro Resistivo; evolução da 1a harmónica e 11a harmónica com
Rdef ; 11a harmónica expressa em percentagem da 1a ; defeito a 12
Km da subestação; configuração original da rede; defeito na pas-
sagem por zero da tensão; utilização do detector de transitórios . . 45
4.16 Neutro Resistivo; evolução da 1a harmónica e 11a harmónica com
Rdef 11a harmónica expressa em percentagem da 1a ; defeito a 48
Km da subestação; configuração original da rede; defeito na pas-
sagem por zero da tensão; utilização do detector de transitórios . . 45
ix
Lista de Tabelas
x
Capítulo 1
Introdução
1
1. Introdução
1.2. Protecções contra defeitos fase-terra
selectividade da operação.
2
1. Introdução
1.3. Objectivos e Metodologia do Trabalho
Na ultima das três partes que corresponde ao quarto capítulo, enuncia-se um pos-
sível esquema de protecção, procedendo-se à apresentação de resultados que o
3
1. Introdução
1.4. Organização do Relatório
4
Capítulo 2
Defeitos Fase-Terra
Embora uma analise em regime permanente não seja directamente relevante para
o objectivo proposto, proporciona um enquadramento teórico no qual assentam as
soluções actuais de protecção, permitindo em simultâneo justificar algumas das
suas limitações. Resume-se aqui o desenvolvimento apresentado em [4].
É possível obter uma expressão que exprime a corrente de curto circuito fase-terra
como o quociente entre a tensão simples pré-defeito e a soma da resistência de
defeito com a média das componentes simétricas da impedância vista do ponto de
sa
I res
ZN def
I res
def
I res , jus
Rdef I cc
5
2. Defeitos Fase-Terra
2.1. Análise em Regime Permanente
Ea0
I¯cc = Z̄d +Z̄i +Z̄h
(2.2)
Rdef + 3
1 1 + jωC Z̄0
Ȳh = jωC + = (2.5)
Z̄0 Z̄0
Reescrevendo (2.2):
6
2. Defeitos Fase-Terra
2.1. Análise em Regime Permanente
Atente-se ao facto que na situação de defeito, a rede em estudo poder ser enca-
rada como um divisor de corrente homopolar, em que as correntes se dividem pe-
los ramos (linhas) proporcionalmente à sua admitância. Assim para um dado valor
fixo da corrente de defeito a corrente residual numa linha sã é tanto maior quanto
maior for a capacidade à terra dessa linha. Convencionando que as correntes que
fluem em direcção ao barramento são negativas, tem-se para a corrente residual
numa linha sã:
jωCsa ¯cc
I¯sa
res
=− I (2.7)
Ȳh
jωCdef ¯cc
I¯def,jus
res
=− I (2.8)
Ȳh
É importante ter em conta que esta corrente não é observável pela protecção. No
entanto através de (2.8) facilmente se define a corrente residual na linha defeituosa
como:
jωCdef ¯cc
I¯def
res
= I¯cc − I¯def,jus
res
= (1 − )I (2.9)
Ȳh
Esta sim observável pela protecção. Interessa também definir a tensão residual:
I¯cc
Ū res = − (2.10)
Ȳh
res ∗
res
S̄sa = Ū res (I¯sa ) = −jωCsa |U res |2 (2.11)
7
2. Defeitos Fase-Terra
2.2. Influencia do Neutro em Regime Permanente Pós-Defeito
1
Ūb = Ēb0 + (Z̄d I¯cc + Ū res ) (2.13)
3
1
Ūc = Ēc0 + (Z̄d I¯cc + Ū res ) (2.14)
3
Nas redes que operam com este tipo de regime, o neutro encontra-se galvani-
camente isolado da terra, ZN → ∞, o que implica que a ligação de neutro não
constitui um caminho possível de retorno para a corrente de defeito, esta fecha-se
então unicamente pelas capacidades distribuídas à terra das varias linhas.
O neutro isolado dá origem a que:
1
= 0 ⇒ Ȳh = jωC (2.15)
Z̄0
Ea0
I¯cc = (2.16)
+ j 23 XT − 1
Rdef 3ωC
Csa ¯cc
I¯sa
res
=− I (2.17)
C
Cdef
I¯def
res
= 1− I¯cc (2.18)
C
8
2. Defeitos Fase-Terra
2.2. Influencia do Neutro em Regime Permanente Pós-Defeito
Do ponto de vista das tensões este regime de neutro, em caso de defeito, caracteriza-
se por um elevado desequilíbrio. Se se considerar um defeito franco e 1/(ωC)
2XT a aplicação de (2.13) e (2.14) conduz a um valor para as tensões simples
igual ao valor da tensão composta.
res ∗
res
S̄def = Ū res (I¯def ) = ((jω(C − Cdef )) |U res |2 (2.19)
Este regime consiste em ligar-se o neutro à terra através de uma resistência ou re-
actância de baixo valor óhmico (rondando a dezena de ohm). Quando comparado
com o regime de neutro isolado, é possível obter uma melhor diferenciação entre
as amplitudes das correntes residuais, enquanto que nas linhas sãs se continua a
ter apenas correntes provenientes das capacidades. Na linha defeituosa acresce
uma parcela que fica a dever-se à existência de um caminho de retorno pelo neutro.
Por esta razão, a colocação de uma impedância no neutro favorece-se significati-
vamente o funcionamento de relés do tipo RHI, facilitando a eliminação selectiva
de defeitos.
A potência residual na linha em defeito que toma a forma genérica (2.12), ganha
uma componente activa de sinal negativo devido à presença de resistência na
impedância de neutro. De facto, para efeitos de sensibilidade em funções de pro-
tecção baseadas na fase da potencia homopolar, interessa que no caso de neutro
reactivo este tenha o pior factor de qualidade possível. Enquanto que a linha sã
mantém a sua potencia residual com fase de −π/2 (puramente reactiva), o neu-
tro com impedância coloca vectorialmente a potencia residual da linha defeituosa
tipicamente no terceiro quadrante.
9
2. Defeitos Fase-Terra
2.3. Componentes Homopolares em Regime Permanente Pré-Defeito
Estes fenómenos podem ser estudados com rigor à luz das equações de propa-
gação das ondas móveis do campo electromagnético, complementadas com a in-
trodução de condições fronteira impostas pelos barramentos e outros pontos de
descontinuidade.
10
2. Defeitos Fase-Terra
2.4. Transitórios Electromagnéticos
1. Distância ao defeito
Faz sentir a sua influência sobretudo na frequência característica da compo-
nente oscilatória do transitório. Com o aumento da distância, verifica-se uma
diminuição em amplitude das componentes espectrais de frequência mais
elevada.
2. Ângulo de incidência
Determina sobretudo a amplitude do transitório, tipicamente corresponde à
passagem da tensão por um máximo, por ser este o instante mais provável
de ocorrência do defeito. No uso dos transitórios como parte integrante de
uma função de protecção, interessa analisar instantes de defeito a que cor-
respondam transitórios de menor amplitude (passagens por zero). Embora
numa filosofia de protecção assente somente na componente fundamental
as passagens por zero sejam os instantes mais benéficos, tal não se passa
se os transitórios passarem a ser considerados para algoritmos de protecção.
3. Resistência de Defeito
É notório que para os defeitos que se distanciem do caso de ligação franca
à terra, a resistência de defeito passa a ter um carácter preponderante na
amplitude e duração dos fenómenos transitórios.
11
Capítulo 3
3. Modelo de Linhas
A modelação de linhas de transmissão é feita recorrendo a um modelo de
parâmetros distribuídos, por apresentarem mais rigor quando comparados
com os modelos de parâmetros concentrados em Π. O modelo utilizado foi
o desenvolvido por J. Marti. Considerou-se uma configuração em esteira
horizontal, com uma altura de 16m para os postes.
12
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.1. Simulação de Defeitos em EMTP/ATP
4. Modelo de Cargas
Sendo útil dispor de uma representação adequada da rede na situação pré-
defeito, a rede não é representada em vazio, modelando-se as cargas no
extremo jusante da rede por circuitos RL ligados em triângulo, para garantir
a anulação da componente homopolar. Os valores das cargas são tais que
garantem correntes nas linhas na ordem dos 100-150A.
5. Regime de Neutro
Consideram-se três regimes de neutro: isolado, reactivo e resistivo. O valor
da impedância de neutro no caso reactivo e resistivo é de 12 Ω. A reactância
de neutro apresenta um factor de qualidade de 5.
A variação das condições em que se produz o defeito à terra é feita por mudanças
em parâmetros de alguns modelos: ponto da linha onde se liga a resistência de
defeito; valor e tipo de resistência de defeito; ângulo de incidência (onde se faz
coincidir o defeito na passagem por um máximo ou um zero de tensão) e regime
de neutro. Na Tab. 3.1 é possível ver um resumo das variações utilizadas.
13
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.1. Simulação de Defeitos em EMTP/ATP
ZN
Tabela 3.2: Comprimentos originais das linhas modeladas em [2] linha no 1 Defeitu-
osa, linha no 2 sã
Rdef ∈ {263, 395, 592, 888, 1333, 2000, 3000, 4500, 6750, 10125, 15187, 22780} (3.1)
Superfície I cc [A]
Asfalto ou areia seca ≈0
Areia molhada 15
Terra seca 20
Erva seca 25
Terra molhada 40
Erva molhada 50
14
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.1. Simulação de Defeitos em EMTP/ATP
dg(t) 1
= (G(t) − g(t)) (3.2)
dt τ
g(s) 1
= (3.3)
G(s) 1 + τs
|i(t)|
G(t) = (3.4)
(u0 + R|i(t)|) l
15
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.2. Módulos de Estimação
τ 1 × 10−5 s
u0 (varc (t) > 0) 500 V cm−1
u0 (varc (t) < 0) 700 V cm−1
R 125 Ωcm−1
l 10 cm
5
x 10
10
6
Rdef [Ω]
0
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
t [s]
Figura 3.2: Evolução no tempo de Rdef segundo o modelo de arco eléctrico [1]
16
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.2. Módulos de Estimação
X̄ = Xc + jXs (3.5)
17
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.2. Módulos de Estimação
p
|X̄| = Xc2 + Xs2 (3.9)
Por cada amostra adquirida pela janela móvel, o ângulo e amplitude de X̄ são actu-
alizados, estabelecendo-se assim uma evolução temporal do fasor. Para compen-
sar a rotação artificial do fasor provocada pelo avanço da janela, há que introduzir
uma compensação nθ no ângulo.
1
50 Hz
0.9 100 Hz
0.8
0.7
0.6
Ganho Linear
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0 50 100 150 200 250
f [Hz]
18
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.3. Detector de Transitórios
2
IRES [A]
−2
−4
−6
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
tempo [s]
19
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.4. Simulação das Soluções Actuais de Protecção
3.5
IRES 1ª Harmónica [A]
2.5
1.5
0.5
0
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
tempo [s]
20
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.4. Simulação das Soluções Actuais de Protecção
ual (harmónica fundamental), que resulta da soma directa das correntes das três
fases. A norma EPATR é analiticamente definida em três zonas de operação, de-
limitadas por intervalos de amplitude da corrente residual:
X Iβ
k
TM = (3.13)
Afa
k
21
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.4. Simulação das Soluções Actuais de Protecção
Particularmente difíceis para uma correcta distinção entre linhas sãs e defeituosas
são configurações de rede em que a linha sã apresenta um comprimento muito
superior ao da linha defeituosa. Dos regimes de neutro em estudo, é o neutro
isolado aquele que provoca mais dificuldades ao relé na distinção entre linhas sãs
e defeituosas, precisamente porque a relação de amplitudes na corrente residual
fica somente dependente das capacidades distribuídas pelas varias linhas. Devido
à ausência de um caminho de retorno pelo neutro que alimente a linha defeituosa
com corrente residual.
O normal funcionamento da função de protecção está ilustrado nas Figs. 3.8 e 3.9.
É notório que o regime de neutro com impedância favorece a operação do relé pela
diferenciação acrescida que impõe entre as amplitudes das correntes residuais sãs
e defeituosas. No caso retratado pela Fig. 3.9 a protecção da linha sã não entra
sequer em funcionamento. É visível que este algoritmo opera com tempos de
actuação relativamente largos, podendo facilmente, com as regulações para TM
habitualmente em uso, chegar aos 120 segundos. Este facto pode constituir uma
motivação extra para a incorporação dos transitórios num esquema de protecção.
22
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.4. Simulação das Soluções Actuais de Protecção
100
DEF
90 SA
80
70
60
top [s]
50
40
30
20
10
0
263 395 592 888 1333 2000
Rdef [Ω]
Figura 3.8: Neutro Isolado; evolução do tempo de actuação do relé 51N com Rdef ;
distância ao defeito de 24 Km
30
DEF
SA
25
20
top [s]
15
10
0
263 395 592 888 1333 2000
Rdef [Ω]
Figura 3.9: Neutro Resistivo; evolução do tempo de actuação do relé 51N com
Rdef ; distância ao defeito de 24 Km
23
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.4. Simulação das Soluções Actuais de Protecção
1. Neutro Isolado
Neste regime, a corrente na linha defeituosa encontra-se em quadratura
mas em atraso relativamente à tensão residual, o que corresponde a uma
potência homopolar na linha com defeito puramente reactiva com argumento
de +π/2. As correntes residuais sãs e defeituosa encontram-se assim em
oposição de fase.
Para o caso de neutro isolado, Fig. 3.10, é visível que após um período transitório,
(subsequente à ocorrência do defeito em t = 0.04 s) a corrente corrente residual na
linha sã se fixa aproximadamente em π/2 (a que corresponde uma potência resid-
ual com argumento de −π/2), a corrente residual que transita na linha defeituosa
está em oposição de fase com um argumento de −π/2. Este resultado estabelece
um principio de actuação simples para o caso de neutro isolado: a sinalização de
24
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.4. Simulação das Soluções Actuais de Protecção
uma linha como defeituosa ocorre se a corrente residual nesta apresentar uma
fase de π/2 referenciada à tensão residual.
Nas simulações efectuadas sobre esta protecção foi visível que as correntes nas
linha sãs não apresentam uma fase de exactamente 90o , sendo habitual a obtenção
de valores que rondam os 95o . Este facto facto fica a dever-se a que o caminho
longitudinal que as correntes residuais sãs percorrem antes de atingirem o barra-
mento, contém alguma resistência. Fases muito próximas 90o só são expectáveis
em defeitos localizados imediatamente à saída da subestação. Esta situação é
acautelada dimensionando uma banda morta de aproximadamente 7o .
180 DEF
SA
135
90
45
fase [º]
−45
−90
−135
25
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.4. Simulação das Soluções Actuais de Protecção
DEF
180 SA
135
fase [º]
90
45
0
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
tempo [ms]
gitudinal das linhas sãs). Baixos factores de qualidade favorecem, deste modo, a
actuação da protecção. O factor de qualidade usado nos ensaios com neutro re-
activo foi de 5, o que corresponde a uma resistência de aproximadamente 2.35 Ω
para uma impedância total 12 Ω. Tipicamente este tipo de protecção mantém a
sua operacionalidade com factores de qualidade até 5.5.
26
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.4. Simulação das Soluções Actuais de Protecção
DEF
180 SA
170
160
150
140
130
120
110
fase [º]
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
tempo [ms]
27
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.4. Simulação das Soluções Actuais de Protecção
4
x 10
3
Neutro Resistivo
Neutro Isolado
2.5
2
Tensao Residual [V]
1.5
0.5
0
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
tempo [s]
4
x 10
3
2.5
2
Tensao Residual [V]
1.5
0.5
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5
Rdef [Ω] 4
x 10
Figura 3.14: Neutro Isolado; evolução da amplitude da tensão residual com Rdef
28
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.4. Simulação das Soluções Actuais de Protecção
1500
1000
Tensao Residual [V]
500
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5
Rdef [ Ω] 4
x 10
1600
1550
1500
Tensao Residual [V]
1450
1400
1350
1300
1250
0 12 24 36 48
Distancia ao Defeito [Km]
29
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.5. Analise Harmónica dos transitórios
4
x 10
2.85
2.8
2.75
Tensao Residual [V]
2.7
2.65
2.6
2.55
2.5
2.45
0 12 24 36 48
Distancia ao Defeito [Km]
30
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.5. Analise Harmónica dos transitórios
31
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.5. Analise Harmónica dos transitórios
14
12
10
2ª Harmónica [A]
8
Rdef
Crescente
6
0
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
tempo [s]
2.5
2
2ª Harmónica [A]
Distancia
ao Defeito
1.5 Crescente
0.5
0
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
tempo [s]
32
3. Simulação de Defeitos Fase-Terra e Módulos de Análise
3.5. Analise Harmónica dos transitórios
4
Defeito na passagem por zero
Defeito na passagem por um máximo
3.5
2.5
2ª Harmónica [A]
1.5
0.5
0
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
tempo [s]
3
Isolado
Resistivo
Reactivo
2.5
2
2ª Harmónica [A]
1.5
0.5
0
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
tempo [s]
33
Capítulo 4
Princípios de Protecção
Baseados em Transitórios
34
4. Princípios de Protecção Baseados em Transitórios
4.1. Situações de Falha da Protecção de Terras Resistentes
Ilustram-se nas Figs. 4.1, 4.2 e 4.3 algumas situações de falha do relé 51N. Estas
foram obtidas por alteração da topologia original da rede definida em [2]. A linha
que para efeitos de medição é aqui considerada como sã (linha no 2) viu o seu
comprimento aumentado, enquanto que as restantes linhas sem defeito viram o
sua extensão total diminuída, sendo visível na Tab. 4.1 a nova distribuição de com-
primentos. Tal como seria expectável, o pior caso obtém-se com o neutro isolado,
em que para nenhum dos valores de Rdef considerados o tempo de actuação na
linha sã é mais longo que na linha defeituosa. Nos últimos dois valores da gama de
resistência, coloca-se um problema de sensibilidade, já que a função de protecção
não chega a arrancar.
120
DEF
SA
100
80
top [s]
60
40
20
0
3000 4500 6750 10125 15187 22780
Rdef [Ω]
Figura 4.1: Neutro Isolado; tempos de actuação do relé 51N para uma semi-gama
Rdef ; defeito localizado a 48 Km da subestação; linha sã expandida; Iop = 0.5 A;
T M = 0.2
35
4. Princípios de Protecção Baseados em Transitórios
4.1. Situações de Falha da Protecção de Terras Resistentes
120
DEF
110 SA
100
90
top [s]
80
70
60
50
40
3000 4500 6750 10125 15187 22780
Rdef [Ω]
Figura 4.2: Neutro Resistivo; tempos de actuação do relé 51N para uma semi-
gama Rdef ; defeito localizado a 48 Km da subestação; linha sã expandida; Iop =
0.5 A; T M = 0.2
120
DEF
110 SA
100
90
top [s]
80
70
60
50
40
3000 4500 6750 10125 15187 22780
Rdef [Ω]
Figura 4.3: Neutro Reactivo; tempos de actuação do relé 51N para uma semi-
gama Rdef ; defeito localizado a 48 Km da subestação; linha sã expandida; Iop =
0.5 A; T M = 0.2
36
4. Princípios de Protecção Baseados em Transitórios
4.2. Algoritmos de Protecção Baseados em Transitórios
Com base no módulo desenvolvido para analise de transitórios, foi realizada uma
procura sistemática de componentes harmónicas capazes de integrar um algo-
ritmo, não só com o objectivo de colmatar situações como aquelas descritas em
4.1, mas também capaz de dar indicações correctas em condições de defeito
menos adversas.
37
4. Princípios de Protecção Baseados em Transitórios
4.2. Algoritmos de Protecção Baseados em Transitórios
2
1ª Harmonica [A]
1.5
0.5
0
3000 4500 6750 10125 15187 22780
Rdef [Ω]
19
2ª Harmonica [%]
18.5
18
17.5
17
3000 4500 6750 10125 15187 22780
Rdef [Ω]
2.5
DEF
SA
1ª Harmonica [A]
1.5
0.5
3000 4500 6750 10125 15187 22780
Rdef [Ω]
20
DEF
16 SA
2ª Harmonica [%]
12
0
3000 4500 6750 10125 15187 22780
Rdef [Ω]
38
4. Princípios de Protecção Baseados em Transitórios
4.2. Algoritmos de Protecção Baseados em Transitórios
3
DEF
2.5 SA
1ª Harmonica [A]
1.5
0.5
3000 4500 6750 10125 15187 22780
Rdef [Ω]
20
DEF
16 SA
2ª Harmonica [%]
12
0
3000 4500 6750 10125 15187 22780
Rdef [Ω]
2
1ª Harmonica [A]
1.5
DEF
1 SA
0.5
0
3000 4500 6750 10125 15187 22780
Rdef [Ω]
50
40
2ª Harmonica [%]
30 DEF
20 SA
10
0
3000 4500 6750 10125 15187 22780
Rdef [Ω]
39
4. Princípios de Protecção Baseados em Transitórios
4.2. Algoritmos de Protecção Baseados em Transitórios
3
DEF
SA
1ª Harmonica [A]
0
3000 4500 6750 10125 15187 22780
Rdef [Ω]
20
DEF
16 SA
2ª Harmonica [%]
12
0
3000 4500 6750 10125 15187 22780
Rdef [Ω]
2
DEF
SA
1ª Harmonica [A]
1.5
0.5
0
3000 4500 6750 10125 15187 22780
Rdef [Ω]
19
18.5
2ª Harmonica [%]
DEF
18
SA
17.5
17
16.5
3000 4500 6750 10125 15187 22780
Rdef [Ω]
40
4. Princípios de Protecção Baseados em Transitórios
4.2. Algoritmos de Protecção Baseados em Transitórios
2.5
DEF
2
1ª Harmonica [A]
SA
1.5
0.5
0
0 12 24 36 48
Distancia ao Defeito [Km]
20
2ª Harmonica [%]
16
DEF
SA
12
0 12 24 36 48
Distancia ao Defeito [Km]
A observação dos resultados expressos na Fig. 4.11 sugere um limite de não op-
eração fixo em 15 A, já que, apenas para os dois primeiros valores da gama de
resistência de defeito considerada o limite de 8% não é aplicável. No caso de neu-
tro reactivo (Fig. 4.12) o limite em 1a harmónica desce para os 10A. O caso de
neutro isolado (Fig. 4.13) representa a situação mais gravosa, não sendo possível
estabelecer qualquer limite, mesmo em 2a harmónica. Neste regime a única alter-
nativa possível será tentar um critério baseado no facto de as correntes residuais,
mesmo no transitório, se encontrarem em oposição de fase.
41
4. Princípios de Protecção Baseados em Transitórios
4.2. Algoritmos de Protecção Baseados em Transitórios
25
DEF
20 SA
1ª Harmonica [A]
15
10
0
263 395 593 889 1333 2000
Rdef [Ω]
20
16
2ª Harmonica [%]
DEF
12
SA
8
0
263 395 593 889 1333 2000
Rdef [Ω]
Outro tipo de limitação está relacionada com a precisão alcançável pelo sistema de
medição da protecção, situação particularmente delicada com valores que fiquem
numa vizinhança próxima do limiar proposto.
30
DEF
SA
1ª Harmonica [A]
20
10
0
263 395 593 889 1333 2000
Rdef [Ω]
25
DEF
20 SA
2ª Harmonica [%]
15
10
0
263 395 593 889 1333 2000
Rdef [Ω]
42
4. Princípios de Protecção Baseados em Transitórios
4.2. Algoritmos de Protecção Baseados em Transitórios
15
DEF
SA
1ª Harmonica [A]
10
0
263 395 593 889 1333 2000
Rdef [Ω]
24
DEF
SA
2ª Harmonica [%]
22
20
18
263 395 593 889 1333 2000
Rdef [Ω]
43
4. Princípios de Protecção Baseados em Transitórios
4.2. Algoritmos de Protecção Baseados em Transitórios
−20
−40
−60
Amplitude [dB]
−80
−100
−120
−140
−160
−180
−200
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000
f [HZ]
44
4. Princípios de Protecção Baseados em Transitórios
4.2. Algoritmos de Protecção Baseados em Transitórios
4
DEF
SA
1ª Harmonica [A]
0
3000 4500 6750 10125 15187 22780
Rdef [Ω]
8
11ª Harmonica [%]
6
DEF
SA
4
0
3000 4500 6750 10125 15187 22780
Rdef [Ω]
3
DEF
SA
1ª Harmonica [A]
0
3000 4500 6750 10125 15187 22780
Rdef [Ω]
40
11ª Harmonica [%]
30
DEF
20 SA
10
0
3000 4500 6750 10125 15187 22780
Rdef [Ω]
45
Capítulo 5
Conclusões
46
Bibliografia
[1] M. Michalik, W. Rebizant, M. Lukowicz, S.-J. Lee, and S.-H. Kang, “High-
impedance fault detection in distribution networks with use of wavelet-based
algorithm,” IEEE Transactions on Power Delivery, vol. 21, no. 4, 2006.
[7] F. J. Harris, “On the use of windows for harmonic analysis with the discrete
fourier transform,” Proceedings of the IEEE, vol. 66, no. 1, 1978.
[9] C.-L. Huang, H.-Y. Chu, and M.-T. Chen, “Algorithm comparison for high
impedance fault detection based on staged fault test,” IEEE Transactions on
Power Delivery, vol. 3, no. 4, 1988.
47