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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

Professora: Patrícia Salvador Segura


Assunto: A psicogênese da escrita

Os estudos de Piaget originaram, a partir da década de 1970, uma nova tendência construtivista,
baseado em princípios psicopedagógicos: a psicogênese da escrita, cujo foco central é a
natureza psicológica do processo de alfabetização.
Foi a psicopedagoga argentina Emília Ferreiro, discípula de Piaget e então radicada no México,
em conjunto com a pedagoga espanhola Ana Teberosky, que criou a nova tendência,
revolucionando o processo de alfabetização no mundo todo.
O resultado das pesquisas chegou ao Brasil na década de 1980, depois da publicação em língua
portuguesa, em 1984, da principal obra de Emília Ferreiro: Psicogênese da língua escrita (1979).
A principal preocupação da tendência envolve as dificuldades enfrentadas por crianças com
problemas de aprendizagem, principalmente, nos setores marginalizados da América Latina.
A psicogênese da escrita estabeleceu uma critica a concepção tradicional de educação, ao
ensino de fora para dentro, partindo do pressuposto de que o insucesso decorre da ineficiência do
método, material didático ou inadequação do professor, e não da criança.
Enquanto o ensino tradicional valoriza o uso da cartilha, julgando a capacidade de aprendizagem
por meio da avaliação da percepção e da motricidade, valorizando o aspecto exterior da escrita, o
saber desenhar as letras.
A psicogênese da escrita valoriza a natureza conceitual, encarando a escrita como código social,
portanto, procura unir o conteúdo da escrita com o processo de alfabetização.
Para a tendência, aprender a palavra é aprender o seu significado social, o seu contexto, o que é
realizada através da valorização de textos do cotidiano como meio de alfabetizar.
Para Emilia Ferreiro, tendo sido a invenção da escrita resultado de um longo processo histórico,
recriar este processo se torna uma tarefa grandiosa para a criança, exigindo enorme esforço e
levantando uma questão epistemológica:
Qual é a natureza da relação entre o real e o representado?
A escrita realmente representa e simboliza para a criança o que pretende?
A criança reinventa a escrita, interpretando os sinais que a rodeiam, isto ainda antes do processo
de alfabetização, passando por etapas, com avanços e recuos, até dominar o código linguístico.

A criança passaria por quatro fases até conseguir relacionar a fala com a escrita:
1. Pré-silábica: marcada pelo fato da criança não conseguir relacionar as letras com os
sons.
2. Silábica: quando interpreta a letra a sua maneira, atribuindo valor de sílaba a cada letra.
3. Silábica-alfabética: quando a lógica da fase anterior se mistura com a identificação de
algumas silabas.
4. Alfabética: marcada pelo domínio do valor das letras e silabas.
A passagem de uma fase a outra seria um processo particularizado, fazendo cada criança ter seu
próprio ritmo.
Caberia ao professor a função de observar e interpretar atentamente as interpretações da criança
para interagir com ela.

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