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Material Teórico
O prazer de ler e o ler por prazer
Revisão Textual:
Profa. Ms. Silvia Augusta Albert
O prazer de ler e o ler por prazer
Leitura
Leitura e leituras
Os entornos da leitura
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Unidade: O prazer de ler e o ler por
Contextualização
Como futuro professor do Ensino Fundamental e Médio, pense em como você deverá
estimular os seus alunos à leitura e, principalmente, ao prazer proveniente desse ato. Para
isso, torna-se necessário refletir sobre o seu papel de leitor, principalmente por ser professor.
Gostar de ler e de interpretar textos já é um grande passo, porém, mais do que isso, o
seu prazer pela leitura e o conhecimento que você adquire com este ato pode chamar a
atenção de seus alunos e estimulá-los.
Vamos pensar em uma atividade prática de leitura em sala de aula: você pode escolher um
poema, como o exposto a seguir, e pedir para alguns alunos fazerem uma leitura em voz alta:
A lagartixa (Álvares de Azevedo)
A lagartixa ao sol ardente vive
E fazendo verão o corpo espicha:
O clarão de teus olhos me dá vida,
Tu és o sol e eu sou a lagartixa.
Nessa primeira leitura em voz alta, procure orientar os seus futuros alunos a refletirem
sobre os sentimentos envolvidos no poema e que a leitura deve acompanhar esses
sentimentos, além de respeitar os sinais de pontuação e o encadeamento dos versos. A
leitura, antes de mais nada, deve ser interpretativa e um aluno pode opinar sobre a leitura
do outro, no sentido de ajustá-la e melhorá-la.
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Leitura
Você vê pegadas que saem do mar, atravessam a faixa da praia, parecem parar em uma esteira, mas continua
Provavelmente que a pessoa que saiu do mar, pegou o dinheiro na esteira e foi comprar um
sorvete. É uma hipótese que tem grande probabilidade de ser verdade, porque sua experiência
de mundo permite criar essas relações entre fatos e intencionalidades.
Ou seja, é muito provável que, num dia de verão, a pessoa que está tomando banho de mar
queira um sorvete, um doce muito apreciado, principalmente na praia ou nos dias quentes.
Para comprar o sorvete, porém, é necessário dinheiro, então, a parada na esteira teve essa
função. As esteiras são os lugares onde se deixam os objetos quando se entra no mar
(chinelos, óculos etc.).
Você só conseguiu entender as pegadas como um texto com início, meio e fim, ao “ler” esse
texto todo, montando hipóteses que foram sendo confirmadas ou refutadas pelos elementos
que você, nesse caso, encontrou no chão.
Se você prestar mais atenção aos detalhes pode chegar a definir se se trata de um adulto
ou uma criança, mulher ou homem. Como você fez isso?
Trata-se da observação da pegada, o tamanho, a largura, a distância dos dedos etc.
Essa “dedução” é um tipo de leitura como tantos outros que existem no mundo e que
permitem a todos nós nos relacionarmos com as pessoas a nossa volta, obtermos informações,
entendermos os fatos que acontecem ao nosso redor e muitas outras ações derivadas dessa
descodificação e atribuição de sentidos a um texto. O texto que você “leu” era composto por
pegadas na praia, com ponto de partida (o mar), percurso (a esteira) e ponto de chegada (o
carrinho de sorvete).
Leitura e leituras
Há muitos tipos de leitura no mundo. Essas leituras são aprendidas no convívio familiar
e social, na vida cotidiana e, tradicionalmente, como na nossa disciplina, são aprendidas
na escola. Um dos objetivos da escola é ensinar a ler e a escrever em língua materna.
A leitura em língua materna (na nossa disciplina, a língua portuguesa), como em outras, tem
de ser aprendida, porque requer o conhecimento da língua e de formas específicas de se
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Unidade: O prazer de ler e o ler por
organizá-la para a comunicação entre as pessoas que vivem em sociedade, o que acontece por
meio dos gêneros.
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Os textos que lemos são escritos de acordo com os gêneros que existem em nossa sociedade. Cada gênero t
Existem gêneros orais e escritos. Muitos dos gêneros orais, você já domina. Aprendeu alguns deles pelo uso
Objetivos de aprendizado
Nas aulas de leitura, focaremos a atenção nos gêneros escritos, buscando os elementos que os compõem. Em
Os entornos da leitura
Os textos, sejam verbais ou não verbais, exigem que o leitor tenha conhecimento de
mundo e dos códigos utilizados, para que assim ele possa determinar o valor de cada
elemento presente nos textos.
Assim, quando lemos um texto, buscamos, nessa posição de leitores, elementos –
provenientes do contexto e do próprio texto – que permitam a atribuição de sentidos. É o
equilíbrio entre elementos do contexto e do texto que auxiliam na decifração do texto.
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Unidade: O prazer de ler e o ler por
A leitura é um processo, portanto, que coloca lado a lado autor / falante e leitor/
ouvinte intermediados pelo texto. Cada texto, como aparece no box sobre gêneros, pode
ser oral ou escrito; e também verbal ou não verbal, ou ainda misto, isto é, verbal e não
verbal, como nas histórias em quadrinhos. O que garante a legibilidade dos textos é a
unidade de sentido, negociada na interação entre leitor / ouvinte e autor / falante.
Quando estamos conversando com amigos íntimos, há uma interação que, para outras
pessoas, pode parecer sem sentido. Conversamos de maneira aparentemente cifrada, pois nos
entendemos com poucas palavras e muitos implícitos (informações que dependem do grau de
conhecimento entre os envolvidos, da situação em que estão e não propriamente do que é
dito). Por exemplo: se temos um amigo que é mais “esquentado”, o seguinte diálogo faz
sentido:
B.O. (boletim de ocorrência) aqui significa que Carlos teria brigado com o vendedor por
causa da insistência. Em outra situação, o segundo amigo continuaria ouvindo a história sem
esse tipo de comentário, que resulta do fato de Carlos ser bastante combativo e ter pouca
paciência, daí a inferência do segundo amigo sobre uma suposta briga de Carlos com o
vendedor e o consequente B.O. – boletim feito na ocasião da denúncia na delegacia.
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dele vão sumir.
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Unidade: O prazer de ler e o ler por
Em outro caso, se a pessoa entender essa fala como uma forma de repreensão, a
resposta será bem diferente:
- Eu já disse que cada um pára quando quer. Ou: - Você sempre fica me pressionando. Toda
hora vem com sermão. Eu já sei que preciso parar de fumar.
A resposta está baseada no que a pessoa entendeu do fato e não do que foi dito. Trata-se
do subentendido que é como o ouvinte ou o leitor compreende o que foi dito
segundo suas expectativas; a situação em que ocorre a conversa ou o momento em
que acontece a leitura; a relação que tem com o outro falante / o autor ou ainda
com o tema apresentado. Isso resulta do fato de que não dizemos tudo, pois se o
fizéssemos a comunicação seria lenta e menos eficaz. Conforme os gêneros que estamos
utilizando, podemos explicitar mais ou menos informações, visões de mundo e opiniões.
Os gêneros jurídicos, por exemplo, deixam menos informação implícita por trabalharem com
fatos, provas e argumentos que levem ao ganho do processo (livrar um réu de uma acusação
ou conseguir que ele seja considerado culpado por aquilo de que foi acusado – depende de
que lado o advogado está). Já os gêneros publicitários deixam mais elementos implícitos por
terem como objetivo não somente que os consumidores considerem o produto melhor, mas
que tenha o desejo de comprar. Por essa razão, os gêneros publicitários criam certas imagens
baseadas nas expectativas nos consumidores e não somente na leitura dos dados
apresentados.
O subentendido, às vezes, se refere a como um autor ou um falante entende os temas
tratados nos textos. Vejam o caso dessas manchetes.
“Mandinga” funciona, Luxa é expulso por agressão em gandula e Inter fatura o retorno (Folha online, 29-04-2
Internacional vence o Grêmio e vai decidir com o Caxias (Estadão online, 29-04-2012)
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Os conhecimentos de gênero são importantes para saber as funções de cada texto; também
é importante saber por onde circulam e quais intenções colocam e seus autores/falantes e
quais expectativas demandam de seus leitores / ouvintes. Ou melhor, deve-se levar em conta
como cada um deve se comportar ao ler o texto de determinado gênero, uma vez que é
diferente ler uma notícia e uma conta de luz ou de água.
Por fim, os conhecimentos de mundo são imprescindíveis para a atribuição de sentidos a um
texto, porque sem eles as palavras não significam, já que o significado de um texto é marcado
histórica e socialmente.
FIORIN, J.L.; SAVIOLI, F.P. “Lição 20 Informações implícitas”. In: Lições de Texto: Leitura e Redação. 4ª ed.
GOLDSTEIN, N.; LOUZADA, M. S.; IVAMOTO, R.“Capítulo 1 Linguagem, texto, gêneros textuais”. In: O Texto S
A leitura do texto escrito ocorre longe do autor do texto, às vezes distante no tempo –
quando lemos a carta de um avô; outras, distante no espaço – quando lemos um e-mail de um
colega de outro estado ou país; há ainda os casos em que as distâncias são temporais e
espaciais – quando lemos as obras de Machado de Assis ou Shakespeare.
Se o texto é escrito, a dependência de elementos contextuais é um pouco menor do que as
dos textos orais (sem nunca deixar de ser importante) e os elementos linguísticos ganham
maior relevo, porque a negociação se dá de forma mais intensa nesses níveis.
Em outra Unidade, sobre escrita, vamos tratar dessa questão com mais detalhes.
Em razão da interação entre autor e leitor, podem ser feitas muitas leituras de cada
texto. Essas leituras podem variar, porque os leitores têm diferentes experiências de vida e de
mundo e os objetivos da leitura são múltiplos.
Nesse momento, você está lendo, pois precisa das informações contidas no texto; deve
finalizar a unidade; está fazendo um curso. Essa leitura se caracteriza por apresentar uma
finalidade: você busca algo no texto para aplicar em outro lugar, no nosso caso, em
exercícios. Há, no entanto, outros tipos de leitura. Aquela que se faz por prazer, para relaxar,
como a leitura de romances, colunas sociais, páginas pessoais das redes sociais. Há ainda a
leitura feita para se obter dados sem um objetivo imediato para a formação do profissional
ou do indivíduo como a leitura de textos religiosos ou teóricos na área profissional.
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Unidade: O prazer de ler e o ler por
Ler um texto é levar todos esses elementos em conta. Depois de uma leitura sem
compromisso, é importante observar alguns elementos que tornam a leitura mais aprofundada:
1. Começamos pelo gênero para identificar:
1.1 sua função (informar; persuadir; indicar prazos etc.)
1.2 elementos de sua estrutura composicional (como se organiza no espaço em branco,
quais os elementos imprescindíveis para que reconheçamos o gênero, etc.;
2. Observamos o suporte em que se encontra o texto (papel; tela de computador; outdoor;
televisão etc.);
3. Verificamos em qual esfera circula;
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Unidade: O prazer de ler e o ler por
Tomemos, como exemplo, o texto de Ana Maria Machado, conhecida escritora da literatura
infanto-juvenil, premiada internacionalmente por seus livros. Nessa coluna, na revista
eletrônica Carta Capital, temos o texto “Apossar-se de um tesouro”, publicado em 13-02-2012.
Faça uma primeira leitura, depois passaremos para a nossa lista.
Carta da Ana
13.02.2012 18:33
1. Carta da Ana
2. 13.02.2012 18:33
3. Apossar-se de um tesouro
4. Precisamos fincar raízes em uma linha de continuidade e ter a segurança de certa permanência,
fixada na cultura da humanidade
5. Caro professor,
6. Quando eu nasci, era filha única. Mas isso não durou muito e virei a mais velha de um
monte de irmãos. Somos 11. E tínhamos uma quantidade de primos inacreditável: tanto meu
pai como minha mãe tinham seis irmãos.
7. Alguns desses tios tiveram uma filharada, o que me deu 14 primos mineiros, 7 gaúchos, muitos
fluminenses, outros tantos capixabas.
8. Fora os primos de segundo grau, sobretudo filhos dos primos de minha mãe, de convívio muito
próximo e laços íntimos até hoje, que se prolongam já por nossos netos, por incrível que pareça.
9. De perder a conta e o fôlego. Principalmente porque nas férias de verão convivíamos pelos
mesmos quintais numa praia do Espírito Santo, por onde a família se espalha desde 1916. Hoje,
meus netos e sobrinhos-netos brincam por lá, em meio às novas gerações dessa
primalhada e seus amigos.
10. É com alegria que a gente vai acompanhando as transformações e vendo como a garotada
continua brincando na praia, correndo pelos gramados e subindo pelos galhos de
goiabeiras, mas é capaz de ficar horas em torno de games, de tablets nas mãos. Ou de livro
nas mãos, um mais velho lendo para os menores, como tantas vezes fizemos ou ouvimos na
nossa infância.
11. Agora (como sempre) os recém-alfabetizados andam dando sua leitura em voz alta de presente
aos pequeninos, fascinados com aquela mágica de transformar papel com manchinhas de tinta
em histórias que fazem sonhar. Têm à sua disposição um excelente acervo que a literatura
infantil brasileira foi construindo ao longo das últimas décadas. Uma variedade de alto nível,
com uma riqueza de repertório de que muito poucas culturas podem se gabar em nossos dias.
12. Ao mesmo tempo, mesmo já lendo, não querem perder a alegria de escutar com atenção
uma história lida. Começam a pedir aos pais que lhes contem outras, mais compridas, sem
tanta figura
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para distrair. E vejo os pais deles, meus sobrinhos, em busca do repertório que os deliciava
na infância – histórias tradicionais populares como a de Pedro Malasartes ou João Bobo,
contos de fadas, a obra de Monteiro Lobato ou Cazuza, de Viriato Correia. Vivem uma
experiência emocional gostosíssima, de descobertas conjuntas e encantos compartilhados. Ao
mesmo tempo, têm a oportunidade de levantar dúvidas, medos, angústias e tentar aprender a
conviver com as inevitáveis zonas de sombra que nos acompanham.
13. Além de todos esses aspectos positivos no terreno da afetividade, evidentes por si só,
observo como esse processo vai construindo neles um embasamento humanista para o futuro,
paralelo à aquisição de parte de um legado cultural milenar, que constitui um tesouro das
civilizações.
14. Não vivemos apenas de tecnologia de ponta e modas passageiras. Além da inserção no
contemporâneo, precisamos também fincar raízes em uma linha de continuidade e ter a
segurança de certa permanência, fixada na cultura da humanidade que vem sendo construída
há milênios. Sentir que coisas diferentes têm ritmos diferentes. Umas exigem resposta
imediata, quase automática. Outras demandam um tempo de reflexão e entendimento - para
amadurecer uma reação. Precisamos de ambas as experiências. Uma alimenta a outra. E nós
nos nutrimos de todas.
15. Vários estudos demonstram que a aquisição desses repertórios na infância contribui
enormemente para o desenvolvimento das capacidades próprias e estimula a imaginação
tão necessária a cientistas, inventores, artistas e estadistas. Fundamental para sonhadores ou
para empreendedores. Na Universidade de Cambridge, por exemplo, a professora Juliet
Dusinberre pesquisou as leituras infantis de vários monstros sagrados das letras em língua
inglesa no século XX e fez algumas descobertas interessantes.
16. Entre elas, a de que todos os que revolucionaram essa literatura no Modernismo, com suas
experimentações radicais na linguagem ou na maneira de contar histórias (como James Joyce,
Virginia -Woolf e -Ernest -Hemingway), -tinham tido intenso convívio, em criança, com a leitura
de obras de autores sem condescendência com a facilitação no que escreviam, e sem
preocupação em insistir em dar lições.
17. Ou seja, autores como Lewis Carroll, de Alice; Robert Louis- Stevenson, de A Ilha do Tesouro e
O Médico e o Monstro; ou Mark Twain, de As Aventuras de Huck.
18. Autores que não faziam a menor concessão a um linguajar simplificado ou a uma história
paternalista de heróis e vilões claramente divididos, mas pelo contrário, erigiam desafios à
leitura infantil e exigiam cumplicidade na decifração de significados mais profundos. Mas,
ao mesmo tempo, foram capazes de criar enredos empolgantes e personagens atraentes.
19. Naquele tempo, sem a concorrência de outras tecnologias mais visuais e eletrônicas, as crianças
desenvolviam muito cedo o fôlego de leitura que lhes permitia mergulhar nessas obras, logo que
se alfabetizavam.
20. Hoje, provavelmente, os primeiros passos por esse território serão mais firmes se
acompanhados por um adulto que leia junto e comente – ou a partir de leituras em voz alta
ou em leituras paralelas que se reúnam depois numa conversa sobre um episódio lido. Em
ambos os casos, será uma experiência deliciosa e enriquecedora para as duas partes.
21. Ana Maria Machado
(disponível em http://www.cartacapital.com.br/carta-fundamental/apossar-se-de-um-tesouro/
) Acesso em 10 de agosto de 2012.
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Unidade: O prazer de ler e o ler por
Após a leitura, você é capaz de responder a qual gênero pertence essa “carta”?
Como se pode observar, o texto possui todas as características de uma carta, desde a data
(13-02-2012 - 2), o endereçamento ao interlocutor (Caro professor - 5) e a despedida no
fim (Ana Maria Machado - 21), porém traz outras características que não pertenceriam às
cartas, como o título (Apossar-se de um tesouro – 3); a frase que se destaca (“Precisamos
fincar raízes em uma linha de continuidade e ter a segurança de certa permanência, fixada
na cultura da humanidade”) e o fato de ser divulgada na Revista Carta Capital, com o título da
coluna (Carta da Ana – 1).
As revistas têm editoriais; notícias, reportagens, ensaios, colunas entre outros gêneros.
As colunas existem em cada um dos cadernos de um jornal ou em várias partes de uma
revista. O nome desse gênero vem do fato de que os textos estão dispostos em colunas
identificadas por um título fixo ou pelo nome do autor. Assim, temos a coluna do Zé Simão
e a coluna Carta fundamental, de onde se extraiu esse texto de Ana Maria Machado. Trata-se
de uma maneira de expor pontos de vista pelos quais se responsabiliza o autor da coluna e não
o jornal e sua editoria.
Há uma variedade enorme de colunas, uma vez que elas variam de acordo com o tipo
de editoria do jornal e suas necessidades. A editoria de esportes, por exemplo, é bem diversa
da de economia em objetivos, linguagem, tratamento dos temas e identificação do leitor.
A linguagem nas colunas pode se apresentar de forma mais coloquial, incorporando muitas
vezes dados de outras fontes para a estrutura argumentativa que propõe; ou de maneira mais
formal, caracterizada pelo modo como age seu autor.
No caso da Carta Capital, as colunas da Carta Fundamental (uma subdivisão da revista
eletrônica) apresentam semanalmente autores que trazem um tema que julgam
“fundamentais” para serem discutidos.
Tomando esses elementos como base, podemos afirmar que a carta de Ana Maria Machado
é uma simulação de uma carta real, pois ela utiliza o espaço da revista para mandar essa carta
que deveria ir pelo correio. Além disso, ela elegeu os professores (na figura de “caro
professor”) para poder, nessa carta, conversar com todos que se encaixem nessa categoria.
Dessa forma, temos o gênero coluna de atualidades e para quem se dirige o texto.
A esfera em que circula o texto é importante para sabermos a sua abrangência e
importância. O texto de Ana Maria Machado circula na esfera jornalística que tem como uma de
suas funções formar a opinião pública, assim ela utiliza esse espaço da coluna na esfera
jornalística para divulgar seu ponto de vista sobre a leitura.
Na apresentação do texto, destaquei alguns elementos da biografia da autora e de sua
atuação. Essas informações reforçam a importância dela e situam o leitor para acatar ou
pelo menos considerar o que ela está propondo em seu texto.
Como se trata de um texto longo, é necessário identificar partes em que se subdivide:
1) a autora inicia o texto contando sua experiência pessoal em relação à família e sua
constituição. São os parágrafos identificados como 6, 7, 8 e 9. Aparentemente esses
dados pessoais não se relacionam com o título nem com o tema do texto, porém a partir
desses parágrafos ela vai tecer a segunda parte;
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2) Nos parágrafos 11 e 12, ela revela que a nossa literatura infanto-juvenil é uma das
melhores e que é possível relacionar tradição (Monteiro Lobato e Viriato Correa) e
inovação. No parágrafo 12, Ana Maria Machado aponta para as inúmeras funções da
literatura infanto- juvenil (“Vivem uma experiência emocional gostosíssima, de
descobertas conjuntas e encantos compartilhados. Ao mesmo tempo, têm a
oportunidade de levantar dúvidas, medos, angústias e tentar aprender a conviver com
as inevitáveis zonas de sombra que nos acompanham.”), que serão descritas e
explicadas na parte 3.
3) Nos parágrafos 12 (parte final), 13, 14, 15, 16, 17 e 18, a autora indica o que seria
esse tesouro e como se apoderar dele. Para convencer o leitor, traz a voz da ciência,
dos pesquisadores (“Na Universidade de Cambridge, por exemplo, a professora Juliet
Dusinberre pesquisou as leituras infantis de vários monstros sagrados das letras em
língua inglesa no século XX e fez algumas descobertas interessantes.”). A conclusão
dessa parte é que os grandes escritores formaram seu repertório com obras que não
eram facilitadas, que propunham visões de mundo complexas e, ao mesmo tempo,
atraentes para as crianças.
4) Nesta última parte, ela continua ressaltando o valor da literatura como formadora de
repertório e faz uma ressalva quanto ao acesso das crianças e adolescentes a esse tipo
de tesouro. Nessa parte fica mais claro porque ela se dirige ao professor (“Hoje,
provavelmente, os primeiros passos por esse território serão mais firmes se
acompanhados por um adulto que leia junto e comente – ou a partir de leituras em voz
alta ou em leituras paralelas que se reúnam depois numa conversa sobre um episódio
lido.”) e, pela esfera em que circula a revista, aos pais, tios, irmãos e afins – adultos que
podem se responsabilizar pela busca a apropriação desse “tesouro”.
Para usufruirmos das múltiplas leituras que o texto propõe, podemos nos colocar
algumas questões que ampliarão a primeira leitura.
1. Ao mesmo tempo, mesmo já lendo, não querem perder a alegria de escutar com atenção uma história lida.
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Unidade: O prazer de ler e o ler por
Além de todos esses aspectos positivos no terreno da afetividade, evidentes por si só, observo como esse pro
Não vivemos apenas de tecnologia de ponta e modas passageiras. Além da inserção no contemporâneo, prec
C) Como explicar o título? Qual seria o tesouro? Como nos apossamos dele?
Novamente voltamos aos parágrafos identificados como 13 e 14, pois contém as
palavras- chave para responder a essas questões.
No 13, “paralelo à aquisição de parte de um legado cultural milenar, que constitui um
tesouro das civilizações”. Daí o título.
No 14, “Sentir que coisas diferentes têm ritmos diferentes. Umas exigem resposta imediata,
quase automática. Outras demandam um tempo de reflexão e entendimento -para amadurecer
uma reação. Precisamos de ambas as experiências. Uma alimenta a outra. E nós nos nutrimos
de todas.” Aponta para como a leitura dos clássicos permite nos apossar do passado vivendo o
tempo presente de forma mais plena.
Em Síntese
Como pudemos ver nessa unidade, a leitura é um processo amplo, que depende da observação de muitos elem
E como bem orienta Ana Maria Machado, para formar leitores é preciso acompanhar-lhes os primeiros passos, f
Esperamos com essa unidade tê-lo ajudado a dar mais um passo em sua formação de leitor!
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Material Complementar
Para aprofundar e ampliar ainda mais seus conhecimentos sobre o processo de leitura, não
deixe de ler o artigo disponível no link abaixo, sobre a formação do leitor crítico e
reflexivo.
Procure fazer o percurso que fizemos com o texto da Ana Maria Machado, colocando-se
questões para usufruir mais dessa leitura e atribuir sentidos ao texto.
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Unidade: O prazer de ler e o ler por
Referências
FIORIN, J.L.; SAVIOLI, F.P. “Lição 20 Informações implícitas”. In: Lições de Texto:
Leitura e Redação. 4ª ed. São Paulo: Ática, 2003.
http://www.cartacapital.com.br/carta-fundamental/apossar-se-de-um-tesouro/ Acesso em
10 de agosto de 2012.
GUIMARÃES, E. A articulação do texto. 10. ed. São Paulo: Ática, 2007. (E-book)
KOCH, I. G. V. O texto e a construção dos sentidos. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2007. (E-
book)
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Anotações
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