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INDAIAL

CONHECENDO SUA HISTÓRIA

R$ 10,00 TOMO III - NÚMERO 02 JUNHO 2017


Lema da AMARHIN:

“Quem não conhece o passado, pouco pode esperar do futuro”

Erich Stange

Objetivos da AMARHIN:

- Acompanhar a atuação do Arquivo Histórico Municipal Theobaldo Costa Jamundá,


desenvolvendo ações complementares que contribuam para o seu perfeito
desempenho técnico e cultural;

- Atuar junto à comunidade indaialense, no sentido de conhecer e apoiar os trabalhos


de resgate, conservação, preservação e divulgação da memória documental, histórica
e cultural de Indaial;

- A AMARHIN é parceira do Museu Municipal Ferroviário Silvestre Ernesto da Silva,


em atividades que visam à preservação da história e do seu patrimônio, bem como
apoiar a instalação de outros museus e iniciativas de cunho histórico.

AMARHIN—ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DO ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL DE INDAIAL

Rua Rio Grande do Sul, 150 — CENTRO — 89130-000 — INDAIAL / SC — BRASIL

E-mail: informativoamarhin@gmail.com
INDAIAL
CONHECENDO SUA HISTÓRIA

R$ 10,00 TOMO III - NÚMERO 02 JUNHO 2017


Todos os direitos desta edição reservados à AMARHIN — Associação dos Amigos do Arquivo Histórico Municipal de
Indaial.
 
O Arquivo Histórico Municipal Theobaldo Costa Jamundá e a AMARHIN não se res-
ponsabilizam pelo conteúdo dos artigos assinados e por eventuais equívocos, sendo
a acuidade e correção das informações de responsabilidade de seus respectivos au-
tores.
 
Presidente da AMARHIN: Werner Alexandre Tkotz
Secretária: Bettina Hardt
Tesoureira: Maria Salete Koser da Veiga
Diretor Sociocultural: Heinz Beyer
Secretária para Assuntos Especiais: Úrsula Maria Kretzer
Conselho Fiscal: Carmen Brandes Hardt — Ralf Cipriano — Luiz Carlos Henkels
 
Conselho Editorial: Marco Antônio Struve (Coordenador) – Maria Salete Koser da Veiga (secretária) –
Bettina Hardt - Heinz Beyer — Luiz Carlos Henkels
Marcelo da Silva— Úrsula Maria Kretzer  
 
Projeto Gráfico: Profa. Maria Salete Koser da Veiga / Marco Antônio Struve
Diagramação e Execução: Nós das artes — Agência de mobilidade cultural
Revisão: Marco Antônio Struve / Maria Salete Koser da Veiga

 
 
 Capa: Casa Krieser, Bairro Mulde. A partir da esquerda: Sra. Ernane Galvêas; o Sr. Ernane Galvêas; Roland
Krieser; Irmtraud Krieser; Dirce Krieser; o Presidente da Cia. Souza Cruz; Nilson Krieser, Dílcia Krieser; a
esposa do presidente da Cia. Souza Cruz; Nilsa Krieser; Friedrich Krieser. Foto realizada em 27 de março de
1981 com dedicatória, do então, ministro da fazenda Ernane Gavêas.

 
  
Indaial conhecendo sua história / Associação dos Amigos do Arquivo Histórico de
Indaial (AMARHIN).— t.1, n.1 (mar./maio) 2015- .— Indaial: AMARHIN,
2015-

t.3, n.2 jun. 2017/ ago. 2017



Trimestral.

ISSN 0000-0000

1. Indaial – História; 2. Indaial – Memória. 3. Entrevistas. I. Associação dos


Amigos do Arquivo Histórico de Indaial.

CDD 981.816

Ficha catalográfica: Daniele Rohr - CRB 14/1279

Impressão: Gráfica Gandrei


Tiragem: 1000 exemplares
PALAVRA DO PRESIDENTE

Todos sabemos e sentimos no cotidiano as agruras e di-


ficuldades vivenciadas no momento atual. A conjuntura do seg-
mento envolvido com a cultura, também encontra-se seriamente
abalada. Entretanto, temos convicção de que a fé torna as coisas
possíveis, não fáceis.
Mesmo diante desse quadro negativo estamos apresen-
tando aos leitores, com alegria e entusiasmo, um conteúdo diver-
sificado, abrangendo as quatro secções temáticas desta edição.
A primeira descreve o terceiro capítulo da Expedição ao
Ribeirão Encano, realizada em maio de 2004. Os expedicionários
tiveram que transpor, da mesma forma como a água, obstáculos
de diferentes níveis, cercados por panoramas encantadores onde
a densidade demográfica é praticamente nula.
A segunda engloba sequencialmente matéria sobre a Ale-
manha do Século XIX, trazendo os acontecimentos a partir de
1815 até a ascensão de Otto Von Bismarck como primeiro-mi-
nistro da Prússia no ano de 1862, assim como primoroso artigo
referente ao Centro de Pesquisas Biológicas de Indaial, que a 25
anos vem atuando no estudo, conservação e preservação do bu-
gio-ruivo.
A terceira foca a família Krieser, uma das primeiras ha-
bitantes do bairro da Mulde, detalhando aspectos familiares e
contextualizando sua histórica moradia na técnica construtiva
enxaimel. A mesma abrigou a família por mais de 130 anos. Infe-
lizmente, atualmente está em ruínas.
Por fim, a quarta, relata os dois períodos de gestão do Pre-
feito Luiz Polidoro.
Concluo mencionando ditado popular adequado para o
momento: o riso é a música do coração!

Boa leitura.

Werner Alexandre Tkotz

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Fale com a gente
A foto da residencia da fa-
milia Krieser, ilustrando a capa
registra a visita do Sr. Ernane Gal-
vêas e sua esposa, acompanhados
do presidente da Cia. Souza Cruz
em 1981 à família Krieser em In-
daial.
O Sr. Ernane Galvêas (1922),
foi assessor econômico do Ministé-
rio da Fazenda no governo Castelo
Branco (1964/1967). Em fevereiro
de 1968, assumiu a presidência do
Banco Central, cargo que exerceu
nos governos Costa e Silva (1967
– 1969) e Médici (1969 – 1974).
Retornou às funções públicas no
início do governo João Figueiredo
(1979-1985), voltando a ocupar a
presidência do Banco Central por
um breve período (agosto de 1979
a janeiro de 1980), assumindo em
seguida o Ministério da Fazenda,
em substituição ao Blumenauense
Karlos Rischbieter.

A partir da esquerda: Sra. Ernane Galvêas; O Ministro da Fazenda Sr. Ernane


Galvêas; Roland Krieser; Irmtraud Krieser; Dirce Krieser, filha de Roland; O
presidente da Souza Cruz; Nilson Krieser, filho de Roland; Dílcia Krieser, filha
de Roland; a Esposa do presidente da Cia. Souza Cruz; Nilsa Krieser, filha de
Roland; e Friedrich Krieser, pai de Roland.
A foto traz ao seu pé a seguinte dedicatória: “Ao Sr. Roland Krieser e
aos membros de sua simpática família, felicito pela eficiência com que vêm
administrando sua propriedade e formulo os melhores votos de felicidades
para todos. Ernane Galvêas. 27-3-81.

Pela primeira vez não recebemos nenhuma resposta para a colu-


na “Desafios” da página 13 da edição anterior. Vamos dar uma nova
oportunidade aos nossos leitores. As fotos encontram-se publica-
das no facebook da AMARHIN. (https://www.facebook.com/profile.
php?id=100012701837465) Vá lá e tente identificar estes locais.

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SUMÁRIO
PALAVRA DO PRESIDENTE ............................................................................. 5
Fale com a gente ............................................................................................ 6

EXPLORAÇÕES E APONTAMENTOS SOBRE A GEOGRAFIA DE INDAIAL

Expedição ao Ribeirão Encano - Terceira etapa


Heinz Beyer—Texto e fotos / Sérgio Feuser - mapa tematico ......................... 8

DESAFIOS ................................................................................................... 14

MEMÓRIA E RAÍZES

A Alemanha do século XIX - Breves considerações sobre territorialida-


de, economia, sociedade e contexto emigratório - parte 2
Yone Yara Pereira ......................................................................................... 15

Centro de Pesquisas Biológicas de Indaial:


25 anos atuando na conservação do bugio-ruivo
Zelinda Maria Braga Hirano / Sheila Regina Schmidt Francisco /
Hercílio Higino da Silva Filho / Júlio César de Souza Jr. /
Amanda Rezende Peruchi / Aline Naíssa Dada ............................................. 20

Curiosidades .............................................................................................. 32

BAIRROS - HISTÓRIAS, MEMÓRIAS E SUA GENTE

Mulde - Casa Krieser e sua História


Heinz Beyer—Texto e fotos .......................................................................... 34

VIDA E OBRA DOS PREFEITOS DO MUNICÍPIO DE INDAIAL

Luiz Polidoro
Edltraud Zimmermann Fonseca ................................................................... 39

Política editorial da revista “INDAIAL CONHECENDO SUA HISTÓRIA” ......... 46

Na ponte dos Arcos - Horácio A. Braun ........................................................ 47

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Explorações e apontamentos
sobre a geografia de Indaial
EXPEDIÇÃO AO RIBEIRÃO ENCANO - TERCEIRA ETAPA
Heinz Beyer—Texto e fotos
Sérgio Feuser - mapa temático

Dando prosseguimento à série percurso de 8 km no primeiro dia.


Expedição Encano, nos números ante- Estávamos alojados na sub-se-
riores enfocamos as primeira e segunda de do PARQUE DAS NASCENTES, cujas
etapas. instalações nos foram gentilmente cedi-
Depois de várias tentativas e das pelo IPAN. (Instituto Parque das Nas-
adiamentos, finalmente em 19 e 20 de centes).
maio de 2004 realizamos a terceira etapa A equipe desta vez foi formada
da EXPEDIÇÃO ENCANO. além de mim, pelos experientes André
O plano era dar continuidade, a Nascimento, Luiz Otávio Giovanella, e
partir do ponto final da última etapa, ou pela primeira vez na expedição, o com-
seja, da confluência do Ribeirão Encano panheiro de outras aventuras ecológicas,
com o Braço do Encano, e seguir até a Germano João Boos. Também tomaram
confluência com o Ribeirão Espingarda, parte Rogério Wilson Theiss (Rogeri-
nho) e Rogério Wilson Theiss Filho, de

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Confluência do Ribeirão Encano com o Braço do Encano
14 anos, que ficaram encarregados da a se distanciar da estrada e sabidamente,
alimentação e do serviço de apoio pela um trecho bem mais radical. Realmen-
estrada em locais onde a mesma margeia te, não demorou, uma cascata de porte
o ribeirão. razoável nos fez fazer uso do rapel para
contornarmos este obstáculo e realizar-
Às 8:25 horas teve início a ca-
mos a descida de mais ou menos oito
minhada no leito do ribeirão. O primei-
metros na vertical. Depois de nos arras-
ro trecho corre paralelo e bem próximo
tarmos sobre rochas escorregadias, o ex-
à estrada. Certamente por isso, já nos
periente André instruiu, orientou e nos
primeiros passos achamos lixo de toda
preparou para que descêssemos com
ordem, principalmente peças de carro.
segurança. Para mim, para o Luiz Otávio
Estas foram recolhidas pelo Rogerinho,
e para o Germano, foi a primeira vez. E
nosso apoiador. Ao contrário da primei-
para ser sincero, as pernas tremeram. O
ra e segunda etapa, aqui a presença do
mais corajoso foi o Germano, que desceu
“bicho homem” era evidente. Palmitos
primeiro, depois eu, o Luiz Otávio e logi-
de todos os tamanhos haviam sido cor-
camente por último o André, para resga-
tados recentemente em grande parte do
tar o equipamento de rapel.
trajeto.
Estávamos agora na expectativa
Pequenas cascatas, rochas com
de encontrar as furnas do Encano que
desenhos diversos e encostas íngremes
estariam nesses grotões, das quais ouví-
faziam parte do cenário.
ramos falar. E bota grotão nisso! Piram-
Fizemos uma parada para lan- beira de ambos os lados e o ribeirão for-
che e rápida avaliação com a equipe de çando passagem cá em baixo. Mais um
apoio no ponto onde o ribeirão começa obstáculo se aproximava em forma de

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apoio nos acompanhou. Passamos por
baixo de uma ponte de madeira e em se-
guida chegamos na área de treinamento
do exército, trajeto em que mais uma vez
encontramos lixo jogado.
Por fim chegamos ao encontro
do Ribeirão Encano com seu afluente Ri-
beirão Espingarda, também conhecido
como Ribeirão Caçador, onde encerra-
mos a caminhada daquele dia, que era a
nossa meta. Ali se localiza a Capela São
José.
Esta região é conhecida como
Alto Encano, à qual o indaialense só tem
acesso por estrada passando por Blume-
nau, via Bairro do Garcia, ou por Apiú-
na, via ribeirão Jundiá. Fica, portanto, o
município de Indaial numa situação inu-
sitada e atípica, pois para chegar a essa
região, no sul de seu território, é neces-
sário passar por outros municípios.
Pernoitamos, conforme pro-
Descida de Rapel
cânion, passagem estreita e profunda, e
novamente tivemos que nos embrenhar
no mato, escalando rochas íngremes
para em seguida atingir a piscina forma-
da lá em baixo.
Já estávamos quase saindo do
trajeto em mata fechada, denunciado
por uma pequena represa de captação
que antigamente movimentava a serra-
ria da família Moretto e hoje abastece os
tanques de truta no mesmo local, quan-
do concluímos, naquele momento, que
aquele cânion que tivemos dificuldades
para transpor, era na verdade a tão fala-
da “Furnas do Encano”.
Passamos pelo pesque-pague
das trutas, antiga serraria, e prossegui-
mos pelo leito do ribeirão, que nova-
mente passou a correr bem próximo a
estrada, momento em que a equipe de Furnas do Encano

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da. Rogerinho e seu filho prepararam
o jantar, que mais parecia um banquete,
além da gostosa polenta preparada pelo
Luiz Otávio.
Fizemos uma avaliação das ati-
vidades do dia e para descontrair houve
contação de estórias e piadas.
No dia seguinte, 20 de maio de
2004, pelas 9:25 horas, partimos da foz
do Ribeirão Espingarda em direção ao Ri-
beirão Espinho, no Encano Alto. A ideia
era alcançar a foz do Ribeirão Quati, que
fica mais ou menos na metade do percur-
so, subi-lo até a “Grota da Areia” e voltar.
Segundo o Sr. Ivo Koehler, morador do
Encano Alto e profundo conhecedor da
região, a “Grota da Areia” é um belo atra-
tivo digno de registros.
Logo no início existe uma repre-
sa desativada que abastecia a turbina da
antiga serraria do Sr. Venâncio Tamasia.
No mesmo local, um acentuado desní-
Furnas do Encano vel forma uma bela cascata com colo-
gramado, na sub-sede do PARQUE ridas formações rochosas em seu leito
DAS NASCENTES que se localiza à enchendo os olhos dos mais atentos.
margem direita do Ribeirão Espingar-

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Capela São José - Alto Encano

A margem esquerda naquele local é de


mata exuberante, certamente preserva-
da por ser uma encosta muito inclinada.
Mais abaixo constatamos agressões am-
bientais, mata ciliar recém cortada e des-
matamento, corte raso, numa encosta.
Tivemos dificuldades para loca-
lizar a foz do Ribeirão Quati e quando a
encontramos, já era muito tarde. Resol-
vemos deixar essa tarefa para uma pró-
xima oportunidade, com mais tempo, e
retornamos.
Nossos apoiadores já estavam
esperando junto a uma porteira, até
onde conseguiram chegar de carro.
Durante o dia, os Rogérios – pai
e filho – aproveitaram para visitar a ca-
choeira do Ribeirão Espingarda no PAR-
QUE DAS NASCENTES. É importante res-
saltar que todo o vale do Espingarda faz
parte deste parque e é território indaia-
lense. O vale do Espingarda e o espaço
até aqui explorado pela Expedição Enca-
Fóz do Ribeirão Espingarda

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no, fazem parte do PARQUE NACIONAL
DA SERRA DO ITAJAÍ.
É importante salientar que exis-
te uma estrada até certo ponto. No res-
tante do trajeto tem apenas uma trilha,
que atravessa o ribeirão 12 vezes até che-
gar ao Encano Alto, região do Espinho.
Observando-se o relevo desta região,
muitíssimo acidentado, e o ribeirão com
muitos meandros percebe-se porque
não há estrada ligando o Encano Alto a
outra metade do município. Esta seria
muito onerosa em função das inúmeras
pontes além de um grande impacto am-
biental.
De volta ao alojamento, o am-
biente já estava todo limpo e arrumado
pelos apoiadores. Recolhemos nossas tra-
lhas para voltar aos nossos lares, com sen-
timento de dever cumprido até aqui. No
entanto, muito ainda falta para explorar,
desvendar e registrar nas próximas etapas.

A partir da esquerda: Germano João Boos, André Luiz Nascimento,


Luiz Otávio Giovanella, Rogério Wilson Theiss, Heinz Beyer

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Desafios

Onde é este local?: ________________


______________________________
______________________________
______________________________

Onde é este local?: ______________________________________________________________

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MEMÓRIA E RAÍZES
Indaial: Memória - Origem - Raízes - História
MEMÓRIA E RAÍZES seguindo o espírito do livro “MEMORAÍZES: instantâneos
históricos de Indaial” lançado em 2000 por Erich Stange que reúne textos de
qualquer pessoa que queira contribuir com o registro, a construção e a pre-
servação da história de Indaial, através de relatos e imagens que poderão ser
enviados ao Arquivo Histórico Municipal Theobaldo Costa Jamundá.

enxaimel: um jeito de construir o brasil


A Alemanha do século XIX - Breves considerações
sobre territorialidade, economia, sociedade e
contexto emigratório - parte 2
Yone Yara Pereira
Como vimos na edição ante- Submetido ao respaldo do
rior, em 1814-1815, no Congresso de príncipe austríaco Metternich foram
Viena, reuniram-se príncipes e cida- delineadas, nesse Congresso, as dire-
des da Alemanha, para novamente trizes de uma política que visava res-
reorganizarem o território alemão. Do taurar o poder das antigas dinastias.
Congresso de Viena sai então a Liga Apesar de que estava prevista a elabo-
Alemã, confederação dos estados ale- ração e promulgação de constituições,
mães sob a liderança da Áustria, que, só em alguns estados isso viria a acon-
de certa forma, substituiu o antigo Sa- tecer. Na grande maioria dos estados
cro Império Romano-Germânico. alemães, o poder político afirmava-se
pela repressão de todas as manifesta-

Congresso de Viena - Anônimo 1815

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ções com caráter nacionalista ou libe- muito mais próxima pela raça e pelas
ral, numa defesa dos privilégios da no- ideias do que dos outros dois países.
breza, a quem não interessava nem a
unificação, nem a democratização da Nas questões econômicas, a
Alemanha. Alemanha estava, ainda, em uma fase
de pré-industrialização. Em 1834 foi
Esta reação política varreu a criada a Liga Alfandegária – Zollverein
toda Europa, até 1830. O poder dos – unidade aduaneira, na tentativa de
nobres revigorava-se em função de promover um comércio interno mais
um conceito de missão providencial constante e uma uniformidade na cir-
à qual a Alemanha está destinada em culação das mercadorias nacionais,
virtude de sua superioridade moral. chefiada pela Prússia, congregando 18
Estados e excluindo a Áustria.
A expectativa de muitos ale-
mães de terem um Estado nacional li- A primeira grande conquis-
vre e homogêneo, não se consolidou. ta dos empresários industriais foi a
A Liga Alemã era uma união pouco União Aduaneira, que se mostrou
coesa de estados soberanos, com- fundamental para o desenvolvimento
posta de apenas um órgão, a Dieta posterior da Alemanha. Por um lado,
de Frankfurt, um congresso de dele- foi o segundo grande passo (depois da
gados, representados por 35 Estados Confederação Alemã) para a unifica-
e 4 cidades livres não sendo um par- ção administrativa e política do terri-
lamento eleito. Segundo Weimer, “o tório e, por outro lado, abriu as portas
poder central se resumia num corpo para a constituição de um mercado
legislativo – o Bundestag – que se es- capitalista. O livre trânsito de merca-
tabeleceu em Frankfurt/Meno. Não dorias independente de fronteiras foi
tinha o caráter de poder executivo o fator decisivo para a afirmação dos
central: cada estado se encarregava empresários estabelecidos no triân-
da execução das resoluções tomadas gulo que tem um dos lados formado
de comum acordo. ” Assim, somente pelo Ruhr (entre Essen e Dortmund) e
quando a Áustria e a Prússia, as duas cujo vértice oposto é a cidade de Colô-
grandes potências estavam de acordo, nia.
é que a Liga tinha possibilidades de
atuação. Em 1835, foi inaugurada a
primeira estrada de ferro. Um de seus
A censura era intensa para
as editoras e imprensa, nas universi-
dades as ações eram restritivas e as
atividades políticas quase que impra-
ticáveis. Na realidade, até 1840, foi
abafada a expressão de qualquer pen-
samento político na Alemanha. Um
escritor alemão chamado Lindner, em
uma obra intitulada o Manuscrito da
Alemanha do Sul, descrevia a Alema-
nha dividida em três partes: a Áustria,
a Prússia, e a pura Alemanha. Essa de-
veria ser colocada sob o protetorado
Berlin-Hamburger Bahn - 1846.
da França, da qual era, dizia o autor,

16
mais importantes promotores foi F. não só pelas questões econômicas,
List, entusiasta também da constru- mas também pelas suas implicações
ção de ferrovias, com as quais objeti- políticas abrangentes para os Estados
vava ligar toda a Alemanha. que compunham a Liga alemã. Com
Frederico Guilherme IV que tantas
Segundo List, a ferrovia: “[...] esperanças e desilusões haveria de
não tem, entretanto apenas o efeito trazer, subindo ao trono da Prússia em
de fomentar os interesses materiais 1840, acreditava-se que seria, por fim,
da nação, mas também o de aperfei- instituída uma constituição para a uni-
çoar a situação nacional alemã, me- ficação da Confederação Germânica,
diante o fortalecimento de todas as porém dois anos depois declarou ser
forças espirituais e políticas: como contra uma Constituição política para
instrumento de defesa nacional, pois o reino da Prússia.
facilita a mobilização, distribuição e
direção do exército nacional; [...] em Esse processo de industriali-
todos estes aspectos o sistema ferro- zação originou graves desequilíbrios
viário não tem para nenhuma outra
nação como para a alemã uma tão
grande importância. Exposta, em vir-
tude de sua situação geográfica, a
ataques inimigos de todos os lados e
dotada tão pobremente pela natureza
de meios de comunicação, nenhuma
outra precisa tanto de meios artificiais
para concentrar os seus exércitos e
lançá-los com rapidez de uma frontei-
ra para a outra”.
O desenvolvimento industrial
alemão se iniciou no final de 1830,
mais tardio em relação aos outros
países, mas por isso mesmo, mais
consequente do que no restante da
Europa. Sua base não era a indústria
têxtil, como ocorrera na Inglaterra,
mas centrado na poderosa indústria
do ferro e do aço, incrementada pelas
construções das primeiras vias férre- Frederico Guilherme IV
as. Esse processo de industrialização
origina graves desequilíbrios sociais, sociais, e grandes transformações só-
como nos é também documentado cio-políticas, econômicas e culturais.
pela temática social da poesia política De acordo com Hobsbawm (1977, p.
de 1848, a qual não deixa igualmente 53), no final da década de 1840, clí-
de refletir os novos programas políti- max da explosão industrial na Alema-
cos e sociais formulados, nomeada- nha, observadores inteligentes e bem
mente, por Karl Marx. informados “admitiam, como o fazem
atualmente nos países subdesenvol-
A industrialização da Alema- vidos, que nenhuma industrialização
nha foi um fato da maior importância,

17
poderia fornecer emprego para a vas- breza teve de dividir seus poderes de
ta e crescente “população em exces- mando e os líderes liberais e comunis-
so” dos pobres”. tas tiveram de procurar exílio”. (WEI-
MER, 2005, p. 45-46).
Com a industrialização, de-
senvolveu-se uma nova categoria: a Entre os anos 1845-1847 a
classe operária fabril, que, a princípio, Alemanha entra em uma crise econô-
encontrava melhores oportunidades mica: as colheitas foram muito ruins,
de ganhar dinheiro na indústria. O provocando uma crise agrícola em
crescimento demográfico acelerado todo o continente, desencadeando
acarretou no excedente de mão-de- um alto custo de vida que reduziu o
-obra. “Em 1850 a federação alemã consumo de produtos manufatura-
tinha tantos habitantes quanto a Fran- dos. Atingiu a indústria gerando de-
ça, mas sua capacidade industrial era semprego, redução de salários, per-
incomparavelmente menor”. (HOBS- turbação no trabalho artesanal, ainda
BAWM, 1977, p. 60-61). Como não ha- dominante, pela introdução de novas
via legislação previdenciária ou traba- maquinarias. Numerosos focos de agi-
lhista, os operários viviam na miséria. tação social que, no momento exato,
poderiam fornecer à revolução um
Segundo Weimer (2005, p. exército de amotinados.
51-52), “esse crescimento popula-
cional forçou uma redistribuição da Foram os acontecimentos
população através de movimentos parisienses de fevereiro de 1848 que
migratórios internos no sentido de desencadearam os movimentos re-
uma adaptação da oferta à procura volucionários na maior parte dos Es-
do mercado de trabalho. As concen- tados alemães. Os acontecimentos
trações urbanas cresceram de forma mais graves tiveram lugar na Prússia,
nunca vista ”. enquanto as municipalidades renanas
reclamavam a institucionalização do
“A revolução de 1848 encon- regime parlamentar, em Berlim, onde,
trou suas causas na angustiante situ- no dia 18 de março, a população exi-
ação do proletariado, na crise agrária, giu de Frederico Guilherme IV o apoio
nos movimentos do romantismo na- às teses liberais e a convocação de
cionalista e liberal, na agitação comu- uma assembleia nacional eleita pelo
nista e na fome causada por más co- sufrágio universal. Em março de 1848,
lheitas nos anos de 1846 e 1847. [...] A as manifestações passaram a ser diá-
revolução começou como proletária e rias, e os liberais continuavam exigin-
foi apoiada pela burguesia – que logo do uma Constituição. Houve choques
a traiu, passando para o lado conser- entre manifestantes e soldados e a se-
vador quando esse lhe acenou com a guir apareceram barricadas por toda a
concessão da participação política. Ela cidade, pequenos burgueses e operá-
começou na Badênia e em Vurtem- rios lutaram juntos contra os soldados
berga e se espalhou por toda a Alema- reais burgueses.
nha e Áustria. O regime de Metternich
caiu [...] temendo as conquistas popu- No entanto, a Revolução de
lares, a burguesia se aliou à nobreza, 1848 fracassou. O Rei da Prússia, Fre-
passando a atuar na contrarrevolução, derico Guilherme IV, declinou da coroa
que sistematicamente aboliu toda a imperial e a Liga Alemã foi restabeleci-
conquista social popular. [...] A no- da em 1850. Metternich, da Áustria,

18
sido derrota-
dos os objeti-
vos políticos
da Revolução,
não se havia
abandonado
a intenção de
união Alemã
sob a égide da
Prússia. Gui-
lherme I, Rei
da Prússia e
Bismarck (ho-
mem de con-
fiança do rei),
sucumbiu e lançou uma proclamação tomaram para
reconhecendo a necessidade de uma si o processo da unificação alemã,
“organização constitucional dos Es- na perspectiva de uma incontestada
tados alemães”. O rei anunciou aos supremacia prussiana. Bismarck con-
“seus queridos berlinenses” que deu siderava a Alemanha uma extensão
ordem ao Exército para se retirar e da Prússia, que precisava ser formada
confiou a segurança à polícia da capi- através da eficácia militar e não com
tal e a uma guarda burguesa. decisões e discursos da maioria. Re-
Qualquer que tenha sido a conhecia, no capitalismo, a base da
amplidão das reivindicações econômi- unificação com o apoio feudal-militar.
cas e sociais, é o ódio ao arbitrário e à Baseou-se num programa de manu-
opressão burocrática que une os ale- tenção da tradicional monarquia prus-
mães contra o poder, foi contra o ab- siana e sua aristocracia, contra o libe-
solutismo que se levantou a nação, ou ralismo, democracia e nacionalismo
seja, a causa das revoluções de 1848 germânico. A nobreza precisou da sus-
foram, antes de tudo, políticas. tentação da burguesia para abafar as
classes rebeladas. Por sua vez, a bur-
Entre 1850-1860 acontece- guesia provocou reformas constitu-
ram as grandes transformações eco- cionais que correspondessem às suas
nômicas com a implantação e imple- ambições. O viajante Jules Huret, per-
mentação industrial, culminando no correndo a Alemanha e interrogando
surgimento de uma nova Alemanha. os cidadãos sobre “as possibilidades
O país que, antes era de pequenos de cisão dos diferentes Estados do
artesãos e pequenas empresas dis- Império”, chegou à conclusão de que,
persas, vê abrir-se à sua frente uma apesar de todas as diferenças entre as
era industrial e capitalista. Em pouco regiões, e até mesmo de sua frequen-
tempo, transforma-se em uma grande te oposição à hegemonia prussiana,
produtora de hulha, de ferro, de má- os alemães se sentiam unidos em tor-
quinas e de têxteis. no da coroa da Prússia e da pessoa de
No ano de 1862, Otto Von Guilherme II.
Bismarck foi indicado como primeiro-
-ministro da Prússia. Apesar de terem

19
Centro de Pesquisas Biológicas de Indaial: 25 anos
atuando na conservação do bugio-ruivo

Zelinda Maria Braga Hirano1


Sheila Regina Schmidt Francisco1
Hercílio Higino da Silva Filho1
Júlio César de Souza Jr. 1,2
Amanda Rezende Peruchi 1
Aline Naíssa Dada1
1 Universidade Regional de Blumenau
2 Centro de Pesquisas Biológicas de Indaial
Foto: Roberta Caldas projeto bugio

matinais pela rua Rio de Janeiro em


Como tudo começou Indaial ouvia os rugidos de bugios pro-
venientes do Morro Geisler (Figura 1).
Em 1991, a professora Zelinda Curiosa, ela questionava a população
Maria Braga Hirano, paulista de Ribei- que barulho era aquele. As respostas,
rão Preto, fazendo suas caminhadas na maioria das vezes, eram sempre as

Figura 1. Imagem apresentando ao fundo o Morro Geisler, e em primeiro plano Igreja


Matriz Santa Inês. Foto: Eduardo Wanke.

20
Figura 2. Profa. Dra.
Zelinda Maria Braga
Hirano, fundadora
do Projeto Bugio,
durante cerimônia de
comemoração dos 25
anos do Projeto Bugio
(16/06/2016). Foto:
Heinz Beyer.

mesmas: “é bugio, vai chover” ou “é ção de Eduardo Wanke, dos escoteiros


bugio, eles estão brigando”. de Indaial e dos moradores do entor-
no do Morro Geisler.
A professora Zelinda resolveu
caminhar na floresta e deparou com Em março de 1992, com o au-
um lindo bugio-ruivo que rugia e a xílio da Câmera de Vereadores do mu-
olhava. Cientista de formação, a pro- nicípio de Indaial e com a aprovação
fessora foi procurar dados sobre a es- do prefeito Victor Petters foi sancio-
pécie, verificou que o bugio encontra- nada a Lei Municipal 2099 que criou
va-se em risco de extinção e que, na o Posto de Observação de Primatas
região, este animal não era estudado do Morro Geisler e Centro de Pesqui-
(Figura 2). sas Biológicas de Indaial (CEPESBI),
cujo objetivo era promover e coor-
Na Universidade (FURB), no denar estudos dos bugios (primatas)
curso de Ciências Biológicas, havia um existentes na região. Nesta época, foi
estudante chamado João Carlos da realizado um convênio entre a Prefei-
Silva e uma estudante, Adriana Bra- tura Municipal de Indaial e a FURB. As
gagnolo que, em conjunto com a pro- professoras Vera Lúcia Souza Silva e
fessora, redigiram um projeto para a Sheila Wanke eram as coordenadoras
Pró-Reitoria de Pesquisa com a finali- do Projeto pelo município e Zelinda
dade de adquirir verba para estudar o Maria Braga Hirano, pela FURB.
comportamento dos bugios no Morro
Geisler e o intitularam Projeto Bugio Com a realização de pesqui-
(Figura 3). O projeto foi desenvolvido sas e com a aquisição de conheci-
em campo e contou com a colabora- mento sobre a espécie foi instituído

21
Figura 3. Primeiros integrantes do Projeto Bugio. Da esquerda para direita Adriana
Bragagnolo, Zelinda Hirano, João Carlos da Silva e Vera Lúcia Souza Silva.
Foto: Arquivo CEPESBI.

o criadouro científico em 1996, com animais feridos voluntariamente (Fi-


autorização do IBAMA (Registro nº. gura 5).
1/42/98/000708-90) (Figura 4).
Desde a fundação, o centro
Anilse Jacobsen atuava no tem realizado atividades de pesqui-
criadouro como educadora ambiental sa, educação ambiental e integração
desenvolvendo atividades nas escolas da comunidade local com estudantes
de Indaial. No criadouro, o médico universitários e pesquisadores. A sen-
veterinário Edgar Cardoso atendia os sibilização e conscientização da popu-

Figura 4. Centro
de Pesquisas
Biológicas de
Indaial em 1996.
Foto: Arquivo
CEPESBI.

22
Figura 5. Médico veterinário Edgar Cardoso e Coordenadora Sheila Wanke realizando
atendimento em bugio ferido. Foto: Arquivo CEPESBI.
lação local e regional quanto às ques- Em 1999, foi lançado um livro
tões ambientais iniciou-se já em 1992, infantil “Quem já viu um Bugio”, pela
com a participação em feiras e exposi- EDIFURB, da autora Denise Patrício,
ções como a Festa do Colono, a Festa ilustrado por Rubens Belli (Figura 7).
de Instalação do Município de Indaial O livro objetiva levar para as crianças
(FIMI) e Semana do Meio Ambiente conhecimento sobre a vida dos bu-
de Indaial. Durante esses eventos, uti- gios e sobre as atividades do Projeto
lizavam-se banners, folders, animais Bugio. Com uma linguagem adequada
taxidermizados, representações da para a faixa-etária é utilizado até hoje
Floresta Atlântica. Essas exposições em atividades de educação ambiental
contavam ainda com obras artísticas efetuadas pelo Centro.
dos bugios e da natureza elaborados
por Marli Bomtempo Peixe, Aline Na- Em 2004, na reta final do
íssa Dada, Jano Morskorz, e alunos do campeonato estadual da primeira di-
ensino médio. Foram desenvolvidas visão de futsal, foi criada uma torcida
também palestras nas escolas indaia- organizada chamada Bugios da Fiel.
lenses, nos municípios vizinhos e em- Esta foi idealizada por Denis Hardt e
presas da região. Em 1998, o Projeto planejada pelas Lojas Hardt em apoio
Bugio foi premiado com o “Prêmio ao time Colisão Futsal de Indaial. O
Revista Natureza de Ecologia”, revis- time surgiu após a realização do Tor-
ta publicada pela Editora Europa, na neio de Verão daquele ano idealizado
edição 122, com circulação em toda a por Nélson de Souza e Silva (falecido)
América Latina (Figura 6). com o apoio da Fundação Municipal

23
Figura 6. Reportagem do Jornal do Médio Vale sobre o Projeto Bugio foi premiado com o
“Prêmio Revista Natureza de Ecologia”.

24
os bugios. O time recebeu o nome de
Bugios Indaial Football (Figura 9).

Missão e objetivos
O CEPESBI tem como missões:
treinar estudantes e profissionais para
desenvolverem atividades na área de
primatologia e gerar conhecimento
sobre os bugios ruivos que subsidiem
ações de conservação da subespécie e
de seu habitat.
Figura 7. Capa do livro infantil E como objetivos: A) realizar
“Quem já viu um bugio? de Denise Patrício” estudos de ecologia e comportamen-
to de bugios ruivos em habitat natu-
de Esportes, na época comandada ral; B) desenvolver técnicas de manejo
pelo sr. Marcio Selhorst (que preside a que permitam a melhoria da qualida-
entidade hoje em dia) e pela empre- de de vida de bugios ruivos sob cuida-
sa Colisão e possuía como mascote o dos humanos; C) manter um banco
bugio. A torcida ajudou muito na reta ex-situ de material biológico para pes-
final do campeonato, pois com incen- quisas científicas; D) realizar estudos
tivo deles o Indaial Futsal conquistou de reintrodução de bugios-ruivos; E)
o título estadual, no seu primeiro ano sensibilizar a comunidade regional
de existência. O Indaial Futsal encer- quanto à importância da conservação
rou suas atividades no final de 2006 ambiental; F) capacitar estudantes e
(Figura 8). profissionais interessados em desen-
Em 2016, foi criado um time volverem estudos na área de primato-
de futebol americano no município logia, biologia e medicina da conser-
de Indaial que tem como inspiração vação; e G) influenciar na adequação

Figura 8. Time
Indaial Futsal e sua
mascote, o bugio.
Ao fundo a torcida
organizada Bugios
da Fiel. Foto:
Arquivo pessoal
João Elias Soar e
Denis Hardt.

25
do bugio-ruivo.
A característica morfológica
mais marcante do gênero é a presen-
ça do osso hioide bastante desenvolvi-
do, com o corpo central oco forman-
do uma câmara de ressonância do
som, produzindo o ronco ou rugido
(GREGORIN, 2006). Possui uma cau-
da preênsil móvel, dotada de cristas
papilares em sua parte distal-inferior
(AURICCHIO, 1995). Vivem em grupos
Figura 9. Time Bugios Indaial Football de 5 a 11 indivíduos e são conside-
e equipe técnica do CEPESBI após o rados principalmente folívoros, mas
desfile cívico em homenagem ao dia de conforme a disponibilidade de frutos
emancipação de Indaial (26/03/2017). são também frugívoros (REIS; et. al.,
Foto: Charles Liesenberg. 2008). Ocorre no leste do Brasil, ao
longo do Bioma Mata Atlântica (latu
de políticas públicas a conservação do sensu) nos estados do Espírito Santo,
bugio-ruivo e de seu habitat. Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Pau-
lo, Paraná, Santa Catarina e Rio Gran-
O Bugio-ruivo de do Sul (ICMBIO, 2017).
Os bugios ruivos prestam ser-
O bugio: a espécie classificada com o viços ecológicos importantes como
seguinte nome científico Alouatta cla- a dispersão de sementes de plantas
mitans, pertencente à família Atelidae, nativas e polinização. Prestam ainda
é conhecida popularmente como bu-
gio-ruivo, barbado ou guariba (Figura
10). Possui peso corporal médio entre
5 e 12kg. Atingem a maturidade se-
xual entre 3-4 anos (fêmeas) e 5 anos
(machos) e a longevidade da espécie
é de 15-20 anos (AURICCHIO, 1995).
Todas as espécies de bugios apresen-
tam dimorfismo sexual, sendo os ma-
chos adultos maiores que as fêmeas
em todas as dimensões: morfologia
craniana, dentária, externa e do osso
hioide (REIS et. al, 2008). Além disso,
esses animais possuem dicromatis-
mo sexual, os machos adultos com
pelagem ruiva e as fêmeas castanho
escuro (GREGORIN, 2006). Dr. Zelin-
da Hirano (2003) descreve a presença
de glândulas sudoríparas modificadas Figura 10. Bugio-ruivo macho com nome
que produzem uma secreção colorida
Kali no CEPESBI. Foto: Mário Holetz.
que altera externamente a cor do pelo

26
serviços à saúde pública, por serem O centro é mantido pelo mu-
considerados uma espécie sentinela nicípio de Indaial e pela Universidade
a circulação de determinados vírus, Regional de Blumenau, sendo que, a
como o da Febre Amarela. O CEPES- alimentação dos animais foi fornecida
BI tem efetuado conscientização na durante anos pelos supermercados
mídia audiovisual da região e redes Angeloni de Blumenau, e atualmen-
sociais, com veiculação de entrevistas te é fornecida pela Cooper Indaial e
em rádio e TV sobre a importância do O CEPESBI possui banco de material
bugio-ruivo no surto de febre amarela biológico com registro no Conselho
2016/2017 que tem ocorrido no Bra- de Gestão do Patrimônio Genético do
sil, avisando e acionando a Vigilância Ministério do Meio Ambiente. Este é
Epidemiológica para a possível pre- composto por amostras de soro, célu-
sença do vírus da Febre Amarela em las sanguíneas, urina, órgãos formali-
áreas com registro de morte de prima- zados, carcaças congeladas, esfrega-
tas não-humanos. ços sanguíneos e parasitas oriundos
de bugios que vieram a óbito. Estes
materiais estão à disposição da co-
Atividades do CEPESBI/ munidade científica e minimizam a
Projeto Bugio necessidade de captura de animais
em ambiente natural e o excesso de
Os animais que compõem coletas em animais sob cuidados hu-
o plantel do Centro, composto hoje manos para realização de pesquisas
por 48 indivíduos (03/2017), são ori- científicas.
ginários de apreensões do IBAMA ou Cerca de 250 pessoas dentre
da Polícia Ambiental, ou ainda trazi- estudantes da FURB e de outras ins-
dos pela comunidade local por apre- tituições nacionais e internacionais
sentarem ferimentos, sejam eles por foram capacitadas para atuar em es-
choques elétricos, atropelamentos, tudos de ecologia, comportamento,
ataques por animais e outros. O cria- biomedicina e medicina de primatas
douro já recebeu 204 bugios-ruivos. neotropicais. No centro foram desen-
No CEPESBI esses animais são recep- volvidos quinze trabalhos de conclu-
cionados, reabilitados e mantidos são de curso, sete mestrados e quatro
sob cuidados humanos por não te- doutorados.
rem condições de ser reintroduzidos
na floresta ou devolvidos a natureza Nestes vinte e seis anos de
quando sua recuperação é rápida e atuação em atividades de pesquisas
suas condições são apropriadas para a no Morro Geisler foram efetuados
sobrevivência na floresta. São desen- levantamento de grupos, análises de
volvidos estudos sobre doenças infec- áreas de vivência dos bugios, análises
ciosas e parasitárias, aprimoramento do percurso diário efetuado por eles,
contínuo de práticas de manejo, en- a construção e marcação de trilhas
riquecimento ambiental, estudos de direcionadas para o acompanhamen-
nutrição animal, estudos de compor- to dos animais, análise do padrão de
tamento, estudos de adoção e forma- atividades diárias, estudos do com-
ção de grupos e acompanhamento do portamento social e da comunicação
desenvolvimento de infantes. vocal e odorífera. Foi também efetua-
do o levantamento fitossociológico do

27
componente arbóreo do Morro Geis- seguintes organizações civis: A) Con-
ler associado à dieta dos bugios. selho Municipal de Meio Ambiente do
município de Indaial; B) Conselho Mu-
O Projeto Bugio desenvolve nicipal de Saneamento Ambiental; C)
educação ambiental, participando de Conselho Consultivo do Parque Nacio-
feiras e eventos com stands informa- nal da Serra do Itajaí; D) Comitê de Éti-
tivos; palestras em escolas sobre as ca em Experimentação Animal – CEEA
atividades desenvolvidas no projeto e da Fundação Universidade Regional
sobre a conservação da fauna e flora; de Blumenau; E) Diretoria da Socieda-
auxílio na produção de material di- de Brasileira de Primatologia; F) Con-
dático; auxílio a todos que procurem selho da Sociedade Brasileira para o
o projeto em busca de informações Progresso da Ciência; G) Conferência
sobre bugios, primatas e temas rela- Municipal de Saúde Ambiental de Blu-
cionados. Desde 1991, já foram aten- menau. H) Diretoria 2009-2011 da So-
didas em torno de trinta e cinco mil ciedade Brasileira de Primatologia; I)
pessoas através de palestras, exposi- Comissão de Educação Ambiental do
ções e visitas técnicas. Município de Indaial. J) Grupo de Es-
Além disso, o projeto organi- pecialistas em Primatas (Primate Spe-
zou eventos como o Congresso Brasi- cialist Group) da “International Union
leiro de Primatologia entre os dias 11 for Conservation of Nature” (IUCN).
e 15 de dezembro de 2009, o curso
de Comportamento e manejo de bu-
gios em cativeiro entre os dias 27 e Devolvendo bugios à
30 de junho de 2011, o II e o III Curso natureza
de Manejo de Primatas do Centro de
Pesquisas Biológicas de Indaial: Com-
portamento e Saúde de Primatas Bra- O CEPESBI realizou um estu-
sileiros que ocorreu entre os dias 09 e do de reintrodução. Um casal de bu-
12 de julho de 2012 e 8 a 11 de julho gios do cativeiro científico foi escolhi-
de 2013, respectivamente, O I e o II do para o estudo, mediante estudos
Encontro Sul-Brasileiro de Primatolo- de comportamento e sanitário. Em
gia, entre os dias 17 e 18 de agosto de 2001, foram reintroduzidos no Par-
2001 e 27 e 28 de outubro de 2016, que Natural Municipal São Francisco
respectivamente. de Assis, em Blumenau (Figura 11).
Estes animais foram acompanhados
O CEPESBI/Projeto Bugio foi até 2008. A readaptação foi um su-
apresentado em mídias nacionais em cesso. Os bugios reintroduzidos têm
programas como a Xuxa, Globo Rural, sobrevivido com o recurso da floresta
Globo Ecologia, Globo Natureza, Glo- e o primeiro nascimento foi registrado
bo Repórter e em todos os jornais da após um ano da soltura. Entretanto, a
região divulgando não só as atividades falta de conscientização da população
do projeto, como também o Municí- de entorno da unidade de conserva-
pio de Indaial e a Universidade Regio- ção municipal desencadeou conflitos
nal de Blumenau. de convivência que culminaram no
Os membros do CEPESBI desaparecimento de dois indivíduos.
têm desempenhado atuação política, Até o momento não se têm informa-
ocuparam ou ocupam cadeiras nas ções sobre o que aconteceu com os

28
animais. Os demais espécimes ainda para a produção da cartilha intitulada
se encontram no parque e continuam Projeto Fauna Viva, publicada pela
sendo avistados pelos funcionários. O EDIFURB. A publicação foi financiada
processo de reintrodução constitui-se pela CELESC Distribuição S.A. e ANEEL.
de: seleção de áreas adequadas à rein-
trodução da espécie; avaliação sanitá- Desde 2014, o Projeto Bu-
ria dos animais; translado de grupos gio juntamente com Condomínio
estabelecidos em cativeiro para área Perini Business Park, localizado no
de soltura; manutenção temporária Distrito Industrial Norte de Joinville/
dos animais em recintos na mata para SC, têm desenvolvido o Programa de
adaptação ao habitat natural; soltura Conservação do Bugio-Ruivo (Figura
e acompanhamento dos animais na 12). O Programa tem como objetivo
mata; estudo de comportamento e aumentar o conhecimento e a prote-
ecologia dos animais reintroduzidos. ção das populações de bugios-ruivos
na região norte catarinense por meio
de ações de manejo, pesquisa, treina-
mento, educação para conservação
Parcerias desenvolvidas com e recuperação florestal. O programa
o CEPESBI/Projeto Bugio é composto por cinco metas e vinte
e uma ações, cuja previsão de imple-
Em 2011, a equipe técnica do mentação está estabelecida em um
CEPESBI/Projeto Bugio desenvolveu o prazo de cinco anos. O Programa já
Projeto Fauna Viva juntamente com elaborou uma cartilha intitulada Pro-
professores da FURB, financiado pela grama de Conservação do Bugio-rui-
CELESC. O Projeto Fauna Viva desta- vo: Aprendendo para Conservar, pu-
cou a imensa diversidade de animais blicada pelo Instituto Caranguejo de
que colidem com a rede elétrica, em Educação Ambiental.
sua maioria aves, e o alto índice de
mortalidade destes animais. O CE-
PESBI – Projeto Bugio forneceu dados Estrutura física

Figura 11.
Um casal de
bugios-ruivos
no momento da
reintrodução
na floresta no
Parque Natural
Municipal
São Francisco
de Assis, em
Blumenau. Foto:
Arquivo CEPESBI.

29
Figura 12.
Assinatura do
contrato entre FURB
e o Condomínio
Perini Business
Park, para o
desenvolvimento
do Programa de
Conservação do
Bugio-Ruivo. Foto:
Núcleo de Educação
Ambiental Fabio
Perini.

mica, parasitologia, microbiologia,


imunologia e o Hospital Escola Vete-
A estrutura física atual (2017) rinário da Universidade Regional de
do CEPESBI/Projeto Bugio possui 27 Blumenau realizam os exames com-
recintos, composto por área fechada plementares dos animais e eventuais
e aberta, enriquecidos com troncos cirurgias.
e mangueiras de bombeiro; um am-
bulatório para atendimentos emer- Perspectivas futuras
genciais equipado com aparelho de
anestesia inalatória e raio x portátil;
uma cozinha para armazenamento e Está prevista a construção de
preparo dos alimentos equipada com uma nova sede, em um terreno de
geladeiras; uma área de escritório, 83.625,00 m² cedido pelo Município
copa e sanitários (Figura 13). de Indaial à Universidade Regional de
Blumenau através do projeto de Lei
Os laboratórios de bioquí-

Figura 12. Assinatura


do contrato entre FURB
e o Condomínio Perini
Business Park, para
o desenvolvimento
do Programa de
Conservação do Bugio-
Ruivo. Foto: Núcleo de
Educação Ambiental
Fabio Perini.

30
Figura 14. Assinatura da cedência do terreno. Da esquerda para direita: João Natel (Reitor -
FURB), Sérgio Almir dos Santos (Prefeito de Indaial), Zelinda Maria Braga Hirano (Coordenadora
do Projeto Bugio) e Osvaldo Metzner (Vereador). Fonte: http://www.furb.br/web/1704/
noticias/arquivo/2014/08/prefeitura-de-indaial-assina-convenio-de-cessao-de-terreno/3510 -
Foto: Foto: Giovana Pietrzacka / Núcleo de Educação Ambiental Fabio Perini.

Ordinária 114/2014 de 15/07/2014, ne dos Santos, Ícaro William Valley e


junto ao Parque Municipal Jorge Har- Victor Bongiorno Nadal (Município de
dt. Na área cedida haverá construção Indaial), Tratadores: Wanderson Hen-
de um campus universitário, que con- rique da Silva (FURB) Tomé e Luis La-
tará com um hospital veterinário, sa- min (Município de Indaial).
las de aula, alojamento, auditório de
educação ambiental e recintos para os É de grande importância res-
animais (Figura 14). saltar que o Projeto Bugio só chegou
ao que é hoje, graças a todos os mu-
nícipes, estudantes e funcionários que
dedicaram parte de suas vidas para
Equipe atual que lograsse sucesso.

A equipe atual é composta Referências:


por: Zelinda Maria Braga Hirano (Fun- AURICCHIO, P. Primatas do Brasil. São Paulo: Terra Brasilis,
dadora/FURB), Sheila Regina Schmidt 1995. 168 p.

Francisco e Hercílio Higino da Silva Fi- GREGORIN, R. Taxonomia e variação geográfica das espé-
cies do gênero Alouatta Lacépède (Primates, Atelidae) no
lho (Coordenação/FURB), Julio César Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, Lavras, v. 23, p.64-
de Souza Jr. (Médico Veterinário/CE- 144, mar.
PESBI/Município de Indaial), Amanda HIRANO, Z. M. B. Secreção epidérmica de Alouatta guariba
Rezende Peruchi e Aline Naíssa Dada clamitans (Primates: Atelidae). Tese de Doutorado, Univer-
sidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, p. 167, 2003.
(Técnicas de laboratório - Manejo de
Animais/FURB), Estagiários FURB: Pâ- REIS, N. R. do; PERACCHI, A. L.; ANDRADE, F. R. Primatas
Brasileiros. Londrina: Technical Books, 2008.
mela Silveira, Camila Pereira, Gabriela
ICMBIO. Mamíferos - Alouatta guariba clamitans - Guariba
Nunes de Oliveira, Arieli Souza e Es- ruivo. Disponível em: < http://www.icmbio.gov.br/portal/
tagiários Município de Indaial: Kari- faunabrasileira/estado-de-conservacao/7179-mamife-
ros-alouatta-guariba-clamitans-guariba-ruivo>. Acesso:
10/05/2017.

31
CURIOSIDADES ...

O boneco amarrado sobre o


lombo do burro, é uma sátira
ao ditator Benito Mussolini
que fizeram-no desfilar pelas
ruas de Indaial, após o desfile
cívico de 7 de setembro de 1944
sob vaias dos muitos presentes
Após o desfile foi conduzido até
a ponte dos arcos, onde foi
incendiado e lançado no rio
Itajaí-açu sob aplausos dos
curiosos presentes

32
Houve na ocasião uma
estiagem, fazendo com que
o rio Itajaí baixa-se de nível
fora do normal, peixes
morreram e apodreciam entre
as pedras.
“É castigo de Deus”
por terem jogado o boneco
no rio Itajaí-açu. Dizia
o Povo

Osmar Von Gilsa

33
BAIRROS
Histórias, Memórias e sua Gente

MULDE
Casa Krieser e sua História tória. O ano de construção também é
Por Heinz Beyer incerto. Roland Krieser deduz que a
casa tenha sido construída por volta
de 1860, apesar de acreditarmos que
No bairro da Mulde em In- tenha sido um pouco mais tarde. É
daial, mais precisamente na Rua Ber- certo, porém, que foi ainda bem antes
tolina May Kechele, s/n (próximo à do fim do século XIX. É certo também,
casa nº2715), encontra-se uma casa que há uma parte mais antiga e outra
enxaimel, considerada de relevante mais recente. Em 1941, quando Milda
valor histórico. Em maio de 2007 vi- Voigt, viúva, casou-se com o também
sitamos o imóvel e seus proprietários viúvo Friedrich Krieser, pai de Roland,
na época, Milda e Roland Krieser, com este então com apenas um ano quan-
a incumbência de fazer o levantamen- do a mãe faleceu, a casa já estava do
to da história desta edificação e da fa- jeito que está hoje.
mília, para fins de tombamento esta- Convém esclarecer que hou-
dual. Desta visita fizemos o relato que ve três Friedrich na família Krieser: o
segue. bisavô, o avô e o pai de Roland. Todos
O construtor é desconhecido. viveram nesse enxaimel.
Talvez tenha sido o imigrante Friedri- Do bloco mais antigo da casa
ch Krieser, bisavô de Roland, ou o pai não se encontra similar em toda a re-
deste cujo prenome se perdeu na his-

34
Os tataravós de Roland, cujos
nomes ele não consegue lembrar, jun-
tamente com o filho Friedrich, vieram
da Alemanha no início da colonização
do Vale do Itajaí. Deduz-se que tenha
sido por volta de 1860.
Esse primeiro casal, por ainda
não existir cemitério nas imediações,
foi sepultado na propriedade. Confor-
me os antigos, era prática comum, nos
primórdios, enterrarem os mortos em
suas terras. Na Mulde, segundo narra-
tivas, houve diversos casos.
O bisavô de Roland, o pri-
meiro Friedrich Krieser – provável
construtor da casa – nasceu em 05 de
novembro de 1831, portanto também
imigrante, faleceu em 13 de julho de
1909 e está enterrado no cemitério da
Mulde. Não temos o nome da bisavó.
O avô de Roland, que também
era Friedrich (14 de maio de 1874/ 23
de dezembro de 1930), era casado
com Klara Doege Krieser (09 de agosto
de 1882/18 de julho de 1949). Friedri-
Em pé: Irmtraud e Roland Krieser ch também era o nome do pai de Ro-
Sentada a Senhora Milda Krieser no dia land (25 de julho de 1909/25 de agos-
de seu aniversário de 100 anos em 14 de
to de 1989) e era casado com Irma
Stoig Krieser que faleceu jovem (23
janeiro de 2009 de novembro de 1914/19 de março
de 1938), quando o filho Roland tinha
gião. Assentada sobre blocos de pe- apenas um ano. Roland Krieser nas-
dras, sem varanda, na parede frontal ceu em 20 de fevereiro de 1937. Sua
observa-se a “Cruz de Santo André”. esposa Irmtraud, da família Westphal,
Internamente há pinturas murais, fo- nasceu em 07 de junho de 1942.
tos e móveis antigos. Compõe-se de
ampla sala e um quarto grande. Nos Roland tem os irmãos gême-
fundos, existe um puxado que abriga os Alidor e Gerold, mais o meio-irmão
mais um quarto. A parte mais recen- Elbert, filho do segundo casamento
te, também de enxaimel, porém mais de seu pai com Milda. Alidor é casado
simples, está perfeitamente emenda- com Leonilda Schubert, Gerold com
da e integrada ao bloco antigo, que Ingeborg Haffemann e Elbert com Val-
comporta ampla sala de jantar. Tam- burga Bertram.
bém nos fundos, numa continuação Conforme já citado, o pai de
do puxado antigo, funciona a cozinha. Roland Krieser ficou viúvo, casou-se
Contam que primitivamente a cozinha novamente com a também viúva Mil-
ficava fora da casa numa construção da Voigt, da família Kopsch, nascida
de madeira. Atualmente a edificação em 14 de janeiro de 1909.
está em precárias condições de con-
servação. Milda era casada com Friedri-

35
ch Voigt, mais conhecido como “Fritz” Friedrich Voigt e Milda tive-
(25 de janeiro de 1906/14 de dezem- ram dois filhos: Arno, casado com Ali-
bro de 1930). Moravam no Encano da Hobus e Erica, casada com Walter
do Norte, nas imediações do antigo Erdmann. Quando essa tragédia com
comércio dos Pfuetzenreiter. Segundo o pai de Erica aconteceu em 1930, a
conta Dona Milda, era frequente a cir- Sra. Milda estava com 21 anos, vis-
culação de pessoas entre o Encano do to que nascera em 1909 e está hoje
Norte e Encano Baixo, através das ilhas com 98 anos. Friedrich Kopsch (24
no Rio Itajaí-Açu. Marcelino Cardozo, de fevereiro de 1878/14 de março de
morador daquelas ilhas, era o cano- 1956) e Bertha Rothbarth Kopsch (19
eiro que fazia a travessia das pessoas. de novembro de 1877/12 de julho de
Relata que no dia 14 de dezembro de 1970) eram os pais de Milda. O avô
1930, seu marido, o “Fritz”, fez uma paterno era Heinrich Kopsch e a avó
travessia para o Encano Baixo, para Alwina Bohlmann. Os avós maternos,
provar um terno que mandara fazer Robert Rothbarth (20 de dezembro
no alfaiate Leopoldo Metzger. Na hora de 1826/03 de dezembro de 1901)
combinada para o retorno, o Sr. Fritz e Karolina Papen Rothbarth (15-05-
não apareceu. O canoeiro Cardozo 1835/19 de março de 1917).
preocupado com a demora, passou a
procurar nas imediações. Achou suas A Sra. Milda se empolga
roupas penduradas num galho na bei- quando alguém se interessa por sua
ra do rio, deduzindo que fora tomar história. Com muita lucidez lembra o
um banho, visto que era um dia de que sua avó Karolina contava sobre a
calor intenso. Procurando exaustiva- viagem dela, seu marido e um filho,
mente, não o achou e chegou à triste num veleiro para o Brasil. Em pleno
conclusão que o homem se afogara. O oceano o marido adoeceu e morreu.
Sr. Cardozo teve que dar a triste notí- O corpo foi envolvido em um lençol,
cia para Dona Milda, que estava grávi- amarrado a um pedaço de madeira e
da da filha Erica. Foi um desespero só. lançado ao mar. Também houve dias
Por oito dias procuraram o corpo, in- e dias de calmaria. Quando já espera-
clusive durante a noite com lanternas vam chegar logo em terra firme, por
a querosene. Conta a Sra. Milda, como vários dias ao amanhecer, avistavam
foram difíceis aqueles dias de agonia, o corpo boiando nas imediações. O
de ansiedade, de tristeza e a esperan- filho chorando pela falta do pai, dias
ça de achar o “Fritz” ficando cada vez depois também morreu e teve o mes-
mais remota. Num dia, quando sua mo destino. Ficou somente a Karoline
mãe estava fazendo pão no forno pró- que mais tarde se casou novamente.
ximo da casa, colocando a massa em Casou-se com Robert Rothbarth, avô
cima de folhas de bananeira, apareceu materno de Dona Milda. Assim a his-
misteriosamente um enorme pássaro tória dessas famílias está repleta de
negro batendo as asas em cima do for- acontecimentos dramáticos, interes-
no. Tão rapidamente como apareceu, santes, pitorescos e de muito trabalho
sumiu. Assustada, logo interpretou e luta, principalmente nos primeiros
essa visão como sendo um aviso, um tempos da colonização.
sinal. Imediatamente falou para a fi- Voltando ao atual proprietá-
lha Milda: acharam o “Fritz”! O fato se rio do histórico enxaimel, Roland Krie-
confirmou em seguida. Acharam-no ser e esposa Irmtraud, seus filhos são:
bem abaixo do lugar onde tinha de- Nilson (falecido); Nilsa, casada com
saparecido, na foz do Ribeirão Keller- Reinvald Timm; Dilcia, casada com
mann. Enterraram-no imediatamente Klaus Roeder; Wilson, casado com
no cemitério do Encano do Norte, que Rosana Schreiber e Dirce, casada com
fica próximo. Reinaldo Janke.

36
nas duas horas de sono por dia.
O Sr. Roland, foi e ainda está
bastante envolvido em atividades co-
munitárias, principalmente no seu
bairro, seja em diretoria de igreja, ma-
nutenção do cemitério, escola, desen-
volvimento agrícola e outros. Sobre
o cemitério, onde por muito tempo
foi coveiro, revela uma curiosidade:
era norma antigamente enterrarem
os mortos a uma profundidade de
1,80m, reduzindo gradativamente, no
decorrer do tempo, para 1,60m e 1,20,
antes de se praticar o sepultamento
em covas feitas de tijolos e cimento.
Houve alguns casos que, a pedido, a
cova era feita a uma profundidade de
2 metros. Em visita ao cemitério, que
era da Associação de Pais e Professo-
res da Escola Isolada de Mulde Baixa
e municipalizado em 1992, Sr. Roland
mostrou a parte maior desta área que
antigamente foi doada para amplia-
ção, por Ernst Hobus (31 de maio de
1893/13 de abril de 1978), cuja família
Roland, ainda na adolescên- explorava uma serraria, uma atafona e
cia, puxava tijolos de carroça para a olaria. O Sr. Roland Krieser foi pioneiro
construção do Hospital Beatriz Ra- no cultivo da acerola, transformando
mos. Para a construção da nova Igre- seus frutos em geleias e outros deri-
ja Evangélica Luterana de Indaial-cen- vados. Sempre se disponibilizou, bem
tro, puxou palmitos com 23 metros como sua propriedade, às instituições
de comprimento, lá da Mulde, para que visavam fazer experiências e estu-
servirem de estacas na montagem dos, para incrementar novas técnicas
dos estaleiros, no final da década na área agrícola, pecuária e meio am-
de 1950. Puxou palmitos também biente.
para a construção da Igreja Católica Recebeu muitas visitas,
Santa Inês e para a reforma da Igre- como: Ministro da Fazenda, vice-go-
ja Luterana de Carijós, onde inclusive vernador e comitiva do Mato Grosso,
ajudou na restauração da torre e sua autoridades da Souza Cruz, do Incra
pintura. Aos treze anos já era carro- e outras. Chegou a receber cinco de-
ceiro de leite, recolhendo os bules putados num só dia. Vieram fazer es-
nas propriedades transportando-os tudos e conhecer como um colono
à Firma Lorenz em Timbó e também pode diversificar suas atividades, as-
para a Firma Pfuetzenreiter no Enca- segurando assim rendimento o ano
no do Norte. Na volta trazia todo tipo inteiro. Do exterior vieram grupos da
de mercadoria a pedido dos colonos. Alemanha, China, Chile, Japão, Cana-
Exerceu essa atividade durante sete dá, Estados unidos, Suíça, Venezuela,
anos e, simultaneamente, num perí- Arábia Saudita, etc.
odo menor, no turno da noite, ajudou
como braçal na construção da Ponte Possui também um engenho
Carlos Schroeder, sobrando-lhe ape- de açúcar, produzindo açúcar masca-

37
A partir da esquerda: Berndt Kuschnick, Heinz Beyer, Manfred Gerner e Roland Krieser

vo, melado e muss de laranja, goiaba, Agradecemos a carinhosa co-


carambola, tangerina e banana, além laboração da Sra. Milda, o Sr. Roland,
de grande variedade de geleias. a Sra. Irmtraud e Sra. Erica, para este
breve relato.
Em 16 de agosto de 1996, re-
cepcionou o engenheiro alemão Man- Indaial, maio de 2007.
fred Gerner, “Mestre em Recuperação
de Estruturas Históricas de Madeira”.
Viera com um grupo de arquitetos, Em 14 de janeiro de 2009,
professores e outros simpatizantes do Milda Krieser comemorou seu centé-
enxaimel, fazer o encerramento do se- simo aniversário no seu velho enxai-
minário e oficina sobre “Teoria e Prá- mel, na presença dos familiares, pa-
tica de Restauração em Estruturas de rentes e muitos amigos e conhecidos.
Enxaimel”, realizado em Vila Itoupa-
va-Blumenau. Ofereceu aos visitantes Em 27 de dezembro de 2009,
um café, digamos colonial, com cucas, às 17:45 horas, Milda Krieser serena-
bolos, salgados, licores e vinhos. A mente fechou seus olhos para o des-
confraternização foi abrilhantada aos canso eterno, na residência de Roland
acordes do “bandonion” do Sr. Ralf Krieser, na Mulde – Indaial, atingindo
Voigt. Todos adoraram! a avançada idade de 100 anos, 11 me-
ses e treze dias.
A Casa Krieser foi também,
por ser um enxaimel bastante original Com tristeza lamentamos que
com muita história, escolhida para, infelizmente, no momento este histó-
em 27 de maio de 2004, ser palco rico exemplar da técnica construtiva
de encenação de uma cerimônia de enxaimel, encontra-se parcialmente
“quebra-caco” filmada por uma rede desmoronado e em ruinas.
de televisão. Indaial, Junho de 2017.

38
Vida e Obra dos prefeitos do Município de Indaial
Edltraud Zimmermann Fonseca

LUIZ POLIDORO mácia, exercendo a profissão até


1988.
19o Prefeito Em três de março de
01/02/1983 – 31/12/1988 1963, casou-se com Joana Laura
Zonta, nascida em 29 de outubro
22o Prefeito de 1940, filha de Ângelo Zonta
01/01/1997 – 31/12/2000 e Faustina Zonta. Do casamento
nasceram os filhos Graceli Apare-
cida Polidoro (1963), Luiz Antônio
Filho de Pedro Polidoro Polidoro (1966) e Andreia Regina
(1912 – 2006) e Emma Polidoro Polidoro (1972).
(1917 – 2012), nascido
em Presidente Getú- Instalou a Farmácia San-
lio, SC, em 17 de ou- ta Gemma, no bairro
tubro de 1939. Aos Warnow em 1960.
seis anos de ida- Vendeu-a para, o
de ingressou no então vereador,
Colégio das Frei- Ário Rauh em
ras em Ascurra. 1988, mesmo
Aos onze anos ano em que
foi matriculado iniciou as ativi-
no Colégio Sale- dades da con-
siano Dom Bos- fecção Polido-
co, cursando o ro lançando a
ginasial. O segun- etiqueta SKINI,
do grau foi feito no posteriormente
Colégio Pequeno vendida para uma
Operário, em Porto rede internacional
Alegre, RS. de confecção. Em
1993, diversifi-
Em 1959, tra- cou sua atu-
balhava na Far- ação em-
mácia As- presarial
curra de criando a
proprie- Plastial -
dade de Indústria
D a n t e Plástica
Zonta. Indaial
Ltda., em
Em 1960 sociedade
prestou com o fi-
concurso no Conselho Regional lho Luiz Antônio, que produz ma-
de Farmácia, em Florianópolis, téria-prima para injeção de plás-
para Técnico Responsável em Far-

39
tico para fins industriais. Arno Zoschke como vice-prefeito,
Em 1965, foi convida- para a sua primeira gestão, 1983
do por Germano Brandes Júnior – 1988, como prefeito da cidade
(1903 – 1967) para candidatar-se de Indaial. Em 1997, pela Coliga-
a vereador pelo Partido Social ção entre o Partido Progressista
Democrático (PSD), não aceitan- Brasileiro (PPB) e Partido da Fren-
do por não se sentir preparado. te Liberal (PFL) foi eleito para a
gestão 1997-2000.
Em 1972, candidatou-se a Na sua primeira gestão,
vereador pela Aliança Renovado- entre primeiro de fevereiro de
ra Nacional (ARENA), sendo elei- 1983 e 31 de dezembro de 1988,
to. Luiz Polidoro teve que enfrentar
Em 1976 foi eleito vice- a destruição e os problemas cau-
-prefeito de Victor Petters (1929 sados pelas enchentes dos anos
– 2000), ainda pela Aliança Reno- 1983 e 1984, duas das maiores
vadora Nacional para o período ocorridas em tempos recentes.
1976-1982. Apiúna, que neste período ainda
Em 1983 foi eleito, tendo era distrito de Indaial, foi seve-

A partir da esquerda: Luiz Polidoro,Joana Laura Polidoro, Gisela Zoschke,Arno Zoschke

40
Vista parcial do centro de Indaial em 1984

Vista parcial do centro de Apiúna, então distrito de Indaial, em 1984

41
ramente atingida, motivando a construção do Pórtico da entrada
necessidade de recuperação de principal da cidade; a construção
grande parte da malha viária do do prédio da Delegacia e a Cadeia
município atingida nestas ocasi- Pública da Comarca de Indaial; a
ões. Se por um lado as enchentes modernização e informatização
recorrentes no Vale do Itajaí sem- da Prefeitura Municipal de Indaial
pre trouxeram problemas, por agilizando os serviços administra-
outro, graças a sua localização ge- tivos; a construção e inauguração
ográfica e ao fato de que Indaial do Pavilhão de Esportes Minis-
não tem grandes áreas afetadas tro “Jorge Konder Bornhausen”
por esses eventos, o município (PAME); a ampliação da rede de
tornou-se o local de instalação de abastecimento de água; a amplia-
inúmeras industrias que se bene- ção da rede escolar; a construção
ficiaram dos incentivos concedi- do novo Terminal Rodoviário e a
dos pela gestão municipal. De sua construção de duas pontes pênsil
primeira passagem como prefeito (uma em Apiúna com 320 metros
podemos destacar entre outras: a de extensão e outra no Warnow,

Na foto acima:Portico da entrada de


Indaial.

Ao lado: Vista parcial do Bairro Warnow,


coma ponte pênsil.

42
Entre as empresas que
se instalaram em Indaial
na primeira gestão de
Luiz Polidoro, a mais
emblemática foi a Albany
Internacional.

A partir da esquerda:
Luiz Carlos Pabst, Heinrich
Pasold, Arno Zoschke, Luiz
Polidoro, Ross A. Parkinson,
diretor geral da Albany do
Brasil, Rogério Theiss

Inauguração da Albany
Internacional.
Ross A. Parkinson, diretor
geral da Albany do Brasil,
Ângela Amin, primeira
dama, Esperidião Amin,
governador do estado.

Construção da Albany.

43
com 230 metros com vão livre de e em primeiro de junho de 1989,
98 metros), que permitia a passa- às 15 horas, em sessão solene no
gem de pedestres e veículos. Em prédio da Prefeitura de Apiúna, o
12 de novembro de 1987 foi cria- vereador eleito Paulo Petters pre-
da a Fundação Indaialense de cul- sidia a primeira reunião, secreta-
tura (FIC) que teve como primeira riado por Úrsula Kretzer.
sede a antiga estação da Estrada Em 1987 foi homenage-
de Ferro Santa Catarina, local que ado com o Troféu Conde de Boa
hoje abriga o Museu Municipal Vista, e o respectivo diploma,
Ferroviário Silvestre Ernesto da pelo Jornal Correio do Recife, e
Silva. em 1988, recebeu o Diploma CO-
Em quatro de janeiro de RUJA DO ANO, como um dos des-
1988, através da lei nº. 1.100, taques do ano no Terceiro Encon-
Apiúna foi emancipada de Indaial tro Nacional Prefeitos.

Sentados: da esquerda
para a direita: Arno
Zoschke, Wilson Jacó
Schmitt, Luiz Polidoro.
Em pé: Victor Harbs
Júnior, Nélson
Guerreiro, Heinrich
Pasold, Marino
Patrício, Mário Holetz,
Rufino Régis e Luiz
Antônio Polidoro.
Fundadores da
Fundação Indaialense
de cultura.

44
mitiu a reforma e ampliação do
prédio da prefeitura. Aconteceu,
também, a ampliação das instala-
ções da FIC e a compra de um ter-
reno para construção da subesta-
ção de energia elétrica de Indaial,
para atender aos municípios de
Indaial, Ascurra, Rodeio e Apiúna
com a capacidade de distribuição
Luiz Polidoro e Silvio Gonçalves da Luz de 26 mil KVA/hora.
Em sua segunda gestão Foi nomeado pelo Gover-
entre primeiro de janeiro de 1997 nador Luiz Henrique da Silveira
e 31 de dezembro de 2000 pros- (1940 – 2015) o 1º Secretário da
seguiu com sua política de incenti- 35a Secretaria de Desenvolvimen-
vo à instalação de novas empresas to Regional (SDR) instalada no mu-
e ampliação das já instaladas, das nicípio de Timbó em 30 de agosto
quais o destaque maior fica por de 2007, permanecendo até o final
conta da instalação da ASSELVI, de 2010.
hoje UNIASSELVI, a primeira ins-
tituição de ensino superior que se Em abril de 2011, foi no-
instalou no município de Indaial e meado pelo Governador Raimun-
cuja aula inaugural se deu no dia do Colombo Gerente da Coor-
22 de fevereiro de 1999. Prosse- denadoria de Desenvolvimento
guiu também com a ampliação e Ambiental de Blumenau da Funda-
conservação, além do investimen- ção do Meio Ambiente do Estado
to na modernização e construção de Santa Catarina (FATMA), que
de equipamentos esportivos, da abrange 12 municípios do Vale do
rede municipal de ensino. Avan- Itajaí, cargo que exerceu até me-
çou na informatização e moder- ados de 2016, quando passou a
nização da administração pública. dedicar-se exclusivamente a admi-
Nesta sua gestão foi construído o nistração de suas empresas.
novo prédio do Fórum, o que per-

Uniasselvi

45
POLÍTICA EDITORIAL DA REVISTA
“INDAIAL CONHECENDO SUA HISTÓRIA”
“Indaial Conhecendo sua História” é ram e fazem parte da construção da
uma revista editada, desde 2015, pela História local e regional.
Associação dos Amigos do Arquivo Entrevistas: Coluna dedicada a depoi-
Histórico de Indaial - AMARHIN. mentos de História de vida e/ou temá-
Contempla a publicação de matérias ticos.
da historiografia de Santa Catarina, Memórias e Crônicas do cotidiano:
em especial da cidade de Indaial e da Coluna que contempla autores e/ou
região do Vale do Itajaí. Aborda temas memorialistas que narram, sob a for-
relacionados a questões históricas, ma de crônicas, aspectos do cotidiano
sociais, ambientais, geográficas, eco- das vivências locais e regionais, opor-
nômicas e culturais. tunizando a participação comunitária.
Registrada com o ISSN 0000-0000, é Fragmentos da nossa História: Arti-
uma revista científico-cultural publi- gos de jornais antigos, revelando as-
cada trimestralmente pela AMARHIN, pectos do passado de Indaial, sob a
com apoio técnico do “Arquivo His- ótica jornalística.
tórico Municipal Theobaldo Costa
Jamundá”, e da Fundação Indaialense Para todas as seções recomendamos/
de Cultura. solicitamos/comunicamos aos auto-
Tem um Conselho Editorial - CE - cons- res:
tituído de historiadores, professores, ­– Vínculo institucional do autor e da
jornalistas, escritores e pesquisado- sua titulação, se houver;
res. – Endereço eletrônico para corres-
pondência e telefone/fax para conta-
É dividida em várias seções ou colu- to;
nas: – Os textos devem ser encaminhados
Artigos: Os textos devem obedecer para o endereço eletrônico:
aos seguintes critérios: notas, cita-
ções, referências e bibliografias. De- informativoamarhin@gmail.com
vem estar de acordo com as normas
da Associação Brasileira de Normas digitados no programa Microsoft
Técnicas (ABNT). As notas de conte- Word for Windows, fonte Calibri, ta-
údo precisam constar no rodapé e as manho 12, com espaço l,5cm;
referências e bibliografias no final do – As imagens e tabelas, além de virem
texto. Os artigos poderão ter até 08 no corpo do texto, devem também
páginas (incluindo citações, referên- ser enviadas em arquivo anexo com
cias, imagens e tabelas), apresentan- suas respectivas legendas e fontes;
do, preferencialmente, resumo de até – Os textos enviados à revista serão
10 linhas em português e 03 palavras- apreciados em fluxo contínuo pelo CE.
-chave em português. Este se reserva o direito de publicar,
Autores Catarinenses: Com comen- ou não, incluindo-se meios eletrô-
tários, críticas de obras e resenhas de nicos, os textos encaminhados à sua
lançamentos de autores catarinenses, apreciação, bem como, de sugerir mu-
em especial, aos autores indaialenses. danças aos respectivos autores;
Burocracia e Governo: Para publica- – Cada autor receberá cinco exempla-
ção de documentos oficiais que sejam res da revista, referentes ao número
de interesse da História local e regio- que contiver seu texto;
nal. – Os textos publicados e a exatidão
Documentos Originais: Seção conten- das referências citadas são de respon-
do fac-símiles e/ou transcrição de do- sabilidade exclusiva do(s) autor(es).
cumentos originais de interesse histó-
rico, com a respectiva tradução para O Conselho Editorial não se respon-
o português quando escrito em língua sabiliza pela redação, pela veracida-
estrangeira. de das afirmações e nem os conceitos
Biografias: Seção dedicada ao regis- emitidos pelos autores.
tro de biografia de pessoas que fize-

46
Na ponte dos Arcos
Mário Andrade Amaral é o tipo da pessoa que, quem
conhece não esquece. Sempre tem uma boa história para contar
e com sua sagacidade e perspicácia, acrescenta detalhes que só
enriquecem a narrativa.
No entanto, todo bom contador de histórias, geralmen-
te, tem a sua própria. É o caso do Amaral, que na sua faina diária
de vender equipamentos para escritórios (o que faz excelente-
mente bem), certa feita, colocou um armário de aço em cima
de uma Kombi e foi para Indaial entregá-lo. Levou consigo um
ajudante, pois fazer muita força não é recomendável para um só
homem.
Papo vai, papo vem, chegaram nas proximidades da
ponte dos Arcos, quando o ajudante foi taxativo: “Seu Amaral,
essa Kombi não passa na ponte, pois a prefeitura colocou uma
barra de ferro para limitar a altura dos veículos”.
Como Amaral estava acostumado a passar quase que
diariamente no local, não deu bola para o ajudante e deixou o
mesmo “falando sozinho”, pois sabia, tinha certeza que a Kombi,
com diferença de poucos centímetros passava na ponte.
Para provocar mais ainda, acelerou forte e não deu ou-
tra: a Kombi e o cofre bateram na ponte, causando sérios danos,
com o Amaral se flagrando no momento que tinha esquecido do
“raio” do armário de aço, que estava em cima do veículo. Para
arrematar a sua mancada, não deu tempo ao ajudante e já foi
falando:
“Não quero ouvir um comentário sobre isso. Vamos vol-
tar a Blumenau de bico calado. E estamos conversados”.

Horácio A. Braun

Horácio Antônio Braun foi Jornalista, publicitário, amigo e bon-


-vivant. Nasceu em 13 de junho de 1949 e faleceu em 24 de mar-
ço de 2007.
Apoio Institucional

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