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Estudo referente à corpos, anéis, ideias em um anel comutativo, anéis quocientes e con-
strução do corpo dos Racionais - ÁLGEBRA MODERNA - Hygino e Iezzi 1
Anéis 4
SUBANÉIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
MÚLTIPLOS DE UM ELEMENTO DE UM ANEL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
CARACTERÍSTICA DE UM ANEL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
IDEAIS GERADOS POR UM NÚMERO FINITO DE ELEMENTOS . . . . . . . . . . . . . . . . 8
OPERAÇÕES COM IDEAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Interseção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Adição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Seção VI - Anéis quocientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Seção VII - Ordem em um anel de integridade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
p(x) = 0K
0K e p(x) ∈ 0K [x].
Seja C = {a + bi : a, b ∈ R}, i2 = −1 e a + bi = c + di ⇐⇒ a = c e b = d. Então,
(a + bi) + (c + di) = (a + c) + (b + d) i
1/16
dividindo por a, temos
b c
t2 + t + = 0
a a
completando quadrados:
b c b2 b2
t2 + t + + 2 − 2 = 0
a a 4a 4a
2
b2 b2 − 4ac
b c
t+ = 2− =
2a 4a a 4a2
r
b b2 − 4ac
t+ =±
2a 4a
Equações Cúbicas
Sejam a, b, c ∈ C.
t3 + at2 + bt + c = 0
Transformação de Tschirnhaus
a a
y =t+ ⇐⇒ t = y −
3 3
3
y + py + q = 0 (1)
2 3
−a + 3b 2a − 9ab + 27c
onde p= e q= .
3 27
Substituição milagrosa
√
3
√
3
y= u+ v (2)
u+v+q =0
√√
3 u· v+p=0
3
u+v =q (3)
p3
u·v =− (4)
27
multiplicando (3) por u e subtrair (4),
p3
u (u + v) − uv = −qu +
27
reorganizando
p3
u2 + qu − =0
27
r
q q2 p3
u=− ± +
2 4 27
como u + v = −q r
q q2 p3
u=− ± +
2 4 27
substituindo u e v na equção (2),
s r s r
3 q q2 p 3 q q2 p3
y= − + + + − − +
2 4 27 2 4 27
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EXEMPLO :
y 3 + 3y − 36 = 0
vimos que 3 é solução.
p = 3,
q = −36
√ √
q q
3 3
y= 18 + 325 + 18 − 325 = 3
Equações do quarto grau (Bi-quadrada)
t4 + at3 + bt2 + ct + d = 0
Transformação de Tschirnhaus
a
y =t+
4
y 4 + py 2 + qy + r = 0 (6)
3a2
p=b−
8
ab 3a
q =c− +
2 48
ab a2 b 3a2
r =d− + +
4 16 236
reescrevendo (6),
p 2 p2
y2 + = −qy − r +
2 4
vamos somar 2uy 2 + pu + u2 na equação:
p 2 p2
y2 + = −qy − r + + 2uy 2 + pu + u2
2 4
queremos uma equação com a seguinte forma
2
(αy + β) = α2 y 2 + 2αβy + β 2
√
α = 2u
q
−q = 2αβ =⇒ β = − √
2 2u
2
p
β 2 = −r + + pu + u2
4
Juntando β com β2, temos
q2 p2
= −r + + pu + u2
8u 4
desde que u ̸= 0,
8u3 + pu + (2p − 8r) u − q 2 = 0
usando o método de Cardano / Tartáglia, encontramos o valor de u. Agora podemos juntar tudo e teremos
2
p 2
2
p −q
y2 + + u = (αy + β) = 2yu + √
2 2 2u
então,
p √ −q
y2 + + u = ± 2uv + √
2 2 2u
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Caracterísitcas de um corpo
Se K é um corpo, então c (K) = p c (K) = 0, uma vez que todo corpo é um anel de integridade.
(primo) ou
No primeiro caso, como acabamos de ver , o corpo K contém Zp , que, pelo fato de p ser primo, também é
um corpo. Ou seja, Zp é um sucorpo de K . Mas, como a unidade 1K (ou 1̄, pela identicação feita) pertence
a todo subcorpo L de K , então m · 1K ∈ L, qualquer que seja o inteirto m, e, portanto, Zp está contido em
todo subcorpo de K . Ou seja, Zp é o menor subcorpo de K .
No caso de c (K) = 0, pode-se demonstrar que menor subcorpo de K é Q. Para justicar essa armação,
m m · 1
k
seja f : Q → K assim denida: f = . Então:
n n · 1K
m · 1k r · 1k
= se, e somente se, (m · 1k ) (s · 1K ) = (n · 1K ) (r · 1k );
n · 1K s · 1K
se, e somente se, (ms) · 1K = (nr) · 1k ;
se, e somente se, (ms − nr) · 1K = 0k ;
se, e somente se, ms − nr = 0 (pois c (K) = 0);
se, e somente se, ms = nr;
m r
se, e somente se, = ;
n s
Isso prova que f é injetora. Ademais:
m r ms + nr (ms + nr) · 1K (ms · 1K ) (s · 1K ) + (n · 1K ) (r · 1K ) m · 1K
f + =f = = = +
n s ns (ns) · 1K (n · 1k ) (s · 1K ) n · 1K
r · 1K
=
s · 1K
m r
=f +f
n s
De maneira análoga se demonstra que f preserva a multiplicação.
m · 1k m
Sendo f um homomorsmo injetor, então | ∈ Q é um subcorpo de K , como já
Im (f ) =
n · 1K n
vimos. Portanto, podemos considerar Q, (identicado com Im (f )) como um subcorpo de K . E é o menor
subcorpo de K pela razão seguinte: se L é um subcorpo de K , então 1K ∈ L; daí, m · 1K , n · 1K ∈ L,
−1 m · 1K
quaisquer que sejam m, n ∈ Z, com n ̸= 0; portanto, (m · 1K ) (n · 1K ) = ∈ L.
n · 1K
Os corpos Zp e Q, pilares fundamentais sobre os quais assentam todos os corpos, os de característica
maior que 0 no primeiro caso e os de característica zero no segundo, são chamados corpos primos.
Anéis
Consideremos o anel Zm das classes de resto módulo m. Observemos que, qualquer que seja ā ∈ Zm :
m · ā = ā + ā + . . . + ā = a + a + . . . + a = ma = 0
| {z }
(m parcelas)
para algum inteiro estritamente positivo m e para todo elemento a do anel, como teremos ocasião de mostrar.
Diga-se de passagem que, se m · a = 0, então(2m) · a = (3m) · a = . . . = 0.
Nosso objetivo nesta seção é explorar as possibilidades levantadas por essas observações para a teoria dos
anéis. Mas para isso precisaremos explorar antes o conceito de múltiplo de um elemento de um anel.
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SUBANÉIS
Definição 1. Um subconjunto não vazio S de um anel (R, +, ·) é dito ser um subanel de R se, com as
operações induzidas pelas operações de R (restrições), S é um anel.
(i)
0 ∈ S, pois S ̸= ∅ =⇒ ∃a ∈ S =⇒ 0 = a − a ∈ S .
(i)
Para todo b ∈ S =⇒ −b ∈ S , pois para b ∈ S, como 0 ∈ S =⇒ −b = 0 − b ∈ S .
(i)
Para todo a, b ∈ S =⇒ a + b ∈ S , pois a + b = a − (−b) e −b ∈ S =⇒ a + b ∈ S , o que implica que
+ |S é uma operação em S .
Seja (A, +, ·) um anel. Então (A, +) é um grupo aditivo abeliano e, portanto, pode-se usar para seus
elementos o conceito de múltiplo introduzido no capítulo IV. Lembremos como, adaptando a notação ao
presente caso: se m é um inteiro e a um elemento de A, então m·a é assim denido:
0 · a = 0A (zero de A)
m · a = (m − 1) · a = a, se m≥1
se m<0
m · a = (−m) · (−a)
O elemento ma é chamado múltiplo m-ésimo de a.
Com base nessa denição, demonstram-se as seguintes propriedades (ver proposição 12, capítulo IV),
válidas para qualquer a∈A e quaisquer m, n ∈ Z:
(i) m · a + n · a = (m + n) · a;
(iii) n · (m · a) = (mn) · a.
Além dessas propriedades, há outra, de que precisaremos nesta seção, especicamente dos anéis com
unidade.
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Demonstração: Inicialmente suporemos n ≥ 0. Para este caso, a demonstração será feita por indução
sobre n.
Se n = 0, então (mn) · 1A = 0 · 1A = 0A , ao passo que (m · 1A ) (n · 1A ) = (m · 1A ) (0 · 1A ) = (m · 1A ) 0A =
0A . Portanto, a igualdade vale quando n = 0.
Seja r um inteiro maior que ou igual a 0 e suponhamos (mr) · 1A = (m · 1A ) (r · 1A ). Então
■
Corolário 4. Seja A um anel com unidade. Então o conjunto B = Z · 1A = {m · 1A | m ∈ Z} é um subanel
unitário de A.
Demonstração: Como 1A = 1 · 1A , então 1A ∈ B que, portanto, não é vazio. Sejam m · 1A , n · 1A ∈ B .
Então:
CARACTERÍSTICA DE UM ANEL
Definição 5. Seja A um anel. Suponhamos que, para algum inteiro n > 0 e para qualquer a ∈ A, verica-se
a igualdade n · a = 0 (zero do anel). Então existe um menor inteiro estritamente positivo r tal que r · a = 0,
qualquer que seja a ∈ A. Esse inteiro r é chamado característico do anel de A e indicado por c (A). Se, ao
contrário, o anel A possui pelo menos um elemento a tal que n·a ̸= 0, qualquer que seja o inteiro estritamente
positivo n, então se diz que a característica do anel é 0.
Proposição 6. Seja A um anel com unidade. Então a característica de A é um inteiro h > 0 se, e somente
se, h é o menor inteiro estritamete positivo tal que h · 1A = 0A . Ou seja, se, e somente se, h é a ordem de
1A no grupo aditivo (A, +).
Demonstração: (→) Por hipótese, c (A) = h. Portanto, h · a = 0A , qualquer que seja a ∈ A. Em
particular, h · 1A = 0A . Suponhamos que, para algum inteiro m, 0 < m < h, se pudesse ter m · 1A = 0A .
Então, qualquer que seja a ∈ A:
Se houvesse algum inteiro m tal que 0<m<h e m · a = 0A , para qualquer a ∈ A, então, em particular,
m · 1A = 0, o que é contrário à hipótese. ■
Proposição 7. Se a característica de um anel de integridade A não é zero, então é um número primo.
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Demonstração: c (A) = h > 0. Se h não fosse um número primo, então h = rs, para um par
Seja
conveniente de inteiros r e s tais que 1 < r, s < h. Como c (A) = h, então r · 1A ̸= 0A e s · 1A ̸= 0A . Mas
0A = h · 1A = (rs) · 1A = (r · 1A ) (s · 1A ).
Da igualdade (r · 1A ) (s · 1A ) = 0A obtida, segue que os elementos r · 1A e s · 1A são divisores próprios do
zero em A, o que contraria a hipótese de que A é um anel de integridade. Portanto, h é primo. ■
Demonstração: Sejam AeB os anéis e indiquemos por f :A→B o isomorsmo. Suponhamos primeiro
que c (A) = h e tomemos b ∈ B. Como f é sobrejetora, então b = f (a), para algum a ∈ A. Então:
Suponhamos que para algum inteiro s, 0 < s < h, pudesse ocorrer a igualdade s · b = 0B , qualquer que fosse
o elemento b ∈ B. Isso posto, seja a um elemento arbitrário de A. Como a = f −1 (f (a)), em que f −1 é o
isomorsmo inverso de f, então:
m = hq + r (0 ≤ r < h)
Então:
m · 1A = (hq + r) · 1A = (hq) · 1A + r · 1A = (h · 1A ) (q · 1A ) + r · 1A =
= 0A (q · 1A ) + r · 1A = 0A + r · 1A = r · 1A (0 ≤ r < h)
Ou seja, m·1A é um dos elementos da sucessão 0·1A = 0A , 1·1A , . . . , (h − 1)·1A , como queríamos demonstrar.
Portanto, neste caso, Z · 1A tem o mesmo cardinal de Zh .
E se c (A) = 0, então não há elementos repetidos em Z · 1A . De fato, a suposição r · 1A = s · 1A , como
s < r, levaria à igualdade (r − s) · 1A = 0A , em que r − s > 0. Fazendo-se r − s = t, então, qualquer que
seja a ∈ A:
Proposição 9. Seja A um anel com unidade. (i) Se c (A) = h > 0, então a correspodência que associa a
cada r̄ ∈ Zh o elemento r ·1A ∈ Z·1A é um isomorsmo de anéis.(ii) E se c (A) = 0, então é um isomorsmo
de anéis a aplicação f : Z → Z · 1A denida por f (r) = r · 1A .
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(i) Observemos que r̄ = s̄ h | (r − s);
se, e somente se,
r − s = ht (t ∈ Z).
se, e somente se,
Logo, (r − s) · 1A = (ht) · 1A = (h · 1A ) (t· 1A ) = 0A (t · 1A ) = 0A . Como (r − s) · 1A = r · 1A − s · 1A ,
então r · 1A = s · 1A . Portanto, a correspodência r → r · 1A é uma aplicação de Zh em Z · 1A . Dando a ela o
nome de g , mostremos que se trata de um isomorsmo.
Nas considerações que antececedem essa proposição está desenvolvido o raciocínio que mostra que g é
uma bijeção. Por último:
O conceito de ideal pode ser introduzido em relação a um anel qualquer, porém nos ateremos aos anéis
comutativos, dada sua importância maior neste caso e as limitações que os objetivos deste trabalho impõem.
(ii) Se a ∈ J, então −a ∈ J .
(iii) Se a, b ∈ J , então a + b ∈ J.
(iv) Se o anel possui unidade e se algum elemento inversível do anel pertence a J, então J = A.
Demonstração:
a = a · 1 = a (uv) = (av) u
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IDEAIS GERADOS POR UM NÚMERO FINITO DE ELEMENTOS
⟨a1 , a2 , . . . , an ⟩ = {x1 a1 + x2 a2 + . . . + xn an | x1 , x2 , . . . , xn ∈ A}
Proposição 13. Seja A um anel comutativo com unidade. Então A é um corpo se, e somente se, os únicos
ideais de A são os triviais ({0} e A).
Demonstração: (→) Seja J ̸= {0} um ideal em A. Com essa suposição, resta-nos demonstrar que J = A.
Para isso tomemos a ∈ J , a ̸= 0, que inversível, por A ser um corpo. A igualdade desejada, J = A, é então
uma consequência da proposição 9, parte (iv).
(←) Temos de provar apenas que todo elemento de A, não nulo, é inversível. Para tanto, seja a ∈ A,
a ̸= 0, e consideremos o ideal J = ⟨a⟩. Como J ̸= {0}, pois a ∈ J , então J = A e, portanto, 1 ∈ J . Dessa
relação segue que 1 = ax0 , para um conviniente x0 ∈ A. De onde, a é inversível. ■
Interseção
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Adição
Sejam I e J ideais em um anel comutativo A. A soma desses ideais é o subconjunto de A, indicado por
(I + J), e assim denido:
I + J = {x + y | x ∈ I e y ∈ J}
Vamos mostrar que I +J também é um ideal em A e, portanto, que a lei que associa a cada par de ideais
de um anel sua soma é uma operação no conjunto de todos os ideais desse anel.
Proposição 16 (25). Seja I um ideal em um anel comutativo A. Considerando-se I como subgrupo normal
de A, então o grupo quociente A / I torna-se um anel comutativo denindo-se a multiplicação em A / I
assim:
(a + b) (b + I) = (ab) + I
Demonstração: Primeiro é preciso demonstrar que essa multiplicação está bem denida, ou seja, que não
depende dos elementos de A usados na representação das classes. Para isso, suponhamos a1 + I = a2 + I e
b1 + I = b2 + I e mostremos que
a1 b1 + I = a2 b2 + I
De a1 + I = a2 + I segue que a1 − a2 ∈ I e, analogamente, de b1 + I = b2 + I segue que b1 − b2 ∈ I . Portanto,
levando-se em conta que I é um ideal em A:
b1 (a1 − a2 ) ∈ I e (b1 − b2 ) ∈ I
Logo:
[b1 (a1 − a2 ) + a2 (b1 − b2 )] = (a1 b1 − a2 b2 ) ∈ I.
Isso signica que a1 b1 +I = a2 b2 +I , como queríamos mostrar. Falta provar as propriedades da multiplicação
necessárias para completar a estrutura de anel comutativo em A / I. Dado que o raciocínio é o mesmo
sempre, nos ateremos a demonstrar a distributividade da multiplicação em relação à adição. Para isso,
sejam a, b, c ∈ A. Então:
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Proposição 17 (26). Sejam A um anel de comutativo com unidade e J um ideal em A. Então: (i) J é um
ideal primo se, e somente se, A/J é um anel de integridade; (ii) J é um ideal maximal se, e somente se,
A/J é um corpo.
Demonstração: (i) (→) Basta provar que A / J não possui divisores próprios do zero. Para isso, sejam
a + J , b + J ∈ A / J . Se (a + J) (b + J) = ab + J = J (zero do anel quociente), então ab ∈ J e, como J é
primo, então a ∈ J ou b ∈ J . Mas isso signica que a + J = J ou b + J = J (zero do anel quociente A / J ).
Portanto, A / J não possui divisores próprios do zero, como queríamos demonstrar. (←) Sejam a, b ∈ A
tais que ab ∈ J . Então ab + J = (a + J) (b + J) = J (zero de A / J ). Mas, como A / J é por hipótese, um
anel de integridade e, portanto, não possui divisores próprios do zero, então a + J ou b + J , ou seja, a ∈ J
ou b ∈ J . Portanto, J é um ideal primo. (ii) (→) Basta provar que todo elemento a + J ̸= J é inversível.
Dessa desigualdade segue que a ̸∈ J e, portanto, ⟨a⟩ + J = A. Então a unidade de A pode ser escrita assim:
1 = ab + m, para algum b ∈ A e algum m ∈ J . Daí, 1 − ab = m ∈ J e, portanto:
1 + J = (ab) + J = (a + J) (b + J)
o que mostra que b + J é o inverso de a + J no anel quociente A / J . (←) Sendo A / J um corpo, então
J ̸= A ser um corpo. Falta provar que o único ideal que contem J propriamente é A. Para tanto, denotemos
por K um ideal em A tal que K ⊃ J e K ̸= J e consideremos um elemento a ∈ K − J . Como a ̸∈ J , então
a + J ̸= J , ou seja, a + J é um elemento não nulo de A / J e, portanto, tem um inverso b + J no anel. Daí,
(a + J) (b + J) = 1 + J , igualdade que tem como consequência que ab − 1 ∈ J . Logo, ab − 1 ∈ K e, como
a ∈ K , então 1 ∈ K . Dessa relação segue que K = A. Ou seja, o único ideal que contém J propriamente é
A e, portanto, J é maximal. ■
Proposição 18 (27). Seja I um ideal em um anel comutativo A e consideremos a aplicação µ : A → A / I
assim denida: µ (a) = a + I , para cada a ∈ A. Então µ é um homomorsmo sobrejetor de anéis cujo núcleo
é I.
Demonstração: Se a, b ∈ A, então:
µ (a + b) = (a + b) + I = (a + I) + (b + I) = µ (a) + µ (b) ;
µ (ab) = (ab) + I = (a + I) (b + I) = µ (a) µ (b). o que demonstra que µ é um homomorsmo. Ademais,
se y ∈ A / I então y = a + I , para algum a ∈ A. Tomando-se x = a, então µ (x) = µ (a) = a + I = y .
Com isso ca demonstrado que µ é sobrejetora. Por outro lado, se a ∈ A, então: a ∈ ker (f ) se, e
somente se, µ (a) = a+I = I; se, e somente se, a ∈ I . De onde, ker (f ) = I , como queríamos
provar.
■
Proposição 19 (28). (Teorema do homomorsmo para anéis): Seja f : A → B um homomorsmo sobre-
jetor de anéis. Se I = ker (f ), então o anel quociente A/I é isomorfo a B.
Demonstração: O primeiro passo é descobrir um isomorsmo, digamos, de A / I em B . Como um
elemento genérico de A/I é do tipo a + I (a ∈ A) e um elemento genérico de B do tipo f (a) (a ∈ A), pois
f é sobrejetor, o bom senso recomenda que se experimente a correspondência
a + I → f (a)
e trata-se efetivamente de uma aplicação, inclusive injetora, pois: a + I = b + I se, e somente se, a − b ∈ I ;
se, e somente se, f (a − b) = 0 (zero de B); se, e somente se, f (a) − f (b) = 0; se,
e somente se, f (a) = f (b). Chamando-se essa aplicação de σ , então, para qualquer a ∈ A, σ (a + I) = f (a).
Mostremos agora que σ é um homomorsmo de anéis.
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sugere a possibilidade de uma fatoração de f através de A / I. Efetivamente isso ocorre, pois, para qualquer
a ∈ A:
(σ ◦ µ) (a) = σ (µ (a)) = σ (a + I) = f (a)
e, portanto:
f =σ◦µ
■
Proposição 20 (29). Em um anel ordenado (ou seja, anel de integridade ordenado), são equivalentes as
armações: (i) a ≤ b; (ii) a − b ≤; (iii) − b ≤ −a.
Demonstração: (i) → (ii) Devido a (O1 ), de a ≤ b segue que a + (−b) ≤ + (−b). Portanto, a − b ≤ 0.
(ii) → (iii) Por hipótese a − b ≤ 0. Dessa relação segue, devido a (O1 ), que (a − b) + (−a) ≤ 0 + (−a). De
onde, −b ≤ −a. (iii) → (i) Para a demonstração, neste caso, é só somar (a + b) a cada um dos membros de
−b ≤ −a, o que é permitido, mais uma vez, por (O1 ). ■
Proposição 21 (30). Seja A um anel ordenado. Então, para quaisquer a, b ∈ A:
(i) Se a + c ≤ b + c, então a ≤ b.
(ii) a < b se, e somente se, a + c < b + c.
Demonstração: (i) Da hipótese, a + c ≤ b + c, segue, devido a (O1 ), que (a + c) + (−c) ≤ (b + c) + (−c).
Então a + [c + (−c)] ≤ b + [c + (−c)] e, portanto, a + 0 ≤ b + 0. De onde, a ≤ b. (ii) (→) Por hipótese, a < b,
ou seja, a ≤ b e a ̸= b. Então, devido ao axioma (O1 ), a + c ≤ b + c. Como não se pode ter a + c = b + c,
pois isso acarretaria a = b, então a + c < b + c. (←) Por hipótese, a + c < b + c. Então a + c ≤ b + c e
a + c ̸= b + c. Mas de a + c ≤ b + c decorre, como vimos em (i), que a ≤ b. Como não se pode ter a = b, pois
essa igualdade acarretaria a + c = b + c, o que contraria a hipótese, então a < b. ■
Proposição 22 (31). Sejam a, b, c elementos de um anel ordenado. Então: a < c sempre que (i) a ≤ b e
b < c, (ii) a < b e b≤c ou (iii) a < b e b < c.
Demonstração: (iii). Nos demais casos, a
Demonstraremos essa proposição apenas no caso da hipótese
demonstração é análoga. Por hipótese, a ≤ b, a ̸= b e b ≤ c, b ̸= c. Então, devido à transitividade da relação
de ordem: a ≤ c. Suponhamos que se pudesse ter a = c. Então c ≤ b e b ≤ c e, portanto, como a relação de
ordem goza da propriedade anti-simétrica, b = c, o que é absurdo. Logo, a ≤ c e a ̸= c, ou seja, a < c. ■
Proposição 23 (32). (adição de desigualdades): Seja A um anel ordenado. Se a1 , a2 , . . . , an , b1 , b2 , . . . , bn ∈
A e ai ≤ bi (i = 1, 2, . . . , n; n ≥ 1), então:
a1 + a2 + . . . + an ≤ b1 + b2 + . . . + bn
a1 + a2 + . . . + an < b1 + b2 + . . . + bn
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Suponhamos que, por exemplo, a1 ≤ b1 e a2 ≤ b2 . Então, devido ao resultado que acabamos de demonstrar,
válido neste caso, pois a2 ≤ b2 e a2 ̸= b2 ; a1 + a2 ≤ b1 + b2 . Mas de a2 < b2 decorre que a1 + a2 < a1 + b2 .
Assim, se a1 + a2 = b1 + b2 , então b1 + b2 < a1 + b2 e, portanto, b1 < a1 , o que não é possível, pois, por
hipótese, a1 ≤ b1 . Logo, a1 + a2 ̸= b1 + b2 e, por consequência, a1 + a2 < b1 + b2 . ■
Proposição 24 (33). Se a < b e 0 ≤ c, então ac ≤ bc. Mais: ac = bc se, e somente se, c = 0 e, portanto,
ac < bc, sempre que c > 0.
Demonstração: Como a < b, então a ≤ b. O axioma (O2 ) garante então que ac ≤ bc. Suponhamos
ac = bc. Então ac − bc. Então ac − bc = 0 e, portanto, (a − b) c = 0. Como estamos num anel de integridade
e a ̸= b, então c = 0. Por outro lado, é imediato que, se c = 0, então, ac = bc. ■
Proposição 25 (34). (regra de sinais): Num anel ordenado, ab > 0 se, e somente se, a > 0 e b > 0 ou
a<0 e b < 0. (Isto é, ab > 0 se, e somente se, a e b têm o mesmo sinal.)
Demonstração: Seja A o anel. Então, como já vimos, 1A > 0A . A proposição 32 aplicada a essa
desigualdade, considerada duas vezes, leva a
1A + 1A > 0A + 0A
ou 2 · 1A > 0A . A aplicação de novo da proposição citada, agora para esta última desigualdade e para
1A > 0A , leva a
3 · 1A > 0A
E assim por diante. Portanto, qualquer que seja o inteiro n > 0:
n · 1A > 0A
Então n · 1A ̸= 0A , se n > 0, o que tem como consequência que c (A) = 0, como queríamos provar. ■
Proposição 28 (37). Seja A um anel bem ordenado. Então A não possui nenhum elemento x tal que
0 < x < 1.
Demonstração: Se o conjunto L = {x ∈ A | 0 < x < 1} não fosse vazio, então possuiria mínimo, pois
L ⊂ P. Se a indica esse mínimo, então 0 < a < 1. Multiplicando-se os termos dessas desigualdades por a:
0 < a2 < a
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Proposição 29 (38). Todo anel de integridade bem ordenado é arquimediano.
Demonstração: Suponhamos que um anel bem ordenado A não fosse arquimediano. Então, para algum
a ∈ A, n · 1A ≤ a, não importa qual o número natural n > 0. Seja L = {a − n · 1A | n ∈ N∗ }. Devido
à suposição feita, todo elemento de L é positivo, e como A é bem ordenado, L possui um mínimo. Seja
a − r · 1A esse mínimo e observermos o elemento a − (r + 1) · 1A , que também pertence a L. Como 1A > 0A ,
então r · 1A + 1A > r · 1A + 0A , ou seja, (r + 1) · 1A > r · 1A . Daí, − (r + 1) · 1A < −r · 1A e, portanto,
a + [− (r + 1) · 1A ] < a + [−r · 1A ]. Transformando-se as adições em subtrações, chega-se a a − (r + 1) · 1A <
a − r · 1A , o que é impossível, uma vez que a − (r + 1) · 1A ∈ L e a − r · 1A é o mínimo de L. Isso prova que
A é arquimediano. ■
Proposição 30 (39). Sejam a, b elementos arbitrários de um corpo ordenado K . Indicando-se o zero e a
unidade desse corpo respectivamente por 0 e 1, tem-se:
(i) Se a > 0, então a−1 > 0, se a < 0, então a−1 < 0.
(ii) Se 0 < a < 1, então 1 < a−1 , e se 1 < a, então 0 < a−1 < 1.
(iii) Se b > a > 0, então b−1 < a−1 .
(iv) Se a < b < 0, então b−1 < a−1 < 0.
2
Demonstração: (i) Como a > 0, então a ̸= 0 e, portanto, a−1 ̸= 0, pois aa−1 = 1. Logo, a−1 > 0.
2
Multiplicando-se ambos os membros da desigualdade a>0 (hipótese) por a−1 , obtém-se:
2 2
a−1 a > a−1 ·0
desigualdade equivalente a a−1 > 0. Deixamos a demonstração da segunda parte como exercício. (ii) Como
−1
a > 0, então a > 0, pelo que acabamos de demonstrar. Assim, multiplicando-se cada termo de 0<a<1
−1
por a :
0 < 1 < a−1
Deixamos a demonstração da segunda parte como exercício. a > 0 e b > 0, então a−1 > 0
(iii) Sendo
−1 −1 −1
e b > 0 e, portanto, a b > 0. Multiplicando-se cada termo de b > a > 0 por a−1 b−1 , obtém-se
a > b > 0. (iv) Como a < 0 e b < 0, então a−1 < 0 e b−1 < 0 e, portanto, a−1 b−1 > 0. Multiplicando-se
−1 −1
−1 −1
cada termo de a < b < 0 por a b , obtém-se b−1 < a−1 < 0. ■
Proposição 31 (40). Sejam a e b elementos de um corpo ordenado K . Se a < b, então o corpo K possui
um elemento c tal que a < c < b.
Demonstração: Como a < b, então a+a < a+b ou a · 1K + a · 1K < a + b, ou, ainda, a (2 · 1K ) < a + b.
Analogamente, depois de se somar b a cada um dos termos de a < b, obtém-se a + b < b (2 · 1K ). Portanto:
a (2 · 1K ) < a + b < b (2 · 1K )
−1
Mas, como já vimos (proposição 36), 2 · 1K > 0K e, portanto, (2 · 1K ) > 0K . Multiplicando-se cada
−1
termo de a (2 · 1K ) < a + b < b (2 · 1K ) por (2 · 1K ) , o que não altera o sentido das desigualdades, pois
−1
(2 · 1K ) > 0, obtém-se:
−1
a < (a + b) (2 · 1K ) < b
−1
Então o elemento c = (a + b) (2 · 1K ) , que nos corpos Q e R é a média aritmética de a e b, pertencente a
K e está entre a e b (estritamente). ■
Chegou o momento de criar os números fracionários e negativos, isto é, de criar o conjunto Q dos números
racionais.
A exemplo do que foi feito na construção de Z, partimos da equação ax = b que nem sempre tem soluções
em Z.
Por exemplo, a equação 2x = 6 tem solução x=3 em Z, mas a equação 5x = 8 não tem solução em Z.
Procuramos um conjunto mais amplo, no qual todas as equações ax = b com a ̸= 0 tenham soluções.
b
Indicamos essa solução por b/a, ainda que esse número não seja um inteiro. É imediato que a ∗ = b.
a
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Definição 32. O conjunto Q dos números racionais é denido como o conjunto de todas as frações b/a
sendo que a, b ∈ Z, b ̸= 0, isto é,
b
Q= : a, b ∈ Z, b ̸= 0
a
Conhecido o conjunto Q, passamos a denir as operações de adição (soma) e multiplicação (produto) neste
conjunto. Para manter válidas as propriedades citadas no último teorema da seção anterior, vamos colocar:
a c ad + bc
+ =
b d bd
a c ac
∗ =
b d bd
Teorema 33. O conjunto Q, com as operações usuais + e ∗ antes denidas, possui as seguintes propriedades:
1. Propriedade Associativa: Para quaisquer a, b, c ∈ Q tem-se que (a + b)+c = a+(b + c) e (ab) c = a (bc).
2. Propriedade Comutativa: Para quaisquer a, b ∈ Q: a + b = b + a e ab = ba.
3. Existência do elementos neutro. Para todo a ∈ Q, existe 0∈Q tal que a + 0 = a.
4. Existência do elemento unidade. Para todo a ∈ Q, existe 1∈Q tal que a · 1 = a.
Ordem em Q
Para tratar da teoria, vamos, a partir de agora considerar que o denominador de todo número racional é um
a −a
inteiro positivo. Isso pode ser feito pois = e, evidentemente, b ou −b é um inteiro positivo.
b −b
2 −2
De fato, o número racional pode ser escrito como , obtido pela multiplicação do numerador e
−3 3
também do denominador por −1.
a c
Definição 34. Atendidas as exigências anteriores, dizemos que ≤ se, e somente se, ad − bc ≤ 0, ou
b d
seja, ad ≤ bc.
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Demonstração: Como exemplo provaremos (4) e (5).
m m2
(4) Se a = , então a2 = 2 . Como m2 ≥ 0 e n2 ≥ 0 segue o resultado.
n n
m r p
(5) Se a = , b = e c = , então
n s q
mq + np
a+c=
nq
qr + ps
b+c=
sq
de onde segue que
m2
=2
n2
isto é,
m2 = 2n2
e concluímos que m2 é um número par. Se m2 é par, então m não pode ser ímpar, logo é da forma m = 2p.
Substituindo este valor na segunda igualdade, chegamos a 4p2 = 2n2 ou seja n2 = 2p2 n2
garantindo que
é par, logo n é par.
m
Assim, a fração irredutível tem o numerador par e o denominador par, o que é um absurdo. Concluímos
√ n
que 2∈
/ Q. √
Qua é a importância deste número 2. Este número representa
a medida da diagonal de um quadrado de lado unitário.
A conclusão é que Q contínua sendo um conjunto insuciente para o desenvolvimento de toda a Matemática.
■
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