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Prova poesia

O soneto “Versos de Orgulho”, de Florbela Espanca. É uma obra dividida em quartetos e


tercetos. Que são, graciosamente, usados para determinar duas fases dentro do soneto. A fase
dos Quartetos, foi marcada pela apresentação e explicação de uma personagem e sobre quem ela
é e como o mundo a impacta. Já os tercetos, representam os sentimentos dela sobre o mundo e
sobre a pessoa amada e como essa pessoa a reconforta e a acalmando em um mundo ao qual não
pertence.

No primeiro e segundo versos, é apresentado ao leitor os problemas enfrentados pela


personagem.

“O mundo quer-me mal porque ninguém


Tem asas como eu tenho!...”

Como ela diz, o mundo a quer mal pois, ela é superior, ela tem asas. Asas são coisas que
nenhum deles possui, eles têm inveja dela, pois ela é melhor . Suas asas indicam liberdade,
ela é uma mulher livre, que pode fazer as suas escolhas.

Essa comparação de asas e liberdade, é muito usada no simbolismo, onde estar nos céus
é a maior liberdade e os pássaros são os seres mais livres dentre todos.

Logo em seguida a personagem diz mais sobre como ela é um ser perfeito.

“...Porque Deus
Me fez nascer Princesa entre plebeus
Numa torre de orgulho e de desdém.”

Na transcrição acima. Pode se notar, que ela diz ser feita por Deus e ele a fez uma
princesa, ela é mais que todos os outros. O orgulhe surge da forma que ela se vê como
superior e ela vai fazer a diferença, porque ela nasceu Princesa. E isso é outro motivo
para o povo a querer mal, pois ela é uma princesa que foi colocada ali por Deus. No
simbolismo, as divindades são os mandantes de tudo. Se ele uma divindade te faz
princesa, nenhum ser tem poder de te tirar do trono. Oque causaria inveja no povo
“normal”.
Mesmo com tudo isso, ainda tem um problema, ela nasceu entre os plebeus, não na
realeza. Assim, a única coisa que ainda a mantem como uma pessoa imponente no
mundo, é o orgulho em si mesma e o desdém sobre os outros. Desdém que indica
indiferença, contra as ameaças de mal. Ela não liga para o que os outros pensam, ela
está na torre dela. Torre que simboliza que ela está acima de todos. Quase sozinha, mas
ainda orgulhosa.
Agora na Segunda estrofe, a personagem continua dizendo os motivos pelo povo a
querer mal:
“Porque o meu Reino fica para além...
Porque trago no olhar os vastos céus
E os oiros e clarões são todos meus!”

Ela se vangloria das coisas que possui, dizendo que mesmo não estando em seu reino,
ela trouxe muitas coisas com ela. Ela trouxe os vastos céus no seu olhar. Vastos céus
que simbolizam novamente a liberdade a fazendo observar o mundo de outra forma. Ela
diz que tudo é dela, o ouro e os brilhos são dela, mesmo se ela ainda não os possua, são
dela, ou em algum momento serão.

“Porque eu sou Eu e porque Eu sou Alguém!”

Essa frase marca o texto, pois confirma que o povo tem inveja de quem ela é. As
pessoas a querem mal pois, ela é ela mesma. E o motivo de todo o orgulho é para
manter ela como si mesma. Pois ao contrário de outros ela é alguém, ela tem
personalidade e faz as próprias escolhas, pois ela é quem é e nada mudaria isso.

Agora na segunda parte do soneto, o foco muda e o leitor é inserido a vida romântica
da personagem do soneto. Nessa parte também temos aumento do uso do simbolismo,
representado pelo aumento da subjetividade e sentimentalismo. Em uma visão geral
pode se notar, que a pessoa que mantem a personagem principal nesse local, onde é
odiada, é a pessoa a quem ela ama.

“O mundo! O que é o mundo, ó meu Amor?


— O jardim dos meus versos todo em flor...
A seara dos teus beijos, pão bendito...”

Começamos com a pessoa amada perguntando para a personagem principal, o que é o


mundo. A resposta, vem como de uma forma abstrata, mas ainda muito coerente. A
personagem responde de forma simbólica. “O jardim dos meus versos todo em flor...”,
significaria que o mundo é a inspiração de para as poesias. Quando ela diz “a seara dos
teus beijos”, ela quer dizer que o mundo foi quem criou a pessoa que lhe dá os beijos. E
“pão bendito” seria a pessoa amada, que é quem a sustenta nesse mundo. Assim, a
autora, utiliza o simbolismo, para transformar as coisas da vida em um mundo ou oque
ela considera que seja o mundo.

Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços...


— São os teus braços dentro dos meus braços,
Via Láctea fechando o Infinito

Nesse segundo terceiro e assim última estrofe, ela continua falando sobre como a pessoa
amada a faz bem. A personagem continua dizendo que todas as seções e momentos,
pertencem a essa pessoa amada, todas as preocupações sonhos e alegrias, estão nos
braços dessa pessoa pois, ela dá apoio a todos esses sentimentos. E assim como a via
láctea nós cerca por inteiro, os braços dessa pessoa a cobre, dando proteção e amor.

Agora encerrando essa análise, pode se notar, não somente nesse texto, como em todas
as obras da autora, que Florbela Espanca, não possui um gênero. Ela viaja entre
múltiplos e, em alguns casos, até mesmo os mistura em uma única obra. A meu ver, é
algo único. Florbela consegue passar emoções ao usar gêneros textual. Como no caso do
texto abordado acima, o simbolismo, se encaixa perfeitamente com o uso de figuras de
linguagem, o uso do divino e a mistificação do amor. “Versos de Orgulho” é uma obra
incrível e mostra a força e a expressividade Florbela Espanca, e como o mundo pode
construir outro, marcado muitas gerações de leitores.

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