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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Instituto de Educação a Distância

Centro de Recursos de Quelimane

A Dignidade da pessoa humana.

Rolim André Augusto Malabo – 708201959

Curso de Licenciatura em ensino de Geografia.

Disciplina: Fundamentos de Teologia Católica.

2º Ano de frequência

Tutor: Pe.Novais Arnaldo

Quelimane

Agosto, 2021

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Índice

Introdução .............................................................................................................................. 3
i.Objectivos do trabalho ......................................................................................................... 4
i.i. Objectivo geral ................................................................................................................. 4
i.ii. Objectivos específicos ..................................................................................................... 4
ii. Delimitação do estudo ....................................................................................................... 4
iii. Metodologia do trabalho .................................................................................................. 4
iv. Contaxtualização .............................................................................................................. 4
1. A dignidade ....................................................................................................................... 5
1.1. A dignidade da pessoa humana ...................................................................................... 5
1.2. A dignidade humana como principio fundamental......................................................... 7
Considerações finais .............................................................................................................. 9
Referências bibliográficas ................................................................................................... 10

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Introdução

Naturalmente, um indivíduo, pelo só facto de integrar o género humano, já é detentor de


dignidade. Esta é qualidade ou atributo inerente a todos os homens, decorrente da própria
condição humana, que o torna credor de igual consideração e respeito por parte de seus
semelhantes. Nestes termos, este trabalho da cadeira de Fundamentos de Teologia Católica
circunscreve-se em torno do tema "A Dignidade da pessoa humana" e visa descrever e
analisar os princípios que norteiam tal dignidade da pessoa enquanto género humano,
respeitando as suas dimensões. A metodologia usada para o alcance dos objectivos foi o
levantamento bibliográfico. No que tange à estrutura do trabalho, este está organizado em
introdução, desenvolvimento e a conclusão.

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i. Objectivos do trabalho

i.i. Objectivo geral

▪ Descrever e analisar os princípios que norteiam a dignidade da pessoa enquanto


género humano, respeitando as suas dimensões.

i.ii. Objectivos específicos

▪ Apresentar as dimensões da pessoa humana enquanto produto da sociedade;


▪ Identificar os principios da dignidade da pessoa humana;
▪ Explicar o posicionamento do governo de Moçambique face a dignidade da pessoa
humana.

ii. Delimitação do estudo

Este trabalho, representa a resolução do trabalho da disciplina de Fundamentos de Teologia


Católica, do 2º ano de frequência do curso de Licenciatura em ensino de Geografia do
Instituto de Educação à Distância, Extensão de Quelimane, devendo ser submetido até o
mês de Agosto de 2021.

iii. Metodologia do trabalho

Para o estudo foi possível efectivar por intermédio do Levantamento da base bibliográfica,
que segundo Lakatos e Marconi (2001, p. 183), abrange toda bibliografia já tornada
pública em relação ao tema estudado, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas,
livros, pesquisas, monografias, teses, materiais cartográficos.

iv. Contaxtualização

O respeito aos direitos fundamentais é essencial para garantir a existência da dignidade. E


é justamente por esse motivo que a dignidade da pessoa humana é reconhecida como
fundamental pela Constituição. Os direitos individuais e colectivos são os direitos básicos
que garantem a igualdade a todos os cidadãos. O princípio da dignidade da pessoa
humana se refere à garantia das necessidades vitais de cada indivíduo, ou seja, um valor
intrínseco como um todo. É um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito.

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1. A dignidade

Segundo Mirandola (1998), a dignidade é composta por um conjunto de direitos


existenciais compartilhados por todos os homens, em igual proporção. Partindo dessa
premissa, contesta-se aqui toda e qualquer idéia de que a dignidade humana encontre seu
fundamento na autonomia da vontade. A titularidade dos direitos existenciais, porque
decorre da própria condição humana, independe até da capacidade da pessoa de se
relacionar, expressar, comunicar, criar, sentir.

No entender de Mirandola (1998),

A dignidade pressupõe, portanto, a igualdade entre os seres humanos. Este


é um de seus pilares. É da ética que se extrai o princípio de que os homens
devem ter os seus interesses igualmente considerados, independentemente
de raça, gênero, capacidade ou outras características individuais. Os
interesses em evitar a dor, manter relações afectivas, obter uma moradia,
satisfazer a necessidade básica de alimentação e tantos outros são comuns a
todos os homens, independentemente da inteligência, da força física ou de
outras aptidões que o indivíduo possa ter [MIRANDOLA, Giovanni
Pico della. (1998)].

1.1.A dignidade da pessoa humana

Segundo Sarlet (2001), define a dignidade da pessoa humana como sendo:

“a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz


merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da
comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres
fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de
cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições
existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e
promover sua participação ativa e co-responsável nos destinos da própria
existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos.[
SARLET, Ingo Wolfgang (2001)]”.

Na visão de Rizzatto Nunes (2002), em uma concepção minimalista, defende que a


dignidade humana identifica:

▪ o valor intrínseco de todos os seres humanos;


▪ a autonomia de cada indivíduo; e
▪ limitada por algumas restrições legitimas impostas a ela em nome dos valores
sociais ou interesses estatais (valor comunitário).

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No entender de Rizzatto Nunes (2002), as primeiras reflexões sobre a idéia de valor no que
diz respeito à pessoa humana deitam raízes na Antigüidade, sendo objecto de importante
transformação com o surgimento do Cristianismo e passando por contínuas efetuações até
os dias de hoje. O conceito que os povos antigos tinham de pessoa é totalmente diverso do
que se tem actualmente.

Segundo Rizzatto Nunes (2002), na Antigüidade Clássica, o homem era tido como um ser
social ou político, pois, segundo Aristóteles (1978), o ser era a cidadania, pelo fato de
pertencer ao Estado. Assim, para os gregos, na vida social, o homem se confundia com o
próprio Estado, não havendo reconhecimento do valor distinto da pessoa humana.

Conforme Giovanni Reale e Dário Antiseri,

O bem do indivíduo é da mesma natureza que o bem da Cidade, mas este


“é mais belo e divino” porque se amplia da dimensão do privado para a
dimensão do social, para a qual o homem grego era particularmente
sensível, porquanto concebia o indivíduo em função da Cidade e não a
Cidade em função do indivíduo. Aristóteles, aliás, dá a esse modo de
pensar dos gregos uma expressão paradigmática, definindo o próprio
homem como “animal político” (ou seja, não simplesmente como animal
que vive em sociedade, mas como animal que vive em sociedade
politicamente organizada) e escreve textualmente o seguinte: “Quem não
pode fazer parte de uma comunidade, que não tem necessidade de nada,
bastando-se a si mesmo, não é parte de uma cidade, mas é uma fera ou um
deus.” (Giovanni Reale e Dário Antiseri, 1990, p. 208).

O princípio da igual consideração de interesses consiste em atribuir aos interesses alheios


peso igual ao que atribuímos ao nosso. Não por generosidade que consiste em doar, em
atender ao interesse alheio, sem o sentimento de que, com isso, se esteja a atender a algum
interesse próprio –, mas por solidariedade, que é uma necessidade imposta pela própria
vida em sociedade.

O outro pilar da dignidade é a liberdade. É a liberdade, em sua concepção mais ampla, que
permite ao homem exercer plenamente os seus direitos existenciais. O exercício da
liberdade em toda a sua plenitude pressupõe a existência de condições materiais mínimas.
Não é verdadeiramente livre aquele que não tem acesso à educação e à informação, à
saúde, à alimentação, ao trabalho, ao lazer.

Nos termos do Artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, já estabelece os


dois pilares da dignidade humana: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e

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direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com
espírito de fraternidade.” Sempre que se cuida do tema da dignidade humana é lembrada a
afirmação kantiana de que o homem, e de uma maneira geral,

De acordo com Giovanni Reale (1990), a dignidade constitui, na moral kantiana, um valor
incondicional e incomparável, em relação ao qual só a palavra respeito constitui a
expressão conveniente da estima que um ser racional lhe deve prestar.

Para ilustrar o carácter único e insubstituível da dignidade, Kant a contrapõe ao preço:


“Quando uma coisa tem preço, pode ser substituída por algo equivalente; por outro lado, a
coisa que se acha acima de todo preço, e por isso não admite qualquer equivalência,
compreende uma dignidade.

Segundo Kant (s.d), um indivíduo, pelo só facto de integrar o género humano, já é detentor
de dignidade. Esta é qualidade ou atributo inerente a todos os homens, decorrente da
própria condição humana, que o torna credor de igual consideração e respeito por parte de
seus semelhantes. O respeito à dignidade humana, por esse prisma, não constitui acto de
generosidade, mas dever de solidariedade. Dever que a todos é imposto pela ética, antes
que pelo direito ou pela religião.

1.2.A dignidade humana como principio fundamental

Na visao de Kant (s.d), o respeito à dignidade humana constitui princípio fundamental.


Exactamente em razão dessa sua fundamentalidade, o princípio da dignidade independe,
para a produção de efeitos jurídicos, de inclusão expressa em texto normativo.

Segundo José de Oliveira Ascensão (2001),

A dignidade da pessoa humana é um princípio constitucional que não se


reveste, apenas, de caráter normativo, mas, traz, em sua composição,
aspectos ético-valorativos, consoante entende Barroso: “o princípio
constitucional da dignidade da pessoa humana identifica um espaço de
integridade moral a ser assegurado a todas as pessoas por sua só existência
no mundo”. Portanto, a dignidade é, antes de tudo, um valor concebido
como inerente à natureza do ser humano enquanto tal (ASCENSÃO, José
de Oliveira. (2001, p.37).

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Conforme Sarlet,

Assim, vale lembrar que a dignidade evidentemente não existe apenas onde
é reconhecida pelo Direito e na medida que este a reconhece, já que
constitui dado prévio, não esquecendo, todavia, que o Direito poderá
exercer papel crucial na sua proteção e promoção, não sendo, portanto,
completamente sem razão que se sustentou até mesmo a desnecessidade de
uma definição jurídica da dignidade da pessoa humana, na medida em que,
em última análise, se cuida do valor próprio, da natureza do ser humano.
(SARLET, 2001, p. 41).

Assim, segundo o Direito Constitucional contemporâneo, todos os seres humanos são


iguais em dignidade, independentemente da crença que se professe quanto à sua origem.
Sabe-se, porém, que a idéia da dignidade, concebida como um valor inerente a todo e
qualquer ser humano, é muito recente na história da humanidade, tendo sido admitida
somente ao longo dos últimos duzentos anos, a partir do desenvolvimento do pensamento
iluminista, que teve como máxima expressão a Revolução Francesa de 1789 e o
movimento de independência das colônias da América do Norte. Desse modo, ao se
reflectir sobre a constante transformação da idéia da dignidade da pessoa humana e se
observar essa transformação sob um ponto de vista de uma dignidade em expansão, é
indispensável que se faça um paralelo com a História do Direito e, mais especificamente,
com a criação2 histórica dos direitos do homem.

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Considerações finais

A Constituição deve resgatar a sua normatividade através de um trabalho de interpretação


que, sem ignorar os fatos concretos da vida, consiga concretizar “de forma excelente” os
seus princípios. Para que o princípio da dignidade humana não constitua uma promessa não
cumprida e “não se desvaneça como mero apelo ético” é fundamental sua concretização
judicial, através de um constante e renovado trabalho de interpretação/aplicação, que
busque dar ao princípio a máxima efetividade. Em um país como o nosso, em que grande
parte da população carece dos bens e serviços mais básicos, com freqüência o princípio da
dignidade servirá de fundamentação de direitos prestacionais exigíveis do Estado.

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Referências bibliográficas

1. ASCENSÃO, José de Oliveira. (2001). O Direito. Introdução e Teoria Geral. p. 52.


2. MIRANDOLA, Giovanni Pico della. (1998). Discurso Sobre a Dignidade do
Homem. Trad. Maria de Lurdes Sirgado Ganho. Lisboa: Edições 70.
3. NUNES, Rizzatto. (2002). O Princípio Constitucional da Dignidade da Pessoa
Humana. São Paulo: Saraiva.
4. SARLET, Ingo. (2001). Dignidade Humana e Direitos Fundamentais na
Constituição Federal de 1988. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora.

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