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FLORILEGIO

DE

SAOJOSÉ
Breves meditac;ões para
o mez de marso

Missus est angelus Gabriel


ad Virginem desponsatam viro
cai nomen erat Joseph et no·
men Virginis Maria. (S. Lucas,
I, 26 e 27),

-�
S. PAULO
Escolas Proflssionaes Salesianas
SÃO JOSÉ

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Approvanbo e abançoanbo o "Flon1egio de S.
josé", fructo bas piebosas meõitações be um bos
nossos amabos biocesanos, concebemos cem bias
be inbulgencia, na forma costumaba ba E:greja, a
tobos os fieis que o lerem com a intenção be hon'
rar ao glorioso patriarcl)a, cuja bevoção besejamos
caba ve3 mais popularisaba nesta Arcl)ibiocese.

S. Paulo, 21:! 1le Agosto de 19ll, festo. de S. Agos­


tinho.
f �uarfe, firceb. /tiefrop.

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FLORILEGIO

de Sao José
•••

A devoção a ·s. José, que a Egreja tem se


desvelado em promover cada vez mais, cresceu e
propagou-se por toda parte desde que Pio IX pro­
clamou o Santo Patriarcha Padroeiro universal da
Egreja catholica (1) Novo augmento adquiriu ainda
depois que Leão XIII, com sua palavra e auctorida·
de, a recommendou á piedade dos fiéis, dizendo que
•importa muitíssimo ao povo christão, quando in­
vocar a Virgem Mãe de Deus, acostumar-se a invo·
car tambem S. josé, seu castissimo esposo, com
especial devoção e confiança. (2)>
Nas vinte cinco invocações da ladainha de S.
J osé, approvada por Pio X, o actual Pontifice (3),
se acham compendiados todos os attributos, privile­
gios e virtu :les que adornaram na terra a pessoa do
Santo Patriarcha e formam no céo a sua corôa de
gloria. Se da Virgem Santíssima, Mãe de Deus,
nunca será bastante quanto se disser ou escrever em
seu louvor (4), de S. José, considerando-se a alta

(1) Decreto de 8 de Setembro de 1870,


(2) Enc. sobre o culto de S. José, de 15 de Agosto de 1Be9
(3) Decreto de 18 de Março de 1909.
(4) De Maria nunguam salis, S. Agostinho ; Serm. 208.

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dignidade em que foi constituído, como esposo cas­


tissimo da Mãe de Deus, guarda da sua virgindade
e defensor do seu divino filho, podemos quasi di­
zer outro tanto. Na ordem da graça e da santidade,
Maria occupa o primeiro Jogar entre todas as crea­
turas; mas depois della nenhuma outra se avantaja
aos meritos e dignidade de S. José.
Se Maria foi honrada com o singular privilegio
de ser escolhid1 para Mãe do Verbo Incarnado, que
ella concebeu por obra e graça do Espírito Santo,
conservando intacta a sua virgindade, ao seu castis­
simo esposo, o Patriarcha S. José, coube tambem
a honra insigne de ser o Pae adoptivo do filho de
Deus, confiado á sua guarda como Chefe da Sagra­
da familia.
Assim, se não ha na lingua_gem humana louvo­
res que possam glorificar a excelsa Mãe de Deus,
quanto ella merece, tambem seria difficil reunir em
devoto ramalhete, todos os meritos, todas as virtu­
des, todas as grandezas do seu virginal esposo S.
José. Todavia nas ladainhas com que invocamos o
seu valioso patrocinio e intercessão, se acham reu­
nidos os principaes títulos com que a Egreja o re­
commenda á devoção_ dos fieis, e que va:nos con­
templar em breves meditações. (1)

(1) Aos vinte cinco titulas da ladainha, addiclonamos seis,


que vão marcados com um asterisco, para completar o nume­
ro correspondente aos 31 dias do mez de Março, consagrado ao
Santo Patriarcha.

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1. ª Invocação
São José

Santo, é o primeiro titulo com que invoca­


m.os o glorioso Patriarcha. A santidade é com­
mum a todos os bemaventurados que r<:inam
com Jesus Christo no céo, coroados de gloria;
mas S. José tem a preeminencia a que lhe
dão direito os seus meritos singulares e ex­
traordinarios: elle é o primeiro e o maior dos
Santos, como esposo da Santissima Virgem e
pae adoptivo do Filho d.e Deus. Recommen­
dand o aos fiéis o culto de S. José, diz o Pa­
pa Leão XIII, na sua terceira encyclica sobre
a devoção do Rasaria :
«E' tão sublime a dignidade de Mãe de Deus,
que nenhuma outra cousa maior pode haver,
Mas, porque entre S. José e a Santissima
Virgem subsistiu o vinculo do matrimonio,
não ha duvida que elle mais do que ninguem
se approximou da excelsa dignidade pela qual
a Mãe de Deus sobresae immensamente a to­
das as naturezas creadas.
Se Deus deu S. José por esposo á Vir­
gem, certamente lh'o deu para que fosse não
sómente companheiro da vida, testemunha da
virgindade, protector da honestidade , mas tam-
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bem part1c1pante da sua excelsa dignidade,


mediante o vinculo conjugal.
Egualmente é elle o unico que se avan­
taja a todos os homens em sua dignidade au­
gustíssima, porque foi por disposição divina,
guarda do Filho de Deus, e, na opinião dos
homens, tido por seu pae ( 1) »
Ora, se foi S. José quem mais se appro­
ximou da dignidade de Maria como Mãe de
Deus, se até participou dessa dignidade, e me­
receu exercer sobre seu divino Filho, corno
guarda e protector, uma auctoridade quasi
paternal , que virtudes, que merito, que gran­
deza, que santidade pode haver egual á sua
entre os bemaventurados do céo ?
Ainda mais: «Dessa auctoridade de pae
adoptivo, continúa Leão XHI, resultou que o
Verbo de Deus estivesse modestamente sujeito á
José, lhe obedecesse e prestasse toda a honra que
necessariamente devem os filhos a seu pae ( 2 ) >>
Elle, Jesus Christo, Deus e Homem, e co­
mo Deus, eterno, immenso, omnipotente, cre­
ador do céo e da terra , soberano Senhor do
universo, Elle, a Magestade infinita, esteve
sujeito a um homem a quem obedeceu e hon­
rou como a seu pae !
Ora esse homem para ter a suprema dig­
nidade de merecer a sujeição e a obediencia

(11 Encyc. 15 de Agoeto de 1889,


(�) Çit. Encyc. de 15 de Agosto,
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do Filho de Deus, devia ser, depois de Maria


Santisi;ima, incomparavelmente Santo.
Se Maria como filha de Deus Padre, Mãe
de Deus Filho e Esposa do Espírito Santo,
é o templo da Santíssima Trindade, S. J osé
que foi o guarda desse templo, deve ter a
preeminencia sobre todos os Santos.
Meditando sobre os outros títulos que lhe
confere a Egrej a , e sobre a:; eminentes vir­
tudes que o exaltam, mais arraigado ficará
em nossos corações este se nti m e n to que nu­
trimos sobre a inexcedível grandeza de S. José,
depois de M::iria Santíssima, entre todos os
Santos.

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2.ª lnvoc�ção
Illustre descendente de David

Desde Abrahão, que foi o pae do povo


escolhido para conservar na terra a verdadei­
·
ra religião, e ao qual Deus promettera que
de sua progenie nasceria o Me.ssias, contam­
se até Jesus Christo, segundo o Evangelho ( 1 ),
quarenta e duas gerações.
O povo escolhido, governado a principio
pelos Patriarchas e depois pelos J uizes até
Samuel, teve como seu primeiro. rei Saul.
Depois deste foi sagrado rei um pastorinho
de Belêm, chamado David, da tribu de Judá,
que viveu setenta annos, tendo reinado q11a-·
renta, dos quaes sete em Hebron e tres em
Jerusalém.
· «Nenhum monarcha, diz o abbade Brioux
(2), deixou no espirito do seu povo, maio­
res e mais, gloriosas recordações do que Da­
vid.
A Sagrada Escriptura está cheia do seu
nome como do de Abrahão : s imples pastor
ao principio, depoi� valente soldado, chegou

(1) 5. Matheus, 1, 17.


(2) Biblia Pop. 1 Parte Cap . .XlV, n. 25.

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II

ao supremo poder, passando de alguma sorte


por todos os graus da hierarchia social.
Suas victorias alcançaram -lhe os mais bri­
lhantes elogios ; e, pela bravura e pelo genio,
foi o mais notavel dos reis de Israel.
Os despojos que arrebatou ás nações ini­
migas lhe deram taes riquezas como nenhum
outro rei do Oriente as possuiu : mas este
excesso de opulencia lhe foi prej udicial e el­
le chorou amargamente no psalmo 11/iserere
as faltas que as suas paixões lhe fizeram com­
metter. »
Passou tambem por muitas tribulações, e
da varia fortuna, ora prospera ora adversa,
nos deixou o Propheta-Rei a commovente e
arrebatadora expressão nos Psalmos que a
Egreja faz constantemente repetir nos seus
divinos officios, verdadeiros potmas que por
sua belleza enlevam a mente e arrebatam o
coração.
Eis o tronco illustre donde vieram em li­
nha recta até Jacob os antepassados do nosso
Santo Patriarcha.
« E Jacob, diz o Evangelho, gerou a José,
esposo de Maria, da qual nasceu Jesus que
se chama o Christo. ( I) »
Na regia estirpe de David conta-se uma
longa serie de reis, alguns notaveis como o
sabio e magnifico Salomão, o piedoso Ezechi-

, l) S. M!J,theus, I, 16,

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as e outros até a extincçilo do reino de Judá,


e depois um grande numero de Patriarchas
que governaram o povo de Deus até a con­
versilo da Judéa em provinda romana, pouco
antes do !ld::.cimento de Christo.
S. José descendia, portanto, da nobre, an­
tiga e real familia de David, e esta illustre
ascendencia ainda mais realça a simplicidade,
a pobreza e a humildade a que elle chegou,
por disposição divina, para ser o castíssimo
esposo da Virgem e o Pae adoptivo· de Jesus
Christo, que devia nascer na indigencia, po-
'
bre e humilde.
Potentados do mundo qne vos orgulhaes
da vossa altiva e nobre linhagem, do fausto
e grandeza de vossos tectos, do esplendor
da vida que levaes, vinde contemplar o des­
cendente dos poderosos e opulentos reis Da­
vid e Salomilo, na sua modesta officina de
Nazareth, despresado de todos, a curtir a8
amarguras da pobreza e do trabalho, e apren­
dei com S. José a manter o decoro nos in­
fortunios e a heroica serenidade de animu na
decadencia do poder e da fortuna.
Lembrae-vos tambem que Deus derriba os
poderosos para elevar os humildes.

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3.ª Invocação
Lume dos Patriarchas

Entre os descendentes de Seth e dos outros


filhos de Adã.o, os velhos paes de numerosa
progenie ficavam á frente das tribus forma­
das pelas familias dos filhos e dos netos ; e­
ram os seus principes, juízes e sacerdotes.
Dá-lhes a historia o nome venerando e ho­
norifico de Patriarchas. A Providencia conce­
dia-lhes uma longa vida para que elles po<les·
sem transmittir á posteridade a religião reve­
lada e, guardando fielmente a tradição das
promessas divinas, preparar a fé no futuro
Messias. Os mais notaveis Patriarchas foram
Adão , Noé, Abrahão, o pae do povo e,;co­
lhido, Isaac, Jacob e outros. Todos elles fo­
ram chefes de numerosas familie1s, que con­
servaram sempre o culto do verdadeiro Deus
e a fé no Salvador promettido ao genero hu­
mano, depois da queda original. S. JoEé que
devia encerrar a lista dos patriarchas da An­
tiga Lei, foi de todos o mais favorecido.
Destinado pela Providencia para ser o castís­
simo esposo e guarda da virgindade de Maria e
pae adoptivo do Filho de Deus humanado, se
n<l orclem natural não deixou clescendentes,

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mereceu a honra insigne de ser o Chefe da


familia sagrada, como esposo de Maria e con­
siderado, na opinião dos homens, pae de Jesus
Christo, que na verdade lhe prestou a obe­
diencia, respeito e amor que os filhos devem
aos paes. Mas, na ordem da graça � uma outra
quasi paternidade lhe estava reservada, que
o eleva acima de todos os Patriarcha,s.
« A divina familia que José ·governou com
poder quasi paternal, .diz Leão XIII ( 1 ), en­
cerrava em si o principio da Egreja nascen­
te. A Virgem Santíssima assim como é Mãe
de Jesus, assim tambem é Mãe de todos os
christãos, porque os gerou no monte Cal vario,
entre os ultimas e maiores tormentos do Re­
demptor; e do mesmo modo Jesus Christo é
como. que o primogenito dos christãos, que
pela adopção e pela Redempção são seus irmãos.
Daqui dimana a rasão porque S. José tem
como recommendada a si proprio de um mo­
do especial a multidão de que se c0mpõe a
Egreja, essa familia innumeravel e esparsa por
todos os cantos da terra, sobre a qual, por ser
Esposo de Maria e Pae adoptivo de Jesus Chris­
to, tem uma auctoridade quasi paternal ».
Eis a razil.o porque nós o invocamos com
o titulo de Lume dos Patriarckas, não só por
ser elle o Chefe da Sagrada Familia, sen1!.o

(1) Encyc. sobre o culto de S. José, de 15 de


Agosto de 1889.

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tambem por haver sido declarado Padroeiro da


Egreja catholica, constituido de àlgum modo
como Pae tambem dessa familia universal. A
todos os Patriarchas da Antiga Lei sobresae
S. José com brilho e fulgor, pois foi elle quem
abrigou sob seus tectos e defendeu contra to­
dos os perigos o Auctor da Lei Nova, que nos
devia reunir como filhos de Deus, na mesma
fé e obediencia, não já· pelo temor mas pelos
vinculas da caridade e do amor, que formam
o maior , e, para assim dizer, o nnico preceito
da Lei evangelica ..

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4.ª Invocação
Esposo da Mãe de Deus

Para realizar-se o ineffavel mysterio da


Incarnação do Verbo e fazer-se homem o Filho
de Deus, que segundo a prophecia de Izaias,
devia ser concebido e dado ao mundo por uma
virgem, diz o Evangelho qtte « foi por Deus
enviado o anjo Gabriel a uma virgem despo­
sada com um varão, que se chamava José, e
o nome da Virgem era Maria. ( 1) »
Eis o titulo donde procedem toda as gran­
dezas de S. José esposo de Maria, esposo
da Virgem immaculada, que pela virtude do
Altíssimo e graça do Espírito Santo, devia
conceber e dar á luz, sem quebra ·da sua
virgindade o Verbo de Deus humanado. Esposei
da Mãe de Deus, da Rainha do céo ; esposo
castíssimo que foi o guarda da virgindade de
Maria, que recebeu em seus braços o seu di -
vino Filho, que foi o primeiro a contemplar,
o Messias promettido, o Salvador do mundo,
que outro esposo mereceu jamais tão alto pri­
vilegio ? Transportemo-nos em espirito áquclla
humilde casa de Nazareth, para oQde volta·

il) S, Lucas. 1, 26 e 27,


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ram os dois esposos depois da viagem á Belém,


trazendo comsigo o precioso thezouro da nossa
Redempção. Na partida eram dois Maria, a
sentir os enlevos da maternidade pensando no
Filho prestes a nascer : José, a rodeai-a de
cuidados para que nada a molestasse.
Na volta eram trez: Jesus radiante de bel­
Ieza j unto âo seio puríssimo de Maria; e José
a meditar naquelle mysterio ineffavel, preoccu·

pado com o encargo de nutrir, defender e


guiar os pnmeiros passos áquelle infante,
que na opinião dos homens era seu filho, mas
que elle sabia ser Filho de Deus.
Estava, pois, constituida a Sagrada Fami­
lia, da qual S. José era o chefe, e ali sob aquel­
le tecto humilde de Nazareth, emquanto Je­
sus crescia em sabedoria, edade e graça dian­
te de Deus e dos homens ( 1 ) , Maria Santíssi­
ma, toda entregue aos cuidados do seu lar,
desvelava-se no cumprimento dos seus deve­
res de Esposa extremosa e Mãe amantíssima,
S. José, pobre e humilde, trabalhava na sua
modesta officina, para grangear com o suor
do seu rosto, o sustento da familia; e nessa
ineffavel communnhão de vida e de amor, tinha
elle um só coração e uma só alma com Maria
e ambos o coração e a alma no coração de
Jesus.
E' no meio da Sagrada Familia, na singeleza.

U) S. Lucas Il1 5�1

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desse convivio retirado e occulto, que nos apraz


contemplar a S. José como Esposo da Mãe de
Deus, porque foi alli que sobresahiu a eminente
santidade da sua vida conjugal. E para concluir,
diremos com Leão XIII «Üs paes de familia
têm em S. José o mais apurado exemplo de pa·
terna) vigilancia e providencia; as esposas um.
perfeito modelo do amor, da unanimidade e da.
fidelidade conj ugal; as donzellas um espelho e
um tutor da virginal inteireza (z) » Todos em•
fim de qualquer estado cu condição que se•
jam, devem invocar com inteira confiança, pe­
lo valimento que elle tem , corno Esposo da Mãe
de Deus, o patrocínio de S. José.

1 l) Cit. Encyc. sobre o culto rle S. Jose.

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5. ª Invocação
Guarda da Virgem pura

A, virginal puresa de Maria pairava já na


mente. do Eterno, quando depois da queda o­
riginal, .prometteu a nossos primeiros paes um
Salvador ; foi annunciada pelo propheta Izaias,
quando disse que uma virgem conceberia e da­
ria á luz o Redemptor ; brilhou na fronte au­
gusta da Mãe· de Deus, isenta de toda a ma­
cula, e pelo mais estupendo dos seus privile­
gios acompanhou a sua maternidade santissima.
Virgem nos insondaveis designios do Omnipo­
tente ; virgem na visão prophetica de lzaias ;
virgem no serviço do Templo ; virgem na vida
conjugal ; virgem na maternidade ; Rainha das
virgens, coroada no céo ! E essa Virgem puris­
sima, obra prima do Creador, reflexo da belleza
immortal, Thesouro em que a mão de Deus
accumulou todas as graças, formosura e san­
tidade, Templo augusto em que devia habitar
a Trindade Santissima, essa Virgem, esse pri­
mor, essa belleza, esse thesouro, esse templo, o
primeiro em que habitou o Verbo de Deus fei­
to homem, foi confiada na terra á guarda do
Patriarcha S. José. O Santo, o Esposo da Mãe
de Deus, como já o invocámos, é tambem o
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defensor da virginal pureza de Maria ; e todos


estes privilegios elevam S . José a um .grau
tão alto de merecimento e dignidade, que de­
pois da Trindade Santissima e da Virgem lm­
maculada, elle tem a preeminencia entre to­
dos os Santos. S. José, não obstante a sul!­
descendencia dos reis de Judá, foi um pobre
artista, singello e humilde, que grangeava q
sustento com o fructo do seu trabalho, com o
suor da sua fronte, e passando por todas as pr�
vações, mereceu sentar-se num throno de glo­
ria ao lado de Maria sua esposa, da Rainha
dos anj os, porque no reino do céo são exalta­
dos os humildes e os pobres cumulados de
bens.
Grandeza immensa, gloria immortal, rique­
za eterna estavam reservadas ao mais pobte e
humilde dos homens, a quem Deus confiára
a guarda do seu thesouro na terra: Maria San­
tissima e seu Filho unigenito. Invocando, pois,
a S. José como Guarda da Virgem pura, pro­
curemos imitar a castidade e a pureza, de que
elle proprio foi o modelo, e que o tornaram dig­
no de tão alta missão junto de Maria Santis­
sima . E como o Santo Patriarcha, posto que
descendente àe sangue real e esposo da maior
e mais santa das creaturas, viveu pobre e hu­
milde na terra para ser opulento e glorioso no
céo, terminemos ainda com as palavras de Le­
ão XIII : « Os de nobre sangue tomando por
modelo a S, José, aprendam a manter o de-
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coro até nos infortunios, e os ricos aprendam


quaes são os bens que mais que tudo impor·
ta appetecer e com todas as forças ajuntar. E
todos os que vivem do salario do seu traba­
lho .manual cobrem alento, pensando em S.
f osé, que soffreu com resignação e constancia,
as tribulações inherentes áquella sorte de
vi(.ia. ( 1 ).»

(1) Cit. Encyc. sobre o culto de S. José.

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6.ª Invocação
Tutor do Filho de Deus

Tendo Deus resolvido em seus altos desí­


gnios que Jesus Christo seu amado Filho
assumisse a natureza humana, para soffrer e
padecer, como homem, na Redempção do
genero humano, permitçiu que Elle participas­
0
se desde o seu nascimento, com excepção do
peccado, de todas as nossas fraquezas. O Sal­
vador podia appartcer no mundo sem passar
pela contingencia de nascer, como nós, de
uma mulher, porque nada é impossível 'á
omnipotencia do Eterno Pae .
«Não poderia Deus, pergunta Pio X, dar-nos
por outra via, sem ser por M;:iria; u reparador da
huma::iidade ? Mas já que aprouve á eterna
Providencia que o Homem Deus nos fosse
dado pela Virgem, que o trouxe realmente no
seio, que resta senão que recebamos Jesus das
mãos de Maria? ( r ) » "

Estas palavras do actual Pontif1ce tendo por


fim demonstrar que não ha caminho nem mais
facil nem mais seguro, por onde os homens

(1) Encyc. de 2 1le Fevereiro de 1904, sobre o J'u­


bileu lia lwm. Conceição.
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possam chegar a Jesus Christo, serv�m tambem
para o nosso argumento.
Assim, querendo Deus que o Redernptor
nascesse da mulher, que nos fosse dado por
ella e passasse, incolurne na sua santidade,
·por todas as phases da nossa existencia, desde
a infancia até a virilidade, soffrendo como n6s
a fome, o frio , a dor, devia predestinar-lhe
na terra um tutor, um pae adoptivo, que
lhe desse alimento, agasalho e protecção, :lté
que Elle chegass� á edade de poder entrar na
vida publica para cumprir a sua missão.
Jesus Christo que, como Deus, era o Crea­
dor e o soberano Senhor do universo, irn­
menso na sua grandeza infinita, forte na
sua omnipotencia, corno Homem, nasceu po­
bre, pequenino e fraco, carecendo de amparo
e protecção de um outro homem, que o de­
fendesse na sua fraqueza, lhe desse o alimento
e lhe gúiasse os primeiros passos no caminho
da vida.
Quem foi essa creatura privilegiada, esse ho­
mem predestinado, a quem Deus confiou na terra
o sustento, a guardá e a defeza de ·seu Filho
upigenit_o que Elle muito amava e no qua.J
punha todas as suas complacencias ? ( 1)
Esse homem foi S. José, ao qual coube
por disposição divina, a missão augusta,
sublime, incomparavel em dignidade e grandeza

(1) S. Matheus 111, 17

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de sP.r o pae adoptivo do Filho de Deus,


optimo Tutor de Jesus.
«Como esposo de Maria Santíssima e Pae
adoptivo de Jesus, diz Leão XIII, o glorioso
Patriarcha veio a ser não só o guarda da fa­
milia a que presidia, mas tambem seu legitimo
e natural curador e defensor ( r) »
E como desempenhou elle a sua missão?
Responde o mesmo Pontífice: « Esses devert!s e
encargos exerceu elle realmente emquanto viveu.
Esmerou-se em defender a Consorte e o
Divino Filho com extremos de amor e uma
assiduidade diaria; forneceu-lhes o necessario
para o sustento e trato da vida; evitou-lhes o
perigo de vida, tramado pelo rei por inveja,
procurando abrigo em lagar seguro ; e nos
incommodos do caminho e asperezas do
desterro, foi perpetuo companheiro e consola­
dor da Virgem e de Jesus.»
Colloquemo-nos tambem. ·sob a tutela de
S. José, invocando sempre com inteira confiança
o seu auxilio e protecção.

(1) Cit. Encyc. sobre o culto de S. José.

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7.ª Invocação

Zeloso defensor de Christo

Jesus Christo, Filho do Rei immortal, do


Senhor dos exercitos, do Triumphador eterno;
Jesus Christo que venceu o mundo e ha de sempre
triumphar dos seus inimigos, precisaria ja­
mais de alguem que o defendesse na terra ?
Sim; era preciso que na sua infancia e
adolescencia, emquanto retirado e occulto,
se preparasse para o desempenho de sua
missão; era preciso que a sua humanidade san­
tíssima se conservasse illesa. Eram tantos os
perigos, desde a inveja de Herodes, que via
n'Elle um rival, até o odio concentrado dos
phariseus que devia explodir mais tarde, por
não quererem reconhecer n'Elle o Messias,
nem acreditar na sua divindade, tão arriscada
estava a sua vida, que Jesus, emquanto não
chegasse a virilidade, devia ter um guarda e
defensor que o preservasse de qualquer cilada
dos seus inimigos. Quem seria o defensor de
Jesus? Essa missão estava naturalmente reser­
vada a S. José, constituído por Deus na su·
prema dignidade de Pae adoptivo do seu di­
·
vino Filho. Mas, de que força, de que meios
podia dispor, para tão grave encar�o, o pobre
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carpinteiro de Nazareth, que não tinha vali­
mento algum entre os homens ? Da pruden­
cia, da humildade, da confiança em Deus, que
são as armas do fraco e o segredo de suas
victorias. Demais o santo Patriarcha, depois das
revelações que lhe foram feitas, bem sabia ·que
não era mais do que um instrumento da di­
vina Providencia para a guarda e defeza de J e­
sus, e que do Alto lhe viriam as luzes e
auxílios necessarios para cumprir a sua doce,
porem , ardua missão. No meio dos cuidado.s,
carinhos e affectc.s com que exercia a aucto­
ridade paternal de que se achava investido so­
bre a pessoa do divino Filho de Maria, com que
sobresalto recebeu elle o aviso do Anjo que
lhe disse : « Levanta-te, toma comtigo o Meni­
no e sua Mãe, e foge, porque Herodes o procu­
ra para lhe dar a morte ! (1) ».
Tremeu na sua fraqueza, mas confiando em
Deus, levantou-se e partiu, levando comsigo Ma­
ria e seu filho, e no aspero caminho do dester­
ro e emquanto durou o seu exílio na terra do
Egipto, foram a prudencia e a vigilancia , dia
e noite, as armas com que defendeu o preci­
oso Thesouro cuja guarda lhe fôra confiada.
Deus velava do alto do céo sobre a S agra ­
da Familia e infundia a S. José o valor e a
coragem para arrostar todos os perigos que
rodeavam a infancia de Jesus, cuj a vida como

(1) S. Matheus, II, 13.

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Homem, depois de sahir do tecto paterno, se­
ria preservada pelo proprio Deus, até que che­
gasse a terrivel hora do abandono, para con­
summar-se a obra da nossa Redempção.
S. José foi, portanto, durante todo o tempo
em que Jesus esteve sob sua guarda, o Zeloso
defensor de Christo, como nós o invocamos, ti­
tulo pelo qual Pio IX declarou lambem o
Santo Patriarcha Defensor da Egreja catholi­
ca, como seu especial e insigne Protector.
Aprendamos com S. José a tomar sempre a
defesa do pobre, do fraco e do opprimido,
que representam na terra a pessoa de Jesm;
Christo, como Elle proprio declarou .

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8.ª Invocação
Chefe da Sagrada. Familia

J �sus Filho de Deus, Maria Mãe de Jesus,


José seu Pae adoptivo, Esposo de Maria, to­
dos vinc11lad0s pelo amor mais puro e mais
santo que jamais reuniu tres corações em um
só, eis a Sagrada Familia, fóco de amor, inef­
favd convivia, união dulcissima, sobre a qual
brilha um reflexo da Trindade Santíssima.
Destinado pela Providencia para ser o Che­
fe dessa familia bemdita, que abrigava em seu
seio a Santidade infinita na pessoa de Jesus,
sobre a qual devia exercer a auctoridade pa­
terna, que virtude, que pureza, que santidade
não devia reunir o glorioso Patriarcha, para
merecer entre os homens tão sublime digni­
dade, tão alto privilegio!
Que admiravel grupo, tão pequeno, pois
eram só Ires e ao mesmo tempo tão grande
que abrangia na pessoa de Jesus a humanida­
de inteira ! Contemplemos a Sagrada Familia
na humilde casa de Nazareth, naquelle modes­
to interior onde se occultava aos olhos do
mundo o 'llais bello espectaculo de uma vi­
da toda pa!lsada no recolhiniento, no trabalho
e na oração.
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Maria Santissima, a mais terna das espo·
sas, a mais extremosa das mães, era o mo·
delo perfeito da solicitude, do amor e do ca­
rinho, conchegando ao seio seu divino Filho,
servindo ao pobre artifice que moirejava no
trabalho,. e attendendo a todos os encargos
domesticas, fazia por suas proprias mãos os
mais humildes serviços.
José, seu castissimo espos'o, que não tinha
outros m ei os de prover a subsistencia da fami­
lia, a não ser o fructo do seu trabalho quo­
tidiano, paciente, resignado, curvava humilde­
mente a fronte na sua officina, com o p�nsamento
em Deus e a paz no coração.
E Jesus, o S'lnto enlevo daquella ditosa
familia, que fazia ?
Ah ! Jesus era o vinculo que prendia aquel­
les dois corações ; Je�us era a alma e a vida
daquellas duas existencias,. de Maria sua Mãe,
e. de José seu Pae adoptivo. J esu s que era
Deus, esparzia naquelle ambiente o perfume
da santidade, juntava novas flores á coroa de
virtudes que adornava cada uma daquellas
frontes e transformava aquelles dois corações
em d ois derivativos do oceano de amor que
era o seu.
Oh ! Santa Familia, modelo das familias
christãs, onde estava em Maria o mc:delo das
mães, em José o modelo dos paes, em Jes us
o modelo dos filhos !
Paes, mães, filhos christãos, vinde aprender

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30

no sagrado lar de Jesus, na escola de Naza­


reth, a santidade, a pureza, a castidade, o
respeito, o amor, a obediencia a humildade e
todas as virtudes que devem adornar a nossa
vida, em qualquer estado ou condição em que
nos collocar a divina Providencia. E da Sa­
grada Familia, que realizou na terra o ideal
da perfeição, S . José foi o chefe, como nós o
invocamos, titulo no qual se resumem todas
as grandezas, todos os privilegios, todas as
glorias do Bemaventurado Patriarcha. Todas as
familias devem consagrar-se a S. José, como
seu especial protector .

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9.ª Invocação
José j ustissimo

O Evangelho resume todas as v irtudes de


S. José numa só palavra : elle era justo.
Não se afflijam ::is almas devotas com esta
parcimonia dos Evangelistas, deixando de men­
cionar outros attributos e predicados do san­
to Patriarcha, porque no Ev,angelho, apesar
de sua simplicidade, tudo é grandioso.
Assim como no sol se concentra toda a luz
que elle irradia, illuminando a terra, ou nu­
ma gemma preciosa, num diamante lapidado
scintillam todas as cores do iris em seus inu­
meros cambiantes, assim na palavra justo de
que usa o Evangelho, brilham todas as virtu­
des que adornam a coroa de gloria do nosso
Patriarcha.
Quando dissemos na primeira invocação
que S. José, depois de Jesus Christo e de Ma­
ria Santíssima, é o primeiro e o maior dos
Santos, ficou tambem dito que na mesma or­
dem, elle é o primeiro e o maior dos Justos,
porque na santidade está essencialmente a j us­
tiça ; não poc:!e ser santo quem não é justo. Con­
sideremos agora S. José como ju!:'to na acccp­
ção propria do termo. Homem justo se diz
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32

do que observa toda a lei : religiosa, moral e


social .
Quanto á religião, S. José que observavã
a Antiga Lei, a de Moysés, logo que pela re­
velação do Anjo que o tranquillizára sobre a
maternidade virginal de· Maria, começou a en­
trever os primeiros fulgores de uma Lei NO•
va, de uma religião que vinha não revogar
mas aperfeiçoar a primitiva, elle que já pos­
suia a fé e a esperança na vinda do Messias,
e foi o primeiro dos homens que, cheio de
caridade e de amor, se prostrou aos pés de
Jesus para adorar a sua divindade, S. José
foi tambem o primeiro dos crentes, que ob­
servou a religião de Christo. Quanto á lei moral,
S. José considerado em si mesmo e na sua
qualidade de Esposo da Virgem e Pae adop­
tivo de Jesus, S. José foi eximia na ob�rer­
vanda da lei, no cumprimento de todos os
seus deveres : simples, modesto, cast1ss1mo,
laborioso, obediente a Deus, ninguem jamais
o excedeu na pratica da virtude. Como Espo­

so de Maria foi o modelo dos esposos no


amor, na fidelidade, na castidade, no respeito,
na protecção, e no provimento, apezar da sua
pobreza, de tudo quanto era necessario para
a subsistencia e decoro da Santíssima Virgem.
E como Pae adoptivo de Jesus, quem pode
imaginar o desvelo de S. José pelo divino
Filho de Maria, que elk amava e adorava com
ineffavel amor, desempenhando para com Elle

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33

todos os deveres de um verdadeiro pae, em­


quanto Jesus permaneceu sob a sua guarda e
vigilancia ? Finalmente quanto á lei civil e
aos deveres sociaes, S . José nos deu tambem
o exemplo da correcção, do respeito e da obe­
diencia, n:iquelle passo da viagem a Belém,
tão penosa para a Santíssima Vi rgem no esta­
,

do em que se achava, mas a que elle sujeitou­


se para cumprir a lei de 'Augusto, que orde­
nára o arrolamento de todos os subditos do
seu i mperio Eis o homem justo em toda a
.

extensão da palavra, justo na santidade, j usto


na pratica de todas as virtudes, no cumpri­
mento de todos os deveres, jose justíssimo,
como nós o invocamos.

�-·

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10. ª Invocação
José castissimo

A castidade é a mais bella das virtudes


porque ella reflecte no corpo a pureza da al­
ma, e se quizermos contemplar essa belleza em
todo o seu esplendor, onde poderemos en­
contrai-a no meio das creaturas? Primeira­
mente em Maria Santíssima, a Virgem das
virgens, Immaculada desde a sua conceição,
tão pura que se eleva acima de todos os an­
jos, de todos os santos.
Depois, como nenhuma outra creatura se
avantaja em pureza e castidade ao seu virgi­
nal Esposo, é na pessoa do Patriarcha S; Jo­
sé que mais refulge a belleza da castidade .
«Meditando, diz um egregio Prelado, me·
ditando attentamente as virtudes de Maria
Santíssima, o Jogar que lhe coube na redemp­
ção da humanidade, o heroísmo das virtudes
que a puzeram acima de todos os anjos e
santo� do céo, havemos de dizer afoitos e
seguros da verdade : - se esta mulher deve
ter um esposo, ha de ser como ella, puro,
adornado de angelicas virtudes, eminentemente
casto, soberanamente santo ( 1 )». Tal foi S.
(l D. Duarte Leopoldo, Patrocinio
'• de S. Jose,
3.• edição, 1908.
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35

José o castissimo esposo de Maria, o modelo


de castidade, apresentado ao mundo, que não
sabe comprehender essa virtude, mas a viu res­
plandecer na fronte augusta de S. José, na pes­
soa de todos os santos e eleitos do Senhor, que
sempre existiram e hão de existir neste mundo.
Qual é o segredo desse devotamento he·
roico de tantas virgens consagradas a Deus,
dessa abnegação sublime de tantos apostolas
que desdP. verdes annos tudo abandonam : pa­
tria, familia, posição, fortuna e glorias munda­
nas, para se dedicarem exclusivamente ao ser­
viço de Deus e ao bem do proximo ? Oh ! a
castidade não é só a mais bella das virtudes
moraes ; é tambem a geradora dos g-randes
devotamentos, dos acto5 heroicos, e dessa lim­
pidez d'alma e coração, sem a qual ninguem
poderá ver a Deus, porque Elle é a pureza,
a santidade infinita. Em S . José, a castidade

elevou-se ao mais alto gráu, porque elle foi


o Esposo da Virgem Santissima, o guarda da
sua virgindade, e neste mundo foi o primeiro
dos homens que não sómente viu, mas teve
em seus braços, apertou ao coração, o Filho
de Deus humanado, e se não podia vel-o na
sua divindade senil.o com os olhos da fé, sa­
bia pela fé que n:i pessoa de Jesus Christo
estava o proprio Deus, e por isso foi tambem
o primeiro que prostrado o adorou.
Mas S. José não foi sómente o Esposo da
Virgem por excellencia, da Rainha das virgens,

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razão de sobra para o· invocarmos com o ti­
tulo de castissimo ; elle foi tambem o Pae
adoptivo de Jesus. Ora, esse homem que de­
via estar em contacto intimo com o Filho de
Deus, ter nos braços e apertar ao peito a pu­
reza e a santidade infinita, esse homem devia
ser purissin:io, ca�tissimo, Esposo virgem de
uma Esposa virgem .
Oh ! Familia Sagrada, dulcíssimo enlevo
das almas santas, ineffavel delicia dos cora­
ções puros : Jesus o Filho, a santidnde infini­
ta; Maria Santíssima a Virgem Mãe; José o
Pae adoptivo, santo, virginal, castíssimo !
Que belleza , que exemplo !
Familias christãs, eis o vosso modelo.

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11.ª Invocação
José prudentissimo

A prudencia é a primeira das virtudes car­


deaes. Se na liuguagem commum chamamos
prudente ao homem cordato, cauteloso e dis­
creto, quer no evitar os perigos, quer em es­
colher o que convem praticar no trato da vi­
da, na linguagem da religião a prudencia tem
por objecto o conhecimento e a gloria de Deus;
é a virtude que nos faz conhecer e escolher
os meios de chegar a Deus e procurar a sua
gloria . Num e noutro sentido, S. José foi o
·
modelo da prudenci_a . c omo esposo de Maria,
sem estar ainda iniciado no . mysterio da In­
carnação, diz o Evangelho que ao perceber
na Santíssima Virgem os signaes da materni­
dade « como era justo, e não a queria infa­
mar, resolveu deixai-a secretamente, » ao que
logo acudiu o anjo do Senhor para tranquilli­
zal-o : « José, não temas, porque o que nella
se gerou, é obra do Espirito Santo (1) »
Quando chegaram os magos do Oriente
para adorar a Jesus, diz ainda o Evangelho;
que nos braços de Maria o encontraram, ca_.
lando todavia o nome de José .
(1) S. Mu.theus, I, 19 e 20.
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«Não serd. porque a prudencia o afastava
desses homens, incapazes ainda de comprehen­
der o mysterio da Incarnação em toda a sua
verdade ? ( 1) »
Na fugida para o Egypto, aconselhado pe­
lo anjo que sempre o assistia, não deu tam­
bem o santo Patriarcha uma prova de sua
grande prudencia, levantando-se sem perda de
tempo, para tomar comsigo a Virgem e o Me­
nino, e seguir cauteloso, pela calada da noite
o caminho do exilio ?
E depois da morte de Herodes, reinando
na J udéa Archelau seu filho, não foi ainda
prudente em afastar-se daquella região para
ir morar na Galiléa, na pequena cidade de
Nazareth, sob um tecto quasi occulto no de­
clive do monte, como attestam os viajantes,
para melhor preservar o Menino Jesus dos
perigos que corria sua vida ?
E quando pelas revelações do anjo e pe­
las palavras de Simeão no Templo, não po­
dia mais vacillar sobre a divindade e a mis­
são de Jesus Christo como Salvador do mun­
do, imaginemos quão circumspecto, avisado e
prudente não devia ser o Santo Patriarcha,
sentindo todo o peso da sua responsabilidade
na guarda do divino Filho de Maria, do pre­
cioso Thesouro da nossa redempção.
Tomando agora a prudencia no sentido

(l) D. Duarte Leopoldo, obr.. cit.


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39

verdadeiramente christão, se ella consiste em


procurar os meios de chegar a Deus e contri­
buir para a sua gloria, quem foi mais emi­
nente nessa virtude do que o bemaventurado
S . José ? Se na economia da religião, o ca·
minho mais seguro para chegar a Jesus é
Maria, e para chegar a Deus é o proprio J e­
sus Christo, por ser Elle o mediador entre
Deus e os homens, S. José gue fui sempre
devotado a Maria Santissima, que por toda
a parte a seguia, elle que tambem acompa­
nhou� Jesus, emquanto viveu, que o teve nos
braços, que o amou com ternura, S. José
que nunca se desviou de Maria e do seu di­
vino Filho, foi o homem que mais soube man·
ter-se no caminho que conduz a Deus e con­
correr para sua gloria .
Aprendamos, pois, com elle a verdadeira
prudencia, a prudencia christã.

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12.ª Invocação
JOflé fortíssimo

A fortaleza de animo com que S. José ar­


rostou e venceu todas as difficuldades da sua
missão, a firmeza com que resistiu a todos
os combates da adversidade e affrontou todos
os perigos, mostram que tambem entre os
mansos e humildes podem existir a coragem,
a força e a firmeza de caracter.
Elle foi o Santo das tribulações : a pobre·
za, as perseguições, o despreso, a humilhação,
a repulsa, o desterro, as injustiças, cahiram so·
bre elle como as ondas negras do alto mar
se arroj am de encontro á rocha solitaria.
E assim como esta resiste impavicia ao
furor das ondas, tambem elle, rochedo de for·
taleza, em pleno oceano de tribulações, arros·
tou com animo sereno todas as penas e ad·
versidades da vida, superou todos os obsta·
culos que se oppunham ao cumprimento dos
seus deveres.
Esta é a fortaleza christã que devemos
todos guardar no meio das provações, para
tudo supportar antes do que offender a Deus
E' a fQrtaleza dos martyres pela qual preferi·
am soffrer todos os tormentos á renegar a sua fé
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41

Na vida occulta que passou na terra, da


qual nenhum dc,cumento historico nos dá no­
ticia, a não ser o Evangelho, e esse mesmo
limitando-se a uma ou outra referencia, S. Jo­
sé foi entretanto um forte, como se deprehen­
de do pouco que delle sabemos. Forte na fé,
pois acreditou sempre na divindade de Jesus;
ainda que o visse nascer na fraqueza, na hu­
mildade e no abandono; forte na esperança
que sempre nutriu, como todos os Patriarchas,
na vinda do Messias promettido e no cum­
primento das prophecias ; forte na caridade
e no amor com que acolheu a Jesus, adop­
tando como seu o divino Filho de Maria,
e arrostando todos os perigos para sal vai-o
da perseguição e da morte ; forte na lucta com
a pobreza, o desamparo e as adversidades da
vida, sem nunca se deixar vencer pelo desa­
nimo.
A fortaleza de S. José lhe vinha do alto,
e bem se lhe podem applicar as palavras
que mais tarde proferiu S. Paulo : «Tudo pos­
so cum o auxilio d' Aquelle que me confor­
ta (r) »
Assoberbado com o peso e a responsabi­
lidade da missão que lhe fôra confiada de
ser o guarda e defensor do Filho de Deus
humanado, elle pobre, fraco e humilde, que
poderia fazer, sem o soccorro divino, sem es-

(1) Pbilip. IV, 13

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sa força que Deus infunde aos seus eleitos,
quando devem arrostar tribulações e perigos
para desempenharem os encargos que lhes
confia neste mundo ?
E que outra missão mais grandiosa, mais
ardua, mais difficil podia Deus confiar a um
homem n:i terra, do que a de amparar e de­
fender o seu unigeníto Filho, que revestido
da natureza humana para consummar a obra
da Redempção, devendo combater o orgulho
e todos os vicios, ficaria exposto a tantos pe·
rigos, desde o seu nascimento ?
A S. José, portanto, como guarda, prote­
ctor e Pae adoptivo de Jesus, para que elle
fosse o escudo contra qualquer ataque que
ameaçasse a vida do Redemptor, devia ser
communicado em alto grau o dom da for·
taleza.

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13.ª Invocação
José obedientíssimo

A desobediencia foi o primeiro crime com­


mettido neste mundo, e teve para toda a hu­
manidade as mais desastrosas consequencia� .
Foi a origem de todo o mal espiritual e
temporal.
O peccado de Adão transmittiu·se a todos
os seus descendentes e, com excepção de Ma­
ria Santissima, todos n6s trasemos n 'alma des­
de o primeiro instante da nossa existencia a
mancha da culpa original , que nos torna ini­
migos de Deus, sujeitos á morte e a todas as
m1senas.
S6 Maria, que já pairava na mente do
Eterno, quando na sua infinita misericordia
prometteu a nossos primeiros paes um Salva­
dor, s6 Maria Santíssima, da qual devia nas­
cer o Redemptor do mundo, foi preservada
da macula original , proveniente do peccado
de desobediencia . Puríssima, immaculada, ten­
do consagrado a Deus a sua virgindade, sem
poder prever o singular privilegio que lhe es­
tava reservado, perturbou-se quando o anjo
Gabriel lhe ann,unciou que ella cc;mceberia e
daria á luz um filho ; mas logo tranquillizada
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44

pelo anjo que lhe falava em nome do Altís­


simo, exclamou : « Eis aqui a serva do Se­
nhor, faça-se e!D mim segundo a tua pala­
vra. ( 1) »
Se pelo crime de desobediencia entrou o
mal neste mundo, por esse acto de submissão
da Santissima Virgem começou a reparação
do mal, iniciando-se o mysterio da Incarna­
ção.
O Santo Patriarchà que, por disposição
divina, devia ser o virginal Esposo de uma
Esposa Virgem, ignorando tambem o ineffa­
vel mysterio, turbou-se quando a viu com os
signaes da maternidade e quiz deixai-a ; mas
a elle tambem tranquillisou o anjo, dizendo-lhe
que não a deixasse, porque ella concebera
por obra do Espirito Santo, e José obedeceu
tc.mbem ao mandado do anjo, recebendo sua
Esposa ( 2).
Essas duas creaturas purissimas que vi­
veram sempre unidas na mesma communhão
de vida, de pensamento e de amor, cujo cen­
tro era Jesus Christo, que foi obediente até á
morte, deviam tambem, Maria como sua Mãe e
José como s�u Pae adoptivo, ambos deviam
iniciar a sua missão por um acto de obedien­
cia, que abrisse caminho á reparação comple­
ta da culpa original : a Virgem consentindo

(1) S. Luc&s, I, 21 & 38.


(2) S. M&theus, I, 19, 201 24,

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45

na incarnação do Verbo em sua.i purissimas


entranhas e José submettendo-se inteiramente
á vontade do eterno Pae. Obedientissimo foi
o santo Patriarcha, levando Maria e o Meni­
no Jesus ao Templo para o consagrarem a
Deus, cumprindo a lei de Moysés.
Obedientissimo foi tambem ao poder civil,
fazendo com sua Esposa a penosa viagem á Be­
lém para·se inscreverem no recenseamento pres­
cripto pelo edicto de Cezar. Obedientissimo á
v6z do anjo que o mandou fugir com sua fa­
milia para o Egypto, afim de salvar a vida
de Jesus, e voltar do exilio á terra de Israel
depois da morte de Herodes.
Humilde, submisso em tudo á von tade de
Deus, na peregrinação, na pobreza, no traba­
lho e em todas as tribulações da vida, S. Jo­
sé nos dá o exemplo da obediencia, dessa vir­
tude hoje tão rara, e que é entretanto o fun­
damento da ordem e da paz em todas as re
lações da vida.

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14.ª Invocação
Joeé :6.delissimo

A fidelidade com que S. José desempenhou


a sua missão, a constancia e a firmeza que
sempre mostrou no cumprimento de todos os
seus deverc:s, constituem um dos mais bellos
traços do seu caracter.
Como esposo da Sautissima Virgem, foi
um perfeito modelo de fidelidade conj ugal ;
nunca a deixou, viveu sempre a seu lado, con­
sagrando-lhe extremosamente o mais santo e
devotado amor ; ainda que pobre forneceu-lhe
o necessario para o sustento e trato da vida ;
foi sempre o seu consolador e companheiro
nos trabalhos e principalmente nas agruras do
desterro. Como chefe de familia e na intimi­
dade da vida domestica , avaliemos o que foi
o Santo Patriarcha ao lado de Maria sua Es­
posa, por estas palavras de Leão XIII «Eis­
nos em presença da casa <;!e Nazareth, o do­
micilio da santidade divina e terrestre ! Que
perfeição de vida commum ! Que modelo aca­
bado de sociedade domestica ! Ali reina a can­
dura e a simplicidade ; uma perpetua concor­
dia ; uma ordem semprP. perfeita ; um respeito
mutuo e um amor reciproco, não falso e men·
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47

tiroso, mas real e activo que, pela assiduidade


de seus bons officios, arrebata os olhos dos
simples espectadores. Um zelo previdente alí
provê a todas as necessidades da vida, mas
com o suor da fronte, a modo dos que saben­
do contentar-se com pouco, se esforçam menos
em multiplicar seus havert:s do que em dimi­
nuir sua pobreza.
Acima de tudo, o que admira nesse lar
domestico é a paz da alma e a alegria do es­
pírito, duplo thesouro da consciencia de todo
homem de bem ( 1 ) »
Se da fidelidade domestica passamos a con­
siderar a constancia e a firmeza com que S.
José cumpriu a sua missã.o neste mundo, ve­
mos como foi elle tambem fiel a Deus no
cumprimento dos deveres que lhe impunha a
sua dignidade de guarda, defensor e Pae adop­
ti vo de Jesus. Que extremos de amor, de pre­
videncia e de zelo pela sagrada pessoa do Filho
de Deus !
Que diligencia para que nada lhe faltasse,
que vigilancia para livral-o de todos os peri­
gos ! Logo que deu fé do mysterio que en­
volvia o nascimento daquelle Menino pelas
revelações do anjo e recordando-se das anti­
gas prophecias e das palavras de Simeão no
Templo, o Santo Patriarcha nã.o pôde mais
duvidar da sua divindade e certo de que abri-

l Cit. Encyc, culto de S, José,

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gava sob o seu pobre tecto o Redemptor do
mundo, sentiu todo o peso da sua responsa­
bilidade na guarda do precioso thesouro que
lhe fora confiado.
Era a salvação do mundo que ali estava
na santissima pessoa de Jesus, que elle devia
nutrir, amparar e defender ! Entretanto, longe
de se gloriar, concentrou-se ainda mais na sua
humildade, e tudo. fez para corresponder a
vontade de Deus, que o escolhera para tão
alta missão, cumprindo fie lmente os deveres
dessa quasi paternidade sobre o Filho de Deus,
como seu protector e defensor; e quando expi­
rou nos braços de Jesus e de Maria, tinha a
consciencia tranquilla de haver cumprido a sua
missão. Fiel esposo de Maria, fiel depositario
d0 Thesouro da Redempção, sempre fiel a
Deus, tal foi o Santo Patriarcha. Procuremos
todos imitar · a fidelidade de S. José. invocan­
do sempre o seu Patrocinio.

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15.·ª Invocação
José potentissimo

Que diremos agora do seu poder ?


Que contraste entre aquelle que foi na ter­
ra tão pobre, tão humilde, sem valimento al­

gum perante os homens e o que hoje occupa


no céo um throno de gloria ao lado da Rainha
dos anjos !
Ah ! é bem certo que Deus abate os po­
derosos para exaltar os humildes.
«Eis porque S . Bernardo que á Maria San­
tíssima havia dado o titulo glorioso de Omni­
potencia supplicante, não se arreceia de con­
ferir a S. José poderes illimitados sobre os
corações de Jesus e de Maria. São ordens as
suas supplicas, e assim o pede a razão natural
e o confirma a piedade dos luminares da Egre­
ja ( I )» Se, portanto, S. José tem o poder il­
limitado sobre os corações de Jesus e de Ma­
ria, que outro Santo mais poderoso do que
elle ?
A quem havemos de recorrer, depois da
Santissima Virgem, com mais esperança de
ser attendidos,, senão a elle, nas nossas Íle-

(l) D. Duarte Leopoldo, Patroc'inio de S. José.

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50

cessidades, tribulações e angustias ? Todos os


outros titulos com os quaes o invocamos têm
cada um sua razão de ser, seu motivo espe­
cial ; mas este, fundado no seu poder, é o
que nos inspira maior confiança pelo sentimen­
to que temoB da nossa fragilidade, da nossa
miseria, do nosso nada Jeante de Deus. Que
seria de nós se não fôra a intercessão de Ma­
ria Santissima e as supplicas de S. José em
nosso favor ?
Se Maria, por singular privilegio, tem as
chaves do thesouro das graças, é a S. José
seu Esposo que as confia para ahril-o e assim
collaborar com ella na distribuição dos dons
celestes, que por intercessão de ambos nos
são concedidos. Quanta razão não te\'e o sa­
bio Leão XIII quando disse : «Cuidamos que
importa muitissimo que o povo christão, quando
invocar a Virgem Mãe de Deus, se acostume
a invocar tambem a S . José seu castíssimo
Esposo, com especial devoção e confiança, o que
por Cf'rtas razões j ulgamos que ha de ser do
contentamento e agrado da propria Virgem .
. ( 1 )» A união intima, a uniformidade de vistas
que existiu entre elles, o auxilio reciproco que,
com tanto amor e dedicação prestaram um ao
outro na terra, e a suave alegria em que con­
fundiam o seu desvelo pela sagrada pessoa de
Jesus, continuam no céo, e é por io;so que,

(1) Encyc. cit, sobre o culto d� s. José,

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attendidos nas suas supplicas po r Jesus que
nada lhes nega, é do agrado de Maria que
seu castissimo Esposo a auxilie na distribuição
das graças. Invoquemos, pois, a S. José pelo
poder que elle tem ao lado de Maria, e con­
fiados no seu patrocínio, nunca nos deixemos
vencer pelo desanimo, por maiores que sejam
as tribulações e penas que Deus nos enviar.
Se nós as merecemos, a misericordia de Deus
é infinita e po r intercessão de Maria e S. Jo­
sé, solicitada com inteira confian<<::i, tudo al
cançaremos.
16.ª Invocação.
José amavel

De quanto temos dito sobre o Santo Pa­


triarcha, na pobresa de nossa linguagem, que
mal exprime o que sentimos deante dessa phy­
sionomia serena e tranquilla, em que a arte
chistã tem procurado imprimir o traço cara­
cterístico da doçura e da bondade, resulta ao
menos um pallido reflexo das virtudes que fi­
zeram de S. José, depois de Jesus Christo, o
mais amavel dos homens.
Se houve Santos que causaram espanto pelo
heroísmo com que arrostaram o martyrio ; s e
os houve que assombraram o mundo com
a força prodigiosa do seu engenho, e outros
que tambem captivaram os corações pela man­
sidão e pela doçura, S. José foi entre todos o
mais doce, o mais terno, o mais amavel.
A natureza humana é feita de tal modo
que, ainda apta para elevar-se á contemplação
das grandes cousas, dos feitos heroicos, das
acções gloriosas, das fulgurações do genio, se
deixa, entretanto, mais facilmente vencer e le­
var pelo que lhe move o coração, pela sim­
plicidade, pelas impressões af(ectivas, pela at­
tracção elas virtudes occultas, que se fazem
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53

denunciar sem querer, como a violeta pelo


aroma e a aurora pela frescura do ambiente.
E' por isso que S. José, tão grande, tão
elevado, tão subliir..e na sua dignidade, arre­
bata mais o coração pela modestia, pela pure­
za, pela humildade, pela doçura ineffavel do
seu caracter, que o fizeram amabillissimo, tal
como devia ser o virginal Esposo de Maria
Santíssima e Pae adoptivo de Jesus.
E voltamos de novo á Sagrada Familia,
pois não é possivel considerar S. José sem
ser ao lado de Jesus e de Maria como vemos
no Evangelho, porque sua existencia, sua mis­
são, suas virtudes, tudo que lhe diz respeito
está tão intimamente ligado á vida de Jesus
Christo e de sua Mãe Santissima, que não
é possivel tratar delle separadamente.
E se nós o invocamos com o titulo de
josé amavel, não é só considerando as suas
virtudes e qualidades pessoaes, a pureza a su­
avidade, a mansidão e a doçura, mas tambem,
e, principalmente, pelo muito que lhe devemos.
Assim, se Jesus nosso Redemptor, que
nasceu, viveu e morreu por nós, é digno _de
todo o nosso amor e gratidão, se Maria Vir­
gem, sua Mãe Santissima egualmente o me­
rece, como nossa Co-redemptora, S. José que
tambem teve parte no mysterio da Redempção,
como guarda e defensor de Jesus e de Maria,
tambem elle merece o nosso amor e devoção.
Eis flnalmente çomo tuc:lo se resolve pelo

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54

amor : Deus por infinito amor sacrifica por


n6s seu proprio Filho; Jesus por uma sêde
de amor acceita o sacrificio, derrama por nós
todo o seu precioso sangue ; Maria, tres­
passada de dôr, constituida noss:i Mãe ao pé
da Cruz, por amor nos acolhe no seu regaço
como filhos, e a S. José como seu esposo po­
demos dar tambem o titulo de Pae amantís­
simo, ao lado de Maria porque elle tambem
nos ama com amor de pae. Consagremos, pois,
todo o nosso amor a Jesus Chri:;it1>, á Maria
Santissima e ao Patriarcha S. José.

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1'7ª Invocação
José admiravel

Que admiração pode causnr um homem,


cujo nome a historia apenas menciona, e o
proprio Ev:mgelho en\'olve na penumbra, co­
mo para dar maior brilho e realce á figura
de Jesus Christo, que apparece deslumbraute
no limiar dos seculos, para ser a verdadeira
luz do mundo, o Salvador do genero humano ?
José admiravel, porque ?
Entrae n'uma fabrica, n'uma officina ; vêde
o pobre operario envolto na sua blusa de tra­
balho, coberto de turno e p6, a callejar as
mãos no rude instrumento do seu officio ; que
admiração pode incutir esse homem, que nin·
guem conhece ?
Ora se S. José foi tambem um humilde ope­
raria, um modesto carpinteiro, retirado e oc­
culto na sua pequena officina de Nazareth,
onde tudo respirava pobreza, onde não en­
travam os grandes do mundo e sómente os
que precisavam do seu trabalho, que admira­
ção pode inspirar esse homem ?
Deixemos o que se passou na vida intima
de S. José, no segredo do seu coração, quan­
do o anj o do Senhor lhe revelou em sonhos o
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mysterio da incarnação, e acompanhemos a
Sagrada Familia ao Templo de Jerusalem,
onde José e Maria, para cumprir a lei, iam
apresentar o Menino Jesus e offerecer por el­
le o sacrificio.
Ali estava o santo velho Simeão, que to­
mando a Jesus nos braços, arrebatado, exclamou:
« Agora posso morrer, porque já meus o­

lhos viram o Salvador do mGndo, que ha de


surgir ante a face de todos os povos, como a
luz das nações para gloria de Israel ( r) »
Neste ponto diz o Evangelho: « E seu pae
e mãe estavam admirados daquellas cousas
que se diziam do Menino »
Agora começamos a comprehender a cau­
sa da nossa admiração pelo Patriarcha S. José.
Não é mais o pobre artífice de Nazareth
que nos apparece na sua pessoa; é o descen ­
dente d a regia estirpe d e David, é o Esposo
da Rainha dos anjos, é o Pae adoptivo de
Jesus Christo no qual estava com a sua di­
vindade, o Rei immortal, o soberano Senhor
do universo, a Magestade infinita.
Como o proprio S . José admirou-se das
palavras de Simeão sobre o Menino Jesus que,
na opinião dos homens era tido por seu filho,
mas que elle na sua fé e no segredo do seu
coração sabia que era Filho de Deus, nós tam­
bem ficamos arrebatados de admiração pela di-

(1) S. Lucas, li, 29 a 33

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57

gnidade, pela grandeza do Santo Patriarcha


chamado a substituir, a fazer as vezes do E­
terno Pae j unto á humanidade do seu divino
Filho.
Que outro h omem, que outro- Santo foi
jamais investido de tão alto privilegio, de
tão excelsa dignidade perante Deus e os ho­
mens ?
« Depois disto, concluiremos com os votos

do egregio Pr.elado a quem nos temos referi­


do ( 1 ) : só nos resta implorar á Santissima
Virgem que faça raiar em breve o dia para
sempre feliz, em que tenhamos de tributar
ao seu virginal esposo um culto espeC'ial e á
parte, como especiaes e singulares foram os
seus privilegios na ordem da graça e da san·
tidade >
São tambem os nossos votos.

(l) D. Duarte, Patrocinio de S. José.

1
--�-
/.

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18ª. Invocação
José veneravel

Que uma vida illibada, um caracter sem


mancha merece sempre o respeito e a vene­
ração, é um facto que nos mostra o valor e
o prestigio da virtude, principalmente quando
o homem em lucta com a adversidade se con­
serva inquebrantavel na linha do dever.
S. José, decahido por disposição da divina
Providencia, das honras a que tinh� direito
por sua descendencia Real, forçado pela po­
breza ao trabalho quotidiano na mais humil­
de das profissões, conformado com a sua mes­
quinha situação, sem invej ar a sorte dos que
estavam acima delle, sempre honesto, correcto,
puro, immaculado, como já vimos, só por is­
so é digno da maior veneração.
Se agora passarmos a considerar que pa·
ra esposo de Maria Virgem e pae adoptivo
de Jesus, que nos designios do Altissimo devia
nascer . na pobreza e na humildade, foi tambem
escolhido S. José, o mais puro e humilde dos
homens, o justo como lhe chama o Evange­
lho, veremos que novos titulos o recommen­
dam á nossa veneração.
O filial e amoroso respeito que temos pe-
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59

la Santissima Virgem Mãe de Deus e nossa


Mãe tambem, é quasi o mesmo que devemos
tributar ao amavel S. José, seu castissimo es ­
poso, pon-1ue SP. na ordem da graça somos
filhos de Maria, tambem damos a S. José o
titulo de Pae amantíssimo.
Mas o principal titulo que o tornou cre­
dor da especial veneração que lhe devemos,
é o que lhe provem da sua dignidade de Pae
adoptivo de Jesus Christo.
Se, como diz Leão XIII : « em virtude
dessa dignidade augustíssima, o Verbo de
Deus esteve sujeito a José, lhe obedeceu e
prestou toda a honra que nescessariamente de­
vem os filhos a seu pae ( 1 )», como não o ha·
vemos de honrar e venerar, nós pobres crea­
turas que tanto lhe devemos por haver tomado
parte no beneficio da nossa redempção, e que
tanto carecemos do seu patrocínio ?
Recommendan<lo a devoção a S. José, dis­
se ainda o mesmo pontífice : « como é muito
importante que a veneração por elle penetre
inteiramtnte nos costumes e µraticas catholicas,
porisso queremos levar o fervor christão a
este sentimento com preferencia pela nossa
palavra e a1 1ctoridade ( 2 )
Assim, a tantos e tão elevados títulos pe­
los quaes o Santo Patriarcha merece por si

(1) Encyc. cit. sobre o culto de S. José.


(2) Encyc. cit.

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60

mesmo a nossa veneração, vem juntar-se a


vóz auctorizada de Leão XIII, querendo que
essa veneração penetre em nossos costumes e
praticas religiosas, entre outros motivos por
ser ainda S. José o Padroeiro da Egreja Uni­
versal da qual tambem somos filhos. E' pois,
com justa razão que lhe damos o nome de
J'ae amantissimo, devendo portanto, tributar­
lhe toda a honra, todo o respeito e veneração
que os filhos devem ao pae.
Com referencia especial á Maria Santissima,
se as esposas da terra se comprazem com as
honras deferidas a seus consortes, quanto mais
agradavel não ha de ser á Santíssima Virgem
no céo o culto que o povo christão prestar
ao seu castíssimo e dilecto Esposo ? Quando
por outros titulos não fôra, e bastaria um
para honrarmos a S. José o de ser esta ve­
neração do especial agrado a Maria.

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�ffnflnff�ff"fl"ffnfffffl
. . .
.
.

19. ª Invocação
Espelho de paciencia

Virtudes ha tão intimamente ligadas entre


si, que a existir uma todas as outras se lhe
vem juntar, como girando em torno della,
donde lhes veio o nome de virtudes car­
deaes.
Neste· caso estão a caridade, a mansidão,
a humildade, a doçura, a resignação e a pa­
ciencia.
Estas virtudes têm um attractivo singular:
amaveis e communicativas, não só grangeam
o affecto dos corações bem formados, mas até

nos orgulhosos, endurecidos, asperos e violentos.,


produzem uma impressão que lhes desarma
muitas. vezes a "lliruJencia do caracter.
Já vimos como era doce e humiÍ de o Pa­
triarcha S. José, cheio de suavidade r! brandu­
ra ao fado de Maria Virgem, sua esposa, que
elle tanto amava.
Vede-o no meio daquelle borborinho de
forasteiros reunidos em Belem para cumprirem
o edicto de Cezar Augústo ; afflicto, não tan:
to · por . si , mas�pela Santíssima Virgem, no esc
tado n;ielindroso em que ella se achava, bateu
.

a todas as portas, procurando um abrigo -Pª•


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ra aquella noite, e ninguem o recebeu, e todos
o repelliram com desprezo e crueldade.
E elle sem proferir uma queixa, sem per­
der a serenidade de :mimo, sahiu da cidade
com Maria sua Esposa e foi alojar-se no frio
estábulo, onde a Santíssima Virgem deu á luz
o Redemptor do mundo.
Com que paciencia supportou S. José as
tribulações daquella noite, a fadiga da viagem,
o soffrimento de Maria, o desdem com que
foram tratados, a inclemencia de. uma noite de
inverno, a fome e o frio !
Mas uma outra prova1fãO lhe estava ainda
reservada, e essa foi a perseguição de Herodes,
que o forçou a fugir com a Santissima Vir­
gem e o Menino Jesus, p ara o livrar da morte.
Quem nos pudéra contar as penas e tra­
balhos dessa longa peregrinação, as amarguras
do exilio, as privações de Maria, os perigos
que ameaçavam a J est:s ?
E S. José tudo supportou com a mais he­
roica paciencia , resignado sempre com a
vontade de Deus.
Estabelecido em Nazareth e obrigado a
sustentar sua familia com o rude trabalho de
suas mãos, luctando sempre com a pobreza e
o desconforto, elle o descendente dos reis de
Judá, que outro modelo de paciencia e con·
formidade poderiamos encontrar, para cultivar­
mos essas duas virtudes que tanto agradam
a Deus ?
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S. José foi por excellencia o Santo das tri­
bulações. Ninguem, depois de Maria, soffreu
mais do que elle, e comtudo nada lhe pertur­
bou a serenidade de animo e a paz do seu
coração sobre o qual repousou a fronte augus­
ta de Jesus.
Aprendamos, pois, com S. José a inteira
conformidade com a vontade de Deus, a sof­
irer com paciencia as tribulações e adversida­
des da vida.
«Se o Santo Patriarcha, diz Montefeltro
1 ), tinha junto de si Jesus e em Jesus en­
contrava força e conforto, tambem nós o te­
mos junto de nós na Santíssima Eucharistia. »
E para melhor imitar a S. José, procure­
mos estar sempre unidos a Jesus na sagrada
Communhão, e á Virgem sua e nossa Mãe
por um vinculo de amor· e perpetua devoção.

(1) Serro. sobre S. José.

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20. ª lnvoca(}ão
Amante da pobreza

A pobreza cvangelica, a renu1;cia volunta­


ria dos bens temporaes, de que nos deram
tão bello exemplo os primeiros christãos, os
Santos e ainda hoje os verdadeiros discipulos
de Jesus Christo, que tudo abandonam, para
melhor servir a Deus e ao proximo, é uma
virtude heroica que o mundo não sabe com­
prehender nem avaliar.
Procurar e amar a pobreza, quando o pri­
meiro cuidado, o maior empenho do homem tem
sido sempre, não só prover-se do necessario, mas
ainda accumular fortuna, enriquecer, melhorar
sempre de condição, rodear-se de conforto e de '
abundancia, é cousa tão f6ra do commum que
p assa até como loucura aos olhos do mundo.
Cahir tambem por vicif>situdes da vida no
estado de pobreza e com ella conformar-se,
sem procurar sahir desse estado por espirita
de humildade e renuncia dos bens temporaes,
essa conformidade é tamb€ m uma grande vir­
tude, principalmente quando o homem de�a-1
hido de uma alta posição, não se queixa nem
lamenta, 5ubmettendo-se com inteira resigna­
ção aos decretos da Providencia .
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S. José, que provinha da casa Real de
David, onde se havia succedido uma série de
reis poderosos, tendo cabido na obscuridade
e na pobreza, nunca invejou a opulencia dos
seus antepassados, nem procurou elevar-se
acima da condição humilde em que a Provi­
dencia o collocara.
Nada possuia neste mundo e não tinha
outro meio de subsistencia que não fosse o
fructo � seu trabalho, regado com o suor
de sua fronte.
Todavia, no meio de todas as privaçõts.
S. José amava a pobreza, àinda que ella o
fizesse, como sempre acontece-, desprezado dos
homens.
Entrava nos designios da Providencia que
o Filho de Deus apparecesse neste mundo
pobre e humilde para que maior fosse na ho­
ra do triumpho o brilho da sua Magestade e
da sua gloria, e para isso era necessario que
a Virgem Santissima da qual devia nascer, e

}.>sé seu esposo, fossem tambem de humilde


cündição e vivessem na pobreza.
Se por isso eram victimas do desprezo dús
homens, a ponto de serem repellidos com tan­
ta crueldade como foram em Belem, naquella
noite em que devia nascer o Redemptor, fo­
ram entretanto as duas creaturas mais privi­
legi<1das pela Omnipotencia de Deus, que lhes
retribuiu em grandeza e gloria no mais alto grau
as humilhações porque passaram neste mundo.
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66

Meditem, pois, ricos e pobres nesse mo·


delo de virtude que foi S. José, aprendendo
os desherdados da sorte que a pobreza resi­
gnada tem um grande merito aos olhos de
Deus, e os ricos e poderosos que mais vale
accumular thesouros no céo, porque na hora
da justiça, Deus enche os pobres de bens e
aos ricos despoja dos seus haveres. Bema­
venturados os pobres, diz o Evangelho. En­
tretanto a ninguem é vedado possqir bens
temporaes, e a riqueza pode ser até uma fon­
te de merito, quando della desprendido o
coração, os ricos a empregam em soccorro
dos necessitados e allivio dos que padecem,
pois isso está na ordem da Providencia, quan­
do destribue os seus dons.

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21 .ª Invocação
Modelo dos operarios

Como vem a proposito esta invocação a


S. José, nos tempos em que vivemos !
O genio do mal , sagaz e astuto na esco­
lha dos meios de levar avante a sua obra
nefasta de perversão moral e social, veio in­
suflar na grande ma5sa dos operarias, o seu
odio secular contra Jesus Christo e sua Egre­
ja, contra a religião e seus ministros, contra
a ordem e a paz da vida social.
Sendo incalculavel o numero dos desher­
dados da sorte, que devem grangear a sub·
sistencia com o trabalho de suas mãos, com
o suor' de seu rosto, é uma perfidia, uma
perversidade explorar essa dureza de vida, pa­
ra semear a revolta entre as classes operarias
contra a ordem social. E como o fundamento
de toda a ordem está na religião, que aconse­
lha a resignação, a paciencia e a coniormidade
em qualquer situação da vida por mais pe­
nosa que seja, dahi procede a guerra con­
tra essa religião de paz e de amor, unica
que pode manter os homens na linha do de­
ver, pela conformidade com a vontade de
Deus.
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68

Ora, que outro modelo mais perfeito se po­


de offerecer aos operarios, aos que vivem do
trabalho manual, do que o pobre carpinteiro
de Nazareth ? Que exemplo admiravel de con­
formidade no trabalho e na pobreza, deu o
Santo Patriarcha, elle descendente de uma fa­
milia Real, Esposo da mais santa das crea­
turas, Pae adoptivo do Filho de Deus !
« Não é portanto, diz Leão XIII, se bem
se indagar da verdade, não é despresivel a
condição dos pequenos, pois alem de não ser
deshonroso o trabalho do operaria, pode até
enobrecer muito, quanto entrelaçado com a
pratica das virtudes. S. José contente com o
seu e com o pouco, soffreu com resignação e
constancia, as tribulações que ntcessariamen­
te acompanham aquella mesquinha sorte de
vida, nem mais nem menos que á imitação
de Jesus, o qual tomando uma feição <le ser­
vo, sendo Senhor de todos, sujeitou-se volun­
tariamente á maior pobreza e indigencia ( 1 ) » .
Ergam, pois, todos os que trabalham e
soffrem os seu olhares para S. José, meditem
o que foi aquella vida de um humilde artifi­
ce, desprez�do de todos, curtindo com paci­
encia as privações e amarguras da pobreza, e
fechem os ouvidos ás perfidas insinuações e
promessas fallares, com que os vão perturbar
"
nas horas do seu descanço e na paz de sua:o

(1) Ency. cit. cult. de S. José.

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consciencias, os aj?,Ítadores insensatos, os falsos
amigos, que em vez de melhorar, lhes aggra­
vam a situação.
Invoquem o patrocínio de S. José, e a­
prendam com elle que, se devem seus braços
ao trabalho, devem suas almas a Deus, e que
cada gotta do seu suor se ha de tranformar nu­
ma perola celeste .de merecimento e de gloria.
Lembrem-se ainda da caridade e do maternal
carinho com que a Egreja se tem desvelado
nestes ultimos tempos, em melhorar a condi­
ção dos operarios, procurando chamai-os ao
seu gremio, não só aconselhando a resignação e
fundando instituições em seu beneficio, ma&
influindo nas leis do trabalho promulgadas pe­
lo poder civil.
Sigam finalmente os exemplos de S. José,
o modelo dos operarias, exaltado por Deus,
que hoje occupa o primeiro logar entre os
Santos do céo.

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22 .ª Invocação
Gloria da vida domestica

O lar não é sómente o doce abrigo da


familia , o remanso tranquillo onde o homem
encontra, rodeado de carinhos e de affectos,
a paz e o descanço, quando foge por momen·
tos á ruidosa agitação de u.ma vida atribula­
da, ou nelle vem reparar as forças exhauridas
no trabalho. O lar é tambem uma escola de
virtude, onde o pae, o chefe da familia deve
ser o primeiro a dar o exemplo do amor e
do respeito, da caridade e da prudencia, da
pureza dos sentimentos, da integridade dos
costumes, e principalmente da submissão a
Deus.
Se ellP. traz na fronte a corôa da paterni­
dade� que tanto o ennobrece, deve lembrar- se
que essa paternidade é um dom celeste que lhe
foi concedido para ter parte na conservação do
genero humano, augmentar na terra o numero
dos filhos de Deus e povoar de Santos o céo.
A mulher que lhe foi dada por companheira, re­
habilitada pelo christianismo, reassumiu tam­
bem a sua corôa de honra ao lado do espo­
so, como socia e participante da sua nobre
missão, segundo os del!ignios .da Providencia.
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71

Elia é a mãe, e anjo do lar, e s e o che­


fe da familia empunha o sceptro da auctori­
dade, ella reina pelo amor e pela ternura so­
bre o coração do esposo e dos filhos. assim
firmando-se o equilibrio que mantem na socie­
dade domestica a ordem estabelecida por Deus.
Recolhida, virtuosa e casta, auxiliando a seu
esposo, deve a mulher acompanhai-o na pra­
tica da virtude, collaborando com elle na
gr:;inde obra da educação christã de st:us fi.
lhos, da qual depende a felicidade da familia
e a regeneração social, para a gloria de Deus.
Se este é, quanto podemos exprimir e dese­
jar, o ideal da vida domestica, imaginemos
agora qual devia ser a vida intima da Sagra­
da Familia, sob o tecto abençoado d&quella
pequenina casa de Nazareth, onde Jesus Chris­
to o Filho era o centro do amor, o vinculo
santissimo que lig,wa os corações de Maria
sua Mãe e José seu Pae adoptivo, na _mais
santa e perfeita união, santificada pela presen­
ça de Deus e pela pratica de todas as virtu­
des.
Ali, no siiencio e na obscuridade da vida
occulta em que devia permanece.:- o Filho de
Deus, até que chegasse o momento de mani­
festar ao mundo o seu poder e a sua gloria,
S. José foi a sombra que occultou os refle­
xôs da divindade de Jesus, para que maior
fosse o seu brilho quando ella se manifestas­
se aos homens.

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7-1:.

E assim, devendo permanecer sempre ao


lado de Maria sua Esposa e de Jesus seu Fi­
lho adoptivo, para o amparar e defender con­
tra todos os perfgos; ali na santa intimidade
da. .vida domestica, quer nas horas de trabalho
quer nos momentos de descanço, S. José foi
sempre o modelo dos esposos, o modelo dos
pae!\, na prudencia, no respeito, no amor e no
carinho com que dirigia a pequena familia,
na qual se abrigava a grandeza infinita de
Deus, na pessoa do Verbo incarnado.
S. José brilhou tanto aos olhos de Deus e
dos anjos quanto se occultou á vista dos ho­
mens. E' pelas virtudes occultas na penumbra
do seu lar, que elle se tornou a honra e a
gloria da vida domestica.

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23. a ln vocação
Guarda das virgens

A mais bella prerogativa de S. José foi a


sua purt>za angelica.
Escolhido por Deus para ser o guarda e
testemunha da virgindade de Mar ia sua Es­
posa, tambem �lle foi um Esposo virgem.
«E' certo, diz o egregio auctor do Patro­
ânio de S. Jost!, que não se pode medir a
dislancia que medeia entre Maria Santissima
e S. Jósé, como não se pode calcular a que
vai de Maria a Jesus Christo.
Mas é tambem certo, porque o disse o
Espirito Santo, que a mulher virtuosa será a
recompensa do que serve fielmente a Deus,
e o casamento para estas duas creaturas, tão
intimamente ligadas entre si, foi a proclama­
ção da eminente santidade de uma virgem
confiada a um esposo virgem, a consagração
da pureza angelica de um varão, guarda e
esposo de Maria lmmaculada ( r ) » .
Se, para ser Mãe do Verbo lncarn:ido, da
Santidade infinita, foi Maria a mais santa, a
mais pura das creaturas, preservada até, por

(l) D. Duarte Leopoldo, Arceb. de S. Paulo.


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=7 4

um singular privilegio, de toda a mancha da


culpa original desde a sua conceição, e se
por um outro prodigio da Ornnipotencia divi­
na, Ella, concebida sem macula, tambem con­
cebeu e fo\ Máe eonservando a sua virginda­
de santissirna, como não havia de ser puro,
castissirno, virginal tarnbern o Esposo que lhe
foi dado para ser o guarda fiel do ineffavel
mysterio da Incarnação do Verbo ?
O espirito se compraz e o coração se en­
leva meditan do nas angelicas virtudes de S.
José, syrnboliza<las por essa candida flôr, com
que a piedade dos fieis, sanccionada pela Egre­
ja, adornou a imagem do Santo Patriarcha,
confirmando nas almas, por meio <le urna re­
presentação sensivel, os sentimentos do povo
christão quanto á pureza angelica de S. José.
«Se as esposas têm nelle um perfeito mo­
delo de amor e de fidelidade conj ugal, têm
as donzellas um espelho e ainda mais u m tu­
tor da virginal inteireza ( 1) » .
Com toda a razão, pois, a Egreja o invo­
ca corno guarda das virgen5, e protector es­
pecial das donzellas consagradas a Deus, para
que permaneçam fieis á sua vocação.
_C omo é bella a pureza d'alrna, a integri­
dade do corpo, santifica�a aos olhos de Deus
pela renuncia voluntaria dos prazeres e affe­
ctos mundanos !

11) Leão Xlll, cit. Encyc.

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75

Que pode haver mais nobre, mais heroico,


mais admiravel, perante a terra e o céo, do
que o sacrificio da mocidade, das affeições de
familia, e" tantas vezes da nobreza do sangue,
da belleza, do conforto e dos mimos da for­
tuna, nessas legiões de virgens, que se des­
prendem do mundo, para se unirem ao divi­
no Esposo, consagrando a vida inteira ao
allivio dos que soffrem, á caridade e á oração?
E se depois da inspiração divina e d0
chamado da graça, contemplamos o bello es­
pectaculo da perseverança e da firmeza dessas
esposas de Christo, é ao virginal s;. José, o
pr0tector e guarda das virgens, que ellas de­
vem o segredo da sua fidelidade e a pureza
immarcessivel dos seus corações.
Donzellas christãs tomae a S. José por
vosso especial Protector.

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24. ª Invocação
Sustentaculo das fam ilias

Nada mais bello, mais caro, mais doce


para o homem do que a sant a instituição da
familia.
S.::ndo ella o fundamento da humanidade,
não é uma creação humana ; não podia, não
devia ser obra do homem.
« Como a familia natural é o fundamento
da sociedade civ i l , a familia christã é a base
da grande sociedade espiritual que cham:am11s
Egreja.
A fonte da familia natural é a união con-
ugal do homem e da mulher ; mas para que
essa união fosse tambem a fonte da familia
christà, Deus a transportou do mundo da
natureza para o mundo da graç;i, elevando-a
á dignidade de Sacramento.
Sem elle é impossivel associar duas almas,
unir dois corações, para o fim glorioso de dar
filhos á patria e Santos para o céo. ( 1 )»
Sem a religião não se pode, pois, conce­
ber a familia, a santa instituição de origem
divina.

(1) D. Duarte Leopoldo, Past. sobre o casa­


Curityba 190�.
mento civil e religioso.

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77

A raiz dos deveres que determinam as


relações entre o pae, a mãe e os filhos, está
na vontade de Deus, que estabeleceu e aben­
çc>ou desde a creação do mundo a sociedade
do homem e da mulher.
A verdadeira base da familia é, portanto,
a religião.
Entretanto, recusando o testemunho da
historia e da tradição de tantos seculos, ten­
tam hoje os reformadores banir da familia a
religião. I nsensatos ! Formar a familia sem
Deus ! Pretender sem a religião um lar onde
se ame e berços fel izes ! ( 1 )
Não, não é das familias constituídas sem
Deus, que S. José pode ser invocado como
sustentaculo, porque não é tambem a Santa
Familia de Nazareth que ellas procuram imi­
tar, e da qual, por desgraça, viverão sempre
afastadas, emquanto não fôr sanccionada pela
Egreja a sua união.
/.São as familias formadas pelo matrimonio
christão, abençoadas por Deus, que têm S.
José por seu protector, como Chefe da Fami­
lia Sagrada.
Elle foi o modelo dos paes no amor, na
vigilancia, na educação, no bom exemplo, no
sacrificio.
Constituido por Deus na suprema dignida­
de de Esposo de ' Maria Santissima e Pae

(1) Montefeltro, Serm. sobre S. José.

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adoptivo de Jesus, cumpriu para com Elles
todos os deYeres de um verdadeiro chefe de
familia ; foi o seu arrimo, guarda, protecção, e
defeza, e dahi pocede a confiança que as fami­
lias christãs devem ter no seu patrocinio.
Elle bem conhece a responsabilidade dos
encargos que pesam sobre os chefes de fami­
lia, a fraqueza das esposas que precisam de
um braço forte que as deft>nda, os sobresaltos
das mães deante dos perigos que ameaçam
seus filhos, os cuidados da educação, e, mais
que tudo, as amarguras que traz o infortunio.
Que benevolencia, que solicitude, que ca­
ridade, que amor paternal não ha de, pois,
mover-lhe o coração, ouvindo as supplicas
das familias que o invocam nas suas necessi­
dades e tribulações !
Ide, familias christãs, ide a S. José, com
toda a confiança, pois elle está sempre prom­
pto a escutar-vos, e implorae tambem o seu
Patrocinio para que se legitimem tantas uni­
ões até hoje privadas da bemçam de Deus e
da Egreja.


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25.ª Invocação
Allivio dos opprimidos

O orgulho, o egoismo, a ambição de glo­


ria, posição e fortuna, que levam os 'homens
a empenhar-se nessa lucta feróz contra os
seus semelhantes para que elles tenham o pre­
dominio, endurecem os corações e suffocam
os bellos sentimentos de fraternidade christã
quP. os deviam unir, como filhos do mesmo
Pae e membros da mesma Familia .
E' a barbaridade do que hoje se chama
na sciencia moderna - a lucta pela v ida -
na sua expressão dt:shumana de eliminar os
fracos para a victoria dos fortes, como se to­
d0s não podessem gozar egualmente da vida
que Deus lhes concede e conserva nos desi­
g-nios da sua Providencia.
Dahi a oppressão, o desprezo, o abando­
no d0s fracos e humildes, que vão sendo pos­
tos á margem, para dar Jogar ao carro dos
triumphadores, quando não são por elles sa­
crificados.
O mundo é assim feito : orgulho, grandeza
e poder para uns ; humildade, abatimento e
fraqueza para outros ; oppressores aquelles,
opprimidos estes.
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80

Mas tudo acaba, tudo tem fim glorias


ephemeras como a luz do relampago, dores
occultas que pungem e passam ; só permanece,
immutavel, a j ustiça de Deus ; só perdura inex­
haurivel, para conforto dos que padecem, a
sua grande misericordia.
Ora, para estes ultimos, para os oppnm!­
dos deste mundo, ha um exemplo, um mode·
lo que •todos devem seguir e imitar até que
lhes venha o dia do livramento : é o amavel
S. José.
Quem foi na terra mais opprimido do que
elle, sob o pezo do infortunio ?
Decahido da sua posição como descendente
de uma familia Real, ficou reduzido á extre­
ma pobreza, forçado a viver de rude trabalho
donde tirava os meios de subsistencia ; sentiu
com o coração apertado as privações por que
passou Maria Santissima, sua Esposa e o Fi­
lho de Deus confiado á sua guarda ; contem­
plou com profunda magua o d esabrigo e a
indigencia em que nasceu o Redemptor do
mundo ; passou com sua familia por todos os
incommodos e perigos de uma penosa viagem,
para occultar o Menino Jesus á sanha dos
seus perseguidores, e desprezado, abandonado
de todos, nem por um momento deixou de
confiar em Deus, tudo soffrendo com inteira
resignação e paciencia.
Como Jesus Christo devia ser o mais op·
primido dos homens, carregando com todo o
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81

peso das nossas iniquidades, quiz a Providen­


cia que S. José, para maior merecimento, ti­
vesse tambem uma parte antecipada nos in­
diziveis padecimentos que esperavam o Redem­
ptor.
Invoquemos, pois, a S. José, toda a vez
que nos acharmos opprimidos neste mundo,
em q u al q u er s i tuação da vida, pela dureza
dos maus, ou pelo peso das tribulações e an­
gustias.
Elle que tanto soffreu, resignado e humil­
de, tem hoje no céo, ao lado de Maria, o
seu throno de gloria ; imitemo'i o seu exem­
plo nesta vida, esperando que por sua inter­
cessão seremos alliviados na outra.
Elle é o allivio dos opp,'imidos, como a
Egrej a o invoca.

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26.ª Invocação
Consolo dos afflictos

Se não fôra a influencia benefica da reli­


gião, tudo seria egoistno n_eRte mundo, tudo
seria indifferença pelos que soffrem.
O mundo não quer saber de dores e angus­
tias; o espectaculo do homem que padece lhe
faz mal , perturba-o no gozo dos prazeres, e
elle foge temendo o contagio da dor. Quem
ha de consolar os affiictos ?
Será porventura a sciencia?-mas a scien­
cia nunca enxugou uma lagrima ; será talvez
o altruismo, a philantropia, a solidariedade
humana ? Não; tudo isto é frio, gelado : bellas
palavras e mais nada.
Quem consola os afflictos é a caridade,
a compaixão, a misericordia -sentimento chris­
tlk> que o proprio termo define com tanta
exactidão ; sentimento piedoso do coração pe­
la miseria de outrem.
Ora, depois de Deus que é infinitamente
misericordioso, sendo este um dos seus attri­
butos em que mais confia a nossa fragilidade;
depois de Maria Santissima, que é -a mã� de
misericordia, em que outro coração poderemos
encontrar mais ardente a caridade, mais terna
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a compaixão, mais profunda a misericordia ?
No Patriarcha S. José.
As inclinações naturaes, as condições da
vida, a profissão, a r.onvivencia, as relações
sociaes têm uma grande influencia no caracter
dos homens e lhes determinam quasi sempre
as qualidades moraes.
Quando Deus predestinou S. José para espo­
so da Virgem lmmaculada, e para fazer as
vezes de Pae j unto á humanídade de seu di·
vino Filho, esta escolha devia necessariamente
rt:cahir num homem dotado de todas as virtu­
des, eminentemente casto, soberanamente san­
to, cujo coração fosse todo bondade, ternura
e amor.
Mas, para melhor comprehendermos esta
ex-cellencia, esta perfeição, podemos ainda con·
siderar a vida intima de S. José, da qual se­
podem deduzir as qualidades do seu caracter.
O Evangelho apenas nos diz que elle
exercia a modesta profissão de carpinteiro, e
que era um j usto. Tanto basta para sabermos
qual foi na terra a vida de José : trabalho,
pobresa e virtude. Com quem conviveu elle ?
Com a mais santa das creaturas, a Virgem
Maria, e com a santidade infinita na pessoa
de Jesus, que era Deus. Quaes as suas re­
lações sociat"s ? Nenhumas talvez a não ser o
trato com os que precisavam de seu trabalho
e que para isso o buscavam no seu retiro.
Em lucta com a pobreza, abandonado de to-
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dos, sem valimento algum, afflicto com a vi­
agem a Belém, n.o estado em que via a San­
tissima Virgem; afílicto na cidade, sem poder
encontrar um abrigo para a noite, vendo nas­
cer o Redemptor no desconforto de um esta·
bulo ; afflicto na partida para o desterro, affii­
cto co"m a perseguição de Herodes que pro­
curava Jesus, para lhe dar a morte, como n ao
ha de ser tambem S. José o consolador dos
afflictos ?
Que ternura, que compaixão, que mise­
ricordia não lhe ha de mover o coração
bondoso por todos os que padecem afflicções
e angustias ?

Elle que tanto soffreu, que paswu por


tantas tribulações, é sempre ao lado de Maria
o protector dos infelizes, o consolaclor dos
afflictos. Invoquemos, pois, S. José, com toda
-conliança, nos momentos de afflicção.

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27.ª Invoca'ção
Esperan9a dos enfermos

Não é sómente o corpo que está sujeito·


á enfermidade; ha tambem almas enfermas,.
corações alquebrados, dores physicas e dores
moraes. Para umas é muitas vezes impotente ·
a medicina. para outras é inutil recorrer aos
medicos. Assim, exgottados os recursos da
sciencia, quando a molestia se tornou incura­
vel ou quando a enfermidade affecta não o­
corpo mas a alma, que resta ao pobre enfer­
mo ?
Gemer, soffrer no seu leito de dôres, sem
esperança de allivio ?
Sentir para sempre a alma pungida pelo.
remorso, ou o coração dilacerado pelos soffrj.
mentos moraes ? Não ; ha um balsamo sua vis·
simo que allivia todas as dores, que cura
todas as almas, que conforta todos os corações :
é a religião. Só ella tem a virtude maravi­
lhosa de inspirar aos enfermos, nas dores .
physicas, a resignação e a esperança; de incu­
tir nas almas, quando o mal é moral, O ·
arrependimento que salva, e derramar nos.
corações que padecem o precioso calmante da
confiança em Deus.
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86

Dores physicas, tormentos de consciencia,


amarguras do coração, todos os males que
aflligem a humanidade, encontram remedio e
conforto no balsamo da religião. E quaes
são os dispensadores dessa medicina celeste ?
Maria Santissima e S. José. A Virgem, porque,
segundo S. Bernardo, Deus quer que todas
as graças, todos os favores que Elle nos
concede passem pelas mãos de Maria; S. José,
porque, como Esposo da Santissima Virgem,
participante dos seus meritos e da sua alta
dignidade, a.companhando-a sempre nas suppli­
·cas com que intercede por nós, nessa com­
munhão ineffavel de pensamento e de amor
em que viveram na terra e continúa no céo,
S. José tambem participa do privilegio de Maria,
na distribuição dos dons celestes. Como o
antigo José, ministro de Phara6, foi o distri­
buidor dos dons do seu rei aos povos do
Egypto nas calamidades da fome, o nosso do.
qual o primeiro foi a imagem viva (1), é
tambem como auxiliar de Maria, o dispensador
das graças, sob os olhos compassivos da.
Santissma Virgem, que nisso tanto se compraz.
Ella que é a saude dos enfermos, reparte com
-o seu castissimo Esposo a missão caridosa de
velar junto ao leito dos que soffrem, quando
elles a invocam nas convulsões de suas dores,
.para lhes dar allivio e confúrto.

\l) Leã•J I II, Encyc. cit.

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E quando se trata das enfermidades mora­
ei, das consciencias manchadas pelo peccado
ou das angustias do coração, é depois de Maria
ou conjunctamente com ella, que devemos
invocar com toda confiança o Patrocinio de S.
José, como refugio dos enfermos, não só para
as nossas proorias miserias como para a
conversão de nossos irmãos.
Sentindo o coração opprimido de amarguras ,
tribulações e angustias, lembrem-se todos d o Pa­
triarcha S. José, que foi o Santo das tribula­
ções. Elle é o balsamo dulcissimo, o remedio ef­
ficaz para todas as dores, todos os soffrimentos
physicos e moraes, que nos assaltam na vida.
Nunca 1:ie ouviu dizer que tendo alguem
recorrido a S . José, fosse por elle desamparado.

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28.ª Invocação
Ancora de confiança

Afravessando com seus discípulos o mar


de Genezareth, dormia Jesus tranquillamente
na ba rca, quando SP ergueu medonho tempo­
ral, cobrindo as ondas o lenh o fragil ; apavo­
rados, gritam os apostolas : Senhor, salvae- nos
que vamos morrer. Jesus ergue-se, impõe si­
lencio ao mar, cessa o vento, as ondas se
acalmam, e volta o animo aos tripolantcs.
Eis a imagem da vida : tambem nós na­
vegamos nos mares deste mundo e quando
menos esperamos cae sobre nós o vendaval
das tribulações, dores e angustias, a que ficou
sujeita a humanidade depois da queda origi­
nal . M as o christão que tem no divino Mes­
tre o seu Salvador, que invoca nos p er igos a
Estrella do mar, tem ainda em S. José uma
ancora de confiança, quando hatido pelas on­
das da adversidade, Se pela nossa indignida­
de e miseria, buscamos a Jesus por mediação
de Maria , p el a sua intercessão ; se é tão na­
tural pedir a alguem uma graça, um favor
por in ter venção d e pare n tes e amigos, é tam­
bem a S. José que devemos recorrer nas nos­
sas necessidades e tribulações . Pae adoptivo
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lVlorrte de S. José
Jesus, José e maria e)Cpire em pa3 entre
vós a minl)a alma

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que Jesus tanto ama, Esposo amabilissimo de
Maria Virgem, que mereceu a confiança do
Eterno Pae para ser o guarda da sua virgin­
dade e o defensor do seu divino Filho, S. Jo­
sé nos !=leve inspirar por todos os titulos a
maior confiança. Vêde-o na terra ao lado de
Maria, vêde-o com Jesus nos l:-raços, naquella
doce intimidade de familia, cheio de amor e
respeito pela Santissima Virgem e pelo Menino
Jesus, em cuja divindade sempre acreditou ;
vêde-o no céo, com os olhos d'alma, exaltado
no seu throno de gloria, j unto ao de Maria,
a Rainha dos anjos e dos Santos, e dizei se
pode haver maior fundamento para a nossa
esperança no patrocinio de S. José.
Ancora de confiança, ancora de salvamen­
to nas tempestades da v ida para todos que
o invocam, S. José com sua intercessão tudo
alcança, tudo consegue em nosso fav0r, quando
n6s lhe dirigimos com toda confiança nossas
supplicas.
Nem outra foi a razão pela qual Pio IX,
de santa memoria, declarou o Patriarcha S. Jo­
sé Padroeiro da Egreja catholica, dessa fami­
lia universal , esparsa por toda a terra, confian­
do-lhe a protecção e defeza da mesma contra
toda a adversidade. Foi tambem pelos meritos
e grande poder de S. José, que Leão XIII, o re­
commendou á piedade do povo christão, dizen­
do-lhe que depois de invocar a Virgem Mãe
de Deus, invoque tambem a S. José, seu cas-

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90

tissimo Esposo, com especial devoção e confian­


ça. Que falta, portanto, para j ustificar o titulo
de - Ancc>ra de confiança - com que invoca­
mos o Santo Patriarcha ? Confiados nelle e re­
correndo ao seu patrocínio, com espirito rec­
to e coração puro, podemos ter a segurança
de ser preservados de todos os perigos, soc­
cor r i do s em todas as nossas necessidades,
consolados em todas as affiicções e angustias.
Quantos infelizes, entregues ao de5espero,
sem poder encontrar neste mundo um remedio
para seus males, chegam ao mais repugnante
dos crimes attentando contra a propria exis­
tencia ?
Ah ! se elles recorressem a S. José, sen­
tiriam logo acalmar-se a tempestade, e voltar­
lhes aos corações a paz e o conforto que es­
te mundo não pode dar !

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29.ª Invocação

Patrono dos moribundos

Contemplae S. J osé no seu leito de mor­


te, tendo de um lado a Santissima Virgem,
sua terna Esposa e de outro Jesus Christo,
o Filho de Deus, a quem elle fazia as vezes

de Pae.
Vêde aquella physionornia tranquilla e se­
rena, aquelles olhos em que a luz de um su­
ave crepusculo se vae aos poucos extinguindo:
elle os volve ora para Jesus a quem ama com
entranhas de pae, ora para a Esposa lacrimo­
sa, doce companheira de sua vida.
Que dor lhe punge n'aquelle momento o
coração agonizante, lembrando-se das palavras
de Simeão no Templo e das prophecias de
David seu pae! Elle sabia que uma espada de
dor devia trespassar o coração de Maria e
que para consummar-se o mysterio da Redem­
pção, Jesus devia passar por indizíveis tor­
mentos.
Se por um lado ao despedir-se do mundo,
sentia a alma tranquilla por haver cumprido
fielmente a sua missão, protegendo e zelando
a virginal pureza de Maria e amparando a
infancia de Jesus, cuja guarda lhe fôra con-
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92

fiada, supportando com heroica paciencia to­


das as tribulações e angustias ; por outra par­
te, sentia tambem o coração dilacerado, não
s6 pela dor de separar-:::: e de Jesus e de Ma­
ria, a quem estava tão intimamente ligado
naquella comJI1unhão de vida ineffavel que
passaram na te1 ra, unidos pela caridade, pela
graça .e pelo amor, como tambem pelo conhe­
cimento das torturas- e padecimentos, que den­
tro em pouco talvez viriam mergulhar num
oceano de amarguras os corações de Jesus e
da Santíssima Virgem .
Ainda um outro pensamento afllig-ia a S.
José na sua extrema agonia, e, era, que ao per­
der a vista suave, amorosa e dulcíssima de
J esus e de Maria, sua alma desprendida
deste mundo, não poderia logo ver a Deus ;
baixaria ao limbo, para lá esperar que se con­
summasse n beneficio da Redempção, e lhe
fossem abertas as port;is do céo.
E comtudo elle supportou, sempre confor­
mado com a vontade de Deus, o duro golpe,
as penas da sua a go n ia , e exhalou docemen­
te o seu ulti mo suspiro, apoiado nos braços
de Jesus e de Maria.
Assim adormeceu no Senhor o ju sto de
que nos fala o Evangelho.
E agora, devotos de S. José, tereis a mes­
ma. tranquilidade de consciencia que teve o
Santo Patriarcha, no seu derradeiro transe,
contemplando tambem em torno de vosso lei-

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93

to parentes e amigos com quem conviveis e


que tanto amaes ?
Se procurardes viver como elle viveu, con­
formados com a vontade de Deus, conservan­
do sempre a rectidão de espirito e a pureza
de coração ; se invocardes, com toda a con­
fiança, todos os dias e na hora extrema, a S.
José, n Patrono dos moribundos, sim; a vossa
morte será tambem preciosa aos olhos do
Senhor, e em vez do temor, sentireis a paz e
a serenidade em vossas almas, como um balsamo
a suavisar as dores da agonia.
Seja, portanto, S. José o nosso guia neste
mundo·, emquanto peregrinamos no caminho
da vida.
Invoquemos sempre o seu Patrocinio, para
que possamos viver santamente, piedosamente
morrer, assistidos como elle foi de Jesus e
de Maria.

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30ª. Invocação
Terror dos dein.onios

Diz o Genesis que quando Deus pronun­


ciou no paraizo terrestre a sentença dt eter­
na maldição contra a serpente infernal, accres­
centou que poria inimizade perpetua entre
ella e a Mulher, e que esta havia de esmagar­
lhe a cabeça.
Se foi grande a alegria de nossos primei­
ros paes, ouvindo dos labios divinos a promes­
sa de uma Mulher prodigio�, que . devia dar
ao mundo o Salvador, maior foi o espanto e
o terror do demonio, atormentado pela idéa
de se ver derrotado e vencido por uma crea­
tura que elle no seu orgulho j ulgava de na­
tureza inferior á sua.
Essa creatura, essa mulher admiravel que
de via triutnphar do anjo das trevas, conceben­
do e dando á luz o Redemptor, foi Maria
Santíssima, a Virgem Immaculada, Esposa do
humilde e castíssimo · S. José, a quem Deus
confiou na terra a humaqid(\de do seu divino
Filho.
E como pela intima communhão de vida e
de interesses o Santo Patriarcha participava
da excelsa dignidade de Maria, mediante •
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95

vinculo conjugal, e é hoj e no céo quasi tão


poderoso como ella, invocado como Protector
da Santa Egreja e nosso defensor na lucta
contra o poder das trevas, se este estremeceu de
pavor, quando appareceu no mundo a Mulher
forte, que devia esmagar-lhe a cabeça com
seus virgirieos pés, não foi menor o seu ter­
ror vendo ao lado de Maria um homem que
devi� participar dos seus privilegios, dignida­
de e poder na terra e no céo.
O primeiro dos Santos, o modelo de to·
das as virtudes a quem o Verbo de Deus
esteve sujeito e lhe prestou obediencia, S.
José, pelos seus altos meritos e poder suppli­
cante, é o terror dos demonios, como a Egre-
ja o m voca.
Se foi o archanjo S. Miguel o primeiro
que conteve o furor satanico na revolta dos
anjos, esmagando a legião dos rebeldes ; se
foi Maria a Mulher prodigiosa que pisou aos
pés a cabeça da serpente infer1ial , e libertou
o mundo da escravidão do demonio, com o
fructo do seu ventre, Jesus Christo, o Redem­
ptor, S. José como Esposo da Virgem e Pae
adoptivo do Filho àe Deus, tambem teve par­
te na victoria contra o genio do mal.
Mas a lucta não cessa neste mundo : o
odio infernal persegue a Egreja de Deus e
ataca sempn: a pobre humanidade, depois da
queda original.
Se a Egrej a que tem por si a promessa

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divina de nunca prevalecer contra ella o po­
der das trevas, quiz ainda collocar-se de um
modo especial sob: a protecção de S. José,
que faremos nós, em nossa fragilidade; para
resistir na lurta, senão invocar tambem, a
exemplo da Egreja; e com mais · razão, o Pa­
trocínio de S. José, para que nos defenda
contra o i nimigo de nossas almas ?
Invoquemos, ·pois a Maria Santissima e
depois della a S. José, seu virginal Esposo,
quando estivermos arriscados a cahir em qual­
quer tentação, em qualquer cilada que nos
arme o espirito do mal e principalmente na
hora da morte quando maior é o perigo ; in­
voquemos então os dulcíssimos nomes de J e­
sus, Maria, José, senão com os labios, talvez,
inertes, ao menos com o coração e seremos
salvos.

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31.ª Invocação
P rotector da Santa Eg;rej a

A devoção a S. José que os Summos


Pontífices se haviam desvelado em promover
já · nos seculos passados, adquiriu novo brilho
e augmento depois que o Santo Padre Pio
IX proclamou o Santo Patriarcha Padroeiro
da Egreja Universal.
« E' conforme á razão, diz Leão XIII, e

altamente digno de S. José que assim como


elle outrora assistiu á Sagrada Familia de
Nazáreth com todas as cousas necessarias á
vida, assim agora proteja e defenda a Santa
Egreja de Christo, com o seu celestial Patro­
cin10.�
E alludindo ao antigo José, Vice-rei do
Egypto, a quem Phara6 deu o titulo de Sal­
vador do mundo, continúa o mesmo Ponti­
fice:
«Como aquelle antigo Patriarcha, foi ma­
nancial de felicidades e de salvação dos inte­
resses domesticos de seu Senhor, e logo com
pasmo e assombro proveu ao bem publico de
todo o reino ; assim o uosso, destinado para
guarda do nome christão, deve ser havido
por defensor e protector da Egreja, que ver-
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98

dadeiramente é a casa do Senhor e remo


de Deus sohre a terra. ( 1 )»
Eis, portanto, mais um titulo que vem co­
roar todos os outros com que temos invocado
a S. José.
Pio IX, qepois de definir o dogma da Im­
maculada Conceição de Maria, que tanto exal­
tou o amor e a devoção á Santissima Virgem,
não podia deixar no olvido seu castissimo e
virginal Esposo S. José, e para attrahir tam­
bem sobre elle a piedosa attenção do mundo
catholico, o proclamou Padroeiro da Egreja
universal.
Ha uma grande affinidade entre a Sagrada
Familia da qual S. José foi o Chefe, e a gran·
de familia christã, que se chama Egreja.
Se na pequena Familia de Nazareth, Jesus
era o centro do amor e o vinculo da união
entre Maria Santissima sua Mãe e José seu
Pae adoptivo, tambem na familia univer:.al
Jesus Christo é o centro, a cabeça desse cor­
po mystico, que é a sua Egrej a.
A Santissima Virgem, Mãe de Jesus, é
tambem a Mãe dos christãos, que formam a
Egreja .
.:Jesus Christo, diz Pio X , emquanto Dtus­
Homem, tem um corpo como todos os homens ;
como Redemptor da nossa raça, tem um cor­
po espiritual ou como se di?. mystico, que

(l) Ency. sobre o culto de S. José.

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99

não é mais do que a sociedade dos christãos


a Elle unidos pela fé. Se ·no casto seio da
Virgem, Jesus assumiu um corpo espiritual,
formado de todos os que deviam crer n'Elle,
podemos dizer que, tendo Jesus no seio,
Maria ahi trazia tambem todos aquelles cuja
vida se encerrava na vida do Salvador. Todos
nós, pois, que unidos a Christo, somos mem­
bros do seli corpo, como diio: S. Paulo ( r ),
nos devemos chamar originarios do seio de
Maria ( 2).»
Maria é, pois, a Mãe dos christãos, que
formam a familia universal chamada Egreja.
S. José, por sua vez, que foi o chefe da
Familia Sagrada, como Esposo da Virgem e
Pae adoptivo de Jesus, exerce tambem sobre
a Egreja, sobre a multidilo dos fieis, sobre
toda a familia christã, uma auctoridade quast
paternal ( 3).
E' por isso que a Egrej a o invoca como·
seu especial Patrono e defensor, dando-lhe
tambem o titulo de Pae amantissimo. Oremos
todos pela Santa Egreja, invocando sobre
ella e o Summo Pontifice seu chefe visivel, o
Patrocinio de S. José.
Sejamos sempre devotos do glorioso Pa­
triarcha e façamos de nossa parte quanto es-

(1) Aos Ephesios. V. ::10.


(2) Encyc. sobre o Jubil. da lmm. Conceição.
(3) Encyc. sobre o culto de �. José (Leão Xll l . 1

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tiver ao nosso alc�nce para que cada vez


mais se propague o seu culto, segundo as
.intenções e os desejos da Santa Egreja.
Se ella foi sempre espesinhada e perseguida
neste mundo, nos tempos que atravessamos
a lucta recrudesce, sendo· a Egreja atacada
por seus inimigos, não já occultamente, mas
ás claras, na pessoa do seu venerando Chefe,
·O Summo Pontifi c e, dos Bispos e do clero,
victimas por toda parte, não só das mais tor­
pes calumnias, como até da aggressão pessoal,
da expulsão e do exilio.
Imploremos, pois, de S. José que proteja
e defenda a Santa Egreja de Christo, da qual

foi constituido Padroeiro universal, dando


n6s um publico testemunho da nossa fé e uni­
ão cada vez mais firme á cadeira da verdade,
onde tem assento o Pae commum dos fieis,
como Vigario e representante de Jesus Chris­
to sobre a terra.
Seja e.;te um dos melhores fructos da de­
voção a S. José.

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A' vós, ó Bemaventurado S. José, recor­
remos em nossa tribulação, e, depois de ter­
mos implorado o auxilio de vossa Santíssima
Esposa, com confiança solicitamos vosso pa·
trocinio.
Por esse laço sagrado de caridade que vos
uniu á Virgem lmmaculada Mãe de Deus, e·
pelo amor paternal que tivestes para o Me­
nino J tsus, ardentemente vos supplicamos que
lanceis um olhar benigno á herança que Jesus
Christo conquistou com o seu sangue, e nos
soccorrais nas nossas necessidades com o vosso
auxilio e poder.
Protegei, ó guarda previdente da Divina
Familia, protegei a raça eíeita de Jesus Christo;.
afastae para longe de nós, ó Pai A mantis­
sim0, a peste do erro e do vicio ; assisti-nos
do alto do céu, 6 nosso fortíssimo sustenta­
culo, na luta contra o poder das trevas ; e
assim com0 outr'ora salvastes da morte a vida
ameaçada do Menino Jesus, assim tambem de­
fendei ag0ra a Santa Egreja de Deus das ci·
!adas de seus inimigos e de toda a adversidade.

( 1 ) Recommendada pelo Papa Leão Xlll, na sua


Ency. sobre o culto de S . José.

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Amparae a cada um de nós cotn o vosso


constante patrocínio, afim de que, a vosso
exemplo, e sustentados com o vosso auxilio,
possamos virtuosamente viver, piedosamente
morrer e obter no céu a eterna bemaventu­
rança. Amen.
I N DICE
PAGINAS

ilorilegio be 5. José . . 5
1 ." - lnvocação : S. José . . . 1
2.ª - : lllustre bescenbente be Davib 10
3.ª-Cume bos patriarcl)as . . 13
4.ª- é:sposo ba ffiãe be Deus. . 16
5.ª- Guarba b a Virgem pura . . 19
6.ª - Tutor bo S'ill)o be Deus . . 22
7.ª - 3eloso befensor be Cl)risto 25
8.ª - Cl)efe ba 5agraba S'amilia 28
9.ª- José justissimo . 31
1 0.ª- José castissimo . . 34
1 1 .ª - José prubentissimo . 37
1 2.ª - José fortissimo. . . 40
1 3.ª- José obebientissimo . 43
1 4.ª - José fibelissimo . 46
15.ª - José potentissimo . . 49
1 6.8- José amovei. . . . 52
1 1·u_ José abmiravel 55
18.ª - José veneravel . . . 58
1 9.ª- é:spell)o be paciencia. 61
20." - Amante b a pobre3a . . 64
2 1 . " - ffiobelo bos operarios . . 67
22.ª - Gloria ba viba bomestica . 70
23.ª- Guarba bas virgens . . . 73
24.ª - Sustentaculo bas familias. 76
25.ª - Allivio bos opprimibos . 79
26.ª·- Consolo bos afflictos . . 82
27.ª - esperança bos enfermos . 85
28 .ª - Ancora be confiança . . 88
29.8 - Patrono bos moribunbos . 91
30.ª - Terror bos bemonios . . 94
3 1 .ª - Protector ba Santa egreja 97
Oração a 5. José . . . . . 1 00

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