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Guia
Das Equipes De
Nossa Senhora
A Equipe Responsável Internacional não autoriza nenhum
grupo de casais, que não seja admitido no Movimento,
a intitular-se "EQUIPES DE NOSSA SENHORA".
Capa
Ícone da Sagrada Família – pintado em 1983 pela irmã Maria Paula,
do Monastério beneditino do Monte das Oliveiras de Jerusalém,
para as Equipes de Nossa Senhora.
Responsabilidade:
Equipe da Super-Região Brasil
Av. Paulista, 352 • 3o andar • cj 36
cep 01310-905 • São Paulo - SP
Fone: (0xx11) 3256.1212 • Fax: (0xx11) 3257.3599
www.ens.org.br • secretariado@ens.org.br
Edição Atualizada
com a orientação da ERI sobre Zona de Ligação
Ens GENS_capa/miolo_08/2014_NB
Edição e Produção:
Nova Bandeira Produções Editoriais Ltda.
R. Turiaçú, 390 - conj. 115 • São Paulo - SP
Fone: (11) 3473.1282
www.novabandeira.com.br
Projeto Gráfico:
Alessandra Carignani
Índice
I. Introdução
a) O começo .....................................................................07
b) O reconhecimento das Equipes de Nossa Senhora ....08
c) O Padre Caffarel ...........................................................08
d) Os sinais dos tempos ....................................................09
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b) Para se ajudarem mutuamente a
progredir no amor ao próximo................................22
c) As orientações do Movimento
propostas nos Encontros Internacionais ................22
B) Os Pontos Concretos de Esforço ............................22
a) A Escuta da Palavra ...............................................24
b) A Meditação ...........................................................24
c) A Oração Conjugal ...............................................25
d) O “Dever de Sentar-se” .........................................26
e) A Regra de Vida .....................................................26
f) O Retiro Anual ........................................................27
C) Uma vida de equipe .................................................27
a) A reunião de equipe ..............................................28
• A refeição..............................................................29
• A coparticipação...................................................29
• A oração...............................................................29
• A partilha sobre os Pontos Concretos de Esforço ..30
• A troca de ideias sobre o tema de reflexão..........30
b) A vida de equipe fora da reunião mensal .............31
c) A reunião de balanço ............................................31
d) O compromisso ......................................................31
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g) Casos Particulares...................................................38
• O Setor Isolado....................................................38
• A Região Isolada..................................................39
h) As estruturas intermediárias temporárias ..............39
• O Pré-Setor e a Pré-Região ..................................39
• A Coordenação Regional e Inter-Regional ..........39
XI. A missão
A) Missão do Movimento ...............................................46
B) Missão dos equipistas ...............................................46
a) Missão no Movimento .............................................46
b) Missão na Igreja ......................................................47
c) Missão no mundo ....................................................47
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I. INTRODUÇÃO
a) O começo
As Equipes de Nossa Senhora (ENS) nasceram de maneira
muito simples. Em 1938, um jovem padre de Paris, o padre Henri
Caffarel, recebe a visita de uma moça que deseja lhe falar de
sua vida espiritual. Alguns dias depois, ela volta, acompanhada
do marido. A seguir, esse casal apresenta o padre a três outros
casais. Está lançado, dessa maneira, o projeto de se reunirem
para refletir juntos sobre o matrimônio cristão. Foi no dia 25 de
fevereiro de 1939 que esses casais se encontraram com o Pe.
Caffarel. Nesse dia, e dessa maneira, nasce a primeira equipe
do Movimento.
Em 1947, “terminada a guerra, os grupos de casais estão na
ordem do dia e se multiplicam”. O padre Caffarel teme que “os
casais sejam tentados a relaxar, na euforia da paz reencontrada,
e no conforto das velhas amizades confortáveis... Havia uma
crise...
O que seria necessário fazer para que a crise de nossos
grupos pudesse favorecer uma superação? Procurei descobrir
uma explicação para o fato de que a santidade não tenha dei-
xado de florescer e florescer de novo, nas ordens religiosas, no
decorrer dos séculos, apesar das crises exteriores e interiores,
e compreendi que um dos fatores essenciais da solidez e da
vitalidade dessas ordens era a sua Regra.
Por que, perguntei-me então, não propor uma Regra aos
cristãos casados, desejosos de progresso espiritual? Não uma
Regra de monges, mas uma Regra para leigos casados”.
(A missão do Casal Cristão, Henri Caffarel – Roma – 1959)
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A partir da inspiração e da reflexão do Pe. Caffarel com os
primeiros membros dos “Grupos Caffarel”, um método comum,
para os casais desejosos de viver seu amor mais profundamente
enraizado no Cristo, vai se desenvolvendo progressivamente.
Novos Grupos se formam, seu número cresce e uma
organização é criada pouco a pouco. O Pe. Caffarel e os
responsáveis do Movimento elaboram, então, sustentados pela
oração, um documento fundador que é chamado a “Carta das
Equipes de Nossa Senhora” (Estatuto). Ela contém o essencial
da “Regra” do Movimento. Essa Carta é promulgada no dia 08
de dezembro de 1947, na Igreja de Santo Agostinho, em Paris
(Ver Anexo 1).
c) O Padre Caffarel
O reconhecimento oficial da Igreja é, de alguma maneira,
uma consagração da obra considerável do Pe. Caffarel e dos
casais com os quais ele caminhava. Nosso fundador morreu no
dia 18 de setembro de1996, em Troussures, na França, com a
idade de 93 anos.
O Movimento das Equipes de Nossa Senhora deve ao pa-
dre Caffarel o privilégio de ter aprendido, com ele, o sentido
profundo do sacramento do matrimônio, de ter descoberto o
valor e a riqueza das pequenas comunidades cristãs e de lhes
ter mostrado o caminho da contemplação nas suas vidas cheias
de atividade.
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“Uma figura das mais importantes dadas por Deus a sua
Igreja no transcorrer deste século”.
(Cardeal Lustiger 27/09/1996)
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II. A CARTA
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Senhora com a esperança e a vitalidade de um novo sopro”.
Esse documento pretende, também, aprofundar alguns aspectos
do carisma das Equipes de Nossa Senhora que não tinham sido
até então redigidos com a clareza necessária, particularmente
a abnegação inspirada pelo amor, o sentido humano e cristão
da sexualidade e a missão das ENS na Igreja e no mundo como
Movimento de casais.
Pela graça do Espírito Santo e sob sua Inspiração, a renova-
ção do Movimento prossegue. Na prece e na reflexão, os mem-
bros da Equipe Responsável Internacional e os responsáveis das
Super-Regiões decidiram elaborar um guia completo sobre o
Movimento baseado nas riquezas dos documentos anteriores.
Na sua Carta Apostólica “Tertio Millennio Adveniente”, o
Papa João Paulo II lembra que “na história da Igreja, o “velho”
e o “novo” aparecem sempre mesclados. O “novo” cresce do
“velho”; o “velho” encontra no “novo” uma explicitação mais
plena.” (Capítulo 18)
Foi considerando essas palavras do Papa que, na aurora do
terceiro milênio da era cristã, este documento: “O Guia das
Equipes de Nossa Senhora” foi concebido e realizado.
11
III. A RAZÃO DE SER DAS
EQUIPES DE NOSSA SENHORA
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“As Equipes de Nossa Senhora têm por objetivo essencial
ajudar os casais a caminhar para a santidade. Nem mais,
nem menos.”
(Pe. Henri Caffarel)
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IV. O ESPÍRITO DAS
EQUIPES DE NOSSA SENHORA
a) “Vem e segue-me”
Cristo dirige esse apelo a cada batizado, convidando-o a se
abrir sempre mais ao seu amor e a ser testemunha. Esse apelo,
Cristo dirige também ao casal cristão. Os cônjuges são chama-
dos a encontrar Deus no coração de seu amor conjugal. Assim,
o amor humano se torna uma imagem do amor divino.
• A espiritualidade conjugal:
A vida do casal, pelo casamento cristão, é marcada pelo
sacramento, sinal profundo de engajamento recíproco dos
esposos e sinal da Graça de Deus. O amor conjugal e o amor
de Deus se completam. É no cerne da união entre esses dois
amores que nasce a espiritualidade conjugal.
O desejo de conhecer e de fazer a vontade de Deus em todas
as circunstâncias comuns da vida e a busca da sua presença
ajudam a desenvolver e a aprofundar a espiritualidade conjugal.
O amor divino se expressa no amor humano quando a vida
cotidiana é preenchida com a atenção e a solicitude dos espo-
sos, um em relação ao outro, a ajuda e a fidelidade absoluta, a
compreensão e o respeito mútuo, a harmonia de coração e de
espírito. Quando as mais simples tarefas são impregnadas de
amor, o Senhor lá está, no coração do casal; a espiritualidade
é, então, uma realidade vivida.
1 A palavra “carisma” vem do grego “charisma” que significa “dom gratuito” e tem
a mesma raiz que a palavra “charis”, “graça”. A graça é um dom do Espírito. Há
também graças excepcionais chamadas carismas, dons que devem ser utilizados
para o bem comum.
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O casal unido pelo sacramento do matrimônio quer viver
essa espiritualidade ao longo dos dias. Entretanto, às vezes,
pode ser difícil agir segundo as exigências do amor. Comete-
mos erros; somos feridos. Mas é preciso prosseguir e se voltar
sempre um para o outro. E é exatamente nesses momentos que
encontramos Cristo.
“Existe uma espiritualidade conjugal que orienta a vida do
casal. As Equipes de Nossa Senhora oferecem um meio de
consegui-la.”
(A caminho da Espiritualidade Familiar – Pe. Manuel Iceta)
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• O auxílio mútuo conjugal
O casamento é uma aliança que evolui desde os primeiros
instantes do “Sim” até os últimos momentos, quando da volta
para o Pai. Essa caminhada dos esposos no amor poderá ser
vivida por muito tempo, se o auxílio mútuo conjugal for uma
realidade cotidiana. Assim, cada um, no casamento, crescerá, ti-
rando o melhor partido das diferenças e da complementaridade
do casal.
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fé viva, também não pode haver fé viva e ativa sem reflexão,
nem meditação. Na prática, muitos casais cristãos renunciam
aos esforços necessários para estudar e meditar, seja porque
eles não compreendam a importância disso, seja por falta de
tempo, de treino ou de orientação. Como consequência, sua
fé continua imatura e fraca, e seu conhecimento da vontade
de Deus e dos ensinamentos da Igreja permanece superficial
e incompleto.
Os casais de uma equipe tentam, portanto, aprofundar seus
conhecimentos e perseguir esse objetivo com os outros mem-
bros da equipe e a ajuda de um conselheiro espiritual.
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em equipe que vai enriquecer esses últimos anos passados
juntos.
• O testemunho
Nos Atos dos Apóstolos, assim são descritos os primeiros
cristãos:
“ A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma”.
(At 4, 32)
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V. A PROPOSTA DAS
EQUIPES DE NOSSA SENHORA
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Deus em comunhão com os seus pastores.
Em muitas ocasiões eles são estimulados pelo magistério a
defender o ideal do casamento cristão.
“Obrigado, porque não nos deixastes sozinhos a proclamar
a beleza do amor, a grandeza do casal unido e fecundo.
Obrigado a vós todos, da parte de todos os pastores da Igreja.
Vossa tarefa é importante, pois vós sois, em grande parte, a
credibilidade da Igreja”.
(Cardeal Daneels, 40º aniversário da Carta Belga)
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VI. OS MEIOS DAS
EQUIPES DE NOSSA SENHORA
A) As orientações de vida
Crescer no amor de Deus é tarefa para toda a vida. Para
ajudar seus membros nessa tarefa as Equipes de Nossa Senhora
lhes propõem Orientações de Vida:
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• esforçar-se para avançar no conhecimento e na prática
da ascese cristã.2
b) Para se ajudarem mutuamente a progredir no amor ao
próximo:
• viver uma autêntica ajuda mútua conjugal (escuta,
diálogo, partilha) em todos os campos, em particular no
campo espiritual;
• ter a preocupação constante da educação humana e
cristã de seus filhos;
• praticar, amplamente, em casal, o acolhimento e a hos-
pitalidade;
• testemunhar, concretamente, o amor de Cristo, principal-
mente através de um ou vários engajamentos na Igreja
e na comunidade cristã.
c) As orientações do Movimento propostas nos Encontros
Internacionais
Por ocasião dos Encontros Internacionais, o Movimento
propõe orientações que são suas prioridades para os anos se-
guintes. Essas “orientações”, definidas a partir da observação da
realidade e das necessidades dos casais, vão guiar o conjunto
dos equipistas numa direção comum partilhada.
2 Ascese: A palavra ascese vem da palavra grega que significa “se exercitar” – uma palavra
que evoca o exercício que se faz para ter boa saúde. Da mesma maneira, o casal que se
exercita na vida cristã, conjugal e familiar, tem oportunidades de praticar a ascese: “ exercitar-
se, para amar sem egoísmo”. Os Pontos Concretos de Esforço são os meios propostos pelo
Movimento das Equipes de Nossa Senhora, para encorajar e alimentar esse treinamento
para amar sem egoísmo.
“Os atletas se abstêm de tudo; eles, para ganhar uma coroa perecível; e nós, para ganhar-
mos uma coroa imperecível.” (1 Cor 9,25)
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As Equipes de Nossa Senhora deram o nome de Pontos
Concretos de Esforço a esses “pontos de aplicação precisos”.
Os Pontos Concretos de Esforço são uma característica
essencial do Movimento. Correspondem a atitudes interiores
que precisam ser despertadas e assimiladas e que vão conduzir
a uma nova maneira de viver. São uma disciplina que ajuda
os casais das Equipes de Nossa Senhora a pôr o Evangelho em
prática na sua vida quotidiana.
O engajamento nesses seis Pontos Concretos de Esforço vai
transformando, pouco a pouco, os esposos, desenvolvendo
uma vida espiritual conjugal que os aproximará de Deus, de
seu cônjuge e dos outros.
Em plena liberdade “assumimos como obrigação” fazer
esforços sobre pontos concretos.
A decisão de “viver” os Pontos Concretos de Esforço cor-
responde a uma adesão do coração e se concretiza como um
esforço da vontade.
O esforço através de cada ponto concreto tende a tornar os
casais capazes de acolher o Espírito Santo que age interiormente
e os faz crescer.
Os Pontos Concretos de Esforço exigem da parte de cada um
dos esposos, assim como do casal, um engajamento às vezes
difícil de sustentar. Eles não são impostos e cada um se engaja
voluntariamente em praticá-los. Uma pessoa sozinha seria
tentada a abandonar o esforço; é por isso que cada um pede a
ajuda e o encorajamento de seu cônjuge e de sua equipe.
Os Pontos Concretos de Esforço são um convite a:
• escutar assiduamente “a Palavra de Deus”;
• encontrar-se, todos os dias, com o Senhor, numa prece
silenciosa: “a meditação”;
• rezar juntos, marido e mulher, todos os dias: “a oração
conjugal” e, se possível, em família: “a oração familiar”;
• encontrar, a cada mês, um tempo para um verdadeiro
diálogo conjugal: “o dever de sentar-se”;
• assumir esforços pessoais: “a regra de vida”;
• fazer, a cada ano, “um retiro”.
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a) A Escuta da Palavra: “escutar” com assiduidade a Palavra
de Deus
“A Palavra de Deus é viva e eficaz”. (Hb 4, 12)
Deus fala aos homens porque Ele os ama. Quer estabelecer
com eles, com cada um deles, uma relação de amor, uma re-
lação de pessoa a pessoa. Ele fala para se fazer conhecer por
eles, para lhes revelar o seu grande projeto de amor; para lhes
comunicar seus pensamentos, sua vontade em relação a eles;
para lhes propor sua Aliança.
Deus fala pelas Escrituras, pela Criação, pelas suas intervenções na
história humana, pelos profetas e, sobretudo, por seu filho Jesus.
A escuta regular da Palavra permite aos equipistas, não so-
mente conhecer a Deus, mas, acima de tudo, enraizar-se melhor
no Evangelho. Essa escuta faz com que cada pessoa do casal
entre em contato direto com a pessoa do Cristo. Esse contato
pessoal é o pilar de toda a vida espiritual, pois “A ignorância das
Escrituras é a ignorância de Cristo.” (João Paulo II)
A Palavra criadora de Deus é sempre uma fonte indispensá-
vel de motivação e de energia para o nosso crescimento pessoal,
para o nosso crescimento como casal e para a construção de
um mundo melhor.
É por isso que as Equipes de Nossa Senhora convidam cada
um a ouvir, quotidianamente, a palavra de Deus, reservando
um tempo para ler uma passagem da Bíblia, em particular os
Evangelhos, e refletir sobre essa passagem, em silêncio, para
melhor compreender o que Deus fala através das Escrituras.
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coração a coração, um tempo de descoberta e de acolhimento
do projeto que Deus tem para nós.
Não existem regras rígidas para rezar. Cada pessoa decide
o que é apropriado para ela (quando, onde e como). O que
parece mais importante para desenvolver essa profunda união
com Deus é a perseverança e a regularidade.
“As palavras na meditação não são discursos mas gravetos
que alimentam o fogo do amor“.
(Catecismo da Igreja Católica, 2717)
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d) O Dever de Sentar-se: encontrar, a cada mês, um tempo
de verdadeiro diálogo conjugal.
“Sejam submissos uns aos outros no temor de Cristo”. (Ef 5, 21)
O dever de sentar-se ajuda-nos a nos revelarmos, pouco a
pouco, ao nosso cônjuge.
É um tempo que marido e mulher passam juntos, sob o
olhar do Senhor, para dialogar com sinceridade, num ambiente
tranquilo. Esse tempo de manifestação dos sentimentos e dos
pensamentos entre os esposos permite um melhor conhecimen-
to e uma ajuda mútua. Permite fazer um balanço do passado,
analisar a vida conjugal e familiar, fazer projetos para o futuro
e conversar sobre o ideal que escolheram.
O dever de sentar-se evita a rotina da vida conjugal e man-
tém jovem e vivo o amor e o casamento. Seu valor é apreciado
por todos os casais que o praticam. Eles reconhecem nesse
encontro uma oportunidade para se amarem ainda mais.
É sempre bom começar o dever de sentar-se com uma
prece ou um momento de silêncio para que os casais tomem
consciência da presença de Deus. O silêncio aprofunda o olhar
de um sobre o outro, aproxima de Deus e cria uma atmosfera
favorável.
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a pouco, com tenacidade, alguns dos nossos pontos fracos ou
que melhoremos algumas qualidades nossas.
Através da reflexão sobre os aspectos de nossa vida pessoal,
conjugal, familiar e de nossa vida de cristão, buscaremos a
verdade sobre nós mesmos, a fim de reconhecer aquilo que se
opõe à vontade de Deus.
Como se trata de um caminho espiritual, o avanço não é
linear e nós precisamos recomeçar sempre. É necessário revisar
essa regra de tempos em tempos.
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• ajudar-se mutuamente, de maneira eficaz, a caminhar
para o Senhor e a ser um testemunho de seu amor.
Na vida de qualquer comunidade cristã podemos distinguir,
esquematicamente, três aspectos:
• Com Cristo – a equipe se volta para o Pai, para acolher
o seu amor;
• Em Cristo – a equipe partilha esse amor: “Eles eram um
só coração e uma só alma”;
• Impelida pelo Espírito de Cristo, a equipe envia seus
membros ao mundo para revelar esse amor.
Nenhum casal é obrigado a entrar nas Equipes ou nelas
permanecer. Mas pede-se, àqueles que dela fizerem parte, a
lealdade para com os outros membros e a prática da mística e
da pedagogia do Movimento, como também que permaneçam
ativos e fiéis ao Espírito.
a) A reunião de equipe
A reunião de equipe é o ponto mais alto da vida dessa pe-
quena comunidade.
É um momento privilegiado de partilha, num ambiente
de caridade e de amor fraternal. Um amor verdadeiro de um
pelo outro é exigente e não pode ser resultado de uma atitude
passiva. Essa partilha, entre todos, supõe um clima de confiança
mútua e de discrição da parte de cada um dos membros da
equipe.
A equipe reúne-se todos os meses na casa de um dos casais.
É muito importante que todos os membros da equipe estejam
presentes, para favorecer a harmonia e preservar a unidade
da equipe.
A reunião desenrola-se em cinco partes. Um tempo suficiente
deve ser dado para cada uma dessas partes:
• a refeição;
• a oração
• a partilha sobre os Pontos Concretos de Esforço;
• a coparticipação;
• a troca de ideias sobre o Tema de Reflexão.
Essa ordem pode mudar, de acordo com a vontade da equipe.
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• A refeição
“...e, nas casas, partiam o pão, tomando o alimento com
alegria e simplicidade de coração”. (At 2, 46)
A reunião começa geralmente por uma refeição. É impor-
tante que ela seja simples. Cada casal pode levar um prato.
Mas aqueles que não puderem fazer isso, por falta de tempo
ou meios financeiros, devem se sentir à vontade. O essencial é
que todos estejam presentes e participem.
• A coparticipação
“Sobretudo, conservem entre vocês um grande amor, porque
o amor cobre uma multidão de pecados”. (I Pd 4, 8)
É um tempo forte de ajuda mútua. A coparticipação pode
começar durante a refeição. É o momento em que os casais
falam dos acontecimentos importantes que viveram depois da
última reunião. Nesse momento, eles põem em comum suas
preocupações da vida quotidiana, seus engajamentos apostóli-
cos, suas alegrias, suas esperanças e seus cuidados. É da escuta
atenciosa de cada pessoa que pode nascer uma afeição autên-
tica e amorosa entre os membros da equipe. A coparticipação
reflete a vida dos membros da equipe que se reúne.
• A oração
“Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a
necessidade de rezar sempre, sem nunca desistir”. (Lc 18, 1)
“A oração é o diálogo pessoal do indivíduo e da comunidade
com Deus”. (Agenda do Papa João Paulo II para o terceiro
milênio)
A oração é um elemento essencial na vida de cada equipe.
É o centro e o ponto alto da reunião, e pode, às vezes, desde
que tenha sido feita uma solicitação prévia, tomar a forma de
uma celebração eucarística.
O tempo de oração começa pela leitura lenta, em voz alta,
de um texto das Escrituras, seguida por um tempo de silêncio
para acolher interiormente e meditar a palavra do Senhor.
Cada um expressa, em seguida, seu pensamento sobre o texto,
em forma de oração partilhada. É Deus que nos fala pela voz
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de nossos irmãos. O silêncio, após cada meditação, é também
oração. Vivemos então a escuta da Palavra na “ecclesiola”
(pequena Igreja), que é a equipe.
Os equipistas apresentam, então, as suas intenções de ora-
ção, a fim de que todos possam aí se reunir, para render graças
e para pedir luz, força, perdão ou intercessão.
O tempo de oração termina por uma oração litúrgica: um
Pai-Nosso, o Magnificat, um canto, um salmo etc.
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Os temas de reflexão pedem uma atividade não só
intelectual, mas também espiritual – animada pelo Espírito
Santo – no estudo pessoal, na troca de ideias entre o casal,
antes da reunião, e na troca de ideias em equipe. O tema
provoca, na reunião, um confronto de reflexões que deve
ajudar no aprofundamento da fé e que repercute na vida de
cada um. A troca de ideias é uma oportunidade para que
os equipistas possam desenvolver e formar sua consciência
pessoal.
A reunião pode terminar com a oração adotada pelo
Movimento, o Magnificat, que os equipistas se comprometem
a rezar todos os dias, em comunhão com os membros das
Equipes do mundo inteiro.
c) A reunião de balanço
A última reunião do ano equipista é uma reunião de
balanço. Ela proporciona a todos os componentes do grupo a
oportunidade de refletir e dar sua opinião, abertamente e com
espírito cristão, sobre a situação da equipe (sua caminhada,
seus progressos ao longo do ano que termina) e preparar o
ano seguinte.
Não se pode esquecer que o mais importante é buscar a
vontade de Deus para o casal e para a equipe e discernir seu
apelo para viver, mais autenticamente, o amor caridade, que
é a alma de toda a comunidade cristã.
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d) O compromisso (engajamento)
De tempos em tempos, os equipistas são convidados a
renovar o seu compromisso de seguir lealmente o espírito e os
métodos do Movimento. Isso pode ser feito em uma cerimônia
simples, na própria reunião de equipe, ou num evento do setor
ou da região.
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VII. A ORGANIZAÇÃO DAS
EQUIPES DE NOSSA SENHORA
A) O espírito da organização
Uma equipe de Nossa Senhora não pode viver isolada. As
Equipes constituem um Movimento que tem uma organização
destinada a coordenar, animar, ligar, apoiar, servir as equipes
e manter a unidade.
Uma equipe de base funciona, em primeiro lugar, graças ao
engajamento de seus membros e, depois, porque ela é ajudada
e nutrida pelo Movimento com o qual vive em comunhão.
A unidade é formada e mantida pelo desejo de progredir
juntos, na fidelidade ao espírito e aos métodos das Equipes de
Nossa Senhora.
A pertença dos membros, não somente à equipe, mas tam-
bém ao Movimento, expressa-se e concretiza-se pela:
• oração do “Magnificat” todos os dias, em união com os
outros membros das equipes através do mundo;
• leitura das “Cartas Mensais das Equipes de Nossa
Senhora”, publicadas nos diferentes escalões do Movi-
mento;
• participação nas manifestações e celebrações organiza-
das nos setores ou em nível regional, super-regional e
internacional;
• hospitalidade, acolhimento aos outros membros das Equi-
pes de Nossa Senhora quando houver oportunidade;
• aceitação de uma responsabilidade ou participação na
organização e na animação do Movimento;
• contribuição para a vida material do Movimento.
É importante que os membros das Equipes de Nossa Senhora
contribuam com uma quantia anual, de acordo com suas posses,
a fim de que o Movimento possa cumprir sua missão junto aos
casais. É difícil avaliar a quantia a ser dada; entretanto, sugere-se
que, a cada ano, os equipistas contribuam com o equivalente a
um dia de trabalho do casal. A ausência de meios financeiros
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não deve, jamais, ser um impedimento à participação de quem
quer que seja nas atividades do Movimento.
“Eles vendiam suas propriedades e repartiam o dinheiro entre
todos, conforme a necessidade de cada um”. (At 2,45)
B) A Equipe
Uma equipe é constituída de cinco a sete casais assistidos
por um sacerdote conselheiro espiritual.
Os membros das Equipes de Nossa Senhora são cristãos
unidos pelo Sacramento do Matrimônio e casados validamente
aos olhos da Igreja que:
• exprimem sua vontade de pertencer ao Movimento;
• aceitam tomar parte na vida comunitária da equipe e do
Movimento;
• comprometem-se a ser fiéis ao espírito e a pôr em prática
os métodos das Equipes de Nossa Senhora;
• respeitam a liberdade de consciência dos outros equipis-
tas e as suas diferenças humanas e sociais;
• procuram viver na fidelidade ao Papa, seguindo a dou-
trina da Igreja.
As viúvas e os viúvos, quando perdem seus cônjuges, podem
continuar na equipe.
a) O Casal Responsável
Cada equipe elege, a cada ano, um casal responsável. Sua
função consiste em encorajar e reforçar o compromisso dos
membros da equipe em relação a essa pequena comunidade,
para que o auxílio mútuo aí seja efetivo e cada um se sinta
verdadeiramente aceito, reconhecido e amado.
O casal responsável cuida para que todos participem ati-
vamente da reunião mensal da equipe e se preparem para
ela. Ele traz para a sua equipe as informações sobre a vida do
Movimento e encoraja os irmãos a participarem ativamente das
reuniões em todos os níveis da organização.
b) O Sacerdote Conselheiro Espiritual
Cada equipe deve ter a assistência de um sacerdote. Na
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equipe, comunidade de Igreja, ele não é somente um conselheiro
espiritual, mas cumpre a sua função sacerdotal. Ele “torna presente
o Cristo como Cabeça do Corpo”. (Sínodo dos Bispos de 1971).
O sacerdote tem, assim, esse papel, que permite às Equipes
enriquecerem-se com o encontro dos dois sacramentos: o da
ordem e o do matrimônio.
Se uma equipe não puder contar com o auxílio de um sa-
cerdote conselheiro espiritual, cabe aos responsáveis do Setor,
fiéis às linhas mestras do Movimento, fazer com que ela tenha
um “acompanhador espiritual temporário”.
a) O Setor
O setor é uma comunidade de equipes que querem ca-
minhar juntas e se ajudar mutuamente nesse caminho. Elas
formam uma unidade geográfica de cinco a vinte equipes,
aproximadamente, pequena bastante para lhes permitir uma
fácil comunicação entre elas, mas com equipes suficientes para
assegurar a animação.
A responsabilidade do setor é confiada a um casal, por um
convite do Movimento. Esse casal é chamado “Responsável
de Setor” e é ajudado por “uma equipe de setor”. Essa equipe
é constituída por alguns casais e um sacerdote, o Conselheiro
Espiritual do Setor. O tempo de serviço do Casal Responsável de
Setor é de três anos. O Casal Responsável de Setor é chamado
ao serviço pelo Casal Responsável Regional.
As funções da equipe de setor são: a animação espiritual,
a ligação, a formação, a organização de atividades, a difusão
do Movimento.
b) A Região
A região agrupa vários setores quase sempre vizinhos, com
o objetivo da ajuda mútua. É um lugar de comunicação e de
comunhão entre os casais responsáveis de setor, os membros
das equipes de setor e outros casais que assumem um serviço.
Um casal é escolhido como “Casal Responsável de Região” por
35
quatro anos. Com a ajuda de uma equipe e de um Conselheiro
Espiritual de Região, ele responde a um objetivo comum de
animação, de ligação, de formação, de difusão, de reflexão, de
discernimento e de construção da unidade, entre as equipes
da região.
O Casal Responsável Regional é chamado ao serviço pelo
Casal Responsável da Super-Região,ou pela ERI, consultando-se
os Responsáveis de Setor dessa Região.
c) A Super-Região
A Super-Região agrupa as regiões de um país, ou as regiões
de países vizinhos. A experiência mostra que 200 equipes
constituem uma boa base para permitir o funcionamento de
uma super-região.
A responsabilidade é confiada a um casal chamado “Casal
Responsável da Super-Região”. Ele chama outros casais e um
sacerdote para acompanhá-lo na sua função, na reflexão, no dis-
cernimento e na animação das regiões que lhe são confiadas.
Eles constituem, juntos, “a equipe de super-região” num es-
pírito de colegialidade, de corresponsabilidade e de comunhão.
O Casal Responsável de Super-Região exerce seu serviço pelo
espaço de cinco anos.
Sua missão deve ser vivida na fidelidade ao carisma fun-
dador, à vocação e à missão do Movimento. Neste quadro, o
Casal Super-Regional tem a responsabilidade de transmitir às
equipes as grandes orientações do Movimento e de velar pelo
cumprimento de sua pedagogia e de seus métodos. Ele também
é responsável pela unidade e comunhão, e pela formação dos
quadros e dos equipistas da Super-Região.
O Casal Super-Regional é membro do Colégio Internacio-
nal do Movimento. Ele é chamado pela Equipe Responsável
Internacional, consultando-se os responsáveis de Região desta
Super-Região.
Para certas Super-Regiões, nas quais o número de equipes
é muito grande, pode existir uma estrutura intermediária, do
tipo “província”, que reúne algumas regiões. Um casal é então
36
escolhido para ser “Casal Responsável de Província”. Seu tempo
de serviço é de cinco anos.
d) A Zona de Ligação
O conceito de Zona de Ligação foi apresentado no Colé-
gio de Houston (julho de 2001). O mundo inteiro foi dividido
em quatro zonas geográficas: Centro-Europa, Europa-África,
Europa-Ásia, Américas. Trata-se de uma subdivisão que pode
ser modificada ao longo dos anos conforme as necessidades.
Cada Zona de Ligação é composta por um certo número de
Super-Regiões e de Regiões diretamente ligadas à ERI.
O objetivo das zonas é desenvolver uma ligação e uma
coordenação mais próximas, com o sentido da missão, da
unidade e da solidariedade para além das fronteiras nacionais.
A organização em Zonas deve favorecer a Comunicação e a
Ligação entre as Super-Regiões e as Regiões no interior de uma
mesma Zona, mas também entre as Super-Regiões e Regiões
das outras Zonas e a ERI.
A ERI mantém contato com todas as equipes do Movimen-
to graças aos Casais Responsáveis por Zonas, que são seus
membros. Por meio de contatos pessoais nos próprios países
ou então por intermédio dos meios de comunicação (telefone,
internet, e-mail), os casais responsáveis pelas Zonas e os casais
responsáveis por Super-Região e Região podem conhecer as
necessidades, os objetivos, os projetos, as ações, os êxitos e
fracassos de cada Super-Região e de cada Região.
37
O tempo de serviço de cada casal na ERI é geralmente de
seis anos. A Equipe Responsável Internacional assume, em co-
legiado, a responsabilidade geral do Movimento e exerce esse
serviço em união estreita com os casais super-regionais.
Entre seus membros, a ERI convida um casal para ser res-
ponsável. Sua tarefa é a de garantir a animação e a comunhão
no seio da ERI e do Colégio Internacional. Esse casal é o repre-
sentante oficial do Movimento. Seu tempo de responsabilidade
é de seis anos.
É responsabilidade e missão da ERI:
• animar todo o Movimento;
• manter o Movimento ligado à Igreja universal;
• velar pela fidelidade à intuição fundadora do Movimento;
• exercer um discernimento a longo prazo;
• garantir a unidade do Movimento;
• expandir o Movimento; implantá-lo, particularmente, nos
países onde ele ainda não está presente, fora das zonas
de difusão das super-regiões.
f) O Colégio Internacional
O Colégio Internacional é uma instância de reflexão e de
troca de ideias, destinada a favorecer, em nível internacional,
um exercício, em colegiado, de responsabilidade geral do Mo-
vimento. Ele promove também a unidade e a comunhão entre
seus membros. O Colégio Internacional é composto pela ERI e
pelos casais super-regionais.
Periodicamente, os casais responsáveis das regiões isoladas
e das coordenações são convidados a participar da reflexão
do Colégio.
g) Casos particulares
• O Setor Isolado
Recebe o nome de setor isolado aquele que não pode ser
integrado, nem participar da vida de uma região porque está
geograficamente isolado. A responsabilidade se define e exerce
38
da mesma maneira que a de um setor integrado a uma região.
A ligação de um setor isolado é feita por um membro de uma
equipe regional, de uma equipe de coordenação ou da ERI.
O casal responsável desse tipo de setor é nomeado pelo casal
responsável pela ligação.
• A Região Isolada
Assim é chamada uma região que não está integrada a uma
super-região e que possui um número de equipes insuficiente
para se tornar uma super-região.
A responsabilidade de uma região isolada se define e se
exerce da mesma maneira que a de uma região integrada a
uma super-região.
• O Pré-Setor e a Pré-Região
Os casais animadores desses escalões intermediários têm
uma responsabilidade e um tempo de serviço semelhante
àquela do casal regional ou do casal de setor.
39
VIII. OS SERVIÇOS
DO MOVIMENTO
A) A Responsabilidade: um serviço
40
B) A Ligação
Uma equipe não caminha sozinha. A ligação é indispensável
para a construção de um espírito de comunidade e unidade,
para dar o sentido de pertença ao Movimento e da fidelidade aos
seus objetivos e ao carisma fundador. É a ligação que permite a
comunicação das equipes entre si e com o Movimento.
Ela é indispensável em todas as instâncias de responsabilidade
e particularmente importante entre as equipes e o setor,
instância essencial para a vida das equipes.
A forma de ligação será adaptada para responder às
situações particulares. Deve ser pessoal e, sempre que possível,
promover encontros. A ligação deve ser feita num espírito de
oração e amizade.
Os casais ligação se empenham para que os casais das
equipes das quais se ocupam recebam o suporte necessário
para viver sua espiritualidade conjugal, com a ajuda dos meios
propostos pelo Movimento.
41
IX. AS EQUIPES NOVAS
NO MOVIMENTO
A) A expansão do Movimento
As Equipes de Nossa Senhora, como um presente do Espírito
Santo, são confiadas aos bons cuidados de todos os seus mem-
bros. A responsabilidade do seu desenvolvimento, de forma a
permitir que outros casais vivam esse dom de Deus, é de cada
equipista, sem exceção.
Os equipistas querem que outros casais conheçam o Movi-
mento porque estão persuadidos de que ele pode ajudar muitos
casais, nos dias de hoje, a descobrir e seguir o Cristo.
Entretanto, cabe a cada setor a responsabilidade de coorde-
nar e organizar a expansão e as reuniões de informação sobre
as Equipes de Nossa Senhora. A maneira de proceder pode
variar de um setor a outro, em função do contexto local e dos
carismas próprios dos casais encarregados dessa tarefa.
B) A Informação
O trabalho de informação tem como finalidade explicar,
com toda a clareza e objetividade, o que é o Movimento, suas
riquezas e suas exigências.
Trata-se de apresentar as Equipes de Nossa Senhora, seus
objetivos, sua proposta, seus meios e seus métodos, apoiando-
se em documentos do Movimento e também de mostrar o que
elas são hoje e como estão inseridas na Igreja.
Cada setor deve organizar a reunião de informação em
função da realidade local.
C) A Pilotagem
É essencial que se tenha muito cuidado na formação de uma
nova equipe. A equipe de base é a célula mais importante do Movi-
mento. De sua vitalidade depende o Movimento como um todo.
42
Um casal chamado “Casal Piloto” acompanha a nova equipe
durante alguns meses. Ele transmite aos casais o conhecimento,
o espírito e os métodos do Movimento, gradualmente, expli-
cando à nova equipe, em diferentes fases, a sua pedagogia. O
casal piloto utiliza documentos específicos para realizar esse
serviço.
No fim da pilotagem, um fim de semana de formação para
novas equipes ou um retiro pode ser organizado, de tal manei-
ra que os membros possam aprofundar seu conhecimento do
Movimento, encontrar novos casais e melhor engajar-se.
D) As Experiências Comunitárias*
Os equipistas, enriquecidos e sustentados pela vida do Mo-
vimento, são incentivados a se engajar nas necessidades de sua
comunidade paroquial, ao serviço da Igreja.
Diante da urgência da tarefa de evangelização, as ENS to-
maram consciência da necessidade de permitir a outros casais
descobrir a fé cristã e recomeçar uma caminhada de Igreja.
Essa experiência tem dado origem a várias iniciativas que
vêm ajudar os casais que não fazem parte das Equipes de Nossa
Senhora, dando-lhes oportunidade de se reunir em grupo para
se ajudar mutuamente na busca de uma vida engajada.
Durante alguns meses, os casais equipistas partilham com
um grupo de casais sua vivência e seu conhecimento da vida
cristã, da vida conjugal e familiar, como também da vida em
comunidade.
No fim da experiência, as Equipes de Nossa Senhora são
apresentadas ao grupo, como uma opção para aqueles que têm
o desejo de continuar a fazer parte de uma comunidade.
43
X. A VIDA DAS
EQUIPES DE NOSSA SENHORA COMO
MOVIMENTO
B) As Sessões de Formação
As sessões de formação são tempos importantes da vida das
Equipes. Seu objetivo é formar os equipistas ou aprofundar o
conhecimento do espírito e dos métodos do Movimento. Dando
aos equipistas essa oportunidade, para aprofundar a proposta de
vida das Equipes de Nossa Senhora, eles se tornam mais seguros
em seu engajamento. Passam a viver melhor o Movimento e são
mais capazes de desempenhar suas responsabilidades.
Uma sessão de formação é, normalmente, fechada e deve
durar, no mínimo, um fim de semana. Esses dias, impregnados
da atmosfera das equipes, passados com casais provenientes
de equipes diferentes, são um tempo forte de formação, de
amizade e partilha.
O programa consiste numa sucessão de tempos de oração,
44
de conferências e de troca de ideias que vão enriquecer e
melhorar a vida dos participantes.
Uma sessão internacional reúne equipistas de diferentes
países. Esse período de formação é enriquecido pela troca de
ideias entre casais de culturas diferentes, que viveram experi-
ências diversas, vindos dos meios mais variados.
As sessões de férias são uma combinação de sessão de
formação e de férias. Cria uma oportunidade única para toda
a família viver um tempo espiritual partilhado. O programa
inclui atividades para as crianças e tempos de relaxamento
em família.
C) Os Encontros Internacionais
O Movimento organiza encontros internacionais a intervalos
regulares. São tempos fortes de oração, de troca de ideias e
de orientação das Equipes de Nossa Senhora na sua univer-
salidade.
As “orientações” para o conjunto de equipistas são as priori-
dades do Movimento para os anos seguintes, propostas a partir
da observação da realidade e das necessidades dos casais.
Esses eventos são um sinal importante de unidade de espírito
e reúnem milhares de casais do mundo inteiro num ambiente
de alegria e de louvor a Deus.
45
XI. A MISSÃO
A) Missão do Movimento
As Equipes de Nossa Senhora têm uma missão específica
e direta: ajudar os casais a viver plenamente seu sacramento
do matrimônio.
Elas têm, ao mesmo tempo, um objetivo missionário: anun-
ciar ao mundo os valores do casamento cristão, pela palavra e
pelo testemunho de vida. (A Segunda Inspiração – 1988)
a) Missão no Movimento
Os equipistas devem pôr os dons que receberam de Deus a
serviço de sua própria equipe, de seu setor e da sua região:
• participando de um esforço comum para viver plena-
mente a comunidade e aumentar a ajuda mútua;
• dando apoio àqueles que respondem ao chamado para
um serviço e aceitam uma responsabilidade;
46
• colaborando nos empreendimentos que são lançados
em resposta às crescentes aspirações dos casais.
“A ninguém é permitido permanecer inativo”. (João
Paulo II, Christifidelis Laici).
b) Missão na Igreja
As Equipes, como tais, não se engajam numa ação deter-
minada e de conjunto, pois cada casal deve descobrir o apelo
ao qual o Senhor deseja que ele responda.
Mas essa liberdade muito fecunda nos vários engajamentos
não deve fazer com que esqueçamos que o Movimento tem um
carisma que lhe é próprio e que não pode “furtar-se aos seus
semelhantes” e aos apelos específicos dos bispos no campo da
pastoral familiar.
“É importante também que as Equipes:
• abram-se a outros meios sociais e se preocupem com as
necessidades de seu país, de preferência com aquelas que
forem indicadas pela Igreja local”. (A Segunda Inspiração
– 1988).
• respondam ao apelo da Igreja para uma nova evange
lização fundada no amor e na vida de família. “Hoje, a
Igreja tem mais necessidade de leigos casados, com uma
boa formação, em que a fé e a vida se nutrem mutuamen-
te. Os casais cristãos têm também um dever missionário
e um dever de ajuda em relação aos outros casais, aos
quais desejam transmitir sua experiência e manifestar
que Cristo é a fonte de toda a vida conjugal”.
(João Paulo II – 50º aniversário da CARTA)
c) Missão no mundo
Os casais são chamados a ser fermento de renovação, não
somente na Igreja, mas também no mundo e a mostrar, através
de seu testemunho, que:
• o casamento está a serviço do amor;
• o casamento está a serviço da felicidade;
• o casamento está a serviço da santidade.
47
“Muitos lares vos ficarão gratos pela ajuda que assim lhes
haveis de dar. Evidentemente, hoje, a maior parte dos casais
tem necessidade de ser ajudados”. (Paulo VI às ENS – 1976)
48
XII TEXTOS DE REFERÊNCIA
49
Anexo 1
Estatuto das
Equipes de Nossa Senhora
1947 - 1972
50
fé indefectível no poder do auxílio mútuo fraternal, decidiram
unir-se em equipe.
Tais equipes não são abrigos para adultos bem intenciona-
dos, mas sim grupos de voluntários, generosos e ativos.
Ninguém é obrigado a ingressar nas Equipes ou nelas per-
manecer.
Quem delas fizer parte, porém, deve com lealdade fazê-lo
francamente.
Sentido da denominação
A palavra EQUIPE, preferida a qualquer outra, implica a
ideia de um fim preciso, procurado ativamente e em comum.
As equipes colocam-se sob o patrocínio de Nossa Senhora.
Com isto acentuam o desejo de servi-la e afirmam que não há
melhor guia para levar a Deus do que a própria Mãe de Deus.
51
mentos, mas sim encontrá-LO: ao estudo é necessário juntar
a oração. Nas Equipes de Nossa Senhora, como os casais
auxiliam-se mutuamente no estudo, assim também o fazem na
oração. Rezam uns com os outros. Rezam uns pelos outros.
“Em verdade eu vos digo que, se dois entre vós sobre a terra
se unirem para pedir alguma coisa a meu Pai, Ele os atenderá.
Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, eu
estou no meio deles”. (Mt 18, 19-20).
Escudados na promessa do Senhor, os casais das Equipes
esmeram-se em não perder de vista a presença de Cristo entre
eles e praticam a oração em comum com alegria e confiança.
3o. Não seria ilusório pretender ajudar os amigos a levarem
uma vida espiritual, sem auxiliá-los primeiramente a superar as
próprias preocupações e dificuldades? É por isso que os casais
das Equipes de Nossa Senhora praticam entre si o auxílio mútuo,
tanto no plano material como no plano moral, obedientes ao
grande ensinamento de São Paulo:
“Carregai os fardos uns dos outros e desta maneira cumprireis
a lei de Cristo” (Gl 6,2).
Esforçam-se, portanto, em satisfazer a quádrupla exigência
da amizade fraterna: dar, receber (é mais difícil que dar) pedir
(é ainda mais difícil), saber recusar (a simplicidade em saber
pedir não pode existir onde não haja a simplicidade em recusar
o serviço pedido, quando este não puder ser prestado sem uma
dificuldade excessiva).
O auxílio mútuo deveria conseguir esta legítima segurança
que tantos outros esperam do dinheiro.
Testemunho
Ante os primeiros cristãos de quem nos falam os Atos dos
Apóstolos (4,32) que “eram um só coração e uma só alma”,
os pagãos admiravam-se: “vede como eles se amam”. E a
admiração levava à adesão. Teria a caridade fraterna perdido,
no século XX, o poder de irradiação e de sedução que possuía
nos primeiros tempos da Igreja? As Equipes de Nossa Senhora
entendem que, hoje como então, os não-crentes serão ganhos
para Cristo se virem os casais cristãos amarem-se realmente e
52
auxiliarem-se mutuamente na procura de Deus e no serviço
prestado aos seus irmãos. Assim, o amor fraterno, ultrapassando
o auxílio mútuo, torna-se testemunho.
A Equipe
A Equipe compõe-se de 5 a 7 casais. Um deles é responsável
por ela. É importante que este número não seja ultrapassado.
Além deste limite, a intimidade torna-se de realização mais
difícil e perde em qualidade.
A reunião mensal
A amizade resiste mal à separação prolongada. Exige encon-
tros. É por isso que a Equipe reúne-se pelo menos uma vez por
mês. O comparecimento à reunião mensal é obrigatório – Eis
o esquema:
• Refeição em comum – É muito bom começar a reunião mensal
com uma refeição em comum, ora na residência de um, ora
na de outro dos casais da Equipe (na medida do possível, evi-
dentemente). Os homens nada inventaram ainda de melhor
que uma refeição para se reunirem e estreitarem os laços de
amizade: não é, por acaso, aí que se reagrupa a família? Não
é a refeição eucarística que reúne os filhos de Deus? Os Atos
dos Apóstolos relatam-nos que os primeiros cristãos “partiam
juntos o pão em suas casas e tomavam o próprio alimento com
alegria e simplicidade de coração”. (Atos 2,46)
• Oração em comum – A oração em comum é o grande meio
para um encontro em profundidade, para a aquisição de
53
uma alma comum e para se tomar consciência da presença
de Cristo em meio aos seus. Entretanto, ela somente opera
nestes vários sentidos se, suficientemente prolongada, ajudar
a deixar as preocupações e a fazer silêncio. Consagra-se a ela
pelo menos um quarto de hora, antes da troca de ideias.
Logo antes da oração, os casais põem em comum suas
intenções. Para que sejam realmente adotadas por todos, a
sua apresentação deve ser suficientemente circunstanciada
e deve ficar bem evidente que são muito caras ao coração
daqueles que as recomendam.
Evocam-se, em seguida, a fim de serem também adotadas
na oração, as intenções atuais da grande família católica (por
exemplo: cristãos perseguidos, missões em dificuldade, deter-
minado esforço de apostolado, as vocações sacerdotais etc).
Para que esta oração em comum dilate os corações e os
faça pulsar segundo o ritmo da Igreja, comportará salmos,
orações e hinos do breviário e do missal, que serão propostos
às Equipes na Carta Mensal.
Outra parte da oração consistirá em cada um comunicar
aos outros, em voz alta, as reflexões e sentimentos que lhes
forem sugeridos pelo texto da Escritura indicado no Estatuto
das ENS. Dever-se-á também prever um tempo de silêncio
a fim de se permitir que cada um tenha um contato mais
íntimo e mais pessoal com Deus.
1 Estatuto
54
os próprios problemas da vida conjugal. Feita esta ressalva,
insere-se na linha da verdadeira caridade evangélica a prática
deste pôr em comum como também a de buscar com toda a
simplicidade o auxílio mútuo fraternal. Quantos casais seriam
salvos da mediocridade, até mesmo da falência, no dia em
que não se sentissem sozinhos para enfrentar a luta.
• Troca de ideias – As conversas que não se realizam na
presença de Deus arriscam-se a cair no diletantismo: o in-
telecto brinca com as ideias, o coração recusa sua atenção
às verdades que exigem uma transformação. Nas Equipes
é preciso esforçar-se para que haja absoluta lealdade; toda
verdade melhor conhecida deve inserir-se na vida.
As trocas de pontos de vista somente são fecundas na medida
em que são preparadas. Por isso os cônjuges devem estudar
juntos o tema de estudo e enviar por escrito suas reflexões
ao casal designado para dirigir a próxima troca de ideias,
alguns dias antes da reunião. Esta obrigação de um tempo
de reflexão em comum cada mês, que lhes é proposta,
revelou-se de grande proveito para todos.
O auxílio mútuo no plano do estudo exige que a troca de
ideias seja preparada por todos; é ainda mais necessário
neste plano que no material, onde, entretanto, cada um
teria escrúpulo em receber dos outros, sem nada lhes dar.
Os assuntos das trocas de ideias não são deixados à livre
escolha das Equipes; são dados pela Equipe Responsável,
não em nome de um autoritarismo arbitrário, mas com o
fim de auxiliar os casais a adquirir uma visão tão completa
quanto possível do pensamento cristão e a iniciar-se em uma
autêntica espiritualidade conjugal e familiar.
Os três primeiros anos são consagrados aos temas funda-
mentais, referentes ao amor, ao casamento, à espiritualidade
conjugal.
Depois destes três anos, as Equipes podem escolher entre
várias séries de assuntos para os quais lhes são fornecidos,
como para os três primeiros, planos de trabalho, questioná-
rios, referências.
55
É recomendável que se organizem encontros suplementa-
res, seja para novas trocas de ideias, seja simplesmente para
alimentar a amizade.
56
h) Dar cada ano, a título de contribuição, o produto de um
dia de trabalho para assegurar a vida material e a expansão
do Movimento ao qual devem, de certo modo, o próprio
enriquecimento espiritual.
i) Entrar em contato e acolher com o coração fraterno,
quando se lhes oferecer oportunidade, os casais de outras
equipes.
Depois de maio de 1970 é igualmente pedido a cada mem-
bro das ENS:
• consagrar 10 minutos, cada dia, à meditação;
• proceder assiduamente à leitura da Palavra de Deus,
cada qual tendo a liberdade de escolher a maneira de
fazê-lo durante o mês;
• estudar o que é a ascese cristã e esforçar-se por integrá-la
na própria vida de cristão casado. (cf. ”As ENS em face
do ateísmo”).
57
quantos agrupamentos periclitam, abafados pouco a pouco sob
o peso dos membros inertes que não foram eliminados a tempo.
Quando o Casal Responsável é forçado a eliminar um casal
que não cumpre com os compromissos das Equipes, deve fazê-lo
compreender que, se o interesse geral requer o seu afastamento,
a estima que se tem para com ele não se modificou. Esforçar-
se-á para que os contatos e os laços de amizade continuem
estreitos.
O Casal Responsável é designado pelos casais da Equipe
por ocasião de sua fundação, e, em seguida, no final de cada
ano equipista. Aquele que exerceu esta função durante o ano
pode ser novamente designado. A Equipe Responsável tem o
direito de veto sobre esta designação.
O Casal Responsável da Equipe somente desempenhará
bem a sua missão se recorrer à oração. Por isso os dois cônju-
ges assumem o compromisso, salvo impedimento sério, de ir
à missa uma vez no decorrer da semana e fazer 10 minutos de
meditação diária.
58
Após um ano, pelo menos, os casais da equipe nova são
convidados a se compromissarem. Em seguida, na presença
de um casal representando a Equipe Responsável, assumirão
o compromisso de observar lealmente a Carta das Equipes de
Nossa Senhora, no seu espírito e na sua letra.
A Carta Mensal
Entre a Equipe Responsável e as equipes, por mais afastadas
que se encontrem, um contato estreito é muito necessário. Nem
é menos importante que haja entre as próprias equipes um laço
fraternal, feito de conhecimento mútuo, colaboração, oração.
A Carta Mensal, endereçada a cada casal, estabelece e
mantém esta dupla ligação vertical e horizontal. Encontram-
se nela as notícias das equipes, o relato das experiências mais
interessantes, o editorial a que já nos referimos, os textos de
oração para a reunião mensal, informações etc...
59
Cada Equipe é confiada a um Casal Ligação (cada casal
ligação ocupa-se de 3 a 5 equipes). Por outro lado, as equipes
são reagrupadas em Setores e os setores em Regiões: Casal
Responsável de Setor e Casal Regional têm a responsabilidade
do bom andamento das equipes que lhe são confiadas.
O contato frequente destes diferentes quadros com a Equipe
Responsável ajuda-os a transmitir seus impulsos e a manter-se a
par das aspirações e necessidades das equipes de base. Graças
a eles as relações entre as equipes e a Equipe Responsável, em
lugar de serem puramente administrativas, têm uma nota de
cordialidade fraternal.
60
Anexo 2
61
Como bispo do lugar onde o Movimento foi fundado, e de-
pois de ter estudado os estatutos que me foram enviados para
apreciação, tenho o prazer de declarar ao Centro Diretor do
Movimento que eu os aprovo. Eles são o fruto de uma longa
experiência que mostrou quanto um quadro administrativo, ao
mesmo tempo firme e flexível, favorece o progresso da caridade
e a irradiação dos casais.
Que todos permaneçam fiéis à inspiração original e àquilo
que caracteriza as Equipes de Nossa Senhora, Movimento es-
piritual, supranacional e de enquadramento leigo.
62
Para que esse Movimento supranacional não seja um engodo
e se mantenha no nível da caridade de Cristo, é preciso que ele
tenha, ao mesmo tempo, uma direção forte e um leal espírito
de disciplina da parte dos quadros e dos membros das equipes,
senão o Movimento não terá forças para resistir à tentação
que ameaça todo agrupamento espiritual, de se inclinar para
objetivos de ação. Ceder a essa tentação seria, para as Equipes
de Nossa Senhora, renegar sua razão de ser.
63
Anexo 3
64
• e porque depositam uma fé indefectível no poder do
auxílio mútuo fraternal,
• decidiram unir-se em equipe.
65
o Pontifício Conselho para os Leigos reconhece as Equipes de
Nossa Senhora como associação de fiéis de direito privado,
conforme normas dos cânones 298-311 e 321-329, e aprova os
seus estatutos ad experimentum por um período de cinco anos.
Possa este reconhecimento oficial reforçar ainda mais o
vínculo de fidelidade à Igreja e ao seu magistério, que, desde a
sua origem, tem caracterizado o Movimento. Que Maria, Mãe
de Deus e Mãe de todo casal cristão, continue a conduzir as
Equipes de Nossa Senhora no caminho da santidade que só
Cristo pode dar. Com ela, demos graças a Deus:
“A minha alma engrandece o Senhor, exulta meu espírito
em Deus meu salvador, porque olhou para a humildade de
sua serva”.
Dado no Vaticano, em 19 de abril de 1992, na festa da Res-
surreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
DECRETO DEFINITIVO
DE RECONHECIMENTO DAS ENS
PONTIFICIUM CONSILIUM PRO LAICIS
1652/02/AIC-18
Vaticano, 26 de agosto de 2002
Prezada Senhora, Prezado Senhor,
Tenho o prazer de lhes encaminhar, em anexo, o decre-
to do Pontifício Conselho para os Leigos, datado de 26 de
julho de 2002, confirmando o reconhecimento das Equipes
de Nossa Senhora como associação privada internacional
de fiéis, de direito pontifício, e aprovando definitivamente
os Estatutos da Associação.
66
Temos a certeza de que esta nova aprovação recebida
pelas Equipes de Nossa Senhora representará para todas as
pessoas que delas fazem parte um novo impulso em seu ca-
minhar rumo à santidade, assim como um grande estímulo
para desenvolver a ação do Movimento em profundidade
e em extensão ao serviço dos casais cristãos.
Com minhas cordiais saudações
Stanislaw Rylko
Secretário
Anexos.
67
De acordo com os Estatutos, como “movimento de formação
e de reabastecimento espiritual, as Equipes de Nossa Senhora
ajudam os seus membros a progredir no amor de Deus e no
amor ao próximo; elas lançam mão do auxílio fraterno para
que os seus membros possam assumir pessoalmente e em
casal as condições concretas de sua vida conjugal, familiar,
profissional e social conforme a vontade de Deus; ela os incita
a tomar consciência de sua missão evangelizadora na Igreja
e no mundo pelo testemunho de seu amor conjugal e pelas
outras formas de ação que escolheram” (Estatutos, art. 3°).
Acentuando o sentido e o valor da comunhão conjugal,
o Papa João Paulo II pôde dizer, durante o Ano Jubilar de
2000, que “com efeito, no sacramento do matrimônio os
esposos (...) se esforçam por exprimir um ao outro e dar
testemunho ao mundo do amor forte e indissolúvel pelo qual
o Cristo ama a Igreja. É esse o ‘grande mistério’, como o
nomeia o apóstolo Paulo (cf. Ef 5,32) (João Paulo II, Homilia
do Jubileu das Famílias,15 de outubro de 2000, 4).
Tanto o Concílio Ecumênico Vaticano II como o magisté-
rio pós-conciliar prestaram uma especial atenção às formas
associativas de participação na vida da Igreja, manifestando
a seu respeito a mais profunda estima e consideração (cf.
Decreto sobre o Apostolado dos Leigos Apostolicam Actu-
ositatem, 16, 19 e 21; João Paulo II, Exortação apostólica
pós-sinodal Christifideles Laici, 29).
Nessa mesma linha, no limiar do terceiro milênio, o Papa
João Paulo II escreve que “o dever de promover os dife-
rentes tipos de associação reveste uma grande importância
para a comunhão e, quer sejam as formas mais tradicionais
quer aquelas mais recentes introduzidas pelos movimentos
eclesiais, elas continuam a dar à Igreja uma vivacidade que
é um dom de Deus e constitui uma autêntica “primavera do
Espírito” (Carta apostólica Novo Millenio Ineunte, 46).
68
PONTIFICIUM CONSILIUM PRO LAICIS
Por conseguinte:
Considerando que o Pontifício Conselho para os Leigos,
por meio do decreto de 19 de abril de 1992, reconheceu
as Equipes de Nossa Senhora como uma associação privada
internacional de direito pontifício, dotada de personalidade
jurídica, e aprovou os seus Estatutos ad experimentum;
Respondendo ao pedido apresentado ao Dicastério, na
data de 11 de março de 2002, por Gérard e Marie Christine
de Roberty, Responsáveis pela equipe internacional das
Equipes de Nossa Senhora, solicitando a aprovação definitiva
dos Estatutos;
Aceitando, ao mesmo tempo, as modificações efetuadas
no texto dos Estatutos;
Considerando a irradiação apostólica do Movimento e o
aprofundamento da formação dos membros das Equipes de
Nossa Senhora agindo a serviço da família e da sociedade
durante todos os últimos anos, e ajudando os casais a viver
de forma cristã a sua vida matrimonial e a descobrir e realizar
em sua vida matrimonial e a descobrir e realizar em sua vida
quotidiana o projeto de Deus a seu respeito;
Tendo em vista os artigos 131-134 da Constituição Apos-
tólica Pastor Bonus sobre a Cúria Romana, assim como o
canon 312, #1, 1° do Código de Direito Canônico, o Ponti-
fício Conselho para os Leigos decreta:
1o A confirmação do reconhecimento do Movimento das
Equipes de Nossa Senhora como associação privada
internacional de fiéis, dotada de personalidade jurídica,
conforme os canons 298-311 e 321-329 do Código de
Direito Canônico.
2o A aprovação definitiva dos Estatutos das Equipes de Nossa
Senhora, cuja via original encontra-se depositada nos
arquivos do Pontifício Conselho para os Leigos.
69
Concedido no Vaticano, no dia vinte e seis de julho de
dois mil e dois, na memória litúrgica de São Joaquim e
Sant’Ana, pais da Bem-aventurada Virgem Maria.
70
Anexo 4
O QUE É UMA
EQUIPE DE NOSSA SENHORA?
O significado de um documento
Caros amigos,
Nas páginas que seguem, vocês encontrarão um docu-
mento importante intitulado “O QUE É UMA EQUIPE DE
NOSSA SENHORA?”. Algumas palavras de introdução pa-
recem indispensáveis para bem compreendê-lo.
Foi ele esboçado há alguns anos pela Equipe Responsável
pelo Movimento. Sua redação foi lenta, porquanto apoiou-se
numa vasta consulta aos quadros das Equipes de Nossa Senho-
ra: o Conselho Internacional, os Super-Regionais e os Regionais
de todos os países. Levando em conta todos os pareceres apre-
sentados, na medida de sua concordância, é que o texto ficou
definitivamente assentado.
Qual a finalidade desse texto? Dar uma base comum às
equipes dispersas por todo o mundo. Com efeito, o Movi-
mento acha-se implantado em cerca de trinta países. De
alguns anos para cá, uma notável descentralização vem sen-
do realizada a fim de permitir às Equipes de Nossa Senhora
melhor corresponderem às necessidades dos casais, nos
diversos lugares em que se acham implantadas. Para evitar
que essa descentralização prejudique a unidade, que é uma
graça e uma força de nosso Movimento, era preciso um do-
cumento simples e breve ao qual todas as equipes pudessem
recorrer. Seria possível conservar assim este espírito comum
que permite a realização espontânea da comunhão fraterna
que vivemos em Roma em setembro de1976 – e que tanto
conforto trouxe a casais que vinham de longe.
Mas poderiam vocês objetar: a Carta das Equipes de
Nossa Senhora (Estatutos) não era suficiente para que se
71
atingisse tal objetivo? Digamos claramente e em primeiro
lugar que ela permanece como referência fundamental do
Movimento. Cabe reparar também que é mais completa do
que o documento que publicamos. Entretanto, tem trinta
anos de existência; foi escrita em outro contexto. De então
para cá, o Movimento viveu, cresceu, amadureceu e, embora
permanecendo fundamentalmente o mesmo, sofreu altera-
ções – como um adulto sofre mudanças em relação à criança
que era – e isto num mundo que, também ele, mudou. É o
que o presente documento quis levar em conta, realizando
simultaneamente uma atualização e uma simplificação.
Uma atualização: ele engloba, com efeito, as riquezas
adquiridas pela vida e a reflexão do Movimento ao longo dos
anos, no seio de uma Igreja que viveu o Concílio Vaticano
II. Coloca-se principalmente em função desta realidade fun-
damental que é a comunidade cristã, cuja vida é o amor – e
que se explica, com matrizes diferentes, tanto ao casal como
à equipe. Esforçando-se por viver como células da grande
Igreja, habitados e animados pelo Espírito de Cristo, nossas
pequenas comunidades – o casal e a equipe – atingirão toda
sua vitalidade cristã e todo o seu dinamismo apostólico.
Uma simplificação: para atingir este objetivo, ou, pelo
menos, dele se aproximar, os casais e as equipes são bene-
ficiados por meios postos à sua disposição pelo Movimento.
Era preciso ainda simplificar e hierarquizar. Por isso, o
documento faz uma distinção cuidadosa:
1o Orientações de vida, comuns a todos os cristãos e cen-
tradas no mandamento – bipolar – do amor a Deus e do
amor ao próximo.
2o Meios espirituais concretos preconizados pelo Movimento
(em números de seis) e que são objeto da partilha na
reunião.
3o As regras normais de uma vida em grupo e que o respon-
sável tem encargos de lembrar.
Era importante assinalar também que, tanto os casais
72
como as equipes, fazem parte de um Movimento, de cuja
vida, responsabilidade e missão todos participam.
Tal como é apresentado, este documento não se destina
a ser difundido fora das equipes. É para nós um documento
de reflexão, um instrumento posto à nossa disposição para
o crescimento das nossas comunidades – casais, equipes e
Movimento – a serviço da Igreja e do mundo de hoje.
A Equipe Responsável Internacional
2. Um perfil
Uma Equipe de Nossa Senhora é uma comunidade cristã
de casais.
Uma comunidade
Formada por 5 a 7 casais assistidos por um sacerdote, uma
Equipe de Nossa Senhora se constitui livremente. Ninguém
entra numa equipe sob pressão, nem aí permanece forçado.
Cada um nela se conserva ativo e fiel ao Espírito.
Os seus membros, para levar a bom êxito o seu propósito
comum, aceitam viver lealmente a vida comunitária.
73
Esta vida comunitária tem as suas leis, as suas exigências
próprias, que se concretizam na escolha de certo número
de objetivos comuns e de meios bem determinados para
progredir no sentido desses mesmos objetivos (cf. 3ª par-
te). Cada um faz suas as opções da comunidade enquanto
participar das suas atividades.
A equipe, por sua vez, é membro de uma comunidade
mais ampla, o Movimento Supranacional das Equipes de
Nossa Senhora, cuja vida ela aceita partilhar plenamente.
74
Uma comunidade de casais
O casal cristão é ele mesmo uma “comunidade cristã”, mas
de uma originalidade muito especial.
Por um lado, esta comunidade baseia-se efetivamente
numa realidade humana: o dom livre, total, definitivo e fe-
cundo no amor que um homem e uma mulher fazem um ao
outro, através do matrimônio. Por outro lado, esta realidade
humana torna-se, em Cristo, um sacramento, quer dizer, um
sinal pelo qual se manifesta o amor de Deus pela humanidade,
o amor de Cristo pela Igreja, e torna os esposos participantes
desse amor.
Por isso, Cristo está presente de uma maneira privilegiada
na comunidade conjugal: o seu amor pelo Pai e pelos homens
vem transfigurar nas suas raízes o amor humano. É por esse
motivo que tal amor humano, vivido cristãmente, é já por si
mesmo um testemunho de Deus, e é da sua plenitude que
deriva a ação apostólica do casal.
A ajuda mútua no seio de uma Equipe de Nossa Senhora
toma, portanto, um aspecto muito particular: os casais vão
ajudar-se entre si a construir-se em Cristo – a construção de
um casal é uma obra permanente – e a pôr o seu amor a
serviço do Reino.
A Equipe de Nossa Senhora coloca-se sob a proteção da
Virgem Maria. Os seus membros sublinham dessa forma a sua
convicção de que não há melhor guia para ir a Deus do que
aquela “que ocupa o primeiro lugar entre os humildes e pobres do
Senhor que confiantemente esperam e recebem dele a salvação”
(Lumen Gentium, 55).
3. Um caminho
Para qualquer cristão, só existe um caminho, Jesus Cristo,
Palavra de Deus que se fez Homem: “Felizes os que escutam
a Palavra de Deus e a põem em prática”. (Lc 11,28)
As Equipes de Nossa Senhora não impõem aos seus
membros uma espiritualidade determinada: querem sim-
plesmente ajudá-los a trilhar como casal o caminho traçado
75
por Cristo. Propõe-lhes para isso:
• orientações de vida,
• pontos concretos de esforço,
• uma vida de equipe.
Orientações de vida
A grande orientação é a do amor que Cristo nos veio
trazer: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração,
com toda a tua alma, com todo o teu espírito, com todas as
tuas forças... Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. (Mc
12,30-31)
Crescer nesse amor é tarefa para toda a vida, e as Equipes
de Nossa Senhora propõem a seus membros ajudá-los nessa
tarefa. Pedem-lhes:
- para se ajudarem entre si a progredir no amor de Deus:
• que deem na sua vida um lugar importante à oração;
• que frequentem regularmente a Palavra de Deus e se
esforcem por vivê-la sempre melhor;
• que se aprofundem constantemente no conhecimento da fé;
• que se aproximem frequentemente dos sacramentos,
particularmente da Eucaristia;
• que se esforcem por aperfeiçoar-se no conhecimento
e na prática da ascese cristã;
- para se ajudarem entre si a progredir no amor ao próximo:
• que vivam uma autêntica e mútua ajuda conjugal
– ouvir, dialogar, partilhar – em todos os campos e
particularmente no campo espiritual;
• que tenham a constante preocupação de educação
humana e cristã dos seus filhos;
• que pratiquem amplamente em família o acolhimento
e a hospitalidade;
• que deem testemunho concreto do amor de Cristo,
em especial por um ou vários compromissos com a
Igreja ou com o mundo.
76
Pontos Concretos de Esforço
A experiência mostra que, sem certos pontos de aplicação
precisos, as orientações de vida arriscam-se muito a tornar-se
letra morta. Por isso, as Equipes de Nossa Senhora propõem
aos seus membros:
• que se “obriguem” à observância de seis pontos bem
determinados, aos quais chamaremos de “obrigações”,
que são meios de aperfeiçoamento;
• que solicitem o controle e ajuda da equipe nesses pontos:
é a “partilha” da reunião mensal.
Esses seis pontos são os seguintes:
1. “escutar” assiduamente a Palavra de Deus;
2. reservar, todos os dias, o tempo necessário para um
verdadeiro encontro com o Senhor (meditação);
3. encontrar-se a cada dia, marido e mulher numa oração
conjugal (e, se possível, familiar);
4. dedicar, cada mês, o tempo necessário para um verda-
deiro diálogo conjugal, sob o olhar do Senhor (dever de
sentar-se);
5. fixar cada um a si mesmo uma “regra de vida” e revê-la
todos os meses;
6. colocar-se cada ano diante do Senhor para rever e pla-
nificar a sua vida, durante um retiro de pelo menos 48
horas, vivido, se possível, em casal.
Vida de equipe
A equipe não é um fim em si mesmo: é um meio a serviço
dos seus membros. Ela vai permitir-lhes:
• viver tempos fortes de oração em comum e de coparti-
cipação;
• ajudar-se recíproca e eficazmente a caminhar para o
Senhor e dar testemunho d’Ele.
Como na vida de qualquer comunidade cristã, podem
distinguir-se esquematicamente três aspectos, três grandes
momentos na vida da equipe:
77
• com Cristo, a equipe volta-se para o Pai, a fim de acolher
o seu amor;
• em Cristo, a equipe partilha esse amor: “Tinham um só
coração e uma só alma” (At 4,32);
• impelida pelo Espírito de Cristo, a equipe envia os seus
membros ao mundo para revelar esse amor.
Estes três aspectos são vividos primeiro durante a reunião
mensal. Esta compreende, habitualmente:
• uma refeição, que é mais especialmente o momento da
amizade;
• uma oração em comum, que é o centro e o ponto mais
alto da reunião e que pode, por vezes, tomar a forma de
uma celebração eucarística;
• uma “partilha” e um “pôr em comum”, tempos fortes de
ajuda mútua, particularmente de ajuda mútua espiritual
e apostólica;
• uma troca de impressões sobre o tema de reflexão do
mês, que é mais especialmente o momento do aprofun-
damento da fé.
Mas a vida da equipe não se limita à reunião mensal: a
oração em união com os outros membros da equipe e em sua
intenção, a partilha, o auxílio mútuo vão continuar durante
todo o mês, conforme a iniciativa de cada equipe.
O “casal responsável”, eleito cada ano pelos membros da
equipe, é quem vai zelar para que todos participem efetiva-
mente da vida comunitária, de modo que o auxílio mútuo
seja eficaz e que cada um sinta que a comunidade o reco-
nhece, o ama e o toma realmente sob sua responsabilidade.
Assim, o casal responsável convida para isso cada um a
concretizar o fato de pertencer às Equipes de Nossa Senhora.
• em nível da equipe:
- participando da reunião mensal;
- preparando essa reunião pela oração e pela reflexão,
78
em particular resumindo por escrito o produto de suas
reflexões sobre o tema do mês;
• em nível do Movimento:
- mantendo-se ao corrente da vida do Movimento, em
particular lendo a Carta Mensal (e, muito especial-
mente, o seu editorial);
- esforçando-se por viver as orientações comuns do
Movimento e tomar parte nas suas solicitações;
- assistindo às reuniões organizadas pelo Movimento;
- aceitando participar da vida do Movimento e da sua
missão apostólica;
- assumindo responsabilidades;
- dando todos os anos a sua contribuição, calculada,
lealmente, na base das receitas de um dia;
- tendo em conta, na oração, as intenções de todos os
membros do Movimento.
Conclusões
As Equipes de Nossa Senhora são um Movimento de
espiritualidade conjugal. Propõem aos seus membros uma
“vida de equipe” e meios concretos para ajudá-los a pro-
gredir, como casal e em família, no amor de Deus e do pró-
ximo. Preparam-nos, assim, para dar testemunho, cabendo
a cada casal escolher a sua forma. De modo que, embora
as Equipes não sejam um Movimento de ação, desejam ser
um Movimento de gente ativa.
Setembro de 1976
79
Anexo 5
A Segunda Inspiração
80
analisada pelo Pe. Caffarel quando de seu encontro, em
1987, com os responsáveis regionais europeus. Alguns as-
pectos do carisma fundador ainda não foram desenvolvidos
em profundidade porque, há quarenta anos, não haviam
sido apreendidos com toda clareza necessária.
Constata-se, por exemplo, que:
• o primeiro aspecto que não foi bem explicitado na peda-
gogia do Movimento é que o amor sozinho não é o único
fator de perfeição para o casal: a abnegação também é
necessária. E uma abnegação que não seja inspirada pelo
amor não pode adquirir seu verdadeiro sentido;
• o segundo aspecto é que o Movimento não aprofundou
suficientemente o sentido humano e o sentido cristão
da sexualidade e, em consequência, não ajudou os
casais a compreenderem e a viverem a dimensão
sexual da espiritualidade conjugal. Por este motivo, as
exigências morais parecem, por vezes inaceitáveis e
suas transgressões encontram uma fácil justificação. Há
urgência neste campo, sobretudo em se tratando de um
Movimento da Igreja;
• o terceiro aspecto diz respeito à importância da missão das
ENS na Igreja na qualidade de Movimento de casais: no
início, isto era uma pequena revolução e é, ainda hoje,
uma novidade. Devemos ajudar a Igreja a rever sua visão
do homem, sua teologia e sua mística do casal, cume da
criação: “homem e mulher Ele os criou”. Existem outras
coisas que, há quarenta anos, não se podiam prever e que
só o decorrer do tempo tornou evidentes: a necessidade
de dar à maioria dos jovens casais uma formação cristã de
base, de dar suporte aos que querem “ir mais além”, de
ajudar também a integrar na vida do casal o trabalho da
mulher e as provações do desemprego, ajudar os casais a
bem envelhecer, a morrer em paz e a viver a sua viuvez.
Por fim, seria preciso também explorar melhor a riqueza
81
de uma crescente internacionalização, evitando-se, ao mesmo
tempo, que esta venha pôr em risco a unidade do Movimento.
82
todos esses sinais negativos, sabemos que o Espírito de Deus está
ativo, que o Senhor está conosco até o fim dos tempos. Somos
assim levados a reconhecer também os sinais de esperança, os
sinais da graça.
O individualismo crescente, a violência que dilacera a
grande família humana e que está presente em todos os rela-
cionamentos, a incapacidade de manter um longo esforço, a
facilidade de se libertar de todo o rigor moral objetivo, o medo
de comprometer-se numa fidelidade duradoura, a vulgarização
da sexualidade etc..., tudo isso existe e afeta profundamente
o casal. Mas a busca de novos valores de autenticidade e de
coerência, o desejo de paz interior e exterior, o crescimento das
riquezas do relacionamento interpessoal no seio do casal e entre
pais e filhos, volta a uma natureza sem manipulações, tudo isso
também existe e se afirma cada vez mais. O mundo apresenta-se,
portanto, com todas as potencialidades criadas por Deus, que se
encontram, é verdade, misturadas com a presença do pecado;
é bem por isso que se sente tão vivamente a necessidade de
uma nova reconciliação, em cada situação da história.
83
2.1. O casamento ao serviço do amor
“Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus
Ele o criou, homem e mulher Ele os criou”. (Gn1,27)
O homem e a mulher são seres da mesma natureza, mas
segundo modalidades diferentes que são complementares; de
maneira que, ao se unirem, formem um único ser, o casal. Esta
convicção gera uma atitude de louvor a Deus, que inventou o
amor humano; uma atitude, também, de humildade, na cons-
ciência da necessidade que se tem do outro para sentir-se um e
uma atitude da vontade, a fidelidade, para formar uma só carne.
Percebe-se, nesta realidade do casal, toda a riqueza da sexua
lidade querida e criada por Deus. Assim, torna-se importante
que os casais cristãos se preocupem com a qualidade ao mesmo
tempo humana e cristã de sua relação sexual. A espiritualidade
cristã é uma espiritualidade encarnada. A especificidade da
espiritualidade conjugal decorre do caráter sexual inscrito no
sacramento do matrimônio.
84
2.3. O casamento ao serviço da santidade
Os cristãos casados são chamados à santidade. Para eles,
não se trata apenas de um chamamento individual, ainda que
a pessoa sempre conserve algo de irredutível e de incomuni-
cável, mas de um caminho a ser percorrido em casal. Esta é a
grande descoberta da espiritualidade conjugal: os dois amores,
o amor conjugal e o amor a Deus, não se excluem, mas podem
conjugar-se e todas as exigências da vida cristã podem ser
vividas em casal.
No casamento, a sabedoria consiste em aprender a viver
numa atitude de “para ti” e não de “para mim”. A comunhão
surge deste fluxo recíproco de doação e acolhimento, e esta é
a maior forma de unidade que pode existir no casal, porque
decorre do fato de que os dois são um em Jesus. A comunhão
não é somente o ponto culminante do amor conjugal, é também
o grande dom que o casal pode oferecer. A fecundidade e a
educação, a hospitalidade e a amizade, o trabalho e o engaja-
mento são as manifestações deste impulso irresistível que toda
comunhão tem, para converter-se em doação.
O casal cristão que conhece esse estado de graça conjugal,
que se alimenta da Palavra de Deus e do Pão da Vida, participa
verdadeiramente da vida eucarística. Transforma toda a sua
vida em “hóstia santa”. Marido e mulher são sinais, “sacramento”
do amor de Deus um para o outro e, juntos, para seus filhos e
para o mundo.
85
fraqueza e das dificuldades que encontram, decidem formar
equipe e constituir uma comunidade de fé, para percorrerem
juntos um caminho de conversão, apoiando-se uns nos outros.
O auxílio mútuo se vive numa crescente amizade, numa
profunda coparticipação da própria vida, na partilha dos
pontos concretos de esforço, com a finalidade de procurar a
vontade de Deus, de descobrir a nossa verdade, numa vivência
de encontro e de comunhão.
A própria palavra “comunhão” já indica que não se trata de
atingir um determinado nível de perfeição, mas que cada casal,
em união com os demais, se integra num processo vivo e dinâ-
mico, visando reconciliar o que está dividido, aproximar o que
está afastado, fortalecer o que está inacabado, realizar uma ta-
refa comum no contexto do amor fraterno, que nos une a Cristo.
A espiritualidade conjugal tem seu centro no casal, mas não
deixa de lado a dimensão familiar. Os filhos foram chamados a
uma comunhão de vida pelo amor de seus pais, e é nesta pers-
pectiva de comunidade e participação que se concebe a família.
A pedagogia que os casais buscam assimilar na vida de
equipe, ou seja, aprendizagem do diálogo, o respeito pelo
outro e a coparticipação, levam ao esforço de se adotar um
estilo particular de educação, que procura “deixar ser” cada
filho, ajuda-o a alcançar sua plena maturidade, realiza com
ele a experiência de uma fé de encontro pessoal com Cristo.
É possível, dessa forma, esperar que os filhos consigam
“ser eles mesmos”, que se relacionem com os outros numa
atitude de liberdade e de solidariedade, que assumam seus
compromissos em relação à sociedade, que vivam, enfim, os
valores do matrimônio cristão graças à palavra e ao testemu-
nho de seus pais.
Por outro lado, as ENS são um Movimento de leigos, diri-
gidos a casais unidos pelo sacramento do matrimônio, e cuja
animação depende do espírito de serviço dos próprios casais.
Esta responsabilidade é vivida em estreita comunhão com os
sacerdotes conselheiros espirituais das equipes, de forma que
86
cada um dos dois sacramentos mostra por transparência aos
olhos do mundo o rosto de Deus que lhe é específico.
87
Devem-se compreender esses meios como processo de in-
teriorização e unificação da vida. Sua formulação, no infinitivo
e não no imperativo, permite entender melhor o espírito com
que foram propostos.
Recordemos quais são esses meios concretos de esforço:
• Escutar assiduamente a Palavra de Deus;
• Reservar, todos os dias, o tempo necessário para um ver-
dadeiro encontro com o Senhor (meditação);
• Encontrar-se a cada dia, marido e mulher, numa oração
conjugal (e, se possível, familiar);
• Dedicar, cada mês, o tempo necessário para um verdadeiro
diálogo conjugal, sob o olhar do Senhor (dever de sentar-se);
• Fixar cada um a si mesmo uma “regra de vida” que é um
convite para trabalharmos na unificação de nossa perso-
nalidade e para encontrar a verdade sobre nós mesmos;
• Reservar cada ano um tempo para se colocar diante do
Senhor – se possível em casal – num retiro, que nos permita
refletir sobre nossa vida e organizá-la na Sua presença.
Maria dá seu nome às Equipes, porque ela é a melhor guia
nos caminhos da união com Deus por sua atitude de escuta e
de humildade alimentada pela Palavra e pela Vida de Cristo.
Os casais põem estes meios em prática, levando em conta
três diretrizes:
• A gradualidade: O Senhor nos toma no ponto em que es-
tamos. Não se trata de queimar etapas e de forçar o ritmo;
trata-se, isto sim, de querer progredir a partir da situação
em que cada um se encontra;
• A personalização: O mesmo ritmo não é possível para todos,
pois a caminhada é, ao mesmo tempo, pessoal e própria do
casal. Os meios concretos não devem resultar em desânimo
mas, ao contrário, em inspiração e auxílio ao longo de toda
a nossa vida;
• O esforço: Assim como não existe amor sem momento do
88
encontro, nem meditação sem tempo forte de escuta e de
diálogo, também não existe conversão pessoal e em casal
sem a decisão de traduzir nossos desejos de progresso,
um tanto quanto difusos, na forma concreta de ações bem
determinadas, que irão mudando nossa vida e, aos poucos,
nos edificando.
89
pilotagem siga um esquema de base comum para todo o
Movimento, para garantir que as ENS, como Movimento
supranacional, se desenvolvam sobre as mesmas bases.
Após a pilotagem, uma sessão de formação com a partici-
pação de casais de diversas equipes ajudaria a consolidar
o que foi aprendido e assimilado.
• Vida de equipe
a) Depois desta etapa, torna-se necessário descobrir o
sentido profundo da espiritualidade conjugal, através
do estudo de temas que abordem o amor conjugal, o
Cristo e a Igreja.
b) Cada equipe pode, em seguida,escolher os temas de
estudo que melhor lhe convenham, entre aqueles que
são preparados pelo Movimento ou outros, respeitando-
-se a especificidade das ENS.
A participação dos casais nas sessões de formação or-
ganizadas pelo Movimento é necessária, para melhor
compreender tanto o sentido universal das ENS, à se-
melhança da Igreja, como a importância da sua missão
no mundo.
c) Com a idade e a experiência, os casais, ou pelo menos
alguns deles, poderão vir a desejar uma caminhada mais
exigente que não mais se limitaria a um novo tema de
estudos, mas que poderia traduzir-se num método pro-
gressivo de revisão de vida, num novo aprofundamento
na oração ou num engajamento mais amplo.
O Movimento deveria ajudá-los a encontrar ou a adaptar
os caminhos que melhor complementem a vida de sua equipe.
Estas etapas não esgotam as possibilidades de uma vida de
casal inspirada pelo Espírito. Representam o ponto de partida
para um crescimento que, como a caridade, não tem limites.
90
4. Viver em comunhão para responder a uma vocação e
realizar uma missão
Qualquer que seja o estágio da evolução espiritual do ca-
sal, cada um se esforça para aprender a viver em comunhão,
nesta pequena comunidade de fé que é a equipe. Não se trata
portanto de fechar-se sobre si mesmo, nem de considerar a
equipe como um fim em si, pois é inevitável que toda comu-
nhão tenda a transformar-se em doação aos outros. As ENS
são um Movimento de espiritualidade, e uma verdadeira espi-
ritualidade implica partilhar o que gratuitamente se recebeu.
Esse dom que o Movimento deve oferecer à Igreja e ao
mundo consiste em participar da construção do Reino de
Deus, baseando-se numa nova imagem do casal.
“Eles não têm mais vinho”, dizia Maria nas bodas de Caná,
antecipando-se, assim, com sua profunda intuição, à interven-
ção salvadora de Cristo. Hoje, continuam faltando muitos tipos
de “vinho”nas bodas da terra.
As ENS devem estar sensibilizadas a essas carências, por
vezes subentendidas, por vezes explícitas, materiais ou espiri-
tuais, mantendo os olhos abertos para as grandes questões de
nosso tempo, estando atentas às situações de sofrimento no
plano conjugal, e prontas a colaborar com outros Movimentos
neste campo.
As Equipes têm um objetivo específico próprio: ajudar os
casais a viver plenamente o seu sacramento do matrimônio.
Ao mesmo tempo, elas têm um objetivo missionário: anun-
ciar ao mundo os valores do casamento cristão pela palavra
e pelo testemunho de vida.
Quais serão os objetos dos nossos esforços durante os pró-
ximos anos?
4.1. No Movimento
No impulso da nova inspiração, deveríamos participar de
um esforço comum para viver plenamente o auxílio mútuo e
a comunhão na equipe. Já falamos dos meios concretos de
91
esforço e apresentamo-los como atitudes a serem assimiladas.
Não se deve esquecer que são apenas meios. A vida cristã
pessoal e em casal é uma conquista de cada dia e é justa-
mente por isso que as ENS propõem escolhas que favorecem
o progresso espiritual. Mas não se deve perder de vista que a
única lei é o espírito de amor. Cabe a cada um e a cada casal
experimentá-lo nos tempos fortes de sua história.
Por outro lado, a criatividade deve permitir evitar o perigo
da rotina, que leva a pessoa a eximir-se de qualquer esforço.
Na equipe, pelo fato de se viver sempre juntos, de se encontrar
entre amigos, que se desculpam por antecipação pela parti-
cipação numa caminhada mais suportada do que desejada,
é sempre grande o risco de negligenciar a responsabilidade,
pessoal e do casal, em relação ao compromisso.
Há ainda outro esforço de criatividade a ser feito. As etapas
da caminhada nos mostram algumas necessidades para as
quais ainda não se acharam respostas adequadas. Trata-se,
por um lado, das “pré-equipes”: parece conveniente que cada
país as desenvolva segundo suas necessidades e segundo as
características dos casais jovens, não se deixando, porém, de
pôr em comum as experiências internacionais que tiverem sido
feitas. Por outro lado, as modalidades de um “engajamento
mais amplo” ainda precisam ser desenvolvidas.
Sejamos inventivos e partilhemos, num sentido de auxílio
mútuo, essas experiências que querem “ir mais longe”, para
que o Movimento possa atender a uma inspiração real, sem
que os casais sintam a necessidade de procurar as respostas
em outro lugar.
Nosso Movimento sempre teve o cuidado de fornecer
elementos de referência e de discernimento para a formação
dos casais. Embora se mantendo responsáveis e livres, devem
ser sustentados em sua busca para compreender a Palavra
de Deus face aos sinais dos tempos. Isto exige uma formação
permanente e pesquisas atualizadas para exprimir as realidades
da fé numa linguagem acessível.
92
É necessário, ainda, que todos estejam conscientes da
importância da missão daqueles casais que, num espírito de
animação e de serviço, aceitam assumir uma responsabilidade
no Movimento, apoiando-os nessa tarefa.
4.2. Na Igreja
É frequente dizer que as ENS são um Movimento de gente
ativa e não de ação, no sentido de que cabe a cada casal,
contando com o benefício de amplas possibilidades para a
renovação de sua vitalidade espiritual, determinar o que o
Senhor espera dele. Assim, cada um exercerá sua missão
no lugar onde se encontra, conforme escolha pessoal. Vale
dizer que o Movimento, como tal, não se engaja numa ação
de conjunto determinada, pois cada casal deve descobrir o
chamado ao qual o Senhor deseja que ele responda. Mas esta
liberdade, fecunda de engajamentos, não deve nos deixar
esquecer que as Equipes têm um carisma que lhes é próprio,e
que elas não podem descuidar-se de seus semelhantes e devem
estar atentas às necessidades dos bispos, mais especificamente
no campo da Pastoral Familiar. É importante também que as
Equipes se abram a outros meios sociais e que se preocupem
com as necessidades de seu país, preferencialmente as que
forem indicadas pela Igreja local.
Citamos alguns dos campos de ação da Pastoral Familiar
onde a urgência é mais sentida:
• acompanhar as equipes de jovens;
• preparar os noivos ao matrimônio cristão;
• caminhar com recém-casados;
• ajudar casais em dificuldades e divorciados que se casaram
novamente;
• preocupar-se com jovens que coabitam.
Não podemos, sob pena de grave confusão, integrar estes
últimos nas ENS, mas podemos pensar em estruturas paralelas
ao serviço das quais estariam os casais das Equipes.
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4.3. No mundo
Para responder simultaneamente à nossa vocação e ao que
o mundo atual espera, é preciso que pratiquemos e proclame-
mos três coisas:
a) O casamento está ao SERVIÇO DO AMOR. Se o casamento
está em crise, é porque não se acredita mais verdadeiramen-
te no vínculo entre o amor e o matrimônio. Nós acreditamos,
e é por isso que decidimos amar-nos por toda a vida.
b) O casamento está ao SERVIÇO DA FELICIDADE. Num
mundo sombrio, angustiado, onde a própria palavra feli-
cidade soa como algo estranho, vivamos a vida conjugal e
mostremo-la como um caminho de felicidade, por nossas
atitudes e pelo testemunho dos métodos que nos ajudam a
dar dinamismo a esta felicidade.
c) O casamento está ao SERVIÇO DA SANTIDADE. É sem
dúvida esta a vocação mais específica das ENS: não só
chamar os leigos à santidade, chamar as pessoas casadas
à santidade, mas afirmar que a sexualidade humana pode
ser um caminho para a santidade. Na Igreja, este caminho
ainda é novo e no mundo é quase revolucionário... A
perspectiva de uma nova inspiração nos propõe evange-
lizar a sexualidade, ou seja, submetê-la, domá-la e vivê-la
em conformidade com o plano de Deus, para que esteja a
serviço do Reino de Deus.
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