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04/11/2016 MAL

MAL
BIBLIOGRAFIA
01­ A Gênese ­ cap. III 02 ­ A mansão Renoir ­ pág. 29, 172
03 ­ A sombra do olmeiro ­ pág. 120 04 ­ Ação e reação ­ pág. 90, 255
05 ­ Alerta ­ pág. 50 06 ­ Boa nova ­ pág. 35, 50
07 ­ Caminho, verdade e vida ­ pág. 75 08 ­ Cartas e crônicas ­ pág. 35
09 ­ Cartilha da natureza ­ pág. 17 10 ­ Chão de flores ­ pág. 128
11 ­ Ciência e Espiritismo ­ pág. 113 12 ­ Coragem ­ pág. 12
13 ­ Cristianismo e Espiritismo ­ pág. 227 14 ­ Depois da morte ­ pág. 124
15 ­ Enigmas da psicometria ­ pág. 79 16 ­ Escrínio de luz ­ pág. 81
17 ­ Espírito e vida ­ pág. 41 18 ­ Estude e Viva ­ pág. 74, 128, 134
19 ­ Florações Evangélicas ­ pág. 185 20 ­ Fonte viva ­ pág. 85, 119
21 ­ Jesus no lar ­ pág. 147 22 ­ Justiça divina ­ pág. 83, 155
23 ­ Libertação ­ pág. 21 24 ­ Missionário da luz ­ pág. 137
25 ­ No mundo maior ­ pág. 41 26 ­ O Espírito da verdade ­ pág. 159
27 ­ O Evangelho S.o Espiritismo ­ cap. v, 19­xii,1 28 ­ O grande enigma ­ pág. 178
29 ­ O Livro dos Espíritos ­ q.97, 196,222 30 ­ O porquê da vida ­ pág. 71
31 ­ Pão nosso ­ pág. 139 32 ­ Vozes do grande além
33 ­ Mãos unidas ­ pág. 88 34 ­ Mediunidade e sintonia ­ pág. 61
35 ­ Semeador em Tempos Novos ­ pág. 44 36 ­ As leis morais ­ pág. 34

LEMBRETE: O NÚMERO DA PÁGINA PODE VARIAR DE ACORDO COM A EDIÇÃO DA OBRA CITADA.

MAL – COMPILAÇÃO

01­ A Gênese ­ Allan Kardec ­ cap. III

CAPÍTULO III ­ O BEM E O MAL

1.  —  Sendo  Deus  o  princípio  de  todas  as  coisas,  e  sendo  este  princípio  todo  sabedoria,  todo
bondade,  todo  justiça,  tudo  o  que  dele  procede  deve  participar  de  seus  atributos,  por  que  é
infinitamente sábio, justo e bom, nada pode produzir de insensato, de mau e de injusto. O mal
que observamos não deve, pois, ter a sua fonte nele.
2. ­ Se o mal, estando nos atributos de um ser especial que se chama Arimane ou Satã, de duas
coisas uma: ou esse ser seria igual a Deus e, conseqüentemente, tão poderoso quanto ele, e de
toda a eternidade igual a ele, ou lhe seria inferior.

No  primeiro  caso,  haveria  duas  potências  rivais,  lutando  sem  cessar,  cada  uma  procurando
desfazer  o  que  a  outra  faz,  e  se  opondo  mutuamente.  Esta  hipótese  é  inconciliável  com  a
unidade de vistas que se revela na disposição do Universo.
No segundo caso, esse ser, sendo inferior a Deus, ser­lhe­ia subordinado; não podendo ter sido
igual a ele, de toda a eternidade, sem ser seu igual, teria um começo; se foi criado, não pode tê­
lo  sido  senão  por  Deus;  Deus  teria,  assim,  criado  o  Espírito  do  mal,  o  que  seria  negação  da
infinita bondade. (Ver O Céu e o Inferno Segundo o Espiritismo, cap. X, Os Demônios).

O BEM E O MAL
3. ­ Entretanto, o mal existe e tem uma causa.
Os males de todas as espécies, físicos afligem a Humanidade, apresentam duas categorias que
importa distinguir: são os males que o homem podem evitar e aqueles que independem da sua
vontade. Entre esses últimos é preciso colocar os flagelos naturais.

O  homem,  cujas  faculdades  são  limitadas,  não  pode  penetrar,  nem  abarcar,  o  conjunto  dos
objetivos do Criador; julga as coisas sob o ponto de vista da sua personalidade, dos interesses
factícios  e  da  convenção  que  não  estão  na  ordem  da  Natureza;  por  isso  é  que  ele  o  acha
frequentemente, mau e injusto, o que acharia justo e admirável se lhe visse a causa, o fim e o
resultado  definitivo.  Procurando  a  razão  de  ser  e  a  utilidade  de  cada  coisa,  reconhecerá  tudo
leva a marca da sabedoria infinita, e se inclinará diante dessa sabedoria, mesmo para as coisas
que não compreende.

4.  ­  O  homem  recebeu,  em  herança,  uma  inteligência  com  a  ajuda  da  qual  pode  conjurar,  ou
grandemente atenuar os efeitos de todos os flagelos naturais; quanto mais ele adquire saber e

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avance  em  civilização,  menos  esses  flagelos  são  desastrosos;  com  uma  organização  social
sabiamente previdente, poderá mesmo neutralizar as consequências, quando não puderem ser
evitadas.  Assim,  para  esses  mesmos  flagelos,  que  têm  sua  utilidade  na  ordem  da  Natureza  e
para o futuro presente, Deus deu ao homem, pelas faculdades dotou o seu Espírito, os meios de
paralisar­lhes os efeitos.

Assim é que ele saneia os continentes insalubres, neutraliza os miasmas pestilentos, fertiliza as
terras  incultas  e  se  esforça  por  preservá­las  das  inundações  que  construiu  habitações  mais
sadias,  mais  sólidas  para  resistirem  aos  ventos,  tão  necessários  para  a  depuração  da
atmosfera,  que  se  coloca  ao  abrigo  das  intempéries;  foi  assim,  que,  pouco  a  pouco,  a
necessidade  fê­lo  criar  as  ciências,  com  ajuda  das  quais  melhora  a  habitabilidade  do  globo,  e
aumenta a soma do seu bem­estar.

5. ­ Devendo o homem progredir, os males está exposto, são um estimulante para o exercício
da inteligência, de todas as suas faculdades, físicas e morais, iniciando­o na pesquisa dos meios
para deles subtrair­se. Se não tivesse nada a temer, nenhuma necessidade o levaria à procura
dos  meios,  seu  espírito  se  entorpeceria  na  inatividade;  não  inventaria  nada  e  não  descobriria
nada. Ador é o aguilhão que impele o homem para a frente, no caminho do progresso.

6.­Mas  os  mais  numerosos  males  são  aqueles  que  o  homem  cria  para  si  mesmo,  pelos  seus
próprios vícios, aqueles que provêm de seu orgulho, de  seu  egoísmo,  de  sua  ambição,  de  sua
cupidez, de seus excessos em todas as coisas; aí está a causa das guerras e das calamidades
que  elas  arrastam,  dissenções,  injustiças,  opressão  do  fraco  pelo  forte,  enfim,  a  maioria  das
doenças.

Deus estabeleceu leis, plenas de sabedoria, que não têm por objetivo senão o bem; o homem
encontra, em si mesmo, tudo o que é necessário para segui­las; sua rota está traçada pela sua
consciência; a lei divina está gravada no seu coração; e, além disso, Deus o chama, sem cessar,
através  dos  seus  messias  e  profetas,  por  todos  os  Espíritos  encarnados  que  receberam  a
missão  de  esclarecê­lo,  moralizá­lo,  melhorá­lo,  e,  nestes  últimos  tempos,  pela  multidão  de
Espíritos desencarnados que se manifestam por toda parte.

Se o homem se conformasse, rigorosamente, com as leis divinas, não há dúvida de que evitaria
os mais pungentes males, e que viveria feliz sobre a Terra. Se não o faz, e em virtude do seu
livre arbítrio, e, disso sofre as consequências. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V,  n°s
4, 5, 6 e seguintes).

7. ­ Mas Deus, cheio de bondade, colocou o remédio ao lado do mal, quer dizer, do próprio mal
faz sair o bem. Chega um momento em que o excesso do mal moral se torna intolerável, e faz o
homem sentir o desejo de mudar de caminho; instruído pela experiência, é compelido a procurar
um remédio no bem, sempre por efeito do seu livre arbítrio; quando entra num caminho melhor,
é  pelo  fato  da  sua  vontade  e  porque  reconheceu  os  inconvenientes  do  outro  caminho.  A
necessidade  o  constrange,  pois,  a  se  melhorar  moralmente,  para  ser  mais  feliz,  como  esta
mesma necessidade o constrange a melhorar as condições materiais da sua existência.

8. ­ Pode­se dizer que o mal é a ausência do bem, como o frio é a ausência do calor. O mal não é
mais um atributo distinto do que o frio não é um fluido especial; um é o negativo do outro. Aí,
onde  o  bem  não  existe,  existe  forçosamente  o  mal;  não  fazer  o  mal,  já  é  o  começo  do  bem.
Deus  não  quer  senão  o  bem;  só  do  homem  vem  o  mal.  Se  houvesse,  na  criação,  um  ser
predisposto ao mal, nada poderia evitá­lo; mas o homem, tendo a causa do mal em SI MESMO, e
tendo,  ao  mesmo  tempo,  seu  livre  arbítrio  e,  por  guia,  as  leis  divinas,  evitá­lo­ia  quando
quisesse.

Tomemos  um  fato  vulgar  por  comparação.  Um  proprietário  sabe  que,  na  extremidade  do  seu
campo, há um lugar perigoso, onde poderia perecer ou se ferir aquele que ali se aventurasse. O
que faz, para prevenir os acidentes? Coloca, perto do local, um aviso tornando proibido ir mais
longe, por causa do perigo. Eis a lei; ela é sábia e previdente. Se, malgrado isso, um imprudente
não  o  tem  em  conta,  e  passa  alem,  se  lhe  ocorre  algo  mal,  a  quem  pode  imputar  senão  a  si
mesmo?

Assim  ocorre  com  todo  o  mal;  o  homem  o  evitaria,  se  observasse  as  leis  divinas.  Deus,  por
exemplo,  colocou  um  limite  à  satisfação  das  necessidades;  o  homem  é  advertido  pela
saciedade;  se  ultrapassa  esse  limite,  o  faz  voluntariamente.  As  doenças,  as  enfermidades,  a
morte, que lhe podem ser consequentes, são, pois, o fato da sua imprevidência, e não de Deus.

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9. ­ O mal, sendo o resultado das imperfeições do homem, e o homem, sendo criado por Deus,
Deus,  dir­se­á,  se  não  criou  o  mal,  pelo  menos  a  causa  do  mal;  se  houvesse  feito  o  homem
perfeito, o mal não existiria.

Se  o  homem  tivesse  sido  criado  perfeito,  seria  levado,  fatalmente,  ao  bem:  ora,  em  virtude  o
seu livre arbítrio, ele não é levado, fatalmente, nem ao bem nem ao mal. Deus quis que fosse
submetido à lei do progresso, e que, esse progresso fosse o fruto do seu próprio trabalho, afim
de que, dele, tivesse o mérito, do mesmo modo que carrega a responsabilidade do mal que é o
fato da sua vontade. A questão, pois, é saber qual é, no homem, a fonte da propensão para o
mal.

10. ­ Se se estudam todas as paixões, e mesmo todos os vícios, vê­se que têm seu princípio no
instinto  de  conservação.  Este  instinto  está,  com  toda  a  sua  força,  nos  animais  e  nos  seres
primitivos  que  mais  se  aproximam  da  animalidade;  aí  só  ele  domina,  porque,  neles,  não  há
ainda, por contrapeso, o senso moral; o ser ainda não nasceu para a vida intelectual. O instinto
se enfraquece, ao contrário, à medida que a inteligência se desenvolve, porque esta domina a
matéria.

O destino do homem é a vida espiritual; mas, nas primeiras fases da sua existência  corpórea,
não há senão necessidades materiais a satisfazer, e, para esse fim, o exercício das paixões é
uma necessidade para a conservação da espécie e dos indivíduos, materialmente falando. Mas,
saído  desse  período,  há  outras  necessidades,  necessidades  primeiro  semi­morais  e  semi­
materiais, depois, exclusivamente morais. É, então, quando o Espírito domina a matéria; se lhe
sacode o jugo, avança no caminho providencial, e se aproxima da sua destinaçáo final. Se, ao
contrário, se deixa dominar por ela, se atrasa assimilando­se ao animal.

Nessa  situação,  o  que,  outrora,  era  um  bem,  porque  era  uma  necessidade  da  sua  natureza,
torna­se  um  mal,  não  somente  por  não  ser  mais  uma  necessidade,  mas  porque  isso  se  torna
nocivo à espiritualização do ser. Tal o que é qualidade na criança e se torna defeito no adulto. O
mal, assim, é relativo, e a responsabilidade proporcionada ao grau de adiantamento. Todas as
paixões têm, pois, a sua utilidade, providencial; sem isso, Deus teria feito algo inútil e nocivo. É
o  abuso  que  constitui  o  mal,  e  o  homem  abusa  em  virtude  do  seu  livre  arbítrio.  Mais  tarde,
esclarecido pelo seu próprio interesse, escolherá, livremente, entre o bem o mal.

04 ­ Ação e reação ­ André LUiz ­ pág. 90, 255

(..) As religiões na Terra, por esse motivo, procederam acertadamente, localizando o Céu nas
esferas  superiores  e  situando  o  Inferno  nas  zonas  inferiores,  porquanto,  nas  primeiras,
encontramos a crescente glorificação do Universo e, nas segundas, a purgação e a regeneração
indispensáveis  à  vida,  para  que  a  vida  se  acrisole  e  se  eleve  ao  fulgor  dos  cimos.  Ante  o
intervalo  espontâneo  e  reparando  que  o  Ministro  se  propunha  a  manter  contacto  conosco,
através da conversação, aduzi, com interesse:

— Comove saber que sendo a Providência Divina a Magnanimidade Perfeita, sem limites gerando
tesouros de amor para distribuí­los com abundância, em favor de todas as criaturas, é também
a Equidade Vigilante, na direção e na aplicação dos bens universais.
— Efetivamente, não poderia ser de outro modo — ajuntou Sânzio, bondoso. — Em assuntos da
lei  de  causa  e  efeito,  é  imperioso  não  olvidar  que  todos  os  valores  da  vida,  desde  as  mais
remotas  constelações  à  mais  mínima  partícula  subatômica,  pertencem  a  Deus,  cujos
inabordáveis desígnios podem alterar e renovar, anular ou reconstruir tudo o que está feito.

Assim,  pois,  somos  simples  usufrutuários  da  Natureza  que  consubstancia  os  tesouros  do
Senhor,  com  responsabilidade  em  todos  os  nossos  atos,  desde  que  já  possuamos  algum
discernimento.  O  Espírito,  seja  onde  for,  encarnado  ou  desencarnado,  na  Terra  ou  noutros
mundos, gasta, em verdade, o que lhe não pertence, recebendo por empréstimos do Eterno Pai
os recursos de que se vale para efetuar a própria sublimação no conhecimento e na virtude.

Patrimônios materiais e riquezas da inteligência, processos e veículos de manifestação, tempo
e  forma,  afeições  e  rótulos  honoríficos  de  qualquer  procedência  são  de  propriedade  do  Todo­
Misericordioso,  que  no­los  concede  a  título  precário,  a  fim  de  que  venhamos  a  utilizá­los  no
aprimoramento  de  nós  mesmos,  marchando  nas  largas  linhas  da  experiência,  de  modo  a
entrarmos  na  posse  definitiva  dos  valores  eternos,  sintetizados  no  Amor  e  na  Sabedoria  com
que, em futuro remoto, Lhe retrataremos a Glória Soberana.

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Desde  o  elétron  aos  gigantes  astronômicos  da  Tela  Cósmica,  tudo  constitui  reservas  das
energias  de  Deus,  que  usamos,  em  nosso  proveito,  por  permissão  dEle,  de  sorte  a
promovermos, com fir meza, nossa própria elevação a Sua Majestade Sublime. Dessa maneira, é
fácil  perceber  que,  após  conquistarmos  a  coroa  da  razão,  de  tudo  se  nos  pedirá  contas  no
momento oportuno, mesmo porque não há progresso sem justiça na aferição de valores.

Lembrei­me  instintivamente  da  nossa  errada  conceituação  de  vida  na  Terra,  quando  nos
achamos  sempre  dispostos  a  senhorear  indebitamente  os  recursos  do  estágio  humano,  em
terras  e  casas,  títulos  e  favores,  prerrogativas  e  afetos,  arrastando,  por  toda  a  parte,  as
algemas  do  mais  gritante  egoísmo...  Sânzio  registrou­me  os  pensamentos,  porque  acentuou
com paternal sorriso, apés ligeira pausa:

—  Realmente,  no  mundo  o  homem  inteligente  deve  estar  farto  de  saber  que  todo  conceito  de
propriedade exclusiva não passa de simples suposição. Por empréstimo, sim, todos os valores
da existência lhe são adjudicados pela Providência Divina, por determinado tempo, de vez que a
morte  funciona  como  juiz  inexorável,  transferindo  os  bens  de  certas  mãos  para  outras  e
marcando  com  inequívoca  exatidão  o  proveito  que  cada  Espírito  extrai  das  vantagens  e
concessões que lhe foram entregues pelos Agentes da Infinita Bondade. Aí, vemos os princípios
de  causa  e  efeito,  em  toda  a  força  de  sua  manifestação,  porque,  no  uso  ou  no  abuso  das
reservas  da  vida  que  representam  a  eterna  Propriedade  de  Deus,  cada  alma  cria  na  própria
consciência os créditos e os débitos que lhe atrairão inelutavelmente as alegrias e as dores, as
facilidades e os obstáculos do caminho.

Quanto  mais  amplitude  em  nossos  conhecimentos,  mais  responsabilidade  em  nossas  ações.
Através  de  nossos  pensamentos,  palavras  e  atos,  que  nos  fluem,  invariáveis,  do  coração,
gastamos e transformamos constantemente as energias do Senhor, em nossa viagem evolutiva,
nos setores da experiência, e, do quilate de nossas intenções e aplicações, nos sentimentos e
práticas da marcha, a vida organiza, em nós mesmos, a nossa conta agradável ou desagradável
ante  as  Leis  do  Destino.  .  Nesse  ponto  do  valioso  esclarecimento,  Hilário  inquiriu  com
humildade:

—  Amado  Instrutor,  à  face  da  gravidade  de  que  a  lição  se  reveste  para  nós,  que  devemos
entender como sendo «bem» e «mal» ?Sânzio fez um gesto de tolerância bondosa e replicou :
— Evitemos o mergulho nos labirintos da Filosofia, não obstante o respeito que a Filosofia nos
merece,  porquanto  não  nos  achamos  num  cenáculo  simplesmente  destinado  à  esgrima  da
palavra. Busquemos, antes de tudo, simplificar.

É fácil conhecer o bem quando o nosso coração se nutre de boa­vontade à frente da Lei. O bem,
meu  amigo,  é  o  progresso  e  a  felicidade,  a  segurança  e  a  justiça  para  todos  os  nossos
semelhantes  e  para  todas  as  criaturas  de  nossa  estrada,  aos  quais  devemos  empenhar  as
conveniências  de  nosso  exclusivismo,  mas  sem  qualquer  constrangimento  por  parte  de
ordenações puramente humanas, que nos colocariam em falsa posição no serviço, por atuarem
de  fora  para  dentro,  gerando,  muitas  vezes,  em  nosso  cosmo  interior,  para  nosso  prejuízo,  a
indisciplina e a revolta.

O bem será, desse modo, nossa decidida cooperação com a Lei, a favor de todos, ainda mesmo
que isso nos custe a renunciação mais completa, visto não ignorarmos que, auxiliando a Lei do
Senhor e agindo de conformidade com ela, seremos por ela ajudados e sustentados no campo
dos valores imperecíveis. E o mal será sempre representado por aquela triste vocação do bem
unicamente  para  nós  mesmos,  a  expressar­se  no  egoísmo  e  na  vaidade,  na  insensatez  e  no
orgulho que nos assinalam a permanência nas linhas inferiores do espírito. (...)

05 ­ Alerta ­ Joana de Ãngelis ­ pág. 50

13. APRIMORAMENTO ÍNTIMO
Muito justo e mesmo recomendável que se recorra à cooperação fraternal do próximo, quando o
sofrimento  e  a  dificuldade  nos  visitem  as  paisagens  íntimas.  O  auxílio  desinteressado  que
recebemos é bênção inestimável de que se constitui a vida nas relações humanas.
No mundo, tudo são intercâmbios, permutas que se consubstanciam em força e resistência para
colimarem os objetivos a que se destinam.

Não  obstante,  há  tarefas  que  compete  a  cada  um  realizar,  integrados  no  processo  evolutivo
como  nos  encontramos.  Igualmente,  não  é  lícito  transferir­se  deveres  e  responsabilidades
pessoais, que fazem parte do esquema de iluminação que devemos conseguir, mesmo sob as
penosas cargas de aflição e renúncia.
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Dentre os desafios que a vida nos oferece, o que diz respeito ao aprimoramento íntimo  ganha
prioridade. Aprendizes da vida, somos defrontados pelas lições necessárias que nos propiciam o
conhecimento e a libertação das peias da ignorância geradora de mil males, e do egoísmo, que
é  um  câncer  de  alto  poder  destrutivo.  Ninguém  te  acompanhará  nesse  afã  de  renovação  e
aprimoramento íntimo.

Poucos perceberão a luta que travas no campo ignoto dessa batalha importante. Alguns criarão
dificuldades para o teu cometimento, talvez franqueando­te recursos e meios para a fuga ou a
queda.  Tentarás  e  repetirás  o  esforço,  não  poucas  vezes,  receando  o  fracasso  ou  crendo  não
alcançar a meta. Prossegue, porém, trabalhando o caráter e o sentimento.

Não  te  deixes  turbar  pelas  vanglorias,  nem  te  anestesies  pelos  vapores  da  violência  que
infelicita  multidões.  Dulcifica­te  e  não  revides  ao  mal,  não  resistas  ao  mal  com  o  mal,  não  te
negues à bondade, nem à beneficência, à esperança, nem à humildade.

Essas  virtudes  a  cultivar  serão  as  tuas  resistências,  e,  quando  os  testemunhos  parecerem
apresentar­te  a  noite  mais  densa  e  temerosa,  elas  brilharão  no  teu  céu  em  sombras,
apontando­te o rumo. . . Por conhecer a destinação que nos aguarda, no futuro, Jesus nos veio
convocar  pelo  exemplo  e  pela  palavra  ao  aprimoramento  íntimo  e  à  vitória  sobre  qualquer
expressão do mal através da ação correta do bem.

06 ­ Boa nova ­ Humberto de Campos ­ pág. 35, 50

A FAMÍLIA ZEBEDEU
Na  manhã  que  se  seguiu  à  primeira  manifestação  da  sua  palavra  defronte  do  Tiberíades,  o
Mestre  se  aproximou  de  dois  jovens  que  pescavam  nas  margens  e  os  convocou  para  o  seu
apostolado.—  Filhos  de  Zebedeu  —  disse,  bondoso  —,  desejais  participar  das  alegrias  da  Boa
Nova?!Tiago  e  João,  que  já  conheciam  as  pregações  do  Batista  e  que  o  tinham  ouvido  na
véspera,  tomados  de  emoção  se  lançaram  para  ele,  transbordantes  de  alegria:—  Mestre!
Mestre! — exclamavam felizes.

Como se fossem irmãos bem­amados que se encontrassem depois de longa ausência,  tocados
pela força do amor que se irradiava do Cristo, fonte inspiradora das mais profundas dedicações,
falaram  largamente  da  ventura  de  sua  união  perene,  no  futuro,  das  esperanças  com  que
deveriam avançar para o porvir, proclamando as belezas do esforço pelo Evangelho do Reino. Os
dois  rapazes  galileus  eram  de  temperamento  apaixonado.  Profundamente  generosos,  tinham
carinhosas e simples, ardentes e sinceras as almas. João tomou das mãos do Senhor e beijou­
as afetuosamente, enquanto Jesus lhe acariciava os anéis macios dos cabelos. Tiago, como se
quisesse hipotecar a sua solidariedade inteira, aproximou­se do Messias e lhe colocou a destra
sobre os ombros, em amoroso transporte.

Os dois novos apóstolos, entretanto, eram ainda muito jovens e, em regressando a casa com o
espírito  arrebatado  por  imensa  alegria,  relataram  a  sua  mãe  o  que  se  passara.  Salomé,  a
esposa  de  Zebedeu,  apesar  de  bondosa  e  sensível,  recebeu  a  notícia  com  certo  cuidado.
Também ela ouvira o profeta de Nazaré nas suas gloriosas afirmativas da véspera. Pôs­se então
a ponderar consigo mesma: não estaria próximo aquele reino prometido por Jesus? Quem sabe
se o filho de Maria não falava na cidade em nome de algum príncipe? Ah! o Cristo deveria ser o
intérprete de algum desconhecido ilustre que recrutava adeptos entre os homens trabalhadores
e mais fortes.

A quem seriam confiados os postos mais altos, dentro da nova fundação? Seus filhos queridos
bem  os  mereciam.  Precisava  agir,  enquanto  era  tempo.  O  povo,  de  há  muito,  falava  em
revolução  contra  os  romanos  e  os  comentadores  mais  indiscretos  anteviam  a  queda  próxima
dos  Ântipas.  O  novo  reinado  estava  próximo  e,  alucinada  pelos  sonhos  maternais,  Salomé
procurou o Messias no círculo dos seus primeiros discípulos.— Senhor — disse, atenciosa —, logo
após a instituição do teu reino, eu desejaria que os meus filhos se sentassem um à tua direita e
outro à tua esquerda, como as duas figuras mais nobres do teu trono.Jesus sorriu e obtemperou
com gesto bondoso:

— Antes de tudo, é preciso saber se eles quererão beber do  meu  cálice!...A  genitora  dos  dois


jovens embaraçou­se. Além disso, o grupo que rodeava o Messias a observava com indiscricão e
manifesta curiosidade. Reconhecendo que o instante não lhe permitia mais amplas explicações,
retirou­se  apressada,  colocando  o  seu  velho  esposo  ao  corrente  dos  fatos.  Ao  entardecer,
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cessado o labor do dia, Zebedeu acompanhado pelos dois filhos procurou o Mestre em casa de
Simão. Jesus lhes recebeu a visita com extremo carinho, enquanto o velho galileu expunha as
suas razões, humilde e respeitoso.

—  Zebedeu  —  respondeu­lhe  Jesus  —,  tu,  que  conheces  a  lei  e  lhe  guardas  os  preceitos  no
coração,  sabes  de  algum  profeta  de  Deus  que,  no  seu  tempo,  fosse  amado  pelos  homens  do
mundo?— Não, Senhor.— Que fizeram de Moisés, de Jeremias, de Jonas? Todos os emissários
da verdade divina foram maltratados e trucidados, ou banidos do berço em que nasceram. Na
Terra, o preço do amor e da verdade tem  sido  o  martírio  e  a  morte.  O  pai  de  Tiago  e  de  João
ouvia­o  humilde  e  repetia:  —  Sim,  Senhor.  E  Jesus,  como  se  aproveitasse  o  momento  para
esclarecer todos os pontos em dúvida, continuou:

— O reino de Deus tem de ser fundado no coração das criaturas; o trabalho árduo é o meu gozo;
o  sofrimento  o  meu  cálice;  mas,  o  meu  Espírito  se  ilumina  da  sagrada  certeza  da  vitória.—
Então, Senhor — exclamou Zebedeu, respeitoso —, o vosso reino é o da paz e da resignação que
os crentes de Elias esperavam! Jesus com um sorriso de benignidade acrescentou:— A paz da
consciência  pura  e  a  resignação  suprema  à  vontade  de  meu  Pai  são  do  meu  reino;  mas  os
homens  costumam  falar  de  uma  paz  que  é  ociosidade  de  espírito  e  de  uma  resignação  que  é
vício do sentimento.

Trago comigo as armas para que o homem combata os inimigos que lhe subjugam o coração e
não descansarei enquanto não tocarmos o porto da vitória. Eis por que o meu cálice, agora, tem
de  transbordar  de  fel,  que  são  os  esforços  ingentes  que  a  obra  reclama.E,  como  se  quisesse
pormenorizar os esclarecimentos, prosseguiu:— Há homens poderosos no mundo que morrem
comodamente  em  seus  palácios,  sem  nenhuma  paz  no  coração,  transpondo  em  desespero  e
com a noite na consciência os umbrais da eternidade; há lutadores que morrem na batalha de
todos os momentos, muita vez vencidos e humilhados, guardando, porém, completa serenidade
de espírito, porque,  em  todo  o  bom  combate,  repousaram  o  pensamento  no  seio  amoroso  de
Deus.

Outros  há  que  aplaudem  o  mal,  numa  falsa  atitude  de  tolerância,  para  lhe  sofrer  amanhã  os
efeitos destruidores. Os verdadeiros discípulos das verdades do céu, esses não aprovam o erro,
nem exterminam os que os sustentam. Trabalham pelo bem, porque sabem que Deus também
está trabalhando. O Pai não tolera o mal e o combate, por muito amar a seus filhos. Vê, pois,
Zebedeu, que o nosso reino é de trabalho perseverante pelo bem real da Humanidade inteira.
Enquanto  os  dois  apóstolos  fitavam  em  Jesus  os  olhos  calmos  e  venturosos,  Zebedeu  o
contemplava como se tivesse à sua frente o maior profeta do seu povo.

— Grande reino! — exclamou o velho pescador e, dando expansão ao entusiasmo que lhe enchia
o  coração,  disse,  ditoso:—  Senhor!  Senhor!  trabalharemos  convosco,  pregaremos  o  vosso
Evangelho, aumentaremos o número dos vossos seguidores!...Ouvindo estas últimas palavras, o
Mestre elucidou, pondo ênfase nas suas expressões:— Ouve, Zebedeu! nossa causa não é a do
número; é a da verdade e do bem. É certo que ela será um dia a causa do mundo inteiro, mas,
até  lá,  precisamos  esmagar  a  serpente  do  mal  sob  os  nossos  pés.  Por  enquanto,  o  número
pertence  aos  movimentos  da  iniquidade.  A  mentira  e  a  tirania  exigem  exércitos  e  monarcas,
espadas e riquezas imensas para dominarem as criaturas.

O amor, porém, essência de toda a glória e de toda a vida, pede um coração e sabe ser feliz. A
impostura  reclama  interminável  fileira  de  defensores,  para  espalhar  a  destruição;  basta,  no
entanto,  um  homem  bom  para  ensinar  a  verdade  de  Deus  e  exaltar­lhe  as  glórias  eternas,
confortando a infinita legião de seus filhos. Quem será maior perante Deus? A multidão que se
congrega para entronizar a tirania, esmagando  os  pequeninos,  ou  um  homem  sozinho  e  bem­
intencionado que com um simples sinal salva uma barca cheia de pescadores? Empolgado pela
sabedoria daquelas considerações, Zebedeu perguntou:— Senhor, então o Evangelho não será
bom para todos?

—  Em  verdade  —  replicou  o  Mestre  —,  a  mensagem  da  Boa  Nova  é  excelente  para  todos;
contudo,  nem  todos  os  homens  são  ainda  bons  e  justos  para  com  ela.  É  por  isso  que  o
Evangelho  traz  consigo  o  fermento  da  renovação  e  é  ainda  por  isso  que  deixarei  o  júbilo  e  a
energia como as melhores armas aos meus discípulos. Exterminando o mal e cultivando o bem,
a Terra será para nós um glorioso campo de batalha. Se um companheiro cair na luta, foi o mal
que tombou, nunca o irmão que, para nós outros, estará sempre de pé. 

Não repousaremos até ao dia da vitória final. Não nos deteremos numa falsa contemplação de
Deus, à margem do caminho, porque o Pai nos falará através de todas as criaturas trazidas  à
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boa  estrada;  estaremos  juntos  na  tempestade,  porque  aí  a  sua  voz  se  manifesta  com  mais
retumbância. Alegrar­nos­emos nos instantes transitórios da dor e da derrota, porque aí o seu
coração  amoroso  nos  dirá:  "Vem,  filho  meu,  estou  nos  teus  sofrimentos  com  a  luz  dos  meus
ensinos!" Combateremos os deuses dos triunfos fáceis, porque sabemos que a obra do mundo
pertence  a  Deus,  compreendendo  que  a  sua  sabedoria  nos  convoca  para  completá­la,
edificando o seu reino de venturas sem­fim no íntimo dos corações.

Jesus guardou silêncio por instantes. João e Tiago se lhe aproximaram, magnetizados pelo seu
olhar  enérgico  e  carinhoso.  Zebedeu,  como  se  não  pudesse  resistir  à  própria  emotividade,
fechara os olhos, com o peito oprimido de júbilo. Diante de si, num vasto futuro espiritual, via o
reino de Jesus desdobrar­se ao infinito. Parecia ouvir a voz de Abraão e o eco grandioso de sua
posteridade  numerosa.  Todos  abençoavam  o  Mestre  num  hino  glorificador.  Até  ali,  seu  velho
coração conhecera a lei rígida e temera Jeová com a sua voz de trovão sobre as sarças de fogo;
Jesus lhe revelara o Pai carinhoso e amigo de seus filhos, que acolhe os velhos, os humildes e os
derrotados da sorte, com uma expressão de bondade sempre nova.

O velho pescador de Cafarnaum soltou as lágrimas que lhe rebentavam do peito e ajoelhou­se.
Adiantando­se­lhe, Jesus exclamou:
— Levanta­te, Zebedeu! os filhos de Deus vivem de pé para o bom combate! Avançando, então,
dentro da pequena sala, o pai dos apóstolos tomou a destra do Mestre e a umedeceu com as
suas  lágrimas  de  felicidade  e  de  reconhecimento,  murmurando:—  Senhor,  meus  filhos  são
vossos.  Jesus,  atraindo­o  docemente  ao  coração,  lhe  afagou  os  cabelos  brancos,  dizendo:—
Chora,  Zebedeu!  porque  as  tuas  lágrimas  de  hoje  são  formosas  e  benditas!...  Temias  a  Deus;
agora o amas; estavas perdido nos  raciocínios  humanos  sobre  a  lei;  agora,  tens  no  coração  a
fonte da fé viva!

A LUTA CONTRA O MAL
De todas as ocorrências da tarefa apostólica, os encontros do Mestre com os endemoninhados
constituíam  os  fatos  que  mais  impressionavam  os  discípulos.  A  palavra  "diabo"  era  então
compreendida  na  sua  justa  acepção.  Segundo  o  sentido  exato  da  expressão,  era  ele  o
adversário  do  bem,  simbolizando  o  termo,  dessa  forma,  todos  os  maus  sentimentos  que
dificultavam o acesso das almas à aceitação da Boa Nova e todos os homens de vida perversa,
que contrariavam os propósitos da existência pura, que deveriam caracterizar as atividades dos
adeptos do Evangelho.

Dentre os companheiros do Messias, Tadeu era o que mais se deixava impressionar por aquelas
cenas dolorosas. Aguçavam­lhe, sobremaneira, a curiosidade de homem os gritos desesperados
dos  espíritos  malfazejos,  que  se  afastavam  de  suas  vítimas  sob  a  amorosa  determinação  do
Mestre  Divino.  Quando  os  pobres  obsidiados  deixavam  escapar  um  suspiro  de  alívio,  Tadeu
volvia os olhos para Jesus, maravilhado de seus feitos.

Certo dia em que o Senhor se retirara, com Tiago e João, para os lados de  Cesaréia  de  Filipe,


uma pobre demente lhe foi trazida, a fim de que ele, Tadeu, anulasse a atuação dos Espíritos
perturbadores que a subjugavam. Entretanto, apesar de todos os esforços de sua boa­vontade,
Tadeu não conseguiu modificar a situação. Somente no dia imediato, ao anoitecer, na presença
confortadora do Messias, foi possível à infeliz dementada recuperar o senso de si mesma.

Observando  o  fato,  Tadeu  caiu  em  sério  e  profundo  cismar.  Por  que  razão  o  Mestre  não  lhes
transmitia, automaticamente, o poder de expulsar os demónios malfazejos, para que pudessem
dominar  os  adversários  da  causa  divina?  Se  era  tão  fácil  a  Jesus  a  cura  integral  dos
endemoninhados,  por  que  motivo  não  provocava  ele  de  vez  a  aproximação  geral  de  todos  os
inimigos da luz, a fim de que, pela sua autoridade, fossem definitivamente convertidos ao reino
de  Deus?  Com  o  cérebro  torturado  por  graves  cogitações  e  sonhando  possibilidades
maravilhosas para que cessassem todos os combates entre os ensinamentos do Evangelho e os
seus inimigos, o discípulo inquieto procurou avistar­se particularmente com o Senhor, de modo
a expor­lhe com humildade suas ideias íntimas.

Numa  noite  tranquila,  depois  de  lhe  escutar  as  pon derações,  perguntou­lhe  Jesus,  em  tom
austero:— Tadeu, qual o principal objetivo das atividades de tua vida? Como se recebesse uma
centelha  de  inspiração  superior,  respondeu  o  discípulo  com  sinceridade:—  Mestre,  estou
procurando realizar o reino de Deus no coração.— Se procuras semelhante realidade, por que a
reclamas  no  adversário  em  primeiro  lugar?  Seria  justo  esqueceres  as  tuas  próprias
necessidades nesse sentido? Se buscamos atingir o infinito da sabedoria e do amor em Nosso
Pai, indispensável se faz reconheçamos que todos somos irmãos no mesmo caminho!...

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— Senhor, os espíritos do mal são também nossos irmãos? — inquiriu, admirado, o apóstolo.—
Toda a criação é de Deus. Os que vestem a túnica do mal envergarão um dia a da redenção pelo
bem. Acaso, poderias duvidar disso? O discípulo do Evangelho não combate propriamente o seu
irmão,  como  Deus  nunca  entra  em  luta  com  seus  filhos;  aquele  apenas  combate  toda
manifestação de ignorância, como o Pai que trabalha incessantemente pela vitória do seu amor,
junto da humanidade inteira.

—  Mas,  não  seria  justo  —  ajuntou  o  discípulo,  com  certa  convicção  —  convocarmos  todos  os
gênios  malfazejos  para  que  se  convertessem  à  verdade  dos  céus?  O  Mestre,  sem  se
surpreender  com  essa  observação,  disse:—  Por  que  motivo  não  procede  Deus  assim?...
Porventura,  teríamos  nós  uma  substância  de  amor  mais  sublime  e  mais  forte  que  a  do  seu
coração  paternal?  Tadeu,  jamais  olvidemos  o  bom  combate.  Se  alguém  te  convoca  ao  labor
ingrato  da  má  semente,  não  desdenhes  a  boa  luta  pela  vitória  do  bem,  encarando  qualquer
posição difícil como ensejo sagrado para revelares a tua fidelidade a Deus.

Abraça sempre  o  teu  irmão.  Se  o  adversário  do  reino  te  provoca  ao  esclarecimento  de  toda  a
verdade,  não  desprezes  a  hora  de  trabalhar  pela  vitória  da  luz;  mas  segue  o  teu  caminho  no
mundo atento aos teus próprios deveres, pois não nos consta que Deus abandonasse as suas
atividades divinas para impor a renovação moral dos filhos ingratos, que se rebelaram na  sua
casa. Se o mundo parece povoar­se de sombras, é preciso reconhecer que as leis de Deus são
sempre as mesmas, em todas as latitudes da vida.

É  indispensável  meditar  na  lição  de  Nosso  Pai  e  não  estacionar  a  meio  do  caminho  que
percorremos.  Os  inimigos  do  reino  se  empenham  em  batalhas  sangrentas?  Não  olvides  o  teu
próprio trabalho. Padecem no inferno das ambições desmedidas? Caminha para Deus. Lançam a
perseguição  contra  a  verdade?  Tens  contigo  a  verdade  divina  que  o  mundo  não  te  poderá
roubar,  nunca.  Os  grandes  patrimônios  da  vida  não  pertencem  às  forças  da  Terra,  mas  às  do
Céu. O homem, que dominasse o mundo inteiro com a sua força, teria de quebrar a sua espada
sangrenta, ante os direitos inflexíveis da morte.

E,  além  desta  vida,  ninguém  te  perguntará  pelas  obrigações  que  tocam  a  Deus,  mas,
unicamente, pelo mundo interior que te pertence a ti mesmo, sob as vistas amoráveis de Nosso
Pai. Que diríamos de um rei justo e sábio que perguntasse a um só de seus súditos pela justiça
e pela sabedoria do reino inteiro? Entretanto, é natural que o súdito seja inquirido acerca dos
trabalhos que lhe foram confiados, no plano geral, sendo também justo se lhe pergunte pelo que
foi feito de seus pais, de sua companheira, de seus filhos e irmãos. Andas assim tão esquecido
desses problemas fáceis e singelos? Aceita a luta, sempre que fores julgado digno dela e não te
esqueças, em todas as circunstâncias, de que construir é sempre melhor.

Tadeu  contemplou  o  Mestre,  tomado  de  profunda  admi ração.  Seus  esclarecimentos  lhe  caíam
no espírito como gotas imensas de uma nova luz.— Senhor — disse ele —, vossos raciocínios me
iluminam o coração; mas, terei errado externando meus sentimentos de piedade pêlos espíritos
malfazejos? Não devemos, então, convocá­los ao bom caminho?— Toda intenção excelente —
redarguiu Jesus — será levada em justa conta no céu, mas precisamos compreender que não se
deve tentar a Deus. Tenho aceitado a luta como o Pai ma envia e tenho esclarecido que a cada
dia basta o seu trabalho.

Nunca  reuni  o  colégio  dos  meus  companheiros  para  provocar  as  manifestações  dos  que  se
comprazem na treva; reuni­os, em todas as circunstâncias e oportunidades, suplicando para o
nosso esforço a inspiração sagrada do Todo­Poderoso. O adversário é sempre um necessitado
que  comparece  ao  banquete  das  nossas  alegrias  e,  por  isso,  embora  não  o  tenha  convocado,
convidando somente os aflitos, os simples e os de boa­vontade, nunca lhe fechei as portas do
coração,  encarando  a  sua  vinda  como  uma  oportunidade  de  trabalho,  de  que  Deus  nos  julga
dignos. O apóstolo humilde sorriu, saciado em sua fome de conhecimento, porém acrescentou,
preocupado  com  a  impossibilidade  em  que  se  via  de  atender  eficazmente  à  vítima  que  o
procurara:

— Senhor, vossas palavras são sempre sábias; entretanto, de que necessitarei para afastar as
entidades da sombra, quando o seu império se estabeleça nas almas?!...— Voltamos, assim, ao
início das nossas explicações — retrucou Jesus —, pois, para isso, necessitas da edificação do
reino  no  âmago  do  teu  espírito,  sendo  este  o  objetivo  de  tua  vida.  Só  a  luz  do  amor  divino  é
bastante  forte  para  converter  uma  alma  à  verdade.  Já  viste  algum  contendor  da  Terra
convencer­se  sinceramente  tão­só  pela  força  das  palavras  do  mundo?  As  dissertações
filosóficas não constituem toda a realização. Elas podem ser um recurso fácil da indiferença ou
uma túnica brilhante, acobertando penosas necessidades.
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O  reino  de  Deus,  porém,  é  a  edificação  divina  da  luz.  E  a  luz  ilumina,  dispensando  os  longos
discursos.  Capacita­te  de  que  ninguém  pode  dar  a  outrem  aquilo  que  ainda  não  possua  no
coração. Vai! Trabalha sem cessar pela tua grande vitória. Zela por ti e ama a teu próximo, sem
olvidares que Deus cuida de todos. Tadeu guardou os esclarecimentos de Jesus, para retirar de
sua substância o mais elevado proveito no futuro.

No  dia  seguinte,  desejando  destacar,  perante  a  comunidade  dos  seus  seguidores,  a
necessidade de cada qual se atirar ao esforço silencioso pela sua própria edificação evangélica,
o  Mestre  esclareceu  aos  seus  apólogos  singelos,  como  se  encontra  dentro  da  narrativa  de
Lucas: — "Quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos, procurando, e não
o  achando  diz:  —  Voltarei  para  a  casa  donde  saí;  e,  ao  chegar,  acha­a  varrida  e  adornada.
Depois, vai e leva mais sete Espíritos piores  do  que  ele,  que  ali  entram  e  habitam;  e  o  último
estado daquele homem fica sendo pior do que o primeiro."

Então,  todos  os  ouvintes  das  pregações  do  lago  compreenderam  que  não  bastava  ensinar  o
caminho  da  verdade  e  do  bem  aos  Espíritos  perturbados  e  malfazejos;  que  indispensável  era
edificasse cada um a fortaleza luminosa e sagrada do reino de Deus, dentro de si mesmo.

07 ­ Caminho, verdade e vida ­ Emmanuel ­ pág. 75

30. O MUNDO E O MAL

"Não peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal." ­ Jesus (João, 17:15)

Nos  centros  religiosos,  há  sempre  grande  número  de  pessoas  preocupadas  com  a  idéia  da
morte. Muitos companheiros não crêem na paz, nem no amor, senão em planos diferentes da
Terra. A maioria aguarda situações imaginárias e injustificáveis para quem nunca levou em linha
de conta o esforço próprio.

O ansio de morrer para ser feliz é enfermidade do espírito. Orando ao Pai pelos discípulos, Jesus
rogoupara que não fossem retirados do mundo, e, sim, libertos do mal. O mal, portanto, não é
essencialmente do mundo, mas das criaturas que o habitam. A Terra em si, sempre foi boa. De
sua  lama  brotam  lírios  de  delicado  aroma,  sua  natureza  maternal  é  repositório  de
maravilhososo milagres que se repetem todos os dias.

De  nada  vale  partimos  do  planeta,  quando  nossos  males  não  foram  exterminados
convenientemente.  Em  tais  circunstâncias,  assemelhamo­nos  aos  portadores  humanos  das
chamadas  moléstias  incuráveis.  Podemos  trocar  de  residência;  todavia,  a  mudança  é  quase
nada se as feridas nos acompanham. Faz­se  preciso,  pois,  embelezar  o  mundo  e  aprimorá­lo,
combatendo o mal que está em nós.

12 ­ Coragem ­ Espíritos Diversos ­ pág. 12

2. MALES PEQUENINOS

Guardemos  cuidado  para  com  a  importância  dos  males  aparentemente  pequeninos.  Não  é  o
aguaceiro que arrasa a árvore benemérita. É a praga quase imperceptível que se lhe oculta no
cerne. Não é a  selvageria  da  mata  que  dificulta  mais  intensamente  o  avanço  do  pioneiro.  É  a
pedra no calçado ou o calo no pé.

Não é a cerração que desorienta o viajor, ante as veredas que se bifurcam. É a falta da bússola.
Não é a mordedura do réptil que extermina a existência de um homem. É a diminuta dose  de
veneno que ele segrega.

Assim,  na  vida  comum.  Na  maioria  das  circunstâncias  não  são  as  grandes  provações  que
aniquilam  a  criatura  e  sim  os  males  supostamente  pequeninos,  dos  quais,  muitas  vezes,  ela
própria  escarnece,  a  se  expressarem  por  ódio,  angústia,  medo  e  cólera,  que  se  lhe  instalam,
sorrateiramente, por dentro do coração.

Albino Teixeira

13 ­ Cristianismo e Espiritismo ­ Léon Denis ­ pág. 227

(..) As vezes, Espíritos de mineiros, conhecidos dos assistentes e que com eles  partilharam  a
mesma  laboriosa  existência,  se  lhes  manifestavam.  Eram  facilmente  reconhecidos  por  sua
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linguagem, por suas expressões familiares, por mil particularidades psicológicas que são outras
tantas  provas  de  identidade.  Descreviam  a  vida  no  espaço,  as  sensações  experimentadas  na
ocasião  da  morte,  os  sofrimentos  morais  resultantes  de  um  passado  culposo,  de  perniciosos
hábitos  contraídos,  de  pendores  para  a  maledicência  ou  para  o  alcoolismo,  e  essas
comovedoras  descrições,  cheias  de  animação  e  de  originalidade,  exerciam  no  auditório  um
grande  efeito  moral,  uma  impressão  profunda  e  salutar.  Dai  uma  sensível  transformação  nas
idéias e nos costumes.

Considerando esses fatos, bem numerosos já e que se multiplicam dia a dia, pode­se desde logo
calcular  o  número  considerável  de  pobres  almas  que  o  Espiritismo  fortaleceu  e  consolou.  Ele
preservou  do  suicídio  grande  número  de  desesperados.  Demonstrando­lhes  a  realidade  da
sobrevivência, restituiu­lhes a coragem e o apreço à vida. Não cometeremos exagero  dizendo
que milhares de seres humanos, pertencentes a diversas confissões religiosas, protestantes e
católicas ­ e mesmo representantes oficiais dessas religiões a quem a morte de parentes e as
provações  haviam  acabrunhado  ­  encontraram  na  comunhão  dos  mortos,  em  lugar  de  uma
indecisa fé, uma convicção positiva, uma inabalável confiança na imortalidade.

Eis aqui o que um pastor protestante escrevia a Russell Wallace, académico inglês,  depois  de
haver comprovado a realidade dos fenômenos espíritas: "A morte é agora para mim uma coisa
muito  diferente  do  que  foi  outrora;  depois  de  ter  experimentado  enorme  acabrunhamento
consequente à morte de meus filhos, sinto­me atualmente cheio de esperança e de alegria; sou
outro  homem".A  esses  testemunhos,  tão  eloquentes  de  simplicidade,  poder­se­iam  opor,  é
certo,  as  fraudes,  os  hábitos  de  embuste,  o  charlatanismo  e  a  mediunidade  venal,  em  uma
palavra: todos os abusos originados, em certos casos, de uma péssima prática experimental do
Espiritismo, e aos quais já nos referimos.

Mas os que se entregam a semelhantes exercícios provam, por isso mesmo, a sua ignorância do
Espiritismo. Se lhe compreendessem as leis e os preceitos, saberiam o que lhes reservam atos
que  são  outras  tantas  profanações.  Saberiam  ao  que  se  expõem  os  que  fazem  de  uma  coisa
respeitável  e  sagrada,  em  que  se  não  deve  tocar  senão  com  recolhimento  e  piedade,  meio
vulgar de exploração, um comércio vergonhoso.

Lembrar­nos­ão,  também,  a  influência  dos  maus  Espíritos,  as  comunicações  apócrifas,


subscritas por nomes célebres, os casos de obsessão e possessão. Mas essas influências foram
exercidas,  esses  fatos  se  produziram  em  todos  os  tempos;  sempre  os  homens  estiveram
expostos  ­  muitas  vezes  sem  lhes  conhecerem  as  causas  ­  às  más  ações  dos  invisíveis  de
ordem inferior, e o estudo do Espiritismo vem precisamente fornecer os meios de afastar essas
influências,  de  agir  sobre  os  Espíritos  malfazejos,  de  os  encaminhar  ao  bem  pela  evocação  e
pela prece.

A ação salutar do Espiritismo não se exerce, com efeito, unicamente sobre os homens; estende­
se também aos habitantes do espaço. Mediante relações estabelecidas entre os dois mundos,
os adeptos esclarecidos podem agir sobre os Espíritos inferiores e, com palavras de piedade e
consolação, sábios conselhos, arrancá­los ao mal, ao ódio, ao desespero. E nisso há um dever
imperioso,  o  dever  de  todo  ser  superior  para  com  os  seus  irmãos  retardatários,  de  um  ou  de
outro mundo. Ê o dever do homem de bem, que o Espiritismo eleva à dignidade de educador e
guia dos Espíritos ignorantes ou perversos, a ele enviados para serem instruídos, esclarecidos,
melhorados.

É,  ao  mesmo  tempo,  o  mais  seguro  meio  de  sanear  fluidicamente  a  atmosfera  da  Terra,  o
ambiente  em  que  se  agita  e  vive  a  Humanidade.  É  nesse  intuito  que  todo  círculo  espírita  de
alguma  importância  consagra  parte  das  suas  sessões  à  instrução  e  moralização  das  almas
culpadas.  Graças  à  solicitude  que  lhes  é  testemunhada,  às  caritativas  advertências  e,
sobretudo, às preces fervorosas que recaem sobre eles em magnéticos eflúvios, não é raro ver
os mais endurecidos Espíritos reconciliados com melhores sentimentos, porem por si mesmos
um termo às dolorosas obsessões com que perseguiam suas vítimas.

Com  suas  errôneas  concepções  da  vida  de  além­túmulo,  com  sua  doutrina  da  condenação
eterna, obstou por muito tempo a  Igreja  o  cumprimento  desse  dever.  Ela  havia  interdito  toda
relação  entre  os  Espíritos  e  os  homens,  cavando  entre  eles  fundo  abismo.  Todos  os  que,  ao
deixarem a Terra, eram considerados condenados por seus crimes, viam interceptar­se, do lado
dos  homens,  toda  comunicação,  dissipar­se  toda  possibilidade  de  aproximação  e,
conseqüentemente, toda esperança de socorro moral e de consolação.

O mesmo acontecia do lado do céu, porque os Espíritos elevados, em virtude da natureza sutil
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do seu invólucro, dos seus fluidos etéreos pouco em harmonia com os dos Espíritos inferiores,
encontram  muito  mais  dificuldade  do  que  os  homens  em  comunicar  com  eles,  em  razão  da
diferença  de  afinidade.  Todas  as  pobres  almas  errantes,  torturadas  pela  angústia,  assaltadas
pelas recordações pungentes do passado, achavam­se abandonadas a si próprias, sem que um
pensamento amigo, como um raio de sol, pudesse iluminar as suas trevas.

Imbuídas,  na  maior  parte,  de  inveterados  prejuízos;  convencidas  muitas  vezes,  por  falsa
educação,  da  realidade  das  penas  eternas  que  supunham  estar  sofrendo,  a  situação  se  lhe
tornava horrível e suscitava, muitas vezei, pensamentos de raiva e de furor, uma necessidade
de vingança que  procuravam  saciar  nos  homens  fracos  ou  propensos  ao  mal.  A  ação  maléfica
desses Espíritos aumentava por esM mesmo fato ao abandono em que jaziam.

Retidos  por  seus  fluidos  grosseiros,  na  atmosfera  terrestre  em  permanente  contacto  com  os
homens acessíveis à sua influência e podendo fazer­lhes sentir a sua própria, eles não visavam
senão  um  fim:  fazer  os  homens  compartilharem  das  torturas  que  acreditavam  sofrer.  Foi  por
isso que, durante toda a Idade Média, época em que foram interditas as relações com o mundo
invisível,  consideradas  criminosas  e  passíveis  da  pena  do  fogo,  viram­se  multiplicar,  durante
longos  séculos,  os  casos  de  obsessão,  de  possessão,  e  dilatar­se  a  perniciosa  influência  dos
Espíritos do mal.

Em  lugar  de  procurar  congraçá­los  por  meio  de  preces  e  benévolas  exortações,  a  Igreja  não
teve  para  eles  senão  anátemas  e  maldições;  ela  não  procede  senão  por  exorcismos,  recurso
além do mais impotente, cujo único resultado é irritar os maus Espíritos, provocar­Ihes réplicas
ímpias ou cínicas, e os atos indecentes ou odiosos, que sugerem às suas vítimas.

Perdendo  de  vista  as  puras  tradições  cristãs,  sufocando  as  vozes  do  mundo  invisível  com  a
ameaça  da  fogueira  e  das  torturas,  a  Igreja  repudiou  a  grande  lei  de  solidariedade  que  une
todas as criaturas de Deus em sua ascensão comum, impondo às mais adiantadas a obrigação
de trabalhar por instruir e regenerar suas irmãs inferiores. Durante séculos, privou ela o homem
dos socorros, dos esclarecimentos, dos inestimáveis recursos que proporciona a comunhão dos
Espíritos elevados.

Privou as gerações dessas permutas de ternura com os amados entes que nos antecederam na
outra vida, permutas que são a alegria, a consolação suprema dos aflitos, dos isolados na Terra,
de todos os que padecem as angústias da separação. Privou a Humanidade desse fluxo de vida
espiritual  que  desce  dos  espaços,  retempera  as  almas  e  reanima  os  tristes  corações
desfalecidos.

Assim se fez, pouco a pouco, a obscuridade nas doutrinas e nos cérebros, velaram­se as mais
cintilantes verdades, surgiram pueris ou odiosas concepções, à míngua de toda crítica e exame.
E a dúvida se espalhou, o espírito de cepticismo e negação invadiu o mundo. (...)

33­ MÃOS UNIDAS ­ EMMANUEL ­ PÁG. 88

ABOLIÇÃO DO MAL: Quem se refere à perseguição e calúnia, rixas e desgostos, na maior parte
das  circunstâncias,  está  destacando  a  influência  do  mal.  Quantos  milhares  de  caminhos,
entretanto, para equilíbrio e restauração, alegria e esperança se todos nos empenhássemos a
extinguir impressões negativas no nascedouro!...

Determinado  amigo  terá  incorrido  no  erro  de  que  o  acusam,  todavia  se  nos  afastamos  da
censura que o envolve, anotando­lhe as qualidades nobres de filho de Deus, com possibilidades
de recuperação iguais às nossas, mais depressa se verá liberto da inquietação na sombra para
readquirir a tranquilidade de consciência.

Certo acontecimento menos feliz haverá sido indiscutivelmente um desastre social, no entanto,
se nos abstemos de comentá­lo nos aspectos destrutivos, teremos cooperado para que se lhe
pulverizem os destroços morais, sem piores consequências.

Aquela  injúria  assacada  contra  nós  efetivamente  nos  haverá  queimado  as  entranhas  do  ser,
entretanto, desaparecerá nas correntes profundas do tempo, se nos consagramos a olvidá­la,
sem  comunicar­lhe  o  fogo  devorador  aos  entes  queridos,  através  de  alegações  menos
edificantes.

Essa confidência amarga ter­nos­á atingido o coração, por farpa invisível, mas não ferirá outros,
se  nos  dispusermos  a  esquecê­la.  Reflitamos  na  contribuição  da  paz  a  que  todos  somos
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chamados e para a qual todos somos capazes com segurança e eficiência.

Para começar, porém, de maneira substanciosa e definitiva, é preciso que o mal cesse de agir,
tão logo nos alcance, encontrando em cada um de nós uma estação terminal das trevas.

34 ­ MEDIUNIDADE E SINTONIA ­ EMMANUEL ­ PÁG. 61

ESTUDANDO  O  BEM  E  O  MAL:  Para  que  sejamos  intérpretes  genuínos  do  bem,  não  basta
desculpar o mal. É imprescindível nos despreocupemos dele, em sentido absoluto, relegando­o
à condição de efêmero acessório do triunfo real das Leis que nos regem. Evitando comentários
complexos em nosso culto à simplicidade, recorramos à natureza.

Vejamos, por exemplo, o apelo vivo da fonte. Quantas vezes terá sido injuriada a água que hoje
nos  serve  à  mesa?  Do  manancial  ao  vaso  limpo,  difícil  trajetória  cumulou­a  de  vicissitudes  e
provações. O leito duro de pedra e areia... A baba venenosa dos répteis.. O insulto dos animais
de grande porte.. O enxurro dos temporais... Os detritos que lhe foram arrojados ao seio..

A fonte, entretanto, caminhou desprentensiosa, sem demorar­se em qualquer consideração aos
sarcasmos da senda, até surpreender­nos, diligente e pura, aceitando o filtro que lhe apura as
condições, a fim de que nos assegure saciedade e conforto.

Segundo observamos, na lição aparentemente infantil, o ribeiro não somente olvidou as ofensas
que  lhe  foram  precipitadas  à  face.  Movimentou­se,  avançou,  humilhou­se  para  auxiliar  e
perdoou infinitamente, sem imobilizar­se um minuto, porque a imobilidade para ele constituiria
adesão ao charco, no qual, ao invés de servir, converter­se­ia tão só em veículo de corrução

É  por  isso  que  o  ensinamento  cristão  da  caridade  envolve  o  completo  esquecimento  de  todo
mal. "Que a vossa mão esquerda ignore o bem praticado pela direita". Semelhantes palavras do
Senhor  induzem­nos  a  jornadear  na  Terra,  exaltando  o  bem,  por  todos  os  meios  ao  nosso
alcance,  com  integral  despreocupação  de  tudo  o  que  represente  vaidade  nossa  ou
incompreensão  dos  outros,  de  vez  que  em  qualquer  boa  dádiva  somente  a  Deus  se  atribui  a
procedência.

Procurando  a  nossa  posição  de  servidores  fiéis  da  regeneração  do  mundo,  a  começar  de  nós
mesmos, pela renovação dos  nossos  hábitos  e  impulsos,  olvidemos  a  sombra  e  busquemos  a
luz, cada dia, conscientes de que qualquer pausa mais longa na apreciação dos quadros menos
dignos que ainda nos cercam será nossa provável indução ao estacionamento indeterminado no
cárcere do desequilíbrio e do sofrimento.

35 ­ SEMEADOR EM TEMPOS NOVOS ­ EMMANUEL ­ PÁG. 44

MAL E BEM:

Acautela­te em pedir o favor do bem, porque muitas vezes a concessão que se nos afigura bem
nosso pode ser efetivamente o mal que arruína os outros. Muitos solicitam excessiva fartura em
casa,  esquecendo  que  o  bem  aparente  da  mesa  lauta  é  o  mal  da  penúria  entre  os  próprios
vizinhos.

Criaturas numerosas reclamam a bolsa farta, com absoluta despreocupação das  necessidades
alheias,  olvidando  que  os  bens  acumulados  em  seu  nome  produzem  males  sem  conta  na
economia  daqueles  que  lhes  respiram  a  experiência.  Lembra­te  de  que  há  bens  fugazes  que
geram  males  de  longo  curso,  tanto  quanto  existem  males  passageiros  que  asseguram  bens
sagrados e duradouros.

A alegria ruidosa e insensata é um bem que, não raro, determina desastres de consequências
imprevisíveis, enquanto a dor paciente e humilde gera bênçãos de sublimada expressão.

Muitos ferem  os  outros,  com  a  desculpa  de  preservar  o  bem  próprio,  criando  largo  cortejo  de
males em derredor de si mesmos, quando apenas os que sabem receber no âmago do peito os
golpes do mal é que penetram, tranquilos, na seara dos bens que a vida entesoura a benefício
dos que sabem vencer, vencendo, antes de tudo, a si próprios.

Não  te  enganes,  desta  forma,  no  câmbio  ilusório  da  fortuna  e  da  carência,  do  prazer  e  da
lágrima, da consideração e do menosprezo, ao jogo das aparências terrestres. Recorda que a

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abastança de hoje pode ser a penúria de amanhã e que o domínio de agora pode ser derrocada
depois.

Sobretudo, não troques o mal da provação transitória pelo bem da fuga desassizada, com plena
deserção  do  campo  de  luta,  em  que  a  Lei  te  situa  os  passos,  porque  somente  ao  preço  de
tolerância e abnegação, nos males da sombra presente, é que conseguirás, com justiça, entrar
na posse dos bens que te esperam ao sol do grande futuro.

36 ­ AS LEIS MORAIS ­ RODOLFO CALLIGARIS ­ PÁG. 34

O PROBLEMA DO MAL
Desde as mais priscas eras o homem tem observado que, a par das boas coisas que tornam a
vida deleitável, outras existem ou acontecem que são o reverso da medalha, isto é, só causam
aflições, dores e prejuízos. Foi, por isso, induzido a crer seja o governo do mundo partilhado por
duas potestades rivais: — Deus, fonte do Bem, e Satanás, agente do Mal.

Essa crença nos dois princípios antagônicos em luta pela hegemonia foi e continua sendo a base
das doutrinas religiosas de todos os povos, inclusive católicos e reformistas.

Entre  estes,  a  idéia  de  que  uns  se  salvam  e  outros  se  perdem  para  todo  o  sempre  é  geral,
havendo  até  quem  afirme  que  o  número  dos  perdidos  é  muito  maior  do  que  a  cifra  dos  bem­
aventurados.

Quer  isso  dizer  que  o  Mal  seria  mais  forte  que  o  Bem,  e  que  Satanás  estaria  conseguindo
derrotar a Deus, frustrando­Lhe os desígnios de salvação universal.

Em  que  pese  à  ancianidade  de  tais  conceitos,  são  falsos  e  insustentáveis,  diríamos  mesmo,
heréticos.  Com  efeito,  admitir  o  triunfo  do  Maligno,  a  dano  da  Humanidade,  é  o  mesmo  que
negar ao Pai Celestial os atributos da onisciência e da onipotência, sem os quais não poderia ser
verdadeiramente Deus.

O  Espiritismo,  que  é  o  Paracleto  anunciado  pelo  Cristo,  contrariando  os  ensinos  da  Teologia
tradicional, esclarece­nos que o Bem é a única realidade eterna e absoluta em todo o Universo,
sendo  o  Mal  apenas  um  estado  transitório,  tanto  no  plano  físico,  no  campo  social,  como  na
esfera espiritual.

Para  que  se  compreenda  isto,  é  preciso,  entretanto,  considerar,  não  as  consequências
imediatas  de  tudo  quanto  observamos,  mas  sim  os  seus  efeitos  mediatos,  futuros,  porque  só
estes,  ao  longo  dos  anos,  dos  séculos  ou  dos  milênios,  é  que  farão  ressaltar,  nitidamente,  a
infalibilidade da Providência Divina frente aos destinos da Criação.

Certos fenômenos geológicos, por exemplo, podem ter sido considerados catastróficos à época
em  que  ocorreram;  foram  eles,  porém,  que  compuseram  os  continentes  e  formaram  os
oceanos, emprestando­lhes os aspectos maravilhosos que hoje nos extasiam, provocando­nos
arroubos de admiração.

Muitas  guerras  internacionais  e  outras  tantas  revoluções  intestinas,  embora  se  constituam,
como de fato se constituem, dolorosos flagelos para as gerações que nelas são envolvidas, dão
ensejo, por seu turno, à queda de tiranos e opresssores, à extinção de preconceitos e privilégios
iníquos,  à  mudança  de  costumes  arcaicos,  ao  progresso  tecnológico  e  quejandos,  resultando
daí, em favor dos pósteros (que seremos nós mesmos, em novas  reencarnações),  a  melhoria
das  instituições,  maior  liberdade  de  pensamento  e  de  expressão,  uma  justiça  mais  perfeita,
maior conforto nos sistemas de transportes, de comunicações, nos lares, etc.

Quando  não,  é  por  meio  delas  que  os  maus  se  castigam  reciprocamente,  consoante  o
ensinamento:  "quem  com  ferro  fere,  com  ferro  será  ferido".  Um  dia,  ainda  que  longínquo,
cansadas de sofrer o choque de retorno de suas crueldades, ditadas pelo egoísmo, pelo orgulho
e outros sentimentos tais, as nações aprenderão a valorizar a paz, buscando­a, então, sincera e
veementemente, através da fraternidade e do solidarismo cristão.

Assim também acontece com as nossas almas. Criadas simples e ignorantes, mas dotadas  de
aptidões para o desenvolvimento de todas as virtudes e a aquisição de  toda  a  sabedoria,  hão
mister de, vida pós vida, neste orbe e em outros, passar por um processo de burilamento que
muito as farão sofrer.

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É a luta pela subsistência. São as enfermidades. As insatisfações. Os conflitos emocionais. Os
desenganos. As imperfeições próprias e daqueles com os quais convivemos. Enfim, as mil e uma
vicissitudes da existência.

Nesse autêntico entrevero, usando e abusando do livre arbítrio, cada qual vai colhendo vitórias
ou  amargando  derrotas,  segundo  o  grau  de  experiência  conquistada.  Uns  riem  hoje,  para
chorarem amanhã, e outros, que agora se exaltam, serão humilhados depois.

Tudo, porém, concorre para enriquecer nossa sensibilidade, aprimorar nosso caráter, fazer que
se  nos  desabrochem  novas  faculdades,  o  que  vale  dizer,  se  dilatem  nossos  gozos  e  aumente
nossa felicidade.

Bendito seja, pois, o Espiritismo, pela revelação dessa verdade, à luz da qual se nos patenteia,
esplendorosamente, a Bondade infinita de Deus! (Cap. I, q. 634)

Rodolfo Caligaris

A RESPONSABILIDADE DO MAL

Ao justificar o dogma das penas eternas a que seriam condenados os pecadores impenitentes, a
Teologia  argumenta  que,  não  obstante  o  homem  seja  finito,  isto  é,  limitado  em  sabedoria,
virtudes  e  poderio,  sua  culpa  se  torna  infinita  pela  natureza  infinita  do  ofendido  —  Deus,  e,
consequentemente, infinito deve ser, também, o respectivo castigo.

Sustenta,  portanto,  a  tese  de  que  o  elemento  moral  do  delito  esteja  intimamente  ligado  à
qualidade  do  ofendido  e  não  à  resolução  e  malícia  do  ofensor,  tese  essa  capciosa  e  iníqua.
Capciosa, porque transfere do agente para o paciente a gravidade do ato culposo.

Iníqua, porque  não  leva  em  conta  os  atributos  da  Divindade,  supondo­a  menos  perfeita  que  a
Humanidade.  Sim,  porque  um  homem  sensato  certamente  nem  sequer  tomaria  em
consideração  as  ofensas  que  lhe  fossem  dirigidas  por  uma  criança  ou  por  um  idiota.  Como,
então,  admitir­se  possa  Deus  consentir  sejamos  castigados  eternamente  pelo  haver  ofendido
(infantes espirituais que somos) com nossa imensa ignorância ou inconsciência?

A Doutrina Espírita, ao contrário, defende o princípio de que a culpa por toda e qualquer ofensa é
sempre proporcional ao grau de conhecimento e à determinação volitiva de quem a pratica, e
nunca à importância de quem a recebe.

Isso ensinou o próprio Jesus, o Rei dos reis, quando suplicou em favor dos que o crucificaram:
"Perdoa­lhes, Pai, pois não sabem o que fazem."

Em verdade, quanto melhor saibamos discernir e mais livremente possamos decidir entre o Bem
e o Mal, tanto maior será a nossa responsabilidade.

"Assim — diz Kardec — mais culpado é, aos olhos de Deus, o homem instruído que pratica uma
simples injustiça, do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos." (Cap. I, q.
637) Colhamos ainda, em L. dos E. (q. 639, 640 e 641), mais alguns esclarecimentos em torno
dessa magna questão.

Pode  o  mal,  não  raro,  ter  sido  cometido  por  alguém  em  circunstâncias  que  o  envolveram,
independentemente  de  sua  vontade,  ou  por  injunções  a  que  teve  de  submeter­se.  Nessas
condições, a culpa maior é dos que hajam determinado tais circunstâncias ou injunções, porque
perante  a  Justiça  Divina  cada  um  se  faz  responsável  não  só  pelo  mal  que  haja  feito,  direta  e
pessoalmente, como também pelo mal que tenha ocasionado em decorrência de sua autoridade
ou de sua influência sobre outrem.

Ninguém,  todavia,  jamais  poderá  ser  violentado  em  seu  foro  íntimo.  Isto  posto,  quando
compelidos por uma ordem formal, seremos ou não culpáveis, dependendo dos sentimentos que
experimentemos  e  da  forma  como  ajamos  ao  cumpri­la.  Exemplificando:  poderemos  ser
enviados  à  guerra  contra  a  nossa  vontade,  não  nos  cabendo,  neste  caso,  nenhuma
responsabilidade pelas mortes e calamidades que dela se originem; se, porém, no cumprimento
desse  dever  cívico,  sentirmos  prazer  em  eliminar  nossos  adversários  ou  se  agirmos  com
crueldade, seremos tanto ou mais culpados do que os assassinos passionais.

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Tirarmos vantagem de uma ação má, praticada por outras pessoas, constitui igualmente, para
nós, falta grave, qual se fôssemos os próprios delinquentes, pois isso equivale a aprovar o mal,
solidarizando­se com ele.

Nas  vezes  em  que  desejamos  fazer  o  mal,  mas  recuamos  a  tempo,  embora  oportunidade
houvesse  de  levá­lo  a  cabo,  demonstramos  que  o  Bem  já  se  está  desenvolvendo  em  nossas
almas.

Se,  entretanto,  deixamos  de  satisfazer  àquele  desejo,  apenas  porque  nos  faltasse  ocasião
propícia para tal, então somos tão repreensíveis como se o houvéramos praticado.

LEMBRETE:

O Bem e o Mal
Desde as mais remotas eras o homem tem consciência que a par das coisas boas e que tornam
a  vida  feliz,  outras  existem  que  causam  dores  e  aflições.  Nesse  sentido,  o  homem  sempre
buscou explicar e distinguir o bem do mal. A essa distinção entre o bem e o mal é que se refere
a moral, enquanto  um  conjunto  de  regras  que  visam  disciplinar  e  dirigir  uma  boa  conduta.  No
entanto,  importa  não  confundir  essas  regras  com  os  costumes,  pois  a  moral  funda­se  na
observação  da  lei  de  Deus  (LÊ,  629),  ou  seja,  ela  é  de  origem  divina,  natural  e  portanto
universal, ao passo que os costumes são relativos a determinada cultura. Sob esse aspecto, a
lei moral ou divina é natural, essencial e não convencional.

Conseqüentemente,  o  bem  distingue­se  do  mal  enquanto  sendo  o  bem  tudo  o  que  está  de
acordo com a lei de Deus e o mal é tudo o que dela se afasta. Assim, fazer o bem é se conformar
com a lei de Deus, e fazer o mal é infringir essa lei (LÊ, 630). Pode­se desta forma deduzir que o
bem  é  a  Lei  Natural,  a  única  realidade  eterna  e  absoluta  em  todo  o  Universo,  sendo  o  mal
apenas um estado transitório.

No entanto, todo homem está sujeito a errar, ou a hesitar na apreci ação do bem e do mal. Para
que a criatura não se engane, convém usar sempre a "regra áurea" ensinada pelo Mestre Jesus:
Fazer  aos  outros  aquilo  que  gostaríamos  que  nos  fizessem.  Não  há  possibilidade  de  engano
nesse caso, pois o que não é bom para nós não é bom para nosso semelhante. Por outro lado,
no que se refere a nós mesmos, muitas vezes cometemos excessos por fraqueza ou descuido e,
nesse  caso,  estaremos  transgredindo  a  lei,  pois  a  lei  natural  traça  para  o  homem  o  limite  de
suas necessidades; quando ele o ultrapassa, é punido pelo sofrimento (LÊ, 633).

Importa  vivenciar  a  condição  humana,  de  seres  inseridos  na  materialidade,  porém  com
moderação; todo excesso transgride as leis naturais e gera consequências inevitáveis. A partir
disso, poder­se­ia questionar, por que o mal se encontra na natureza das coisas? Deus já não
poderia criar o homem em melhores condições?

Porém,  Deus  criou  os  Espíritos  para  chegarem  à  perfectibilidade  por  si  mesmos,  pela  própria
experiência,  pela  própria  conquista.  Deus  deixa  ao  homem  a  escolha  do  caminho:  tanto  pior
para ele seguir o mal; sua peregrinação será mais longa (LÊ, 634). Criados simples e ignorantes,
mas  dotados  de  aptidões  para  o  desenvolvimento  de  todas  as  virtudes,  todos  os  Espíritos
passam  por  um  processo  de  burilamento.  Valendo­se  do  livre­arbítrio,  cada  qual  vai  colhendo
vitórias  ou  amargando  derrotas,  segundo  o  grau  de  evolução  conquistada.  Se  não  existissem
montanhas, não poderia o homem compreender que se pode subir e descer (LÊ, 634).

Para  que  o  Espírito  adquira  experiência,  é  necessário  conhecer  o  bem  e  o  mal,  para  tanto
necessita  passar  pela  materialidade,  que  lhe  é  um  obstáculo,  mas  que  por  isso  mesmo  lhe
permite resgatar a essência divina que o caracteriza; si s por que existe a união do Espírito e do
corpo  (LÊ,  634).  Se  eles  (Espíritos)  tivessem  sido  criados  perfeitos,  não  teriam  merecimento
para gozar dos benefícios dessa perfeição LÊ, 119).

A  lei  de  Deus  é,  portanto,  universal,  necessária  e  imanente  a  todos;  já  o  mal  varia  de  acordo
com  o  grau  evolutivo  de  cada  um.  O  bem  é  sempre  bem  e  o  mal  é  sempre  mal,  qualquer  que
seja a posição do homem. Todos os homens possuem a mesma noção do que seja o bem  e  o
mal, independente da cultura; no entanto, o que varia é a sua aplicação nas várias sociedades.

O mal parece, algumas vezes, como consequência de circunstâncias, mas nem por isso deixa de
ser infração à lei de Deus; o homem se torna mais culpável quando o comete (o mal), porque
melhor  o  compreende  (LÊ,  638).  Um  dos  preconceitos  da  moral  cristã  é  justamente  que  uma
ação para ser considerada má deve ser cometida com pleno conhecimento de causa; é assim
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que quanto maior a consciência da lei, maior a responsabilidade.

Por  outro  lado,  não  é  suficiente  apenas  deixar  de  fazer  o  mal,  mas  é  preciso  fazer  o  bem,  no
limite das próprias forças, pois cada um responderá por todo o mal que tiver ocorrido por causa
do bem que deixou de fazer (LÊ, 642). A verdadeira fé não é inoperante, o verdadeiro cristão o é
pelas  obras,  por  tudo  aquilo  que  exterioriza,  expressa,  manifesta  de  seu  próprio  Espírito;  não
basta uma atitude passiva perante a vida, mas na ação é  que  se  dá  o  testemunho  do  Pai,  na
expressão de Jesus. E quanto maior a dificuldade na prática do bem, maior o mérito perante  a
própria consciência e perante Deus.

Deus leva mais em conta o pobre que reparte o seu único pedaço de pão, que o rico que só dá
de  seu  supérfluo  (LÊ,  646).  Não  há  mérito  em  fazer  o  bem  sem  trabalho,  quando  nada  custa,
conforme nos ensina a passagem evangélica do óbolo da viúva. Por outro lado, amar os que nos
querem bem é fácil. Existe mais mérito em amar os que nos magoam e os de difícil convivência.

A lição de amor, Jesus ensinou­a através de palavras e atos. Ele amou os amigos, os familiares,
pescadores, os avarentos, ladrões, e homens do povo. Vivenciou realmente o "Amar a Deus e
ao próximo como a si mesmo".
Bibliografia: LÊ, 629 a 646 ­ Curso de Espiritismo ­ Ediçoes FEESP

Edivaldo

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