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FACULDADE DE GEOLOGIA
RIO DE JANEIRO
2006
IV
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
FACULDADE DE GEOLOGIA
RIO DE JANEIRO
2006
V
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
FACULDADE DE GEOLOGIA
Aprovado por:
_______________________________________________
_______________________________________________
(Petrobras – RH/UP/ECTEP)
RIO DE JANEIRO
2006
VI
FICHA CATOLOGRÁFICA
VII
ÍNDICE
RESUMO......................................................................................................... XV
ABSTRACT.................................................................................................... XIX
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1
1.1 Localização .......................................................................................... 1
1.2 Evolução do conhecimento geológico .............................................. 4
1.2.1 ESTRATIGRAFIA E ASPECTOS SEDIMENTARES................... 5
1.2.2 ASPECTOS ESTRUTURAIS ...................................................... 6
1.2.3 SISTEMAS PETROLÍFEROS ..................................................... 7
1.3 Histórico de exploração e produção de hidrocarbonetos ............... 5
VIII
3 SEQÜÊNCIAS ESTRATIGRÁFICAS E EVOLUÇÃO TECTONO-
SEDIMENTAR.................................................................................................. 26
3.1 Introdução .......................................................................................... 26
3.2 Seqüência Paleozóica (Plz)............................................................... 28
3.2.1 SEQÜÊNCIA ORDOVICIANO-DEVONIANA (O-D) .................. 28
3.2.2 SEQÜÊNCIA DEVONIANO-CARBONÍFERA (D-C).................. 31
3.2.3 SEQÜÊNCIA CARBONÍFERO-PERMIANA (C-P) .................... 36
3.3 Seqüência Cretáceo-Terciária (K-T) ................................................. 38
4 SISTEMAS PETROLÍFEROS..................................................................... 40
4.1 Sistemas petrolíferos da Bacia do Amazonas ................................ 44
4.1.1 ROCHAS GERADORAS ........................................................... 44
4.1.2 MATURAÇÃO ........................................................................... 47
4.1.3 TRAPAS, RESERVATÓRIOS E SELOS................................... 48
4.1.4 GERAÇÃO E MIGRAÇÃO ........................................................ 51
4.2 Sistemas petrolíferos da Bacia do Solimões .................................. 54
5 RESERVATÓRIOS..................................................................................... 58
5.1 Caracterização de fácies................................................................... 59
5.1.1 FÁCIES SEDIMENTARES DA FORMAÇÃO MONTE
ALEGRE NA ÁREA DO JURUÁ................................................ 60
5.1.2 ARENITOS EÓLICOS DA FORMAÇÃO JURUÁ NA ÁREA
DE URUCU ............................................................................... 64
5.2 Evolução diagenética ........................................................................ 65
5.3 Condições permoporosas ................................................................ 66
5.4 Qualidade dos reservatórios ............................................................ 66
IX
LISTA DE FIGURAS
X
Figura 12 – Reconstrução tectônica e paeogeográfica dos continentes e
oceanos entre o fim do Proterozóico e início do Paleozóico
(fonte: Scotese 2000). ..................................................................... 27
Figura 13 – Seqüências deposicionais presentes nas cartas estratigráficas
das bacias do Solimões e do Amazonas (modificado de Eira et
al. 1994 e Cunha et al. 1994). ......................................................... 29
Figura 14 – Seção estratigráfica e mapa paleoecológico dos ambientes
deposicionais das formações Altás Mirim (a) e Nhamundá,
Bacia do Amazonas (Carozzi et al. 1973). ...................................... 30
Figura 15 – Seção estratigráfica e mapas paleoecológicos dos ambientes
deposicionais das formações Pititinga (a) Manacapuru (b) e
Maecuru (c), Bacia do Amazonas (Carozzi et al. 1973). ................. 32
Figura 16 – Mapas paleoecológicos e modelos deposicionais das
formações Ererê (a), Cururi (b), Bacia do Amazonas (Carozzi et
al. 1973). ......................................................................................... 34
Figura 17 – Mapas paleoecológicos e modelos deposicionais das
formações Oriximiná (a) e Faro (b), Bacia do Amazonas
(Carozzi et al. 1973). ....................................................................... 35
Figura 18 – Correlação entre as seqüências estratigráficas das Bacias do
Solimões e Amazonas e seus sistemas petrolíferos (Modificado
de Eiras et al., 1994 e Cunha et al., 1994). ..................................... 41
Figura 19 – Carta estratigráfica da Bacia do Solimões (fonte: Eiras et al.
1994). .............................................................................................. 42
Figura 20 – Carta estratigráfica da Bacia do Amazonas (fonte: Cunha et al.
1994). .............................................................................................. 43
Figura 21 – (a) Mapa de isópacas dos folhelhos radioativos da porção
basal da Formação Barreirinha e localização de alguns poços
selecionados para o estudo de Gonzaga et al. (2000). (b) Perfil
geoquímico do poço B, mostrando que os maiores valores de
COT, S2 e IH são encontrados na parte basal da Formação
Barreirinha (fonte: Gonzaga et al. 2000). ........................................ 46
Figura 22 – Análise geoquímica de amostras da Formação Barreirinha –
Devoniano Superior – na Bacia do Amazonas. Os altos valores
de COT e índices de oxigênio e hidrogênio correspondem à
superfície de máxima inundação (fonte: Eiras et al. 1998).............. 46
Figura 23 – Índice de potencial gerador (IPG) calculado para algumas
formações do Paleozóico Inferior da Bacia do Amazonas (fonte:
Gonzaga et al. 2000). ...................................................................... 47
Figura 24 – Diagrama mostrando a relação entre a reflectância da vitrinita
(%Ro) e a profundidade em dois poços da Bacia do Amazonas
(localização na figura 21a). Observe o efeito termal das
intrusões ígneas na seção sedimentar (fonte: Gonzaga et al.
2000). .............................................................................................. 48
Figura 25 – Coluna sedimentar de um poço selecionado na Bacia do
Amazonas mostrando a composição litológica e perfis de GR,
XI
resistividade e sônico. Os melhores reservatórios são as
camadas de arenito das Formações Curiri e Monte Alegre
(fonte: Gonzaga et al. 2000)............................................................ 50
Figura 26 – Evolução da razão de transformação (TR) e eficiência de
expulsão (EE) em dois poços e um falso poço (baseado em
dados de seções sísmicas) na Bacia do Amazonas. Note o
aumento da conversão do querogênio e expulsão do petróleo
do poço B (margem da bacia) para o falso poço (depocentro)
(fonte: Gonzaga et al. 2000)............................................................ 52
Figura 27 – Correlação de curvas, calculada e observada, de razão de
transformação em função da reflectância da vitrinita para os
poços estudados na Bacia do Amazonas (fonte: Gonzaga et al.
2000). .............................................................................................. 53
Figura 28 – Localização e extensão das cozinhas de óleo na Bacia do
Amazonas em quatro diferentes idades. Note que nos dias
atuais, a cozinha de óleo foi atingida pelo fim do evento ígneo
(200 Ma) e se manteve assim desde então (fonte: Gonzaga et
al. 2000). ......................................................................................... 53
Figura 29 – Carta de eventos do sistema petrolífero da Bacia do
Amazonas (fonte: Gonzaga et. al, 2000) ......................................... 54
Figura 30 – Carta de eventos da Bacia do Solimões (Modificado de Mello
et al., em AAPG Memoir 60, 1994).................................................. 56
Figura 31 – Exemplo de típica trapa estrutural na Bacia do Solimões:
Fault-propagation fold associadas com falhas reversas
mesozóicas (fonte: Figueiredo & Milani 2000)................................. 57
Figura 32 – Escala de observação da geometria de reservatórios,
exemplificadas a partir de depósitos fluviais (fonte: Dreyer et al.
1990 in Lanzarini 1995). .................................................................. 58
Figura 33 – Modelo deposicional da Formação Monte Alegre na área do
Juruá (adaptado de Lanzarini 1984 e Sneider et al. 1981).............. 60
Figura 34 – Produção de gás no estado do Amazonas (Fonte: Boletim
Mensal de Gás Natural – ANP 2005). ............................................. 69
XII
LISTA DE TABELAS
XIII
LISTA DE FOTOGRAFIAS
XIV
RESUMO
XV
se deu por rifteamento, ocorrido no início do Cambriano. Após o rifteamento, a
subsidência térmica regional proporcionou o desenvolvimento de uma sinéclise
intracontinental. Durante o Fanerozóico, ocorreu a deposição das maiores
espessuras sedimentares (3.000-5.000 m em seu depocentro), sendo as
unidades paleozóicas as mais importantes do ponto de vista de sistemas
petrolíferos. A evolução tectono-estratigráfica caracteriza-se por uma
alternância de fases de subsidências e de soerguimentos (com discordâncias
regionais associadas), correlacionáveis aos grandes eventos orogênicos que
ocorrem nas bordas das placas tectônicas. Esses processos resultaram na
reativação de arcos regionais, formação de importantes arcos locais e
controlaram as invasões marinhas, as depressões deposicionais e os
processos erosivos.
A evolução tectono-estratigráfica é marcada por duas seqüências
deposicionais de 1a ordem: uma principal, Paleozóica, intrudida por diques e
soleiras de diabásio, e outra Mesozóica-Cenozóica. A seqüência deposicional
Paleozóica é subdividida em quatro seqüências de menor ordem: Ordoviciano-
Devoniana (O-D), Devoniano-Carbonífera (D-C) e Carbonífera-Permiana (C-P).
O fim destes ciclos tectono-sedimentares do Paleozóico é marcado por um
intenso magmatismo básico (Magmatismo Penatecaua), que perdurou do
Triássico tardio e o Jurássico inicial, estando relacionado a processos
tectônicos de abertura do Oceano Atlântico. Durante o Mesozóico e o
Cenozóico, as bacias do Solimões e do Amazonas são afetadas pela orogenia
andina, a oeste, e abertura do Oceano Atlântico Equatorial, a leste. Esses
processos provocaram deformações intraplaca, gerando, na Bacia do
Solimões, importantes estruturas transpressivas (evento ou trend Juruá) de
interesse para a prospecção petrolífera. Durante o Mioceno-Plioceno, a
orogenia andina afetou significativamente as porções mais a oeste da calha do
Amazonas, e, muito provavelmente reativou estruturas pré-existentes no
conjunto de bacias do Amazonas. As unidades sedimentares mesozóicas-
cenozóicas recobrem as unidades paleozóicas na Bacia do Solimões, não
permitindo que estas aflorem.
XVI
Os principais sistemas petrolíferos das bacias do Solimões e do Médio
Amazonas foram desenvolvidos durante o Paleozóico. As rochas geradoras
mais importantes foram formadas durante o Devoniano, representadas por
folhelhos negros, marinhos, de idade frasniana. Ambas as bacias apresentam
seqüências predominantemente siliciclásticas, além de uma notável seqüência
carbonático-evaporítica permiana, que atuam como selos. Os reservatórios são
formados essencialmente por arenitos depositados em diferentes ambientes
durante o Paleozóico, sendo os principais os arenitos eólicos da Formação
Juruá, na Bacia do Solimões, e os arenitos eólicos da Formação Monte Alegre,
na Bacia do Amazonas. As condições permoporosas dos arenitos da Formação
Monte Alegre têm as melhores características associadas à fácies de dunas
(porosidades entre 20 e 25% e permeabilidades entre 150 e 380 mD),
enquanto que os arenitos da Formação Juruá possuem porosidade similar
(máxima é de 26%) e permeabilidade máxima superior (ca. 1400 mD). O
principal mecanismo de trapeamento é estrutural, com ocorrência de trapas
estratigráficas também na Bacia do Amazonas. A maturação das rochas
geradoras desses sistemas petrolíferos é decorrente das taxas de subsidência
associadas ao efeito termal causado pela intrusão de corpos de diabásio
mesozóicos.
No que diz respeito à produção, reservas e expectativas exploratórias, o
conjunto de bacias do Amazonas possui a segunda maior reserva provada de
gás natural do Brasil (cerca de 51.000 milhões de m3). As reservas totais de
petróleo e gás somam 613 milhões de barris de óleo equivalente. A produção
diária da província petrolífera de Urucu é de 54.000 barris de petróleo, 9,7
milhões de m3 de gás natural e 1.600 toneladas de GLP (gás de cozinha),
processados no complexo industrial de Urucu. Para dar suporte a esta
crescente produção, mais uma etapa do sistema de escoamento de petróleo na
Amazônia tem previsão de conclusão de dois anos, quando entrará em
operação o gasoduto Urucu-Manaus. Com um percurso de 383 km, este
gasoduto poderá transportar até 10,5 milhões de m3 de gás natural por dia,
gerando uma economia de US$ 1 milhão por dia. As expectativas exploratórias
nas bacias do Solimões e do Amazonas estão tornando-se cada vez mais
XVII
promissoras, face à introdução do gás natural na indústria energética do país e
face às incertezas que circundam a exploração e importação de gás do
território da Bolívia, em virtude da recente nacionalização das reservas de
petróleo, neste país.
XVIII
ABSTRACT
XIX
uplifts, associated with regional unconformities, which can be correlated to major
orogenic events at the border of the tectonic plates. These processes promoted
the reactivation of regional highs, the formation of local arches and controlled
marine transgressions, the position of depositional sites and erosive processes.
The tectono-stratigraphic evolution is marked by two first order depositional
sequences: a) the major, Paleozoic, intruded by diabase dykes and sills; and b)
Mesozoic-Cenozoic. The Paleozoic depositional sequences are subdivided in
four minor sequences: a) Ordovician-Devonian (O-D); b) Devonian-
Carboniferous (D-C); and Carboniferous-Permian (C-P). The end of the Palezoic
tectono-sedimentary cycles is characterized by a mafic magmatism (Penatecaua
Magmatism), which lasted from the Late Triassic to the Early Jurassic, related to
the tectonic processes of the Atlantic Ocean opening. During the Mesozoic and
the Cenozoic, the Solimões/Amazon basins are affected by the Andean orogeny
and the continuing opening of the Atlantic Ocean. These processes promoted
intraplate deformation, creating, in the Solimões Basin, transpressive structures
(Juruá trend or event) important to the hydrocarbon exploration. During the
Miocene-Pliocene, the Andean Oregeny also intensively affected the western
part of the Solimões/Amazon basins and probably has reactivated previous
structures along these basins. The Paleozoic units do not outcrop at Solimões
Basin because of the extensive Mesozoic and Cenozoic sedimentary cover.
The major petroleum systems in the Solimões/Amazon basins were
developed during the Paleozoic. The most important source rocks are Devonian,
composed by black marine shales (Frasnian). The seals are represented by
siliciclastic and Permian carbonatic-evaporitic sequences, present in both
basins. The reservoirs are composed by sandstones from different depositional
environments, deposited during the Paleozoic, but the major reservoirs are
eolian sandstones (Juruá Formation, in the Solimões Basin, and Monte Alegre
Formation, in the Middle Amazon Basin). The best permo-porosity of the eolian
sandstones are associated with dunes facies (porosity = 20-25% and
permeability = 150-380 mD for Monte Alegre Formation; and similar porosity =
26% and higher permeability = ca. 1400 mD for Juruá Formation). Structural
traps are the major trapping mechanism but stratigraphic traps also occur in the
XX
Middle Amazon Basin. The source rocks maturation occurred due to subsidence
rates associated with the thermal effect of the Mesozoic mafic intrusions.
Concerning the production, reserves and exploration expectations, the
Solimões/Amazon basins have the second major proved reserve of natural gas
in Brazil (ca. 51.000 millions m3). The total amount of oil and gas reserves is 613
millions boe. The daily production of Urucu petroliferous province is 54,000 bbl,
9.7 millions m3 of natural gas and 1,600 tons of LPG, processed in the industrial
complex of Urucu. To support the increasing production, the Urucu-Manaus gas
pipeline will be completed in two year, and will operate along 383 km, with the
capability to transport up to 10.5 millions m3 of natural gas, providing savings of
US$ 1 million per day. The exploration expectations in the Solimões/Amazon
basins are promising, in view of the introduction of natural gas as a source of
energy in the Brazilian industry and the uncertainties surrounding the exploration
and importation of gas from Bolivia, due to the recent nationalization of their
hydrocarbon reserves.
XXI
1 INTRODUÇÃO
1.1 Localização
1
Figura 1 – Localização da Bacia do Amazonas (adaptado de Wanderley Filho 2005).
2
A Bacia do Solimões limita-se a oeste com a Bacia do Acre, pelo Arco de
Iquitos, e a leste com a Bacia do Amazonas, pelo Arco de Purus. A Bacia do
Amazonas limita-se a leste com a Bacia do Marajó (Gráben do Marajó ou Bacia
da Foz do Amazonas), pelo Arco de Gurupá (Fig.4).
A seqüência sedimentar tem profundidade de aproximadamente 5.000 m,
e consiste basicamente por rochas paleozóicas intrudidas por diques e sills de
diabásio do Triássico-Jurássico, subseqüentemente recobertas por rochas do
Cretáceo-Terciário ao recente (Gonzaga et al. 2000, Matsuda 2002).
3
Figura 3 – Localização dos escudos que limitam as bacias do Solimões e do Amazonas a norte
e a sul (fonte: Gonzaga et al. 2000).
Figura 4 – Localização das sub-bacias e seus limites estruturais (adaptado de Cordani et al.
1984).
4
1.2 Evolução do conhecimento geológico
5
1.2.2 ASPECTOS ESTRUTURAIS
No final da década de 50 a Petrobrás perfurou 14 poços a fim de definir a
estratigrafia. Porém, os resultados destes poços, aliados à má infra-estrutura e
resposta sísmica, levaram ao abandono das pesquisas na região (Porche
1985). Szatmari et al. (1975 apud Porsche 1985), re-analisando esses dados,
perceberam que havia duas feições estruturais proeminentes na Bacia do Alto
Amazonas: o Alto de Jutaí e o Baixo de Juruá. Foi sugerido, então, que fosse
realizado um novo programa sísmico na região, o que detectou uma anomalia
estrutural correspondente à porção leste do trend do Juruá. Este resultado
levou à perfuração do poço descobridor de gás (1-JR-1-AM) nos arenitos da
Formação Monte Alegre.
Szatmari (1981 apud Porsche 1985), estudando as fases orogênicas na
evolução da Cordilheira dos Andes, relaciona a estruturação do Juruá com a
Orogenia Tardiherciniana, afirmando que a estruturação seria resultante do
empurrão para leste do alto granítico de Iquitos, granítico, raso, para leste,
contra a seqüência sedimentar da Bacia do Amazonas.
Muhlmann et al. (1982 apud Porsche 1985) identificaram três eventos
tectônicos que afetaram a Bacia do Amazonas, baseado em dados de reflexão
sísmica: a) tectonismo extensional, concomitante à deposição da seqüência
permo-triássica; b) tectonismo compressivo de idade jurássica; c) tectonismo
compressivo de idade miocênica-pliocênica.
Diversos autores (Andrade & Cunha 1971, Araújo 1972, Rezende & Brito
1973, Cunha 1982, Miranda 1983, Neves 1989 apud Wanderley Filho 1991)
concluíram que os principais lineamentos orientados na direção NW-SE, no
contexto do embasamento, tem continuidade sob os conjuntos sedimentares da
bacia.
Szatmari (1983) descreveu os elementos tectônicos maiores do norte da
América do Sul e as influências das orogenias andinas sobre a sedimentação
na Bacia do Amazonas.
Caputo (1984) analisa o modelo proposto por Szatmari (1981 apud
Porsche 1985), fazendo críticas a alguns pontos, e propondo novos modelos
alternativos de compressão: a) o primeiro modelo seria baseado no modelo de
6
Szatmari (1981 apud Porsche 1985), em que haveria distensão no Rifte do
Tacutu e compressão na área do Juruá, devido à abertura do Atlântico Norte,
sem intervenção de movimentos transcorrentes; b) o segundo modelo propõe a
subducção de uma placa oceânica na parte oeste do continente.
Caputo (1985) apresentou outro modelo estrutural, afirmando que o
alinhamento do Juruá seria decorrente de uma colisão da borda NW do
continente Sul Americano com um arco de ilhas, durante a abertura do Atlântico
Sul.
7
1.3 Histórico de exploração e produção de hidrocarbonetos
8
gravimétricas e geologia de superfície. Desse total de poços, apenas 10% foram
perfurados na Bacia do Solimões (Wanderley Filho & Eiras 1990).
A continuação das pesquisas foi incentivada por algumas descobertas sub-
comerciais de óleo e gás, a exemplo daquela registrada na madrugada do dia
13 de março de 1955, em Nova Olinda, quando jorrou pela primeira vez óleo na
Bacia do Amazonas, a partir dos arenitos devonianos da Formação Curiri, a
uma profundidade de 2.718 m. Esta foi a primeira de uma série de descobertas
não comerciais de óleo entre 1953 e 1963. As outras descobertas foram na
região dos rios Autás Mirim, a sudeste de Manaus, Abacaxis e Maués
(Wanderley Filho & Eiras 1990).
Os esforços exploratórios dessa fase foram creditados a Walter Link,
geólogo americano responsável pela exploração da PETROBRAS, desde sua
criação até 1961. Dada sua experiência com as descobertas de campos
gigantes de idade paleozóica, nos Estados Unidos, W. Link esperava encontrar
campos correspondentes nos terrenos paleozóicos brasileiros. Entretanto, ao
final de sua carreira na PETROBRAS, W. Link concluiu que as bacias
paleozóicas brasileiras não corresponderam às expectativas, e que não se
deveria mais tentar investir em esforços exploratórios nesta região
(PETROBRAS 2003).
A partir de 1970, a PETROBRAS passou a pesquisar, também, na foz do
Rio Amazonas, e descobriu, em 1976, o campo de gás Pirapema.
Na Bacia do Solimões, a pesquisa para exploração de petróleo foi
retomada em 1976 com um reconhecimento de sísmica de reflexão, feito pela
equipe ES-36, onde apareceu uma inversão estrutural no bloco alto de uma
falha reversa, posteriormente detalhada. Foi o primeiro levantamento de sísmica
de reflexão feito na bacia, sendo utilizadas técnicas aplicadas desde 1970. Em
1978, ocorreu a primeira descoberta significativa de gás na Amazônia: a atual
província gaseífica do Juruá (Eiras 1996), no município de Tefé, cerca de 750
km a oeste de Manaus. Esta província possui vários campos, e um volume de
gás recuperável da ordem de 30 bilhões de metros cúbicos (Wanderley Filho &
Eiras 1990).
9
Com o prosseguimento da atividade exploratória, novas descobertas de
gás foram feitas na Bacia do Solimões: província gaseífera do Ipoca-Biá, em
1983-1984; e campo gaseífero do Copacá e província gaseífera do São Mateus,
ambos em 1996. Nesta fase pós-Juruá, foram perfurados mais de 220 poços,
sendo 160 explotatórios e 60 exploratórios (Wanderley Filho & Eiras 1990), e
adquiridos mais de 60.000 km de linhas sísmicas 2D de reflexão (Eiras 1996).
Na segunda metade da década de 70 até 1990, empresas como a Texaco,
Elf Aquitane, Esso, Idemitsu, British Petroleum e Pecten assinaram contrato de
risco com a PETROBRAS, sem, no entanto, realizarem descobertas de valor
comercial na Amazônia. O melhor resultado foi no poço 1-RCM-1-AM (Riacho
Castanho Mirim No 1), o qual queimou gás, durante teste de formação, em
reservatórios da Formação Monte Alegre (Wanderley Filho & Eiras 1990).
A partir da descoberta de Juruá, a pesquisa de petróleo foi intensificada na
Bacia do Solimões, tendo o êxito a partir de 1986, quando foi descoberta a
Província Petrolífera de Urucu (Eiras 1996).
Nos anos 80, a PETROBRAS perfurou alguns poços na região do Baixo e
Médio Amazonas, e ao longo do Rio Tapajós. Em 1985, perfurou o poço
denominado Igarapé Cuia (100 km a sudeste de Manaus), o qual produziu 3.790
m3 de óleo e 2.521 m3 de água salgada e gás durante 6 meses. Em 1986, à
margem direita do Rio Tapajós, foi encontrado gás a 2.700 m de profundidade
no poço Tauari No 1 (Wanderley Filho & Eiras 1990). Nesse mesmo ano, após
sete décadas de pesquisas, mais precisamente em outubro de 1986, o poço 1-
RUC-1-AM (Rio Urucu No 1), perfurado na região entre os rios Tefé e Coari
revelou-se produtor de óleo, gás e condensado. Esta descoberta abriu novas
perspectivas para a exploração de petróleo em toda a região (Wanderley Filho &
Eiras 1990). Dois anos depois, em 1988, começava a produção comercial na
“Província Petrolífera de Urucu”. Na ocasião, a produção inicial foi de 3.500
barris de petróleo por dia, transportados por meio de pequenas balsas, pelos
rios Urucu e Solimões até a Refinaria Isaac Sabbá (UN-REMAN), em Manaus
(PETROBRAS 2006).
Na Região de Urucu foram realizados 3.940 km de seções sísmicas 3D,
em uma área de 921 km2; mais de 60.000 km de perfis gravimétricos; cerca de
10
16.000 km de perfis magnetométricos, e quase 213.000 km de perfis
aeromagnetometricos (Eiras 1996). Foram perfurados novos poços em Urucu,
resultando na descoberta de novos campos: Leste de Urucu (1987), Sudoeste
do Urucu (1988), Carapanaúba e Cupiúba (1989) e extensão do Igarapé Marta
(1990). O conjunto desses campos passou a ser conhecido como “Província
Petrolífera de Urucu” (PETROBRAS 2006).
Com a confirmação da existência de uma reserva significativa na área,
deu-se início à produção comercial, que na ocasião foi de 3.500 barris de
petróleo por dia (PETROBRAS 2006).
Entre 1990 e 1996 não foram perfurados poços na Bacia do Amazonas.
(Wanderley Filho & Eiras 1990).
Com a quebra do monopólio em 1997, a PETROBRAS requereu blocos
para pesquisa nas bacias do Amazonas e Solimões. Na segunda e quarta
rodadas de licitações (Figs. 5 e 6, respectivamente), foi ofertado, pela ANP, um
bloco na Bacia do Amazonas, e na quarta e sétima rodadas (Fig. 7), um bloco
na Bacia do Solimões (ANP 2006). Em 1997 e 1998, foi dada continuidade aos
levantamentos sísmicos e perfuração de poços nos blocos requeridos a ANP.
Em 1998, a PETROBRAS encontrou uma nova reserva de gás natural na
Bacia do Amazonas, em uma área localizada no Município de Silves, 200 km a
leste de Manaus. Após as etapas de perfuração e testes de produção, no poço
denominado Rio Uatumã No 1, confirmou-se um reservatório de gás com 12 m
de espessura, situado a 1.650 m de profundidade na Formação Nova Olinda
(Wanderley Filho & Eiras 1990). O teste de produção indicou um potencial da
ordem de 700.000 m3/d de gás e um pequeno percentual de condensado.
Calcula-se, com base na área, um volume de gás in place da ordem de 8
bilhões de metros cúbicos e volume recuperável equivalente de 6 bilhões de
metros cúbicos de gás (Wanderley Filho & Eiras 1990).
11
Figura 5 – Bloco licitado pela ANP durante a segunda rodada de licitações, em 2000 (ANP
2006).
Figura 6 – Bloco licitado pela ANP na quarta rodada de licitações, em 2002 (ANP 2006).
12
Figura 7 – Bloco licitado pela ANP na sétima rodada de Licitações, em 2005 (ANP 2006).
13
2 ORIGEM DA BACIA DO AMAZONAS, ARCABOUÇO ESTRUTURAL E
EVENTOS TERMAIS
14
deposicional da sedimentação paleozóica, que preenchem as extensas bacias
intracratônicas fanerozóicas do Brasil (BIZZI et al , 2003).
Segundo Neves et al (1989 apud CUNHA ,2000), a origem das bacias do
Solimões e do Amazonas está relacionada à dispersão dos esforços
provenientes da Faixa de Dobramento Araguaia-Tocantins, no final do Ciclo
Brasiliano, no Proterozóico. Essa faixa de dobramento, associada à Orogenia
Brasiliana-Pan Africana, apresenta vergência tectônica e feições estruturais
com direção de esforços compressivos E-W, e uma direção de alívio (extensão)
N-S, provavelmente responsável pelas estruturas extensionais adjacentes ao
cinturão (CUNHA, 2000). O rifte precursor das bacias de Solimões e
Amazonas, de acordo com esses autores, pode ter-se iniciado segundo esse
mecanismo, sendo sua propagação de leste para oeste controlada por
reativação de falhas e fraturas precambrianas (Fig. 9a).
Alguns autores ( AMARAL,1984; CUNHA et al ,1994; Teixeira ,2001)
sugerem idades mais antigas, Paleozóico Inferior ou Eopaleozóico, para os
depósitos que preenchem o rifte (Formação Prosperança). No entanto, é mais
provável que estes depósitos tenham idades mais novas (SILVA et al 2003),
entre o Cambriano e Ordoviciano (SANTOS et al, 1975; SCHOBBENHAUS et
al ,1984), ou princípio do Paleozóico ( SCHOBBENHAUS et al ,1984; MILANI
& ZALÁN, 1999).
A implantação do rifte precursor da bacia está associada a movimentos de
uma pluma mantélica que produziu a Província Magmática Piranhas, no
Cambriano Médio (507 Ma) (NUNN & AIRES, 1988 ; SANTOS et al ,2002).
Após o rifteamento, ocorreu o resfriamento das massas plutônicas, iniciando-se
a subsidência térmica regional e o desenvolvimento da sinéclise
intracontinental. A existência de uma anomalia gravimétrica positiva,
coincidente com o eixo da sinéclise (Fig. 9b), aponta para a ocorrência de
corpos ultrabásicos rasos, que provavelmente controlaram o mecanismo inicial
de subsidência da bacia (WANDERLEY FILHO, 1991). Considerando essa
idade cambriana para o início do rifteamento, a ruptura teria ocorrido posterior
ao encerramento do Ciclo Brasiliano, no Cambriano-Ordoviciano Inferior.
15
a
( )
(b)
16
2.2 Arcabouço estrutural
17
(a)
(b)
18
2.2.1 LIMITES ENTRE AS BACIAS
A Bacia do Solimões está separada, a oeste, da Bacia do Acre, pelo Arco
de Iquitos, e a leste, da Bacia do Amazonas, pelo Alto/Arco de Purus (Fig. 10a).
Esta bacia possui um arco interno (Arco de Carauari, Fig. 10b), que a divide em
duas sub-bacias: Jandiatuba, a oeste, e Juruá, a leste (Eiras et al. 1994). A
Bacia do Solimões implantou-se sobre um substrato paleozóico, constituído por
rochas ígneas e metamórficas na sub-bacia de Jandiatuba, enquanto que na
sub-bacia de Juruá, além destas rochas, ocorrem rochas sedimentares
depositadas em uma sucessão de bacias que constituíam um sistema de riftes
proterozóicos (Bizzi et al. 2003, Eiras 1996).
A Bacia do Amazonas separa-se, a leste, do rifte mesozóico de Marajó
pela ombreira do rifte, denominado de Arco de Gurupá (Fig. 10a).
Internamente, esta bacia é segmentada pelo Alto de Monte Alegre, com direção
NNW, separando-a nas sub-bacias do Médio e Baixo Amazonas, situado a
leste das cidades de Santarém e a oeste de Monte Alegre (Fig. 10a). Essa
feição é inexistente durante o Paleozóico, quando estas duas sub-bacias
estavam ligadas, tendo surgido no Mesozóico, relacionada ao magmatismo
basáltico (Petri & Fúlfaro 1983).
19
bacias dos Amazonas e Solimões, permitiu a correlação de ambos os lados da
bacia, assim como inferir os prolongamentos destas unidades por sob a
cobertura sedimentar do Paleozóico e do Cretáceo-Terciário. Esse autor
observa que o embasamento da Bacia do Solimões seria o prolongamento da
faixa móvel Rio Negro-Juruena, e os limites da bacia coincidiriam com os
limites desta província: o Arco de Iquitos coincide com o limite das faixas
móveis com o Cinturão Rondoniano, e o Arco de Purus é coincidente com o
limite entre Faixa Móvel do Rio Negro-Juruena e quasi-cráton Xingu, ou,
segundo Santos et al. (2000), entre as províncias Rio Negro e Tapajós-Parima
(Fig. 10a). Para o Arco de Carauari, que subdivide a Bacia do Solimões,
Porsche (1985) sugere que esteja relacionado ao limite entre o Cinturão
Rondoniano e a Faixa Móvel Rio Negro-Juruena (Fig. 10a).
No limite oriental da Bacia do Amazonas, o Arco de Gurupá, não mostra
relações evidentes com as estruturas do embasamento (Petri & Fúlfaro 1983).
Enquanto que o arco que subdivide esta bacia (em Médio e Baixo Amazonas),
o Alto de Monte Alegre, juntamente com o de Purus, acompanhariam
aproximadamente os limites da província da Amazônia Central (Amaral 1974
apud Petri & Fúlfaro 1983).
20
2.2.4 ARCO DE IQUITOS
O Arco de Iquitos representa o limite oriental da Bacia do Solimões com a
Bacia do Acre. Sua origem está ligada à evolução da Cordilheira dos Andes
(Caputo 1985) e migrou em direção ao continente durante o tempo geológico,
na medida em que as bacias subandinas, incluindo a Bacia do Acre, sofriam
subsidência devido à sobrecarga do soerguimento dos Andes. Caputo (1985) e
Porsche (1985) sugerem que tanto o Arco de Iquitos como o alinhamento
estrutural do Juruá, na Bacia do Solimões, são decorrentes de um mesmo
processo tectônico: arqueamento e intumescência lateral da litosfera, em
resposta ao tectonismo na borda do continente.
21
por mapas de isópacas, isólitas, faciológicos e estruturais e de seções
geológicas (Eiras 1996). Essa feição migrou ao longo do tempo (para leste ou
para oeste). Esse arco começou a se esboçar no Ordoviciano, quando a sub-
bacia do Juruá era uma plataforma estável, estava separada por uma charneira
(que viria a se desenvolver no Arco de Carauari) de uma área subsidente (Sub-
bacia de Jandiatuba). A primeira manifestação deste arco, como divisor
bacinal, ocorreu no Neo-Siluriano, e no Meso-Devoniano este arco já está bem
evidente. Do Meso-Carbonífero ao Eo-Permiano, este arco também foi ativo,
com soerguimento prolongando-se até o limite Paleozóico-Mesozóico, quando
a região do arco foi afetada por uma discordância de forma mais intensa que
nas demais áreas da bacia. A influência deste arco na seqüência cretácica
ainda é intensa, e menos acentuada na seqüência cenozóica. As relações
entre o Arco de Carauari e as estruturas do embasamento pré-cambriano
adjacente sugerem que esse arco represente uma antiga sutura de colisão de
massas continentais, constantemente reativada como conseqüência das
interações ocorridas nas bordas das placas litosféricas, onde se situava a
Bacia do Solimões durante o Fanerozóico.
Sob o ponto de vista petrolífero, o Arco de Carauari pode ter favorecido a
formação de fácies sedimentares de alta energia (rocha-reservatório) e pode
também ter atuado como área de captação do petróleo, eventualmente gerado
e migrado para os reservatórios posicionados nesse alto.
22
dobras e falhas reversas, onde se acumulou gás em reservatórios carboníferos.
A estruturação ocorreu após o magmatismo básico distensivo do fim do
Jurássico e antes da deposição da Formação Alter do Chão (Neo-Cretáceo-
Terciário).
Este modelo de tectônica transcorrente (Caputo 1985) explica as
estruturas prospectáveis en echelon de segunda ordem que ocorrem na
metade ocidental da Bacia do Solimões. O modelo ainda permite prever que na
parte oriental da bacia, no prolongamento do alinhamento estrutural, seguindo
a direção N75E, poderão ocorrer estruturas com possibilidades de reter gás em
quantidades comerciais.
O evento tectônico transpressional de Juruá foi responsável pelo
desenvolvimento de falhas reversas com direção NE e anticlinais assimétricos,
os quais afetaram as seqüências sedimentares paleozóicas e os sills de
diabásio (Gonzaga et al. 2000). Essa estruturação, associada a outros fatores,
tais como a presença de rocha geradora e boa permoporosidade do
reservatório, é importante para a acumulação de gás na Bacia do Solimões
(Porsche 1985).
23
(sedimentação da fase rifite?) ocorrem na região desse arco. A idade de sua
instalação é dada pela Formação Alter do Chão, que à medida que avança
sobre o arco, recobre unidades cada vez mais antigas. A idade da Formação
Alter do Chão (neo-cretácea a terciária) representa a idade mínima do
soerguimento dessa região.
A leste, esta feição é caracterizada por falhamentos normais de grande
rejeito, enquanto que, a oeste, as falhas têm rejeito sensivelmente menores.
Falhas de crescimento relacionadas à deposição da Formação Alter do Chão
também são identificadas em seções sísmicas.
A herança tectônica deste arco é bem ativa, tendo sido alvo de
soerguimentos desde o Frasniano (Neodevoniano), como é constatado pelo
mapa de minerais de argila da Formação Barreirinha (Carozzi et al. 1973).
Nesse mapa, a fácies de caulinita, característica de área proximal, está
localizada adjacente ao Arco de Gurupá, confirmando a tendência de isostasia
positiva neste período.
24
possui idades mais antigas que o magmatismo registrado nas demais bacias
paleozóicas brasileiras (Cunha et al. 1994, Eiras et al. 1994). Mizusaki et al.
(1992) obtiveram idades K-Ar para esse magmatismo que variam de 230 Ma a
140 Ma. Esse evento pode ser relacionado à abertura do Oceano do Atlântico
Norte (as mais antigas), iniciada no Triássico, e do Oceano do Atlântico Sul (as
mais novas), iniciada no Juro-Cretáceo (Porsche 1985). No entanto, esse
grande intervalo de tempo não reflete com precisão a duração desse evento,
considerando as imprecisões inerentes ao método K-Ar, aliado ao fato de que
os resultados do método K-Ar não evidenciam a presença de rochas alteradas,
que forneceriam idades mais antigas.
Na Bacia do Solimões, o magmatismo básico mesozóico resultou na
intrusão de três soleiras de diabásio (soleiras 1, 2 e 3), dentro de seqüências
permo-carboniferas, ocorrendo em níveis estratigráficos bem definidos
(Porsche 1985). Do topo para a base, a soleira 1 ocorre na Formação Andirá,
nas partes mais profundas da bacia, estando ausente nas bordas, decorrente
de erosão; a soleira 2 ocorre na Formação Nova Olinda; e a soleira 3 ocorre
dentro da Formação Itaituba. Essas duas últimas apresentam maiores
espessuras a leste do Arco de Carauari, diminuindo em direção ao Arco de
Iquitos e ausentes, por erosão, em alguns blocos elevados de falhas.
25
3 SEQÜÊNCIAS ESTRATIGRÁFICAS E EVOLUÇÃO TECTONO-
SEDIMENTAR
3.1 Introdução
26
graníticas, meta-vulcânicas e meta-sedimentares da Província Amazônica
Central (Proterozóico Médio a Inferior) e Província Maroni-Itacaiunas (com
granitóides transamazônicos), na Bacia do Amazonas; e da Província Rio
Negro-Juruena, na Bacia de Solimões (Cordani et al. 1984).
27
preservando esses depósitos nas proximidades do Alto de Purus (Backheuser
1988).
A sedimentação pronunciada é desenvolvida nas bacias do Solimões e
Amazonas somente a partir do Fanerozóico, no Ordoviciano Médio a Superior.
O prisma sedimentar fanerozóico possui cerca de 3000 m a 4500 m na Bacia
de Solimões, atingindo 5000 m na calha central da Bacia do Amazonas. Esse
prisma resultou de diferentes processos geológicos que estabeleceram e
modificaram a estrutura e geometria dessas bacias intracratônicas. O
arcabouço estratigráfico (Fig. 13; Cunha et al. 1994) pode ser dividido em duas
seqüências deposicionais de 1ª. Ordem: uma principal, Paleozóica (Plz),
intrudida por diques e soleiras de diabásio, e outra Mesozóico-Cenozóica (K-T).
28
Figura 13 – Seqüências deposicionais presentes nas cartas estratigráficas das bacias do Solimões e do Amazonas (modificado de Eira et al. 1994 e Cunha et al. 1994).
29
a)
b)
30
wenlockianos)1 da Formação Nhamundá (Fig. 14b); folhelhos marinhos e
diamictitos glaciais (neo-landoverianos e eo-ludlovianos)2 da Formação Pitinga
(Fig. 15a); e arenitos e pelitos nerítcos e costeiro (ludlovianos a eo-
lockovianos)3 da Formação Manacapuru (Fig. 15b), no final do Siluriano ao Eo-
Devoniano.
Ainda nesse período, a Bacia do Solimões se comunicava com o Oceano
Pacifico através de uma passagem que provavelmente se localizava onde hoje
existe a Bacia do Acre. Esta reconstituição paleogeográfica é bastante
dificultada pela erosão quase total dos sedimentos paleozóicos sobre o Arco de
Iquitos. Na Bacia de Solimões, arenitos, folhelhos e argilitos da Formação
Jutaí, depositados em ambientes deltáicos, marinho raso e offshore,
correspondem também a esse intervalo de tempo.
Após a sedimentação ordoviciano-siluriana, ocorreu a Origenia
Famatiniana ou Caledoniana. Os efeitos intraplaca da Origenia Famatiniana na
Bacia do Amazonas são atribuídos a pequenas reativações verticais de blocos
do embasamento cristalino (ZALÁN, 1991). Associado a essa orogenia,é
reconhecido um grande rebaixamamento do nível do mar. Nunn & Aires (1988)
calculam um rebaixamento eustático em torno de 100 m, o que certamente
resultou na discordância do Eo-Devoniano.
1
As idades entre parênteses foram determinadas por análises bioestratigráficas em
quitinozoários (QUADROS et al,1990 apud CUNHA ,2000).
2
Idades determinadas por análises bioestratigráficas em quitinozoários (GRAHN,1991, 1992).
3
Idades determinadas por análises bioestratigráficas em quitinozoários (GRAHN & PARIS,
1992).
31
(a)
(b)
(c)
32
Na Bacia do Amazonas essa sedimentação corresponde aos grupos
Urupadi e Curuá. O Grupo Urupadi compreende as formações Maecuru e
Ererê. Os sedimentos da Formação Maecuru foram depositados no final do Eo-
Devoniano por um sistema fluvio-deltaico influenciado por marés (Fig. 15c),
representado por arenitos quartzíticos e subordinadamente folhelhos, com
níveis de hematita e siderita intercalados (Membro Jatapu, basal), que gradam
para arenitos intercalados por níveis conglomeráticos e sílticos na porção
superior. No Meso-Devoniano um pulso transgressivo seguido de um nível de
mar alto propicia a deposição de uma sucessão de fácies progradacionais que
compõe a Formação Ererê (Fig. 16a), representada na base por siltitos
intercalados a folhelhos passando no topo para arenitos de sistema deltaico.
No início Neo-Devoniano, após um pulso regressivo de menor expressão,
seguiu-se à deposição do Grupo Curuá, que teve sua fase inicial associada à
rápida subida relativa do nível do mar, representada por uma espessa seção de
folhelhos negros betuminoso, que caracterizam a máxima transgressão
marinha atingida na Bacia do Amazonas. Correspondem aos folhelhos basais,
radioativos, da Formação Barreirinha, que passam para folhelhos cinza menos
radioativos e siltitos, no topo dessa unidade. A intensa deposição de matéria
orgânica nesse período, presente nos folhelhos radioativos da Formação
Barreirinha, de acordo com Backheuser (1988) é conseqüência da existência
de um amplo mar anóxico e um clima equalizado durante o Fransniano, com
gradual depleção global de CO2. A combinação desses fatores, segundo essa
autora, resultou na acumulação de grande quantidade de matéria orgânica em
várias bacias de todo globo, conduzindo a um sensível abaixamento de
temperatura (evento de anoxia global).
No final do Neo-Devoniano foram depositados, ainda na Bacia do
Amazonas, os folhelhos, siltitos e diamictitos de ambiente periglacial, da
Formação Cururi (Fig. 16b), relacionados a uma elevação do nível do mar, no
Fameniano (Daemon & Contreiras 1971). A continuação dessa subida do nível
do mar depositou os arenitos e siltitos fluvio deltaicos da Formação Oriximiná
(Fig. 18a), sob influencia de tempestades (Miura et al. 1983 apud Backheuser
1988), e ao final dessa fase, já no Neo-Carbonífero, houve uma regressão
33
marinha e deposição dos espessos pacotes arenosos com cruzadas
unidirecionais de alto ângulo da Formação Faro, em ambiente costeiro (Fig.
17b), ainda com influência marinha e de pântano, sugerido pelas intercalações
de folhelhos, com restos de plantas preservados, presentes na porção superior
dessa unidade.
(a)
(b)
Figura 16 – Mapas paleoecológicos e modelos deposicionais das formações Ererê (a), Cururi
(b), Bacia do Amazonas (Carozzi et al. 1973).
34
(a)
(b)
35
O recuo do Mar pós-deposição eo-carbonífera proporcionou um
pronunciado processo erosivo nas bacias do Amazonas e do Solimões, em
toda sua extensão. Essa erosão teve contribuição significativa do ápice da
Orogenia Eo-Herciniana (Neves et al. 1989 apud Cunha 2000), que de acordo
com Dalmayrac et al. (1980) ocorreu entre 359-330 Ma, iniciada assim já no
Neo-Devoniano.
A Orogenia Eo-Herciniana foi manifestada no oeste do Gondwana (proto-
continente América do Sul) por esforços compressivos provenientes da Cadeia
Herciniana Andina e da colisão do proto-continente africano com a Laurásia,
que possivelmente originou o Cinturão Mauritanides, superpostos ao Cinturão
Rockelides, tido como uma extensão da Faixa Móvel Araguaia-Tocantins. O
soerguimento do Cinturão Mauritanides ocasionou a separação das bacias do
noroeste africano das bacias do norte do Brasil, Amazonas e Parnaíba
(Dalmayrac et al. 1980). Os arcos de Gurupá e Tocantins certamente foram
formados durante essa orogenia, resultando na descontinuidade entre as
bacias do Amazonas e Parnaíba, e proporcionando o basculamento da Bacia
do Amazonas, para oeste.
A partir da Orogenia Herciniana, iniciou o levantamento da Cordilheira dos
Andes, e os reflexos na sedimentação passaram a ser mais evidentes. A fase
Eo-Herciniana, relacionada à discordância regional entre o Devoniano e o
Carbonífero, criou um elemento de restrição para a entrada do mar, resultando
na deposição de uma seqüência evaporítica. Ainda não é claro se o elemento
de restrição seria um arco de ilhas (precursor da cordilheira andina) ou se
estaria localizado mais no interior do continente, como um paleo-Arco de
Iquitos.
36
O registro dessa ingressão marinha e mudanças paleoclimáticas compõem a
Seqüência Carbonífero-Permiana, representada na Bacia do Amazonas pelo
Grupo Tapajós e, na Bacia de Solimões pelo Grupo Tefé.
No final do Mississipiano e sobre a discordância resultante da Orogenia
Eo-Herciniana foram depositadas na Bacia do Amazonas areias continentais de
um sistema eólico (Lanzarini 1984) e de um sistema fluvial de deserto (wadis),
intercalados por siltitos de interdunas e lacustre (Costa 1984). Essa
sedimentação é correlata na Bacia de Solimões aos depósitos dominantemente
fluvio-eólico da Formação Juruá (Lanzarini 1982, Elias et al. 2004), que passam
para fácies de praia no topo dessa unidade (Cunha et al. 1994).
A entrada efetiva do mar no Eo-Pensilvaniano ultrapassou o Arco de
Purus, afogando e retrabalhando o campo de dunas, interligando a Bacia do
Solimões e do Amazonas, até as proximidades do Arco de Gurupá, com o
desenvolvimento de uma sedimentação dominantemente carbonática. Na Bacia
do Amazonas, as Formações Itaituba e Nova Olinda atestam a fase
transgressiva implantada na bacia: a Formação Itaituba (Eo a Meso-
Pensilvaniano) é composta por carbonatos de águas rasas e anidritas, com
intercalação de folhelhos, e a Formação Nova Olinda (Meso a Neo-
Pensilvaniano) é representada na base por arenitos fluviais que passam
verticalmente para carbonatos com fusulinídios, halitas e silvinita,
caracterizando a presença do mar em um ambiente restrito (Matsuda 2002). Na
Bacia de Solimões os carbonatos e evaporitos da Formação Carauari,
depositados no Neo-Pensilvaniano correspondem a essa sedimentação.
No final do Carbonífero, início do Permiano, a retomada da sedimentação
continental é associada aos efeitos da Orogenia Tardi-Herciniana, que atingiu
principalmente as áreas próximas aos arcos de Gurupá e Purus. Na Bacia do
Amazonas essa sedimentação é atribuída aos arenitos, siltitos, folhelhos, além
de silexitos, anidritas e carbonatos, oriundos de um sistema fluvio-lacustre,
atribuídos a Formação Andirá, depositados entre o Eo e o Neo-Permiano. Na
Bacia do Solimões essa sedimentação corresponde aos depósitos fluvio-
lacustre da Formação Fonte Boa. Ainda nesse período, continuava a restrição
para a passagem do mar. As Bacias do Acre e do Solimões permaneceram
37
emersas e sob processos de erosão; os sedimentos triássicos e jurássicos se
restringiram às proximidades da cordilheira oriental.
No Neo-Permiano/Eo-Triássico a Orogenia Gonduanide, associada à
colisão final do Gondwana com a Laurásia, causou o fechamento do paleo-
oceano lapetus e a completa evolução da Cadeia Apalachiana, que resultou no
soerguimento do Gondwana e conseqüente erosão de parte da seqüência
paleozóica. Na América do Sul essa orogenia provocou um soerguimento
generalizado, com esforços N-S afetando transversalmente a Bacia do
Amazonas (Zalán 1991). Nesta bacia esse soerguimento está marcado por
uma discordância de idade permiana, no topo da Formação Andirá, que se
estendeu até a Bacia do Paraná (Milani & Thomaz Filho 2000).
No Neo-triássico/Eo-Jurássico, extensões E-W afetaram as bacias do
Solimões e do Amazonas, gerando fraturamentos N-S que serviram de dutos
para um magmatismo básico, sob a forma de diques e soleiras. Essas
extensões são atribuídas ao final da Orogenia Gonduanide.
A formação do Atlântico Norte no Jurássico é assinalada a norte da Bacia
do Amazonas pela formação dos riftes Marajó e Tacutu, com o Arco de Gurupá
comportando-se como um divisor entre as bacias do Amazonas e da Foz do
Amazonas (Rifte Marajó).
38
fluviais depositados, no Neo-Cretáceo, sobre a discordância do topo do
Paleozóico. Esses sistemas fluviais se desenvolveram em clima úmido, com as
drenagens correndo para oeste, em direção ao Oceano Pacífico.
Com o soerguimento da Cadeia Andina no Paleogeno, esses sistemas
fluviais transformaram-se em lagos rasos, alimentados por rios meandrantes de
baixa energia, depositando maior percentual de pelitos, restos de conchas e
vegetais (Cunha 2000). Com o contínuo soerguimento da referida cadeia, as
bacias do Solimões e do Amazonas passaram a ser alimentadas a partir do
Neogeno por sedimentos oriundos da Cordilheira Andina, depositando-se
nessa fase os pelitos lacustres da Formação Solimões, havendo a
reorganização dos sistemas de drenagem que passam a correr para o Atlântico
Norte.
A fase mio-pliocênica da Orogenia Andina afetou fortemente a Bacia do
Acre, reativando falhas e gerando rejeito de até 4000 m, e certamente reativou
estruturas pré-existentes no conjunto de bacias do Amazonas.
39
4 SISTEMAS PETROLÍFEROS
Os mega sistemas petrolíferos das bacias intracratônicas do Amazonas e
Solimões foram desenvolvidos durante o Paleozóico (Fig. 18). Essas bacias
têm em comum suas formas alongadas, a sua grande extensão, apresentam
grandes volumes de diques e soleiras de diabásio de idade mesozóica,
intrudidos nas seqüências siliciclásticas, além de um contexto estrutural e
estratigráfico relativamente simples.
Por outro lado, a geologia do petróleo não usual e muito complexa
poderia ser incluída nessa lista de similaridades, o que certamente foi
responsável por uma baixa resposta no esforço exploratório realizado nessas
bacias desde a década de 50.
Essas sinéclises foram preenchidas por seqüências predominantemente
siliciclásticas, além de uma notável seqüência carbonático-evaporítica de idade
permiana presente nas duas bacias.
Nas duas bacias, as rochas geradoras mais importantes estão localizadas
no intervalo devoniano, representadas por folhelhos negros, marinhos, de idade
frasniana (Fig. 18).
Os reservatórios são formados essencialmente por arenitos depositados
em diferentes ambientes durante o Paleozóico, sendo os principais os arenitos
eólicos da Formação Juruá, na Bacia do Solimões (Fig. 19) e os arenitos
eólicos da Formação Monte Alegre, na Bacia do Amazonas (Fig. 20), que serão
abordados no próximo capítulo.
O principal mecanismo de trapeamento é estrutural. Na Bacia de
Solimões, a maioria das reservas de óleo e gás foram trapeadas por falhas de
propagação em anticlinais associados a falhas inversas de idade mesozóica.
Várias ocorrências e pequenas acumulações de óleo foram encontradas em
trapas estratigráficas, descobertas em reservatórios devonianos das Bacias do
Solimões e Amazonas. De todas as bacias paleozóicas brasileiras, a Bacia do
Solimões contém as maiores reservas de hidrocarbonetos do mega sistema
petrolífero intracratônico.
Uma particularidade desses sistemas petrolíferos foi como a maturação
das rochas geradoras foi atingida. Em nenhuma dessas bacias, um modelo
40
para a evolução da maturação pode ser explicado baseado somente em taxas
de subsidência associados a um aumento do gradiente geotérmico.
A intrusão de espessos corpos de diabásio de idade mesozóica provocou
um grande efeito termal sobre a rocha geradora, influenciando a maturação da
matéria orgânica dessas rochas, bem como afetando a taxa de transformação
de hidrocarbonetos previamente acumulados. No caso da Bacia do Solimões, o
nível de maturação da janela de óleo foi rapidamente aumentado para o nível
de maturação da janela de gás pelo efeito dessas intrusões.
41
Figura 19 – Carta estratigráfica da Bacia do Solimões (fonte: Eiras et al. 1994).
42
Figura 20 – Carta estratigráfica da Bacia do Amazonas (fonte: Cunha et al. 1994).
43
4.1 Sistemas petrolíferos da Bacia do Amazonas
44
seção basal da Formação Barreira (Barreirinha Inferior) varia em espessura de
30–40 m, na margem da bacia, a 150–160 m, no depocentro (Fig. 21).
(a)
(b)
45
Figura 21 – (a) Mapa de isópacas dos folhelhos radioativos da porção basal da Formação
Barreirinha e localização de alguns poços selecionados para o estudo de Gonzaga et al.
(2000). (b) Perfil geoquímico do poço B, mostrando que os maiores valores de COT, S2 e IH
são encontrados na parte basal da Formação Barreirinha (fonte: Gonzaga et al. 2000).
Análises geoquímicas de amostras maturas e precocemente maturas
mostram altos valores de COT (3–8%), bom potencial gerador de HC (S2 de 5–
20 mg⋅HC/g de rocha) e IH variando de 100 a 400 mg⋅HC/g de rocha, neste
caso indicando a presença de querogênio do tipo II. Tais valores, junto com a
predominância de matéria orgânica amorfa superior a liptinita, indicam um
ambiente anóxico profundo, batial (Fig. 22).
46
A classificação genética dos sistemas petrolíferos proposta por
Demaison & Huizinga (1991 apud Gonzaga et al. 2000) foi aplicada para
potenciais rochas geradoras da Bacia do Amazonas. Dados de avaliação da
rocha e a espessura máxima de cada formação foram levados em
consideração para o cálculo do índice de potencial gerador (IPG). Assumindo
que a drenagem de hidrocarbonetos foi essencialmente lateral, Gonzaga et al.
(2000) concluiu que somente a seção Barreirinha Inferior tem valores
significantes de IPG (Fig. 23).
4.1.2 MATURAÇÃO
A integração de parâmetros ópticos (índice de coloração de esporo,
reflectância da vitrinita e fluorescência), químicos (Tmáx) e moleculares (razão
de isomerização de esteranos) permitiram uma avaliação da evolução termal
dos geradores nas bacias (Gonzaga et. al. 2000). Ao longo dos flancos norte e
sul e na plataforma oeste, onde o Barreirinha Inferior está raso (1500 m de
profundidade), a maturação é baixa (< 0,65% Ro). Na calha central, a
maturidade da rocha geradora atinge 1% Ro por volta dos 4000 m de
profundidade. Os gradientes extrapolados de poços sugerem que a rocha
47
geradora pode atingir 1,3–1,4% Ro) como resultado do efeito de sobrecarga
sedimentar. Um alto grau de maturação (Ro>1,4%) foi atingido somente por
causa do efeito de aquecimento provocado pelos diques e sills de diabásio.
Dados de maturidade indicam que a evolução termal da rocha geradora
foi controlada principalmente pela história de subsidência, enquanto que o
aquecimento provocado pelas intrusões ígneas teve um papel importante
somente nas áreas onde diques e sills foram intrudidos na sequência
devoniana (Mullin 1988 apud Gonzaga et al. 2000) (Fig. 24). Deste modo, a
parte leste da bacia, onde a intrusão de diques e sills foi mais considerável na
seqüência devoniana, a rocha geradora está senil, enquanto que na parte
oeste, a maturação é controlada pela subsidência.
48
O selo do reservatório Monte Alegre é composto de evaporitos,
carbonatos (principalmente mudstones) e folhelhos da Formação Itaituba
(sobrejacente à Formação Monte Alegre) (Fig. 25).
Os reservatórios da Formação Curiri foram depositados em ambiente
marinho sob condições glaciais. Eles são representados por lentes de areia
depositadas em vales incisos, como uma resposta à queda relativa do nível do
mar. A espessura desse reservatório varia de poucas a dezenas de metros,
enquanto que os valores de porosidade e permeabilidade variam bastante de 6
para 20% e 1 para 4 mD, respectivamente. As lentes de arenitos estão
associadas a folhelhos e diamictitos que representam seu selo.
Os reservatórios da Formação Ererê são constituídos por corpos de
barras de arenitos depositados sobre uma superfície erosiva, durante o evento
transgressivo no Frasniano. Esses reservatórios ocorrem por toda a bacia,
alcançando até 10 m de espessura com porosidades e permeabilidades
máximas de 20% e 10 mD, respectivamente. Os selos desses reservatórios
são os folhelhos da base da Formação Barreirinha, relacionados ao pico do
evento de máxima transgressão.
Os hidrocarbonetos são aprisionados por trapas estratigráficas e
estruturais. A principal trapa estratigráfica com acumulação de hidrocarbonetos
é no campo de óleo de Autás-Mirim, que contém 0,1 × 106 m3 (0,63 × 106 bbl)
de óleo e 10,9 × 106 m (0,39 × 109 ft3) de gás in place, trapeados em lentes de
arenito da Formação Curiri. A principal trapa estrutural com acumulação de
hidrocarbonetos é o campo de óleo de Igarapé Cuia, com 0,03 × 106 m3 (0,19 ×
106 bbl) de óleo e 5,90 × 106 m3 (0,21 × 106 ft3) de gás in place trapeado nos
arenitos da Formação Monte Alegre. A estrutura é um anticlinal relacionado ao
evento tectônico Juruá. Outro exemplo que pode ser levado em consideração
é o Campo do Rio Uatumã, no estado do Amazonas.
49
Figura 25 – Coluna sedimentar de um poço selecionado na Bacia do Amazonas mostrando a
composição litológica e perfis de GR, resistividade e sônico. Os melhores reservatórios são as
camadas de arenito das Formações Curiri e Monte Alegre (fonte: Gonzaga et al. 2000).
50
4.1.4 GERAÇÃO E MIGRAÇÃO
Uma modelagem de geração e migração foi realizada por Gonzaga et. al
(2000) e mostra que o querogênio da seção inferior da Formação Barreirinha
atinge condições termais apropriadas para iniciar a geração a uma
profundidade de 1800 m. Tais condições foram alcançadas entre o Carbonífero
(no depocentro da bacia) e o Permiano (nas áreas de plataforma) (Fig. 26). A
maior parte da geração de petróleo foi completada no Triássico Inferior. Razões
de transformação modeladas para os dias atuais variam de 10–20%, nas
plataformas, para 95–100%, no depocentro, estando de acordo com as curvas
de razão de transformação obtidas da análise regressiva de dados
geoquímicos de séries naturais (Fig. 27).
A simulação de expulsão e dados de biomarcadores de maturidade de
amostras de óleo indicam que a principal fase de expulsão iniciou quando a
rocha geradora atingiu uma razão de transformação de aproximadamente 50%
e um nível de maturação de 0,80% Ro. Tais condições foram alcançadas
somente na área da calha central (Fig. 28). A maior parte do petróleo foi
expulsa entre o Permiano Inferior e o Triássico Inferior. De acordo com os
estudos do autor, a evolução da cozinha de óleo através do tempo se deu de
acordo como mostra a figura 28.
Os eventos relacionados aos sistemas petrolíferos da Bacia ao Amazonas
encontram-se resumidos na carta da figura 29.
51
Figura 26 – Evolução da razão de transformação (TR) e eficiência de expulsão (EE) em dois
poços e um falso poço (baseado em dados de seções sísmicas) na Bacia do Amazonas. Note o
aumento da conversão do querogênio e expulsão do petróleo do poço B (margem da bacia)
para o falso poço (depocentro) (fonte: Gonzaga et al. 2000).
52
Figura 27 – Correlação de curvas, calculada e observada, de razão de transformação em
função da reflectância da vitrinita para os poços estudados na Bacia do Amazonas (fonte:
Gonzaga et al. 2000).
53
Figura 29 – Carta de eventos do sistema petrolífero da Bacia do Amazonas (fonte: Gonzaga
et. al, 2000)
54
condensado da Bacia do Solimões. Os elementos essenciais desse sistema
estão presentes na bacia:
55
Figura 29 – Carta de eventos da Bacia do Solimões (Modificado de Mello et al., em AAPG
Memoir 60, 1994)
56
e pouca definição do tipo de trapa no registro sísmico. Como pontos favoráveis,
pode-se citar: possibilidade de existir outros tipos de play, diferentes do play
Juruá, e chance de conter maior quantidade de frações líquidas de petróleo.
Este último caso é justificado porque a rocha-reservatório se encontra
estratigraficamente mais baixa e, portanto, mais distante da fonte de calor das
soleiras que craquearam o petróleo na rocha geradora ou na própria
reservatório.
Na província gaseífera do Juruá, a interpretação das linhas sísmicas e
conseqüente mapeamento de um refletor situado abaixo de 1,2 s permitiram
identificar um alinhamento de estruturas, formando uma feição dômica sobre o
bloco alto de uma longa falha reversa (Fig. 31).
Na província petrolífera do Urucu, os hidrocarbonetos encontram-se
trapeados em anticlinais relacionados aos tectonismo Juruá, que ocorreu entre
o Triássico e o Jurássico. Em alinhamentos estruturais com orientação
diferente dos alinhamentos do Urucu e Juruá, porém com o mesmo estilo
tectônico, foram descobertos o campo gaseífero do Rio Copacá e província
gaseífera do São Mateus.
57
5 RESERVATÓRIOS
58
Nas bacias do Solimões e do Amazonas, arenitos do Neocarbonífero,
constituem os reservatórios primários dessas bacias, representados pelas
formações Juruá, Monte Alegre e Nova Olinda.
Na Bacia do Solimões, os arenitos eólicos da Formação Juruá são os
melhores e praticamente os únicos reservatórios, com porosidades primária e
secundária (dissolução de calcita e anidrita) que pode alcançar 22-26% (Milani
& Zalán 1999, Elias et al 2004). Esses arenitos são os mais importantes
reservatórios de petróleo onshore e um dos maiores reservatórios de gás do
Brasil (Figueiredo & Milani 2000).
Na Bacia do Amazonas, a Formação Monte Alegre, composta de arenitos
fluviais, eólicos e litorâneos (cronocorrelatos aos da Formação Juruá), tem as
melhores características permo-porosas dessa bacia. Ainda nesta bacia,
acumulações de gás foram encontradas nos arenitos lenticulares da Formação
Nova Olinda (Gonçalves et al. 1995), todavia publicações sobre a diagênese e
qualidade desses reservatórios são escassas.
59
5.1.1 FÁCIES SEDIMENTARES DA FORMAÇÃO MONTE ALEGRE
NA ÁREA DO JURUÁ
Na Bacia do Amazonas, a Formação Monte Alegre ocorre somente em
subsuperfície. Abrange grande parte da bacia com contorno circular a oval. As
espessuras variam de poucos metros nas bordas da bacia, até 80 metros no
centro da mesma.
A figura 33 mostra o modelo deposicional da Formação Monte Alegre na
área do Juruá. São associações dos depósitos de wadis, dunas, interdunas,
lagos efêmeros, sabkhas e lobos da desembocadura de wadis, que compõem
um sistema deposicional desértico.
60
designadas informalmente por fácies A, B (B1, B2 e B3), C e D, descritas a
seguir.
61
Fotografia 1 – Arenito grosso, mal selecio- Fotografia 2 – Arenito bimodal com estratifi-
nado. cação cruzada.
62
Subfácies B3: Arenito muito fino a fino, muito bem selecionado,
subarredondado, com ôndulas eólicas, estratificação e estruturas geradas
por ascensão transladante destas ôndulas (climbing translatent
stratification; Hunter 1977) (Foto 5). Estas estruturas são geradas tanto
sobre as faces de dunas como nas faces de interdunas secas, sendo
melhor preservadas nestas últimas.
Fotografia 5 – Arenito fino com ôndulas trans- Fotografia 6 – Arenito muito fino com micro-
ladantes gerando laminação de baixo ângulo. estratificação cruzada e ôndulas ascendentes.
63
Fotografia 7 – Folhelho com nódulos de anidrita.
64
5.2 Evolução diagenética
65
anatásio tardios. Os melhores reservatórios desta formação são os depósitos
eólicos (Torres & Truckenbrodt 1990), como ocorre com a Formação Juruá.
66
permeáveis que os arenitos não-eólicos de sabkha costeiro, praia ou de
shoreface, em função da granulometria mais grossa e grande continuidade
lateral dos depósitos eólicos. Nos arenitos da Formação Juruá, a porosidade é
essencialmente primária, e foi posteriormente reduzida por cimentação e
compactação. A dolomita é o principal cimento que obstrui parcialmente o
espaço poroso, e está presente em todas as fácies deposicionais,
principalmente como cimento microcristalino intergranular, atingido em média
cerca de 68% nas fácies de sabkha e 3,7% em arenitos eólicos (Elias et al.
2004). A maior quantidade de cimentação por dolomita e a forte compactação
dos arenitos não-eólicos também contribuem para maior heterogeneidade e
compartimentação de fluxos nesses reservatórios.
67
6 RESERVAS E PRODUÇÃO
Segundo Wanderley Filho & Eiras (1990), dos mais de 220 poços
perfurados até o momento na Bacia do Solimões, somente 17 deles (15 poços
de caráter estratigráfico e 2 pioneiros) foram concluídos entre 1958 e 1963, ou
seja, na fase anterior à descoberta da província gaseífera do Juruá.
Atualmente, todo o petróleo produzido na Bacia do Solimões provém da
província petrolífera do Urucu, mas, com projetos próprios da PETROBRAS,
ora em execução, e os em negociação para parceria em outras áreas, tais
como Juruá, Biá e São Mateus, também entrarão em explotação brevemente.
No fim da década de 80 e início da década de 90, a meta, para a bacia do
Solimões, era de produzir diariamente, em torno de 45.000 bbl de óleo e 6
milhões de m3 de gás natural (Wanderley Filho & Eiras 1990). A produção
diária atual do campo Leste Urucu mostra que esta meta foi superada com os
atuais valores: 54.000 barris (quase 9.000 m3/d de óleo de 42o API), de
excelente qualidade, e líquido de gás natural (LGN), e 9,7 milhões de m3 de
gás natural. A partir deste último, são obtidas, nas instalações industriais
existentes no pólo Arara, em Urucu, 1.600 toneladas de gás liquefeito de
petróleo (GLP - gás de cozinha), processadas no complexo industrial de Urucu.
As reservas totais de petróleo e gás somam 613 milhões de barris de óleo
equivalente (Revista IstoÉ 2006).
Após as etapas de perfuração e testes de produção no poço denominado
Rio Uatumã No 1, confirmou-se um reservatório de gás com 12 metros de
espessura situado a 1.650 metros de profundidade, na Formação Nova Olinda.
O teste de produção indicou um potencial da ordem de 700.000 m3/d de gás e
um pequeno percentual de condensado. Calcula-se, com base na área
mapeada (20 km2) um volume de gás in place da ordem de 8 bilhões de metros
cúbicos e volume recuperável equivalente de 6 bilhões de metros cúbicos de
gás (Wanderley Filho & Eiras 1990).
As reservas mais importantes nas bacias do Solimões e do Amazonas
são de gás natural, estando em torno 51.000 milhões de m3 de reserva provada
68
e 85.000 milhões de m3 de reserva total (Tabela 1), contribuindo com 20,46%
da produção total de gás do Brasil: 49.888 m3/dia (Fig. 34).
Petróleo Petróleo
Petróleo Gás Petróleo Gás
Bacia 3 (milhões 3 3 (milhões 3
(milhões m ) (milhões m ) (milhões m ) (milhões m )
barris) barris)
Bacia do
0,00 0,00 0,00 0,38 2,36 4.853,23
amazonas
Bacia do
14,62 91,94 51.465,40 18,03 113,39 79.508,20
Solimões
Figura 344 – Produção de gás no estado do Amazonas (Fonte: Boletim Mensal de Gás
Natural – ANP 2005).
69
7 DISCUSSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
70
da Formação Ererê, e c) os arenitos da Formação Nova Olinda, este último
ainda com escassas publicações. Na ocorrência de hidrocarbonetos nos
arenitos da Formação Curiri, predominam trapas estratigráficas, do Devoniano
Superior. Ocorrem, também, trapas estruturais formadas durante o evento
tectônico Juruá. As mais importantes acumulações de petróleo são localizadas
fora ou próximas ao limite do generation pod, o que indica uma migração de
média a longa distância (até 150 km). A maturidade do óleo (pico de geração
do óleo) indica que essas acumulações não foram geradas pelo efeito termal
das intrusões ígneas.
Apesar de um bom conhecimento sobre a evolução tectono-sedimentar e
sobre o sistema petrolífero, esse conhecimento se dá em escala de bacia, e
não há um estudo em analogia com outras bacias paleozóicas. A densidade de
poços é relativamente baixa se considerarmos a área total das bacias do
Solimões e Amazonas: cerca de 250 poços em 980.000 km2 (0,00025
poços/km2). Essa baixa densidade faz dessas bacias áreas ainda pouco
exploradas. Poucos são os trabalhos em escala de reservatório. Estudos de
detalhe utilizando a estratigrafia de seqüências, voltados para seqüências de 3ª
e 4ª ordens, são raros e poderia melhorar o conhecimento das trapas
estratigráficas e ajudariam a compreender as heterogeneidades. No entanto,
este detalhamento está subordinado a uma melhoria dos dados sísmicos. A
PETROBRAS, principal empresa que investe em exploração de petróleo na
região, ainda não utiliza uma técnica de aquisição sísmica terrestre adequada
(Prof. Osvaldo O. Duarte, informação verbal). Uma melhoria no método de
aquisição e um refino da técnica de processamento podem, por exemplo,
ultrapassar as espessas camadas de solo da Amazônia e imagear com uma
boa resolução unidades sismoestratigráficas.
Mesmo em meio a essas dificuldades tecnológicas e inúmeras barreiras
de infra-estrutura, o conhecimento geológico sobre essas bacias vem
crescendo ainda a passos lentos.
A bacia do Solimões possui, atualmente, a segunda maior reserva de gás
natural do Brasil, com cerca de 51.000 milhões de m3, e de acordo com o
Boletim Mensal de Gás da Agência Nacional de Petróleo-ANP, em novembro
71
de 2005 essas bacias contribuíam com 20,46% da produção nacional de gás.
Nos últimos anos, com a decisão do governo brasileiro em introduzir maior
percentual de gás natural na matriz energética do país, e face à atual situação
geopolítica, envolvendo a nacionalização das reservas de óleo e gás da
Bolívia, as bacias do Solimões e do Amazonas vêm se tornando um importante
alvo exploratório. Um exemplo disto é a crescente oferta de blocos nas rodadas
de licitações da ANP. Na sétima rodada, dos 28 blocos ofertados na Bacia do
Solimões, 25 foram arrematados.
Embora a infra-estrutura na região da Amazônia seja pouco atrativa e as
bacias do Solimões e do Amazonas estejam distantes dos grandes centros
urbanos, o que dificulta a permanência de pessoal especializado trabalhando
nestas áreas, bem como o transporte do petróleo para a refinaria REMAM, em
Manaus, isto propiciou a construção da maior Unidade de Processamento de
Gás Natural (UPGN) do Brasil na região de Urucu.
A PETROBRAS também vem fazendo uma série de melhorias para
aumentar a capacidade de escoamento do petróleo produzido nessa região.
Em 1989, colocou em operação um oleoduto, ligando a área produtora, em
Urucu, a Porto Terminal, às margens do Rio Tefé. Encontra-se em construção
o gasoduto Coari-Manaus (extensão = 417 km, capacidade = 5 milhões m³/dia
e diâmetro = 20”), e as perspectivas a médio e longo prazos é a construção de
novos gasodutos, a exemplo de Urucu-Porto Velho (extensão = 537,8 km,
capacidade = 2,4 milhões m³/dia e diâmetro = 14”), com início de operação
previsto para agosto de 2007. Outro sistema de escoamento já existente é o
duto para gás de cozinha e para petróleo, ligando Urucu ao terminal de Coari,
com 285 km de extensão (Revista IstoÉ 2006).
Desta forma, muitas áreas dentro das bacias do Solimões e do Amazonas
se caracterizam ainda como novas fronteiras, com um bom potencial petrolífero
a ser explorado e desafios técnico-científicos a serem vencidos.
72
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