Você está na página 1de 337

TOCANTINS

Governo do Estado do Tocantins


Marcelo de Carvalho Miranda
Governador

Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMARH


Luzimeire Ribeiro de Moura Carreira
Secretária
Fábio de Lima Lelis
Subsecretário

Diretoria de Recursos Hídricos


Diretoria de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos
Aldo Araujo de Azevedo
Diretor
Raquel Cristiane Amaral Vaz
Secretária
Gerência de Hidrometeorologia
Lorenzo Rigo Holsbach
Gerente
Djayson Thiago da Costa Alves – Eng. Ambiental
Fabio Franco Rodrigues – Biólogo
Mário Roberto Pombal Rebello – Eng. Eletricista
Rogério Noleto Passos – Eng. Ambiental
Gerência de Gestão de Recursos Hídricos
Maria Gorete dos Santos Cordeiro
Gerente
Maria Gorett dos Santos Braga – Eng. Agrônoma
Welica Rodrigues Lemes Barros – Eng. Ambiental
Gerência de Planejamento de Recursos Hídricos
Maria Gorete Vieira dos Santos
Gerente
Danielle Soares Magalhães – Eng. Ambiental
Thiago Oliveira Bandeira – Eng. Ambiental
Gerência de Revitalização de Bacias Hidrográficas
Poliana Ribeiro Pereira Pedreira
Gerente
Jarllany Cirqueira Lopes – Eng. Ambiental
Patricia Alves Santana Xavier – Tecnóloga Ambiental

Comitê da Bacia Hidrográfica do Lago de Palmas - CBHLP


Itamar Xavier da Silva
Presidente
FAPTO

Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Estado do Tocantins - FAPTO


Leo Araújo da Silva
Diretor Presidente
Coordenação e Acompanhamento
Felipe de Azevedo Marques – Coordenador Geral
Rui da Silva Andrade – Coordenador Técnico

Equipe Técnica - FAPTO

Especialista em Hidrologia e Geoprocessamento


Felipe de Azevedo Marques – Doutor em Recursos Hídricos – Professor Engenharia Civil – UFT

Especialista em Conservação de Água e Solo


Rui da Silva Andrade – Doutor em Conservação de Água e Solo – Professor Engenharia Ambiental – UFT

Especialista em Gestão de Recursos Hídricos


Fernán Enrique Vergara Fiqueroa – Doutor em Recursos Hídricos – Professor Engenharia Ambiental – UFT

Especialista em Biodiversidade
Paula Benevides de Morais – Doutora em Biodiversidade – Professora Engenharia Ambiental – UFT

Especialista em Química Ambiental


Emerson Adriano Guarda – Doutor em Química – Professor Engenharia Ambiental – UFT

Especialista em Meteorologia
José Luis Cabral da Silva Junior – Doutor em Meteorologia – Professor Agronomia – Unitins

Especialista em Socioeconomia
Rogério Castro Ferreira – Mestre em Geografia – Professor Geografia – UFT

Especialista em Hidroenergia
Marcos André de Oliveira – Mestre em Energia – Professor Engenharia Civil – UFT

Estagiários
Raphael Medeiros Lima. Engenharia Civil (UFT)
Lucas Diego Costa Oliveira. Engenharia Civil (UFT)
Taryane Fernandes. Engenharia Ambiental (UFT)
Ana Andreza Araújo. Geografia (UFT)
Sumário

LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................................................... 7


LISTA DE QUADROS ................................................................................................................................. 10
1. DIAGNÓSTICO DO MEIO FÍSICO ..................................................................................................... 19
1.1. ABRANGÊNCIA ESPACIAL ............................................................................................................... 19
1.2. HIDROGRAFIA ............................................................................................................................... 26
1.3. SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS ........................................................................................................ 29
1.3.1. Sub-bacia dos Afluentes Diretos ........................................................................................ 34
1.3.2. Sub-bacia do Ribeirão Lajeado .......................................................................................... 36
1.3.3. Sub-bacia do Ribeirão Santa Luzia .................................................................................... 38
1.3.4. Sub-bacia do Ribeirão dos Mangues ................................................................................. 40
1.3.5. Sub-bacia do Rio Matança ................................................................................................. 42
1.3.6. Sub-bacia do Ribeirão do Carmo ....................................................................................... 43
1.3.7. Sub-bacia do Ribeirão Conceição ...................................................................................... 44
1.3.8. Sub-bacia do Rio Crixás ..................................................................................................... 45
1.3.9. Sub-bacia do Rio Formiga .................................................................................................. 47
1.3.10. Sub-bacia do Rio Areias ..................................................................................................... 49
1.3.11. Sub-bacia do Córrego São João ........................................................................................ 51
1.3.12. Sub-bacia do Rio Água Suja .............................................................................................. 52
1.3.13. Sub-bacia do Ribeirão São João ........................................................................................ 54
1.3.14. Sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande ......................................................................... 56
1.3.15. Sub-bacia do Córrego Comprido ........................................................................................ 57
1.3.16. Sub-bacia do Ribeirão Água Fria ....................................................................................... 58
1.4. CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS................................................................................................. 59
1.4.1. Tratamentos topológicos e recondicionamento do MDE ................................................... 59
1.4.2. Construção da rede hidrográfica ........................................................................................ 62
1.4.3. Extração das Características Fisiográficas ........................................................................ 64
1.5. GEOLOGIA .................................................................................................................................... 66
1.6. GEOMORFOLOGIA ......................................................................................................................... 68
1.7. FORMAS DE RELEVO ..................................................................................................................... 70
1.8. CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS .......................................................................................................... 73
1.9. APTIDÃO AGRÍCOLA E ÉPOCAS DE PLANTIO .................................................................................... 87
1.10. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO........................................................................................................ 92
1.11. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APPS)............................................................................ 95
1.12. FAUNA E FLORA ............................................................................................................................ 97
1.13. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ........................................................................................................ 102
1.14. PERDAS DE SOLO ....................................................................................................................... 107
2. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO SOCIOECONÔMICO-CULTURAL ............................................... 117
2.1. ASPECTOS DEMOGRÁFICOS ........................................................................................................ 117
2.1.1. Caracterização Geral ........................................................................................................ 117
2.1.2. Densidade Demográfica ................................................................................................... 122
2.1.3. Dinâmica Populacional ..................................................................................................... 124
2.1.4. Características da População ........................................................................................... 131
2.2. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS ................................................................................................... 137
2.3. DIAGNÓSTICO DO ARRANJO INSTITUCIONAL .................................................................................. 154
2.3.1. Sistema Estadual de Recursos Hídricos .......................................................................... 154
2.3.2. Diagnóstico dos Instrumentos de Gestão ........................................................................ 159
2.3.3. Sociedade Civil Organizada ............................................................................................. 165
2.4. MODAIS DE TRANSPORTE ............................................................................................................ 170
2.5. PORTO NACIONAL COMO CENTRO DE DESENVOLVIMENTO ............................................................ 176
3. DIAGNÓSTICO DA DISPONIBILIDADE HÍDRICA .......................................................................... 179
3.1. CARACTERIZAÇÃO DO CLIMA ....................................................................................................... 179
3.1.1. Temperatura do Ar............................................................................................................ 181
3.1.2. Umidade Relativa do Ar .................................................................................................... 183
3.1.3. Velocidade do Vento ........................................................................................................ 184
3.1.4. Insolação .......................................................................................................................... 185
3.1.5. Evaporação....................................................................................................................... 186
3.2. ESTUDO DAS PRECIPITAÇÕES ...................................................................................................... 188
3.2.1. Levantamento e Tratamento dos Dados Pluviométricos ................................................. 188
3.2.2. Comportamento Pluviométrico na Bacia .......................................................................... 192
3.2.3. Precipitações Máximas na Bacia ...................................................................................... 204
3.3. ESTUDOS DAS VAZÕES NOS CURSOS D’ÁGUA .............................................................................. 209
3.3.1. Levantamento e Tratamento dos Dados Fluviométricos .................................................. 209
3.3.2. Comportamento das Vazões na Bacia ............................................................................. 219
3.3.3. Estudo das Vazões Médias .............................................................................................. 221
3.3.4. Estudo das Vazões Mínimas ............................................................................................ 228
3.4. DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS .................................................................................... 239
3.4.1. Monitoramento Limnológico do Reservatório ................................................................... 240
3.4.2. Avaliação Pontual por Grupos Biológicos ........................................................................ 245
3.4.3. Qualidade Físico-Química da Água.................................................................................. 253
4. DIAGNÓSTICO DAS DEMANDAS HÍDRICAS ................................................................................ 271
4.1. DEMANDAS OUTORGADAS EM DOMÍNIO DA UNIÃO ........................................................................ 272
4.2. DEMANDAS OUTORGADAS EM DOMÍNIO DO ESTADO ..................................................................... 274
4.3. DEMANDAS ESTIMADAS ............................................................................................................... 278
4.3.1. Abastecimento humano .................................................................................................... 278
4.3.2. Irrigação ............................................................................................................................ 281
4.3.3. Dessedentação animal ..................................................................................................... 288
4.3.4. Recreação e Lazer ........................................................................................................... 297
4.4. BALANÇO HÍDRICO DE DISPONIBILIDADES E DEMANDAS ................................................................ 300
4.5. APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO ............................................................................................... 304
4.5.1. UHE Luis Eduardo Magalhães ......................................................................................... 305
4.5.2. Potencial Hidroenergético da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago ............................ 314
4.5.3. Compensação Financeira dos Aproveitamentos Hidrelétricos ........................................ 317
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................. 327
6. REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS ................................................................................................... 328
7. SÍNTESE DOS RESULTADOS ........................................................................................................ 332
Lista de Figuras

Figura 1.1 Áreas Estratégicas de Gestão (AEGs) e localização da Bacia Hidrográfica do Entorno do
Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães, no estado do Tocantins. ..................................................... 20
Figura 1.2. Localização dos municípios total ou parcialmente inseridos na bacia hidrográfica do entorno
do lago e o percentual do município (%) contido nos limites da bacia. ............................................. 23
Figura 1.3. Localização dos municípios total ou parcialmente inseridos na bacia hidrográfica do entorno
do lago e o percentual do município (%) contido nos limites da bacia. ............................................. 24
Figura 1.4. Hidrografia principal da bacia hidrográfica do entorno do lago, utilizada para delimitação das
respectivas sub-bacias principais. ...................................................................................................... 27
Figura 1.5. Hidrografia topologicamente consistente, na escala 1:100.000, mapeada pelo IBGE,
disponibilizada pela Seplan-TO e consistida pela FAPTO. ................................................................ 28
Figura 1.6. Delimitação da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago com base no Modelo Digital de
Elevação - MDE do ASTER. ............................................................................................................... 30
Figura 1.7. Sub-bacias associadas aos principais cursos d’água da Bacia Hidrográfica do Entorno do
Lago. ................................................................................................................................................... 31
Figura 1.8. Sub-bacias associadas aos principais cursos d’água da Bacia Hidrográfica do Entorno do
Lago. ................................................................................................................................................... 32
Figura 1.9. Abrangência municipal da Sub-bacia dos Afluentes Diretos, da Bacia Hidrográfica do Entorno
do Lago. .............................................................................................................................................. 35
Figura 1.10. Abrangência municipal da Sub-bacia do Ribeirão Lajeado, da Bacia Hidrográfica do Entorno
do Lago. .............................................................................................................................................. 37
Figura 1.11. Abrangência municipal da Sub-bacia do Ribeirão Santa Luzia, da Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago. ................................................................................................................................ 39
Figura 1.12. Abrangência municipal da Sub-bacia do Ribeirão dos Mangues, da Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago. ................................................................................................................................ 41
Figura 1.13. Sub-bacia do Rio Matança, da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. ............................. 42
Figura 1.14. Sub-bacia dos Ribeirão do Carmo, da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. .................. 43
Figura 1.15. Sub-bacia do Ribeirão Conceição, da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. .................. 44
Figura 1.16. Abrangência municipal da Sub-bacia do Rio Crixás, da Bacia Hidrográfica do Entorno do
Lago. ................................................................................................................................................... 46
Figura 1.17. Abrangência municipal da Sub-bacia do Rio Formiga, da Bacia Hidrográfica do Entorno do
Lago. ................................................................................................................................................... 48
Figura 1.18. Abrangência municipal da Sub-bacia do Rio Areias, da Bacia Hidrográfica do Entorno do
Lago. ................................................................................................................................................... 50
Figura 1.19. Sub-bacia do Córrego São João, da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. .................... 51
Figura 1.20. Abrangência municipal da Sub-bacia do Rio Água Suja, da Bacia Hidrográfica do Entorno
do Lago. .............................................................................................................................................. 53
Figura 1.21. Abrangência municipal da Sub-bacia do Ribeirão São João, da Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago. ................................................................................................................................ 55
Figura 1.22. Sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande, da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. ..... 56
Figura 1.23. Sub-bacia do Córrego Comprido, da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. .................... 57
Figura 1.24. Sub-bacia do Ribeirão Água Fria, da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. .................... 58
Figura 1.25. Fluxograma de operações espaciais para geração do MDEHC. .......................................... 59
Figura 1.26. Modelo Digital de Elevação Hidrograficamente Consistente – MDEHC da Bacia Hidrográfica
do Entorno do Lago. ........................................................................................................................... 61
Figura 1.27. Estrutura arco-nó da rede geométrica representativa da hidrografia na Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago e exemplo de traçado à jusante. ............................................................................. 62
Figura 1.28. Rede Geométrica da hidrografia mapeada pelo IBGE, na escala 1:100.000, após os
tratamentos topológicos para a Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. .......................................... 63
Figura 1.29. Classes geológicas na Bacia Hidrográfica do Entorno Do Lago. ......................................... 67

7
Figura 1.30. Unidades geomorfológicas na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. .............................. 69
Figura 1.31. Classes de relevo na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. ............................................ 71
Figura 1.32. Classes de solos na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. .............................................. 74
Figura 1.33. Latossolo vermelho-amarelo (EMBRAPA, 2006). ................................................................. 75
Figura 1.34. Plintossolo pétrico concrecionário latossólico (IBGE, 2007). ................................................ 75
Figura 1.35. Neossolo quartzarênico (IBGE, 2007). ................................................................................. 75
Figura 1.36. Pontos amostrais de qualidade química e física dos solos na Bacia Hidrográfica do Entorno
do Lago. .............................................................................................................................................. 79
Figura 1.37. Classe textural (3% argilosa, 91% textura média e 7% arenosa). ........................................ 80
Figura 1.38. Saturação de base baixa (99% da área) e média (1% da área). .......................................... 81
Figura 1.39. Qualidade física dos solos na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago (solos degradados =
86,5% e solos com boa qualidade física = 3,5% da área de drenagem). .......................................... 85
Figura 1.40. Resistência à penetração de raízes (99,5% como área não compactada e 0,5% como área
compactada para fins de atividades agronômicas). ........................................................................... 86
Figura 1.41. Mapa de aptidão agrícola dos solos da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. ................ 89
Figura 1.42. Áreas das APAs (1.181,60 km²) e Parque Estadual do Lajeado (21 km²). .......................... 92
Figura 1.43. Áreas de preservação permanente no entorno do Lago UHE. ............................................. 96
Figura 1.44. Regiões fitoecológicas localizadas na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. .................. 98
Figura 1.45. Classes temáticas de uso e ocupação de 2014 para a região hidrográfica do Entorno do
Lago UHE Lajeado. .......................................................................................................................... 105
Figura 1.46. Mapa temático da erosividade de chuva (MJ mm/ha h ano) na Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago. .............................................................................................................................. 108
Figura 1.47. Classes de declividade, em graus, na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. ................ 110
Figura 1.48. Comprimento e declividade das encostas (LS) na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
.......................................................................................................................................................... 111
-1 -1
Figura 1.49. Perdas naturais por erosão de solos em t ha ano . ......................................................... 113
Figura 1.50. Mapa temático matricial de perdas de solo advindos da soma das variáveis da equação
universal de perda de solos (USLE). ................................................................................................ 115
Figura 2.1. Mapa da distribuição da população atual (2015) nos municípios da Bacia Hidrográfica. .... 119
Figura 2.2. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - IDHM (2010) na Bacia do Entorno do Lago.
.......................................................................................................................................................... 139
Figura 2.3. Produto Interno Bruto (PIB) total dos municípios inseridos na Bacia Hidrográfica (2012). .. 153
Figura 2.4. Arrajo institucional do Sistema Nacional e Estadual de Gestão de Recursos Hídricos. ...... 154
Figura 2.5. Estrutura administrativa da Diretoria de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos. .... 155
Figura 2.6. Organograma da Diretoria de Recursos Hídricos do Naturatins. ......................................... 156
Figura 2.7. Corredor Centro Norte da ferrovia Norte-Sul. Fonte: Vale (2012). ....................................... 171
Figura 2.8. Hidrovia Araguaia-Tocantins, trecho de Marabá/PA a Miracema e as intervenções
necessárias. Fonte: (MT, 2013). ....................................................................................................... 172
Figura 2.9. Cenários de Expansão da Hidrovia Araguaia-Tocantins. Fonte: (MT, 2013). ...................... 174
Figura 2.10. Vias de acesso e localização da Empresa Granol e o terminal de Porto Nacional da Ferrovia
Norte-Sul. .......................................................................................................................................... 175
Figura 3.1 a) Localização da estação meteorológica em Palmas-TO (cód. 83033), b) próxima ao galpão
garagem com teto elevado. Fonte: a) Google Earth (2015) e b) autoria própria. ............................ 179
Figura 3.2. Estações meteorológicas localizadas na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. .............. 180
Figura 3.3. Localização das estações pluviométricas selecionadas na região em estudo. .................... 190
Figura 3.4. Polígonos de Thiessen, percentuais de cobertura correspondentes e espacialização da
precipitação total anual. .................................................................................................................... 194
Figura 3.5. Distribuição espacial da precipitação total anual (mm) na Bacia Hidrográfica do Entorno do
Lago. ................................................................................................................................................. 197
Figura 3.6. Distribuição espacial da precipitação total do período seco (mm) na Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago (Maio a Setembro). ............................................................................................... 198

8
Figura 3.7. Distribuição espacial da precipitação total do período chuvoso (mm) na Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago (Outubro a Abril).................................................................................................... 199
Figura 3.8. Isoietas de precipitação total anual (mm) na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago (Outubro
a Abril). .............................................................................................................................................. 200
Figura 3.9. Isoietas de precipitação total do período seco (mm) na Bacia Hidrográfica do Entorno do
Lago (Maio a Setembro). .................................................................................................................. 201
Figura 3.10. Isoietas de precipitação total do período chuvoso (mm) na Bacia Hidrográfica do Entorno do
Lago (Outubro a Abril). ..................................................................................................................... 202
Figura 3.11. Mapa das estações fluviométricas inicialmente identificadas na Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago. .............................................................................................................................. 210
Figura 3.12. Mapa das estações fluviométricas inicialmente identificadas na Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago, categorizadas pelas “Entidades Operadoras”. .................................................... 211
Figura 3.13. Estações fluviométricas operadas pela Investco S.A. na Bacia Hidrográfica do Entorno do
Lago. ................................................................................................................................................. 213
Figura 3.14. Estações fluviométricas e seções de medição esporádica de vazões da Odebrecht
Ambiental Saneatins na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. ................................................... 216
Figura 3.15. Mapa das estações fluviométricas selecionadas para o estudo das vazões nos cursos
d’água da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. .......................................................................... 218
Figura 3.16. Mapa de disponibilidade hídrica superficial com as vazões médias de longa duração (m³/s)
distribuídas na rede hidrográfica da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. ................................. 226
Figura 3.17. Mapa de disponibilidade hídrica superficial com as vazões médias de longa duração (m³/s)
na foz das sub-bacias da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. ................................................. 227
Figura 3.18. Curvas de permanência no rio Tocantins, considerando os períodos anual, seco e chuvoso.
.......................................................................................................................................................... 230
Figura 3.19. Curvas de permanência mensais para o rio Tocantins, estação 22490500 (m³/s : %). ..... 231
Figura 3.20. Curvas de permanência no rio Tocantins, considerando os períodos anual, seco e chuvoso.
.......................................................................................................................................................... 234
Figura 3.21. Curvas de permanência mensais para o ribeirão Taquaruçu, estação 22351000 (m³/s %).
.......................................................................................................................................................... 235
Figura 3.22. Mapa de disponibilidade hídrica superficial com as vazões mínimas associadas à
permanência de 90% (Q90, m³/s) distribuídas na rede hidrográfica da Bacia Hidrográfica do Entorno
do Lago. ............................................................................................................................................ 237
Figura 3.23. Mapa de disponibilidade hídrica superficial com as vazões mínimas associadas à
permanência de 90% (Q90, m³/s) na foz das sub-bacias da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
.......................................................................................................................................................... 238
Figura 3.24. Compartimentos do reservatório da UHE Lajeado e localização dos pontos amostrais de
Índice de Estado Trófico – IET. Fonte: Compartimentos por IIE e INVESTCO; pontos por Investco e
Lambio/UFT. ..................................................................................................................................... 242
Figura 3.25. Bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande com os pontos amostrais do biomonitoramento. ... 250
Figura 3.26. Bacia do Rio Água Suja com os pontos amostrais do biomonitoramento. ......................... 251
Figura 3.27. Estações de monitoramento da qualidade da água no reservatório da UHE Luis Eduardo
Magalhães. ....................................................................................................................................... 256
Figura 3.28. Estações de monitoramento da qualidade da água no entorno do lago da UHE Luis Eduardo
Magalhães. Fonte: Odebrecht Ambiental Saneatins. ....................................................................... 262
Figura 3.29. Pontos de outorga com parâmetros de qualidade da água no entorno do lago da UHE Luis
Eduardo Magalhães. Fonte: Naturatins, 2015. ................................................................................. 266
Figura 3.30. Localização das ETEs do município de Palmas e do lançamento de efluentes no município
de Porto Nacional. Fonte: Odebrecht Ambiental Saneatins, 2015. .................................................. 268
Figura 4.1. Outorgas no Rio Tocantins classificadas pela atividade de uso dos recursos hídricos. Fonte:
Agência Nacional de Águas – ANA, 2015. ....................................................................................... 273
Figura 4.2. Outorgas no Entorno do Lago classificadas pela atividade de uso dos recursos hídricos.
Fonte: Instituto Natureza do Tocantins - Naturatins, 2015. .............................................................. 275

9
Figura 4.3. Pontos de captação superficial e subterrânea para abastecimento de água da população na
Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. Fonte: Odebrecht Ambiental Saneatins, 2015. ................ 280
Figura 4.4. Microaspersão em mangueira pela técnica de “enxertia”. .................................................... 283
Figura 4.5. Microaspersão em mamoeiro. ............................................................................................... 283
Figura 4.6. Gotejamento em abacaxizeiro............................................................................................... 283
Figura 4.7. Estação de uma unidade setorial. ......................................................................................... 283
Figura 4.8. Cabeçal de controle na entrada de lote. ............................................................................... 283
Figura 4.9. Boletim sobre a necessidade hídrica de reposição por água no solo (em mm) no Tocantins.
Fonte: Agritempo, (www.agritempo.gov.br). ..................................................................................... 286
Figura 4.10. Vista parcial de jusante da UHE Luis Eduardo Magalhães. Fonte EDP (2015). ................ 306
Figura 4.11. Vista parcial dos geradores elétricos. Fonte EDP (2015). .................................................. 311
Figura 4.12. Seção Transversal da Usina: Arranjo Eletromecânico, Tomada D’água e Casa de Força.
Fonte: Adaptado de Centins/Themag (1996). .................................................................................. 311
Figura 4.13. Reavaliação da divisão de queda do rio Tocantins trechos Cana-Brava – Lajeado – Estreito.
Fonte: Themag.................................................................................................................................. 316
Figura 4.14. Distribuição da arrecadação da CFURH. ............................................................................ 318
Figura 4.15. Configuração das usinas hidrelétricas em operação no Rio Tocantins (2015). ................. 320
Figura 4.16. Ganho de energia na cascata, a partir da UHE Luis Eduardo Magalhães. ........................ 320
Figura 4.17. Pequena Central Hidrelétrica – PCH Isamu Ikeda I e II. ..................................................... 324
Figura 4.18. Localização da PCH Isamu Ikeda I & II e da PCH. ............................................................. 324

Lista de Quadros
Quadro 1.1. Municípios total ou parcialmente inseridos na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago ....... 22
Quadro 1.2. Sub-bacias hidrográficas das margens esquerda e direita do reservatório, com os
municípios abrangidos, a área de drenagem (km²) e o percentual de cobertura da bacia ................ 33
Quadro 1.3. Municípios da Sub-bacia dos Afluentes Diretos, áreas e percentuais de cobertura ............. 34
Quadro 1.4. Municípios da Sub-bacia do Ribeirão Lajeado, áreas e percentuais de cobertura ............... 36
Quadro 1.5. Municípios da Sub-bacia do Ribeirão Santa Luzia, áreas e percentuais de cobertura ........ 38
Quadro 1.6. Municípios da Sub-bacia do Ribeirão dos Mangues, áreas e percentuais de cobertura ...... 40
Quadro 1.7. Municípios da Sub-bacia do Rio Crixás, áreas e percentuais de cobertura ......................... 45
Quadro 1.8. Municípios da Sub-bacia do Rio Crixás, áreas e percentuais de cobertura ......................... 47
Quadro 1.9. Municípios da Sub-bacia do Rio Areias, áreas e percentuais de cobertura ......................... 49
Quadro 1.10. Municípios da Sub-bacia do Rio Água Suja, áreas e percentuais de cobertura ................. 52
Quadro 1.11. Municípios da Sub-bacia do Ribeirão São João, áreas e percentuais de cobertura .......... 54
Quadro 1.12. Regras topológicas aplicadas no tratamento da hidrografia mapeada ............................... 60
Quadro 1.13. Principais características físicas da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago ..................... 64
Quadro 1.14. Principais características fisiográficas das Sub-bacias Hidrográficas do Entorno do Lago 65
Quadro 1.15. Área e percentual correspondente das classes geológicas no entorno do Lago UHE ....... 66
Quadro 1.16. Relação percentual de área das principais unidades geomorfológicas do Entorno do Lago
............................................................................................................................................................ 68
Quadro 1.17. Relação percentual de área das principais formas de relevo do Entorno do Lago ............ 70
Quadro 1.18. Áreas e percentuais correspondentes das classes pedológicas do entorno do Lago UHE 75
Quadro 1.19. Análise química de alguns solos da Bacia Hidrográfica do Entorno Lago e região (IBGE) 77
Quadro 1.20. Classificação agronômica com abse no pH em água ......................................................... 78
Quadro 1.21. Classes de interpretação de fertilidade do solo para matéria orgânica e para o complexo
de troca catiônica ................................................................................................................................ 78
Quadro 1.22. Estimativa de parâmetros físicos, a partir dos dados de classificação textural e densidade
dos solos, do programa Qualisolos da Embrapa e das equações (3, 4, 5 e 6), de interesse para
manejo de cultivos irrigados na Bacia do Entorno do Lago ............................................................... 82

10
Quadro 1.23. Resumo da aptidão dos solos, área e percentual correspondentes, na Bacia Hidrográfica
............................................................................................................................................................ 88
Quadro 1.24. Aptidão das terras por município (áreas em km²) ............................................................... 90
Quadro 1.25. Épocas de plantio para milho e soja na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago da UHE
Luis Eduardo Magalhães .................................................................................................................... 91
Quadro 1.26. Épocas de plantio para milho e soja na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago da UHE
Luis Eduardo Magalhães .................................................................................................................... 91
Quadro 1.27. APAs criadas por lei, suas áreas (km²) e respectivos percentuais de distribuição ............. 92
Quadro 1.28. APPs por largura de faixa e suas respectivas áreas em km², percentuais em relação à área
total das APP e percentual relativo à área total da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago ............. 95
Quadro 1.29. Classes de vegetação, área de ocorrência e percentual na bacia hidrográfica ................. 97
Quadro 1.30. Número de espécies, gêneros e famílias de espécies botânicas no entorno do lago ...... 100
Quadro 1.31. Relação de imagens amostradas com média resolução espacial do programa de sensores
orbitais Landsat 8 ............................................................................................................................. 102
Quadro 1.32. Valores de CP em função do Uso e Ocupação do Solo para P = 1 ................................. 104
Quadro 1.33. Classes de Uso e Cobertura do solo nas Sub-bacias Hidrográficas do Entorno do Lago
(km²) .................................................................................................................................................. 106
Quadro 1.34. Classes de Uso e Cobertura do solo nas Sub-bacias Hidrográficas do Entorno do Lago (%)
.......................................................................................................................................................... 106
Quadro 1.35. Erodibilidade (fator K) para distintas classes de solo ....................................................... 109
Quadro 1.36. Classificação do potencial de perdas natural por erosão ................................................. 112
Quadro 1.37. Valores de CP em função do Uso e Ocupação do Solo para P = 1 ................................. 114
-1 -1
Quadro 1.38. Perdas de solo em t.ha .ano na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago ...................... 114
Quadro 2.1. População total dos municípios inseridos total ou parcialmente na Bacia ......................... 118
Quadro 2.2. População total nas sub-bacias do Entorno do Lago .......................................................... 120
Quadro 2.3. Densidade demográfica dos municípios inseridos na Bacia ............................................... 123
Quadro 2.4. Taxa de crescimento da população dos municípios inseridos na Bacia ............................. 125
Quadro 2.5. Evolução demográfica dos municípios inseridos na Bacia ................................................. 126
Quadro 2.6. Evolução demográfica da População Urbana (URB.), Rural (RUR.) e Total entre os anos de
1991 a 2010 dos municípios inseridos na Bacia .............................................................................. 127
Quadro 2.7. População Rural (RUR.), Urbana (URB.) e Total entre os anos de 1991 a 2010 ............... 128
Quadro 2.8. Taxa de Urbanização dos municípios inseridos na Bacia ................................................... 130
Quadro 2.9. Taxa de Fecundidade Total dos municípios inseridos na Bacia Hidrográfica do Entorno do
Lago .................................................................................................................................................. 132
Quadro 2.10. Taxa de mortalidade infantil até os 5 anos de idade dos municípios inseridos na Bacia . 133
Quadro 2.11. Evolução da Esperança de Vida ao Nascer entre os anos de 1991 e 2010 ..................... 136
Quadro 2.12. Número de Domicílios nos municípios inseridos na Bacia entre os anos de 2000 e 2010
.......................................................................................................................................................... 137
Quadro 2.13. Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, por município (2010) ................................... 140
Quadro 2.14. Pessoas que frequentam curso superior de Graduação (Particular/Público) ................... 149
Quadro 2.15. Renda per capita* (R$) dos Municípios inseridos na Bacia do Entorno do Lago ............. 150
Quadro 2.16. Índice de Desigualdade de Gini* dos Municípios inseridos na Bacia do Entorno do Lago151
Quadro 2.17. Produto Interno Bruto (mil reais) nos Municípios inseridos na Bacia (2012) .................... 152
Quadro 2.18. Algumas entidades envolvidas com a gestão dos recursos hídricos no Tocantins .......... 154
Quadro 2.19. Informações sobre os Planos de Bacias existentes no Estado. ....................................... 163
Quadro 3.1. Estações meteorológicas localizadas na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. ............ 179
Quadro 3.2. Temperaturas mínimas, médias e máximas mensais (°C) na Bacia do Entorno do Lago. 181
Quadro 3.3. Umidade relativa mínima, média e máxima mensais (°C) na Bacia do Entorno do Lago .. 183
Quadro 3.4. Velocidade do vento mínima, média e máxima mensal (m/s) na Bacia do Entorno do Lago. 184
Quadro 3.5. Insolação média mensal (horas) na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. ....................... 185
Quadro 3.6. Evaporação média mensal (mm) na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. ...................... 186
Quadro 3.7. Evaporação diária e mensal do reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães ................ 187

11
Quadro 3.8. Estações pluviométricas identificadas na região de estudo (bacia e redondezas) ............. 188
Quadro 3.9. Estações pluviométricas selecionadas na região de estudo (bacia e redondezas) ............ 191
Quadro 3.10. Coeficientes de determinação (R²) entre as estações pluviométricas selecionadas .............. 192
Quadro 3.11. Lâminas médias mensais precipitadas nas estações pluviométricas selecionadas e na Bacia
Hidrográfica do Entorno do Lago (mm).............................................................................................. 195
Quadro 3.12. Lâminas totais precipitadas no ano e nos períodos chuvoso e seco, nas estações
pluviométricas selecionadas e na Bacia Hidrográfica (mm)............................................................... 195
Quadro 3.13. Lâminas mensais precipitadas nas Sub-bacias Hidrográficas do Entorno do Lago (mm) ... 203
Quadro 3.14. Lâminas totais precipitadas no ano e nos períodos chuvoso e seco, nas Sub-bacias
Hidrográficas do Entorno do Lago (mm) ............................................................................................ 203
Quadro 3.15. Lâminas máximas mensais precipitadas nas estações pluviométricas selecionadas e na
Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago (mm) .................................................................................... 204
Quadro 3.16. Lâminas máximas precipitadas no ano e nos períodos chuvoso e seco, nas estações
pluviométricas selecionadas e na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago (mm)............................... 204
Quadro 3.17. Precipitações máximas diárias (mm) associadas aos períodos de retorno de 2, 10, 20, 50 e
100 anos, nas estações pluviométricas selecionadas no estudo..................................................... 208
Quadro 3.18. Precipitações máximas diárias (mm) associadas aos períodos de retorno de 2, 10, 20, 50 e
100 anos, nas estações pluviométricas selecionadas no estudo..................................................... 208
Quadro 3.19. Identificação das estações fluviométricas operadas pela Investco S.A. .............................. 212
Quadro 3.20. Estações da Odebrecht Ambiental Saneatins na sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu ....... 214
Quadro 3.21. Seções de monitoramento de vazões nos mananciais de abastecimento da Saneatins . 215
Quadro 3.22. Período base de 14 anos (2001 a 2014) adotado no estudo das vazões no Rio Tocantins
.......................................................................................................................................................... 217
Quadro 3.23. Período base de 3 anos (2003 a 2005) adotado no estudo das vazões no entorno do
reservatório ....................................................................................................................................... 217
Quadro 3.24. Estações fluviométricas selecionadas na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago .......... 218
Quadro 3.25. Vazões médias mensais (m³/s) nas estações fluviométricas selecionadas sobre o rio
Tocantins .......................................................................................................................................... 222
Quadro 3.26. Vazões médias de longa duração (m³/s) nas estações fluviométricas selecionadas no rio
Tocantins, considerando o período anual e os períodos seco e chuvoso .......................................... 222
Quadro 3.27. Vazões médias mensais (m³/s) da estação UHE LEM Barramento (22490500), localizada
no rio Tocantins a montante do barramento da UHE Lajeado ......................................................... 222
Quadro 3.28. Vazões específicas médias (m³/s.km²) do rio Tocantins no barramento da UHE Lajeado.
.......................................................................................................................................................... 222
Quadro 3.29. Vazões médias mensais (m³/s) da estação 22351000, no ribeirão Taquaruçu ................ 223
Quadro 3.30. Vazões médias mensais (m³/s) na estação fluviométrica e seções de medição da sub-
bacia do ribeirão Taquaruçu Grande ................................................................................................ 224
Quadro 3.31. Vazões médias mensais específicas (m³/s.km²) na estação fluviométrica e seções de
medição da sub-bacia do ribeirão Taquaruçu Grande ..................................................................... 224
Quadro 3.32. Vazões médias de longa duração (m³/s) na estação fluviométrica e seções de medição da
sub-bacia do ribeirão Taquaruçu Grande, considerando o período anual e os semestres seco e
chuvoso ............................................................................................................................................. 224
Quadro 3.33. Vazões médias específicas (m³/s.km²) na estação fluviométrica e seções de medição da
sub-bacia do ribeirão Taquaruçu Grande, considerando o período anual e os semestres seco e
chuvoso ............................................................................................................................................. 224
Quadro 3.34. Disponibilidade hídrica média (m³/s) na foz das principais Sub-bacias do Entorno do Lago.
.......................................................................................................................................................... 225
Quadro 3.35. Vazões associadas à curva de permanência (m³/s) da estação UHE LEM Barramento
(22490500), localizada no rio Tocantins a montante do barramento da UHE Lajeado. .................. 229
Quadro 3.36. Vazões mínimas mensais com permanência de 90% (Q 90, m³/s) nas estações
fluviométricas selecionadas sobre o rio Tocantins. .......................................................................... 229

12
Quadro 3.37. Vazões mínimas com permanência de 90% (Q90, m³/s) nas estações selecionadas no rio
Tocantins, considerando os períodos anual, seco e chuvoso ............................................................ 229
Quadro 3.38. Vazões mínimas com permanência de 90% específicas (q90, m³/s) nas estações
selecionadas no rio Tocantins, considerando os períodos anual, seco e chuvoso ............................ 229
Quadro 3.39. Vazões associadas à curva de permanência (m³/s) da estação Taquaruçu Grande
(22351000), localizada no entorno do lago. ..................................................................................... 233
Quadro 3.40. Vazões mínimas mensais com permanência de 90% (Q 90, m³/s) na estação fluviométrica e
seções de medição da sub-bacia do ribeirão Taquaruçu Grande. ................................................... 233
Quadro 3.41. Vazões mínimas com permanência de 90% (Q90, m³/s) nas estações selecionadas no rio
Tocantins, considerando o período anual e os períodos seco e chuvoso .......................................... 233
Quadro 3.42. Q90 específicas (m³/s) na estação fluviométrica e seções de medição da sub-bacia do
ribeirão Taquaruçu Grande, considerando o período anual e os períodos seco e chuvoso .............. 233
Quadro 3.43. Disponibilidade hídrica (Q90, m³/s) na foz das principais Sub-bacias do Entorno do Lago. . 236
Quadro 3.44. Classificação do Índice de Estado Trófico - IET................................................................ 241
Quadro 3.45. Seções de monitoramento do Índice de Estado Trófico – IET nos compartimentos do
reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães e períodos de analisados ....................................... 243
Quadro 3.46. Valores e classificação do IET nos compartimentos do reservatório da UHE Lajeado, de
abril de 2007 a julho de 2010 ........................................................................................................... 244
Quadro 3.47. Valores e classificação do IET nos compartimentos do reservatório da UHE Lajeado, em
fevereiro de 2014 e maio de 2015 .................................................................................................... 244
Quadro 3.48. Evolução da riqueza, densidade e diversidade de espécies de fitoplâncton no reservatório
.......................................................................................................................................................... 246
Quadro 3.49. Classificação da qualidade ambiental com base no índice BMWP .................................. 248
Quadro 3.50. Classificação da qualidade ambiental com base no índice IBF ........................................ 248
Quadro 3.51. Classificação da qualidade ambiental com base no índice EPT ....................................... 248
Quadro 3.52. Equivalência de classificações dos três índices de biomonitoramento de corpos d´água 248
Quadro 3.53. Seções de biomonitoramento na sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande ................... 249
Quadro 3.54. Seções de biomonitoramento na sub-bacia do Rio Água Suja ......................................... 249
Quadro 3.55. Classificação da qualidade ambiental dos corpos hidricos da Sub-bacia do Ribeirão
Taquaruçu Grande ............................................................................................................................ 252
Quadro 3.56. Classificação da qualidade ambiental dos corpos hidricos da sub-bacia do Ribeirão Água
Suja ................................................................................................................................................... 252
º
Quadro 3.57. Classificação das águas doces segundo a Resolução Conama N 357 de 2005 ............. 253
Quadro 3.58. Classes do índice de qualidade da agua e seus significados. .......................................... 254
Quadro 3.59. Seções de monitoramento de qualidade de água no reservatório da UHE Lajeado ........ 255
Quadro 3.60. Desconformidades observadas nos parâmetros de IQA nas seções de monitoramento da
Investco no reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães, para a Classe 2 ................................. 260
Quadro 3.61. Pontos de captação da empresa Odebrecht Ambiental Saneatins onde ocorre o
monitoramento da qualidade da água bruta, na Bacia do Entorno do Lago .................................... 261
Quadro 3.62. Análise de desconformidades dos parâmetros de qualidade de água bruta considerando-
se os limites das Classes 2 e 3 da Resolução Conama Nº 357/2005 ............................................. 263
Quadro 3.63. Pontos com intervenções licenciadas pela outorga de direito de uso dos recursos hídricos
que possuem informações sobre a qualidade da água do corpo hídrico ......................................... 265
Quadro 3.64. Análise de desconformidades dos parâmetros de qualidade de água associados a
processos de outorga do Naturatins considerando-se os limites da Classe 2 ................................. 267
Quadro 4.1. Outorgas de direito pelo uso da água no reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães . 272
Quadro 4.2. Outorgas de direito pelo uso da água no entorno do lago da UHE Lajeado ...................... 274
Quadro 4.3. Outorgas de direito pelo uso da água no entorno do lago da UHE Lajeado ...................... 274
Quadro 4.4. Vazões outorgadas (L/s) por uso consuntivo dos recursos hídricos nas Sub-bacias
Hidrográficas do Entorno do Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães ............................................. 276
Quadro 4.5. Vazões outorgadas (%) por uso consuntivo dos recursos hídricos nas Sub-bacias
Hidrográficas do Entorno do Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães ............................................. 277

13
Quadro 4.6. Vazões demandadas estimadas para Abastecimento Humano por Sub-bacias ................ 278
Quadro 4.7. Pontos de captação superficial para abastecimento humano no Entorno do Lago da UHE .. 279
Quadro 4.8. Pontos de captação subterrânea para abastecimento humano no Entorno do Lago da UHE279
Quadro 4.9. Principais Produtos agrícolas/ Plantação por hectare ........................................................ 281
Quadro 4.10. Levantamento da Agricultura Irrigada por Pivôs Centrais ................................................. 282
Quadro 4.11. Distribuição das áreas sob pivô-central (PV) e irrigação localizada (IL) ........................... 284
Quadro 4.12. Coeficientes de cultura (Kc) em diferentes períodos ou fases, evapotranspiração potencial
(ETp) e evapotranspiração da cultura (ETc) em mm máximos diários ............................................ 284
Quadro 4.13. Evapotranspiração das culturas (mm/dia), em período crítico, para manejo da irrigação em
culturas do Entorno do Lago............................................................................................................. 285
Quadro 4.14. Áreas irrigadas estimadas nos municípios da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago .. 287
Quadro 4.15. Áreas irrigadas e vazões estimadas nas Sub-bacias Hidrográficas do Entorno do Lago 287
Quadro 4.16. Valores de consumo para dessedentação animal, por tipo de rebanho (L/dia/animal) .... 288
Quadro 4.17. Efetivo dos rebanhos (Bovino) no entorno ........................................................................ 289
Quadro 4.18. Efetivo dos rebanhos (Equino) no entorno ........................................................................ 290
Quadro 4.19. Efetivo dos rebanhos (Babulino) no entorno ..................................................................... 291
Quadro 4.20. Efetivo dos rebanhos (Suíno) no entorno .......................................................................... 292
Quadro 4.21. Efetivo dos rebanhos (Caprino) no entorno ...................................................................... 293
Quadro 4.22. Efetivo dos rebanhos (Caprino) no entorno ...................................................................... 294
Quadro 4.23. Efetivo dos rebanhos (Galináceos) no entorno ................................................................. 295
Quadro 4.24. Rebanhos nos municípios total ou parcialmente inseridos na Bacia Hidrográfica (2013) 296
Quadro 4.25. Vazão demandada estimada (L/s) para dessedentação animal nas Sub-bacias
Hidrográficas do Entorno do Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães ............................................. 296
Quadro 4.26. Balanço hídrico entre disponibilidades e demandas outorgadas e estimadas e
comprometimento (%) da disponibilidade hídrica média e de referência nas Sub-bacias
Hidrográficas do Entorno do Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães ............................................. 301
Quadro 4.27. Participação societária da UHE Luis Eduardo Magalhães ................................................ 305
Quadro 4.28. Datas de entrada em operação dos Grupos Geradores da UHE Lajeado ....................... 306
Quadro 4.29. Montantes Finais ............................................................................................................... 308
Quadro 4.30. Dados básicos da barragem da UHE Luis Eduardo Magalhães ....................................... 310
Quadro 4.31. Dados básicos do vertedor da UHE Luis Eduardo Magalhães ......................................... 310
Quadro 4.32. Níveis de referência do Reservatório (a fio d’água) .......................................................... 310
Quadro 4.33. Área inundada (a fio d’água) ............................................................................................. 310
Quadro 4.34. Vazões características da UHE Luis Eduardo Magalhães ................................................ 310
Quadro 4.35. Dados de projeto das Turbinas ......................................................................................... 312
Quadro 4.36. Potencial Hidrelétrico do Estado do Tocantins .................................................................. 314
Quadro 4.37. Níveis de referência de jusante. ........................................................................................ 316
Quadro 4.38. Pagamentos efetuados pela UHE Luis Eduardo Magalhães em 2014. ............................ 318
Quadro 4.39. Percentual de participação dos municípios, diretamente atingidos, na CFURH da UHE Luis
Eduardo Magalhães. ............................................................................................................................... 319
Quadro 4.40. Pagamentos de CFURH realizados pela UHE Luis Eduardo Magalhães no ano de 2014. . 321
Quadro 4.41. Coeficiente de Distribuição de CFURH da UHE Luis Eduardo Magalhães para os municípios
da bacia.................................................................................................................................................... 321
Quadro 4.42. Pagamentos de CFURH realizados pela UHE Estreito aos municípios da bacia, no ano de
2014. ........................................................................................................................................................ 322
Quadro 4.43. Pagamentos de CFURH realizados pela UHE Tucuruí I e II aos municípios da bacia, no ano
de 2014. ................................................................................................................................................... 323
Quadro 4.44. Valores provenientes de CFURH, em reais (R$), pagos aos municípios da Bacia
Hidrográfica do Entorno do Reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães. ................................. 325

14
APRESENTAÇÃO
15
Água, o recurso mais importante da Terra. Recurso natural essencial, seja como componente bioquímico
de seres vivos, como meio de vida de espécies vegetais e animais, como elemento representativo de
valores sociais e culturais e até como fator de produção de vários bens de consumo final e intermediário.
Recurso de valor inestimável que apresenta utilidades múltiplas como geração de energia elétrica,
abastecimento doméstico e industrial, irrigação, navegação, recreação, paisagismo, turismo, aquicultura,
piscicultura, dessedentação de animais, preservação da biota aquática, melhorias climáticas e, até
mesmo, para a assimilação e condução de esgotos.

Apesar de renováveis, os recursos hídricos são limitados e nem sempre suficientes para atender a todos
os usuários. Com o aumento da demanda, torna-se necessário disciplinar a distribuição das águas para
evitar conflitos e assegurar o direito do uso da água a todos os cidadãos das gerações atual e futura.
Hoje, com a expansão dos centros urbanos e da agricultura irrigada, aliada a chegada de novas
indústrias, é crescente a demanda por água, quer para consumo direto ou para utilização em diversas
fases de processos produtivos ou mesmo para usos não consuntivos.

Alguns usos implicam na retirada de água das coleções hídricas, enquanto outros estão associados a
atividades desenvolvidas no próprio ambiente aquático. O estabelecimento de uma distinta ligação entre
os diversos usos da água e seus requisitos de qualidade é fundamental. Determinados usos da água são
considerados nobres, exigindo, portanto, um rigoroso controle da qualidade, enquanto outros usos são
menos restritivos e não estão vinculados a rígidos critérios de qualidade. Então, como gerenciar de
forma eficiente os recursos hídricos?

A Universidade Federal do Tocantins - UFT acredita que a gestão das águas deve ser pautada no
conhecimento científico e ter um planejamento técnico, suficientemente claro para permitir sua análise
por dirigentes políticos, agentes financeiros e sociedade civil, de forma a viabilizar a implementação dos
programas e ações priorizadas para a concretização do Plano. Este planejamento envolve instituições
públicas e privadas mais a sociedade, tendo como eixo principal a compatibilização entre a
disponibilidade hídrica e a demanda de água pelos diferentes setores usuários. A meta do plano?
Desenvolvimento, aliado à proteção e conservação dos recursos hídricos e ambientais.

Em face dos fundamentos legais expressos na Lei Federal Nº 9.433 de 8 de janeiro de 1997 que define a
Política Nacional de Recursos Hídricos e da Lei Estadual N° 1.307 de 22 de março de 2002, os Planos
Diretores de Recursos Hídricos – PDRH devem apresentar um conteúdo mínimo que oriente a
implementação dessa Política, tomando, por unidade de estudo e planejamento, a bacia hidrográfica.

É neste contexto que Governo do Estado e a UFT, por meio do convênio firmado entre a Secretaria de
Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e a Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do
Tocantins (FAPTO), apresenta este relatório, como parte integrante do Plano da Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães, que será elaborado em quatro etapas:

Fase A: Diagnóstico da bacia hidrográfica – abrangendo o diagnóstico do meio físico-biótico, a


caracterização do meio socioeconômico e o cálculo das disponibilidades e demandas hídricas.

Fase B: Prognóstico da bacia hidrográfica – tratando a evolução da população e atividades


econômicas, a expansão do uso e ocupação do solo e apresentando cenários tendenciais para a
prospecção das disponibilidades e demandas hídricas.

Fase C: Diretrizes e alternativas de compatibilização das disponibilidades e demandas hídricas –


discutindo alternativas frente aos cenários tendenciais.

Fase D: Plano de metas – definindo metas e um conjunto de medidas emergenciais, programas


e projetos para que os cenários de interesse sejam gradualmente implementados nos horizontes
de curto (5 anos), médio (10 anos) e longo prazo (20 anos), acompanhados de indicadores e
uma proposta organizacional para o gerenciamento dos recursos hídricos.

16
Este documento consiste no relatório parcial referente à Fase A - Diagnóstico da Bacia Hidrográfica. A
fase de diagnóstico compreendeu o levantamento e a avaliação integrada das restrições e das
potencialidades dos recursos hídricos, associadas às demandas atuais para os diversos usos, incluindo
o conhecimento da dinâmica social. O objetivo desta atividade foi inventariar e estudar o meio físico e
biótico, socioeconômico-cultural e os recursos hídricos, superficiais e subterrâneos para a avaliação
quantitativa e qualitativa da disponibilidade e demanda hídrica da bacia hidrográfica.

Para realização desta etapa, foram utilizados estudos já existentes sobre a bacia, consistindo na
integração dos dados e sua respectiva análise, de forma a subsidiar a definição de ações para o
gerenciamento dos recursos hídricos. A base de dados que possibilitou as análises apresentadas neste
documento foi composta de dados primários, produzidos pela própria equipe técnica de pesquisadores e
dados secundários, mantidos por organizações públicas ou privadas além de informações levantadas por
pesquisadores externos, devidamente referenciados neste relatório.

Em síntese, este relatório é dividido em 5 capítulos que procuram descrever a bacia hidrográfica sob os
mais variados aspectos conforme o Plano de Trabalho acordado com o Governo do Estado e o Comitê
das Bacias Hidrográficas do Entorno do Lago. Além desta nota introdutória, os capítulos 1 e 2 descrevem,
respectivamente, a bacia hidrográfica a partir de parâmetros físicos e socioeconômicos. Já os capítulos 3 e
4 tratam da caracterização dos aspectos hidrológicos e antrópicos que afetam os recursos hídricos,
apresentando o diagnóstico da disponibilidade hídrica, em termos de quantidade e qualidade e as
demandas hídricas para atendimento dos múltiplos usos na Bacia Hidrográfica. Por fim, o capítulo 5
apresenta as considerações finais sobre as dificuldades encontradas e resultados produzidos nesta etapa.

No Capítulo 1 é delimitada a bacia e sub-bacias hidrográficas como unidade de gestão e planejamento, é


apresentada a abrangência municipal das sub-bacias, são descritas todas as características físicas das
sub-bacias como hidrografia, microbacias (ottobacias), áreas de drenagem, relevo, declividade,
coeficientes de forma, geologia, geomorfologia, vegetação, fauna, aptidão agrícola, perdas de solo, tempos
de concentração e as classes de uso e ocupação do solo a partir da classificação de imagens de satélite.

No Capítulo 2 são apresentados os parâmetros socioeconômicos característicos dos municípios na Bacia


Hidrográfica. São identificados os dados censitários dos municípios como demografia, índice de
desenvolvimento humano, produto interno bruto, taxas de fecundidade, analfabetismo, níveis de
escolaridade, principais atividades econômicas, existência de planos diretores e de saneamento, entre
outros. Estes parâmetros municipais foram trabalhados para estimar os mesmos parâmetros para cada
sub-bacia, a partir da média ponderada utilizando as áreas de abrangência municipal em cada sub-bacia.
Neste capítulo também é feita uma análise do cenário institucional da gestão dos recursos hídricos na
bacia e sobre o cenário de crescimento das atividades econômicas nos municípios do entorno do lago.

O Capítulo 3 apresenta as características climáticas e pluviométricas e os estudos das vazões nos cursos
d’água, da qualidade dos corpos hídricos e das águas subterrâneas. Apresentam-se as variáveis
atmosféricas que influenciam na perda de água por evaporação e evapotranspiração. É calculada a
evapotranspiração mensal na bacia hidrográfica e a evaporação direta mensal do reservatório da UHE Luis
Eduardo Magalhães. É apresentado o estudo das vazões no Rio Tocantins e nos cursos d’água do Entorno
do Lago. A vazões médias e mínimas sazonais (períodos, anual, chuvoso e seco) são espacializadas ao
longo da hidrografia 1:100.000 e são calculadas as disponibilidades hídricas em cada sub-bacia. A
qualidade de água é avaliada por meio de indicadores de biodiversidade e parâmetros físico-químicos.

O Capítulo 4 apresenta os usos múltiplos dos recursos hídricos, com os resultados dos cálculos de
demandas nas sub-bacias do Entorno do Lago. É caracterizado o Aproveitamento Hidrelétrico da UHE
Lajeado e apresentadas as demandas hídricas associadas às atividades de Abastecimento, Irrigação,
Dessedentação Animal, Mineração, Lazer e Turismo. São comparadas as vazões demandadas outorgadas
com as vazões demandadas estimadas com base nos dados de população, áreas agrícolas e rebanhos.
Por fim, é feito o balanço hídrico da disponibilidade hídrica com as demandas em cada sub-bacia. Em
síntese, o Capítulo 5 apresenta as considerações finais da Fase A – Diagnóstico da Bacia Hidrográfica.

17
18
1. DIAGNÓSTICO DO MEIO FÍSICO
A Lei Federal Nº 9.433/97, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos estabelece a bacia hidrográfica como unidade
territorial para fins de planejamento e gestão de recursos hídricos. A definição dos limites da bacia como
perímetro da área a ser planejada facilita o confronto entre as disponibilidades e as demandas,
essenciais para a determinação do balanço hídrico.

Tradicionalmente, a bacia hidrográfica (também chamada de bacia de drenagem ou de contribuição) é a


área definida topograficamente, delimitada pelos divisores de águas, drenada por um curso d’água ou
por um sistema conectado de cursos d’água, tal que toda vazão efluente seja descarregada por uma
simples saída. Portanto, as bacias são compostas basicamente por um conjunto de vertentes e uma rede
de drenagem formada por cursos d’água que confluem até resultar um leito único no exutório (foz).

No entanto, nossa bacia hidrográfica é mais que especial. Como em 2001, a construção e entrada em
operação da Usina Hidrelétrica (UHE) Luis Eduardo Magalhães, no rio Tocantins, deu origem a um
grande reservatório, tradicionalmente chamado de lago, adotou-se como limite de contorno, a bacia de
contribuição, não da foz, mas do trecho do rio Tocantins que se encontra coberto pelo espelho d’água do
reservatório da UHE, quando da ocorrência de uma cheia com recorrência de 50 anos.

Portanto, a Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago é caracterizada pelo conjunto de vertentes e cursos
d’água que confluem até desaguarem diretamente no reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães,
também denominada UHE Lajeado (ANEEL, 2015).

O diagnóstico físico-conservacionista foi o primeiro diagnóstico elaborado devido à sua primordial


importância. Estes estudos abordaram:

Caracterização fisiográfica da bacia;

Caracterização geológica e geomorfológica, analisando suas interferências e relações no ciclo


hidrológico da bacia;

Caracterização climática, analisando os parâmetros climatológicos para a classificação e


caracterização do clima e sua interferência no ciclo hidrológico da região;

Caracterização do uso do solo e cobertura vegetal, cujo objetivo foi identificar os tipos de uso e
ocupação do solo, a cobertura vegetal e as áreas de preservação legal, com vistas a subsidiar a
análise dos padrões de ocupação do solo predominantes na bacia.

1.1. Abrangência Espacial


No âmbito do Plano Estadual de Recursos Hídricos, o Estado do Tocantins está dividido em 17
(dezessete) Áreas Estratégicas de Gestão – AEGs. A Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago fica
localizada na região central da bacia hidrográfica Araguaia-Tocantins, na porção centro-sul do estado do
Tocantins, conforme apresentado na Figura 1.1, a seguir.

As AEGs são o resultado da regionalização de variáveis hidrológicas e condições de uso e ocupação do


solo: densidade demográfica, produção industrial, produção pecuária, produção agrícola, geração de
energia, áreas de conservação ambiental e terras indígenas. Embora esta divisão propicie uma
organização na gestão dos recursos hídricos, algumas fronteiras não são compatíveis com os divisores
geográficos das bacias hidrográficas. Conforme ilustrado, a Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago
encontra-se sobreposta às AEGs 10 (Rio Manoel Alves da Natividade) e 11 (Palmas).

19
Figura 1.1 Áreas Estratégicas de Gestão (AEGs) e localização da Bacia Hidrográfica do Entorno do
Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães, no estado do Tocantins.

20
A UHE Luis Eduardo Magalhães está localizada nas coordenadas geográficas 9°45’25,83” Sul
48°22’17,11” Oeste e a bacia hidrográfica delimitada pela área de drenagem dos cursos d’água que
drenam diretamente para seu reservatório define a abrangência geográfica deste Plano de Bacia.

Este ponto merece destaque, uma vez que tradicionalmente, a bacia hidrográfica é definida como sendo
um conjunto de vertentes e cursos d’água que confluem até desaguar num ponto único no exutório (foz).
Neste conceito a bacia hidrográfica do entorno do lago é composta por diversas bacias, cada qual com
sua respectiva rede de drenagem e uma única foz, mas que possuem um aspecto em comum: todas
drenam para o reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães. Dessa forma, considerando que todas as
sub-bacias drenam para o mesmo corpo d’água - o reservatório da UHE - as áreas de drenagem foram
todas aglomeradas formando a Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

A Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago compreende uma área de aproximadamente 18.972 km²,
composta por 24 municípios com uma população estimada, segundo o IBGE (2015), de 370.667
habitantes. Esta população foi estimada considerando a população urbana somente nos casos em que a
sede administrativa do município está inserida na bacia hidrográfica, somada à população rural
correspondente à parcela do município contida na bacia.

O Quadro 1.1, a seguir, apresenta os vinte e quatro municípios total ou parcialmente abrangidos pela
bacia hidrográfica, suas áreas territoriais totais e as parcelas inseridas na bacia, o percentual de
cobertura do município na bacia, o percentual de cobertura da bacia no município e o indicativo a
respeito da sede administrativa do município estar inserida ou não nos limites da bacia.

Como se observa no Quadro 1.1, apenas cinco municípios encontram-se integralmente inseridos no
limite da bacia hidrográfica (Porto Nacional, Ipueiras do Tocantins, Pugmil, Fátima, Oliveira de Fátima) e
o restante, apenas contém parte de seus territórios inseridos na bacia.

Ressalta-se ainda a insignificância da abrangência (menos que 1% do município na bacia e menos que
0,2% da bacia no município) de quatro municípios: Pium, Cristalândia, Monte Santo e Chapada da
Natividade. Esses municípios fazem fronteira com o divisor de águas da bacia hidrográfica, não possuem
sede administrativa na bacia e sofreram interseção em parcelas muito pequenas de seus territórios
evidenciando possível desvio no georreferenciamento da divisão política dos municípios no Tocantins,
pois era de se esperar um ajustamento entre as fronteiras políticas e o divisor de águas. Assim, devido à
parcela insignificante destes quatro municípios, eles foram desconsiderados da Bacia que assume a
abrangência efetiva de 20 (vinte) municípios.

Como é possível observar, analisando as Figuras 1.2 e 1.3, a bacia hidrográfica é atravessada pelo Rio
Tocantins em toda a extensão do reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães, com 222,89 km de
comprimento e 984,63 km² de área do espelho d’água, considerando a cota cinquentenária de 212 m.

Com área total de 18.972,185 km², a parcela de contribuição que drena para a margem esquerda do rio
Tocantins totaliza 11.138,157 km² representando 58,7% da bacia, e os 41,3% restantes equivalem aos
7.834,028 km² da área de drenagem à direita do rio Tocantins.

21
Quadro 1.1. Municípios total ou parcialmente inseridos na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago

Área Total do Área do Município % Município % Bacia no


Município Sede
Município (km²) na Bacia (km²) na Bacia Município

1 Porto Nacional 4445,325 4445,325 100,00 23,43 Sim

2 Monte do Carmo 3351,526 2106,591 62,85 11,10 Sim

3 Brejinho de Nazaré 1727,679 1631,699 94,44 8,60 Sim

4 Miracema do Tocantins 2661,089 1433,679 53,88 7,56 Não

5 Palmas 2465,223 1228,245 49,82 6,47 Sim

6 Santa Rosa do Tocantins 1805,865 1072,007 59,36 5,65 Não

7 Silvanópolis 1293,944 1008,964 77,98 5,32 Sim

8 Paraíso do Tocantins 1292,561 909,893 70,39 4,80 Não

9 Ipueiras do Tocantins 820,625 820,625 100,00 4,33 Sim

10 Aliança do Tocantins 1580,902 762,405 48,23 4,02 Sim

11 Santa Rita Tocantins 3281,461 756,676 23,06 3,99 Sim

12 Crixás do Tocantins 979,445 641,612 65,51 3,38 Sim

13 Pugmil 396,846 396,846 100,00 2,09 Sim

14 Fátima 384,033 380,737 99,14 2,01 Sim

15 Nova Rosalândia 487,042 372,336 76,45 1,96 Sim

16 Barrolândia 700,243 350,784 50,09 1,85 Sim

17 Gurupi 1897,679 267,933 14,12 1,41 Não

18 Oliveira de Fátima 205,534 204,463 99,48 1,08 Sim

19 Pindorama do Tocantins 1566,349 75,012 4,79 0,40 Não

20 Lajeado 319,110 71,826 22,51 0,38 Sim

21 Pium* 9972,508 31,698 0,32 0,17 Não

22 Cristalândia* 1849,519 1,447 0,08 0,01 Não

23 Monte Santo* 1079,305 1,156 0,11 0,01 Não

24 Chapada da Natividade* 1675,294 0,226 0,01 0,00 Não

TOTAL 18.972,18 100,00

* os municípios Pium, Cristalândia, Monte Santo e Chapada da Natividade, devido à abrangência


insignificante na bacia, foram desconsiderados dos estudos do Plano da Bacia do Entorno do Lago.

22
Figura 1.2. Localização dos municípios total ou parcialmente inseridos na bacia hidrográfica do entorno
do lago e o percentual do município (%) contido nos limites da bacia.

23
Figura 1.3. Localização dos municípios total ou parcialmente inseridos na bacia hidrográfica do entorno
do lago e o percentual do município (%) contido nos limites da bacia.

24
Ambos os percentuais de cobertura, parcela do município na bacia e parcela da bacia no município,
foram de fundamental importância neste estudo. Pois, uma vez que as informações socioeconômicas,
provenientes dos censos demográficos, econômicos e agropecuários do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística - IBGE são associados aos municípios, os percentuais de cobertura representam o peso de
cada município na média ponderada dos indicadores, transferindo de forma adequada as informações
dos municípios para representação na bacia e sub-bacias hidrográficas do entorno do lago.

Assim, se um município tem metade (50%) de seu território em determinada bacia, parcela
correspondente de sua população (rural), rebanhos e áreas plantadas são consideradas no estudo. De
maneira análoga, se uma bacia está distribuída em dois municípios, na razão 80 e 20%, os índices e
indicadores socioeconômicos do primeiro município terá um peso de 0,80 enquanto o segundo, dos 0,20
restantes para a unidade em estudo.

Os percentuais de cobertura dos municípios na bacia e os percentuais de cobertura da bacia nos


municípios são facilmente observados e comparados nos Gráficos 1.1 e 1.2, respectivamente. São
apresentados os vinte e quatro municípios, incluindo os quatro cujas abrangências foram consideradas
insignificantes aos estudos.

Gráfico 1.1. Parcela (%) de cada município inserido na bacia hidrográfica do entorno do lago.

Gráfico 1.2. Parcela (%) da bacia inserida em cada município que compõe a bacia hidrográfica.

25
1.2. Hidrografia
A bacia hidrográfica em estudo consiste na área de drenagem do entorno do lago da Usina Hidrelétrica
Luis Eduardo Magalhães (UHE Lajeado), abrangendo todo o reservatório da usina e as áreas de
contribuição situadas em suas margens esquerda e direita. O reservatório da UHE é abastecido, pelo Rio
Tocantins e em seu entorno por rios de maior porte, como o Rio Areias, Rio Crixás, Rio Formiga e Ribeirão
dos Mangues e diversos cursos d’água de pequeno e médio porte, alguns de grande importância por
constituírem mananciais de abastecimento de grandes cidades, como o Ribeirão Taquaruçu Grande em
Palmas e o Córrego São João em Porto Nacional (Figura 1.4).

A hidrografia utilizada no estudo foi construída a partir da base hidrográfica do IBGE, disponibilizada pela
Seplan-TO (2015) na escala 1:100.000. Foram realizados tratamentos automáticos na hidrografia a fim
de torná-la topologicamente consistente e apropriada para a construção da rede geométrica de
escoamento, composta por arcos e nós, representando, respectivamente, os segmentos e confluências
da hidrografia. A hidrografia consistida, na escala 1:100.000, está representada na Figura 1.5.

A identificação dos chamados “Rios Principais” levou em consideração a demarcação prévia realizada pelo
Comitê das Bacias Hidrográficas do Entorno do Lago – CBHEL e representada em sua logomarca.

A jusante, a demarcação pontual do barramento da UHE representa de forma clara e geograficamente


precisa a posição de exutório da bacia hidrográfica. Do lado oposto, a montante, a posição geográfica
que marca o início do espelho do reservatório não é de fácil demarcação. Foi necessário o
reconhecimento de campo, com entrevistas aos moradores mais antigos de Ipueiras, e excursão a barco,
subindo o Rio Tocantins adentrando o Rio Formiga, para identificar o processo de remanso causado
pelas águas represadas após a construção da UHE. Após a visita, como limite a montante da bacia
hidrográfica do entorno do lago foi considerado o ponto de deságue do Rio Formiga no Rio Tocantins. A
seguir os pontos de início e fim do reservatório da UHE Lajeado.

Outro ponto que merece destaque é o recorte da área de drenagem do Rio Lajeado, cuja foz está
situada no Rio Tocantins, mas após o barramento da UHE. Portanto, fora da bacia hidrográfica do
entorno do lago e consequentemente, da abrangência deste estudo. Ressalta-se também, que alguns
cursos d’água não identificados pelo CBHEL, foram incorporados à hidrografia principal devido à
importância no abastecimento das cidades de Palmas (Taquaruçu Grande, Água Fria, Brejo Comprido) e
Porto Nacional (Córrego São João).

Jusante Localização Montante Localização


48°22'16,90” W 48°27'12,01” W
Barramento da UHE Foz do Rio Formiga
09°45'26,58” S 11°15'50,74” S

26
Figura 1.4. Hidrografia principal da bacia hidrográfica do entorno do lago, utilizada para delimitação das
respectivas sub-bacias principais.

27
Figura 1.5. Hidrografia topologicamente consistente, na escala 1:100.000, mapeada pelo IBGE,
disponibilizada pela Seplan-TO e consistida pela FAPTO.

28
1.3. Sub-bacias Hidrográficas
Inicialmente, foi necessário mapear o divisor de água da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. Como
na bacia hidrográfica as águas superficiais escoam conforme o relevo das encostas, foram utilizados
dados de elevação (altimetria) para identificar as direções de escoamento e assim delimitar o limite de
contorno - divisor de águas - da região estudada.

Foram comparados os Modelos Digitais de Elevação (MDE) dos sensores SRTM (Shuttle Radar
Topography Mission) e ASTER¹ (Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer),
ambos com resolução espacial de 1 arco segundo, equivalente a 30 metros. Na comparação, o MDE do
ASTER mostrou-se mais adequado à região estudada, uma vez constatado um grande número de
células sem informação (nodata) no MDE da SRTM, nas regiões mais profundas do reservatório sobre o
Rio Tocantins. O MDE da região em estudo e a delimitação do divisor de águas da Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago é ilustrado na Figura 1.6.

Considerando a grande extensão territorial da bacia hidrográfica do entorno do lago, abrangendo vinte
municípios na região mais povoada do Tocantins, o Comitê das Bacias Hidrográficas do Entorno do Lago
(CBHEL) apontou a necessidade de analisar separadamente cada uma das sub-bacias associadas aos
principais cursos d’água que drenam as águas para o reservatório da UHE Lajeado.

Ao todo, são 16 as sub-bacias que aglomeradas formam a Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. Essas
sub-bacias também foram demarcadas utilizando as direções de escoamento calculadas a partir do
mapa de elevações da bacia hidrográfica. Essa metodologia garantiu a demarcação exata do divisor de
águas das sub-bacias, que então puderam ser estudas separadamente neste Plano de Bacia. Os mapas
com a divisão da Bacia do Entorno do Lago em Sub-bacias Hidrográficas, associadas aos cursos d’água
principais, são apresentados nas Figuras 1.7 e 1.8 a seguir.

As sub-bacias possuem áreas de drenagem bastante diferentes, sendo algumas muito pequenas, o que
certamente influencia em menores disponibilidades hídricas nas sub-bacias próximas aos centros
urbanos de Palmas (Córrego Água Fria e Córrego Comprido) e Porto Nacional (Córrego São João). A
partir do mapeamento das sub-bacias hidrográficas, foram extraídas informações como as áreas de
drenagem, a abrangência municipal e das sedes municipais, que estão apresentadas no Quadro 1.2.

Algumas sub-bacias estão compreendidas inteiramente em apenas um município, como no caso das
sub-bacias associadas aos mananciais de abastecimento de Palmas. Mas a grande maioria das sub-
bacias está contida em mais de um, ou até mesmo, vários municípios do entorno do reservatório. A fim
de apresentar mais claramente a abrangência municipal de cada sub-bacia, foram elaborados mapas
para cada uma das dezesseis sub-bacias, apresentados nas Figuras 1.9 a 1.25.

Uma síntese do ordenamento da distribuição espacial das sub-bacias é apresentada a seguir:

Margem Esquerda Área (km²) Margem Direita Área (km²)


Reservatório (Rio Tocantins)

Afluentes diretos 1.630,043 Afluentes diretos 1.487,841


Ribeirão Lajeado 710,402 Ribeirão Água Fria 101,339
Córrego Santa Luzia 1.358,629 Córrego Comprido 87,537
Ribeirão dos Mangues 2.792,337 Ribeirão Taquaruçu Grande 483,060
Rio Matança 387,698 Ribeirão São João 323,619
Ribeirão do Carmo 456,864 Rio Água Suja 1.017,757
Ribeirão Conceição 371,021 Córrego São João 81,899
Rio Crixás 3.431,160 Rio Areias 2.412,998
Rio Formiga 1.837,979
Total 11.138,154 Total 7.834,029
58,7% 41,3%

¹ ASTER GDEM is a product of METI and NASA. 29


Figura 1.6. Delimitação da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago com base no Modelo Digital de
Elevação - MDE do ASTER.

30
Figura 1.7. Sub-bacias associadas aos principais cursos d’água da Bacia Hidrográfica do Entorno do
Lago.

31
Figura 1.8. Sub-bacias associadas aos principais cursos d’água da Bacia Hidrográfica do Entorno do
Lago.

32
Quadro 1.2. Sub-bacias hidrográficas das margens esquerda e direita do reservatório, com os
municípios abrangidos, a área de drenagem (km²) e o percentual de cobertura da bacia

Margem Municípios % da
Sub-bacia Área (km²)
(esquerda ou direita) abrangidos bacia
Gurupi, Aliança*, Crixás*,
Brejinho de Nazaré, Santa
Rio Crixás esquerda 3.431,160 18,09
Rita*, Oliveira de Fátima,
Cristalândia
Lajeado, Miracema, Palmas,
Afluentes diretos** esquerda e direita Porto Nacional, Brejinho de 3.117,884 16,43
Nazaré, Ipueiras
Brejinho de Nazaré, Fátima*,
Oliveira de Fátima*,
Ribeirão dos Mangues esquerda Cristalândia, Nova 2.792,337 14,72
Rosalândia*, Pugmil*, Paraíso,
Porto Nacional, Pium

Ipueiras, Silvanópolis*, Monte


Rio Areias direita 2.412,998 12,72
do Carmo, Porto Nacional

Chapada da Natividade, Santa


Rio Formiga direita Rosa*, Pindorama, Ipueiras, 1.837,979 9,69
Silvanópolis
Paraíso do Tocantins, Porto
Ribeirão Santa Luzia esquerda Nacional, Monte Santo, 1.358,629 7,16
Barrolândia, Miracema
Monte do Carmo*, Porto
Rio Água Suja direita 1.017,757 5,36
Nacional, Palmas

Ribeirão Lajeado esquerda Barrolândia, Miracema 710,402 3,74

Ribeirão Taquaruçu Grande direita Palmas* 483,060 2,55

Brejinho de Nazaré, Porto


Ribeirão do Carmo esquerda 456,864 2,41
Nacional

Rio Matança esquerda Porto Nacional 387,698 2,04

Brejinho de Nazaré, Fátima,


Ribeirão Conceição esquerda 371,021 1,96
Porto Nacional

Monte do Carmo, Porto


Ribeirão São João direita 323,619 1,71
Nacional, Palmas

Ribeirão Água Fria direita Palmas 101,339 0,53

Córrego Comprido direita Palmas 87,537 0,46

Porto Nacional*, Monte do


Córrego São João direita 81,899 0,43
Carmo

Total 18.972,185 100,00

* Municípios cuja sede administrativa está localizada na sub-bacia hidrográfica.


** Afluentes diretos é o aglomerado de pequenas bacias que desaguam diretamente no reservatório .

33
1.3.1. Sub-bacia dos Afluentes Diretos

A Sub-bacia dos Afluentes Diretos (Figura 1.9) possui aproximadamente 3.117,884 km² representando
16,43% da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. Consiste no aglomerado de pequenas áreas de
drenagem que desaguam diretamente no reservatório da UHE Lajeado. Em síntese, eliminando-se as
áreas correspondentes às sub-bacias dos rios principais, o território restante foi denominado Sub-bacia
dos Afluentes Diretos. Dessa forma, essa sub-bacia drena ambas as margens do reservatório, esquerda
e direita, de Ipueiras a Lajeado, e como todas as demais, possui as suas particularidades.

Particularmente, essa sub-bacia abrange todos os municípios que estão às margens do reservatório e
que constituem o Consórcio Intermunicipal para Gestão Compartilhada da Bacia Hidrográfica do Médio
Tocantins (CI-Lago), legalmente constituído pela Lei Estadual 1.204 de 8 de julho de 2003, quais sejam:
Brejinho de Nazaré, Ipueiras, Lajeado, Miracema do Tocantins, Palmas, Porto Nacional. Ressalta-se que
o município de Tocantínia também compõe o consórcio, porém, por estar à jusante da UHE, não está
contido nos limites da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. As áreas e percentuais de cobertura de
cada município da sub-bacia são identificadas no Quadro 1.3 e ilustradas no Gráfico 1.3.

Localizada às margens do reservatório, essa sub-bacia apresenta sérios problemas de degradação


ambiental em toda sua extensão e principalmente nas proximidades dos grandes centros de Palmas e
Porto Nacional. Ao longo de todo o reservatório, chácaras de todo porte ocupam as margens, com pouca
ou nenhuma vegetação nativa preservada. As margens dão espaço a acessos de terra ao reservatório
que se transformam em canais de escoamento na temporada de chuvas, transportando sedimentos e
nutrientes que contribuem para o assoreamento e aumento do estado trófico, ou seja, potencial de
proliferação de algas no reservatório. Atualmente, é crescente o número de loteamentos às margens do
reservatório, degradando as Áreas de Preservação Permanente – APP e de Segurança Pública.

Quadro 1.3. Municípios da Sub-bacia dos Afluentes Diretos, áreas e percentuais de cobertura
Município Área (km²) %
Porto Nacional 1.339,983 43,0%
Brejinho de Nazaré 581,979 18,7%
Ipueiras do Tocantins 452,271 14,5%
Palmas 366,135 11,7%
Miracema do Tocantins 261,110 8,4%
Lajeado 71,826 2,3%
Monte do Carmo 44,074 1,4%
Aliança do Tocantins 0,452 0,0%
Santa Rosa do Tocantins 0,054 0,0%
Total 3.117,884 100,0%

Gráfico 1.3. Áreas e percentual de cobertura dos municípios da Sub-bacia dos Afluentes Diretos.

34
Figura 1.9. Abrangência municipal da Sub-bacia dos Afluentes Diretos, da Bacia Hidrográfica do Entorno
do Lago.

35
1.3.2. Sub-bacia do Ribeirão Lajeado
A Sub-bacia do Ribeirão Lajeado (Figura 1.10) possui aproximadamente 710,402 km² representando
3,74% da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. Compreende os municípios de Miracema do Tocantins
(87,5%) e Barrolândia (12,5%). O principal curso d’água desta bacia é o Ribeirão Lajeado, que possui
como principais tributários o Ribeirão Água Suja e o Ribeirão Gameleira. O Ribeirão Lajeado pode ser
confundido com o Rio Lajeado que fica na margem oposta do reservatório, e a jusante do barramento.
Enquanto o Ribeirão Lajeado se encontra em Miracema, o Rio Lajeado desagua no município Lajeado.
As áreas e percentuais de cobertura de cada município são identificadas no Quadro 1.3 e Gráfico 1.4.

Essa sub-bacia pode ser classificada como uma bacia rural, onde a principal atividade usuária dos
recursos hídricos é a Agropecuária. Os municípios de Miracema e Barrolândia possuem sede
administrativa fora dessa sub-bacia e também fora da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. A
população residente é predominantemente rural, sem rede de abastecimento público e saneamento. A
bacia é ocupada por vegetação de Cerrado Restrito e Agropecuária, que nos últimos anos vem
crescendo sobre a vegetação nativa.

No município de Miracema do Tocantins, a agricultura é principalmente de Soja (1.200 ha), havendo


também plantações de Arroz (200 ha) e Milho (150 ha). Em Barrolândia, a Soja também possui a maior
área plantada (300 ha) seguido também por Milho (280 ha) e Arroz (150 ha). Embora a sub-bacia do
Ribeirão Lajeado seja predominantemente voltada à agricultura, não foi identificado nenhum perímetro
irrigado com Pivô Central, dificultando as estimativas de demanda para irrigação.

Atualmente, não há monitoramento de vazões na sub-bacia e também foram identificadas poucas


outorgas, dificultando o balanço hídrico. Porém, ambos os municípios tem grandes rebanhos de animais,
que demandam água dos mamanciais. Miracema possui atualmente, aproximadamente 66 mil cabeças
de gado, 2 mil equinos, 2 mil suínos e 57 mil galináceos. Barrolândia possui mais de 27 mil bovinos e mil
e quinhentos suínos e 7 mil galináceos. A partir do volume médio consumido diariamente por cada
animal, foi possível estimar o volume de água demandado na sub-bacia para a Dessedentação Animal.

Quadro 1.4. Municípios da Sub-bacia do Ribeirão Lajeado, áreas e percentuais de cobertura


Município Área (km²) %
Miracema do Tocantins 621,657 87,5%
Barrolândia 88,745 12,5%
Total 710,402 100,0%

Gráfico 1.4. Localização e percentual de cobertura dos municípios da Sub-bacia do Ribeirão Lajeado.

36
Figura 1.10. Abrangência municipal da Sub-bacia do Ribeirão Lajeado, da Bacia Hidrográfica do Entorno
do Lago.

37
1.3.3. Sub-bacia do Ribeirão Santa Luzia
A Sub-bacia do Ribeirão Santa Luzia (Figura 1.11) possui aproximadamente 1.358,629 km²
representando 7,16% da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. O principal curso d’água desta bacia é
o Ribeirão Santa Luzia, que possui como principais tributários o Ribeirão São José e o Ribeirão
Caridade, além do Córrego do Ouro e Córrego Vale Verde em sua cabeceira. Na parte baixa da bacia, o
Ribeirão Santa Luzia ainda recebe os tributários Córrego Caridade e Córrego Caeté.

As sub-bacia do Ribeirão Santa Luzia abrange os municípios de Miracema do Tocantins, Paraíso do


Tocantins, Porto Nacional, Barrolândia e Monte do Santo. As áreas e percentuais de cobertura de cada
município da sub-bacia são identificadas no Quadro 1.5 e ilustradas no Gráfico 1.5.

Também pode ser classificada como uma sub-bacia rural, uma vez que abrange apenas as áreas dos
municípios correspondentes às parcelas rurais. Assim como a sub-bacia do Ribeirão São João, esta sub-
bacia não abrange nenhuma sede administrativa municipal, dessa forma, a principal atividade usuária de
recursos hídricos da Sub-bacia do Ribeirão Santa Luzia é a Agropecuária. A população residente nesta
sub-bacia é predominantemente rural, sem rede de abastecimento público e saneamento. A bacia é
ocupada por vegetação de Cerrado Restrito e Agropecuária, que avança sobre a vegetação nativa.

Atualmente, não há monitoramento de vazões na sub-bacia e também foram identificadas poucas


outorgas, dificultando o balanço hídrico. Porém, ambos os municípios tem grandes áreas plantadas e
rebanhos de animais, que demandam água dos mananciais. Com base nos dados dos censos do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, consolidados e disponibilizados no Sistema de
Recuperação Automática – SIDRA, desde 1990, foi possível estimar as vazões demandadas a partir das
áreas plantadas para cada tipo de cutura e para os diferentes tipos de rabanhos da sub-bacia.

Quadro 1.5. Municípios da Sub-bacia do Ribeirão Santa Luzia, áreas e percentuais de cobertura
Município Área (km²) %
Miracema do Tocantins 550,912 40,5%
Paraíso do Tocantins 274,920 20,2%
Porto Nacional 269,602 19,8%
Barrolândia 262,039 19,3%
Monte Santo 1,156 0,1%
Total 1.358,629 100,0%

Gráfico 1.5. Localização e percentual de cobertura dos municípios da Sub-bacia do Ribeirão Santa Luzia.

38
Figura 1.11. Abrangência municipal da Sub-bacia do Ribeirão Santa Luzia, da Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago.

39
1.3.4. Sub-bacia do Ribeirão dos Mangues
A Sub-bacia do Ribeirão dos Mangues (Figura 1.12) possui aproximadamente 2.792,337 km²
representando 14,72% da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. É a segunda maior sub-bacia do
Entorno do Lago, ficando atrás apenas da sub-bacia do Rio Crixás. O principal curso d’água desta bacia
é o Ribeirão dos Mangues, que possui diversos tributários com áreas de drenagem significativas, como o
Ribeirão Gameleira, Ribeirão São José eo Ribeirão Mumbuca, além de diversos córregos como:
Manguinho, Pau D’árco, Urradeira, Água Branca, da Prata e Fundo.

As sub-bacia do Ribeirão dos Mangues abrange um total de 9 (nove) municípios: Brejinho de Nazaré,
Fátima, Oliveira de Fátima, Cristalândia, Nova Rosalândia, Pugmil, Paraíso do Tocantins, Porto Nacional
e Pium. As áreas e percentuais de cobertura de cada município da sub-bacia são identificadas no
Quadro 1.6 e ilustradas no Gráfico 1.6.

Mesmo abrangendo as sedes administrativas dos municípios de Pugmil, Nova Rosalândia, Oliveira de
Fátima e Fátima, esta sub-bacia também pode ser classificada como uma sub-bacia rural, até mesmo
porque devido a sua extensão, abrange grandes áreas rurais dos municípios, que não são muito
desenvolvidos no território da sub-bacia. Dessa forma, a principal atividade usuária de recursos hídricos
da Sub-bacia do Ribeirão dos Magues é a Agropecuária. A bacia é ocupada por vegetação de Cerrado
Restrito e Agropecuária, que avança ano após ano sobre a vegetação nativa.

Quadro 1.6. Municípios da Sub-bacia do Ribeirão dos Mangues, áreas e percentuais de cobertura
Município Área (km²) %
Brejinho de Nazaré 0,204 0,0%
Fátima 57,955 2,1%
Oliveira de Fátima 204,203 7,3%
Cristalândia 1,084 0,0%
Nova Rosalândia 372,336 13,3%
Pugmil 396,846 14,2%
Paraíso do Tocantins 634,972 22,7%
Porto Nacional 1093,038 39,1%
Pium 31,698 1,1%
Total 2.792,337 100,0%

Gráfico 1.6. Localização e percentual de cobertura dos municípios da Sub-bacia do Ribeirão dos Mangues.

40
Figura 1.12. Abrangência municipal da Sub-bacia do Ribeirão dos Mangues, da Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago.

41
1.3.5. Sub-bacia do Rio Matança

Figura 1.13. Sub-bacia do Rio Matança, da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

42
1.3.6. Sub-bacia do Ribeirão do Carmo

Figura 1.14. Sub-bacia dos Ribeirão do Carmo, da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

43
1.3.7. Sub-bacia do Ribeirão Conceição

Figura 1.15. Sub-bacia do Ribeirão Conceição, da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

44
1.3.8. Sub-bacia do Rio Crixás
A Sub-bacia do Rio Crixás (Figura 1.16) possui aproximadamente 3.431,160 km² representando 18,09%
da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. É a maior sub-bacia do Entorno do Lago. O principal curso
d’água desta bacia, o Rio Crixás, recebe diversos tributários com áreas de drenagem significativas, como
o Rio das Enseadas, Ribeirão São José e o Ribeirão Quinze Tiros, além de diversos riberiões e córregos
menores como: Fatisqueiro, Santa Rita, Barreiro Branco e Móia.

As sub-bacia do Rio Crixás abrange um total de 8 (nove) municípios: Aliança do Tocantins, Santa Rita do
Tocantins, Brejinho de Nazaré, Crixás do Tocantins, Fátima, Gurupi, Cristalândia e Oliveira de Fátima.
As áreas e percentuais de cobertura de cada município da sub-bacia são identificadas no Quadro 1.7 e
ilustradas no Gráfico 1.7.

Apesar de sua grande extensão, atualmente não há nenhum monitoramento de vazões na sub-bacia. A
base de outorgas do estado também mostrou-se pouco epresentativa, sendo necessário estimar as
demandas hídricas com base nos dados censitários de área plantada e número de rebanhos do IBGE.

Mesmo abrangendo as sedes administrativas dos municípios de Santa Rita, Crixás e Aliança do
Tocantins, essa sub-bacia também pode ser classificada como uma sub-bacia rural, até mesmo porque
devido a sua extensão, abrange grandes áreas rurais dos municípios. Dessa forma, a principal atividade
usuária de recursos hídricos da Sub-bacia do Rio Crixás é a Agropecuária. A bacia é ocupada por
vegetação de Cerrado Restrito e Agropecuária, que avança ano após ano sobre a vegetação nativa.

Quadro 1.7. Municípios da Sub-bacia do Rio Crixás, áreas e percentuais de cobertura


Município Área (km²) %
Aliança do Tocantins 761,952 22,2%
Santa Rita Tocantins 756,676 22,1%
Brejinho de Nazaré 684,609 20,0%
Crixás do Tocantins 641,612 18,7%
Fátima 317,755 9,3%
Gurupi 267,933 7,8%
Cristalândia 0,364 0,0%
Oliveira de Fátima 0,259 0,0%
Total 3.431,160 100,0%

Gráfico 1.7. Localização e percentual de cobertura dos municípios da Sub-bacia do Rio Crixás.

45
Figura 1.16. Abrangência municipal da Sub-bacia do Rio Crixás, da Bacia Hidrográfica do Entorno do
Lago.

46
1.3.9. Sub-bacia do Rio Formiga
A Sub-bacia do Rio Formiga (Figura 1.17) possui aproximadamente 1.837,979 km² representando 9,69%
da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. É a quarta maior sub-bacia do Entorno do Lago. O principal
curso d’água desta bacia, o Rio Formiga, recebe diversos tributários com áreas de drenagem
significativas, como o Rio das Enseadas, Ribeirão São José e o Ribeirão Quinze Tiros, além de diversos
riberiões e córregos menores como: Fatisqueiro, Santa Rita, Barreiro Branco e Móia.

As sub-bacia do Rio Formiga, localizada no sudeste da bacia hidrográfica, drena a primeira sub-bacia da
margem direita do reservatório e abrange um total de 5 (cinco) municípios: Santa Rosa do Tocantins,
Silvanópolis, Ipueiras do Tocantins, Pindorama do Tocantins e Chapada da Natividade. As áreas e os
percentuais de cobertura de cada município da sub-bacia são identificadas no Quadro 1.8 e ilustradas
no Gráfico 1.8.

Apesar de sua grande extensão, atualmente não há nenhum monitoramento de vazões na sub-bacia. A
base de outorgas do estado também mostrou-se pouco epresentativa, sendo necessário estimar as
demandas hídricas com base nos dados censitários de área plantada e número de rebanhos do IBGE.

Mesmo abrangendo a sede administrativa do município de Ipueiras do Tocantins, essa sub-bacia


também pode ser classificada como uma sub-bacia rural. Possui grande extensão territorial e abrange
grandes áreas rurais dos municípios, que não são muito desenvolvidos no território da sub-bacia. Dessa
forma, a principal atividade usuária de recursos hídricos da Sub-bacia do Rio Formiga é a Agropecuária.
A bacia é ocupada predominantemente por vegetação de Cerrado Restrito e Agropecuária, que avança
ano após ano sobre a vegetação nativa.

Quadro 1.8. Municípios da Sub-bacia do Rio Crixás, áreas e percentuais de cobertura


Município Área (km²) %
Santa Rosa do Tocantins 1.071,953 58,3%
Silvanópolis 425,955 23,2%
Ipueiras do Tocantins 264,835 14,4%
Pindorama do Tocantins 75,012 4,1%
Chapada da Natividade 0,226 0,0%
Total 1.837,979 100,0%

Gráfico 1.8. Localização e percentual de cobertura dos municípios da Sub-bacia do Rio Formiga.

47
Figura 1.17. Abrangência municipal da Sub-bacia do Rio Formiga, da Bacia Hidrográfica do Entorno do
Lago.

48
1.3.10. Sub-bacia do Rio Areias
A Sub-bacia do Rio Areias (Figura 1.18) possui aproximadamente 2.512,998 km² representando 12,72%
da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. É a terceira maior sub-bacia do Entorno do Lago. O principal
curso d’água desta bacia, o Rio Areias, recebe diversos tributários com áreas de drenagem significativas,
como o Ribeirão Passa Três, Ribeirão Conceição e o Rio Cabeça de Boi, além de diversos riberiões e
córregos menores como: Córrego Itaboca, Ricahcão e Córrego Areinhas.

As sub-bacia do Rio Areias, localizada no sudeste da bacia hidrográfica, drena a segunda sub-bacia da
margem direita do reservatório e abrange um total de 4 (quatro) municípios: Monte do Carmo,
Silvanópolis, Porto Nacional e Ipueiras do Tocantins. As áreas e os percentuais de cobertura de cada
município da sub-bacia são identificadas no Quadro 1.9 e ilustradas no Gráfico 1.9.

Apesar de sua grande extensão, atualmente não há nenhum monitoramento de vazões na sub-bacia. A
base de outorgas do estado também mostrou-se pouco epresentativa, sendo necessário estimar as
demandas hídricas com base nos dados censitários de área plantada e número de rebanhos do IBGE.

Mesmo abrangendo a sede administrativa do município de Silvanópolis, essa sub-bacia também pode
ser classificada como uma sub-bacia rural. Possui grande extensão territorial e abrange grandes áreas
rurais dos municípios, que também não são muito desenvolvidos no território da sub-bacia. Dessa forma,
a principal atividade usuária de recursos hídricos da Sub-bacia do Rio Areias é a Agropecuária. A bacia é
ocupada por vegetação de Cerrado Restrito e Agropecuária, que avança sobre a vegetação nativa.

Quadro 1.9. Municípios da Sub-bacia do Rio Areias, áreas e percentuais de cobertura


Município Área (km²) %
Monte do Carmo 1.324,003 54,9%
Silvanópolis 583,010 24,2%
Porto Nacional 402,465 16,7%
Ipueiras do Tocantins 103,520 4,3%
Total 2.412,998 100,0%

Gráfico 1.9. Localização e percentual de cobertura dos municípios da Sub-bacia do Rio Areias.

49
Figura 1.18. Abrangência municipal da Sub-bacia do Rio Areias, da Bacia Hidrográfica do Entorno do
Lago.

50
1.3.11. Sub-bacia do Córrego São João

Figura 1.19. Sub-bacia do Córrego São João, da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

51
1.3.12. Sub-bacia do Rio Água Suja
A Sub-bacia do Rio Água Suja (Figura 1.20) possui aproximadamente 1.017,757 km² representando
5,36% da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. Compreende os municípios de Monte do Carmo, Porto
Nacional e Palmas. O Rio Água Suja possui como principais tributários os Córregos Sueiro e Gameleira
na cabeceira da bacia e o Córrego Moleque que já deságua na porção mais baixa da bacia. O município
de Palmas quase não participa da bacia e mesmo a porção de Porto Nacional inserida na bacia, ainda é
distante da mancha urbana. As áreas e percentuais de cobertura de cada município são identificadas no
Quadro 1.10 e Gráfico 1.10.

Esta sub-bacia também é classificada como uma bacia rural, onde a principal atividade usuária dos
recursos hídricos é a Agropecuária. Os municípios de Monte do Carmo e Porto Nacional são grandes
produtores agrícolas, mas devido à baixa cobertura das outorgas, foi difícil estimar o real impacto sobre
os recursos hídricos. A sede administrativa de Monte do Carmo está inserida na bacia, mas por ser um
pequeno núcleo urbano, a bacia permanece classificada como rural. Também a população residente
nesta sub-bacia é predominantemente rural, sem rede de abastecimento público e saneamento. A bacia
é ocupada por vegetação de Cerrado Restrito e Agropecuária, que nos últimos anos vem crescendo
rapidamente sobre a vegetação nativa.

Atualmente, não há monitoramento de vazões na sub-bacia e também foram identificadas poucas


outorgas, dificultando o balanço hídrico. Ambos os municípios tem grandes rebanhos de animais e áreas
agrícolas. Considerando que a densidade de rebanhos (bovinos, equinos, suínos e galináceos) e áreas
agrícolas (soja, arroz, milho, sorgo e algodão) é homogênea em toda a extensão dos municípios, foi
possível estimar as demandas de irrigação e dessedentação animal na sub-bacia.

Quadro 1.10. Municípios da Sub-bacia do Rio Água Suja, áreas e percentuais de cobertura
Município Área (km²) %
Monte do Carmo 737,444 72,5%
Porto Nacional 265,296 26,1%
Palmas 15,017 1,5%
Total 1.017,757 100,0%

Gráfico 1.10. Localização e percentual de cobertura dos municípios da Sub-bacia do Rio Água Suja.

52
Figura 1.20. Abrangência municipal da Sub-bacia do Rio Água Suja, da Bacia Hidrográfica do Entorno
do Lago.

53
1.3.13. Sub-bacia do Ribeirão São João
A Sub-bacia do Ribeirão São João (Figura 1.21) possui aproximadamente 323,619 km² representando
1,71% da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. Compreende os municípios de Monte do Carmo, Porto
Nacional e Palmas. O Riberião São João possui como principais tributários o Córrego São Joãozinho, o
Córrego do Ouro e o Córrego Santa Cruz. O município de Monte do Carmo apenas está identificado
porque seus limites municipais cruzaram o divisor de águas da sub-bacia, sendo insignifante sua
participação nas estatísticas da sub-bacia. Diferentemente de Palmas e Porto Nacional, que embora
participem da bacia, possuem distantes suas manchas urbanas. As áreas e percentuais de cobertura de
cada município são identificadas no Quadro 1.11 e Gráfico 1.11.

Esta sub-bacia também é classificada como uma bacia rural, onde a principal atividade usuária dos
recursos hídricos é a Agropecuária. Os municípios de Palmas e Porto Nacional são produtores agrícolas,
mas devido à baixa cobertura das outorgas, foi difícil estimar o real impacto sobre os recursos hídricos.
Nenhuma sede administrativa está inserida na bacia, justificando a classificação da bacia como rural.
Também a população residente na sub-bacia é predominantemente rural, sem rede de abastecimento
público e saneamento. A bacia é ocupada por vegetação de Cerrado Restrito e Agropecuária, que nos
últimos anos vem crescendo rapidamente sobre a vegetação nativa.

Atualmente, não há monitoramento de vazões na sub-bacia e também foram identificadas poucas


outorgas, dificultando o balanço hídrico. Porém, ambos os municípios tem atividades agropecuárias.
Considerando que a densidade de rebanhos (bovinos, equinos, suínos e galináceos) e áreas agrícolas
(soja, arroz, milho, sorgo e algodão) é homogênea em toda a extensão dos municípios, foi possível
estimar as demandas de irrigação e dessedentação animal na sub-bacia.

Quadro 1.11. Municípios da Sub-bacia do Ribeirão São João, áreas e percentuais de cobertura
Município Área (km²) %
Palmas 175,158 54,1%
Porto Nacional 147,395 45,5%
Monte do Carmo 1,066 0,3%
Total 323,619 100,0%

Gráfico 1.11. Localização e percentual de cobertura dos municípios da Sub-bacia do Ribeirão São João.

54
Figura 1.21. Abrangência municipal da Sub-bacia do Ribeirão São João, da Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago.

55
1.3.14. Sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande

Figura 1.22. Sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande, da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

56
1.3.15. Sub-bacia do Córrego Comprido

Figura 1.23. Sub-bacia do Córrego Comprido, da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

57
1.3.16. Sub-bacia do Ribeirão Água Fria

Figura 1.24. Sub-bacia do Ribeirão Água Fria, da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

58
1.4. Características Fisiográficas
Modelar uma superfície, de modo consistente, significa representar o relevo de forma a reproduzir, com
exatidão, o caminho preferencial do escoamento da água superficial observado no mundo real. Como o
traçado da drenagem, a delimitação de bacias e a extração das características fisiográficas dependem da
continuidade do fluxo acumulado, um Modelo Digital de Elevação - MDE não consistente, teria pouca
utilidade à modelagem das vazões e consequentemente, ao Plano da Bacia do Entorno do Lago.

1.4.1. Tratamentos topológicos e recondicionamento do MDE


A partir do Modelo Digital de Elevação – MDE produzido pelo ASTER (Advanced Spaceborne Thermal
Emission and Reflection Radiometer), com resolução espacial de 30m, foram realizados os tratamentos
convencionais para correção das limitações sistêmicas das imagens orbitais, tais como a preenchimento
das depressões espúrias e o aprofundamento das calhas dos rios. Por sua vez, a hidrografia utilizada na
geração do MDEHC precisou passar por tratamentos automáticos utilizando regras topológicas para
validação de sua estrutura em relação à conectividade dos arcos, à estrutura unifilar, à orientação dos
trechos no sentido do escoamento e à presença de segmentos espúrios.

Utilizando a hidrografia do IBGE (1:100.000) como referência, foi gerado o MDE Hidrograficamente
Consistente (MDEHC), apropriado para a modelagem morfométrica da bacia hidrográfica. O fluxograma
representado na Figura 1.25 apresenta as etapas envolvidas na geração do MDEHC.

Figura 1.25. Fluxograma de operações espaciais para geração do MDEHC.

A validação da continuidade da hidrografia mapeada foi realizada por meio de análises espaciais
envolvendo a seleção recursiva de trechos conectados, ou seja, a partir do arco da hidrografia associado à
foz da bacia hidrográfica foram selecionados os trechos imediatamente conectados a montante, dando
início ao processo de recursão até a identificação de trechos desconexos. Quando a recursão culminou na
seleção de toda a hidrografia, definiu-se como consistente a rede hidrográfica contínua.

59
O termo “topologia” define o relacionamento espacial entre feições geométricas adjacentes ou vizinhas.
Como a geometria da hidrografia mapeada deve possuir características singulares, certos relacionamentos
espaciais precisaram ser impostos. Para assegurar uma rede hidrográfica composta por trechos simples
interconectados por confluências, foram estabelecidas as regras topológicas apresentadas no Quadro 1.12
para o processo de validação da hidrografia contínua.

Garantida a consistência topológica da hidrografia mapeada, outras três etapas foram necessárias para
preparar a malha hidrográfica visando o recondicionamento do MDE. A orientação dos arcos no sentido
do escoamento foi estabelecida utilizando o traçado de rotas interligando os nós desconectados,
representando as nascentes, ao nó associado ao exutório da bacia hidrográfica. A identificação dos nós
de montante e jusante em cada arco da hidrografia foi requisito para o cálculo das elevações relativas,
responsáveis por impor uma declividade ao MDE a fim de representar a continuidade do escoamento
preferencial das águas superficiais até a foz da bacia.

O recondicionamento do MDE do ASTER para geração do MDEHC teve início com o tradicional
preenchimento de depressões espúrias sobre o terreno da bacia. Em seguida, a declividade dos cursos
d’água foi imposta queimando-se o relevo da bacia até o exutório. Com a declividade na calha dos
cursos d’água favorável à continuidade do escoamento preferencial, estava finalizado o MDEHC,
apresentado na Figura 1.26, a seguir.

Quadro 1.12. Regras topológicas aplicadas no tratamento da hidrografia mapeada

Regra Descrição Exemplo

Não pode haver sobreposição das linhas


Must not overlap
da hidrografia.

Must not Não pode haver cruzamento entre as


intersect linhas da hidrografia.

Must not have Todo nó de jusante (endpoint) precisa se


pseudo nodes conectar a outros dois arcos.

Must not self Uma linha não pode possuir segmentos


overlap coincidentes.

Must not self


Uma linha não pode cruzar ela mesma.
intersect

Must be single Requer que as linhas possuam apenas


part um segmento.

60
Figura 1.26. Modelo Digital de Elevação Hidrograficamente Consistente – MDEHC da Bacia Hidrográfica
do Entorno do Lago.

61
1.4.2. Construção da rede hidrográfica
Como é de interesse dos órgãos gestores utilizar a base geográfica oficial do IBGE, foi feito um esforço
para harmonizar a drenagem numérica tradicionalmente obtida a partir das direções de escoamento com a
hidrografia mapeada, utilizada no recondicionamento do MDE. Portanto, foi utilizado um método alternativo
ao processo clássico, em que se estabelece um número mínimo de células contribuintes a partir do qual
uma célula é identificada como pertencente a um curso d’água.

A rede hidrográfica construída é na verdade uma a rede geométrica composta por arcos e nós,
representativa da malha hidrográfica. Esta rede representou a espinha dorsal da base geográfica, uma vez
que as conexões entre segmentos de rio e confluências é que possibilitam a navegação entre os trechos
de montante e jusante e permitem que todos os demais elementos geográficos presentes na bacia
hidrográfica possam se relacionar por meio da hidrografia (ex.: áreas de drenagem, estações de
monitoramento e os usos consuntivos).

A metodologia utilizada agrupou um conjunto de operações espaciais aplicadas sobre o grid de direções
de escoamento e a hidrografia mapeada para produzir uma rede geométrica fidedigna à base oficial do
IBGE, mantendo o relacionamento com as áreas de drenagem adjacentes.

Mesmo representando o fluxo preferencial de escoamento devido ao recondicionamento do MDE, o grid


de fluxo acumulado não foi utilizado nessa metodologia, já que o objetivo era manter não apenas o
traçado da hidrografia mapeada, mas também o nível de ramificação da base oficial do IBGE.

Adotando-se esta estrutura “arco - nó”, a disponibilidade hídrica foi associada a cada segmento de rio.
Neste caso, o balanço hídrico pôde ser realizado por trecho, uma vez que independente de estar localizado
a montante ou a jusante, os impactos na disponibilidade de uma captação se propagam igualmente a
montante e a jusante. Na estrutura utilizada, os trechos armazenam as vazões e os nós conectam os
trechos, otimizando as análises de balanço hídrico na hidrografia.

A estrutura de rede geométrica é particularmente interessante quando se deseja avaliar o impacto


decorrente do lançamento ou vazamento de poluentes. A partir da estrutura de rede geométrica é possível
rapidamente conhecer a trajetória de escoamento a jusante ou identificar todos os tributários a montante de
determinado trecho da bacia hidrográfica e assim alertar as populações que serão afetadas ou identificar o
trecho da bacia em que se deu início à contaminação. A Figura 1.27 apresenta uma seção da rede
geométrica da hidrografia e um exemplo de traçado a jusante sobre a hidrografia. Já o mapa da Figura
1.28 apresenta, na íntegra, a rede geométrica da hidrografia da Bacia do Entorno do Lago.

Figura 1.27. Estrutura arco-nó da rede geométrica representativa da hidrografia na Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago e exemplo de traçado à jusante.

62
Figura 1.28. Rede Geométrica da hidrografia mapeada pelo IBGE, na escala 1:100.000, após os
tratamentos topológicos para a Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

63
1.4.3. Extração das Características Fisiográficas
De posse do MDEHC foi possível extrair, de modo automático, todas as características fisiográficas da
Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago e Sub-Bacias hidrográficas associadas aos rios principais.
Inicialmente, foram delimitados, de forma automática, os divisores de água da Bacia Hidrográfica e Sub-
Bacias principais. Esse procedimento possui elevada precisão e substitui com vantagens o delineamento
dos divisores a partir das curvas de nível do IBGE.

Em seguida foram utilizadas operações de vizinhança e conectividade em ambiente raster (matricial) a


fim de obter automaticamente as características fisiográficas: Área do espelho d’água (A res), Área de
drenagem (A), Perímetro (P), Altitude (máxima, mínima e média), Declividade média (S), Comprimento
do rio principal (Lrp), Comprimento total da drenagem (L), Densidade de drenagem (Dd), Coeficiente de
compacidade (Kc) e Fator de forma (Kf).

A seguir são apresentadas no Quadro 1.13 as características fisiográficas extraídas a partir do MDEHC
referente à Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

Quadro 1.13. Principais características físicas da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago

718,162 km² (Nível operacional);

Área do espelho d’água (Ares): 790,746 km² (Cheia bi-anual)

986,218 km² (Cheia cinquentenária)

Área de drenagem (A) 18.972,185 km²

Perímetro (P) 1.189,08 km

Comprimento do rio principal (Lrp) 222,444 km (Rio Tocantins)

Comprimento total da drenagem (LT)


13.939,667 km
(escala 1:100.000)
Densidade de drenagem (Dd) 0,73 km/km²

Altitude máxima, média e mínima 771 m, 310 m e 166 m

Declividade média (S) 10,07%

Coeficiente de compacidade (Kc) 2,42

Fator de forma (Kf) 0,60

O coeficiente de compacidade foi calculado a partir da relação (TUCCI, 2000):

𝑃
𝐾𝑐 = 0,28
𝐴 (1)

onde P e A são, respectivamente, o perímetro (km) e a área da bacia (km²). Um coeficiente mínimo igual
a 1 corresponderia à bacia circular; portanto, desconsiderando outros fatores, quanto maior o Kc menos
propensa à enchente é a bacia.

64
Segundo Tucci (2000), o fator de forma (Kf) também é um índice que exprime a maior ou menor tendência
para enchentes em uma bacia.

Uma bacia com um fator de forma baixo está menos propensa a cheias do que uma bacia do mesmo
tamanho, mas com um fator de forma superior. Isto se deve a fato de que em uma bacia estreita e longa
(Kf baixo), há menor possibilidade de ocorrência de chuvas intensas cobrindo simultaneamente toda a sua
extensão. O fator de forma é a relação entre a largura média (𝐿̅) e o comprimento axial (L) da bacia e
pode ser calculado pelas equações 2 e 3:
Largura média

L = A/L (2)

Fator de Forma
𝐿̅ 𝐴⁄ 𝐴
𝐿
𝐹=𝐿= 𝐿
= 𝐿2 (3)

Outro fator fisiográfico que interfere na função hidrológica das bacias hidrográficas é o nível de ramificação
do sistema de drenagem. Uma bacia bem drenada tem menor tempo de concentração, ou seja, o
escoamento superficial concentra-se mais rapidamente e os picos de enchente são altos. Como a Bacia
do Entorno do Lago é formada por um conjunto de sub-bacias que desaguam no reservatório da UHE, é
importante conhecer as características físicas de cada uma delas para então discutir a propensão a
enchentes. O Quadro 1.14 apresenta as características fisiográficas das sub-bacias do entorno do lago.

Quadro 1.14. Principais características fisiográficas das Sub-bacias Hidrográficas do Entorno do Lago
Sub-bacia A (km²) P (km) Lrp (km) LT (km) Dd (km/km²) H (m) S (%) Kc Kf
Rio Crixás 3.431,160 461,520 106,989 2.462,485 0,72 283 3,13 2,21 0,76

Afluentes diretos 3.117,884 1.091,520 222,444 2.074,730 0,67 267 8,50 5,47 0,11

Ribeirão dos Mangues 2.792,337 410,580 112,803 1.921,344 0,69 323 5,91 2,18 0,54

Rio Areias 2.412,998 362,520 99,113 1.469,126 0,61 324 6,80 2,07 0,54

Rio Formiga 1.837,979 405,180 113,689 1.217,771 0,66 298 3,76 2,65 0,30

Córrego Santa Luzia 1.358,629 267,480 92,348 1.176,151 0,87 319 6,29 2,03 0,43

Rio Água Suja 1.017,757 247,680 68,640 625,855 0,61 374 9,14 2,17 0,39

Ribeirão Lajeado 710,402 173,520 50,244 909,107 1,28 270 4,54 1,82 0,53

Ribeirão Taquaruçu Grande 483,060 183,420 48,474 563,825 1,17 451 10,40 2,34 0,38

Ribeirão do Carmo 456,864 156,600 45,140 369,735 0,81 380 10,61 2,05 0,40

Rio Matança 387,698 137,880 45,658 308,065 0,79 350 9,92 1,96 0,30

Ribeirão Conceição 371,021 156,780 43,737 248,111 0,67 337 9,53 2,28 0,29

Ribeirão São João 323,619 153,900 47,753 313,114 0,97 366 8,47 2,40 0,26

Ribeirão Água Fria 101,339 93,060 29,962 92,833 0,92 357 10,91 2,59 0,26

Córrego Comprido 87,537 68,760 20,628 51,672 0,59 262 4,05 2,06 0,28

Córrego São João 81,899 78,660 23,990 50,508 0,62 288 5,45 2,43 0,19

A = área de drenagem; P = perímetro; Lrp = comprimento do rio principal; LT = comprimento total da drenagem; H =
altitude média; S = declividade média; Kc = coeficiente de compacidade; e Kf = coeficiente de forma.

65
1.5. Geologia
O mapeamento das unidades geológicas (Figura 1.29) foi confeccionado pelo Sistema de Proteção da
Amazônia - SIPAM. As principais unidades geológicas, com maior representatividade em percentual,
aproximadamente 70%, de área constatada no Quadro 1.15 são: o complexo Manuel Alves, formação
Pimenteiras, suíte Matança, complexo Porto Nacional, complexo Rio dos Mangues e cobertura detrito-
laterítica pleistocênica. Sendo que três unidades geológicas são do tempo geológico Arqueano, dez
unidades são do tempo Fanerozóico e onze do Proterozóico.

O Quadro 1.15 distribui as classes geológicas por área em km².

Quadro 1.15. Área e percentual correspondente das classes geológicas no entorno do Lago UHE

SIGLAS UNIDADES GEOLÓGICAS ÁREA (Km²) ÁREA (%)

Dp Formação Pimenteiras 3.658,020 19,28%

Ama Complexo Manoel Alves 2.473,960 13,04%

PPrm Complexo Rio dos Mangues 2.394,340 12,62%

PPpn Complexo Porto Nacional 1.750,980 9,23%

QPdl Cobertura Detrito-Laterítica Pleistocênica 1.648,900 8,69%

NP(G)m Suite Matança 1.440,660 7,59%

NPmc Formação Morro do Campo 1.202,920 6,34%

PP(G)(A)ip Suite Intrusiva Ipueiras 793,200 4,18%

s/inf Corpos d'água continental 790,310 4,17%

MPn Grupo Natividade 564,780 2,98%

Dc Formação Cabeças 380,090 2,00%

MNPmc Formação Monte do Carmo 321,510 1,69%

Cpo Formação Poti 228,400 1,20%

TNdl Cobertura Detrito-Laterítica Neogênica 222,040 1,17%

Dl Formação Longá 215,940 1,14%

QHa Aluviôes Holocênicos 132,670 0,70%

PP(G)se Suite Serrote 114,920 0,61%

QHe Coberturas Eólicas Holocênicas 111,300 0,59%

ODsg Grupo Serra Grande 93,550 0,49%

APP(Y)cc Anortosito Carreira Comprida 91,785 0,48%

NPxa Formação Xambioá 90,440 0,48%

QHt Terraços Holocênicos 89,630 0,47%

(B)/(Y) Rochas Básicas e Ultrabásicas de 70,840 0,37%


posicionamento duvidoso
NP(G)sl Suite Santa Luzia 60,470 0,32%

MP(G)ms Suite Monte Santo 21,870 0,12%

A(BY)c Suíte Intrusiva Básico-Ultrabásica Caraíbas 8,660 0,05%

18.972,185 100,00%

66
Figura 1.29. Classes geológicas na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
Fonte: Sistema de Proteção da Amazônia - Sipam.

67
1.6. Geomorfologia
Os dados de unidades geomorfológicas e formas de relevo, também foram amostrados do banco de
dados do Sistema de Proteção da Amazônia – SIPAM, por se tratar de base geográfica mais atualizada
e precisa atualmente disponível. A Figura 1.30 ilustra as unidades geomorfológicas, terceiro nível de
taxonomia geomorfológica, estabelecidas na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

Nesse diagnóstico, houve a necessidade de generalizar as unidades geomorfológicas em depressões,


planaltos e serras. O modelo genérico terá grande correspondência em escala às demais variáveis
ambientais trabalhadas, como por exemplo, com os mapas temáticos de declividade. Sendo assim, será
possível correlacionar zonas críticas em maior escala com a Depressão do Alto do Tocantins, localizada
no centro sul e cobrindo maior parte da área de influência, em torno do percentual de 48 %, conforme o
Quadro 1.16 e visualização por intermédio do Gráfico 1.12.

Quadro 1.16. Relação percentual de área das principais unidades geomorfológicas do Entorno do Lago

Unidades Geomorfológicas Área (km²) (%)

Depressão do Alto Tocantins 9.046,695 47,68%

Depressão do Médio Tocantins 2.823,130 14,88%

Depressão de Cristalândia 1.673,330 8,82%

Planalto Dissecado do Tocantins 1.445,210 7,62%

Planalto do Interflúvio Tocantins -- Araguaia 1.198,300 6,32%

Serra Malhada Alta 1.152,110 6,07%

Corpos D'água 790,300 4,17%

Serras de Santo Antônio -- João Damião 621,740 3,28%

Planícies Fluviais 221,370 1,17%

18.972,185 100,00%

60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Depressão Depressão Depressão Planalto Planalto do Serra Corpos Serras de Planícies
do Alto do Médio de Dissecado Interflúvio Malhada D'água Santo Fluviais
Tocantins Tocantins Cristalândia do Tocantins -- Alta Antônio
Tocantins Araguaia

Gráfico 1.12. Diagramação em barras das relações percentuais de área das principais formas de relevo
do Entorno do Lago.

68
Figura 1.30. Unidades geomorfológicas na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
Fonte: Sistema de Proteção da Amazônia - Sipam.

69
1.7. Formas de Relevo
Os modelados geomorfológicos - quarto nível taxonômico da geomorfologia - da área de drenagem do
Entorno do Lago, retratados pela Figura 1.31, são notáveis em três de seus quatro tipos fundamentais:
acumulação, correlacionados a ambientes lacustres, fluviais, fluviolacustres, de marinha, dentre
outros (duas feições);
dissecação, diagramados por intermédio da combinação entre a densidade e o aprofundamento
da drenagem dos arranjos geométricos dos topos (tabulares, convexos, aguçados), (cinco
feições); e
aplanamento, mapeados segundo sua gênese de formação e separados por seu potencial de
degradação ou conservação modelados por sucessivos processos erosivos, que desnudam ou
inumam (mascaram) seus territórios especializados (quatro feições).

Os modelados de dissecação são os mais encontrados na paisagem estadual, bem como na bacia
hidrográfica do Entorno do Lago, representando 75,3% de sua área de contribuição. Em seguida, os
modelados de aplanamento têm representação territorial de 19,4%. Dado que o reservatório e seus
tributários regionalizam aproximadamente 4,17%, apenas 1,17% do espaço do Entorno é de planícies e
terraços fluviais, ou seja, de acumulação, em concordância com a soma das áreas das formas de relevo
de igual modelado, de acordo com o Quadro 1.17 e Gráfico 1.13. A Figura 1.31 ilustra as formas de
relevo no Entorno do Lago UHE, em que algumas simbologias consideradas relevantes no entorno, são
interpretadas pelos parágrafos a seguir:

Quadro 1.17. Relação percentual de área das principais formas de relevo do Entorno do Lago
Simbologia Classe Área (km²) Área (%)
Dt Dissecação homogênea tabular 12.077,500 63,66%
Pri Pediplano Retocado Inumado 3.307,130 17,43%
Dc Dissecação homogênea convexa 1.144,900 6,03%
Rios Rios 790,300 4,17%
Da Dissecação homogênea aguçada 619,800 3,27%
Dei Dissecação em encosta ingreme 368,220 1,94%
Pru Pediplano Retocado Desnudado 144,470 0,76%
Af Planície fluvial 124,340 0,66%
Pgi Pediplano Degradado Inumado 115,645 0,61%
Pgu Pediplano Degradado Desnudado 107,960 0,57%
Atf Terraço fluvial 97,020 0,51%
De Dissecação estrutural 74,900 0,39%
18.972,185 100

70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Dt Pri Dc Rios Da Dei Pru Af Pgi Pgu Atf De

Gráfico 1.13. Classes geomorfológicas simbólicas na Bacia do Entorno do Lago.

70
Figura 1.31. Classes de relevo na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
Fonte: Sistema de Proteção da Amazônia - Sipam.

71
Dissecação homogênea tabular (Dt)

Nesta feição os topos são configurados em formatos tabulares, de inclinação tabular suave. Apresentam
padrões de drenagem dendríticos e subdendríticos. Dada a inconsolidação das coberturas sedimentares
presentes nesse relevo, entende-se que o controle estrutural é relativo, eventual. Dada a grande
suavidade dessa forma de relevo, em declividades baixas, em sua maioria de classe A, segundo a
classificação temática de declividade da Secretaria do Planejamento do Estado do Tocantins (Seplan),
subentende-se que há a ocorrência de pouco escoamento superficial, ou seja, com baixa densidade de
drenagem e pequena escala de influência da dissecação.

Esta dissecação homogênea acontece em 63,66% da área do Entorno do Lago, sendo a classe de maior
representatividade de área, como o mostrado no Gráfico 1.13, o que prevê baixos valores de perdas
naturais de solos na regionalização deste relevo (IBGE, 2009).

Pediplano Retocado Inumado (Pri)

As regiões de pediplano retocado inumado não admitem em conceito áreas inteiramente conservadas,
homogeneizadas, podendo ser intercalada com outros modelados de aplanamento ou levemente
dissecadas. O termo inumado refere-se ao mascaramento desta feição em, por exemplo, coberturas
dendríticas. Quando diferenciável este pediplano se encontra no topo de encostas ou planaltos,
dominando regiões residuais ou relevos dissecados. O aplanamento acontece em 17,43% da área do
Entorno do Lago (Gráfico 1.4) (IBGE, 2009).

Dissecação homogênea convexa (Dc)

Ao contrário da dissecação homogênea aguçada, a dissecação convexa possui topos abobadados,


convexos de entalhe igualmente metamórfico, às vezes ígneo ou sedimentar. Seu padrão de drenagem é
igualmente dendrítico e subdendrítico. Também diferentemente de vales encaixados, essa tipologia se
caracteriza pela presença de vales bem definidos de declividades variáveis e relativamente suaves se
comparadas ao modelado anterior. A dissecação homogênea acontece em 6,03 % da área do Entorno
do Lago (Gráfico 1.13) (IBGE, 2009).

Dissecação homogênea aguçada (Da)

Tem como característica as redes de drenagem de padrões dendríticos e subdendríticos. Trata-se de


uma forma de relevo com composição metamórfica de topo alongado e estreito, por isso a denotação de
aguçada. Por ser conceituado como uma sobreposição de vales e demonstrar altos valores de
declividade, esse tipo de modelado é dissecado, ou entalhado, por erosões do tipo ravina ou de sulcos.

A dissecação homogênea acontece em 3,27 % da área do Entorno do Lago (Gráfico 1.13), e embora
apresente uma certa estabilidade de vertentes interceptadas, controle estrutural, pode vir a se configurar
como uma região de perdas naturais de solo significativas, dada sua possível alocação espacial em
depressões (IBGE, 2009).

72
1.8. Classificação dos Solos
Com o auxílio da Embrapa e da Secretaria Estadual do Planejamento (Seplan) foram amostrados, com a
extensão da plataforma CAD, as ordens das classes pedológicas de acordo com o Sistema Brasileiro de
Classificação dos Solos (SiCBS). A Figura 1.32 ilustra essas classes pedológicas com suas legendas de
cores correspondentes e o Quadro 1.18 distribui as áreas, e os respectivos percentuais, de cada classe
do entorno do Lago UHE.

Os solos do entorno do Lago UHE podem ser diagnosticados de acordo com os conceitos
disponibilizados pelo SiCBS (Embrapa, 2006):

Latossolos são solos evoluídos, muito intemperizados, profundos e de boa drenagem. Ocorrem em todas
as regiões do território brasileiro e apresentam diferenças na coloração e nos teores de óxidos de ferro,
subdividindo-se em quatro subordens das quais uma é predominante nas regiões do entorno do Lago
UHE: latossolo vermelho-amarelo (Figura 1.33). Trata-se de uma classe considerada dominante no
entorno do Lago UHE, distribuída por toda a bacia no percentual de área de 57,4 %.

Solos concrecionários (Figura 1.34), da ordem Plintossolos e subordem Pétrico, são solos que
aparecem associados a outras classes como por exemplo a latossolo vermelho-amarelo, cambissolos
plínticos e solos litólicos. Caracterizam-se por apresentar acumulações de óxidos de ferro na forma de
mosqueados e nódulos macios avermelhados com a capacidade de endurecimento provocado pela
oscilação entre umedecimento e secagem (redução e oxidação do ferro). Na região do entorno são
explorados por pastoreio extensivo quando sob vegetação campestre ou pasto plantado com forrageiras
rústicas e estão distribuídos no entorno do Lago UHE no percentual de 29,7%.

Solos hidromórficos, da ordem Plintossolo e subordem Háplico, aparecem na região do entorno do Lago
UHE, caracterizando-se pela presença significativa de plintização com ou sem petroplintita (concreções
de ferro ou cangas). São muito explorados em projetos de irrigação/drenagem de arroz, porém correndo
sérios riscos devido ao manejo dinâmico da água nestes solos que é exigido, sob pena do
endurecimento irreversível da plintita. A distribuição no entorno do Lago UHE é de aproximadamente
4,7%.

Solos quartzarênicos ou areias quartzosas, ordem Neossolos e subordem Quartzarênico, de textura


arenosa tendo como característica o excesso de drenagem, onde a água é removida do solo muito
rapidamente. Podem estar associadas a latossolos ou plitossolos. São solos de baixa fertilidade e de
menor potencial para atividades agrícolas que os demais solos predominantes na área do entorno do
Lago UHE (Figura 1.35). No entorno do Lago UHE, estes solos perfazem o total de 2,8%. Não exibe
potencial para exploração com lavouras, sendo recomendado, pois, para pastagem natural ou para áreas
de preservação permanente.

Solos litólicos, ordem Neossolos e subordem Litólico, são solos rasos que apresentam pouco
desenvolvimento, podendo estar associados a latossolos e a solos concrecionários, e não são
recomendados para explorações agropastoris, sim como área de conservação permanente. Estes solos
distribuem-se dentro do entorno do Lago UHE no percentual de 5,4%.

73
Figura 1.32. Classes de solos na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
Fonte: Empresa Brasileira de Agropecuária – Embrapa (2006).

74
Quadro 1.18. Áreas e percentuais correspondentes das classes pedológicas do entorno do Lago UHE

Classes pedológicas Área (Km²) %

Latossolo vermelho-amarelo 10.548,190 55,60%

Solos concrecionários 5.599,088 29,51%

Solos Litólicos 1.013,573 5,34%

Solos hidromorficos 887,434 4,68%

Solos quartzarênicos 518,389 2,73%

Latossolo vermelho-escuro 161,654 0,85%

Corpos d'agua 125,434 0,66%

Latossolo roxo 118,423 0,62%

18.972,185 100,00%

12.000 60%

10.000 50%

8.000 40%

6.000 30%

4.000 20%

2.000 10%

0 0%
Latossolo Solos Solos Litólicos Solos Solos Latossolo Corpos d'agua Latossolo roxo
vermelho-amarelo concrecionários hidromorficos quartzarênicos vermelho-escuro

Gráfico 1.14. Classes pedológicas predominantes do entorno do Lago UHE, área (km²) e percentual (%).

Figura 1.33. Latossolo Figura 1.34. Plintossolo pétrico Figura 1.35. Neossolo
vermelho-amarelo (EMBRAPA, concrecionário latossólico (IBGE, quartzarênico (IBGE, 2007).
2006). 2007).

75
Coleta de informações sobre análises químicas de solos do entorno do Lago UHE

Considerando que a principal atividade nas sub-bacias do Entorno do Lago é a Agropecuária, julgou-
se importante mapear a aptidão agrícola dos solos da Bacia Hidrográfica. Para isso foi necessário, a
princípios, caracterizar as varíaveis químicas dos solos no entorno do reservatório, mas mais uma vez
o cenário atual é de poucas informações advindas do monitoramento.

Foram consultadas as empresas que comercializam produtos agropecuários, a Embrapa Cerrados, a


Secretaria da Agricultura – SEAGRO, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins – Ruraltins
em diversos municípios do entorno do lago, mas nenhuma informação foi encontrada. Apenas no
banco de dados de solos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, foram encontrados
resultados georreferenciados de análises químicas dos solos na região em estudo.

Vale ressaltar que para serem utilizadas para discussões no território da Bacia Hidrográfica, essas
informações precisam ser georreferenciadas, permitindo a espacialização na área de estudo. Chama
atenção o fato que apesar da Agropecuária ser a atividade mais importante na maioria das sub-
bacias do Entorno do Lago, não há um sistema de monitoramento da qualidade dos solos e com isso
muito poucas informações existem para dimensionar a aptidão agrícola dos solos da Bacia
Hidrográfica.

Como os únicos resultados consistentes encontrados foram obtidos do Banco de Dados de Solos do
IBGE, foram então coletas as informações sobre análises químicas dos solos do Entorno do Lago e
regiões vizinhas e em seguida especializadas sobre a Bacia Hidrográfica. O Quadro 1.19 apresenta
os 64 (sessenta e quatro) pontos amostrais os parâmetros químicos a eles relacionados. Na
sequência, a Figura 1.36 ilustra a distribuição espacial dos pontos na Bacia Hidrográfica e região
circunvizinha.

Ressalta-se que o Quadro 1.19 exibe apenas parte do conteúdo destas análises químicas de
diferentes tipos de solos, considerando para isso as atividades agropastoris com maior ocorrência nos
municípios total ou parcialmente inseridos na bacia hidrográfica.

Estas informações foram utilizadas para definição indireta de propriedades intrínsecas dos solos, como
por exemplo, a densidade a partir do teor de matéria orgânica constante nestas análises químicas e a
curva característica de retenção de água no solo em função da densidade estimada e da classificação
textural com a utilização do programa computacional Qualisolo da Embrapa Instrumentação
Agropecuária (http://www.cnpdia.embrapa.br/qualisolo.php). O mapa com a classificação textural do
solo na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago é apresentado na Figura 1.37.

Observou-se que, em função das classes definidas pelo padrão de classificação apresentado nos
Quadros 1.20 e 1.21 extraído do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (Embrapa, 2006), a
maioria destes solos apresenta pH variando de muito baixo a baixo, teores de fósforo (P) e potássio
(K) muito baixos e uma saturação de base baixa, em função do pH baixo. O mapa da saturação de
base dos solos na Bacia Hidrográfica é apresentado na Figura 1.38.

Neste relatório, são apresentados os mapas adotando-se como unidade territorial toda a Bacia
Hidrográfica do Entorno do Lago, no entanto, acompanha este relatório a Base de Dados Geográfica,
(DVD) que pode facilmente ser utilizada para produzir os mapas na escala das sub-bacias
hidrográficas.

A interpretação dessas análises químicas dos solos no Entorno do Lago da UHE está de acordo com
as observações feitas por Lima et al., 2000, sobre a fertilidade dos solos do Tocantins, ao generalizar
a maioria dos solos do Estado como distróficos, caracterizados por apresentar elevada acidez, baixa
capacidade de troca de cátions e insuficiência de nutrientes essenciais à vida de plantas. Esses
solos, quando explorados economicamente, devem ser preliminarmente corrigidos com a aplicação
de calcário (preferencialmente dolomíticos) e de fertilizantes químicos como o fósforo à base de P 2O5.

76
Quadro 1.19. Análise química de alguns solos da Bacia Hidrográfica do Entorno Lago e região (IBGE)

ID Latitude Longitude Areia Silte Argila PH água Sat. Base M.O. (g/Kg)
0 -11,98 -48,7 704 103 193 4,9 26 69
1 -11,95 -48,89 675 106 219 5,1 44 24,1
2 -11,89 -48,12 719 128 153 4,7 35 15,5
3 -11,87 -48,47 552 303 145 5,7 47 12,1
4 -11,83 -48,9 538 97 365 0 0 0
5 -11,82 -48,93 791 124 85 5,6 64 12,1
6 -11,8 -49,65 502.0 360.0 138.0 5.7 54.0 24.1
7 -11,72 -49,43 837 80 83 4,4 34 12,1
8 -11,7 -48,31 602 162 236 5,8 22 1,7
9 -11,58 -47,47 521 396 83 4,0 17 15,5
10 -11,53 -47,82 541 117 342 5,2 20 17,2
11 -11,51 -47,58 475 343 182 5,0 3 29,3
12 -11,43 -47,38 384 203 413 5,5 8 10,3
13 -11,43 -47,47 454 322 224 4,8 14 8,6
14 -11.19 -49.27 750.0 150.0 100.0 5.3 8.0 15.5
15 -11.07 -48.77 696.0 142.0 162.0 4.9 18.0 19.0
16 -11.09 -49.69 318.0 372.0 310.0 5.0 2.0 74.1
17 -11.04 -48.91 166.0 328.0 506.0 5.3 0.0 27.6
18 -10,46 -48,33 721 71 208 5,0 10 22,4
19 -10,4 -47,31 866 82 52 4,4 22 15,5
20 -10,36 -48,58 477 259 264 4,7 7 32,8
21 -10,25 -49,31 702 40 258 4,8 12 10,3
22 -9,79 -48,04 351 324 325 4,2 12 41,4
23 -9,69 -48,9 541 399 60 5,9 61 134,5
24 -9,59 -47,87 575 198 227 4,7 0 25,9
25 -9,59 -49,07 688 178 134 4,7 10 5,2
26 -9,57 -48,42 919 33 48 3,7 17 8,6
27 -12,07 -49,39 735 142 123 5,4 29 20,7
28 -11,26 -48,94 772 84 144 5,0 17 13,8
29 -11,19 -48,17 640 210 150 5,6 47 24,1
30 -11,17 -47,3 690 198 112 5,5 14 8,6
31 -10,87 -48,77 495 146 359 5,1 12 22,4
32 -10,85 -48,59 385 300 315 4,4 3 51,7
33 -10,82 -47,99 837 119 44 4,0 2 115,5
34 -10,83 -48,48 457 279 264 4,2 29 86,2
35 -10,82 -48,29 748 86 166 5,4 4 20,7
36 -10,76 -49,57 651 94 255 5,2 3 17,2
37 -10,7 -47,57 892 50 58 4,8 10 3,5
38 -10,72 -48,56 666 63 271 4,8 16 13,8
39 -10,71 -48,79 670 144 186 4,8 27 24,1
40 -10,69 -48,17 717 157 126 4,5 13 37,9
41 -10,65 -48,95 806 60 134 5,2 28 19,0
42 -10,61 -49,25 851 49 100 5,0 9 19,0
43 -10,6 -48,81 230 234 536 5,3 6 24,1
44 -10,56 -47,69 337 378 285 5,0 7 48,3
45 -10,35 -48,66 720 111 169 4,6 19 32,8
Continua...

77
Figura 1.19 Continuação
ID lat long Areia Silte Argila PH água Sat. Base M.O. (g/Kg)
46 -10,31 -48,05 867 40 93 4,9 7 10,3
47 -10,26 -47,99 211 261 528 4,9 2 46,6
48 -10,01 -49,1 433 195 372 5,0 11 15,5
49 -9,96 -47,82 202 384 414 4,7 0 5,2
50 -9,94 -48,35 899 40 61 3,7 16 8,6
51 -9,9 -48,19 430 154 416 4,2 3 60,3
52 -9,9 -49,12 615 252 133 4,1 10 10,3
53 -9,87 -48,39 432 224 344 4,2 6 31,0
54 -9,49 -49,28 362 344 294 4,2 10 37,9
55 -9,44 -48,05 231 234 535 5,2 2 25,9
56 -9,46 -48,67 419 294 287 5,3 3 58,6
57 -9,44 -48,22 576 152 272 4,5 14 13,8
58 -9,37 -47,85 532 282 186 5,3 0 19,0
59 -9,35 -48,06 331 187 482 5,0 9 27,6
60 -9,29 -49,03 175 471 354 4,9 7 0
61 -9,27 -48,68 343 385 272 5,2 24 53,4
62 -9,2 -49,44 459 252 289 5,1 4 0
63 -9,16 -49,16 540 317 143 4,1 6 19,0
Ag – solo de textura muito argilosa (% Ag ≥ 60); Ag – solo de textura argilosa (35 ≤ % Ag < 60); Md –
solo de textura média (15 ≤ % Ag < 35) e Ar – solo de textura arenosa (% Ag < 15 ).

Quadro 1.20. Classificação agronômica com abse no pH em água

Muito baixo Baixo Bom Alto Muito alto

< 4,5 4,5 – 5,4 5,5 – 6,0 6,1 – 7,0 > 7,0

Quadro 1.21. Classes de interpretação de fertilidade do solo para matéria orgânica e para o
complexo de troca catiônica

Muito
Característica Unidade Baixa Média Boa Muito boa
baixa

Matéria Orgânica g/kg ≤ 7,0 7,1-20,0 20,1-40,0 40,1-70,0 > 70,0

Fósforo disponível (P)

Argila (%)
60 -100 ≤ 2,7 2,8-5,4 5,5-8,0 8,1-12,0 > 12,0
mg/dm³
35 – 60 ≤ 4,0 4,1-8,0 8,1-12,0 12,1-18,0 > 18,0
(ppm)
15 – 35 ≤ 6,6 6,7-12,0 12,1-20,0 20,1-30,0 > 30,0
0 – 15 ≤ 10,0 10,1-20,0 20,1-30,0 30,1-45,0 > 45,0

Potássio disponível (K) mg/dm³ ≤ 15,0 16 – 40 41 – 70 71 -120 > 120

Saturação por base (V) % ou cmolc/dm³ ≤ 20,0 20,1-40,0 40,1-60,0 60,1-80,0 > 80,0

78
Figura 1.36. Pontos amostrais de qualidade química e física dos solos na Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago.

79
Figura 1.37. Classe textural (3% argilosa, 91% textura média e 7% arenosa).

80
Figura 1.38. Saturação de base baixa (99% da área) e média (1% da área).

81
Informações sobre a Fertilidade Integral do Solo

A qualidade física e biológica de solos pode limitar crescimento e desenvolvimento de plantas. Não
adianta o solo apresentar teores de nutrientes adequados se, ao mesmo tempo, apresentar
condições físicas e biológicas desfavoráveis ao desenvolvimento dessas plantas.
A permeabilidade dos Latossolos da Bacia do Entorno do Lago é alta, já que estes solos são
profundos e bem drenados. Alguns de seus atributos físicos podem ser, a partir do Quadro 1.19,
estimados indiretamente, tais como densidade aparente do solo, índice S, resistência à penetração
de raízes (Re), umidades de manejo da água nos solos, máxima (UMaxM), ótima (UOtiM) e mínima
(UMinM), capacidade de campo (Ucc) e tensão da água correspondente à capacidade de campo
(hcc) (Quadro 1.22). Com base nesses fatores é posíver mapear a aptidão agrícola do solo na bacia.

Quadro 1.22. Estimativa de parâmetros físicos, a partir dos dados de classificação textural e
densidade dos solos, do programa Qualisolos da Embrapa e das equações (3, 4, 5 e 6),
de interesse para manejo de cultivos irrigados na Bacia do Entorno do Lago
UMaxM UOtiM UMinM Ucc hcc
N° DS (g/cm³) S Re (MPa)
(kg/kg) (kg/kg) (kg/kg)
n  (kg/kg) (kPa)
0 1,12 0,043 1,3 0,363 0,427 0,263 6,8 0,307 4,3 0,363
1 1,28 0,031 1,6 0,291 0,339 0,219 7,2 0,252 4,5 0,291
2 1,36 0,027 1,8 0,254 0,298 0,192 7,8 0,221 4,8 0,254
3 1,38 0,021 2,2 0,256 0,295 0,213 10,5 0,238 5,8 0,256
4 1,28 0,026 1,9 0,312 0,352 0,252 7,0 0,279 4,4 0,312
5 1,42 0,028 1,8 0,226 0,269 0,160 7,2 0,190 4,5 0,226
6 1,33 0,022 2,1 0,274 0,317 0,228 10,8 0,256 5,9 0,274
7 1,42 0,029 1,7 0,221 0,266 0,152 7,2 0,183 4,5 0,221
8 1,36 0,024 2,0 0,266 0,306 0,214 8,2 0,239 5,0 0,266
9 1,40 0,020 2,2 0,244 0,284 0,203 11,6 0,231 6,1 0,244
10 1,23 0,028 1,8 0.334 0,377 0,269 7,3 0,298 4,5 0,334
11 1,28 0,023 2,0 0,300 0,344 0,251 10,5 0,280 5,8 0,300
12 1,21 0,022 2,1 0,361 0,399 0,312 8,8 0,337 5,2 0,361
13 1,34 0,020 2,2 0,279 0,318 0,237 10,5 0,262 5,8 0,279
14 1,39 0,026 1,9 0,240 0,284 0,183 8,4 0,211 5,0 0,240
15 1,34 0,027 1,8 0,264 0,309 0,204 8,1 0,232 4,9 0,264
16 1,02 0,039 1,4 0,453 0,516 0,363 7,5 0,404 4,6 0,453
17 1,08 0,023 2,0 0,457 0,496 0,405 8,4 0,430 5,0 0,457
18 1,29 0,034 1,5 0,282 0,331 0,201 6,6 0,237 4,2 0,282
19 1,42 0,030 1,7 0,218 0,264 0,149 7,3 0,180 4,5 0,218
20 1,21 0,026 1,8 0,340 0,386 0,283 9,2 0,312 5,3 0,340
21 1,31 0,046 1,2 0,267 0,317 0,150 4,8 0,227 3,0 0,267
22 1,14 0,026 1,8 0,386 0,434 0,330 9,6 0,360 5,5 0,386
23 0,94 0,049 1,2 0,478 0,564 0,371 9,0 0,426 5,3 0,478
24 1,27 0,026 1,8 0,304 0,349 0,246 8,6 0,275 5,1 0,304
25 1,41 0,023 2,0 0,238 0,279 0,187 8,8 0,213 5,2 0,238
26 1,45 0,047 1,2 0,190 0,241 0,071 4,8 0,126 3,0 0,190
27 1,36 0,027 1,8 0,252 0,297 0,190 8,1 0,219 4,9 0,252
28 1,37 0,030 1,7 0,245 0,291 0,175 7,0 0,206 4,4 0,245
29 1,32 0,026 1,9 0,275 0,320 0,219 9,0 0,247 5,3 0,275
30 1,41 0,023 2,0 0,238 0,278 0,188 9,2 0,214 5,3 0,238
31 1,19 0,030 0,4 0,335 0,389 0,269 9,2 0,304 5,3 0,335
32 1,11 0,028 1,7 0,402 0,454 0,341 9,4 0,374 5,4 0,402
33 1,03 0,065 1,0 0,389 0,473 0,228 5,7 0,299 3,7 0,389
34 1,00 0,038 1,4 0,464 0,530 0,381 8,8 0,423 5,2 0,464
Continua…

82
Quadro 1.22. Continuação.
UMaxM UOtiM UMinM Ucc Hcc
N° DS (g/cm³) S Re (MPa)
(kg/kg) (kg/kg) (kg/kg)
n  (kg/kg) (kPa)
35 1,33 0,032 1,6 0,262 0,310 0,188 6,9 0,221 4,4 0,262
36 1,28 0,031 1,7 0,295 0,342 0,224 6,9 0,256 4,4 0,295
37 1,47 0,033 1,6 0,196 0,242 0,117 6,2 0,152 4,0 0,196
38 1,29 0,033 1,6 0,289 0,335 0,208 6,2 0,243 4,0 0,289
39 1,30 0,028 1,7 0,283 0,329 0,219 7,9 0,249 4,8 0,283
40 1,28 0,030 1,7 0,285 0,335 0,217 8,2 0,250 5,0 0,285
41 1,36 0,035 1,5 0,242 0,291 0,159 6,3 0,196 4,0 0,242
42 1,38 0,037 1,4 0,228 0,279 0,138 6,0 0,177 3,8 0,228
43 1,07 0,026 1,9 0,463 0,504 0,403 7,3 0,430 4,5 0,463
44 1,14 0,031 1,6 0,376 0,428 0,305 8,1 0,339 4,9 0,376
45 1,28 0,032 1,6 0,286 0,336 0,212 7,4 0,246 4,6 0,286
46 1,42 0,044 1,3 0,207 0,258 0,098 5,1 0,147 3,2 0,207
47 0,99 0,030 1,7 0,524 0,570 0,456 7,4 0,486 4,6 0,524
48 1,21 0,024 2,0 0,354 0,395 0,302 8,6 0,328 5,1 0,354
49 1,23 0,020 2,2 0,354 0,389 0,311 9,2 0,333 5,3 0,354
50 1,44 0,043 1,3 0,197 0,248 0,090 5,2 0,138 3,3 0,197
51 1,00 0,035 1,5 0,492 0,547 0,412 7,5 0,449 4,6 0,492
52 1,39 0,022 2,1 0,248 0,289 0,201 9,6 0,227 5,5 0,248
53 1,17 0,026 1,9 0,372 0,417 0,315 8,8 0,343 5,2 0,372
54 1,17 0,026 1,9 0,365 0,413 0,310 9,9 0,341 5,6 0,365
55 1,06 0,026 1,8 0,470 0,511 0,410 7,3 0,436 4,5 0,470
56 1,10 0,030 1,7 0,403 0,457 0,337 9,2 0,371 5,3 0,403
57 1,28 0,026 1,8 0,303 0,346 0,244 7,9 0,272 4,8 0,303
58 1,32 0,023 2,0 0,282 0,324 0,234 9,9 0,261 5,6 0,282
59 1,09 0,024 1,9 0,443 0,485 0,389 8,4 0,415 5,0 0,443
60 1,29 0,018 2,4 0,321 0,355 0,243 10,5 0,306 5,8 0,321
61 1,13 0,033 1,6 0,380 0,434 0,307 8,1 0,341 4,9 0,380
62 1,33 0,030 1,7 0,288 0,326 0,244 9,4 0,267 5,4 0,288
63 1,35 0,022 2,1 0,267 0,308 0,221 10,5 0,248 5,8 0,267

A densidade aparente do solo é a massa do solo seco relativamente ao volume da amostra deste
solo e foi estimada pela equação de pedotransferência (3), proveniente da análise de regressão de
465 amostras de solos sob cerrados cedidas pela Embrapa Cerrados.

Densidade aparente do solo (DS)

DS = 1,519203 − 0,00659Ag − 0,00399MO (R2 = 0,62∗∗ ) (3)


-3 -1
em que: DS é a densidade do solo em mg m e MO é a matéria orgânica em g kg ;

A curva de retenção de água (CRA) no solo (Equação 4), modelo de van Genuchten (1980),
expressa a água retida no solo, sob um ajuste de curva, para diferentes tensões de água neste solo.

Curva característica de retenção de água

U = (Us − Ur)[1 + (αh)n ]−m + Ur (4)

em que: U, Us e Ur são, respectivamente, os conteúdos gravimétricos de água do solo


-1
correspondentes à tensão h, à saturação e à umidade residual, em kg kg , h é a tensão matricial da

83
água do solo, em hPa, n e m são parâmetros empíricos adimensionais de ajuste e  é um parâmetro
-1
expresso em hPa (van Genuchten, 1980).

A equação de ajuste foi gerada com o auxílio do programa Qualisolo, a partir de informações da
densidade do solo (Quadro 1.22) e da classificação textural informada no Quadro 1.19.

O índice S, calculado pela Equação 5, é entido como a tangente (S = “slope”) no ponto de inflexão da
Curva de Retenção de Água no solo e pode ser considerado como um dos principais indicadores da
qualidade física de solos. Em termos práticos, classifica-se a qualidade física dos solos com base no
índice S, assim: onde S ≥ 0,035 os solos possuem boa qualidade física, onde 0,020 ≤ S < 0,035
tratam-se de solos degradados e onde S < 0,020 os solos estão inteiramente degradados (DEXTER,
2004a).

Índice S

S = −n(Us − Ur)[1 + 1⁄m]−(1+m) (5)

O mapeamento da qualidade física dos solos na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago está
apresentado na Figura 1.39 a seguir. Analisando o mapa, observa-se que 86,5% da bacia possui
solos degradados, ressaltando a importância de práticas conservacionais e manejo do solo. Ainda,
considerando que a atividade agropecuária tem avançado rapidamente sobre a vegetação nativa de
Cerrado, visualiza-se risco elevado para perdas crescentes de solo e água, exigindo o planejamento
de ações protecionistas para sustentara o desenvolvimento econômico da bacia.

Outra característica importante para o mapeamento da aptidão agrícola na bacia é a resistência do


solo (Equação 6) oferecida à penetração de raízes (Re) que limita o crescimento e o
desenvolvimento do sistema radicular a valores menores que 1,9 MPa (ANDRADE et al., 2013).

Por intermédio do índice S estimou-se, pela Equação 6 do modelo de Andrade et al. (2013), a
resistência oferecida pelo solo à penetração de raízes (Re), determinada para o conteúdo de água do
solo equivalente à capacidade de campo.

Resistência à Penetração de Raízes (Re) e Umidades Ótimas para Manejos de Solos

144
Re = (6)
S0,70

em que: Re é a resistência oferecida pelo solo à penetração de raízes, em MPa.

Na prática, os valores de resistência à penetração das raízes (Re) são interpretados como um índice
de compactação dos solos, que pode ser favorável ou desfavorável ao plantio. Solos com Re < 1,9
MPa, com teor de umidade do solo equivalente à capacidade de campo, não estão compactados,
enquanto solos com Re ≥ 1,9 MPa são considerados solos compactados (ANDRADE et al., 2013)
para fins de práticas culturais, como o preparo dos solos e plantio. Assim, valores superiores ou
iguais a 1,9 MPa, no que concerne a resistência (Re) do solo à penetração de sistemas radiculares,
classificam estes solos como compactados para condução de empreendimentos agrícolas.

Utilizando as informações da Embrapa, a Figura Figura 1.40 apresenta o mapa de compactação do


solo na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

As umidades para manejo em solos Umidade Máxima Média (UMaxM), Umidade Ótima Média
(UOtiM) e Umidade Mínima Média (UMinM) são provenientes do programa Qualisolo da Embrapa.
Havendo a necessidade de se cultivar os solos, estes valores orientam ainda que as ações para seu
preparo (aração e gradagens), por exemplo, deverão obedecer aos teores de umidades nos solos
(mínimo e máximo), sob pena de formação de torrões endurecidos de tal modo que praticamente
inviabilizariam uma eventual operação de plantio.

84
Figura 1.39. Qualidade física dos solos na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago (solos degradados
= 86,5% e solos com boa qualidade física = 3,5% da área de drenagem).

85
Figura 1.40. Resistência à penetração de raízes (99,5% como área não compactada e 0,5% como
área compactada para fins de atividades agronômicas).

86
O Quadro 1.22 apresenta ainda, como resultados importantes para o diagnóstico da aptidão agrícola,
em relação ao manejo de culturas irrigadas, os teores de umidades à capacidade de campo e sua
tensão matricial correspondente, obtidos indiretamente pelos modelos representados pelas
Equações 7, 8 e 9. A Capacidade de campo (Cc) é função da redução da taxa de drenagem a um
percentual p (= 0,01) da condutividade hidráulica saturada (PREVEDELLO, 1999), do parâmetro
simplificador  e dos teores da água na saturação (Us) e residual (Ur) – Andrade & Stone (2011). Já a
tensão (hcc) da água do solo correspondente à capacidade de campo pode ser expressa pela
Equação 9.

Teor de umidade na capacidade de campo


1
1−γ 1−γ
Ucc = (Us − Ur) (1 − (1 − p γ )) + Ur (7)

Fator que resume parâmetro n da curva característica de retenção de água

γ = 2,5 + 2⁄(n − 1) (8)

Tensão correspondente à capacidade de campo

1⁄n
hcc = [((Us − Ur)⁄(Ucc − Ur))1⁄n ] ⁄α (9)

Uma vez calculados pela Equação 7, os valores de Ucc podem ser aferidos no campo utilizando-se
de instrumentos de medidas direta, preferencialmente dos teores de umidade dos solos (desde
instrumentos simples como os hidrofarm aos sofisticados como sonda de nêutrons e TDR), ao passo
que as medidas da tensão correspondente à capacidade de campo, hcc pela Equação 9, podem ser
aferidas por meio de medidas indiretas através de tensiômetros.

Em ambas medidas, é imprescindível a CRA, a qual expressa a água que determinado solo é capaz
de reter por meio de sua matriz. O teor volumétrico, que é o de interesse para manejos de irrigação
-3 -1 -3
em cm³ cm , é obtido pelo produto da umidade gravimétrica (kg kg ) pela densidade do solo (g dm ).

Os resultados para índice S (Quadro 1.22), que indicam uma má qualidade física para a maioria das
amostras dos solos, e os resultados de saturação de base (Quadro 1.22) como um dos indicadores
de sua qualidade química, mostraram que a maioria dos solos do Entorno do Lago está degradada
física e quimicamente. Por conseguinte, permite-se a afirmação diagnóstica de que estes solos
também estão degradados biologicamente, o que compromete sua fertilidade integral (química, física
e biológica) para toda a Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago UHE, fato este que pode ser
confirmado pela inexistência de terras boas, consoante às consideradas a seguir, de que as terras do
Entorno do Lago se restringem a aptidão agrícola regular ou inapta.

1.9. Aptidão Agrícola e Épocas de Plantio


Foram identificados, no Entorno do Lago, terras sendo utilizadas com lavouras e culturas perenes. A
aptidão é avaliada nos níveis tecnológicos de manejo A, B e C (EMBRAPA, 1999). No nível de
manejo A (primitivo) consideram-se as terras em condições naturais, não havendo técnicas de
melhoramento e conservação da terra e lavoura, muito embora possam utilizar prática cultural
dependente de tração animal e implemento simples. O nível de manejo B (pouco desenvolvido)
caracteriza-se pelo uso tecnológico intermediário, incluindo-se, aí, correção do solo (calagem) e
adubação de plantio à base de NPK. E, o nível de manejo C (desenvolvido), diz respeito ao emprego
de práticas agrícolas com alto nível tecnológico, em que há aplicação intensiva das mesmas práticas
culturais adotadas no nível B. A irrigação não é considerada em nenhum dos níveis de manejo.

87
Além das práticas culturais, há de se levar em conta ainda os grupos que identificam o uso intensivo
das terras, cabendo aos grupos 1, 2, 3 como representativos das melhores classes das terras
propícias para lavoura e aos grupos 4, 5 e 6 como representativos de pastagens plantadas,
silvicultura e/ou pastagem natural e preservação da fauna e da flora, respectivamente, não
dependendo mais da aptidão agrícola. As limitações dentro dos grupos são crescentes de 1 a 6. As
classes, de acordo com a FAO (1977) apud Embrapa 1999, e ao grau de intensidade em que as
terras são afetadas por fatores limitantes, são definidas como classe boa, em que não há interferência
no processo produtivo, como classe regular aquela que já apresenta limitações que afetam a
produtividade sustentável, como classe restritiva, a qual apresenta fortes limitações ao processo
produtivo e à classe inapta, como aquela que parece agir como contrária à produção independente da
utilização ou não de tecnologias.

A Figura 1.41 classifica os solos da Bacia do Entorno do Lago em termos de Aptidão Agrícola.
Percebe-se, analisando-se os valores do Quadro 1.23, o Gráfico 1.15 e a Figura 1.41 a seguir, que
os municípios do Entorno do Lago têm solos com características predominantemente agrícolas, em
torno de 71%, podendo ser considerados ainda como potencialmente irrigáveis.

Lavouras e culturas permanente – diz respeito às terras pertencentes à classe de aptidão


agrícola regular, restrita ou inaptas, dependendo do nível tecnológico de manejo empregado
(A, B ou C). São terras consideradas irrigáveis.

Pecuária e silvicultura –propícias à pastagem (formada ou natural) e ao cultivo de árvores.

Fauna e flora – terras inaptas, servindo apenas para preservação da fauna e flora.

O município que detém maior área com aptidão agrícola é Porto Nacional (3.366,2 km²), seguido
pelos municípios Monte do Carmo (1.492,4 km²) e Brejinho de Nazaré (1.392,8 km²). Estes solos, sob
vegetação de cerrado, só produzem bem quando é utilizado o manejo desenvolvido (nível C). São
solos compostos, em sua grande maioria, por latossolos que, embora apresentem boas
características físicas e topográficas, possuem limitações do tipo deficiência de fertilidade, a qual
deve ser corrigida pela calagem e adubações com macro e micronutrientes (LIMA et al., 2000).

Quadro 1.23. Resumo da aptidão dos solos, a área e o percentual correspondente, na Bacia

Aptidão Área (km²) Área (%)


Lavoura e culturas perenes 13.427,4 70,8

Pecuária 4.001,5 21,1

Fauna e flora 1.543,3 8,1

18.972,2 100

16.000 80,0

14.000 70,0

12.000 60,0

10.000 50,0

8.000 40,0

6.000 30,0

4.000 20,0

2.000 10,0

0 0,0
Lavoura e culturas perenes Pecuária Fauna e flora

Gráfico 1.15. Resumo da aptidão dos solos, área (km²) e percentual (%) correspondentes.

88
Figura 1.41. Mapa de aptidão agrícola dos solos da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
Fonte: Seplan, 2015.

89
Quadro 1.24. Aptidão das terras por município (áreas em km²)

Município Lavouras e culturas perenes Pecuária Fauna e flora


Porto Nacional 3.366,2 967,4 111,8
Monte do Carmo 1.492,4 61,1 556,4
Brejinho 1.392,8 124,9 113,5
Santa Rosa do Tocantins 984,5 - 83,9
Palmas 809,4 356,4 66,2
Santa Rita do Tocantins 714,6 42,0 -
Aliança 694,4 22,7 43,2
Ipueiras 599,6 46,1 175,0
Crixas do Tocantins 570,1 70,2 -
Silvanópolis 537,4 303,1 169,8
Paraíso do Tocantins 455,4 353,0 100,6
Miracema 401,2 1.034,0 -
Fátima 364,2 16,1 -
Pugmil 348,6 48,3 -
Gurupi 230,8 - 36,6
Nova Rosalândia 196,3 174,5 -
Oliveira de Fátima 172,0 32,2 -
Barrolândia 94,8 252,5 3,5
Cristalândia 1,5 - -
Pium 1,2 30,5 -
Monte Santos - 1,0 -
Chapada da Natividade - - 0,2
Lajeado - 65,7 7,3
Pindorama - - 75,6

Além dos solos com aptidão agrícola, outro mecanismo indutor de tecnologia é o programa de
zoneamento de riscos climáticos que visa orientar produtores agrícolas, em diferentes regiões do país,
sobre a época adequada de plantio de suas lavouras. Essas épocas podem ser encontradas em
planilhas no “site” AGRITEMPO. Para acessar a planilha ou o gráfico de orientação sobre épocas de
plantio recomendáveis para a região do entorno do Lago UHE, o interessado deve buscar este site, pela
internet, http://www.agritempo.gov.br, clicar o link “Mapa do site” daí “acesso aos produtos”, a Unidade
da Federação “TO” para pesquisar “produtos” e, posteriormente, “zoneamento (tabela ou gráfico)”.

As cultivares de sequeiro e irrigadas recomendadas para o entorno do Lago UHE (abacaxi, algodão
herbáceo, amendoim, arroz, banana irrigada, coco irrigado, feijão 1ª e 2ª safra, gergelim, girassol,
mamão irrigado, mamona, mandioca, maracujá irrigado, milheto, milho, soja e sorgo) foram
classificadas, de acordo com os ciclos precoce, médio e tardio, em três grupos – Grupo 1, Grupo 2 e
Grupo 3 – e segundo a capacidade de retenção de água pelos solos como tipo 1 (baixa capacidade,
teor de argila maior 10% e menor que 15%), 2 (média capacidade, teor de argila entre 15% e 35% e
menos de 70% de areia) e 3 (alta capacidade, teor de argila maior que 35%).

Observa-se nas planilhas da agritempo, do entorno do Lago UHE, que a cultura pupunha só é
recomendada em três municípios (Barrolândia, Monte Santo e Paraíso), que a soja só não é
recomendada em solos arenosos, que as datas iniciais de plantio são iguais para todos os munícipios
do entorno do Lago UHE, que há precocidade nas datas finais de plantio para milho quando se tratar
de solos arenosos do grupo 3 (ciclo tardio) e que os demais períodos de plantio mantêm uma certa
similaridade no que respeita à época de plantios. Os Quadros 1.25 e 1.26, uma adaptação de
planilhas constantes no “site agritempo”, têm como exemplo as épocas recomendadas de plantio para
as culturas milho e soja de sequeiros.

90
Quadro 1.25. Épocas de plantio para milho e soja na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães

Cultura, ciclo e solo Aliança Barrolândia Brejinho Cristalândia Crixas Fátima Gurupi Ipueiras Lajeado Miracema Monte do Carmo
Milho_G1_Ar 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 20/jan 01/out a 20/jan 01/out a 20/jan 01/out a 31/jan 01/out a 20/jan
Milho_G1_Ag 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan
Milho_G1_Tm 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan
Milho_G2_Ar 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan
Milho_G2_Ag 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan
Milho_G2_Tm 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan
Milho_G3_Ar 01/out a 10/jan 01/out a 10/jan 01/out a 10/jan 01/out a 10/jan 01/out a 10/jan 01/out a 10/jan 01/out a 31/dez 01/out a 31/dez 01/out a 10/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/dez
Milho_G3_Ag 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan
Milho_G3_Tm 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 10/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan
Soja_G1_Ag 01/out a 10/fev 01/out a 20/fev 01/out a 10/fev 01/out a 20/fev 01/out a 10/fev 01/out a 20/fev 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev 01/out a 20/fev 01/out a 20/fev 01/out a 10/fev
Soja_G1_Tm 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev 01/out a 31/jan
Soja_G2_Ag 01/out a 31/jan 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev 01/out a 31/jan 01/out a 10/fev 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev 01/out a 31/jan
Soja_G2_Tm 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 10/fev 01/out a 31/jan
Soja_G3_Ag 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 20/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan
Soja_G3_Tm 01/out a 20/jan 01/out a 31/jan 01/out a 20/jan 01/out a 20/jan 01/out a 20/jan 01/out a 31/jan 01/out a 20/jan 01/out a 20/jan 01/out a 20/jan 01/out a 31/jan 01/out a 20/jan

Quadro 1.26. Épocas de plantio para milho e soja na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães

Cultura, ciclo e solo Monte Santos N. Rosalândia O. de Fátima Palmas Paraíso Pindorama Pium Porto Nacional Pugmil Santa Rita Santa Rosa
Milho_G1_Ar 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 20/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 20/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 20/jan
Milho_G1_Ag 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan
Milho_G1_Tm 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan
Milho_G2_Ar 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan
Milho_G2_Ag 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan
Milho_G2_Tm 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan
Milho_G3_Ar 01/out a 10/jan 01/out a 10/jan 01/out a 10/jan 01/out a 31/dez 01/out a 31/jan 01/out a 10/jan 01/out a 10/jan 01/out a 10/jan 01/out a 10/jan 01/out a 10/jan 01/out a 31/dez
Milho_G3_Ag 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan
Milho_G3_Tm 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan
Soja_G1_Ag 01/out a 20/fev 01/out a 20/fev 01/out a 20/fev 01/out a 10/fev 01/out a 20/fev 01/out a 10/fev 01/out a 20/fev 01/out a 20/fev 01/out a 20/fev 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev
Soja_G1_Tm 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev 01/out a 31/jan 01/out a 10/fev 01/out a 31/jan 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev 01/out a 31/jan
Soja_G2_Ag 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev 01/out a 31/jan 01/out a 10/fev 01/out a 31/jan 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev 01/out a 10/fev 01/out a 31/jan
Soja_G2_Tm 01/out a 10/fev 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 20/jan 01/out a 10/fev 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan
Soja_G3_Ag 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 20/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan
Soja_G3_Tm 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 31/jan 01/out a 10/jan 01/out a 31/jan 01/out a 20/jan 01/out a 31/jan 01/out a 20/jan 01/out a 31/jan 01/out a 20/jan 01/out a 20/jan

G – grupo; Ar – solo arenoso; Ag – solo argiloso; Tm – solo de textura média.

91
1.10. Unidades de Conservação
O presente mapeamento foi agraciado pela Secretaria do Planejamento do Estado do Tocantins como
um utilitário de distribuição gratuita no servidor da referida instituição estadual. O mesmo foi elaborado a
partir de memoriais geoespaciais da Fundação Nacional do Índio e da Secretaria do Planejamento do
Estado do Tocantins. Estes dados secundários amostrados (Disponíveis em: www.seplan.to.gov.br),
entretanto poderão ser confrontados com uma nova atualização disponível ao longo do desenvolvimento
deste plano, pois tem-se conhecimento de atualizões em curso na Secretaria de Planejamento.

Quadro 1.27. APAs criadas por lei, suas áreas (km²) e respectivos percentuais de distribuição

Unidade Dominio Classe Legalidade Area (km²) Área (%)


APA Lago de Palmas Estadual APA instalada Lei 1.098 de 20.10.1999 639,3 3,4
Parque Estadual do Lajeado Estadual Parque Estadual Lei 1.224 de 11.05.2001 21,0 0,1
APA Serra do Lajeado Estadual APA instalada Lei 906 de 20.05.1997 521,3 2,7
Sem unidade de conservação - - - 17.790,7 93,7
TOTAL 100%

Áreas das APAS e Parque Percentual das APAS relativo ao total


04
003
04
521 03 003

03

02

02

639 01

01
000
00
APA Lago de Parque Estadual do APA Serra do
21 Palmas Lajeado Lajeado
Figura 1.42. Áreas das APAs (1.181,60 km²) e Parque Gráfico 1.16. Percentual das APAs em função da área
Estadual do Lajeado (21 km²). total da Bacia do Entorno do Lago.

As APAs e o Parque Estadual do Lajeado são as únicas unidades de conservação identificadas. Elas
ocupam territorialmente, como pode ser observado pelo Quadro 1.27, Figura 1.42 ou Gráfico 1.16, uma
área de 1.181,6 km², o que corresponde cerca de 6,2% da região hidrográfica do Entorno do Lago (soma
dos percentuais). Suas objetivações legais derivam da necessidade de proteção e conservação dos fatores
ambientais, como a qualidade dos reservatórios hídricos, da biodiversidade, fauna e flora, local e demais
constituintes sistêmicos naturais, e, assim, passível de se tornar no presente trabalho um instrumento para
o enquadramento dos recursos hídricos. Os três territórios demarcados na lei possuem características
legislativas semelhantes. Assim como os objetivos, partilham de uma mesma composição administrativa,
de fiscalização e de consultoria técnica em condescendência à Lei N° 9.985 de 18 de julho de 2000.

Segundo o artigo 3º da Lei da APA do Lago de Palmas, situada no município de Porto Nacional e de
Palmas, do dia 20 de outubro de 1999, o Instituto da Natureza do Tocantins (Naturatins) é o órgão
diretamente responsável pela instalação, fiscalização e gestão desta área de proteção. O Conselho
Estadual do Meio Ambiente julga a aprovação de recursos interpostos pelo órgão e pelo conselho
consultivo formado. Vale destacar que esta unidade de conservação não possui nenhum planejamento

92
realizado, embora esteja integralmente alocada, em contrariedade às demais que se configuram
parcialmente relacionadas à área de drenagem do Entorno do Lago.

O Parque Estadual do Lajeado é o único das três unidades que possui o plano de manejo, reelaborado a
cada três anos, documento de obrigatoriedade da entidade responsável. Esse mesmo plano dispõe,
dentre outras análises, de programas e medidas propostas e do zoneamento da unidade. Compõe sobre
as zonas de utilização das terras localizadas no referido parque.

Além do zoneamento, o Parque Estadual do Lajeado regulamenta em sua Lei N° 906 de 20 de maio de
1997, os planos operativos anuais. Além das atribuições citadas, referentes a APA do Lago de Palmas, o
Naturatins tem como dever a construção destes planos, a execução e o arrecadamento monetário de
projetos de turismo e sustentabilidade ambiental, prestando devidos esclarecimentos orçamentários e de
viabilidade técnica para o Conselho consultivo do Parque.

O Parque Estadual do Lajeado, antes de se tornar uma unidade de conservação se afirmava


geograficamente nas fazendas Céu, Agronorte e Vão do Lajeado, inicialmente destinadas a agropecuária
e que em razão da formação da unidade, foram desapropriadas.

A APA da Serra do Lajeado tem como representatividade legal o mesmo poder executivo constatado
para as demais unidades de conservação identificadas na bacia. A Unidade de Conservação abrange
parre dos municípios de Palmas, Lajeado, Tocantínia e Aparecida do Rio Negro. A APA não possui
zoneamento e nem qualquer forma de planejamento. Entretanto, o primeiro artigo de seu regimento
legislativo vigente amplia/descentraliza sua responsabilidade com as demais entidades políticas
administrativas diretamente envolvidas e impactadas por essa unidade.

No parágrafo único do artigo segundo desta lei são exigidos documentos licenciatórios de Estudo de
Impacto Ambiental (EIA) acompanhado do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), avaliados e
devidamente licenciados pelo Naturatins, para autorização de atividade impactantes, tais como obras de
drenagem, de urbanização, implantação de industrias, entre outras igualmente importantes, o que não
ocorre com as demais unidades de conservação.

Na análise situacional da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago não foram encontradas áreas
indígenas. Contudo, no município de Pium, que abrange uma uma pequena parcela do território da bacia
hidrográfica, tem à oeste de sua unidade político-administrativa a formalização territorial de duas etnias
indígenas, sendo elas, as terras índigenas do Javaé/Karajá e as terras indígenas do Araguaia, o que
pode vir a se tornar uma área de interesse indireto. Este diagnóstico também identificou às terras
indígenas Xerente e Funil, que se situam a nordeste do limite municipal de Miracema do Tocantins.

As terras indígenas segundo a Constituição Federal de 1988 fazem parte da União, e, portanto, não são
permitidas a imposição ou a regulamentação de incentivos de prospecção aos usuários eventualmente
conjecturados na projeção de cenários futuros de disponibilidades e demandas.

Outras áreas da União seriam as ditas reservas de proteção do patrimônio nacional (RPPN), as quais
não foram identificadas neste diagnóstico, na Bacia Hidrográfica Entorno do Lago, nem mesmo nas
regiões indiretamente afetadas pelos municípios do entorno.

As Unidades de Conservação com abrangência na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago estão


apresentadas na Figura 1.42, a seguir. Descata-se a APA do Lago de Palmas que atualmente, encontra-
se bastante ocupada, uma vez que não foram estabelecidos instrumentos para o ordenamento territorial
condizente à unidade de conservação. Diversos loteamentos foram e continuam fragmentando a
vegetação nativa do cerrado nesta Área de Proteção Ambiental, sem nenhum planejamento do Estado.

Em relação ao Parque Estadual, existe o planejamento e o disnóstico das espécies vegetais e de aves
no território, mas também há deficiência de instrumentos para garantir a proteção da Unidade de
Conservação. Vale ressaltar, que na ausência de outros estudos, os inventários das espécies
constituíram base de apoio ao diagnóstico da fauna e da flora na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

93
Figura 1.42. Abrangência das Unidades de Conservação localizadas na Bacia Hidrográfica do Entorno
do Lago. Fonte: Seplan, 2015.

94
1.11. Áreas de Preservação Permanente (APPs)
Visando o mapeamento das Áreas de Preservação Permanente, foi utilizada a hidrografia
topologicamente consistente na escala 1:100.000 para definição dos limites marginais segundo os
critérios legislativos estaduais e federais vigentes, da Lei Nº 12.651, de 25 de maio de 2012, e do
legislativo do Governo Federal (Disponível em: http://www.planalto.gov.br), em seu Capítulo II, Seção I,
referente a delimitação das áreas de preservação permanente, artigo 4º.

Quadro 1.28. APPs por largura de faixa e suas respectivas áreas em km², percentuais em relação à área
total das APP e percentual relativo à área total da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago

Distância Área (km²) % da área % da área total


APP não definida 162,8 9,6 0,86
APP de 30 m 737,5 43,5 3,89
APP de 50 m 24,0 1,4 0,13
APP de 100 m 770,1 45,4 4,06
Total 1694,4 100,0 8,93

Áreas (%) de APP Percentual de APP Relativo ao Total


60 005
4 4
44 45
004
40
003

002
20
10 001 1
01 000
00 000
APP não definida APP de 30 m APP não definida APP de 30 m

APP de 50 m APP de 100 m APP de 50 m APP de 100 m

Gráfico 1.17. Áreas (km²) das APPs, por faixa em Gráfico 1.18. Percentual de APPs relativo à área
metros total da Bacia Hidrográfica.

Em concordância com os critérios de delimitação das áreas de preservação permanente (APP), expostos
na lei e no artigo citados, verifica-se pelo Quadro 1.28 que a maior área (45% da APP correspondente à
faixa 100 m) a ser preservada de acordo com a legislação vigente deverá ser formada por corpos
hídricos cuja largura da seção varia de 50 a 200 metros. Em seguida, tem-se 43 % (faixa de 30 m) das
áreas de preservação de córregos com largura menor do que 10 metros, e, por último, 1,42 % (faixa de
50 m) cujos cursos d’água tem a seção variando de 10 a 50 metros.
Baseado nesta distribuição de áreas tabeladas e em função dos Gráficos 1.17 e 1.18, fica entendido
que os 45% de áreas protegidas legalmente, utilizadas tão somente para fins de baixo impacto
ambiental, sem supressão de vegetação ou qualquer outro tipo de degradação não amparados por
cadastros ambientais rurais, são associados ao reservatório da UHE Lajeado, o que representa
aproximadamente 4% (Quadro 1.27) da área de drenagem da Bacia Hidrgográfica. Percebe-se assim a
extensão espacial do ecossistema a ser protegido devido aos serviços ambientais atrelados à função
hidrológica das bacias hidrográfica e aos serviços ecossistêmicos das margens dos cursos d’água.
Nota-se ainda que, uma vez somadas as APP, no campo da tabela, relação percentual entre as APP e a
área de influência, essas ocupam em torno de 9 % da região hidrográfica do Entorno do Lago (Quadro
1.27). Dentre esses nove por cento foram delineadas áreas de preservação permanente, correspondente a
1,42% das mesmas, sem critério definido pela largura de rios ou córregos e sim pelas áreas de 30 metros
nas nascentes dos afluentes primários e na região sul do reservatório da UHE Lajeado (Figura 1.43).

95
Figura 1.43. Áreas de Preservação Permanente – APPs na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

96
1.12. Fauna e Flora
A análise das imagens de satélite e das informações geográficas da Diretoria de Zoneamento Ecológico
(DZE) indicou que a maior parte da bacia (64%) encontra-se coberta com formações Savânicas típicas
do bioma Cerrado. Essas formações são caracterizadas pela presença de árvores de pequeno porte (até
6 m), tortuosas, com ramificações irregulares e retorcidas, além de espécies arbustivas e herbáceas.
As formações de Savana com Floresta Estacional Semidecidual, também típicas de Cerrado, cobrem
cerca de 16% da bacia hidrográfica e outros 13% são cobertos por vegetação de Floresta Estacional
Semidecidual. O Quadro 1.29 apresenta as classes fitoecológicas encontradas na bacia hidrográfica, as
áreas cobertas por cada tipo de vegetação, praias e dunas.
A Figura 1.44 apresenta a classificação da vegetação na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
Analisando o mapa de classificação, verifica-se que bacia hidrográfica mantém parte de sua cobertura
vegetal original. Apesar do avanço da agropecuária sobre o cerrado, esta vegetação deve ser mantida
em razão da fragilidade estrutural dos solos encontrados na bacia, como já demonstrado.
O mapa de vegetação é importante para o planejamento de ações voltadas à conservação dos recursos
de fauna e flora, contudo para fins de gestão dos recursos hídricos são mais relevantes as classes de
uso e ocupação dos solos. Esta classificação também é um reflexo da cobertura vegetal, mas suas
classes se relacionam com os impactos da ocupação da bacia sobre os recursos hídricos.

Quadro 1.29. Classes de vegetação, área de ocorrência e percentual na bacia hidrográfica


Classe Fitoecológica Área (km²) (%)
Savana (Cerrado) 12.221,389 64,4%
Savana / Floresta Estacional Semidecidual (Encrave) 2.983,799 15,7%
Floresta Estacional Semidecidual 2.438,965 12,9%
Corpos d'água continentais 1.240,454 6,5%
Formações Pioneiras 59,529 0,3%
Floresta Estacional Decidual 16,744 0,1%
Floresta Ombrófila / Floresta Estacional Semidecidual (Contato) 10,661 0,1%
Praias e dunas 0,644 0,0%
18.972,185 100,0%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
Savana Savana / Floresta Corpos d'água Formações Floresta Floresta Praias e dunas
(Cerrado) Floresta Estacional continentais Pioneiras Estacional Ombrófila /
Estacional Semidecidual Decidual Floresta
Semidecidual Estacional
(Encrave) Semidecidual
(Contato)

Gráfico 1.19. Percentual das classes de vegetação com ocorrência na Bacia Hidrográfica do Entorno do
Lago.

97
Figura 1.44. Regiões fitoecológicas localizadas na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
Fonte: Seplan, 2015.

98
Em 2007, Silva apresentou consultora técnica à Câmara dos Deputados em que listou os biomas
presentes no Estado do Tocantins, de acordo com o monitoramento via satélite da Embrapa. De acordo
com este estudo, a região do Entorno do Lago possui os seguintes ecossistemas do domínio cerrado:

a) Cerrado senso estrito

b) Árbóreo com floresta de galeria

c) Arbóreo sem floresta de galeria

d) Parque

O Plano de Manejo da APA Serra do Lajeado define como áreas de preservação a região serrana da
Serra do Lajeado, “correspondendo à seção ocidental da APA Serra do Lajeado, com desenvolvimento
geral norte sul, com variação altimétrica entre 300 e 700 metros, considerando da base até o topo da
serra. Refere-se ao front da cuesta da serra do Lajeado, penetrando pelos boqueirões ou gaps
epigênicos escavados pelos cursos anaclinais dos ribeirões Taquaruçu Grande e Taquaruçuzinho, como
também pelos tributários do ribeirão Lajeado, córregos do Cedro, Mutum e ribeirão Ágio”. Já são áreas
de recuperação, com limitados usos os fragmentos espaciais no entorno do Parque Estadual da Serra do
Lajeado (área-núcleo), como em sua seção setentrional, oriental e principalmente meridional no topo
pediplanado da serra do Lajeado (600 a 700 metros de altura). Há fortes recomendações de inventários
e monitoramento da biodiversidade, mas não há informações científicas a respeito. A principal fonte de
dados corresponde ao Plano de Manejo do Parque Estadual do Lajeado. Segundo este documento, a
APA Serra do Lajeado possui vegetação de savana gramíneo-lenhosa e savana parque (campo cerrado)
de dominância de formações campestres naturais; além de savana arbórea densa (cerradão), floresta
estacional semi-decidual e floresta semidecidual aluvial (mata de galeria), e veredas. Esta análise é
baseada em dados secundários da Carta das principais unidades ecológicas da reserva ecológica da
Serra do Lajeado da Embrapa, 1992; e do Mapa de Uso e Ocupação do Solo da Serra do Lajeado
(PEIXOTO et al, 1998), ou seja são fontes muito antigas que podem não representar a atual situação da
área.

Tais dados secundários apresentam um inventário de 132 espécies da fauna de vertebrados, sendo 87
aves, 33 mamíferos e 18 répteis. Estes dados estão apresentados no Apêndice - Fauna. Não há outras
fontes para os grupos faunísticos excetuando-se as aves, que foram estudadas na área urbana de
Palmas, apresentados no Apêndice - Aves. A área urbana de Palmas tem uma avifauna representada
por 135 espécies de 36 famílias. Este trabalho mostrou que há um impacto significativo da urbanização
na riqueza de aves, que indica uma diminuição desta riqueza e da biodiversidade devido ao aumento da
malha urbana na cidade, e que podemos tomar como efeito geral em toda a bacia do Entorno do Lago.
Uma comparação com tal trabalho, de 2010, dos dados apresentados no Plano de Manejo do Parque
Estadual do Lajeado parece mostrar que a avifauna, senão a biodiversidade faunística em geral, foi sub-
amostrada nos estudos do Plano de Manejo do Parque, e mostra a fragilidade das informações
existentes. Além de enfatizar uma urgente necessidade de inventários amplos da fauna em toda a Bacia
do Entorno do Lago.

Já o Mapeamento das Regiões Fitoecológicas e Inventário Florestal do Estado do Tocantins, publicação


da Seplan de 2013, apresenta um intenso esforço amostral de inventariamento botânico do Estado, que
incluiu as bacias do Rio Crixás, Lajeado (inventário de Cerrado senso estrito e mata de galeria),
Mangues (mata de galeria inundável, cerrado senso estrito e floresta estacional semi-decidual).

Uma listagem das espécies botânicas encontradas na região central do Estado, que engloba a região
das Bacias do Entorno do Lago encontra-se no Apêndice - Botânica. A riqueza de espécies, gêneros e
famílias, bem como os índices de diversidade em cada bacia estudada estão apresentados no Quadro
1.30, a seguir.

99
Quadro 1.30. Número de espécies, gêneros e famílias de espécies botânicas no entorno do lago

Bacia Nº de spp Nº de gêneros Nº de famílias H' J'


LR Centro Lajeado 72 56 29 3,02 0,71
IF Centro Lajeado 94 72 37 3,53 0,78
IF Centro Mangues 92 73 34 3,60 0,74
IF Centro Crixás 82 64 31 4,0 0,77

Apresenta-se a seguir uma discussão das espécies botânicas consideradas raras, ameaçadas ou
protegidas pela legislação nacional e estadual. Foram registradas espécies de distribuição restrita para
todas as fitofisionomias estudadas. Nas áreas de cerrado stricto sensu, vale ressaltar a elevada
abundância de Callisthene mollissima apenas na Bacia do Ribeirão dos Mangues. Atualmente sua
distribuição geográfica é reconhecida em regiões do curso alto e médio dos Rios Tocantins e Araguaia
(FELFILI; FAGG, 2007; FELFILI; REZENDE; SILVA JÚNIOR, 2007), podendo ser considerada um
elemento característico dessa região do Cerrado, que engloba a área de cerrado rupestre na Chapada
dos Veadeiros (FELFILI; REZENDE; SILVA JÚNIOR, 2007).
Nas áreas de cerrado rupestre, vale ressaltar a ocorrência exclusiva das espécies Norantea
adamantium, Wunderlichia crulsiana e Ferdinandusa sp. 1 que desenvolvem suas raízes nas fendas dos
afloramentos rochosos da Serra do Lajeado e Serra de Natividade. Na região de Porto Nacional e
Paraíso do Tocantins, ocorrem as espécies raras Gomphrena hillii, Hyptis caduca, Borreria burchellii e
Borreria irwiniana.
Nas áreas de cerrado stricto sensu de todo o Tocantins, ocorrem abundantemente espécies como
Caryocar coriaceum, Dimorphandra gardineriana, Mouriri pusa, Mouriri elliptica, Kielmeyera lathophyton,
Stryphnodendron coriaceum, Stryphnodendron obovatum, Buchenavia tomentosa, Diospyros
coccolobifolia, Parkia platycephalla e Vochysia gardneri que apresentam padrão de distribuição centrado
nas partes Norte e Nordeste do Bioma Cerrado (RATTER; BRIDGEWATER; RIBEIRO, 2003). Curatella
americana e Qualea parviflora ocorrem em abundância por todo o Bioma Cerrado, assim como no
estado do Tocantins, exceto nas áreas de cerrado de solos arenosos, onde se destacam as espécies
Hirtella ciliata e Poteria ramiflora. Entre as espécies de distribuição irregular e descontínua, em áreas de
cerrado stricto sensu, foram registradas Aspidosperma nobile, Ouratea ovalis e Schefflera vinosa, que,
pela baixa frequência ou pelo padrão agrupado de distribuição, podem ser consideradas raras
regionalmente no estado.
Vale ressaltar o elevado número de espécies do gênero Byrsonima (Murici) nas fitofisionomias do Bioma
Cerrado amostradas no Tocantins, com destaque em densidade para Byrsonima crassifolia (Murici-de-
galinha), Byrsonima pachyphylla (Murici ferrugem), Byrsonima verbascifolia (Muricizão) e Byrsonima
coccolobifolia (Murici-rosa), que ocorrem lado a lado em áreas de cerrado stricto sensu no estado, assim
como em outras regiões do Bioma Cerrado (RATTER; BRIDGEWATER; RIBEIRO, 2003).
Ainda nas formações abertas do Bioma Cerrado, destacam-se muitas espécies de hábito herbáceo e
arbustivo. Entre elas, foram registrados arbustos da família Fabaceae, e.g.,gêneros, Senna e Mimosa,
além das exuberantes espécies do gênero Vellozia (Canela-de-ema). Além dos arbustos, as herbáceas
das famílias Poaceae, Amaryllidaceae, Ochnaceae, Iridaceae, Fabaceae, Euphorbiaceae são
comumente encontrados.
Os terrenos dissecados cobertos por floresta estacional decidual e semidecidual ocorrem portodo o
estado, e na região do Entorno do Lago, nas serras do Lajeado e da Cangalha. Eles comportam elevada
densidade deespécies protegidas no contexto estadual (TOCANTINS, 1999), nacional (MMA, 2008) e
internacional (IUCN, 2006), e.g., Myracrodruon urundeuva (Aroeira), Amburana cearensis (Cerejeira),
Astronium fraxinifolium (Gonçalo-alves), Tabebuia impetiginosa (Ipê-roxo),Tabebuia serratifolia (Ipê-
amarelo), Tabebuia r oseo-alba (Ipê-branco) e Attalea speciosa (Babaçu), que possuem elevado
potencial econômico.

100
Na região fitoecológica de floresta ombrófila, verificou-se um elevado número de espécies de ocorrência
restrita, em relação ao restante do estado do Tocantins, apesar de ocorrerem amplamente na região
amazônica. As espécies mais conhecidas devido ao elevado valor comercial são Swietenia macrophylla
(Mogno) e Bertholletia excelsa (Castanheira-do-pará), que hoje são raras dentro de remanescentes de
floresta ou áreas de pastagem. Outros exemplos de espécies de distribuição restrita e que possuem
valor comercial são Aspidosperma carapanauba (Carapanaúba), Astronium lecontei (Mairapiranga),
Brosimum rubescens (Pau-rainha, Pau-brasil, Muirapiranga), Bowdichia nitida (Sucupira-preta), Dipteryx
odorata (Cumaru). Pakia pendula (Faveiro), Schizolobium amazonicum (Paricá), Theobroma speciosum
(Cacauí) e Vochysia maxima (Quaruba).

Entre as espécies de palmeira, pode-se destacar a ampla distribuição por todo o estado de Mauritia
flexuosa (Buriti) e, em menor proporção, de Mauritiella armata (Buritirana), principalmente nos ambientes
de vereda e de mata de galeria inun dável. Nos ambientes defloresta estacional, é marcante a presença
de Attalea speciosa (Babaçu), e.g., na Serra do Lajeado, na área de Entorno do Lago.

Um trabalho extenso de inventário botânico foi feito em matas ripárias na Bacia do Ribeirão Taquaruçu
Grande, em estudo acadêmico da UFT, e seus resultados estão na planilha Bacia Taquaruçu_INV
BOTANICO. O mapeamento da cobertura de conhecimento acadêmico sobre a biodiversidade botânica
da região pode apontar que, novamente, há uma clara circunscrição dos dados de inventário da
biodiversidade na Bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande, por ser esta foco de trabalhos acadêmicos.

Diversidade Ictiofaunística

A ictiofauna regional teve intensos estudos devidos à formação do reservatório que estão circunscritos
ao próprio reservatório e Rio Tocantins. Dentre os 11 trabalhos acadêmicos com foco na ictiofauna
regional, estão apresentadas informações de três trabalhos:

a) ARAÚJO, Ercília de Sena. Gradientes de diversidade em um grande rio amazônico: alterações


na fauna não-migradora após a construção de uma barragem. 2011. 36 f. Dissertação (Mestrado
em Ecologia de Ecótonos) – Fundação Universidade Federal do Tocantins, Porto Nacional. O
trabalho apresenta um inventario de espécies na área do reservatório no médio e alto rio
Tocantins (municípios de Lajeado, Palmas, Porto Nacional, Brejinho, Ipueiras e Santa Teresa),
com abrangência espacial de outubro de 1999 a setembro de 2004. O inventário incluiu 184
espécies de peixes na área do lago, que se encontram listados no Apêndice - Ictiofauna.

b) NETO, José Lopes Soares. Variações nos padrões espaço-temporais da ictiofauna a montante e
a jusante da Usina Hidroelétrica de Lajeado. 2005. 40 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia de
Ecótonos) – Fundação Universidade Federal do Tocantins, Porto Nacional. Este trabalho
apresenta um inventario de espécies na área do reservatório no médio e alto rio Tocantins
(municípios de Lajeado, Palmas, Porto Nacional, Brejinho, Ipueiras e Santa Teresa), com
abrangência espacial de outubro de 1999 a setembro de 2004. O inventário incluiu 220 espécies
de peixes no rio Tocantins, incluindo o lago e a região à jusante deste, que também se
encontram listados no Apêndice - Ictiofauna.

c) NEUBERGER, Andréa Lorena. Identificação das guildas reprodutivas depeixes da Amazônia


brasileira. 2010. 28 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia de Ecótonos) – Fundação
Universidade Federal do Tocantins, Porto Nacional. O trabalho apresenta um inventario de
espécies na área do reservatório no médio e alto rio Tocantins (municípios de Lajeado, Palmas,
Porto Nacional, Brejinho, Ipueiras e Santa Teresa), com abrangência espacial de outubro de
1999 a setembro de 2007, e incluiu no inventário 289 espécies também incluídas na planilha. O
trabalho permitiu o aumento de conhecimento da diversidade ictiofaunistica do lago, pois
descreve 105 espécies que não foram citadas pelos trabalhos anteriores. No entanto, não
permite elucidar se tais espécies eram existentes, raras e por isso não capturadas
anteriormente; ou se as espécies migraram para o reservatório após 2004.

101
Esses trabalhos apresentam um inventário no período anterior ao reservatório, passando pelo período de
enchimento até o período chamado de estabilização, em 2007. A diversidade ictiofaunística da bacia
está inventariada, assim, somente no lago de Lajeado, e não ha informações acerca da fauna de peixes
nos rios e córregos que compõem as bacias que aportam ao lago.
No período de enchimento, observou-se aumento na riqueza, abundância e diversidade, e mais do
rendimento pesqueiro das assembléias de peixes. Mais de 60% das famílias apresentam aumento das
abundâncias na fase de enchimento, especialmente Characidae, Curimatidae, Hemiodontidae e Cichlidae.
A formação do reservatório levou à extinção local de 17 espécies de peixes e a ocorrência de 29 outras
espécies que não foram mapeadas anteriormente. As ordens Characiformes, Siluriformes e Perciformes
são as mais abundantes no reservatório, como esperado para os corpos hidricos de região Neotropical,
enquanto que a ordem Engraulidae, grupo originalmente marinho, aumentou no reservatório,
representado principalmente por Lycengraulis batesii. As espécies mais capturadas são Auchenipterus
nuchalis (mapará), Hemiodus microlepis (cruzeiro do sul), H. unimaculatus (jatuarana escama grossa),
Psectrogaster vulpinus, Serrasalmus rombeus (piranha-preta), Pimelodus blochi (mandi), Argonectes
robertsi, Rhaphiodon vulpinus, Lycengraulis batesii (anchova), e Geophagus altifrons.
Oxydoras niger (cuiu-cuiu) é uma espécie cuja captura aumentou após a formação do reservatório,
indicando que houve mudança nos padrões de diversidade, devido à formação de novos habitats que
aumentaram o sucesso de colonização desta espécie.
Uma comparação realizada por um dos estudos (ARAUJO, 2011) mostrou que a composição de
especies do Rio Tocantins (a montante do reservatório) é bastante diferente da ictiofauna do lago de
Lajeado. Isto fez com que as especies mais abundantes sejam as planctônicas, isto é, adaptadas às
condições típicas do reservatório: Agoniates halecinus (apapaí), Lycengraulis batesi (maiacá ou
manjuba), Auchenipterus nuchalis (mapará) ou bentônico (Geophagus altifrons - peixe porquinho, cará
ou acará) e Plagioscion squamosissimus - corvina).

1.13. Uso e Ocupação do Solo


No presente item realizou-se a amostragem dos mosaicos das imagens do satélite Landsat 8 pela
Explorer Nasa, com resolução de 15 metros em banda pancromática e 30 metros em banda multi
espectral dos anos de 2013 e 2014. Tais componentes matriciais possuem resolução radiométrica de 16
bits. Conforme identificado no Quadro 1.31, nota-se a relação das imagens amostradas pelas datas de
seus imageamentos. Imediatamente, percebe-se com esta listagem tabelada, que as amostras sofreram
redefinição das projeções de cada atributo matricial para o sistema de coordenadas geográficas, para
fins de indexação dos mesmos no banco de dados geográficos recém construído e, consequentemente,
na orientação dos produtos temáticos futuramente disponíveis.

Todas as camadas de informação foram trabalhadas na escala 1:100.000, dado que a resolução
espacial é equivalente a 15 metros e a exatidão cartográfica, conceituada biologicamente pelo menor
objeto fotointerpretado pelo olho humano, que é de 0,0002.

Assim sendo os mosaicos de imagens de 2013 e 2014, foram obtidos a partir da equalização das cenas
do sensor TM (Thematic Mapper) do Landsat 8 no sistema de informações geográficas ArcGIS, em seu
módulo de funções para análise de imagens. A Figura 1.45 ilustra o mosaico do Landsat 8 para 2014.

Quadro 1.31. Relação de imagens amostradas com média resolução espacial do programa de sensores
orbitais Landsat 8
Data do imageamento Data do imageamento Sistema de
Cena Fuso Datum
2013 2014 projeção
221068 15/09 30/06 23 WGS84 UTM

222067 05/08 24/08 23 WGS84 UTM

222068 20/07 24/08 23 WGS84 UTM

102
Após o tratamento e processamento dos imageamentos referidos, operações de geoprocessamento
dedicaram-se à classificação das imagens, quanto ao uso e ocupação dos solos. Caracteriza-se pelo uso
conjuntural dos métodos de fotointerpretação com o de máxima verossimilhança, auxiliado pelo método
de classificação automática, de metodologia estatística conhecida como clusterização, algoritmos de
agrupamento de dados supervisionado e não supervisionado, respectivamente. De modo a diminuir os
esforços computacionais, em função da extensão da área de influência, as cenas amostradas foram
subdivididas em áreas de interesse, no presente tratado técnico, em exclusividade aos municípios que
compõem a área de influência direta do Entorno do Lago. Ou seja, foi fabricado um mapa temático para
cada município e em seguida o mosaico de uso e ocupação do solo em toda a Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago, conforme apresentado na Figura 1.46 e suas respectivas áreas (Gráfico 1.20).

Para vetorização dos principais usos e ocupações do solo e a necessidade de correção geométrica das
imagens de média resolução amostradas, a regionalização dos reservatórios hídricos naturais, a
separação das linhas de transporte, de rodovia no ano de 2013, fornecido pelo Departamento Estadual
de Estradas e Rodagens do Tocantins (Dertins), e a recuperação de outros dados temáticos precisos
para esta avaliação ocupacional foram compilados no nominado banco, incluindo os usos e ocupações
de anos anteriores, áreas de aptidão agrícola, para disposição de caracteres prognósticos, no intervalo
de tempo postulado. Fomenta-se aqui o reaproveitamento da amostragem dos dados vetoriais pela
própria Secretaria do Planejamento (Seplan) em sua base de atualização de 2012 (Seplan, 2012).

Automaticamente foram identificados onze tipos de usos e ocupações, organizados no Quadro 1.32,
para o ano de 2014. Dentre eles, destacam-se a agropecuária e o cerrado sentido restrito, por ocuparem
aproximadamente 80% do território da Bacia. O primeiro tema é resumidamente conceituado pela soma
das áreas de pecuária, com as de agricultura e as de cobertura vegetal em sucessão primária, não
individualizadas dada a impossibilidade de diferenciação fotointerpretativa de detalhes dos usos
antrópicos nas imagens de satélite utilizadas. O segundo tem como estereótipos, funcionais para
estabelecimento de padrões geométricos durante a fotointerpretação, de árvores arbustivas baixas,
tortuosas e de densidade espacial altamente variável. O cerradão é muito similar a este tipo, cerrado
sentido restrito, entretanto apresenta uma camada arbustiva mais diferenciável e de maior densidade,
neste caso com certa homogeneidade, com espécies que atingem até 15 metros de altura. Esse último
pode ser enquadrado em uma tipologia fitofisionômica de floresta, pelas características citadas somadas
ao seu alto percentual de cobertura arbórea equivalente superior às matas de galeria.

A mata de galeria e a mata ciliar foram convenientemente detalhadas em uma mesma classe temática.
As mesmas apresentam diferenças mínimas, bem discernível nas estações de seca, onde nas matas
ciliares ocorrem a queda das folhas secas. Estas duas configurações assemelham-se conceitualmente
em sua associação com os corpos d’agua, com alta cobertura árborea de no máximo de 95% e no
mínimo de aproximadamente 50%, ocupando 6,5 % da área de drenagem. Nas calhas mais antigas dos
rios essa tipologia fitofisionômica assume a característica de uma floresta estacional aluvial, cujo
inventariado de espécies nativas da flora apresenta em média 35% de caducifólias. Esta floresta ocupa
1,18% da área do Entorno do Lago da UHE Lajeado e é praticamente protegida pelas áreas de
preservação permanente.

Os campos são a soma dos subtipos de campos cerrados sujos e limpos, avaliados pela ausência de
árvores. Nos campos sujos há a predominância herbácea, com inexistência completa de árvores, com
exceção pela presença de poucos arbustos. Conquanto no subtipo nominado de limpo, há grande
variedade de arbustos e subarbustos. Os campos rupestres são manifestações dos campos limpos e
sujos se discriminando apenas por se formarem em substrato rochoso, de afloramento de rochas. Essas
classes somadas representam 1,5% da área do Entorno do Lago e possuem, dada semelhança em
ausência de cobertura arbórea, mesmo adimensional que avalia os usos e a ocupação da equação de
perda de solo da agropecuária e cultura temporária, sendo esta segunda relacionada a tipos de cultivos
de curta ou média duração. A equivalência desta variável de perda também é, logo, compreensível para
as Matas Ciliar/Galeria e a Floresta Estacional Semidecidual Aluvial.

103
Os valores de Uso e Ocupação do Solo (C) e Práticas Conservasionistas (P) foram analisados de forma
integrada como CP, a partir de C, ao se adotar P = 1 como uma constante e que denota a pior situação
para perdas de solo, para fins de planejamento, quando da utilização da Equação 8, uma vez que parte-
se da pré-suposição de que não existem práticas conservacionistas ao longo de toda a Bacia
Hidrográfica do Entorno do Lago, ou se existem seus efeitos são desprezíveis sob o ponto de vista de
conservação dos solos. Os valores de CP, tal como os de erodibilidade, foi proporcionado a partir da
transformação do mapa vetorial pedológico em um novo arranjo matricial, de resolução de 30 metros.

Quadro 1.32. Valores de CP em função do Uso e Ocupação do Solo para P = 1

Categoria Valores de CP Área (Km²) Área (%)

Cerrado sentido restrito 0,0007 7593,02 40,03

Agropecuária 0,01 7372,43 38,87

Cerradão 0,00004 1320,24 6,96

Mata ciliar/Galeria 0,00004 1239,44 6,53

Corpos d’água continental 0 765,57 4,04

Campos 0,01 248,57 1,31

Floresta Estacional Semidecidual Aluvial 0,00004 223,69 1,18

Área Urbanizada 0 150,58 0,79

Campos rupestres 0,01 36,8 0,19

Cultura temporária 0,01 13,81 0,07

Reflorestamento 0,0001 4 0,02

45
40
35
30
25
20
15
10
5
0 Cerrado sentido Agropecuária Cerradão Mata Corpos d’água Campos Floresta Área Urbanizada Campos Cultura Reflorestamento
restrito ciliar/Galeria continental Estacional rupestres temporária
Semidecidual
Aluvial

Gráfico 1.20. Percentual de áreas do Entorno do Lago em função do uso e ocupação do solo em 2014.

Na sequência do mapa, os Quadros 1.33 e 1.34 apresentam as classes de uso e cobertura do solo nas
Sub-bacias Hidrográficas do Entorno do Lago, em área (km²) e percentual (%), respectivamente. Os
mapas de Uso e Cobertura para cada Sub-bacia estão compliados no Apêndice.

104
Figura 1.45. Classes temáticas de uso e ocupação de 2014 para a região hidrográfica do Entorno do
Lago UHE Lajeado.

105
Quadro 1.33. Classes de Uso e Cobertura do solo nas Sub-bacias Hidrográficas do Entorno do Lago
(km²)
Uso e Ocupação 2014 (km²)
Sub-bacias Total
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Afluentes diretos 1.326,0 49,3 44,4 23,5 175,0 803,4 551,1 3,5 2,4 139,2 0,0 3.117,9
Rio Crixás 2.027,8 3,2 58,9 0,0 87,7 849,1 16,6 5,2 0,0 382,6 0,0 3.431,2
Ribeirão dos Mangues 1.548,9 3,6 6,8 8,8 157,8 855,1 17,5 0,1 0,0 190,3 3,6 2.792,4
Rio Areias 1.149,7 2,3 10,7 3,7 164,4 901,0 9,7 1,0 89,0 81,5 0,0 2.413,0
Rio Formiga 677,6 1,1 137,3 14,9 37,5 721,1 3,2 0,0 63,4 182,0 0,0 1.838,0
Córrego Santa Luzia 737,4 0,3 15,9 0,0 149,8 352,1 21,7 1,1 0,0 80,5 0,0 1.358,6
Rio Água Suja 444,4 1,1 0,4 0,0 82,7 424,7 14,6 0,0 29,1 20,8 0,0 1.017,8
Ribeirão Lajeado 417,4 0,0 16,9 0,0 47,3 183,3 22,8 0,0 0,0 22,6 0,0 710,4
Ribeirão Taquaruçu 164,6 20,4 0,0 0,0 75,5 195,3 22,4 0,0 0,0 4,9 0,0 483,1
Ribeirão do Carmo 227,2 0,0 1,2 0,0 27,9 171,7 5,1 0,0 0,0 23,8 0,0 456,9
Rio Matança 181,1 0,0 0,0 0,0 30,6 147,7 10,5 0,0 0,0 17,4 0,3 387,7
Ribeirão Conceição 219,8 0,0 9,0 0,0 37,2 67,5 1,1 1,0 15,0 20,4 0,0 371,0
Ribeirão São João 137,1 0,1 0,0 0,0 26,7 130,3 19,1 0,0 0,1 10,3 0,0 323,6
Ribeirão Água Fria 29,4 4,4 0,0 0,0 12,8 41,1 9,8 0,0 0,0 3,8 0,0 101,3
Córrego Comprido 24,4 21,2 0,0 0,0 1,5 13,2 23,4 0,0 0,0 3,8 0,0 87,5
Córrego São João 36,2 6,2 1,8 0,0 4,0 26,8 1,7 0,0 0,0 5,2 0,0 81,9
Total 9.349,0 113,2 303,2 50,9 1.118,3 5.883,4 750,4 11,8 199,0 1.189,1 4,0 18.972,3

Quadro 1.34. Classes de Uso e Cobertura do solo nas Sub-bacias Hidrográficas do Entorno do Lago (%)
Uso e Ocupação 2014 (%)
Sub-bacias Total
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Afluentes diretos 42,5% 1,6% 1,4% 0,8% 5,6% 25,8% 17,7% 0,1% 0,1% 4,5% 0,0% 100,0%
Rio Crixás 59,1% 0,1% 1,7% 0,0% 2,6% 24,7% 0,5% 0,2% 0,0% 11,1% 0,0% 100,0%
Ribeirão dos Mangues 55,5% 0,1% 0,2% 0,3% 5,7% 30,6% 0,6% 0,0% 0,0% 6,8% 0,1% 100,0%
Rio Areias 47,6% 0,1% 0,4% 0,2% 6,8% 37,3% 0,4% 0,0% 3,7% 3,4% 0,0% 100,0%
Rio Formiga 36,9% 0,1% 7,5% 0,8% 2,0% 39,2% 0,2% 0,0% 3,4% 9,9% 0,0% 100,0%
Córrego Santa Luzia 54,3% 0,0% 1,2% 0,0% 11,0% 25,9% 1,6% 0,1% 0,0% 5,9% 0,0% 100,0%
Rio Água Suja 43,7% 0,1% 0,0% 0,0% 8,1% 41,7% 1,4% 0,0% 2,9% 2,0% 0,0% 100,0%
Ribeirão Lajeado 58,8% 0,0% 2,4% 0,0% 6,7% 25,8% 3,2% 0,0% 0,0% 3,2% 0,0% 100,0%
Ribeirão Taquaruçu 34,1% 4,2% 0,0% 0,0% 15,6% 40,4% 4,6% 0,0% 0,0% 1,0% 0,0% 100,0%
Ribeirão do Carmo 49,7% 0,0% 0,3% 0,0% 6,1% 37,6% 1,1% 0,0% 0,0% 5,2% 0,0% 100,0%
Rio Matança 46,7% 0,0% 0,0% 0,0% 7,9% 38,1% 2,7% 0,0% 0,0% 4,5% 0,1% 100,0%
Ribeirão Conceição 59,3% 0,0% 2,4% 0,0% 10,0% 18,2% 0,3% 0,3% 4,0% 5,5% 0,0% 100,0%
Ribeirão São João 42,4% 0,0% 0,0% 0,0% 8,2% 40,3% 5,9% 0,0% 0,0% 3,2% 0,0% 100,0%
Ribeirão Água Fria 29,1% 4,3% 0,0% 0,0% 12,6% 40,6% 9,6% 0,0% 0,0% 3,8% 0,0% 100,0%
Córrego Comprido 27,9% 24,2% 0,0% 0,0% 1,7% 15,1% 26,7% 0,0% 0,0% 4,4% 0,0% 100,0%
Córrego São João 44,2% 7,6% 2,2% 0,0% 4,9% 32,7% 2,1% 0,0% 0,0% 6,3% 0,0% 100,0%
Total 49,3% 0,6% 1,6% 0,3% 5,9% 31,0% 4,0% 0,1% 1,0% 6,3% 0,0% 100,0%

Legenda: 1 - Agropecuária, 2 - Área Urbanizada, 3 - Campos, 4 - Campos Rupestres, 5 - Cerradão, 6 -


Cerrado Sentido Restrito, 7 - Corpos d'água, 8 - Agricultura Irrigada, 9 - Floresta Estacional Semidecidual
Aluvial, 10 - Mata Ciliar, 11 - Reflorestamento.

106
1.14. Perdas de Solo
Grande parte dos pequenos produtores do Entorno do Lago, segundo informações prestadas pela
Embrapa-TO e Ruraltins, não utilizam práticas culturais adequadas, com a finalidade de conservar o solo e
a água, embora haja o respeito por parte desses produtores rurais em restringir parte do uso de suas
propriedades rurais no percentual estabelecida pelo código florestal brasileiro, como reserva legal.
Atualmente, os grandes produtores da Bacia Hidrográfica, que se diferenciam dos pequenos por cultivar
soja em grande escala, utilizam práticas conservacionistas tais como construção de terraços e plantio em
nível, como forma de atenuar processos erosivos de solos provenientes da água da chuva.
O Programa Produtor de Água (PPA) da ANA visa, sobretudo promover incentivos financeiros a
produtores rurais, seguindo a linha mundial de Pagamento de Serviços Ambientais (PSA), que
desenvolvam ações no sentido de manutenção e melhoria da quantidade e qualidade das águas
superficiais e subterrâneas de bacias hidrográficas, através de medidas de controle da erosão, do
assoreamento, das enchentes, do escoamento superficial, entre outras como forma de conservar o solo
e a água. A exemplo dos Estados Unidos, que se utilizam de programas relacionados ao controle da
erosão em áreas agrícolas para fazer jus ao PSA, no Brasil o PPA tem como base os parâmetros C
(cobertura) e P (prática) da Equação Universal de Perdas de Solo (EUPS), que são utilizados como
forma de cálculo do PSA (LIMA et al., 2013).
A construção de terraços e bacias de infiltração, readequação de estradas vicinais, reflorestamento de
áreas de proteção permanente e reserva legal, saneamento ambiental, assim como outras soluções, são
motivos de apoio técnico e pagamento de incentivos – como espécie de compensação financeira – a
projetos que beneficiem o meio rural e a população adjacente.
A Agência Nacional das Águas (ANA) no ano de 2010 lançou o projeto 10, denominado “Produtor de
Água no Taquaruçu” (município de Palmas). A sub-bacia do Taquaruçu continua inserida no mapa do
PPA da ANA. Nesse mapa consta que, até 28 de janeiro de 2015, não há informações sobre
propriedades com possíveis contribuições conservacionistas no sentido de controle a erosão de solos.
A EUPS (E) (WISCHMEIER e SMITH, 1978), representada pela Equação 10, serviu como estimativa do
potencial erosivo de solos das sub-bacias do Entorno do Lago.

E = R. K. S. C. P (10)
-1 -1 -1
em que E é a taxa média anual de erosão (t h ano ); R é o fator de erosividade da chuva (MJ mm ha
-1 -1 -1 -1
h ano ); K é o fator erodibilidade do solo (t h MJ mm ); LS é o fator topográfico (adimensional); C é o
fator de uso e manejo (adimensional) e P é o fator de prática conservacionista (adimensional).

Fator Erosividade da Chuva (R)

A erosividade da chuva (R) como índice numérico, segundo a Organização de Agricultura e Alimentos
das Nações Unidas (FAO), 1967, diz respeito a capacidade da chuva em ocasionar erosão no solo a
partir de uma geografia local. Os dados de altura de lâminas para as 7 (sete) estações pluviométricas da
ANA, com influência na Bacia Hidrográfica, serviram de base para a determinação de R, segundo a
proposição de Bertoni e Lombardi Neto (1999), modelo genérico em função da insuficiência de dados de
pluviógrafos para correlação de energias cinéticas, dadas pelas intensidades máximas com duração de
10 min, e os índices de erosividade mensal, pela estimativa proveniente da Equação 11.

0,85
r2
EI = 67,355 ( ) (11)
P

-1 -1 -1
em que: EI é a média mensal de R em MJ mm ha h ano ; r é a precipitação média mensal em mm e P
é a média acumulada da precipitação anual em mm.

Uma vez espacializadas as estações pluviométricas adotadas em ambiente geográfico, foi elaborado o
mapa de erosividade das chuvas, na resolução de 30 metros, apresentado na Figura 1.46.

107
Figura 1.46. Mapa temático da erosividade de chuva (MJ mm/ha h ano) na Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago.

108
Fator Erodibilidade dos Solos (K)

Os fatores de erodibilidade da EUPS empregados neste plano têm como base o Quadro 1.35, de acordo
com Lima et al., 2013, em que os solos do entorno da UHE são generalizados como Latossolos,
Neossolos Quartzarênicos (Areias Quartzosas e Solos Litólicos), Solos Hidromórficos e Plintossolos
(Solos Concrecionários). Logo, no sistema de informações geográficas foi atribuído o fator K tabelado em
cada classe temática de solos representada. Em seguida foi obtido a matriz das perdas por erodibilidade,
proporcionada a partir da transformação do mapa vetorial pedológico em um novo arranjo matricial, de
resolução de 30 metros, que será multiplicado pelas demais variáveis da equação de perda de solo.

Quadro 1.35. Erodibilidade (fator K) para distintas classes de solo


Classe de solo Siglas Fator K
Latossolo Vermelho LE e LR 0,013
Latossolo Vermelho-Amarelo LV 0,033
Neossolos Quartzarênicos AQ e R 0,032
Solos Hidromórficos HG 0,038
Plitossolos SC 0,057

Fator Comprimento e Declividade das Encostas (Índice LS)

Para o mapeamento matricial dos adimensionais fatores LS, que exprimem a perda de solo em função
do fluxo acumulado, comprimento do talvergue, e da declividade do terreno, enuncia-se a Equação 12.
Para tanto, a conformidade com o equacionamento exposto e a necessidade de espacialização mátrica
deste atributo, tem-se a amostragem do modelo numérico de terreno, a grade de valores de altitudes, da
missão topográfica do radar Shuttle (com o acrônimo de SRTM) realizada pela Administração Nacional
norte-americana da Aeronáutica e do Espaço (NASA), gratuitamente disponível na web.

Fluxo_Acumulado∗Tamanho_da_Célula 0,4 seno(Declividade) 1,3


LS = ( 22,13
) ∗( 0,0896
) (12)

Como procedimento preliminar para discernimento gráfico do fluxo acumulado, procurou-se retirar os
valores de vazios preenchendo as células sem informação altimétrica, decorrentes das falhas do MDE
adquirido no portal espacial da NASA. O preenchimento é possível ao se atribuir o valor zero às
ausências, visíveis, de dados. Os atributos zero foram encarados como irregularidades topográficas por
um método algorítmico de interpolação, o de vizinho mais próximo, posto que as mesmas células
“defeituosas” não correspondem em similaridade à sua vizinhança. Na presente equação, o tamanho da
célula refere-se ao tamanho do pixel do modelo digital de elevação amostrado, que é aproximadamente
igual a 30 m, dada a resolução do mesmo ser de 1 arco-segundo.

Após as correções, o MDEHC foi utilizado para produzir o mapa de fluxo acumulado e o mapa de
declividades da bacia, em graus. Constata-se pela Figura 1.47 que as declividades, em graus,
encontradas são predominantemente de classe “A”, propriedade qualitativa institucionalizada pela
Secretaria do Planejamento do Tocantins, que qualifica as regiões desta temática, de declividade
percentual menor que 5% e com cores verdes, como de declives suaves com escoamento superficial
relativamente lento e em consequência com baixa susceptibilidade a erosão hídrica.

A partir da declividade colocou-se em prática a Equação 12, substituindo os mapas temáticos matriciais
de fluxo acumulado e de declividade em graus, na álgebra de mapas a fim de se obter a matriz de
fatores LS ao longo de toda a extensão da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago, Figura 1.48.

Os adimensionais apresentaram um intervalo entre 0 a 5500, com predominância dos valores de 0 a 5,


perfazendo aproximadamente 79% da área de drenagem. Ao passo que, o fator de 5 a 100, perfaz 20%
e uma vez acima de 100, com alto valor de criticidade em erosão hídrica, o equivalente a 1% da bacia.

109
Figura 1.47. Classes de declividade, em graus, na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

110
Figura 1.48. Comprimento e declividade das encostas (LS) na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

111
Perdas Naturais de Solos por Erosão (PNE)

Fazendo CP = 1 na Equação 10 tem-se as perdas naturais de solos por erosão (PNE), uma partição da
EUPS, sendo deste modo o resultado do cruzamento dos fatores erosividade, erodibilidade e topográfico
(LS), excetuando assim os fatores de uso e manejo (C) e de práticas conservacionistas (P).

O produto das variáveis de perda, dos mapas matriciais anteriores, foi produzido por operações de
geoprocessamento em ambiente de SIG. Idealiza-se assim a formatação geográfica dos decréscimos de
toneladas por hectare por ano como um plano de informação recursivo com uma gama de
aplicabilidades. Uma das aplicações do PNE, em exemplificação, por apresentar os principais fatores
que intervêm em processos erosivos de solos, é a sua utilização na estimativa de perdas de solos por
erosão laminar em atividades agrícolas, ressaltando-se a acelrada expansão da agropecuária na Bacia.

O mapa temático matricial de perdas naturais de solo, apresentado na Figura 1.49, por ser uma matriz,
apresenta, como o indicado no Quadro 1.36, 15658101 células cuja perda de solo está em torno de 0 a
1000 t/ha/ano. Posto que a célula possui aproximadamente 30 metros de comprimento e 30 metros de
largura (resolução espacial de todos os mapeamentos matriciais do presente texto), tem-se que a área
para esse intervalo graficamente representado é de 14.888,12 Km², o condizente a 87% da área de
influência.

Posto que as classes temáticas do Quadro 1.36 refletem a qualificação da susceptibilidade à erosão, a
área de 7,44 %, com alta perda natural, necessita de uma eventual estratégia de reparação, por meio de
terraços ou outras medidas de controle deste alto grau de criticidade relativa a erosão hídrica.

Nota-se, no mapeamento da Figura 1.49, que uma longa faixa vermelha margeia o nordeste e o sudeste
da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago, o que é justificado pela presença da Serra do Lajeado, onde
há maior concentração de aclives expostos pelo mapa de declividades, Figura 1.47. Também identifica-
se no centro oeste e no centro sul as unidades geomorfológicas conhecidas como Serra Malhada Alta e
Serras de Santo Antônio e João Damião. Assim como as regiões críticas estão associadas às regiões
que apresentam maior concentração de declives, a unidade geomorfológica conhecida como Depressão
de Cristalândia, é potencialmente frágil para as perdas de solo.

Isto e a diagramação das demais regiões em vermelho, em geral ao longo das margens dos rios
principais das sub-bacias hidrográficas do Entorno do Lago, perceptíveis em escalas maiores do que as
ilustradas, sugerem que o fator LS, topográfico, é a variável de maior valor significativo, como o
esperado, na descrição das susceptibilidades listadas.

Quadro 1.36. Classificação do potencial de perdas natural por erosão

2
Classificação Potencial de perda de solo Número de Células Área (km ) Área (%)

Baixa 0-1000 15658101 14888,12 86,94%

Média 1000-2000 1013218 963,39 5,63%

Alta >2000 1339330 1273,47 7,44%

Total 18010649 17124,98 100,00%

112
-1 -1
Figura 1.49. Perdas naturais por erosão de solos em t ha ano .

113
Fator CP (Uso e Ocupação do Solo e Práticas Conservacionistas)

Os valores de Uso e Ocupação do Solo (C) e Práticas Conservasionistas (P) – Quadro 1.37 – foram
analisados de forma integrada como CP, a partir de C, ao se adotar P = 1 como uma constante e que
denota a pior situação para perdas de solo, para fins de planejamento, quando da utilização da Equação
10 de perda de solos, uma vez que parte-se da pré-suposição de que não existem práticas
conservacionistas ao longo de toda a Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago, ou se existem seus efeitos
são desprezíveis sob o ponto de vista de conservação dos solos. Os valores de CP, tal como os de
erodibilidade, foi proporcionado a partir da transformação do mapa vetorial pedológico em um novo
arranjo matricial, de resolução de 30 metros.

Quadro 1.37. Valores de CP em função do Uso e Ocupação do Solo para P = 1

Categoria Valores de CP Área (Km²) Área (%)

Agropecuária 0,01 7372,43 38,87


Área Urbanizada 0,000 150,58 0,79
Campos 0,01 248,57 1,31
Campos rupestres 0,01 36,80 0,19
Cerradão 0,00004 1320,24 6,96
Cerrado sentido restrito 0,0007 7593,02 40,03
Corpos d’água continental 0,000 765,57 4,04
Cultura temporária 0,01 13,81 0,07
Floresta Estacional Semidecidual Aluvial 0,00004 223,69 1,18
Mata ciliar/Galeria 0,00004 1239,44 6,53
Reflorestamento 0,0001 4,00 0,02

Perdas de solo considerando o uso e a ocupação dos solos.

O produto do mapeamento matricial de perdas naturais e da matriz de fator CP, é o mapa temático
-1 -1
ilustrado na Figura 1.50, que reflete das taxas de erosão em t.ha .ano em consideração a todas as
variáveis da equação universal de perda de solos, atributo de grande relevância na exposição das
influências ocupacionais na susceptibilidade à erosão da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
-1 -1
Quadro 1.38. Perdas de solo em t.ha .ano na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago

-1 -1 2
Classificação Perda de solo (t.ha .ano ) Número de Células Área (km ) Área (%)
Baixa 0-10 18.688.781,00 17836,02 94,11
Moderada 10-50 939.961,00 897,07 4,73
Alta 50-200 186.295,00 177,79 0,94
Muito Alta > 200 44.292,00 42,27 0,22
Soma 19.859.329,00 18953,16 100,00

Observando a Figura 1.50 tem-se que 17.836,02 Km² perdem entre 0 a 10 toneladas de solo por hectare
por ano, representando 94% da Bacia Hidrográfica. Verifica-se que 1,16% possui alta e muito alta perda
de solo, necessitando de estratégias de manejo do solo, por meio de terraços ou outras medidas de
controle deste alto grau de criticidade relativa à erosão hídrica. Também foram identificados valores
muito altos na intersecção das áreas com fins agropecuários, com coberturas arbóreas de campos e
campos rupestres e com altos valores de perdas naturais.

114
Figura 1.50. Mapa temático matricial de perdas de solo advindos da soma das variáveis da equação
universal de perda de solos (USLE).

115
116
2. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO SOCIOECONÔMICO-CULTURAL
A fim de planejar ações de conservação e gestão de recursos hídricos que efetivamente possam ser
convertidas em benefívios à sociedade, é preciso de antemão, conhecer a população residente na bacia
hidrográfica por meio de indicadores sociais, econômicos e culturais. Considerando o Plano de Recursos
Hídricos como uma ferramenta de desenvolvimento da bacia hidrográfica, o diagnóstico sócio-econômico
permite elaborar recomendações na fase de planejamento, visando não apenas diminuir a deterioração
sócio-econômica provocada por usos indiscrimandos dos recursos ambientais, mas principalmente,
orientar o Comitê de Bacia sobre as ações e etapas necessárias à melhoria de qualidade de vida das
pessoas na Bacia.

Esta caracterização se baseou em diversos aspectos dos municípios total ou parcialmente inseridos na
Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. No entanto, uma vez que na gestão dos recursos hídricos a
bacia hidrográfica é a unidade de gestão e planeamento, os dados e indicadores sociais e econômicos
precisaram ser reorganizados por sub-bacia hidrográfica. Algumas informações, por serem específicas
dos municipios, permaneceram vinculadas à unidade, como por exemplo, os planos diretores municipais
e de saneamento.

Em síntese, a Caracterização do Meio Socioeconômico-Cultural considerou os seguintes aspectos:

Diagnóstico da dinâmica social da bacia;


Análise institucional e legal;
Caracterização dos padrões culturais e antropológicos;
Caracterização dos sistemas de educação e de comunicação; e
Estudo da evolução das atividades produtivas e da polarização regional.

2.1. Aspectos Demográficos


A análise demográfica dos municípios que compõe a Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago abrangeu o
período entre 1991 e 2015, a partir de dados secundários oficiais disponíveis no Sistema IBGE de
Recuperação Automática – SIDRA, referentes aos Censos Demográficos de 1991 e 2010 e a Contagem
da População de 2015; como também os dados dispostos no Atlas do Desenvolvimento Humano no
Brasil do ano de 2013 e no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde - DATASUS.

2.1.1. Caracterização Geral


Os 20 municípios inseridos total ou parcialmente nos limites da Bacia apresentavam em 2010 uma
população de 477.670 habitantes, representando cerca de 35% de toda a população do Tocantins. Já
em 2015, com a publicação da Contagem da População feita pelo IBGE, o número de habitantes saltou
para aproximadamente 545 mil habitantes, absorvendo um contingente populacional de 36% do total da
população estadual (Quadro 2.1). A Figura 2.1 ilustra a distribuição espacial da população atual.

O principal fato que corrobora para o atual quadro populacional entre os municípios do entorno do Lago
é que dos cinco municípios mais populosos do Tocantins quatro estão inseridos total ou parcialmente na
Bacia, sendo eles: Palmas (272.726 hab.), Gurupi (83.707 hab.), Porto Nacional (52.182 hab.) e Paraíso
do Tocantins (49.076 hab.) (IBGE, 2015). Além de Araguaína, que não está inserida na Bacia, esses
quatro municípios são os principais centros populacionais do Tocantins, sobretudo a capital que ainda
detém o comando político do Estado.

Esta relação entre a área da bacia e a população residente chama atenção, pois não há dúvidas que a
Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago é a bacia estadual de maior importância social, visto que em
apenas 7% do Estado do Tocantins, vivem 36% da população total do Estado.

117
Quadro 2.1. População total dos municípios inseridos total ou parcialmente na Bacia

Munícipio 1991 2000 2010 Estimada 2015


1 Aliança do Tocantins 5.906 6.177 5.671 5.137
2 Barrolândia 5.316 5.082 5.349 5.579
3 Brejinho de Nazaré 5.367 4.877 5.185 5.426
4 Crixás do Tocantins 1.084 1.384 1.564 1.424
5 Fátima 3.699 3.848 3.805 3.880
6 Gurupi 53.649 65.034 76.755 83.707
7 Ipueiras 1.627 1.166 1.639 1.881
8 Lajeado 1.067 2.344 2.773 2.513
9 Miracema do Tocantins 18.458 24.444 20.684 19.634
10 Monte do Carmo 6.253 5.193 6.716 5.937
11 Nova Rosalândia 2.639 3.190 3.770 3.778
12 Oliveira de Fátima 1.043 958 1.037 1.097
13 Palmas 23.829 137.355 228.332 272.726
14 Paraíso do Tocantins 27.320 36.130 44.417 49.076
15 Pindorama do Tocantins 4.949 4.685 4.506 4.547
16 Porto Nacional 43.325 44.991 49.146 52.182
17 Pugmil 1.506 1.989 2.369 2.591
18 Santa Rita do Tocantins 1.958 1.852 2.128 1.294
19 Santa Rosa do Tocantins 3.577 4.316 4.568 1.254
20 Silvanópolis 4.957 4.725 5.068 5.111
TOTAL (Municípios da Bacia) 217.529 359.740 475.482 528.774
TOTAL (Tocantins) 919.863 1.157.098 1.383.445 1.496.880
Fonte: IBGE/ Censo Demográfico, 2010. Diretoria de Pesquisas - DPE - Coordenação de População e
Indicadores Sociais – COPIS/ 2014.

Ao observar a evolução populacional de 1991 a 2010 entre os 20 municípios, observa-se que apenas
Palmas, Gurupi, Porto Nacional e Paraíso do Tocantins conseguiram aumentar seu número de habitantes
significativamente (Gráfico 2.1). Esse comportamento reflete, sobretudo a expansão das atividades
econômicas desses municípios, que incentivaram fluxos migratórios. Essa importância funcional é fruto de
condições que, ao longo do tempo, foram se ampliando. Segundo Ferreira e Bessa (2011) os grupos locais
expandiram seus capitais, suas áreas de atuação e suas formas de acumulação, paralelamente à entrada
dos capitais externos, associado aos mais variados grupos hegemônicos nacionais e internacionais. Deste
modo, segundo os mesmos, “[...]garantiu-se o controle sobre parcelas das atividades, a continuidade da
reprodução dos capitais locais, o aprofundamento das articulações com os capitais externos, os
investimentos em infraestruturas e serviços em geral, e a inserção desses centros nas novas
racionalidades da atual divisão territorial do trabalho” (FERREIRA; BESSA, 2011, p. 156).

A capital Palmas, por exemplo, tem como destaque a concentração de várias atividades de prestação de
serviço, principalmente médicas (concentrando vários especialistas nas mais diversas áreas) e
educacionais detendo uma gama de colégios particulares de ponta e oferta de ensino superior com
várias universidades e institutos de ensino. Além de ser também um polo educacional, Porto Nacional,
mais recentemente vem se destacando como polo industrial, sobretudo depois da implementação do
Parque Multimodal no Distrito de Luzimangues. Isso significa que as atividades industriais têm sido
potencializadas, o que também justifica o aumento populacional nas últimas décadas.

118
Figura 2.1. Mapa da distribuição da população atual (2015) nos municípios da Bacia Hidrográfica.

119
É importante destacar que os demais municípios apresentam população ínfima, isto é, inferior a 10 mil
habitantes (15 municípios do total de 20), com a ressalva de Miracema do Tocantins que concentra
pouco mais de 20 mil habitantes (IBGE, 2015).

Teoricamente, municípios com população superior a 20.000 habitantes, como é o caso de Palmas,
Gurupi, Porto Nacional, Paraíso do Tocantins, necessitam de regras mais rígidas na ordenação territorial,
pois apresentam a tendência de maior aglomeração urbana, que inevitavelmente exercerá maior pressão
nos recursos naturais e principalmente nos recursos hídricos, sobretudo devido ao aumento das
demandas de abastecimento e saneamento básico. Em suma, o incremento da população interfere
diretamente tanto nas questões urbanísticas como nas ambientais. Juridicamente, a Constituição Federal
impõe a obrigatoriedade de elaboração do plano diretor para estes municípios que contam com mais de
20.000 habitantes (art. 182, §1º)².

Com base nas áreas dos municípios inseridas em cada sub-bacia foi possível transportar os dados
demográficos dos municípios para as sub-bacias, unidades de gestão do Plano de Bacia. Ressalta-se
que a densidade demográfica (hab/km²) foi utilizada apenas para estimar a população rural nas sub-
bacias, a população urbana só foi contabilizada nos casos em que a sub-bacia continha a sede
administrativa (área urbana) do município. Foram estimadas as populações com base nos censos do
IBGE de 1991, 2000 e 2010 e atualmente, com base na estimativa do IBGE para 2015.

O Quadro 2.2 apresenta a população estimada por sub-bacia, onde é possível perceber a grande
discrepância entre as áreas de drenagem e as populações residentes em cada sub-bacia. Considerando
que a disponibilidade hídrica é, via de regra, diretamente proporcional à área de drenagem da respectiva
bacia hidrográfica, é de se esperar conflitos pelo uso da água nas pequenas sub-bacias que abastecem as
áreas urbanas de Palmas (Ribeirão Água Fria, Córrego Comprido) e Porto Nacional (Córrego São João).

Quadro 2.2. População total nas sub-bacias do Entorno do Lago

Sub-bacia Área (km²) % da bacia População 2015


Rio Crixás 3.431,16 18,09 8.805

Ribeirão dos Mangues 2.792,34 14,72 16.567

Rio Areias 2.413,00 12,72 7.205

Rio Formiga 1.837,98 9,69 4.613

Ribeirão Santa Luzia 1.358,63 7,16 1.770

Rio Água Suja 1.017,76 5,36 2.529

Ribeirão Lajeado 710,402 3,74 655

Ribeirão Taquaruçu Grande 483,06 2,55 266.397

Ribeirão do Carmo 456,864 2,41 1.116

Rio Matança 387,698 2,04 621

Ribeirão Conceição 371,021 1,96 538

Ribeirão São João 323,619 1,71 797

Ribeirão Água Fria 101,339 0,53 324

Córrego Comprido 87,537 0,46 279

Córrego São João 81,899 0,43 45.188

2
A Lei Federal em seu art. 41, inciso I, refrisou o dever dos Municípios com esse porte elaborarem seus planos. O Estatuto da
Cidade através da Lei 10.257, de 10/07/2001 (Brasil, 2009a) regulamenta esses dispositivos constitucionais. 120
300.000

250.000

200.000
Hab./mil

150.000

100.000

50.000

0
Aliança Crixás Miracem Paraíso Santa Santa
Brejinho Monte Nova Oliveira
do Barrolân do a do do Porto Rita do Rosa do Silvanóp
de Fátima Gurupi Ipueiras Lajeado do Rosalând de Palmas Pium Pugmil
Tocantin dia Tocantin Tocantin Tocantin Nacional Tocantin Tocantin olis
Nazaré Carmo ia Fátima
s s s s s s
1991 5906,0 5316,0 5367,0 1084,0 3699,0 53649,0 1627,0 1067,0 18458,0 6253,0 2639,0 1043,0 23829,0 27320,0 7428,0 43325,0 1506,0 1958,0 3577,0 4957,0
2000 6177,0 5082,0 4877,0 1384,0 3848,0 65034,0 1166,0 2344,0 24444,0 5193,0 3190,0 958,0 137355,0 36130,0 5540,0 44991,0 1989,0 1852,0 4316,0 4725,0
2010 5671,0 5349,0 5185,0 1564,0 3805,0 76755,0 1639,0 2773,0 20684,0 6716,0 3770,0 1037,0 228332,0 44417,0 6694,0 49146,0 2369,0 2128,0 4568,0 5068,0
Pop. Estimada 2014 5645,0 5579,0 5426,0 1666,0 3889,0 82762,0 1843,0 2991,0 19934,0 7412,0 4066,0 1091,0 265409,0 48409,0 7264,0 51846,0 2561,0 2278,0 4773,0 5318,0

Gráfico 2.1. População Total dos municípios inseridos total ou parcialmente na Bacia.
Fonte: IBGE/ Censo Demográfico, 2010. Diretoria de Pesquisas - DPE - Coordenação de População e Indicadores Socias – COPIS/ 2014.

121
2.1.2. Densidade Demográfica
Em consonância com a crescente urbanização, a densidade demográfica apresenta-se em taxas
ascendentes, mesmo que rarefeitas, desde o início do período analisado, sendo que, 1991 os municípios
constituintes da Bacia registrava 5,34 hab/km², subindo para 13,25 hab/km² segundo a estimativa do IBGE
em 2014 (Gráfico 2.2 e Quadro 2.3).

14,0 013

012
12,0

10,0
009

8,0

6,0 006

4,0

2,0

0,0
1991 2000 2010 2014 (estimativa)

Gráfico 2.2. Evolução da densidade demográfica média (hab/km²) referente aos municípios inseridos na
Bacia entre 1991 e 2014.
Fonte: IBGE/ Censo Demográfico, 2010. Diretoria de Pesquisas - DPE - Coordenação de População e Indicadores
Socias – COPIS/ 2014.

Na década de 1991 a maioria dos municípios tinham uma densidade demográfica inferior a 10 hab/km².
Apenas os municípios de Gurupi (30,78 hab./km²) e Paraíso do Tocantins (22,60 hab./km²) apresentavam
densidade superior a 20 hab/km². Analisando o período pesquisado (1991-2014) nota-se que ocorre um
ínfimo aumento dos municípios com densidade demográfica superior a 20 hab/km², entre eles destacam-se
Palmas (119,61 hab./km²), Gurupi (45,08 hab./km²) e Paraíso do Tocantins (38,18 hab./km²)
respectivamente (Quadro 2.3).

Em 2014 observa-se uma evolução irrisória no adensamento populacional na região, sendo apenas os
municípios de Palmas, Gurupi e Paraíso do Tocantins os que apresentaram maior crescimento na
densidade demográfica, e em Crixás do Tocantins, Ipueiras, Monte do Carmo, Pium, Santa Rita do
Tocantins e Santo Rosa do Tocantins os menores índices de crescimento no período pesquisado.
Teoricamente, municípios com poucos habitantes tendem a apresentar uma densidade demográfica ínfima.
Assim, como a grande maioria dos municípios inseridos na Bacia apresentam uma população abaixo de 10
mil habitantes (Quadro 2.1), consequentemente esse fator colabora para a baixa densidade demográfica.

122
Quadro 2.3. Densidade demográfica dos municípios inseridos na Bacia
2015
Ordem Municípios 1991 2000 2010
(estimativa)
1 Aliança do Tocantins 4,35 3,90 3,59 3,57

2 Barrolândia 9,14 7,10 7,38 7,82

3 Brejinho de Nazaré 3,95 2,83 3,01 3,15

4 Crixás do Tocantins - 1,40 1,58 1,69

5 Fátima 12,41 10,04 9,93 10,16

6 Gurupi 30,78 35,35 41,76 45,08

7 Ipueiras - 1,43 2,01 2,26

8 Lajeado - 7,02 8,56 9,27

9 Miracema do Tocantins 7,81 8,91 7,78 7,51

10 Monte do Carmo 1,81 1,43 1,86 2,05

11 Nova Rosalândia 5,94 6,17 7,30 7,88

12 Oliveira de Fátima - 4,65 5,04 5,30

13 Palmas 10,72 61,79 102,61 119,61

14 Paraíso do Tocantins 22,60 28,44 35,00 38,18

15 Pium 0,88 0,55 0,67 0,73

16 Porto Nacional 9,67 10,07 11,00 11,65

17 Pugmil - 4,92 5,90 6,37

18 Santa Rita do Tocantins - 0,57 0,65 0,70

19 Santa Rosa do Tocantins 2,13 2,40 2,54 2,66

20 Silvanópolis 4,67 3,75 4,03 4,22


TOTAL (Municípios da Bacia) 5,64 8,97 11,90 13,24
TOTAL (Tocantins) 3,30 4,16 4,97 5,39
Fonte: IBGE/ Censo Demográfico, 2010. Diretoria de Pesquisas - DPE - Coordenação de População e Indicadores
Sociais – COPIS/ 2014.

123
2.1.3. Dinâmica Populacional
Ao observar as tabelas anteriores verifica-se uma variação populacional entre os municípios da Bacia.
Vários municípios perderam contingentes populacionais entre 1991 e 2010, principalmente aqueles abaixo
da faixa de 10 mil habitantes, mas entre 2010 e 2015 ocorre um aumento absoluto da população (ver
Quadro 2.1). Entretanto, em termos percentuais, as taxas de crescimento ao longo do período analisado
decrescem ao longo dos anos, o que também é observado no Brasil e no Tocantins (Gráfico 2.3), porém
em proporções distintas. Verifica-se, em termos gerais, que nas últimas décadas, a taxa de crescimento dos
municípios da Bacia acompanhou rigidamente o estado do Tocantins, porém entre 2010 e 2014 registrou-se
um crescimento regional, possivelmente causado pelo deslocamento populacional de outras regiões para
dentro dos limites da unidade de gestão, principalmente para os polos centrais (Palmas, Gurupi, Porto
Nacional e Paraíso do Tocantins).

6,0%

5,0%
Taxa de crescimento ao ano (%)

4,0%

3,0%

2,0%

1,0%

0,0%
taxa de crescimento taxa de crescimento taxa de crescimento
geometrico 1991- 2000 geometrico 2000 - 2010 geometrico 2000-2014
Municípios do PDEL 005% 003% 003%
Tocantins 003% 002% 002%
Brasil 002% 001% 002%

Gráfico 2.3. Taxa de crescimento da população dos municípios inseridos na Bacia em relação ao Tocantins
e o Brasil.
Fonte: IBGE/ Censo Demográfico, 2010. Diretoria de Pesquisas - DPE - Coordenação de População e Indicadores
Sociais – COPIS/ 2014.

Os municípios que apresentaram as maiores taxas de crescimento entre 1991 e 2014, foram Palmas
(3,91%), Ipueiras (3,04%), Monte do Carmo (2,51%), Paraíso do Tocantins (2,20%), Pium (2,12%) e
Lajeado (2,01%). Somente o município de Aliança do Tocantins e Miracema do Tocantins apresentaram
retração populacional com crescimento negativo de -0,10% e -0,88% respectivamente. Outros municípios
tiveram um crescimento relativamente pequeno, tais como: Oliveira de Fátima (1,28%), Silvanópolis
(1,21%), Brejinho de Nazaré (1,15%), Santa Rosa do Tocantins (1,13%) e Fátima (0,57%). Esse
comportamento possivelmente relaciona-se a fluxos de emigração para municípios vizinhos com mais oferta
de serviços como Palmas, Gurupi e Porto Nacional.

124
Quadro 2.4. Taxa de crescimento da população dos municípios inseridos na Bacia
Taxa de crescimento da população
Ordem Municípios
1991 - 2000 2000 - 2010 2000 - 2014
1 Aliança do Tocantins -1,19% -0,84% -0,10%
2 Barrolândia -2,76% 0,38% 1,47%
3 Brejinho de Nazaré -3,65% 0,61% 1,15%
4 Crixás do Tocantins - 1,25% 1,64%
5 Fátima -2,33% -0,11% 0,57%
6 Gurupi 1,55% 1,68% 1,93%
7 Ipueiras - 3,44% 3,04%
8 Lajeado - 2,01% 2,01%
9 Miracema do Tocantins 1,48% -1,36% -0,88%
10 Monte do Carmo -2,53% 2,61% 2,51%
11 Nova Rosalândia 0,42% 1,70% 1,92%
12 Oliveira de Fátima - 0,80% 1,28%
13 Palmas 21,48% 5,20% 3,91%
14 Paraíso do Tocantins 2,59% 2,10% 2,20%
15 Pium -5,04% 1,89% 2,12%
16 Porto Nacional 0,45% 0,89% 1,44%
17 Pugmil - 1,83% 1,97%
18 Santa Rita do Tocantins - 1,40% 1,72%
19 Santa Rosa do Tocantins 1,37% 0,56% 1,13%
20 Silvanópolis -2,40% 0,70% 1,21%
TOTAL 5,29% 2,87% 2,70%

Fonte: IBGE/ Censo Demográfico, 2010. Diretoria de Pesquisas - DPE - Coordenação de População e
Indicadores Sociais – COPIS/ 2014.

Ao cruzar os dados da taxa crescimento da população com a evolução demográfica (Tabela 4) nota-se que
os municípios que tiveram um crescimento relativamente baixo são os mesmos em que a evolução
demográfica, ou está negativa ou é ínfima em relação à média estadual. Assim, os municípios que
apresentaram as menores taxas de evolução demográfica entre o último Censo Demográfico (2010) e a
Estimativa da População em 2014 foram: Miracema do Tocantins (-3,6%), Aliança do Tocantins (-0,4%),
Fátima (2,3%), Santa Rosa do Tocantins (4,4%), Brejinho de Nazaré (4,5%) e Silvanópolis (4,7%). E os que
apresentaram maior evolução demográfica foram: Palmas (14,2%), Ipueiras (11,3%), Monte do Carmo
(9,5%), Paraíso do Tocantins (8,3%), Pium (8,1%), Lajeado (7,7%), Pugmil (7,5%), Gurupi (7,3%) e Nova
Rosalândia (7,3%).

125
Quadro 2.5. Evolução demográfica dos municípios inseridos na Bacia
Evolução demográfica
Ordem Municípios
1991-2000 2000-2010 2010-2014
1 Aliança do Tocantins -10,2 -8,8 -0,4
2 Barrolândia -22,2 3,7 5,7
3 Brejinho de Nazaré -28,4 5,9 4,5
4 Crixás do Tocantins - 11,7 6,3
5 Fátima -19,1 -1,1 2,3
6 Gurupi 14,9 15,3 7,3
7 Ipueiras - 28,7 11,3
8 Lajeado - 18,0 7,7
9 Miracema do Tocantins 14,1 -14,6 -3,6
10 Monte do Carmo -20,6 22,7 9,5
11 Nova Rosalândia 3,8 15,5 7,3
12 Oliveira de Fátima - 7,6 4,9
13 Palmas 476,3 39,8 14,2
14 Paraíso do Tocantins 25,8 18,7 8,3
15 Pium -37,2 17,1 8,1
16 Porto Nacional 4,2 8,5 5,5
17 Pugmil - 16,6 7,5
18 Santa Rita do Tocantins - 13,0 6,6
19 Santa Rosa do Tocantins 13,0 5,4 4,4
20 Silvanópolis -19,6 6,8 4,7
TOTAL (Municípios da Bacia) 59,0 24,6 10,1
TOTAL (Tocantins) 25,9 16,4 7,8

Fonte: IBGE/ Censo Demográfico, 2010. Diretoria de Pesquisas - DPE - Coordenação de População e
Indicadores Socias – COPIS/ 2014.

Na unidade de gestão praticamente grande parte dos municípios quase que dobraram a sua população
urbana entre os anos de 1991 e 2010, sendo que Crixás do Tocantins, Oliveira de Fátima, Pugmil e Santa
Rita do Tocantins aumentaram sua população urbana em 100%, visto que no ano do Censo de 1991
praticamente toda população desses municípios estavam na zona rural (Quadro 2.6 e Quadro 2.7). Em
seguida, Palmas com 91,59%, Ipueiras com 77,24% e Lajeado com 72,48% são os outros municípios com
maior percentual de aumento do adensamento urbano.

Os valores mais elevados de retração na população rural foram nos municípios Oliveira de Fátima (-
374,09%), Pugmil (-312,60%), Silvanópolis (-119,46%), Aliança do Tocantins (-115,41%), Ipueiras (-
106,90%) e Brejinho de Nazaré (-105,45%) no período analisado (Quadro 2.6). No período em destaque
(1991-2010) o município de Palmas (89,56%) foi o que apresentou o maior crescimento na população total,
seguido por Lajeado com 61,52% e Paraíso do Tocantins com 38,49%. O município de Aliança do Tocantins
apresentou a maior retração na população com -4,14%. É importante destacar que vários são os fatores
que colaboram para que Palmas apresente o maior crescimento na população total, sendo um dos
principais: os processos de emigração inter-regional e/ou o deslocamento de municípios tanto tocantinenses
quanto dos estados vizinhos (Maranhão, Goiás, Pará), com o intuito de ampliar as possibilidades de

126
inserção no mercado de trabalho; a própria influência que um polo de desenvolvimento regional como
Palmas tem de atrair contingentes populacionais em busca de melhoria de vida; e por ser também a capital
estadual, centro de comando político.

Quadro 2.6. Evolução demográfica da População Urbana (URB.), Rural (RUR.) e Total entre os anos de
1991 a 2010 dos municípios inseridos na Bacia

1991-2010
Munícipios
Total Urbana Rural
Aliança do Tocantins -4,14 17,26 -115,41
Barrolândia 0,62 10,36 -49,54
Brejinho de Nazaré -3,51 20,55 -105,45
Crixás do Tocantins 30,69 100,00 -56,65
Fátima 2,79 11,10 -36,12
Gurupi 30,10 33,02 -94,59
Ipueiras 0,73 77,24 -106,90
Lajeado 61,52 72,48 22,41
Miracema do Tocantins 10,76 12,34 0,44
Monte do Carmo 6,89 23,50 -5,58
Nova Rosalândia 30,00 19,69 49,54
Oliveira de Fátima -0,58 100,00 -374,09
Palmas 89,56 91,59 21,41
Paraíso do Tocantins 38,49 42,83 -56,28
Pium -2,18 37,92 -49,62
Porto Nacional 11,84 18,85 -32,45
Pugmil 36,43 100,00 -312,60
Santa Rita do Tocantins 7,99 100,00 -61,82
Santa Rosa do Tocantins 10,87 32,34 -16,37
Silvanópolis 2,19 32,36 -119,46
TOTAL (Municípios da Bacia) 53,87 61,48 -32,92
TOTAL (Tocantins) 33,51 51,32 -32,69

Fonte: IBGE/ Censo Demográfico, 2010.

127
Quadro 2.7. População Rural (RUR.), Urbana (URB.) e Total entre os anos de 1991 a 2010

1991 2000 2010


Munícípios
Total Urbana Rural Total Urbana Rural Total Urbana Rural
Aliança do Tocantins 5.906 3.935 1.971 6.177 5.120 1.057 5.671 4.756 915
Barrolândia 5.316 4.015 1.301 5.082 4.188 894 5.349 4.479 870
Brejinho de Nazaré 5.367 3.333 2.034 4.877 3.827 1.050 5.185 4.195 990
Crixás do Tocantins 1.084 0 1.084 1.384 776 608 1.564 872 692
Fátima 3.699 2.787 912 3.848 3.295 553 3.805 3.135 670
Gurupi 53.649 50.234 3.415 65.034 63.486 1.548 76.755 75.000 1.755
Ipueiras 1.627 218 1.409 1.166 586 580 1.639 958 681
Lajeado 1.067 596 471 2.344 1.583 761 2.773 2.166 607
Miracema do Tocantins 18.458 15.723 2.735 24.444 20.435 4.009 20.684 17.937 2.747
Monte do Carmo 6.253 2.204 4.049 5.193 2.326 2.867 6.716 2.881 3.835
Nova Rosalândia 2.639 1.982 657 3.190 2.435 755 3.770 2.468 1.302
Oliveira de Fátima 1.043 0 1.043 958 698 260 1.037 817 220
Palmas 23.829 18.650 5.179 137.355 134.179 3.176 228.332 221.742 6.590
Paraíso do Tocantins 27.320 24.282 3.038 36.130 34.379 1.751 44.417 42.473 1.944
Pium 7.125 2.346 4.779 5.564 2.649 2.915 6.973 3.779 3.194
Porto Nacional 43.325 34.436 8.889 44.991 38.766 6.225 49.146 42.435 6.711
Pugmil 1.506 0 1.506 1.989 1.566 423 2.369 2.004 365
Santa Rita do Tocantins 1.958 0 1.958 1.852 729 1.123 2.128 918 1.210
Santa Rosa do Tocantins 4.696 1.994 2.702 2.496 875 1.621 5.269 2.947 2.322
Silvanópolis 4.957 2.747 2.210 4.725 3.349 1.376 5.068 4.061 1.007
TOTAL (Municípios da Bacia) 220.824 169.482 51.342 358.799 325.247 33.552 478.650 440.023 38.627
TOTAL (Tocantins) 919.863 530.636 389.227 1.157.098 859.961 297.137 1.383.445 1.090.106 293.339

Fonte: PNUD / Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2013.

128
O Quadro 2.7 mostra os valores absolutos da dinâmica populacional entre os anos de 1991 e 2010,
podendo ser notado que nos municípios da Bacia ocorre um evidente processo de urbanização, o que
ocorre também de maneira geral em todas as grandes regiões brasileiras, com elevação significativa da
população residente em áreas urbanas e queda em número absoluto dos moradores rurais. Apenas os
municípios de Monte do Carmo (2.881 – pop. urbana e 3.835 – pop. rural - 2010) e Santa Rita do Tocantins
(918 - pop. urbana e 1.210 – pop. rural – 2010) apresentaram um contingente populacional rural maior do
que o do urbano no período analisado.

Para além do crescimento da densidade populacional, os municípios da unidade de gestão têm apresentado
uma significativa taxa de urbanização, passando de 73,8% em 1991 para 75,1% em 2010. Ao analisar o
Gráfico 2.4, observa-se que os municípios da Bacia acompanham a tendência nacional e estadual de
urbanização, porém detém uma evolução da taxa um pouco abaixo em relação a do Tocantins e muito mais
em relação a do Brasil. No entanto, não se pode negar a tendência para uma maior urbanização nos
períodos vindouros. Vários são os fatores que podem ser elencados para explicar o adensamento da
população em áreas urbanas em detrimento do esvaziamento das áreas rurais, dentre os quais se
destacam: a falta de oportunidades de emprego, sobretudo entre os jovens e a limitada oferta de serviços
básicos e de entretenimento. Algumas pesquisas apontam que a migração campo-cidade é resultado, entre
outros fatores, da divisão das propriedades entre os herdeiros quando do falecimento do patriarca da
família, onde nem sempre a área herdada é suficiente para gerar a renda necessária.

86
84
84

82 81

80 79

78

76 75
75

74
74
72

70

68
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Municípios do PDEL Tocantins Brasil

Gráfico 2.4. Taxa de urbanização dos municípios inseridos na Bacia em relação ao Tocantins e o Brasil.
Fonte: Cidades@/ Estados@/ IBGE.

Esse crescimento na taxa de urbanização nos municípios da Bacia pode ser observado no Quadro 2.8. Em
2000 somente os municípios de Palmas (97,7), Gurupi (97,6), Paraíso do Tocantins (95,2), Porto Nacional
(86,2), Fátima (86,2), Aliança do Tocantins (82,9), Miracema do Tocantins (82,4) e Barrolândia (82,4)
apresentavam índice superior a 80. Entretanto em 2010 mais 3 municípios apresentam índice maior que 80,
sendo Pugmil (84,6), Brejinho de Nazaré (80,9) e Silvanópolis (80,1). Dentre os demais, 4 municípios têm
valores superiores a 60, e em Santa Rita do Tocantins (43,1) e Monte do Carmo (42,9) é observado índice
inferior a 50.

129
Quadro 2.8. Taxa de Urbanização dos municípios inseridos na Bacia
Municípios 2000 2010
Aliança do Tocantins 82,9 83,9
Barrolândia 82,4 83,7
Brejinho de Nazaré 78,5 80,9
Crixás do Tocantins 60,5 55,8
Fátima 86,2 82,4
Gurupi 97,6 97,7
Ipueiras 50,3 58,5
Lajeado 67,5 78,1
Miracema do Tocantins 82,4 86,7
Monte do Carmo 44,8 42,9
Nova Rosalândia 77,6 65,5
Oliveira de Fátima 72,9 78,8
Palmas 97,7 97,1
Paraíso do Tocantins 95,2 95,6
Pium 57,7 56,5
Porto Nacional 86,2 86,3
Pugmil 78,7 84,6
Santa Rita do Tocantins 35,4 43,1
Santa Rosa do Tocantins 68,1 64,5
Silvanópolis 73 80,1
TOTAL 73,8 75,1

Fonte: Cidades@/IBGE.

Esse aumento da taxa de urbanização gera, categoricamente, uma pressão na relação entre disponibilidade
e demanda dos recursos hídricos. Esse fator provoca conflitos de uso da água, devido ao aumento do
consumo humano, além de causar problemas socioambientais, como por exemplo: lançamento de efluentes
nos cursos d’água, a ocupação de áreas de inundação e sujeitas a enchentes, contaminação do lençol
freático, poluição dos corpos d’água e dos solos, falta de saneamento básico e de disposição adequada dos
resíduos sólidos, gerando áreas de risco geo-ambientais, degradação das áreas de recarga e das
nascentes, dentre outros problemas.

O intenso processo de urbanização aliado à falta de planejamento urbano alimenta ainda mais os
problemas acima citados. Além disso, o crescimento das atividades industriais e a expansão da cultura da
soja irrigada (ex: Porto Nacional e Brejinho do Nazaré) e outras monoculturas nas últimas décadas na
região intensificam o uso dos recursos hídricos e potencializa os conflitos de uso.

130
2.1.4. Características da População
Além dos dados anteriormente expostos, existem outros dados importantíssimos que complementam a
análise da dinâmica demográfica e caracterizam melhor a população de uma determinada região, dentre os
quais: a taxa de fecundidade, a mortalidade infantil e a esperança de vida ao nascer.

A taxa de fecundidade consiste em uma estimativa do número médio de filhos que uma mulher deverá ter
ao terminar o período reprodutivo, segundo o PNUD entre 15 e 49 anos de idade. Assim, esse indicador
expressa a condição reprodutiva média das mulheres de um determinado local. Esse indicador se diferencia
da taxa de natalidade, na qual calcula o número de nascimentos vivos dividido pela população total da
comunidade considerada.

Ao analisar o Gráfico 5 observa-se que os municípios que compõe a Bacia a taxa de fecundidade total vem
se reduzido nas últimas décadas, sendo que em 1991 a fecundidade estava em 4,1 filhos por mulher, em
2000 era de 2,9 e em 2010 já era de 2,5. Essa queda acompanha tanto a tendência nacional quanto a
estadual. Em relação ao Tocantins os dados mostram que o decrescimento praticamente equivalente nos
três períodos analisados, no entanto a taxa se mostra um pouco elevada em relação à média brasileira
(Gráfico 2.5).

05

04

04
Taxa de fecundidade

03

03

02

02

01

01

00
1991 2000 2010
Municípios do PDEL 04 03 03
TOCANTINS 04 03 02
Brasil 03 02 02

Gráfico 2.5. Taxa de Fecundidade Total dos municípios inseridos na Bacia em relação ao Tocantins e ao
Brasil.
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano/ PNUD

Todos os municípios da Bacia apresentaram redução nas taxas de fecundidade (Quadro 2.9). Os
municípios que apresentaram as maiores reduções no período foram Santa Rosa do Tocantins (6,7 em
1991 e 2,8 em 2010), Santa Rita do Tocantins (5,6 em 1991 e 2,9 em 2010) e Silvanópolis (5,2 em 1991 e
2,8 em 2010), e os que apresentaram as menores reduções foram Oliveira de Fátima (3,6 em 1991 e 2,7
em 2010) e Pugmil (3,2 em 1991 e 3,0 em 2010). Em geral, essa queda da taxa de fecundidade é
consequência de vários elementos, tais como: projetos de educação sexual, planejamento familiar,
principalmente nas famílias mais pobres que vivem em situações precárias, maior participação da mulher no
mercado de trabalho, a própria expansão da urbanização, dentre outros.

131
Quadro 2.9. Taxa de Fecundidade Total dos municípios inseridos na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago

Evolução no
Munícipios 1991 2000 2010
período
Aliança do Tocantins 3,6 2,4 2,3 -37%
Barrolândia 3,8 2,6 2,4 -37%
Brejinho de Nazaré 4,1 2,6 2,5 -40%
Crixás do Tocantins 3,5 2,3 2,2 -35%
Fátima 3,3 2,9 2,3 -31%
Gurupi 2,8 2,4 2,0 -30%
Ipueiras 5,5 4,3 3,0 -44%
Lajeado 3,7 2,4 2,2 -40%
Miracema do Tocantins 3,4 2,7 2,4 -28%
Monte do Carmo 5,0 3,5 3,4 -33%
Nova Rosalândia 3,9 2,9 2,2 -45%
Oliveira de Fátima 3,6 2,9 2,7 -24%
Palmas 3,8 2,5 2,0 -46%
Paraíso do Tocantins 3,3 2,5 2,1 -35%
Pium 4,7 3,4 3,0 -35%
Porto Nacional 3,6 2,3 2,2 -37%
Pugmil 3,2 3,2 3,0 -5%
Santa Rita do Tocantins 5,6 3,0 2,9 -49%
Santa Rosa do Tocantins 6,7 4,7 2,8 -59%
Silvanópolis 5,2 3,3 2,8 -46%
TOTAL 4,1 2,9 2,5 -39%
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano/ PNUD

Em relação à taxa de mortalidade infantil até os 5 anos de idade, observa-se que em todos os municípios da
bacia ocorreu uma diminuição das taxas entre 1991 e 2010 (Quadro 2.10 e Gráfico 2.6). O município de
Santa Rita do Tocantins apresenta a maior redução no período considerado, com 89,62 em 1991 e 15,49
em 2010, correspondendo a -83% de mortalidade infantil. Essa redução também é observada em
Silvanópolis, Pugmil e Brejinho de Nazaré com -81% respectivamente e, Pium e Monte do Carmo com
redução de -80%.

Vale ressaltar que uma série de fatores é responsável por essa redução na mortalidade infantil, dentre
alguns, destacam-se: o crescimento da renda familiar, sobretudo daquelas famílias de baixa renda, o que
gera uma redução da taxa de fecundidade; melhorias realizadas em prol de saneamento básico; o acesso a
níveis de escolaridade maiores das mães; e, sobretudo a ampliação de políticas públicas de prevenção e
promoção da saúde da população.

132
Quadro 2.10. Taxa de mortalidade infantil até os 5 anos de idade dos municípios inseridos na Bacia
Evolução no
Munícipios 1991 2000 2010
período
Aliança do Tocantins 67,68 44,05 19,78 -71%
Barrolândia 65,36 44,05 17,38 -73%
Brejinho de Nazaré 88,97 47,79 16,89 -81%
Crixás do Tocantins 66,06 45,39 20,23 -69%
Fátima 80,61 48,68 17,98 -78%
Gurupi 60,25 30,17 13,71 -77%
Ipueiras 75,19 58,22 20,36 -73%
Lajeado 65,35 56,29 20,17 -69%
Miracema do Tocantins 57,72 34,20 16,95 -71%
Monte do Carmo 94,36 55,51 18,62 -80%
Nova Rosalândia 68,71 51,32 21,27 -69%
Oliveira de Fátima 91,28 55,64 20,24 -78%
Palmas 59,54 33,49 16,36 -73%
Paraíso do Tocantins 59,54 44,94 15,31 -74%
Pium 84,74 48,68 16,64 -80%
Porto Nacional 65,35 45,62 16,04 -75%
Pugmil 97,76 55,51 18,48 -81%
Santa Rita do Tocantins 89,62 47,79 15,49 -83%
Santa Rosa do Tocantins 76,23 58,95 23,24 -70%
Silvanópolis 94,36 54,89 17,75 -81%
TOTAL (Municípios da Bacia) 75,43 48,06 18,14 -76%
Tocantins 83,26 46,98 21,05 -75%

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano/ PNUD, 2015.

133
1991 2000 2010

098
094

094
091

090
089

085
081

076
075

069
068

066
065

065
065
060

060

060

059
058

058
056

056
056

056

055
051
049

049
048

048
046
045

045
044

044

034

033
030

023
021
020

020
020

020
020

019

018
018

018
017

017
017

017
016

016

015
015
014

Gráfico 2.6. Taxa de mortalidade infantil até os 5 anos de idade dos municípios inseridos na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago da UHE Lajeado.
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano/ PNUD, 2015.

134
Em suma, a mortalidade é resultado de uma série de processos sociais, econômicos e demográficos
complexos. Apesar dos dados apontarem uma forte queda nas taxas de mortalidade infantil, os resultados
precisam melhorar ainda mais, pois tanto na esfera nacional, estadual quanto municipal, ainda estão com
médias altas em relação a países mais desenvolvidos. Assim, é importante salientar da necessidade de
estruturação de programas como a Assistência à Criança, Saúde da Mulher, Imunização, Aleitamento
Materno, dentre outros, além dos programas de transferência de renda.

Diferente da taxa de mortalidade infantil, a esperança de vida ao nascer tem crescido nas últimas décadas
entre os municípios da Bacia, acompanhando a média brasileira e ultrapassando a média tocantinense.
Fato que em 1991 a esperança de vida de uma pessoa na bacia chegava 61,49 anos, e na média
tocantinense 60,32. Já em 2010, as pessoas da bacia chegavam à marca de 73,72 anos em média,
enquanto a média do Tocantins aumentou para 72,56 anos, conforme dados do PNUD (Gráfico 2.7).

Esse aumento ocorreu em todos os municípios da unidade de planejamento da Bacia, sendo que os
municípios que mais se destacaram no período analisado foram Gurupi com 75,6 anos, Paraíso do
Tocantins com 74,8 anos, Santa Rita do Tocantins com 74,8 anos, Palmas com 74,61 e Porto Nacional com
74,56 anos. É importante destacar que o município de Pugmil apresentou o maior crescimento no período
analisado, com 28% no período e 73,55 anos de idade, seguido por Silvanópolis (73,84 anos), Santa Rita do
Tocantins (74,8 anos) e Monte do Carmo (73,49 anos), ambos com 27% de aumento respectivamente
(Quadro 2.11). Já o município que teve o menor crescimento na esperança de vida ao nascer entre os anos
de 1991 e 2010 foi Miracema do Tocantins com 14% (64,96 anos em 1991 para 74,17 anos em 2010).

80

70
Esperança de vida ao nascer (anos)

60

50

40

30

20

10

0
1991 2000 2010
Municípios do PDEL 61,49050 66,96500 73,72200
TOCANTINS 60,32 66,28 72,56
BRASIL 64,73 68,61 73,94

Gráfico 2.7. Esperança de vida ao nascer dos municípios inseridos na Bacia em relação ao Tocantins e o
Brasil
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano/ PNUD, 2015.

135
Quadro 2.11. Evolução da Esperança de Vida ao Nascer entre os anos de 1991 e 2010

Evolução no
Munícipios 1991 2000 2010
período
Aliança do Tocantins 62,91 67,87 73,04 16%
Barrolândia 63,38 67,87 73,99 17%
Brejinho de Nazaré 58,94 66,95 74,2 26%
Crixás do Tocantins 63,24 67,54 72,86 15%
Fátima 60,43 66,73 73,75 22%
Gurupi 64,45 71,68 75,6 17%
Ipueiras 61,44 64,53 72,81 19%
Lajeado 63,39 64,96 72,89 15%
Miracema do Tocantins 64,96 70,51 74,17 14%
Monte do Carmo 58,02 65,14 73,49 27%
Nova Rosalândia 62,71 66,1 72,47 16%
Oliveira de Fátima 58,54 65,11 72,86 24%
Palmas 64,61 70,71 74,61 15%
Paraíso do Tocantins 64,61 67,65 74,88 16%
Porto Nacional 63,39 67,48 74,56 18%
Pium 59,23 66,73 74,3 25%
Pugmil 57,46 65,14 73,55 28%
Santa Rosa do Tocantins 61,25 64,37 71,77 17%
Santa Rita do Tocantins 58,83 66,95 74,8 27%
Silvanópolis 58,02 65,28 73,84 27%
MÉDIA 61,49 66,97 73,72 20%

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano/ PNUD, 2013.

O Quadro 2.12 mostra que há um crescente aumento no número de domicílios entre os municípios da
Bacia. Entre os anos de 2000 e 2010 foi registrado um aumento de 56%, saltando de 91.045 domicílios em
2000 para 142.370 domicílios em 2010, ou seja, houve um aumento de aproximadamente dois terços em
apenas 10 anos. Vale ressaltar que os municípios que obtiveram maiores aumentos no número de
domicílios foram àqueles tidos como polos centrais da bacia, sendo: Palmas que saltou de 35.097
domicílios (1991) para 68.679 domicílios em (2010); Gurupi que saltou de 17.013 (1991) para 23.242
(2010); Porto Nacional que saltou de 10.544 domicílios (1991) para 13.748 domicílios (2010) e Paraíso do
Tocantins que tinha 9.516 domicílios (1991) e saltou para 13.410 domicílios (2010). Em relação à evolução
no período analisado, Palmas com 96% de aumento e Ipueiras com 92% registraram os maiores aumentos.
Miracema do Tocantins registrou a pior evolução no período, registrando apenas 1% de aumento no número
de domicílios.

Esse desempenho entre os municípios que compõem a Bacia deve ser cautelosamente acompanhado de
investimentos para a melhoria dos sistemas de saneamento básico (abastecimento de água potável, o
manejo de água pluvial, a coleta e tratamento de esgoto, a limpeza urbana, etc.). Se não tratado com
prioridade acarretará em uma série de problemas sociais, econômicos e ambientais, principalmente na
degradação dos recursos hídricos urbanos, com a retirada das matas ciliares, lançamento de esgotos nos
córregos e canalização dos cursos d’água, entre outros problemas.

136
Quadro 2.12. Número de Domicílios nos municípios inseridos na Bacia entre os anos de 2000 e 2010
Número de domicilios Evolução no
Ordem Munícipios
2000 2010 período
1 Aliança do Tocantins 1.607 1.724 7%
2 Barrolândia 1.291 1.572 22%
3 Brejinho de Nazaré 1.202 1.518 26%
4 Crixás do Tocantins 345 490 42%
5 Fátima 965 1.138 18%
6 Gurupi 17.013 23.242 37%
7 Ipueiras 270 518 92%
8 Lajeado 562 801 43%
9 Miracema do Tocantins 5.887 5.940 1%
10 Monte do Carmo 1.194 1.885 58%
11 Nova Rosalândia 818 1.139 39%
12 Oliveira de Fátima 228 319 40%
13 Palmas 35.097 68.679 96%
14 Paraíso do Tocantins 9.516 13.410 41%
15 Pium 1.434 1.982 38%
16 Porto Nacional 10.544 13.748 30%
17 Pugmil 492 719 46%
18 Santa Rita do Tocantins 513 666 30%
19 Santa Rosa do Tocantins 921 1.339 45%
20 Silvanópolis 1.146 1.541 34%
TOTAL (Municípios da Bacia) 91.045 142.370 56%
Tocantins 280.224 398.367 42%
Fonte: BGE - Censo Demográfico 2000/2010.

2.2. Aspectos Socioeconômicos


Um dos principais indicadores para se analisar e avaliar o desenvolvimento humano num determinado
território é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Desenvolvido pelos economistas Mahbub ul Haq
(paquistanês) e Amartya Sen (indiano/ ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998), este indicador
parte do pressuposto de que o desenvolvimento humano não ocorre apenas a partir do crescimento da
economia, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, mas também de dois outros importantes indicadores: a
expectativa de vida ao nascer (longevidade/saúde) e a educação (alfabetização e taxa de matrícula).

Atualmente, os três pilares que compõem o IDH (saúde, educação e renda) são mensurados da seguinte
forma: a) saúde: medida pela expectativa de vida; b) educação: o acesso ao conhecimento é medido por
média de anos de educação de adultos (número médio de anos de educação recebidos durante a vida por
pessoas a partir de 25 anos) e a expectativa de anos de escolaridade para crianças na idade de iniciar a
vida escolar; c) renda: e o padrão de vida, medido pela Renda Nacional Bruta (RNB) per capita expressa
em poder de similaridade de compra (PPP) constante, em dólar (PNUD, 2015). O Índice varia de 0 (nenhum
desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total).

137
Países com IDH maior que 0,800 têm desenvolvimento humano considerado alto; os países com IDH entre
0,500 e 0,799 são considerados de médio desenvolvimento humano; e os países com IDH até 0,499 têm o
desenvolvimento humano considerado baixo.

Compreendendo a importância desse instrumento para a escala intranacional, a Fundação João Pinheiro,
órgão do Estado de Minas Gerais, o adaptou para aplicá-lo, inicialmente, aos municípios mineiros,
desenvolvendo o IDH-M – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal. A sua positividade levou a que
esse órgão replicasse o índice para todos os municípios brasileiros.

Os resultados apresentados no Quadro 2.13 e no Gráfico 2.8 mostram que a média do IDH da região vem
aumentando significamente ao longo das décadas. Em 1991 a média do IDH era de 0,355, em 2000 era de
0,508, atingido em 2010 a média de 0,678. Esse aumento acompanha, mesmo que inferior, a média
estadual (0,369 – ‘1991’; 0,525 – ‘2000’; 0,699 – ‘2010’) e nacional (0,493 – ‘1991’; 0,612 – ‘2000’; 0,727 –
‘2010’). Pela classificação da ONU tanto a região que compreende a Bacia quanto o Tocantins e o Brasil
têm o IDH considerado de médio desenvolvimento.

0,80
Índice de Desenvolvimento Humano

0,70
0,60
0,50
IDH

0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
1991 2000 2010
Municípios do PDEL 0,355 0,508 0,678
TOCANTINS 0,369 0,525 0,699
BRASIL 0,493 0,612 0,727

Gráfico 2.8. Índice de Desenvolvimento Humano - IDH dos municípios inseridos na Bacia em relação ao
Tocantins e o Brasil
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano/ PNUD, 2013.

A distribuição espacial do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) também é importante visto que regiões
com IDH elevado tendem a favorecer o desenvolvimento na região geográfica em que está inserido.
Observando a Figura 2.2, que apresenta o mapa do IDH na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago, é
possível perceber claramente a influência do desenvolvimento urbano no IDH dos municípios. Municípios
próximos aos grandes centros urbanos, ou seja, próximo de municípios com IDH elevado, tendem a elevar o
seu próprio IDH em função do impacto regional das áreas urbanas de Palmas e Porto Nacional, por
exemplo.

138
Figura 2.2. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - IDHM (2010) na Bacia do Entorno do Lago.

139
Quadro 2.13. Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, por município (2010)

IDHM Subíndice IDHM Subíndice IDHM Subíndice IDHM


Municípios
renda longevidade educação Municipal

Aliança do Tocantins 0,610 0,801 0,596 0,663

Barrolândia 0,600 0,817 0,541 0,642

Brejinho de Nazaré 0,635 0,820 0,619 0,686

Crixás do Tocantins 0,603 0,798 0,555 0,644

Fátima 0,653 0,813 0,638 0,697

Gurupi 0,736 0,843 0,706 0,759

Ipueiras 0,576 0,797 0,518 0,620

Lajeado 0,673 0,798 0,573 0,675

Miracema do Tocantins 0,675 0,820 0,579 0,684

Monte do Carmo 0,608 0,808 0,489 0,622

Nova Rosalândia 0,582 0,791 0,628 0,661

Oliveira de Fátima 0,627 0,798 0,614 0,675

Palmas 0,789 0,827 0,749 0,788

Paraíso do Tocantins 0,759 0,831 0,706 0,764

Pium 0,633 0,822 0,527 0,650

Porto Nacional 0,699 0,826 0,701 0,740

Pugmil 0,621 0,809 0,595 0,669

Santa Rita do Tocantins 0,630 0,830 0,527 0,651

Santa Rosa do Tocantins 0,574 0,780 0,471 0,595

Silvanópolis 0,638 0,814 0,592 0,675

Média da Região 0,646 0,812 0,596 0,678

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano/ PNUD, 2013.

Todos os municípios da bacia, com exceção de Palmas (0,788), Paraíso do Tocantins (0,764), Gurupi
(0,759) e Porto Nacional (0,740), apresentam IDH abaixo de 0,700, classificando-os como IDH médio
(Quadro 2.13). O sub-índice renda e longevidade foram os que mais contribuíram na qualificação final dos
municípios. Já o sub-índice educação foi o que apresentou os menores valores. São vários os fatores que
ajudam a explicar os baixos valores do sub-índice educação, entre os quais se destacam: a alta taxa de
analfabetismo entre os jovens de 15 anos ou mais, o baixo nível de escolaridade, a alta porcentagem de
pobres na região, a significativa porcentagem de crianças extremamente pobres, as altas taxas de distorção
idade/série, entre outros.

Quando se analisa a taxa de analfabetismo entre os jovens de 11 a 14 anos (Gráfico 2.9) pode-se observar
que a taxa diminui significamente em todos os municípios no período analisado, com destaque para Crixás
do Tocantins (16,02 – 1991 para 0,78 – 2010), Aliança do Tocantins (11,84 – 1991 para 1,28 – 2010),
Lajeado (14,75 – 1991 para 1,3 – 2010) e Santa Rosa do Tocantins (36,79 - 1991 para 1,3 – 2010) que
obtiveram as menores taxas de analfabetismo entre os jovens.

140
No entanto, observa-se um cenário diferente em relação a taxa de analfabetismo a partir dos 15 anos de
idade. O Gráfico 2.10 mostra que apesar da diminuição da taxa entre 1991 e 2010, o panorama ainda é
bastante preocupante entre os municípios da Bacia. As taxas continuam altas em relação à média brasileira
(9,61 - 2010). Os municípios que obtiveram as piores taxas em 2010 foram Monte do Carmo (19,44), Pium
(19,37), Santa Rosa do Tocantins (17,72), Silvanópolis (17,59) e Oliveira de Fátima (16,76). É importante
destacar que este último município em 2000 registrava 15,71 de analfabetismo e, em vez de diminuir na
década seguinte, aumentou significamente. Isso demonstra a ausência do poder público, além da falta de
planejamento e investimento em políticas públicas voltadas para a educação, o que gera um aumento nas
vulnerabilidades sociais. Nesse cenário, Palmas com 3,76 é a cidade que apresentou a menor taxa no
período analisado, seguido por Gurupi (6,39), Paraíso do Tocantins (6,85) e Porto Nacional (9,22). Os
demais municípios estão todos acima da média brasileira.

Assim como a queda expressiva na taxa de analfabetismo entre os jovens de 11 e 14 anos, os dados em
relação aos jovens entre 6 e 14 anos fora da escola demonstram que os municípios conseguiram diminuir
significamente suas taxas (Gráfico 2.11). Crixás do Tocantins aparece novamente como o município que
registrou a melhor taxa com 0% de jovens fora da escola, seguido por Ipueiras (1,40), Paraíso do Tocantins
(1,63), Porto Nacional (1,71) e Fátima (1,76).

141
40

35

30

25

20

15

10

0
Aliança Brejinho Miracem Nova Paraíso Santa Santa
Barrolân Crixás do Monte do Oliveira Porto Silvanóp
do de Fátima Gurupi Ipueiras Lajeado a do Rosalând Palmas do Pium Pugmil Rita do Rosa do
dia Tocantins Carmo de Fátima Nacional olis
Tocantins Nazaré Tocantins ia Tocantins Tocantins Tocantins
1991 11,84 23,06 31,5 16,02 9,32 10,84 29,19 14,75 19,4 31,15 12,27 18,6 18,45 8,75 23,8 16,9 13,39 16,78 36,79 22,93
2000 3,1 6,51 5,37 5,08 4,5 2,44 6,04 3,41 6,46 8,08 5,23 11,83 2,49 2,32 12,84 5,12 9,2 3,68 9,13 9,22
2010 1,28 3,99 2,66 0,78 3,92 1,52 5,19 1,3 1,48 2,52 1,85 2,13 1,63 1,63 4,78 1,61 1,49 2,62 1,3 2,27

Gráfico 2.9. Taxa de analfabetismo de 11 a 14 anos nos Municípios inseridos na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano/ PNUD, 2013.

142
45

40

35

30

25

20

15

10

0
Aliança Crixás Miracem Paraíso Santa Santa
Brejinho Monte Nova Oliveira
do Barrolân do a do do Porto Rita do Rosa do Silvanóp
de Fátima Gurupi Ipueiras Lajeado do Rosalând de Palmas Pium Pugmil
Tocantin dia Tocantin Tocantin Tocantin Nacional Tocantin Tocantin olis
Nazaré Carmo ia Fátima
s s s s s s
1991 027 036 037 025 019 017 043 017 024 033 026 025 017 019 029 022 033 032 039 032
2000 019 020 023 015 017 009 025 013 017 024 019 016 006 010 023 014 022 020 025 022
2010 014 016 017 011 015 006 016 010 011 019 015 017 004 007 019 009 013 015 018 018

Gráfico 2.10. Taxa de analfabetismo de 15 anos ou mais nos municípios inseridos na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano/ PNUD, 2013.

143
50

45

40

35

30

25

20

15

10

0
Aliança Brejinho Miracem Nova Oliveira Paraíso Santa Santa
Barrolân Crixás do Monte do Porto Silvanóp
do de Fátima Gurupi Ipueiras Lajeado a do Rosalând de Palmas do Pium Pugmil Rita do Rosa do
dia Tocantins Carmo Nacional olis
Tocantins Nazaré Tocantins ia Fátima Tocantins TocantinsTocantins
1991 26,7 30,93 18,84 41,33 13,48 18,06 47,03 32,54 34,4 35,83 8,71 23,98 29,57 25,57 36,32 21,53 36,21 40,06 34,33 20,98
2000 004 009 007 000 004 004 010 006 006 019 006 003 006 005 019 007 008 025 006 007
2010 004 004 002 000 002 004 001 005 003 006 002 002 002 002 007 002 002 005 003 002

Gráfico 2.11. Percentual de crianças de 6 a 14 anos fora da escola nos municípios inseridos na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano/ PNUD, 2013.

144
Como ressaltado anteriormente, o sub-índice educação do IDH-M entre os municípios foi o que menor
contribuiu para o aumento do IDH geral. Além dos dados acima destacados, outro dado importante e que
contribui de forma expressiva para esse ínfimo índice são as taxas de pobreza e de crianças extremamente
pobres que ainda são altas entre os municípios da Bacia, no Tocantins e na média nacional (Gráfico 2.12 e
Gráfico 2.13).

70

60
Percentual de pobres

50

40
(%)

30

20

10

0
1 2 3
MUNICÍPIOS DO PDEL 059 045 023
TOCANTINS 059 045 022
BRASIL 038 028 015

Gráfico 2.12. Percentual de pobres* dos municípios inseridos na Bacia em relação ao Tocantins e o Brasil.
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano/ PNUD, 2013.
*Proporção dos indivíduos com renda domiciliar per capita igual ou inferior a R$ 140,00 mensais, em reais
de agosto de 2010. O universo de indivíduos é limitado àqueles que vivem em domicílios particulares
permanentes.

45

40
extremamente pobres (%)

35
Percentual de crianças

30

25

20

15

10

0
1991 2000 2010
MUNICÍPIOS DO PDEL 042 029 015
TOCANTINS 041 031 015
BRASIL 027 020 011

Gráfico 2.13. Percentual de crianças extremamente pobres* dos municípios inseridos na Bacia em
relação ao Tocantins e o Brasil.
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano/ PNUD, 2013.
*Proporção dos indivíduos com renda domiciliar per capita igual ou inferior a R$ 140,00 mensais, em reais
de agosto de 2010. O universo de indivíduos é limitado àqueles que vivem em domicílios particulares
permanentes.

145
Os municípios que registraram as mais altas taxas de pobreza no período analisado foram Santa Rosa do
Tocantins (39,15), Monte do Carmo (37,40), Nova Rosalândia (33,45) e Oliveira de Fátima (30,68), todos
registrando mais 30%, ou seja, mais de que um quarto da população está na zona da pobreza (Gráfico
2.14). Paraíso do Tocantins, Palmas, Gurupi e Porto Nacional obtiveram taxas menores que a média
brasileira, sendo 6,41, 6,91, 7,14 e 13,79 respectivamente. Os demais municípios todos detêm acima de
15% de sua população na pobreza.

Em relação à porcentagem de crianças que vivem na extrema pobreza, observa-se que todos os
municípios, com exceção de Paraíso do Tocantins (2,53), Palmas (2,78) e Gurupi (3,10), ainda apresentam
altas taxas de extrema pobreza. Os municípios que registraram as mais altas taxas de extrema pobreza
entre as crianças foram Crixás do Tocantins (22,55), Monte do Carmo (29,07), Santa Rosa do Tocantins
(32,61). Além desses outros dois merecem atenção especial, são eles: Nova Rosalândia que em 2000 tinha
27,82 e em 2010 aumentou para 36,07 e Oliveira de Fátima que em 2000 tinha 13,07 e em 2010 17,07. Ou
seja, estes dois municípios caminham no sentido contrário no que diz respeito à erradicação de crianças
vivendo em situação de extrema pobreza.

Em relação às pessoas que frequentam algum curso superior de Graduação, os dados mostram uma
irrisória quantidade de pessoas no nível superior, principalmente em instituições públicas (Quadro 2.13).
Todos os municípios com menos de 10 mil habitantes mostraram resultados baixos no período analisado
(2000-2010). Os que apresentaram melhores resultados foram aqueles que detêm uma gama maior de
institutos educacionais como Palmas, Porto Nacional, Gurupi e Paraíso do Tocantins.

Em suma, todos esses dados mostram um panorama preocupante em relação à educação tocantinense. As
taxas de analfabetismo entre os jovens, a porcentagem de pobres e de crianças extremamente pobres
ainda são altas e carecem de atenção especial do poder público. Teoricamente, regiões onde os níveis de
analfabetismo são altos e, consequentemente, os níveis de escolarização da população é baixo,
apresentam um baixo desenvolvimento econômico, político e social. Assim, os municípios de Barrolândia,
Monte do Carmo, Nova Rosalândia, Oliveira de Fátima, Pium, Santa Rita do Tocantins, Santa Rosa do
Tocantins e Silvanópolis necessitam, urgentemente, de políticas públicas de desenvolvimento social.

146
90

80

70

60

50

40

30

20

10

0
Aliança Brejinho Miracem Nova Paraíso Santa Santa
Barrolân Crixás do Monte do Oliveira Porto Silvanóp
do de Fátima Gurupi Ipueiras Lajeado a do Rosalând Palmas do Pium Pugmil Rita do Rosa do
dia Tocantins Carmo de Fátima Nacional olis
Tocantins Nazaré Tocantins ia Tocantins Tocantins Tocantins
1991 57,49 66,81 71,08 60,88 61,15 30,55 76,4 65,17 41,28 66,37 55,22 82,91 38,23 25,21 58,65 43,94 74,57 68,6 59,06 72,3
2000 48,21 44,7 58,19 44,08 51,13 26,22 67,28 33,23 19,62 54,06 49,69 53,59 19,03 28,11 41,88 37,54 47,77 45,87 65,51 55,23
2010 20,82 29,67 23,44 25,73 22,14 7,14 28,66 21,81 18,53 37,4 33,45 30,68 6,91 6,41 24,21 13,79 19,01 24,57 39,15 25,87

Gráfico 2.14. Percentual de Pobres* nos Municípios inseridos na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano/ PNUD, 2013.
*Proporção dos indivíduos com renda domiciliar per capita igual ou inferior a R$ 140,00 mensais, em reais de agosto de 2010. O universo de indivíduos é
limitado àqueles que vivem em domicílios particulares permanentes.

147
90

80

70

60

50

40

30

20

10

0
Aliança Brejinho Miracem Nova Paraíso Santa Santa
Barrolând Crixás do Monte do Oliveira Porto Silvanóp
do de Fátima Gurupi Ipueiras Lajeado a do Rosalândi Palmas do Pium Pugmil Rita do Rosa do
ia Tocantins Carmo de Fátima Nacional olis
Tocantins Nazaré Tocantins a Tocantins Tocantins Tocantins
1991 036 061 057 038 035 014 055 084 032 048 031 064 018 013 036 028 046 039 050 054
2000 027 055 038 024 036 011 049 024 017 036 028 013 009 012 029 022 045 020 049 036
2010 018 018 015 023 014 003 014 012 010 029 036 017 003 003 012 006 007 009 033 017

Gráfico 2.15. Percentual de crianças extremamente pobres* nos Municípios inseridos na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano/ PNUD, 2013.
Proporção dos indivíduos com até 14 anos de idade que têm renda domiciliar per capita igual ou inferior a R$ 70,00 mensais, em reais de agosto de 2010. O
universo de indivíduos é limitado àqueles que vivem em domicílios particulares permanentes.

148
Quadro 2.14. Pessoas que frequentam curso superior de Graduação (Particular/Público)

Particular Pública
Municípios
2000 2010 2000 2010
Aliança do Tocantins 69 137 20 29
Barrolândia 0 40 9 9
Brejinho de Nazaré 14 46 14 13
Crixás do Tocantins 5 16 0 5
Fátima 6 30 4 9
Gurupi 1.248 3.919 356 736
Ipueiras 0 23 0 0
Lajeado 11 38 5 15
Miracema do Tocantins 29 211 188 426
Monte do Carmo 0 41 20 16
Nova Rosalândia 18 22 3 7
Oliveira de Fátima 0 5 0 0
Palmas 2.799 12.098 1.275 5.845
Paraíso do Tocantins 490 1.194 144 394
Pium 15 136 11 35
Porto Nacional 303 1.724 508 979
Pugmil 9 19 5 6
Santa Rita do Tocantins 0 26 5 9
Santa Rosa do Tocantins 0 24 8 22
Silvanópolis 0 59 8 21
TOTAL (Municípios da Bacia) 5.016 19.808 2.583 8.576
TOTAL (Tocantins) 5.252 7.496 15.198 35.279

Fonte: IBGE: Censo Demográfico (2000/2010).

Somando-se a este cenário, tem-se ainda uma divergência preocupante no que diz respeito a
distribuição de renda. Ao mesmo tempo que a produção tocantinense se potencializou, algo que se
percebe na evolução da renda per capita entre os anos de 1991 (243,58) e 2010 (586,62) (Quadro
2.15), da mesma forma, aumentou também a desigualdade, demonstrado pelo Índice de Gini onde
em 1991 registrou 0,63 e no decênio posterior 0,65, registrando depois uma singela queda em 2010,
ficando com 0,60 (Quadro 2.16).

Os municípios da Bacia seguem a mesma tendência da média tocantinense, onde a renda per capita
evoluiu de 238,88 (1991) para 480,03 (2010) e o Índice de Gini de 0,55 em 1991, registrou em 2000 a
taxa de 0,59, e no decênio posterior obteve uma singela queda, registrando 0,53. A redução na
desigualdade, registrada entre os anos de 2000 e 2010, colabora para diminuir substancialmente a
pobreza e melhorar as condições de vida da população mais pobre. Contudo, apesar de uma queda
significativa em vinte anos, o indicador ainda indica forte desigualdade social. Portanto, é
indispensável que medidas que favoreçam a queda na desigualdade tenham continuidade.

149
Quadro 2.15. Renda per capita* (R$) dos Municípios inseridos na Bacia do Entorno do Lago

Munícipios 1991 2000 2010

1 Aliança do Tocantins 192,30 254,82 357,08


2 Barrolândia 168,57 275,33 335,26
3 Brejinho de Nazaré 147,55 235,47 414,87
4 Crixás do Tocantins 136,00 206,93 341,27
5 Fátima 197,13 274,57 464,94
6 Gurupi 491,98 483,91 778,90
7 Ipueiras 112,03 138,62 288,55
8 Lajeado 195,04 312,38 527,21
9 Miracema do Tocantins 524,73 528,85 533,46
10 Monte do Carmo 160,96 195,11 351,96
11 Nova Rosalândia 202,20 309,21 299,38
12 Oliveira de Fátima 154,63 457,93 396,97
13 Palmas 446,49 714,58 1087,35
14 Paraíso do Tocantins 555,09 620,01 899,57
15 Pium 211,95 305,06 411,25
16 Porto Nacional 310,20 375,93 621,10
17 Pugmil 130,03 229,71 380,52
18 Santa Rita do Tocantins 128,96 212,98 402,99
19 Santa Rosa do Tocantins 150,15 174,40 284,63
20 Silvanópolis 161,56 214,05 423,43
TOTAL (Municípios da Bacia) 238,88 325,99 480,03
TOTAL (Tocantins) 243,58 344,41 586,62
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano/ PNUD, 2014.
*A renda per capita é um indicador que aponta o grau de desenvolvimento econômico considerando
os rendimentos de todos os membros da família que moram na mesma casa pelo número total de
membros.

Entre os vinte municípios inseridos na unidade de gestão apenas quatro detêm rendas per capita
acima da média do Tocantins (586,62), sendo eles: Palmas (1087,35), Paraíso do Tocantins (899,57),
Gurupi (778,9) e Porto Nacional (621,1). Os demais municípios estão próximos ou bem abaixo da
média estadual, como por exemplo, Nova Rosalândia (299,38), Ipueiras (288,55) e Santa Rosa do
Tocantins (284,63) (Quadro 2.15).

Embora o indicador de renda per capita seja muito útil, principalmente para o conhecimento sobre o
grau de desenvolvimento de uma região e, embora os números aqui apresentados sejam
significamente positivos, a renda per capita é um coeficiente que esconde várias disparidades na
distribuição de renda. Por exemplo, um estado pode ter uma boa renda per capita, mas um alto índice
de concentração de renda e grande desigualdade social. Assim, Palmas, Paraíso do Tocantins,
Gurupi e Porto Nacional, mesmo apresentando números positivos na renda per capita, apresentam
também altas taxas no Índice de Desigualdade de Gini sendo 0,58, 0,62, 0,54 e 0,54 respectivamente
(Quadro 2.16).

150
Quadro 2.16. Índice de Desigualdade de Gini* dos Municípios inseridos na Bacia do Entorno do Lago

Munícipios 1991 2000 2010

1 Aliança do Tocantins 0,51 0,55 0,47


2 Barrolândia 0,53 0,57 0,44
3 Brejinho de Nazaré 0,56 0,64 0,55
4 Crixás do Tocantins 0,43 0,42 0,48
5 Fátima 0,55 0,65 0,56
6 Gurupi 0,62 0,57 0,54
7 Ipueiras 0,44 0,56 0,43
8 Lajeado 0,72 0,5 0,58
9 Miracema do Tocantins 0,69 0,55 0,54
10 Monte do Carmo 0,53 0,54 0,62
11 Nova Rosalândia 0,48 0,66 0,52
12 Oliveira de Fátima 0,62 0,73 0,55
13 Palmas 0,64 0,63 0,58
14 Paraíso do Tocantins 0,62 0,69 0,62
15 Pium 0,56 0,61 0,52
16 Porto Nacional 0,58 0,6 0,54
17 Pugmil 0,4 0,57 0,44
18 Santa Rita do Tocantins 0,41 0,46 0,53
19 Santa Rosa do Tocantins 0,49 0,65 0,54
20 Silvanópolis 0,61 0,56 0,56
TOTAL (Municípios da Bacia) 0,55 0,59 0,53
TOTAL (Tocantins) 0,63 0,65 0,60
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano/ PNUD
*O índice de Gini mede a concentração de renda variando entre o valor 0 que representa a situação
de igualdade até o valor 1 no extremo oposto.

Ainda em relação ao nível de desigualdade medido a partir do Índice de Gini, observa-se que todos
os municípios estão com taxas consideradas altas de desigualdade. O destaque negativo fica a cargo
do município de Monte do Carmo que obteve um acréscimo exponencial em todo o período analisado
(1991 a 2010), assim em 1991 tinha 0,53, em 2000 0,54 e em 2010 alcançou a marca de 0,62.
Paraíso do Tocantins (0,62), Lajeado (0,58) e Palmas (0,58) são os outros municípios que registraram
as mais altas taxas no último período analisado.

Com relação às atividades econômicas da região, o Quadro 2.17 mostra a conformação do Produto
Interno Bruto (PIB) por setor econômico (Agropecuária, Indústria e Serviço). Como se pode observar,
entre os municípios da unidade de gestão o setor serviço é responsável por 70,4% de toda a riqueza
gerada, seguido das atividades de indústria (22,5%) e agropecuárias (7%).

151
Quadro 2.17. Produto Interno Bruto (mil reais) nos Municípios inseridos na Bacia (2012)
PIB PIB PIB
Munícipios % % % PIB Total
Agropecuaria Indústria Serviços
Aliança do Tocantins 13.906 27,0 5.419 10,5 32.173 62,5 51.498

Barrolândia 12.127 26,8 5.062 11,2 28.105 62,1 45.294

Brejinho de Nazaré 33.373 49,8 4.786 7,1 28.894 43,1 67.053

Crixás do Tocantins 12.246 48,4 1.479 5,8 11.570 45,7 25.295

Fátima 9.760 26,2 3.323 8,9 24.229 64,9 37.312

Gurupi 24.099 2,1 227.681 20,0 888.990 77,9 1.140.770

Ipueiras 13.163 52,2 1.315 5,2 10.730 42,6 25.208

Lajeado 1.774 6,4 5.366 19,3 20.689 74,3 27.829

Miracema do Tocantins 29.623 5,0 436.010 73,7 126.233 21,3 591.866

Monte do Carmo 51.959 49,9 16.072 15,4 35.996 34,6 104.027

Nova Rosalândia 5.287 19,0 3.153 11,3 19.385 69,7 27.825

Oliveira de Fátima 4.665 35,6 958 7,3 7.465 57,0 13.088

Palmas 30.106 0,8 579.197 16,3 2.940.103 82,8 3.549.406

Paraíso do Tocantins 22.023 3,8 164.744 28,2 398.164 68,1 584.931

Pium 59.681 57,8 5.648 5,5 37.896 36,7 103.225

Porto Nacional 86.770 13,0 164.881 24,7 415.486 62,3 667.137

Pugmil 4.201 16,6 3.094 12,2 18.041 71,2 25.336

Santa Rita do Tocantins 20.568 58,0 1.615 4,6 13.252 37,4 35.435

Santa Rosa do Tocantins 33.736 52,3 3.638 5,6 27.104 42,0 64.478

Silvanópolis 42.209 52,5 4.803 6,0 33.377 41,5 80.389

TOTAL (Municípios da Bacia) 511.276 7,0 1.638.244 22,5 5.117.882 70,4 7.267.402
TOTAL (Tocantins) 2.885.693 16,3 3.398.487 19,2 11.391.734 64,4 17.675.914

Fonte: IBGE/SEPLAN, 2012.

A participação percentual dos setores econômicos varia entre os municípios. Dos 20 municípios que
formam a bacia hidrográfica, 11 (55%) tem nas atividades do setor de serviço sua principal fonte de
riqueza, sendo eles: Palmas, Gurupi, Lajeado, Pugmil, Nova Rosalândia, Paraíso do Tocantins,
Fátima, Aliança do Tocantins, Porto Nacional, Barrolândia e Oliveira de Fátima.

Nos oito municípios restantes (45%) (Crixás do Tocantins; Brejinho de Nazaré; Ipueiras; Santa Rosa
do Tocantins; Silvanópolis; Santa Rita do Tocantins; Pium; Monte do Carmo) a principal atividade
econômica é a agropecuária e em apenas 1 (5%) município (Miracema do Tocantins) tem como
principal atividade econômica o setor industrial (Quadro 2.17).

A Figura 2.3 apresenta a distribuição espacial do PIB na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

152
Figura 2.3. Produto Interno Bruto (PIB) total dos municípios inseridos na Bacia Hidrográfica (2012).

153
2.3. Diagnóstico do Arranjo Institucional

2.3.1. Sistema Estadual de Recursos Hídricos


A eficiência das ações dimensionadas no Plano de Bacia sofre grande influência da qualidade do
Sistema de Gestão de Recursos Hídricos, pois na prática, poucas ações podem ser conduzidas sem
o apoio técnico e financeiro das instituições formalmente responsáveis pela gestão das águas. Dessa
forma, foi realizado um diagnóstico sucinto sobre a atual situação do Sistema Estadual de Gestão.

O Sistema Nacional de Recursos Hídricos é estruturado em dois âmbitos, Nacional e Estadual, onde
cada domínio possui órgãos formuladores da política e executores da gestão, conforme a Figura 2.4.

Figura 2.4. Arrajo institucional do Sistema Nacional e Estadual de Gestão de Recursos Hídricos.
Fonte: MMA, 2015.

Conforme se observa no arranjo institucional, várias são as entidades diretamente relacionadas à


gestão de recursos hídricos. Dependendo da interdiciplinariedade, várias outras entidades podem ser
acionados como responsáveis pela gestão de atividades associadas aos recursos hídricos. No
Quadro 2.18 são relacionados alguns órgãos que podem ser consultados dependendo do
empreendimento ou tipo de uso da água que se pretende realizar.

Quadro 2.18. Algumas entidades envolvidas com a gestão dos recursos hídricos no Tocantins

Domínio Instituição - motivo


Agência Nacional de Águas – Outorga pelo uso da água em rios federais.
Ibama – Processo de licenciamento e nível da União.
Secretaria de Patrimônio da União – Atividades em áreas marginais de
Federal
corpos hídricos navegáveis demarcadas sob o domínio da União.
Capitania dos portos – responsável pela segurança de embarcações nos
corpos hídricos e outras atividades que sejam realizadas no mesmo.
Naturatins – Outorga pelo uso da água e licenciamento ambiental.

Estadual Semarh – Planos de bacia, monitoramento hidroclimatológico.


Seagro – Atividades agropecuárias.

154
O Sistema Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Tocantins é estruturado conforme a seguir:

Administração Direta

A administração direta é a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh). No que se


refere aos recursos hídricos, a secretaria possui uma estrutura organizacional a partir da Diretoria de
Planejamento e gestão de Recursos Hídricos conforme o organograma da Figura 2.5.

Figura 2.5. Estrutura administrativa da Diretoria de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos.

A diretoria é composta por quatro gerências que trabalham em áreas específicas.

A gerência de Hidrometeorologia trata da estruturação e manutenção da rede


hidrometeorógica do Estado. Dá suporte à sala de situação alocada na Defesa Civil. A atual
rede monitora parâmetros de quantidade e qualidade da água e foi estruturada por meio de
convênio com a Agência Nacional de Águas (ANA);
A gerência de apoio à gestão de bacias hidrográficas fornece o apoio necessário para
estruturação e implantação dos comitês de bacia, assim como, faz o acompanhamento de
suas atividades;
A gerência de políticas de recursos hídricos elabora estudos e faz o acompanhamento dos
planos de bacia assim como do plano estadual de recursos hídricos; e
A gerência de revitalização de bacias hidrográficas trará de projetos de revitalização e
recuperação de áreas degradadas que impactam os recursos hídricos como a degradação de
mananciais e de áreas de matas ciliares.

Conselho Estadual de Recursos Hídricos

O Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Tocantins (CERH/TO) foi criado pelo
o
decreto N 1.743 de 28 de abril de 2003 como um órgão consultivo e deliberativo, conforme a Política
o
Estadual de Recursos Hídricos (Lei N 1.307 de 22 de março de 2002), antes disso já existia um
o
decreto que criava o CERH (Decreto N 637 de 22 de julho de 1998).
o
O Decreto N 2.141 de 16 de julho de 2004 estabelece o regimento interno do CERH. A Lei N°2.097
de 13 de julho de 2009 vem para substituir o decreto e passa a fazer menção ao Fundo Estadual de
Recursos Hídricos e como sendo uma das atribuições do CERH, definir a alocação e fazer o
acompanhamento dos recursos desse fundo.

155
o
O Fundo Estadual de recursos Hídricos foi criado pela Lei N 2.089 de 09 de julho de 2009, com o
objetivo de financiar as mais variadas ações na área de Recursos, tendo seu orçamento submetido e
aprovado pelo CERH.

Atualmente estão instituídas as câmaras técnicas de Assuntos Jurídicos, Águas subterrâneas,


Acompanhamento e aplicação dos recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos, do Plano
Estadual de Recursos Hídricos, Procedimentos de Outorga e Ações Reguladoras.

Comitês de Bacia

O Comitê das Bacias Hidrográficas do Entorno do Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães (CBHEL) foi
o
instituído pelo decreto Governamental N 4.434 de 07 de novembro de 2011, como “órgão colegiado,
de natureza consultiva, normativa e deliberativa, integrante do Sistema Estadual de Recursos
Hídricos”, a partir da resolução CERH de 22 de junho de 2011 que aprova sua criação.
O comitê começou a realizar suas atividades de fato em 2013 quando teve seu regimento interno
aprovado em 24 de Janeiro e quando a primeira composição dos membros foi oficialmente
empossada. Atualmente o CBHEL está com sua segunda composição com mandato vigente 2015-
2016. O CBHEL é composto pela paridade de 30% de componentes do poder público, 30% de
componentes da sociedade civil e 40% de componentes de usuários de água.
O CBHEL tem se demonstrado um canal de interlocução importante para a sociedade civil colocar
suas preocupações, anseios e sugestões no que se refere aos recursos hídricos, para o poder
público, por outro lado, a participação dos usuários tem sido abaixo das expectativas, tanto é, que
nem todos os assentos dos usuários são preenchidos nas eleições.

Poder outorgante

O poder outorgante no Estado do Tocantins é do Naturatins. Órgão é responsável tanto pela parte
que se refere ao meio ambiente como a dos recursos hídricos. No que se refere aos recursos hídricos
o organograma está estruturado conforme a Figura 2.6, a seguir.

Figura 2.6. Organograma da Diretoria de Recursos Hídricos do Naturatins.

Em relação aos recursos hídricos, o Naturatins tem uma diretoria e duas coordenações subordinadas
a ela. A Coordenação de Outorga pelo Uso da Água atualmente é composta por uma equipe de 11
analistas que têm como função analisar todos os processos de solicitação de outorga para águas de
dominialidade estadual. Atualmente essa coordenação se encontra sobrecarregada em função do
grande volume de processos solicitando a outorga pelo uso da água, apesar de hoje, os usos
outorgados com declaração de uso insignificante representam menos de 20% dos usuários de fato,
na região de estudo. A Coordenação de Segurança de Barragens ainda está sendo implementada.
Foi criada por recomendação da Agência Nacional de Águas.

Também, em função do corpo técnico reduzido e pela grande extensão territorial do Estado, muitas
vezes em localidades de difícil acesso, há uma grande dificuldade na fiscalização das outorgas.

156
Ainda no âmbito dos órgãos colegiados destacam-se os comitês de bacia. Atualmente no Estado
estão implantados quatro comitês, o da Bacia dos Rios Lontra e Corda, da bacia do Rio Formoso, da
Bacia do Rio Manuel Alves e das Bacias do Entorno do Lago da UHE Lajeado, cujo plano de bacia
está sendo elaborado atualmente.

Uma grande dificuldade para um melhor desenvolvimento de atividades deste assim como dos outros
comitês é a falta da figura da Agência de Bacia. Sem a Agência não há como estabelecer um
orçamento para exercer suas atividades mais básicas. Verifica-se que a falta da agência faz com que
o comitê dependa financeiramente do poder público. Recentemente, foi contratda uma Entidade
Delegatária, com as funções de uma Agência de Bacia, em primeiro momento responsável pela
estruturação e apoio administrativo aos quatro Comitês de Bacia já implantados.

Análise do SEGRH/TO

O SEGRH/TO como pode ser visto aqui segue a estrutura proposta pelo Ministério do Meio Ambiente
e têm quase todas as instâncias implementadas, à exceção das agências de bacias.

Verifica-se que algumas atividades do setor de formulação de políticas, no caso, a Semarh, exerce
atividades que são de órgãos de implementação de políticas, que aqui é o Naturatins, como a rede
hidrometeorológica que responde também pela sala de situação e programas de revitalização de
bacias hidrográficas. Pelo que foi verificado, isso acontece muitas vezes porque a implementação
desses programas está associada à iniciativa dos órgãos. A Semarh tem uma estrutura de física e de
pessoal mais consolidada, e com isso muitas vezes acaba tomando a frente de ações que
naturalmente seriam do Naturatins.

Se for considerado apenas a diretoria de recursos hídricos do Naturatins, especificamente a


coordenação de outorga pelo uso da água, realmente constata-se uma deficiência de pessoal e
estrutura física para assumir todas as atividades de sua competência. Como esse órgão responde
também pelo licenciamento ambiental, o que se refere à gestão dos recursos hídricos,
invariavelmente não é a primeira prioridade, já que o setor de licenciamento e também o de
fiscalização são mais priorizados uma vez questão mais visados pela opinião pública e têm que dar
respostas mais imediatas.

No que refere aos comitês de bacia, em específico o Comitê de Bacias Hidrográficas do Entorno do
Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães, ainda estão com suas atividades de forma insipiente, mas
promissoras, com o aumento do interesse da sociedade civil em participar e ao mesmo tempo é uma
oportunidade do poder público apresentar suas ações e ter um retorno, por parte dos membros do
comitê, do desempenho das mesmas. Infelizmente o setor de usuários ainda não parece mobilizado o
suficiente em relação a sua participação acredita-se que ainda não tenha reconhecido a importância
desse fórum e o poder de legitimar e discutir seus problemas referentes aos recursos hídricos. A
concessionária de Saneamento e a empresa geradora de energia do reservatório são exceções,
sempre apresentes e colocando seus posicionamentos.

Os municípios não fazem parte formalmente do SEGRH/TO, como não é previsto a dominialidade
municipal dos recursos hídricos, as prefeituras municipais não aparecem nessa estrutura. Isso não
impede que as prefeituras realizem atividades que possam colaborar para a proteção e uso
sustentável dos recursos hídricos.

Todas as prefeituras dos municípios têm uma secretaria de meio ambiente ou setor que trate desse
assunto dentro de alguma outra secretaria. Municípios maiores como Palmas e Porto Nacional têm
um corpo técnico mínimo que trata de todos os aspectos da área ambiental, o que inclui os recursos
hídricos, os outros municípios ou não têm corpo técnico ou uma outra pessoa que pode ou não, ter
capacitação técnica para responder por essa área.

157
Os municípios, por não ter corpo técnico nem estrutura, dependem diretamente do órgão fiscalizador,
o Naturatins, que pela falta de pessoal e estrutura também, além da grande extensão territorial, não
consegue atender a todas as ocorrências.

Quem conhece os problemas ambientais e de recursos hídricos do município é a prefeitura, mas que
muitas vezes não tem condições ou acredita não ter competência para verificar esses problemas.
Parcerias com o órgão ambiental, em que o município levanta-se, pelo menos, os problemas de
degradação ambiental e dos recursos hídricos e passasse essa informação ao Naturatins já poderia
ser de grande valia. Questões recorrentes em que poderiam ser feitas campanhas de
conscientização, como a coleta de lixo nas praias e ilhas do reservatório e de rios afluentes, também
poderiam ser planejadas em conjunto entre prefeituras, Naturatins e Semarh. Os órgãos estaduais
poderiam capacitar técnicos das prefeituras para lidar com essas situações.

Quando a lei permitisse e que o município tivesse condições, órgão ambiental poderia delegar o
poder de fiscalização ao município.

Como exemplo pode-se citar a proposta e intensão da capitania dos portos da Marinha, que é
responsável pela segurança e tráfego de embarcações, de delegar a mesma responsabilidade de
fiscalização para municípios que têm guarda municipal, como Palmas e Porto Nacional.

Outras considerações

Uma das grandes dificuldades verificadas na região de estudo são as diversas instâncias que estão
envolvidas direta e indiretamente com a gestão dos recursos hídricos. Além das instâncias aqui
citadas que fazem formalmente do sistema estadual de recursos hídricos, há vários outras instâncias
que de alguma forma o usuário deve consultar ou solicitar permissões.

Como o reservatório é o represamento de um rio de dominialidade federal, as outorgas devem ser


solicitadas junto á Agência Nacional de Águas, também, para qualquer empreendimento na orla do
reservatório deve ser consultada a Secretaria de Patrimônio da União (SPU). Caso o
empreendimento, de alguma forma, interfira nos direitos de concessão de geração de energia por
parte da empresa que detém essa concessão, a mesma também deve ser consultada. Atividades que
envolvam embarcações o qualquer tipo de atividade no corpo hídrico, como dragagem para
mineração, também deverá consultar a capitania dos portos.

Como pode ser verificado, para o empreendedor/usuário muitas vezes, por falta de informação e
orientação, acaba desenvolvendo sua atividade de forma ilegal, pela grande quantidade de órgãos a
que ele deve se reportar.

Praticamente toda atividade econômica demanda água para o seu desenvolvimento, e muitas vezes
para que possa ser executada de forma correta, o empreendedor/usuário tem que atender uma série
de requisitos, não somente em relação ao uso da água como da própria atividade.

Em relação ao uso da água, é a outorga que determinará se há água em quantidade e qualidade


conforme o solicitado pelo usuário. Outras questões como a viabilidade ambiental do
empreendimento são verificados pelo licenciamento.

Entende-se aqui que o usuário deverá sempre contatar uma série de órgãos e instâncias para a
implantação de seu empreendimento, o que pode levar à instalação incorreta do mesmo, oque pode
levar a um uso incorreto dos recursos hídricos.

Associado a isso, muitas vezes há a necessidade de muitos dados e informações que se encontram
nas mais variadas fontes e instituições. Essas informações geralmente não são de fácil acesso, seja
porque algumas instituições têm receio em repassá-las, seja porque elas não estão sistematizadas de
forma que possam ser extraídas facilmente.

158
Para um melhor desenvolvimento dessas atividades com uma maior garantia de que todas as
exigências legais e recomendações a respeito do uso sustentável dos recursos hídricos há a
necessidade de que essas informações e dados sejam centralizados de alguma forma. Com isso, a
criação de uma agência de bacia seria de grande ajuda para usuários e poder público.

2.3.2. Diagnóstico dos Instrumentos de Gestão

A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH, Lei N °9.433/97) prevê cinco instrumentos de
o
gestão de recursos hídricos conforme o artigo 5 :

I. os Planos de Recursos Hídricos;


II. o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água;
III. a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
IV. a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
V. o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.
o
A política estadual de Recursos hídricos (PERH, Lei 1307/02) em seu artigo 4 como instrumentos de
gestão dos recursos hídricos:
I. o Plano Estadual de Recursos Hídricos;
II. os planos de bacia hidrográfica, incluindo-se o enquadramento dos corpos de água em classe
de uso preponderante;
III. a outorga de direito de uso dos recursos hídricos;
IV. a cobrança de taxa pelo uso dos recursos hídricos;
V. a compensação aos municípios;
VI. o Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos;
VII. a educação ambiental.
Confrontando as duas políticas, verifica-se que a do Estado o Tocantins, atende a Nacional e adapta
e cria outros instrumentos.

Enquanto o enquadramento dos corpos de água é um instrumento independente na PNRH, na PERH


está inserido como um componente dos planos de bacia, assim como o Plano estadual de recursos
hídricos está separado dos planos de bacia enquanto instrumento de gestão.

Ainda como diferenças entre as duas, a PERH prevê a compensação aos municípios, instrumento
vetado na PNRH e a Educação Ambiental como um instrumento de gestão dos recursos hídricos.

A seguir é feito um apanhado do que o Estado do Tocantins têm implementado desses instrumentos
de gestão de recursos hídricos.

Plano Estadual de Recursos Hídricos

O Plano Estadual de recursos Hídricos foi aprovado em 2011, e estabelece algumas diretrizes
estratégicas para os recursos hídricos no Estado.

Esse Plano propõe uma divisão territorial de gestão dos recursos hídricos em que se juntou o
conceito de bacia hidrográfica, principais atividades econômicas e a divisão administrativa, a essas
unidades territoriais se deu o nome de Área Estratégica de Gestão (AEG).

As AEG´s consideram os seguintes elementos condicionantes: densidade urbana, produção agrícola,


produção industrial, produção pecuária, unidades de conservação, geração de energia, área indígena
e sem usos impactantes.

159
A área de estudo deste plano de bacia está inserido entre as AEG 10, Rio Manoel Alves da
Natividade, cujo condicionante apontado é a geração de energia e a AEG 11, Palmas, em foram
apontados os condicionantes densidade urbana, produção agrícola, produção industrial, unidades de
conservação, geração de energia e área indígena. Isso demonstra que a região de estudo é a que
tem mais e maior intensidade de atividades econômicas, o que é um indicativo de expansão e uso
intenso da água. Para efeitos de análise, é apresentado aqui uma discussão fundamentado nas
informações da AEG 11, que seria mais representativa da região do entorno do lago da UHE Luis
Eduardo Magalhães.

As principais demandas para a AEG 11 são: 44,5% para abastecimento público, 25,5% para
mineração, 22,2% para pecuária, 4,5% para agricultura e 3,2% para a indústria. Apesar da AEG 11
não ser exatamente a área deste plano, essas demandas são representativas para o que se tem
observado para a região do entorno do lago da UHE Luis Eduardo Magalhães.

A partir das tendências de futuro identificadas pelos cenários foram estabelecidas 06 diretrizes para o
uso e conservação dos recursos hídricos e propostos 07 programas para a compatibilização das
demandas hídricas com a preservação e conservação dos aspectos de qualidade e quantidade das
águas no Estado. Essas ações preveem um investimento de R$ 120 milhões de reais para um
horizonte de 04 anos. As ações propostas visam o fortalecimento do sistema estadual de
gerenciamento de recursos hídricos e a consolidação de todos os instrumentos da Política Nacional
de Recursos Hídricos. A AEG 11, por ser a que tem maior intensidade das condicionantes, foi
contemplada em todos os programas e subprogramas, a saber:

Estruturação do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos


Subprograma: Modernização do Órgão Gestor
Subprograma: Capacitação do Órgão Gestor
Subprograma: Desenvolvimento Tecnológico
Subprograma: Prospecção Permanente de Fontes de Recursos
Subprograma: Criação da Unidade de Acompanhamento do PERH/TO

Coordenação de Ações Estratégicas


Subprograma: Diretrizes de Ações para o Aquífero Urucuia-Areado
Subprograma: Diretrizes de Ações Relativas às Hidrovias
Subprograma: Diretrizes de Ações Relativas a Projetos de Irrigação
Subprograma: Diretrizes de Ações para o Saneamento Básico em Áreas de Deficit Hídrico
Subprograma: Articulação com o Setor Elétrico
Subprograma: Interface com o Planejamento Territorial
Subprograma: Instalação de Câmara Técnica Especifica do CERH, para Discussão

Estudo para Gestão, Prevenção e Defesa contra Eventos Críticos


Subprograma: Criação do NIGEC - Núcleo Integrado de Gestão de Eventos Críticos
Subprograma: Controle de Erosão e Assoreamento dos Recursos Hídricos em Áreas Rurais

Programa de Consolidação da Sistemática de Concessão de Outorgas de Direitos de


Uso e do Cadastramento de Usos e Usuários de Recursos Hídricos
Subprograma: Análise de Critérios de Outorga e Elaboração da Primeira Versão do Manual de Outorgas
Subprograma: Cadastramento de Usuários de Recursos Hídricos

160
Subprograma: Desenvolvimento do Sistema de Automonitoramento e do Ato Declaratório de Uso de
Recursos Hídricos

Financiamento de Estudos e Projetos para Perenização de Corpos Hídricos para Fins


de Saneamento, Irrigação e Geração de Energia
Subprograma: Implementação Direta de Obras pelo Estado
Subprograma: Apoio à Execução de Obras de Infraestrutura

Base Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos


Subprograma: Implementação do SIRH Tocantins
Subprograma: Rede Estratégica de Monitoramento dos Recursos Hídricos Superficiais do Tocantins
Subprograma: Comunicação Interna e Externa

Desenvolvimento de Serviços Ambientais


Subprograma: Criação de Unidades de Conservação Relacionadas aos Recursos Hídricos
Subprograma: Pagamento Por Serviços Ambientais

Como pode ser verificado pela inclusão da região do Plano de bacia aqui proposto em todos os
programas e subprogramas do plano estadual, essa região é a que mais está propensa ao
desenvolvimento econômico nas mais variadas áreas, o que se não for bem definido, poderá levar a
uma situação de escassez e degradação dos recursos hídricos.

Plano Estratégico da Bacia Araguaia-Tocantins

A Agência Nacional de Águas (ANA) elaborou um plano estratégico da bacia Araguaia-Tocantins, em


que a totalidade do Estado do Tocantins está inserida.
Algumas ações propostas no Plano Estratégico da bacia Araguaia-Tocantins também foram
contempladas no Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH): capacitação dos agentes públicos,
dos técnicos do Estado e da sociedade civil em gestão dos recursos hídricos; promoção de pesquisa
focada no Aquífero Urucuia; ações de saneamento básico para áreas com déficit hídrico e estudo
para gestão, prevenção e defesa contra eventos críticos, inclusive para a região sudeste;
planejamento e otimização do uso da água para irrigação, abrangendo a região da planície do
Araguaia; criação de unidades de conservação; implementação do SEIRH e consolidação dos
critérios de concessão da outorga e; estudos para acompanhar o desenvolvimento das hidrovias,
contemplando as bacias dos rios Araguaia e Tocantins. Assim, percebe-se que importantes
apontamentos do Plano Estratégico da bacia Araguaia-Tocantins foram considerados no Plano
Estadual.

Planos de bacia hidrográfica, incluindo-se o enquadramento dos corpos de água em classe de


uso preponderante

Como mencionado anteriormente, a política estadual de recursos hídricos faz uma separação entre
plano estadual e de bacias, enquanto instrumentos de gestão, e insere o enquadramento neste
último.

No âmbito dos Planos de Bacia Hidrográfica (PBH), até o momento foram elaborados seis Planos no
Tocantins: PBH do Entorno do Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães, PBH dos rios Lontra e Corda,
PBH dos rios Balsas e São Valério, PBH do rio Manuel Alves, PBH do rio Formoso e PBH do rio
2
Palma. Esses planos abrangem 77.235,97 km , o que representa 27,82% da área do Estado.

161
Conforme pode ser visualizado na Tabela a seguir, apenas o PBH do rio Formoso não apresentou
uma proposta para o enquadramento dos recursos hídricos da bacia, apesar de constar no artigo 4º
o
da Lei Estadual n 1.307, de 22 de março de 2002, que dispõe sobre a Política Estadual de Recursos
Hídricos, que o enquadramento dos corpos de água em classe de uso preponderante deve estar
incluído no Plano de Bacia Hidrográfica.
Atualmente, estão instituídos e em funcionamento no Estado de Tocantins quatro comitês de bacias
hidrográficas: Comitê das Bacias Hidrográficas do Entorno do Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães;
Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Formoso; Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Manuel Alves e;
Comitê da Bacia Hidrográfica dos Rios Lontra e Corda. Os Comitês de bacias do rio Palma e dos rios
Balsas e São Valério ainda não foram instituídos.
o
De acordo com a Deliberação 03/2012 publicada no Diário Oficial do Estado do Tocantins n 3.781
em 24 de dezembro de 2012, os PBH das bacias hidrográficas do rio Formoso e do rio Manuel Alves
foram aprovados pelos seus respectivos comitês. Os comitês do entorno do Lago e da bacia dos rios
Lontra e Corda não aprovaram os seus PBH, uma vez que foram elaborados antes de sua criação.
Os planos dos rios Palma e Balsas e São Valério somente poderão ser aprovados após a criação dos
seus comitês.

Como pode ser verificado no Quadro 2.19 seguinte, os enquadramentos foram feitos de uma forma a
seguir o que a legislação determina em situações gerais sem maiores detalhamentos. Também fica
evidente a questão de falta de dados de qualidade da água. Apenas bacias em que há captação de
água para abastecimento humano existem alguns dados de qualidade da água, o que é pouco, e
invariavelmente, esses dados são apenas do local de captação. Nos municípios que tem tratamento
de efluentes ainda há alguns dados de qualidade da água nos pontos de lançamento da efluente
tratado. Outros dados de qualidade da água são de trabalhos de pesquisa isolados, do
monitoramento do lago feito pela concessionária de geração de energia da UHE Luis Eduardo
Magalhães.

Isso dificulta muito a elaboração de um enquadramento, a falta de dados de qualidade da água e de


disponibilidade hídrica confiáveis na escala de bacias menores, praticamente inviabiliza uma proposta
o
de enquadramento usando como base as resoluções Conama N 357 e 430. Também há a
necessidade de ter informações mais precisas sobre o solo, o uso e ocupação, assim como um
cadastro das propriedades da bacia que se quer fazer o enquadramento.

162
Quadro 2.19. Informações sobre os Planos de Bacias existentes no Estado.

Plano Municípios Rios Área (km2) Enquadramento em Classes Comitês


Ribeirões São João,
Taquaruçu Grande, Classe 1: nascentes, quando
Criado em
Água Fria, Jaú e estas se situarem no interior da
Palmas, Porto 07/11/2011
PBH Lajeado, e dos APA; Classe 2: o restante dos
Nacional, Lajeado, por meio do
Entorno Córregos Taquari, 1.812,62 trechos que cortam zonas
Aparecida do Rio Decreto
do Lago Prata, Brejo urbanas atuais e de expansão,
Negro e Tocantínia. Estadual no
Comprido, Almescão, com diversos usos das águas,
4.434/2011
Atoleiro, Ronca, inclusive diluição de efluentes.
Barreira e Adjacentes
Classes 1 e Especial: corpos
d’água em APA’s criadas ou a
serem criadas nas bacias.
Ananás, Angico, Classe 4: trechos de pequenos
Aragominas, Rio Lontra, Rio cursos de água que se
Araguaína, Araguanã, Pontes, Ribeirão desenvolvem ao longo de Criado em
PBH Babaçulândia, Brejão, Ribeirão Boa zonas urbanizadas, como o 10/10/2013
Lontra e Carmolândia, Vista, Ribeirão Lajes, 7.354,78 caso do ribeirão Jacuba, da através do
Corda Darcinópolis, Piraquê, Rio Lajes, Rio Corda, cidade de Araguaína. Classe 2: Decreto nº
Riachinho, Ribeirão Lago Nos trechos restantes do 4.906/2013
Wanderlândia e Grande. ribeirão Jacuba, onde é
Xambioá. desenvolvida intensa atividade
de recreação de contato
primário e demais corpos de
água das bacias.
Santa Tereza, Ponte
Rio Balsas, Rio São
Alta, Lagoa,
Valério, Rio Ponte Foram elaboradas 04
Pindorama, Monte do
Alta, Córrego Brejo propostas de enquadramento
Carmo, Novo Acordo,
Grande, Brejo para cada bacia (Balsas e São
PBH Rio Rio da Conceição, 12.386,7
Felicíssimo, Córrego Valério) de acordo com os Não tem
Balsas e Silvanópolis, (Balsas) e
Sangradouro, seguintes cenários: comitê
São Natividade, Aparecida 2.136 (São
Córrego Estiva, classificação atual, cenário constituído
Valério do Rio Negro, Valério)
Córrego Santa com desenvolvimento e,
Mateiros, Palmas,
Tereza, Córrego cenário com restrições
São Valério da
Gameleira, Córrego ambientais.
Natividade, Peixe e
São João.
Paranã.
Rio do Peixe, Rio
Almas, Chapada da Manuel Alves,
Classe Especial: nascentes
Natividade, Conceição Ribeirão do Pedro,
dos rios Manuel Alves, Manuel
do Tocantins, Córrego Salobro,
Alvinho, Gameleira, Bagagem, Criado em
Dianópolis, Ribeirão Água Suja,
PBH rio do Peixe, Córrego Morena e 22/03/2011
Natividade, Córrego Cocal, Rio
Manuel 14.894,7 Ribeirão Água Suja. Classe 1: através do
Pindorama, Porto Bagagem, Rio
Alves trecho intermediário do rio Decreto nº
Alegre, Rio da Mombó, Rio
Gameleira. Classe 2: os 4.253/2011
Conceição, Santa Conceição, Rio
demais cursos d’água e
Rosa, São Valério da Peixinho, Rio Manuel
trechos de rios.
Natividade e Taipas. Alvinho, Córrego
Morena
Gurupi, Crixás, Cariri,
Figueiropólis,
Alvorada, Talismã, Rio Formoso, Rio
Araguaçu, Escuro, Rio Pau
Sandolândia, Seco, Rio Piaus, Criado em
Formoso do Araguaia, Ribeirão Tranqueira, 22/03/2011
PBH Rio Não apresentou nenhuma
Dueré, Lagoa da Ribeirão Piraruca, 21.328,57 através do
Formoso proposta
Confusão, Ribeirão da Taboca, Decreto nº
Cristalândia, Pium, Rio Xavante, Rio 4.252/2011
Nova Rosalândia, Dueré, Rio Urubú e
Fátima, Oliveira de Ribeirão Lago Verde
Fátima, Aliança e
Santa Rita.
Classe Especial: nascentes
Rio Palma, Rio
Arraias, Aurora, dos rios Palma, Palmeiras,
Arraias, Córrego
Combinado, Sobrado, Arraias e Conceição,
Cachoeira, Rio
Conceição, dos Ribeirões Bonito e do
Palmeiras, Rio
Dianópolis, Abreu, dos Córregos Ponte Não tem
PBH Rio Sobrado, Rio
Lavandeira, Novo 17.322,6 Alta e Água Suja. Classe 1: comitê
Palma Conceição, Ribeirão
Alegre, Novo Jardim, regiões intermediários dos rios constituído
do Salto, Ribeirão
Paranã, Ponte Alta do Sobrado, Palma, da Conceição
Bonito, Rio Ponte
Bom Jesus, e Palmeiras. Classe 2: demais
Alta e Ribeirão
Taguatinga e Taipas. cursos d’água e trechos de
Abreu.
rios.

163
Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos

A outorga de direito de uso dos recursos hídricos foi instituída no Estado do Tocantins pela Lei
Estadual Nº 1.307/2002 e regulamentada pelo Decreto Estadual N° 2.432, de 06 de junho de 2005,
que determinou que a gestão e a fiscalização dos recursos hídricos devem ser executadas pelo
Naturatins.
Outros documentos que auxiliam o processo de emissão de outorga, pode-se citar:
Portaria 06 30/01/2001: Procedimentos para a emissão da outorga, bem como a renovação,
alteração, transferência, desistência, suspensão e revogação de outorga, em corpos d’água
sob domínio e administração do Estado, bem como para o cadastramento dos usos que
independem de outorga, nos termos previstos na Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e
legislação vigente;

Portaria 276 20/11/2001: Dispõe sobre o ordenamento das etapas de análise dos processos
de outorga e do licenciamento ambiental;

Portaria 118 17/06/2002: Usos insignificantes;

Portaria 188 05/09/2002: Anuência Prévia para início de obras de captação subterrânea;

Portaria 286 27/03/2008: Outorga Prévia de direito de uso dos recursos hídricos;

Portaria 1.016 11/08/2008: Estabelece os procedimentos técnicos e administrativos para


emissão da declaração de reserva de disponibilidade hídrica para uso de potencial hidráulico
em aproveitamentos hidrelétricos em rios de domínio do Estado do Tocantins

Desde sua implementação até o ano de 2007, haviam sido outorgados 1.011 processos, dos quais
70% se referiam a captações em mananciais superficiais e 30% a captações subterrâneas. Para o
referido período, a irrigação foi o uso mais expressivo, seguido do abastecimento público,
abastecimento comercial, abastecimento industrial e obras de infraestrutura.
Segundo levantamento da secretaria da agricultura, no período de 2009 a 2014, o quantitativo de
outorgas emitidas pelo Naturatins equivale a 1.821 Portarias, das quais 62,4% estão relacionadas a
captações em mananciais subterrâneos e 37,6% a mananciais superficiais. Além disso, observa-se
que o uso que prevaleceu foram as obras de infraestrutura (barragens, pontes e bueiros), seguida
das atividades agropecuárias (irrigação, dessedentação animal e psicultura), abastecimento
comercial, abastecimento industrial, abastecimento doméstico, mineração e paisagismo.

Verifica-se que houve pouco avanço na implementação deste instrumento nos últimos anos, haja
vista que durante o período de 02 anos (2005 a 2007) haviam sido outorgados em média pouco mais
de 500 processos/ano e, em contrapartida no decorrer de 05 anos (2009 a 2014) esse quantitativo
reduziu para pouco mais de 360 processos/ano, embora tenha ocorrido maior desenvolvimento
econômico do Estado nesse período. A ausência de ações de fiscalização, por parte do órgão
fiscalizador, tem colaborado para a baixa eficiência do instrumento.
A grande extensão territorial e a falta de infraestrutura podem ser apontados como a dificuldade para
essa fiscalização. Recentemente foi implementado um sistema de apoio à decisão (SAD-Outorga)
para padronizar os critérios, automatizar a geração de indicadores e atualizar permanenetemente a
disponibilidade hídrica após as análises e deferimento dos processos de outorga. Com a
implementação do SAD-Outorga, está agora em elaboração o Manual de Outorga que irá ser de
grande ajuda para a análise dos processos de solicitação de outorga, integrando processos no
Cadastro Nacional de Recursos Hídricos – CNARH com o SAD-Outorga, desde a criação do processo
pelos responsáveis técnicos até a publicação do ato administrativo do instrumento de Outorga.

164
Cobrança de Taxa pelo Uso dos Recursos Hídricos

No que se refere à Cobrança pelo Uso da Água, ainda não foi implementado em nenhuma bacia
hidrográfica do Estado, entretanto, o Governo Estadual, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos – SEMARH, contratou uma empresa de consultoria para elaboração de um estudo
de metodologia e avaliação dos impactos da Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos na bacia
hidrográfica do rio Formoso. Essa bacia já apresenta um histórico de conflitos pelo uso da água em
função da grande demanda advinda dos projetos de agricultura irrigada, instalados nos municípios de
Formoso do Araguaia e Lagoa da Confusão, na Planície do Araguaia.
Compensação aos Municípios

Este instrumento ainda não foi regulamentado pelo CERH e não há nenhum tipo de estudo em
relação ao mesmo. Aqui pode haver a possibilidade de algum repasse, por meio do FERH, seja feito
aos municípios que programassem ações de gestão dos recursos hídricos. Poderia, por exemplo, ser
uma maneira de envolver as prefeituras municipais no processo de cadastro de usuários e
fiscalização das outorgas, decentralizando um pouco as atividades do Naturatins.

Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos

Outro instrumento de gestão ainda não implantado no Estado é o Sistema de Informações. Em 2014
foi firmado um convênio entre a SEMARH e a FAPTO para a elaboração do Plano Estadual de
Gestão de Informações, que constituiu o passo preliminar para a futura implantação do Sistema
Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos. Dessa forma, até que o Sistema de Informações
seja implementado, qualquer dado ou informação pertinente à gestão dos recursos hídricos
continuará de forma esparsa e sem a sistematização adequada, muitas vezes dependendo-se da boa
vontade de cada órgão detentor da informação disponibilizá-la ou não.
Educação Ambiental

A Política Estadual de Recursos Hídricos inova ao incluir a educação ambiental como um instrumento
de gestão. Por outro lado, as ações que se tem visto sobre o tema, são isoladas e não
necessariamente têm relação direta com os recursos hídricos. Acredita-se que seria necessário uma
discussão maior e mais articulada de implementação de programas de educação ambiental com foco
prioritário nos recursos hídricos. Essa discussão poderia ser iniciada no âmbito dos comitês de bacia
para depois ser levado ao CERH para que seja formalizada como programas institucionais de apoio à
preservação e uso sustentável da água.

2.3.3. Sociedade Civil Organizada


Normalmente a sociedade civil se organiza quando percebe que há algo que pode afetar uma parte
considerável do coletivo ou quando há interesses convergentes em defender uma determinada
posição. No caso dos Recursos Hídricos, o que se têm visto no Brasil, é que a sociedade se mobiliza
em situações de escassez, sejam crônicas ou eventuais. Em regiões como o nordeste do país a
escassez está associada mais a eventos hidrológicos extremos. Em regiões como a região Sudeste
os eventos de escassez estão mais associados a grandes demandas pelos recursos hídricos, apesar
de nos últimos anos terem ocorridos séries de precipitações abaixo da média histórica, que associado
ao grande consumo, e muitas vezes desperdício, tem levado a situações de crise hídrica.

Regiões como a do Estado do Tocantins, têm desfrutado da fama de terem uma grande
disponibilidade hídrica associada a uma baixa demanda por água, o que o colocaria em uma situação
confortável para aumentar seu consumo. Atualmente verifica-se que isso não é uma visão tão
consolidada e que já existem situações de conflito ou conflito potencial pelo uso da água no Estado
do Tocantins.

165
A visão da sociedade, no entanto, ainda é muitas vezes a da cultura da abundância, o que leva
muitas vezes ao desperdício. Apesar disso, na região do entorno do reservatório tem tido uma
iniciativa da sociedade civil, liderada pelas Organizações Jaime Câmara com apoio do Governo do
Estado desde 2003, que é a realização do evento anual chamado “Fórum do Lago”, em que são
discutidos questões sobre a ocupação e conservação do reservatório da UHE Luis Eduardo
Magalhães, esse mesmo evento passou a se chamar “Fórum das Águas” a partir de 2012, em que a
temática dos recursos hídricos passou a ser discutida no âmbito de todo o Estado.

Fórum do Lago e Fórum das Águas

Depois de onze edições do Fórum do Lago e o Fórum das Águas em sua terceira edição, pode-se
dizer que é uma ação consolidada de debate e discussão sobre a questão dos recursos hídricos no
Estado do Tocantins. Como é uma atividade desenvolvida por iniciativa de um dos maiores veículos
de comunicação do Estado, sua abrangência junto à sociedade tem sido bastante grande, colocando
em evidência na mídia essa temática desde o inicio das discussões do formato do fórum a cada ano,
até a cobertura do evento.

Por várias vezes o evento trouxe especialistas na área para proferirem palestras sobre assuntos
específicos que tem despertado interesse principalmente em estudantes de ensino médio e superior,
assim como de organizações não governamentais e pesquisadores da área.

Também são organizadas atividades com escolas de ensino fundamental da rede pública com
concurso de redação e desenhos, com prêmios para os melhores trabalhos e uma série de atividades
de educação ambiental, como o plantio de árvores e palestras sobre preservação e conservação da
água.

Todo fórum aborda uma temática específica que ao final do evento, a partir das discussões e
palestras apresentadas, é elaborada uma carta do fórum, que expressa a temática daquele evento e
preocupações apontadas pelas entidades da sociedade civil que participaram, documento esse que
poderia ser utilizado pelo poder público para balizar algumas políticas relacionadas aos recursos
hídricos.

A seguir são apresentadas as temáticas de todas as cartas dos nove Fóruns do Lago e dos três
Fóruns das Águas.
o
Carta do 1 Fórum do Lago (2003)

Esse fórum ocorre no ano seguinte ao enchimento do reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.
A grande preocupação da sociedade civil é com o uso e ocupação das margens do reservatório, que
fosse feita de forma ordenada e dentro da legalidade. Como a carta menciona, a sociedade civil
expressa “(...) sua preocupação com a ameaça de degradação ambiental do Lago de Lajeado e de
todo seu entorno com ocupações irregulares, com falta de um plano de conservação e uso múltiplo do
reservatório, com regras explicitas do seu zoneamento e com falta de uma atuação mais integrada
dos órgãos ambientais, demais órgãos públicos e sociedade (...)”.
o
Já no 1 fórum se evidencia a preocupação com o uso e ocupação do entorno e do lago propriamente
dito. A mudança da paisagem, com a formação do reservatório é recente e assim como havia uma
grande expectativa com os atrativos que poderiam ser desenvolvidos nele, também já havia a
preocupação com a especulação imobiliária e a ocupação desordenada e ilegal das margens do
reservatório. Também vale ressaltar que nessa carta se faz menção à criação de um comitê de bacias
para essa região.
o
Carta do 2 Fórum do Lago (2004)
o
Neste 2 fórum do Lago, a sociedade civil expressa novamente uma grande preocupação sobre o uso
e ocupação do entorno do reservatório em que “(...) vêm reafirmar sua preocupação com a ameaça

166
de degradação ambiental do Lago de Lajeado e de todo seu entorno com as intervenções nas áreas
de preservação permanente, com as ocupações irregulares, com a eficiência dos sistemas de
tratamento de esgotos domésticos despejados no lago, com as fontes pontuais de poluição e com a
indefinição do zoneamento do plano de conservação e uso múltiplo do reservatório.“

Entre as propostas apresentadas nessa carta pode-se destacar: definição do zoneamento no Plano
Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório, como instrumento norteador do uso
múltiplo e ocupação do entorno do Lago; A ampliação da Rede Hidrometereológica, no Estado do
Tocantins, possibilitando um maior conhecimento da disponibilidade hídrica de maneira que se tenha
uma ideia clara das estações pluviométrica e fluviométrica; A instalação do consórcio intermunicipal
do Lago de Lajeado, com sua regulamentação interna, garantida a participação da sociedade e
assessoria técnica e início dos trabalhos de uniformização das legislações de uso e ocupação do
solo, integração das ações administrativas fiscalizatórias pelos municípios integrantes. Incentivar a
elaboração dos planos diretores dos municípios com base nas instruções do Estatuto das Cidades; A
implantação imediata do Fundo Estadual dos Recursos Hídricos.

Como pode-se verificar, algumas propostas foram implementadas, outras ainda não saíram do papel,
mas isso demonstra que esse tipo de evento pode ter surtido um grande efeito junto ao poder público
e uma forma efetiva de interlocução da sociedade civil.
o
Carta do 3 Fórum do Lago (2005)

A carta desse fórum segue as mesmas recomendações dos outros, ainda com destaque para o uso e
ocupação do entorno do lago. Nesse fórum é apresentado o Plano Ambiental de Conservação e Uso
do Entorno do Reservatório, em que foi sugerida a elaboração de audiências públicas para sua
apresentação e conhecimento por parte da sociedade.

O Consorcio Intermunicipal dos municípios do entorno do lago já está efetivado e participando das
ações propostas pelo fórum esse propõe que seja o gestor do gestor do Plano de Uso Múltiplo e
Conservação do Lago, resguardadas as competências de controle e fiscalização dos órgãos de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos, até a criação do Comitê de Bacias e do Entorno.

É colocado em questão a aquicultura e a pesca, e se propõe “Defender a implantação do tanque-rede


como um desejo da sociedade e do setor produtivo através de informações sobre a viabilidade desta
atividade, devendo a mesma ser acompanhada pelas instituições voltadas para o setor, buscando-se
o uso sustentável aquícola do sistema e obedecendo-se as normas legais pertinentes”.
o
Carta do 4 Fórum do Lago (2006)

Aa propostas da carta desse fórum foi elaborada dentro de cinco eixos temáticos, aqui são
apresentados os eixos e as propostas mais relevantes para este estudo.

Legislação e segurança: elaboração do Plano Diretor pelos municípios de Brejinho de Nazaré,


Ipueiras, Lajeado, Miracema do Tocantins e Tocantínia; as prefeituras, órgãos públicos, instituições e
demais proprietários de imóveis no entorno do lago, antes de executarem obras sob, sobre e às
margens do reservatório, procurem orientação na Marinha do Brasil (Capitania Fluvial do Araguaia-
Tocantins) no que concerne ao ordenamento do espaço aquaviário e à segurança da navegação;
Que as prefeituras do entorno do lago providenciem a sinalização, das praias e dos canais de acesso
às marinas, bem como dos locais de risco para banhistas, desportistas e navegadores, buscando
orientação da Marinha do Brasil.

Educação Ambiental: Implementar o Programa Estadual de Educação Ambiental; Produzir cartilhas


didáticas com informações específicas sobre o Lago para distribuir nas unidades escolares da Rede
Pública.

167
Produção e turismo: Implantar o projeto “Tanque-Rede”, obedecidas as leis e normas vigentes;
Disseminar a cultura da proposta de desenvolvimento sustentável do Lago, com atividades turísticas,
implantando o “Roteiro Turístico do Lago”.

Comunicação: A apresentação pelo Estado e Municípios de todas as ações desenvolvidas com os


recursos oriundos das compensações financeiras da UHE Lajeado;

Ações múltiplas: Fazer cumprir e aplicar as medidas administrativas e judiciais, voltadas à


responsabilização dos infratores e à recuperação das áreas impactadas; Que a Secretaria Estadual
da Agricultura e parceiros realizem seminários e oficinas, abertos ao público, com a participação de
prefeituras, universidades, órgãos ambientais e produtores, com vistas ao aprofundamento da
discussão relacionada à aquicultura e pesca, em especial com o tema tanque-rede, bem como o
aproveitamento do lago para uma agricultura irrigada e sustentável.
o
Carta do 5 Fórum do Lago (2007)

Aqui as propostas também foram apresentadas em grandes eixos.

Legislação, segurança planejamento e gestão integrada: A consolidação das contribuições dos


municípios e do entorno e Tocantínia, promovidas a partir das consultas púbicas, com a aprovação do
Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório; A articulação e adequação dos
planos diretores municipais com as diretrizes e o zoneamento estabelecidos no plano ambiental de
conservação e uso do entorno do reservatório; A imediata implantação e regulamentação do Fundo
Estadual de Recursos Hídricos e do Fundo Estadual de Meio Ambiente composto com recursos da
compensação financeira pelo uso dos recursos hídricos e outras fontes e alocação destas receitas
para programas e projetos ambientais.

Educação ambiental: Implementar o Programa Estadual de Educação Ambiental priorizando as ações


demandadas pelo Plano de Uso e Conservação do Lago; Apoiar os órgãos responsáveis pela
divulgação do Plano do Lago.

Produção e turismo: Implantar o projeto “Via Verde” que liga Palmas a Lajeado, transformando a
região num novo atrativo turístico; Garantir o acesso do público ao lago e o direito de ir e vir em todas
as estradas vicinais existentes antes do enchimento do reservatório.

Ações múltiplas: Os órgãos da estrutura dos poderes públicos federal, estadual e municipais, devem
compatibilizar suas políticas públicas de ordenamento do território, saneamento, habitação, fundiária
e de desenvolvimento agrícola, industrial e urbano com suas políticas de meio ambiente, adotando os
instrumentos de prevenção e precauções ambientais em suas obras e atividades, através dos
estudos e cuidados técnicos necessários, como exemplo para a iniciativa privada e para a sociedade;
Que o Estado fomente junto com à ANA a implantação do Comitê Gestor de Bacias do Entorno do
Lago da UHE Lajeado, tendo como um dos objetivos a realização de diagnóstico das águas e do uso
do solo nas bacias do entorno do lago; Buscar a retomada imediata das obras da eclusa de Lajeado
pelo Governo Federal garantindo o transporte hidroviário, assim como a revisão das ações ambientais
definidas no seu licenciamento para a utilização em favor da bacia hidrográfica do lago e das
comunidades impactadas.
o
Carta do 6 Fórum do Lago (2008)

A carta desse fórum foi apresentada com quase as mesmas propostas da anterior, entende-se aqui
que essas propostas são relevantes para a sociedade civil e que não têm evoluído no decorrer do
tempo entre os fóruns e que por isso permanecem na relação de propostas.

Nessa carta destaca-se a proposta de “Apresentação por parte da Saneatins da evolução e


resultados da implantação da Estação de Tratamento de Água (ETA - Piloto Palmas) com a
realização de pesquisas para o uso de água para consumo humano, utilizando a água do Lago de

168
Lajeado e apresentação da evolução dos estudos e pesquisas que nortearão o projeto de
implantação, adequação da Estação de Tratamento de Esgoto Norte de Palmas”. O que demonstra a
primeira preocupação com o esgoto gerado pela cidade Palmas.
o
Carta do 7 Fórum do Lago (2009)

Aqui se destacam as seguintes propostas: A elaboração dos Planos de Uso e Ocupação das Áreas
Adjacentes às Praias pelos Municípios do entorno do Lago, com acompanhamento dos Ministérios
Públicos, órgãos ambientais, da Marinha do Brasil e da Secretaria do Patrimônio da União,
estabelecendo os diversos usos para os diferentes trechos das praias ou margens, demarcando as
áreas, em terra, para jogos e banhistas, bem como na água, de forma a prover a devida separação
entre as áreas de banhistas e das práticas de lazer/esportes náuticos; Buscar junto à Saneatins a
execução do projeto de esgotamento sanitário ou a liberação da concessão nos municípios Brejinho
de Nazaré, Ipueiras, Lajeado, Miracema e Tocantínia para a busca de recursos junto ao Governo
Federal;
o
Carta do 8 Fórum do Lago (2010)

Aqui se destacam as seguintes propostas: Elaboras uma cartilha objetivando orientar eventuais
empreendedores sobre a legislação aplicável às atividades e empreendimentos; Implementar e
acompanhar nos sete municípios do entorno do reservatório os protocolos municipais de uso do fogo
e do fórum municipal do lixo e cidadania.
o
Carta do 9 Fórum do Lago (2011)

A carta desse fórum acompanha as propostas anteriores, sem acrescentar novas propostas de
relevância específica para este estudo.
o
Carta do 1 Fórum das Águas (2012)

A partir de 2012 o fórum ganha outro foco, mais amplo, em que passa a ser discutida a temática dos
recursos hídricos para todo o Estado, não mais se restringindo ao entorno do reservatório da UHE
Luis Eduardo Magalhães. Com isso passaram a envolver outros comitês de bacia, dando assim,
maior participação à sociedade civil do Tocantins. Também foram realizados mini-fóruns em várias
cidades antes do principal para levar a discussão mais próximo das pessoas.

Entre as propostas apresentadas destaca-se uma um conjunto delas visando o fortalecimento dos
comitês de bacia, além de: Identificação de áreas prioritárias de unidades de conservação nas bacias;
Recuperação e revitalização das nascentes, encostas e matas ciliares; Implementação do
instrumento da cobrança pelo uso da água, entre outras.

Foi colocado em destaque também, a universalização do saneamento básico e como prioridade a


elaboração dos Planos Municipais de Saneamento e Manejo Integrado de Resíduos.

A difusão da outorga pelo uso da água e do licenciamento ambiental também foi colocado como uma
prioridade, principalmente para informar pequenos produtores rurais, população ribeirinha e
sociedade em geral. Ainda dentro dessa temática pontou-se a necessidade de intensificar a a
fiscalização sobre os uso da água.

Na temática Desenvolvimento tecnológico e científico apontou-se a importância da divulgação de


pesquisas e estudo das instituições acadêmicas, como as Universidades e outros centros de
pesquisa.
o
Carta do 2 Fórum das Águas (2013)

A temática central desse fórum foi “Uso sustentável dos recursos hídricos: Desafios e perspectivas.”
Nesse fórum poucas questões novas foram inseridas nas propostas em relação ao anterior, entre as

169
que se destacam pode-se relacionar: acompanhamento da implantação de tanques-rede para criação
de peies em caráter experimental; incentivar atividades esportivas aquáticas; controle pelo poder
público municipal do processo expansão do perímetro urbano; Atualizar os planos de bacia existentes
para subsidiar a outorga de uso da água.
o
Carta do 3 Fórum das Águas (2014)

O fórum das águas de 2014, deu continuidade às propostas elencadas ao longo desses anos todos
nos fóruns anteriores, em que a relação de propostas apresentadas, pode-se encarar como uma lista
de reinvindicações e preocupações por parte da sociedade civil em relação aos recursos hídricos no
estado do Tocantins.

Na carta desse fórum foram incluídas nas propostas: Estabelecer convênio ou criar uma agência
delegatária, que funcionará como órgão executivo e financeiro para os comitês de bacias; Efetuar
gestão junto à Secretaria da Fazenda, Semades, Naturatins e órgãos afins para inclusão de assuntos
relacionados a bacias hidrográficas como um dos critérios de pontuação para o ICMS Ecológico;
Efetuar gestão junto à Secretaria da Fazenda, Semades, Naturatins e órgãos afins para inclusão de
assuntos relacionados a bacias hidrográficas como um dos critérios de pontuação para o ICMS
Ecológico; Fortalecer o programa VIGIÁGUA da Vigilância Sanitária, como forma de monitoramento
contínuo da qualidade da água potável no Tocantins; Recomendar aos órgãos ambientais que
priorizem a regularização ambiental das propriedades rurais, principalmente com a implementação do
CAR (Cadastro Ambiental Rural), e que promovam ações de orientação aos pequenos, médios e
grandes empreendedores sobre outorga de água e licenciamento ambiental, por meio da produção de
material de divulgação, em linguagem simples e acessível; Solicitar ao Governo do Estado que
institucionalize o Plano Estadual de Irrigação (PEI-TO) já elaborado.

2.4. Modais de Transporte


O Estado do Tocantins, pela sua localização geográfica, tem um grande potencial no setor de
logística de transportes em todos os modais, rodoviário, ferroviário, hidroviário e aeroviário.

O modal rodoviário, com a rodovia BR-153 que corta o Estado de norte a sul e estradas estaduais de
ligação, já é bem consolidado, mas ao mesmo tempo sobrecarregado, o governo federal, por meio do
programa de aceleração do crescimento (PAC), já prevê a duplicação da rodovia BR-153 no trecho de
Anápolis (GO) até Aliança do Tocantins (TO). Essa rodovia é a principal alternativa para escoamento
de cargas na direção Norte-Sul pelo interior do país. Não se pretende entrar em maiores detalhes a
respeito desse modal, uma vez que já é consolidado.

A seguir são discutidos os outros modais e seus possíveis impactos no desenvolvimento econômico
na região do entorno do reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.

Modal Ferroviário

Na região de estudo passa a ferrovia Norte-Sul, essa ferrovia é um projeto antigo do governo federal
e visa integrar o norte ao sul do país por essa ferrovia. Segundo estudo da CNI (2014), com a Lei
Federal Nº 11.297, de 9 de maio de 2006, que incorporou o trecho Açailândia/MA–Barcarena/PA ao
traçado inicialmente projetado, e com a Lei Federal Nº 1.772, de 17 de setembro de 2008, que
estendeu o traçado até a cidade paulista de Panorama, a Ferrovia Norte-Sul terá 2.760 quilômetros
de extensão. Atualmente em operação se encontra o trecho do Modal de Porto Nacional até
Açailândia-TO, onde a ferrovia de interliga à ferrovia Carajás. Esse trecho da ferrovia é operado pela
empresa VLI Logística do grupo Vale. Esse trecho é chamado de corredor Centro-Norte, a Figura 2.7
a seguir ilustra o referido trecho.

170
Figura 2.7. Corredor Centro Norte da ferrovia Norte-Sul. Fonte: Vale (2012).

Para este estudo, o que mais interessa em relação a esse modal é o terminal de Porto Nacional.
Como é sabido, estruturas de logísticas como essa ferrovia e um terminal como esse são fatores
indutores de desenvolvimento da atividade econômica e de atração de investimento para a região.

As principais atividades com demanda potencial para uso do terminal de Porto Nacional são
combustíveis grãos, e minérios. Esses dois últimos estão ligados a atividades que demandam
grandes quantidades de água, caso essa estrutura logística seja efetivamente implementada com
preços competitivos em relação ao modal rodoviário, poderá ser um grande estímulo para o
desenvolvimento dessas atividades. Por outro lado, o transporte de combustíveis e seu
armazenamento podem gerar impactos ambientais potenciais com maior risco à proteção dos corpos
hídricos.

As empresas com contrato de arrendamento e operação no terminal de Porto Nacional:

EXITO – carga geral;


GECON – fertilizantes;
NOVAAGRI – movimentação de grãos;
LOS GROBO CEAGRO – movimentação de grãos;
PETROBRAS – combustível;
RAÍZEN – combustível;
NORSHIP – combustível.

Pode-se dizer que a ferrovia Norte-Sul hoje é uma realidade, com a operação do trecho de Porto
Nacional a Açailândia-MA e com o trecho de Anápolis-GO e Porto Nacional em fase de testes, pode-
se dizer que esse modal, junto com o rodoviário, poderá ser um elemento indutor de desenvolvimento
econômico para a região, principalmente os setores do agronegócio e mineração.

O terminal se localiza em uma região da área de estudo que não é densamente povoada e ao mesmo
tempo é uma atividade que pode gerar um número considerável de empregos, passando a ser uma
atividade que pode gerar uma demanda de água considerável. Como se localiza em uma área rural, o
abastecimento e tratamento da água para os mais variados usos são de responsabilidade da
empresa.

171
Modal Hidroviário

A bacia do Araguaia-Tocantins sempre foi vista com um grande potencial para a navegação, seja pela
extensão hidrográfica, seja pela sua localização geográfica. Praticamente todos os planos de
desenvolvimento do Estado do Tocantins, invariavelmente citam a hidrovia como um fator que poderia
impulsionar o desenvolvimento econômico da região.

Ao longo dos últimos 30 anos, muito se discutiu sobre a viabilidade da hidrovia. Segundo o Plano
Hidroviário Estratégico, elaborado pelo ministério dos transportes (MT, 2013), a hidrovia Araguaia-
Tocantins, no trecho do rio Tocantins iria até Miracema do Tocantins, como pode ser visto na Figura
2.8 a seguir, em que são apresentadas também as intervenções necessárias para o trecho de
Marabá-PA até Miracema do Tocantins.

Figura 2.8. Hidrovia Araguaia-Tocantins, trecho de Marabá/PA a Miracema e as intervenções


necessárias. Fonte: (MT, 2013).

172
O Quadro 2.20 a seguir mostra um quadro com o detalhamento dos custos estimados para
implantação da hidrovia, estimado em R$ 3,78 bilhões.

No caso de um projeto como esse, a hidrovia não estaria na área de influência deste plano já que ela
iria até a jusante da barragem da UHE Luis Eduardo Magalhães, por outro lado, o Plano Nacional de
Integração Hidroviária (PNIH) desenvolvido pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários
(ANTAQ) em 2013 também, prevê que, para o rio Tocantins, a hidrovia chegue à cidade de Peixe,
com isso, a hidrovia cruzaria toda a área de estudo deste plano por meio do reservatório da UHE Luis
Eduardo Magalhães.

Quadro 2.20. Relação de investimentos para a Hidrovia Araguaia-Tocantins no trecho Marabá/PA até
Miracema do Tocatins

Fonte: (MT, 2013)

A Figura 2.9 a seguir apresenta os cenários esperados dos trechos navegáveis até 2030. Como pode
der visto, já em 2020 haveria a expectativa da hidrovia estar navegável até a cidade de Peixe.

173
Dada a conjuntura econômica atual do país e visto que a meta de 2015 de vias navegáveis não foi
atingida e seria necessário um investimento de quase R$ 4 bilhões para implementação da hidrovia
até Miracema, acredita-se que esse modal não saia do papel a curto e médio prazo, também, como
mencionado anteriormente, a ferrovia Norte-Sul já é uma realidade e seu traçado é praticamente
paralelo ao traçado proposto para a hidrovia entre Marabá/PA e a cidade de Peixe/TO, e com isso
suprir as demandas de carga por alguns anos.

Figura 2.9. Cenários de Expansão da Hidrovia Araguaia-Tocantins. Fonte: (MT, 2013).

Como colocado pela Capitania dos Portos da Marinha do Brasil em Palmas, atualmente as
embarcações que navegam pelo reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães são de pequeno
porte, em que a maioria é de lazer e turismo.

Em relação à navegação, atualmente um possível evento poderá mudar esse tipo de uso na região
de estudo desde plano de bacia. A instalação de uma empresa esmagadora de soja e fábrica de
biodiesel terá a partir de agosto de 2015 a necessidade de escoamento de sua produção, que será
feita por meio do terminal da Ferrovia Norte-Sul, de Porto Nacional.

É previsto o movimento inicial de 300 veículos pesados por dia, que passariam por dentro da cidade
de Palmas para chegar ao terminal da ferrovia, uma vez que a ponte sobre a UHE Lajeado em Porto
Nacional está interditada para trafego de veículos pesados. A Figura 2.10 a seguir mostra as vias de
acesso rodoviárias para cargas pesadas, de Porto Nacional ao pátio da Ferrovia, passando por
Palmas.

Como a cidade de Palmas ainda não possui um anel rodoviário para que veículos pesados contornem
a cidade haveria a necessidade de atravessar a cidade por locais de grande movimento, o que pode
acarretar um transtorno para o trânsito da cidade.

Uma alternativa que a empresa pretende estudar, segundo entrevistas na imprensa, seria a de fazer
esse transporte por balsas através do reservatório, o que evitaria o transtorno na cidade de Palmas e
poderia diminuir custos e perdas no transporte. Como pode ser visto na mesma figura, a extensão a
ser percorrida seria menor.

174
Figura 2.10. Vias de acesso e localização da Empresa Granol e o terminal de Porto Nacional da
Ferrovia Norte-Sul.

175
Verifica-se neste diagnóstico que o modal de navegação no trecho da UHE Luis Eduardo Magalhães
não parece viável no médio prazo, tanto pelos grandes investimentos necessários para coloca-la em
operação, mas também pela efetivação da ferrovia Norte-Sul, cujo traçado passa muito próximo do
proposto para a hidrovia Araguaia-Tocantins na região em estudo o que poderá suprir em curto e
médio prazo as demandas da região.

Modal Aeroviário

Palmas possui um aeroporto de supre todas as demandas de passageiros e cargas. Em 2014 o


aeroporto teve um movimento de aproximadamente 637.000 passageiros, para uma capacidade
instalada de 12 milhões de passageiros/ano, isso significa pouco mais de 5% de uso de sua
capacidade, o que gera uma grande ociosidade das instalações. Segundo informações da
Superintendência da Infraero, que opera o aeroporto, hoje se tem uma capacidade de receber até
seis aviões simultaneamente, mas raramente passa de três.

O aeroporto não recebe aviões de carga regularmente, a carga que recebe vem em aviões comerciais
de passageiros, mas que já tem toda a infraestrutura necessária para receber. Sabe-se que o tipo de
carga que é transportada por esse modal é muito diferente da dos outros modais, mas optou-se por
mencionar esse modal pra mostrar que ainda não há grande fluxos de carga para a região de estudo
que justifique maiores investimentos em logística.

2.5. Porto Nacional como Centro de Desenvolvimento


O município de Porto Nacional é o mais antigo da região de estudo e completou em 2015, 154 anos
de emancipação. Inicialmente Porto Real, depois Porto Imperial e após a proclamação da república
assume o nome de Porto Nacional. Já foi o maior município em extensão territorial do país e a grande
maioria dos municípios da região surgiu de emancipações a partir de Porto Nacional. A cidade é rica
em tradições e cultura com grande valor histórico, sempre foi conhecido como capital cultural do
Estado do Tocantins.

Iniciativas de atração de investimentos para o município, principalmente no setor do agronegócio, tem


colocado Porto Nacional em evidência, sendo apresentado como um polo de crescimento.

O município de Porto Nacional é o maior em extensão territorial na região do entorno do reservatório,


responde por 23,43% da área e está 100% inserido na área de estudo. É o segundo maior município
em população, com uma estimativa de 51.856 habitantes estimada para 2014. A cidade passou
quase que por uma estagnação no crescimento populacional na década de 1990, muito influenciado
pela criação da capital Palmas, mas na década de 2000 voltou a ter um crescimento populacional,
basicamente da população urbana, também em parte, influenciado pela Capital, com o crescimento
da região conhecida como Luzimangues, localizado do outro lado da ponte que atravessa Palmas em
direção a Paraíso do Tocantins, essa região pertence ao município de Porto Nacional e a grande
maioria das pessoas que mora lá, trabalha em Palmas.

Em função dos altos custos imobiliários de Palmas, essa região se tornou uma opção para a
população de mais baixa renda, o que fez proliferar uma série de loteamentos. Esse deslocamento
migratório gerou uma demanda por serviços de saneamento básico em que, pelo menos o
abastecimento de água, a drenagem e a coleta de lixo, a princípio, são de responsabilidade do
empreendedor. Com isso, não fica claro como é feita a captação da água para abastecimento público
e a qualidade dessa água em termos de potabilidade.

Na sede municipal também se verifica um grande aumento de loteamentos novos que visam atender
a demanda gerada por novos empregos gerados no município. Empreendimentos no setor hoteleiro
confirmam o fluxo migratório temporário e permanente para Porto Nacional. Isso gera uma maior

176
demanda por água e outros serviços de saneamento como tratamento de esgoto, coleta de lixo e
drenagem urbana.

Verifica-se também uma grande expansão na área plantada dentro do município, principalmente no
que se refere à soja, que passou de 11.000 hectares em 2009 para 23.000 hectares em 2013. Um
dos fatores indutores desse aumento na área prantada pode-se relacionar com a chegada da Granol,
empresa esmagadora de soja e produtora de biodiesel, que começa a operar no segundo semestre
de 2015.

Outro fator que pode ter sido indutor desse grande empreendimento é o terminal de Porto Nacional
da ferrovia Norte-Sul que poderá dar escoamento à produção de grãos e biocombustíveis. Como
apresentado no item sobre modais, esse terminal tende a propiciar um grande fluxo de carga e pode
propiciar o desenvolvimento da região, principalmente no setor de agronegócio, favorecendo a
expansão da fronteira agrícola da região.

O que se pretende apresentar aqui é indicar que o município de Porto Nacional tende a ser o grande
indutor de transformações na economia regional e que provavelmente poderá sentir os maiores
impactos por um possível aumento de demanda hídrica, o que pode ser um alerta para que essas
ações de desenvolvimento sejam planejadas considerando as disponibilidades hídricas da região,
tanto para assegurar que essas atividades sejam desenvolvidas sem ter limitações pelo uso da água,
mas também para garantir outros usos, principalmente o abastecimento humano.

177
178
3. DIAGNÓSTICO DA DISPONIBILIDADE HÍDRICA
A caracterização das disponibilidades hídricas teve por objetivo inventariar e estudar os recursos
hídricos, superficiais e subterrâneos, com vistas à avaliação quantitativa e qualitativa da
disponibilidade hídrica da bacia hidrográfica, de forma a subsidiar o gerenciamento dos recursos
hídricos, em especial, o enquadramento dos corpos d´água, as prioridades para outorga de direito de
uso das águas e a definição de diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso das águas.

Foram utilizadas informações contidas em trabalhos já realizados por entidades públicas (federais,
estaduais e municipais) e privadas, que operam redes meteorológicas, hidrométricas, hidrogeológicas
e de qualidade das águas, complementados por estudos e análises específicos, de forma a
caracterizar as disponibilidades hídricas da bacia.

3.1. Caracterização do Clima


Atualmente, no Estado do Tocantins estão instaladas 6 (seis) estações meteorológicas da rede oficial
de monitoramento do clima, do Instituto Nacional de Meteorologia – Inmet: Araguaína; Palmas; Pedro
Afonso; Peixe; Porto Nacional e Taguatinga. Duas delas, Palmas e Porto Nacional, apresentadas no
Quadro 3.1, estão localizadas na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago (Figura 3.2).

Quadro 3.1. Estações meteorológicas localizadas na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

Código Nome Latitude Longitude Altitude Situação


83033 Palmas -10,19 -48,30 280,0 Operante
83064 Porto Nacional -10,71 -48,41 239,2 Operante
FONTE: Inmet, 2015.

Vale ressaltar, que a estação de Palmas (83033) foi anos atrás transferida para uma nova localidade
dentro da cidade e que esta nova localidade, no setor industrial de Palmas, ao lado do galpão
garagem da empresa CASE/UNIGELL, além de receber influência da edificação devido à proximidade
do telhado elevado, possui comportamento diferente da localidade anterior, interferindo na
homogeneidade da série histórica nos períodos anterior e posterior ao reposicionamento da estação.
A localização da estação de Palmas-TO (83033) é apresentada nas Figuras 3.1a e 3.1b, a seguir.

Figura 3.1 a) Localização da estação meteorológica em Palmas-TO (cód. 83033), b) próxima ao


galpão garagem com teto elevado. Fonte: a) Google Earth (2015) e b) autoria própria.

179
Figura 3.2. Estações meteorológicas localizadas na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia – Inmet, 2015.

180
Com base no exposto, ainda considerando que a estação de Porto Nacional está localizada bem ao
centro da região em estudo e por apresentar uma série histórica com mais de 30 anos de dados
consistidos, esta estação (Porto Nacional, código 83067) foi selecionada para a caracterização do
clima na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

Adotando-se a estação de Porto Nacional como representativa do clima na bacia hidrográfica, foram
calculados, com base na série histórica de 30 anos, de janeiro de 1985 a janeiro de 2015, as
seguintes características climatológicas:

 Temperatura do Ar (°C)

 Umidade Relativa do Ar (%)

 Velocidade do Vento (m/s)


 Insolação (horas)
 Evaporação (mm)
 Evapotranspiração Potencial (mm)

Sob o ponto de vista climatológico, a região da bacia do entorno do lago está condicionada por
fatores associados à sua extensão latitudinal, à sua continentalidade e ao seu sistema de circulação
atmosférica local característico.

Estes fatores conferem à bacia uma razoável homogeneidade climática, com predominância de clima
tropical úmido para toda bacia, caracterizado por estações bem definidas e ocorrências de pequenas
variações de ano para ano.

Localizada no Médio Tocantins, a Bacia Hidrográfica sofre pequenos ou nenhum efeito do relevo,
mesmo nas encostas com formações mais acentuadas. Nestas regiões a altitude e a ocupação do
solo por formações vegetais nativas é que são responsáveis por modificações parciais do clima local.

3.1.1. Temperatura do Ar
Devido às suas latitudes predominantemente tropicais e ao relevo pouco acidentado, a Bacia do
Entorno do Lago não apresenta muita variação na temperatura do ar ao longo de sua extensão. Em
relação ao comportamento mensal, as temperaturas médias variam de 26°C em fevereiro a 29°C em
setembro, com valor médio anual em 27°C.

O Quadro 3.2 apresenta as temperaturas mínimas, médias e máximas mensais na Bacia Hidrográfica
do Entorno do Lago, representadas graficamente no Gráfico 3.1.

Observa-se que entre os meses de agosto a novembro as temperaturas médias são superiores a
27°C, sendo observado em setembro o mês mais quente com temperatura média de 29°C e máxima
de 36,7°C. O mês de fevereiro é aquele com menor temperatura média do ar, 26°C. Já nos meses de
junho e julho observam-se as menores temperaturas mínimas, em torno de 20ºC. As temperaturas
médias anuais são da ordem de 27ºC, com máximas em agosto a setembro, em torno de 37ºC.

Quadro 3.2. Temperaturas mínimas, médias e máximas mensais (°C) na Bacia do Entorno do Lago.
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
T. Mínima (°C) 22,6 22,5 22,6 22,9 22,1 19,9 19,5 20,4 22,7 23,3 23,0 22,9
T. Média (°C) 26,2 26,1 26,1 26,9 27,0 26,4 26,5 27,9 28,9 28,2 27,2 26,4
T. Máxima (°C) 32,0 31,9 31,9 32,8 33,9 34,4 35,3 36,8 36,7 34,9 33,1 32,1

181
40,00

35,00

30,00

25,00

20,00

15,00

10,00
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

T. Mínima (°C) T. Média (°C) T. Máxima (°C)

Gráfico 3.1. Temperatura mínima, média e máxima mensal (°C) na Bacia Hidrográfica do Entorno do
Lago. Fonte: Inmet, 2015.

Em relação à variabilidade interanual, não foi possível identificar uma tendência de mudança na
temperatura média do ar, porém os três dias com maiores temperaturas médias do ar ocorreram nos
últimos 10 anos, tendo o dia mais quente ocorrido em 5 de outubro de 2004 com média de 33,7°C. Os
Gráficos 3.2 e 3.3 ilustram a variação das temperaturas média e máxima ocorridas em 30 anos.

Gráfico 3.2. Variação interanual da temperatura média do ar na estação de Porto Nacional (30 anos).

Gráfico 3.3. Variação interanual da temperatura máxima do ar na estação de Porto Nacional (30 anos).

182
3.1.2. Umidade Relativa do Ar
A umidade relativa ou humidade relativa é a relação entre a pressão de vapor do ar (medida em
pascal) e a pressão de vapor do ar obtida em condições de equilíbrio ou saturação. Em outras
palavras pode se dizer que umidade relativa do ar é a relação entre a quantidade de água existente
no ar (umidade absoluta) e a quantidade máxima que poderia haver na mesma temperatura (ponto de
saturação). Ela é um dos indicadores usados na meteorologia fazer previsões de chuva. Essa
umidade presente no ar é decorrente de uma das fases do ciclo hidrológico, a evapotranspiração.

Na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago, a umidade relativa do ar nos meses mais secos do ano
(julho a setembro) variam de 45 a 55% em média, mas dependendo da atuação da massa de ar seco
que atua neste período, os valores diários podem atingir umidades de até 35%. Por outro lado, nos
meses úmidos do período chuvoso (janeiro a março), a umidade média diária fica na casa dos 85%,
com valores máximos de até 95%.

O Quadro 3.3 apresenta as umidades relativas mínimas, médias e máximas mensais na Bacia
Hidrográfica do Entorno do Lago. O Gráfico 3.4 ilustra o comportamento anual e o Gráfico 3.5 a
variação interanual.

Quadro 3.3. Umidade relativa mínima, média e máxima mensais (°C) na Bacia do Entorno do Lago
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
U.R. Mínima (%) 67,3 67,9 70,4 65,9 60,2 51,7 42,8 34,6 35,1 44,6 56,1 63,4
U.R. Média (%) 81,5 82,7 83,1 78,5 71,1 61,9 54,4 45,1 51,4 65,8 76,1 80,7
U.R. Máxima (%) 94,2 94,2 95,6 93,5 87 74,1 66,2 57,9 81,3 91,4 92,8 93,8

100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

U.R. Mínima (%) U.R. Média (%) U.R. Máxima (%)

Gráfico 3.4. Umidade relativa mínima, média e máxima mensais (°C) na Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago. Fonte: Inmet, 2015.

Gráfico 3.5. Variação interanual da umidade relativa do ar (%) na estação de Porto Nacional (30 anos).

183
3.1.3. Velocidade do Vento
A velocidade do vento é uma importante variável nas perdas de água por evapotranspiração dos
solos com vegetação, na medida em que quanto maior a velocidade do vento, maior a renovação das
massas de ar próximas às superfícies, que renovadas, com menor umidade, podem reter mais vapor
d’água acelerando assim as perdas de água por evaporação das superfícies líquidas e do solo úmido
e pela transpiração das plantas.

Na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago a ação dos ventos é marcada pela ausência de
ocorrências intensas e persistentes. A circulação predominante é proveniente do quadrante norte,
com velocidade média de 0,89 m/s, conforme os dados apresentado no Quadro 3.4.

Quadro 3.4. Velocidade do vento mínima, média e máxima mensal (m/s) na Bacia do Entorno do Lago.
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
V.V. Mínima (m/s) 0,12 0,10 0,08 0,13 0,09 0,15 0,21 0,15 0,20 0,10 0,12 0,11
V.V. Média (m/s) 0,95 0,89 0,76 0,76 0,69 0,84 0,89 1,02 1,11 0,92 0,95 0,94
V.V. Máxima (m/s) 2,38 2,56 1,95 1,96 1,93 1,94 2,06 2,56 2,80 2,52 2,61 2,42

3,000

2,500

2,000

1,500

1,000

,500

,000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

V.V. Mínima (m/s) V.V. Média (m/s) V.V. Máxima (m/s)

Gráfico 3.6. Velocidade do vento mínima, média e máxima mensal (m/s) na Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago. Fonte: Inmet, 2015.

Gráfico 3.7. Variação interanual da velocidade do vento (m/s) na estação de Porto Nacional (30 anos).

184
3.1.4. Insolação
Insolação é a duração do período do dia com luz solar ou a duração do brilho solar. Possui forte
relação com a posição latitudinal da superfície terrestre, sendo mais longos os dias próximos aos
tópicos (subtropicais) devido à baixa nebulosidade quando comparadas com a região equatorial,
diminuindo em direção aos pólos.

Observa-se que quanto maior a quantidade de água evaporando, maior a nebulosidade e menor a
insolação solar, necessária ao metabolismo das plantas e, portanto à transpiração. Tanto a insolação
solar como a radiação solar, são responsáveis pelo aquecimento da superfície terrestre, e
consequentemente da atmosfera, e variam conforme as estações do ano.

No Gráfico 3.8 é apresentado o número de horas de sol total na região central da bacia, onde a
insolação média anual é de cerca de 2.397 horas. Em valores médios diários este total varia de 4,5 a
6,0 horas/dia nos meses do período chuvoso e no período de estiagem estes valores variam de 7 a 11
horas/dia. Não foi possível verificar mudanças de comportamento interanual, conforme Gráfico 3.9.

Quadro 3.5. Insolação média mensal (horas) na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Insolação (h/mês) 148,9 132,0 144,7 182,2 247,4 272,9 299,7 288,4 206,1 181,1 155,4 138,3

350
300
250
200
150
100
50
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Insolação Média (h/mês)

Gráfico 3.8. Insolação média mensal (horas/mês) na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
Fonte: Inmet, 2015.

Gráfico 3.9. Variação interanual da insolação diária (horas) na estação de Porto Nacional (30 anos).

185
3.1.5. Evaporação
Evaporação é um processo natural pelo qual a água, de uma superfície líquida ou de uma superfície
úmida (ex. solo), passa para a atmosfera na forma de vapor, a uma temperatura inferior à ebulição. A
evaporação sofre influência tanto de fatores relativos à atmosfera, como relacionados à superfície
evaporante, que pode ser uma superfície líquida ou composta por solo nu e vegetação.

O poder evaporante da atmosfera, por sua vez, depende entre outros fatores, da umidade relativa do
ar, da radiação solar, da velocidade do vento, da temperatura e da pressão atmosférica (altitude).

No Gráfico 3.10 é apresentada a evaporação média mensal na estação de Porto Nacional, na região
central da bacia, onde a evaporação média anual é de cerca de 1.748 mm. Em valores médios diários
esta lâmina varia de 3 a 5 mm/dia nos meses do período chuvoso e no período de estiagem estes
valores variam de 10 a 15 mm/dia. Apesar de terem sido observadas lâminas evaporadas acima da
média nos últimos anos, não houve eventos suficientes para confirmar uma tendência de mudança no
comportamento interanual, conforme ilustrado no Gráfico 3.11.

Quadro 3.6. Evaporação média mensal (mm) na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Evaporação (mm/mês) 82,3 72,3 77,9 93,0 133,4 178,4 220,1 277,6 246,7 167,7 109,4 89,5

300

250

200

150

100

50

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Evaporação (mm/mês)

Gráfico 3.10. Evaporação média mensal (mm/mês) na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
Fonte: Inmet, 2015.

Gráfico 3.11. Variação interanual da evaporação diária (mm) na estação de Porto Nacional (30 anos).

186
Para estimativa da evaporação no reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães foi utilizado o
modelo de Linacre (1993).
O método de Linacre (1977) é uma boa alternativa para estimar a evaporação de um lago, visto que
necessita apenas da temperatura média do ar e das coordenadas geográficas do local. Como a
temperatura média do ar também é uma função das coordenadas geográficas, foi possível estimar a
evaporação média do reservatório.
Quando os dados de precipitação e de velocidade do vento são também disponíveis, Linacre (1993)
propõe a seguinte equação para a estimativa da evaporação d’água nos lagos:

𝐸𝑅 = (0,015 + 0,00042 𝑇 + 10−6 𝑧)[0,8 𝑅𝑠 − 40 + 2,5 𝐹𝑢 (𝑇 − 𝑇𝑑)]


-1
EL = evaporação, mm dia ;
T = temperatura média diária, ºC, obtida pela média dos valores extremos diários;
Z = altitude do local, m;
-2
Rs = irradiância solar na superfície do lago, W m ;
-1
U = velocidade média do vento, m.s tomada a 2 m de altura da superfície;
Td = temperatura do ponto de orvalho, ºC;
F = fator de correção devido a altitude do local

𝐹 = 1,0 − 0,000087 𝑧

O valor de Rs pode ser calculado tendo por base os dados de chuva. Este cálculo baseia-se no
princípio de que as nuvens interferem na transmitância da radiação (atenuação de Ra) solar
extraterrestre e, por conseguinte, na irradiância solar à superfície. Assim, Rs é calculada com a
seguinte equação:
𝑅𝑠 = 𝑅𝑎 (0,85 − 0,047 𝐶)

-2
Ra = radiação extraterrestre, W.m ;
C = média do número de décimos do céu ocupado pela nuvem no momento da observação.

O valor de C é calculado em função da precipitação média mensal (Pm, mm) utilizando-se da


seguinte expressão:
𝐶 = 1 + 0,51 log(𝑃𝑚 ) + [log(𝑃𝑚 )]²
Com os valores das estimativas da quantidade de água evaporada pode-se obter a vazão decorrente
da evaporação, média mensal, pela seguinte equação:

𝐸𝑣 𝐴𝑅
𝑄𝐸𝑉 =
86400

QEV = vazão evaporada do reservatório, m³/s;


AR = área do espelho d’água do reservatório, 718.162.000 m² (nível operacional);
-1
Ev = evaporação do reservatório, m.dia .

O Quadro 3.7 apresenta as lâminas diárias e mensais evaporadas pelo reservatório da UHE Luis
-1
Eduardo Magalhães e também as estimativas da vazão mensal (m³s em cada mês) evaporada pelo
espelho d’água, considerando-se o nível operacional.

Quadro 3.7. Evaporação diária e mensal do reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Evaporação diária (mm) 2,8 2,3 3,1 2,6 5,4 8,1 6,2 8,6 4,6 5,6 4,6 4,7
Evaporação mensal (mm) 83,9 70,3 92,6 76,8 162,6 242,6 187,3 259,2 139,0 169,4 139,0 139,6
-1
Vazão evaporada (m³s ) 23,2 19,5 25,7 21,3 45,1 67,2 51,9 71,8 38,5 46,9 38,5 38,7

187
3.2. Estudo das Precipitações
O estudo das precipitações buscou caracterizar o regime pluviométrico na bacia hidrográfica.
Inicialmente foram identificadas e levantadas as séries históricas das estações pluviométricas
localizadas na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago e redondezas. Após a análise e o tratamento
preliminar dos registros históricos, foram identificados os semestres seco e chuvoso, calculadas as
precipitações características máximas, medias e mínimas, e determinada a relação intensidade-
duração-frequência (equação I-D-F) para a conversão das chuvas intensas em vazões máximas.

3.2.1. Levantamento e Tratamento dos Dados Pluviométricos


A seleção dos dados pluviométricos para os estudos de precipitação levou em consideração, além da
localização espacial das estações, a extensão e a qualidade das séries históricas disponíveis. A fim
de representar integralmente o regime pluviométrico na região estudada, as estações contidas na
bacia hidrográfica foram complementadas com aquelas situadas no entorno da bacia hidrográfica.

Foram identificadas 24 estações pluviométricas na região em estudo, no entanto após a análise


preliminar das séries históricas de precipitações, foram selecionadas 11 estações para o estudo,
sendo 4 estações na bacia hidrográfica e as 7 restantes nas proximidades da bacia. Vale ressaltar
que as estações foram selecionadas ou descartadas com base na extensão da série histórica e na
qualidade dos registros observados. A Figura 3.2 apresenta a distribuição das estações
pluviométricas identificadas na região e a Figura 3.3 as estações efetivamente selecionadas.

As estações identificadas na região de estudo (Quadro 3.8) e as estações selecionadas (Quadro 3.9)
são apresentadas a seguir. As informações detalhadas estão apresentadas no Apêndice A.
Quadro 3.8. Estações pluviométricas identificadas na região de estudo (bacia e redondezas)
Código Nome Município Latitude Longitude Altitude
00948003 UHE Barramento Miracema -09:45:37 -48:22:11 178
00948004 UHE Lucena Miracema -09:41:30 -48:22:08
00948006 PCH Lageado Montante Lajeado -09:51:07 -48:17:01 352
00948007 PCH Lageado Jusante Lajeado -09:49:55 -48:17:33 245
*01047002 Porto Gilândia Monte do Carmo -10:45:19 -47:45:53 220
01047005 UHE Isamu Ikeda Ponte Monte do Carmo -10:45:02 -47:40:49 293
alta -10:50:07 -47:46:03
01047006 UHE Isamu Ikeda montante Monte do Carmo 277
*01048000 Fátima Fátima -10:45:49 -48:54:08 352
*01048001 Paraíso do Tocantins Paraíso -10:09:55 -48:53:26 390
01048002 Porto Nacional Porto Nacional -10:43:00 -48:25:12 218
*01048003 Palmas Porto Nacional -10:43:00 -48:25:00 280
*01048004 Porto Nacional Porto Nacional -10:43:00 -48:23:00 265
*01048005 Taquarussu do Porto Palmas -10:18:48 -48:09:45 406
01048006 Porto Nacional Porto Nacional -10:42:00 -48:26:00
01048007 UHE Mangues Porto Nacional -10:20:54 -48:38:13 202
01048008 UHE Areias Porto Nacional -10:53:42 -48:20:54 675
*01147002 Pindorama do Tocantins Pindorama -11:08:25 -47:34:36 444
*01148000 Fazenda Lobeira São Valério -11:31:53 -48:17:41 243
01148001 UHE Jurupary Ipueiras -11:09:07 -48:30:57 218
01148003 UHE Ipueiras ipueiras -11:14:49 -48:27:30 220
01148006 Rio Crixás Brejinho -11:07:28 -48:48:07
*01149000 Duere Duere -11:20:20 -49:15:55 234
00000001 UFT Palmas Palmas
00000002 Unitins Miranorte Miranorte 300

188
Figura 3.2. Localização das estações pluviométricas identificadas na região em estudo.

189
Figura 3.3. Localização das estações pluviométricas selecionadas na região em estudo.

190
Quadro 3.9. Estações pluviométricas selecionadas na região de estudo (bacia e redondezas)
Código Nome Município Responsável Operadora Altitude Latitude Longitude

0948000 MIRACEMA DO TOCANTINS MIRACEMA DOTOCANTINS ANA CPRM 210 -9:33:51 -48:23:15

1047002 PORTO GILÂNDIA MONTE DO CARMO ANA CPRM 220 -10:45:19 -47:45:53

1048000 FÁTIMA FÁTIMA ANA CPRM 352 -10:45:49 -48:54:8

1048001 PARAÍSO DO TOCANTINS PARAÍSO DO TOCANTINS ANA CPRM 390 -10:9:55 -48:53:26

1048003 PALMAS PORTO NACIONAL INMET INMET 280 -10:43:0 -48:25:0

1048002 PORTO NACIONAL PORTO NACIONAL INMET INMET 265 -10:43:0 -48:23:0

1048005 TAQUARUSSU DO PORTO PALMAS ANA CPRM 406 -10:18:48 -48:9:45

1147001 NATIVIDADE NATIVIDADE ANA CPRM 308 -11:41:49 -47:43:42

1147002 PINDORAMA DO TOCANTINS PINDORAMA DO TOCANTINS ANA CPRM 444 -11:8:25 -47:34:36

1148000 FAZENDA LOBEIRA SÃO VALÉRIO DA NATIVIDADE ANA CPRM 243 -11:31:53 -48:17:41

1149000 DUERE DUERE ANA CPRM 234 -11:20:20 -49:15:55

Selecionadas as estações na área de abrangência do estudo, os dados foram carregados da plataforma


Hidroweb da ANA. As estações no entorno da bacia hidrográfica também foram carregadas no banco de
dados hidrológico do estudo para auxiliar na verificação de inconsistências e no preenchimento das falhas
nas séries históricas das estações selecionadas.

Inicialmente, após a obtenção dos dados, foi realizado o pré-processamento das séries históricas. Na
realização das análises hidrológicas, o pré-processamento constitui uma etapa importante,
consumindo grande parte do tempo necessário para a realização das análises. O pré-processamento
permite descartar eventos inconsistentes ou duvidosos e definir o início do ano hidrológico e os
semestres seco e chuvoso.

A consistência dos registros de precipitação foi testada através da análise de dupla-massa. Este método
compara os valores acumulados anuais, da estação y com os valores da estação de referência x. A
estação de referência é usualmente a média de diversas estações vizinhas. Os pares cumulativos
(valores dupla-massa) foram plotados em sistema de coordenadas cartesianas e os gráficos foram
examinados para encontrar mudanças de direção.

Os gráficos de dupla-massa, para cada uma das onze estações pluviométricas selecionadas, estão
apresentados no Apêndice C. Para cada estação pluviométrica, a estação de referência foi
considerada como sendo a média das seis estações vizinhas. Quando o gráfico mostrou uma
mudança de inclinação, o registro da estação y foi considerado inconsistente e precisou ser corrigido.
A correção foi feita pelo ajuste dos registros anteriores à mudança de inclinação para refletir o novo
estado. Para executar a correção, conforme a recomendação de Tucci (2000), os registros de
precipitação anteriores foram multiplicados por uma taxa de correção. Esta taxa é o quociente entre o
coeficiente angular da reta após a mudança de declividade e o coeficiente angular da reta anterior a
mudança de declividade.

Observando os gráficos de Dupla-Massa, percebe-se todas as séries de precipitação selecionadas


apresentam consistência dentro dos 30 anos do período de dados considerado (1984 a 2013), não
havendo, portanto a necessidade de corrigir as tendências das séries.

191
Vale ressaltar que as séries de precipitação contidas no banco de dados da ANA apresentam para as
estações da região em estudo, registros consistidos até 2006, e registros brutos até 2014. Dessa forma foi
necessário avaliar a consistência dos dados e por fim, as análises das tendências confirmaram a
consistência dos registros mais recentes.
Os diagramas de barras que identificam as falhas nas séries históricas são apresentados no Apêndice B.
De acordo com o critério tradicional para o preenchimento de falhas (R² > 0,70) nenhuma estação pode
ser preenchida, mas as séries históricas não apresentaram falhas que prejudicassem os estudos. O
Quadro 3.10 apresenta os coeficientes de determinação (R²) entre as estações selecionadas.
Quadro 3.10. Coeficientes de determinação (R²) entre as estações pluviométricas selecionadas
00948000 01047002 01048000 01048001 01048003 01048002 01048005 01147001 01147002 01148000 01149000

00948000 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0
01047002 0,3 1,0 0,1 0,1 0,1 0,3 0,2 0,2 0,0 0,1 0,4
01048000 0,1 0,1 1,0 0,3 0,3 0,7 0,1 0,0 0,1 0,1 0,2
01048001 0,0 0,1 0,3 1,0 0,1 0,4 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0
01048003 0,3 0,1 0,3 0,1 1,0 0,4 0,1 0,1 0,3 0,2 0,3
01048004 0,5 0,3 0,7 0,4 0,4 1,0 0,4 0,2 0,1 0,4 0,6
01048005 0,3 0,2 0,1 0,0 0,1 0,4 1,0 0,4 0,3 0,2 0,1
01147001 0,3 0,2 0,0 0,0 0,1 0,2 0,4 1,0 0,2 0,3 0,3
01147002 0,3 0,0 0,1 0,0 0,3 0,1 0,3 0,2 1,0 0,3 0,2
01148000 0,2 0,1 0,1 0,1 0,2 0,4 0,2 0,3 0,3 1,0 0,3
01149000 0,5 0,4 0,2 0,0 0,3 0,6 0,1 0,3 0,2 0,3 1,0

3.2.2. Comportamento Pluviométrico na Bacia


Com o banco de dados carregado com as séries históricas consistidas das onze estações
selecionadas correspondentes ao período de 30 anos, de 1984 a 2013, foi estabelecido o
pluviograma da bacia hidrográfica, para identificação do início do ano hidrológico e sazonalidade dos
períodos seco e chuvoso. O Gráfico 3.12 apresenta a variação anual das médias mensais das onze
estações selecionadas e o Gráfico 3.13 ilustra o comportamento médio anual das chuvas na bacia.

400,00
00948000
350,00
01047002
300,00 01048000
01048001
250,00
01048003
200,00
01048004
150,00 01048005

100,00 01147001
01147002
50,00
01148000
,00 01149000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Gráfico 3.12. Variação anual das precipitações mensais (mm) nas estações selecionadas no estudo.

192
350

300

250

200

150

100

50

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Gráfico 3.13. Comportamento anual médio das precipitações (mm) na bacia hidrográfica em estudo e
identificação dos períodos seco (maio a setembro) e chuvoso (outubro a abril).

Observa-se que não há variações significativas no comportamento das chuvas entre as onze estações
selecionadas. Por outro lado, é possível perceber que as estações 01048000 e 01048001, localizadas
na região oeste (esquerda) da bacia hidrográfica, apresentam precipitações máximas mais elevadas.

Conforme identificado no Gráfico 3.13, o ano hidrológico tem início em setembro e término em agosto
do ano seguinte. O ano hidrológico é de suma importância no estudo dos eventos máximos, a fim de
substituir o ano civil por agrupar os meses chuvosos no mesmo período de análise. Devido à
significativa variação entre os totais mensais precipitados, foram estabelecidos dois períodos
pluviométricos: o período chuvoso, de outubro a abril; e o período seco, de maio a setembro.

Essas condições pluviométricas são influenciadas pela atuação de sistemas meteorológicos de


grande escala formadoras de precipitação, que atuam nessa época do ano sobre essa região, são
eles: a Zona de Convergência de Umidade (ZCOU), a Zona de Convergência do Atlântico Sul - ZCAS,
os sistemas meteorológicos de pequena escala (atividade convectiva formadora de nuvens intensas)
também influencia no regime pluviométrico da região.

O inverno é considerado seco devido ao maior domínio da massa de ar quente e seca nos meses de
junho, julho e agosto. Essa massa inibe a formação de nuvens, logo nesse período as chuvas são
raras. Podendo ser verificado a ausência completa das chuvas por mais de trinta dias.

De forma geral, observa-se em toda a bacia a ocorrência de um trimestre com baixos índices de
precipitações nos meses de junho, julho e agosto a precipitação não totaliza 10,0 mm, contribuindo
com pouco menos de 1% para o total anual.

Considerando a variabilidade espacial um parâmetro importante na caracterização do regime


pluviométrico, utilizou-se o método dos Polígonos de Thiessen para determinação das áreas de
influência de cada posto pluviométrico, na área de drenagem da Bacia Hidrográfica. Os polígonos são
apresentados na Figura 3.4 e comprovaram que o comportamento das chuvas na bacia hidrográfica é
monitorado pelas onze estações pluviométricas: quatro no interior da bacia e sete nas redondezas.

Analisando a Figura 3.4 observa-se que as estações com maior influência na bacia hidrográfica são
aquelas localizadas no interior da área em estudo: 01047002, 01047004 e 01147002. A Figura 3.4 ainda
apresenta as áreas de influência (%) de cada estação pluviométrica selecionada para os estudos de
precipitação.

193
Figura 3.4. Polígonos de Thiessen, percentuais de cobertura correspondentes e espacialização da
precipitação total anual.

194
Com base nas precipitações totais mensais de cada estação pluviométrica, com influência na Bacia
Hidrográfica, foi possível espacializar os índices de chuva e depois calcular a média observada na Bacia e
também nas Sub-Bacias Hidrográficas do Entorno do Lago. Dessa forma, foram calculadas as
precipitações médias mensais e também as precipitações totais considerando-se os períodos anual, seco
e chuvoso, em cada sub-bacia hidrográfica.
O Quadro 3.11 apresenta o comportamento médio dos totais mensais precipitados nas estações
pluviométricas selecionadas e na Bacia do Entorno do Lago. As lâminas totais precipitadas em cada
período considerado são apresentadas no Quadro 3.12.
Quadro 3.11. Lâminas médias mensais precipitadas nas estações pluviométricas selecionadas e na
Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago (mm)
Estações Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

00948000 261,6 234,8 286,0 173,1 61,5 4,8 2,3 4,2 45,3 128,8 226,8 273,6

01047002 240,1 212,4 249,5 171,9 49,2 2,6 0,7 3,4 38,3 129,2 205,8 260,4

01048000 323,2 280,5 324,1 185,7 54,8 3,8 0,9 4,4 39,7 142,8 238,8 321,0

01048001 316,0 315,7 347,8 214,5 65,0 6,3 3,8 7,4 50,1 167,2 242,2 318,8

01048003 277,3 265,0 272,7 176,8 59,1 5,5 1,4 3,6 48,1 152,6 220,1 274,4

01048004 267,4 250,0 274,4 172,9 48,6 3,4 0,8 5,8 49,5 138,3 190,9 282,4

01048005 273,5 282,4 294,3 167,2 55,3 3,1 0,2 3,1 44,7 155,5 244,3 312,3

01147001 279,8 228,3 246,3 139,3 35,4 3,1 0,9 5,0 29,1 109,5 199,7 303,1

01147002 257,4 239,1 266,6 140,8 57,0 2,7 0,7 2,7 27,5 108,4 206,7 282,2

01148000 277,3 206,4 247,6 132,4 37,2 3,2 0,1 2,1 39,4 130,3 201,7 260,8

01149000 268,7 244,0 270,1 159,6 47,1 4,2 0,3 5,2 39,6 144,1 210,3 311,7

Média 274,8 250,8 279,2 167,4 51,5 4,1 1,1 4,2 41,2 136,5 215,4 290,9
Thiessen 281,1 259,7 288,8 173,8 52,2 4,4 1,1 4,5 43,6 142,7 216,5 290,9

Quadro 3.12. Lâminas totais precipitadas no ano e nos períodos chuvoso e seco, nas estações
pluviométricas selecionadas e na Bacia Hidrográfica (mm)
Estações Período Chuvoso Período Seco Anual

00948000 1.584,7 116,8 1.685,9


01047002 1.465,2 95,3 1.535,5
01048000 1.804,2 99,6 1.907,5
01048001 1.930,0 132,6 2.066,9
01048003 1.619,9 117,7 1.757,4
01048004 1.576,3 108,1 1.738,2
01048005 1.735,1 111,2 1.827,1
01147001 1.487,9 73,3 1.573,9
01147002 1.501,3 89,3 1.598,9
01148000 1.451,3 82,1 1.537,5
01149000 1.608,4 96,3 1.733,1
Média na Bacia 1.614,9 102,0 1.723,8
Thiessen na Bacia 1.653,4 105,9 1.774,8

195
A técnica da interpolação espacial tem substituído o método dos polígonos de Thiessen, pois o produto
gerado possui as lâminas precipitadas distribuídas ao longo de toda a área de drenagem enquanto que o
Thiessen apenas identifica as áreas de influência de cada estação utilizada (polígonos). Os polígonos de
Thiessen consideram constantes as lâminas precipitadas em cada área de influência enquanto que a
imagem gerada pela interpolação apresenta uma variação das lâminas com base nos afastamento das
estações.

A espacialização das precipitações foi realizada por meio do método Kriging, exponencial circular de
ordem 2, que utiliza a distância para ponderar a importância de cada estação na estimativa das lâminas
precipitadas ao longo de toda a Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

Vale destacar, que mesmo utilizando a interpolação espacial há a necessidade do cálculo da média das
lâminas precipitadas para a determinação da precipitação média na bacia e sub-bacias hidrográficas,
pois os valores espacializados pelo interpolador apenas refletem a precipitação em cada célula (pixel) da
imagem produzida. Os mapas com a distribuição espacial das precipitações totais anuais e totais dos
períodos seco e chuvoso são apresentados nas Figuras 3.5, 3.6 e 3.7, respectivamente.

A partir da distribuição espacial das precipitações mensais, totais anuais e totais dos períodos seco e
chuvoso, foi possível traçar as isoietas (curvas de igual precipitação) sobre a Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago. Da mesma forma como executou-se a distribuição espacial das lâminas
precipitadas sobre a bacia, as isoietas também foram traçadas para cada período considerado (anual,
chuvoso e seco). As imagens da distribuição espacial trazem vantagens operacionais em relação às
isoietas, pois ao contrário das curvas, as classes contemplam variações nas lâminas precipitadas a
cada célula da bacia hidrográfica (30 m).

Para cada período considerado, foram estabelecidos os limites mínimo e máximo das lâminas
precipitadas e o intervalo desejado, em milímetros (mm), entre as isoietas. Devido à maior magnitude
dos valores observados, para as isoietas associadas às precipitações total anual e precipitação no
período chuvoso ficou estabelecido um espaçamento de 50 mm entre as isoietas. Já para a
precipitação no período seco, o espaçamento foi fixado em 5 mm.

As isoietas na bacia hidrográfica da UHE Luis Eduardo Magalhães estão representadas nas Figuras
3.8, 3.9 e 3.10, associadas, respectivamente, à precipitação total anual, precipitação total no período
seco e precipitação total no período chuvoso. Vale ressaltar que toda a base de informações
geográficas produzida neste estudo (temas e mapas) está disponível no DVD que acompanha este
relatório técnico, possibilitando novos produtos a partir desta base de dados.

Apesar do número reduzido de curvas no período seco, não é seguro fazer estimativas para um
intervalo menor que 5 mm entre as isoietas na região sudeste da bacia. A elevada variância das
distribuições espaciais comprovam a baixa representatividade nessa região.

A partir das imagens das precipitações especializadas, foram utilizadas operações de


geoprocessamento para calcular a precipitação média em cada sub-bacia do Entorno do Lago. Em
cada sub-bacia, foram calculadas as precipitações médias mensais e precipitações totais
considerando-se o período anual e também os períodos seco e chuvoso. Os Quadros 3.13 e 3.14
apresentam as lâminas para cada Sub-bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

196
Figura 3.5. Distribuição espacial da precipitação total anual (mm) na Bacia Hidrográfica do Entorno
do Lago.

197
Figura 3.6. Distribuição espacial da precipitação total do período seco (mm) na Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago (Maio a Setembro).

198
Figura 3.7. Distribuição espacial da precipitação total do período chuvoso (mm) na Bacia Hidrográfica
do Entorno do Lago (Outubro a Abril).

199
Figura 3.8. Isoietas de precipitação total anual (mm) na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago
(Outubro a Abril).

200
Figura 3.9. Isoietas de precipitação total do período seco (mm) na Bacia Hidrográfica do Entorno do
Lago (Maio a Setembro).

201
Figura 3.10. Isoietas de precipitação total do período chuvoso (mm) na Bacia Hidrográfica do Entorno
do Lago (Outubro a Abril).

202
Quadro 3.13. Lâminas mensais precipitadas nas Sub-bacias Hidrográficas do Entorno do Lago (mm)
Sub-bacia Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Afluentes diretos 274,8 255,0 282,1 173,3 52,5 4,3 1,1 4,3 46,2 143,5 216,5 287,5
Córrego São João 267,5 247,8 272,3 171,6 48,7 3,7 0,8 4,4 48,5 137,9 206,3 283,4

Córrego Comprido 270,4 259,5 278,1 178,5 59,1 4,7 1,4 4,2 48,3 152,8 226,4 277,3

Córrego Santa Luzia 287,6 285,9 313,9 194,5 62,7 5,3 2,4 4,4 48,8 155,7 231,8 300,5

Ribeirão Água Fria 270,0 257,9 277,1 177,0 59,0 4,6 1,4 4,2 48,2 151,8 226,9 279,3

Ribeirão do Carmo 283,1 265,7 296,3 179,2 50,6 4,4 1,0 4,3 44,2 142,5 215,3 292,4

Ribeirão dos Mangues 295,0 292,7 321,9 195,2 58,1 5,1 1,8 4,4 45,2 154,6 228,7 303,2

Ribeirão São João 273,6 265,2 284,5 175,6 54,4 3,9 0,9 4,2 49,3 150,3 223,9 307,5

Ribeirão Taquaruçu Grande 273,5 265,3 283,6 175,2 56,3 4,1 1,0 4,1 49,1 152,2 227,4 305,6

Ribeirão Conceição 286,2 262,3 296,1 175,0 48,9 4,4 0,8 4,3 41,0 140,5 215,5 296,6

Ribeirão Lajeado 274,9 260,7 298,1 184,1 61,7 5,0 2,3 4,3 47,3 144,2 230,0 286,7

Rio Água Suja 266,9 248,2 271,3 172,3 50,9 3,6 0,7 4,3 47,1 140,6 213,9 290,3

Rio Areias 266,3 231,5 259,8 158,5 46,7 3,4 0,6 4,2 40,9 128,8 204,4 282,4

Rio Crixás 283,2 253,8 287,8 166,4 47,0 4,4 0,6 4,3 38,9 140,6 214,5 298,0

Rio Formiga 271,1 223,9 254,9 143,9 43,1 3,3 0,5 4,2 36,7 123,4 200,3 278,6

Rio Matança 284,0 273,5 301,7 184,4 53,3 4,6 1,2 4,3 45,9 147,0 219,3 293,5

Quadro 3.14. Lâminas totais precipitadas no ano e nos períodos chuvoso e seco, nas Sub-bacias
Hidrográficas do Entorno do Lago (mm)

Sub-bacia Período Anual Período Seco Período chuvoso

Afluentes diretos 1757,2 108,7 1626,1


Córrego São João 1723,9 106,6 1573,5

Córrego Comprido 1776,5 118,1 1640,8

Córrego Santa Luzia 1902,0 126,0 1769,1

Ribeirão Água Fria 1767,8 117,3 1638,2

Ribeirão do Carmo 1810,4 105,3 1673,5

Ribeirão dos Mangues 1933,3 116,6 1802,3

Ribeirão São João 1796,2 111,4 1683,9

Ribeirão Taquaruçu Grande 1795,9 113,2 1686,8

Ribeirão Conceição 1793,6 99,6 1670,6

Ribeirão Lajeado 1796,1 122,0 1676,0

Rio Água Suja 1715,7 105,9 1597,9

Rio Areias 1625,7 95,2 1515,4

Rio Crixás 1758,6 95,0 1646,3

Rio Formiga 1582,8 86,6 1486,3

Rio Matança 1846,4 110,5 1707,1

203
3.2.3. Precipitações Máximas na Bacia
O Quadro 3.15 apresenta as lâminas máximas precipitadas nos meses do ano. São apresentadas as
precipitações associadas às sete estações pluviométricas selecionadas e à PCH Isamu Ikeda.
Observa-se que o comportamento dos eventos máximos acompanha o padrão observado no
comportamento médio das estações.
Assim como foram determinadas as precipitações médias, foram também calculadas as lâminas
máximas precipitadas no período anual e nos períodos chuvoso e seco. O Quadro 3.16 apresenta as
precipitações máximas em cada período considerado, para as estações utilizadas no estudo e para a
Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

Quadro 3.15. Lâminas máximas mensais precipitadas nas estações pluviométricas selecionadas e na
Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago (mm)
Estações Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

00948000 261,6 234,8 286,0 173,1 61,5 4,8 2,3 4,2 45,3 128,8 226,8 273,6

01047002 240,1 212,4 249,5 171,9 49,2 2,6 0,7 3,4 38,3 129,2 205,8 260,4

01048000 323,2 280,5 324,1 185,7 54,8 3,8 0,9 4,4 39,7 142,8 238,8 321,0

01048001 316,0 315,7 347,8 214,5 65,0 6,3 3,8 7,4 50,1 167,2 242,2 318,8

01048003 277,3 265,0 272,7 176,8 59,1 5,5 1,4 3,6 48,1 152,6 220,1 274,4

01048004 267,4 250,0 274,4 172,9 48,6 3,4 0,8 5,8 49,5 138,3 190,9 282,4

01048005 273,5 282,4 294,3 167,2 55,3 3,1 0,2 3,1 44,7 155,5 244,3 312,3

01147001 279,8 228,3 246,3 139,3 35,4 3,1 0,9 5,0 29,1 109,5 199,7 303,1

01147002 257,4 239,1 266,6 140,8 57,0 2,7 0,7 2,7 27,5 108,4 206,7 282,2

01148000 277,3 206,4 247,6 132,4 37,2 3,2 0,1 2,1 39,4 130,3 201,7 260,8

01149000 268,7 244,0 270,1 159,6 47,1 4,2 0,3 5,2 39,6 144,1 210,3 311,7

Bacia 268,7 244,0 270,1 159,6 47,1 4,2 0,3 5,2 39,6 144,1 210,3 311,7

Quadro 3.16. Lâminas máximas precipitadas no ano e nos períodos chuvoso e seco, nas estações
pluviométricas selecionadas e na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago (mm)
Estações Período Chuvoso Período Seco Anual

00948000 62,8 27,3 62,8


01047002 59,0 26,5 59,0
01048000 65,6 22,2 65,6
01048001 70,1 30,2 70,1
01048003 63,9 25,0 63,9
01048004 61,8 25,7 61,8
01048005 69,2 23,9 69,2
01147001 68,0 18,4 68,0
01147002 56,8 28,1 56,8
01148000 64,6 23,2 64,6
01149000 71,4 27,3 71,4
Bacia Entorno do Lago 71,4 30,2 71,4

204
Novamente, é válido ressalvar que as lâminas máximas apresentadas no Quadro 3.15 são
influenciadas pelo período de dados disponíveis nas séries históricas das estações pluviométricas.
Após a construção das séries anuais de precipitações máximas diárias, as séries foram submetidas à
análise estatística para identificação do modelo probabilístico mais apropriado às estimativas. Para
estimar as lâminas máximas precipitadas para diferentes períodos de retorno, foi necessário gerar as
funções de distribuição de probabilidade. Essas funções foram geradas a partir das séries anuais de
precipitações máximas para cada período considerado: diário, total do mês mais chuvoso e total
anual. Além da estimativa das precipitações, foram utilizados intervalos de confiança para estabelecer
a variação possível dos eventos estimados. Os modelos de distribuição de eventos extremos
máximos ajustados foram os seguintes: Gumbel, Log-Normal a dois e três parâmetros, Pearson e
Log-Pearson III.

Para as distribuições de probabilidade utilizadas, a estimativa da magnitude de um evento com


determinado período de retorno é dada pela equação:

𝑀 = 𝜇 + 𝐾𝜎

em que:
M = magnitude do evento para o período de retorno estabelecido;
µ = média dos eventos;
K = fator de probabilidade; e
σ = desvio padrão dos eventos.

As funções densidade de probabilidade, f(x), e as funções de distribuição acumulada, F(x), das


distribuições teóricas Log-Normal a dois parâmetros, Log-Normal a três parâmetros, Pearson tipo III,
Log-Pearson tipo III, e Gumbel são representadas pelas expressões apresentadas a seguir (NERC,
1975; HAAN, 1977, STEDINGER et al., 1992).

Distribuição Log-Normal Tipo II

1  ln x   Y 2 
f (x)  exp ; x>0
x Y 2  2 2Y 

em que:
f(x) = função densidade ou de intensidade de probabilidade de uma variável aleatória
contínua qualquer;
Y = parâmetro de posição da distribuição Log-Normal;
 2Y = parâmetro de escala da distribuição Log-Normal;
X = variável aleatória; e
Y = ln (X).

A função de distribuição acumulada é dada pela expressão:

x 
  ln x   Y 2  
Fx    
1
exp 
 x Y 2
   2 2Y  

ou,

205
x x
Fx    f x dx   f x dx PX  x 
 0

ou seja, a integral da função densidade de probabilidade fornece a probabilidade de que uma variável
aleatória normal X, de parâmetros Y e Y, seja igual ou inferior a um valor dado x.

Distribuição Log-Normal Tipo III

Esta distribuição difere da distribuição Log-Normal a dois parâmetros pela introdução de um


parâmetro de posição x0, tal que Y = ln (x - x0).

 lnx  x 0    Y  
 2

f x  
1
exp 
x  x 0  Y 2 
 2 Y2

 lnx  x 0    Y  
 2
x

Fx   
1
exp dx
x0 x  x 0  Y 2 
 2 Y2

Distribuição Pearson Tipo III

1
1 x  x0   x  x0 
f x     exp 
x      

1
z 1 x  x0   x  x0 
Fx      exp dx
x 0 x      

em que:
 = parâmetro de escala da distribuição Pearson tipo III;
 = parâmetro de forma da distribuição Pearson tipo III;
x0 = parâmetro de posição da distribuição Pearson tipo III; e
 = função Gamma.

Distribuição Log-Pearson Tipo III

1
1  ln x  x 0   ln x  x 0 
f x     exp 
x      

1
z 1  ln x  x 0   ln x  x 0 
Fx      exp dx
x 0 x      

206
Distribuição Gumbel

  x   x    
f x  
1
exp    exp   
        

em que:

-   x  

-     
  0

x   x   x    
Fx   
1
exp    exp   dx
         

ou,

  x   
Fx   exp exp  
   

Em que  é o parâmetro de escala e  o parâmetro de posição, sendo válidas as seguintes relações:


EX     ;  = 0,57721 (constante de Euler)


Var X  
6 2

em que:
E(X) = esperança matemática;
Var (X) = variância de X; e
g = coeficiente de assimetria = 1,1396.

Intervalo de confiança

Nas estimativas dos eventos críticos, foi utilizado um nível de confiança de 95%, e segundo Kite
(1998), as estimativas dos limites do intervalo são dadas por:

𝑀 − 1,96 𝛿 < 𝛽 < 𝑀 + 1,96 𝛿

em que:
M = magnitude do evento;
δ = erro padrão pertinente a cada função de probabilidade; e
Β = intervalo de confiança ao n[ível de confiança de 95%.

A seleção da distribuição de probabilidade com melhor ajuste para cada estimativa foi efetuada
utilizando-se o erro padrão da estimativa e a amplitude do intervalo de confiança ao nível de 95%. As
distribuições que apresentaram os menores erros e as menores amplitudes de variação foram
selecionadas para estimar os eventos extremos, para cada período de retorno analisado.

207
Após a seleção da distribuição probabilística com melhor ajuste aos dados de precipitações máximas
foram obtidos os valores das lâminas máximas (diária) precipitadas nas estações pluviométricas e
nas Sub-bacias Hidrográficas do Entorno do Lago, associadas aos períodos de retorno de 2, 10, 20,
50 e 100 anos. Os resultados são apresentados separadamente para cada evento considerado.

O Quadro 3.17 apresenta as precipitações máximas diárias associadas aos períodos de retorno de 2,
10, 20, 50 e 100 anos, nas onze estações pluviométricas utilizadas no estudo e o Quadro 3.18 as
precipitações máximas nas Sub-bacias do Entorno do Lago, obtidas com o geoprocessamento.

Quadro 3.17. Precipitações máximas diárias (mm) associadas aos períodos de retorno de 2, 10, 20,
50 e 100 anos, nas estações pluviométricas selecionadas no estudo

Precipitações máximas (mm)


Estações Período de Retorno - T (anos)
2 5 10 20 50 100
948000 90,0 112,8 125,1 135,9 151,9 134,0
1047002 80,7 105,5 117,9 128,6 141,0 149,7
1048000 94,7 116,4 126,3 134,7 144,2 150,6
1048001 95,5 115,8 123,7 129,8 136,5 140,7
1048003 91,4 113,8 125,5 135,6 151,4 161,7
1048004 95,8 117,7 131,5 144,2 161,9 173,6
1048005 86,8 98,8 105,3 111,5 118,4 123,2
1147001 90,6 107,0 114,9 121,4 128,9 139,3
1147002 78,1 98,8 111,4 123,1 138,3 149,1
1148000 86,7 103,3 112,0 120,2 130,0 136,9
1149000 102,1 127,3 139,0 148,7 159,8 167,3

Quadro 3.18. Precipitações máximas diárias (mm) associadas aos períodos de retorno de 2, 10, 20,
50 e 100 anos, nas estações pluviométricas selecionadas no estudo

Precipitações máximas (mm)


Sub-bacia Período de Retorno - T (anos)
2 5 10 20 50 100
Afluentes diretos 92,7 112,9 122,6 131,3 147,3 154,9
Córrego São João 94,1 114,1 123,4 131,7 159,6 170,8
Córrego Comprido 91,6 111,7 121,0 130,3 149,7 159,5
Córrego Santa Luzia 93,5 114,5 123,5 131,8 141,5 145,4
Ribeirão Água Fria 90,8 110,6 120,5 130,0 148,3 157,8
Ribeirão do Carmo 95,2 116,0 125,2 132,9 150,8 159,5
Ribeirão dos Mangues 95,0 115,8 125,0 132,7 142,7 148,8
Ribeirão São João 89,1 106,7 118,9 129,3 130,5 136,8
Ribeirão Taquaruçu Grande 88,6 106,1 118,3 129,0 130,8 137,4
Ribeirão Conceição 94,8 116,0 125,5 133,1 146,9 154,5
Ribeirão Lajeado 91,8 113,5 123,2 131,7 146,0 141,9
Rio Água Suja 89,2 108,7 120,0 129,8 144,2 152,6
Rio Areias 87,6 108,3 119,5 129,4 144,2 153,0
Rio Crixás 95,7 117,5 126,6 133,7 146,3 153,5
Rio Formiga 86,3 105,8 117,6 128,1 136,9 145,2
Rio Matança 95,1 115,5 124,7 132,6 148,8 157,0

208
3.3. Estudos das Vazões nos Cursos D’água
O estudo das vazões nos cursos d’água tem finalidades diversas que dependem, essencialmente, do
tipo das vazões estudadas. Enquanto as vazões máximas são importantes para o dimensionamento e
operação de obras hidráulicas, como canais, barramentos, vertedores e comportas, as vazões médias
e mínimas estão associadas à disponibilidade hídrica, informação fundamental para o projeto e
gestão das múltiplas atividades que utilizam os recursos hídricos, seja por meio de captações,
barramentos ou diluição de poluentes lançados nos cursos d’água.

E se por um lado as vazões máximas podem ser obtidas por meio de modelos físico-matemáticos de
transformação chuva-vazão, as vazões médias e mínimas dependem do monitoramento contínuo de
séries históricas de vazões observadas nos cursos d’água. Dessa forma, a qualidade dos estudos das
vazões está diretamente relacionada à quantidade e qualidade das séries históricas disponíveis.

Outro ponto que merece destaque neste trabalho é a grande discrepância entre o tamanho das áreas
de drenagem das sub-bacias do entorno do lago (margem esquerda e direita) e a área de
contribuição do rio Tocantins, represado pela UHE Luis Eduardo Magalhães. A partir desta
consideração, os estudos das vazões nos cursos d’água da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago
foram divididos em duas partes, estudo da vazão no rio Tocantins e o estudo das vazões nos cursos
d’água das sub-bacias do entorno do reservatório.

3.3.1. Levantamento e Tratamento dos Dados Fluviométricos


Inicialmente, todas as estações fluviométricas localizadas na bacia hidrográfica e entorno foram
selecionadas para as análises de consistência das séries históricas de vazão. Enquanto as séries
históricas da base hidrológica da Agência Nacional de Águas - ANA foram carregadas da plataforma
Hidroweb, as séries do monitoramento das vazões da Odebrecht Ambiental Saneatins e da Investco
S.A. foram obtidas diretamente com os responsáveis. Em seguida, as séries históricas individuais
foram carregadas em um único banco de dados hidrológicos para a bacia (incluído no CD).

A seleção dos dados fluviométricos teve como primeira etapa a elaboração de uma lista preliminar
das estações existentes com base no cadastro eletrônico de dados da ANA (Hidroweb, acessado em
20/04/2015). Também foram identificados os pontos de monitoramento de vazão da Investco S.A.,
empresa que opera e mantém a UHE Lajeado, e da Odebtrecht Ambiental Saneatins, empresa
responsável pela operação dos sistemas de abastecimento de água e tratamento de esgoto dos
principais municípios do Tocantins. Inicialmente, foram identificadas 74 estações fluviométricas na
região onde está localizada a Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. A Figura 3.11 ilustra a
distribuição das estações inicialmente identificadas e que estão detalhadas no Apêndice D.

A partir das estações inicialmente identificadas, a seleção dos dados fluviométricos para o estudo de
diagnóstico da disponibilidade hídrica superficial levou em consideração critérios de qualidade e
distribuição espacial e temporal das séries históricas de vazão. Estes critérios contemplaram:

Localização restrita à bacia hidrográfica do entorno do lago, devido ao tamanho reduzido das
sub-bacias do entorno do reservatório;

Existência de curva-chave, para transformação das séries históricas de cotas em vazões,


consistida pela Agência Nacional de Águas - ANA;
Extensão do período de observações de vazão. Embora a Organização Mundial de
Meteorologia – OMM recomende pelo menos 30 anos de série histórica, períodos menores
podem ser considerados dependendo da quantidade de informações disponíveis; e
Necessidade de estações monitorando o rio Tocantins e outras monitorando os principais
cursos d’água tributários do reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.

209
Figura 3.11. Mapa das estações fluviométricas inicialmente identificadas na Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago.

210
Figura 3.12. Mapa das estações fluviométricas inicialmente identificadas na Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago, categorizadas pelas “Entidades Operadoras”.

211
As estações, organizadas por “operador” são ilustradas na Figura 3.12. Entre as operadoras das
estações de monitoramento inicialmente identificadas, destacam-se: ANA, CPRM, FURNAS, Enerpeixe,
Consórcio Luis Eduardo Magalhães, Semades, Saneatins e o Naturatins.

Infelizmente, os critérios não foram satisfeitos com o conjunto de estações disponíveis atualmente. A
partir do levantamento das séries históricas de vazões, verificou-se que a maioria das estações não
possui disponível dados consistentes de vazão. Possuem apenas dados de cota (sem curva-chave),
dados descontínuos e com erros grosseiros, séries muito curtas ou apenas dados muito recentes.

Destaca-se, observando-se a Figura 3.12, que apesar do grande número e da boa distribuição espacial,
as estações da Investco não foram utilizadas no estudo, pois para a maioria delas, não se encontram
disponíveis os dados de vazão, apenas as séries de cota de 2000 a 2014, e tampouco estão
disponíveis as curvas-chave para transformação cota-vazão. A empresa declara que o monitoramento é
realizado desde 2001, mas que o serviço é terceirizado e que não possui disponíveis as séries
históricas de vazão, pois na operação do reservatório não trabalha diretamente com estas informações.
Os relatórios são encaminhados diretamente à Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.

Em contato com a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL também não foi possível reaver as
séries históricas, porém foi levantado que neste ano (2015) foi assinado uma Resolução Conjunta entre
a ANA e a ANEEL, pela qual a partir de junho de 2015 os dados de monitoramento de vazões do setor
elétrico passaram a ser automaticamente disponibilizados pela ANA. De fato, conforme vistoria
realizada, a partir de junho, estão sim sendo transmitidas e disponibilizadas as séries históricas de
vazões, no portal acessível no endereço: http://mapas-hidro.ana.gov.br/.

Um resumo sobre a disponibilidade de dados das estações fluviométricas da Investco, ilustradas na


Figura 3.13, é apresentado no Quadro 3.19.

Quadro 3.19. Identificação das estações fluviométricas operadas pela Investco S.A.
Série
Código Estação Rio Latitude Longitude
Histórica
22152000 UHE LEM Água Suja Rio Água Suja -10:34:53 -48:18:56 Não

22173000 UHE LEM Crixás Rio Crixás -11:05:47 -48:36:28 Não

22281000 UHE LEM Ipueiras Rio Tocantins -11:14:48 -48:27:31 Jun-2015

22300000 UHE LEM Jurupari Rio Tocantins -11:09:07 -48:30:57 Jun-2015

22320000 UHE LEM Areias Rio Areias -10:53:42 -48:20:54 Jun-2015

22360000 UHE LEM Mangues Rio Mangues -10:20:54 -48:38:13 Jun-2015

22410000 UHE LEM Santa Luzia Rio Santa Luzia -10:01:31 -48:34:19 Não

22490500 UHE LEM Barramento Rio Tocantins -09:45:37 -48:22:11 Sim

22491000 UHE LEM Jusante Rio Tocantins -09:44:39 -48:21:45 Sim

Em relação ao monitoramento realizado pelo Estado do Tocantins, duas estações fluviométricas foram
identificadas na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago: a estação Taquaruçu Grande (22351000) na
sub-bacia do ribeirão Taquaruçu, operada pelo Instituto Natureza do Tocantins – Naturatins, e a estação
Rio Crixás (22170000) na sub-bacia do rio Crixás, operada pela Secretaria de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos – Semarh, antiga Semades. Enquanto a estação do Naturatins, desativada,
apresenta série histórica de 2002 a 2007, a estação da Semarh, operante, não possui dados
disponíveis. Destaca-se que no Rio Crixás, também a Investco mantém uma estação de monitoramento
de vazão, sem dados disponíveis, sendo importante a correção deste problema na sub-bacia.

212
Figura 3.13. Estações fluviométricas operadas pela Investco S.A. na Bacia Hidrográfica do Entorno
do Lago.

213
Em relação às estações cadastradas na ANA como pertencentes e operadas pela Saneatins, a
Odebrecht Ambiental Saneatins informou que não tem conhecimento sobre todos os postos
identificados, mas que realiza monitoramento das vazões em todos os mananciais de captação. A
empresa disponibilizou todos os registros de vazões de sua rede de monitoramento, no formato de
planilhas do Microsoft Excel, contendo também as coordenadas geográficas das seções de medição.

A Saneatins mantém séries históricas de vazão na sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu, a partir de


observações diárias de cota em réguas linimétricas e transformação em vazão utilizando curvas chave
de autoria própria. Nos demais mananciais, existem observações esporádicas, normalmente no período
seco, em junho ou julho, em anos arbitrários entre 2003 e 2009, restringindo sua utilização à aferição
das estimativas de vazão utilizando outras estações, com séries históricas contínuas e consistidas.

Na sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande, principal manancial de abastecimento da cidade de


Palmas, além da estação 22351000 do Naturatins, existem cinco seções de medição de vazão (cota +
curva-chave) com leituras diárias desde março de 2013 a agosto de 2015. Nos demais mananciais, a
companhia de saneamento também realiza o monitoramento, mas de forma descontínua, por meio de
medições em campo com métodos convencionais como o flutuador (na maioria dos casos) ou molinete.

Juntamente com as séries históricas de cota e vazão, das cinco seções de medição na sub-bacia do
Ribeirão Taquaruçu, foram disponibilizados os resultados das missões para medições inloco de vazões
acompanhadas das respectivas leituras de régua. Isso possibilitou a correção da curva-chave,
anteriormente utilizada pela Saneatins e, consequentemente, a correção das séries históricas de vazão.
Estes resultados foram devidamente informados e repassados à companhia para as providências. As
seções onde a Saneatins mantém série histórica de vazões diárias são apresentadas no Quadro 3.20.

Os demais dados de vazão, obtidos de forma esporádica, em seções localizadas nos principais
mananciais de abastecimento das cidades, foram analisados minunciosamemte, na tentativa de
aproveitar ao máximo todas as informações disponíveis na bacia hidrográfica.

Ao todo, são 16 (dezesseis) seções de medição distribuídas nos municípios de Barrolândia, Lajeado,
Miracema, Palmas, Paraíso do Tocantins, Porto Nacional, Santa Rosa e Silvanópolis. Algumas seções
de medição estão localizadas próximas às estações fluviométricas da Saneatins cadastradas na ANA,
enquanto outras estão localizadas no mesmo curso d’água, mas em coordenadas bem distintas. A
maioria não possui mais que dois registros de vazão. Devido à descontinuidade das medições e à
imprecisão do método utilizado (flutuador), estes dados foram utilizados apenas na aferição das
estimativas de vazão especializadas nas sub-bacias do entorno do lago. As seções de medição
esporádicas são identificadas no Quadro 3.21 e ilustradas no mapa da Figura 3.14.

Observando a dificuldade em comum que as entidades responsáveis possuem no gerenciamento das


séries históricas de vazão (Investco, Semarh e Saneatins), recomenda-se a capacitação dos recursos
humanos responsáveis, a fim de instruí-los, sobre a entrada de dados, tratamentos e relatórios de
saída, utilizando os formatos oficiais de bancos de ados adotados pela ANA em sua plataforma Hidro.

Quadro 3.20. Estações da Odebrecht Ambiental Saneatins na sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu

Seção Nome Área (km²) Latitude Longitude

1 (ATG) Alto Taquaruçu Grande 73,388 -10°14'21,41" -48°10'38,03"


2 (BTG) Baixo Taquaruçu Grande 184,259 -10°19'13,44" -48°08'01,93"
3 (ATP) Alto Taquaruçu Pequeno 80,741 -10°17'26,20" -48°16'46,60"
4 (MTP) Médio Taquaruçu Pequeno 142,196 -10°18'33,73" -48°12'24,41"
5 (BTP) Baixo Taquaruçu Pequeno 209,798 -10°17'45,40" -48°17'17,40"

214
Quadro 3.21. Seções de monitoramento de vazões nos mananciais de abastecimento da Saneatins
Município Curso D'água Latitude Longitude Obs
Dois registros de vazão em 2007.
Barrolândia São Borges -09°50'05,21" -48°45'11,53" Córrego e coordenadas diferentes da
estação fluviométrica apresentada no
site da ANA (22501000).
Uma medição de vazão de 2004. Sem
Rio Lajeado -09°45'16,48" -48°21'15,63" coordenadas. O córrego coincide com o
Lajeado
(22525000) da estação 22525000, mas as
coordenadas diferem bastante.
Um dado de vazão de 2004, e dois de
Córrego Correntinho -09°35'16,74" -48°25'24,00" 2008. O córrego coincide com o da
Miracema
(22260000) estação 22260000, mas as coordenadas
diferem bastante.
Palmas Córrego Água Fria -10°03'19,59" -48°17'07,69" Medições período seco de 2001 a 2009.
Palmas Brejo Comprido -10°12'48,45" -48°18'39,76" Medições período seco de 2001 a 2009.
Palmas Roncador -10°18'12,50 -48°08'11,08 Medições período seco de 2001 a 2009.
Palmas Taquaruçu Pequeno - 10°17'47,25 - 48°17'13,32 Medições período seco de 2001 a 2009.
Palmas Taquaruçu Grande - 10°17'21,25 - 48°17'13,64 Medições período seco de 2001 a 2009.

- 10°17'19,60 -48°17'44,78 Somatório das vazões Taquaruçu


Palmas ETA 06
Pequeno e Taquaruçu Grande.
Uma medição de vazão de 2007 no
córrego Buritirana. Sem coordenadas.
Córrego Buritirana -10°15'08,89" -47°53'27,59" Há uma captação por mina da Saneatins
Palmas
(22580000) no córrego Buritirana . O córrego
coincide com a estação 22580000,
coordenadas diferentes.
Uma medição de vazão de 2005 no rio
do Coco. Há uma barragem de
acumulação da Saneatins no rio do
Paraíso Rio do Coco -10°06'19,47" -48°55'59,16" Coco. A medição pode ter sido feita em
do Tocantins (22356000)
um ponto próximo. O córrego coincide
com o da estação 22356000, mas as
coordenadas diferem bastante.
Um dado de vazão de 2007, sem
Porto Córrego São João -10°42'54,38" -48°22'16,84" coordenadas, no córrego São João.
Nacional (22350500) Apenas consta que a medição foi feita
100 metros a jusante do barramento.
Quatro medições de vazão em 2003, e
cinco em 2006, no córrego Maria
Ferreira. Há uma barragem de nível da
Córrego Maria
Santa Rosa Ferreira -11°26'25,08" -48°06'45,69" Saneatins no mesmo manancial. A
medição pode ter sido feita em um ponto
(22260000)
próximo. O manancial coincide com o da
estação 22260000, mas as coordenadas
diferem bastante.
Quatro medições de vazão de maio a
agosto de 2005 (um registro por mês);
um registro de vazão em junho de 2007;
e um março de 2009 no córrego Caniço.
Silvanópolis Córrego Caniço -11°09'29,34" -11°09'29,34" Há uma barragem de acumulação da
Saneatins no mesmo manancial. A
medição pode ter sido feita em um ponto
próximo. Córrego e coordenadas
diferentes da estação fluviométrica
apresentada no site da ANA (22180000).

215
Figura 3.14. Estações fluviométricas e seções de medição esporádica de vazões da Odebrecht
Ambiental Saneatins na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

216
Após a análise minunciosa de todas as informações de vazão disponíveis na bacia, com base no
período de dados disponíveis, as estações de monitoramento foram classificadas em dois grupos: a)
estações no rio Tocantins e b) estações no entorno do reservatório. O período base ou o intervalo
anual de dados contínuos nas séries históricas disponíveis nas estações no rio Tocantins e no
entorno do reservatório são apresentados nos Quadros 3.22 e 3.23, respectivamente.

No rio Tocantins, observa-se que há estações em número suficiente, com dados consistidos, para
monitoramento das vazões no trecho do reservatório da UHE Lajeado. Embora o critério de 30 anos
não tenha sido satisfeito, os 14 anos do período base adotado (2001 a 2014) possuem dados
consistidos, sem erros grosseiros ou falhas. Foram selecionadas, no sentido do escoamento, uma
estação no rio Tocantins no município de Ipueiras, anterior ao reservatório (22280000), uma estação
a montante (22490500) e outra a jusante (22491000) do barramento, e uma última no rio Tocantins
em Miracema, também a jusante do barramento (22500000).

Já no entorno do reservatório, apenas uma estação fluviométrica cadastrada na ANA apresenta série
histórica de vazões disponível, a estação de Taquaruçu Grande (22351000) operada pelo Naturatins
de 2002 a 2007, atualmente desativada. As demais estações, sob responsabilidade da Investco,
Saneatins, Semades não possuem disponíveis séries históricas de vazão. Ressalta-se novamente,
que as estações da Investco no rio Mangues (22360000) e no rio Areias (22320000), estão
transmitindo, desde junho de 2015, os dados à ANA que os disponibiliza em seu portal hidrológico.

Apesar da série histórica no Taquaruçu Grande (22351000) apresentar registros de vazão de


dezembro de 2002 a novembro de 2007, apenas 3 anos possuem observações diárias contínuas
(2003 – 2005), necessárias às análises estatísticas de vazões médias e mínimas.

Analogamente, destaca-se que as seções de medição na sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu possuem


registros de vazão de março de 2013 a agosto de 2015, porém apenas o ano de 2014 completo,
sendo insuficiente para as análises estatísticas acerca das vazões mínimas e médias. Ressalta-se,
que embora tenham sido descartadas do estudo de vazões, foram consideradas na aferição e
ajustamento das estimativas de vazões na rede hidrográfica da sub-bacia do Taquaruçu Grande.

Quadro 3.22. Período base de 14 anos (2001 a 2014) adotado no estudo das vazões no Rio
Tocantins
Período Base (14 anos)
Localização Código 95 96 97 98 99 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15
22500000 Miracema
22491000 Jusante
22490500 Montante
22280000 Ipueiras

Quadro 3.23. Período base de 3 anos (2003 a 2005) adotado no estudo das vazões no entorno do
reservatório
3 anos
Código Estação 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15

22351000 Taquaruçu Grande


1 Alto Taquaruçu Grande
2 Baixo Taquaruçu Grande
3 Alto Taquaruçu Pequeno
4 Médio Taquaruçu Pequeno X
5 Baixo Taquaruçu Pequeno
* A seção de medição do Médio Taquaruçu Pequeno possui muitas falhas impossibilitando a sua utilização.

217
No Quadro 3.24 e Figura 3.15 são apresentadas as informações básicas das estações selecionadas
na região de estudo. O detalhamento das estações encontra-se no Apêndice A.

Quadro 3.24. Estações fluviométricas selecionadas na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago

Código Estação Rio Operadora Área (km²) Latitude Longitude

22280000 Ipueiras Rio Tocantins ANA 167.000 -11:14:51 -48:27:33

22490500 UHE LEM Barrmto. Rio Tocantins Cons.Luismaga 184.000 -09:45:37 -48:22:11

22491000 UHE LEM Jusante Rio Tocantins Cons.Luismaga 184.000 -09:44:39 -48:21:45

22500000 Miracema do TO Rio Tocantins CPRM 185.000 -09:34:03 -48:22:43

22351000 Taquaruçu Grande Rio Taquaruçu Naturatins 156 -10:15:00 -48:16:00

Figura 3.15. Mapa das estações fluviométricas selecionadas para o estudo das vazões nos cursos
d’água da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

218
3.3.2. Comportamento das Vazões na Bacia
A partir das estações selecionadas, o estudo do comportamento das vazões na bacia hidrográfica do
Entorno do Lago também foi dividio em duas partes: a) rio Tocantins e b) entorno do lago.

Inicialmente, verificou-se o comportamento mensal das vazões ao longo do rio Tocantins em busca de
variações significativas de vazões entre as estações de monitoramento. O Gráfico 3.14 ilustra o
comportamento nas estações e o Gráfico 3.15 o hidrograma anual no rio Tocantins. Sabendo-se que o
código das estações aumenta no sentido do escoamento, percebe-se que, enquanto no período seco
não há variações significativas no módulo das vazões observadas, no período chuvoso, especificamente
de janeiro a abril, as vazões a jusante (22500000) são significativamente superiores às vazões afluentes
no reservatório (22280000), chegando a cerca de 1.000 m³/s de diferença no mês de Março.

Claramente, o reservatório não regulariza as vazões no rio Tocantins, uma vez que o comportamento
das vazões é o mesmo, antes e após o barramento. De forma oposta, as vazões superiores no
período chuvoso sugerem duas justificativas: a entrada de vazões máximas dos afluentes do entorno
ao longo do reservatório ou a descarga de volume excedente do reservatório como forma de controle.
Neste segundo caso, recomenda-se atenção no sentido de minimizar o impacto nas seções a jusante,
incluindo possível mortandade de peixes decorrente do fechamento repentino das comportas.

4500
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

22500000 22491000 22490500 22280000

Gráfico 3.14. Variação das vazões médias mensais (m³/s) nas estações localizadas no Rio Tocantins.

Gráfico 3.15. Hidrograma das vazões médias mensais (m³/s) e identificação dos períodos seco (maio
a novembro) e chuvoso (dezembro a abril), no Rio Tocantins, seção do barramento da UHE Lajeado.

219
Uma vez constatada a homogeneidade do comportamento médio das vazões a montante e a jusante
do barramento, considerou-se a estação a montante do barramento (22490500) como representativa
das vazões no reservatório, por apresentar valores médios de vazão e série histórica sem falhas.

Observa-se no hidrograma de vazões médias do rio Tocantins, apresentado no Gráfico 3.15, o ano
hidrológico de setembro a agosto do ano seguinte. A partir do marco estabelecido pela vazão média
anual, os meses com vazões inferiores foram identificados como pertencentes ao período seco (maio
a novembro) e aqueles com vazões médias superiores, ao período chuvoso (dezembro a abril).

Analisou-se, também, a variabilidade interanual das vazões diárias no rio Tocantins, em busca de
tendências ou mudanças de padrão, na frequência ou magnitude dos eventos extremos máximos e
mínimos. Observa-se no hidrograma do Gráfico 3.16 que o padrão é mantido ao longo dos anos.

Gráfico 3.16. Hidrograma de vazões diárias (m³/s) na estação 22490500, localizada no rio Tocantins.

No entorno do lago, o hidrograma de vazões médias mensais (Gráfico 3.17) da estação Taquaruçu
Grande (22351000) apontou o início do ano hidrológico em outubro com término em setembro do ano
seguinte; o período seco de junho a dezembro; e o período chuvoso de janeiro a maio. Este retardo
de um mês entre o início das chuvas em setembro e a resposta nas vazões em outubro, no entorno
do lago, é justificado pelas abstrações iniciais que elevam a umidade do solo até que efetivamente
ocorra o escoamento superficial e subterrâneo responsáveis pelo aumento das vazões.

Percebe-se, também, atraso de um mês no período chuvoso do entorno do lago em comparação ao


período chuvoso do rio Tocantins. Enquanto em dezembro as vazões do rio Tocantins já superam as
médias, na sub-bacia do ribeirão Taquaruçu Grande, isto ocorre apenas em janeiro, até maio.

Gráfico 3.17. Hidrograma das vazões médias mensais (m³/s) e identificação dos períodos seco (junho
a dezembro) e chuvoso (janeiro a maio), no Ribeirão Taquaruçu - entorno do Lago.

220
Como não existem outras estações fluviométricas com série históricas disponíveis nos cursos d’água
do entorno do lago, não se pode afirmar que o comportamento na sub-bacia Taquaruçu Grande é o
comportamento das demais sub-bacias do entorno do reservatório. Porém, essa diferença de
comportamento de vazões em relação ao rio Tocantins era esperada, considerando-se a grande
diferença entre as áreas de drenagem, com fatores diversos que interferem na produção de águas.

Também no ribeirão Taquaruçu Grande foi analisado o comportamento interanual das vazões diárias
no período de três anos (2003 – 2006) visando identificar possíveis tendências ou padrões de
ocorrência dos eventos extremos, máximos e mínimos no entorno do lago. O hidrograma com as
vazões diárias da estação Taquaruçu Grande é ilustrado no Gráfico 3.18. Verifica-se manutenção do
padrão observado, porém o período de dados disponíveis é insuficiente para uma afirmação final.

Gráfico 3.18. Hidrograma de vazões diárias (m³/s) na estação 22490500, localizada no rio Tocantins.

3.3.3. Estudo das Vazões Médias


Informação importante no diagnóstico da disponibilidade hídrica, a vazão média de longo período é
caracterizada como a média geral das vazões diárias no período de observações adotado. Por se
tratar de vazões médias normais, neste estudo não são considerados os riscos de ocorrência.

Foram determinadas as vazões médias mensais (baseada em dados diários) de longo período para
cada uma das estações fluviométricas selecionadas no estudo, ou seja: quatro no rio Tocantins
(22280000, 224905000, 22491000, 22500000) e uma no entorno do reservatório (22351000).
Novamente, ressalta-se que as demais estações identificadas no entorno do lago não possuem
disponíveis séries históricas de vazão e que as séries históricas das seções de medição da Saneatins
ainda são insuficientes para representação do regime hidrológico, além de estarem na mesma bacia
que a estação Taquaruçu Grande (22351000), já considerada neste estudo. Estas seções foram
utilizadas, posteriormente, para comparação/aferição das estimativas de vazão na sub-bacia.

No rio Tocantins, foram geradas as vazões médias mensais para as quatro estações de
monitoramento selecionadas. Visando a espacialização das vazões médias ao longo da calha
principal (talvegue) do rio Tocantins, foi utilizada como referência a estação UHE Luis Eduardo
Magalhães Barramento (22490500), por representar o regime de escoamento no reservatório, com
área de drenagem de 184.384,7 km².

No Quadro 3.25 estão apresentadas as vazões médias mensais de longo período, ou seja, as vazões
médias para cada mês considerando as séries históricas de 14 anos, 2001 a 2014, das quatro estações
selecionadas no rio Tocantins. As vazões médias anuais também são apresentadas, com baxia
variação ao longo do rio Tocantins. As vazões médias anuais e as vazões médias do período seco e
chuvoso são apresentadas no Quadro 3.26. No Quadro 3.27 é apresentada a série anual de vazões
mensais da estação selecionada para representar o rio Tocantins (22490500) e no Quadro 3.28 são
-1 -2
identificadas as vazões específicas mensais (vazão por unidade de área, m³s km ), utilizadas para
especializar as vazões médias ao longo da calha principal do rio Tocantins (Figura 3.16).

221
Quadro 3.25. Vazões médias mensais (m³/s) nas estações fluviométricas selecionadas sobre o rio
Tocantins

Estação Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média

22500000 3015 3267 3873 3113 1613 1072 874 782 939 1057 1630 2316 1867
22491000 2940 3088 3310 2817 1568 1078 952 880 1035 1184 1588 2189 1886
22490500 3016 3107 3325 2756 1564 1061 952 886 1020 1183 1586 2231 1891
22280000 2588 2682 2939 2529 1690 1280 1084 972 1072 1199 1523 2369 1827
Média 2890 3036 3361 2804 1608 1123 966 880 1016 1156 1582 2276 1892

Quadro 3.26. Vazões médias de longa duração (m³/s) nas estações fluviométricas selecionadas no rio
Tocantins, considerando o período anual e os períodos seco e chuvoso

Estações Período Anual Período Seco Período Chuvoso


22500000 1867 1138 3142
22491000 1886 1184 2869
22490500 1891 1179 2887
22280000 1827 1260 2621
Média 1892 1190 2880

Quadro 3.27. Vazões médias mensais (m³/s) da estação UHE LEM Barramento (22490500),
localizada no rio Tocantins a montante do barramento da UHE Lajeado

Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
2001 2836 2469 3920 2756 1824 1133 1306 951 1144 1026 1523 1913 1900
2002 6981 4199 2107 2100 1213 884 795 676 816 1129 1460 1626 1999
2003 2715 2649 2911 3349 1442 969 920 911 879 1142 1385
2004 3511 7097 5848 3648 1803 1233 1041 915 876 864 806 1264 2409
2005 2002 3086 5292 2926 1903 1279 1046 954 809 825 1478 3441 2087
2006 1948 1555 2807 3899 1876 1097 1037 1021 1237 1527 1856 2024 1824
2007 1872 4210 2524 1250 869 852 995 854 952 1266 1504 1796 1579
2008 1589 2306 2884 2687 1306 947 863 791 1016 1190 1260 2407 1604
2009 2226 2369 2037 3047 2833 1200 799 655 582 725 2067 2207 1729
2010 3417 2131 2678 2510 1347 976 878 906 1124 1426 1782 2141 1776
2011 3279 2867 4680 3383 1439 1174 953 977 1239 1475 1896 2746 2176
2012 4693 3441 2944 1980 1549 1069 899 935 1448 1784 2193 2025 2080
2013 2479 2507 2298 2338 1310 1034 882 851 1022 1077 1438 3178 1701
2014 2675 2617 3615 2714 1176 1009 920 1003 1138 1107 1554 2233 1813
Média 3016 3107 3325 2756 1564 1061 952 886 1020 1183 1586 2231 1898

Quadro 3.28. Vazões específicas médias (m³/s.km²) do rio Tocantins no barramento da UHE Lajeado.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Vazão específica
0,016 0,017 0,018 0,015 0,008 0,006 0,005 0,005 0,006 0,006 0,009 0,012
(m³/s.km²)

222
No entorno do lago, foram geradas as vazões médias mensais para a única estação fluviométrica com
série histórica disponível (Taquaruçu Grande - 22351000) e também para as quatro seções de medição
da Odebrecht Ambiental Saneatins. No Quadro 3.29 estão apresentadas as vazões médias mensais de
“longo período”, ou seja, as vazões médias para cada mês considerando a série histórica disponível, de
3 anos (2003 a 2005) da estação Taquaruçu Grande (22351000). Já as médias nas quatro seções de
medição da Saneatins foram calculadas utilizando-se toda a série histórica disponível, de abril de 2013
a agosto de 2015, aproveitando o maior número de dados possíveis.

Observa-se, analisando-se o Quadro 3.30, que dezembro possui vazões inferiores a vazão média anual
considerando-se a série da estação 22351000, com dados de 2003, 2004 e 2005. As séries atuais,
correspondentes às seções de medição da Saneatins, já registram dezembro com vazões superiores à
média anual, portanto como um mês do período chuvoso. Uma justificativa pode ser a evolução do uso
e ocupação da bacia hidrográfica, reduzindo a infiltração de água no solo e aumentando o escoamento
superficial, responsável pelo aumento das vazões no período chuvoso.

Visando eliminar as áreas de drenagem distintas desta comparação no estudo das vazões médias, o
Quadro 3.31 apresenta as vazões médias mensais específicas (m³/s.km²), que possibilita a
comparação do comportamento hidrológico monitorado na estação fluviométrica 22351000 e nas quatro
seções de medição da Saneatins. Observa-se que, há 10 anos, a produção de água por unidade de
área da bacia, era de 19 L/s.km² e atualmente, no exutório da bacia este valor não ultrapassa 12
L/s.km². Em 10 anos, houve uma redução de 36,8% na produção unitária de água na bacia do ribeirão
Taquaruçu Grande.

As vazões médias anuais e as vazões médias do período seco e chuvoso são apresentadas no Quadro
3.32 e no Quadro 3.33 são identificadas as vazões médias mensais específicas. Ressalta-se que por
constituir a única estação oficial, com a série histórica mais extensa, mais antiga e, portanto mais
próxima do comportamento natural da bacia, a espacialização das vazões médias ao longo da rede
hidrográfica nas dezesseis sub-bacias do entorno do lago, foi realizada adotando-se como referência,
as vazões específicas da estação Taquaruçu Grande (22351000), com área de drenagem de 157 km².

A partir das vazões específicas das estações 22490500 no rio Tocantins e da estação 22351000 no
ribeirão Taquaruçu Grande, foram especializadas as vazões ao longo de toda a hidrografia (escala
1:100.000) da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. O mapa da distribuição da disponibilidade
hídrica média, em cada arco da hidrografia, é apresentado na Figura 3.16.

Com as vazões distribuídas ao longo da hidrografia, foi fácil conhecer a disponibilidade hídrica média
nas principais sub-bacias do entorno do lago. Bastou uma consulta espacial selecionando-se o trecho
da hidrografia correspondente à foz de cada uma das dezesseis sub-bacias.

Desconsiderando-se as áreas das sub-bacias que foram inundadas pelo reservatório da UHE, as
vazões médias de longo período (Qmld) nas dezesseis sub-bacias principais, para os períodos anual,
seco e chuvoso estão apresentadas no Quadro 3.34. Dessa forma, apenas as áreas úteis das sub-
bacias, calculadas como a área de drenagem da sub-bacia menos a sua área inundada, foram
consideradas na determinação da disponibilidade hídrica média no entorno do lago.

Quadro 3.29. Vazões médias mensais (m³/s) da estação 22351000, no ribeirão Taquaruçu

Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média

2003 4,040 3,400 5,310 6,240 3,370 1,530 0,709 0,395 0,169 0,310 1,980 1,770 2,435

2004 5,030 9,960 8,570 6,610 3,700 1,930 1,300 0,883 0,705 1,400 1,310 2,330 3,644

2005 2,540 4,780 9,490 5,280 2,460 2,060 1,390 0,762 0,530 0,849 0,846 4,340 2,944

Média 3,870 6,047 7,790 6,043 3,177 1,840 1,133 0,680 0,468 0,853 1,379 2,813 3,008

223
Quadro 3.30. Vazões médias mensais (m³/s) na estação fluviométrica e seções de medição da sub-
bacia do ribeirão Taquaruçu Grande

Estação Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média

22351000 3,870 6,047 7,790 6,043 3,177 1,840 1,133 0,680 0,468 0,853 1,379 2,813 3,008

1 (ATG) 0,872 2,430 2,620 2,180 1,370 0,813 0,499 0,210 0,263 0,373 0,429 1,350 1,117

2 (BTG) 2,610 4,510 4,955 4,293 2,730 1,306 0,759 0,677 0,892 0,950 1,022 2,470 2,265

3 (ATP) 1,054 1,550 2,067 1,810 1,083 0,641 0,437 0,236 0,291 0,381 0,586 1,578 0,976

5 (BTP) 3,095 4,500 5,100 4,587 2,777 1,557 0,962 0,417 0,126 0,197 0,749 3,130 2,266

Quadro 3.31. Vazões médias mensais específicas (m³/s.km²) na estação fluviométrica e seções de
medição da sub-bacia do ribeirão Taquaruçu Grande

Estação Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média

22351000 0,025 0,038 0,050 0,038 0,020 0,012 0,007 0,004 0,003 0,005 0,009 0,018 0,019

1 (ATG) 0,012 0,033 0,036 0,030 0,019 0,011 0,007 0,003 0,004 0,005 0,006 0,018 0,015

2 (BTG) 0,014 0,024 0,027 0,023 0,015 0,007 0,004 0,004 0,005 0,005 0,006 0,013 0,012

3 (ATP) 0,013 0,019 0,026 0,022 0,013 0,008 0,005 0,003 0,004 0,005 0,007 0,020 0,012

5 (BTP) 0,015 0,021 0,024 0,022 0,013 0,007 0,005 0,002 0,001 0,001 0,004 0,015 0,011

Quadro 3.32. Vazões médias de longa duração (m³/s) na estação fluviométrica e seções de medição
da sub-bacia do ribeirão Taquaruçu Grande, considerando o período anual e os
semestres seco e chuvoso

Estações Período Anual Período Seco Período Chuvoso

22351000 3,008 1,309 5,385

1 (ATG) 1,117 0,431 1,804

2 (BTG) 2,265 0,934 3,595

3 (ATP) 0,976 0,429 1,524

5 (BTP) 2,266 0,668 3,865

Quadro 3.33. Vazões médias específicas (m³/s.km²) na estação fluviométrica e seções de medição da
sub-bacia do ribeirão Taquaruçu Grande, considerando o período anual e os semestres
seco e chuvoso

Estações Período Anual Período Seco Período Chuvoso

22351000 0,019 0,008 0,034

1 (ATG) 0,015 0,006 0,025

2 (BTG) 0,012 0,005 0,020

3 (ATP) 0,012 0,005 0,019

5 (BTP) 0,011 0,003 0,018

224
Quadro 3.34. Disponibilidade hídrica média (m³/s) na foz das principais Sub-bacias do Entorno do Lago.

Disponibilidade hídrica média – Vazões Médias (m³/s)


Sub-bacia Área Útil (km²)*
Período Anual Período Seco Período Chuvoso

Rio Crixás 3.305,4 62,803 26,443 112,384

Ribeirão dos Mangues 2.566,9 48,772 20,535 87,276

Rio Areias 2.328,2 44,236 18,626 79,159

Rio Formiga 1.827,6 34,723 14,620 62,137

Córrego Santa Luzia 1.243,3 23,622 9,946 42,272

Rio Água Suja 910,0 17,858 7,519 31,957

Ribeirão Lajeado 679,0 12,901 5,432 23,087

Ribeirão Taquaruçu Grande 396,7 7,538 3,174 13,489

Ribeirão do Carmo 381,7 7,253 3,054 12,979

Rio Matança 352,7 6,701 2,821 11,991

Ribeirão Conceição 349,3 6,636 2,794 11,875

Ribeirão São João 278,5 5,291 0,655 2,784

Ribeirão Água Fria 87,1 1,654 0,696 2,960

Córrego São João 81,9 1,556 0,655 2,784

Córrego Comprido 46,6 0,884 0,372 1,582

* Área da bacia hidrográfica (km²) desconsiderando-se a área inundada pelo reservatório da UHE.

A seguir, a Figura 3.16 exemplifica o produto da espacialização das vazões médias ao longo da
hidrografia de toda a Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. Na espacialização foi utilizado o método
de regionalização de vazões com base na vazão específica. Neste processo, foi fundamental a base
de dados geográfica produzida para o Plano de Bacia, com a rede hidrográfica topologicamente
consistente associada às áreas de drenagem de cada trecho da hidrografia. Dessa forma, as áreas
das bacias correspondentes a cada trecho da hidrografia foram multiplicadas pelas vazões
específicas das estações selecionadas, resultando na disponibilidade hídrica média em toda a bacia.

Na calha principal do rio Tocantins, foi utilizada a vazão média específica correspondente à estação
da UHE LEM Barramento (22049500) e nos cursos d’água do entorno do lago, a vazão média
específica da estação Taquaruçu Grande (22351000). Importante ressaltar que devido à carência de
informações hidrológicas nas sub-bacias do Entorno do Lago, as estimativas de vazão foram
processadas sob a hipótese de que todas as sub-bacias possuem comportamento hidrológico
homogêneo, representado pela estação de Taquaruçu Grande.

Com base na regionalização utilizando as vazões específicas das estações, conforme as áreas de
drenagem se aglomeram no sentido do escoamento, também aumentam as vazões médias
estimadas na espacialização. Logicamente, portanto, as disponibilidades hídricas das sub-bacias
estão diretamente relacionadas ao tamanho de suas repectivas áreas de drenagem, como ilustrado
no mapa da Figura 3.17. Neste ponto, vale destacar as sub-bacias que abastecem os grandes
centros urbanos, com pequenas áreas de drenagem e próximas às cidades, como: Taquaruçu
Grande, Córrego Comprido e Ribeirão Água Fria em Palmas e o Córrego São João em Porto
Nacional.

225
Figura 3.16. Mapa de disponibilidade hídrica superficial com as vazões médias de longa duração
(m³/s) distribuídas na rede hidrográfica da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

226
Figura 3.17. Mapa de disponibilidade hídrica superficial com as vazões médias de longa duração
(m³/s) na foz das sub-bacias da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

227
3.3.4. Estudo das Vazões Mínimas
As vazões mínimas refletem a disponibilidade hídrica nos cursos d’água no período mais seco do ano
e por esta razão são fundamentais para a gestão de recursos hídricos, pois permitem estimar a
máxima capacidade de exploração de um manancial. O instrumento das políticas nacional (Lei
Federal N° 9.433/1997) e estadual (Lei Estadual 1.307/2002) “Outorga de Direito de Uso dos
Recursos Hídricos” utiliza as vazões mínimas como referência da disponibilidade hídrica para o
cálculo da máxima vazão passível de ser outorgada (outorgável) nos cursos d’água.

No Estado do Tocantins, conforme o Decreto N° 2.432 de 6 de junho de 2004, que regulamenta a


outorga nos cursos d’água de domínio estadual, é utilizada como vazão de referência a vazão com
permanência de 90% (Q90), sendo outorgado até 75% deste valor.

A curva de permanência relaciona a vazão de um rio e a probabilidade de ocorrerem vazões maiores


ou iguais ao valor especificado. Esta curva pode ser estabelecida com base em valores diários,
semanais ou mensais. Embora nas legislações estaduais, o critério não defina se a curva de
permanência refere-se ao período anual ou semestres seco e chuvoso, há uma tendência dos órgãos
gestores trabalharem com os critérios sazonais, flexibilizando a vazão outorgável ao longo do ano.

Foram estebalecidas as curvas de permanência (baseada em dados diários) para cada uma das
estações fluviométricas selecionadas no estudo, ou seja: quatro no rio Tocantins (22280000,
224905000, 22491000, 22500000) e uma no entorno do reservatório (22351000). De forma análoga
ao estudo das vazões médias, além das curvas de permanência mensais, foram construídas as
curvas para os períodos anual, seco e chuvoso, para cada uma das estações selecionadas.

Novamente, ressalta-se que as demais estações identificadas no entorno do lago não possuem
disponíveis séries históricas de vazão e que as séries históricas das seções de medição da Saneatins
ainda são insuficientes para representação do regime hidrológico, além de estarem na mesma bacia
que a estação Taquaruçu Grande (22351000), já considerada neste estudo. Estas seções foram
utilizadas, posteriormente, para comparação/aferição das estimativas de vazão na sub-bacia.

No rio Tocantins, foram geradas as curvas de permanêncua mensais para as quatro estações de
monitoramento selecionadas. Novamente, visando a espacialização da vazão mínima de referência
associada à permanência de 90% (Q90), ao longo da calha principal (talvegue) do rio Tocantins, foi
utilizada como referência a estação UHE Luis Eduardo Magalhães Barramento (22490500), por
representar o regime de escoamento no reservatório, com área de drenagem de 184.384,7 km².

No Quadro 3.35 estão apresentadas as vazões retiradas das curvas de permanência construídas a
partir das séries históricas de 14 anos, 2001 a 2014, da estação selecionada para representar o rio
Tocantins (22490500), ou seja, as vazões e suas respectivas probabilidades (%) de serem igualadas ou
superadas, considerando-se tanto o período anual, como os períodos seco e chuvoso.

As vazões mínimas mensais com permanência de 90% (Q90), obtidas a partir das curvas de
permanência mensais das quatro estações localizadas no rio Tocantins, são apresentadas no Quadro
3.36 e as Q90 considerando-se os períodos anual, seco e chuvoso são apresentadas no Quadro 3.37.
Observa-se que há uma redução significativa das vazões mínimas no sentido do escoamento no
reservatório Luis Eduardo Magalhães, possivelmente pelo efeito da evaporação intensa no período
seco.

No Quadro 3.38 são identificadas as vazões específicas com permanência de 90% (q90) (vazão por
-1 -2
unidade de área, m³s km ), utilizadas para espacializar as vazões mínimas ao longo da calha principal
do rio Tocantins (Figura 3.20). Embora não tenham sido observadas variações significativas na
produção unitária de vazão, ressalta-se que foram as vazões específicas da estação UHE LEM
Barramento (22490500) que foram utilizadas para a espacialização das vazões mínimas de referência
em toda a extensão do rio Tocantins. As curvas de permanência associadas aos períodos anual, seco
e chuvso, da referida estação, são paresentadas na Figura 3.18 e as curvas mensais, na Figura 3.19.

228
Quadro 3.35. Vazões associadas à curva de permanência (m³/s) da estação UHE LEM Barramento
(22490500), localizada no rio Tocantins a montante do barramento da UHE Lajeado.

Permanência (%)
Período
5 10 20 30 40 50 60 70 80 90 95 100
Anual 4809 3615 2714 2210 1785 1479 1252 1073 933 822 723 129

Seco 2038 1772 1487 1309 1178 1065 977 905 838 742 659 129

Chuvoso 6188 5127 3910 3299 2921 2613 2360 2122 1842 1538 1301 576

Quadro 3.36. Vazões mínimas mensais com permanência de 90% (Q90, m³/s) nas estações
fluviométricas selecionadas sobre o rio Tocantins.

Estação Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

22500000 1279 1435 1993 1505 736 723 600 524 624 573 974 1278

22491000 1452 1648 1741 1575 961 786 765 654 674 723 974 1201

22490500 1479 1795 1869 1611 1004 798 761 683 678 705 952 1257

22280000 1298 1461 1480 1327 925 733 791 791 791 791 925 1144

Média 1377 1585 1771 1505 907 760 729 663 692 698 956 1220

Quadro 3.37. Vazões mínimas com permanência de 90% (Q90, m³/s) nas estações selecionadas no rio
Tocantins, considerando os períodos anual, seco e chuvoso

Estações Período Anual Período Seco Período Chuvoso

22500000 691 670 1371

22491000 815 763 1430

22490500 822 742 1538

22280000 830 804 1273

Média 790 745 1403

Quadro 3.38. Vazões mínimas com permanência de 90% específicas (q90, m³/s) nas estações
selecionadas no rio Tocantins, considerando os períodos anual, seco e chuvoso

Estações Período Anual Período Seco Período Chuvoso

22500000 0,004 0,004 0,008

22491000 0,004 0,004 0,008

22490500 0,004 0,004 0,008

22280000 0,004 0,004 0,007

Média 0,004 0,004 0,008

229
5000
4500
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

2500
2250
2000
1750
1500
1250
1000
750
500
250
0
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

6500
6000
5500
5000
4500
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Figura 3.18. Curvas de permanência no rio Tocantins, considerando os períodos anual, seco e
chuvoso.

230
Figura 3.19. Curvas de permanência mensais para o rio Tocantins, estação 22490500 (m³/s : %).

231
Conforme já discutido no estudo das vazões médias, no entorno do lago, existe apenas uma estação
fluviométrica com série histórica disponível com dados de 2003, 2004 e 2005 (Taquaruçu Grande -
22351000) e outras quatro seções de medição (Odebrecht Ambiental Saneatins) com séries históricas
muito curtas, com apenas um ano completo (2014).

No estudo das vazões mínimas no entorno do lago, foram construídas as curvas de permanência para a
estação oficial no Taquaruçu Grande e também para as quatro seções de medição da Saneatins,
considerando-se os períodos mensal, anual, seco e chuvoso. No Quadro 3.39 estão apresentadas as
vazões retiradas das curvas de permanência construídas a partir da série histórica de 3 anos, 2003,
2004 e 2005, da estação selecionada para representar o comportamento hidrológico em todo o entorno
do lago (22351000), ou seja, as vazões e suas respectivas probabilidades (%) de serem igualadas ou
superadas, considerando-se tanto o período anual, como os períodos seco e chuvoso

As vazões mínimas mensais com permanência de 90% (Q90), obtidas a partir das curvas de
permanência mensais da estação fluciométrica e das quatro seções de medição na sub-bacia do
ribeirão Taquaruçu, são apresentadas no Quadro 3.40 e as Q90 considerando-se os períodos anual,
seco e chuvoso são apresentadas no Quadro 3.41.

Novamente, visando eliminar o fator área de drenagem da comparação das vazões mínimas de
referência, o Quadro 3.42 apresenta as vazões específicas com permanência de 90% (q90) (vazão por
unidade de área, m³/s.km²). A espacialização das vazões médias ao longo da rede hidrográfica nas
dezesseis sub-bacias do entorno do lago, foi realizada adotando-se como referência, as vazões
específicas da estação Taquaruçu Grande (22351000), com área de drenagem de 157 km².

As curvas de permanência associadas aos períodos anual, seco e chuvso, da referida estação, são
paresentadas na Figura 3.20 e as curvas mensais, na Figura 3.21.

A partir das vazões específicas, das estações 22490500 no rio Tocantins e da estação 22351000 no
ribeirão Taquaruçu Grande, foram especializadas as vazões ao longo de toda a hidrografia (escala
1:100.000) da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. O mapa da distribuição das vazões mínimas de
referência, associadas á permanência de 90% (Q90), em cada arco da hidrografia, é apresentado na
Figura 3.22. Com as vazões distribuídas ao longo da hidrografia, bastou uma consulta espacial para
conhecer a disponibilidade hídrica mínima nas principais sub-bacias do entorno do lago.

Desconsiderando-se as áreas das sub-bacias que foram inundadas pelo reservatório da UHE, as
vazões mínimas de referência (Q90) nas dezesseis sub-bacias principais, para os períodos anual,
seco e chuvoso estão apresentadas no Quadro 3.43. Ressalta-se que apenas as áreas úteis das
sub-bacias, calculadas como a área de drenagem da sub-bacia menos a sua área inundada, foram
consideradas na determinação da disponibilidade hídrica mínima no entorno do lago.

Na sequência, a Figura 3.22 exemplifica o produto da espacialização das vazões mínimas de


referência ao longo da hidrografia de toda a Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. Na
espacialização foi utilizado o método de regionalização de vazões com base na vazão específica.
Neste processo, as áreas das bacias correspondentes a cada trecho da hidrografia foram
multiplicadas pelas vazões específicas das estações selecionadas, resultando na disponibilidade
hídrica média em toda a bacia, trecho a trecho na hidrografia em escala 1:100.000.

Importante ressaltar novamente, que devido à carência de informações hidrológicas nas sub-bacias
do Entorno do Lago, as estimativas de vazão foram processadas considerando-se um comportamento
hidrológico homogêneo em toda bacia hidrográfica, representado pela estação de Taquaruçu Grande.
Destaca-se também, que devido à regionalização pelo método da vazão específica, a área de
drenagem foi a variável que ditou as vazões estimadas, de forma que quanto maior a bacia, maior a
vazão estimada para seu exutório. Neste ponto, merecem atenção as sub-bacias que abastecem os
grandes centros urbanos, com pequenas áreas de drenagem, como: Taquaruçu Grande, Córrego
Comprido e Ribeirão Água Fria em Palmas e o Córrego São João em Porto Nacional.

232
Quadro 3.39. Vazões associadas à curva de permanência (m³/s) da estação Taquaruçu Grande
(22351000), localizada no entorno do lago.

Permanência (%)
Período
5 10 20 30 40 50 60 70 80 90 95 100
Anual 10,500 8,270 5,160 3,690 2,710 2,060 0,600 1,050 0,835 0,615 0,365 0,052

Seco 3,370 2,370 1,930 1,520 1,180 0,992 3,910 0,803 0,678 0,365 0,240 0,052

Chuvoso 12,400 10,900 8,600 7,010 5,510 4,500 0,000 3,310 2,750 2,210 1,840 1,020

Quadro 3.40. Vazões mínimas mensais com permanência de 90% (Q 90, m³/s) na estação
fluviométrica e seções de medição da sub-bacia do ribeirão Taquaruçu Grande.

Estação Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

22351000 1,540 2,650 4,490 4,170 2,050 1,250 0,584 0,365 0,114 0,240 0,741 1,120

1 (ATG) 0,596 0,953 1,49 1,26 0,944 0,434 0,313 0,077 0,195 0,225 0,307 0,369

2 (BTG) 1,030 1,470 2,510 2,040 1,640 0,765 0,416 0,154 0,503 0,416 0,571 0,678

3 (ATP) 0,403 0,403 0,792 0,603 0,620 0,354 0,206 0,010 0,157 0,115 0,206 0,403

5 (BTP) 1,340 1,620 2,280 2,140 1,920 1,130 0,518 0,198 0,000 0,000 0,229 0,647

Quadro 3.41. Vazões mínimas com permanência de 90% (Q90, m³/s) nas estações selecionadas no rio
Tocantins, considerando o período anual e os períodos seco e chuvoso

Estações Período Anual Período Seco Período Chuvoso

22351000 0,615 0,365 2,210

1 (ATG) 0,254 0,197 0,690

2 (BTG) 0,547 0,431 1,403

3 (ATP) 0,206 0,149 0,510

5 (BTP) 0,168 0,286 1,544

Quadro 3.42. Q90 específicas (m³/s) na estação fluviométrica e seções de medição da sub-bacia do
ribeirão Taquaruçu Grande, considerando o período anual e os períodos seco e chuvoso

Estações Período Anual Período Seco Período Chuvoso

22351000 0,004 0,002 0,014

1 (ATG) 0,003 0,003 0,009

2 (BTG) 0,003 0,002 0,008

3 (ATP) 0,003 0,002 0,006

5 (BTP) 0,001 0,001 0,007

233
12

10

0
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

3,5

2,5

1,5

0,5

0
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

14

12

10

0
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Figura 3.20. Curvas de permanência no rio Tocantins, considerando os períodos anual, seco e
chuvoso.

234
Figura 3.21. Curvas de permanência mensais para o ribeirão Taquaruçu, estação 22351000 (m³/s %).

235
Quadro 3.43. Disponibilidade hídrica (Q90, m³/s) na foz das principais Sub-bacias do Entorno do Lago.

Disponibilidade hídrica mínima – Q90 (m³/s)


Sub-bacia Área Útil (km²)*
Período Anual Período Seco Período Chuvoso
Rio Crixás 3.305,4 13,222 6,611 46,276
Ribeirão dos Mangues 2.566,9 10,268 5,134 35,937
Rio Areias 2.328,2 9,313 4,656 32,595
Rio Formiga 1.827,6 7,310 3,655 25,586
Córrego Santa Luzia 1.243,3 4,973 2,487 17,406
Rio Água Suja 910,0 3,760 1,880 13,159
Ribeirão Lajeado 679,0 2,716 1,358 9,506
Ribeirão Taquaruçu Grande 396,7 1,587 0,793 5,554
Ribeirão do Carmo 381,7 1,527 0,763 5,344
Rio Matança 352,7 1,411 0,705 4,937
Ribeirão Conceição 349,3 1,397 0,699 4,890
Ribeirão São João 278,5 1,114 0,557 3,899
Ribeirão Água Fria 87,1 0,348 0,174 1,219
Córrego São João 81,9 0,328 0,164 1,146
Córrego Comprido 46,5 0,186 0,093 0,651
* Área da bacia hidrográfica (km²) desconsiderando-se a área inundada pelo reservatório da UHE.

Tradicionalmente, a fim de simplificar a análise dos processos de outorga, as vazões mínimas de


referência são calculadas com base no período anual, ficando associadas ao período mais seco do
ano. Este método restringe o uso dos recursos hídricos nos períodos com maior disponibilidade
hídrica, com base na escassez do período mais seco do ano. Por esta razão, é importante a
flexibilização do processo de outorga a partir de vazões mínimas de referência calculadas com base
em períodos sazonais, aumentando o potencial de uso da água nos meses com maior disponibilidade
hídrica. Na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago, a adoção de períodos sazonais flexibilizaria a
outorga em 250% no período chuvoso e a tornaria 50% mais rigorosa nos meses do período seco. O
Gráfico 3.19 apresenta a variação das vazões mínimas de referência adotando-se os períodos anual,
seco e chuvoso, para cada uma das dezesseis sub-bacias do entorno do lago.

50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Rio Crixás Ribeirão Rio Areias Rio Córrego Rio Água Ribeirão Ribeirão Ribeirão do Rio Ribeirão Ribeirão Ribeirão Córrego Córrego
dos Formiga Santa Luzia Suja Lajeado Taquaruçu Carmo Matança Conceição São João Água Fria São João Comprido
Mangues Grande

Período Anual Período Seco Período Chuvoso

Gráfico 3.19. Vazões mínimas de referência Q90 (m³/s) nas principais sub-bacias da Entorno do Lago
considerando-se o período anual e os períodos seco e chuvoso.

236
Figura 3.22. Mapa de disponibilidade hídrica superficial com as vazões mínimas associadas à
permanência de 90% (Q90, m³/s) distribuídas na rede hidrográfica da Bacia Hidrográfica
do Entorno do Lago.

237
Figura 3.23. Mapa de disponibilidade hídrica superficial com as vazões mínimas associadas à
permanência de 90% (Q90, m³/s) na foz das sub-bacias da Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago.

238
3.4. Diagnóstico da Qualidade das Águas
O Brasil tem uma tradição de ausência de estudos ambientais por instituições responsáveis pela
gestão do meio ambiente. Nesta tradição, o Estado do Tocantins tem um conjunto extremamente
escasso de informações sobre o ambiente natural, que vai sendo lentamente enriquecido por
trabalhos acadêmicos centrados nos ecossistemas da região.

Assim, podemos listar a academia como matriz de conhecimentos, especialmente a Universidade do


Tocantins – UNITINS, pelos trabalhos realizados no período antecedente a 2003; e a Universidade
Federal do Tocantins - UFT, após a sua fundação e transferência de cursos e infraestrutura da
UNITINS, como principais produtoras de conhecimento acerca dos ecossistemas regionais e por
conseguinte, dos ecossistemas situados na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

Listam-se os trabalhos de cursos de graduação, especialmente os Trabalhos de Conclusão de Curso


de Engenharia Ambiental, em Palmas; Ciências Biológicas e Geografia, em Porto Nacional; as
atuações de pesquisadores destes cursos e dos cursos de pos-graduação em Ciências do Ambiente
e em Biodiversidade e Biotecnologia (Palmas), Ecologia de Ecótonos e Geografia (Porto Nacional).

Entre as principais áreas pesquisadas, se encontram a caracterização ambiental, física e biótica, com
produção de mapeamentos básicos de distribuição da cobertura vegetal, identificação e estudos de
impactos ambientais sobre os ecossistemas, estudos de fisiologia e ecologia básica de elementos da
fauna e flora, ornitologia, herpetologia, e microbiologia.

Entre as regiões pesquisadas no espaço geográfico compreendido na Bacia Hidrográfica do Entorno


do Lago, estão as bacias do Ribeirão Taquaruçu Grande, Ribeirão São João e Córrego Água Suja,
ecossistemas urbanos de Palmas e o próprio reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.

Conhecendo a carência de informações sobre a qualidade do meio ambiente, há esforços do poder


público estadual em realizar inventários básicos na região, focados em inventário florestal e botânico
do Estado (que inclui a região do Entorno do Lago), inventários para o plano de manejo das áreas de
conservação ambiental que incluem o Parque Estadual do Lajeado, na área geográfica do Entorno do
Lago, e atuações incipientes para responder à demanda da legislação sobre recursos hídricos.

Neste diagnóstico, apresentamos parte deste conjunto de informações geradas, tendo sido
selecionadas as informações que versam sobre inventários de biodiversidade, especialmente aqueles
que apresentam listagem de espécies da fauna e flora na bacia hidrográfica. Nosso intuito é,
especialmente, mostrar os vazios de informações acerca da biodiversidade regional e os esforços
realizados por um pequeno número de investigadores para preencher tais vazios.

Decidiu-se por apresentar dados que apresentassem uma temporalidade mais atual e por isso não
foram considerados estudos anteriores ao ano de 2000. A velocidade e intensidade das mudanças de
paisagens nesta década (2002 a 2015), que incluem: a intensa ocupação urbana e rural; a expansão
da produção agrícola, especialmente a chegada do cultivo de grãos aos municípios do Entorno do
Lago e o conjunto de impactos ambientais decorrentes de grandes empreendimentos, destacando-se
a Usina Hidrelétrica Luis Eduardo Magalhães; o projeto de agricultura irrigada São João; as atividades
do transporte multimodal e os sistemas de transmissão de energia, certamente afetaram a
biodiversidade regional. Neste contexto que os estudos anteriores mostram-se pouco representativos
da qualidade ambiental atual na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

Explicitamente significa, portanto, que as fontes bibliográficas do Plano de Manejo do Parque


Estadual do Lajeado, que correspondem aos anos de 1992 e 1998, assim como o estudo de impacto
ambiental da UHE não foram incluídos como fontes de informação.

Em relação ao diagnóstico da qualidade das águas da bacia hidrográfica, o primeiro ponto abordado
foi o monitoramento limnológico do reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.

239
3.4.1. Monitoramento Limnológico do Reservatório
O elevado crescimento populacional e o aumento de atividades antrópicas que geram impactos ao
meio ambiente tem se intensificado nas últimas décadas e consequentemente a degradação dos
recursos naturais foi superior a qualquer outro período da história humana. Neste contexto, a
preocupação com a qualidade dos recursos hídricos superficiais destaca-se, devido às suas
características particulares; a água é essencial a qualquer forma de vida e presente em todos os
processos industriais, geração de produtos agrícolas e agropecuários. Assim, a degradação da
qualidade dos recursos hídricos está diretamente relacionada ao uso e ocupação do solo na bacia
hidrográfica e claro, às fontes pontuais e difusas de poluição.
Tratando-se de uma bacia composta por áreas bastante urbanizadas e também territórios com
significativa exploração rural, os estudos necessitam de uma grande abrangência de informações.
Pois em áreas com elevada densidade populacional observa-se que a degradação ocorre
principalmente devido ao lançamento de matéria orgânica, nutrientes, substâncias inorgânicas e
tóxicas a partir de efluentes domésticos e industriais. Já em áreas de baixa densidade populacional
ou de grande produção agrícola, a contribuição de nutrientes e sedimentos são as principais fontes
de impactos aos corpos aquáticos, podendo ainda haver contaminação por defensivos químicos.
A introdução de nutrientes, nitrogênio e fósforo, em corpos aquáticos por fontes pontuais ou difusas
de poluição, pode ocasionar o processo de eutrofização cultural. Quando ocorre de forma natural, a
eutrofização é um processo gradual e lento, ao contrário da eutrofização cultural, que ocorre de forma
acelerada, com aumento desordenado na produção de biomassa, impossibilitando a sua
incorporação pelo sistema aquático na mesma velocidade de produção e provocando, assim, um
desequilíbrio ecológico (FERREIRA et al., 2005).
Nos Estados Unidos a eutrofização cultural é um dos fatores primários do comprometimento de águas
superficiais (USEPA, 1996). O elevado desenvolvimento de biomassa produz impactos significativos
na qualidade das águas, turbidez e cor, alteração no sabor e odor, redução de oxigênio dissolvido o
que pode ocasionar mortandades de peixes e outros seres vivos e redução da balneabilidade (Mota,
2006). Uma das formas de estimar o grau de degradação de corpos aquáticos é partir da utilização de
índices de qualidade. Os Índices de qualidade da água foram propostos visando resumir as variáveis
analisadas em um número, que possibilite analisar a evolução da qualidade da água no tempo e no
espaço e que sirva para facilitar a interpretação de variáveis ou indicadores (Gastaldini e Souza, 1994).
A classificação de ecossistemas aquáticos por meio de índices de estado trófico é comum em
ciências aquáticas (DODDS et al., 1998). Um dos índices utilizados é o Índice do Estado Trófico – IET
–desenvolvido por Carlson (1977), com o objetivo de tornar mais clara a comunicação de estudos
envolvendo a eutrofização e a classificação de corpos aquáticos. Por meio da análise de dados
coletados em lagos de regiões temperadas, foi estabelecido o índice (IET) que utiliza valores de
clorofila-a, disco de Secchi e fósforo total.
Porém, as equações de Carlson foram desenvolvidas para ambientes de clima temperado e o
metabolismo dos seres vivos difere dos ambientes tropicais e sub-tropicais. Devido a esse fato, no
Brasil, Toledo Jr. et al. (1983) realizaram estudos para adequar, a ambientes subtropicais, as
equações desenvolvidas Carlson. Eles aplicaram a análise de regressão linear aos valores de fósforo
total, ortofosfato, clorofila-a e transparência do disco de Secchi a reservatórios do estado de São
Paulo. Como resultado desta pesquisa, foram produzidas equações para o cálculo do IET, baseado
-3
na concentração de fósforo total, ortofosfato (PO4 ), clorofila-a e transparência do disco de Secchi.
Desde a realização dos estudos de Toledo Jr. et al.(1983), a Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental (CETESB) tem aplicado este índice para a determinação do estado de eutrofização de
ambientes lênticos no Estado de São Paulo. Entretanto, em função das características dos corpos
aquáticos variarem no tempo e espaço, em função do uso e ocupação do solo, há a necessidade de
alterações em alguns métodos de avaliação para que continuem a representar a realidade. Em função
disso, Toledo Jr. (1990) alterou o IET inserindo outras categorias de trofia.

240
Este aperfeiçoamento foi necessário porque os corpos aquáticos são sistemas complexos, não estáticos
e, desta forma, algumas considerações passam a não corresponder à realidade do ambiente. A última
alteração do IET para ambientes subtropicais foi realizada por Lamparelli (2004). Como mencionado
anteriormente, esta alteração foi necessária para adequar os resultados obtidos para que expressem a
realidade de corpos aquáticos monitorados. O resultado é composto pelo IET para a concentração do
fósforo total na coluna d’água e concentração de clorofila-a. A classificação do Índice de Estado Trófico
- IET e os intervalos de valores das variáveis (Fosfato e Clorofila-a) são apresentados no Quadro 3.44.

Quadro 3.44. Classificação do Índice de Estado Trófico - IET


-3 -3 -3
Estado Trófico Sinal Critério Fosfato PO4 (mg.m ) Clorofila a (mg.m )

Ultraoligotrófico (Normalidade) IET < 47 P<8 CL < 1,17


Oligotrófico (Normalidade) 47 < IET < 52 8 < P < 19 1,17 < CL < 3,24
Mesotrófico (Monitoramento) 52 < IET < 59 19 < P < 52 3,24 < CL < 11,03
Eutrófico (Atenção) 59 < IET < 63 52 < P < 120 11,03 < CL < 30,55
Supereutrófico (Alerta) 63 < IET < 67 120 < P < 233 30,55 < CL < 69,05
Hipereutrófico (Intervenção) IET > 67 P > 233 CL > 69,05

No estudo do IET foram utilizados dois tipos de fonte de dados: a) fontes completas e b) fontes
simplificadas. As fontes completas são constituídas, por teses, dissertações e Trabalhos de
Conclusão de Curso - TCCs da UFT, além dos relatórios de monitoramento do reservatório,
gentilmente cedidos pelo LAMBIO/UFT. Já as fontes simplificadas são formadas por dados indiretos.
A principal fonte simplificada foi constituída pelos relatórios de monitoramento do reservatório da
Investco S.A., fornecidos gentilmente pela empresa, que apresentam resultados médios em forma de
um Índice de Qualidade da Água – IQA, dificultando o uso dos dados-valores para outras análises.
Destes relatórios, é que foram obtidas as análises da comunidade fitoplanctônica.
Outra característica importante das informações levantadas diz respeito à cobertura espaço-temporal.
A cobertura espaço temporal é extensa com dados remontando à formação do reservatório, ou seja,
2002 à atualidade. No entanto, como tais dados estão apresentados em trabalhos de teses e
dissertações, além de TCCs de graduação, não possuem uniformidade. Por isso, optou-se por uma
seleção temporal que apresentou dados uniformes, de 2007 a 2010 (Investco), e outro conjunto de
dados de 2013 a 2015 (Lambio), para as análises do estado ecológico do reservatório.
Considerando que o diagnóstico da qualidade da água foi feito a partir da avaliação pelo Índice de
Estado Trófico – IET, outro ponto fundamental é que as análises foram realizadas a partir de dados
coletados no corpo do reservatório, não sendo reflexo da situação da água nas áreas marginais,
praias, e pequenos corpos d´água que aportam ao lago. Conforme apontam os trabalhos pioneiros de
Tundisi (IIE, estudo hidrodinâmico do reservatório de Lajeado, apresentado no Plano de Conservação
e Usos Múltiplos, 2003), a hidrodinâmica do reservatório depende de funções climáticas,
especialmente aquecimento térmico devido à radiação solar e vento; funções estas que alteram o
metabolismo de nutrientes e por consequência, o grau de trofia e risco de degradação do reservatório.
Para a análise global, baseou-se no trabalho de Tundisi (2006), e no Plano de Usos do Lago,
proposto pelo IIE – Instituto Internacional de Ecologia e Investco, que estabeleceu o zoneamento do
reservatório, subdividindo-o em três compartimentos de funcionamento. Os compartimentos, ou zonas
do reservatório são apresentados na Figura 3.24, bem como as seções de monitoramento utilizadas.
Os Índices de Estado Trófico do reservatório estão apresentados no Apêndice B, para os anos 2007
a 2010 e 2013 a 2015. As seções de monitoramento em cada compartimento são apresentadas no
Quadro 3.45 e um resumo do IET para os pontos amostrais é apresentado no Quadro 3.46. Esta
análise mostra que as águas do reservatório possuem um grau de trofia de oligotrófico a mesotrófico,
ou seja, com baixo risco de eutrofização cultural. Este baixo risco corresponde à manutenção das
condições atuais de influxo de nutrientes e atividades contribuintes ao reservatório.

241
Figura 3.24. Compartimentos do reservatório da UHE Lajeado e localização dos pontos amostrais de
Índice de Estado Trófico – IET. Fonte: Compartimentos por IIE e INVESTCO; pontos por
Investco e Lambio/UFT.

242
Quadro 3.45. Seções de monitoramento do Índice de Estado Trófico – IET nos compartimentos do
reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães e períodos de analisados

Zona Seção Localização Latitude Longitude Período


Ponto 01 Rio Tocantins - Santa Tereza -11,1571 -48,5170 2007 - 2010
1 Ponto 02 Rio Tocantins - Ilha do Cachimbo -10,8924 -48,4206 2007 - 2010

Lêntico Parque 01 Brejinho -10,9717 -48,5179 2014 - 2015


Parque 02 Brejinho -10,9776 -48,5263 2014 - 2015
Ponto 03 Córrego São João - Porto Nacional -10,6990 -48,4106 2007 – 2010
Ponto 04 Rio Tocantins - Jusante Córr. Francisquinha -10,6648 -48,4076 2007 – 2010
Ponto 05 Ribeirão Água Suja -10,5355 -48,3812 2007 – 2010
Ponto 06 Ribeirão Chupé -10,4895 -48,3812 2007 – 2010
Ponto 07 Ribeirão São João / Palmas -10,4094 -48,3722 2007 – 2010
Ponto 08 Rio dos Mangues -10,3650 -48,4606 2007 – 2010
Ponto 09 Rio Tocantins - Jusante Rio dos Mangues -10,3503 -48,4341 2007 – 2010
2 Ponto 10 Ribeirão Taquarussu -10,2880 -48,3343 2007 – 2010

Transição Ponto 11 Rio Tocantins - Jusante da Ponte FHC -10,1799 -48,3779 2007 – 2010
Ponto 12 Ribeirão Água Fria -10,1551 -48,3556 2007 – 2010
Ponto 13 Ribeirão Santa Luzia -10,0222 -48,4333 2007 – 2010
Parque 03 Córrego Alegre -10,4728 -48,4290 2014 – 2015
Parque 04 Ribeirão do Carmo -10,5974 -48,4060 2014 – 2015
Parque 05 Córrego Santa Luzia -10,0697 -48,3821 2014 – 2015
Parque 06 Córrego Sucupira -10,0951 -48,3727 2014 – 2015
Parque 07 Rio Tocantins - Canela -10,2461 -48,4195 2014 - 2015
Ponto 14 Rio Tocantins - Jusante Ribeirão Santa -10,0453 -48,3620 2007 – 2010
Luzia
3 Ponto 15 Rio Lajeadinho -9,7845 -48,4219 2007 – 2010

Lótico Ponto 16 Rio Lajeadinho -9,7845 -48,4219 2007 – 2010


Parque 08 Rio Tocantins - Miracema - Lajeado -9,7877 -48,3681 2014 - 2015

Duas ressalvas são importantes. Primeiramente, a eutrofização é um fenômeno estocástico, cujas


causas são múltiplas e a interação de tais causas pode desencadear o fenômeno. Não há uma clara
causa, ou um limiar de nutrientes ou de contagens fitoplanctônicas que o desencadeia. Embora o
enriquecimento nutricional e o aumento das densidades de fitoplancton sejam característicos deste
fenômeno. Deste modo, é arriscado predizer a evolução do grau de trofia do lago sob outras
condições ambientais das bacias hidrográficas.
Segundo, como apontado ao longo deste relatório, há uma escassez considerável de informações
sobre a qualidade das águas nas bacias. Assim, ressalta-se aqui a necessidade premente de dados
acerca da qualidade da água nas bacias aportantes ao lago para que se possa fazer uma análise
segura da atual e futura situação de trofia das águas nas sub-bacias do Entorno do Lago.
Ao todo, foram avaliados 24 (vinte e quatro) seções amostrais sobre a qualidade limnológica das
águas no reservatório, sendo 16 (dezesseis) pontos de monitoramento da Investco S.A. e 8 (oito)
seções associadas aos Parques Aquícolas planejados para o reservatório, monitorados pelo
Lambio/UFT. Os valores e a classificação do IET nos três compartimentos do reservatório da UHE
Luis Eduardo Magalhães, considerando os pontos (PT) da Investco e as seções dos parques (PQ)
monitoradas pelo Lambio/UFT, são apresentados no Quadro 3.46 e Quadro 3.47, respectivamente.

243
Quadro 3.46. Valores e classificação do IET nos compartimentos do reservatório da UHE Lajeado, de
abril de 2007 a julho de 2010
2007 2008 2009 2010
Seção Média
Abr Jul Out Jan Abr Jul Out Jan Abr Jul Out Jan Abr Jul
Zona 1 Compartimento Lótico 51
PT01 47 50 62 62 48 55 47 54 56 47 40 47 54 53 52
PT02 48 50 57 64 55 54 46 54 57 46 55 48 53 48 53
Zona 2 Compartimento de Transição 50
PT03 48 51 54 63 57 54 52 54 55 44 66 48 46 54 53
PT04 53 47 54 56 51 52 51 51 54 42 51 53 49 48 51
PT05 46 42 54 64 56 51 51 51 54 45 54 46 62 50 52
PT06 51 45 54 64 57 55 49 54 55 38 48 51 48 45 51
PT07 56 47 59 61 57 54 52 56 59 48 55 56 49 52 54
PT08 55 47 56 61 55 55 53 52 57 48 56 55 52 55 54
PT09 53 47 51 56 52 51 45 49 55 50 50 53 46 46 50
PT10 61 58 64 64 56 59 55 62 61 57 59 61 53 55 59
PT11 55 47 51 55 52 53 46 50 53 43 52 55 51 47 51
PT12 45 65 67 65 60 61 61 59 65 57 64 45 55 59 59
PT13 63 46 59 64 55 60 52 57 60 45 52 63 65 57 57
Zona 3 Compartimento Lêntico 50
PT14 47 41 53 56 50 54 49 50 54 47 51 47 47 44 49
PT15 61 51 58 64 52 57 51 55 62 49 54 61 35 42 54
PT16 47 42 54 56 52 49 46 48 53 47 46 47 46 39 48

Quadro 3.47. Valores e classificação do IET nos compartimentos do reservatório da UHE Lajeado,
em fevereiro de 2014 e maio de 2015
2014 2015
Seção Média
Fev Mai
Zona 1 Compartimento Lótico 51
PQ01 47 50 49
PQ02 48 50 49
Zona 2 Compartimento de Transição 50
PQ03 53 46 50
PQ04 48 50 49
PQ05 55 58 57
PQ06 53 56 55
PQ07 55 47 51
Zona 3 Compartimento Lêntico 50
PQ08 48 51 50

Nos Quadros 3.46 e 3.47, as cores refletem a classificação semafórica estabelecida no Quadro 3.45
apresentado anteriormente. Em síntese, observa-se que a qualidade limnológica do reservatório é
Normal, porém exige o monitoramento contínuo das seções identificadas acrescido do monitoramento
nos cursos d’água que aportam ao reservatório.

244
O zonemaento do reservatório reflete o seu funcionamento ecossistêmico. Assim, o compartimento
1 funciona de maneira similar a um ecossistema de rio, com velocidade de fluxo e transformações
similares ao funcionamento de um rio. Esta zona lótica possui grau de trofia, no período estudado,
prevalentemente OLIGOTRÓFICO a ULTRAOLIGOTRÓFICO. Esta avaliação indica um
funcionamento ecossistêmico de rio ou lago em que o enriquecimento orgânico é equivalente com os
gastos energéticos do sistema, não havendo acumulação de matéria orgânica ou aporte excessivo
que leve ao risco de eutrofização artificial, na atual situação ambiental do reservatório.

O compartimento 2 é a chamada zona de transição entre o sistema lótico ou rio e o sistema lêntico
ou lago, e se caracteriza por ser a maior extensão do reservatório e aquela com maiores
modificações paisagísticas ao longo do período posterior àquele em que se calculou o IET. Assim,
esta zona pode ter sofrido alterações significativas na qualidade ambiental entre 2010 e 2015. Além
disso, em sua análise do reservatório, o IIE refere-se a esta zona, particularmente ao lago de Palmas,
como requerendo especial atenção devido à estagnação do fluxo e ao impedimento das trocas de
propriedades entre as massas de água, que comprometem a qualidade da água e podem acarretar
danos ambientais significativos ligados ao represamento adicional da água representado pela Ponte
Presidente Fernando Henrique. Este risco é ainda mais intenso nos períodos de baixa contribuição da
precipitação a montante, ou seja nos meses associados ao período seco, de junho a novembro. As
análises realizadas nos anos de 2014 e 2015, no mesmo compartimento, mas em pontos amostrais
diferentes (parques), mostraram que esta região apresenta maior grau de trofia que as zonas 1 e 2.

O compartimento 3 é a zona de regime lêntico, típico de lago, que em reservatórios é conhecida


como a zona que capta e armazena os aportes e atividades a montante. De acordo com o IET, esta
zona mostra equilíbrio no funcionamento atual do reservatório, pela capacidade de absorção e
recuperação dos impactos apresentados no compartimento 2, provenientes das modificações
antrópicas na área de influência de Palmas. Nesta zona, o IET considerou três pontos amostrais,
sendo dois da Investco e um do Lambio/UFT. A análise no período mais recente (2014-2015) mostrou
que esta zona promove a estabilização do estado trófico do reservatório em oligotrofia, recuperando-
se dos impactos resultantes das áreas de maior urbanização.

3.4.2. Avaliação Pontual por Grupos Biológicos


Além das análises por meio do IET, o diagnóstico da qualidade ambiental dos recursos hídricos na
Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago considerou estudos com informações pontuais sobre grupos
biológicos indicadores da qualidade do meio físico. Restringido pela disponibilide de estudos mais
abrangentes, esta avaliação pontual só foi possível em duas regiões da bacia: a) reservatório (lago) e
b) na sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande, principal manancial de abastecimento de Palmas.

Reservatório (lago): fitoplâncton

O fitoplâncton é um grupo biológico fundamental em ambientes aquáticos, formando a base da cadeia


de produção primária de energia nos ecossistemas. Os organismos fitoplanctônicos, extremamente
sensíveis aos influxos ambientais, passam a indicar a qualidade de vida do sistema, especialmente
pelas flutuações na composição e densidade das espécies. Dentre este grupo, as cianobactérias
recebem destaque por terem significativo impacto à qualidade da água, contribuindo para o fenômeno
da eutrofização. Também, apresentam grupos toxigênicos, com impacto à saúde humana.

Este grupo tem sido pesquisado, desde o período imediatamente anterior ao enchimento do
reservatório (2000-2001) até a atualidade. A listagem de espécies e grupos de fitoplâncton
encontrados na fase lago, ou seja, após 2002, está descrita no Apêndice C. De maneira geral, a
diversidade específica deste grupo biológico, importante parâmetro para demonstrar o equilíbrio de
um sistema, tem se mantido elevada, ou seja, o sistema reservatório apresenta qualidade ecológica
estável ao longo de seu funcionamento.

245
No entanto, é importante ressaltar que este equilíbrio é frágil, dadas as características climáticas
regionais que proporcionam períodos de baixa circulação de água, e aumento das concentrações de
nutrientes. Isto porque o reservatório tem, entre importantes representantes do fitoplanction, a
cianobactéria Cylindrospermopsis raciborskii. Esta espécie, e a Microcystis aeruginosa também
identificada no sistema são produtoras de cianotoxinas, que representam sérios riscos à saúde
humana. Em praticamente todos os períodos amostrados, a Cylindrospermopsis raciborskii foi a
espécie que apresentou maior densidade de indivíduos na região do reservatório, especialmente nas
áreas de transição em Palmas e na área lêntica, provavelvemente pela disponibilidade de nutrientes.

Trtindade et al. (2005) em um estudo no reservatório da UHE Serra da Mesa (GO), registraram que a
Cylindropermopsis raciborskii contribuiu com as maiores biomassas nos três períodos avaliados
(início das chuvas, final das chuvas e no período seco), indicando que o reservatório de Serra da
Mesa é a fonte primária deste organismo para os reservatórios em cascata a jusante. Esta informação
é importante, pois de forma análoga, o reservatório da UHE Lajeado pode estar provocando o
acréscimo da população deste organismo, não apenas no reservatório, mas também a jusante. Outro
fator é que a C. raciborskii é uma espécie r-estrategista, comum em ambientes limitados por luz e/ou
nitrogênio, capaz de agüentar a instabilidade física das colunas d’água (REYNOLDS, 1988).

Os dados demonstram que, na estiagem, ocorre dominância pela espécie C. raciborskii no


reservatório na área próxima a Palmas, provavelmente influenciados pela temperatura, pH e
nutrientes, que são as variáveis limnológicas mais importantes ao desenvolvimento da espécie. Reis-
Pereira (2002a) enfatiza que a C. raciborskii já ocorria anteriormente no sistema Rio Tocantins,
tornando-se provavelmente inóculo (percursora) desse processo no reservatório.

Nos dados apresentados pelo Monitoramento Limnológico da Investco, de 2013 e 2014, não há
presença de C. raciborskii no reservatório, tendo sido substituída por Snowela atomus, também uma
espécie toxigênica. Uma evolução da riqueza de táxons (famílias), da equitabilidade (densidade) e da
diversidade especifica, é apresentada no Quadro 3.48, a seguir.

Há um aumento gradual da riqueza de espécies do fitoplânction no reservatório, já que nos anos


iniciais após o enchimento e estabilização, entre 2004 e 2005, o numero de espécies foi em média
151 espécies das diferentes classes; entre 2006-2010 foi de 138 e após um período sem dados
disponíveis, elevou-se para 215 espécies em 2014. A riqueza foi acompanhada por uma manutenção
dos valores de diversidade, mostrando que a comunidade fitoplanctônica do reservatório encontra-se
em equilíbrio no sistema, sendo que a diversidade variou entre 2,00 a 3,12 de acordo com o
monitoramento realizado pelo LAMBIO/UFT.

Quadro 3.48. Evolução da riqueza, densidade e diversidade de espécies de fitoplâncton no reservatório

Período de análise Riqueza Densidade (ind.ml-1) Densidade de cianobactérias Diversidade


(1)
2004 a 2005 151 120 a 679 2,00
(2)
2013 164 a 187 2.000 15.000 a 40.000 0,5
(2)
2014 164 a 193 350 a 108.000 0,63
(3)
2014 215 115 - 492 2,13 a 3,12
(1) Dados do ProLago; (2) Dados da Investco S.A.; (3) Dados do Lambio/UFT (parques aauícolas)

246
Bacias do Ribeirão Taquaruçu Grande e Riberião Água Suja: biomonitoramento

O monitoramento de ecossistemas aquáticos realizado com bioindicadores é mais eficiente do que as


medidas instantâneas de parâmetros físicos e químicos (p.ex. temperatura, pH, oxigênio dissolvido,
teores totais e dissolvidos de nutrientes, etc.) que são normalmente medidos no campo e utilizados
para avaliar a qualidade das águas (CALLISTO et al., 2004). De acordo com Callisto & Gonçalves Jr.
(2002), bioindicadores de qualidade da água são espécies, grupos de espécies ou comunidades
biológicas cuja presença, quantidade e distribuição indicam a magnitude de impactos ambientais em
um ecossistema aquático e sua bacia de drenagem. Os principais organismos comumente utilizados
na avaliação de impactos ambientais em ecossistemas aquáticos são protozoários, ciliados, algas,
peixes e macroinvertebrados aquáticos (ROSENBERG & RESH, 1993), com destaque para esse
último grupo devido à maior eficiência como grupo indicador (ROSENBERG, 1992; CORBI &
TRIVINHO-STRIXINO, 2006).

Os macroinvertebrados aquáticos são sensíveis a vários tipos de degradação ambiental e respondem


diferentemente a um amplo espectro de nível e tipos de poluição, podendo apresentar alterações
morfológicas causadas pelo longo período de exposição a determinados poluentes (ARIAS et al.,
2007). Os macroinvertebrados aquáticos são organismos com tamanho de corpo maior que 0,25 mm,
em geral, insetos, moluscos, crustáceos e anelídeos, sendo os insetos os mais diversificados
(OLIVEIRA, 2005). Há vários argumentos que defendem o uso de macroinvertebrados aquáticos em
programas de biomonitoramento, dentre eles: são cosmopolitas e abundantes; tem grande tamanho
de corpo; a maioria possui características ecológicas bem conhecidas; a viabilidade de utilização em
estudos laboratoriais; são sedentários ou com mobilidade restrita sendo representativos de condições
locais; caracterizam a qualidade das águas não apenas no instante de sua coleta, mas refletindo
também sua situação em um período de tempo consideravelmente mais longo (MORENO &
CALLISTO, 2006). Complementa-se, que segundo a Resolução CONAMA N° 357 (2005), “a
qualidade dos ambientes aquáticos poderá ser avaliada por indicadores biológicos, quando
apropriado, utilizando-se organismos e/ou comunidades aquáticas”.

Conforme Andrade (2009), a utilização dos macroinvertebrados aquáticos na avaliação da qualidade


de água é realizada principalmente através da aplicação de diferentes índices bióticos, tendo como
base a utilização de bioindicadores de qualidade de água e hábitat. Os principais índices envolvidos
abrangem a presença de espécies sensíveis como o índice EPT (Ephemeroptera, Plecoptera e
Trichoptera), e adotam valores de tolerância à poluição orgânica para cada táxon (família) como os
índices IBF (Índice Biótico de Famílias) e BMWP (Biological Monitoring Working Party). De forma
geral, estes índices incorporam respostas biológicas numa expressão numérica que pode ser
facilmente compreendida (MARTINS & COSTA, 2009) e são ferramentas importantes para a
avaliação da qualidade da água (CALLISTO et al., 2001; SILVA, 2007).

O índice BMWP baseia-se na existência de uma comunidade de macroinvertebrados que atua como
sensor ambiental (ALBA-TERCEDOR, 1996; BRIGANTE et al., 2003). Para sua utilização, a
identificação dos macroinvertebrados em nível de família é suficiente. Este índice foi criado em 1976,
sendo originalmente baseado na tolerância das famílias de macroinvertebrados norte-americanas.
Após testes para verificar a adequação do índice, como feito por Armitage et al. (1983), foram feitas
algumas adaptações para trabalhos realizados em regiões sub-tropicais e tropicais como Alba-
Tercedor & Sánchez-Ortega (1988) para a cidade de Granada na Espanha e Junqueira & Campos
(1998) para o Rio das Velhas em Minas Gerais.

Um segundo índice, o IBF foi originalmente desenvolvido por Hilsenhoff em 1982, em seguida
modificado para o nível de família, criando o Family Biotic Index – FBI (HILSENHOFF, 1987, 1988
apud MANDAVILLE, 2002), fornece um valor de tolerância para cada taxon e relaciona tais valores à
qualidade da água, dada a simplicidade no cálculo do índice devido ao seu baixo nível de resolução
taxonômica e à sua adequada correlação com fatores ambientais, tem sido amplamente aplicado em
diferentes zonas do planeta (FERREIRO, 2007).

247
Já o índice EPT baseia-se na mudança da estrutura de comunidades de macroinvertebrados
aquáticos e substituição da dominância dos principais grupos (Plecoptera, Ephemeroptera e
Trichoptera) compreendidos nessas comunidades. É possível também utilizar dados de distribuição
de diferentes grupos na bacia para predizer o estado da comunidade e do ecossistema baseado na
avaliação da estrutura da comunidade (GALDEAN et al., 2000).

Nos Quadros 3.49, 3.50 e 3.51 a seguir, são apresentados os padrões de qualidade ambiental, de
acordo com os três índices analisados neste estudo.

Quadro 3.49. Classificação da qualidade ambiental com base no índice BMWP


Classes de Água Pontuação do BMWP Qualidade de Água
I > 85 Ótima
II 64 - 85 Boa
III 37 - 63 Satisfatória
IV 17 - 36 Ruim
V < 17 Péssima
Fonte: Junqueira & Campos, 1998.

Quadro 3.50. Classificação da qualidade ambiental com base no índice IBF


Índice biótico Qualidade da água Grau de poluição orgânica
0,00 - 3,50 Excelente Sem poluição orgânica aparente
3,51 - 4,50 Muito boa Possível poluição orgânica leve
4,51 - 5,50 Boa Alguma poluição orgânica
5,51 - 6,50 Razoável Poluição orgânica razoável
6,51 - 7,50 Moderadamente pobre Poluição orgânica significativa
7,51 - 8,50 Pobre Poluição orgânica muito significativa
8,51 - 10,00 Muito pobre Poluição orgânica severa
Fonte: Hilsehoff, 1988.

Quadro 3.51. Classificação da qualidade ambiental com base no índice EPT


Valores Qualidade da Água
75 - 100% Muito boa
50 - 74% Boa
25 - 49% Regular
0 - 24% Ruim
Fonte: Carrera & Fierro, 2001.

De posse dos resultados dos três índices estudados para caracterização da qualidade ambiental da
água (BMWP, IBF e IET), os cursos d’água tiveram foram classificados de acordo com o sumário de
equivalência de índices apresentado no Quadro 3.52.

Quadro 3.52. Equivalência de classificações dos três índices de biomonitoramento de corpos d´água
Score Qualidade de água EPT IBF BMWP
4 MB Muito boa Excelente / Muito boa Ótima
3 BO Boa Boa Boa
2 RE Regular Razoável / Moderadamente pobre Satisfatória
1 RU Ruim Pobre / Muito pobre Ruim / Péssima

248
Ressalta-se que neste diagnóstico, foram utilizadas informações de um projeto piloto da UFT,
implementado na forma de um projeto de pesquisa, que está avaliando a qualidade ambiental dos
principais tributários do reservatório da UHE Lajeado. Na fase atual da pesquisa, já existem
resultados em duas bacias hidrográficas do Entorno do Lago: as sub-bacias do Ribeirão Taquaruçu
Grande e do Rio Água Suja. Sendo assim, os resultados aqui apresentados são inéditos e fazem
parte da pesquisa do Laboratório de Microbiologia - Lambio, da UFT.

Entre as principais bacias contribuintes, as duas citadas são aquelas em que trabalhos acadêmicos
aportam dados que permitem a avaliação da qualidade ambiental. No entanto tais trabalhos são
circunscritos a corpos hídricos ou bacias específicas e a períodos temporais finitos. Nas demais sub-
bacias, atualmente, não existem informações sobre a qualidade ambiental dos corspos hídricos.

Assim, a qualidade da água, ou mais abrangente, a saúde dos ecossistemas aquáticos das sub-
bacias do Entorno do Lago, que a moderna ciência ambiental nomeia Integridade do Ecossistema
Aquático, não tem estudos ou monitoramentos continuados que permitem um diagnóstico seguro da
atual situação. Portanto, não é possível um seguro prognóstico da saúde desses ecossistemas, e da
qualidade do recurso hídrico necessário ao desenvolvimento socio-ambiental e econômico.

Os pontos amostrais localizados na sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande e na sub-bacia do Rio


Água Suja são identificados nos Quadros 3.53 e 3.54, respetivamente. A Figura 3.25 e 3.26
apresentam a localização destes pontos nas repectivas sub-bacias.

Quadro 3.53. Seções de biomonitoramento na sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande


Ponto amostral Curso dágua Latitude Longitude

P1 Buritizal 1 10º 15’ 42” S 48º 08’ 11” W

P2 Buritizal 2 10º 15’ 40” S 48º 07’ 56” W

P3 Córrego 1 10º 15’ 41” S 48º 07’ 56” W

P4 Córrego 2 10º 17’ 06” S 48º 17’ 11” W

P5 Córrego 3 10º 17’ 13” S 48º 07’ 19” W

P6 Córrego Faz. Ecológica 1 10º 16’ 45” S 48º 10’ 17” W

P7 Córrego Faz. Ecológica 2 10º 16’ 56” S 48º 10’ 21” W

P8 Córrego Faz. Ecológica 3 10º 17’ 07” S 48º 10’ 22” W

P9 Córrego da Roncadeira 10º 18’ 08” S 48º 08’ 17” W

Quadro 3.54. Seções de biomonitoramento na sub-bacia do Rio Água Suja


Ponto Zona Latidude Longitude

P1 Lótica 10° 34' 54,97" S 48° 18' 56,28" W

P2 Lêntica 10° 32' 24,94" S 48° 21' 47,42" W

P3 Lêntica 10° 32' 12,33" S 48° 22' 47,88" W

P4 Lêntica 10° 32' 03,67" S 48° 22' 43,09" W

P5 Lêntica 10° 31' 51,54" S 48° 23' 10,83" W

P6 Lêntica 10° 31' 34,51" S 48° 23' 31,85" W

P7 Lêntica 10° 31' 29,69" S 48° 23' 43,79" W

249
Figura 3.25. Bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande com os pontos amostrais do biomonitoramento.

250
Figura 3.26. Bacia do Rio Água Suja com os pontos amostrais do biomonitoramento.

251
Para as sub-bacias do Ribeirão Taquaruçu Grande, os resultados dos três índices mostraram-se
equivalentes e a qualidade ambiental da bacia, avaliada pelos bioindicadores de qualidade da água,
foi avaliada como BOA a MUITO BOA (Quadro 3.55). Nota-se que esta avaliação foi realizada
apenas com os corpos d´água de cabeceira, correspondendo a córregos de ordem 1 a 3, no alto da
Bacia, onde se espera boas condições de qualidade da água. Assim, os índices bióticos confirmam a
boa qualidade ambiental dos córregos de cabeceira da sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande.

A sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande tem sido alvo de muitos estudos acadêmicos. Os estudos
que orientam a presente análise indicam que esta bacia, em sua porção alta, apresenta boa
qualidade ambiental. Estudos da presença e concentrações de metais nos corpos d´água desta bacia
mostraram que estes elementos encontram-se em concentrações abaixo do risco ambiental (baseado
em orientação da Resolução CONAMA N° 357/2005.

Também as avaliações de qualidade da água baseadas em parâmetros fisico-quimicos ditadas pela


referida legislação apontam para as mesmas conclusões, em diferentes córregos desta sub-bacia e
em diferentes períodos temporais. Ressalta-se que esta é a única sub-bacia do entorno do lago que
apresenta consistentes dados ambientais, todos eles derivados de trabalhos acadêmicos.

Quadro 3.55. Classificação da qualidade ambiental dos corpos hidricos da Sub-bacia do Ribeirão
Taquaruçu Grande
Pontos BMWP IBF EPT Média dos scores
Taq1 RE MB MB 3 – BO
Taq2 BO MB RE 3 – BO
Taq3 RU MB BO 3 – BO
Taq4 BO MB RE 3 – BO
Taq5 RE MB BO 3 – BO
Taq6 BO MB BO 3 – BO
Taq7 MB MB BO 4 – MB
Taq8 MB MB BO 4 – MB
Taq9 RE MB RE 3 – BO

Dois trabalhos acadêmicos, circunscritos a um período temporal comum (2008-2009) focaram a bacia
do Rio Água Suja. De acordo com estes trabalhos, que analisaram as condições fisico-químicas e o
Índice Biótico de Famílias (Quadro 3.56), a qualidade ambiental da bacia foi considerada boa, com
baixo enriquecimento orgânico e mata ripária preservada.

Quadro 3.56. Classificação da qualidade ambiental dos corpos hidricos da sub-bacia do Ribeirão
Água Suja
Ponto Zona IBF Observações
O ambiente apresenta fluxo água corrente,
P1 Lótica BO
com mata ciliar bem preservada.
Localiza-se nas proximidades da ponte do rio
P2 BO Água Suja, fluxo mais lento, com pequena
Lêntica
quantidade de mata ciliar. Ocupadas por
grandes fazendas de criação de animais.
P3 Lêntica BO
P4 Lêntica BO
P5 Lêntica BO
P6 Lêntica BO
P7 Lêntica BO

252
3.4.3. Qualidade Físico-Química da Água
De maneira geral, as redes de monitoramento no Brasil são limitadas quanto a sua abrangência. Além
disto, poucos parâmetros físico-químicos são monitorados com regularidade. Esta situação é
mostrada anualmente no Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil, da Agência
Nacional de Águas (ANA), documento que aborda vários aspectos das condições dos recursos
hídricos e sua gestão no Brasil. Estes relatórios mostram a dificuldade de monitoramento de
qualidade da agua em diversas regiões, principalmente na região Norte, onde se localiza o Tocantins.
As análises apresentadas neste relatório têm como base os monitoramentos das instituições
Odebrecht Ambiental Saneatins, empresa de saneamento do estado do Tocantins; Investco S.A.,
empresa que possui a concessão da Usina Hidrelétrica de Lajeado; UFT - Universidade Federal do
Tocantins e o Naturatins - Instituto Naturaza do Tocantins, órgão gestor ambiental do estado.
Algumas destas instituições possuem redes de monitoramento periódico, em pontos determinados, e
por força de lei, disponibilizam estes dados publicamente. Outras, como a UFT, possui trabalhos
acadêmicos de monitoramento em períodos mais curtos e breves, ou em pontos bem específicos de
interesse para a pesquisa científica. No caso do Naturatins, os dados foram obtidos junto aos
processos de outorga, que dependendo do tipo de uso da água (aquicultura e abastecimento) são
acompanhados de uma análise da qualidade do corpo hídrico. Deste modo esses dados são difíceis
de serem utilizados, pois são regionalmente isolados e não representam um monitoramento periódico.

Parâmetros de monitoramento e classificação dos corpos hídricos


º
A Resolução Conama N 357, de 17 de março de 2005, identifica os parâmetros físico-químicos
utilizados para classificar os corpos hídricos. As classes de qualidade são atribuídas com base em
critérios de qualidade de água adequados aos usos preponderantes, atuais ou futuros. As águas
doces são classificadas em cinco classes, com seus usos preponderantes, conforme o Quadro 3.57.

º
Quadro 3.57. Classificação das águas doces segundo a Resolução Conama N 357 de 2005

Classe Destinação
a) abastecimento para consumo humano, com desinfecção;
Especial b) preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e,
c) preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral.
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme
o
1 Resolução CONAMA n 274, de 2000;
d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao
solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e
e) à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme
o
2 Resolução CONAMA n 274, de 2000;
d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com
os quais o público possa vir a ter contato direto; e
e) à aqüicultura e à atividade de pesca.
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado;
b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;
3 c) à pesca amadora;
d) à recreação de contato secundário; e
e) à dessedentação de animais.
a) à navegação; e
4
b) à harmonia paisagística.

253
A importância da classificação da água fica evidenciada pelo número de parâmetros que devem ser
observados para classificá-la. Segundo a resolução, o poder público deve ser o responsável pelas
análises periódicas de enquadramento dos copos hídricos, no entanto, na bacia em estudo, apenas a
Odebrecht/Saneatins faz estes tipos de análises em seus pontos de captação de água para
abastecimento humano. Nestes pontos de captação, a água bruta tem todos os parâmetros da
resolução determinados, apresentados em laudos certificados por empresa terceirizada.

Índice de Qualidade das Águas (IQA)

O Índice de Qualidade da Água (IQA) é outro referencial para avaliar um corpo hídrico. O IQA foi
desenvolvido pela National Sanitation Foundation, dos Estados Unidos, em 1970. Em 1975, este
índice foi adaptado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, sendo atualmente o índice
mais utilizado no Brasil. Também ressalta-se que o IQA é particularmente sensível à contaminação
por esgotos domésticos, o que justifica sua ampla utilização visto que esta ainda é a principal pressão
sobre a qualidade das águas brasileiras.

O IQA é calculado com base em nove parâmetros: temperatura, sólidos totais, pH, turbidez,
coliformes termotolerantes, demanda bioquímica de oxigênio, oxigênio dissolvido, fósforo total e
nitrogênio total. Cada um destes parâmetros recebe um determinado peso no cálculo do IQA. De
acordo com o valor obtido, o corpo hídrico é classificado em classes, conforme o Quadro 3.58.

Quadro 3.58. Classes do índice de qualidade da agua e seus significados.


Valor de IQA Classes Significado

79 < IQA < 100 Ótima


Água própria para o abastecimento público após o tratamento
51 < IQA < 79 Boa
convencional.
36 < IQA < 51 Regular

19 < IQA < 36 Ruim Água imprópria para o abastecimento público após o tratamento
IQA < 19 Péssima convencional, sendo necessários tratamentos mais avançados.

º
A Resolução N 1.040 de 21 de julho de 2014 da ANA, instituiu a rede nacional de qualidade de água
(RNQA) e as diretrizes para a divulgação de dados de qualidade de água (QUALIAGUA). Esta
resolução orienta a parceria entre estados, municípios e a ANA a fim de estruturar uma rede nacional
de monitoramento da qualidade dos recursos hídricos no Brasil. Nesta resolução, o Tocantins é
apontado como um dos estados da federação onde o monitoramento é inexistente ou não é
consolidado. Este relatório comprova a dificuldade de estudos sobre a qualidade química das águas.
O diagnóstico da qualidade da água na bacia em estudo foi dividido em duas partes: a) reservatório
da UHE Lajeado e b) as sub-bacias do entorno do reservatório. Foram trabalhados 17 (dezessete)
pontos no reservatório, cujos dados foram repassados pela Investco S.A., que publica periodicamente
os resultados de IQA, e dez (dez) pontos no entorno do lago, fornecidos pela empresa Saneatins.
Adicionalmente, analisaram-se os processos de outorga do Naturatins em busca de parâmetros de
qualidade das águas nos cursos d’água do entorno do reservatório.
Além da questão espacial a periodicidade das análises é diferente para cada empresa. Enquanto as
análises de IQA realizadas pela empresa Investco são realizadas a cada três meses, as análises de
classificação segundo a Resolução Conama Nº 357, realizadas pela empresa Odebrecht/Saneatins,
são realizadas a cada seis meses. Além disso, o monitoramonto da Investco foi disponibilizado de
2013 a 2015, enquanto os dados da Odebrecht/Saneatins foram dos anos de 2013 e 2014. Apesar
destas diferenças e limitações de dados, foi possível realizar uma análise geral da situação atual da
qualidade da água na bacia hidrográfica.

254
Reservatório (lago)

No reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães, a Investco realiza o monitoramento da qualidade


da água por meio dos parâmetros associados ao cálculo do IQA, que a cada três meses são
consolidados e encaminhados ao Naturatins. Visando o diagnóstico do Plano, foram analisados os
dados de 2013 a 2015, das dezessete seções de monitoramento do reservatório, apresentadas no
Quadro 3.59 e ilustradas na Figura 3.27.
Em geral as dezessete seções monitoradas estão dentro das conformidades. O IQA determinado pela
empresa Investco em seus pontos de monitoramento do lago apresenta-se como BOM ou ÓTIMO em
todo o período de monitoramento. Apesar disto, alguns dos parâmetros utilizados para calcular este
índice apresentaram desconformidades em relação aos limites estabelecidos na Resolução Conama
Nº 357, para cursos d’água supostamente da Classe 2.
Neste quesito, atualmente, todos os cursos do Tocantins são classificados como Classe 2, não por
possuírem qualidade correspondentes aos usos desta classe, mas por ainda não ter sido realizado o
enquadramento dos cursos d’água. Observando os resultados para os nove parâmetros que
compõem o IQA, percebe-se que em média os parâmetros estão conforme os critérios estabelecidos
para a Classe 2, entretanto em algumas ocasiões, certas seções apresentaram desconformidades.
Todavia, uma vez que as desconformidades, na maioria das vezes, foram eventuais, não se pode
afirmar que aquele curso d’água possui qualidade inferior à Classe 2.

A seguir, são apresentados os resultados dos principais parâmetros do IQA para cada uma das
dezessete seções de monitoramento da Investco, no reservatório. Também são identificadas as
situações em que houve desconformidades em relação aos limites da Classe 2 da Resolução 357.
Quadro 3.59. Seções de monitoramento de qualidade de água no reservatório da UHE Lajeado

Ponto Localização Latitude Longitude Referência Coleta*

1 Rio Tocantins - Santa Tereza -11,1571 -48,5170 Montante SeF

2 Rio Tocantins - Ilha do Cachimbo -10,8924 -48,4206 Montante SeF

3 Córrego São João - Porto Nacional -10,6990 -48,4106 Montante S

4 Rio Tocantins - Jusante Córrego Francisquinha -10,6648 -48,4076 Montante SeF

5 Ribeirão Água Suja -10,5355 -48,3812 Montante S

6 Ribeirão Chupe -10,4895 -48,3812 Montante S

7 Ribeirão São João - Palmas -10,4094 -48,3722 Montante S

8 Rio dos Mangues -10,3650 -48,4606 Montante S

9 Rio Tocantins - Jusante Rio dos Mangues -10,3503 -48,4341 Montante SeF

10 Ribeirão Taquarussu -40,0459 -47,5774 Montante SeF

11 Rio Tocantins - Jusante da Ponte FHC -10,1799 -48,3779 Montante SeF

12 Ribeirão Água Fria -10,1551 -48,3556 Montante S

13 Ribeirão Santa Luzia -10,0222 -48,4333 Montante SeF

14 Rio Tocantins - Jusante Ribeirão Santa Luzia -10,0453 -48,3620 Montante SeF

15 Rio Lajeadinho -9,7845 -48,4219 Montante SeF

16 Rio Tocantins - Montante da UHE Lajeado -9,7669 -48,3735 Montante SeF

17 Rio Tocantins - Jusante da UHE Lajeado -9,7444 -48,3614 Jusante SeF


*S – superfície; F – fundo. Fonte: Investco, S.A (2015).

255
Figura 3.27. Estações de monitoramento da qualidade da água no reservatório da UHE Luis Eduardo
Magalhães.
Fonte: Investco S.A.

256
Os Gráficos a seguir mostram alguns parâmetros desconformes no período entre 2013 e 2014. A
linha vermelha nos gráficos mostra os limites permitidos conforme a Resolução Conama,
considerando-se cursos d’água de Classe 2. O Gráfico 3.20 apresenta a série histórica recente do
parâmetro Oxigênio Dissolvido (mg/L), que segundo a Resolução Conama não deve ultrapassar 5,0
mg/L para a classe 2.

Oxigênio dissolvido (mg/L)


9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17

mar/13 jun/13 set/13 dez/13 mar/14 jun/14 set/14 dez/14

Gráfico 3.20. Concentrações de oxigênio dissolvido (mg/L)mensurados na superfície das 17 seções


de monitoramento no reservatório da UHE Lajeado, de março-2013 a dezembro-2014.
(FONTE: Programa de monitoramento limnológico – UHE Lajeado, Relatório Técnico).

Muitos pontos não atingem o valor mínimo para o oxigênio dissolvido preconizado pela norma
Conama 357/2015. As principais fontes de oxigênio para a água são a atmosfera e a fotossíntese.
Por outro lado, as perdas são o consumo pela decomposição de matéria orgânica (oxidação), perdas
para a atmosfera, respiração de organismos aquáticos e oxidação de íons metálicos como, por
exemplo, o ferro e o manganês (ESTEVES, 1998).

O fosfato permaneceu dentro dos limites (0,1 mg/L), no período monitorado, na maioria dos pontos,
menos no ponto 12 (Gráfico 3.21). Pode-se fazer uma relação direta deste valor à atividade antrópica,
já que o ponto 12 localiza-se dentro da área urbana de Palmas (Figura 3.27), na desembocadura do
córrego Água Fria e as fontes artificiais de fosfato mais importantes são: esgotos domésticos e
industriais e material particulado de origem industrial contido na atmosfera (ESTEVES, 1998).

Fósforo Total (mg/L)


0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17

mar/13 jun/13 set/13 dez/13 mar/14 jun/14 set/14 dez/14

Gráfico 3.21. Concentrações de fósforo total (mg/L) mensurados na superfície das 17 seções de
monitoramento no reservatório da UHE Lajeado, de março-2013 a dezembro-2014.
(FONTE: Programa de monitoramento limnológico – UHE Lajeado, Relatório Técnico).

257
O Gráfico 3.22 apresenta o perfil dos sólidos suspensos nas seções monitoradas. Apesar de nenhum
ponto estar acima dos limites, podemos verificar grandes discrepâncias nos valores em alguns
períodos. Também observamos os valores maiores para o ponto 12 em grande parte do tempo.

Sólidos suspensos (mg/L)


60
50
40
30
20
10
0
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17

mar/13 jun/13 set/13 dez/13 mar/14 jun/14 set/14 dez/14

Gráfico 3.22. Sólidos suspensos (mg/L) mensurados na superfície das 17 seções de monitoramento
no reservatório da UHE Lajeado, de março-2013 a dezembro-2014.
(FONTE: Programa de monitoramento limnológico – UHE Lajeado, Relatório Técnico).

Em conjunto com o fósforo (P), o nitrogênio (N) é o principal elemento que pode limitar a produção
primária. Deste modo, elevadas concentrações indicam elevado potencial de eutrofização (aumento
do estado trófico do ambiente). Os Gráficos 3.23 (a) e 3.23 (b) mostram que o ponto 12, apresentou
também altos teores de nitrogênio total e amoniacal, respectivamente.

Nitrogênio Total (mg/L)


80

60

40

20

0
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17

mar/13 jun/13 set/13 dez/13 mar/14 jun/14 set/14 dez/14

Nitrogênio Amonical (mg/L)


5
4
3
2
1
0
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17

mar/13 jun/13 set/13 dez/13 mar/14 jun/14 set/14 dez/14

Gráfico 3.23. Concentrações de Nitrogênio total (a) e amoniacal (b) nas 17 seções de monitoramento
no reservatório da UHE Lajeado, de março-2013 a dezembro-2014. Fonte: Investco.

258
Em ambientes com valores de pH inferiores a 7,5, o valor máximo estabelecido para nitrogênio
amoniacal é igual a 3,7 mg/L; em ambientes com valores de pH entre 7,5 e 8,0 o valor máximo
permitido é 2,0 mg/L; e em ambientes com valores de pH entre 8,0 e 8,5 o valor máximo permitido é
1,0 mg/L. Assim, o ponto P12 foi o único que teve concentração de nitrogênio amoniacal superior ao
limite indicado pela resolução.

A clorofila-a está fortemente relacionada com a biomassa fitoplanctônica e pode ser considerada a
principal variável indicadora do processo de eutrofização. Assim, a determinação dessa variável em
monitoramentos limnológicos é primordial. A maior concentração de clorofila-a em dezembro de 2014
foi mensurada no ponto P12 (24,57 µg/L) (Gráfico 3.24). Apesar disto no final do período monitorado
os valores diminuem para os limites aceitáveis.

Clorofila (µg/L)
60
50
40
30
20
10
0
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17

mar/13 jun/13 set/13 dez/13 mar/14 jun/14 set/14

Gráfico 3.24. Concentrações de clorofila a (µg/L) mensurados na superfície das 17 seções de


monitoramento no reservatório da UHE Lajeado, de março-2013 a dezembro-2014.
(FONTE: Programa de monitoramento limnológico – UHE Lajeado, Relatório Técnico).

A presença de coliformes na água indica o potencial da presença de microrganismos patogênicos. O


grupo dos coliformes totais inclui gêneros que não são de origem exclusivamente fecal, o que limita
sua aplicação como indicador geral de contaminação fecal. O reconhecimento deste fato levou ao
desenvolvimento de métodos de enumeração de um subgrupo de coliformes denominados coliformes
fecais (termotolerantes) os quais são diferenciados dos coliformes totais pela sua capacidade de
o
fermentar a lactose em temperatura elevada (44,5±0,2 C).

Coliformes Termotolerantes (NMP/100ml)


20000

15000

10000

5000

0
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17

mar/13 jun/13 set/13 dez/13 mar/14 jun/14 set/14 dez/14

Gráfico 3.25. Coliformes termotolerantes mensurados na superfície das 17 seções de monitoramento


no reservatório da UHE Lajeado, de março-2013 a dezembro-2014.
(FONTE: Programa de monitoramento limnológico – UHE Lajeado, Relatório Técnico).

259
As desconformidades dos pontos monitorados pela empresa Investco são compilados no Quadro
3.60, onde se verifica que alguns pontos, como o ponto 12 (Ribeirão Água Fria), tem seus valores
alterados constantemente. Novamente, ressalta-se que este ponto localiza-se próximo à cidade de
Palmas, comprovando que a atividade antrópica afeta a qualidade do corpo hídrico.
Quadro 3.60. Desconformidades observadas nos parâmetros de IQA nas seções de monitoramento
da Investco no reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães, para a Classe 2
Data Parâmetros Pontos de Coleta Valores CONAMA

1 - Rio Tocantins, Santa Tereza 1100 NMP/100mL


2 - Rio Tocantins, Ilha do Cachimbo 5500 NMP/100mL
Mar Coliformes 1000
4 - Rio Tocantins, Córrego Francisquinha 1900 NMP/100mL
2013 Termotolerantes NMP/100ml
5 - Ribeirão Água Suja 1900 NMP/100mL

6 - Ribeirão Chupé 16000 NMP/100mL

Fósforo Total 12 - Ribeirão Água Fria 0,27 mg/L 0,1 mg/L


Nitrogênio Amoniacal 12 - Ribeirão Água Fria 3,15 mg/L 2,0 mg/L
Jun
2013 Coliformes 1000 NMP/100
12 - Ribeirão Água Fria 3.500 NMP/100mL
Termotolerantes mL
Clorofila-a 12 - Ribeirão Água Fria 38 μg/L 30 μg/L
Fósforo Total 12 - Ribeirão Água Fria 0,729 mg/L 0,1 mg/L
Nitrogênio Amoniacal 12 - Ribeirão Água Fria 6,24 mg/L 2,0 mg/L
1 - Rio Tocantins, Santa Tereza 1100 NMP/100mL

Set 3 - Córrego São João, Porto Nacional 16000 NMP/100mL


2013 Coliformes 1000 NMP/100
Termotolerantes 4 - Rio Tocantins, Córrego Francisquinha 2900 NMP/100mL mL
5 - Ribeirão Água Suja 2900 NMP/100mL
8 - Rio dos Mangues 1100 NMP/100mL
Clorofila-a 12 - Ribeirão Água Fria 44 μg/L 30 μg/L
Dez
Fósforo Total 12 - Ribeirão Água Fria 0,12 mg/L 0,1 mg/L
2013
Fósforo Total 12 - Ribeirão Água Fria 0,16 mg/L 0,1 mg/L
Mar
DBO 12 - Ribeirão Água Fria 6 mg/L 5,0 mg/L
2014
Clorofila-a 12 - Ribeirão Água Fria 48,69 μg/L 30 μg/L
4 - Rio Tocantins, Córrego Francisquinha 0,064 mg/L
0,030 mg/L
Fósforo Total 5 - Ribeirão Água Suja 0,038 mg/L
Jun 12 - Ribeirão Água Fria 0,16 mg/ L
2014
3 - Córrego São João, Porto Nacional 16000 NMP/100 mL
Coliformes 1000 NMP/100
Termotolerantes >16000 NMP/100 mL
12 - Ribeirão Água Fria
mL
Fósforo Total 12 - Ribeirão Água Fria 0,35 mg/ L 0,1 mg/L
Set Nitrogênio Amoniacal 12 - Ribeirão Água Fria 4,60 mg/L 2,0 mg/L
2014
Coliformes >16000 NMP/100 1000 NMP/100
12 - Ribeirão Água Fria
Termotolerantes mL mL
Fósforo Total 12 - Ribeirão Água Fria 0,316 mg/L 0,1 mg/L
Dez Nitrogênio Amoniacal 12 - Ribeirão Água Fria 3,16 mg/L 2,0 mg/L
2014
Coliformes 1000 NMP/100
3 - Córrego São João, Porto Nacional >16000 NMP/100mL
Termotolerantes mL

260
Sub-bacias do Entorno do Lago

O diagnóstico da qualidade físico-química da água, nas sub-bacias do entorno do lago, considerou os


relatórios de 10 (dez) seções de monitoramento da água bruta dos mananciais de captação para
abastecimento publico da Odebrecht Ambiental Saneatins e também parâmetros de qualidade
encontrados em 17 (dezessete) processos de outorga do Naturatins. Enquanto o monitoramento da
Saneatins é periódico (semestral) as informações contidas nos processos de outorga são estáticas,
fornecidas apenas na elaboração do processo junto ao órgão gestor.
Conforme pode ser observado nos mapas apresentados a seguir, o monitoramento é realizado ou até
mesmo, exigido, predominantemente na região do entorno do lago próxima a Palmas. Os pontos de
monitoramento nas demais regiões são escassos, demonstrando a necessidade de ações visando
ampliação da área monitorada periodicamente.
O Quadro 3.61 apresenta os dez pontos de captação da empresa Odebrecht Ambiental Saneatins
onde ocorrem o monitoramento da qualidade da água bruta. A Figura 3.28 ilustra a distribuição
geográfica das seções amostradas. Observa-se o adensamento dos pontos próximo a Palmas.
A análise dos resultados de qualidade das águas, referente aos anos de 2013 e 2014, revelou que
assim como no rio Tocantins, os pontos monitorados no entorno do lago apresentam a maioria
parâmetros de qualidade dentro dos limites estabelecidos pela Resolução Conama 357, para os
corpos hídricos de Classe 2. Entretanto, em nove dos dez pontos de captação, foram registradas
desconformidades de alguns parâmetros qualitativos em relação aos limites permitidos à Classe 2.
O Quadro 3.62 apresenta as desconformidades identificadas no período amostrado (2013 a 2014),
para os pontos de captação superficial para abastecimento público. Neste quadro observam-se as
desconformidades observadas em relação aos limites estabelecidos pela Resolução Conama 357,
tanto para a Classe 2 como para a Classe 3. Em vermelho as desconformidades e em verde estão os
parâmetros que ultrapassaram os limites da Classe 2, mas atentederam à resolução na Classe 3.
Ressalta-se que muitos parâmetros estão inclusive além dos limites estabelecidos pela Resolução
Conama 357 para a Classe 3 (em vermelho). Isto chama a atenção, pois nestes casos o corpo hídrico
não poderia ser classificado nem como Classe 3. No entanto, uma discussão mais aprofundada é
difícil, pois estas observações de desconformidade são temporárias, não se mantendo no decorrer
das análises em outras datas.

Quadro 3.61. Pontos de captação da empresa Odebrecht Ambiental Saneatins onde ocorre o
monitoramento da qualidade da água bruta, na Bacia do Entorno do Lago

Ponto Tipo Municipio Curso D’água Tipo Captação Latitude Longitude

1 Superficial Aliança Cor. Piaus Fio d'água -11,3352 -48,9499

2 Superficial Barrolândia Cor. São Borges Bar. Nível -9,8365 -48,7529

3 Superficial Monte do Carmo Cor. Sucuri Bar. Nível -10,7750 -48,0870

4 Superficial Palmas Rib. Taquaruçu Bar. Acumulação -10,2888 -48,2958

5 Superficial Palmas Cór. Água Fria Bar. Nível -10,1422 -48,2930

6 Superficial Palmas Cór. Brejo Cumprido Fio d'água -10,2134 -48,3099

7 Superficial Palmas Cór. Roncador Bar. Nível -10,3035 -48,1364

8 Superficial Paraiso Cór. Pernada Bar. Nível -10,1519 -48,8700

9 Superficial Paraiso Rio do Coco Bar. Acumulação -10,1054 -48,9331

10 Superficial Porto Nacional Cór. São João Bar. Acumulação -10,7151 -48,3713

261
Figura 3.28. Estações de monitoramento da qualidade da água no entorno do lago da UHE Luis
Eduardo Magalhães. Fonte: Odebrecht Ambiental Saneatins.

262
Quadro 3.62. Análise de desconformidades dos parâmetros de qualidade de água bruta
considerando-se os limites das Classes 2 e 3 da Resolução Conama Nº 357/2005
Max. Max.
Seção Data Parâmetro(s) Valor
Classe 2 Classe 3
jan/13 Contagem de Cianobactérias (ceL/mL) 138.888 50.000 50.000
ago/13 Contagem de Cianobactérias (ceL/mL) 53.663 50.000 50.000
Ponto 1
Ribeirão Piaus Cloro Residual (mg/L) 0,030 0,010 0,010
Aliança do Tocantins mar/14
Resíduos Sólidos Objetáveis Presentes Ausentes Ausentes
set/14 Cloro Residual (mg/L) 0,090 0,010 0,01
Fósforo Total (mg/L) 0,130 0,03-0,05 0,05-0,15
jul/13
Cloro Residual (mg/L) 0,030 0,010 0,01
Alumínio Dissolvido (mg/L) 0,124 0,1 0,2

Ponto 2 Ferro Dissolvido (mg/L) 0,928 0,3 5


Córrego São Borges jan/14 Resíduos Sólidos Objetáveis Presentes Ausentes Ausentes
(Barrolândia)
Materiais Flutuantes Presentes Ausentes Ausentes
Cloro Residual (mg/L) 0,030 0,010 0,01

Coliformes Termotolerantes (E. coli) NMP/100mL 9.880 1.000 2.500


jul/14
Ferro Dissolvido (mg/L) 0,435 0,3 5
mai/13 Ferro Dissolvido (mg/L) 0,311 0,3 5
Ponto 3
Córrego Sucuri Fósforo Total (mg/L) 0,140 0,03-0,05 0,05-0,15
(Monte do Carmo) mai/14
Coliformes Termotolerantes (E. coli) NMP/100mL 3.360 1.000 2.500

Cloro Residual (mg/L) 0,020 0,010 0,01


mar/13 Alumínio Dissolvido (mg/L) 0,303 0,1 0,2
Ferro Dissolvido (mg/L) 0,547 0,3 5
set/13 Ferro Dissolvido (mg/L) 0,786 0,3 5

Ponto 4 Coliformes Termotolerantes (E. coli) NMP/100mL 4.500 1.000 2.500


Ribeirão Taquaruçu mar/14
(Palmas) Cloro Residual (mg/L) 0,050 0,010 0,01
Cloro Residual (mg/L) 0,030 0,010 0,01
Manganês (mg/L) 0,102 0,1 0,5
set/14
Alumínio Dissolvido (mg/L) 0,141 0,1 0,2
Ferro Dissolvido (mg/L) 1,070 0,3 5
mar/13 Cloro Residual (mg/L) 0,020 0,010 0,01

Coliformes Termotolerantes (E. coli) NMP/100mL 3.770 1.000 2.500

Cloro Residual (mg/L) 0,020 0,010 0,01


Ponto 5 mar/14 Alumínio Dissolvido (mg/L) 0,741 0,1 0,2
Córrego Água Fria
(Palmas) Ferro Dissolvido (mg/L) 0,534 0,3 5
Resíduos Sólidos Objetáveis Presentes Ausentes Ausentes
Cloro Residual (mg/L) 0,030 0,010 0,01
set/14
Ferro Dissolvido (mg/L) 1,270 0,3 5
Continua..

263
Quadro 3.62. Continuação.
Max. Max.
Seção Data Parâmetro(s) Valor
Classe 2 Classe 3
Manganês (mg/L) 0,101 0,1 0,5

Ponto 6 mar/13 Alumínio Dissolvido (mg/L) 0,429 0,1 0,2


Córrego Brejo Ferro Dissolvido (mg/L) 0,662 0,3 5
Comprido
(Palmas) set/13 Coliformes Termotolerantes (E. coli) NMP/100mL 1.580 1.000 2.500

mar/14 Resíduos Sólidos Objetáveis Presentes Ausentes Ausentes

out/13 Coliformes Termotolerantes (E. coli) NMP/100mL 8.260 1.000 2.500


Ponto 7
Córrego Roncador mar/14 Resíduos Sólidos Objetáveis Presentes Ausentes Ausentes
(Palmas)
set/14 Cloro Residual (mg/L) 0,020 0,010 0,01
Cloro Residual (mg/L) 0,060 0,010 0,01
mar/13
Ferro Dissolvido (mg/L) 0,435 0,3 5
set/13 Cloro Residual (mg/L) 0,080 0,010 0,01
Ponto 9
Cloro Residual (mg/L) 0,040 0,010 0,01
Rio do Coco
(Paraíso do mar/14 Coliformes Termotolerantes (E. coli) NMP/100mL 1.733 1.000 2.500
Tocantins)
Resíduos Sólidos Objetáveis Presentes Ausentes Ausentes
Cloro Residual (mg/L) 0,080 0,010 0,01
set/14
Contagem de Cianobactérias (ceL/mL) 166.838 50.000 50.000
Cloro Residual (mg/L) 0,100 0,010 0,01
jan/13
Manganês (mg/L) 0,258 0,1 0,5
Ponto 10 jul/13 Cloro Residual (mg/L) 0,020 0,010 0,01
Ribeirão São João
(Porto Nacional) Ferro Dissolvido (mg/L) 0,413 0,3 5
jan/14
Resíduos Sólidos Objetáveis Presentes Ausentes Ausentes
jul/14 Ferro Dissolvido (mg/L) 0,490 0,3 5

Apesar de que muitos parâmetros apresentam-se acima dos limites máximos permitidos pela
Resolução 357/2005, também é arriscado relacionar tais desconformidades com fatores antrópicos.
Os altos teores de elementos metálicos como ferro, alumínio e manganês podem estar tanto
relacionados a contaminações como às características naturais do solo carreado para os corpos
hídricos, já que o ferro e o manganês são solúveis em águas com baixo pH (RICHTER, 2014).
O cloro residual é outro parâmetro que aparece em vários pontos com altos teores. Segundo Richter
(2014) isto pode indicar contaminação por processos de cloração ou água com alta salinidade, já que
sais de cloro são muito também solúveis. Já os altos índices de coliformes e cianobactérias em
alguns pontos devem indicar contaminações. Os coliformes estão ligados ao descarte irregular de
esgotos e as cianobactérias estão relacionadas à eutrofização do meio hídrico. Ambos os parâmetros
podem estar ligados aos impactos antrópicos.
A análise dos resultados do Quadro 3.62 deixa claro que os parâmetros desconformes não se
mantém no decorrer do período analisado (2013 a 2014), mas ainda assim são um importante
indicativo do que ocorre nos corpos hídricos monitorados e servirão de orientação para a
compatibilização das disponibilidades e demandas visando o planejamento de ações de recuperação
egestão dos recursos hídricos, não somente nas sub-bacias atualmente monitoradas, mas
extrapolando essas relações entre o uso e ocupação do solo com a qualidade das águas em toda a
Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

264
Conforme mencionado, é necessário um esforço para aumentar a cobertura do monitoramento de
qualidade de águas nas sub-bacias do Entorno do Lago. Considerando o pequeno número de seções
monitoradas, exclusivamente, pela companhia de abastecimento Odebrecht Saneatins, foi necessário
garimpar os processos de outorga do Naturatins em busca de outros pontos de monitoramento com
informações sobre a qualidade dos mananciais no Entorno do Lago.
Foi um processo desgastante, onde foram revisados todos os processos de outorga, em cursos
d’água de domínio estadual, na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. Claro que este levantamento
também serviu de base para o diagnóstico das demandas hídricas, mas nesta etapa maior
detalhamento foi necessário aos processos que tratavam das atividades de Piscicultura e
Abastecimento Humano, por constituírem usos que obrigatoriamente devem ser acompanhados dos
parâmetros físico-químicos dos respectivos corpos hídricos.
Mais de duzentos processos foram levantados, mas apenas dezesseis processos de outorga
continham informações sobre a qualidade de água dos mananciais. É preciso ressaltar que estas
análises, juntadas aos processos de outorga, são informadas pelos requerentes dos processos de
outorga, de forma que permanece a lacuna do estado no monitoramento dos cursos d’água, tanto em
termos quantitativos como de qualidade das águas superficiais de domínio do Tocantins.
Outro ponto que merece destaque é que segundo o Decreto Estadual Nº 2.432, de 6 de junho de
2005, empreendimentos de Piscicultura e Abastecimento devem apresentar para o licenciamento,
projetos de EIA/RIMA com relatórios de qualidade de água, entretando observou-se que nem todos
os processos apresentam estas informações. Segundo o órgão, alguns solicitam a entrega posterior à
implantação e entrada em operação do empreendimento e outros simplesmente não as apresentam.
O Quadro 3.63 e a Figura 3.29 identificam os pontos onde há intervenções cujos processos de
outorga apresentam informações sobre a qualidade da água nos respectivos corpos hídricos.
Quadro 3.63. Pontos com intervenções licenciadas pela outorga de direito de uso dos recursos
hídricos que possuem informações sobre a qualidade da água do corpo hídrico

Ponto Município Curso D'água Latitude Longitude Atividade

1 Brejinho de Nazaré Sem nome -11,0198 -48,6133 Abastecimento humano

2 Ipueiras Subterrânea -10,9719 -48,4626 Abastecimento humano

3 Lajeado Subterrânea -9,9185 -48,3525 Abastecimento humano

4 Monte do Carmo Córrego Lajes -10,7853 -48,1319 Piscicultura

5 Monte do Carmo Subterrânea -10,7797 -48,1571 Piscicultura

6 Palmas Ribeirão Água Fria -10,1327 -48,3184 Piscicultura

7 Palmas Subterrânea -10,2775 -48,3365 Abastecimento humano

8 Palmas Ribeirão Água Fria -10,1422 -48,2930 Abastecimento humano

9 Palmas Subterrânea -10,2384 -48,3172 Abastecimento humano

10 Palmas Ribeirão Jaú -10,1176 -48,2926 Abastecimento humano

11 Palmas Subterrânea -10,2825 -48,3634 Abastecimento humano

12 Palmas Córrego Comprido -10,2102 -48,3111 Abastecimento humano

13 Paraíso do Tocantins Subterrânea -10,2458 -48,6842 Abastecimento humano

14 Paraíso do Tocantins Córrego da Serra -10,2653 -48,6769 Abastecimento humano

15 Porto Nacional Subterrânea -10,2219 -48,4348 Abastecimento humano

16 Silvanópolis Córrego Ganilo -11,1755 -48,1627 Abastecimento humano

265
Figura 3.29. Pontos de outorga com parâmetros de qualidade da água no entorno do lago da UHE
Luis Eduardo Magalhães. Fonte: Naturatins, 2015.

266
De forma análoga ao estudo dos pontos monitorados pela Investco e Saneatins, devido ao grande
número de parâmetros identificados, os pontos de outorga foram analisados em termos de
conformidade, ou melhor, desconformidade em relação aos limites máximos permitidos para corpos
hídricos da Classe 2, segundo a Resolução Conama Nª 357/2005. Os resultados, para os pontos que
apresentaram desconformidades, estão apresentados no Quadro 3.64, a seguir.
Conforme se verifica no quadro, os parâmetros microbiológicos (coliformes) são os que aparecem
mais frequentemente em desconformidade. Isto pode indicar contaminação por resíduos urbanos
devido à localização destes pontos, todos em Palmas. Alguns metais como ferro e alumínio também
se encontram alterados.
Mais uma vez, observa-se a concentração maior de pontos de monitoramento na região próxima a
Palmas. Neste caso, mesmo o número total de processos de outorga é significativamente maior na
região de Palmas. Talvez por ser a região mais desenvolvida, com maior conscientização da
população rural acerca do instrumento de outorga de direito de uso, ou talvez pela simples
proximidade com o órgão gestor, com poder fiscalizador.

Quadro 3.64. Análise de desconformidades dos parâmetros de qualidade de água associados a


processos de outorga do Naturatins considerando-se os limites da Classe 2
Max.
Seção Data Parâmetro(s) Valor
Classe 2
Ponto 6 Fósforo Total (mg/L) 0,06 0,03-0,05
Ribeirão
10/04/2014 Coliformes Totais Presentes Ausentes
Água Fria
(Palmas) Escherichia Coli Presentes Ausentes

Coliformes Termotolerantes (E. coli) (NMP/100mL) 3.770 2.500

Ponto 8 Cloro Residual (mg/L) 0,02 0,01


Ribeirão
18/03/2014 Alumínio Dissolvido (mg/L) 0,74 0,1
Água Fria
(Palmas) Ferro Dissolvido (mg/L) 0,53 0,3

Resíduos Sólidos Objetáveis Presentes Ausentes


Ponto 9
Subterrânea 20/11/2012 Coliformes Totais Presentes Ausentes
(Palmas)
Ponto 10
Ribeirão Jaú 13/08/2013 Ferro Dissolvido (mg/L) 0,45 0,3
(Palmas)

Além das informações do monitoramento da água bruta, foi possível também, inserir o monitoramento
feito pela empresa Odebrecht Ambiental/Saneatins na saída das Estações de Tratamentos de
Esgotos - ETEs da cidade de Palmas. Apesar de ser um monitoramento não representativo da bacia,
nos mostra um quadro da pressão que os recursos hídricos podem sofrer com o crescimento da
urbanização das cidades. Os dados apresentados são de 3 (três) ETEs que, por força de lei, tem
alguns parâmetros físico-químicos monitorados mensalmente. Vale ressaltar que não foram
encontradas informações acerca do lançamento de efluentes realizado no município de Porto
Nacional e as demais cidades ainda não possuem serviço de coleta de esgoto doméstico.
A resolução N° 430, de 13 de maio de 2011, em complementação a resolução 357/05, estabelece os
padrões que devem ser atendidos para o lançamento de efluentes em corpos hídricos, sendo que os
padrões de qualidade a serem obedecidos são determinados pela classe de enquadramento do corpo
receptor. As análises são realizadas mensalmente e os relatórios disponibilizados abrangem o período
de 2013 a 2015. A Figura 3.30, ilustra a localização das ETEs de Palmas: ETE Aureny, ETE Norte e
ETE Prata, onde a montante são coletadas as amostras para análise dos efluentes tratados.

267
Figura 3.30. Localização das ETEs do município de Palmas e do lançamento de efluentes no
município de Porto Nacional. Fonte: Odebrecht Ambiental Saneatins, 2015.

268
Novamente, com base nos resultados das análises químicas dos efluentes tratados, analisou-se o
número de desconformidades nos pontos monitorados e os parâmetros mais comumente
desconformes, que são identificados no Quadro 3.65. Estes dados mostram que os parâmetros em
desconformidade se repetem com o passar do tempo. Coliformes termotolerantes e DBO-5 aparecem
constantemente em desconformidade. Com isto podemos observar que mesmo com o tratamento das
ETEs, o manancial ainda é impactado pelo efluente. A melhoria dos processos de tratamento mostra
uma tendência de diminuição destas desconformidades ao longo do tempo, em alguns casos.

Quadro 3.65. Análise de desconformidades dos parâmetros de qualidade de água associados ao


efluente tratado pelas ETEs de Palmas considerando-se os limites da Classe 2

Número de desconformidades
ETE Parâmetro
2013 2014 2015
Coliformes termotolerantes (e. coli) 5 6 10
OD 9 9 11
Fosforo total 8 5 1
Nitrogênio amoniacal 7 7
Prata Cor verdadeira 1 5
DBO-5 3 3 5
Materiais flutuantes 1 2
Residuos sólidos objetaveis 1 1
pH 1 3 5
Coliformes termotolerantes (e. coli) 6 4 3
Clorofila 2
OD 6 1
Fosforo total 9 5
Nitrogênio amoniacal 3
Cor verdadeira 5 5 3
Norte
DBO-5 7 5 6
Subst. que comunicam gosto e odor 1
Materiais flutuantes 2
Óleos e graxas 1
Residuos sólodos objetaveis 2
Corantes de fontes antrópicas 1
Coliformes termotolerantes (e. coli) 4
Clorofila 1
Fosforo total 2
Cor verdadeira 1 1
Aureny*
DBO-5 3 4
Materiais flutuantes 2 1
Residuos sólidos objetaveis 2 1
pH 1

*Não foram disponibilizados dados de 2013 da ETE Aureny.

269
270
4. DIAGNÓSTICO DAS DEMANDAS HÍDRICAS
A caracterização das demandas teve por objetivo definir o quadro atual da demanda hídrica da bacia.
Considerando a prerrogativa de uso múltiplo das águas, foram caracterizadas as atividades usuárias
dos recursos hídricos nas sub-bacias hidrográficas e no reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.

Inicialmente, foram identificadas as outorgas de direito de uso da água nos domínios estadual (Instituto
Natureza do Tocantins – Naturatins) e federal (Agência Nacional de Água – ANA), a fim de conhecer a
demanda outorgada de cada atividade em cada sub-bacia e reservatório. Esta análise permitiu concluir
rapidamente sobre a baixa representatividade da base de dados da outorga. Um indicativo claro da
baixa cobertura espacial e representatividade das demandas hídricas associado a este importante
instrumento de gestão.

Devido à baixa representatividade, foi necessário um estudo complementar sobre as demandas. A partir
dos dados municipais de população, área plantada e número de rebanhos do censo do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, foram trabalhadas estimativas de demandas hídricas para
os principais usos consuntivos dos recursos hídricos: abastecimento humano, irrigação e
dessedentação animal, respectivamente.

Na metodologia foram considerados todos os tipos de demanda hídrica existentes na bacia, incluindo
usos consuntivos e não consuntivos, com destaque para o Aproveitamento Hidrelétrico do
reservatório da UHE, responsável pela demarcação política e econômica da Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago. Os pontos ou trechos de cursos d’água onde há intervenções só foram possíveis de
serem identificados quando a atividade estava cadastrada no processo de outorga, na ANA ou no
Naturatins. Apenas na sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande, foi levantado o cadastro dos
usuários de água que ainda não possuem a outorga de direito de uso.

Considerando as duas bases de dados para o diagnóstico das demandas, a) Outorga e b) IBGE,
foram calculadas as demandas outorgadas e estimadas, respectivamente. Via de regra, as vazões
demandadas estimadas superaram as vazões demandadas outorgadas, somente em algumas
situações as vazões outorgadas para abastecimento público superaram as vazões estimadas, devido
aos mananciais de uma sub-bacia abastecerem a população de uma sub-bacia vizinha. A diferença
entre as demandas estimadas e outorgadas é um forte indicativo da necessidade de campanhas de
cadastro e de promoção da outorga de direto de uso, como instrumento de diagnóstico dos usos
múltiplos. Sem informações precisas sobre as disponibilidades e demandas hídricas, não há propósito
para a gestão dos recursos hídricos na Bacia Hidrográfica. Sem informação, não há gestão.

Após a análise dos usos múltiplos dos recursos hídricos, as vazões demandadas outorgadas e
estimadas foram confrontadas com a disponibilidade hídrica em cada sub-bacia hidrográfica,
permitindo identificar problemas de escassez, conflitos entre setores usuários e potenciais de
desenvolvimento social e econômico com base no balanço hídrico realizado.

Foram gerados indicadores de comprometimento da disponibilidade hídrica, comparando as vazões


demandadas estimadas e outorgadas com a disponibilidade hídrica média (vazão média) e com as
vazões mínimas de referência (Q90), associadas a cada Sub-bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.
Esses indicadores permitiram uma discussão sobre a situação atual dos recursos hídricos nas sub-
bacias, onde o instrumento de outorga deve ser priorizado, em regime de urgência e quais setores
usuários já devem estar sendo comprometidos pela baixa disponibilidade hídrica remansescente.

É importante ressaltar, que tanto a disponibilidade hídrica nas sub-bacias como as demandas hídricas
estimadas não são resultados determinísticos, ou seja, podem haver desvios em relação à realidade.
Enquanto as vazões foram estimadas utilizando séries históricas de uma única estação no entorno do
lago e a regionalização foi estabelecida com base na vazão específica, as demandas estimadas
foram calculadas com base em dados censitários do IBGE, para os municpios, e na transformação
para as sub-bacias certa homogeneidade (índice/área) dos usos da água precisou ser considerada.

271
4.1. Demandas Outorgadas em Domínio da União
O diagnóstico das demandas hídricas outorgadas no reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães
inciciou-se com o levantamento das outorgas no Cadastro Nacional de Usuários de Recursos
Hídricos – CNARH, da ANA, disponível em http://cnarh.ana.gov.br/ (acesso em 20 de abril de 2015).

Posteriormente, a base de dados foi georreferenciada em ambiente de SIG possibilitando discussões


acerca da distribuição espacial das intervenções no rio Tocantins. Conforme essa distribuição,
apresentada na Figura 4.1, percebe-se que as outorgas estão mais concentradas próximas às
manchas urbanas dos municípios de Palmas e Porto Nacional. A primeira vista, pode se justificar
devido ao maior desenvolvimento econômico desses municípios, porém outra justificativa pode ser a
maior facilidade (distância) para esses usuários solicitarem a outorga ou uma maior fiscalização local.

Um resumo da demanda hídrica por tipo de atividade no reservatório é apresentado no Quadro 4.1.
Observa-se, também com o auxílio do Gráfico 4.1, que 74% das vazões outorgadas no lago da UHE
estão associdadas às atividades de Irrigação e cerca de 20% às atividades de Mineração. Esses
resultados já eram esperados visto que a Agropecuária é a atividade predominante na maioria dos
municípios do Entorno do Lago e a Mineração é uma atividade típica realizada na calha de grandes
cursos d’água. Outro ponto de destaque é o baixo consumo para abastecimento humano a partir do
reservatório, visto que a grande maioria dos municípios faz captações superficiais ou subterrâneas
nas Sub-bacias do Entorno do Lago.

Vale ressaltar o baixo comprometimento das vazões demandadas e outorgadas no reservatório em


relação a disponibilidade hídrica no rio Tocantins, indicando que este impacto é muito mais qualitativo
do que quantitativo.

Quadro 4.1. Outorgas de direito pelo uso da água no reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães

Atividade Nº de Intervenções Vazão (m³/s) Vazão (%)


Irrigação 26 4,94 74,09%
Mineração 29 1,36 20,36%
Piscicultura 1 0,12 1,73%
Saneamento 4 0,09 1,31%
Obra civil 8 0,07 1,09%
Abastecimento humano 5 0,03 0,48%
Serviços 7 0,03 0,40%
Recreação e lazer 22 0,02 0,34%
Indústria 3 0,01 0,22%
Total 105 6,67 100%

0
Irrigação Mineração Piscicultura Saneamento Obra civil Abastecimento Serviços Recreação e Indústria
humano lazer

Gráfico 4.1. Vazões outorgadas por atividade no reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.

272
Figura 4.1. Outorgas no Rio Tocantins classificadas pela atividade de uso dos recursos hídricos.
Fonte: Agência Nacional de Águas – ANA, 2015.

273
4.2. Demandas Outorgadas em Domínio do Estado
O diagnóstico das demandas hídricas outorgadas nas sub-bacias do entorno do reservatório da UHE
Luis Eduardo Magalhães inciciou-se com o levantamento das outorgas junto ao órgão gestor
estadual, o Naturatins. Foi solicitado ao Naturatins o repasse das informações sobre as outorgas de
domínio estadual, solicitação atendida com o repasse de planilhas com dados cadastrais das
outorgas organizadas por municípios total ou parcialmente inseridos na Bacia Hidrográfica. Porém,
devido a inexistência de uma base georreferenciada com todas as informações pertinentes às
outorgas de direito de uso, houve necessidade de complementação da base, com informações
fundamentais como as coordenadas geográficas, o tipo de atividade e as vazões outorgadas.

Esta complementação de informações foi feita por meio do CNARH da ANA, visto que atualmente,
todos os processos de outorga são primeiro cadastrados no CNARH e posteriormente registrado no
Naturatins. Vale ressaltar, que recentemente entrou em operação o SAD-Outorga, um Sistema de
Spoio à Decisão que contém um sistema gerenciador de processos de outorga que permitirá ao
Naturatins maior organização das informações de demanda em cursos d’água de domínio estadual.

Observa-se, analisando o Quadro 4.2, que a maioria das intervenções consuntivas são realizadas em
barramentos com captação (57%), seguidas de um empate técnico entre as captações subterrâneas
(22%) e superficias (21%). Ressalta-se que para fins do balanço hídrico não há diferenciação entre as
demandas superficiais e subterrâneas visto que o volume de água disponível é total por sub-bacia.

Com base no resumo apresentado no Quadro 4.3 observa-se que 65% das vazões outorgadas na
Bacia Hidrográfica são para Abastecimento Humano, seguido de 21% para Irrigação e 7% para
Piscicultura. Novamente, observando a distribuição espacial das outorgas estaduais na Figura 4.2,
percebe-se maior número de intervenções no município de Palmas, sugerindo que a distância ao
órgão gestor ou do órgão fiscalizador é diretamente proporcional à cobertura do instrumento outorga.

Quadro 4.2. Outorgas de direito pelo uso da água no entorno do lago da UHE Lajeado

Modalidade Nº de Intervenções Vazão (m³/s) Vazão (%)


Barramento com captação 20 1,078 56,86%
Captação subterrânea 125 0,418 22,05%
Captação superficial 57 0,400 21,08%
Barramento sem captação 5 0,000 0,00%
Total 207 1,896 100,00%

Quadro 4.3. Outorgas de direito pelo uso da água no entorno do lago da UHE Lajeado

Atividade Nº de Intervenções Vazão (m³/s) Vazão (%)


Abastecimento humano 49 1,239 65,33%
Irrigação 25 0,406 21,43%
Piscicultura 23 0,135 7,11%
Serviços 43 0,049 2,56%
Indústria 25 0,029 1,50%
Dessedentação animal 22 0,019 0,99%
Mineração 7 0,011 0,56%
Obra civil 3 0,006 0,34%
Recreação e lazer 10 0,003 0,17%
Total 207 1,896 100%

274
Figura 4.2. Outorgas no Entorno do Lago classificadas pela atividade de uso dos recursos hídricos.
Fonte: Instituto Natureza do Tocantins - Naturatins, 2015.

275
A seguir são apresentadas as vazões demandadas outorgadas divididas por sub-bacia hidrográfica. O Quadro 4.4 apresenta as vazões outorgadas em L/s
enquanto o Quadro 4.5 apresenta os percentuais de comrpmetimento de cada atividade, por Sub-bacia do Entorno do Lago. Percebe-se que a Sub-bacia do
Ribeirão Taquaruçu Grande se destaca pelas demandas bem acima das demais sub-bacias, principalmente devido à demanda para o Abastecimento Humano. Em
síntese, as sub-bacias urbanas recebem maior impacto do Abastecimento, enquanto que as sub-bacias rurais recebem maior impacto da Irrigação. Vale ressaltar o
baixo número de outorgas para Dessedentação Animal, apesar do grande rebanho na bacia hidrográfica, talvez pela dificuldade de cálculo deste consumo hídrico.

Quadro 4.4. Vazões outorgadas (L/s) por uso consuntivo dos recursos hídricos nas Sub-bacias Hidrográficas do Entorno do Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães
Abastecimento Dessedentação Irrigação Indústria Mineração Piscicultura Recreação Serviços Total
Sub-bacia
(L/s) (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) (L/s)
Ribeirão Taquaruçu Grande 728,6 0,7 17,9 2,1 8,3 0,3 6,7 764,6
Ribeirão Água Fria 100,6 1,4 2,5 1,4 85,3 1,4 5,7 198,3
Rio Crixás 0,3 191,8 192,1

Córrego Comprido 122,4 41,4 0,6 0,4 13,3 178,1


Ribeirão Conceição 1,4 103,3 0,6 105,3
Rio Água Suja 1,4 2,4 15,8 7,1 0,4 23,9 51,0
Rio Areias 8,3 1,3 1,7 17,1 28,4
Ribeirão dos Mangues 2,4 3,3 0,3 13,8 0,7 0,2 20,7
Ribeirão do Carmo 0,3 0,3 7,4 8,0
Ribeirão São João 2,8 4,4 7,2

Córrego São João 5,6 5,6


Rio Matança 2,8 0,2 3,0
Córrego Santa Luzia 0,6 0,6
Ribeirão Lajeado 0,3 0,3
Rio Formiga 0,0

Total 964,0 13,6 380,2 26,2 10,8 134,8 2,1 31,5 1563,2

276
Quadro 4.5. Vazões outorgadas (%) por uso consuntivo dos recursos hídricos nas Sub-bacias Hidrográficas do Entorno do Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães

Abastecimento Dessedentação Irrigação Indústria Mineração Piscicultura Recreação Serviços Total


Sub-bacia
(%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)
Ribeirão Taquaruçu Grande 95,3 0,1 2,3 0,3 1,1 0,9 100,0
Ribeirão Água Fria 50,7 0,7 1,3 0,7 43,0 0,7 2,9 100,0
Rio Crixás 0,2 99,8 100,0
Córrego Comprido 68,7 23,2 0,3 0,2 7,5 100,0
Ribeirão Conceição 1,3 98,1 0,5 100,0
Rio Água Suja 2,7 4,7 31,0 13,9 0,8 46,9 100,0

Rio Areias 29,2 4,6 6,0 60,2 100,0


Ribeirão dos Mangues 11,6 15,9 1,4 66,7 3,4 1,0 100,0
Ribeirão do Carmo 3,8 3,8 92,5 100,0
Ribeirão São João 38,9 61,1 100,0
Córrego São João 100,0 100,0
Rio Matança 93,3 6,7 100,0
Córrego Santa Luzia 100,0 100,0
Ribeirão Lajeado 100,0 100,0
Rio Formiga 0,0

277
4.3. Demandas Estimadas

4.3.1. Abastecimento humano


Na avaliação da demanda atual de água para abastecimento público, foram inicialmente
caracterizadas as condições básicas de captação e proteção dos mananciais dos sistemas existentes
e identificadas eventuais problemas relativos à carência de manancial ou desperdício de água. Para
tanto, foi levantado junto à companhia de abastecimento de água: Odebrecht Ambiental Saneatins e
Agência Tocantinenste de Saneamento – ATS, a rede de estações de captação de água, superficial e
subterrânea na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago da UHE Lajeado. Os Quadros 4.7 e 4.8
apresentam as informações associadas às captações superficiais e subterrâneas, respectivamente. A
rede de captações é ilustrada no mapa apresentado na Figura 4.3, a seguir.

O cálculo da demanda estimada para o Abastecimento Humano foi feito com base nos estudos
demográficos, relativos à distribuição, evolução das taxas de crescimento e projeção da população,
usando os coeficientes tradicionalmente empregados nesse tipo de cálculo, com ênfase ao consumo
per capita, considerando que esse consumo pode variar significativamente de região para região e
conforme o porte da cidade, vila, povoado ou aglomerado urbano ou rural.

Com base nos dados do IBGE para os municípios total ou parcialmente inseridos na Bacia
Hidrográfica, for estimada a população atual (2015) em cada uma das Sub-bacias do Entorno do
Lago, considerando a densidade populacional rural e a população urbana quando a sede
administrativa se encontrava na sub-bacia. O cálculo da vazão demandada foi feito adotando-se o
-1 -1
consumo per capita equivalente a 200 litros por habitante, por dia (200 L hab dia ).

Analisando os resultados apresentados no Quadro 4.6, confirma-se o grande impacto do


Abastecimento Humano nas Sub-bacias do Entorno Do Lago próximas aos grandes centros urbanos
de Palmas e Porto Nacional. Outra observação importante diz respeito às pequenas áreas de
drenagem destas sub-bacias, que comparativamente às vazões demandadas apontam claramente
para conflitos entre disponibilidades e demandas hídricas.

Quadro 4.6. Vazões demandadas estimadas para Abastecimento Humano por Sub-bacias

Sub-bacia Area (km²) População (2015) Vazão (L/s)


Ribeirão Taquaruçu Grande 483,060 263.930 733,14
Córrego São João 81,899 44.082 122,45
Ribeirão dos Mangues 2.792,337 12.730 35,36
Rio Crixás 3.431,160 9.921 27,56
Rio Areias 2.412,998 7.902 21,95
Rio Água Suja 1.017,757 4.814 13,37
Rio Formiga 1.837,979 2.260 6,28
Ribeirão São João 323,619 1.415 3,93
Córrego Santa Luzia 1.358,629 1.351 3,75
Ribeirão do Carmo 456,864 844 2,35
Rio Matança 387,698 720 2,00
Ribeirão Água Fria 101,339 659 1,83
Córrego Comprido 87,537 569 1,58
Ribeirão Lajeado 710,402 346 0,96
Ribeirão Conceição 371,021 301 0,84

278
Quadro 4.7. Pontos de captação superficial para abastecimento humano no Entorno do Lago da UHE

Ponto Companhia Municipio Manancial Tipo de Captação Latitude Longitude


1 ATS Santa Rosa Cor. Maria Ferreira Bar. Nivel -11,4403 -48,1127
2 ATS Ipueiras Rio Tocantins Balsa Flutuante -11,2463 -48,4585
3 ATS Silvanópolis Cor. Gânico Bar. Acumulação -11,1581 -48,1877
4 Saneatins Monte do Carmo Cor. Sucuri Bar. Nivel -10,7750 -48,0870
5 Saneatins Porto Nacional Cor. São João Bar. Acumulação -10,7151 -48,3713
6 Saneatins Palmas Rib. Taquaruçu Bar. Acumulação -10,2888 -48,2958
7 Saneatins Palmas Cór. Água Fria Bar. Nível -10,1422 -48,2930
8 Saneatins Palmas Cór. Brejo Comprido Fio d'água -10,2134 -48,3099
9 Saneatins Palmas Cór. Roncador Bar. Nível -10,3035 -48,1364

Quadro 4.8. Pontos de captação subterrânea para abastecimento humano no Entorno do Lago da UHE

Ponto Município Localidade Endereço Latitude Longitude


1 Palmas Sede Vila União -10,1680 -48,3551
2 Palmas Sede Vila União -10,1684 -48,3539
3 Palmas Sede Vila União -10,1705 -48,3515
4 Palmas Sede Vila União -10,1692 -48,3534
5 Palmas Sede Vila União -10,1696 -48,3533
6 Palmas Taquari Taquari -10,3515 -48,3328
7 Palmas Taquari Taquari -10,3537 -48,3351
8 Palmas Sede Vila União -10,1681 -48,3559
9 Palmas Sede Vila União -10,1704 -48,3526
10 Paraíso Vila Santana Povoado -10,2668 -48,8892
11 Paraíso Vila Santana Povoado -10,2675 -48,8898
12 Paraíso Santa Rosa Povoado -10,0358 -48,7653
13 Fátima Sede Junto ao Laticio Patry -10,7668 -48,9004
14 Fátima Sede Rua Teotônio Vilella -10,7607 -48,9042
15 Fátima Sede Chácara D. Maria -10,7537 -48,9073
16 Fátima Sede Vila Tocantins -10,7530 -48,9119
17 Fátima Sede Rua Sta Tereza - VB -10,7530 -48,8975
18 Fátima Sede Vila Bayana -10,7553 -48,8981
19 Nova Rosalândia Sede Av. Tiradentes -10,5607 -48,9111
20 Nova Rosalândia Sede Rua Bernardo Sayão -10,5733 -48,9136
21 Nova Rosalândia Campo Maior Povoado -10,4277 -49,0007
22 Oliveira de Fátima Sede Margem BR 153 -10,7131 -48,9059
23 Pugmil Sede Junto Reservatório Elevado -10,4236 -48,8983
24 Pugmil Saída Saída para Paraíso -10,4117 -48,8969
25 Santa Rita Sede -10,8717 -48,9129
26 Brejinho de Nazaré Sede Rua Felecício Braga -11,0210 -48,5645
27 Brejinho de Nazaré Sede Jusante açude -11,0115 -48,5671
28 Brejinho de Nazaré Sede Próx. Pista Pouso -11,0249 -48,5720
29 Brejinho de Nazaré Sede -11,0172 -48,5608
30 Santa Rosa Sede Av. Quintino de Castro -11,4480 -48,1154
31 Santa Rosa Morro São João Povoado -11,3321 -48,3565
32 Crixás Sede Chacara Sossego -11,1023 -48,9145

279
Figura 4.3. Pontos de captação superficial e subterrânea para abastecimento de água da população
na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. Fonte: Odebrecht Ambiental Saneatins, 2015.

280
4.3.2. Irrigação
No setor agrícola (Quadro 4.9) o destaque são as culturas anuais: Soja (118.246 ha), Milho (13.230
ha), Arroz (10.455 ha), Feijão (1.837 ha) e cana-de-açúcar (550 ha). Para o manejo dessas culturas
anuais é comum o uso de maquinários agrícolas na preparação do solo e de pesticidas para o
controle de doenças. Tal manejo tem provocado na região crescentes problemas de compactação e
erosão do solo o que, por sua vez, tem favorecido o assoreamento de córregos e rios. Além disso, o
alto uso de pesticidas provoca a contaminação nas diversas fontes de água e do lençol freático,
devido à alta concentração de metais pesados, que em sua maioria desembocam no lago.

Além dos problemas acima mencionados, outro agravante ligado ao uso dos recursos hídricos é o
aumento da cultura irrigada por pivôs centrais. O Quadro 4.10 mostra que somente na Bacia do
Entorno do Lago cerca de 3.295 ha são ocupados por pivôs centrais, esse valor representa 30% do
total do Tocantins. Porto Nacional (956 ha), Palmas (648 ha), Brejinho de Nazaré (619 ha) e Pium
(588 ha) são os municípios que mais possuem áreas ocupadas por pivôs centrais. Os mesmos são
também os que mais possuem números de pivôs centrais, sendo 13 em Porto Nacional, 7 em
Palmas, 7 em Brejinho de Nazaré e 5 em Pium. É importante destacar que cerca de 34% do total de
pivôs centrais no Tocantins se concentram entre os municípios da Bacia do Entorno do Lago.

Quadro 4.9. Principais Produtos agrícolas/ Plantação por hectare


PRODUTOS AGRÍCOLAS (ha)
MUNÍCIPIOS CANA DE
ARROZ SOJA MILHO FEIJÃO
AÇUCAR
Aliança do Tocantins 45 1.250 0 190 400
Barrolândia 150 300 0 280 0
Brejinho de Nazaré 400 14.000 65 1.130 500
Crixás do Tocantins 400 1.521 0 120 130
Fátima 700 825 0 180 0
Gurupi 50 4.650 0 150 277
Ipueiras 130 6.000 20 130 15
Lajeado 60 0 0 190 0
Miracema do Tocantins 200 1.200 0 150 0
Monte do Carmo 340 17.000 15 1.430 0
Nova Rosalândia 600 0 0 50 0
Oliveira de Fátima 80 1.160 45 230 0
Palmas 350 8.000 40 2.500 430
Paraíso do Tocantins 180 900 0 530 0
Pium 2.800 1.340 0 1.650 0
Porto Nacional 1.500 27.000 280 2.200 85
Pugmil 250 0 0 60 0
Santa Rita do Tocantins 450 600 15 280 0
Santa Rosa do Tocantins 670 19.500 25 1.480 0
Silvanópolis 1.100 13.000 45 300 0
Total (Municípios da Bacia) 10.455 118.246 550 13.230 1.837
Tocantins 114.941 536.545 27.548 95.565 19.798
Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal, 2013.

281
Quadro 4.10. Levantamento da Agricultura Irrigada por Pivôs Centrais
Área ocupada por pivôs
Munícipios Nº de pivôs
centrais (ha)
Aliança do Tocantins 141 2
Barrolândia 0 0
Brejinho de Nazaré 619 7
Crixás do Tocantins 0 0
Fátima 0 0
Gurupi 104 1
Ipueiras 101 1
Lajeado 0 0
Miracema do Tocantins 0 0
Monte do Carmo 0 0
Nova Rosalândia 0 0
Oliveira de Fátima 0 0
Palmas 648 7
Paraíso do Tocantins 0 0
Pium 588 5
Porto Nacional 956 13
Pugmil 0 0
Santa Rita do Tocantins 0 0
Santa Rosa do Tocantins 0 0
Silvanópolis 138 3
Total (Municípios da Bacia) 3.295 39
Tocantins 10.759 114
Fonte: ANA & Embrapa/CNPMS (2014). "Levantamento da Agricultura Irrigada por Pivôs Centrais no Brasil - ano
2013". Disponível em: <http://metadados.ana.gov.br/geonetwork/>

Importante destacar que não foi identificado esquema de manejo de irrigação apoiado por órgão de
pesquisa, ao nível de produtor rural. Sabe-se que o irrigante utiliza-se de informações sobre aplicação
de água provenientes de vendedores de equipamentos de irrigação, quando da implantação de
projetos de irrigação.

Dos quatro milhões de hectares de terras irrigáveis no estado do Tocantins, cerca de um milhão e
trezentos mil hectares estão no Entorno do Lago da UHE. O principal projeto de irrigação, que
contempla os métodos de microaspersão e gotejamento – denominado projeto São João –, situado à
margem direita do reservatório UHE no sentido Palmas/Porto Nacional pela rodovia TO-050, tem
como fonte hídrica as águas do reservatório UHE. Sua área útil considerada piloto, de uma área total
de 5.129,00 ha do projeto, é igual a 3.361,00 ha, utilizada para fins de produção de fruteiras e
hortigranjeiros (http://seagro.to.gov.br/agronegocios/irrigacao). Atualmente, esse projeto tem sido útil
a 339 pequenos produtores de banana, maracujá, manga (Figura 4.4) goiaba, melancia, coco,
mamão (Figura 4.5) e abacaxi (Figura 4.6).

282
Figura 4.4. Microaspersão em Figura 4.5. Microaspersão em Figura 4.6. Gotejamento em
mangueira pela técnica de mamoeiro. abacaxizeiro.
“enxertia”.

A captação de água do reservatório se dá por intermédio de um sistema de tomada d’água, moto-


bombas e adutoras até unidades setoriais (10), onde cada setor é provido por uma estação de
bombeamento (uma delas ilustrada pela Figura 4.7), em que a água é pressurizada até os lotes por
rede de tubulações enterradas. Na entrada de cada lote tem-se ainda um cabeçal de controle (Figura
4.8), para a limpeza da água, composto por filtros, dispositivos de fertirrigação e peças especiais de
regulação e controle de pressão requeridas pelo restante do sistema.

Figura 4.7. Estação de uma unidade setorial. Figura 4.8. Cabeçal de controle na entrada de lote.

No entorno do reservatório, os métodos mais empregados são a irrigação localizada (microaspersão


e gotejamento) e a irrigação por pivô central, respectivamente para as áreas totais 3.361 ha e 1.381
ha. O Quadro 4.11 distribui os equipamentos de irrigação mais usuais em cinco municípios. Esta
tabela está incompleta, já que, de acordo com informações prestadas pelo Ruraltins, Secretaria da
Agricultura e Naturatins, existem muitos produtores irrigantes, à margem de simples cadastramento
ou mesmo fora da outorga d’água, que cultivam pequenas áreas principalmente em horticultura.

O projeto e manejo de irrigação dos principais cultivos no Entorno do Lago devem ser precedidos pelo
conhecimento da demanda evapotranspirométrica das culturas em cada um de seus estádios de
desenvolvimento, caracterizados pelos dias pós-plantio (DAP). O Quadro 4.12 informa o Kc, relação
entre a evapotranspiração da cultura (ETc) e a evapotranspiração de referência (ETo), para as
culturas mais empregadas no Projeto São João em Porto Nacional e demais regiões do entorno.

Os Kc(s) são enquadrados por fase, em que as fases 1, 2 e 3 significam, respectivamente, da


emergência de plantas até 10% do desenvolvimento vegetativo, de 10 a 80% desenvolvimento
vegetativo e de 80 a 100% do desenvolvimento vegetativo e, finalmente, a fase 4 a qual corresponde
à maturação.

283
Quadro 4.11. Distribuição das áreas sob pivô-central (PV) e irrigação localizada (IL)
Municipio Latitude Longitude Metodologia Área (ha)
Aliança do Tocantins 11º 10' 28,692" S 48º 42' 33,710" W PV 59
Brejinho de Nazaré 11º 10' 41,070" S 48º 39' 53,858" W PV 73
Brejinho de Nazaré 11º 10' 00,000" S 48º 41' 43,130" W PV 68
Brejinho de Nazaré 11º 06' 51,663" S 48º 43' 04,908" W PV 78
Brejinho de Nazaré 10º 51' 26,345" S 48º 40' 25,164" W PV 99
Brejinho de Nazaré 11º 06' 56,348" S 48º 42' 04,206" W PV 75
Brejinho de Nazaré 11º 07' 06,380" S 48º 41' 31,688" W PV 90
Brejinho de Nazaré 11º 06' 31,832" S 48º 41' 42,923" W PV 104
Ipueiras do Tocantins 11º 06' 00,615" S 48º 30' 45,533" W PV 19
Ipueiras do Tocantins 10º 59' 09,069" S 48º 30' 32,590" W PV 108
Porto Nacional 10º 39' 36,961" S 48º 22' 58,645" W PV 85
Porto Nacional 10º 36' 44,952" S 48º 23' 14,679" W PV 39
Porto Nacional 10º 35' 14,386" S 48º 23' 08,813" W PV 47
Porto Nacional 10º 30' 34,041" S 48º 18' 26,646" W PV 118
Porto Nacional 10º 29' 48,908" S 48º 23' 06,095" W PV 57
Porto Nacional 10º 09' 43,328" S 48º 41' 01,550" W PV 126
Silvanópolis 11º 08' 21,056" S 48º 08' 54,119" W PV 50
Silvanópolis 11º 08' 07,683" S 48º 09' 16,942" W PV 25
Silvanópolis 11º 07' 20,874" S 48º 09' 17,320" W PV 60
Sub-total 1.381
Porto Nacional Projeto São João IL 3.361
Total 4.742
PV - Pivô Central; IL – Irrigação Localizada (Microaspersao e gotejamento)

Quadro 4.12. Coeficientes de cultura (Kc) em diferentes períodos ou fases, evapotranspiração


potencial (ETp) e evapotranspiração da cultura (ETc) em mm máximos diários
FASE 1 FASE 2 FASE 3 FASE 4 MD
Culturas Fonte
DAP Kc DAP Kc DAP Kc DAP Kc > Kc
Abacaxi Pontes (2002) 60 0,65 61-414 0,85 415-475 1,05 476-567 0,93 1,05
Banana Bassoi et al (2001) 240 0,70 241-360 1,10 241-360 1,1 241-360 1,10 1,10
Coco anão Santos, 2002 180 0,22 181-360 0,45 361-720 0,65 > 720 0,90 0,90
Goiaba Ferreira (2004) 67 0,74 68-109 0,84 110-172 0,82 173-193 0,72 0,84
Mamão Montenegro (2002) 114 0,54 115-260 0,87 115-260 0,91 - - 0,91
Manga Azevedo et al, (2002) - 0,71 - 0,71 - 0,71 - 0,71 0,71
Maracujá Alencar (2000) 76 0,39 77-121 0,64 122-166 0,89 167-196 1,06 1,06
Melancia Oliveira (1999) 23 0,41 24-36 0,90 37-55 1,36 56-70 0,71 1,36
Milho verde Mendes (1997) 30 0,71 31-60 1,10 61-90 0,95 61-90 0,95 0,95
DAP = Dias Após Plantio; MD – Máxima Demanda em função dos maiores Kc.

Uma das expressões utilizadas na prática para estimativa da evapotranspiração de referência (ETo) é
a de Blaney Cridlle modificada, ETo = 0,75. (0,24 + 0,0312. T). (0,457. T + 8,13). p, em que ETo é a
evapotranspiração de referência, em mm/dia; T é a temperatura média mensal do ar, em °C, e p é a
porcentagem de horas de luz solar (tabelada em função da latitude). As temperaturas médias
mensais foram obtidas a partir de dados registrados de temperaturas da estação de Porto Nacional
do Tocantins (INMET: 83064) e a porcentagem mensal de horas de luz para a latitude sul (-10,71°).

284
Simulou-se o manejo de irrigação da cultura abacaxizeiro, em que o maior Kc ocorreu quando DAP foi
igual a 416 dias. Se esta cultura fosse implantada em 15/03/2013, exemplificando, o manejo de sua
irrigação na fase 3 (período crítico) ocorreria a partir de 01/04/2014 ao se fazer uso do Kc igual a
1,05. Utilizando-se da tabela 21, p  0,27. A temperatura média (Tméd) do ar do dia 01/04, da
estação 83064, foi igual a 28,8°C relativa à média entre as temperaturas máxima (33,6°C) e mínima
(23,9°C) daquele dia. Ao substituir esses valores (p e Tméd) na fórmula de Blaney Cridlle, tem-se
ETo = 4,90 mm/dia e, desta forma, ETc = 5,14 mm/dia, pois que ETc = Kc.ETo. E, assim, procedeu-
se a simulação, de maneira similar, para as demais culturas (Quadro 4.13) do Entorno do Lago,
tendo como base as datas críticas (de maior Kc) relacionadas às datas de plantio intrínseca de cada
cultura.

Quadro 4.13. Evapotranspiração das culturas (mm/dia), em período crítico, para manejo da irrigação
em culturas do Entorno do Lago
Cultura Data p Tmax Tmin Tméd ETo Kc ETc
Abacaxi 1-abr-14 0,27 33,30 23,90 28,60 4,86 1,05 5,10
Banana 1º ano 12-dez-13 0,29 27,30 22,00 24,65 4,26 1,10 4,68
Coco 5-mai-14 0,26 34,10 24,10 29,10 4,80 0,90 4,32
Goiaba 22-jun-13 0,26 34,60 21,00 27,80 4,50 0,84 3,78
Mamão 8-ago-13 0,26 36,10 20,00 28,05 4,56 0,91 4,15
Manga 30-ago-13 0,26 38,70 24,10 31,40 5,35 0,71 3,80
Maracujá 30-set-13 0,27 38,50 5,10 21,80 3,37 1,06 3,57
Melancia 22-jun-13 0,26 34,60 21,00 27,80 4,50 1,36 6,12
Milho verde 15-ago-13 0,26 37,10 21,00 29,05 4,79 0,95 4,55

Em função da máxima demanda evaporimétrica (período crítico), devido à temperatura média do ar


(aproximados 30°C) ocorrida no mês de setembro de 2013 na estação de Porto Nacional e da
percentagem de horas de luz solar p ser igual a 0,27 relativa a este mes, a evapotranspiração da
cultura melancia (maior Kc) seria ETc = 7,07 mm diário pela fórmula de Blaney Cridlle. Este deve ser
o valor representativo da lâmina a ser adotada para projetos de irrigação no Entorno do Lago. Em
termos de vazão por hectare de culturas irrigadas, levando-se em consideração a duração da
irrigação igual a 10 horas e a eficiência do sistema ser igual a 80%, essa ETc corresponderia a 7,36
(7,07*10/0,8) m³/h ou 2,04 l/s.

A Embrapa disponibiliza o site www.agritempo.gov.br que emite boletins de necessidade de reposição


(Figura 4.9) de água pela chuva (no caso chuva artificial, logo irrigação) nos solos do Entorno do
Lago, quase que em tempo real, que auxilia em muito, quando da não disponibilidade de
instrumentos de medidas (do teor de umidade ou tensão matricial da água no solo), o manejo de
irrigação em função de uma simples contabilidade hídrica em solos.

Relativamente a esse boletim, é possível se fazer uma estimativa da “vazão unitária contínua”, a qual
expressa uma descarga fictícia proporcionada pelo sistema de irrigação empregado, trabalhando
ininterruptamente durante 24 horas diárias, durante o número de dias disponíveis para a irrigação e
no período de máxima demanda (GOMES, 2013). Se a alternativa média das culturas previstas for o
milho, exemplificando, cuja evapotranspiração potencial ETp = 7,6 mm/dia – clima quente – (KELLER
e BLIESNER, 1990, apud GOMES, 2013), a vazão contínua durante 9 dias (frequência de irrigação =
70/7,6), para um sistema com eficiência de 80%, seria de 1,10 L/s/ha. Se determinado agricultor
planta 4 ha, o manejo de seu equipamento de irrigação consistiria no controle de abertura da válvula
reguladora de vazão para 4,4 l/s. Uma forma simples de se manejar a irrigação, quando não se
dispõe de instrumentos de manejo adequados para se fazer balanço hídrico de solos, uma alternativa
para o agricultor irrigante que reside no campo e que já é uma rotina ter um celular com acesso à
internet.

285
Figura 4.9. Boletim sobre a necessidade hídrica de reposição por água no solo (em mm) no
Tocantins. Fonte: Agritempo, (www.agritempo.gov.br).

Após o diagnóstico das demandas de reposição hídrica para as condições climáticas na Bacia
Hidrográfica, foi necessário transformar este conhecimento em demandas hídricas para a Irrigação.

Inicialmente, a área irrigada conhecida na Bacia Hidrográfica de 4.742 ha foi divida pela área total da
bacia hidrográfica a fim de se estabelecer um coeficiente de área irrigada por área unitária da bacia.
Desse modo, foi possível estimar a real área irrigada em cada município total ou parcialmente
inserido na Bacia Hidrográfica. Posteriormente, com base na abrangência municipal de cada sub-
bacia, foram estimadas as áreas irrigadas em cada sub-bacia. Por fim, foi utilizada taxa de reposição
de 1,10 L/s (GOMES, 2013) por hectare para estimar a vazão demandada para a Irrigação em cada
sub-bacias.

A seguir, o Quadro 4.14 apresenta as áreas irrigadas por município da Bacia Hidrográfica e o
Quadro 4.15 apresenta, por sub-bacia, as áreas irrigadas e a vazão média necessária para a
irrigação das culturas tradicionais encontradas na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago.

Novamente, é importante ressaltar que essa estimativa visa a comparação com as vazões demandadas
já outorgadas. O objetivo é aproximar as demandas do cenário atual e discutir sobre a
representatividade da outorga e a necessidade de ações de cadastro e monitoramento da eficiência do
uso dos recursos hídricos na irrigação.

286
Quadro 4.14. Áreas irrigadas estimadas nos municípios da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago
Município A (km²) Área Irrigada (ha)
Aliança do Tocantins 762,4 190,6
Barrolândia 350,8 87,7
Brejinho de Nazaré 1631,7 407,8
Crixás do Tocantins 641,6 160,4
Fátima 380,7 95,2
Gurupi 267,9 67,0
Ipueiras do Tocantins 820,6 205,1
Lajeado 71,8 18,0
Miracema do Tocantins 1433,7 358,3
Monte do Carmo 2106,6 526,5
Nova Rosalândia 372,3 93,1
Oliveira de Fátima 204,5 51,1
Palmas 1228,2 307,0
Paraíso do Tocantins 909,9 227,4
Pindorama do Tocantins 75,0 18,7
Pium 31,7 7,9
Porto Nacional 4445,3 1111,1
Pugmil 396,8 99,2
Santa Rita Tocantins 756,7 189,1
Santa Rosa do Tocantins 1072,0 267,9
Silvanópolis 1009,0 252,2
Chapada da Natividade 0,2 0,1
Cristalândia 1,4 0,4
Monte Santo 1,2 0,3

Quadro 4.15. Áreas irrigadas e vazões estimadas nas Sub-bacias Hidrográficas do Entorno do Lago

Nome Area (km²) Área irrigada (ha) Vazão (L/s)


Rio Crixás 3.431,160 857,51 943,3
Ribeirão dos Mangues 2.792,337 697,93 767,7
Rio Areias 2.412,998 603,12 663,4
Rio Formiga 1.837,979 459,39 505,3
Córrego Santa Luzia 1.358,629 339,58 373,5
Rio Água Suja 1.017,757 254,38 279,8
Ribeirão Lajeado 710,402 177,56 195,3
Ribeirão Taquaruçu Grande 483,060 120,74 132,8
Ribeirão do Carmo 456,864 114,19 125,6
Rio Matança 387,698 96,90 106,6
Ribeirão Conceição 371,021 92,73 102
Ribeirão São João 323,619 80,89 89,00
Ribeirão Água Fria 101,339 25,33 27,9
Córrego Comprido 87,537 21,88 24,1
Córrego São João 81,899 20,47 22,5

287
4.3.3. Dessedentação animal
Como verificado na análise de outorgas disponibilizadas pelo Naturatins, a dessedentação animal
3
chama a atenção pela baixa vazão outorgada na região de estudo, 550,18 m /d, o que representa
apenas 0,40% da vazão outorgada na região do entorno da UHE Luis Eduardo Magalhães.

Com isso optou-se por fazer uma análise de demanda para dessedentação animal com os dados do
censo agropecuário do IBGE. Os dados mais recentes são de 2013, por município, para uma análise
de variação foram utilizados uma série de dez anos, desde 2004. Como a grade maioria dos
municípios que integram a região de estudo não está totalmente inseridos nela, para um cálculo mais
preciso do rebanho na região, foi utilizada a metodologia de considerar o percentual do rebanho que
corresponde a área do município inserida na região do entorno do reservatório da UHE Luis Eduardo
Magalhães, por exemplo, se o município tem 50% do seu território na área de estudo, então foi
considerado 50% do rebanho desse município, não é a forma mais precisa uma vez que a distribuição
do rebanho não é homogênea, mas pode dar uma aproximação aceitável.

Para determinação do volume de água necessário para cada tipo de rebanho, foram utilizados dados
da tabela abaixo, do manual de Outorga da Agência Nacional de Águas. No Quadro 4.16 são
apresentados os dados de consumo mínimo e máximo, sendo utilizados os valores mínimos e
máximos para estimar as demandas para dessedentação de cada tipo de rebanho.

Quadro 4.16. Valores de consumo para dessedentação animal, por tipo de rebanho (L/dia/animal)

Valor mínimo Valor máximo Média


Rebanho
(L/dia/animal) (L/dia/animal) (L/dia/animal)
Bovino de corte 20 80 50
Equinos e asininos 20 60 40
Caprinos e Ovinos 5 30 17,5
Suínos 5 35 20
Bubalinos 30 90 60
Frango de corte (L/dia/100 aves) 15 50 32,5

A análise foi feita para os rebanhos com dados disponíveis no IBGE, nesse caso foram os rebanhos
bovino, equino, bubalino, suíno, caprino, ovino e galináceo (frango de corte).

Rebanho Bovino

A pecuária de corte no Estado do Tocantins é uma atividade antiga e de grande relevância para a
economia regional. O Quadro 4.17 a seguir apresenta a série do rebanho bovino no entorno do
reservatório da UHE Luís Eduardo Magalhães.

Verifica-se aqui no período de 10 anos, de 2004 a 2013, o rebanho bovino tem diminuído na região,
em 2010 chegou a ser de aproximadamente 650.000 cabeças, e caiu para 606.000 cabeças em
2013. Um dos fatores que pode ter contribuído para esse declínio é o aumento da área plantada de
soja. Destaca-se os municípios de Porto Nacional, Paraíso do Tocantins, Monte do Carmo e
Miracema do Tocantins, com os maiores rebanhos na região.

O rebanho bovino na região de estudo estima-se aproximadamente em 606.000 cabeças, o que


demanda um consumo de água considerável. Considerando o consumo mínimo de 20L/dia/animal a
demanda hídrica é de 12.126, 94 m³/dia considerando o consumo máximo de 80L/dia/animal a
demanda hídrica é de 48.507,76 m³/dia.

288
Quadro 4.17. Efetivo dos rebanhos (Bovino) no entorno
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Aliança do Tocantins 33830 31588 32866 32393 35687 32890 33710 34674 34389 33089
Barrolândia 27802 27021 28554 29556 29506 29305 32461 28594 26801 27337
Brejinho de Nazaré 64553 67386 64024 69965 65379 67925 73903 61701 56408 52353
Chapada da Natividade 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4
Cristalândia 53 47 51 46 46 49 49 52 51 52
Crixás do Tocantins 23871 20504 24487 28109 27670 28692 29544 30016 27945 27370
Fátima 17647 17826 16656 16666 17161 18520 20730 20334 21273 20956
Gurupi 14994 13413 13021 15963 13165 13724 14274 15771 16085 15060
Ipueiras 14430 14365 16200 16240 17270 18440 15430 16900 18277 17960
Lajeado 1486 1504 1531 1373 1350 1463 1725 1688 1695 1553
Miracema 58293 52259 56516 65529 60933 65933 67509 63843 63196 66119
Monte do Carmo 50818 49831 50026 49482 47832 47902 48461 47330 46265 44395
Monte Santo 45 44 44 42 45 48 54 52 60 65
Nova Rosalândia 19647 13516 15481 15423 16773 16895 18348 17277 15672 16769
Oliveira de Fátima 12534 11908 10595 10386 9868 11410 12495 11341 10889 10032
Palmas 16609 17504 17427 15346 14837 14130 15432 16003 16358 15722
Paraíso do Tocantins 64059 59202 59976 63707 62370 59976 61799 60856 61666 64132
Pindorama 1644 1642 1786 1747 1765 1978 2203 2141 2445 2583
Pium 559 543 510 470 443 454 479 485 524 561
Porto Nacional 126220 118100 114490 109400 115600 113420 120980 119310 110798 107328
Pugmil 20080 19680 17590 16530 18210 17900 19290 19800 20270 20878
Santa Rita 17502 15980 17583 17451 17456 18124 18446 19905 19502 20072
Santa Rosa 16722 16384 14980 14793 13505 14502 16016 16687 16660 17605
Silvanópolis 24173 25420 29358 27011 25030 25794 27627 27370 28759 24351
Total 627576 595671 603754 617632 611907 619479 650970 632131 615992 606347

Rebanho Equino

O rebanho equino na região de estudo não é tão grande, mas tem demonstrado um crescimento de
quase 59% entre 2004 e 2013, com destaque para Porto Nacional, com crescimento de mais de
130% nesse período. O Quadro 4.18 a seguir mostra o rebanho equino na região de estudo, por
município.

O rebanho equino da região é de aproximadamente 20.000 cabeças. Considerando o consumo


3
mínimo (20L/dia/animal) a demanda hídrica é de 395,92m /dia e para o consumo máximo de
3
60L/dia/animal, a demanda hídrica é de 1.187,76 m /dia.

289
Quadro 4.18. Efetivo dos rebanhos (Equino) no entorno
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Aliança do Tocantins 603 598 579 569 579 569 723 868 953 980
Barrolândia 401 391 351 281 301 281 336 311 401 433
Brejinho de Nazaré 1332 1336 1341 1346 1336 1332 1327 1870 1552 1709
Chapada da Natividade 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Cristalândia 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Crixás do Tocantins 514 518 524 511 491 495 485 576 664 626
Fátima 337 342 347 342 461 476 486 548 237 634
Gurupi 282 287 284 287 295 296 353 466 490 485
Ipueiras 355 350 355 350 - 390 400 469 448 537
Lajeado 34 32 29 21 21 20 51 50 83 86
Miracema do Tocantins 700 673 593 673 695 636 1638 1641 1907 2058
Monte do Carmo 1100 1103 1106 1109 1395 1377 1348 1614 981 2011
Monte Santo do Tocantins 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1
Nova Rosalândia 428 424 420 417 413 405 344 382 375 408
Oliveira de Fátima 259 254 249 244 239 234 229 266 239 309
Palmas 433 464 482 441 378 405 460 540 493 621
Paraíso do Tocantins 1267 1197 1077 852 866 824 950 1021 1126 1184
Pindorama do Tocantins 47 47 47 46 47 48 48 53 38 64
Pium 8 8 8 8 8 7 8 8 9 9
Porto Nacional 2050 2060 2065 2060 2225 2450 2695 3220 3751 4853
Pugmil 400 405 410 405 400 370 435 460 470 502
Santa Rita do Tocantins 484 482 481 475 452 406 402 461 411 548
Santa Rosa do Tocantins 674 671 668 656 659 600 594 671 549 745
Silvanópolis 749 745 741 729 733 706 698 747 639 993
Total 12459 12388 12158 11824 11996 12326 14011 16243 15817 19796

Rebanho bubalino

Esse tipo de rebanho não é muito significativo na região de estudo, chega a 230 cabeças como pode
ser verificado no Quadro 4.19 a seguir. O destaque de rebanho fica para Porto Nacional e Monte do
Carmo em que concentram 44% do rebanho da região de estudo.

O consumo diário para o rebanho bubalino varia de 30 a 90 L/dia/animal, o que resulta na demanda
3 3
hídrica entre 6,93 m /dia a 20,79 m /dia.

290
Quadro 4.19. Efetivo dos rebanhos (Babulino) no entorno
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Aliança do Tocantins 10 - - - - 1 12 12 10 9
Barrolândia - - - - - - - - - -
Brejinho de Nazaré 14 14 11 9 28 38 43 35 29 23
Chapada da Natividade - - - - - - - - - -
Cristalândia 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Crixás do Tocantins 5 - - - - - - - - -
Fátima - - - - - - - - - -
Gurupi 5 18 23 24 37 45 34 14 14 13
Ipueiras - - - - - - - - - -
Lajeado - - - - - - - - - 8
Miracema do Tocantins 22 22 - 3 3 - - - - 13
Monte do Carmo 31 35 35 31 28 31 35 37 50 54
Monte Santo do Tocantins 0 0 0 - 0 0 0 0 0 0
Nova Rosalândia - - - - - - - - - -
Oliveira de Fátima - - - - - - - - - -
Palmas 7 11 13 11 9 - - 6 11 19
Paraíso do Tocantins 18 21 18 25 21 21 18 21 28 32
Pindorama do Tocantins 5 5 5 5 4 4 4 3 1 0
Pium 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Porto Nacional 65 60 55 50 45 40 40 35 45 48
Pugmil - - - - - - - - - -
Santa Rita do Tocantins - - - - - 2 2 3 1 -
Santa Rosa do Tocantins 6 6 6 6 6 3 3 1 - -
Silvanópolis - - - - - - - 7 9 12
Total 188 192 166 164 182 186 191 175 200 231

Rebanho suíno

O rebanho suíno da região de estudo estima-se em aproximadamente 31.000 cabeças e Porto


Nacional aparece com o maior rebanho com mais de 8.700 cabeças. Em 2004 eram pouco menos de
27.000 cabeças chegando a quase 33.900 em 2010 e a partir de então há uma tendência de
descrecimo. O Quadro 4.20 a seguir apresenta os números desse rebanho entre 2004 e 2013.

O consumo diário para o rebanho suíno varia de 5 a 35 L/dia/animal, o que resulta na demanda
3 3
hídrica entre 157,4m /dia a 1101,8m /dia.

291
Quadro 4.20. Efetivo dos rebanhos (Suíno) no entorno
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Aliança do Tocantins 627 661 646 675 699 709 765 818 920 957
Barrolândia 476 446 406 791 766 706 771 716 1403 1473
Brejinho de Nazaré 1445 1511 1573 1360 1294 1738 1771 2016 1919 2119
Chapada da Natividade 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Cristalândia 2 2 2 2 2 2 1 2 2 2
Crixás do Tocantins 537 557 567 544 491 498 518 564 658 565
Fátima 1140 1195 1254 1214 1190 1168 1150 1131 1030 933
Gurupi 452 459 452 466 480 494 706 720 734 695
Ipueiras 630 690 745 820 835 990 1070 1050 980 796
Lajeado 56 51 45 77 72 68 147 146 167 164
Miracema do Tocantins 916 862 743 1778 1756 1632 1972 1940 2144 2098
Monte do Carmo 3011 3067 3130 3193 6128 6185 6304 5937 3331 2996
Monte Santo do Tocantins 1 1 1 2 2 1 2 1 2 2
Nova Rosalândia 1391 1422 1453 1307 1162 1105 917 826 879 932
Oliveira de Fátima 647 696 756 676 667 686 721 704 692 498
Palmas 1366 1632 1695 1773 1598 1445 1817 2035 2051 2186
Paraíso do Tocantins 1563 1478 1387 3309 3041 2802 2703 2647 2605 2735
Pindorama do Tocantins 162 164 166 149 146 143 142 124 81 88
Pium 14 15 15 14 13 13 11 10 10 10
Porto Nacional 7480 7780 8090 7690 7840 7680 7830 7611 8365 8726
Pugmil 1210 1230 1255 1140 1160 1140 800 790 850 926
Santa Rita do Tocantins 1081 1061 1070 964 943 897 906 740 318 340
Santa Rosa do Tocantins 1027 1048 1069 968 985 962 979 907 882 972
Silvanópolis 1739 1778 1813 1907 1942 1840 1875 1748 1208 1266
Total 26974 27804 28331 30817 33213 32904 33879 33183 31230 31479

Rebanho Caprino

Esse rebanho é bastante pequeno na região de estudo, entorno de 2650 cabeças e tem descrecido
acentuadamente desde 2004 quando eram quase 3400 cabeças, uma redução de aproximadamente
22%. Destaque para Porto Nacional e Monte do Carmo que juntos detêm aproximadamente 38% do
rebanho da região. O Quadro 4.21 a seguir mostra a distribuição desse rebanho no entorno do
reservatório.

O consumo diário para o rebanho caprino varia de 5 a 30 L/dia/animal, o que resulta na demanda
3 3
hídrica entre 13,28 m /dia a 79,71 m /dia.

292
Quadro 4.21. Efetivo dos rebanhos (Caprino) no entorno
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Aliança do Tocantins 82 87 82 77 72 77 68 68 82 97
Barrolândia 18 18 15 15 15 15 30 30 40 42
Brejinho de Nazaré 453 458 463 468 420 416 425 198 53 59
Chapada da Natividade 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Cristalândia 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Crixás do Tocantins 46 39 43 46 39 46 36 41 33 39
Fátima 188 183 188 193 188 178 183 89 54 57
Gurupi 5 7 8 10 11 13 17 16 17 22
Ipueiras 60 65 70 75 - 65 70 35 69 85
Lajeado 6 6 5 20 11 10 6 5 9 9
Miracema do Tocantins 216 205 189 162 156 145 111 113 86 100
Monte do Carmo 553 556 559 563 996 993 996 774 460 459
Monte Santo do Tocantins 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Nova Rosalândia 115 118 122 126 122 115 122 115 130 135
Oliveira de Fátima 129 134 139 129 109 99 95 75 3 3
Palmas 195 216 232 355 315 328 266 262 303 363
Paraíso do Tocantins 253 246 225 211 232 211 422 387 352 358
Pindorama do Tocantins 7 7 7 7 7 7 8 7 5 5
Pium 3 3 3 3 3 2 1 1 1 1
Porto Nacional 700 720 730 710 700 630 640 620 519 551
Pugmil 45 50 55 50 45 40 45 50 60 62
Santa Rita do Tocantins 198 197 196 190 182 161 159 118 26 26
Santa Rosa do Tocantins 21 24 27 24 21 18 21 17 12 4
Silvanópolis 94 97 101 109 105 109 113 139 211 179
Total 3386 3438 3460 3543 3753 3681 3834 3159 2525 2657

Rebanho Ovino

Esse rebanho compreende a aproximadamente 13.600 cabeças e com grande crescimento desde
2004, com um aumento de mais de 90% nesse período. Porto Nacional responde por mais de 30% do
rebanho. O Quadro 4.22 a seguir apresenta a evolução do rebanho na região do entorno do
reservatório.

O consumo diário para o rebanho ovino varia de 5 a 30 L/dia/animal, o que resulta na demanda
3 3
hídrica entre 68,21 m /dia a 409,23 m /dia.

293
Quadro 4.22. Efetivo dos rebanhos (Ovino) no entorno
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Aliança do Tocantins 313 328 338 323 362 386 530 649 756 547
Barrolândia 90 85 80 266 260 240 396 366 476 507
Brejinho de Nazaré 623 628 623 619 614 661 671 852 700 701
Chapada da Natividade 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Cristalândia 1 1 1 1 1 1 0 0 1 1
Crixás do Tocantins 269 282 285 288 262 269 419 449 518 533
Fátima 119 114 109 114 173 188 198 284 277 238
Gurupi 141 138 134 137 155 158 217 212 222 221
Ipueiras 140 135 130 125 - 125 130 112 67 76
Lajeado 7 8 8 10 7 7 47 47 48 51
Miracema do Tocantins 404 393 356 862 851 776 1137 1131 1110 1460
Monte do Carmo 559 563 556 553 1367 1364 1351 1250 818 969
Monte Santo do Tocantins 1 0 0 1 1 1 1 1 1 1
Nova Rosalândia 168 172 168 164 161 157 168 183 214 222
Oliveira de Fátima 95 90 85 90 85 75 70 179 224 192
Palmas 191 225 216 325 268 288 362 434 510 1068
Paraíso do Tocantins 845 810 704 1162 1197 1084 1633 1570 1549 1497
Pindorama do Tocantins 5 5 5 5 5 5 6 9 8 18
Pium 2 2 2 2 5 6 6 6 5 5
Porto Nacional 2600 2615 2630 2600 2480 2735 2895 3470 4278 4214
Pugmil 120 115 110 125 190 185 220 250 280 287
Santa Rita do Tocantins 173 171 168 172 171 184 188 214 237 244
Santa Rosa do Tocantins 175 172 169 175 255 240 237 212 261 244
Silvanópolis 47 51 47 55 99 117 117 150 293 346
Total 7088 7102 6924 8172 8968 9252 11001 12031 12852 13641

Rebanho de galináceos

O rebanho de galináceos tem aumentado consideravelmente entre 2004 e 2013, de 298.000 a


483.000 aproximadamente, nesse periódo, o que representa um aumento de aproximadamente 62%,
com destaque para Porto Nacional que detem aproximadamente 30% do rebanho. O Quadro 4.23 a
seguir apresenta a evolução do rebanho ao longo do período, por município, na região do entorno do
reservatório.

O consumo diário para o rebanho de galináceos varia de 15 a 50 L/dia/100 aves, o que resulta na
3 3
demanda hídrica entre 72,52 m /dia a 241,75 m /dia.

294
Quadro 4.23. Efetivo dos rebanhos (Galináceos) no entorno
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Aliança do Tocantins 6366 6173 6076 6269 6366 6462 6655 8006 8142 8381
Barrolândia 5861 5761 5310 4333 4308 4108 4448 4213 7013 7224
Brejinho de Nazaré 15017 18020 20901 18813 19172 21467 22534 21349 16790 14392
Chapada da Natividade 2 3 3 3 3 3 2 2 2 2
Cristalândia 13 15 18 16 15 15 14 13 13 13
Crixás do Tocantins 4455 4192 4324 4127 3930 4061 4455 4717 5378 5915
Fátima 12710 13473 14009 12601 11966 11372 11034 107172 107735 8090
Gurupi 5902 5648 5789 5619 5648 5577 4942 4991 4891 4647
Ipueiras 4920 4680 4820 4340 4130 4200 4320 4650 5285 5014
Lajeado 844 788 709 687 585 547 1267 1238 1546 1542
Miracema do Tocantins 19099 17887 16163 40622 41161 40083 101017 100747 17650 56979
Monte do Carmo 22207 21767 22200 21088 20654 19611 19806 19826 20401 25129
Monte Santo do Tocantins 12 12 11 10 9 8 10 9 10 11
Nova Rosalândia 8363 8104 8509 7660 6896 6345 6613 6995 7645 8493
Oliveira de Fátima 6158 6277 6406 5770 5650 5531 5640 5097 4381 62869
Palmas 19238 20285 21032 22749 20977 21657 21408 20708 19761 20129
Paraíso do Tocantins 36324 34141 32030 49804 47678 48995 52909 49171 54908 60949
Pindorama do Tocantins 1492 1522 1552 1319 1385 1343 1357 1111 886 781
Pium 229 218 220 187 168 152 140 137 143 153
Porto Nacional 85800 87380 89130 75760 78100 68728 72160 81624 79469 152966
Pugmil 8070 7910 7990 7190 7040 6690 6500 6300 7000 7718
Santa Rita do Tocantins 8221 8057 7976 7010 6659 6325 6452 16482 22224 17066
Santa Rosa do Tocantins 11368 11593 11709 9955 10154 9344 9439 8080 6624 7318
Silvanópolis 15891 16203 16527 14129 13849 12741 12866 11002 8013 7709
Total 298562 300109 303413 320062 316505 305364 375986 483639 405909 483490

As séries históricas dos diferentes tipos de rebanhos serão importantes para o estabelecimento de
tendência na Fase B – Prognóstico da Bacia, enquanto que para o diagnóstico das demandas para as
atividades de Dessedentação Animal, foram utilizados os dados mais atuais (2013) dos rebanhos nos
municípios do Entorno do Lago. O Quadro 4.24 apresenta um resumo dos rebanhos municipais.

A partir dos rebanhos municpais, utilizando o percentual de abrangência municipal de cada sub-bacia
e as demandas médias diárias de cada tipo de rebanho, foram estimadas as vazões demandadas
para a atividade de Dessedentação Animal nas Sub-bacias Hidrográficas do Entorno do Lago da UHE
Luis Eduardo Magalhães. O Quadro 4.25 apresenta os resultados para as Sub-bacias Hidrográficas.

Analisando o Quadro 4.25 é possível perceber claramente a grande discrepância entre as vazões
demandadas outorgadas e estimadas para a atividade de Dessedentação Animal. Com base no
conhecimento sobre o número de cabeças por rebanho dos municípios, concluiu-se que tal
discrepância é resultado da falta de informação dos usuários, distância ao órgão gestor e ausência ou
falta de eficiência na fiscalização do licenciamento ambiental dessas atividades nos municípios.

295
Quadro 4.24. Rebanhos nos municípios total ou parcialmente inseridos na Bacia Hidrográfica (2013)
Município Bovinos Equinos Bubalinos Suínos Caprinos Ovinos Galináceos
Aliança do Tocantins 33089 980 9 957 97 547 8381
Barrolândia 27337 433 1473 42 507 7224
Brejinho de Nazaré 52353 1709 23 2119 59 701 14392
Crixás do Tocantins 27370 626 565 39 533 5915
Fátima 20956 634 933 57 238 8090
Gurupi 15060 485 13 695 22 221 4647
Ipueiras do Tocantins 17960 537 796 85 76 5014
Lajeado 1553 86 8 164 9 51 1542
Miracema 66119 2058 13 2098 100 1460 56979
Monte do Carmo 44395 2011 54 2996 459 969 25129
Nova Rosalândia 16769 408 932 135 222 8493
Oliveira de Fátima 10032 309 498 3 192 62869
Palmas 15722 621 19 2186 363 1068 20129
Paraíso do Tocantins 64132 1184 32 2735 358 1497 60949
Pindorama 2583 64 88 5 18 781
Pium 561 9 10 1 5 153
Porto Nacional 107328 4853 48 8726 551 4214 152966
Pugmil 20878 502 926 62 287 7718
Santa Rita Tocantins 20072 548 340 26 244 17066
Santa Rosa 17605 745 972 4 244 7318
Silvanópolis 24351 993 12 1266 179 346 7709

Quadro 4.25. Vazão demandada estimada (L/s) para dessedentação animal nas Sub-bacias
Hidrográficas do Entorno do Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães

Sub-bacia Area (km²) Vazão (L/s)


Rio Crixás 3.431,160 489,6
Ribeirão dos Mangues 2.792,337 451,9
Rio Areias 2.412,998 201,7
Rio Formiga 1.837,979 133,4
Córrego Santa Luzia 1.358,629 262,0
Rio Água Suja 1.017,757 83,3
Ribeirão Lajeado 710,402 129,7
Ribeirão Taquaruçu Grande 483,060 24,2
Ribeirão do Carmo 456,864 42,0
Rio Matança 387,698 35,6
Ribeirão Conceição 371,021 43,7
Ribeirão São João 323,619 22,4
Ribeirão Água Fria 101,339 5,1
Córrego Comprido 87,537 4,4
Córrego São João 81,899 7,5

296
4.3.4. Recreação e Lazer
As praias dos rios Tocantins e Araguaia são muito frequentadas na época de junho a agosto, quando
o nível dos rios abaixam e as águas ficam mais limpas, sem sedimentos que normalmente são
carreados na época de chuva. Nesse período, chamado de temporada de praias, muitas pessoas se
deslocam para passar o dia nesses locais ou até acampam e passam até 30 dias nas praias.

Essas praias podem se formar a partir de bancos de areia nas márgens dos rios ou, com a diminuição
dos níveis d´água, pela formação de ilhas no meio dos corpos hídricos. Com isso, essas praias ficam
“disponíveis” ao público na época de seca, entre maio/junho a setembro/outubro. Com a formação do
reservatório essa dinâmica mudou um pouco, houve a estabilização do nível d´água, passando-se de
um ambiente aquático lótico para um lêntico, com isso algumas praias ficaram submersas e a
empresa geradora de energia, responsável reservatório, acabou construindo e abrindo novas praias,
por exemplo, a orla de Porto Nacional foi toda reconstruída e a praia de Porto Real, que é uma ilha,
teve sua cota aumentada para que tivesse as mesmas características de quando o corpo hídrico era
um rio.

As praias dos municípios de Ipueiras e Brejinho de Nazaré, por estarem no início do reservatório não
tiveram as características de ambiente lótico tão alteradas, verifica-se uma correnteza relativamente
forte nesses locais, por outro lado, não há uma estabilidade das margens, com isso há a necessidade
de repor a area da praia em Brejinho de Nazaré, no caso da praia da Amizade em Ipueiras, não há
uma faixa de areia, e sim um pequeno barranco em que se faz o acesso à água.

A temporada de praias faz parte da cultura do Tocantinense, é um evento aguardado anciosamente


pela comunidade, principalmente em cidades menores. As prefeituras sempre montam estrutura física
para barracas de comida, com água e energia, banheiros e camping. Também há investimento em
programações culturais e espetáculos de bancas locais e nacionais. Isso invariavelmente é usado
pelo município para atrair mais turístas e ajudar a movimentar a economia local. Alguns desses
espetáculos podem reunir mais de 30.000 pessoas, como na praia de Porto Real em Porto Nacional.

Também há locais mais afastados em que as pessoas levam toda a infraestrutura, chamados de
acampamentos, alguns grupos levam até geradores de energia e acampam durante todo o período
de férias em julho.

Com a mudança do ambiente aquático de lótico para o lêntico devido à formação do reservatório, o
período de retenção das águas ficou muito maior, já que a correnteza, renovava a água quase que
instantaneamente, isso era um dos grandes atrativos das praias quando eram em rios, a boa
qualidade da água. Ao mesmo tempo era hábito comum por parte de turístas e banhistas jogarem lixo
na água, que era carreado à jusante pela correnteza da água e o mesmo acontecia com os efluentes
sanitários gerados por banheiros e barracas de comida. Como o rio, dado seu porte, tem uma grande
capacidade de autodepuração, associado ao fato de que até então o fluxo de turístas não era tão
grande, questões de qualidade da água e geração de lixo não eram questões que afetavam tanto o
bem estar do usuário desses locais.

Essa situação mudou com a formação do reservatório em 2002, na época houve muitas reclamações
por parte dos turístas e banhistas dessas praias. A primeira percepção do usuário foi em relação à
qualidade da água, com o maior tempo de renovação e o acúmulo de lixo e de efluentes gerados
nesses locais houve um comprometimento da qualidade da água. Em algumas praias, restos de
comida eram foco de atração de piranhas, e nos primeiros anos das praias no reservatório houve
vários registros de ataques a banhistas. Com isso várias prefeituras colocaram cercas na água para
evitar a aproximação desses peixes.

O ocorrido na praia da Graciosa demonstra bem esse fenômeno, na reconstrução da praia foi feito um
enrocamento para delimitar a praia, o que fez com que o tempo de renovação da água fosse maior

297
ainda e consequentemente sua deterioração também, o que levou à retirada desse enrocamento para
aumentar o fluxo e renovação da água.

Pelo que foi levantado nas cidades do entorno do reservatório, muito mais do que a qualidade da
água, o grande problema enfrentado pelas prefeituras municipais é o lixo gerado pelos turístas
nessas praias, principalmente nas mais afastadas em que são montados acampamentos.
Representantes de algumas prefeituras alegam que não tem estrutura para fiscalizar e que o órgão
ambiental raramente aparece. Tem-se investido muito na conscientização dos turístas para que
recolham seu lixo e o depositem em local adequado ao irem embora, mas mesmo assim há muitas
reclamações por parte das prefeituras do lixo gerado nesses locais.

Outra atividade de lazer associada ao uso da reservatório é a pesca esportiva. Essa atividade pode
movimentar fortemente a economia, existem vários locais no reservatório que servem como apoio
para esse tipo de atividade, muitas vezes quem oferece serviços nessa atividade são os pescadores
profissionais. Como foi verificado no município de Lajeado, há locais a jusante da barragem em que
os turístas fazem de ponto de apoio e foi verificado uma grande quantidade de lixo.

O corpo de bombeiros do Estado Tocantins desenvolveu uma metodologia avaliação de risco aos
frequentadores (PORTARIA N° 014/2015/SEGER, de 29 de maio de 2015), considerando os
seguintes critérios: número de banhistas; acesso; profundidade da área de banho; presença de
correnteza; tráfego de embarcações; obstáculos naturais; histórico de ataque de animais aquáticos e
extensão da praia, para as principais praias do Tocantins. A nota varia de 2,0 a 10,0, sendo que
quanto maior a nota, maior o risco, para intervalos de notas foram relacionados 5 níveis de risco de I
a V.

A seguir são apresentadas algumas das principais praias do entorno do reservatório da UHE Luís
Eduardo Magalhães, por município. A avaliação de risco é colocada para as praias que foram
avaliadas pelo corpo de bombeiros.

Palmas

Praia da Graciosa

Localizada na saída para Paraíso do Tocantins, ao lado da ponte Fernando Henrique Cardoso, foi
totalmente reconstruída com o enchimento do reservatório. É uma praia em que não há muitos
banhistas, mas tem uma orla bem movimentada, com restaurantes, dois deles flutuantes, área de
lazer para crianças e agora um espaço para aluguel de caiaques e stand up, atividades de lazer
nauticas que tem atraído muitas pessoas na temporada de praia de 2015.

Nessa praia também se localiza uma pequena marina, com várias embarcações, inclusive flutuantes
que fazem passeios pelo reservatório. Esses flutuantes tem capacidade de até 30 pessoas, e durante
os finais de semana e na temporada de praia são bastante requisitados. Tanto a capitania dos portos
quanto a concessionária de energia expressaram preocupação sobre esse local de trafego intenso de
embarcações e dificuldades em respeitar a sinalização.

O nível de risco da praia da Graciosa, segundo o corpo de bombeiros, é nível I, de baixíssimo risco.

Praia do Prata

Essa praia tem um grande número de banhistas, tem várias barracas de comida e bebidas, também
recebe um grande número de visitantes durante a temporada de praia e aos finais de semana. O
acesso é mais difícil, não há ônibus e tem um trecho sem asfalto.

O nível de risco da praia do Prata, segundo o corpo de bombeiros, é nível II, de baixo risco.

298
Praia do Cajú

Localizada na foz do ribeirão Taquaruçu, é uma praia menor e com acesso mais difícil, já que tem um
trecho sem asfalto. A infraestrutura é mais precária do que na praia do Prata e da Graciosa.

O nível de risco da praia do Cajú, segundo o corpo de bombeiros, é nível II, de baixo risco.

Praia das Arnos

Talvez seja a praia mais frequentada da cidade no período de férias e aos finais de semana,
localizadana região norte da cidade, próximo às quadras mais densamente provoadas do plano
diretor de Palmas, faz com que seja amplamente frequentada. A infraestrutura não é tão completa
quanto a da Graciosa, além disso, fica a jusante da foz do Ribeirão Água Fria, em que se localiza ums
estação de tratamento de esgotos, o que provoca um risco maior de contaminação da água.

O nível de risco da praia das Arnos, segundo o corpo de bombeiros, é nível II, de baixo risco.

Ilha Canela

Ilha artificial particular no meio do reservatório, tem uma praia com uma infraestrutura de restaurante.
O acesso é feito por embarcações de médio porte com capacidade de até 60 pessoas, também muito
visitada por turistas.

Porto Nacional

Praia de Porto Real

Praia tradicional de Porto Nacional, é uma ilha no meio do reservatório. A prefeitura coloca uma
grande infraestrutura na temporada de praia, que incluem camping, banheiros, barracas de comida e
um grande palco para apresentações musicais. A praia gera um grande impacto na economia local
nos meses de julho a cada ano, familias acampam e o fluxo de turístas é grande durante toda a
temporda.

O nível de risco da praia de Porto real, segundo o corpo de bombeiros, é nível IV, de alto risco.

Praia Porto Luzimangues

Com o desenvolvimento urbano na extremidade da região próxima à ponte de acesso a Palmas,


conhecida como Luzimangues, a prefeitura de Porto Nacional investiu em infraestrutura de um
balneário às margens do reservatório ao lado da ponte que dá acesso a Palmas, o que tem atraído
um grande número de pessoas da região e de Palmas.

O nível de risco de Porto Luzimangues, segundo o corpo de bombeiros, é nível II, de baixo risco.

Brejinho de Nazaré

Praia do Croá

Praia tradicional de Brejinho de Nazaré, como as outras, recebe infraestrutura da prefeitura para
melhor receber turistas e banhistas.

299
Ipueiras

Praia da Amizade

Uma das principais praias da região, recebe um grande fluxo de turistas, também é local de acesso a
outras praias que ficam em ilhas próximas a esse local. Por estar no início do reservatório, ainda está
sob influência de correntezas do rio Tocantins.

Lajeado

Balneário Ilha Verde

Localizado no perímetro urbano da cidade de Lajeado, é um local tradicional que recebe grande
número de turistas. Local foi reformado com recursos da concessionária de energia que opera a UHE
Luís Eduardo Magalhães no início dos anos 2000. É um balneário que se localiza em afluente do
reservatório, o rio Lajeado e sua foz é a jusante do reservatório. Como há uma grande variação no
nível do rio durante o período de cheia, boa parte da areia do balneário é carreada pela água, o que
faz com que a prefeitura a reponha todo ano antes do inicio da temporada de praia, isso levou a um
processo de assoreamento do rio, que deve ser dragado periodicamente.

4.4. Balanço Hídrico de Disponibilidades e Demandas


Finalizado o diagnóstico das vazões demandadas outorgadas e o cálculo das vazões demandadas
estimadas, procedeu-se ao balanço hídrico das disponibilidades VS demandas, em cada sub-bacia.

Para fins de comparação e cálculo do balanço hídrico, foram utilizadas as vazões médias de longa
duração (Qmld) e as vazões mínimas de referência para o processo de outorga no Tocantins (Q 90)
estimadas para cada sub-bacia. O comprometimento da disponibilidade hídrica foi então calculado
com base na relação entre as vazões demandadas estimadas e outorgas com as vazões médias e
mínimas de referência nas Sub-bacias do Entorno do Lago.

O Quadro 4.26 apresenta a área de drenagem, as vazões médias (Qmld) e mínimas de referência
(Q90), as vazões demandadas estimadas e outorgadas e o comprometimento das demandas atuais
em relação a disponibilidade média e mínima em cada sub-bacia.

Percebe-se, analisando o Quadro 4.25 que as sub-bacias as três sub-bacias de Palmas já possuem
outorgadas vazões maiores que as vazões outorgáveis no Tocantins, 75% da Q90. Considerando-se
as vazões demandadas estimadas, o problema surge também na Sub-bacia do Córrego São João,
em Porto Nacional.

Apesar destes indicadores terem sido gerados a apartir de estimativas de disponibilidade hídrica, é
um forte indicativo de alerta nestas sub-bacias, próximas dos centros urbanos de Palmas e Porto
Nacional.

Os mapas apresentados nas Figuras 4.10 e 4.11 ilustram o comprometimento da disponibilidade


hídrica de referência (Q90) frente às vazões demandadas outorgadas e estimadas, respectivamente.

300
Quadro 4.26. Balanço hídrico entre disponibilidades e demandas outorgadas e estimadas e comprometimento (%) da disponibilidade hídrica média e de referência
nas Sub-bacias Hidrográficas do Entorno do Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães

Estimado Outorgado
Id Sub-Bacia Qmld (m³/s) Q90 (m³/s) Estimado (m³/s) Outorgado (m³/s)
Qmld Q90 Qmld Q90

1 Córrego Comprido 0,884 0,093 0,1652 0,1781 18,68% 177,46% 20,14% 191,36%

2 Ribeirão Água Fria 1,654 0,174 0,2273 0,1983 13,74% 130,57% 11,99% 113,89%

3 Ribeirão Taquaruçu Grande 7,538 0,793 0,9076 0,7646 12,04% 114,39% 10,14% 96,37%

4 Ribeirão Conceição 6,636 0,699 0,1471 0,1053 2,22% 21,06% 1,59% 15,07%

5 Córrego São João 1,556 0,164 0,1581 0,0056 10,16% 96,52% 0,36% 3,42%

6 Rio Crixás 62,803 6,611 1,4604 0,1921 2,33% 22,09% 0,31% 2,91%

7 Rio Água Suja 17,858 1,880 0,4079 0,0510 2,28% 21,70% 0,29% 2,71%

8 Ribeirão São João 5,291 0,557 0,1153 0,0072 2,18% 20,70% 0,14% 1,29%

9 Ribeirão do Carmo 7,253 0,763 0,1776 0,0080 2,45% 23,27% 0,11% 1,05%

10 Rio Areias 44,236 4,656 0,9059 0,0284 2,05% 19,45% 0,06% 0,61%

11 Rio Matança 6,701 0,705 0,1444 0,0030 2,15% 20,47% 0,04% 0,43%

12 Ribeirão dos Mangues 48,772 5,134 1,2697 0,0207 2,60% 24,73% 0,04% 0,40%

13 Córrego Santa Luzia 23,622 2,487 0,6399 0,0006 2,71% 25,73% 0,00% 0,02%

14 Ribeirão Lajeado 12,901 1,358 0,3263 0,0003 2,53% 24,03% 0,00% 0,02%

15 Rio Formiga 34,723 3,655 0,6450 0,0000 1,86% 17,65% 0,00% 0,00%

301
Figura 4.10. Comprometimento atual (%) da vazão mínima de referência Q 90 com base nas
demandas outorgadas nas Sub-bacias Hidrográficas do Entorno do Lago da UHE
Lajeado.

302
Figura 4.11. Comprometimento atual (%) da vazão mínima de referência Q 90 com base nas
demandas estimadas nas Sub-bacias Hidrográficas do Entorno do Lago da UHE
Lajeado.

303
4.5. Aproveitamento Hidrelétrico
O Aproveitamento Hidrelétrico para geração de energia merece destaque entre os usos múltiplos da
Bacia Hidrográfica por constituir o marco histórico que criou o reservatório no Rio Tocantins após a
instalação do barramento da UHE Luis Eduardo Magalhães, em 2001. Foi essa atividade que apontou
a necessidade de uma gestão integrada dos recursos hídricos específica para a Bacia Hidrográfica do
Entorno do Lago. Dessa forma, especificamente neste Plano de Bacia, foi necessário um diagnóstico
completo sobre as características deste aproveitamento hidrelétrico de grande porte.
Primeiramente, é importante relembrar que o uso dos recursos hídricos para fins de geração de
energia, por meio de hidrelétricas, é de grande relevância socioeconômica para o Brasil, uma vez que
tem-se uma matriz energética predominantemente estruturada na hidroeletricidade. Isso porque entre
as tecnologias de produção de energia elétrica, a hidrelétrica é a que apresenta maior eficiência no
processo de conversão energética. As perdas no processo de conversão concentram-se nos circuitos
hidráulicos de adução e no grupo gerador (turbina e gerador). Atualmente o rendimento de um grupo
gerador já supera os 92%, devido aos avanços tecnológicos (OLIVEIRA, 2012).
Historicamente a implantação de empreendimentos hidrelétricos, com seus respectivos reservatórios,
estabeleceram importantes impactos qualitativos e quantitativos nos ecossistemas aquáticos de um
grande número de bacias hidrográficas do Brasil, mas após a PNRH (Lei N° 9.433/97) os reservatórios
deixaram de ser restritos ao aproveitamento hidrelétrico e tornaram-se de usos múltiplos.
Seja de grande ou pequeno porte, atualmente os reservatórios são destinados a múltiplos usos:
geração de energia, abastecimento, saneamento (lançamento de efluentes), irrigação, transporte
(hidrovias), recreação e turismo, criação de peixes (aquicultura) e etc. Nesse contexto, houve uma
grande diversificação dos usos, ampliando sua importância socioeconômica e introduzindo
complexidade à gestão dos recursos hídricos, principalmente em relação aos conflitos entre usuários.
Atualmente a capacidade instalada de hidrelétricas no país é de 90.059.489 kW, com 1.175 usinas
em operação, o que corresponde a 65,75% da capacidade instalada nacional que totaliza
136.977.090 kW. Acrescenta-se que estão em construção 49 empreendimentos hidrelétricos que
adicionarão o montante de 15.697.797 kW no sistema.
No Estado do Tocantins, a capacidade instalada é de 1.909.357,71 kW, equivalente a 1,39% da
capacidade instalada nacional. No Plano Decenal de Expansão de Energia - PDEE 2023, do
Ministério de Minas e Energia – MME (PDEE-2023, 2014), a previsão do crescimento médio anual da
carga pesada no Estado do Tocantins, no período de 2014 – 2023, é da ordem de 4,5%.
A Bacia Hidrográfica está inserida na Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia (RHTA). A RHTA é
a segunda maior do país em potencial hidroenergético instalado com 11.563 MW (16% do país) e tem
importantes rios navegáveis com destaque para o rio Tocantins. A presença, abundância e utilização
dos recursos naturais conferem à região um relevante papel no desenvolvimento do país. A região já
é palco de um dinâmico processo de desenvolvimento socioeconômico, que deverá se intensificar
nas próximas décadas e que tem nos recursos hídricos um dos seus eixos (ANA, 2015).
Segundo OLIVEIRA (2012), cabe acrescentar ainda que, mesmo sendo significativo o potencial
hidráulico a aproveitar no país, em biomas da Amazônia e Cerrado, as restrições para expansão
hidrelétrica, principalmente estruturada em grandes aproveitamentos (UHEs), são várias:

O potencial a aproveitar, concentrado basicamente nas regiões Norte e Centro-Oeste, esbarra


em relevantes barreiras de caráter ambiental, como o relevo pouco favorável (planícies),
solicitando o alagamento de grandes áreas para o reservatório, com combinação de baixas
quedas e grandes vazões afluentes. Acrescenta-se as limitações geográficas impostas pelas
reservas indígenas e a necessidade de preservação e conservação da biodiversidade;

304
A necessidade de ampliação do sistema de transmissão para as regiões Norte e Centro –
Oeste. No Brasil, hoje, as perdas médias na alta tensão não excedem a 4% do volume de
energia transmitida (EPE, 2007). Sendo assim, o maior desafio, em termos tecnológicos das
linhas de transmissão, está em superar as grandes distâncias entre os parques de geração e
os mercados consumidores, a necessidade de vencer as restrições do relevo, transposição
através de grandes rios e áreas indígenas;
A potencial redução na disponibilidade dos recursos hídricos para a geração de energia,
devido à garantia do uso múltiplo da água frente às outras modalidades de demanda;
A necessidade de viabilizar o desenvolvimento do parque energético nacional baseado num
modelo de expansão holística, estruturado com outras fontes de energia, com peculiar
atenção para o período de transição de uma matriz baseada na hidroeletricidade para uma
matriz integrada com outras fontes de energia elétrica, alternativas e renováveis.

A geração de energia, apesar das perdas significativas por evaporação, é um uso não consuntivo da
água e os desafios se concentram nos seus impactos ambientais negativos, principalmente devido ao
alagamento de áreas para a construção dos reservatórios. Esses impactos estão relacionados, dentre
outro fatores, com a inundação dos territórios, qualidade da água armazenada, tempo de retenção do
reservatório, microclima e a compartimentação do curso d’água (parte alta, média ou baixa).

Sendo assim, o presente Plano de Bacia considera estratégico o uso dos recursos hídricos no Rio
Tocantins para fins de Geração de Energia para as gerações presentes e futuras, pois o
desenvolvimento de uma região depende intimamente da disponibilidade de energia para tal, bem
como para resguardar a qualidade de vida da população. A UHE Luis Eduardo Magalhães tem uma
importância não só regional (Região Norte), mas também Nacional, ao passo que integra o Sistema
Interligado Nacional há restrições para implantação de novas usinas de grande porte no Brasil.

4.5.1. UHE Luis Eduardo Magalhães


O contrato ANEEL nº 05/97 (Contrato de Concessão de Uso de Bem Público, para Exploração de
Aproveitamento Hidrelétrico e Sistema de Transmissão Associado), referente ao processo nº
48100.001551/97-77, regulou a exploração, pelas Concessionárias, do potencial de energia hidráulica
localizado no Rio Tocantins, definido pelas coordenadas geográficas 9°45’26” Sul e 48°22’17” Oeste,
nos municípios de Lajeado e Miracema do Tocantins, denominado Aproveitamento Hidrelétrico Luis
Eduardo Magalhães, com potência instalada mínima de 902,5 MW, bem como do respectivo Sistema de
Transmissão Associado, que inclui uma linha de transmissão de aproximadamente 40 km, conectada na
tensão de 500 kV na subestação de Miracema, cuja concessão foi outorgada pelo Decreto de 15 de
dezembro de 1997, e transferida pela Resolução ANEEL nº 95, de 13 de abril de 2000.

O Consórcio Usina Lajeado (Luis Eduardo Magalhães) é formado pelas empresas discriminadas no
Quadro 4.27. Cabe ressaltar que o Contrato de Concessão da usina tem prazo de vigência de 35 (trinta
e cinco) anos, conforme padrão do sistema elétrico brasileiro.

Quadro 4.27. Participação societária da UHE Luis Eduardo Magalhães


Empresas Consorciadas Quota (%)
Lajeado Energia S.A. 72,27
CEB Lajeado S.A. 19,80
Paulista Lajeado Energia S.A. 6,93
Investco S.A. 1,00
Total 100,00

305
Embora a UHE Luis Eduardo Magalhães (Figura 4.12) esteja localizada nos municípios de Lajeado e
Miracema do Tocantins, seu extenso reservatório inundou terras nos municípios de Miracema do
Tocantins, Lajeado, Palmas, Porto Nacional, Brejinho de Nazaré e Ipueiras.

Figura 4.10. Vista parcial de jusante da UHE Luis Eduardo Magalhães. Fonte EDP (2015).

Segundo a CELTINS (1996), em 1996 o até então nomeado, aproveitamento de Lajeado, estava
identificado no Plano Decenal de Expansão da ELETROBRÁS como uma das usinas hidrelétricas
programadas para entrada em operação no período 1996/2005. Portanto, a construção da UHE Luis
Eduardo Magalhães justificou-se pelas previsões de Mercado do Setor, os consumos previstos pelo
Estado de Tocantins e pelos sistemas Norte-Nordeste, Sudeste-Centro-Oeste e Sul, onde a usina
encontra-se interligada pelas linhas de interligação dos respectivos subsistemas.

Essa interligação chama a atenção, pois frente aos volumes dos reservatórios das usinas do Sistema
Interligado Nacional - SIN, a localização da UHE Luis Eduardo Magalhães permite que a sua energia
seja dirigida a qualquer um dos subsistemas. Vantagem estratégica da concepção de intercâmbio de
energia entre as regiões do país, dando estabilidade ao setor elétrico nacional no longo prazo.

Iniciada em maio de 1997, a UHE Luis Eduardo Magalhães, com 902,5 MW de potência instalada,
1
teve sua construção concluída em abril de 2001 e entrou em operação em dezembro de 2001 com o
primeiro dos 5 (cinco) grupos geradores. No Quadro 4.28 são apresentadas, cronologicamente, as
entradas em operação de cada grupo gerador. O período de enchimento do reservatório ocorreu de
outubro de 2001 a janeiro de 2002.
2
Quadro 4.28. Datas de entrada em operação dos Grupos Geradores da UHE Lajeado
Grupos Geradores da UHE Lajeado Data de início da operação
Grupo Gerador 1 01/12/2001
Grupo Gerador 2 01/03/2002
Grupo Gerador 3 09/05/2002
Grupo Gerador 4 30/07/2002
Grupo Gerador 5 07/11/2002

1
Banco de Informações de Geração- BIG (junho, 2014).
2 306
Conforme dados da empresa EDP (detentora de quotas da UHE Luis Eduardo Magalhães).
Em termos de capacidade instalada a UHE Luis Eduardo Magalhães representa 1,00% e 47,27% do
total instalado no Brasil e no Estado do Tocantins, respectivamente.
Além da disponibilização efetiva de energia para o Estado do Tocantins, a entrada em operação da
usina atraiu novos investimentos e contribuiu para expansão e/ou melhoria dos empreendimentos já
instalados no Estado, gerando significativo impacto na economia, principalmente da capital - Palmas -
e dos cinco municípios influenciados pela área alagada do reservatório da usina.
A geração de energia média mensal histórica da usina é de 367.893 MWh/mês, considerando a série
histórica de geração mensal do ano de 2003 a 2014 (Gráfico 4.1), ou seja, excluído do cálculo os
meses do ano de 2002 cuja geração de energia foi relativamente baixa, ao passo que a usina ainda
não estava totalmente motorizada, ou seja, não estava com todas os grupos geradores operando. O
último grupo gerador (5º Grupo) só entrou em operação em novembro de 2002 e neste ano a geração
foi de 2.349.964 MWh/ano frente à média anual histórica de 4.414.720 MWh/ano.

Gráfico 4.1. Geração mensal de energia (2003 - 2014). Fonte: Séries históricas da Investco, 2015.

O recorde de geração foi no ano de 2012, chegando ao valor de 5.132.677 MWh/ano, conforme
ilustrado na Gráfico 4.2.
No contrato ANEEL nº 05/97 consta que:

Desde sua completa motorização a UHE Lajeado tem, conforme exigências legais, a
Potência Assegurada e a Energia Assegurada de 823,3 MW e 4.613.016 MWh/ano,
respectivamente, em termos do Sistema Interligado Nacional – SIN. Cabe ressaltar que a
Energia Assegurada de 4.613.016 MWh/ano será até a construção da Usina Tupiratins,
quando a Energia Assegurada da UHE Lajeado passará a ser de 3.836.880 MWh/ano.
Da potência e energia asseguradas para o UHE Luis Eduardo Magalhães, as
Concessionárias ficaram obrigadas a destinar 617,48 MW e 3.459.762 MWh/ano até o ano
2010 e 617,48 MW e 2.877.660 MWh/ano até o prazo final do respectivo contrato de
concessão, respectivamente, para venda a Empresas Concessionárias de Serviços
Públicos de Distribuição.

307
Gráfico 4.2. Geração anual de energia (2002 a 2014). Fonte: Séries históricas da Investco, 2015.

A Portaria nº 249, de 16 de maio de 2005, do Ministério de Minas e Energia, em função da alteração


da garantia de Potência Instalada de 850 MW para 902,5 MW, redefiniu os montantes de Garantia
Física de Energia e Potência Assegurada da UHE Luis Eduardo Magalhães (Quadro 4.29), os quais
estão vigentes até hoje.

Quadro 4.29. Montantes Finais

Potência
Garantia Física Potência Assegurada
Empreendimento Instalada
(MW médios) (MWh/h)
(MW)
Luis Eduardo Magalhães - sem
902,5 526,6 823,3
Tupiratins
Luis Eduardo Magalhães - com
902,5 438,0 823,3
Tupiratins*
(*) Tupiratins com NA máximo normal na cota 178m.

Importante destacar também que a ANEEL procedeu com a majoração do uso do bem público na
mesma proporção do aumento da Garantia Física de Energia, celebrando aditivo ao respectivo
Contrato de Concessão. No Gráfico 4.3 apresenta-se a geração mensal da UHE Luis Eduardo
Magalhães no ano de 2014 frente à garantia física da usina.

308
Gráfico 4.3. Geração mensal no ano de 2014. Fonte: Séries históricas da Investco, 2015.

A Energia Assegurada está associada ao enfoque que se denominou probabilístico. Nesse enfoque é
conferido um tratamento estatístico às vazões, e a energia assegurada está associada a um dado
nível de confiabilidade no suprimento, ou de outra forma, a um dado nível de risco de déficit. No
sistema elétrico brasileiro, o nível máximo de risco de déficit admissível é de 5% (Resolução CNPE nº
01, de 17 de novembro de 2004). Ou seja, a Energia Assegurada está associada à vazão mínima
com 90% de permanência no curso d’água, extraída da Curva de Permanênica, denominada Q95.

Regulamentada pelo art. 2º do Decreto nº 5.163/04, a Lei nº 10.848/04 estabelece que Garantia
Física de Energia é a quantidade máxima de energia elétrica associada ao empreendimento,
incluindo importação, que poderá ser utilizada para comprovação de atendimento de carga ou
comercialização por meio de contratos.

Por sua vez, as portarias MME nº 303 de 2004 e nº 258 de 2008, estabelecem a metodologia e as
diretrizes para se determinar a garantia física das usinas do SIN, que corresponde à máxima
quantidade de energia que esse sistema pode suprir a um dado critério de garantia de suprimento.
Essa energia é rateada entre todos os empreendimentos de geração que constituem o sistema,
dividida em dois grandes blocos - oferta hidráulica e oferta não hidráulica - com o objetivo de obter a
garantia física que lastreia a comercialização de energia elétrica (CCEE, 2015).

Sinteticamente, o arranjo da Usina Hidrelétrica compõe-se de:


Barragem e vertedor;

Reservatório; e

Grupos geradores.

309
BARRAGEM E VERTEDOR
Conforme os dados fornecidos pelas empresas INVESTCO e EDP (detentoras de quotas do
Consórcio da UHE Luis Eduardo Magalhães), o eixo da barragem está localizado no rio Tocantins
entre os municípios de Lajeado e Miracema e no Quadro 4.30 estão apresentados seus dados
básicos.
Quadro 4.30. Dados básicos da barragem da UHE Luis Eduardo Magalhães

Altura máxima Comprimento total da crista Cota da crista

74 m 2.034,43 m 215 m

O vertedor (em concreto armado) é do tipo perfil Creager e têm 14 (quatorze) comportas do tipo
segmento de 17,00 m de largura e 23,30 m de altura (Quadro 4.31).

Quadro 4.31. Dados básicos do vertedor da UHE Luis Eduardo Magalhães

Número de vãos Comportas Vazão de Projeto

14 17 m x 23,30 m 49.870 m³/s

RESERVATÓRIO
Segundo dados da Investco S.A. e EDP, o reservatório da usina de Lajeado tem uma extensão de
172 km, uma profundidade média de 8 m, uma área alagada de 630 km na cota 212 m (NA normal) e
foi dimensionado para uma vida útil de 100 anos. Nos Quadros 4.32, 4.33 e 4.34 são apresentados
os Níveis de Referência, a Área Inundada e as Vazões Características do reservatório.

Quadro 4.32. Níveis de referência do Reservatório (a fio d’água)

Nível d’água (montante) Cota


NA máximo maximorum 212,60 m
NA máximo normal 212,30 m
NA operacional normal 212,00 m
NA mínimo normal 211,50 m

Quadro 4.33. Área inundada (a fio d’água)

Área Total Cota do Nível D’água (montante) Volume do reservatório


9
630 km² 212 m (NA normal) 5,19 x 10 m³

Quadro 4.34. Vazões características da UHE Luis Eduardo Magalhães

Vazão MLT 2.532,00 m³/s


Vazão Média 2.547,99 m³/s
Vazão mínima defluente 284,00 m³/s
Vazão de enchente (TR = 10.000 anos) 49.870 m³/s
Vazão máxima registrada (24/02/1980) 28.558 m³/s
Vazão mínima registrada (19/10/1994) 263 m³/s

310
GRUPOS GERADORES
A usina, com potência instalada de 902,5 MW, possui 5 (cinco) Grupos Geradores (turbina hidráulica
e gerador elétrico), o que permite flexibilidade operativa frente à variabilidade das vazões afluentes
durante os períodos do ano (Figura 4.13). Apresenta-se na Figura 4.14 a disposição de um dos
Grupos Geradores e no Quadro 4.35 os dados de projeto das turbinas hidráulicas da usina.

Figura 4.11. Vista parcial dos geradores elétricos. Fonte EDP (2015).

Figura 4.12. Seção Transversal da Usina: Arranjo Eletromecânico, Tomada D’água e Casa de Força.
Fonte: Adaptado de Centins/Themag (1996).

311
Quadro 4.35. Dados de projeto das Turbinas

Tipo Kaplan
Número de unidades 5
Potência Nominal unitária 180,5 MW
Vazão unitária 700 m³/s
Queda líquida 29 m
Rotação 100 rpm
Fonte: EDP (empresa detentora de quotas da UHE Luis Eduardo Magalhães).

Homologado pela ANEEL, pela Resolução Normativa 461/11 de 11 de novembro de 2011, o Módulo
26 estabelece os critérios para classificação das usinas segundo a modalidade de operação, que
caracteriza o relacionamento do agente com o Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS. As
usinas são classificadas em três modalidades de operação: Tipo I, Tipo II (A e B) e Tipo III.

A modalidade de operação da usina é definida a partir da avaliação dos impactos verificados tanto na
operação eletroenergética do Sistema Interligado Nacional - SIN, como também na segurança da
rede de operação (ONS, 2015).

Frente ao atual sistema elétrico brasileiro, a UHE Luis Eduardo Magalhães é uma usina
individualizada, a fio d’água, do Tipo I, com potência autorizada de 902,4 MW, cuja energia produzida
destina-se a utilização sob o regime de Produção Independente.

As usinas do Tipo I, onde a UHE Luis Eduardo Magalhães se enquadra, são: usinas conectadas na
rede básica – independente da potência líquida injetada no SIN e da natureza da fonte primária; ou
Usinas cuja operação hidráulica possa afetar a operação de usinas Tipo I já existentes; ou Usinas
conectadas fora da rede básica cuja máxima potência líquida injetada no SIN contribua para
minimizar problemas operativos e proporcionar maior segurança para a rede de operação.

Importante esclarecer que as usinas hidrelétricas podem ter reservatórios de acumulação ou a fio
d’água e, conceitualmente, estão ligados aos critérios de dimensionamento do aproveitamento.
Segundo ANEEL (2008) os primeiros, geralmente localizados na cabeceira dos rios, em locais de
altas quedas d’água, dado o seu grande porte permitem o acúmulo de grande quantidade de água e
funcionam como estoques a serem utilizados em períodos de estiagem. Além disso, como estão
localizados à montante das demais hidrelétricas, regulam a vazão da água que irá fluir para elas, de
forma a permitir a operação integrada do conjunto de usinas. As unidades a fio d’água geram energia
com o fluxo de água do rio, ou seja, pela vazão com mínimo ou nenhum acúmulo do recurso hídrico.

Usinas com reservatórios de acumulação podem regularizar vazões de um mês, um ano ou mesmo
de vários anos; já as usinas com reservatórios a fio d’água são limitadas na sua capacidade de
regularização a um regime diário ou semanal.

COSTA et al (2013) chamam a atenção para a importância dos reservatórios de acumulação, na


medida em que propiciam extensa flexibilidade operacional às usinas, conferindo segurança e
previsibilidade à sua geração. Em paralelo, esses reservatórios permitem que as usinas respondam
com rapidez aos usuais picos de demanda no sistema, atendendo com estabilidade a necessidade de
geração adicional. Outro destaque está no melhor aproveitamento dos recursos hídricos em relação
aos reservatórios a fio d’água, os quais, tendo menor capacidade de armazenar água para uso futuro,
vertem com mais frequência as vazões que excedem a capacidade de geração da usina.

312
Elaborado a partir de séries hidrométricas da Investco, no Gráfico 4.4 estão apresentados os níveis
diários de água do reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães, entre os anos de 2003 (usina
completamente motorizada) e 2014, frente aos níveis operativos e de referência de projeto da usina.

Gráfico 4.4. Níveis diários de água do reservatório frente aos níveis de água de projeto.

Considerando que o nível d’água operacional normal do reservatório está na cota 212,00 m, observa-
se que durante toda a operação da usina os níveis do reservatório permaneceram, quase que
integralmente, dentro dos limites operativos de projeto: nível de água mínimo normal (211,50 m) e
nível de água máximo normal (212,30 m). Os níveis de água do reservatório ficaram, em média, na
cota 212,03 m e os níveis operativos históricos máximo e mínimo foram de 212,38 m e 211,54 m.

O comportamento dos níveis do reservatório frente à variabilidade das vazões afluentes do rio
Tocantins, reflete um comportamento típico de uma UHE a fio d’água, onde o nível do reservatório
permanece praticamente constante, excluindo pequenos incrementos ou decréscimos relacionados à
flexibilidade (ou segurança) operativa. No Gráfico 4.5 apresenta-se o comportamento das vazões
turbinadas e vertidas diariamente na usina.

Gráfico 4.5. Vazões diárias turbinadas e vertidas (2003 a 2014).

313
Quando há aumento nas vazões afluentes (período chuvoso) faz-se o correspondente aumento das
vazões turbinadas (aumento de potência de geração) e/ou os grupos geradores parados são
colocados em funcionamento, até o limite da potência instalada e, a partir daí as vazões afluentes
excedentes são descarregadas pelo vertedor.
Quando há uma redução nas vazões afluentes (período seco) procede-se a correspondente redução
das vazões turbinadas e/ou um ou mais grupos geradores são retirados de operação. Ou seja, frente
aos critérios e restrições operativos da usina, do despacho ótimo de energia e das vazões afluentes
disponíveis tem-se o excedente descarregado pelo vertedor.
Dentre as restrições operativas da usina, além da obrigação legal de manter a vazão remanescente a
jusante (vazão ecológica) a que estão sujeitos todos os aproveitamentos hidrelétricos do país, a UHE
Luis Eduardo Magalhães, conforme Resolução ANA nº 376 de 2011, durante a Temporada de Praias,
deve operar seu reservatório de forma a minimizar as flutuações provocadas por eventuais vazões
incrementais entre o seu aproveitamento e o aproveitamento de Peixe Angical. A Temporada de
Praias, para efeito desta resolução, se dá anualmente entre os dias 10 de junho e 20 de agosto
(inclusive). Período este que poderá ser alterado, por solicitação da Agência de Desenvolvimento
Turístico do Tocantins - ADTUR, desde que acordado previamente com o ONS e comunicado à ANA.

4.5.2. Potencial Hidroenergético da Bacia Hidrográfica do


Entorno do Lago
A parcela já levantada do Potencial Hidroenergético do Estado do Tocantins totaliza 6.657,41 MW,
nos diversos estágios: inventário, viabilidade, projeto básico, remanescente e em operação. O
Quadro 4.36 apresenta a soma de potência (MW) no Tocantins, nos diferentes estágios.

Quadro 4.36. Potencial Hidrelétrico do Estado do Tocantins

Estágio Soma da Potência (MW)


1 Remanescente 156,60
2 Individualizado 0,00
3 Inventário 1.835,11
4 Viabilidade 2.304,00
5 Projeto Básico 48,00
6 Construção 0,00
7 Operação 2.313,70
Total 6.657,41
Fonte: Adaptado de SIPOT (2015).

Na região do estado onde se localiza a Bacia Hidrográfica do Entorno do Reservatório da UHE Luis
Eduardo Magalhães não se tem uma estimativa do potencial energético, excluindo a única usina
hidrelétrica em operação que é a própria UHE. Cabe ressaltar que a estimativa do Potencial
Hidroenergético da bacia demanda um estudo específico e complexo, que excede este trabalho.

Em relação à UHE Lajeado, por ser uma usina a fio d’água o reservatório não permite reserva
estratégica. No entanto seu reservatório garante relativa flexibilidade operativa e a mesma pode
operar com ganho de energia na cascata devido aos reservatórios de acumulação (regularização) das
usinas hidrelétricas que estão a sua montante, principalmente a UHE Serra da Mesa. Além disso, a
configuração que a usina se integra, conjuntamente com as demais usinas em operação na cascata e
as ainda não construídas (Tupiratins, por exemplo), reflete o aproveitamento ótimo do rio Tocantins,
delineado previamente no referido Inventário Hidroelétrico.

314
A Lei nº 9.074, de 07 de julho de 1995 apresenta, no seu Art. 5º, § 2º e § 3º, o conceito do
“aproveitamento ótimo”, que se configura como todo potencial definido em sua concepção global pelo
melhor eixo do barramento, arranjo físico geral, níveis d'água operativos, reservatório e potência,
integrante da alternativa escolhida para divisão de quedas de uma bacia hidrográfica.

O conceito do aproveitamento ótimo introduz a possibilidade de atualizações ou refinamentos


constantes nas condições de contorno, que permitem afirmar o que é ótimo frente à dinamicidade dos
recursos naturais, dos processos de uso múltiplo dos recursos hídricos e das questões ambientais,
bem como das evoluções tecnológicas do setor hidrelétrico, das mudanças legais e estratégias
governamentais. Portanto este conceito internaliza em si um direcionamento para sustentabilidade do
aproveitamento dos recursos hidroenergéticos nacionais (OLIVEIRA, 2012).

Por outro lado cabe uma consideração, apresentada pela EPE (2007), sobre o grande desafio de
solucionar contradições criadas, ao passo que a introdução crescente de “usinas a fio d’água” (sem
regularização sazonal ou plurianual) no sistema limita a ideia de “reserva estratégica” e irá requerer
maior flexibilidade operativa dos reservatórios existentes, o que significa maior variação de nível, em
termos de amplitude e frequência, e também maior fluxo de intercâmbio inter-regional. Esse “efeito
colateral” da solução contraria as premissas sobre as quais ela se construiu.

Os empreendimentos hidrelétricos presentes no Sistema Interligado Nacional - SIN no fim de 2012


possuíam um fator de capacidade médio de 0,55. De forma simplificada, isso significa que essas
hidrelétricas seriam capazes de gerar, em média, 55% do máximo permitido por sua potência em um
período hidrológico desfavorável. Já as hidrelétricas atualmente em fase de implantação na região
Norte têm energia assegurada média comparativamente menor em relação à sua potência, e
registram um fator de capacidade médio de 0,49. Essa diferença significa que cada MW instalado
agregará, em média, menos energia ao sistema ao longo do ano do que os atualmente em operação
(COSTA et al, 2013).

Conforme informações cedidas pela Investco, o fator de capacidade da UHE Luis Eduardo Magalhães
é de aproximadamente 0,57, ou seja, relativamente acima do fator de capacidade médio (0,55) dos
empreendimentos hidrelétricos presentes no Sistema Interligado Nacional - SIN no fim de 2012.

Tomando como base o mês de dezembro de 2014, o fator de capacidade médio das 20 maiores
usinas hidrelétricas do país foi de 0,49 (MME, 2015).

Ressalta-se que a UHE Luis Eduardo Magalhães terá sua queda e correlacionada capacidade de
geração de energia reduzida, quando da construção e entrada em operação da UHE Tupiratins
(prevista no inventário do rio Tocantins) a sua jusante. O nível do reservatório da UHE Tupiratins,
após total enchimento, chegará à cota 178 m e seu respectivo remanso influenciará os níveis de
jusante da UHE Luis Eduardo Magalhães (Figura 4.15). A partir daí, o ganho atual referente à
Garantia Física de Energia da UHE Luis Eduardo Magalhães cessará (passará dos atuais 526,6 MW
médios para 438,0 MW médios) e os custos e os riscos associados são de inteira responsabilidade
das Empresas Consorciadas (Consórcio Usina Lajeado).

315
Figura 4.13. Reavaliação da divisão de queda do rio Tocantins trechos Cana-Brava – Lajeado –
Estreito.
Fonte: Themag.

No Quadro 4.37 estão apresentados os níveis operativos e de referência de jusante (de projeto) da
UHE Luis Eduardo Magalhães. Já no Gráfico 4.6 estão apresentados os níveis diários de água de
jusante da UHE Luis Eduardo Magalhães, entre os anos de 2003 (usina completamente motorizada)
e 2014, frente aos níveis operativos e de referência de projeto da mesma.
1
Quadro 4.37. Níveis de referência de jusante .

Nível d’água (jusante) Cota


NA máximo maximorum 201,00 m
NA máximo normal 187,20 m
NA mínimo normal 173,20 m
NA mínimo excepcional 171,00 m

Pode-se observar que nos anos de operação da usina os níveis de jusante também permaneceram,
quase que integralmente, dentro dos limites operativos de projeto: nível de água mínimo normal
(173,20 m) e nível de água máximo normal (187,20 m). Os níveis de água de jusante ficaram, em
média, na cota 176,00 m e os níveis operativos históricos máximo e mínimo foram de 185,70 m e
173,00 m, respectivamente.

Por se tratar de uma usina a fio d’água toda vazão excedente (período chuvoso) é descarregada
pelos vertedores.

316
1
Gráfico 4.6. Níveis diários de água de jusante frente aos níveis de água de projeto .

4.5.3. Compensação Financeira dos Aproveitamentos


Hidrelétricos
A Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos – CFURH é o pagamento pela
exploração dos recursos hídricos na geração de energia elétrica. É um ressarcimento pela inundação
de áreas por usinas hidrelétricas (UHEs) e um pagamento pelo uso da água na geração de energia
(ANEEL, 2007).
o
A Constituição Federal de 1988 (art. 20, § 1 ) assegurou aos Estados, ao Distrito Federal, aos
Municípios e aos órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração
de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica.
Nesse contexto, a Lei Federal nº 7.990 de 28 de dezembro de 1989 instituiu a Compensação
Financeira aos Estados, Distrito Federal e Municípios cujas áreas tenham sido afetadas ou venham
ser afetadas por reservatórios de aproveitamentos hidrelétricos; e a Lei Federal nº 8.001 de 13 de
março de 1990 definiu os percentuais de distribuição da Compensação Financeira de que trata a Lei
nº 7.990 e deu outras providências. No mais, outras leis, decretos e resoluções também estabelecem
normas, critérios e diretrizes para compensação financeira.
Além dos Estados, Distrito Federal e Municípios que tenham áreas alagadas por reservatórios
associados a hidrelétricas ou que possuam instalações destinadas à produção de energia elétrica,
parcela da arrecadação a título de Compensação Financeira, paga por usinas hidrelétricas (UHEs)
com potência acima de 30 MW, é devida também ao Ministério de Minas e Energia, Ministério do
Meio Ambiente e Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT.
As usinas hidrelétricas (UHEs) pagam mensalmente, referente à Compensação Financeira pela
Utilização de Recursos Hídricos - CFURH, 6,75% sobre o valor total da energia produzida
multiplicada pela chamada Tarifa Atualizada de Referência – TAR. A TAR é fixada anualmente pela

1
Elaborado a partir de dados hidrométricos históricos fornecidos pela INVESTCO. 317
ANEEL (correção pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA), com base no preço
médio de venda da energia para as distribuidoras excluindo os encargos setoriais, tributos,
empréstimos compulsórios e os custos de transmissão da energia. A TAR fixada para 2015 foi no
valor de 85,26 R$/MWh.
A Figura 4.16 sintetiza o método de cálculo da Compensação Financeira pela Utilização de Recursos
Hídricos e respectiva distribuição da arrecadação, para uma usina hidrelétrica.

Compensação Financeira = 6,75% x Energia Gerada x TAR

6,00% x Energia Gerada x TAR 0,75% x Energia Gerada x TAR

Estados Ministério
45%
do Meio Ambiente - MMA
Municípios 45%à Agência Nacional de Águas -
Parcela destinada
Ministério do Meio Ambiente 3%
ANA para implementação da Política Nacional de
Ministério de Minas e Energia Recursos3%Hídricos e do Sistema Nacional de
Fundo Nac. de Des. Cient. e Tec. Gerenciamento
4% de Recursos Hídricos

Figura 4.14. Distribuição da arrecadação da CFURH.

No ano de 2014 a UHE Luis Eduardo Magalhães pagou a título de Compensação Financeira o total
de R$ 25.067.735,00. O Quadro 4.38 apresenta os valores distribuídos aos beneficiários da
Compensação Financeira da UHE Luis Eduardo Magalhães, conforme legislação vigente.
Quadro 4.38. Pagamentos efetuados pela UHE Luis Eduardo Magalhães em 2014.
Total Recebido
BENEFICIÁRIOS Devido (R$) Pago (R$) Juros+Multa (R$)
(R$)
ANA (0.75%) 2.784.639,19 2.784.639,19 664,73 2.785.303,93
FNDC (4%) 891.084,54 891.084,54 212,71 891.297,26
MMA (3%) 668.313,41 668.313,41 159,54 668.472,94
MME (3%) 668.313,41 668.313,41 159,54 668.472,94
ESTADOS (45%) 10.024.701,10 10.024.701,10 2.393,03 10.027.094,13
MUNICÍPIOS (45%) 10.024.701,10 10.024.701,10 2.393,03 10.027.094,13
TOTAL 25.061.752,75 25.061.752,75 5.982,58 25.067.735,00
Fonte: Dados ANEEL (2015).
Os municípios que tiveram áreas inundadas pelo reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães
(diretamente atingidos) são: Lajeado, Miracema do Tocantins, Palmas, Porto Nacional, Brejinho de
Nazaré e Ipueiras (Figura 4.18). O Quadro 4.39 apresenta a área proporcional inundada de cada
município e o respectivo percentual de participação na Compensação Financeira pela Utilização de
Recursos Hídricos da UHE Luis Eduardo Magalhães.

318
Para a Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos, o rateio da quantia destinada
a cada Município afetado é feito por meio de dois critérios:
 (i) Proporção (%) de área inundada por reservatórios de usinas hidrelétricas;
 (ii) Ganho de energia devido à regularização da vazão afluente (montante) realizada por
outras usinas hidrelétricas (cascata).

Quadro 4.39. Percentual de participação dos municípios, diretamente atingidos, na CFURH da UHE
Luis Eduardo Magalhães.

Estação Casa de Máquinas Percentual de


Município UF Área
Elevatória Dissociada da UHE Participação
Brejinho de
TO 45,63 km² 6,48% 0,0% 0,0% 6,48%
Nazaré
Ipueiras TO 24,50km² 3,48% 0,0% 0,0% 3,48%
Lajeado TO 29,84 km² 4,24% 0,0% 0,0% 4,24%
Miracema do
TO 74,47 km² 10,58% 0,0% 0,0% 10,58%
Tocantins
Palmas TO 179,43 km² 25,49% 0,0% 0,0% 25,49%

Porto Nacional TO 350,07 km² 49,73% 0,0% 0,0% 49,73%

Total 703,95 km² 100,00% 0,0% 0,0% 100,00%


Fonte: Dados de ANEEL (2015).

À montante da UHE Luis Eduardo Magalhães (Lajeado), no rio Tocantins, estão em operação,
respectivamente, as usinas:
 Peixe Angical;
 São Salvador;
 Cana Brava;
 Serra da Mesa.

Logo à jusante, ainda no rio Tocantins, estão, respectivamente, as usinas:


 Estreito;
 Tucuruí I e II.

Na atual configuração das usinas em operação no rio Tocantins tem-se usinas a fio d’água e com
reservatório de regulação (Figura 4.17).
Uma usina hidrelétrica pode gerar mais energia devido à operação de outras usinas, localizadas a
sua montante (acima). Estas usinas situadas a montante permitem estes benefícios energéticos na
cascata quando têm reservatórios de regulação (armazenam água no período chuvoso para ser
usada no período de seca), diminuindo assim as oscilações das vazões no tempo.
O ganho de energia é distribuido aos municípios onde as usinas a montante (com reservatórios de
regulação) estão localizadas, ou seja, a regularização de uma usina a montante permite otimizar a
geração das usinas que estão a sua jusante, portanto o benefício energético é repartido. Para tal, a
ANEEL estabelece um coeficiente de repasse (distribuição), o qual indica o percentual de recursos
referente a cada usina e respectivos municípios.

319
Figura 4.15. Configuração das usinas hidrelétricas em operação no Rio Tocantins (2015).

Portanto, a contribuição de energia firme ou assegurada de uma usina ao sistema pode ser dividida
em uma parcela local - referente à geração na própria usina - e uma parcela incremental - referente
ao ganho de geração nas usinas de jusante, garantido pela regularização das vazões na operação de
seu reservatório de acumulação (ou regulação).
As usinas hidrelétricas que contribuem para o ganho de energia na UHE Luis Eduardo Magalhães
são a UHE Peixe Angical, UHE São Domingos, UHE Cana Brava e UHE Serra da Mesa. Contudo, a
UHE Serra da Mesa, devido à grande capacidade do seu reservatório de acumulação, é responsável,
quase que integralmente, pelo ganho de energia na UHE Luis Eduardo Magalhães (usina a fio
d’água).
A Figura 4.18 apresenta, a partir da atual configuração das usinas a montante da UHE Luis Eduardo
Magalhães, seus correspondentes coeficientes de distribuição devido ao ganho de energia na
cascata.
No Quadro 4.40 estão discriminados todos os municípios (por estado) beneficiados pelo pagamento
da Compensação Financeira da UHE Luis Eduardo Magalhães, no ano de 2014. São 10 municípios
contemplados no estado de Goiás e 9 (nove) municípios contemplados no estado do Tocantins.
O Quadro 4.41 explicita os coeficientes de distribuição dos municípios diretamente afetados pela
UHE Luis Eduardo Magalhães (todos localizados na Bacia Hidrográfica do Entorno do Reservatório
da UHE Luis Eduardo Magalhães).

Figura 4.16. Ganho de energia na cascata, a partir da UHE Luis Eduardo Magalhães.

320
Quadro 4.40. Pagamentos de CFURH realizados pela UHE Luis Eduardo Magalhães no ano de 2014
Reservatório
(UF) - Município que atinge o Devido (R$) Pago (R$) Juros+Multa (R$) Total Recebido (R$)
Município
(GO) - Barro Alto Serra da Mesa 186,58 186,58 0,04 186,63
(GO) - Campinaçu Serra da Mesa 350.868,81 350.868,81 83,76 350.952,58
(GO) - Campinorte Serra da Mesa 235,31 235,31 0,06 235,37
(GO) - Cavalcante Cana Brava 8.912,80 8.912,80 2,13 8.914,93
(GO) - Colinas do Sul Cana Brava 1.030,40 1.030,40 0,25 1.030,64
(GO) - Colinas do Sul Serra da Mesa 83.047,82 83.047,82 19,82 83.067,64
(GO) - Minaçu Cana Brava 7.731,77 7.731,77 1,85 7.733,61
(GO) - Minaçu Serra da Mesa 53.543,03 53.543,03 12,78 53.555,82
(GO) - Niquelândia Serra da Mesa 1.172.114,01 1.172.114,01 279,8 1.172.393,81
(GO) - Santa Rita do Novo Destino Serra da Mesa 35.258,14 35.258,14 8,42 35.266,56
(GO) - São Domingos São Domingos 197,39 197,39 0,05 197,43
(GO) - Uruaçu Serra da Mesa 244.955,13 244.955,13 58,47 245.013,61

TOTAL ESTADO (GO) 1.958.081,19 1.958.081,19 467,42 1.958.548,61


Luíz Eduardo
(TO) - Brejinho de Nazaré Magalhães 521.320,42 521.320,42 124,45 521.444,87
(Lajeado)
Luíz Eduardo
(TO) - Ipueiras Magalhães 279.969,78 279.969,78 66,83 280.036,62
(Lajeado)
Luíz Eduardo
(TO) - Lajeado Magalhães 340.965,68 340.965,68 81,39 341.047,07
(Lajeado)
Luíz Eduardo
(TO) - Miracema do Tocantins Magalhães 850.851,50 850.851,50 203,11 851.054,61
(Lajeado)
Luíz Eduardo
(TO) - Palmas Magalhães 2.050.092,57 2.050.092,57 489,38 2.050.581,95
(Lajeado)
(TO) - Paranã Peixe Angical 13.859,34 13.859,34 3,31 13.862,65
(TO) - Peixe Peixe Angical 1.820,44 1.820,44 0,43 1.820,88
Luíz Eduardo
(TO) - Porto Nacional Magalhães 3.999.720,25 3.999.720,25 954,79 4.000.675,04
(Lajeado)
(TO) - São Salvador do Tocantins Peixe Angical 8.019,92 8.019,92 1,91 8.021,84
TOTAL ESTADO (TO) 8.066.619,91 8.066.619,91 1.925,61 8.068.545,52
Fonte: Dados ANEEL (2015).
Quadro 4.41. Coeficiente de Distribuição de CFURH da UHE Luis Eduardo Magalhães para os
municípios da bacia.

Percentual de Ganho de Coeficiente de


(UF) - Município Área (km²)
Participação energia Distribuição (45%)
(TO) - Brejinho de Nazaré 45,6282862 6,48% 80,23% 2,34%
(TO) - Ipueiras 24,5042031 3,48% - 1,26%
(TO) - Lajeado 29,8428358 4,24% - 1,53%
(TO) - Miracema do Tocantins 74,4703152 10,58% - 3,82%
(TO) - Palmas 179,433237 25,49% - 9,20%
(TO) - Porto Nacional 350,07334 49,73% - 17,95%
Total da Bacia 703,952218 100% 80,23% 36,10%
Fonte: Dados ANEEL (2015).

321
Na Bacia Hidrográfica do Entorno do Reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães existem
municípios que, além da Compensação Financeira da UHE Luis Eduardo Magalhães, recebem
Compensações Financeiras da UHE Tucuruí I e II, UHE Estreito e PCH Isamu Ikeda.
Localizada a jusante da UHE Luis Eduardo Magalhães, no rio Tocantins, a UHE Estreito (usina com
coeficiente de 85,0957402452%) também se beneficia com o Ganho de Energia na cascata, devido
aos reservatórios das usinas hidrelétricas que estão a sua montante. Esse Ganho de Energia é
devido à: UHE Cana Brava (coeficiente de 0,131442335395%), PCH Isamu Ikeda (coeficiente de
0,00633858977791%), UHE Luis Eduardo Magalhães (0,160132794389%), UHE Peixe Angical
(coeficiente de 0,176246156825%), UHE São Domingos (coeficiente de 0,00146788394857%) e UHE
Serra da Mesa (coeficiente de 14,4286319945%).
Do total de 32 municípios contemplados pela Compensação Financeira da UHE Estreito, 10 estão
localizados no estado de Goiás (GO), 2 no estado do Maranhão (MA) e 20 no estado de Tocantins
(TO).
No Quadro 4.42 são apresentados os valores de CFURH repassados pela UHE Estreito aos
municípios localizados na Bacia Hidrográfica do Entorno do Reservatório da UHE Luis Eduardo
Magalhães, no ano de 2014, frente aos respectivos reservatórios que atingem estes municípios.
A jusante da UHE Estreito, no rio Tocantins, tem-se a UHE Tucuruí I e II (usina com coeficiente de
92,4269362775%) e o Ganho de Energia nesta usina, devido aos benefícios da cascata, é devido aos
reservatórios da: UHE Cana Brava (coeficiente de 0,0667876968168%), PCH Isamu Ikeda
(coeficiente de 0,00322072649624%), UHE Luis Eduardo Magalhães (coeficiente de
0,0813657220103%), UHE Peixe Angical (coeficiente de 0,0895531477876%), UHE São Domingos
(coeficiente de 0,000745852451761%) e UHE Serra da Mesa (coeficiente de 7,33139057697%).
Do total de 29 municípios contemplados pela Compensação Financeira da UHE Tucuruí I e II, 10
estão localizados no estado de Goiás (GO), 8 no estado do Pará (PA) e 11 no estado de Tocantins
(TO).
Quadro 4.42. Pagamentos de CFURH realizados pela UHE Estreito aos municípios da bacia, no ano
de 2014.
Reservatório
Devido Pago Juros+Multa Total Recebido
(UF) - Município que atinge o
(R$) (R$) (R$) (R$)
Município
Luíz Eduardo
(TO) - Brejinho de Nazaré Magalhães 1.187,61 1.187,61 2,63 1.190,23
(Lajeado)
Luíz Eduardo
(TO) - Ipueiras Magalhães 637,79 637,79 1,41 639,2
(Lajeado)
Luíz Eduardo
(TO) - Lajeado Magalhães 776,74 776,74 1,72 778,46
(Lajeado)
Luíz Eduardo
(TO) - Miracema do
Magalhães 1.938,30 1.938,30 4,29 1.942,59
Tocantins
(Lajeado)
(TO) - Monte do Carmo Isamu Ikeda 243,1 243,1 0,54 243,64
Luíz Eduardo
(TO) - Palmas Magalhães 4.670,26 4.670,26 10,33 4.680,59
(Lajeado)
Luíz Eduardo
(TO) - Porto Nacional Magalhães 9.111,65 9.111,65 20,15 9.131,81
(Lajeado)
Total da Bacia 18.565,45 18.565,45 41,07 18.606,52
Fonte: Dados ANEEL (2015).

322
No Quadro 4.43 são apresentados os valores de CFURH repassados pela UHE Tucuruí I e II aos
municípios localizados na Bacia Hidrográfica do Entorno do Reservatório da UHE Luis Eduardo
Magalhães, no ano de 2014, frente aos respectivos reservatórios que atingem estes municípios.

Quadro 4.43. Pagamentos de CFURH realizados pela UHE Tucuruí I e II aos municípios da bacia, no
ano de 2014.
Reservatóri
Devido Pago Juros+Multa Total Recebido
(UF) - Município o que atinge
(R$) (R$) (R$) (R$)
o Município
Luíz Eduardo
(TO) - Brejinho de Nazaré Magalhães 4.529,50 4.529,50 0 4.529,50
(Lajeado)
Luíz Eduardo
(TO) - Ipueiras Magalhães 2.432,52 2.432,52 0 2.432,52
(Lajeado)
Luíz Eduardo
(TO) - Lajeado Magalhães 2.962,49 2.962,49 0 2.962,49
(Lajeado)
Luíz Eduardo
(TO) - Miracema do
Magalhães 7.392,64 7.392,64 0 7.392,64
Tocantins
(Lajeado)
(TO) - Monte do Carmo Isamu Ikeda 927,19 927,19 0 927,19
Luíz Eduardo
(TO) - Palmas Magalhães 17.812,27 17.812,27 0 17.812,27
(Lajeado)
Luíz Eduardo
(TO) - Porto Nacional Magalhães 34.751,66 34.751,66 0 34.751,66
(Lajeado)
Total da Bacia 70.808,27 70.808,27 0 70.808,27
Fonte: Dados ANEEL (2015).

Importante ressaltar que a PCH Isamu Ikeda encontra-se fora dos limites da Bacia Hidrográfica do
Entorno do Reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães. Contudo a Compensação Financeira paga
pela usina foi contabilizada para o Município de Monte do Carmo, o qual tem uma parcela de seu
território dentro dos limites da Bacia Hidrográfica do Entorno do Reservatório da UHE Luis Eduardo
Magalhães.
A PCH Isamu Ikeda (Figura 4.19), instalada no Rio Balsas Mineiro (Bacia do Rio Tocantins/Sub-Bacia
T9) na divisa dos municípios de Monte do Carmo e Ponte Alta do Tocantins, região sudeste do estado
do Tocantins, aproximadamente 158 km da capital Palmas, tem um complexo composto por duas
PCH’s a fio d’água (Isamu Ikeda I e Isamu Ikeda II) totalizando 30 MW de potência.
Esta usina paga Compensação Financeira para 2 municípios, Monte do Carmo - TO e Ponte Alta do
Tocantins – TO, nos seguintes percentuais de participação, 33,5194307608% e 66,4805692392%,
respectivamente, proporcionais às correspondentes áreas alagadas pela usina.
O município de Monte do Carmo não recebe Compensação Financeira da UHE Luis Eduardo
Magalhães, pois não é atingido por ela e, além disso, o reservatório da PCH Isamu Ikeda não permite
nenhum Ganho de Energia para UHE Luis Eduardo Magalhães, pois não contribui a montante desta
usina.

323
Figura 4.17. Pequena Central Hidrelétrica – PCH Isamu Ikeda I e II.

Atualmente, apesar das pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) serem isentas do pagamento da
Compensação Financeira, a PCH Isamu Ikeda não é, pois entrou em operação em 1982 e, segundo
ANEEL (2007), algumas PCHs criadas até 1998, quando a potência máxima que as caracterizava era
de 10 MW, pagam Compensação Financeira, ao passo que a ampliação do limite de potência de 10
MW para 30 MW ocorreu somente naquele ano.
A partir do mapa da Figura 4.20 pode-se observar que a PCH Isamu Ikeda I & II, instalada entre os
municípios de Monte do Carmo e Ponte Alta do Tocantins (Rio Balsas Mineiro) e a PCH Lajeado,
instalada no município de Lajeado (Rio Lajeado), estão fora dos limites da Bacia Hidrográfica do
Entorno do Reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.

Figura 4.18. Localização da PCH Isamu Ikeda I & II e da PCH.

324
No Quadro 4.44 apresenta-se um resumo dos valores provenientes de Compensações Financeiras,
pagos aos municípios do estado do Tocantins localizados na Bacia Hidrográfica do Entorno do
Reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães, nos últimos 10 anos.
Quadro 4.44. Valores provenientes de CFURH, em reais (R$), pagos aos municípios da Bacia
Hidrográfica do Entorno do Reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.
Município 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004

Aliança 0 0 0 0 0 3.875 41.577 48.527 53.777 47.241 42.877

Brejinho 527.165 486.846 539.725 481.076 411.804 420.320 738.252 739.351 819.338 719.755 653.273

Ipueiras 283.108 261.456 289.854 258.357 221.155 240.851 558.731 586.445 649.890 570.901 518.169

Lajeado 344.788 318.418 353.003 314.644 269.337 248.249 196.799 149.701 165.897 145.734 132.273

Miracema 860.390 794.586 880.890 785.168 672.108 619.010 485.995 367.615 407.386 357.872 324.816

Monte do
17.648 13.140 21.179 22.881 34.292 49.333 55.892 58.460 63.730 5.432.291 48.930
Carmo

Porto Nacional 4.044.559 3.735.226 4.140.928 3.690.951 3.159.475 2.930.092 2.501.580 1.981.369 2.195.725 1.928.853 1.750.690

Palmas 2.073.075 1.914.524 2.122.470 1.891.830 1.619.417 1.490.610 1.161.651 874.860 969.508 851.672 773.006

Total da bacia 8.150.732 7.524.196 8.348.049 7.444.906 6.387.588 6.002.339 5.740.476 4.806.328 5.325.251 10.054.319 4.244.034

Fonte: Dados ANEEL (2015).

A aplicação dos recursos da Compensação Financeira não é livre. A lei federal nº 7.990 de 28 de
dezembro de 1989, que institui a Compensação Financeira, proíbe a aplicação destes recursos no
pagamento de dívidas, excluindo os casos: (i) pagamento de dívidas para com a União e suas
entidades (incluído pela Lei nº 12.858, de 2013); e (ii) custeio de despesas com manutenção e
desenvolvimento do ensino, especialmente na educação básica pública em tempo integral, inclusive
as relativas a pagamento de salários e outras verbas de natureza remuneratória a profissionais do
magistério em efetivo exercício na rede pública (incluído pela Lei nº 12.858, de 2013). Os recursos
originários das Compensações Financeiras poderão ser utilizados também para capitalização de
fundos de previdência (incluído pela Lei nº 10.195, de 2001).
A fiscalização da correta utilização destes recursos cabe ao Tribunal de Contas ou ao Ministério
Público de cada Estado (ANEEL, 2007).

325
326
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a finalização dos estudos de diagnóstico da bacia hidrográfica, foi realizada a reunião da
Primeira Consulta Pública em 16 de setembro de 2015, visando discutir os problemas e as
potencialidades dos recursos hídricos da bacia com os representantes da sociedade, incorporando, à
visão técnica, as contribuições da sociedade e da SEMARH-TO, de forma a estabelecer uma base
comum de informações e de entendimento sobre a situação dos recursos hídricos. Nesta consulta
pública também foram identificados e organizados os profissionais que gostaria de participar dos
Encontros Técnicos, para aprofundamento das discussões técnicas.

No campus de Palmas da Universidade Federal do Tocantins foi realizada a Primeira Consulta


Pública no Centro Universitário Integrado de Ciência, Cultura e Arte, o CUICA, que é um ambiente
adequado para recepcionar um grande público com um grande evento.

Esse evento foi planejado com antecedência junto à Semarh, de forma que os participantes tivessem
a devida preparação para entenderem e discutirem os problemas dos recursos hídricos da bacia,
utilizando-se métodos e técnicas eficazes para promover a mobilização da população em torno
desses problemas, bem como para sistematizar os resultados obtidos nessa mobilização. Com uma
equipe técnica formada por professores, foi de grande valia a grande transferência de conhecimento
e discussões enriquecedoras aos participantes.

A Consulta Pública, por apresentar os resultados parciais da elaboração do Plano, atraiu todo tipo de
atores sociais com interesses igualmente diversos sobre o processo. No entanto, percebeu-se
dúvidas e discussões acerca dos pormenores técnicos.

Considerando que o Plano do Lago está sendo elaborado por uma equipe de pesquisadores local,
que compreendem a importância da discussão dos resultados, não apenas para validação, mas para
consolidação do conhecimento a partir da transferência de informações técnicas, percebeu-se um
maior número de atores sociais especializados com questionamentos e recomendações técnicas que
precisaram ser analisadas separadamente a fim de serem contempladas ou não no Plano de Bacia.
Por esta razão, após a Consulta Pública foi realizado o Encontro Técnico.

Concluindo as atividades da Fase A, foi realizado um encontro presencial, com o objetivo de discutir,
no Grupo de Trabalho - GT, os problemas levantados na Primeira Consulta Pública, iniciando o
processo de identificação de alternativas para sua solução, recomendando ações a serem
incorporadas ao Plano, dando continuidade ao processo de fortalecimento de interação entre a
equipe técnica, a Semarh, o Comitê de Bacia e os demais atores públicos e sociais da bacia.

327
6. REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS

ALBA-TERCEDOR, J. Macroinvertebrados acuaticos y calidad de las aguas de los rios. In:


SIMPOSIO DEL AGUA EN ANDALUCÍA, v.2, p. 203-213, 1996

ALBA-TERCEDOR, J.; SÁNCHEZ-ORTEGA, A., 1988. Un método rápido y simple para evaluar la
calidad biológica de las águas corrientes basado en el de Hellawell. Limnética, v.4, p. 51-56,
1988

ALENCAR, C. DE A. Consumo de água do maracujazeiro amarelo (Passiflora edulis Sins var.


flavi carpa deg.). 2000, 49 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia – irrigação e Drenagem). Escola
Superios de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Pircacicaba, 2000.

ANDRADE, C. C. Macroinvertebrados bentônicos e fatores físicos e químicos como


indicadores de qualidade de água da bacia do Alto Jacaré-Guaçu (SP). 2009, 75 f. Dissertação
de Mestrado – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos – SP

ANDRADE. R. S.; STONE. L. F.; GODOY. S. G. Estimativa da resistência do solo à penetração


baseada no índice S e no estresse efetivo, v.17, n.9,p.932-937, 2013, Campina Grande, PB,
UAEA/UFCG – http://www,agriambi,com,br.

ANEEL, 2013, Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. Por dentro da Conta de Luz. Brasília
– DF, 6ª edição.

ANEEL, 2015, Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL. Disponível em


<http://www.aneel.gov.br/> Acesso em: 28 jul. 2015.

ARIAS, A. R. L.; BUSS, D. F.; ALBUQUERQUE, C.; INÁCIO, A. F.; FREIRE, M. M.; EGLER, M.;
MUGNAI, R.; BAPTISTA, D. F. Utilização de bioindicadores na avaliação de impacto e no
monitoramento da contaminação de rios e córregos por agrotóxicos. Ciência e Saúde Coletiva,
v.12, p. 61-72, 2007

ARMITAGE, P. D.; MOSS, D.; WRIGHT, J. F.; FURSE, M. T. The performance of a new biological
water quality score system based on macroinvertebrates over a wide range of unpolluted
running-water sites. Water Research, v.17, n.3, p. 333-347, 1983

AZEVEDO, P.V. de; SILVA, B.B. da; SILVA, V.P.R. da. Water requirements of irrigated mango
orchards in nor theast Brazil. Agricultural Water Management. v.58, p.241-254. 2003.

BRIGANTE, J.; DORNFELD, C. B.; NOVELLI, A.; MORRAYE, M. A. Comunidade de


macroinvertebrados bentônicos no Rio Mogi-Guaçu. 181-187. In: BRIGANTE, J.; ESPÍNDOLA, E.
L. G. Limnologia fluvial: um estudo no Rio Mogi-Guaçu. São Carlos. Rima editora, 278 p., 2003

CALLISTO, M.; GONÇALVES Jr., J. F. A vida nas águas das montanhas. Ciência Hoje, v.31, n.182,
p. 68-71, 2002.

CALLISTO, M.; GONÇALVES, Jr., J. F.; MORENO, P. Invertebrados aquáticos como bioindicadores.
In: Navegando o Rio das Velhas das Minas aos Gerais. Belo Horizonte: UFMG, v.1, p. 1-12, 2004

CALLISTO, M.; MORETTI, M.; GOULART, M. D. C. Macroinvertebrados bentônicos como ferramenta


para avaliar a saúde de riachos. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v.6, n.1, p. 71-82, 2001

CARLSON, R.E. A trophic state index for lakes. Limnology and Oceanography. Vol. 22, p 361 –
369, 1977.

CARRERA, C. & FIERRO, K. Manual de monitoreo: los macroinveretebrados acuáticos como


indicadores de la calidad del agua. EcoCiência. Quito. 2001

328
CETESB (2007). Relatório de Qualidade das Águas Interiores no Estado de São Paulo: 2006.
São Paulo: CETESB, 2007. ( Série Relatórios)

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e
diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes, e dá outras providências. RESOLUÇÃO N° 357, DE 17 DE MARÇO DE
2005. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf>. Acesso em 28
set. 2014

CORBI, J. J.; TRIVINHO-STRIXINO, S. Influence of taxonomic resolution of stream


macroinvertebrate communities on the evaluation of different land uses. Acta Limnologica
Brasiliensia, v.18, p. 469-475, 2006

DERNADIN, J. E.; KOCHHANN, R.A. & DERNADIN, N. D. Sistema agrícola produtivo: fator de
promoção da fertilidade integral do solo, IN: WORSHOP SOBRE O SISTEMA PLANTIO
DIRETO NO ESTADO DE SÃO PAULO, 2005, Campinas, Sistema plantio direto, Piracicaba:
FUNDAÇÃO AGRISUS; FEALQ; Campinas: IAC, 2005, P. 156-167.

DEXTER, A. R. Soil physical quality. Part I. Theory, effects of soil texture, density, and organic
matter, and effects on root growth. Geoderma, v.120, p.201-214, 2004a.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Aptidão agrícola das terras do Brasil:
potencial de terras e análise dos principais métodos de avaliação. Embrapa solos, ix, 36p. ISSN
1517-2627, 1999.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.


2. Ed. 306 p.: il. ISBN 85-85864-19-2, 2006.

ENERGISA, 2015, “ETO - ENERGISA TOCANTINS - Distribuidora de Energia S.A.”. Disponível em


<http://www.energisa.com.br/paginas/home.aspx> Acesso em: 28 jul. 2015.

ESTEVES, F. A. Fundamentos de Limnologia: 1998. 2ª Ed. Interciência, Rio de Janeiro.

FELFILI, J.M. & FAGG, C.W. 2007. Floristic composition, diversity and structure of the "cerrado"
sensu stricto on rocky soils in northern Goiás and southern Tocantins, Brazil. Revista Brasileira
de Botânica 30:375-385

FELFILI, J.M., REZENDE, A.V. & SILVA JÚNIOR, M.C. 2007. Biogeografia do Bioma Cerrado:
vegetação e solos da Chapada dos Veadeiros. Editora da Universidade de Brasília, Brasília.

FERREIRA, M. de N. L. Distribuição radicular e consumo de água de goiabeira (Psidium guajava


L.) irrigada por microaspersão em Petrolina. Piracicaba: ESALQ/USP, 2004. 106p. Tese
Doutorado

FERREIRA, R. C.; BESSA, Kelly. As interações espaciais e a formação de uma rede de múltiplos
circuitos no Tocantins: horizontalidades e verticalidades em Araguaína e Gurupi. In: I Simpósio
Nacional Cidades, Fronteiras e Território Tradicionais e IV Simpósio do Nurba, 2011, Porto Nacional.
Anais. Porto Nacional-TO: POTE, 2011. v. 01. p. 151-158.

FERREIRA, R. M., BARROS, N. O., DUQUE-ESTRADA, C. H., ROLAND, F. (2005). Caminhos do


fósforo em ecossistemas aquáticos continentais, in Lições de limnologia. Org. Ferreira, R. M.,
Barros, N. O., Duque-Estrada, C. H., Roland, F. Rima Editora, São Carlos – SP, pp. 229 – 242.

FERREIRO, N. R. B. Caracterização da qualidade ecológica do Rio Tua. 2007, 101f. Dissertação


de Mestrado em Hidrobiologia, Universidade do Porto, Porto

GALDEAN, N.; CALLISTO, M.; BARBOSA, F. A. R. Lotic ecosystems of Serra do Cipó, southeast
Brazil: water quality and a tentative classification based on the benthic macroinvertebrate
community. Aquatic ecosystem health and management, v.3, p. 545-552, 2000

329
GASTALDINI,M.C.C.;SOUZA,M.D.S. (1994). Diagnóstico do Reservatório do Vacacaí – Mirim
através de Índices de Qualidade de Água.1º Seminário sobre Qualidade de Águas Continentais no
Mercosul, Porto Alegre – RS.

GENUCHTEN, M. Th. van. A closed-form equation for predicting the hydraulic conductivity of
unsaturated soils, Soil Science Society of America Journal, v.44, p.892-898, 1980.

GOMES, H. P. Sistemas de irrigação: eficiência energética. João Pessoa: Editora UFPB, 2013.

IBGE. MANUAL TÉCNICO DE PEDOLOGIA. ISBN 978-85-240-3722-9 (meio impresso), 2ª edição,


2007.

IIE. 2009. Plano de conservação e usos múltiplos do reservatório da UHE-LEM (Lajeado),


Estado de Tocantins e seu entorno. Disponível em http://naturatins.to.gov.br. Acesso em Mai 2010.

IUCN. The Red List of Threatened Species. http://www.iucnredlist.org/, 2006

JUNQUEIRA, M. V.; CAMPOS, S. C. M. Adaptation of the “BMWP” method for water quality
evaluation to Rio das Velhas watershed (Minas Gerais, Brazil). Acta Limnologica Brasiliensia,
v.10, n.2, p. 125-135, 1998

LAMPARELLI , M. C. Grau de trofia em corpos d’água do estado de São Paulo: avaliação dos
métodos de monitoramento. São Paulo : USP/ Departamento de Ecologia., 2004. 235 f. Tese de
doutorado, Universidade de São Paulo, 2004.

LAMPARELLI, Marta C. (2004). Grau de Trofia em Corpos D’Água do Estado de São Paulo:
Avaliação dos Métodos de Monitoramento.Tese (Doutorado)- Instituto de Biociências,
Universidade de São Paulo, São Paulo – SP, 238 p.

LIMA, A. A. C.; OLIVEIRA, F. N. S.; AQUINO, A. R. L. Solos e aptidão agrícola das terras do
estado do Tocantins, Documentos nº 31, ISSN 0103 – 5797, novembro, 2000.

MANDAVILLE, S. M. Benthic macroinvertebrates in freshwaters: taxa tolerance values, metrics


and protocols. 2002.

MARTINS, J. C.; COSTA, J. C. Os Macroinvertebrados no Ensino da Biologia. Centro de


Formação da Associação de Escolas do Mar ao Zêrere, Portugal, 2009

MENDES, A. J. P. Estabelecimento de calendários de irrigação para o manejo racional do


perímetro K do projeto de irrigação Morada Nova “utilizando o programa “Cropwat”. 1997. 115
f. Dissertação (Mestrado em irrigação e Drenagem) Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.

Ministério do Meio Ambiente (MMA). 2008. Lista oficial das espécies da flora brasileira
ameaçadas de extinção - Instrução Normativa nº 6 de 23 de setembro de 2008. Ministério do
Meio Ambiente, Brasília, Distrito Federal.

MME, 2015, “Ministério de Minas e Energia – MME”. Disponível em <http://www.mme.gov.br/> Acesso


em: 30 jul. 2015.

MONTENEGRO, A. A. T. Evapotranspiração e coeficientes de cultivo do mamoeiro obtidos


através do método do balanço hídrico para a região litorânea do Ceará. 2002. 76f. Dissertação
(Mestrado em Irrigação e Drenagem) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.

MORENO, P.; CALLISTO, M. Bioindicadores de qualidade de água ao longo da bacia do Rio das
Velhas (MG). In: Silveira M. (ed.). Bioindicadores de qualidade de água, capítulo 5, Embrapa Meio
Ambiente, Jaguariúna, 2005.

OLIVEIRA, A.; MORGAN, F., L.; MORENO, P. & CALLISTO, M. Inventário da fauna de insetos
aquáticos na Estação Ambiental de Peti (CEMIG), In: SILVEIRA, F. (Org.), Anais da ANEEL -
Projeto Peti/UFMG, ANEEL, v.1, p. 25-30, 2005

330
OLIVEIRA, J. J. G. Evapotranspiração máxima e coeficientes de cultivo da melancia (Citrullus
lanatus, Schrad) através de lisímetro de pesagem de precisão para a região litorânea do Ceará.
1999. 121 f. Dissertação (Mestrado em Irrigação e Drenagem) - Universidade Federal do Ceará,
Fortaleza, 1999.

PONTES, C. G. M. Evapotranspiração máxima e coeficientes de cultivo do abacaxi


(Ananascomosus (L.) Merril) através de lisímetro de pesagem de precisão para a região litorânea
do Ceará. 2002. 110 f. Dissertação - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.

PREVEDELLO, C. L. Novo método para estimativa da umidade do solo na condição de


capacidade de campo, Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v.4, p.23-28, 1999.

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD). Atlas do


desenvolvimento humano no Brasil 2013. Disponível em: <http://www.atlasbrasil.org.br/2013/>.
Acesso em: mar. de 2015.

RATTER, J.A., BRIDGEWATER, S. & RIBEIRO, J.F. 2003. Analysis of the floristic composition of
the Brazilian cerrado vegetation III: comparison of the wood vegetation of 376 areas. Edinburgh
Journal of Botany 60:57-109.

REIS-PEREIRA, V. L. Caracterização limnológica dos sistemas aquáticos da área de influência do


aproveitamento hidrelétrico de Ipueiras. Relatório Técnico. 2002

REYNOLDS, C. S. The concept of ecological sucession applied to the seasonal periodicity of


freshwater phytoplankton. Limnology, 23: 683-691, 1988.

RICHTER, C. A. Água-Métodos e Tecnologias de Tratamento: 2014. Blucher, São Paulo, Brasil

ROSENBERG, D. M.; RESH, V. H. Introduction to freshwater biomonitoring and benthic


macroinvertebrates. In: ROSENBERG, D. M.; RESH, V. H. Freshwater biomonitoring and benthic
macroinvertebrates. Chapman and Hall, New York, p. 1-9, 1993

ROSENBERG, D.M. Freshwater biomonitoring and chironomidae. Netherland Journal of Aquatic


Ecology, v.26, p. 101-122, 1992

SILVA, L. A. G. C. Biomas presentes no Estado do Tocantins. Biblioteca digital da Câmara dos


Deputados. http: //bd.camara.gov.br.

SILVA, N. T. C. Macroinvertebrados bentônicos em áreas com diferentes graus de preservação


ambiental na Bacia do Ribeirão Mestre d'armas, DF. 2007, 113f. Dissertação de Mestrado –
Departamento de Ecologia, Universidade de Brasília) – Brasília, 2007.

Tocantins. Plano de Manejo Parque Estadual do Lajeado / SEPLAN / DBO Engenharia. - Naturatins. -
Goiânia, 2005.

TOLEDO Jr., A. P. (1990).Informe preliminar sobre os estudos para obtenção d e um índice para
avaliação do estado trófico de reservatórios de regiões quentes tropicais.CESTEB, São Paulo -
SP 12p. (Relatório Interno).

TOLEDO Jr., A. P.; TALARICO, M.; CHINEZ, S. J.; AGUDO, E.G. (1983). A aplicação de modelos
simplificados para a avaliação de processo de eutrofização em lagos e reservatórios tropicais in
Anais do 12º Congresso de Engenharia Sanitária e Ambiental,Camboriú, 34p.

Tucci, C. 2000. (org.) Hidrologia: ciência e aplicação. Editora da Universidade,

TUNDISI, J. E. M. Indicadores de qualidade da bacia hidrográfica para gestão integrada dos


recursos hídricos. Estudo de caso: bacia hidrográfica do médio Tocantins. Tese. São Carlos. 2006

U.S ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. (1996). National Water Quality Inventory. Report
to Congress. Office of Water, U.S. Environmental Protection Agency. EPA 841-R-97-008.

331
7. SÍNTESE DOS RESULTADOS

332
333
334
335
336
337

Você também pode gostar