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FACULDADE DE GEOLOGIA
RIO DE JANEIRO
2006
Décio Fontes de Oliveira
Josiane Damazio
Ricardo Pereira
Wilson Nakamura Jr.
TÍTULO:
Evolução Tectono-Estrutural, Estratigragia e Sistemas
Petrolíferos da Bacia de Camamu-Almada
RIO DE JANEIRO
2006
ii
Décio Fontes de Oliveira
Josiane Damazio
Ricardo Pereira
Wilson Nakamura Jr.
Aprovada por:
RIO DE JANEIRO
2006
iii
FICHA CATOLOGRAFICA
iv
“Comumente encontramos óleo em novas
áreas com velhas idéias. As vezes,
encontramos óleo em áreas velhas com uma
nova idéia; mas dificilmente, encontramos
muito óleo em áreas velhas com uma idéia
antiga”.
Park Dickey (1958)
v
AGRADECIMENTOS
vi
Ao nosso colega Caixeta (E&P-EXP) por sua atenção e disponibilidade
no esclarecimento de dúvidas sobre a Bacia de Camamu-Almada.
vii
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ................................................................................................... vi
SUMÁRIO .................................................................................................................... viii
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... xi
LISTA DE FOTOS ...................................................................................................... xiv
RESUMO....................................................................................................................... xv
ABSTRACT................................................................................................................. xvii
CAPÍTULO I ................................................................................................................... 1
INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1
CAPÍTULO II .................................................................................................................. 5
HISTÓRICO DE E&P .................................................................................................... 5
CAPÍTULO IV............................................................................................................... 14
CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL................................................................... 14
viii
CAPÍTULO V ................................................................................................................ 18
CONTEXTO TECTONO-ESTRUTURAL DA BACIA DE CAMAMU-ALMADA .. 18
CAPÍTULO VI............................................................................................................... 27
ARCABOUÇO ESTRATIGRÁFICO .......................................................................... 27
ix
VI.3.8 – Grupo Espírito Santo ....................................................................... 51
VI.3.8.1 – Formação Urucutuca ................................................................ 51
VI.3.8.2 – Formação Caravelas................................................................. 52
VI.3.8.3 – Formação Rio Doce .................................................................. 54
VI.3.9 – Formação Barreiras......................................................................... 54
CAPÍTULO VII.............................................................................................................. 54
SISTEMAS PETROLÍFEROS .................................................................................... 54
CAPÍTULO VIII............................................................................................................. 69
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................................. 69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................71
x
LISTA DE FIGURAS
xi
Figura 5.4 : Arcabouço estrutural da Bacia de Almada. A bacia, na porção
emersa, é delimitada em três compartimentos (vide texto) (modificado. de Netto
& Sanches, 1991)...............................................................................................23
Figura 6. 2: Carta estratigráfica proposta por Netto et al. (1994) para a bacia de
Camamu.............................................................................................................37
Figura 6.3:Carta estratigráfica proposta por Netto et al. (1994) para a bacia de
Almada................................................................................................................38
xii
Figura 6.8: Padrões de empilhamento observados por Küchle (2004) nas
seqüências deposicionais formadoras da seção rifte (SEQ-B1 a SEQ-
B4).....................................................................................................................43
Figura 7.1: Coluna estratigráfica da seqüência rifte dos poços estudados por
Gonçalves et.al.,(1997).......................................................................................57
Figura 7.2: variação dos teores de COT, índice de hidrogênio e razão isotópica
do carbono da matéria orgânica (δ13C) ao longo da seqüência rifte no poço
estudado por Gonçalves (2001) da Bacia de Camamu- Almada.......................59
Figura 7.4: Esquema de dois exemplos típicos de migração (a) trapas pré-rifte e
(b) trapas rifte na bacia de Camamu-Almada ( Modificado de Gonçalves
et.al.,2000)..........................................................................................................63
xiii
LISTA DE FOTOS
xiv
RESUMO
xv
(1994), como sistemas petrolíferos pré-rifte e sin-rifte. Neste contexto, as
bacias apresentam dois importantes sistemas petrolíferos: o sistema Morro do
Barro–Sergi (!) e o sistema Morro do Barro-Rio de Contas (!).
As acumulações de hidrocarbonetos na bacia de Camamu estão
associadas a trapas estruturais ou mistas na seção rift e pré-rift. O maior
número de acumulações ocorre na Formação Morro do Barro, de idade
eocretácea, em reservatórios interpretados como lobos turbidíticos lacustres,
seguidas pelos reservatórios neojurássicos da Formação Sergi, associados a
arenitos flúvio-eólicos. Os principais geradores são atribuídos a sedimentos
lacustres de água doce da Formação Morro do Barro
Apesar do baixo sucesso exploratório, até o momento, em terra e em
águas rasas nessas duas bacias, este trabalho propõe a revisão dos dados
exploratórios existentes e o avanço nos estudos em águas profundas.
xvi
ABSTRACT
xvii
stratigraphic) traps in the rift and pre-rift sections. The major accumulations
occurred in Morro do Barro formation (lower cretaceous age) in lacustrine
turbiditic reservoir.
The major accumulations occurred in Morro do Barro formation (lower
cretaceous age) in lacustrine turbiditic lobes reservoir followed by lower
Jurassic reservoir of Sergi Formation, composed by eolian and fluvial
sandstone. Sediments by Morro do Barro Formation are considerated the most
important source rocks in the basis.
Although the low exploration success onshore and shallow waters in
these basins at the moment, this work considers the revision of the existing
exploration data and the advance in the studies in deep waters.
xviii
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
I.1. OBJETIVOS
1
partir do Eo-cretáceo, estas sub-bacias são normalmente descritas
conjuntamente na literatura.
A porção emersa estende-se desde o município de Vera Cruz, na Ilha de
Itaparica, cujas coordenadas são 12,96ºS / 38,60ºW, até o município de Ilhéus,
de coordenadas 14,78ºS / 39,04ºW, possuindo aproximadamente 195 km de
comprimento e 20 km de largura média (Fig. 1.1).
O acesso à área é feito pelas rodovias estaduais BA-245, BA-542, BA-
650 e BA-415, que ligam, respectivamente, as cidades de Nazaré, Valença,
Camamu e Ilhéus à BR-101, além da rodovia BA-001, que liga a cidade de
Ilhéus a Itacaré.
2
I.2.2 - Suporte Bio-Físico da Paisagem
I.2.2.1 - Geomorfologia
3
I.2.2.2 - Clima
I.2.2.3 - Vegetação
4
CAPÍTULO II
HISTÓRICO DE E&P
5
pois a maioria dos estudiosos daquela época considerava a bacia de Camamu-
Almada uma continuação da Bacia do Recôncavo.
No período entre 1966 e 1985 foram perfurados pela Petrobras na Bacia
de Almada 14 (quatorze) poços exploratórios, 5 (cinco) na porção terrestre e 9
(nove) na plataforma continental. As informações fornecidas por estes poços
exploratórios, associados aos levantamentos gravimétricos das principais
feições estruturais e a elaboração de um modelo de evolução tectono-
sedimentar, foram publicados em relatórios internos da Petrobras (Bruhn &
Moraes, 1989).
Foi perfurado nesta bacia um total de 74 poços, de acordo com as
informações do BDEP (Banco de Dado de Exploração e Produção) segundo
Cuiñas Filho (2004), distribuídos em uma área de aproximadamente 23.000
km2, até a cota batimétrica de 3000 metros, resultando em uma densidade
aproximada de um poço exploratório a cada 310 km2. Essa densidade aumenta
para um poço a cada 116 km2, se considerarmos apenas a porção terrestre e
plataformal, até a batimetria de 400 metros. Porém quase 65 % da bacia está
situada em águas profundas e a maioria dos poços encontra-se na plataforma
continental ou na porção terrestre (Fig .2.1).
6
Figura 2.1 : Mapa de localização dos poços perfurados na Bacia de Camamu-Almada
(Fonte: BDEP Segundo Cuiñas Filho, 2004) )
7
instalação e montagem dos equipamentos da plataforma de produção e da
estação de tratamento de gás; cuja expectativa para início de operação está
previsto para novembro de 2006.
Durante as avaliações iniciais deste campo foi revelada uma das
maiores colunas contínuas de gás já descobertas no Brasil, com cerca de 300
metros de espessura. Atualmente, sabe-se que as reservas totais de gás deste
campo são de cerca de 24 bilhões de metros cúbicos e correspondem a
aproximadamente 40% da reserva de gás da Bahia. Tal fato implicará numa
adição de mais de três milhões de metros cúbicos de gás por dia no mercado
ainda em 2006, com previsão de produção plena de seis milhões de metros
cúbicos por dia, a partir de março de 2007.
Mesmo com essas acumulações, sabe-se que do total de poços
perfurados na área, apenas 5,4 % foram descobridores de campos de óleo ou
gás, demonstrando um baixo índice de sucesso exploratório, o que a afirma a
necessidade de uma maior investigação nesta bacia, visto que o potencial
petrolífero da área é confirmado com base nas acumulações já encontradas.
Com a quebra do monopólio da Petrobras, deu inicio a participação de
empresas estrangeiras na exploração de petróleo no Brasil. Entre as bacias
sedimentares brasileiras que causaram grande interesse; está a bacia de
Camamu-Almada.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP), desde a quebra do monopólio
em 1997, disponibilizou blocos para leilão na Bacia de Camamu-Almada em
cinco dos sete leilões já realizados, assim também como áreas em um dos dois
leilões realizados especificamente para áreas inativas com acumulações
marginais. Foi oferecido um total de 25 blocos; todos em áreas com lâmina
d’água que não ultrapassam 3.000 m; onde 16 blocos foram vendidos, tendo
um índice de 64% de aproveitamento. Com relação às áreas inativas com
acumulações marginais, duas áreas foram oferecidas e vendidas (campo de
Jirituba e Campo Morro do Barro), caracterizando o grande interesse
exploratório nesta bacia.
8
CAPÍTULO III
9
obteve-se uma extensa quantidade de dados que propiciou a identificação e
reconhecimento de muitas das suas principais feições geomorfológicas.
Na evolução tectono-sedimentar do Atlântico Sul, cinco fases são bem
marcadas. A primeira representa o início dos processos extensionais que
separaram os dois continentes. Primeiramente, formou-se uma grande
depressão, conhecida como Depressão Afro-Brasileira (Cesero & Ponte, 1997),
de ambiente deposicional de playa-lake, com presença de evaporitos. Esta
depressão foi preenchida rapidamente por um complexo pacote de leques
aluviais de clima árido e por depósitos fluviais com granulometria grossa.
10
Fig. 3.1 – A Placa Sul-Americana e seus domínios tectono-sedimentares (modificado de
Milani & Thomaz Filho, 2000).
11
Também é comum a presença de sedimentos eólicos na bacia. Nas
bacias a sul, este pacote não foi identificado, mas acredita-se que ele é
composto pela mesma seqüência sedimentar presente ao norte e/ou por
rochas vulcânicas, como ocorre na bacia do Rio Congo, no Zaire (Chang et al.,
1988). Ocorre nesta fase um afinamento crustal e um pequeno soerguimento
astenosférico distribuídos regionalmente, com presença de falhas incipientes
na crosta superior que controlam os depocentros locais, associados a amplas e
finas seqüências sedimentares (Cainelli & Mohriak, 1999) .
O inicio da segunda fase foi caracterizado pelo aumento do estiramento
litosférico, que foi contemporâneo com o desenvolvimento de grandes falhas
que afetam a crosta continental e com o intenso vulcanismo basáltico no
continente e nas bacias localizadas mais ao sul, além da formação de meio-
grábens ao longo de toda a margem continental. A sedimentação típica desta
fase se deu em bacias lacustrinas, com estiramento ao longo do rifte central,
que foram controladas por estruturas de meio-grabens. As partes mais altas
dessas estruturas que representam barreiras intrabacinais, geraram sub-bacias
e modificaram o padrão de sedimentação e distribuição de fácies (Ojeda,
1982). No final da fase rifte existe um aumento na extensão litosférica que é
caracterizado pela presença de grandes falhas, que rotacionaram os blocos do
rifte e as camadas sedimentares que tinham sido depositadas anteriormente
(Cainelli & Mohriak, 1999).
A Cadeia Meso-Atlântica é uma feição fisiográfica que representa o inicio
da intrusão da crosta oceânica no fim da fase rifte. Este mecanismo
provavelmente ocorreu por um estiramento litosférico regional, onde o foco
seria na Cadeia Meso-Oceânica. A esta fase estão associados vulcanismos
continental e oceânico, reativação de falhamentos e erosão de blocos gerados
durante o rifteamento, que nivelou as topografias e separou os ambientes
deposicionais continentais dos transicionais e marinhos (Cainelli & Mohriak,
1999). Durante o Aptiano (Andar Alagoas) uma seqüência evaporítica foi
depositada sobre a discordância regional. Estes sedimentos são típicos de
ambientes de transição continental e marinho. Nesta fase um estreito mar
aberto evaporítico foi formado ao longo de toda a costa continental brasileira a
partir da Bacia de Pelotas, resultando numa seção evaporítica com até 2000m
de espessura estimada (Chang et al., 1988). Esta fase marca tanto na margem
12
leste brasileira, como na oeste africana a primeira incursão marinha e pode
conter rochas fonte de hidrocarbonetos (Cainelli & Mohriak,1999).
Com o início da separação continental devido a formação de crosta
oceânica, desencadeou-se a formação de uma discordância regional,
denominada por Falvey 1974 (apud Davison 1999), como break up
unconformity. Esta discordância se apresenta geralmente com ângulo variando
de alto a baixo, onde a maior parte dos blocos gerados durante o rifteamento
foram afetados e posteriormente preenchidos por sedimentos sin-rifte que
antecede a superfície de inundação do Aptiano e formam um acamamento
paralelo sobrepostos a superfície de discordância (Davison, 1999). Esta
discordância foi bem detalhada por Küchle (2004), que definiu sua localização
no topo da seqüência Transicional, representando o registro do fim da fase
rifte.
Após a deposição salina durante o Aptiano (fase transicional), ocorreu
uma intensa sedimentação carbonática de alta energia durante o Albiano,
denominada fase Marinha Pós-Rifte. O modelo deposicional proposto para esta
seqüência por Chang et al. (1988) é uma típica rampa carbonática deformada
pela tectônica de remobilização salina, o que controlou a distribuição das fácies
de carbonatos de águas rasas.
Durante o Terciário ao longo da linha de charneira interna das bacias,
ocorre um rejuvenescimento da região onshore, devido a um soerguimento
periférico, resultando em um grande aporte sedimentar e na deposição de uma
espessa cunha de sedimentos siliciclásticos (Cainelli & Mohriak,1999).
13
CAPÍTULO IV
14
A Província São Francisco é composta por rochas Arqueanas colocadas
lado a lado com rochas Paleoproterozóicas através de colisões de diversos
segmentos crustais e reequilibradas metamorficamente na fácies granulito,
anfibolito e xisto-verde.
Apresenta-se como feição estrutural compressiva mais significativa o
lineamento Contendas – Jacobina de direção N-S de extensão aproximada de
800 km, a qual é resultado da imbricação de segmentos continentais
Arqueanos e Paleoproterozóicos, alem de faixas móveis Paleoproterozóicas,
estabilizado com a junção de dois diferentes domínios: oeste, representado
pelo Bloco Gavião, e leste, pelos blocos Jiquié e Serrinha e pelas faixas móveis
Itabuna – Costeiro Atlântica e Salvador – Curaçá (Teixeira et. al., 2000, Fig.
4.2).
Posicionado entre esses domínios existe duas faixas móveis
vulcanossedimentares paleoproterozóicas ao longo da zona de junção: Faixa
Jacobina-Mundo Novo, na porção norte do cráton, e Faixa Contendas-Mirante,
na porção sul.
O Bloco Gavião é composto por associações de ortognaisses, lepnitos e
anfibolitos, de seqüências supracrustais equilibradas na fácies xisto-verde
(seqüência vulcanossedimentar Contendas-Mirante, Umburanas e Mundo
Novo), além de associações tonalíticas, trondhjemíticas e granodioríticas na
fácies anfibolito (antigos núcleos TTGs), com idade Rb-Sr estimada entre 2,9-
2,8 Ga (Arqueano). O outro bloco que compõe o contexto regional é o Jiquié
que consiste de rochas plutônicas enderbíticas-charnockíticas e seqüências
vulcanossedimentares, equilibradas na fácies granulito.
15
Figura 4.1 – Mapa de contexto geológico regional do Cráton São Francisco (modificado
de Teixeira et. al., 2000 e Serviço Geológico do Brasil, 2001, CD 1).
16
Figura 4.2 - Mapa de contexto tectônico regional com localização da área de estudo (modificado de
Serviço Geológico do Brasil, 2001,CD.2 e Teixeira et. al. 2000). O perfil AA’ encontra-se na Figura
4.3.
17
Figura 4.3 - Perfil esquemático mostrando a estruturação e distribuição das rochas que
compõem o embasamento cristalino (modificado de Barbosa, 1997).
CAPÍTULO V
18
pelo meridiano 38º W e a oeste pela falha de Maragogipe. Entre a linha de
costa e o embasamento ocorre uma faixa sedimentar de aproximadamente
20km de largura média e 140km de extensão (Fig. 5.1).
Segundo Mércio (1996), existem duas famílias de falhas compondo o
arcabouço estrutural da Bacia de Camamu. A Família 1 é constituída por falhas
normais de direção N-S a NE-SW e falhas transcorrentes N-S a NW-SE (Fig.
5.2), e a Família 2 que é constituída por falhas normais de direção E-W a NW-
SE e por falhas transcorrentes N-S a NW-SE (Fig.5.3).
Mércio (1996), identificou que as falhas que constituem a Família 1
foram fortemente influenciadas pela atitude da foliação do embasamento,
atuando principalmente nos sedimentos mais basais da bacia e formando horts
e grábens, alem de poder acarretar na formação de falhas profundas com
mergulho para leste ou para oeste. São falhas normais da Família 1 as
principais charneiras estruturais da bacia, como a Falha de Maragogipe, e as
falhas que delimitam o Alto de Camamu na porção offshore. De acordo com o
citado autor, a Família 2 é mais recente que a Família 1, pois teve atuação até
em rochas quaternárias, tendo delimitado a atual linha de costa. A mesma tive
seu desenvolvimento aproveitando descontinuidades já existentes da Família 1.
Por isso, tiveram sua geometria principalmente planar.
19
Figura 5.1: Principais estruturas do arcabouço da Bacia de Camamu (modificado de Netto
& Ragagnin, 1990).
20
Figura 5.2: Bloco diagrama ilustrando a Família 1 . A direção de distensão é
aproximadamente N70ºW. Nos planos de falhas estão representados os traços de estrias
como são vistas no campo (modificado de Mércio,1996).
21
Itabuna – Costeiro Atlântico, e falhas de transferência de alívio de tensão,
respectivamente. Na porção mais ao norte da bacia observa-se ainda
estruturas na direção preferencial ESE, que controlam a desembocadura do
Rio Paraguaçu. Estas estruturas condizem com o padrão do Cinturão Móvel
Salvador – Curaçá.
22
Figura 5.4: Arcabouço estrutural da Bacia de Almada. A bacia, na porção emersa, é
delimitada em três compartimentos (vide texto) (modificado de Netto & Sanches, 1991).
23
V.3 – PORÇÃO SUBMERSA DA BACIA DE CAMAMU - ALMADA
24
(responsável pelo escalonamento da Falha de Aritaguá em direção ao mar) é
impregnado com óleo escuro (Netto & Sanches, 1991).
Próximo ao limite da Porção Sul com a Porção Central ocorre a
convergência de traços de falha para um único traço, ocorrendo também uma
pequena mudança de direção de NE para NNE. Karam (2005) sugere que esta
convergência pode indicar o fim da influência da Zona de Cisalhamento
Itabuna-Itaju do Colônia. Este traço único se prolonga até o limite com a Porção
Norte, onde não é mais observado, pois o embasamento da bacia está em uma
profundidade maior e as linhas sísmicas não apresentam definição. Observa-se
ainda na Porção Central, uma falha de direção NW com mergulho para NE.
Por ultimo, a Porção Norte apresenta em sua estruturação diversas
falhas, dentre estas é importante citar uma falha de borda, que passa a ser a
charneira mais externa a leste, e para oeste ocorre o desenvolvimento de uma
falha de borda mais interna, além de falhas de transferência e também de uma
falha antitética. As falhas de transferência apresentam direção WNW-ESSE
com movimentação destral e caracterizam-se pela presença de zona cega ao
seu redor. As mesmas formam o limite norte do paleocânion de Itacaré e altos
estruturais como o Alto de Camamu, que é delimitado por uma falha de borda a
leste e pela falha antitética anteriormente mencionada, caracterizando-se assim
como um horst. Azevedo et al., (1994) mencionou estas falhas como rotas de
migração de hidrocarbonetos a partir de rochas geradoras profundamente
soterradas.
25
Figura 5.5: Integração dos arcabouços estruturais do embasamento na porção marinha
(ANP/COPPE/UFRJ, 2003) e na porção terrestre (RADAMBRASIL, 1981).
26
Figura 5.6: Visualização tridimensional do embasamento da Bacia de Camamu-Almada
no Gocad. Destaque para o relay ramp limitado pelas falhas de borda.
(Adaptado e modificado RADAMBRASIL, 1981, apud Karam, 2005).
CAPÍTULO VI
ARCABOUÇO ESTRATIGRÁFICO
27
Segue abaixo uma breve explanação dos principais trabalhos utilizados
para a conclusão deste capítulo.
No trabalho intitulado “Novos Coceitos sobre o Desenvolvimento das
Bacias Marginais do Leste Brasileiro”, Chang et al. (1991) enfocam que a
estratigrafia geral, do Jurássico até o Cretáceo das Bacias da Margem do Leste
brasileiro, pode ser representada por cinco megasseqüências: continental,
evaporítica transicional, plataforma carbonática rasa, transgressiva marinha e
regressiva marinha. Essas megasequências estão relacionadas ao rompimento
do continente Pangea e à evolução do Oceano Atlântico (Fig.6 1).
Em 1994, Netto et al. propõe cartas cronoestratigráficas para Bacias de
Camamu e Almada (Figs. 6.2, 6.3 e 6. 4). Este trabalho, somado com as obras
de Caixeta et al. (1994) e Vieira et al. (1994), foram escolhidos como guias
para o detalhamento litoestratigráfico.
Küchle (2004) subdivide o arcabouço estratigráfico das Bacias de
Camamu e Almada em quatro seqüências deposicionais de segunda ordem
(SEQ-A, SEQ-B, SEQ-C e SEQ-D). O autor também subdivide a seqüência rifte
(foco de seu estudo e classificada por ele como de segunda ordem) em quatro
seqüências deposicionais de terceira ordem, chamadas por ele de SEQ-B1,
SEQ-B2, SEQ-B3 e SEQ-B4 (Fig. 6.5).
Karam (2005) realizando um estudo de feições tectônicas e
sismoestratigráficas na seqüência pós-rifte da Bacia de Camamu-Almada,
subdivide a seqüência deposicional “D” de Kuchle em três seqüências
deposicionais de terceira ordem (Fig. 6.6).
28
arqueanas. A discordância com a Seqüência Sin-Rifte é marcada por um hiato
deposicional datada em cerca de 100 milhöes de anos (Fig.6. 2).
Para Caixeta et al. (1994), a sedimentação da seqüência ocorreu em
ambientes marinhos restritos e neríticos.
Esta seqüência é chamada de seqüência Paleozóica por Küchle (2004)
(Fig.6. 5), e é classificada pelo autor como uma sequência deposicional de 2º
ordem.
29
Chamada de seqüência SEQ-B1 por Küchle (2004), para o autor a
seqüência é classificada como de 3º ordem e apresenta três padrões de
empilhamento bem distintos (Fig. 6.7): um padrão retrogradacional na base,
representado dominantemente por folhelhos e subordinadamente, por
intercalações de folhelhos e arenitos. Sucede-se um padrão intermediário
progradante, caracterizado por arenitos maciços. Por último, um evento
retrogradante, pouco pronunciado, porém de correlação regional, representado
dominantemente por folhelhos intercalados metricamente com arenitos,
representando sistemas lacustres profundos e margens lacustres (porções
intermediárias a distais).
Segundo Küchle (2004), a seqüência é limitada no topo por um limite de
seqüência de caráter erosivo, marcando o início da deposição da seqüência
superior caracterizada pela Formação Rio de Contas (Fig. 6.5). Netto et al.
(1994) utiliza a nomenclatura K10 para designar esta seqüência deposicional
(Figs. 6.2 e6.3).
30
Faciologicamente, a seqüência é composta por folhelhos e arenitos com
conteúdo subordinado de carbonatos. Interpretações relacionadas a sistemas
deposicionais indicam uma semelhança com a SEQ-B2, onde as intercalações
de folhelhos e arenitos seriam correspondentes a registros de sistemas de
margem lacustre, enquanto que sucessões com dominância de folhelho seriam
indicativas de sistemas de lago profundo. O padrão geral da sucessão SEQ-
B2/SEQ-B3 é transgressivo (empilhamento retrogradacional), pontuado por um
breve e, regionalmente não muito extenso, momento regressivo (Fig. 6.7).
Kuchle (2004) ainda identificou na SEQ-B3, uma superfície de inundação
máxima (SIM-B) da seção rifte (2º ordem) que é também uma Superfície de
Inundação Máxima (SIM) de terceira ordem da SEQ-B3 (Figs. 6.5 e 6.8).
A discordância que marca o limite de seqüência entre a SEQ-B2 e SEQ-
B3 nem sempre é identificada na sísmica devido ao padrão de empilhamento
semelhante entre as duas seqüências. Já o limite de seqüência da SEQ-B3
com a Formação Taipus-Mirim (Megassequência Transicional) é marcado pelo
caráter erosivo nas porções proximais, onde depositaram sedimentos arenosos
sobre uma superfície erosiva de caráter regional (Küchle 2004).
Netto et al. (1994) utiliza a nomenclatura K20-K30 para designar esta
seqüência deposicional.
31
Esta Megassequência Transicional corresponde à sequência SEQ-B4 de
Kuchle (2004) (Figs. 6.5 e 6.8).
Netto et al. (1994) e Küchle (2004) dizem que as associações
faciológicas com predominância de arenitos caracterizam sistemas marginais
lacustres proximais e fluviais, enquanto as associações com predominância de
folhelhos indicam sistemas lacustres distais. Os conglomerados estão
relacionados aos sistemas de leques associados aos falhamentos, e os
evaporitos e sucessões faciológicas siliciclásticas foram depositados em
ambiente marinho raso, marcando indícios da primeira incursão marinha na
bacia.
Küchle (2004) observa que o padrão de empilhamento padrão da
seqüência é agradacional (Fig. 6.7). Na seqüência ocorrem domos de sal em
regiões de águas profundas, devido ao deslocamento do sal das partes mais
rasas em direção as águas mais profundas, o que indica que estes movimentos
são posteriores a deposição da SEQ-B4.
O contato superior desta megasseqüência com a Megasseqüência
Carbonática de Plataforma Rasa se dá por uma discordância de caráter
erosivo.
32
seqüências SEQ-C e SEQ-D (equivalentes às Megasseqüências Carbonática e
a Marinha Transgressiva), que escavou praticamente toda a SEQ-C.
Karam (2005) com base em dados de poços da literatura, sugere de
modo geral que o Membro Germânia na Bacia de Camamu-Almada foi
depositado em ambiente nerítico raso e o Membro Quiepe, num ambiente
nerítico profundo a batial superior. Em um perfil de poço localizado em sua
área de estudo (Bacia de Almada), a autora observou o caráter transgressivo
de 2º ordem da seqüência.
Netto et al. (1994) utilizam a nomenclatura K40-K50 para designar esta
megassequência deposicional (Figs. 6.2, 6.3 e 6.4).
O contato superior desta Megassequência com a Megassequência
Marinha Transgressiva se dá por uma discordância de caráter erosivo regional
e intenso, chamada Pré-Urucutuca (ou Sub-Urucutuca) (Figs. 6.5, 6.6 e 6.8).
33
seqüência SEQ-D apresenta um padrão progradante ao longo de sua seção,
padrão esse que é observado por ele em seção sísmica na forma de
clinoformas progradantes condicionando a configuração plataformal atual.
Baseado na interpretação exposta acima por Küchle (2004) chega-se a
seguinte pergunta: Porque o autor não subdivide a seqüência marinha
(chamada por ele de SEQ-D) em duas sequências distintas de 2º ordem,
(sendo uma transgressiva e outra regressiva) como fizeram Netto et al. (1994)
e Chang et al. (1991)? A subdivisão pode ter sido impossibilitada por escassez
de dados sísmicos ou pela escala de estudo?
Pelo fato da sedimentação pós-rifte apresentar importantes
reservatórios nas bacias da margem continental brasileira, essa sequência já
foi estudada por diversos autores. Como exemplo podem ser citados os
trabalhos de Karam (2005) e D’AVILA et al. (2004).
Karam (2005, Fig. 6.6) em seu trabalho, que visam compreender a
implantação do Paleocânion de Itacaré, realizam um detalhamento
sismoestratigráfico da seqüência SEQ-D de Küchle (2004). A autora subdivide
esta seqüência em três sismoseqüências de 3º ordem (SS-D1, SS-D2 e SS-D3,
Figs. 6.6 e 6.8). Cronologicamente, a seqüência SS-D1 e parte da sequência
SS-D2 se enquadram na Megassequência Marinha Transgressiva (Fig. 6.8),
enquanto que a sequência SS-D3 se enquadra na Megassequência Marinha
Regressiva (descrita a seguir).
Analisando a subdivisão da seqüência de 2º ordem de Küchle em
seqüências de terceira ordem por Karam surgem novos questionamentos:
Porque os dados sísmicos e de poços utilizados pela autora indicam que a
transição entre as seqüências marinhas transgressiva e regressiva aconteceu
no limite Eoceno/Paleoceno (aproximadamente 57 milhões de anos) e não a 50
milhões de anos (Eoceno Médio) como relatam os trabalhos de Chang et al.
(1991) e Netto et al. (1994)? Seriam novamente a escassez de dados sísmicos
ou pela escala de estudo como relatado acima?
D’avila et al. (2004) basearam-se em dados sísmicos e de poços da área
para afirmarem que o canyon teve como causa inicial o controle tectônico, ao
contrário de outros trabalhos que relatam que a origem do canyon foi originado
apenas pela escavação provocada durante a passagem de inúmeras correntes
de turbidez.
34
VI.2.6 – Megasseqüência Marinha Regressiva
35
Figura 6.1: Megasseqüências estratigráficas das bacias marginais do Leste Brasileiro (Chang et al. 1991).
36
Figura 6. 2: Carta estratigráfica proposta por Netto et al. (1994) para a bacia de Camamu.
37
Figura 6.3: Carta estratigráfica proposta por Netto et al. (1994) para a bacia de Almada.
38
Figura 6.4: Cartas Estratigráficas das Bacias de Camamu e Almada integradas
(modificadas de Netto et al., 1994). Notar a ausência da Seqüência Paleozóica (Formação
Afligidos) na Bacia de Almada e a semelhança no empilhamento estratigráfico entre as
duas bacias a partir do Eo-Cretáceo.
39
Figura 6.5: Seção geológica esquemática da Bacia de Camamu-Almada (Fonte: ANP, 2000).
40
Figura 6.6: Seqüências deposicionais propostas por Küchle (2004) para as Bacias de
Camamu, Almada e Jequitinhonha.
41
Figura 6.7: Seqüências deposicionais propostas por Karam (2005) a partir do topo da
seqüência C, para as Bacias de Camamu, Almada e Jequitinhonha.
42
Figura 6.8: Padrões de empilhamento observados por Küchle (2004) nas seqüências
deposicionais formadoras da seção rifte (SEQ-B1 a SEQ-B4).
43
Figura 6. 9: Integração das seqüências deposicionais propostas por Chang et al( 1991), Netto et. al.(1994), Küchle (2004) e Karam (2005).
(Modificado de Chang et al (op.cit.), Netto et al. (op cit), Küchle (op. cit) e Karam (op.cit)).
44
VI.3 – DESCRIÇÃO ESTRATIGRÁFICA DAS UNIDADES
VI.3.1 – Embasamento
Este grupo foi definido na Bacia do Recôncavo por Viana et al. (1971,
apud Caixeta et al., 1994) e abrange as Formações Aliança e Sergi (Figs. 6.2,
6.3 e 6.4). Devido a semelhança litoestratigráfica dessa unidade com os
sedimentos neojurássicos da Bacia do Recôncavo, foram adotadas as mesmas
nomenclaturas. No caso da Bacia de Camamu, soma-se a este grupo a
Formação Itaípe, de idade Berriasiana, representante da transição Pré-
Rifte/Rifte na bacia.
45
VI.3.3.1 – Formação Aliança
46
Foto 6.1 - Arenitos eólicos e Fluviais da Fm Aliança / Mb Boipeba. Coordenadas:
X=485386/ Y=8455506
47
Foto 6.3 - Arenitos eólicos da porção basal Fm Sergi. Coordenadas: X=479657/
Y=8380571
48
VI.3.3.3 – Formação Itaípe
Esta formação foi redefinida por Netto et al. (1994) para abrigar os
Membros Tinharé e Jiribatuba (Figs. 6.2, 6.3, 6.4 e 6.5). O Membro Tinharé é
composto por clásticos grosseiros (arenitos granulosos com seixos e grânulos
pelíticos), enquanto que o Membro Jiribatuba é composto por clásticos finos
(folhelhos cinza-esverdeado a castanha escuro, calcífero, carbonoso, com
intercalações de arenito granuloso rico em fragmentos de rochas carbonáticas).
O contato superior com a Formação Rio de Contas, e o basal com a Formação
Itaípe são discordantes. Datações bioestratigráficas baseadas em ostracodes
não marinhos indicam idade Valanginiana para estes estratos. Postula-se uma
sedimentação dominantemente subaquosa, dominada por fluxos gravitacionais
em lago tectônico. Pode ser correlacionada com parte da Formação Candeias
das Bacias do Recôncavo e Tucano e com parte das Formações Penedo e
Barra de Itiúba das Bacias de Sergipe e Alagoas (Netto et al., 1994).
49
e parcialmente discordante no topo com a Formação Taipus-Mirim. É
subdividida em dois membros: Ilhéus e Mutá (Figs. 6.2, 6.3, 6.4 e 6.5). O
Membro Ilhéus é caracterizado por folhelhos cinza-esverdeados, cinza-escuros
e acastanhados, associado a arenito muito fino. O Membro Mutá é
caracterizado por arenito cinza esbranquiçado, fino a grosso, conglomerático a
dolomítico, podendo apresentar marga esbranquiçada, biocalcarenito e
dolomito dispersos na seção, sendo mais contínuos na metade inferior da
formação. Datações bioestratigráficas baseadas em ostracodes indicam idade
Hauteriviana a Barremiana e a variação faciológica das áreas proximais para o
depocentro da bacia sugere uma seqüência lacustre de leques deltáicos-
plataforma e talude. Pode ser correlacionada com a Formação Coqueiro Seco
e parte da Formação Penedo das Bacias de Sergipe e Alagoas e com parte da
Formação Cricaré da Bacia do Espírito Santo (Netto et al., 1994).
50
VI.3.7 –Formação Algodões
51
Na porção continental da Bacia de Almada afloram rochas da Formação
Urucutuca, cujos canais turbidíticos preencheram um canyon, hoje semi-
exudado, encravado no embasamento e em rochas sedimentares pré-
cenomonianas (D’ AVILA et al., 2004, Foto 6.5).
Pode ser correlacionada às Formações Ubatuba da Bacia de Campos,
Itajaí-Açu e Marambaia da Bacia de Santos, Calumbi da Bacia de Sergipe-
Alagoas e Ubarana da Bacia Potiguar (Vieira et al., 1994).
Esta formação foi definida por Asmus (1971, apud Vieira et al., 1994) e é
constituída dominantemente por calcarenito bioclástico (algas vermelhas,
foraminíferos, briozoários e corais) creme e cinza e calcilutito argiloso creme.
Apresenta contatos superior, inferior e lateral com as formações Urucutuca e
Rio Doce, gradacional (Figs. 6.2, 6.3, 6.4 e 6.5). Baseada na presença de
foraminíferos bentônicos atribui-se uma idade terciária para a Formação
Caravelas, entre Meso-Eoceno e Holoceno. A deposição ocorreu
predominantemente em plataforma carbonática rasa. Pode ser correlacionada
com a Formação Mosqueiro da Bacia de Sergipe-Alagoas e com o Membro
Grassaí e Siri da Formação Emborê da Bacia de Campos (Vieira et al., 1994).
52
Foto 6.5: Visão geral de afloramento em Sambaituba (Ilhéus-BA) onde aparecem canais turbidíticos preenchidos por congomerados e arenitos,
erodindo e sendo recobertos por heterólitos areno-lamosos de marés (Fonte: D’ AVILA et al., 2004).
53
VI.3.8.3 – Formação Rio Doce
Segundo Netto et al. (1994), esta formação foi definida por Moraes Rego
(1930) e formalizada por Viana et al. (1971).
Nas bacias de Camamu e Almada, a mesma está representada por
conglomerado organizado com seixos perpendiculares à direção da
paleocorrente, arenitos maturos, lamitos vermelhos com crostas de limonita e
diamictitos. Datações bioestratigráficas baseadas em dicotiledôneas indicam
idade Pliocênica (Netto et al., 1994).
CAPÍTULO VII
SISTEMAS PETROLÍFEROS
54
processos incluem a formação da trapa e a geração, migração e acumulação
do petróleo. A aplicação do conceito de sistemas petrolíferos forneceu uma
análise racional da pesquisa petrolífera na formulação de plays e prospectos,
bem como na avaliação do risco envolvido na exploração.
Com relação a Bacia de Camamu-Almada poucos são os trabalhos
publicados que abordem tal tema. Sabe-se, porém, que a evolução tectono-
sedimentar meso-cenozóica da margem continental brasileira foi a principal
responsável pelo desenvolvimento dos sistemas petrolíferos da Bacia de
Camamu-Almada, onde são classificados como sistema petrolífero pré-rifte e
sin-rifte (Mello et al 1994). Segundo estes autores os dois mais importantes
sistemas petrolíferos da bacia são: o sistema Morro do Barro–Sergi (!)* e o
sistema Morro do Barro-Rio de Contas(!)*. Sendo o primeiro exemplificado pela
acumulação do 1-BAS-64, com cerca de 94 milhões de barris de óleo in place e
o segundo pela acumulação do 1-BAS-97, com 57 milhões de barris de óleo
equivalente in place (Mello et. al , 1995).
55
devido ao menor tamanho dos corpos d’água possuem maior susceptibilidade
às mudanças ambientais; suas geradoras tendem a apresentar variações
laterais e verticais de fácies e de características geoquímicas mais abruptas do
que as de origem marinha (Soreghan & Cohen apud Gonçalves, 2001).
As rochas geradoras lacustres costumam apresentar uma menor
extensão geográfica e um maior grau de variabilidade composicional e de
potencial petrolífero, isto devido aos fatores climáticos e tectônicos que
afetam tanto os sistemas deposicionais como as características físico-químicas
da coluna d´ água, a natureza da biota, a produção e as condições de
preservação da matéria orgânica (Kelts, 1988 apud Gonçalves, 2001).
Estas rochas geradoras lacustres são tidas como constituídas por
querogênio tipo I (Espitalié et al 1977; Tissot & Welte,1994) caracterizados por
ser rico em hidrogênio e assim apresentar maior potencial para geração de
hidrocarbonetos líquidos comparados aos querogênio do tipo II (marinho) e tipo
II (origem terrestre).
56
Figura 7.1: Coluna estratigráfica da seqüência rifte dos poços estudados por Gonçalves
et. al. (1997).
57
salobras, uma termoclina estável e relativamente rasa e a maior parte da
coluna d’água anóxida, o que favoreceu a preservação da matéria orgânica e o
desenvolvimento de rochas geradoras com altos índices de hidrogênio. Já os
sedimentos da formação Rio de Contas depositaram-se em um lago mais raso
e amplo, com águas doces a salgadas, uma termoclina mais profunda e
instável, e uma melhor reciclagem dos nutrientes, resultando num aumento
significativo da produtividade primária e na formação de rochas geradoras com
altos índices de carbono orgânico. Ambas as formações foram depositadas
respectivamente, durante a fase rifte no Neocomiano inferior.
Segundo Mello et al (1994), que estudaram poços da seção sin-rifte
(BAS-64) e pré-ritf (BAS-97), os folhelhos da Formação Morro do Barro são
caracterizados por uma espessa sucessão (superior a 700m) e apresentam alto
teor de matéria orgânica (COT) variando de 2 a 10% (matéria orgânica
principalmente amorfa e herbácea). O potencial de geração de hidrocarbonetos
(o pico S2 da pirólise Rock Eval) excede, nos intervalos mais ricos, 60-80 Kg
HC/ton rocha, o IH superior á 1000mg HC/gCOT e δ13C acima de -29% (Fig
7.2). Os parâmetros geoquímicos caracterizam querogênio do tipo I.
Os dados de biomarcadores dos óleos recuperados do BAS-97 e os
extratos orgânicos dos folhelhos negros da Formação Morro do Barro apontam
para uma boa correlação entre eles. As feições moleculares diagnósticas
dessas amostras são: dominância de n-alcanos de alto peso molecular,
pristano muito mais alto do que fitano, dominância de n-alcanos ímpar/par,
baixa concentração de isoprenóides acíclicos, Ts mais alto que Tm, ausência
de bisnorhopano 28-30, dinosterano e esteranos C30, escassez de esteranos
com dominância de C29 acima dos correlatos, presença de gamacerano e altas
razões de hopano/esterano (>15). Essas características são suficientes para
discriminar o ambiente lacustre de água doce (Fig.7.3a) (Mello et al., 1988;
Mello & Maxwell,1990).
58
Figura 7.2: Variação dos teores de COT, índice de hidrogênio e razão isotópica do
carbono da matéria orgânica (δ13C) ao longo da seqüência rifte no poço estudado por
Gonçalves (2001) da Bacia de Camamu- Almada.
59
Figura 7.3: Cromatograma gasosos e cromatograma de massas (m/z191 e m/z 217) de (a) um extrato da formação morro do Barro e (b) uma
amostra de óleo da bacia de Camamu-Almada (Gonçalves et. al ;2000).
60
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e Sistemas Petrolíferos da Bacia de Camamu-Almada
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e Sistemas Petrolíferos da Bacia de Camamu-Almada
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e Sistemas Petrolíferos da Bacia de Camamu-Almada
Figura 7.4: Esquema de dois exemplos típicos de migração (a) trapas pré-rifte e
(b)Trapas Rifte na bacia de Camamu-Almada (Modificado de Gonçalves et al., 2000)
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CAPÍTULO VIII
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
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e Sistemas Petrolíferos da Bacia de Camamu-Almada
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Evolução Tectono-Estrutural, Estratigrafia
e Sistemas Petrolíferos da Bacia de Camamu-Almada
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