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AD francesa– começa nos anos 1980 mesclar conceitos das teorias da enunciação, linguística
textual para abordar corpora diversificado (gêneros discursivos).
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DISCURSO NA LINGUÍSTICA
Na linguística – há a oposição entre sistema linguístico e sua atualização no contexto, por isso o
discurso seria o uso da língua (Gee, 2005)
Discurso vs frase
Discurso vs língua
Discurso vs texto
O Discurso é uma organização além da frase, mobiliza estruturas além da frase (“Proibido
fumar”; “É proibido proibir”);
O Discurso é uma forma de ação sobre o outro (atos de fala);
O Discurso é interativo – toda interação se dá numa interação constitutiva entre os
interlocutores (interactantes, colocutores, coenunciadores, destinatários). Qualquer
enunciação supõe a presença de outra instância de enunciação, em relação a qual alguém
constrói seu próprio discurso.
O Discurso é contextualizado – contexto não é uma moldura, ou um cenário: fora de
contexto não se pode atribuir sentido a um enunciado. Ex. indicialidade - eu, tu, ontem, aí
– são semanticamente incompletos – os referentes dependem da enunciação. A indicialidade
representa a incompletude das palavras que precisam ser indexadas a uma situação de
interação para alcançar sentido.
O Discurso é assumido por um sujeito – EU-AQUI-AGORA – modalização (“Chove”; “Talvez
possa chover”; “Segundo Paulo, vai chover”; “Sinceramente, acho que chove”). MAS O
SUJEITO NÃO É A ORIGEM DO SENTIDO! A fala é dominada pelo dispositivo de comunicação
do qual ela provém.
O Discurso é regido por normas – a atividade verbal assim como qualquer comportamento
social é regida por normas; “máximas conversacionais” de Grice (Máxima da Quantidade;
Máxima da Qualidade; Máxima da Relevância; Máxima do Modo); “leis e postulados do
discurso”): Ser compreensível, dar informação apropriada à situação, não se repetir. Os
gêneros são parâmetros dos sujeitos engajados na atividade verbal.
O Discurso é assumido no bojo do interdiscurso – para compreender um enunciado é preciso
se apoiar em enunciados anteriores sobre os quais ele se apoia. Ao organizar um texto em
gênero, nos apoiamos em outros textos do mesmo gênero – memória do gênero.
O primado do interdiscurso sobre o discurso. Algumas linhas de AD inscrevem o enunciado
num dialogismo generalizado; recusa o fechamento do texto – o enunciado como cadeia verbal
interminável.
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2. Todo discurso se constitui na resposta – discurso-resposta que é esperado; (encontro com o
horizonte subjetivo do ouvinte – “auditório social”);
3. Todo discurso é internamente dialogizado (heterogêneo) – é uma articulação de múltiplas
vozes sociais. (BaKhtin – O Discurso no Romance_1930)
“A fala do sujeito nunca é individual cada interlocutor está tomado pelas significações inscritas
na língua (Bakhtin), o sujeito está descentrado (pelas estruturas, pelo poder), ele não é a origem
do sentido. (Pêcheux)
Sentido - não é estável, acessível, direto, imanente a um enunciado, não espera por
ser decifrado.
O sentido é continuamente construído e reconstruído no interior das práticas sociais
determinadas (p. 29)
SINÔNIMOS?
1. Texto - usado para designar o dado de análise;
2. É possível relacionar um discurso a um conjunto de textos.
Para Foucault, os discursos existem para além dos textos: o discurso conservador; o
discurso da psiquiatria; se organizam em esferas: o discurso jornalístico, o discurso do
professor.
3. É possível relacionar um discurso a cada texto. Um discurso subjaz a um texto – conjunto
de objetivos comunicacionais. O discurso sustenta o texto; é o motivo de sua produção.
Discurso = texto + contexto (Michel Adam)
Corpus – conjunto mais ou menos vastos de textos ou trecho de textos ou até 1 texto.
Os analistas constituem corpora – reúnem materiais para responder a um questionamento.
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O Tripé Fundador da AD: Língua, História e Sujeito. Formação Discursiva.
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Discurso vs língua (ORLANDI, 2013)
A língua para M. Pêcheux não é uma superestrutura e sim uma base sobre a qual se
desenvolvem os processos discursivos e ideológicos.
Para M. Foucault – “Discurso são práticas que formam sistematicamente os objetos que falam”.
É uma dispersão.
O discurso não tem relação direta com o uso da língua – discurso não é um conceito linguístico,
o que interessam são as práticas e regras que produzem enunciados e sentidos em diferentes
períodos da história.
Como a psiquiatria produziu o louco? Como, na história, se produziram os discursos sobre o
dispositivo da sexualidade?
Esforço - não reduzir o discurso ao texto ou ao linguístico e vice versa não ser absorvido pelas
realidades sociais ou psicológicas.
Teoria do Discurso – projetos advindos do pós-estruturalismo, dos estudos culturais e do
construtitivismo. Orientação filosófica.
“Olhar o enunciado na estreiteza de seu acontecimento e determinar as condições de sua
existência” (FOUCAULT)
Análise do Discurso
Para Michel Pêcheux (1969), discurso é “efeito de sentido entre os interlocutores”.
Crítica de Courtine - Teoria dos papeis; formação de imagem –uma visão ainda muito
psicossociológica e ancorada na sociologia funcionalista (Goffman). Assim o plano
psicossociológico domina o plano histórico!
Courtine propõe uma visão de CP que não se prende a uma operação psicologizante das
determinações históricas, fazendo-as transformar-se simples circunstâncias.
CP – alinhada à análise histórica das contradições ideológicas presentes na materialidade dos
discursos e articulada teoricamente com o conceito de FD. (p.45)
DICIONÁRIO (p.114-115)
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um dispositivo em que representações imaginarias dos lugares que um atribui ao outro. A relação entre
os lugares não é um comportamento individual, mas dependem da estrutura das formações sociais e
decorrem das relações de classe.
As CPs são importantes no recorte do corpora, que comportaria textos reunidos em função da hipóteses
do analista sobre as condições de produção consideradas estáveis.
A relação mecanicista entre o discursivo e a classe social foi criticada por não considerar uma margem de
manobra dos sujeitos
Condições de produção e situação de comunicação
Também se usa ‘contexto’ – de modo ambíguo. Remete ao conjunto dos dados não linguísticos que
organizam um ato de comunicação.
O que é problema porque há um conjunto de dados que decorrem apenas da situação de comunicação
e outros de um saber pré-construído – interdiscurso.
O sujeito falante é sempre sobredeterminado pelos saberes, crenças e valores que circulam no seu grupo
social ao qual pertence ao qual se refere. Mas ele é igualmente sobredeterminado pelos dispositivos de
comunicação nos quais se insere para falara que lhe impõe certos lugares, certos papeis e
comportamentos.
Formação Discursiva
FD temáticas – construir não a partir de uma instância, mas de um tema (do que se
fala?). ( o discurso sobre a pena de morte; sobre a decadência do Congresso Nacional,
sobre o aborto etc.).
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O problema do conceito de FD
Essa interpelação faz com que cada indivíduo (sem que ele tome consciência
disso, mas ao contrário, tenha a impressão de que é senhor de sua própria
vontade) seja levado a ocupar seu lugar em um dos grupos ou classe de uma
determinada formação social. (p.46-47)