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TEXTOS

TI POS E
a
PROTOTI POS
Conselho Acadêmìco
Ataliba Tþixeira de Casdlho
Carlos Eduardo Lins da Silva
José Luiz Fiorin
Magda Soares
|naN-MrcHEL Aoann
Ped¡o Paulo Funa¡i
Rosângela Doin de Almeida
Tänia Regina de Luca

Coordenação de tradução
Mônica Magalhães Cavalcante

K''-A.r
.â,EBD:EÈ.

Proibida a reproduçáo total ou parcial em qualquer mídia


sem a autoriza$o escrita da editora.
Os infratores estáo sujeitos às penas da lei.

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@f
ed itoracontexto
Textos: tipos e protót¡pos

a crítica a um discurso pedagógico que confundiria pesquisa e ensino, mi-


metismo e assimilação de um pensamento. Esse plágio é, para mim, uma boa
DISCURSO PROCEDURAL E OUTROS
oportunidade de ressaltar que o que escrevo não é diretamente voltado para cÊruERos DE lNClrAÇÃo À AÇAo
o ensino. O trabalho dos didatas é precisamente o de transpor os trabalhos de
pesquisa universitária, e essa operação tem a ver com sua responsabilidade Porqueeunãochamo*ril:":;r::;::r';:::r:::r:::::rt;:i::;Tr:::,
enunciativa. Querer transformar crianças em pequenos Jargonos seria tão ab- ao Passo que o "falar-"
Porque a'iozinha" é definida pelos fins que ela persegue'
surdo que a questão nem me passa pela cabeça. Em contrapartida, fazer com naå é. Eporque o effipreso ditnguagem é
#r'ï::r:ff"::':i:::åf ;';t:::
que as crianças reflitam sobre a língua e os textos, sobre as questões de lingua- corretas' você cozinha
Cozinhando segundo outras regras, distintas das regras
gem, é uma obrigação da escola onde todos os aprendizados não podem ser outras regras diferentes das do xadrez' você
mal; mas, jogindo de acordo com
outras regras gramaticais diferentes destas ou
'doce canção'i É no trabalho de transposição didática que joga um ouíri iogot falando
e, de
apaïece o dever de
daquilas, você nao fala propriamente delas' ttocê fala de outra
coisa'
imaginar, entre Laurencin e largonos, um compromisso que articula exigên-
Ludwig Wittgenstein, Ficå¿s' Paris' Gallimard' 5320' 1970:90
cias de formação do pensamento e coerções da pedagogia. No lugar de divi-
direm de forma binária os bonzinhos e os maus em Laurencin e
|argonos, em
"apaixonados fervorosos" e'tábios austeros", para retomar
o celebre primeiro
verso dos gatos, é o amoï àlingua e âs línguas que deve animar a pesquisa, a
formação inicial e contínua dos professores, assim como o próprio ensino.
A paródia do início do capítulo xv do livro de orsenna trata menos de
gramâtica do que de análise narrativa dos textos e, paradoxalmente, dos saberes
t,.
herdados da retórica e da filosofia clássica ('aialética'l "sofística'l "erística,,). Em
FLUTUAÇÕN,S NN CATEGORIZAÇÃO
contrapartida, a tese geral do livro é ambígua. pelo intertexto que o título mo-
biliza, devemos ler: "A gramática é uma doce melodia... que me cantaya minha A maioria das classificações tipológicas clá lugar a três grandes gruPos
formas de conselhos'
mãe". Essa imagem da língua materna é lindamente nostálgica, somente isso. que vão dos textos injuntivos e procedurais às diferentes
65-68), seguindo as
A ideologia veiculada pelo acadêmico induz a uma confusão entre gramática Nos trabalhos anteriores (particularmente, Adam 1987:
mesmo considerei a re-
e língua materna. A gramática é uma construção teórica dos gramáticos desde proposiçoes tipológicas de Werlich e de Longacre' eu
os regulamentos' as regras
Panini até os linguistas contemporâneos. A gramática não expressa o aspecto ceita culinária, a instrução de montagem, as ordens'
a profecia e até o boletim
natural da língua, ela constrói uma teoria, categoúzaas unidades em 'þartes do de jogo, os guias de viagem, o horóscopo e mesmo
discurso" formais. o termo 'tonjunçoes" não é mais evidente do que'tonecto- meteorológico como representantes de um tipo de
texto' Em 1992'naprimeira
e insisti na importância
res'l A ilusão mantida pela fábula de orsenna, de maneira reacionária, é que a edição da presente obra, eu abandonei essa hipótese
ingredientes das receitas
gramática da nossa inÍäncia é a boa, a verdadeira, a doce, a materna. Há aí um da descrição em seus planos de textos: listagem dos
descrição das açôes para
"efeito Petit Nicolas" bem conhecido: a tendência aid,ealizar
o passado. vejo, aí, ou elementos dispersos das instruções de montagem;
uma negação do trabalho dos (verdadeiros) escritores e dos gramáticos e linguis- ações futuras a serem realizadas'
Para voltar a esse ponto, escolhi reservar o último
capítulo a esta questão'
tas que trabalham, uns explorando e transformando a ríngua, outros explorando
existentes'r
e compreendendo os mecanismos dessas transformações infinitas. começando pela falta de convergência das proposições
Quando a pedagogia ridiculariza os conhecimentos e não vai ao encontro
de Langages (Adam' 200ia) e 111-112
das necessidades das crianças, eu a combato como orsenna, e só posso lamen- .rpi,,rto é uma síntese dos meus artigos de números l4r "Discursos
consagrados, respecti'amente' aos
ã" eroirqurr(Acìam, 2001b), volumes muito interessantes
tar o fato de os meus próprios trabalhos servirem a objetivos tão ambíguos. proceduiais" e aos "Textos de instruções'l
-1,*
Egon werlich (1975) distingue cuidadosamente o arranjo temporal das
ridades impostas de um nível superior (gêneros discursivos de uma formação
ações e dos eventos reais ou imaginários próprios da narrativa do
arranjo das social e ações linguageiras realizadas)? Em outros termos, essas regularidades
instruções-prescrições, que visam ao comportamento esperado do destinatário,
microlinguísticas não são diretamente determinadas pelos dados da interação
e até do próprio locutor. Enquanto a narrativa relata as ações,
as instruções-pres- sociodiscursiva? Entre o procedural (receitas, manuais e instruções de monta-
crições incitam diretamente à ação. Em torno de um processo cognitivo
comum gem), o injuntivo (conselhos, regulamentos, regras de jogo, manuais de etiqueta)
- a capacidade de fazer planos -, o autor agrupa as receitas, os manuais e as ins- e todas as categorias que têm a ver com conselho (do horóscopo aos conselhos
truções de montagem, o sermão, os artigos de lei, o contrato e a oração.
debeleza, do modo de preencher sua declaração de imposto aos conselhos que
Algirdas |ulien Greimas (1983: r57-169) reconhece, no discurso proce-
se encontram nas revistas), as diferenças não são menos importantes que as
dural, um programador competente que transfere um conhecimento para um
semelhanças? Tantas perguntas não são passíveis de respostas sem um quadro
realizador a quem se recomenda seguir escrupulosamente as indicações dadas
epistemológico adaptado à complexidade dos problemas apresentados.
nas fases ou etapas sucessivas de um processo a ser executado. o autor clas-
Os textos que entram nessa vasta e confusa categoria são decididamente
sifica, na "subclasse do discurso que se apresenta como manifestøção de com-
factuais e todos visam a uma finalidade prática (mesmo o horóscopo, que se
petência atualizada, anteriormente à sua realizaçãd'(1983: 160), as receitas
de aproxima mais do conselho do que da programação). Esses textos são destina-
cozinha, as partituras musicais e as plantas dos arquitetos.
dos a facilitar e a guiar arealização de uma tarefa ou macroação do sujeito que
Horst Isenberg (198a) dassifica as instruções de montagem em um tipo cha-
a deseja ou que é responsável por fazë-la. A presença de um léxico relevante
mado de "ergotropd] incluindo com exempl os a carta comercial, a reportagem, a de um domínio especializado se explica pela precisão pretendida e pelo fato
lição. Araz.ão desse estranho agrupamento deve-se ao fato de que esses textos visam
de que o universo de referência é comum ao produtor e ao leitor-destinatário.
totalmente ao domínio de uma problemática objetiva e de alguma efrcâciaobjetiva.
Os conhecimentos de mundo, os scripts, um léxico e uma série de unidades
Bice Mortara Garavelli (1988: 157-168) classifica numa categoria de textos
fraseológicas são, portanto, compartilhados.
reguladores ("testi regolativi") os textos que visam regular um comportamento
A grande característica desses textos é a presença massiva de predicados de
(imediato, habitual ou não) de um destinat¿írio, indivíduo ou grupo, presente
ou ação: da proibição da ação ("Proibido fumar") à injunção para agir de maneira
ausente, determinado ou não. A autora integra nessa categoria as instruções de
procedural (toque a campainha e entre), passando pela representação de ações su-
uso, as receitas e todas as formas de manuais em geral, os textos jurídicos (códigos,
cessivas e de protocolos de ação. Essas ações estão no infinitivo, no imperativo, no
leis, decretos, regulamentos), os manuais de etiquetas, a propaganda política e co-
futuro ou no presente. Devido à densidade dos predicados de ação, esses textos in-
mercial,bem como diversos tipos de memorandos (agendas pessoais, convites).
cluem muitos organizadores e advérbios temporais (especificando a sucessão e/ou
Heinz-Helmut Lüger (i995: 147-l5l), em um estudo da imprensa alemã,
a duração das operações ou suboperações) bem como organizadores e advérbios
classifica as instruções de uso ("Handlungsanleitungen") e os conselhos
locativos (principalmente os guias de viagem, de passeio, de excursão, mas tam-
("Ratgebungen") em uma categoria de "instruirend-anwei-send Texf', que cor-
bém manuais para indicar a parte precisa de um objeto sobre o qual uma operação
responde muito bem à categoria de textos de conselho que invadem cadavez
deve ser realizada). Encontramos, por outro lado, poucos conectores argumenta-
mais a imprensa contemporânea (e não só as revistas femininas).
tivos e muito menos ainda concessivos. O carâter obrigatório eo grâu de restrição
Várias questões se colocam. As regularidades microlinguísticas observadas
de atos de discursos imperativos variam de um gênero a outro: a liberdade de não
são numerosas demais para constituir "um tipo de texto]malgrado as diferenças
seguir a injunção-recomendação é muito baixa para todos os gêneros reguladores
das práticas discursivas em jogo? Essas regularidades microlinguísticas se tra-
(instruçoes e regulamentos), muito alta para os conselhos e outros horóscopos,
duzem por regularidades sequenciais comparáveis às que observamos no caso
média para os gêneros procedurais (receitas, guias, instruções de montagem).
das sequências narrativas, descritivas, explicativas e argumentativas (que lembro
Como veremos, se o sujeito da enunciação é frequentemente apagado, em contra-
se tratarem de microunidades de composição textual)? ou se trata de regula- partida, o lugar do destinatiírio é solicitado, mas ftcavazio,sob a forma de um sim-

lzsql lzcql
4i:
Discurso procedural e outros gêneros de incitaçåo;r aç.ìo
1ì:
ples pronome pessoar de segunda :
pessoa na maior parte das vezes;
a ser ocupado pero próprio reitor,
ere é destinado
chamado a se tornar sujeito-agente.
r, . Manuais de procedimento (farmácia e química).
enunciativo mais importante é certamente
o aspecto iì
ìl . Promessas eleitorais (promessas defazer) e pubricitárias
este rugar deixado riwi"rp".urrdo [T13].
ocupação implicada pelo imperativo,
apagada pero emprego do infìnitivo
o,,'u
r:
. Horóscopos [T19].
em que a i.
ação fica à espera de um tempo
e de um zujeito, isto é, de uma
atualização. .ì. Podemos considerar todas essas formas discursivas como gêneros,
Essa grande unificação pero tema-tópico na me-
e pero ato de discurso exprica ii dida em que eles se originam das "esferas de atividade humand,que, como
a o diz
homogeneidade pragmático-semânti
,u utémesmo o verbo-visuar dos diferen_ Bakhtin, elaboraram, no curso de seu desenvolvimento e de sua complexifìca-
tes gêneros de incitação à ação.As "
formas ringuísticas observáveis são
a partir de um nível mais arto que
impostas, ção, formas genéricas que vão se diferenciando, complexificando-se e multipli-
o da sequência, peros gêneros discursivos ì:
de i' cando-se. Isso é verdade tanto para as receitas de cozinha quanto para
uma formação social e pelas ações os guias
lingualeiras realizadas. Em outros termos, de itinerários ou para os conselhos, que seguiram uma evolução paralela
I à do
essas regularidades são diretamente
determinadas pelos dados da interação .i turismo de massa, da prática das trilhas, da escalada e do alpinismo ou do jor-
so_
ciodiscursiva (parte superior do Esquema
I da página 35 e níveis N6, N7 e NB). :' nalismo. Poderíamos dizer amesma coisa dos guias de viagem, dos manuais
os gêneros discursivos seguintes (os textos de
numerados como T re- autoinforinaçã,o (manuels dhutoþrmation") edas bulas de remédio.
metem aos exemplos que seguern) apresentam,
em graus diferentes, esses Alguns autores, como Algirdas Julien Greimas (19g3) ou Robert Bou-
tipos de regularidades:
chard, consideram um texto de incitação à ação do tipo receita de cozinha
' Enunciados injuntivos, textos de rei,
instruções e reguramentos (raicos
como uma espécie de narrativa.
ou religiosos) [T1 a T4, TS].
. [...] Sequencialmente [os gêneros narrativos] dão a ler uma sucessão de
Instruções de montagem.
eventos relacionados, transformando uma realidade em uma outra.
. Regra dejogo.
Desse ponto de vista, as instruções de uso, a receita, pertencem
perfeita-
' Títuros das mídias (revistas, jornais,
rádio e terevisão) [Tg, T1 r,T12, mente ao discurso narrativo, mas a um discurso narrativo funcionalmente
T14] e obras de ensinamento moral, particular, proativo. (Bouchard, i991: 51)
de educação, d" ruúd" etc.
[T10].
' Receitas de cozinha (desde o rivro
de um grande chef até a simples
indicação sobre a embaragem de um Essa confusão é engendrada pela presença de predicados de ação
e de uma
produto [T25],passando peras
receitas culinárias das revistas) temporalidade. uma defìnição ûrenos fina de narrativa do que aquela que colo_
[T20, T2I, T23, T24].
camos no capítulo "o protótipo da sequência narrativa" leva a considerar
' Guias de itinerírios (de trirha, de arpinismo,
de visita turística a um rugar todas
cultural ou naturar) sob a forma de formul¿írio as transformações de um estado inicial a um estado de chegada
como um mo_
[T22, T26)ou de rivro [T27].
. Receitas médicas e farmacêuticas vimento narrativo. Esquece-se de uura diferença fundamental: os textos proce_
[T1B].
durais ou programadores não envolvern nenhuma reflexão sobre o agir humano
' Didascálias teatrais dando instruções
de montagem e de encenação
dos atores. e sobre a inscrição do homem no tempo. para assimilar receita e narrativa,
é
necessário, além disso, negligenciar a importância do valor ilocucionário
' Manuais ou fichas de bricoragem, jardinagem,
adestramento etc. [T5, dos
T6,T7,Tl5l. verbos utilizados (infinitivo no modo imperativo, imperativo ou futuro prediti-

' Modos de funcionamento e manuais de


utilização (instruções expri-
cativas) de produtos, máquinas, aparelhos, * N
softwares et c. ¡f:rc, f V1. T': O mais próximo, em português brasilei¡o, para este gênero, talvez sejam
. Manuais de precaução de uso e manutenção. ot pedagógicos Em francês,
os manuais didáticos
os manuels d'autoþrtnation são um tipo de guia informativo técnico,
por
. Manuais de regra de conduta e de etiqueta.
exemplo, inst¡uindo farmacêuticos sobre como ajudar fumantes pu.". ã" fuma¡
"
riências para professores de língua sobre que escolhas metodológìcas podem
ou relatando exþe-
ser mais acertadas, ou
ainda contendo informaçöes que compõem um móduro de um cuiso técnico
etc.
lzs6l
Textos: tipos e protót¡pos D¡scurso procedural e outros gêneros de incitação à açao

vo) força explicitamente diretiva dos textos de incitação à ação. o valor dire-
ea glória) e se løudatio designa o apelo dirigido à morte por ocasião de um
elogi'
tivo das narrativas é, por outro lado, indireto. euando élocalizado nas morais fünebre, entre os séculos xr e xvr, "loueì'("louvar") tinha também o sentido
dc
explícitas das f,íbulas ou nas "moralidades" dos contos de perrault, por exemplo, 'ãconselhar'l É verdade que fazer epiditicamente
os louvores a alguém - ou con-lo
está manifestamente fora da narrativa e dentro de uma forma genérica diferen- virgílio nos trabalhos do campo - é glorificar os valores e, poï conseguinte, acon-
te. Enquanto as narrativas produzem um sentido sempre a ser interpretado, os selhar e incitar um auditório a seguir esses valores coletivos e a agir nesse
sentido.
textos de incitação à ação devem somente ser entendidos. EIes ajudam, facilitam A canção n das Geórgicas explicaa técnica do enxerto por um tipo de
e guiam a realização de uma tarefa problematizada pelos manuais e instruções instrução:
procedurais, todos ocorrendo em uma temporalidade linear, simplificada. como T5 Não é apenas um modo de enxerto por incisão ou por mudas. pois no lugar
esquecer, além disso, o caráter exclusivamente factual e prático desses textos in-
onde botoes saem do meio da casca e furam as finas camadas, far-se no
pró-
formativos orientados para o futuro de uila realização? A narrativa, por outro prio nó um corte estreito e introduz-se aí um broto de uma árvore estranha,
lado, apresenta a particularidade de poder ser mais ficcional clo que factual e, iit. que aprende a se desenvolver no caule úmido. ou, então, ao contrário
, faz-se
com exceção do caso da reportagern, de ser voltada para o passado. ,! uma incisão nos troncos sem nós e, com cunhas, faz-se naprópria madeira
Em comparação com o desenvolvimento da narratologia, a falta de in- uma abertura profunda e introduz-se aí a muda que deve fecundála;
1i, em
teresse teórico que concerne aos textos de incitação à açã.o pode surpreen- t pouco tempo, uma grande árvore com rarlos ferteis ergue-se para o céu
e
1,'

der, uma vez que sua presença no discurso religioso poderia, por si mesma, fica surpresa ao ver sua nova folhageme seus frutos que não são dela. (versos
justificar o estudo. As religiões se expïessam, com efeito, tanto por grandes .i: 73-82;tradução [para o francês] de Maurice Rat, GF-Flamm arion,7967: rr7)
narrativas quanto por seus preceitos, princípios e recomendaçoes. Assim, para
.:
Apesar da falta de imperativos ou de infinitivos de valor injuntivo, essa
tomarmos apenas um exemplo, os capítulos do Corão, vejamos: t sequência de ações diz como fazer para realizar um corte. Encontramos
mais
T1 Ó humanosl oremos a Deus, que vos criou e aos vossos antepassados, canonicamente, na canção rv, as recomendações (um'tonselho,'seguido
de
a fim de que pudésseis fìcar longe de todo tipo de mal. (surata Bakara,
inju'ções no infinitivo, no futuro e no imperativo) sobre os cuidados para se
tratar uma colmeia doente:
versículo 2 1)
T2 Faz corretamente a namaz (oração) que protege dos males. (surata Anke- T6 se as abelhas (porque a vida delas é sujeita aos mesmos acidentes que
but, versículo 45.) a nossa) são acometidas de um triste mal que as faz padecer
[...]. Eu te
T3 Eu vos ordenei jejuar como vossos antepassados> para o vosso próprio aconselho a queimar na colmeia alguns ramos de gálbano e introduzir
benefício. (Surata Bakara, versículo 183) mel com bulbos de ju'co, estimurando, provocando, assim, as aberhas
T4 Então seja honesto, como the foi prescrito. (surata Hud, versícuro Lr2) estressadas a tomar seu alimento familiar. É bom também adicionar
a
isso noz-de-galha colhida, que é muito saborosa, rosas secas, vinho
doce
Além dos imperativos da prescrição, as recomendações e as injunções reduzido no calor do fogo, uvas passas secadas ao sol, tomilho cle cécro-
religiosas se lexicalizam em verbos como 'brdenar" (T3) ou (<prescrever" (T4). pe e centáureas de forte odor. Também há nas pradarias uma flor,
que os
Para tomar um outro exemplo da importância sociocultural desses gêneros, cultivadores chamam de cinerária, e que é uma planta fácil de encontrar:
exanrinemos urn dos monumentos da tradição latina: as Geórgicas, de virgílio. porqlle, de um único torrão, cresce uma enorme floresta de talos, e a flor
Esse longo poema descritivo se apresenta como uma sucessão de elogios ao traba- é de ouro. [. .].os pastores as corhem nos vaies, perto das águas
sinuosas
lho do campo, mas esse discurso epidítico passa por uma sucessão de fragmentos do Mella. cozinhe as raízes dessa planta em Baco carregado de tempe_
de incitação direta ou indireta à ação. Como o verbo loër (louvar) do francês antigo ros [vinho aromatizado] e coloque,'as portas das colmeias, cestas cheias
o confirma: se laudare é derivada de løuslløudis, do latim (elogio, louvor, mérito, dessa pasta. (Ch. IV vers.248-280; 1967: 163)

l^-ol
Textos: tipos e protótipos
Discurso procedural e outros gêneros de incitação à ação

Encontramos também uma receita rendiiria,


que permitiria reconstituir
uma colmeia após a morte das aberhas. Essa mento de suas colmeias é devido ao envolvimento delas na morte acidental
receita, emprestada dos egípcios, de
incita virgílio a retomar a tradição que revou Eurídice). O rito imposto pelas ninfas é o seguinte:
Arquerau a chamar as aberhas
"rejeitos alados de um boi morto,,:
TB Então vá, suplicando, levando-lhes oferendas, pedindo apazevenerando
T7 ["'] Todos os países veem neste procedimento um remédio salutar e se-
as napeias indulgentes: assim, perdoando-te, elas concederão teus
desejos e
guro. Primeiro escorhe-se um local estreito, acalmarão seus ressentimentos. Mas eu quero primeiramente
te dizer pon-
reduzido para o uso mes_
mo; cerca-se esse rocar com paredes cobertas to por ponto o modo como imploramos a eras. Escorhe quatro desses
por um telhado de telhas tou-
estreitas e fazem_se quatro janelas, orientadas ros magníficos com belos corpos, que passam agora por ti, pelas
cúpulas do
para os quatro ventos e
recebendo uma luz oblíqua. Depois, procura-se Liceu verdejante, e tantas novilhas cujos pescoços ainda não foram
tocados
um bezerro, cuja fronte pelo jugo. Ergue-lhes quatro altares perto dos altos santuários das
de dois anos já tem chifres crescendo; deusas,
broqueia-se, apesar da sua resis-
tência, as suas duas narinas e o orifício da fazjorrar desuas gargantas um sangue sagrado e abandona seus corpos sob
iespiração e, quando ere cai,
sob os golpes, atingimos as vísceras para o arvoredo do bosque sagrado. Depois, quando anona aurora despontar,
desintegrá-ras sem danificar a tu
pele' Abandona-se o animar nesse estado, lançarás nas manes de orfeu as papoulas de Lete, tu apaziguarás
,ro c.rrrar, corocando sob ere ehonrarás
ramos, tomilho e dafnes frescos. Essa operação Eurídice, sacrifìcando para ela uma novilha; e tu imolarás uma
ovelha ne_
é feita quando os zéfi_
ïos começam a agitar as ondas, antes que gra e retornarás ao bosque sagrado. (ch. IV vers. 534-547;
L967: l7L_r7z)
as campinas se emoldurem de
novas cores, antes que a andorinha chilreadora Tendo seguido estritamente
suspenda seu ninho nas esse ritual, no nono dia, Aristeu constata o
vigas. No entanto, o ríquido é suavizado prodígio anunciado em T7 :
nos ossos macios e fermenta, e
pode-se ver então seres com formas estranhas:
primeiro sem patas, eres
logo batem suas asas, se misturam e se erevam Entâo, prodígio súbito e maravirhoso a dizer,vemos, entre as vísceras
mais e mais no ar reve, até li_
o momento em que eles alçam voo, como quefeitas, abelhas zumbindo que, preenchendo os flancos e se livrando
a chuva que esparha as nuvens das
costelas quebradas, espalham-se em nuvens imensas, depois
no verão, ou como as frechas que rança o nervo se acasalam
do arco, quando tarvez os no ápice de uma árvore e deixam seu grupo pendurado em seus
partas ligeiros comecem a lutar. (Ch. IV vers.294_3IS: flexíveis
tõAZ: rc+) galhos. (Ch. IV vers. 554-558;1967: 172)
Essa descrição de ações no presente gnômico,
recheada de organizadores
temporais (primeiro, depois, quøndo, antes que,
então, até o momento em que) pES_cFlÇÃo oos cÊNERos DA rNrcrAÇÃo
coloca em cena os atos necessários, especifica
quando rearizá-ros(na primave_ A AÇAO E DO CONSETHO
ra) e os materiais indispensáveis. optando pera
descrição de ações gerais (com Na linguagem religiosa do final do século xvrr, aparecem, ao rado
o uso do elemento indeterminador "sd' associado dos
pr"r"rr," que traduz as textos com função de preceitos (como os dez mandamentos da tradição judai-
formas passivas e impessoais do ratim) emvezdas "o
formas francamente injun- co-cristã), os "conselhos evangélicos'] complementares, mas cuidadosamente
tivas, virgílio (e seus tradutores) não rompe
estilisticamente a natureza descri_ distintos dos anteriores. A ideia religiosa e teológica de uma sabedoria
tiva do poema. No quadro da ficção, esse fragmento e de
tem um varor de incitação princípios que regem a vida das pessoas se secularizou nas instituições,
à ação para o pastor Aristeu, cujas abelhas
todas acabaram de morrer e que se sur-
gidas muito cedo na França. Elas vão do conselho de Estado (desde
pergunta sobre o motivo desse desastre e sobre o século
como resorver isso. xvi) aos conselhos municipais (final do século xvnr), passando pelo conselho
Encontramos também, nas Geórgicøs, as recomendações
curturais do tipo Geral (final do século xx), pelos conselhos regionais e pelo conselho
daquela gue, no fim da canção rv, deve, segundo da Eu-
cirene, permitir a seu firho ropa (surgidos, aproximadamente, no final dos anos lg70).Ao lado
Aristeu obter o perdão das ninfas (proteu acaba de títulos
de r"u"r"rlrh. que o aniquila_ inspirados nessas instituições, do conselho fiscal ao conselho de
engenharia,
Textos: t¡pos e protótipos
Discurso procedural e outros gêneros de incitação à ação

vê-se multiplicar, desde o fim do século passado, o número de conselheiros.


Pergunta-se, às vezes, com a generalizaçã,o do modelo empresarial, se os Esta-
T9 Como fazer sua declaração
Você está prestes afazer sua declaração do imposto de renda? Eis aqui
dos governam ou se eles não são, frequentemente, governados pelas diferentes
alguns conselhos de última hora de François de Witt, redator-chefe da
formas de auditoria por eles encomendada (do inglês audit,"controlar no pla-
revista Míeux vivre votre ørgent e articulista de France Info. [...]
no das finanças e da gestão"). A injunção de origem política ou legislativa tem
cadavez mais tendência a se confundir com os diferentes tipos de 'tonselhos,] Textos publicitários também seguem esse modelo, nessa confusão entre
provenientes dessas "auditorias" econômicas. Em nossa sociedade do início do os gêneros jornalístico e publicitário, que chamamos de publinformação. As-
século xxr, os confessores e os dirigentes espirituais são substituídos por gurus, sim é este pseudodiálogo, claramente assinalado como "publicidade":
conselheiros e consultores, que influenciam cadavezmais os eleitos e acabam T10 O conselho de supn¡: Fadiga primaveril - O que fazer?
por dirigir nossa vida. Na primavera, quando a natureza renasce' um clássico cansaço acomete
Acontece o mesmo nas revistas que acompanham nossos jornais. Re- vários de nós durante a estação: a fadiga primaveril. Perguntamos ao
cheadas de conselhos práticos para a vida cotidiana, elas parecem ter por serviço médico de supne: O que devemos saber sobre fadiga primaveril?
função guiar nossas vidas desorientadas pelo desaparecimento dos grandes
Conselho médico de suPn¡.:
modelos filosóficos e religiosos. Grosse e seibold, no seu panorama de Ia
A fadiga da primavera não é uma doença, mas um sintoma. Ela indica
presse parisienne (1996), foram um dos primeiros a ressaltar a importân- que nosso corpo apresenta uma insuficiência de substâncias vitais, como
cia crescente dessa "zona de transição" entre os gêneros redacionais e a pu- as vitaminas, as enzimas, os oligoelementos e os sais minerais. O corpo
blicidade. como já vimos anteriormente, quanto à imprensa alemã, Lüger gastou suas reservas durante o frio do período invernal [...]. Assim, não é
(i995: r47-r5r) propôs, muito apropriadamente, distinguir bem, dentro da de se espantar que sejamos acometidos de estados depressivos, de falta de
categoria englobante dos textos de conselho, duas subclasses: os manuais de motivação, de energia no trabalho, assim como de um déficit de sono.

instrução e os conselhos propriamente ditos. O que fazer contra a fadiga primaveril?


Mergulhando nessa ideia e partindo da constatação sociocultural anterio¡ Conselho médico de SUPRA:
podemos dizer que a categoria do discurso proceduralé bastante vaga. Falar de Prepare-se para uma vida saudável durante as semanas seguintes. É bom
discursos procedurais é dar mais importância ao comer muitos legumes, frutas e saladas. Evite alimentos gordurosos e açu-
do que à sua instrução,
fazer
carados. Faça esporte em meio à natureza verdejante: faça uma trilha na
às injunções-instruções e, principalmente, aos conselhos que a acompanham.
floresta ou um passeio ciclístico. Elimine igualmente do seu corpo as dis-
De fato, ganha-se ao falar mais amplamente de discurso de incitaçao à ação.
funções ligadas ao estresse, criando para você situações de relaxamento e
Poderíamos também falar globalm ente de gêneros de conselho, sob a condição,
descanso, visando encontrar a paz interior.
no entanto, de designar os textos, cujo valor ilocutório é diretivo, mas que re-
Simplesmente SUPRA
cobrem, todos, o campo lexical do 'tonselho". Aconselhar é indicar a alguém
Caixa assistencial
o que deve ou não fazer, e essa orientação vai ðe sugerir, recomendar e propor 0848 848 878
até pressionar, incitar, leuar (a), passando por advertir, avisar, guiar, persuadi¡
Esse texto é bastante representativo do gênero. Ele comporta uma pri-
convencer dirigir. um leque muito amplo de atos de linguagem - do conselho-
recomendação à ordem - pode ser agrupado na categoria do meira parte informativa (amplamente descritiva) e uma segunda parte que
falar de, a qual responde à questão 'b que fazer?" e apresenta todas as formas linguísticas de
Dan spencer eDeidre wilson (1989) consideram, adequadamente, como uma
conselho. É particularmente interessante constatar que o representante do pla-
das três categorias de atos de base, ao lado de dizer que
e perguntar se.
no de saúde, cujo nome deve ser anunciado, do qual se faz publicidade, ostenta
os conselhos de revistas da imprensa contemporânea tomam a se-
o título de'tonselho médico". Aos muitos imperativos, mistura-se uma forma
guinte forma:
impessoal ('tonvém") às instruções.
lz(tzl
Textos: tipos e protótipos Discurso procedural e outros gêneros de incitação à ação

Aexpressão linguística mais comum do conselho é a dos dois excertos Os textos expositivos em CSMO são, certamente, uma subcategoria dos
seguintes, da revista feminina ElIe (2I102/2000): textos de incitação à ação. A publicidade os integra, como no anúncio seguinte:

T11 eeuESTÃo T13 Saia vencedor com o novo Civic 1.6 VTi
Como escolher seu antiolheiras? Como ganhar um Honda? Nada mais simples: basta nos fazer uma visita e se
. Se as olheiras estão bem localizadas (canto interno do olho e cavidade instalar no volante do seu Honda preferido Para um test drive. A nova linha
da pálpebra inferior), utilize lápis, bastöes ou texturas compactas apli- do Civic vem com sete versões compactas, do modelo básico, particularmen-
te vantajoso, à versão de luxo, com todo o conforto. Por exemplo, o Civic 1.6
cadas com um pincel fino: formulas ideais para uma posição precisa e
vTi 3 portas (foto abaixo), com urn motor "sport vrEc" [...]. Navolta de seu
uma dissolução perfeita.
. testdrive,escreva seu nome e seu endereço no cupom de participação Grand
se a pálpebra inferior está da cor de fuligem em toda a superfície, utili-
Prix, coloque-o na urna e torça. Quem sabe não será você o felizardo!
ze texturas fluidas (em flaconetes com aplicador musse ou pincel). Elas
HONDA
se espalham mais facilmente e marcam menos o contorno do olho.

A descrição elogiosa do produto é enquadrada pela estrutura couo (fazer


Sobre a cor:
para)...?, seguida de "basta" e dos imperativos ("escreva']
'toloque'] "torça").
. Escolha bem a nuance do seu antiolheiras. A correção funciona se você
Esse anúncio parece com o exemplo prototípico seguinte, tirado de um suple-
apostar em um jogo de cores complementares: bege-damasco, se
mento de um periódico de fim de semana (Pøris-Normandie) - revista cons-
as
olheiras estão azuladas (o mais frequente); bege rosado claro, se as olhei-
tituída de uma mistura de publirreportagens, de conselhos de beleza publici-
ras estão para cinza-esverdeado ou se sua pele está palida ou rosada.
tários (Ti4) ou ainda do modo como gravar em objetos (T15). Ele apresenta
. Escolha um tom abaixo do da sua pele. se for muito claro, você acentua- (que, como PARA +
a vantagem de misturar a estrutura em CoMo + Infinitivo
ria o efeito óptico de volumee de inchaço, se houver bolsas... E um halo
Infinitivo no início, tem um efeito geral) com a estrutura sn + Imperativo:
branco ao longo do olho não fica mais estético que as olheiras ao natural!
T14 coNsBrHosDEPRo
A estrutura gramatical sE + Imperativo (empregada aqui sete vezes) per- Como camuflar uma verdadeira tatuagem?
mite dividir os subconjuntos acionais. Encontra-se, igualmente, a estrutura do Se você quer esquecer, por uma noite, a maravilhosa tatuagem desenhada
tipo tana + Infinitivo, que, situada no início, como em Tr2, estende seu escopo em sua canela (foto à direita), utilize uma maquiagem dermatocosmética,
para toda o encadeamento do texto, enquanto, em posição não inicial, seu es- vendida em farmácia e drogaria que cubra toda mancha ou imperfei@o do
copo se limita ao fragmento (frase ou parágrafo) considerado (assim como no corpo (Perfect legs, de coverdem, 159 F). De aspecto cremoso, trata-se de
fim do primeiro parárgrafo de TI1):, uma base de boa cobertura, que se espalha facilmente e dura 24h. Aplique
uma quantidade mínima na região desejada, pressione com os dedos, hidrate
T12 Nécessaire de sobrevivência
com aajuda de um lenço úmido e deixe secar. Sevocê desejaver desaparecer
Para manter o sorriso cintilante, atezfresca olho aguçado em todas
eo definitivamente o erro da sua juventude em forma de dragão em cima dos
as circunstâncias, sem precisar levar sua toalete inteira dentro da bolsa,
seus ombros, resta-lhe o laser, com os dermatologistas especializados [...1.
The Body shop planejou tudo. uma escolha de aliados indispensáveis (da
pasta de dente à máscara facial) em versão míni, compactada em uma Diferentemente de nane (no início) e de cotuto, cujo efeito se estende ao
caixa grande como um estojo de óculos. Kit 5 a 7, L50 F. texto todo, os dois conectores SE têm um efeito limitado aos segnetltos quc
eles abrem. O segundo SE fecha o fragmento anterior e abre um novo' Iissa
'll1).
2 Conferir, quanto ao assunto, Marie-Paule Péry-Woodley (200I: 43-44). estrutura é a base da divisäo em casos (aqui, dois, muito mais em

l^¿,1 lz6cl
Textos: tipos e protótipos
Discurso procedural e outros gêneros de ¡ncitação à ação

os gêneros dominados pelo conselho comportam, geralmente, encadea-


Modelo tirado de Gravure sur yerre, de Violaine Lamérand. Editora
mentos de atos menos numerosos que nos gêneros mais puramente procedurais,
Fleurus, 99 F. Esse liwo apresenta a técnica da gravura em vidro e
como o manual de bricolagem (Tl5), o manual de instruções (T16 e Tl7), a
propõe aproximadamente duzentas gravuras, classificadas por temas.
receita (T20,T2r,T23,T24 eT25) ou os guias de trilha (T22) e de escalada-
Nossas preferidas: art déco, folhagem, frutas e legumes'
alpinismo (T26 e T27). Nos gêneros procedurais, os conselhos são os mais di-
fundidos, e a estrutura em sE ou pen¡ é claramente menos frequente. um conselho é dado em separado: "Para os primeiros esboços, é reco-
local).
mendável tentar em outro suporte" (o efeito de PARA, aqui, é puramente
T15 cneven suÁ.s LEMBRANç.As
os seguintes modos de uso são o exemplo do que se encontra em algu-
Transformar copos comuns em um presente originar: um trabalho de
mas embalagens:
precisão para os mais minuciosos.
T16 Filtros Epilacire nova fórmula
COMOFAZER Graças a esses filtros especiais, você poderá filtrar facilmente sua cera
. Limpe o copo com álcool combustível e um pedaço de pano. após cada depilação realizadano seu Épilacire cALoR'
. Reproduzaagrav:uraem um papel escuro cujas bordas você vai recor-
tar até que ele consiga se encaixar nas curvas do copo. Modo de usar: ponha o termostato do seu Épilacire na posição A. Colo-
que no fundo da cuba o filtro que você utilizou para encher as tiras
de
. Coloque a imagem dentro do molde a ser gravado e fixe-o com a
ajuda de um pedacinho de fita adesiva. cera usada.
. utilize sua caneta paÍa gravaÍ, segurando firme o copo. para os pri- Aguarde a cera ter derretido por completo'
É necessário contar 30 minutos para que acerafique bem quente'
meiros esboços, é preferível fazer uma tentativa em um outro suporte.
. Comece gravando os contornos, sem forçar nem apoiar. euando Retire o filtro segurando pelas pontinhas laterais. Os pelos ficarão no
tudo estiver traçado, retire o molde de papel. fundo do filtro, e a sua cera ficarâ totalmente limpa, pronta para uma
. Lustre o interior das gravuras depois de ter colocado dentro do copo nova utilização'

um pano de cor escura que lhe permitirá distinguir melhor os con- )ogue o filtro fora.
trastes. Escolha um polidor adequado à estampa a ser polida e retire a A modalização das incitações à ação tende muito mais claramente para o
poeira com uma esponja úmida. conselho no seguinte manual de instruções (que também se encontra
na caixa do
. Seque com um pano antes de recomeçaÍ a gÍavar. produto; cito a redação do texto na íntegra, pois ele é representativo do
gênero):
[segue uma importante parte em imagens que explicam parcialmente
cada ação, reproduzindo o objeto] T17 Ronstar TXJ
HERBI1IDA SELETIVÙ PÁRÁ RosE¡R,As, CoNÍFERáS E PI.ÁNTÁS PEREN¡S
MTC.TERIAIS

. IJm suporte de vidro: bocal, vaso, copo... Composição


. IJma caneta para gravar e as pontas: manual (a partir de 145 F) ou elé- 2o/o de oxadiazona
trica (a partir de 399 F na Rougié & Plé). 1.,5o/o de carbetamida
. lJm polidor para preencher as gravuras. Homologação n" 8400447
. IJm pano de cor escura.
Doses homologadas
. Papel de cor escura.
l2glmz para roseiras e plantas perenes.
. Cola ou fita adesiva.
I

lSglmz em plantações de arbustos ornamentais'


Textos: t¡pos e protótipos Discurso procedural e outros gêneros de incitação à ação

Uso autorizado para jardins . Não arar o solo nos três meses seguintes à aplicação.
Herbicida seletiva para roseirøs, coníferas, árvores e arbustos ornamentais . Lavar as mäos depois do uso.
e algumas plantas perenes. sob a
forma de finos graos, é seletiyo com rela- . Conservar o produto na sua embalagem original, fora do alcance das
ção aos vegetais lenhosos e a diversas plantas perenes ornamentais (alys- crianças, dos animais e longe de alimentos e bebidas.
sum, aquilegiø, íberis semprevíva, campânula, íris sanguínea...) . Não utilizar em lugares com plantas bulbosas (jacintos, tulipas.")'
Mantém o solo limpo destruindo as ervas daninhas habituais desde a
germinøção. Encontram-se construções frásicas do tipo "Para obter" (não situada no
suø ação persistente permite que o início do texto, PARA tem uma influência limitada na frase na qual aparece), "Se
solo fique limpo durante vários meses.
se tratar.../No caso de..ll Os infinitivos jussivos atenuam o valor ilocutório in-
Époces DEUSo juntivo. O texto oscila, assim, entre "deve-sd' (força diretiva máxima),'þode-se
ri: ,.:.;-j -,i' {\.iì i.:,i-l .-i. .i,r-'.¡ utilizar ern' (força diretiva atenuada) e "recomenda-se" (conselho). A parte des-
$i{ìJ" ¡a | ¡/- ¡:l a _:l ¡:,':i:lf.; )ìÌ;ii.
.1j'l.:.li,,l '.! -' À' l,'.. :¡ ri f.-iri
i
critiva, em itálico, do início um exemplo muito bom de valor de
desse texto, é
I F M A M I I A s o N D enunciado de definição (evidenciado por M.-P. Péry-Woodley,200133). Quan-
' Período fauorável para o tratamento " período idear para o tratamento do se escreve, acerca do herbicida em questão, que "sua ação duradoura permite
Deve-se aplicar o produto sobre um solo limpo e úmido no final do in- manter o solo limpo por vários meses", o leitor deduz um enunciado subjacente:
verno ou da primavera. Para obter uma maior eficâcia do herbicida, tra- "Para manter o solo limpo por vários meses, utilize Ronsar TXf A tuansforma-

ção daestrutura verbal'þermite manter" em'þara


manter" é representativa das
tar, de preferência, desde o nascer da planta.
É recomendado fazer uma primeira aplicação na primavera, antes do re- instruções procedurais presentes nas partes descritivas dos textos.
nascer das plantas, e renová-la a cadatrês ou quatro meses, aproximada- As bulas de remédio estão muito próximas das instruções anteriores, mas

mente, tão logo se perceba o nascimento das ervas daninhas. elas comportam características próprias suplementares que ilustram bem esse
É possível utilizar durante o plantio. No caso de plantas jovens, esperar, exemplo prototípico, o qual, por causa do seu tamanho e da repetitividade
no entanto, uns 15 dias. No caso de plantas perenes ornamentais, tratar própria do gênero, só pode ser citado parcialmente aqui:
apenas das plantas d.e raiz que pegaram bem.
Ti8 Doliprane 500 mg, comPrimido
Retirar as ervas danínhas, aplicar o produto e depois regar abundante-
I
PARACETAMOL
mente. Não há perigo algum para as árvores que se quer conservar. t.

No caso de uso no verão, seguir o tratamento de rega abundante. COMPOSIÇÃO


paracetamol, 500mg. Excipitentes: lactose, amido pr é- gelatinizado, ami-
MODO E DOSE DE USO
do de trigo, talco carboximetilamido, esterato de magnésio para um com-
Umadose =lTgparaln2 APLTCAçÂO
primido.
Árvores ornamentais e coníferas - 1 8g por m2 Aplicar regularmente com a caixa ou FORM,A. FARMACÊUTICA
com o dosador Comprimido - caixa de 16
Roseiras e plantas perenes - 72gpor m2
t...1
PRECAUÇOES DE USO
Ë,M QUE CASOS UTILIZAR ESTE MEDICAMENTO?
. Respeitar a dose de uso indicada. : Este medicamento contém paracetamol. É indicado em caso de dor e/ou de
. LJsar em solo limpo, fresco e não arado. febre, como dores de cabeça, estados gripais, dores de dente, dores muscu-
. Evitar o uso se as folhas das árvores estiverem molhadas. lares, dores menstruais. [...]
Textos: tipos e ProtótiPos
(aproximadamente de 12 a 15 anos):
. para crianças entre 41 e 50 kg
ao finai de
EM QUE CASOS NÃO UTILIZAR ESTE MEDICAMENTO? 1 comprimido de 500 mg
por vez' repetindo se necessário
utilizado nos casos seguintes: por dia'
Este medicamento NAo DEVE sER 4h, sem passar de seis comprimidos
. alergia conhecida ao paracetamol CONSU¿ TIN SNV UÉOICO OU SEU FAPUICÊUTICO'
EM CASODE DUVIDA, E INDISPENSÁI¡E¡
. doença hepática grave
. intolerância ao glúten t-l
CONDUTA EM CASO DE SUPERDOSAGEM
EMCASTDEDÚ1IDA,EINDISPENSA1ELCONSU¿TARSEUMEDICjoUSEUFARMACÊ,UTIC), com ur-
de intoxicação acidental' procurar
Em caso de superdosagem ou
CUIDADOS ESPECIAIS
elevada por gência um médico'
Em caso de superdosagem ou em caso de tomar uma dose
equívoco, consulte imediatamente seu médico' ["'] bula de remédio acumulam estruturas
As construções frásticas dessa
PRECAUÇÕES DE USO tipo:"PARÁadultos/crianças""'sEnecessário/sgvocênäoconheceropeso"'EM/
recomendações são não somente
permanecer por mais dúvida/dor/srrp"rdorageml As
¡e
Se a dor persistir por mais de cinco dias, ou a febre No cAso
de três dias, ou em caso de eficácia insuficiente ou de
surgimento de al- multiplicadas,masrepetidasecolocadasemevidênciapelatipografia(negrito,
em itálico)'
gum outro sintoma, não continuar o tratamento sem o conhecimento
do subllnhado, maiúsculas menores se encon-
os conselhos de horóscopos
dos rins' é necessário Como nas instruçöes T15 e T16'
seu médico. Em caso de doença grave do fígado ou
consultar seu médico antes de tomar paracetamol' Úamfrequentementesobaformadeimperativoscujaforçailocutóriaémais
revista-suple-
injunção (t*tmplo retirado da
uma recomendação U; ;" uma
F'MCASTDEDÚnIDA,NAoHESITEEMC)N,ULTARSEUMEDIC)oUSEUFARMACF'UTIC)' du Dimanche' de l}l0lll998: 50):
mento Fémina Hebdo, do Iournat
t.l HoRoSCoPO
Donatella Roberti
T19
de fevereiro
COMO UTILiZAR ESTE MEDICAMENTO?
t AQUÁRIO ð'e2l d'ejaneiro a 18 Sobre.
luta para defender seus projetos.
POSOLOGIA VIDA SoCI¡.r gabilidoso, você
de sua autoridade' Respeite a
opinião dos outros' CORA-
Indicado a adulto e criança a partir ð'e 27 kg (isto é' em torno de tudo, não abuse
olhares indiscretos'
: uma história de amor longe dos
8 anos) ÇÃo Ou você vive
inacessível, que ignora você solene-
(a partir de ou você morre de paixão por um ser humor' Para
DE ESPÍRITO Cheio de bom
recomen da- mente. Seja realista! ESTADO
15 anos, aproximadamente), a posologia diária máxima tire partido da sua criatividade'
.1. canalízaresse fluxo de energia'
da é de 3.000 mg de paracetamol por dia, ou seja' 6 comprimidos I

Para a criança ohoróscopomisturaadescriçãodeações(..vocêlutaparadefenderseus


"cheio de bom humor") e a
é preciso pesá-la a fim de projetos", "ou você vive uma
história de amor ["']"'
t...] Se você não souber o peso da criança,
ministrar a dose mais adequada' ["'] recomendação(..Sobretudo,nãoabusedesuaautoridade.Respeiteaopinião
criatividade")' O pla"
"seja realista!""'Para ["']' tire partido de sua
dos outros",
A posologia usual é:
nodetextoé,aliás,muitopreciso'determinadopelossignosdozodíaco(àsVc
(vida social' coraçit.^
. pãracrianças entte2T e 40 kg (aproximadamente de 8 a 13 anos): d"tu"o'i e um certo número de seções
zes, os diferentes
I comprimido de 500 mg por vez, repetindo se necessário ao final saúde/estado de esPírito)'
de 6h, sem passar de quatro comprimidos por dia'
l;¡tl
Textos: t¡pos e protót¡pos
Discurso proceduraI e outros gêneros de incitação à ação

A fìm de evitar a hesitação entre a recomendação e a injunção, nos .


gê- Bata os ovos em omelete com leite. Salgue e apimente-os.
neros mais procedurais, como a receita de cozinha, o conselho
se localiza, às . Unte as fatias de pão em apenas um lado, depois, mergulhe-as rapida-
vezes' em uma seção. Assim acontece no final dessas
duas receitas: mente na mistura de leite com ovos.
T20 cozid'o de atum com cogumeros cantareras
[Seção de culinária da revis-
. Arrume-as em seis na forma, depois, coloque, sobre cada uma, um
ta Ellel quarto de fatia de presunto e uma fatia de queijo.
30 minutos . Procedendo da mesma forma, cubra com uma segunda camada de
Retire as extremidades dos cantarelas, lave-os, seque-os. Faça
saltear em urna pão, de presunto e de queijo.
metade da frigideira, com óreo, a posta de atum, dos dois rados.
sargue, api- . Cubra o resto com a mistura de ovos e leite. Apimente. Saþique o par-
mente, regue com vinho branco e deixe cozel adescoberto
d,e 12 al5 minu_ mesão. Coloque a forma no forno e deixe gratinar por 25 minutos'
tos. Dura¡te esse tempo, faça sartear rapidamente na frigideira
os cogumeros, . Quando a superfície ficar bem dourada, sirva diretamente na forma.
no restante do óleo, até que toda a água deles se evapore. Acompanhe com uma salada variada.
Misture os cogume-
los com o atum, adicione creme de leite e deixe ferver tudo por 5 min.
Dica: você pode substituir o pão de forma por um pão rústico. Tenha,
Para 6 pessoas Preparação: I0 minutos nesse caso, quatro grandes fatias cortadas em dois ou oito pedaços. A
I posta de atum de I þ Cozimento: 20 minutos receita, assim, ficará mais rústica, porém saborosa da mesma forma'
600 g de cogumelos cantarelas
Yzcopo de óleo de amendoim Assim como a receita, o gênero bastante procedural guias de alpinismo e
250 gde creme de leite de trilha (ao qual retornaremos na quarta parte) gera, de outro modo' o conse-
I copo de vinho branco seco lho. O exemplo seguinte é um guia de trilha sob a forma de ficha (Montøgnes
Sal, pimenta Møgazine, n.239, agosto-setembro de 2000, Paris, ed. Nivales). Informações,
NOSSA nrce: Quando você for ravar os cogumelos, adicione meio copo recomendações e instruções se sucedem e se misturam:
de vinagre de ¡flcool.
T22 Trilha
T21 Rabanada com queijo e presunto
QUEY&C,S
Para4l5 pessoas - preparação: 15 minutos - cozimentoz2lminutos
. 12 fatias médias de pão de forma (200 g aprox.) Rochedo de l'Eissassa (3.0a8 m)
. 3 fatias de presunto de paris Duração: 4h30 (no total).
. 3 ovos Ponto de partida: Estacionamento de Chaurionde (I.967 m).
. 30 cl de leite
Desnível da subida: 1.081 m.
. 12 fatias de queijo para. croque-monsieur
Desnível da descida: 1.08I m.
. 50 g de parmesão ralado
Mapas e guias: IGN TOP 25-3537 ET e3637 OT Didier Richard n. 10.
. 60 g de manteiga
Acesso: a partir de Guillestre, pela D 902 (garganta do Guil), depois, à
. Sal, pimenta
direita na Maison du Roy, na D 60, até a entrada de Ceillac, que se deixa
Modo depreparo [réalísation] para subir à direita no vale de Mélezet até sua extremidade, no estaciona-
. Preaqueça seu forno a 1g0 "C. mento de Chaurionde.
. lJnte a forma. Itiner¿irio: tomar, no bosque, o carreiro do desfiladeiro Tronchet e seguir por
. Corte as fatias de presunto em quatro. ele até a trilha íngreme sob o desfiladeiro. Na primeira curva à direta, abando-
à ação
Textos: t¡pos e protótipos Discurso procedural e outros gêneros de incitação

nar o carreiro para atravessar à esquerda no nível dos monólitos e chegar num
lhos-recomendaçõesedasinstruçõesprocedurais,noentanto,éaformamaisfre-
pequeno vale visível (flanco esquerdo coberto de vegetação, flanco direito, de
quente.Essaspráticassociodiscursivassãocertamentebemdiferentes,maselas
pedras) ao pé da encosta oeste do rochedo do Eissassa. Subir até o limite da
apresentammuitasregularidadeslinguísticascomuns'porissobrotadaíum.ãr
vegetação e da pedreira até uma bifrucação, depois seguir à direita uma picada
defamflia'iRetomandoasdiferentespropriedadesdosenunciados,dequefala
entre as pedras que leva até um desfiladeiro íngreme de pedras instáveis e de composicional' (c6), o 'ton-
Bakhtin, examinaremos, desse modo, a'tonstrução
rochedos. Escalálo da melhor forma, auxiliando-se dos rochedos da margem efeitos sobre o léxico (C3)' a complexidade
da organiza-
teúdo temático" e seus
esquerda. Quando ele se tornar demasiadamente rochoso, ir por um pequeno dos canais de ação (Ca e C5)' Veremos que
aquilo que Bakhtin
ção e as conexões
desfiladeiro secundiírio à esquerda (a alguns metros, há um cairn* visívelna
.t,uln"de..estild,deveserabordadoenunciativamente(C1).Defato,essestextos
saída). Desernboca-se nurn grande plano inclinado de pedras e de monólitos de proposições de ação' mas também de
näo comportam somente encadeamentos
(altura aproximada de 200 m), pelo qual se sobe até o cume. Alcança-se, lado' as proposições argumentativas
facil- proposiçöes descritivas de estado' Por outro
mente, à esquerda, ao cairn mais alto sobre uma pequena fortalezarochosa. de ação, agrupadas na parte procedural,
marcadas são muito raras. As proposiçöes
Atenção para o pico da encosta leste. vasto panor¿uïra, do chambeyron aos é necessário partir do fato de que
possuem um valor ilocutório diretivo. Portanto,
Écrins, até o Mont-Blanc. Mirante sobre o Font-Sancte. de vista referencial (dictum), ufila re-
cada proposição enunciada é, de um ponto
Dificuldade: caminhada esportiva exigente: fora do carreiro íngreme e presentaçãodeaçõesoudeestadose,deumpontodevistailocutório(modus),um
resvaladiço, há alguns rochedos fáceis. Arredores do desfiladeiro difícil
ato de discurso do tipo diretivo
(dizer de) ou simplesmente declarativo (dizer que)'
para a descida - é necessária uma corda para os menos experientes. cui-
Cadaumadasproposiçõesdostextosdeincitaçãoàaçãodeveserexaminadaem
dado com as quedas de pedras no desfiladeiro. e ato de discurso, mas também de ato
de enun-
suas dimensões de ato de referência
Material: sapatos de qualidade (palmilhas semirrígidas). utilizar bastão ciaçãoligadoaumenunciadorqueassumeaverdadedoconteúdoproposicional
para caminhada. Pela nossa experiência, utilizar corda. e visa a um destinatiário (C2). De tudo isso,
derivam as seguintes características.
Período: julho a outubro.
Nota: beleza e sossego garantidos neste cume escarpado. o passo Tron-
Características enunciativas (C I )
chet (2.66r m), que se abre até a Haute-ubaye, é bastante frequentado.
Umparadoxoaparenteregulaenunciativamenteostextosdeincitaçãoà
Gérard Grossan
ação.Eles',re-d"umexpertcujapresençaenunciativaéapagada'Comolocutor
da situação de enunciação
constatamos, aqui, que se inserem, na parte procedural, recomendações (instancia da marca, do laboratório etc.), os indicadores
relativas aos perigos ("cuidado com as quedas de pedras no corredor'l ..aten- sãotambémapagados.Constituemumaexceçãoasassinaturas(acompanhadasàs
(T19), dos guias (T22,T26,T27), de certas re-
ção para o pico da vertente leste"). As quatro últimas seções correspondem, vezes de uma foto) dos horóscopos
os traços explícitos do tema da enuncia-
por seu turno, à sucessão de recomendações próprias do gênero, de que fala- ceitas (T20, T24), mas, mesmo nesse caso'
remos mais tarde. çãoestãoausentesdosentrnciados(veremosquesóT26fogeparcialmenteaessa
regularidade).Apresençadoprofeta,emT3'nãopöeemcausaessaobservação
g.",ut. ou -"Sma forma, a presença do
enunciador em T6 (..eu te aconselhd') e em
CARACTERÍSTICAS TINGUÍSTICAS COMUNS
T8(..euqueroprimei¡amentetedizer'')estásituadaapenasnamargem(fronteiras
como acabamos de ver, os textos que atuarizam a incitação à ação oscilam da incitaçäo àaçáo. A presen-
inicial ou fìnal; ver também Tg e T10) do fragmento
publicitaria dos
entre um domínio procedural e um domínio de conselho. A mistura dos conse- de T 13 e no fi.m de T24 se explica pela natureza
ça do nós noinício
ao anúncio publicitario)- Esse apareci-
dois documentos (a receitaT24é integrada
* localizado'
mento do locutor continua sendo pontual e muito
N T': Pequena pirâmide de pedras erguida por alpinistas e exploradores como ponto de referência.

l-- I r^--l
Textos: tipos e protótipos Discurso procedural e outros gêneros de incitação à ação

olugar do sujeito-agente (destinatário) é deixado pronominalmente O autor e o editor declinam de toda responsabfidade em caso de acidentes
ou
aberto (você). Ele pode assim ser ocupado por cada reitor-usuario. o pronome de trilha
incidentes ocorrendo nos itinerá¡ios descritos na obra' Os praticantes
de segunda pessoa é, às vezes, substituído por on com o futuro e com o pre- e os alpinistas são informados dos riscos que correm e Permanecem senhores

sente (T5 corta-se fon incise] etc.;TL7 deve-se apricar de seu destino e das escolhas que fazem com relação à montanha. Dado o seu
lon doit apiliquer];T22
desemboca-se/alcança-se, que se deixa, abandona-se caráter não periódico, esse liwo não pode, em nenhuma situação' atuar como
lon débouche/on rejoint,
qubn laisse, on le quítte);T27 que se escara [que rbn gravit]) ou pelas formas especialista junto aos tribunais. (P. Sombardier, Glénat e Grenoble, 2000 \44)

impessoais do tipo: é recomendado, se se trata, não há nenhum perigo (Tr7). o


infinitivo permite as estruturas impessoais: é necessário pesar e é indispensável/ Léxico especializado (C3)
necessário prevenir, não hesite em, tomar, sem passar de (TlB). por outro lado, A cada gênero, corresponde um léxico próprio de um domínio de especialida-
o imperativo mantém todo o seu valor conativo e a ausência do pronome é, de. O léxico é imposto pela precisäo informacional buscada e
pelo fato de o conhe-
nesse caso, apenas um efeito de superfície, sem valor de apagamento. cimento do universo de referência (esporte, jardinagem, bricolagem especializada,
Deveriam
medicina, cozinha etc.) ser Supostamente comuln aos coenunciadores.
(T}}:fazer saltear,
Contrato de verdade e promessa de sucesso (C2) ser compartilhados o conhecimento de mundo, os scripts deaçâo
regafT¿l cobrir) do vocabulario técnico ou científico (T6: gáIbano, cinerária;Tl}:
Entre o expert e o leitor, passa-se um contrato de verdade relativo às in- enzimas, oligoelemento.s; T14; dermøtocosméticos; TL7 oxadiøzona, carbetamida,
formações fornecidas. Esse contrato implícito garante ao destinatário que, se carboxï
alyssum, aquilegia;Tl}: paracetamol, excipientes, amido pré-gelatinizado,
ele se conforma com todas as recomendações e se respeita os procedimen- a fra-
metamido etc.;T22: cume, cimeira" entrada secundária) e mais globalmente
tos indicados, alcançará o objetivo visado. Esse objetivo é prometido ao leitor seologia de domínio. A nominalização das ações resulta em formações
lexicais de
sob condições. As condiçöes são multiplicadas nos casos em que a realização especialidade em -gem (TI7: regøgem), -ção (T10: motivação;Tl6:
utilizapo' depi-
é delicada (bulas de medicamentos e guias de alpinismo, por exemplo), mas taçao;TL7: homologação, aplicaçao, plantação, germinaçao;T20: preparaçã'o;T2I:
isso não diminui em nada o contrato de verdade e a promessa de sucesso. É realizaçao),-mento (TI0: disfunçao, relaxamenfo; T11: inchaço;Tl7: tratamento)'
essetipo de contrato que Greimas destaca nos textos programadores, como a
receita de cozinha, as partituras musicais e os planos arquitetônicos: ,.Se você Representação de ações e força ilocutória (C4)
executar corretamente todas as indicações dadas, então você obterá a sopa ao éa
uma das mais importantes características dos textos de incitação àaçáo
pesto" (i983: i59). sob esse aspecto, o horóscopo não difere das diversas for- sucessivas e ahralizadas
abundância de predicados representando ações temporais
mas de instrução e de outros guias.
ì verbalmente no infìnitivo, no imperativo, no futuro ou no presente. Indicações
Esse contrato de verdade explica
muito bem o apagamento do sujeito da sobre
complementares modalizam certas ações informando muito precisamente
enunciação. seu apagamento garante o caráter não subjetivo das informações modais do ttpo poder e dever
t o modo de fazer e/ou acrescentando a isso os verbos
dadas. só T26 autoriza, na parte introdutória e no corpo do texto, vários pa- i grande característica de superfície é a presença de um grande número
't A segunda
rênteses avaliativos (aos quais retornaremos mais tarde), sem que, todavia, es-
de proposições de valor ilocutório forte, em particular, de atos diretivos
,'f
sucessi-
i:
ses vestígios de subjetividade quebrem o contrato de verdade e de objetividade. no infinitivo. No
ì. vos (direde) muito marcados no imperativo e um pouco menos
Encontramos, nos últimos anos, a indicação de uma liberação jurídica particularmente
_t"
presente e no futuro, o valor é mais assertivo (dire que) e mais
da fonte enunciativa no caso de acidente. É, em particular, o caso dos guias, porém,
preditivo com o futuro. Essa forte caracterizaçâo ilocutória não se estende,
como o vía Ferrata des Alpes Françaises, que enfatiza explicitamente a fonte de (vi-
ao .orrlrrnto das proposições: ela se localiza na parte instrucional-procedural
expertise, sem reivindicar, no entanto, por causa de sua não atualizaçãoregular, ":
mos isso a propósito de T17). As partes descritivas desses textos têm,
portanto' um
uma força qualquer de lei: (ordem).
duplo valor inseparavelmente referencial (informativo) e instrucional
!
Textos: tipos e protót¡pos Discurso procedural e outros gêneros de incitação à ação

Marcas de conexão (C5) mundo cultural (viagem, visita a uma cidade, a um lugar ou a um país) e uma ati-
vidade que cria o objeto (receita de cozinha ou instrução de montagem) não são
]á falamos da importância dos indicadores do escopo de para/como + infini_ insignificantes. Vemos nisso as consequências sobre os componentes dos planos
tivo e se/em caso de + imperativo ou infinitivo jussivo. Esses (listas de
conectores desempe_ de texto. De fato, as listas claramente separadas da parte procedural
nham um papel importante. No entanto, sua frequênc ia é reduzida, equipamento ne-
po, ingredientes, de partes dispersas de um objeto a construir, de
nas receitas e nos guias. É necessário, sobretudo, sublinhar "*"rrrpro, um referente
o contraste
entre a rari- cessário etc.) não se encontram nos gêneros que se relacionam com
dade dos conectores argumentativos e a abundância dos (folhetos po-
organizadores temporais já constituído; elas não apresentam conselhos, projeções proféticas
(T26, citado por essa ruzão e estudado mais adiante, os candidatos farão se forem eleitos), nem horóscopos.
foge u essa regra). os orga- líti.o, anunciando o que
nizadores temporais permitem precisar a sucessão e/ou a duração Todos esses gêneros só são aparentados porque eles enumeram sucessões
das operações
e das suboperações. ,4. presença de muitos organizadores locativos de açoes apoiadas sensivelmente nas mesmas configurações de temposverbais
e
caracteriza,
principalmente, os guias de viagem, de caminhada, de excursão,
mas eles servem em procedimentos muito semelhantes de agrupamento e fragmentação de uni-
dades textuais. É nesses dois pontos que nós precisamos insistir no
também para indicar a parte precisa de um objeto sobre a qual momento'
se dá uma operação
conforme instruções de uso, manuais de instalação e instruções de montagem. limitando a investigação aos casos de receita e de guias de escalada e de trilha.

Macrossegmentação tipográfica (C6) PLANOS DE TEXTO E CADEIAS DE AÇÃO:


os textos de incitação à ação têm como propriedade comum uma grande
O EXEMPTO DAS RECEITAS
segmentação e uma ampla exploração das possibilidades de
E DOS GUIAS DE ALPINISMO
formatação tipo_
grâfica. Uma grande visilegibilidade resulta das indicações
alfanuméricas, das Às receitas T20 eT2l e ao guia de trilhas T22, acrescentemos as três re-
linhas frequentemente sobremarcadas por'thips'] pera presença ceitas seguintes e os dois guias de escalada-alpinismo. Primeiramente,
uma
de compo-
nentes icônicos (fotografias, desenhos e/ou infografia sob uma
a forma
de mapas, publicidade das lojas coop (T23), seguida de duas formas mais reduzidas:
de esquemas) que vão da simples ilustração à informação um sachê de
principal. cadavez publicidade-receita (T2a) eum texto que figura na embalagem de
mais, desenhos e esquemas, com o apoio de uma numeração,
substituem par- purê instantâneo (T25):
cial ou totalmente a enumeração verbal das ações nas instruções
de montalem
de um móvel ou de uma maquete e nos guias. Em todos esses T23 Frango ao molho de funghi morchella
casos, não se
trata simplesmente de dizer mas de mostrar como Ingredientes Para quatro Pessoas:
fazer.
Essas características de segmentação tipográfìca colocando 2 frangos grandes
o plano d.e tex_
to em evidência são também próprias dos discursos didáticos e da 50g de manteiga
imprensa es-
crita. Elas são bem mais importantes nos textos de incitação à ação 1 chalota
por razões
pragmáticas de articu-lação limitada do dizer ao fazer prático,
na passagem à
lz cabeça de alho
ação programada. os planos de texto adotados são mais
específicos de cada gê- I sachê de mochella
nero e subgênero do que gerais para todos os textos de incitação à ação. 100 dl de vinho branco
Guias de
viagem ou de alpinismo adotam suas próprias constantes e variáveis 200 dl de caldo ou fundo de galinha
em torno
de normas composicionais próprias do interdiscurso e/ou do Sal
intertexto da for-
mação discursiva considerada e em função do campo prático (cozinha,
viagem,
Pimenta-do-reino moída
excursão, visita, instaiação, medicação). As diferenças entre 1 pitada de mostarda
uma atividade que
se desenvolve no mundo naturar (arpinismo, trirha, escalada, jardinagem) I pitada de caldo concentrado de carne
ou no
Textos: t¡pos e protótipos
Discurso procedural e outros gêneros de incitação à ação

200 dl de nata fresca integral


T25 utruoc ao leite
Modo de preparo
Purê de batata instantâneo
cortar os frangos em pedaços, laváJos com água fria e secá-los antes de
Para preparar exclusivamente na água
pôr sal e pimenta. colocá-los para dourar por inteiro, reservaï. Mergulhar
Preparar o purê exatamente como indicado
os funghi na água quente e lavá-los cuidadosamente. Na manteiga de co-
Preparo para um sachê
zimento do frango, refogar delicadamente o alho e a chalota cortada em
(2 a 3 porções)
pedaços miúdos, adicionar o funghi e temperar. Regar com o vinho branco
e deixar reduzir antes de adicionar o caldo de galinha, a mostarda e o caldo
l. Ferver lzl ð,eágua com aproximadamente 15 g de manteiga'

de carne. colocar a ave no molho, cobrir e deixar coze r por 20 min em fogo
2. Colocar a água da panela em uma legumeira fria'
3. Despejar o conteúdo do sachê na água não borbulhante, adicionar de-
brando. Tirar os pedaços de frango e reservar quente. Afinar o molho com
a nata, sempre mexendo, até ferver. cobrir os pedaços de frango com esse
licadamente os flocos no líquido. Deixar descansar por 1 minuto e

molho e servir bem quente. servir acompanhado de ervilha torta, affoz depois misturar levemente, sem bater.
O Purê está Pronto.
selvagem e legumes.

Apesar de curta, a publicidade-receita T24, diferentemente da apresen- Adicionemos o exemplo de um mesmo guia de alpinismo sob forma de fì-
cha, como oT2\,mas, dessa ve z>paÍaescalada-aþinismo
(revista vertical, n.62):
tação clássica em T23, apresenta uma característica interessante: a ausência
de uma lista de ingredientes, provavelmente por se tratar de uma publicidade
T26 nrre-s¡solø.(74)
de um alimento preparado. Acontece a mesma coisa com T25, que apresenta,
Maciço das Aiguilles Rouges
além disso, a propriedade de numeração de grupos de ação:
Tour de Crochues: caminho De Galbert
T24 cooonNAsDEsossADAsREcHEADAs Entre os clássicos na saída do Index, o caminho De Galbert, na Tour de
DE ForE GR4s (4 pessoas) crochues, goza de um merecido sucesso. Rochedo sólido, dificuldades
Saltear de 6 a8 codornas desossadas recheadas defoie homogêneas e passagens bem tipificadas fazem dele algo "incontornável".
gras numa mistura de manteiga e óleo, A escalada consiste em uma sucessão de passagens curtas em fìssuras e
assá-las por um período de 20 a 25 min. Colocá-las em um fendas muito íngremes, mas dotadas de bons pontos de apoio. Aqui e ali,
prato, reservar quente. alguns ganchos delicados são necessários para o escalador, astúcias típi-
Despejar fora o excesso de gordura da frigideira, cas das Aiguilles Rouges.
regar com 50 dl de conhaque, flambar de uma foto em cores
[Esse parágrafo introdutório é acompanhado
ou reduzir. do paredãol
Adicionar 25 g demanteiga e 4 g de
Acesso: nos Praz de Chamonix, pegar o teleferico de la Flégère, depois a
caldo em cubo. Derreter e misturar
telecabine do Index. Na estação superior, tomar a trilha do Lago Blanc.
tudo com 1 dl de creme, deixar reduzir.
Abandoná-la um pouco antes do paredão vertical para ganhar posição.
Cobrir as codornas com o molho e
Período: de maio a outubro, dependendo, no entanto, da abertura dos
servir com macarrão, arcoz natural ou
teleféricos de La Flégère e do Index (final de junho ao final de setembro)'
com o nosso delicioso risoto milanês.
senão, pode-se também partir de Planpraz (aberto mais tarde durante a
Desejamos a todos Boas Festas! temporada), atravessar aÍéLaFlégère e alcançar o Index, mas o caminho
La Carcailleuse se torna, então, desproporcional pela distância da escalada...
ao passo que
Textos: tipos e protót¡pos Discurso procedural e outros gêneros de incitação à ação

e a rocha
a tranquilidade é garantida. vare retornar no
outono, para se aproveitar Atacar os dois pilares por um corredor. Passar a fenda entre a geleira
daluz suave dessa bela estação. e segufu o corredor por 30 m, depois, dirigir-se até Pilar
o da esquerda' no nível
ao topo
Abertura: Denise Escandre e p. de Galbert,
em 9 de setembro de 1970. do ressalto inicial. Um cruzamento ascendente para a esquerda leva
Altura: I70m. do ressalto. Escalar uma pequena fenda, em seguida, vir até o fìo
do pilar pelas
Altitude: 2.589m. lajes (III). Seguir no fio do pilar até que ele se torne vertical
(III e IV). O fio é
Dificuldade: D _ (passagens de 4/4+). a laje (IV'
cortado por uma laje de 6 m sobre uma grande plataforma. Escalar
(III e III
Duração: 45 minutos de caminha da e 2hde
escalada. um passo de rv sup.), depois subir pelas lajes em direçäo à esquerda
Equipamento: pitões e grampos são úteis. sup.) para encontrar o fio do pilar, aos pés de um grande ressalto
vermelho.

a primeira saliência pela direita (5m, v difícil, exposto).


Descida: ou, de modo mais fácil, pera encosta subir Do degrau
do rado do Lago Blanc e
que sobe para a saliência, subir direto o flanco esquerdo do pilar
pelo teleferico de La Frégère (em th3'min mais
via Lago Branc, opção que se
pode evita¡ mas seria uma pena!) ou
por um corredor à direta da via próximo do fio pelas canaletas (V), depois, o próprio fio do pilar até o
(visto por baixo), escarpado, mas
rápido (lh até o Index). pl.o ao ressalto (mais fácil). Subir até o pé de um segundo salto vertical
Bibliografia: guia compilado pelo autor durante
a escalada. pode-se lo" ," escala (IIi, III sup.) e seguir até uma agulha. Descer entre duas
também consurtar o Guia Arthaud, Les Aiguiiles lâminas, onde está situada uma estrada, à beira do precipício, e atravessá-la'
Rouges de pierre Bossus
Seguir à direita para alcançar a aresta da cumeeira' Croquis n'
(1974), e o Topo du massif du Mont-Branc, 2 e 3'
de Micheipiora (tomo 1), edi-
tora Equinoxe (t9BB).
[segue uma infografia que representa a rinha gerar e
as dificurdades dos cadeias de ações: complexidade dos arranios de proposições
diferentes comprimentos de corda para
a subidal seja no
As receitas comportam um grande número de predicados acionais,
fean_Luc Tafforeau imperativo (T2},T2l),seja no infinitivo (T23,T24, T25). se essa mesma alter-
instrução, ao
Consideremos, por fim, um exemplo de guia nância de infinitivo e de imperativo se encontra nos manuais de
clássico de alpinismo (Mas- gêne-
sif des Ecrins, tomo r, L. Devies, F. Labande, contrário, os guias de escalada e de trilha não utilizam o imperativo. Esse
M. Laloue, Arthaud, paris, 1976:
ro comporta, todavia, mais variedades verbo-temporais. Além da
frequência da
65; trata-se do centésimo itinerário da coleção):
(T26) e
forma modal, "pode-se (também) + infinitivo (partir/evitar/consultar)"
T27 Grotpe du Râteau dos tempos presentes com o indeterminador SE, já assinalados
(T22: desemboca'
pico W 3.766m tempos presentes são atribuí-
se, junta-se etc.;T26; pode-se etc.;T27: sobe-se),
Pela encosta S se tornabastante
dos a fragmentos do espaço percorrido: quando ele [corredor]
Três itinerários percorrem essa encosta, pilar] é
oferecendo pirares parareros e rochoso (T22); eles também são empregados descritivamente: o fio [do
vizinhos, dos quais os dois mais importantes também os
estão em torno do pico w. cortado por uma laje G27).Na mesma veia descritiva, encontram-se
particípios: uma plataþrma dominada por uma laie (T27) . O infinitivo
Pilør Cøndeau utilizado
(T23).
Narcisse Candeau, sozinho, 7 de agosto d.e
l966.ReI. Candeau, Roques. nas receitas permite, além disso, articular duas ações: mexer e ferver
É o pilar da esquerda que termina na
aresta w do pico w, a pouca dis- uma operação de segmentação fundamental para a legibilidade agrLlpa
tância deste. as açöes em subgrupos frásticos (T21) e, às vezes, emparâgrafos:
um só para
em di-
D. - Aconselhadø. T20,T22,T23 eT27,três para T25, quatro pataT24, o início da ação
(itinerário de
100' Do abrigo de ra sete, seguir a 99 até o pé da encosta s do Râteau ferentes parágrafos e a transferência da parte acional principal
I
(2h30). ascensão) em uma infografia são típicos deT26' ,'f
lextos: t¡pos e protót¡pos
A3
molho
Agrupømentos acionøis nøs receìtøs S 4 P6 allz: Regat as codornas com o A4
Em T25, as seis operações (a) necessárias para a fabricação do purê são a13: e servir
exemplarmente agrupadas em quatro frases (P) e três parágrafos (S) numera- com macarrâo' arroz natural
A5
dos, o todo arrematado por uma frase final (O purê está pronto): ou o nosso delicioso risoto milanês'
o acom-
Entre a12 (,A.3) e al3
(44)' convém não se esquecer de preparar
S I Pl, al: Ferver V'l de água com aproximadamente 15 g de manteiga. componentes do
da preparação dos diferentes
S 2 P2, a2: Colocar aâgua da panela em uma legumeira fria. panhamento (scriptimplícito efetivamente'
não menciona)' É necessário'
5 3 P3, a3: Despejar o conteúdo do sachê em água não borbulhante. acompanhamento que a receita (.A5)'
os pratos' o artozou o risoto
a4:Adicionar delicadamente os flocos no líquido. antes de servir, ter preparado
receita compotTa 27
P4, a5: Deixar descansar por um minuto, o segmento a" izz é exclusivamente frástico. Essa
a6: depois misturar levemente, sem bater. açöesdistribuídasemdezfrases.Sóaúitimafrasenãocomportaaçãonenhu-
em pariryta-
duas a cinco ações' Sem segmentação
ma. As outras propõem de
A segmentação de T24 e os agrupamentos das 13 ações é um pouco mais
fos,ossubconjuntosdemacroaçöesdevemserreconstruídospeloleitorea
examinada de perto'
complexa em razão da ausência de agrupamento assinalado por numeração. O de açöes deve ser
linearidade cronológica das sucessóes
procedimento se apresenta em seis frases, distribuídas em quatro parágrafos, esse parágrafo em oito macroações:
Podemos decompor
que não correspondem às macroações a realizar:
Pl al: Cortar os frangos em Pedaços
S 1 Pl al: Colocar de 6 a B codornas desossadas recheadas defoie gras a2: lavá-los com água fria
nurna mistura de manteiga e óleo, a3: e secá-Ios
a2: Assá-las de20 a 25 min. a4: antes de Pôr sal
P2 a3: Colocá-las em um prato,
a5: e de Pôr Pimenta
a4: reservar quente.
a6: colocá-los para dourar
por inteiro
P2
Essa primeira sequência de atos (macroação 41, versando sobre aprepa- a7" reservar'
do frango) é ligada por aná-
ração do frango) é unificada pela anáfora pronominal: al - codornas < a2 -las Essa primeira macroaçáo (Al - preparação
< a3 -las < a4 Ø. Segue-se uma segunda sucessão de atos (macroação A2), que a evolução do objeto dos
procedimentos:
foras em los- A açâo ui A"t*prever
concerne à preparação do molho (o todo):
água quente
P3 a8: Mergulhar os funghi na
S 2 P3 a5: Despejar fora o excesso de gordura da frigideira, a9: e lavá-los cuidadosamente
c
dos frango s' cozer delicadam'ent
a6: regar com I12 dl de conhaque, P 4 a10: Na manteiga de cozimento
em pedaços miúdos, [ato prelitttt
a7: flambar ou reduzir. ai 1: o alho e a chalota cortada
S 3 P4 a8: Adicionat 25 gde manteiga e 4 gde caldo em cubo. nar subentendidol
P5 a9: Derreter al2: adicionar o funghi
alO: e misturar tudo com I dl de nata a13: e misturar'
all: deixar reduzir. P5 a14: Regar comvinho branco
A associação do referente de Al A2 (o molho)
(as codorna.s) com o do al5: e reduzir
salienta a mudança de macroação, o conector E separando a última operação a16:antesdeadicionarocaldodegalinha,amostarda
(a3) da ação de servir (44): e o caldo de carne'
r ¡ Ëtt
lz8 +l
Textos: tipos e protót¡pos
Discurso procedural e outros gêneros de ¡ncitação à ação

Essa segunda sucessão de atos (42)


concerne àpreparação do molho
ghi. O retorno ao referente prin
cipal (ofrango) leva à macroação A ação nos guias de alPinismo
A3 ( cozilììeRd DEpors é igualmente frequente nos guias de trilha
e de escalada (encon-
to do frango no molho funghi)
também, QUANDo, emT22, por exemplo)' mas o organizador
mais
tramos,
P6 al7: Colocar o frango no caldo, empregado, junto de ¡rÉ. Seu valor mais espacial que temporal in-
DEPoIS, é
alB: Cobrir di." qJ. o ráferente da proposiçäo, cuja preposição erÉ tem a propriedade de
øté um
al 9: e deixar cozer por 20 min em fogo exprimir um fim, deve ser atingido: até ø entrada, até a extremidade,
brando. ver-
pequeno vale etc. (T22) , até Ia Flégère, até o Index (T26) ' até que ele se torne
As três ações enumeradas são concruídas -t¡càt,
por um ¿ final que funcionr até uma agulha, até o pico (Tz7). A ação pode ser vislumbrada
do início
assim desde o começo do texto (fechamento pé da vertente sul do
das ações contidas em p3, p4
e l)<i, até o seu fim no par DE/DESDE + ArÉ: Do alojamento... até o
P7' PB, P9), às vezes articurado um pouco antes
com o ANTES DE (pl e p5). uma
quarta sucessri, Râteau (T27). De maneira comparável, um organizador como
de atos (44 separação do frango a ação deve ser
e do molho) abre_se assim: (T26) toma um valor essencialmente espacial. Ele indica que

P7 a2\:Tiraros interrompida antes de atingir certo ponto referencial'


pedaços de frango orientação
a27: os organizadores mais importantes têm aver naturalmente com a
e reservar si): à direita,
no espaço (relação de um sujeito com o referente ou de referentes entre
Ela permite retornar ao molho (A5): à esquerda, margem esquerda, flanco direito, aresta W, à pouca
distância, em direçao

ao pilar esquerdo, acima, pela direita, direto elc. (T27). Acrescentemos que PARÂ'
P8 a22:Depurar o molho com a nata indicador de finalidade, nesse corpus funciona apenas muito pontualmente
como
a23: Mexer (seu uso é, em T27 e T22, por exemplo, limitado à frase na qual eles aparecem).
a24: Ferver Nesse corpus, é frequente propor-se uma escolha: pode-se também
partir de,
pode-se evitá-Io, descida ou poR... ou (T26). Não é por acaso que conectores
PoR...
o fìm da quinta sucessão de atos se abre
nas três úrtimas macroações: de T26. No
argumentativos apareçam precisamente em duas das possibilidades
P9 "escarpado, mas
a25: Regar os pedaços de frango
com esse molho s"g,r.rdo itinerario de descida, trata-se da questão de um corredor
A6
a26: servir bem quente.
e rapiao',. uma descrição como essa pode ser afgumentativamente assim
analisada:
A7
P10 a27: Servir acompanhado de ervilha
torta, arrozselvagem Escarpado o valor descritivo desse argumento ARG I
adjetivo é um
que vai no sentido de uma primeira conclusão: CONCL' C'
e legumes. AB
MAS o conector oPera uma inversäo que incita considerar ARG 1

A ordem dessas úrtimas ações não é cronorógica: como menos determinante que o argumento derivável
a preparação do acom-
panhamento (AB), inferíver pero reitor do que segue
à base de sriiptra" pr"pur"çao culinária argumento ARG 2
convocados a partir de uma primeira Rápido ol,Jo. descritivo desse adjetivo é um
antecipado, situa-se entre A6 e A7.
reitura destinada a prever o que deve
ser que vai no sentido de uma conclusão:CONCL' não-C

Nas receitas, a ordem cronológica


da maioria dos encadeamentos é res_ A propriedade descritiva escarpado pode ser interpretada como um argu-
saltada pelo organizador temporar ¡Epols (de
longe, o mais frequente). Encon- mento que tem o sentido de um desaconselho: tomar esse corredor é perigoso
tramos também: durante esse tempo,
até que (T20), antes de (Concl. C). Mas a propriedade seguinte (rópido) tem, argumentativamente,
quando (T2r). As indicações de duraçao
iTz:¡ ou ainda sentido inverso e aconselha, então, a escolher esse itinerário, a despeito das
sao todas naturalmente numerosas:
30 minutos, t2 a l,min, Smin (T20),25min dificuldades de percurso que ele apresenta (Concl. não-C). O movimento ar-
(T2I), durante 20min (T23),20 a
25min (T24), durante tmin (T25). gumentativo é dado pela estrutura conselho/desaconselho' que consideramos
anteriormente como uma propriedade de gêneros de incitação à ação.
l^õ/l
Textos: tipos e protótipos
Discurso procedural e outros gêneros de incitação à açâo

Todo o pará.$afo T26, dedicado


a o período ideal de percurso
De Galbert, obedece à mesma
lógica:
da trilha P5 a7. Escalar uma pequena fenda,
a8. EM sEGUTDA vir até o fio do pilar nnes lajes
período: de maio
a outubro, dependendo, No [avaliação descritiva (III) ]
ENTANTO, da abertura dos
tereféricos de La Frégère e do
Inàex (finar de;unho uo finar
de setembro).
P6 a9. Seguir no fio ArÉ que ele se torne vertical
sENÃo' pode-se também partir
de planpraz iaberto tu.¿. [avaliação descritiva (III e IV)]
temporada), atravessar até -ur, durante a
La Frégère e arcançar o Index,
MAS o caminho se
P7 [proposição descritiva: O fio é cortado por uma laje de 6 m sobre uma
torna' ENTÃO, desproporcionar
pera distância d" grande plataforma.
a tranquilidade é garantida. "r."rui"... Ao PASSO QUE
luz suave dessa bela estação.
Vale r'etornar no outono' para se aproveitar da P8 al0. Escalar a laje
[avaliação descritiva (IV, um passo de IV sup.)]
A alternativa (aproveitar ou não
os terefericos no começo e,
all. ¡rpors subir pelas lajes em direção à esquerda
sobretudo, no (iII e IiI
fim da estaçã'o) segue um movimento um pouco [avaliação descritiva sup.)]
complicado. Se se escorhe o
período que precede o fim de junho al2. pene encontrar o fio do pilar no pé de um grande ressalto vermelho.
e segue até o fim de setembro, ENrÃo, o
caminho se torna desproporcional. P9 al3. Subir a primeira saliência p¡ra direita
ues introduz esse argumento
saconselho manifesto (concr. como um de_ [avaliação descritiva (5m, V difícil, exposto)]
não-c). Entretanto, o texto trazumabifurcação
com Ao pASSo eun, avançando P10 a14. Do degrau que sobe para a saliência, subir direto o
com um novo argumento,
argumento que a frase seguinte o da tranquilidade, flanco esquerdo do pilar mais próximo do fio psres canaletas.
reforça ainda mais tomando
as qualidades da ruz e da
de empréstimo [avaliação descritiva (V)]
suavidade do outono. Dá-se
um conserho (concr. c) a15. oerots, o próprio fio do pilar erÉ o pico do ressalto
que ganha sentido inverso
ao argumento introduzido
por vas. [avaliação descritiva (mais fácil)]
o terceiro emprego do conector confirma
esse varor de conserho. Fala¡ P11 a16. Subir ¡rÉ o pé de um segundo salto vertical
Lago Blanc como opção evitáver "MAS do
que seria uma pena!,, é recomendar al7. que se escala
mente não o evitar. A exclamação crara_
é o traço da subjetividade
que se compromete com uma
de um enunciador [avaliação descritiva (III, III sup.)]
avariação e com conserhos a18. E seguir ArÉ uma agulha.
pessoais. se essa atitude
enunciativa não está de acordo
com as regras do gênero, o valor de PI2 al9. Descer ¡Nrrns duas lâminas, onde está situada uma estrada,
gumentos é, ao contrár. conselho dos ar_
a20. Atravessá-la.
Examinemo,,*i:"ii¿".H:ï::,";å:ff
ï""îäi:#ïi#,ï;' Pl3 aZl. Seguir à direita nRRe alcançar a aresta da cumeeira.
ACESSO:
Encontramos, nessa passagem, os organizadores DEpoIS, ATÉ e as várias
Pi at Do abrigo de ra sere, seguir
a gg .+rÊ.o pé da encosta indicações espaciais que favorecem, evidentemente, a orientação no rochedo.
do s do Râteau
(2h30)
Constatamos que as abundantes proposições clescritivas intercaladas não são
P2 a2. Atacar os dois pilares poR um
corredor. tão subjetivas quanto as de T26. Destinadas a fornecer uma indicação rela-
P3 a3. Passar a fenda entre a geleira
e a rocha tiva ao grau de dificuldade das passagens da escalada (de III a V aqui), elas
a4. E seguir o corredor por 30m, se apoiam em uma escala de cotação técnica o mais objetiva possível. Essas
a5. DEPOIS, dirigir-se até o pilar da esquerda, informações, a despeito de uma margem de apreciação pessoal da dificuldade,
no nível do ressalto inicial.
ITINERÁRIo: fazem parte do contrato de verdade instituído entre os coenunciadores. Elas
P4 a6. lJm cruzamento ascendente para repousam em um consenso entre os especialistas (T26 refere-se a essas avalia-
a esquerda leva ao topo do ressalto.
ções numeradas no esquema de infográfico da ficha).
luRRl
Textos: tipos e protót¡pos
Discurso procedural e outros gêneros de incitação à ação

A estrutura deT22 não é muito diferente. As indicações


espaciais preen- P9 Proposição descritiva: Vasto panorama, Do Chambeyron Aos Écrins,
chem o esquema'hcesso/subida'
ArÉ o Mont-Blanc.
A partir de Guilrestre, pera D 902 (garyantado Guir), D'pors, à direita P10 Proposição descritiva: Mirante sobre o Font-Sancte.
na
Maison du Ro¡ a D 60 erÉ a entrada de cei'ac,
que se deixa pARA subir di¡ei-
ta no vale de Mélezet erÉ sua extremidade,
à
Ao contrário das receitas, a estrita linearidade das ações não impõe rea-
no estacionamento de Chaurionde.
grupamento de subações. As proposiçoes descritivas dos lugares e dos pontos
Quanto à parte "itinerário", pode-se também a decompor de importância são fundamentais. Enfim, o tempo e o espaço são bastante
em dez frases
que alternam o infinitivo e o presente
com s¡ (as proposições descritivo_ava_ ligados: o percurso do espaço é (toma) tempo.
liativas são aqui rejeitadas no fim, em pg, p9 p10):
e

Pl al. Tomar, no bosque, o carreiro do desfiladeiro Planos de texto e visilegibilidade da segmentação


Tronchet Como sevê, os textos são estruturados flexivelmente, e a importância dos
a2. E segui por ele arÉ a trilha íngreme sob o desfi_ planos de texto é preponderante. Os textos que não comportam organização se-
ladeiro. quencial canônica são organizados pelo parâmetro de outros níveis de organi-
P2 a3. Na primeira curva à direta, abandonar o carreiro zação, semântica e/ou ilocutória; as marcas de conexão em geral, e, sobretudo, a
a4. rARA atravessar à esquerda no nível
dos monóli_ segmentação tipográfica exercem um papel fundamental. Esses planos são, ge-
tos erÉ chegar num pequeno vale visível (flanco ralmente, fixados pelo estado histórico de um gênero ou de um subgênero.
esquerdo coberto de vegetação, flanco direito,
de
pedras) ao pé da encosta oeste do rochedo Plano das receitas
do
Eissassa. As receitas de cozinha comportam uma caracterização planificada muito
P3 a5 Subir até o limite da vegetação e da pedreira arÉ forte: a lista dos ingredientes e a descrição procedural daprepatação constituem
uma bifurcação, as duas principais partes que uma fotografia geralmente vem completar, para
a6. Dcpors, seguir à direita urna picada entre apresentar a realízação potencial do todo. Notemos na passagem que é pratica-
as pe_
dras que ieva a um desfiladeiro íngreme de mente a mesma coisa com a adição de desenhos e esquemas que, às vezes, com
-
pe_
dras instáveis e de rochedos. a ajuda de uma numeração, substituem totalmente a parte verbal - como nos
P4 a7 Escalá-lo da melhor forma, auxiliando_se dos guias de montagem (de um móvel ou de uma maquete). Assim, T15 é composto

rochedos da margem esquerda. de uma descrição procedural de ações, de uma descrição-lista e de uma referên-
P5 a8 euANDo ele se tornar demasiadamente rochoso, cia publicitária ao manual do qual é tirada a instrução. Como em T20, T2I,T23
ir
poR um pequeno desfiladeiro eT24, a segmentação tipográfica tem um papel essencial de estruturação das
secundário à esquer_
da (a alguns metros, há um cairnvisivelna unidades (fragmentos) em conjuntos (blocos com subtítulos de partes faculta-
saída).
?6 a9-9bis Desemboca-se NUM grande plano inclinado tivas). Todos esses textos apresentam um plano de texto de base bem simples:
de
pedras e de monólitos (altura aproximada de de instrução), lexema
200 a. Nome da receita (ou do produto da atividade
m), pelo qual se sobe até o cume. (conforme a operação de an-
superordenado que serve de tema-título
'7 a10. Alcança-se, facilmente, à esquerda, ao cairnmais
coragem das sequências descritivas).
alto sobre uma pequen a fortalezarochosa.
b. Lista de ingredientes/do material (Tl5: material escolar, T23: ingre-
'B Cuidado: Atenção para o pico da encosta leste.
dientes) necessários que - grau zero da descrição - corresponde à
a açao
Discurso procedural e outros gêneros de incitação

enumeração dos componentes


(ainda não organizados) vez mais frequentemente'
Essa parte não tem sempre
do todo (..a,,). ta] 1. Nome do pico ou do itinerario (com' cada
um subtítulo próprio, nem lugar fïxo, mas
ela é tþografìcamente identifìcável. uma foto ilustrativa)'
Maciço chs Aiguilles
c' Descrição do encadeamento T22: Qteyras' Rochedo do Eissassa (3'048 m);-Í26:
de ações a se executar corretamente
alcançar o objetivo esferadg (.a,,). para se Rouges.TourdeCrochues:trilhaDeGalbert;T27:PùarCandeau'
O lugar dessa parte (antes
"-o"') não é fìxo e os
subtítulos variam: ?tnrt uç0".
;;
;epois de lbl 2. Informações diversas (sob a forma de lista):
a seguir" (T15), .,Ma- 2.1. Altitude
nual de instruções,, (Tt6), .Realizaçãd,
(T2I),..Modo de prepard,(T23). m'
d' Infografia dando uma ideia do T22: (3.048 m);T26:Altitude: 2'589 m;T27:PicoW'3'766
toão (:d') realizado (objetìvo
cedimento acional). do pro- 2.Z.Daraçio da trilha e da subida ou da caminhada
e. Conselhos, recomendações (facultativos). T22:Duraçâo:4h30(global);T26:Período:45minutosdetrilhae2hðe
escalada; T27 : (2h30)' Ø'
Os elementos da parte da lista (b
) são retomados sistematicamente na 2.3. Nível de dificuldade
enumeração da série de atos (c).
O algoritmo de transformação T22:Dificu|dade:caminhadaesportivaexigente:foradocarreiroíngre-
um encadeamento ordenado é o seguinte:
de operações permite passar me e resvaladiço [..-];
(conjunto de um estado inicial
de ingredientes diversos
ou de elementos esparsos T26: Dificuldade: D - (passagens de414+);T27:D'
do final (todo finalizado al [b]) até um esta_
I - [dJ). Essa estrutura permite ser 2.4. Ambiente geral
processo de condensaçâo assimilada a um
lexical: por meio
[cJ de verbos de ação, passa-se da T22: Nota: beleza e sossego garantidos neste cume l"'); T26: Entre os
lista [b] a um lexema superordenado
[a], que serve de tema -título para a
recei_
clássicosdasaídadolndex,atrilhaDeGalbert'emTourdeCrochues'
ta. Täl processo corresponde,
do ponto de vista sequencial,
a uma estruturação goza deum merecido sucesso l"'l;T27: Aconselhado'
descritiva na qual o programativo
introduz um movimento: 2.5. Ponto de Partida
se operar sobre [a] só é obtido se (I.967 m); T26 e
[b] uma série de atos [c]. O processo de
desmultiplicaÇãa, que T22: Ponto de partida: estacionamento de chaurionde
permite passar de
[a] até à lista [b] dos ingredientes, assemelha-se T27:Ø.
descritiva de asp ectualização, à operação
característica dos des envolvimentos 2.6. Desnível da subida/descida ou altura da trilha
O processo inverso de condensação, descritivos. i.081 m;
que faz passar
de [c] a [a], assemelha_se T22: Desnível da subida: 1.081 m/ Desnível da descida:
muito à orientação descritiva
de afetação, o que pode
ser resumido assim: T26: Altura: 170 m; T27:Ø'
2.7.Informação sobre a primeira subida
9 de setembro de
T22: Ø;T26: Abertura: Denise Escandre e P' de Galbert'
I970;T27:Narcisse Candeau, só, 7 de agosto de L966'
2.8. MaPas
Segmento 1
Transformaçâo
-
Descriçâo enumeração Segmento 2 T22:Mapaseguias:IGNToP25-3537ETe3637oTDidierRichardn.
tbl
Descriçâo de ação
tcj I0:T26 &T27: Rel. Candeau, Roques'
12 3 4 t..l 2.9 Autoria
12 3 4 t...1 T22:GérardGrossan;T}1:lean-LttcThfforeau;T27:RPCandeau'Roqucs'
Plano dos guias de alpinismo te] 3. Informações complementares (conselhos):
Não acontece o mesmo com 3.1. Conselhos relatívos ao material e/ao equipamento
os guias de arpinismo e
trilha. As partes que T22: Mateúal: sapatos de qualidade (palmilhas semirrígidas)'
utillr¡r
:omportam esses textossão
mais comprexas, mas também
identificáveis tipo_ bastão para caminhada. Pela nossa experiência, utilizar corda;'l'26: Hqul'
¡rafìcamente. A parte [c], em particulåa é
mais subdividida:
pamentos: utilizar pítons e ganchos; T27: Ø'
2921
t¡crl
Discurso procedural e outros gêneros de incitação à ação
3.2. Conselhos relativos
ao período do ano
T22: período: julho a
do, entretanto, da abertu
outubÅ; ,* *.roao: maio a outubro, dependen_
T28 ponuuAARTEPoÉTICA
r^ t...lriZr, ø. (continuação)
3.3. Conselhos de leituru,
UiUäogrutu Pegue uma Palavra Pegue duas
T26: Bibriogrul", bote-as Pra cozer como ovos
gïtu escrito oiio'uuro, duranre a escarada. pode_se
também consultar
[...];T2Z *fiZ, ø. pegue uma Pitada de sentido
[c] 4. Acesso = Macroação Cl depois uma grande porção de inocência
La selle, seguir a cozinhe tudo em fogo brando
lcl ;?ff]||i"*: 9:
= Macroação c2
ee atéo pé da encosta
s do Râteau.
no fogo brando de uma técnica
t.J 6. rtinerário o",ttotou
Mac'.r o ação c 3 despeje um molho enigmático
pre ci s
a do
salpique em cima umas estrelas
ldl "",.""11i,"1of;
permite situar os lugares apimente e dePois bote os véus*
i:i,|îi,r1ä comprerando, subsrituindo,
às
T27: Croquis n.2,3. mas o que você Pretende?
Escrever?
como vimos, o encadeamento Ah é? Escrever?
das ações constitutivas
das macroações é
de aros, graças uo .o.,h".i_ento Sua tessitura
:i::åï,:îec:$eias de _r"0" e dosscripts poema se pafece com as receitas examinadas anteriormente-
Esse
temporais marcan-
por conta do
caráter muito estrito procedural leva em conta a presença de açöes, de organizadores
desses pranos de texto ("Por..i'). Situada, assim, no começo
de superfícies também e das marcas do o encadeamento e da preposição do tíh-ilo
muito podemos ficar tenrados
rar os textos procedurais "*;;.;r, a conside_ ulna enumerafo de ações que permite chegar ao objetivo
da frase, ela dá ensejo a
e in;uniivo_instrucionais
como os dois ultimos versos)' Essa
tante individualizado,
situadá, a.rrrro i.
um tþo textuar bas_ pretendido: escrever um poema (como o confirmam
descriçâo(muiropróximoau.,urruii'n'r:ä::;t'#:#^;ä;ïräïffi visada se traduz pela mistura de uma isotopia
culinaria estereotipada - cozer' ovos'
(1991), extremamente
próximo da descri _
mim)' Espero ter explicado
; umapitadade,cozeremfogobrando,despejaromolho'salpicar'apimentar-edeuma
com clareza por que isotopiapoética-palavra,sentido,técnica,enigmático-queterminaemumaisoto-
eu não acho útil .rrtuo'para
para mim, em 12 versos divididos em
pi" do .år-o s - estrelas.Segmentado tipograficamente
família de "ào
o caso de se propor
¿
;;ïäi::åi:li,*::ï::iî duas estrofes, o poema pode ser decomposto
em uma sucessão de dez atos diretivos
gêneros discursivás
semântico-p1agmáticos
iil; ot'"t-inados por componentes (a) tomados no âmbito da preposi@o eon:
comuns: visada rr.'t"
vazio desrin"do u r.,
ocupado pero reitor,
ïil;ffix*å:ffffi:ï,'
v.1 al. Pegue uma Palavra
PARA CONCT,U-IR:
UM EXEMPLO DE a2. pegue duas
TTTERARTZAçAODO a3. bote-as Para cozeÍ como ovos
dÊNERO DA RECETTA v,2
v.3 a4. pegue uma Pitada de sentido
#,::;:'f\i,',i,#K ro s l,
,:
:
uttlizaparodisticamente
hiiii* o rextos d a rerceira
ra arte poética'l Raymond
s

Queneau
eçã o
; NÏñã-po..aoriginal,apalavrausadaévoiles,qrepodesertraduzidacomovéuouveia'Julgarnosqttc
o gênero receita: ambas as traduções são peiinentes nesse contexto.
de' na análisc ¿o p.cnttr'
Optamos por váa em vi-rtude
que indica o asPecto misterioso do fazer poético'
Ad".n.og..i, qoe há um componente
lzg ql
t. .'^¡oá¡lral gene¡u> us rrr!r(qlqv - -'
Ul5LUl5v Prv!!ee e' e_ 0UlfOS
_

v.4 a5' D'pors [elipse do imperativo] uma grande


porção de inocência
ii
iI
v.5 a6. I osegundobloco-parágrafoapresentatambémretomadasdesignificante
verso no terceiro)' porém' com um
cozinhe tudo em fogo brando l enca-
¡ (mesma rima, retomuau ¿o segundo
Y.6 no fogo brando da técnica A mudança ilocutória é clara: pas-
v.7 a7. 1 deamento bem diferente das f,roposiçöes'
despeje um molho enigmático e um diálogo aparece com a finalidade
sa-se do imperativo ao interrogativo'
V.B aB. salpique em cima umas estrelas !
T

À hgação cronológica das ações'


sucede uma
assinalada peio título do potrnã'
v.9 a9. apimente I
ilocutória' A pergunta requer uma
resposta' e
ligação diaiogal de completude
al0. rDrpors bote os véus
ä
1
estaexigeumaformadefechamento(naqualopontodeinterrogaçãomarca
A linearidade aparente (enumeração de ações-injunções) ainda mais a entonação):
I

desse broco de ::
j
9 versos* é trabarhada por uma estrutura I
rítmica marcada peras rimas, pelas v.10 Rima E (7 sílabas) Pergunta de B.
retomadas da mesma forma verbar (imperativo)
e pero organizadortemporal ,.

v.11 Rima E (3 sílabas) Resposta de A que confirma o título'


DEpOrs (introdutor a cada vez de i:
um eremento semântico em ruptura com
re_ l:
v.IZ Rima E (5 sílabas) ,tviiaçao de B (com a retomada da resposta)
lação à isotopia culinária: grande porção ì
de inocência (v.4) e boti os véus (v.9): parte do poema
a reler a primeira
) Essa sequência transacional incita
AçÖES
[1-2-3-4-(s)]
t6l (A) levando a pergunta de um interlo-
[Ø 7_8_e_1ol como uma intervenção de um locutor
RIMAS*-
Qt] tAl ..
recalegotizado como uma
[a-a + b-b = [c_c + d_d = e2] (B) ao verso 10' O conjunto pode ser' então'
cutor e pelo
IMPERATIVOS
[2-1&1-o] Ill tØ_t&1_21 construçäo dialogal. Assim trabahãda
pela construção textual dialogal
que
ritmo poético, a receita entraem uma complexidade de agenciamentos
rima, o verso centrar pertence ao primeiro
Pela
mente (verbo fazer + cozimento) e foneticamente
e. Ele está semantica_ :,
:t distinguefundamentalmenteessetextodasreceitasexaminadasanteriormen-
(rima) em elisão com o veï_ lir sobre um gênero da linguagem
comum é
so 2, mas também introduz o verso 6, .ì
te. Esse procedimento de trabalho
desprovido de verbo e que reformura i.

o fim do verso central, que, por seu turno, .i largamenteexploradoemtodasasobrasdeQueneaue'alémdisso'pelodiscur- o assunto'


pertence, pela rima, ao segundo do que François Rastier diga sobre
so literário em geral' A despeito
:J
quarteto' o fogo brando da técnica (v. 6),
entre e1 e e2, faz comque o poema ì.

paire entre um mundo enigmático e a: aheterogeneidadenãoéumacaracterísticaromânticaapenasdomacrogênero


cósmico (estrelas, véus).
.:
romanesco:trata-sedeumaoperaçãodetrabalhosobreasformasdequalquer
RimaA +2r¡¡pnRarlvos ao gênero do discurso'
il

:l língua, constitutivamente ligadas


RimaA+llupeRarlvo :
i!
RimaB+1n¿peReuvo
Rima B + rMpERATrvo Ø + ¡ppols
RimaA+ I r¡rtprnerrvo
=Ql .':

eixo de simetria
RimaC+rupenarlvoØ .1.

RimaC+lt¡,rpERetlvo
RimaD+llupeRerlvo
Rima D + 2 t¡¡p¡n¡rlvos + EDcpors
=Q2
* N'T': No poema original, os versos 1 a 9
são octassílabos. A quantidade de sílabas
informada posteriormente, equìvale, também, dos versos l0 a 12,
a qr-üã"a" p.*.","
** N.T.: O padrão
de rimas equivale ao poemu "" f"._î..,gråf.
fr""ær,l _.,deux,, e,,oeufs,,;b_b I ,,sens,, e,,innocence,,i
c - c - " t ech ni qu e" e " én igm "- ", o ilr rl. "
a tiqu e" ; d_ d:,, ét o itei,
"

l>o6l lzgtl

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