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TI POS E
a
PROTOTI POS
Conselho Acadêmìco
Ataliba Tþixeira de Casdlho
Carlos Eduardo Lins da Silva
José Luiz Fiorin
Magda Soares
|naN-MrcHEL Aoann
Ped¡o Paulo Funa¡i
Rosângela Doin de Almeida
Tänia Regina de Luca
Coordenação de tradução
Mônica Magalhães Cavalcante
K''-A.r
.â,EBD:EÈ.
lzsql lzcql
4i:
Discurso procedural e outros gêneros de incitaçåo;r aç.ìo
1ì:
ples pronome pessoar de segunda :
pessoa na maior parte das vezes;
a ser ocupado pero próprio reitor,
ere é destinado
chamado a se tornar sujeito-agente.
r, . Manuais de procedimento (farmácia e química).
enunciativo mais importante é certamente
o aspecto iì
ìl . Promessas eleitorais (promessas defazer) e pubricitárias
este rugar deixado riwi"rp".urrdo [T13].
ocupação implicada pelo imperativo,
apagada pero emprego do infìnitivo
o,,'u
r:
. Horóscopos [T19].
em que a i.
ação fica à espera de um tempo
e de um zujeito, isto é, de uma
atualização. .ì. Podemos considerar todas essas formas discursivas como gêneros,
Essa grande unificação pero tema-tópico na me-
e pero ato de discurso exprica ii dida em que eles se originam das "esferas de atividade humand,que, como
a o diz
homogeneidade pragmático-semânti
,u utémesmo o verbo-visuar dos diferen_ Bakhtin, elaboraram, no curso de seu desenvolvimento e de sua complexifìca-
tes gêneros de incitação à ação.As "
formas ringuísticas observáveis são
a partir de um nível mais arto que
impostas, ção, formas genéricas que vão se diferenciando, complexificando-se e multipli-
o da sequência, peros gêneros discursivos ì:
de i' cando-se. Isso é verdade tanto para as receitas de cozinha quanto para
uma formação social e pelas ações os guias
lingualeiras realizadas. Em outros termos, de itinerários ou para os conselhos, que seguiram uma evolução paralela
I à do
essas regularidades são diretamente
determinadas pelos dados da interação .i turismo de massa, da prática das trilhas, da escalada e do alpinismo ou do jor-
so_
ciodiscursiva (parte superior do Esquema
I da página 35 e níveis N6, N7 e NB). :' nalismo. Poderíamos dizer amesma coisa dos guias de viagem, dos manuais
os gêneros discursivos seguintes (os textos de
numerados como T re- autoinforinaçã,o (manuels dhutoþrmation") edas bulas de remédio.
metem aos exemplos que seguern) apresentam,
em graus diferentes, esses Alguns autores, como Algirdas Julien Greimas (19g3) ou Robert Bou-
tipos de regularidades:
chard, consideram um texto de incitação à ação do tipo receita de cozinha
' Enunciados injuntivos, textos de rei,
instruções e reguramentos (raicos
como uma espécie de narrativa.
ou religiosos) [T1 a T4, TS].
. [...] Sequencialmente [os gêneros narrativos] dão a ler uma sucessão de
Instruções de montagem.
eventos relacionados, transformando uma realidade em uma outra.
. Regra dejogo.
Desse ponto de vista, as instruções de uso, a receita, pertencem
perfeita-
' Títuros das mídias (revistas, jornais,
rádio e terevisão) [Tg, T1 r,T12, mente ao discurso narrativo, mas a um discurso narrativo funcionalmente
T14] e obras de ensinamento moral, particular, proativo. (Bouchard, i991: 51)
de educação, d" ruúd" etc.
[T10].
' Receitas de cozinha (desde o rivro
de um grande chef até a simples
indicação sobre a embaragem de um Essa confusão é engendrada pela presença de predicados de ação
e de uma
produto [T25],passando peras
receitas culinárias das revistas) temporalidade. uma defìnição ûrenos fina de narrativa do que aquela que colo_
[T20, T2I, T23, T24].
camos no capítulo "o protótipo da sequência narrativa" leva a considerar
' Guias de itinerírios (de trirha, de arpinismo,
de visita turística a um rugar todas
cultural ou naturar) sob a forma de formul¿írio as transformações de um estado inicial a um estado de chegada
como um mo_
[T22, T26)ou de rivro [T27].
. Receitas médicas e farmacêuticas vimento narrativo. Esquece-se de uura diferença fundamental: os textos proce_
[T1B].
durais ou programadores não envolvern nenhuma reflexão sobre o agir humano
' Didascálias teatrais dando instruções
de montagem e de encenação
dos atores. e sobre a inscrição do homem no tempo. para assimilar receita e narrativa,
é
necessário, além disso, negligenciar a importância do valor ilocucionário
' Manuais ou fichas de bricoragem, jardinagem,
adestramento etc. [T5, dos
T6,T7,Tl5l. verbos utilizados (infinitivo no modo imperativo, imperativo ou futuro prediti-
vo) força explicitamente diretiva dos textos de incitação à ação. o valor dire-
ea glória) e se løudatio designa o apelo dirigido à morte por ocasião de um
elogi'
tivo das narrativas é, por outro lado, indireto. euando élocalizado nas morais fünebre, entre os séculos xr e xvr, "loueì'("louvar") tinha também o sentido
dc
explícitas das f,íbulas ou nas "moralidades" dos contos de perrault, por exemplo, 'ãconselhar'l É verdade que fazer epiditicamente
os louvores a alguém - ou con-lo
está manifestamente fora da narrativa e dentro de uma forma genérica diferen- virgílio nos trabalhos do campo - é glorificar os valores e, poï conseguinte, acon-
te. Enquanto as narrativas produzem um sentido sempre a ser interpretado, os selhar e incitar um auditório a seguir esses valores coletivos e a agir nesse
sentido.
textos de incitação à ação devem somente ser entendidos. EIes ajudam, facilitam A canção n das Geórgicas explicaa técnica do enxerto por um tipo de
e guiam a realização de uma tarefa problematizada pelos manuais e instruções instrução:
procedurais, todos ocorrendo em uma temporalidade linear, simplificada. como T5 Não é apenas um modo de enxerto por incisão ou por mudas. pois no lugar
esquecer, além disso, o caráter exclusivamente factual e prático desses textos in-
onde botoes saem do meio da casca e furam as finas camadas, far-se no
pró-
formativos orientados para o futuro de uila realização? A narrativa, por outro prio nó um corte estreito e introduz-se aí um broto de uma árvore estranha,
lado, apresenta a particularidade de poder ser mais ficcional clo que factual e, iit. que aprende a se desenvolver no caule úmido. ou, então, ao contrário
, faz-se
com exceção do caso da reportagern, de ser voltada para o passado. ,! uma incisão nos troncos sem nós e, com cunhas, faz-se naprópria madeira
Em comparação com o desenvolvimento da narratologia, a falta de in- uma abertura profunda e introduz-se aí a muda que deve fecundála;
1i, em
teresse teórico que concerne aos textos de incitação à açã.o pode surpreen- t pouco tempo, uma grande árvore com rarlos ferteis ergue-se para o céu
e
1,'
der, uma vez que sua presença no discurso religioso poderia, por si mesma, fica surpresa ao ver sua nova folhageme seus frutos que não são dela. (versos
justificar o estudo. As religiões se expïessam, com efeito, tanto por grandes .i: 73-82;tradução [para o francês] de Maurice Rat, GF-Flamm arion,7967: rr7)
narrativas quanto por seus preceitos, princípios e recomendaçoes. Assim, para
.:
Apesar da falta de imperativos ou de infinitivos de valor injuntivo, essa
tomarmos apenas um exemplo, os capítulos do Corão, vejamos: t sequência de ações diz como fazer para realizar um corte. Encontramos
mais
T1 Ó humanosl oremos a Deus, que vos criou e aos vossos antepassados, canonicamente, na canção rv, as recomendações (um'tonselho,'seguido
de
a fim de que pudésseis fìcar longe de todo tipo de mal. (surata Bakara,
inju'ções no infinitivo, no futuro e no imperativo) sobre os cuidados para se
tratar uma colmeia doente:
versículo 2 1)
T2 Faz corretamente a namaz (oração) que protege dos males. (surata Anke- T6 se as abelhas (porque a vida delas é sujeita aos mesmos acidentes que
but, versículo 45.) a nossa) são acometidas de um triste mal que as faz padecer
[...]. Eu te
T3 Eu vos ordenei jejuar como vossos antepassados> para o vosso próprio aconselho a queimar na colmeia alguns ramos de gálbano e introduzir
benefício. (Surata Bakara, versículo 183) mel com bulbos de ju'co, estimurando, provocando, assim, as aberhas
T4 Então seja honesto, como the foi prescrito. (surata Hud, versícuro Lr2) estressadas a tomar seu alimento familiar. É bom também adicionar
a
isso noz-de-galha colhida, que é muito saborosa, rosas secas, vinho
doce
Além dos imperativos da prescrição, as recomendações e as injunções reduzido no calor do fogo, uvas passas secadas ao sol, tomilho cle cécro-
religiosas se lexicalizam em verbos como 'brdenar" (T3) ou (<prescrever" (T4). pe e centáureas de forte odor. Também há nas pradarias uma flor,
que os
Para tomar um outro exemplo da importância sociocultural desses gêneros, cultivadores chamam de cinerária, e que é uma planta fácil de encontrar:
exanrinemos urn dos monumentos da tradição latina: as Geórgicas, de virgílio. porqlle, de um único torrão, cresce uma enorme floresta de talos, e a flor
Esse longo poema descritivo se apresenta como uma sucessão de elogios ao traba- é de ouro. [. .].os pastores as corhem nos vaies, perto das águas
sinuosas
lho do campo, mas esse discurso epidítico passa por uma sucessão de fragmentos do Mella. cozinhe as raízes dessa planta em Baco carregado de tempe_
de incitação direta ou indireta à ação. Como o verbo loër (louvar) do francês antigo ros [vinho aromatizado] e coloque,'as portas das colmeias, cestas cheias
o confirma: se laudare é derivada de løuslløudis, do latim (elogio, louvor, mérito, dessa pasta. (Ch. IV vers.248-280; 1967: 163)
l^-ol
Textos: tipos e protótipos
Discurso procedural e outros gêneros de incitação à ação
Aexpressão linguística mais comum do conselho é a dos dois excertos Os textos expositivos em CSMO são, certamente, uma subcategoria dos
seguintes, da revista feminina ElIe (2I102/2000): textos de incitação à ação. A publicidade os integra, como no anúncio seguinte:
T11 eeuESTÃo T13 Saia vencedor com o novo Civic 1.6 VTi
Como escolher seu antiolheiras? Como ganhar um Honda? Nada mais simples: basta nos fazer uma visita e se
. Se as olheiras estão bem localizadas (canto interno do olho e cavidade instalar no volante do seu Honda preferido Para um test drive. A nova linha
da pálpebra inferior), utilize lápis, bastöes ou texturas compactas apli- do Civic vem com sete versões compactas, do modelo básico, particularmen-
te vantajoso, à versão de luxo, com todo o conforto. Por exemplo, o Civic 1.6
cadas com um pincel fino: formulas ideais para uma posição precisa e
vTi 3 portas (foto abaixo), com urn motor "sport vrEc" [...]. Navolta de seu
uma dissolução perfeita.
. testdrive,escreva seu nome e seu endereço no cupom de participação Grand
se a pálpebra inferior está da cor de fuligem em toda a superfície, utili-
Prix, coloque-o na urna e torça. Quem sabe não será você o felizardo!
ze texturas fluidas (em flaconetes com aplicador musse ou pincel). Elas
HONDA
se espalham mais facilmente e marcam menos o contorno do olho.
l^¿,1 lz6cl
Textos: tipos e protótipos
Discurso procedural e outros gêneros de ¡ncitação à ação
um pano de cor escura que lhe permitirá distinguir melhor os con- )ogue o filtro fora.
trastes. Escolha um polidor adequado à estampa a ser polida e retire a A modalização das incitações à ação tende muito mais claramente para o
poeira com uma esponja úmida. conselho no seguinte manual de instruções (que também se encontra
na caixa do
. Seque com um pano antes de recomeçaÍ a gÍavar. produto; cito a redação do texto na íntegra, pois ele é representativo do
gênero):
[segue uma importante parte em imagens que explicam parcialmente
cada ação, reproduzindo o objeto] T17 Ronstar TXJ
HERBI1IDA SELETIVÙ PÁRÁ RosE¡R,As, CoNÍFERáS E PI.ÁNTÁS PEREN¡S
MTC.TERIAIS
Uso autorizado para jardins . Não arar o solo nos três meses seguintes à aplicação.
Herbicida seletiva para roseirøs, coníferas, árvores e arbustos ornamentais . Lavar as mäos depois do uso.
e algumas plantas perenes. sob a
forma de finos graos, é seletiyo com rela- . Conservar o produto na sua embalagem original, fora do alcance das
ção aos vegetais lenhosos e a diversas plantas perenes ornamentais (alys- crianças, dos animais e longe de alimentos e bebidas.
sum, aquilegiø, íberis semprevíva, campânula, íris sanguínea...) . Não utilizar em lugares com plantas bulbosas (jacintos, tulipas.")'
Mantém o solo limpo destruindo as ervas daninhas habituais desde a
germinøção. Encontram-se construções frásicas do tipo "Para obter" (não situada no
suø ação persistente permite que o início do texto, PARA tem uma influência limitada na frase na qual aparece), "Se
solo fique limpo durante vários meses.
se tratar.../No caso de..ll Os infinitivos jussivos atenuam o valor ilocutório in-
Époces DEUSo juntivo. O texto oscila, assim, entre "deve-sd' (força diretiva máxima),'þode-se
ri: ,.:.;-j -,i' {\.iì i.:,i-l .-i. .i,r-'.¡ utilizar ern' (força diretiva atenuada) e "recomenda-se" (conselho). A parte des-
$i{ìJ" ¡a | ¡/- ¡:l a _:l ¡:,':i:lf.; )ìÌ;ii.
.1j'l.:.li,,l '.! -' À' l,'.. :¡ ri f.-iri
i
critiva, em itálico, do início um exemplo muito bom de valor de
desse texto, é
I F M A M I I A s o N D enunciado de definição (evidenciado por M.-P. Péry-Woodley,200133). Quan-
' Período fauorável para o tratamento " período idear para o tratamento do se escreve, acerca do herbicida em questão, que "sua ação duradoura permite
Deve-se aplicar o produto sobre um solo limpo e úmido no final do in- manter o solo limpo por vários meses", o leitor deduz um enunciado subjacente:
verno ou da primavera. Para obter uma maior eficâcia do herbicida, tra- "Para manter o solo limpo por vários meses, utilize Ronsar TXf A tuansforma-
mente, tão logo se perceba o nascimento das ervas daninhas. elas comportam características próprias suplementares que ilustram bem esse
É possível utilizar durante o plantio. No caso de plantas jovens, esperar, exemplo prototípico, o qual, por causa do seu tamanho e da repetitividade
no entanto, uns 15 dias. No caso de plantas perenes ornamentais, tratar própria do gênero, só pode ser citado parcialmente aqui:
apenas das plantas d.e raiz que pegaram bem.
Ti8 Doliprane 500 mg, comPrimido
Retirar as ervas danínhas, aplicar o produto e depois regar abundante-
I
PARACETAMOL
mente. Não há perigo algum para as árvores que se quer conservar. t.
nar o carreiro para atravessar à esquerda no nível dos monólitos e chegar num
lhos-recomendaçõesedasinstruçõesprocedurais,noentanto,éaformamaisfre-
pequeno vale visível (flanco esquerdo coberto de vegetação, flanco direito, de
quente.Essaspráticassociodiscursivassãocertamentebemdiferentes,maselas
pedras) ao pé da encosta oeste do rochedo do Eissassa. Subir até o limite da
apresentammuitasregularidadeslinguísticascomuns'porissobrotadaíum.ãr
vegetação e da pedreira até uma bifrucação, depois seguir à direita uma picada
defamflia'iRetomandoasdiferentespropriedadesdosenunciados,dequefala
entre as pedras que leva até um desfiladeiro íngreme de pedras instáveis e de composicional' (c6), o 'ton-
Bakhtin, examinaremos, desse modo, a'tonstrução
rochedos. Escalálo da melhor forma, auxiliando-se dos rochedos da margem efeitos sobre o léxico (C3)' a complexidade
da organiza-
teúdo temático" e seus
esquerda. Quando ele se tornar demasiadamente rochoso, ir por um pequeno dos canais de ação (Ca e C5)' Veremos que
aquilo que Bakhtin
ção e as conexões
desfiladeiro secundiírio à esquerda (a alguns metros, há um cairn* visívelna
.t,uln"de..estild,deveserabordadoenunciativamente(C1).Defato,essestextos
saída). Desernboca-se nurn grande plano inclinado de pedras e de monólitos de proposições de ação' mas também de
näo comportam somente encadeamentos
(altura aproximada de 200 m), pelo qual se sobe até o cume. Alcança-se, lado' as proposições argumentativas
facil- proposiçöes descritivas de estado' Por outro
mente, à esquerda, ao cairn mais alto sobre uma pequena fortalezarochosa. de ação, agrupadas na parte procedural,
marcadas são muito raras. As proposiçöes
Atenção para o pico da encosta leste. vasto panor¿uïra, do chambeyron aos é necessário partir do fato de que
possuem um valor ilocutório diretivo. Portanto,
Écrins, até o Mont-Blanc. Mirante sobre o Font-Sancte. de vista referencial (dictum), ufila re-
cada proposição enunciada é, de um ponto
Dificuldade: caminhada esportiva exigente: fora do carreiro íngreme e presentaçãodeaçõesoudeestadose,deumpontodevistailocutório(modus),um
resvaladiço, há alguns rochedos fáceis. Arredores do desfiladeiro difícil
ato de discurso do tipo diretivo
(dizer de) ou simplesmente declarativo (dizer que)'
para a descida - é necessária uma corda para os menos experientes. cui-
Cadaumadasproposiçõesdostextosdeincitaçãoàaçãodeveserexaminadaem
dado com as quedas de pedras no desfiladeiro. e ato de discurso, mas também de ato
de enun-
suas dimensões de ato de referência
Material: sapatos de qualidade (palmilhas semirrígidas). utilizar bastão ciaçãoligadoaumenunciadorqueassumeaverdadedoconteúdoproposicional
para caminhada. Pela nossa experiência, utilizar corda. e visa a um destinatiário (C2). De tudo isso,
derivam as seguintes características.
Período: julho a outubro.
Nota: beleza e sossego garantidos neste cume escarpado. o passo Tron-
Características enunciativas (C I )
chet (2.66r m), que se abre até a Haute-ubaye, é bastante frequentado.
Umparadoxoaparenteregulaenunciativamenteostextosdeincitaçãoà
Gérard Grossan
ação.Eles',re-d"umexpertcujapresençaenunciativaéapagada'Comolocutor
da situação de enunciação
constatamos, aqui, que se inserem, na parte procedural, recomendações (instancia da marca, do laboratório etc.), os indicadores
relativas aos perigos ("cuidado com as quedas de pedras no corredor'l ..aten- sãotambémapagados.Constituemumaexceçãoasassinaturas(acompanhadasàs
(T19), dos guias (T22,T26,T27), de certas re-
ção para o pico da vertente leste"). As quatro últimas seções correspondem, vezes de uma foto) dos horóscopos
os traços explícitos do tema da enuncia-
por seu turno, à sucessão de recomendações próprias do gênero, de que fala- ceitas (T20, T24), mas, mesmo nesse caso'
remos mais tarde. çãoestãoausentesdosentrnciados(veremosquesóT26fogeparcialmenteaessa
regularidade).Apresençadoprofeta,emT3'nãopöeemcausaessaobservação
g.",ut. ou -"Sma forma, a presença do
enunciador em T6 (..eu te aconselhd') e em
CARACTERÍSTICAS TINGUÍSTICAS COMUNS
T8(..euqueroprimei¡amentetedizer'')estásituadaapenasnamargem(fronteiras
como acabamos de ver, os textos que atuarizam a incitação à ação oscilam da incitaçäo àaçáo. A presen-
inicial ou fìnal; ver também Tg e T10) do fragmento
publicitaria dos
entre um domínio procedural e um domínio de conselho. A mistura dos conse- de T 13 e no fi.m de T24 se explica pela natureza
ça do nós noinício
ao anúncio publicitario)- Esse apareci-
dois documentos (a receitaT24é integrada
* localizado'
mento do locutor continua sendo pontual e muito
N T': Pequena pirâmide de pedras erguida por alpinistas e exploradores como ponto de referência.
l-- I r^--l
Textos: tipos e protótipos Discurso procedural e outros gêneros de incitação à ação
olugar do sujeito-agente (destinatário) é deixado pronominalmente O autor e o editor declinam de toda responsabfidade em caso de acidentes
ou
aberto (você). Ele pode assim ser ocupado por cada reitor-usuario. o pronome de trilha
incidentes ocorrendo nos itinerá¡ios descritos na obra' Os praticantes
de segunda pessoa é, às vezes, substituído por on com o futuro e com o pre- e os alpinistas são informados dos riscos que correm e Permanecem senhores
sente (T5 corta-se fon incise] etc.;TL7 deve-se apricar de seu destino e das escolhas que fazem com relação à montanha. Dado o seu
lon doit apiliquer];T22
desemboca-se/alcança-se, que se deixa, abandona-se caráter não periódico, esse liwo não pode, em nenhuma situação' atuar como
lon débouche/on rejoint,
qubn laisse, on le quítte);T27 que se escara [que rbn gravit]) ou pelas formas especialista junto aos tribunais. (P. Sombardier, Glénat e Grenoble, 2000 \44)
Marcas de conexão (C5) mundo cultural (viagem, visita a uma cidade, a um lugar ou a um país) e uma ati-
vidade que cria o objeto (receita de cozinha ou instrução de montagem) não são
]á falamos da importância dos indicadores do escopo de para/como + infini_ insignificantes. Vemos nisso as consequências sobre os componentes dos planos
tivo e se/em caso de + imperativo ou infinitivo jussivo. Esses (listas de
conectores desempe_ de texto. De fato, as listas claramente separadas da parte procedural
nham um papel importante. No entanto, sua frequênc ia é reduzida, equipamento ne-
po, ingredientes, de partes dispersas de um objeto a construir, de
nas receitas e nos guias. É necessário, sobretudo, sublinhar "*"rrrpro, um referente
o contraste
entre a rari- cessário etc.) não se encontram nos gêneros que se relacionam com
dade dos conectores argumentativos e a abundância dos (folhetos po-
organizadores temporais já constituído; elas não apresentam conselhos, projeções proféticas
(T26, citado por essa ruzão e estudado mais adiante, os candidatos farão se forem eleitos), nem horóscopos.
foge u essa regra). os orga- líti.o, anunciando o que
nizadores temporais permitem precisar a sucessão e/ou a duração Todos esses gêneros só são aparentados porque eles enumeram sucessões
das operações
e das suboperações. ,4. presença de muitos organizadores locativos de açoes apoiadas sensivelmente nas mesmas configurações de temposverbais
e
caracteriza,
principalmente, os guias de viagem, de caminhada, de excursão,
mas eles servem em procedimentos muito semelhantes de agrupamento e fragmentação de uni-
dades textuais. É nesses dois pontos que nós precisamos insistir no
também para indicar a parte precisa de um objeto sobre a qual momento'
se dá uma operação
conforme instruções de uso, manuais de instalação e instruções de montagem. limitando a investigação aos casos de receita e de guias de escalada e de trilha.
de carne. colocar a ave no molho, cobrir e deixar coze r por 20 min em fogo
2. Colocar a água da panela em uma legumeira fria'
3. Despejar o conteúdo do sachê na água não borbulhante, adicionar de-
brando. Tirar os pedaços de frango e reservar quente. Afinar o molho com
a nata, sempre mexendo, até ferver. cobrir os pedaços de frango com esse
licadamente os flocos no líquido. Deixar descansar por 1 minuto e
molho e servir bem quente. servir acompanhado de ervilha torta, affoz depois misturar levemente, sem bater.
O Purê está Pronto.
selvagem e legumes.
Apesar de curta, a publicidade-receita T24, diferentemente da apresen- Adicionemos o exemplo de um mesmo guia de alpinismo sob forma de fì-
cha, como oT2\,mas, dessa ve z>paÍaescalada-aþinismo
(revista vertical, n.62):
tação clássica em T23, apresenta uma característica interessante: a ausência
de uma lista de ingredientes, provavelmente por se tratar de uma publicidade
T26 nrre-s¡solø.(74)
de um alimento preparado. Acontece a mesma coisa com T25, que apresenta,
Maciço das Aiguilles Rouges
além disso, a propriedade de numeração de grupos de ação:
Tour de Crochues: caminho De Galbert
T24 cooonNAsDEsossADAsREcHEADAs Entre os clássicos na saída do Index, o caminho De Galbert, na Tour de
DE ForE GR4s (4 pessoas) crochues, goza de um merecido sucesso. Rochedo sólido, dificuldades
Saltear de 6 a8 codornas desossadas recheadas defoie homogêneas e passagens bem tipificadas fazem dele algo "incontornável".
gras numa mistura de manteiga e óleo, A escalada consiste em uma sucessão de passagens curtas em fìssuras e
assá-las por um período de 20 a 25 min. Colocá-las em um fendas muito íngremes, mas dotadas de bons pontos de apoio. Aqui e ali,
prato, reservar quente. alguns ganchos delicados são necessários para o escalador, astúcias típi-
Despejar fora o excesso de gordura da frigideira, cas das Aiguilles Rouges.
regar com 50 dl de conhaque, flambar de uma foto em cores
[Esse parágrafo introdutório é acompanhado
ou reduzir. do paredãol
Adicionar 25 g demanteiga e 4 g de
Acesso: nos Praz de Chamonix, pegar o teleferico de la Flégère, depois a
caldo em cubo. Derreter e misturar
telecabine do Index. Na estação superior, tomar a trilha do Lago Blanc.
tudo com 1 dl de creme, deixar reduzir.
Abandoná-la um pouco antes do paredão vertical para ganhar posição.
Cobrir as codornas com o molho e
Período: de maio a outubro, dependendo, no entanto, da abertura dos
servir com macarrão, arcoz natural ou
teleféricos de La Flégère e do Index (final de junho ao final de setembro)'
com o nosso delicioso risoto milanês.
senão, pode-se também partir de Planpraz (aberto mais tarde durante a
Desejamos a todos Boas Festas! temporada), atravessar aÍéLaFlégère e alcançar o Index, mas o caminho
La Carcailleuse se torna, então, desproporcional pela distância da escalada...
ao passo que
Textos: tipos e protót¡pos Discurso procedural e outros gêneros de incitação à ação
e a rocha
a tranquilidade é garantida. vare retornar no
outono, para se aproveitar Atacar os dois pilares por um corredor. Passar a fenda entre a geleira
daluz suave dessa bela estação. e segufu o corredor por 30 m, depois, dirigir-se até Pilar
o da esquerda' no nível
ao topo
Abertura: Denise Escandre e p. de Galbert,
em 9 de setembro de 1970. do ressalto inicial. Um cruzamento ascendente para a esquerda leva
Altura: I70m. do ressalto. Escalar uma pequena fenda, em seguida, vir até o fìo
do pilar pelas
Altitude: 2.589m. lajes (III). Seguir no fio do pilar até que ele se torne vertical
(III e IV). O fio é
Dificuldade: D _ (passagens de 4/4+). a laje (IV'
cortado por uma laje de 6 m sobre uma grande plataforma. Escalar
(III e III
Duração: 45 minutos de caminha da e 2hde
escalada. um passo de rv sup.), depois subir pelas lajes em direçäo à esquerda
Equipamento: pitões e grampos são úteis. sup.) para encontrar o fio do pilar, aos pés de um grande ressalto
vermelho.
ao pilar esquerdo, acima, pela direita, direto elc. (T27). Acrescentemos que PARÂ'
P8 a22:Depurar o molho com a nata indicador de finalidade, nesse corpus funciona apenas muito pontualmente
como
a23: Mexer (seu uso é, em T27 e T22, por exemplo, limitado à frase na qual eles aparecem).
a24: Ferver Nesse corpus, é frequente propor-se uma escolha: pode-se também
partir de,
pode-se evitá-Io, descida ou poR... ou (T26). Não é por acaso que conectores
PoR...
o fìm da quinta sucessão de atos se abre
nas três úrtimas macroações: de T26. No
argumentativos apareçam precisamente em duas das possibilidades
P9 "escarpado, mas
a25: Regar os pedaços de frango
com esse molho s"g,r.rdo itinerario de descida, trata-se da questão de um corredor
A6
a26: servir bem quente.
e rapiao',. uma descrição como essa pode ser afgumentativamente assim
analisada:
A7
P10 a27: Servir acompanhado de ervilha
torta, arrozselvagem Escarpado o valor descritivo desse argumento ARG I
adjetivo é um
que vai no sentido de uma primeira conclusão: CONCL' C'
e legumes. AB
MAS o conector oPera uma inversäo que incita considerar ARG 1
A ordem dessas úrtimas ações não é cronorógica: como menos determinante que o argumento derivável
a preparação do acom-
panhamento (AB), inferíver pero reitor do que segue
à base de sriiptra" pr"pur"çao culinária argumento ARG 2
convocados a partir de uma primeira Rápido ol,Jo. descritivo desse adjetivo é um
antecipado, situa-se entre A6 e A7.
reitura destinada a prever o que deve
ser que vai no sentido de uma conclusão:CONCL' não-C
rochedos da margem esquerda. de uma descrição procedural de ações, de uma descrição-lista e de uma referên-
P5 a8 euANDo ele se tornar demasiadamente rochoso, cia publicitária ao manual do qual é tirada a instrução. Como em T20, T2I,T23
ir
poR um pequeno desfiladeiro eT24, a segmentação tipográfica tem um papel essencial de estruturação das
secundário à esquer_
da (a alguns metros, há um cairnvisivelna unidades (fragmentos) em conjuntos (blocos com subtítulos de partes faculta-
saída).
?6 a9-9bis Desemboca-se NUM grande plano inclinado tivas). Todos esses textos apresentam um plano de texto de base bem simples:
de
pedras e de monólitos (altura aproximada de de instrução), lexema
200 a. Nome da receita (ou do produto da atividade
m), pelo qual se sobe até o cume. (conforme a operação de an-
superordenado que serve de tema-título
'7 a10. Alcança-se, facilmente, à esquerda, ao cairnmais
coragem das sequências descritivas).
alto sobre uma pequen a fortalezarochosa.
b. Lista de ingredientes/do material (Tl5: material escolar, T23: ingre-
'B Cuidado: Atenção para o pico da encosta leste.
dientes) necessários que - grau zero da descrição - corresponde à
a açao
Discurso procedural e outros gêneros de incitação
Queneau
eçã o
; NÏñã-po..aoriginal,apalavrausadaévoiles,qrepodesertraduzidacomovéuouveia'Julgarnosqttc
o gênero receita: ambas as traduções são peiinentes nesse contexto.
de' na análisc ¿o p.cnttr'
Optamos por váa em vi-rtude
que indica o asPecto misterioso do fazer poético'
Ad".n.og..i, qoe há um componente
lzg ql
t. .'^¡oá¡lral gene¡u> us rrr!r(qlqv - -'
Ul5LUl5v Prv!!ee e' e_ 0UlfOS
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desse broco de ::
j
9 versos* é trabarhada por uma estrutura I
rítmica marcada peras rimas, pelas v.10 Rima E (7 sílabas) Pergunta de B.
retomadas da mesma forma verbar (imperativo)
e pero organizadortemporal ,.
eixo de simetria
RimaC+rupenarlvoØ .1.
RimaC+lt¡,rpERetlvo
RimaD+llupeRerlvo
Rima D + 2 t¡¡p¡n¡rlvos + EDcpors
=Q2
* N'T': No poema original, os versos 1 a 9
são octassílabos. A quantidade de sílabas
informada posteriormente, equìvale, também, dos versos l0 a 12,
a qr-üã"a" p.*.","
** N.T.: O padrão
de rimas equivale ao poemu "" f"._î..,gråf.
fr""ær,l _.,deux,, e,,oeufs,,;b_b I ,,sens,, e,,innocence,,i
c - c - " t ech ni qu e" e " én igm "- ", o ilr rl. "
a tiqu e" ; d_ d:,, ét o itei,
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