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LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

LÍNGUA PORTUGUESA
META 01

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LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

Sumário
Sumário.............................................................................................................................................................. 3
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01 ............................................................................................................ 5
1. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS DE TEXTO .................................................... 5
1.1 Diretrizes para a interpretação de textos variados ..................................................................................5
1.2 Tipologia e Gêneros Textuais (Literário, Não Literário e Misto) ........................................................ 10
1.1.1 Texto Literário ........................................................................................................................................... 10
1.1.2 Texto Não-Literário ................................................................................................................................. 12
1.2.3 Texto Misto ................................................................................................................................................ 12
2. ORTOGRAFIA ............................................................................................................................................ 13
2.1 O alfabeto........................................................................................................................................................... 14
2.1.1 Letras Y, K e W ......................................................................................................................................... 14
2.1.2 Letra H ......................................................................................................................................................... 14
2.1.3 Por que, por quê, porquê e porque..................................................................................................... 15
2.1.4 Onde e Aonde ........................................................................................................................................... 16
2.1.5 Mal e Mau ................................................................................................................................................... 17
2.1.6 O uso do hífen ........................................................................................................................................... 17
2.1.7 Na sequência de palavras .................................................................................................................... 21
2.2 Os fonemas ........................................................................................................................................................ 21
2.3 Encontros vocálicos ......................................................................................................................................... 22
2.3.1 Ditongo ........................................................................................................................................................ 22
2.3.2 Tritongo ....................................................................................................................................................... 23
2.3.4 Hiato ............................................................................................................................................................. 23
3. ACENTUAÇÃO .......................................................................................................................................... 24
3.1 Regras básicas de acentuação ..................................................................................................................... 24
3.1.1 Oxítonas ...................................................................................................................................................... 24
3.1.2 Paroxítonas ................................................................................................................................................ 24
3.1.3 Proparoxítonas.......................................................................................................................................... 25
3.1.4 Casos especiais......................................................................................................................................... 26
3.2 Acentos ............................................................................................................................................................... 26
4. FIGURAS DE LINGUAGEM...................................................................................................................... 27
4.1 Antítese ............................................................................................................................................................... 27
4.2 Elipse.................................................................................................................................................................... 28
4.3 Eufemismo.......................................................................................................................................................... 29
4.4 Hipérbole ............................................................................................................................................................ 29
4.5 Ironia .................................................................................................................................................................... 29
4.6 Metáfora.............................................................................................................................................................. 30
4.7 Personificação ou Prosopopéia.................................................................................................................... 30
4.8 Metonímia ........................................................................................................................................................... 31
4.9 Pleonasmo ......................................................................................................................................................... 31

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4.10 Paradoxo .......................................................................................................................................................... 32


4.11 Perífrase ........................................................................................................................................................... 32
4.12 Comparação .................................................................................................................................................... 33
4.13 Catacrese ......................................................................................................................................................... 33
4.14 Onomatopeia .................................................................................................................................................. 33
5. SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS........................................................................ 34
5.1 Denotação .......................................................................................................................................................... 34
5.2 Conotação .......................................................................................................................................................... 35
5.3 Polissemia e Monossemia ............................................................................................................................. 35
5.4 Formas Variantes ............................................................................................................................................. 36
5.4.1 Variações históricas (diacrônicas) ....................................................................................................... 37
5.4.2 Variações geográficas (diatópicas) ou REGIONALISMO ............................................................. 38
5.4.3 Variações sociais (diastráticas) ............................................................................................................ 38
5.4.4 Variações estilísticas (diafásicas) ........................................................................................................ 39
5.4.5 Preconceito linguístico ........................................................................................................................... 39
5.5 Arcaísmo e Neologismo ................................................................................................................................. 40
5.6 Estrangeirismo .................................................................................................................................................. 41
QUESTÕES PROPOSTAS .................................................................................................................................... 41

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TEMAS DO DIA
LÍNGUA PORTUGUESA
Leitura e interpretação de diversos tipos de textos (literários, não literários e mistos). Ortografia.
Acentuação. Sinônimos e Antônimos.

1. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS DE TEXTO

1.1 Diretrizes para a interpretação de textos variados

As questões interpretativas têm como finalidade incentivar o leitor a associar diversos níveis
e tipos de leitura. As mais utilizadas em concursos são as questões informativas e interpretativas.
Vejamos:

QUESTÕES INTERPRETATIVAS E INFORMATIVAS: são aquelas interpretadas por meio


de informações diretamente extraídas acerca do conteúdo abordado pelo texto principal. Ou seja,
incentivam e estimulam, por conseguinte, a memória visual do candidato. Uma dica importante para
esses casos é destacar palavras-chave e resumir a ideia geral de cada parágrafo.

ATENÇÃO!
Nesse tipo de questão, a interpretação não é apenas subjetiva, pois o candidato precisa
captar a essência do que é passado pelo texto. Em relação aos textos literários, por
exemplo, muitas vezes se conectam com questões culturais, dialetos, manifestações artísticas,
regionalismos, enfim, chamando a atenção do candidato para uma intertextualidade (quando
um texto está extraído em outro).

DICA!
Prestar atenção, também, nas referências bibliográficas, no autor (fonte) e na legenda das
fotos que ilustram o texto (se houver). Geralmente, a própria bibliografia fornece algumas
dicas daquilo que se trata o texto.

Sobre a importância da leitura, faz-se necessário entender:

“Não há como desvincular a leitura da linguagem, já que ler é, propriamente, uma das formas de
linguagem. A leitura permite a interação entre autor/falante-texto-leitor/ouvinte. [...] Quando se lê,

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constroem-se significados a partir do que é lido. É preciso atentar, além disso, para o fato de
que nem tudo o que o autor quer dizer está escrito/dito no texto, o que põe em foco os processos
inferenciais empregados pelo leitor/ouvinte, os quais derivam de seus conhecimentos prévios,
enciclopédicos e de mundo, permeados pelo contexto sociocultural. Nesse sentido, o
leitor/ouvinte extrapola o texto para poder interpretar os significados ali presentes. Ele vai
preenchendo os vazios do texto de acordo com suas experiências de leitura anteriores. Assim, na
leitura, estão envolvidos elementos linguísticos, como letras, sílabas, palavras, estruturas e
proposições, bem como as expectativas do leitor, sua interpretação e compreensão.”1

Aqui cabe a ideia de intertextualidade (INTER – dentro), ou seja, o diálogo,


criação ou superposição de textos. É a composição textual com base em outra obra
(poesia, romance, livro, enfim). Ocorre, geralmente, por meio de paródia ou paráfrase.

Por exemplo:

a) PARÓDIA: tipo de relação intertextual de imitação irônica, jocosa, cômica, caricata, com o propósito
de satirizar um conteúdo. Causa riso ou zombaria. Pode ser de um texto literário, de um personagem
ou de um tema, com propósitos irônicos ou cômicos. Aparece, também, como uma ruptura de ideias
impostas previamente.

 Subversão de um tema já trabalhado por outro autor;


 Ideia de rompimento, desconstrução ou reconstrução;
 Promove uma reflexão e uma ideia de familiaridade com o tema, geralmente de conhecimento
popular.

1
KILIAN, C.; FLÔRES, O. C. Leitura, interpretação e compreensão: uma visão pragmática. Linguagens & Cidadania,
v. 14, p. 1-14, 2012.

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b) PARÁFRASE: é a reelaboração de um texto, reproduzindo-se ideias originais de um autor X com


um toque pessoal do autor Y.

 Reforço do conteúdo;
 Cede lugar à voz de outro autor e uma obra passada;
 Intertextualidade das semelhanças entre textos;
 Reafirmação de um tema já trabalhado, mesmo que com estruturas, estilos, ideias e palavras
diferentes.

Exemplos:

 “Minha terra tem palmeiras / onde canta o sabiá…” (Canção do Exílio, Gonçalves Dias)
 “Do que a terra mais garrida / teus risonhos, lindos campos têm mais flores / nossos bosques têm
mais vida…” (Hino Nacional Brasileiro)
 “Moro num país tropical / Abençoado por Deus / e bonito por natureza…” (País Tropical, Jorge Ben
Jor)

Em relação aos significados dos textos:

“A leitura não ocorre apenas quando o leitor estabelece elos lexicais, organiza redes conceituais no
interior do texto, mas também quando o leitor busca, extratexto, informações e conhecimentos
adquiridos pela experiência de vida, com os quais preenche os “vazios” textuais. O leitor traz para
o texto um universo individual que interfere na sua leitura, uma vez que extrai inferências
determinadas por contexto psicológico, social, cultural, situacional, dentre outros. Ler é
compreender, é interagir, é construir significado para o texto. Quando se invoca a natureza
interativa do tratamento textual, é preciso ter em mente todos os tipos de conhecimento que o
leitor utiliza durante a leitura – conhecimentos e crenças sobre o mundo, conhecimentos de

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diferentes tipos de texto, de sua organização e estrutura, conhecimentos lexicais, sintáticos,


semânticos, discursivos e pragmáticos.”2

A interpretação de texto, assim, tem por finalidade o contexto ou ideia principal. Em


seguida, o candidato precisa se ater às ideias secundárias (fundamentações) e possíveis
argumentações (explicações e motivos). Dessa forma, chega-se ao esclarecimento do que é
cobrado pela banca, sem fugas temáticas (extrapolação da ideia, subjetivismo excessivo).

Para tanto, é preciso:

a) Identificar elementos fundamentais do texto como argumentos e críticas, espaço-tempo,


região, contexto cultural, etc.

b) Comparar relações de semelhança ou de diferenças;

c) Resumir as ideias principais e as secundárias;

d) Desenvolver habilidades de parafrasear/paráfrase (ou seja, reescrever o texto com as suas


próprias palavras).

Pontos importantes para auxiliar o candidato com a interpretação de texto, os quais serão
aprofundados nos próximos tópicos: conhecimento histórico-literário (escolas e gêneros literários,
logo a estrutura do texto); gramática; estilístico (são as qualidades do texto) e semântico;
capacidade de observação (crítica) e de síntese (resumo); capacidade de raciocínio, etc.

ATENÇÃO!
Erros comuns a serem evitados para uma interpretação de texto eficiente.

a) EXTRAPOLAÇÃO: ir muito além do que o texto propõe, criando situação que não são
citadas ou não cabem no que é proposto pela banca. Nesse sentido, o candidato peca pelo uso
da imaginação excessiva.

b) REDUÇÃO: quando não se tem um foco geral sobre o texto, desenvolvendo um aspecto
muito “pobre” ou reducionista das ideias apresentadas.

2
DELL‟ISOLA, Regina Lúcia Péret. Leitura: inferências e contexto sociocultural. Belo Horizonte: Formato, 2011.

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c) CONTRADIÇÃO: o candidato vai contra as ideias do texto, equivocando-se quanto aos


argumentos defendidos pela questão.

DICAS!

a) Buscar sempre uma visão ampla sobre o texto;

b) Não travar a leitura por conta de palavras ou expressões difíceis, mas não se esquecer de
grifá-las para, em uma segunda ou terceira leitura, tentar compreendê-las por meio da técnica
do “contexto”. Ou seja, mesmo sem compreender exatamente o sentido literal daquela palavra,
buscar o que pode significar haja vista os demais elementos apresentados;

c) Ler o texto mais de uma vez, já que a primeira leitura é, geralmente, muito cansada ou
apressada;

d) Ao longo da leitura, procurar aplicar o raciocínio de interpretação, chegando a conclusões


que podem ajudar o candidato na hora de ler as perguntas (dedução);

e) Se for necessário, voltar a trechos que não ficaram tão claros na mente do candidato
(grifando, sempre que possível, o que não foi entendido de forma inicial);

f) Sempre priorizar os posicionamentos do autor, mesmo se o candidato tiver uma opinião


contrária;

g) Verificar as perguntas de cada enunciado com calma, buscando compreender do que se


pergunta;

h) Compreender, também, as relações entre parágrafos (ou seja, se o texto é contraditório,


se traz mais de uma ideia principal, se demonstra exemplos, se conta histórias harmônicas ou
não, etc.). Aqui se busca continuidade, oposição, concordância entre ideias;

i) Em cada parágrafo, grifar as ideias mais importantes ou que prevalecem mais no texto;

j) Se possível, na hora da leitura das perguntas (enunciados), marcar se a banca deseja a


resposta correta ou incorreta, evitando erros;

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k) Muitas vezes a resposta pode estar na introdução ou conclusão do texto.

 TEXTO: fonte de ideias organizadas e relacionadas entre si. O leitor precisa possuir a
capacidade de codificar e decodificar significados diversos presentes no texto.

 CONTEXTO: são as várias frases de um texto que, em conjunto, trazem uma ideia central e
também ideias periféricas (ou secundárias) para o leitor. São informações, portanto, que se
conectam entre si, estruturando um conteúdo a ser repassado, com uma finalidade específica
(informativa, por exemplo).

 INTERTEXTO: na maioria dos textos, há a utilização de referências diretas ou indiretas a


outros autores e obras, através de citações ou trechos específicos. Em alguns casos, o leitor deverá
possuir uma bagagem prévia em relação a assuntos diversos.

 INTERPRETAÇÃO DE TEXTO: por fim, a interpretação de um texto é a reflexão sobre ideia


principal explicitada no conteúdo em questão. Não podemos esquecer, também, das ideias
secundárias, argumentações, explicações, palavras-chave, críticas e frases importantes dentro do
texto. É o conjunto de tudo que começa a fazer sentido a depender do que a questão deseja do
candidato.

1.2 Tipologia e Gêneros Textuais (Literário, Não Literário e Misto)

Tipologia (ou tipo) textual se refere a textos orais ou escritos com estruturas fixas e funções
específicas. Exemplo: narrar um fato, descrever uma situação, contar uma história, ensinar uma
matéria, enfim. Os tipos textuais, resumidamente, são classificações à estrutura linguística padrão
segundo a qual o texto é produzido.

Os gêneros textuais são a função específica de cada forma de comunicação. Aqui focaremos
apenas em alguns, quais sejam: texto literário, texto não-literário e texto misto.

ATENÇÃO! De modo a compreender o gênero textual de um caso específico, é necessário


identificar quais características predominam.

1.1.1 Texto Literário

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Esse tipo de texto expressa emoções (dor, medo, alegria, amor, etc.). Geralmente, está
presente em romances e crônicas. Tem como principais características trazer para o leitor a
FUNÇÃO POÉTICA E EMOTIVA. Ou seja, induz o leitor às mais diversas emoções e sentimentos.

 Utiliza-se de metáforas, ironias, eufemismos, etc. para compor sua estrutura;


 Foco mais subjetivo, pautado na imaginação do autor;
 Não tem compromisso com a realidade;
 Alguns recursos utilizados nesse tipo de texto são:

a) MÍMESE: recriação ou imitação da realidade (reprodução artística);

b) VEROSSIMILHANÇA: garante a relação com a verdade, pois se assemelha ao real;

c) CATARSE: identificação do leitor com a obra.

ATENÇÃO! Por conta de sua subjetividade, utiliza-se da linguagem conotativa, pois aparece
em sentido figurado (apoia-se, portanto, em figuras de linguagem).

Características do texto literário:

Os fatos apresentados não são, necessariamente, reais. Se pauta na ficção, ou seja na


simulação, fingimento, criação ou invenção de histórias, lugares, objetos, personagens, fantasias,
enfim.

Outras características são:

FICCIONALIDADE: os fatos apresentados não são, necessariamente, reais (parcial ou totalmente).


Se pauta na ficção, ou seja na simulação, fingimento, criação ou invenção de histórias, lugares,
objetos, personagens, fantasias, enfim.

FUNÇÃO ESTÉTICA: o autor tenta representar a realidade por meio da sua visão pessoal, trazendo
aspectos relevantes em sua opinião. Foca não no real, mas na representação dele.

Ainda, os textos literários são organizados em três gêneros: narrativo, lírico e dramático.

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Gênero épico ou narrativo: há a presença de um narrador. O narrador, nesse gênero, tem a


função de contar uma história (com personagens, enredo, espaço e tempo). Algumas modalidades
do gênero: épico; fábula; epopeia; novela; conto; crônica; ensaio; romance.

Gênero lírico: predomina pronomes e verbos na 1ª pessoa; uso da musicalidade das


palavras; expressa sentimentos e emoções; utiliza altamente a função poética da linguagem.
Modalidades desse gênero: écloga; soneto; elegia; ode.

Gênero dramático: voz narrativa dos personagens; história contada por meio de diálogos
ou monólogos; Modalidades: comédia; tragédia; tragicomédia; farsa.

1.1.2 Texto Não-Literário

Ao contrário do texto literário, este tipo apoia-se na FUNÇÃO REFERENCIAL. Sendo assim,
busca explicar, esclarecer ou informar algo ao leitor. Transmite informações objetivas. É
compreensivo, claro e direto. Geralmente tem sua linguagem na 3ª pessoa. São os textos que
circulam nas esferas sociais, ou seja, seu objetivo é muito prático (instruir, expor, convencer, etc.).

Há um compromisso com o real, sendo sua linguagem simples e objetiva.

Exemplos: piadas escritas, mensagem de texto, notícias, reportagens, receitas, artigos


científicos, cartas, e-mails, etc.

 Características: objetividade e clareza;


 Aplica-se o sentido literal da palavra ou expressão utilizada no texto;
 Função utilitária da comunicação;
 Ênfase no conteúdo;
 Evita multiplicidade de interpretações;
 Caráter eminentemente informativo.

ATENÇÃO! Para este tipo de texto, é muito utilizada a linguagem denotativa (de dicionário,
literal).

1.2.3 Texto Misto

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O texto misto também é conhecido como híbrido, pois mescla a linguagem escrita e a
imagem (ou seja, possui elementos verbais e não verbais). São muito utilizados em charges,
histórias em quadrinhos (HQs), propagandas, tirinhas, filmes, propagandas, teatro, etc.

LINGUAGEM FALADA + OUTROS CÓDIGOS

2. ORTOGRAFIA

Pode ser definida como:

“O sistema de representação convencional de uma língua na sua vertente escrita. A este sistema
de representar a grafia de cada palavra chegam os estudiosos técnicos levando em conta a lição
dos critérios fonéticos, fonológicos, morfológicos, sintáticos, etimológicos e de tradição cultural.
Como esse sistema não deve ser entendido como a só representação da fala, não pode ter como
guia exclusivo a fonética, nem tampouco a etimologia, isto é, a origem da palavra” (BECHARA,
2019, p. 97-983).

A ortografia é a parte da fonologia que busca a correta grafia das palavras. Ainda, impõe os
sons das letras do alfabeto; por essa razão, os vocábulos de uma língua são grafados segundo
acordos ortográficos.

Resumidamente, a ortografia (do grego orthós, correto, + graphê, escrita) é a parte da gramática
que procura estudar a escrita correta das palavras.

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BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 39. ed., rev. e ampl. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2019.

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ATENÇÃO!
Ortografia oficial é a ortografia definida oficialmente no Brasil como correta.

2.1 O alfabeto

O alfabeto é o conjunto de letras utilizado de modo a representar os idiomas na forma


escrita. A língua portuguesa emprega o alfabeto latino, composto de 26 letras: a, b, c, d, e, f, g, h,
i, j, k, l, m, n, o, p, q, r, s, t, u, v, w, x, y, z.

Agora vejamos suas regras:

2.1.1 Letras Y, K e W

ATENÇÃO PARA O USO DAS LETRAS Y, K e W!


1. Nomes próprios estrangeiros e de seus derivados portugueses: Nova York, Will Smith,
Kansas, etc;
2. Nas abreviaturas e símbolos de uso internacional: K (potássio), Kr (criptônio), Kg (quilograma),
W (Watt), Km (quilômetro), etc;
3. Os derivados portugueses de nomes próprios estrangeiros devem ser escritos de acordo com
as formas primitivas, por exemplo: kantismo, darwinismo, byroniano, taylorista, frankliniano, etc;
4. O K é substituído por QU antes de E e I; por C antes de qualquer outra letra. Exemplos: níquel,
caqui, breque, etc;
5. O W é substituído, em palavras portuguesas ou aportuguesas, por U ou V, a depender do seu
valor fonético. Exemplo: sanduíche.

Sendo assim, Y, K e W são letras utilizadas apenas para abreviaturas e nomes próprios.

2.1.2 Letra H

Em relação à letra H, não é considerada propriamente como uma consoante, mas um símbolo
gráfico, em início e fim de vocábulo. Assim, na língua brasileira, não representa um fonema. É
mantida por conta da etimologia de alguns vocábulos.

a) INÍCIO DOS VOCÁBULOS (ETIMOLOGIA OU ORIGEM DA PALAVRA): herói, do latim


heros; humano, do latim humanus; hipótese, do grego hupóthesis.

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b) NO FINAL DE ALGUMAS INTERJEIÇÕES: ah!; oh!; hã?.

Não se escreve com H a interjeição de chamamento ou apelo “Ó”: Ó filho, pare com isso!
(sem H)

c) EM COMPOSTOS UNIDOS POR HÍFEN, QUANDO O SEGUNDO ELEMENTO É ESCRITO


COM O “H” ETIMOLÓGICO: pré-histórico; super-homem; anti-higiênico.

d) COMO INTEGRANTE DOS DÍGRAFOS “CH, NH, LH”: chuva; chaveiro; filha; folha; inhame.

No topônimo BAHIA, é utilizado por mera TRADIÇÃO!

2.1.3 Por que, por quê, porquê e porque

 PORQUE (junto e sem acento): é usado em respostas e explicações, pois serve para indicar
uma causa. Pode ser substituído por: pois; visto que; uma vez que; por causa de que; dado que, etc.

Exemplo: Por que você saiu ontem?

É uma conjunção subordinativa causal ou explicativa, unindo duas orações que dependem
uma da outra para ter sentido completo.

 POR QUE (separado e sem acento): ocorre em dois casos; quando é usado para introduzir
uma pergunta (tem natureza interrogativa, portanto) ou para estabelecer uma relação com algum
termo antecedente à oração (natureza relativa).

a) Por que interrogativo: inicia uma pergunta. Pode ser substituído, assim, por: por que motivo;
por qual motivo; por que razão; por qual razão. Formado pela preposição por seguida do pronome
interrogativo que.

Exemplo: Por que você saiu de casa? Por que não posso sair?

b) Por que relativo: utilizado como elo de ligação entre duas orações. É possível o substituir
por: pelo qual; pela qual; pelos quais; pelas quais; por qual; por quais. Formado pela preposição
seguida do pronome relativo “que”.

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Exemplo: Os motivos por que escolhi este concurso são vários.

 POR QUÊ (separado e com acento): usado em interrogações e possui o significado de “por
qual motivo”, porém ocorre sempre no final da frase, sendo seguido de ponto de interrogação ou
de um ponto final. Preposição + pronome interrogativo tônico quê.

Exemplo: Você saiu por quê?

 PORQUÊ (junto e com acento): indica motivo ou causa. Assim, é comum que apareça
próximo de artigos definidos (o, os) ou indefinidos (um, uns). Em alguns casos, está perto de um
pronome ou numeral. É substantivo masculino e, portanto, é permitida a flexão em gênero, como
“o porquê” e “os porquês”.

Exemplo: Não sei o porquê de você ter saído ontem, estava muito tarde.

POR QUE INÍCIO DE PERGUNTAS


POR QUÊ? FINAL DE PERGUNTAS
PORQUE PARA RESPOSTAS

PORQUÊ FINALIDADE DE
SUBSTANTIVO

2.1.4 Onde e Aonde

Apesar de essas duas formas estarem corretas, são utilizadas em momentos distintos. São
advérbios, ou seja, servem para modificar um verbo.

 ONDE: indica, sempre, o local/lugar em que algo ou alguém está. É empregado em verbos que
indicam permanência (portanto, ausência de movimento, estabilidade).

Exemplo: De onde ele veio? Onde você está? Onde você mora?

 AONDE: apesar de também indicar lugar, ao contrário do advérbio onde, indica movimento,
impermanência. É sempre regido pela preposição “a” (a + onde).

Exemplo: Aonde ela vai? Aonde você está indo tão cedo?

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ONDE Ideia de lugar fixo


AONDE Ideia de destino ou
movimento

2.1.5 Mal e Mau

A palavra “mau”, com U, tem sentido de adjetivo (o contrário de bom). Sua função é
descrever algo ou alguém de forma negativa.

Exemplos:
Ele é um mau estudante;
Ela está sempre de mau humor!
Que mau exemplo!

Já “mal”, com L, é empregado como um advérbio de modo (contrário de bem), um


substantivo (sentido de tristeza) ou uma conjunção temporal (sentido de “quando”). Como
advérbio, a palavra indica que algo não foi bem feito. Como substantivo, pode se referir à doença,
tristeza ou problemas.

Exemplos:
Seu mal não tem cura;
Mal cheguei, já precisei viajar de novo;
Ela cozinha muito mal.

MAL corresponde ao oposto de BEM


MAU corresponde ao oposto de BOM

2.1.6 O uso do hífen

O hífen é utilizado na formação de palavras por derivação prefixal; é um sinal gráfico complementar
de união semântica. Seguindo a norma culta, o hífen aparece:

NOS SUBSTANTIVOS COMPOSTOS

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Mantido nas palavras compostas por justaposição (quando os radicais das palavras se juntam sem
que haja alteração fonética), que constituam uma unidade sintagmática e semântica. Exemplos:
anos-luz; tia-avó; cirurgião-dentista.

a) Substantivos compostos, como matéria-prima; arco-íris; decreto-lei; guarda-chuva;


segunda-feira.

b) Topônimos compostos (nomes próprios de lugares) iniciados com os adjetivos grã, grão
ou formas verbais: Grã-Bretanha; Grão-Pará.

IMPORTANTE! Todos os outros topônimos não devem ser grafados com hífen, com exceção do
nome do país Guiné-Bissau.

c) Nomes de espécies botânicas e zoológicas: bem-te-vi; couve-flor; erva-doce; capim-açu;


mico-leão dourado.

d) Palavras com advérbios mal e bem, em que a segunda palavra seja iniciada por qualquer
vogal ou a letra "h": mal-estar; bem-estar; mal-humorado; bem-humorado; bem-amado.

As palavras compostas “benfeitor” ou “benfeito” perderam o hífen, virando uma única palavra.
Porém, não esquecer que algumas palavras que se iniciam com o advérbio "bem", mantendo a ideia
de composição, continuam empregando hífen, como nos casos: bem-criado e bem-nascido.

e) Palavras com além, aquém, recém e sem: recém-nascido; além-fronteiras; sem-teto; além-
túmulo; além-mar; recém-casado.

ATENÇÃO!
O hífen não é mais empregado para palavras compostas por justaposição que tenham
perdido a noção de composição, como girassol, madrepérola, passatempo e paraquedas.

NA DERIVAÇÃO PREFIXAL

O hífen também é usado na formação de palavras por derivação prefixal. Lembrando que a
derivação prefixal é um processo de formar palavras no qual um prefixo ou mais são
acrescentados à palavra primitiva.

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Prefixos e falsos prefixos: aero; agro; anti; auto; arqui; circum; co; contra; des; entre; ex; hidro; hiper;
in; inter; mini; pan; pós; pré; pró; pseudo; sub; semi; super; tele; ultra; vice.

a) O prefixo do primeiro elemento terminar com a mesma vogal que inicia o segundo: arqui-
inimigo; auto-observação; micro-ondas; semi-intensivo.

Nas palavras iniciadas com o prefixo "co", o hífen não é usado, mesmo que o segundo elemento
comece com a letra "o". Como em: cooperar; coordenar; coocupação.

b) O segundo elemento iniciar com a letra “h”: pré-história; super-homem; anti-higiênico;


extra-humano.

Nas formações prefixais em que o prefixo termina em vogal e a segunda palavra começa com as
consoantes R ou S, tais consoantes deverão ser repetidas.
Exemplos: microrregião; antissocial; antirrugas; contrarreforma, etc.

A depender da situação, após o prefixo "des" e "in", o hífen deixa de ser utilizado quando o
segundo elemento da palavra perdeu a letra "h". Exemplos: desumano; desumidificar; inapto.

c) Não há hífen - com consoantes r e s duplicadas: microrregião; antissocial; antirrugas;


contrassenso; contrarreforma.

d) Casos especiais:

Prefixos sob e sub, além do h e do b, se utiliza emprega hífen quando a segunda palavra
começa pela letra r: sub-bibliotecário; sub-base; sub-reino.

Quanto ao prefixo co, se utiliza o hífen apenas quando a segunda palavra começa com a letra
h.

Vejamos: cooperar; coordenar; copiloto.

ATENÇÃO! não se aplica a regra acima à palavra coabitar.

Sobre os prefixos pró, pós e pré, o hífen é utilizado quando forem a) tônicos e b) autônomos
da segunda palavra. Por exemplo: pós-graduação; pré-cozido; pós-moderno; pós-doutorado.

19
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

Quando os prefixos pró, pós e pré a) forem átonos e b) não forem autônomos da segunda
palavra, não há o emprego do hífen: prever; propor.

Quando o prefixo do primeiro elemento for “circum” e “pan” e a primeira letra do segundo
elemento for uma vogal ou as consoantes “h”, “m” ou “n”, segundo as palavras: pan-americano e
circum-navegação.

Os prefixos ex e vice sempre empregam o hífen: ex-diretor; ex-namorado; vice-presidente.

Em casos em que o prefixo do primeiro elemento é “hiper”, “inter” e “super” e o segundo


elemento for iniciado pela letra “r”: hiper-realismo; inter-racial; super-romântico.

EM LOCUÇÕES

Em qualquer tipo de locução o hífen deixou de ser empregado (ou seja, não é utilizado em
locuções substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais). Exemplo:
dia a dia; fim de semana; café com leite; à toa; à vontade; cão de guarda; cor de vinho; água de coco.

NA COLOCAÇÃO PRONOMINAL

Sempre utilizado para ligar os pronomes pessoais oblíquos átonos aos verbos; como colocação
pronominal em mesóclise (meio do verbo) e ênclise (depois do verbo):

Exemplos: esforçar-me-ei (mesóclise); convidaram-me (ênclise); calei-me.

Lembrando que os pronomes oblíquos átonos são: me, te, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes.

DIVISÃO SILÁBICA

É usado em situações de divisão silábica.

 a-mor;
 mei-go;
 fan-ta-si-a.

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PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

2.1.7 Na sequência de palavras

O hífen é empregado para ligar duas ou mais palavras que, ocasionalmente, se combinam.
São formados não vocábulos, mas encadeamento vocabulares, como: Rio-Niterói; Áustria-Hungria;
Alsácia-Lorena, etc.

2.2 Os fonemas

O alfabeto brasileiro define os sinais gráficos e quais sons representam. O alfabeto é formado pelas
vogais (A, E, I, O, U) e pelas consoantes (B, C, D, F, G, em diante).

O fonema é a menor unidade sonora do sistema fonológico de uma língua. Classificam-se em


vogais, semivogais e consoantes. A fonologia estuda os sons que compõem cada palavra, já que
a língua é, antes de tudo, um som. Os fonemas, nessa lógica, são sons emitidos pelos seres
humanos, formando palavras para efetivar a comunicação.
De acordo com Bechara (2019, p. 98):

“A ortografia é o sistema de representação convencional de uma língua na sua vertente escrita. A


este sistema de representar a grafia de cada palavra chegam os estudiosos técnicos levando em
conta a lição dos critérios fonéticos, fonológicos, morfológicos, sintáticos, etimológicos e de tradição
cultural. Como esse sistema não deve ser entendido como a só representação da fala, não pode ter
como guia exclusivo a fonética, nem tampouco a etimologia, isto é, a origem da palavra. Toda língua
de cultura que adotar exclusivamente um desses critérios perderá, entre outras, a possibilidade de
distinguir palavras homófonas (passo a paço; cozer e coser), o que promoveria o caos na língua. Por
isso, propor sistemas ortográficos é tarefa exclusiva de técnicos.”

Os fonemas (sons) são: as vogais, as consoantes e as semivogais. Vejamos na classificação


abaixo:

a) VOGAIS (V): são conhecidos como os sons mais puros da fala, ou seja, fonemas pronunciados sem
obstáculo à passagem de ar, chegando livremente ao exterior. São cinco: a, e, i, o, u.

Exemplos: aceitou; quase; mel; pouco; mãe; mal.

b) SEMIVOGAIS (SV): são os fonemas que se juntam a uma vogal, e acabam por formar uma só sílaba.
São, na prática, os fonemas “i” e “u”, quando, ao lado de uma vogal autêntica, soam levemente e

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PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

sem a força de uma vogal. As letras “e”, “i”, “o” e “u”, quando formarem sílaba com uma vogal. As
letras M e N, nos grupos AM, EM e EN, apenas no final de palavras.

Exemplos: aceitou; quase; mel; pouco; mãe; mal.

ATENÇÃO!
Somente as vogais i e u podem se tornar semivogais se acompanhadas de vogais na mesma
sílaba. Relembrando que sílaba é um ou mais fonemas pronunciados uma única vez, como
“boca: bo-ca; duas sílabas”.

Semivogal com o som de “i” é representada foneticamente pela letra Y; com som de “u”, pela
letra W.

c) CONSOANTES (C): (com + soante = soar com) são fonemas produzidos pela interferência de
alguma barreira (língua, dentes, lábios) à passagem de ar. É qualquer letra ou o conjunto de letras
representando apenas um som, com o auxílio de uma vogal.

Exemplos: caderno; lâmpada.

2.3 Encontros vocálicos

Encontros vocálicos são a junção de duas ou mais vogais dentro das palavras. Ou seja, são
o agrupamento de vogais e semivogais, sem consoantes. Se dividem em: ditongo, tritongo e hiato.

2.3.1 Ditongo

Pode ser definido como o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-versa), no
momento da separação silábica. Ou seja, é o encontro vocálico em uma única sílaba; ao separar as
sílabas, essas vogais NÃO SE SEPARAM!

Exemplos: sau-da-de; dei-xe; a-mei-xa; peixe; quadra; sé-rie; Pás-coa; lei; bei-jo; meu.

ATENÇÃO!
O encontro vocálico ocorre quando duas ou mais vogais ou semivogais se encontram na
mesma sílaba. Dão origem ao ditongo, tritongo e hiato.

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PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

Os ditongos podem ser crescentes ou decrescentes. No ditongo CRESCENTE (de crescer),


sua segunda vogal é a mais forte. Como em qua-se; goe-la; sa-gui.

Já o ditongo DECRESCENTE ocorre quando a primeira vogal é a mais forte. Alguns


exemplos: herói; boi; céu.

2.3.2 Tritongo

Sequência que se forma com uma semivogal, uma vogal e uma semivogal, sempre na
mesma ordem. Pode ser oral ou nasal. Vem do prefixo “tri”, três, e “tongo”, do grego “phthongos”
(tom ou som). Logo, significa aquilo que tem três sons.

a) ORAIS: o som passa apenas pela boca.

Exemplos:
Pa-ra-guai (UAI)
Em-xa-guei (UEI)

b) NASAIS: emitidos pela boca e fossas nasais

Exemplos:
Sa-guão (UÃO)

2.3.4 Hiato

É um outro tipo de encontro vocálico (vogal + vogal). Surge do termo latim “hiatus”, que
significa “abertura, fenda”. Já segundo a linguística, é o encontro de duas vogais na palavra, que na
separação silábica ficam separadas.

Exemplos: de-mo-cra-ci-a; te-a-tro; fi-el.

Enquanto o hiato é o encontro de duas vogais na mesma palavra, porém em sílabas diferentes,
o ditongo é o encontro vocálico em uma única sílaba.

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PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

IMPORTANTE!
Segundo a última reforma ortográfica, não mais se acentua o hiato oo(s) no final das
palavras. Exemplos: voo(s), perdoo, abençoo. Já as palavras “álcool” e “alcoólico” são
classificadas como proparoxítonas; no mais, os vocábulos “oo” não estão no final da
palavra.

Resumindo: os hiatos 'oo' e 'ee' não recebem mais acento. Como em: magoo; leem; veem;
deem; creem.

3. ACENTUAÇÃO

3.1 Regras básicas de acentuação

Algumas palavras da nossa língua têm acento gráfico e outras não. A acentuação tônica se
relaciona à intensidade com que são pronunciadas as sílabas das palavras. Então, a palavra que se
dá de forma mais acentuada é conhecida como “sílaba tônica”.

As demais, pronunciadas com menos intensidade, são as átonas. A depender de sua


tonicidade, as palavras serão classificadas em:

3.1.1 Oxítonas

Nas palavras oxítonas, a sílaba tônica (ou seja, a de maior entonação ou mais forte) recai
sempre sobre a última sílaba. Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”,
assim como os seus respectivos plurais: AS, ES, OS e ENS.

A(S) – maracujá; sofá; vatapá; Pará.


E(S) – café; ipês; filés; tripé.
O(S) – avó; dominó; cipós.
(ENS) – armazém; Belém; reféns; parabéns.

3.1.2 Paroxítonas

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PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

Para as palavras paroxítonas, a sílaba tônica recai na penúltima sílaba. Acentuam-se as


palavras paroxítonas terminadas em: I(S), US, R, X, N, L, UM/UNS, ÃO(S)/Ã(S), DITONGO, PS,
ONS.

Exemplos: caráter; mártir; fácil; réptil; látex; táxis; álbuns.

L – amável, automóvel
R – açúcar, repórter
N – hífen, pólen
I(is) – júri, lápis
U(s) – vírus, bônus
ONS – elétrons, prótons
UM/UNS – fórum
ÃOS – órfão, órfãos
Ã(s) – órfã, órfãos
PS – bíceps, fórceps
DITONGO – sabiá, colégio

DICA!
Memorizar a palavra “LINURXÃO”  as terminações das paroxítonas que são
acentuadas: L, I N, U (não esquecer do “UM” = fórum), R, X, Ã, ÃO.
Também é possível memorizar a palavra “ROUXINOL”.

3.1.3 Proparoxítonas

Já nas proparoxítonas, a sílaba tônica está na antepenúltima sílaba. Ou seja, a


antepenúltima sílaba, nesses casos, é a tônica (mais forte). Importa lembrar que todas as
proparoxítonas são acentuadas, independentemente de sua terminação. Aqui é a regra é única:
sempre haverá acentuação!

Exemplos: máquina; centímetro; êxtase; tráfico; vítima; gênesis; lâmpada; esdrúxula; médico; úmido;
fábula.

IMPORTANTE!

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PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

Alguns vocábulos possuem apenas uma sílaba e, por isso, recebem o nome de monossílabos. São
acentuados quando tônicos e terminados em “a”(s), “e”(s) ou “o”(s). Alguns exemplos:

A(S): pás, más, já, lá, gás


E(S): fé, pés, lê, pés, mês, três
O(S): vó, vô, nós, pó, dó, nó

NÃO SE ACENTUAM OS MONOSSÍLABOS TERMINADOS EM: i(s), u(s), az, ez e oz. Por
exemplo: bis, tu, nus, paz, vez, voz.

3.1.4 Casos especiais

Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos abertos) eram acentuados antes.
Porém, com a reforma ortográfica perderam o acento, desde que estejam em palavras
paroxítonas.

Por exemplo, nesse sentido, se os ditongos abertos estiverem em uma palavra oxítona
(como herói) ou monossílaba (céu), ainda são acentuados: dói; escarcéu.

3.2 Acentos

Acentos são notações léxicas empregadas sobre algumas vogais para indicar a sílaba tônica
ou para indicar a fusão entre elas (BEZERRA, 2021, p. 644).

Vejamos abaixo de quais acentos a língua portuguesa se utiliza:

ATENÇÃO!
Timbre aberto: /a/ tônico /é/, /ó/.
Timbre fechado: /ê/, /ô/, /i/, /u/.
Vogal reduzida: a língua está entre a aberta e a fechada.
Vogal tônica é aquela em que recai o acento tônico da palavra, ou seja, a maior elevação da voz.

a) AGUDO (´) é utilizado nas vogais “a, e, o” para empregar a tonicidade aberta; e nas vogais
“i, u” para a tonicidade fechada.

4
BEZERRA, Rodrigo. Nova Gramática da língua portuguesa para concurso. 9. ed. Salvador: Ed. JusPodivm, 2021.

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PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

O acento agudo é colocado sobre as vogais e tem a função de indicar a sílaba tônica (aquela
que tem o som mais forte na palavra). O acento agudo traz deixa a pronúncia da vogal de forma
aberta.

Exemplos: ÁGUA – SOFÁ – PIAUÍ – CIPÓS – BAÚ – JACARÉS – AÇAÍ – PALETÓ.

b) CIRCUNFLEXO (^) é usado nas vogais “a, e, o”, para indicar o timbre fechado. Indica, assim,
que a vogal deve ser pronunciada de forma fechada.

Exemplos: VOCÊ – CAMELÔ – JUDÔ – CROCHÊ – BRITÂNICO – CORTÊS – CONSTÂNCIA.

c) GRAVE (`) é usado exclusivamente para indicar o fenômeno da crase (contração ou fusão
de a + a).

Exemplos: À MEDIDA QUE - VAMOS À LOJA – QUERO IR À SUA CASA – À – ÀS – ÀQUELAS

d) TIL (~): notação léxica aplicada para as vogais “a, o”. É representado por um traço sinuoso
(em formato de “S” deitado). A função do til é deixar o som das letras A e O anasalado (nasal).

Exemplos: CORAÇÃO – ÍMÃ – NÃO – OBRIGAÇÃO.

e) TREMA (¨): não é mais utilizado. Porém, atentar para a exceção: é utilizado em palavras
derivadas de nomes próprios estrangeiros, como aparece, por exemplo, na língua alemã.

Em síntese...

AGUDO: SOM DA VOGAL MAIS ABERTO;


TIL: SOM ANASALADO;
CIRCUNFLEXO: SOM FECHADO.

4. FIGURAS DE LINGUAGEM

4.1 Antítese

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PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

São termos opostos utilizados em uma mesma frase, sendo, portanto, pensamentos de
sentido contrário. Essa figura de linguagem busca aproximar expressões opostas no intuito de
demonstrar OPOSIÇÃO, intensidade, ponderação, enfim.

Podem ser, também, Ideias que contrariam o senso comum.

Exemplos:
- “Eu estava entre a vida e a morte”;
- “Faça sol ou chuva, estarei na festa”;
- “No amor e na guerra vale tudo”;
- “Naquele rosto tão feio e tão bonito...”;
- “Relação amor e ódio...”.

4.2 Elipse

Nessa figura de linguagem, há a omissão de uma palavra (ou várias) que, mesmo escondida,
pode ser identificada pelo leitor. Ou seja, são expressão dispensáveis para a compreensão do
contexto que se pretende passar.

A elipse pode ser do sujeito, de verbos, preposições ou de conjunções.

Exemplos:
- “Comi uma fatia de torta” (eu – pronome);
- “Sobre a mesa, um livro” (haver – verbo).

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PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

4.3 Eufemismo

Essa figura é usada para atenuar uma ideia delicada ou grave de ser dita. Sendo assim, são
palavras ou expressões empregadas para suavizar e atenuar o sentido de outras, reduzindo uma
carga negativa, rude ou vulgar.

Exemplo:
- Ele passou dessa para uma melhor! (no lugar de faleceu);
- Foi convidado a se retirar (expulso);
- O depoente faltou com a verdade (mentiu);
- Palavra de baixo calão (palavrão);
- Terceira idade, melhor idade (velhice).

4.4 Hipérbole

É uma expressão de EXAGERO INTENCIONAL usada para dar ênfase à alguma informação.
Há finalidade ENFÁTICA e EXPRESSIVA.

Exemplo:
- Te liguei milhões de vezes, mas você não me atendeu;
- Estou morrendo de fome;
- Chorou um rio de lágrimas;
- Acabei de correr uma maratona na academia.

4.5 Ironia

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PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

É uma expressão usada para dar uma ideia contrária ao que se pensa, de forma proposital.
Faz uma CONTRADIÇÃO daquilo que se quer dizer. Assim, o discurso acaba ganhando ênfase.

Em algumas situações pode ter o significado de zombaria ou bom humor.

Exemplos:
- Que educado, bateu a porta com tanta força!
- Aquela criança é tão calma, não parou nenhum minuto;
- Parabéns pela prova, não tirou nem a nota mínima.

4.6 Metáfora

Ocorre quando uma palavra tem o seu sentido emprego de forma diferente do habitual,
tendo como base uma relação de SIMILARIDADE entre seu sentido próprio e os seu sentido mais
profundo/subjetivo ou figurado.

Assim, o nome de algo passa a ter um outro significado, como uma relação de comparação.
Importante pontuar que os significados propostos na metáfora, portanto, não são literais.

Exemplos:
- Você é um sol em minha vida!
- Aquela menina é um doce.
- Minha boca é um túmulo!
- A vida é um rio que anda para frente.

4.7 Personificação ou Prosopopéia

Acontece quando animais ou seres inanimados (sem vida, como objetos) recebem
atribuições humanas. Sentimentos, comportamentos e ideias humanas são transferidas para
esses seres por meio da PERSONIFICAÇÃO (criação de uma personalidade).

Assim, essa figura é muito utilizada em desenhos animados ou contos de fantasia. Tem
como intuito deixar a comunicação mais dramática.

Exemplo:
- A formiga disse para a cigarra...

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PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

- O cravo brigou com a rosa.


- Para o dia nascer feliz.
- O rio corria pela montanha.
- A árvore olhava as crianças brincando.
- A lua sorria para o mar.

4.8 Metonímia

Palavra utilizada com um sentido diferente do seu habitual (fora do seu contexto semântico
normal).

Também pode ser uma PARTE da coisa utilizada para representar o seu TODO. Ou o EFEITO
pela CAUSA (e vice-versa). Matéria-prima pelo objeto. Singular pelo plural. Assim, é a substituição
lógica de uma palavra por outra de sentido semelhante, com a qual se mantém uma relação de
proximidade.

Exemplos:

- Gosto de tomar Danone (iogurte);


- Estava lendo Drummond (autor pela obra);
- Bebemos duas garrafas de vinho (matéria-prima pelo objeto que a contém);
- Devolva o Neruda que você me tomou (livro);
- Pão para quem tem fome (alimento);
- Não tinha teto (residência);
- Sócrates tomou a morte (o veneno representado pelo efeito de morrer).

4.9 Pleonasmo

Redundância com a finalidade de REFORÇAR UMA MENSAGEM. Assim, há a repetição


clara de uma palavra ou conceito, sendo o seu uso para ENFATIZAR ou INTENSIFICAR o que está
sendo dito. A expressão é REDUNDANTE.

É, portanto, o uso excessivo de palavras para transmitir uma ideia.

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PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

ATENÇÃO! O pleonasmo literário (ou tradicional) é uma figura de linguagem. Já o


pleonasmo vicioso é um vício de linguagem (por desconhecimento ou falta de atenção da
norma culta). Exemplos de pleonasmo vicioso: subir para cima, sair para fora, descer para
baixo, andar com os pés, cego dos olhos, amigo pessoal, repetir de novo, elo de ligação, gritar
bem alto, dupla de dois, hemorragia de sangue, etc.

Exemplos:
- Detalhes tão pequenos de nós dois;
- E rir meu riso;
- Quem é a viúva do falecido?
- A mim resta-me a derrota.

4.10 Paradoxo

Une conceitos opostos para dar sentido lógico utilizando palavras em oposição. Contrasta
ideias entre termos. São significados aparentemente absurdos e fantasiosos. Contraria a lógica. São
ideias que, mesmo opostas e se excluindo mutuamente, fazem algum sentido no contexto.

Geralmente tem um significado mais literário, conotativo.

ATENÇÃO! A antítese usa palavras de sentidos opostos do mesmo período, como viver e
morrer. Já o paradoxo é um tipo de declaração contrária à opinião dominante (ou princípio
tido como válido). Exemplo: "estou cego, mas consigo enxergar".

Exemplos:
- Eu sonho acordado;
- Estamos vivendo uma guerra fria;
- É ferida que dói e não se sente;
- É um contentamento descontente.

4.11 Perífrase

Utiliza uma expressão para mostrar características ou atributos de uma pessoa, lugar,
objeto, fato, enfim. Assim, há uma substituição por uma expressão que lhe resume.

Essa expressão designa algo ou alguém através de uma característica própria ou atributos.

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PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

Exemplos:
- O País do Carnaval (Brasil);
- O Rei do Futebol (Pelé);
- A Cidade Maravilhosa está muito violenta (Rio de Janeiro);
- A Veneza Brasileira (Recife);
- Vou ao show do Rei (Roberto Carlos).

4.12 Comparação

É a comparação entre dois elementos por meio de suas características comuns


(determinadas semelhanças). Na maioria dos casos se emprega uma conjunção ou locução
conjuntiva comparativa (como tal, tal qual, assim como, etc.). Usada para demonstrar qualidades
ou ações de elementos.

Exemplos: minha mãe é corajosa como uma leoa; elegante tal qual uma princesa.

DIFERENÇAS ENTRE COMPARAÇÃO E METÁFORA: a comparação, ao contrário da


metáfora, está sempre acompanhada de um comparativo.

Maria é uma flor (metáfora); Maria é como uma flor (comparação).

4.13 Catacrese

Catacrese é uma figura de linguagem que representa palavra ou expressão empregada com
sentido alterado, ou seja, fora do seu significado real. Facilita a comunicação quando a palavra
científica ou formal não é de conhecimento das pessoas. É um tipo de metáfora de uso comum
cristalizada e popularizada com o tempo (desgastada pelo uso excessivo).

Exemplos: manga da camisa; céu da boca; bico do avião; pé da mesa; dente de alho; batata
da perna; cabeça do prego; braço da poltrona; maçãs do rosto; asa da xícara; braço de rio.

4.14 Onomatopeia

É a formação de palavras pela imitação de ruídos ou sons naturais. Algumas onomatopeias


são muito comuns e facilmente identificadas no dia a dia.

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PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

Exemplo: miado de gato (miau); latido de cão (auau); som do relógio (tictac); buzina (bibi);
espirro (atchim).

5. SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS

5.1 Denotação

O sentido DENOTATIVO das palavras é também aquele dos dicionários, sendo conhecido
também como sentido verdadeiro, real, objetivo.

FINALIDADES DA DENOTAÇÃO  transmitir a mensagem de forma clara e objetiva. Muito


utilizada em: jornais, manuais, artigos científicos, etc.

Exemplos:
- Esse animal é vertebrado;
- O pássaro voava pelo céu.

DICA!
Denotação e Dicionário: já que é uma definição literal (sentido de dicionário).

DENOTAÇÃO CONOTAÇÃO

Sentido real, de dicionário. Sentido figurado.

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PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

Palavra com sentido literal. Palavra extrapola os sentidos comuns.


Função referencial. Função poética.

5.2 Conotação

Já o uso CONOTATIVO ocorre com a aplicação de um sentido figurado, fantasioso, subjetivo


e totalmente dependente de um contexto.

 Por exemplo: essa gata é muito manhosa (animal, uso denotativo). A menina é uma gata
(muito bonita, uso conotativo).

A) SENTIDO CONOTATIVO

Geralmente os textos literários utilizam a base conotativa, para incentivar a imaginação do


leitor. Há a aplicação de palavras com sentidos polissêmicos (muitos significados). Uma palavra é
usada no sentido denotativo quando está escrita em seu significado original, independentemente
do contexto.

Assim, tem-se o significado mais literal da palavra.

FINALIDADES DA CONOTAÇÃO  aplicação de significados diversos, sujeitos a


interpretações com base no contexto. São ideias que vão além do sentido original da palavra.
Assim, tem-se um sentido figurado e simbólico. Busca provocar sentimentos no receptor da
mensagem.

Utilizada na linguagem poética e em textos de literatura, assim como em letras de música,


em anúncios publicitários, etc.

Exemplos:
- Você é a luz da minha vida! (grande afeto por alguém).
- Ele tem um coração de gelo (pessoa fria).
- Maria quebrou a cara (se decepcionou).
- O carro voava pelas ruas da cidade.

5.3 Polissemia e Monossemia

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PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

A POLISSEMIA consiste na atribuição de vários significados a uma unidade lexical.


MONOSSEMIA é quando a unidade lexical tem um único significado.

Diferem-se, portanto, pois a POLISSEMIA é um processo de divergência semântica; sendo


assim, a mesma palavra original tem novos significados.

No dicionário, é comum que todos eles apareçam. Já a MONOSSEMIA ocorre quando várias
palavras originam de uma mesma forma lexical, mas os significados são diferentes.

 POLISSEMIA  grande número de significados em uma só palavra, a depender do contexto


no qual é utilizada.

Exemplos:
- Ele usa um chapéu na cabeça (parte do corpo humano).
- João é o cabeça da facção (líder).
- Não conseguiu bater na cabeça do prego (parte do prego).

 MONOSSEMIA  possui apenas um único sentido, ou seja, são palavras que têm apenas
um significado. Geralmente são palavras mais técnicas ou científicas.

Exemplos:
- Logaritmo;
- Decalitro;
- Estetoscópio.

A homonímia está relacionada com palavras com mesma pronúncia e/ou mesma grafia;
porém, com significados diferentes.

5.4 Formas Variantes

São palavras que apresentam mais do que uma grafia correta, mas não há alteração no
sentido.

 Há uma forma preferencial, mais socialmente aceita ou mais usada pelos falantes;
 Contudo, todas as formas são corretas.

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PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

EXEMPLOS MAIS COMUNS DE FORMAS VARIANTES:


 abdome e abdômen; amídala e amígdala; arrebentar e rebentar; assobiar e assoviar; assoprar e
soprar; bêbado e bêbedo; câmera e câmara; caminhão e camião; carroçaria e carroceria; catorze e
quatorze; catucar e cutucar; chipanzé e chimpanzé; cociente e quociente; contato e contacto; cota e
quota; cotidiano e quotidiano; debulhar e desbulhar; degelar e desgelar; delapidar e dilapidar;
demonstrar e demostrar; dezenove e dezanove; dezesseis e dezasseis; dezessete e dezassete;
diabete e diabetes; dourado e doirado; embaralhar e baralhar; enfarte e infarto; entonação e
entoação; entretenimento e entretimento; espargos e aspargos; estalar e estralar; este e leste;
geringonça e gerigonça; germe e gérmen; hidrelétrico e hidroelétrico; homilia e homília; imundícia,
imundície e imundice; intrincado e intricado; louça e loiça; louro e loiro; maquiagem e maquilagem;
marimbondo e maribondo; mobiliar, mobilhar e mobilar; neblina e nebrina; nenê e neném;
percentagem e porcentagem; projétil e projetil; rastro e rasto; registro e registo; relampear e
relampejar; remoinho e redemoinho; selvageria e selvajaria; sobressalente e sobresselente; súdito
e súbdito; surrupiar e surripiar; taberna e taverna; terremoto e terramoto; tesouro e tesoiro; tríade e
tríada; xérox e xerox.

5.4.1 Variações históricas (diacrônicas)

Mudanças ocorridas na língua (variações diversas) com o decorrer do tempo. Exemplo:


pronome de tratamento “você”.

 Depende das diferentes épocas vividas pelos falantes. Atualmente a diferença é clara
entre o português arcaico e o português moderno. Muitas palavras também ficam em DESUSO.

Português arcaico  “vossa mercê” e, posteriormente, “vosmecê”.


Em contextos informais  “cê” ou, na escrita informal, “vc”.*
*fora da norma culta

37
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

EVOLUÇÃO DA PALAVRA “VOCÊ” AO LONGO DO TEMPO:


Vossa mercê → Vosmecê → Você → Cê

 Há também as mudanças de grafia com as reformas ortográficas. Por exemplo, a partir de


2016, algumas palavras passaram a serem escritas sem trema (como consequência).

 Na reforma ortográfica de 1911 a palavra fase era escrita com “ph” (“phase”).

5.4.2 Variações geográficas (diatópicas) ou REGIONALISMO

É a variante regional (REGIONALISMO). São diferenças devido à região do país e os


impactos geográficos em seus falantes, por questões meramente culturais. Ou seja, no Brasil há
diversas diferenças de léxico (que são palavras) ou de fonemas (os sons e sotaques).

Alguns exemplos: “Mandioca”, “aipim” e “macaxeira” para a mesma referência de alimento.


Ou ainda “oxe”; “bah”; “tri”.

 Influência do espaço físico ou LOCAL dos falantes: países, regiões, estados, cidades, zona
rural, zona urbana, zonas periféricas, etc.

5.4.3 Variações sociais (diastráticas)

As variações sociais seguem o grupo social do falante. Na variação social a gíria segue,
principalmente, a faixa etária do falante (linguagem informal dos mais jovens). No entanto, há
expressões informais ligadas a grupos sociais específicos, a depender do seu nicho.

38
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

Exemplo: surfistas, capoeiristas, futebolistas, médicos, advogados, enfim.

 As profissões também influenciam as variações sociais por meio dos termos técnicos
(jargões).
 Predominam fatores relacionados à faixa etária, profissão, estrato social, etc.

5.4.4 Variações estilísticas (diafásicas)

Linguagem formal e informal, adequação à norma-padrão ou despreocupação com seu uso.

a) Expressões rebuscadas e o respeito às normas-padrão do idioma = linguagem culta


(oposta à linguagem mais coloquial/familiar);

b) As variações estilísticas respeitam a situação da interação social, levando-se em conta


ambiente e expectativas dos interlocutores.

São estilos (formal ou informal) empregados a depender da situação. Em uma entrevista de


emprego, o uso mais comum é o formal. Em uma conversa entre amigos, linguagem informal com
gírias e jargões (“tipo isso”; “pô”; “meu”; “caraca”).

5.4.5 Preconceito linguístico

É a discriminação entre os falantes de um mesmo idioma. Nessa situação, não há respeito


pelas variações linguísticas (formas de falar e escrever), estando algumas hierarquicamente
sobrepostas a outras, por parâmetros sociais. A causa fundamental do preconceito linguístico é a
utilização da língua por parte das elites econômicas, políticas e intelectuais como forma de

39
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

dominação para oprimir a classe mais pobre e manter a segregação social, ou seja, é uma
ferramenta de exclusão (BAGNO, 2007).5

“As variações estilísticas remetem ao contexto que exige a adaptação da fala ou ao estilo dela. Aqui
entram as questões de linguagem formal e informal, adequação à norma-padrão ou
despreocupação com seu uso. [...] As variações estilísticas respeitam a situação da interação social,
levando-se em conta ambiente e expectativas dos interlocutores. Tendo tantas variações e
nuances, pudemos ver que cada contexto social traz naturalmente um modo mais ou menos
adequado de expressão, sendo importante entender que as variações linguísticas existem para
estabelecer uma comunicação adequada ao contexto pedido. Apesar disso, as diversas maneiras
de expressar-se ganham status de maior ou menor prestígio social baseado em uma série de
preconceitos sociais: as variações linguísticas ligadas a grupos de maior poder aquisitivo, com
algum tipo de status social, ou a regiões tidas como “desenvolvidas” tendem a ganhar maior
destaque e preferência em relação às variedades linguísticas ligadas a grupos de menor poder
aquisitivo, marginalizados, que sofrem preconceitos ou que são estigmatizados. Desenvolve-se,
assim, o preconceito linguístico, que se baseia em um sistema de valores que afirma que
determinadas variedades linguísticas são “mais corretas” do que outras, gerando um juízo de
valor negativo ao modo de falar diferente daqueles que se configuram como os “melhores”. O
preconceito linguístico nada mais é do que a reprodução, no campo linguístico, de um sistema
de valores sociais, econômicos e culturais. No entanto, ao estudarmos as variações linguísticas,
percebemos que não há uma única maneira de expressar-se e que, portanto, não há apenas um
modo certo. A língua e sua expressão variam de acordo com uma série de fatores. Antes de tudo,
ela deve cumprir seu papel de expressão, sendo compreendida pelos falantes e estando adequada
aos contextos e às expectativas no ato da fala. Dessa forma, o ideal do preconceito linguístico, que
gera juízo de valor às diferentes variações linguísticas, não deve ser alimentado.”6

5.5 Arcaísmo e Neologismo

O arcaísmo pode ser visto como o modo de falar ou de escrever de forma antiquada, seja
por gosto ou imitação. Assim, é uma tendência para empregar vocábulos ou expressões arcaicas.

 Os ARCAÍSMOS LINGUÍSTICOS são palavras ou expressões que caíram em desuso, mas


que não foram extintas dos dicionários: ceroula, alcaide, vosmecê, à guisa de etc.

5
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. 49ª. ed. São Paulo: Loyola, 2007. 186 p. ISBN: 85-
15-01889-6.
6
VIANA, Guilherme. Variações linguísticas. Mundo Educação. 2022, online.

40
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

 O ARCAÍSMO LITERÁRIO é encontrado em obras literárias. Pode ser utilizado de maneira


proposital, com a intenção de conferir rebuscamento e imponência.

ATENÇÃO! O arcaísmo é o contrário do neologismo (fenômeno que confere à língua


possibilidades de renovação).

Em relação ao NEOLOGISMO, vem de NEO (novo). É o processo de criação de uma nova


palavra na língua. Ocorre principalmente devido à necessidade constante de se desenvolver novos
conceitos (na tecnologia, arte, economia, esportes, enfim).

 UTILIZAÇÃO DE NOVAS PALAVRAS, COMPOSTAS A PARTIR DE OUTRAS QUE JÁ


EXISTEM (DO MESMO IDIOMA OU NÃO).

 ATRIBUIR NOVOS SIGNIFICADOS (OU SENTIDOS) A PALAVRAS QUE JÁ EXISTEM NA


LÍNGUA.

Um neologismo é criado através de processos diversos como: justaposição, aglutinação, prefixação,


sufixação, abreviação, importação de vocábulos existentes em uma outra língua ou ainda, através
de um novo sentido dado a uma palavra já existente.

Exemplos: sextar; niver; refri.

5.6 Estrangeirismo

É uma linguagem de origem estrangeira. Influência cultural por um país, cultura ou nação
sobre outro, popularizando palavras e expressões.

 Uso de uma palavra estrangeira que não tenha correspondência na língua portuguesa,
como: check-in; site; internet; blog; buffet; drink; motoboy; layout; ticket; download; milkshake; fast-
food; hot-dog; OK; delivery; marketing.

QUESTÕES PROPOSTAS

1- FCC - 2022 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Técnico Judiciário - Área Administrativa

41
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

Atenção: Para responder à questão, considere o poema do escritor mato-grossense Manoel de


Barros.

O eu lírico recorre à figura de linguagem denominada metonímia em:

A) “O lugar onde a gente morava quase só tinha bicho” (verso 1)


B) “Ela tocava para nós Vivaldi.” (verso 42)
C) “A gente se sentia como um pedaço de formiga perdida” (verso 23)
D) “Ah, o pai! O pai vaquejava e vaquejava.” (verso 12)
E) “A mãe aflitíssima estava.” (verso 37)

COMENTÁRIOS
A, B, C, D e E- A metonímia se trata da associação semântica que permite substituir um termo
por outro baseado em uma relação lógica de “contiguidade”, “pertinência”, “continência”,

42
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

“interdependência”, “causalidade”, “implicação”, enfim, uma extensão semântica e lógica que


permite tomar um termo por outro.

Quando cita-se “Ela tocava para nós Vivaldi”, o narrador demonstra que ela tocava, na verdade,
uma composição de Vivaldi.

Letra B

2) FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal

Atenção: Para responder à questão, leia o texto de John Gledson.


Na década de 1880, Machado de Assis publicou cerca de oitenta contos, numa espantosa
explosão de criatividade, que também rendeu seu primeiro grande romance, Memórias póstumas
de Brás Cubas (1880)
Como isso aconteceu − por que aconteceu, e por que nesse momento? Nada é mais difícil
de explicar do que a explosão de um gênio criador − e não devemos duvidar que é disso que se
trata. Contos podem parecer fáceis, escritos algo apressadamente como uma espécie de
subproduto de um trabalho mais sério ou até como sintomas de uma incapacidade passageira de
empreender “obras de maior tomo” (palavras de Dom Casmurro), mas nada está mais longe da
verdade. Contos não são romances imperfeitos − existem com seus direitos próprios, e quando
Machado começou a escrever os seus melhores, o gênero estava conquistando uma nova
dignidade.
O traço mais importante de seus contos é a ironia, com frequência fixada por um estilo que
muitas vezes emprega certo registro de linguagem a fim de estabelecer, desde a primeira palavra,
que nada ali é para ser levado inteiramente a sério, que aquilo não é a fala direta do autor: “A coisa
mais árdua do mundo, depois do ofício de governar, seria dizer a idade exata de Dona Benedita”.
Machado podia parodiar qualquer tipo de linguagem, da Bíblia à dos jornais (essa, de fato, era a
que satirizava com mais frequência). No começo dos anos 1880, Machado não só estabelecera seu
direito a falar do universo, mas também principiara a fazer o retrato da sociedade brasileira sob
uma luz inteiramente nova. Os romances bem-educados dos anos 1870, que elevavam a vida
social, deram lugar à sátira selvagem de Memórias póstumas de Brás Cubas, que mostrava
realidades − adultério, prostituição, escravatura, o tratamento dado aos agregados − com uma
nitidez e uma cólera inteiramente impossíveis alguns anos antes.
Uma coisa é certa: a expansão do material possível de Machado e o distanciamento irônico
que ele adota são inseparáveis. Digamos assim: se ele não tivesse encontrado modos dos mais

43
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

variados (irônicos, sarcásticos, mas sempre semiocultos) de se expressar a respeito de coisas sobre
as quais não devia falar, ou às quais só podia se referir de soslaio, suas histórias jamais teriam
existido; podemos sentir sua satisfação quando se aproxima de outra questão espinhosa e acaba
encontrando novas maneiras de falar sobre coisas demasiado embaraçosas para mencionar
diretamente. Na minha opinião, isso ajuda a explicar o êxito de seus contos − Machado caminhava
no fio da navalha.
(Adaptado de: GLEDSON, John. Trad. Fernando Py. In: 50 contos de Machado de Assis. São Paulo:
Companhia das Letras, edição digital)

“A coisa mais árdua do mundo, depois do ofício de governar, seria dizer a idade exata de Dona
Benedita”.
No trecho acima, o narrador recorre à seguinte figura de linguagem:

A) pleonasmo.
B) hipérbole.
C) personificação.
D) antítese.
E) eufemismo.

COMENTÁRIOS
A, B, C, D e E- A hipérbole é uma expressão intencionalmente exagerada, que possui intuito de
realçar alguma ideia. Assim, ao dizer que a tarefa mais árdua do mundo seria “dizer a idade exata
de Dona Benedita”, estamos diante de um exagero intencional.

Letra B

3) FCC - 2022 - TRT - 9ª REGIÃO (PR) - Técnico Judiciário - Área Administrativa

Atenção: Para responder à questão, leia o poema de Paulo Leminski.

Bem no fundo

No fundo, no fundo,

bem lá no fundo,

44
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

a gente gostaria

de ver nossos problemas

resolvidos por decreto

a partir desta data,

aquela mágoa sem remédio

é considerada nula

e sobre ela — silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,

maldito seja quem olhar pra trás,

lá pra trás não há nada,

e nada mais

mas problemas não se resolvem,

problemas têm família grande,

e aos domingos

saem todos a passear

o problema, sua senhora

e outros pequenos probleminhas.

(LEMINSKI, Paulo. Toda poesia, 2013)

45
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

O autor recorre à personificação no seguinte verso:

A) maldito seja quem olhar para trás


B) de ver nossos problemas
C) lá pra trás não há nada
D) saem todos a passear
E) aquela mágoa sem remédio

COMENTÁRIOS
A, B, C, D e E- Ao dizer que “saem todos a passear”, o autor cita os problemas e os probleminhas,
personificando-os.

A personificação atribui sensações, sentimentos, comportamentos ou seja características


humanas, em seres animados, como animais e seres inanimados, como substantivos, exemplo
da assertiva correta.

Letra D

4) FCC - 2022 - TRT - 9ª REGIÃO (PR) - Técnico Judiciário - Área Administrativa

Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.

O animal humano, que é parte da natureza e que dela depende, não se resignou a viver para
sempre à mercê dos frutos espontâneos da terra. O desafio que desde logo se insinuou foi: como
induzir o mundo natural a somar forças e multiplicar o resultado do esforço humano? Como colocá-
lo a serviço do homem? O passo decisivo nessa busca foi a descoberta, antes prática que teórica,
de que “domina-se a natureza obedecendo-se a ela”. A sagacidade do animal humano soube
encontrar nos caminhos do mundo como ele se põe (natura naturans: “a natureza causando a
natureza”) as chaves de acesso ao mundo como ele pode ser (natura naturata: “a natureza
causada”).
Processos naturais, desde que devidamente sujeitos à observação e direcionamento pela mão
do homem, podiam se tornar inigualáveis aliados na luta pelo sustento diário. Em vez de tão
somente surpreender e pilhar os seres vivos que a natureza oferece para uso e desfrute imediato,
como fazia o caçador-coletor, tratava-se de compreender suas regularidades, acatar sua lógica,

46
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

identificar e aprimorar suas espécies mais promissoras e, desse modo, cooptá-los em definitivo para
a tarefa de potencializar os meios de vida. Se a realidade designada pelo termo civilização não se
deixa definir com facilidade, uma coisa é certa: nenhum conceito que deixe de dar o devido peso a
essa mudança na relação homem-natureza poderá ser julgado completo. A domesticação
sistemática, em larga escala, de plantas e animais deu à humanidade maior segurança alimentar e
trouxe extraordinárias conquistas materiais. Mas ela não veio só. O advento da sociedade
agropastoril teve como contrapartida direta e necessária uma mudança menos saliente à primeira
vista, mas nem por isso de menor monta: a profunda transformação da psicologia temporal do
animal humano.
A domesticação da natureza externa exigiu um enorme empenho na domesticação da natureza
interna do homem. Pois a prática da agricultura e do pastoreio implicou uma vasta readaptação dos
valores, crenças, instituições e formas de vida aos seus métodos e exigências. Entre os
acontecimentos da história mundial que modificaram de maneira permanente os hábitos mentais
do homem, seria difícil encontrar algum que pudesse rivalizar com o impacto da transição para a
sociedade de base agrícola e pastoril em toda a forma como percebemos e lidamos com a dimensão
temporal da vida prática.
(GIANNETTI, Eduardo. O valor do amanhã. São Paulo: Companhia das Letras, edição digital.
Adaptado)

Considerando as ideias expostas no texto, constitui um aparente paradoxo o que se encontra em:

A) domina-se a natureza obedecendo-se a ela (1° parágrafo)


B) que é parte da natureza e que dela depende (1º parágrafo)
C) a prática da agricultura e do pastoreio implicou uma vasta readaptação dos valores (3° parágrafo)
D) tratava-se de compreender suas regularidades, acatar sua lógica (2° parágrafo)
E) A domesticação sistemática, em larga escala, de plantas e animais trouxe extraordinárias
conquistas materiais. (2° parágrafo)
COMENTÁRIOS
A, B, C, D e E- O paradoxo é um contraste de ideias, isto é, em que há oposição, além de conter
em si uma contradição, uma incoerência, por apresentar elementos que se contradizem. Portanto,
não basta haver oposição na ideia expressa, os elementos contrastantes precisam também ser
contraditórios.

É o que se depreende quando se diz que “domina-se a natureza obedecendo-se a ela”. Dominar
significa ter autoridade sobre algo, ter controle. Já a obediência significa submissão a algo, acatar
ordens, o que aponta portanto, a oposição entre ambos.

47
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

Letra A

5) FCC - 2022 - TRT - 9ª REGIÃO (PR) - Analista Judiciário - Área Judiciária - Especialidade:
Oficial de Justiça Avaliador Federal

Atenção: Para responder à questão, considere o poema “O que passou passou?” do escritor
curitibano Paulo Leminski.

1 Antigamente, se morria.
1907, digamos, aquilo sim
é que era morrer.
Morria gente todo dia,
e morria com muito prazer,
já que todo mundo sabia
que o Juízo, afinal, viria,
e todo mundo ia renascer.
Morria-se praticamente de tudo.

10 De doença, de parto, de tosse.


E ainda se morria de amor,
como se o amar morte fosse.
Pra morrer, bastava um susto,
um lenço no vento, um suspiro e pronto,
lá se ia nosso defunto
para a terra dos pés juntos.
Dia de anos, casamento, batizado,
morrer era um tipo de festa,
uma das coisas da vida,

20 como ser ou não ser convidado.


O escândalo era de praxe.
Mas os danos eram pequenos.
Descansou. Partiu. Deus o tenha.
Sempre alguém tinha uma frase
que deixava aquilo mais ou menos.

48
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

Tinha coisas que matavam na certa.


Pepino com leite, vento encanado,
praga de velha e amor mal curado.
Tinha coisas que tem que morrer,

30 tinha coisas que tem que matar.


A honra, a terra e o sangue
mandou muita gente praquele lugar.
Que mais podia um velho fazer,
nos idos de 1916,
a não ser pegar pneumonia,
deixar tudo para os filhos
e virar fotografia?
Ninguém vivia pra sempre.
Afinal, a vida é um upa.

40 Não deu pra ir mais além.


Mas ninguém tem culpa.
Quem mandou não ser devoto
de Santo Inácio de Acapulco,
Menino Jesus de Praga?
O diabo anda solto.
Aqui se faz, aqui se paga.
Almoçou e fez a barba,
tomou banho e foi no vento.
Não tem o que reclamar.

50 Agora, vamos ao testamento.


Hoje, a morte está difícil.
Tem recursos, tem asilos, tem remédios.
Agora, a morte tem limites.
E, em caso de necessidade,
a ciência da eternidade
inventou a criônica.
Hoje, sim, pessoal, a vida é crônica.
(LEMINSKI, Paulo. Toda poesia, 2013)

49
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

Considere os seguintes trechos:

I. “Descansou. Partiu. Deus o tenha.” (verso 23)


II. “deixar tudo para os filhos / e virar fotografia?” (versos 36 e 37)
III. “Mas ninguém tem culpa.” (verso 41)

Ocorre eufemismo em

A) III, apenas.
B) I, apenas.
C) II, apenas.
D) I e II, apenas.
E) I, II e III.

COMENTÁRIOS
O eufemismo possui utilidade para substituir uma palavra ou um termo tabu ou um conteúdo
delicado e chocante, atenuando o seu sentido.

Item I, Certo, Os termos “partiu” e “Deus o tenha” demonstram uma suavização, uma tentantiva
de oferecer conforto, utilizando terminologias que demonstram um processo de transição e uma
forma de acolhimento por um ser maior, divino.

Item II, Certo, “virar fotografia?” também busca minimizar o fenomeno da morte.

Item III, Errado, pois não há uso conotativo de palavras, intencionando minimizar algo chocante,
mas sim, demonstra que não há culpados no fenômeno “morte”.

Letra D

06 - INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judiciário

A indústria do espírito
JORDI SOLER – 23 DEZ 2017 - 21:00

50
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

O filósofo Daniel Dennett propõe uma fórmula para alcançar a felicidade: “Procure algo mais
importante que você e dedique sua vida a isso”.
Essa fórmula vai na contracorrente do que propõe a indústria do espírito no século XXI, que nos
diz que não há felicidade maior do que essa que sai de dentro de si mesmo, o que pode ser verdade
no caso de um monge tibetano, mas não para quem é o objeto da indústria do espírito, o atribulado
cidadão comum do Ocidente que costuma encontrar a felicidade do lado de fora, em outra pessoa,
no seu entorno familiar e social, em seu trabalho, em um passatempo, etc. [...]
A indústria do espírito, uma das operações mercantis mais bem-sucedidas de nosso tempo,
cresceu exponencialmente nos últimos anos, é só ver a quantidade de instrutores e pupilos
de mindfulness e de ioga que existem ao nosso redor. Mindfulness e ioga em sua versão pop para
o Ocidente, não precisamente as antigas disciplinas praticadas pelos mestres orientais, mas um
produto prático e de rápida aprendizagem que conserva sua estética, seu merchandising e suas
toxinas culturais. [...]
Frente ao argumento de que a humanidade, finalmente, tomou consciência de sua vida interior,
por que demoramos tanto em alcançar esse degrau evolutivo?, proporia que, mais exatamente, a
burguesia ocidental é o objetivo de uma grande operação mercantil que tem mais a ver com a
economia do que com o espírito, a saúde e a felicidade da espécie humana. [...]
A indústria do espírito é um produto das sociedades industrializadas em que as pessoas já têm
muito bem resolvidas as necessidades básicas, da moradia à comida até o Netflix e o Spotify. Uma
vez instalada no angustiante vazio produzido pelas necessidades resolvidas, a pessoa se
movimenta para participar de um grupo que lhe procure outra necessidade.
Esse crescente coletivo de pessoas que cavam em si mesmas buscando a felicidade já conseguiu
instalar um novo narcisismo, um egocentrismo new age, um egoísmo raivosamente autorreferencial
que, pelo caminho, veio alterar o famoso equilíbrio latino de mens sana in corpore sano, desviando-
o descaradamente para o corpo. [...]
Esse inovador egocentrismo new age encaixa divinamente nessa compulsão contemporânea de
cultivar o físico, não importa a idade, de se antepor o corpore à mens. Ao longo da história da
humanidade o objetivo havia sido tornar-se mais inteligente à medida que se envelhecia; os idosos
eram sábios, esse era seu valor, mas agora vemos sua claudicação: os idosos já não querem ser
sábios, preferem estar robustos e musculosos, e deixam a sabedoria nas mãos do primeiro
iluminado que se preste a dar cursos. [...]
Parece que o requisito para se salvar no século XXI é inscrever-se em um curso, pagar a alguém
que nos diga o que fazer com nós mesmos e os passos que se deve seguir para viver cada instante
com plena consciência. Seria saudável não perder de vista que o objetivo principal dessas sessões
pagas não é tanto salvar a si mesmo, mas manter estável a economia do espírito que, sem seus
milhões de subscritores, regressaria ao nível que tinha no século XX, aquela época dourada do

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PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

hedonismo suicida, em que o mindfulness era patrimônio dos monges, a ioga era praticada por
quatro gatos pingados e o espírito era cultivado lendo livros em gratificante solidão.
(Adaptado de: <https://brasil.elpais.com/brasil/2017/09/26/opinion/1506452714_976157.html>.
Acesso em 27 mar. 2018)
Assinale a alternativa correta a respeito da estruturação do texto.

a) Um dos argumentos propostos pelo autor em defesa de sua tese é o de que a indústria do
espírito ganhou notoriedade atualmente porque as necessidades básicas do ser humano foram
supridas nas sociedades industrializadas.
b) A tese central defendida no texto é a importância do mindfulness e da ioga da forma como
são praticados pelos monges tibetanos e pelos mestres orientais.
c) O último parágrafo do texto oferece uma solução para o narcisismo, o egocentrismo e o
egoísmo decorrentes da busca pela felicidade empreendida por aqueles que se voltam para si
mesmos.
d) O texto mescla sequências narrativas e descritivas para caracterizar as pessoas que
contribuem para o crescimento da indústria do espírito.
e) O texto é estruturado de maneira a apresentar dois momentos distintos: a apresentação dos
benefícios da indústria do espírito e a problematização das consequências negativas dessa
indústria.

COMENTÁRIOS
A e B- É possível extrair essa conclusão a partir da leitura do trecho que diz “A indústria do
espírito é um produto das sociedades industrializadas em que as pessoas já têm muito bem
resolvidas as necessidades básicas, da moradia à comida até o Netflix e o Spotify. Uma vez
instalada no angustiante vazio produzido pelas necessidades resolvidas, a pessoa se movimenta
para participar de um grupo que lhe procure outra necessidade.”

C- Em verdade, se trata de uma solução irônica do autor, pois ele não concorda com a nova
realidade.

D- O texto apenas cita opiniões e argumentos, portanto, dissertativo e descritivo.

E- Em verdade, o texto procura demonstrar os malefícios e suas consequências negativas.

Letra A

52
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

07 – INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judiciário - Área Administrativa

TEXTO II
“Eu era piloto…
Quando ainda estava no sétimo ano, um avião chegou à nossa cidade. Isso naqueles anos,
imagine, em 1936. Na época, era uma coisa rara. E então veio um chamado: ‘Meninas e meninos,
entrem no avião!’. Eu, como era komsomolka*, estava nas primeiras filas, claro. Na mesma hora me
inscrevi no aeroclube. Só que meu pai era categoricamente contra. Até então, todos em nossa
família eram metalúrgicos, várias gerações de metalúrgicos e operadores de altos-fornos. E meu
pai achava que metalurgia era um trabalho de mulher, mas piloto não. O chefe do aeroclube ficou
sabendo disso e me autorizou a dar uma volta de avião com meu pai. Fiz isso. Eu e meu pai
decolamos, e, desde aquele dia, ele parou de falar nisso. Gostou. Terminei o aeroclube com as
melhores notas, saltava bem de paraquedas. Antes da guerra, ainda tive tempo de me casar e ter
uma filha.
Desde os primeiros dias da guerra, começaram a reestruturar nosso aeroclube: os homens foram
enviados para combater; no lugar deles, ficamos nós, as mulheres. Ensinávamos os alunos. Havia
muito trabalho, da manhã à noite. Meu marido foi um dos primeiros a ir para o front. Só me restou
uma fotografia: eu e ele de pé ao lado de um avião, com capacete de aviador… Agora vivia junto
com minha filha, passamos quase o tempo todo em acampamentos. E como vivíamos? Eu a
trancava, deixava mingau para ela, e, às quatro da manhã, já estávamos voando. Voltava de tarde,
e se ela comia eu não sei, mas estava sempre coberta daquele mingau. Já nem chorava, só olhava
para mim. Os olhos dela são grandes como os do meu marido…
No fim de 1941, me mandaram uma notificação de óbito: meu marido tinha morrido perto de
Moscou. Era comandante de voo. Eu amava minha filha, mas a mandei para ficar com os parentes
dele. E comecei a pedir para ir para o front…
Na última noite… Passei a noite inteira de joelhos ao lado do berço…”
Antonina Grigórievna Bondareva, tenente da guarda, piloto
* komsomolka: a jovem que fazia parte do Komsomol, Juventude do Partido Comunista da União
Soviética.
(Disponível em: ALEKSIÉVITCH, Svetlana. A guerra não tem rosto de mulher. Tradução de Cecília
Rosas. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.)

Referente à estruturação do texto II, é correto afirmar que

53
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

a) o segundo parágrafo está centrado no relato do casamento da narradora e no fato de que


ela teve uma filha antes da guerra.
b) o tipo de narrador presente no texto é o narrador-onisciente, que tem acesso aos
pensamentos e sentimentos de todas as personagens e a todas as informações do enredo.
c) é possível dividir a narrativa em três grandes momentos: como a narradora se tornou piloto;
o trabalho da narradora durante a guerra; o fim da guerra, em 1941.
d) o questionamento “E como vivíamos?”, levantado pela narradora, é uma pergunta retórica,
recurso argumentativo que consiste em apresentar uma pergunta e não respondê-la, estimulando,
assim, que os leitores reflitam sobre possíveis respostas.
e) todos os parágrafos, com exceção do primeiro, iniciam-se com expressões que têm como
função localizar temporalmente os eventos narrados.

COMENTÁRIOS
A – Em verdade, é o primeiro parágrafo que se concentra no que aponta a assertiva.
B- É um caso de narrador personagem, pois conta a história na 1ª pessoa, participando como
personagem.

C- A assertiva exige do canditado uma referência exofórica, ou seja, que está fora do texto. No
caso, a 2ª Guerra Mundial terminou em 1945. “O fim”, apontado pelo texto, era do ano de 1941,
e além disso, a menção “E comecei a pedir para ir para o front” demonstra, de igual forma, que a
guerra continuava, e a narradora quis participar da linha de frente.

D- Em que pese a pergunta retórica ser uma interrogação que não possui objetivo de obtenção
de resposta, mas de reflexão, a autora responde a pergunta, com detalhes.

E- Em verdade, o texto procura demonstrar os malefícios e suas consequências negativas.

Letra E

08 – INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judiciário - Área Administrativa
Quanto às expressões de circunstâncias de tempo no texto II, assinale a alternativa correta.

a) Em “Quando ainda estava no sétimo ano, um avião chegou à nossa cidade.”, a oração em
destaque indica que o avião chegou à cidade da narradora quando ela tinha 7 anos de idade.

54
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

b) Em “Até então, todos em nossa família eram metalúrgicos [...]”, a expressão em destaque
indica o momento em que os membros da família da narradora começaram a exercer a profissão de
metalúrgicos.
c) Em “No fim de 1941, me mandaram uma notificação de óbito [...]”, a palavra em destaque
poderia ser substituída por “termo”, sem prejuízo sintático ou semântico.
d) Em “Voltava de tarde, e se ela comia eu não sei [...]”, a preposição em destaque poderia ser
omitida, sem causar prejuízo sintático ou semântico.
e) Em “Havia muito trabalho, da manhã à noite.”, a expressão em destaque poderia ser
substituída por “de manhã e à noite”, sem causar prejuízo sintático ou semântico.

COMENTÁRIOS
A – Estava na 7ª série, não necessariamente com 7 anos.

B- Na verdade, no momento em que se fala, todos já eram metarlúgicos, indicando não o início,
mas a continuidade desse labor.

C- A palavra “termo” significa “fim”, uma conclusão no tempo ou no espaço, não trazendo prejúizo
sintático ou semântico se fosse substituta da palavra “fim”.

D- Voltar de tarde é diferente de voltar tarde, pois a primeira pode indicar que voltava 16hrs, e
o último, que voltava às 23hrs.

E- De manhã à noite demonstra que o trabalho englobava manhã, tarde e noite. Entretanto, “de
manhã e à noite” excluem a parte da tarde.

Letra C

09 – INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judiciário - Área Administrativa

Assinale a alternativa em que a palavra em destaque NÃO pode ser substituída por aquela entre
parênteses sem que isso resulte em mudança de significado.

a) “E então veio um chamado: ‘Meninas e meninos, entrem no avião!’”. (chamamento)


b) “Só que meu pai era categoricamente contra.”. (inevitavelmente)
c) “Antes da guerra ainda tive tempo de me casar e ter uma filha.”. (conflagração)

55
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

d) “[...] os homens foram enviados para combater [...]”. (pugnar)


e) “Agora vivia junto com minha filha, passamos quase o tempo todo em acampamentos.”.
(bivaques)

COMENTÁRIOS
A – Chamamento = chamada.

B- Categoricamente = de forma clara, indiscutível. Inevitavelmente = que não pode ser evitado.
Assim, há diferenças, impedindo a substituição.

C- Conflagração = possui sentido figurado de “guerra”.

D- Pugnar = lutar, combater .

E- Bivaques = estacionamento provisório de tropas, a céu aberto (protegidas ou não por barracas
etc.) ou sob algum tipo de abrigo natural. Acampamento.

Letra B

10– INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Analista Judiciário - Área Judiciária

TEXTO III

[...] Saiu da casa da cartomante aos tropeços e parou no beco escurecido pelo crepúsculo —
crepúsculo que é hora de ninguém. Mas ela de olhos ofuscados como se o último final da tarde
fosse mancha de sangue e ouro quase negro. Tanta riqueza de atmosfera a recebeu e o primeiro
esgar da noite que, sim, sim, era funda e faustosa. Macabéa ficou um pouco aturdida sem saber se
atravessaria a rua pois sua vida já estava mudada. E mudada por palavras — desde Moisés se sabe
que a palavra é divina. Até para atravessar a rua ela já era outra pessoa. Uma pessoa grávida de
futuro. Sentia em si uma esperança tão violenta como jamais sentira tamanho desespero. Se ela
não era mais ela mesma, isso significava uma perda que valia por um ganho. Assim como havia
sentença de morte, a cartomante lhe decretara sentença de vida. Tudo de repente era muito e muito
e tão amplo que ela sentiu vontade de chorar. Mas não chorou: seus olhos faiscavam como o sol
que morria. Então ao dar o passo de descida da calçada para atravessar a rua, o Destino (explosão)
sussurrou veloz e guloso: é agora é já, chegou a minha vez! E enorme como um transatlântico o

56
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

Mercedes amarelo pegou-a — e neste mesmo instante em algum único lugar do mundo um cavalo
como resposta empinou-se em gargalhada de relincho.
Macabéa ao cair ainda teve tempo de ver, antes que o carro fugisse, que já começavam a ser
cumpridas as predições de madama Carlota, pois o carro era de alto luxo. Sua queda não era nada,
pensou ela, apenas um empurrão. Batera com a cabeça na quina da calçada e ficara caída, a cara
mansamente voltada para a sarjeta. E da cabeça um fio de sangue inesperadamente vermelho e
rico. O que queria dizer que apesar de tudo ela pertencia a uma resistente raça não teimosa que um
dia vai talvez reivindicar o direito ao grito. [...]
(Excerto adaptado e extraído da obra “A Hora da Estrela”. LISPECTOR, Clarice. 23ª edição. Rio de
Janeiro: Francisco Alves, 1995.)
Assinale a alternativa cuja substituição do elemento sublinhado pelo elemento entre parênteses
NÃO gera incorreção gramatical ou alteração de sentido no texto.

a) “[...] que um dia vai talvez reivindicar o direito [...]” (reivindicar-lhe).


b) “[...] isso significava uma perda que valia por um ganho.” (perca).
c) “[...] ela pertencia a uma resistente raça não teimosa que um dia vai talvez reivindicar o
direito ao grito.” (à qual).
d) “O que queria dizer que apesar de tudo ela pertencia a uma resistente raça [...]” (à).
e) “[...] E enorme como um transatlântico o Mercedes amarelo pegou-a [...]” (a atingiu).

COMENTÁRIOS
A – O correto seria “reinvidicá-lo”.

B- Perca – trata-se de uma forma verbal, uma flexão do verbo “perder”. Aparece na primeira e
terceira pessoas do singular do presente do subjuntivo e na 3ª pessoa do singular do imperativo.
Já a perda – é um substantivo que significa se privar (desapossar, excluir) de alguém ou de algo
que se tinha.

C- O erro está na crase.

D- O erro também está na crase, visto que esta não ocorre antes de artigo indefinido (um, uma,
uns, umas).

E- Gabarito da questão.

Letra E

57
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

11 – INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Analista Judiciário - Área Judiciária
De acordo com o texto III, assinale a alternativa correta.

a) Alguns elementos textuais que compõem a descrição da cena formam um campo semântico
voltado à melancolia e ao findar da vida, como o “crepúsculo”, o “final da tarde”, a “mancha de
sangue” e o “sol que morria”.
b) O uso de verbos no presente do subjuntivo dá o tom profético ao texto, que se constrói a
partir de uma situação hipotética, de um desejo da personagem. Um exemplo desse uso está em
“[...] Sentia em si uma esperança tão violenta como jamais sentira tamanho desespero.”.
c) O excerto “Batera com a cabeça na quina da calçada e ficara caída, a cara mansamente
voltada para a sarjeta.” delineia um tratamento humano dado à personagem, haja vista a
importância de suas relações sociais, tanto com a cartomante, quanto com o motorista do carro de
luxo.
d) Todos os travessões utilizados no excerto servem para inserir comentários do narrador de
tom explicativo, a fim de elucidar e amplificar as percepções do leitor diante da descrição da cena
narrada.
e) O seguinte excerto “[...] é agora é já, chegou a minha vez!” representa a fala de Macabéa ao
ver a Mercedes chegando em sua direção.

COMENTÁRIOS
A – Pelo Contexto, é possível entender que todos os elementos citados podem ser usados para
descrever situações melancólicas, tristes e dramáticas. A morte é uma situação melancólica,
triste e dramática.

B- Do contexto, não se extrai que estamos diante de uma situação hipotética. Apesar de
expressar um desejo, e uma situação futura e incerta, a personagem “Macabéa” acreditava que
aquilo iria acontecer, o que se extrai da frase citada na assertiva.

C- O erro está na crase.

D- nem todos os usos são de natureza explicativa. Alguns são interferentes, ou seja, comentários
alheios da própria autora.

E- A fala em questão não tem relação direta com a chegada da Mercedes.

58
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

Letra A

12 - INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça
Avaliador Federal

O Medo
Em verdade temos medo.
Nascemos no escuro.
As existências são poucas;
Carteiro, ditador, soldado.
Nosso destino, incompleto.
E fomos educados para o medo.
Cheiramos flores de medo.
Vestimos panos de medo.
De medo, vermelhos rios
Vadeamos.
Somos apenas uns homens e a natureza traiu-nos.
Há as árvores, as fábricas,
Doenças galopantes, fomes.
Refugiamo-nos no amor,
Este célebre sentimento,
E o amor faltou: chovia,
Ventava, fazia frio em São Paulo.
Fazia frio em São Paulo...
Nevava. [...]
(Poema extraído da obra “A Rosa do Povo”. ANDRADE, Carlos Drummond de. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1945)
A metonímia é uma figura de linguagem que consiste em usar uma palavra por outra com a qual se
relaciona. Essa troca se faz não porque as palavras são sinônimas, mas porque uma evoca a outra.

Assinale a alternativa que apresenta uma metonímia.

a) “Cheiramos flores de medo./ Vestimos panos de medo.”


b) “Ventava, fazia frio em São Paulo/ Fazia frio em São Paulo...”

59
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

c) “Nosso destino, incompleto./ E fomos educados para o medo.”


d) “Somos apenas uns homens e a natureza traiu-nos.”
e) “Em verdade temos medo.”

COMENTÁRIOS
A, B, C, D e E- Cheirar flores de medo e vestir panos de medo não são possíveis, mas relacionam-
se à cheiro (flores) e roupas (panos).

Letra A

13 – INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Analista Judiciário - Área Judiciária

O Aleph e o Hipopótamo I
Leandro Karnal

O tempo é uma grandeza física. Está por todos os lados e em todos os recônditos de nossas
vidas. Dizemos que temos tempo de sobra para algumas coisas ou, às vezes, que não temos tempo
para nada. Há dias em que o tempo não passa, anda devagar, como se os ponteiros do relógio
(alguém ainda usa modelo analógico?) parecessem pesados. Arrastam-se como se houvesse bolas
de ferro em suas engrenagens. Tal é o tempo da sala de espera para ser atendido no dentista ou
pelo gerente do banco, por exemplo.
Em compensação, há o tempo que corre, voa, falta. Em nosso mundo pautado pelo estresse, por
mais compromissos que a agenda comporta, a sensação de que a areia escorre mais rápido pela
ampulheta é familiar e amarga. O tempo escasseia e os mesmos exatos 60 minutos que a física diz
que uma hora contém viram uma fração ínfima do tempo de que precisamos.
Vivemos um presente fugidio. Mal falei, mal agi e o que acabei de fazer virou passado,
parafraseando o genial historiador Marc Bloch. Não é incomum querermos que o presente dure
mais, se estique, para que uma faísca de felicidade pudesse viver alguns momentos mais longos.
Se o presente é esse instante impossível de ser estendido, o passado parece um universo em
franca expansão. Quanto mais envelhecemos, como indivíduos e como espécie, mais passado
existe, mais parece que devemos nos lembrar, não nos esquecer. Criamos estantes com
memorabilia, pastas de computador lotadas de fotos, estocamos papéis e contas já pagas,
documentos. Criamos museus, parques, tombamos construções, fazemos estátuas e mostras sobre
o passado.

60
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

E o futuro? Como nos projetamos nesse tempo que ainda não existe… “Pode deixar que amanhã
eu entrego tudo o que falta”; “Semana que vem nos encontramos, está combinado”; “Apenas um
mês e… férias!”; “Daqui a um ano eu me preocupo com isso”. Um cotidiano voltado para um tempo
incerto, mas que arquitetamos como algo sólido. E tudo o que é sólido se desmancha no ar, não é
mesmo? Ah, se pudéssemos ao menos ver o tempo, senti-lo nas mãos, calculá-lo de fato! [...]
Saber sobre tudo que possa vir a ocorrer é um grande desejo. Ele anima as filas em videntes e
debates sobre as centúrias de Nostradamus. Infelizmente, pela sua natureza e deficiência, toda
profecia deve ser vaga. “Vejo uma viagem no seu futuro”, afirma a mística intérprete das cartas.
Jamais poderia ser: no dia 14 de março de 2023, às 17h12, você estará no Largo do Boticário, no
Rio de Janeiro, lendo o conto A Cartomante, de Machado de Assis. Claro que mesmo uma predição
detalhada seria problemática, pois, dela sabendo, eu poderia dispor as coisas de forma que
acontecessem como anunciado.
Entender o passado em toda a sua vastidão e complexidade, perceber o quanto ele ainda é
presente, é o sonho de todos os historiadores, desejo maior de todos os que lotam os consultórios
de psicólogos e psicanalistas. [...] Ao narrar o que vi e vivi, dependo da memória. Aquilo de que nos
lembramos ou nos esquecemos nem sempre depende de nossa vontade ou escolhas. Quando digo:
quero me esquecer disso ou daquilo, efetivamente estou me lembrando da situação. Alguns
eventos são tão traumáticos que, como esquadrinhou Freud um século atrás, são bloqueados pela
memória. Escamoteados pelo trauma, ficam ali condicionando nossas ações e não ações no
presente. [...]
(Adaptado de https://entrelacosdocoracao.com.br/2018/03/o-aleph -e-o-hipopotamo-i/ - Acesso
em 26/03/2018)
Assinale a alternativa correta.

a) Em “[...] no dia 14 de março de 2023, às 17h12, você estará no Largo do Boticário, no Rio
de Janeiro, lendo o conto A Cartomante, de Machado de Assis.”, é obrigatória a presença das
vírgulas porque os constituintes frasais estão ligados por processo de subordinação.
b) Em “[...] ‘Vejo uma viagem no seu futuro’ [...]”, o verbo “ver” apresenta a mesma regência e
transitividade que na frase “Aquele senhor não vê mais”.
c) Em “[...] Arrastam-se como se houvesse bolas de ferro em suas engrenagens.”, o verbo
“haver” poderia ser substituído por “existissem”, sem gerar prejuízo gramatical ao texto.
d) Com base nas relações de concatenação de ideias estabelecidas entre os elementos
textuais, depreende-se que a expressão “ele”, em “Ele anima as filas em videntes e debates sobre
as centúrias de Nostradamus.” (6º parágrafo), refere-se ao tempo.
e) O excerto “Ah, se pudéssemos ao menos ver o tempo, senti-lo nas mãos, calculá-lo de
fato!” poderia ser reescrito, sem prejudicar a correção gramatical ou mudar seu sentido, da

61
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

seguinte maneira: “Ah, se pudéssemos ao menos ver o tempo, lhe sentir nas mãos, calcular-lhe
de fato!”.

COMENTÁRIOS
A- as vírgulas são obrigatórias em virtude do advérbio de tempo, lugar e um aposto explicativo.

B- O primeiro “Ver” é verbo transitivo direto, pois significa vislumbrar e “Vê” na segunda frase é
Verbo intransitivo, não precisando de complemento, significando “enxergar”.

C- “Haver” no sentido de existir é impessoal, logo não concorda com os demais termos, já que é
Verbo Transitivo Direto, podendo sem problemas ser substituindo por "existissem".

D- Não se refere ao tempo, mas à expressão "um grande desejo".

E- Não se ínicia frase com pronome oblíquo átono, pois é um caso de ênclise proibida.

Letra C

14 - INSTITUTO AOCP - 2021 - ITEP - RN - Perito Criminal - Área Geral

Ética Profissional: o que é e qual a sua


importância

A ética profissional é um dos critérios mais valorizados no mercado de trabalho. Ter uma boa
conduta no ambiente de trabalho pode ser o passaporte para uma carreira de sucesso. Mas afinal,
o que define uma boa ética profissional e qual sua importância? Acompanhe!
A vida em sociedade, que preza e respeita o bem-estar do outro, requer alguns comportamentos
que estão associados à conduta ética de cada indivíduo. A ética profissional é composta pelos
padrões e valores da sociedade e do ambiente de trabalho que a pessoa convive.
No meio corporativo, a ética profissional traz maior produtividade e integração dos colaboradores
e, para o profissional, ela agrega credibilidade, confiança e respeito ao trabalho.
Contudo, há ainda muitas dúvidas acerca do que é ética, por isso, antes de falar sobre ética
profissional, é importante entender um pouco sobre o que é ética e qual é a diferença entre ética e
moral. Confira:

62
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

O que é ética?
A palavra Ética é derivada do grego e apresenta uma transliteração de duas grafias distintas, êthos
que significa “hábito”, “costumes” e ethos que significa “morada”, “abrigo protetor”.
Dessa raiz semântica, podemos definir ética como uma estrutura global, que representa a casa,
feita de paredes, vigas e alicerces que representam os costumes. Assim, se esses costumes se
perderem, a estrutura enfraquece e a casa é destruída.
Em uma visão mais abrangente e contemporânea, podemos definir ética como um conjunto de
valores e princípios que orientam o comportamento de um indivíduo dentro da sociedade. A ética
está relacionada ao caráter, uma conduta genuinamente humana e enraizada, que vêm de dentro
para fora.
Embora “ética” e “moral” sejam palavras usadas, muitas vezes, de maneira similar, ambas possuem
significados distintos. A moral é regida por leis, regras, padrões e normas que são adquiridos por
meio da educação, do âmbito social, familiar e cultural, ou seja, algo que vem de fora para dentro.
Para o filósofo alemão Hegel, a moral apresenta duas vertentes, a moral subjetiva associada ao
cumprimento de dever por vontade e a moral objetiva que é a obediência de leis e normas impostas
pelo meio.
No entanto, ética e moral caminham juntas, uma vez que a moral se submete a um valor ético.
Dessa forma, uma ética individual, quando enraizada na sociedade, passa a ter um valor social que
é instituído como uma lei moral.
A ética profissional é o conjunto de valores, normas e condutas que conduzem e conscientizam as
atitudes e o comportamento de um profissional na organização.
Além da experiência e autonomia em sua área de atuação, o profissional que apresenta uma
conduta ética conquista mais respeito, credibilidade, confiança e reconhecimento de seus
superiores e de seus colegas de trabalho.
A conduta ética também contribui para o andamento dos processos internos, aumento de
produtividade, realização de metas e a melhora dos relacionamentos interpessoais e do clima
organizacional.
Qu - ando profissionais prezam por valores e princípios éticos como gentileza, temperança, amizade
e paciência, existem bons relacionamentos, mais autonomia, satisfação, proatividade e inovação.
Para isso, é conveniente que se tenha um código de conduta ética, para orientar o comportamento
de seus colaboradores de acordo com as normas e postura da organização.
[...]
Cultivar a ética profissional no ambiente de trabalho traz benefícios e vantagens a todos, uma vez
que ela proporciona crescimento a todos os envolvidos.

63
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

Adaptado de: https://www.sbcoaching.com.br/etica-profissional-importancia/. Acesso em: 10 mai.


2021.

Assinale a alternativa em que todas as palavras apresentam a mesma regra de acentuação


gráfica.

a) Destruída – critério – obediência.


b) Contemporâneo – indivíduo – critério.
c) Destruída – princípio – indivíduo.
d) Âmbito – álbum – hábito.
e) Âmbito – código – nível.

COMENTÁRIOS
A, B, C, D e E- As palavras contidas na letra B são paroxítonas terminadas em ditongo.

Letra B

15 – INSTITUTO AOCP - 2021 - SANESUL - Advogado


Leia o texto apresentado a seguir:
Conheça a história do Cristo Redentor, da idealização à sua construção
Inaugurada em 12 de outubro de 1931, a estátua foi erguida com auxílio da população. Neste
"Quer Que Eu Desenhe?", conheça o passado de um dos maiores símbolos do país.
Bernardo França e Tiemi Osato
12 out. 2021
Há 90 anos, era inaugurada uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno. Em 12 de outubro de
1931, peregrinos do mundo inteiro se dirigiram para onde hoje é o Parque Nacional da Tijuca, no
Rio de Janeiro, e viram, pela primeira vez, o monumento do Cristo Redentor.
A estátua começou a ser idealizada em meados do século 19, quando o padre francês Pierre
Marie Boss exercia suas atividades em uma igreja com vista para o Monte Corcovado. A ideia de
erguer um monumento religioso foi resgatada em 1888 pela princesa Isabel.
Após a assinatura da Lei Áurea, abolicionistas sugeriram homenagear a princesa com uma
escultura no alto do Corcovado. Paroquiana do padre Boss e apelidada de “redentora”, ela negou
a proposta e sugeriu uma imagem do Sagrado Coração de Jesus, para ela o verdadeiro redentor.
Embora tenha sido promulgado um decreto para viabilizar o monumento, a proclamação da
República e a separação entre Igreja e Estado, em 1889, interromperam os planos. O projeto só

64
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

saiu do papel em 1921, com os preparativos para a comemoração do centenário da


Independência.
Com altura de um prédio de 13 andares, a maior parte da estátua foi construída no Brasil, no
estilo art déco. As 50 peças da face e as oito das mãos foram moldadas em Paris e vieram para cá
como um quebra-cabeça, com cada parte numerada para ser montada em solo brasileiro.
O Cristo é feito de concreto armado, revestido com pedra-sabão. Sua construção engajou a
população tanto na arrecadação de fundos quanto no processo de montagem dos mosaicos que o
constituem. E assim nasceu um dos maiores símbolos do país.
Disponível em: Acesso em: 19 out. 2021.
Considerando a Reforma Ortográfica de 2009, observa-se que a palavra “pedra-sabão”,
identificada no texto, apresenta hífen. Assinale a alternativa que também apresenta palavras nas
quais o hífen é utilizado corretamente.

a) Pé-de-meia, contra-regra e cor-de-rosa.


b) Cor-de-rosa, anti-inflacionário e anti-histórico.
c) Mais-que-perfeito, supra-estrutura e cor-derosa.
d) Auto-escola, cor-de-rosa e multi-horário.
e) Anti-histórico, mini-saia e água-de-colônia.

COMENTÁRIOS
A e C- Não se usa hífen em palavras terminadas em vogal.

B- Sobre cor-de-rosa: é uma locução, e a regra é que locuções não tenham hífen, porém, no caso
de cor-de-rosa, entende-se como locução consagrada, e por isso se mantém.

D- Prefixos terminados em vogal e segundo termo terminado em vogal diferente não se usa
hífen como no caso "autoescola".

E- Palavras compostas terminadas em vogal e segundo termo terminado em "R" ou "S" duplica
a consoante e junta as palavras. O certo seria “minissaia”.

Letra B

16 – INSTITUTO AOCP - 2021 - ITEP - RN - Perito Criminal - Computação


Sobre o texto acima, responda.

65
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

1. A ética profissional é composta pelos padrões e valores da sociedade e do ambiente de trabalho


que a pessoa convive.
2. A ética está relacionada ao caráter, uma conduta genuinamente humana e enraizada, que vêm
de dentro para fora.
Há, em cada um dos trechos anteriores, uma inadequação gramatical. Assinale a alternativa que,
respectivamente, designa essas inadequações.
a) Regência verbal; concordância verbal.
b) Regência verbal; concordância nominal.
c) Concordância nominal; concordância verbal.
d) Pontuação; ortografia.
e) Regência nominal; acentuação gráfica.

COMENTÁRIOS
A, B, C, D e E- Na 1, Há erro de regência verbal na passagem destacada. O verbo "conviver" pode
reger duas preposições, a depender do contexto, podendo-se "conviver em" ou "conviver com".

Na 2, Há erro de concordância verbal. O verbo "vêm", cujo sujeito é expresso e singular, deveria
estar flexionado em forma de terceira pessoa do singular "vem".

Letra A

17 – INSTITUTO AOCP - 2021 - MPE-RS - Técnico do Ministério Público

O texto a seguir refere-se à questão.

Oi, Chico!

Clarice Lispector

Oh, Chico Buarque, pois não é que recebi uma carta de uma cidade do Rio Grande do Sul, Santa
Maria, a respeito de você e de mim? É o seguinte: a moça me lê num jornal de Porto Alegre. E, muito
jovem, diz que sente grande afinidade comigo, que eu escrevo exatamente como ela sente. Mas
que sua maior afinidade comigo vem do fato de eu ter escrito sobre você, Chico. Diz: "Eu, como
você, tenho uma inclinação enorme por ele. Achava eu que esta inclinação (que é motivo de troça
de meus amigos) era um pouco de infantilismo meu, talvez uma regressão à infância, mas lendo

66
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

seus bilhetes descobri que não, que a razão é justamente conforme suas palavras: ser ele altamente
gostável e possuir candura. Você também tem candura, que se percebe ao ler uma só linha sua."
Ela, Chico, não entendeu que você não é meu ídolo; eu não tenho ídolos. Você para mim é um rapaz
de ouro, cheio de talento e bondade. Inclusive fico simplesmente feliz em ouvir quinhentas vezes
em seguida "A banda", e um dia desse dancei com um de meus filhos. Mas é só, meu caro amigo.
[...] Olhe, moça simpática, sua carta é um amor, e tenho certeza de que Chico ia gostar de você, é
impossível não. Pois se Chico tem candura, e você acha que também tenho, você, minha amiguinha,
é mil vezes mais cândida do que nós. Mando-lhe um beijo e tenho certeza de que Chico lhe manda
outro beijo ― não, não desmaie. [...]

(Texto publicado originalmente no Jornal do Brasil, de 23/03/1968 e, posteriormente, no livro


Todas as crônicas, de 2018.
Adaptado de: https://cronicabrasileira.org.br/cronicas/15396/oichico). Acesso em: 14 ma. 2021.)

Qual é a figura de linguagem presente nos excertos “Inclusive fico simplesmente feliz em ouvir
quinhentas vezes em seguida ‘A banda’ [...]” e “[...] você, minha amiguinha, é mil vezes mais
cândida do que nós.”?

a) Hipérbole.
b) Eufemismo.
c) Metáfora.
d) Pleonasmo.
e) Gradação.

COMENTÁRIOS
A, B, C, D e E- Há hipórbele, caracterizada pelo exagero ao dizer “ouvir 500x seguida” e “mil
vezes mais cândida”.

Letra A

18 – INSTITUTO AOCP - 2021 - Câmara de Teresina - PI - Analista de Informática

Como Criamos Significados Na Linguagem Cotidiana?


Lilian Ferrari

67
PRÉ-EDITAL AFT
LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

É comum, nos dias atuais, ouvirmos expressões como “maratonar um seriado”, “combater fake
news” ou “bloquear um contato no WhatsApp”. E embora não tenhamos nenhuma dificuldade em
produzir ou compreender essas expressões, nem sempre nos damos conta de que esses usos, como
tantos outros em nossa linguagem cotidiana, não são literais, mas sim metafóricos. Isso porque
tudo o que nos foi ensinado sobre metáforas faz com que pensemos que só é possível encontrá-
las em textos elaborados, produzidos por especialistas que têm uma habilidade especial no manejo
da linguagem, tais como escritores, poetas e afins.
A verdade, entretanto, é que as metáforas ocorrem na linguagem como reflexo do nosso
pensamento. Somos capazes de pensar metaforicamente e, por isso, também falamos
metaforicamente. E se é assim, faz sentido que não apenas os textos literários, mas também a nossa
linguagem cotidiana seja permeada de metáforas.
Mas como são esses processos de pensamento? Por que, afinal de contas, temos a habilidade de
pensar metaforicamente? A resposta é relativamente simples, e tem a ver com o fato de que temos
que lidar com ideias que não fazem parte de nossa experiência corporal mais direta. Se aquilo que
podemos ver, ouvir, provar, cheirar ou tocar é acessível à nossa compreensão, o mesmo não
acontece quando se trata de uma ideia abstrata como, por exemplo, o tempo. Embora tenhamos
que lidar com o tempo em nosso cotidiano – acordamos cedo para trabalhar, tomamos remédios
com hora marcada, etc. –, o tempo não é diretamente captável por nossos sentidos. Diferentemente
de casas, árvores, carros, livros e tudo o que faz parte de nossa experiência direta, o conceito de
tempo é abstrato. E, por isso, para pensarmos sobre o tempo fica mais fácil usar a estratégia de
“traduzi-lo” para algo mais familiar. Essa espécie de tradução é justamente a metáfora, que nos
permite tratar conceitos abstratos de forma mais concreta.
No caso do tempo, uma das possibilidades é pensar no tempo como se fosse espaço, e mais
especificamente, como se fosse um local. Nesse caso, assim como podemos falar que estamos em
um determinado lugar (ex. “Estamos na praça”), podemos nos referir a um período de tempo usando
a mesma ideia de local (ex. “Estamos na primavera”). [...]
Adaptado de: <http://www.roseta.org.br/pt/2020/05/29/comocriamos-significados-na-linguagem-
cotidiana>. Acesso em: 13 jul. 2020.
Em “[...] especialistas que têm uma habilidade especial [...]”, por que o verbo em destaque está
acentuado?

a) Porque se trata de uma palavra que possui apenas uma sílaba.


b) Porque é uma palavra tônica, diferente de “tem” em “ele tem estudado muito”, por
exemplo.
c) Porque a autora cometeu um erro de acentuação.

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d) Porque ele é pronunciado com o “e” fechado, diferente de “até”, por exemplo, que é
pronunciado com o “e” aberto.
e) Porque o termo “especialistas” está no plural.

COMENTÁRIOS
A, B, C, D e E- Trata-se de um acento diferencial. Ele é usado apenas para marcar a diferença das
formas no singular e no plural.

Letra E

20 – INSTITUTO AOCP - 2021 - Prefeitura de João Pessoa - PB


Plantas tóxicas: lindas e perigosas
O hábito de cultivar plantas em jardins dentro e fora de casa cresceu durante os meses de pandemia
de covid-19. As espécies escolhidas são as mais variadas, indo de flores a ervas aromáticas, de
plantas ornamentais a árvores frutíferas. Entretanto, além de tornarem os ambientes mais bonitos
e os pratos mais aromáticos, as plantas possuem características químicas que podem fazer com
que sejam tóxicas para pessoas e animais.
Segundo afirma a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Brasil, a cada dez casos de intoxicação por
plantas, seis ocorrem em crianças com menos de 10 anos de idade, mas as vítimas de
envenenamento por plantas não são apenas crianças. Animais domésticos, adultos e até mesmo
animais de fazenda podem ser expostos a esse tipo de acidente. Ou seja, a convivência com plantas
potencialmente tóxicas requer cuidados preventivos.
Conhecer quais são as espécies potencialmente venenosas deve ser o primeiro passo para
prevenção de intoxicações. Ainda segundo a Fiocruz, as campeãs de acidentes no Brasil são
comigo-ninguém-pode, bico-de-papagaio, espirradeira, taioba-brava, tinhorão, chapéu-de-
Napoleão, coroa-de-Cristo, saia-branca etc. Saber identificar essas plantas é essencial no caso de
um acidente. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Fiocruz possuem
informação sobre a identificação dessas plantas em seus sites.
Para a prevenção e para a resposta aos acidentes também é importante conhecer quais são as
reações causadas pelo contato com plantas venenosas. As respostas do organismo ao contato com
as substâncias venenosas são diversas e podem depender de fatores como a idade e tamanho do
paciente, questões de saúde (como a presença de alergias) e o tempo e via de exposição ao agente
tóxico.
Segundo o Centro de Intoxicações da Califórnia, as plantas tóxicas podem ser classificadas em
cinco graus de perigo:

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LÍNGUA PORTUGUESA – META 01

• Nível 1: pertencem ao nível 1 as plantas que causam apenas uma reação alérgica na pele,
(vermelhidão, coceira, bolhas etc.);
• Nível 2a: estão as espécies que, por meio do contato de sua seiva com as mucosas, incluindo a
boca, ocasionam dor e irritação. O quadro pode se agravar, com a presença de problemas
respiratórios;
• Nível 2b: engloba as plantas que possuem oxalato de cálcio em sua seiva. Elas são responsáveis
por causar reações tardias nos rins, náuseas, vômitos e diarreias (pertence a esse grupo, por
exemplo, a campeã de intoxicações comigo-ninguém-pode);
• Nível 3: nesse nível estão as espécies que, se ingeridas, causam reações moderadas, como
náusea, vômito e diarreia, mas não oferecem risco de vida;
• Nível 4: aquelas que podem levar à morte. Sua ingestão pode afetar os rins, o coração, o fígado e
o cérebro e requer atendimento médico imediato.
Em caso de acidentes com plantas, contate o centro de intoxicações mais próximo.
Texto adaptado de:<https://drauziovarella.uol.com.br/toxicologia/plantas-toxicas-linda-se-
perigosas/> . Acesso em: 03 nov. 2020.
Qual alternativa apresenta todas as palavras corretamente grafadas quanto à ortografia e à
acentuação gráfica?

a) Ciência; sindrome; botânica; antídoto; farmaco.


b) Sintomático; pessonha; infecção; fármaco; síndrome.
c) Peçonha; fármaco; orgânico; infecção; sintomático.
d) Botânica; infexão; sintomatico; antidoto; orgânico.
e) Organico; peçonha; botanica; ciência; sintomatico.

COMENTÁRIOS
A- Fármaco e síndrome possuem assento agudo.

B- Peçonha é com “ç”.

C- Todas com ortografia e acentuação correta.

D- Infecção é a grafia correta.

E- O certo seria orgânico, peçonha, botânica e ciência.

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Letra C

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