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Índice

ETEC e SENAI
LÍNGUA PORTUGUESA

Verbo......................................................................................................................................................................................01
Correlação Verbal.................................................................................................................................................................03
Concordância Verbal............................................................................................................................................................03
Colocação Pronominal..........................................................................................................................................................05
Interpretação e Compreensão Textual................................................................................................................................05
Emprego dos Porquês...........................................................................................................................................................07
Funções da Linguagem.........................................................................................................................................................08
Conjunção..............................................................................................................................................................................09
Crase.......................................................................................................................................................................................10

MATEMÁTICA

Conjuntos Numéricos...........................................................................................................................................................01
Conjunto dos Números Naturais – N..................................................................................................................................01
Conjunto dos Números Inteiros: Z......................................................................................................................................03
Conjunto dos Números Racionais: Q..................................................................................................................................04
Conjunto dos Números Irracionais- I.................................................................................................................................07
Conjunto dos Números Reais: R..........................................................................................................................................07
Equação de 1° Grau..............................................................................................................................................................07
Números e Grandezas Proporcionais..................................................................................................................................09
Razão e Proporção................................................................................................................................................................09
Divisão Proporcional.............................................................................................................................................................10
Medidas.................................................................................................................................................................................. 11
Unidade de Medida De Comprimento................................................................................................................................ 11
Unidade de Medida De Massa..............................................................................................................................................15
Unidade de Tempo.................................................................................................................................................................16
Porcentagem..........................................................................................................................................................................17
Juros Simples.........................................................................................................................................................................18
Perímetro e Área de Figuras Planas....................................................................................................................................19

INGLÊS

Técnica de Leitura De Texto De Língua Inglesa................................................................................................................01


Dicas Tipográficas.................................................................................................................................................................05
Substantivos...........................................................................................................................................................................06
Casos Possessivos com ‘S......................................................................................................................................................10
Artigos.................................................................................................................................................................................... 11
Numerais................................................................................................................................................................................13

Didatismo e Conhecimento
Índice
Pronomes................................................................................................................................................................................14
Verbos.....................................................................................................................................................................................16
Advérbios...............................................................................................................................................................................24
Preposições.............................................................................................................................................................................25

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Células....................................................................................................................................................................................01
Divisão Celular......................................................................................................................................................................06
Leis De Mendel......................................................................................................................................................................12
Célula, Tecido, Órgão, Aparelho E Sistema........................................................................................................................23
Fluxo De Energia - Cadeia e Teia Alimentar......................................................................................................................35
Ciclos Biogeoquímicos: Água, Oxigênio, Carbono e Nitrogênio.......................................................................................38
As Evidências da Evolução...................................................................................................................................................39
Métodos Contraceptivos.......................................................................................................................................................42

CIÊNCIAS QUÍMICA

Materiais e Suas Propriedades.............................................................................................................................................01


Estrutura Atômica e Classificação Periódica......................................................................................................................04
Ligação Química...................................................................................................................................................................09
Relações entre Massa e Quantidade de Matéria - Estequiometria...................................................................................12
Soluções..................................................................................................................................................................................17
Energia nas Transformações................................................................................................................................................20
Cinética Química e Equilíbrio Químico..............................................................................................................................24
Funções da Química Inorgânica..........................................................................................................................................30

CIÊNCIAS FÍSICA

Concepção Contemporânea de Ciência...............................................................................................................................01


Astronomia.............................................................................................................................................................................01
O Universo.............................................................................................................................................................................03
A Criação da Matéria e o Big Bang a Radioatividade e a Energia do Sol.......................................................................04
Sistema Solar.........................................................................................................................................................................05
Matéria...................................................................................................................................................................................15
Energia...................................................................................................................................................................................19
Combustíveis Fósseis: Petróleo, Carvão e Gás Natural.....................................................................................................25

GEOGRAFIA

O Planeta Terra – Algumas Informações............................................................................................................................01


Estrutura da Terra................................................................................................................................................................02
As Rochas...............................................................................................................................................................................03
Os Solos e o Relevo................................................................................................................................................................04
A Atmosfera, Tempo e Clima...............................................................................................................................................05
As Grandes Paisagens Naturais da Terra...........................................................................................................................05
Uma Breve Introdução sobre a Ciência Cartográfica........................................................................................................07
Conceitos Demográficos (População)..................................................................................................................................10

Didatismo e Conhecimento
Índice
Comércio Mundial, Divisão Internacional do Trabalho e Nova Ordem Mundial.......................................................... 11
“Ordens” Mundiais...............................................................................................................................................................12
Globalização..........................................................................................................................................................................13
Economia Mundial – Conceitos Diversos e Crises Atuais.................................................................................................13
Áreas de Tensão e Conflitos no Mundo Atual.....................................................................................................................14
Energia e Recursos Naturais................................................................................................................................................15
O Processo de Industrialização............................................................................................................................................16
A Agricultura: Conceitos e Impactos Ambientais..............................................................................................................16
Brasil: Aspectos Gerais.........................................................................................................................................................17
Relevo Brasileiro...................................................................................................................................................................19
Clima no Brasil......................................................................................................................................................................19
Vegetação no Brasil...............................................................................................................................................................21
Hidrografia Brasileira...........................................................................................................................................................22
População Brasileira.............................................................................................................................................................23
Algumas Informações Atuais sobre a Economia Brasileira..............................................................................................23
Espaço Agrário Brasileiro – Breve Histórico da Estrutura Fundiária............................................................................24

HISTÓRIA

História do Brasil..................................................................................................................................................................01
História Geral........................................................................................................................................................................08

EDUCAÇÃO FÍSICA

História...................................................................................................................................................................................01
Esporte...................................................................................................................................................................................02
Jogos.......................................................................................................................................................................................10
Dança......................................................................................................................................................................................16
Padrões de Beleza e suas Relações Culturais......................................................................................................................18

ARTE

A Arte Renascentista na Itália..............................................................................................................................................01


Renascimento – Cinquecento...............................................................................................................................................03
Arte Moderna Europeia: A Nova Cara da Arte.................................................................................................................10

PROVAS ANTERIORES

Dispostos no CD - ROM

Prova Vestibulinho Etec – 2º Semestre 2013......................................................................................................................01


Prova Vestibulinho Etec – 1º Semestre 2014......................................................................................................................01

Didatismo e Conhecimento
SAC

Atenção
SAC
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Didatismo e Conhecimento
LÍNGUA PORTUGUESA
LÍNGUA PORTUGUESA

Prof. Esp. Zenaide Branco VERBO


Especialista em Estudos Linguísticos e Ensino de Línguas
pela UNESP; Graduada em Letras pela FAI.
Modos Verbais
Olá, estudante! Nós, do Grupo Nova, preparamos este mate-
rial para ajudá-lo nos estudos para o Vestibulinho ETEC/SENAI. Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo
Quanto à disciplina de Língua Portuguesa, particularmente,
na expressão de um fato. Em Português, existem três modos:
abordaremos Interpretação (a maior parte das questões diz respei-
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade. Por exemplo:
to à interpretação textual), Conjugação Verbal (uso dos tempos e
modos verbais, correlação verbal, concordância), Colocação Pro- Eu sempre estudo.
nominal (ênclise, próclise e mesóclise), uso dos porquês, Função Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade. Por exem-
da Linguagem, Conjunção e Crase. plo: Talvez eu estude amanhã.
Geralmente a prova é temática: todas as disciplinas têm ques- Imperativo - indica uma ordem, um pedido. Por exemplo: Es-
tões referentes ao tema proposto pela Banca. Veja, como exemplos, tuda agora, menino.
as mensagens iniciais dos Vestibulinhos aplicados em 20/11/11 e
01/12/2013 – provas das quais retirei as questões abaixo. Os exer- Formas Nominais
cícios foram elaborados com base na proposta temática.
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que
2011: podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, advér-
bio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:
HORA DO INTERVALO - a) Infinitivo Impessoal: exprime a significação do verbo de
modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substanti-
Quando estamos à frente de um saboroso prato de comida, as vo. Por exemplo: Viver é lutar. (= vida é luta)
cores, os aromas, as texturas de frutas, verduras, legumes e carnes É indispensável combater a corrupção. (= combate )
nos despertam, antes de tudo, a vontade de degustar com prazer O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma
aquela refeição. Às vezes, em seguida, vem a incômoda preocupa-
simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
ção com o excesso de calorias e com o desejo de manter o corpo em
É preciso ler este livro.
forma, entretanto, depois dessas duas etapas, raramente pensamos
no trajeto que os alimentos percorrem até chegar à nossa mesa. Era preciso ter lido este livro.
Por esse motivo, a proposta deste Vestibulinho é levar você a
refletir sobre alguns desses caminhos como os métodos de produção - b) Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três
dos diversos alimentos, quem trabalha para que possamos consumi- pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não apresenta
-los, quais os importantes nutrientes que os alimentos contêm e sua desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais,
interferência em nosso organismo, que hábitos culturais estão liga- flexiona-se da seguinte maneira:
dos ao ato de fazer as refeições e, de toda essa discussão, um tema 2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu)
muito importante: o desperdício de comida enquanto há, infelizmen- 1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós)
te, pessoas que passam fome. 2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós)
Esperamos que, ao resolver as questões dessa prova, você per- 3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles)
ceba que, quando se trata de alimentação, existe muito mais para se Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma boa co-
descobrir e pensar a respeito de “dois hambúrgueres, alface, queijo, locação.
molho especial, cebola...”
- c) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou
2013: advérbio. Por exemplo:
Caro Candidato Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Neste Vestibulinho, nossa proposta é que você embarque em
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de adjetivo)
uma viagem pelo mundo do saber, “aventurando-se”, no tempo e no
espaço, para descobrir pessoas, lugares, ideias, fenômenos e eventos Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso; na
que transformaram ou vêm transformando a nossa trajetória neste forma composta, uma ação concluída. Por exemplo:
fascinante universo em que vivemos. Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
Boa viagem! Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.

- d) Particípio: quando não é empregado na formação dos


tempos compostos, o particípio indica geralmente o resultado de
uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau.
Por exemplo: Terminados os exames, os candidatos saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma
relação temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo
(adjetivo verbal). Por exemplo: Ela foi a aluna escolhida para re-
presentar a escola.

Didatismo e Conhecimento 1
LÍNGUA PORTUGUESA
Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos. Veja:

1. Tempos do Indicativo
- Presente - Expressa um fato atual. Por exemplo: Eu estudo neste colégio.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente terminado. Por
exemplo: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
- Pretérito Perfeito (simples) - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado. Por exemplo:
Ele estudou as lições ontem à noite.
- Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato que teve início no passado e que pode se prolongar até o momento atual. Por exem-
plo: Tenho estudado muito para os exames.
- Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado. Por exemplo: Ele já tinha estudado as lições
quando os amigos chegaram. (forma composta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram. (forma simples)
- Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual. Por exemplo:
Ele estudará as lições amanhã.
- Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato que deve ocorrer posteriormente a um momento atual, mas já terminado antes de
outro fato futuro. Por exemplo: Antes de bater o sinal, os alunos já terão terminado o teste.
- Futuro do Pretérito (simples) - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado. Por exemplo: Se
eu tivesse dinheiro, viajaria nas férias.
- Futuro do Pretérito (composto) - Enuncia um fato que poderia ter ocorrido posteriormente a um determinado fato passado. Por exem-
plo: Se eu tivesse ganho esse dinheiro, teria viajado nas férias.

2. Tempos do Subjuntivo
- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual. Por exemplo: É conveniente que estudes para o exame.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido. Por exemplo: Eu esperava que ele vencesse o jogo.
Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por exemplo: Se ele
viesse ao clube, participaria do campeonato.
- Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato totalmente terminado num momento passado. Por exemplo: Embora tenha estudado
bastante, não passou no teste.
- Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual. Por exemplo: Quando ele
vier à loja, levará as encomendas.
obs.: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à loja, levará as
encomendas.
- Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato posterior ao momento atual mas já terminado antes de outro fato futuro. Por exem-
plo: Quando ele tiver saído do hospital, nós o visitaremos.

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa do plural (vós)
eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo


Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

Didatismo e Conhecimento 2
LÍNGUA PORTUGUESA
Observações: presente do indicativo + pretérito perfeito composto do sub-
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (sin- juntivo:
gular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido ou con- Espero que ele tenha feito o dever.
selho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por
essa razão, utiliza-se você/vocês. pretérito imperfeito do indicativo + mais-que-perfeito com-
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), posto do subjuntivo:
sede (vós). Queria que ele tivesse feito o dever.

futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicativo:


Se você fizer o dever, eu ficarei feliz.
CORRELAÇÃO VERBAL pretérito imperfeito do subjuntivo + futuro do pretérito do in-
dicativo:
Se você fizesse o dever, eu leria suas respostas.

Damos o nome de correlação verbal à coerência que, em uma pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo + futuro
frase ou sequência de frases, deve haver entre as formas verbais do pretérito composto do indicativo:
utilizadas. Ou seja, é preciso que haja articulação temporal entre os Se você tivesse feito o dever, eu teria lido suas respostas.
verbos, que eles se correspondam, de maneira a expressar as ideias
com lógica. Tempos e modos verbais devem, portanto, combinar futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicativo:
entre si. Quando você fizer o dever, dormirei.

Vejamos este exemplo: futuro do subjuntivo + futuro do presente composto do indi-


cativo:
Seu eu dormisse durante as aulas, jamais aprenderia a lição. Quando você fizer o dever, já terei dormido.

No caso, o verbo dormir está no pretérito imperfeito do sub-


juntivo. Sabemos que o subjuntivo expressa dúvida, incerteza,
possibilidade, eventualidade. Assim, em que tempo o verbo apren-
der deve estar, de maneira a garantir que o período tenha lógica?
CONCORDÂNCIA VERBAL
Na frase, aprender é usado no futuro do pretérito (aprende-
ria), um tempo que expressa, dentre outras ideias, uma afirmação
condicionada (que depende de algo), quando esta se refere a fatos
que não se realizaram e que, provavelmente, não se realizarão. O Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos re-
período, portanto, está correto, já que a ideia transmitida por dor- ferindo à relação de dependência estabelecida entre um termo
misse é exatamente a de uma dúvida, a de uma possibilidade que e outro mediante um contexto oracional. Desta feita, os agentes
não temos certeza se ocorrerá. principais desse processo são representados pelo sujeito, que no
Para tornar mais clara a questão, vejamos o mesmo exemplo, caso funciona como subordinante; e o verbo, o qual desempenha a
mas sem correlação verbal: função de subordinado.
Se eu dormisse durante as aulas, jamais aprenderei a lição. Dessa forma, temos que a concordância verbal caracteriza-se
pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesitos “número e
Temos dormir no subjuntivo, novamente. Mas aprender está pessoa” em relação ao sujeito. Exemplificando, temos: O aluno
conjugado no futuro do presente, um tempo verbal que expressa, chegou atrasado.
dentre outras ideias, fatos certos ou prováveis. Temos que o verbo apresenta-se na terceira pessoa do singu-
Ora, nesse caso não podemos dizer que jamais aprenderemos lar, pois faz referência a um sujeito, assim também expresso (ele).
a lição, pois o ato de aprender está condicionado não a uma certe- Como poderíamos também dizer: os alunos chegaram atrasados.
za, mas apenas à hipótese (transmitida pelo pretérito imperfeito do Temos aí o que podemos chamar de princípio básico. Con-
subjuntivo) de dormir. tudo, a intenção a que se presta o artigo em evidência é eleger as
principais ocorrências voltadas para os casos de sujeito simples e
Correlações verbais corretas para os de sujeito composto. Dessa forma, vejamos:

A seguir, veja alguns casos em que os tempos verbais são con- Casos referentes a sujeito simples
cordantes:
presente do indicativo + presente do subjuntivo: 1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com o núcleo
Exijo que você faça o dever. em número e pessoa: O aluno chegou atrasado.

pretérito perfeito do indicativo + pretérito imperfeito do sub- 2) Nos casos referentes a sujeito representado por substantivo
juntivo: coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do singular:
Exigi que ele fizesse o dever. A multidão, apavorada, saiu aos gritos.

Didatismo e Conhecimento 3
LÍNGUA PORTUGUESA
Observação: 10) No caso de o sujeito aparecer representado por expressões
- No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto adnomi- que indicam porcentagens, o verbo concordará com o numeral ou
nal no plural, o verbo permanecerá no singular ou poderá ir para com o substantivo a que se refere essa porcentagem:
o plural: 50% dos funcionários aprovaram a decisão da diretoria.
Uma multidão de pessoas saiu aos gritos. 50% do eleitorado apoiou a decisão.
Uma multidão de pessoas saíram aos gritos. Observações:
- Caso o verbo aparecer anteposto à expressão de porcenta-
3) Quando o sujeito é representado por expressões partitivas, gem, esse deverá concordar com o numeral:
representadas por “a maioria de, a maior parte de, a metade de, Aprovaram a decisão da diretoria 50% dos funcionários.
uma porção de, entre outras”, o verbo tanto pode concordar com o - Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no singular:
núcleo dessas expressões quanto com o substantivo que a segue: 1% dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria.
A maioria dos alunos resolveu ficar. - Em casos em que o numeral estiver acompanhado de deter-
A maioria dos alunos resolveram ficar.
minantes no plural, o verbo permanecerá no plural:
Os 50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria.
4) No caso de o sujeito ser representado por expressões apro-
ximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo concor-
11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por pro-
da com o substantivo determinado por elas: Cerca de vinte candi-
nomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira
datos se inscreveram no concurso de piadas.
pessoa do singular ou do plural:
5) Em casos em que o sujeito é representado pela expressão Vossas Majestades gostaram das homenagens.
“mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais de um candi- Vossa Majestade agradeceu o convite.
dato se inscreveu no concurso de piadas.
Observação: 12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo pró-
- No caso da referida expressão aparecer repetida ou associada prio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos que os
a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo, necessariamente, determinam:
deverá permanecer no plural: - Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo ser,
Mais de um aluno, mais de um professor contribuíram na este permanece no singular, contanto que o predicativo também es-
campanha de doação de alimentos. teja no singular: Memórias póstumas de Brás Cubas é uma criação
Mais de um formando se abraçaram durante as solenidades de Machado de Assis.
de formatura. - Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também per-
manece no plural:
6) Quando o sujeito for composto da expressão “um dos que”, Os Estados Unidos são uma potência mundial.
o verbo permanecerá no plural: - Casos em que o artigo figura no singular ou em que ele nem
Esse jogador foi um dos que atuaram na Copa América. aparece, o verbo permanece no singular:
Estados Unidos é uma potência mundial.
7) Em casos relativos à concordância com locuções pronomi-
nais, representadas por “algum de nós, qual de vós, quais de vós, Casos referentes a sujeito composto
alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário nos atermos a duas
questões básicas: 1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas gramati-
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural, o cais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando relacionado
verbo poderá com ele concordar, como poderá também concordar a dois pressupostos básicos:
com o pronome pessoal: Alguns de nós o receberemos.
- Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as de-
Alguns de nós o receberão.
mais:
- Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso no
Eu, tu e ele faremos um lindo passeio.
singular, o verbo permanecerá, também, no singular:
- Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar na 2ª
Algum de nós o receberá.
ou na 3ª pessoa:
8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo pronome Tu e ele sois primos.
“quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do singular ou Tu e ele são primos.
poderá concordar com o antecedente desse pronome:
Fomos nós quem contou toda a verdade para ela. 2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer anteposto ao
Fomos nós quem contamos toda a verdade para ela. verbo, este permanecerá no plural:
O pai e seus dois filhos compareceram ao evento.
9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela palavra
“que”, o verbo deverá concordar com o termo que antecede essa 3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao verbo, este
palavra: poderá concordar com o núcleo mais próximo ou permanecer no
Nesta empresa somos nós que tomamos as decisões. plural: Compareceram ao evento o pai e seus dois filhos.
Em casa sou eu que decido tudo. Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos.

Didatismo e Conhecimento 4
LÍNGUA PORTUGUESA
4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com mais Ênclise
de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular:
Meu esposo e grande companheiro merece toda a felicidade A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta não
do mundo. aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos átonos. A ênclise
vai acontecer quando:
5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinônimas - O verbo estiver no imperativo afirmativo:
ou ordenado por elementos em gradação, o verbo poderá permane- Amem-se uns aos outros.
cer no singular ou ir para o plural: Sigam-me e não terão derrotas.
Minha vitória, minha conquista, minha premiação são frutos
de meu esforço. Minha vitória, minha conquista, minha premiação - O verbo iniciar a oração:
é fruto de meu esforço. Diga-lhe que está tudo bem.
Chamaram-me para ser sócio.

- O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da preposição


COLOCAÇÃO PRONOMINAL “a”:
Naquele instante os dois passaram a odiar-se.
Passaram a cumprimentar-se mutuamente.

A colocação pronominal é a posição que os pronomes pes- - O verbo estiver no gerúndio:


soais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de despreocupa-
se referem. da.
São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, as, lhe, Despediu-se, beijando-me a face.
lhes, nos e vos.
- Houver vírgula ou pausa antes do verbo:
O pronome oblíquo átono pode assumir três posições na ora-
Se passar no vestibular em outra cidade, mudo-me no mesmo
ção em relação ao verbo:
instante.
1. próclise: pronome antes do verbo
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas.
2. ênclise: pronome depois do verbo
3. mesóclise: pronome no meio do verbo
Mesóclise
Próclise
A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado no futu-
ro do presente ou no futuro do pretérito:
A próclise é aplicada antes do verbo quando temos: A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela se
- Palavras com sentido negativo: realizará)
Nada me faz querer sair dessa cama. Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma proposta
Não se trata de nenhuma novidade. a você)
- Advérbios:
Nesta casa se fala alemão.
Naquele dia me falaram que a professora não veio.
INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO
TEXTUAL
- Pronomes relativos:
A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje.
Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram.
É muito comum, entre os candidatos a um cargo público, a
- Pronomes indefinidos: preocupação com a interpretação de textos. Isso acontece porque
Quem me disse isso? lhes faltam informações específicas a respeito desta tarefa constan-
Todos se comoveram durante o discurso de despedida. te em provas relacionadas a concursos públicos.
Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no mo-
- Pronomes demonstrativos: mento de responder às questões relacionadas a textos.
Isso me deixa muito feliz!
Aquilo me incentivou a mudar de atitude! Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas
entre si, formando um todo significativo capaz de produzir intera-
- Preposição seguida de gerúndio: ção comunicativa (capacidade de codificar e decodificar ).
Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais
indicado à pesquisa escolar. Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em
cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com
- Conjunção subordinativa: a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estrutu-
Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram. ração do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o

Didatismo e Conhecimento 5
LÍNGUA PORTUGUESA
nome de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as frases é Erros de interpretação
tão grande que, se uma frase for retirada de seu contexto original
e analisada separadamente, poderá ter um significado diferente da- É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de er-
quele inicial. ros de interpretação. Os mais frequentes são:

Intertexto - comumente, os textos apresentam referências di- a) Extrapolação (viagem)


retas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo de Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias que não
recurso denomina-se intertexto. estão no texto, quer por conhecimento prévio do tema quer pela
imaginação.
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma inter-
pretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A b) Redução
partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um as-
as argumentações, ou explicações, que levem ao esclarecimento pecto, esquecendo que um texto é um conjunto de ideias, o que
das questões apresentadas na prova. pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema desen-
volvido.
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a:
c) Contradição
1. Identificar – é reconhecer os elementos fundamentais de Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato,
uma argumentação, de um processo, de uma época (neste caso, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, consequentemente, er-
procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo). rando a questão.
2. Comparar – é descobrir as relações de semelhança ou de
diferenças entre as situações do texto. Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor e a
3. Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado com uma ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de concurso,
o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e nada
realidade, opinando a respeito.
mais.
4. Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secundárias
em um só parágrafo.
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relacio-
5. Parafrasear – é reescrever o texto com outras palavras.
nam palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em outras
palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo,
Condições básicas para interpretar
uma conjunção (NEXOS), ou um pronome oblíquo átono, há uma
relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi dito.
Fazem-se necessários:
a) Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros literá-
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia-a-dia
rios, estrutura do texto), leitura e prática; e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome
b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu
e semântico; antecedente. Não se pode esquecer também de que os pronomes
Observação – na semântica (significado das palavras) in- relativos têm, cada um, valor semântico, por isso a necessidade de
cluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conotação, sino- adequação ao antecedente.
nímia e antonímia, polissemia, figuras de linguagem, entre outros. Os pronomes relativos são muito importantes na interpretação
c) Capacidade de observação e de síntese e de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sen-
d) Capacidade de raciocínio. do, deve-se levar em consideração que existe um pronome relativo
adequado a cada circunstância, a saber:
Interpretar X compreender
que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, mas de-
Interpretar significa pende das condições da frase.
- explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. qual (neutro) idem ao anterior.
- Através do texto, infere-se que... quem (pessoa)
- É possível deduzir que... cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois o objeto
- O autor permite concluir que... possuído.
- Qual é a intenção do autor ao afirmar que... como (modo)
onde (lugar)
Compreender significa quando (tempo)
- intelecção, entendimento, atenção ao que realmente está es- quanto (montante)
crito.
- o texto diz que... Exemplo:
- é sugerido pelo autor que... Falou tudo QUANTO queria (correto)
- de acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação... Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria apa-
- o narrador afirma... recer o demonstrativo O ).

Didatismo e Conhecimento 6
LÍNGUA PORTUGUESA
Dicas para melhorar a interpretação de textos
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura;
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo menos duas vezes;
- Inferir;
- Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor;
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor compreensão;
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão;
- O autor defende ideias e você deve percebê-las;

EMPREGO DOS PORQUÊS

POR QUE

A forma por que é a sequência de uma preposição (por) e um pronome interrogativo (que). Equivale a “por qual razão”, “por qual mo-
tivo”: Exemplos:
Desejo saber por que você voltou tão tarde para casa.
Por que você comprou este casaco?
Há casos em que por que representa a sequência preposição + pronome relativo, equivalendo a “pelo qual” (ou alguma de suas flexões
(pela qual, pelos quais, pelas quais). Exemplos:
Estes são os direitos por que estamos lutando.
O túnel por que passamos existe há muitos anos.

POR QUÊ

Caso surja no final de uma frase, imediatamente antes de um ponto (final, de interrogação, de exclamação) ou de reticências, a sequência
deve ser grafada por quê, pois, devido à posição na frase, o monossílabo “que” passa a ser tônico. Exemplos:
Estudei bastante ontem à noite. Sabe por quê?
Será deselegante se você perguntar novamente por quê!

PORQUE

A forma porque é uma conjunção, equivalendo a pois, já que, uma vez que, como. Costuma ser utilizado em respostas, para explicação
ou causa. Exemplos:
Vou ao supermercado porque não temos mais frutas.
Você veio até aqui porque não conseguiu telefonar?

PORQUÊ

A forma porquê representa um substantivo. Significa “causa”, “razão”, “motivo” e normalmente surge acompanhada de palavra deter-
minante (artigo, por exemplo). Exemplos:
Não consigo entender o porquê de sua ausência.
Existem muitos porquês para justificar esta atitude.
Você não vai à festa? Diga-me ao menos um porquê.

Veja abaixo o quadro-resumo:

Forma Emprego/Exemplos

Por que Em frases interrogativas (diretas e indiretas)


Em substituição à expressão “pelo qual” (e suas variações)
Por que ele chorou? (interrogativa direta)
Digam-me por que ele chorou. (interrogativa indireta)
Os bairros por que passamos eram sujos.(por que = pelos quais)

Didatismo e Conhecimento 7
LÍNGUA PORTUGUESA
Por quê No final de frases
Eles estão revoltados por quê?
Ele não veio não sei por quê.

Porque Em frases afirmativas e em respostas


Não fui à festa porque choveu.

Porquê Como substantivo


Todos sabem o porquê de seu medo.

FUNÇÕES DA LINGUAGEM

- Função referencial ou denotativa: transmite uma informação objetiva, expõe dados da realidade de modo objetivo, não faz comen-
tários, nem avaliação. Geralmente, o texto apresenta-se na terceira pessoa do singular ou plural, pois transmite impessoalidade. A linguagem
é denotativa, ou seja, não há possibilidades de outra interpretação além da que está exposta.
Em alguns textos é mais predominante essa função, como nos científicos, jornalísticos, técnicos, didáticos ou em correspondências
comerciais.

- Função emotiva ou expressiva: o objetivo do emissor é transmitir suas emoções e anseios. A realidade é transmitida sob o ponto de
vista do emissor, a mensagem é subjetiva e centrada no emitente e, portanto, apresenta-se na primeira pessoa. A pontuação (ponto de excla-
mação, interrogação e reticências) é uma característica da função emotiva, pois transmite a subjetividade da mensagem e reforça a entonação
emotiva. Essa função é comum em poemas ou narrativas de teor dramático ou romântico.

- Função conativa ou apelativa: O objetivo é de influenciar, convencer o receptor de alguma coisa por meio de uma ordem (uso de
vocativos), sugestão, convite ou apelo (daí o nome da função). Os verbos costumam estar no imperativo (Compre! Faça!) ou conjugados
na 2ª ou 3ª pessoa (Você não pode perder! Ele vai melhorar seu desempenho!). Esse tipo de função é muito comum em textos publicitários,
em discursos políticos ou de autoridade.

- Função metalinguística: Essa função refere-se à metalinguagem, que é quando o emissor explica um código usando o próprio código.
Quando um poema fala da própria ação de se fazer um poema, por exemplo:
“Pegue um jornal
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.”
Este trecho da poesia, intitulada “Para fazer um poema dadaísta” utiliza o código (poema) para explicar o próprio ato de fazer um
poema.

- Função fática: O objetivo dessa função é estabelecer uma relação com o emissor, um contato para verificar se a mensagem está sendo
transmitida ou para dilatar a conversa. Quando estamos em um diálogo, por exemplo, e dizemos ao nosso receptor “Está entendendo?”,
estamos utilizando este tipo de função; ou quando atendemos o celular e dizemos “Oi” ou “Alô”.

- Função poética: O objetivo do emissor é expressar seus sentimentos através de textos que podem ser enfatizados por meio das formas
das palavras, da sonoridade, do ritmo, além de elaborar novas possibilidades de combinações dos signos linguísticos. É presente em textos
literários, publicitários e em letras de música.
Por exemplo: negócio/ego/ócio/cio/0
Na poesia acima “Epitáfio para um banqueiro”, José de Paulo Paes faz uma combinação de palavras que passa a ideia do dia a dia de
um banqueiro, de acordo com o poeta.

Didatismo e Conhecimento 8
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- EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão.
CONJUNÇÃO Ex. É melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio
lá fora.
Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (antes
do verbo), porquanto.
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações ou
dois termos semelhantes de uma mesma oração. Por exemplo: Conjunções subordinativas
A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as amigui-
nhas. - CAUSAIS
Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, uma
vez que, como (= porque).
Deste exemplo podem ser retiradas três informações:
Ele não fez o trabalho porque não tem livro.
1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu as ami-
guinhas - COMPARATIVAS
Cada informação está estruturada em torno de um verbo: se- Principais conjunções comparativas: que, do que, tão...como,
gurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três orações: mais...do que, menos...do que.
1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e mostrou Ela fala mais que um papagaio.
3ª oração: quando viu as amiguinhas.
A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e a ter- - CONCESSIVAS
ceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”. As palavras Principais conjunções concessivas: embora, ainda que, mes-
“e” e “quando” ligam, portanto, orações. mo que, apesar de, se bem que.
Observe: Gosto de natação e de futebol. Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um fato
Nessa frase as expressões de natação, de futebol são partes inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”.
ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra “e” está ligando Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de estar
termos de uma mesma oração. cansada)
Apesar de ter chovido fui ao cinema.
Morfossintaxe da Conjunção
- CONFORMATIVAS
Principais conjunções conformativas: como, segundo, confor-
As conjunções, a exemplo das preposições, não exercem pro-
me, consoante
priamente uma função sintática: são conectivos.
Cada um colhe conforme semeia.
Classificação Expressam uma ideia de acordo, concordância, conformidade.
- Conjunções Coordenativas
- Conjunções Subordinativas - CONSECUTIVAS
Expressam uma ideia de consequência.
Conjunções coordenativas Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”, “tanto”,
“tão”, “tamanho”).
Dividem-se em: Falou tanto que ficou rouco.

- ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. - FINAIS


Ex. Gosto de cantar e de dançar. Expressam ideia de finalidade, objetivo.
Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas também, Todos trabalham para que possam sobreviver.
não só...como também. Principais conjunções finais: para que, a fim de que, porque
(=para que),
- ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de oposi-
ção, de compensação. - PROPORCIONAIS
Ex. Estudei, mas não entendi nada. Principais conjunções proporcionais: à medida que, quanto
mais, ao passo que, à proporção que.
Principais conjunções adversativas: mas, porém, contudo, to-
À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha.
davia, no entanto, entretanto.
- TEMPORAIS
- ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância. Principais conjunções temporais: quando, enquanto, logo que.
Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho. Quando eu sair, vou passar na locadora.
Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora, quer...
quer, já...já. Diferença entre orações causais e explicativas

- CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às orações. Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais (OSA)
Ex. Estudei muito, por isso mereço passar. e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos deparamos com a
Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois (de- dúvida de como distinguir uma oração causal de uma explicativa.
pois do verbo), portanto, por conseguinte, assim. Veja os exemplos:

Didatismo e Conhecimento 9
LÍNGUA PORTUGUESA
1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser atro- Casos em que a crase NÃO ocorre:
pelado”:
a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificativa ou 1-) diante de substantivos masculinos:
uma explicação do fato expresso na oração anterior. Andamos a cavalo.
b) As orações são coordenadas e, por isso, independentes uma Fomos a pé.
da outra. Neste caso, há uma pausa entre as orações que vêm mar- Passou a camisa a ferro.
cadas por vírgula. Fazer o exercício a lápis.
Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado. Compramos os móveis a prazo.
Outra dica é, quando a oração que antecede a OC (Oração
Coordenada) vier com verbo no modo imperativo, ela será expli-
2-) diante de verbos no infinitivo:
cativa.
A criança começou a falar.
Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo imperativo)
Ela não tem nada a dizer.
2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra cidade Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos exem-
porque não havia cemitério no local.” plos acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase.
a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordinada (parte
destacada) mostra a causa da ação expressa pelo verbo da oração 3-) diante da maioria dos pronomes e das expressões de trata-
principal. Outra forma de reconhecê-la é colocá-la no início do mento, com exceção das formas senhora, senhorita e dona:
período, introduzida pela conjunção como - o que não ocorre com Diga a ela que não estarei em casa amanhã.
a CS Explicativa. Entreguei a todos os documentos necessários.
Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar os Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem.
mortos em outra cidade. Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos.
b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente depen-
dentes uma da outra. Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes
podem ser identificados pelo método: troque a palavra feminina
por uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao,
ocorrerá crase. Por exemplo:
CRASE
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.)
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao se-
nhor.)
A palavra crase é de origem grega e significa “fusão”, “mistu- Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio
ra”. Na língua portuguesa, é o nome que se dá à “junção” de duas Cláudio para sair mais cedo.)
vogais idênticas. É de grande importância a crase da preposição
“a” com o artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial dos pronomes 4-) diante de numerais cardinais:
aquele(s), aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo a qual (as Chegou a duzentos o número de feridos.
quais). Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para indicar a Daqui a uma semana começa o campeonato.
crase. O uso apropriado do acento grave depende da compreensão
da fusão das duas vogais. É fundamental também, para o entendi- Casos em que a crase SEMPRE ocorre:
mento da crase, dominar a regência dos verbos e nomes que exi-
gem a preposição “a”. Aprender a usar a crase, portanto, consiste 1-) diante de palavras femininas:
em aprender a verificar a ocorrência simultânea de uma preposição Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega.
e um artigo ou pronome. Observe: Sempre vamos à praia no verão.
Vou a + a igreja. Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores.
Vou à igreja. Sou grata à população.
Fumar é prejudicial à saúde.
No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição “a”, Este aparelho é posterior à invenção do telefone.
exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do artigo
“a” que está determinando o substantivo feminino igreja. Quando
2-) diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de”
ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem, a união delas
é indicada pelo acento grave. Observe os outros exemplos: (mesmo que a expressão moda de fique subentendida):
Conheço a aluna. O jogador fez um gol à (moda de) Pelé.
Refiro-me à aluna. Usava sapatos à (moda de) Luís XV.
Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho.
No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.
algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não pode
ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto (refe- 3-) na indicação de horas:
rir--se a algo ou a alguém) e exige a preposição “a”. Portanto, a Acordei às sete horas da manhã.
crase é possível, desde que o termo seguinte seja feminino e ad- Elas chegaram às dez horas.
mita o artigo feminino “a” ou um dos pronomes já especificados. Foram dormir à meia-noite.

Didatismo e Conhecimento 10
LÍNGUA PORTUGUESA
4-) em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que participam palavras femininas. Por exemplo:
à tarde às ocultas às pressas à medida que
à noite às claras às escondidas à força
à vontade à beça à escuta às avessas
à revelia à exceção de à imitação de à esquerda
às vezes à direita à procura à deriva
à toa à luz à sombra de à frente de
às ordens à beira de à proporção que à semelhança de

Crase diante de Nomes de Lugar

Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que diante deles haverá
crase, desde que o termo regente exija a preposição “a”. Para saber se um nome de lugar admite ou não a anteposição do artigo feminino
“a”, deve-se substituir o termo regente por um verbo que peça a preposição “de” ou “em”. A ocorrência da contração “da” ou “na” prova que
esse nome de lugar aceita o artigo e, por isso, haverá crase. Por exemplo:
Vou à França. (Vim da [de+a] França. Estou na [em+a] França.)
Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto Alegre.)

*- Minha dica: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou A volto DE, crase PRA QUÊ?”
Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
Vou à praia. = Volto da praia.

- ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado, ocorrerá crase. Veja:


Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Irei à Salvador de Jorge Amado.

Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele (s), Aquela (s), Aquilo

Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo regente exigir a preposição “a”. Por exemplo:
Refiro-me a + aquele atentado.
Preposição Pronome
Refiro-me àquele atentado.

O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige preposição, portanto, ocorre
a crase. Observe este outro exemplo:
Aluguei aquela casa.

O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não exige preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja outros exemplos:
Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho.
Quero agradecer àqueles que me socorreram.
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.
Não obedecerei àquele sujeito.
Assisti àquele filme três vezes.
Espero aquele rapaz.
Fiz aquilo que você disse.
Comprei aquela caneta.

Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais

A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses pronomes exigir a pre-
posição “a”, haverá crase. É possível detectar a ocorrência da crase nesses casos utilizando a substituição do termo regido feminino por um
termo regido masculino. Por exemplo:
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade.
O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade.

Didatismo e Conhecimento 11
LÍNGUA PORTUGUESA
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a crase. 2-) diante de pronome possessivo feminino:
Veja outros exemplos: Observação: é facultativo o uso da crase diante de pronomes
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. possessivos femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe:
Esta foi a conclusão à qual ele chegou. Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperando por
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam res- você.
ponder nenhuma das questões. A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está esperando
A sessão à qual assisti estava vazia. por você.
Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de pronomes
possessivos femininos, então podemos escrever as frases abaixo das
Crase com o Pronome Demonstrativo “a”
seguintes formas:
Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.
A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo “a” tam-
Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.
bém pode ser detectada através da substituição do termo regente
feminino por um termo regido masculino. Veja: 3-) depois da preposição até:
Minha revolta é ligada à do meu país. Fui até a praia. ou Fui até à praia.
Meu luto é ligado ao do meu país. Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à porta.
As orações são semelhantes às de antes. A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A palestra vai
Os exemplos são semelhantes aos de antes. até às cinco horas da tarde.
Suas perguntas são superiores às dele.
Seus argumentos são superiores aos dele. ATIVIDADES
Sua blusa é idêntica à de minha colega.
Seu casaco é idêntico ao de minha colega. 1-) (Vestibulinho ETEC 2012) Juliana, seu namorado Ricardo
e mais alguns amigos do curso de gastronomia que ela frequenta
A Palavra Distância alugaram uma casa de praia para passar as férias de verão. Durante o
café da manhã, enquanto todos estavam sentados _________ mesa,
Se a palavra distância estiver especificada, determinada, a cra- Juliana percebeu que Ricardo não se servia dos diversos tipos de
se deve ocorrer. Por exemplo: Sua casa fica à distância de 100km queijo que ela havia levado.
─ Escolhi com muito capricho esses queijos, você não os expe-
daqui. (A palavra está determinada)
rimenta _________?
Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A pala-
─ _________, infelizmente, tenho intolerância à lactose, por-
vra está especificada.)
tanto devo evitar alguns alimentos.
─ Sorte sua não ser um apaixonado por gastronomia!
Se a palavra distância não estiver especificada, a crase não (http://office2007.microsoft.com Acesso em: 28.10.2011.)
pode ocorrer. Por exemplo:
Os militares ficaram a distância. Assinale a alternativa cujas palavras completam, correta e res-
Gostava de fotografar a distância. pectivamente, o texto a seguir.
Ensinou a distância. (A) à ... por quê ... Porque
Dizem que aquele médico cura a distância. (B) à ... por que ... Por que
Reconheci o menino a distância. (C) à ... porque ... Por que
(D) na ... por quê ... Porque
Observação: por motivo de clareza, para evitar ambiguidade, (E) na ... por que ... Porque
pode-se usar a crase. Veja:
Gostava de fotografar à distância. (Vestibulinho ETEC 2012) Considere o texto para responder às
Ensinou à distância. questões de números 02 a 05.
Dizem que aquele médico cura à distância.
A melhor e a pior comida do mundo
Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA
Há mais de dois mil anos, um rico mercador grego tinha um
escravo chamado Esopo. Um escravo corcunda, feio, mas de sabe-
1-) diante de nomes próprios femininos:
doria única no mundo. Certa vez, para provar as qualidades de seu
Observação: é facultativo o uso da crase diante de nomes pró- escravo, o mercador ordenou:
prios femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe: ─ Toma, Esopo, aqui está esta sacola de moedas. Corre ao mer-
Paula é muito bonita. Laura é minha amiga. cado, compra lá o que houver de melhor para um banquete. A me-
A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga. lhor comida do mundo!
Pouco tempo depois, Esopo voltou do mercado e colocou sobre
Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo femi- a mesa um prato coberto por fino pano de linho. O mercador levan-
nino diante de nomes próprios femininos, então podemos escrever tou o paninho e ficou surpreso.
as frases abaixo das seguintes formas: ─ Ah, língua? Nada como a boa língua que os pastores gregos
Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Roberto. sabem tão bem preparar. Mas por que escolheste exatamente a lín-
Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Roberto. gua como a melhor comida do mundo?

Didatismo e Conhecimento 12
LÍNGUA PORTUGUESA
O escravo, cabisbaixo, explicou sua escolha: Nestes dois momentos da narrativa, Esopo demonstrou ser,
─ O que há de melhor do que a língua, senhor? A língua é que respectivamente,
une a todos, quando falamos. Sem a língua não poderíamos nos (A) arrogante e vaidoso.
entender. A língua é a chave das Ciências, o órgão da verdade e (B) petulante e dissimulado.
da razão. Graças à língua é que se constroem as cidades, graças à (C) modesto e negligente.
língua podemos dizer o nosso amor. A língua é o órgão do carinho, (D) introvertido e temeroso.
da ternura, da compreensão. É a língua que torna eternos os versos (E) obediente e confiante.
dos grandes poetas, as ideias dos grandes escritores. Com a lín-
gua se ensina, se persuade, se instrui, se reza, se explica, se canta, 4-) (Vestibulinho ETEC 2012) Pela leitura da narrativa, pode-
se elogia, se demonstra, se afirma. Com a língua, dizemos “sim”. -se afirmar que o texto apresenta função
Com a língua dizemos “eu te amo”! O que pode haver de melhor (A) referencial, pois o texto pretende, prioritariamente, infor-
do que a língua, senhor? mar sobre as relações sociais praticadas na Grécia Antiga.
O mercador levantou-se entusiasmado: (B) apelativa, pois o texto critica, entrelinhas, a relação autori-
─ Muito bem, Esopo! Realmente tu me trouxeste o que há de tária e de opressão vivenciada entre senhores e escravos.
melhor. Com esta outra sacola de moedas, vai de novo ao mercado (C) metalinguística, pois as considerações de Esopo sobre as
e traze o que houver de pior, pois quero ver a tua sabedoria. palavras nos levam a refletir sobre o poder da linguagem.
Mais uma vez, tempos depois, Esopo voltou do mercado tra- (D) fática, pois o escravo, para explicar o seu ponto de vista,
zendo um prato coberto por um pano. O mercador recebeu-o com enumera vários exemplos de como podemos nos servir da lingua-
um sorriso. gem.
─ Hum... já sei o que há de melhor. Vejamos agora o que há (E) poética, pois o mercador emprega uma linguagem correta
de pior. e elaborada que comprova sua superioridade em relação ao escra-
O mercador descobriu o prato e ficou indignado: vo Esopo.
─ O quê?! Língua? Língua outra vez? Língua? Não disseste
que a língua era o que havia de melhor? Queres ser açoitado? 5-) (Vestibulinho ETEC 2012) Assinale a alternativa correta
sobre o texto.
Esopo encarou o mercador e respondeu:
(A) Em ─ O que há de melhor do que a língua, senhor? ─
─ A língua, senhor, é o que há de pior no mundo. É a fonte de
o termo em destaque evidencia que o mercador era um homem
todas as intrigas, o início de todos os processos, a mãe de todas as
idoso. (6º parágrafo)
discussões. É a língua que divide os povos. É a língua que usam os
(B) Em ─ A língua é a chave das Ciências... ─ está presente a
maus políticos quando querem enganar com suas falsas promessas.
figura de linguagem da metáfora. (6º parágrafo)
É a língua que usam os vigaristas quando querem trapacear. A lín-
(C) Em ─ Com a língua (...) se reza, se explica, se canta... ─
gua é o órgão da mentira, da discórdia, dos desentendimentos, das
o pronome em destaque é reflexivo. (6º parágrafo)
guerras, da exploração. É a língua que mente, que esconde, que (D) Em ─ O mercador levantou-se entusiasmado ─ o verbo
engana, que explora, que blasfema, que vende, que seduz, que cor- em destaque é de elocução e sua função é introduzir a fala das
rompe. Com a língua dizemos “não”. Com a língua dizemos “eu personagens. (7º parágrafo)
te odeio”! Aí está, senhor, porque a língua é a pior e a melhor de (E) Em ─ ... e traze o que houver de pior, pois quero ver a tua
todas as coisas! sabedoria. ─ a conjunção em destaque expressa a ideia de conces-
(http://www.bibliotecapedrobandeira.com.br/pdfs/contos/a_ são. (8º parágrafo)
melhor_e_a_pior_comida_do_mundo.pdf Acesso em: 05.08.2011.
Adaptado) (Vestibulinho ETEC – 2013) Para responder às questões de
números 06 a 09, leia o texto de Tatiana Belinki, autora que nasceu
2-) Assinale a afirmação correta sobre o texto. na Rússia e viveu até os 10 anos na cidade de Riga, na Letônia, de
(A) O mercador, confiante na inteligência de seu escravo, onde emigrou para o Brasil.
trata-o sempre com tolerância e admiração. Nesse texto, ela relembra sua chegada ao nosso país.
(B) Na descrição de Esopo estão ausentes características ne-
gativas, pois se ressalta a sabedoria do escravo grego. Musa paradisíaca
(C) A língua trazida do mercado por Esopo seria preparada
pelos pastores e servida no banquete organizado pelo mercador Hoje, na quitanda, vi duas donas de casa pondo as mãos na
para aquela data. cabeça: “Trinta e seis cruzeiros1 por uma dúzia de bananas! É o fim
(D) Para Esopo, a linguagem será um bom ou um mau instru- do mundo, onde já se viu uma coisa dessas!”
mento de comunicação em decorrência das intenções do indivíduo E a conversa continuava nesse tom. Mas eu fui e paguei pra-
que a utiliza. zerosamente o preço de um cacho dourado. Tudo está pela hora da
(E) Para o escravo, a linguagem é contraditória, pois, quando morte, concordo. Mas banana não! Acho que nunca a banana será
empregada pelos que não dominam a norma culta, gera discórdia, cara demais para mim, e eu conto por quê.
desentendimentos e mentiras. Para mim, a banana é bem mais que aquela fruta amarela, per-
fumada, de polpa alva, macia e saborosa, que se apresenta numa
3-) (Vestibulinho ETEC 2012) Considere os dois trechos do abundância nababesca em cachos e pencas. O aspecto, o sabor, o
texto: perfume da banana estão indissoluvelmente associados com minha
O escravo, cabisbaixo, explicou sua escolha. (5º parágrafo) infância longínqua na terra nórdica de onde eu vim, nas praias do
Esopo encarou o mercador e respondeu. (13º parágrafo) Mar Báltico.

Didatismo e Conhecimento 13
LÍNGUA PORTUGUESA
Naquele tempo, naquele lugar, uma banana era uma novidade 8-) No 3º parágrafo, ao se referir à mais brasileira das fru-
e uma raridade. Numa certa época do ano, ela aparecia na cidade, tas, a escritora faz uma
em algumas casas muito finas, solitária e formosa, exposta na vi- (A) descrição impessoal, que extrapola o conceito habitual
trina. Solitária, sim – uma de cada vez. E uma banana custava uma que se tem da banana.
quantia fabulosa, porque meu pai comprava mesmo uma só, e a
(B) descrição subjetiva da fruta, consequência de recorda-
trazia para casa onde ela era admirada e namorada durante ho-
ções significativas para a narradora.
ras, para depois ser solenemente descascada e repartida em partes
milimetricamente iguais entre nós crianças, que a saboreávamos (C) narração impessoal, que confere à banana característi-
lentamente, conservando o bocadinho de polpa suave na boca o cas que lhe são inerentes.
mais possível, com pena de engoli-lo. (D) narração subjetiva, em que a apreensão dos aspectos da
Imaginem, pois, o meu espanto maravilhado ao desembarcar fruta está desvinculada dos órgãos dos sentidos.
do navio no porto de Santos e dar de cara com todo um carrega- (E) dissertação expositiva, em que analisa a infância nos
mento de bananas, cachos e mais cachos enormes, num exagero de países nórdicos em oposição à infância nos Trópicos.
abundância que só em contos de fadas!
Naquele dia, me empachei de bananas até quase estourar. Foi 9-) Leia as frases reescritas a partir do texto e assinale a
aos dez anos de idade, a minha primeira grande impressão gastro-
alternativa em que o verbo em destaque está corretamente em-
nômica do Trópico de Capricórnio – e nunca mais me refiz dela.
Até hoje sou fiel ao meu primeiro amor brasileiro – a banana. pregado de acordo com a gramática normativa.
Se eu fosse poeta, como Pablo Neruda, por exemplo, que es- (A) A escritora relata que se mantêm fiel ao seu primeiro
creveu Ode2 à cebola, eu escreveria uma Ode à banana. amor brasileiro.
E não estou sozinha neste meu entusiasmo pela mais brasileira (B) As porções de banana era saboreadas prazerosamente
das frutas, porque se eu não tivesse razão, os cientistas, que não pelas crianças.
são as pessoas mais sentimentais do mundo, não a teriam batizado (C) Em Riga, havia mercearias finas que exibiam bananas
com o nome poético de Musa paradisíaca. e outras frutas na vitrina.
(BELINKI, Tatiana. Olhos de ver. São Paulo: Moderna, (D) Necessitavam-se de trinta e seis cruzeiros para se com-
1996. Adaptado)
prar uma dúzia de bananas.
1 cruzeiro: moeda utilizada no Brasil à época em que a crôni- (E) Estavam visível, nas docas do porto de Santos, um
ca foi escrita enorme carregamento de bananas.
2 ode: poema de exaltação, de elogio
10-) (adaptada) Imagine que, após se hospedarem em uma
6-) Pelas informações presentes no texto, é correto afirmar que pousada no Pantanal, pai e filho vencedores do concurso rece-
(A) o pai, quando levava aquela única banana para casa, ime- bem as seguintes orientações:
diatamente a descascava e a dividia entre os filhos para que eles
pudessem saborear aquela iguaria.
(B) a autora compreendeu as reclamações das mulheres que
estavam na quitanda e por isso pagou contrariada pelo cacho de
bananas que havia escolhido.
(C) a banana era novidade e raridade em Riga, cidade onde
morava a escritora, porque o Brasil não exportava essa fruta para
outros países.
(D) o primeiro contato com o Brasil está associado, para a
escritora, à fartura com que ela pôde degustar as bananas que tanto
apreciava.
(E) os pesquisadores optaram por uma nomenclatura inusitada -De acordo com a gramática normativa, o texto deve ser
para a banana porque são indivíduos racionais e pragmáticos.
preenchido, respectivamente, por
7-) Para justificar que não é a única pessoa a ter enorme apreço (A) estejam ... meia ... levá-los.
pelas bananas, a autora (B) estejam ... meio ... levá-los.
(A) faz alusão aos cientistas que escolheram um nome poético (C) estejam ... meio ... levar-lhes.
para essa fruta. (D) estejem ... meia ... levá-los.
(B) relembra a infância sofrida e cheia de privações vivida nas (E) estejem ... meio ... levar-lhes.
praias do Báltico.
(C) propõe-se a escrever uma ode à banana, baseando-se no
poema de Pablo Neruda. GABARITO
(D) compara a fruta a joias valiosas, pois ambas são expostas
em vitrinas de lojas famosas.
(E) discorda do comentário das donas de casa e afirma que o
1 A 2- D 3- E 4- C 5- B
preço dos alimentos é razoável. 6- D 7- A 8- B 9- C 10- A

Didatismo e Conhecimento 14
LÍNGUA PORTUGUESA
COMENTÁRIOS 7-) (A)
E não estou sozinha neste meu entusiasmo pela mais brasi-
1-) (A) leira das frutas, porque se eu não tivesse razão, os cientistas(...)
Juliana, seu namorado Ricardo e mais alguns amigos do cur-
so de gastronomia que ela frequenta alugaram uma casa de praia 8-) (B)
para passar as férias de verão. Durante o café da manhã, enquanto O aspecto, o sabor, o perfume da banana estão indissoluvel-
todos estavam sentados ____À_____ mesa, Juliana percebeu que mente associados com minha infância longínqua na terra nórdica
Ricardo não se servia dos diversos tipos de queijo que ela havia de onde eu vim(...)
levado.
─ Escolhi com muito capricho esses queijos, você não os ex- 9-) (C)
perimenta __POR QUÊ_______? A) A escritora relata que se mantém fiel ao seu primeiro amor
─ ___PORQUE_____, infelizmente, tenho intolerância à lac- brasileiro.
tose, portanto devo evitar alguns alimentos. (B) As porções de banana eram saboreadas prazerosamente
─ Sorte sua não ser um apaixonado por gastronomia! pelas crianças.
(D) Necessitava-se de trinta e seis cruzeiros para se comprar
- Sentar-se NA mesa significaria sobre a mesa, o que não é o uma dúzia de bananas.
que fazemos! (E) Estava visível, nas docas do porto de Santos, um enorme
- use minha dica: quando o “que” ficar próximo ao ponto de carregamento de bananas.
interrogação, proteja a “cabeça” dele com o acento circunflexo!
Seja com o “por quê” ou “o quê”. 10-) (A)
Você fez isso? Por quê? Por favor, estejam ... meio-dia e meia (hora) ... para levá-los...
Você fez o quê? - Não existe “estejem”, “sejem”.
- em explicações, usa-se o “porque” junto e sem acentuação. - às dez e meia (DEZ HORAS + MEIA HORA), às onze e
meia, meia-noite e meia, meio-dia e meiA.
2-) (D) - levar é verbo transitivo direto = levar quem? Levar “eles”,
Utilizando a própria fala de Esopo, ao final do texto: “Aí está, levá-los. “Lhes” é utilizado para objetos indiretos.
senhor, porque a língua é a pior e a melhor de todas as coisas!”

3-) (E)
O escravo, cabisbaixo, explicou sua escolha.
Esopo encarou o mercador e respondeu.
Cabisbaixo – em sinal de respeito, obediência ao patrão
Encarou – sabia o porquê de suas escolhas

4-) (C)
Metalinguagem é o ato de dar uma explicação, seja ela qual
for. Esta é a função metalinguística da linguagem - usar a lingua-
gem para explicitar algo.

5-) (B)
(A) Em ─ O que há de melhor do que a língua, senhor? ─
vocativo
(C) Em ─ Com a língua (...) se reza, se explica, se canta... ─
o pronome em destaque é apassivador
(D) A elocução diz respeito ao modo de expressão, à forma de
enunciação. Assim, os verbos de elocução são aqueles que intro-
duzem ou anunciam a fala. São exemplos falar, perguntar, afirmar,
responder, indagar, replicar, argumentar, pedir, implorar, comen-
tar, exclamar. Usam-se num texto para apresentar o discurso di-
reto.)
(E) Em ─ ... e traze o que houver de pior, pois quero ver a tua
sabedoria. ─ a conjunção em destaque expressa a ideia de expli-
cação.

6-) (D)
Imaginem, pois, o meu espanto maravilhado ao desembarcar
do navio no porto de Santos e dar de cara com todo um carrega-
mento de bananas, cachos e mais cachos enormes, num exagero de
abundância que só em contos de fadas!

Didatismo e Conhecimento 15
MATEMÁTICA
MATEMÁTICA

Prof. Sonia Maria Pontelli Tamoyo ∗


N = {1, 2, 3, 4, 5...

Graduada em Matemática; Complementação Pedagógica; Na sucessão de números naturais, dois ou mais números que
Atividade no Estado e Escolas particulares por 25 anos se seguem são chamados consecutivos. Ex: 7 , 8 e 9 são números
naturais consecutivos.
Todo número natural tem um antecessor, com exceção do
zero, que é o menor número natural. Todo número natural tem um
CONJUNTOS NUMÉRICOS sucessor. Ex : O sucessor de 8 é 9; o antecessor de 19 é 18.

O conjunto formado por 0, 2, 4, 6, 8, 10, 12... é chamada con-


A descoberta do número não aconteceu de repente, nem foi junto dos números naturais pares. O conjunto formado por 1, 3,
uma única pessoa a responsável por essa façanha. O número surgiu 5, 7, 9, 11, ...é chamada conjunto dos números naturais ímpares
da necessidade que as pessoas tinham de contar objetos e coisa.
Nos primeiros tempos da humanidade, para contar eram usados Operações fundamentais com números naturais
os dedos, pedras, os nós de uma corda, marcas num osso... Com o
passar do tempo, este sistema foi se aperfeiçoando até dar origem Adição
ao número.
A primeira operação fundamental na Matemática é a adição.
Temos os seguintes conjuntos numéricos: Esta operação nada mais é que o ato de adicionar algo. É reunir
- Conjunto dos números Naturais (N) todos os valores ou totalidades de algo.
- Conjunto dos números Inteiros (Z)
- Conjunto dos números Racionais (Q) A adição é chamada de operação. A soma dos números chama-
- Conjunto dos números Irracionais ( I ) mos de resultado da operação.
- Conjunto dos números Reais (R)
Ex: 10 + 5 = 15

10 e 5 são as parcelas; 15 é a soma ou resultado da operação de


adição. A operação realizada acima denomina-se, então, ADIÇÃO.

A adição de dois ou mais números é indicada pelo sinal +.

Subtração

A subtração é o ato ou efeito de subtrair algo. É diminuir al-


guma coisa. O resultado desta operação de subtração denomina-se
diferença ou resto.
Ex : 9 – 5 = 4
Essa igualdade tem como resultado a subtração.
Os números 9 e 5 são os termos da diferença 9-5. Ao número
9 da-se o nome de minuendo e 5 é o subtraendo.

Multiplicação

É a ação de multiplicar. Denomina-se a operação matemática,


CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS – N que consiste em repetir um número, chamado multiplicando, tantas
vezes quantas são as unidades de outro, chamado multiplicador,
para achar um terceiro número que representa o produto dos dois.
Definindo ainda, multiplicação é a adição de parcelas iguais,
São todos os números inteiros positivos, incluindo o zero. É onde o produto é o resultado da operação multiplicação; e os fato-
representado pela letra maiúscula N. res são os números que participam da operação.

N = {0,1,2,3,4,5,6,7,8,9,10, …} 5 . 8 = 40 onde 5 e 8 são os fatores e 40 é o produto .

O zero corresponde à ausência de unidades. A sucessão dos Divisão


números naturais começa pelo zero e cada número é obtido acres-
centando-se uma unidade ao anterior. Não existe o maior número É o ato de dividir ou fragmentar algo. É a operação na
natural, ou seja, a sucessão dos números naturais é infinita. Se matemática em que se procura achar quantas vezes um número
excluirmos o zero teremos um novo conjunto: o conjunto dos nú- contém em outro ou mesmo pode ser definido como parte de um

meros naturais não nulos, que se indica por N . todo que se dividiu.

Didatismo e Conhecimento 1
MATEMÁTICA
À divisão dá o nome de operação e o resultado é chamado de 2º ) Potência de potência.
Quociente. (22)3 = 22 . 22 . 22 = 22+2+2= 26 = 64
(22)4 = 22 . 22 . 22 . 22 = 22+2+2+2= 28 = 256
1) A divisão exata
Veja: 8 : 4 é igual a 2, onde 8 é o dividendo, 2 é o quociente, Para escrever a potência elevada a outro expoente, conserva-
4 é o divisor, 0 é o resto -se a base e multiplicam-se os expoentes.
A prova do resultado é: 2 x 4 + 0 = 8
2) A divisão não-exata 3º ) Divisão de potências de mesma base
Observe este exemplo: 9 : 4 é igual a resultado 2, com resto 128 : 126 = 128 – 6 = 122 
1, onde 9 é dividendo, 4 é o divisor, 2 é o quociente e 1 é o resto. 5 3
2 : 2 =2 = 2
5−3 2
A prova do resultado é: 2 x 4 + 1 = 9
  Para escrever o quociente de potências de mesma base, con-
Potenciação servamos a base e subtraímos os expoentes.
É uma multiplicação de fatores iguais
Observação: Quociente significa o resultado de uma divisão.
Ex 1:
Radiciação

Observe os termos da radiciação:

Base=2
Expoente = 4 Onde :
Potência = 16 [Resultado da operação]
Lê-se: Dois elevado à quarta potência. n = representa o termo da radiciação chamado Radical. É o
Ex 2: índice.
53 = 5.5.5= 125 (3 fatores iguais) X = representa o termo da radiciação chamado de radicando.
Base=5  
Expoente = 3 Temos que radiciação de números naturais é a operação inver-
Potência = 125 [Resultado da operação] sa da potenciação. Observe abaixo : 
Lê-se: Cinco elevado à terceira potência.

Potências especiais: Em termos mais precisos, dado um número natural a denomi-


− 5 3elevado
− 5 2 − 10número é sempre igual a 1 nado radicando e dado um número natural n denominado índice
1. : = a .qualquer
O número um = = da raiz, é possível determinar outro número b, denominado raiz
Ex: 1 =41 2 4 3 12 enésima de a, representada pelo símbolo  , tal que b elevado
2. Zero elevado a qualquer número é sempre igual a zero.
a n seja igual a a.
Ex: 0 6 = 0
3. Qualquer número (diferente de zero) elevado a zero é
sempre igual a 1.
Ex: 5 0 = 1 Este é o símbolo de raiz ou sinal de raiz ou simplesmente
4. Potências de base 10 é igual a 1 seguido de tantos zeros radical.
quanto estiver indicando no expoente. Ex: 25 2
= 5 porque 5 =5.5=25
4
Ex: 10 = 10000 ( 4 zeros pois o expoente é 4)
5. Qualquer número elevado a 1 é igual a ele mesmo.
3
27 3
= 3 porque 3 = 3.3.3=27
Ex: 8 1 = 8
5
32 5
= 2 porque 2 = 2.2.2.2.2=32
Propriedades da potenciação
Expressões numéricas
1º ) Multiplicação de potências de mesma base.
Ex: 3 5.32.33 = 310 Para resolver uma expressão numérica efetuamos as opera-
2 4 .2 .2 3.2 2.2 = 21 ções obedecendo a seguinte ordem:
1º) Potenciação e radiciação na ordem em que aparecem
Para escrever o produto de potências de mesma base, conser- 2º) Multiplicação e divisão na ordem em que aparecem
vamos a base e somamos os expoentes 3º) Adição e subtração na ordem em que aparecem.

Didatismo e Conhecimento 2
MATEMÁTICA
Há expressões em que aparecem os sinais de associação que 3. N é o dividendo e d é o divisor
devem ser eliminados na seguinte ordem: Numa divisão temos a propriedade: dividendo = divisor . quo-
1º) ( ) parênteses ciente + resto
2º) [ ] colchetes N = d . 8 + 1 (1)
3º) { } chaves N – d = 85
N = 85 + d (2)
Ex: Resolver a expressão: Pelo método da comparação igualamos (1) e (2)
[(5² - 6.2²).3 + (13 – 7)² : 3] : 5 = d.8 + 1 = 85 + d
= [(25 – 6.4).3 + 6² : 3] : 5 = 8d – d = 85 – 1
=[(25 – 24).3 + 36 : 3 ] : 5 = 7d = 84
= [1.3 + 12] : 5 = D = 84/7
= [3 + 12 ] : 5 = D = 12
= 15 : 5 = 3 Substituindo o valor de d em (2)
= 15 : 5 = 3 N = 85 + 12
N = 97
Problemas Resp : Alternativa E

1. Um carro faz 11 quilômetros com um litro de combustível.


A distancia entre a cidade A e a cidade B é de 691 quilômetros.
Quantos litros de
combustível são necessários para esse carro ir e voltar e CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS: Z
circular mais 103
quilômetros?
a) 135 litros de combustível É o conjunto formado pelos números inteiros positivos, zero
b) 155 litros de combustível
e números inteiros negativos. O conjunto Z é uma ampliação do
c) 62,5 litros de combustível
conjunto N.
d) 270 litros de combustível
e) 153 litros de combustível
Z= {...-3,-2,-1,0,1,2,3...
2. Calcule o valor da expressão numérica: 75 – (21 – 8 + 18)
Números opostos ou simétricos
-19 + 4
Em seguida, assinale a alternativa CORRETA.
São números com o mesmo valor absoluto e sinais contrários.
a) 18
b) 29
c) 32 Ex: +4 e -4 são números opostos ou simétricos.
d) 44
e) 50
Adição e subtração de números inteiros
3. Na divisão de n por d, o quociente é igual a 8 e o resto é
igual a 1. Se n - d = 85, então n é igual a Para juntar números com sinais iguais, adicionamos os valo-
a) 107. res absolutos e conservamos o sinal
b) 104. Quando os números tem sinais diferentes, subtraímos os va-
c) 102 lores absolutos e conservamos o sinal do maior.
d) 98.
e) 97 Ex: +5+7 = +12
-5 -7 = -12
Respostas +5 –7 = -2
-5 +7 = +2
1. 691+691+103=1485
1485 : 11 = 135 litros Multiplicação e divisão de números inteiros
Resp: Alternativa A
Para multiplicar ou dividir números inteiros efetuamos a ope-
2. 75 – (21 – 8 + 18) -19 + 4 ração indicada e usamos a regra de sinais abaixo:
75 – (13+ 18) -19 + 4
75 – 31 – 19 + 4 + + = + Sinais iguais, resultado positivo
79 – 50 - - = +
29 + - = - Sinais diferentes, resultado negativo
Alternativa B - + = -

Didatismo e Conhecimento 3
MATEMÁTICA
Ex: (+4) . (+5) = +20 (+30) : (+6 ) = +5 Exercícios
(-3) . (-6 ) = +18 (- 20) : (-5 ) = +4
(+8) . (-3 ) = -24 (+18) : (-3 ) = -6 1. calcule as operações indicadas:
(-6 ) . (+5 ) = -30 ( - 15) : (+5) = -3 a) (+8) + (-6) – (-3) – (-2)
Resolução
Potenciação e radiciação de números inteiros +8 -6 +3 +2 = +13 - 6 = +7

Potenciação é uma multiplicação de fatores iguais. b) -(-3) . (-5) + (-4)


3
Ex: 2 = 2.2.2=8 Resolução
+3. (-5)-4 = -15 – 4 = -19
2 é a base, 3 é o expoente e 8 é a potência
Estamos trabalhando com números inteiros, portanto pode c) (+55) : (-5) + (-5) . ( -2)
aparecer base negativa e positiva. Resolução
-11+(+10) = -11+10 = -1
2
Ex: (+3) = (+3) . (+3) = +9
3
(+2 ) = (+2) . (+2) . (+2) = +8 2. Quais são os números inteiros entre -2 e 1 incluindo esses
2
(-2 ) = (-2 ) . (-2 ) = +4 dois?
3
(-2 ) = (-2 ) . (-2 ) . (-2) = -8 Resolução
-2,-1,0,1
Se a base é positiva o resultado é sempre positivo.
Se a base é negativa e o expoente é par o resultado é positivo[. 3. Calcule as potências e resolva as operações:
1 5 379 2
Se a base é negativa e o expoente é impar o resultado é ne- (-5) - [(-2) :4-7] + (-1) . (-5)
gativo Resolução
-5-[-32:4-7]+(-1).(+25)
Importante: Todo número elevado a zero é sempre igual a 1 -5-[-8-7]+(-25)
Raiz quadrada de um número quadrado perfeito é um número -5-[-15]-25
positivo cujo quadrado é igual ao número dado. -5+15-25
Ex: 25 =5 , pois 5 2 =25 +10-25
OBS: -15
1. Para multiplicar 3 ou mais números inteiros, multiplicamos
os valores absolutos e todos os números e contamos os sinais ne-
gativos. Se o números de negativos for impar e resultado terá sinal CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS: Q
negativo , se for par o resultado será positivo.
Ex: (-3).(-5).(+2).(-1) = -30 → 3 negativos(impar), resul-
tado negativo.
(-2).(-3).(+6).(-1).( -2) = +72 → 4 negativos(par), re- Os números racionais é um conjunto que engloba os números
sultado positivo. inteiros (Z), números decimais finitos (por exemplo, 743,8432)
2. Para eliminar parênteses usamos a mesma regra de sinais e os números decimais infinitos  periódicos  (que repete uma
da multiplicação e da divisão. sequência de algarismos da parte decimal infinitamente), como
Ex: -(+4) = -4 “12,050505…”, são também  conhecidas  como  dízimas periódi-
-(-5) = +5 cas.
Os racionais são representados pela letra Q.
Expressões Numéricas em Z a
Todo número racional pode ser escrito na forma b , com a
Para resolver uma expressão numérica devemos obedecer a ∈ Z,b ∈ Z e b ≠ 0 Um mesmo número racional pode ser
seguinte ordem: representado por diferentes frações, todas equivalentes entre si.
1º) Resolver as potenciações e radiciações na ordem em que
aparecem
2º) Resolver as multiplicações e divisões na ordem em que Ex: 1 = 2 = 3 = − 1 = − 2 = ...
elas aparecem 2 4 6 −2 −4
3º) Resolver as adições e subtrações na ordem em elas apa-
recem Um número racional pode ser representado por um número
decimal exato ou periódico.
Há expressões em que aparecem os sinais de associação que
devem ser eliminados na seguinte ordem: 1
= 0,5 −3 1
1º) ( ) parênteses Ex: 2
= −0,7575 = 0,333... (dízima periódica)
4 3
2º) [ ] colchetes
3º) { } chaves Todos os números inteiros pertencem aos racionais.

Didatismo e Conhecimento 4
MATEMÁTICA
Adição e subtração com números fracionários Adição e subtração com decimais

Para adicionar ou subtrair números racionais na forma de fra- Na adição ou subtração com decimais devemos escrever as
ção devemos observar os seus denominadores. Se os denomina- parcela colocando vírgula embaixo de vírgula, e resolver a ope-
dores são iguais, efetuamos as operações e conservamos o mesmo ração.
denominador. Se os denominadores são diferentes, reduzimos ao Ex: 4,879 + 13,14 → Parcelas 
mesmo denominador usando o mmc e depois procedemos como 13 , 140 → Acrescentamos o zero para completar casas
no caso anterior. decimais.
−1 8 7 +4 , 879
+ =
Ex: 1. 3 3 3 18 , 019 → Soma total

2. ( o mmc entre 5 e 4 é 20) Multiplicação e divisão com decimais

Na multiplicação de números decimais, multiplicamos os nú-


Multiplicação e divisão com números fracionários meros sem considerar a vírgula e colocamos a vírgula no resultado
contando as casas decimais dos dois fatores
Para multiplicar números racionais na forma de fração, deve- Ex: 2,35 x 4,3 = 10,105 (no resultado temos 3 casas decimais
mos multiplicar os numeradores , multiplicar os denominadores , pois são 2 casas no fator 2,35 e uma casa no fator 4,3)
usar a regra de sinais quando necessário e quando possível fazer a
simplificação. Na divisão igualamos as casas decimais, cortamos as vírgulas
e resolvemos a divisão .
Ex: = (nesse caso o resultado é uma fração irre- Ex: 1,4 : 0,05
dutível, pois não pode ser simplificada) Igualamos as casas decimais 1,40 : 0,05
7 5 2 1 Cortamos as vírgulas 140:5
− =
4 4 4=
2 (nesse caso o resultado foi simplificado dividindo Resolvemos a divisão 140:5 = 28
o numerador e o denominador por 2)
Potenciação e radiciação com decimais
Para dividir números racionais na forma de fração, devemos
multiplicar a primeira fração pelo inverso da segunda, usando Para elevar um número decimal a um expoente dado, procede-
também a regra de sinais e a simplificação do resultado quando mos como a potência com número inteiro, respeitando a regra de
possível. sinais da multiplicação .
Lembrar que potenciação é uma multiplicação de fatores
iguais.
3
Ex: Ex: (3,2) = (3,2) . (3,2) . (3,2) = 32,768

Para calcular a raiz quadrada de um número decimal podemos


Potenciação e radiciação com números fracionários transforma-lo em uma fração e depois calcular.

Resolver uma potenciação de fração é calcular a potência do Ex:


numerador e do denominador de acordo com o expoente .

Ex: Expressões Numéricas em Q

(elevamos o numerador -3 e o denominador 7 ao expoente Para resolver uma expressão numérica devemos obedecer a
2, lembrando que número negativo elevado a expoente par dá z seguinte ordem:
resultado positivo) 1º) Resolver as potenciações e radiciações na ordem em que
Extrair a raiz quadrada de uma fração é encontrar a raiz do aparecem
numerador e do denominador. 2º) Resolver as multiplicações e divisões na ordem em que
elas aparecem
3º) Resolver as adições e subtrações na ordem em elas apa-
Ex: recem

Há expressões em que aparecem os sinais de associação que


Números decimais devem ser eliminados na seguinte ordem:
1º) ( ) parênteses
Os números decimais exatos e as dízimas periódicas também 2º) [ ] colchetes
pertencem ao conjunto Q . 3º) { } chaves

Didatismo e Conhecimento 5
MATEMÁTICA
Problemas Respostas

1.Calcule o valor de cada expressão a seguir: 2 2


5  −1
2 2 1. a)   −  
a)  5  −  − 1  3  6 
3  6 
 25   1 
 − 
 9   36 
3 2
b) (-0,6) + (-1,5) 25 1

9 36
2 3 100 − 1
 − 3  −8  1   − 3
c)   . −  :  36
 2   27   2   16 
99
3 3 36
d) (1,1) .2-(-0,2) +3
11
2. Uma garota, caminhando rapidamente, desenvolveu uma 4
velocidade de aproximadamente 5,2 km/h. Nessas condições, se
caminhar 18,72 quilômetros, ela demorará quantos horas? 3
b) (-0,6) + (-1,5)
2

- 0,216 + 2,25
3. O número racional
2,034
X = (-0,62) : (-3,1) . (-1,2) + 0,4 – 2
Está compreendido entre dois números inteiros a e b conse- 2 3
cutivos. Determine os números a e b  − 3  −8  1   − 3
c)   . −  : 
 2   27   2   16 
4. Encontre o valor dos radicais:
9  −8 1  − 3
. − : 
4  27   8   16 
a) 81
121 − 72  1   − 16 
−  . 
225 108  8   3 
b) -
196 − 72 16
+
108 24
5. Encontre o valor das expressões:
− 144 144
+
216 216
 − 2  −5 1
a)  : . − 2
 3   6 5 =0
3 3
d)(1,1) .2-(-0,2) +3
1  − 3    − 7  1,331 . 2 – ( -0,008) + 3
b)
 3 . 4  − 2. 6  1,331.2+0,008+3
    
2,662+0,008+3
5,67
6. A cidade de Peixoto de Azevedo tem aproximadamente 2. 18,72 : 5,2 = 3,6
19.224 habitantes. Resp: 3,6 horas ou 3 horas e 36 minutos
Se um terço da população é composta de jovens, pode-se
dizer que: 3. x = (-0,62) : (-3,1) . (-1,2) + 0,4 – 2
a.) o número de jovens é superior a 7.000 X = 0,2 . (-1,2) + 0,4 – 2
b.) o número de jovens é igual a 648 X= -0,24 + 0,4 – 2
c.) o número de jovens está entre 6.000 e 7000 X= -2,24 + 0,4
d ) o número de jovens é inferior a 5.000 X= -1,84 é um n° que está entre -1 e -2
e.) o número de jovens é igual a 6.480 x = -1,84 os números a e b são -2 e -1

Didatismo e Conhecimento 6
MATEMÁTICA
9
4. a)
11 CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS: R
− 15
b)
14
O conjunto dos números reais contém os números racionais
5. a)  − 2  :  − 5 . 1 . − 2 (naturais, inteiros e fracionários) e os números irracionais e é re-
 3   6 5 presentado pela letra R.
OBS: Quando relacionamos elementos e conjuntos usamos os
 − 2 −6 1
 . . − 2 símbolos ∈ (pertence) ou ∉ (não pertence) e quando relaciona-
 3  5  5 mos conjunto com conjunto usamos os símbolos ⊂ (está contido)
ou ⊄ (não está contido).
12
−2
75 Ex: 2 ∈ Z
12 − 150
-2 ∉ N
75 N ⊂ Z
− 138 I ⊄ Q
75
− 46
25
EQUAÇÃO DE 1° GRAU
1  − 3    − 7 
.  − 2. 
b)  3  4   6 
− 3 −7 As equações do primeiro grau são sentenças abertas que po-
 12 − 2. 6  dem ser representadas sob a forma de ax + b = 0, em que a e b
 − 3 − 24   − 7  são números reais , com a ≠ 0 e x é a variável. Numa equação do
 12 . 6  1º grau a expressão que está situado a esquerda do sinal de igual
 
é o 1º membro da equação e a expressão que está à direita é o 2º
 − 27   − 7  membro da equação. O elemento desconhecido de uma equação é
 12 . 6 
 chamado de incógnita ou variável.
189
simplificando por 9 Ex: x + 5 = 18
72
x + 5 é o 1º membro
21
18 é o 2º membro
8 x é a variável ou incógnita

6. 1/3 de 19224 Para resolver uma equação do 1º grau isolamos no 1º mem-


1/3. 19224 = 6408 bro os termos que apresentam variável e no 2º membro os termos
Alternativa C
que não apresentam variável. Podemos mudar os termos de um
membro para outro quando necessário, porém usando a operação
inversa, ou seja, o que está multiplicando passa dividindo e o que
CONJUNTO DOS NÚMEROS IRRACIONAIS- I está dividindo passa multiplicando. O que está somando passa sub-
traindo e o que está subtraindo passa somando.

É formado pelos números decimais infinitos não-periódicos. Ex: 2x + 8 = 20


Um bom exemplo de número irracional é o número π (resultado 2x = 20 – 8 ( o nº 8 passou subtraindo porque estava so-
da divisão do perímetro de uma circunferência pelo seu diâmetro), mando)
que vale 3,14159265 …. Atualmente, supercomputadores já con- 2x = 12
seguiram calcular bilhões de casas decimais para o π . Também x = 12 ( o nº 2 que estava multiplicando passou dividindo)
2
são irracionais todas as raízes não exatas, como a raiz quadrada x = 6 ( 6 é o resultado, ou seja, a raiz da equação)
de 2 .
As equações de 1º grau podem apresentar parênteses ou fra-
Ex: 0,234156578... ções que devem ser trabalhadas usando conteúdos necessários em
2 = 1,4142135... cada caso até encontrar o resultado da variável. Ex: Resolva a
π = 3,14159265... equação:

Didatismo e Conhecimento 7
MATEMÁTICA
Sistema de equações do 1º grau com duas variáveis

Um sistema de equações é chamado sistema de equações do 1º


grau com duas variáveis quando todas as equações que formam o
sistema são do 1º grau e possuem as mesmas variáveis. A solução
de um sistema de equações do 1ºgrau com duas variáveis x e y
é o par ordenado ( x, y) que satisfaz, simultaneamente, ambas as
equações.
Vamos estudar dois métodos de resolução de um sistema:
método da adição e método da substituição. O método da substitui-
ção estabelece “extrair” o valor de uma variável e substituir esse
valor na outra equação. O método da adição consiste apenas em
somar os termos das equações fornecidas eliminando uma variável
. Devemos escolher o método de resolução que mais se adequar ao
exercício que estamos resolvendo.
Ex: Resolver o sistema:

Equação sem solução

Às vezes, uma equação não tem solução para um certo univer-


so de números. Nesse caso, dizemos que ela é impossível ou que
a solução é vazia.
Ex: resolver a equação. É possível resolver este sistema usando qualquer um dos mé-
todos.

Método da substituição:

Na equação 1 isolamos o x
x = 20 – y e substituímos na equação2
3 (20 – y) + 4 y = 72
Não existe nenhum número que multiplicado por 0 resulte em 60 – 3y + 4y = 72
2. S= φ (conj vazio) y = 12 x = 20 – y ⇒ x = 8 , logo S = ( 8, 12)

Equação com infinitas soluções


Método da adição:
Há casos em que todos os números do universo considerado
são raízes da equação. Dizemos que ela tem infinitas soluções. Multiplicamos a primeira equação por -3 para poder eliminar
Ex: resolver a equação uma variável que será o x

Como qualquer número multiplicado por zero é igual a zero, a


equação tem infinitas soluções

Didatismo e Conhecimento 8
MATEMÁTICA
Adicionando as duas equações:
NÚMEROS E GRANDEZAS PROPORCIONAIS
y = 12 agora substituímos o valor de y em uma das equações
para encontrar o valor de x

x + y = 20 ⇒ x + 12 = 20 ⇒ x = 20 – 12 ⇒ x=8 , Podemos definir grandeza como tudo aquilo que pode ser me-
logo S = ( 8, 12) dido. O número de pessoas em um elevador, o seu peso e a sua
altura são exemplos de grandezas.
Problemas Medir é comparar duas grandezas, utilizando uma delas como
modelo ou padrão. Uma costureira, por exemplo, para obter as
1. Dois quintos do meu salário são reservados para o aluguel e
medidas de uma pessoa utiliza uma fita métrica, que lhe permi-
a metade é gasta com a alimentação, restando ainda R$ 45,00 para
gastos diversos. Qual é o meu salário? te comparar as medidas da pessoa com as da fita métrica, que se
baseia no metro como unidade de medida. Ela então irá desenhar
2. Comprei 7,5 kg de um produto e recebi um troco de R$ um molde e o irá utilizar como padrão para o corte do tecido. As
1,25. Caso eu tivesse comprado 6 kg, o troco teria sido de R$ 5,00. medidas deste molde serão então uma grandeza que será utilizada
Quanto dei de dinheiro para pagar a mercadoria? para fazer a roupa nas mesmas proporções da pessoa.

Respostas

1. Vamos representar o meu salário com a letra x


RAZÃO E PROPORÇÃO
2 2
Aluguel: do salário = x
5 1 5 x
Alimentação: do salário =
2 2
Gastos diversos: 45 Razão entre dois números não nulos a e b é o quociente entre
a
esses dois números. Em uma razão do tipo , o primeiro termo ,
aluguel + alimentação + gastos diversos é igual ao salário b
o a, é o antecedente , e o segundo termo, o b, é chamado conse-
2x x + 45 = x quente.
+
5 2
4 x + 5 x + 450 10 x Ex: Numa pesquisa indica que no Rio de Janeiro há 12 gatos
= para cada 10 ratos.
10 10
9x + 450 = 10x
9x – 10 x = -450 12
Indica-se: onde 12 é o antecedente e 10 é o consequente.
-x = -450 (-1) 10
X = 450
Os termos a e d são os extremos e b e c são os meios.
Resp: Meu salario é 450 reais
Escala: Uma das aplicações da razão entre duas grandezas se
2. Comprar 7,5 kg e receber 1,25 de troco é o mesmo que
comprar 6 kg e receber 5,00 de troco, por isso vamos igualar for- encontra na escala de redução ou escala de ampliação, conhecidas
mando uma equação de 1° grau. Vamos representar por x o valor simplesmente como escala. Chamamos de escala de um desenho
do kg à razão entre o comprimento considerado no desenho e o com-
7,5 . x + 1,25 = 6 . x + 5 primento real correspondente, ambos medidos na mesma unidade.
7,5 x - 6x = 5 - 1,25
1,5 x = 3,75 escala = comprimento no desenho / comprimento real
x = 3,75/1,5
x = 2,50 ( preço por kg) Usamos escala quando queremos representar um esboço gráfi-
co de objetos como móveis, plantas de uma casa ou de uma
Para saber quanto dei de dinheiro, vamos substituir 2,50 no cidade, fachadas de prédios, mapas, maquetes, etc.
lugar do x na equação. Podemos escolher o 1° termo ou o 2° que o
resultado será o mesmo. Proporção é uma igualdade entre duas razões.
vou escolher o 2° membro
6.x + 5  a c
A proporção = é lida como “a está para b assim como
6. 2,50 + 5 =15 + 5 = 20 c está para d” b d
Resp: 20 reais

Didatismo e Conhecimento 9
MATEMÁTICA
Propriedades das proporções a b c 180
Resolução: 10 = 12 = 14 = 36 = 5
1ª propriedade (propriedade fundamental):
a
= 5 ⇒ a = 50
Em uma proporção o produto dos meios é igual ao produto 10
dos extremos.
b
= 5 ⇒ b = 60
Ex: 8 = 2 ⇒ 8 . 3 = 2 . 12 12
12 3
c
= 5 ⇒ c = 70
14
2ª propriedade: Em toda proporção, a soma ou diferença
dos dois primeiros termos está para o primeiro(ou para o segun- Resposta: Os ângulos medem 50º , 60º e 70º
do) termo, assim como a soma ou diferença dos dois últimos está
para o terceiro(ou para o quarto) termo.

DIVISÃO PROPORCIONAL
a c a+b c+d a+b c+d
= ⇒ = ou =
b d a c b d
a c a−b c−d a−b c−d
= ⇒ = ou =
b d a c b d A divisão proporcional é muito usada em situações relacio-
nadas à matemática financeira, contabilidade, administração, na
divisão de lucros e prejuízos proporcionais a valores investidos.
3ª propriedade: Em toda proporção, a soma(ou diferença)
dos antecedentes está para a soma(ou diferença) dos consequen- Ex: 1.
tes, assim como cada antecedente está para o seu consequente .
Manuela, Jose e Alberto resolveram formar uma sociedade e
a c a+c a a+c c abriram uma empresa que, ao fim de um ano deu lucro de R$ 660
= ⇒ = ou =
b d b+d b b+d d 000,00. Para abrir a empresa Manuela investiu R$ 40 000,00, José
R$ 50 000,00 e Alberto R$ 30 000,00. Como esse lucro deverá
a c a−c a a−c c ser dividido entre os sócios para que cada um receba uma quantia
= ⇒ = ou =
b d b−d b b−d d proporcional ao investimento inicial?

Resolução: M, J e A são as quantias que os sócios devem re-


Problemas resolvidos ceber.
15
1. A razão da idade de Paulo para a idade de Ana é de , e
14 M J A M +J+A 660000
a soma das duas idades é 58. Quais são as idades? = = = = = 5,5
40000 50000 30000 40000 + 50000 + 30000 120000

P 15
Resolução: = e P + A = 58 M
A 14
= 5,5 , logo M=R$ 220 000,00
40000
P + A 15 + 14 58 29
Pela 2ª propriedade temos:
A
=
14
⇒ =
A 14

29.A=58.14
812 J
A=
29
⇒ A = 28 = 5,5 logo J=R$ 275 000,00
50000
P + A = 58 ⇒ P + 28 = 58 ⇒ P = 30
A
Resposta: Paulo tem 30 anos e Ana tem 28 anos. = 5,5 logo A=R$ 165 000,00
30000
2. Determine as medidas dos ângulos internos de um triân-
gulo sabendo que elas são proporcionais aos números 10, 12 e 14 Resposta: Manuela receberá R$ 220 000,00: Jose receberá R$
e que a soma dos ângulos internos de qualquer triângulo é 180. 275 000,00 e Alberto receberá R$ 165 000,00

Didatismo e Conhecimento 10
MATEMÁTICA
Ex: 2.
Um professor tem 171 figurinhas para distribuir aos quatro alunos que menos faltaram durante o semestre. Para ser justo, a divisão
deverá ser feita de forma inversamente proporcional ao número de faltas de cada um. João faltou 4 vezes, Ana faltou 3, Marcos faltou 2 e
Cintia faltou 2. Quanto deve receber cada aluno?
Resolução: Sejam J, A, M e C as quantias que cada um deve receber.

J A M C 171
= = = =
1 1 1 1 19
4 3 2 2 12
4J=3A=2M=2C=108
4J=108
J=27
3A=108
A=36

Resposta: João recebeu 27 figurinhas, Ana recebeu 36, Marcos recebeu

2M=108 54 e Cintia 54.


M=54
2C=108
C=54

MEDIDAS

Para que uma medida seja completamente entendida, deve ser indicada por um número acompanhada de uma unidade de medida.
Já conhecemos o metro, centímetro, o quilômetro. Mas existem outras como a unidade de tempo e de medidas de área.
Várias são as situações em que o ato de medir está presente, por exemplo:
- o prof. Mede o tempo que gastará em uma aula;
- a dona de casa mede o peso dos ingredientes de uma receita;
- a costureira mede o comprimento do tecido;

Por um longo tempo o costume de se usarem partes do corpo para efetuarem medidas foi muito comum, por exemplo: o pé, o cúbito, a
jarda, o palmo... o que causava muita divergência de medida.
Para evitar problemas causados pela diversidade de unidades, foi criado na França, em 1799, o sistema métrico decimal, que estabe-
leceu três medidas-padrão: o metro, o litro e o quilograma. Essa padronização facilitou algumas relações entre os povos, principalmente as
relações comerciais. Em 1960, foi instituído um novo sistema de unidades de medida: o Sistema Internacional de Medidas (SI), que engloba
outras unidades padrão e que é usado até hoje na maioria dos países.
Padrão: base de comparação determinada por um órgão oficial que a consagrou como modelo aprovado.

UNIDADE DE MEDIDA DE COMPRIMENTO

Por determinação do SI a unidade de medida de comprimento é o metro, abreviado por m.


O metro pode tornar-se uma unidade inconveniente para medir , por exemplo, o comprimento de uma estrada ou a altura de uma for-
miga.
Para se contornar mais problemas foram criados alguns múltiplos e submúltiplos dessa unidade padrão

quilômetro hectômetro decâmetro Metro decímetro centímetro milímetro


km hm dam m dm cm mm
1000m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001m

Didatismo e Conhecimento 11
MATEMÁTICA
Repare que cada unidade é dez vezes maior que a unidade que a antecede.
Esse sistema de medida chama-se decimal porque a transformação de uma unidade em outro é feita multiplicando-se ou dividindo-se
uma delas por uma potência de 10.

Para transformar uma unidade de comprimento em outra imediatamente inferior, basta multiplica-la por 10
Ex: 1,25 km = (1,25 . 10) hm = 12,5 hm

Para transformar uma unidade de comprimento em outra imediatamente superior, basta dividi-la por 10.
Ex: 328,5 cm = (328,5 : 10) dm = 32,85 dm

Para adicionarmos ou subtrairmos medidas, as unidades devem ser iguais. Então vamos determinar a seguinte soma em metros:
S = 3,487 km + 7540 cm

Como o problema quer a resposta em metros, façamos a transformação para metros:


3, 487 km = (3,487 . 1000) m = 3487 m
7540 cm = (7540 : 100) m = 75,40 m
Logo: 3487 m + 75,40 m = 3562,40 m

Para transformarmos uma unidade em outra inferior, basta deslocarmos a vírgula para a direita tantas casas forem as casas da transfor-
mação.
Para transformarmos uma unidade em outra superior, basta deslocarmos a vírgula para a esquerda tantas casas quantas forem as casas
da transformação.

Perímetro

Chamamos de perímetro de um polígono a soma dos comprimentos de todos os seus lados.


O perímetro é indicado por 2p.
O perímetro de uma sala retangular de 4m por 6 m é :
2p = 4m + 4m + 6m + 6m = 20 m

Unidade de Medida de Área


2
A unidade padrão de área definida pelo SI é o metro quadrado, (m ). É definida como a superfície plana ocupada por um quadrado de
lado 1 metro.
O metro quadrado não é uma boa unidade para se medir áreas muito grandes, como a área ocupada por uma floresta, ou para medir áreas
muito pequenas, como a superfície de uma caixa de fósforo. Assim foram criados múltiplos e submúltiplos dessa unidade padrão:

Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro


quadrado quadrado quadrado quadrado quadrado quadrado quadrado
2 2 2 2 2 2 2
km hm dam m dm cm mm
2 2 2 2 2 2 2
1000000m 10000m 100m 1m 0,01m 0,0001m 0,000001m

Para transformarmos uma unidade em outra inferior, basta deslocarmos a vírgula para a direita o dobro de casas quantas forem as casas
da transformação.
2 2
Ex: 45 m = 450000 cm
2 2
3,256 cm = 325,6 mm

Para transformarmos uma unidade em outra superior, basta deslocarmos a vírgula para a esquerda o dobro de casas quantas forem as
casas da transformação .
2 2
Ex: 5432 cm = 0,5432 m
2 2
456 m = 0,0456 hm
2
Vamos calcular a área de um retângulo em dm que tenha 4m de base e 2m de altura.
A área do retângulo calcula-se multiplicando a base pela altura.
2
A = 4m . 2m = 8m
2 2 2
8m = 800 dm , logo a área de retângulo é 800 dm .

Didatismo e Conhecimento 12
MATEMÁTICA
Unidade de medida agrária Para optar pelo terreno de maior área, que atenda às restrições
impostas pela prefeitura, os moradores deverão escolher o terreno
Para medir grandes áreas em terras, tais como chácara, sítios A) 1.
e fazendas, são utilizadas unidades de medida agrária. A unidade B) 2.
padrão de medida agrária é o are, abreviado por a. C) 3.
O are é definido como a superfície plana ocupada por um qua- D) 4.
drado cujo lado mede 10 metros de comprimento. E) 5.
Os mais importantes múltiplos e submúltiplos do are estão na
tabela abaixo: Respostas

1. Sabemos que o quadrado é um quadrilátero com todos


Hectare Are Centiare os lados congruentes (com a mesma medida). Dessa forma, para
ha a ca determinar a medida de cada lado teremos que dividir o perímetro
por 4.
2 2 2
10.000 m 100 m 1m Assim,
L = 72 ÷ 4 = 18 cm
Repare que cada unidade é cem vezes maior que a unidade
que a antecede 2. O total de arame gasto para contornar todo o terreno será
1 ha = 100 a igual à medida do perímetro da figura. Como a cerca terá 5 fios de
1 a = 100 ca arame, o total gasto será 5 vezes o valor do perímetro.
Cálculo do perímetro:
2p = 120m + 90m + 120m + 90m = 420 m
Para transformarmos uma unidade em outra, basta deslocar-
Total de arame gasto:
mos a vírgula para a esquerda ou para a direita o dobro de casas
5.420 = 2100 m de arame para fazer a cerca.
quantas forem as casas da transformação .
Como cada metro de arame custa R$ 12,00, o gasto total com
Embora a unidade padrão seja o are, no interior do Brasil é a cerca será de: 2100.12 = R$ 25.200,00
muito comum encontrar como unidade agrária o alqueire, porém,
por não ser uma medida padrão, essa unidade varia de acordo com 3. Calculando o perímetro de cada terreno temos:
a região Terreno 1 – 200 m
2
Alqueire paulista = 24.200 m Terreno 2 – 220 m
2
Alqueire Mineiro = 48.400 m Terreno 3 – 180 m
2
Alqueire nortista = 27.225 m Terreno 4 – 180 m
Terreno 5 – 360 m
Problemas
Como a prefeitura dispõe de 180 metros de tela para cercar o
1.  Se o perímetro de um quadrado é de 72 cm, qual é a medi- terreno, apenas o terreno 3 e 4 atendem à restrição da prefeitura.
da de cada lado desse quadrado? Entre os dois terrenos temos que optar pelo de maior área.
Terreno 3 = 60 . 30 = 1800 m²
2.  Um fazendeiro pretende cercar um terreno retangular de Terreno 4 = 70 . 20 = 1400 m²
120 m de comprimento por 90 m de largura. Sabe-se que a cerca Resp. O de maior área é o terreno 3
terá 5 fios de arame. Quantos metros de arame serão necessários Alternativa C
para fazer a cerca? Se o metro de arame custa R$ 12,00, qual será
o valor total gasto pelo fazendeiro? Volume

Quando compramos leite ou suco, ou abastecemos o carro


3. (ENEM-2011) Em uma certa cidade, os moradores de um
com combustível, o preço desses produtos é calculado de acordo
bairro carente de espaços de lazer reivindicam à prefeitura mu-
com o volume que estamos adquirindo.
nicipal a construção de uma praça. A prefeitura concorda com a
O volume pode ser entendido como o espaço ocupado por um
solicitação e afirma que irá construí-la em formato retangular de- objeto. Quando trabalhamos com recipientes, como garrafas e co-
vido às características técnicas do terreno. Restrições de natureza pos, é comum nos referirmos ao espaço interno deles. Esse volume
orçamentária impõem que sejam gastos, no máximo, 180 m de tela recebe a denominação de capacidade.
para cercar a praça. A prefeitura apresenta aos moradores desse Para calcularmos o volume de um paralelepípedo, basta mul-
bairro as medidas dos terrenos disponíveis para a construção da tiplicarmos as 3 dimensões.
praça:
Terreno 1: 55 m por 45 m V = altura x largura x comprimento
Terreno 2: 55 m por 55 m
Terreno 3: 60 m por 30 m Tanto o volume de um objeto como sua capacidade podem
Terreno 4: 70 m por 20 m ser medidos por meio de duas unidades padrão, que estudaremos
Terreno 5: 95 m por 85 m separadamente: o litro e o metro cúbico

Didatismo e Conhecimento 13
MATEMÁTICA
3
Metro cúbico (m )

Pelo Sistema Internacional de Medidas ( SI ), o metro cúbico é a unidade padrão de medida de volume. Ele é definido como o espaço
ocupado por um cubo cujo comprimento da aresta é um metro. Seu volume é dado por:
3
V= a

Os múltiplos e submúltiplos do metro cúbico estão na tabela abaixo:

Quilômetro Hectômetro Dacâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro


cúbico cúbico cúbico cúbico cúbico cúbico cúbico
3 3 3 3 3 3 3
km hm dam m dm cm mm
3 3 3 3 3 3 3
1000000000m 1000000m 1000m 1m 0,001m 0,000001m 0,000000001m

Repare que cada unidade é mil vezes maior que a unidade que a antecede
Para transformarmos uma unidade em outra, basta deslocarmos a vírgula para a esquerda ou para a direita o triplo de casas quantas
forem as casas da transformação .
3 3
Ex: 32 m = 0,000032 hm
3 3
0,00067 dam = 670 dm

Litro (L)

O litro é uma unidade de medida de capacidade (volume) usada para medir líquidos e é definido como o espaço ocupado por um cubo
cujo comprimento da aresta é um decímetro, ou seja 10 cm.
3
1 L = 1 dm

Os múltiplos e submúltiplos do litro estão na tabela abaixo:

Quilolitro hectolitro decalitro litro decilitro centilitro mililitro


kl hl dal L dl cl ml
1000 L 100 L 10 L 1L 0,1 L 0, 01 L 0,001 L

Para transformarmos uma unidade em outra, basta deslocarmos a vírgula para a esquerda ou para a direita tantas casas quantas forem
as casas da transformação .
Ex: 235 cl = 2350 ml
67 dl = 6,7 L

OBS: Um litro de água destilada, à temperatura de 15 graus Celsius, tem massa de , aproximadamente, 1 kg.

Problemas

1. (concurso Policia Militar/MG-Assistente Administrativo-2013)


Marque a alternativa CORRETA. Um automóvel está com o tanque de combustível abastecido até a terça parte de sua capacidade. Para
completar o tanque basta colocar 32 litros a mais. A capacidade do tanque, em m³, é:
A. 48 m³
B. 0,48 m³
C. 0,048 m³
D. 480 m³

2. Qual será a medida da capacidade, em litros, de um latão de gasolina, de forma de paralelepípedo retângulo com 2 m de comprimento,
3 m de largura e 1,5 m de altura. Dado que 1 m³ = 1000 l.
a) 9 l
b) 9 m³
c) 9000 l
d) 9000 m³

Didatismo e Conhecimento 14
MATEMÁTICA
Respostas

1. Se o tanque está com um terço da capacidade, então 32 litros representa dois terços, logo um terço é a metade de dois terço que são
16 litros. Somando 32 litros que representa dois terços com mais 16 litros que representa um terço teremos o tanque cheio com 48 litros.
Mas o problemas pede em m³, então como sabemos que 1m³ = 1000 litros, 48 litros = 0,048 m³
Resp: Alternativa C

2. Vamos calcular o volume do paralelepípedo que é o produto das três medidas


V = 2 . 3 . 1,5 = 9 m³
Se cada m³ tem 1000 litros e o problemas pede resp. em litros, então a capacidade do latão é de 9000 litros
Resp: Alternativa C

UNIDADE DE MEDIDA DE MASSA

A unidade padrão de massa é o quilograma abreviado por kg.

OBS: O grama é um substantivo masculino, então se diz “duzentos gramas de queijo”. A grama é uma planta rasteira para forração de
jardins e gramados.

Você pode perceber que existem situações em que a unidade quilograma (kg) é inadequada, e para essas situações existem múltiplos e
submúltiplos do kg.

Quilograma hectograma decagrama grama decigrama centigrama miligrama


kg hg dag g dg cg mg
1000 g 100 g 10 g 1g 0,1 g 0,01 g 0,001 g

Para transformarmos uma unidade em outra, basta deslocarmos a vírgula para a esquerda ou para a direita o numero de casas quantas
forem as casas da transformação.

A unidade de massa bastante usada na pecuária é a arroba que equivale a 15 kg.


Ex: 1,309 hg = 13 90 cg
765,3 mg = 0,7653 g

Problemas

1. Quantos kg tem um boi de 23 arrobas?

2. Laura nasceu com 3,25 kg e com um mês estava com 4,1 kg. Quantos gramas ela engordou no seu primeiro mês de vida?

3. Complete as igualdades a seguir:


a) 8,7 kg = ....................g
b) 54000 dg = ......................kg
c) 2380 mg = ...........................kg
d) 36,95 dg = ………………….mg

4. Efetue as operações indicadas:


a) 3 kg – 2000 g = ...........................mg
b) 1712 dag + 358600 dg = .............kg

Didatismo e Conhecimento 15
MATEMÁTICA
Respostas 2) vamos adicionar 8h 19 min 58 s com 2 h 24 min 39 s

1. 345 kg Hora minuto segundo


2. 850 gramas 8 19 58
3. a) 8700 2 24 39
b) 5,4 -------------------------------------------
c) 0,00238 10 43 97
d) 3695
4. a) 1000.000 mg Note que, na casa dos segundos, obtivemos 97 s e vamos de-
compor esse valor em:
b) 52,98 kg
97 s = 60 s + 37 s = 1 min + 37 s

UNIDADE DE TEMPO Então, devemos retirar 60 s da classe dos segundos e acres-


centar 1 min na classe dos minutos.

Logo a resposta fica: 10 h 44 min 37 s


A unidade padrão de medida de tempo é o segundo, abreviado
por s. Para subtrair unidades de medida de tempo, o processo é se-
melhante ao usado na adição.
Os múltiplos do segundo são: Ex; vamos subtrair 4 h 41 min 44 s de 7 h 53 min 36 s

Hora Minuto Segundo Hora minuto segundo


7 53 36
h min s 4 41 44
3600 s 60 s 1s --------------------------------------------------

Usamos o sistema sexagesimal, que emprega a base sessenta. Perceba que a subtração 36 s – 44 s não é possível nos nú-
Os múltiplos do segundo se enquadram-se nesse sistema. Repare meros naturais, então, vamos retirar 1 min de 53 min, transformar
que cada unidade é sessenta vezes maior que a unidade que a an- esse 1 min em 60 s e acrescenta-los aos 36 s. Assim:
tecede.
1 h = 60 min Hora minuto segundo
7 52 96
1 min = 60 s
4 41 44
------------------------------------------------
Para transformar uma unidade em outra imediatamente supe- 3 11 52
rior, basta dividi-la por 60 e inferior basta multiplica-la por 60.
Ex: 3h = 3 . 60 = 180 min Para multiplicarmos uma unidade de medida de tempo por um
52 min = 52 . 60 = 3120 s número natural, devemos multiplicar as horas, minutos e segundos
1020 s = 1020 : 60 = 17 min Por esse número natural.
420 min = 420 : 60 = 7 h Ex: multiplicar 4 h 52 min 8 s por 6

Ao usarmos o sistema sexagesimal, cada grupo de 60 forma 4h 52 min 8s


outra classe; então, 60 segundos formam 1 minuto e 60 minutos X 6
formam 1 hora. Para adicionarmos unidades de tempo vamos to- --------------------------------------
mar cuidado para posicionar hora embaixo de hora, minuto embai- 24h 312 min 48 s
xo de minuto e segundo embaixo de segundo.
Por exemplo: Como 312 min é maior que 1 hora, devemos descobrir quantas
horas cabem em 312 minutos. Para isso basta dividir 312 por 60
1) Para adicionarmos 5h 12 min 37 s a 8 h 20 min 11 s, onde o resultado é 5 e o resto é 12.
vamos colocar as unidades iguais uma embaixo da outra e depois Então 312 min = 5 h 12 min
Devemos então acrescentar 5 h a 24 h = 29 h e o resultado fica
adicionar os valores da mesma classe.
29 h 12 min 48 s
Hora minuto segundo Problemas
5 12 37
8 20 11 1. Dois amigos partiram às 10h 32 min de Aparecida do Nor-
-------------------------------------------- te e chegaram a Ribeirão Preto às 16 h 8 min. Quanto tempo durou
13 32 48 a viagem?

Didatismo e Conhecimento 16
MATEMÁTICA
2. João nasceu numa terça feira às 13 h 45 min 12 s e Maria
1
nasceu no mesmo dia, às 8 h 13 min 47 s. Determine a diferença Ex: 25% = 25 = 0,25 = (fração irredutível)
4
entre os horários de nascimento de João e Maria, nessa ordem. 100
Importante: Fator de Multiplicação.
3. Um passageiro embarcou em um ônibus na cidade A às
14h 32 min 18s, esse ônibus saiu da rodoviária desta cidade às 14h Se há um acréscimo de 10% a um determinado valor, podemos
55min 40s e chegou na rodoviária da cidade B às 19h 27min 15s, calcular o novo valor apenas multiplicando esse valor por 1,10, que
do mesmo dia. Quanto tempo o passageiro permaneceu no interior é o fator de multiplicação. Se o acréscimo for de 30%, multiplica-
do ônibus? mos por 1,30, e assim por diante. Veja:
a) 05h 54min 09s
b) 04h 05min 57s Acréscimo Fator de Multiplicação
c) 05h 05min 09s 11% 1,11
d) 04h 54min 57s
15% 1,15
Respostas 20% 1,20
65% 1,65
1. 5 h 36 min
2. 5 h 31 min 25 s 87% 1,87
3. vamos considerar o horário de chegada na cidade B e o  
Ex: Aumentando 10% no valor de R$10,00 temos: 10 .
horário que o passageiro entrou no ônibus
1,10 = R$ 11,00
19 h 27 min 15 seg
14 h 32 min 18 seg No caso de haver um decréscimo, o fator de multiplicação será:
Para subtrair 18 de 15 não é possível então emprestamos 1 Fator de Multiplicação =  1 - taxa de desconto (na forma decimal).
minuto dos 27 Veja:
Que passa a ser 26 e no lugar de 15 seg usamos 15 +60(que é
1 min). Então 75 – 18 = 57 seg
O mesmo acontece com os minutos. Vamos emprestar 1 hora Desconto Fator de Multiplicação
das 19 que passa a ser 18 e no lugar de 26 minutos usamos 26 + 60 12% 0,88
( que é uma hora). Então 86 – 32 = 54 minutos 26% 0,74
Por fim 18 h – 14 h = 4 horas
Resp. 4 horas 54 min e 57 seg. 36% 0,64
60% 0,40
90% 0,10
PORCENTAGEM
Ex: Descontando 10% no valor de R$10,00 temos: 10 .
0,90 = R$ 9,00

Diariamente jornais, TV, revistas apresentam notícias que Você deve lembrar que em matemática a palavra de indica uma
envolvem porcentagem; em um passeio pelo comércio de nossa multiplicação, logo para calcularmos 12% de R$ 540,00 devemos
cidade vemos cartazes anunciando mercadorias com desconto e proceder da seguinte forma:
em boletos bancários também nos deparamos com porcentagens. 12 6480
A porcentagem é de grande utilidade no mercado financeiro, 12% de 540 = . 540 = = 64,8 ; logo 12% de R$ 540,00
100 100
pois é utilizada para capitalizar empréstimos e aplicações, expres- é R$ 64,80
sar índices inflacionários e deflacionários, descontos, aumentos,
taxas de juros, entre outros. No campo da Estatística possui parti- Ou
cipação ativa na apresentação de dados comparativos e organiza-
cionais. 0,12 de 540 = 0,12 . 540 = 64,8
É frequente o uso de expressões que refletem acréscimos ou
reduções em preços, números ou quantidades, sempre tomando (nos dois métodos encontramos o mesmo resultado)
por base 100 unidades. Alguns exemplos:
Utilizaremos nosso conhecimento com porcentagem pra a reso-
A gasolina teve um aumento de 15%
lução de problemas.
Significa que em cada R$100 houve um acréscimo de R$15,00
O funcionário recebeu um aumento de 10% em seu salário. Ex: 1. Sabe-se que 20% do número de pessoas de minha sala
Significa que em cada R$100 foi dado um aumento de R$10,00 de aula são do sexo masculino. Sabendo que na sala existem 32 me-
As expressões 7%, 16% e 125% são chamadas taxas centesi- ninas, determine o número de meninos.
mais ou taxas percentuais. Resolução: se 20% são homens então 80% são mulheres e x
Porcentagem  é o valor obtido ao aplicarmos uma taxa representa o nº total de alunos, logo: 80% de x = 32 ⇒ 0,80 . x =
percentual a um determinado valor. É representado por uma fração 32 ⇒ x = 40
de denominador 100 ou em número decimal. Resp: são 32 meninas e 8 meninos

Didatismo e Conhecimento 17
MATEMÁTICA
2. Em uma fabrica com 52 funcionários, 13 utilizam bicicletas
como transporte. Expresse em porcentagem a quantidade de funcio- JUROS SIMPLES
nários que utilizam bicicleta.
Resolução: Podemos utilizar uma regra de três simples.
52 funcionários .............................100%
13 funcionários ............................. x%
Podemos definir juros como o rendimento de uma aplicação
52.x = 13.100
52x = 1300 financeira, valor referente ao atraso no pagamento de uma presta-
x= 1300/52 ção ou a quantia paga pelo empréstimo de um capital. Atualmente,
x = 25%  o sistema financeiro utiliza o regime de juros compostos, por ser
mais lucrativo. Mas vamos entender como funciona a capitaliza-
Portanto, 25% dos funcionários utilizam bicicletas.  ção no sistema de juros simples.
Podemos também resolver de maneira direta dividindo o nº de No sistema de capitalização simples, os juros são calculados
funcionários que utilizam bicicleta pelo total de funcionários ⇒ baseados no valor da dívida ou da aplicação. Dessa forma,o valor
13 : 52 = 0,25 = 25% dos juros é igual no período de aplicação ou composição da dívida.
A expressão matemática utilizada para o cálculo das situações
Problemas envolvendo juros simples é a seguinte:
1. (Concurso de Agente Fiscal Sanitário-Prefeitura de In-
daiatuba-SP-2013) J = C . i . t, onde
Ao comprar um eletrodoméstico em uma loja que estava dando
20% de desconto, o cliente ganhou um desconto de R$500,00. Qual J = juros
era o preço do eletrodoméstico e quanto foi pago por ele respecti- C = capital
vamente. i = taxa de juros ( na forma decimal)
a) R$2.720,00 e R$2.240,00 t = tempo de aplicação (mês, bimestre, trimestre, semestre,
b) R$1.900,00 e R$1.400,00 ano...)
c) R$2.500,00 e R$2.000,00 M=C+J
d) R$3.500,00 e R$3.000,00 M = montante final
C = capital
2. (Concurso de Agente Fiscal Sanitário-Prefeitura de In-
J = juros
daiatuba-SP-2013)
Todo mês vem descontado na folha de pagamento de um tra-
balhador o valor de 280,00 reais. Sabendo que o salário bruto deste Ex: 1. Qual o valor do montante produzido por um capital
trabalhador é de R$1.400,00, este desconto equivale a quantos por de R$ 1.200,00, aplicado no regime de juros simples a uma taxa
cento do salário do trabalhador? mensal de 2%, durante 10 meses?
a) 5%
b) 20% Capital: 1200
c) 2% i = 2% = 2/100 = 0,02 ao mês (a.m.)
d) 25% t = 10 meses
J=C.i.t
Respostas
J = 1200 . 0,02 . 10
1. Para resolver usamos uma regra de Três simples e direta J = 240
valor % M=C+j
500 20 M = 1200 + 240
X 100 M = 1440

Multiplicando em Cruz temos Resp: O montante produzido será de R$ 1.440,00.


20 x = 500 . 100
20 x = 50000 2. Determine o valor do capital que aplicado durante 14 me-
X = 50000/20 ses, a uma taxa de 6%, rendeu juros de R$ 2.688,00.
X = 2500 J=C.i.t
2688 = C . 0,06 . 14
O preço do eletrodoméstico era 2500 reais e o valor pago foi
2000 reais 2688 = C . 0,84
Resp: Alternativa C 2688
C=
0,84
2. Para saber a porcentagem do desconto de maneira rápida
dividimos o desconto pelo salário bruto C = 3200
280 : 1400 = 0,20 = 20%
Resp: Alternativa B Resp: O valor do capital é de R$ 3.200,00.

Didatismo e Conhecimento 18
MATEMÁTICA
Problemas 2. Retângulo e Paralelogramo: A = b . h (b é a base e h é a
altura)
1. Qual a taxa anual que R$ 13.000,00 esteve aplicado por 2
anos e rendeu R$5.980,00 de juros simples?
a) 17%.
b) 12%.
c) 23%.
d) 32%.

2. Temos uma dívida de R$ 1 000,00 que deve ser paga com


juros de 8% a.m. pelo regime de juros simples e devemos pagá-la
em 2 meses. Quanto pagaremos de juros, e quanto pagaremos no D.d
total (montante)? 3. Losango : A = 2 ( D é a medida da diagonal maior e d
é a diagonal menor)
3. Calcular os juros simples produzidos por R$40.000,00,
aplicados à taxa de 36% a.a., durante 125 dias.

4. Um capital aplicado a juros simples, triplicará em 5 anos


se a taxa anual for de :
a) 30%
b) 40%
c) 50%
d) 75%
e) 100%
b.h
Respostas 4. a) Triângulo : A = (b é a medida da base e h é a
2
altura)
1. Alternativa C
2. 160 reais de juros e 1160 reais no total
3. 5000 reais
4. Alternativa B

PERÍMETRO E ÁREA DE FIGURAS PLANAS

b) Triângulo Equilátero

Perímetro é a soma de todos os lados de qualquer figura plana.


a2 3
È o contorno da figura. No caso da circunferência temos uma fór-
A= 4 ( a é a medida do lado)
mula: C = 2 π . r , onde C é o comprimento da circunferência, r é
Lembrar que o triângulo equilátero tem os três lados de mes-
o raio da circunferência e π = 3,14.
ma medida.
Área é a medida da superfície da figura plana. Para calcular
a área de uma figura precisamos saber a sua fórmula. As fórmulas
das figuras planas mais usadas são:
2
1. Quadrado : A= l . l ou A = l ( l é a medida do lado )

c) Triângulo qualquer em que sabemos as medidas dos três


lados e não conhecemos a altura: A =
(p é o semi perímetro, ou seja, a metade do perímetro; a, b c são as
medidas dos lados do triângulo).
a+b+c
p=
2

Didatismo e Conhecimento 19
MATEMÁTICA
Ex: Calcule o comprimento e a área de um círculos de raio 5 cm.
Resolução: C = 2 .π . R
C = 2 . 3,14 . 5 2 ⇒ A = 31,40 cm
A = π. r 2 2
A = 3,14 . 5 ⇒ A = 3,14 . 25 ⇒ A = 78,50 cm

Problemas

1. Encontre o perímetro e a área de um triângulo equilátero


( B + b). h com cada lado medindo 4 centímetros
5. Trapézio : A = (B é a medida da base maior, b é
2 2. Qual o comprimento da roda de uma bicicleta de aro 26?
a base menor e h é a altura)
Uma bicicleta aro 26 tem o raio de sua roda medindo 30 cm.

3. FUVEST) Um cavalo se encontra preso num cercado de


pastagem, cuja forma é um quadrado, com lado medindo 50 m.
Ele está amarrado a uma corda de 40 m que está fixada num dos
cantos do quadrado. Considerando  p = 3,14 calcule a área, em
metros quadrados, da região do cercado que o cavalo não conse-
guirá alcançar, porque está amarrado.
a) 1244
b) 1256
c) 1422
6. Hexágono regular : Um hexágono regular é formado por 6
d) 1424
triângulos equiláteros, portanto a área de um hexágono é 6 vezes a
e) 1444
área de cada um desses triângulos.
4. (Concurso Pref. Foz do Iguaço/PR-Carfo Administra-
3.a 2 . 3 ção-2013)
A= ( a é a medida do lado do hexágono) Sabe-se que o perímetro do paralelogramo abaixo mede 60
4
cm:

A área ocupada por esse paralelogramo é igual a:


a) 24 cm²
b) 48 cm²
c) 120 cm²
7. círculo e circunferência: d) 160 cm²
Circunferência é apenas o contorno. Ex: aliança, bambolê
Círculo é cheio , podemos calcular a área do círculo, ou seja, Respostas
a superfície ocupada. Ex: pizza. 2
1. A = 4 3 cm
Para calcular o comprimento de uma circunferência usamos P = 12 cm
a fórmula: 2. 188,40 cm
C = 2.π. r ( r é a medida do raio e π vale 3,14) 3. A
Para calcular a área do círculo usamos a fórmula: 4. Sabendo que o perímetro é 60cm e que um lado mede
2 10cm, temos 2 lados de 10 cm e 20 lados medindo 20 cm cada. 10
A = π.r ( r é a medida do raio e π vale 3,14)
+ 10 + 20 + 20 = 60cm
Para calcular a altura usamos o teorema de Pitágoras no trian-
gulo retângulo formado onde a base mede 6 cm e a hipotenusa 10
cm:
H² = 10² - 6²
H² = 100 – 36
H² = 64
H = 8 cm
Calculamos a área com a fórmula A = B . H
A = 20 . 8 = 160 cm²
Alternativa D

Didatismo e Conhecimento 20
MATEMÁTICA
QUESTÕES COMENTADAS (A) 1 360.
(B) 1 530
1. (Vestibulinho ETEC-2° semestre/2013)De acordo com o (C) 1 890.
Censo realizado no Brasil em 2010, havia cerca de 48 homens (D) 2 040.
para 50 mulheres. Sabendo-se que, ainda segundo essa pesquisa, (E) 2 550.
havia aproximadamente 93,4 milhões de homens no Brasil, então
o número de mulheres no Brasil, em 2010, era aproximadamente, Resolução:
em milhões, É um problema de divisão proporcional
(A) 87,9.
(B) 89,4. = = = =170
(C) 95,6.
(D) 97,3.
(E) 98,4. =170

Resolução: J = 170 . 9
Montamos uma regra de três simples e direta: J = 1530 revistas
Homens mulheres
48 50 Como a pergunta dos problemas é apenas com relação ao João, então
93,4 x não precisamos calcular o n° de revistas de Pedro e Marcelo.
Alternativa B
Multiplicando em cruz, temos:
48 . x = 93,4 . 50 4 . (SENAI- CGE 297-2° SEMESTRE/2009) O piso de uma sala
48 . x = 4670 retangular é formado por 40 tábuas retangulares (sem emendas) todas me-
X = 4670/48 dindo 4,0 m de comprimento por 0,3 m de largura. A quantidade de lajotas
X = 97,3 milhões de cerâmica de formato quadrado medindo 0,40 m de lado, que serão
necessárias para substituir o piso dessa sala, sem contar com perdas, é de
Alternativa D
a. 100.
b. 200.
2. (Vestibulinho ETEC-2° semestre/2013) De acordo com as
c. 300.
companhias de seguro, por serem consideradas mais cautelosas e
d. 400.
terem um comportamento mais disciplinado no trânsito, as mulhe-
e. 500
res pagam menos pelo seguro de seu automóvel. Suponha que um
homem e uma mulher possuam o mesmo modelo de automóvel e, Resolução:
além disso, que esses motoristas tenham a mesma idade, o mes- Vamos calcular a área de cada tábua retangular e multiplicar por 40
mo tempo de habilitação e usem o veículo nas mesmas condições. para determinar a área das sala.
Pelo seguro de seu automóvel, o homem paga R$ 2.400,00 e a A = 4 . 0.30 . 40 = 48 m²
mulher R$ 1.680,00. Calculando a área de cada lajota temos:
Assim sendo, em relação a esse homem, essa mulher paga X% A = 0,40 . 0,40 = 0,16 m²
a menos de seguro. O valor de X é Dividindo a área total da sala pela área de uma lajota vamos encon-
(A) 17. trar o n° de lajotas necessário para substituir o piso da sala.
(B) 27. 48 : 0,16 = 300 lajotas
(C) 30. Alternativa C
(D) 63.
(E) 70. 5. (SENAI- CGE 297-2° SEMESTRE/2009) Maria Aparecida pa-
gou R$ 4,00 por um pacote contendo 1 kg de feijão. Desconfiada daquele
Resolução: peso, procurou um órgão oficial competente, que verificou ser o peso real
2400 – 1680 = 720 do pacote 10 g a menos do que o indicado na embalagem. Na realidade, o
Para calcular que porcentagem representa 720 em 2400 deve- preço desse pacote de feijão deveria ser de
mos dividir 720 por 2400 a. R$ 2,47.
720 : 2400 = 0,3 = 30% b. R$ 2,84.
Alternativa C c. R$ 3,80.
d. R$ 3,96.
3. (Vestibulinho ETEC-1° semestre/2013) Em uma empresa e. R$ 4,12.
distribuidora de mala direta, João, Marcelo e Pedro são responsá-
veis por ensacar e etiquetar revistas. Certa vez, receberam um lote Resolução:
de 6 120 revistas e, ao terminarem a tarefa, perceberam que o lote Como 1 kg tem 1000 gramas, vamos dividir 4 reais por 1000 para
de revistas havia sido dividido em partes diretamente proporcio- saber o preço de cada grama e multiplicar por 10 para calcular o valor que
nais ao respectivo tempo de trabalho de cada um deles na empresa. Maria pagou a mais:
Sabendo que João trabalha há 9 meses na empresa, Marcelo, há 4 : 1000 = 0,004 . 10 = 0,04 (quatro centavos)
12 meses e Pedro, há 15 meses; o número de revistas que João 4,00 – 0,04 = 3,96
ensacou e etiquetou foi: Alternativa D

Didatismo e Conhecimento 21
MATEMÁTICA
6. (SENAI-CGE-2015-2° SEMESTRE/2010) Somando dois Se no total temos 17 veículos e já sabemos que são 12 automó-
números naturais e consecutivos, obtemos para soma 65. O produto veis então o n° de motos é 5
desses números é: Alternativa B
a. 1.050.
b. 1.054. 9. (Vestibulinho ETEC-2° semestre/2011) A utilização de núme-
c. 1.056. ros inteiros faz parte do nosso dia a dia. Como exemplo, considere o
d. 1.060. seguinte problema:
e. 1.064. Maria está organizando o seu guarda-roupa e dispõe de N gavetas
para guardar sua coleção de camisetas. Se, em cada uma dessas gave-
Resolução: tas, colocar exatamente 10 camisetas, restam 4 camisetas; se colocar
2 n° naturais e consecutivos representamos por x e x+1 exatamente 9 camisetas, restam 7 camisetas. Nessas condições, pode-
x + x + 1 = 65 -se afirmar que o número de camisetas da coleção de Maria é
2x +1 = 65 (A) 31.
2x = 65 – 1 (B) 32.
2x = 64 (C) 33.
X = 64/2 (D) 34.
X = 32 (E) 35.
X + 1 = 32 + 1 = 33
Resolução:
Os n° são 32 e 33 e seu produto é 32 . 33 = 1056 10.N + 4 = 9.N + 7
Alternativa C 10.N – 9.N = 7 – 4
N = 3 (São 3 gavetas)
7. (SENAI-CGE-2015-2° SEMESTRE/2010) Se eu depositar
uma certa quantia em uma instituição financeira por menor que seja, Para saber o n° de camisetas vamos usar uma das situações cita-
ela renderá uma certa quantia de juros. Se depositar a quantia de R$ das no problema:
4.000,00 por um período igual há um mês e rendeu-me a importância 10 camisetas em cada gaveta restam 4
de R$ 1.000,00, a taxa de aplicação foi de: 10 . N + 4
a. 25%. 10 . 3 + 4 = 30 + 4 = 34 ( n° de camisetas)
b. 20%. Alternativa D
c. 15%.
d. 35%. 10. (Vestibulinho ETEC-2° semestre/2011) A utilização de nú-
e. 40% meros não inteiros também é uma presença constante no nosso coti-
diano, como mostra a seguinte situação: Maria comprou uma barra de
Resolução: chocolate de 240 g. Preocupada com a sua silhueta, decide comer essa
Para calcular que porcentagem representa 1000 reais em 4000 barra de chocolate aos pouquinhos. No primeiro dia, come um oitavo
reais, basta dividir 1000 por 4000. da barra de chocolate; no segundo dia, come um quinto do que sobrou
1000:4000 = 0,25 = 25% do primeiro dia; no terceiro dia, come um quarto do que sobrou do
Alternativa A segundo dia e no quarto dia, come o que sobrou do terceiro dia. Logo,
(A) no decorrer desses quatro dias, Maria foi diminuindo a quan-
8. (SENAI-CGE-2005-1° SEMESTRE/2010) Em uma garagem tidade de chocolate consumida por dia.
há automóveis e motocicletas, num total de 17 veículos e 58 rodas. (B) nos três primeiros dias, Maria comeu mais que a metade da
Pode-se afirmar que o número de motocicletas nessa garagem é de: barra de chocolate.
a. 4 motocicletas. (C) no terceiro dia, Maria consumiu menos chocolate do que no
b. 5 motocicletas. segundo dia.
c. 6 motocicletas. (D) nos dois últimos dias, Maria consumiu quantidades iguais
d. 12 motocicletas. de chocolate.
e. 16 motocicletas (E) no quarto dia, Maria comeu mais que a metade da barra de
chocolate.
Resolução:
Vamos resolver usando um sistema de duas equações e duas va- Resolução:
riáveis, onde motos represento por M e automóveis por A.
1° dia ; 1/8 de 240 = 240 : 8 = 30 g
A + M = 17 (-2) Restam 240 – 30 = 210
4A+2M = 58
2° dia : 1/5 de 210 = 210 : 5 = 42 g
-2A-2M = -34 Restam 210 – 42 = 168
4A+2M = 58
3° dia : ¼ de 168 = 42 g
Cancelando -2M com +2M: Restam 168 – 42 = 126
2A=24
A=24/2 4° dia 126 g
A=12 Alternativa E

Didatismo e Conhecimento 22
INGLÊS
INGLÊS
cia, experiências variadas de vida, conhecimento prévio sobre o
Prof. Gustavo Brambila Peixoto assunto, seu nível de compreensão será mais superficial. Por isso,
o ponto de partida para uma leitura eficiente está sempre em você.
Graduado em Letras pela Faculdade REGES de Osvaldo Mas também não adianta buscar apenas informação de coisas que
Cruz te atraem, coisas que você gosta de saber. É preciso ampliar sua vi-
Professor e Coordenador da VIP Escola de Inglês são de mundo. Se você for mulher, busque saber algo sobre futebol
também, sobre carros, sobre coisas do mundo masculino. Se você
for homem, busque também conhecer assuntos do mundo femini-
no como cosméticos e vestuário. Busquem ambos interessar-se por
TÉCNICA DE LEITURA DE TEXTO DE assuntos relacionados a crianças, idosos, povos diferentes do seu,
LÍNGUA INGLESA países variados, regiões do mundo sobre as quais que você nor-
malmente não sabe nada. Leia jornais, revistas, sites da internet,
pesquise coisas curiosas, assista a programas de TV jornalísticos,
de variedades, de humor, de esportes, de ciência, de religião, de
No Brasil, de um modo geral, o inglês instrumental é uma saúde, de entretenimento, converse com pessoas de opiniões, ida-
das abordagens do ensino do Inglês que centraliza a língua técni- des e classes sociais diferentes da sua, dê valor a todos os assuntos
ca e científica focalizando o emprego de estratégias específicas, porque você nunca sabe qual tema será abordado num texto de
em geral, voltadas à leitura. Seu foco é desenvolver a capacidade uma prova. Esteja preparado para todos eles. Desta forma pode-
de compreensão de textos de diversas áreas do conhecimento. O mos agilizar sua compreensão acerca de um texto. Desta forma
estudo da gramática restringe-se a um mínimo necessário normal- você terá mais prazer ao ler, pois compreenderá os mais variados
mente associado a um texto atual ou similar que foi veiculado em textos. Desta forma você verá que é capaz de adquirir conhecimen-
periódicos. O conhecimento de uma boa quantidade de palavras to em uma língua estrangeira. Desta forma poderemos minimizar
também faz parte das técnicas que serão relacionadas abaixo. seus problemas e aumentar suas chances de obter o sucesso.

Dependendo do objetivo de sua leitura, você terá que saber b) Skimming (ler ou examinar superficialmente; desnatar; re-
utilizar algum dos três níveis diferentes de compreensão: tirar aquilo de maior peso ou importância): é uma técnica que per-
mite rapidez e eficiência na busca de algum direcionamento inicial
1. Compreensão Geral: obtida através de uma leitura rápida, acerca do texto. Realizar o skimming significa ler rapidamente o
“uma passada de olho rápida no texto”, para captarmos as informa- texto para saber o assunto principal trabalhado pelo autor. Esta ati-
ções gerais acerca dele, ou seja, aquilo que é de maior importância, vidade de leitura nos proporciona um nível de compreensão geral,
seu tema geral, seu assunto principal. visando nos dar uma visão global, aberta e ampla do texto. Ao
realizarmos o skimming, não podemos nos deter em detalhes como
palavras novas nem palavras das quais nos esquecemos. Estamos
2. Compreensão de Pontos Principais: exige que tenhamos
em busca do assunto principal e do sentido geral do texto.
maior atenção na busca das informações principais espalhadas
pelo texto, observando cada parágrafo distintamente para identifi-
c) Prediction: Com esta estratégia o leitor lança mão do seu
car dados específicos que o autor quis destacar.
próprio conhecimento, através das experiências de vida que pos-
sui, e da informação linguística e contextual. Após realizar o skim-
3. Compreensão Detalhada: requer um nível de leitura mais
ming, o leitor precisa concentrar-se para tentar ativar as informa-
aprofundado que nos níveis anteriores. Exige a compreensão de ções que já possui sobre o tema e prever que tipos de palavras,
detalhes do texto, minúcias, palavra por palavra, e demanda, as- frases ou argumentos podem estar presentes naquele texto. É um
sim, mais tempo e atenção do leitor. Para tanto, em alguns casos, momento de reflexão. É a hora de buscar na memória tudo o que
será preciso reler várias vezes o texto. foi lido, estudado, discutido, e visto na mídia a respeito daquele
tema. Além do mais, esta é uma estratégia de leitura que também
Para obter um bom nível de acerto durante os níveis de com- permite ao leitor prever o que vem a seguir em um texto. Trata-se
preensão, temos que por em prática algumas técnicas de auxílio à do desenvolvimento sequenciado do pensamento. Isso só é possí-
leitura que passaremos a ver agora. vel porque quem escreve, o faz de maneira organizada, porque as
pessoas pensam de maneira semelhante e porque alguns tipos de
a) Background knowledge (conhecimento prévio): para que textos possuem estruturas previsíveis levando nós leitores a atingir
um leitor consiga identificar e entender certas informações em certas formas de compreensão. Quanto mais experiente for o lei-
qualquer tipo de texto, torna-se extremamente importante que ele tor, maior será sua capacidade de prever. Nesta etapa, passamos a
possua algum conhecimento prévio sobre seu assunto. Podemos associar o assunto do texto com as dicas tipográficas usadas pelo
comparar esta situação com a de um estudante tentando fazer uma autor para transmitir significados.
prova de redação. Se ele nunca tiver lido, discutido, estudado ou
ouvido falar do tema daquela redação, como poderá dissertar? d) Grifo de palavras cognatas, das palavras já conhecidas
Suas ideias podem até ir para o papel, mas correrá um grande risco pelo leitor e das repetidas: Muito comuns entre as línguas inglesa
de não ter o vocabulário necessário, consistência, profundidade, e portuguesa, os cognatos são termos bastante parecidos tanto na
argumentos, conhecimento de causa, exemplos a citar, etc. sua re- escrita como no significado em ambas as línguas. Grifar todas es-
dação será pobre. Da mesma maneira, se o leitor de um texto téc- tas palavras em um texto é um recurso psicológico e técnico que
nico em língua inglesa não tiver conhecimento de mundo, vivên- visa mostrar e provar visualmente para o leitor que ele tem conhe-

Didatismo e Conhecimento 1
INGLÊS
cimento de muitas das palavras daquele texto e de que, assim, ele é 001 although embora
capaz de fazer uso dessas informações para responder às questões 002 able capaz
propostas. Trata-se de um recurso que usamos para dar mais re- 003 about sobre, aproximadamente
levância e importância às palavras que já sabemos em um texto, 004 above acima
pois é nelas que nos apoiaremos para resolver exercícios e para 005 according to de acordo com
entender os textos. É muito mais inteligente voltar nosso foco para 006 after depois, após
as palavras que têm algum significado para nós do que destacar 007 again novamente, de novo
aquelas que não conhecemos. Além disso, ao grifar, você acaba 008 against contra
009 age idade
relendo as informações de uma maneira mais lenta, o que faz com
010 air ar
que perceba certos detalhes que não havia percebido antes. É uma
011 all tudo
forma de quantificar em porcentagem aproximada o quanto se sabe 012 almost quase
daquele texto. É preciso lembrar que há um número muito grande 013 alone só, sozinho
de palavras repetidas nos textos e isso facilita para o estudante, 014 along ao longo de
pois ele poderá grifar mais de uma vez a mesma palavra. 015 already já
016 also também
e) Scanning: esta técnica de leitura visa dar agilidade na bus- 017 always sempre
ca por informações específicas. Muitas vezes, após ler um texto, 018 among entre (3 ou mais coisas)
nós queremos reencontrar alguma frase ou alguma palavra já lida 019 an um, uma
anteriormente. Para efetuar esta busca não precisamos ler o texto 020 ancient antigo
inteiro de novo, podemos simplesmente ir direto ao ponto aonde 021 and e
podemos encontrar tal informação. Isso é o scanning, significa en- 022 another um outro
contrar respostas de uma forma rápida e direta sem perder tempo 023 any algum(a), qualquer
relendo o texto todo. Esta técnica em geral deve ser aplicada após 024 anything qualquer coisa
uma ou mais leituras completas do texto em questão. Assim o lei- 025 arm braço
tor diminuirá o risco de confundir informações, perder tempo ou 026 army exército
de dar respostas erradas. Se desejar, o estudante pode ler o que os 027 around em torno de, perto de
028 art arte
exercícios pedirão antes de fazer o scanning, pois assim ele irá se-
029 as como, assim como
lecionar mais facilmente o que for mais importante para responder
030 at em, às
àquelas questões direcionando-se melhor. 031 authority autoridade
032 away distante, longe
f) Lexical Inference (inferência lexical):  Inferir significa 033 back de volta, atrás
deduzir. Às vezes será preciso deduzir o sentido de um termo, 034 because porque
decifrando o que ele quer dizer. Mas isso não pode ser feito de 035 before antes
qualquer maneira. Para inferirmos bem, é necessário entender o 036 behind atrás
significado daquela palavra desconhecida através do contexto no 037 best melhor (superlativo)
qual ela está inserida, observando as palavras vizinhas, as frases 038 better melhor (comparativo)
anteriores e posteriores, o parágrafo onde ela está, as noções gerais 039 between entre (2 coisas)
que temos do texto, etc. Precisamos observar o meio no qual a 040 beyond além
palavra está posta. Neste caso teremos de nos fazer valer de nos- 041 big grande
sos conhecimentos de classes gramaticais (substantivos, adjetivos, 042 black preto(a)
preposições, verbo, etc.), de afixos, de singular e plural, conheci- 043 blood sangue
mento sobre a estrutura de textos, etc. Tudo isso em conjunto 044 body corpo
pode ajudar numa aproximação do sentido real daquele termo que 045 both ambos(as)
não sabemos. 046 boy menino, garoto
047 brother irmão
É preciso lembrar que estas estratégias serão mais ou menos
048 but mas, porém, exceto
eficazes dependendo do tamanho do vocabulário que você possui e
049 by próximo a, perto de, por
também do seu nível de conhecimento gramatical. 050 captain capitão
Há estudos que relacionaram as palavras que mais aparecem 051 care cuidado
em textos e livros técnicos em língua inglesa. Desses estudos fo- 052 case caso
ram feitas diferentes listas com as 318 palavras que mais caem 053 certain certo
nos textos, as 500 mais, as 700 mais, etc. Para facilitar seu es- 054 chapter capítulo
tudo, incluímos aqui as 318 mais comuns para serem estudadas. 055 character caráter, personalidade
Ao memorizar estas palavras você obterá um magnífico subsídio 056 child criança
preparando-se para enfrentar qualquer texto. Você verá que várias 057 children crianças
destas palavras já são conhecidas por você, assim, na verdade, terá 058 church igreja
que memorizar bem menos destas. Um número bem significativo 059 city cidade
delas está presente em qualquer tipo de texto. Quanto mais pala- 060 common comum
vras você souber, mais poderá grifar! Apoie-se nelas e bom estudo! 061 country país, zona rural

Didatismo e Conhecimento 2
INGLÊS
062 course curso 123 home casa, lar
063 day dia 124 horse cavalo
064 dead morto 125 hour hora
065 death morte 126 house casa
066 different diferente 127 how como
067 door porta 128 however entretanto
068 down para baixo 129 human humano
069 during durante 130 hundred cem, centena
070 each cada 131 idea idéia
071 earth terra (planeta) 132 if se
072 either... or ou... ou 133 ill doente
073 emperor imperador 134 in em, dentro (de)
074 empire império 135 indeed de fato, realmente
075 end fim 136 into para dentro de
076 enemy inimigo 137 it ele(a) (coisa, animal)
077 England Inglaterra 138 its seu, sua, (coisa, animal)
078 enough suficiente 139 itself a si mesmo (coisa, animal)
079 even mesmo 140 just apenas, justo
080 ever em qualquer momento, já 141 kind tipo, gentil
081 every cada, todo 142 king rei
082 eye olho 143 knowledge conhecimento
083 fact fato 144 land terra
084 family família 145 large largo, amplo, grande
085 far distanste, longe 146 law lei
086 father pai 147 (at) least (pelo) menos
087 fear medo 148 left esquerdo(a)
088 few poucos(as) 149 less menos
089 fire fogo 150 life vida
090 first primeiro 151 light luz, leve
091 five cinco 152 little pouco(a)
092 foot/feet pé/pés 153 long longo
093 footnote notas de rodapé 154 longer mais longo
094 for para, por 155 love amor
095 force força, forçar 156 man/men homem/homens
096 four quatro 157 manner maneira
097 France França 158 many muitos (as)
098 free livre, grátis 159 master mestre
099 French francês 160 matter matéria
100 friend amigo(a) 161 me me, mim
101 from de (origem) 162 miles milhas
102 full completo, cheio 163 mind mente
103 general geral 164 mine meu(s), minha(s)
104 girl menina, garota 165 moment momento
105 God Deus 166 money dinheiro
106 gold ouro 167 more mais
107 good bom(ns), boa(s) 168 morning manhã
108 government governo 169 most mais
109 great grande, maravilhoso 170 mother mãe
110 ground chão 171 Mr. senhor
111 half metade 172 Mrs. senhora
112 hand mão/entregar 173 much muito(a)
113 he ele (pessoa) 174 my meu(s), minha(s)
114 head cabeça, líder 175 myself eu mesmo
115 heart coração 176 name nome
116 her dela (pessoa) 177 nation nação
117 here aqui 178 natural natural
118 high alto 179 nature natureza
119 him ele, o (pessoa) 180 near próximo, perto
120 himself ele mesmo (pessoa) 181 neither...nor nem...nem
121 his dele (pessoa) 182 never nunca
122 history história 183 new novo(a)(s)

Didatismo e Conhecimento 3
INGLÊS
184 next próximo, a seguir 245 spirit espírito
185 night noite 246 state estado, situação
186 no não 247 still ainda
187 non não 248 street rua
188 not não 249 strength força
189 nothing nada 250 strong forte
190 now agora 251 subject assunto, sujeito
191 number número 252 such tão
192 of de 253 sure certo (certeza)
193 off afastado, desligado 254 ten dez
194 often frequentemente 255 than do que
195 old velho(s), velha(s) 256 that aquele(a), esse(a)
196 on sobre, em cima 257 the o, a, os, as
197 once uma vez 258 their deles, delas
198 one um, uma 259 them eles, os
199 only apenas, único, somente 260 themselves eles mesmos
200 or ou 261 then então, em seguida
201 other outro(a) 262 there lá
202 our nosso(a), nossos(as) 263 therefore por esta razão
203 out fora 264 these estes(as)
204 over acima, encerrado 265 they eles, elas
205 part parte 266 thing coisa
206 peace paz 267 thirty trinta
207 people pessoas 268 this este(a), isto
208 perhaps talvez 269 those aquele(as), esses(as)
209 period período 270 thousand mil, milhar
210 person pessoa 271 three três
211 place lugar 272 through através
212 point ponto 273 time tempo, momento, vez
213 poor pobre 274 to para, em direção a
214 power poder, força 275 together junto(a)(s)
215 present presente 276 too também
216 prince príncipe 277 towards na direção de
217 public público 278 town cidade
218 quite completamente, muito 279 true verdade
219 rather preferencialmente 280 truth verdade
220 reason razão 281 twenty vinte
221 reign reino 282 two dois
222 religion religião 283 under sob
223 room cômodo, quarto 284 until/till até (que)
224 round redondo 285 up para cima
225 same mesmo(a) 286 upon sobre
226 sea mar 287 us nos, a nós
227 second segundo 288 very muito
228 set conjunto 289 voice voz
229 seven sete 290 war guerra
230 several vários(as) 291 water água
231 she ela (pessoa) 292 way caminho, maneira, jeito
232 short pequeno(a), curto(a)(s) 293 we nós
233 side lado 294 well bem
234 sight vista, visão 295 what o que, qual, quais
235 since desde 296 when quando
236 sir senhor 297 where onde
237 six seis 298 whether se
238 small pequeno(s), pequena(s) 299 which (o,a) qual, (os, as) quais
239 so então 300 while enquanto
240 some algum(a), alguns(mas) 301 white branco
241 something algo, alguma coisa 302 who/whom quem, a quem
242 sometimes algumas vezes 303 whole complete, inteiro
243 son filho 304 whose de quem, cujo(a)(s)
244 soon logo, em breve 305 why por que?

Didatismo e Conhecimento 4
INGLÊS
306 wife esposa
307 with com
308 within dentro de
309 without sem
310 woman/women mulher/mulheres
311 word palavra
312 world mundo
313 year ano
314 yes sim
315 yet ainda, já
316 you você(s)
317 young jovem
318 yours seu(s), sua(s)

DICAS TIPOGRÁFICAS

Qualquer porção de linguagem, seja ela falada, escrita, gesticulada, desenhada etc., pode ser considerada texto. Assim, um texto pode
constituir-se de uma frase, uma palavra, um sinal, uma imagem, ou alguma porção maior e mais longa como um romance ou uma novela. Por
isso, a comunicação não envolve somente a linguagem verbal, como na escrita e na fala, mas também envolve a linguagem não-verbal. Este
tipo de linguagem se desenvolve de maneira complexa na sociedade contemporânea e relaciona-se com outras linguagens como a moda, os
gestos, a arte, os sinais, etc.
Observe o exemplo abaixo.

Didatismo e Conhecimento 5
INGLÊS
Além das técnicas mencionadas anteriormente, o leitor deve Quando o nome termina em -y e é precedido por consoante,
sempre se apoiar em informações universais como imagens, nú- faz-se o plural com -ies.
meros e símbolos. Neste exemplo a imagem atesta que o uso do
celular pode ser fatal. a city cities 
a party parties
Baseado em nosso conhecimento de cotidiano, é um tema a lady ladies 
constantes no telejornal que o motorista não deve usar o telefone a baby babies
celular ao volante. Observando os números no texto fica fácil iden-
tificar o número de fatalidades por ano entre outras informações. Se o substantivo termina em -s, -ss, -z, -sh, -ch, -x (exceção:
ox => oxen), acrescentamos -es para formar o plural:
? ! , ; 4 / A a % = @ + “. Símbolos, cores, formatos, fotos, de-
senhos, tamanhos de letras utilizados, estilos de letras escolhidos, A bus two buses
elementos de pontuação, algarismos, etc., ajudam-nos a desvendar A fox two foxes
muitas minúcias do conteúdo de um texto. A watch two watches
A class two classes
Esses elementos são conhecidos como marcas, evidências ou A whiz two whizzes (dobra a última consoante)
dicas tipográficas que os mais variados textos utilizam para co- A flash two flashes
municar.
Acrescenta-se -es somente em alguns substantivos termina-
São elementos que transmitem informações além das pala- dos em -o. Outros ganham apenas -s:
vras, complementando-as. Saber reconhecê-las e também extrair
delas algum sentido complementar para o texto fornece um grande Potato potatoes
auxílio à leitura e à interpretação das ideias transmitidas. Tomato tomatoes
Hero heroes
Photo photos
Radio radios
SUBSTANTIVOS
Video videos
Shampoo shampoos
Zoo zoos
Kangaroo kangaroos
Substantivos, que no inglês são conhecidos como nouns, são
palavras que dão nome a pessoas, lugares, coisas, conceitos, ações, Existem algumas formas irregulares de plural. Alguns exem-
sentimentos, etc. Também chamados de nomes, eles funcionam de plos comuns são:
muitas maneiras nas sentenças. Na maioria das vezes, posicionam-
-se como o sujeito de um verbo, funcionando como o ator ou woman women 
agente dele. Os nomes também podem receber uma ação quando man men 
funcionam como objeto do verbo. Quando atuam como sujeitos ou child children 
objetos, os substantivos podem ser apenas uma palavra, frases, ou tooth teeth 
cláusulas. foot feet
goose geese
Exemplos: mouse mice
louse lice
-The plane crashed. (substantivo como sujeito da frase) person people
-He kicked the dog. (substantivo como objeto direto do verbo)
-To bungee jump is dangerous. (frase verbo-nominal agindo Para alguns terminados em -f ou -fe, trocamos estas letras
como substantivo na posição de sujeito) por -ves. Para outros, apenas usamos -s:
-What we thought was the best thing to do. (cláusula nominal
agindo como substantivo na posição de sujeito) Leaf leaves
Knife knives
A maioria dos substantivos forma o plural com o acréscimo Wife wives
de -s. Por exemplo: Life lives
Roof roofs
Singular Plural  Belief beliefs
car cars  Safe safes
cap caps  Chief chiefs

Didatismo e Conhecimento 6
INGLÊS
Outros terminados em -f admitem plural de duas maneiras: Exemplos:

Dwarf dwarfs/dwarves My mother sent me a kiss. => She sent me a kiss. (Minha mãe/


Scarf scarfs/scarves Ela mandou-me um beijo)
Hoof hoofs/hooves My brother loves soccer. => He loves soccer. (Meu irmão/Ele
ama futebol)
Alguns nomes têm a mesma forma tanto no singular quanto Is it a boy or a girl? (É menino ou menina?)
no plural:
O gênero pode ser reconhecido em palavras de duas formas
distintas:
A species two species
A sheep two sheep 1- Por anteposição ou posposição de palavras ou afixos: vá-
A fish two fish rios substantivos femininos são terminados pelo sufixo -ess, por
A deer two deer exemplo.
A means two means
A series two series Actor (ator) – Actress (atriz)
Prince (príncipe) – Princess (princesa)
Alguns nomes têm plural, mas usam verbo no singular: Waiter (garçom) – Waitress (garçonete)

news - The news is positive for the country. 2- Por palavras diferentes: o masculino é determinado por
linguistics - Linguistics is the study of language. uma palavra e o feminino, por outra:
billiards - Billiards is played by many people around the
world. Husband (esposo) – wife (esposa)
Brother (irmão) – sister (irmã)
Outros nomes têm forma plural e usam verbo no plural tam- Boy (garoto) – girl (garota)
bém: Nephew (sobrinho) – niece (sobrinha)
pants - These pants are too big for me. Father (pai) – mother (mãe)
jeans - His jeans are dark brown.
glasses - My glasses are old.
pajamas - Her pajamas have holes.

Há vários substantivos que são somente usados no singular.


Eles concordam com verbo e pronomes no singular, mesmo se
transmitirem ideia de plural. Estes não podem ser precedidos pelos
artigos indefinidos a/an, por isso, muitas vezes, utilizamos alguma
expressão quantificadora antes deles. Veja:

I have a piece of information for you. (Eu tenho uma informa-


ção para você)
Can you give a word of advice? (Você pode me dar algum
conselho?)
He bought beautiful pieces of furniture for the bedroom. (Ele
comprou lindos móveis para o quarto)
I bring some news for your day. (Eu trago algumas notícias
para o seu dia)

GÊNEROS DOS SUBSTANTIVOS

Em inglês, existem três tipos de gêneros para os substantivos:


feminino, masculino e neutro. Os substantivos femininos, quando
estiverem no singular, podem ser trocados pelo pronome “she”. Os
substantivos masculinos, quando no singular, podem ser trocados
por “he”. Os substantivos neutros são usados para fazer referência
a coisas ou animais, ou, ainda, para expressar uma ideia que sirva
para ambos os sexos. Nesse último caso, podemos trocar o subs-
tantivo no singular pelo pronome pessoal “it”. No caso do plural,
para todos os substantivos utilizamos o pronome pessoal “they”.

Didatismo e Conhecimento 7
INGLÊS
SUBSTANTIVOS CONTÁVEIS E NÃO CONTÁVEIS

Didatismo e Conhecimento 8
INGLÊS
Contáveis são aqueles substantivos que podemos enumerar e contar, ou seja, que podem possuir tanto forma singular quanto plural. Eles
são chamados de countable nouns ou de count nouns, em inglês.

Por exemplo, podemos contar pencil. Podemos dizer one pencil, two pencils, three pencils, etc.

Incontáveis são os substantivos que não possuem forma no plural. Eles são chamados de uncountable nouns, de non-countable nouns,
ou até de non-count nouns, em inglês. Podem ser precedidos por alguma unidade de medida ou quantificador. Em geral, eles indicam
substâncias, líquidos, pós, conceitos, etc., que não podemos dividir em elementos separados. Por exemplo, não podemos contar “water”.
Podemos, sim, contar “bottles of water” ou “liters of water”, mas não podemos contar a palavra “water”.

Outros exemplos de substantivos incontáveis são: music, art, love, happiness, advice, information, news, furniture, luggage, rice, sugar,
butter, water, milk, coffee, electricity, gas, power, money, etc.

Em geral, estudantes de língua inglesa têm dificuldade de saber quando um substantivo é contável e quando é não-contável. As dicas
são sempre conferir a informação num bom dicionário e também tentar memorizar alguns dos mais comuns para agilizar o seu estudo. Nos
dicionários, normalmente você encontra o símbolo [U] para identificar os uncountable nouns e [C] para os countable nouns.

Em várias situações necessitamos de fazer o uso de determinantes/quantificadores em conjunto com substantivos contáveis e incontá-
veis.

Há determinantes específicos para os incontáveis: a little, little, less, much.

Exemplos:

I have a little time to exercise today. (Eu tenho algum tempo para me exercitar hoje)
She has little patience with her students. (Ela tem pouca paciência com seus alunos)
He demonstrates less aptitude. (Ele demonstra menos aptidão)
Judy and her husband have much money. (Judy e seu marido têm muito dinheiro)

E há alguns específicos para uso com substantivos contáveis: a few, few, fewer, many. 

Exemplos:

There are a few coins in my wallet. (Há algumas moedas na minha carteira)
Few people went to the show. (Poucas pessoas foram ao show)
We can see fewer cars on the streets today. (Podemos ver menos carros nas ruas hoje)
He has many friends. (Ele tem muitos amigos)

Existe ainda o determinante a lot of que pode ser utilizado tanto para substantivos contáveis como incontáveis.

Exemplo:
I have a lot of money.
I have much money.

There are a lot of cars in the street tonight.


There are many cars in the street tonight.

Há dois tipos de pronomes possessivos: adjetivos e substantivos.

Pronome Possessivo Adjetivo: Tradução: Pronome Possessivo Substantivo:


My meu(s)/minha(s) Mine
Your seu/sua Yours
His dele His
Her dela Hers
Its dele/dela (coisas ou animais) Its
Our nosso(s)/ nossa(s) Ours
Your seus/suas Yours
Their deles/delas Theirs

Didatismo e Conhecimento 9
INGLÊS
Os pronomes possessivos adjetivos vem antes do substantivo.
CASOS POSSESSIVOS COM ‘S
Os pronomes possessivos substantivos podem vir após o subs-
tantivo ou podem substituir o substantivo a qual se referem assim
reduzindo a frase.
Quando falamos de posse, geralmente em inglês se usa os pro-
Exemplos: nomes adjetivos ou possessivos. Porém em algumas situações nós
queremos relacionar o objeto em questão diretamente ao nome de
His kid is playing with hers. (O filho dele está brincando com seu proprietário.
o dela)
Exemplos:
(His – pronome possessivo adjetivo, antes do substantivo kid.
Hers – pronome possessivo substantivo, substituindo o substanti- The car of Maria.
vo kid, para evitar a repetição da mesma palavra várias vezes na (O carro de Maria)
mesma frase).
The pen of João.
(A caneta de João)
My friends went to the club with yours. (Meus amigos foram
ao clube com os seus)
Em Inglês, existe um “atalho” para este tipo de situação usan-
do o ‘s.
Our mother likes pizza. (Nossa mãe gosta de pizza)
Exemplos:
Did you prefer his presentation or hers? (Você preferiu a apre-
sentação dele ou a dela?) Maria’s car.
João’s pen.
MODIFICADORES DE SUBSTANTIVOS
ATENÇAO: Não podemos confundir este ‘s possessivo com
Modifiers são palavras, locuções, frases, ou cláusulas que qua- o ‘s (abreviação de is)
lificam o significado de outras palavras. O termo é bem genérico:
qualquer parte da fala que funciona como um adjetivo ou advérbio Exemplos:
é um modificador.
João’s a doctor.
Note:  Nos exemplos abaixo, o  modifier está em itálico e a (João é UM médico)
palavra que ele modifica está sublinhada; a função do modificador
está descrita entre parênteses. João’s doctor.
(O médico de João)
Adjetivos — descrevem ou modificam nomes. Uma locução
adjetiva ou cláusula adjetiva funciona da mesma maneira que uma Outros detalhes quanto ao ‘s.
simples palavra funcionaria. Caso existam múltiplos “donos” o ‘s vai apenas no último.

Exemplo: The yellow balloon flew away over the crying child. Exemplo:


(O adjetivo yellow modifica o substantivo balloon; crying modifi-
Kate and Cindy’s parents.
ca o nome child)
(Os pais de Kate e Cindy)
Artigos  —  são palavras que acompanham os substantivos e
Caso o “dono” seja terminado em S por conta de sua plurali-
tem função de classifica-los.
dade, fazemos apenas o acréscimo do ‘ .
Example: The killer selected a knife from an antique collec- Exemplos:
tion. (The, a, e an são artigos que especificam ou delimitam seus
respectivos substantivos) My brother’s house.
(A casa do meu irmão [apenas um irmão]
Advérbios—  descrevem verbos, adjetivos, ou outros advér-
bios, completando a ideia de como, quanto ou quando. Uma locu- My brothers’ house.
ção adverbial ou cláusula adverbial funciona da mesma forma que (A casa dos meus irmãos [mais de um irmão]
um único advérbio funcionaria.
O ‘s é muito usado para informação e grau de parentesco o que
Exemplo: The woman carefully selected her best dress for the pode confundir um pouco o estudante, portanto faça a leitura com
party. (Carefully é um advérbio que modifica o verbo selected) calma deste tipo de estrutura.

Didatismo e Conhecimento 10
INGLÊS
Exemplos:

Jack is my father’s brother.


(Jack é o irmão de meu pai)

Peter is her brother’s best friend.


(Peter é o melhor amigo do irmão dela).

William is David’s last name.


(William é o sobre nome do David).

ARTIGOS

Em geral, emprega-se o artigo definido the antes de substantivos com a finalidade de especificá-los.

Exemplo: The boy is late.

Às vezes, pode ocorrer a presença de um ou mais adjetivos entre o artigo the e o substantivo.

Exemplo: The little boy is late. Ou The little good boy is late.

Na língua inglesa, os artigos indefinidos são: a e an. Ambos são traduzidos como: um ou uma. O artigo indefinido no inglês não tem plural.
Só podemos usar a/an antes de substantivos que estejam no singular. Utilizamos a antes de palavras iniciadas com som de consoante e an antes
de palavras que iniciam com som de vogal.

Exemplos:
A cow.
An elephant.

Determinantes, também conhecidos como quantificadores, são usados antes de substantivos para fazer referência a algo específico ou a
um grupo em geral.
Os determinantes/quantificadores gerais são:
-a, an, a few, a little, any, enough, every, few, little, many, much, no, other, several, some. 

Exemplos (os substantivos quantificados estão sublinhados):


A woman sat under an umbrella. (Uma mulher sentou-se embaixo de um guarda-chuva)
There is not enough food to everyone. (Não há comida suficiente para todos)

ADJETIVOS E COMPARATIVOS

Didatismo e Conhecimento 11
INGLÊS
Adjetivos são palavras ou grupo de palavras que indicam Os graus de comparativo devem ser utilizados apenas quan-
características dos substantivos, definindo-os, delimitando-os ou do estamos comparando duas pessoas ou duas coisas. Por outro
modificando-os. lado os graus de superlativo (como veremos abaixo) são utiliza-
Ao contrário do que ocorre na língua portuguesa, os adjetivos dos quando estamos comparando três ou mais pessoas ou coisas.
em inglês não possuem forma singular, plural, masculina nem fe- Geralmente as frases se referem a uma totalidade (da classe, da
minina. Existe apenas a forma singular para ambos os sexos. cidade, etc.).

She is beautiful. => They are beautiful. Passemos então a estudar, agora, o grau superlativo:
His car is red. => Their cars are red.
• Grau Superlativo de Superioridade (the + adjetivo curto +
Anna is intelligent. Jack is intelligent. est) = (o mais...)

Quando o(s) adjetivo(s) aparece(m) junto a um substantivo, (cheap): This is the cheapest restaurant in town. (Este é o res-
tal abjetivo(s) deve(m) vir antes do substantivo: taurante mais barato da cidade)
(tall): Jennifer is the tallest girl in the group. (Jennifer é a garota
This is a big city. mais alta do grupo)
They live in a huge white house. (dry): This is the driest region of the state. (Esta é a região mais
Marcos is a soccer player. seca do estado)

Os adjetivos em inglês também possuem graus diversos, as- • Grau Superlativo de Superioridade (the most + adjetivo
sim como ocorre em português. Veja: longo) = (o mais...)

• Grau Comparativo de Igualdade  (as + adjetivo + as)  = This is the most modern TV set nowadays. (Este é o aparelho
(tão/tanto... quanto) de TV mais moderno do momento)
He is the most handsome actor in the movies. (Ele é o ator
Dereck is as short as Fred. (Dereck é tão baixo quanto Fred) mais bonito do cinema)
That motorcycle is as fast as this one. (Aquela moto é tão Messy is the most famous soccer player now. (Messy é o joga-
rápida quanto esta) dor de futebol mais famoso agora)
Julie is as beautiful as Sharon. (Julie é tão bela quanto Sha-
ron) • Grau Superlativo de Inferioridade (the least + adjetivo) =
(o menos...)
• Grau Comparativo de Superioridade (adjetivo curto + er
+ than) = (mais... do que..) This is the least important detail. (Este é o detalhe menos im-
portante)
(strong): Tim is stronger than Peter. (Tim é mais forte do que I’m always the least nervous during the tests. (Sempre sou o
Peter) menos nervoso durante as provas)
(tall): An elephant is taller than a lion. (Um elefante é mais That region is the least safe of the city. (Aquela região é a me-
alto que um leão) nos segura da cidade)
(thin): Nancy is thinner than Sue. (Nancy é mais magra do
que Sue) Há algumas adaptações que precisamos fazer na escrita dos ad-
jetivos quando acrescentamos -er e -est para formarmos, consecuti-
• Grau Comparativo de Superioridade  (more + adjetivo vamente, seus comparativos e superlativos. Observe:
longo + than) = (mais... do que..) Aos que já são terminados em -e, acrescentamos apenas -r (no
comparativo) ou -st (no superlativo):
Dave is more intelligent than his brother. (Dave é mais inte-
ligente que seu irmão) wide (largo) wider the widest
He is more careful than his father as a driver. (Ele é mais late (tarde) later the latest
cuidadoso que seu pai como motorista)
This house is more comfortable than the other. (Esta casa é Àqueles adjetivos curtos terminados em -y, substituímos o -y
mais confortável que a outra) por -i e depois colocamos -er ou -est:

• Grau Comparativo de Inferioridade (less + adjetivo + pretty (bonita) prettier the prettiest
than) = (menos... do que...) dirty (sujo) dirtier the dirtiest

Christopher is less famous than Brad. (Christopher é menos Quando o adjetivo for curto e terminar com a sequência
famoso do que Brad) consoante+vogal+consoante, dobra-se a última consoante antes de
Your city is less hot than mine. (Sua cidade é menos quente acrescentar -er ou -est:
do que a minha)
This language is less difficult than the others. (Esta língua é thin (magro/fino) thinner the thinnest
menos difícil do que as outras) fat (gordo) fatter the fattest

Didatismo e Conhecimento 12
INGLÊS
Vamos estudar agora alguns adjetivos que possuem formas irregulares:
Bad(mau) worse the worst
Good(bom) better the best
Far(longe) farther the farthest
Far(mais/complementar) further the furthest
Little(pouco) less the least
Many(muitos/as) more the most
Much(muito/a) more the most

*Os adjetivos indefinidos podem ser comparados aos pronomes indefinidos. Serão as mesmas palavras, mas com funções diferentes na
frase. Reveja o tópico sobre pronomes indefinidos para mais detalhes.

Não existe uma regra para determinar-nos quando um adjetivo é curto ou longo, por exemplo se baseando no número de letras ou algo
do tipo. O estudante deve se familiarizar com os adjetivos já os classificando entre longos e curtos.

NUMERAIS

CARDINAL  ORDINAL
1   one 1st   first
2   two 2nd   second
3   three 3rd   third
4   four 4th   fourh
5   five 5th   fifth
6   six 6th   sixth
7   seven 7th   seventh
8   eight 8th   eighth
9   nine 9th   ninth
10   ten 10th   tenth
11   eleven 11th   eleventh
12   twelve 12th   twelfth
13   thirteen 13th   thirteenth
14   fourteen 14th   fourteenth
15   fifteen 15th   fifteenth
16   sixteen 16th   sixteenth
17   seventeen 17th   seventeenth
18   eighteen 18th   eighteenth
19   nineteen 19th   nineteenth
20   twenty 20th   twentieth
21   twenty-one 21st   twenty-first
22   twenty-two 22nd   twenty-second
23   twenty-three 23rd   twenty-third
30   thirty 30th   thirtieth
40   forty 40th   fortieth
50   fifty 50th   fiftieth
60   sixty 60th   sixtieth
70   seventy 70th   seventieth
80   eighty 80th   eightieth
90   ninety 90th   ninetieth
100   one hundred 100th   one hundredth
200   two hundred 200th   two hundredth
1 000   one thousand 1 000th   one thousandth
10 000   ten thousand 10 000th   ten thousandth
100 000   one hundred thousand 100 000th   one hundred thousandth
1 000 000   one million 1 000 000th   one millionth

Didatismo e Conhecimento 13
INGLÊS
Exemplos

January is the first month of the year. (Janeiro é o primeiro mês do ano).
Michael is the third winner. (Michael é o terceiro ganhador).
John is the ninth student in the line. (John é o nono aluno na fila).
Os números ordinais também são usados em inglês para datas.
January 28th (Vigésimo oitavo dia do mês de janeiro).

PRONOMES

PRONOMES PESSOAIS

Há dois tipos de pronomes pessoais: sujeitos e objetos.

Pronome Pessoal Sujeito: Tradução: Pronome Pessoal Objeto:


I eu Me
You você You
He ele Him
She ela Her
It ele/ela (para coisas ou animais) It
We nós Us
You vocês You
They eles/elas Them

Os pronomes pessoais sujeitos vêm antes do verbo, como sujeito da frase.


Os pronomes pessoais objetos vêm depois de verbo ou de preposição. Além de virem depois, o verbo principal da frase está fazendo
uma ação relacionada ao pronome pessoal objeto em questão.

Exemplos:

She loves him a lot.


I saw her at the party yesterday.
We are going to meet them in front of the stadium.
They waited for us for two hours.
Can you send this e-mail for me, please?

Há dois tipos de pronomes possessivos: adjetivos e substantivos.

Didatismo e Conhecimento 14
INGLÊS
Pronome Possessivo Adjetivo: Tradução: Pronome Possessivo Substantivo:
My meu(s)/minha(s) Mine
Your seu/sua Yours
His dele His
Her dela Hers
Its dele/dela (coisas ou animais) Its
Our nosso(s)/ nossa(s) Ours
Your seus/suas Yours
Their deles/delas Theirs

Os pronomes possessivos adjetivos vem antes do substantivo.


Os pronomes possessivos substantivos podem vir após o substantivo ou podem substituir o substantivo a qual se referem assim redu-
zindo a frase.

Exemplos:

His kid is playing with hers. (O filho dele está brincando com o dela)
(His – pronome possessivo adjetivo, antes do substantivo kid. Hers – pronome possessivo substantivo, substituindo o substantivo kid,
para evitar a repetição da mesma palavra várias vezes na mesma frase).

My friends went to the club with yours. (Meus amigos foram ao clube com os seus)

Our mother likes pizza. (Nossa mãe gosta de pizza)

Did you prefer his presentation or hers? (Você preferiu a apresentação dele ou a dela?)

PRONOMES INTERROGATIVOS

Os Pronomes Interrogativos, Question Words, são utilizados para obtermos informações mais específicas a respeito de algo ou alguém.
As perguntas formuladas com eles são conhecidas por wh-questions porque todos os pronomes interrogativos possuem as letras wh. Na
grande maioria das vezes, os Interrogativos são posicionados antes de verbos auxiliares ou modais, no início de frases.

What – O que, que, qual (usado para questões com opções mais amplas de resposta):
What time is it now? (Que horas são agora?)
What are you doing here? (O que você está fazendo aqui?)

Where – Onde:
Where do you work? (Onde você trabalha?)
Where do your kids study? (Onde seus filhos estudam?)

When – Quando:
When did they move? (Quando eles se mudaram?)
When did you travel to Europe? (Quando você viajou para a Europa?)

Who – Quem:
Who is that girl? (Quem é aquela garota?)
Who arrived first in the race? (Quem chegou primeiro na corrida?)

Why – Por que:


Why did you cry? (Por que você chorou?)
Why are you late for class? (Por que você está atrasado para a aula?)

Whom – Quem (mais formal, geralmente antecedido de preposição):


With whom did you go to the park? (Com quem você foi ao parque?)
To whom were you speaking last night? (Com quem você estava falando ontem à noite?)

Whose – De quem:
Whose pen is this? (De quem é esta caneta?)
Whose mansion is that? (De quem é aquela mansão?)

Didatismo e Conhecimento 15
INGLÊS
Which – Qual, quais (usado para questões com opções limi-
tadas de resposta): VERBOS
Which of those girls is your sister? (Qual daquelas meninas
é a sua irmã?)
Which color do you prefer: yellow or blue? (Qual cor você
prefere: amarelo ou azul?)

Existem diversas formas compostas dos pronomes interro-


gativos. Podemos juntar outras palavras a eles antes dos verbos
auxiliares, para especificar alguma informação. Veja:

What kind of movies do you like? (Que tipo de filmes você


gosta?)
What sports do you practice? (Que esportes você pratica?)
What soccer team are you a fan of? (Para que time de fute-
bol você torce?)
How often do you go to the gym? (Com que frequência você
vai à academia?)
How long is the Amazon river? (Qual o comprimento do rio
Amazonas?)
How much does this newspaper cost? (Quanto custa este
jornal?)
How many brothers do you have? (Quantos irmãos você
tem?)
How good are you at tennis? (O quanto você é bom em tê-
nis?)
How old are you? (Quantos anos você tem?)
How far is São Paulo from Rio? (Qual a distância entre São
Paulo e Rio?)
How deep is this river? (Quão profundo é este rio?) Quanto à forma, podemos classificar os verbos ingleses em
Regulares, Irregulares e Modais.
Quando uma pergunta questiona sobre o sujeito da oração,
não se usa verbo auxiliar. Assim, o pronome interrogativo inicia São chamados de regulares os verbos que geralmente seguem
a pergunta seguido das outras palavras na ordem afirmativa. Ob- a mesma regra.
serve:
No caso do presente, verbos regulares são aqueles que rece-
Who knows? (Quem sabe?) bem S:
What happened? (O que aconteceu?) Play – plays, sing – sings.
Who likes to eat vegetables? (Quem gosta de comer vege-
tais?) No caso do passado, verbos regulares são aqueles que rece-
What broke the window? (O que quebrou a janela?) bem ed:
Who speaks English in this room? (Quem fala inglês nesta Play – played, cook – cooked.
sala?)
Why go now? (Por que ir agora?) Verbos irregulares são aqueles que não seguem uma mesma
How many people survived the accident? (Quantas pessoas regra.
sobreviveram ao acidente?)
Which came first: the egg or the chicken? Tanto no caso do presente ou do passado, os verbos sofrem
modificações individuais.
Em muitos casos, as perguntas são finalizadas por preposi- Presente:
ções que complementam seu sentido: have – has, do – does.

Where are you from? (De onde você é?) Passado:


What is your city like? (Como é a sua cidade?) Sing – sang, eat – ate.
Who did you play against? (Contra quem você jogou?)
Where did you send the letter to? (Para onde você enviou a Os verbos irregulares não têm uniformidade quanto à escrita
carta?) do passado simples e do particípio. Confira os três últimos exem-
What is this for? (Para que é isto?) plos na tabela abaixo.

Didatismo e Conhecimento 16
INGLÊS
Infinitivo Simple Past tense Past Participle Tradução

to accept accepted accepted aceitar


to add added added adicionar, somar
to arrive arrived arrived chegar
to be was, were been ser, estar
to begin began begun começar, iniciar
to buy bought bought comprar

Abaixo segue uma tabela dos verbos mais utilizados na língua inglesa. Assim como as palavras mais comuns (aquela lista não possui
verbos) os verbos também são parte fundamental das frases. Quanto mais verbos o estudante souber – mais facilmente ele entenderá todas
as frases de um texto.

# Infinitive Simple Past Tradução


1 accept Accepted aceitar
2 agree Agreed concordar
3 answer Answered responder
4 appear Appeared aparecer
5 arrive Arrived chegar
6 ask Asked perguntar
7 attack Attacked atacar
8 bake Baked assar
9 be was, were ser, estar
10 become Became tornar-se
11 begin Began começar
12 believe Believed acreditar, crer
13 bet Bet apostar
14 bite Bit morder, picar
15 bleed Bled sangrar
16 borrow Borrowed pedir emprestado
17 break Broke quebrar, interromper
18 bring Brought trazer
19 build Built construir
20 burn burned, burnt queimar
21 buy Bought comprar
22 call Called ligar, chamar
23 cancel Canceled cancelar
24 carry Carried carregar
25 celebrate Celebrated celebrar, comemorar
26 change Changed trocar, mudar
27 chat Chatted bater papo
28 clap clapped, clapt bater palma
29 clean Cleaned limpar
30 climb Climbed subir, escalar
31 close Closed fechar
32 come Came vir, chegar
33 cook Cooked cozinhar
34 cost Cost custar
35 broadcast Broadcast transmitir
36 create Created criar
37 cry Cried chorar
38 cut Cut cortar
39 damage Damaged danificar, estragar
40 dance Danced dançar
41 date Dated sair para um encontro, namorar
42 decide Decided decidir
43 deliver Delivered entregar
44 depend Depended depender

Didatismo e Conhecimento 17
INGLÊS
45 dive dived, dove mergulhar
46 do Did fazer, executar
47 draw Drew desenhar
48 dream dreamt, dreamed sonhar
49 drink Drank beber
50 drive Drove dririgir (4 rodas)
51 eat Ate comer
52 end Ended terminar
53 enjoy Enjoyed apreciar, desfrutar, gostar
54 exercise Exercised exercitar-se, fazer exercícios
55 fall Fell cair
56 feed Fed alimentar(se), alguém
57 fight Fought lutar
58 find Found encontrar
59 finish Finished terminar
60 fish Fished pescar
61 fix Fixed consertar, arrumar
62 fly Flew voar
63 follow Followed seguir
64 forget Forgot esquecer(se)
65 fry Fried fritar
66 get Got conseguir, ganhar
67 get up got up levantar-se
68 give Gave dar, conceder
69 go Went ir
70 grow Grew crescer, cultivar
71 guess Guessed adivinhar, supor
72 happen Happened acontecer
73 hate Hated odiar
74 have Had ter, possuir
75 hear Heard ouvir
76 help Helped ajudar
77 hide Hid esconder, ocultar(se)
78 hit Hit bater
79 hunt Hunted caçar
80 hurt Hurt machucar
81 improve Improved melhorar, aperfeiçoar
82 interview Interviewed entrevistar
83 jog Jog caminhar (exercício físico)
84 jump Jumped pular, saltar
85 keep Kept guardar, manter, permanecer
86 kiss Kissed beijar
87 know Knew saber, conhecer
88 listen Listened escutar
89 live Lived viver, ao vivo
90 look Looked olhar, parecer
91 lose Lost perder
92 love Loved amar
93 make Made fazer, produzir, fabricar
94 marry Married casar
95 meet Met encontrar-se com
96 miss Missed sentir saudades, perder a hora
97 move Moved mexer, mudar-se
98 need Needed precisar, necessitar
99 offer Offered oferecer
100 open Opened abrir

Didatismo e Conhecimento 18
INGLÊS
101 paint Painted pintar
102 park Parked estacionar
103 pay Paid pagar
104 plant Planted plantar
105 play Played tocar instrumento, brincar
106 practice Practiced praticar, treinar
107 prefer Prefered preferir
108 pull Pulled puxar
109 push Pushed empurrar
110 quit Quit desistir, sair, abandonar
111 rain Rained chover
112 read Read ler
113 relax Relaxed relaxar, descansar
114 remember Remembered lembrar, recordar
115 repair Repaired reparar, consertar
116 repeat Repeated repetir
117 rescue Rescued resgatar, socorrer
118 respond Responded responder
119 rest Rested relaxar, descansar
120 review Reviewd revisar
121 ride Rode cavalgar (2 rodas)
122 run Run correr, administrar
123 save Saved salvar, economizar (dinheiro)
124 say Said dizer
125 see Saw ver
126 sell Sold vender
127 send Sent enviar
128 sing Sang cantar
129 sink Sank afundar, naufragar
130 sit Sat sentar
131 skate Skated patinar, andar de skate
132 ski Skied esquiar
133 sleep Slept dormir
134 smell Smelt cheirar
135 snow Snowed nevar
136 speak Spoke falar
137 spell Spelled soletrar
138 spend Spent gastar tempo ou dinheiro
139 spill spilled, spilt derramar liquido
140 start Started iniciar, começar
141 steal Stole roubar
142 stop Stopped parar, deter
143 study Studied estudar
144 suggest Suggested sugerir
145 swear Swore jurar, falar palavrão
146 sweat sweat, sweated suar
147 sweep Swept varrer
148 swim Swam nadar
149 take Took tomar, pegar
150 talk Talked falar
151 teach Taught ensinar
152 tell Told contar, dizer
153 thank Thanked agradecer
154 think Thought pensar, achar (opnião)
155 touch Touched tocar
156 travel Traveled viajar

Didatismo e Conhecimento 19
INGLÊS
157 try Tried tentar
158 turn Turn girar, rodar, virar
159 understand Understood entender, compreender
160 upset Upset ficar nervoso, com raiva
161 use Used usar
162 visit Visited visitar
163 wait Waited esperar
164 wake up waked up, woke up acordar
165 walk Walked caminhar, andar
166 want Wanted querer
167 wash Washed lavar
168 watch Watched assistir, vigiar
169 water Watered regar
170 wear Wore vestir
171 welcome Welcomed dar boas vindas
172 win Won ganhar, vencer
173 wish Wished desejar
174 work Worked trabalhar, funcionar
175 worry Worried preocupar-se
176 write Wrote escrever

TEMPOS VERBAIS

PRESENTE CONTÍNUO: indica algo que acontece no exato momento da fala. As frases neste tempo verbal mostram o que alguém
está fazendo (gerúndio). Necessita do verbo to be (am, is, are) e mais algum outro verbo com terminação -ing (-ando, endo, -indo, -ondo):

I am writing a book. (Eu estou escrevendo um livro)


You are reading. (Você está lendo)
He is listening to music. (Ele está escutando música)
She is making lunch. (Ela está fazendo o almoço)
It is playing with a ball. (Ele/Ela está brincando com uma bola.)
We are learning together. (Nós estamos aprendendo juntos)
You are studying English. (Vocês estão estudando Inglês)
They are traveling. (Eles estão viajando)

Didatismo e Conhecimento 20
INGLÊS
*O pronome it é usado para coisas e animais. Pode referir-se a I will be writing a book.
pessoas quando não se sabe o sexo. You will be reading.
He will be listening to music.
Tudo o que foi descrito nestas frases está acontecendo ago- She will be making lunch.
ra, neste exato momento. Por isso usamos o presente contínuo. It will be playing with a ball.
Para tornar todas estas frases negativas, basta posicionar a palavra We will be learning together.
not após o to be, ou fazer uma contração ente eles (am not, isn’t, You will be studying English.
aren’t). They will be traveling.

I am not writing a book. (Apenas esta forma não pode ser Nas negativas, simplesmente posicionamos not logo após o au-
contraída) xiliar will, ou fazemos uma contração com eles (will+not= won’t).
You aren’t reading.
He isn’t listening to music. Para interrogar, faz-se a colocação do auxiliar will antes do su-
She isn’t making lunch. jeito das frases (Will I...?, Will you...?).
It isn’t playing with a ball.
We aren’t learning together. PRESENTE SIMPLES: este tempo verbal nos fala de situa-
You aren’t studying English. ções que acontecem rotineiramente. Estas situações não acontecem
They aren’t traveling. no exato momento da fala, mas usualmente durante o dia a dia. Por
exemplo, você pode dizer em português “eu trabalho”. Essas suas
Agora, para transformarmos as frases em interrogações, de- palavras indicam algo rotineiro para você, não querem dizer que
vemos mudar a posição do to be. Precisamos posicioná-lo (am, is, você esteja trabalhando agora, neste exato momento. É essa noção
are) antes dos sujeitos das frases. As outras palavras permanecem de que algo acontece no presente mas como uma rotina é o que o
em suas posições originais. Claro que não podemos esquecer do presente simples indica. Vamos ver a conjugação de alguns verbos
ponto de interrogação. Veja: no presente simples com frases afirmativas primeiro:

I work in the evening.


Am I writing a book?
You like to dance.
Are you reading?
He sleeps a lot.
Is he listening to music?
She cooks well.
Is she making lunch?
It barks too much.
Is It playing with a ball?
We speak English fluently.
Are we learning together?
You drive fast.
Are you studying English?
They drink beer.
Are they traveling?
Perceba que basta seguir a ordem “sujeito + verbo no infini-
PASSADO CONTÍNUO: se você quiser colocar todas as tivo sem to (+complemento)” para formar algumas sentenças. É a
frases que acabamos de estudar no passado, para relatar o que al- ordem natural das palavras em Português também. Assim, se você
guém estava fazendo, é muito simples. Basta trocar verbo to be souber uma boa gama de verbos, poderá montar muitas frases para
que estava no presente pelo to be no passado (was, were). Apenas praticar.
tenha atenção na hora de saber qual pessoa usará was e qual usará
were. Exemplos: Neste caso de sentenças afirmativas somente necessitamos to-
mar cuidado com os detalhes em negrito e em sublinhado. Todas as
I was writing a book. vezes em que o sujeito da frase for a terceira pessoa do singular (he/
You were reading. she/it), devemos acrescentar um -s no final do verbo. Em algumas
He was listening to music. situações será um -es, e no caso do verbo ter (to have) a forma será
She was making lunch. has. Repito: só nas afirmativas com 3ª pessoa singular.
It was playing with a ball.
We were learning together. As negativas precisam fazer o uso dos verbos auxiliares do e
You were studying English. does, acrescidos de not (do+not=don’t / does+not=doesn’t). Doesn’t
They were traveling. será usado somente com 3ª pessoa singular. Exemplos:

Perceba que usamos was com I/He/She/It, e que usamos I don’t work in the evening.
were com You/We/They. Agora, para formar a negativa (wasn’t, You don’t like to dance.
weren’t) e a interrogativa (Was I...?, Were you...?), basta proceder He doesn’t sleep a lot.
da mesma forma que vimos no caso do Presente Contínuo. She doesn’t cook well.
It doesn’t bark too much.
FUTURO CONTÍNUO: para relatar aquilo que alguém es- We don’t speak English fluently.
tará fazendo em um determinado momento no futuro, é só utilizar You don’t drive fast.
will be e mais qualquer outro verbo terminado em -ing. They don’t drink beer.

Didatismo e Conhecimento 21
INGLÊS
Para fazermos perguntas, posicionaremos do e does antes do PASSADO SIMPLES: indica alguma ação completa no passa-
sujeito da frase e acrescentaremos o ponto de interrogação. do, ou seja, algo já finalizado. O passado simples caracteriza-se pela
adição da terminação -ed ao verbos REGULARES nas afirmativas.
Do I work in the evening? Nas interrogativas, usamos Did antes dos sujeitos das frases e, nas
negativas, did not ou didn’t. Vejamos:
Do you like to dance?
Does he sleep a lot? I worked yesterday. (Eu trabalhei ontem)
Does she cook well? You answered my e-mail. (Você respondeu ao meu e-mail)
Does it bark too much? He traveled a lot. (Ele viajou muito)
Do we speak English fluently? She watched the movie. (Ela assitiu o filme)
Do you drive fast? It barked all night. (Ele/Ela latiu a noite toda)
Do they drink beer? We stayed here. (Nós ficamos aqui)
You played very well. (Vocês jogaram muito bem)
Ótimo. Agora, para finalizarmos o presente simples, passe- They parked far. (Eles estacionaram longe)
mos ao principal verbo inglês: o to be. A conjugação do presente
I didn’t work yesterday. (Eu não trabalhei ontem)
do to be possui três formas: am, is e are. Este verbo significa You didn’t answer my e-mail. (Você não respondeu ao meu e-
duas coisas ao mesmo tempo: ser e estar. Mas como identificar se -mail)
numa frase ele quer se referir ao verbo ser ou se ao verbo estar? He didn’t travel a lot. (Ele não viajou muito)
Resposta: depende da frase, depende do contexto. Veja: She didn’t watch the movie. (Ela não assistiu o filme)
It didn’t bark all night. (Ele/Ela não latiu a noite toda)
I am a teacher. (Eu sou um professor) We didn’t stay here. (Nós não ficamos aqui)
You are a student. (Você é um aluno) You didn’t play very well. (Vocês não jogaram muito bem)
He is late. (Ele está atrasado) They didn’t park far. (Eles não estacionaram longe)
She is early. (Ela está adiantada)
Did I work yesterday? (Eu trabalhei ontem?)
It is tall. (Ele/Ela é alto/a) Did you answer my e-mail? (Você respondeu ao meu e-mail?)
We are Brazilians. (Nós somos brasileiros) Did he travel a lot? (Ele viajou muito?)
You are busy. (Vocês estão/são ocupados) Did she watch the movie? (Ela assistiu o filme?)
They are happy. (Eles/Elas estão/são felizes) Did it bark all night? (Ele/Ela latiu a noite toda?)
Did we stay here? (Nós ficamos aqui?)
Note que am é usado na primeira pessoa do singular, is na Did you play very well? (Vocês jogaram muito bem?)
terceira do singular e are nas outras. Did they park far? (Eles estacionaram longe?)

Quanto aos verbos irregulares, procederemos da mesma forma.


Para negarmos, usamos not logo após o to be ou fazemos
A única diferença é nas afirmações, pois eles não recebem termina-
contração entre eles. ção -ed. É essencial memorizar as formas irregulares. Vejamos:

I am not a teacher. I went to the beach. (to go: ir)


You aren’t a student. You left early. (to leave: sair, deixar)
He isn’t late. He drank too much. (to drink: beber)
She isn’t early. She had a sister. (to have: ter)
It isn’t tall. It slept under the bed. (to sleep: dormir)
We aren’t Brazilians. We stood in line. (to stand: ficar de pé)
You won together. (to win: vencer, ganhar)
You aren’t busy.
They cut the meat. (to cut: cortar)
They aren’t happy.
Faz-se necessário, também revisar o passado do verbo to be.
Finalizando, para transformarmos estas frases em interroga- Ele será da seguinte forma:
ções, temos que por o to be antes dos sujeitos. Lembrete: ponto
de interrogação! Assim: I was tired.
You were sad.
Am I a teacher? He was late.
Are you a student? She was early.
It was beautiful.
Is he late?
We were in São Paulo.
Is she early? You were elegant.
Is It tall? They were at the bank.
Are we Brazilians?
Are you busy? Nas negativas: wasn’t e weren’t. E nas interrogativas: Was
Are they happy? I...?, Were you...?, Was he…?, etc.

Didatismo e Conhecimento 22
INGLÊS
FUTURO SIMPLES: Usamos o futuro simples para dizer VERBOS AUXILIARES
que algo vai acontecer ou deverá acontecer, para expressar ações
que iremos fazer mas que não tínhamos planejado anteriormente, Em perguntas você pode mudar o tempo verbal de uma frase
para fazer previsões sobre o futuro, uma vez que não temos cer- simplesmente alterando o verbo auxiliar. Por exemplo:
teza se essa previsão irá mesmo se concretizar ou não. Usamos
também o futuro simples para promessas, ofertas e propostas. A Do you work? = Você trabalha?
estrutura é formado pela utilização do auxiliar will após o sujeito Does He work? = Ele trabalha?
seguido de algum verbo. A negativa é obtida com will not ou com Did you work? = Você trabalhou?
a contração won’t. Para perguntar no futuro simples, é só colocar Will you work? = Você vai trabalhar?
will antes do sujeito. Exemplos:
Os verbos auxiliares não possuem tradução nas frases:
I will buy a car. (Eu vou comprar um carro.)
Do you play volleyball? = Você joga vôlei?
You will have a baby. (Você vai ter um bebê.)
He will study abroad. (Ele irá estudar no exterior.) A presença de um verbo auxiliar numa frase nos indica em
She will go to the park. (Ela irá para o parque.) que tempo verbal ela está (no presente, no passado ou no futuro),
It will stay at the veterinarian. (Ele/ela* irá permanecer no dependendo do auxiliar que foi usado. Do e does indicam tempo
veterinário.) presente, did indica tempo passado, e will indica tempo futuro.
We will make a barbecue. (Nós iremos fazer um churras-
co.) Suas formas negativas são don’t (do not), didn’t (did not) e
You will help me later. (Você irá me ajudar depois.) won’t (will not).
They will be partners. (Eles serão parceiros.)
Para montarmos interrogações, basta posicionar o auxiliary
FUTURO IMEDIATO: Utilizamos o futuro imediato para desejado antes do sujeito da frase.
expressar algo que já foi planejado e por isso existe a certeza
de que irá acontecer. Por ser algo que temos certeza que iremos O auxiliar também pode facilitar as coisas nas respostas. Ele
fazer o futuro imediato acaba sendo usado frequentemente para pode substituir o verbo e todos os seus complementos. Assim, se
expressar ações que acontecerão num futuro bem próximo, por alguém faz um pergunta muito longa, você pode responder rapi-
isso chamado de imediato. A estrutura do futuro imediato é o su- damente:
jeito + o verbo to be no presente (am, is, are) + going to + verbo
Do you always go to work by car on weekdays? (Você sempre
principal + complemento.
vai para o trabalho de carro nos dias da semana?).
I’m going to visit my mother tonight (Eu irei visitar minha Sua resposta pode ser, simplesmente, “Yes, I do”.
mãe hoje a noite.) Estas respostas curtas são conhecidas como short answers.
Jack is going to swim tomorrow. (Jack irá nadar amanhã.)
It is going to rain in a few minutes. (Irá chover em alguns Os verbos auxiliares seguidos de um verbo principal são usa-
minutos.) dos praticamente só em perguntas ou frases negativas:

Como o futuro imediato é composto do to be, para fazermos Do you like pizza? (Você gosta de pizza?)
frases interrogativas e negativas, basta utilizar as mesmas regras I don’t like pizza (Eu não gosto de pizza)
acrescentando not após o to be, ou colocando o mesmo antes do
sujeito para a interrogativa. Numa frase afirmativa diríamos:

Steve is not going to dance samba. (Steve não irá dançar I like pizza. (Eu gosto de pizza)
samba.)
They aren’t going to play soccer. (Eles não irão jogar fute- As formas does e doesn’t são usadas quando o sujeito da frase
bol.) no presente for terceira pessoa do singular (he, she, it).

I don’t eat pizza. (Eu não como pizza)


Is he going to buy a new car? (Ele vai comprar um carro
You don’t eat pizza. (Você não come pizza)
novo?)
She doesn’t eat pizza. (Ela não come pizza)
Are you going to call Ann? (Você irá ligar pra Ann?) He doesn’t eat pizza. (Ele não come pizza)
It doesn’t eat pizza. (Ela/Ele não come pizza)
Apenas em conversas e diálogos informais o going to pode We don’t eat pizza. (Nós não comemos pizza)
ser substituído pela expressão/abreviação gonna: You don’t eat pizza. (Vocês não comem pizza)
They don’t eat pizza. (Eles não comem pizza)
I’m gonna study tonight. (Eu irei estudar hoje a noite.) Do I eat pizza? (Eu como pizza?)
Are you gonna help me? (Você irá me ajudar?) Do you eat pizza? (Você come pizza?)

Didatismo e Conhecimento 23
INGLÊS
Does she eat pizza? (Ela come pizza?) Advérbios de Ordem: firstly, primeiramente; secondly, em se-
Does he eat pizza? (Ele come pizza?) gundo lugar; thirdly, em terceiro lugar; etc.
Does it eat pizza? (Ela/Ele come pizza?)
Do we eat pizza? (Nós comemos pizza?) Advérbios de Tempo: already, já; always, sempre; early, cedo;
Do you eat pizza? (Vocês comem pizza?) immediately, imediatamente; late, tarde; lately, ultimamente; ne-
Do they eat pizza? (Eles comem pizza?) ver, nunca; now, agora; soon, em breve, brevemente; still, ainda;
then, então; today, hoje; tomorrow, amanhã; when, quando; yester-
day, ontem; etc.
ADVÉRBIOS
Advérbios Interrogativos: how, como; when, quando; where,
onde; why, por que; etc.

Alguns exemplos:
Advérbios são palavras que modificam:
She moved slowly and spoke quietly. (Ela se moveu lenta-
- Um verbo (He ate slowly. = Ele comeu lentamente) - Como
mente e falou sussurrando)
ele comeu?
- Um adjetivo (He drove a very slow car. = Ele pilotou um She still lives there now. (Ela ainda mora lá agora)
carro muito lento) - Como era a rapidez do carro? It’s starting to get dark now. (Está começando a ficar escuro
- Outro advérbio (She walked quite slowly down the aisle. = agora)
Ela andou bem lentamente pelo corredor) - Com que lentidão ela She finished her tea first. (Primeiramente ela terminou seu
andou? chá)
She left early. (Ela saiu cedo)
Advérbios frequentemente nos dizem quando, onde, por que, Oscar is a very bright man. (Oscar é um homem muito bri-
ou em quais condições alguma coisa acontece ou aconteceu. Os lhante)
advérbios são geralmente classificados em: The children behaved very badly. (As crianças se comporta-
ram muito mal)
Advérbios de Afirmação: certainly, certamente; indeed, sem This apartment is too small for us. (Esse apartamento é peque-
dúvida; obviously, obviamente; yes, sim; surely, certamente; etc. no demais para nós)
The coffee is too sweet. (O café está doce demais)
Advérbios de Dúvida: maybe, possivelmente; perhaps, talvez; Jack is much taller than Peter. (Jack é muito mais alto do que
possibly, possivelmente; etc. Peter)
São Paulo is far bigger than Recife. (São Paulo é muito maior
Advérbios de Frequência: daily, diariamente; monthly, men- que Recife)
salmente; occasionally, ocasionalmente; often/frequently, frequen- The test was pretty easy. (A prova estava um tanto fácil)
temente; yearly, anualmente; seldom/rarely, raramente; weekly,
semanalmente; always, sempre; never, nunca; sometimes, às ve- Duas ou mais palavras podem ser usadas em conjunto, for-
zes; hardly ever, quase nunca, raramente; usually/generally, geral- mando, assim, as Locuções Adverbiais, como:
mente; etc.
Locução Adverbial de Afirmação: by all means, certamente;
Advérbios de Intensidade: completely, completamente; enou-
in fact, de fato, na verdade; no doubt, sem dúvida; of course, com
gh, suficientemente, bastante; entirely, inteiramente; much, muito;
certeza, certamente, naturalmente; etc.
nearly, quase, aproximadamente; pretty, bastante; quite, completa-
mente; slightly, ligeiramente; equally, igualmente; exactly, exata-
Locução Adverbial de Dúvida: very likely, provavelmente.
mente; greatly, grandemente; very, muito; sufficiently, suficiente-
mente; too, muito, demasiadamente; largely, grandemente; little,
pouco; merely, meramente; etc. Locução Adverbial de Frequência: again and again, repetida-
mente; day by day, dia a dia; every other day, dia sim, dia não;
Advérbios de Lugar: anywhere, em qualquer lugar; around, hardly ever, raramente; every now and then, once in a while, de
ao redor; below, abaixo; everywhere, em todo lugar; far, longe; quando em quando; etc.
here, aqui; near, perto; nowhere, em nenhum lugar; there, lá; whe-
re, onde; etc. Locução Adverbial de Intensidade: at most, no máximo; little
by little, pouco a pouco; more or less, mais ou menos; next to no-
Advérbios de Modo: actively, ativamente; wrongly, erronea- thing, quase nada; on the whole, ao todo; to a certain extent, até
mente; badly, mal; faithfully, fielmente; fast, rapidamente; gladly, certo ponto; to a great extent, em grande parte; etc.
alegremente; quickly, rapidamente; simply, simplesmente; steadi-
ly, firmemente; truly, verdadeiramente; well, bem; etc. Locução Adverbial de Lugar: at home, em casa; at the seaside,
à beira-mar; far and near, por toda parte; on board, a bordo; on
Advérbios de Negação: no, not, não. shore, em terra firme; to and from, para lá e para cá; etc.

Didatismo e Conhecimento 24
INGLÊS
Locução Adverbial de Modo: arm in arm, de braços dados; At: usado com horas, com palavra night, com endereços
at random, ao acaso; fairly well, razoavelmente; hand in hand, de (rua+número), lugares numa cidade.
mãos dadas; head over heels, de cabeça para baixo; just so, assim
mesmo; neck and neck, emparelhados; on credit, a crédito. I got up at 7:00.
The store is at 456 Lincoln street.
Locução Adverbial de Negação: by no means, de maneira al- He arrived late at night.
guma; in no case, em hipótese alguma; none of that, nada disso; My father is at the airport now.
not at all, absolutamente; etc.
Na dúvida, algumas das seguintes sugestões podem ajudar,
Locução Adverbial de Tempo: all of a sudden, subitamente; at mas lembre-se: o uso das preposições nem sempre segue a regra
first, a princípio; at present, atualmente; at once, imediatamente; geral. Confira sempre num dicionário as possibilidades de uso.
from now on, doravante, daqui em diante; in after years, em anos
vindouros; sooner or late, mais cedo ou mais tarde; up to now, até Use in para indicar “dentro de alguma coisa”:
agora; in a jiffy, in a trice, in a twinkling of an eye, in two shakes
of a dog’s tail, in two ticks, em um momento, num abrir e fechar In the box
de olhos; etc. In the refrigerator
In a shop
Mais exemplos: In a garden
In France
She has lived on the island all her life. (Ela viveu na ilha a
vida toda) Use on para indicar contato:
She takes the boat every day. (Ela pega o barco todos os dias)
He ate too much and felt sick. (Ele comeu em excesso e ficou On a bookshelf
enjoado) On a plate
I like studying English very much. (Gosto muito de estudar On the grass
Inglês)
Use at para indicar um lugar definido. Nesse caso, seu sentido
é o de “junto a”, “na”:
PREPOSIÇÕES
At the bus stop
At the top
At the bottom

Preposições são palavras que usamos junto aos nomes e pro-


nomes para mostrar sua relação com outros elementos da frase. QUESTÕES
Apresentamos as principais preposições e seu uso:
Texto:
In: usamos com nomes de meses, anos, estações, partes do
dia, cidades, estados, países, continentes. “Coffee – A Popular hot drink” - fonte: http://www.english-
-online.at/biology/coffee/coffee.htm
I was Born in January.
He lived here in 2012. Coffee – A Popular hot drink
The classes start in the summer.
He works in the morning/in the afternoon, in the evening. Coffee is one of the most popular hot drinks in the world. Al-
I have a house in Belo Horizonte. most a third of the world’s population drinks coffee.  People often
She lives in Paraná but works in Argentina. meet at cafes or coffee shops for a coffee break during the middle
Steven has worked in Europe since 2011. of the morning or stop work in the afternoon to drink coffee.
About 7 million tons of coffee are produced every year. Bra-
On: usado para dias da semana, datas (mês+dia), datas come- zil is, by far, the world’s largest coffee producer. About a third of
morativas, ruas, praças e avenidas. the world’s production comes from this South American country.
Other coffee producing countries include Vietnam, Indonesia and
I go to the church on Saturdays and on Sundays. Columbia.
Their baby was born on April 10TH. The United States is the biggest coffee consumer in the world.
I always have fun on New Year’s Day. About 1.2  billion kilograms of coffee are consumed there every
The supermarket is on Brazil street. year. Drinking coffee is extremely popular in European countries,
The shopping mall is on Portugal square. like Italy, France and Germany, as well as in Brazil.

Didatismo e Conhecimento 25
INGLÊS
The coffee plant 5. Por quanto tempo devemos torrar o café?
There are two basic types of coffee. Arabica accounts for about a) 5 minutos.
70% of the world’s coffee production. It is grown in the higher b) 10 minutos.
regions of central and South America and is popular for its  fla- c) 15 minutos.
vor and fragrance. Robusta has spread throughout central and east- d) 20 minutos.
ern Africa.Although  it makes up only thirty per cent of the total
coffee production it has become more important because it can re- 6. A maior parte do café é colhido por:
sist diseases better. It also has smaller beans and can grow at low-
a) Máquinas.
er altitudes than Arabica.
b) Caem ao solo.
Coffee trees produce fruits called berries. At first they are yel-
low, and then become red as they mature. An average coffee tree can c) Manualmente.
produce enough berries to make about a pound (half a kilo) of roast- d) Animais.
ed coffee.
Coffee seeds are grown in nursery beds. After a year they are 7. O fruto do café passa por duas cores quando não está
planted in specially prepared fields. It takes a coffee tree about six maduro e quando está pronto para ser colhido. Que cores são
years to produce a full harvest of coffee berries.  The largest ones estas?
can get up to six meters tall, but they are normally  trimmed  to a) Verde e amarelo.
a height of 1.5 to 4 meters. b) Amarelo e preto.
  c) Amarelo e vermelho.
Harvesting and processing coffee d) Verde e preto.
Most coffee berries are picked by hand, which makes sure that
only the good berries are used. After separating berries from leaves 8. Qual fração da população mundial bebe café?
and other waste materials, the beans are then taken out, cleaned and
a) Metade.
dried. Only the best beans make it to the market. Then they are put
b) Um quarto.
into bags and shipped to countries where they are roasted. Roasting
for about 15 minutes brings out the true flavor of the coffee. c) Três quartos.
  d) Um terco.
Effects of coffee
Coffee contains caffeine, a substance that stimulates parts of the 9. O que o Vietnam, Indonésia e Colômbia fazem em re-
body, especially heart and muscles. People often drink coffee to help lação ao café?
them stay awake or keep them alert.  Children and people who have a) São produtores.
heart problems should not drink coffee it in great quantities. In de- b) São torradores.
caffeinated coffee the caffeine is extracted in a chemical process. c) São exportadores.
d) São Importadores.
PERGUNTAS
10. Qual a altura que os maiores pés de café podem atingir?
1. Quantas toneladas de café são produzidas por ano? a) Três metros.
a) 4 milhões toneladas.
b) Quatro metros.
b) 5 milhões toneladas.
c) Cinco metros.
c) 6 milhões toneladas.
d) 7 milhões toneladas. d) Seis metros.

2. Quem é o maior produtor de café do mundo? RESPOSTAS COMENTADAS:


a) Brazil.
b) United States. 1. D
c) Italy. No início do segundo parágrafo o trecho “about 7 million
d) France. tons of coffee are produced every year.” (Por volta de sete mi-
lhões de tons [toneladas] de café são produzidas todo ano).
3. Quem é o maior consumidor de café do mundo?
a) Brazil. 2. A
b) United States. No segundo parágrafo o trecho “Brazil is, by far, the world’s
c) Italy.
largest coffee producer.” (O Brasil é, de longe, o maior produtor
d) France.
de café do mundo.)
4. Quantos tipos de café existem?
a) Um. 3. B
b) Dois. No terceiro parágrafo o treco “The United States is the
c) Três. biggest coffee consumer in the world.” (Os Estados Unidos é o
d) Quatro. maior consumidor de café do mundo.)

Didatismo e Conhecimento 26
INGLÊS
4. B
No quarto parágrafo o treco “There are two  basic  types
of coffee. Arabica  accounts for  about 70% of the world’s cof-
fee production. It is grown in the higher regions of central and
South America and is popular for its flavor and fragrance. Robus-
ta has  spread  throughout central and eastern Africa.Although  it
makes up only thirty per cent of the total coffee production it has
become more important because it can resist diseases better. It also
has smaller beans and can grow at lower altitudes than Arabica.”
Two types = dois tipos. (E o nome dos dois tipos – Arabica e
Robusta).

5. C
No fim do penúltimo parágrafo o trecho “Roasting for about
15 minutes brings out the true flavor of the coffee.” Torrar o café
por volta de 15 minutos realça o seu sabor natural.

6. C
No início do penúltimo parágrafo o trecho “Most coffee ber-
ries are picked by hand…”. A maior parte dos frutos do café são
colhidos a mão.

7. C
No quinto parágrafo o trecho “Coffee trees produce fruits
called  berries. At first they are yellow, and then become red as
they mature.” Yellow = amarelo. Red = vermelho.

8. D
Na primeira linha do texto o trecho “Almost a third of the
world’s population drinks coffee”. Quase um terço da população
mundial bebe café.

9. A
Na quinta linha do texto o “Other coffee producing coun-
tries  include  Vietnam, Indonesia and Columbia”. Outros paises
produtores de café incluem: Vietnam, Indonésia e Colômbia.

10. D
Na vigésima linha do texto o trecho “The largest ones can get
up to six meters tall”. Os maiores pés podem chegar a seis metros
de altura.

Didatismo e Conhecimento 27
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
tamanho que se acredita que se deve ao fato de não possuírem com-
Prof. Débora Aparecida da Silva Queiroz partimentos membranosos originados por evaginação ou invagina-
ção. Também possuem DNA na forma de um anel não associado a
Graduada pela Faculdade da Alta Paulista (FAP) – Bacha- proteínas (como acontece nas células eucarióticas, nas quais o DNA
rel em Fisioterapia. se dispõe em filamentos espiralados e associados à histonas). Estas
Graduada pela UNIFRAN – Licenciatura em Biologia células são desprovidas de mitocôndrias, plastídeos, complexo de
Docente na Rede Estadual de Ensino Golgi, retículo endoplasmático e sobre tudo cariomembrana o que
faz com que o DNA fique disperso no citoplasma. A este grupo per-
tencem seres unicelulares ou coloniais:
- Bactérias
CÉLULAS - Cianofitas (algas cianofíceas, algas azuis ou ainda Cyanobac-
teria)
- PPLO (“pleuro-pneumonia like organisms”) ou Micoplasmas
A célula possui uma membrana plasmática que separa o con-  
teúdo da célula, o citoplasma, do meio externo. O citoplasma, Células Incompletas
constituído por organoides e hialoplasma (ou citosol), um material
viscoso representa o setor produtivo. Um núcleo contendo o mate- As bactérias dos grupos das rickettsias e das clamídias são
rial genético representa “a diretoria” da céluala. muito pequenas, sendo denominadas células incompletas por não
Elas possuem várias formas: cúbicas, cilíndricas, prismáti- apresentarem capacidade de autoduplicação independente da co-
cas, esféricas, fusiforme, estreladas, etc. Algumas células como as laboração de outras células, isto é, só proliferarem no interior de
amebas mudam constantemente de forma. outras células completas, sendo, portanto, parasitas intracelulares
Cada grupo de célula desempenha determinada função como obrigatórios. Diferente dos vírus por apresentarem:
exemplo: locomoção, digestão, reprodução, revestimento... - conjuntamente DNA e RNA;
Todo e qualquer ser vivo é formado por células, pois elas são - parte da máquina de síntese celular necessária para reprodu-
a unidade morfológica dos seres vivos, à exceção dos vírus que são zirem-se;
classificados como organismos acelulares. - uma membrana semipermeável, através da qual realizam as
Quanto ao número de células, os seres vivos podem ser: uni- trocas com o meio envolvente.
celulares (formados por uma única célula); multicelulares (forma-
dos por numerosas células) Obs.: já foram encontrados vírus com DNA, adenovirus, e
O metabolismo dos seres vivos depende das propriedades de RNA, retrovírus, no entanto são raros, os vírus que possuem DNA e
suas células. As células sempre se originam de uma célula preexis- RNA simultaneamente.
tente através da divisão celular.  
Com a evolução da microscopia pode-se visualizar vários Células Eucariontes
tipos e formas celulares que apesar das diferenças entre os mais
diversos tipos de células, todos os seres vivos são constituídos por As células eucariontes ou eucarióticas, também chamadas de
elas. eucélulas, são mais complexas que as procariontes. Possuem mem-
Podemos observar uma célula típica, por um microscópio brana nuclear individualizada e vários tipos de organelas. A maioria
óptico, seus componentes principais: o núcleo e o citoplasma. O dos animais e plantas a que estamos habituados são dotados deste
núcleo é separado do citoplasma pela membrana nuclear, enquanto tipo de células. É altamente provável que estas células tenham surgi-
o citoplasma é separado dos fluidos circundantes pela membrana do por um processo de aperfeiçoamento contínuo das células proca-
celular. riontes. Não é possível avaliar com precisão quanto tempo a célula
Células macroscópicas são aquelas visíveis a olho nu. Ex: “primitiva” levou para sofrer aperfeiçoamentos na sua estrutura até
gema do ovo, alvéolo da laranja etc. Enquanto que as células mi- originar o modelo que hoje se repete na imensa maioria das célu-
croscópicas são aquelas que necessitam de um microscópio para las, mas é provável que tenha demorado muitos milhões de anos.
serem visualizadas. Ex: hemácia. Acredita-se que a célula “primitiva” tivesse sido bem pequena e para
Diferentes substâncias compõem a célula tais como: água, que sua fisiologia estivesse mais adequada em relação tamanho ×
eletrólitos, proteínas, lipídios e carboidratos. funcionamento era necessário que crescesse.
A água é o principal meio líquido da célula, e ela está presen- Acredita-se que a membrana da célula “primitiva” tenha emi-
te na célula em diferentes concentrações que variam entre 75 e tido internamente prolongamentos ou invaginações da sua superfí-
85%. Muitas substâncias químicas celulares estão dissolvidas na cie, os quais se multiplicaram, adquiriram complexidade crescente,
água, enquanto outras ficam em suspensão, sob forma particulada conglomeraram-se ao redor do bloco inicial até o ponto de forma-
ou membranosa. As reações químicas ocorrem entre as substâncias rem a intrincada malha do retículo endoplasmático. Dali ela teria
químicas dissolvidas, ou nas superfícies limitantes entre as partí- sofrido outros processos de dobramentos e originou outras estrutu-
culas ou membranas em suspensão e a água. ras intracelulares como o complexo de golgi, vacúolos, lisossomos
e outras.  Quanto aos cloroplastos (e outros plastídeos) e mitocôn-
 Células Procariontes drias, atualmente há uma corrente de cientistas que acreditam que a
melhor teoria que explica a existência destes orgânulos é a Teoria
As células procariontes ou procarióticas, também chamadas da Endossimbiose, segundo a qual um ser com uma célula maior
de protocélulas, são muito diferentes das eucariontes. Sua prin- possuía dentro de si uma célula menor mas com melhores caracte-
cipal característica é a ausência de carioteca individualizando o rísticas, fornecendo um refúgio à menor e esta a capacidade de fo-
núcleo celular, pela ausência de algumas organelas e pelo pequeno tossintetizar ou de sintetizar proteínas com interesse para a outra.

Didatismo e Conhecimento 1
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Os Níveis de Organização das Células Eucariotas

Nesse grupo encontram-se:
- Células Vegetais (com cloroplastos e com parede celular; normalmente, apenas, um grande vacúolo central)
- Células Animais (sem cloroplastos e sem parede celular; vários pequenos vacúolos)

Componentes Morfológicos das Células

Célula Animal

A palavra célula foi usada pela 1° vez em 1665, pelo inglês Robert Hooke(1635-1703). Com um microscópio muito simples ele obser-
vou pedaços de cortiça, e ele percebeu que ela era formada por compartimentos vazios que ele chamou de células. Célula animal é uma
célula que se pode encontrar nos animais e que se distingue da célula vegetal pela ausência de parede celular e de plastos. Possui flagelo, o
que não é comum nas células vegetais.
- Célula Animal (sem cloroplastos e sem parede celular; vários pequenos vacúolos)

Metabolismo - Orgânulos:

O metabolismo é o processo pelo qual a célula transforma energia da matéria orgânica em energia química, calor e produção de outras
substâncias para manutenção da vida celular.

1- Nucléolo: armazena carga genética


2- Núcleo celular: cromossomos do DNA
3- Ribossomos: faz a síntese de Proteínas
4- Vesículas
5- Ergastoplasma ou Retículo endoplasmático rugoso (RER): transporte de proteínas (há ribossomos grudados nele )
6- Complexo de Golgi: armazena e libera as proteínas
7- Microtúbulos
8- Retículo Endoplasmático Liso: transporte de proteínas
9- Mitocôndrias: Respiração
10- Vacúolo: existem em célula animal, porém são muito maiores na célula vegetal, serve como reserva energética
11- Citoplasma
12- Lisossomas: digestão
13- Centríolos: divisão celular

A célula vegetal: A célula vegetal é semelhante à célula animal mas, contém algumas peculiaridades como a parede celular e os cloro-
plastos. Está dividida em: componentes protoplasmáticos que são um composto de organelas celulares e outras estruturas que sejam ativas
no metabolismo celular. Inclui o núcleo, retículo endoplasmático, citoplasma, ribossomos, complexo de Golgi, mitocôndrias, lisossomos
e plastos e componentes não protoplasmáticos são os resíduos do metabolismo celular ou substâncias de armazenamento. Inclui vacúolos,
parede celular e substâncias ergástricas.

Didatismo e Conhecimento 2
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Plasto: É originado do protoplastídeo e tem configurações di- A água atua como solvente universal. Muitos compostos quí-
ferentes, com várias especialidades: Cloroplastos são plastos de micos que estão dentro das células estão dissolvidos na água. De
clorofila, responsável pela fotossíntese. Só são encontrados em acordo com a capacidade de dissolução as substâncias são classi-
células expostas à luz. É formado por uma membrana externa e ficadas: hidrofóbica (não se misturam na água) e hidrofílica (se
uma interna que sofre invaginações formando sacos empilhados, misturam na água)
os tilacóides. Alguns se dispõem uns sobre os outros formando
uma pilha chamada granum (plural = grana). A matriz interna é Membrana Plasmática e Transportes
chamada de estroma e pode conter granululos de amido espalhados
por ele. São derivados dos cromoplastos. Cloroplastos possuem Todas as células são revestidas por uma finíssima película,
seu próprio DNA e ribossomos, são relativamente independentes que contém o citoplasma e o núcleo: a membrana plasmática. Essa
do resto da célula (principalmente do núcleo). Cromoplastos são membrana separa o conteúdo celular do meio circundante, man-
plastos coloridos (contém pigmentos) de estrutura irregular que tendo instável, o meio interno.
dão origem aos cloroplastos. Seus principais pigmentos são os A membrana apresenta uma permeabilidade seletiva, depen-
dendo da natureza da substância. Algumas substâncias atravessam
carotenoides (coloração da cenoura) e xantofilas que dão colora-
a membrana com facilidade, enquanto outras são dificultadas ou
ção para flores e frutos. Leucoplastos são incolores e servem para
totalmente impedidas; fornece suporte físico para a atividade das
acumular substâncias diversas como proteínas, amidos e lipídios.
enzimas; possibilita o deslocamento de substâncias pelo citoplas-
Dependendo da substância que acumulam, recebem nomes dife-
ma; comunicação com moléculas provenientes do exterior; parti-
rentes: oleoplastos, proteoplastos, amiloplastos, etc. cipa dos processos de endocitose e exocitose. Ela garante proteção
e comunicação intercelular. Reveste as organelas: as mitocôndrias
Componentes Químicos da Célula e os peroxissomos.
Todas as membranas celulares apresentam a mesma organiza-
Todos os seres vivos possuem moléculas e elementos que são ção básica, sendo constituídas por duas camadas lipídicas fluidas e
essenciais para a sua composição e para o seu metabolismo.  É contínuas, onde estão inseridas moléculas proteicas, constituindo
uma grande variedade de substâncias orgânicas e inorgânicas que um mosaico fluido.
fazem parte dessa composição. Possuem ácidos nucleicos, proteí-
nas, carboidratos (glicose) e lipídios. Proteínas periféricas: são fosfolipídios ou à proteínas inte-
Substâncias Orgânicas – caracterizam pela associação de grais por ligações não-covalentes;
carbono, oxigênio, hidrogênio e nitrogênio. Proteínas integrais: encontram-se embutidas nas membra-
Proteínas: presentes em todas as estruturas celulares. São nas.
formadas por aminoácidos e sua presença é indispensável para o Proteínas transmembranas: proteínas que atravessam a du-
metabolismo do organismo. As proteínas formam as enzimas. pla camada lipídica totalmente.
Vitaminas: podem ser hidrossolúveis (solúveis em água) ou
lipossolúveis (solúveis em lipídeos). São necessárias em pequenas Funções da Membrana Plasmática: protegem a superfície
quantidades pelo organismo, sua falta pode causar doenças. As vi- da célula de agressões mecânicas e químicas.
taminas são adquiridas por meio de uma alimentação variada.
Carboidratos ou Glicídios ou Açúcares: são fundamentais, A passagem de solutos através das membranas celulares pode
pois dão energia às células e ao organismo. São de três tipos: mo- ser de forma ativa ou passiva:
nossacarídeos (as moléculas possuem de 3 a 7 átomos de carbo-
no), dissacarídeos e polissacarídeos. Alguns têm função estrutural, Transporte Passivo:
como celulose e quitina; e de reserva, como o amido e glicogênio. Ocorre por meio dos componentes da dupla camada lipídica
ou pelas estruturas especiais (canais iônicos e as permeases). NÃO
Lipídios: insolúveis em água atuam como reserva de ener-
há gasto de energia. O transporte passivo através da dupla camada
gia isolante térmico etc. São classificados em glicerídeos, ceras,
lipídica ocorre por Osmose ou Difusão.
esteroides, fosfolipídios e carotenoides. Compõem estruturas ce-
lulares.
OSMOSE
Substâncias Inorgânicas A membrana plasmática é SEMIPERMEÁVEL.
Permite o transporte de ÁGUA do meio MENOS para o
Sais minerais: formados por íons. Algumas de suas funções MAIS concentrado, tentando igualar as concentrações.
são: formar o esqueleto, participar da coagulação sanguínea, trans-
missão de impulsos nervosos. Sua falta pode afetar o metabolismo Difusão simples: é o transporte de moléculas (ex.: íons) por
e levar à morte. Geralmente estão dissolvidos na água, formando uma membrana permeável.
íons. Os sais minerais importantes para nosso organismo são: cál-
cio, fósforo, potássio, sódio entre outros. Difusão Facilitada:o transporte é auxiliado por permeases.
Água: substância encontrada em maior quantidade nos seres
vivos. Pode dissolver diversas substâncias, por isso é classificada Transporte Ativo:
como solvente universal. No corpo humano representa cerca de Ocorre CONTRA o gradiente de concentração, ou seja, do
70% do peso corporal. Participa de inúmeras reações químicas em meio MENOS concentrado para o MAIS concentrado. Há gasto
nosso organismo. A água é fundamental para a vida! de energia

Didatismo e Conhecimento 3
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Ocorre exclusivamente por meio de permeases (bombas). O citoplasma é conteúdo de uma célula, excluindo-se o núcleo.
Quando o transporte é feito no sentido contrário do seu gradiente Ele é constituído por uma solução chamada hialoplasma. Também
de concentração ou de voltagem, isto só é possível com gasto de inclui as organelas ligadas por membranas, como a Mitocôndria, o
energia. complexo de golgi e outras estruturas essenciais para o funciona-
mento da célula.
Os tipos de transporte ativo:
- Monotransporte Hialoplasma:
- Cotransporte É o local onde ocorrem diversa reações químicas do metabolis-
- Cotratransporte (bomba de Na+/K+) mo (a síntese proteica, a parte inicial da respiração), também facilita
a distribuição de substâncias por difusão. É aí que o alimento é de-
A célula vegetal possui uma parede celular espessa que envol- gradado para fornecer energia.
ve a membrana plasmática como se fosse um exoesqueleto. Em certas células, as correntes citoplasmáticas são orientadas
de tal maneira que resultam na locomoção de célula. Um exemplo
Participa da manutenção do equilíbrio entre a pressão osmótica
são os glóbulos brancos, que possuem pseudopódos.
intracelular e a tendência da água em penetrar no citosol.
O citoplasma é coberto de organelas cada uma é responsável
O crescimento e a diferenciação das células vegetais dependem
em realizar uma ou mais atividades vitais, e a inter-relação entre elas
da organização da parede celular. resulta na vida da célula.
A parede celular contém um retículo microfibrilar (síntese de
microfibrilas clulósicas); é composta de uma parede primária e uma Organelas Celulares
secundária; os componentes da parede celular originam-se no com-  
plexo de golgi ou em relação com a membrana plasmática. Os ribossomos e a produção de proteínas: As células produ-
A membrana plasmática é o sítio mais frequente para a síntese zem diversas substâncias necessárias ao organismo. Entre essas
de celulose. substâncias destacam-se as proteínas. Os ribossomos são organelas
Existe nas células em geral um fluxo constante de membranas, não membranosas, responsáveis pela produção (síntese) de proteí-
entre a membrana plasmática e a membrana das vesículas de fago- nas nas células. Eles tanto aparecem isolados no citoplasma, como
citose, pinocitose e de secreção. As células se mantêm do mesmo aderidos ao retículo endoplasmático.
tamanho não pela síntese de nova membrana plasmática, mas pela  
devolução da membrana retirada.  O retículo endoplasmático e a distribuição de substâncias:
Os lisossomos são corpúsculos geralmente esféricos, de estru- Essa organela é constituída por um sistema de canais e bolsas acha-
tura e dimensões variáveis. Cada lisossomo é envolvido por uma tadas. Apresenta várias funções, dentre as quais facilitar o transporte
membrana, contém enzimas hidrolíticas com atividade de pH má- e a distribuição de substâncias no interior da célula.  As membranas
ximo e, por isso, genericamente denominadas de hidrolases ácidas; do retículo endoplasmático podem ou não conter ribossomos aderi-
OBS: o pH do citosol é neutro. dos em sua superfície externa. A presença dos ribossomos confere
à membrana do retículo endoplasmático uma aparência granulosa;
As substâncias que penetram na célula por pinocitose ou fa- na ausência dos ribossomos, a membrana exibe um aspecto liso ou
gocitose, bem como componentes celulares desgastados pelo uso, não-granulosos.
podem sofrer a ação de enzimas digestivas contidas nos lisossomos.
Os tipos de enzimas presentes nos lisossomos é variável de O complexo de golgi e o armazenamento das proteínas: É a
acordo com o tipo celular e depende da especialização funcional de organela celular que armazena parte das proteínas produzidas numa
cada célula; célula, entre outras funções. Essas proteínas poderão então ser usa-
das posteriormente pelo organismo. A função do complexo está di-
As enzimas lisossômicas algumas vezes também participam da
retamente relacionado com a secreção celular (quando a célula eli-
digestão de moléculas extracelulares. Nesses casos, a membrana dos
mina substâncias que ainda serão aproveitadas pelo organismo, só
lisossomos se funde com a membrana plasmática e as enzimas são
que em outros locais). Um exemplo do papel secretor do aparelho
jogadas no meio extracelular. de Golgi ocorrem nas células produtoras de muco, que recobre os
Quando resíduos do material que resistiu ao processo digestivo, revestimentos interno do nosso corpo. Outro exemplo é a secreção
permanecem nos lisossomos, formam-se os corpos residuais, que de enzimas que será utilizado na digestão.
se acumulam, com o decorrer do tempo, nas células de vida longa. Ele apresenta outras funções tais como complementar a síntese
Quando o corpo residual se funde com a membrana plasmática, de glicídios usados na formação do glicocálix que protege as célu-
elimina o seu conteúdo para o meio extracelular em um processo las animais e serve como estrutura de identificação; ele participa na
conhecido por clasmocitose ou defecação celular. formação do acrossoma, vesícula rica em enzimas localizada sobre
Às vezes o acúmulo de material acontece por defeitos hereditá- a cabeça do espermatozoide, e responsável na perfuração do óvulo.
rios dos lisossomos; Existem indicações que os lisossomos sejam formados por ele.

CITOPLASMA Peroxissomos:
Acredita-se que eles têm como função proteger a célula contra
Citossol parte fluida encontrada no meio intracelular com 55% altas concentrações de oxigênio, que poderiam destruir moléculas
do volume celular (de 70 a 90% de água), e em que encontramos os importantes da célula. Os peroxissomos do fígado e dos rins atuam
organóides: Citoesqueleto, Centrossomo, Cílios e Flagelos Ribosso- na desintoxicação da célula, ao oxidar, por exemplo, o álcool. Outro
mos, Polirribossomos, Retículo endoplasmático liso e rugoso, Com- papel que os peroxissomos exercem é converter gorduras em glico-
plexo de Golgiense, Lisossomos, Peroxissomos e Mitocôndrias. se, para ser usada na produção de energia.

Didatismo e Conhecimento 4
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Mitocôndrias e a respiração celular: membrana que envolve o conteúdo do núcleo, ela é dotada de nu-
A função da mitocôndria é produzir energia, para todos os pro- merosos poros, que permitem a troca de substâncias entre o núcleo
cessos vitais da célula. Essa produção de energia ocorre através da e o citoplasma. De maneira geral, quanto mais intensa é a atividade
respiração celular. celular, maior é o número de poros na carioteca.
A respiração celular é o processo pelo qual a célula obtém
energia do alimento. Elas fazem isso combinado moléculas de ali- Nucleoplasma - É o material gelatinoso que preenche o espa-
mento com o gás oxigênio do ar (respiração aeróbica), isso é uma ço interno do núcleo.
oxidação controlada, através da qual a energia contida nas molécu-
las é liberada. Essas moléculas são degradadas até se transforma- Nucléolo - Corpúsculo arredondado e não membranoso que se
rem em gás carbônico e água. acha imerso na cariolinfa. Cada filamento contém inúmeros genes.
Na falta de oxigênio, a célula pode obter energia realizando Numa célula em divisão, os longos e finos filamentos de croma-
apenas a parte inicial do processo de quebra de glicose. tina tornam-se mais curtos e mais grossos: passam, então, a ser
chamados cromossomos. Os cromossomos são responsáveis pela
Os lisossomos e a digestão celular: São organelas que contêm transmissão dos caracteres hereditários.
substâncias necessárias à digestão celular. Quando a célula englo-
ba uma partícula alimentar que precisa ser digerida, os lisossomos O núcleo celular
se dirigem até ela e liberam o suco digestório que contêm. São O pesquisador escocês Robert Brown (1773- 1858) é conside-
bolsas citoplasmáticas cheias de enzimas digestivas e envolvidas rado o descobridor do núcleo celular. Embora muitos citologistas
por uma membrana lipoproteica. anteriores a ele já tivessem observados núcleos, não haviam com-
O lisossomo tem as seguintes funções: digestão intracelular; preendido a enorme importância dessas estruturas para a vida das
digestão dos materiais capturados por fagocitose ou pinocitose. A células. O grande mérito de Brown foi justamente reconhecer o
autofagia; onde o lisossomo digere partes da própria célula, englo- núcleo como componente fundamental das células. O nome que
bando organoides e formando os vacúolos autofágicos. Isso ocorre ele escolheu expressa essa convicção: a palavra “núcleo”vem do
quando a organela esta velha ou quando a célula passa um período grego nux, que significa semente. Brown imaginou que o núcleo
de fome. E a autólise; ocorre quando a membrana do lisossomo se fosse a semente da célula, por analogia aos frutos.
rompe espalhando enzimas pelo citoplasma, destruindo a célula.
Carioteca:
Serve para renovar a células do corpo. Em alguns casos, o rompi-
Ela permite a troca de material com o citoplasma. A carioteca,
mento se dá por causa de doenças. O material conseguido com a
ou membrana nuclear é um envoltório duplo. As duas membranas
autodigestão é mandado através da circulação para outras partes do
do conjunto são lipoprotéicas. A membrana mais externa, voltada
corpo, onde é aproveitado para o desenvolvimento.
ao hialoplasma, comunica-se com os canais do retículo e frequen-
temente apresenta ribossomos aderidos.
Os centríolos e a divisão celular: Os centríolos são estrutu- A carioteca esta presente em toda divisão celular, ela some no
ras cilíndricas formadas por microtúbulos (tubos microscópicos). início da divisão e só aparece no final do processo. Ela separa o
Essas organelas participam da divisão celular, “orientando” o des- núcleo do citoplasma.
locamento dos cromossomos durante esse processo. Geralmente
cada célula apresenta um par de centríolos dispostos perpendicu- Cromatina:
larmente. Uma das funções dos centríolos é originar os cílios e os Tem como instrução controlar quase todas as funções celu-
flagelos, projeções em forma de pelos móveis que algumas células lares. Essas instruções são “receitas” para a síntese de proteínas.
apresentam. Tanto os cílios quanto os flagelos formam-se a partir Essas “receitas”, chamadas de genes, são segmentos da molécula
do crescimento dos microtúbulos de um centríolo. de DNA, e a célula necessita dos genes para sintetizar proteínas.
Na traqueia de mamíferos existe um epitélio lubrificado por
muco. O batimento constate dos cílios permite a formação de uma Cromossomos:
corrente deste muco que tem papel protetor, já que muitas impure- São constituídos de uma única molécula de DNA associados
zas dor ar inspiradas ficam aderida a ele. a proteína.
Apesar de terem origem comum e idênticas finalidades (mo- A cromatina é o conjunto dos cromossomos de uma célula,
vimentos celulares) eles diferem entre si em dois detalhes: o ta- quando não esta se dividindo (período de interfase).
manho e o número de unidades por célula. Os cílios são curtos e
numerosos, enquanto os flagelos são longos e não ultrapassam de Nucléolo:
6 a 8 por célula. Nos núcleos das células que não esta em reprodução (núcle-
  os interfásicos), encontramos um ou mais nucléolos. Os nucléolos
O núcleo da célula: O botânico escocês Robert Brown (1773 são produzidos por regiões específicas de certos cromossomos, as
- 1858) verificou que as células possuíam um corpúsculo geral- quais são denominadas nucléolo. Essas regiões cromossômicas
mente arredondado, que ele chamamos de núcleo (do grego nux: produzem um tipo de RNA (RNA ribossômico), que se combina
‘semente’). Ele imaginou que o núcleo era uma espécie de “se- com proteínas formando grânulos.
mente” da célula. O núcleo é a maior estrutura da célula animal e Quando esses grânulos amadurecem e deixam o núcleo, pas-
abriga os cromossomos. Cada cromossomo contém vários genes, sam pela carioteca e se transformam em ribossomos citoplasmáti-
o material genético que comanda as atividades celulares. Por isso, cos (a função dos ribossomos já foi citada).
dizemos que o núcleo é o portador dos fatores hereditários (trans- Hoje, sabemos que o núcleo é o centro de controle das ativi-
mitidos de pais para filhos) e o regulador das atividades metabóli- dades celulares e o “arquivo” das informações hereditárias, que a
cas da célula. É o “centro vital” da célula. Envoltório nuclear - É a célula transmite às suas filhas ao se reproduzir.

Didatismo e Conhecimento 5
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DIVISÃO CELULAR

A divisão celular é o mecanismo que leva as células a se multiplicarem dando origem a outras células.
Durante a divisão celular, dois aspectos importantes acontecem:
- divisão do núcleo (cariotomia ou cariocinese)
- divisão do citoplasma (citocinese ou citodierese)

E o processo pode ser resumido em duas grandes etapas:


Do mesmo modo que uma fábrica pode ser multiplicada pela construção de várias filiais, também as células se dividem e produzem
cópias de si mesmas. Há dois tipos de divisão celular: mitose e meiose. Na mitose, a divisão de uma “célula-mãe” duas “células-filhas”
geneticamente idênticas e com o mesmo número cromossômico que existia na célula-mãe. Uma célula n produz duas células n, uma célula
2n produz duas células 2n etc. Trata-se de uma divisão equacional. Já na meiose, a divisão de uma “célula-mãe” 2n gera “células-filhas” n,
geneticamente diferentes. Neste caso, como uma célula 2n produz quatro células n, a divisão é chamada reducional.

A interfase – A fase que precede a mitose

É impossível imaginar a multiplicação de uma fabrica, de modo que todas as filiais fossem extremamente semelhantes a matriz, com
cópias fieis de todos os componentes, inclusive dos diretores? Essa, porém, no caso da maioria das células, é um acontecimento rotineiro.
A mitose corresponde a criação de uma cópia da fabrica e sua meta é a duplicação de todos os componentes. A principal atividade da cé-
lula, antes de se dividir, refere-se a duplicação de seus arquivos de comando, ou seja, à reprodução de uma cópia fiel dos dirigentes que se
encontram no núcleo.
A interfase é o período que precede qualquer divisão celular, sendo de intensa atividade metabólica. Nesse período, há a preparação para
a divisão celular, que envolve a duplicação da cromatina, material responsável pelo controle da atividade da célula. Todas as informações
existentes ao longo da molécula de DNA são passadas para a cópia, como se correspondessem a uma cópia fotográfica da molécula original.
Em pouco tempo, cada célula formada da divisão receberá uma cópia exata de cada cromossomo da célula se dividiu. As duas cópias de cada
cromossomo permanecem juntas por certo tempo, unidas pelo centrômero comum, constituindo duas cromátides de um mesmo cromosso-
mo. Na interfase, os centríolos também se duplicam.

A intérfase e a Duplicação do DNA

Houve época em que se falava que a interfase era o período de “repouso” da célula. Hoje, sabemos, que na realidade a interfase é um
período de intensa atividade metabólica no ciclo celular: é nela que se dá a duplicação do DNA, crescimento e síntese. Costuma-se dividir a
interfase em três períodos distintos: G1, S e G2. O intervalo de tempo em que ocorre a duplicação do DNA foi denominado de S (síntese) e
o período que antecede é conhecido como G1 (G1 provém do inglês gap, que significa “intervalo”). O período que sucede o S é conhecido
como G2.

Didatismo e Conhecimento 6
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
O ciclo celular todo, incluindo a interfase (G1, S, G2) e a mitose (M) – prófase, metáfase, anáfase e telófase – pode ser representado em
um gráfico no qual se coloca a quantidade da DNA na ordenada (y) e o tempo na abscissa (x). Vamos supor que a célula que vai se dividir
tenha, no período G1, uma quantidade 2C de DNA (C é uma unidade arbitrária). Nas células, existe uma espécie de “manual de verificação
de erros” que é utilizado em algumas etapas do ciclo celular e que é relacionado aos pontos de checagem. Em cada ponto de checagem a
célula avalia se é possível avançar ou se é necessário fazer algum ajuste, antes de atingir a fase seguinte. Muitas vezes, a escolha é simples-
mente cancelar o processo ou até mesmo conduzir a célula à morte.

As fases da mitose

A mitose é um processo contínuo de divisão celular, mas, por motivos didáticos, para melhor compreendê-la, vamos dividi-la em fases:
prófase, metáfase, anáfase e telófase. Alguns autores costumam citar uma quinta fase – a prometáfase – intermediária entre a prófase e a
metáfase. O final da mitose, com a separação do citoplasma, é chamado de citocinese.

Prófase – Fase de início (pro = antes)

- Os cromossomos começam a ficar visíveis devido à espiralação.


- O nucléolo começa a desaparecer.
- Organiza-se em torno do núcleo um conjunto de fibras (nada mais são do que microtúbulos) originadas a partir dos centrossomos,
constituindo o chamado fuso de divisão (ou fuso mitótico).

Embora os centríolos participem da divisão, não é deles que se originam as fibras do fuso. Na mitose em célula animal, as fibras que se
situam ao redor de cada par de centríolos opostas ao fuso constituem o áster (do grego, aster = estrela).
- O núcleo absorve água, aumenta de volume e a carioteca se desorganiza.
- No final da prófase, curtas fibras do fuso, provenientes do centrossomos, unem-se aos centrômeros. Cada uma das cromátides-irmãs
fica ligada a um dos polos da célula.

Note que os centrossomos ainda estão alinhados na região equatorial da célula, o que faz alguns autores designarem essa fase de pro-
metáfase.

A formação de um novo par de centríolos é iniciada na fase G1, continua na fase S e na fase G2 a duplicação é completada. No entanto,
os dois pares de centríolos permanecem reunidos no mesmo centrossomo. Ao iniciar a prófase, o centrossomo parte-se em dois e cada par
de centríolos começa a dirigir-se para polos opostos da célula que irá entrar em divisão.

Metáfase – Fase do meio (meta = no meio)

-Os cromossomos atingem o máximo em espiralação, encurtam e se localizam na região equatorial da célula.
- No finalzinho da metáfase e início da anáfase ocorre a duplicação dos centrômeros.

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Telófase – Fase do Fim (telos = fim)

-Os cromossomos iniciam o processo de desespirilação.


- Os nucléolos reaparecem nos novos núcleos celulares.
- A carioteca se reorganiza em cada núcleo-filho.
- Cada dupla de centríolos já se encontra no local definitivo
nas futuras células-filhas.

Anáfase – Fase do deslocamento (ana indica movimento


ao contrário)

- As fibras do fuso começam a encurtar. Em consequência,


cada lote de cromossomos-irmãos é puxado para os polos opostos
Citocinese – Separando as células
da célula.

Como cada cromátide passa a ser um novo cromossomo, A partição em duas copias é chamada de citocinese e ocorre,
pode-se considerar que a célula fica temporariamente tetraplóide. na célula animal, de fora para dentro, isto é, como se a célula fos-
se estrangulada e partida em duas (citocinese centrípeta). Há uma
distribuição de organelas pelas duas células-irmãs. Perceba que a
citocinese é, na verdade a divisão do citoplasma. Essa divisão pode
ter início já na anáfase, dependendo da célula.

A Mitose na Célula Vegetal

Na mitose de células de vegetais superiores, basicamente duas


diferenças podem ser destacadas, em comparação com que ocorre
na mitose da célula animal:
- A mitose ocorre sem centríolos. A partir de certos locais, cor-
respondentes ao centrossomos, irradiam-se as fibras do fuso. Uma
vez que não há centríolos, então não existe áster. Por esse motivo,
diz-se que a mitose em células vegetais é anastral (do grego, an =
negativo);

Didatismo e Conhecimento 8
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- A citocinese é centrífuga, ocorre do centro para a periferia da célula. No início da telófase forma-se o fragmoplasmo, um conjunto de
microtúbulos proteicos semelhantes aos do fuso de divisão. Os microtúbulos do fragmoplasto funcionam como andaimes que orientam a
deposição de uma placa celular mediana semelhante a um disco, originada de vesículas fundidas do sistema golgiense. Progressivamente,
a placa celular cresce em direção à periferia e, ao mesmo tempo, no interior da vesícula, ocorre a deposição de algumas substâncias, entre
elas, pectina e hemicelulose, ambos polissacarídeos. De cada lado da placa celular, as membranas fundidas contribuem para a formação,
nessa região, das membranas plasmáticas das duas novas células e que acabam se conectando com a membrana plasmática da célula-mãe.
Em continuação à formação dessa lamela média, cada célula-filha, deposita uma parede celulósica primária, do lado de fora da membrana
plasmática. A parede primária acaba se estendendo por todo o perímetro da célula. Simultaneamente a parede celulósica primária da célula-
-mãe é progressivamente desfeita, o que permite o crescimento de cada célula-filha, cada qual dotada, agora, de uma nova parede primária.
Então, se pudéssemos olhar essa região mediana de uma das células, do citoplasma para fora, veríamos, inicialmente, a membrana plasmá-
tica, em seguida a parede celulósica primária e, depois, a lamela média. Eventualmente, uma parede secundária poderá ser depositada entre
a membrana plasmática e a parede primária.

A mitose é um tipo de divisão muito frequente entre os organismos da Terra atual. Nos unicelulares, serve à reprodução assexuada e à
multiplicação dos organismos. Nos pluricelulares, ela repara tecidos lesados, repões células que normalmente morrem e também está en-
volvida no crescimento. No homem, a pele, a medula óssea e o revestimento intestinal são locais onde a mitose é frequente. Nem todas as
células do homem, porém, são capazes de realizar mitose. Neurônios e célula musculares são dois tipos celulares altamente especializados
em que não ocorre esse tipo de divisão (ocorre apenas na fase embrionária). Nos vegetais, a mitose ocorre em locais onde existem tecidos
responsáveis pelo crescimento, por exemplo, na ponta de raízes, na ponta de caules e nas gemas laterais. Serve também para produzir ga-
metas, ao contrário do que ocorre nos animais, em que a meiose é o processo de divisão mais diretamente associado à produção das células
gaméticas.

Meiose

Diferentemente da mitose, em que uma célula diplóide, por exemplo, se divide formando duas células também diplóides (divisão
equacional), a meiose é um tipo de divisão celular em que uma célula diplóide produz quatro células haplóides, sendo por este motivo uma
divisão reducional. Um fato que reforça o caráter reducional da meiose é que, embora compreenda duas etapas sucessivas de divisão celular,
os cromossomos só se duplicam uma vez, durante a interfase – período que antecede tanto a mitose como a meiose. No início da interfase,
os filamentos de cromatina não estão duplicados. Posteriormente, ainda nesta fase, ocorre a duplicação, ficando cada cromossomo com duas
cromátides.

As várias fases da meiose

A redução do número cromossômico da célula é importante fator para a conservação do lote cromossômico das espécies, pois como a
meiose formam-se gametas com a metade do lote cromossômico. Quando da fecundação, ou seja, do encontro de dois gametas, o número de
cromossomos da espécie se restabelece. Podemos estudar a meiose em duas etapas, separadas por um curto intervalo, chamado intercinese.
Em cada etapa, encontramos as fases estudadas na mitose, ou seja, prófase, metáfase, anáfase e telófase.

Vamos supor uma célula 2n = 2 e estudar os eventos principais da meiose nessa célula.

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Meiose I (Primeira Divisão Meiótica) - Ocorrem quebras casuais nas cromátides e uma troca de pe-
daços entre as cromátides homólogas, fenômeno conhecido como
Prófase I – É a etapa mais marcante da meiose. Nela ocorre crossing-over (ou permuta). Em seguida, os homólogos se afastam
o pareamento dos cromossomos homólogos e pode acontecer um e evidenciam-se entre eles algumas regiões que estão ainda em
fenômeno conhecido como crossing-over (também chamado de contato. Essas regiões são conhecidas como quiasmas (qui corres-
permuta). Como a prófase I é longa, há uma sequência de eventos ponde à letra “x” em grego). Os quiasmas representam as regiões
que, para efeito de estudo, pode ser dividida nas seguintes etapas: em que houve as trocas de pedaços. Essa fase da prófase I é o
diplóteno (diplós = duplo).
- Inicia-se a espiralação cromossômica. É a fase de leptóteno
(leptós = fino), em que os filamentos cromossômicos são finos,
pouco visíveis e já constituídos cada um por duas cromátides.

- Os pares de cromátides afastam-se um pouco mais e os quias-


mas parecem “escorregar” para as extremidades; a espiralação dos
Começa a atração e o pareamento dos cromossomos homó- cromossomos aumenta. è a última fase da prófase I, conhecida por
logos; é um pareamento ponto por ponto conhecido como sinapse diacinese (dia = através; kinesis = movimento).
(o prefixo sin provém do grego e significa união). Essa é a fase de
zigóteno (zygós = par).

Enquanto acontecem esses eventos, os centríolos, que vieram


- A espiralação progrediu: agora, são bem visíveis as duas cro-
duplicados da interfase, migram para os pólos opostos e organi-
mátides de cada homólogo pareado; como existem, então, quatro
zam o fuso de divisão; os nucléolos desaparecem; a carioteca se
cromátides, o conjunto forma uma tétrade ou par bivalente. Essa é
a fase de paquíteno (pakhús = espesso). desfaz após o término da prófase I, prenunciando a ocorrência da
metáfase I.

Metáfase I – os cromossomos homólogos pareados se dis-


põem na região mediana da célula; cada cromossomo está preso a
fibras de um só polo.

Anáfase I – o encurtamento das fibras do fuso separa os cro-


mossomos homólogos, que são conduzidos para polos opostos da
célula, não há separação das cromátides-irmãs. Quando os cro-
mossomos atingem os polos, ocorre sua desespiralação, embora
não obrigatória, mesmo porque a segunda etapa da meiose vem a
seguir. Às vezes, nem mesmo a carioteca se reconstitui.

Didatismo e Conhecimento 10
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Telófase I – no final desta fase, ocorre a citocinese, separando as duas células-filhas haplóides. Segue-se um curto intervalo a interci-
nese, que procede a prófase II.

Meiose II (segunda divisão meiótica)

Prófase II – cada uma das duas células-filhas tem apenas um lote de cromossomos duplicados. Nesta fase os centríolos duplicam nova-
mente e as células em que houve formação da carioteca, esta começa a se desintegrar.
Metáfase II - como na mitose, os cromossomos prendem-se pelo centrômero às fibras do fuso, que partem de ambos os polos.
Anáfase II – Ocorre duplicação dos centrômeros, só agora as cromátides-irmãs separam-se (lembrando a mitose).
Telófase II e citocinese – com o término da telófase II reorganizam-se os núcleos. A citocinese separa as quatro células-filhas haplóides,
isto é, sem cromossomos homólogos e com a metade do número de cromossomos em relação à célula que iniciou a meiose.

Didatismo e Conhecimento 11
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Variabilidade: Entendendo o crossing-over Outro processo que conduz ao surgimento de variabilidade na
meiose é a segregação independente dos cromossomos. Imaginan-
A principal consequência da meiose, sem dúvida, é o surgi- do-se que uma célula com dois pares de cromossomos homólogos
mento da diversidade entre os indivíduos que são produzidos na (A e a, B e b), se divida por meiose, as quatro células resultantes ao
reprodução sexuada da espécie. A relação existente entre meiose e final da divisão poderão ter a seguinte constituição cromossômica:
variabilidade é baseada principalmente na ocorrência de crossing- (a e b), (a e B), (A e b) e (A e B). A variabilidade genética existen-
-over.
te entre os organismos das diferentes espécies é muito importante
para a ocorrência da evolução biológica. Sobre essa variabilidade
é que atua a seleção natural, favorecendo a sobrevivência de in-
divíduos dotados de características genéticas adaptadas ao meio.
Quanto maior a variabilidade gerada na meiose, por meio de re-
combinação gênica permitida pelo crossing-over, maiores as chan-
ces para a ação seletiva do meio.
Na meiose a variação da quantidade de DNA pode ser repre-
sentada como no gráfico ao lado, partindo-se, por exemplo, de uma
célula que tenha uma quantidade 2C de DNA em G1.

Conclusão:

Todas as células possuem organelas no seu interior. Essas or-


ganelas possuem funções, cada uma realiza um tipo, e a célula
sobrevive porque elas trabalham em conjunto. A célula vegetal
possui vacúolo e parede celular, enquanto a célula animal não os
possui.

LEIS DE MENDEL

Desde os tempos mais remotos o homem tomou consciência


da importância do macho e da fêmea na geração de seres da mesma
espécie, e que características como altura, cor da pele etc. eram
transmitidas dos pais para os descendentes. Assim, com certeza,
uma cadela quando cruzar com um cão, irá originar um filhote com
O crossing é um fenômeno que envolve cromátides homólo-
gas. Consiste na quebra dessas cromátides em certos pontos, segui- características de um cão e nunca de um gato. Mas por quê?
da de uma troca de pedaços correspondentes entre elas. As trocas
provocam o surgimento de novas sequências de genes ao longo Mendel, o iniciador da genética
dos cromossomos. Assim, se em um cromossomo existem vários
genes combinados segundo certa sequência, após a ocorrência do Gregor Mendel nasceu em 1822, em Heinzendorf, na Áustria.
crossing a combinação pode não ser mais a mesma. Então, quan- Era filho de pequenos fazendeiros e, apesar de bom aluno, teve de
do se pensa no crossing, é comum analisar o que aconteceria, por superar dificuldades financeiras para conseguir estudar. Em 1843,
exemplo, quanto à combinação entre os genes alelos A e a e B e ingressou como noviço no mosteiro de agostiniano da cidade de
b no par de homólogos ilustrados na figura. Nessa combinação o Brünn, hoje Brno, na atual República Tcheca. Após ter sido or-
gene A e B encontram-se em um mesmo cromossomo, enquanto a denado monge, em 1847, Mendel ingressou na Universidade de
e b estão no cromossomo homólogo. Se a distância de A e B for Viena, onde estudou matemática e ciências por dois anos. Ele que-
considerável, é grande a chance de ocorrer uma permuta. E, se tal
ria ser professor de ciências naturais, mas foi mal sucedido nos
acontecer, uma nova combinação gênica poderá surgir. As combi-
exames. De volta a Brünn, onde passou o resto da vida. Mendel
nações Ab e aB são novas. São recombinações gênicas que contri-
buem para a geração de maior variabilidade nas células resultantes continuou interessado em ciências. Fez estudos meteorológicos,
da meiose. Se pensarmos na existência de três genes ligados em estudou a vida das abelhas e cultivou plantas, tendo produzido no-
um mesmo cromossomo (A, b e C, por exemplo), as possibilida- vas variedades de maças e peras. Entre 1856 e 1865, realizou uma
des de ocorrência de crossings dependerão da distância em que série de experimentos com ervilhas, com o objetivo de entender
os genes se encontram – caso estejam distantes, a variabilidade como as características hereditárias eram transmitidas de pais para
produzida será bem maior. filhos.

Didatismo e Conhecimento 12
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Em 8 de março de 1865, Mendel apresentou um trabalho à Sociedade de História Natural de Brünn, no qual enunciava as suas leis de
hereditariedade, deduzidas das experiências com as ervilhas. Publicado em 1866, com data de 1865, esse trabalho permaneceu praticamente
desconhecido do mundo científico até o início do século XX. Pelo que se sabe, poucos leram a publicação, e os que leram não conseguiram
compreender sua enorme importância para a Biologia. As leis de Mendel foram redescobertas apenas em 1900, por três pesquisadores que
trabalhavam independentemente. Mendel morreu em Brünn, em 1884. Os últimos anos de sua vida foram amargos e cheios de desaponta-
mento. Os trabalhos administrativos do mosteiro o impediam de se dedicar exclusivamente à ciência, e o monge se sentia frustrado por não
ter obtido qualquer reconhecimento público pela sua importante descoberta. Hoje Mendel é tido como uma das figuras mais importantes no
mundo científico, sendo considerado o“pai” da Genética. No mosteiro onde viveu existe um monumento em sua homenagem, e os jardins
onde foram realizados os célebres experimentos com ervilhas até hoje são conservados.

Os experimentos de Mendel

A escolha da planta

A ervilha é uma planta herbácea leguminosa que pertence ao mesmo grupo do feijão e da soja. Na reprodução, surgem vagens contendo
sementes, as ervilhas. Sua escolha como material de experiência não foi casual: uma planta fácil de cultivar, de ciclo reprodutivo curto e
que produz muitas sementes. Desde os tempos de Mendel existiam muitas variedades disponíveis, dotadas de características de fácil com-
paração. Por exemplo, a variedade que flores púrpuras podia ser comparada com a que produzia flores brancas; a que produzia sementes
lisas poderia ser comparada cm a que produzia sementes rugosas, e assim por diante. Outra vantagem dessas plantas é que estame e pistilo,
os componentes envolvidos na reprodução sexuada do vegetal, ficam encerrados no interior da mesma flor, protegidas pelas pétalas. Isso
favorece a autopolinização e, por extensão, a autofecundação, formando descendentes com as mesmas características das plantas genitoras.

A partir da autopolinização, Mendel produziu e separou diversas linhagens puras de ervilhas para as características que ele pretendia
estudar. Por exemplo, para cor de flor, plantas de flores de cor de púrpura sempre produziam como descendentes plantas de flores púrpuras,
o mesmo ocorrendo com o cruzamento de plantas cujas flores eram brancas. Mendel estudou sete características nas plantas de ervilhas: cor
da flor, posição da flor no caule, cor da semente, aspecto externo da semente, forma da vagem, cor da vagem e altura da planta.

Didatismo e Conhecimento 13
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Os cruzamentos VV vv Vv
Semente Semente Semente
Depois de obter linhagens puras, Mendel efetuou um cruza- amarela pura verde pura amarela híbrida
mento diferente. Cortou os estames de uma flor proveniente de
semente verde e depois depositou, nos estigmas dessa flor, pólen
de uma planta proveniente de semente amarela. Efetuou, então, Persistia, porém, uma dúvida: Como explicar o desapare-
artificialmente, uma polinização cruzada: pólen de uma planta cimento da cor verde na geração F1 e o seu reaparecimento na
que produzia apenas semente amarela foi depositado no estigma geração F2? A resposta surgiu a partir do conhecimento de que
de outra planta que só produzia semente verde, ou seja, cruzou cada um dos fatores se separava durante a formação das células
duas plantas puras entre si. Essas duas plantas foram consideradas reprodutoras, os gametas. Dessa forma, podemos entender como
como a geração parental (P), isto é, a dos genitores. Após repe- o material hereditário passa de uma geração para a outra. Acom-
tir o mesmo procedimento diversas vezes, Mendel verificou que panhe nos esquemas abaixo os procedimentos adorados por Men-
todas as sementes originadas desses cruzamentos eram amarelas del com relação ao caráter cor da semente em ervilhas.
– a cor verde havia aparentemente “desaparecido” nos descenden-
tes híbridos (resultantes do cruzamento das plantas), que Mendel
chamou de F1 (primeira geração filial). Concluiu, então, que a cor
amarela “dominava” a cor verde. Chamou o caráter cor amarela
da semente de dominante e o verde de recessivo. A seguir, Mendel
fez germinar as sementes obtidas em F1 até surgirem as plantas e
as flores. Deixou que se autofertilizassem e aí houve a surpresa: a
cor verde das sementes reapareceu na F2 (segunda geração filial),
só eu em proporção menor que as de cor amarela: surgiram 6.022
sementes amarelas para 2.001 verdes, o que conduzia a proporção
3:1. Concluiu que na verdade, a cor verde das sementes não havia
“desaparecido” nas sementes da geração F1. O que ocorreu é que
ela não tinha se manifestado, uma vez que, sendo uma caráter re-
cessivo, era apenas “dominado” (nas palavras de Mendel) pela cor
amarela. Mendel concluiu que a cor das sementes era determinada
por dois fatores, cada um determinando o surgimento de uma cor,
amarela ou verde.

Resultado: em F2, para cada três sementes amarelas, Men-


del obteve uma semente de cor verde. Repetindo o procedimento
para outras seis características estudadas nas plantas de ervilha,
sempre eram obtidos os mesmos resultados em F2, ou seja a pro-
porção de três expressões dominantes para uma recessiva.

Leis de Mendel

1ª Lei de Mendel: Lei da Segregação dos Fatores

A comprovação da hipótese de dominância e recessividade


nos vários experimentos efetuados por Mendel levou, mais tarde
Era necessário definir uma simbologia para representar esses à formulação da sua 1º lei: “Cada característica é determinada
fatores: escolheu a inicial do caráter recessivo. Assim, a letra v por dois fatores que se separam na formação dos gametas,
(inicial de verde), minúscula, simbolizava o fator recessivo. As- onde ocorrem em dose simples”, isto é, para cada gameta mas-
sim, a letra v (inicial de verde), minúscula, simbolizava o fator culino ou feminino encaminha-se apenas um fator. Mendel não
recessivo – para cor verse – e a letra V, maiúscula, o fator domi- tinha ideia da constituição desses fatores, nem onde se localiza-
nante – para cor amarela. vam.

Didatismo e Conhecimento 14
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
As bases celulares da segregação Os conceitos de fenótipo e genótipo

A redescoberta dos trabalhos de Mendel, em 1900, trouxe a Dois conceitos importantes para o desenvolvimento da gené-
questão: onde estão os fatores hereditários e como eles se segre- tica, no começo do século XX, foram os de fenótipo e genótipo,
gam? Em 1902, enquanto estudava a formação dos gametas em criados pelo pesquisador dinamarquês Wilhelm L. Johannsen (1857
gafanhotos, o pesquisador norte americano Walter S. Sutton notou – 1912).
surpreendente semelhança entre o comportamento dos cromosso-
mos homólogos, que se separavam durante a meiose, e os fatores Fenótipo
imaginados por Mendel. Sutton lançou a hipótese de que os pares
de fatores hereditários estavam localizados em pares de cromos- O termo “fenótipo” (do grego pheno, evidente, brilhante, e
somos homólogos, de tal maneira que a separação dos homólogos typos, característico) é empregado para designar as características
levava à segregação dos fatores. Hoje sabemos que os fatores a que apresentadas por um indivíduo, sejam elas morfológicas, fisioló-
Mendel se referiu são os genes (do grego genos, originar, provir), gicas e comportamentais. Também fazem parte do fenótipo carac-
e que realmente estão localizados nos cromossomos, como Sutton terísticas microscópicas e de natureza bioquímica, que necessitam
havia proposto. As diferentes formas sob as quais um gene pode se de testes especiais para a sua identificação. Entre as características
apresentar são denominadas alelos. A cor amarela e a cor verde da fenotípicas visíveis, podemos citar a cor de uma flor, a cor dos olhos
semente de ervilha, por exemplo, são determinadas por dois alelos, de uma pessoa, a textura do cabelo, a cor do pelo de um animal, etc.
isto é, duas diferentes formas do gene para cor da semente. Já o tipo sanguíneo e a sequência de aminoácidos de uma proteína
são características fenotípicas revelada apenas mediante testes es-
peciais.
O fenótipo de um indivíduo sofre transformações com o passar
do tempo. Por exemplo, à medida que envelhecemos o nosso corpo
se modifica. Fatores ambientais também podem alterar o fenótipo:
se ficarmos expostos à luz do sol, nossa pele escurecerá.

Genótipo

O termo “genótipo” (do grego genos, originar, provir, e typos,


característica) refere-se à constituição genética do indivíduo, ou seja,
aos genes que ele possui. Estamos nos referindo ao genótipo quan-
do dizemos, por exemplo, que uma planta de ervilha é homozigota
dominante (VV) ou heterozigota(Vv) em relação à cor da semente.

Fenótipo: genótipo e ambiente em interação


Exemplo da primeira lei de Mendel em um animal O fenótipo resulta da interação do genótipo com o ambiente.
Consideremos, por exemplo, duas pessoas que tenham os mesmos
Vamos estudar um exemplo da aplicação da primeira lei de tipos de alelos para pigmentação da pele; se uma delas toma sol com
Mendel em um animal, aproveitando para aplicar a terminologia mais frequência que a outra, suas tonalidades de pele, fenótipo, são
modernamente usada em Genética. A característica que escolhe- diferentes. Um exemplo interessante de interação entre genótipo e
mos foi a cor da pelagem de cobaias, que pode ser preta ou branca. ambiente na produção do fenótipo é a reação dos coelhos da raça
De acordo com uma convenção largamente aceita, representare- himalaia à temperatura. Em temperaturas baixas, os pelos crescem
mos por B o alelo dominante, que condiciona a cor preta, e por b o pretos e, em temperaturas altas, crescem brancos. A pelagem normal
alelo recessivo, que condiciona a cor branca. Uma técnica simples desses coelhos é branca, menos nas extremidades do corpo (focinho,
de combinar os gametas produzidos pelos indivíduos de F1 para orelha, rabo e patas), que, por perderem mais calor e apresentarem
obter a constituição genética dos indivíduos de F2 é a montagem temperatura mais baixa, desenvolvem pelagem preta.
do quadrado de Punnet. Este consiste em um quadro, com número
de fileiras e de colunas que correspondem respectivamente, aos Determinando o genótipo
tipos de gametas masculinos e femininos formados no cruzamento.
O quadrado de Punnet para o cruzamento de cobaias heterozigotas Enquanto que o fenótipo de um indivíduo pode ser observado
é: diretamente, mesmo que seja através de instrumentos, o genótipo
tem que ser inferido através da observação do fenótipo, da análise de
Gametas maternos seus pais, filhos e de outros parentes ou ainda pelo sequenciamento
Bb do genoma do indivíduo, ou seja, leitura do que está nos genes. A
B BB Bb
Preto Preto técnica do sequenciamento, não é amplamente utilizada, devido ao
Gametas seu alto custo e pela necessidade de aparelhagem especializada. Por
paternos Bb bb
Preto Branco esse motivo a observação do fenótipo e análise dos parentes ainda é
b o recurso mais utilizado para se conhecer o genótipo.

Didatismo e Conhecimento 15
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Quando um indivíduo apresenta o fenótipo condicionado pelo na forma de uma representação gráfica denominada heredograma
alelo recessivo, conclui-se que ele é homozigoto quanto ao alelo (do latim heredium, herança), também conhecida como genealo-
em questão. Por exemplo, uma semente de ervilha verde é sempre gia ou árvore genealógica. Construir um heredograma consiste em
homozigota vv. Já um indivíduo que apresenta o fenótipo condi- representar, usando símbolos, as relações de parentesco entre os
cionado pelo alelo dominante poderá ser homozigoto ou hetero- indivíduos de uma família. Cada indivíduo é representado por um
zigoto. Uma semente de ervilha amarela, por exemplo, pode ter símbolo que indica as suas características particulares e sua rela-
genótipo VV ou Vv. Nesse caso, o genótipo do indivíduo só poderá ção de parentesco com os demais. Indivíduos do sexo masculino
ser determinado pela análise de seus pais e de seus descendentes. são representados por um quadrado, e os do sexo feminino, por um
Caso o indivíduo com fenótipo dominante seja filho de pai círculo. O casamento, no sentido biológico de procriação, é indi-
com fenótipo recessivo, ele certamente será heterozigoto, pois her- cado por um traço horizontal que une os dois membros do casal.
dou do pai um alelo recessivo. Entretanto, se ambos os pais têm Os filhos de um casamento são representados por traços verticais
fenótipo dominante, nada se pode afirmar. Será necessário analisar unidos ao traço horizontal do casal.
a descendência do indivíduo em estudo: se algum filho exibir o
fenótipo recessivo, isso indica que ele é heterozigoto. Os principais símbolos são os seguintes:

Cruzamento-Teste

Este cruzamento é feito com um indivíduo homozigótico re-


cessivo para o fator que se pretende estudar, que facilmente se
identifica pelo seu fenótipo e um outro de genótipo conhecido ou
não. Por exemplo, se cruzarmos um macho desconhecido com uma
fêmea recessiva podemos determinar se o macho é portador da-
quele caráter recessivo ou se é puro. Caso este seja puro todos os
filhos serão como ele, se for portador 25% serão brancos, etc. Esta
explicação é muito básica, pois geralmente é preciso um pouco
mais do que este único cruzamento. A limitação destes cruzamen-
tos está no fato de não permitirem identificar portadores de alelos
múltiplos para a mesma característica, ou seja, podem existir em
alguns casos mais do que dois alelos para o mesmo gene e o efeito
da sua combinação variar. Além disso, podemos estar cruzando um
fator para o qual o macho ou fêmea teste não são portadores, mas
sim de outros alelos.

A montagem de um heredograma obedece a algumas regras:


1ª) Em cada casal, o homem deve ser colocado à esquerda, e a
mulher à direita, sempre que for possível.
2ª) Os filhos devem ser colocados em ordem de nascimento,
da esquerda para a direita.
3ª) Cada geração que se sucede é indicada por algarismos
romanos (I, II, III, etc.). Dentro de cada geração, os indivíduos
são indicados por algarismos arábicos, da esquerda para a direita.
Outra possibilidade é se indicar todos os indivíduos de um here-
dograma por algarismos arábicos, começando-se pelo primeiro da
esquerda, da primeira geração.

Interpretação dos Heredogramas

A análise dos heredogramas pode permitir se determinar o pa-


drão de herança de uma certa característica (se é autossômica, se
Construindo um Heredograma é dominante ou recessiva, etc.). Permite, ainda, descobrir o genó-
tipo das pessoas envolvidas, se não de todas, pelo menos de parte
No caso da espécie humana, em que não se pode realizar ex- delas. Quando um dos membros de uma genealogia manifesta um
periências com cruzamentos dirigidos, a determinação do padrão fenótipo dominante, e não conseguimos determinar se ele é homo-
de herança das características depende de um levantamento do his- zigoto dominante ou heterozigoto, habitualmente o seu genótipo é
tórico das famílias em que certas características aparecem. Isso indicado como A_, B_ou C_, por exemplo. A primeira informação
permite ao geneticista saber se uma dada característica é ou não que se procura obter, na análise de um heredograma, é se o caráter
hereditária e de que modo ela é herdada. Esse levantamento é feito em questão é condicionado por um gene dominante ou recessivo.

Didatismo e Conhecimento 16
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Para isso, devemos procurar, no heredograma, casais que são
fenotipicamente iguais e tiveram um ou mais filhos diferentes de-
les. Se a característica permaneceu oculta no casal, e se manifestou
no filho, só pode ser determinada por um gene recessivo. Pais fe-
notipicamente iguais, com um filho diferente deles, indicam que o
caráter presente no filho é recessivo!
Uma vez que se descobriu qual é o gene dominante e qual
é o recessivo, vamos agora localizar os homozigotos recessivos,
porque todos eles manifestam o caráter recessivo. Depois disso,
podemos começar a descobrir os genótipos das outras pessoas. De-
vemos nos lembrar de duas coisas:
1ª) Em um par de genes alelos, um veio do pai e o outro veio
da mãe. Se um indivíduo é homozigoto recessivo, ele deve ter re-
cebido um gene recessivo de cada ancestral.
2ª) Se um indivíduo é homozigoto recessivo, ele envia o gene
recessivo para todos os seus filhos. Dessa forma, como em um
“quebra-cabeça”, os outros genótipos vão sendo descobertos. To-
dos os genótipos devem ser indicados, mesmo que na sua forma
parcial (A_, por exemplo).

Exemplo:

Em proporções essas frações representam 9 amarelo-lisas: 3


amarelo-rugosas: 3 verde-lisas: 1 verde-rugosa. Com base nesse
e em outros experimentos, Mendel aventou a hipótese de que, na
formação dos gametas, os alelos para a cor da semente (Vv) segre-
gam-se independentemente dos alelos que condicionam a forma da
semente (Rr). De acordo com isso, um gameta portador do alelo V
pode conter tanto o alelo R como o alelo r, com igual chance, e o
mesmo ocorre com os gametas portadores do alelo v.

Uma planta duplo-heterozigota VvRr formaria, de acordo com


a hipótese da segregação independente, quatro tipos de gameta em
igual proporção: 1 VR: 1Vr: 1 vR: 1 vr.
A segunda lei de Mendel
A segunda lei de Mendel
A segregação independente de dois ou mais pares de genes
Mendel concluiu que a segregação independente dos fatores
Além de estudar isoladamente diversas características feno- para duas ou mais características era um princípio geral, consti-
típicas da ervilha, Mendel estudou também a transmissão combi- tuindo uma segunda lei da herança.
nada de duas ou mais características. Em um de seus experimen-
tos, por exemplo, foram considerados simultaneamente a cor da Assim, ele denominou esse princípio segunda lei da herança
semente, que pode ser amarela ou verde, e a textura da casca da ou lei da segregação independente, posteriormente chamada se-
semente, que pode ser lisa ou rugosa. gunda lei de Mendel: Os fatores para duas ou mais características
Plantas originadas de sementes amarelas e lisas, ambos traços
segregam-se no híbrido, distribuindo-se independentemente para
dominantes, foram cruzadas com plantas originadas de sementes
os gametas, onde se combinam ao acaso.
verdes e rugosas, traços recessivos. Todas as sementes produzidas
na geração F1 eram amarelas e lisas.
A geração F2, obtida pela autofecundação das plantas origina- A proporção 9:3:3:1
das das sementes de F1, era composta por quatro tipos de sementes:
9/16 amarelo-lisas Ao estudar a herança simultânea de diversos pares de carac-
3/16 amarelo-rugosas terísticas. Mendel sempre observou, em F2, a proporção fenotípi-
3/16 verde-lisas ca 9:3:3:1, conseqüência da segregação independente ocorrida no
1/16 verde-rugosas duplo-heterozigoto, que origina quatro tipos de gameta.

Didatismo e Conhecimento 17
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Segregação independente de 3 pares de alelos

Ao estudar 3 pares de características simultaneamente, Mendel verificou que a distribuição dos tipos de indivíduos em F2 seguia a
proporção de 27: 9: 9: 9: 3: 3: 3: 1. Isso indica que os genes para as 3 características consideradas segregam-se independentemente nos in-
divíduos F1, originando 8 tipos de gametas. Em um dos seus experimentos, Mendel considerou simultaneamente a cor (amarela ou verde), a
textura da casca (lisa ou rugosa) e a cor da casca da semente (cinza ou branca). O cruzamento entre uma planta originada de semente homo-
zigota dominante para as três características (amarelo-liso-cinza) e uma planta originada de semente com traços recessivos (verde-rugosa-
-branca) produz apenas ervilhas com fenótipo dominante, amarelas, lisas e cinza. Esses indivíduos são heterozigotos para os três pares de
genes (VvRrBb). A segregação independente desses três pares de alelos, nas plantas da geração F1, leva à formação de 8 tipos de gametas.

Os gametas produzidos pelas plantas F1 se combinam de 64 maneiras possíveis (8 tipos maternos X 8 tipos paternos), originando 8 tipos
de fenótipos.

Determinando o número de tipos de gametas na segregação independente

Para determinar o número de tipos de gametas formados por um indivíduo, segundo a segregação independente, basta aplicar a expres-
são 2n, em que n representa o número de pares de alelos no genótipo que se encontram na condição heterozigota.

Obtendo a Proporção 9:3:3:1 sem Utilizar o Quadro de Cruzamentos

Genótipo Valor de n 2n Número de gametas


AA 0 20 1
Aa 1 21 2
AaBB 1 21 2
AaBb 2 22 4
AABbCCDd 2 22 4
AABbCcDd 3 23 8
AaBbCcDd 4 24 16
AaBbCcDdEe 5 25 32

A 2º lei de Mendel é um exemplo de aplicação direta da regra do E de probabilidade, permitindo chegar aos mesmos resultados sem a
construção trabalhosa de quadro de cruzamentos. Vamos exemplificar, partindo do cruzamento entre suas plantas de ervilha duplo hetero-
zigotas: P: VvRr X VvRr

Didatismo e Conhecimento 18
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
- Consideremos, primeiro, o resultado do cruzamento das duas características isoladamente:
Vv X Vv Rr X Rr
3/4 sementes amarelas 3/4 sementes lisas
1/4 sementes verdes 1/4 sementes rugosas

Como desejamos considerar as duas características simultaneamente, vamos calcular a probabilidade de obtermos sementes amarelas e
lisas, já que se trata de eventos independentes. Assim,

sementes amarelas e sementes lisas

3/4 X 3/4 = 9/16

E a probabilidade de obtermos sementes amarelas e rugosas:

sementes amarelas E sementes rugosas

3/4 X 1/4 = 3/16

Agora a probabilidade de obtermos sementes verdes e lisas:

sementes verdes E sementes lisas

1/4 X 3/4 = 3/16

Finalmente, a probabilidade de nós obtermos sementes verdes e rugosas:

sementes verdes E sementes rugosas

1/4 X 1/4 = 1/16

Utilizando a regra do E, chegamos ao mesmo resultado obtido na construção do quadro de cruzamentos com a vantagem da rapidez na
obtenção da resposta.

A relação Meiose e 2ª Lei de Mendel

Existe uma correspondência entre as leias de Mendel e a meiose. Acompanhe na figura o processo de formação de gametas de uma
célula de indivíduo diíbrido, relacionando-o à 2ª Lei de Mendel. Note que, durante a meiose, os homólogos se alinham em metáfase e sua
separação ocorre ao acaso, em duas possibilidades igualmente viáveis. A segregação independente dos homólogos e, consequentemente, dos
fatores (genes) que carregam, resulta nos genótipos AB, ab, Ab e aB.

Didatismo e Conhecimento 19
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
A 2ª Lei de Mendel é sempre obedecida? Surpreendentemente, porém, nenhum dos resultados esperados
foi obtido. A separação e a contagem dos descendentes de F2 reve-
A descoberta de que os genes estão situados nos cromossomos lou o seguinte resultado:
gerou um impasse no entendimento da 2º Lei de Mendel. Como - 41,5% de moscas com o corpo cinza e asas longas;
vimos, segundo essa lei, dois ou mais genes não-alelos segregam- - 41,5% de moscas com o corpo preto e asas vestigiais;
-se independentemente, desde que estejam localizados em cro- - 8,5% de moscas com o corpo preto e asas longas;
mossomos diferentes. Surge, no entanto, um problema. Mendel - 8,5% de moscas com o corpo cinza e asas vestigiais.
afirmava que os genes relacionados a duas ou mais características
sempre apresentavam segregação independente. Se essa premissa Ao analisar esse resultado, Morgan convenceu-se de que os
fosse verdadeira, então haveria um cromossomo para cada gene. genes P e V localizavam-se no mesmo cromossomo. Se estivessem
Se considerarmos que existe uma infinidade de genes, haveria, en- localizados em cromossomos diferentes, a proporção esperada se-
tão, uma quantidade assombrosa de cromossomos, dentro de uma ria outra (1: 1: 1: 1).
célula, o que não é verdade. Logo, como existem relativamente
poucos cromossomos no núcleo das células e inúmeros genes, é No entanto, restava a dúvida: como explicar a ocorrência dos
intuitivo concluir que, em cada cromossomo, existe uma infinida- fenótipos corpo cinza/asas vestigiais e corpo preto/asas longas?
de de genes, responsáveis pelas inúmeras características típicas de A resposta não foi difícil de ser obtida. Por essa época já estava
cada espécie. Dizemos que esses genes presentes em um mesmo razoavelmente esclarecido o processo da meiose. Em 1909, o cito-
cromossomo estão ligados ou em linkage e caminham juntos para logista F. A. Janssens (1863-1964) descreveu o fenômeno cromos-
a formação dos gametas. Assim a 2ª lei de Mendel nem sempre é sômico conhecido como permutação ou crossing over, que ocorre
obedecida, bastando para isso que os genes estejam localizados no durante a prófase I da meiose e consiste na troca de fragmentos
mesmo cromossomo, ou seja, estejam em linkage. entre cromossomos homólogos.

Linkage

Genes unidos no mesmo cromossomo

T. H. Morgan e seus colaboradores trabalharam com a mosca


da fruta, Drosophila melanogaster, e realizaram cruzamentos em
que estudaram dois ou mais pares de genes, verificando que, real-
mente, nem sempre a 2ª Lei de Mendel era obedecida. Concluíram
que esses genes não estavam em cromossomos diferente, mas, sim,
encontravam-se no mesmo cromossomo (em linkage).

Um dos cruzamentos efetuados por Morgan

Em um dos seus experimentos, Morgan cruzou moscas sel-


vagens de corpo cinza e asas longas com mutantes de corpo preto
e asas curtas (chamadas de asas vestigiais). Todos os descenden-
tes de F1 apresentavam corpo cinza e asas longas, atestando que
o gene que condiciona corpo cinza (P) domina o que determina
corpo preto (p), assim como o gene para asas longas (V) é domi-
nante sobre o (v) que condiciona surgimento de asas vestigiais. A
seguir Morgan cruzou descendentes de F1 com duplo-recessivos
(ou seja, realizou cruzamentos testes). Para Morgan, os resultados
dos cruzamentos-teste revelariam se os genes estavam localizados Em 1911, Morgan usou essa observação para concluir que
em cromossomos diferentes (segregação-independente) ou em um os fenótipos corpo cinza/asas vestigiais e corpo preto/asas longas
mesmo cromossomo (linkage). eram recombinantes e devido a ocorrência de crossing-over.

Didatismo e Conhecimento 20
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Como diferenciar Segregação independente (2ª Lei de Men- Podemos descrever esses arranjos, usando um traço duplo ou
del) de Linkage? simples para descrever o cromossomo, ou mais simplificadamen-
te, o arranjo pode ser descrito como AB/ab para Cis e Ab/aB para
Quando comparamos o comportamento de pares de genes para trans. O arranjo cis e trans dos alelos no duplo-heterozigoto pode
duas características para a segunda lei de Mendel com a ocorrên- ser facilmente identificado em um cruzamento teste. No caso dos
cia de linkage e crossing-over em um cruzamento genérico do tipo machos de Drosófila, se o arranjo for cis (PV/pv), o duplo hetero-
AaBb X aabb, verificamos que em todos os casos resultam quatro zigoto forma 50% de gametas PV e 50% de gametas pv. Se o arran-
fenótipos diferentes: jo for trans (Pv/pV), o duplo heterozigoto forma 50% de gametas
- Dominante/dominante Pv e 50% de pV. Nas fêmeas de Drosófila, nas quais ocorrem per-
- Dominante/recessivo mutações, o arranjo cis ou trans pode ser identificado pela frequ-
- Recessivo/dominante ência das classes de gametas. As classes mais frequentes indicam
- Recessivo/recessivo. as combinações parentais e as menos frequentes as recombinantes.

A diferença em cada caso está nas proporções obtidas. No Padrões de herança: autossômica, ligada ao sexo - domi-
caso da 2ª lei de Mendel, haverá 25% de cada fenótipo. No linkage nante e recessiva.
com crossing, todavia, os dois fenótipos parentais surgirão com
frequência maior do que as frequências dos recombinantes. A ex- O número de cromossomos varia de espécie para espécie.
plicação para isso reside no fato de, durante a meiose a permuta Homem à 46 cromossomos
não ocorrer em todas as células, sendo, na verdade, um evento Cachorro à 76 cromossomos
relativamente raro. Por isso, nos cruzamentos PpVv X ppvv, da Drosófila à 8 cromossomos
pagina anterior, foram obtidos 83% de indivíduos do tipo parental Arroz à 24 cromossomos
(sem crossing) e 17% do tipo recombinantes (resultantes da ocor- Nas células da espécie humana existem 23 pares de cromosso-
rência de permuta). mos, dos quais 22 pares não apresentam diferenças entre machos
e fêmeas - e são chamados de autossomos. Os dois outros cro-
Frequentemente, nos vários cruzamentos realizados do tipo
mossomos, chamados de heterossomos ou cromossomos sexuais
AaBb X aabb, Morgan obteve os dois fenótipos parentais (AaBb
apresentam diferenças: enquanto as mulheres apresentam dois cro-
e aabb), na proporção de 50% cada. Para explicar esse resultado,
mossomos sexuais perfeitamente homólogos, que foram denomi-
ele sugeriu a hipótese que os genes ligados ficam tão próximos um
nados XX, os homens possuem um cromossomo X e um outro, não
do outro que dificultam a ocorrência de crossing over entre eles.
totalmente homólogo a X, e que foi denominado Y.
Assim, por exemplo, o gene que determina a cor preta do corpo
Todos os gametas (óvulos) formados por meiose em uma mu-
da drosófila e o gene que condiciona a cor púrpura dos olhos fi-
lher possuem o cromossomo X, enquanto os homens podem for-
cam tão próximos que entre eles não ocorre permuta. Nesse caso
mar gametas (espermatozóides) que apresentam o cromossomo X
se fizermos um cruzamento teste entre o duplo-heterozidoto e o e outros, que apresentam o cromossomo Y. Por isso dizemos que
duplo-recessivo, teremos nos descendentes apenas dois tipos de as mulheres são o sexo homogamético e os homens são o sexo
fenótipos, que serão correspondentes aos tipos parentais. heterogamético.
Embora não sejam totalmente homólogos, os cromossomos
Os arranjos “cis” e “trans” dos genes ligados X e Y possuem pequenas regiões homólogas nas pontas, o que
garante, num indivíduo do sexo masculino, o emparelhamento dos
Considerando dois pares de genes ligados, como, por exem- dois cromossomos e sua distribuição normal para as células filhas
plo, A/a e B/b, um indivíduo duplo heterozigoto pode ter os alelos na primeira divisão da meiose.
arranjados de duas maneiras nos cromossomos: Entretanto, o fato de apresentarem regiões sem homologia
Os alelos dominantes A e B se situam em um cromossomo, tem implicações na herança de algumas características. Os genes
enquanto os alelos recessivos a e b se situam no homólogo cor- localizados na região do cromossomo X, que não possui homo-
respondente. Esse tipo de arranjo é chamado de Cis. O alelo logia em Y, seguem um padrão de herança denominada herança
dominante A e o alelo recessivo b se situam em um cromossomo, ligada ao cromossomo X ou herança ligada ao sexo. Herança
enquanto o alelo recessivo a e o alelo dominante B, se situam no ligada ao cromossomo Y ou herança restrita ao sexo é a que se
homólogo correspondente. Esse tipo de arranjo é chamado de refere aos genes localizados somente no cromossomo Y, chamados
Trans. de genes holândricos.

TIPAGEM SANGUÍNEA

A presença ou ausência de determinada proteína nas hemá-


cias permite classificar os indivíduos da espécie humana em alguns
grupos sanguíneos.
O tipo sanguíneo em humanos é condicionado por alelos múl-
tiplos. O sistema ABO, cuja transmissão se faz por três pares de
alelos. São quatro os tipos de sangue: A, B, AB e O. Cada um
destes tipos é caracterizado pela presença ou ausência de aglutino-
gênio, nas hemácias, e aglutinina, no plasma sanguíneo.

Didatismo e Conhecimento 21
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Os aglutinogênios são substâncias encontradas na membrana plasmática das hemácias e que funcionam como antígenos quando intro-
duzidos em indivíduos que não os possuam. Existem dois tipos de aglutinogênios: A e B.
As aglutininas são substâncias presentes no plasma sanguíneo e que funcionam como anticorpos que reagem com antígenos estranhos.
Existem dois tipos de aglutininas: anti-A e anti-B.
Dizer que um indivíduo pertence ao grupo sanguíneo A, B, AB, O significa dizer que ele possui em suas hemácias, respectivamente, a
proteína A, B, as duas (A e B) ou que não possui nenhuma delas.

Os aglutinogênios e as aglutininas presentes nos tipos sanguíneos humanos são os

O contato entre um aglutinogênio e sua aglutinina correspondente provoca a aglutinação do sangue. Assim, indivíduos com sangue Tipo
A não podem doar sangue para indivíduos do Tipo B, e vice-versa. Indivíduos do Tipo AB podem receber sangue de qualquer grupo. Já os
do Tipo O podem doar para qualquer grupo.

Tipos possíveis de transfusão


 
As aglutinações que caracterizam as incompatibilidades sanguíneas do sistema acontecem quando uma pessoa possuidora de determi-
nada aglutinina recebe sangue com o aglutinogênio correspondente.
Indivíduos do grupo A não podem doar sangue para indivíduos do grupo B, porque as hemácias A, ao entrarem na corrente sanguínea
do receptor B, são imediatamente aglutinadas pelo anti-A nele presente. A recíproca é verdadeira: indivíduos do grupo B não podem doar
sangue para indivíduos do grupo A. Tampouco indivíduos A, B ou AB podem doar sangue para indivíduos O, uma vez que estes têm aglu-
tininas anti-A e anti-B, que aglutinam as hemácias portadoras de aglutinogênios A e B ou de ambos.
Assim, o aspecto realmente importante da transfusão é o tipo de aglutinogênio da hemácia do doador e o tipo de aglutinina do plasma
do receptor. Indivíduos do tipo O podem doar sangue para qualquer pessoa, porque não possuem aglutinogênios A e B em suas hemácias.
Indivíduos, AB, por outro lado, podem receber qualquer tipo de sangue, porque não possuem aglutininas no plasma. Por isso, indivíduos do
grupo O são chamadas de doadores universais, enquanto os do tipo AB são receptores universais.  

Sistema RH

Indivíduos com sangue Rh+ possuem o fator Rh em suas hemácias e apresentam aglutinação do sangue quando entram em contato
com anticorpos anti-Rh. Aqueles que não possuem o fator Rh em suas hemácias são chamados Rh- e não apresentam reação de aglutinação
quando em contato com anticorpos anti-Rh. Quando um indivíduo Rh- recebe sangue Rh+, ele passa a produzir anticorpos anti-Rh.
O sistema Rh é determinado por um par de genes alelos com dominância completa. O alelo R é dominante e o r recessivo. Assim os
possíveis genótipos para o sistema Rh são:

Didatismo e Conhecimento 22
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

CÉLULA, TECIDO, ÓRGÃO, APARELHO E


SISTEMA

A eritroblastose fetal é uma doença que pode ocorrer quan-


do mães Rh- geram filhos Rh+. Nestes casos, pequenos vasos da Há vários tipos de células em nosso corpo de diferentes for-
placenta se rompem e há passagem de sangue do filho para a mãe. mas e tamanhos e funções. As células estão organizadas em grupo
Em resposta, o sangue da mãe passa a produzir anticorpos anti-Rh. que “trabalhando” de maneira integrada, desempenham, juntos,
Numa próxima gravidez, se o filho for Rh+, os anticorpos mater- uma determinada função. Esses grupos de células são os tecidos.
nos irão atacar as hemácias do feto, provocando a doença. Os tecidos do corpo humano são um conjunto de células e po-
dem ser classificados em quatro grupos principais: tecido epitelial,
Durante a gestação ocorre passagem, através da placenta, ape- tecido conjuntivo, tecido muscular e tecido nervoso.
nas de  plasma da mãe para o filho e vice-versa devido à chamada Um conjunto de tecidos forma os órgãos.
barreira hemato-placentária. Pode ocorrer, entretanto, acidentes
vasculares na placenta, o que permite a  passagem de hemácias É possível identificar diferentes níveis de organização que
do feto para a circulação materna. Nos casos em que o feto possui atuam nos processos vitais. Podemos resumir essa organização por
sangue  fator rh positivo os antígenos existentes em suas hemácias meio do seguinte esquema:
estimularão o sistema imune materno a produzir anticorpos anti-
-Rh que ficarão no plasma materno e podem, por serem da classe Células -------> à tecidos -------> à órgãos -------> à sistemas
IgG, passar pela BHP provocando lise nas hemácias fetais. A  pro- -------> à organismo
dução de anticorpos obedece a uma cascata de eventos (ver imu-
nidade humoral) e por isto a produção de anticorpos é lenta e  a Tecidos
quantidade pequena num primeiro. A partir da segunda gestação,
ou após a sensibilização por transfusão sanguínea, se o filho é Rh + Tecido epitelial
novamente, o organismo materno já conterá anticorpos para aquele
antígeno e o feto poderá desenvolver a DHPN ou  eritroblastose A principal função do tecido epitelial é de revestir e proteger
fetal. o corpo. As células estão muito próximas umas das outras e quase
não há substâncias preenchendo espaço entre elas. Forma a epider-
O diagnóstico pode ser feito pela tipagem sanguínea da mãe e me, a camada mais externa da pele, e internamente, reveste órgãos
do pai precocemente e durante a gestação o teste de Coombs que como a boca e o estômago.
utiliza anti-anticorpo humano pode detectar se esta havendo a pro- O tecido epitelial também forma as glândulas – estruturas
dução de anticorpos pela mãe e providências podem ser tomadas. compostas de uma ou mais células que fabricam, no nosso corpo,
Uma transfusão , recebendo sangue Rh -, pode ser feita até mesmo certos tipos de substâncias como hormônios, sucos digestivos, lá-
intra-útero já que Goiânia está se tornando referência em fertili- grima e suor.
zação in vitro. O sangue Rh - não possui hemácias com fator Rh
e não  podem ser reconhecidas como estranhas e destruídas pelos
anticorpos recebidos da mãe. Após cerca de 120 dias, as  hemácias
serão substituídas por outras produzidas pelo próprio indivíduo.
O sangue novamente será do tipo Rh +, mas o feto já não correrá
mais perigo.

Após o nascimento da criança toma-se medida profilática  in-


jetando, na mãe Rh- , soro contendo anti Rh. A  aplicação logo após
o parto, destrói as hemácias fetais que possam ter passado pela
placenta no nascimento ou antes. Evita-se , assim, a produção de
anticorpos “zerando o placar de contagem”. Cada vez que um con-
cepto nascer e for Rh+ deve-se fazer nova aplicação, pois novos
anticorpos serão formados.

Os sintomas no RN que podem ser observados são anemia


(devida à destruição de hemácias pelos anticorpos), icterícia (a
destruição de hemácias aumentada levará a produção maior de bi- Tecido conjuntivo
lirrubina indireta que não pode ser convertida no fígado), e após
sua persistência o aparecimento de uma doença chamada Kernic- O tecido conjuntivo tem função de unir e sustentar os ór-
terus que corresponde  ao depósito de bilirrubina nos núcleos da gãos do corpo. São subdivididos em: tecido adiposo, tecido
base cerebrais o que gerará retardo no RN. cartilaginoso, tecido ósseo, tecido sanguíneo.

Didatismo e Conhecimento 23
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
O tecido adiposo é formado por adipócitos, isto é, célu- Sistemas
las que armazenam gordura. Esse tecido encontra-se abaixo da
pele. As funções desse tecido são: fornecer energia para o corpo; Vários órgãos interagem no corpo humano, desempenhando
atuar como isolante térmico, diminuindo a perda de calor do determinada função no organismo. Esse conjunto de órgãos as-
corpo para o ambiente; oferecer proteção contra choques me- sociados forma um sistema.
cânicos (pancadas, por exemplo).
CLÁSSIFICAÇÃO E ORGANIZAÇÃO
Tecido cartilaginoso forma as cartilagens do nariz, da orelha,
da traquéia e está presente nas articulações da maioria dos ossos. É A taxonomia  é o ramo da Biologia que estuda a classificação
um tecido resistente, mas flexível. dos seres vivos, agrupando-os de acordo com o grau de semelhan-
ça. Esse agrupamento se dá, progressivamente, na seguinte ordem
O tecido ósseo forma os ossos. A sua rigidez (dureza) deve-se hierárquica: reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie.
à impregnação de sais de cálcio na substância intercelular. Podem existir sub-divisões para estas categorias, como subgêneros
O esqueleto humano é uma estrutura articulada, formada por e subfamílias, por exemplo.
206 ossos. Apesar de os ossos serem rígidos, o esqueleto é flexível, Os animais, igualmente as plantas, são conhecidos popular-
permitindo amplos movimentos ao corpo graças a ação muscular. mente por nomes muito variáveis dependendo de um lugar para
outro. Na tentativa de universalizar as nomenclaturas, cientistas
O tecido sangüíneo constitui o sangue, tecido líquido. É têm, há muito, procurado criar uma designação internacional para
formado por diferentes tipos de células como: os seres vivos. Para tanto, foi tomado como regra que, na designa-
- os glóbulos vermelhos ou hemácias, que transportam oxi- ção científica, os nomes devem ser em latim ou latinizados.
gênio; Cada organismo deve ser reconhecido por uma designação
- os glóbulos brancos ou leucócitos, que atuam na defesa do binomial, em que o primeiro termo designará o seu gênero e o
corpo contra microrganismos invasores; segundo, a sua espécie. O nome relativo ao gênero deve ser um
• fragmentos (pedaços) de células, como é o caso das pla- substantivo simples ou composto, escrito com inicial maiúscula,
quetas, que atuam na coagulação do sangue.
enquanto que o relativo à espécie deve ser um adjetivo escrito com
A substância intercelular do tecido sanguíneo é o plasma,
inicial minúscula. Essa regra não se aplica em casos em que a de-
constituído principalmente por água, responsável pelo transporte
nominação homenageia uma pessoa célebre.
de nutrientes e de outras substâncias para todas as células.
De acordo com a classificação vigente as espécies descritas
são agrupadas em gêneros. Os gêneros são reunidos, se tiverem
Tecido muscular
algumas características em comum, formando uma família. Fa-
mílias, por sua vez, são agrupadas em uma ordem. Ordens são
As células do tecido muscular possuem capacidade se con-
traírem e alongarem. São denominadas fibras musculares. A essa reunidas em uma classe. Classes de seres vivos são reunidas em
propriedade chamamos contratilidade. Essas células têm o for- filos. E os filos são, finalmente, componentes de alguns dos cinco
mato alongado e promovem a contração muscular, o que permite reinos (Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia).
os diversos movimentos do corpo.
O tecido muscular pode ser de três tipos: tecido muscular
liso, tecido muscular estriado esquelético e tecido muscular es-
triado cardíaco.
O tecido muscular liso forma a musculatura dos órgãos inter-
nos. Apresenta uma contração lenta e involuntária, ou seja, não
depende da vontade do indivíduo. O tecido muscular estriado es-
quelético apresenta uma contração rápida e voluntária. Está ligado
aos ossos e atua na movimentação do corpo.

Tecido nervoso

Os neurônios são constituídos por células nervosas capa-


zes de receber estímuloas e conduzir a informação para outras
células através do impulso nervoso.
O tecido é encontrado nos órgãos do sistema nervoso como o
cérebro e a medula espinhal.
 
Órgãos Filo Porifera
  Acredita-se que os primeiros animais que surgiram na face
Os tecidos também se agrupam em nosso organismo. Um da Terra tenham sido os poríferos. Várias são as hipóteses sobre a
agrupamento de tecidos que se interagem formam um órgão. origem dos animais. Uma das mais aceitas propõe que eles teriam
O estômago, por exemplo, é um órgão do corpo humano. Nele derivado de protistas flagelados coloniais, dando origem primeira-
podemos reconhecer presença do tecido epitelial e do muscular, mente à linhagem dos parazoários (sub-reino Parazoa), representa-
entre outros. da pelos poríferos, e depois à linhagem dos eumetazoários.

Didatismo e Conhecimento 24
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
As esponjas são animais sem simetria ou com simetria ra- Os óvulos têm origem em amebócitos e os espermatozóides
diada, diploblásticos, acelomados e sem cavidade digestiva. podem ter origem em amebócitos ou coanócitos. Se estes esperma-
A simplicidade da estrutura das esponjas é tal que, se forem tozóides encontrarem outra esponja da mesma espécie, ocorrerá a
trituradas e passadas por uma peneira, de modo a separar as suas fecundação e formar-se-á um zigoto. 
células, estas poderão reagrupar-se e formar novamente uma es- A fecundação é geralmente interna. O zigoto vai originar uma
ponja, em tudo semelhante á original. As células do corpo das es- larva nadadora designada anfiblástula, não mais que uma pequena
ponjas apresentam certo grau de independência, sem coordenação bola de células flageladas do tipo coanócito. 
por células nervosas.  Esta larva liberta-se do corpo da esponja-mãe e sai pelo ós-
As esponjas são organismos imóveis, mas capazes de movi- culo, acabando por se fixar a um substrato e sofrer uma inversão,
mentar a água em seu redor. As partículas alimentares em suspen- em que as células flageladas migram para o interior da bola e as
são penetram no corpo da esponja através de poros microscópicos achatadas para o exterior.
– poros inalantes - na sua parede lateral e a água filtrada é reti- Por este motivo, diz-se que o desenvolvimento é indireto neste
rada através de uma abertura maior – ósculo – na zona oposta á filo.
base. Em certas espécies, o ósculo pode ser lentamente fechado. O  
ósculo encontra-se quase sempre acima do resto do corpo do ani- Filo Cnidaria
mal, uma adaptação importante, pois evita a recirculação de água á  
qual já foram retirados alimento e oxigênio e adicionados resíduos. O filo Cnidária (cnidários) está representado pelas hidras,
  medusas ou água-vivas, corais e anêmonas-do-mar.
 A parede do corpo das esponjas é formada por diversos tipos Os cnidários são os primeiros animais a apresentarem uma
de células, sustentadas por elementos esqueléticos de vários tipos: cavidade digestiva no corpo, fato que gerou o nome celenterado,
- Pinacócitos – células achatadas de revestimento da parte ex- destacando a importância evolutiva dessa estrutura, que foi man-
terna, formando uma espécie de epiderme designada pinacoderme tida nos demais animais. A presença de uma cavidade digestiva
(embora não seja um verdadeiro tecido); permitiu aos animais ingerirem porções maiores de alimento, pois
-  Coanócitos– células flageladas com uma expansão mem- nela o alimento pode ser digerido e reduzido a pedaços menores,
branosa em forma de colarinho,  que revestem o espongiocélio e antes de ser absorvido pelas células.
outras câmaras vibráteis internas das esponjas. O movimento dos Com base no aspecto externo do corpo, os cnidários apre-
seus flagelos cria a corrente de água que traz nutrientes e gases. Os sentam simetria radial. Eles são os primeiros animais na escala
nutrientes são filtrados pelo “colarinho” da célula, que não é uma evolutiva a apresentarem tecidos verdadeiros, embora ainda não
estrutura sólida, mas antes um conjunto de pequenos bastonetes cheguem a formar órgãos.
erectos e separados por espaços. Qualquer partícula orgânica ou No filo cnidária existem basicamente dois tipos morfológicos
microrganismo plantônico aprisionado no colarinho é encaminha- de indivíduos: as medusas, que são natantes e os pólipos, que são
do para baixo, em direção ao corpo celular e endocitado, ocorrendo sésseis. Eles podem formar colônias, como é o caso dos corais
uma digestão intracelular, em vacúolos digestivos. Posteriormente (colônias sésseis) e das caravelas (colônias flutuantes).
os nutrientes são difundidos para a mesogleia ou célula a célula. Os polipos e as medusas, formas aparentemente muito dife-
 - Amebócitos– células livres de vários tipos que se deslocam rentes entre si, possuem muitas características em comum e que
por movimentos amebóides, presentes no mesênquima ou meso- definem o filo, como veremos.
gleia (substância gelatinosa localizada entre as camadas de pina- Nos cnidários existe um tipo especial de célula denominada
cócitos e coanócitos) e que são responsáveis pelo crescimento e cnidócito, que apesar de ocorrer ao longo de toda a superfície do
capacidade de regeneração, pois podem originar todos os restantes animal, aparece em maior quantidade nos tentáculos. Ao ser toca-
tipos de célula (exceto os coanócitos) e produzir as espículas do do o cnidócito lança o nematocisto, estrutura penetrante que possui
esqueleto. Estas células podem, ainda, transferir os nutrientes pre- um longo filamento através do qual o líquido urticante contido em
sentes na mesogleia para as restantes células e retirar os produtos seu interior é eliminado. Esse líquido pode provocar sérias quei-
de excreção para o espongiocélio. São, ainda, responsáveis pela maduras no homem.
formação dos gametas; Essas células participam da defesa dos cnidários contra preda-
- Porócitos– células dotadas de um poro central, designado dores e também da captura de presas. Valendo-se das substâncias
poro inalante, que as atravessa de lado a lado. Localizam-se a es- produzidas pelos cnidócitos, eles conseguem paralisar imediata-
paços regulares na parede do corpo da esponja, sendo através delas mente os pequenos animais capturados por seus tentáculos.
que a água penetra no espongiocélio. Estas microscópicas abertu- Foi a presença do cnidócito que deu o nemo ao filo Cnidaria
ras podem ser reguladas pelo animal. (que têm cnida = urtiga)
A reprodução das esponjas pode ser assexuada, por brota- Tanto o pólipo como a medusa apresentam uma boca que se
mento ou gemulação, originando colônias de grandes dimensões. abre na cavidade gastrovascular, mas não possuem ânus. O ali-
A reprodução sexuada é bastante peculiar, principalmente a mento ingerido pela boca, cai na cavidade gastrovascular, onde é
nível do desenvolvimento larvar.  parcialmente digerido e distribuido (daí o nome gastro, de alimen-
As esponjas podem ser monóicas (hermafroditas) ou dióica tação, e vascular, de circulação).
(sexos separados), permanecendo os óvulos na mesogleia e sendo Após a fase extracelular da digestão, o alimento é absorvido
os espermatozóides libertados para o espongiocélio e daí para o pelas células que revestem a cavidade gastrovascular, completan-
exterior. do a digestão.

Didatismo e Conhecimento 25
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
A digestão é portanto, em parte extracelular e em parte intra- ao esqueleto de quitina dos insetos) e, após certo tempo de desen-
celular. Os restos não-aproveitáveis são liberados pela boca. Na volvimento, o embrião, envolto pela casca protetora, destaca-se do
região oral, estão os tentáculos, que participam na captura de ali- corpo da hidra e permanece dentro da casca durante toda a época
mentos. desfavorável.
Os poriferos, apesar de não formarem tecido verdadeiros, são Com a chegada da estação favorável, rompe-se a casca e emer-
considerados animais diblásticos, pois durante o desenvolvimento ge uma pequena hidra que cresce até atingir a fase adulta. Não há
embrionário surgem apenas duas camadas de células - uma externa larva. O desenvolvimento é direto.
e outra interna -, que corresponde às duas camadas de células que  
formam o corpo do adulto: a externa formada pelos pinacócitos Classificação dos cnidários
e a interna formada pelos coanócitos ou coanócitos e pinacócitos
internos. As principais classes dos cnidários são:
Os demais animais são triblásticos ou triploblasticos, pois - Hydrozoa - hidras e caravelas;
- Scyphozoa - águas -vivas
possuem três folhetos germinativos: a ectoderme, a endoderme e
- Anthozoa - anêmonas e corais; e
a mesoderme (meso=no meio), que se desenvolve entre a ecto e a
- Cubozoa - cubozoárioa, como a vespa do pacífico.
endoderme.
 Os cnidários são os primeiros animais a apresentarem
Três são os filos de animais que mais frequentemente são reco-
células nervosas (neurônios). Nesses animais, os neurônios dis- nhecidos como vermes: Platyhelminthes, Nematoda e Annelida.
põem-se de modo difuso pelo corpo, o que é uma condição primi-  
tiva entre os animais. Filo Platyhelminthes: Vermes achatados
Os cnidários apresentam movimentos de contração e de ex-  
tensão do corpo, além de poderem apresentar deslocamentos. São, Os platelmintos são vermes de corpo achatado dorso-ventral-
portanto, os primeiros animais a realizarem essas funções. mente (platy= chato; helminto= verme), com simetria bilateral
Os poríferos são animais que vivem fixos ao substrato, não (aparece pela primeira vez na escala evolutiva). Existem aproxima-
apresentando deslocamentos. damente 20 mil espécies descritas de platelmintos. Podem ser para-
Nos pólipos, a capacidade de locomoção é reduzida, poden- sitas ou de vida livre, estes podendo ocorrer nos mares, água doce ou
do ser do tipo “mede-palmos” ou “cambalhota”. Nas medusas, a em ambientes terrestres úmidos. Como parasitas de seres humanos
locomoção é mais ativa, sendo realizada por um mecanismo deno- podemos citar a tênia e o Schistosoma mansoni, causador da esquis-
minado jato propulsão: os bordos do corpo se contraem, e a água tossomose. Outros animais também podem ser parasitados como o
acumulada na fase oral da medusa é expulsa em jato, provocando boi, o porco, os cachorros, gatos, etc. O corpo pode ou não possuir
o deslocamento do animal no sentido oposto. uma segmentação. A maioria das espécies são monóicas.
 A capacidade de alterar a forma do corpo, determinando mo-  
vimentos e deslocamentos, deve-se à presença de células especiais Embriologia
com funções de contração e distensão, mas que não são células São acelomados (não possuem celoma) e triblásticos (pos-
musculares verdadeiras, na medida em que estas surgem a partir da suem os três folhetos germinativos: ectoderme, mesoderme e en-
mesoderme, que só ocorre em animais triblásticos. doderme). Possuem simetria bilateral. A ectoderme dá origem ao
A respiração e a excreção ocorrem por difusão através de toda revestimento externo, a mesoderme dá origem à musculatura e ao
a superfície do corpo. Não existem estruturas especiais relaciona- parênquima, que é um tecido que preenche todo o espaço entre o
das a esses processos, como também é o caso das esponjas. intestino e a parede do corpo. A endoderme dá origem ao intestino
  e seu revestimento.
 
A reprodução assexuada
Tegumento
 
Os platelmintos possuem um epitélio simples, sendo a epider-
A reprodução assexuada em hidras pardas ou verdes é, em ge-
me formada por uma camada simples de células. As espécies para-
ral, feita por brotamento. Brotos laterais, em várias fases de cres-
sitas apresentam uma cutícula de proteção e, em alguns casos, ven-
cimento, são comumente vistos ligados à hidra-mãe e dela logo se tosas para fixação. Alguns apresentam cílios na região ventral, para
destacam. fins de locomoção. Podem possuir células mucosas, que produzem
Esse processo de multiplicação, em que não ocorre variabili- lubrificação para facilitar a locomoção.
dade genética, é propício nos ambientes estáveis e em épocas favo-  
ráveis do ano, em que as hidras estão bem alimentadas. Digestão
  
A reprodução sexuada Os sistema digestório dos platelmintos é incompleto, ou seja, a
boca é a única abertura para o exterior, não possuindo ânus. A
A hidra é hermafrodita. Alguns testículos e apenas um ovário digestão pode ser intra ou extracelular. O intestino é bastante ramifi-
são formados, principalmente em épocas desfavoráveis do ano, a cado, o que facilita a distribuição do alimento digerido. O que não é
partir de células indiferenciadas existentes no corpo. utilizado na digestão é eliminado pela boca.  As planárias possuem
 O único óvulo produzido é retirado do ovário. Os esperma- a boca na região ventral e uma faringe protátil (exteriorizada), o
tozóides são liberados na água e vão a procura do óvulo. A fecun- que facilita a captação de alimento, sugando.
dação ocorre no corpo da hidra. O zigoto formado é circundado As tênias não possuem sistema digestório, se alimentam por
por uma espessa camada quitinosa (de consistência semelhante difusão, absorvendo os nutrientes pré-digeridos do hospedeiro.

Didatismo e Conhecimento 26
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Respiração - Ao abandonar os alvéolos passam para os brônquios, tra-
quéia, laringe (onde provocam tosse com o movimento que exe-
Não possuem sistema respiratório, e as trocas gasosas são fei- cutam) e faringe.
tas pela epiderme, por difusão. Este tipo de respiração recebe o - Em seguida, são deglutidas e atingem o intestino delgado,
nome de tegumentar ou cutânea e ocorre nas espécies de vida onde crescem e se transformam em vermes adultos.
livre, pois as parasitas fazem respiração anaeróbia. - Após o acasalamento, a fêmea inicia a liberação dos ovos.
Cerca de 15.000 por dia. Todo esse ciclo que começou com a in-
Circulação gestão de ovos, até a formação de adultos, dura cerca de 2 meses.
- Os ovos são eliminados com as fezes. Dentro de cada ovo,
Os platelmintos não possuem sistema circulatório. O ali- dotado de casca protetora, ocorre o desenvolvimento de um em-
mento digerido é enviado para as células por difusão, graças a um brião que, após algum tempo, origina uma larva.
intestino bem ramificado, pois ele é gastrovascular. - Ovos contidos nas fezes contaminam a água de consumo e os
alimentos utilizados pelo homem.
Excreção  
Quais são os sintomas?
São os primeiros animais a apresentar sistema excretor: o
protonefrídio, que é formado por vários túbulos excretores com A maioria das infecções é assintomática. A larva se libera do
células-flama. As células-flama são fundamentais neste sistema ovo no intestino delgado, penetra a mucosa e por via venosa alcan-
excretor. Apresentam vários flagelos que promovem a movimenta- ça o fígado e pulmão de onde alcançam a árvore brônquica. Junto
ção dos fluidos, fazendo com que eles sejam muito bem filtrados. com as secreções respiratórias são deglutidas e atingem o intestino
Os resíduos caem em um sistema de ductos ou túbulos, que se onde crescem chegando ao tamanho adulto.
abrem para o exterior através de estruturas chamadas nefridiópo- Em várias situações podem surgir sintomas dependendo do
ros, que são poros excretores. Estes poros situam-se na superfície órgão atingido. A ascaridíase pode causar dor de barriga, diarréia,
dorsal do corpo, lateralmente. náuseas, falta de apetite ou nenhum sintoma. Quando há grande
Classificação dos Platelmintos
número de vermes pode haver quadro de obstrução intestinal. A
A cerca de 20.000 espécies de platelmintos podem ser agrupa-
larva pode contaminar as vias respiratórias, fazendo o indivíduo
dos em três grandes classes:
apresentar tosse, catarro com sangue ou crise de asma. Se uma
- Classe Cestoda - endoparasitas, geralmente com hospedei-
larva obstruir o colédoco pode haver icterícia obstrutiva.
ros intermediários. Exemplo: tênias
 
- Classe Trematoda - parasitas, a maioria dos ciclos de vida
Filo Mollusca
inclui a presença de um hospedeiro intermediário. Exemplo: Schis-
tosoma mansoni;
Os moluscos são o segundo maior grupo de animais em nú-
- Classe Turbellaria - animais de vida livre, sendo a maioria
mero de espécies (cerca de 100.000 espécies), sendo suplantado
de ambiente aquático, apenas alguns terrestres, são predadores e
apenas pelos artrópodes. Apresentam uma disparidade morfológi-
necrófagos. Exemplo: planárias.
  ca sem comparação dentre os demais filos de animais, reunindo os
Ascaridíase: lombriga familiares caracóis (reptantes), ostras e mariscos (sésseis) e lulas
  e polvos (livre-natantes), assim como formas pouco conhecidas,
É uma verminose causada por um parasita chamado Ascaris como os quítons, conchas dente-de-elefante (Scaphopoda) e es-
lumbricoides. É a verminose intestinal humana mais disseminada pécies vermiformes (Caudofoveata e Solenogastres).
no mundo. A contaminação acontece ocorre quando há ingestão
dos ovos infectados do parasita, que podem ser encontrados no Morfologia
solo, água ou alimentos contaminados por fezes humanas. O único
reservatório é o homem. Se os ovos encontram um meio favorável, Os moluscos são animais triblásticos, celomados e protos-
podem contaminar durante vários anos.   tômios. Apresentam o corpo mole, não segmentado, e com si-
metria bilateral. A cabeça ocupa posição anterior, onde abre-se
Ciclo da Ascaridíase a boca, entrada do tubo digestivo. Muitas estruturas sensoriais
também localizam-se na cabeça, como os olhos. Sensores quími-
- A ingestão de água ou alimento (frutas e verduras) conta- cos também estão presentes nos moluscos e permitem pressentir a
minados pode introduzir ovos de lombriga no tubo digestório hu- aproximação de inimigos naturais, quando o molusco rapidamente
mano. fecha sua concha, colocando-se protegido.
- No intestino delgado, cada ovo se rompe e libera uma larva. O pé é a estrutura muscular mais desenvolvida dos mo-
- Cada larva penetra no revestimento intestinal e cai na cor- luscos. Com ele, podem se deslocar, cavar, nadar ou capturar suas
rente sanguínea, atingindo fígado, coração e pulmões, onde sofre presas. O restante dos órgãos está na massa visceral.
algumas mudanças de cutícula e aumenta de tamanho. Nela, estão os sistemas digestivo, excretor, nervoso e repro-
- Permanece nos alvéolos pulmonares podendo causar sinto- dutor. Ao redor da massa visceral, está o manto, responsável pela
mas semelhantes ao de pneumonia. produção da concha.

Didatismo e Conhecimento 27
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Entre a massa visceral e o manto, há uma câmara chamada ca-  Nas minhocas existem 4 fileiras de cerdas, enquanto nos po-
vidade do manto. Nos moluscos aquáticos, essa cavidade é ocu- liquetas existem muitas mais, aplicadas em expansões da parede
pada pela água que banha as brânquias; nos terrestres, é cheia de do corpo designadas parápodes, localizadas lateralmente em cada
ar e ricamente vascularizada, funcionando como órgão de trocas segmento e consideradas esboços de órgãos locomotoras.
gasosas, análoga a um pulmão. A metamerização apresenta a vantagem adicional de permitir
 Os moluscos são enterozoários (que têm cavidade digestiva) a especialização de segmentos ou grupos de segmentos para dife-
completos. Muitos deles possuem uma estrutura raladora chamada rentes funções, embora este aspecto não tenha sido muito desen-
rádula. Com ela, podem raspar pedaços de alimentos, fragmentan- volvido nos anelídeos (ao contrário dos artrópodes).
do-os em pequenas porções. A digestão dos alimentos se processa Os anelídeos terrestres apresentam uma epiderme com células
quase totalmente no interior do tubo digestivo (digestão extrace- sensoriais, coberta por uma cutícula fina e transparente, que os
lular). Algumas macromoléculas só completam a sua fragmenta- protegem da dessecação. Existem igualmente glândulas mucosas
ção no interior das células de revestimento do intestino (digestão que ajudam a manter a superfície umedecida, fundamental para a
respiração cutânea. Por este motivo a epiderme é muito vascula-
intracelular).
rizada.      
A maioria dos moluscos apresentam sistema circulatório
Os anelídeos apresentam sistema excretor segmentado, com
aberto ou lacunar, no qual o sangue é impulsionado pelo cora-
pares de metanefrídeos em cada segmento. Os nefrídeos são túbu-
ção, passa pelo interior de alguns vasos e depois alcança lacunas
los finos e enovelados (em contato com os vasos sanguíneos, de
dispostas entre os vários tecidos, nas quais circula lentamente, sob onde retiram excreções), com um funil ciliado aberto numa extre-
baixa pressão, deixando nutrientes e oxigênio, e recolhendo gás midade – nefróstoma – que se abre no líquido celômico (de onde
carbônico e outros resíduos metabólicos. retiram igualmente excreções) de cada segmento. A outra extremi-
Essas lacunas são as hemoceles. Os cefalópodos constituem dade – nefridióporo ou poro excretor – abre na superfície corporal.     
uma exceção, pois têm sistema circulatório fechado. O sistema nervoso tem na parte anterior um par de gânglios
Sistema nervoso dos moluscos é ganglionar, com três par- cerebrais ligados a um anel circunfaríngico e gânglios em cada
tes de gânglios nervosos de onde partem nervos para as diversas segmento, que se ligam a um cordão nervoso duplo e maciço ven-
partes do corpo. Os cefalópodos possuem um grande gânglio ce- tral. No seu conjunto, o sistema nervoso assemelha-se a uma es-
rebróide, semelhante ao encéfalo dos vertebrados o que permite a cada de corda.      
execução de atividades altamente elaboradas. O sistema digestivo é completo e apresenta diferentes regiões
A locomoção da maioria dos representantes é lenta devida ao especializadas, nomeadamente:
pé musculoso. Os que são rápidos, como as lulas e os polvos, loco- - faringe sugadora;
movem-se graças à expulsão de jatos de água que saem através de - papo; 
um sifão. Muitos, porém, são fixos ao substrato, como as ostras e - moela - esmaga o alimento, actuando como os dentes, reali-
os mariscos na fase adulta. zando uma digestão mecânica;
  - intestino - onde se realiza a digestão, extracelular e química.
Reprodução No intestino existe, caracteristicamente, uma prega dorsal, desig-
nada tiflosole, que permite um aumento da área de absorção de
A reprodução dos moluscos é sexuada e, na maioria dos re- nutrientes.
presentantes do grupo, a fecundação é interna e cruzada.  A maioria dos anelídeos alimenta-se de partículas em decom-
  posição, microrganismos e larvas.
Anelídeos O sistema circulatório é fechado e complexo, apresentando
  vasos longitudinais dorsal, onde o sangue circula em direcção á
parte anterior, e ventral, onde o sangue circula para a região poste-
Contrariamente aos filos anteriormente discutidos, os anelí-
rior, ligados por vasos transversais em cada segmento.
deos (annelus = pequeno anel), apresentam o corpo dividido em
Na região anterior, alguns (quatro ou cinco, dependendo da
segmentos ou metâmeros, essencialmente semelhantes entre si e
espécie) desses vasos laterais estão rodeados por células muscula-
em forma de anel.  Estes animais são bastante antigos na Terra,
res, funcionando como corações laterais ou arcos aórticos.
existindo fósseis deste o período Pré-Câmbrico, embora os primei-  
ros vermes segmentados indubitáveis sejam do Câmbrico médio. A Reprodução
Considera-se que terão evoluído a partir de um ancestral do tipo
platelminte. A reprodução é sexuada, sendo os animais frequentemente
  (oligoquetos e irudíneos) hermafroditas e com desenvolvimento
Caracterização do filo direto, através de uma larva trocófora. Existem, no entanto, formas
com sexos separados e desenvolvimento indireto, geralmente poli-
O corpo segmentado é visível externamente na forma de quetas. A fecundação é sempre externa.
anéis, com sulcos bem marcados separados um dos outros. Algu- A reprodução sexuada pode ser ilustrada com o processo em
mas estruturas, como os órgãos excretores e os gânglios do siste- minhocas hermafroditas:
ma nervoso, se repetem internamente em cada segmento, também Os anelídeos podem ser terrestres (solo húmido) como as
chamado de metâmero. minhocas, marinhos como os vermes poliquetas, que podem ser
Dizemos por isso que o corpo dos anelídeos é metamerizado. encontrados junto das praias ou em águas profundas, ou de água
Internamente, os metâmeros são separados uns dos outros por pa- doce, como as sanguessugas. Podem, ainda, ser de vida livre, co-
redes divisórias conhecidas como septos. mensais de outros animais aquáticos ou ecto e endoparasitas. 

Didatismo e Conhecimento 28
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  Os Hirudíneos: Sugadores de Sangue Nos grupos de invertebrados, as características morfológicas
As sanguessugas pertencem à classe dos hirudíneos e são en- sempre foram definidas a partir do estudo de animais adultos. Nos
contrados no mar, na água doce e em meio terrestre úmido. Do cordados, no entanto, a caracterização do grupo deve ser procurada
mesmo modo que as minhocas, possuem corpo segmentado, clité- na fase embrionária. É nessa fase que todo o cordado apresenta as
lo e não tem cabeça diferenciada e muito menos parapódios. São quatro características típicas do grupo: notocorda, tubo nervoso
hermafroditas e a reprodução sexuada inclui os mesmos passos dorsal, fendas na faringe e cauda pós-anal.
descritos para as minhocas. Diferentemente das minhocas, porém Na fase adulta dos vertebrados mais complexos, essas estru-
não possuem cerdas nos segmentos, sendo por isso também cha- turas ou desaparecem, como é o caso da notocorda e das fendas
madas de anelídeos aquetas (= sem cerdas). O corpo é levemente na faringe, ou sofrem consideráveis modificação, como é o caso
achatado dorsiventralmente. do tubo nervoso, que passa por uma grande expansão, levando à
A principal diferença, porém, entre as sanguessugas e outros diferenciação do encéfalo e da medula espinhal.
anelídeos é a presença de ventosas fixadoras que funcionam como Uma classificação satisfatória dos cordados consiste em agru-
“desentupidoras de pia” e que se localizam nas duas extremidades pá-los em três subfilos: Urochordata, Cephalochordata e Verte-
do corpo. A da região anterior abriga a boca e possui alguns den- brata (ou Craniata). Os urocordados e os cefalocordados também
tículos raspadores. A da extremidade posterior não abriga o ânus, são conhecidos como protocordados. Os protocordados não pos-
que se abre dorsalmente, antes da ventosa. suem crânio, nem cartilagem, tampouco ossos.
 A maioria das sanguessugas, como o nome deixa claro, atua Entre os vertebrados, os mais primitivos são os que possuem
como ectoparasita de outros animais. Algumas espécies são pre- boca circular, não-dotada de mandíbulas. Estes compõem os gru-
dadoras de pequenos invertebrados. Quanto a locomoção, ela se dá pos dos vertebrados amandibulados ou ágnatos (do grego, a = au-
com a utilização das duas ventosas alternadamente, em um meca- sência de + gnathos = maxila).
nismo conhecido por “mede-palmos”, embora muitos hirudíneos Por possuírem boca circular, também são conhecidos por
possam nadar por ondulações dorsiventrais do corpo. Em alguns ciclostomados (do grego, kúklos = circulo + stoma = boca). Os
lagos e riachos do nosso país, é muito comum ver animais verte- exemplares mais conhecidos atualmente são as lampreias.
brados e mesmo pessoas saindo da água com sanguessugas, presas Nos vertebrados mais complexos, a boca possui mandíbulas.
nas mucosas bucal e nasal ou na pele. São os gnatostomados, que incluem dois grupos: o dos peixes -
Uma sanguessuga é capaz de ingerir um peso de sangue três que, por sua vez, contém a classe dos peixes cartilaginosos e dos
vezes  maior que seu próprio peso. Dessa forma o animal pode fi- peixes ósseos - e o dos tetrápodos (do grego, tetra =quatro + podos
car bastante tempo sem se alimentar, podendo, muitas vezes, levar = pés), assim chamados por possuírem apêndices locomotores pa-
até 9 meses para nutrir-se novamente. res (inclui os anfibios, répteis, aves e mamíferos).

Reino Animal - Vertebrados  Subfilo Urochordata


  Também conhecidos como tunicados, nome que se deve ao
Os vertebrados (do latim vertebratus, com vértebras) consti- envoltório do corpo, uma túnica espessa, de cuja composição quí-
tuem um subfilo de animais cordados, compreendendo os ágnatos, mica participa a tunicina, uma substância semelhante à celulose.
peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Caracterizam-se pela Os representantes mais conhecidos desse grupo são as ascí-
presença de coluna vertebral segmentada e de crânio que lhes dias, cordados marinhos que podem viver isolados ou formando
protege o cérebro. colônias. Uma das formas isoladas muito encontrada nas praias
Outras características adicionais são a presença de um sistema brasileiras lembra, no adulto, um pedaço de piche de aproxima-
muscular geralmente simétrico – a simetria bilateral é também damente 8 cm de altura, preso por uma de suas extremidades ao
uma característica dos vertebrados – e de um sistema nervoso substrato (rochas, cascos de navios etc.)
central, formado pelo cérebro e pela medula espinhal localizados  As ascídias são hermafroditas. A fecundação é externa. Os
dentro da parte central do esqueleto (crânio e coluna vertebral). gametas são levados pela água através do sifão exalante. Os ovos
Os primeiros vestígios dos vertebrados foram encontrados no fertilizados geram larvas, de pequeno tamanho. A larva, mostrada
período Siluriano (há 444 a 409 milhões de anos). acima, parece muito com a larva de sapo (girino) o que sugere
  forte parentesco com os vertebrados.
Características e Classificação dos Cordados A larva das ascídias é livre natante. Os adultos são fixos. Na
Todo cordado apresenta, pelo menos em alguma fase de sua larva dos tunicados, a notocorda restringe-se à cauda.
existência: Subfilo Cephalochordata
• notocorda, situada ao longo do eixo mediano dorsal do Os cefalocordados estão representados por animais conheci-
animal; dos por anfioxos, que compreendem cerca de trinta espécies, todas
• um tubo nervoso localizado dorsalmente, acima da no- vivendo em ambiente marinho. A palavra anfioxo deriva do fato de
tocorda; esses animais terem o corpo afilado em duas pontas (anfi = dois).
• fendas situadas bilateralmente na faringe; Os anfioxos são animais pequenos chegando a medir até 8
• cauda pós-anal, primariamente importante para a pro- centímetros de comprimento. Têm o corpo semelhante a de um
pulsão no meio aquático. Dela, apenas um vestígio - o cóccix, peixe e vivem semi-enterrados na areias, em locais de águas cal-
formado de um conjunto de vértebras pequenas no fim da coluna mas e limpas, mantendo somente a parte anterior do corpo para
vertebral - restou nos seres humanos. fora do substrato.

Didatismo e Conhecimento 29
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
 Embora passem a maior parte do tempo enterrados, eles po- Quando se alimentam, as mixinas formam um nó junto á cauda
dem nadar ativamente na água por curtos períodos de tempo. A e deslocam-no até á cabeça, forçando a boca a arrancar um pedaço
natação do anfioxo é semelhante a verificada nos peixes: resulta da de carne da presa.       
contração dos miótomos, blocos musculares arranjados serialmen- A respiração é feita por brânquias, geralmente 6 a 16 pares, em
te ao longo do corpo. A contração alternada desses músculos de sacos branquiais laterais que abrem diretamente para o exterior em
um lado e de outro do corpo promove um movimento lateral, que fendas branqueais, localizadas perto da cabeça. A temperatura do
propulsiona o animal para frente. corpo é variável – ectotérmicos.
Esses animais possuem nadadeiras, mas, distintamente das O sistema digestivo não apresenta estômago.  A boca é fechada
verificadas nos peixes, são formadas apenas por dobras da pele, ou aberta pelo movimento para trás e para a frente da língua, a qual
sem elementos esqueléticos de sustentação em seu interior; elas também apresenta os pequenos dentes córneos da ventosa, sendo
possuem apenas reforço de tecido conjuntivo. usada para ferir a presa, principalmente nos indivíduos parasitas.
Assim como os urocordados, as fendas branquiais dos cefalo- O sistema nervoso apresenta um encéfalo diferenciado, mas
cordados são bem desenvolvidas, indicando o hábito filtrador des- os órgãos dos sentidos variam com o tipo de animal. As lampreias
ses animais. Em ambos os casos, essas fendas não se abrem direta- têm boa visão mas as mixinas são cegas, embora ambas as ordens
mente para fora do corpo, mas em uma cavidade chamada de átrio. apresentem um olfato e paladar apurados.A excreção é feita por rins
Nos cefalocordados os cílios das fendas branquiais ou farin- mesonéfricos.                  
geanas promovem a entrada de água e a saída por um poro especial Quase todos os agnátos passam a sua vida adulta no mar, mi-
denominado atrióporo. Eles obtêm o oxigênio e alimento de que grando para se reproduzir, seja apenas para águas mais frias ou mes-
necessitam através dessa circulação de água. mo para água doce. Nas lampreias os sexos são separados e a fe-
O sistema circulatório é formado apenas por vasos, alguns cundação é externa. Os casais escavam pequenas covas rasas, onde
contráteis, responsáveis pela propulsão do sangue. Não possuem colocam os ovos fecundados e de seguida morrem. As larvas – amo-
coração. cetes -, são muito diferentes da forma adulta (parecem anfioxos), são
cegas e permanecem algum tempo nos rios (3 a 7 anos), enterradas
Os anfioxos são animais de sexos separados, com fecundação
em zonas arenosas e calmas onde filtram o seu alimento pois não
externa. Eles passam por um estágio larval plantônico, após o qual
apresentam dentes. Sofrem depois uma rápida metamorfose e, se
se assentam no substrato e sofrem metamorfose, dando origem ao
trata de espécies marinhas, migram para o oceano.  No caso das
adulto.
mixinas, estas são hermafroditas e os ovos têm desenvolvimento di-
O sistema nervoso dos cefalocordados, é bastante simplifica-
reto, saindo os jovens dos ovos como miniaturas dos adultos. A sua
do, sendo formado por um cordão nervoso dorsal, que apresenta
reprodução decorre sempre em água doce, onde os adultos também
uma dilatação na região anterior denominada vesícula cerebral.
viverão.
 
Subfilo Vertebrata ou Craniata Condrictes: Os Peixes Cartilaginosos
   
Os cordados vertebrados apresentam uma série de avanços Os tubarões, raias e quimeras (peixes de águas profundas,
com relação aos protocordados: massa encefálica protegida por também chamados de peixes-rato) desta classe (do grego chondros
uma caixa craniana e uma coluna segmentada em vértebras. O = cartilagem + ichthys = peixe) são os vertebrados vivos mais pri-
subfilo Vertebrata possui aproximadamente 40.000 espécies vivas mitivos com vértebras completas e separadas, mandíbulas móveis e
e é o maior subfilo dos Chordata. barbatanas pares.
Este grupo é antigo e representado por numerosos restos fós-
Ágnatos ou Ciclostomados: “Peixes” Primitivos e sem seis. Pertencem-lhe alguns dos maiores e mais eficientes predadores
Mandíbulas marinhos. Todos possuem um esqueleto cartilagíneo, dentes espe-
Estes animais não apresentam mandíbula e têm uma boca cir- cializados que se renovam ao longo da vida e uma pele densamente
cular provida de ventosa com dentes córneos, com os quais perfu- coberta por escamas em forma de dente.
ram a pele dos peixes de que se alimentam. O corpo destes peixes Praticamente todos são marinhos, embora existam espécies de
é longo e cilíndrico, com a parte caudal achatada lateralmente, e tubarões e raias que penetram regularmente em estuários e rios, e,
revestido por pele fina sem escamas. em regiões tropicais, espécies de água doce.
   Todos os peixes cartilaginosos são predadores, embora os filtra-
Lampreia e seus dentes córneos dores também ingerem fitoplâncton. Neste caso existem projeções
  rígidas dos arcos branquiais, que funcionam como filtros. Grande
A pele é rica em glândulas produtoras de muco, especialmente parte da sua dieta é composta por presas vivas, embora consumam
nas mixinas, que o produzem em grande quantidade para se defen- igualmente cadáveres, quando disponíveis.
derem de predadores. O esqueleto é cartilagíneo, tal como os raios  
que sustentam as barbatanas dorsal e caudal em forma de remo. Tubarão filtrador
Não possuem barbatanas pares.  
 Nas lampreias a  notocorda persiste no adulto, envolvida por A maioria dos tubarões não apresenta mais de 2,5 m de com-
arcos neurais imperfeitos, sendo o eixo de sustentação do corpo. primento mas alguns atingem 12 m e o tubarão-baleia 18 m, sendo
Nas mixinas este eixo cartilaginoso é ainda mais incompleto estes os maiores vertebrados vivos, com exceção das baleias.
(não mais que um cordão formado por nódulos cartilaginosos), o As raias são igualmente pequenas, com cerca de 60-90 cm de
que lhes permite enrolar o corpo num nó, tanto para se libertarem comprimento, mas a raia-jamanta atinge 5 m de comprimento e 6
de predadores, como para se alimentarem. m de envergadura.

Didatismo e Conhecimento 30
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Arraia  Sistema circulatório
  Coração com 2 câmaras (aurícula e ventrículo) por onde cir-
Caracteristicas cula apenas sangue venoso.
Os tubarões, com o seu corpo fusiforme e aerodinâmico, têm  
grande interesse biológico, pois apresentam características anatô- Sistema respiratório
micas básicas presentes em embriões de vertebrados superiores. As brânquias estão presas à parede de 5 a 7 pares de sacos
branquiais, cada um com uma abertura individual em forma de
Esqueleto cartilagínoso fenda, abrindo á frente da barbatana peitoral nos tubarões ou na
Sem ossos verdadeiros mas compostos por cartilagem resis- superfície ventral das raias. Nas quimeras apenas existe uma fenda
tente e flexível, mais ou menos reforçados por depósitos calcá- branquial.
rios, o esqueleto é composto por um crânio ligado a uma coluna As narinas não comunicam com a cavidade bucal mas com a
vertebral e cinturas peitoral e pélvica. A mandíbula (não fundida faringe.
ao crânio) e a maxila estão presentes. A notocorda é persistente Os sacos branquiais podem contrair-se para expelir a água ou,
nos espaços intervertebrais. Algumas espécies possuem coluna
como acontece na maioria dos tubarões, o animal usa uma espécie
vertebral rija, em tudo semelhante à dos peixes ósseos. Este tipo
de respiração a jacto, nadando ativamente com a boca e as fendas
de esqueleto apenas suporta animais com mais de 10 metros de
brânquiais abertas, mantendo um fluxo constante de água. Por esse
comprimento em meio aquático, cuja densidade é superior à do ar.
motivo, é frequente os tubarões afogarem-se quando presos em
 
Escamas placóides redes de pesca perdidas.
A pele é rija e está coberta com escamas semelhantes a dentes Geralmente existe um par de espiráculos atrás dos olhos, em
(são compostas por uma placa de dentina na derme, revestida por ligação á faringe, que, nas espécies bentônicas, permitem a en-
esmalte) com um espinho orientado para trás, bem como nume- trada de água sem detritos para as brânquias. Não existe bexiga
rosas glândulas mucosas. Este revestimento confere à pele uma natatória;
textura de lixa, o que torna o animal mais hidrodinâmico. Algumas  
espécies de raias apresentam escamas grandes e espinhosas, en- Osteictes: Os Peixes Ósseos
quanto outras não apresentam escamas de todo.  
Os peixes ósseos são o grupo mais vasto (correspondem a 9
Sistema nervoso em cada 10 espécies) e diverso de peixes atuais. Estes animais
Encéfalo distinto e órgãos sensoriais muito desenvolvidos, habitam todos os tipos de água, doce, salobra, salgada, quente
que lhes permitem localizar presas mesmo quando muito distantes ou fria (embora a maioria seja limitada a temperaturas entre 9 e
ou enterradas no lodo do fundo. Estes órgãos incluem: 11ºC). Esta é a classe mais recente do ponto de vista filogenético,
bem como a considerada mais evoluída. A taxonomia dentro desta
Narinas: localizadas ventralmente na extremidade arredonda- classe tem sido frequentemente alterada, devido à descoberta de
da da cabeça, capazes de detectar moléculas dissolvidas na água novas espécies, bem como de novas relações entre as já conheci-
em concentrações mínimas; das.
Tipicamente os peixes ósseos não são maiores que 1 m de
Ouvidos: com três canais semicirculares dispostos perpendi- comprimento mas existem formas reduzidas (certos gobies têm
cularmente uns aos outros (funcionando como um órgão de equilí- apenas 10 mm de comprimento) e gigantescas (espadarte com 3,70
brio, portanto, tal como em todos os vertebrados superiores); m, o esturjão com 3,80 m e 590 Kg de peso ou o peixe-lua com
900 Kg de peso).  
Olhos: laterais e sem pálpebras, cuja retina geralmente apenas Adaptaram-se a viver em condições por vezes difíceis, como
contém bastonetes (fornecendo uma visão a preto-e-branco mas lagos a grande altitude, zonas polares, fontes hidrotermais, charcos
bem adaptada á baixa luminosidade);
com elevada salinidade ou pobres em oxigênio, etc.
Muitos peixes realizam migrações periódicas, seja de local
Linha lateral: um fino sulco ao longo dos flancos contendo
para local, seja de águas profundas para a superfície, tanto para
muitas pequenas aberturas, contém células nervosas sensíveis á
desovar como para se alimentar.
pressão (algo como um sentido do tacto á distância);
As suas características principais incluem um corpo, mais alto
Ampolas de Lorenzini: localizadas na zona ventral da cabe- que largo e de silhueta oval, o que facilita a deslocação através da
ça, são outros canais sensitivos ligados a pequenas ampolas que água. 
contém eletrorreceptores capazes de detectar as correntes elétricas A cabeça estende-se da ponta do focinho á abertura do opér-
dos músculos de outros organismos; culo, o tronco daí ao ânus, para trás do qual se tem a cauda. O
corpo apresenta uma forte musculatura segmentar – miomeros -,
Sistema digestivo separados por delicados septos conjuntivos.
A boca é ventral com fileiras de dentes revestidos de esmalte O esqueleto é formado por ossos verdadeiros, embora algu-
(desenvolvidos de escamas placóides). Os dentes estão implanta- mas espécies possam apresentar ossos cartilagíneos (esturjão, por
dos na carne e não na mandíbula, sendo substituídos continuamen- exemplo), com numerosas vértebras distintas, embora seja fre-
te a partir da parte traseira da boca, à medida que são perdidos. quente a persistência de notocorda nos espaços intervertebrais. 

Didatismo e Conhecimento 31
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
O esqueleto apresenta 3 partes principais: coluna vertebral, - Narinas – localizadas na parte dorsal do focinho, comuni-
crânio e raios das barbatanas. Da coluna vertebral partem as cam com uma cavidade coberta de células sensíveis a moléculas
costelas e a cintura peitoral (não existe cintura pélvica, ligando- dissolvidas na água;
-se essas barbatanas por meio de tendões, sem ligação á coluna - Linha lateral – localizada longitudinalmente ao longo do
vertebral). Numerosos outros pequenos ossos sustentam os raios flanco do animal, é composta por uma fileira de pequenos poros,
das barbatanas.  em comunicação com um canal abaixo das escamas, onde se en-
 O crânio é articulado com as maxilas e mandíbulas, ambas contram mecanorreceptores. A eficácia deste sistema para detectar
bem desenvolvidas, e suporta os arcos branquiais. A articulação do movimentos e vibrações por ele causadas na água permite a for-
crânio com a coluna vertebral é tão forte que os peixes não podem mação de cardumes, fundamental como estratégia de defesa destes
virar a cabeça. A cauda é geralmente homocerca. animais.
A pele cobre todo o corpo e contém inúmeras glândulas mu- Sistema digestivo
cosas, cuja secreção facilita o deslizar através da água e protege Tem a boca grande em posição terminal, rodeada de maxilas
contra infecções, e está coberta de no tronco e cauda. As escamas e mandíbulas distintas, onde estão implantados dentes cônicos e
podem ser de várias formas, mas são sempre de origem dérmica. finos. Existem outros dentes, localizados nos primeiros arcos bran-
Algumas espécies não apresentem escamas ou estas podem estar quiais, úteis para prender e triturar o alimento. Na boca existe ain-
revestidas de esmalte.  da uma pequena língua, ligada ao chão da cavidade e que ajuda nos
As escamas são finas, arredondadas e implantadas em filei- movimentos respiratórios.
ras longitudinais e diagonais, imbricadas como as telhas de um  
telhado. As extremidades livres das escamas estão cobertas por Sistema circulatório
uma fina camada de pele que protege de parasitas e doenças. Em Tem um coração com duas cavidades (aurícula e ventrículo)
algumas espécies, esta camada de pele ajuda a manter a humidade por onde circula apenas sangue venoso. O sangue é pálido e escas-
quando o animal está emerso.  so, quando comparado com um vertebrado terrestre.
Cada escama está fixa numa bolsa dérmica e cresce durante  
a vida do animal, o que geralmente origina anéis de crescimento Sistema respiratório
(maiores no verão e muito pequenos no inverno). Estes anéis são
Apresenta tipicamente brânquias em forma de pente, susten-
mais notórios em peixes de regiões temperadas. Devido ao padrão
tadas por arcos branquiais ósseos ou cartilagíneos e localizadas no
de distribuição, forma, estrutura e número das escamas ser quase
interior de uma câmara comum de cada lado da faringe. Essa câ-
constante em cada espécie, esta é uma importante característica
mara está coberta por um opérculo, fino e de margens livres abaixo
sistemática desta classe.
e atrás. Os arcos branquiais apresentam expansões que protegem
As barbatanas são sustentadas por raios ósseos ou por vezes
os filamentos brânquiais de partículas duras e evitam a passagem
cartilagíneos. As barbatanas impares incluem duas dorsais e uma
de alimento pelas fendas branquiais.Nas branquias existe um me-
anal, bem como barbatana caudal simétrica. A forma da barbatana
caudal condiciona a forma de deslocação do animal: barbatanas canismo de contracorrente entre a água e o sangue que as irriga,
arredondadas aumentam a capacidade de manobra mas geralmente aumentando a eficiência das trocas gasosas. 
a velocidade é baixa, enquanto barbatanas bifurcadas ou em forma Geralmente existe bexiga natatória, um grande saco de pa-
de foice permitem grandes velocidades. A barbatana dorsal tem redes finas e irrigadas derivado da zona anterior do intestino, que
suporte esquelético e varia grandemente de forma, de acordo com ocupa a zona dorsal da cavidade do corpo. Esta cavidade está pre-
os hábitos do animal. As barbatanas pares são as peitorais, logo enchida com gases (O2, N2, CO2), atuando como um órgão hidros-
atrás do opérculo, e as pélvicas. Cada barbatana tem o seu próprio tático, ajustando o peso do corpo do peixe consoante a profundi-
conjunto de músculos, o que permite um movimento independen- dade. O ajuste faz-se por secreção ou absorção dos gases para o
te, aumentando a capacidade de manobra.  sangue. 
Ao contrário dos peixes cartilagíneos, e devido à presença de A capacidade da bexiga natatória é superior nos peixes de
bexiga natatória, os peixes ósseos não necessitam das barbatanas água doce pois esta é menos densa que a salgada, não podendo
para se manterem a flutuar, usando-as apenas para manobrar na sustentar o peixe com a mesma facilidade. A bexiga natatória pode
água. ajudar na respiração (peixes pulmonados) ou como caixa de resso-
 Sistema nervoso nância de órgãos dos sentidos ou produção de sons.
Inclui um encéfalo distinto e órgãos dos sentidos desenvolvi-  
dos, nomeadamente: Sistema excretor
- Olhos - grandes, laterais e sem pálpebras, provavelmente É formado por rins mesonéfricos.
apenas capazes de focar com precisão objetos próximos, mas que  
percebem facilmente movimentos distantes, incluindo acima da Sistema reprodutor
superfície da água. A retina contém cones e bastonetes, o que per- Os sexos são separados, apresentando cada indivíduo gôna-
mite visão a cores na maioria dos casos; das geralmente pares. A grande maioria é ovípara com fecundação
- Ouvidos - com três canais semicirculares dispostos per- externa, embora existam espécies com fecundação interna e her-
pendicularmente uns aos outros (funcionando como um órgão de mafroditas. 
equilíbrio, portanto, tal como em todos os vertebrados superiores), Algumas espécies passam por mudanças de sexo, com machos
permitem uma audição apurada, até porque o som se propaga bas- que passam a fêmeas aumentando de tamanho e as fêmeas que se
tante bem dentro de água. Muitos peixes comunicam entre si pro- tornam dominantes nos cardumes, ao passarem a machos.  Os ovos
duzindo sons, seja esfregando partes do corpo entre si, seja com a são pequenos e sem anexos embrionários mas com quantidade de
bexiga natatória; vitelo muito variável. As espécies de mar alto produzem enormes

Didatismo e Conhecimento 32
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
quantidades de ovos, pois a maioria não sobrevive, que passam a A língua, em algumas espécies de anfíbios é uma das suas ca-
fazer parte do plâncton, enquanto espécies costeiras os colocam racterísticas adaptativas mais importantes. Os sapos caçam insetos
entre detritos e folhas ou no fundo. Algumas espécies cuidam dos em pleno vôo, utilizando a língua que é presa na parte da frente da
ovos e/ou dos juvenis, guardando os ninhos e mantendo-os oxi- boca e não na parte mais interna. Quando esticada para fora da boca,
genados com jorros de água. Outros incubam os ovos na boca ou a língua desses animais alcança uma grande distância, além de ser
permitem que os jovens lá se recolham quando ameaçados. pegajosa, outro fator facilitador na captura da presa.
Possuem estômago bem desenvolvido, intestino que termina
 Anfíbios em uma cloaca, glândulas como fígado e pâncreas. Seu sistema di-
  gestório produz substâncias capazes de digerir a “casca” de insetos.
Nas proximidades de riachos, lagoas, açudes, banhados e ou- Os anfíbios fazem a sua excreção através dos rins, e sua urina é
tras áreas alagadas, você pode escutar os sons dos anfíbios - sapos, abundante e bem diluída, isto é, há bastante água na urina, em rela-
rãs, pererecas. ção às outras substâncias que a formam. 
O que são anfíbios, afinal? A palavra anfíbio, de origem grega,
Circulação
significa “vida dupla”, porque esses animais são capazes de viver
Os anfíbios têm circulação fechada (o sangue circula dentro
no ambiente terrestre na fase adulta, mas dependem da água para
dos vasos). Como ocorre mistura de sangue venoso (rico em gás
a reprodução.
carbônico) e arterial (rico em oxigênio) a circulação neste grupo de
Na evolução da vida no nosso planeta, os anfíbios foram os
animais é do tipo  incompleta. O coração dos anfíbios é dividido em
primeiros vertebrados a ocupar o ambiente terrestre, embora três cavidades: dois átrios ou aurículas e um ventrículo.
não efetivamente. Além de possuírem uma pele muito fina que não  
protege da desidratação, eles colocam ovos sem casca, que ficam Reprodução
ressecados se permanecerem fora da água ou de ambientes úmi- O lugar para a reprodução dos anfíbios varia entre as espécies.
dos. Assim, esse grupo de animais, não é independente da água, Pode ser uma poça transitória formada após uma chuva , um rio,
já que pelo menos uma fase da vida, da maioria dos anfíbios, acon- lago ou um açude. Há também os que procriam na terra, desde que
tece na água e eles precisam dela para a reprodução  seja bem úmida.
 Cobertura e temperatura do corpo O acasalamento da maioria dos anfibios acontece na água. O
Não possuem pelos nem escamas externas. São incapazes de coaxar do sapo macho faz parte do ritual “pré-nupcial”. A fêmea
manter constante a temperatura de seu corpo, por isso são chama- no seu período fértil, é atraída pelo parceiro sexual por meio do seu
dos animais de sangue frio (pecilotérmicos). canto e do seu coaxar.
A pele fina, rica em vasos sanguíneos e glândulas, através da  Nos numerosos ovos protegidos por uma grossa camada de
respiração, permite-lhes, a absorção de água, que funciona como substâncias gelatinosa, que geralmente se prendem às plantas aquá-
defesa orgânica. Quando estão com “sede”, os anfíbios encostam a ticas, as células vão se dividindo e formando embriões. Os ovos
região ventral de seu corpo na água e a absorvem pela pele. fecundados eclodem e as larvas denominadas girinos, vivem e cres-
As glândulas em sua pele são de dois tipos: mucosas, que cem na água até realizarem a metamorfose para a vida adulta.
produzem muco, e serosas, que produzem veneno. Todo o anfíbio  
produz substâncias tóxicas. Existem espécies mais e menos tóxicas Metamorfose
e os acidentes com humanos somente acontecerão se essas subs- A metamorfose envolve uma série de transformações e é um
tâncias entrarem em contato com as mucosas ou sangue. processo bastante lento que transforma o anfíbio jovem (girino) em
  adulto. Durante esse processo desaparecem as brânquias e desenvol-
Salamandra vem-se os pulmões. E surgem também as patas no corpo do animal.
  Nessa fase, os girinos se alimentam primeiramente da própria
gelatina que os envolve e depois de algas e plantas aquáticas mi-
Respiração
croscópicas.
No estágio da vida aquática, quando são larvas, os anfíbios
Reproduzem-se através de ovos moles e sem casca, postos na
respiram por brânquias, como os peixes. Quando adultos, vivem
água ou em lugares encharcados, dando origem a uma larva e depois
em ambiente terrestre e realizam a respiração pulmonar. Como os
a um adulto através do processo de metamorfose. Existem exceções
seus pulmões são simples e têm pouca superfície de contato para a essa regra, alguns deles são vivíparos.
as trocas gasosas, a respiração pulmonar é pouco eficiente, sendo Em geral, não existe cuidado com a prole dentre os anfíbios
importante a respiração cutânea - processo de trocas de gases com   São divididos em três grupos: os sapos, as rãs, as pererecas
o meio ambiente através da pele. Anura, as salamandras Caudata e as cecílias Apoda.
A pele deve, necessariamente, estar úmida, pois os gases não
se difundem em superfícies secas. As paredes finas das células su-   Aves - vertebrados homeotermos com corpo coberto por
perficiais da pele permitem a passagem do oxigênio para o sangue. penas
A pele dos anfíbios é bem vascularizada, isto é, com muitos vasos  
sanguíneos. As aves (latim científico: Aves) constituem uma classe de ani-
  mais vertebrados, tetrápodes, endotérmicos, ovíparos, caracteri-
Nutrição, digestão e excreção zados principalmente por possuírem penas, apêndices locomotores
Na fase adulta, que ocorre no ambiente terrestre, os anfíbios anteriores modificados em asas, bico córneo e ossos pneumáticos.
são carnívoros. Alimentam-se de minhocas, insetos, aranhas, e de São reconhecidas aproximadamente 9.000 espécies de aves no mun-
outros vertebrados. do. 

Didatismo e Conhecimento 33
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
As aves conquistaram o meio terrestre de modo muito mais - Postura de ovos
eficiente que os répteis. A principal característica que permitiu essa - Presença de quilha, expansão do osso esterno, na qual se pren-
conquista foi, sem dúvida, a homeotermia, a capacidade de manter dem os músculos que movimentam as asas
a temperatura corporal relativamente constante à custa de uma alta - Ausência de bexiga urinária 
taxa metabólica gerada pela intensa combustão de alimento ener- - Mamíferos
gético nas células.
As aves e os mamíferos são os únicos homeotermos da Terra
Essa característica permitiu às aves, juntamente com os ma-
atual e os únicos a apresentar glândulas mamárias. A capacidade de
míferos, a invasão de qualquer ambiente terrestre, inclusive os
manter a temperatura do corpo elevada e constante foi o principal
permanentemente gelados, até então não ocupados pelos outros fator adaptativo dos representantes desse grupo à praticamente qual-
vertebrados. quer ambiente terrestre.
As aves variam muito em seu tamanho, dos minúsculos beija- Muitos mamíferos voltaram para o meio aquático (baleias, foca,
-flores a espécies de grande porte como o avestruz e a ema. Note golfinho, peixe-boi) e outros adaptaram-se ao vôo (morcego) e com-
que todos os pássaros são aves, mas nem todas as aves são pássa- partilham o meio aéreo com as aves e os insetos.
ros.  
  As características dos mamíferos
A circulação Algumas características diferenciam os mamíferos de todos os
Uma característica que favorece a homeotermia nas aves é a outros vertebrados:
existência de um coração totalmente dividido em quatro cavida- - glândulas mamárias produtoras de leite com substâncias nu-
des: dois átrios e dois ventrículos. tritivas para alimentação dos recém-nascidos;
  - corpo coberto por pêlos, estruturas de origem epidérmica,
ricas em queratina, e elaboradas por folículos pilosos;
Digestão e excreção em aves
- artéria aorta voltada para o lado esquerdo do coração (nas
As aves consomem os mais variados tipos de alimentos: frutos, aves, a aorta é voltada para o lado direito do coração);
néctar, sementes, insetos, vermes, crustáceos, moluscos, peixes e - pele contendo glândulas sebáceas, cuja secreção oleosa lu-
outros pequenos vertebrados. Elas possuem um sistema digestivo brifica os pelos e a própria pele, e glândulas sudoríparas, produto-
completo, composto de boca, faringe, esôfago, papo, proventrícu- ras de suor (na verdade, um filtro de água, sais e uréias), recurso de
lo, moela, intestino, cloaca e órgãos anexos (fígado e pâncreas). manutenção da homeotermia e via de eliminação de excretas. Am-
Ao serem engolidos os alimentos passam pela faringe, pelo bas as glândulas têm origem epidérmica;
esôfago e vão para o papo, cuja função é armazenar e amolecer - músculo diafragma, localizado entre o tórax e o abdômen,
os alimentos. Daí eles vão para o proventrículo, que é o estômago utilizado na ventilação pulmonar;
químico das aves, onde sofrem a ação de sucos digestivos e come- - placenta, órgão que regula as trocas de alimento entre o san-
çam a ser digeridos. Passam então para a moela (estômago mecâ- gue materno e o sangue fetal, presente na maioria dos mamíferos
nico) que tem paredes grossas e musculosas, onde os alimentos chamados placentários.
são triturados. As aves possuem uma bolsa única, a cloaca, onde   
Respiração, excreção e circulação em mamíferos
desembocam as partes finais do sistema digestivo, urinário e repro-
dutor e que se abre para o exterior. Por essa bolsa eles eliminam as As trocas gasosas respiratórias ocorrem exclusivamente nos
fezes e a urina e também põem os ovos. pulmões, cuja superfície é ampliada por alvéolos ricamente vascu-
larizados. Os movimentos respiratórios de inspiração e expiração
Sistema Reprodutor ocorrem graças à ação de músculos localizados entre as costelas
  (musculatura intercostal) e, também, pela ação do diafragma, im-
Diferentes de seus parentes répteis, que às vezes dão à luz portante músculo estriado que separa o tórax do abdômen.
a seus filhotes, todas as espécies de aves põem ovos. Apesar dos Nos mamíferos, o principal produto de excreção nitrogenada é a
ovos parecerem bastante frágeis, seu formato oval oferece grande ureia, substância sintetizada no fígado e filtrada no rim.
resistência e eles podem suportar grandes pressões sem quebrar. O coração dos mamíferos, a exemplo das aves, possui quatro
Como os ovos são pesados e incômodos de carregar, as fêmeas cavidades: dois átrios e dois ventrículos. Não há misturas de san-
colocam os ovos assim que são fertilizadas, quase sempre em um gues. A diferença em relação ao coração das aves é que a artéria
ninho construído para proteger o ovo contra predadores e para aorta, que encaminha o sangue oxigenado para o corpo, é curvada
para o lado esquerdo do coração. A circulação é dupla e completa.
mantê-lo aquecido durante o desenvolvimento do embrião.
 
 
 Os dentes
 Adaptações ao vôo 
No seu caminho evolutivo, as aves adquiriram várias carac- Os mamíferos apresentam uma grande variedade de dentes com
terísticas essenciais que permitiram o vôo ao animal. Entre estas funções específicas. Os incisivos são planos e servem para cortar; os
podemos citar:  caninos são pontiagudos e são usados para estraçalhar a carne. Os
- Endotermia molares são largos e com protuberâncias e servem para mastigar. O
- Desenvolvimento das penas número e o tipo de dentes variam de acordo com a alimentação de
- Aquisição de ossos pneumáticos cada espécie. Os carnívoros possuem os caninos e os molares muito
- Perda, atrofia ou fusão de ossos e órgãos desenvolvidos; os herbívoros não têm caninos, já que não preci-
- Aquisição de um sistema de sacos aéreos. sam deles para cortar o pasto.

Didatismo e Conhecimento 34
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Sistema nervoso
O cérebro dos mamíferos possui muitas circunvoluções ou dobras, que aumentam a superfície do órgão e o número de células nervosas.
Por esta razão, os mamíferos desenvolveram um comportamento complexo, que pode ser percebido em atitudes como as estratégias de caça,
o cuidado com os filhotes, a adaptação a qualquer ambiente e os diferentes sistemas de comunicação estabelecidos entre os indivíduos da
mesma espécie.
 
A reprodução: surge a placenta
 
Os sexos são separados. O dimorfismo sexual é acentuado, isto é, as fêmeas possuem características externas que as diferenciam
dos machos e vice-versa. A fecundação é interna. Na grande maioria, o desenvolvimento embrionário ocorre no interior do corpo materno,
em um órgão musculoso chamado útero. Surge um órgão de trocas metabólicas, a placenta organizada por tecidos maternos e tecidos do
embrião. Alimentos, oxigênio, anticorpos e hormônios são passados do sangue materno para o embrionário que, em troca, transfere para a
mãe excretas e gás carbônico.
A vesícula amniótica, muito desenvolvida, desempenha importante papel protetor ao amortecer choques que incidem contra a parede
abdominal da fêmea e também ao possibilitar um meio aquático para o desenvolvimento embrionário. A vesícula vitelínica e alantóide per-
dem sua função, que passa a ser desempenhada pela placenta.
 
Classificação dos mamíferos
Na Terra atual existem três subclasses de mamíferos:
- monotremados. São mamíferos primitivos cuja boca possui bico córneo e que se reproduzem por meio da postura de ovos. Os repre-
sentantes atuais, os ornitorrincos e as equidnas restringem-se à região australiana (Austrália e Nova Guiné);

Ornitorrinco
- marsupiais. Esse grupo inclui representantes da fauna australiana, como os cangurus e os coalas, e representantes norte-americanos
e sul-americanos, como os nossos gambás e cuícas. Após curta fase de desenvolvimento em uma dobra da pele do abdômen da mãe, com
aspecto de bolsa, o marsúpio;

Ogato-tigre, Dasyurus maculatus, um dos maiores marsupiais carnívoros da Austrália.


- placentários. Inclui a maioria dos mamíferos, separados em ordens como a dos carnívoros, roedores, ungulados, cetáceos, quirópteros
e a dos primatas, à qual pertence a espécie humana. Nesses animais, útero e placenta são bem desenvolvidos, o que permite o desenvolvi-
mento no interior do organismo materno.

FLUXO DE ENERGIA - CADEIA E TEIA


ALIMENTAR

As espécies que vivem em um mesmo ambiente estão ligadas entre si. O motivo que as unem é o alimento: uns servem de alimento aos
outros, transferindo-lhes a matéria que forma seus corpos e a energia que acumulam para realizar as suas funções vitais. 
As cadeias alimentares, ou cadeias tróficas, são sequências de eventos consecutivos de relações de alimentação de um grupo de orga-
nismos por outros, formando níveis tróficos, que englobam os produtores, consumidores e decompositores.

As setas indicam o sentido do fluxo de alimento na cadeia alimentar. 

Podemos classificar os seres vivos de acordo com as funções específicas que desempenharão dentro de um ecossistema.

Didatismo e Conhecimento 35
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Organismos autótrofos – são capazes de transformar a ma- Importante:
téria inorgânica em matéria orgânica utilizando a luz solar e pro-
duzindo o oxigênio. Os organismos fotossintetizantes e quimios- A energia é unidirecional.
sintetizantes têm essa habilidade de utilizar substâncias químicas
oxidadas ao invés da luz solar. A matéria é cíclica.
Organismos heterótrofos – não são capazes de produzir o
Níveis Tróficos
seu próprio alimento. Alimentam-se da energia produzida pelos
autótrofos ou mesmo por outros heterótrofos (dependendo de sua
dieta). - O conjunto de indivíduos que se nutre no mesmo patamar
alimentar
Produtores – Obrigatoriamente estão no início da cadeia ali-
mentar por serem organismos autótrofos e produzem seu próprio Nível trófico 1 - os produtores
alimento. São capazes de fixar a energia luminosa sob a forma de
energia. É a base de toda cadeia alimentar, indispensável para ma- Nível trófico 2 - os consumidores primários – alimentam-se
nutenção da vida em um ecossistema. dos produtores, exemplo: herbívoros e parasitas de plantas.

A energia transformada a partir da luz solar e do gás carbô-


Nível trófico 3 - os consumidores secundários – compreen-
nico será repassada a todos os outros componentes restantes da
dem os carnívoros que se alimentam de herbívoros.
cadeia ecológica. Os principais produtores conhecidos são plantas
e algas microscópicas (fitoplâncton).
Nível trófico 4 – são consumidores carnívoros que se ali-
Consumidores – São os organismos que não são capazes de mentam de outros carnívoros.
produzirem seu próprio alimento precisando assim, se alimentar de
outros organismos para obterem a energia que necessária para so- - Os decompositores ocupam sempre o último nível da trans-
breviverem. Alimentam-se dos autótrofos e de outros heterótrofos ferência de energia, formando um grupo especial que degrada
podendo ser consumidores primários, consumidores secundários, tanto produtores quanto consumidores, atuam assim, em todo
consumidores terciários e assim por diante. Quando se alimentam nível trófico.
nem toda a energia obtida será integralmente usada. Parte dessa
energia não será absorvida e será eliminada com as fezes; outra
Importância de se conhecer as cadeias alimentares
parte será dissipada em forma de calor. Assim, grande parte da
energia será “perdida” no decorrer de uma cadeia alimentar, dimi-
nuindo sempre a cada nível. Justifica-se pela possibilidade do uso natural de animais ou
plantas a fim de controlar ou equilibrar o ecossistema, de forma a
Podemos, então, dizer que o fluxo de energia num ecossis- evitar o uso de pesticidas e de quaisquer outras formas artificiais
tema é unidirecional começando sempre com a luz solar inci- que possam desequilibrar em longo prazo o ambiente, ou ainda,
dindo sobre os produtores, e diminuindo a cada nível alimen- provocar sérias reações nos animais e até nos seres humanos que
tar dos consumidores. A eliminação de um determinado grupo ali habitam.
de consumidores pode afetar consideralmente o equilíbrio de um
ecossistem e a dinâmica das populações. A teia alimentar
 
Decompositores – Atuam exatamente em papel contrário ao
Na natureza, alguns seres podem ocupar vários papéis em
dos produtores. Eles transformam matéria orgânica em matéria
diferentes cadeias alimentares. A teia alimentar é o conjunto de
inorgânica, reduzindo compostos complexos em moléculas sim-
ples, fazendo que estes compostos retornem ao solo para serem várias cadeias alimentares interconectadas representando um
utilizados novamente por outro produtor, gerando uma nova ca- diagrama das relações entres os diversos organismos no ecos-
deia alimentar. sistema.

Os decompositores mais importantes são bactérias e fungos. Um organismo pode se alimentar de diferentes seres vivos,
Por se alimentarem de matéria em decomposição são considerados além de servir de alimento para diversos outros.
saprófitos.
O resultado é que as cadeias alimentares se cruzam na natu-
Teia Alimentar reza, formando o que chamamos de teia alimentar.
O conjunto de uma série de ecossistemas é chamado de teia
Nas teias alimentares, um mesmo animal pode ocupar papéis
alimentar. Nesse caso, várias teias se entrelaçam, fazendo que as
relações ecológicas sejam múltiplas e o alimento disponível possa diferentes, dependendo da cadeia envolvida. Na teia representada
ser utilizado por vários indivíduos, realmente compondo um ecos- no esquema abaixo (siga as setas) o gavião ocupa tanto o papel de
sistema.  consumidor secundário quanto terciário.

Didatismo e Conhecimento 36
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Produtores Consumidor primário Consumidor secundário
Plantas, frutos e sementes Pica-Pau Gavião

Produtores Consumidor primário Consumidor secundário Consumidor terciário


Plantas, frutos e sementes Pica-Pau Sucuri   Gavião

Pirâmides Ecológicas
São representações gráficas do fluxo de energia dos diversos níveis tróficos de uma cadeias alimentar.
As pirâmides podem ser representadas por: número, biomassa ou energia

Pirâmide de números – apresenta a quantidade de indivíduos em cada nível trófico da cadeia alimentar. Ela pode ser também inver-
tida em alguns casos. Ex. quando o produtor é uma planta de grande porte (ipês) ou quando a pirâmide envolve parasitas, sendo assim os
últimos níveis tróficos mais numerosos. 

Pirâmide de biomassa – representa a massa corpórea computada e não o número de cada nível trófico da cadeia alimentar. É seme-
lhante a pirâmide de números

Pirâmide de energia – representa a transferência de energia nos ecossistemas, em que a área representativa de cada nível trófico é
proporcional à quantidade de energia disponível. Assim, o retângulo que representa a quantidade de energia que transita dos produtores para
os consumidores de primeira ordem é maior do que aquele que representa a energia que transita destes para os consumidores de segunda
ordem e assim sucessivamente.
 

Didatismo e Conhecimento 37
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
As plantas absorvem o nitrogênio do solo na forma de nitra-
CICLOS BIOGEOQUÍMICOS: ÁGUA, tos (NO3). 
OXIGÊNIO, CARBONO E NITROGÊNIO No solo e nos ecossistemas aquáticos, o nitrogênio é trans-
formado em nitratos pelos organismos fixadores de nitrogênio
(cianobactérias), pelas bactérias nitrificantes e pelos decompo-
sitores. 
Os Ciclos Biogeoquímicos As descargas elétricas dos relâmpagos combinam átomos
de nitrogênio com átomos de oxigênio, formando nitratos que se
Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. precipitam para o solo.
Este é o princípio de conservação da matéria, enunciado por As bactérias do gênero Rhizobium que formam nódulos nas
Lavoisier. raízes das leguminosas, retêm o nitrogênio livre, formando ni-
Os elementos químicos ora estão participando da estrutura de tratos. Elas se nutrem dos carboidratos produzidos pelas legumi-
moléculas inorgânicas, na água, no solo ou no ar, ora estão com- nosas e fornecem os nitratos que produziram. As cianobactérias
pondo moléculas de substâncias orgânicas, nos seres vivos. Pela também são capazes de assimilar o nitrogênio livre, produzindo
decomposição cadavérica ou por suas excreções e seus excremen- nitratos. Alguns fungos também são assimiladores de N2.
tos, tais substâncias se decompõem e devolvem ao meio ambiente Entretanto os decompositores e as bactérias nitrificantes do
os elementos químicos, já na forma de compostos inorgânicos. solo desempenham os papeis mais importantes no ciclo do ni-
trogênio. 
O Ciclo do Carbono As bactérias de putrefação decompõem as proteínas produ-
zindo, entre outros, a amônia (NH3) e os íons amônio (NH4+).
Essencial para a atividade fotossintética dos seres clorofilados Algumas plantas absorvem os íons amônio. 
e para a manutenção do calor fornecido pelo Sol, o dióxido de car- As bactérias nitrificantes ou nitrosas (Nitrosomonas sp. e Ni-
bono (CO2) entra na composição do ar atmosférico na proporção trosococcus sp.) oxidam a amônia dando ácido nitroso que reage
de 0,04%.  com outras substâncias e origina nitritos (NO2). 
A atividade respiratória dos seres vivos e as combustões em As bactérias nítricas (Nitrobacter) oxidam os nitritos em ni-
geral, lançam anualmente mais de cinco bilhões de toneladas desse tratos. 
gás na atmosfera, provocando poluição.  As bactérias denitrificantes decompõem a uréia e a amônia,
O aumento significativo de gás carbônico na atmosfera vem liberando nitrogênio molecular para a atmosfera.
provocando um aquecimento cada vez maior do planeta, reduzindo
a perda de calor para o espaço exterior (efeito estufa). O Ciclo da Água
Nos seres vivos, o carbono tem um papel estrutural e seus
compostos são consumidos como reservatórios de energia.  A água no estado líquido está continuamente evaporando. 
Ao fim dos processos respiratórios, que visam a liberação da Nas altas camadas atmosféricas ela se condensa, formando
energia contida nas moléculas orgânicas, o gás carbônico reapare- as nuvens, de onde resultam as chuvas. Ela pode também se pre-
ce com um dos produtos finais, sendo devolvido ao meio abiótico cipitar na forma de neve ou de granizo. 
para reiniciar o ciclo. A precipitação pluvial ocasiona a formação de lençóis sub-
terrâneos e de nascentes de rios. Os rios drenam para os mares. 
O Ciclo do Oxigênio Parte dessa água é absorvida pelos seres vivos e utiliza-
da em seu metabolismo. Através da transpiração, respiração
Encontrado no ar numa proporção de 20,94%.  e excreção os seres vivos devolvem a água para o ambiente. 
Seu ciclo está intimamente ligado ao ciclo do carbono. 
Durante a fotossíntese, os organismos retiram CO2 do am- O Ciclo do Cálcio
biente e desprendem oxigênio (O2).
O oxigênio liberado para a atmosfera é proveniente da quebra Todos os minerais (cálcio, ferro, fósforo, enxofre, etc.) cir-
de moléculas de água durante a fotossíntese. À medida que a ati- culam pelos seres vivos, pela água, pelo ar e pelo solo. Vamos
vidade fotossintética produz e libera O2 livre, esse gás vai sendo tomar como exemplo o cálcio. 
reprocessado na respiração aeróbia, restaurando a água como pro- Os carbonatos e fosfatos de cálcio são encontrados na orga-
duto final. nização do corpo dos espongiários (espículas), corais, conchas de
Durante a respiração, os seres aeróbios, consomem O2 e libe- moluscos, carapaças de crustáceos e nos esqueletos dos equino-
ram CO2 para o ambiente. dermos e dos vertebrados. 
Após a morte desses animais, essas estruturas se decompõem
O Ciclo do Nitrogênio lentamente e seus sais se dissolvem na água e no solo. 
Com o passar do tempo, pode ocorrer a deposição e sedi-
Encontrado no ar atmosférico numa proporção de 78,09%, o mentação desses sais, surgindo os terrenos sedimentares de cal-
nitrogênio (N2) é indispensável à formação dos aminoácidos que cário (mármore, etc.).
constituem as proteínas, porém os organismos superiores não con- A erosão das rochas calcárias devolve os sais de cálcio para
seguem absorvê-lo diretamente do ar.  as águas onde poderão voltar a ser absorvidos pelos seres vivos.

Didatismo e Conhecimento 38
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
camadas, aquelas que se situam mais inferiormente são mais velhas
AS EVIDÊNCIAS DA EVOLUÇÃO e devem conter os fósseis mais antigos. Se a evolução da vida ocor-
reu de modo contínuo, espera-se que os fósseis encontrados espe-
lhem a ordem de evolução de plantas e animais. De maneira geral,
fósseis de organismos mais simples são encontrados nas camadas
Durante a fase polêmica da discussão evolucionista, muitos ar- mais inferiores, mais velhas, das rochas. Em camadas mais recentes
gumentos foram utilizados. Uma das evidências mais importantes são encontrados organismos mais complexos. Esse achado é uma
da ocorrência de Evolução biológica é dada pelos fósseis, que po- evidência de que a vida evoluiu de forma simples para formas mais
dem ser conceituados como “restos ou vestígios de seres vivos de complexas e que ela vem se modificando vagarosamente há milhões
épocas remotas”. Por meio deles, verifica-se que havia organismos de anos. Técnicas modernas têm auxiliado a datação da idade dos
completamente diferentes dos atuais, argumento poderoso para os fósseis. Através delas e a partir da descoberta de um fóssil de ani-
defensores do transformismo. Outras evidências evolutivas podem mal parecido com um “fox-terrier” e de outros fósseis, foi possível
ser citadas: a semelhança embriológica e anatômica existente entre determinar a sequência que originou o cavalo atual. Muitas vezes,
os componentes de alguns grupos animais, notadamente os verte- porém, o registro fóssil é falho e apresenta muitas lacunas. É eviden-
brados; a existência de estruturas vestigiais, como, por exemplo, o te que não foram reconhecidos ainda todos os estágios que possam
apêndice vermiforme humano, desprovido de função quando com- esclarecer, por exemplo, a origem dos répteis a partir dos anfíbios.
parado aos apêndices funcionais de outros vertebrados. Moderna- Essa situação é parecida com a de um livro que não tivesse algumas
mente, dá-se muito valor à semelhança bioquímica existente entre de suas páginas. Como explicar esse fato? Para muitos cientistas, o
diferentes animais. É o caso de certas proteínas componentes do tempo permitirá a descoberta dos elos intermediários ainda desco-
sangue do homem e dos macacos. nhecidos. Para outros, como o americano Stephen Jay Gould, esses
elos simplesmente não existem. A evolução, para esse autor, teria
Fósseis, evidências da evolução ocorrido “aos saltos”, com o surgimento explosivo de novos grupos
de tempos em tempos. Essa evolução saltatória seria devida, prin-
Fósseis são restos ou vestígios de seres vivos de épocas remo- cipalmente, ao acúmulo de mutações gênicas que repentinamente
tas e que ficaram preservados em rochas. Podem ser ossos, dentes, levariam ao surgimento de novas espécies.
conchas ou até impressões, pegadas, pistas deixadas por animais e
vegetais nos lugares em que viveram. Desde a antiguidade, muitas Os evolucionistas em ação: Lamarck e Darwin
foram as explicações sobre a sua origem. Aristóteles acreditava que
eram restos de seres vivos que nasciam e cresciam nas rochas. Algu- A partir do século XIX, surgiram algumas tentativas de expli-
mas pessoas diziam que eram formas vivas colocadas nas pedras por cação para a Evolução biológica. Jean Baptiste Lamarck, francês, e
espíritos malignos. Já o filósofo Heródoto, em 450 a.C, ao observar Charles Darwin, inglês, foram os que mais coerentemente elabora-
restos de conchas no deserto da Líbia, supôs que o Mediterrâneo ram teorias sobre o mecanismo evolutivo. Foi Darwin, no entanto,
banhara aquela região em tempos antigos. o autor do monumental trabalho científico que revolucionou a Bio-
A preservação de um fóssil depende da ocorrência de uma série logia e que até hoje persiste como a Teoria da Seleção Natural das
de eventos. Normalmente, organismos mortos são prontamente ata- espécies.
cados por vários tipos de seres vivos, entre eles bactérias e fungos
que efetuam a decomposição da matéria orgânica. Em alguns casos, Darwin e a seleção natural
porém, a preservação de restos pode ocorrer. Se o animal morrer em
leitos de água, a correnteza carrega sedimentos que podem cobri-lo, A partir da ideia de adaptação de populações a seus ambientes,
dificultando o ataque de outros organismos que poderiam destruí-lo, fica fácil entender as propostas de Charles Darwin (1809-1882), in-
favorecendo, assim, a sua preservação. Do mesmo modo, substân- glês, autor da teoria da Seleção Natural. Imaginando-se dois ratos,
cias minerais trazidas pela água impregnam os ossos, o que ajuda a um cinzento e outro albino, é provável que em muitos tipos de am-
conservação da sua forma. Esses processos ocorrem comumente em bientes o cinzento leve vantagem sobre o albino. Se isto realmente
oceanos e mares rasos, duas fontes notáveis de fósseis. A erupção acontecer, é sinal de que o ambiente em questão favorece a sobre-
de um vulcão pode levar à fossilização ao soterrar com cinza os ani- vivência de indivíduos cinzentos ao permitir que, por exemplo, eles
mais e vegetais que viviam nas proximidades. Protegidos do ar e de fiquem camuflados entre as folhagens de uma mata. Os albinos, sen-
outros animais, esses organismos soterrados acabam sendo preser- do mais visíveis, são mais atacados por predadores. Com o tempo, a
vados. Com o tempo, formam-se camadas sucessivas de sedimentos, população de ratos cinzentos, menos visada pelos atacantes, começa
exercendo pressão sobre as camadas inferiores e deixando os fósseis a aumentar, o que denota seu sucesso. É como se o ambiente tivesse
incrustados no interior da rocha. De tempo em tempos, os fósseis escolhido, dentre os ratos, aqueles que dispunham de mais recursos
podem voltar a se expor, principalmente em razão de movimentos para enfrentar os problemas oferecidos pelo meio. A esse processo
da crosta terrestre. Isso favorece a ação de rios que, ao correr por no- de escolha, Darwin chamou Seleção Natural. Note que a escolha
vos leitos, acabam expondo camadas contendo fósseis. Igualmente, pressupõe a existência de uma variabilidade entre organismos da
a atividade erosiva e modeladora do vento, chuva e gelo favorece a mesma espécie. Darwin reconhecia a existência dessa variabilidade.
exposição dos fósseis incluídos em rochas. Sabia também que na natureza, a quantidade de indivíduos de certa
Os fósseis são importantes em biologia por ilustrarem a ocor- espécie que nascem é maior que aquela que o ambiente pode supor-
rência do processo de evolução biológica. Pode-se fazer uma avalia- tar. Além disso, era conhecido o fato de que o número de indivíduos
ção da idade de um fóssil pela observação da camada em que está da população fica sempre em torno de uma certa quantidade ótima,
incluído. Como a sedimentação ocorre pela deposição sucessiva de estável, devido, principalmente, a altas taxas de mortalidade.

Didatismo e Conhecimento 39
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
É óbvio que a mortalidade seria maior entre indivíduos menos Darwin: uma longa caminhada rumo à seleção natural
adaptados a seu meio, pelo processo de escolha ou “seleção natural”.
Perceba, então, que a ideia de Darwin parte do princípio importante Desde sua infância, Darwin era fascinado por tudo o que se
de que existe variabilidade entre os indivíduos de uma mesma espé- relacionava à natureza. Oriundo de uma família abastada, filho de
cie e que essa variabilidade pode permitir que indivíduos se adaptem médico, negava-se a seguir a carreira paterna. Acabou tendo de
ao ambiente. cursar uma faculdade destinada à formação de religiosos, porém,
Assim, para Darwin, a adaptação é resultado de um processo sempre se dedicou profundamente à história natural, acumulan-
de escolha dos que já possuem a adaptação. Essa escolha, efetuada do conhecimentos de geologia, mineralogia, zoologia e botâni-
pelo meio, é a Seleção Natural e pressupõe a existência prévia de ca. A partir dessa formação, alguns fatos importantes da vida de
uma diversidade específica. Então, muda o meio. Havendo o que Darwin facilitaram elaboração de sua teoria. Entre esses fatos,
escolher (variabilidade), a seleção natural entra em ação e promove pode-se citar:
a adaptação da espécie ao meio. Quem não se adapta, desaparece. - a viagem por ele empreendida ao redor do mundo como
O Darwinismo, a conhecida teoria da “Evolução Biológica por naturalista de bordo do navio Beagle, da armada inglesa. Entre
adaptação das espécies aos meios em mudança através da Seleção
outros aspectos que o fascinaram, como o achado de fósseis de
Natural”, pode ser assim esquematizado:
tatus gigantes na América do Sul e conchas de moluscos em ple-
na Cordilheira dos Andes, foi a comparação dos arquipélagos de
Variabilidade
Cabo Verde e Galápagos que o deixou convencido da ocorrência
da transformação das espécies. Esses dois arquipélagos têm ori-
gem vulcânica, possuem praticamente a mesma idade geológica
Seleção natural → || ← Seleção natural e situam-se quase na mesma latitude. Sendo semelhantes do pon-
to de vista ambiental, neles deveriam ser encontrados os mesmos
tipos de seres vivos, segundo o pensamento fixista predominante
na época. Mas Darwin verificou que as ilhas de cada arquipélago
possuíam as suas próprias comunidades, e a maioria dos animais
Adaptação nelas existentes assemelhava-se aos animais que ele vira na Áfri-
ca e na América do Sul. As espécies de pássaros fringilídeos que
É claro que, em ambientes diferentes, variações distintas se- Darwin encontrou em Galápagos pareciam “descendentes modi-
rão valorizadas. Isso explica por que duas populações da mesma ficados das espécies sul-americanas”.
espécie podem se adaptar de maneiras bastante diversificadas em - as experiências de seleção artificial executadas por Darwin
ambientes diferentes. e por inúmeros outros criadores de plantas e animais. Há séculos
Finalizando, vamos utilizar uma comparação que pode facili- o homem percebeu que a variabilidade existente entre os descen-
tar a compreensão da teoria darwiniana. dentes de animais e plantas que cria permite a seleção dos melho-
Analise o desenho abaixo. Ele representa um funil através do res, aprimorando e modificando as espécies. Se o homem pode
qual são jogadas bolinhas de diversos tamanhos. Somente as “ajus- fazer essa escolha e modificar os rumos de uma espécie em pouco
tadas” ao tamanho do funil conseguem atravessá-lo. As outras são tempo, o que não poderia fazer a natureza ao longo de milhões de
retidas. Com este modelo você entende a ação da Seleção Natural. anos e dispondo de uma ampla variabilidade entre as espécies?
O funil representa o meio ambiente, e as bolinhas correspondem - a leitura de um livro do economista Thomas Malthus, que,
às diversas formas existentes entre os seres vivos de determinada em fins do século XVIII, escreveu um tratado sobre a preocu-
espécie. As bolinhas que passaram representam aquelas variedades pação com o tamanho da população humana, que crescia em
dotadas de características que as ajustam ao meio e, então, permi- progressão geométrica enquanto a produção de alimentos pelo
tem a adaptação da espécie ao ambiente.
homem ocorria num ritmo menor, em progressão aritmética. Ha-
veria, assim, disputa por alimento, sobrevivendo apenas aqueles
que tivessem acesso a ele. Então, pensava Darwin, se a popu-
lação humana passa por um processo de seleção por causa do
alimento, o mesmo deveria acontecer na natureza com os demais
seres vivos.
- Darwin conseguiu chegar a uma conclusão que o levou a
elaborar a sua conhecida teoria; faltava-lhe, no entanto, a co-
ragem necessária para enfrentar o sistema religioso e científico
que, na época, era declaradamente antievolucionista. O impulso
que o fez publicar sua teoria foi uma carta enviada pelo biólogo
Alfred Russel Wallace, dizendo que em suas viagens chegara à
conclusão de que deveria haver um processo de seleção natural
das espécies que as faria adaptar-se aos seus ambientes. A partir
disso, Darwin foi aconselhado por amigos a expor suas ideias, e
em 1859 foi publicado o polêmico livro “The origin of species by
variabilidade e seleção means of natural selection”, que revolucionou a biologia.

Didatismo e Conhecimento 40
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
O que Darwin não sabia: neodarwinismo

O trabalho de Darwin despertou muita atenção mas também suscitou críticas. A principal era relativa à origem da variabilidade exis-
tente entre os organismos de uma espécie. Darwin não teve recursos para entender por que os seres vivos apresentam diferenças individuais.
Não chegou sequer a ter conhecimento dos trabalhos que um monge chamado Mendel realizava, cruzando plantas de ervilha. O problema
só foi resolvido a partir do início do século XX, com o advento da ideia de gene. E só então ficou fácil entender que mutações e recombi-
nação gênica são as duas importantes fontes de variabilidade entre as espécies. Assim, o darwinismo foi complementado, surgindo o que
os evolucionistas modernos conhecem como Neodarwinismo ou Teoria Sintética da Evolução e que se apoia nas ideias básicas de Darwin.
Veja o esquema abaixo:

Mutações genéticas –=> Variabilidade <=– Recombinação gênica


||
||
||
Seleção natural –=> || <=– Seleção natural
||
||
||
Adaptação

Fica fácil entender, agora, o mecanismo da resistência bacteriana aos antibióticos usados para o seu combate. Partindo do princípio da
existência prévia de variabilidade, uma população bacteriana deve ser formada por dois tipos de indivíduos: os sensíveis e os resistentes.
O uso inadequado de um antibiótico deve eliminar as bactérias sensíveis, favorecendo as resistentes, que são selecionadas. As bactérias
resistentes proliferam e promovem a adaptação da espécie ao ambiente modificado. Qualquer outro problema de adaptação das espécies a
ambientes em modificação pode ser explicado utilizando-se o raciocínio neodarwinista.

Lamarck e sua ideia cativante

Um dos primeiros adeptos do transformismo foi o biólogo francês Lamarck, elaborou uma teoria da Evolução, embora totalmente
desprovida de fundamento científico.
No mesmo ano em que nascia Darwin, Jean Baptiste Lamarck (1744-1829) propunha uma ideia elaborada e lógica. Segundo ele, uma
grande mudança no ambiente provocaria numa espécie a necessidade de se modificar, o que a levaria a mudanças de hábitos.
Se o vento e as águas podem esculpir uma rocha, modificando consideravelmente sua forma, será que os seres vivos não poderiam ser
também moldados pelo ambiente? Teria o ambiente o poder de provocar modificações adaptativas nos seres vivos?
Lamarck acreditava que sim. Considerava, por exemplo, que mudanças das circunstâncias do ambiente de um animal provocariam mo-
dificações suas necessidades, fazendo que ele passasse a adotar novos hábitos de vida para satisfazê-las. Com isso o animal passaria a utilizar
mais frequentemente certas partes do corpo, que cresceriam e se desenvolveriam, enquanto outras partes não seriam solicitadas, ficando
mais reduzidas, até se atrofiarem. Assim, o ambiente seria o responsável direto pelas modificações nos seres vivos, que transmitiriam essas
mudanças aos seus descendentes, produzindo um aperfeiçoamento da espécie ao longo das gerações.
Com base nessa premissa, postulou duas leis. A primeira, chamada Lei do Uso e Desuso, afirmava que, se para viver em determinado
ambiente fosse necessário certo órgão, os seres vivos dessa espécie tenderiam a valorizá-lo cada vez mais, utilizando-o com maior frequên-
cia, o que o levaria a hipertrofiar. Ao contrário, o não uso de determinado órgão levaria à sua atrofia e desaparecimento completo ao longo
de algum tempo.
A segunda lei, Lamarck chamou de Lei da Herança dos Caracteres Adquiridos. Através dela postulou que qualquer aquisição benéfica
durante a vida dos seres vivos seria transmitida aos descendentes, que passariam a tê-la, transmitindo-a, por sua vez, às gerações seguintes,
até que ocorresse sua estabilização.
A partir dessas suas leis, Lamarck formulou sua teoria da evolução, apoiado apenas em alguns exemplos que observara na natureza.
Por exemplo, as membranas existentes entre os dedos dos pés das aves nadadoras, ele as explicava como decorrentes da necessidade que
elas tinham de nadar. Cornos e chifres teriam surgindo como consequência das cabeçadas que os animais davam em suas brigas. A forma do
corpo de uma planta de deserto seria explicada pela necessidade de economizar água.

Por que não podemos aceitar as teses de Lamarck?

Na verdade não podemos simplesmente achar erradas as ideias de Lamarck sem dizer exatamente o porquê do erro. É preciso saber
criticá-las com argumentos que evidenciam o erro nelas contido. Assim, pode-se dizer que a lei do uso e desuso só será válida se a alteração
que ela propõe estiver relacionada a alterações em órgãos de natureza muscular e, ainda, alterações que não envolvam mudanças no material
genético do indivíduo. A cauda de um macaco sul-americano não cresceu porque o animal manifestou o desejo de se prender aos galhos de
uma árvore. Tal mudança deveria envolver antes uma alteração nos genes encarregados da confecção da cauda.

Didatismo e Conhecimento 41
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Com relação à lei da transmissão das características adquiri- Métodos comportamentais
das, é preciso deixar bem claro que eventos que ocorrem durante
a vida de um organismo, alterando alguma sua característica, não - Tabelinha;
podem ser transmissíveis à geração seguinte. O que uma geração - Temperatura basal;
transmite à outra são genes. E os genes transmissíveis já existem - Muco cervical (método Billings);
em um indivíduo desde o momento em que ele foi um zigoto. E, - Coito interrompido.
fatos que ocorram durante sua vida não influenciarão exatamente
aqueles genes que ele deseja que sejam alterados. Métodos de barreira

Lamarck e Darwin frente a frente: o tamanho do pescoço - Camisinha;


das girafas - Diafragma;
- Esponjas;
Lamarckismo - Espermicidas;

- As girafas ancestrais provavelmente tinham pescoços curtos Dispositivo intrauterino (DIU)


que eram submetidos a frequentes distensões para capacitá-las a
alcançar a folhagem das árvores. Contracepção hormonal
- Os descendentes apresentavam pescoços mais longos, que
eram também esticados frequentemente na procura de alimentos. - Contraceptivos orais;
- Finalmente o contínuo esticamento do pescoço deu origem - Contraceptivos injetáveis;
às modernas girafas. Os fatos conhecidos não sustentam esta te- - Implantes;
oria. - Anel vaginal;
- Adesivos cutâneos;
Darwinismo - Contracepção de emergência (pílula do dia seguinte);

Contracepção cirúrgica.
- As girafas ancestrais provavelmente apresentavam pescoços
de comprimentos variáveis. As variações eram hereditárias (Da-
QUESTÕES
rwin não conseguiu explicar a origem das variações).
- Competição e seleção natural levaram à sobrevivência dos
1- Identifique a opção que enumera as organelas celulares
descendentes de pescoços longos, em detrimento dos de pescoços
presentes em células vegetais e as associa corretamente com suas
curtos.
funções na célula vegetal.
- Finalmente apenas as girafas de pescoços longos sobrevive-
(A) Mitocôndria-respiração; centríolos-orientação da divisão;
ram à competição. Fatos conhecidos sustentam esta teoria.
cloroplasto-fotossíntese.
(B) Vacúolo-acúmulo de água; ribossomo-respiração; cloro-
plasto-fotossíntese.
MÉTODOS CONTRACEPTIVOS (C) Cloroplasto-fotossíntese; mitocôndria-respiração; ribos-
somos-digestão.
(D) Mitocôndria-fotossíntese; cloroplasto-respiração; ribos-
somos-síntese proteica.
(E) Membrana celular-revestimento; mitocôndria-respiração;
Os métodos contraceptivos são utilizados para evitar uma gra- cloroplasto-fotossíntese.
videz, por pessoas com vida sexual ativa. Além disso, a camisi-
nha, por exemplo, protege de doenças sexualmente transmissíveis 2- Numa célula especializada na produção de energia espera-
(DST). -se encontrar grande número de:
É importante que um médico auxilie durante a escolha do mé- a) cílios
todo utilizar, pois ele levará em consideração a idade da pessoa, b) mitocôndrias
a frequência com que mantém as relações sexuais, necessidades c) nucléolos
reprodutivas, saúde, etc. d) ribossomos
Dentre os métodos contraceptivos há os que são reversíveis e) corpos de Golgi
e os que são irreversíveis. Os métodos reversíveis, também cha-
mados de temporários, são aqueles que ao deixarem de ser utiliza- 3- Nas células, a função de secreção está reservada:
dos, permitirão uma gravidez. Os métodos irreversíveis, também a) ao aparelho de Golgi
conhecidos como definitivos, são aqueles que exigem uma inter- b) às mitocôndrias
venção cirúrgica, como vasectomia, para os homens; e laqueadura c) ao retículo endoplasmático
tubária, para as mulheres. d) aos ribossomos
Os métodos contraceptivos são classificados em cinco grupos: e) aos lisossomos

Didatismo e Conhecimento 42
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
4- O modelo abaixo representa a configuração molecular da 8- Na(s) questão(ões) a seguir julgue os itens e escreva nos
membrana celular, segundo Singer e Nicholson. Acerca do modelo parênteses (V) se for verdadeiro ou (F) se for falso.
proposto, assinale a alternativa incorreta. 1. Antigamente no Brasil era comum famílias com número
elevado de filhos. Hoje, vários fatores culturais, econômicos, so-
ciais influenciam a opção dos casais por um número reduzido de
filhos.
Existem vários métodos de contracepção, sobre eles julgue os
itens.
( ) As pílulas anticoncepcionais podem ser usadas para inibir
o desenvolvimento dos folículos ou então bloquear o processo de
ovulação.
( ) A laqueadura consiste na retirada do útero.
( ) O condon, popularmente conhecido como camisinha, é
considerado um método contraceptivo de barreira, sendo também
a) O algarismo 1 assinala a extremidade polar (hidrófila) das de enorme eficiência no controle de doenças sexualmente trans-
moléculas lipídicas. missíveis.
b) O algarismo 2 assinala a extremidade apolar (hidrófoba)
das moléculas lipídicas. 9- A ocorrência de gravidez na adolescência tem aumentado
c) O algarismo 3 assinala uma molécula de proteína. consideravelmente. O conhecimento e o uso adequado de métodos
d) O algarismo 4 assinala uma molécula de proteína que faz contraceptivos podem reverter esse problema.
parte do glicocálix. Em relação a esses métodos, é CORRETO afirmar-se que
e) O algarismo 5 assinala uma proteína extrínseca à estrutura a) o diafragma impede a nidação da mórula.
da membrana. b) o dispositivo intra-uterino, D.I.U, impede a chegada dos
espermatozóides ao útero.
5- Sobre a teoria de Darwin, pode-se considerar que, para que c) o método hormonal feminino, pílula, impede a ovulação.
ela fosse completa: d) o método de tabela é eficiente se forem evitadas relações
a) teria de explicar como as características adquiridas são
sexuais entre o 12º e o 14º dia do ciclo.
transmitidas;
e) o preservativo masculino, camisinha, tem ação espermici-
b) não poderia considerar que todos os animais da Ordem Pri-
da.
mata, incluindo a espécie humana, tivessem uma origem comum;
c) deveria mencionar o fato de que a evolução tem como causa
10- A esterilização masculina chamada vasectomia é um mé-
exclusiva a mutação;
todo contraceptivo que só deve ser utilizado por homens que não
d) teria de explicar a origem das variações nas espécies;
desejam mais ter filhos, pois sua reversão é muito difícil.
e) deveria dizer que as variações são impostas pelo meio am-
biente. O processo da vasectomia consiste em:
a) inutilizar os tubos seminíferos para que os espermatozoides
6- Há alterações estruturais decorrentes da adaptação de não sejam mais produzidos.
uma espécie, em resposta a novas necessidades impostas por mu- b) seccionar os canais deferentes, não sendo mais possível eli-
danças ambientais, e essas alterações são transmitidas à prole. minação dos espermatozoides.
Esta ideia faz parte da teoria de: c) remover a vesícula seminal para que o sêmen fique bastante
a) Lamarck. diminuído.
b) Darwin. d) inocular hormônios nos testículos para dificultar a ereção
c) Wallace. do pênis.
d) Lyell. e) alterar o funcionamento da próstata, reduzindo a quantida-
e) Malthus. de de espermatozoides produzida.

7- Os princípios a seguir relacionados referem-se à teoria da GABARITO


evolução das espécies.
I. Adaptação ao meio. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
II . Seleção natural.
III. Mutação. E B A D D A C VFV C B
IV. Lei do uso e desuso.
V. Herança dos caracteres adquiridos

Lamarck, em sua teoria, considerou


a) I, II e III.
b) II, III e IV.
c) I, IV e V.
d) II, IV e V.
e) II, III e V.

Didatismo e Conhecimento 43
CIÊNCIAS QUÍMICA
CIÊNCIAS QUÍMICA

Prof. Wagner Luiz Heleno Marcus Bertolini


Olá.

É com grande satisfação que apresento a você este curso de QUÍMICA, projetado especialmente para atender às necessidades da-
quele que se prepara para vestibulares.
Permitam-me fazer uma breve apresentação de minha trajetória acadêmica e profissional:
-graduado pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas pela USP-RP, em 1990;
- Mestre em síntese de complexos bioinorgânicos de Rutênio, com liberação de óxido nítrico, pela Faculdade de Ciências Farma-
cêuticas USP-RP;
- Doutor em farmacotécnica, estudando o efeito de promotores de absorção cutânea visando a terapia fotodinâmica para o câncer
de pele, Faculdade de Ciências Farmacêuticas pela USP-RP;
- Especialista em espectrometria de massas, pela Faculdade de Química, USP-RP;
- Professor de Química em ensino Médio e pré-vestibulares (Anglo, Objetivo, COC) desde 1992.
- professor de Química (Orgânica, Geral, Analítica, Físico-Química e Inorgânica) em cursos de graduação;
- Professor de Química Farmacêutica, em curso de graduação em Farmácia;
- Professor de Pós-Graduação em Biotecnologia (controle de produtos e processos biotecnológicos);
- Analista Químico em indústria farmacêutica, AKZO do Brasil, em São Paulo-SP.

Farei um RESUMO para dar uma ideia básica dos itens mais importantes e suas características mais importantes a serem conhecidos.
Não colocarei orgânica porque é um assunto muito extenso e fugiria do objetivo deste material. Abordarei os assuntos mais importantes
quanto ao conteúdo e a incidência nos vestibulares. Impossível abordar todos os conteúdos.
Desejo um excelente estudo e ótimos resultados nesta jornada. Muito boa sorte, dedicação e boa prova!!!!

MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES.

Estados físicos e mudanças de estado. Variações de energia e do estado de agregação das partículas

Observe a figura abaixo, que representa a substância água sob diferentes condições de níveis de energia:

Esses três estados — sólido, líquido e gasoso — são chamados de estados físicos ou estados de agregação da matéria, e as transforma-
ções de um estado para outro são denominadas mudanças de estado físico da matéria. Essas mudanças recebem os nomes gerais mostrados
no esquema abaixo:

Didatismo e Conhecimento 1
CIÊNCIAS QUÍMICA
Fusão é a passagem do estado sólido para o líquido. Solidifi- Da mesma forma, misturando pó de enxofre (amarelo) e lima-
cação é o inverso. lha de ferro (pó de ferro que é atraído por ímã) observamos que,
apesar de estarem misturados, essas substâncias mantêm suas ca-
Vaporização é a passagem do estado líquido para o gasoso racterísticas e propriedades: o enxofre continua amarelo e o ferro
(gás ou vapor). Pode ocorrer de três diferentes formas a seguir: em pó (limalha) ainda é atraído por ímã.

- Evaporação é a vaporização lenta, que ocorre na superfície No entanto, aquecendo a mistura pó de enxofre e limalha de
do líquido, sem agitação nem surgimento de bolhas (lembre-se das ferro, obtemos uma substância que não é mais amarela como o en-
roupas secando no varal). xofre e não é mais atraída pelo ímã, como acontecia com a limalha
de ferro. A nova substância recebe o nome de sulfeto de ferro.
- Ebulição é a vaporização rápida, com agitação do líquido e
aparecimento de bolhas. Neste caso, o enxofre e o ferro perderam suas características
e propriedades devido a uma reação química e formaram uma
- Calefação é uma vaporização muito rápida, com gotas do nova substância: o sulfeto de ferro, que é cinzento e não é atraído
líquido “pulando” em contato com uma superfície ultra aquecida pelo ímã.
(uma gota de água caindo numa panela bem aquecida).
Podemos concluir que, mistura é um conjunto de substâncias
Liquefação ou Condensação é a passagem do gás ou vapor químicas (componentes) que, em presença uns dos outros, não dão
para o estado líquido. origem a novas substâncias, ou seja, não há reação química.

Sublimação é a passagem do estado sólido diretamente para Misturas homogêneas e heterogêneas. Métodos de separa-
o gasoso (e menos frequentemente usada para a transformação in- ção.
versa).
Apenas olhando e cheirando um copo com água você sabe
Sendo assim, podemos dizer que a temperatura de fusão de dizer se aquela água é pura, salgada ou açucarada? Certamente que
um material é a temperatura em que ele passa do estado sólido não, pois o aspecto e o cheiro da água são iguais nos três casos.
para o líquido (no sentido inverso a temperatura será denominada Somente provando-a podemos dizer o gosto que ela tem.
temperatura de solidificação) e a temperatura de ebulição é
aquela em que ocorre a passagem de líquido para vapor (no sentido Da mesma forma, é impossível dizer, apenas através da ob-
inverso a temperatura será denominada temperatura de conden- servação macroscópica (visual) se a água contida no copo é pura
sação ou liquefação). ou se está misturada com álcool. Neste caso, porém, o cheiro do
conteúdo do copo nos informa se a água está ou não misturada
Ao nível do mar, cada líquido (álcool, acetona etc.) e também com álcool.
cada sólido (como os metais chumbo, ferro etc.), desde que puros,
irão se fundir e ferver em temperaturas bem definidas (num único As misturas do tipo água e açúcar dissolvido, água e sal dis-
valor. Por isto, o termo “ponto” de fusão). Se for uma mistura irá solvido, água e álcool, são chamadas misturas homogêneas. Neste
fundir num “intervalo de temperatura”. Aplica-se este raciocí- caso definimos mistura homogênea como aquela que apresenta um
nio a todas as demais mudanças de estado físico. só aspecto quando observada macroscopicamente (olho nu) ou mi-
croscopicamente (microscópio).
Substâncias e critérios de pureza.
Misturas heterogêneas
Quando um material apresenta constantes físicas bem defi-
nidas e invariáveis, concluímos que se trata de matéria isenta de Neste caso definimos mistura heterogênea como aquela que
outros materiais e a denominamos substância pura. Assim, temos a apresenta aspectos diferentes quando observada macroscopica-
seguinte definição: substância pura (ou simplesmente substância, mente (olho nu) ou microscopicamente (microscópio).
ou, ainda, espécie química) é um material único, isento de outros
materiais e que apresenta constantes físicas bem definidas. Os ma- Fase
teriais encontrados na natureza são, em geral, misturas de várias
substâncias. Considere um sistema homogêneo: água e sal dissolvido.

Misturas Se forem retiradas três amostras de lugares diferentes em


quantidades diferentes e que sejam pesquisadas propriedades físi-
Num copo contendo água, você adiciona uma colher de açú- cas tais como ponto de fusão, ponto de ebulição e densidade.
car. Nesse caso, o açúcar e a água, apenas misturados, após a sepa-
ração e recuperação de ambos, mantêm as mesmas características Verificaremos que as três amostras apresentam as mesmas
e propriedades que tinham antes de misturar-se sem que ocorra propriedades físicas, e desta forma, o sistema homogêneo água e
uma reação química com formação de novas substâncias químicas. sal dissolvido é classificada como sendo uma fase.

Didatismo e Conhecimento 2
CIÊNCIAS QUÍMICA
Portanto definimos fase como um sistema homogêneo que apresenta as mesmas propriedades físicas e químicas em toda sua extensão.

Uma fase pode ser subdivida e constitui apenas uma fase, já que os fragmentos possuem as mesmas propriedades físicas, tais como
ponto de fusão, ponto de ebulição ou densidade.

Resumindo temos:

Métodos de separação.

Também conhecida como análise imediata, separações são os processos que visam isolar os diferentes materiais encontrados numa
mistura. Nesta parte cabe a você pensar em qual seria a maior diferença ente as propriedades físicas das substâncias misturadas. A partir
desta análise você optará pelo melhor (e nem sempre única forma de fazer) método. Estude estes métodos, mas, pense sempre na dica acima.
Veja um esquema abaixo, que resume as principais técnicas de separação de misturas.

ANÁLISE IMEDIATA
Conjunto de processos de separação dos componentes das misturas.
H Destilação simples (sólido + líquido) Por aquecimento, só o líquido entra em ebulição, vaporiza-se e a seguir
O condensa-se, separando-se do sólido.
M Destilação fracionada (líquido + líquido) Por aquecimento, os líquidos vaporizam-se e a seguir condensam-se,
O separadamente, à medida que vão sendo atingidos os seus PE.
G
Ê Liquefação fracionada (gás + gás) Por resfriamento da mistura, os gases se liqüefazem separadamente, à medida que
N vão sendo atingidos os seus PE.
E
A Aquecimento simples (gás + líquido) Por aquecimento abaixo do PE do líquido, o gás dissolvido é expulso.
S
Catação - Os fragmentos são catados com a mão ou pinça.
Ventilação - Separação do componente mais leve por corrente de ar.
Levigação - Separação do componente mais leve por corrente de água.
H
E Flotação - Separação por um líquido de densidade intermediária.
T Todas as
Dissolução fracionada - Separação por meio de um líquido que dissolve apenas um componente.
E fases são
R sólidas Separação magnética - Apenas um componente é atraído pelo ímã.
O Fusão fracionada - Separação por aquecimento da mistura até a fusão do componente de menor PF.
G Cristalização fracionada - Adiciona-se um líquido que dissolva todos os sólidos. Por evaporação da
Ê solução obtida, os componentes cristalizam-se separadamente.
N
E Peneiração ou tamização - Os componentes estão reduzidos a grãos de diferentes tamanhos.
A Pelo Sedimentação - Separação de duas ou mais camadas devido a diferentes densidades.
S menos Decantação - Após a sedimentação a fase líquida é escoada.
uma das
fases não Filtração - Separa a fase líquida ou gasosa da sólida por meio de uma superfície porosa.
é sólida Centrifugação - Decantação acelerada por um centrífuga.

Didatismo e Conhecimento 3
CIÊNCIAS QUÍMICA

ESTRUTURA ATÔMICA E CLASSIFICAÇÃO


PERIÓDICA

Nesta parte, memorize apenas os modelos atômicos e suas principais características.

Modelo corpuscular da matéria

Em 1808, John Dalton: conhecido como modelo da bola de bilhar, a qual expressa, de um modo geral, o seguinte:

- O átomo é constituído de partículas esféricas, maciças, indestrutíveis e indivisíveis.

Modelo atômico de Thomson: natureza elétrica da matéria e existência do elétron.

Surgiu assim, pela primeira vez, uma ideia que contrariava a hipótese de Dalton. Observando o comportamento do gás após perder
elétrons, observou-se que este apresentava carga positiva. Imaginou-se então a existência de uma segunda partícula subatômica, o próton.
Com isso, Thomson propôs um novo modelo atômico, que explicasse os novos fenômenos observados. Ele imaginou que o átomo seria
composto por uma “pasta” de carga positiva “recheada” com elétrons de carga.

Modelo atômico de Rutherford e núcleo atômico.

Rutherford realizou uma experiência que veio alterar e melhorar profundamente a compreensão do átomo: Rutherford observou que
a maior parte das partículas α ultrapassava a lâmina de ouro, enquanto apenas uma pequena parte era desviada ou rebatida. Como explicar
isso? Ele se viu obrigado então, a admitir que lâmina de ouro não era constituída de átomos maciços e justapostos (“colados” uns nos outros)
como pensaram Dalton e Thomson. Portanto, o átomo deveria ser constituído de núcleos pequenos e positivos, distribuídos em grandes
espaços vazios:

Didatismo e Conhecimento 4
CIÊNCIAS QUÍMICA
Isso explicaria o porquê de a maior parte das partículas ultra- Prótons, nêutrons e elétrons. Número atômico e número de
passarem. Entretanto, se o núcleo é positivo, como explicar o fato massa.
de a lâmina de ouro ser eletricamente neutra?
Para completar seu modelo, Rutherford imaginou que girando - Partículas fundamentais do átomo
ao redor do núcleo estariam os elétrons, bem menores do que o
núcleo, mas contrabalanceado a carga e garantindo a neutralidade Vários experimentos levaram os cientistas a suporem que o
elétrica do átomo. O espaço ocupado pelos elétrons é chamado de átomo é divisível, sendo constituído de uma parte central, chamada
eletrosfera. Repare que o átomo teria modelo semelhante ao do de núcleo, existindo, ao redor, os elétrons, que constituem a coroa ou
sistema solar. O núcleo representaria o sol, e os elétrons represen- eletrosfera.
tariam os planetas girando em órbitas ao redor do sol: Os elétrons são partículas dotadas de carga elétrica, que conven-
cionamos atribuir o valor negativo. No núcleo existem os prótons,
que convencionamos atribuir o valor positivo, e os nêutrons, sem
carga elétrica. Essas três partículas são denominadas de partículas
fundamentais, pois todas devem estar presentes em um átomo neu-
tro (única exceção é o Hidrogênio comum, que não tem nêutron, mas
tem um próton e um elétron).

Carga elétrica relativa das partículas fundamentais

Resumindo, temos o seguinte:

Carga Valor relativo


Massa relativa
elétrica das cargas
Próton Positiva +1 1
Nêutron Não existe 0 1
Elétron Negativa -1 1/1836

- número atômico (Z) e massa atômica (A)

O número atômico geralmente é representado pela letra Z. O


número atômico de um átomo, por definição, é o número de prótons
existentes no seu núcleo; Z representa, portanto, a carga nuclear rela-
tiva e caracteriza cada tipo de átomo.
Atualmente, o número atômico Z é colocado à esquerda como
subíndice do símbolo que identifica o átomo de dado elemento quí-
mico (convenção internacional).
O átomo de magnésio (Mg) tem número atômico 12 (Z = 12).

Significado: no núcleo do átomo de Mg existem 12 prótons. No


átomo neutro de Mg existem 12 prótons e 12 elétrons.

Número de massa (A)

O número de massa (A) de um átomo é obtido fazendo-se a soma


do número de prótons e de nêutrons do núcleo desse átomo. Repre-
senta-se geralmente pela letra A. Assim, sendo N o número de nêu-
trons de um núcleo, é evidente que:

Didatismo e Conhecimento 5
CIÊNCIAS QUÍMICA
Exemplo:

Um átomo neutro de um certo elemento E tem 19 prótons e 21 nêutrons, portanto:


Z = 19 e N = 21
A = Z + N = 19 + 21 = 40

Modelo atômico de Bohr: aspectos qualitativos. Configurações eletrônicas por níveis de energia.

Niels Bohr aprimorou o modelo atômico de Rutherford utilizando a teoria de energia quantizada de Max Planck. Planck havia admitido
a hipótese de que a energia não seria emitida de forma contínua, mas em “pacotes”. A cada “pacote” de energia foi dado o nome de quan-
tum. Assim, surgiram os postulados de Bohr:
- os elétrons só poderiam se mover em um número limitado de órbitas bem definidas, que foram chamadas órbitas estacionárias;
- movendo-se em uma órbita estacionária, o elétron não absorve nem emite energia;
- ao “saltar” de uma órbita estacionária para outra, o elétron absorve ou emite uma quantidade bem definida de energia, chamada quan-
tum de energia.

Didatismo e Conhecimento 6
CIÊNCIAS QUÍMICA
Classificação periódica dos elementos químicos

Este é um assunto da maior importância para se aprender Química. Portanto, reforce muito este assunto. Faça muitos exercícios
porque treino é fundamental.

Distribuição Eletrônica no Estado Fundamental

Camadas eletrônicas ou níveis de energia

Para os elementos atuais, os elétrons estão distribuídos em sete camadas eletrônicas (ou sete níveis de energia). As camadas são repre-
sentadas pelas letras K, L, M, N, O, P e Q ou 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º e 7º níveis de energia. Até o momento, temos o seguinte número máximo
de elétrons nas camadas.

Subníveis de energia

Em cada camada, os elétrons estão distribuídos em subcamadas ou subníveis de energia, representados pelas letras s, p, d e f (subníveis
usados até Z =114). O número máximo de elétrons que cabe em cada subnível é o seguinte.

O número de subníveis conhecidos em cada camada é dado pela tabela a seguir.

Didatismo e Conhecimento 7
CIÊNCIAS QUÍMICA
Os elétrons preenchem sucessivamente os subníveis de energia em ordem crescente de energia, com o número máximo de elétrons
permitido em cada subnível.
Como sequência da regra do Aufbau, somente o subnível de maior energia preenchido poderá ter número de elétrons menor que o
permitido, ou seja, somente o subnível de maior energia preenchido poderá estar incompleto.
A ordem de preenchimento é 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d 4p 5s 4d 5p 6s 4f 5d 6p 7s 5f 6d… A regra mnemônica a seguir ajuda bastante na
compreensão do princípio da construção, uma vez que não é muito prático desenhar o diagrama acima cada vez que se deseja fazer a distri-
buição eletrônica de um átomo. Veja abaixo o Diagrama de Linus Pauling:

Para escrever a configuração eletrônica de um elemento neutro, da forma escrita acima, basta seguir o passo-a-passo:
a) Identificar o número total de elétrons
b) Identificar o nível mais energético (linha do elemento na tabela)
c) Identificar o subnível mais energético (coluna do elemento)
d) Colocar os elétrons 1 por 1 a partir dos subníveis de menos energia até os de mais energia, até completar o número total de elétrons.
Lembrando que as camadas K,L,M,N etc correspondem respectivamente aos números quânticos principais iguais a 1,2,3,4 etc. Lembrar
também que os subníveis energéticos comportam um número máximo de elétrons (s², p6, d10, f14).

Grupos e períodos. Elétrons de valência, número de oxidação e localização dos elementos.

Classificação Periódica Moderna

Cada uma das sete linhas horizontais que a tabela apresenta são chamadas de períodos.
É importante notar também que as dezoito linhas verticais são denominadas colunas, grupos ou famílias. Algumas famílias têm nomes
especiais:

Didatismo e Conhecimento 8
CIÊNCIAS QUÍMICA
É ainda importante considerar os seguintes aspectos:
- O Hidrogênio, embora apareça na coluna 1A, não é um metal alcalino. Aliás, o Hidrogênio é tão diferente de todos os demais
elementos químicos que, em algumas classificações, prefere-se colocá-lo fora da Tabela Periódica.
- As colunas A são as mais importantes da tabela. Seus elementos são denominados elementos típicos, ou característicos, ou representa-
tivos da Classificação Periódica. Em cada coluna A, a semelhança de propriedades químicas entre os elementos é máxima.
- Os elementos das colunas 3B, 4B, 5B, 6B, 7B, 8B, 1B e 2B constituem os chamados elementos de transição. Note que, em particular,
a coluna 8B é uma coluna tripla.
Os metais são elementos sólidos (exceto o mercúrio), em geral duros, com brilho característico — denominado brilho metálico —,
densos, de pontos de fusão e de ebulição altos, bons condutores de calor e de eletricidade, maleáveis (podem ser transformados em lâminas
finas), dúcteis (podem ser transformados em fios finos) e que formam íons positivos (cátions).
Os não-metais têm propriedades completamente opostas.
Os semimetais têm propriedades intermediárias entre os metais e os não-metais. Os gases nobres, ou gases raros, têm comportamento
químico específico.

Configuração eletrônica dos elementos ao longo da Tabela Periódica

Podemos relacionar a distribuição do diagrama de Pauling à tabela periódica.

LIGAÇÃO QUÍMICA

A) LIGAÇÃO IÔNICA (OU ELETROVALENTE)

Como o próprio nome já diz, a ligação iônica ocorre com a formação de íons. Ocorre com transferência de elétrons do metal para o
ametal, formando cátions (íons positivos) e ânions (íons negativos), respectivamente. Ocorre entre metais e não metais e entre metais e
Hidrogênio.
Quando a ligação é iônica?
Generalizando: sempre deve ter a presença de metal (M) com:
Ametal (A) ou Hidrogênio
Quem são estes caras? Veja:

Didatismo e Conhecimento 9
CIÊNCIAS QUÍMICA

Didatismo e Conhecimento 10
CIÊNCIAS QUÍMICA
De uma maneira geral (salvo exceções) seria a ligação entre átomos com cor verde (na tabela acima) com os avermelhados. Os átomos
verdes apresentam, normalmente 1 a 3 elétrons na última camada (portanto, querem perder elétrons) e os avermelhados apresentam 5 ou 6
ou 7 elétrons na última camada e querem ganhar elétron(s) para chegar até 8 elétrons (como os gases nobres) e ficarem estáveis.
A forte força de atração entre os íons dos átomos que formam o composto é de origem eletrostática. Sempre um dos átomos perde elé-
trons, enquanto o outro recebe. O átomo mais eletronegativo arranca os elétrons do de menor eletronegatividade.
Exemplo:
1o) A ligação entre o sódio (11Na) e o cloro (17Cl) é um exemplo característico de ligação iônica. Observe a distribuição dos elétrons em
camadas para os dois elementos:
Na 2 - 8 – 1 (ele é metal. Veja que se ele perder este 1 elétron ele ficará com 8)
Cl 2 - 8 – 7 (ele é Ametal. Veja que se ele ganhar 1 elétron ele ficará com 8)
Para o cloro interessa adicionar um elétron à sua última camada, completando a quantidade de oito elétrons nela. Ao sódio interessa
perder o elétron de sua camada M, assim a anterior passará a ser a última, já possuindo a quantidade necessária de elétrons. Antes da liga-
ção: átomos instáveis

Após a ligação: íons estáveis

Na representação da ligação, utilizamos somente os elétrons da última camada de cada átomo. Esta notação recebe o nome de Fórmula
Eletrônica de Lewis.
Observe que o sódio possuía inicialmente 11 prótons e 11 elétrons. Após a ligação, a quantidade de prótons não se altera e a de elétrons
passa a ser 10. O cloro que inicialmente possuía 17 prótons e 17 elétrons tem sua quantidade de elétrons aumentada de uma unidade após a
ligação. Com isso o sódio se torna um íon de carga 1+ e o cloro 1-.

A força que mantém os dois átomos unidos é de atração elétrica, ou seja, uma ligação muito forte (por isto, nas condições ambientais,
os compostos iônicos são SÓLIDOS, com alto ponto de fusão e altíssimo ponto de ebulição).

Didatismo e Conhecimento 11
CIÊNCIAS QUÍMICA
Ligação Covalente

Quais elétrons estão envolvidos na formação de uma ligação


química? Lewis procurou responder a esta pergunta evocando o
modelo atômico de Bohr (1913).
Os elétrons envolvidos numa ligação química são os elétrons da
camada de valência, ou seja: os mais externos. Portanto, a ligação
covalente ocorre quando os átomos ligados possuem tendência de
ganhar elétrons (não metais. Lembra dos átomos avermelhados na
tabela periódica? São estes que se combinam entre si ou com o Hi-
drogênio). Não há transferência de elétrons de um átomo para outro,
e sim um compartilhamento de elétrons entre eles.
A ligação covalente ocorre entre:
– Hidrogênio – Hidrogênio
– Hidrogênio – não-metal
– não-metal – não-metal

Obs.: Os semimetais também podem ser incluídos.

Ligação Metálica

É a força que mantém unidos os átomos e cátions dos metais.


A equação balanceada ficaria da seguinte forma:
Teoria do “mar de elétrons” ou teoria da “nuvem eletrôni-
ca”

A principal característica dos metais é a eletropositividade (ten-


dência de doar elétrons), assim os elétrons da camada de valência
saem facilmente do átomo e ficam “passeando” pelo metal, o átomo
Repare que a soma dos átomos dos reagentes é igual ao nú-
que perde elétrons se transforma num cátion, que, em seguida, pode
recapturar esses elétrons, voltando a ser átomo neutro. O metal se- mero de átomos do produto. É isso que confirma: a equação foi
ria um aglomerado de átomos neutros e cátions, imersos num “mar balanceada.
de elétrons livres” que estaria funcionando como ligação metálica,
mantendo unidos os átomos e cátions de metais. Confira outro exemplo:

BaO + As2O5 → Ba3 (AsO4)2


RELAÇÕES ENTRE MASSA E QUANTIDADE
DE MATÉRIA - ESTEQUIOMETRIA Neste caso ao invés de sobrar, faltam átomos de Bário e Oxi-
gênio. Para isso é preciso acrescentar moléculas de BaO até que
a necessidade seja suprida, tomando cuidado para que não haja
sobra.
Dalton afirmava que os átomos se conservam nas transforma-
ções químicas, mas nem sempre uma equação é indicada de forma
que isso fique aparente. Isso porque é preciso fazer um “acerto”, o
balanceamento químico do número de átomos que constituem os
reagentes e os produtos.
Neste tópico falaremos um pouco sobre um tipo bem específico
de balanceamento, aquele que é feito logo no início, quando não se
tem muita prática. Para melhor entendimento, recomendamos o uso
de “bolinhas” ou os símbolos criados por Dalton.
Além de ilustrarem melhor a operação, elas ajudam a fixar a
Acrescentando mais duas moléculas de BaO, tudo se resolve.
ideia logo no início. Confira o exemplo:
Basta trasncrever os coeficientes das fórmulas químicas na equa-
Vamos balancear a equação da formação da água. Tendo como
reagentes uma molécula de Hidrogênio com dois átomos e uma mo- ção e pronto. Repare mais uma vez que o número de átomos se
lécula de gás oxigênio, também com dois átomos, precisamos che- conserva.
gar na fórmula H2O.
Repare que sobra uma átomo de oxigênio e para que ocorra o
balanceamento, não pode haver sobra. Por isso é preciso acrescen-
tar outra molécula de Hidrogênio com dois átomos. Assim ao invés
de uma, serão produzidas duas moléculas de água.

Didatismo e Conhecimento 12
CIÊNCIAS QUÍMICA
Para ver se você entendeu mesmo, tente resolver alguns dos exercícios abaixo. As respostas constam em seguida:

Massa atômica, mol e massa molar: conceitos e cálculos.

Para medir a massa de um átomo ou uma molécula qual será a grandeza utilizada?

Resposta: Unidade de massa atômica (u)

Átomos individuais são muito pequenos para serem vistos e muito menos pesados. Porém, é possível determinar as massas relativas de
átomos diferentes, quer dizer, podemos determinar a massa de um átomo comparando com um átomo de outro elemento utilizado como padrão.
Em 1961, na Conferência da União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC), adotou-se como padrão de massas atômicas o isóto-
po 12 do elemento carbono (12C), ao qual se convencionou atribuir o valor exato de 12 unidades de massa atômica.
Uma unidade de massa atômica (1 u) corresponde desta forma a de massa de um átomo de isótopo 12 do carbono.

Massa Atômica (MA)

Massa atômica é o número que indica quantas vezes a massa de um átomo de um determinado elemento é maior que 1u, ou seja, do átomo
de 12C.
Comparando-se a massa de um átomo de um determinado elemento com a unidade de massa atômica (1u), obtém-se a massa desse átomo.

Exemplo

Quando dizemos que a massa atômica do átomo de 32S é igual a 32 u, concluímos que:
– a massa atômica de um átomo de 32S é igual a 32 u;

Massa Atômica de um Elemento

A maioria dos elementos apresenta isótopos. O cloro, por exemplo, é constituído por uma mistura de dois isótopos de massas atômicas, res-
pectivamente, 35 e 37.

Didatismo e Conhecimento 13
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A massa atômica do cloro é dada pela média ponderada das massas isotópicas:

Portanto: Massa atômica de um ELEMENTO é a média ponderada das massas atômicas dos isótopos naturais desse elemento.

Sendo assim, a massa atômica de um elemento hipotético A, constituído dos isótopos naturais A1, A2, An, pode ser calculada por:

Massa Molecular (MM)

Os átomos reúnem-se (combinam-se, ligam-se) para formar moléculas. A massa dessas moléculas é a soma das massas atômicas dos átomos
constituintes.
Como as moléculas são formadas por um grupo de átomos ligados entre si, o padrão usado como base para relacionar as massas dessas mo-
léculas é o mesmo usado para os átomos: a unidade de massa atômica (u).
Exemplo:
C6H12O6 (C=12, H=1, O=16)
MM = 6 x 12 + 12 x 1 + 6 x 16
MM = 72 + 12 + 96
MM = 180 u

Significado:
Cada molécula de C6H12O6 possui massa de 180 u, ou seja, 180 vezes maior que 1/12 do carbono-12.

Portanto: Massa Molecular é a soma das massas atômicas dos átomos que constituem a molécula. Indica quantas vezes a massa da
molécula é mais pesada que a massa de 1/12 do átomo de carbono-12.

Número de Avogadro, mol, massa molar, volume molar

Sejam as seguintes amostras: 12 g de carbono, 27 g de alumínio e 40 g de cálcio. Experimentalmente verifica-se que o número de
átomos N, existentes em cada uma das amostras, é o mesmo, embora elas possuam massas diferentes. Porém, quantos átomos existem em
cada uma dessas amostras? Várias experiências foram realizadas para determinar esse número conhecido como número de Avogadro (N) e
o valor encontrado é igual a: 6,02x1023
Assim, o número de Avogadro é o número de átomos em x gramas de qualquer elemento, sendo x a massa atômica do elemento, portanto
existem:
6,02 · 1023 átomos de C em 12 g de C (MAC = 12 u);
6,02 · 1023 átomos de Al em 27 g de Al (MAAl = 27 u);
6,02 · 1023 átomos de Ca em 40 g de Ca (MACa = 40 u).

Conceito de Mol

Segundo a União Internacional da Química Pura e Aplicada (IUPAC), mol é a quantidade de matéria que contém tantas entidades ele-
mentares quantos são os átomos de carbono-12 contidos em 0,012 kg do C-12.
Constante de Avogadro é o número de átomos de C-12 contidos em 0,012 kg de C-12 e seu valor é 6,02x1023 mol -1.

Didatismo e Conhecimento 14
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Massa Molar (M) Lei de Lavoisier (Lei da conservação das massas)

Massa Molar de um Elemento Antoine Laurent Lavoisier foi o primeiro cientista a dar co-
A massa molar de um elemento é a massa em gramas de 1 mol notação científica à Química. No final do século XVIII, ele fazia
de átomos, ou seja, 6,02 · 1023 átomos desse elemento. A massa experiências nas quais se preocupava em medir a massa total de
molar de um elemento é numericamente igual à sua massa atômica um sistema, antes e depois de ocorrer a transformação química.
expressa em gramas.
Exemplo:
Exemplo:
Al (MA = 27 u)

Através da análise dos dados obtidos em várias experiências,


chegou à conclusão que:
Num sistema fechado, a massa total das substâncias, antes
da transformação química, é igual à massa total após a trans-
Massa Molar de uma Substância
formação ou Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se
A massa molar de uma substância é a massa em gramas de 1 transforma.
mol de moléculas da referida substância. A massa molar de uma
substância é numericamente igual à sua massa molecular expressa Lei de Proust (Lei das proporções fixas ou definidas)
em gramas.
Proust se preocupava em analisar a composição das substân-
Exemplos cias. Trabalhando com amostras de água de várias procedências
(água de chuva, água de rio, água de lago, previamente purifica-
a) CO2 (C = 12 u ; O = 16 u) das), e decompostas por eletrólise, ele verificou que:
MM = 1 · 12 + 2 · 16
MM = 12 + 32 = 44 u
Logo, ficamos com:

Leis de conservação da massa, das proporções definidas, do


princípio de Avogadro e do conceito de volume molar de um gás.
Cálculos estequiométricos. Assim, Proust concluiu que:
Leis ponderais
Independentemente da origem de uma determinada substân-
cia pura, ela é sempre formada pelos mesmos elementos químicos,
No final do século XVIII, a Química se firma como “ciência”,
principalmente devido aos experimentos e observações de cientis- combinados entre si na mesma proporção em massa.
tas, como Lavoisier, Proust e Dalton. Esses experimentos foram
realizados com base nas observações das massas das substâncias Uma das conseqüências da lei de Proust é a composição cen-
que participavam dos fenômenos químicos, daí o nome leis Pon- tesimal das substâncias, que indica a porcentagem, em massa, de
derais. cada elemento que constitui a substância.

Didatismo e Conhecimento 15
CIÊNCIAS QUÍMICA
Princípio de Avogadro

“Volumes iguais de gases quaisquer, à mesma temperatura e pressão, encerram o mesmo número de moléculas.”

Sendo n a quantidade em mols de cada gás, podemos concluir:

Volume molar

Determinou-se experimentalmente o volume ocupado por 1 mol de qualquer gás nas CNTP e foi encontrado o valor aproximado a
22,4 L. Portanto, podemos dizer que:
Volume molar nas CNTP = 22,4L/mol

Onde:
CNTP: condições normais de Temperatura (0º Celsius ou 273 Kelvin) e Pressão (1 atm ou 760 mm de Hg)

Estequiometria

É o cálculo das quantidades de reagentes e/ou produtos das reações químicas em mols, em massa, em volume, número de átomos e
moléculas, realizado como conseqüência da lei de Proust, executado, em geral, com auxílio das equações químicas correlatas.

Conduta de Resolução

Na estequiometria, os cálculos serão estabelecidos em função da lei de Proust e Gay-Lussac, neste caso para reações envolvendo gases
e desde que estejam todos nas mesmas condições de pressão e temperatura.

Em seguida, devemos tomar os coeficientes da reação devidamente balanceados, e, a partir deles, estabelecer a proporção em mols dos
elementos ou substâncias da reação.

Como exemplo podemos citar a reação de combustão do álcool etílico:

C2H6O + O2 → CO2 + H2O

Balanceando a equação, ficamos com:

Didatismo e Conhecimento 16
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Estabelecida a proporção em mols, podemos fazer inúmeros cálculos, envolvendo os reagentes e/ou produtos dessa reação, combinando
as relações de várias maneiras:

SOLUÇÕES

Dispersões

Imagine a seguinte situação: necessitamos dissolver uma determinada quantidade de açúcar (C6H12O6) em água (H2O). Neste exemplo
podemos definir alguns conceitos tais como:
O açúcar (C6H12O6) que será dissolvido chama-se disperso, a água (H2O) que dissolverá o açúcar chama-se dispersante ou dispergente
e a mistura água com açúcar é denominada de dispersão.

Classificação das soluções

- De acordo com a proporção do soluto em relação ao solvente


Num determinado dia, ao receber visitas em sua casa, você resolve preparar suco de laranja e suco de uva para servir a seus convidados.
Ao servir o suco de laranja, nota-se que algumas pessoas fazem cara feia e dizem: nossa como está forte! Enquanto que outras pessoas que
beberam suco de uva dizem: Hum, este está muito fraco!
Nestes dois casos descritos acima, podemos observar que temos dois tipos de soluções: diluída e concentrada.

Diluída
Pouco soluto dissolvido em relação ao solvente (suco de uva).

Concentrada
Muito soluto dissolvido em relação ao solvente (suco de laranja).
Ao juntarmos, gradativamente, açúcar e água em temperatura constante e sob agitação contínua, notamos que o sólido se dissolve, até
não poder ser mais visto. Vamos acrescentando mais açúcar e tornando a solução mais concentrada, até que em um dado momento, o açúcar
não se dissolve mais na água, mas se deposita no fundo ou se precipita ou se deposita ou se decanta. Neste momento, dizemos que a solução
está saturada e apresenta um corpo de fundo.

-Saturada
Solução que contém uma quantidade máxima de soluto dissolvido no solvente numa determinada temperatura e pressão.
Esta quantidade máxima de soluto dissolvido é expresso através do coeficiente de solubilidade (CS).
Por exemplo, a 20 °C, a solubilidade do KNO3 é 31,6 g em cada 100 g de H2O. Isto significa que podemos dissolver até 31,6 g de KNO3
a 20 °C em 100 g de H2O.
A variação de temperatura pode alterar o coeficiente de solubilidade de uma substância. Geralmente, o aumento da temperatura aumenta
a solubilidade da maioria das substâncias.

Didatismo e Conhecimento 17
CIÊNCIAS QUÍMICA
-insaturada ou não saturada Curvas de Solubilidade
Ocorre quando a quantidade de soluto adicionada é inferior ao
coeficiente de solubilidade. Por exemplo, o coeficiente de solubi- São diagramas que mostram a variação dos coeficientes de
lidade do KNO3 em água a 20 °C é 31,6 g/100 g H2O, portanto, a solubilidade das substâncias em função da temperatura.
adição de qualquer quantidade de KNO3 abaixo de 31,6 g em 100 g Analisando o gráfico ao lado, observamos que regiões abaixo
de água, a 20 °C, produz solução insaturada. da curva representam solução não saturada, sobre a curva, região
saturada e acima da curva, desde que as quantidades permane-
-Supersaturada çam em solução, região supersaturada.
Solução que contém uma quantidade de soluto dissolvido supe- O gráfico ao lado representa a solubilidade de várias substân-
rior à solução saturada por meio de uma variação de temperatura. cias em função da temperatura.
Por exemplo: a 40 °C, a solubilidade do KNO3 é 61,47 g/100 g Observamos que a maioria das substâncias aumenta a solubili-
H2O e, a 20 °C, é 31,6 g/100 g H2O. dade com o aumento da temperatura. Podemos dizer, então, que se
As soluções supersaturadas são instáveis, ou seja, qualquer
trata de uma dissolução endotérmica. Para uma substância como
perturbação no meio irá fazer com que o KNO3 precipite, tornando
Ce2(SO4)3, a solubilidade diminui com o aumento da temperatura;
o sistema heterogêneo.
portanto, trata-se de uma dissolução exotérmica.
O gráfico do coeficiente de solubilidade em função da tempe-
ratura é utilizado principalmente para informar a solubilidade de
uma ou várias substâncias em função da temperatura. Por exem-
plo:

O processo de dissolução: interações soluto/solvente; efeitos


térmicos.

Solubilidade de Gases em Líquidos

Normalmente, os gases são pouco solúveis nos líquidos. Dois


fatores alteram consideravelmente a solubilidade:

Temperatura

Todo aumento de temperatura diminui a solubilidade do gás


no líquido. Por exemplo, para eliminar gases dissolvidos na água,
é feito o aquecimento por um certo período de tempo. Sendo assim,
a diminuição da temperatura facilita a solubilidade de um gás num
líquido.

Pressão

Quando não ocorre reação do gás com o líquido, a influência da


pressão é estabelecida pela lei de Henry:
“Em temperatura constante, a solubilidade de um gás num lí-
quido é diretamente proporcional à pressão”.
Por exemplo, podemos citar os refrigerantes, que apresentam
grande quantidade de CO2 dissolvido sob pressão. Quando o refri-
gerante é aberto, a pressão diminui, fazendo com que o excesso de
CO2 dissolvido no refrigerante escape.

Didatismo e Conhecimento 18
CIÊNCIAS QUÍMICA
Interpretando o gráfico:
– na temperatura de 50°C, a quantidade máxima de KNO3 que se dissolve em 100 g de água são 80 g. A solução em questão é saturada;
– para obtermos uma solução saturada KNO3 a 40°C, basta dissolver 60 g de KNO3 em 100 g de água;
– se resfriarmos uma solução saturada de 50°C para 40°C, teremos um corpo de fundo igual a 20 g de KNO3;
– 200 g de água a 40°C dissolvem no máximo 120 g de KNO3.

Concentração de soluções: em g/l, em mol/l e em percentuais. Cálculos.


Para a identificação das quantidades envolvidas na formação (composição) de uma solução adotaremos índices, para maior facilidade
de memorização das relações.
O soluto terá índice 1; o solvente terá índice 2 e a solução será representada sem nenhum índice.

Concentração Comum (C) (apenas a massa do soluto é considerada)


Indica a relação da massa do soluto em gramas pelo volume da solução em litros.

Outras unidades podem ser empregadas, tais como mg, mL, etc.

Densidade (d)
Indica a relação da massa da solução pelo volume por ela ocupado.

Observação
Não confunda Concentração Comum (C) e densidade (d). Na densidade leva-se em consideração as massas do soluto e do solvente.

Concentração em mols por litro (mol/L) ou Molaridade (ɱ): Quantidade, em mols, do soluto existente em 1 litro de solução (soluto
+ solvente).

Título
Indica a relação da massa do soluto pela massa da solução. Pode ser multiplicado por 100 e, assim, corresponder ao que é considerado
a porcentagem em massa do soluto na massa da solução.

Os valores possíveis para o título se enquadram no seguinte intervalo: 0 ≥ T ≤ 1,0.


Como o título pode assumir valores pequenos, por exemplo, 0,0045, costuma-se multiplicar o valor do Título por 100 e, assim, popu-
larmente se referir ao Título como a porcentagem em massa.
Vale lembrar que o Título expressa uma relação entre massas e, portanto, é adimensional, ou seja, não tem unidades, sendo expresso
por um número puro.

Didatismo e Conhecimento 19
CIÊNCIAS QUÍMICA

ENERGIA NAS TRANSFORMAÇÕES

Termoquímica

A Termoquímica é a área da Termodinâmica que estuda a li-


beração ou absorção de calor em reações químicas ou em trans-
formações de substâncias como dissolução, mudanças de estado
físico, etc
Os calores liberados ou absorvidos pelas reações são expres-
Tipos de reações
sos em Joule (J), ou caloria (cal). Uma caloria é a quantidade de
calor necessária para aquecer um grama de água de 14,5 °C a 15,5
°C. Seu múltiplo é a quilocaloria, (kcal), sendo que:

Relação entre cal, joule:

Qual a importância das reações químicas para qualquer


ser?

As reações químicas envolvem formação e quebra de ligações


entre átomos. - Reações Exotérmicas
Quando uma ligação química é formada se requer energia, e
quando é quebrada, libera energia.
São aquelas que liberam calor para o ambiente e sua entalpia
Essas reações ocorrem em qualquer organismo continuamen-
te. é através das reações químicas que as estruturas corporais são diminui. A variação da entalpia será negativa (Δ H <0), em decor-
formadas, e as suas funções executadas. rência da saída de energia no sistema, para que ocorra a reação.
Ex: A estrutura do núcleo de uma célula do coração não é Pode ser representada de diversas formas:
igual a de uma célula vegetal, e suas funções são completamente A + B + calor → AB
diferentes. A + B → AB Δ H= - x calor
A + B - calor → AB
Conceitos
Observação: o ΔH das reações exotérmicas é sempre ne-
Calor e Temperatura gativo

São dois conceitos diferentes. Calor é a energia que se trans- - Reações Endotérmicas
fere entre dois corpos com diferentes temperaturas. Temperatura
é uma grandeza do calor. você não tira a temperatura corporal, São aquelas que absorvem calor do ambiente e sua entalpia
verifica. Se tirar a temperatura do seu corpo, morre. aumenta. A variação da entalpia será positiva (Δ H > 0), em decor-
A medida de calor é a caloria (cal). No Sistema Internacional rência da entrada de energia no sistema, para que a reação ocorra.
(S.I.), o joule (J) é a unidade de energia. Pode ser representada de diversas formas:
A + B → AB – calor
Entalpia (H)
A + B → AB Δ H= + x calor
Entalpia é o conteúdo de calor de um sistema, à pressão cons- A + B + calor → AB
tante. Não é possível fazer a medida absoluta da entalpia de um
sistema, mas podemos medir (com calorímetros), a variação de Observação: o ΔH das reações endotérmicas é sempre po-
entalpia, ΔH, que ocorre numa reação. Esta variação é entendida sitivo
como a diferença entre a entalpia final (dos produtos da reação) e
a entalpia inicial (dos reagentes da reação). Diagrama de Entalpia
ΔH = variação de entalpia
Hf = soma das entalpias dos produtos da reação No diagrama de entalpia, relacionamos num eixo vertical os
Hi = soma das entalpias dos reagentes da reação valores de Hi e Hf e podemos, portanto, calcular o valor de ΔH.

Didatismo e Conhecimento 20
CIÊNCIAS QUÍMICA
-Diagrama de Reação Exotérmica
Hi = –26,4 kcal
Hf = –94,1 kcal
ΔH = Hf – Hi → ΔH = –94,1 – (–26,4)→ ΔH = – 67,7 kcal

Reação Exotérmica

ΔH negativo

- Diagrama de Reação Endotérmica

Os produtos possuem entalpia menor que os reagentes. Logo,


houve perda de calor e o ΔH é negativo.

Exemplo

Os produtos possuem entalpia maior que os rea- gentes. Logo,


houve ganho de calor e o ΔH é positivo.

Equação Termoquímica

A equação química é a representação da reação química.


Equações que trazem, além dos reagentes e produtos, o estado fí-
sico (ou alotrópico) desses reagentes e produtos, a temperatura, a
pressão do processo e a variação da entalpia envolvida na reação
são chamadas equações termoquímicas:

S(rômbico) + 1 O2(g) → 1SO2(g) ΔH = –70,92Kcal (a 25ºC e 1atm)

Significado: quando 1 mol de enxofre rômbico reage com 1


mol de oxigênio gasoso, liberam 70,92 kcal para formar 1 mol de
dióxido de enxofre gasoso.

Didatismo e Conhecimento 21
CIÊNCIAS QUÍMICA
- Fatores que alteram o ΔH Graficamente, encontramos:

Estado Físico de Reagentes e Produtos

O estado físico de reagentes e produtos interfere no ΔH de uma


reação. Se em um determinado processo ocorrido com os mesmos
reagentes, no mesmo estado físico e mesmo produto, cujos estados
físicos são diferentes, a energia liberada no estado sólido é maior
que no estado líquido e esta é maior no estado gasoso. Isso aconte-
ce porque o vapor é um estado mais energético que o sólido.

Exemplificando:

Temperatura

A determinação do ΔH deve ser feita a uma temperatura


constante, pois se verifica, experimentalmente, que a variação de
temperatura tem influência sobre o valor do ΔH. Normalmente,
as determinações de ΔH são feitas em condições-padrão, ou seja,
temperatura de 25 °C.
- Estado Alotrópico de Reagentes e Produtos
A Quantidade de Reagentes e Produtos
Um mesmo elemento pode formar substâncias simples dife-
rentes. A este fenômeno damos o nome de alotropia.
O ΔH de qualquer reação é determinado pela quantidade de
Na natureza encontramos muitas variedades alotrópicas, tais
reagentes envolvidos.
como:
Exemplo
– Carbono

– Enxofre
O Estado-Padrão

Como é impossível determinar o valor absoluto da entalpia


de um sistema, adota-se um referencial ou padrão. Por convenção
– Fósforo adotam-se as seguintes condições para ser um padrão:
-temperatura de 25 °C
-pressão de 1 atm
- estado físico mais comum a 25 °C e 1 atm

– Oxigênio Exemplo

H2O(l), O2(g), Al(s), Hg(l), Cl2(g)


Para uma reação envolvendo variedades alotrópicas de um
mesmo elemento, vamos obter entalpias diferentes. Por exemplo: Como determinar, então, uma entalpia relativa?

C(grafite) + O2(g) → CO2(g) ΔH1 = – 392,9 kJ Veja a seguinte reação a 25 °C e 1 atm:


C(diamante) + O2(g) → CO2(g) ΔH2 = – 395 kJ

Podemos dizer que o diamante apresenta, em sua estrutura


cristalina, mais entalpia que o grafite. Portanto, o diamante é mais
reativo (menos estável) que o grafite (mais estável).

Didatismo e Conhecimento 22
CIÊNCIAS QUÍMICA
- Energia de Ligação
Para rompermos uma ligação entre 2 átomos, devemos forne-
cer energia. Assim o processo é sempre endotérmico e o ΔH é sem-
pre positivo. Quanto mais estável é a ligação, maior é a quantidade
de energia absorvida para rompê-la.
Chamamos calor de ligação ou energia de ligação à quantida-
de de calor absorvida para rompermos um mol de ligações, consi-
Assim, a entalpia água líquida é igual a – 68,4 kcal/mol. derando reagentes e produtos no estado gasoso, a 25 °C e 1 atm.

- Calor de Reação
A variação de entalpia que ocorre numa reação é chamada
de calor de reação ou entalpia de reação e é medida a 25 °C e 1
atm. Esse calor de reação recebe, conforme a reação, as seguintes
denominações: calor de formação, calor de combustão, calor de
neutralização etc.

- Calor de Formação
É a quantidade de calor liberada ou absorvida durante a
formação de 1 mol de um composto, a partir de substâncias sim-
ples, no estado padrão. Com uma tabela de energia de ligação podemos calcular a
Por exemplo: a 25 °C e 1 atm, temos: energia total necessária para romper as ligações de 1 mol de molé-
H2(g) + 1/2 O2(g) → 1 H2O(l) ΔH = –68,4 kcal / mol, culas, ou ainda, o que é mais importante, o ΔH das reações.

o que significa que, para formar um mol de água líquida, a - Lei de Hess
partir de substâncias simples, H2(g) e O2(g), no estado padrão (25 °C, Por volta de 1840, Germain Herman Hess, trabalhando na de-
e 1 atm, estado físico e alotrópico mais estável) há a liberação de terminação de certos calores de reação, cuja medida experimental
68,4 kcal. era muito difícil, constatou que: “A variação de entalpia (ΔH) de
Os valores das entalpias de formação são muito importantes, uma reação química depende apenas dos estados final e inicial, não
pois representam a própria entalpia de 1 mol da substância que está importando o caminho da reação”. Esta importante lei experimen-
sendo formada, já que, nas reações de formação, Hi é sempre zero. tal foi chamada de lei dos estados final ou inicial, lei de adição de
calores ou, simplesmente, Lei de Hess.
Exemplo Seja uma reação genérica A → B da qual se quer determinar
o ΔH. Esta reação pode ser realizada por diversos caminhos, onde,
para cada um deles, os estados inicial e final são os mesmos.

Como as entalpias do H2(g) e O2(g) são iguais a zero (estado


padrão), a entalpia inicial, (Hi), também é zero, portanto:
ΔHf = Hf – Hi → ΔHf = Hf – 0
ΔHf = Hf, logo ΔHf H2O(l) = – 68,4Kcal
ΔHf H2O(l), significa que 1 mol de água líquida possui a ental-
pia igual a – 68,4 kcal.

- Calor de Combustão
A reação ente uma substância e o oxigênio chama-se reação
de combustão. A energia liberada na combustão completa de 1 mol Para que A se transforme em B temos 3 caminhos:
de uma substância no estado padrão e chamada de entalpia de A→B
combustão A→C→D→B
É a variação de entalpia (ΔH) na combustão de 1 mol de uma A→E→B
substância a 25°C e 1 atm. sendo que:

Por exemplo ΔHx = ΔH1 + ΔH2 + ΔH3


C6H12O6(s) + 6O2(g) → 6CO2(g) + 6H2O(l) ΔHc = – 673 kcal/mol
logo a combustão de 1 mol de glicose libera 673 kcal. ou
O ΔH nesse caso é sempre negativo, pois as combustões são
sempre exotérmicas. ΔHx = ΔH4 + ΔH5

Didatismo e Conhecimento 23
CIÊNCIAS QUÍMICA
Portanto, não importa o número de etapas que o processo apresenta, o ΔH da reação total será a soma dos ΔH das diversas etapas, e em
conseqüência a equação termoquímica pode ser tratada como uma equação matemática. Logo, quando usamos a Lei de Hess no cálculo do
ΔH de uma reação, devemos arrumar as equações fornecidas de modo que a soma delas seja a equação cujo ΔH estamos procurando. Para
isso, usamos os seguintes procedimentos:
- Somando várias equações, somamos também os respectivos ΔH;
- Invertendo a equação, invertemos também o sinal do ΔH;
- Multiplicando uma equação por um número qualquer (diferente de zero), multiplicamos também o ΔH, pelo mesmo número.

Cálculo do ∆H de uma reação, usando a lei de Hess

Podemos calcular o ∆H de uma reação trabalhando algebricamente as equações termoquímicas.

Considere as reações abaixo, a 25°C e 1 atm

1) C(grafita) + O2(g) → CO2(g) ∆H = - 94,1 kcal


2) H2(g) + 1/2 O2(g) → H2O (l) ∆H = - 68,3 kcal
3) CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + 2H2O (ι) ∆H = - 212,8 kcal

Vamos determinar o ∆H da reação:

C(grafita) + 2H2(g) → CH4(g) ∆H = ?

Siga os passos abaixo:


a) escreva a equação 1.
b) escreva a equação 2 multiplicada por 2.
c) escreva a equação inversa de 3.

O próximo passo é somá-las.

C(grafita) + O2(g) → CO2(g) ∆H = - 94,1 kcal


2H2(g) + O2(g) → 2H2O(l) ∆H = - 136,6 kcal
CO2(g) + 2H2O(l) → CH4(g) + 2O2(g) ∆H = + 212,8 kcal
C(grafita) + 2H2(g) → CH4(g) ∆H = - 17,9 kcal

Através da lei de Hess, as equações termoquímicas podem ser somadas como se fossem equações matemáticas ou algébricas.

CINÉTICA QUÍMICA E EQUILÍBRIO


QUÍMICO

As reações químicas precisam de um certo tempo para se completarem. Algumas reações são extremamente rápidas, como, por exem-
plo, as explosões, enquanto que outras são muito lentas, como é o caso da formação de petróleo. O estudo da velocidade das reações quími-
cas e dos fatores que podem acelerá-la ou retardá-la constitui a chamada cinética química. Este estudo é sem dúvida de grande importância
na nossa vida cotidiana, já que muitas reações químicas de interesse industrial podem ser aceleradas, gastando menos tempo para ocorrerem
e, portanto, tornando o processo mais econômico.

Velocidade das Reações

A velocidade média de consumo de um reagente ou de formação de um produto é calculada em função da variação da quantidade de
reagentes e produtos pela variação do tempo.

Didatismo e Conhecimento 24
CIÊNCIAS QUÍMICA
O mais comum é representar as quantidades em mol/L e indi- Para calcularmos a velocidade média de uma reação, sem es-
cá-las entre colchetes; mas elas também podem ser representadas pecificar formação ou consumo deste ou daquele produto ou rea-
pela massa, quantidade em mols, volume gasoso etc. O intervalo gente, basta dividirmos a velocidade média de consumo ou for-
de tempo pode ser representado por: segundos, minutos, horas etc. mação pelo coeficiente estequiométrico apropriado. Para a reação.
Quando é calculada, a variação da quantidade consumida (rea-
gentes), esta será negativa, porque a variação corresponde à quan- N2(g) + 3 H2(g) 2 NH3(g)
tidade final menos inicial. Para evitar o surgimento de velocidade
negativa, usamos o sinal negativo na expressão ou a variação em
módulo, sempre que nos referimos aos reagentes. vm da reação =

Exemplo:
N2(g) + 3H2(g) 2 NH3(g) Observação – Neste caso, a quantidade que reage ou que é
formada não pode ser representada por massa.

vm de consumo de N2 = Fatores que influem na Velocidade das Reações

Sabemos que a velocidade da reação depende, evidentemente,


do número de choques entre moléculas, da violência com que estes
vm de consumo de H2 = choques ocorrem e da orientação correta das moléculas no instante
do choque. Entretanto, existem certos fatores externos que influem
na velocidade de uma reação. São eles:
vm de formação de NH3 = Estado Físico dos Reagentes

De maneira geral, os gases reagem mais rapidamente que os


Os reagentes são consumidos durante a reação e a sua quan- líquidos, e estes mais rapidamente que os sólidos, já que no estado
tidade diminui com a variação do tempo, enquanto os produtos gasoso as moléculas se locomovem com muita facilidade, provo-
são formados e suas quantidades aumentam com o tempo. Grafica- cando um grande número de choques, o que facilita a quebra de
mente, podemos representar.
suas ligações. Já no estado sólido, a superfície de contato, para que
ocorra o choque, é pequena, fazendo com que, em geral, a reação
seja bastante lenta.

Temperatura

Todo aumento de temperatura provoca o aumento da energia


cinética média das moléculas, fazendo com que aumente o número
de moléculas em condições de atingir o estado correspondente ao
complexo ativado, aumentando o número de colisões eficazes ou
efetivas e, portanto, provocando aumento na velocidade da reação.
Podemos representar graficamente a relação entre o número
de moléculas de um sistema em função da cinética destas molécu-
las (curva de Maxwell-Boltzmann).
Com relação à velocidade média de consumo ou formação,
podemos dizer que diminuem com o passar do tempo, porque a
quantidade que reage torna-se cada vez menor.

Didatismo e Conhecimento 25
CIÊNCIAS QUÍMICA
Note que, numa temperatura T1, a quantidade de moléculas Catalisador e Inibidor
em condições de reagir (com energia igual ou superior a Eat) é me-
nor que numa temperatura maior T2. O aumento na temperatura Catalisador é a substância que aumenta a velocidade de uma
faz com que ocorra um aumento da energia cinética média das reação, sem sofrer qualquer transformação em sua estrutura. O au-
moléculas, deslocando a curva para a direita, fazendo com que o mento da velocidade é conhecido como catálise. O catalisador ace-
número de moléculas em condições de reagir aumente. lera a velocidade, alterando o mecanismo da reação, o que provoca
Uma regra experimental, que relaciona o aumento de tempe- a formação de um complexo ativado de energia mais baixa. São
ratura com a velocidade de uma reação é a regra de Van’t Hoff: características dos catalisadores:
“Um aumento de 10 °C na temperatura duplica a velocidade de a) o catalisador não fornece energia à reação;
uma reação química”. b) o catalisador participa da reação formando um complexo
ativado de menor energia:
Exemplo c) o catalisador não altera o H da reação;
Sendo a velocidade de uma reação igual a 3 mol/min a 20°C, d) o catalisador pode participar das etapas da reação, mas não
calcule a sua velocidade a 50 °C.
é consumido pela mesma.
Resolução
20 °C __________ 3,0 mol/min
O inibidor busca atuar de uma forma oposta às de atuação
30 °C __________ 6,0 mol/min
dos catalisadores. Portanto, entenda catalisador e entenderá, por
40 °C __________ 12 mol/min
50 °C __________ 24 mol/min oposição, inibidor.

Pressão

A pressão só apresenta influência apreciável na velocidade de


reações em que pelo menos um dos reagentes é gasoso. O aumento
da pressão causa diminuição de volume acarretando aumento no
número de choques, o que favorece a reação e, portanto, aumenta
a sua velocidade.

Com a diminuição da pressão, aumenta o volume do recipien-


te, diminuindo o número de choques moleculares entre os reagen-
tes e, portanto, diminuindo a velocidade da reação.

Superfície do Reagente Sólido


Concentração dos Reagentes
Quanto maior a superfície do reagente sólido, maior o número
de colisões entre as partículas dos reagentes e maior a velocidade
da reação. Lembrando que uma reação se processa por meio de choques
Em uma reação que ocorre com presença de pelo menos um moleculares, conclui-se facilmente que um aumento de concentra-
reagente sólido, quanto mais finamente dividido for este sólido, ção dos reagentes determina um aumento da velocidade da reação
maior será a superfície de contato entre os reagentes. pois, aumentando-se a concentração, aumenta-se o número de mo-
léculas reagentes e, consequentemente, aumenta, também, o nú-
Exemplo mero de choques moleculares..

Zn(s) + 2 HCl(aq) ZnCl2(aq) + H2(g) Teoria das Colisões: frequência e energia. Energia de ativa-
ção e estado de transição (complexo ativado): conceitos, constru-
Na equação acima, que representa a reação, se utilizarmos, ção e interpretação de diagramas.
num primeiro experimento, zinco em barra e, num segundo, zinco
em pó, a velocidade da reação no segundo será muito maior que no Para que uma reação química se processe, devem ser satisfei-
primeiro experimento. tas determinadas condições. São elas:

Didatismo e Conhecimento 26
CIÊNCIAS QUÍMICA
Afinidade Química b) energia de ativação: as moléculas dos reagentes devem
colidir com energia suficiente para formar o complexo ativado,
É a tendência intrínseca de cada substância de entrar em que é um composto intermediário e altamente instável, resultante
reação com uma outra substância. Por exemplo: ácidos têm afini- de choques eficientes, em que as ligações iniciais se enfraquecem
dades por bases, não-metais têm afinidades por metais, reagentes e as novas ligações começam a se formar. O complexo ativado é o
nucleófilos têm afinidade por reagentes eletrófilos. composto mais energético da reação toda.

Contato entre as Moléculas dos Reagentes Exemplo

As reações químicas ocorrem como resultado de choques en-


tre as moléculas dos reagentes que se encontram em movimento
desordenado e contínuo.

Exemplo

A2 + B2 2AB

Para haver reação, o choque entre as moléculas deve provocar


rompimento das ligações presentes em A2 e B2, permitindo que Chamamos energia de ativação à quantidade de energia que
novas ligações aconteçam, formando assim a substância AB. Este devemos dar aos reagentes para que eles se transformem em com-
tipo de choque é denominado por choque efetivo. plexo ativado. Se representarmos em gráfico os níveis de energia
dos reagentes, complexo ativado e produtos em função do cami-
O choque será efetivo se houver: nho da reação, teremos:

a) direção correta: as moléculas dos reagentes devem colidir Gráfico 1 Reação exotérmica (ΔH < 0)
numa orientação e num ângulo adequados.

Exemplo 1

O ângulo e a orientação não favorecem a ocorrência da rea-


ção.

Exemplo 2 Gráfico 2 Reação endotérmica (ΔH > 0)

O ângulo e a orientação não favorecem a ocorrência da rea-


ção.

Ângulo e orientação são favoráveis à ocorrência da reação.

Didatismo e Conhecimento 27
CIÊNCIAS QUÍMICA
Onde: Para que o estado de equilíbrio possa ser atingido, é necessá-
1) Energia de ativação rio que:
2) Variação de entalpia (ΔH) – o sistema encontre-se num recipiente fechado;
– a temperatura fique constante.
Portanto, toda colisão que ocorre e resulta em reação é cha-
mada colisão eficaz ou efetiva, colisão que ocorre e não resulta em Graficamente, podemos representar:
reação é chamada de colisão não eficaz ou não efetiva.

Reações químicas reversíveis. Evidências experimentais


para o fenômeno da reversibilidade.

Muitas reações processam-se somente enquanto houver rea-


gentes. Por exemplo, digamos que você coloque um comprimido
antiácido na água, ele começa a reagir, gerando aquela efervescên-
cia que conhecemos bem. Sabemos também que essa reação irá
cessar depois que todo o regente for consumido. Outro ponto é que
não conseguimos regenerar o comprimido novamente. Portanto,
esse tipo de reação é chamado de irreversível.
No entanto, existe um grande número de reações químicas
importantes que ocorrem no metabolismo dos seres vivos e nas
mais diversas regiões da Terra, como na atmosfera e hidrosfera,
que são reversíveis. Quando as velocidades das reações reversíveis
ficarem iguais, atingimos uma situação denominada de equilíbrio
químico.
Equilíbrio químico ocorre quando, em uma reação reversível,
a velocidade da reação direta é igual à velocidade da reação in-
versa. Uma vez atingido o estado de equilíbrio, as concentrações
de reagentes e produtos permanecem constantes. Consideremos a
equação genérica:

Equilíbrio químico: caracterização experimental e natureza


dinâmica.
onde:
Constante de Equilíbrio em Termos das Concentrações Mo-
- v1 é a velocidade da reação direta e v2 a velocidade da reação lares (Kc)
inversa.
Dada uma reação reversível qualquer:
No início v1 é o máximo porque as concentrações de A e B
apresentam valores máximos, enquanto que v2 é igual a zero, aA + bB cC + dD
porque C e D ainda não foram formados. À medida que a reação
Aplicando-se a lei da ação das massas de Guldberg-Waage,
ocorre, A e B diminuem, e C e D aumentam, portanto v1 diminui
temos:
e v2 aumenta, até que as duas velocidades se igualem. No instante
para a reação direta:
em que v1 = v2, podemos dizer que o sistema atinge o estado de
v1 = K1 · [A]a · [B]b
equilíbrio. para a reação inversa:
Atingido o estado de equilíbrio, a reação química continua v2 = K2 · [C]c · [D]d
a ocorrer (nível microscópico) nos dois sentidos, com a mesma No equilíbrio: v1 = v2
velocidade e, portanto, as concentrações de reagentes e produtos K1 · [A]a · [B]b = K2 · [C]c · [D]d
ficam constantes. Por isso, podemos dizer que o equilíbrio é um
equilíbrio dinâmico.
Ao considerarmos o sistema como um todo (nível macros-
cópico), aparentemente a reação “parou” de acontecer, porque as
concentrações de reagentes e produtos permanecem inalterados
indefinidamente.

Didatismo e Conhecimento 28
CIÊNCIAS QUÍMICA

A relação é constante e denomina-se constante de equilí- Reagentes Produtos


brio em termos de concentração molar (Kc):
No entanto, se a concentração dos reagentes for maior do que
na situação anterior de equilíbrio, dizemos que houve deslocamen-
to para a esquerda (sentido de formação dos reagentes), já que v2
foi maior que v1:

Reagentes Produtos

A constante de equilíbrio Kc é, portanto, a razão das concen-


trações dos produtos da reação e das concentrações dos reagentes Em 1884, Le Chatelier enunciou o princípio geral que trata
da reação, todas elevadas a expoentes que correspondem aos coe- dos deslocamentos dos estados de equilíbrio, que ficou conhecido
ficientes da reação. como Princípio de Le Chatelier.

Observações “Quando uma força externa age sobre um sistema em


a) A constante de equilíbrio Kc varia com a temperatura; equilíbrio, este se desloca, procurando anular a ação da força
b) Quanto maior o valor de Kc , maior o rendimento da reação, aplicada.”
já que no numerador temos os produtos e no denominador os rea-
gentes. Portanto, comparando valores de Kc em duas temperaturas As forças capazes de deslocar o equilíbrio químico são:
diferentes, podemos saber em qual destas a reação direta apresenta a) pressão sobre o sistema;
maior rendimento; b) temperatura;
c) O valor numérico de Kc depende de como é escrita a equa- c) concentração dos reagentes ou produtos.
ção química. Por este motivo devemos escrever sempre a equação
química junto com o valor de Kc. - Concentração dos Participantes do Equilíbrio

A modificação do estado de equilíbrio de um sistema: efei- Um aumento na concentração de qualquer substância (rea-
tos provocados pela alteração da concentração dos reagentes, gentes ou produtos) desloca o equilíbrio no sentido de consumir
da pressão e da temperatura. O princípio de Le Chatelier. a substância adicionada. O aumento na concentração provoca au-
mento na velocidade, fazendo com que a reação ocorra em maior
O que significa deslocar um equilíbrio? Deslocar um equilí- escala no sentido direto ou inverso.
brio químico significa fazer que a velocidade da reação direta fique Diminuindo a concentração de qualquer substância (reagen-
diferente da velocidade da reação inversa (v1 ≠ v2). tes ou produtos) desloca-se o equilíbrio no sentido de refazer a
Nesse caso, existem duas situações possíveis: v1 > v2. Isto é, a substância retirada. A diminuição na concentração provoca uma
reação direta é mais intensa. Então, podemos dizer que o equilíbrio queda na velocidade da reação direta ou inversa, fazendo com que
foi deslocado no sentido de formação dos produtos. v1 < v2 Isto é, a a reação ocorra em menor escala nesse sentido.
reação inversa é mais intensa. Então, podemos dizer que o equilí-
brio foi deslocado no sentido de formação dos reagentes. Exemplos
Já sabemos que toda reação química reversível tende a um
equilíbrio em que as velocidades da reação direta e inversa são 1o) 2 CO(g) + O2(g) 2 CO(g)
iguais:

Reagentes Produtos O aumento na concentração de CO ou O2 provoca aumento


em v1, fazendo com que v1 > v2; portanto, o equilíbrio desloca-se
onde: V1=V2 para a direita.
A diminuição na concentração de CO ou O2 provoca queda
Em consequência, as concentrações de cada substância pre- em v1, fazendo com que v1 < v2; portanto, o equilíbrio desloca-se
sente no equilíbrio permanecem inalteradas. Qualquer fator que para a esquerda.
altere esta condição (v1 = v2) desequilibra a reação, até se atingir
um novo equilíbrio, no qual as concentrações dos reagentes e pro- - Pressão Total sobre o Sistema
dutos se modificaram em relação aos valores originais.
Em resumo, podemos dizer que deslocar o equilíbrio significa Lei de Boyle-Mariotte: “À temperatura constante, um au-
provocar diferença nas velocidades das reações direta e inversa, e, mento de pressão favorece a contração de volume” “O aumento
conseqüentemente, modificações nas concentrações das substân- da pressão sobre um sistema em equilíbrio faz que o equilíbrio
cias, até que um novo estado de equilíbrio seja atingido. desloque-se, ou seja, o equilíbrio desloca-se para o lado de menor
Se, no novo equilíbrio, a concentração dos produtos for maior volume. Já a diminuição da pressão sobre um sistema em equilí-
que a concentração original, dizemos que houve deslocamento brio faz que o equilíbrio se desloque no sentido da expansão vo-
para a direita (sentido de formação dos produtos), já que v1 foi lumétrica, ou seja, o equilíbrio desloca-se para o lado de maior
maior que v2: volume”.

Didatismo e Conhecimento 29
CIÊNCIAS QUÍMICA
Temperatura Resumindo:

Efeito da temperatura: A temperatura favorece tanto a ve-


locidade da reação endotérmica quanto a velocidade da reação
exotérmica, porém favorece muito mais a velocidade da reação
endotérmica. Assim, ao aumentarmos a temperatura de um sis-
tema em equilíbrio, o equilíbrio desloca-se no sentido da reação
endotérmica porque é a reação mais favorecida com o aumento
da temperatura. Já a diminuição da temperatura de um sistema em
equilíbrio faz que o equilíbrio se desloque no sentido da reação
exotérmica, porque é a reação menos prejudicada com a diminui-
ção da temperatura.

Lei de Van’t Hoof: “A cada aumento de 10°C na temperatura Classificação dos Ácidos
de uma reação química, a velocidade da reação duplica ou até
mesmo triplica.” Quanto à presença de oxigênio na molécula

Nota: Van’t Hoof não considerou que cada reação tem um Hidrácidos – não possuem oxigênio em suas moléculas
ótimo de temperatura para ocorrer (temperatura ideal) e após atin-
gido esse ótimo, o aumento da temperatura pode não mais influen- Exemplos: HCl, HCN, HF, HI, HBr, H2S, etc.
ciar a velocidade da reação ou até mesmo prejudicá-la.
A temperatura é o único fator que desloca o equilíbrio e altera Oxiácidos – possuem oxigênio em suas moléculas
o valor da constante de equilíbrio. Por exemplo , um aumento na
temperatura provoca aumento do valor da constante de equilíbrio Exemplos: HNO3 , HClO3 , H2SO4, H3PO4, etc.
para reações endotérmicas (ΔH >0) e diminuição para exotérmicas
(ΔH < 0). Ácidos voláteis - ácidos com baixo ponto de ebulição (PE).
Observação
Ex.: todos os hidrácidos (HCl, HF, HI, HBr, HCN, H2S),
HNO3, HCOOH e CH3COOH.
O catalisador não desloca o equilíbrio porque aumenta a ve-
locidade da reação direta e inversa na mesma proporção. O cata-
lisador apenas diminui o tempo necessário para que o estado de Ácidos fixos - ácidos com elevado ponto de ebulição (PE).
equilíbrio seja atingido.
Ex.: H2SO4 (PE = 340ºC), H3PO4 (PE = 213ºC) e H3BO3 (PE
= 185ºC).

FUNÇÕES DA QUÍMICA INORGÂNICA Quanto ao grau de ionização (força de um ácido)

OBS: tal cálculo não exige que você conheça a fórmula do


ácido e nem a sua estrutura química.
Ácidos
Ácidos fortes: possuem α > 50%
Definição Segundo Arrhenius Ácidos moderados: 5% α 50%
Ácidos fracos: α < 5%
Ácido é todo composto molecular que, em solução aquosa,
se ioniza, produzindo exclusivamente como cátion o H3O+ (hidro- Como se calcula o valor de α (alfa)?
xônio).

HCl + H2O → H3O+ + Cl–

HCN + H2O → H3O+ + CN–

Simplificadamente, o cátion Hidroxônio (H3O+) pode ser re-


presentado por H+ e a presença da água está representada pelo (aq) Regra Prática para Determinação da Força de um Ácido (co-
ao lado direito da fórmula do composto (ou mesmo nem aparecer, nhecendo-se a fórmula molecular do ácido e, se necessário, sua
subentendendo-se a presença de meio aquoso, por definição): estrutura molecular):

HCl(aq) → H+ + Cl– Hidrácidos Ácidos fortes: HI > HBr > HCl.


Ácido moderado: HF.
HCN → H+ + CN– Ácidos fracos: demais.

Didatismo e Conhecimento 30
CIÊNCIAS QUÍMICA
- Oxiácidos
Sendo HxEzOy a fórmula de um ácido de um elemento E qualquer, temos

m=y-x

em que: y = numero de átomos de oxigênio


x = número de átomos de Hidrogênios

se:

m=3 ácido muito forte


Exemplos: HClO4 , HMnO4...

m=2 ácido forte


Exemplos: HNO3 , H2SO4...

m=1 ácido moderadoExemplos: H3PO4 , H2SO3 , H3PO3(2 H+), H3PO2(1 H+)


m=0 ácido fraco
Exemplos: HClO, H3BO3

Observação:

O ácido carbônico (H2CO3) é uma exceção, pois é um ácido fraco (α=0,18%), embora o valor de m = 1

- Formulação e Nomenclatura

Formulação

O ácido é formado pelo cátion H+ e um ânion qualquer (Ax-). Portanto, podemos representar sua fórmula da seguinte maneira:

H+Ax- HxA

Nomenclatura

Hidrácidos (HxE)

O nome de um ácido é feito basicamente da seguinte forma:


1o) escreve-se a palavra ácido;
2o) nome do elemento,com origem em latim;
3o) terminação ídrico

Oxiácidos (HxEzOy)

Neste caso, como o mesmo elemento pode formar vários oxiácidos, estabelecemos um oxiácido padrão a partir do qual daremos nomes
aos demais.• Oxiácido padrão

Didatismo e Conhecimento 31
CIÊNCIAS QUÍMICA
ácido nome de E
ico

Regra geral para elementos que formam 2 ou mais oxiácidos:

Como vemos na tabela acima, todo oxiácido padrão tem terminação ico. Se tivermos um ácido com:
a) um oxigênio a mais que o padrão, acrescentamos o prefixo per;
b) um oxigênio a menos que o padrão, a terminação muda para oso;
c) dois oxigênios a menos que o padrão, a terminação continua oso e acrescentamos o prefixo hipo.

Ionização dos Ácidos

A ionização de um ácido, como já vimos anteriormente, na própria definição de ácido de Arrhenius, é a reação do ácido com a molécula
de água, produzindo o cátion H3O+.

Se um ácido possui dois ou mais Hidrogênios ionizáveis (poliácido), a ionização ocorre em etapas.

Exemplo

a)

Didatismo e Conhecimento 32
CIÊNCIAS QUÍMICA
Nomenclatura dos Ânions

Podemos considerar que os ânions são provenientes dos ácidos.


Assim, temos as seguintes terminações (sufixos) a serem empregados:

HF = ácido fluorídrico → F- = fluoreto


HCl = ácido clorídrico → Cl- = ânion cloreto
HBr = ácido bromídrico → Br- = ânion brometo
HI = ácido iodídrico → I- = ânion iodeto
HCN = ácido cianídrico → CN- = ânion cianeto
HNO3 = ácido nítrico → NO3- = ânion nitrato
HNO2 = ácido nitroso → NO2- = ânion nitrito
HClO3 = ácido clórico → ClO3- = ânion clorato
HClO4 = ácido perclórico → ClO4- = ânion perclorato
HClO2 = ácido cloroso → ClO2- = ânion clorito
HClO = ácido hipocloroso → ClO- = ânion hipoclorito
CH3COOH = ácido acético → CH3COO- = ânion acetato

Bases

Conceito de base segundo Arrhenius

Ex.: NaOH Na+(aq) + OH-(aq)

Ca(OH)2 Ca2+(aq) + 2 OH-(aq)

Al(OH)3 Al3+(aq) + 3 OH-(aq)

Como pudemos observar, a principal característica das bases é a presença do íon OH- (hidroxila ou hidróxido) ligado ao cátion, que
geralmente é um metal, sendo sua fórmula representada por:

C (OH)x

Onde: C é um cátion (metal)

X = corresponde ao número de hidroxilas (que invertido de baixo para cima à esquerda, corresponderá à carga do metal).

Com isso na dissociação da base genérica C(OH)x ficaremos com:

C(OH)x → Cx+ + x OH-

Didatismo e Conhecimento 33
CIÊNCIAS QUÍMICA
Observação:

O hidróxido de amônio (NH4OH) é a única base que não apresenta metal em sua fórmula sendo proveniente do borbulhamento da
amônia (NH3) em água. È volátil, de natureza molecular, cheiro muito forte (amoníaco) e base muito solúvel e fraca (forma poucos íons em
água).

Classificação das bases

- Quanto ao número de hidroxilas na fórmula da base

Monobase → uma hidroxila na fórmula da base.


Ex.: NaOH, KOH, AgOH, etc.
Dibase → duas hidroxilas na fórmula da base.
Ex.: Ca(OH)2, Mg(OH)2, Zn(OH)2, etc.
Tribase → três hidroxilas na fórmula da base.
Ex.: Al(OH)3, Fe(OH)3, Mn(OH)3, etc.
Tetrabase → quatro hidroxilas na fórmula da base.
Ex.: Mn(OH)4, Sn(OH)4, Pb(OH)24, etc.

- Quanto a solubilidade das bases em água

Totalmente solúveis → bases de metais alcalinos (1A) e o hidróxido de amônio (NH4OH).


Parcialmente solúveis → bases de metais alcalinos terrosos (2A).
Praticamente insolúveis → bases dos demais metais.
Exceção: O Be(OH)2 e Mg(OH)2 (bases da família 2A) são praticamente insolúveis.

- Quanto ao grau de dissociação (força das bases)

Para que uma base se dissocie é necessário que esta base esteja dissolvida em água, com isso teremos:

Exceção: O hidróxido de amônio (NH4OH) é uma base solúvel, mas que apresenta um pequeno grau de ionização, desta forma, esta
base é classificada como solúvel e fraca.

Resumindo teremos:
Bases fortes → bases dos metais da família 1A e 2A.
Bases fracas → bases dos demais metais, Be(OH)2, Mg(OH)2 e NH4OH.

- Quanto a volatilidade das bases


Base volátil → o hidróxido de amônio (NH4OH) é a única base volátil (baixo ponto de ebulição).
Bases fixas → todas as demais bases são consideradas não voláteis ou fixas (alto ponto de ebulição).

Didatismo e Conhecimento 34
CIÊNCIAS QUÍMICA
Nomenclatura das bases

Para cátions que formam uma única base:

Os cátions que formam uma única base são: metais da família 1A e 2A, Ag+, Zn2+, Al3+ e NH4+ (amônio).

Exemplos:
NaOH → hidróxido de sódio
AgOH → hidróxido de prata
Ca(OH)2 → hidróxido de cálcio
Zn(OH)2 → hidróxido de zinco
Al(OH)3 → hidróxido de alumínio
NH4OH → hidróxido de amônio

Sais

Conceito de sal

Conceito teórico segundo arrhenius

Exemplo: NaCl ou Na+Cl-

Exemplo:
HCl + NaOH → NaCl + H2O
Ácido Base Sal Água

Nomenclatura dos sais

A Nomenclatura dos sais é obtida a partir da troca do sufixo do ácido mais o nome do cátion proveniente da base. Para isto, você deve
trocar a terminação do nome do ácido (sufixo) por novos sufixos, conforme tabela abaixo. Recapitulando:
- ácidos terminam em ico, oso, ico.
- Sais terminam em eto (sem oxigênio na fórmula), ato, ito

Sufixo do ácido Sufixo do ânion


ÍDRICO ETO
OSO ITO
ICO ATO

Exemplo:
HCl + NaOH → NaCl + H2O

E os respectivos nomes:

Ácido. clorídrico hidróxido de sódio cloreto de sódio água

Didatismo e Conhecimento 35
CIÊNCIAS QUÍMICA
Formulação de um sal

Para entendermos como um sal é formulado, vamos fazer a reação de neutralização entre um ácido genérico HYA e uma base genérica
C(OH)X, onde A é o ânion do ácido e C é o cátion da base.
Antes de fazer a reação de neutralização, vamos rever como as cargas dos íons constituintes do ácido e da base estão dispostas:
Para o ácido genérico HYA, invertendo-se o índice y, teremos a carga do ânion: AY-
Para a base genérica C(OH)X, invertendo-se o índice X, teremos a carga do cátion: CX+
Desta forma, a reação de neutralização entre o ácido HYA e a base C(OH)X ficará:

Com isso, o sal será representado genericamente assim:

Para que a soma das cargas dos íons seja igual a zero, é necessário inverter as cargas dos íons e com isso obteremos o índice do cátion
e do ânion, de modo que ao multiplicar o índice pela carga do respectivo íon, teremos soma igual a zero.

Neutralização total

Os íons H+ do ácido são totalmente neutralizados pelos íons OH da base formando água e um sal normal.
Exemplos:
Equacione a neutralização entre o ácido sulfúrico (H2SO4) e o hidróxido de alumínio (Al(OH)3).

1º Passo: determinar a carga do cátion da base e do ânion do ácido


H2SO4 = SO42-
Al(OH)3 = Al3+

2º Passo: fazer a reação entre o ácido e a base formando o sal e mais água
H2SO4 + Al(OH)3 → Al3+SO42- + H2O

3º Passo: inverter as cargas dos íons do sal para que a soma se iguale:
H2SO4 + Al(OH)3 → Al2(SO4)3 + H2O

Observe que temos um número de átomos nos reagentes diferente do número de átomos nos produtos, e neste caso deveremos iniciar o
balanceamento da reação, para que o número de átomos dos reagentes e dos produtos se iguale.

4º Passo: Parte-se de 1 mol do do sal formado.


H2SO4 + Al(OH)3 → 1 Al2(SO4)3 + H2O

5º Passo: acerta-se o número de átomos do metal alumínio


H2SO4 + 2 Al(OH)3 → 1 Al2(SO4)3 + H2O

6º Passo: acerta-se o número de átomos do ametal enxofre


3 H2SO4 + 2 Al(OH)3 → 1 Al2(SO4)3 + H2O

Didatismo e Conhecimento 36
CIÊNCIAS QUÍMICA
7º Passo: acerta-se o número de átomos de Hidrogênio
3 H2SO4 + 2 Al (OH)3 → 1 Al2(SO4)3 + 6 H2O
ác. sulfúrico hidróxido de alumínio sulfato de alumínio

Formulação do sal a partir de seu nome

Para se determinar a fórmula do sal a partir do seu nome, segue-se os seguintes passos:

Óxidos

Os óxidos são compostos muito comuns que estão presentes em nosso cotidiano. No entanto, muitos óxidos produzidos por alguns
processos de industrialização através da queima dos combustíveis, são substâncias nocivas, considerados como poluentes atmosféricos, que
podem causar vários danos ao ambiente.

Definição e formulação dos óxidos

De acordo com tal definição, os óxidos são formulados da seguinte forma:

Onde: E representa o elemento ligado ao oxigênio que pode ser um metal ou um ametal;
O representa o elemento oxigênio com carga – 2;
X indica o número de átomos do elemento ligado ao oxigênio;
Y indica o número de átomos de oxigênio da fórmula do óxido.

Nomenclatura

1º) Para óxidos do tipo: EXOY, onde o elemento E é um ametal.

Prefixo que indica a quantidade de oxigênio (Y) Prefixo que indica a quantidade do Nome do
Óxido de
Mono, di, tri, tetra, penta, etc. outro elemento (X) Di, tri, tetra elemento

Exemplos:
CO → monóxido de carbono
CO2 → dióxido de carbono
NO2 → dióxido de nitrogênio
N2O → monóxido de dinitrogênio
N2O3 → trióxido de dinitrogênio

2º) Para óxidos do tipo: EXOY, onde o elemento E é um metal com a carga fixa.

Metais com carga fixa:


→ Metais alcalinos (1A) e Ag = +1
→ Metais alcalinos terrosos (2A) e Zn = +2
→ Alumínio = +3

Didatismo e Conhecimento 37
CIÊNCIAS QUÍMICA
Para montar a fórmula do óxido a partir do nome, é só lembrar Exemplo:
a carga do metal, a carga do oxigênio -2 e fazer com que a soma CaO + H2O →
das cargas se anule. CaO + H3PO4 →
1º) Equacionar a reação do óxido com água:
Exemplos: 3 CaO + 3 H2O → 3 Ca(OH)2
Óxido de lítio → Li1+O2- invertendo as cargas: Li2O 2º) Equacionar a reação da base produzida na reação anterior
Óxido de bário → Ba2+O2-, como a soma das cargas é nula, com o ácido:
então temos: BaO 3 Ca(OH)2 + 2 H3PO4 → Ca3(PO4)2 + 6 H2O
Óxido de alumínio → Al3+O2-, invertendo as cargas: Al2O3 Somando as duas equações ficamos com:
Óxido de zinco → Zn2+O2-, como a soma das cargas é nula, 3 CaO + 2 H3PO4 → Ca3(PO4)2 + 3 H2O
então temos: ZnO
Óxido de prata → Ag1+O2-, invertendo as cargas: Ag2O ÓXIDOS ANFÓTEROS

3º) Para óxidos do tipo: EXOY, onde o elemento E é um metal São óxidos que podem se comportar ora como óxido básico,
com a carga variável. ora como óxido ácido.
Exemplos: ZnO, Al2O3, SnO, SnO2, PbO e PbO2.
ZnO + 2HCl → ZnCl2 + H2O
ZnO + 2NaOH → Na2ZnO2 + H2O
Zincato de sódio

ou ainda: ÓXIDOS NEUTROS OU INDIFERENTES

São óxidos que não reagem com água, base ou ácido.


São basicamente três óxidos: CO, NO, N2O.

QUESTÕES RESOLVIDAS

Classificação dos óxidos Questão 01) Em uma república estudantil, um dos moradores
deixou cair óleo comestível no recipiente que contém sal de co-
Óxidos ácidos ou anidridos zinha. Considerando que o sal não é solúvel no óleo, mas solúvel
em água, como será possível recuperar o sal e o óleo, deixando-os
São óxidos moleculares que reagem com a água, produzindo novamente em condições de uso?
um ácido, ou reagem com uma base, produzindo sal e água.
Os óxidos ácidos, como são obtidos a partir dos ácidos, pela Gab: Deve-se dissolver em água formando uma solução
retirada de água, são denominados de anidridos de ácidos. com o sal, e esta por sua vez não é miscível com o óleo; poste-
riormente deve-se fazer uma sifonação, separando o óleo e em
Exemplos: seguida uma destilação separando a água do sal.
H2SO4 - H2O → SO3 (anidrido sulfúrico)
H2SO3 - H2O → SO2 (anidrido sulfuroso) Questão 02) A fabricação de fogos de artifício requer um
H2CO3 - H2O → CO2 (anidrido carbônico) controle rigoroso das variações do processo como, por exemplo,
HNO3 + HNO3 → H2N2O6 - H2O → N2O5 (anidrido nítrico) a proporção dos componentes químicos utilizados e a temperatura
HNO2 + HNO2 → H2N2O4 - H2O → N2O3 (anidrido nitroso) de explosão. A temperatura necessária para acionar os fogos de
H3PO4 + H3PO4 → H6P2O8 - 3 H2O → P2O5 (anidrido fosfó- artifício de médio e grande porte é de cerca de 3600 ºC. É a gera-
rico) ção desse calor que é responsável pela produção de ondas lumi-
nosas, pois provoca a emissão atômica, ou seja, a emissão de luz
REAÇÕES que ocorre quando o elétron sofre uma transição de um nível mais
energético para outro de menor energia. Considerando este assun-
to, responda aos itens abaixo:
a) A qual modelo atômico esse fenômeno de emissão de luz
está ligado?
b) Explique esse fenômeno de emissão de luz em termos de
elétrons e níveis de energia.

Gab:
a) Ao modelo de Böhr (Rutherford-Böhr).
ÓXIDOS BÁSICOS b) Quando um elétron recebe energia sob a forma de
quanta, ele salta para um nível de maior conteúdo energético.
São óxidos iônicos de metais alcalinos e metais alcalinos ter- Em seguida, ele retorna ao nível de energia inicial emitindo,
rosos, que reagem com água, produzindo uma base, ou reagem sob a forma de fótons, a energia absorvida durante o salto
com um ácido, produzindo sal e água. quântico

Didatismo e Conhecimento 38
CIÊNCIAS QUÍMICA
Questão 03) Utilizando-se o diagrama de Pauling e conside- Questão 06) Responda às perguntas:
rando-se o elemento níquel (Ni) muito utilizado em ligas metálicas a) Qual a massa, em gramas, de 2 quilogramas de cobre?
como o aço inoxidável, pede-se: b) Qual a massa, em gramas, de 2,7 mols de mercúrio? (Hg
a) a distribuição eletrônica em subníveis energéticos. =200u)
b) a distribuição eletrônica em camadas. c) Qual a massa, em gramas, de 9.1023 átomos de iodo? (I =
c) o número de elétrons existentes na camada de valência. 127u). Constante de Avogadro: 6.1023 mol–1.
(Dado: Ni (Z = 28).) d) Qual a massa, em gramas, de 3,5 mols de ácido nítrico? (H
= 1u, N = 14u e O = 16u)
RESOLUÇÃO: e) Qual a massa, em gramas, de 9 . 1023 moléculas de gás
carbônico? (C = 12u e O = 16u)
f) Qual a massa, em gramas, de 1 átomo de polônio? (Po =
200u)

Resolução

a) 2 kg de cobre = 2000g de cobre = 2 . 103g de cobre

a) 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d8 ou 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 b) 1 mol de Hg –––––––––––– 200 g
3d8 4s2 2,7 mol de Hg –––––––––– x x = 540g
b) K L M N
2 8 16 2 c) 6 . 1023 átomos de iodo –––––––––––– 127 g
c) Dois elétrons na camada de valência. 9 . 1023 átomos de iodo –––––––––––– x x = 190,5g

Questão 04) O diagrama de Pauling foi utilizado para ao ob- d) MMHNO = 1 . 1u + 1 . 14u + 3 . 16u = 63u
3
tenção das estruturas eletrônicas dos elementos com números atô- 1 mol –––––––––––– 63g
micos 53 e 87. 3,5 mol –––––––––– x
a) apresente as estruturas correspondentes a cada um dos
elementos indicados. e) 6 . 1023 moléculas de CO2 –––––––– 44g
b) aponte, nas estruturas obtidas, detalhes estruturais que 9 . 1023 moléculas de CO2 –––––––– x
caracteriza as famílias a que pertencem os elementos. x = 66g

Gab: f) 6 . 1023 átomos de Po –––––––– 200g


a) Z=53:1s2 2s2 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p5 1 átomo de Po ––––––––––––––– x x = 3,33 . 10–22gs
Z=87: 1s2 2s2 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p6 6s2 4f14 5d10 6p6
7s1 Questão 07) O monóxido de nitrogênio (NO), poluente for-
b) Z=53 – última camada: 5s25p5 ( 7 elétrons) – família mado nos motores de combustão interna dos veículos, pode ser
7A – halogênio; eliminado pela reação com amoníaco, ocorrendo a seguinte reação
Z=87 – última camada: 7s1( 1 elétrons) – família 1A – me- química:
tal alcalino; 6NO+4NH3→5N2+6H2O
Dadas as massas atômicas: H = 1u; N = 14u; O = 16u
Questão 05) Sabe-se que a interação entre átomos que se li- E sabendo que um veículo emite 5,0 . 104 g de monóxido
gam, na formação de novas substâncias, é feita através de seus elé- de nitrogênio por ano, quantos quilogramas de amônia seriam ne-
trons mais externos. Uma combinação possível entre o elemento cessários para eliminar, por reação completa, essa quantidade de
A com a configuração eletrônica 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 e outro poluente?
B (Z = 17) terá fórmula e ligação, respectivamente: a) 13,5 kg
a) AB e ligação iônica. b) 135 kg
b) A2B e ligação iônica. c) 37,8 kg
c) A2B3 e ligação covalente. d) 1,89 kg
d) AB2 e ligação iônica. e) 18,9 kg
e) A2B e ligação covalente.
RESOLUÇÃO:
RESOLUÇÃO:
6NO + 4NH3 → 5N2+6H2O
A⇒2 elétrons na camada de valência 6mol 4mol
Tendência a doar2 e–⇒A2+ ↓ ↓
B ⇒1s22s22p63s23p5 6.30g –––– 4.17g
7 elétrons na camada de valência 5,0.104g–––– x
Tendência a receber1 e–⇒B1– x=18,9.103g=18,9kg
Ligação é iônica pois ocorre com transferência de elétrons.
Resposta: D Resposta: E

Didatismo e Conhecimento 39
CIÊNCIAS QUÍMICA
Questão 08) Determine o menor volume de solução de ácido clorídrico 0,250 molar necessário para dissolver completamente 13,5 g
de alumínio metálico granulado.

RESOLUÇÃO
Al + HCl → AlCl3 + 3/2H2
m=13,5g V=?
M=0,25mol/L

Cálculo do número de mol do HCl


27g Al----------------------3mol HCl
13,5g Al-------------------- X
X=1,5mol

Cálculo da concentração molar do HCl


M= n1 /V → M = 1,5 / 0,25 → M = 6mol/L

Questão 09) Sabe-se que a 25°C as entalpias de combustão (em kJ mol–1) de grafita, gás Hidrogênio e gás metano são, respecti-
vamente: – 393,5; – 285,9 e – 890,5. Assinale a alternativa que apresenta o valor correto da entalpia da seguinte reação:
C (grafita) + 2 H2 (g) → CH4 (g)
a) – 211,l kJ mol– l
b) – 74,8 kJ mol– l
c) 74,8 kJ mol– l
d) 136,3 kJmol– l
e) 211,1 kJ mol– l

RESOLUÇÃO:
Dadas as entalpias de combustão:
C (gr) + O2 (g) → CO2 (g) ΔH = – 393,5 kJ mol–1
H2 (g) + ½ O2 (g) → H2O (g) ΔH = – 285,9 kJ mol–1
CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + 2 H2O (g) ΔH = – 890,5 kJ mol–1

Para calcular o ΔH da reação


C (gr) + 2 H2 (g) → CH4 (g)
devemos manter a 1.a equação, multiplicar por 2 a 2.a equação e inverter a
3.a equação:
C (gr) + O2 (g) → CO2 (g)
ΔH = – 393,5 kJ mol–
2 H2 (g) + O2 (g) → 2 H2O (g)
ΔH = – 571,8 kJ mol
CO2 (g) + 2 H2O(g) → CH4 (g) + 2 O2 (g)
ΔH = + 890,5 kJ mol
C (gr) + 2 H2 (g) → CH4 (g) ΔH = –74,8 kJ mol–1
Resposta: B

Questão 10) Para a reação A + B → C foram realizados três experimentos, conforme a tabela abaixo:

Didatismo e Conhecimento 40
CIÊNCIAS QUÍMICA
Determine: Gab:
a) a lei da velocidade da reação acima;
b) a constante de velocidade;
c) a velocidade de formação de C quando as concentrações Fórmula do Nome do
de A e B forem ambas 0,50 M. Cátion Ânion composto composto
Cloreto de
Gab: NH4Cl amônio
a) V = k [A] . [B] Cloreto de
b) 2,0 . 10–1 mol L–1.min–1 Ba2+ bário
c) 5,0 . 10–2 mol L–1.min–1 NO-3 AgNO-3
Sulfeto de
Questão 11) Amônia pode ser preparada pela reação entre ni- Fe2S3 ferro-II
trogênio e Hidrogênio gasosos, sob alta pressão, segundo a equa-
Hidróxido
ção abaixo: N2 (g) + 3 H2 (g) →
← 2 NH3 (g). A tabela abaixo mostra Fe (OH)2 de ferro-II
a variação da concentração dos reagentes e produtos no decorrer
de um experimento realizado em sistema fechado, a temperatura e
pressão constantes.

[N2]/ [H2]/ [NH3]/


∆t
mol/L mol/L mol/L
0 10 10 0
1 X 4 4
2 7 1 Y
3 7 1 Y

a) Os valores de X e Y no quadro acima são:


X = _____mol/L
Y = _____mol/L
b) Escreva a expressão da constante de equilíbrio para esta
reação, em termos das concentrações de cada componente.
Kc =
c) O valor da constante de equilíbrio para esta reação, nas
condições do experimento, é

Gab:
a) X = 8; Y = 6
b) Kc = [NH3]2 / [H2]3 . [N2]
c) Kc = 5,142(mol/L)-2

Questão 12) Complete o quadro abaixo com as fórmulas e


nomes corretos, correspondentes.

Fórmula do Nome do
Cátion Ânion composto composto
NH+4 Cl-
Cl - BaCl 2
Nitrato de
Ag+ prata

S-
2
Fe3+
-
Fe2+ OH

Didatismo e Conhecimento 41
CIÊNCIAS FÍSICA
CIÊNCIAS FÍSICA
Na Grécia antiga, principalmente entre os anos 600 a.C. e
CONCEPÇÃO CONTEMPORÂNEA DE 400a.C, houve uma revolução nas ideias herdadas pelos gregos so-
CIÊNCIA bre a constituição do cosmos, a partir do qual nasciam os primeiros
modelos celestes baseados na observação metódica e crítica, que nos
deixou um legado profícuo sobre a atual compreensão que temos do
universo. Aprendemos com os gregos sobre o movimento da esfe-
No percurso histórico da ciência diferentes lentes foram uti- ra celeste, o movimento relativo da Lua e do Sol, o movimento de
lizadas para fenomenalizar a natureza e construir conhecimentos. precessão do planeta Terra, a possível esfericidade da Terra, o com-
Essa construção se estabeleceu de forma peculiar nos diferentes primento da circunferência da Terra, a distância da Terra a Lua e a
contextos históricos e comunidades científicas de cada época, sendo aplicação da astronomia na cartografia e na navegação.
caracterizada por métodos distintos de se fazer ciência, os quais se O legado astronômico dos gregos só foi superado no inicio da
tornaram valiosas formas de legitimação da produção de conheci- renascença, quando o astrônomo polonês Nicolau Copérnico intro-
mento da ciência. No início do século XX as ideias de Einstein e duz o modelo heliocêntrico do sistema solar, obtendo com precisão,
Popper revolucionaram a concepção de ciência e método científico. a partir deste modelo, as distâncias dos planetas ao Sol e o tempo
Os princípios tidos com incontestáveis no século passado foram ce- que cada planeta leva para completar uma volta em torno do Sol
dendo seu lugar à atitude crítica. A partir deles desmistificou-se a (movimento planetário de translação). O modelo de Copérnico ga-
concepção de que método científico é um procedimento regulado nhou grandes defensores como Giordanno Bruno, condenado e mor-
por normas rígidas que o investigador deve seguir para a produção to por heresia, Johannes Kepler e Galileu Galilei.
do conhecimento científico. Sendo assim, há tantos métodos quan- Kepler talvez tenha sido o último grande astrólogo e o primeiro
tos forem os problemas analisados e os investigadores existentes. grande astrofísico. Desde a antiguidade, a astronomia é irmã da as-
Desta forma, a ciência contemporânea pauta-se na incerteza e trologia, ou melhor dizendo; no passado, o que era importante para
rompe com o cientificismo. Ao contrário da concepção moderna, os povos ou para os reis e seus súditos era a astrologia, sendo a astro-
ela adota a indução para se certificar e confirmar seus estudos. Na nomia usada apenas como ferramenta para determinar a posição dos
ciência contemporânea, a pesquisa é resultado decorrente da identi- astros, melhorando a precisão das cartas astrológicas. Com Kepler,
ficação de dúvidas e da necessidade de elaborar e construir respostas ocorre definitivamente a cisão entre astronomia e astrologia, onde a
para esclarecê-las. A investigação científica desenvolve-se porque astronomia se mostra como uma ciência física enquanto a astrolo-
há necessidade de construir uma possível resposta ou solução para gia se enquadra como uma pseudociência. Apesar disto, até hoje a
um problema, decorrente de algum fato ou conjunto de conhecimen- população é contaminada com crendices astrológicas baseadas em
tos teóricos. A ciência atual reconhece que não existem regras para horóscopos diários que os jornais, TV e revistas lançam a fim de
uma descoberta, assim como não há para as artes. A atividade do conquistar seu público. Raramente, encontramos nos jornais alguma
cientista é semelhante a do artista. Os pesquisadores podem seguir coluna sobre astronomia, mas ao contrário, todos os dias encontra-
caminhos diversos para chegar a uma conclusão. mos sessões de astrologia.
Analisando a história da ciência, constata-se que muito de seus É importante frisar que a astrologia não é uma ciência; não
princípios básicos foram modificados ou substituídos em função de passa no teste do método científico; não possui reprodutibilidade;
novas conjeturas ou de novos padrões. Aconteceu quando Galileu não leva em conta diversos efeitos astronômicos tais como a exis-
modificou parte da mecânica de Aristóteles e Einstein fez o mesmo tência de cometas e asteroides no sistema solar; o efeito da refração
com Newton. A concepção contemporânea da ciência está muito atmosférica da luz dos astros na carta natal de cada indivíduo; a exis-
distante das visões aristotélica e moderna, nas quais o conhecimento tência de constelações adicionais na eclíptica que determina o zodía-
era aceito como científico quando justificado como verdadeiro. O co, o movimento de precessão da Terra e sua influência zodiacal e a
objetivo da ciência ainda é o de criar um mundo cada vez melhor astrologia reversa; isto é, partindo do perfil astrológico do indivíduo,
para vivermos e atingir um conhecimento científico sistemático e obter os parâmetros de entrada da carta natal necessários para traçar
seguro de toda realidade. A ciência demonstra ser uma busca, uma o perfil astrológico que são o local do nascimento, a hora e minuto
investigação, contínua e incessante de soluções e explicações pra os do nascimento e o dia, mês e ano do nascimento. Isto não é possível,
problemas propostos. mas ainda assim, grande parte da população mundial acredita em
astrologia, como mostra uma pesquisa que na França há mais astró-
logos que astrônomos e uma pesquisa feita nos Estados Unidos que
mostrou que um quarto dos norte-americanos acredita em astrologia
ASTRONOMIA e que um terço acha que a astrologia solar é fundamentada em bases
científicas, o que não é verdade. De qualquer forma Kepler, apesar
de ter praticado astrologia como meio de sobrevivência, foi um crí-
A Astronomia é uma das ciências físicas mais antigas que se tico da astrologia e o primeiro físico a corrigir o modelo de Copérni-
conhece, cujo desenvolvimento já ocorrera na pré-história e foi mui- co através de métodos de mecânica celeste baseados na observação
to  praticada por diversos povos antigos como os chineses, india- precisa feita por Tycho Brahe, mostrando que as órbitas planetárias
nos, babilônios, caldeus, assírios, egípcios entre outros. Apesar de não são circulares tal qual afirmava Copérnico, mas sim elipses com
terem sido os mesopotâmios que iniciaram os estudos sistemáticos o Sol ocupando um dos focos da elipse.
da astronomia, com observações precisas sobre os fenômenos do Um contemporâneo de Kepler, o físico e astrônomo Galileu Ga-
eclipse, da lunação e do movimento dos planetas bem como o desen- lilei, é considerado por muitos o pai da ciência moderna. Foi Galileu
volvimento do calendário utilizando-se de instrumentos de medição que implantou o método experimental na análise científica. Galileu
como o astrolábio-utilizado para medir a posição das estrelas e o construiu os alicerces da cinemática, ramo da Física que estudo o
gnômon-utilizado para medição do tempo; foi com os gregos anti- movimento per si, mas foi na Astronomia que Galileu atingiu sua
gos que a astronomia alcançou seu apogeu. notoriedade. Galileu ficou com a fama de ter inventado o telescó-

Didatismo e Conhecimento 1
CIÊNCIAS FÍSICA
pio, também conhecido por luneta, mas hoje sabemos que Galileu dos globulares, descobriu mais de oitocentas estrelas duplas, isto é,
apenas aperfeiçoou este instrumento, sendo sua invenção creditada sistemas estelares onde uma estrela orbita a outra, construiu o maior
a algumas pessoas anteriores a Galileu tais como Hans Lipperhey e telescópio refletor de sua época, calculou a massa de diversas es-
Sacharias Jansen, por volta de 1608. Em 1609, Thomas Harriot ob- trelas usando a lei da gravitação de Newton, descobriu através de
servou a Lua e as manchas solares pela primeira vez com o telescó- análise astronômica a radiação infravermelha, definiu a unidade de
pio mas foi com Galileu Galilei, neste mesmo ano, que a observação distância ano-luz e entre outros feitos, descobriu o planeta Urano.
metódica e concisa de diversos objetos celestes como as crateras Herschel consegui todas estas façanhas com a ajuda de sua irmã Ca-
e montanhas da Lua, as manchas da superfície do Sol, as fases de roline, onde tanto Herschel como Caroline podem ser considerados
Vênus, o planeta Júpiter e quatro de suas luas conhecidas hoje como o que chamamos hoje de astrônomo amador. Como disse o grande
satélites galileanos, aglomerados estelares entre outros que este pes- astrônomo amador brasileiro Jean Nicolini, não devemos confundir
quisador em ciências físicas estabeleceu as bases para a pesquisa astrônomo amador com amador em astronomia. Astrônomo amador
astronômica. O ano de 2009 foi considerado pela ONU como o Ano corresponde ao indivíduo que não possui formação em Astronomia,
Internacional da Astronomia, comemorando os quatrocentos anos mas contribui e participa ativamente dos acontecimentos e eventos
da observação sistemática dos astros com telescópio feitas por Ga- astronômicos, auxiliando a comunidade astronômica com suas ob-
lileu; sendo esta uma celebração mundial da Astronomia em si e servações celestes.
de suas contribuições para o conhecimento da humanidade tendo, As observações sistemáticas de Herschel só foram superadas no
entre suas principais metas, difundir na sociedade uma mentalidade século XX com os novos ramos da Física e da tecnologia auxiliando
científica, contribuindo com o combate do analfabetismo científico, nas observações astronômicas. No século XX construímos modelos
promovendo o ensino formal, não formal e informal de ciências, sobre a geometria do Universo baseados na teoria da relatividade
fornecendo também, uma melhor imagem da ciência e do cientis- geral de Einstein, modelos estes baseados e testados pelas observa-
ta, utilizando para isto, a astronomia como princípio articulador da ções astronômicas. No década de 1920, o astrônomo Edwin Hubble
educação científica. mostrou que o nosso universo está em expansão fazendo com que a
Após os trabalhos de Galileu e Kepler, diversos outros cientis- sociedade científica mudasse radicalmente sua forma de pensar so-
tas contribuíram significativamente para o avanço da Astronomia, bre o cosmos. Se o universo está se expandindo, isto significa que no
entre eles, dois importantes cientistas de destaque: Isaac Newton e passado todas as galáxias do universo estariam mais próximas uma
Wilhelm Herschel. Newton criou os pilares da mecânica, mostrando das outras e num passado muito distante todas elas estariam juntas.
que a Física da Terra e a Física do céu obedecem às mesmas leis. Baseado nesta ideia, o físico George Gamow lança o modelo do
Newton descreveu as três leis fundamentais da mecânica e tam- Big-Bang, a grande explosão que teria dado origem ao universo ou,
bém a lei da gravitação universal mostrando que todos os corpos de pelo menos, de onde o universo atual evoluiu. Estes estudos astronô-
massa se atraem mutuamente e, desta forma, conseguindo explicar micos culminaram num novo campo do conhecimento denominado
as órbitas planetárias. O triunfo da mecânica Newtoniana ocorreu Cosmologia.
devido à grande concordância entre teoria e experimentos, levando Tanto a Cosmologia como a Astrofísica e a Astronomia tiveram
os filósofos do século dezenove a questionarem sobre o conheci- grandes contribuições com o avanço da astronáutica. Com a astro-
mento humano, pois estes acreditavam que atingimos o ápice do náutica, o homem pode estudar o espaço sideral com mais precisão,
conhecimento cujas bases estava a mecânica de Newton. O físico do analisar rochas lunares, enviar sondas não tripuladas para Vênus e
século dezenove Willian Thomson, também conhecido como Lorde Marte, além de sondas não tripuladas que viajaram pelo nosso siste-
Kelvin, chegou a desencorajar os estudantes a fazerem um curso de ma solar como as Pionners e as Voyagers; colocou laboratórios em
Física, pois ele achava que nosso conhecimento sobre o comporta- órbitas e estações espaciais que corroboraram com medidas sobre
mento da natureza era pleno, faltando apenas meros detalhes sem radiações cósmicas, partículas elementares, análise de campos mag-
importância. Muitos filósofos positivistas da época, ainda contami- néticos entre outros; lançaram telescópios espaciais que permitiram
nados pelo pensamento cartesiano, afirmavam “não existe relógio ao homem não apenas enxergar mais longe, mas enxergar detalhes
sem relojoeiro” alegando que Deus era o relojoeiro e o relógio, o nunca antes imaginados sobre a constituição do universo, medindo
próprio universo que, uma vez dado corda, funcionava perfeitamen- ecos do big-bang, aceleração das galáxias, matéria e energia escura
te pelas leis da mecânica newtoniana. e muito mais. Hoje, com todas estas informações, já estamos amadu-
Isaac Newton também ficou conhecido por aperfeiçoar o teles- recidos o suficiente para questionarmos se estamos sós no universo.
cópio com espelho, hoje chamado de telescópio refletor newtonia- Seria a vida um evento único ou o universo pode estar contaminado
no que usa um espelho parabólico para refletir a imagem do astro com diversas formas de vida, onde encontrá-las é uma questão de
num espelho secundário plano, que reflete novamente a imagem, tempo? As novas gerações de cientistas poderão ter estas respostas.
fazendo-a passar por uma lente de ampliação. O telescópio refletor Mas uma coisa é certa! Se não procurarmos nunca encontraremos
newtoniano ganhou aplicabilidade nas mãos de um hábil músico que e a grande motivação para isso é o interesse pela ciência. Vamos
se interessou por Astronomia e polimento de espelhos aos quarenta provocar nossos jovens para que se interessem pela natureza, que
anos de idade chamado Wilhelm Herschel. busquem o conhecimento científico. Tal qual Herschel e Caroline,
Herschel poliu diversos espelhos para construção de telescó- vamos incentivar estes jovens a trabalharem com astronomia ama-
pios newtonianos e com estes observou detalhes das crateras lunares dora, despertando a curiosidade científica que a astronomia provoca
e mediu a altura de mais de uma centena de crateras, detectou as luas no ser humano e este ano é um ano propício para tal, o ano interna-
do planeta Saturno e a rotação de seus anéis, detectou o movimento cional da astronomia. Como disse o físico e astrônomo Carl Sagan,
do sistema solar, catalogou mais de trinta mil estrelas em aglomera- “nós somos uma maneira do Cosmos conhecer a si mesmo”.

Didatismo e Conhecimento 2
CIÊNCIAS FÍSICA
A antiga visão de mundo dos gregos era de que a Terra (a deusa
O UNIVERSO Gaia ou Geia) era uma superfície redonda, plana (a menos de suas
irregularidades, como as montanhas), semelhante a um prato ou dis-
co. O Céu (o deus Ouranos ou Urano) seria a metade de uma esfera
oca, colocada sobre a Terra. Entre a Terra e o Céu existiriam duas
A origem do universo é um tema que sempre interessou a toda regiões: a primeira, mais baixa, que vai da superfície do solo até as
a humanidade. Em todos os povos, em todas as épocas, surgiram nuvens, seria a região do Ar e das brumas. A segunda seria o ar supe-
muitas e muitas tentativas de compreender de onde veio tudo o que rior e brilhante, azul, que é visto durante o dia, e que era chamado de
conhecemos. No passado, a religião e a mitologia eram as únicas Éter. Embaixo da Terra, existiria uma região sem luz, o Tártaro. Em
fontes de conhecimento. Elas propunham uma certa visão de como volta do Tártaro, existiriam três camadas da Noite (Nyx). A Noite é
um ou vários deuses produziram este mundo. Há mais de dois mil considerada como uma deusa assustadora, a quem todos os deuses
anos, surgiu o pensamento filosófico. Ele propôs novas ideias, mo- respeitam. Em algumas descrições posteriores, a Noite tem grande
dificando ou mesmo abandonando a tradição religiosa. Por fim, com importância, sendo considerada como anterior à maioria dos deuses.
o desenvolvimento da ciência, apareceu um outro modo de estudar A Terra conteria todas as regiões secas que eram conhecidas
(Europa, Ásia e África). Todas elas seriam cercadas por uma espécie
a evolução do universo.
de rio circular, o Oceano, que iria até a borda onde o Céu e a Terra se
Atualmente, a ciência predomina. É dessa ciência que muitos
encontram. O Oceano é descrito como a fonte e origem de todos os
esperam obter a resposta às suas indagações sobre a origem do uni-
rios e mares. Homero chega a descrevê-lo com a origem de todas as
verso. Muitas vezes, lemos notícias em jornais e revistas apresentan- coisas e dos próprios deuses, o que se assemelha ao mito babilônico
do pesquisas recentes sobre a formação do universo. Na tentativa de já descrito no capítulo anterior.
chamar a atenção para uma nova descoberta, os jornalistas às vezes
exageram sua importância e publicam manchetes do tipo: “Acaba O Universo Segundo Aristóteles
de ser provado que o universo começou de uma explosão”. Mas foi
provado, mesmo? Em cada fase da humanidade, a tentativa de explicar o surgi-
As notícias, quase sempre, dão a impressão de que acabaram mento do universo precisa tentar dar conta daquilo que se conhece
todos os mistérios, que não há mais dúvidas sobre o início e evo- sobre a estrutura do próprio universo. Quando se imaginava a Terra
lução do cosmo. Mas a verdade não é exatamente essa. Há dezenas como sendo um disco achatado, coberto por uma cúpula hemisfé-
de anos, os jornais repetem as mesmas manchetes, com notícias di- rica, era isso o que precisava ser explicado. Mas o conhecimento
ferentes. Quem se der ao trabalho de consultar tudo o que já se pu- sobre o mundo foi mudando. Vamos voltar um pouco atrás no tem-
blicou sobre o assunto, verá que os meios de comunicação revelam po, para poder compreender o surgimento do pensamento científico
sempre um enorme otimismo. O resultado de cada nova pesquisa é moderno, nos séculos XVI e XVII.
apresentado como se tivesse sido conseguida a solução final. Mas se Na antiga Grécia, na época de Platão, já se sabia que a Terra era
a notícia de trinta anos atrás fosse correta, não poderiam ter surgido redonda. No século IV antes da era cristã, o grande filósofo Aristó-
todas as notícias dos anos seguintes - até hoje - repetindo sempre que teles, de Estagira (384 a 322 antes de Cristo) apresenta argumentos
um certo cientista ou grupo de pesquisadores “acaba de provar” que muito claros para mostrar a forma da Terra. Ele indica que, quando
o universo começou assim e assim. um navio se afasta do porto, uma pessoa que fica em terra vê, inicial-
A ciência tem evoluído, isso é inegável. Durante o século XX, mente, o navio todo que parece cada vez menor; mas, depois de uma
nossos conhecimentos aumentaram de um modo inconcebível. En- certa distância, a parte de baixo do navio começa a ficar oculta pelo
tretanto, nem todos os problemas foram resolvidos. A ciência ainda mar, e por fim só se vê a parte mais alta dos mastros. Se o mar fosse
não esclareceu a maior parte das dúvidas. As teorias sobre a origem plano, isso não poderia acontecer. Tal acontece exatamente porque
do universo ainda devem sofrer muitas mudanças, no futuro. Por o mar é curvo. Da mesma forma, para se ver ao longe, no mar, é
preciso estar em um ponto elevado. Nos navios, o melhor ponto de
isso, ninguém deve esperar encontrar aqui a resposta final. A última
observação é no alto de um mastro. Em terra, o melhor ponto de ob-
palavra ainda não foi dita.
servação é o alto de uma colina ou de um prédio alto. Se o mar fosse
plano, a altura do observador não faria diferença nenhuma.
A antiga visão de mundo dos gregos Outra indicação apresentada por Aristóteles é que, quando se
viaja para o Sul, na África, começam a ser observadas estrelas que
Os mitos e a religião são fenômenos universais: surgiram em não são vistas na Grécia. Isso é correto. Sabemos que a constelação
todos os lugares, em todos os povos. A filosofia, pelo contrário, é do Cruzeiro do Sul, por exemplo, não pode ser vista por quem es-
algo mais restrito. Em alguns poucos lugares do mundo, como a teja na Europa. Da mesma forma, nós, no Brasil, não podemos ver
Grécia e a Índia, apareceu gradualmente um pensamento filosófico estrelas que estão próximas ao polo Norte – como a constelação da
que procurou dar uma explicação para o mundo sem utilizar mitos. Ursa. Isso também acontece por causa da curvatura da Terra: se ela
Mas isso não aconteceu de repente, nem houve um abandono total fosse plana, seria possível ver exatamente as mesmas partes do céu
das concepções mitológicas e religiosas. Muitas vezes, elas foram de qualquer ponto em que estivéssemos.
aproveitadas pelos filósofos. Por isso, é preciso partir dos próprios
mitos, para entender o surgimento da filosofia. A mitologia grega foi As Leis da Natureza
de grande importância e influenciou muito toda a cultura ocidental.
Os textos mais antigos que conservam informações sobre a mito- Após a crítica de Newton, a teoria de Descartes vai gradual-
logia grega são as obras atribuídas a Homero (Ilíada e Odisseia), mente perdendo a aceitação que tinha. No entanto, durante muito
compostas aproximadamente nos séculos IX ou VIII antes da era tempo, não surge uma alternativa. A questão da origem do universo
cristã; e as obras de Hesíodo, do final do século VIII antes de Cristo. volta a ser um problema puramente religioso. Há algumas tentativas

Didatismo e Conhecimento 3
CIÊNCIAS FÍSICA
isoladas: Georges Louis Leclerc, conde de Buffon (1707-1788), por
exemplo, propõe uma explicação para a formação do sistema solar. A CRIAÇÃO DA MATÉRIA E O BIG BANG
Ele supõe que um cometa passou perto do Sol, ou se chocou com A RADIOATIVIDADE E A ENERGIA DO SOL
ele, e arrancou um jato de matéria, que começou a girar em torno
do Sol e formou os planetas. Mas essa proposta não teve o mes-
mo grau de importância da teoria de Descartes. A tentativa posterior
mais interessante de tentar desenvolver uma teoria sobre a origem Paralelamente à criação da teoria da relatividade e ao estudo do
do universo, a partir da física de Newton, é feita pelo famoso filóso- movimento das galáxias, desenvolveu-se, no século XX, o conhe-
fo Immanuel Kant. Kant apresenta sua teoria em uma obra publicada cimento da radioatividade e da física nuclear. Esse conhecimento
em 1755 e que tem o longo título: “História Geral da Natureza e levou a uma teoria para explicar a própria formação dos elementos
Teoria do Céu, ou Ensaio sobre a Constituição e a Origem Mecânica químicos que constituem o universo. Como vimos, no século XIX
do Universo em sua Totalidade, de Acordo com os Princípios de não houve nenhuma teoria física que pudesse explicar satisfatoria-
Newton”. mente a origem da energia do Sol e das estrelas: segundo o conhe-
O objetivo de Kant, nessa obra, é mostrar que basta aceitar as cimento da época, era impossível que o Sol pudesse estar emitindo
leis da física newtoniana e fazer algumas hipóteses simples sobre o sua energia há cem milhões de anos ou mais. No final do século XIX
estado inicial do universo, para chegar a uma explicação do universo e início do século XX, a descoberta da radioatividade e o início dos
atual. Mas, antes de expor suas ideias, ele se defende de qualquer estudos nucleares mudou a situação. Primeiramente, descobriu-se
acusação de ateísmo. Kant afirma que a ordem e a beleza que vemos que os elementos radioativos eram capazes de emitir radiações de
no universo não são uma indicação direta de que Deus estabeleceu, alta energia. Verificou-se que, para alguns elementos (como o urâ-
na criação do mundo, essa ordem. A ordem que observamos, diz nio), a radioatividade podia durar muitos milhões de anos. Essa po-
Kant, vem de um desenvolvimento natural da matéria do universo. deria, talvez, ser a fonte de energia das estrelas. Se elas contivessem
Mas ele adiciona: toda ordem e beleza do  universo é causada pelas uma grande quantidade de materiais radioativos, isso poderia pro-
leis naturais; e essas leis naturais não podem ter surgido por si pró- duzir uma energia adicional, no seu interior, durante muito tempo.
prias do nada. Assim, a própria existência das leis naturais que diri- Mas essa ideia não resistiu a um estudo mais aprofundado. Era
gem a evolução do universo seria uma forte indicação da existência necessário que os elementos radioativos fossem de longa duração e,
de Deus e da sabedoria divina. ao mesmo tempo, que emitissem bastante energia. Verificou-se que
Kant conhece muito bem os filósofos antigos, e diz expressa- se houvesse menos de 1% de materiais como o urânio no Sol, isso
mente que sua teoria tem boa semelhança com a dos antigos ato- não poderia aumentar muito seu tempo de “vida”. Se todo o Sol fosse
mistas – Leucipo, Demócrito, Epicuro e Lucrécio. Mas, enquanto os constituído por urânio, sua “vida” poderia ser de algumas centenas
atomistas veem no universo apenas o resultado do acaso, Kant vê o de milhões de anos – de acordo, então, com os estudos geológicos
– mas ele já deveria estar agora se esgotando. Mas pode existir
resultado da ordem e de leis.
tanto material radioativo no Sol? Ele deve ter se formado da mesma
nuvem que originou os planetas; como os elementos radioativos
A Cosmologia no Século XX
existem em pequena quantidade na Terra, é pouco provável que
possa existir uma proporção muito grande desses elementos no Sol.
No século XX, as teorias cosmogônicas sofreram grande in-
fluência dos novos conhecimentos astronômicos e de novas teorias Descobertas das últimas décadas
físicas. Sob o ponto de vista de conhecimento do universo, surgiram
métodos para se observar e medir as distâncias e movimentos das Apesar de seus aspectos interessantes e positivos, a teoria do
galáxias, para estudar a composição química e outras propriedades “Big Bang” não é a última palavra e não resolve todos os proble-
das estrelas. O desenvolvimento de telescópios mais potentes tornou mas. Quando se começa a realizar medidas e cálculos detalhados
possível observar corpos celestes que estão a enormes distâncias da de diversos aspectos do universo, acontece a mesma coisa que já
Terra. E, a partir da metade do século XX, foram desenvolvidos mé- foi indicada com relação ao sistema solar: surgem coisas que não
todos para estudar diversos tipos de radiações que vem do espaço. são explicadas, e as previsões não concordam com as observações.
Sob o ponto de vista teórico, a física sofreu uma profunda revo- Da década de 1960 até 1990, houve vários desenvolvimentos
lução nas primeiras décadas do século XX. Surgiu a teoria da rela- importantes. Em 1963 foram descobertos os “quasares”, que ainda
tividade, que modificou a teoria da gravitação e introduziu métodos não são bem compreendidos; foi feito um levantamento muito mais
matemáticos totalmente novos, envolvendo o estudo do espaço e do completo e cuidadoso do universo, levando à descoberta de imen-
tempo. Surgiu a mecânica quântica, que trata das propriedades da sas estruturas que não estavam previstas por nenhuma teoria; foram
radiação, dos átomos e de outras partículas. Desenvolveu-se a física feitos cálculos da densidade média do universo que não concordam
nuclear, que levou ao conhecimento de fontes de energia antes des- com a teoria do “Big Bang”; e surgiram algumas outras pequenas
conhecidas e ao estudo de processos capazes de alterar ou de formar descobertas incômodas. Por outro lado, sob o ponto de vista teórico,
novos tipos de átomos. além de tentativas de solucionar separadamente cada um desses pe-
Todos esses desenvolvimentos foram trazendo novos elementos quenos problemas, surgiu em 1981 uma nova teoria que é conside-
para o estudo do universo. É difícil separar cada aspecto do outro, rada muito importante: a teoria do universo inflacionário, proposta
mas, para facilitar a compreensão, vamos tratar neste capítulo ape- por Alan Guth.
nas de um aspecto: o estudo desenvolvido em torno de 1930, sobre Todos esses desenvolvimentos mais recentes são muito difíceis
a dinâmica geral do universo, de acordo com os conhecimentos que de avaliar, e podem sofrer grandes modificações nos próximos dez
surgiram sobre os movimentos das galáxias e sobre a gravitação. Os anos. Mas nosso estudo ficaria incompleto se não falássemos sobre
aspectos que envolvem as propriedades internas da própria matéria e esses tópicos mais novos e sobre muitas dúvidas que existem sobre
sua transmutação serão examinados no próximo capítulo. as teorias cosmológicas.

Didatismo e Conhecimento 4
CIÊNCIAS FÍSICA

SISTEMA SOLAR

O sistema solar é formado por um conjunto de oito planetas, satélites naturais, milhares de asteroides e cometas que se ligam ao Sol através
da gravidade. O sistema solar também é composto por uma grande quantidade de gases e poeiras interplanetárias. O Sistema Solar situa-se na
Via Láctea.

A Evolução do conhecimento sobre o Sistema Solar

Os astros do sistema solar, principalmente o Sol, estão muito presentes em nosso cotidiano. A maneira como medimos o tempo, a nossa
percepção visual e a nossa própria existência estão diretamente ligadas às condições existentes no sistema solar. A nossa visão está adaptada ao
tipo de radiação eletromagnética – luz visível - que é capaz de penetrar a nossa atmosfera. Essa radiação é também a mais emitida pelo Sol. A
escala de tempo que utilizamos em nosso cotidiano é baseada nos ciclos do Sol e da Lua. Até mesmo a energia encontrada na superfície terrestre
é, em sua maior parte, proveniente do Sol.
Uma das questões fundamentais da Humanidade é entender o Universo que a cerca e do qual faz parte. O sistema solar, até há poucos sécu-
los, constituía todo o Universo conhecido. É relativamente recente a noção de que as estrelas que vemos no céu são astros similares ao Sol; mas
muito mais distantes. O céu noturno, ainda na Antiguidade, mostrou ao Homem que alguns astros se movimentam contra um fundo de “estrelas
fixas”. Esses objetos celestes foram chamados planetas, isto é, astros errantes, pois planeta vem do grego e significa errante.
São eles: a Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Hoje o significado da palavra planeta é diferente, e não mais chamamos a Lua
de planeta. Mas, o que é a Lua? E o que são os hoje chamados planetas? Isso ficará claro em seguida:

O Modelo Geocêntrico

Muito se pensou sobre a distribuição e a organização dos astros no céu. O modelo que dominou o pensamento filosófico europeu até o
século XVI é o chamado modelo geocêntrico. Geo, em grego, significa Terra. Assim, geocêntrico significa que coloca a Terra no centro. Esse
modelo foi sistematizado por Ptolomeu (astrônomo, matemático e geógrafo) no século II, a partir de ideias preexistentes. Nesse modelo a Terra
era o centro do Universo e em torno dela orbitavam os astros que citamos há pouco, além do Sol. Quanto maior o tempo gasto para um planeta
dar uma volta completa ao redor da Terra - isto é, retornar ao mesmo ponto do céu em relação às estrelas fixas - maior era a sua distância. Assim,
pensava-se que a ordem dos planetas era a da Figura 3.1, que apresenta um esboço em duas dimensões do modelo geocêntrico. As estrelas fixas
ficavam todas a uma mesma distância, maior do que a do planeta considerado o mais distante na época, Saturno. Para explicar corretamente os
movimentos e brilhos observados dos planetas, o modelo geocêntrico necessitava de uma série de complicações geométricas, como os equantes
e deferentes.

Didatismo e Conhecimento 5
CIÊNCIAS FÍSICA
E foi tentando explicar esses dados – que não eram compatíveis
com o modelo de Copérnico – que ele propôs três leis que descre-
vem corretamente os movimentos dos planetas.
Com o trabalho de Kepler passou-se a saber como os planetas
se movimentavam ao redor do Sol. Mas ainda restava uma pergunta
básica: por quê? Foi só com a Teoria da Gravitação Universal do
físico e matemático inglês Isaac Newton (1643-1727), publicada em
1687, que isso foi respondido. A teoria da gravitação mostra que os
corpos se atraem uns aos outros, isto é, um corpo cria em torno de
si um campo gravitacional que é sentido por todos os outros corpos.
Esse campo gravitacional é tanto mais intenso quanto maior a massa
do corpo, e decresce proporcionalmente com o quadrado da distân-
cia. Essa é a razão porque a Terra está ligada ao Sol, por exemplo.
Mais do que isso, nas escalas astronômicas a força gravitacional é
dominante e rege grande parte dos fenômenos celestes. Newton,
em sua teoria, também descreveu exatamente como um corpo se
movimenta quando sujeito a uma certa força, qualquer que seja sua
natureza. Com esses dois fundamentos foi possível entender a dinâ-
mica do sistema solar. Em “Os Princípios Matemáticos da Filosofia
Natural”, o “Principia”, Newton não só demonstra as leis de Kepler
e calcula fenômenos conhecidos como as marés e a precessão dos
equinócios, mas também prevê e determina a forma achatada da Ter-
ra. A partir daí, estava aberto o caminho para o desenvolvimento da
astronomia moderna.
O Modelo Heliocêntrico Desse modo, no final do século XVIII, os movimentos dos
maiores corpos do sistema solar eram explicados tanto do ponto de
Com o objetivo de explicar com mais simplicidade o movi- vista de sua descrição, como de sua causa. Porém, como o sistema
mento dos planetas, o astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473- solar surgiu? O filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) foi o
1543) propôs, em 1543, o modelo heliocêntrico: Hélio, em grego, primeiro a propor a hipótese nebular em 1755, que foi posteriormen-
significa Sol. Nesse modelo o Sol encontrava-se no centro e os pla- te desenvolvida pelo matemático francês Pierre-Simon de Laplace
netas orbitavam ao seu redor. A única exceção era a Lua, que conti- (1749-1827). Ela considera que o sistema solar formou-se a partir
nuava orbitando em torno da Terra (veja a Figura 3.2). Um modelo de uma nuvem de gás e poeira em rotação.
em que o Sol ficaria no centro do Universo já tinha sido proposto Apesar de outras teorias terem surgido, esta é ainda a teoria
por Aristarcos de Samos (281 a.C.) e Nicolas de Cusa (1401-1464), mais aceita sobre a formação do sistema solar e do Sol e é corro-
porém, sem maiores repercussões. O modelo heliocêntrico não era borada por observações de outras estrelas. No momento, estamos
apenas mais simples: ele também explicava várias supostas coinci- passando por uma nova fase do conhecimento do sistema solar: es-
dências do modelo geocêntrico de modo natural. Além disso, Co- tamos descobrindo planetas em torno de outras estrelas. Essas no-
pérnico determinou os raios e períodos das órbitas dos planetas com vas descobertas irão ampliar ainda mais o nosso horizonte sobre as
uma precisão muito boa, apesar de considera-las circunferências. nossas origens.
O astrônomo e físico italiano Galileu Galilei (1564-1642), no
início do século XVII, foi o primeiro a observar o céu com o auxílio Descrição do Sistema Solar
de um telescópio. Entre as suas descobertas estão as fases de Vênus
e os satélites de Júpiter. Essas observações corroboravam o modelo O sistema solar inclui o Sol e os planetas, mas abrange bem
heliocêntrico. Esse modelo tirava a Terra e, portanto o Homem, do mais do que isso. Como podemos definir o que é e como é com-
centro do Universo. Além disso, Galileu obteve vários resultados posto o sistema solar? No Universo, a distribuição e hierarquia dos
experimentais sobre os movimentos dos corpos que ajudaram a objetos são regidas basicamente pela força gravitacional. Como o
compor a base do trabalho de Newton (veja adiante). Sol é formado por uma grande quantidade de matéria concentrada
O modelo de Copérnico, porém, ainda possuía problemas. Ele em uma região relativamente pequena, ele é um foco de atração que
considerava as órbitas dos planetas circunferências perfeitas e para reúne em torno de si vários corpos (planetas, asteroides, cometas,
explicar corretamente os movimentos observados eram necessários etc.). Assim, uma das definições para o sistema solar é: o conjunto
artifícios geométricos, exatamente como acontecia com o modelo de todos os corpos (ou matéria) cujo principal centro de atração é
geocêntrico. Foi o astrônomo alemão Johannes Kepler (1571-1630), o Sol. Ela não é a única, porém, a consideramos a melhor. A força
no início do século XVII, quem mostrou que as órbitas planetárias gravitacional mantém dois corpos unidos. Vamos considerar, por
eram elípticas. Para isso, ele contou com as observações do astrô- exemplo, a Terra e a Lua. Sabemos que é a força gravitacional que
nomo dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601), do qual foi assistente as mantém unidas, mas, se a força é de atração e na direção da linha
durante o último ano de vida e seu sucessor como responsável pelo que une os seus centros, por que, então, esses dois corpos não coli-
observatório de Uraniborg. Os dados obtidos por Tycho Brahe eram dem? Isso acontece devido à rotação. A quantidade de rotação de um
os mais precisos da época e no limite do que o olho humano, sem corpo com relação a um ponto é medida por uma grandeza chamada
auxílio de instrumentos, pode conseguir. momento angular.

Didatismo e Conhecimento 6
CIÊNCIAS FÍSICA
A maior parte da massa do sistema solar está concentrada no cúbico, pouco maior que a da água que é de 1 grama por centímetro
Sol (99,86%!!!). Já o seu momento angular está praticamente distri- cúbico. Sua massa é composta por 73% de hidrogênio, o primeiro
buído nos planetas. Estes giram em torno do Sol no mesmo sentido elemento químico da tabela periódica, e também o mais abundante
que o Sol gira em torno de si mesmo, ou de seu eixo. Falando em no Universo. O restante é constituído basicamente por hélio. Apenas
linguagem astronômica, o sentido de rotação do Sol é o mesmo da 0,1 % da massa do Sol é composta por elementos mais pesados.
translação dos planetas. Esse sentido é chamado prógrado. Mas nem É no núcleo solar, com sua altíssima temperatura, que ocorrem
todos os planetas rotacionam (giram em torno de si mesmos) nesse as reações nucleares de produção de energia. Essa energia é trans-
mesmo sentido. O sentido de rotação de Vênus e Urano é contrário portada até a superfície através de camadas que envolvem o núcleo,
ao sentido prógrado, isto é, a rotação desses corpos é retrógrada. denominadas envoltórios. Na camada logo abaixo da superfície so-
Os planetas giram em torno do Sol. Isto não é absolutamente lar ocorre o processo de convecção do gás que aflora à superfície. A
correto. Os planetas giram em torno do centro de massa do sistema convecção é uma das formas pelas quais a energia é transportada de
solar. Aliás, o próprio Sol, além de sua rotação, também translada um local para outro. As porções mais internas do gás, aquecidas pela
em torno desse centro de massa. Em algumas configurações, o cen- radiação que vem do núcleo, expandem-se e sobem até a superfície,
tro de massa do sistema solar pode estar a uma distância de dois onde perdem energia e esfriam. Ao esfriarem, tornam-se mais den-
raios solares do centro do Sol. Porém, na maior parte dos casos essa sas e pesadas, voltando a descer. É devido a esse processo, chamado
distância pode ser desprezada e o Sol pode ser considerado o centro convectivo, que a superfície do Sol apresenta-se coberta por grãos.
do sistema solar. Observando-se a superfície solar com grande ampliação os padrões
Uma outra característica do sistema solar é a de que as órbitas de granulação se assemelham às bolhas de gás quente transportando
dos planetas estão aproximadamente em um mesmo plano, que é o a energia do interior para a superfície.
mesmo do equador do Sol; as órbitas são, também, quase circulares.
Essas informações são importantes, não apenas para caracterizar o Formas de Transporte de Energia
sistema solar, mas também porque devem ser reproduzidas pelos
modelos que tentam explicar a sua formação. Nas últimas décadas, Existem três formas de transportar-se energia: por condução,
as missões espaciais produziram um grande avanço no conhecimen- convecção e radiação.
to sobre o sistema solar. Foram elas que proporcionaram grande
parte do que será apresentado nas próximas seções. A seguir, va- Condução: Quando a sua mão se aquece ao segurar uma chapa
mos apresentar uma pequena descrição dos componentes do sistema de metal quente, a energia está sendo transportada por condução da
solar. chapa para sua mão.

O Sol Convecção: Quando você esquenta um bule de água para fa-


zer café, inicialmente a energia é transmitida através da água pelo
O Sol é, entre os corpos celestes, aquele que mais influencia as modo condutivo. Porém, em um dado momento, a água de baixo
nossas vidas. É impossível não notá-lo em um dia claro de verão, ou fica muito mais quente que a da superfície e a condução sozinha não
perceber a sua “ausência” em um dia chuvoso. Foi chamado de Hé- dá conta do transporte. Daí a água começa a ferver, isto é, bolhas de
lio pelos gregos, Mitras pelos persas e Rá pelos egípcios, para citar água quente sobem do fundo para a superfície. Nesse ponto, temos o
algumas culturas. Cinco séculos antes da era Cristã, o grego Ana- transporte convectivo de energia.
xágoras (aproximadamente 430 a.C.) sugeriu que o Sol fosse uma
bola de fogo, o que guarda uma pálida semelhança com a realidade. Radiação: Uma outra maneira de transportar energia é através
Como já foi mencionado, o Sol é o centro gravitacional do sistema da radiação.
solar. Em torno dele orbitam os outros corpos, e é ele que mantém
o sistema coeso. Mas, o que é o Sol? O Sol é uma estrela. Dentre A energia que recebemos do Sol é transmitida de forma radia-
as estrelas existentes no Universo, o Sol pode ser classificado como tiva, também. O Sol encontra-se a uma distância média de 150 mi-
uma estrela típica, das mais comuns que existem no Universo. Por lhões de quilômetros da Terra. Isso equivale a cerca de 8 minutos-
ser uma estrela, o Sol é uma fonte de energia. -luz, isto é, a luz do Sol demora esse tempo para chegar à Terra. A
De toda energia existente na superfície da Terra, a maior parte é segunda estrela mais próxima é Próxima Centauri, que se encontra a
proveniente do Sol que fornece 99,98% dela. O brilho dos corpos do uma distância 270 mil vezes maior, assim sua luz demora 4 anos e 4
sistema solar é constituído, basicamente, pela reflexão da luz solar meses para chegar até nós! Pela sua proximidade, podemos estudar
em sua superfície. O Sol é uma massa que se mantém coesa pela sua o Sol melhor do que qualquer outra estrela do Universo.
própria força de gravidade. O mesmo ocorre com os planetas. Por
que a diferença, então? A resposta é que o Sol possui uma massa Os Planetas e seus Satélites
muito grande. Quão grande? Grande o suficiente para que a contra-
ção provocada pela força da gravidade torne tão altas as densidades Ao observarem continuamente o céu, os antigos perceberam a
e temperaturas em seu centro que passam a ocorrer as reações de existência de pelo menos dois tipos de objetos. Enquanto a imensa
fusão nuclear, com enorme produção de energia. É esse processo maioria dos pontinhos brilhantes no céu, as estrelas, possuía posi-
que caracteriza uma estrela e que não ocorre nos planetas. ções relativas imutáveis, alguns poucos pontos pareciam passear por
O Sol é uma esfera gasosa cuja temperatura na superfície é de entre elas. Esses objetos foram chamados planetas, que em grego
cerca de 5 500 centígrados. No núcleo solar a temperatura atinge 15 significa errante. Existem oito planetas no Sistema Solar: Mercú-
milhões de graus. Sua massa é 333 mil vezes maior que a da Terra, rio, Terra, Marte, Júpiter, Vênus, Saturno, Urano e Netuno. Até
mas a sua densidade média é de apenas 1,41 gramas por centímetro agosto de 2006, Plutão era considerado um planeta, porém, a  União

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Astronômica Internacional mudou os critérios para a definição de Outros mecanismos que determinam a aparência da crosta
um planeta. Como Plutão é pequeno em relação aos outros, passou a de um planeta ou satélite são: a erosão, causada pela atmosfera
ser considerado um planeta anão ou planetoide.  ou hidrosfera; e o crateramento. Este último ocorre em todos os
Muitos destes planetas podemos visualizar a noite a olho nú ou planetas internos e satélites de superfície sólida. Desse modo, a
com a ajuda de um telescópio. Os planetas, ao contrário das estrelas, análise da crosta permite determinar a época de formação de um
não possuem luz própria e só podem ser vistos graças a luz que refle- dado terreno e o estado atual de atividade do corpo, como veremos
tem do Sol. Ao redor dos planetas, gravitam 67 satélites, dentre eles ao descrevermos alguns planetas.
a Lua (satélite natural do nosso planeta), que gravita ao redor no pla-
neta Terra. São cinco os planetas observáveis a olho nu: Mercúrio, Mercúrio
Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. A Lua também foi considerada um
astro errante, mas hoje sabemos que não é um planeta, pela definição Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol. Seu nome latino
atual. A Lua é hoje considerada um satélite. Enquanto um planeta corresponde ao do deus grego Hermes, filho de Zeus. Bastante pe-
orbita em torno do Sol, um satélite orbita em torno de um planeta. queno, é o segundo menor entre todos os planetas. Sua superfície
Porém, do ponto de vista de composição e características físicas, está coberta por crateras resultantes do impacto de corpos meno-
os planetas e satélites podem ser muito parecidos em alguns casos. res. Por isso supõe-se que a atividade vulcânica tenha ocorrido
Os planetas podem ser divididos em dois tipos: planetas telúri- apenas no início, até cerca de 1/4 da sua idade atual. Caso houves-
cos (similares à Terra) e planetas jovianos (similares a Júpiter). Os se atividade recente, as lavas cobririam e apagariam as crateras.
planetas telúricos são: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. Os jovianos Das inúmeras crateras existentes, destaca-se a Bacia Caloris, com
são: Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Plutão não se enquadra em 1.300 quilômetros de diâmetro, quase 1/3 do diâmetro do plane-
nenhuma das categorias acima, parece um grande cometa. Os plane- ta. Possui uma atmosfera muito tênue, quase desprezível, por isso
tas telúricos são pequenos, de baixa massa e compostos basicamente existe uma incrível variação da temperatura entre o dia e a noite:
por elementos pesados. São também chamados de planetas internos de –170 graus (lado oculto do Sol) a +430 graus centígrados (lado
por serem os mais próximos ao Sol. Possuem poucos ou nenhum sa- iluminado pelo Sol). Compare com a Terra, onde a variação é de
télite e são desprovidos de anéis. A superfície é sólida e a atmosfera poucas dezenas de graus. Sua órbita é altamente excêntrica, só Plu-
é tênue, comparada com a massa do planeta. Os planetas telúricos
tão o supera nesse aspecto.
apresentam ou apresentaram atividade vulcânica, causando modifi-
cações importantes em sua estrutura interna e na superfície.
Vênus
Os planetas jovianos são grandes em dimensão e massa, como
Júpiter. Este, por sua vez, é o que mais guarda relação com o Sol.
Vênus é o nome latino da deusa grega do amor, Afrodite. Fa-
Sua massa está próxima à das menores estrelas. Se esta fosse um
cilmente identificável no céu, esse planeta é também chamado de
pouco maior, o processo de fusão nuclear poderia ocorrer em seu
Estrela D’Alva ou estrela matutina - mas ele não é uma estrela!
interior e ele seria uma estrela. Os planetas jovianos, também cha-
É o mais brilhante dos planetas e está sempre próximo ao Sol,
mados gigantes, são compostos basicamente por hidrogênio e hélio.
Por isso, apesar de sua grande massa, são menos densos. Não pos- como Mercúrio, pois suas órbitas são internas à da Terra. Enquanto
suem superfície sólida e sua atmosfera densa. Possuem tipicamente Mercúrio é bastante pequeno (2/5 da Terra), Vênus já possui um
muitos satélites e todos exibem anéis. tamanho comparável ao da Terra. Aliás, esse planeta é bastante
A existência de uma atmosfera depende da massa do planeta parecido com o nosso, em massa e composição química. Apesar
e de sua temperatura. Esta, por sua vez, depende inicialmente da dessas similaridades, entretanto, sua atmosfera é bastante diferente
sua distância ao Sol. Os planetas menores e mais quentes (mais da terrestre.
próximos do Sol) têm mais dificuldade em manter uma atmosfera. A atmosfera de Vênus é bastante espessa e reflete a maior par-
Por outro lado, os elementos mais leves escapam mais facilmente te da luz solar incidente. Essa é a razão do seu grande brilho. Sua
do planeta. Assim, os planetas telúricos tendem a reter quase que atmosfera também impede a observação direta da superfície do
somente elementos mais pesados em sua atmosfera. Já os planetas planeta. O raio de Vênus somente pode ser determinado com o uso
gigantes conseguem reter uma maior quantidade de material, inclu- de radares ou de sondas espaciais. Por ter um tamanho relativa-
sive os elementos mais leves. A atmosfera faz diminuir a variação de mente grande, seu manto é convectivo, pois não consegue dissipar
temperatura na superfície entre o dia e a noite. o calor interno por condução, como acontece com Mercúrio (veja
Os valores de massa referem-se à razão entre a massa do plane- o quadro sobre as formas de transporte de energia). A convecção
ta e a da Terra. O mesmo vale para o raio equatorial. O achatamento levou gases para a superfície, de modo a formar uma atmosfera
corresponde à diferença entre os raios equatorial e polar do planeta, composta basicamente por gás carbônico, CO2 - quase 97 % - e gás
em unidades de raio equatorial. Os planetas, de modo geral, não pos- nitrogênio, N2 - 3 %. O gás carbônico é responsável pela ocorrên-
suem luz própria. A maior parte da energia que irradiam corresponde cia do efeito estufa (veja quadro a seguir), que eleva a temperatura
à luz do Sol que é refletida em sua superfície. Assim, como um farol na superfície a 460ºC. Note que essa temperatura chega a superar
de bicicleta, tipo olho de gato, parece aceso quando alguma luz in- a de Mercúrio que está mais próximo do Sol e esperaríamos que
cide sobre ele. Porém, existe um pequeno excesso de energia (com fosse mais quente. As nuvens de Vênus são formadas por várias
relação à recebida pelo Sol) que pode ser de origem gravitacional substâncias, entre elas o ácido sulfúrico. A pressão atmosférica de
ou radioativa. Esse excesso é maior nos planetas jovianos. Apesar Vênus é bastante alta, cerca de 100 vezes maior que a da Terra.
de pequena, a energia interna dos planetas telúricos é suficiente para Existem também evidências de vulcanismo, que está relacionado
modificar sua aparência através de atividade geológica: vulcanismo ao manto convectivo. Por tudo isso, a superfície de Vênus possui
e movimentos tectônicos. condições bem inóspitas.

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Terra fique retida entre a atmosfera e a superfície do planeta. O resultado
é que a atmosfera próxima à superfície fica aquecida. Esse efeito é
Terra é o nome da deusa romana, esposa do Céu. Como já vi- similar ao que acontece nos carros. A luz visível entra pelo vidro
mos, o planeta em que vivemos era considerado até o Renascimento e é transformada em radiação infravermelha, que o vidro não dei-
como em posição privilegiada, em torno da qual o Universo existia. xa escapar. Assim, o interior do carro aquece-se. É o que acontece
Com o avanço do nosso conhecimento, a Terra deixou de ocupar um com Vênus, e também com a Terra, por motivos naturais. Mas, nos
lugar especial e passou a ser apenas mais um dos planetas de uma últimos 150 anos a temperatura na Terra está crescendo, e isto pode
estrela comum, o Sol. Porém, ainda hoje é considerada particular, ser devido ao aumento, causado pelo homem, da concentração dos
pela existência e complexidade da vida em sua superfície. A tempe- gases responsáveis pelo efeito estufa.
ratura na Terra é tal que permite que a água exista no estado líquido. Vênus possui rotação retrógrada, isto é, ele gira em sentido con-
Aliás, o nosso planeta deveria ser chamado de planeta Água e não trário ao da maior parte dos movimentos do sistema solar. É também
Terra, pois 3/4 de sua superfície são cobertos pela água. Apenas para o único planeta em que o tempo de rotação (243 dias) supera o de
se ter uma ideia da quantidade de água dos oceanos, se a superfície translação em torno do Sol (225 dias). Assim, o dia em Vênus dura
do planeta se aplainasse, o planeta seria coberto por um oceano de mais que o ano!
400m de profundidade. A água é um dos fatores essenciais que levou
à existência da vida. Marte
A atmosfera terrestre é formada basicamente por nitrogênio
(78 %), que faz com que o nosso planeta seja azul quando visto de Marte é o planeta telúrico mais distante do Sol. Seu nome re-
fora. Existem, porém, outros gases. Entre eles devemos salientar o fere-se ao deus latino da guerra, cujo correspondente grego é Ares.
oxigênio (20 %) e o ozônio, que bloqueiam a radiação ultravioleta Possui uma atmosfera tênue, cujo componente principal é o gás car-
do Sol, que é fatal para alguns microorganismos e prejudicial para bônico (95 %). Sua cor avermelhada é devida à poeira que cobre
os seres vivos em geral. O oxigênio da atmosfera terrestre é basi- parcialmente a sua superfície. Parte desta é recoberta por lava soli-
camente produzido pelas plantas, através da fotossíntese. Hoje, a dificada, formando grandes planícies. Mas existem também crateras
atmosfera possui uma pequena quantidade de gás carbônico, porém de impacto e montanhas. A maior montanha do sistema solar está
ela já deve ter sido muito maior, mas foi consumida por vários pro- em Marte. É o monte Olimpo, um vulcão extinto, que possui 25 km
cessos. Assim, atualmente o efeito estufa é muito menor na Terra do da base ao topo! Devem ter ocorrido processos de convecção em
que é em Vênus. algum momento do passado, mas como Marte é um planeta peque-
A Terra é um planeta bastante ativo geologicamente: possui no, esses processos cessaram e atualmente seu calor é dissipado por
vulcanismo e movimentos tectônicos importantes resultantes da condução. A temperatura na superfície oscila entre -90 e 30 graus
convecção do manto interno à crosta. O nosso planeta possui um centígrados. Marte possui dois satélites, Fobos e Deimos (em grego,
satélite, a conhecida Lua. Sua superfície é coberta por crateras de Medo e Terror), cujos nomes representam os dois filhos do deus da
impacto, principalmente na face oposta à Terra. Observa-se também guerra, Ares, na mitologia grega. São pequenos, da ordem de 10 qui-
os mares (regiões escuras) e montanhas (regiões claras). Os mares lômetros de raio, e possuem forma irregular, como a de uma batata.
são grandes regiões preenchidas por lava solidificada. Porém, não
há indícios de atividade vulcânica atual. Como não possui atmosfe- Júpiter
ra significativa, sua temperatura é basicamente regida pela radiação
solar, com grandes diferenças entre o dia e a noite. Júpiter é o maior planeta do sistema solar, sendo seu raio cer-
A Lua é um satélite relativamente particular dentro do sistema ca de 11 vezes maior que o da Terra. É o protótipo dos planetas
solar, pois possui um tamanho comparável ao da Terra. Sua massa jovianos, os gigantes gasosos. Coincidentemente, o seu nome lati-
é apenas 80 vezes menor que a da Terra. Ganímedes, por exemplo, no corresponde em grego a Zeus, o maior dos deuses do Olimpo.
é um dos satélites de Júpiter e sua massa é 10.000 vezes menor que Apesar de possuir, provavelmente, um núcleo formado por materiais
a do planeta. O tamanho da Lua é apenas 1/4 do da Terra. Assim, pesados, ele é composto basicamente por hidrogênio e hélio na for-
do ponto de vista físico, o conjunto Terra-Lua poderia ser definido ma gasosa. Assim, Júpiter, como os demais planetas jovianos, não
como um sistema binário. Entre as possíveis teorias para explicar a possui uma superfície sólida como os planetas terrestres.
formação lunar, existe a de formação conjunta com a Terra e poste- Sua atmosfera é também formada por hidrogênio e hélio. Ela é
rior separação, captura, ou mesmo formação inicial em separado. A bastante espessa e determina a aparência do planeta. A imagem de
teoria mais aceita atualmente diz que a Terra sofreu o impacto de Júpiter mostra uma série de bandas coloridas paralelas ao seu equa-
um objeto de massa muito alta (como Marte, por exemplo) e nesse dor, que correspondem a nuvens de diferentes movimentos, tempe-
processo uma parte da Terra foi ejetada e formou a Lua. ratura e composição química. Uma estrutura bastante interessante é
a chamada Grande Mancha Vermelha. Como as bandas, ela também
Efeito Estufa corresponde a um fenômeno meteorológico, por assim dizer. Ela é
muito grande (10.000 x 25.000 quilômetros), muito maior que a Ter-
O Sol emite a maior parte de sua energia na forma de luz visí- ra, por exemplo. É uma estrutura bastante estável, no sentido de que
vel. Essa radiação ao atingir a superfície de um planeta é transfor- persiste há muito tempo.
mada em radiação infravermelha. O efeito estufa é produzido por Hoje conhecemos 28 satélites de Júpiter, mas esse número con-
certos gases na atmosfera, em especial o gás carbônico. A absorção tinua a crescer em virtude de novas descobertas. Entretanto, quatro
da radiação por esses gases é maior na região infravermelha do que deles destacam-se por seu tamanho: Europa, Ganímedes e Calisto.
na região visível. Assim, mais radiação visível do Sol atravessa a São chamados satélites galileanos, pois foram descobertos por Gali-
atmosfera e alcança a superfície do planeta do que radiação infra- leu, no início do século XVII. Ganímedes é o maior satélite do sis-
vermelha escapa para o espaço, o que faz com que parte da energia tema solar e Europa são similares aos planetas telúricos, formados

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basicamente por rochas, possui vulcões ativos e Europa uma atmos- Netuno
fera de oxigênio, além de um possível oceano de água líquida sob
uma crosta de gelo. De todos os satélites do sistema solar, apenas Logo após a descoberta de Urano, foi notado que os cálculos
5 possuem atmosferas: Europa, Ganímedes, Titã (Saturno) e Tritão matemáticos não reproduziam com exatidão a sua órbita. Foi então
(Netuno). sugerido que existiria um outro planeta, cuja influência gravitacional
Além dos satélites, Júpiter possui um anel, como os demais pla- era a responsável pelos desvios de sua órbita. Em 1845, o jovem
netas jovianos. Esse anel é bastante fino e escuro, diferente do de matemático inglês John C. Adams (1819-1892) e pouco depois o
Saturno, que é bastante brilhante e define a aparência do planeta. astrônomo francês Urbain Le Verrier (1811-1877) previram a exis-
Júpiter emite mais energia do que recebe do Sol e este excesso deve tência de Netuno, que foi, então, observado pelo astrônomo alemão
ser de origem gravitacional. Johann G. Galle (1812-1910) e H. L. d’ Arrest em 1846. O fato de
que Netuno não foi descoberto, mas sim previsto, é considerada uma
Saturno grande vitória da ciência.
Netuno é o nome latino de Possêidon, o deus grego dos mares.
O nome desse planeta vem do deus romano que ensinou aos
Possui uma estrutura interna muito similar a Urano, sendo formado
homens a agricultura, e é por alguns associado ao deus grego Cro-
por rochas e gelo. Apresenta uma atmosfera espessa com bandas
nus. Saturno é o segundo maior planeta do sistema solar. É similar
atmosféricas. Possui oito satélites e um sistema de anéis. Dentre
a Júpiter em vários aspectos, como na estrutura interna e atmosfera.
Também possui bandas atmosféricas que, porém, são menos con- seus satélites, destaca-se Tritão. É um satélite ativo possuindo os
trastantes entre si que as de Júpiter. Também, como Júpiter, possui chamados vulcões de gelo. Dentre todos os corpos do sistema solar,
uma pequena fonte de calor interna. Saturno possui um belo sistema a atividade vulcânica só está presente na Terra, Vênus, Io e Tritão.
de anéis que é visível através de uma pequena luneta.
Dizemos um sistema, pois o disco que vemos em torno de Sa- Plutão
turno corresponde a pelo menos sete anéis. Os anéis são compostos
por partículas de gelo e poeira, cujos tamanhos vão desde um mi- Conhecido, durante muito tempo, desde a sua descoberta em
lésimo de milímetro até dezenas de metros. Apesar de sua grande 1930, como o menor, mais frio e distante planeta do Sol. Em  24
extensão - o raio externo fica a 480 000 quilômetros do centro de de Agosto de 2006, a União Astronômica Internacional (UAI)  for-
Saturno -, os anéis são extremamente finos, da ordem de duzentos malmente acrescentou uma nova classificação para os planetas do
metros. Para se ter uma ideia dessa proporção, imagine um disco do Sistema Solar.
tamanho de um quarteirão com uma espessura de aproximadamente
um centésimo de milímetro! Enquanto os anéis de Saturno são co- Planeta Anão: De acordo com as novas regras, um planeta deve
nhecidos há bastante tempo, os anéis dos demais planetas jovianos satisfazer três critérios: ele deve orbitar o Sol, ele deve ser grande o
só foram descobertos na década de 70. suficiente para a gravidade moldá-lo dentro da forma de uma bola e
Saturno possui ao menos 30 satélites. Um satélite bastante pe- sua vizinhança orbital deve estar livre de outros objetos. A partir de
culiar é Titã. É o segundo maior satélite do sistema solar. Possui um 24 de Agosto de 2006, Plutão deixa de ser classificado como planeta
núcleo rochoso, recoberto por um manto de gelo de compostos orgâ- e passa a ser denominado como Planeta Anão.
nicos. Sua espessa atmosfera é formada principalmente por nitrogê-
nio e contém também moléculas orgânicas complexas, estrutura que Plutoide: Em 11 de Junho de 2008  a União Astronômica In-
se supõe ser similar à atmosfera terrestre primitiva. A temperatura ternacional decidiu que objetos além da órbita de Netuno, com as
máxima na superfície de Titã é de -100 graus centígrados. características de composição por “gelo” e que tenham a forma es-
férica passem a ser designados por plutoides.    
Urano
Sua descoberta foi semelhante à de Netuno. Foi descoberto por
cálculos matemáticos, através das pequenas perturbações existentes
Até agora falamos apenas de planetas conhecidos desde a An-
nas órbitas de Urano e Netuno. A primeira imagem visual dele foi
tiguidade. Urano foi o primeiro dos planetas a serem descobertos
na era moderna, em 1781, pelo astrônomo inglês de origem alemã obtida através da comparação de fotografias em 18 de fevereiro de
William Herschel (1738-1822). Urano, cujo nome refere-se ao deus 1930. Esse planeta anão pode ser detectado por muitos instrumen-
grego que personifica o céu, deve possuir um núcleo rochoso similar tos, inclusive por telescópios amadores com o uso de processos foto-
ao da Terra recoberto por um manto de gelo. Assim, ele é diferente gráficos especiais. Durante um período de cerca de vinte anos, existe
de Júpiter e Saturno na estrutura interna. Sua atmosfera é composta uma facilidade de sua observação: é por causa da grande excentrici-
basicamente por hidrogênio e hélio, mas contém também um pouco dade de sua órbita. De 1989 até 14 de março de 1999 sua distância
de metano. Possui também bandas atmosféricas, como os demais foi menor que a do planeta Netuno. Essa aproximação aumentou sua
planetas jovianos. luminosidade em até oito vezes.
Urano possui uma anomalia no que tange ao seu eixo de rota- A partir dos anos 70 é que se obteve dados sobre a superfície
ção, que está muito próximo do plano orbital, isto é, o seu eixo é desse planeta anão. Foi detectada a presença de metano congelado
praticamente perpendicular ao dos demais planetas. Supõe-se que a uma temperatura de -210°C e uma fina camada atmosférica su-
isso se deva ao efeito de um grande impacto. Como ele possui um postamente de metano gasoso. Seu tamanho é inferior ao da Lua.
sistema de anéis como, estes são observados de frente e não lateral- Recentemente mais dois satélites  foram descobertos ao redor de
mente como os de Saturno, por exemplo. Esse planeta possui 21 sa- Plutão: são eles Hidra e Nix.  Eles foram confirmados por astrôno-
télites conhecidos, todos compostos principalmente por gelo. Dentre mos empregando o Telescópio Espacial Hubble da NASA em Maio
suas maiores luas, a mais próxima de Urano é Miranda. Ela possui de 2005 e receberam inicialmente os nomes provisórios de S/2005
um relevo bastante particular, formado por vales e despenhadeiros. P1 e S/2005 P2.

Didatismo e Conhecimento 10
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Por ser um planeta anão do Sistema Solar com o menor número maiores que os dos planetas mais distantes. Quanto à sua compo-
de informações, a NASA estava  programando para 2001 o lança- sição, o núcleo de um cometa é um aglomerado de matéria sólida:
mento do Expresso para Plutão (Pluto Express), uma sonda pequena grãos de poeira e gelo de materiais orgânicos. Quando um deles se
para estudá-lo. Esse projeto foi cancelado e substituído pela Sonda aproxima do Sol, o material de sua superfície sublima, formando
Novos Horizontes  lançada em Janeiro de 2006 e deverá estar pró- uma nuvem de gás e poeira ao seu redor. Essa é a chamada coma. O
xima de Plutão no ano 2015. Em 1978 foi descoberto um satélite de movimento do cometa, em combinação com a ação do vento solar,
Plutão  por James W. Christy, cientista do Observatório Naval dos forma duas caudas: a de gás e a de poeira.
Estados Unidos, no dia 2 de julho de 1978. Este foi batizado com Hoje se acredita que os cometas são resquícios da época da for-
o nome de Caronte. Uma série de fotos revelam que sua translação mação do sistema solar. Sua composição deve ser a mesma da nu-
é cerca de 6,39 dias, que parece coincidir com a rotação do planeta vem primordial que deu origem ao Sol e aos planetas. Mas, de onde
anão. Se confirmada, essa coincidência será única no Sistema Solar, vêm os cometas? Provavelmente de uma região bastante afastada do
ou seja, o satélite nunca nasce nem se põe. sistema solar chamada Nuvem de Oort, idealizada pelo holandês Jan
Isso permitiu melhores medidas a respeito de Plutão e Caronte H. Oort. Supõe-se que ela seja uma nuvem de gás, poeira e cometas
após uma série de eclipses entre eles no ano de 1985. Plutão tem que circunda todo o sistema solar, formando uma casca esférica. Os
um diâmetro de 2360 km e o satelite Caronte tem um diâmetro  de cometas concentram-se nessa região e, ocasionalmente, são pertur-
1210 km. Dois satélites foram  descobertos pelo Telescópio Espacial bados e suas órbitas modificam-se de modo a passar próximo ao Sol:
Hubble entre os dia 15 e 18 de Maio de 2005, os quais foram inicial- nessa situação eles tornam-se visíveis.
mente designados por  S/2005 P1 e S/2005 P2. Esses dois novos sa-
télites foram batizados com o nome de Nix e Hidra respectivamente.
Eles são pequenos, com um tamanho entre 40 a 160 quilometros.
Os nomes foram tirados da  mitologia: Nix é a deusa da escuridão e
mãe de Caronte o barqueiro que conduz as almas pelo rio Archeron.
Hidra é o monstro de nove cabeças  e por coincidência N e H são as
iniciais da Sonda Novos Horizontes.
Plutão possui um satélite, Caronte - nome do barqueiro, que
na mitologia grega, atravessa o rio levando as almas para o Ha-
des. Descoberto apenas em 1978, é um pequeno satélite, de com-
posição e tamanho comparáveis ao de Plutão: o raio de Caronte é
aproximadamente metade o de Plutão. Assim, pode-se considerar
que ambos formam um sistema duplo de planetas.
Meteoros, Meteoritos e Meteoroides
Asteroides
Qual a diferença entre meteoro, meteoroide e meteorito? Um
meteorito é um objeto sólido que atingiu a superfície terrestre. O
Apesar do nome de origem grega que significa “similar a estre-
meteoro é o fenômeno que ocorre quando um corpo entra na atmos-
las”, os asteroides são mais parecidos aos planetas, apesar de muito
menores. Concentram-se, em sua maioria, em um anel entre as órbi- fera terrestre e deixa um rastro luminoso provocado pelo atrito - são
tas de Marte e Júpiter. Imagine o que aconteceria se um planeta fosse as chamadas estrelas cadentes. O corpo que entra na atmosfera é o
quebrado em milhares de pedacinhos e esses pedacinhos fossem es- meteoroide. Os meteoroides são fragmentos de cometas ou asteroi-
palhados ao longo de sua órbita. Um cinturão de asteroides é apro- des. Os menores são desintegrados pelo atrito com a atmosfera e
ximadamente isso. Porém, os asteroides não devem ser o resultado apenas os maiores podem chegar à superfície da Terra. Esses meteo-
de um processo destrutivo, mas, sim, um planeta que não deu certo. ritos são, em sua maior parte, originários de asteroides. Os cometas
Como veremos mais adiante os planetas devem ter sido formados deixam atrás de si rastros de poeira que formam tubos com diâme-
aos poucos, a partir da aglutinação de pedaços menores. tros da ordem de 10 a 50 milhões de km!! Se a Terra atravessa um
O diâmetro dos asteroides pode chegar a centenas de quilôme- desses anéis de poeira, ocorre a chamada chuva de meteoros. É por
tros. O maior deles, Ceres, tem um diâmetro de 974 quilômetros. isso que existem determinadas épocas do ano para que isso ocorra: é
Os grandes asteroides são esféricos, mas os menores podem possuir quando a Terra atravessa o rastro de um cometa importante.
formas irregulares (como a de batatas). A maior parte deles são for- Hoje a teoria mais aceita para a extinção dos dinossauros é a de
mados basicamente por rochas (silicatos). Porém, alguns podem ser um impacto de um meteorito ocorrido no México, próximo à Penín-
metálicos (ferro). sula de Yucatan, por volta de 65 milhões de anos atrás. Segundo pes-
quisas recentes, esse meteorito teria um diâmetro de cerca de 10 km.
Cometas A cratera formada teria entre 200 a 250 quilômetros de diâmetro, e
é denominada Cratera de Chicxulub. O choque teria levantado uma
O sistema solar não abrange apenas o Sol, os planetas, seus sa- enorme quantidade de poeira, que teria bloqueado os raios solares
télites e asteroides. Os cometas pertencem também ao sistema solar e levado ao resfriamento drástico da superfície terrestre por vários
e, como os planetas, orbitam em torno do Sol. Porém, suas órbitas meses. Isso teria provocado a morte das plantas e dos animais que
não se restringem ao plano do sistema solar, que contém as órbitas delas se alimentavam. A energia estimada para esse impacto corres-
dos planetas. As órbitas dos cometas possuem inclinações as mais ponde a cinco bilhões de bombas nucleares como a que foi lançada
variadas, com excentricidades bastante altas e raios muito grandes, em Hiroshima.

Didatismo e Conhecimento 11
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Os Movimentos no Sistema Solar

Como vimos logo no início deste capítulo, os corpos do sistema solar destacaram-se entre as estrelas fixas devido aos seus movimentos. A
cinemática é a área da Física que descreve os movimentos sem se preocupar com o que os causa. No caso do sistema solar, os movimentos dos
planetas foram descritos por Kepler através de três leis que enumeramos abaixo. Mais tarde, Newton explicou esses movimentos considerando
as forças que agem sobre os corpos: a área da Física que estuda as forças que determinam o movimento de um corpo é chamada dinâmica. A
força em questão é a gravitacional.

As Leis de Kepler

No início do século XVII, Kepler derivou três leis empíricas que descrevem o movimento dos planetas. As duas primeiras foram determina-
das simultaneamente (1609) e são o resultado de sua tentativa de descrever corretamente os movimentos planetários. A terceira lei, determinada
dez anos mais tarde (1619), relaciona os períodos e tamanhos das órbitas e, de certa forma, traduz uma certa harmonia entre os movimentos dos
corpos, o que talvez fosse o principal objetivo de Kepler.

- Primeira Lei – Lei das órbitas elípticas: A órbita de um planeta é uma elipse com o Sol em um dos focos. Assim, as distâncias entre um
planeta e o Sol são variáveis ao longo da translação do planeta.

- Segunda Lei - Lei das áreas: Ao longo de sua órbita, um planeta possui uma velocidade variável, de modo que a área coberta pela linha
que liga o Sol ao planeta é sempre a mesma em intervalos de tempo iguais.

- Terceira Lei – Lei Harmônica: A razão entre o quadrado do período de translação, P, de um planeta e o cubo do semieixo maior de sua
órbita, a, é a mesma para todos os planetas.

A Formação do Sistema Solar

O Universo conhecido é basicamente vazio. A matéria concentra-se em pequenas regiões. Isto é, o Universo possui uma certa estrutura.
Exatamente como o homem não ocupa uniformemente toda a superfície terrestre, a matéria não se distribui igualmente no Universo. A maté-
ria tende a se concentrar nas galáxias, como o homem tende a se concentrar nas cidades. A galáxia em que vivemos chama-se Via Láctea. As
estrelas que formam a Via Láctea formam a faixa esbranquiçada, de aparência leitosa, que pode ser vista em noites escuras de inverno. O Sol é
apenas uma das bilhões de estrelas que existem na Via Láctea. O planeta mais distante encontra-se muito mais perto que a estrela mais próxima.
Plutão encontra-se a 4 horas-luz, enquanto que a estrela mais próxima está a mais de 4 anos-luz.
Em galáxias do tipo da nossa Via Láctea, que é uma galáxia espiral, existem nuvens de matéria na região equatorial. Essas nuvens não
são como as da nossa atmosfera, que são basicamente compostas por água, mas aglomerados de gás e poeira. As estrelas, de modo geral, e o
nosso sistema solar, em particular, tiveram sua origem em uma nuvem desse tipo. Isto é, o Sol nasceu e foi formado em uma dessas nuvens. A
composição química dessa nuvem é basicamente a mesma do Sol e do Universo, preponderantemente hidrogênio. Os elementos mais pesados
existem em uma quantidade muito menor. A tendência é que os elementos mais pesados sejam menos abundantes que os elementos mais leves
nos corpos celestes - exceção feita a alguns corpos celestes, entre eles a Terra.
O modelo mais aceito atualmente para a formação do sistema solar considera que o sistema solar como um todo (Sol, planetas, etc.) surgiu
a partir de uma mesma nuvem de gás e poeira: a Nebulosa Solar Primitiva. Em algum momento, essa nuvem começou a se contrair devido à
autogravidade. O estopim de um processo desse tipo pode ter sido a explosão de uma estrela chamada supernova. Essa explosão fez com que o
equilíbrio gravitacional da nuvem acabasse, e assim começasse a sua contração. Poderíamos dizer que assim foi a concepção do sistema solar.
O colapso gravitacional pode ter ocorrido naturalmente, também.

Didatismo e Conhecimento 12
CIÊNCIAS FÍSICA
Assim, o sistema solar em seu início, há cerca de 4,6 bilhões ra abaixo. A história da astronomia mostra que até estes simples
de anos atrás, era muito diferente do que é hoje. Ele evoluiu, exa- conceitos não foram facilmente obtidos. A figura A sugere que es-
tamente como os seres vivos evoluem ao longo de sua vida, po- tamos continuamente em rotação, devido ao movimento da Terra
rém, de maneira completamente diversa. Inicialmente, o Sol não em torno de seu próprio eixo. Por que não estamos cientes deste
era uma estrela exatamente como é hoje, com fusão de energia em movimento?
seu interior. Os planetas também não existiam. Existia apenas uma Esta pergunta foi um quebra-cabeça sério para astrônomos em
concentração de massa central e um disco de matéria em torno tempos antigos. Foi um grande obstáculo até os tempos de Coper-
dela. Enquanto a concentração de massa central evoluía para o que nicus (1473-1543). A figura acima mostra também, o plano através
é o nosso Sol atualmente, o disco estruturava em anéis. Eles iriam do centro da Terra, formando um ângulo reto com o eixo de rotação.
transformar-se nos planetas. Um dos anéis não deu origem a um Este plano cria uma circunferência imaginaria na superfície da Ter-
planeta, mas continua até hoje como um anel. É o chamado cintu- ra, chamada EQUADOR. Este plano separa a Terra em Hemisfério
rão de asteroides, entre as órbitas de Marte e Júpiter. Norte e Hemisfério Sul. A rotação consiste no movimento giratório
Como um anel de matéria em torno do Sol transforma-se em da Terra em torno do seu eixo, uma linha imaginária que passa pelo
planeta? O gás e poeira presente nesses anéis colidem e formam centro da Terra e que atravessa a superfície desta nos chamados po-
pequenos aglomerados de matéria, chamados planetesimais. Es- los Norte e Sul (figura abaixo).
ses planetesimais, por sua vez, também podem colidir e na colisão O polo Norte é o ponto da Terra de onde se vê a estrela Polar
pode ocorrer liberação de calor. Esse calor pode ser usado para quase por cima. O polo Sul é o ponto oposto, do outro lado da Terra.
derreter os planetesimais e assim “grudá-los”. Do colapso inicial Daí não se vê a estrela Polar. Não faz sentido dizer que o polo Norte
da nuvem até o início da condensação dos planetas o intervalo de está por cima do polo Sul, uma vez que as noções de “cima” e “bai-
tempo deve ser da ordem de 10 milhões de anos. Até que o Sol se xo” dependem do ponto de vista: para uma pessoa no polo Norte, o
torne uma estrela transcorrem-se 50 milhões de anos. Para chegar polo Sul está para baixo, mas, para uma pessoa no polo Sul, é o polo
ao estágio final de um sistema planetário deve transcorrer 1 bilhão Norte que está para baixo... O sentido “para baixo” dirige-se sempre
de anos. O sistema solar deve ter cerca de 5 bilhões de anos de ida- para o interior da Terra. Um plano perpendicular ao eixo de rotação
de. Toda a teoria exposta acima está de acordo com as caracterís- da Terra e que a divide em duas metades, chamadas hemisfério Nor-
ticas gerais do sistema solar. Alguma delas são: (1) os planetas se
te e hemisfério Sul, marca na superfície terrestre uma linha chamada
encontram aproximadamente em um mesmo plano que é o plano
equador (figura abaixo).
equatorial do Sol; (2) as órbitas são quase circulares; (3) grande
parte das rotações é prógrada.
A teoria de formação do sistema solar também nos fornece
uma explicação para a existência de dois grupos de planetas. Os
planetas formaram-se a partir da aglutinação de corpos menores.
Nessa época, as temperaturas nas regiões próximas ao Sol, onde se
formaram os planetas interiores, eram altas o suficiente para que os
elementos mais leves não pudessem estar na forma sólida, e assim
não poderiam se aglutinar para formar corpos cada vez maiores.
Isto é, apenas materiais pesados poderiam permanecer sólidos e
formar os planetesimais. Já para distâncias maiores, mesmo os ele-
mentos leves poderiam estar sob forma sólida e, por serem mais
abundantes, os planetas gigantes são formados basicamente por
esses elementos.
É interessante notar que muito do que sabemos sobre a
formação do sistema solar é corroborado pelo que observamos no
Universo. Existem regiões onde ocorre atualmente a formação de
estrelas, exatamente como aconteceu em nosso sistema solar. Faça
uma analogia com os seres humanos. Em uma festa, um dos convi-
vas é um jovem de 20 anos. Porém entre todos os convidados você Movimento de rotação da Terra, com o eixo da Terra, os polos
pode encontrar bebês, crianças, adolescentes, adultos e idosos, to- Norte e Sul e o equador. A metade de cima, na figura, é o hemisfério
dos ao mesmo tempo. Isto é, você pode encontrar pessoas mais Norte e metade de baixo é o hemisfério Sul.
jovens e mais velhas que aquele jovem de 20 anos.
Movimento de Translação
Movimentos da Terra
A translação consiste no avanço do centro da Terra ao longo de
Movimento de Rotação uma curva fechada em redor do Sol (figura abaixo). Dizemos que
descreve uma órbita (ou trajetória). Essa órbita parece circular, mas,
A experiência da sequência do dia/noite, evidencia a relação em rigor, é uma curva chamada elipse. Esse movimento dá-se com
da Terra com o Sol, mostrando também, mudanças cíclicas. Hoje a velocidade de 30 quilómetros por segundo: isto significa que, em
em dia explicamos a progressão diurna em função da rotação da cada segundo, a Terra anda 30 quilómetros. Durante a translação, o
Terra. Se pensarmos que o Sol permanece sempre fixo na mesma eixo de rotação da Terra faz um ângulo de 23º com o plano da órbita
posição e que a Terra roda ao redor de um eixo, como na figu- da Terra.

Didatismo e Conhecimento 13
CIÊNCIAS FÍSICA
Podemos, pois, comparar o nosso planeta a uma bailarina, que hora da noite não é o mesmo todos os meses. Mas tudo se repete de
dá voltas em torno de si própria. Mas essa bailarina não está sempre ano a ano. Vemos o céu noturno diferente todos os meses, porque a
no mesmo sítio... O movimento da Terra em volta do Sol é seme- Terra se está a mover no espaço e “fica virada” para zonas diferentes
lhante ao de uma bailarina que, rodando sobre si mesma, anda em do céu à medida que os meses passam (por exemplo, o céu visto
volta de um ponto do palco. Para complicar, não é uma bailarina de Portugal não é o mesmo em Janeiro e em Agosto, figura acima).
vertical, mas sim um pouco inclinada. O tempo que a Terra demora a dar uma volta completa em volta
do Sol não é exatamente de 365 dias, mas sim 365 dias e 6 horas,
pelo que, de quatro em quatro anos, existe um ano com um dia a
mais no calendário, sempre o último de Fevereiro. Esses anos são
chamados bissextos. Tanto os diferentes lugares onde nasce e se põe
o Sol como o diferente aspecto do céu durante os vários meses do
ano são explicados pelo movimento de translação da Terra em torno
do Sol. Dizemos que o período de translação da Terra é um ano, o
tempo formado por 365 dias e 6 horas. Um jovem de catorze anos já
deu, portanto, 14 voltas em torno do Sol. A órbita da Terra em volta
do Sol é aproximadamente circular, como dissemos. O raio da órbita
da Terra mede 150 milhões de quilómetros: 150 000 000 km = 150
x 106 km = 1,5 x 108 km = 1,5 x 1011 m.
Esta distância é muito grande comparada quer com o raio do
Sol (RSol = 700 000 km = 7,0 x 105 km = 7,0 x 108 m) quer com o
Movimento de translação da Terra raio da Terra (RTerra = 6 400 km = 6,4 x 103 km = 6,4 x 106 m). Dá
muito jeito utilizar potências de dez para indicar grandes distâncias,
Por que existem as estações do ano? porque poupamos zeros. Uma potência de dez constitui o que se
chama uma ordem de grandeza. Dizemos que a distância Terra-Sol
é duas ordens de grandeza superior ao raio do Sol (para calcular a
diferença das duas ordens de grandeza, subtraímos as potências de
dez, depois de arredondar a segunda para cima: 11-9 = 2). Por sua
vez,  o raio do Sol é duas  ordens de  grandeza superior ao raio da
Terra.

Fases da Lua

Como sabes, a Lua é um corpo iluminado pela luz do Sol. A


porção da Lua que vemos iluminada chama-se fase. O intervalo de
tempo entre duas fases da Lua iguais e consecutivas é designado
por lunação. A duração de uma lunação é de 29 dias, 12 horas e 44
minutos (cerca de 29,5 dias). A face da Lua iluminada é aquela que
está voltada para o Sol. A fase da Lua representa o quanto dessa face
iluminada está voltada também para a Terra. Durante a primeira me-
Isto acontece porque a Terra se move em redor do Sol duran- tade do ciclo a porção iluminada vai aumentando (Quarto Crescen-
te um ano de aproximadamente 365 dias e ¼, além disso, o eixo te) e durante a outra metade ela vai diminuindo (Quarto Minguante).
de rotação da Terra tem uma inclinação em relação raios do Sol. A cada dia que passa a Lua apresenta uma fase diferente da sua face
A órbita é aproximadamente circular, enquanto seu eixo de rotação iluminada. No entanto, geralmente apenas quatro recebem deno-
mantém uma direção fixa inclinada em 67 graus em relação ao plano minações especiais: Lua Nova (0% iluminada), Quarto Crescente
de sua órbita. A orientação do Sol em relação aos hemisférios terres- (50% iluminada), Lua Cheia (100% iluminada) e Quarto Minguante
tres muda durante o ano, e isto provoca as mudanças nas estações. (50% iluminada).
Como nos apercebemos dos movimentos de translação e de rotação Cada fase dura no máximo algumas horas. As fases lunares
da Terra? ocorrem simultaneamente não importando a localização do obser-
Observando com atenção do mesmo lugar (podemos usar o re- vador. Porém, não são percebidas da mesma forma. No hemisfério
lógio de Sol construído na experiência anterior), verificamos que o Norte o aspecto da Lua é invertido em relação ao que é visto por um
Sol nem sempre nasce no mesmo sítio do horizonte e nem sempre observador situado no hemisfério Sul. É costume dizer-se que a Lua
se põe no mesmo sítio. Então onde fica a direção do Oriente num é “mentirosa”, porque será?
certo lugar? De fato, o Sol só nasce exatamente a Oriente e só se põe
exatamente a Ocidente nos dias 21 de Março e 23 de Setembro (os As quatro fases da Lua são:
equinócios de que já falámos). Mas, qualquer que seja o dia do ano,
passado um ano (cerca de 365 dias), o Sol volta a nascer no mesmo - Lua Nova: Esta fase da Lua é quando a Lua está entre o Sol
sítio. Por outro lado, observando ao longo do ano também do mes- e a Terra, esta fica na sua maior parte, ou completamente, invisível
mo lugar, mas de noite, verificamos que o aspecto do céu à mesma para nós.

Didatismo e Conhecimento 14
CIÊNCIAS FÍSICA
- Lua Quarto Crescente: O crescimento, ou Quarto Crescente
da Lua, é o rebordo do lado direito da Lua. Aparece cerca de três
dias após a Lua Nova.

- Lua Cheia: A Lua Cheia parece perfeitamente redonda por-


que podemos ver um lado inteiro dela, iluminado pela luz solar.

- Lua Quarto Minguante: O Quarto Minguante aparece quan-


do só metade da Lua é visível, cerca de uma semana após a Lua
Cheia.

Tipos de Eclipses

O Sol é uma fonte luminosa extensa. Tanto a Lua como a Terra


projetam no espaço uma sombra em forma de um cone, cuja base é o
próprio corpo, e uma penumbra. O cone de sombra situa-se interno à Marés dos Oceanos
penumbra. Por definição, o cone umbral não recebe luz solar alguma
e a penumbra não recebe luz de todos os pontos do disco solar. No Os pescadores que vivem no litoral conhecem muito bem a re-
entanto, para a Terra, que possui uma camada de ar ao seu redor, os gularidade da subida e descida do nível do mar, as quais estão asso-
limites do cone de sombra e da penumbra não são bem determina- ciadas à fase da Lua e ao período do dia. Os pescadores mais artesa-
dos. A luz do Sol é espalhada quando atravessa a atmosfera terrestre. nais adaptam-se a essa variação do nível do mar. Em determinadas
O mesmo não ocorre para a Lua. regiões da Terra, como no litoral do Norte e Nordeste do Brasil, é
Os eclipses lunares somente ocorrem quando a Lua está na fase surpreendente a diferença entre o avanço e o recuo marítimos.
cheia. Num eclipse da Lua, ela percorre a penumbra e/ou a som-
Interações Sol-Terra-Lua
bra da Terra. Apenas poderão ser observados do hemisfério da Terra
onde é noite. Há três tipos de eclipse da Lua: o total, o parcial e o
Além da iluminação pelo Sol que fornece energia para sustentar
penumbral. O eclipse lunar total acontece quando a Lua é totalmente
a vida, a Terra sofre a influência gravitacional dessa estrela. Se a
obscurecida pelo cone de sombra da Terra, o parcial quando somen-
Terra hipoteticamente parasse de se movimentar ao redor do Sol,
te parte da Lua é obscurecida por esse cone e o penumbral quando
ela seria atraída pela gravidade do mesmo, indo ao seu encontro.
a Lua percorre apenas a zona da penumbra terrestre (é o menos pro-
Os movimentos de translação da Terra e da Lua podem ser tratados
nunciável dos três). Na ocasião de um eclipse total ou parcial, a Lua
como movimentos de massas pontuais. Contudo, a Terra e a Lua são
percorre a região de penumbra antes e depois de atravessar o cone
corpos de dimensões não desprezíveis. Além do mais, eles não são
umbral da Terra. A Figura 1.19 ilustra um eclipse total da Lua em rígidos como se poderia supor.
escala. A força gravitacional do Sol ao ponto mais próximo da Terra é
Quando a Lua se situa na penumbra terrestre durante um eclipse maior do que a força do lado diametralmente oposto da superfície; a
total, ela não é totalmente obscurecida em virtude da luz solar ser diferença na distância desses dois pontos é igual, no máximo, ao diâ-
espalhada pela atmosfera da Terra. Pode-se avistar a Lua, frequente- metro equatorial do planeta. Ocorre, então, o fenômeno denominado
mente, com uma coloração avermelhada em função do avermelha- de efeito de maré. O mesmo pode-se ser dito para interação entre a
mento intenso da luz pela atmosfera de nosso planeta. Os eclipses do Lua e a Terra. Tanto a crosta terrestre como a lunar sofre o efeito de
Sol ocorrem quando a Lua (na fase nova) se coloca entre o Sol e a maré respectivamente devido à ação da Lua e da Terra. A atmosfera
Terra, projetando sua sombra e/ou penumbra na superfície terrestre. da Terra também sofre o efeito de maré, o qual não será tratado aqui.
Podem ser parciais ou totais. Não iremos tratar também do efeito de maré sobre a crosta da Terra,
O eclipse solar parcial é quando o Sol é parcialmente “enco- mas sim sobre sua massa líquida superficial que se comunica entre
berto” pelo disco lunar. Há projeção somente da zona de penumbra si. Em função do efeito de maré sobre os oceanos, cujo predomínio
sobre a Terra. Um tipo especial de eclipse solar parcial é o anular: é da Lua, o nível do mar eleva-se basicamente na direção do vetor
quando o Sol, a Lua e a Terra ficam alinhados, mas devido a uma resultante da composição do efeito de maré Lua-Terra (peso 2) e do
separação relativa maior da Lua à Terra, o Sol não é totalmente efeito de maré Sol-Terra (peso 1).
encoberto pela Lua restando apenas um anel visível do disco solar.
O eclipse solar anular é observado apenas da região da superfície
terrestre que está exatamente naquele alinhamento Sol-Lua-Terra.
MATÉRIA
Esse eclipse é observado apenas como parcial da região terrestre por
onde a penumbra passa.
O eclipse solar total acontece quando a Lua projeta sobre a su-
perfície terrestre tanto seu cone de sombra (a umbra lunar) como sua Matéria  é tudo que ocupa  espaço e possui massa de repou-
zona de penumbra. Da região da superfície da Terra por onde a um- so (ou  massa invariante). É um termo geral para a substância da
bra da Lua passa, o eclipse é observado realmente como total. Das qual todos os objetos físicos consistem. Tipicamente, a matéria in-
regiões da Terra por onde somente a penumbra lunar passa, avista-se clui átomos e outras partículas que possuem massa. A massa é dita
um eclipse solar parcial. por alguns como sendo a quantidade de matéria em um objeto e vo-

Didatismo e Conhecimento 15
CIÊNCIAS FÍSICA
lume  é a quantidade de espaço ocupado por um objeto, mas esta Massa
definição confunde massa com matéria, que não são a mesma coi- A massa é uma propriedade dos corpos relacionada à quantida-
sa. Diferentes campos usam o termo de maneiras diferentes e algu- de de matéria que o corpo possui.
mas vezes incompatíveis; não há um único significado científico que Ela é uma grandeza que pode ser medida. A medida padrão uti-
seja consenso para a palavra “matéria”, apesar do termo “massa” ser lizada para medir a massa é o quilograma (kg), segundo o sistema
bem definido. internacional de Unidades (SI). O grama (g) é uma unidade de
Contrariamente à visão anterior que igualava massa e matéria, massa derivada do quilograma, e é empregado na medida de peque-
uma das principais dificuldades em definir matéria consiste em deci- nas quantidades de massa. A balança é o instrumento utilizado para
dir quais formas de energia (todas as quais possuem massa) não são medir a massa.
matéria. Em geral, partículas sem massa como fótons e glúons não  
são considerados formas de matéria, apesar de que quando estas par- Volume
tículas estão aprisionadas em sistemas em repouso, elas contribuem O volume é uma grandeza que indica o espaço ocupado por
com energia e massa para eles. Por exemplo, quase 99% de toda uma determinada quantidade de matéria.
a massa da matéria atômica comum consiste da massa associada No sistema internacional (SI), a unidade que mede o volume
com a energia contribuída pelos glúons e a energia cinética dos qua- é o metro cúbico (m3). Também é comum a utilização do litro ou
rks que fazem os  nucleons. Vendo desta forma, a maior parte da do mililitro (mL)  na medida de volume. O leite, o refrigerante e
“matéria” ordinária consiste de massa que não é contribuída por par- muitos outros líquidos podem ser medidos usando-se o litro como
tículas de matéria. unidade de medida.
Em grande parte da história das ciências naturais as pessoas  
contemplaram a natureza exata da matéria. A ideia de que a matéria O decímetro cúbico e o litro
era feita de blocos de construção discretos, a assim chamada teoria O decímetro cúbico (dm3) é o volume de um cubo cuja aresta
particulada da matéria, foi proposta primeiro pelos filósofos gre- meça 1 dm (um decímetro), ou seja, 10 cm. Essa unidade é equiva-
gos Leucipo (~490 AC) e Demócrito (~470-380 AC). Com o passar lente ao litro (L):
do tempo foi descoberta uma estrutura cada vez mais fina para a
1 dm3 = 1L
matéria:  objetos  são feitos de  moléculas, moléculas consistem de
 
átomos, que por sua vez consistem de partículas subatômicas como
O centímetro cúbico e o mililitro
os prótons e elétrons.
O centímetro cúbico (cm3) é o volume de um cubo cuja aresta
meça 1 cm. Agora acompanhe o raciocínio: Um decímetro cúbico
A matéria e suas propriedades
corresponde a mil centímetros cúbicos (1 dm3) = (1000 cm3). O mi-
lilitro (mL) é a milésima parte do litro e, assim, um litro corresponde
A Química é a ciência que estuda a constituição da matéria, sua
a mil mililitros (1L = 1000 mL). Como um décimo cúbico equivale
estrutura interna, as relações entre os diversos tipos de materiais en-
a um litro, podemos, então afirmar que:
contrados na natureza, além de determinar suas propriedades, sejam  
elas físicas – como, por exemplo, cor, ponto de fusão, densidade, 1 dm3 = 1L = 1.000 cm3 = 1000 ml
etc. – ou químicas, que são as transformações de uma substância  
em outra. Assim, decorre que: 1cm3 = 1 ml
 
Matéria, Corpo e Objeto Extensão: Propriedade que a matéria tem de ocupar um lugar
no espaço. O volume mede a extensão de um corpo.
Chamamos  matéria  a tudo que tem massa, ocupa lugar no  
espaço e pode, portanto, de alguma forma, ser medido. Por exemplo:
madeira, alumínio, ferro, ar, etc.
Corpo é uma porção limitada da matéria e objeto é um corpo
fabricado para um determinado fim. Resumindo, podemos dizer que
o ferro é matéria, uma barra de ferro é um corpo e um portão de ferro
é um objeto.

Propriedades da Matéria

A matéria apresenta várias propriedades que são classificadas


em gerais, funcionais e específicas.
   
Propriedades gerais da Matéria Para medir o volume do peixe pode-se colocar água num copo
São comuns a toda e qualquer espécie de matéria, independen- graduado e, em seguida, mergulhar o peixe lá dentro, como se vê
temente da substância de que ela é feita. As principais são: massa, na figura. A diferença de volume visto pela graduação do copo é o
extensão, impenetrabilidade, divisibilidade, compressibilidade e volume ocupado pelo peixe. Pode-se fazer isso com qualquer objeto
elasticidade. que deseja-se conhecer o volume.

Didatismo e Conhecimento 16
CIÊNCIAS FÍSICA
Inércia Indestrutibilidade
   
Propriedade que a matéria tem em permanecer na situação em A matéria não pode ser criada nem destruída, apenas transfor-
que se encontra, seja em movimento, seja em repouso. Quanto maior mada.
for a massa de um corpo, mais difícil alterar seu movimento, e maior  
a inércia. A massa mede a inércia de um corpo. Propriedades Específicas da Matéria
   
Existem propriedades que são características de algumas ma-
térias. Por exemplo, o ouro apresenta propriedades que o ferro não
possui. Ele e o ferro apresentam propriedades que a água não tem.
Já a água apresenta propriedades não encontradas no oxigênio, e
assim por diante. Isso ocorre porque as substâncias ouro, ferro, água,
oxigênio etc. são diferentes entre si.
As propriedades específicas nos permite distinguir uma subs-
tância de outra. Dentre as propriedades específicas, podemos citar:
  - Propriedades físicas: ponto de fusão, ponto de ebulição, den-
Impenetrabilidade sidade.
  - Propriedades organolépticas: São as propriedades
Dois corpos não podem ocupar, simultaneamente o mesmo lu- percebidas pelos sentidos. São elas: odor, sabor, cor, brilho, etc.
gar no espaço. O ar é uma matéria que ocupa espaço e que não deixa - Propriedades químicas: reações químicas.
a água entrar molhando o papel.  
  Cor
Compressibilidade  
  Diferentes materiais apresentam diferentes cores.
Propriedade da matéria que consiste em ter volume reduzido   
quando submetida a determinada pressão. Dureza

É definida pela resistência que a superfície oferece quando


riscada por outro material. A substância mais dura que se conhece é
o diamante, usado para cortar e riscar materiais como o vidro. Ex: O
quadro é mais duro que o giz, pois ele risca o giz que é desgastado.
 
Brilho

É a propriedade que faz com que os corpos reflitam a luz de


modo diferente.
 
Maleabilidade
 
  Propriedade que permite à matéria ser moldada. Existem mate-
riais maleáveis e não-maleáveis.
 
Ao puxar o êmbolo, o interior da seringa é preenchido pelo ar. Ductilidade
Quando o êmbolo é empurrado, o ar em seu interior é comprimido,  
pois sua saída da seringa foi obstruída pelo dedo.
Propriedade que permite transformar materiais em fios. Um
exemplo é o cobre, usado em forma de fios em instalações elétricas
Elasticidade
e o ferro na fabricação de arames.
Propriedade que a matéria tem de retornar seu volume inicial -  
após cessada a força que causa a compressão. O êmbolo está sendo Magnetismo
empurrado para a saída de ar da seringa, mas essa saída é obstruída  
pelo dedo. O êmbolo, ao ser liberado da força a que era submetido, Algumas substâncias têm a propriedade de serem atraídas por
retorna à posição inicial na seringa, e isso mostra a elasticidade do ímãs, são as substâncias magnéticas.
ar.  
Densidade
Divisibilidade  
  É também chamada de massa específica de uma substância,
Propriedade que a matéria tem se reduzir-se em partículas ex- é a razão (d) entre a massa dessa substância e o volume por ela
tremamente pequenas. ocupado.

Didatismo e Conhecimento 17
CIÊNCIAS FÍSICA
Com uma balança podemos determinar a massa de pedaços de cortiça de volume conhecido. Assim, por exemplo, determina-se experimen-
talmente que (para a variedade de cortiça utilizada):
• 1 cm3 de cortiça tem massa 0,32 g;
• 2 cm3 de cortiça têm massa 0,64 g;
• 100 cm3 de cortiça têm massa 32 g;
• 1.000 cm3 de cortiça têm massa 320 g.

Analogamente, pode-se determinar a massa de pedaços de chumbo de volume conhecido. Chega-se, por exemplo, a que:
• 1 cm3 de chumbo tem massa 11,3 g;
• 2 cm3de chumbo têm massa 22,6 g;
• 100 cm3 de chumbo têm massa 1.130 g;
• 1.000 cm3 de chumbo têm massa 11.300 g.
 
Percebeu alguma regularidade?
 
A massa e o volume da cortiça são diretamente proporcionais. Quando o volume aumenta, a massa aumenta na mesma proporção. Mate-
maticamente, podemos dizer que a razão (divisão) entre a massa e o volume de um pedaço de cortiça fornece resultado constante. O mesmo se
pode afirmar para o chumbo.

O conceito da densidade
 
A razão entre a massa e o volume para a cortiça é:

O resultado obtido (0,32g/cm3) é a densidade da cortiça, grandeza que nos informa o quanto de massa existe em um certo volume. Um
volume de 1cm3 de cortiça tem massa 0,32 g, um volume de 2 cm3 tem massa de 0,64g e assim por diante.

Para o chumbo, temos:

A densidade do chumbo (11,3 g/cm3) é, portanto, diferente da densidade da cortiça. Um centímetro cúbico de chumbo tem maior massa
que um centímetro cúbico de cortiça.
Vamos definir de modo mais geral.
Em palavras: A densidade de um objeto ou de uma amostra de certo material ou substância é o resultado da divisão da sua massa
pelo seu volume.

Em equação:    

 
A unidade da densidade é composta por uma unidade de massa dividida por uma unidade de volume. Assim, podemos expressá-la,
por exemplo, em g/cm3, g/L, kg/L etc.

Comparando densidades
 
O que tem a densidade a ver com a a flutuação?
Para tentar responder a essa pergunta, vamos calcular a densidade da água. Antes disso, precisamos determinar experimentalmente o volu-
me e a massa de uma ou mais amostras desse líquido.

Didatismo e Conhecimento 18
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Exemplos de resultados dessas determinações são: Estado Sólido
• 1 cm3 de água tem massa 1 g; As substâncias apresentam  formas definidas e seu volume
• 2 cm3 de água têm massa 2 g; não varia de forma considerável com variações de temperatura e
• 100 cm3 de água têm massa 100 g; pressão.
• 1.000 cm3 de água têm massa 1.000 g. As partículas que constituem o sólido encontram-se ligadas
uma às outras por uma força de tração muito grande de modo que
Com esses dados chegamos a: não podem movimentar-se livremente, vibrando apenas em posições
fixas.

Estado Líquido
As partículas que constituem o estado líquido não estão unidas
fortemente, visto que deslizam uma sobre as outras, adaptando-se
Assim, comparando os valores de densidades: à forma do recipiente que as contém, mas estas forças de atração
  entre as partículas são suficientemente fortes para que não ocorra
dágua = 1 g/cm3 , dcortiça = 0,32g/cm3 , dchumbo = 11,3 g/cm3 variação no volume e as partículas dificilmente podem ser compri-
midas.
Concluímos que:  dcortiça < dágua< dchumbo
  Estado Gasoso
Densidade e flutuação As substâncias apresentam densidade menor que a dos sólidos
  e líquidos, ocupam todo o volume do recipiente que as contém,
O resultado a que chegamos  (dcortiça < dágua < dchumbo) sugere podem expandir-se indefinidamente e são comprimidas com grande
que a cortiça flutua na água, pois é menos densa que esta; e que o facilidade. Este comportamento pode ser explicado pelas forças de
chumbo afunda. pois é mais denso que esse líquido. De fato, muitas atração entre as partículas muito fracas as quais possuem, portanto,
alta mobilidade.
evidências experimentais permitiram aos cientistas concluírem que
  
essa afirmação é verdadeira.

A combinação entre as densidades permite prever se um ENERGIA


corpo irá afundar ou flutuar em certo líquido. Imagine por exem-
plo, que uma bolinha de gude (d = 2,7 g /cm3) e um pedaço de isopor
(d = 0,03 g/cm3) sejam colocados num frasco com azeite de oliva
(d= 0,92g/cm3). O que podemos prever?
A palavra “energia” aparece frequentemente no vocabulário
O pedaço de isopor, menos denso que o azeite, irá flutuar nele. e nas nossas vidas, face às preocupações com o esgotamento dos
E a bolinha de gude, mais densa que ele, irá afundar. recursos energéticos e com a crescente utilização de energias ditas
  “alternativas” para evitar a poluição do meio ambiente. A energia é
Alguns fatores que afetam a densidade utilizada nas mais diversas atividades do homem, numa procura diá-
ria de melhor qualidade de vida. Mas o seu consumo implica pensar
A densidade depende, em primeiro lugar, do material em ques- na preservação do ambiente para assegurar o futuro das gerações
tão e, em segundo lugar, da temperatura deste material. Um aque- vindouras. A sociedade atual utiliza a energia como se não existis-
cimento, por exemplo, provoca a dilatação do material (aumento de sem limites. Neste sentido, um dos maiores problemas ambientais
volume), o que interfere no valor da densidade. que o planeta enfrenta são as alterações climáticas. Uma alternativa
No caso dos gases, cujo volume é muito sensível à variação ao modelo atual consiste em promover o uso das energias renová-
de pressão, a densidade, além de depender da temperatura, depende veis e, obviamente, pressupõe que se abandonem hábitos de consu-
também da pressão. Portanto, se houver mudanças de estado físico mo incorretos, privilegiando a eficiência energética e a utilização
de uma subtância, ocorrerão também mudanças na densidade desta racional da energia.
substância. O fato de a água líquida, por exemplo, possuir uma den- Os nossos hábitos diários, no que se refere ao consumo da ener-
sidade de 1 g/cm3, e a água sólida (gelo), de 0,92 g/cm3, permite-nos gia, refletem-se direta ou indiretamente no meio que nos rodeia (es-
entender por que o gelo flutua na água. gotar os recursos; incrementar a produção de resíduos, etc.). É im-
portante que tenhamos consciência deste facto e que urgentemente
Estados Físicos da Matéria adquiramos hábitos mais amigos do ambiente.
A Energia é um recurso imprescindível para que possa existir
Observando a natureza do nosso planeta, podemos perceber que vida no nosso planeta. Precisamos da energia para nos movermos,
a matéria se apresenta, à temperatura ambiente, em três estados físi- para comunicarmos, para assegurar a iluminação e o conforto térmi-
cos. As rochas da crosta terrestre estão no estado sólido. Nos mares, co nas nossas casas.
rios e lagos, a água se apresenta no estado líquido. E nossa atmosfera
esta no estado gasoso. Formas de energia
A matéria é formada pela reunião de partículas que se atraem A energia existe na Natureza em diferentes formas e, para que
mutuamente. É a intensidade dessas forças de atração que determina possa ser utilizada, necessita de ser transformada. Eis algumas das
em que estado de apresentará a matéria: sólido, líquido ou gasoso. formas de energia disponíveis:

Didatismo e Conhecimento 19
CIÊNCIAS FÍSICA
dinâmico a outro, dá-se o nome de calor. Energia térmica também
designa, segundo alguns autores, não a energia cinética total atrelada
às partículas de um sistema, mas sim a energia cinética média de
cada uma das partículas do sistema. Tais autores reservam então a
expressão energia calorífica para se referirem à soma das energias
cinéticas das partículas. Tal estrutura de definições, que certamen-
te coloca o conceito de energia térmica bem mais próximo embora
não exatamente atrelado ao conceito de temperatura, embora usa-
da, é contudo desencorajada. Em nível termodinâmico e em escala
atômico-molecular - sobretudo em sistemas mistos integrados por
partículas de naturezas diversas - e mesmo para a definição estatís-
tica de temperatura, o que é relevante é a energia cinética média por
cada grau de liberdade das partículas, e não a energia cinética média
de cada uma das partículas em si. Embora a interconexão em siste-
mas puros seja evidente, em sistemas mistos a assim definida ener-
gia térmica certamente será diferente para partículas com naturezas
e números de graus de liberdade distintos - mesmo o sistema que
as encerra encontrando-se como um todo em equilíbrio térmico e à
mesma temperatura.
Energia mecânica  é a energia que pode ser transferida por
meio de força. A  energia mecânica total  de um sistema é a soma Energia radiante  é a radiação que se propaga na forma de
da energia potencial com a energia cinética. Se o sistema for con- onda eletromagnética. É a grandeza radiométrica fundamental e sua
servativo, ou seja, apenas forças conservativas atuam nele, a ener- unidade é dada em Joules (J). Desde o principio da história da hu-
gia mecânica total conserva-se e é uma constante de movimento. A manidade  que o  homem  tem necessidade de gerar conforto para
poder resistir às condições atmosféricas. Assim a criação dos abri-
energia mecânica “E” que um corpo possui é a soma da sua energia
gos foi a forma encontrada para nos resguardar do calor e do frio,
cinética “c” mais energia potencial “p”. Uma força é classificada
igualmente as roupas são outro elemento para nossa proteção. Com
como sendo conservativa quando um trabalho realizado por ela para
o avançar dos tempos e o progresso da humanidade os abrigos são
movê-lo de um lugar a outro é independente do percurso, isto é, do
cada vez mais concebidos para suportar as diferenças de temperatu-
caminho escolhido. Esclarecendo: para carregar um saco de bata-
ras. Na construção moderna o isolamento térmico é cada vez mais
tas e transportá-lo morro acima, o caminho escolhido pode ser mais
eficaz, pois o mesmo representa uma valiosa proteção contra os di-
longo, caminhando circularmente ou um caminho mais curto e reto,
ferenciais de temperatura. A climatização de uma habitação é outro
mas através de uma ladeira íngreme. A força gravitacional é um tipo dos fatores da era moderna que nos permite um equilíbrio térmico
de força conservativa. Um exemplo de força não conservativa é a constante.
força de atrito que também é chamada força dissipativa.
Energia química é uma energia baseada na força de atração e
Energia elétrica é uma forma de energia baseada na geração repulsão nas ligações químicas, presente na matéria que forma tudo
de diferenças de potencial elétrico entre dois pontos, que permitem que esta à nossa a volta, inclusive o nosso corpo. Essas ligações
estabelecer uma corrente elétrica entre ambos. Mediante a transfor- são estáveis em condições normais. Elas condições são, entre ou-
mação adequada é possível obter que tal energia mostre-se em outras tras coisas, temperatura ambiente, pressão normal e outros fatores
formas finais de uso direto, em forma de luz, movimento ou calor, que formam a condição “normal” do ambiente onde vivemos. Para
segundo os elementos da conservação da energia. É uma das formas que se haja a utilização da energia química, é preciso que haja uma
de energia que a humanidade mais utiliza na atualidade, graças a sua interferência externa forte o suficiente para que se rompam essas li-
facilidade de transporte, baixo índice de perda energética durante gações. Quando acontece esse rompimento, a energia liberada pode
conversões. A energia elétrica é obtida principalmente através se manifestar de várias formas diferentes. Elas podem ser liberadas
de  termoelétricas,  usinas hidrelétricas,  usinas eólicas  e  usinas ter- em  forma de calor, luz e ainda muitas outras formas. Como foi dito,
monucleares. a energia química está presente em praticamente tudo a nossa volta.
Mas isso não quer dizer que ela esteja ativa o tempo todo. A energia
Energia térmica é uma forma de energia que está diretamen- química fica armazenada nessas ligações até que  ocorra esse fenô-
te associada à temperatura absoluta de um sistema, e corresponde meno de rompimento. Os exemplos de ocorrência desse fenômeno
classicamente à soma das energias cinéticas microscópicas Eci  que são bastante presentes na nossa rotina. Antes mesmo de conhecer-
suas partículas constituintes possuem em virtude de seus movimen- mos seus efeitos já fazemos o uso dela. Hábitos até inconscientes,
tos de  translação, vibração  ou  rotação. Assume-se um  referencial como respirar ou nos alimentar, têm o fenômeno da energia química
inercial sob o centro de massa do sistema. Em sistemas onde há envolvida. A alimentação acontece em busca de obter energia para
radiação térmica confinada, a energia de tal radiação também inte- abastecer o corpo para as atividades que exercemos e para o bom
gra a energia térmica. A energia térmica de um corpo macroscópico funcionamento dele.
corresponde assim à soma das energias cinéticas de seus constituin- Ao consumirmos o alimento, o processo de digestão, especial-
tes microscópicos e das energias atreladas às partículas de radiação mente quando o estômago recebe o bolo alimentar  usa o suco gástri-
(fótons  térmicos) por ele confinadas. À transferência de energia, co para “dissolver” esse bolo e usa a energia vinda do alimento para
impelida por uma diferença de temperaturas, de um sistema termo- nos abastecer. Essa energia se trata de energia química, pois vem do

Didatismo e Conhecimento 20
CIÊNCIAS FÍSICA
alimento, que tem suas ligações quebradas, e assim libera energia No entanto, a sua exploração desenfreada, que se verifica nos nossos
para o corpo. Parte dessa energia vira calor e outra se transforma dias conduzirá, num futuro próximo, ao esgotamento deste recurso
em proteínas, açucares e outras substâncias que ajudam o corpo a se energético. A energia é considerada como responsável por 60% dos
manter. A respiração também é uma necessidade do ser humano, que problemas ambientais existentes, São consideradas “fontes sujas” já
é resultado da ação da energia química. A ação dessa energia, nesse que a sua utilização é causa direta de importantes danos para o meio
caso, está na participação que ela tem na fotossíntese. Como sabe- ambiente e para a sociedade: destruição de ecossistemas, danos em
mos, a fotossíntese é um processo em que as plantas usam da luz do bosques e aquíferos, doenças, redução da produtividade agrícola,
sol para transformar gás carbônico em oxigênio. Nós, seres huma- chuvas ácidas, efeito de estufa e o consequente aquecimento do pla-
nos, fazemos o processo inverso: respiramos oxigênio e soltamos neta, diminuição da camada de ozono, marés negras etc.
gás carbônico. Através de um processo químico, o vegetal faz essa Outra limitação deste tipo de energia é a dependência nacional
“respiração” e obtém seu alimento através da fotossíntese. Existem, face aos mercados internacionais, originada pela ausência de recur-
ainda, muitas outras aplicações, muitas delas no nosso cotidiano, sos energéticos fósseis em território português. A sua distribuição
como foi mostrado nos dois exemplos acima. Outros, como as pas- geográfica não homogénea, acarreta problemas de natureza socioe-
sagens de estado da água, e a queima de algum material, são outras conômica.
formas de manifestação da energia química. Algumas curiosidades
podem ser respondidas com o uso dos conhecimentos sobre energia As reservas dos combustíveis fósseis são as seguintes:
química. Por exemplo: as  queimaduras  feitas com vapor parecem - Petróleo - 40 anos
doer mais do que as sofridas com, por exemplo, água quente? Na - Gás natural 60 anos
verdade, as queimaduras com vapor são realmente mais danosas à - Carvão 200 anos
pele do que as feitas com água. Isso porque, uma porção de vapor
tem, em média, 540 calorias a mais de energia química do que a Carvão
mesma quantidade de água. O carvão é uma rocha orgânica com propriedades combustí-
veis, constituída maioritariamente por carbono. Inicialmente, o
Energia nuclear  é a  energia  liberada numa  reação nuclear, carvão era utilizado em todos os processos industriais e, ao nível
ou seja, em processos de transformação de  núcleos atômicos. Al- doméstico, em fornos, fogões, etc.  A sua queima, conduz à forma-
guns isótopos de certos elementos apresentam a capacidade de se ção de cinzas, dióxido de carbono, dióxidos de enxofre e óxidos de
transformar em outros isótopos ou  elementos  através de reações azoto, em maiores quantidades do que os produzidos na combustão
nucleares, emitindo energia durante esse processo. Baseia-se no dos restantes combustíveis fósseis.
princípio da equivalência de energia e massa (observado por Albert
Einstein), segundo a qual durante reações nucleares ocorre transfor- Petróleo
mação de massa em energia. Foi descoberta por Hahn, Strabmann O petróleo é um óleo mineral, de cor escura e cheiro forte, cons-
e Meitner a observação de uma fissão nuclear depois da irradiação tituído basicamente por hidrocarbonetos. A refinação do petróleo
de  urânio com nêutrons. A  tecnologia nuclear tem como uma das bruto (ou crude) consiste na sua separação em diversos componen-
finalidades gerar eletricidade. Aproveitando-se do calor emitido na tes e permite obter os mais variados combustíveis e matérias-primas.
reação, para aquecer a água até se tornar vapor, assim movimen- As primeiras frações da refinação (isto é, os primeiros produtos obti-
tando um turbo gerador. A reação nuclear pode acontecer controla- dos) são os gases butano e o propano, que são separados e comercia-
damente em um reator de usina nuclear ou descontroladamente em lizados individualmente. No entanto, podem também ser misturados
uma bomba atômica. Em outras aplicações aproveita-se da radiação com o etano constituindo, assim, os gases de petróleo liquefeitos
ionizante emitida. (GPL).
Trata-se de um combustível muito nocivo para o ambiente em
Fontes de energia todas as fases do seu consumo:
- durante a extração, devido à possibilidade de derrame no local
As fontes de energia dividem-se em dois tipos: da prospecção;
- Fontes renováveis ou alternativas - durante o transporte, o perigo advém da falta de fiabilidade
- Fontes não renováveis ou fósseis dos meios envolvidos, bem como, da utilização de infraestruturas
obsoletas;
Fontes de energia não-renováveis - na refinação, o perigo de contaminação através dos resíduos
As fontes de energia não renováveis são aquelas que se das refinarias é uma realidade e;
encontram na natureza em quantidades limitadas e se extinguem - no momento da combustão, devido à emissão para a atmosfera
com a sua utilização. Uma vez esgotadas as reservas não podem ser de gases com efeito de estufa.
regeneradas.
Gás natural
Combustíveis Fósseis O gás natural é um combustível fóssil com origem muito seme-
Atualmente, o desenvolvimento económico das sociedades lhante à do petróleo bruto, ou seja, formou-se durante milhões de
modernas, nomeadamente das mais industrializadas, tem sido atin- anos a partir dos sedimentos de animais e plantas. Tal como o petró-
gido à custa da dependência contínua do uso de energia originária leo, encontra-se em jazidas subterrâneas, de onde é extraído. A prin-
de combustíveis fósseis (carvão, gás natural e petróleo). Estes com- cipal diferença prende-se com a possibilidade de ser usado tal como
bustíveis, fontes de energia não renováveis, formaram-se ao longo é extraído na origem, sem necessidade de refinação. Constituído por
de milhões de anos, através da decomposição de plantas e animais. pequenas moléculas apenas com carbono e hidrogénio, o gás natural

Didatismo e Conhecimento 21
CIÊNCIAS FÍSICA
apresenta uma combustão mais limpa do que qualquer outro deriva- Energia solar térmica
do do petróleo. Acresce também, que no que respeita à emissão de A energia solar térmica, traduz-se na quantidade de energia que
gases com efeito de estufa (dióxido de carbono, dióxido de enxofre e um determinado corpo é capaz de absorver, sob a forma de calor,
óxidos de azoto), a combustão do gás natural apenas origina dióxido a partir da radiação solar incidente no mesmo. A utilização desta
de carbono e uma quantidade de óxidos de azoto muito inferior à forma de energia implica saber captá-la e armazená-la. Com níveis
que resulta da combustão da gasolina ou do fuelóleo. de insolação adequados, um sistema solar térmico poderá cobrir, na
totalidade as necessidades de aquecimento de água. Existe mais do
Combustíveis Nucleares que um tipo de coletor solar, sendo o painel solar o mais comum. A
O recurso à energia nuclear surgiu como uma solução possível orientação e inclinação dos painéis influencia muito a eficiência dos
face ao problema do efeito de estufa (não são emitidos gases poluen- aparelhos. A orientação preferencial é Sul. A inclinação é variável
tes para a atmosfera; contribui para a diversificação das fontes de conforme a estação do ano, sendo maior durante o Inverno e menor
energia, diminuindo a vulnerabilidade do país às oscilações de preço no Verão.
dos combustíveis fósseis; etc.) mas os riscos inerentes à produção de
energia eléctrica recorrendo a esta fonte (perigo de explosão nuclear Vantagens:
e de fugas radioativas; produção de resíduos radioativos; contamina- Tanto na sua forma mais simples, obtenção de água quente,
ção radioativa; poluição térmica etc.), sem esquecer também o custo como em outras aplicações, a significativa poupança energética e
elevado de construção e manutenção das instalações, contribuem económica (que chega a atingir em alguns casos mais de 80%), e
significativamente para que o uso desta fonte de energia continue a ainda a grande disponibilidade de tecnologia no mercado, são fa-
ser encarada, por muitos, como um risco desaconselhável. tores que transformaram a energia solar térmica uma das mais co-
muns, vantajosas e atrativas formas de energia renovável.
Fontes de energia renováveis
Fazer um uso racional da energia, sem pôr em causa o bem- Desvantagens:
-estar e a qualidade de vida, é o grande desafio que se coloca aos O elevado investimento inicial na instalação solar, apresenta-se
consumidores atuais. A energia renovável é obtida através de por vezes como o maior entrave ao desenvolvimento desta solução.
fontes naturais, capazes de se regenerar, não sendo possível es- O aquecimento da água representa em média, cerca de 30% das
tabelecer um fim temporal para a sua utilização; consideram-se
emissões de gases de efeito de estufa de um lar.
por isso, virtualmente inesgotáveis, mas limitadas em termos da
quantidade de energia que é possível extrair em cada momento.
Energia solar fotovoltaica
A Energia Solar Fotovoltaica é uma fonte de energia renovável
Vantagens:
obtida pela conversão de energia luminosa em energia eléctrica, por
- São fontes inesgotáveis de energia;
intermédio de células fotovoltaicas.
- Apresentam reduzidos efeitos negativos sobre o ambiente
(não conduzem à emissão de gases de efeito de estufa);
Vantagens:
- Contribuem para reduzir a dependência energética do nosso
- Facilidade de manutenção (apenas é necessário proceder.se
país (a importação) de fontes de energia fósseis;
- Conduzem à investigação de novas tecnologias que permitam periodicamente à sua limpeza
melhorar a eficiência energética. - A possibilidade de armazenar a eletricidade gerada em bate-
rias;
Desvantagens: - Poluição reduzida, principalmente na fase de operação;
- Algumas têm custos elevados na sua implementação, devido - Contribuição para a redução da dependência externa, em ter-
ao fraco investimento neste tipo de energia; mos de importação de combustíveis fósseis.
- Podem causar impactos visuais negativos no meio ambiente - Não produz cheiros ou ruídos
- Pode gerar-se algum ruído, no caso da exploração de alguns
recursos energéticos. Desvantagens:
- Os custos de implementação;
Energia solar - As condicionantes inerentes à natureza da energia solar - as
É a energia que deriva dos raios solares que pode ser convertida alterações de luz ao longo das 24 horas, a presença de condições cli-
pela via fotovoltaica para produzir eletricidade ou pela via térmica matéricas desfavoráveis (chuva, nuvens) e o sombreamento causado
para produzir calor e/ou eletricidade. A energia solar é importante por árvores ou edifícios que reduzem o output do sistema.
na preservação do meio ambiente, pois tem muitas vantagens sobre - Impactos negativos durante as fases de produção, construção
as outras formas de obtenção de energia, como: não ser poluente, e desmantelamento.
racional, não precisar de turbinas ou geradores para a produção de - Baixo rendimento, isto é, uma baixa conversão da energia so-
energia eléctrica, não requer manutenção e não consome nenhum lar em energia elétrica.
combustível, mas tem como desvantagem a exigência de altos in-
vestimentos para o seu aproveitamento. O Sol irradia anualmente Em termos de produção de eletricidade, os painéis fotovoltaicos
o equivalente a 10.000 vezes a energia consumida pela população devolvem a energia empregue na sua construção em cerca de 3 anos
mundial durante o mesmo período. O nosso país é, a nível europeu, e emitem, relativamente a uma central térmica convencional, menos
dos que tem mais horas de sol por ano: 2200 a 3000 horas. 20% de CO2 para a mesma quantidade de eletricidade produzida.

Didatismo e Conhecimento 22
CIÊNCIAS FÍSICA
Em dias nublados ou chuvosos, os painéis fotovoltaicos fun- - Resíduos animais
cionam? - Resíduos de alimentos
O que transforma o espectro solar em energia é a intensidade da - Resíduos sólidos
luz, quando o dia é de céu sem nuvens o painel produz 100% da sua - Plantas aquáticas e algas
capacidade. Quando a insolação diminui de intensidade, reduz-se
também a capacidade de geração. Porém, mesmo em dias nublados Podemos considerar várias fontes energéticas de origem
ou chuvosos o painel gera energia. natural:
- biomassa sólida;
Energia eólica
- biocombustíveis gasosos;
O vento é uma fonte de energia renovável, limpa e inesgotável
- biocombustíveis líquidos.
e pode ser aproveitada para a produção de eletricidade. Este aprovei-
tamento é feito recorrendo aos aerogeradores de grande dimensão,
os quais podem ser implantados em terra ou no mar e estar agrupa- Biomassa sólida
dos em parques ou isolados. Tem como fonte os produtos e resíduos da agricultura (in-
cluindo substâncias vegetais e animais), os resíduos da floresta e
Vantagens: das indústrias conexas e a fracção biodegradável dos resíduos in-
- A energia eólica pode ser aproveitada até ao máximo do seu dustriais e urbanos.
potencial porque é uma energia limpa, não causa poluição atmosfé-
rica (não produz dióxido de carbono, dióxido de enxofre ou óxidos Biocombustíveis gasosos: biogás
de azoto responsáveis pelo “efeito de estufa” e pela “chuva ácida”) Tem origem nos efluentes agropecuários, da agroindústria e
e não produz ou utiliza qualquer material radioativo. urbanos (lamas das estações de tratamento dos efluentes domésti-
cos) e ainda nos aterros de RSU (Resíduos Sólidos Urbanos). Este
Desvantagens: resulta da degradação biológica anaeróbia da matéria orgânica
- Impactos ambientais, eventualmente desfavoráveis, traduzem- contida nos resíduos anteriormente referidos e é constituído por
-se num aumento do ruído nas suas proximidades e no considerável uma mistura de metano (CH4) 60 % e 40% CO2.
efeito visual e paisagístico proporcionado pelas elevadas dimensões
das torres e das pás dos aerogeradores. Biocombustíveis líquidos
- Interferências eletromagnéticas que podem perturbar os siste-
Existe uma série de biocombustíveis líquidos com potencial de
mas de telecomunicações e mortalidade de aves causada pelas pás
utilização, todos com origem em “culturas energéticas”: biodiesel,
em movimento.
etanol e metanol. A Biomassa é a única fonte de energia renovável
Cabe ressaltar, que a velocidade mínima de vento necessária poluente? Uma vez que há a queima de resíduos orgânicos para
para as pás entrarem em funcionamento ronda os 10-15 Km/h. Em obter energia, o que origina a libertação para a atmosfera de
caso de tempestade as pás e o rotor são automaticamente travados dióxido de enxofre e óxidos de azoto.
quando a velocidade do vento for superior a 90 Km/h. Uma vez
travado, o aerogerador pode suportar velocidades de 200 Km/h sem Energia dos oceanos
sofrer danos. Possuem ainda proteção contra raios. Assim como a que se origina dos ventos e do sol, a energia
vinda das águas dos oceanos é classificada como limpa e autossus-
Energia hídrica tentável. No entanto, encontra-se em fase de pesquisas e, portanto
A energia hídrica corresponde à energia mecânica existente não é, ainda, um recurso muito explorado. 
num curso de água, que durante centenas de anos foi usada na ope-
ração de moinhos e que atualmente é usada para produzir energia Existem várias formas potenciais de aproveitamento da
eléctrica. O aproveitamento dos cursos de água, para produção de energia dos oceanos:
energia eléctrica, é o melhor exemplo de aproveitamento de Ener- - Ondas
gias Renováveis em Portugal. No séc. XX o aproveitamento desta - Gradiente de temperatura (Térmica)
energia foi efetuado através da construção de barragens de média ou - Marés
grande capacidade. Recentemente a energia hídrica tem sido apro-
veitada por mini ou micro hídricas.
Energia das Marés
A deslocação das águas do mar constitui uma fonte de ener-
Energia da biomassa
Através da fotossíntese, as plantas capturam energia do sol e gia causada, principalmente, pela atração gravítica da lua sobre os
transformam-na em energia química. Esta energia pode ser conver- oceanos. Para transformar esta fonte são construídos diques que
tida em várias formas de energia: eletricidade, combustível ou calor. envolvem a praia. Quando a maré enche a água entra e fica arma-
As fontes orgânicas que são usadas para produzir energia usando zenada no dique, ao baixar a maré, a água sai pelo dique como
este processo são chamadas de biomassa. em qualquer outra barragem. Para que este sistema funcione, são
Principais formas aproveitáveis de biomassa no estado bruto: necessárias marés e correntes fortes e existir um aumento do nível
- Produtos e resíduos agrícolas da água de pelo menos 5,5 metros na transição de maré - baixa
- Madeira para maré-alta. A energia das marés pode ser aproveitada para a
- Resíduos florestais produção de energia elétrica.

Didatismo e Conhecimento 23
CIÊNCIAS FÍSICA
Energia das Ondas - Alta tensão de distribuição (AT): tensão entre fases cujo valor
Corresponde à energia cinética do movimento ondular, pode eficaz é igual ou superior a 69kV e inferior a 230kV.
ser usada por uma turbina para produção de eletricidade, embora os - Média tensão de distribuição (MT): tensão entre fases cujo
mecanismos para retirar energia das ondas ainda estejam em fase de valor eficaz é superior a 1kV e inferior a 69kV.
desenvolvimento. - Baixa tensão de distribuição (BT): tensão entre fases cujo va-
lor eficaz é igual ou inferior a 1kV.
Energia térmica dos Oceanos
É uma forma de energia resultante da diferença de temperatura De acordo com a Resolução Nº 456/2000 da ANEEL e o módu-
entre as camadas superficiais e profundas dos oceanos, A superfície lo 3 do Prodist, a tensão de fornecimento para a unidade consumido-
é mais quente devido ao contato com os raios solares, enquanto as ra se dará de acordo com a potência instalada:
partes menos elevadas são mais frias. No entanto, é necessária uma Tensão secundária de distribuição inferior a 2,3kV: quando a
diferença de 21 graus Celsius entre a superfície e o fundo do oceano carga instalada na unidade consumidora for igual ou inferior a 75
para que se possa fazer esse aproveitamento. Esta fonte de energia kW;
está a ser usada no Japão e no Havai, mas apenas a título experi- Tensão primária de distribuição inferior a 69 kV: quando a carga
mental. instalada na unidade consumidora for superior a 75 kW e a demanda
contratada ou estimada pelo interessado, para o fornecimento, for
Energia geotérmica igual ou inferior a 2.500 kW;
Esta energia pode ser definida como o “calor” ou energia térmi- Tensão primária de distribuição igual ou superior a 69 kV:
ca que pode ser recuperada diretamente a partir da água, no estado quando a demanda contratada ou estimada pelo interessado, para o
líquido ou gasoso, existente no interior da Terra, aproximadamente fornecimento, for superior a 2.500 kW.
a 6.500 Km abaixo da superfície terrestre, onde a temperatura é su- As tensões de conexão padronizadas para AT e MT são: 138 kV
perior a 4200ºC. Os vulcões, as fumarolas e as termas são manifes- (AT), 69 kV (AT), 34,5 kV (MT) e 13,8 kV (MT). O setor terciário,
tações conhecidas desta fonte de energia. Esta forma de energia é tais como hospitais, edifícios administrativos, pequenas indústrias,
utilizada para: estações termais para fins medicinais e de lazer, aque-
etc, são os principais usuários da rede MT.
cimento ambiente e águas sanitárias, estufas e instalações industriais
A rede BT representa o nível final na estrutura de um sistema
e, ainda, para produção de eletricidade. A energia geotérmica equi-
de potência. Um grande número de consumidores, setor residencial,
vale a 50.000 vezes a energia que se obtém de todos os recursos.
é atendido pelas redes em BT. Tais redes são em geral operadas ma-
nualmente.
Rede de Transmissão
A rede de transmissão liga as grandes usinas de geração às áreas
Aplicação das Energias Renováveis
de grande consumo. Em geral apenas poucos consumidores com um
alto consumo de energia elétrica são conectados às redes de trans-
missão onde predomina a estrutura de linhas aéreas. A segurança Coletores Solares Térmicos
é um aspecto fundamental para as redes de transmissão. Qualquer É um dos sistemas mais acessíveis para aquecer a água. No Kit
falta neste nível pode levar a descontinuidade de suprimento para a instalar, para além dos coletores solares, é incluído um acumula-
um grande número de consumidores. A energia elétrica é perma- dor que tem a função de armazenar água quente. Estes equipamen-
nentemente monitorada e gerenciada por um centro de controle. O tos captam a energia do Sol e transformam-na em calor, permitindo
nível de tensão depende do país, mas normalmente o nível de tensão poupar até 70% da energia necessária para o aquecimento da água.
estabelecido está entre 220 kV e 765 kV.
Principais Aplicações:
Rede de Sub-Transmissão - Produção de Água Quente Sanitária (AQS), para uso domés-
A rede de sub-transmissão recebe energia da rede de transmis- tico, hospitais, hotéis, etc.
são com objetivo de transportar energia elétrica a pequenas cidades - Aquecimento de piscinas
ou importantes consumidores industriais. O nível de tensão está en- - Aquecimento e arrefecimento ambiente
tre 35 KV e 160 kV. Em geral, o arranjo das redes de sub-transmis- - Produção de água a elevadas temperaturas destinada a uso in-
são é em anel para aumentar a segurança do sistema. A estrutura dústria.
dessas redes é em geral em linhas aéreas, por vezes cabos subterrâ-
neos próximos a centros urbanos fazem parte da rede. A permissão Painéis Solares Fotovoltaicos
para novas linhas aéreas está cada vez mais demorada devido ao Estes painéis constituem uma das mais promissoras formas de
grande número de estudos de impacto ambiental e oposição social. aproveitamento da energia solar. Através de células fotovoltaicas, a
Como resultado, é cada vez mais difícil e caro para as redes de sub- energia contida na luza do Sol é convertida em energia eléctrica. Po-
-transmissão alcançar áreas de alta densidade populacional. Os sis- dem ser utilizados em locais isolados, sem rede eléctrica, ou como
temas de proteção são do mesmo tipo daqueles usados para as redes sistemas ligados à rede.
de transmissão e o controle é regional.
Principais Aplicações:
Rede de Distribuição - Eletrificação remota: atualmente uma das principais aplica-
As redes de distribuição alimentam consumidores industriais de ções da energia fotovoltaica é a possibilidade de fornecer energia
médio e pequeno porte, consumidores comerciais e de serviços e eléctrica a lugares remotos.
consumidores residenciais. Os níveis de tensão de distribuição são - Sistemas autónomos: Bombagem de água para irrigação, sina-
assim classificados segundo o Prodist: lização, alimentação de sistemas de telecomunicação, etc.

Didatismo e Conhecimento 24
CIÊNCIAS FÍSICA
- Integração em edifícios: a integração de módulos fotovoltai- As companhias petrolíferas extraem o petróleo escavando po-
cos na envolvente dos edifícios (paredes e telhados) é uma aplica- ços muito fundos. O petróleo é então bombeado e trazido para a
ção recente, podendo representar reduções de custos construtivos superfície terrestre (tal como o furo de água existente em algumas
e energéticos. A energia produzida em excesso pode ser vendida à das casas campestres). Normalmente são transportados em tanques
companhia eléctrica, e quando existem insuficiências, esta pode ser e barcos próprios até chegar á maioria dos países do mundo (é o que
comprada. acontece em Portugal, pois quase todo o petróleo é exportado). O
petróleo tem de ser transformado ou refinado noutros produtos antes
Sistemas de Aquecimento a Biomassa de ser usado.
A Biomassa subentende o aproveitamento da matéria orgânica
(madeira, produtos e resíduos agrícolas, resíduos florestais, resíduos Refinarias:
animais, resíduos de alimentos; resíduos sólidos, plantas aquáticas e
algas, etc.). Em casa, pode ser utilizada em sistemas de aquecimento O petróleo é armazenado em grandes tanques antes de ser dis-
representando significativas vantagens económicas e ambientais. tribuído pelo mundo.
Existem muitos produtos que derivam do petróleo, como por
Microturbinas Eólicas exemplo, os fertilizantes para as quintas, as roupas que vestes, a pas-
As microturbinas eólicas são sistemas acionados pela ener- ta de dentes, as garrafas e canetas de plástico, etc. Quase todos os
gia do vento para produzir eletricidade. Embora as microturbinas plásticos têm origem no petróleo. 
eólicas mais comuns sejam colocadas no terreno, existem umas de Nas refinarias o petróleo bruto é separado em vários produtos
pequena dimensão que podem ser aplicadas no topo das habitações. pelo aquecimento deste espesso combustível. Estes produtos são: a
Podem significar uma redução do consumo de eletricidade de 50% gasolina, o gasóleo, o combustível dos aviões, os óleos, etc.
a 90%.
O Gás Natural:
Bombas de Calor Geotérmico
Este sistema aproveita o calor do interior da Terra para aqueci- O gás natural é mais leve que o ar, sendo constituído maiori-
mento ambiente. Relativamente às caldeiras convencionais, as bom- tariamente por metano. O metano é um composto químico simples
bas de calor geotérmico atuam como máquinas de transferência de constituído por átomos de carbono e hidrogénio. A sua fórmula quí-
calor. No Inverno absorvem o calor da Terá e transportam-no para mica é o CH4. Este gás é altamente inflamável e encontra-se em re-
o interior da casa. No Verão funcionam como ar condicionado, reti- servatórios subterrâneos perto do petróleo. Desta forma é bombeado
rando o calor que está instalado dentro de casa para refrigerá-lo no e transportado de forma semelhante á do petróleo.
solo. Texto adaptado de: ECOGUIA O gás natural não tem odor nem pode ser visto, por isso, an-
tes de ser canalizado por tubos até aos tanques de armazenamento,
mistura-se um químico que lhe confere um forte odor parecido com
ovos podres. Assim, é facilmente identificada uma fuga de gás.
COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS: PETRÓLEO, O gás armazenado nos tais tanques é distribuído através de tu-
CARVÃO E GÁS NATURAL bos até ás nossas casas, fábricas e centrais eléctricas servindo de
combustível para produzir eletricidade. 

Preservação dos combustíveis fósseis:


Existem três grandes tipos de combustíveis fósseis: o carvão, o
petróleo e o gás natural. Os três foram formados há milhões de anos Os combustíveis fósseis demoram dois milhões de anos para se
atrás na época dos dinossauros, daí o nome de combustível fóssil. formarem. Atualmente os humanos gastam desmesuradamente re-
Os combustíveis fósseis são resultado de um processo de de- cursos que se formaram á mais de 65 milhões de anos no tempo dos
composição das plantas e dos animais.  dinossauros. Uma vez esgotados não é possível fabricá-los e temos
As plantas armazenam a energia recebida do sol transforman- que esperar muito tempo para voltarem a existir. Assim, é melhor
do-a no seu próprio alimento. A este processo chama-se fotossíntese. preservá-los e poupá-los antes que esgotem. Eles não se renovam
Por sua vez, os animais comem as plantas para adquirirem energia. nem se fabricam.
Finalmente, as pessoas comem os animais e as plantas para obter a
energia necessária para trabalhar. Hulha E Madeira
Quando as plantas, dinossauros e outras criaturas morreram, a  
terra decompôs os seus corpos enterrados, camada por camada, de- A hulha é um carvão mineral. O carvão mineral é formado por
baixo da terra. São necessários dois milhões de anos para que estas troncos, raízes, galhos e folhas de árvores gigantes que cresceram há
camadas de matéria orgânica se transformem em pedra preta e dura 250 milhões de anos em pântanos rasos. Essas partes vegetais, após
a que chamamos o carvão, num líquido negro: o petróleo, ou ainda morrerem, depositaram-se no fundo lodoso e ficaram encobertas. O
no gás natural. tempo e a pressão da terra que foi se acumulando sobre o material
Os combustíveis fósseis podem ser encontrados debaixo da transformaram-no em uma massa negra homogênea - as jazidas de
terra em muitos locais do nosso planeta. Portugal não é um desses carvão-, um enriquecimento no teor de carbono. Dependendo do
locais (não é um país rico em combustíveis fósseis). teor de carbono, resultado do tempo de linhito, hulha e antracito.
Cada um dos combustíveis fósseis é extraído de diferente ma- É denominado de hulha quando o teor de carbono está em torno de
neira. O carvão retira-se de minas profundas através da escavação. 80%.

Didatismo e Conhecimento 25
CIÊNCIAS FÍSICA
A madeira é um material produzido a partir do tecido formado Conceitos
pelas plantas lenhosas com funções de sustentação mecânica. Sendo
um material naturalmente resistente e relativamente leve, é frequen- Biocombustíveis são fontes de energia renováveis, derivados
temente utilizado para fins estruturais e de sustentação de constru- de matérias agrícolas como plantas oleaginosas, biomassa florestal,
ções. É um material orgânico, sólido, de composição complexa, onde cana-de-açúcar e outras matérias orgânicas. Existem vários tipos de
predominam as fibras de celulose e hemicelulose unidas por lenhina. biocombustíveis: bioetanol, biodiesel, biogás, biomassa, biometa-
Caracteriza-se por absorver facilmente água (higroscopia) e por apre- nol, bioéter dimetílico, bio-ETBE, bio-MTBE, biocombustíveis sin-
sentar propriedades físicas diferentes consoante a orientação espacial téticos, bio-hidrogénio, gás de síntese.
(ortotropia). As plantas que produzem madeira (árvores) são perenes Os principais biocombustiveis são: a biomassa, o bioetanol, o
e lenhosas, caracterizadas pela presença de caules e troncos, que cres- biodiesel e o biogás.
cem em diâmetro ano após ano. Pela sua disponibilidade e caracte-
rísticas, a madeira foi um dos primeiros materiais a ser utilizado pela Biomassa
humanidade, mantendo, apesar do aparecimento dos materiais sintéti-
cos, uma imensidade de usos diretos e servindo de matéria-prima para A biomassa é uma fonte de energia limpa e renovável disponí-
múltiplos outros produtos. É também uma importante fonte de energia vel em grande abundância e derivada de materiais orgânicos. Todos
sendo utilizada como lenha para cozinhar e outros usos domésticos os organismos capazes de realizar fotossíntese (ou derivados deles)
numa parte importante do mundo.  podem ser utilizados como biomassa. Exemplo: restos de madeira,
estrume de gado, óleo vegetal ou até mesmo o lixo urbano.
Biocombustível O máximo está sendo feito para obter a energia da biomassa, já
que o petróleo e o carvão mineral têm prevenções de acabar, a ener-
Biocombustível ou agrocombustível é o combustível de origem gia elétrica está cada vez mais escassa (já que essa energia depende
biológica não fóssil. Normalmente é produzido a partir de uma ou da força da água no caso de hidreletricidade) e a energia nuclear é
mais plantas. Todo material orgânico gera energia, mas o biocombus- perigosa.
tível é fabricado em escala comercial a partir de produtos agrícolas Outro fator importante é que a humanidade esta produzindo
como a cana-de-açúcar, mamona, soja, canola, babaçu, mandioca, cada vez mais lixo e esse lixo também é capaz de produzir energia,
milho, beterraba, algas.
isso ajuda a resolver vários problemas: diminuição do nível depolui-
ção ambiental, contenção do volume de lixo das cidades e aumento
Tipos de biocombustível:
da produção de energia. Vantagens: energia limpa e renovável, me-
nor corrosão de equipamentos, os resíduos emitidos pela sua queima
1. bioetanol: etanol produzido a partir de biomassa e/ou da fração
não interferem no efeito estufa, ser uma fonte de energia, ser descen-
biodegradável de resíduos para utilização como biocombustível;
tralizadora de renda, reduzir a dependência de petróleo por parte de
2. biodiesel: éster metílico e/ou etílico, produzido a partir de
países subdesenvolvidos, diminuir o lixo industrial (já que ele pode
óleos vegetais ou animais, com qualidade de combustível para moto-
res a diesel, para utilização como biocombustível; ser útil na produção de biomassa), ter baixo custo de implantação e
3. biogás: gás combustível produzido a partir de biomassa e/ou manutenção.
da fração biodegradável de resíduos, que pode ser purificado até à Quatro formas de transformar a biomassa em energia:
qualidade do gás natural, para utilização como biocombustível ou gás 1. pirólise: através dessa técnica, a biomassa é exposta a altís-
de madeira; simas temperaturas sem a presença de oxigênio, visando a acelerar
4. biometanol: metanol produzido a partir de biomassa para utili- a decomposição da mesma. O que sobra da decomposição é uma
zação como biocombustível; mistura de gases (CH4, CO e CO2 – respectivamente, metano, mo-
5. bioéter dimetílico: éter dimetílico produzido a partir de bio- nóxido de carbono e dióxido de carbono), líquidos (óleos vegetais) e
massa para utilização como biocombustível; sólidos (basicamente carvão vegetal);
6. bio-ETBE (bioeteretil-terc-butílico): ETBE produzido a partir 2. gaseificação: assim como na pirólise, aqui a biomassa tam-
do bioetanol, sendo a percentagem em volume de bio-ETBE conside- bém é aquecida na ausência do oxigênio, gerando como produto
rada como biocombustível igual a 47%; final um gás inflamável. Esse gás ainda pode ser filtrado, visando
7. bio-MTBE (bioetermetil-terc-butílico): combustível produzi- à remoção de alguns componentes químicos residuais. A diferença
do com base no biometanol, sendo a porcentagem em volume de bio- básica em relação à pirólise é o fato de a gaseificação exigir menor
-MTBE considerada como biocombustível de 36%; temperatura e resultar apenas em gás;
8. biocombustíveis sintéticos: hidrocarbonetos sintéticos ou mis- 3. combustão: aqui a queima da biomassa é realizada a altas
turas de hidrocarbonetos sintéticos produzidos a partir de biomassa; temperaturas na presença abundante de oxigênio, produzindo vapor
9. bio-hidrogénio: hidrogénio produzido a partir de biomassa e/ a alta pressão. Esse vapor geralmente é utilizado em caldeiras ou
ou da fração biodegradável de resíduos, para utilização como biocom- para movimentar turbinas a gás. É uma das formas mais comuns
bustível; hoje em dia e sua eficiência energética situa-se na faixa de 20 a 25%;
10. bio-óleo: óleo combustível obtido quando substâncias de ori- 4. co-combustão: essa prática propõe a substituição de parte do
gem vegetal, animal e outras são submetidas ao processo de pirólise. carvão mineral utilizado em uma termoelétricas por biomassa. Des-
11. óleo vegetal puro produzido a partir de plantas oleaginosas: sa forma, reduz-se significativamente a emissão de poluentes (prin-
óleo produzido por pressão, extração ou processos comparáveis, a cipalmente dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio, responsáveis
partir de plantas oleaginosas, em bruto ou refinado, mas quimicamen- pela chuva ácida). A faixa de desempenho da biomassa encontra-se
te inalterado, quando a sua utilização for compatível com o tipo de entre 30 e 37%, sendo por isso uma opção bem atrativa e econômica
motores e os respectivos requisitos relativos a emissões. atualmente.

Didatismo e Conhecimento 26
CIÊNCIAS FÍSICA
O biodiesel é derivado de lipídios orgânicos renováveis, como As manchas de óleo impedem ou diminuem a entrada de luz
óleos vegetais e gorduras animais, para utilização em motores de no mar, o que prejudica a fotossíntese dos vegetais, sobretudo o fi-
ignição por compressão (diesel). É produzido por transesterificação toplâncton; o óleo também impregna as penas das aves, matando-as
e é também um combustível biodegradável alternativo ao diesel de por hipotermia, entope as vias respiratórias dos mamíferos, interfere
petróleo, criado a partir de fontes renováveis de energia, livre de en- nos quimiorreceptores de animais migratórios, deixando-os deso-
xofre em sua composição. É obtido a partir de óleos vegetais como o rientados, o alcatrão presente na composição do petróleo mata mui-
de girassol, nabo forrageiro, algodão, mamona, soja, algas. tos seres marinhos e aves, afeta as atividades de quem vive da pesca
O bioetanol é a obtenção do etanol através da biomassa, para ser e do turismo, promove, enfim, uma verdadeira devastação.  
usado diretamente como combustível ou se juntar com os ésteres do Também em terra são graves os problemas causados por vaza-
óleo vegetal e formar um combustível, a esse processo se dá o nome mentos de petróleo e derivados. Oleodutos sem manutenção adequa-
de transesterificação. O etanol é um álcool incolor, volátil, inflamá- da podem romper-se e provocar sérios acidentes, com a agravante
vel e totalmente solúvel em água, derivado da cana-de-açúcar, do de que as grandes extensões percorridas pelos dutos tornam difícil a
milho, da uva, da beterraba ou de outros cereais, produzido através identificação do vazamento.
da fermentação da sacarose. Comercialmente, é conhecido como ál- Poços terrestres, tanques de armazenamento, vagões e cami-
cool etílico e sua fórmula molecular é C2H5OH ou C2H6O. nhões de transporte também devem ser considerados. Quaisquer va-
O etanol é hoje um produto de diversas aplicações no mercado, zamentos podem trazer problemas ao solo, que pode demorar muito
largamente utilizado como combustível automotivo na forma hidra- tempo para se recuperar, fora o risco de contaminação de eventuais
tada ou misturado à gasolina. Também tem aplicações em produtos lençóis freáticos, que pode prejudicar o abastecimento de água.
como perfumes, desodorantes, medicamentos, produtos de limpe- Com o intuito de minimizar os estragos causados por acidentes
za doméstica e bebidas alcoólicas. Merece destaque como uma das envolvendo o petróleo foram desenvolvidas diversas tecnologias:
principais fontes energéticas do Brasil, além de ser renovável e pou-
co poluente. O Brasil é hoje o maior produtor mundial de etanol, Dispersantes:
que, quando utilizado como combustível em automóveis, representa
uma alternativa à gasolina de petróleo. Destacam-se na produção Os dispersantes são utilizados nos derramamentos em alto mar
do etanol os estados de São Paulo e Paraná, respondendo juntos por de hidrocarbonetos. Os dispersantes têm propriedades químicas que
causam a quebra da mancha de óleo no mar em milhões de partícu-
quase 90% da safra total produzida. Além disso, o Brasil lidera a
las, permitindo a oxigenação da água e passagem de luz, minimizan-
produção mundial de cana-de-açúcar (principal matéria-prima do
do assim, os estragos, pois o processo de biodegradação.
etanol), sendo essa uma indústria que movimenta vários bilhões de
dólares por ano, e representa uma dependência menor do petróleo.
Absorventes sintéticos:
Impactos Ambientais dos Combustíveis Fósseis
São produtos químicos inertes, em forma de flanelas, mantas
ou travesseiros, são utilizados para fazer a limpeza pela absorção
Poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de de petróleo e derivados. São seguros pois não reagem na presença
atividades que direta ou indiretamente: de fluidos perigosos, não absorvem a água, apenas o produto
> Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da popula- derramado, além de serem resistentes a chama e a ação biológica
ção.
> Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas. Absorventes naturais:
> Afetem desfavoravelmente a biota (o conjunto de seres vivos
de um ecossistema, o que inclui a flora, a fauna, os fungos e outros Absorvente natural é um absorvente feito com substancias na-
grupos organismos. A biota da Terra abrange a biosfera). turais que têm uma estrutura capilar e porosa, consequentemente
> Afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente. tendo grande poder de absorção e retenção, só liberando o material
> Lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões com grandes pressões, é totalmente biodegradável, sendo usado em
ambientais estabelecidos. petróleo, derivados e substancias químicas

Acompanhe abaixo os impactos ambientais gerados pela utili- Absorventes para óleos viscosos:
zação de cada tipo de combustível fóssil, começando pelo Petróleo.
No processo produtivo do Petróleo, em todos os seus segmen- São absorventes projetados para a retirada de óleos venosos e
tos, trabalha-se com riscos potenciais que causem poluição ambien- pesados. Podem ser constituídos de diversos fios ou tiras de mate-
tal. Uma refinaria por exemplo, é responsável pela emissão de mui- riais polímeros, onde o óleo fica retido, dependendo do caso podem
tos poluentes, principalmente emissão atmosférica contendo óxidos ser eficientes e baratos: Podem ser usados em pequenos a grandes
sulfúricos e nitrogenados, enxofre, metais pesados, etc., além de derramamentos.
outros resíduos.
No entanto, os registros indicam que o maior índice de aciden- Skimmers:
tes no setor petrolífero ocorre durante o transporte das cargas, de
forma que este segmento é merecedor de atenção redobrada no cum- São usados para recolher o óleo flutuando na água, pois o óleo
primento de normas preestabelecidas. tem uma densidade menor que a água fazendo que ele flutue nela,
Vazamentos de petróleo prejudicam de forma intensa e dura- assim quando há um derramamento ,  petróleo e seus derivados
doura a vida marinha. Desde o fitoplâncton, base da cadeia alimentar flutuam na água, depois o skimmer arrasta o óleo para dentro da
oceânica, até as aves, todos sofrem nessas tristes ocorrências. embarcação, onde é armazenado em um tanque.   

Didatismo e Conhecimento 27
CIÊNCIAS FÍSICA
O Gás Natural é o combustível fóssil menos nocivo ao meio O desenvolvimento sustentável vem do conceito de sustenta-
ambiente, sua combustão libera poucas quantidades de óxido de en- bilidade. É  entendido como sustentável, o desenvolvimento que
xofre, gás carbônico e azoto (provoca chuvas ácidas). atende às necessidades do presente sem comprometer a possibili-
Porém, a perda de gás natural oriundo dos processos de explora- dade das futuras gerações de atenderem às suas próprias necessi-
ção, ou mesmo da queima do insumo, durante a fase de produção de dades.
um poço de petróleo, além de ser significativa, constitui sério proble- As premissas do desenvolvimento sustentável são:
ma ambiental. > Produzir melhor a menores custos, utilizando materiais ade-
As emissões de CO2resultantes da queima, e a de metano decor- quados.
rente dos vazamentos, contribuem potencialmente para o aquecimen- > Oferecer produtos seguros e de alto desempenho, em detri-
to global, além de causar efeitos danosos à saúde da população e ao mento daqueles que se degradam com facilidade.
maio ambiente próximos ao local onde ocorrem. > Minimizar o consumo de energia, a geração de resíduos e o
Quando o gás é associado, normalmente uma boa parte é utiliza- impacto ambiental. 
da para reinjeção no reservatório, a fim de manter a sua pressão, como
também em utilidades para a unidade produtora. Energia nuclear
Em algumas situações a queima do gás natural é inevitável, como
é o caso de vazamentos para o sistema de processo, manutenções não Energia nuclear é a energia liberada numa reação nuclear, ou
previstas, paradas de emergência etc. A questão é evitar a queima ro- seja, em processos de transformação de núcleos atômicos. Alguns
tineira, efetuada exclusivamente com a finalidade de descartar o gás isótopos de certos elementos apresentam a capacidade de se trans-
associado não desejado. formar em outros isótopos ou elementos através de reações nuclea-
As empresas vêm implementando novas técnicas para viabilizar res, emitindo energia durante esse processo. Baseia-se no princípio
o aproveitamento econômico do gás natural, já havendo bons exem- da equivalência de energia e massa (observado por Albert Eins-
plos, inclusive no Brasil, na Bacia de Campos e na região amazônica. tein), segundo a qual durante reações nucleares ocorre transforma-
ção de massa em energia. Foi descoberta por Hahn, StraBmann e
IMPACTO ATMOSFÉRICO: O carvão mineral é composto ba-
Meitner com a observação de uma fissão nuclear depois da irradia-
sicamente por carbono e magnésio. Assim, a sua queima para pro-
ção de urânio com nêutrons.
dução de energia provoca – através da emissão de gases poluentes
A tecnologia nuclear tem como uma das finalidades gerar
para a camada de ozônio – o aquecimento global. Este por si provoca
eletricidade. Aproveitando-se do calor emitido na reação, para
então outros fenômenos como a chamada chuva ácida, que provoca
aquecer a água até se tornar vapor, assim movimentando um tur-
a acidificação do solo e da água e, consequentemente, alterações na
bo gerador. A reação nuclear pode acontecer controladamente em
biodiversidade, entre outros impactos negativos, como a corrosão de
estruturas metálicas. um reator de usina nuclear ou descontroladamente em uma bomba
atômica. Em outras aplicações aproveita-se da radiação ionizante
IMPACTO AQUÁTICO: O aproveitamento do carvão gera emitida.
dejetos sólidos, que são depositados no local das atividades, crian- A reação nuclear é a modificação da composição do núcleo
do extensas áreas cobertas de material líquido, as quais são lançadas atômico de um elemento, podendo transformar-se em outro ou ou-
em barragens de dejeto ou diretamente em cursos de água. Grande tros elementos. Esse processo ocorre espontaneamente quando não
parte das águas de bacias hidrográficas circunvizinhas é afetada pelo acontece metamorfose em alguns elementos. O caso mais interes-
acúmulo de materiais poluentes, que podem inclusive contaminar os sante é a possibilidade de provocar a reação mediante técnicas de
lençóis freáticos. bombardeamento de nêutrons ou outras partículas. Existem duas
formas de reações nucleares: a fissão nuclear, onde o núcleo atô-
IMPACTO TERRESTRE: A posterior separação do carvão de mico subdivide-se em duas ou mais partículas; e a fusão nuclear,
menor qualidade para o de melhor qualidade forma novos depósitos, na qual ao menos dois núcleos atômicos se unem para formar um
que cobrem muitos hectares de solos cultiváveis.  Os trabalhadores novo núcleo.
das minas e seus familiares também são afetados diretamente pelas
emanações de poeiras provenientes desses locais, contraindo várias Lixo Nuclear
doenças respiratórias.
A abertura dos poços de acesso aos trabalhos de lavra  (processo Definição
de extração do carvão mineral) e o uso de máquinas e equipamentos
manuais, como retroescavadeiras, escarificadores e rafas, provocam a O lixo nuclear é todo resíduo formado por compostos radioa-
emissão de óxido de enxofre, óxido de nitrogênio, monóxido de car- tivos que perderam a utilidade de uso.
bono e outros poluentes da atmosfera. Durante a drenagem das minas,
feita por meio de bombas, as águas sulfurosas são lançadas no am- Fontes produtoras :
biente externo, provocando a elevação das concentrações de sulfatos
e de ferro e a redução de pH no local de drenagem. Este lixo é produzido por diversas fontes, sendo as principais:
O mundo está evoluindo numa velocidade impressionante e nos- - Usinas nucleares: após o processo de fissão nuclear, o que
sa dependência por energia cresce no mesmo ritmo. 90% da energia sobra do uso do urânio é considerado lixo nuclear.
que utilizamos é de origem fóssil, e o petróleo é a nossa principal fonte - Armas Nucleares: na fabricação, manutenção ou desativação
energética, uma fonte não renovável. A velocidade de formação dos deste tipo de arma, vários resíduos nucleares são gerados.
combustíveis fósseis não acompanha a demanda crescente do mer- - Laboratórios de exames clínicos: alguns instrumentos de
cado mundial, portanto, agora, a ênfase deve ser dada ao chamado exames médicos usam produtos radioativos como, por exemplo,
Desenvolvimento Sustentável. máquinas de raio-x.

Didatismo e Conhecimento 28
CIÊNCIAS FÍSICA
Cuidados com o transporte Observação:
O lixo nuclear deve ser transportado, tratado e isolado com – ao contrário do que muita gente pensa, a energia nuclear não
máximo rigor de cuidado, seguindo diversas normas de segurança é uma energia suja;
internacionais, a fim de evitar qualquer tipo de acidente ou conta- – os impactos ambientais causados pela deposição do resíduo
minação. Um dos principais problemas atuais é o destino deste tipo radioativo não são muito maiores que os impactes do lago de uma
de lixo. hidroelétrica.
Riscos para os seres humanos
O contato do ser humano com este tipo de lixo pode ter como QUESTÕES
consequência o desenvolvimento de várias doenças (câncer é a prin-
cipal) e até a morte imediata. 1. São elementos químicos presentes desde os primórdios da
Curiosidades: formação do sistema solar, cuja existência foi fundamental para a
- O lixo nuclear pode levar de 50 a 100 anos para perder toda origem dos seres vivos
sua radiação.
(A) o hidrogênio, o carbono, o oxigênio, o nitrogênio e o fós-
- No Brasil, ocorre a produção de lixo nuclear nas Usinas Atô-
foro.
micas de Angra I e Angra II, situadas em Angra dos Reis (RJ).
(B) o ácido desoxirribonucléico e o ácido ribonucléico.
Como todos sabemos, a energia nuclear é uma das alternativas (C) os ácidos nucléicos e as proteínas.
energéticas mais debatidas no mundo: comenta-se, entre outros tó- (D) as proteínas e os ácidos graxos.
picos, se valerá a pena implementar centrais de produção nuclear ou (E) os aminoácidos, a água e os sais
se devemos apostar noutro tipo de energias que sejam renováveis,
pois como sabemos a energia nuclear não é renovável, uma vez 2. Com relação à posição na cadeia trófica, algas e fungos são,
que a sua matéria-prima são elementos químicos, como o urânio, respectivamente,
extraídos de minerais (no caso do urânio, um dos minerais utilizados (A) consumidores primários e produtores.
é a autonite). (B) decompositores e produtores.
Apresentamos aqui algumas vantagens e desvantagens: (C) consumidores primários e decompositores.
(D) produtores e consumidores.
Vantagens: (E) produtores e decompositores.

- não contribui para o efeito de estufa (principal); 3. Um professor entregou várias fotos de seres vivos a cinco
- não polui o ar com gases de enxofre, nitrogénio, particulados, grupos de alunos e pediu que eles as organizassem numa sequência
etc.; que representasse de forma correta uma cadeia alimentar. Assinale
- não utiliza grandes áreas de terreno: a central requer pequenos a alternativa que apresenta a ordem do grupo que NÃO conseguiu
espaços para sua instalação; cumprir corretamente a tarefa.
- não depende da sazonalidade climática (nem das chuvas, nem a) planta; inseto; tico-tico; onça.
dos ventos); b) planta; veado; onça; homem.
- pouco ou quase nenhum impacto sobre a biosfera; c) inseto; rato; gato.
- grande disponibilidade de combustível; d) fruto; piranha; lambari; pirarucu.
- é a fonte mais concentrada de geração de energia e) fruto; sabiá; gato.
- a quantidade de resíduos radioativos gerados é extremamente
pequena e compacta; 4. O processo de digestão, nos animais, tem como principal ob-
- a tecnologia do processo é bastante conhecida;
jetivo a absorção de nutrientes pelo organismo. Essa absorção ocor-
- o risco de transporte do combustível é significativamente me-
re quase que exclusivamente no intestino delgado, que apresenta,
nor quando comparado ao gás e ao óleo das termoelétricas;
em suas células, microvilosidades. Qual a importância da existência
- não necessita de armazenamento da energia produzida em ba-
terias; das microvilosidades para o assunto em questão?
a) Criam um ambiente macio para a passagem do alimento, fa-
Desvantagens: cilitando o processo.
b) Possibilitam a distensão do intestino quando grandes quanti-
- necessidade de armazenar o resíduo nuclear em locais isola- dades de alimento são ingeridas.
dos e protegidos*; c) Tornam o trajeto do alimento até o ânus mais longo, possibi-
- necessidade de isolar a central após o seu encerramento; litando maior tempo de contato para a absorção.
- é mais cara quando comparada às demais fontes de energia; d) Aumentam a superfície de trocas, possibilitando maior efi-
- os resíduos produzidos emitem radiatividade durante muitos ciência na absorção.
anos; e) Deslocam o alimento pelo tubo intestinal, pelos movimentos
- dificuldades no armazenamento dos resíduos, principalmente que realizam, conhecidos como movimentos peristálticos.
em questões de localização e segurança;
- pode interferir com ecossistemas; 5. Considere as afirmações abaixo referentes a um tipo de pro-
- grande risco de acidente na central nuclear. teína, as enzimas de restrição, cuja utilização é fundamental na En-
* esta desvantagem provavelmente durará pelo menos uns 30 genharia Genética.
anos, a partir de quando já se esperam desenvolvidas tecnologias I. Enzimas de restrição são as ferramentas de corte para a cons-
para reciclagem e reaproveitamento dos resíduos radioativos. trução de DNA recombinante em tubo de ensaio.

Didatismo e Conhecimento 29
CIÊNCIAS FÍSICA
II. As enzimas de restrição podem ser encontradas no interior 9. Analise as seguintes características: presença de coluna
de qualquer célula viva. vertebral/ fecundação interna com cópula/respiração pulmonar/ em-
III. Cada tipo de enzima de restrição reconhece e corta regiões brião protegido por ovo de casca dura/ temperatura corporal variável
do DNA com sequência específica de bases. em função da do meio.
IV. As enzimas de restrição detectam na célula sequências que Pelas características acima, esse ser deve pertencer ao grupo:
determinam as extremidades de genes. a) das aves.
É correto o que se afirma somente em: b) dos mamíferos.
a) I e III c) dos anfíbios.
b) II e IV d) dos peixes.
c) I, II e III e) dos répteis.
d) I, III e IV
e) II, III e IV. 10. Quais são os planetas que compõe o sistema solar?
a) Mercúrio, Terra, Marte, Júpiter, Vênus, Saturno, Urano, Ne-
6. Desde que os primeiros animais foram domesticados, o ho- tuno e Plutão.
mem vem alterando suas populações a fim de melhorar as carac- b) Mercúrio, Terra, Marte, Júpiter, Vênus, Saturno, Urano, Ne-
terísticas que julga mais importante, tais como mais carne, mais tuno e Caronte.
ovos, mais lã, entre outras. Numa população sem a interferência c) Mercúrio, Terra, Marte, Júpiter, Vênus, Saturno, Quaoar,
do homem, o surgimento de indivíduos com essas características Sedna e Éris.
“melhoradas” decorre de ..... ou de .... . O homem, nesse contexto, d) Mercúrio, Terra, Marte, Júpiter, Vênus, Saturno, Urano e Ne-
faz o papel de..... . tuno.
As lacunas do texto devem ser completadas, respectivamente, e) Mercúrio, Terra, Marte, Júpiter, Vênus, Saturno, Quaoar,
por: Sedna e Plutão.
a) As condições do ambiente; herança direta dos pais; agente
seletivo. Respostas: 01-A / 02-E / 03-D / 04-D / 05-A / 06-C / 07-D /
b) Condições do ambiente; seleção natural; agente mutagê- 08-C / 9-E / 10-D/
nico.
c) Reprodução sexuada; mutações; agente seletivo.
d) Reprodução sexuada; seleção natural; agente mutagênico.
e) Mutações; condições do ambiente; agente mutagênico.

7. Em relação aos compostos orgânicos que desempenham


importantes papéis nos organismos vivos, é correto afirmar:
a) Ribose, monossacarídeo, encontrado na beterraba e cana-
-de-açúcar, é obtido por hidrólise da sacarose.
b) Queratina é um polissacarídeo estrutural cujas propriedades
de insolubilidade e rigidez explicam sua participação na formação
do exoesqueleto dos artrópodes.
c) Clorofila, pigmento fotossintetizante dos vegetais, hemo-
globina, pigmento respiratório dos animais e cianocobalamina, vi-
tamina do complexo B, essencial para a manutenção dos glóbulos
vermelhos na medula óssea, são compostos orgânicos que têm, em
comum, átomos de ferro.
d) Colesterol é um esteroide que pode ser encontrado entre as
moléculas de fosfolipídios da membrana plasmática dos animais.
e) ATP é um nucleotídeo que, além de ser um dos constituin-
tes de ácidos nucléicos, participa de processos metabólicos como
doador de energia.

8. O estudo comparativo dos diversos tipos de músculos na


espécie humana, permite concluir que:
a) Os músculos lisos são voluntários.
b) No organismo, os músculos esqueléticos geralmente apre-
sentam contração própria, independente do sistema nervoso.
c) A fibra muscular esquelética é multinucleada, ficando os
núcleos na periferia da fibra, junto a membrana plasmática.
d) A contração do músculo cardíaco resulta da estimulação
repetida.
e) As miofibrilas só existem nos músculos estriados.

Didatismo e Conhecimento 30
GEOGRAFIA
GEOGRAFIA

Prof. Everton Henrique Gonçales Cardoso


Especialista em Gestão Estratégica de Marketing e Negócios pela REGES; Graduado em Geografia pela UNESP; Graduado em
Pedagogia pela UNINOVE; Professor das Escolas Técnicas ETEC e CETAP e Escolas Particulares: Dimensão e Objetivo.

Esta apostila tem por objetivo apresentar diferentes temas geográficos que são constantemente observados em concursos e vestibu-
lares. Serão abordados, resumidamente, temas relativos ao Brasil e ao Mundo, muitos deles contextualizados.

O PLANETA TERRA – ALGUMAS


INFORMAÇÕES

A Terra é um planeta localizado no Sistema Solar, sendo o terceiro (dos oito) em distância do Sol. Também é conhecido como “Planeta
Azul”, em razão de ter mais de 70% de sua superfície coberta por água, dando esta aparência ao ser observado do Espaço.
Num primeiro momento, a Terra era formada por um material basicamente pastoso, em razão do ambiente primitivo ter sido carac-
terizado por temperaturas muito altas. Com o tempo, a Terra, em bilhões de anos, começou um processo de resfriamento e sua superfície
foi se solidificando, formando placas de rochas que flutuavam sobre o material derretido. Muitas vezes acontecia a ruptura dessas placas
de rochas (a crosta terrestre) devido a pressão do material em alta temperatura, derretido e em constante movimento que existia nas zonas
mais internas do planeta. Essas erupções vulcânicas, por sua vez, liberavam gases e vapores que alcançavam elevadas altitudes, resfriando e
formando nuvens, dando origem a precipitações. A temperatura da Terra era muito alta transformando em vapor as gotas de água que caíam.
Esse processo contribuiu para a diminuição do calor das rochas e apressou o resfriamento da Terra. Com o tempo, parte desta água não mais
evaporava, permanecendo no estado líquido. Dessa forma, iniciou-se a formação dos mares e oceanos.
Grande parte da crosta terrestre já estava formada há cerca de 3,5 bilhões de anos. No entanto, deste período para cá, muitas mudanças
ainda foram observadas.
Estima-se que os primeiros organismos vivos devem ter surgido na Terra há 3 milhões de anos.
Alguns dados sobre o Planeta merecem destaque:
- Raio médio de 6.371 km;
- Massa de 5,976x1024 Kg;
- Temperatura superficial média: 15º C;

A Terra realiza vários movimentos, sendo dois principais:

Translação: movimento em torno do Sol, durando aproximadamente 365 dias e seis horas (essas seis horas aproximadas, a cada quatro
anos, gera um dia a mais, ou sena 29/02 – nos anos bissextos). Esse movimento, associado à inclinação do Planeta, acaba gerando as estações
do ano (figura a seguir).

Didatismo e Conhecimento 1
GEOGRAFIA
Rotação: movimento da Terra em torno de seu próprio eixo, que dura cerca de um dia ( 24 horas). É o responsável pela existência de
dias e noites (figura a seguir).

ESTRUTURA DA TERRA

As descontinuidades nas velocidades das ondas sísmicas indicam a presença de camadas na Terra. A figura a seguir apresenta as prin-
cipais camadas da Terra:

A Crosta é uma camada que possui aproximadamente 40 km de profundidade nos continentes e aproximadamente de 6 a 8 km nos
oceanos.
A partir da base da crosta, inicia-se o manto, sendo que esta camada possui aproximadamente 2900 km. O manto é composto pela Li-
tosfera, Astenosfera, Mesosfera e Zona D.
Por último, na porção mais profunda, tem-se o Núcleo, que pode ser dividido em Externo (de 2.900 a 5.150 Km, composto basicamente
de Fe e no estado fluído) e o Interno (também composto basicamente de Fe, mas em estado sólido).
O entendimento dessas camadas nos permite compreender algumas dinâmicas internas e, também, a existência de recursos naturais
extremamente importantes para a sociedade.

Didatismo e Conhecimento 2
GEOGRAFIA
As Placas Tectônicas A imagem a seguir mostra a distribuição das placas, bem
como as áreas de encontro e o Anel de Fogo do Pacífico, área
Ao observarmos o mapa mundi atual, nota-se que o mesmo se bastante instável da dinâmica das placas.
assemelha a um quebra-cabeças, pois algumas partes claramente
“se encaixam” em outras (a costa brasileira no Oeste da África, por
exemplo). Essas evidências, entre outras, acabaram contribuindo
para a elaboração da Teoria da Deriva Continental, por Alfred We-
gener. Segundo o autor, todos os continentes, num princípio, forma-
vam um único supercontinente, denominado de Pangeia. A fragmen-
tação teria se iniciado há cerca de 220 milhões de anos, no Triássico.
Outras evidências foram levantadas na tentativa de comprovar
a Teoria da Deriva Continental. A identidade geológica das rochas e
o levantamento de fósseis (um mesossauro, réptil de 270 milhões de
anos de idade, encontrado somente no leste da América do Sul e no
oeste da África, por exemplo) também merecem destaque.
Ainda, descobriu-se que o fundo do mar é caracterizado por
cadeias de montanhas, fendas, abismos, enfim, um ambiente geolo-
gicamente muito ativo. Por exemplo, tem-se a imensa cadeia mon-
tanhosa submarina, denominada Dorsal ou Cadeia Meso-Oceânica.
Essa cadeia de montanhas estende-se por cerca de 84.000 km, com
uma largura aproximada de 1.000 km e forte atividade sísmica e
vulcânica. Todos esses processos seriam, também, responsáveis pela
separação dos continentes.
Analise a figura a seguir sobre a Teoria da Deriva Continental:

AS ROCHAS

Entende-se por rochas os materiais consolidados, que resul-


tam da união natural de minerais. Estas podem ser mais ou menos
rígidas dependendo do processo de formação e o grau de força da
ligação entre esses minerais.
Existem várias maneiras de se classificar as rochas. A clas-
sificação mais observada sobre rochas é quanto a sua origem,
subdividindo-as em ígneas ou magmáticas, sedimentares e me-
tamórficas.

Magmáticas: as mais abun dantes na crosta, são formadas


a partir do resfriamento do magma que se desloca em direção à
superfície através de falhas e fraturas na crosta. À medida que
vai chegando mais próximo da superfície, vai perdendo calor,
resfriando-se e solidificando-se. Quando esta solidificação ocorre
Complementando a teoria da Deriva Continental, outra que no interior da superfície, de maneira mais lenta, dá origem às
merece destaque é a Teoria das Placas Tectônicas. Segundo esta, a rochas intrusivas (ou plutônicas), como o granito. Caso esse ma-
Crosta Terrestre não é formada por uma estrutura rígida, única e uni- terial se resfrie na superfície, de maneira mais rápida, dá origem
forme, mas sim por várias placas que se movimentam sobre a Aste-
às rochas extrusivas, como o basalto.
nosfera. Esse movimento permite choques, distanciamentos e atritos
entre as placas, gerando abalos sísmicos, vulcanismo, formação de
cadeias montanhosas, falhas etc. Sedimentares: formada a partir do sedimento de outras ro-
Existem algumas áreas do planeta em que a movimentação des- chas, plantas, animais etc. Quando toda esta matéria é transpor-
sas placas é mais intensa, gerando uma dinâmica bastante sentida tada e acumulada em um determinado local, sofrendo ação da
pela sociedade. É o caso do Anel de Fogo do Pacífico, onde cons- temperatura (frio ou calor), ocorre o fenômeno da diagênese ou
tantemente verificam-se a existência de vulcões ativos, terremotos litificação, ou seja, a transformação de sedimento em rocha. Os
extremamente agressivos, tsunamis etc. Por outro lado, o Brasil, por locais mais comuns para a ocorrência do processo são os lagos,
estar localizado na porção central de uma placa (Sul-Americana), baías, lagunas, estuários, deltas e fundo de oceanos. Como exem-
acaba sendo mais estável, não se observando abalos sísmicos tão plo podem ser citados os arenitos (detríticas), o carvão mineral
expressivos e cadeias de montanhas jovens, por exemplo. (orgânica) e o calcário (química).

Didatismo e Conhecimento 3
GEOGRAFIA
Metamórficas: rochas derivadas da metamorfose de rochas
magmáticas ou sedimentares que sofrem modificação em sua OS SOLOS E O RELEVO
composição, devido à influência das diferentes condições do
ambiente (variação de pressão e temperatura, por exemplo) em
que estão inseridas em comparação aos locais onde foram origi-
nalmente formadas. Dessa maneira, origina-se uma nova rocha, Entende-se por solo (também chamado de manto de intempe-
com novas características (propriedades e composição mineral). rismo ou manto de regolito) a parte exterior da crosta terrestre, que
A figura a seguir ilustra a transformação de rochas pré-existentes está em contato direto e indireto com o meio ambiente. As rochas,
em metamórficas. ao sofrerem a ação do vento, do calor, da chuva, dos rios, lagos,
mares, dos animais, das atividades humanas etc., decompõem-se
através do processo de intemperismo. Assim, o solo é o resultado
da ação combinada de fatores químicos, físicos e biológicos, e em
função disso se apresenta sob os mais diversos aspectos.
Os solos podem ser diferenciados por sua textura, isto é, pela
forma de organização de suas partículas. Através da granulometria,
pode-se identificar se ele possui maior quantidade de areia, argila
ou silte. Ainda, podem ser observadas suas propriedades físico-
-químicas, que se referem à quantidade de humo (que dá fertilida-
de ao solo) e de alimento vegetal inorgânico – ambos resultantes
da matéria orgânica vegetal pela atividade dos microrganismos.
De acordo com sua origem os solos podem ser chamados
de eluviais, aluviais ou orgânicos. Os eluviais ocorrem quando
o produto dos sedimentos da rocha matriz que está por baixo; são
aluviais quando formados por agentes de transporte como os rios,
ventos e etc.; e orgânicos quando constituídos basicamente da de-
composição de matéria viva – nesse caso, o solo será de grande
importância agrícola.
Quanto à sua estrutura, os solos podem ser arenosos, argilosos
Ainda, é importante compreender que as rochas fazem parte ou argilo-arenosos.
de um ciclo, dando origem umas às outras. Esse ciclo se dá por Diferentes áreas do conhecimento estudam o solo, mas com
meio de processos como a cristalização, o intemperismo e a meta- interesses diferentes. Para a engenharia civil, por exemplo, a maior
morfismo etc., conforme ilustra o esquema a seguir: preocupação é com sua resistência; já para a agronomia, o mais
interessante é sua produtividade.
Inegavelmente, o solo acaba sofrendo inúmeras agressões,
fruto de um uso/ocupação desordenada, que acaba por multiplicar
problemas, como erosões e perda de nutrientes. Para isso, várias
medidas de conservação devem ser utilizadas, de acordo com o
problema encontrado. Eis alguns exemplos:
- O plantio em nível, com a realização de terraços, reduz a ve-
locidade do escoamento superficial da chuva, evitando processos
erosivos;
- A rotação de culturas e o pousio, por exemplo, permitem
uma maior capacidade de recuperação dos solos;
- O plantio intercalado de leguminosas proporciona a fixação
de nitrogênio no solo, elevando sua produtividade.

Também é extremamente importante conhecer as característi-


cas dos solos na definição das melhores atividades a serem desem-
penhadas de acordo com suas potencialidades e limitações.
O relevo, entendido como a forma da superfície da terra, é o
resultado da somatória de vários agentes internos e externos.
Os agentes internos, também chamados de endógenos ou es-
truturais, contribuem “de dentro para fora”na formação do relevo.
Ou seja, o tectonismo, o vulcanismo e os abalos sísmicos dão ori-
gem a grandes estruturas, como os escudos e as cadeias de mon-
tanhas.

Didatismo e Conhecimento 4
GEOGRAFIA
No entanto, essas grandes estruturas sofrem a ação dos agen- A Termosfera é a camada atmosférica mais extensa, podendo
tes externos, também chamados de exógenos ou esculturais. A alcançar os 500 km de altura. O ar é escasso e absorve facilmente
água (chuva, mar, rios, lagos, neve, granizo etc.) e o vento, por a radiação solar, atingindo temperaturas muito elevadas, próximas
exemplo, acabam esculpindo essas grandes estruturas, modelando a 1000ºC.
o relevo. A Exosfera é a camada mais distante da Terra, chegando a 800
Dessa combinação surgem montanhas, planaltos, planícies e km de altitude. É composta basicamente de gás hélio e hidrogê-
depressões. nio. É nesta camada que se encontram os satélites de dados e os
telescópios espaciais.
Na atmosfera acontecem diferentes fenômenos meteorológi-
cos importantes para a sociedade. Daí a necessidade de se estudar
A ATMOSFERA, TEMPO E CLIMA o tempo e o clima de diferentes lugares.
O tempo é entendido enquanto a situação/comportamento da
atmosfera em um determinado lugar/instante. Já o clima é a suces-
são habitual dos tempos, dando origem a um conjunto de caracte-
A Terra possui uma característica extremamente importante
para que haja vida em seu interior: a existência de atmosfera. Esta, rísticas de uma determinada região. Portanto, o tempo pode mu-
por sua vez, é composta por vários gases, sendo o nitrogênio, o dar a todo instante. Já o clima é uma classificação de uma região,
oxigênio os mais abundantes. Ela possui diversas finalidades, entre necessitando de longos estudos para se identificar uma mudança
elas proteger a Terra de raios ultravioletas e prover oxigênio para a significativa.
respiração dos seres vivos. A imagem a seguir mostra a estrutura O clima é formado a partir da interação entre elementos e
da atmosfera. fatores. Os elementos (temperatura, pressão, precipitação, vento,
umidade e massas de ar) formam um determinado clima a partir da
influência dos fatores climáticos. Os principais fatores são:
- Altitude: quanto maior a altitude, menor tende a ser a tem-
peratura;
- Latitude: quanto maior a latitude, ou seja, a medida que se
afasta da linha do Equador, menor tende a ser a temperatura;
- Continentalidade: a interiorização em relação ao oceano
tende a tornar o ambiente mais seco e com maiores amplitudes
térmicas;
- Maritimidade: o contato com o oceano aumenta a umidade e
reduz a amplitude térmica;
- Relevo: relevos mais acidentados ou mais planos tendem a
dificultar ou facilitar a circulação de massas de ar, respectivamen-
te;
- Vegetação: a presença ou não de vegetação, bem como suas
características, interferem no tipo de cobertura do solo e sua inte-
ração com a radiação, bem como permitem maior ou menor umi-
dade, por exemplo;
- Ação antrópica: a humanidade e suas atividades mudam
sensivelmente as características climáticas, sobretudo nos últimos
A Troposfera é a camada mais próxima da crosta terrestre. dois séculos.
É composta, basicamente, por Nitrogênio, Oxigênio e Gás Car-
bônico. Quase todo o vapor encontrado na atmosfera situa-se na
troposfera, que ocupa 75% da massa atmosférica. Atinge cerca de
17 km nas regiões trópicas e pouco mais que 7 km nas regiões AS GRANDES PAISAGENS NATURAIS
polares, portanto, tendo uma espessura variada; DA TERRA
A Estratosfera é a segunda camada mais próxima da Terra.
Nela, encontra-se o gás ozônio, responsável pela barreira de pro-
teção dos raios ultravioleta.. Chega a 50 km de altitude e é carac-
terizada por apresentar pouco fluxo de ar e por ser muito estável.
A Biosfera, camada capaz de abrigar e reger a vida em todas
Em razão da pequena quantidade de oxigênio, não é propícia para
as suas formas, é formada a partir de uma intersecção da atmosfe-
a presença do homem.
A Mesosfera é caracterizada por ser muito fria, com tempera- ra, hidrosfera e litosfera. No entanto, ela não é homogênea, fruto
turas que oscilam em torno dos 100º C negativos. No entanto, sua das variações de clima, relevo e vegetação, por exemplo. Essas
temperaturanão é uniforme, uma vez que a parte de contato com a variações dão origem a grandes paisagens. Eis alguns exemplos,
estratosfera é um pouco mais quente, ponto da troca de calor entre resumida sob a forma de uma tabela ilustrativa e o mapa de locali-
as duas. zação das principais paisagens/biomas encontrados:

Didatismo e Conhecimento 5
GEOGRAFIA

Didatismo e Conhecimento 6
GEOGRAFIA
► Colaterais:
UMA BREVE INTRODUÇÃO SOBRE A NE - Nordeste (45º); SE - Sudeste (135º); NO - Noroeste
CIÊNCIA CARTOGRÁFICA (315º); SO - Sudoeste (225º)

► Subcolaterais:
Quando o objeto de estudo é a Cartografia percebe-se, desde NNE - Nor-nordeste (22,5º); ENE - Leste-nordeste (67,5º);
os primórdios da humanidade, que o Homem busca meios de se ESE - Leste-sudeste (112,5º); SSE - Sul-sudeste (157,5º); SSO
orientar no espaço terrestre. À medida que o mesmo foi ampliando - Sul-sudoeste (202,5º); OSO - Oeste-sudoeste (247,5º); ONO -
sua capacidade técnica, a busca por se localizar e se movimentar Oeste-noroeste (292,5º); NNO - Norte-noroeste (337,5º).
amparado por referências foi se tornando uma necessidade ainda
mais evidente. Isso porque, muitas vezes, conhecer caminhos era Esses pontos são representados pela Rosa, que pode ter dife-
questão de sobrevivência, seja para buscar áreas férteis para a pro- rentes formas de representação. Eis um exemplo:
dução de alimentos, seja para se proteger de invasões de outros
povos.
Ainda nesse processo de evolução, outras ações exigiam co-
nhecimentos cartográficos, como para estabelecer rotas de nave-
gação e de atividades comerciais, definir estratégias de guerra,
delimitar espacialmente a ocorrência de recursos etc. Enfim, a so-
ciedade, historicamente e com seus recursos disponíveis, procurou
fazer uso da cartografia. Esta pode ser entendida como a ciência da
representação gráfica da superfície terrestre, tendo como produtos
finais mapas, maquetes, cartas etc. Ou seja, é a ciência que trata
da concepção, produção, difusão, utilização e estudo desses mate-
riais, principalmente de mapas (amplamente utilizados). Para isso,
as representações do espaço podem ser acompanhadas de um am-
plo conjunto de informações, como figuras geométricas, símbolos,
uso de cores, linhas e diversos outros elementos.
E, conforme já foi mencionado, nota-se uma evolução muito
grande dessas técnicas ao longo da história. As práticas da carto-
grafia remontam à Pré-História, quando rústicos desenhos eram
usados para delimitar territórios de caça e de pesca; na Babilônia
(Antiguidade), os mapas do mundo já eram impressos em madeira
(mapas, obviamente, a partir das técnicas limitadas da época, mui-
to diferentes das projeções atuais). A evolução ainda passa pelas
ideias de Ptolomeu, na Idade Média e dos mapas relativamente
complexos da época das Grandes Navegações. Foi aproximada-
mente nesse período que algumas projeções de superfícies curvas Como forma de orientação/localização, também podem ser
passaram a ser impressas em superfícies planas. A mais conhecida usadas as coordenadas geográficas (ou terrestres), que são linhas
foi a de Mercator.
imaginárias que se cruzam e dão a localização geográfica de um
Hoje, com os amplos avanços da ciência cartográfica, os ins-
trumentos para a obtenção de informações e elaboração de mate- determinado ponto na superfície. Através do “cruzamento” entre o
riais são mais modernos e precisos. O uso de fotografias aéreas, paralelo e o meridiano de um lugar, ficamos sabendo sua localiza-
imagens de satélites, digitalização de imagens, cruzamento de ção exata na superfície terrestre.
informações, realização de mapas temáticos, sempre com maior Os paralelos estão relacionados com as latitudes, ou seja, a va-
precisão e menor distorção, garantem maior eficiência e confiabili- riação em graus a partir da Linha do Equador, para o Norte e para o
dade aos produtos apresentados. Sul (variam de 0º a 90º). Para alguns paralelos foram estabelecidos
nomes especiais, como Trópicos de Câncer e Capricórnio e Círcu-
Noções de Orientação los Polares Ártico e Antártico. Nota-se que a variação latitudinal
possui várias funções, entre elas, a de delimitar as zonas térmicas
Existem diferentes maneiras de se localizar no espaço terres-
do planeta.
tre. Entre elas, uma das mais utilizadas é a rosa dos ventos. Antes,
Já as longitudes estão relacionadas aos meridianos (variação
a rosa-dos-ventos não estava associada aos pontos cardeais, mas
sim à direção dos ventos. Posteriormente, foi utilizada para deli- em graus a partir do Meridiano de Greenwich, para Oeste e para
mitar a direção de pontos. São eles (o ponto e os graus dentro dos Leste (de 0 a 180 para cada extremo). O meridiano de Greenwich
360º: e as longitudes são muito importantes na definição dos fusos horá-
rios das diversas partes do planeta.
► Cardeais: Quando se cruza um paralelo com um meridiano, tem-se a
N - Norte (0º); S - Sul (180º); L - Leste – ou Este (90º); O - coordenada de um ponto, por exemplo: Ponto X: 30º lat N; 60º
Oeste (270º) long O.

Didatismo e Conhecimento 7
GEOGRAFIA
Veja alguns exemplos na ilustração a seguir:

O ponto D, por exemplo, estaria a 60º de Latitude Norte e 30º de Longitude Leste. Nenhum outro ponto do planeta possui essa locali-
zação. Ressalta-se que os sistemas de coordenadas e a própria rosa dos ventos são conhecimentos-chave para a utilização de tecnologias e
equipamentos modernos utilizados atualmente, como os aparelhos receptores de GPS.

Representação da realidade

Existem diferentes maneiras de se representar a realidade. Entre elas, uma das mais utilizadas é o mapa. Os mapas vão muito além de
simples ilustrações, meros desenhos, pois são carregados de informações, e, por meio de uma boa leitura, transmitem vários aspectos sobre
a realidade mapeada.
Fica evidente que, por mais técnicas que se usem, mesmo extremamente modernas, os mapas representam as realidades, mas não são
elas. Por isso, algumas informações sã suprimidas e/ou distorcidas, dependendo das técnicas e ideologias utilizadas.
O mapa representa a realidade com o uso de uma escala, que nada mais é do que uma relação de proporção entre o mapa e a realidade
mapeada (dimensões reais). As escalas podem ser numéricas ou gráficas.
A escala numérica pode ser representada por uma fração ordinária (1 / 200.000), ou por uma razão (1: 200.000, onde se lê “um para
duzentos mil”). Na escala de 1 : 200.000, a área representada foi diminuída 200 mil vezes; isso quer dizer que 1 cm no mapa equivale a
200.000 cm no terreno; ou que um metro no mapa equivalem a 200.000 Km na realidade. Nota-se que a escala é uma relação de proporção,
independente da unidade utilizada. Já a escala gráfica é representada por uma linha reta dividida em partes iguais; essa escala conta com
a vantagem de possibilitar que as distâncias sejam percebidas diretamente no mapa, sem a necessidade de fazer cálculos, como na escala
numérica. Ela permite a visualização dessa distância. Veja a seguir um exemplo dessa forma de representação da escala.

Independente da escala utilizada, percebe-se que a Cartografia trabalha com escalas de redução, fazendo com que a realidade possa ser
representada em projeções menores do que ela.

Didatismo e Conhecimento 8
GEOGRAFIA
A Leitura dos Mapas

Um dos primeiros a ser observado em um mapa é o seu título. Seguramente ele trará duas informações importantes, de imediato: o que
foi mapeado e em que lugar (e em alguns casos a data/período em questão). Não observar o título de um mapa pode comprometer toda a
sua análise.
Ademais, para que possa ser realizada uma boa leitura das informações presentes nos mapas, a legenda acaba sendo uma ferramenta
fundamental, pois esta vai expressar valores e aspectos diversos presentes dentro do mapa, como linhas, cores, figuras geométricas etc. No
mapa, estas informações não seriam apresentadas, pois seria gerada uma poluição visual desnecessária, o que comprometeria sua leitura.
Diante disso, alguns aspectos sem significado explícito no mapa acabam sendo identificados por meio da legenda. Em resumo, a legenda
decodifica símbolos usados no mapa. Veja um exemplo a seguir, no qual a legenda auxilia no entendimento das áreas delimitadas no mapa.

Algumas informações abordadas no mapa e suas respectivas representações ficam a critério do organizador do mapa. Por outro lado,
outras acabam respeitando convenções cartográficas regionais, nacionais e internacionais, pois estas buscam universalizar alguns significa-
dos e facilitar a interpretação dos mapas. É o caso de símbolos específicos para ferrovias, aeroportos, hospitais, usinas nucleares etc. Vejam
alguns exemplos de convenções adotados pelo DAER-RS:

Didatismo e Conhecimento 9
GEOGRAFIA
Algumas sociedades estão em um momento de transição entre
CONCEITOS DEMOGRÁFICOS as realidades das pirâmides 1 e 2. É o caso da sociedade brasileira,
(POPULAÇÃO) que apresenta uma redução na natalidade e um aumento na expec-
tativa de vida. A pirâmide a seguir representa a sociedade brasileira
em dois momentos, representando essa transição:

Entende-se por população o conjunto de pessoas que vivem


em determinado território, podendo ser uma cidade, um país ou
mesmo o planeta como um todo.
A população pode ser classificada de diferentes maneiras:
nacionalidade, religião, rural ou urbana, economicamente ativa
ou inativa. Ainda, sobre esta população podem ser estabelecidos
indicadores sociais, como renda, desigualdade social, escolarida-
de, taxas de natalidade e mortalidade etc.
Quando se estuda a população, inegavelmente, é importante
compreender sua dinâmica de crescimento, ou seja, se ele cres-
ce mais rapidamente o mais vagarosamente, ou mesmo se ela
efetivamente cresce. Ainda, é importante perceber, dentro da
composição dessa população, o percentual de jovens, adultos e
crianças. Essas informações são bem visualizadas nas chamadas
pirâmides etárias, ou seja, gráficos que mostram a composição de
uma população a partir do sexo e das faixas etárias. Observe os
exemplos a seguir:

Algumas teorias ajudam a compreender a dinâmica de cresci-


mento de uma população e suas consequências. Um dos primeiros
estudiosos do tema foi Thomas Robert Malthus. O autor, no contex-
to dos séculos XVIII e XIX, salientava que a população crescia em
progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos crescia
em progressão aritmética. Isso resultaria em propagação de fome e
miséria, já que eram os mais pobres que se multiplicavam em maior
velocidade. Para Malthus eram os mais pobres os responsáveis pela
própria situação precária, e o governo não deveria intervir para au-
xiliá-los. Da teoria de Malthus derivaram outras, como a Neomal-
thusiana, que salienta a importância da realização do controle da
A pirâmide 1 mostra uma base mais estreita, o que mostra
natalidade para evitar a pobreza; e a Ecomalthusiana, que salienta
um número menor de jovens, quando comparada com a pirâmide
que o grande contingente populacional demanda por mais recursos
2, que possui uma base bem mais larga. Por um outro lado, o
naturais, potencializando os problemas ambientais no planeta. Em
topo da pirâmide 1 é mais largo que o da pirâmide 2, mostrando oposição a essas teorias, os Reformistas, inspirados nas ideias de
que no país representado por ela é maior o número de idosos. O Karl Marx, evidenciam que a grande causa da fome e da miséria é a
que se pode concluir? A pirâmide 1 mostra a presença de uma má distribuição de renda. Segundo eles, a população não cresce mais
população com menor taxa de natalidade, mas com maior ex- em PG, tampouco a produção de alimentos em PA, mas a miséria
pectativa de vida, exatamente o oposto da realidade representada ainda persiste no planeta. Daí a necessidade de programas sociais
pela pirâmide 2. para atender a população mais pobre. Outro conceito bastante evi-
denciado quando se fala em população é o IDH (Índice de Desen-
A partir do entendimento das pirâmides, é possível perceber volvimento Humano). É um índice dado por um número que vai de
as características das populações representadas e algumas situa- zero a um, calculado a partir da expectativa de vida, da renda e da
ções que merecem destaque: uma sociedade com baixa taxa de escolaridade de uma determinada população. Quanto maior o núme-
natalidade consegue repor satisfatoriamente sua população eco- ro apresentado, melhor é o índice de desenvolvimento humano desta
nomicamente ativa? Ela também consegue garantir com qualida- população. Atualmente, os dez maiores IDH’s são dos seguintes
de os serviços de previdência social? E a sociedade representada países: Noruega, Austrália, EUA, Países Baixos. Alemanha, Nova
pela pirâmide 2, quais são os problemas sociais que levam a uma Zelândia, Irlanda, Suécia, Suíça e Japão. O Brasil é o 85º, com um
reduzida expectativa de vida? Por quê as mulheres geram tantos IDH de 0,730. Entre os piores, muitos são países africanos, como
filhos? São questões que podem ser estudadas a partir dessas pi- Níger, República Democrática do Congo, Moçambique, Chade e
râmides. Burkina Fasso.

Didatismo e Conhecimento 10
GEOGRAFIA

COMÉRCIO MUNDIAL, DIVISÃO


INTERNACIONAL DO TRABALHO E NOVA
ORDEM MUNDIAL

O Mundo é formado por países que, em maior ou menor grau, dependem uns dos outros. Essas relações são intermediadas pelo comér-
cio, ou seja, a troca de mercadorias e serviços entre as diferentes áreas do planeta. No entanto, essa dinâmica muda ao longo do tempo, ou
seja, a participação de um país no comércio mundial acaba definindo diferentes momentos na divisão internacional do trabalho.
Entende-se por DIT a distribuição da produção econômico-industrial em escala internacional. Isso se deve ao fato de ser praticamente
impossível um país conseguir produzir todas as mercadorias e serviços necessários aos padrões atuais de consumo, carecendo da realização
de trocas comerciais entre diferentes áreas do planeta.
Diante disso, algumas áreas do globo são responsáveis por fornecer matérias primas, enquanto outras produzem bens industrializados.
Ainda, algumas áreas são detentoras de tecnologia e, por outro lado, importam esse conhecimento. Ainda, é importante ressaltar que a DIT
sofre alterações históricas ao longo do tempo, ou seja, possui fases. A imagem a seguir mostra alguns momentos distintos da DIT:

Fonte:http://geografiajv.blogspot.com.br/2012/05/divisao-internacionaldo-trabalho-dit.html

Didatismo e Conhecimento 11
GEOGRAFIA
Nota-se, a partir da interpretação da figura, que a situação mudou significativamente a partir da constituição da Nova DIT, ou seja, países
que eram meramente subdesenvolvidos passam por um expressivo processo de industrialização (sejam como plataformas de exportação,
sejam para substituir importações, passando a ocupar uma posição diferenciada no mercado mundial e na tomada de decisões. Os membros
do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, por exemplo, configuram-se cada vez mais como importantes economias do planeta,
não somente pela ampliação da capacidade produtiva, mas também pela rápida ascensão de seus mercados internos.

“ORDENS” MUNDIAIS

Durante a segunda metade do Século XX, o mundo viveu sob uma divisão bipolar do planeta, ou seja, o bloco capitalista, liderado pelos
EUA, e o socialista, liderado pela URSS. Naquela época, a divisão do mundo era a seguinte: Primeiro Mundo ou os países capitalistas de-
senvolvidos, Segundo Mundo ou os países socialistas e Terceiro Mundo ou os países capitalistas subdesenvolvidos. O mapa a seguir mostra
o bipolar:

Fonte: http://interna.coceducacao.com.br/ebook/pages/220.htm

Com o fim da Guerra Fria, a ordem bipolar deu origem a um mundo multipolar, marcado pelo surgimento de novos centros de tomada
de decisão e influência na economia e sociedade mundial.
A Nova Ordem Mundial significa o plano geopolítico internacional das correlações de poder e força entre os Estados Nacionais após o
final da Guerra Fria. Mediante a queda do Muro de Berlim, no ano de 1989, a desestruturação da URSS, em 1991, o mundo se viu diante de
novas realidades geopolíticas. A soberania dos Estados Unidos e do capitalismo se estendeu por praticamente todo o mundo. A ordem bipo-
lar, em tese, dá origem a uma ordem unipolar, centrada nos EUA. No entanto, posteriormente ganha força a chamada multipolaridade, pois,
após o término da Guerra Fria, o poderio militar não era mais o critério principal a ser considerado para determinar a potencialidade global
de um país, mas sim o poder econômico. Nessa perspectiva, outros países emergem para rivalizar com os EUA, como o Japão e a Alemanha
reunificada em um primeiro momento. Nos anos 2000, também surgem os emergentes, com destaque para a China.
Alguns autores também defendem a chamada unimultipolaridade, ou seja, “uni” para apontar a supremacia militar e política dos EUA
e “multi” para designar os múltiplos centros de poder econômico.

Didatismo e Conhecimento 12
GEOGRAFIA
Ainda, a Nova Ordem Mundial reclassificou a hierarquia entre os países. A antiga divisão entre 1º mundo (países capitalistas desenvol-
vidos), 2º mundo (países socialistas desenvolvidos) e 3º mundo (países subdesenvolvidos e emergentes) deu lugar a divisão entre desenvolvidos
(“Norte”) e Subdesenvolvidos (“Sul). Mais recentemente, ganha força também uma posição intermediária, a dos subdesenvolvidos industriali-
zados ou emergentes. A imagem a seguir ilustra esta divisão:

GLOBALIZAÇÃO

A Globalização deve ser entendida como um amplo processo de integração entre países, culturas, sociedades e mercados, em escala global,
inegavelmente associados à evolução nos meios de comunicação e transporte.
Diversos autores divergem sobre os primórdios da Globalização. Alguns abordam que o próprio processo de expansão marítimo-comercial
europeia, gerando maior integração entre os continentes, foi o berço da Globalização. Por outro lado, outros enxergam que essas ações se tornam
mais evidentes somente a partir da segunda metade do século XX, com novas tecnologias (telefonia, internet etc.) “encurtando” as distâncias.
As integrações a partir do advento da Globalização passam por diferentes temas e escalas:
- A economia é amplamente integrada, fruto de uma cada vez mais intensa interdependência entre os mercados, respeitadas as especifici-
dades da DIT atual; as empresas reproduzem suas relações em várias áreas do globo, aproveitando as vantagens competitivas dos novos fatores
locacionais, multiplicando os fluxos de capitais entre diferentes pontos;
- Cresce a difusão de uma cultura global, uma vez que alguns espaços economicamente dominantes possuem maior facilidade e potencial
em expandir seus costumes, hábitos, idiomas, padrões etc., ampliando uma visão cosmopolita de mundo;
- A detenção da construção e difusão da informação ganha cada vez mais força. Nota-se, também, que a circulação é cada vez mais rápida
e intensa. Por outro lado, o conhecimento produzido torna-se obsoleto de maneira bastante rápida, carecendo de constante inovação e evolução.
Por outro lado, é importante reconhecer que o processo de globalização possui algumas situações/problema, das quais alguns pontos me-
recem destaque:
- A cultura global, por sua intensidade e poder de multiplicação, por vezes acaba tendo um papel de sufocamento junto às culturas locais e
regionais, gerando uma certa “homogeneização cultural”;
- A mesma velocidade que reproduz conceitos positivos é a que multiplica cenários nefastos, como ações terroristas, intolerâncias, crises
econômicas, epidemias etc.;
- A Globalização é um processo desigual no tempo e no espaço, sendo que a forte inclusão de uns acaba por potencializar a exclusão de
outros. É enganoso pensar que a evolução nas comunicações e transportes foram capazes de universalizar a riqueza, a inovação tecnológica, os
avanços na medicina etc. Na verdade, fica evidente a construção de espaços privilegiados em detrimento de outros onde se multiplica a exclusão.

ECONOMIA MUNDIAL – CONCEITOS


DIVERSOS E CRISES ATUAIS

Uma crise econômica em escala mundial é, basicamente, um desequilíbrio que ocorre em alguns setores da economia, mas que pode
contaminar o sistema econômico como um todo. Essas situações de desequilíbrios já ocorreram diversas vezes, mesmo antes da hegemonia
do Capitalismo como sistema econômico. Fatores naturais (secas, inundações, etc.) ou acontecimentos sociais (guerras, revoluções, etc.) são
alguns dos fatores que podem desencadear crises.

Didatismo e Conhecimento 13
GEOGRAFIA
Diversas crises já ocorreram ao longo da história. A Crise de Para agravar esse cenário, a crise européia, bastante intensa des-
1929, por exemplo, pautada por um desequilíbrio na produção x de 2008, acaba agravando a crise e dificultando a recuperação da
consumo (o primeiro maior que o segundo) e com a quebra da economia mundial, uma vez que o Mundo, de maneira geral, possui
Bolsa de Valores de Nova Iorque, gerou reflexos negativos em vá- muitas relações com a Europa, seja como credores/devedores, seja
rias partes do planeta, carecendo de reformas estruturais em vários como compradores/vendedores.
aspectos. O Mundo, na época, teve que rever o modelo liberal da
economia, aumentando a participação dos estados nas decisões es-
tratégicas.
A atual crise econômica mundial possui origens no início dos ÁREAS DE TENSÃO E CONFLITOS NO
anos 2000, mais precisamente em 2001. O mercado imobiliário MUNDO ATUAL
dos Estados Unidos passou por uma fase de expansão acelerada,
devido a fortes participações do Federal Reserve (o Banco Central
norte-americano), que passou a reduzir a taxa de juros, aumen-
tando a demanda por imóveis e atraindo compradores. Ao mesmo O Mundo globalizado escancara de maneira significativa os fo-
tempo, em razão dos juros baixos, cresceu significativamente o nú- cos de tensão e áreas conflituosas. As razões para esses conflitos são
mero de pessoas que hipotecavam seus imóveis, com vistas a usar as mais diversas: questões militares, aspectos religiosos, delimitação
o dinheiro da hipoteca para pagar dívidas ou fomentar o consumo. de fronteiras, conflitos étnicos etc. A Seguir, seguem algumas das
No entanto, em meio à febre de comprar imóveis ou hipotecá- principais áreas de tensão do planeta na atualidade:
-los, as companhias hipotecárias passaram a atender clientes do O País Basco: apesar de bem menos atuante nos últimos anos,
segmento subprime (de baixa renda, às vezes com histórico de o grupo terrorista ETA ainda gera temor na busca da plena autono-
inadimplência). Porém, como o risco de inadimplência desse setor mia da região Basca do Nordeste da Espanha e Sudoeste da França;
é potencialmente maior, os juros cobrados igualmente eram maio- IRÃ: A Irlanda do Norte integra o Reino Unido e por essa razão
res. as decisões competem a Londres. Os católicos irlandeses, sentindo-
Frente a esse cenário promissor de retornos altos aos emprés- -se preteridos, lutam há pelo menos 30 anos em busca da unificação
timos, os bancos compravam esses títulos subprime das compa-
com a República da Irlanda e se opõem aos protestantes, que são a
nhias hipotecárias e liberavam novas quantias em dinheiro, mesmo
maioria e querem permanecer subordinados ao Reino Unido. Daí
antes de o primeiro empréstimo ser pago. Simultaneamente, esses
surge um grupo radical denominado de IRA, que realiza diversos
títulos com lastro em hipotecas de relativa baixa confiabilidade
atos terroristas com vistas a pressionar a saída da Irlanda do Norte
eram vendidos a outros investidores, que, por sua vez, também
do Reino Unido e a reunificação das Irlandas;
emitiam seus próprios títulos, também lastreados nos subprime,
Península Balcânica: Os conflitos nessa região estão ligados a
passando-os, posteriormente, adiante. Contudo, essa rede poderia
questões étnicas, uma vez que estão inseridas na região diversas ori-
ruir se o primeiro devedor desse um calote, naturalmente gerando
um efeito dominó. gens de povos, como os croatas, eslovenos, sérvios, montenegrinos,
A partir de 2006, os juros, com sensíveis aumentos desde macedônios, bósnios e albaneses. As divergências contidas entre es-
2004, acabaram encarecendo o crédito, afastando compradores ses povos são desenvolvidas ao longo de muito tempo.
desses imóveis. Como a oferta começou a superar a demanda, o África: A divisão desse continente por potências econômicas
valor dos imóveis passou a cair. em diversos momentos é o grande cerne dos conflitos. As divisões
As dívidas, com a alta dos juros, acabaram ficando mais caras realizadas no Congresso de Berlim, por exemplo, subjulgaram o
(e, naturalmente, as prestações das hipotecas). Isso aumenta a te- continente africano aos interesses europeus, impondo fronteiras que
mida inadimplência, fazendo com que a oferta de crédito também acabaram por gerar conflitos entre povos rivais africanos. Ruanda e
diminuísse. Sem oferta de crédito, a economia dos EUA desaque- Burundi são exemplos de países que sofrem com conflitos étnicos.
ce. Oriente Médio: Nessa área, dois conflitos merecem destaque.
Preocupado com os pagamentos de créditos subprime nos O primeiro está associado aos embates entre Árabes e Judeus. A
EUA, o banco BNP Paribas congelou cerca de 2 bilhões de euros criação do Estado de Israel acabou gerando a perda de territórios por
de alguns fundos. parte dos palestinos, gerando uma sucessão de conflitos ao longo da
O mercado imobiliário, diante disso, passa a viver uma situa- segunda metade do século XX. A Guerra de Suez, dos Seis Dias, do
ção caótica, pois o ciclo de empréstimos sobre empréstimos havia Yom Kippur, Intifada etc., são exemplos de conflitos. Até os dias
sido paralisado. Surgem os pedidos de concordata. atuais as tentativas de negociação acabam sendo, por um ou por ou-
A crise passou a ser generalizada em todo o sistema bancário, tro motivo, frustradas. Outros conflitos estão associados ao petróleo.
em razão das instituições financeiras terem apostado nos títulos As enormes reservas no Oriente Médio acabam gerando a cobiça
subprime. Várias instituições se viram à beira da falência. Natu- de várias empresas e países, de dentro e de fora do Oriente Médio.
ralmente, com a globalização, o sistema financeiro internacional Os conflitos entre Irã e Iraque, as Guerras do Golfo, a ocupação
estava todo interligado, sofrendo graves consequências. do Iraque e do Afeganistão etc. possuem relações diretas e indiretas
Desse modo, instalou-se uma crise de confiabilidade, fazendo com o petróleo.
com que bancos restringissem o crédito, congelando a economia, Curdos: O Mundo apresenta uma série de conflitos em razão
reduzindo o lucro das empresas e provocando desemprego. de alguns povos não terem conseguido autonomia sobre um territó-
Isso levou muitos países entraram em recessão, e seus respec- rio. Um exemplo são os curdos. Sua população é de mais de vinte
tivos governos têm, a partir disso, tomado diferentes medidas para milhões de pessoas que ocupam áreas da Turquia, Iraque, Irã etc. A
aquecer a economia e, simultaneamente, garantir que o sistema busca de autonomia por esse povo já gerou conflitos com milhares
financeiro volte a oferecer crédito. de mortos, contudo, sem sucesso até os dias atuais.

Didatismo e Conhecimento 14
GEOGRAFIA
Caxemira: região de maioria muçulmana, mas que pertence à Índia, de maioria Hindu. Revoltosos da Caxemira lutam pela busca da auto-
nomia do território, ou pelo menos por sua anexação pelo Paquistão (de maioria muçulmana).
Chechênia: pequeno território de população predominantemente mulçumana que trava constantes e sangrentas disputas com a Rússia pela
autonomia do território.
China: existem alguns conflitos que merecem destaque: O Tibet, por exemplo, busca autonomia desde sua anexação pela China, em 1950;
Taiwan também é país considerado como uma província rebelde pela China, desde que a mesma se declarou independente após a migração de
lideranças capitalistas para a ilha após a Revolução Socialista;
América Latina: alguns conflitos se destacam: No México, merecem destaque as ações da EZLN em busca de melhores condições para
os indígenas, na região do Chiapas; Na Colômbia, a guerrilha FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) que possui forte ligação
com o narcotráfico, exerce a função de um estado paralelo, cometendo assassinatos, sequestros e pressionando o governo do país a atender suas
reivindicações.
Oriente: as tensões entre as Coreias colocam em risco o planeta como um todo. O programa nuclear da Coreia do Norte desagrada as
grandes potências mundiais. A Coreia do Norte, por sua vez, sentindo-se prejudicada por bloqueios econômicos e diplomáticos, ameaça atacar
seus rivais (Coreia do Sul, Japão e EUA, por exemplo) com seu arsenal nuclear. A tensão gerou um cerco ao país no início de 2013. Até então,
a possibilidade de um conflito em grande escala foi arrefecida, mas não anulada.
Primavera Árabe: processo que trouxe diversos conflitos ao Mundo atual. Populações de diversos países, sobretudo no Norte da África e
Oriente Médio organizaram revoltas com vistas a derrubar estruturas ditatoriais e promover maior participação popular nas decisões políticas.
O estopim das manifestações foi na Tunísia, mas acabaram se espalhando por vários países, como no Egito (queda de Hosni Mubarak) e Líbia
(queda e morte de Muamar Kadafi). Atualmente, o maior foco de tensão está na Síria, com a resistência do Presidente Bashar al Assad às forças
que buscam sua queda. O presidente, inclusive, foi acusado de fazer uso de armas químicas contra civis, o que gerou animosidades contra os
EUA e alguns aliados. O governo de Obama inclusive ensaiou uma invasão ao país, mesmo à revelia da ONU. Contudo, a intervenção da Rússia
(aliada da Síria), sobretudo pelo seu presidente Vladimir Putin, arrefeceu os anseios estadunidenses por enquanto.

ENERGIA E RECURSOS NATURAIS

O Homem, durante toda a história, necessitou, em maio ou menor escala e variedade, de recursos naturais. Contudo, é num período mais
recente que a humanidade faz uso dos chamados recursos naturais numa escala muito mais significativa. Entende-se como recursos naturais
tudo aquilo que é necessário ao homem e que se encontra na natureza, como o solo, a água, o oxigênio, energia vinda do Sol, madeiras, carvão
mineral, petróleo, gás, vento etc.. Os recursos naturais são classificados em dois grupos distintos, ou seja, os recursos naturais não renováveis
e os recursos naturais renováveis. Os recursos naturais não renováveis englobam todos os elementos que são usados nas atividades humanas e
que não têm capacidade de renovação a curto e médio prazo (possivelmente, com milhões de anos, eles possam aparecer novamente). Como
exemplo, temos o alumínio, o ferro, o petróleo, o ouro, o estanho, o níquel etc. Isso significa que quanto mais se extrai, mais as reservas di-
minuem, por isso a preocupação com as gerações futuras. Já os recursos naturais renováveis possuem a capacidade de renovação após serem
utilizados pelo homem em suas atividades produtivas. Podem ser citados como exemplos a madeira, água, plantas, solo, energia vinda do sol e
do movimento da água e vento etc. Caso haja o uso ponderado de tais recursos, certamente não se esgotarão.
Dentre os recursos naturais, muitos deles são considerados fontes para a produção de energia. Assim como os recursos, as fontes possuem
origem em materiais renováveis ou não renováveis.
O gráfico a seguir mostra as principais fontes de energia utilizadas no Brasil no Mundo.

Fonte: http://energiaslalternativas.blogspot.com.br/

Didatismo e Conhecimento 15
GEOGRAFIA
A agricultura foi e é extremamente importante para a huma-
O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO nidade. A produção de alimentos foi um dos fatores que permitiu
ao Homem a fixação em um determinado espaço (sedentarização).
Esse processo retrocede ao Neolítico. Seguramente, a agricultura
evoluiu historicamente. Novas técnicas surgem, aumentando a ca-
A Industrialização é um processo de modernização pelo qual pacidade de produção, quantitativa e qualitativamente.
passam os meios de produção de uma determinada sociedade. É Existem diferentes sistemas de produção. Os extensivos são
pautada pela ampliação de tecnologias e pelo desenvolvimento da sistemas com menor capacidade de investimento, igualmente ge-
economia de modo geral. rando menor produtividade. Nesses sistemas, existe uma maior
O processo de evolução da indústria, como ela é conhecida dependência dos fatores naturais, como a água da chuva. Já nos
atualmente, demandou um longo período. O primórdios de uma sistemas intensivos, os recursos são mais abundantes, com grande
industrialização efetiva ocorreram na Inglaterra. Isso porque a in- uso de maquinários, fertilizantes, defensivos agrícolas etc., geran-
dústria altera não só os modos de se produzir, mas são impactantes do mais investimentos/produtividade.
também nas relações sociais. Algumas áreas no planeta se destacam por sua grande capa-
No século XVIII ocorre a chamada Primeira Revolução Indus- cidade de produção. Os belts dos EUA, por exemplo, são áreas
trial, quando a Inglaterra baseia seu desenvolvimento econômico com forte capacidade produtiva. Por outro lado, algumas áreas são
nas indústrias, promovendo o cercamento dos campos (enclosures) espaços pautados pela baixa capacidade tecnológica, incorrendo
e empurrando os trabalhadores para as áreas que se urbanizavam em mau uso do solo e baixa produtividade.
através da produção industrial. Ao mesmo tempo, esse processo Inegavelmente, existe uma estreita relação entre agricultu-
libera mão-de-obra em abundância, amplia o mercado consumi- ra e impactos ambientais no ambiente rural. Uma das principais
dor e disponibiliza terras à produção capitalista. A Industrialização modificações efetuadas pelas práticas agrícolas em um ambiente
promove mudanças que vão muito além da utilização de máqui- natural é a modificação da cobertura vegetal. Conforme salienta
nas, pois representa novas formas de organização social, sobretudo WILHEM (1993), grande parte das atividades humanas acabam
com a forte divisão entre detentores dos meios de produção e o por retirar a cobertura vegetal original, sendo estas substituídas por
proletariado, ou seja, aquele que vende sua força de trabalho. outras ou até mesmo pela ausência destas.
Na Primeira Revolução Industrial, destaca-se, ainda, o uso A cobertura vegetal densa intensifica, por exemplo, a infiltra-
do ferro como matéria prima e do carvão mineral como principal ção da água no solo, possibilitando uma maior recarga dos lençóis
fonte energética. A Segunda Revolução Industrial aumentou sig-
subterrâneos. Nesse sentido, Botelho e Silva (2004, p. 163) salien-
nificativamente a quantidade de países participantes da evolução
tam que
industrial. É uma fase marcada pelo uso do aço, do petróleo e da
energia elétrica. Países como EUA, Alemanha, Itália, Japão e mes-
O destino das precipitações no ambiente das florestas pode
mo a Inglaterra passaram a produzir em larga escala, ampliando
assumir vários caminhos. Uma parte fica interceptada pelos ve-
sua participação no comércio mundial.
getais que constituem os diversos extratos do ambiente florestal
Já a Terceira Revolução Industrial é marcada pelo avanço da
(arbóreo, arbustivo, herbáceo e litter ou serrapilheira). A outra
eletrônica, da informática, da robotização etc. O Japão foi um dos
precursores, mas outras economias também vivem esse estágio. parcela da chuva consegue chegar ao solo atravessando a copa
Vale destacar que, no mundo atual, a industrialização se dis- das árvores ou escoando diretamente pelo tronco. Esta água se-
tribui por inúmeras áreas do planeta, expandindo a produção para gue, então, duas direções: uma parte escoa pela superfície e a ou-
além dos centros industriais tradicionais. Áreas como os Tigres tra infiltra no solo. A água que infiltra depende das características
Asiáticos, por exemplo, se consolidam como grandes espaços de da vertente, da estrutura e da textura do solo. Em subsuperfície, a
produção, por oferecerem vantagens competitivas às empresas que água alimenta os lençóis subterrâneos e os rios. Dentro do solo, a
ali se instalam (mão de obra barata, qualificada e disciplinada, por água é absorvida pelas raízes dos vegetais e retorna à atmosfera
exemplo). Outros países apresentam crescimento de sua industria- pela evapotranspiração.
lização, como o Brasil, México e Argentina, sobretudo pelo au-
mento do consumo interno. Isso tudo está associado à atual fase Percebe-se, então, que a retirada da cobertura vegetal acaba
da Globalização, na qual as empresas procuram vantagens com- por interferir na dinâmica do ciclo hidrológico, uma vez que, sem
petitivas. Daí as grandes empresas transnacionais possuírem filiais a absorção do impacto da chuva feita pela vegetação, o solo fica
espalhadas por grande parte do planeta. exposto diretamente à chuva, ao vento, etc, facilitando a ocorrên-
cia de processos erosivos (WHILEM, 1993).
Ainda com relação à alteração da cobertura vegetal, deve-se
observar que não se pode englobar todas as atividades agropecuá-
A AGRICULTURA: CONCEITOS E IMPACTOS rias como geradoras dos mesmos tipos de impactos. Pastagens e
AMBIENTAIS atividades agrícolas acarretam impactos diferentes no tocante à
absorção da água das chuvas. Segundo Botelho e Silva (2004, pg.
165)

Entende-se por agricultura o conjunto de técnicas utilizadas As áreas com agricultura e pastagens irão apresentar com-
para cultivar as mais diversas plantas com o objetivo de conseguir portamento diferentes. Nas pastagens, os sistemas radicular das
alimentos, energia, matéria-prima para roupas, fibras, construções, gramíneas favorece a infiltração, ocorrendo perdas mínimas de
medicamentos, ferramentas etc. solo e águas através do escoamento superficial.

Didatismo e Conhecimento 16
GEOGRAFIA
Entretanto, deve-se ressaltar que esta conclusão remete-se a Por fim, destacam-se os impactos relacionados ao destino in-
pastagens com uma altura significativa das gramíneas, bem como correto de dejetos1 animais. O volume de dejetos produzido por
um número adequado de animais por área. A pecuária no Oeste uma criação, caso não passe pelos tratamentos cabíveis, possui
do Estado de São Paulo, no caso, acaba sobrecarregando peque- um potencial elevado de poluição. BOTELHO e SILVA (2004, pg.
nas áreas de pastagens com um número excessivo de animais, o 172), exemplificam:
que acaba por influir significativamente na qualidade ambiental
dos pastos. Devido ao pisoteio de animais, as áreas de pastagens
Na suinocultura há grande concentração de animais em pe-
tornam-se áreas com elevado grau de erodibilidade. Por esse pris-
ma, Botelho e Silva (2004, pg. 165) salientam que o pastoreio quenas áreas, acarretando uma elevada produção de dejetos no
compacta o solo e cria caminhos preferenciais para o escoamento mesmo lugar. O poder poluente dos dejetos suínos é de 10 a 12
superficial, aumentando o risco de erosão. vezes maior em volume (em litros) do que o do esgoto humano,
Já nas áreas agrícolas, a substituição da cobertura vegetal ori- sendo, em alguns aspectos, como o da demanda bioquímica de
ginal proporciona diferentes impactos. Segundo Botelho e Silva oxigênio (DBO), 100 vezes mais poluente (Christimann, 1988).
(2004, pg. 165), Isso significa dizer que um rebanho de 250.000 cabeças de suínos
produz igual volume de dejetos por dia que uma cidade com 2,5
As áreas com agricultura apresentam problemas bem maio- milhões de habitantes e o poder poluente (em DBO) equivalente
res quanto ao aumento do escoamento superficial. Enquanto nas ao de uma metrópole com 25 milhões de pessoas.
áreas com florestas e com gramíneas predomina a infiltração, nas
áreas agrícolas alguns fatores, como exposição do solo às gotas
das chuvas, ausência de cobertura vegetal durante uma parte do Diante do exposto, percebe-se que o ambiente rural, bem
ano e falta de práticas conservacionistas, proporcionam a forma- como as atividades deste, não está ausente dos impactos ambien-
ção de fluxo superficial. tais. Nesse sentido, faz-se necessário uma utilização consciente
dos recursos naturais no meio rural, na busca de arrefecer os im-
Os processos erosivos, além de interferirem na qualidade das pactos das atividades agropecuárias.
áreas agrícolas e de pastagens, acabam por proporcionar um maior
carreamento de sedimento para os cursos d’água. Nesse sentido,
Botelho e Silva (2004, pg.167) salientam que:
BRASIL: ASPECTOS GERAIS
A água do escoamento superficial aumentará significativa-
mente o volume de água dos rios durante os eventos chuvosos.
Além disso, essa água também será responsável por perdas de solo
por erosão. A elevada capacidade de transporte da água poderá
carrear toneladas de sedimentos para os canais fluviais, diminuin- O Brasil é o quinto maior país do planeta em extensão, com
do a fertilidade dos solos, pois erodem os horizontes superficiais 8.515.767,049 km2, ocupando aproximadamente 47% da Améri-
mais ricos em nutrientes e matéria orgânica; assorear e deteriorar ca do Sul. Fica totalmente localizado no Hemisfério Ocidental, e
a qualidade das águas dos rios, em função da enorme quantidade dividido entre os Hemisférios Norte e Sul (7% e 93%, respectiva-
de sedimentos e matéria orgânica; e, finalmente, provocar inunda- mente).
ções nas áreas mais baixas da bacia hidrográfica. Grande parte do país está localizado na Zona Intertropical
(mais de 90%). O restante está localizado ao Sul do Trópico de
Além desses fatores, destacam-se ainda algumas atividades de Capricórnio, na Zona Temperada Sul.
preparo do solo como extremamente danosas ao meio ambiente. A O Brasil possui aproximadamente 4.300 Km de distância, tan-
utilização do “gradão”, na busca de revirar o solo, acaba por torná-
to nos entre os extremos Leste/Oeste como nos extremos Norte/
-lo ainda mais susceptível aos processos erosivos, o que proporcio-
na o carreamento de uma quantidade ainda maior de sedimentos Sul, sendo considerado, portanto, um país equidistante.
aos cursos d’água próximos. O Brasil possui cerca de 15.700 Km de fronteiras terrestres.
Ainda relacionado aos impactos ambientais ocasionados por Excetuando Chile e Equador, o Brasil faz fronteira com todos os
atividades agropecuárias, pode-se destacar a utilização de fertili- demais países da América do Sul.
zantes e defensivos químicos, o que acaba por contaminar os ali- Com relação às fronteiras marítimas, o Brasil possui cerca
mentos produzidos, o solo e os recursos hídricos. Botelho e Silva de 7.360 Km. Desde a Foz do Rio Oiapoque (Norte) até a Barra
(2004, pg. 170) salientam que: do Arroio Chuí (Sul). No litoral, o Brasil tem acesso a uma ZEE
(Zona Econômica Exclusiva (aproximadamente 4,3 milhões de
O uso contínuo de pesticidas pode acarretar alguns proble- km2 em mar aberto).
mas, como o desenvolvimento de organismos resistentes aos agen-
O Brasil possui algumas ilhas oceânicas na composição de seu
tes químicos, o que exige maior dosagem ou o desenvolvimento de
território. São elas: Atol das Rocas, Trindade e Martim Vaz, Ar-
novos compostos químicos. Alguns pesticidas não são biodegra-
dáveis e tendem a resistir durante muito tempo no meio ambiente, quipélagos de Fernando de Noronha, São Pedro e São Paulo.
sem falar nos efeitos prejudiciais dos produtos químicos em outros 1 Os dejetos são compostos por dejeções (fezes e urina),
organismos, pois grande parte dos pesticidas poderá se movimen- água desperdiçada pelos bebedouros e de higienização, resíduos
tar para o interior do solo, afetando a fauna e a flora, e toda a de rações decorrentes do processo criatório (Christimann, 1988
cadeia alimentar. in Botelho e Silva, 2004).

Didatismo e Conhecimento 17
GEOGRAFIA
DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO BRASIL

A divisão A divisão política e administrativa do Brasil nem sempre foi a mesma, baseada nos mesmos critérios. Do século XVI ao
século XX, o país teve diversos arcabouços político-administrativosas: donatarias, as capitanias hereditárias, as Províncias e finalmente
os Estados, os Distritos e os municípios. O quadro a seguir mostra momentos distintos:

Atualmente, segundo o IBGE, o Brasil está dividido com base na seguinte estrutura:

Distrito Federal: é a unidade onde tem sede o Governo Federal, com seus poderes: Judiciário, Legislativo e Executivo;

Estados: em número de 26, constituem as unidades de maior hierarquia dentro da organização político-administrativa do País. A
localidade que abriga a sede do governo denomina-se Capital;

Mesorregião: uma área individualizada em uma Unidade da Federação, que apresenta formas de organização do espaço geográfico
definidas pelas seguintes dimensões: o processo social, como determinante, o quadro natural, como condicionante e, a rede de comuni-
cação e de lugares, como elemento da articulação espacial. Estas três dimensões possibilitam que o espaço delimitado como mesorregião
tenha uma identidade regional. Esta identidade é uma realidade construída ao longo do tempo pela sociedade que ali se formou.

Criadas pelo IBGE, são utilizadas apenas para fins estatísticos. Não se constituem em entidades político-administrativas autônomas.

Microrregiões foram definidas como parte das mesorregiões que apresentam especificidades quanto à organização do espaço. Essas
especificidades não significam uniformidade de atributos, nem conferem às microrregiões autossuficiência e tampouco o caráter de se-
rem únicas, devido à sua articulação a espaços maiores, quer à mesorregião, à Unidade da Federação, quer à totalidade nacional. Essas
especificidades se referem à estrutura de produção: agropecuária, industrial, extrativismo mineral ou pesca. Essas estruturas de produção
diferenciadas podem resultar da presença de elementos do quadro natural ou de relações sociais e econômicas particulares.

Municípios: os municípios constituem as unidades de menor hierarquia dentro da organização político-administrativa do Brasil. A
localidade onde está sediada a Prefeitura Municipal tem a categoria de cidade;

Distritos: são unidades administrativas dos municípios. A localidade onde está sediada a autoridade distrital, excluídos os distritos
das sedes municipais, tem a categoria de Vila.

Didatismo e Conhecimento 18
GEOGRAFIA

RELEVO BRASILEIRO CLIMA NO BRASIL

O relevo brasileiro foi classificado por diferentes autores, sen- Quando se fala em classificação climática, é importante res-
do que os critérios adotados acabam sendo distintos. Além disso, saltar que existem diversas metodologias para tal, e os resultados
as classificações foram realizadas em momentos diferentes, com acabam sendo igualmente diferentes. Entre elas, podem ser citadas
recursos e tecnologias igualmente distintas. Uma muito abordada as classificações de Köppen, de Lysia Bernardes e de Strahler. Esta
atualmente, feita mais recentemente, no final da década de 1980
última classificação baseia-se no estudo das dinâmicas das mas-
(89), é a elaborada por Jurandyr Sanches Ross, da USP. Com base
em dados do Projeto Radam Brasil, o autor dividiu o Brasil em sas de ar e é amplamente abordada em concursos. Vejamos alguns
28 unidades de relevo, considerando características morfoestru- detalhes desta classificação, primeiro mostrando as massas de ar
turais (estruturas geológicas), morfoclimáticas e as características atuando no Brasil em diferentes momentos e, posteriormente, a
morfoesculturais do relevo (ação dos agentes externos). A grande classificação a partir deste critério:
diferença dessa classificação fica por conta da introdução do
conceito de depressão, que não estava presente nas classificações
anteriores. Portanto, no relevo do Brasil, segundo Ross, existem
Planaltos, Planícies e Depressões.

Os planaltos, segundo a classificação de Jurandyr Ross, cor-


respondem às estruturas que cobrem a maior parte do território e
são consideradas formas residuais, ou seja, constituídas por rochas
que resistiram ao trabalho de erosão. Nas planícies, espaços onde
a sedimentação é predominante, as constituições das rochas se di-
ferenciam dos planaltos e das depressões por serem formadas por
sedimentação recente, com origem no Quaternário. As depressões
áreas rebaixadas por erosão que circundam as bordas das bacias
sedimentares, interpondo-se entre estas e os maciços cristalinos. O
mapa a seguir mostra a classificação do relevo brasileiro segundo
Ross:

A seguir, algumas características de cada tipo climático iden-


tificado:

Equatorial Úmido: É o clima da maior parte da Amazônia. É


controlado pela massa Equatorial continental e caracterizado pela
combinação de temperaturas sempre elevadas, chuvas abundantes
e pequena amplitude térmica.

Didatismo e Conhecimento 19
GEOGRAFIA
Clima Litorâneo Úmido – Ocorre no litoral leste (regiões Nordeste e Sudeste) e é controlado principalmente pela massa tropical atlân-
tica. No litoral da Região Sudeste, principalmente nos trechos em que a Serra do mar avança sobre o mar, as chuvas são muito intensas. A
localidade de Itapanhaú, no litoral de Bertioga (SP), detém o recorde de chuvas no país, com o índice de 4.514 mm em um ano.

Clima Tropical com duas Estações – É o mais característico do Brasil. Abrange uma vasta porção do país que inclui a maior parte das
Regiões Centro-Oeste e Sudeste, grande parte do Nordeste e o Estado do Tocantins. A principal característica desse clima é a existência de
duas estações bem diferenciadas: verões quentes e chuvosos e invernos secos.

Clima Tropical Semiárido – Abrange o sertão nordestino e o norte de Minas Gerais. Caracteriza-se por apresentar temperaturas muito
elevadas e chuvas escassas e mal distribuídas durante o ano. Apresenta os menores índices pluviométricos do país.

Clima Subtropical Úmido – Ocorre na Região Sul do país. É controlado pela Massa Polar Atlântica. Esse clima apresenta chuvas bem
distribuídas no decorrer do ano, possui as estações do ano bem diferenciadas e apresenta invernos relativamente rigorosos. A forte penetra-
ção do ar frio no inverno acarreta quedas de temperatura acompanhada por geadas e, às vezes, por queda de neve nas áreas mais elevadas,
como por exemplo, São Joaquim, em Santa Catarina.

Muito se comenta, no Mundo em geral, sobre as chamadas mudanças climáticas. A sociedade, de modo geral, promove uma intensa
exploração de recursos naturais, incorrendo em mudanças drásticas na paisagem e na emissão de gases potencializadores do Efeito Estuda
natural da Terra, podendo levar, entre outros aspectos, ao aumento nas temperaturas médias do Planeta. O Brasil, nesse sentido, não está
dissociado das causas, tampouco imune às consequências.

A figura a seguir mostra alguns impactos a serem observadas no Brasil a partir das mudanças climáticas:

Fonte: http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/147

Didatismo e Conhecimento 20
GEOGRAFIA

VEGETAÇÃO NO BRASIL

Ainda com relação à caracterização física do território brasileiro, outro tema amplamente abordado em concursos são as características dos
biomas que cobrem o território. Segundo o próprio IBGE, um Bioma é um conjunto de tipos de vegetação que abrange grandes áreas contínuas,
em escala regional, com flora e fauna similares, definida pelas condições físicas predominantes nas regiões. Esses aspectos climáticos, geográ-
ficos e litológicos (das rochas), por exemplo, fazem com que um bioma seja dotado de uma diversidade biológica singular, própria.
No Brasil, os biomas existentes são (da maior extensão para a menor): a Amazônia, o cerrado, a Mata Atlântica, a Caatinga, o Pampa e o
Pantanal.
A seguir, conheça cada bioma do Brasil (informações do IBGE).

Amazônia: Trata-se da a maior reserva de biodiversidade do mundo e o maior bioma do Brasil – ocupando quase metade (49,29%) do
território nacional. É dominado pelo clima quente e úmido (com temperatura média de 25 °C) e por florestas. As chuvas são torrenciais e bem
distribuídas durante o ano e rios com fluxo intenso. É marcado pela bacia amazônica, que escoa 20% do volume de água doce do mundo. A
vegetação característica é de árvores altas. Nas planícies que acompanham o Rio Amazonas e seus afluentes, encontram-se as matas de várzeas
(periodicamente inundadas) e as matas de igapó (permanentemente inundadas). Estima-se que esse bioma abrigue mais da metade de todas as
espécies vivas do Brasil.

Cerrado: O segundo maior bioma da América do Sul e cobre 22% do território brasileiro. É no Cerrado que está a nascente das três maiores
bacias da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata), o que resulta em elevado potencial aquífero e grande biodiversidade.
Esse bioma abriga mais de 6,5 mil espécies de plantas já catalogadas. Predominam formações da savana e clima tropical quente subúmido, com
uma estação seca e uma chuvosa e temperatura média anual entre 22 °C e 27 °C. Além dos planaltos, com extensas chapadas, existem nessas
regiões florestas de galeria, conhecidas como mata ciliar e mata ribeirinha, ao longo do curso d’água e com folhagem persistente durante todo
o ano; e a vereda, em vales encharcados e que é composta de agrupamentos da palmeira buriti sobre uma camada de gramíneas (estas são cons-
tituídas por plantas de diversas espécies, como gramas e bambus).

Mata Atlântica: É um complexo ambiental que engloba cadeias de maciços antigos, vales, planaltos e planícies de toda a faixa continental
atlântica leste brasileira, além de avançar sobre o Planalto Meridional até o Rio Grande do Sul. Tem como principal tipo de vegetação a floresta
ombrófila densa, basicamente composta por árvores altas e relacionada a um clima quente e úmido. A Mata Atlântica já foi um dos mais ricos
e variados conjuntos florestais pluviais da América do Sul, mas atualmente é reconhecida como o bioma brasileiro mais descaracterizado, fruto
dos intensos desmatamentos relacionados aos episódios de colonização no Brasil e os ciclos de desenvolvimento do país levaram o homem a
ocupar e destruir parte desse espaço (cana de açúcar, café, pecuária, urbanização, industrialização etc.).

Didatismo e Conhecimento 21
GEOGRAFIA
Caatinga: O nome é de origem indígena e significa “mata - No geral, os rios brasileiros são exorreicos, ou seja, a dre-
clara e aberta”. É exclusivamente brasileira e ocupa cerca de 11% nagem das águas tem como destino os oceanos. Ressalta-se que,
do país. É o principal bioma da Região Nordeste. Apresenta uma mesmo que a água de um rio deságue em um rio no interior (exem-
grande riqueza de ambientes e espécies, que não é encontrada em plo, o Rio Tietê desaguando no Rio Paraná), esse volume hídrico
nenhum outro bioma. A seca, a luminosidade e o calor caracterís- irá posteriormente ao oceano, mantendo o caráter exorreico.
ticos de áreas tropicais resultam numa vegetação de savana estépi- - Com exceção do rio Amazonas, que apresenta uma foz mis-
ca, espinhosa e decidual (quando as folhas caem em determinada ta, de delta e estuário, e do rio Parnaíba, que apresenta foz em
época). Há também áreas serranas, brejos e outros tipos de bolsão delta, os rios brasileiros – que deságuam livremente no oceano
climático mais ameno. Esse bioma está sujeito a dois períodos se- formam estuários.
cos anuais: um de longo período de estiagem, seguido de chuvas - No geral, os rios brasileiros são perenes, ou seja, possuem
intermitentes e um de seca curta seguido de chuvas torrenciais água corrente o ano todo. No semiárido nordestino alguns rios são
(que podem faltar durante anos). Dos ecossistemas originais da intermitentes, ou seja, secam e parte do ano, na estação seca.
caatinga, 80% foram alterados, em especial por causa de desmata-
mentos e queimadas. Segundo a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica),
são estas as grandes bacias brasileiras:
Pampa: Está presente somente no Rio Grande do Sul, ocu-
pando 63% do território do Estado. Ele constitui os pampas sul- - Bacia do Rio Amazonas: abrange uma área de drenagem
-americanos, que se estendem pelo Uruguai e pela Argentina e, in- da ordem de 6.112 .000 Km², ocupando cerca de 42 % da super-
ternacionalmente, são classificados de Estepe. O pampa é marcado fície do território nacional. É a maior rede hidrográfica mundial,
por clima chuvoso, sem período seco regular e com frentes polares estendendo-se dos Andes até o Oceano Atlântico. Engloba cerca
e temperaturas negativas no inverno. Predomina uma vegetação de 42% da superfície brasileira, ocupando também áreas da Vene-
constituída de ervas e arbustos, recobrindo um relevo nivelado zuela e Bolívia.
levemente ondulado. Formações florestais não são comuns nesse
bioma e, quando ocorrem, são do tipo floresta ombrófila densa (ár- - Bacia do Tocantins-Araguaia: Trata-se de uma importante
vores altas) e floresta estacional decidual (com árvores que perdem bacia brasileira, com uma vazão média anual de 10.900m3/s e uma
as folhas no período de seca). área de drenagem de 767.000Km2 (7,5% do território nacional).
Majoritariamente no Centro Oeste, engloba áreas dos estados do
Pantanal: Cobre 25% de Mato Grosso do Sul e 7% de Mato Tocantins e Goiás (58%), Mato Grosso (24%), Pará ( 13%) e Ma-
Grosso e seus limites coincidem com os da Planície do Pantanal, ranhão (4%), além do DF ( 1%).
mais conhecida como Pantanal mato-grossense. O Pantanal é um
bioma praticamente exclusivo do Brasil, pois apenas uma pequena - Bacia do Atlântico trechos Norte/Nordeste: banha ex-
faixa dele adentra outros países (o Paraguai e a Bolívia). Carac- tensas áreas dos Estados do Amapá, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio
terizado por inundações de longa duração (devido ao solo pouco Grande do Norte, e parte do Estado da Paraíba, Pernambuco, Pará
permeável) que ocorrem anualmente na planície, e provocam al- e Alagoas. Inclui-se nesta região o ponto mais oriental do País,
terações no ambiente, na vida silvestre e no cotidiano das popu- Ponta do Seixas na Paraíba. A Bacia do Atlântico - Trecho Norte/
lações locais. A vegetação predominante é a savana. A cobertura Nordeste, possui uma vazão média anual de 6.800 m3/s e uma área
vegetal original de áreas que circundam o Pantanal foi em grande de drenagem de 996.000 Km² composta por dois trecho: Norte e
parte substituída por lavouras e pastagens, num processo que já Nordeste.
repercute na Planície do Pantanal.
- Bacia do São Francisco: possui uma vazão média anual de
3.360m3/s, volume médio anual de106Km3 e uma área de drena-
gem de 631.000Km2 , que representa 7,5% do território nacional;
HIDROGRAFIA BRASILEIRA onde 83% da área da bacia distribuem-se nos Estados de Minas
Gerais e Bahia, 16% nos Estados de Pernambuco, Alagoas e Ser-
gipe , e o restante 1% no Estado de Goiás e Distrito Federal. O rio
que dá o nome à Bacia, O São Francisco, tem uma extensão de
O Brasil é um país de grande extensão territorial (mais de 8,5 2.700 Km, nascendo na Serra da Canastra, em Minas Gerais, per-
milhões de Km2), tendo uma extensa rede hidrográfica. Algumas correndo a longa depressão encravada entre o Planalto Atlântico
características dessa rede se destacam: e as Chapadas do Brasil Central, segue a orientação sul-norte até
- Genericamente, os rios brasileiros são de planalto, o que po- aproximadamente a cidade de Barra, dirigindo-se então para Nor-
tencializa a produção de energia por hidrelétricas, mas por outro deste até atingir a cidade de Cabrobó, quando inflete para Sudeste
lado, dificulta a navegação fluvial (carece de eclusas para a ligação para desembocar no Oceano Atlântico. É importância não só pelo
desses desníveis); volume de água transportado numa região semiárida mas, princi-
- Existe um predomínio de rios com regime pluvial, ou seja, palmente, pela sua contribuição histórica e econômica na fixação
abastecidos basicamente por águas das chuvas. Existem exceções, das populações ribeirinhas e na criação das cidades hoje plantadas
como o Rio Amazonas, que é de regime misto (também recebe ao longo do vale, bem como pelo potencial hídrico passível de
água do derretimento de neve oriunda dos Andes, no seu alto cur- aproveitamento em futuros planos de irrigação dos excelentes so-
so); los situados à sua margem.

Didatismo e Conhecimento 22
GEOGRAFIA
- Bacia dos Rios da Região do Atlântico Sul trecho Leste: O ritmo de crescimento da população vem diminuindo nos últi-
engloba parte dos territórios dos estados de São Paulo, Minas Ge- mos anos, segundo o IBGE, devido à menor fecundidade e à maior
rais, Bahia, Sergipe, além dos estados do Rio de Janeiro e Espírito esperança de vida. Com isso, a população deve atingir seu pico em
Santo. Esta bacia compreende a área de drenagem dos rios que 2042, com estimadas 228,4 milhões de pessoas. A partir deste ano, ha-
deságuam no Atlântico, entre a foz do rio São Francisco, ao norte, verá um processo de redução da população do país. A redução espera-
e a divisa entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, ao sul. da do nível de crescimento da população estará associada, sobretudo,
Possui uma vazão média anual de 3.690m3/s, volume médio anual à queda do número médio de filhos por mulher, que vem decrescendo
de117 Km3 em uma área de drenagem calculada em 569.000Km2. desde a década de 1970.
A projeção do IBGE mostra que o número médio de filhos por
- Bacia do Rio Paraná: Importante bacia brasileira, possui mulher é de 1,77 em 2013. Em 2020, esse índice chegará a 1,61 filho
uma vazão média anual de 15.620 m3/s, volume médio anual de em média por mulher, recuando para 1,5 filho em 2030, o menor a
495 Km3 e uma área de drenagem de1.237.000 Km2. Possui impor- ser observado. Isso, também, porque as mulheres tenderão a retardar
tantes rios em sua composição, como o Paraná (nome da Bacia),
a chegada dos filhos. Em 2013, a média gira em torno dos 26,9 anos.
Grande, Paranapanema, Tietê etc. É fortemente utilizada para a
Pelas projeções, atingirá 28 anos em 2020 e 29,3 anos em 2030.
produção de energia e para a navegação.
A esperança de vida ao nascer atingiu 71,2 anos para homens e
74,8 para mulheres em 2013. Em 2060, espera-se um significativo
- Bacia do Rio Uruguai: abrange uma área de aproximada-
mente 384.000 km2, dos quais 176.000 km2 situam-se em território aumento (77,8 anos para homens e de 81 anos para mulheres, confi-
nacional, compreendendo 46.000Km2 do Estado de Santa Catarina gurando um ganho médio de 6,6 anos de vida para homens e de 6,2
e 130.000Km2 no Estado do rio Grande do Sul. Possui uma vazão anos para mulheres).
média anual de 3.600m3/s, volume médio anual de 114 Km3. Em Segundo o IBGE, a caracterizada transição demográfica altera
sua porção nacional, encontra-se totalmente na região sul, possuin- significativamente a estrutura etária da população. A queda da fecun-
do as sub-bacias Canoas, Pelotas, Forquilha, Ligeiro, Peixe, Irani, didade, acompanhada do aumento na expectativa de vida, vem provo-
Passo Fundo, Chapecó, da Várzea, Antas, Guarita, Itajaí, Piratini, cando um envelhecimento acelerado da população brasileira, repre-
Ibicuí, alto Uruguai e Médio Uruguai. sentado pela redução da proporção de crianças e jovens, frente a um
aumento na proporção de idosos na população.
- Bacia dos Rios do Atlântico Sul - trecho Sudeste: com Após atingir o pico em 2042, o IBGE projetou que em 2060 a
uma área de 224.000 Km2, banha extensas áreas do Estado do Rio população brasileira recuará para 218,173 milhões de pessoas, sendo
Grande do Sul e parte dos Estados de Santa Catarina, Paraná e São 106,1 milhões de homens e 112 milhões de mulheres.
Paulo. Abarca os rios Ribeira do Iguape, Itajaí, Mampituba, Jacuí, O interior do país, formado basicamente pelas regiÕes Norte e
Taquari, Jaguarão (e seus respectivos afluentes), lagoa dos Patos e Centro-Oeste, constitui um imenso vazio demográfico. A maior parte
lagoa Mirim. da Região Norte tem densidade demográfica inferior a 1 hab/Km2.

POPULAÇÃO BRASILEIRA
ALGUMAS INFORMAÇÕES ATUAIS SOBRE A
ECONOMIA BRASILEIRA
População é o conjunto de pessoas que residem em determi-
nado território, que pode ser uma cidade, um estado, um país ou
mesmo o planeta como um todo. Ela pode ser classificada segunda
O Brasil nasceu no seio do sistema colonial, e por séculos
sua religião, nacionalidade, local de moradia (urbana e rural), ati-
dedicou-se quase que exclusivamente à produção de gêneros agrí-
vidade econômica (ativa ou inativa) e tem seu comportamento e
colas para a exportação. Mais tarde, ao longo da primeira metade
suas condições de vida retratados através de indicadores sociais,
do século XX, o país passa por uma então modesta industrializa-
como taxas de natalidade, mortalidade, expectativa de vida, índi-
ces de analfabetismo, participação na renda, etc. ção, com vistas a produzir internamente gêneros que, antes, eram
O Brasil, em 2013, ultrapassou a casa dos 200 milhões de ha- importados. É o chamado modelo da substituição das importações,
bitantes. (aproximadamente 201 milhões). É um país populoso, o como os aplicados no México, Argentina etc.
quinto maior do planeta, porém, não é densamente povoado (den- Na segunda metade do século XX, aliado à forte entrada de
sidade demográfica de aproximadamente 23,6 hab/km2. Segundo capitais internacionais, o país passa a diversificar sua produção in-
o IBGE, o país tem atualmente 201,032 milhões de habitantes, contra dustrial, inclusive com a produção de bens de consumo duráveis.
199,242 milhões em 2012, um crescimento de cerca de 1 por cento. O processo de industrialização se intensificou ao longo do regime
Em 2000, a população brasileira era de 177,448 milhões de habitantes. militar, inclusive com momentos de grande euforia e crescimento
Ainda com base nos dados divulgados em 2013, importan- da economia (milagre econômico).
tes considerações podem ser feitas sobre a dinâmica populacional Mais tarde, na década de 1980, o país passa por graves crises
brasileira. A população este ano ultrapassa a marca de 200 milhões de econômicas, acumulando fracassos em planos econômicos, convi-
habitantes, de acordo com estimativa IBGE divulgada em setembro, vendo com níveis extremamente elevados de inflação e com uma
que projeta um pico populacional em 2042 antes de começar a recuar indústria nacional significativamente atrasada frente aos grandes
nos anos seguintes. centros.

Didatismo e Conhecimento 23
GEOGRAFIA
No início dos anos 90, o país passa por um processo de aber- Ressalta-se que a economia brasileira é bastante heterogênea
tura econômica a produtos estrangeiros, inclusive com vistas a no território. O Sudeste, por exemplo, apresenta o maior parque
aumentar a concorrência interna e estimular o investimento e o industrial do Brasil. Abriga as maiores montadoras e siderúrgicas
crescimento. Paralelo a isso, o país passa por privatizações, dimi- do país. Os serviços e o comércio são bem sofisticados e diversi-
nuindo a participação do estado em alguns ramos e setores. ficados, além de representarem a principal atividade econômica
Com a estabilização da moeda (Plano Real, a partir de 1994), da região.
a economia passa por momentos mais estáveis e de crescimento, Já a economia da região Norte baseia-se, principalmente, no
incentivando a ascensão em vários setores, fazendo o país a ocupar extrativismo vegetal de produtos como madeira, látex, açaí e cas-
uma posição de destaque na economia mundial. tanha. A atividade de mineração também é muito forte na região,
Atualmente, o Brasil ocupa uma posição de emergente no principalmente extração de ferro, cobre e ouro. Merece destaque
cenário internacional, inclusive é membro do BRICS, um grupo também a Zona Franca de Manaus, que atrai empresas devido a
que reúne algumas das economias que mais crescem no planeta. incentivos fiscais oferecidos pelo Governo Federal.
No entanto, os últimos dados sobre o crescimento da economia A economia do Nordeste é bem diversificada. Há uma grande
brasileira estão aquém das médias desses emergentes. Enquanto
presença de indústrias, como nas metrópoles Recife, Salvador e
Rússia, África do Sul e Índia cresceram, em média, cerca de 4%
Fortaleza, além de turismo, agronegócio e exploração de petróleo.
(e a China quase 8%), o Brasil teve um modesto crescimento de
A cana-de-açúcar é o principal produto agrícola da região, além da
0,9%. Isso se deve a problemas que a gestão econômica enfrentam
crescente fruticultura irrigada no Vale do Rio São Francisco.
em equacionar crescimento econômico a controle da inflação. Ain-
da, merece destaque o fato da estrutura brasileira (portos, aeropor- O Centro-Oeste tem uma economia que gira em torno da agro-
tos, produção de energia e matérias-primas em geram aumentarem pecuária (plantações de soja, milho, entre outros), pecuária bovina
significativamente o chamado “Custo Brasil”, dificultando a con- e indústrias. No entanto, atualmente, muitas industrias se instala-
corrência no mercado externo. Mais investimentos nesses setores ram nessa região, como nas cidades de Catalão, Anápolis, Goiânia,
seriam fundamentais para dinamizar a economia nacional. Brasília etc.
Na composição de seu PIB, a maior participação está relacio- Por fim, no Sul, a maior parte das riquezas provém do setor de
nada ao setor terciário (comércio e serviços). O gráfico a seguir serviços. O ramo industrial é representado, principalmente, pelos
mostra a participação dos setores da economia na composição do setores metalúrgico, automobilístico, têxtil e alimentício, com des-
PIB. taque para as regiões metropolitanas de Curitiba e Porto Alegre.
Destacam-se ainda outras áreas industriais, como Blumenau, Join-
ville, Maringá e Londrina. A agropecuária é bem forte na região,
como na produção de soja, milho, carne de frango e de porco etc.

ESPAÇO AGRÁRIO BRASILEIRO – BREVE


HISTÓRICO DA ESTRUTURA FUNDIÁRIA

A estrutura fundiária, ou seja, o modo como as propriedades


rurais estão dispersas pelo território e seus respectivos tamanhos,
mostra que o Brasil é amplamente desigual nesse quesito, ou seja,
“pouca” gente concentra a maior parte das áreas (grandes latifún-
dios), enquanto uma grande maioria fica com uma fatia signifi-
cativamente menor do espaço agrário. Isso mostra, portanto, uma
imensa desigualdade no acesso à terra no Brasil.
Essa estrutural fundiária configura-se como um dos principais
O Brasil, atualmente, apresenta uma balança comercial supe-
ravitária, mesmo sendo majoritariamente um exportador de bens problemas do espaço agrário brasileiro, uma vez que interfere di-
primários e importador de gêneros industrializados. Seguem al- retamente na quantidade de postos de trabalho, valor de salários e,
guns dos principais produtos da pauta de exportações/importações diretamente, nas condições de trabalho e o modo de vida (qualida-
brasileira. de) dos trabalhadores rurais.
Diante das informações, fica evidente que no Brasil ocorre
Exportados: minério de ferro, aço, soja e derivados, automó- uma discrepância em relação à distribuição de terras, uma vez que
veis, cana-de-açúcar, aviões, carne bovina, café e carne de frango; alguns detêm uma elevada quantidade de terras e outros possuem
pouca ou nenhuma, esses aspectos caracterizam a concentração
Importados: petróleo bruto, produtos eletrônicos, peças para fundiária brasileira.
veículos, medicamentos, automóveis, óleos combustíveis, gás na- O quadro a seguir mostra algumas características da estrutura
tural e motores para aviação; fundiária brasileira.

Didatismo e Conhecimento 24
GEOGRAFIA

Outra forma de concentração de terras no Brasil, mais recentemente, é proveniente de um processo de expropriação, ou seja, a venda
de pequenas propriedades rurais para grandes latifundiários com intuito de pagar dívidas (muitas geradas em empréstimos e financiamentos
bancários) ou por não conseguir competitividade econômica frente à concorrência de grandes propriedades. Esse processo como um todo
favorece o êxodo rural, uma vez que muitos trabalhadores não conseguem se fixar no campo.
Esse cenário traz diferentes problemas: o campo, centrado na produção de matérias-primas exportáveis, diversas vezes não consegue
suprir o mercado interno com itens básicos da alimentação, inflacionando o preço dos alimentos por uma relação de maior demanda frente a
uma menor oferta. Ainda, potencializa os conflitos no campo, sobretudo aqueles encabeçados por movimentos sociais de luta pela terra, que
almejam uma estrutura fundiária mais inclusiva e com mais espaço à agricultura familiar frente ao agronegócio.

Produção no Espaço Agrário Brasileiro

O Brasil se destaca no mercado mundial como exportador de alguns produtos agropecuários como o café, o açúcar, soja, suco de laranja
e carnes de boi, frango e porco. Entretanto, para abastecer o mercado interno de consumo, há a necessidade de importação de alguns produ-
tos, com destaque para o trigo (dos EUA, Canadá e Argentina, por exemplo), cuja área plantada foi reduzida a partir de 1990.

Ao longo da história do Brasil, a política agrícola tem dirigido maiores subsídios aos produtos agrícolas de exportação, cultivados nos
grandes latifúndios, em detrimento da produção do mercado interno, obtida em pequenas e médias propriedades.

Alguns dos principais produtos agrícolas do Brasil são:

Café: foi inserido no Brasil como uma planta ornamental, ganhando forte importância econômica em meados do Século XIX. Sua
produção foi marcante no Estado de São Paulo, mais tarde se estendendo para outros estados, como PR e MG.

Cana de Açúcar: chegou ao Brasil por meio dos portugueses, no Século XVI. Plantada inicialmente no NE, era uma das grandes bases
da colonização brasileira. Atualmente, seu plantio ganha força em outras regiões, como em SP, PR e no Centro-Oeste, fruto da crescente
demanda por açúcar, sena no mercado interno ou externo, seja pela pelo grande consumo de etanol.
Soja: produto relativamente recente no Brasil, porém, com grande importância na economia nacional. Muito cultivado no Sul, mas
também com grande expansão para as áreas centrais do país. É um produto com grande demanda para exportação para diferentes mercados,
como o europeu e o asiático.

Milho: produto presente em praticamente todo o país, em razão de sua grande versatilidade para a alimentação, tanto humana como
animal. Destaca-se o PR como um grande produtor nacional.

Trigo: produzido sobretudo no Sul do país. No entanto, devido às próprias condições climáticas do país (desfavoráveis) e do elevado
consumo, o Brasil carece de importações de trigo, sobretudo da Argentina, Canadá e EUA.

Arroz: também é encontrado em muitos estados, inclusive por ser uma das bases alimentares do povo brasileiro. Merece destaque a
produção nos estados do RS, MG e GO.

Algodão: cultivado desde o período colonial. Atualmente, é produzido tanto de maneira arbórea como herbácea.

Didatismo e Conhecimento 25
GEOGRAFIA
A figura a seguir ilustra (com base em dados de 2009) a participação de alguns produtos da agropecuária brasileira na economia mundial.

QUESTÕES

01)(FGV-SP) A urbanização - o aumento da parcela urbana na população total - é inevitável e pode ser positiva. A atual concentração
da pobreza, o crescimento das favelas e a ruptura social nas cidades compõem, de fato, um quadro ameaçador. Contudo, nenhum país na
era industrial conseguiu atingir um crescimento econômico significativo sem a urbanização. As cidades concentram a pobreza, mas também
representam a melhor oportunidade de se escapar dela.
Situação da População Mundial 2007: desencadeando o potencial de crescimento urbano. Fundo de População das Nações Unidas
(UNFPA), 2007, p. 1.

Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação coerente com os argumentos do texto:
a) No mundo contemporâneo, os governos devem substituir políticas públicas voltadas ao meio rural por políticas destinadas ao meio
urbano.
b) A urbanização só terá efeitos positivos nas economias mais pobres se for controlada pelos governos, por meio de políticas de restrição
ao êxodo rural.
c) A concentração populacional em grandes cidades é uma das principais causas da disseminação da pobreza nas sociedades contem-
porâneas.
d) Nos países mais pobres, o processo de urbanização é responsável pelo aprofundamento do ciclo vicioso da exclusão econômica e
social.
e) Os benefícios da urbanização não são automáticos, pois há necessidade da contribuição das políticas públicas para que eles se rea-
lizem.

02) (FGV) O bioma, que ocupa 22% do território brasileiro, já perdeu quase 1 milhão de quilômetros quadrados, cerca de 48% de sua
cobertura total. Somente entre 2002 e 2008, foram desmatados 85 075 quilômetros quadrados, segundo dados do Ministério do Meio Am-
biente.
Em todo o bioma, a expansão das lavouras de cana-de-açúcar e de soja, além da produção de carvão e das queimadas (naturais ou pro-
vocadas), são os principais fatores de desmatamento. A pecuária também tem contribuição significativa para a sua destruição, principalmente
por causa do modelo de produção extensivo, que chega a destinar mais de um hectare para cada boi.
(http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2010/09/16/60444-)

Didatismo e Conhecimento 26
GEOGRAFIA
O texto refere-se 5 - Literatura Grega adaptada para crianças chinesas da comu-
a) à caatinga.  nidade européia.
b) à mata atlântica.  6 - Relógios suíços falsificados no Paraguai vendidos por ca-
c) ao cerrado.  melôs no bairro mexicano de Los Angeles.
d) ao pantanal.  7 - Turista francesa fotografada seminua com o namorado ára-
e) aos campos. be na baixada fluminense.
8 - Filmes italianos dublados em inglês com legendas em es-
03)(UNIOESTE) Sobre o domínio de vegetação formado pela panhol nos cinemas da Turquia.
Mata Atlântica, assinale a alternativa correta. 9 - Crianças iraquianas fugidas da guerra não obtêm visto no
a) A floresta atlântica é fisionomicamente semelhante ao do- consulado americano do Egito para entrarem na Disneylândia.”
mínio de vegetação do cerrado.
b) Em toda sua extensão de abrangência a rede hidrográfica Disneylândia, In TITÃS, Titanomaquia, WEA, 1993.
caracteriza-se pela predominância de rios intermitentes e sazonais.
c) Originalmente, antes de ter a maior parte de sua área devas-
Esses nove “versos” são do texto Disneylândia, cuja música
tada, o território ocupado por esse tipo de vegetação estendia-se da
é dos Titãs em parceria com Arnaldo Antunes. Marque a alternati-
faixa litorânea da região sul até a fronteira com a Bolívia, domi-
va que apresenta características do espaço geográfico mundial no
nando a paisagem do centro-oeste brasileiro.
d) Desenvolve-se predominantemente em áreas de baixo índi- período atual da globalização e que podem ser identificadas nos
ce pluviométrico e de solo arenoso. versos enumerados acima.
e) Apesar da redução significativa de sua área de abrangên- a) Todos os versos tratam de características do espaço geográ-
cia, ao longo de séculos de ocupação, ainda destaca-se pela gran- fico mundial na década de 1990, quando se intensificou a globali-
de biodiversidade encontrada por hectare nos fragmentos de mata zação do capitalismo, mas essas características não existem mais.
preservados. b) Os versos 3, 8, 6 e 9 referem-se à circulação de pessoas
que buscam trabalho e melhores condições de vida, migrando dos
04) A Região Sul diferencia-se das demais regiões brasileiras países subdesenvolvidos para os países desenvolvidos. Os demais
por suas características naturais, políticas e populacionais, entre versos tratam todos da produção e circulação de bens materiais.
outras. c) Os versos referem-se a um mundo em movimento inten-
so, com maior circulação de pessoas, informações, capitais e de
Pode(m)-se, então, afirmar:  mercadorias, tanto bens materiais como culturais, em diferentes
I. Tem grande importância geopolítica, pois é uma região lugares, países e regiões do globo. Porém o verso de número 9
de fronteiras com Argentina, Uruguai e Paraguai, favorecendo o contraria a idéia de “um mundo sem fronteiras”.
intercâmbio comercial e cultural. d) Os versos 2, 4, 6 e 9 não estão relacionados ao fim das fron-
II. A unidade de relevo mais importante é o Planalto da Bacia teiras nacionais para a livre circulação de mercadorias e pessoas
do Paraná, de origem vulcânica, drenado por afluentes da margem pelo mundo.
esquerda dos rios Paraná e Uruguai. e) Os versos apresentam somente aspectos positivos da Glo-
III. É a terceira região mais populosa, mas é a de menor balização, desconsiderando desigualdades e polêmicas.
ritmo de crescimento populacional do país, principalmente por
mudança no comportamento reprodutivo e por migrações para 06) De acordo com áreas de tensão no Mundo atual, marque a
outras regiões. alternativa incorreta:
a) No Tibete, o governo local discorda do domínio chinês na
Está(ão) correta(s) região, buscando se tornar independente;
a) apenas I.
b) O EZLN atua no México, buscando lutar em prol das popu-
b) apenas II.
lações indígenas na região do Chiapas;
c) apenas III.
c) O ETA luta pela independência da nação catalã, na Espa-
d) apenas I e II.
nha;
e) I, II e III.
d) O IRA é um grupo terrorista que atua em prol da reunifica-
05) Leia o texto Disneylândia (música do Titãs) para respon- ção da Irlanda;
der a próxima questão: e) As FARC possuem fortes ligações com o narcotráfico, in-
1 - “Filho de imigrantes russos casado na Argentina com uma clusive utilizando recursos dessas atividades para patrocinar suas
pintora judia, casou-se pela segunda vez com uma princesa africa- ações.
na no México.
2 - Lanternas japonesas e chicletes americanos nos bazares 07) (UDESC) São agentes internos de transformação de re-
coreanos de São Paulo. levo:
3 - Imagens de um vulcão nas Filipinas passam na rede de a) vulcanismo e abalos sísmicos.
televisão em Moçambique. b) tectonismo e correntes marítimas.
4 - Multinacionais japonesas instalam empresas em Hong- c) erosão e vulcanismo.
-Kong e produzem com matéria prima brasileira para competir no d ) intemperismo e abalos sísmicos.
mercado americano. e) o homem e vulcanismo.

Didatismo e Conhecimento 27
GEOGRAFIA
08)(UFPR) A globalização é um fenômeno que tem como uma de suas características fundamentais a crescente abertura econômica e
política entre os países. Sobre esse fenômeno, é correto afirmar:
a) Sua emergência tornou obsoletos os blocos econômicos regionais, pois facilitou o comércio direto de país para país.
b) Uma das consequências políticas do fortalecimento desse fenômeno foi a transferência da soberania nacional para organismos su-
pranacionais, a exemplo da ONU.
c) As fronteiras nacionais perderam suas funções legais de controle de fluxos.
d) A causa da globalização foi a queda do muro de Berlim, dando fim à divisão do mundo conhecida como bipolaridade e iniciando uma
nova fase, a multipolaridade.
e) O desenvolvimento tecnológico associado às condições políticas mundiais das últimas décadas do século XX intensificou o processo
de globalização

09) (FATEC) A teoria da “tectônica de placas”, hoje mais do que comprovada empiricamente, explica fenômenos como vulcões, terre-
motos e tsunamis. Segundo essa teoria, as placas tectônicas
a) atritam entre si nas extremidades da Terra, derretendo as calotas polares.
b) movem-se porque flutuam debaixo dos solos dos oceanos, causando abalos no continente.
c) deslizam sobre o magma do interior da Terra e chocam-se em alguns pontos da crosta.
d) movimentam-se em conjunto, desenvolvendo abalos sísmicos coordenados e previsíveis.
e) encostam uma na outra e bloqueiam seu movimento natural, causando abalos nos mares.

10)(UNIFENAS) A pirâmide de idade da população reflete uma dinâmica demográfica onde são verificadas importantes transformações
na composição etária da nação, para efeitos de planejamento socioeconômico do país. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-
tica) divulgou através de dados coletados pelo Censo 2010 a nova pirâmide etária do Brasil.

Fonte:IBGE/Censo 2010, http://fernandonogueiracosta.wordpress.com.Acesso em 11/08/11

A respeito da atual pirâmide etária brasileira, é possível constatar que


a) a população brasileira vivencia uma transição demográfica com aumento significativo do crescimento vegetativo em âmbito nacional.
b) é evidente a permanência de uma pirâmide etária com perfil típico de nações subdesenvolvidas, com predomínio no país da faixa
etária composta por jovens entre 0 a 19 anos, como pode ser verificado em seu ápice.
c) ocorrem uma dinâmica demográfica de redução da taxa de natalidade e um envelhecimento da população brasileira em ritmo acele-
rado, acarretando um alargamento do topo da nossa pirâmide de modo cada vez mais expressivo.
d) os dados fornecidos pela atual pirâmide etária apresentam um país predominantemente senil em razão do aumento dos índices de
fecundidade nas últimas décadas.
e) a taxa de natalidade ainda é muito elevada no país, fato comprovado pelo predomínio do contingente demográfico jovem sobre a faixa
etária da população adulta, compreendida entre 20 a 60 anos.

Gabarito:

01-E 02-C 03-E 04-E 05-C


06-C 07-A 08-E 09-C 10-C

Didatismo e Conhecimento 28
HISTÓRIA
HISTÓRIA
No caso do Brasil, todo açúcar aqui produzido era comerciali-
Professor Guilherme Pigozzi Bravo zado no exterior, exclusivamente, pela metrópole, que ficava com o
lucro obtido com a venda do produto. Além disso, todos os produtos
Doutorando em Ciências Sociais pela UNESP-Marília; Mes- consumidos na colônia eram provenientes (importados) da metró-
tre em Ciências Sociais (UNESP/Marília); Graduado em História pole.
(UNESP-ASSIS).
1534. Desenvolvimento do sistema de capitanias hereditárias.
Nesta apostila apresentamos um panorama da História do Bra- Divide-se a colônia em 14 lotes de terra. Transferência dos custos
sil e da História Geral. Gostaria de desejar aos vestibulandos um ex- de colonização e defesa do território aos donatários. A Coroa portu-
celente estudo e que Deus esteja com todos vocês, dando-lhes força guesa exigia, ainda, a devolução de uma parcela dos ganhos obtidos
e sabedoria. Boa Prova!!
na exploração comercial dos lotes. Contudo, o sistema de Capitanias
resultou em fracasso.
HISTÓRIA DO BRASIL
1548. Criação do Governo Geral: função administrativa (Defe-
sa, desenvolvimento econômico, promoção da justiça, cobrança de
impostos). Auxiliares do governador-geral: Provedor-Mor (Finanças
PERÍODO COLONIAL (1500-1822) e Impostos), Ouvidor-Mor (Justiça) e Capitão-Mor (Defesa). Tomé
de Souza, Duarte da Costa e Mem de Sá foram, respectivamente, os
1494. Tratado de Tordesilhas: Segundo o Tratado, os territórios primeiros governadores.
localizados até o limite de 370 léguas a leste de Cabo Verde perten-
ciam a Portugal, enquanto que os territórios situados a oeste dessa 1549. Fundação da Cidade de Salvador por iniciativa de Tomé
linha pertenciam a Espanha. de Souza (Primeiro Governador-Geral).Nesta cidade, foi estabeleci-
da a capital da Colônia, reflexo da prosperidade econômica do Nor-
1500. 22 de abril. Esquadra comandada por Pedro Álvares Ca- deste em função da produção e comercialização do açúcar.
bral aporta no litoral brasileiro: “descobre-se” o Brasil.
1555-1567. Os franceses, comandados por Nicolau de Ville-
1501. Expedição comandada por Gaspar de Lemos – Explora- gaignon, estabeleceram-se na baía de Guanabara (Rio de Janeiro),
ção e Reconhecimento onde erigiram uma colônia nomeada França Antártica.
1503. Expedição comandada por Gonçalo Coelho – Exploração
e reconhecimento. 1612-1615. Invasão dos Franceses no litoral maranhense. Fun-
dação do Forte de São Luís por Daniel de La Touche. O forte deu
1516/1526. As duas expedições foram comandadas por Cristó- origem à capital do Estado do Maranhão, São Luís. A colônia esta-
vão Jacques – Proteção do litoral para evitar o estabelecimento de belecida pelos franceses recebeu o nome de França Equinocial.
estrangeiros.
Extração e comércio do Pau-Brasil – Utilizada no continente 1580-1640. União Ibérica. Domínio Espanhol sobre Portugal.
Europeu como matéria-prima para a fabricação de tinturas. A ati-
vidade de extração e comércio do Pau-Brasil não foi acompanhada 1624-1625. Primeira Invasão Holandesa. No mês de maio de
pela fixação dos portugueses no litoral brasileiro. Utilização de mão- 1624, a esquadra holandesa aproximou-se de Salvador. Atacaram a
-de-obra indígena. cidade e, após dois dias, conseguiram dominá-la.
1530. Expedição sob o comando de Martim Afonso de Souza. 1630-1654. Segunda Invasão Holandesa. Em fevereiro de 1630,
Fundação da vila de São Vicente (1532). Construção do primeiro en-
os holandeses aproximaram-se da cidade de Olinda, em Pernam-
genho no Brasil: São Jorge dos Erasmos. Dá-se início à colonização.
buco, Em pouco tempo, os invasores conseguiram dominar Olinda
Mercantilismo: conceitos ou medidas de natureza econômi- e Recife. Pernambuco constituía uma importante região produtora
ca que nortearam o sentido da colonização do Brasil por Portugal. de açúcar. Expulsos do território brasileiro, os holandeses estabe-
Dentre os seus preceitos, destacam-se: balança comercial favorável leceram uma zona de produção e comércio de açúcar nas Antilhas,
(índice de exportação deve ser superior ao de importação); Meta- utilizando as técnicas de plantio da cana e produção do açúcar que
lismo: constituir reserva de metais preciosos como, por exemplo, adquiriram no Brasil. Quebrava-se, assim, o monopólio do açúcar
ouro e prata; O comércio sobrepõe-se, em importância, à produção brasileiro no mercado internacional. Diante da concorrência holan-
de mercadorias. desa, os rendimentos do comércio açucareiro diminuíram.
Plantation: sistema por meio do qual se organizou a produção de Séculos XVI e XVII - Ciclo das expedições bandeirantes. Ex-
açúcar na Colônia: grande propriedade (latifúndio); monocultura (cana ploração do interior do Brasil com o objetivo de capturar índios, es-
de açúcar), utilização de mão-de-obra escrava (Índios e, posteriormente, cravos que haviam fugido, além de encontrar ouro e pedras precio-
africanos); produção em larga escala para o comércio externo.
sas. Explorando o interior do Brasil, as Bandeiras ultrapassaram os
Exclusivismo (ou pacto) Colonial: conjunto de normas base- limites determinados pelo Tratado de Tordesilhas. “Classificação”
ado nos princípios do mercantilismo, o pacto colonial refere-se à das bandeiras:
função econômica da colônia, na relação com a metrópole. - Caça ao índio: o objetivo era a venda dos silvícolas como
mão-de-obra escrava.

Didatismo e Conhecimento 1
HISTÓRIA
- Mineradora: explorava o interior do país em busca de ouro e 1713/1715. Tratado de Utrecht, entre Portugal e Espanha. Findo
pedras preciosas o conflito sucessório na Espanha, representantes dos países partici-
- Sertanismo de Contrato: os bandeirantes eram contratados pantes reuniram-se na cidade holandesa de Utrecht. Nesta cidade,
para realizarem serviços à Coroa Portuguesa. foram reconhecidas as seguintes proposições:

Entradas: Constituíam expedições ditas “oficiais”, ou seja, sob 1713: Portugal e França assinam acordo que define os limites
o patrocínio da Coroa Portuguesa. fronteiriços dos dois países no norte do Brasil.

1690-1695. Destruição do Quilombo dos Palmares: o bandei- 1715: Acordo entre espanhóis e portugueses estabelece a devo-
rante Domingos Jorge Velho liderou a etapa final da luta pela des- lução da Colônia de Sacramento para Portugal.
truição do quilombo.
1720. Revolta de Vila Rica em Minas Gerais (Sedição de Felipe
1684. Rebelião dos Beckman, no Maranhão. A economia ma- dos Santos): rebelião provocada pelo descontentamento em relação
ranhense encontrava-se em declínio. Com o objetivo de superar a à cobrança de impostos e a fiscalização das minas, consideradas
situação de crise econômica, a Coroa portuguesa decidiu criar, em abusivas. Filipe dos Santos, chefe do movimento, foi enforcado e
1682, a Companhia de Comércio do Maranhão. A companhia exer- esquartejado.
ceria o monopólio do comércio maranhense, ao mesmo tempo em
que seria responsável pelo desenvolvimento da agricultura. Porém, 1750. Tratado de Madri - Diante do fato de que, na prática, o
a atuação da Companhia gerou descontentamento entre os colonos. Tratado de Tordesilhas havia sido desrespeitado, Portugal e Espanha
Iniciou-se, então, uma revolta, sob a liderança dos irmãos Manuel entram em negociação visando a redefinição dos limites de seus res-
e Thomas Beckman, com o objetivo de extinguir a Companhia e pectivos territórios. Durante as negociações, Alexandre de Gusmão,
expulsar os jesuítas, que haviam pressionado o governo português a brasileiro, utilizou, como recurso para defender os interesses portu-
proibir a escravização dos índios. gueses, o principio do uti possidetis, segundo o qual a posse de um
território cabe a quem o tenha ocupado. Assim, Portugal conseguiu
1700. Economia Mineradora (Ciclo do Ouro): No início do sé- expandir suas possessões. A colônia de Sacramento passaria ao do-
culo XVIII são descobertas as primeiras minas de ouro na região mínio espanhol. Em troca, Portugal receberia o território dos Sete
de Minas Gerais. O eixo econômico da colônia desloca-se para a Povos das Missões.
região Sudeste. A Coroa Portuguesa criou, para fins administrativos,
as chamadas Intendências de Minas. Além disso, estabeleceu impos- 1759. Por iniciativa do Marquês de Pombal, extinguiu-se os sis-
tos sobre o ouro extraído como, por exemplo, o quinto, a capitação e tema de Capitanias.
a derrama. As chamadas Casas de Fundição eram responsáveis pela
fundição do ouro em pó. Neste processo, já se descontava o quinto. 1761. Tratado de El Pardo: ratificado por Portugal e Espanha, o
O ciclo da mineração provocou profundas mudanças nos campos Tratado de El Pardo considerava nulo o Tratado de Madri.
social (expansão demográfica e alteração na estrutura social), polí-
tico, administrativo, econômico (crescimento do mercado interno) e 1777. Tratado de Santo lldefonso: reconhecido por portugueses
cultural (Barroco) da Colônia. e espanhóis, o tratado concedia aos espanhóis os Sete Povos das
Missões além de grande parte do atual estado do Rio Grande do
1703. Tratado de Methuen, entre Portugal e Inglaterra, estabe- Sul. Contudo, esta nova configuração geográfica não chegou a ser
lece o compromisso firmado por Portugal para a importação de teci- demarcada. Portugal ocupou os Sete Povos das Missões. O Tratado
dos ingleses, em troca da redução das taxas de importação de vinhos de Badajós, ratificado em 1801, reconheceu esta área enquanto per-
portugueses na Inglaterra. tencente a Portugal.

1763. A capital da Colônia é transferida para a cidade do Rio 1789. Inconfidência Mineira: movimento sedicioso cuja lide-
de Janeiro. rança estava nas mãos de indivíduos pertencentes à elite mineradora.
Dentre os objetivos propostos pelo movimento, destaca-se a inde-
1708-1709. Guerra dos Emboabas em Minas Gerais: conflito pendência de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
existente entre os paulistas e os “emboabas” (portugueses, pernam-
bucanos, baianos, dentre outros) pelo direito de explorar as terras 1798. Conjuração ou inconfidência Baiana: Movimento de ca-
onde se encontravam as minas de ouro. Os Paulistas sofreram su- ráter popular, sua ocorrência está ligada à difícil situação econômica
cessivas derrotas. que atingia quase a totalidade da população baiana. Seu principal
objetivo era a independência da Bahia. Os principais nomes do mo-
1710-1714. Guerra dos Mascates em Pernambuco: disputa en- vimento foram presos e enforcados.
tre a classe rural dominante de Olinda e comerciantes portugueses
de Recife. No ano de 1710, a cidade de Recife emancipa-se no pla- PERÍODO JOANINO (1808-1821)
no político-administrativo, transformando-se, assim, em município
autônomo. Os habitantes de Olinda, sob a chefia de Bernardo Vieira 1808. Estabelecimento da Corte portuguesa no Rio de Janeiro.
de Melo, atacaram a cidade de Recife. Os comerciantes da cidade A vinda da família real portuguesa está ligada ao Bloqueio Conti-
(mascates), comandados por João da Mota reagem à invasão. Ao nental imposto por Napoleão Bonaparte, em 1806 (Proibia-se a rea-
final do conflito, Recife manteve sua emancipação. lização de comércio junto à Inglaterra).

Didatismo e Conhecimento 2
HISTÓRIA
No mesmo ano, D. João VI promoveu, em janeiro, a abertura a instituição do Poder Moderador (o monarca dispunha do direito
dos portos brasileiros às nações amigas. Ainda no mesmo ano, ex- de, por exemplo, nomear senadores, dissolver a Câmara, aprovar
tinguiu a proibição para o estabelecimento de manufaturas, além de ou vetar as decisões do Senado e da Câmara, dentre outros). Neste
criar o Banco do Brasil. mesmo ano, há o reconhecimento da independência brasileira pelos
EUA. No dia dois de julho, dá-se início à revolta de caráter republi-
1810. Assinatura dos “Tratados de Navegação e Comércio” – cano e separatista em Pernambuco. Os sediciosos ocuparam Recife,
Este tratado beneficiava a Inglaterra, pois seus produtos pagavam formaram uma junta governativa e proclamaram o regime republi-
uma taxa alfandegária menor em relação aos produtos portugueses cano. Com a adesão de outras províncias como, por exemplo, Cea-
e de outras nacionalidades. Além disso, estabelecia que os súditos rá e Rio Grande do Norte, formou-se a Confederação do Equador.
da Coroa Britânica, que residiam no Brasil, não estavam sujeitos às Em poucas semanas, os revoltosos foram derrotados. A repressão ao
leis de Portugal. movimento fez-se mediante saques, destruições e fuzilamentos. Frei
Caneca, um dos líderes do movimento, foi executado.
1815. O Brasil é elevado à condição de Reino Unido a Portugal
e Algarves. 1825-1828. Conflito envolvendo Brasil e Argentina pela posse
da Província da Cisplatina (Guerra da Cisplatina). Em 1828, ambos
1817. Revolução Pernambucana (Republicana): a deflagração os países reconheceram a independência da Província (República
do movimento sedicioso está intimamente ligada ao descontenta- Oriental do Uruguai).
mento da população em relação à administração política econômi-
ca da região. Os revoltosos conseguiram, por algum tempo, ocupar 1831. No dia sete de abril, D. Pedro I abdica ao trono. Neste
Recife e formar um governo provisório, além de conquistar o apoio mesmo dia, forma-se uma Regência Trina Provisória, já que o her-
da Paraíba, do Rio Grande do Norte, Ceará e Alagoas. Contudo, o deiro de D. Pedro I tinha apenas cinco anos. Em junho do mesmo
governo português conseguiu sufocar o movimento. Os líderes do ano, foi eleita a Regência Trina Permanente, que governou o país
movimento, dentre os quais podemos citar, como exemplo, Antonio até 1835.
Carlos de Andrada, Domingos Martins e Padre Roma, foram presos.
O PERÍODO REGENCIAL (1831-1840)
1818. Com a morte da rainha D. Maria I, D. João VI assume,
em 1818, o trono português.
1834. Reforma da Constituição de 1824 – Ato Adicional: des-
centralização política; autonomia administrativa e econômica às
1820. Revolução Liberal (ou Constitucionalista) do Porto:
províncias; Formação das Assembléias Legislativas em cada pro-
ocupação de Lisboa, por parte dos revoltosos, que estabeleceram a
víncia; Regência Trina converte-se em Regência Una.
derrocada do absolutismo e a instalação da monarquia constitucio-
nal. Propôs-se, também, a eleição de Cortes, ou, Parlamento, com o
1835-1837. Regência de Feijó.
objetivo de sancionar uma constituição, além de exigir o regresso de
D. João VI a Portugal.
1821. Em abril deste ano, D. João VI regressa a Portugal. Dei- 1837-1840. Regência de Araújo Lima.
xa, na condição de regente do Reino Unido do Brasil, o príncipe
Dom Pedro. Neste mesmo ano, ocorre a anexação do Uruguai, na 1835-1840. Eclosão da Cabanagem no Pará: revolta de caráter
época chamado de “Banda Oriental” (Província Cisplatina), ao Rei- popular motivada, entre outros fatores, pela situação de penúria na
no Unido de Portugal, Brasil e Algarves. qual se encontrava a população. Sob a Liderança de Félix Antônio
Clemente Melcher, Francisco Pedro Vinagre e Eduardo Nogueira
O PRIMEIRO REINADO (1822-1831) Angelim, os sediciosos ocuparam Belém, a capital, em duas ocasi-
ões, chegando a controlar o governo da província.
1822. Dom Pedro, enquanto príncipe regente, não atende ao
pedido de regresso exigido pelas Cortes de Lisboa e decide, assim, 1835-1845. Em 1835, no Rio Grande do Sul, eclode a Guer-
permanecer no Brasil (09 de Janeiro – “Dia do Fico”). No dia sete de ra dos Farrapos (Revolução Farroupilha), sob a liderança de Bento
setembro, D. Pedro proclama a independência do Brasil. Gonçalves, Davi Canabarro, Domingos José de Almeida, entre ou-
tros. Em 1836 os revoltosos, conhecidos pelo nome de “farroupi-
1823 – No dia 12 de novembro, D. Pedro I decreta a dissolução lhas”, proclamam a República Rio-Grandense. Em 1939, proclama-
da Assembléia Constituinte, responsável pela elaboração de uma -se a República Juliana, em Santa Catarina.
Constituição para o Império. Durante os trabalhos da Assembléia,
merece destaque um projeto constitucional, elaborado pelo “Partido 1837-1838. Sob a liderança do médico Francisco Sabino da
Brasileiro”, que ficou conhecido como “Constituição da Mandioca”, Rocha Vieira, eclodiu, na Bahia, a revolta da Sabinada. Ao ocupar
o qual defendia a adoção do critério censitário (renda) como garantia a cidade de Salvador, os revoltosos proclamaram uma república de
do direito ao voto. Assim, a condição de eleitor estava condicionada caráter provisório, vigente até a data em que D. Pedro II completasse
a um montante que correspondesse ao valor de uma porção de fari- dezoito anos.
nha de mandioca.
1838-1841. Eclode, no Maranhão, a Balaiada. Revolta, de natu-
1824. Em março deste ano, D. Pedro I outorga a primeira Cons- reza popular, sob a liderança do vaqueiro Raimundo Gomes Vieira,
tituição brasileira (Centralizadora e Conservadora), destacando-se Manuel dos Anjos Ferreira e Cosme, um ex-escravo.

Didatismo e Conhecimento 3
HISTÓRIA
1840. Por meio de uma manobra política, que ficou conhecida 1871. Promulga-se, no mês de setembro, a Lei do Ventre Livre,
pelo nome de “Golpe da Maioridade”, antecipou-se a maioridade por meio da qual ficava estabelecido que os filhos dos escravos nas-
de D. Pedro II, então com catorze anos, para que o mesmo pudesse cidos a partir desta data estariam livres.
assumir o trono brasileiro
1872-1875. A Questão Religiosa: a proibição da entrada de ma-
Economia cafeeira: No plano econômico, é importante ressal- çons nas irmandades religiosas provocou fortes tensões entre Estado
tar o fato de que, ao findar as Regências, a cafeicultura já ocupava e a Igreja.
o posto de principal atividade econômica nacional. Ao longo dos
anos, o valor do café sobre o total das exportações brasileiras como, 1884-1886. A questão Militar – Motivada pela insatisfação
também, sobre o total da produção mundial aumentou considera- da oficialidade do Exército em relação ao tratamento dispensado à
velmente. instituição militar pelo governo imperial e elites civis. Os oficiais
reclamavam maior atenção, por parte das autoridades públicas, à
SEGUNDO REINADO (1840-1889) organização militar e à participação dos efetivos militares na vida
pública nacional.
1844. Tarifa Alves Branco: Por meio desta lei, buscou-se am-
pliar a arrecadação fiscal do governo mediante o aumento das tarifas 1885. Promulgação da Lei Saraiva – Cotegipe (Sexagenários),
de importação. por meio da qual ficava estabelecida a liberdade dos escravos sexa-
genários (60 anos).
1845. Aprovação da Lei Bill Aberdeen pelo Parlamento Inglês.
Esta lei permitia que navios ingleses aprisionassem embarcações 1888. Assinatura da Lei Áurea, que, em seu artigo primeiro,
que transportassem escravos. declara extinta a escravidão no Brasil.
1848-1850. Revolução Praieira na província de Pernambuco. Imigração: Na primeira metade do século XIX, sob patrocínio
Os revoltosos, sob a liderança de Nunes de Machado e Borges da governamental, realizaram-se as primeiras tentativas para trazer tra-
Fonseca, propunham, dentre outros pontos, a proclamação da repú-
balhadores imigrantes. A vinda e a instalação (em pequenas proprie-
blica, voto universal e nacionalização do comércio.
dades) dos estrangeiros ficavam sob a responsabilidade do governo.
Contudo, as colônias de imigrantes entraram em decadência. Após
1850. Por meio da Lei Eusébio de Queirós, extinguiu-se o trá-
o fracasso das colônias, houve a tentativa, que também resultou em
fico negreiro para o Brasil. Neste mesmo ano, Brasil e Paraguai se
fracasso, de financiamento particular, ficando a cargo do fazendei-
aliam contra o general Rosas, líder argentino. A Lei de Terras aboliu
ro os custos de viagem do trabalhador europeu. A partir do ano de
a prática da doação e transformou a terra em mercadoria. Com a
1870, o governo imperial passou a financiar a vinda dos imigrantes
lei, impôs-se um grande obstáculo ao acesso à terra a todos aqueles
que não dispunham de capital suficiente para comprá-la, ou seja, ex- para o Brasil. Grande número de europeus deslocou-se para as la-
-escravos, imigrantes e trabalhadores rurais. Além de contribuir para vouras de café.
o recrudescimento da concentração de terras nas mãos dos grandes
proprietários, essa Lei favoreceu o aumento da oferta de mão-de- PERÍODO REPUBLICANO (1889-1930)
-obra nas lavouras de café.
1889. No dia quinze de novembro é proclamada a República
1851-1852. Conflito envolvendo Brasil e Paraguai, de um lado, no Brasil.
e o general Rosas e seu aliado Manuel Oribe, ex-presidente uru-
guaio, do outro. No ano de 1852, o general Rosas é derrotado e de- 1891. Promulgação da primeira Constituição do Período Repu-
posto pelas tropas do Brasil, Uruguai e Argentina, comandadas pelo blicano. No mesmo ano ocorrem as eleições para presidente da Re-
general Caxias. pública. Elegem-se Deodoro da Fonseca, para presidente, e Floriano
Peixoto, para vice-presidente. Ainda nesse ano, houve, por iniciativa
1861-1865. Questão Christie – Nome pelo qual ficou conhecido de Deodoro, a dissolução do Congresso e a decretação do Estado
o conflito diplomático entre Brasil e Inglaterra. de Sítio. No dia vinte e três de novembro, Deodoro renuncia, sendo
substituído pelo vice, Floriano.
1864-1865. Conflito entre o Brasil e Atanásio Aguirre, gover-
nante uruguaio. Em fevereiro de 1865, Aguirre deixa o Poder, sendo 1893-1894. Revolta da Armada: o conflito ocorreu no Rio de
substituído pelo General Venâncio Flores. Janeiro, em setembro de 1883, motivado pelas divergências entre o
Exército e a Marinha. A revolta foi liderada pelo almirante Custódio
1864-1870. Guerra do Paraguai. No ano de 1864, o Paraguai, de Melo.
sob a liderança de Solano Lopez, entra em guerra com o Brasil. Em
1865, por meio do tratado da Tríplice Aliança, Brasil, Argentina e 1893-1895. Revolta Federalista no Rio Grande do Sul: a revol-
Uruguai tornam-se aliados no conflito contra o Paraguai. Finda a ta, iniciada em fevereiro de 1893, foi motivada pelos conflitos polí-
guerra, as consequências do conflito foram negativas para todos os ticos entre o grupo que compunha o Partido Federalista, sob a lide-
envolvidos. O Paraguai, derrotado, perdeu parte de seus territórios rança de Silveira Martins, e os chamados “republicanos históricos”,
para o Brasil e a Argentina. Além disso, as propriedades e reservas reunidos no Partido Republicano Rio-Grandense, sob o comando de
estatais foram privatizadas. No caso do Brasil, os gastos com o con- Júlio de Castilhos. A guerra envolvendo os dois grupos acabou no
flito provocaram um considerável aumento da dívida externa. governo de Prudente de Morais.

Didatismo e Conhecimento 4
HISTÓRIA
1893. Formação do Arraial de Canudos (Belo Monte), locali- 1914. Eleição de Venceslau Brás para a Presidência da Repúbli-
zado na Bahia, às margens do rio Vaza-Barris, sob a liderança de ca. Urbano dos Santos elege-se para a vice-presidência.
Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido pelo nome de Antônio
Conselheiro. As prédicas de Antônio Conselheiro atraíram milhares 1918. Eleição de Rodrigues Alves para a Presidência da Repú-
de pessoas para o Arraial. blica. Delfim Moreira elege-se para a vice-presidência.

1894. Eleição de Prudente de Moraes para presidente da Repú- 1922. Eleição de Artur Bernardes para a Presidência da Repú-
blica. Manuel Vitorino é eleito vice-presidente. O governo de Pru- blica. Urbano dos Santos elege-se para a vice-presidência. Neste
dente de Moraes representava os interesses das elites cafeicultoras mesmo ano, há a formação do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
(Oligarquias). Inaugura-se, assim, o período (1894-1930) de conso- Eclosão da Revolta tenentista dos “18 do Forte” de Copacabana.
lidação do domínio político, social e econômico das frações latifun- Em São Paulo, em março deste ano, realiza-se a Semana de Arte
diárias, com destaque para os grupos oligárquicos de São Paulo e Moderna.
Minas Gerais (Política do “Café com Leite”).
1924. Eclode, na cidade de São Paulo, levante tenentista coman-
1896-1897. O governo organiza, no período, quatro expedições dado por Isidoro Dias Lopes. Luiz Carlos Prestes e Siqueira Campos
militares para combater Antônio Conselheiro e seus seguidores, lideram revolta no Rio grande do Sul. Prestes desloca-se em direção
saindo-se vitorioso apenas na última. a São Paulo. O encontro dos rebeldes paulistas com os revoltosos
liderados por Prestes resulta na formação da Coluna Prestes-Miguel
1898. Campo Sales elege-se presidente da República. Busca-se Costa, que percorreu o interior do país até o ano de 1927, quando a
solucionar a questão da dívida externa por meio da negociação do liderança do movimento decide internar-se na Bolívia.
“Funding Loan” junto aos banqueiros ingleses (adiamento do paga-
mento da dívida). Política dos Governadores: buscava-se garantir o 1926. Eleição de Washington Luís para a Presidência da Repú-
apoio das elites políticas estaduais ao governo Federal por meio de blica. Melo Viana elege-se para a vice-presidência.
troca de favores políticos. Os lideres políticos municipais, conheci-
1929. Formação da Aliança Liberal: Getúlio Vargas candidata-
dos como “coronéis”, tiveram papel importante na consolidação do
-se à Presidência da República, em oposição à Júlio Prestes, candi-
referido apoio, graças à sua influência junto à população rural.
dato apoiado pelo Governo Federal.
1902. Eleição de Rodrigues Alves para a presidência da Repú-
1930. No dia 03 de outubro eclode, no Rio Grande do Sul, mo-
blica.
vimento armado contra Washington Luís. Os gaúchos contam com
o apoio de mineiros e paraibanos. No dia 24 de outubro acontece a
1903. Tratado de Petrópolis: incorporação do território do Acre,
deposição do presidente da República por uma junta governativa.
até então pertencente à Bolívia, ao Brasil. Sob a liderança de Oswal- Poucos dias depois, Getúlio Vargas é escolhido para ocupar o posto
do Cruz, é lançada campanha contra a febre amarela, no Rio de Ja- de chefe do governo provisório.
neiro.
GOVERNO GETÚLIO VARGAS – 1930-1945
1904. Promulgação da lei que estabelece a obrigatoriedade da
vacinação contra a varíola. Em reação à lei, estoura uma revolta que 1930-1945. Periodização: 1930-1934 – Governo Provisório;
ficou conhecida como “Revolta da Vacina”. 1934-1937 – Governo Constitucional; 1937-1945 - Ditadura do Es-
tado Novo. Principais características: Centralização do Poder; Inter-
1906. Eleição de Afonso Pena para a presidência da República. vencionismo estatal no plano político, econômico, social e cultural;
Nilo Peçanha é o escolhido para a vice-presidência. Assinatura do substituição de importações; incentivo à indústria de base.
Convênio de Taubaté, que instituía diretrizes para uma política de
valorização do café (preço). 1931. Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio
e do Conselho Nacional do Café.
1910. Hermes da Fonseca é eleito presidente da República, ao
derrotar Rui Barbosa (Campanha Civilista) nas eleições. Venceslau 1932. Código Eleitoral institui o voto secreto e o direito de voto
Brás elege-se vice-presidente. Eclode, no Rio de Janeiro, sob a lide- e de candidatura para as mulheres. No dia 09 de julho, estoura uma
rança do marinheiro João Cândido, a “Revolta da Chibata”, contra revolta civil em São Paulo, conhecida pelo nome de “Revolução
os castigos corporais a que são submetidos. Constitucionalista”, que defendia a nomeação de um “civil e pau-
lista” para o governo do Estado e a volta do país aos moldes de
1912-1915. Guerra na região do Contestado, localizada no li- uma Constituição. No mês de outubro, os paulistas são derrotados
mite entre os Estados do Paraná e Santa Catarina. Sob a liderança no plano militar. No plano político, porém, o movimento conseguiu
de José Maria, formou-se um grupo de populares descontentes com o seu objetivo. Formação da Ação Integralista Brasileira, de inspira-
os lideres políticos locais. Dentre os integrantes do grupo, estavam ção fascista, sob a liderança de Plínio Salgado.
os trabalhadores rurais que haviam sido expulsos de suas terras em
razão da construção de uma ferrovia. Mesmo após a morte de José 1933. Realização das eleições para Assembleia Nacional Cons-
Maria, seus seguidores permaneceram unidos, reivindicando, prin- tituinte
cipalmente, a posse das terras. Foram vencidos no ano de 1915, por
tropas estaduais e do Exército. 1934. Promulgação da Constituição Federal.

Didatismo e Conhecimento 5
HISTÓRIA
1935. Formação da Aliança Nacional Libertadora, frente popu- 1955. Juscelino Kubitschek é eleito Presidente da República
lar cujo objetivo era a luta contra a Lei de Segurança Nacional, o
movimento integralista, o imperialismo e o latifúndio. Em abril é 1956. Kubitschek põe em prática seu plano de metas, no qual
sancionada a Lei de Segurança Nacional, que tipificava os crimes são contempladas as seguintes áreas: energia, transportes, alimen-
contra a ordem pública e social. Eclosão dos Levantes Nacional- tação, indústrias de base, educação, e a construção de Brasília. O
-Libertadores (ANL) no mês de novembro, nas cidades de Natal, plano era apresentado com o slogan “Cinquenta anos em cinco”.
Recife e Rio de Janeiro. O governo reprime o movimento de forma
violenta. Utilizando, de maneira hábil, a ameaça comunista, Getúlio ANOS 1960
Vargas conquista apoio do Congresso para aprovação do Estado de
1960. Jânio Quadros é eleito para a Presidência da República.
Sítio.
João Goulart elege-se para a vice-presidência; Brasília é inaugurada
por Kubitschek.
1937. Golpe de Estado, no dia 10 de novembro: Início do Es-
tado Novo. Fechamento do Congresso; Nova Constituição é outor- 1961. No dia 31 de janeiro, Jânio é empossado na Presidência
gada; Os partidos políticos são suprimidos; Centralização Política. da República. No dia 25 de agosto, renuncia. Ministros militares não
querem que João Goulart (Jango) assuma. O Congresso, por meio
1938. Formação do Conselho Nacional do Petróleo. de Emenda, instaura o regime parlamentarista. Jango é empossado.
Tancredo Neves torna-se Primeiro-Ministro.
1939. Criação do Departamento de Imprensa e Propaganda
(DIP), responsável pela censura aos meios de comunicação (con- 1963. Por meio de um Plebiscito, encerra-se o regime parla-
trole da opinião), ao mesmo tempo em que utilizava desses mesmos mentarista. Ano marcado por grandes agitações no plano político
meios para fazer a propaganda do regime e construir uma imagem e social.
positiva de Getúlio Vargas junto à população (“Pai dos Pobres”); Em
maio deste ano, criou-se a justiça do trabalho, por meio da qual o 1964. Jango, em um comício no Rio de Janeiro, anuncia as
Estado promoveria a “conciliação” dos interesses dos trabalhadores “reformas de base” cujos principais pontos são: reforma agrária,
e da classe patronal. Construía-se, assim, a imagem de um Estado concessão do direito de voto aos analfabetos e praças do Exército,
que representava os interesses da nação. (Populismo) maior participação do Estado no campo econômico, nacionalização
de firmas estrangeiras. No dia 31 de março é deflagrado o golpe
civil-militar que instaurou o regime ditatorial no Brasil. Posse de
1940. Instituição do Salário Mínimo.
Castelo Branco na Presidência da República. Promulgação do Ato
Institucional nº1(AI): suspensão dos direitos políticos.
1941. Criação da Companhia Siderúrgica Nacional; Início da
construção da Usina de Volta Redonda. 1965. AI- 2: Extinção dos partidos políticos. Permite-se a exis-
tência de dois partidos apenas (bipartidarismo): Aliança Renova-
1942. Brasil entra em guerra contra a Alemanha Nazista e seus dora Nacional (ARENA), governista, e o Movimento Democrático
aliados, Itália e Japão (Eixo). Brasileiro (MDB), oposicionista. Nasce uma nova moeda: Cruzeiro
Novo.
1943. Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
1966. Suspensão das eleições diretas para postos executivos.
1944. Soldados (pracinhas) da Força Expedicionária Brasileira
(FEB) vão para a guerra. 1967. Em janeiro, é lançada uma nova Constituição Federal.
Costa e Silva é empossado na Presidência da República.
1945. Renúncia de Getúlio Vargas. Eleição de Eurico Gaspar
Dutra para a Presidência da República. 1968. A repressão aos movimentos oposicionistas faz-se por
meios violentos. AI-5: suspensão do habeas-corpus aos acusados de
1946. Instalação da Assembleia Constituinte. Promulgação de cometerem crimes que ameaçassem a segurança nacional e a ordem
econômica e social; Meios de Comunicação (jornais e revistas) e de
uma nova Constituição Federal.
entretenimento (teatros, festivais de música), artistas são censurados
e perseguidos; Suspensão dos direitos políticos; cassação de manda-
ANOS 1950 tos. Utilização da tortura como método repressivo.
1950. Getúlio Vargas é eleito para a Presidência da República. 1969. Garrastazu Médici é empossado na Presidência da Repú-
blica. Inicia-se o período conhecido como “Milagre Econômico”,
1951. Getúlio Vargas encaminha ao Congresso projeto destina- que durou até 1973, no qual houve considerável crescimento econô-
do à criação da Petrobrás. mico e baixos níveis de inflação, ao custo do aumento da desigual-
dade social e da dívida externa.
1953. Criação da Petrobrás.
ANOS 1970
1954. Getúlio Vargas encaminha projeto para a criação da Ele-
trobrás. Suicídio de Vargas, em agosto. Café Filho assume o gover- 1973. Acordo entre Brasil e Paraguai para a construção da hi-
no. drelétrica de Itaipu.

Didatismo e Conhecimento 6
HISTÓRIA
1974. Ernesto Geisel é empossado na Presidência da República. 1995. Fernando Henrique Cardoso elege-se para a Presidência
da República. Privatização de empresas públicas (estatais) como,
1977. Cresce as manifestações de setores civis em favor do re- por exemplo, a Vale do Rio Doce (1997). Petrobrás deixa de exercer
torno dos direitos democráticos o monopólio da exploração de petróleo. Abertura da economia na-
cional ao capital estrangeiro.
1978 Inicia-se, por iniciativa de Geisel, a gradual abertura do
regime político. 1998. Mediante a compra de votos de parlamentares, Fernan-
do Henrique Cardoso conseguiu a aprovação, pelo Congresso, da
1979. Fim do AI-5. Com a aprovação da Lei da Anistia, os opo- Emenda Constitucional que permite a reeleição para cargos exe-
sitores ao regime, que haviam se exilado, voltam ao Brasil. Extin- cutivos (Presidente, Governador e Prefeito), o que possibilitou sua
gue-se a ARENA e o MDB. Liberdade Partidária. reeleição.

ANOS 1980 1999. Crescimento da dívida interna pública

1980. Aprovação da Emenda que institui eleições diretas para o ANOS 2000
cargo de governador.
2001. Crise do “Apagão”: Interrupção no fornecimento de ener-
1982. Registro eleitoral do Partido dos Trabalhadores (PT), fun- gia atinge vários estados brasileiros.
dado em 1979.
2002. Luiz Inácio “Lula” da Silva é eleito para a Presidência
1984. Campanha em favor de eleições diretas alcança grande da República. Pela primeira vez na história do Brasil, um migrante
mobilização popular sob o slogan “Diretas Já”. Contudo, a proposta nordestino, operário e líder sindical ocupa o Poder Executivo.
sofre rejeição no Congresso.
2003. Criação do programa “Fome Zero”, com o objetivo de
combater a fome. Formação da Comissão Executiva Interministe-
1985. Tancredo Neves é eleito, pelo Colégio Eleitoral, para a
rial responsável pela elaboração, implementação e monitoramento
Presidência da República. Porém, morre antes de assumir o cargo. O
de programas para a viabilização do biodiesel (fonte alternativa de
vice-presidente, José Sarney, assume. Concessão do direito de voto
energia). Programa Bolsa-Família.
aos analfabetos.
2005. Crise política conhecida pelo nome de “Mensalão” de-
1986. Lançamento do Plano Cruzado, com o objetivo de com-
sestabiliza o governo e arranha a imagem do PT junto a uma fração
bater a inflação e estabilizar a economia. Eleições para a Assembleia
da opinião pública.
Constituinte.
2006. Lula reelege-se para Presidência da República.
1987. Começam os trabalhos na Assembleia Constituinte. O
país vê-se mergulhado em uma crise econômica. O governo não 2007. Lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento
consegue controlar a inflação. (PAC), com o objetivo de acelerar o desenvolvimento econômico
nacional.
1988. Promulga-se a nova Constituição.
2010. A construção de uma imagem positiva do Brasil, no ce-
1989. Fernando Collor de Mello é eleito para a Presidência da nário internacional, foi uma das grandes realizações do governo de
República. Cresce o índice de violência nos centros urbanos. Luiz Inácio Lula da Silva, graças, entre outros fatores, à estabili-
zação da economia e da política e ações no campo social. Dilma
ANOS 1990 Rousseff é eleita para a Presidência da República.

1990. Tentativa de conter a inflação: congelamento dos depó- 2012. Julgamento dos implicados no “Mensalão” (Ação Penal
sitos bancários. 470).

1991. Aumento da inflação. Crise econômica se agrava. 2013. O mês de junho é marcado por ondas de protestos em
várias cidades brasileiras. Os manifestantes criticavam, entre outros
1992. Sob fortes acusações de corrupção, Fernando Collor so- pontos, a corrupção e os escândalos políticos, o descaso das auto-
fre o processo de impeachment. O vice-presidente, Itamar Franco, ridades com a saúde pública, com o transporte público, os gastos
assume a Presidência da República. com a construção de estádios para a copa do mundo. Prisão dos réus
condenados no “Mensalão do PT”.
1993. Sistema presidencialista é escolhido em plebiscito. Cria-
ção do Cruzeiro Real.

1994. Fernando Henrique Cardoso, ministro da Fazenda, lança


o Plano Real.

Didatismo e Conhecimento 7
HISTÓRIA
No campo social, destacam-se: sacerdotes, nobreza, escribas,
HISTÓRIA GERAL militares, felás (camponeses pobres), artesãos e escravos. Cultura:
religião Politeísta (Vários deuses); Arquitetura (Pirâmides); Conhe-
cimento científico (Matemática, química, astronomia e medicina).

Períodos históricos: Pré-história (anterior ao surgimento da Civilização Grega: Desenvolveu-se no sul da península balcâ-
escrita); Idade Antiga (Surgimento da Escrita, 4000 a. C. até 476 d. nica, em torno do Mar Egeu. Apresenta relevo acidentado, terreno
C.); Idade Média (476 até século XV), Idade Moderna (1453 até a montanhoso com inúmeras ilhas, porém solo pobre para a agricul-
Revolução Francesa - século XVIII) e Idade Contemporânea (1789 tura. A configuração geográfica grega teve forte influência na frag-
até os dias atuais). mentação política da Grécia.

Pré-História: É compreendida pelos períodos: Paleolítico, ne- Períodos da História da Grécia Antiga: Pré-Homérico - en-
olítico e Idade dos Metais (momento de transição da pré-história à tre 2000 e 1.100 a.C: época de ocupação do território da Grécia.
História). Desenvolvimento das civilizações Micênica e Cretense. Invasão dos
Dórios no final deste período, provocando a dispersão dos povos da
Período Paleolítico: Marcado pela vida nômade e pelo apa- região e ruralização; Homérico - entre 1.100 e 700 a.C: conclusão
recimento dos primeiros clãs (grupos) e pelo domínio do fogo. É o do processo de ruralização das comunidades gentílicas. Nos genos
período do homem coletor. havia a coletivização da produção e dos bens. No final deste período,
com o crescimento populacional, ocorreu a desintegração dos ge-
Período Neolítico: Período em que se inicia a sedentarização nos. Arcaico - entre 700 e 500 a.C: surgimento das pólis (cidades-
do homem, a divisão de trabalho social, a produção agrícola, a cria- -estados) com a formação de uma elite social, econômica e militar
ção de animais (homem produtor). Início do aperfeiçoamento de que passa a governar as cidades. Neste período ocorreu a divisão
técnicas (trabalho com a cerâmica, utilização da roda). do trabalho e o processo de urbanização. Surge o alfabeto fonético
grego e significativo desenvolvimento literário e artístico. Clássico
Idade dos metais – passagem da pré-histórica (barbárie) à Ci- - entre 500 e 338 a.C: época de grande desenvolvimento econômico,
vilização. Inicio da atividade comercial, e, portanto, da produção cultural, social e político da Grécia Antiga. Época de grande forta-
lecimento das cidades-estados gregas como, por exemplo, Esparta,
mercantil. Ocorre a transformação dos prisioneiros de guerra em
Atenas, Tebas, Corinto e Siracusa. Foi também uma época marcada
escravos. Metalurgia do cobre, do bronze e do ferro.
por conflitos externos como, por exemplo, as Guerras Médicas (en-
tre gregos e persas no século V). Ocorreu também, neste período, a
Civilização Mesopotâmica (Vale dos rios Tigre e Eufrates):
Guerra do Peloponeso (entre Atenas e Esparta). Helenístico - entre
Os povos da Mesopotâmia: Sumérios (3500 a 2550 a.C.): surgimen-
338 e 146 a.C: fase marcada pelo enfraquecimento militar grego e
to da escrita cuneiforme e de cidades, como Uruk, Nippur, Lagash,
a conquista macedônica na região. A cultura grega espalha-se pela
Eridu, que eram politicamente independentes.Acádios (2550 a 2150
região, fundindo-se com outras (helenismo).
a.C.): dominando os sumérios, promoveram a unificação das cida-
Legado cultural grego: Filosofia, Ciências, Ciência Política,
des e a fundação de um império, o qual pouco durou, em decorrência Teatro, Literatura, Religião (Politeísmo – Mitologia), Jogos Olím-
de revoltas internas e de ataques externos (guti). picos.
Antigos babilônios (2000 a 1650 a.C.): Elaboração do Código
de Hamurabi (nome de seu mais importante rei), sendo um dos pri- Civilização Romana: Roma localiza-se na península Itálica,
meiros registrados pela História. Rei Hamurabi: responsável pela banhada pelos mares Mediterrâneo, Adriático, Tirreno e Jônico. A
expansão do império, desde o Golfo Pérsico até o norte da Assíria. história de Roma está dividida em três períodos:
Assírios (883 a 612 a.C.): nação comandada por reis como Sargão
II, Senaquerib e Assurbanipal. Povo de índole guerreira conquistou - Monarquia (753-509 a. C.): formação das camadas sociais
militarmente a Fenícia, a Palestina e o Egito. Utilizavam em suas ba- (Patrícios, Plebeus e Clientes); o Rei exercia o Poder, assistido por
talhas armas tais como lança, escudo, e espada, de metais bem como um conselho de anciões patrícios, o qual deu origem ao Senado.
carros de combate puxados a cavalo. Novos babilônios (612 a 539
a.C.): sob o reinado do rei Nabucodonosor, houve a reconstrução da - República (509-27 a.C.): monopólio político da oligarquia
Babilônia e de Grandes obras como Jardins Suspensos e Torre de patrícia; Principais instituições criadas: Senado, Magistraturas e
Babel. Nabucodonosor conquistou também Jerusalém e subjugou os Assembleias; Lutas sociais; Expansão territorial; Início das Guerras
hebreus (cativeiro babilônico). Púnicas (Cartagineses e Romanos), que teve início no ano 264 e
durou até 146 a.C.; Reforma dos irmãos Tibério e Caio Graco;
Civilização Egípcia: Situada às margens do Rio Nilo, cujas
águas fertilizavam as terras, das quais o trabalho agrícola do homem - Império (27-476 d.C.): Principado; Alto Império (séculos I
tirou proveito. Para tanto, foram construídos canais de irrigação, di- a.C. a III d.C.): crescimento e prosperidade; Baixo Império (sécu-
ques e barragens; Isolamento geográfico (cercado por desertos, se- los III ao V): decadência de Roma. Queda do Império Romano do
parado da Ásia pelo Mar Vermelho e da Europa, pelo Mar Mediter- Ocidente (476).
râneo, o que possibilitou a estabilidade política e longos períodos de
paz). No plano político, o Faraó era considerado a figura suprema. Legado cultural da civilização romana: Direito, Latim, Artes,
Forma de governo teocrático. Literatura, Arquitetura.

Didatismo e Conhecimento 8
HISTÓRIA
Idade Média: dividida em Alta Idade Média (séculos V a X) e Inspirado pela cultura da Antiguidade Clássica, o renascimento
Baixa Idade Média (séculos X e XV); Organização Social e Políti- europeu é um movimento caracteristicamente urbano, dos séculos
ca: Teocentrismo; Fragmentação Política (Suserania e Vassalagem); XV e XVI. Outros fatores que o influenciaram foram o desenvolvi-
divisão social em estamentos, o que não permitia mobilidade social. mento da imprensa e a ação dos mecenas, alcançando artes, ciências
Estamentos: Clero, Nobreza e Camponeses. Supremacia do Poder e filosofia.
Espiritual (Igreja) sobre o Temporal.
Aspectos Econômicos: o feudo, o eixo econômico da econo- A reforma protestante: Movimento, inaugurado por Martinho
mia medieval, dividia-se em: manso senhorial, manso servil e o Lutero em 1517 (Publicação das 95 teses na porta da igreja de Wit-
manso comunal. Agricultura de subsistência com técnicas rudimen-
tenberg), contrário à Igreja Católica, no século XVI, que promoveu
tares. Obrigações dos servos junto ao senhor feudal: talha, corvéia,
a cisão da unidade do pensamento cristão ocidental. Os principais
banalidades, entre outros. Reduzida atividade comercial.
fatores que contribuíram para tal separação foram: religiosos (cri-
Influência da Igreja: a igreja exerceu seu poder nos mais di- se moral da Igreja, interesses políticos, corrupção e comportamento
versos setores do universo medieval (política, economia, cultura e escandalosos do clero, incapacidade de atender os anseios dos fieis,
sociedade). Prática da Inquisição (combate às heresias); novas interpretações da Bíblia e a venda de indulgências); socioeco-
Cruzadas: o aumento populacional, a necessidade de expansão nômicos (conformação da ética religiosa ao espírito do capitalismo
territorial, interesses econômicos e religiosos deram origem às Cru- comercial) e políticas (valorização dos sentimentos nacionais for-
zadas. No total, organizaram-se oito cruzadas. mação das monarquias).
Legado cultural: Música, Arquitetura, escultura, pintura centra- Principais movimentos reformistas: Luteranismo (Alemanha),
da nos santos e nas divindades católicas, Ciência com o progresso da Calvinismo (Suíça) e Anglicismo (Inglaterra).
Matemática, Física Biologia, Astronomia e Medicina.
Declínio da Idade Média- Ocorreu a expansão da Idade Média A Contra-Reforma (Concílio de Trento- 1545): Reação da
nas séculos XI e XII, marcada pelo crescimento agrícola, pela trans- Igreja Católica diante do avanço do protestantismo. Cria-se a Com-
formações nas relações servis, pelo renascimento comercial com o panhia de Jesus (Jesuítas), reorganiza-se a Inquisição (Tribunal do
estabelecimento de novas rotas internacionais, pelo renascimento Santo Ofício) e proíbe-se a leitura de algumas obras consideradas
urbano com a ascensão da burguesia e pela autonomia das cidades. impróprias.
O declínio da Idade Média se dá nos séculos XIV e XV, com ache-
gada da peste negra, em decorrência das perdas agrícolas e conse- O Absolutismo (Estado Moderno): Características gerais do
quente falta de alimento, pela crise política marcada pelas guerras
Estado Moderno: definição de um território, soberania governamen-
senhoriais e a de Cem Anos (entre França e Inglaterra), pela crise
tal, idioma comum e exército permanente. O absolutismo constitui
religiosa , Grande Cisma do Ocidente, ou seja, a igreja governada
por dois papas. um sistema político no qual o monarca concentrava poderes ilimi-
tados e capacidade de intervenção nos diversos setores da socieda-
Idade Moderna e o desenvolvimento do Capitalismo de. Pensadores que fundamentaram, teoricamente, a construção e
as características do Absolutismo: Nicolau Maquiavel, Jean Bodin,
A passagem do feudalismo para o capitalismo foi marcada pelo Thomas Hobbes e Jacques Bossuet.
confronto entre a emergente burguesia e a decadente nobreza feudal;
na política, pela formação do Estado Moderno; pelo advento da Re- O absolutismo na França: a vitória da França contra a Ingla-
forma Protestante e pelo movimento renascentista. terra, na Guerra dos Cem anos (1337-1453), reforçou o sentimento
A Europa convive nesse período com significativa expansão em torno do Estado Nacional. Paralelamente, houve um fortaleci-
marítima e comercial, determinada, economicamente, pelo comércio mento das instituições monárquicas. O ápice do regime absolutista,
de especiarias, pela descoberta de novos mercados e pela escassez na França, ocorreu no governo de Luís XIV (1661-1715). O final
de metais preciosos. A burguesia favorece a centralização do poder do século XVIII marcou a derrocada do sistema absolutista francês.
junto à realeza. Há um crescente espírito de aventura alicerçado por Crise econômica e social, insatisfação dos diversos setores sociais
um grande avanço tecnológico (caravelas com seus instrumentos de com o governo e a nobreza constituíram os principais fatores que
navegação, mapas geográficos dentre outros). levaram à eclosão da Revolução Francesa.
Os países que mais se destacaram nesse novo momento de
expansões foram: Portugal e posteriormente, Espanha (descoberta
O absolutismo na Inglaterra: a instituição do regime absolu-
de novo caminho para as Índias, descoberta da América enquanto
tista, na Inglaterra, deu-se com Henrique VII (1485-1509), funda-
Holandeses, Ingleses e Franceses concentram suas atividades marí-
dor da Dinastia Tudor. Em 1603, a dinastia Tudor chegou ao fim.
timas no Atlântico Norte).
Como uma das consequências da expansão europeia, podemos Inicia-se, assim, a dinastia Stuart. Durante esta dinastia, houve fortes
citar o surgimento do capitalismo e a destruição dos povos pré-co- conflitos entre o monarca e o Parlamento. A evolução destes confli-
lombianos. tos levou a Inglaterra à guerra civil (1642-1649). Em 1949, com a
decapitação do rei, a República foi instaurada na Inglaterra, sob a
Época Moderna e o Renascimento- A cultura renascentista liderança de Oliver Cromwell. Com a morte deste, há a restauração
centrava-se no Humanismo, ou seja, a separação do conhecimento da dinastia Stuart. A Revolução Gloriosa, em 1688, pôs fim ao re-
racional do mundo (antropocentrismo) e as verdades consideradas gime absolutista na Inglaterra, reforçando o poder do Parlamento e
universais e incontestáveis da fé católica (teocentrismo) instaurando um governo de natureza liberal.

Didatismo e Conhecimento 9
HISTÓRIA
Iluminismo (século das “Luzes” – XVIII): Os pensadores ção da Assembleia pela Convenção Nacional (1792-1795): início
iluministas, inspirados nos ideais burgueses, defendiam o papel da República. Divisão da burguesia em três partidos: Gironda (ide-
emancipador da razão humana, considerada o único instrumento por ais liberais), de direita, a Montanha (Jacobinos), radicais à esquerda
meio do qual o homem alcançaria a verdade, a felicidade à liberdade e a Planície, de centro. Domínio dos girondinos (Convenção Giron-
(Humanismo/Antropocentrismo). Críticos do Absolutismo (Antigo dina- 1792-1793); Domínio dos Jacobinos (Convenção Montanhesa
Regime), da Igreja e do regime de servidão, aqueles pensadores pro- – 1793-1794); Convenção Termidoriana (1794-1795), domínio da
punham uma nova organização da sociedade, baseada nos valores Planície. Em 1785, há a criação da Constituição do ano III insti-
da igualdade e da liberdade, considerados direitos naturais, e defen- tuindo o Diretório (1795 – 1799). Golpe de Estado de Napoleão
diam uma nova relação entre governantes e governados, a partir de Bonaparte, conhecido pelo nome de “golpe de 18 Brumário”, põe
um pacto político firmado por meio de um contrato social. O pen- fim ao Diretório. Organiza-se uma nova administração, composta
samento iluminista exerceu forte influência em vários movimentos por um Consulado Provisório (1799-1802) seguido pelo Consulado
políticos, tais como: Independência dos Estados Unidos (1776) e vitalício (1802-1804). A data de 1799 marca o início do governo
Revolução Francesa (1789). Os principais pensadores iluministas: napoleônico na França. Em 1804, Napoleão consagra-se Imperador
John Locke (liberalismo); Jean-Jacques Rousseau; Barão de Mon- (1804-1815), inaugurando uma fase de conquistas militares e expan-
tesquieu; Voltaire. No campo econômico, destacam-se: Quesnay; são do seu império.
Adam Smith.
Revolução Industrial: a Inglaterra constituiu, no século XVIII,
Despotismo Esclarecido: tentativa, por parte de alguns monar- o berço da Revolução Industrial, processo que viria a atingir outros
cas europeus, de conciliação entre as instituições do Antigo Regime países durante o século XIX. A Revolução Industrial caracteriza-se
e os valores defendidos pelo Iluminismo. pela dinamização e modernização do setor de produção de mercado-
rias, que se torna o eixo central da economia capitalista em sua fase
Revolução Francesa: Dentre os principais motivos que leva- industrial. O processo de dinamização e modernização envolveu a
ram à eclosão do movimento pode-se citar: altos valores gastos com substituição de ferramentas por máquinas e a utilização de novas
os luxos e privilégios gozados pelo monarca e sua corte (nobreza); fontes de energia motriz, como a energia hidráulica e o vapor. Para-
Forte influência dos ideais iluministas (igualdade, liberdade e fra- lelamente, o sistema de produção em âmbito doméstico foi substitu-
ternidade); Crise econômica e social: escassez de alimentos (secas ído pela organização fabril (fábricas).
e inundações prejudicaram a colheita); divisão social na sociedade
francesa em estamentos, o que dificultava a mobilidade social. As- Fases da Revolução Industrial: Primeira Fase (1760-1860);
sim estava dividida a França, no plano social: Segunda Fase (1860-1900): Conhecida como Segunda Revolução
- Primeiro Estado: Clero, dividido em: Alto Clero (nobreza, Industrial, envolveu a adoção de novas técnicas e transformações na
proprietários rurais, não pagavam impostos); Baixo Clero (origem produção e sua expansão para outros países. Inovações deste perí-
popular, crítico em relação aos privilégios gozados pela nobreza e odo: novas fontes de energia (energia elétrica, por exemplo), novos
simpatizante dos ideais de mudança social). setores de produção (siderurgia e indústria química), desenvolvi-
- Segundo Estado: Nobreza (detentora de grandes porções de mento dos setores de transporte e comunicação e novas maneiras de
terra, não pagava impostos, ocupava principais postos na adminis- organizar a produção (Taylorismo e fordismo).
tração estatal).
- Terceiro Estado: Maioria da População. Burguesia, dividida Consequências da Revolução Industrial: Além dos avanços
em Alta Burguesia (banqueiros, comerciantes), Média Burguesia tecnológicos e ampliação dos setores de produção, acima citados, a
(Profissionais Liberais) e Pequena Burguesia (Pequenos comercian- Revolução desencadeou um efetivo processo de urbanização (cres-
tes e artesãos). A classe burguesa criticava os privilégios estendidos cimento das cidades – formação dos bairros operários), desenvolvi-
ao clero e a nobreza. Pagava impostos e reclamava igualdade civil e mento das redes de transporte e comunicação, divisão do trabalho
reconhecimento político. Além da burguesia, os trabalhadores urba- no interior das fábricas, como forma de acelerar a produção; novas
nos (sans culottes) e camponeses (levavam uma existência miserá- relações entre capital (burguês proprietário das fábricas) e a força de
vel) faziam parte do Terceiro Estado. trabalho; formação de uma classe operária que reagiu, de diferentes
maneiras, contra a exploração da força de trabalho, longas jornadas,
Fases da Revolução Francesa: Convocação, pelo rei Luís baixos salários e péssimas condições de vida e de trabalho. Conso-
XVI, dos Estados Gerais, em maio de 1789. Com a participação de lidação do sistema capitalista, regime econômico assentado na ex-
integrantes dos três Estados, buscava-se acabar com os privilégios ploração da mão-de-obra assalariada. Vale ressaltar que, no contexto
da nobreza e do clero (pagamento de impostos). Diante dos conflitos do desenvolvimento e consolidação do capitalismo, surgem teorias
de interesse entre os três Estados, o rei decide fechar a assembleia econômicas e sociais que defendem os preceitos do capital (libe-
desencadeando, assim, grande manifestação popular, sob a liderança ralismo econômico) e outras que contestam os valores capitalistas
da burguesia, que exigia a criação de uma constituição. No dia 14 e pregam a sua derrocada, em favor de um modelo político-social
de julho houve a invasão e tomada da Bastilha, espécie de prisão mais justo e igualitário (Socialismo/Comunismo – Karl Marx).
política da monarquia. A queda da Bastilha marcou o início da Re-
volução Francesa. Independência das antigas colônias da América Espanhola:
Primeira metade do século XIX.
Assembleia Nacional (1789-1792): elaboração da “Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão” que defendia igualdade dian- A unificação Italiana: no movimento em favor da unificação
te da lei e a liberdade; Elaboração da Constituição (1791). Substitui- da Itália, destacam-se a atuação de Giuseppe Garibaldi e Camilo

Didatismo e Conhecimento 10
HISTÓRIA
Benso, o Conde De Cavour. Após vários conflitos, no ano de 1861, vocou significativas perdas para os países europeus envolvidos. Aos
Vitor Emanuel II foi proclamado rei da Itália. Em 1870, a cidade de altos gastos dispendidos com o conflito, somam-se os milhares de
Roma foi ocupada pelos italianos, convertendo-se, assim, na capital. mortos, desajustes na produção econômica. Os Estados Unidos, por
O processo de unificação da Itália sofreu forte resistência do papa outro lado, emergiu do conflito como uma grande potência, tornan-
Pio IX, que não aceitava a unificação. A solução para o conflito com do-se o eixo do sistema capitalista mundial. O país experimentou
a Igreja deu-se em 1929, com o Tratado de Latrão, o qual instituiu o um significativo salto na economia (aumento das exportações e das
Estado do Vaticano. reservas de ouro).

A unificação alemã: no ano de 1862, há a ascensão de Gui- 1919. Tratado de Versalhes e a formação da Liga das Na-
lherme II ao trono da Prússia e a nomeação de Otto Von Bismarck ções: Foram impostas duras e humilhantes medidas contra a Alema-
(aristocracia) para primeiro-ministro. Suas concepções políticas, em nha, em favor dos países vencedores. A Alemanha foi considerada
torno do ideal de unificação, concentravam-se nos seguintes pontos: responsável pela guerra, perdeu grande parte de suas possessões ter-
ritoriais, teve seu Exército reduzido e enfraquecido. Além disso, foi
centralização política (fortalecimento da monarquia), construção
condenada a pagar indenizações pelos prejuízos de guerra. A Liga
de um Exército forte e modernização e desenvolvimento do setor
das Nações foi criada com a missão de promover a manutenção da
industrial. No ano de 1871, há a fundação do império alemão (Se-
paz em escala mundial. Contudo, a Liga mostrou-se um organismo
gundo Reich). Consequências da unificação: graças ao desenvolvi- ineficaz na execução de sua missão. Grandes potências mundiais,
mento econômico a Alemanha converteu-se em uma das principais dentre as quais se destaca os EUA, não participaram da Liga.
potências no continente europeu.
Revolução Russa (1917): Contexto: Efeitos da Guerra: crise
Imperialismo e Neocolonialismo (século XIX): expansão das econômica (colapso setor produtivo, transportes, setor agrícola) e
economias capitalistas da Europa em direção à África, Ásia, Oceania, social (greves e manifestações), além de milhares de mortos duran-
dentre outras. Diante da retração do mercado consumidor interno, as te o conflito. No ano de 1917, Lênin proclama as Teses de Abril,
potências industriais européias buscaram escoar seus produtos para na qual defende a tática de “Todo poder aos sovietes”, reclamando
aquelas regiões, com o objetivo de formar um mercado consumidor a retirada da Rússia do conflito mundial e a implantação de uma
para seus produtos manufaturados. Além disso, buscaram monopoli- reforma agrária. Início da Revolução Socialista na Rússia: os bol-
zar fontes de matéria prima e produtos primários, reduzindo países à cheviques, sob o comando de Lênin e Trotski, assumem o Poder. A
condição de colônias. Nas “colônias”, as potências européias inves- oposição aos bolcheviques (mencheviques, burgueses e partidários
tiram em diversos setores como: transporte, comunicações, indústria do czar- russos brancos) reage, levando o país a uma guerra civil
extrativa, urbanização, buscando atender seus interesses. Nos países (1918-1921). Após violentos conflitos, os bolcheviques (russos ver-
colonizados, os europeus exerceram domínio não apenas no setor melhos) consolidam-se no Poder. Em 1923, houve a formação da
econômico mas, também, nos campos político, social e cultural, sob União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
justificativas racistas e preconceituosas (darwinismo social).
Crise Econômica Mundial de 1929: A “queda” da Bolsa de
Primeira Guerra Mundial (1914-1918): As principais causas Nova York provocou uma grande crise econômica em escala mun-
para a eclosão da Guerra foram as disputas econômicas (monopólio dial. O colapso da economia (deflação, superprodução e retração do
comercial e disputas de áreas de influência); expansão militar, políti- mercado consumidor), provocou uma grava crise no sistema capi-
cas expansionistas (Pan-Eslavismo) e rivalidades históricas que talista. Efeitos da crise: Falência de grande número de empresas e
envolveram países europeus (Sentimento revanchista nutrido pelos bancos, alto índice de desemprego, queda no preço dos produtos
franceses em relação à Alemanha. agrícolas, dos bens de produção e das exportações (retração do mer-
cado), crise política e agitação social. Uma das principais conse-
qüências da crise econômica foi o abandono, por parte das lideran-
1882: Formação da Tríplice Aliança (Itália, Alemanha e Impé-
ças políticas dos países industrializados, dos preceitos e fórmulas
rio Austro-Húngaro).
do liberalismo econômico (Capacidade de auto-regulamentação do
mercado, livre-iniciativa, livre-concorrência). A emergência de um
1908: Formação da Tríplice Entente (Inglaterra, França e Rús- Estado Intervencionista constituiu umas das saídas encontradas para
sia) em oposição à Alemanha. contornar as crises sociais e econômicas (a política do “New Deal”,
implantada nos Estados Unidos pelo presidente Franklin Roosevelt,
Início do Conflito (1914): Arquiduque Francisco Ferdinando, constitui um exemplo). Em alguns países, a crise econômica consti-
herdeiro do trono austríaco, é morto em Sarajevo. A Alemanha, tuiu, dentre outras, uma das principais causas para a formação e con-
apoiada pelo Império Austro-Húngaro, entra em guerra contra solidação de regimes de caráter totalitário (nacionalista, militarista,
à Rússia e à França. Inglaterra entra em guerra com a Alemanha. centralizador, autoritário, expansionista, racismo, anticomunismo)
1915: Entrada da Itália na Guerra, aliando-se à Inglaterra e Fran- como, por exemplo, o nazismo, na Alemanha.
ça. 1917: Os Estados Unidos entram em guerra contra a Alemanha
e o Império Austro-Húngaro. 1918: a Rússia, por meio do Tratado O Totalitarismo: Principais características: Nacionalismo; re-
de Brest-Litovski, assinado com a Alemanha, retira-se do conflito; púdio às formas liberais e democráticas de governo; Centralização
1818: fim da Primeira Guerra Mundial; Formação da República de Política; Militarismo; Anti-Comunismo; Autoritarismo; Expansio-
Weimar, na Alemanha. Fases da Guerra: Guerra de Movimento nismo (política imperialista); Racismo. Utilização dos meios de co-
(1914-1915); Guerra de Trincheiras (1915-1917); Terceira Fase municação e entretenimento de massa, como, por exemplo, o rádio,
(1917-1918): marca a entrada dos Estados Unidos no conflito, ao o cinema, o teatro, a imprensa, para fazer a propaganda do regime
lado de Inglaterra e França e a derrota da Alemanha. A Guerra pro- junto à população.

Didatismo e Conhecimento 11
HISTÓRIA
Na Itália, a consolidação de um regime totalitário ocorreu nos imposta uma indenização à Alemanha e foi criado o Tribunal de Nu-
anos 1920. No ano de 1921, o Partido Fascista, sob a liderança de remberg, para julgar os crimes de guerra cometidos pelos nazistas.
Benito Mussolini, é fundado. A palavra Fascismo deriva do termo Nos dias 06 e 09 de agosto, os EUA lançam duas bombas atômicas,
“fascio” que significa “feixe”, em alusão à um machado envolto por em Hiroxima e Nagasaki, respectivamente. O Japão rendeu-se.
um feixe de varas, símbolo do poder do Estado. No ano de 1922, os
camisas-negras (como eram conhecidos os partidários do fascismo), Consequências da Segunda Guerra: O saldo da Guerra para
realizam a “Marcha sobre Roma”. Benito Mussolini instaura o go- os países envolvidos foi trágico. Altos índices de destruição e morte
verno Fascista no país. compuseram um quadro desolador: fome, miséria, frio, grande nú-
mero de desabrigados e órfãos, centros industriais e agrícolas arra-
Na Alemanha, em 1933, Adolf Hitler, líder do Partido Nazis- sados, doenças, refugiados. O único país que escapou deste terrível
ta, torna-se Chanceler (Primeiro-Ministro). Em um curto espaço de cenário foi os Estados Unidos. Durante o conflito, a indústria e a
tempo, o Partido consolidava seu poder sobre o país. Os partidos agricultura norte-americana experimentaram um grande crescimen-
políticos, com exceção do nazista, e os sindicatos foram dissolvidos. to. Ao final do conflito, os EUA detinham quase a totalidade das
Os opositores são perseguidos. No mesmo ano, o Parlamento é ex- reservas mundiais de ouro, transformando-se na principal potência
tinto e são formados os primeiros campos de concentração. No ano capitalista no cenário mundial. Embora tenha sofrido pesadas perdas
de 1934, com a morte do presidente alemão Von Hinderburg, Hitler materiais e humanas durante a Guerra, a União Soviética emergiu
torna-se chefe de governo e de Estado (Führer). No ano de 1935, do conflito como nação vitoriosa, expandindo sua influência ideoló-
há a decretação de leis racistas (anti-judaicas). Com o passar dos gica, política, econômica e militar para outras áreas. Ao fim da Se-
anos, as políticas e leis anti-semitas evoluíram para as práticas de gunda Guerra, o mundo dividia-se em dois blocos ideologicamente
perseguição e isolamento dos judeus (Guetos) e aniquilação física antagônicos: o capitalista, sob a liderança dos Estados Unidos, e o
em campos de extermínio (“Solução Final”). comunista (socialismo), sob o domínio da União Soviética (URSS).
Em alguns países, foram organizados governos sob inspiração Dava-se início à Guerra Fria.
dos ideais e valores fascistas: Salazarismo, em Portugal e Franquis-
mo, na Espanha (Guerra civil espanhola – 1936-1939), constituem Guerra Fria: Conforme dito acima, um dos principais legados
exemplos deste tipo de Estado.
da Segunda Guerra Mundial foi a polarização do mundo em dois
blocos: A bipolarização do poder entre URSS e Estados Unidos pro-
A Segunda Guerra Mundial (1939-1945): Principais Causas:
vocou um estado de permanente tensão e disputas diplomáticas, em
Revanchismo alemão (Diante das humilhantes imposições do Trata-
escala mundial, atingindo, muitas vezes, os limites de um confron-
do de Versalhes); Nacionalismo; política de expansionismo militar
to armado. A bipartição do Poder entre aquelas potências envolveu
(anexação de territórios) implantada pela Alemanha, Itália e Japão.
conflitos de ordem econômica, política, ideológica, social, cultural,
No ano de 1939, a Alemanha invade e ocupa a Tchecoslováquia e
militar e espacial, em escala internacional. Tais conflitos, atingiram
a Albânia é anexada pela Itália. No mês de setembro, os nazistas
e modificaram, em várias ocasiões, a configuração geográfica e só-
invadem a Polônia. Inglaterra e França declaram guerra à Alema-
nha. Tem início a Segunda Guerra Mundial. Neste ano é assinado cio-política de muitos países. Nem mesmo o Espaço ficou imune
o pacto de não-agressão entre a Alemanha e a União Soviética. Em (Corrida Espacial). Guerras, perseguições, muro de Berlim (1961),
1940, o exército nazista invade a Dinamarca, Holanda, Bélgica e mortes, prisões, embargos e ditaduras constituíram efeitos daquela
Noruega. A frança é ocupada pelos alemães (governo colaboracio- rivalidade.
nista de Pétain, em Vichy). Em 1941, a Alemanha invadem a Grécia
e a Iugoslávia. Hitler desrespeita o pacto assinado com a União So- Descolonização da África e da Ásia – Entre os anos 1950 e
viética e invade a Rússia. Neste mesmo ano, os japoneses atacam a 1960, muitos países africanos e asiáticos conquistaram sua indepen-
base naval de Pearl Harbour. Os Estados Unidos declaram guerra dência em relação às potências européias.
aos países do Eixo (Itália, Alemanha e Japão). 1943: os alemães são
derrotados em Stalingrado (União Soviética) e na África. As potên- Conflitos no Oriente Médio: A região do Oriente Médio
cias aliadas (EUA, Inglaterra e França) começam a ocupar a Itália. tornou-se, posteriormente à Segunda Guerra Mundial, um espaço
Prisão e execução de Benito Mussolini, o Duce, chefe do Estado de instabilidade e conflitos políticos e militares. Destacam-se as
fascista italiano. Conferência de Teerã: os líderes dos EUA, Ingla- escaramuças entre árabes e israelenses, a guerra civil no Líbano, a
terra e União Soviética reúnem-se (tratou-se acerca da divisão da revolução Iraniana, e o conflito entre Irã e Iraque. Recentemente,
Alemanha e da configuração da fronteira polonesa). 1944: Desem- ocorreram fortes protestos e conflitos militares no Oriente Médio e
barque das tropas inglesas, americanas e canadenses na Normandia na região norte da África, nos quais grande parte da população saiu
(França) – “Dia D”. A França é liberta do jugo nazista. De Gaulle, às ruas para exigir a saída de ditadores e melhorias sociais (Prima-
um dos principais nomes da resistência francesa contra os alemães, vera Árabe).
torna-se líder do governo Provisório e instaura a IV República na Revolução Chinesa (1949): Sob a liderança de Mao-Tsé-tung,
França. No ano de 1945, os líderes da Inglaterra, EUA e União So- os comunistas instauram a República Popular da China.
viética, Churchill, Roosevelt e Stalin, respectivamente, reúnem-se
na Conferência de Yalta. Cria-se a Organização das Nações Unidas Revolução Cubana (1959): em 1959, Fidel Castro e seus co-
(ONU). Em abril, as tropas soviéticas ocupam Berlim. Suicídio de mandados derrubam Fulgêncio Batista, apoderam-se do poder e dão
Adolf Hitler. A capitulação (derrota) da Alemanha ocorreu no dia início a formação do governo revolucionário: reforma agrária, na-
7 de maio. Nos meses de Julho e Agosto, durante a conferência de cionalização das empresas estrangeiras e perseguição aos oposito-
Potsdam, dividiu-se a Alemanha em quatro zonas de ocupação, foi res. No ano de 1961, Fidel Castro proclama sua adesão ao marxismo.

Didatismo e Conhecimento 12
HISTÓRIA
Formação de Governos Ditatoriais na América do Sul: No decorrer das décadas de 1960, 1970 e meados da década de 1980, formaram-
-se, em alguns países da América do Sul, regimes de caráter militar e autoritário, com total apoio dos Estados Unidos. O governo de Augusto
Pinochet, no Chile, e de Jorge Videla, na Argentina, são alguns exemplos.

Fim da Guerra Fria e Nova Ordem Mundial: O ano de 1991 marcou o fim da URSS e dos governos comunistas europeus. Em dezem-
bro deste ano foi assinado o “Acordo de Minsk” que estabeleceu a Comunidade de Estados Independentes (CEI). Unificação da Alemanha,
cujo símbolo foi a derrubada do muro de Berlim, em 1989. Com a derrocada do bloco socialista-soviético, capitalismo tornou-se hegemônico
mundialmente, sob a égide dos Estados Unidos. Neoliberalismo e globalização constituem os principais símbolos da Nova Ordem Mundial.

1990: O Presidente da África do Sul, De Klerk, lança medidas contra o regime do Apartheid (Segregação Racial). A principal personagem
da luta contra a segregação racial, Nelson Mandela, é libertado. O ano de 1993 marca o fim do Apartheid.

1991. Invasão do Iraque pelos Estados Unidos.

1992. Bill Clinton elege-se Presidente dos Estados Unidos

2001. Ataque terrorista derruba as duas torres do World Trade Center, em Nova York. O Ataque é atribuído a Osama Bin Laden. Os EUA,
sob a liderança de George Bush (Júnior), iniciam a chamada “Guerra ao Terror”.

2003. Os Estados Unidos invadem o Iraque. Saddam Hussein, líder iraquiano, foi condenado à forca por crimes contra a humanidade.
Morreu em 30 de dezembro de 2006.

2008. Barack Obama elege-se presidente dos Estados Unidos. Início da crise econômica mundial.

Obra Consultada: FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora USP, 2007.

QUESTÕES

1- (ETEC-2013 – Modificado) Os cartazes, como os exemplos a seguir, são geralmente expostos em locais de fácil acesso e atingem um
grande público.

1 2

Didatismo e Conhecimento 13
HISTÓRIA
O cartaz da figura 1 foi divulgado nos EUA no ano de 1917, O Povo Governará!
durante a Primeira Guerra Mundial; enquanto o cartaz da figura 2 foi • Cada homem e cada mulher têm o direito de votar e de ser
divulgado no Brasil, durante a Revolução Constitucionalista no ano candidato ao voto;
de 1932. Analisando e contextualizando os cartazes apresentados, é • todas as pessoas têm o direito de fazer parte da administração
correto afirmar que do País;
(A) o cartaz divulgado no Brasil pode ser considerado de con- • os direitos das pessoas serão os mesmos, independentemente
teúdo político, ao contrário do cartaz dos EUA, cujo conteúdo pode de raça, cor ou sexo;
ser considerado nitidamente humorístico. • todos os órgãos autoritários e segregacionistas do Governo
(B) em ambos os cartazes, a postura corporal dos personagens devem ser substituídos por órgãos democráticos.
evidencia o apoio aos regimes ditatoriais que havia tanto nos Esta-
dos Unidos quanto no Brasil em 1932. Esse documento, elaborado com a participação de Nelson Man-
(C) os dois cartazes têm como personagens principais membros dela, na década de 1950, propunha a luta contra
da classe operária, pois ambos são instrumentos de divulgação do
(A) o movimento nazista, fundado na Alemanha e liderado por
Partido Comunista.
Adolf Hitler.
(D) o cartaz dos EUA representa uma propaganda de alcance
(B) a ditadura militar, imposta no Chile pelo governo de Salva-
nacional, enquanto o cartaz do Brasil refere-se a um movimento re-
dor Allende.
gional.
(E) o cartaz do Brasil demonstra a propaganda positiva do go- (C) o Apartheid, política de segregação racial ocorrida na Áfri-
verno Vargas, assim como o cartaz dos EUA apoia o governo de ca do Sul.
Roosevelt. (D) o sistema capitalista, implantado em Cuba sob a liderança
de Che Guevara.
Resposta: D. O cartaz norte-americano (figura 01) insere-se no (E) a escravidão no Brasil, sistema marcado pelo uso da força e
contexto da entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mun- da tortura contra os negros.
dial (1917). Diz respeito à campanha, de alcance nacional, para o
alistamento militar. Já o segundo cartaz (figura 2), faz parte da cam- Resposta: C. Nelson Mandela foi a principal personagem da
panha, organizada por uma fração da elite política de São Paulo, em luta em favor da liberdade e da democracia e contra o regime de
favor da constitucionalização do Brasil, em 1932. A Radicalização segregação racial que ficou conhecido como Apartheid, na África
do movimento atingiu seu ápice no dia 09 de julho, quando a “Re- do Sul. Libertado da prisão, após 26 anos, no início dos anos 1990,
volução Paulista” foi deflagrada. elegeu-se Presidente daquele país em 1994.

2-(ETEC-2013) Durante os primeiros séculos do cristianismo, 4- (ETEC-2013) Os governos autoritários procuram exercer um
as Bíblias eram escritas em latim, o que restringia o número de lei- controle sobre os meios de comunicação, para que não haja críticas
tores, já que este idioma era dominado, praticamente, apenas por ou divulgação de ideias contrárias ao que esses governos impõem.
intelectuais e por membros do clero católico. Assim, durante muito Por isso, durante o regime militar no Brasil (1964-1984), muitos
tempo, a grande maioria dos éis não teve a possibilidade de ler os artistas tiveram suas obras censuradas. Leia atentamente o trecho
textos sagrados. Para modificar essa situação, Martinho Lutero tra- da canção Cálice, composta por Chico Buarque e Gilberto Gil, em
duziu, no século XVI, o texto da Bíblia para o idioma alemão, per- 1973. Nessa canção, encontra-se um elaborado jogo de palavras,
mitindo, com isso, que um maior número de pessoas, inclusive não no qual, por exemplo, a palavra cálice tem pronúncia semelhante
pertencente ao clero, pudesse ler o texto bíblico. Esta iniciativa de à cale-se:
Lutero pode ser compreendida como parte do movimento histórico
conhecido como
Pai! Afasta de mim esse cálice/De vinho tinto de sangue/Como
(A) Unificação Alemã, pois reuniu as antigas províncias do Sa-
beber dessa bebida amarga/Tragar a dor e engolir a labuta?/Mesmo
cro Império Romano-Germânico.
calada a boca resta o peito/Silêncio na cidade não se escuta/De que
(B) Contrarreforma, pois era contrário às medidas da Igreja Ca-
me vale ser lho da santa?/Melhor seria ser lho da outra/Outra rea-
tólica nas províncias alemãs.
(C) Cruzada, que favoreceu a formação de exércitos cristãos lidade menos morta/Tanta mentira, tanta força bruta/Como é difícil
para a luta por Jerusalém. acordar calado/Se na calada da noite eu me dano/Quero lançar um
(D) Reforma, pois contribuiu para o início do protestantismo e grito desumano/Que é uma maneira de ser escutado/Esse silêncio
de novas igrejas cristãs. todo me atordoa/Atordoado eu permaneço atento/Na arquibancada,
(E) Companhia de Jesus, que visava à catequização dos índios a qualquer momento/Ver emergir o monstro da lagoa
recém-encontrados.
Analisando o trecho da canção e relacionando-o ao contexto
Resposta: D. Foi Martinho Lutero, ao publicar as 95 Teses na histórico em que essa canção foi composta, é correto afirmar que
porta da igreja do Castelo de Wittenberg, em 1517, que deu início à Cálice foi, à época,
chamada Reforma Protestante, movimento de contestação aos dog- (A) aprovada, pois defendia a continuidade do Ato Institucio-
mas e práticas da Igreja Católica. nal nº 5 e exaltava o governo autoritário dos militares.
(B) considerada um hino do movimento civil chamado de Dire-
3-(ETEC-2013) A Carta da Liberdade foi redigida com a finali- tas Já, pois defendia a convocação de eleições.
dade de protestar contra a forma de política vigente em um determi- (C) censurada, pois defendia valores da esquerda socialista,
nado país. Leia um trecho dessa Carta: como a reforma agrária e a privatização dos bens públicos.

Didatismo e Conhecimento 14
HISTÓRIA
(D) aprovada e gravada sem que o governo colocasse algum 07-(ETEC- 2013) Os jornais passaram a ser impressos regular-
empecilho, pois seu conteúdo não tratava de assuntos políticos. mente no Brasil a partir de 1808, sofrendo, contudo, censura prévia.
(E) censurada, pois criticava diretamente a ausência de liberda- Apenas após a Independência do Brasil é que foi garantida por lei
de de expressão e a repressão violenta praticada pelo regime. a liberdade de imprensa, como se vê no artigo 179 da Constituição
de 1824:
Resposta: E. Uma das maneiras utilizadas pelo regime militar ”Todos podem comunicar os seus pensamentos por palavras,
no Brasil para exercer um controle ideológico sobre a população escritos, e publicá-los pela imprensa, sem dependência de censura,
e, ao mesmo tempo, “calar” os opositores, foi a prática da censura contanto que hajam de responder pelos abusos que cometerem no
nos meios de comunicação (jornais e revistas) e nas manifestações exercício deste direito, nos casos e pela forma que a lei determinar.”
artísticas (teatros, festivais, músicas). (LIMA, Ivana Stolze. Cores, marcas e falas. Sentidos da mestiça-
gem no Império do Brasil. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003,
5-(ETEC- 2013) No ano de 1938, durante o chamado Estado p. 36)
Novo, o presidente Getúlio Vargas tornou obrigatória a transmissão
do programa Hora do Brasil, em todas as emissoras de rádio do país. A presença do artigo 179 na Constituição do Império pode ser
Nesse programa (que existe até hoje com o nome de A Voz do Bra- considerada uma influência
sil), eram veiculadas notícias e informações do governo, divulgando (A) do neoliberalismo.
as medidas tomadas pelo presidente para o país. É correto afirmar (B) da doutrina Monroe.
que o programa citado no texto foi (C) da filosofia iluminista.
(A) utilizado como propaganda em massa do regime varguista (D) do socialismo utópico.
junto à população. (E) do protestantismo calvinista.
(B) necessário para difusão das ideias comunistas do presidente
Getúlio Vargas. Resposta: C. O Iluminismo caracterizava-se pela defesa do pa-
(C) um reflexo da democratização e da liberdade de expressão pel emancipador da razão humana, considerada o único instrumento
no Estado Novo. por meio do qual o homem alcançaria a verdade, a felicidade à liber-
(D) criado com o objetivo de celebrar a vitória da Revolução
dade. O documento institui a liberdade de expressão.
Constitucionalista.
(E) um contraponto à imagem negativa de Vargas, que era fre-
8-(PUC-SP- Modificado) Usa-se o nome Guerra Fria para de-
quente na mídia.
signar:
a) A tensão militar existente entre Inglaterra e Alemanha, no
Resposta: A. O governo do Estado Novo utilizava os meios de
final do século XIX, motivada pela disputa, entre os dois Estados
comunicação de massa, como, por exemplo, o rádio, para fazer a
Nacionais, pelo controle do comércio do mar do Norte.
propaganda do regime e construir uma imagem positiva de Getúlio
b) O problema diplomático surgido entre França e Portugal,
Vargas junto à população.
no início do século XIX, que provocou a vinda da família real Por-
6-(ETEC- 2013) De acordo com o escritor grego Luciano, que tuguesa para o Brasil.
viveu no século II d.C., após a vitória dos atenienses sobre os persas, c) Invasão Francesa na Rússia, no início do século XIX, com
na batalha de Maratona (492 a.C.), o jovem Filípedes teria corrido a decorrente derrota dos invasores.
cerca de 42 km até a cidade de Atenas para informar o fato. Naquele d) O conjunto de tensões entre Estados Unidos e União So-
momento, de acordo com Luciano, não haveria meios de levar a viética, resultante da disputa, entre ambas, por uma posição hege-
informação mais rapidamente do que as pernas do corredor. Esta mônica no contexto internacional do pós Segunda Guerra Mundial.
narrativa, que talvez seja lendária, deu origem à maratona, prova e) Disputa entre Rússia e Japão, no período imediatamente
de corrida com 42,195 km, disputada nos Jogos Olímpicos da atu- anterior à Primeira Guerra Mundial.
alidade.
Sobre os conflitos entre atenienses e persas, ocorridos no século Resposta: D. A bipolarização do poder entre URSS e Estados
V a.C., é correto afirmar que Unidos, após a Segunda Guerra Mundial, ficou conhecida pelo
(A) levaram ao auge o Império Romano, que disputava com a nome de Guerra Fria.
Pérsia as terras gregas.
(B) resultaram do expansionismo do Império Persa, nas chama- 09-(MACK) Tomei consciência pela primeira vez do problema
das Guerras Médicas. do desemprego em 1929. Lembro-me do choque, do espanto que
(C) foram causados pela rivalidade entre esses dois povos nos senti, quando pela primeira vez me misturei com vagabundos e men-
Jogos Olímpicos. digos, ao descobrir que uma boa parte, talvez uma quarta parte desta
(D) proporcionaram o fortalecimento do modelo político cen- gente, eram jovens e honestos contemplando seu destino: era como
tralizado na Grécia. se nunca mais fossem ter a oportunidade de voltar a trabalhar. Nes-
(E) reafirmaram a aliança entre gregos e romanos na Liga do sas circunstâncias era inevitável, no início, que fossem perseguidos
Peloponeso. por um sentimento de degradação pessoal. (George Orwell)

Resposta: B. As escaramuças entre Gregos e Persas ficaram co- A solução desta crise econômica foi implementada por F.D.
nhecidas pelo nome de Guerras Médicas. Roosevelt, que formulou um conjunto de medidas denominado de:

Didatismo e Conhecimento 15
HISTÓRIA
a) Plano Marshall
b) Corolário Roosevelt
c) Macartismo
d) New Deal
e) Estado Mínimo

Resposta: D. a política do “New Deal”, implantada nos Esta-


dos Unidos pelo presidente Franklin Roosevelt, foi uma medida que
visava solucionar a situação de crise econômica e social provocada
pela Crise Econômica Mundial de 1929.

10-(UEL-modificado) Na Primeira República (1889-1930),


Campos Sales foi o responsável pela consolidação do sistema oli-
gárquico no Brasil, na medida em que oficializou a “Política dos
Governadores” que:
a)representava a decadência do poder local dos coronéis.
b) estabelecia o equilíbrio entre os poderes oligárquicos, que
conseguiram a igualdade de força política em todas as unidades da
federação, dominando de maneira uniforme o governo federal.
c) consistia no fortalecimento dos Estados, graças a um pac-
to político entre o governo federal e as oligarquias dominantes nos
Estados.
d) se constituía na redução de fraudes e de coação pelos gover-
nos locais.
e) visava à resistência contra o poder municipal, fortalecendo
os partidos nacionais.

Resposta: C. Por meio da Política dos Governadores buscava-


-se garantir o apoio das elites políticas estaduais ao governo Federal
por meio de troca de favores políticos.

Didatismo e Conhecimento 16
EDUCAÇÃO FÍSICA
EDUCAÇÃO FÍSICA
tribuíram em muito para a construção de uma nova política eco-
Prof. Márcio André Emídio nômica e social. Em 1845 o Dr. Manoel Pereira da Silva Ubatuba
apresenta à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro o trabalho
Mestrando em Educação e Formação Docente; Pós- Gra- “Algumas considerações sobre a Educação Física” demonstrando
duando em Planejamento Educacional e Docência do Ensino a necessidade e a importância do moral sobre o físico e vice-versa.
Superior; Especialista em Fisiologia do Exercício com Ênfase Em 1846 Joaquim Pedro de Melo defende a tese “Generalidades
em Atividade Física e Saúde; Licenciatura plena em Educação acerca da Educação Física dos meninos”. Mas a atividade física
Física; Magistério - CEFAM; somente passa a fazer efetivamente parte dos programas escolares
da Corte em 1851 por obra do ex-deputado e então Ministro do
Império, Luiz Pedreira do Couto Ferraz com a chamada Reforma
Couto Ferraz. Sua regulamentação foi expedida três anos depois
HISTÓRIA e entre as matérias a serem obrigatoriamente ministradas estavam
a ginástica no primário e a dança no secundário, mas somente nas
escolas da corte. Em 1851 a lei de n.º 630 inclui a ginástica nos
currículos escolares. Embora Rui Barbosa não quisesse que o povo
soubesse da história dos negros, preconizava a obrigatoriedade da
Para iniciar este histórico, é necessário retroceder ao Desco- Educação Física nas escolas primárias de secundárias praticada 4
brimento do Brasil em 1500, mais precisamente em 1549 quan- vezes por semana durante 30 minutos. Todavia, a implantação, de
do do desembarque da frota de Tomé de Souza, Padre Manoel da fato, dessas leis ocorreu apenas em parte, no Rio de Janeiro (capi-
Nóbrega e outros jesuítas na baía de Todos os Santos. Os índios tal da Republica) e nas escolas militares. É apenas a partir da dé-
brasileiros que habitavam o Brasil no século XVI se entregavam cada de 1920 que vários estados da federação começam a realizar
de forma natural à prática de atividades físicas, não com a cons- suas reformas educacionais e incluem a Educação Física, com o
ciência dos seus benefícios para a saúde ou higiene, mas sim, por nome mais frequente de ginástica. A Educação Física na escola já
mera questão de sobrevivência. Caçavam, pescavam, lutavam, sofria preconceitos e baixos status desde o seu inicio. Ela estava
utilizavam arco e flecha, tacape, canoas, nadavam, mergulhavam, presente na lei, mas essa mesmo lei demorou a ser cumprida.
corriam e algumas tribos faziam uso dos cavalos, todas estas ativi-
dades com muita destreza. Tinham a consciência que na luta pela Tendências:
existência era preciso ser forte para garantir a sobrevivência.
Fazia parte destas atividades também a dança, não só aqui Higienismo e Militarismo:
no Brasil com os índios, mas em toda a sociedade primitiva. Era
através das danças, parte essencial da vida dos povos, que estas A concepção dominante da Educação Física, no seu inicio, é
sociedades cultuavam seus deuses, faziam orações, pedidos e marcada na perspectiva que muitos autores chamam de higienis-
agradeciam por benefícios recebidos. No século XVI, os negros mo. Nela, a preocupação central é com os cuidados e hábitos de hi-
trazidos para o Brasil pelos portugueses em número considerável giene e saúde, valorizando o desenvolvimento físico e da moral, a
procedentes da África Ocidental, para trabalharem nas lavouras de partir do exercício. No modelo militarismo, os objetivos da Educa-
cana-de-açúcar, nas minas, aos encargos domésticos dos senho- ção Física na escola eram vinculados à formação de uma geração
res brancos se fixaram no Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco e capaz de suportar o combate, a luta, para atuar na guerra, por isso
criaram nas senzalas a capoeira, uma rixa ardilosa muito criativa e era importante selecionar os indivíduos “perfeitos” fisicamente e
ritmada. Estes movimentos criados pelos negros serviam para sua excluir os incapacitados.
autodefesa em relação aos capatazes.
Os escravos que conseguiam escapar das senzalas se refu- Esportivista:
giavam nos Quilombos onde desenvolveram a capoeira sem a
utilização da música. Quando eram recapturados ensinavam aos O sucesso da Seleção Brasileira de Futebol em duas copas
negros que ainda estavam na senzala os golpes aprendidos. Para do mundo (1958 e 1962) levou à associação da Educação Física
mascará-la os escravos inseriram a música, oriunda da África para escolar com o Esporte, especialmente o futebol. O terceiro titu-
dar a impressão aos senhores de engenho que estavam praticando lo na copa de 1970 foi o auge da política de “pão e circo”, con-
uma espécie de dança e não uma luta. Chega-se ao Brasil Império e tribuindo para manter o predomínio do conteúdos esportivos nas
começam a aparecer os primeiros documentos escritos tratando da aulas de Educação Física. Essa política consistia em promover as
Educação Física, enfocando principalmente os conceitos de higie- necessidades básicas da população, assim como meios para seu
ne. D. Pedro II, defensor dos exercícios físicos, presidiu diversas entretenimento. Os governos militares que assumiram o poder em
conferências na então Escola Normal defendendo o tema. Nesta março de 1964 passam a investir pesado no esporte, na tentativa de
época a educação era dividida em educação intelectual, moral e fazer da Educação Física um sustentáculo ideológico, na medida
física. A Educação Física deste período tem como principal preo- em que ela participava na promoção do País através do êxito em
cupação a melhoria da saúde e da higiene da população competições de alto nível. É nessa fase da historia que o rendi-
A Educação Física surge como um sinônimo da saúde físi- mento, a seleção dos mais habilidosos, o fim justificando os meios
ca e mental, é eleita a promotora da saúde, regeneradora da raça, então mias presentes no contexto da Educação Física na escola. O
das virtudes e da moral. Os médicos higienistas brasileiros con- papel do professor é bastante centralizador e a pratica, uma repeti-

Didatismo e Conhecimento 1
EDUCAÇÃO FÍSICA
ção mecânica dos movimentos esportivos. Em meados da década da ordem econômica-social capitalista. É importante ressaltar, que
de 1980, a Educação Física na escola, passou por mudanças nas o esporte na sociedade capitalista assumiu um caráter ideológico
suas concepções, em um processo que envolve diversas transfor- e interesseiro na busca do rendimento financeiro pautado, entre
mações, tanto nas pesquisas acadêmicas nesse segmento, quanto outros aspectos, no consumo de roupas esportivas, na criação de
na pratica pedagógica dos professores do componente curricular. complexos multinacionais esportivos e na exploração da imagem
Atualmente, coexistem na área da Educação Física várias concep- televisiva. Esses complexos patrocinam eventos esportivos com
ções, todas elas tendo em comum a tentativa de romper com o mo- a intenção de elevar suas vendas e expandir seu capital, levando
delo mecanicista, espotivista e tradicional. São elas, humanista, fe- ao público consumidor o fetichismo da marca. A comercialização
nomenológica, psicomotricidade, baseada nos jogos cooperativos, do espetáculo esportivo comprova que o objetivo do esporte de
cultural, desenvolvimentista, interacionista-construtivista, critico- competição é o lucro, porque os organizadores e promotores se
-superadora, sistêmica, critico-emancipatória, saúde renovada nos interessam, sobretudo pela rentabilidade econômica (Proni).
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs/Brasil 1998) Ante aos problemas supracitados, alguns estudiosos se des-
tacaram na procura de explicar o fenômeno esportivo de forma
crítica. Nesse contexto, surge a partir da década de 60 do século
ESPORTE XX um movimento teórico nas Ciências Sociais, que ficou conhe-
cido como Teoria Crítica do Esporte, que tomou o esporte como
tema de pesquisa, enfatizando em suas críticas a relação desse fe-
nômeno com a cultura, economia e política. Deste modo, a Teoria
Nos dias atuais, temos observado um aumento considerável Crítica do Esporte procurou mostrar a relação conceitual entre o
nas discussões sobre as metodologias de ensino-aprendizagem dos esporte e o trabalho, reforçando o seu caráter de mercadoria, de
desportos; nos jogos desportivos coletivos, inúmeros são os as- refinador e disseminador da ideologia capitalista (Vaz). Em linhas
suntos a serem debatidos. Nossa intenção, neste capítulo, refere-se gerais, Valter Bracht, faz uma sistematização das teses que regem
ao diálogo relacionado ao desenvolvimento esportivo, entendido a Teoria Crítica do Esporte, destacando-se as teses da coisificação
como processo de ensino, que ocorre desde que a criança inicia-se e da alienação defendidas pelo filósofo Theodor Adorno: [...] Tese
na atividade esportiva, até sua dedicação exclusiva em uma moda-
da coisificação ou alienação. Essa tese resumidamente propõe que
lidade. Objetivamos abranger os assuntos pertinentes ao ensino de
a sociedade e os homens não são aquilo que em função de suas
habilidades e competências tático-cognitivas e também considera-
possibilidades e sua natureza poderam ser. Isso transparece nas so-
ções sobre o desenvolvimento das capacidades físicas e dos jogos
ciedades industriais principalmente no mundo do trabalho. Como
desportivos coletivos por intermédio dos estudos em pedagogia do
causa, temos um tipo de pensamento que se efetiva na razão instru-
esporte.
mental ou racionalidade técnica. Isto é, as relações sociais em seu
Os jogos desportivos coletivos são constituídos por várias
conjunto são norteadas por uma razão instrumental, coisificando-
modalidades esportivas - voleibol, futsal, futebol, handebol, polo
aquático, basquetebol - entre outros e, desde sua origem, têm sido -as (Bracht).
praticados por crianças e adolescentes dos mais diferentes povos e Nessa mesma linha de argumentação, a obra de Herbert Mar-
nações. Sua evolução é constante, ficando cada vez mais evidente cuse também foi utilizada pelos intelectuais da Teoria Crítica do
seu caráter competitivo, regido por regras e regulamentos (Teodo- Esporte, especialmente a reflexão a respeito da repressão e da
rescu). Por outro lado, os autores da pedagogia do esporte também manipulação exercidas pelo sistema capitalista industrial: [...] De
têm constatado a importância dos jogos desportivos coletivos para acordo com essa tese, a sociedade moderna altamente tecnologi-
a educação de crianças e adolescentes de todos os segmentos da zada, industrializada e desenvolvida, representa um sistema de
sociedade brasileira, uma vez que sua prática pode promover inter- repressão, dominação e manipulação (Bracht). A principal crítica
venções quanto à cooperação, convivência, participação, inclusão, de Marcuse consiste no fato de que a sociedade capitalista impôs
entre outros. um grau de repressão exacerbado, totalmente desnecessário. Dessa
forma, o domínio do principio de rendimento sobre o corpo e a
A Transformação do Esporte em Espetáculo e em Negócio alma tornou-se instrumento de incremento da capacidade do traba-
lho alienado (Bracht).
O esporte no mundo globalizado tem ganhado significativa Nos estudos de Vaz, o mesmo relata a contribuição de Bero
importância para as políticas governamentais como elemento dis- Rigauer e Jean-Marie Brohm para a Teoria Crítica do Esporte.
persador de manifestações populares contra as condições indignas Dessa maneira, a tese central de Rigauer, consiste no fato que o
de vida, como artifício para legitimar governos autoritários ou ain- esporte não é um sistema à parte, mas de diversas formas interliga-
da para desviar a atenção de escândalos e problemas estruturais. do com o desenvolvimento social, cuja origem está na sociedade
No entanto, a crítica ao paradigma esportiva é marcada pelo fato burguesa e capitalista. Assim, o esporte moderno capitalista, está
de que a instituição esportiva, se organizou em torno do capitalis- presente no nosso cotidiano, e assim suas marcas estão cada vez
mo industrial e ainda utiliza-se do esporte como aparelho ideoló- mais enraizadas em outros segmentos da vida social. Vale lembrar
gico do Estado, na tentativa de consolidar a ideologia burguesa. a afirmação de Rigauer sobre essa temática: Embora constitua um
Diante disso, Alexandre Fernandez Vaz faz um comentário da espaço específico de ação social, o esporte permanece em interde-
origem de tais críticas sobre o esporte na sociedade contemporâ- pendência com a totalidade do processo social, que impregna com
nea: [...] tem origem na constatação de que seria ele, com suas suas marcas fundamentais: disciplina, autoridade, competição,
técnicas e regras, uma forma de domínio do corpo e de suas ex- rendimento, racionalidade instrumental, organização administrati-
pressões, que por sua vez, estaria relacionado com o predomínio va, burocratização, apenas para citar alguns elementos.

Didatismo e Conhecimento 2
EDUCAÇÃO FÍSICA
Não obstante, o caráter ideológico do esporte estaria ainda li- Atualmente, o esporte é considerado uma das atividades eco-
gado aos interesses do Estado. Dessa maneira, Brohm sintetiza a nômicas que mais crescem nos mercados globalizados, o que tem
função ideológica do esporte, conceituando-o como um aparelho estimulado a entrada de grandes corporações empresariais e tem
ideológico do estado que cumpre um triplo papel: reproduz ideo- requerido métodos modernos de administração (Proni). É impor-
logicamente as relações sociais burguesas, tais com hierarquia, tante ressaltar que a evolução do esporte acompanhou os avanços
subserviência, obediência; propaga uma ideologia organizacional tecnológicos, impulsionando o surgimento e o consumo de vesti-
específica para a instituição esportiva, envolvendo competição e mentas e materiais esportivos com o objetivo de colaborar com o
recordes; transmite em larga escala, os temas universais da ideo- mercado e a indústria capitalista. Muitos indivíduos usam roupas
logia burguesa, como o mito do super-homem, individualismo, as- esportivas sem saber para que esporte aquela roupa seja adequada,
censão social, sucesso e eficiência. Entre as diversas críticas feitas apenas usam tais roupas porque estão na moda ou porque determi-
ao esporte vale lembrar mais uma consideração de Theodor Ador- nado atleta usa aquela marca.
no, ao salientar “o caráter de crueldade na relação com o próprio Aproveitando a vinculação de atleta e marca as multinacionais
corpo e o irracionalismo presente nos espetáculos esportivos de esportivas incluíram o desenvolvimento de produtos com o aval de
massa” (Vaz). Destarte, Adorno estava convencido de que a com- atletas e entidades esportivas de várias partes do mundo, buscando
petição estimularia os homens a tratar-se com agressividade, além ampliar seus mercados. E de fato tem conseguido, pois a campa-
de manter formas arcaicas de violência física (Magalhães). Entre- nha da Nike em 1996, na tentativa de ampliar seus mercados na
tanto, Adorno admite valores positivos no esporte, mas que estão Ásia, Europa e América do Sul, gastou cerca de US$ 100 milhões
condicionados a retirada do grau de competição excessivo. Isso com patrocínio a atletas e entidades esportivas e suas vendas glo-
poderia permitir que os indivíduos respeitassem os mais fracos e bais alcançaram a casa dos US$ 5 bilhões (Proni). Nessa linha de
teriam vivência do jogo, permitindo a existência de liberdade e pensamento, Taffarel e Santos Jr. ressaltam que o esporte e sua or-
satisfação entre seus participantes (Magalhães). ganização alienam, manipulam e mantêm uma elite esportiva sob a
De tal modo, tais teses foram esboçadas até aqui como refe- máxima “mais alto, forte e veloz” que efetivamente joga e disputa
rencial e perspectiva, para as discussões abordadas no presente ar- medalhas. Dessa forma, reservam-se ao grande público as ações de
tigo. Tendo como objetivo geral de estudo a investigação da contri- assistir, bater palmas e comprar os subprodutos da indústria cultu-
buição das práticas esportivas para atenuação de manifestações de
ral esportiva (camisetas, chapéus, fitas, bandeiras, bebidas etc.).
resistência na sociedade capitalista e como objetivos específicos a
A divulgação e o espaço dado ao esporte pela cobertura mi-
relação entre esporte e capitalismo. Para tanto, adota-se como me-
diática o auxiliam a cumprir sua função de instrumento para abrir
todologia a revisão bibliográfica dos pressupostos teóricos da Teo-
mercados de bens supérfluos e desnecessários. Assim, as “multi-
ria Crítica do Esporte e as contribuições de T. Adorno, H. Marcuse,
nacionais esportivas” usam os eventos esportivos para vender cada
Jean-Marie Brohm e Bero Rigauer para a problemática do esporte
vez mais seus produtos, explorando a mão-de-obra barata dos paí-
na sociedade capitalista. A temática esboçada será abordada nos
ses subdesenvolvidos. Sendo de tal modo, pode-se afirmar que o
tópicos que compõe o artigo “Esporte de rendimento: propaganda
esporte assume função de colaborar com o sistema capitalista. As
e ideologia burguesa” e “Eventos esportivos e o interesse dos regi-
“oligarquias esportivas” não escondem sua cooperação com gru-
mes políticos: a busca por ofuscar o senso crítico”, posteriormente
expõe-se o esforço de análise e síntese realizado nas considerações pos de interesses que transformaram a atividade esportiva em um
finais. negócio dominado pela busca da rentabilidade (Brohm). Diante
disso, os patrocínios a equipes e torneios esportivos cresceram,
Esporte de rendimento: propaganda e ideologia burguesa quando as empresas perceberam que era mais barato e eficaz, as-
sociar suas marcas as grandes emoções dos eventos competitivos
Em tempos de abertura e globalização econômica, o esporte (Proni).
está se transformando num gigantesco fenômeno social, político e
financeiro, cada vez mais presente no cotidiano da população. Não Esportes Adaptados
é equivocada a declaração de que o esporte é um dos fenômenos
mais expressivos da atualidade (Bracht). O fenômeno esportivo A realidade de grande parte dos portadores de necessidades
tomou a cultura corporal, como expressão hegemônica, ou seja, a educativas especiais no Brasil e no mundo revela poucas oportuni-
cultura corporal esportivizou-se (Bracht). Assim, os princípios que dades para engajamento em atividades esportivas, seja com obje-
passaram a reger o esporte são o rendimento financeiro e os resul- tivo de movimentar-se, jogar ou praticar um esporte ou atividade
tados competitivos. Exemplos de suas manifestações são as trans- física regular. A prática de atividade física e/ou esportiva por por-
missões de jogos pela televisão, o espaço reservado aos programas tadores de algum tipo de deficiência, sendo esta visual, auditiva,
esportivos, o aumento do número de jornais e revistas especializa- mental ou física, pode proporcionar dentre todos os benefícios da
dos, a construção de praças esportivas e a proliferação de acade- prática regular de atividade física que são mundialmente conheci-
mias. Para Proni (1998), essa expansão que a mídia produziu ao dos, a oportunidade de testar seus limites e potencialidades, pre-
esporte ocasiona a expansão de bens de consumos ligada a cultural venir as enfermidades secundárias à sua deficiência e promover a
corporal: [...] ao longo do século XX, a difusão de hábitos esporti- integração social do indivíduo.
vos e a conformação de uma cultura de massa levaram à expansão As atividades físicas, esportivas ou de lazer propostas aos
do consumo de artefatos, equipamentos e serviços relacionados à portadores de deficiências físicas como os portadores de sequelas
prática esportiva, assim como transformaram os principais eventos de poliomielite, lesados medulares, lesados cerebrais, amputados,
esportivos em espetáculos altamente veiculados pela mídia. dentre outros, possui valores terapêutico evidenciado benefícios

Didatismo e Conhecimento 3
EDUCAÇÃO FÍSICA
tanto na esfera física quanto psíquica. Quanto ao físico, pode-se ser um agente fisioterapêutico atuando eficazmente na reabilitação
ressaltar ganhos de agilidade no manejo da cadeira de rodas, de social e psicologia do portador de deficiência, não devendo ser
equilíbrio dinâmico ou estático, de força muscular, de coordena- considerada apenas como uma atividade recreativa. Os jogos pa-
ção, coordenação motora, dissociação de cinturas, de resistência raolímpicos aconteceram oficialmente em 1960 em Roma, sendo
física; enfim, o favorecimento de sua readaptação ou adaptação instituída pela Organização Internacional de Esportes a realiza-
física global. Na esfera psíquica, podemos observar ganhos varia- ção dos Jogos Paraolímpicos após a realização das Olimpíadas.
dos, como a melhora da autoestima, integração social, redução da Enfatizamos que o esporte adaptado deve ser considerado
agressividade, dentre outros benefícios. como uma alternativa lúdica e mais prazerosa, sendo este parte
A escolha de uma modalidade esportiva pode depender em do processo de reabilitação das pessoas portadoras de deficiên-
grande parte das oportunidades que são oferecidas aos portadores cias físicas. A ACMS relata que um programa de atividades fí-
de deficiência física, da sua condição socioeconômica, das suas sicas para os portadores de deficiência física devem observar a
limitações e potencialidades, das suas preferências esportivas, fa- princípio se a adaptação dos esportes ou atividades mantendo os
cilidade nos meios de locomoção e transporte, de materiais e locais mesmos objetivos e vantagens da atividade e dos esportes con-
adequados, do estímulo e respaldo familiar, de profissionais pre- vencionais, ou seja, aumentar a resistência cardiorrespiratória, a
parados para atendê-los, dentre outros fatores. Diversos autores, e força, a resistência muscular, a flexibilidade, etc. Posteriormente,
ressaltam que os objetivos estabelecidos para as atividades físicas observar se esta atividade possui um caráter terapêutico, auxi-
ou esportivas para portadores deficiência, seja esta física mental, liando efetivamente no processo de reabilitação destas pessoas.
auditiva ou individual devem considerar e respeitar as limitações Outro ponto a considerar na elaboração de atividades para os por-
e potencialidades individuais do aluno, adequando as atividades tadores de necessidades educativas especiais, em destaque aqui o
propostas a estes fatores, bem como englobar objetivos, dentre portador de deficiência física, é a necessidade de adaptação dos
outros: materiais e equipamento, bem como a adaptação do local onde
Melhoria e desenvolvimento de autoestima, autovalorização esta atividade será realizada.
e autoimagem; o estímulo à independência e autonomia; a sociali- A redefinição dos objetivos do jogo, do esporte ou da ativi-
zação com outros grupos; a experiência com suas possibilidades, dade se faz necessário, para melhor adequar estes objetivos às
potencialidades e limitações; a vivência de situações de sucesso necessidades do processo de reabilitação. Assim como reduzir ou
e superação de situações de frustração; a melhoria das condições aumentar o tempo de duração das atividades, mas sempre com a
organo-funcional (aparelhos circulatório, respiratório, digestivo, preocupação de manter os objetivos iniciais atingíveis. A realiza-
reprodutor e excretor); melhoria na força e resistência muscular ção de atividades físicas, esportivas e de lazer com deficientes,
global; ganho de velocidade; aprimoramento da coordenação mo- tem que respeitar todas as normas de segurança, evitando novos
tora global e ritmo; melhora no equilíbrio estático e dinâmico; a acidentes, deve-se estar atento a todos os tipos de movimentos a
possibilidade de acesso à prática do esporte como lazer, reabilita- serem realizados, auxiliar o deficiente sempre que necessário, e
ção e competição; prevenção de deficiências secundárias; promo- estimular sempre o desenvolvimento da sua potencialidade.
ver e encorajar o movimento; motivação para atividades futuras;
manutenção e promoção da saúde e condição física desenvolvi- Dimensão Social e Ética do Esporte
mento de habilidades motoras e funcionais para melhor realização
das atividades de vida diária desenvolvimento da capacidade de Com o intuito de contribuir com o debate acerca do espor-
resolução de problemas. te para crianças e jovens, o presente ensaio está delimitado ao
Os jogos organizados sobre cadeira de rodas forma conheci- pensamento pedagógico e, porque não dizer, epistemológico em
dos após a Segunda Guerra Mundial, onde esta tragédia na história educação física, e suas relações com as práticas esportivas. En-
da humanidade fez com que muitos dos soldados que combateram tendemos por pensamento pedagógico em educação física a área
nas frentes de batalha voltassem aos seus países com sequelas per- do conhecimento (pedagogia do esporte) que tem como objeti-
manentes. Porem este evento, terrível, proporcional ao portador vo analisar e compreender as diferentes formas esportivas, ocu-
de deficiência, melhores condições de vida, pois o deficiente pós- pando-se dos fenômenos do jogo, do treino, da competição e da
-guerra eram heróis e tinham o respeito da população por isto, bem aprendizagem; ao mesmo tempo, esta pedagogia do esporte tem
como uma preocupação governamental. O pós-guerra, de acordo como compromisso refletir sobre o sentido do esporte enquanto
com Assumpção, criou uma situação emergencial, onde a constru- prática educadora e formadora da condição e conduta humana.
ção de centros de reabilitação e treinamento vocacional, em todo Não há dúvidas de que o esporte é um fenômeno social e cultural
o mundo foi extremamente necessária. Os programas de reabili- de grande relevância em nossa sociedade contemporânea. Cada
tação destes diferentes centros perceberam que os esportes eram vez mais é possível observar diferentes grupos sociais pratican-
um importante auxiliar na reabilitação dos veteranos de guerra que do uma modalidade esportiva, seja nas escolas, nos parques, nos
adquiriram algum tipo de deficiência. clubes ou nas ruas. Tal é a importância do esporte para a socie-
As atividades desportivas foram introduzidas em programas dade enquanto fenômeno social que a prática esportiva hoje é
de reabilitação pelo Dr. Ludwig Guttmann no Centro de Reabili- comum em todo mundo, tornando-se, fazendo uso das palavras
tação de Stoke Mandeville no ano de 1944, como parte essencial de Valter Bracht, a expressão hegemônica no âmbito da cultura
no tratamento médico de lesados medulares, auxiliando na restau- corporal de movimento. Hoje ele é, em praticamente todas as
ração e manutenção da atividade mental e na autoconfiança. Con- sociedades, uma das práticas que reúne a unanimidade quanto à
cordando com o Dr. Guttmann, Sarrias, ressalta que o esporte pode sua legitimidade social.

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Num período em que a sociedade e a cultura contemporâ- te tornou-se, assim, um grande meio desta cultura do tempo livre, e
nea caracterizam-se pela transitoriedade, pela aleatoriedade, isto o que fez com que o modelo tradicional caracterizado, em primeiro
é, pela randomização1 dos saberes e das práticas - sejam estas lugar, pelo treino e competição (e inspirado no trabalho) começas-
corporais ou de movimento -, o pluralismo e o verdadeiro rela- se a dar lugar a outros valores, ligados a uma forte acentuação de
tivismo axiológico o qual nos encontramos caracteriza, por assim comportamentos hedonistas, já que os valores tradicionais não são
dizer, a nossa sociedade. Desta forma, assim como na educação, mais suficientes para tratar de todas as necessidades e exigências
no esporte o estudo dos valores sociais e morais também se fazem do contexto atual.
necessário e, porque não dizer, indispensável. O esporte é plural. Plural aos motivos, sentidos, formas e
Bem sabemos há uma nova orientação, na qual as áreas que se intenções dos sujeitos que o praticam, caminhando junto com os
relacionam com o movimento humano não podem estar de fora do valores das sociedades contemporâneas, uma vez que as mesmas
contexto social, político, econômico, cultural e humanitário. Para se caracterizam pela acentuação e valorização do sujeito e de suas
tanto, devemos compreender quais valores buscamos e queremos necessidades. Em particular, pensamos ser importante, fazendo
para nós mesmos, assim como, que valores devem reger o desen- uso das palavras de Queirós que quando nos referirmos ao enqua-
volvimento do esporte na atual conjuntura social. Não obstante, o dramento axiológico do esporte para crianças e jovens, perceber
homem se desenvolve sob a influência de uma ordem de valores, quais os motivos e valores que servem de referência orientado-
sendo assim, podemos pensar que se todo e qualquer processo de ra daqueles que o praticam, percebendo até que ponto o modelo
formação do ser humano visar o aperfeiçoamento ou o desenvol- de esporte atual baseado no rendimento, na competição se ajusta
vimento pleno, não somente de crianças e jovens, mas também da às novas sensibilidades e expectativas dos praticantes esportivos.
sociedade como um todo, então o esporte enquanto atividade so- Não obstante, na era moderna o esporte apresenta-se como uma
cial, desenvolvido à luz de princípios e referenciado por objetivos, pedagogia voltada para o prazer, para a busca da forma física; o es-
também se vê pautado por um quadro de valores, de mensagens e porte assume novas características para a cultura, refletindo numa
de comunicações que são indispensáveis à formação humana. ampla pluralização de sentidos e significados. Fato, este, que pode
Considerando que estamos perante uma sociedade em que há ser percebido com o surgimento de novas formas de práticas es-
uma crise de valores sociais, os quais nos conduzem, muitas vezes, portivas como, por exemplo, os esportes radicais.
a uma situação de incerteza e de insegurança social, especialmente Assistimos, portanto, a uma (re) valorização dos espaços de
entre os jovens que necessitam de um novo rumo no caminho da lazer. Há uma procura por novos estilos de vida, pelo prazer da
valorização e da inclusão social, algumas perguntas se fazem ne- prática esportiva, em que a busca pelo novo, o excitante e o risco
cessárias: Como fazer do esporte e de sua prática um meio capaz são uma constante. Hoje em dia os esportes caracterizam-se pela
de (re)orientar nossas crianças e jovens na busca por um desen- diversidade, não havendo espaço para discursos unificadores tam-
volvimento humano eficaz? Qual o valor (sentidos e significados) pouco comporta afirmações como as que encontramos escrita em
do esporte em nossa sociedade contemporânea? Assim sendo, no dicionário autorizado: ‘esporte é um substantivo que não faz falta
intuito de problematizar as questões anteriormente levantadas, a traduzir, pois se entende perfeitamente tanto na Austrália como no
proposição deste ensaio é atingir alguns objetivos, quais sejam: Alaska e como na Patagônia.
a) argumentar em defesa de uma compreensão teórico-episte- Ao buscarmos inter-relacionar a pedagogia do esporte com o
mológica mais complexa do esporte, contrapondo as visões sim- pensamento complexo, e suas implicações para o desenvolvimento
plistas e reducionistas de ensinar e pensar esporte para crianças e da conduta humana de crianças e jovens, a intenção é mostrar o
jovens; esporte como um fenômeno complexo, uma vez que o mesmo tem-
b) discutir que valores devem reger o desenvolvimento do es- -se constituído num elemento atraente da cultura, angariando um
porte na atual conjuntura social, refletindo sobre o papel que o número cada vez maior de adeptos no mundo, estando presente na
esporte deve representar na construção de novos valores morais e vida de diversas pessoas. Para termos uma ideia da dimensão so-
éticos e, por fim; cial alcançada pelo esporte, basta dizermos que hoje existem mais
c) realizar alguns apontamentos a respeito de uma pedagogia países filiados ao Comitê Olímpico Internacional (COI) e à Fede-
do esporte mais complexa. ração Internacional de Futebol Amador (FIFA) do que à Organiza-
ção das Nações Unidas (ONU). Apesar disso, ao longo da história
Resultado de um processo sucessivo de acontecimentos, a so- da educação física brasileira até os dias de hoje, a pedagogia do
ciedade contemporânea altera-se rapidamente. O projeto da mo- esporte, em grande parte, pouco se preocupou em educar conside-
dernidade e seus valores esgotaram-se e deixaram de conseguir rando, e até mesmo respeitando, a complexidade das pessoas e dos
dar resposta às exigências de uma sociedade que se afirma cada fenômenos sociais que as cercam.
vez mais complexa. Para Boaventura de Sousa Santos, toda esta si- Dessa forma, o que pretendemos é discutir uma pedagogia do
tuação se deve ao processo de transição e transformação pelo qual esporte para criança e o jovem que não esteja fundamentada numa
estamos passando em nossa sociedade. Segundo Sousa Santos, a visão ou paradigma3 que chamamos linear. Uma visão teórico-
modernidade não conseguiu dar conta dos fenômenos e de todas -linear é sempre uma visão reducionista, simplista de ver o mundo
as expectativas e avanços que ocorreram no âmbito cientifico e so- e os fenômenos que o cerca, sejam estes de natureza social ou não.
cial. Os valores pós-materialistas são mais humanos, menos orien- Esta visão de mundo - comumente chamada de cartesiana - assen-
tados pelo futuro, mais ligados ao presente e por isso expressam, ta-se no velho princípio que busca disjuntar, simplificar, reduzir
de um lado, “a diminuição de importância de outros valores tais todo o problema em tantas partes quanto forem possíveis sem po-
como disciplina, subordinação, rendimento e, por outro lado, um der comunicar aquilo que está junto, isto é, sem poder entender
aumento de importância de valores tais como autodeterminação, o todo, o contexto ou a complexidade dos fenômenos de nossa
autonomia, comunicação, fruição da vida e criatividade”. O espor- sociedade. De outro lado, consideramos importante pensar uma

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pedagogia em esporte que tenha por base o paradigma da com- O trato com o corpo do ser humano ao longo da história oci-
plexidade, ou seja, um pensamento complexo que procure mostrar dental, alicerçado na ciência moderna pelo mecânico, foi sendo
que os fenômenos não podem ser compreendidos por meio da aná- construído a partir da ideia de homem-máquina, aquele que po-
lise, da fragmentação, mas sim, que os fenômenos complexos só deria ser manipulado, adestrado, disciplinado, em última análise,
podem ser entendidos dentro de um contexto maior (reconhecendo para o aparecimento de um corpo dócil, cumpridor de ordens,
que o todo é maior que a soma das partes). Por outras palavras, os visando à manutenção do já estabelecido e da permanência do
fenômenos só podem ser compreendidos por um sistema de pensa- poder e dos poderosos. O corpo humano, ao ser comparado com
mento aberto e flexível. uma máquina, recebe uma educação que o considera apenas em
Não obstante, com o intuito de confrontar a visão linear e re- seu aspecto mecânico, sem vontade própria, sem desejos e sem
ducionista que permeia, por assim dizer, a educação física em geral o reconhecimento da intencionalidade do movimento humano, o
e a pedagogia do esporte em particular no que concerne o ensino qual é explicado através da mera reação a estímulos externos, sem
do esporte para crianças e jovens, a proposição desta reflexão é qualquer relação com a subjetividade. O pensamento de Descar-
contribuir para uma pedagogia do esporte que corrobore o proces- tes, fundado no exercício do controle e no domínio da natureza,
so de desenvolvimento humano, à luz do paradigma complexo. influencia a educação através da racionalização das práticas corpo-
A temática da complexidade (muito em voga no meio acadê- rais6. Ao ter como princípios a utilidade e a eficiência, buscou-se a
mico) ganha referência teórica no final do século XIX e início do padronização dos corpos.
século XX, fato este que se deveu a partir das inúmeras transfor- Tal fato resulta o que vemos atualmente em nossa educação
mações nas ciências naturais e matemáticas operadas nas primei- em geral e em particular no ensino da educação física e do esporte,
ras décadas do século XX e que, entre outras mudanças, colocaram um distanciamento entre a aprendizagem e as possibilidades de ex-
em dúvida o estatuto epistemológico e ontológico da física newto- periências sensíveis com relação a sua prática, fato este explicado
niana, à qual se ligavam as ideias de universo determinista, redu- pelo desejo de querer um mundo durável de uma razão e raciona-
ções a causas últimas, mecanismo e reversibilidade. Expressões, lização que quantifica, mede e que considera os sentidos como en-
estas, úteis para se entender o conceito de complexidade anterior ganadores. É assim, hegemonicamente centrada na racionalização,
ao que conhecemos hoje e o porquê do fascínio que as matemáti- que se ensina na maioria de nossas escolas. Ainda nos deparamos,
na prática pedagógica em educação física, com métodos reducio-
cas exerciam. Assim, com o filósofo Descartes a ciência viveu seu
nistas e mecanicistas de pensar e ensinar esporte. Métodos, estes,
momento de expansão e descobertas, passando de uma noção de
excludentes que se caracterizam por uma preocupação excessiva
mundo espiritual para uma noção de mundo como uma máquina
no desenvolvimento das habilidades físicas e motoras dos alunos -
perfeita. Descartes acreditava na possibilidade de conhecer e de
na busca pelos mais “aptos” ao esporte. Problema, este, que pode
chegar a verdades absolutas a partir do uso da razão. Na busca de
ser explicado pelo fato de nem sempre terem elegido uma pedago-
uma matemática universal ele argumentava pela progressão de ter-
gia que se preocupasse em educar considerando a complexidade
mos superiores através da informação dos anteriores, como se tudo
do educando e do próprio ato de se educar.
pudesse, de alguma forma, ser derivado de causas primeiras, isto Cabe aqui um pequeno parêntese, qual seja: não estamos
é, produzir efeitos pondo em ação causas adequadas. Para Des- querendo, de maneira alguma, abolir a competição entre os que
cartes, o Universo - aqui se inclui os seres vivos (sistemas vivos) praticam esporte, pelo contrário, sabendo dosar, a competição é
- era como uma máquina. “Este Universo, ademais, é ordenado e extremamente sadia entre crianças e jovens. Portanto, quando afir-
harmônico, existe uma ideia de totalidade que pôde, após Newton, ma que “o esporte é, independentemente da esfera que se mani-
ser descrita por leis elegantes e simples”. Neste sentido, a natureza feste, educacional”. Santana está se referindo ao fato de muitos
funcionava de acordo com leis mecânicas e tudo no mundo ma- autores não considerarem o caráter educacional que está arraigado
terial podia ser explicado em função da organização e através da na prática do esporte de rendimento ou espetáculo. Para o autor, a
análise de suas partes. educação, de modo geral, possui caráter permanente, sendo assim,
Em suma, o que se configurou a partir daí foi uma visão de não é possível escaparmos dela ao se fazer, por exemplo, um deter-
mundo que se sustentava em premissas como: a ordem das coisas, minado esporte - de participação, de lazer, educação, espetáculo,
a legislação universal, a matemática, a máquina, o determinismo. telespetáculo -, independente da divisão ou da conceituação que
Com efeito, este modo de compreender o Universo vai exercer queiram dar a ele.
forte influência em outros campos do conhecimento (Biologia, Em particular, o grande problema a nosso ver, está na visão
Filosofia, Física, Sociologia) e, mais tarde, como veremos, na de desenvolvimento da criança que enfatiza simplesmente o me-
própria educação física, devido em parte, às conquistas da revolu- cânico, o rendimento, o alto nível. Com efeito, esta visão redu-
ção científica que se finalizavam no século XVII com a mecânica cionista e racionalista acaba conduzindo, de acordo com Moreira,
newtoniana e suas leis do movimento. De certa forma, as ciências Pellegrinotti e Borin a uma política de manipulação de gestos, de
humanas e as ciências biológicas se tornariam contribuintes de tais comportamentos, de corpos exercitados e dóceis, ou às vezes de
empreendimentos, que acabaram reconfigurando a visão de mundo corpos em situação de relações violentas, exacerbando o sentido
de uma época. Este princípio cartesiano-mecanicista tornou-se o de competição, desprezando, por assim dizer, outras dimensões
paradigma dominante da ciência moderna, passando a orientar a do fazer humano como, por exemplo, a afetividade, a moralida-
observação científica e a formulação de todas as teorias dos fenô- de, a ética, o respeito, a sociabilidade, o prazer pela prática. Ou
menos naturais e sociais. Senão, vejamos, por exemplo, o modo seja, uma visão simplista de que o movimento nada mais é que um
como foi sendo construída a visão de corpo do ser humano ao lon- comportamento, um gesto motor, onde o corpo é tido apenas como
go da história. Visão, esta, que teve e, porque não dizer, ainda tem uma “máquina perfeita”, constituído por músculos, ossos, órgãos e
forte influência na maneira como pensamos e vemos a prática em tecidos, esquecendo-se, no entanto, que este mesmo corpo possui
educação física e esporte. alma, emoções e sentimentos.

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Apesar disso, a educação física em geral e o esporte em par- do paradigma linear, tendo em vista que esta aparente fragmen-
ticular sempre pretenderam e, ainda pretendem, em alguns casos tação e redução do fenômeno é uma característica perceptível na
educar as pessoas a partir de um paradigma reducionista: ou para pedagogia do esporte, o que acaba dificultando o estabelecimento
que sejam mais saudáveis, ou para que sejam mais bem preparadas de ações, uma vez que se diminuem as potencialidades específicas
para um determinado fim, ou para desenvolver capacidades físi- que o esporte encerra para corresponder às necessidades de for-
cas, ou para competirem, ou para se tornarem atletas olímpicos. mação, educação, desenvolvimento e configuração da identidade e
Não que essas coisas não tenham relevância, mas não podem ser autoconceito dos adolescentes.
vistas de forma isolada, imperativa e, sobretudo, disjunta de neces- A preocupação exposta acima por Bento ganha força nas pa-
sidades e possibilidades da maior parte das pessoas. Não obstante, lavras de Santana quando afirma que em se tratando da iniciação
podemos dizer que essa maneira de pensar esporte-reducionista esportiva de uma criança - não importando a qual modalidade es-
encontra lugar em muitos professores de educação física. Pode- teja inserida - os objetivos em geral já estão estabelecidos, pré-de-
ríamos supor até mesmo que esta forma de ver e pensar a prática terminados, uma vez que a criança deve ser selecionada e educada
esportiva vem do fato de que muitos pedagogos em esporte desco- num tipo de esporte ao longo de temporadas, a fim de passar por
nhecem a real complexidade dos fenômenos ser humano e esporte. diferentes momentos do treinamento, aprender a competir, a con-
Ao longo da história da educação física brasileira nem sempre quistar as vitórias e a superar os obstáculos que a transformarão no
se elegeu uma pedagogia que se preocupasse em educar conside- ideal de atleta pretendido é muito pouco resumir a pedagogia do
rando a complexidade a pedagogia do esporte educa as crianças esporte na infância ao cumprimento de etapas e premissas de um
mais para a consecução de metas de treinamento preestabelecidas treinamento que se preocupa com quem treina apenas com o obje-
e menos para a autonomia, a descoberta e a compreensão de si tivo exclusivo de uma preparação futura. Portanto, uma alternativa
mesmas, denunciando um desequilíbrio pedagógico entre o racio- para os dados que foram expostos anteriormente seria pensarmos
nal e o sensível. Em face do que foi exposto acima, escrever acerca o ensino e aprendizagem do esporte a partir de uma visão comple-
do esporte para crianças e jovens demanda, conforme, Moreira, xa, sistêmica (holística). Para Capra, o pensamento sistêmico e/
Pellegrinotti e Borin, uma análise pormenorizada dos fenômenos ou complexo tem mostrado que não há espaço para se pensar os
ser humano e esporte, pois só poderemos conceber uma prática fenômenos de maneira linear, ou seja, os fenômenos não podem
esportiva a partir do sujeito que pratica esporte. Para tanto, temos ser compreendidos por meio do reducionismo e do determinismo.
que colocar em evidência os dois fenômenos, tendo o cuidado de Em resumo, tomando como exemplo a questão do esporte,
nunca justificar o esporte por si mesmo, como uma entidade autô- este não pode se resumir a uma pedagogia que apenas se preocupa
noma e não dependente do fazer humano. com o treinamento, objetivando apenas a preparação de futuros
Ao tratarmos do esporte para crianças e jovens o que vemos, atletas. Como um fenômeno complexo, o esporte deve ser entendi-
de modo geral, é uma pedagogia que tem por fundamento o des- do dentro de um contexto maior que englobe um sistema de pen-
prezo pelo desenvolvimento das dimensões sensíveis, tais como, samento mais abrangente, pois os fenômenos biológicos e sociais
a moralidade, a sociabilidade, a afetividade; em face, privilegia a apresentam um número incalculável de interações, uma fabulosa
dimensão racional e quantitativa. Além disso, esta pedagogia sim- mistura que não poderia ser calculada nem pela mais potente das
plista e reducionista tem a tendência em eleger um tipo ideal de máquinas. Desse modo, um desafio que se impõe aos professores
atleta que acaba sendo seguido ou mesmo perseguido por aquela e futuros profissionais em educação física, está em fazer com que
criança ou adolescente que está iniciando num determinado es- as crianças e adolescentes tenham acesso a uma prática esporti-
porte. No esporte, assim como na educação, o desenvolvimento va, que a pratiquem da melhor maneira possível, que aprendam e,
dos valores (sociais, morais e éticos) também se faz importante sobretudo, aprendam a gostar desse esporte. O esporte mudou e
e necessário quando o que está em jogo é a formação humana de hoje o que as pessoas procuram é uma prática esportiva que não se
nossas crianças. Numa época de profundas mudanças, em que há resuma aos conceitos antigos nem se balize pura e simplesmente
um pluralismo de ideias e de culturas, as crianças e os jovens care- no rendimento e no espetáculo.
cem de encontrar na prática esportiva, um modelo de esporte que No quadro dos altos e baixos de nossa sociedade contempo-
respeite a sua identidade, suas diferenças e seus limites, dizemos rânea vivemos hoje em tempos de mudanças. Um tempo definido
isto, pois um problema que temos observado na prática profissio- pela busca e experimentação de atividades novas que se expres-
nal é a tendência [errônea] em se reduzir o esporte à competição e sam em diferentes domínios de nossa vida e que geram um nível
ao rendimento. alto de possibilidades de ações e sensações. Estes tempos que nos
Para Santana, essa “maneira racional de pensar alimenta a referimos são tempos de: sentir, experimentar, explorar; viver as
falsa crença de que o esporte obedece a um processo linear de enormes possibilidades, auto-realizantes, divertidas, enriquecedo-
desenvolvimento com começo, meio e fim”. O autor acrescenta ras e saudáveis que invadem todos os domínios da nossa vida, tais
que se estabelece, a priori, uma gênese em que o final da linha é como, a escola, o lazer, o esporte, as festas populares, etc. Vivemos
o ideal de atleta pretendido. Logo, às crianças basta perpassarem num período em que a sociedade mundial caracteriza-se pelo plu-
as diferentes etapas de treinamento [processual] e submeterem-se ralismo de ideias, pela complexidade das práticas e dos saberes.
às suas exigências. O fato é que esse tipo de pedagogia tende a Mas o que vem a ser complexidade? Para Morin e Le Moig-
eleger princípios e procedimentos de ensino reducionistas. Segun- ne, a complexidade é uma palavra-problema e não uma palavra-
do Capra, para o pensamento cartesiano, linear, todo o fenômeno -solução; a complexidade desafia, não dá respostas. A dificuldade
posto no mundo tem que ser analisado, processado a partir das em conceber este pensamento complexo está no fato de que ele
propriedades de suas partes, do conhecimento do mais simples até (pensamento complexo) deve enfrentar o emaranhado, a contradi-
o conhecimento do mais complexo. De certo modo, tal forma de ção e, porque não dizer, a solidariedade dos fenômenos entre eles.
pensar o fenômeno esporte não é diferente da maneira de pensar Independentemente das definições propostas a respeito da comple-

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xidade, ela surpreende pela sua irrealidade, isto é, pela irreversibi- Dessa forma, cabe aos professores de educação física criar
lidade de seu conteúdo, por sua dificuldade de entendimento, por condições para que o esporte seja assumido como um valor de re-
não possuir um sentido concreto. Com efeito, difere da complica- ferência na formação de crianças e jovens. Em particular, devemos
ção, com a qual ela é confundida, por preguiça intelectual ou por enquanto professores e pedagogos em esporte lutar contra uma pe-
galanteria retórica, que se caracteriza facilmente por sua visibilida- dagogia que está mais preocupada em cumprir metas e etapas de
de. A complexidade está para a complicação do mesmo modo que treinamento, estabelecendo um tipo idealizado de modelo de atleta
a entropia está para a energia: uma espécie de avaliação do ‘valor que deve ser seguido milimetricamente. Em face, acreditamos ser
de mercadoria’, definida pelo observador, de um lingote de mistu- importante visualizarmos e implementarmos uma pedagogia mais
ra metálica, com determinado peso e imposto a este observador. complexa que respeite a vontade e os hábitos esportivos de cada
O ‘muito complicado’ pode não ser ‘muito complexo’ e o muito criança para, assim, irmos ao encontro de um “novo esporte”, mais
simples (o grão da matéria!) pode ser dado como muito complexo. educativo e responsável. Não obstante, para alterarmos o quadro
Quando pensamos no esporte para crianças e jovens não há descrito no item anterior, é preciso entendermos que qualquer que
como dissociá-lo das ideias acima expostas, tendo em vista que seja a modalidade esportiva que o cidadão venha a optar, como fa-
o esporte em si é permeado de unidades, de relações entre estas tor de saúde, de prazer ou mesmo na busca de resultados, este deve
unidades, de significados, de incertezas, não podendo, portanto, merecer uma atenção redobrada de profissionais formados e, ao
ser resumido a uma ideia simples ou a uma lei. Isto nos remete mesmo tempo, de uma formação de profissionais que desenvolvam
ao sistema esportivo centrado nos quadros competitivos, em que conhecimento e pesquisas no sentido de propiciar a esse sujeito os
a pedagogia do esporte fortemente influenciada pelo paradigma benefícios que ele espera da prática esportiva.
reducionista, busca e elege o tipo ideal de atleta, promovendo a Adentrando na questão da formação profissional em esporte,
fragmentação, a exclusão e a seleção esportiva como forma de se acreditamos serem importantes algumas considerações de cunho
chegar às seleções futuras. É preciso, pois, pensar num esporte teórico-epistemológico quando o que está em jogo é a formação e
para todos e não num esporte que seja privilégio apenas dos mais o desenvolvimento de nossas crianças. Com relação ao trabalho in-
dotados. terdisciplinar, Moreira, Pellegrinotti e Borin salientam que a base
Francisco Homem salienta que o grande problema está na epistemológica pode ser conseguida por meio da teoria da com-
crença errônea de muitos profissionais em educação física de que plexidade, pois para os autores o profissional em esporte deve ser
o esporte é somente para quem tem talento. Tal fato, segundo San- um educador na sua relação com os seus alunos e um pesquisador
tana, nos remete a pensar no número de crianças e adolescentes dos elementos que, por assim dizer, constituem a complexidade do
que se submetem a este tipo de pedagogia; uma pedagogia que fenômeno esportivo.
elege o rendimento, as vitórias e a competição como o maior ob- Sendo assim, é correto afirmar, como havíamos salientado no
jetivo. O pensamento complexo configura-se numa nova visão de início deste ensaio, que o professor ou pedagogo em esporte é um
mundo, que aceita e procura compreender as mudanças constantes educador e, por ser um educador a pedagogia terá uma partici-
do real e não pretende negar a multiplicidade, a aleatoriedade e a pação decisiva na facilitação de conhecimentos, de valores e no
incerteza dos fenômenos, mas sim, conviver com elas. Este pensa- saber-fazer e no saber-compreender as atividades e os pressupos-
mento tem-se revelado contextual - uma vez que, procura explicar tos ligados ao esporte, tanto para crianças quanto para jovens e
os fenômenos considerando o seu contexto, a sua totalidade e a sua adultos. O esporte enquanto fenômeno cultural e social apresenta-
interatividade -, sendo utilizado por teóricos de diferentes áreas -se numa complexidade organizacional, onde o todo e as partes se
do conhecimento (professores, cientistas sociais, pedagogos do inter-relacionam. Isto significa dizer que o esporte é formado pelo
esporte, técnicos, psicólogos, etc.) que buscam dar conta de uma tecido da complexidade, o qual é composto de diferentes variáveis
complexidade teórico-científica sempre crescente. que, por sua vez, geram outras variáveis - num espaço de tempo o
Contudo, é importante dizermos que não se trata, de acordo qual não podemos determinar - que se inter-relacionam e que não
com Morin, de retomar a ambição do pensamento reducionista podem ser explicadas por uma matriz reducionista, mas sim, por
que é a de controlar e dominar o real. A intenção do pensamento uma matriz complexa.
complexo não é a de controlar o caos aparente dos fenômenos, Outrossim, a complexidade traz em seu seio o desconhecido,
mas sim, trata-se de exercer um pensamento capaz de lidar com o misterioso. A complexidade nos torna sensível a enxergar as evi-
o real. Para tanto, deve-se ter em mente que a complexidade não dências, antes imperceptíveis, isto é, a impossibilidade de expulsar
vem em substituição da simplicidade, a complexidade surge onde a incerteza do conhecimento. O problema da complexidade não
o pensamento simplificador é ineficiente, ou seja, na explicação de é o de colocar a incerteza entre parênteses ou de fechar-se para
fenômenos complexos. um ceticismo generalizado, mas o de integrar profundamente a
Cada vez mais, as pessoas procuram uma prática esportiva incerteza no conhecimento e o conhecimento na incerteza, para
que não se resuma ao modelo tradicional de esporte. Atualmente, compreender a natureza da natureza. Com efeito, a educação física
as pessoas buscam uma modalidade esportiva que lhes proporcio- e a pedagogia do esporte como um todo não devem se preocupar
nem o contato com a natureza, o espírito de aventura, o prazer, apenas em ensinar as técnicas corretas do esporte; mas, serem uma
enriquecendo, por assim dizer, a vida quotidiana. A maioria dos área que torne seus alunos sujeitos autônomos e emancipados nas
estudos sobre o esporte já vem apontando para um sensível aumen- questões corporais, nos valores morais e éticos.
to da sua importância em termos qualitativos nas sociedades pós- Pensamos que o professor no trato com o esporte deve de-
-modernas, mostrando que o esporte vem se desenvolvendo como senvolver uma abordagem mais complexa que se preocupe com a
um sistema flexível, informal e não formal correspondente àquilo formação da criança e do adolescente, oportunizando novas expe-
que poderíamos considerar ser o esporte como um direito de todo riências, criando condições para que o esporte se assuma como um
o cidadão. valor de referência na saúde e no bem-estar de muitas crianças e

Didatismo e Conhecimento 8
EDUCAÇÃO FÍSICA
jovens. Em outros termos, uma pedagogia e um esporte que esteja Convivemos com mudanças contínuas, crises paradigmáticas,
voltado para o novo enquadramento axiológico de nossa sociedade ausência de valores morais e éticos, ou seja, vivemos e convive-
na participação de crianças e adolescentes, refletindo, sobretudo, mos com a instabilidade, com o indeterminismo. Num mundo que
uma elevada significação existencial para todos aqueles que nele se caracteriza, cada vez mais, pela complexidade podemos nos
participam ou virão a participar. Ou, como salienta Bento: “estou questionar que tipo de educação e de esporte deverá permear nossa
a pensar em tudo quanto nos perfaz por dentro e por fora, nos pen- sociedade complexa e de valores tão mutáveis.
samentos e atos, nos sentimentos e gestos, nos ideais e nas pala- Dessa forma, que contribuições caberiam ao esporte e à edu-
vras, nas emoções e reações. Estou a pensar no Homem-Todo, na cação física na formação humana de crianças e jovens? Podemos
pessoa de fora e na expressão da sua beleza e grandeza na pessoa dizer que o esporte e sua prática estão diretamente relacionados ao
de dentro”. homem e à sua necessidade de humanizar-se, tornando-se pleno
e intrinsecamente inserido na trajetória histórica e cultural de seu
Ou seja, uma visão de esporte que tenha como substrato o
povo. Atualmente são várias as manifestações de cultura corporal
paradigma da complexidade que outras áreas já reivindicam, e que
de movimento na contemporaneidade, todas elas aglutinando o
consiste numa visão sistêmica, ou seja, holística que consiga, atra-
exercício físico a uma prática socializante. Para Angelo Vargas, o
vés de um esforço de convergência e de coexistência, superar o esporte é uma instituição privilegiada em que o mito, a sociedade
passado (nem o negar ou ignorar) e incorporar toda a pluralidade e a própria humanidade se inscrevem de forma profunda, pois nele
e pluridimensionalidade do esporte dos tempos contemporâneos. estão inscritos a força e a técnica, o empenho e o desempenho, a
Dito isto, devemos procurar ver a complexidade não como um aventura e o risco, a inteligência e a intuição, o indivíduo e o gru-
conceito teórico, mas como um fato da vida. Por mais que ten- po, a sorte e o azar, o gênio e a equipe, a ética e a estética, a moral
temos, não conseguiremos reduzir essa multidimensionalidade a e o imoral resumindo: o desporto envolve o homem na plenitude
explicações simplistas, regras rígidas, fórmulas simplificadoras ou de sua individualidade e de ser social.
esquemas fechados de ideias. Neste sentido, o paradigma comple- Não é segredo para ninguém o papel primeiro que o esporte
xo resultará do conjunto de novas concepções, de novas visões, de representa o de propiciar a vivência do jogo, da comunicação, da
novas descobertas e de novas reflexões que vão se reunir. Estamos cooperação, da sociabilidade, da competição, etc. esporte e ho-
numa batalha incerta e não sabemos ainda quem será o vencedor. mem estão interligados, um depende do outro; assim sendo, po-
O pensamento complexo resulta da complementaridade das visões demos dizer que o esporte emerge de um campo absolutamente
de mundo linear e sistêmica; essa abrangência possibilita a elabo- constitutivo da essência humana: a necessidade fundamental de
ração de saberes e práticas que permitem buscar novas formas de estar ativo, de agir e de se movimentar livre de exigências e pres-
entender a complexidade dos sistemas naturais e de lidar com ele, crições, implicando a totalidade do homem (intelecto, emoções,
o que evidentemente inclui o ser humano e o esporte. sensações e motricidade). Hoje, há uma nova orientação, por assim
dizer, na qual as áreas que se relacionam com o movimento huma-
É sabido que vivemos numa sociedade complexa e caótica. A
no - incluindo o esporte - não podem estar isoladas de seu contex-
instituição família encontra-se, hoje, de «mãos atadas» que, somado
to social, cultural e humanístico. De acordo com Queirós, não se
ao desaparecimento da socialização primária, mergulha numa pode mais ignorar as mudanças que ocorrem no sistema social e
profunda crise de valores sociais. É neste ponto que entendemos no sistema tradicional do esporte, tendo em vista que o mesmo está
o papel decisivo do esporte, juntamente com a educação, na busca inserido em uma mudança de valores, tal como outros sistemas
por princípios e valores sociais, morais e éticos. É necessário, parciais da sociedade contemporânea. Para tanto, devemos buscar
portanto, buscarmos uma nova orientação a qual os valores do compreender quais os valores que regem o desenvolvimento do
esporte, do jogo e da brincadeira, não permaneçam apenas dentro esporte na atual conjuntura social; qual o seu paradigma norteador
das escolas ou dos clubes, mas que transitem para além. Dessa no processo de mudanças axiológicas as quais estamos vivendo
forma, cabe ao professor de Educação Física criar condições contemporaneamente.
para que o esporte seja assumido como um valor de referência na Os sistemas sociais, como um todo, e os diferentes sistemas
inclusão e no bem-estar, não apenas de crianças e jovens, como sociais em particular, desenvolvem-se a partir de uma ordem do-
também de adultos e idosos. minante de valores ou de diferentes valores ao longo de nossas
Outrossim, no esporte, assim como na educação, o desen- vidas; valores, estes, que derivam do tipo e das características co-
volvimento dos valores também se faz importante e necessário municacionais de cada agrupamento pertinente ao “sistema-mun-
quando o que está em jogo é a formação humana. É sabido que do”. Portanto, podemos pensar que se todo e qualquer processo de
o esporte apresenta um caráter normativo e prescritivo em suas formação do ser humano visa o aperfeiçoamento ou o desenvolvi-
práticas, onde existam responsabilidades e direitos, quer tratamos mento pleno, não somente das crianças e jovens, mas do grupo e da
sociedade como um todo, então, o esporte enquanto atividade so-
do esporte no setor da educação, da saúde, do lazer, da cultura ou
cial, desenvolvido à luz de princípios e referenciado por objetivos,
do rendimento.
também se vê pautado por um quadro de valores, de mensagens e
O esporte comporta e deve assumir seu estatuto cultural e
de comunicações que serão importantes para a prática pedagógica
as obrigações que esta circunstância lhe impõe, incluindo sua di- em educação física e esporte.
mensão de tempo e espaço. No mundo contemporâneo, diversos Em face do que foi exposto fica claro a necessidade de o pro-
fatores interferem, pressionam e geram expectativas e tensões na fessor ou pedagogo em esporte perceber e considerar o ser humano
vida social. De modo geral, tais fatores podem estar relacionados como um todo, não desprezando e nem negando a sua individuali-
aos problemas que decorrem do avanço científico e tecnológico de dade, as suas diferenças e, muito menos, a sua complexidade. De-
nosso tempo. vemos enquanto pedagogos em esporte enfatizar o esporte como

Didatismo e Conhecimento 9
EDUCAÇÃO FÍSICA
um projeto axiológico, embasado em valores que atingem o seu 2. “O jogo é necessário na vida humana” – São Tomás de
objetivo maior, qual seja, o de reforçar o seu caráter educativo e Aquino, 1856.
renovador no que tange, acima de tudo, ao esporte para crianças 3. “O jogo é um remédio e um repouso que se dá ao espírito,
e jovens. Portanto, uma das formas de se alcançar este objetivo é para relaxá-lo, restabelecer suas forças, junto com as do corpo.” –
pensarmos numa prática educativa do esporte orientada por um Nicolas Delamare, século XVIII.
viés inclusivo, que vise à promoção de atividades recreativas, 4. “O jogo é uma atividade espontânea oposta à atividade do
formativas e sociais. Uma prática que (re) construa valores, tais trabalho, o”. “É uma atividade que dá prazer.” “Caracteriza-se por
como: responsabilidade, respeito ao próximo, respeito às regras, um comportamento livre de conflito.” – Piaget.
desenvolvimento da personalidade, da tolerância, da integração e
convivialidade. E para que isso ocorra é preciso que o professor
Características dos Jogos
acredite na mudança, zele por uma coerência total entre suas ideias
e suas ações na prática educacional; busque conteúdos e uma me-
todologia de ensino dinâmica. Em suma, uma aprendizagem for- Jogos Sensoriais: São jogos destinados aos estímulos dos
mativa que faça do seu aluno um ser pensante, autônomo, criativo sentidos humanos. O cérebro tem papel fundamental no processo
e crítico. perceptivo dos alunos, pois os sistemas sensoriais se processam
Ainda em relação ao papel do professor e do próprio esporte nele. Trabalham também os sistemas sensoriais do tato, da audi-
na educação e formação pessoal de crianças e adolescentes, Ben- ção e da visão. Estes jogos estão sujeitos a alterações conforme o
to com propriedade acrescenta que: Ora o esporte é pedagógico e desenvolvimento dos alunos, faixa etária, disponibilidade de mate-
educativo quando proporciona oportunidades para colocar obstá- riais entre outros. Exemplo é telefone sem fio, a cabra-cega, onde o
culos, desafios e exigências, para se experimentar, observando re- sentido da audição é essencial.
gras e lidando corretamente com os outros; quando fomenta a pro-
cura de rendimento na competição e para isso se exercita, treina e Jogos Motores: São aqueles que exigem a participação de
reserva um pedaço da vida; quando cada um rende o mais que pode todo o corpo, mas dependem principalmente dos músculos e coor-
sem sentir que isso é uma obrigação imposta do exterior. É edu- denação dos movimentos. Um exemplo são os piques: pega, ban-
cativo quando não inspira vaidades vãs, mas funda uma moral do deira, etc.
esforço e do suor, quando socializa crianças e jovens num modelo Jogos de Raciocínio ou Intelectuais.
de pensamento e vida, assente no empenhamento e disponibilidade Como o próprio nome indica, desenvolvem o raciocínio. Eles
pessoais para a correção permanente do erro embora não seja uma dividem-se em:
panaceia, o esporte funciona como um polo que realça os valores
a) Os que contam exclusivamente com a sorte. Ex.: jogos com
da cidadania e do trabalho em equipe, ao mesmo tempo em que
dados
combate frontalmente fenômenos destrutivos que caracterizam a
nossa sociedade, Tais como droga, violência e criminalidade. So- b) Aqueles que contam com a perícia e a inteligência do joga-
bretudo porque ensina e comprova que todos podem fazer alguma dor. Ex.: xadrez
coisa por si próprios. c) Aqueles que há um misto dos dois. Ex.: Cartas, Palavras
Em suma, o esporte enquanto fenômeno social, rico em sen- cruzadas.
tidos e significados, não está “desobrigado de ser um campo de
educação. De ser um fator de qualificação da cidadania e da vida”, Obs.: Os jogos eletrônicos foram introduzidos no mercado de
como bem havíamos salientado ao longo deste ensaio. Não obs- entretenimento em 1971. O vídeo game tornou-se forte na indús-
tante, não podemos deixar de comentar e de fazer menção - afinal tria mundial, revitalizando a indústria do cinema como o modo de
foi um dos objetivos propostos - que a finalidade do esporte é a entretenimento mais rentável no mundo moderno.
de “irritar” (no sentido de provocar uma mudança), de corroborar,
de fazer o ser humano uma pessoa única, inseparável. Em outros Jogos Psíquicos ou de Representação: Exercícios das capa-
termos, a missão do esporte em nossa opinião é fazer perceber o cidades mais elevadas. São os jogos que promovem o desenvolvi-
homem enquanto sujeito e não como um simples objeto; é fazê- mento da capacidade de expressão através da linguagem corporal.
-lo dar-se conta de sua totalidade e complexidade (física, moral, É um jogo onde o jogador interpreta um personagem com narrativa
estética e espiritual). criado por ele mesmo.
Nesse jogo, utiliza a inteligência, a imaginação, o diálogo
para, em colaboração com os demais partícipes, buscar alternati-
JOGOS vas que procuram encontrar para o objetivo do jogo. O jogo é um
trabalho a ser resolvido cooperativamente, e isso é algo que fascina
o aluno. A proposta deste jogo é desenvolver a imaginação sem
Definições de Jogos competições, mais resolvendo em conjunto determinadas situa-
ções estabelecidas pelo professor. Exemplos: Jogar sério, conter o
1. “Jogos são atividades em que nos exercitamos brincando, riso, brincar de estátua, etc.
distraindo-nos, de maneira alegre e prazerosa, até mesmo sem per-
ceber. Praticados de modo despreocupado pelas pessoas, os jogos - Jogos Afetivos: Desenvolvimento dos sentimentos estáticos
permitem um descanso dos centros nervosos, contribuindo para ou experiências desagradáveis. Exemplos: Desenho, escultura,
diminuir qualquer tipo de tensão”. música, etc.

Didatismo e Conhecimento 10
EDUCAÇÃO FÍSICA
- Jogo Recreativo: São jogos que tem por objetivo recrear ou distrair através de atividades de integração que também desenvolvam
os conteúdos de formação cognitivas, motoras e de lazer. Através dos Jogos Recreativos são integradas as necessidade sociais e bio-psico-
-fisiológicas, proporcionando a sua integração ao meio ambiente e desenvolvendo a sua socialização. Quando, durante um jogo, as pessoas
apenas se divertem.

- Jogo Pré-Desportivo: E quando não apenas se divertem, mas também preparam para um desporto. Alguns jogos pré-desportivos são:
- Queimado: serve de preparação para o Handebol.
- Basquetebol gigante: serve de preparação par o basquetebol, ensinando alguns de seus princípios básicos.
- Peteca: é uma preparação para o voleibol. Praticando este jogo as pessoas tornam seus reflexos mais rápidos, o que é de grande im-
portância nesse desporto.
- Pula-sela: é uma preparação para a Ginástica Olímpica ou Artística. Através deste jogo, os alunos preparam-se para o salto sobre o
plinto e mais tarde, os saltos sobre o cavalo sem alças.

De acordo com a maneira de jogar: Um dos temas palpitantes da prática educacional, hoje em dia, é a dos Jogos Cooperativos e
Jogos Competitivos. Há muito que os jogos estão presentes nas atividades educacionais, mas a maioria dos jogos tradicionais no Ocidente
são competitivos. O aumento da conscientização da necessidade de incentivar e desenvolver o espírito de cooperação, de participação numa
comunidade, vem transformando profundamente o estilo de se trabalhar em grupo. A própria capacidade cooperativa é um quesito valori-
zado na hora de conseguir emprego, porque as pessoas estão descobrindo que não dá para ir muito longe sozinha. Antigamente, as grandes
invenções eram atribuídas a uma pessoa. Foi assim com o telefone, com a lâmpada. Hoje, são as equipes que trabalham em conjunto, e unir-
-se de maneira eficiente tornou-se muitíssimo importante.

Dimensão Procedimental: Para trabalhar com a dimensão procedimental, iremos apresentar um quadro com as principais característi-
cas específicas em cada ciclo escolar, acompanhados de sugestões de jogos para se desenvolver tais características. Cabe ressaltar que, em
cada ciclo existem diversas outras características e jogos para serem desenvolvidos com os alunos, e que, apresentaremos de forma sintética
uma maneira de sistematização e organização desse conteúdo.
- Jogo no ciclo da educação infantil e no ciclo de organização e reconhecimento da realidade (ed. infantil e 1º ciclo -1º ao 3º anos).

- Jogo no ciclo de ampliação da sistematização do conhecimento (7º ao 9º ano).

Didatismo e Conhecimento 11
EDUCAÇÃO FÍSICA
- Jogo no ciclo de sistematização do conhecimento (1º ao 3º ano do ensino médio).

Dimensão Atitudinal: Na dimensão atitudinal deve-se valorizar o patrimônio dos jogos e brincadeiras no seu contexto. Trabalhar o
respeito aos colegas, aos adversários e resolver os problemas com atitudes de diálogo e não violência. Incentivar as atividades em grupos,
cooperando e interagindo. Levar os alunos a reconhecerem e valorizar atitudes não preconceituosas relacionadas à habilidade, sexo, religião
e outras. E, incentivar os alunos a adotarem o hábito de praticar atividades físicas visando a inserção a um estilo de vida ativo.

Jogos Populares

A importância pedagógica dos jogos populares é hoje um dos fenômenos mais estudados pela Educação Física. E não é difícil com-
preender essa necessidade diante dos argumentos que sustentam o objeto de investigação da Educação Física. A cultura corporal envolve
as relações corpo-sociedade e remete essas discussões ao papel da disciplina na escola. É impossível continuar justificando a disciplina es-
colar apenas pelo viés biológico e desportivo, vez que a Educação Física reconhece as dimensões psicológicas, afetivas e cognitivas, como
influentes para a formação do sujeito e de sua atuação no contexto sociocultural, como deixa perceber Castellani Filho: “É da competência
da Educação Física, dar tratamento pedagógico aos temas da cultura corporal, reconhecendo-os como dotados de significado e sentidos
porquanto construídos historicamente”.
Observamos ainda que as constantes mudanças ocorridas na sociedade brasileira têm provocado discussões acerca do papel da escola
como articuladora de ações que proporcionem ao sujeito condições para que ele reaja e participe das transformações sociais. Sendo a escola
um local onde as tensões sociais devem ser problematizadas, é de se esperar que ela debata e reconheça os ritmos próprios e linguagens
expostos pelos sujeitos, porquanto são as linguagens construtos do elo entre os alunos, a escola e a sociedade. Para a Educação Física, esse
elo é a compreensão das relações entre corpo e sociedade por meio da cultura, na medida em que se cria e recria a história corporal do hoje,
seja ela comunitária ou incorporada de outras culturas. Estes são os aspectos preliminares que justificam o interesse pelo valor cultural e
histórico dos jogos, brinquedos e brincadeiras populares ou infantis, na prática pedagógica da Educação Física, especialmente na educação
infantil. Ao elevar esse interesse à produção literária, partindo de um projeto desenvolvido por alunos do curso de Educação Física, propo-
mos, concomitantemente, uma reflexão sobra a práxis pedagógica.
O jogo é o fato mais antigo que a cultura, pois pressupõe sempre a sociedade humana, ultrapassa os limites da atividade puramente
física ou biológica e confere um sentido a ação. Tal afirmação nos permite analisar o jogo em sua concepção mais original que é o domínio
lúdico. Nela, está sustentada a necessidade do jogo como fonte de prazer e criação. Kishimoto, salienta que a concepção de jogo não pode ser
vista de modo simplista, mas pelo significado da aplicação de uma experiência, instrumentalizada pela cultura da sociedade. Isso significa
que quando alguém joga, está ao mesmo tempo desenvolvendo uma atividade lúdica. Neste contexto podemos observar uma relação íntima
entre atividade física e prazer.
Ao analisar traços de jogos infantis, afirma-se que os jogos contêm um critério positivo, caracterizado pelos signos do prazer e da ale-
gria, e cita como exemplo a criança que quando brinca livremente e se satisfaz, traduz esses sentimentos através de um sorriso. Esse critério
faz inúmeros efeitos positivos aos aspectos corporais, morais e sociais da criança: a criança dotada de valor positivo, de uma natureza boa,
que se expressa espontaneamente por meio do jogo. Uma observação sobre ludicidade e jogo é o fato de apontarmos a presença de um ele-
mento lúdico na cultura não quer dizer que atribuíamos ao jogo um lugar de primeiro plano, entre as diversas atividades da vida civilizada,
nem que pretendamos afirmar que a civilização teve origem no jogo através de qualquer processo evolutivo.
A partir desta afirmação, se faz necessária a compreensão de que a ludicidade, presente em vários aspectos e instrumentos da vida e
da própria educação, não se constitui na “tábua de salvação”. A ludicidade está para o sujeito e ele necessita valorizá-la. Neste contexto,
percebemos nos jogos populares, uma riqueza infinita de elementos lúdicos, diluídos em repertório, linguagem e identidade comunitária.
Kishimoto trata de diferenciar, jogo, brinquedo e brincadeira. Para a autora, brinquedo enquanto objeto é sempre suporte da brincadeira,
esta por sua vez, pode ser definida como “ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo e mergulhar na ação lúdica”.
Lorezoni estabelece uma diferença entre jogo e brincadeira. Diz o autor que: “o jogo é uma brincadeira com regras e a brincadeira, um jogo
sem regras”. “O jogo se origina do brincar ao mesmo tempo em que é o brincar”. Entendemos, portanto, que a diferenciação se situa numa
definição conceitual, perspectivada pela infância em seu sentido psicológico, logo, tradutor de um estágio vital peculiar do ser humano,
caracterizado, sobretudo, pela natureza lúdica.

Didatismo e Conhecimento 12
EDUCAÇÃO FÍSICA
Os jogos populares na constituição da cultura corporal um valor e não como um ato. É lembrar que podemos aprender
infantil a cooperar, e que temos tempo para isso. Estes jogos reforçam a
confiança em si mesmo e nos outros propiciando a participação
De acordo com Kishimoto que denomina jogos populares de autêntica, fazendo com que o ganhar ou perder sejam, apenas, re-
“jogos infantis tradicionais”, compreender a origem e o significado ferência para o crescimento pessoal e coletivo, requerem o desen-
dos jogos pede uma investigação das raízes folclóricas. Para auto- volvimento de estratégias onde a cooperação é necessária para que
ra, a determinação das origens dos jogos infantis se fundamenta na um determinado objetivo seja atingido, superando as condições ou
história brasileira e na constituição do seu povo. Desta forma, nos regras estabelecidas. Em lugar da competição pessoal, é estimula-
diz que “veio com os primeiros colonizadores o folclore lusitano, do o desenvolvimento da ajuda mútua e do trabalhar com os outros
incluindo os contos, histórias, lendas e superstições que se perpe- para um objetivo comum.
tuaram pelas vozes adocicadas das negras, e também os jogos, fes-
tas, técnicas e valores”. Graças a essa afirmação, podemos concluir Manifestação e desenvolvimentos estimulados pelo jogo
que grande parte dos jogos tradicionais popularizados ou regio- cooperativos
nalizados, como a amarelinha, bolinha de gude, pula-corda, pião,
chegaram ao Brasil pelas mãos dos colonizadores portugueses,
Plano Físico
outros foram incorporados da cultura indígena e afro-brasileira.
- Habilidade dos jogadores
Assim, percebemos como a modalidade de jogos infantis ou
- Movimentação dos Jogos
populares está inserida como cultura. “essa cultura não oficial,
- Linguagem Corporal
desenvolvida, sobretudo, pela oralidade, incorporando criações
anônimas das gerações que vão sucedendo”. Por tais argumentos, - Energia dos Jogadores
afirmamos que os jogos tradicionais infantis contêm um forte ele- - Energia do Local
mento folclórico, e assumem características de anonimato, dando
assim a entender que por estes aspectos, é muito difícil conhecer a Plano Emocional
origem desses jogos: “Sabe-se apenas que os jogos infantis tradi- - Sentimentos
cionais são provenientes de práticas abandonadas por adultos, de - Atitudes
fragmentos de romances, poesias, mitos e rituais religiosos, tradi- - Padrões de Comportamento
cionalidade e universalidade dos jogos assenta-se no fato de que - Relacionamento Interpessoal
povos distintos e antigos como os da Grécia e Oriente brincavam
de amarelinha, de empinar papagaio, jogar pedrinhas”. Plano Espiritual
São, portanto, os jogos populares, expressões de uma cultura - Valores Essenciais
corporal comunitária e que merecem melhor repercussão no am- - Metas de Vida
biente escolar bem como na prática pedagógica da Educação Fí- - Questionamentos
sica num contexto de educação infantil e ensino fundamental. As - Intuição
tatuagens expressas nos jogos populares são valores que, incorpo- - Criatividade
rados, contribuem de forma significativa para a construção formal - Consciência Grupal
do sujeito. Esses jogos foram transmitidos de geração em geração - Ideais
através de conhecimentos empíricos e permanecem na memória Plano Mental
infantil. Muitos jogos preservam sua estrutura inicial, outros se - Pensamento
modificam, recebendo novos conteúdos. A Força de tais jogos ex- - Raciocínio
plica-se pelo poder da expressão oral. Enquanto manifestação es- - Conhecimento
pontânea da cultua popular, os jogos tradicionais têm a função de - Ideias
perpetuar a cultura infantil e desenvolver formas de convivência - Ideologias
social. Tais argumentos sobre jogos populares é que nos levaram
- imaginação
a fomentar este projeto, procurando incentivar os alunos, futuros
professores de educação física, a pesquisar e vivenciar tais práti-
O conceito de jogos cooperativos teve início com Terry Orli-
cas em um nível disciplinar de formação até a culminância numa
ck, pesquisador Canadense que, a partir de estudos iniciados nos
escola regular da rede publica.
anos 70, desenvolveu o princípio destas atividades físicas cujos
Jogos Cooperativos elementos primordiais são: a cooperação, a aceitação, o envolvi-
mento e a diversão. Orlick questionou as regras dos jogos tradi-
Cooperativo - “Aquele que coopera, que age ou trabalha jun- cionais e adaptou-os para transformá-los em jogos cooperativos.
to com o outro para um fim comum, que colabora, contribui ou Neles o confronto é eliminado e jogam-se uns com os outros, ao
age conjuntamente para produzir um efeito”. “O jogo pelo jogo” invés de uns contra outros. A comunicação e a criatividade são
nem sempre e traz resultados positivos para o processo educativo. estimuladas para se alcançar um objetivo comum. Como ninguém
No enfoque dado pelo jogo cooperativo, a vitória pode e deve ser é desclassificado, todos os participantes podem retirar total satis-
alcançada quando um jogador ajuda o outro a vencer, para que am- fação do jogo, porque ninguém corre o risco de se sentir inferiori-
bos possam vencer juntos. “São atividades de compartilhar, unir zado perante o grupo. A satisfação pessoal advém não do fato de
pessoas, despertar a coragem para assumir riscos com o fracasso e ganhar dos outros, mas do melhorar progressivo das suas capaci-
o sucesso em si mesmos”. A cooperação deve ser entendida como dades individuais, que são usadas para atingir um objetivo grupal.

Didatismo e Conhecimento 13
EDUCAÇÃO FÍSICA
A ideia difundiu-se e hoje diversos autores desenvolvem jo- modelo a que estamos expostos resultará no modelo que seguire-
gos cooperativos aplicados à educação, administração de empresas mos no jogo e fora dele. Se hoje em dia ainda não enxergamos
e serviços comunitários. No Brasil, Fábio Otuzi Brotto, autor do muitos atos de cooperação significa que as crianças não estão
livro “Jogos Cooperativos” (Ed. Projeto Cooperação), é um dos sendo criadas num ambiente que lhes proporcione aprender por
precursores desse novo enfoque que visa, segundo ele, harmonizar meio de experiências que as sensibilizem para a cooperação.
o desenvolvimento da habilidade física com o desenvolvimento
das potencialidades pessoais e coletivas dos alunos. Através de Os jogos cooperativos têm várias características libertadoras
jogos cooperativos torna-se mais fácil criar um bom espírito de que são muito coerentes com o trabalho em grupo:
grupo, de elementos ligados por laços solidários e afetivos. Nos jo- - Libertam da competição: o objetivo é que todos participem
gos cooperativos existe cooperação, que significa agir em conjunto para poder alcançar uma meta comum.
para superar um desafio ou alcançar uma meta, enquanto que nos - Libertam da eliminação: o esboço do jogo cooperativo bus-
jogos competitivos, cada pessoa ou time tenta atingir um objetivo ca a integração de todos.
melhor do que o outro. Ex.: marcar gols, cumprir um percurso em - Libertam para criar: criar é construir e, para construir, a
menor tempo, etc. colaboração de todos é fundamental. As regras são flexíveis, e os
As atividades que privilegiam os aspectos cooperativos são participantes podem contribuir para mudar o jogo.
importantes por contribuírem para o desenvolvimento do sentido - Libertam da agressão física: certamente gastamos energia
de pertencer a um grupo, para a formação de pessoas conscientes na atividade física, mas se promovemos a agressão física contra
de sua responsabilidade social, pois trabalham respeito, fraterni- o outro, estamos aceitando um comportamento destrutivo e desu-
dade e solidariedade de forma lúdica e altamente compensatória, manizante, o jogo cooperativo propõe o contrário.
levando a perceber a interdependência entre todas as criaturas. Ne-
las, ninguém perde ninguém é isolado ou rejeitado porque falhou. Uma das características dos Jogos Cooperativos, diferente
Quando há cooperação todos ganham, baseados num sistema de do que muitos imaginam é justamente não ter uma faixa etária
ajuda mútua. Antes de começar uma sessão de jogos cooperativos específica em cada jogo, mas, a possibilidade de que os jogos
convém que as pessoas se conheçam mutuamente para criar um podem e devem ser adaptados ao grupo que joga. Então podemos
ambiente mais familiar. Os jogos de apresentação podem constituir dizer que o Jogo Cooperativo é para a criança muito pequena e
um bom instrumento para criar esse ambiente favorável. No final também para adultos de todas as idades. Aqui deixo claro que a
dos jogos cooperativos deve haver um espaço para todos dialo- ideia é criar um programa de Jogos Cooperativos, atendendo a to-
garem sobre a experiência, fazendo o confronto entre estratégias das as idades, da criança até o adulto de qualquer idade. O facili-
competitivas e cooperativas. O que se ganha e o que se perde em tador/focalizador deverá na hora do planejamento das atividades
cada uma delas. observar a idade dos participantes, e, assim, adequar qualquer
“Jogos cooperativos são dinâmicas de grupo que têm por ob- jogo ao grupo. Uma coisa é certa, quanto mais jovem é o grupo
jetivo, em primeiro lugar, despertar a consciência de cooperação, menos competitivo ele é. A criança pequena é muito receptiva
isto é, mostrar que a cooperação é uma alternativa possível e sau- aos desafios cooperativos. Até os 04 ou 05 anos, elas não se inte-
dável no campo das relações sociais; em segundo lugar, promover ressam pelo resultado final, tudo que querem é a diversão que o
efetivamente a cooperação entre as pessoas, na exata medida em jogo pode proporcionar.
que os jogos são, eles próprios, experiências cooperativas”. No
jogo cooperativo, aprende-se a considerar o outro que joga como Jogos Pré-desportivos
um parceiro, um solidário, e não mais como o temível adversá-
rio. A pessoa quando joga aprende a se colocar no lugar do outro, Conceito de Jogos Pré-desportivos: são jogos cujo objetivo
priorizando sempre os interesses coletivos. São jogos para unir é ensinar crianças de forma diferenciada regras e os objetivos de
pessoas, e reforçar a confiança em si mesmo e nos outros que jo- cada modalidade, ou seja, constituem uma variação de jogos me-
gam. As pessoas podem participar autenticamente, pois ganhar ou nores, onde o alunos ira conhecer, aprender e executar diferentes
perder são apenas referências para um continuo aperfeiçoamento habilidades esportivas. Abaixo alguns exemplo:
pessoal e coletivo. - Basquete Baixo: É um basquete com alvos baixos, Haverá
Os jogos cooperativos resultam numa vontade de continuar uma área ao redor dos alvos onde ninguém pode entrar. Para mar-
jogando, e aceitar todos como são verdadeiramente, pois as pes- car pontos, é necessário que um jogador arremesse a bola no alvo
soas estão mais livres para se divertir. Jogar cooperativamente é e que outro jogador da mesma equipe pegue a bola.
reaprender a conviver consigo mesmo e com as outras pessoas. O - Queimada Gigante: É uma queimada cada um por si. Quem
jogo cooperativo serve para nos libertar da competição, seu objeti- vai sendo queimado senta, e pode continuar queimando desde
vo maior é a participação de todos por uma meta comum. A agres- que sentado. O vencedor é o último a ser queimado
são física é totalmente eliminada, cada participante estabelece seu - Fut-Péga - Duplas: Os participantes devem formar duplas.
próprio ritmo, todos se enxergam como importantes e necessários É um péga - péga, onde a dupla de pegadores, terá uma bola e
dentro do grupo. Aumentando a confiança e autoestima. Tentamos deve pegar outra dupla chutando a bola em cima do fugitivos.
superar desafios ou obstáculos, sempre com alegria e motivação. Será a nova dupla de pegadores em quem a bola encostar.
Os padrões de comportamentos fluem dos valores que adquirimos - Vôlei Cego: Vôlei com uma lona pendurada na rede de
enquanto brincamos e jogamos durante a nossa infância, então o forma que uma equipe não veja a outra.

Didatismo e Conhecimento 14
EDUCAÇÃO FÍSICA
- Carimba Ameba: Jogo individual como uma queimada. b) Aqueles que contam com a perícia e a inteligência do joga-
Existe uma bola e os jogadores se espalham pela quadra. Quem dor. Ex.: xadrez.
está com a bola, não pode andar, tendo o objetivo de queimar os c) Aquele que há um misto dos dois. Ex.: Cartas, Palavras cru-
outros; ao ser queimada, a pessoa (ameba) deve sentar no lugar, zadas.
tendo ainda a chance de levantar novamente, tocando alguém que
ainda esteja de pé - gritando “AMEBA” (a pessoa que estava de Obs.: Os jogos eletrônicos foram introduzidos no mercado de
pé senta-se e a que a tocou, levanta-se) ou pegando uma bola que entretenimento em 1971. O vídeo game tornou-se forte na indús-
acabe vindo na sua direção. Segue a brincadeira e pode-se acres- tria mundial, revitalizando a indústria do cinema como o modo de
centar - no decorrer do tempo - o número maior de bolas, deixando entretenimento mais rentável no mundo moderno.
o jogo mais divertido. Vôlei-Pega: Regras e divisões do desporto
voleibol (com exceção do número de participantes de cada equi- Assim que as crianças vão crescendo e se desenvolvendo
pe, sendo que quanto mais jogadores melhor). Utiliza-se uma bola emocional e cognitivamente, elas começam a colocar outras pes-
maior e mais leve, para o jogo ficar um pouco mais lento e diver- soas em suas brincadeiras, e é percebendo a presença do outro que
tido. O diferencial, que por sua vez dá nome ao jogo é que: o time começam a ser respeitadas as regras e os limites. Os jogos com
q marca ponto, deverá pegar o time adversário, e esse deverá fugir regras exigem raciocínio e estratégia. Dessa maneira, quando uma
até o final de sua quadra. (sempre utilizando apenas a quadra de criança se mostra capaz de seguir uma regra, nota-se que seu re-
voleibol).Atenção: caso o time “A” erre um saque, é ponto do time lacionamento com outras crianças e até mesmo com adultos me-
“B”, portanto, “B” tem que pegar “A” .A marcação dos pontos se lhora, reforçando a ideia de que os jogos influenciam no processo
da seguinte maneira: O time “A” errou. Ponto para o time “B”, que de aprendizagem das crianças, ainda que algumas caminhem de
conseguiu pegar 2 (duas) pessoas do time “A”.TOTAL de pontos: forma mais rápida e outras, de forma mais devagar.
3 (três) para o time “B” X 0 (zero) para o time “A”. Soma-se aos Jogando, as crianças podem colocar desafios e questões para
pontos do jogo, o número de pessoas que foram pegas. serem por elas mesmas resolvidas, dando margem para que criem
- Numerobol: Crianças sentadas paralelamente às linhas la- hipóteses de soluções para os problemas colocados. Isso aconte-
terais da quadra formando uma fileira, divididas em 2 equipes de ce porque o pensamento da criança evolui a partir de suas ações.
número de integrantes igual. Cada criança será numerada, na or- Assim, por meio do jogo o indivíduo pode brincar naturalmen-
dem da fileira, de “1” até “10” por exemplo. O mesmo para a ou-
te, testar hipóteses, explorar toda a sua espontaneidade criativa.
tra equipe. No centro haverá uma bola e ao sinal do monitor, que
Os jogos não são apenas uma forma de divertimento: são meios
gritará um número, por exemplo “7”, as duas crianças - uma de
que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Para
cada equipe - que corresponderem ao número falado, devem sair
manter seu equilíbrio com o mundo, a criança precisa brincar, criar
da fileira e ambas tentarão marcar um gol ou fazer uma cesta, etc.
e inventar. Com jogos e brincadeiras, a criança desenvolve o seu
E assim por diante. Pode-se utilizar também panos e as crianças,
raciocínio e conduz o seu conhecimento de forma descontraída e
com cabinhos de vassoura, devem tentar marcar um “gol” por en-
espontânea: no jogar, ela constrói um espaço de experimentação,
tre as pernas de uma cadeira, por exemplo. Material: Bolas.
de transição entre o mundo interno e externo.
- Corre que a bola é sua! Divisão por duas equipes (em colu-
As possibilidades não se limitam a estas, servindo ainda para
nas). A primeira pessoa da fila (equipe A) deve chutar a bola e dar
agilizar a astúcia e o talento, estabelecer e revisar valores e esti-
o maior número de voltas possíveis ao redor de sua própria equipe,
mular as habilidades manuais. Além disso, os jogos não podem ser
enquanto a equipe adversária (B) corre na direção da bola. Quando
a equipe adversária (B) formar a fila novamente na frente da bola tidos apenas como uma fonte de aprendizado para os alunos, mas
(sendo que esta já esteja parada!) encerra-se a contagem de voltas. também para professores e pais, pois quando se trata da educação
A primeira pessoa da equipe (B), que correu atrás da bola num pri- formal, os jogos podem ajudar a incentivar o respeito às demais
meiro momento, agora, deverá chutá-la, invertendo os papéis das pessoas e culturas, estimular a melhor aceitação de regras, agilizar
equipes. Quem chuta vai para o final da própria coluna e ao final o raciocínio verbal, numérico, visual e abstrato e, por último, mas
de um determinado tempo (ou depois de todos terem chutado a não necessariamente o fim, possibilitar ao aluno o aprendizado
bola), soma-se o número de voltas de todos os integrantes e vence acerca da resolução de problemas ou dificuldades, estimulando-o
a equipe que, logicamente, tiver mais voltas completadas. Uma a procurar alternativas.
variação, que deixa a atividade mais dinâmica, é fazer com que a Os jogos tem valor fundamental para as aulas de Educação
primeira pessoa da equipe de “defesa”, após o chute do adversário, Física pois se configura como um importante exercício intelectual
agarre a bola o mais rápido possível. E não fique esperando que a e não como mera brincadeira ou passatempo. “Ele constitui uma
bola, simplesmente, pare. distração sadia, que leva a criança ao treinamento da memória,
à reflexão, melhorando a aplicação nos estudos. É uma prática
Jogos de Raciocínio que prende a atenção, obriga a concentrar-se, a refletir muito e ter
mais rapidez de raciocínio. Muitos alunos encontram neste jogo
Como o próprio nome indica, desenvolvem o raciocínio. Eles um meio de desenvolver sua criatividade, ou pelo menos, desen-
dividem-se em: volvem seu potencial intelectual, que às vezes, demoraria muito
a) Os que contam exclusivamente com a sorte. Ex.: jogos com para se desenvolver pela falta de estímulos adequados.” (Jogos de
dados. raciocínio)

Didatismo e Conhecimento 15
EDUCAÇÃO FÍSICA
O jogo de raciocínio pode durar até muitas horas com pessoas Para Callois, os jogos, entendidos como motivações para a vi-
jogando, por que tem que pensar muito para fazer uma boa joga- vência lúdica, podem ser categorizados em quatro grupos, a saber:
da. Exemplos do xadrez muita gente pensa que é muito difícil os os jogos de aventura, aqueles que nos colocam diante do novo, do
movimentos das peças do xadrez mais é simples. A dama também mistério (um filme, um livro, uma partida de futebol, passeios e
tem que raciocinar mais é um jogo mais fácil do que o xadrez. O viagens, uma festa, dentre outros); os jogos de competição (e aqui
xadrez tem o efeito de apurar o raciocínio e também se aprende entram também os de cooperação); os jogos de vertigem, aqueles
com ele a ganhar e a perder, aprendizados indispensáveis na vida que dão um friozinho na barriga, como os escorregadores, cama
de todas as pessoas. Segundo Grillo, o xadrez é um jogo de raciocí- elástica, montanha-russa, pular, saltar; e, por fim, os jogos de fan-
tasia, que lidam com o simbólico, o imaginário e o faz de conta.
nio, definido como esporte intelectual baseado em três elementos:
A festa, por sua vez, é entendida como um fenômeno so-
jogo-arte-ciência, jogo porque requer habilidade, arte por causa
cial que inclui celebração, fruição, diversão, evento, espetáculo,
da imaginação, e ciência devido ao calculo, defende que o xadrez
brincadeira, exaltação, trabalho e lazer. É tempo e espaço para a
contribui para a formação sócia afetiva do aluno. expressão, encontro, rebeldia, devoção, oração, manifestação, rei-
Os jogos de tabuleiro são importantes para exercitar a mente, vindicação. É o que permite ao homem e à sociedade se manterem
desenvolvendo o raciocínio, a concentração e a criatividade. Além vivos, pois é ela a própria humanidade do homem. Recuperar, re-
de auxiliar na área cognitiva eles auxiliam também na questão lembrar, reconstruir, vivenciar o brincar, o jogar e o “festar” na
disciplinar. As regras bem definidas de cada jogo colaboram para escola e nas aulas de Educação Física possibilitam a vivência do
criar o hábito de atenção às regras de forma geral. Sem perceber caráter lúdico que acompanha tais práticas corporais. O jogo, a
o aluno se torna mais disposto a cumprir regras que são comuns a brincadeira e a festa, para além do prazer, da satisfação, são enten-
todos e a respeitar o direito do outro. Outro fator importante nas didos como instantes de reconhecimento do homem como produtor
partidas é que os discentes aprendem a competir de forma saudá- de história e de cultura, por isso merecem ser problematizados. É
vel. Aprendem que nem sempre é possível ganhar e que as derro- importante considerar que as brincadeiras, por mais «ingênuas»
tas servem para repensar os erros acontecidos durante a partida e que possam parecer, podem contribuir com determinado projeto
partir deles serem construídas estratégias para que os obstáculos de sociedade, por isso precisam ser discutidas e ressignificadas.
possam ser vencidos. Assim como os obstáculos que enfrentamos Quando contamos piadas sobre negros, louras ou homossexuais,
na vida cotidiana. Promover momentos nas aulas de Educação Fí- por exemplo, podemos estar reforçando o racismo e o preconceito.
sica, para os jogos de tabuleiro como: xadrez, dama, ludo e outros Além disso, muitos jogos e brincadeiras têm como objetivo eli-
é estar promovendo cooperação, respeito e solidariedade no am- minar aqueles jogadores que “erram”, reforçando a exclusão. Os
jogos e as brincadeiras tornam-se assim, espaços educativos de vi-
biente escolar.
vência e reflexão dos princípios norteadores desta proposta.
Reconhecer o Caráter Lúdico dos Jogos e das Brincadei-
Incluir os jogos e as brincadeiras populares como o bentealtas,
ras
o rouba-bandeira, a queimada, o tico-tico fuzilado; os jogos de sa-
lão, como a dama, o xadrez, o futebol de prego; os jogos de carta;
Brincar é uma invenção humana “um ato em que sua inten- os jogos derivados de esportes coletivos, como o 21, o corta-três,
cionalidade e curiosidade resultam num processo criativo para o paulistinha, o paredão, o peruzinho; os jogos de raquete, como
modificar, imaginariamente, a realidade e o presente”. Os jogos e o pingue-pongue, frescobol, nos currículos escolares, é considerar
as brincadeiras são ações culturais cuja intencionalidade e curiosi- um importante conteúdo presente na diversificada cultura brasi-
dade resultam em um processo lúdico, autônomo, criativo, possibi- leira. Identificar como os pais, os tios e os avós de nossos alunos
litando a (re)construção de regras, diferentes modos de lidar com o brincavam poderá contribuir para uma reflexão sobre as mudan-
tempo, lugar, materiais e experiências culturais, isto é, o imaginá- ças e permanências culturais em nossa sociedade hoje. Analisar a
rio. A natureza dos jogos e das brincadeiras não é discriminatória, influência dos jogos eletrônicos, dos videogames e dos jogos de
pois implica o reconhecimento de si e do outro, traz possibilidades computador na vida de jovens e adolescentes é uma importante
de lidar com os limites como desafios, e não como barreiras. Além habilidade a ser desenvolvida.
disso, os jogos e as brincadeiras possibilitam o uso de diferentes
linguagens verbais e não verbais, o uso do corpo de formas di-
ferentes e conscientes; a organização, ação e avaliação coletivas. DANÇA
Alguns autores consideram os termos “jogo”, “brinquedo” e
“brincadeira” como sinônimos, pois todos eles sintetizam a vivên-
cia do lúdico. Huizinga, autor clássico na teoria do jogo, afirma
A dança é uma das formas de expressões mais antigas nas di-
ser esse um fenômeno anterior à cultura. O jogo cumpre funções
ferentes culturas que passou de ritual para manifestação da elite
sociais. É sério, mas não é sisudo. É uma ação voluntária, desinte-
social e segue em constante evolução. As danças constituem uma
ressada, é liberdade. Provoca a evasão da vida real para uma esfera das mais belas expressões da cultura de um povo, de uma região,
temporária de atividade com orientação e espaços próprios. Todo enfim de um país, e, vem acompanhando o ser humano desde o iní-
jogo tem regras, pois ele cria ordem e é ordem. Absorve inteira- cio dos tempos, através de sua história. Segundo o livro Coletivo
mente o jogador que, ativamente, participa criando e recriando de Autores, a Educação Física é uma disciplina que trata, pedago-
regras. Aquele que desrespeita as regras é considerado um “des- gicamente, na escola, do conhecimento de uma área denominada
mancha-prazeres”. de Cultura Corporal.

Didatismo e Conhecimento 16
EDUCAÇÃO FÍSICA
Essa cultura é baseada sob formas de atividades corporais, sação e composição coreográfica) (Marques). Siqueira refletindo
denominadas de jogo, esporte, ginástica, dança ou outras. O estu- sobre a dança contemporânea, a partir dos conceitos de corpo, co-
do deste conhecimento visa apreender a expressão corporal como municação e cultura, diz: Manifestação social, a dança é, ainda,
linguagem, pois o homem se apropria da cultura corporal dispondo fenômeno estético, cultural e simbólico que expressa e constrói
sua intencionalidade para o lúdico, o artístico, o agonístico, o es- sentidos através dos movimentos corporais. Como expressão de
tético ou outros. uma cultura, está inserida em uma rede de relações sociais comple-
Investigar a dança a partir da cultura corporal de movimento xas, interligadas por diversos âmbitos da vida.
que se estabelece em espaços escolares, é adentrar no universo cul- Teoricamente a dança deveria estar presente não só nas aulas
tural e social de corpos historicamente construídos e, consequente- de Educação Física como também nas aulas de Artes sendo as-
mente, trazer a baila à subjetividade presente em vivências de ati- sim estes dois caminhos serão explorados a seguir, nas palavras
vidades corporais, a partir das relações sociais que se estabelecem de Barreto, pois: ...a dança não sendo disciplina do currículo esco-
nessas práticas. Somente em recentes processos de discussão, para lar, não pode ser ministrada nas escolas por licenciados em dança,
além da Educação Física, é que a dança veio inserir-se como con- como um campo de conhecimento autônomo que tem caracterís-
teúdo nos currículos escolares, como prática pedagógica sistema- ticas, estrutura, conteúdos e metodologias próprios. Ela somente
tizada. E é esse movimento recente que nos faz refletir sobre sua pode ser trabalhada em função de outros campos do conhecimento,
posição como conhecimento a ser tratado nos espaços escolares. assumindo um papel de conteúdo de disciplinas, como a Educa-
Para isso, podemos observar os avanços significativos nos currí- ção Artística e a Educação Física. No caderno de Educação Física,
culos nos cursos de formação em Educação Física. A disciplina dos PCNs a dança está inserida dentro de um bloco de conteúdo
Rítmica, nem sempre era obrigatória para os homens. Hoje, no en- chamado Atividades Rítmicas e Expressivas, e segundo Barreto
tanto, existem cursos que possuem tanto a disciplina Dança quanto deve ser articulada aos conteúdos do corpo, esporte, lutas e ginás-
o futebol para alunos/as. O método da dança educação física surgiu ticas. Segundo os PCNs este bloco de conteúdos acima citado irá
como especialização para profissionais dessa área, podendo aten- contemplar : ...as manifestações da cultura corporal que tem como
der ao projeto de lei que a tornou obrigatória aos níveis de primeiro características comuns a intenção de expressão e comunicação
e segundo grau. mediante gestos e a presença de estímulos sonoros como referên-
A Educação Física possui conhecimentos específicos a serem cia para o movimento corporal. Trata-se das danças e brincadeiras
tratados pedagogicamente no contexto escolar. Entre esses conhe- cantadas. No caderno de Educação Física, nos PCNs, o diferencial
cimentos, encontra-se a dança. Esse elemento da cultura corporal consiste no entendimento da dança como uma expressão da di-
não é exclusivo do profissional de Educação Física, sendo com- versidade cultural de um país, se tornando um maravilhoso recur-
partilhado, em outros âmbitos de atuação além da escola, por pro- so para aprendizagem. Assim, é um conteúdo que pode variar de
fissionais das Artes Cênicas, Artes Plásticas, além dos bacharéis e acordo com o local no qual a escola está inserida.
licenciados em Dança. O que se percebe com frequência no âmbito Sugere-se também aos professores de Educação Física que
escolar é a ausência desse conhecimento, ou o desenvolvimento se utilizem as informações contidas no bloco de conteúdo Dan-
de um trabalho superficial que se caracteriza por apresentações ça, o qual faz parte do documento de Artes. Essa recomendação
coreográficas de caráter festivo. Essa questão é amplamente reco- demonstra que nem mesmo nos documentos é possível distinguir
nhecida, pois é de conhecimento público o papel das danças nas efetivamente a dança que deverá ser ensinada nas duas discipli-
festividades escolares, incluindo todas as séries. As danças, nesses nas, já que ambas podem ser fundamentadas no caderno de Artes.
eventos, são, normalmente, orientadas por professores de Educa- Assim o entendimento da dança como manifestação da Cultura
ção Física, o que nos permite afirmar que, apesar de a dança estar Corporal e de expressão e comunicação é concomitante nos dois
presente no espaço escolar, ela é apenas um elemento decorativo. casos, pois os PCNs de Artes ainda apresentam uma divisão no
Não se reflete sobre a importância de seu conhecimento para a ensino da dança em três eixos. Destes os dois primeiros podem ser
formação dos alunos. considerados equivalentes à Educação Física, e o terceiro exclusi-
Os discentes devem investir na sua formação para atuarem na vo da disciplina de Artes. O primeiro enfoca a dança na expressão
área de dança no sistema escolar. Sem experiências prático teó- e na comunicação humana, correspondendo na Educação Física à
ricas, continuaremos obtendo uma dissociação entre o artístico e intenção de expressão e comunicação mediante gestos. O segundo
o educativo que enfatiza-se principalmente dentro dos cursos de aborda a dança como manifestação coletiva equivalente às mani-
magistério superior, comprometendo o desenvolvimento do pro- festações da Cultura Corporal. Por fim, o terceiro eixo tematiza a
cesso criativo e crítico que poderia estar ocorrendo nas escolas dança como produto cultural e apreciação estética.
básicas (Marques). A dança como conteúdo da Educação Física A dança no espaço escolar busca o desenvolvimento não ape-
deve ser explorada no ensino formal e para além dele, pois leva os nas das capacidades motoras das crianças e adolescentes, como de
praticantes a pensar, a sentir e a agir, tendo como pano de fundo suas capacidades imaginativas e criativas. As atividades de dança
a história de um povo, que é, como num filme, projetada numa se diferenciam daquelas normalmente propostas pela educação fí-
tela e vivenciada, como se a mesma repetisse a cada momento que sica, pois não caracterizam o corpo da criança como um apanhado
pessoas escutam uma música, sentem o ritmo e se movimentam. de alavancas e articulações do tecnicismo esportivo, nem apre-
Os conteúdos específicos da dança são: aspectos e estruturas sentam um caráter competitivo, comumente presente nos jogos
do aprendizado do movimento (coreologia, consciência corporal e desportivos. Ao contrário, o corpo expressa suas emoções e estas
condicionamento físico); disciplinas que contextualizem a dança podem ser compartilhadas com outras crianças que participam de
(história, estética, apreciação e crítica, sociologia, antropologia, uma coreografia de grupo. Em relação à formação fica evidente,
música, assim como saberes de anatomia, fisiologia e cinesiologia) como percebe Marques, que os professores não sabem realmente o
e possibilidades de vivenciar a dança em si (repertórios, improvi- que, como, ou até mesmo porque ensinar dança na escola. A dança

Didatismo e Conhecimento 17
EDUCAÇÃO FÍSICA
no espaço escolar deve buscar o desenvolvimento não apenas das A dança pode contribuir para o desenvolvimento das funções
capacidades motoras das crianças e adolescentes, como de suas intelectuais como: atenção, raciocínio, curiosidade, observação,
capacidades imaginativas e criativas. As atividades de dança se di- criatividade, exploração, entendimento qualitativo de situações e
ferenciam daquelas normalmente propostas pela educação física, poder de critica. Isto acontece pelo fato de que ao dançar o corpo
pois não caracterizam o corpo da criança como um apanhado de entra em atividade, favorecendo a comunicação de pensamentos
alavancas e articulações do tecnicismo esportivo, nem apresentam e emoções. Assim a dança, em seu caráter educativo e formativo,
um caráter competitivo, comumente presente nos jogos desporti- pode oferecer a construção da disciplina e da responsabilidade,
vos. Ao contrário, o corpo expressa suas emoções e estas podem através de reforços de autocontrole e de comportamentos social-
ser compartilhadas com outras crianças que participam de uma co- mente aceitáveis. Aliados a isso, a atividade com dança propor-
reografia de grupo. ciona desenvolver atividades lúdicas, simbólicas e criativas, que
Acontece que nos chama atenção para que estes discentes dos são de extrema relevância para o desenvolvimento total da crian-
cursos superiores frequentaram disciplinas de igual carga horária ça. O dançar aliado ao brincar imaginativo sócio dramático tem
como o vôlei, o basquete, o futebol. O que estes esquecem é que como fim aprimoramento biopsicossocial da criança. Ela começa
para se ensinar dança na escola ao invés de bom dançarino ou ter a compreender o ponto de vista de outra pessoa, a desenvolver
frequentado um curso de academias, só é preciso ser um bom pro- habilidades na resolução de problemas sociais e a expressar a sua
fessor. A não aplicação dos conteúdos de dança nas escolas tem criatividade.
impossibilitado as crianças de terem acesso a este conhecimento. A dança em seu papel educacional visa um amplo desenvol-
Faz-se necessário, portanto, o acesso ao universo da dança e a des- vimento físico, emocional e social. Através de um programa cons-
mistificação de sua imagem apenas como elemento/espetáculo fol- ciente e integrado, o professor consegue as atividades para que
clórico, normalmente de caráter contemplativo. É preciso passar a esse fim seja atingido. Contudo, cada criança tem seu processo
entendê-la como conhecimento significativo para as nossas ações e sua individualidade que devem ser respeitados. Por isso a im-
corpóreas, que podem ser exploradas pelo universo de repertórios portância de se avaliar, nesta questão, quais as habilidades e as
popular, folclórico, clássico, contemporâneo etc., bem como pela dificuldades que as crianças, nessa faixa etária, apresentam. Em
improvisação e pela composição coreográfica. ação pedagógica, a dança pode trazer grandes contribuições para
o desenvolvimento infantil, principalmente na fase pré-escolar,
É fundamental que a Dança na escola se realize através de
em que suas habilidades mais importantes estão sendo formadas.
um professor que não seja o impositor de técnicas e conceitos,
Desde os tempos mais primitivos, a dança se apresenta como uma
mas o fomentador das experiências, o guia que orienta os alunos
necessidade e característica essencialmente humana. Independente
para uma descoberta pessoal de suas habilidades. Nós como edu-
de cor, raça, cultura, ritmos, gestos, todos dançam.
cadores temos que estar atentos ao processo pedagógico escolar,
que não deve apenas ensinar a ler e escrever, mas um profissional
visionário, que não se limita a sua área de atuação, integrados e in-
teressados no mundo que nos cerca, buscando a formação de seres PADRÕES DE BELEZA E SUAS
culturais, atentos às questões sociais, a diversidade, a natureza, a RELAÇÕES CULTURAIS
educação e às relações humanas.

Benefícios da Dança Escolar: Pré-Escola


As mudanças dos padrões corporais, as maneiras de tratar o
As crianças aprendem pelas próprias experiências do próprio corpo e o cuidado com a aparência ao longo do tempo, é resultado
corpo a agirem livremente no espaço em que vivem, interagindo das transformações dos conceitos de beleza, (re) construídas pelas
com as pessoas que as cercam. A dança como uma atividade que experiências históricas e sociais dos indivíduos. Pensar em beleza
prioriza uma educação motora consciente e global, não é só uma nos remete a um conceito clássico, o apolíneo, representado pelo
ação pedagógica, mas também psicológica, com o fim de normali- deus Apolo, símbolo ideal de beleza grego, marcado pela medida,
zar ou melhorar o comportamento da criança, alem de proporcio- simetria, proporção e harmonia das formas de uma modelo corpo-
nar o resgate de valores culturais, o aprimoramento do senso es- ral enquadrada em predefinições absolutas e perfeita, reduzindo
tético, e prazer da atividade lúdica para o desenvolvimento físico, os múltiplos corpos e suas singularidades em função da exaltação
emocional e intelectual. apreensiva e impositiva de um único modelo de beleza.
Dançar é uma das maneiras mais divertidas e adequadas para Compreendemos que a concepção de beleza está geralmen-
ensinar, na prática, todo o potencial de expressão do corpo huma- te associada a um conceito clássico absoluto e atemporal, sendo
no. Enquanto mexem o tronco, as pernas e os braços, os alunos importante considerar que ele não é o único nem o suficiente para
aprendem sobre o desenvolvimento físico. Introduzir a dança na abarcar todo o universo estético na contemporaneidade. Como
escola equivale a um tipo de alfabetização. “É um ótimo recurso podemos perceber, enquanto o conceito de beleza relaciona-se
para desenvolver uma linguagem diferente da fala e da escrita, au- diretamente a uma concepção marcada fortemente pelos cânones
mentar a sociabilidade do grupo e quebrar a timidez” (Atte Mabel gregos de corpo, existem outros sentidos, formas e possibilidades
Bottelli). Por volta dos 10 anos, a criança sedentária pode apre- de enxergar o belo, distantes desses padrões clássicos. É o que
sentar encurtamento de alguns músculos, o que provoca tensão. reflete a autora citada, ao afirmar que a experiência estética, expe-
Esse estado tira o corpo da postura vertical, fundamental para que riência que se dá exclusivamente no corpo, ocorre a partir de um
os sentidos (visão, audição etc.) funcionem bem e para manter a olhar sensível e troca recíproca entre o sujeito e o objeto, tatuados
concentração inclusive nas aulas. por significações históricas e culturais, que estabelecem as pró-

Didatismo e Conhecimento 18
EDUCAÇÃO FÍSICA
prias relações estéticas desse sujeito sobre o corpo se encontra os Os discursos sobre corpo e beleza
estigmas dos acontecimentos passados do mesmo modo que dele
nascem os desejos, os desfalecimentos e os erros; nele também Tomando como base o pensamento de que o corpo jamais
eles se atam e de repente se exprimem, mas nele também eles se mereceu tanto cuidado e atenção como na atualidade. Desde os
desatam, entram em luta, se apagam uns aos outros e continua seu aparatos, adereços, vestuários até os inúmeros métodos e técnicas
insuperável conflito. e as possibilidades de transformação corporal através de cirurgias
Nesse contexto, entendemos que é no corpo onde estão tatua- plásticas, o corpo vem se tornando um verdadeiro objeto de consu-
dos as marcas e os controles sociais e culturais, uma vez que, no mo. Com isso, a preocupação dos indivíduos, as expectativas em
corpo ocorrem os controles da sociedade, as relações de poder, não corresponder a sua aparência corporal ao corpo veiculado como
por ideologias “sobrevoantes”, mas por um discurso, que recons- modelo, padrão, exemplo de perfeição e beleza a ser alcançado
trói e amplia os conhecimentos. Nesse sentido, Marujo afirma que por todos que desejam fazer sucesso frente à sociedade são as-
os discursos influenciam substancialmente nossas condutas, deter- pectos que confirmam aquilo que podemos entender como culto
minando nossas ações. Dessa forma, quando esses pensamentos ao corpo. A ideia do culto ao corpo vem sendo tratada por alguns
são externalizados, considerando-os como discursos, podem per- autores na contemporaneidade. Segundo Del Priore no culto ao
mitir e contribuir para um olhar crítico diante dos ditames impos- corpo cada um é adorado e adorador. O adorado é o corpo “perfei-
tos pela sociedade. Portanto, pensamos que os discursos acerca do to”, esculpido e modelado a custas de musculação, dietas, cirurgias
corpo e da beleza em âmbito educacional, situados no campo de plásticas, anabolizantes e medicamentos, enquanto os adoradores
conhecimento, podem contribuir para ampliação e reflexão acerca são os consumidores que investem tempo e dinheiro em busca da
dos modelos vigentes apregoados em nossa sociedade. “perfeição” corporal.
A partir desse pensamento discutimos as relações entre Corpo, O culto ao corpo coloca-se hoje como preocupação geral atra-
Beleza, Educação e Educação Física, a partir de alguns questio- vessando todos os setores, classes sociais e faixas etárias, apoiada
namentos: Quais os discursos sobre Corpo e Beleza na Educação num discurso ora voltada à questão estética, ora à preocupação
Física? Qual a importância desses discursos para refletirmos a com a saúde. Assim, a percepção do corpo na atualidade é domi-
educação? A partir desses questionamentos, objetivamos discutir nada pela existência de um vasto arsenal de imagens visuais e téc-
as relações entre Corpo, Beleza e Educação com enfoque nas pra- nicas que investem na transformação corporal, projetando corpos
ticas discursivas da Educação Física. Apresentamos nesse estudo,
perfeitos para sociedade, de modo que não basta ser saudável: há
parte das nossas reflexões do projeto de mestrado apresentado ao
que ser belo, jovem, estar na moda e ser ativo. Nesse investimento,
programa de Pós-graduação em Educação, na UFRN, onde os dis-
destaca-se: Cirurgias para alterar a anatomia humana (suprime-se
cursos do corpo e da beleza se fazem presente, permeando nos-
costelas, enxerta-se músculos), a utilização de próteses para recon-
sas reflexões e questionamentos. Para se chegar a essa discussão,
figurar o desenho das linhas do corpo, são inovações relativamente
utilizamos como interlocutor principal Michel Foucault, buscando
democratizadas e “naturalizadas” de agir com o corpo, possíveis
compreender os principais conceitos de sua teoria, tomando algu-
pelo avanço tecnológico.
mas das reflexões sobre o discurso presente em suas obras e sua
De modo que a tecnologia cada dia mais avançada tem dei-
relação com a produção dos saberes.
xado os indivíduos cada vez mais submissos a comodidade por
Entendemos ser importante refletir sobre as múltiplas inter-
pretações da beleza, a partir da sua relação com a Educação Física, ela proporcionada. Cirúrgicas plásticas cada vez mais facilitadas,
pois esta, enquanto área na qual a estética clássica impera, carece novas técnicas para mudar a silhueta corporal, medicamentos para
de indagações e reflexões dos modelos vigentes e da forma pelo saciar a fome e estimuladores elétricos que prometem proporcio-
qual, a beleza é compreendida e discutida em seu campo pedagó- nar uma musculatura definida sem sacrifícios. Diante de tanta mo-
gico. No entanto, que não neguem o conceito clássico, mas que dernidade e avanços tecnológicos, o corpo tem sido arquitetado e
possa abarcar outras interpretações do belo. Nesse sentido, enten- construído para atender a funções e necessidade específica, fabri-
demos que os discursos da Educação Física, não podem reduzir ca-se um corpo funcional que vai servir melhor para esta ou aquela
apenas aos conceitos das áreas da saúde, médicas, fisiológicas, tarefa, para esta ou aquela finalidade, para esta ou aquela situação.
desportivas, nem tão pouco romper com estes, haja vista que eles Para o autor citado, tem-se aí um corpo visto como uma máquina,
são necessários. É preciso, considerar que tais referenciais não são que é construído pelo próprio homem, que deve apresentar perfei-
suficientes para compreensão do corpo e da beleza na contempo- ção absoluta e estar nos cânones da função, do padrão e de beleza
raneidade. que lhes são ditados. Impedindo a esse corpo desvios, oscilações,
Desse modo, esperamos contribuir para o debate sobre o cor- defeitos, desordens fragilidade e envelhecimento.
po e a beleza na Educação Física e demais áreas. Corpo como exis- Nesse sentido, o corpo deve ser completamente compacto, fir-
tência e relação entre o homem e o mundo. E, beleza não como me, enxuto, recheado por formas metrificadas, com musculatura
modelo ou ideia, mas numa perspectiva não-linear, como uma definida, jovem e sem marcas. Para tanto, vale bombado, siliconi-
percepção sensível entre o objeto e o indivíduo. É relevante anali- zado e transformado, com o objetivo de adquirir o corpo “perfei-
sar as concepções de corpo e de beleza presente nos discursos da to”. Para isso, as intervenções cirúrgicas possibilitam corrigir os
Educação Física, uma vez que, o diálogo entre os diversos campos “defeitos” e “desordens” corporais para que o indivíduo exponha
de conhecimento, como por exemplo, biologia, anatomia, fisiolo- em público um corpo idôneo ao padrão de perfeição, pois ele não
gia, desenvolvimento motor, psicologia, filosofia etc. presentes na pode ser aceito a não ser que seja conforme aos modelos culturais
área, possibilita diferentes olhares e discursos acerca do corpo e e sociais. No entanto, em nosso planeta existe uma imensa diver-
da beleza. sidade de culturas, portanto, hábitos e relações sociais diferentes.

Didatismo e Conhecimento 19
EDUCAÇÃO FÍSICA
Entendemos que em cada lugar o ser humano desenvolve um olhar dos indivíduos. Logo, os discursos a cerca da beleza, não podem
diferente para o corpo e para beleza. De modo que não podemos ser reduzidos a contemplar e divulgar um único modelo, já que são
definir qual deles é “melhor” ou “pior”, “mais belo” ou “mais múltiplas as interpretações da beleza criadas na história que podem
feio”, já que ao tratar de cultura, tudo é relativo. ser revividas e resignificadas.
Carregamos em nosso corpo não apenas uma mera herança Segundo Feitosa a beleza se mostra na proporção, no esplen-
biológica, já que ele não pode ser considerado apenas biológico, dor da ordem, focalizado pela luz e pelo bem, enquanto, o feio,
pois está situado, no mundo dos sentidos, das significações, das relaciona-se com a desmedida, na instância da assimetria e do
relações, da história. Nele carregamos as raízes das manifestações excesso, focalizado pela escuridão e pelo mal. Para o autor cita-
culturais da qual fazemos parte, construímos ideias, valores, cren- do, esses elementos não se baseiam apenas em critérios de “gosto
ças, símbolos que circulam e determinam padrões estabelecidos próprio”, “de agrado” ou “desagrado”, mas pelas influências dos
dentro da sociedade, em outras palavras: O corpo de cada indiví- discursos sociais, culturais, morais e temporais que cercam os
duo de um grupo cultural revela, assim, não somente sua singulari- indivíduos. Cabe assim, refletirmos quais os discursos da beleza
dade pessoal, mas também tudo aquilo que caracteriza esse grupo que permeiam a Educação Física, para vivenciar a experiência da
como uma unidade. Cada corpo expressa a história acumulada de beleza para além dos modelos ditos “ideias”, em outras palavras:
uma sociedade que nele marca seus valores, suas leis, suas crenças O belo precisa ser experimentado, vivido, solicitando assim, a sen-
e seus sentimentos, que estão na base da vida social. sibilidade, como convite à contemplação. O belo não é uma ideia
Nesse contexto, pensar o corpo como produção cultural e ou modelo, mas uma articulação que acontece na percepção, pro-
discursiva, nos faz refletir que toda modificação corporal, são porcionada pelos jogos expressivos do corpo.
permeados por relações de poder, a partir de um imenso leque de Dessa forma, é preciso entender que a percepção do sujeito é
significações biológica, cultural e social, pois o corpo expressa a fruto de sua existência, tatuadas por significações de sua historici-
história individual e a história acumulada de uma sociedade. Fou- dade, cultura e vivências sensíveis. Assim, perceber criticamente
cault clarifica que em nosso discurso existem normas que regem o padrão de beleza pode desmistificar e abrir possibilidades para
nossa percepção, mecanismos que possibilitam que eles se estrutu- além de suas idealizações, causando vislumbre onde antes não
havia evidências. Compreendemos que, o corpo como construção
rem e se reproduzam, haja vista que, o poder se gera e materializa
discursiva, permeado por relações de poder e constituído por for-
em uma gama extensa de relações pessoais. Portanto, ao corpo que
mação de saberes, é o único meio em que eu posso me entrelaçar
se manipula, se modela, se treina, que obedece, responde, se torna
com o objeto, reconhecer e ser reconhecido, viver e ser vivido,
hábil ou cujas forças se multiplicam, pode-se encontra facilmente
sentir e ser sentido, tocar e ser tocado, olhar e ser olhado, com-
sinais do alvo de poder dedicado ao corpo. Corpo que pode ser
preender e ser compreendido, me encantar pela beleza e ser en-
submetido, que pode ser utilizado, que pode ser transformado, mo-
volvido por ela, em outras palavras: O enigma consiste em meu
dificado e aperfeiçoado.
corpo ser ao mesmo tempo vidente e visível. Ele, que olha todas
De acordo com Lê Breton na modernidade continuamos com
as coisas, pode também se olhar, e reconhecer no que vê então o
o dualismo, no entanto, não mais o dualismo que opõe a alma ao “outro lado” de seu poder vidente. Ele se vê vidente, ele se toca
corpo, mais sutilmente aquele que opõe o homem ao corpo, no tocante, é visível e sensível para si mesmo.
sentido em que, diante das inúmeras possibilidades de intervenção Discutir os discursos dos sujeitos seria compreender as rela-
corporal, se modificando a aparência, o próprio homem é modifi- ções históricas e as práticas sociais que envolvem os seus discur-
cado. Acerca da beleza, Kemp esclarece que devemos considerar sos, haja vista que essas relações produzem um campo de saberes
a história, os laços sociais e culturais que envolvem o corpo, uma na sociedade ao intervir nos discursos das pessoas. As palavras,
vez que, o que para nós é considerado feio esteticamente, em ou- letras e frases não podem ser entendidas apenas como “expressão”
tras culturais, podem ser traços indiscutíveis de beleza. Logo, cor- de algo, pois elas apresentam uma legitimidade própria daquele
po, cultura e sociedade se entrelaçam nas relações que determinam sujeito que obedece a um conjunto de regras, dadas historicamente
o agir, o olhar e o discurso do indivíduo para o corpo e para beleza. e que afirma a verdade de um tempo, já que as coisas ditas estão
Desse modo, se olharmos uma mesma cultura em diferentes épo- amarradas às dinâmicas de poder e saber de um tempo. Sendo as-
cas, iremos perceber que o ideal de beleza se modifica, é criado e sim, consideramos o discurso como uma construção social, não
(re) criado, estabelecendo a compreensão daquilo que se tem como individual, e que só pode ser analisado considerando seu contexto
“feio” e “belo”, como bem enfatiza: histórico-social e suas condições de produção, pois reflete uma vi-
Basta olharmos os múltiplos corpos que transitam e confun- são de mundo determinada, necessariamente, vinculada à dos seus
dem-se nas ruas dos grandes centros urbanos para vermos como autores e à sociedade em que vivem. Portanto, encontraremos res-
são diversos os aspectos culturais que levam determinadas pessoas postas nos discursos, já que eles são carregados de sentidos que
a serem vistas como bela. Dessa maneira, corpo e beleza como não sabemos como se constituíram, mas que significam em nós e
campos de reflexões, discursos e intervenções sociais, possuem para nós, ou seja, os discursos não são “soltos”, mas estão amarra-
múltiplos significados que variam ao longo do tempo, fazendo dos em sentidos, na história da vida dos indivíduos.
com que um indivíduo nunca seja considerado totalmente belo,
ou seja, belo em absoluto, mas de forma relativa, já que esse con- Reflexões para a educação e para a Educação Física
ceito varia ao longo do tempo e das culturas. Isso ocorre, porque
as culturas abarcam as dinâmicas, rupturas e conflitos de geração, Tudo que sentimos, vivemos ou percebemos, é sentido, vivido
de modo que, não apenas a concepção, mas o próprio “gênero” de e percebido em nós mesmos, ou seja, em nosso corpo. E, assumi-
beleza é modificado. Para tanto, é possível perceber essas transfor- -lo frente as suas desordens, angústias, devaneios, vislumbres e
mações temporais e coletivas, constituem as concepções de beleza experiências vividas e trocadas com o mundo, diante das normas,

Didatismo e Conhecimento 20
EDUCAÇÃO FÍSICA
condutas e imposições, ao qual somos em todo tempo impelidos a Nesse sentido, se faz relevante discutir acerca das compreen-
vigiar e punir o corpo é um desafio constante, já que eu só tenho sões de corpo e de beleza presentes nos discursos da educação, em
consciência de meu corpo através do mundo... e só... tenho cons- outras palavras: Mesmo que o discurso considerado seja a repro-
ciência do mundo devido meu corpo. A tarefa dos professores é dução de um simples ato de fala individual, não estamos diante
delicada e complexa, pois ao lidar com os indivíduos, lida com os da manifestação de um sujeito já que o sujeito da linguagem não
corpos, e os corpos nunca se repetem, nunca são iguais. Por isso, é um sujeito em si ele é ao mesmo tempo falante e falado, porque
eles são levados e desafiados a um processo de escuta, sensibili- através dele outros ditos se dizem. Nesse contexto, os discursos
dade e interpretações constantes nas relações que envolvem o seu dos professores ao serem externalizados em suas ações pedagógi-
corpo e o corpo do outro, uma vez que cada corpo tem seu tempo, a cas despertam possibilidades de mudanças consistentes. E, mesmo
sua história, os seus desejos. É preciso ouvi-los, tocá-los, percebê- que inicialmente caiam em terras estéreis e não produzam frutos,
-los em si e em comunicação com os outros corpos. mostram- se fortes e significativos para que quando lembrados, um
Dessa maneira, pensamos que a Educação Física pode con- dia quem sabe, germinem. E por fim, em terras fecundas produzem
tribuir para um olhar crítico frente aos valores que permeiam a reflexões, (re) construção e contribuições significativas para o de-
sociedade, frente às constantes mudanças nos conceitos de beleza, senvolvimento a ampliação da formação dos indivíduos.
possibilitando outros sentidos nas questões relativas ao corpo, a
estética. Nessa perspectiva poderá questionar os sacrifícios e as Corpo e Cultura de Movimento: Diferenças E Preconceitos
formas de modificação corporal, que os indivíduos submetem-se,
para se adequarem ao modelo de beleza vigente na sociedade. Ten- A cultura do Movimento como processo de trabalho/vivência
do em vista que a sociedade pode influenciar de maneira signifi- com práticas corporais, visando qualidade na percepção corporal
cativa a visão de corpo e de beleza. É necessário que a Educação com consequente avanço na as ações/interações do ser humano no
Física como área de conhecimento que se relaciona com essas mundo. Assim, como destacamos, o corpo é a expressão síntese de
questões, possibilite intervenções numa perspectiva crítica, tendo todas essas dimensões. A cultura do Movimento é feita de gestos
como referências a necessidade de produzir diversos olhares para pessoais, pois cada um tem sua originalidade própria. A cultura do
a beleza, para além do conceito clássico imposto como modelo na Movimento deve pensar o corpo não como algo mecânico, inde-
sociedade. pendente do resto, mas na perspectiva de sua relação com os outros
Para tanto, entendemos que os professores da área, consti- sistemas: mental, emocional, estético, religioso etc. Ou seja, deve
tuem parte fundamental para que esses discursos ao chegarem aos considerar o ser humano um todo que interage e é interdependente
campos educacionais, possibilitem diálogos e reflexões acerca do com o todo mais amplo que o rodeia. Dentro dessas possibilidades
corpo e da beleza, a fim de produzir indivíduos críticos frente aos a cultura do Movimento tem papel de perceber o corpo e as ati-
sentidos corporais que permeiam na sociedade, uma vez que é a vidades corporais de forma redimensionada, de tratá-lo como ser
consciência crítica que nos permite romper com as condições pe- total não restrito a gestos técnicos sem repercussão na vida e na
trificadas ideologicamente. Nesse contexto, a Educação Física em prática cotidiana. Como já argumentamos anteriormente, o corpo
seus campos pedagógicos não podem ser reduzidos a contemplar é a síntese de todas as dimensões humanas.
e divulgar um único modelo de beleza, já que são múltiplas as Em relação a essa mudança de paradigma Pierre Weil retra-
interpretações da beleza criadas na história que podem ser revivi- ta algumas diferenças básicas na ruptura do antigo para um novo
das e resignificadas. Dessa forma, corpo e beleza como campos de paradigma, que nesse caso é denominado de holístico. Para Weil
reflexões e intervenções sociais, possuem múltiplos significados uma perspectiva Holística remete à integração e totalidade do
que variam ao longo do tempo, fazendo com que um indivíduo pensamento, da vivência da ação humanas que ele assim descreve
nunca seja considerado totalmente belo, ou seja, belo em absoluto, “Holístico é o espaço de encontro de tudo o que a mente humana
mas de forma relativa, já que esse conceito varia ao longo do tem- separa e separou através dos tempos; Holístico é o encontro do
po e das culturas, sendo possível perceber essas transformações novo com o antigo, do convencional e não convencional; Holístico
temporais e coletivas que constituem as concepções de beleza das é a descoberta da natureza da natureza, da vida da vida, da cons-
pessoas. ciência da consciência”.
Os professores de Educação Física, na medida em que am- Nessa diferenciação diz que o conceito de educação no antigo
pliam os significados de corpo e de beleza, a partir dos múltiplos paradigma era ligado à informação, ao ensino limitado ao intelecto
sentidos para se enxergar a beleza, é capaz de produzir diferentes e à instrução dirigida apenas à memória e à razão. Já no paradig-
significados para os indivíduos, ao considerar e respeitar as dife- ma holístico o foco é a formação e educação da pessoa de forma
renças que são reveladas nas expressões de cada corpo. Destarte, integral dentro de um processo de harmonização e de pleno de-
os professores de Educação Física devem proporcionar diálogos senvolvimento da sensação, do sentimento, da razão e da intuição.
críticos e reflexivos, contribuindo para além da objetividade do Esse paradigma requer novos olhares, de olhar as coisas (relações
belo. E, Possibilitando novas sensações, diferentes enfoques e humanas e sociais, autoconhecimento, mundo, vida, corpo e edu-
sentidos diversos para as questões relativas ao corpo e a beleza. cação) de uma nova forma, não fragmentada, mas unitiva. Nessa
Abrindo caminhos de transformação dos sentidos da beleza e da dimensão ganha espaço a cultura do Movimento, sendo entendida
estética, já que questionar os sentidos da estética pode despertar a enquanto especo fundamental da percepção do corpo como tota-
chave de modificá-los. lidade.

Didatismo e Conhecimento 21
EDUCAÇÃO FÍSICA
Pilares da educação, segundo o relatório são: aprender a co- tal de vida e relação. Freire diz: “Nas minhas relações com os ou-
nhecer, combinando uma cultura geral, suficientemente vasta, com tros, que não fizeram necessariamente as mesmas opções que fiz
a possibilidade de trabalhar em profundidade um pequeno número no nível da política, da ética, da estética, da cultura, nem posso
de matérias, o que significa: aprender a aprender, para beneficiar- partir de que devo “conquistá-los”, não importa a que custo, nem
-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a tão pouco temo que pretendam “conquistar-me”. É no respeito às
vida; aprender a fazer, a fim de adquirir, não somente uma qualifi- diferenças entre mim e eles ou elas, na coerência entre o que faço
cação profissional, de uma maneira mais ampla, competências que e o que digo que me encontro com eles ou com elas.” Ora, de ver-
tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar dade, a grande diferença hoje em educação, é que cada vez mais
percebemos que de nada adianta o professor ter um belo discurso,
em equipe; aprender a viver juntos desenvolvendo a compreensão
apenas repetindo outros autores ou estabelecendo palavras de or-
do outro e a percepção das interdependências – realizar projetos
dem, se ela não vem acompanhada de uma ação prática e concreta,
comuns e preparar-se para gerir conflitos – no respeito pelos va-
que realmente o estudo e a reflexão façam diferença no cotidiano
lores do pluralismo, da compreensão mutua e da paz e aprender a das relações humanas e sociais. Por exemplo: podemos ter um belo
ser, para melhor desenvolver a sua personalidade e estar à altura discurso, mas quando me relaciono com as pessoas do meu coti-
da agir com cada vez maior capacidade de autonomia, de discer- diano, inclusive colegas professores ou meus alunos, faço coisas
nimento e de responsabilidade pessoal. Para isso, não negligen- diferentes.
ciar na educação nenhuma das potencialidades de cada indivíduo: Esta abertura ao querer bem não significa, na verdade, que,
memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão porque professor me obriga a querer bem todos os alunos de ma-
para comunicar-se. neira igual. Significa de fato, que a afetividade não me assusta
que não tenho medo de expressá-la. Na verdade, preciso descartar
Mudanças como falsa a separação radical entre seriedade docente e afetivi-
dade. “Não é certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que
Quando falamos em transformações na educação, em novas serei tão melhor professor quanto mais severo, mais frio, mais dis-
teorias e práticas, sabemos que ao lado de muitos professores atua- tante e “cinzento” me ponha nas minhas relações com os alunos”.
lizados, com disposição e vontade de evoluir, alguns ainda dizem: Essa constatação de Freire tem sido a cada dia mais endossada
“a educação não tem mais jeito!” Baseado nessa frase que cada por estudos como teorias da inteligência emocional, inteligências
vez ouvimos menos, encaminhamos algumas reflexões para que múltiplas, entre outras, que mostram definitivamente que somos
educadores e educadoras, da educação infantil, educação básica e inteiros em educação, ou seja, aprendemos integralmente e não por
partes e que o corpo todo (emoção, percepção, ação) está presente
ensino superior, passando por ONGs e inúmeros outros espaços de
na escola, reforçando ainda mais a ideia de cultura do Movimento
ensino, possam pensar as bases de construção de um paradigma a
na educação. É preciso por outro lado reinsistir em que não se
partir de dados concretos de nossa realidade. Ao falarmos de novo
pense que a prática educativa vivida com afetividade e alegria,
paradigma da educação como vimos acima, não se trata, necessa- prescinda da formação científica séria e da clareza política dos
riamente, de abraçar uma proposta salvadora, mas sim, estabelecer educadores e educadoras. Nesse ponto encontramos uma grande
um caminho onde seja possível, a partir de reflexão, ampliar hori- verdade, que de fato, dominar nossa área específica de conheci-
zontes e análises. mento é ponto central, com suas técnicas e metodologias apropria-
Como os PCN’s estão baseados em pilares: aprender a fazer; das, porém, isso só já não basta à educação hoje é encontro afetivo,
conhecer; conviver e ser temos que entender que em educação os de amor e crescimento humano para os envolvidos. A cultura do
dois primeiros pilares já tem uma história construída e estruturada, Movimento passa a ser pilar desses encontros, na medida em que
porém aprender a conviver e aprender a ser, são dimensões que aos trabalha com o corpo e suas sensações.
poucos nós vamos introduzindo com qualidade na escola, espe- Dentro desse pensamento trago algumas contribuições para
cialmente se entendemos que o “conviver”, faz parte do “ser”, do ajudar pensar melhor em novo paradigma. A primeira é a dimen-
ser humano em todos os aspectos. Para estabelecer os princípios são da Ecologia Humana que pressupõe: Ecologia Individual - a
básicos da tentativa de construção, ressalto uma contribuição fun- Paz consegue mesmo (início de tudo – corpo, mente espírito inte-
damental que é Paulo Freire em seu livro cultura da Autonomia. É grado); Ecologia Social - a Paz com os outros (relações humanas
preciso que saibamos que, sem certas qualidades ou virtudes como qualitativas como crescimento compartilhado); Ecologia Planetá-
amorosidade, respeito aos outros, tolerância, humildade, gosto ria - a Paz com a natureza (entender a ideia de “reciclar a vida” em
pela alegria, gosto pela vida, abertura ao novo, disponibilidade à todos os sentidos).
Outra ótima contribuição é a dimensão do Programa de Edu-
mudança, persistência na luta, recusa aos fatalismos, identificação
cação em Valores Humanos- PEVH que é baseado em cinco valo-
com a esperança, abertura à justiça, não é possível a prática peda-
res humanos fundamentais: Verdade – pensamento com amor (o
gógico- progressista, que não se faz somente com ciência e técnica.
que penso de bom e faça bem a todos); Ação Correta – ação reali-
Nessas palavras, podemos buscar itens fundamentais para zada com amor (aquilo que faço com boa intenção para todos); Paz
pensar no “ser educador”, na medida em que amor, humildade, – sentimento interior de perceber o amor (reconhecer pode fazer
gosto pela vida e trabalho e abertura ao novo, são qualidades que nossa vida plena individualmente e com os outros); Não violên-
educadores e educadoras nunca podem abrir mão. Numa palavra cia – compreensão do outro com amor (por cima das diferenças e
são “direitos” que temos que nos permitir. No caso da cultura do preconceitos); Amor - olhar a mundo e a vida como possibilidades
Movimento é realmente pensar corpo enquanto espaço fundamen- permanentes de evolução (sentimento da condição!).

Didatismo e Conhecimento 22
EDUCAÇÃO FÍSICA
As reflexões aqui apresentadas são fragmentos que pretendem 2. O esporte ou desporto é definido por Georges Magnane
o enfrentamento positivo do marasmo e do fatalismo que alguns como uma atividade de lazer cuja predominância é o esforço físi-
insistem em colocar a educação e daqueles que ainda reduzem o co, participando simultaneamente do jogo e do trabalho.
corpo à máquina. Por fim é uma breve reflexão de que ser pro- Para essa concepção, é correto afirmar que ela deve ser pra-
fissional que trabalha com pessoas é reconhecer as dificuldades, ticada:
mas manter uma postura ativa na minimização e superação delas! (A) de forma lúdica, regulada por convenção das partes ins-
Acreditar também que as mudanças estão em cada um de nós e que tituídas por acordo, e suscetível de transformar-se em atividade
se pensamos e queremos melhorar a educação, temos que começar comercial.
(B) de maneira competitiva, comportando regulamentos e ins-
a exercitar em nossa própria vida, em nossa família, escola, sala
tituições específicas, e suscetíveis de transformar-se em atividade
de aula. Portanto, parece ser necessário pensar em flexibilizar as profissional.
certezas e dos saberes considerado absoluto, isto é, os conceitos (C) em grandes eventos competitivos, comportando regras e
acabados de escola, gestão, alunos, professor, relações humanas, federações/confederações, e arrecadadora de grandes rendas.
vida, entre outros tão significativos, nos quais muitas vezes nos (D) em mega eventos, comportando competições e shows, re-
apoiamos sem reflexão, por uma pedagogia da pergunta, do me- gulamentados por legislações específicas.
lhoramento das perguntas do acesso de informações, do abraço, (E) de forma lúdico-competitiva, comportando shows e per-
da afetividade e do “olho no olho”, isto é, pensar também e es- mitindo grande arrecadação de renda.
pecialmente com o coração, considerar ao lado das competências
profissionais, a intuição e a criatividade e deixar que o “amor” seja 3. Considerada como cultura do físico, constituindo-se como
mais bem sentido e interpretado nas relações escolares. parte da Medicina, criadora de sofisticadas técnicas desportivas,
Baseado nas questões levantadas parece inevitável pensar veiculadora de ideologias. Afinal, o que é Educação Física? Dentre
uma Educação do Século XXI, onde não estejam presentes a aber- várias respostas, uma é seu objeto indiscutível de estudo. Assinale-
-o.
tura a novos olhares e pensamentos sobre pessoas, relações huma-
(A) o fenômeno esportivo;
nas, aprendizagem significativa, valores humanos, solidariedade e
(B) o ser humano como criação divina;
sociedade global. Especialmente para educadores que pretendam (C) o ser humano em movimento;
fazer de sua prática pedagógica um espaço de crescimento e de (D) as ciências sociais;
vida, de desenvolvimento individual e social, enfim de “ré encan- (E) a ciência do movimento;
tamento” por si mesmo e pelo outro!
Assim, optamos por defender uma cultura do Movimento 4. O rendimento físico e atlético ainda é uma preocupação da
como uma das necessidades de mudança de paradigma em edu- Educação Física, mas, na escola, não pode ser aquele desempe-
cação, uma vez que ela pode contemplar aspectos de autoconhe- nho apoiado num referencial externo, induzindo todos a chegar ao
cimento e sensibilização. Nessa perspectiva, a cultura do Movi- mesmo lugar ao mesmo tempo, e seguindo o mesmo caminho. Na
mento contribui no abandono da noção única de informação, ensi- escola, o desempenho estimulado deve ser aquele que:
no limitado ao intelecto e instrução dirigida à memória e à razão; (A) ajude os seres humanos a manter um desempenho homo-
para o sentido da formação e educação da pessoa, ou seja, um pro- gêneo.
cesso de harmonização e de pleno desenvolvimento da sensação, (B) estimule todos os seres humanos de maneira uniforme e
justa.
do sentimento, da razão e da intuição. Para encerrar, sem terminar
(C) estimule as valências físicas de todos, respeitando as indi-
a reflexão proposta, deixamos algumas palavras de Nuno Cobra
vidualidades biológicas.
“O corpo é o caminho para o maravilhoso mundo interior-esse é o (D) ajude o ser humano a encontrar o seu melhor aproveita-
meu método, essa é a minha profissão. Tenho uma visão do homem mento.
como um todo e não do físico pelo físico. Uso sim, o corpo como
um caminho para chegar à mente, às emoções, ao espírito das pes- 5. No âmbito da Educação Física escolar, o jogo é toda ação
soas. E o movimento é a base para o desenvolvimento interior.”. livre, desenvolvida dentro de certos limites de tempo e espaço, não
fazendo parte da vida ordinária e que, contendo algo de incerto:
QUESTÕES (A) estimula a dicção e a competição saudável.
(B) viabiliza a união por meio da competição.
1. Implantada por militares em diversos países, a Educação (C) cria a indefinição preparando para a vida.
Física objetivava unicamente o treinamento físico-militar. Esse es- (D) cria a incerteza e estimula a reorganização.
pírito foi, nesses países, transferido para o meio civil. O professor (E) cria a ordem e estimula a socialização.
de Educação Física passou a assumir o papel de preparador físico,
6. O currículo constitui um importante instrumento na educa-
incorporou às suas aulas exercícios de ordem unida e tornou-se:
ção tanto de conservação quanto de transformação dos conheci-
(A) um “referencial para a manutenção da ordem”.
mentos historicamente acumulados. O entendimento de que o cur-
(B) exemplo de “ordem e disciplina”. rículo é um campo de investigação que problematiza discussões
(C) um “disciplinador por excelência”. essenciais à educação relativas a aspectos culturais, ideológicos e
(D) “modelo” para os alunos. de poder está em consonância com as teorias que fundamentam o
(E) “modelo” de procedimentos progressistas. currículo em uma perspectiva:

Didatismo e Conhecimento 23
EDUCAÇÃO FÍSICA
(A) tecnicista.
(B) moderna.
(C) crítica.
(D) tradicional.
(E) renovada

7. Assinale a alternativa que contenha grandes fatores de risco


para a saúde.
(A) o fumo, a hipertensão e os altos níveis sanguíneos de co-
lesterol;
(B) a obesidade, a hereditariedade e o estresse;
(C) a falta de exercícios, a obesidade e a hipertensão;
(D) o sexo, o fumo e o estresse;
(E) a idade, o sexo e o fumo;

8. É correto afirmar que o conteúdo curricular da Educação


Física escolar observará a diretriz que instrui sobre a promoção do
desporto educacional e:
(A) o investimento nas práticas desportivas de competição;
(B) o apoio às práticas desportivas de competição;
(C) o investimento nas práticas desportivas formais;
(D) a atenção especial à formação de base para o desporto de
competição;
(E) o apoio às práticas desportivas não formais;

9. Na perspectiva da reflexão sobre a cultura corporal, a dinâ-


mica curricular, no âmbito da Educação Física, tem características
bem diferenciadas das tendências anteriores. É correto afirmar que
ela busca desenvolver uma reflexão pedagógica sobre:
(A) o conjunto de manifestações expressas pelo ser humano
em todo o mundo, exteriorizadas na forma de expressão corporal
ao longo da história.
(B) as formas de manifestações dos povos de todo o mundo
nos domínios ginástico e esportivo, construídas ao longo da histó-
ria do ser humano sobre o planeta Terra.
(C) o acervo de formas de representação do mundo que o ser
humano tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela
expressão corporal.
(D) as maneiras de representação do mundo que o ser humano
tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas nos jogos,
esportes e danças.
(E) o acervo de representações dos povos de todo o mundo na
cultura esportiva construída ao longo da história.

10. A Educação Física é uma prática pedagógica que, no âm-


bito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais
como jogo, esporte, dança, ginástica, lutas, etc. Essas formas con-
figuram uma área de conhecimento.
Assinale a alternativa que a identifique.
(A) cultura corporal
(B) fundamentos esportivos
(C) fundamentos teórico-esportivos
(D) fundamentos científicos
(E) cultura esportiva

GABARITO: 01-C / 02-B / 03-C / 04-D / 05-E / 06-C / 07-A


/ 08-E / 09-C / 10-A

Didatismo e Conhecimento 24
Arte
Arte
Características:
Prof. Márcia Aparecida Fernandes Redígolo
- Ordens arquitetônicas (colunas gregas: dórica, jônica e corín-
Especialista em Gestão Escolar; Graduada em Arte e em Pe- tia);
dagogia; Complementação em Desenho Geométrico. - Arcos de volta-perfeita;
- Simplicidade na construção;
- A escultura e a pintura se desprendem da arquitetura, passando
a ser autônomas.
A ARTE RENASCENTISTA NA ITÁLIA - Construções de palácios, igrejas, vilas, etc.

Arquiteto: Fillipo Brunelleschi (1377-1446), além de arquiteto,


foi pintor, escultor.
- Desenvolveu-se entre 1300  a 1650.
- Cansados da submissão das artes e do pensamento aos dogmas
da Igreja Católica. Nasce a arte renascentista, uma revolução: nova Principais obras: 
forma de entender o mundo, o ser humano e a natureza.
- Reviver da cultura grega e romana - influenciou as artes, a - Catedral de Santa Maria Del Fiore, Florença - Itália.
literatura, a ciência e a filosofia. - Capela Pazzi, Florença - Itália.
- Marca o fim da Idade Média e o Início da Idade Moderna.
- Fator importante: o papel dos mecenas (papas, cardeais, prín-
cipes ou ricos mercadores) que, movidos pela ambição, pela bus-
ca de popularidade e poder, passaram a contratar os serviços dos
artistas e se tornaram os grandes patrocinadores das obras de arte
de vários artistas, como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael
e outros.

Características:

- Racionalidade (tudo é explicado e comprovado através da ci-


ência);
- Dignidade do ser humano (o ser humano passou a ser repre-
sentado levando em conta suas emoções);
- Rigor científico (uso da proporção, da perspectiva, do claro-
-escuro);
- Ideal humanista (o homem e a natureza eram o centro das Catedral de Santa Maria Del Fiori, Florença, Itália.
preocupações); A construção da cúpula foi projetada pelo arquiteto Fillipo
- Reutilização das artes grega e romana (ideal de beleza e har- Brunelleschi.
monia).

Principais fundamentos:

- Classicismo - ideal de beleza e harmonia.


- Hedonismo - valorização do corpo, dos prazeres terrenos e es-
pirituais, no culto do belo e perfeito.
-Naturalismo - valorização do retrato fiel a realidade.
- Racionalismo - busca da verdade por meio da investigação
através da ciência.
- Individualismo - valorização da liberdade do ser humano de
fazer escolhas.
- Humanismo/ Antropocentrismo - colocava o homem e a natu-
reza como o centro das preocupações e interesses - em oposição ao
divino e ao sobrenatural (teocentrismo), conceitos que predominam
na Idade Média. Capela Pazzi (1429-1443). Florença, Itália. Projetada por
Fillipo Brunelleschi.
Arquitetura

Tudo é baseado em cálculos matemáticos. Uso da geometria


euclidiana, que usava como base da planta (projeto) o quadrado e a
perspectiva como forma de se obter harmonia nas construções, de tal
forma, que de qualquer ponto que se coloque, possa compreender o
funcionamento dessas relações.

Didatismo e Conhecimento 1
Arte
Leitura das imagens da obra “A Lamentação”

- O tema dessa obra é religioso, em que homens e mulheres


lamentam a morte de Cristo, enquanto anjos esperam sua chegada
no céu.
- A obra possui movimento, o qual podemos comprovar pela
linha curva (conseguida se traçarmos uma linha acompanhando as
cabeças).
- As cores: azul , as gradações de cores e o contraste entre o
vermelho e o verde (cores complementares) , usado para acentuar
as outras cores, aumentando  a emoção desse acontecimento. A cor
vermelha nesse contexto dá ideia de força, de irracionalidade, de
ação.
Vista interna da Capela Pazzi. - O pesar de Maria, debruçada sobre o corpo de Cristo, é refor-
çado além das cores, pelos gestos emocionados e expressões sofri-
Pintura das das figuras. 
- A composição é equilibrada e divide a obra através de uma
Interpretação científica do mundo. Com a utilização da propor- linha diagonal, em dois planos: 1º plano ( composto pelas figuras
ção e da perspectiva, os artistas conseguiram reproduzir o espaço de Cristo, Maria, santos e outros e o 2º plano separado pelo muro
sobre uma superfície plana, dando a ideia de profundidade e volume.  (composto pelas figuras dos anjos no céu).
Com a nova técnica, pintura a óleo, possibilitou as gradações de
cores, variação das cores: quentes e frias. Quatrocento - século XV (1400-1499). Período de aperfeiçoa-
Efeito do claro-escuro, luz e sombra com o objetivo de destacar mento das técnicas. Os pintores passaram a fazer uso da geometria
elementos mais importantes e escurecer os elementos considerados utilizando a perspectiva, recurso que lhes permitiam reproduzir na
secundários, permitindo criar distâncias e volumes. tela cenas tridimensionais. Uso da tinta a óleo e a tela como suporte.

Características: Artistas: Masaccio - (1401-1428). Foi o primeiro artista do sé-


culo XV a conceber a pintura como imitação fiel do real, como re-
- Perspectiva, proporção; produção das coisas como elas são. O seu realismo é tão cuidadoso
- Uso do claro-escuro, luz e sombra; que ele parece ter a intenção de convencer o observador a respeito
- Realismo; da realidade da cena retratada,  como se pode comprovar em seus
- Uso da tinta a óleo e da tela; quadros. Mas além disso, Masaccio, parece convidar o observador
- Artistas com estilo pessoal. a também participar do que está representado na pintura. Podemos
notar esses aspectos na obra “A Trindade”.
A Arte Renascentista dividi-se em três períodos:
Obra: “A Trindade”.
Trecento - século XIV (1300 a 1399). Considerado como pré-
-renascimento, pois os artistas ainda guardavam características me-
dievais.

Artista: Giotto di Bondone - (1267-1337), provocou uma revo-


lução na pintura. Foi um dos primeiros a dar ilusão do real, no que
diz respeito a emoção e espaço em uma superfície plana. Obra: “A
Lamentação”, 1300, considerada uma das maiores obras do mundo.

“A Lamentação” de Giotto di Bondone. Afresco,


parede da Capela Degli Scrovegni, em Pádua. Dim. 230 X A Trindade, Masaccio, 1425. Dim. 670 X 315 cm, afresco.
300 cm. Igreja Santa Maria Novella, Florença.

Didatismo e Conhecimento 2
Arte
“A Trindade”, afresco encomendado para a Igreja de Santa Ma-
ria Novella, mostra seis imagens humanas. Ao centro, estão o Pai e RENASCIMENTO – CINQUECENTO
o Filho, abaixo do grandioso mastro da Trindade, central e vertical,
vemos os quatro atores não divinos do drama, que se desdobram si-
metricamente nas laterais. Apenas um deles, Maria, olha-nos direto
da pintura. Do outro lado da cruz, contrabalançando a figura da Mãe
de Jesus, está São João, igualmente sólido, ainda que não olhe para
nós, e sim para Jesus.
Fechando a pintura, temos os doadores, grandes, de perfil, soli-
damente presentes na condição de nossos representantes. E bem na
base, há uma sétima  personagem: o esqueleto, que representa todos
os seres humanos.
Acima do esqueleto, na parede de pedra da tumba estreita que
ele se encontra, lê-se a seguinte inscrição: “Fui outrora o que você é,
e sou aquilo em que você transformará”. Descreveu a sofisticada es-
trutura espacial da obra como “abóbada cilíndrica traçada em pers-
pectiva e dividida em quadriláteros caixotões, que vão diminuindo e
que parece haver um buraco na parede”.

Fra Angélico - (1387-1455), suas pinturas embora siga os prin-


cípios renascentistas da perspectiva e da correspondência entre luz e
sombra, está impregnada de um sentido místico. O alto Renascimento ou Cinquecento floresceu entre 1490
e 1527, ano em que Roma, que substituíra Florença como centro
Obra: “Anunciação”.
artístico, foi saqueada pelas tropas imperiais de Carlos V. O perí-
odo contou com três figuras de primeira magnitude: Leonardo da
Vinci, Michelangelo e Rafael. Cada um desses artistas personificou
um aspecto peculiar desse momento: Da Vinci foi o arquétipo do
homem renascentista, um gênio solitário que se interessou pelas fa-
cetas múltiplas do conhecimento; Michelangelo encarnou o poder
criador e concebeu vários projetos inspirando-se no corpo humano
como veículo essencial para a expressão de emoções e sentimentos;
e Rafael exemplificou o espírito clássico da harmonia, da beleza e
da serenidade.
Ainda que tenha se iniciado como escultor, sua obra mais co-
nhecida é o gigantesco afresco da abóbada da capela Sistina, na
qual combinou a teologia cristã e a filosofia neoplatônica. Rafael,
que na juventude sofreu a influência de Da Vinci e Michelangelo,
distinguiu-se por sua preferência pela harmonia e clareza clássicas,
características que podem ser apreciadas em uma de suas obras mais
Anunciação, 1437. Fra Angélico. Museu célebres, “Escola de Atenas”. Nesse trabalho, uma fresco para o Va-
Nacional de S. Marcos, Florença. ticano, representou juntos, em conversa tranqüila, diversos filósofos,
artistas e homens de ciência, tanto da antiguidade como seus con-
temporâneos, dispostos em um cenário colossal de características
greco-latinas.
O criador do Cinquecento arquitetônico foi Donato Bramante,
que chegou a Roma em 1499. Sua primeira obra-prima foi o peque-
no templo de são Pedro em Montorio, de planta centralizada, seme-
lhante à dos templos circulares clássicos. O papa Júlio II escolheu
Bramante para edificar a nova basílica de São Pedro, de gigantescas
proporções, que deveria substituir a igreja paleocristã do século IV.
O projeto só foi completado muito tempo depois da morte de Bra-
mante e dele participaram artistas como Rafael e Michelangelo, que
desenhou a enorme cúpula. Em Veneza, onde Antonello da Mes-
sina havia introduzido o óleo, técnica própria do norte da Europa. 
Durante o século XV, sucedeu-se uma série de pintores brilhantes
-- Giorgione, Ticiano, Tintoretto, Veronese -- com os quais chegou
ao seu esplendor máximo a escola veneziana, cujas características
são o colorido, a luz vaporosa, a sensualidade e os temas pagãos.

Didatismo e Conhecimento 3
Arte
Teatro no Renascimento de Júlio César, em 1599. Durante esse tempo, escreveu o que são
consideradas suas grandes comédias e histórias. De 1600 a 1608, o
Inglaterra de Shakespeare se destaca que chamam de “período sombrio”, Shakespeare escreveu suas mais
prestigiadas tragédias:  Hamlet, Rei Lear e Macbeth. E de aproxi-
madamente 1608 a 1613, escrevera principalmente tragicomédias e
romances.
Os primeiros trabalhos gravados de Shakespeare são Ricardo
III’ e as três partes de Henry V, escritas em 1590, adiantados durante
uma moda para o drama histórico. É difícil datar as primeiras peças
de Shakespeare, mas estudiosos de seus textos sugerem que A Me-
gera Domada, A Comédia dos Erros e Titus Andronicus pertencem
também ao seu primeiro período. Suas primeiras histórias parecem
dramatizar os resultados destrutivos e fracos ou corruptos do Estado
e têm sido interpretadas como uma justificação para as origens da
dinastia Tudor. Suas composições foram influenciadas por obras de
outros dramaturgos isabelinos, especialmente Thomas Kyd e Chris-
topher Marlowe, pelas tradições do teatro medieval e pelas peças
Gravura do século 18 retrata William Shakespeare de Sêneca. A Comédia dos Erros também foi baseada em modelos
clássicos.
Entenda como a Inglaterra se tornou palco de importantes pro- As clássicas comédias de Shakespeare, contendo plots (centro
duções teatrais durante o renascimento. Conheça o contexto histó- da ação, o núcleo da história) duplos e sequências cênicas de comé-
rico em que o teatro se desenvolveu no país, características e prin- dia, cederam, em meados de 1590, para uma atmosfera romântica
cipais nomes. em que se encontram suas maiores comédias. Sonho de uma Noite
de Verão é uma mistura de romance espirituoso, fantasia, e envol-
Contexto histórico ve também a baixa sociedade. A sagacidade das anotações de Mui-
to Barulho por Nada’, a excelente definição da área rural de Como
O período elisabetano na Inglaterra é o que compreende o rei- Gostais, e as alegres sequências cênicas de Noite de Reis completam
nado da rainha Elizabeth I (1558-1603), considerado a era de ouro essa sequência de ótimas comédias. Após a peça lírica Ricardo II,
da história inglesa. É o auge do renascimento naquele país, com os escrito quase inteiramente em versículos, Shakespeare introduziu
maiores destaques para a literatura e a poesia. em prosa as histórias depois de 1590, incluindo Henry VI, parte I e
No reinado da rainha Elizabeth I, a Inglaterra conseguiu assu- II, e Henry V.
mir o posto de potência mundial, já que a Espanha, que mantinha Seus personagens tornam-se cada vez mais complexos e alter-
o “cargo”, estava em decadência. O comércio inglês se impôs e se nam entre o cômico e o dramático ou o grave, ou o trágico, expan-
expandiu pelo mundo, preparando as condições favoráveis à prospe- dindo, dessa forma, suas próprias identidades. Esse período entre es-
ridade econômica e ao progresso da burguesia. sas tais alternações começa e termina com duas tragédias: Romeu e
Era um momento de rápida transformação em todos os setores Julieta, sem dúvida alguma sua peça mais famosa e a história sobre
da sociedade, o comércio marítimo influenciava a moda, o transpor- a adolescência, o amor e a morte; e Júlio César. O período chamado
te (com o uso das carruagens), a arquitetura, os costumes, como, por “período trágico” durou de 1600 a 1608, embora durante esse perí-
exemplo, o uso de garfos (trazidos da Itália) e o tabaco (trazido da odo ele tenha escrito também a “peça cômica” Medida por medida. 
Índia e da América). Muitos críticos acreditam que as maiores tragédias de Shakespeare
Esse foi o momento no qual o teatro elisabetano cresceu e auto- representam o pico de sua arte.
res como Shakespeare escreveram peças que rompiam com o estilo Seu primeiro herói, Hamlet, provavelmente é o personagem
com o que a Inglaterra estava acostumada. shakespeariano mais discutido do que qualquer outro, em especial
A reforma protestante e o humanismo introduziram novos ele- pela sua frase “Ser ou não ser, eis a questão”. Ao contrário do refle-
mentos nas representações. Foi através de grupos de atores mam- xivo e pensativo Hamlet, os heróis das tragédias que se seguiram, em
bembes (como na “Commedia dell’Arte”) que surgiu o profissiona- especial Otelo e Rei Lear, são precipitados demais e mais agem do
lismo teatral. que pensam. Essas precipitações sempre acabam por destruir o herói
Elizabeth 1 deu proteção ao teatro da época, pois seu gosto pe- e frequentemente aqueles que ele ama. Em Otelo, o vilão Iago acaba
los espetáculos populares conseguiu contrabalançar as tendências assassinando sua mulher inocente, por quem era apaixonado.
puritanas do reino. Bailados, mágicas, representações cênicas de Em Rei Lear, o velho rei comete o erro de abdicar de seus po-
todo tipo eram apresentadas por onde quer que a rainha fosse. deres, provocando cenas que levam ao assassinato de sua filha e à
tortura e a cegueira do Conde de Glócester. Segundo o crítico Frank
Shakespeare e seus gêneros Kermode, “a peça não oferece nenhum personagem divino ou bom,
e não supre da audiência qualquer tipo de alívio de sua crueldade”.
Os eruditos costumam anotar quatro períodos na carreira de Em Macbeth, a mais curta e compactada tragédia shakespeariana, a
dramaturgia de Shakespeare. Até meados de 1590, escreveu prin- incontrolável ambição de Macbeth e sua esposa, Lady Macbeth, de
cipalmente comédias, influenciado por modelos das peças romanas assassinar o rei legítimo e usurpar seu trono, até à própria culpa de
e italianas. O segundo período iniciou-se aproximadamente em ambos diante deste ato, faz com que os dois se destruam. Portanto,
1595, com a tragédia Romeu e Julieta e terminou com A Tragédia Hamlet seria seu personagem talvez mais admirado. Hamlet reflete

Didatismo e Conhecimento 4
Arte
antes da ação em si, é inteligente, perceptivo, observador, profunda- Quando Édipo, num ato de desespero, fura seus olhos com os
mente proprietário de uma grande sabedoria diante dos fatos. Suas alfinetes da roupa da mãe, ou quando Medéia mata seus filhos, é
últimas e grandes tragédias, Antônio e Cleópatra e Coriolano con- um arauto ou um outro personagem que vem a cena para narrar o
têm algumas das melhores poesias de Shakespeare e foram consi- episódio ao espectador.
deradas as tragédias de maior êxito pelo poeta e crítico T.S. Eliot. Com as tragédias no Renascimento, especialmente em Shakes-
No seu último período, Shakespeare centrou-se na tragicomédia peare, a cena trágica, violenta, o sofrimento do herói é no palco, aos
e no romance, completando suas três mais importantes peças dessa olhos de todos. Esse escritor tinha uma predileção por temas ligados
fase: Cimbelino, Conto de Inverno e A Tempestade, e também Pé- à própria história da Inglaterra e posicionou-se apaixonadamente em
ricles, príncipe de Tiro. Menos sombrias do que as tragédias, essas relação aos problemas de poder e do destino.
quatro peças revelam um tom mais grave da comédia que costuma- Entre as tragédias escritas por Shakespeare é impossível não
vam produzir na década de 1590, mas suas personagens terminavam destacar “Romeu e Julieta”, que se tornou a história de amor por
com reconciliação e o perdão de seus erros. Certos comentadores excelência e “Hamlet”, cuja frase “Ser ou não ser: eis a questão” é
vêem essa mudança de estilo como uma forma de visão da vida mais
uma das mais conhecidas da língua inglesa. “Macbeth”, “Rei Lear”,
serena por parte de Shakespeare. Shakespeare colaborou com mais
“Otelo”, “Ricardo II”, “Ricardo III”, “Henrique IV”, “Henrique V”,
dois trabalhos, Henry VIII e Dois parentes nobres, provavelmente
“Henrique VI” e “Henrique VIII” também estão entre suas tragédias
com John Fletcher.
mais famosas e encenadas até hoje.
Os homens do rei
Comédias: lirismo, farsa e sombras
O primeiro teatro londrino foi fundado em 1576. O mais famo-
so, porém, é o Globe, fundado em 1599, às margens do rio Tâmi- Nas comédias escritas por Shakespeare há forte influência da
sa. Idealizado e construído por Shakespeare e sua companhia, The “Commedia dell’Arte”. Ainda assim, podem-se identificar em sua
King’s Men (os homens do rei), seguia os padrões do que chamamos produção vários tipos de comédias, desde as mais leves e farsescas,
hoje teatro elisabetano. A disposição do palco era ideal para a ação como “A Megera Domada”, às líricas, como “Sonho de Uma Noite
dramática e para uma peça que se desenrolava sem interrupções, de Verão”, até as mais sombrias, como “Medida por Medida”.
rápida e com grande número de figurantes. Havia pouco ou quase Outras de suas obras mais importantes nesse gênero são “Co-
nenhum cenário, os papéis femininos eram representados por rapa- média dos Erros”, “Muito Barulho por Nada”, “A Tempestade”,
zes, pois na época as mulheres ainda não podiam representar. As “Tudo Está Bem Quando Acaba Bem”, “As Alegres Comadres de
mulheres raramente apareciam na platéia, com exceção de  prostitu- Windsor”, “Péricles”.
tas. As demais, quando iam ao teatro, usavam máscaras.
O Teatro Globe não era coberto. As apresentações só ocorriam Texto adaptado de Valéria Peixoto de Alencar 
durante o verão. Também eram suspensas quando havia algum surto
de peste, o que era freqüente, de modo que, para ganhar a vida, a Outra ótica sobre a Commedia Dell’arte
companhia fazia turnês pelo interior. Em algumas de suas peças,
Shakespeare faz referência a isso, como em “Hamlet”, quando um
grupo de atores mambembes chega ao Castelo de Elsenor para uma
encenação.

Sonetos em tempos de peste

Shakespeare é considerado um dos mais importantes dramatur-


gos e escritores de todos os tempos. Seus textos são obras de arte e
permanecem vivos e atuais, retratados freqüentemente no cinema,
no teatro, na televisão e na literatura.
O escritor nasceu numa cidade pequena, Stratford-on-Avon,
onde começou seus estudos. Casou-se aos 18 anos com Anne Ha-
thaway, com quem teve três filhos. No ano de 1588 foi morar em
Londres e, em 1592, já fazia sucesso como ator e dramaturgo. Entre-
tanto, eram seus sonetos e não suas peças que eram aclamados pelo
público, já que de 1592 a 1594, os teatros londrinos tiveram que ser
fechados por causa de um surto de peste.
Em 1594 ingressou na Companhia de Teatro de Lord Chamber-
lain, mesmo ano em que escreveu sua primeira peça, a “Comédia Por Robson Vieira
dos Erros”. Desde então, escreveu mais de 38 peças.
A Commedia Dell’arte continua inspiradora para o teatro no
Sofrimento do herói em cena mundo inteiro, entre suas principais características, destaca-se o im-
proviso e o nomadismo, os espetáculos não dispunham de textos
Ainda que inspiradas pelos valores do teatro clássico, as tragé- escritos, embora seus fossem habilmente elaborados, não estabele-
dias shakespearianas têm uma diferença marcante que é a morte e/ ciam residência em um único  lugar, viajavam pelas maias variadas
ou o sofrimento do herói em cena, aos olhos do público. Nas tragé- cidades. Pode-se dizer que, é a Commedia da habilidade, todo o pro-
dias gregas isso jamais ocorria. cesso de criação do espetáculo se dava na coletividade de produção.

Didatismo e Conhecimento 5
Arte
Mas, a maior de todas as características deste típico teatral é o Existiam características marcantes em toda indumentária, fi-
uso das máscaras com seus personagens estereotipados, isso lhe ren- gurinos e máscaras dos personagens da Commedia, focaremos na
deu varias outros nomes, inclusive o de Teatro de Máscaras, sendo análise dos personagens: Arlequino, Puncinela, Doutore, Pantalone
que se tornou conhecida como Commedia Dell’arte. e Enamorados.
Não resta dúvidas que, a Commedia Dell’arte é uma forma tea-
tral única no mundo, que muito contribui para a construção do teatro Arlequino/Arlecchino – também conhecido como, é um palha-
moderno, ela desenvolveu-se na Itália por volta do século XVI, sen- ço. Um dos zanni. Acróbata, amoral, glutão. É facilmente reconhecí-
do difundida em toda a Europa nos séculos sucessivos, essa grande vel pela roupa branca e preta com estampa em forma de diamantes.
difusão é também fruto do percurso percorrido em sua forma nôma- O papel algumas vezes é substituído pelo Truffeldino, seu filho. Sua
de de ser. máscara possui uma testa baixa com uma verruga. Algumas vezes,
A Commedia era de origem popular, vivam o nomadismo de usa um lenço negro sob o queixo e amarrado no alto da cabeça. Ge-
maneira afinco, levavam seus espetáculos de cidade em cidade, por ralmente, Arlecchino é o servo do Pantalone, às vezes do Dottore.
muito tempo não dispunha de espaços para as suas apresentações, Ele ama Colombina, mas ela apenas o faz de idiota.
eram palcos improvisados em praças públicas, era nele onde a maio-
Puncinela/Pulcinella  – Muitas vezes conhecido como “Pun-
ria dos espetáculos ocorriam. Somente no século XVI e de forma
ch”. O esquisito, inspirador de pena, vulnerável e geralmente des-
esporádica é que, a Commedia passou a ter acesso aos teatros, onde
figurado. Na maioria das vezes, com uma corcunda. Muitas vezes,
até então em sua grande maioria eram apresentados espetáculos de
não é capaz de falar e, por isso, comunica-se através de sinais e
cunho erudito. sons estranhos Sua personalidade pode ser a de um tolo, ou de um
No século XVIII, por conta da grande popularidade deste tipo enganador. Tem a voz estridente e sua máscara tem um nariz grande
de espetáculo, foi forçada a abertura de novos espaços para as com- e curvo, como o bico de um papagaio.
panhias teatrais.
A não utilização de textos escritos, sempre foi maior causa dos Doutore/Dottore – O doutor. Visto como o homem intelectual,
olhares contemporâneos de uma grande maioria dos estudiosos da mas geralmente essa impressão é falsa. Ele é o mais velho e rico
Commedia, ainda assim, os espetáculos têm ligação direta com os dos vecchi. Geralmente, interpretado como um pedante, avarento
seus textos ou canovacci como eram chamados, se observa a incon- e sem o menor sucesso com as mulheres. Usa uma toga preta com
sistência no que se refere ao conteúdo. O canovaccio obedecia a re- gola branca, capuz preto apertado sob um chapéu preto com as abas
quisitos funcionais do espetáculo: clareza, partes equivalentes para largas viradas para cima.
todos os atores envolvidos, ser engraçado, possibilidade de inserir
lazzi, danças e canções, disponibilidade a ser modificado. Pantalone/Pantalone – Um dos vecchi. Geralmente, muito rico
A figura do concertatore, é uma pessoa importante nos espetá- e muito avarento. O arquétipo do velho pão-duro. Não se preocupa
culos da Commedia Dell’arte, exercia função equivalente a do di- com mais nada além de dinheiro. O cavanhaque branco e o manto
retor teatral moderno, era o orientador/inspirador dos espetáculos. negro sobre o casaco vermelho, possui uma filha casadoira ou é ele
As companhias de Commedia Dell’arte eram geralmente for- próprio um cortejador tardio.
madas por um grupo de oito e por vezes doze atores/atrizes, tinha
laços familiares entre se. Pai, mãe e irmãos montavam uma compa- Enamorados/Os Innamorati - São os amantes. O innamorato e
nhia, e utilizando de suas carroças saiam mundo afora a apresentar a innamorata têm muitos nomes. (Isabella era o nome mais popular
belíssimos espetáculos. usado para a innamorata). Eles são jovens, virtuosos e perdidamen-
O ator tinha um papel fundamental, precisavam ter noções de te apaixonados um pelo outro. Eles usam os trajes mais belos e de
malabarismo, canto e outros feitos, tudo isso eram exigências dire- acordo com o período e a moda vingente e nunca usam máscara.
cionadas continuamente aos atores, função não menos importante Geralmente, cantam, dançam ou recitam poemas.
era o conhecimento da concepção plástica do teatro.
Otelo/Shakespeare
O uso das mascaras, eram exclusivamente para os homens e
caracterizavam personagens fruto do populismo da época. As ins-
Otelo
pirações para as máscaras eram tiradas do imaginário do cotidiano
(William Shakespeare)
comum dos atores, em sua grande maioria, eram zoomórficas alu-
diam animais domésticos ou domesticados, fazendo com isso crítica A linguagem de Shakespeare, rica e criadora, contém todos
à real situação de vida em que vivam a grande porcentagem mais os elementos anglo-saxônicos e latinos da língua inglesa, que o
pobre da população da época. O ator tinha enorme responsabilidade poeta enriqueceu com um maior número de citações, locuções e
em desenvolver o seu papel, com o passar do tempo, portou à uma frases proverbiais do que qualquer outro autor, respeitando a ver-
especialização do mesmo, limitando-o a desenvolver uma só perso- são original, mas fez algumas modificações: Shakespeare busca
nagem e a mantê-la até a morte. a comédia e o romance naturalmente, mas chega à tragédia por
A Commedia Dell’arte foi importante, sobretudo como reação meio da violência e da ambivalência; atribuiu ao Mouro um cará-
do ator a uma era de acentuado artificialismo literário, para demons- ter mais nobre e refinado, e também uma função de destaque em
trar que, além do texto dramático, outros fatores são significativos Veneza; aumentou a importância de Emília na trama; acentuou a
no teatro. Não só no teatro a Commedia Dell’arte foi produto de ins- malignidade de Iago; criou novos personagens e eliminou outros.
piração, mas também na música, nas artes plásticas, foi e continua Obviamente, Shakespeare não é Lord Byron, que exibe por toda a
a inspirar muitos. Europa o coração sangrando; contudo, a imensa agonia que senti-

Didatismo e Conhecimento 6
Arte
mos ao ver Otelo matar Desdêmona é informada não apenas por Brabâncio, que deixara a filha livre para escolher o marido que
uma intensidade exterior, mas, também, interior e é justamente este mais a agradasse, acreditava que ela escolheria, para seu cônjuge,
fato que faz de Otelo uma tragédia do ciúme, peça de construção um homem da classe senatorial ou de semelhante. Ao tomar ciência
perfeita, onde a psicologia do Mouro ciumento e a da maldade dia- que sua filha havia fugido para se casar com o Mouro, foi à procura
bólica de Iago, bem como a lógica dos acontecimentos - tradução de Otelo para matá-lo. No momento em que se encontraram, chega
de uma fatalidade inexorável - conduzem o espectador ao clima dos um comunicado do Doge de Veneza, convocando-os para uma reu-
grandes modelos de tragédias gregas citadas por Aristóteles. nião de caráter urgente no senado.
Bem encenada, Otelo será um trauma para a platéia, ainda que Durante a reunião, Brabâncio, sem provas, acusou o Mouro de
momentâneo; e desta forma o foi para Harold Bloom que afirma que ter induzido Desdêmona a casar-se por meio de bruxarias. Otelo,
a obra o apavora ainda mais do que outras peças shakesperianas, que era general do reino de Veneza e gozava da estima e da con-
pois se trata de uma dor imponderável, desde que se conceda a Otelo fiança do Estado por ser leal, muito corajoso e ter atitudes nobres,
a imensa dignidade e o valor que tornam a degradação do persona- fez, em sua defesa, um simples relato da sua história de amor que
gem algo tão terrível. foi confirmado pela própria Desdêmona. Por isso, e por ser o úni-
co capaz de conduzir um exército no contra-ataque a uma esquadra
“Ó cão espartano, mais feroz do que a angústia, a fome ou o turca que se dirigia à ilha de Chipre, Otelo foi inocentado e o casal
mar! Olha o fardo trágico desta cama! É trabalho teu (...)! Quanto seguiu para Chipre, em barcos separados, na manhã seguinte. Du-
a vós, governador incumbe o castigo deste trabalho infernal. Deter- rante a viagem uma tempestade separou as embarcações e, devido a
minai a hora, o lugar, a tortura... É preciso que seja terrível! Quanto isso, Desdêmona chegou primeiro à ilha. Algum tempo depois, Ote-
a mim, embarco de imediato e vou ao Senado relatar, com o coração lo desembarca com a novidade que a guerra tinha acabado porque
acabrunhado esta dolorosa ocorrência!”. a esquadra turca fora destruída pela fúria das águas. No entanto, o
que o Mouro não sabia é que na ilha ele enfrentaria um inimigo mais
Shakespeare neste aspecto é um pouco mais otimista, mas Iago fatal que os turcos.
não conseguirá escapar do destino certo e justo. Em Chipre, Iago com raiva de Otelo e Cássio, começou a se-
Quanto às versões para o cinema, uma das melhores adaptações mear as sementes do mal, ou seja, concebeu um terrível plano de
é a do diretor Oliver Parker que foi também roteirista do filme Ote- vingança que tinha como objetivo arruinar seus inimigos. Hábil e
lo de 1995. Segue fielmente nos diálogos a poesia dramática shakespe- profundo conhecedor da natureza humana, Iago sabia que de todos
reana e coloca pela primeira vez um Otelo negro. Em outras versões, os tormentos que afligem a alma, o ciúme é o mais intolerável. Ele
tanto para teatro como para cinema em que Orson Welles interpreta sabia que Cássio, entre os amigos de Otelo, era o que mais possuía
o mouro, tendo escurecido o rosto para tal, nunca se havia utilizado a sua confiança. Sabia também que a sua beleza e eloqüência eram
de uma pessoa negra, o que vem a rechaçar uma das causas de con- qualidades que agradam as mulheres, ele era o tipo de homem capaz
fronto da peça, que é o preconceito racial; e com grande mérito o au- de despertar o ciúme de um homem de cor, como era Otelo, casado
tor Laurence Fishburne encarna perfeitamente a divindade de Otelo. com uma jovem e bela mulher branca. Por isso, começou a realizar
Kenneth Brannagh, grande discípulo de Shakespeare da atualidade, o seu plano.
está perfeito na interpretação do vilão Iago piscando maliciosamente Sob pretexto de lealdade e estima ao general, Iago induziu
para o público e mostrando todo o cinismo do personagem e dizendo: Cássio, responsável por manter a ordem e a paz, a se embriagar e
“Quero que o Mouro me agrade, goste de mim e recompense-me envolver-se em uma briga com Rodrigo, durante uma festa em que
por haver feito dele um astro insigne e perturbado sua paz e quietu- os habitantes da ilha ofereceram a Otelo, que estava na companhia
de até que ele fique louco!”. de sua amada. Quando o Mouro soube do acontecido, destituiu Cás-
sio do seu posto.
É uma versão interpretada e filmada sábia e brilhantemente. Nessa mesma noite, Iago começou a jogar Cássio contra Otelo.
Nas próximas páginas, vamos adentrar numa análise mais literária Ele falava, dissimulando um certo repúdio a atitude do general, que
da obra. a sua decisão tinha sido muito dura e que Cássio deveria pedir à Des-
dêmona que convencesse Otelo a devolver-lhe o posto de tenente.
Resumo da Obra Cássio, abalado emocionalmente, não se deu conta do plano traçado
por Iago e aceitou a sugestão.
A tragédia Otelo foi publicada pela primeira vez por volta de Dando continuidade ao seu plano, Iago insinuou a Otelo que
1622. No entanto, sua composição é datada de 1604. Seu persona- Cássio e sua esposa poderiam estar tendo um caso. Esse plano foi
gem principal, que empresta o nome à obra, é um general mouro que tão bem traçado que Otelo começou a desconfiar de Desdêmona.
serve o reino de Veneza. Iago sabia que o Mouro havia presenteado sua mulher com um
Toda a história gira em torno da traição e da inveja. Inicia-se lenço de linho, o qual tinha herdado de sua mãe. Otelo acreditava
com Iago, alferes de Otelo, tramando com Rodrigo uma forma de que o lenço era encantado e, enquanto Desdêmona o possuísse, a
contar a Brabâncio, rico senador de Veneza, que sua filha, a gentil felicidade do casal estaria garantida. Sabendo disso e após conseguir
Desdêmona, tinha se casado com Otelo. Iago queria vingar-se do o lenço através de sua esposa Emília que o havia encontrado, Iago
general Otelo porque ele promoveu Cássio, jovem soldado floren- disse a Otelo que sua mulher havia presenteado o amante com ele.
tino e grande intermediário nas relações entre Otelo e Desdêmona, Otelo, antes tão equilibrado, já estava enciumado, e pergunta à espo-
ao posto de tenente. Esse ato deixou Iago muito ofendido, uma vez sa sobre o lenço e ela, ignorando que o lenço estava com Iago, não
que acreditava que as promoções deveriam ser obtidas “pelos velhos soube explicar o que havia acontecido que ele havia sumido. Nesse
meios em que herdava sempre o segundo posto o primeiro” e não meio tempo, Iago colocou o lenço dentro do quarto de Cássio para
por amizades. que ele o encontrasse.

Didatismo e Conhecimento 7
Arte
Depois, Iago fez com que Otelo se escondesse e ouvisse uma A dor memorável, ou a memória induzida pela dor, emana de
conversa sua com Cássio. Eles falaram sobre Bianca, amante de uma ambivalência, ao mesmo tempo cognitiva e afetiva, podemos
Cássio, mas como Otelo só ouviu partes da conversa, ficou com a observar isto, quando, conscientemente Otelo ao se casar com Des-
impressão de que eles estavam falando a respeito de Desdêmona. dêmona, põe em risco a auto-imagem construída a duras penas, e
Um pouco depois, Bianca chegou trazendo enciumada um lenço que tem premonições corretas do caos se o amor fracassar:
estava no quarto de Cássio e discutiram sobre a origem do mesmo.
Vale ressaltar que o lenço era, como todo lenço feminino, fino e de- “Pobre querida! Quero ser maldito se não te amo! E no dia
licado, isso significa que quando Otelo o deu para Desdêmona, ele em que eu deixar de te amar, que o universo se converta de novo
não a presenteou com um simples lenço, na verdade o que ele deu à em caos!”.
ela foi tudo o que há de mais fino e delicado existente em sua pessoa.
Otelo ficou fora de si ao imaginar que Desdêmona havia desprezado Desdêmona - cujo próprio nome em grego significa “desven-
tudo isso dando o lenço a um outro homem. turada”, prenunciando o destino que a aguarda. É uma jovem no-
As consequências disto foram terríveis: primeiro Iago, juran- bre, pretendida por vários jovens das melhores famílias da Repú-
do lealdade ao seu general disse que para vingá-lo mataria Cássio, blica, não apenas por sua beleza, mas também por seu rico dote.
mas sua real intenção era matar Rodrigo e Cássio simultaneamen- Ela era “uma jovem tão tímida, de espírito tão sossegado e calmo,
te porque eles poderiam estragar seus planos. No entanto, isso não que corava de seus próprios anseios!”.  Tais características ficam
ocorreu conforme suas intenções, Rodrigo morreu e Cássio apenas explícitas na atitude de seu pai, que ao saber que ela se casou com
ficou ferido. Depois Otelo, totalmente descontrolado, foi a procura o Mouro, atribuiu tal fato à bruxaria. Otelo fala claramente como
de sua esposa acreditando que ela o havia traído e matou-a em seu se deu o amor entre ambos: “ela me amou pelos perigos que corri,
quarto. Shakespeare faz da cena um sacrifício religioso, dotado de e eu a amei pela pena que ela teve!”. Desdêmona, de bom grado,
conteúdo contrateológico tão sombrio quanto o niilismo de Iago e o deixa-se seduzir pelo romance ingênuo e arrebatador da autobiogra-
ciúme “divino” de Otelo. fia de Otelo que provoca nela “um mundo de suspiros”. O Mouro
Após isso Emília, esposa de Iago, sabendo que sua senhora fora não é apenas nobre; a saga de sua vida faz “uma menina que sempre
assassinada revelou a Otelo, Ludovico (parente de Brabâncio) e Mon- foi meiga” (segundo Brabâncio, seu pai) “deixar-se apaixonar por
tano (governador de Chipre antes de Otelo) que tudo isso foi trama- alguém que, antes disso, ela não fitaria sem horror!”. Desdêmona,
do por seu marido e que Desdêmona jamais fora infiel. Iago matou figura do Alto Romantismo, séculos à frente de seu tempo, cede ao
Emília e fugiu, mas logo foi capturado. Otelo, desesperado por saber fascínio da conquista, se é que se pode usar o verbo “ceder” para
que matara sua amada esposa injustamente, apunhalou-se, caindo descrever entrega tão voluntária e direta.
sobre o corpo de sua mulher e morreu beijando a quem tanto amara. Todo esse perfil singelo que envolve Desdêmona sofre uma
Ao finalizar a tragédia Cássio passou a ocupar o lugar de Otelo e brusca alteração quando ela abandona a sua família e, apesar das di-
Iago foi entregue as autoridades para ser julgado. ferenças, vai viver ao lado de Otelo em sua vida aventurosa de mili-
tar. O fim de Desdêmona é extremamente triste: além de ter sua ima-
Análise dos Personagens gem de esposa dedicada maculada, ela é abandonada por Deus, ou
seja, nos seus últimos momentos de vida, não teve sequer o consolo
Otelo - General mouro e nobre a serviço da República de Vene- da religião; Shakespeare, desta forma promove imenso “pathos” ao
za. Segundo Harold Bloom, dentro de suas óbvias limitações, Otelo, só revelar Desdêmona em toda a sua natureza e esplendor quando te-
de fato é “nobre”: seu consciente antes da queda, está sob firme con- mos certeza de que está condenada e como uma ópera, Shakespeare
trole, sendo justo e absolutamente digno, dotado de perfeição inata; permite a ela apenas na hora da morte, desobrigar Otelo, o que seria
quando Otelo, sem dúvida, a espada mais ágil do lugar, quer separar algo incrível, não fosse ela, segundo a tocante de Alvin Kernan, “a
uma briga de rua basta um comando: “Embainhai vossas armas re- palavra shakespereana que significa amor”. Somos levados a crer
luzentes, para que não embacieis o orvalho...”.Ainda é a represen- que essa terá sido a mais pura das jovens, tão fiel ao próprio assas-
tação mais tocante da vaidade e do temor masculinos com relação sino que as últimas palavras, exemplares, são quase irônicas, diante
à sexualidade feminina e, por conseguinte, da equação masculina da degradação de Otelo: “Dá lembranças minhas ao meu senhor
entre os medos da traição e da morte. O Mouro é impotente diante querido... adeus...adeus!”. Desdêmona é um personagem que, além
de Iago; tal impotência é o elemento mais angustiante da peça, à de tudo o que já foi dito, nos ajuda a entender um pouco mais do pró-
exceção, talvez da dupla fragilidade de Desdêmona, com relação ao prio Otelo. Por meio dela nos é revelado os traços morais de Otelo,
marido e a Iago. E para Iago, ele representava tudo, porque a guerra características essas que contrastam com seu exterior rude.
era tudo; sem Otelo, Iago é nada, e ao guerrear contra Otelo, Iago
luta contra a ontologia. Interessante notar que Shakespeare conferiu Iago - o tempo todo, a falsidade e a corrupção permanecem em
a Otelo capacidade de expressão curiosamente heterogênea, a um só segredo. A dissimulação pérfida de Iago reina entre a aparência e
tempo, singular e desarticulada, e, propositadamente, falha. a realidade. Para Shakespeare, o mal é insondável e infinito e os
personagens depravados invadem o palco como haviam invadido a
O Mouro afirma ter sido guerreiro desde os sete anos de idade; Corte. Shakespeare assume a tragédia moral de sua época. Segundo
mesmo supondo que a afirmação seja hiperbólica, temos de convir Germaine Greer, professora de Literatura Inglesa na Universidade
que Otelo tem plena consciência de que sua grandeza foi conquis- de Warwick, existe um elemento na tragédia de Shakespeare que ela
tada à custa de muito suor. Contudo, apesar de toda a fama, Otelo chama de psicomaquia que é uma luta dentro da própria alma que
denota certa insegurança, ás vezes, manifesta em seu discurso re- pode ser externalizada de várias formas. Uma delas é o mal atuando
buscado e barroco, satirizado por Iago como “frases empoladas de sobre o protagonista. Shakespeare mostra ainda como um tipo de
termos de militança”.  mal tende a manifestar-se.

Didatismo e Conhecimento 8
Arte
O personagem é onipresente. Está em todos os lugares enga- Cássio pode ser considerado como personagem coadjuvante,
nando a todos ao mesmo tempo. Para Otelo ele era tudo como um uma vez que Iago se apóia em sua figura para executar seus planos.
honesto soldado e de bom comportamento.
A posição de Iago como porta-bandeira, tendo jurado morrer Brabâncio - pai de Desdêmona, ocupava o cargo de senador na
antes de permitir que as cores de Otelo sejam capturadas em batalha, República de Veneza. Era um homem rico e mostrou ser totalmente
atesta não apenas a confiança de Otelo, mas a fidelidade de Iago contraditório: antes do casamento de sua filha com Otelo, ele foi re-
no passado. Paradoxalmente, a devoção quase religiosa por Otelo, cebido várias vezes em sua casa. Depois disso, acusou-o de feitiçaria
um deus da guerra, por parte do fiel Iago, pode ser inferida como e teve a intenção de matá-lo. No entanto, quem veio a falecer foi o
causadora da preterição. Iago, conforme apontou Harold Goddard, próprio Brabâncio.
está sempre em guerra; é um piromaníaco moral, que ateia fogo à re-
alidade. Apesar da sensatez que, decerto, caracterizava seu tirocínio Emília - mulher de Iago e serviçal de Desdêmona. A princípio
militar, Otelo enganou-se com Iago, artista tão livre de si mesmo. sua participação na peça é discreta, mas no final ganha importância.
A catástrofe primeira da peça é o que seria chamado de “a queda Em nome da honra de sua senhora ela enfrenta o marido, revelando
de Iago”, que estabelece um paradigma para a queda de Satã em a Otelo que Iago o estava enganando.
Milton.
O Deus de Milton, assim como Otelo, rebaixa o mais devotado Tempo
dos seus servidores, e o magoado Satã rebela-se. Incapaz de derrubar
o Ser Supremo, Satã derrota Adão e Eva; mas o sutil Iago vai mais Na obra Otelo existe o predomínio do tempo psicológico. Isso
longe, pois seu único Deus é o próprio Otelo, cuja queda se torna a ocorre devido aos vários monólogos existentes na peça. Esse recurso
vingança maior de Iago, arrasado pela rejeição, talvez, como conse- era muito usado no teatro para revelar o que os personagens estavam
qüência da mesma, sofrendo de uma impotência quase que sexual e pensando. A maioria dos monólogos da obra Otelo é feita por Iago
de um forte sentimento de perda e fracasso, de não ser mais aquilo que nos revela toda a interioridade de sua alma tenebrosa. Quando
que fora. Sua grande bravata - “Nunca mostro quem sou!” - con- isso ocorre quebra a cronologia do tempo cuja passagem é marcada
tradiz, propositadamente o apóstolo Paulo: “Com a graça de Deus, pela fala dos personagens e, como isso é feito de forma muito sutil,
sou quem sou!”, mas Shakespeare deixa o espectador conhecê-lo a é difícil identificá-lo.
fundo. Ele ri às escondidas de suas maldades e tem o público como O primeiro ato dura uma noite. Entre esse ato e o seguinte existe
seu confidente. Acena e pisca o olho para a platéia com seu olhar um intervalo de cerca de uma semana, tempo que durou a viagem de
matreiro, querendo atrair o público com sua esperteza. Só nós os Veneza a Chipre: “em companhia ele a mandou do destemido Iago,
espectadores conhecemos as intenções de suas maquinações e sua cuja vinda ultrapassa nossos cálculos de uma semana”. O segundo
importância é tanta que Shakespeare não sentiu necessidade de re- ato era uma noite. Inicia-se quando os navios desembarcaram em
visar o personagem de Iago, perfeição do mal e gênio do ódio. Não Chipre e termina na noite desse mesmo dia com Iago incentivando
há dúvida quanto à centralidade de Iago na peça: a ele são atribuídos Cássio a procurar Desdêmona para que ela intercedesse a seu favor
oito solilóquios, a Otelo apenas três. junto a Otelo: “... logo que amanhecer, vou pedir à virtuosa Desdê-
Que existe, igualmente, uma certa opacidade, não temos como mona que interceda a meu favor...”.
negar; a tragédia de Otelo é, precisamente, o fato de Iago conhecê-lo O ato III inicia-se no dia seguinte: “Então não vos deitastes? -
melhor do que ele próprio se conhece; à sua maneira excepcional, Oh, não! Raiou o dia quando nos separamos...”. Acreditamos que
foi o mais inquisidor e universal dos observadores, possivelmen- esse ato dure um pouco mais de uma semana. Essa idéia é apoiada
te, inclusive no que diz respeito ao esoterismo espiritual, ainda que na fala de Bianca que se dá no final desse ato:  “E a vossa casa
sempre levado pelos propósitos de descobrir ou inventar. Iago é fi- eu também ia, Cássio. Uma semana ausente? Sete dias e sete noi-
gura terrível porque possui habilidades fantásticas, talentos dignos tes...”. Por meio dessa fala deduzimos que Cássio, quando chegou à
de um fiel devotado cuja fé foi transformada em niilismo. Caim, ilha, foi visitar sua amante.
rejeitado por Javé em favor de Abel, é pai de Iago, assim como Iago Os atos de IV e V duram um dia e uma noite. A fala de Bianca
é o precursor do Satã de Milton. Iago mata Rodrigo e fere Cássio, no final do ato III nos dá uma identificação de que esse ato termina
mas a idéia de Iago esfaquear Otelo é tão inconcebível para o pró- durante o dia: “... acompanhai-me um pouco e declarai-me se ainda
prio Iago quanto para nós. Quando somos rejeitados por nosso deus, vos verei antes da noite!”. Depois disso não há na obra mais indi-
temos de atingi-lo espiritual ou metafisicamente, e não apenas fisi- cações de que os dias se passaram, o que existe são apenas trechos
camente. que indicam que anoiteceu: “... é noite alta!” e “Desdêmona dorme,
no leito. Uma candeia acesa. Entra Otelo”. Com base nos dados do
Cássio - jovem matemático florentino que “nunca comandou levantamento acima, acreditamos que o tempo interno da obra dure
nenhum soldado num campo de batalha e que conhece tanto de aproximadamente 24 dias.
guerra como uma fiandeira”. Mesmo assim, foi escolhido por Otelo
para ocupar o posto de tenente. Cássio foi o grande intermediário Espaço
das relações amorosas entre Desdêmona e Otelo e, por isso, gozava
da confiança do casal. Ele era amante de Bianca que vivia em Chi- O espaço em Otelo não é muito relevante. O primeiro ato da
pre. Cássio era ingênuo, não percebeu que Iago tramava a sua des- obra ocorre em Veneza e os demais na ilha de Chipre. Em Veneza
graça, deixou-se embriagar enquanto estava de guarda, envolveu-se os espaços são a rua da casa de Brabâncio, uma outra rua não iden-
em uma briga e, por esse motivo, foi destituído do seu posto. Isso tificada e a Câmara do conselho. Em Chipre, a primeira cena ocorre
levou-o ao desespero e transformou-o em uma verdadeira marionete perto do cais, as demais se dão em ruas não identificadas, diante e
nas mãos de Iago. em quartos do castelo. Na obra existem espaços abertos e fechados,

Didatismo e Conhecimento 9
Arte
mas as cenas de maior tensão ocorrem em espaços fechados, como “Dói-me a cabeça aqui”, o que a pobre esposa, inocente, atri-
exemplo, podemos citar as mortes de Desdêmona, Otelo e Emília. O bui ao cansaço, tendo Otelo passado a noite cuidando do governador
espaço também é fechado quando Iago articula seus planos malig- ferido.
nos. Às vezes isso se dá nas ruas, espaços abertos, mas a escuridão
da noite dificulta a visibilidade e esse espaço torna-se fechado. Iago A união de uma mulher branca com um mouro: Isso para a
é um ser tão maquiavélico que usa os espaços para executar seus época, era uma situação pouco comum e que, se ocorresse de fato,
planos. Ele se aproveita dos espaços fechados para induzir Cássio a escandalizaria a sociedade, e no pleno desempenho de suas funções,
envolver-se numa briga. Depois ele usa esse mesmo tipo de espaço Otelo estaria imune ao charme de Desdêmona, e à franca paixão da
para matar Rodrigo e ferir Cássio e ainda na cena em que Iago faz jovem pelo mito que ele representava.
Otelo ouvir apenas parte de sua conversa com Cássio, dando-lhe a
impressão que Desdêmona o havia traído. Crítica Política: Esse tipo de crítica pode ser visto quando
Brabâncio chama Iago de vilão e ele, ironizando, chama-o de se-
Ideologia nador: “Brabâncio - Sois um vilão! / Iago - E Vós... um senador!”.

Nessa tragédia são encontradas várias idéias muito interessan- Visões Oníricas (sonhos)
tes que, em sua maioria, fazem parte do nosso cotidiano:
Observando a leitura de Jorge Luis Borges, podemos constatar
Preconceito racial e religioso: a importância dos sonhos e premonições na literatura inglesa, basta
observar as histórias de Chaucer que descobriu sua vocação num
O preconceito racial se faz presente em quase toda a obra. É sonho e de Coleridge que sonhou com a construção de um poema
fácil encontrar trechos em que outros personagens zombam de Otelo sobre um palácio de Kubla Khan, imperador do Oriente que sonhou
por causa da sua cor. o palácio que desejava arquitetar; e  Shakespeare utiliza desse recur-
“Iago - ... Agora mesmo, neste momento, um velho bode negro so em três momentos: o sonho angustiante de Brabâncio, as visões
está cobrindo vossa ovelha branca... / ... Quereis que vossa filha de Otelo a cerca de Desdêmona e a premonição de Desdêmona no
seja coberta por um cabalo berbére e que vossos netos  relinchem leito de morte ao cantar uma canção fúnebre.
atrás de vós?”.
O preconceito religioso é percebido nas falas de Otelo e de Rodrigo:
“... e cuja mão, tal como um vil judeu, jogou fora uma pérola mais
rica que toda a sua tribo... / cão circuncidado”. ARTE MODERNA EUROPEIA:
A circuncisão é uma operação que retirava parte do prepúcio, A NOVA CARA DA ARTE
pele que envolve o pênis. Esse tipo de cirurgia é feita pelo povo ju-
deu para serem confirmados na religião. No Novo e no Velho Testa-
mentos, sempre que é usado o termo circuncidado, faz-se referência Barroco na Europa
aos judeus.
Alguns Países e seus Pintores
Contraste entre a realidade e as aparências: Iago aparentava
ser uma pessoa boa e digna de confiança, mas ele mostrou ser jus- O surgimento da arte denominada “barroca” ocorreu no século
tamente o oposto, ou seja, maligno e traidor, pois o fascínio pelo 17, na Itália, provocado por uma série de mudanças econômicas,
poder, que vêm a ser o mesmo que o fascínio pelo mal, é inato ao ser sociais e, principalmente, religiosas. Um importante pintor barroco
humano. De certo modo, a arte de Shakespeare, manifestada  através italiano foi Michelangelo Caravaggio (1571-1610). Em suas pintu-
da ruína de Otelo nas mãos de Iago, é por demais sutil para ser pa- ras podemos perceber as características marcantes do barroco, que,
rafraseada no ato crítico. Iago insinua a infidelidade de Desdêmona, na Itália, foi impulsionado pela reestruturação da Igreja Católica.
primeiramente, sem o fazer de maneira direta, apenas cercando a Da Itália, o barroco se difundiu pela Europa, manifestando-se
questão de um lado e de outro: de maneiras diferentes em cada país, mas preservando suas carac-
terísticas básicas: a teatralidade da obra, o contraste claro-escuro,
“Que a boa fama, para o homem, senhor, como para a mulher, o realismo, o conflito, o forte apelo emocional, os temas míticos ou
é a jóia de maior valor que se possui. Quem furta a minha bolsa me religiosos e as cenas cotidianas.
desfalca de um pouco de dinheiro...”.
Espanha
Ciúme injustificado: Otelo sentia ciúme de sua mulher, sem
que ela nunca lhe desse motivos. Foi esse ciúme doentio que permi- Na Espanha, o barroco se desenvolveu principalmente na arqui-
tiu que Iago o enganasse. O grande “insight” de Shakespeare com tetura, nos entalhes e nas decorações requintadas das construções,
relação ao ciúme masculino é que o mesmo se trata de uma máscara fossem religiosas ou não. Na pintura, teve forte influência do barro-
que oculta o medo de castração na morte. Os homens acham que co italiano, com predomínio do realismo. O principal pintor barroco
para eles jamais haverá tempo e espaço suficientes, e encontram na espanhol foi Diego Velázquez (1599-1660).
questão da infidelidade feminina, real ou imaginária, um reflexo do 
próprio fim, a constatação de que a vida há de continuar sem eles e
Otelo se torna tão vulnerável. “Por que me casei?”, ele exclama, e
aponta os próprios “cornos” quando diz a Desdêmona: 

Didatismo e Conhecimento 10
Arte

Diego Velázquez, Velha fritando ovos, 1618, óleo s/ tela

Observe no quadro Velha fritando ovos como o pintor consegue


realçar as expressões faciais e a teatralidade da cena, ainda que se
trate de um acontecimento banal do cotidiano. Neste caso, a expres-
sividade é alcançada por meio de um grande domínio da represen-
tação da luz e da sombra, técnica imprescindível na pintura barroca.

Velázquez é muito conhecido por seu quadro As meninas e por


pinturas retratando a realeza, pois ele era um dos pintores da corte
do rei Felipe 4º, mas nunca deixou de retratar pessoas humildes.

Holanda

Durante o século 17, a Holanda passava por um grande período Rembrandt, A Sagrada Família, 1635, óleo s/ tela
de desenvolvimento econômico. Diferente da Itália e da Espanha,
que eram países católicos, o protestantismo holandês trouxe algu- Observe no quadro A Sagrada Família a luminosidade que é
mas dificuldades para os artistas no que se refere à representação de dirigida para as figuras de Maria e do Menino Jesus. Rembrandt
cenas religiosas, mas não as impediu. Tais dificuldades, no entan- conseguiu reproduzir em suas telas uma gradação de claridade nun-
to, acabaram por gerar belíssimos retratos, paisagens e naturezas- ca vista até então.
-mortas.
França
Descritivo e realista, o artista holandês não se preocupava com
padrões de beleza clássicos, preferindo retratar cenas do cotidiano. No período barroco, o poder monárquico era extremamente
Dois importantes pintores do barroco holandês (também chamado centralizador na França. O Absolutismo francês exerceu forte influ-
barroco flamengo) foram Peter Paul Rubens (1577-1640) e Rem- ência na arte, que deveria ser feita para o rei e os nobres, desprezan-
brandt van Rijn (1606-1669). do tudo que lembrasse pessoas comuns, simples ou humildes. Nico-
las Poussin (1594-1665), Georges La Tour (1593-1652) e Claude le
Lorrain (1605-1682) são exemplos de pintores desse período.

Ainda sobre o Barroco Europeu: imprima e cole em seu cader-


no as seguintes obras e o comentário.

A Boa Educação — Jean Baptista Chardin

Didatismo e Conhecimento 11
Arte
Qual seria o papel do indivíduo no processo de mudança so-
cial? Como ele faz a História? Em que condições? Questões dessa
natureza podem ser exemplificadas na obra de Victor Hugo, Os mi-
seráveis, como nas suas adaptações cinematográficas, nas quais, os
diretores nos mostram o sofrimento estampado nos rostos de diver-
sos personagens ao constatar que somente eles mesmos poderiam
modificar a situação na qual viviam. Já na adaptação para o teatro,
na versão musical, Les miserables, o libretista Alain Boublil e pro-
dutor musical Claude-Michel Schönberg, respectivamente relatam a
luta de Jean Viljean para provar sua honestidade e mudança de vida.
A ária IDreamed a Dream, por exemplo interpretada por Susan Boy-
le descreve o sofrimento da personagem Fantine que não consegue
transformar sua condição social.
A partir da obra de Victor Hugo, é possível indagar: atualmente,
quais as mudanças e permanências podem ser identificadas quando
se comparam as situações de Jean Valjean, Fantini e Cosette com
aquelas dos indivíduos retratados nos vídeos Quem são eles? (Índios
no Brasil), do Ministério da Educação, Quanto vale ou é por quilo,
de Sérgio Bianchi e Invasores ou excluídos, de Cesar Mendes e Dul-
cídio Siqueira e Universidade de Brasília.
A Boa Educação — Jean Baptista Chardin (1699-1779), Cabe ainda indagar: quais teriam sido os impactos da Decla-
coleção Wanas, Suécia. ração dos Direitos do Homem e Cidadão (Assembléia Nacional
Constituinte, França, 1789) na vida dos sans-culottes e os impactos
Esse quadro do período Rococó representa bem adequadamente da Constituição Federal, Capítulo II, Direitos Sociais Fundamen-
o papel insubstituível da mãe como educadora, preservando a ino- tais Artigos do 6º ao 11º (Congresso Nacional Constituinte, Brasil,
cência dos filhos e formando-os na prática das virtudes. 1988), na vida dos excluídos, das minorias no Brasil.
Nessa perspectiva comparativa, nota-se que na tragédia Otelo, o
Indivíduo, Cultura e Mudança Social mouro de Veneza, William Shakespeare relata a discriminação cul-
tural, racial e religiosa contra o estrangeiro negro.
A primeira etapa do PAS centrou-se na reflexão a respeito das Já no teatro épico de Brecht, essa e outras temáticas estão con-
questões relacionadas à identidade e à cultura e suas relações de re- tidas em sua concepção; o ser humano deve ser compreendido com
ciprocidade. Ressaltou-se que símbolos, códigos, idéias, representa- base nos processos por meio dos quais existe, isto é, deve ser con-
ções e valores, compartilhados, criam laços de solidariedade social cebido como conjunto de relações sociais. Ele chamava suas peças
e constituem identidades. de ―experimentos‖, fazendo uma analogia com as Ciências Sociais;
Assim, são fatores que podem contribuir para aumentar ou di- tratava-se de ―experimentos sociológicos‖. Sua estética teatral com
minuir a resistência do indivíduo a uma mudança na estrutura social. intuito didático tem a intenção de apresentar um ―palco científico‖
Por isso, na segunda etapa, inicialmente, cabe questionar: como capaz de mostrar ao público a sociedade e a necessidade de trans-
acontecem as mudanças macro ou microssociológicas nessa estru- formá-la; ao mesmo tempo, de ativar o público, de nele suscitar a
tura? Com que métodos e com que técnicas podemos investigá-las? ação transformadora. A antropologia teatral, por meio da análise da
Então, as questões relativas aos fundamentos da estrutura social representação cênica, mostra o comportamento do indivíduo em so-
constituem o centro das reflexões. Como podemos entendê-la a par- ciedade, fornecendo-lhe recursos para avaliação do seu vínculo com
tir das relações entre fatos e da utilização de teorias e esquemas ex- o grupo, possibilitando a ele ser protagonista de mudanças sociais,
plicativos, sob várias abordagens? culturais e individuais. Essa prática transcende o espaço destinado à
ilustração do texto escrito, numa construção cênica interativa entre
Pode-se indagar como as reflexões propostas por Voltaire, em atores e espectadores; torna-se um espaço privilegiado para se traba-
Cândido, os princípios formulados por Locke em Ensaio Sobre o lhar a autenticidade das relações humanas.
Entendimento Humano, colaboram para o entendimento do papel do As relações entre indivíduo, cultura e mudança social contextu-
conhecimento no processo de mudança. alizam-se na própria situação do nosso País. Assim, pode se questio-
nar: A estrutura brasileira de classes sócio-econômicas possibilita ao
Será que na obra de Voltaire, a partir do momento em que o indivíduo uma mobilidade vertical ou interclasses? Como ocorre a
jovem Cândido é expulso do castelo e começa a confrontar o que mobilidade horizontal ou intraclasses? Haveria relação entre mobi-
aprendera com a realidade não estaria se configurando um paradig- lidade social e gênero, entre mobilidade social e escolaridade, entre
ma para pensar mudanças sociais, culturais e individuais? mobilidade social e etnia, entre mobilidade social e as dinâmicas
demográficas? Para ilustrar essa estrutura de classes no Brasil, as
No Ensaio Sobre o Entendimento Humano, será que John Lo- obras O Jantar de Jean-Baptiste Debret, Nu Feminino Deitado, de
cke não estaria rompendo a ancianidade do argumento filosófico, Rafael Frederico, 1896 e Retrato de Negro, de Luis Frederico da Sil-
fundamentando, assim, a abertura para que se pensassem categorias va, constituem exemplar ilustração. A música é para muitos músicos
que possibilitariam mudanças no pensamento que gerariam trans- A possibilidade de formar idéias a respeito de classes, grupos e cate-
formações sociais? gorias nas quais se insere é pertinente, bem como a possibilidade de

Didatismo e Conhecimento 12
Arte
pensar em conceitos mais abrangentes como ser humano, humanida- Como explicar a desigualdade social brasileira a partir de dife-
de. Nesse sentido, do específico ao geral, do científico ao ideológico, rentes enfoques sociológicos: dialético, funcionalista e compreensi-
todas as áreas de conhecimento podem colaborar para a formação de vo? Ainda no contexto social brasileiro, deve se questionar a respei-
uma autoconsciência do indivíduo sobre os processos que o determi- to da relação do indivíduo com as mudanças microssociológicas que
nam e suas possibilidades de autonomia pessoal e coletiva. afetam seu cotidiano no que se refere à vida familiar, ao casamento,
Nas obras Nu Feminino Deitado, de Rafael Frederico,1896, Re- à sexualidade, aos relacionamentos amorosos, à comunicação inter-
trato de Negro, de Luis Frederico da Silva, na série Metamorfose pessoal, aos modos de interação e diversão. Essas mudanças estão
Cultural, de Nelson Screnci, O Torso de Adele, de Auguste Rodin, ilustradas nas obras O Jantar, de Jean-Baptiste Debret, Um Tarde na
Valentina, de Vick Muniz, e nos objetos em estilo Art Nouveau, no Grande Jatte, de George Seurat, O Retrato, de Adele Block Bauer, de
século XIX, bem como em músicas como Billie Jean -- Michael Gustav Klint e na obra Missamóvel, de Nelson Leirner.
Jackson; Dizem que fiquei americanizada, interpretada por Carmem Nos séculos XVIII, XIX e XX, podem ser observadas diver-
Miranda; Subida do Morro, de Moreira da Silva, Rock das Cachor- sas transformações literárias. É importante que o texto literário seja
ras, de Léo Jayme, interpretada por Eduardo Dusek; Você não soube entendido como manifestação dentro do contexto cultural da épo-
me amar – música interpretada por Blitz e Quereres música de e in- ca, como instrumento de socialização da cultura e da construção
terpretada por Caetano Veloso, encontram-se exemplos dessa cons- da identidade brasileira, como um conjunto de códigos artísticos
trução de idéias, valores e representações de si e do outro, bem como historicamente elaborados, que se referem à esfera das ligações ex-
exemplos de uma diversidade crescente. tratextuais. Devem-se considerar os gêneros literários e a caracte-
Cabe ressaltar, também, que o indivíduo está situado em um rização do texto literário como recriação subjetiva da realidade, o
contexto social mais amplo de transformações – religiosas, cultu- que possibilita a comparação entre texto literário e não-literário, o
rais, científicas, tecnológicas, artísticas e literárias – especialmente entendimento da plurissignificação da linguagem e a identificação
as desencadeadas a partir do século XVIII, que marcaram a socieda- de fatores de literariedade.
de brasileira e as demais sociedades ocidentais. A leitura e análise do romance, Dom Casmurro, de Machado de
O contexto da Revolução Francesa no século XVIII representa Assis, é uma oportunidade de observar, além dos fatores de litera-
um momento histórico ilustrativo de importante mudança social que riedade, as relações entre história e ficção, entre a biografia real e a
se reflete na produção científica e cultural. Formas bastante utili-
romanceada e focalizar uma sociedade que vive de aparências.
zadas no período barroco caem em desuso. Por exemplo, o contra-
Na música, a crítica aos costumes e valores da sociedade podem
ponto presente no Kyrie da Missa de Réquiem em Ré m (K626)
ser analisados a partir das músicas Subida do Morro de Moreira da
Woffgan Amadeus Mozart, no Kyrie da Missa de Réquiem (CPM
Silva, interpretada por ele mesmo, Fado Tropical de Chico Buarque;
185) do Pe José Maurício Nunes Garcia, e na Cantata 140: Coro
Rock das Cachorras, de Léo Jayme, interpretada por Eduardo Dusek
1 – Wachet auf, ruft uns die Stimme; Coro 4 Zion hort die Wächter
e Você não soube me amar, da Blitz, interpretada pelo próprio grupo.
Singen e na Ária 6 (dueto Soprano e baixo) com oboé e bx contínuo
de J.S. Bach.. As orquestras tornam-se maiores, com presença efeti- Ao ampliar o contexto em foco, estão postas, também, ques-
va do naipe de percussão, possibilitando um volume sonoro e varia- tões relativas à pessoa do artista como agente de mudanças sociais
ções dinâmicas maiores. No século XX os instrumentos típicos de e as suas produções culturais, como significantes dessas mudanças
orquestra, como as cordas por exemplo, dialogam com instrumentos e suas funções nesse processo. Assim, cabe indagar: Como o artista
eletro-eletrônicos, como é possível ouvir na peça Kaiowas, do grupo participa dessas mudanças sociais? Como a sociedade vê a criação
de rock Sepultura. artística? Quais as ações e reações da sociedade diante da produção
No que se refere às produções visuais do período, a observação artística dos referidos séculos? O que os movimentos tecnológicos
das pinturas Sagração de Dom Pedro I, de Jean Baptiste Debret, A e filosóficos trouxeram para que os artistas desenvolvessem novos
Liberdade Guiando o Povo, de Eugene Delacroix, O Quarto Estado, processos de criação? Que movimentos foram significativos para
de Giovanni Volpato, 1091 Golfo de Nápoles com o Vesúvio ao fun- que se pudessem apreender essas mudanças?
do, de Eliseu Visconti e a série de gravuras Desastres de Guerra, do Um dos aspectos das mudanças sociais se reflete, por exemplo,
artista Francisco de Goya, levam à compreensão de que a represen- na apropriação e citação de músicas, temas musicais ou estilos mu-
tação (compositores, e intérpretes) uma possibilidade de mobilidade sicais rearranjados ou parodiados ou trabalhados por outros grupos
social, que em algumas situações promove a mobilidade entre clas- ou compositores. É o caso do Carnaval dos Animais de Saint Saëns
ses, como é o caso do Padre José Maurício Nunes Garcia, autor do nas peças Tartarugas e Fósseis e no Kyrie da missa Réquiem do Pa-
Kyrie da Missa de Réquiem de 1816 (CPM 185), conhecido como o dre Jose Maurício Nunes Garcia. Qual seria o impacto do Carnaval
Mozart mulato brasileiro e de cantores como Susan Boyle e Michael dos Animais de Saint Saëns em sua época e na atualidade? Qual a
Jackson. intenção do Padre José Maurício em desenvolver o Kyrie de sua
O discurso musical em si também é uma forma de expressão Missa Réquiem baseado no tema do Kyrie da Missa de Réquiem de
de crítica aos valores sociais e de classe e pode retratar estruturas Mozart? O que difere e aproxima as duas obras musicais?
sociais e políticas de diferentes épocas como ocorre com o Carnaval
dos Animais de Saint Saëns nas peças Introdução, Tartarugas e Fós- No tocante às manifestações artísticas brasileiras na contempo-
seis. Adereços Cerimoniais, da tribo Kayabi são exemplos impor- raneidade e aos significados das produções locais, bem como suas
tantes que revelam uma sociedade em formação, como observa-se influências em nossa sociedade, há o exemplo da sanfona, acordeon
também na música Fado Tropical, de Chico Buarque. ou gaita, e seus diferentes usos na música regional brasileira. Seus
Questões dessa natureza podem ser analisadas partindo de índi- agentes, compositores e intérpretes, se reconhecem e são reconheci-
ces como coeficiente de GINI e Índice de Desenvolvimento Huma- dos, como artistas e membros de um grupo social, identificados com
no – IDH. Quais seriam os fatores macrossociais que nos tornaram uma região e com uma prática musical local cuja influência tem-se
um dos países mais desiguais do mundo? espalhado.

Didatismo e Conhecimento 13
Arte
É o caso, por exemplo, das músicas e dos músicos Feira de QUESTÕES
Mangaio de Sivuca e (NE) versão instrumental com o próprio Si-
vuca, Para ti Ponta Porã de Dino Rocha (Centro Oeste) interpretado 01. Leia o texto abaixo.
pelo próprio sanfoneiro, Milongas para as missões de Gilberto Mon-
teiro, interpretada por Renato Borguetti (Sul) e também com versão [...] projetado por Oscar Niemeyer (1907) entre 1942 e 1944,
de Vítor e Léo, e Forró Classudo, de Toninho Ferragutti (Sudeste), surge de uma encomenda [...] para a construção de uma série de edi-
interpretada por Toninho Ferragutti. A música desses sanfoneiros fícios em torno do lago artificial [...]. A obra prevê cinco edifícios:
retrata a diversidade cultural brasileira, unida pelo som da sanfona, um cassino, um clube de elite, um salão de danças popular, uma
enfatizando, entre outras, a função artística e social da música. igreja e um hotel, que não foi realizado. [...] Para a execução da obra,
Niemeyer conta com a colaboração do engenheiro de estruturas, e
Em relação ao contexto cultural nacional é importante analisar também poeta, Joaquim Cardoso (1897–1978) e do paisagista Burle
e comparar obras de artistas europeus e brasileiros, como as escultu- Marx (1909–1994). A obra é projetada por Niemeyer como um con-
junto, mas onde cada elemento é visto como uma forma indepen-
ras Ave Maria de Victor Brecheret, na necrópole de São Paulo- SP,
dente e autônoma. Além disso, os edifícios são pensados em estreita
O Torso de Adele, de Auguste Rodin, Êxtase de Santa Teresa, de
relação com o entorno, que fornece a moldura natural e a inspiração
Bernini, o túmulo Ausência, de Galileo Emendabili, na necrópole
para os desenhos e plantas. [...]
do Morumbi, SP, as estátuas de Os Doze Passos da Paixão de Cristo,
de A. F. Lisboa, o Aleijadinho, as pinturas O Ângelus, de Millet e O Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/apli-
Naufrágio, de Willian Turner. cexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=marcos_
texto&cd_verbete=4268>. Acesso em: 16 mar. 2012. Fragmento.
Essas obras, em seus aspectos temáticos e estéticos, oferecem (A0901SU12.1_SUP)
visão ampla das mudanças que as produções artísticas puderam re-
gistrar. A influência cultural européia e também norte americana é Esse texto refere-se ao Conjunto Arquitetônico
observada nas obras Kyrie da Missa de Réquiem (CPM 185) do Pe
José Maurício Nunes Garcia, no Fado Tropical de Chico Buarque, A) da Lapa, no Rio de Janeiro.
no Rock das Cachorras, de Léo Jayme, Você não soube me amar, da B) da Pampulha, em Belo Horizonte.
Blitz e Kaiowas, música do Sepultura. C) do Parque do Ibirapuera, em São Paulo.
D) do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas.
Especificamente, em relação ao Brasil, é pertinente analisar
obras como A Parede da Memória, de Rosalina Paulino, Metamor- O entorno da lagoa da Pampulha reúne o mais belo conjunto
fose Cultural, de Nelson Screnci e Adereços Cerimoniais, da tribo arquitetônico da capital mineira. Projetado por Oscar Niemeyer foi
Kayabi, que ajudam a identificar, reconhecer e compreender a diver- uma encomenda do então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Ku-
sidade cultural, como ocorre também com as músicas Aboio, tema bitschek. Por lá estão três obras assinadas pelo mestre Oscar Nie-
de Abertura do filme e do seriado Auto da Compadecida, de domínio meyer, projetadas na década de 40: Museu de Arte da Pampulha,
público, Feira de Mangaio de Sivuca, Para ti Ponta Porã de Dino Ro- instalado no prédio onde funcionava um cassino; Casa do Baile, um
cha, Milongas para asmissões de Gilberto Monteiro, Forró Classudo espaço para exposições que, inicialmente, abrigaria um restaurante
de Toninho Ferragutti, Subida do Morro música de Moreira da Silva e um salão de festas; e a igreja de São Francisco de Assis, principal
e Quereres, de Caetano Veloso. cartão-postal da cidade, ornamentada com 14 painéis de azulejo de
autoria de Cândido Portinari retratando a Via Sacra. Todo o espaço é
Outra discussão importante diz respeito às questões ligadas às contornado por jardins criados por Burle Marx.
constantes mudanças sociais, econômicas, políticas e ambientais no
BH ganhava a obra, sonho de JK, que Oscar Niemeyer classi-
mundo globalizado. No Almanaque Brasil Socioambiental 2008, a
ficou como o despertar de sua carreira, a referência para o projeto
temática ambiental é trabalhada numa ótica que leva o leitor a rela-
de Brasília, também iniciativa de Juscelino, inaugurada em 1960.
cionar o consumismo com uma mudança cultural, via processo de
“A Pampulha foi o começo de minha vida de arquiteto”, escreveu
massificação, com conseqüências socioambientais. Por isso, torna- ele no livro As curvas do tempo. Enquanto o mundo ainda valoriza-
-se tão urgente discutir o modelo de desenvolvimento, o padrão de va o ângulo reto, ela explode em curvas. O conjunto arquitetônico
consumo, a distribuição desigual de riqueza e o padrão tecnológico e paisagístico da Pampulha, tombado pelo Instituto do Patrimônio
da sociedade. Histórico e Artístico Nacional (Iphan), completa 70 anos em 2013.
O conjunto arquitetônico da Pampulha tornou-se um marco da ar-
As obras Flor do Mangue, de Franz Krajberg, 1973, Eldorado quitetura moderna no Brasil e no mundo.
de Nelson Screnci, 2001 e a música Matança, de Xangai, são tam-
bém exemplos contundentes da temática ambiental.

Assim, nesta etapa, os conceitos de indivíduo, cultura e mu-


dança social são abordados a partir de uma perspectiva sociológica.
Todavia, atribuímos a esses conceitos novos significados por meio
da articulação de outras áreas do conhecimento, de seus métodos e
conceitos fundamentais, em uma abordagem dialógica. 

Didatismo e Conhecimento 14
Arte
02. Observe a imagem abaixo que reproduz a obra Retirantes, Gêneros:
de Candido Portinari.
1. Suspense.
2. Ficção científica.
3. Musical.
4. Terror.

Características:

( ) É um gênero que aborda temas mórbidos ou repelentes,


pretendendo provocar a sensação de medo.
( ) É um gênero que utiliza recursos para provocar no leitor ou
espectador um sentimento de apreensão.
( ) É um gênero no qual a narrativa se apoia sobre uma sequên-
cia de canções coreografadas.
( ) É um gênero que lida, principalmente, com o impacto da
ciência, tanto verdadeira como imaginada, sobre a sociedade ou os
indivíduos.

A sequência correta dessa associação, de cima para baixo, é:


A) 4, 2, 3, 1
B) 1, 4, 2, 3
C) 4, 1, 3, 2
D) 1, 2, 4, 3
Disponível em: <http://www.proa.org/exhibiciones/pasadas/
portinari/salas/id_portinari_retirantes.jpg>. Acesso em: 8 mar. Um gênero cinematográfico é uma categoria ou tipo de filmes
2012. (A0902SU12.1_SUP) que congrega e descreve obras a partir de marcas de afinidade de
diversas ordens. Como por exemplo:
As figuras humanas ilustradas por Portinari fazem uma denún- Ação: Gênero que possui protagonista(s) e antagonista(s). O
cia sobre a enredo geralmente gira em torno de crimes e conflitos que costu-
mam utilizar efeitos especiais. Também é utilizada a força física na
A) corrupção no meio político. resolução da grande maioria destes conflitos.
B) degradação do meio ambiente. Aventura: Gênero de origem épica que tem um herói a resolver
C) individualidade do ser humano. conflitos e combates com a força. Cheio de perigos e desafios, pode
D) miséria provocada pela seca. contem eventos fictícios e muitas cenas de ação.
Animação: Gênero formado por filmes produzidos por compu-
No quadro apresentado, produzido no ano de 1944, Portinari tação gráfica ou em quadros ligados. Tem um enredo cômico e pode
expõe o sofrimento dos migrantes, representados por figuras magér- envolver fatos fantasiosos. É mais popular entre as crianças.
rimas e com expressões que transmitem sentimentos como a fome Comédia: Gênero que tem como ideal fazer rir. Com um enredo
e a miséria. Na tela é possível identificar nove personagens, todos cômico, pode conter críticas, sátiras ou fatos engraçados e corriquei-
apresentados de maneira cadavérica, sendo dois homens adultos,
ros. Bastante apreciado, pode ter protagonista(a).
duas mulheres adultas e cinco crianças, das quais apenas uma tem
Documentário: Gênero que prioriza a representação da realida-
o sexo identificado. A obra apresenta um embate entre o sagrado e
de seja ela total, parcial ou subjetiva.
o profano, sendo o primeiro representado pela família e o segundo
Drama: Gênero que trata principalmente de conflitos sentimen-
pela situação precária e a morte iminente, que se mostra nesse ce-
nário de sofrimento. É possível perceber também a representação tais. Podem conter enredo trágico ou triste, o qur não impossibilita
do ciclo da vida, que se inicia com a criança na cena e se encerra na um final feliz. É caracterizada pela emoção que causa no público.
figura cadavérica do personagem mais idoso da composição. Ficção Científica: Gênero que trata de temas fictícios ou sem
comprovação científica. Geralmente contem extraterrestres ou fenô-
Portinari representa o povo nordestino. Mostra a necessidade menos naturais, que podem ter um final feliz ou não.
que o povo tem em abandonar sua terra em busca de uma vida me- Musical: Gênero onde a narrativa se apoia em musicas e can-
lhor em outro lugar. Pode ser visto também como uma representação ções que podem ou não ter coreografia. O enredo geralmente gira
da migração, que é o processo de mobilização espacial de um grupo em torno de um romance.
de pessoas que se deslocam. Que vão buscar em outras terras condi- Romance: Possui protagonistas e sua história gira em torno e
ções de vida, trabalho, estudo, felicidades e dignidade. um relacionamento amoroso. Geralmente o clímax é composto por
um amor impossível ou proibido.
03. Associe as duas colunas, relacionando os gêneros fílmicos Terror: Gênero que tem por objetivo causar a sensação de medo
às suas respectivas características. no público. Pode conter elementos sobrenaturais e protagonista.

Didatismo e Conhecimento 15
Arte
04. A respeito da arte rupestre, são feitas as seguintes afirma-
tivas:

I. O termo designa gravação, traçado e pintura sobre suporte


rochoso, qualquer que seja a técnica empregada.
II. O meio natural e suas relações com o mundo sobrenatural
são elementos fundamentais para a análise da arte rupestre.
III. Estão presentes na arte rupestre figuras fantásticas, objetos
e cenas, domésticas ou de trabalho.
Estão corretas as afirmativas
A) I, II e III.
B) I e II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) II e III, apenas.

A arte rupestre é compreendida como o amplo conjunto de de-


senhos, pinturas e inscrições realizadas pelo homem pré-histórico.
Geralmente, este tipo de manifestação artística aparece no interior
de cavernas e em outras superfícies rochosas cingidas pela marca da
presença humana. Ainda hoje, muitos especialistas discutem se o de-
senho rupestre pode ser avaliado como uma forma de arte. A arte ru-
pestre é uma importante fonte de informações que nos relata sobre o
tempo e os costumes de alguns grupos humanos. Em geral, podemos
perceber que a arte rupestre conta com motivos de feição naturalis-
ta, onde temos a presença constante de seres humanos e animais.
Os homens rupestres são costumeiramente representados de forma
isolada ou realizando algum tipo de ação coletiva, como o momento
da caça, o parto de uma criança ou o intercurso sexual. Entre os ani-
mais, temos a predominância daqueles que serviam como alimento
ou atacavam algum espaço habitado por homens. Inicialmente, essa
espécie de manifestação artística aparece como uma clara intenção
06. Associe as duas colunas, relacionando os meios de repre-
do homem em registrar as situações que integravam a sua rotina.
sentação artística às suas respectivas características.
Contudo, algumas pesquisas mostram curiosamente que os locais de
1. Pintura.
produção da arte rupestre não eram próximos a algum tipo de aldeia
2. Gravura.
ou morada humana. Dessa forma, pode-se deduzir que o homem
3. Escultura.
pré-histórico já encarava esse tipo de atividade como algo dotado de
um lugar e sentido especial. ( ) Arte e técnica de representar o mundo visível ou imaginário
numa superfície, mediante o uso de matéria corante, tintas ou outros
05. Qual nome se dá ao retrato em que se exagera uma fisiono- materiais.
mia humana para obter um resultado humorístico? ( ) Arte de moldar ou talhar materiais como madeira, argila
(barro), pedra, metais, entre outros, para representar, por exemplo,
A) Caricatura. em relevo, estátuas e figuras.
B) Estilização. ( ) Arte baseada em incisões, corrosões e talhos realizados com
C) Ilustração. instrumentos e materiais especiais. A matriz criada pelo artista per-
D) Releitura. mite a reprodução da imagem.
A sequência correta dessa associação, de cima para baixo, é
Caricatura é um desenho de um personagem da vida real, tal A) 2, 3, 1.
como políticos e artistas. Porém, a caricatura enfatiza e exagera as B) 1, 2, 3.
características da pessoa de uma forma humorística, assim como em C) 2, 1, 3.
algumas circunstâncias acentua gestos, vícios e hábitos particulares D) 1, 3, 2.
em cada indivíduo. Historicamente a palavra caricatura vem do ita-
liano caricare (carregar, no sentido de exagerar, aumentar algo em A pintura refere-se genericamente à técnica de aplicar pigmento
proporção). A caricatura é a “mãe” do expressionismo, onde o artista em forma líquida a uma superfície, a fim de colori-la, atribuindo-lhe
desvenda as impressões que a índole e a alma deixaram na face da matizes, tons e texturas.
pessoa. A distorção e o uso de poucos traços são comuns na cari-
catura. Diz-se que uma boa caricatura pode ainda captar aspectos A gravura pode ser feita em diferentes técnicas, como a xilogra-
da personalidade de uma pessoa através do jogo com as formas. É vura, a gravura em metal, a litogravura, que cria uma imagem numa
comum sua utilização nas sátiras políticas; às vezes, esse termo pode matriz, que é então transferida para uma superfície bidimensional
ainda ser usado como sinônimo de grotesco (a imaginação do artista (plano) por meio de tinta (ou outra forma de pigmento), a mesma
é priorizada em relação aos aspectos naturais) ou burlesco. matriz pode ser usada para produzir muitas cópias de impressão.

Didatismo e Conhecimento 16
Arte
E a escultura é a arte tridimencional, dando forma ou combi- A) Comédia.
nando vários materiais, pedra (rocha ou mármore), de metal , vidro B) Faroeste.
ou madeira. C) Musical.
Algumas esculturas são criadas separadamente e outras po- D) Terror.
dem juntar-se a outra parte de escultura, são montados, construímos
juntos, soldados , moldados ou fundidos em metais como o bronze Um musical é uma peça teatral, onde no contexto dela existem
por exemplo. As esculturas são muitas vezes pintadas. A escultura musicas, cantadas pelos atores, com coreografias, bailarinos, orques-
é considerada uma das artes plásticas porque envolve a utilização tras, e cenários gigantes e maravilhosos, porque todo o musical é
de materiais que podem ser moldados ou modulados. A maioria das grandioso. Esse estilo de teatro tem grande acesso na Broadway em
artes públicas contém uma escultura. Nova York, que possui mais de 5000 teatros super modernos onde
são apresentados musicais de diversos gêneros, comedia, tragédia, e
07. A respeito da fotografia, são feitas as seguintes afirmativas: romance, sempre com bailarinos excelentes, cantores e orquestras.
No Brasil o musical vem ganhando força em São Paulo, que é uma
filial da Broadway, todos os grandes musicais lá em cartaz, passam
I. A fotografia é um processo de criação de imagens por meio
pelo Brasil em montagens que ganham tradução e adaptação para o
de exposição luminosa.
português. Exemplos de musicais famosos que já passaram ou estão
II. A fotografia documental apresenta a fantasia por meio de
em cartaz no Brasil nós temos: A Bela e a Fera, A Noviça Rebelde,
variações entre luz e sombra.
7 o musical, Chicago, Swett Charity, My Fair Lady, O fantasma da
III. A fotografia artística recebe outras denominações, como fo- Ópera, AIDA, Hair, Cats, e muitos outros de grande sucesso mun-
tografia criativa e fotografia de expressão pessoal. dial.
Estão corretas as afirmativas: 09. As transformações culturais ocorridas na Europa dos sé-
A) I e II, apenas. culos XIV a XVI ficaram conhecidas como Renascimento. Foram
B) I e III, apenas. características deste movimento:
C) II e III, apenas. A) Misticismo e tentativas de reinterpretar o cristianismo.
D) I, II e III. B) Teocentrismo e recuperação de línguas clássicas (latim e
grego).
Fotografia é a captação de imagens com o uso de câmeras, sua C) Individualismo e utilização de novos recursos como a pers-
gravação e reprodução em papel e meios digitais. O fotógrafo domi- pectiva no desenho e na pintura.
na o uso de máquinas, lentes e filmes e conhece a fundo as técnicas D) Racionalismo e críticas ao período conhecido como Anti-
de revelação, ampliação e tratamento de imagens analógicas e digi- guidade Clássica.
tais. Com base em conhecimentos de iluminação e enquadramento, E) Antropocentrismo e rejeição de temas religiosas nas produ-
procura captar da melhor maneira possível a imagem de pessoas, ções artísticas.
paisagens, objetos, momentos e fatos políticos, econômicos, espor-
tivos e sociais. Seu trabalho pode ter cunho jornalístico, documental O termo Renascimento é comumente aplicado à civilização eu-
ou comercial - por exemplo, ao fotografar produtos e modelos em ropéia que se desenvolveu entre 1300 e 1650. Além de reviver a an-
estúdio. É possível atuar em jornais, revistas, sites, emissoras de TV, tiga cultura greco-romana, ocorreram nesse período muitos progres-
no cinema e em agências de publicidade. O mundo hoje está condi- sos e incontáveis realizações no campo das artes, da literatura e das
cionado, irresistivelmente, a visualizar. A imagem quase substituiu ciências, que superaram a herança clássica. O ideal do humanismo
a palavra como meio de comunicação. Tablóides, filmes educativos foi sem duvida o móvel desse progresso e tornou-se o próprio espíri-
e documentais, películas de massa, revistas e televisão rodeiam-nos. to do Renascimento. Trata-se de uma volta deliberada, que propunha
a ressurreição consciente (o re-nascimento) do passado, considerado
agora como fonte de inspiração e modelo de civilização. Num sen-
08. Leia o texto abaixo.
tido amplo, esse ideal pode ser entendido como a valorização do
Iníciom (Humanismo) e da natureza, em oposição ao divino e ao
“Nos Estados Unidos, após a Depressão, a indústria recupera-
sobrenatural, conceitos que haviam impregnado a cultura da Idade
-se. Hollywood vive os seus anos de ouro em 1938 e 1939. Surgem
Média.
superproduções como A Dama das Camélias, E o Vento Levou, O
Morro dos Ventos Uivantes e Casablanca. Novos recursos técnicos Principais características do Renascimento
possibilitam o desenvolvimento pleno de todos os gêneros.” - Valorização da estética artística da antiguidade clássica (gre-
co-romana). Os artistas renascentistas defendiam a ideia de que a
Disponível em: <http://www.webcine.com.br/historia1.htm>. arte na Grécia e Roma antigas tinha um valor estético e cultural
Acesso em: 13 fev. 2010. muito maior do que na Idade Média. Por isso, que uma escultura
renascentista, por exemplo, possui uma grande semelhança como as
Quando apareceram os primeiros filmes falados, houve um gê- esculturas da Grécia Antiga.
nero de cinema que se caracterizou por roteiros que mesclam dan- - Visão de que o homem é o principal e decisivo elemento na
ças, cantos e músicas. condução da história da humanidade. Essa visão é conhecida como
Esse gênero artístico sofre grande influência do teatro e se de- antropocentrismo (“homem no centro”) e fez oposição a visão teo-
nomina cêntrica (“Deus no centro”) da Idade Média.

Didatismo e Conhecimento 17
Arte
- Grande importância dada às ciências e a razão. Os renascentistas defendiam a ideia de que há explicação científica para a maioria das
coisas. Portanto, desprezavam as explicações elaboradas pela Igreja Católica ou por outras fontes que não fossem científicas. Este período da
história foi muito significativo no tocante ao desenvolvimento das experiências científicas e do pensamento racional e lógico.
- Busca do conhecimento em várias áreas. Os renascentistas buscavam entender o mundo através do estudo de várias ciências (Biologia,
Matemática, Física, Astronomia, Botânica, Anatomia, Química, etc.). Um ótimo exemplo desta visão de mundo foi Leonardo da Vinci que, além
de ser pintor, também desenvolveu trabalhos e estudos em várias áreas do conhecimento.

10. O quadro de Leonardo da Vinci revela uma das facetas do grande artista do Renascimento que durante a vida transformou sua experi-
ência de mundo em arte, sempre pronto a inovar.

Essa criatividade levou Leonardo da Vinci a ser conhecido como um homem que
A) transformou a arte da escultura ao expressar através dela a grandeza da vida espiritual.
B) abdicou de sua riqueza para se dedicar à pintura de personagens da Corte de Florença.
C) se envolveu com a natureza, com a sociedade e com todos os ramos de artes, de modo tão intenso que passou a ser conhecido como um
artista-cientista.
D) se dedicou às artes e às ciências através da teoria do direito divino, aplicada nos seus exercícios de anatomia.
E) participou de várias sociedades secretas que tinham por objetivo reescrever os textos bíblicos com o intuito de apresentar a verdadeira
face de Jesus.

GABARITO

01. B 02. D 03. C 04. A 05. A 6. D 07. B 08. C 09. C 10.C

Leonardo da Vinci, na história da cultura ocidental foi muito mais do que pintor, arquiteto, escultor, cientista, inventor, ou até mesmo autor
de célebres obras como a Mona Lisa e a Última Ceia. Apaixonado pela investigação científica e pelas artes de um modo geral, sua curiosidade
deixou um legado de possibilidades e caminhos para o desenvolvimento do pensamento criativo, uma vez que seus desenhos e textos indicavam
um sentido de precisão nos detalhes e, ao mesmo tempo, sua força visionária, habilidades essenciais para qualquer profissional nos dias de hoje.

Leonardo da Vinci era um observador atento da natureza e dos fatos à sua volta. Embora nem sempre a execução de seus projetos produ-
zisse os resultados desejados, o senso de utilidade associado à beleza estética indica seu modo peculiar de relacionar a inventividade de suas
obras com a realidade a sua volta. No processo criativo, ser seletivo e, ao mesmo tempo, experimentar novas maneiras de pensar, não é ficar
meditando sobre o vazio, mas direcionar sua mente para se alimentar de novas informações e ideias, e também, direcioná-la para aquilo que
de fato pode contribuir para a abertura das percepções e compreensões. É interessante imaginar que em tempos de recursos escassos, grandes
nomes da arte, filosofia, medicina, criavam e faziam acontecer em diversos âmbitos de suas carreiras.

Leonardo da Vinci dominou com sabedoria um jogo expressivo de luz e sombra, gerador de uma atmosfera que parte da realidade mas
estimula a imaginação do observador. Foi possuidor de um espírito versátil que o tornou capaz de pesquisar e realizar trabalhos em diversos
campos do conhecimento humano.

Didatismo e Conhecimento 18

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