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Instituto de Ciências Humanas e Sociais - ICHS

Departamento de Educação –DEED

Graduandos:

Elouene Maeli Passos - 18.2.3274

Lorena Bragança Soares - 18.1.5013

Lucas Alves Aragão - 18.2.3132

Rafaela Valerio - 18.2.3420

Sofia de Castro Macedo - 17.2.4239

Samuel Ribeiro da Luz - 19.1.3971


- Resumo

Neste presente trabalho, utilizaremos do livro “Pedagogia do Oprimido” do educador


Paulo Freire para apresentar de que forma o processo educador se faz vigente, e de que
maneiras ele se perpetua na educação atual. Em primeiro momento, abordaremos
conceitos teóricos de seu livro, realizando um paralelo entre a educação bancária e o
método freiriano de ensino. Logo em seguida será apresentado de que forma essa
metodologia pode ser aplicada, para isso, utilizaremos como exemplo a EJA (Educação de
Jovens e Adultos), trazendo experiências pessoais como educadores, dentro dessa forma
de ensino e sua importância para que haja uma educação de qualidade e libertadora.

1- Conceitos (Pedagogia do oprimido)

O conceito de alienação para Paulo Freire se baseia em ideais de Karl Marx, em que
as classes trabalhadoras são fragmentadas, criando uma desunião da própria classe.
Assim este plano causa um processo de desidentificação entre si. Desta forma o sujeito
alienado, ou dominado cria concepções pseudo-racionais para fundamentar sua posição
inferior no corpo social, enquanto o material do seu esforço é apoderado pelos senhores
dos meios de produção.

“Não tem negócio de câmbio a R$1,80. Vamos exportar menos, substituição de importações, turismo,
todo mundo indo para a Disneylândia, empregada doméstica indo para Disneylândia, uma festa
danada....”
(Paulo Guedes, 2020)

A forma de combater a “Pedagogia do Oprimido”, é trabalhar por meio de uma


pedagogia libertadora, utilizando o método da dialética como fio condutor, onde é
apresentado ao oprimido sua condição social perante os dominadores. Com base nessas
perspectivas, o dominado torna-se consciente de sua condição e busca a superação da
mesma. Assim a educação está paralelamente ligada à identidade do educando, pois
segundo Freire, construir e fortalecer o aprendizado dispõe o sujeito a criar iniciativas para a
formação de sua identidade. Assim, a relação entre o homem (identidade) e o saber são
intrínsecos para a busca de conhecimento.
O homem inconscientemente possui a capacidade de estabelecer barreiras e
entraves para a formação de sua identidade. Estas barreiras possuem ligação a fenômenos
como a cultura, linguagem e o que é aceito pela elite, estes fatores combinados, participam
da formação de opiniões, não apenas em âmbito social, mas de que forma pode-se
trabalhar com esses fenômenos à medida que é construída a identidade, tornando-se fruto
do objeto do conhecimento.
Partindo do pressuposto do conceito freiriano o desenvolvimento do ser, passa pela
sua noção de libertação, à qual trabalha em sua obra “Pedagogia do Oprimido”. Para Freire,
o oprimido, na cultura dialógica em que vive, é afanado de sua capacidade de ação,
podendo somente seguir sendo oprimido ou tornando-se opressor. O desenvolvimento
humano, portanto, seria a libertação de tal indivíduo à dicotomia, despertando no mesmo a
possibilidade de ser livre.
A sensação de impotência e estagnação frente a um status quo opressor molda o
oprimido a uma forma de caráter bestial ou infante, na qual o mesmo não é dono de si, nem
de seus pensamentos ou ideias, se tornando, portanto, apenas o “outro” na relação com o
opressor. Portanto, o diálogo é uma exigência existencial ,não apenas o indivíduo no
coletivo ,mas sim, de seres que na relação uns com os outros, pensam sobre si mesmo no
mundo e com o mundo em situação coletiva, assim dialogando entre os mesmos trazendo
ideias a serem compartilhadas e desenvolvendo a caminhada do aprendizado.
Para o pensador, o indivíduo e o coletivo são complementares e dependentes,
cabendo ao indivíduo modificar a sociedade, e por sua vez, cabendo à sociedade
estabelecer o novo indivíduo.​ Quando um grupo é estabelecido,uma série de fenômenos
começa a afetar os indivíduos e a seguir, afeta o grupo.
Na abordagem de Paulo Freire e do Construtivismo, o aluno é um ser indispensável
para ele as habilidades cognitivas,emocionais e sociais entrelaçam,compreender e explicar
o mundo é um processo que envolve cognição social e dimensões emocionais sociais .
Esse conceito é de bom grado com a relação entre a psicologia social, justamente por sua
conexão com a comunicação e os processos grupais.
Desta forma, o diálogo é uma exigência existencial ,não apenas o indivíduo no
coletivo ,mas sim, de seres que na relação uns com os outros,pensam sobre si mesmo no
mundo e com o mundo em situação coletiva, assim dialogando entre os mesmos trazendo
ideias a serem compartilhadas e desenvolvendo a caminhada do aprendizado, o indivíduo e
o coletivo são complementares e dependentes, cabendo ao indivíduo modificar a sociedade,
e por sua vez, cabendo à sociedade estabelecer o novo indivíduo.​
A relação em ambiente pedagógico, deve ser isonômica, não colocando educador e
educando em diferentes patamares do saber, fazendo assim um contraponto ao ideal
escolástico, no qual o educador é um poço de conhecimento, apenas transmitindo-o para a
“tábula rasa" que é a mente de seus pupilos. Deve ser um ato de mão dupla, com o
compartilhamento de experiências e vivências entre educando e educador, visando a
construção de um saber, não a simples transferência da ideia. Preza-se pelo
desenvolvimento crítico e pelo crescimento pessoal tanto do educador como do educando.

2- EJA (Ensino de Jovens e Adultos)

A relação entre as partes do processo educacional no ensino de jovens e adultos é


um aspecto extremamente importante para que haja, de fato, uma educação libertadora e
crítica. Contudo essa relação é uma faca de dois gumes, uma vez que os educandos têm
mais vivência e experiência do que os alunos regulares, estes carregam consigo uma
bagagem, problemas diferentes, concepções de mundo mais consolidadas, portanto,
requerem uma abordagem diferenciada.
Tal relação pode por vezes se acirrar, uma vez que o peso da idade, da experiência,
etc, não pende mais apenas ao lado do educador, por vezes pende ao lado dos alunos.
Portanto a manutenção da relação depende, necessariamente de um diálogo respeitoso e
humilde, além de, sempre que possível, construído com exemplos cotidianos trazidos pelos
alunos e mediados pelo professor.
A metodologia de aprendizagem proposta por Paulo Freire em sua tese é a de uma
construção mútua do conhecimento, prezando a isonomia em ambiente pedagógico e
mantendo como principal fundamento o diálogo. A construção do conhecimento, assim, não
se dá a partir do outro e sim de um esforço coletivo, que visa o desenvolvimento do senso
crítico por parte do educando.
Há de se ressaltar que, a finalidade da aprendizagem proposta não é a
transmutação social abrupta e imediata, e sim a devolução do sujeito a seu posto outrora
roubado, é retornar o oprimido, o outro, ao lugar do qual lhe retiraram. A aprendizagem
freireana visa assim, que o indivíduo se redescubra sujeito e que haja no mundo.
Uma vez que os educandos não são divididos necessariamente por sua faixa etária
como no sistema convencional, algumas práticas freireanas se tornam ainda mais
essenciais ao aprendizado. Justamente por se tratar de alunos mais vividos no mundo
prático, muitos deles já empregados, responsáveis por seus lares e às vezes já tendo seus
próprios filhos para criar.
O ideal da construção do conhecimento através do diálogo, em tal caso, deve ser
levado a seu extremo, se tornando assim peça basilar da educação de jovens e adultos,
uma vez que o conhecimento prático dos educandos deve ser debatido e iluminado de
forma científica e crítica, nunca descartado. As experiências acumuladas por educandos
deste módulo são a fonte da qual o educador deve beber para entender e auxiliar seus
educandos em seu processo de liberação.
Em tal módulo educacional, o cotidiano e a realidade de vida dos alunos necessita
de uma diferente abordagem do que em formas regulares, contando que os alunos
possuem uma maior experiência de vida, assim, cabe ao educador fornecer os aparatos
necessários para que os alunos desenvolvam a análise crítica, a partir de si.

"Consideramos que existem outras possibilidades de fazer educação e, consequentemente, buscar por
construir outra sociedade. Uma sociedade constituída por uma educação que conceba a mulher e o
homem como ‘seres integrais’, capazes de se reconhecerem como sujeitos políticos e sociais que ao
atuarem sobre a sua realidade, se compreendam como coparticipantes da história e criadores da sua
própria história" (FREIRE, 1987, 2014a).

3- Experiências advindas da EJA (Ensino de Jovens e Adultos)

Com base em nossas experiências que vivemos na EJA da escola Municipal


Monsenhor José Cota, elogiar e nunca lembrar do passado são pontos importantes desse
processos, os indivíduos têm marcas e histórias que não gostam de lembrar.
Jovens que procuram um refúgio na sala de aula pois estão tentando fugir de um
cenário deplorável em suas residências e os educandos são as suas únicas mãos amigas
ou válvulas de escape .
A importância de compreender a dificuldade do outro, pois eles já têm uma vivência
e a sua única dificuldade pode ser não saber ler ou escrever, porém carregam uma
bagagem de conhecimentos muitas vezes desconhecidos por nós.
O elogio é fundamental, e sempre envolve todos os sujeitos nas questões, pois isso
alimentará e os tornarão visíveis fazendo disso um estímulo para prosseguirem na
formação, ouvir suas opiniões e sanar as dúvidas de forma mais simples e com palavras
que eles possam entender sem fugir da realidade desses alunos.
CONCLUSÃO

Relacionando o artigo Educação de Jovens e Adultos no Brasil (1986-1998), de


Sérgio Haddad com a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire pode-se concluir que o EJA,
assim como discorre o artigo, é um espaço favorável para as práticas educacionais
libertadoras, por ser frequentado por educandos com uma maior experiência de vida, muitas
vezes adultos que já possuem trabalho, casa, família e são oprimidos há mais tempo que os
próprios educadores, tendo ou não consciência disso. A implicação de uma
educação-bancária nessa forma de ensino faz com que os alunos percam cada vez mais o
interesse que os levaram até ali, que por muitas vezes vão mais por serem obrigados pelo
sistema dominador. É preciso levar em consideração que aquelas pessoas são seres
autônomos, não só da sua vida econômica e social, mas, ainda mais do seu conhecimento.

A pesquisa qualitativo-descritiva, que é citada como ferramenta no texto estudado,


possibilita ao educador-educando que se aproxime da realidade dos educandos-educadores
e do pensar destes, como eles se enxergam em suas realidades. Assim o professor deve
fornecer os utensílios necessários para os alunos desenvolverem a autonomia e a análise
crítica, que é individual de cada ser humano. Com a pesquisa, também é possível delimitar
a área trabalhada e os perfis dos alunos, para assim ter uma incisão mais eficaz do método
de ensino que será desenvolvido com uma melhor qualidade. Porém, nem sempre sendo
possível essa preparação inicial, os educadores têm o dever de levar em consideração a
vivência única de cada indivíduo e não cair no preconceito de serem seres ignorantes por
não saberem ler e escrever, pois eles sabem muito mais pela condição que vivem. Então,
por meio de diálogos, trocas de conhecimento e relações grupais, os alunos podem se
enxergar na realidade em que vivem, se estes já não possuem plena consciência disso,
para articular práticas que podem transformar essa realidade, jamais mudando de lado com
o opressor.
Referencial Bibliográfico

FREITAS, Maria de Fátima Quintal de. Educação de jovens e adultos, educação


popular e processos de conscientização: intersecções na vida cotidiana. Educar em Revista,
p. 47-62, 2007.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O Que é Método Paulo Freire. Disponível em O QUE


É MÉTODO PAULO FREIRE

Saul, Ana María (2014). “Políticas e práticas educativas inspiradas no pensamento


de Paulo Freire: pesquisando diferentes contextos”. Currículo sem Fronteiras.

HADDAD, Sérgio. Educação de jovens e adultos no Brasil (1986-1998). Mec, 2002.

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