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AO JUIZO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE OROCÓ-PE

RAFAELA PINHEIRO DE LIMA, brasileira, solteira,


agricultora, RG nº 9.958.213, e inscrita no CPF nº
708.772.874-14, residente e domiciliada no Projeto
Brígida, Agrovila nº 08, sem nº, Zona Rural, Orocó-PE,
por seu procurador, instrumento de mandato em anexo,
vem perante Vossa excelência, com fulcro nos artigos
226, § 3º da CF/88, arts 1.723 à 1.727, 1.583 à 1.590,
1.624, 1.694, 1.695 do Código Civil, art. 4º da Lei
nº. 5.478/68, e demais previsões legais, propor a
presente:

AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL


COM PARTILHA DE BENS CUMULADA COM ALIMENTOS em face de

GEANDSON ALVES CAVALCANTE, brasileiro, solteiro,


agricultor, CPF e RG não sabido, residente e
domiciliada no Projeto Brígida, Agrovila nº 08, sem
nº, Zona Rural, Orocó-PE, pelos fatos e fundamentos
jurídicos a seguir expostos:

DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS

a) DO RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL

A união estável encontra guarida no ordenamento


jurídico brasileiro na Lei nº 9.278/96 e no artigo
1.723 e seguintes do Diploma Civil vigente. O artigo
1.723 em sua inteligência afirma:

“Art. 1.723. É reconhecida como


entidade familiar a união
estável entre o homem e a
mulher, configurada na
convivência pública, contínua e
duradoura e estabelecida com o
objetivo de constituição de
família.

A Requerente e o Requerido viveram juntos como se


fossem marido e mulher durante 03 (três anos, no
período compreendido entre o começo de 2015 até o mês
de Janeiro de 2019.

Dessa relação, o casal teve 01 (uma) filha ainda


menor, Ágatha Sophia Pinheiro Cavalcante, CPF nº
145.557.164-42, hoje com 01 ano e 07 meses de idade;

Além disso, os companheiros tiveram uma relação,


pública e com a finalidade de constituir família,
requisitos exigidos pelo código civil em seu artigo
1.723, e por isso deve ser reconhecida por esse D.
Juízo.

b) DA DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL

A relação entre o casal veio a se dissolver em


Janeiro de 2019, em razão da impossibilidade de
conviver harmoniosamente, ocasião que levou a autora a
sair de casa e ir morar na casa da sua mãe, na mesma
Agrovila.
Passados alguns dias após a separação, a
Requerente foi agredida fisicamente com empurrões e
tapas, o que levou ela a ir à Delegacia deste
município solicitar Medida Protetiva contra o
Requerido, conforme mostra documento acostado aos
autos.

DOS BENS A SEREM PARTILHADOS PELO CASAL

No decorrer da convivência entre os companheiros,


o casal adquiriu:

a) 01 (um) automóvel Volkswagem, Modelo GOL, ano XXX,


placa XXX, com preço médio conforme tabela FIPE R$ xxx
reais, mantendo o Requerido a posse do veículo.

b) 01 (uma) casa localizada no Projeto Brigida,


Agrovila 08, sem nº, Zona Rural, Orocó-PE, com 2
Quartos, 1 Sala, 1 Banheiro, 1 Cozinha e Muro, que se
encontra em uso pelo Requerido, no valor estimado de
R$15.000,00 (quinze mil reais).

c) 01 (uma) moto Honda, modelo xxx, ano xxx, placa


xxx, com preço médio conforme tabela FIPE R$ xxx
reais, mantido também em posse do Requerido.

O artigo 5º da Lei nº. 9.278/96 que trata a


respeito da União Estável, estabelece que os bens
móveis ou imóveis adquiridos por um ou por ambos os
conviventes, na constância da união estável e a título
ONEROSO, são considerados fruto do trabalho e da
colaboração de ambos os companheiros.
O artigo 1.725 do C. C, estabelece que na união
estável, salvo contrato escrito, o regime de bens será
regido pelo o regime de comunhão parcial de bens. Como
não houve qualquer contrato escrito referente a
escolha do regime de bens deve ser partilhado em 50%
(cinquenta por cento) para cada convivente do valor já
pago do referido veículo;

DA GUARDA DA FILHA ÁGATHA SHOPIA PINHEIRO CAVACALCANTE

Quando da separação do casal, é de interesse da


Requerente que a menor Ágatha Sophia permaneça sob a
guarda e cuidados da Autora, uma vez que ainda é muito
nova para sair dos cuidados maternos.

DOS ALIMENTOS

“Art. 1.724. As relações


pessoais entre os companheiros
obedecerão aos deveres de
lealdade, respeito e
assistência, e de guarda,
sustento e educação dos filhos.”

O legislador ao consagrar a união estável como


ente familiar garantiu aos conviventes direitos, mas
também impôs deveres.

É o que se vê no art. 1.724 do Código Civil de


2.002, lê-se:

“As relações pessoais entre os


companheiros obedecerão aos
deveres de lealdade, respeito e
assistência, e de guarda,
sustento e educação dos filhos.”

Além dos deveres recíprocos relacionados neste


artigo, há outros implícitos – teoria dos deveres
implícitos – que devem ser respeitados pelos
companheiros, como o de respeito pela dignidade da
família, o de não expor o outro convivente a
companhias degradantes, o de não conduzir a
companheira a ambientes de baixa moral.”

A lente Maria Helena Diniz, leciona a respeito do


dever de mútua assistência (mútua material e
imaterial).

“Importante ressaltamos que todo


direito gera dever e, em sendo
assim, todo dever emana de
direito”.

Adentramos neste instante especificamente no tema


dos alimentos para ex-companheira, quando da
dissolução da união estável, nos aprofundando no dever
de mútua assistência entre os conviventes que não se
encerra com o fim da união estável, dever este
capitulado no artigo 1.724 do Diploma Civil vigente.

O consagrado autor PAULO LÔBO, a respeito do


dever de mútua assistência, leciona:

“A assistência moral (direito


pessoal) e material (direito
patrimonial, notadamente
alimentos). O direito à
assistência material, exigível
de um companheiro a outro, está
consagrado expressamente no art.
1.694 do Código Civil,
projetando-se além da extinção
da união estável, na forma de
alimentos, independentemente de
ter o companheiro necessitado
ter dado ou não causa à
dissolução.”

O consagrado Mestre em Direito Civil, e


Desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São
Paulo, CARLOS ROBERTO GONÇALVES, leciona com bastante
precisão para a consolidação do entendimento sobre a
matéria, in verbis:

“O art. 1.624 do Código Civil


assegura o direito recíproco dos
companheiros aos alimentos. Na
hipótese de dissolução da união
estável, o convivente terá
direito, além da partilha dos
bens comuns, a alimentos, desde
que comprove suas necessidades e
as possibilidades do parceiro,
como o exige o parágrafo 1º do
aludido dispositivo. Cessa,
todavia, tal direito, com o
casamento, a união estável ou o
concubinato do credor. Perderá
também o direito aos alimentos o
credor que tiver “procedimento
indigno em relação ao devedor”
(art. 1.708, parágrafo único).

Cabe ressaltar que a Requerente desde os seus 16


(dezesseis) anos, sendo ainda menor, passou a conviver
com o Requerido que já era “um homem feito”. Hoje, aos
20 anos de idade, tendo dedicado sua vida à família,
isto é, encontra-se fragilizada, desamparada
financeira e psicologicamente diante desta situação, e
em decorrência dos fatos (principalmente o de estar
sem a companhia da filha menor).

Ainda assim, a Requerente mantém forças para


garantir sua sobrevivência ajudando sua mãe na
agricultura.

Por ser assim, é indispensável que o Requerido


pensione alimentos em favor da Requerente, em que deve
ser fixado um valor levando em consideração a
necessidade desta e a renda financeira do Requerido.
(Art. 1.694 do C. C).

Diante dos fatos, faz-se necessário o


arbitramento de alimentos a serem pagos pelo
Requerido, pelo que se requer seja determinando que
este efetue o pagamento dos alimentos, de modo a
garantir o sustento e a própria sobrevivência da
Requerente. Valor este que deverá se depositado em
conta que será aberta em nome da Requerente e
imediatamente informada a esse D. Juízo.

DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS

Dispõe o art. 4º da Lei 5.478/68:


Art. 4º. Ao despachar o pedido,
o juiz fixará desde logo
alimentos provisórios a serem
pagos pelo devedor, salvo se o
credor expressamente declarar
que deles não necessita.

O insigne jurista, Humberto Theodoro Júnior, traz


à baila entendimentos que corroboram as pretensões da
Requerente:

“Como o sustento da pessoa


natural é necessidade primária
inadiável, não pode o seu
atendimento ser procrastinado
até a solução definitiva da
pendência entre devedor e credor
de alimentos. (...)

Haverá, outrossim, sempre a possibilidade de


deferimento da liminar, inaudita altera parte, de uma
mensalidade para mantença imediata. Essa concessão o
juiz poderá fazer, a requerimento do interessado,
mediante provisórios, em todos as casos.”

Ademais, os alimentos provisórios encontram


supedâneo do Código de Processo Civil, em seu art.
531.

Dessa maneira, requer digne-se Vossa Excelência a


antecipar a tutela pretendida com fundamento no artigo
294 e seguintes do Novo Código de Processo Civil,
determinando o Requerido que efetue o pagamento dos
alimentos, no equivalente a 40% do Salário Mínimo
nacional em favor da Requerente, de modo a garantir o
seu sustento bem como a sua própria sobrevivência.

DOS PEDIDOS

DIANTE DO EXPOSTO, REQUER SE DIGNE VOSSA EXCELÊNCIA a


determinar:

a) O benefício da Justiça Gratuita por ser a


Requerente pessoa pobre, na acepção jurídica da
palavra, não podendo arcar com as despesas processuais
sem privar-se do seu próprio sustento;

b) a citação do Requerido para, querendo, contestar a


presente dentro do prazo legal, sob pena de sujeitar-
se aos efeitos da revelia e confissão;

c) a intimação do Digno Representante do Ministério


Público, para que acompanhe a presente;

d) por Vossa Excelência seja reconhecida bem como


decretada a Dissolução da União Estável;

e) que o automóvel acima descrito, casa e moto, que


encontra-se na posse do Requerido seja partilhado na
proporção de 50% (cinquenta por cento) para cada um
dos conviventes na forma da lei e segundo o prudente
arbítrio de V. Exª.;

f) provados os fatos descritos nesta exordial, requer


digne-se Vossa Excelência a antecipar a tutela
pretendida com fundamento no artigo 294 e seguintes do
Novo Código de Processo Civil, e a título de alimentos
provisórios, determinando que o Requerido efetue o
pagamento dos alimentos, no equivalente a 40% do
Salário Mínimo Nacional mensais em favor da Requerente
que deverá ser depositado em conta bancária a ser
aberta e imediatamente informada a este D. Juízo para
fins de depósito, de modo a garantir o seu sustento
bem como a sua própria sobrevivência;

g) seja fixado, à título de alimentos em favor da


Requerente, o valor equivalente a 40% do Salário
Mínimo Nacional mensais;

h) seja o Requerido condenado ao pagamento das custas


processuais, despesas e honorários advocatícios à base
de 20% sobre o valor da condenação;

Protesta provar o alegado por todos os meios de


prova em direito admitidos e ao caso cabíveis, em
especial com o depoimento do Requerido e a inquirição
das testemunhas abaixo arroladas.

Dá-se à causa o valor de R$25.000,00 (vinte e cinco


mil reais).

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

OROCÓ-PE, 04 de Janeiro de 2019

FAIRLAN ANDERSON GONÇALVES MATIAS

OAB-PE 35.460

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