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Cadernos Técnicos Sanitária e Ambiental Vol. 01 - Nº 2 - 2021 ABES - Rio de Janeiro
Cadernos Técnicos Sanitária e Ambiental Vol. 01 - Nº 2 - 2021 ABES - Rio de Janeiro
engenharia
sanitária e ambiental
Órgão Oficial de Informação Técnica da ABES - Rio de Janeiro
Vol. 01 | nº 2 | 2021
ESA
sanitária e ambiental
nas áreas de saneamento, e suas interfaces. As
contribuições são publicadas após aprovação
do conselho editorial formado exclusivamente
para este fim. Os artigos publicados não refletem
necessariamente a opinião da Associação Brasileira de
Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES). Cadernos Técnico Eng Sanit Ambient | v.1 n.2 | 2021
Diretor Responsável
Alceu Guérios Bittencourt
Editor Geral
Rodrigo Moruzzi
Editor Geral Adjunto
André Bezerra dos Santos
Coordenação
Allan Rodrigues.
INCT ETEs Sustentáveis
Coordenação Geral
Carlos Augusto de Lemos Chernicharo
Cesar Rossas Mota Filho
Juliana Calabria Araújo
Coordenadores Institucionais
Carlos Augusto de Lemos Chernicharo
André Bezerra dos Santos
Isaac Volschan Jr
Gustavo Rafael Collere Possetti
Lourdinha Florêncio
Paula Loureiro Paulo
Roque Passos Pivelli
Cadernos Técnicos ESA
Colaboração
Câmara Técnica de Tratamento de Esgoto (CTTE) da ABES
Editores Associados
Carlos Augusto de Lemos Chernicharo
Emanuel Manfred Freire Brandt
Erick Javier Centeno Mora
Editor Executivo
Lívia Cristina da Silva Lobato
PRODUÇÃO EDITORIAL Revista Engenharia Sanitária e Ambiental Fundada com o título Engenharia
Sanitária em 1962 (vol.1, n.1, jun de 1962) com formato 18,0 x 26,0 cm, até o
ZEPPELINI vol.12, n.3, quando foi adotado o formato A4. A partir do vol.28, abr./jun. de 1989,
P U B L I S H E R S
passou a chamar-se BIO, com o formato 21,0 x 28,0 cm, sendo a Engenharia
Estatuto em Vigor: Alteração de Estatuto referendado pela
Sanitária transformada em encarte técnico da BIO. A partir de 1996, retorna a
Assembleia Geral Extraordinária realizada no Rio de Janeiro Engenharia Sanitária, desta feita incorporando a palavra Ambiental (Ano I, n.1,
(RJ) em 08 de julho de 2011. Essa nova versão do Estatuto
recebeu protocolo número 201108081358447 e foi averbada na jan./mar. 1996).
matrícula número 1244 do Registro Civil de Pessoas Jurídicas do
Rio de Janeiro em 25 de agosto de 2011.
DIRETORIA NACIONAL
Presidente: Alceu Guérios Bittencourt; Vice-Presidente: Mario Cezar Guerino; Secretário Geral: Marcel Costa
Sanches ; Secretário Adjunto: Rafael Carvalho de O. Santos; Tesoureiro Geral: Maria Lúcia B. Coelho Silva;
Tesoureiro Adjunto: Álvaro José Menezes da Costa; Diretor Sul: Edgard Faust Filho; Diretora Sudeste: Célia
Regina Alves Rennó; Diretor Centro-Oeste: Marcos Elano F. Montenegro; Diretora Nordeste: Vanessa Britto
Silveira Cardoso; Diretor Norte: Haroldo Costa Bezerra; Coordenador de Relações Internacionais: Carlos
Alberto Rosito; Coordenador do Programa Jovens Profissionais do Saneamento: Witan Silva.
CONSELHO FISCAL
Efetivos: Carlos Alberto Rosito (RJ); Edson Melo Filizzola (GO); Miguel Mansur Aisse (PR).
Suplentes: Carlos Roberto Soares Mingione (SP); Hélio Nazareno Padula Filho (SP); Reynaldo Eduardo Young
Ribeiro (SP)
CONSELHO DIRETOR
Membros Natos: Antônio César da Costa e Silva (SP), Antônio Marsiglia Netto (SP), Carlos Alberto Rosito (RJ),
Cassilda Teixeira de Carvalho (MG), Clovis Francisco do Nascimento Filho (RJ), Dante Ragazzi Pauli (SP), Hugo
de Mattos Santos (RJ), João Alberto Viol (SP), José Aurélio Boranga (SP), José Carlos Vieira (RJ), Lineu Rodrigues
Alonso (SP), Luiz
Otávio Mota Pereira (PA), Nelson Rodrigues Nucci (SP), Paulo Cezar Pinto (RJ), Roberval Tavares de Souza (SP)
e Walter Pinto Costa (RJ).
Membros Eleitos 2020/2022 Edumar Ramos Cabral Coelho (ES) Divino Lazaro de Souza Aguiar (GO)
Mario Cezar Guerino Marisa Pignataro de Sant’anna (GO) Fabio Julian de Sousa (GO)
Marcel Costa Sanches Nelson José Bello Cavalcante (MA) Maria do Carmo Varella Bastos (MG)
Rafael Carvalho de O Santos Rogerio Pena Siqueira (MG) Ronaldo Vasconcellos Novais (MG)
Maria Lúcia B. Coelho Silva Aroldo Ferreira Galvão (MS) Antonio Carlos Gerardi (PR)
Álvaro José Menezes da Costa Rosidelma Francisca Guimarães Santos (MT) Antonio Roberto Sartor (PR)
Edgard Faust Filho Vanessa Souza Alvares de Mello (PA) Miguel Alvarenga Fernández Y Fernández (RJ)
Célia Regina Alves Rennó Jaqueline Pequeno da Silva (PB) Eduardo Pacheco Jordão (RJ)
Marcos Heleno F. Montenegro Sergio Xavier dos Santos (PE) Geraldo Antonio Reichert (RS)
Vanessa Britto Silveira Cardoso Carlos Ernando da Silva (PI) Jairo Tardelli Filho (SP)
Haroldo Costa Bezerra Luiz Henrique Bucco (PR) Monica Ferreira do Amaral Porto (SP)
Carlos Alberto Rosito Miguel Alvarenga Fernández Y Fernández (RJ) Osvaldo Ioshio Niida (SP)
Maria Geny Formiga de Farias (RN) Antonio Carlos da Costa Lino (SP)
Witan Silva
Jussara Kalil Pires (RS) Vasti Ribeiro Facincani (SP)
Andreia May (SC) Ricardo Toledo Silva (SP)
Presidentes das Seções Estaduais Marcio Gonçalves de Oliveira (SP) Sadalla Domingos (SP)
2019/2021 Alvaro Diogo Sobral Teixeira (SP)
Ana Catarina Pires de Azevedo Lopes (AL) Representantes das Seções Estaduais João Cesar Queiroz Prado (SP-SUB)
Rainier Pedraça de Azevedo (AM) 2019/2021 Fábio Severo (SP-SUB)
Arnor de Oliveira Fernandes Junior (BA) Ana Catarina Pires de Azevedo Lopes (AL) Antonio Rodrigues da Grela Filho (SP-SUB)
Francisco Humberto de Carvalho Junior (CE) Silvio Roberto Magalhães Orrico (BA) Tsunao Matsumoto (SP-SUB)
Sergio Antonio Gonçalves (DF) Sergio Antonio Gonçalves (DF) Jorge Luiz Monteiro (SP-SUB)
Sumário
Cadernos Técnico Eng Sanit Ambient • v.1 n.2 • 2021 • p. 1-122
1 Editorial - ESA
Rodrigo Moruzzi e André Bezerra dos Santos
3 Editorial - INCT ETEs Sustentáveis
Carlos Augusto de Lemos Chernicharo
5 Nota Técnica 1 - Tópicos de interesse
Technical Note 1 – Topics of interest
Emanuel Manfred Freire Brandt, Cláudio Leite de Souza, Erick Javier Centeno Mora, Fábio José Bianchetti, Juliana Mattos Bohrer Santos,
Carlos Augusto de Lemos Chernicharo
23 Nota Técnica 2 - Câmaras de dessorção para remoção de sulfeto de hidrogênio e metano dissolvidos em efluentes de
reatores anaeróbios
Technical Note 2 - Desorption chamber for removal dissolved hydrogen sulfide and methane in effluents from anaerobic reactors
Cláudio Leite de Souza, Belinazir Costa Espírito Santo, Emanuel Manfred Freire Brandt, Juliana Mattos Bohrer Santos,
Carlos Augusto de Lemos Chernicharo
35 Nota Técnica 3 - Recuperação de gases dissolvidos em efluentes de reatores anaeróbios por meio de câmaras de vácuo
Technical Note 3 - Recovery dissolved gases in effluents from anaerobic reactors by means of vacuum degasification
Klaus Nelting, Gustavo Rafael Collere Possetti, Julio Cezar Rietow, Ana Caroline de Paula, Fernanda Janaína Oliveira Gomes da Costa,
Eliana Medeiros Ferreira da Silva Gallo, Niklas Trautmann
49 Nota Técnica 4 - Recuperação de metano dissolvido em efluentes de reatores anaeróbios por meio de contactores de
membrana desgaseificadora
Technical Note 4 – Recovery of dissolved methane in effluents from anaerobic reactors by means of membrane contactors
Erick Javier Centeno Mora, Paula Rafaela Silva Fonseca, Emanuel Manfred Freire Brandt, Carlos Augusto de Lemos Chernicharo
63 Nota Técnica 5 - Sistemas de biofiltração para tratamento de gases residuais
Technical Note 5 – Biofiltration systems for waste gas treatment
Emanuel Manfred Freire Brandt, Cláudio Leite de Souza, Erick Javier Centeno Mora, Juliana Mattos Bohrer Santos, Carlos Augusto
de Lemos Chernicharo
77 Nota Técnica 6 - Uso energético e queima de gases residuais
Technical Note 6 – Energetic use and burning of waste gas
Emanuel Manfred Freire Brandt; Erick Javier Centeno Mora; Juliana Mattos Bohrer Santos; Carlos Augusto de Lemos Chernicharo
91 Nota Técnica 7 - Emissão e compensação de gases de efeito estufa
Technical Note 7 – Greenhouse gases emissions and compensations
Fábio José Bianchetti, Emanuel Manfred Freire Brandt, Henrique Alves Santos, Carlos Augusto de Lemos Chernicharo
ESA
Desde sua fundação em 1962, a Revista Engenharia Sanitária e Ambiental (ESA) tem como missão a disseminação
do conhecimento produzido na academia, empresas de pesquisa, concessionárias e empresas de saneamento, órgãos
governamentais, profissionais técnicos, entre outros, por meio da publicação de artigos técnicos, revisões críticas e
notas técnicas.
Os desafios na área da engenharia sanitária e ambiental são enormes e dinâmicos. Ao longo de sua história a ESA
tem se adaptado às novas demandas e desafios, visando manter sua missão de publicar materiais técnicos e científicos
de elevada qualidade e relevância nacional. Inicialmente, os artigos voltavam-se majoritariamente para soluções técni-
cas da Engenharia, aplicadas à área de Saneamento Básico. O crescente interesse pela área de meio ambiente ampliou
o universo de atuação da Engenharia e trouxe novas dimensões para as pesquisas, abrindo portas para diferentes
abordagens, com aumento significativo de contribuições à ESA. Mais recentemente, a ampliação da pós-graduação
no Brasil e as exigências associadas aos seus programas e as agências de fomento à pesquisa aumentaram ainda mais
o fluxo de artigos, exigindo grande esforço de todo corpo editorial e revisores voluntários.
Estruturalmente a ESA também se modernizou. A adoção de nova plataforma de gerenciamento, a definição de
regras claras e rígidas de revisão por pares, a padronização das decisões do corpo editorial e a redução significativa
do tempo de avaliação permitiram enfrentar os novos desafios e reforçar a qualidade dos manuscritos publicados.
Entretanto, para além da sua história, tradição e reconhecimento dos pares, a reputação de um periódico é também
aferida por meio de métricas internacionais, tal como o fator de impacto.
O fator de impacto tem grande importância na escolha do periódico pelos cientistas, pois afere sobre a visibilidade
e a qualidade dos manuscritos publicados. Entretanto, são enormes os desafios de ampliar o fator de impacto de um
periódico de circulação restrita nacional, dada a abrangência e o acesso limitados. Assim sendo, entendemos que a
internacionalização da ESA é premente.
Todavia, a tarefa de internacionalizar uma revista com a importância da ESA no cenário nacional é árdua e encon-
tra resistências legítimas, que não podem ser desconsideradas. Internacionalizar é muito mais que publicar manus-
critos na língua inglesa; envolve abrir as fronteiras da ESA para divulgação científica aberta ao público internacional,
incluindo seu corpo/conselho editorial e quadro de revisores. A maior resistência à internacionalização da ESA advém
da sua maior virtude, ou seja, sua importância e reconhecimento no contexto brasileiro.
Dessa forma, os Cadernos Técnicos ESA foram uma saída construída pelo conjunto da ABES, diretoria e corpo
editorial da ESA, que oportuniza a divulgação a disseminação de conhecimento voltados aos problemas técnicos na-
cionais, sem conflitar com o movimento de internacionalização científica da ESA. Afortunadamente, o lançamento
dos cadernos técnicos foi abrilhantado pela parceria com o INCT ETEs Sustentáveis, por meio da divulgação de con-
tribuição técnico-científica de alto nível e de extrema relevância ao contexto brasileiro. Nos orgulha fazer parte desse
novo marco para a ESA!
RESUMO ABSTRACT
Nas estações de tratamento de esgoto (ETEs) com reatores anaeróbios são Anaerobic-based sewage treatment plants (STPs) produce various
produzidos diversos gases que, caso não sejam adequadamente gerenciados, gases that, if not properly managed, can lead to problems such as odor,
podem levar a problemas de odores, corrosão, riscos ocupacionais, perdas corrosion, occupational risks, energy losses, or even intensification of the
energéticas, ou mesmo intensificação do efeito estufa. Os problemas greenhouse effect. The above-mentioned problems are mainly related to
relacionados a essas emissões gasosas estão associados principalmente à the presence of hydrogen sulfide (H2S) and methane (CH4) in the biogas
presença do sulfeto de hidrogênio (H2S) e do metano (CH4) no biogás e/ou nas and/or in diffuse emissions from the various units of the STPs. In this sense,
emissões fugitivas a partir das diversas unidades das ETEs. Nesse contexto, esta this technical note (TN) aimed at addressing the main aspects related to
nota técnica (NT) tem como objetivo abordar os aspectos mais importantes the generation and control of gaseous emissions in anaerobic-based
relacionados à geração e ao controle das emissões gasosas em ETEs que STPs. This contribution is derived from the experience of experts and
empregam reatores anaeróbios. Essa proposta advém do conhecimento professionals of the academic and water utility sectors, as well as from the
consolidado por especialistas do setor acadêmico e prestadores de serviços specialized literature. The techniques of interest are summarized in this TN,
de saneamento, bem como da literatura especializada. As técnicas de being individually detailed in the following TN of the collection “Valoration
interesse são resumidas na presente NT, sendo individualmente detalhadas and management of gaseous by-products of sewage treatment. Part B:
nas NTs subsequentes que integram a coletânea “Valoração e gerenciamento Advances in gas emission control techniques for anaerobic-based STPs”.
de subprodutos gasosos do tratamento do esgoto. Parte B: Avanços nas
Keywords: corrosion; greenhouse effect; methane; odor; UASB reactor;
técnicas de controle de emissões gasosas em ETEs com reatores anaeróbios”.
sulfide; gaseous emission control.
Palavras-chave: corrosão; efeito estufa; metano; odor; reator UASB; sulfeto;
controle de emissões gasosas.
1
Químico Industrial pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Mestre e Doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG). Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Diretor Técnico da Brandt
Meio Ambiente Ltda. Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
2
Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Mestre e Doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG). Professor associado do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG. Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
3
Engenheiro Civil pela Universidad de Costa Rica (UCR). Mestre em Tratamento e Gestão do Solo, Águas e Resíduos pela Universidade Parisiense AgroParisTech. Aluno de
Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG. Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
4
Engenheiro Civil pela UFMG. Mestre e aluno de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG. Professor do
Departamento de Engenharia Civil e Meio Ambiente do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet MG) Campus Curvelo. Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
5
Engenheira Ambiental e Sanitarista pela UFJF. Mestre e aluna de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG.
Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
6
Engenheiro Civil pela UFMG. Doutor em Engenharia Ambiental pela Universidade de Newcastle upon Tyne – UK. Professor titular aposentado do Departamento de
Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG. Coordenador do INCT ETEs Sustentáveis.
Endereço para correspondência: Avenida Antônio Carlos 6.627 – Universidade Federal de Minas Gerais - Escola de Engenharia – Departamento de Engenharia Sanitária e
Ambiental – Bloco 1. Belo Horizonte, MG. CEP: 31270-901. e-mail: calemos@desa.ufmg.br
Notas:
(1) Valores médios baseados nas faixas apresentadas na Tabela 2 e na produção per capita de esgoto igual a 140 L·hab-1·d-1.
(2) A energia associada ao biogás foi calculada a partir do potencial energético unitário típico de 0,64 kWh·m-3esgoto (Lobato et al., 2012). A energia associada ao CH4
dissolvido no efluente foi calculada a partir do fator de emissão médio apresentado na Tabela 2, densidade do CH4 gasoso igual a 0,717 kg·m-3 (O’Neil, 2013) e poder
calorífico inferior do CH4 igual a 9,97 kWh·Nm-³CH4 (Lobato et al., 2012).
(3) Para referência e comparação, o fator brasileiro de emissão de CH4 pelo tratamento e disposição de esgoto é igual a 69,3 kgCO2eq·hab-1·ano-1 (Brasil, 2016).
Figura 1 – Principais pontos de emissões gasosas em ETEs com reatores anaeróbios, fatores de emissão e problemas associados.
Adicionalmente, a emissão desses gases pode gerar só significar um aspecto negativo por contribuir para o
ambientes insalubres para os trabalhadores das ETEs, aumento da pegada de carbono, mas também representar
já que o H2S e outros gases causadores de corrosão e de perdas expressivas de potencial energético.
odores são também irritantes e tóxicos aos seres huma- Nesse contexto, visando minimizar os problemas
nos. Assim, torna-se muito importante o controle de citados, na Tabela 1 são destacados os principais tópi-
emissões gasosas odorantes, com o intuito de reduzir o cos/técnicas de interesse relacionados ao controle de
impacto real sobre as pessoas e o seu bem-estar. emissões gasosas em ETEs com reatores anaeróbios.
Em ETEs com reatores anaeróbios, as unidades por Essa proposta advém do conhecimento consolidado
onde passam os efluentes dos reatores (incluindo os decan- por especialistas do setor acadêmico e prestadores de
tadores dos próprios reatores) são pontos especialmente serviços de saneamento, bem como da produção téc-
críticos em relação às emissões de H2S e CH4. Isso ocorre nica-científica aplicada a esses reais desafios. As téc-
devido aos elevados teores desses gases dissolvidos nos nicas de interesse são resumidas na presente nota téc-
efluentes (Souza, 2010; Souza et al., 2011; Souza et al., nica (NT), sendo individualmente detalhadas nas NTs
2012; Nelting et al., 2015), resultado da intensa atividade subsequentes que integram a coletânea “Valoração e
biológica anaeróbia nos reatores. Esses gases podem ser gerenciamento de subprodutos gasosos do tratamento
liberados e dispersados na atmosfera, contribuindo forte- do esgoto. Parte B: Avanços nas técnicas de controle de
mente para os problemas de odores/corrosão (no caso do emissões gasosas em ETEs com reatores anaeróbios”
H2S) e, ainda, para o aumento da pegada de carbono das (Tabela 1). Especificamente, esta NT tem como objetivo
ETEs (devido às emissões de CH4), que consiste nas emis- principal fundamentar a questão das emissões gasosas,
sões totais de GEE, expressas em equivalente de massa de bem como propor cenários apropriados à utilização de
dióxido de carbono (CO2eq) (Chernicharo et al., 2017). cada técnica de controle.
De todo o CH4 produzido em reatores anaeróbios de fluxo
ascendete e manta de lodo (UASB, do inglês upflow anae- 2. EMISSÕES GASOSAS EM
robic sludge blanket), cerca de 30% a 40% é perdido na ETES COM REATORES ANAERÓBIOS
forma dissolvida nos efluentes, sendo o restante potencial- Diferentes gases e vapores são gerados na coleta, no trans-
mente coletado na forma de biogás (Souza, 2010; Souza porte e no tratamento de esgoto. No entanto, maior atenção
et al., 2011). Assim, em ETEs que fazem ou pretendem comumente é dada àqueles associados aos maus odores,
fazer o uso energético do biogás, as emissões de CH4 a como é o caso do H2S, das mercaptanas, da amônia (NH3),
partir dos efluentes dos reatores anaeróbios podem não dos compostos orgânicos voláteis (COVs), entre outros.
Tabela 1 – Correspondência entre as notas técnicas desta coletânea e os tópicos de interesse para o controle das emissões gasosas
em ETEs com reatores anaeróbios.
Tópico de interesse Nota técnica correspondente
NT 2 - Câmaras de dessorção para remoção de sulfeto de hidrogênio e metano dissolvidos em
• Remoção de gases dissolvidos em efluentes
efluentes de reatores anaeróbios (Souza et al., 2021).
de reatores anaeróbios para o seu posterior
tratamento NT 3 - Recuperação de gases dissolvidos em efluentes de reatores anaeróbios por meio de
• Recuperação do metano dissolvido em câmaras de vácuo (Nelting et al., 2021).
efluentes de reatores anaeróbios para o seu
NT 4 - Recuperação de metano dissolvido em efluentes de reatores anaeróbios por meio de
posterior aproveitamento energético
contactores de membrana desgaseificadora (Centeno-Mora et al., 2021).
NT 5 - Sistemas de biofiltração para tratamento de gases residuais (Brandt et al., 2021a).
• Tratamento das emissões gasosas de ETEs com
NT 6 - Uso energético e queima de gases residuais (Brandt et al., 2021b).
reatores anaeróbios
NT 7 - Emissão e compensação de gases de efeito estufa (Bianchetti et al., 2021).
• Modelos de dispersão de poluentes atmosféricos
NT 8 - Emissão e modelagem matemática da dispersão de gases odorantes (Andreão et al., 2021).
aplicados aos gases odorantes em ETEs
Em ETEs com reatores anaeróbios, quase sempre o H2S elementos metálicos e de concreto das ETEs. No caso
é o principal alvo do gerenciamento, já que representa a do concreto, esse ácido reage com a matriz cimentícia,
maior parcela das emissões odorantes e, ainda, é o prin- gerando gesso e etringita, subprodutos expansivos que
cipal responsável pela corrosão das unidades da estação possuem baixa capacidade estrutural (Li et al., 2017). O
(Brandt et al., 2018). surgimento desses subprodutos no concreto estimula o
O H2S apresenta limiar de percepção olfativa variando desenvolvimento de trincas, o desprendimento de mate-
entre 0,47 ppbv (partes por bilhão) (0,00047 ppmv – par- rial e o aumento da área de contato para corrosão (O’Dea,
tes por milhão) e 100 ppbv (0,1 ppmv) (Tchobanoglous 2007; Miron e Magaña, 2017), uma situação frequen-
et al., 2016), podendo também causar irritação ocular temente observada em lajes de cobertura e câmaras de
em pessoas expostas a concentrações acima de 10 ppmv biogás de reatores UASB sem proteção anticorrosiva
por 6-7 h (WEF, 2004). Em um cenário menos provável (Brandt et al., 2019).
de exposição em espaço confinado, o H2S pode levar à O H2S é formado a partir da decomposição da maté-
perda momentânea de consciência e outros efeitos graves ria orgânica, em que, na ausência de oxigênio, diferentes
como edema pulmonar e convulsão (exposição a concen- grupos de bactérias redutoras de sulfato (BRS) utilizam
trações de 100-200 ppmv por cerca de 20 min) ou até a o sulfato (SO42-) ou o tiossulfato (S2O32-) como aceptores
morte (exposição a concentrações acima de 900 ppmv por finais de elétrons na respiração anaeróbia (Tang et al.,
aproximadamente 1 min) (WEF, 2004). Nesse cenário, as 2009). As emissões de H2S dependem primeiramente
altas concentrações de H2S (maiores que 150-200 ppmv) das condições necessárias para o desenvolvimento dos
resultam na perda momentânea do olfato (em cerca de microrganismos anaeróbios, mas também de outros fato-
2-15 min) que pode levar a uma falsa e perigosa sensa- res como (Brandt et al., 2018): concentração de enxo-
ção de segurança (WEF, 2004). Na presença de umidade fre ou sulfato no esgoto bruto; área superficial do líquido
e pequenas quantidades de oxigênio, o H2S pode ser oxi- exposta à atmosfera; características construtivas da ETE;
dado a ácido sulfúrico (H2SO4), causando a corrosão de grau de turbulência do fluido; pH e temperatura do esgoto.
Na Tabela 2 é possível verificar os fatores de emissão do desprender da fase líquida para a atmosfera, consti-
H2S nas diversas unidades de ETEs com reatores anaeró- tuindo importante fonte de emissão de GEE, além de
bios, sendo notável o maior impacto das emissões a partir acarretar perda de potencial energético, no caso de
dos efluentes dos reatores anaeróbios (Souza et al., 2011; ETEs que fazem ou pretendem fazer o uso energético
Souza et al., 2012), bem como a partir da queima do bio- do biogás.
gás em queimadores do tipo aberto, pouco eficientes na
combustão e destruição do H2S e outros gases (Leahey Por fim, ainda que as diversas fontes de emissões gaso-
et al., 2001; Brasil, 2017). sas possam contribuir para os problemas citados, sem
Por ser um importante GEE, o CH4 é também outro dúvida, as elevadas quantidades de H2S e CH4 dissolvi-
gás de destaque em ETEs com reatores anaeróbios, embora dos nos efluentes dos reatores anaeróbios justificam aten-
não esteja associado aos problemas de odor e corrosão. ção especial no gerenciamento dessa importante fonte de
Em um horizonte de 100 anos, esse gás apresenta poten- emissão. Nesse sentido, no item subsequente são apresen-
cial de agravamento do efeito estufa 28 vezes superior tados os fundamentos do processo de emissão de gases
ao atribuído ao dióxido de carbono (CO2) (IPCC, 2014). dissolvidos, necessários ao entendimento das técnicas de
Em ambientes anaeróbios, o CH4 é um produto da ativi- controle abordadas nesta coletânea de NTs.
dade dos microrganismos metanogênicos envolvidos na
degradação da matéria orgânica (Seghezzo, 2004). Por isso, 3. FUNDAMENTOS DO PROCESSO
em ETEs com reatores anaeróbios, está presente em gran- DE EMISSÃO DE GASES DISSOLVIDOS
des quantidades nos gases gerados dentro dos comparti-
mentos de digestão dessas unidades, podendo se dissolver 3.1. Equilíbrio termodinâmico
no meio líquido ou se desprender diretamente para a fase entre a fase líquida e a gasosa
gasosa a partir das superfícies líquidas. Assim, em ETEs Na Figura 2 são apresentados os princípios do equilíbrio
com reatores anaeróbios, dois principais pontos de emis- entre as fases gasosa e líquida nos seguintes casos: (a) um
são de CH4 podem ser destacados (Tabela 2): sistema aberto à atmosfera, como um canal de saída de
1. Emissões de CH4 na forma de biogás: idealmente, o um reator UASB; (b) um sistema confinado ou fechado,
biogás gerado em reatores anaeróbios deve ser enca- como o interior de um separador trifásico ou o interior
minhado a alguma unidade de aproveitamento ener- de um decantador fechado de um reator UASB.
gético, onde o CH4 sofre combustão e é convertido Quando uma mistura gasosa (ar ou biogás) e um líquido
em CO2, um gás que possui menor potencial de agra- (água ou efluente de um reator anaeróbio) entram em
vamento do efeito estufa1. No entanto, quando o CH4 contato em uma interface estática, é formado um fluxo de
é enviado para combustão em queimadores, sua des- moléculas de gás através dessa interface. O equilíbrio entre
truição (assim como do H2S) pode ser apenas parcial as fases líquida e gasosa se dá quando a velocidade v1 com
(Leahey et al., 2001; Brasil, 2017), resultando ainda a qual o total de moléculas de um composto gasoso atra-
em importantes fontes de emissões de GEE em ETEs. vessa a interface para se dissolver na fase líquida é igual
2. Emissões de CH4 a partir dos efluentes dos reatores anae- à velocidade v2 com a qual o processo inverso acontece.
róbios: apesar da baixa solubilidade do CH4 em água, Nesse cenário, as concentrações do composto nas fases
são observadas consideráveis concentrações de CH4 gasosa e líquida serão constantes no tempo, sendo mate-
dissolvido em efluentes de reatores anaeróbios (Souza maticamente descritas pela Lei de Henry (Equações 1 e
et al., 2011; Souza et al., 2012). Potencialmente, todo 2 - Tabela 3) (Tchobanoglous et al., 2016; Centeno-
o CH4 dissolvido nos efluentes dos reatores pode se Mora et al., 2020).
1 Vale destacar que, no tratamento de esgoto, as emissões de CO2 não são contabilizadas como emissões de GEE, já que fazem parte do ciclo planetário do carbono (decomposição da
matéria orgânica).
Concentração Concentração
no equilíbrio no equilíbrio
Moléculas de CH4 CH4
H2S H2S
gás na fase gasosa CO2 CO2
O2 O2
v1 v1
Interface gás- N2 N2
líquido CH4 CH4
v2 H2S v2 H2S
CO2 CO2
Moléculas de gás O2 O2
dissolvidas na fase líquida Gás na
N2 N2
Figura 2 – Princípios do equilíbrio termodinâmico entre a fase líquida e a fase gasosa em: (a) sistemas abertos; (b) sistemas fechados
ou confinados.
Tabela 3 – Equações referentes a Lei de Henry. dependerão de suas concentrações (ou pressões parciais) no
Equação Observações biogás ou na atmosfera do decantador.
, : concentração do composto gasoso Vale notar que a constante de Henry é um valor indi-
dissolvido na fase líquida (mg·L-1).
, : pressão parcial do composto na fase cativo para a condição de equilíbrio entre as fases gasosa e
= × (1) gasosa (atm), conforme Equação 2.
, ,
: constante de Henry do composto
líquida. Na maioria dos casos, e particularmente no caso
(mg·L‑1·atm-1), a qual pode ser consultada em dos gases dissolvidos em efluentes de reatores anaeróbios,
Perry e Green (2007) ou Sander (1999).
têm-se condições dinâmicas (fora do equilíbrio), o que favo-
: pressão total do sistema (atm)
, : fração molar ou volumétrica recerá o fluxo de matéria (ou transferência de massa) dos
, = × , (2) (concentração relativa do composto
na fase gasosa).
gases de uma fase à outra (nesse caso, da fase líquida para
a fase gasosa) (Heile et al., 2017).
De acordo com a Lei de Henry, em sistemas em equilíbrio 3.2. Princípios de transferência de massa (difusão)
e abertos à atmosfera (Figura 2a), o grau de dissolução de um A transferência de massa entre as fases líquida e gasosa
composto gasoso em um líquido dependerá da sua concen- se dá por meio do fenômeno de difusão, segundo o
tração na atmosfera. Particularmente, no caso dos gases pro- qual as moléculas de um composto em uma fase com
duzidos no tratamento de esgoto (p. ex.: H2S e CH4), as suas maior concentração são transportadas para uma de
concentrações na atmosfera são desprezíveis e, portanto, o menor concentração até que uma condição de equilí-
equilíbrio entre as fases equivale à condição na qual também brio seja atingida.
são desprezíveis as concentrações desses compostos dissol- No contexto desta coletânea de notas técnicas, a trans-
vidos no esgoto ou efluente tratado. Em sistemas fechados e ferência de massa (difusão) de compostos dissolvidos da
com pressões parciais superiores à atmosférica (Figura 2b), fase líquida para a fase gasosa será tratada por técnicas
como é o caso do interior de um separador trifásico ou de baseadas no processo de dessorção, que consiste em um
um decantador fechado de um reator UASB, as frações dis- processo forçado de remoção ou separação dos gases dis-
solvidas dos gases em eventual equilíbrio (p. ex.: H2S e CH4) solvidos nos efluentes de reatores anaeróbios.
O processo de dessorção dos gases dissolvidos em força motriz entre as fases e, consequentemente, a difusão
efluentes anaeróbios é ilustrado na Figura 3. (transferência de massa) do composto para a fase gasosa.
As técnicas de dessorção conduzem o sistema a um
distanciamento do equilíbrio dado pela Lei de Henry Para mais detalhes sobre o equilíbrio termodinâmico
(Equações 1 e 2), aumentando a força motriz, que consiste entre as fases líquida e gasosa e sobre o princípio de dessor-
na diferença entre as concentrações reais dos compostos ção, o leitor pode consultar Cussler (2009); Dutta (2009);
nas fases líquida e gasosa, e as concentrações correspon- Crittenden et al. (2012); Tchobanoglous et al. (2016).
dentes ao equilíbrio entre as fases, definido pela cons-
tante adimensional de Henry (KH), conforme mostrado 4. GERENCIAMENTO DE EMISSÕES
na Figura 3. Na prática, essa condição pode ser alcançada DE H2S E CH4 EM ETES COM
de duas formas (Heile et al., 2017): REATORES ANAERÓBIOS
1. Reduzindo a concentração (fração molar) do composto
na fase gasosa (yp,g): ao estabelecer um fluxo de ar atmos- 4.1. Identificação das correntes gasosas
férico dentro do sistema de dessorção (conhecido como Como já mencionado, o gerenciamento das emissões de
gás de arraste), a concentração do composto na fase H2S tem como propósito o controle de odores e da corro-
gasosa será muito menor do que a concentração dada são, enquanto o gerenciamento do CH4 tem como obje-
pelo equilíbrio. Assim, a força motriz gerada (desloca- tivo evitar perdas de potencial energético e emissões de
mento do equilíbrio) conduz a difusão (transferência de GEE. Nesta lógica, na Figura 4 são mostradas as princi-
massa) do composto da fase líquida para a fase gasosa. pais rotas propostas para o gerenciamento das emissões
2. Reduzindo a pressão total da fase gasosa (Ptotal): ao esta- gasosas em ETEs com reatores anaeróbios, destacando
belecer uma pressão negativa dentro do sistema de des- duas principais correntes gasosas:
sorção (vácuo), reduz-se a pressão parcial do composto 1. Biogás: gás rico em CH4 gerado no compartimento
na fase gasosa (Pp,g), deslocando o equilíbrio dado pela de digestão de reatores anaeróbios, a exemplo do
Lei de Henry. O deslocamento do equilíbrio garante a gás coletado nos separadores trifásicos de reatores
Saída de gás
QL residual Difusão / transferência de
Entrada de efluente massa do CH4 e do H2S
do reator anaeróbio Fase gasosa
CL (ar)
Força
motriz
Sistema de dessorção
de gases dissolvidos
C*
Fase líquida
(efluente anaeróbio) CG
Interface gás / líquido
Saída do efluente Entrada CL: concentração na fase líquida.
desgaseificado de ar CG: concentração na fase gasosa.
QG C*: concentração na fase líquida que estaria
em equilíbrio termodinâmico com CG.
C*= CG / H
H: constante de equilíbrio da Lei de Henry
Nota: os gases residuais do preliminar e do canal do efluente eventualmente podem ser destruídos no queimador. No entanto, essa rota deve ser avaliada caso a caso,
conforme Brandt et al. (2021b).
Figura 4 – Principais alternativas para o gerenciamento de emissões de H2S e CH4 em ETEs com reatores anaeróbios.
UASB. O biogás também contém quantidades signi- é gerado um gás residual que deve ser submetido ao
ficativas de H2S, e, se não for adequadamente cole- tratamento para remoção de H2S. Quando o efluente
tado e queimado, torna-se uma importante fonte de de um reator anaeróbio é submetido a um processo
emissão de CH4 e H2S (Brandt et al., 2018). Em um de dessorção de gases, é gerado um gás residual que
cenário mais sustentável, pode-se propor o apro- também deve ser adequadamente gerenciado.
veitamento energético do biogás, sendo necessárias
etapas adicionais para seu tratamento e condicio- 4.2. Gerenciamento dos
namento, a depender do uso energético proposto, gases dissolvidos (H2S e CH4)
conforme tratado em mais detalhes na coletânea de Conforme é mostrado na Figura 4, são propostas quatro
notas técnicas “Valoração e gerenciamento de sub- rotas principais para o adequado gerenciamento do H2S
produtos gasosos do tratamento do esgoto - Parte A: e do CH4 dissolvidos em efluentes de reatores anaeróbios.
Avanço das ferramentas e técnicas para estimativa As diferentes rotas são brevemente contextualizadas na
de produção e tratamento de biogás em ETEs com Tabela 4, sendo que as técnicas empregadas em cada rota
reatores anaeróbios”. são descritas em mais detalhes no item 5 desta NT.
2. Gás residual: corrente gasosa gerada a partir do confi- 1. As rotas 1, 3 e 4 são efetivas para a remoção do H2S
namento e da exaustão de uma fonte de emissão fugi- dissolvido, principalmente quando são empregadas
tiva (Brandt et al., 2018). Elevatórias, canais e caixas as câmaras de dessorção de gases (WEF, 2004; Heile
de distribuição de esgoto, unidades do tratamento pre- et al., 2017; Souza et al., 2019; Centeno-Mora et al.,
liminar e áreas de desaguamento de lodo são exem- 2020). Esses sistemas reduzem a valores mínimos os
plos de potenciais fontes de emissões fugitivas de H2S. odores (H2S) liberados pelos efluentes dos reatores
Com o confinamento e a exaustão dessas unidades, anaeróbios.
Tabela 4 – Contextualização das rotas propostas para o gerenciamento dos gases dissolvidos (H2S e CH4) em efluentes de reatores
anaeróbios.
Técnica(s)
Rota de gerenciamento Contextualização da rota
empregada(s)
1 - Encaminhamento • Aplicável a ETEs que possuem algum tipo de pós-tratamento aeróbio que permita a entrada sub-
do efluente do reator mersa do efluente do reator anaeróbio.
Pós-tratamento
anaeróbio para unidade •
Grande parte do H2S dissolvido é biologicamente oxidada na fase líquida da unidade de pós-tratamento.
aeróbio submerso
de pós-tratamento • Em geral, a oxidação do CH4 dissolvido não é alcançada, exceto quando há alternância de condições
do efluente (p. ex.:
aeróbio submerso para anóxicas e aeróbias na unidade de pós-tratamento.
lodos ativados)
oxidação dos gases • O encaminhamento do efluente anaeróbio até o pós-tratamento deve ser feito em canais fechados e
dissolvidos que evitem a ocorrência de quedas d’água e turbulências (dificultem emissões fugitivas).
• Atua no controle pontual das emissões e, invariavelmente, parte dos gases serão liberados pelo
2 - Confinamento e efluente ao deixar a zona confinada (p. ex.: no ponto de lançamento do efluente final da ETE ou na
exaustão do canal entrada da unidade de pós-tratamento).
do efluente do reator • Tal limitação pode ser minimizada com o aproveitamento de quedas d’água ou condições mais tur-
Dessorção em
anaeróbio para bulentas de fluxo na região de confinamento e exaustão, de forma a propiciar uma maior eficiência
canal confinado
posterior tratamento/ na dessorção dos gases dissolvidos.
destruição do gás • O gás residual exaurido deve ser submetido a algum tipo de tratamento, seja para a remoção do H2S
residual gerado (quando o foco é apenas o controle de odores/corrosão) ou para a remoção conjunta de H2S e CH4
(quando se pretende ainda o controle das emissões de GEE).
• Aplicável a ETEs que fazem uso térmico do biogás para geração de energia térmica (p. ex.: caldeiras
ou secadores térmicos de lodo).
• Embora efetiva na remoção do CH4 e do H2S, produz um gás residual com baixos teores de CH4, o
Câmara de
4 - Dessorção dos gases que inviabiliza o seu uso energético quando misturado ao biogás (é gerada uma mistura combus-
dessorção
dissolvidos no efluente tível pobre).
do reator anaeróbio • O gás residual pode ser empregado como gás comburente (ar de combustão) em queimadores de
para posterior unidades de aproveitamento térmico do biogás, aproveitando o poder calorífico do CH4 recuperado.
aproveitamento do • Aplicável a ETEs que fazem uso do biogás (para geração de energia elétrica e/ou térmica).
potencial energético Câmara a vácuo • Produz um gás residual com alto teor de CH4, que pode ser misturado ao biogás.
do CH4 e contactor • A câmara a vácuo é pouco efetiva na dessorção do H2S. No caso do contactor de membrana des-
de membrana gaseificadora, não há parâmetros para a efetividade da dessorção do H2S. Assim, para ambas as
desgaseificadora tecnologias pode ser necessário o controle do H2S dissolvido remanescente em uma unidade com-
plementar de dessorção ou de pós-tratamento aeróbio.
2. As rotas 3 e 4 são também apropriadas à remoção do do CH4 e do H2S por combustão ou oxidação biológica,
CH4 dissolvido (Heile et al., 2017; Souza et al., 2019; ou ainda a valorização energética do CH4 recuperado,
Centeno-Mora et al., 2020), embora a literatura relate somada à destruição do H2S. Na proposta de uso ener-
condições específicas que também podem permitir gético do gás residual, o potencial energético disponí-
a aplicação da rota 1 para esse propósito (Daelman vel no biogás (0,4-0,8 kWh·m-3esgoto) (Lobato, 2011)
et al., 2012; Arias et al., 2018). pode ser incrementado em até 0,2-0,3 kWh·m-3esgoto
3. A rota 2 não propõe uma remoção ativa dos gases dis- (Bianchetti et al., 2021). Evidentemente, as opções
solvidos, mas atua na contenção e exaustão dos gases de gerenciamento do gás residual dependem das téc-
naturalmente liberados pelos efluentes dos reatores nicas que o geraram e, também, da existência de uma
anaeróbios (Brandt et al., 2018; Brandt et al., 2019). proposta de uso energético do biogás. Nesse sentido,
na Tabela 5 é contextualizada as quatro rotas princi-
4.3. Gerenciamento do H2S e do CH4 no gás residual pais propostas para o gerenciamento do gás residual.
Em relação ao gás residual, a Figura 4 mostra que o seu As técnicas empregadas em cada rota são descritas em
gerenciamento pode ter como finalidade a destruição mais detalhes no item 6 desta NT.
Tabela 5 – Contextualização das rotas propostas para o gerenciamento do H2S e do CH4 no gás residual gerado em ETEs com reatores
anaeróbios.
Técnica(s)
Rota de gerenciamento Contextualização da rota
empregada(s)
1 - Tratamento do gás Pós-tratamento • Aplicável a ETEs que possuem algum tipo de pós-tratamento aeróbio que permita a entrada submersa
residual por oxidação aeróbio submerso do gás residual.
biológica em sistema do efluente (p. ex.: • O gás residual é insuflado através de difusores submersos no tanque biológico.
de pós-tratamento lodos ativados, • Aplicável somente ao tratamento do H2S.
aeróbio do efluente biofiltros aerados • Também pode ser usada no tratamento do gás residual gerado em zonas confinadas (não somente
líquido submersos) ao gás residual gerado em unidades de dessorção).
• Aplicável ao tratamento do H2S e do CH4, sendo uma rota que se destaca por ser mais simples e efetiva
2 e 3 - Biofiltração ou
na remoção desses gases. Tratamento biológico do gás residual em sistema de filtração de gás do tipo
tratamento do gás Biofiltro ou
biofiltro ou biopercolador.
residual por oxidação biopercolador
• Também pode ser usada no tratamento do gás residual gerado em zonas confinadas (não somente
biológica
ao gás residual gerado em unidades de dessorção).
2 e 3 - Destruição ou • Aplicável a ETEs que não fazem uso energético do biogás e que possuem queimadores de biogás do
Queimador de
combustão do gás tipo fechado.
biogás do tipo
residual em queimador • Encaminhamento do gás residual gerado em uma câmara de dessorção para a destruição (queima)
enclausurado
enclausurado em queimador do tipo fechado. O gás residual é utilizado como gás comburente, e deve ser insuflado
(fechado)
(fechado) diretamente no queimador, substituindo a entrada de ar de combustão.
• Aplicável ao gás residual gerado em uma câmara de dessorção, menos concentrado em CH4.
Unidades de • Uso do gás residual como comburente (ar de combustão/queima) em queimadores de caldeiras e
aproveitamento secadores térmicos de lodo.
4 - Aproveitamento térmico do biogás • Um queimador de biogás do tipo fechado (enclausurado) deve ser instalado na ETE para o caso de
energético do gás paralização da unidade de aproveitamento energético.
residual Unidades de • Aplicável ao gás residual recuperado em uma câmara de dessorção à vácuo ou em um contactor de
aproveitamento membrana desgaseificadora, mais concentrado em CH4.
elétrico e/ou • Mistura do gás residual com o biogás e uso como combustível em unidades de aproveitamento ener-
térmico do biogás gético do biogás (p. ex.: motores de combustão interna, microturbinas, secadores térmicos de lodo etc.).
Nota: os gases residuais do preliminar e do canal do efluente eventualmente podem ser destruídos no queimador. No entanto, essa rota deve ser avaliada caso a caso,
conforme Brandt et al. (2021b).
Figura 5 – Técnicas para a dessorção do H2S e do CH4 dissolvidos em efluentes de reatores anaeróbios: (a) câmara de dessorção
simplificada; (b) câmara de dessorção com enchimento; (c) câmara a vácuo; (d) membrana desgaseificadora.
os CMDs apresentam maiores custos de implantação e ope- CH4 diretamente na fase líquida, apresentando eficiências
ração, além de uma maior complexidade operacional. A NT de remoção próximas a 100% e 85%, respectivamente.
4 desta coletânea apresenta mais detalhes para o projeto e a
operação de CMDs (Centeno-Mora et al., 2021). 6. TÉCNICAS PARA CONTROLE DO
H2S E DO CH4 NO GÁS RESIDUAL
5.5. Outras técnicas para o controle de gases
dissolvidos em efluentes de reatores anaeróbios 6.1. Visão geral das técnicas
Outras técnicas para a dessorção de gases dissolvidos em Diferentes técnicas, baseadas em processos físicos/físico-
efluentes de reatores anaeróbios são exploradas na litera- -químicos (absorção, adsorção, separação por membrana
tura, embora ainda incipientes no Brasil: etc.), químicos (combustão direta, lavadores químicos etc.)
1. Filtros biológicos percoladores fechados: a dessorção dos e biológicos (biofiltros, biopercoladores, biolavadores
gases dissolvidos no efluente anaeróbio é realizada em um etc.) (Brandt et al., 2019; Souza et al., 2019), podem ser
filtro biológico percolador fechado e preenchido com espuma usadas no tratamento dos gases residuais gerados em ETEs
de poliuretano. Operando com vazões de ar de arraste sufi- com reatores anaeróbios. Ainda que tecnicamente todos esses
cientemente pequenas, é possível recuperar um gás residual processos possam ser aplicados ao tratamento do H2S, pou-
com elevado teor de CH4 (Matsuura et al., 2015). cos são efetivos na remoção concomitante do CH4. Nesse
2. Reator aeróbio submerso: outra possibilidade simples e sentido, a biofiltração e as técnicas de combustão direta são
econômica para o controle dos gases dissolvidos, conforme consideradas mais adequadas quando se objetiva o trata-
mencionado na rota 1 do item 4.2, é a sua oxidação direta na mento conjunto do H2S e do CH4 (Figura 6). Essas técni-
fase líquida do pós-tratamento sem o uso de uma unidade cas são suscintamente descritas a seguir e detalhadas nas
de dessorção. Algumas variantes de processos de lodos ati- notas técnicas subsequentes que integram esta coletânea.
vados, como os biorreatores de membrana (MBR, do inglês Vale notar que, no caso da remoção do CH4, as técnicas de
Membrane Biorreactor) (Silva-Teixeira et al., 2017) e os tratamento são especialmente aplicáveis a ETEs de pequeno
sistemas integrados de biomassa suspensa e aderida (IFAS, e médio porte, nas quais a recuperação desse gás para poste-
do inglês Integrated Fixed Film Activated Sludge) (Arias rior aproveitamento energético (energia elétrica e térmica)
et al., 2018) foram utilizadas para oxidação do H2S e do nem sempre é atrativa e/ou técnica e economicamente viável.
Figura 6 – Técnicas para o tratamento do gás residual gerado em ETEs com reatores anaeróbios: (a) biofiltro; (b) biopercolador; (c)
queimador enclausurado (fechado).
Mais detalhes a respeito de outros processos (absorção e sequenciais. A NT 5 desta coletânea apresenta mais deta-
adsorção) podem ser obtidos em Kohl e Nielsen (1997); lhes para o projeto e a operação de biofiltros e bioperco-
Belli Filho et al. (2001); Stuetz e Frechen (2001). ladores (Brandt et al., 2021a).
ou para o tratamento do gás residual gerado em zonas para cálculo da pegada de carbono como um indicador
confinadas (p. ex.: gás residual do tratamento preliminar). do impacto proveniente de ETEs anaeróbias, a qual per-
Nesse cenário, o oxigênio presente no gás residual oferece mite comparar o efeito das diferentes técnicas de manejo
as condições necessárias para a queima completa do bio- de emissões gasosas abordadas nas demais NTs que com-
gás e a destruição do CH4 e do H2S presentes no próprio põem esta coletânea (Bianchetti et al., 2021).
gás residual. Vale enfatizar que essa proposta não pode ser
implementada em queimador do tipo aberto, para o qual 8. EMISSÃO E MODELAGEM
não há controle da entrada de ar de queima/combustão. A MATEMÁTICA DA DISPERSÃO
NT 6 desta coletânea apresenta mais detalhes para os cálcu- DE GASES ODORANTES
los necessários ao dimensionamento da destruição do gás As emissões de gases odorantes em ETEs constituem, atual-
residual em queimadores fechados (Brandt et al., 2021b). mente, uma das principais preocupações para os órgãos
públicos e reguladores, assim como para a população em
7. EMISSÃO E COMPENSAÇÃO geral. A resolução dos problemas de odor envolve o con-
DE GASES DE EFEITO ESTUFA trole das emissões de gases odorantes, sendo necessário
O tratamento de esgoto, seja pela via biológica aeróbia determinar a taxa de emissão do composto que se deseja
ou anaeróbia, é responsável por emissões diretas e indi- reduzir ou controlar.
retas de GEEs. A medição de emissões a partir de fontes canalizadas
Os GEEs emitidos diretamente pelo tratamento de esgoto (chaminés de fábricas) é relativamente fácil, pois a vazão
dependem da tecnologia de tratamento utilizada, sendo pode ser facilmente mensurada. Por outro lado, para as
os principais: (i) CO2; (ii) CH4; e (iii) óxido nitroso (N2O). fontes tipo área, como as unidades abertas de tratamento
As emissões de CO2 de uma ETE podem ter origem na de esgoto (p. ex.: lagoas de estabilização, decantadores, tan-
produção de energia necessária à ETE e na estabilização ques de equalização, canais de efluentes de reatores UASB,
da matéria orgânica. Já em relação ao CH4, em ETEs com filtros biológicos percoladores), não há o enclausuramento
reatores anaeróbios, a queima incompleta do biogás em da fonte, o que impossibilita a coleta e medição da vazão
queimadores, as emissões fugitivas e a dessorção do CH4 do gás. Uma vez emitido, o composto odorante se dis-
dissolvido nos efluentes anaeróbios são as principais fon- persa na atmosfera, sob influência das condições meteo-
tes de emissão de CH4. Por outro lado, o aproveitamento rológicas, topografia, e uso e ocupação do solo da região.
do potencial energético do CH4 em ETEs anaeróbias pode Dependendo de sua concentração na atmosfera e tempo de
consistir em um eficaz mecanismo de redução, compensa- exposição, pode causar incômodos à vizinhança próxima.
ção ou eliminação de emissões diretas ou indiretas e, ainda, Dessa forma, a fim de se investigar as concentrações na
de substituição de outras emissões alheias às demandas atmosfera dos compostos odorantes, são utilizados modelos de
da ETE. Embora o N2O seja um GEE com um elevado dispersão, os quais utilizam técnicas matemáticas para simu-
potencial de aquecimento global, no contexto desta cole- lar os processos físicos e químicos que afetam os poluentes
tânea de notas técnicas este não é abordado em detalhes, atmosféricos à medida que se dispersam na atmosfera. A NT 8
uma vez que não é formado sob condições anaeróbias. desta coletânea apresenta os principais métodos de estimativa
As emissões indiretas no tratamento de esgoto podem de emissões de gases odorantes em ETEs, discutindo também
advir, por exemplo, de ações relacionadas ao condicio- os principais modelos de dispersão de poluentes atmosféricos
namento, transporte e disposição de lodo, bem como às aplicados aos gases odorantes (Andreão et al., 2021).
demandas energéticas da ETE.
A NT 7 desta coletânea apresenta mais detalhes dos tópi- 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
cos de interesse atribuídos às emissões diretas e indiretas Conforme apontado nesta NT, os problemas relacionados
de GEE em reatores anaeróbios, além de uma ferramenta às emissões gasosas em ETEs com reatores anaeróbios
(odores, corrosão, riscos ocupacionais, perdas energéti- com os investimentos necessários para a implantação e a
cas, intensificação do efeito estufa) estão associados prin- operação de um sistema mais complexo, cenário esse mais
cipalmente à presença do H2S e do CH4 no biogás ou nas provável em ETEs de médio e grande porte.
emissões fugitivas a partir de elevatórias, tanques, canais Nesse sentido, gestores, consultores, projetistas,
e caixas de distribuição de esgoto e efluente de reatores construtores e operadores de sistemas de tratamento
anaeróbios, bem como em unidades de gerenciamento de esgoto baseados em reatores anaeróbios são incen-
do lodo. Com esta coletânea de NTs, espera-se contribuir tivados a se atualizarem e a aprofundarem seus conhe-
para o melhor entendimento dos diferentes problemas e de cimentos acerca dos tópicos de interesse discutidos
suas origens, assim como para o apontamento de técnicas nesta NT, os quais são detalhados nas NTs 2 a 8 que
apropriadas ao controle dessas emissões gasosas, trazendo integram esta coletânea.
parâmetros de projeto, construção e operação de tais siste-
mas. A maioria expressiva das técnicas aqui apresentadas AGRADECIMENTOS
são simples e efetivas, sem impactos significativos sobre os Os autores agradecem o apoio recebido do Conselho
custos das ETEs e, portanto, aplicáveis a ETEs de pequeno Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
e médio porte. Outras técnicas também apresentadas são – CNPq, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
destinadas à recuperação do CH4 dissolvido em efluentes de Nível Superior – CAPES, da Fundação de Amparo
de reatores anaeróbios e, de certa forma, apresentam alta à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG
complexidade operacional e elevados custos de implan- e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em
tação/operação. No entanto, em ETEs brasileiras, o uso Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto – INCT
dessas técnicas pode se justificar a partir de uma análise ETEs Sustentáveis.
técnico-econômica que demonstre que o incremento de Este trabalho faz parte da série de publicações do INCT
energia proporcionado pelo CH4 recuperado é compatível ETEs Sustentáveis.
REFERÊNCIAS
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RESUMO ABSTRACT
A presença de gases dissolvidos em efluentes de reatores anaeróbios The presence of dissolved gases in effluents from anaerobic reactors
resulta em problemas de odores e corrosão (associados ao sulfeto de leads to problems of odors and corrosion (associated with hydrogen
hidrogênio - H2S), bem como de emissões de gases de efeito estufa sulfide - H2S), as well as emissions of greenhouse gases (associated with
(associadas ao metano - CH4). Nesse contexto, tem-se a câmara de methane - CH4). In this context, the desorption chamber (DC) is used as a
dessorção (CD) como unidade simples e de baixo custo para controle simple and low-cost unit to control these emissions.
dessas emissões. A CD funciona basicamente com o esgoto em fluxo The DC basically works by means of sewage in downflow and air in
descendente e o ar em fluxo ascendente em seu interior, havendo upflow, with oxidation of the dissolved gases and transfer of them
oxidação dos gases dissolvidos e transferência deles para a fase gasosa. to the gas phase. Thus, the waste gas produced must have adequate
Com isso, o gás residual produzido deve ter um adequado gerenciamento management and final destination. Removal efficiencies can be close to
e destinação final. As eficiências de remoção podem ser próximas ou or greater than 80%. This technical note detailly presents the operation
maiores que 80%. A presente nota técnica apresenta em detalhes o and application of DCs.
funcionamento e as aplicações das CDs.
Keywords: gaseous emission control; waste gas; UASB reactor; odorant;
Palavras-chave: controle de emissões gasosas; gás residual; reator UASB; greenhouse effect.
odorante; efeito estufa.
1
Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Mestre e Doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG). Professor associado do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG. Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
2
Engenheiro Químico pela UFMG. Mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela UFMG.
3
Químico Industrial pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Mestre e Doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela UFMG. Docente Permanente
do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Juiz de Fora (PEC-UFJF). Diretor Técnico da Brandt Meio Ambiente Ltda. Membro do INCT
ETEs Sustentáveis.
4
Engenheira Ambiental e Sanitarista pela UFJF. Mestre e aluna de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG.
Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
5
Engenheiro Civil pela UFMG. Doutor em Engenharia Ambiental pela Universidade de Newcastle upon Tyne – UK. Professor titular aposentado do Departamento de
Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG. Coordenador do INCT ETEs Sustentáveis.
Endereço para correspondência: Avenida Antônio Carlos 6.627 – Universidade Federal de Minas Gerais - Escola de Engenharia – Departamento de Engenharia Sanitária e
Ambiental – Bloco 1. Belo Horizonte, MG. CEP: 31270-901. e-mail: calemos@desa.ufmg.br
(a) (b)
Figura 1 – Tipos de câmaras de dessorção para remoção de H2S e CH4 dissolvidos em efluentes de reatores anaeróbios: (a) câmara
de dessorção simplificada - CDS; (b) câmara de dessorção com enchimento - CDE.
Na sequência, o gás residual deve receber o devido trata- dos resultados mais aplicáveis é apresentada no próximo
mento para remoção de CH4 e/ou H2S antes de ser lan- item, destacando-se os parâmetros de projeto indicados
çado na atmosfera. para dimensionamento da unidade de CD. Em geral, atin-
No que diz respeito aos parâmetros de projeto e ope- giram-se eficiências médias de 50% e 62% na remoção do
ração das CDs para remoção de H2S e CH4 dissolvidos H2S e do CH4, respectivamente, utilizando-se a CDS. Para as
em efluentes de reatores anaeróbios, têm-se as seguintes CDEs, as eficiências médias de remoção foram de 89% para
definições sintéticas (Souza et al., 2019): o H2S e 80% para o CH4 (Santo et al., 2019).
1. Altura de queda d’água (H): altura útil de queda No interior das CDs ocorre, além da dessorção, a oxida-
hidráulica. ção dos compostos dissolvidos, sobretudo do H2S, em fun-
2. Taxa de aplicação superficial (TAS): vazão de esgoto ção da existência de microrganismos em biofilmes e/ou de
admitida na CD por unidade de área de seção trans- oxigênio. Em seu trabalho, Santo et al. (2019) constataram
versal (unidade usual m3·m-2·min-1). que a maior parte do sulfeto dissolvido removido na CDE
3. Relação entre vazões ar/líquido (RQ): razão entre vazão foi por meio da oxidação a sulfato e, possivelmente tam-
de ar (QG) e de esgoto (QL) admitidas na CD. bém, a enxofre elementar, tendo inclusive sido comprovado
4. Modificações internas: elementos internos à CD que o aumento da concentração de sulfato no seu efluente. Por
podem promover maiores eficiências, especialmente a sua vez, a oxidação bioquímica do CH4 nas CDs não deve
inserção de enchimento com materiais plásticos ou pratos. ocorrer, a princípio, em função da TAS, RQ, entre outras
características (Matsuura et al., 2015). Assim, em relação
No Brasil, os trabalhos iniciais com CDS foram desen- a remoção total de cada gás dissolvido, estimou-se em 15%
volvidos por Souza (2010), e, na sequência, Gloria et al. o percentual de dessorção para o H2S e 100% para CH4 para
(2016) avançaram nos desenvolvimentos. Mais recentemente, CDE (Santo et al. 2019).
pesquisadores mexicanos também agregaram aprimora- Nesse sentido, o gás residual gerado nas CDs deve ser
mentos (Huete et al., 2018). Por sua vez, os estudos mais direcionado para uma unidade de tratamento, para oxi-
recentes foram realizados com o menor desnível possível dação do H2S residual e do CH4 antes de ser lançado na
entre efluente do reator UASB e afluente da CD, em torno atmosfera. A técnica de tratamento mais consolidada para
de 0,7 m (Santo et al., 2019). A sistematização detalhada remoção do H2S e, mais recentemente, do CH4 presentes
no gás residual é a biofiltração (Brandt et al., 2018; Huete No que se refere ao material de enchimento, cabe desta-
et al., 2018). Maiores detalhes sobre essa alternativa de tra- car que é indicada a aplicação de material plástico de área
tamento podem ser encontrados na NT 5 desta coletânea superficial específica na faixa de 80-120 m2·m-3, a exemplo
(Brandt et al., 2021b). de anéis tipo Pall de 3” (polegadas). Materiais com áreas
No entanto, a alternativa de tratamento do gás residual menores poderão favorecer o acúmulo excessivo de sóli-
por oxidação termoquímica em queimadores enclausu- dos, causando eventuais obstruções de fluxo líquido e con-
rados (fechados) também é apresentada como solução. sequente redução da performance da CDE (Marinho,
Cabe ressaltar, que essa alternativa é aplicável apenas 2019; Santo et al., 2019).
para queimadores enclausurados, que possuem câmara Na Figura 2 são apresentados os detalhes relacionados aos
de combustão com condições que permitem a adequada fluxos aplicados a uma CDE para remoção de H2S e CH4 dis-
oxidação dos gases de interesse, diferente dos queima- solvidos no efluente anaeróbio. Cabe ressaltar que é indicada
dores do tipo aberto. Adicionalmente, a injeção do gás a instalação da CDE próxima à saída do reator anaeróbio, de
residual no queimador fechado deve ser controlada para forma a reduzir a perda de carga no perfil hidráulico da ETE
que seja fornecida a quantidade adequada para a mistura e evitar perdas de gases dissolvidos em tubulações e canais.
ar/combustível. Uma vantagem adicional dessa alternativa É possível observar, ainda, a opção de instalação do
seria que o H2S do gás residual também oxidaria termica- exaustor na linha de saída do gás residual da CDE, em
mente no próprio queimador, sem necessidade de biofiltro algum ponto entre a própria unidade de dessorção e o tra-
de gás. Para o devido aprofundamento dessa alternativa, tamento do gás, por exemplo, em sistema de dois biofiltros
consultar a NT 6 desta coletânea (Brandt et al., 2021c). sequenciais, um para remoção de H2S e outro para remoção
de CH4. Outra configuração possível seria realizar a exaus-
3. CRITÉRIOS E tão de gás logo após o biofiltro para remoção de H2S, com
PARÂMETROS DE PROJETO a vantagem de o sistema de exaustão não sofrer possíveis
danos decorrentes do contato com maiores concentrações
3.1. Preliminares de H2S. Porém, caso o tratamento do gás residual seja rea-
Considerando os parâmetros essenciais para projeto de CDS lizado a partir de sua aplicação como gás comburente em
e CDE, na Tabela 1 são apresentadas as faixas de valores queimador enclausurado, necessariamente o exaustor deverá
indicados para: (i) alturas úteis (queda d’água e material ser posicionado entre a CDE e o queimador.
de enchimento); (ii) taxa de aplicação superficial (TAS);
(iii) relação entre vazões ar/líquido (RQ); (iv) eficiências 3.2. Exemplo de dimensionamento de câmara
de remoção; e (v) concentrações esperadas de H2S e CH4 de dessorção em efluente de reator anaeróbio
no gás residual. Tais valores foram adaptados a partir de O exemplo seguinte ilustra os cálculos referentes ao dimen-
estudos com aplicação em projetos reais, considerando sionamento de câmara de dessorção para o controle de
os valores das medições, principalmente, em escala expe- emissões gasosas (H2S e CH4) em efluente de reator UASB
rimental ampliada (demonstração) (Santo et al., 2019). tratando esgoto doméstico.
Tabela 1 – Parâmetros de projeto para câmaras de dessorção na remoção de H2S e CH4 dissolvidos em efluentes de reatores
anaeróbios.
Altura (m) Taxa de aplicação superficial RQ Eficiência de remoção (%) Concentração no gás residual
Tipo de CD
Queda d’água Enchimento m³·m-²·min-1 QG/QL H2S CH4 H2S (ppmv) CH4 (%)
Simplificada 1,2 a 1,5 - 0,15 a 0,30 2a4 40 a 60 60 a 65 200 a 400 0,4 a 0,8
Com enchimento 1,2 a 1,5 0,8 a 1,0 0,15 a 0,30 2a4 85 a 93 75 a 85 150 a 550 0,4 a 0,8
Fonte: adaptado de Santo et al. (2019)
Figura 2 – Câmara de dessorção com enchimento e detalhes de fluxos e elementos adicionais ao seu funcionamento e operação.
Dados de entrada:
• População de projeto (P): 25.000 habitantes
• Contribuição per capita de esgoto (QPC): 150 L·hab-1·d-1
• Taxa de contribuição por infiltração (Tinf) = 0,1 L·s-1·km-1
• Extensão de rede por habitante (Lrede·hab-1): 2,0 m·hab-1
• Altura de queda útil (H): 1,50 m (altura total de 2,0 m)
• Taxa de aplicação superficial (TAS): 0,20 m³·m-²·min-1
• Relação entre vazões (RQ) = 3 (QG/QL)
• Enchimento = 1 m de camada de material plástico (anéis com cerca de 3”)
• Concentração de CH4 dissolvido no afluente (CL-CH4,af.): 20 mg·L-1 (20 g·m-3) (valor típico)
• Concentração de H2S dissolvido no afluente (C L-H2S,af): 15 mg·L-1 (15 g·m-3) (valor típico)
• Eficiências de remoção total (ECDE): 89% para H2S (oxidação + dessorção); e 80% para CH4 (dessorção)
• Percentual de dessorção (EDess): 15% para H2S e 100% para CH4
• DensidadeCH4: 668 mg·L-1; DensidadeH2S: 1.391 mg·L-1
• Condições de pressão e temperatura: 1 atm e 25 °C. Densidades dos gases calculadas nessas condições.
Consideração:
Para o dimensionamento em questão, considerou-se 4 reatores UASB e 4 CDEs (uma para cada reator)
Solução:
a) Cálculo da vazão média de esgoto bruto (Qmed):
1𝑑𝑑
𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = 𝑃𝑃 × 𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄 × + 𝑃𝑃 × Lrede · hab−1 × 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇
86.400𝑠𝑠
1𝑑𝑑 1𝑘𝑘𝑘𝑘
𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = 25.000 ℎ𝑎𝑎𝑎𝑎 × 150 𝐿𝐿 · ℎ𝑎𝑎𝑏𝑏 −1 · 𝑑𝑑−1 × + 25.000 ℎ𝑎𝑎𝑎𝑎 × 2,0 𝑚𝑚 · ℎ𝑎𝑎𝑏𝑏 −1 × × 0,1 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠 −1 · 𝑘𝑘𝑚𝑚−1
86.400𝑠𝑠 1000𝑚𝑚
Figura 1 - Tipos de câmaras de dessorção para remoção de H2S e CH4 dissolvidos em efluentes de reatores anaeróbios: (a) câmara de
dessorção
Nota 1 -simplificada
FiguraTécnica Tipos2de - CDS; de
câmaras
- Câmaras (b)de
câmara de para
dessorção dessorção
dessorção paracom
remoção enchimento
de H2S ede
remoção -4 CDE.
CHsulfeto
dissolvidos em efluentese de reatores anaeróbios: (a) câmara de
de hidrogênio
dessorção
metano simplificada
dissolvidos - CDS; (b) câmara
em efluentes de dessorção
de reatores com enchimento - CDE.
paraanaeróbios
−1
𝑄𝑄 = 48,4 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠
Nota
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
Técnica 2 - Câmaras de dessorção remoção de sulfeto de hidrogênio e
metano
Atentar
b) Vazão
Nota
nadissolvidos
médiahora de copiar
por reator
Técnica
Exemplo:
em
UASB
2 - Câmaras(Qefluentes
): 1 para de
a Figura nãoreatores anaeróbios
perder a formatação da hachura no segundo cilindro.
L de dessorção para remoção de sulfeto de hidrogênio e metano dissolvidos em
Atentar
Exemplo:na
efluentes hora
𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 de copiar
de reatores 𝐿𝐿a·Figura
𝑠𝑠 −1
48,4 anaeróbios 1 para não
−1
perder a3 formatação
−1
da hachura no segundo cilindro.
𝑄𝑄𝐿𝐿 = = = 12,1 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠 (0,73 𝑚𝑚 · 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 )
Nota𝑁𝑁Técnica
Retângulo
Atentar na hora vermelho
de2copiar
𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟−𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈 4Figurade
no apdf
- Câmaras 1 para não perderpara
dessorção a formatação
remoção da hachura no segundo
de sulfeto cilindro. e metano dissolvidos em
de hidrogênio
Retângulo
efluentes vermelho no pdf
de reatores anaeróbios
c) Cálculo da vazão média por CDE (QCDE):
b)
Atentar Cálculo nada vazão
hora de média
copiarpor CDE (𝑄𝑄𝑄𝑄1𝐿𝐿𝐿𝐿,𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
a Figura para):não perder a formatação da hachura no segundo cilindro.
b) Cálculo da vazão média por CDE (𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿,𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
−1 (0,73 ):
𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿,𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 = 𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿 = 12,1 𝐿𝐿𝐿𝐿 · 𝑠𝑠𝑠𝑠 𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚−1 )
3
(a) (b)
𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿,𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 = 𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿 = 12,1 𝐿𝐿𝐿𝐿 · 𝑠𝑠𝑠𝑠 −1 (0,73 𝑚𝑚𝑚𝑚3 · 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚−1 )
c) Determinação da área da unidade (A):
d) Determinação
c) Determinaçãodada
(a) área áreada daunidade
unidade (A): (A): (b)
𝐴𝐴𝐴𝐴 =
𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿
=
(a) 𝑚𝑚𝑚𝑚3 · 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚−1 = 3,65 𝑚𝑚𝑚𝑚2
0,73 (b)
3 −1
𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿
𝑇𝑇𝑇𝑇𝐴𝐴𝐴𝐴𝑇𝑇𝑇𝑇
Legenda 0,73
0,20 𝑚𝑚𝑚𝑚3𝑚𝑚𝑚𝑚
· 𝑚𝑚𝑚𝑚·−2
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚· 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚−1 2
𝐴𝐴𝐴𝐴 = = = 3,65 𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑇𝑇𝑇𝑇𝐴𝐴𝐴𝐴𝑇𝑇𝑇𝑇 Legenda
0,20 𝑚𝑚𝑚𝑚3 · 𝑚𝑚𝑚𝑚−2 · 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚−1
Destaque vermelho
Legenda (a)dono
Efluente
pdf
reator anaeróbio Entrada de ar (b) Gás residual
Destaque vermelho
e) Determinação do diâmetro no
Efluente pdf do reator
interno anaeróbio(D):
da unidade Entrada de ar Gás residual
Legenda
Efluente do reator−1 anaeróbio −1
Entrada de ar Gás residual
𝐴𝐴 × 4 0,67 1/2 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝐿𝐿𝐿𝐿
3,65 𝑚𝑚 2 0,67
×4 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
1/2 · 𝐿𝐿𝐿𝐿
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺−𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆
= ( = 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 −1 = = 0,048% 𝑣𝑣𝑣𝑣⁄𝑣𝑣𝑣𝑣
𝐷𝐷 ) 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
0,67 = (· 𝐿𝐿𝐿𝐿𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 Efluente do )
0,67 =anaeróbio
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
reator
1.391 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚· ·2,16 −1 𝑚𝑚
𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿−1 Entrada de ar Gás residual
Figura 𝜋𝜋
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺−𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆 =
1 - Tipos de câmaras 3,14
= de dessorção = 0,048%
para remoção 𝑣𝑣𝑣𝑣⁄𝑣𝑣𝑣𝑣de H S e CH dissolvidos em efluentes de reatores anaeróbios: (a) câmara de
Figura 1. 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
Tipos 𝐷𝐷𝐷𝐷de
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷câmaras
−1
𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆 de
1.391dessorção
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 ·−1 𝐿𝐿𝐿𝐿 para remoção de H22S e CH44 dissolvidos em efluentes de reatores
−1
dessorção simplificada 5,3 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝐿𝐿𝐿𝐿 - CDS;5,3 (b)𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
câmara · 𝐿𝐿𝐿𝐿 de dessorção com enchimento - CDE.
anaeróbios:
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4 = (a) câmara
5,3da𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝐿𝐿𝐿𝐿 −1 de =dessorção simplificada
5,3 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 −1
·· 𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿exaustor
−1
= 0,79% 𝑣𝑣𝑣𝑣- ⁄CDS;
𝑣𝑣𝑣𝑣 (b) câmara de dessorção com enchimento - CDE.
Figura
f) Determinação
𝐶𝐶𝐶𝐶 1. 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
Tipos
1 - Tipos de câmaras
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷
de
vazão câmaras 668
de operação
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4 de 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚do
dessorção
= de dessorção =para
para
(Qremoção
):
remoção
𝑣𝑣𝑣𝑣⁄𝑣𝑣𝑣𝑣 de de HH2SS ee CH
CH4 dissolvidos
dissolvidosem
emefluentes
efluentesdedereatores
reatoresanaeróbios: (a) câmara de
𝐺𝐺𝐺𝐺−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4 = 0,79% G
Figura 2 4
anaeróbios:
Exemplo:
dessorção (a) câmara
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4de dessorção
668 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 simplificada
· 𝐿𝐿𝐿𝐿 −1
- CDS; (b) câmara de dessorção com enchimento - CDE.
𝐺𝐺 = 𝑅𝑅𝑄𝑄 ×simplificada - CDS;𝑚𝑚 ·(b) câmara de dessorção
𝑚𝑚 · 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 com ≈ enchimento
131 𝑚𝑚 · ℎ - CDE.
3 −1 3 −1 3 −1
𝑄𝑄 𝑄𝑄𝐿𝐿 = 3 × 0,73 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = 2,19
Exemplo:
Exemplo:
g) Determinação
f) Determinaçãodas dasconcentraçõesconcentrações de deHHS2Se eCH CHdissolvidos dissolvidos no efluente
no efluente da CDEda (C
CDE (C L-H2S,ef e C ): ):
2 4 4 L-H2S,ef e C L-CH4,efL-CH4,ef
Retângulo
Exemplo: vermelho no pdf
f) Determinação
𝐶𝐶𝐶𝐶 das concentrações𝐸𝐸𝐸𝐸de 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶H2S e CH4 dissolvidos
� = 15 𝑔𝑔𝑔𝑔 · 𝑚𝑚𝑚𝑚−3 × �1 no efluente 89 da CDE (C L-H2S,ef
� = 1,7 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑔𝑔𝑔𝑔 · 𝐿𝐿𝐿𝐿−1e C L-CH4,ef):
𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆,𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 = 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒 × �1 − −
100 100
b)
Retângulo Cálculo davermelho vazão média nopor pdf CDE (𝑄𝑄𝑄𝑄𝐸𝐸𝐸𝐸𝐿𝐿𝐿𝐿,𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 ): 89
−3
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆,𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 = 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒 × �1 − 𝐸𝐸𝐸𝐸𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 � = 15 𝑔𝑔𝑔𝑔 · 𝑚𝑚𝑚𝑚−3 × �1 − 80 � = 1,7 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑔𝑔𝑔𝑔 · 𝐿𝐿𝐿𝐿−1
𝐶𝐶𝐶𝐶 𝐿𝐿𝐿𝐿,𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 = 𝑄𝑄𝑄𝑄=
𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4,𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 𝐿𝐿𝐿𝐿 = 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒
12,1 𝐿𝐿𝐿𝐿 · 𝑠𝑠𝑠𝑠 × �1 − 𝑚𝑚𝑚𝑚
−1 (0,73 100 · 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 20) 𝑔𝑔𝑔𝑔 · 𝑚𝑚𝑚𝑚 × �1 − 100� = 4,0 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑔𝑔𝑔𝑔 · 𝐿𝐿𝐿𝐿−1
3 � =−1
100 100
b) Determinação
c) Cálculo da vazão da área médiadapor CDE (𝑄𝑄𝑄𝑄 𝐸𝐸𝐸𝐸𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
𝐿𝐿𝐿𝐿,𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 ):
80
𝐶𝐶𝐶𝐶
g) Determinação
𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4,𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 = 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒
das concentrações ×unidade
�1 − (A): de H �2S =e20 CH 𝑔𝑔𝑔𝑔4 no
· 𝑚𝑚𝑚𝑚gás −3
× �1 −(CG-H2S
residual �=e C4,0 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑔𝑔𝑔𝑔
G-CH4 ): · 𝐿𝐿𝐿𝐿
−1
−1 (0,73
100 3 −1 )
100
𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿,𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝑄𝑄𝑄𝑄=
h) Determinação 𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿 = 12,1
das 𝐿𝐿𝐿𝐿 · 3𝑠𝑠𝑠𝑠
concentrações
0,73 𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 −1 𝑚𝑚𝑚𝑚 de · 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
H 𝑚𝑚𝑚𝑚
S e CH no gás residual (C e C ):
g)
𝐴𝐴𝐴𝐴 =Determinação
𝐿𝐿𝐿𝐿
das3concentrações 𝐸𝐸𝐸𝐸𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 de=𝐸𝐸𝐸𝐸H𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 2
𝑚𝑚𝑚𝑚24 no 4𝑄𝑄𝑄𝑄 G-H2S 89 G-CH4 15 1
× � 2S e�CH × � gás � =residual
15 𝑔𝑔𝑔𝑔 ·(C −3 e C G-CH4):
= 3,65 𝐿𝐿𝐿𝐿
𝐶𝐶𝐶𝐶c)𝐺𝐺𝐺𝐺−𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆 𝑇𝑇𝑇𝑇𝐴𝐴𝐴𝐴𝑇𝑇𝑇𝑇= 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒
Determinação 0,20 da𝑚𝑚𝑚𝑚 área·×𝑚𝑚𝑚𝑚
−2 · 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚�
da�unidade 𝑚𝑚𝑚𝑚−1 𝑚𝑚𝑚𝑚G-H2S × � �× � � × � � = 0,67 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑔𝑔𝑔𝑔 · 𝐿𝐿𝐿𝐿−1
100 (A): 100 𝑄𝑄𝑄𝑄𝐺𝐺𝐺𝐺 100 100 3
Destaque vermelho no 3 pdf 𝐸𝐸𝐸𝐸𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶−1 𝐸𝐸𝐸𝐸𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿 −3
89 15 1
𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑄𝑄𝑄𝑄 =
𝐿𝐿𝐿𝐿 𝐶𝐶𝐶𝐶 0,73 𝑚𝑚𝑚𝑚
× −1 ·
� 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑚𝑚𝑚𝑚 � × � � × � � = 15 𝑔𝑔𝑔𝑔 · 𝑚𝑚𝑚𝑚 × � � × � � × � � = 0,67 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑔𝑔𝑔𝑔 · 𝐿𝐿𝐿𝐿−1
𝐴𝐴𝐴𝐴𝐺𝐺𝐺𝐺−𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆
= =0,67 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑔𝑔𝑔𝑔 · 𝐿𝐿𝐿𝐿 1000,67 = 100
𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒
3,65 𝑚𝑚𝑚𝑚2 𝑄𝑄𝑄𝑄 100 100 3
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺−𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆 = 0,20 𝑚𝑚𝑚𝑚3 · 𝑚𝑚𝑚𝑚−2=
𝑇𝑇𝑇𝑇𝐴𝐴𝐴𝐴𝑇𝑇𝑇𝑇 · 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚−1 = 0,048% 𝑣𝑣𝑣𝑣 ⁄𝐺𝐺𝐺𝐺𝑣𝑣𝑣𝑣 ≈ 480𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑚𝑚𝑚𝑚𝑣𝑣𝑣𝑣
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷−1𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆 1.391 −1
0,67𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
0,67 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑔𝑔𝑔𝑔· 𝐿𝐿𝐿𝐿· 𝐿𝐿𝐿𝐿−1 0,67 0,67 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝐿𝐿𝐿𝐿
𝐶𝐶𝐶𝐶Destaque
𝐺𝐺𝐺𝐺−𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆 =
𝐺𝐺𝐺𝐺−𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆 = vermelho no pdf =𝐸𝐸𝐸𝐸= = 0,048%
𝐸𝐸𝐸𝐸𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 = 0,048% 𝑣𝑣𝑣𝑣𝑄𝑄𝑄𝑄⁄𝐿𝐿𝐿𝐿𝑣𝑣𝑣𝑣 ≈𝑣𝑣𝑣𝑣⁄480𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑣𝑣𝑣𝑣 𝑣𝑣𝑣𝑣 80 100 1
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4 = 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒 𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 ×𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆� 1.391 1.391
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
� ×𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
−1
� · 𝐿𝐿𝐿𝐿 � × � � = 20 𝑔𝑔𝑔𝑔 · 𝑚𝑚𝑚𝑚−3 × � �× � � × � � = 5,3 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑔𝑔𝑔𝑔 · 𝐿𝐿𝐿𝐿−1
100 100 𝑄𝑄𝑄𝑄 100 100 3
5,3 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
0,67 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚· ·𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿−1 𝐸𝐸𝐸𝐸𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
−1
5,3
0,67𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚· 𝐸𝐸𝐸𝐸
𝐿𝐿𝐿𝐿· −1
𝐿𝐿𝐿𝐿−1
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑄𝑄𝑄𝑄𝐺𝐺𝐺𝐺𝐿𝐿𝐿𝐿 −3
80 100 1
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4 = = 𝐶𝐶𝐶𝐶 5,3 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑔𝑔𝑔𝑔 × −1 �= � × � = � ×
0,79% �
= 0,048% 𝑣𝑣𝑣𝑣⁄𝑣𝑣𝑣𝑣 �
𝑣𝑣𝑣𝑣 ⁄ =
𝑣𝑣𝑣𝑣 20 𝑔𝑔𝑔𝑔 · 𝑚𝑚𝑚𝑚 × � � × � � × � � = 5,3 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑔𝑔𝑔𝑔 · 𝐿𝐿𝐿𝐿−1
𝐺𝐺𝐺𝐺−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4
𝐺𝐺𝐺𝐺−𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷· 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4
𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒 𝐿𝐿𝐿𝐿
𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆 100
668 5,3𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝐿𝐿𝐿𝐿100 ·−1 𝐿𝐿𝐿𝐿−1 𝑣𝑣𝑣𝑣 ⁄𝑣𝑣𝑣𝑣𝑄𝑄𝑄𝑄𝐺𝐺𝐺𝐺 100 100 3
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4 = =1.391 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = 0,79%
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4 668
5,35,3𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑔𝑔𝑔𝑔· ·𝐿𝐿𝐿𝐿−1 𝐿𝐿𝐿𝐿−1 5,3 5,3 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝐿𝐿𝐿𝐿−1
𝐺𝐺𝐺𝐺−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4 =
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4 = == = 0,79% = 0,79% 𝑣𝑣𝑣𝑣⁄𝑣𝑣𝑣𝑣 𝑣𝑣𝑣𝑣⁄𝑣𝑣𝑣𝑣
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4 668 668 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝐿𝐿𝐿𝐿−1
Observações finais:
• O gás residual com as concentrações de H2S e CH4 obtidas no item (h) poderá ser encaminhado para tratamento em biofiltro de H2S (primeiro estágio)
e de CH4 (segundo estágio). Para maiores detalhes, consultar a NT 5 desta coletânea (Brandt et al., 2021b).
• Deverão, no total, ser instaladas 4 CDEs dimensionadas com: 2,2 m de diâmetro e 2 m de altura total, sendo 1,5 m de altura útil e 1,0 m de enchimento
plástico.
• A vazão determinada de operação da exaustão foi de 131 m3·h-1 por unidade de CDE, que, portanto, deverá ser disponibilizada igualmente para todas
as 4 unidades, seja por meio de 1 exaustor por CDE ou para cada 2 CDEs, por exemplo. A escolha entre as opções depende também do projeto das
tubulações de gás residual e das unidades de tratamento do gás residual (p. ex.: biofiltros).
Figura 3 – Esquema em perfil de reator UASB com aplicação de câmara de dessorção para remoção de H2S e CH4 dissolvidos.
Buscando uma melhor performance no que diz res- baixas vazões de ar de exaustão para avaliar a possibili-
peito ao menor acúmulo de lodo/sólidos sobre o material dade de recuperação de CH4. Essa alternativa, com neces-
de enchimento a longo prazo, houve a troca do material sários adicionais desenvolvimentos, pode vir a se tornar
para anéis plásticos bem maiores (anéis Pall de 3”), mos- bastante atrativa para propósitos de aproveitamento ener-
trado na Figura 4c. De fato, a performance desse novo gético, pois os resultados demonstraram concentrações
material foi muito melhor, de modo que, mesmo com um de CH4 no gás residual em torno de 20% (Santo et al.,
ano de funcionamento contínuo, não houve registros de 2019; Marinho, 2019). Nessa concentração seria possível
acúmulos excessivos de lodo/sólidos nesse segundo mate- encaminhar aprimoramentos para queima com aprovei-
rial de enchimento. tamento de calor e/ou mistura com o biogás, conforme
tratado na NT 6 desta coletânea (Brandt et al., 2021c).
5.2. CD em escala demonstração: com enchimento A exceção do parâmetro RQ, ajustado em cerca de 0,05-
e recuperação de CH4 0,10, os demais parâmetros de operação foram próximos dos
A partir de CDE (descrita no item anterior), testou-se tam- outros tipos de CDs, com TAS próximo de 0,2-0,3 m3·m-2·min-1.
bém uma variação/inovação da técnica com aplicação de A seu turno, as eficiências foram menores, próximo a 50 e
60%, respectivamente, para a remoção de CH4 e H2S dissol- A CDE foi fabricada em fibra de vidro, com diâme-
vidos, tendo tido evidente influência do acúmulo excessivo tro de 0,2 m e altura total de 1,0 m, sendo dimensionada
de lodo/sólidos no material de enchimento (Santo et al., para uma vazão de esgoto de 3,0 L·min-1 e vazão de ar de
2019; Marinho, 2019). Contudo, mais recentemente, com 9,0 L·min-1, resultando em uma TAS de 0,10 m³·m-²·min-1
a utilização do material de enchimento de maior tamanho, e RQ de 3. Os parâmetros de projeto foram baseados nos
as eficiências têm mostrado tendências de relevantes melho- resultados dos estudos descritos nos itens 5.1 e 5.2. O mate-
rias, sem acúmulos excessivos de sólidos. rial de enchimento aplicado era constituído de anéis plás-
ticos, como recortes de eletrodutos corrugados (diâme-
5.3. CD em escala piloto: com enchimento tro de 2,0 cm; altura de 5,0 cm), sendo dispostos até uma
O sistema era composto por três unidades, uma câmara altura de cerca de 0,6 m.
para a dessorção de gases dissolvidos em parte do efluente Os experimentos foram realizados para uma vazão de
de um reator UASB (320 habitantes; altura de 4,5 m; 14,0 m³ ar de 7,4 L·min-1 e vazão de esgoto de 3,0 e 5,0 L·min-1,
de volume; tempo de detenção hidráulica de 7 a 10 h), resultando em relações gás/líquido de aproximadamente
seguida de dois biofiltros para o tratamento sequencial do 2,5 e 1,5, respectivamente. Nesse sentido, as TAS variaram
H2S e do CH4 presentes no gás residual. Contudo, nesta entre 0,10 e 0,16 m³·m-2·min-1 com o objetivo de simular
nota técnica será dada ênfase apenas à unidade de CDE, uma condição de variação de vazão de esgoto frequente-
sendo o sistema de biofiltração em dois estágios detalhado mente observada em escala real.
na NT 5 desta coletânea (Brandt et al, 2021b). De maneira geral, os resultados obtidos para as con-
Na Figura 5 é apresentado o desenho esquemático da dições dessa pesquisa foram semelhantes aos encontra-
CDE, diferenciando-se do apresentado na Figura 3 em dos nos demais estudos apresentados. As eficiências de
dois aspectos principais: (i) a CDE, por ter sido dimen- remoção de H2S da fase líquida foram maiores para RQ de
sionada em escala piloto, recebe apenas uma alíquota do 2,5 (média de 93%) e menores para RQ de 1,5 (média de
esgoto efluente do reator UASB; e (ii) o ar entra na CDE 85%), enquanto as eficiências de remoção de CH4 foram
de forma ativa, em ponto abaixo do nível d’água, através menos influenciadas pela variação da carga aplicada,
da injeção por compressor de ar. sendo de 69% e 66% para RQ de 2,5 e 1,5, respectivamente.
Figura 5 – Esquema em perfil de reator UASB com aplicação de câmara de dessorção para remoção de H2S e CH4 dissolvidos.
No que se refere à concentração de H2S e CH4 no gás resi- Para a modalidade de câmara de dessorção com enchi-
dual, para RQ de 2,5, foram obtidas concentrações de apro- mento, as eficiências típicas dos gases dissolvidos se mos-
ximadamente 128 ppmv (partes por milhão) e 0,92%v/v, tram bastante elevadas, em média cerca de 80% (para o
respectivamente. Considerando RQ de 1,5, as concentra- CH4-D) e 89% (para o H2S-D). Com isso, acredita-se que
ções de H2S e CH4 no gás residual aumentaram para 217 a técnica poderá contribuir sobremaneira para solução
ppmv e 1,5%v/v, respectivamente. de problemas de emissões de gases odorantes e de efeito
estufa a partir das ETEs dotadas de reatores anaeróbios.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente nota buscou apresentar a técnica de câmara AGRADECIMENTOS
de dessorção, uma solução simples e prática para a Os autores agradecem o apoio recebido do Conselho
remoção de gases dissolvidos (H 2S-D e CH 4-D) em Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico –
efluentes de reatores anaeróbios. O entendimento CNPq, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
é de que a tecnologia em questão esteja em ponto Nível Superior – CAPES, da Fundação de Amparo à Pesquisa
adequado para utilização por ETEs em escala real. do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG e do Instituto
Recomenda-se progressividade na sua disseminação Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis
para que as empresas possam desenvolver a devida de Tratamento de Esgoto – INCT ETEs Sustentáveis.
apropriação tecnológica e pequenos ajustes técnicos Este trabalho faz parte da série de publicações do INCT
eventualmente necessários. ETEs Sustentáveis.
REFERÊNCIAS
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SANTOS, J. M. B.; CHERNICHARO, C. A. L. Valoração e gerenciamento C.; RIBEIRO, T. B.; CHERNICHARO, C. A. L. Contribuição para o
de subprodutos gasosos do tratamento do esgoto. Parte B: Avanços aprimoramento de projeto, construção e operação de reatores
nas técnicas de controle de emissões gasosas em ETEs com reatores UASB aplicados ao tratamento de esgoto sanitário – Parte 4:
anaeróbios – Nota Técnica 1 - Tópicos de interesse. Cadernos Técnicos Controle de corrosão e emissões gasosas. Revista DAE, v. 214, n. 66,
Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 1, n. 2, p. 5-22, 2021a.
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RESUMO ABSTRACT
No tratamento anaeróbio de esgoto, estima-se que 30% a 40% do total During anaerobic sewage treatment, it is estimated that 30% to 40% of the
de metano (CH4) produzido encontra-se dissolvido na fase líquida, sendo total CH4 produced is dissolved in the liquid phase, being ultimately released
majoritariamente liberado para a atmosfera caso não sejam utilizadas to the atmosphere if control measures are not used. In addition, part of the
medidas de controle. Além disso, parte do sulfeto de hidrogênio (H2S) hydrogen sulfide (H2S) generated in the process also remains dissolved
gerado no processo também permanece dissolvido no esgoto, sendo in the sewage, being easily released and causing routine problems with
facilmente desprendido e ocasionando rotineiros problemas com maus bad odors and corrosion. Different technologies have been explored in the
odores e corrosão. Diferentes tecnologias têm sido exploradas na literatura literature for the removal of dissolved gases, as detailed in this Collection
para a remoção de gases dissolvidos em esgoto, conforme detalhado of Technical Notes (TN). This TN aims to present the use of vacuum
nesta coletânea de Notas Técnicas (NT). Esta NT tem como objetivo degasification reactors for recovery of CH4 and H2S dissolved in effluents
apresentar a utilização de câmaras a vácuo para recuperação do CH4 e from anaerobically treated municipal wastewater. The following content
do H2S dissolvidos em efluentes de reatores anaeróbios utilizados para is presented: (i) fundamentals of the process; (ii) dimensioning example;
o tratamento de esgoto. São apresentados os seguintes conteúdos: (iii) a case study of a system at pilot scale.
(i) fundamentos do processo; (ii) exemplo de dimensionamento; (iii) um
Keywords: municipal wastewater treatment, UASB reactor, dissolved
estudo de caso de um sistema em escala piloto.
methane, dissolved hydrogen sulfide, vacuum degasification.
Palavras-chave: tratamento de esgoto doméstico, reator UASB, metano
dissolvido, sulfeto de hidrogênio dissolvido, desgaseificação a vácuo.
1
Engenheiro Civil pela Hamburg University of Applied Sciences (HAW). Mestre em Recursos Hídricos e Gestão Ambiental pela Leibniz University Hannover (LUH). Doutor em
Engenharia pela LUH. Fundador e diretor geral pela DiMeR GmbH.
2
Engenheiro Ambiental pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Engenheiro Eletricista pela Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR). Mestre e Doutor em
Ciências pela UTFPR. Gerente de Pesquisa e Inovação da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar). Professor do Programa de Mestrado Profissional em Governança e
Sustentabilidade do Instituto Superior de Administração e Economia do Mercosul (ISAE). Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
3
Engenheiro Ambiental e de Segurança do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Mestre e aluno de Doutorado em Engenharia de Recursos
Hídricos e Ambiental pela UFPR. Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
4
Engenheira Química pela PUC-PR. Mestre em Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental pela UFPR. Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
5
Engenheira de Alimentos pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Engenheira Química pela PUC-PR. Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UEPG.
Doutora em Engenharia de Alimentos pela UFPR. Engenheira da Gerência de Pesquisa e Inovação da Sanepar.
6
Engenheira Ambiental pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Direito Ambiental Nacional e Internacional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS). Mestre em Recursos Hídricos e Gestão Ambiental pela LUH.
7
Engenheiro Civil pela LUH. Doutor em Engenharia pela LUH. Fundador e diretor geral pela DiMeR GmbH.
Endereço para correspondência: Avenida Visconde de Guarapuava, 2943 – Instituto Superior de Administração e Economia do Mercosul (ISAE) – Programa de Mestrado
Profissional em Governança e Sustentabilidade. Curitiba, PR. CEP: 80010-100. e-mail: gustavo_possetti@yahoo.com.br
dissolvidos em comparação com a concentração de satu- Todos os sistemas de desgaseificação a vácuo apre-
ração do constituinte no líquido referente à constante sentados acima têm em comum a necessidade de duas
de Henry, sendo induzido a um processo de dessorção. bombas de cavidade progressiva independentes, de modo
Adicionalmente, vácuo é aplicado dentro do sistema a a possibilitar o ajuste das vazões de entrada e de saída
fim de reduzir a pressão parcial dos gases dissolvidos e, do efluente do reator anaeróbio. As bombas devem ser
consequentemente, diminuir a concentração de satura- reguladas de acordo com a vazão do efluente do rea-
ção definida pela lei de Henry. Dentro do reator enclau- tor anaeróbio. Portanto, é necessária uma medição em
surado é proporcionada uma grande superfície de inter- tempo real e em linha da vazão de efluente. Além disso,
face gás-liquido, bem como turbulências que aceleram o nível de enchimento dos reatores enclausurados deve
o processo de transferência dos gases (Lee et al., 2020). ser monitorado para proteger as bombas de vácuo.
Conforme ilustrado na Figura 1, esse processo é reali- Essas, por sua vez, são utilizadas para reduzir a pressão
zado de forma análoga aos sistemas de dessorção de gases dentro dos reatores anaeróbios, bem como para trans-
sem vácuo, tais como torres com enchimento, torres de portar o gás recuperado para a unidade de aproveita-
spray, torres de pratos, entre outros. mento energético.
C M F+N C MP C M F+N C MP
1 3 1 3
2 2
(a) (b)
C M F+N C MP C MF C M P+N
1 3 1 3
2 2
(c) (d)
1: Efluente anaeróbio (contendo elevadas
Legenda concentrações de gases dissolvidos)
Bomba de cavidade Bomba de vácuo 2: Efluente anaeróbio (com baixos teores de gases
progressiva dissolvidos)
Controle e medição de pressão de gás (P), fluxo (F) e 3: Gás residual recuperado
C M_
nível de água (N)
Figura 1 – Tipos de câmaras de dessorção com bomba a vácuo: (a) torres com enchimento; (b) torres de spray; (c) torres de pratos;
(d) reatores de lâmina líquida fina.
2.2. Transferência de gases em sistemas vácuo. Essa relação é apresentada na Figura 2 para uma faixa
de desgaseificação a vácuo típica de concentração de CH4-D no campo de aplicação do
Conforme descrito na NT 1 desta coletânea (Brandt et al., tratamento anaeróbio de esgoto. Na Figura 2a é ilustrada a con-
2021), a lei de Henry define que a solubilidade de um gás em centração alcançável de CH4 na fase gasosa de uma câmara a
um líquido a uma temperatura constante é diretamente pro- vácuo em função da concentração de entrada e saída de CH4-
porcional à pressão do gás na fase gasosa. Além disso, a lei D. Já na Figura 2b é apresentada a pressão total de operação
de Dalton estabelece que a pressão total de uma mistura de da câmara que será necessária para atingir uma determinada
gases, na qual os componentes não reagem quimicamente concentração de CH4-D efluente (nesse documento 3, 5 ou 7
entre si, é igual à soma das pressões parciais dos componen- mg·L-1) em função da concentração afluente ao sistema de des-
tes individuais da mistura de gases (diretamente proporcio- gaseificação. Por exemplo (ver setas pontilhadas nas Figuras
nal à concentração de cada componente na mistura gasosa). 2a e 2b), considerando uma concentração de CH4-D afluente
Consequentemente, a concentração de gases dissolvidos teori- de 17 mg·L-1 e uma concentração de CH4-D efluente definida
camente alcançável em um sistema de desgaseificação a vácuo, de 5 mg·L-1, a concentração de CH4 na fase gasosa da câmara
para diferentes frações de gás dissolvido no efluente do reator a vácuo em um estado estacionário será de aproximadamente
anaeróbio, será definida pela concentração de saturação que, 47 %v/v. Portanto, uma pressão total de gás de 0,4 bar abso-
por sua vez, é definida pela pressão total do gás e pela concen- luto seria necessária para atingir uma concentração teórica de
tração de cada componente na fase gasosa (pressão parcial) saturação de CH4-D na fase líquida de 5 mg·L-1.
da câmara a vácuo. Essa eficiência de remoção teoricamente Para tanto, as seguintes suposições foram feitas:
alcançável corresponde a um sistema em estado estacionário, • O balanço de massa considera as principais frações de gases
no qual o tempo de contato disponível e a taxa de transferên- presente no gás residual recuperado, sendo elas a de CH4
cia de massa alcançável na interface gás-líquido são suficien- e CO2. Esses dados são validados com dados de operação
tes para atingir um equilíbrio entre as fases líquida e gasosa. empírica de testes piloto (ver item 3 deste documento).
O equilíbrio para um estado estacionário pode ser estimado • A taxa de transferência de massa e o tempo de contato
com base em um balanço de massa, considerando a quanti- são suficientes para atingir um equilíbrio entre as fases
dade de gás na entrada e na saída da fase líquida do reator a líquida e gasosa.
Figura 2 – Concentração de CH4 na fase gasosa da câmara a vácuo em função da concentração de CH4 dissolvido no afluente e
efluente (a); pressão total de gás necessária na câmara a vácuo em função da concentração de CH4 dissolvido no afluente e efluente
considerando a concentração CH4 na fase gasosa (b).
de CO2 de 10 %v/v (valor típico em reatores UASB). Supondo que o coeficiente de transferência de um gás
• A eficiência de desgaseificação de CO2 dissolvido é específico de volume seja conhecido, o tempo de retenção
estimada em 25%, considerando dados empíricos obti- hidráulica, a fim de atingir um estado de equilíbrio e/ou
dos a partir da operação do piloto (ver item 3 deste uma concentração de gás dissolvido no efluente, pode ser
documento). estimado aplicando a Equação 1. Essa relação é exempli-
ficada na Figura 3 para valores de kLa entre 25 e 100 L·h-1,
O contexto descrito anteriormente se aplica a todos os concentrações de CH4-D afluente de 17 mg·L-1 e de CH4-D
sistemas de desgaseificação a vácuo. No entanto, a taxa efluente alvo de 5 mg·L-1. Pode-se observar que o coefi-
de transferência de gás alcançável é específica do sistema. ciente de transferência de gás específico do volume tem
O tempo de contato necessário e, consequentemente, o uma influência significativa nos resultados. Nesse caso,
volume do reator requerido e a taxa de aplicação hidráu- o tempo de contato necessário varia aproximadamente
lica serão diferentes para cada configuração de sistema. entre 3 e 13 min. Consequentemente, o volume necessá-
Em um sistema fechado, no qual não há entrada rio da câmara a vácuo irá variar por um fator de aproxi-
ou saída de líquido com gás dissolvido, a mudança na madamente quatro.
concentração do gás dissolvido no líquido ao longo do Destaca-se que, atualmente, são limitadas as informa-
tempo pode ser igual ao fluxo de massa relacionado ao ções disponíveis sobre os coeficientes de transferência de
volume através da interface gás-líquido. Isso resulta na gás específicos de volume para biogás de esgoto doméstico
Equação 1, que define o balanço de massa para um pro- para diferentes reatores de desgaseificação a vácuo. Valores
cesso de dessorção (Tchobanoglous et al., 2004): de kLa medidos por Nelting et al. (2018) para CH4 em dife-
rentes reatores de desgaseificação em escala de laboratório e
Ct - CS
= e-kL a ∙ t (1) piloto estão resumidos na Tabela 1.
C0 - CS
Figura 3 – Concentração de CH4 dissolvido efluente à câmara a vácuo atingível em função do tempo de contato e do coeficiente de
transferência de gás específico de volume kLa.
Deve-se observar que a faixa dada de valores kLa para cada tipo de líquido (água potável ou esgoto doméstico) influenciam
sistema varia dependendo da configuração do sistema, como taxa de forma significativa na possível taxa de transferência de gás.
de aplicação hidráulica (m³·m-2·h-1), energia de mistura especí-
fica de volume (W·m-3), temperatura (°C) e relação disponível 3. EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO
de superfície de interface de fase e volume de esgoto (m²·m-3). Os exemplos seguintes ilustram os cálculos para o dimen-
Com base nestes valores, pode-se afirmar que o tipo de reator a sionamento de uma CDV baseada na tecnologia DiMeR,
vácuo (turbulências disponíveis e relações A/V), bem como o a qual está detalhada no item 4 desta NT.
Exemplo: Dimensionar uma CDV com fina camada em combinação com fluxos internos de stripping.
Dados de entrada:
• População de projeto (P): 250.000 habitantes
• Contribuição per capita de esgoto (QPC): 165 L·hab-1·d-1
• Taxa de contribuição por infiltração (Tinf) = 0,1 L·s-1·km-1
• Extensão de rede por habitante (Lrede·hab-1): 1,5 m·hab-1
• Concentração de CH4 dissolvido no afluente da CDV (CL-CH4,af): 20 mg·L-1 (20 g·m-3) (valor típico))
• Concentração de CH4 dissolvido no efluente da CDV (CL-CH4,ef): 5 mg.L-1 (5 g·m-3)
• Coeficiente de massa específica de transferência kLa: 100 h-1 (ver Tabela 1)
• Concentração estimada de metano no gás residual: 52%v/v (ver Figura 2)
• Condições de pressão do reator (Preator):0,36 bar absoluta (ver Figura 3)
• Diferença de cota conforme Figura 5 (ΔH), considerando: ΔP = Patm - Preator = altura lâmina de água necessária
• Perda de carga na tubulação de esgoto (Hperda): 0,5 m
• Condições de pressão e temperatura: 1 atm e 25 °C
Consideração:
Para o dimensionamento em questão, considerou-se a distribuição da vazão de esgoto em 10 reatores UASB.
Solução:
a) Cálculo da vazão média de esgoto bruto (Qmed):
1𝑑𝑑
𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = 𝑃𝑃 × 𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄 × + 𝑃𝑃 × Lrede · hab−1 × 𝑇𝑇𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖
86.400𝑠𝑠
1𝑑𝑑 1𝑘𝑘𝑘𝑘
𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = 250.000 ℎ𝑎𝑎𝑎𝑎 × 165 𝐿𝐿 · ℎ𝑎𝑎𝑏𝑏 −1 · 𝑑𝑑 −1 × + 250.000 ℎ𝑎𝑎𝑎𝑎 × 1,5 𝑚𝑚 · ℎ𝑎𝑎𝑏𝑏 −1 × × 0,1 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠 −1 · 𝑘𝑘𝑚𝑚−1
86.400𝑠𝑠 1000𝑚𝑚
𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = 515 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠 −1
Nota
𝑄𝑄𝐿𝐿 = Técnica =3 - Recuperação de(0,0515
gases𝑚𝑚dissolvidos em efluentes de reatores
−1
𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 515 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠
= 51,5 L · 𝑠𝑠 −1 3
· 𝑠𝑠 −1 )
𝑁𝑁𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟−𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈 10
anaeróbios por meio de câmaras a vácuo
c) Determinação do tempo de detenção hidráulica (TDH):
Exemplo
Cálculo interativo para obter valor de t, se Ct = Cs = 5 mg·L-1 (Equação 1):
Ct - CS
= e-kL a × t → Ct = Cs + ( e-kL a x t ) × (C0 − Cs ) = 5 + ( e-100 1/h x 0,08 h
) x (20 − 5) = 5 mg · 𝐿𝐿𝐿𝐿−1
C0 - CS
t = 0,08 h = 4,5 min
𝑉𝑉 148,3 𝑚𝑚3
𝐴𝐴 = = = 21,5𝑚𝑚2
ΔH 6,9 𝑚𝑚
Observações finais:
• Na desgaseificação a vácuo, caso não haja mistura de corrente de gás com oxigênio, é possível enquadrar, condicionar e recuperar energia comum
junto ao sistema de aproveitamento energético do biogás existente na ETE.
• A quantidade de reatores, os detalhes de construção e a geometria das câmaras a vácuo devem ser definidos no projeto específico de acordo com
as características locais (p. ex.: perfil hidráulico da ETE, disponibilidade de fornecedores, materiais, entre outros).
Tabela 1 – Resumo do coeficiente de transferência de gás específico de volume disponível kLa (Nelting et al. 2018).
Tipo de reator a vácuo Escala Tipo de líquido Valor de kLa (h-1)
CSTR (reator de agitação contínua) Laboratório Água potável 0,05 a0,8
Laboratório Água potável 2a8
Reator com lâmina de líquida fina Piloto Efluente industrial 8 a 55
Piloto Esgoto doméstico 10 a 100(*)
Nota: (*) Valor máximo de kLa alcançado com a configuração de sistema aprimorada integrando fluxos internos de extração de gás residual recuperado
Bomba de
C MP
vácuo
3
Biogás
ΔH = Patm – Preator + Hperda Esgoto
C MN
bruto
Reator
Dimer
1
Reator
UASB escala
plena
Container 2
Tanque de coleta
Controle e medição de
C M_ pressão (P) de gás e nível de 2: Efluente anaeróbio (com baixos teores de gases dissolvidos)
água (N)
3: Gás residual recuperado
Figura 4 – Fluxograma da câmara de dessorção a vácuo (CDV) - sistema piloto com reator DiMeR.
Figura 5 – Visão geral do sistema piloto a vácuo de recuperação de CH4 ‑dissolvido: (a) piloto instalado sobre o container ao lado
dos reatores UASB da ETE em Curitiba/PR; (b) coleta do efluente do reator UASB com tubos submersos para envio ao sistema piloto;
(c) amostragem de efluente do reator UASB para análises laboratoriais; (d) equipamentos para medição de gases dissolvidos em
amostras de efluente anaeróbio.
4.3. Resultados do processo A pressão parcial do CH4, que fica ajustada em estado
de recuperação do CH4-D estacionário no espaço de gás da CDV, especifica uma
Na Figura 6 é apresentada a eficiência alcançada para a concentração de saturação na fase aquosa, que corres-
recuperação do CH4-D em várias condições de operação ponde à concentração mínima possível de gás no efluente
do sistema piloto, a qual variou de 40% a 80%. Variando ou à eficiência máxima nessa condição operacional. A
a taxa de aplicação hidráulica e a pressão absoluta no pressão parcial é calculada/dimensionada pela pressão
espaço de gás da CDV, diferentes concentrações de saída absoluta no sistema (ponto de operação da bomba de
foram alcançadas com a mesma concentração de CH4-D vácuo) e pela composição do gás. Analisando a Figura
na entrada do sistema. A eficiência alcançada em função 7 é possível observar que, com o aumento da libera-
da taxa de aplicação hidráulica e da pressão absoluta pode ção/dessorção do CH4-D, ocorreu um aumento da con-
ser replicada da escala piloto para a escala plena por meio centração de CH4 na fração gasosa da CDV durante a
de uma análise de variação dos parâmetros de projeto. operação da planta piloto. Além disso, a fração de CO2
a fração não dissociada é volátil. O equilíbrio de disso- desse sistema. O uso de sistemas a vácuo ainda é incipiente
ciação presente na entrada do reator DiMeR especifica em ETEs brasileiras no que diz respeito à recuperação de
a máxima eficiência possível do processo. Na aplicação CH4-D e H2S-D em efluentes de reatores anaeróbios.
em escala piloto, o efluente anaeróbio apresentava pH Primeiramente, os processos fundamentais das câma-
de 7,4 na entrada do reator DiMeR e 7,5 na saída, após ras de dessorção à vácuo (CDV) foram apresentados com
a desgaseificação do CO2, refletindo valor de pH obser- o enfoque nas condições de contorno da transferência de
vado em efluentes de reatores UASB. Assim, nessa faixa gases em sistemas de desgaseificação a vácuo. Reportou-se
de pH, aproximadamente 50% das espécies de sulfeto que a eficiência alcançável desses sistemas depende do
eram voláteis, apresentando eficiência máxima alcan- coeficiente de transferência de gás específico do sistema,
çável de 50%. que é influenciado pela turbulência produzida, bem como
Deve-se enfatizar que nenhuma medida de otimiza- pela interface gás-líquido, o tempo de retenção hidráulica
ção em relação à desgaseificação de H2S pôde ser testada e a pressão total de gás nos reatores de desgaseificação.
no decorrer das experiências. Um aumento adicional nas Também foram apresentados os cálculos para o dimen-
taxas de eliminação de gases que podem ser obtidas (pro- sionamento de uma CDV baseada na tecnologia DiMeR,
cessos de transferência de gases) deve ser alcançado como estimando o volume e a superfície total necessários, além
parte da implementação em larga escala. da quantidade de biogás recuperada e o potencial ener-
gético equivalente.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por fim, foram relatados os resultados obtidos em um
A presente NT apresentou uma visão geral sobre os sistemas ensaio em escala piloto, usando uma CDV baseada na
a vácuo para recuperação de gases dissolvidos, bem como tecnologia DiMeR com uma capacidade de tratamento
o potencial de recuperação de CH4 e H2S com a aplicação de até 90 m³·d-1. As avaliações em escala piloto da tecno-
logia DiMeR demonstraram eficiências de recuperação
de CH4-D variando de 40% a 80% e, de H2S-D, de 24%.
Variando a taxa de aplicação hidráulica e a pressão abso-
luta no espaço de gás da CDV, diferentes concentrações
de saída foram alcançadas com a mesma concentração de
CH4-D na entrada do sistema. Consequentemente, uma
concentração de efluente selecionada de CH4-D pode ser
alcançada ao implementar o algoritmo de automação
desenvolvido e ao definir os parâmetros de dimensiona-
mento. Além disso, pode-se concluir que a implementação
da tecnologia para a redução das emissões de CH4 e/ou a
recuperação de CH4-D terá um efeito direto na redução
das emissões de odor (H2S-D). Em vista dos argumentos
apresentados, a concentração de CH4 do gás de exaustão
do reator DiMeR é de 20 % a 40 %. Já que não ocorre mis-
tura do fluxo de gás com oxigênio, conclui-se que é possí-
vel um armazenamento, condicionamento e recuperação
de energia de modo comum. Ademais, é possível imple-
Figura 8 – Concentrações de H2S na fase gasosa da câmara de mentar uma entrada direta para o sistema de transporte,
dessorção a vácuo em função da quantidade de H2S dissolvido
liberado e da diferença de concentração de H2S dissolvido entre armazenamento e tratamento de gás existente para o biogás
o afluente e o efluente do sistema piloto DiMeR. capturado no separador trifásico de reatores anaeróbios.
No caso específico da tecnologia DiMeR, resulta- (BMBF) pelo apoio financeiro no desenvolvimento do
dos da operação em escala piloto demostraram que o projeto de pesquisa. Ao Instituto Nacional de Ciência
sistema consome aproximadamente de 20 a 40% do e Tecnologia em Estações de Tratamento de Esgoto
potencial de energia elétrica do biogás recuperado, Sustentáveis – INCT ETEs Sustentáveis, a Coordenação
para operar o único dispositivo consumidor de energia de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –
elétrica que possui, uma bomba de vácuo. Portanto, CAPES , ao Conselho Nacional de Desenvolvimento
a tecnologia DiMeR, em especial, é energeticamente Cientifico e Tecnológico – CNPq, à Coordenação de
autossustentável e possibilita um ganho de energia efe- Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES,
tivo no balanço total da ETE. No entanto, cabe destacar à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas
que o potencial de recuperação específico do local e Gerais – FAPEMIG e ao Instituto Nacional de Ciência
do sistema deve ser determinado conforme cada ETE, e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento
considerando características de solubilidade específica de Esgoto – INCT ETEs Sustentáveis pelo apoio rece-
de esgoto, variação de entrada e diferenças construtivas bido, e aos colegas da DiMeR GmbH com número de
dos reatores anaeróbios (p. ex.: coberto/descoberto). concessão 02WQ1374A e da Universidade Leibniz de
Hanover (Leibniz Universität Hannover – LUH) com
AGRADECIMENTOS número de concessão 02WQ1374B, pela cooperação
Os autores agradecem a Companhia de Saneamento do e parceria no desenvolvimento do projeto.
Paraná – Sanepar e ao Ministério Alemão de Educação e Este trabalho faz parte da série de publicações do
Pesquisa – Bundesministerium für Bildung und Forschung INCT ETEs Sustentáveis.
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gerenciamento de subprodutos gasosos do tratamento do simultaneous removal of dissolved methane and hydrogen
esgoto. Parte B: Avanços nas técnicas de controle de emissões sulfide from anaerobically treated wastewater. Water Research, v.
gasosas em ETEs com reatores anaeróbios – Nota Técnica 1 - 182, 115965, p. 1-11, 2020.
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ROSENWINKEL, K.-H. DiMeR: Vorrichtung zur Rückgewinnung
COSTA, F. J. O. G.; WAGNER, L. G.; LISBOA, A. M.; FARIA, A.L.; ROSS, von gelöstem Methan in anaerob behandelten Abwässern. KMU-
B. Z. L.; NELTING, K.; TRAUTMANN, N.; CAICEDO, C.; POSSETTI, Innovativ Verbundprojekt Hannover: DiMeR GmbH. Hannover:
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1990. Quantification of dissolved methane in UASB reactors
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POSSETTI, G. R. C.; RIETOW, J. C.; CABRAL, C. B. G.; MOREIRA, H. conditions. Water Science and Technology, v. 64, n.11, p. 2259-
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Energy recovery from biogas in UASB reactors treating sewage.
Chapter 8. In CHERNICHARO, C.A.L.; BRESSANI-RIBEIRO, T. (Eds.) TCHOBANOGLOUS, G., BURTON, F. L., STENSEL, H. D.
Anaerobic Reactors for Sewage Treatment: Design, Construction Wastewater engineering: treatment and reuse (4. Version).
and Operation, IWA Publishing, p. 194-236, 2019. McGraw-Hill, 2004.
Erick Javier Centeno Mora1, Paula Rafaela Silva Fonseca2, Emanuel Manfred Freire Brandt3,
Carlos Augusto de Lemos Chernicharo4*
RESUMO ABSTRACT
No tratamento anaeróbio de esgoto, estima-se que entre 30 e 40% do total In the anaerobic sewage treatment, it is estimated that 30 to 40%
de metano (CH4) produzido se encontra dissolvido na fase líquida, sendo of the total methane (CH4) produced is dissolved in the liquid phase,
parcialmente liberado para a atmosfera caso medidas de controle não sejam being partially released to the atmosphere if control measures are not
utilizadas. Diferentes tecnologias têm sido exploradas na literatura para a used. Different technologies have been explored in the literature for
remoção do metano dissolvido (CH4-D), como detalhado nesta coletânea de the removal of dissolved methane (D-CH4), as detailed in this collection
notas técnicas (NTs). Esta NT tem como objetivo apresentar os elementos mais of technical notes. This technical note aims to present the most
atuais relacionados ao uso de contactores de membrana desgaseificadora actual elements related to the use of membrane contactors (MCs) in
(CMDs) na recuperação do CH4-D dos efluentes anaeróbios. São discorridos: (i) a the desorption and recovery of D-CH4 from anaerobic effluents. It is
aplicabilidade técnica deste processo em relação às características das estações discussed: (i) The technical applicability of this process in relation
de tratamento de esgoto (ETE) - vantagens, desvantagens, eficiência, custos de to the characteristics of sewage treatment plants (STP) - advantages,
implantação, requerimentos logísticos; (ii) os fundamentos do funcionamento disadvantages, efficiency, implementation costs, logistical requirements;
dos CMDs; (iii) os critérios de dimensionamento mais importantes; (iv) os (ii) the fundamentals of MC operation; (iii) the main design criteria; (iv)
principais problemas operacionais; e (v) um estudo de caso. Com esta NT, common operating problems; and (v) a case study. This technical note
pretende-se incentivar uma discussão em relação ao potencial uso dos CMDs intends to spark the discussion about the potential of using MCs in the
na recuperação do CH4-D de efluentes de reatores anaeróbios. recovery of D-CH4 from anaerobic effluents.
Palavras-chave: emissão fugitiva; efeito estufa; esgoto; dessorção; reator UASB. Keywords: diffuse emissions; greenhouse gas; sewage; desorption; UASB reactor.
1
Engenheiro Civil pela Universidad de Costa Rica (UCR). Mestre em Tratamento e Gestão do Solo, Águas e Resíduos pela Universidade Parisiense AgroParisTech. Aluno de Doutorado
do Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
2
Engenheira Ambiental e Sanitarista pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Mestre e aluna de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio
Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG. Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
3
Químico Industrial pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Mestre e Doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela UFMG. Docente Permanente
do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFJF. Diretor Técnico da Brandt Meio Ambiente Ltda. Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
4
Engenheiro Civil pela UFMG. Doutor em Engenharia Ambiental pela Universidade de Newcastle upon Tyne – UK. Professor titular aposentado do Departamento de
Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG. Coordenador do INCT ETEs Sustentáveis.
*Endereço para correspondência: Avenida Antônio Carlos 6.627 – Universidade Federal de Minas Gerais - Escola de Engenharia – Departamento de Engenharia Sanitária e
Ambiental – Bloco 1. Belo Horizonte, MG. CEP: 31270-901. e-mail: calemos@desa.ufmg.br
entre as fases líquida e gasosa no sistema (ver item 3.2). líquida, nesse caso o efluente anaeróbio, pode ser introdu-
No entanto, até o momento não existem estudos que con- zida pelo shell side (mais usual em sistemas de maior escala)
firmem essa hipótese. Adicionalmente, no caso de efluentes ou no lumen side (Henares et al., 2016; 2017; 2018). No
com elevada concentração de sólidos (como de reatores lado oposto à entrada de efluente será introduzido um gás
anaeróbios de fluxo ascendente e manta de lodo – UASB, de arraste ou vácuo. Devido à maior estabilidade operacio-
do inglês upflow anaerobic sludge blanket), um acondicio- nal (Henares et al., 2018), nesta NT são detalhadas unica-
namento do efluente é necessário antes da etapa de recupe- mente as aplicações de CMDs com gás de arraste.
ração do CH4-D, usualmente feito por meio de uma etapa Na Figura 1 é ilustrada essa aplicação: em uma direção
de filtração. Isso faz com que o fluxograma do sistema seja se tem a entrada (1) e saída (2) do efluente anaeróbio ou fase
mais complexo em relação a outras técnicas de dessorção líquida, e pela outra está a entrada (3) e saída (4) do gás de
de gases dissolvidos em efluentes de reatores anaeróbios. arraste, neste caso ar atmosférico. Como comentado anterior-
Para a dessorção do CH4-D, eficiências de até 98% têm sido mente, no caso de efluentes de reatores UASB, é recomendado
reportadas na literatura em um único CMD para efluentes o condicionamento prévio da fase líquida para a remoção de
de reatores anaeróbios (AnMBR, UASB, EGSB) com concen- sólidos. Isso permite reduzir os problemas de colmatação e
trações de CH4-D na faixa de 15-25 mg·L-1 (Cookney et al., incrustação do CMD (ver mais detalhes no item 5 desta NT).
2016; Henares et al., 2016). Os CMDs são produzidos por
diversos fornecedores, com diferentes padrões de área de
Legenda
membrana, material e tipo de fluxo. Portanto, para a etapa 3
2 1 Efluente do reator UASB
de projeto final, recomenda-se a consulta a diferentes forne- Pré- 2 Efluente desgaseificado
cedores para um dimensionamento mais preciso. O custo tratamento Contactor de
3 Entrada de ar
membrana
dos CMDs varia entre 25-50 €.m-2 de membrana (Sanchis- 1
4 4 Gás residual recuperado
Perucho et al., 2020; Cookney et al., 2016), embora alguns
fornecedores comercializem módulos a custos superiores a Figura 1 – Sistema de contactor de membrana para a
1.000 €.m-2 para os sistemas de menor capacidade. A vida desgaseificação de efluentes de reatores anaeróbios.
útil dos CMDs para essa aplicação ainda não foi demons-
trada experimentalmente. Por questões pragmáticas, alguns 3.2. Princípio de funcionamento dos contactores de
estudos de viabilidade econômica consideram uma vida útil membrana desgaseificadora para a recuperação do
de 7 anos (Cookney et al., 2016). O item 5 desta NT apre- CH4-D em efluentes de reatores anaeróbios
senta mais detalhes sobre a operação e limpeza dos CMDs e Os elementos que constituem um CMD de fibras ocas para
os produtos químicos comumente utilizados nesse processo. remoção/recuperação de CH4-D são ilustrados na Figura
2a. Nas fibras ocas é promovido o contato indireto (Figura
3. FUNDAMENTOS DO PROCESSO 2b) entre o efluente do reator anaeróbio (shell side) e o ar de
arraste, que passa através do interior das fibras (lumen side).
3.1. Preliminares Nos CMDs ocorre a difusão não dispersiva (sem contato
A configuração mais utilizada para os CMDs é a dos módu- direto) entre o efluente do reator anaeróbio e o gás de arraste.
los de fibras ocas (Centeno Mora e Chernicharo, 2020). Ao existir duas fases (líquida e gasosa) com concentrações
Esta unidade é conhecida pela sigla HFMC, do inglês Hollow de CH4 distintas, separadas por uma membrana permeável
Fiber Membrane Contactor. Nos processos de dessorção de à transferência de massa, a diferença de potencial químico
gases dissolvidos, os CMDs de fibra oca operam com dois (pela diferença de concentração entre os dois lados da mem-
fluxos: (i) fluxo no interior (lumen side) das fibras ocas; e (ii) brana) existente é a força motriz responsável por impulsio-
fluxo entre o exterior das fibras e a carcaça do módulo (shell nar o transporte do CH4-D da fase líquida, em condições de
side). A depender das recomendações do fornecedor, a fase saturação ou supersaturação, para a fase gasosa insaturada,
Figura 2 – Processo de recuperação de CH4 dissolvido em efluentes de reatores anaeróbios por meio de contactores de membrana
desgaseificadora: (a) módulo de membrana desgaseificadora; (b) ampliação ao nível das fibras ocas; (c) perfil de concentrações de CH4.
a fim de buscar o equilíbrio entre as fases (Figura 2c). Mais 3.3. Características dos contactores
informações sobre o processo de dessorção de gases dissolvi- de membrana desgaseificadora
dos em efluentes anaeróbios estão disponíveis na NT 1 desta As membranas utilizadas em CMDs podem ser planas, tubu-
coletânea (Brandt et al., 2021a) lares, capilares ou de fibras ocas. Conforme já mencionado,
Em termos gerais, esse é o princípio que rege a transferên- a configuração mais utilizada para os CMDs é a de módulos
cia do CH4 presente na fase líquida (p. ex.: efluente do reator pressurizados de fibras ocas.
UASB) para o gás de arraste (ar atmosférico ou outro gás como Existem na literatura centenas de diferentes materiais estu-
N2 puro), a fim de compor o gás residual recuperado. Para dados e patenteados (Nath, 2017) para uso em membranas,
que a dessorção do CH4 seja um processo contínuo, deve- dentre os quais destacam-se: polidimetil siloxano (PDMS), poli-
-se manter a diferença de potencial químico entre as fases, propileno (PP), policarbonato, poliamida, inox, entre outros.
ou seja, uma contínua renovação de líquido e gás de arraste. No caso dos CMDs para a dessorção de gases dissolvidos em
A partir desses breves conceitos, é possível a compreen- efluentes anaeróbios, são mais usados materiais como o PDMS
são de duas premissas que são essenciais no dimensiona- e o PP (Cookney et al., 2016; Henares et al., 2016).
mento de CMDs: (i) a área de membrana e as vazões do As membranas também podem ser divididas em porosas,
efluente do reator anaeróbio e do gás de arraste (ar) estão não porosas (ou densas) e compostas. O tamanho dos poros é
relacionadas com a eficiência do processo de dessorção do um parâmetro importante para os processos de separação por
CH4-D; e (ii) quanto maior a vazão do gás de arraste em membranas, visto que pode influenciar tanto na velocidade em
relação à vazão de efluente anaeróbio, mais diluído será o que ocorre a incrustação do módulo (associada à frequência de
gás residual recuperado, ou seja, menor será a concentra- limpeza), quanto na resistência à transferência de massa. Embora
ção de CH4 nesse gás, resultando em maior força motriz. as membranas densas sejam mais indicadas para efluentes
que contém maiores teores de sólidos e matéria orgânica, as Como pode ser observado na Figura 3, além do CMD,
paredes das membranas não porosas apresentam resistência existem outros equipamentos e elementos mínimos para o
à transferência de massa superior às membranas microporo- funcionamento do sistema de recuperação de CH4-D: (i)
sas, sendo em geral menos eficientes, o que segundo Cookney condicionamento para a remoção de sólidos suspensos e
et al. (2016) pode restringir a escala e a viabilidade econômica proteção da membrana desgaseificadora (para efluentes
do processo. O material e as características de porosidade das anaeróbios com elevada concentração de sólidos, como é o
membranas em CMDs são temas de pesquisa na atualidade e caso dos efluentes de reatores UASB); (ii) monitoramento da
não há consenso da melhor opção. Mais detalhes podem ser perda de carga no sistema de condicionamento; (iii) sistema
consultados em Centeno Mora e Chernicharo (2020). de proteção contra sobre pressões; (iv) linha de alimentação
de ar atmosférico, normalmente composto por um soprador
4. CRITÉRIOS E PARÂMETROS DE PROJETO de ar e um sistema de controle da vazão; e (v) pontos para
a limpeza do CMD (pontos 1 e 2) e para amostragem da
4.1. Diagrama unifilar do processo de recuperação do fase líquida à montante (ponto 1) e à jusante (ponto 2), bem
CH4-D em efluentes de reatores anaeróbios por meio como para amostragem do gás residual recuperado (ponto
de contactores de membrana desgaseificadora 3). Dependendo da escala da aplicação, vários sistemas em
Na Figura 3 é apresentada uma proposta para o fluxo- paralelo podem ser requeridos, ao passo que, para uma maior
grama do processo de recuperação do CH4-D em efluen- remoção de CH4-D, é recomendada a adoção de vários CMDs
tes de reatores anaeróbios por meio de CMDs. em série alimentados com a mesma linha de ar.
C MF M
Entrada de ar
(ou outro gás de arraste)
1 2
CMD
M M
Efluente anaeróbio
(contendo metano Efluente anaeróbio (com baixos
dissolvido) teores de gases dissolvidos)
Legenda
1: Amostragem da fase
Soprador de ar Válvula aberta líquida e para lavagem à Fase líquida
montante
Filtro para remoção de 2: Amostragem da fase
sólidos Válvula fechada Fase Gasosa (ar
líquida para lavagem à atmosférico)
Válvula de alívio jusante
de pressão 3: Amostragem de gás
Controle e medição de Fase Gasosa
C MF
M fluxo residual (gases residuais)
Manômetro
al
2 Efluente desgaseificado
anaeróbios porPré- meio de contactores de membrana desgaseificadora
Nota Técnicatratamento Contactor de
4 - Recuperação de metano dissolvido em efluentes de reatores
membrana 3 Entrada de ar
anaeróbios
Mora, E.J.C. et al.por meio de contactores
3 de membrana desgaseificadora
Legenda
4
14 Gás residual
Efluente recuperado
do reator UASB
Nota Técnica 41 - Recuperação 2
3 de metano dissolvido
Legenda
em efluentes de reatores
Tabela 1 – Equações para o dimensionamento de um CMD.
anaeróbios por meio de contactores de membrana desgaseificadora
Efluente do reator UASB
12 Efluente desgaseificado
Equação1. SistemaPré-
Figura de contactor de membrana 2 a desgaseificação de efluentes de reatoresObservações
para anaeróbios.
Contactor de Legenda
tratamento 3 Entrada de ar
membranaAm: área de23membrana requerida (m-2
Efluente desgaseificado3 -1) (Wickramasinghe et al., 1993)
Pré- para o dimensionamento de um
Tabela 1. Equações QL: CMD.
vazão
1 do efluente
Efluente do anaeróbio
reator UASB (m ·s )
Contactor
2 de
tratamento 4 KL: coeficiente de transferência de massa da fase líquida (m·s-1). Para a dessorção do CH4-D em
34 Entrada de ar recuperado
membrana Gás residual
1 efluentes de reatores anaeróbios, os valores de KL estão situados entre 0,16.10-5 e 12,6.10-5 m·s-1,
Pré- sendo2a faixa
Efluente desgaseificado
de 1,0.10 -5
a 3,0.10-5 m·s-1 mais usual (Sanchis-Perucho et al., 2020; Henares et al., 2017,
4
Contactor de 2018; Rongwong
4
tratamento Gás residual
et al., 2017; recuperado
Cookney et al., 2016). Para uma estimativa mais precisa de KL, consultar
𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿 1
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒 − 𝐶𝐶𝐶𝐶 ∗ membrana Entrada de de
3 (2007). ar efluentes de reatores anaeróbios.
Figura
𝐴𝐴𝐴𝐴𝑚𝑚𝑚𝑚 =1. Sistema ∙ ln � de contactor � de membrana paraCussler
a desgaseificação
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐿𝐿𝐿𝐿 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿,𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 − 𝐶𝐶𝐶𝐶 ∗ (1) C : concentração de CH -D no afluente do CMD (efluente do reator anaeróbio) (g·m-3). Valores
4 L,af
típicos4 podem
4
Gás residual recuperado
ser obtidos em Brandt et al. (2021a)
Figura
Tabela1. 1.𝐺𝐺𝐺𝐺Sistema
𝐶𝐶𝐶𝐶 Equações 1 depara contactor de membrana para
o dimensionamento de uma desgaseificação
CMD. de efluentes de reatores anaeróbios.
∗ CL,ef: concentração de CH4-D no efluente do CMD (efluente desgaseificado) (g·m-3)
𝐶𝐶𝐶𝐶 =
𝐻𝐻𝐻𝐻 C*: concentração de CH4-D da fase líquida em equilíbrio com o gás residual recuperado (g·m-3).
Tabela
Figura 1. 1.Sistema
Equações para o dimensionamento
𝐴𝐴𝐴𝐴𝑚𝑚𝑚𝑚 de contactor de membrana paradea desgaseificação
um*ACMD.
Equação 1 fornece umade
de efluentes primeira
reatoresaproximação
anaeróbios. da área requerida de membrana. Para o
𝑁𝑁𝑁𝑁 = dimensionamento final, será necessário contatar o fornecedor do CMD.
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿 𝐴𝐴𝐴𝐴𝑚𝑚𝑚𝑚,𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒 − 𝐶𝐶𝐶𝐶 ∗
Tabela
𝐴𝐴𝐴𝐴𝑚𝑚𝑚𝑚 =1. Equações ∙ ln � para o dimensionamento ∗
� de um CMD.
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐿𝐿𝐿𝐿 𝑄𝑄𝑄𝑄 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿,𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒−−𝐶𝐶𝐶𝐶 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿,𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 𝐸𝐸𝐸𝐸 Cg: concentração de CH4 no gás residual recuperado (g·m-3). Correspondente a densidade
𝐺𝐺𝐺𝐺
𝑅𝑅𝑅𝑅𝑄𝑄𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿= =𝐶𝐶𝐶𝐶 − 𝐶𝐶𝐶𝐶 ∗ = multiplicada pela fração volumétrica do gás. A título de exemplo, McLeod et al. (2016) obtiveram
𝐴𝐴𝐴𝐴𝑚𝑚𝑚𝑚∗ = 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺 ∙ ln 𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿� 𝐿𝐿𝐿𝐿,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒𝐻𝐻𝐻𝐻. 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒 � 𝐻𝐻𝐻𝐻
𝐶𝐶𝐶𝐶 = 𝐾𝐾𝐾𝐾𝐿𝐿𝐿𝐿 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿,𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 − 𝐶𝐶𝐶𝐶 ∗ (2) teores de CH4 no gás residual de aproximadamente 30%v/v para relações de vazão de gás/líquido
𝑄𝑄𝑄𝑄𝐻𝐻𝐻𝐻𝐿𝐿𝐿𝐿 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒 − 𝐶𝐶𝐶𝐶 ∗ próximas a 0,1.
𝐴𝐴𝐴𝐴𝑚𝑚𝑚𝑚 = 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺 ∙ ln � � H: constante de Henry para o CH4 em água pura (adimensional gás/líquido).
𝐶𝐶𝐶𝐶 ∗ = 𝐾𝐾𝐾𝐾𝐿𝐿𝐿𝐿 𝐴𝐴𝐴𝐴 𝑚𝑚𝑚𝑚𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿,𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 − 𝐶𝐶𝐶𝐶
∗
𝑁𝑁𝑁𝑁𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝐻𝐻𝐻𝐻
Exemplo = 1.
𝐴𝐴𝐴𝐴
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺 𝑚𝑚𝑚𝑚,𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
∗
𝐶𝐶𝐶𝐶 =
Substituir as𝐴𝐴𝐴𝐴𝑚𝑚𝑚𝑚 equações destacadas em retângulos vermelho pelasde
destacadas
𝑁𝑁𝑁𝑁𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝐻𝐻𝐻𝐻= 𝑄𝑄𝑄𝑄𝐺𝐺𝐺𝐺 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒 − 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿,𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 𝐸𝐸𝐸𝐸 NCMD: Número unidades de
de amarelo
CMDs em abaixo
paralelo
𝑅𝑅𝑅𝑅𝑄𝑄𝑄𝑄
a) Cálculo = 𝐴𝐴𝐴𝐴
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 da𝑚𝑚𝑚𝑚,𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
vazão = média de esgoto=bruto (𝑄𝑄𝑄𝑄 ): (3) Am,CMD: Área de membrana por unidade (m2)
𝐴𝐴𝐴𝐴
𝑄𝑄𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝐿𝐿𝐿𝐿 𝐻𝐻𝐻𝐻. 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒 𝐻𝐻𝐻𝐻 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑁𝑁𝑁𝑁𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 =
𝐴𝐴𝐴𝐴𝑚𝑚𝑚𝑚,𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
𝑄𝑄𝑄𝑄𝐺𝐺𝐺𝐺 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒 1𝐷𝐷𝐷𝐷 − 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿,𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 𝐸𝐸𝐸𝐸
𝑄𝑄𝑄𝑄
𝑅𝑅𝑅𝑅𝑄𝑄𝑄𝑄 = 𝑃𝑃𝑃𝑃 × 𝑄𝑄𝑄𝑄𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 =
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚 = × 86.400𝐷𝐷𝐷𝐷 + 𝑃𝑃𝑃𝑃=× Lrede · hab−1 × 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝐺𝐺𝐺𝐺𝐿𝐿𝐿𝐿 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒𝐻𝐻𝐻𝐻.−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒
𝐿𝐿𝐿𝐿,𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 𝐸𝐸𝐸𝐸 𝐻𝐻𝐻𝐻 RQmin: vazão de ar ou gás de arraste mínima para a recuperação do CH4-D
𝑅𝑅𝑅𝑅𝑄𝑄𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = = = (4)1𝐷𝐷𝐷𝐷 Qg: vazão de ar de arraste (m3·s-1−1 ) 1𝑘𝑘𝑘𝑘𝑚𝑚𝑚𝑚
Exemplo 1.
𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿
𝑄𝑄𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚 = 250.000 𝐻𝐻𝐻𝐻. 𝐶𝐶𝐶𝐶×𝐿𝐿𝐿𝐿,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒
ℎ𝐷𝐷𝐷𝐷𝑎𝑎𝑎𝑎 𝐻𝐻𝐻𝐻 −1 · 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 ×
165 𝐿𝐿𝐿𝐿 · ℎ𝐷𝐷𝐷𝐷𝑎𝑎𝑎𝑎 + 250.000 ℎ𝐷𝐷𝐷𝐷𝑎𝑎𝑎𝑎 × 1,5 𝑚𝑚𝑚𝑚 · ℎ𝐷𝐷𝐷𝐷𝑎𝑎𝑎𝑎 × × 0,1 𝐿𝐿𝐿𝐿 · 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1
E: eficiência de dessorção de CH4-D. 1000𝑚𝑚𝑚𝑚
86.400𝐷𝐷𝐷𝐷
−1
Substituir as equações
· 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑚𝑚𝑚𝑚destacadas em retângulos vermelho pelas destacadas de amarelo abaixo
Exemplo 1. −1
Nota: Constante de Henry - CH : 28,13 para 20°C, 30,38 para 25°C; 32,49 para 30°C; 34,6 para 35°C; e 36,42 para 40°C.
a)𝑄𝑄𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚
Cálculo = 515 𝐿𝐿𝐿𝐿 · 𝐷𝐷𝐷𝐷 média de esgoto
da vazão 4 bruto (𝑄𝑄𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚 ):
Exemplo 1.
Substituir as equações
b) Vazão média destacadas
UASB (QL): em retângulos vermelho pelas destacadas de amarelo abaixo
por reator1𝐷𝐷𝐷𝐷
Substituir
𝑄𝑄𝑄𝑄 = 𝑃𝑃𝑃𝑃as × equações
𝑄𝑄𝑄𝑄𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 × destacadas + 𝑃𝑃𝑃𝑃 em × Lrede retângulos · hab−1 vermelho × 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 pelas destacadas de amarelo abaixo
a) 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚
Cálculo da𝑄𝑄𝑄𝑄vazão média 86.400𝐷𝐷𝐷𝐷 de esgoto
515 𝐿𝐿𝐿𝐿 · 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 bruto (𝑄𝑄𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚 ):
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚
a)𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿Cálculo = da vazão média=de esgoto bruto (𝑄𝑄𝑄𝑄 = 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚
51,5 ): L · 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 (0,0515 𝑚𝑚𝑚𝑚3 · 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 )
1𝐷𝐷𝐷𝐷 1𝐷𝐷𝐷𝐷 1𝑘𝑘𝑘𝑘𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚 = =𝑁𝑁𝑁𝑁𝑃𝑃𝑃𝑃𝑟𝑟𝑟𝑟𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟−𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑆𝑆𝑆𝑆𝑈𝑈𝑈𝑈
250.000× 𝑄𝑄𝑄𝑄𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 ℎ𝐷𝐷𝐷𝐷𝑎𝑎𝑎𝑎 × 1𝐷𝐷𝐷𝐷 × 16510 +𝐿𝐿𝐿𝐿 ·𝑃𝑃𝑃𝑃ℎ𝐷𝐷𝐷𝐷𝑎𝑎𝑎𝑎
× Lrede −1
· 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1
· hab × −1 × 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚+ 250.000 ℎ𝐷𝐷𝐷𝐷𝑎𝑎𝑎𝑎 × 1,5 𝑚𝑚𝑚𝑚 · ℎ𝐷𝐷𝐷𝐷𝑎𝑎𝑎𝑎−1 × × 0,1 𝐿𝐿𝐿𝐿 · 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1
4.2.
𝑄𝑄𝑄𝑄g) = Requerimentos
𝑃𝑃𝑃𝑃 ×
Determinação da86.400𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑄𝑄𝑄𝑄𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 × 86.400𝐷𝐷𝐷𝐷
vazão + de
𝑃𝑃𝑃𝑃 × condicionamento
Lrede · hab
de ar mínima do sistema (𝑄𝑄𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝐺𝐺𝐺𝐺,𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
−1 86.400𝐷𝐷𝐷𝐷
× 𝑇𝑇𝑇𝑇 do
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑚𝑚𝑚𝑚 ), a partir da Equação 4:
microfiltração 1000𝑚𝑚𝑚𝑚 e membranas dinâmicas. O sistema de condicio-
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚
· 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑚𝑚𝑚𝑚−1
efluente
𝑄𝑄𝑄𝑄 = 250.000 do ℎ𝐷𝐷𝐷𝐷𝑎𝑎𝑎𝑎 reator anaeróbio
𝐿𝐿𝐿𝐿 · ℎ𝐷𝐷𝐷𝐷𝑎𝑎𝑎𝑎 −1 −1 · 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 ×1𝐷𝐷𝐷𝐷
1𝐷𝐷𝐷𝐷 namento
−1
× selecionado
1𝑘𝑘𝑘𝑘𝑚𝑚𝑚𝑚
× 0,1 𝐿𝐿𝐿𝐿 · 𝐷𝐷𝐷𝐷deverá
−1 ser adequadamente dimensionado
𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑄𝑄𝑄𝑄 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚 = == 515 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 ×−×165
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒
𝐿𝐿𝐿𝐿 · ℎ𝐷𝐷𝐷𝐷𝑎𝑎𝑎𝑎 165
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4,𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒
𝐿𝐿𝐿𝐿 · ℎ𝐷𝐷𝐷𝐷𝑎𝑎𝑎𝑎 −1 86.400𝐷𝐷𝐷𝐷
+ 250.000 ℎ𝐷𝐷𝐷𝐷𝑎𝑎𝑎𝑎 × 1,5 𝑚𝑚𝑚𝑚 · ℎ𝐷𝐷𝐷𝐷𝑎𝑎𝑎𝑎
+ 250.000 ℎ𝐷𝐷𝐷𝐷𝑎𝑎𝑎𝑎 × 1,5 𝑚𝑚𝑚𝑚 · ℎ𝐷𝐷𝐷𝐷𝑎𝑎𝑎𝑎−1 ×
1𝑘𝑘𝑘𝑘𝑚𝑚𝑚𝑚
1000𝑚𝑚𝑚𝑚
× 0,1 𝐿𝐿𝐿𝐿 · 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1
𝐺𝐺𝐺𝐺,𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 250.000
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚 × · 𝑄𝑄𝑄𝑄
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐿𝐿𝐿𝐿 ×
A vida útil 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4
b) Vazão média por· reator
𝐻𝐻𝐻𝐻 e a 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑚𝑚𝑚𝑚 ×
·demanda
𝐶𝐶𝐶𝐶
𝑘𝑘𝑘𝑘𝑚𝑚𝑚𝑚
−1 𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒 por limpeza dos CMDs são dire-
−1
UASB (QL):
86.400𝐷𝐷𝐷𝐷 para evitar problemas de colmatação e incrustação.
1000𝑚𝑚𝑚𝑚
tamente
𝑄𝑄𝑄𝑄 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚 =
𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚 = 515 = 𝑄𝑄𝑄𝑄relacionadas
515 20 𝐿𝐿𝐿𝐿
𝐿𝐿𝐿𝐿
·
𝑔𝑔𝑔𝑔.
· 𝐷𝐷𝐷𝐷
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚
𝐷𝐷𝐷𝐷
𝑚𝑚𝑚𝑚
−1
−1 −3
−
515 𝐿𝐿𝐿𝐿aos
8 𝑔𝑔𝑔𝑔. 𝑚𝑚𝑚𝑚 −3
· 𝐷𝐷𝐷𝐷 ×−1teores0,0515 de𝑚𝑚𝑚𝑚sólidos
3
· 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 = suspensos 1,02.10−3 𝑚𝑚𝑚𝑚3totais · 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 → 3,66 𝑚𝑚𝑚𝑚3O· ℎitem−1 5 desta NT apresenta mais informações sobre
𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿𝐺𝐺𝐺𝐺,𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
b) = 𝑚𝑚𝑚𝑚 média
Vazão 30,38 porreator ×=20UASB
reator 𝑔𝑔𝑔𝑔. 𝑚𝑚𝑚𝑚−3 (Q = 51,5 L · 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 (0,0515 𝑚𝑚𝑚𝑚3 · 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 )
L):
(SST) no efluente do reator anaeróbio, sendo por isso neces-
b) Vazão 𝑁𝑁𝑁𝑁 média por
𝑟𝑟𝑟𝑟𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟−𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑆𝑆𝑆𝑆𝑈𝑈𝑈𝑈 UASB 10
(Q L ): os problemas relacionados à presença de sólidos na ali-
h) Determinação da vazão de𝐿𝐿𝐿𝐿ar·−1 no
𝐷𝐷𝐷𝐷 −1sistema (QG), para obter um gás residual com 25%v/v (0,25v/v):
g) Determinação 𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚 da vazão 515 515 de 𝐿𝐿𝐿𝐿 ·ar𝐷𝐷𝐷𝐷 mínima do sistema (𝑄𝑄𝑄𝑄𝐺𝐺𝐺𝐺,𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 ), a3 partir da−1 Equação 4:
sário
𝑄𝑄𝑄𝑄
𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 == o condicionamento
𝑁𝑁𝑁𝑁𝑟𝑟𝑟𝑟𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟−𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑆𝑆𝑆𝑆𝑈𝑈𝑈𝑈
== =(pré-tratamento)
= 51,5 51,5 −1 (0,0515
L · 𝐷𝐷𝐷𝐷L · 𝐷𝐷𝐷𝐷(0,0515 𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝑚𝑚𝑚𝑚
−1
𝐷𝐷𝐷𝐷 do
3
−1 )· 𝐷𝐷𝐷𝐷 efluente.
) mentação dos CMDs.
𝑁𝑁𝑁𝑁 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟−𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑆𝑆𝑆𝑆𝑈𝑈𝑈𝑈 1010
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒 − 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4,𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒
Na escolha
𝑄𝑄𝑄𝑄
g) Determinação
Determinação
𝐺𝐺𝐺𝐺,𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑚𝑚𝑚𝑚 = do
dada
𝐻𝐻𝐻𝐻𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4 vazão método
vazão dede ar ar mínima
× 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒 mínima dedocondicionamento
× 𝑄𝑄𝑄𝑄
do𝐿𝐿𝐿𝐿 sistema
sistema (𝑄𝑄𝑄𝑄𝐺𝐺𝐺𝐺,𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
(𝑄𝑄𝑄𝑄𝐺𝐺𝐺𝐺,𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 ), a partir
𝑚𝑚𝑚𝑚 ), a𝑚𝑚𝑚𝑚partir
do efluente,
da Equação
da Equação 4: 4:
as orientações 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒 −3−do 𝐶𝐶𝐶𝐶fabricante
−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4,𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 −3 do CMD devem ser conside- 4.3. Critérios de dimensionamento de contactores
= 20 𝑔𝑔𝑔𝑔. 𝑚𝑚𝑚𝑚× 𝐶𝐶𝐶𝐶− 8 𝑔𝑔𝑔𝑔. 𝑚𝑚𝑚𝑚 × ×
𝑄𝑄𝑄𝑄𝐺𝐺𝐺𝐺,𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒 𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4,𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒
𝑄𝑄𝑄𝑄 𝑚𝑚𝑚𝑚 = 𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿 𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿
×
𝑄𝑄𝑄𝑄𝐺𝐺𝐺𝐺,𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
𝐺𝐺𝐺𝐺,𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = 𝐻𝐻𝐻𝐻 0,0515 𝑚𝑚𝑚𝑚3 · 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 = 1,02.10−3 𝑚𝑚𝑚𝑚3 · 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 → 3,66 𝑚𝑚𝑚𝑚3 · ℎ−1
radas e, se possível, o tamanho das partículas que se deseja
𝐻𝐻𝐻𝐻
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4
30,38 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4 ×
× 𝐶𝐶𝐶𝐶
𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒
20 𝑔𝑔𝑔𝑔. 𝑚𝑚𝑚𝑚 −3
𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑒𝑒𝑒𝑒 de membrana desgaseificadora
20 𝑔𝑔𝑔𝑔. 𝑚𝑚𝑚𝑚−3−3− 8 𝑔𝑔𝑔𝑔. 𝑚𝑚𝑚𝑚−3−3
20 𝑔𝑔𝑔𝑔. 𝑚𝑚𝑚𝑚da vazão
h)𝐺𝐺𝐺𝐺,𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
reter.
𝑄𝑄𝑄𝑄
𝑄𝑄𝑄𝑄
DeterminaçãoHeile
𝑚𝑚𝑚𝑚 = et al.−(2017)
8 de
𝑔𝑔𝑔𝑔. 𝑚𝑚𝑚𝑚
ar no sistema
×recomenda(Q3G·),𝐷𝐷𝐷𝐷3para
0,0515 𝑚𝑚𝑚𝑚
𝐺𝐺𝐺𝐺,𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = 30,38 × 20 𝑔𝑔𝑔𝑔. 𝑚𝑚𝑚𝑚 −3 × 0,0515 𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝐷𝐷𝐷𝐷
−3
−1 obter um gás
a =−1
pré-filtração residual
1,02.10−3 𝑚𝑚𝑚𝑚 3 −1 com 25%v/v
com
= 1,02.10−3· 𝐷𝐷𝐷𝐷𝑚𝑚𝑚𝑚 3 → −1 fil-
· 𝐷𝐷𝐷𝐷 3,66
3 (0,25v/v):
· ℎPara
→𝑚𝑚𝑚𝑚3,66 𝑚𝑚𝑚𝑚3 · ℎo
−1
−1 dimensionamento de um CMD, é necessário o cál-
30,38 × 20 𝑔𝑔𝑔𝑔. 𝑚𝑚𝑚𝑚
tro de 10 μm
h) Determinação da para reduzir
vazão de o risco
ar no sistema deobter
(QG), para colmatação
um gás residualnos CMDs
com 25%v/v (0,25v/v): culo da área de membrana (Equações 1 e 2) e a determi-
h) Determinação da vazão de ar no sistema (QG), para obter um gás residual com 25%v/v (0,25v/v):
comerciais, enquanto o Manual de design e operação para nação do número de contactores em paralelo ou em série
contatores de membrana HFMC (Liqui-Cel Membrane (Equação 3), conforme apresentado na Tabela 1.
Contactors, 2016) sugere que as partículas presentes no
líquido afluente tenham tamanho inferior a 5 μm. 4.4 Exemplo de pré-dimensionamento de um contactor
Conforme caracterização realizada por Alves (2003) e Fonseca de membrana desgaseificadora para a recuperação do
(2019), os diâmetros de partículas predominantes em efluen- CH4-D no efluente de um reator anaeróbio
tes de reatores UASB estão na faixa de 10 a 100 μm. Portanto, Os exemplos seguintes ilustram os cálculos para o dimen-
para atender aos requisitos de condicionamento do efluente, sionamento de CMDs para a recuperação do metano dis-
são utilizados sistemas tais como: membranas de ultrafiltração, solvido no efluente de um reator UASB.
Como QG > QG,min, o sistema seria capaz de atingir pelo menos 60% de recuperação do CH4-D e produzir um gás residual com uma
concentração de CH4 igual a 25%v/v.
Como QG > QG,min, o sistema seria capaz de atingir pelo menos 60% de recuperação do CH4-D e produzir um gás residual com uma
Exemplo
concentração 2 – Estimarde CH igual a área a 25%v/v.de membrana requerida e o número de unidades de CMDs para dessorver o CH4-D remanescente na saída do sistema
Exemplo 2: Estimar4 a área de membrana requerida e o número de unidades de CMDs para dessorver o CH4-D remanescente na saída do
do Exemplo 1 para atingir 95% de remoção total de CH4-D (60% de remoção no sistema CMD 1 para posterior aproveitamento energético; e 35% de
sistema do Exemplo 1 para atingir 95% de remoção total de CH4-D (60% de remoção no sistema CMD 1 para posterior aproveitamento
Exemplo
remoção no 2: Estimar
sistema
energético; e 35% de remoção no𝐶𝐶𝐶𝐶sistema a área
CMD de 2 membrana
sem o requerida
objetivo e
de o número
aproveitamento de unidades de CMDs
energético parado dessorver
gás o CH
residual
𝐿𝐿𝐿𝐿 × 𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿 CMD 2 sem o objetivo de aproveitamento energético do gás residual recuperado). 4 -D remanescente
recuperado). na saída do
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐿𝐿𝐿𝐿 × 𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿do=Exemplo
sistema 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺 × 𝑄𝑄𝑄𝑄1𝐺𝐺𝐺𝐺 para
→ 𝑄𝑄𝑄𝑄atingir
𝐺𝐺𝐺𝐺 = 95% de remoção total de CH4-D (60% de remoção no sistema CMD 1 para posterior aproveitamento
energético; e 35% de remoção no sistema
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺 CMD 2 sem o objetivo de aproveitamento energético do gás residual recuperado).
Dados
Dados dedeentrada: entrada:
−3 −3 )
• Dados
Dados (20
de 𝑚𝑚𝑚𝑚.
entrada 𝑚𝑚𝑚𝑚 e− 8,0 𝑚𝑚𝑚𝑚
resultados · 𝑚𝑚𝑚𝑚 do ×Exemplo 0,05151 𝑚𝑚𝑚𝑚3 · 𝑠𝑠𝑠𝑠 −1
𝑄𝑄𝑄𝑄 = de entrada:
▪ 𝐺𝐺𝐺𝐺 Dados
• Concentração
de entrada e resultados𝐶𝐶𝐶𝐶do
do CH -D𝑄𝑄𝑄𝑄no 𝐿𝐿𝐿𝐿 ×
efluente
Exemplo
𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿
do
1 = 3,7 × 10−3 𝑚𝑚𝑚𝑚3 · 𝑠𝑠𝑠𝑠 −1 do →
CH13,3 𝑚𝑚𝑚𝑚3afluente
· ℎ−1 do sistema de CMD 2 (C ): 8 mg.L-1 (8 g.m-3)
𝐶𝐶𝐶𝐶 × 𝑄𝑄𝑄𝑄
Concentração = 𝐶𝐶𝐶𝐶 × 𝑄𝑄𝑄𝑄
do eCH →
0,25𝑣𝑣𝑣𝑣/𝑣𝑣𝑣𝑣 =
×
4-D no efluente
668 𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝑚𝑚𝑚𝑚sistema
−3 de CMD 1 = Concentração -D no
▪▪ Dados
𝐿𝐿𝐿𝐿 𝐿𝐿𝐿𝐿
de entrada𝐺𝐺𝐺𝐺 𝐺𝐺𝐺𝐺 4 𝐺𝐺𝐺𝐺
resultados 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺 do sistema
do Exemplo 1 de CMD 1 = Concentração do CH4-D no afluente 4 do sistema de CMD 2 (CL,af ): 8 mg.L-1 L,af
(8 g.m-3)
▪ Concentração
Exemplo
Solução: (20 2. do
-3) 𝑚𝑚𝑚𝑚. 𝑚𝑚𝑚𝑚
−3
CH4-D no efluente do sistema de CMD 1 = Concentração do CH4-D no afluente do sistema de CMD 2 (CL,af ): 8 mg.L-1
− 8,0 𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝑚𝑚𝑚𝑚−3 ) × 0,0515 𝑚𝑚𝑚𝑚3 · 𝑠𝑠𝑠𝑠 −1
Solução:(8 g.m
𝑄𝑄𝑄𝑄 =
a) Determinação -D no efluente=dos 3,7CMD× 102−3(C𝑚𝑚𝑚𝑚3):· 𝑠𝑠𝑠𝑠 −1 → 13,3 𝑚𝑚𝑚𝑚3 · ℎ−1
a)𝐺𝐺𝐺𝐺 Determinaçãodada0,25𝑣𝑣𝑣𝑣/𝑣𝑣𝑣𝑣 concentração
concentração × 668 do doCH CH-D−3
𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝑚𝑚𝑚𝑚4 4 no efluente dos CMD 2 (CL,ef): L,ef
Solução:
a) Determinação da concentração do CH4−1 -D no efluente dos −1 CMD 2 (CL,ef):
Exemplo
𝐶𝐶𝐶𝐶
a)𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4,𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒
Determinação =2.(1da−concentração
0,95) × 20do𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 CH·4-D 𝐿𝐿𝐿𝐿 no =
−1
1 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚dos
efluente · 𝐿𝐿𝐿𝐿CMD
−1 2 (CL,ef):
𝐶𝐶𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶4,𝑒𝑒𝑒𝑒 = (1 − 0,95) × 20 𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝐿𝐿 = 1 𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝐿𝐿 .
a) Determinação
𝐶𝐶𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶4,𝑒𝑒𝑒𝑒
Nesse caso, = da
(1 −residual
o gás 0,95) concentração
× 20 não𝑚𝑚𝑚𝑚 será ·do −1 CH
𝐿𝐿 valorizado=4-D no efluente
1 𝑚𝑚𝑚𝑚 𝐿𝐿 . dos CMD 2 (Cdevido
−1
·energeticamente L,ef):
a sua elevada diluição, e deverá ser tratado para oxidação do CH4, por
Nesse
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺 ≈ 0em
caso, → 𝐶𝐶𝐶𝐶 o∗gás 0residual(Bnão
=biofiltro será valorizado energeticamente devido a sua elevada diluição, e deverá ser tratado para oxidação do CH4,
exemplo
Nesse
𝐶𝐶𝐶𝐶
por caso,
𝐿𝐿𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶𝐻𝐻𝐻𝐻4,𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒 =um
o (1
gás residual
− 0,95) não × será
randt20 et al.,
valorizado
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 ·
exemplo em um biofiltro (BRANDT et al., 2021b). Consequentemente, não é requerida 2021b).
𝐿𝐿𝐿𝐿−1
= 1 Consequentemente,
energeticamente
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝐿𝐿𝐿𝐿−1
devido a sua não
elevadaé requerida
diluição, umaser
e deverá
uma concentração
tratado
concentração deelevada
para oxidação
elevada de4,residual,
do gás
CH4 no CH CH4 no gás residual, e pode-se
usar
por arexemplo
e pode-se em excesso. em ar
usar umem Nesse
biofiltro
excesso.(Bcaso,
RANDT Nesse assume-se
et al.,caso,2021b). que: que:
Consequentemente,
assume-se não é requerida uma concentração elevada de CH4 no gás residual,
e pode-se usar ar em excesso. Nesse caso, assume-se que:
𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺 ≈
𝐶𝐶𝐶𝐶 → 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶∗∗∗ =
≈ 00 → = 00
𝐶𝐶𝐺𝐺 ≈ 0 → 𝐶𝐶 = 0
b) Determinação da área de membrana (𝐴𝐴𝑚𝑚,2 ), a partir da Equação 1:
b) Determinação da
b) Determinação daárea
áreadede membrana
membrana ), a partir
(𝐴𝐴𝑚𝑚,2(A da Equação
), a partir 1:
da Equação 1:
Ef. de remoção
80
Ef. de remoção
−160
m,2
CH4-D (%)
𝐶𝐶𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶4,𝑎𝑎𝑎𝑎 − ∗𝐶𝐶 ∗ 3
· 𝑚𝑚−3 − 0
CH4-D (%)
𝑄𝑄𝐿𝐿 0,0515 𝑚𝑚 · 𝑠𝑠 8 𝑔𝑔−3
(%v/v) (%v/v)
𝐶𝐶𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶4,𝑎𝑎𝑎𝑎 − 𝐶𝐶 ) =0,0515 𝑚𝑚 · 𝑠𝑠 3 −1
𝐴𝐴 = 𝑄𝑄 × ln ( × 8
ln 𝑔𝑔
( · 𝑚𝑚 −0 2
)=) = 5.354,5
𝑚𝑚2 𝑚𝑚 (%v/v) (%v/v)
70
𝐿𝐿
50 1 𝑔𝑔 1· 𝑚𝑚𝑔𝑔−3
𝑚𝑚,2 =
𝐴𝐴𝑚𝑚,2 × ln ( 𝐶𝐶𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶4,𝑒𝑒𝑒𝑒 − ∗𝐶𝐶)∗ = 2 × 10
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐿𝐿 𝐶𝐶 − 𝐶𝐶
−5
2 × 10−5 𝑚𝑚 ·𝑚𝑚𝑠𝑠 −1 · 𝑠𝑠×−1ln ( · 𝑚𝑚−−3
0−0
5.354,5
𝐿𝐿 𝐿𝐿−𝐶𝐶𝐶𝐶4,𝑒𝑒𝑒𝑒
60
40
do gás residual
c) Determinação
Determinaçãodo donúmero
númerodedeunidades
deunidades
dede CMDs em paralelo para
cadacada reator UASB (𝑁𝑁𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶,b ), a(N
partir ),daaEquação
3: da3:Equação 3: 80
Ef. de remoção
do gás residual
Ef. de remoção
c) CMDsde em paralelo60
para reator UASB (𝑁𝑁𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶,b ),UASB
a partir da Equação
(%)
c) Determinação
100 do número unidades CMDs em paralelo para cada
100 reator partir 50
de CH4-Dde(%)
CMD,b
de CH4-Dde
70
𝐴𝐴
𝐴𝐴 𝑚𝑚 5.354,5
5.354,5 𝑚𝑚 2 2
𝑚𝑚 50
𝑁𝑁 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶,𝑏𝑏80
𝑁𝑁𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶,𝑏𝑏 = 𝑚𝑚 ==
= == 35,7
35,7 80 41 60
𝐴𝐴𝐴𝐴𝑚𝑚,𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 150𝑚𝑚652 2
𝑚𝑚 62 63 62 600
40
do gás residual
150 67 67 66 55
de Hv2)S (ppmv)
𝑚𝑚,𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
74 73 72 63 68 69 71
de Hv2)S (ppmv)
60
do gás residual
16
65 16 67 66 62 63 62 600
67 15 55 15
20
Composição
60 21 79 74
18 73
17 17
72 63 68 69
16 17 71
2S (ppm
19 21 22 0 20 79 45
60 18 73
18 75 76
19 19 76 76 1200
800
2S (ppm
5. ASPECTOS 7,8 14 13 14 17 DE OPERAÇÃO
6,6ADICIONAIS 400 E MANUTENÇÃO 21 6,6 28 16 19 20
5. 400
ASPECTOS ADICIONAIS DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO 9,8 8,5
Ar 5 7,7 13 17 22 25 30 34
17 29
12 45
Teor de HTeor
12 400 11 1000
Teor de HTeor
Composição
18 17Q 17/A
L m (L·h ·m ) 20 45 16 17 -1 -2
dos sistemas:
dos sistemas:
0
21 colmatação
6,6 7,8 14 13 do
colmatação do módulo, incrustação da membrana
17 19 21 22
14 módulo,
21 incrustação
0 e, da membrana
no8,5caso das membranas e,28noQGcaso/Am (L·h das ·m
18 18 19) 19 19 20 800
membranas
16 9,8
microporosas,
(a) Ar molhamento
microporosas, 5molhamento
7,7
QG13
/Am17 22dos
= 2,1425 poros.
L.h30
dos
-1.m34-2 29Na
poros. 45Erro!
Na Fonte
Erro! de(b)
Fonte referência
de 0 não não
referência encontrada.
QL/Aencontrada. são-1.m
m = 13,6 L.h ilustrados
-2
Ar 0,4 0,9 1,3 2,1 3,2 4,2 6,4 8,6são
13 ilustrados
17 21
QL/Am (L·h-1·m-2)
esses problemas operacionais.
esses problemas operacionais. QG/Am (L·h ·m )-1 -2
5.AASPECTOS ADICIONAIS
0,034 do módulo
colmatação (Erro! -1.m-2 DE
L.hFonte recuperação
de referência não encontrada.a) se deve àdo CH4-D
entrada deem efluentes de reatores anaeróbios
sólidos
de remoção
colmatação do Qmódulo
A(a) G/Am = 2,14
(Erro! Fonte de referência não
(b) encontrada.a)QLse
/Amdeve
= 13,6àL.h
entrada
-1.m-2 de sólidos
suspensos
OPERAÇÃO que pode obstruir o fluxo do efluente do reator anaeróbio e afetar o comportamento
suspensos que E MANUTENÇÃO
pode obstruir o fluxo do efluente
80 Legenda
(Henarese et al.,
do reator anaeróbio afetar 2017; 2018). A pré-filtração do efluente
o comportamento
CH4-D (%)
hidráulico do sistema. Para prevenir esse problema, recomenda-se usar uma pré-filtração, como
Oshidráulico
CMDs 0,034
mencionado do
podem sistema. Para prevenir
apresentar
anteriormente. três problemas esse problema,
principais,recomenda-se
do reator usar umadepré-filtração,
anaeróbio
Remoção CHreduzirá oscomo
problemas de incrustação,
de remoção
4
mencionado anteriormente. 60
Legenda
(%)
que N O
A demandam
incrustação éuma
50 operação
o depósito cautelosa
de materiais nados sistemas:
80
superfície col-
da membrana masquerotinas
dificultaoperacionais
a transferência dedelimpeza física (Quadro 1) e,
Eficiência
2 2
de CH4-Dde(%)
massa do
40 CH através do sistema. De
matação do módulo, incrustação da membrana e, no caso
4 forma geral,
40 a incrustação se forma a 2partir de
Remoção
possivelmente, química da interação
CH 4 serãodanecessárias para manter uma
massa do
superfície
30 CH 4 através do sistema. De forma 60 geral,
da membrana com compostos dissolvidos, partículas sólidas ouNambosa incrustação se forma
H 2 S noa partir
gás da
residual interação
(Erro!O Fonte de da
(%)
50
dassuperfície
membranas microporosas, molhamento dos poros. eficiência de constante no tempo.
ou recuperação
ambos (Erro! de CHde
Eficiência
2 2
referência da membrana
não encontrada.). com compostos dissolvidos, partículas sólidas CH Fonte 4
20 CO42 no gás residual CH4
CHresidual
40
referência não encontrada.). 40
NaEm Figura 4 são ilustrados
particular, a bioincrustaçãoesses problemas partículas orgânicas)Opodem
(proteínas eoperacionais. molhamento os da membrana (Figura 4c) é um pro-
10 H2S afetar CMDs
no gás residual no
30
A colmatação
Em particular, do
processo de recuperação módulo (Figura
do
a bioincrustação CH -D em4a) se deve
4 (proteínas efluentes de reatores
e partículas blema operacional
à entrada orgânicas)
anaeróbios podem afetarexclusivo
(H ENARES et 2017,
os CMDs
al., dasnomembranas micropo-
CH4 no gás residual
2018).200A 0,0
processo pré-filtração
de recuperação do efluente
do CH do-D reator
em anaeróbiodereduzirá
efluentes reatoresos anaeróbios
problemas de
(H incrustação, et mas2017,
al.,
CH4 no gá
0,5 1,0
de sólidos suspensos que pode obstruir o fluxo do efluente
4 1,5 ENARES
rosas (não acontece em membranas densas). É produ-
rotinas10A
2018). operacionais
pré-filtração de do
limpeza
Relação RQ física
efluente do (Quadro 1) e, possivelmente,
reator anaeróbio química serão
reduzirá os problemas necessárias mas
de incrustação,
(c)
dorotinas
reator anaeróbio e afetar o comportamento hidráulico do zido pela penetração total ou parcial da fase líquida nos
para manter uma eficiência de recuperação de CH constante no tempo.
0 operacionais de limpeza física (Quadro 1) e, possivelmente, química serão necessárias
4
sistema.
para 0,0
Para prevenir
manter uma 0,5 1,0
esse problema, 1,5
recomenda-se usar uma poros preenchidos pelo gás, impedindo o transporte dos
O molhamento da eficiência
membrana de
é umrecuperação
problema de CH
operacional 4 constante
exclusivono das
tempo.
membranas microporosas
(c)
Figura
(não 4 - Composição
acontece em Relação
do gásRdensas).
membranas residual recuperado
Q É produzido e eficiência
pela de recuperação
penetração total ou do CH4-D
parcial da em
fasefunção de: (a) a vazão de efluente do reator
líquida
pré-filtração,
Oanaeróbio
molhamento Q
como
; (b)daamencionado
membrana
vazão de ar de éanteriormente.
um problema
arraste Q (c) operacional
teor de CH no gás
gases dissolvidos
exclusivo
residual das membranas
recuperado
(Bougie,
em função da
2013;
microporosas Goh, 2013). No caso de
RQ (QG/QL).
nos poros preenchidos pelo gás, impedindo o transporte dos gases dissolvidos (BOUGIE, 2013;
L G; 4
(não acontece em membranas densas). É produzido pela penetração total ou parcial da fase líquida
GAOHincrustação
, 2013). No (Figura
Fonte: adaptado de caso de 4b)
Centeno-Mora é o depósito
efluenteset al. (2020b)
com elevada concentraçãoefluentes
de materiais de matéria com elevada
orgânica concentração
(como os de matéria orgânica
nos poros
Figura 4 - preenchidos
Composição dopelo gás, impedindo
gás residual recuperadooe transporte
eficiência dedos gases dissolvidos
recuperação do CH4-D em (Bfunção
OUGIEde:, 2013;
(a) a vazão de efluente do reator
naGsuperfície
, 2013).QLda Nomembrana
a caso
vazão dede arque dificulta
efluentes com a elevada
transferênciaconcentração (como os efluentes
derecuperado
matéria de reatores
orgânica (como anaeróbios) e presença de
anaeróbio
OH ; (b) de arraste QG; (c) teor de CH 4 no gás residual
________________________________________________________________________________________________________________ em função da
8 os
RQ (Q G/QL).
de massa do CH4 através do sistema. De forma geral, a
Fonte: adaptado de Centeno-Mora et al. (2020b) surfactantes (como pode ser o caso do esgoto doméstico)
________________________________________________________________________________________________________________
incrustação se forma a partir da interação da superfície o risco de molhamento aumenta devido 8 à menor tensão
da membrana com compostos dissolvidos, partículas superficial da fase líquida. Pesquisas complementares
sólidas ou ambos (Figura 5). são necessárias para esclarecer as condições de opera-
Em particular, a bioincrustação (proteínas e partí- ção seguras para prevenir o molhamento em membra-
culas orgânicas) podem afetar os CMDs no processo de nas microporosas.
Figura 4 – Problemas operacionais em contactores de membrana desgaseificadora durante a recuperação do CH4 dissolvido em
efluentes de reatores anaeróbios: (a) colmatação do módulo; (b) incrustação da membrana; (c) molhamento dos poros.
Adsorção Legenda
Bloqueio dos poros Formação de torta
Efluente do reator
Fase líquida
anaeróbio
Nota Técnica 4 - Recuperação de metano dissolvido em efluentes de reatores anaeróbios por meio de contactores de membrana desgaseificadora
Figura 5. Mecanismos de incrustação das membranas.
Fonte: adaptado de Baker (2012)
esteve abaixo de aproximadamente 2,1 L·h-1·m-2 (relação Tabela 2 – Características do CMD de fibra microporosa usado
Fluxo tangencial
RQ de 0,15). A análise da Figura 8c permite concluir
/ limpezaque em escala piloto.
com
para valores de RQ superiores a aproximadamente 0,25 não gás Característica Valor ou especificação
Material das fibras Polipropileno
existe uma influência clara entre a eficiência de recupera-
Torta dinâmica Tamanho de poro (μm) 0,04
ção do CH4 e a RQ, o que sugere que um aumento de QG Porosidade (%) 40
não influiria na eficiência do processo, mas diluiria o gás Número de fibras 10.200
residual recuperado. Meio de suporte Diâmetro interno das fibras (μm) 220
Bloqueio de poros Diâmetro externo das fibras (μm) 300
Em relação à composição do gás residual recuperado, o teor
Sem camada dinâmica Espessura dasCom fibrascamada
(μm) dinâmica 40
de CH4 segue uma tendência oposta à eficiência de recupera- Área de membrana (m2) 1,4
Sólidos de menor tamanho Aglomeração de sólidos
ção do CH4-D, visto que são observados maiores teores de CH4 Diâmetro do módulo (mm) 77
Figura 6. Conceito de membrana dinâmica. Comprimento do módulo (mm) 254
no gás residual para valores de QL maiores e de QG menores.
Fonte: adaptado de Ersahin et al. (2012)
3
Reator UASB
(V = 14,0 m3) CMD
(Am = 1,4 m2)
Soprador de ar
Sistema de
Escala (m) acondicionamento e Escala (m)
recuperação de CH 4-D por
0 1,0 2,0 0 0,25 0,50 0,75 1,0
meio de CMD
Legenda 1 Efluente do reator UASB (com elevados teores de gases dissolvidos)
Fase líquida Módulo pressurizado de membrana dinâmica (A f = 0,33 m 2) para
2
Fase gasosa (ar atmosférico) acondicionamento do efluente anaeróbio (3 unidades em paralelo)
Fase gasosa (gases residuais) 3 Efluente anaeróbio (com baixos teores de gases dissolvidos)
(a)(a) Biogás
4 Gases residuais (para unidade de tratamento)
________________________________________________________________________________________________________________
16
(b)
Figura 7 – Sistema piloto de recuperação de CH4-D por meio de CMD: (a) corte esquemático; (b) fotografias do sistema.
A análise da Figura 8c mostra que é possível a pro- do processo de difusão e a eficiência de recuperação
dução de um gás residual com teores de CH4 de 45%v/v do CH4-D. Adicionalmente, os resultados experimen-
(R Q de 0,03) e 28%v/v (RQ de 0,07). No entanto, na tais permitem concluir que o gás residual recuperado
Figura 8b se observa que para o último ponto, com é composto por uma mistura de gases, com concentra-
uma RQ de 0,05, foi gerado um gás residual com baixo ções significativas de CH4, nitrogênio (N2), oxigênio
teor de CH4 (22%v/v). A diferença em relação aos dados (O2), dióxido de carbono (CO2) e sulfeto de hidrogê-
da Figura 8a se deve à menor concentração de CH4-D nio (H2S), os quais deverão ser considerados para seu
na alimentação do sistema, o que reduz a força motriz uso energético posterior.
(a) (b)
(c)
Fonte: adaptado de Centeno-Mora et al. (2020b)
Figura 8 – Composição do gás residual recuperado e eficiência de recuperação do CH4-D em função de: (a) a vazão de efluente do
reator anaeróbio QL; (b) a vazão de ar de arraste QG; (c) teor de CH4 no gás residual recuperado em função da RQ (QG/QL).
REFERÊNCIAS
ALVES, C. V. P. Ampliação de escala e avaliação de um fotoreator perspectives. Reviews in Environmental Science and Biotechnology, v.
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Emanuel Manfred Freire Brandt1, Cláudio Leite de Souza2, Erick Javier Centeno Mora3,
Juliana Mattos Bohrer Santos4, Carlos Augusto de Lemos Chernicharo5*
RESUMO ABSTRACT
Nos efluentes de reatores anaeróbios estão presentes gases produzidos Nos efluentes de reatores anaeróbios estão presentes gases produzidos
durante o processo de tratamento (p. ex.: CH4 e H2S). As técnicas de controle durante o processo de tratamento (e.g. CH4 and H2S). The techniques
das emissões gasosas desses gases abordadas nesta coletânea de Notas for controlling the emissions of the gases presented in this collection
Técnicas (NTs) baseiam-se no princípio da dessorção dos gases dissolvidos of Technical Notes (TNs) are based on the principle of desorption of
no efluente (p. ex.: CH4 e H2S), por meio de sua transferência para a fase the dissolved gases in effluent, through their transfer to the gaseous
gasosa. O gás resultante, chamado de gás residual, deve ser adequadamente phase. The resulting gas, called waste gas, must be properly managed,
gerenciado, por exemplo, por meio da sua destruição/oxidação em biofiltros for example, by means of its destruction/oxidation in biofilters or
ou biopercoladores. Essas técnicas de biofiltração também podem ser usadas biotrickling filters. These biofiltration techniques can also be used to
no tratamento do gás residual gerado em zonas confinadas para controle treat the waste gas generated in confined areas for odor and corrosion
de odor e corrosão nas estações de tratamento de esgotos (ETEs). Nesse control in the sewage treatment plants (STPs). In this sense, the
sentido, a presente NT busca contribuir para o conhecimento do processo present TN seeks to contribute to the knowledge of the H2S and CH4
de tratamento do H2S e do CH4 por meio da biofiltração. As condições treatment process through biofiltration. The necessary conditions for
necessárias para a biofiltração do H2S e do CH4 são bastante diferenciadas, the biofiltration of H2S and CH4 are quite different, reaching H2S removal
atingindo eficiências de remoção do H2S entre 90% e 100% para tempos de efficiencies between 90% and 100% for detention times between 1 and
detenção entre 1 e 2 min, e eficiências de remoção do CH4 entre 70% e 100% 2 min, and CH4 removal efficiencies between 70% and 100% for much
para tempos de detenção bem maiores, entre 20 e 30 min, considerando o longer detention times, between 20 and 30 min, considering the use of
uso de sistemas de biorreatores sequenciais. sequential bioreactor systems.
Palavras-chave: biofiltro; biopercolador; metano; reator UASB; sulfeto de hidrogênio. Keywords: biofilter; biotrickling filter; methane; UASB reactor; hydrogen sulfide.
1
Químico Industrial pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Mestre e Doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG). Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Diretor Técnico da Brandt
Meio Ambiente Ltda. Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
2
Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Mestre e Doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG). Professor associado do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG. Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
3
Engenheiro Civil pela Universidad de Costa Rica (UCR). Mestre em Tratamento e Gestão do Solo, Águas e Resíduos pela Universidade Parisiense AgroParisTech. Aluno de
Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG. Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
4
Engenheira Ambiental e Sanitarista pela UFJF. Mestre e aluna de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG.
Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
5
Engenheiro Civil pela UFMG. Doutor em Engenharia Ambiental pela Universidade de Newcastle upon Tyne – UK. Professor titular aposentado do Departamento de
Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG. Coordenador do INCT ETEs Sustentáveis.
* Endereço para correspondência: Avenida Antônio Carlos 6.627 – Universidade Federal de Minas Gerais - Escola de Engenharia – Departamento de Engenharia Sanitária e
Ambiental – Bloco 1. Belo Horizonte, MG. CEP: 31270-901. e-mail: calemos@desa.ufmg.br
1. INTRODUÇÃO escala real mostra que as seguintes técnicas são mais utilizadas
O tratamento de esgoto por meio de reatores anaeróbios (Brandt et al., 2019): absorção físico-química (lavadores de
gera subprodutos gasosos, notadamente metano (CH4) e gás), adsorção e biofiltração (processos biológicos como bio-
sulfeto de hidrogênio (H2S), para os quais existem várias filtros e biopercoladores). Devido à baixa afinidade do CH4
opções de gerenciamento – ver primeira nota técnica (NT 1) com os solventes químicos e adsorventes comumente usados
desta coletânea (Brandt et al., 2021a). Os problemas de nos processos físico-químicos para o tratamento do H2S, os
odor e corrosão geralmente estão associados às emissões processos biológicos se destacam como uma alternativa pro-
fugitivas de H2S que ocorrem naturalmente em várias eta- missora para o tratamento de gases residuais contendo bai-
pas do tratamento (estações elevatórias; tratamento pre- xos teores de CH4 (Brandt et al., 2019). Adicionalmente, os
liminar; canais e caixas de distribuição de esgoto e coleta aspectos econômicos (custos de implantação, operação, manu-
de efluente do tratamento anaeróbio; áreas de desagua- tenção; e requisitos de energia e de produtos químicos) são
mento de lodo). Para o gerenciamento dessas emissões amplamente favoráveis aos métodos de combustão direta e aos
fugitivas, uma opção é o confinamento e a exaustão das biofiltros (Chernicharo et al., 2010; Estrada et al., 2012).
fontes emissoras, gerando correntes gasosas residuais que Nesse sentido, a presente NT tem como objetivo contribuir
devem ser submetidas ao tratamento para destruição do para o conhecimento do processo de tratamento do H2S e do CH4
H2S e de outros gases odorantes (Brandt et al., 2021a). por meio da biofiltração, abarcando pontos de interesse como:
Outra importante fonte de emissão difusa nas estações de (i) aplicabilidade e limitações; (ii) fundamentos do processo; (iii)
tratamento de esgoto (ETEs) está associada aos gases dissol- critérios de dimensionamento; (iv) operação e manutenção; e
vidos nos efluentes de reatores anaeróbios. Nesse caso, além (v) estudo de caso. A NT 6 subsequente a esta (Brandt et al.,
do H2S, ocorrem emissões significativas de CH4, um impor- 2021b) busca contribuir com o conhecimento para aplicação da
tante gás de efeito estufa (GEE) (Brandt et al., 2021a). Para combustão direta na destruição térmica ou no aproveitamento
o gerenciamento das emissões associadas aos gases dissolvi- energético de gases residuais contendo H2S e CH4.
dos nos efluentes anaeróbios, diversas técnicas de dessorção
de gases podem ser utilizadas (NTs 2, 3 e 4 desta coletânea 2. APLICABILIDADE, LIMITAÇÕES,
- Centeno-Mora et al., 2021; Nelting et al., 2021; Souza EFICIÊNCIAS E CUSTOS
et al., 2021). As diversas técnicas de dessorção estudadas O uso de sistemas de biofiltração para o tratamento de gases resi-
nas notas técnicas desta coletânea geram gases residuais em duais gerados em ETEs com reatores anaeróbios pode se consti-
vazões e com teores de H2S e CH4 variáveis. Dentre essas téc- tuir em uma alternativa atrativa quando houver necessidade de:
nicas, as câmaras de dessorção (NT 2 - Souza et al., 2021) 1. Tratamento de correntes gasosas residuais geradas em zonas
produzem um gás residual com baixo teor de CH4, o que na confinadas para controle de odor e corrosão (p. ex.: trata-
maioria das vezes inviabiliza o seu aproveitamento energé- mento preliminar). Nesse caso, o gás residual exaurido das
tico, embora seja possível a sua utilização em queimadores de zonas confinadas possui baixos teores de H2S (<50 ppmv –
biogás em algumas situações (NT 6 - Brandt et al., 2021b). partes por milhão) e são esperadas eficiências próximas a
Nesse sentido, o gás residual gerado na câmara de dessorção 100% na remoção do H2S em uma única etapa de biofiltra-
é mais comumente submetido a algum tipo de tratamento, ção. Se a ETE possuir etapa de tratamento aeróbio da fase
assim como é feito com o gás residual gerado em zonas con- líquida, primeiramente deve-se avaliar a possibilidade de
finadas para o controle de odor e corrosão. tratamento do gás residual por oxidação biológica direta
Várias técnicas podem ser utilizadas para o tratamento do a partir do seu insuflamento em difusores submersos no
H2S presente em gases residuais gerados em ETEs, algumas tanque biológico aeróbio.
das quais também podem ser potencialmente utilizadas no 2. Tratamento de correntes gasosas residuais geradas em
tratamento do CH4 residual. A experiência atual no projeto e câmaras de dessorção utilizadas para a remoção de gases
na operação de sistemas para controle de odor e corrosão em dissolvidos em efluentes de reatores anaeróbios, objetivando
o controle de odor e corrosão na ETE. Nesse caso, o gás em todo o mundo, notadamente em países emergentes como
residual deve apresentar maiores teores de H2S (da ordem o Brasil (Estrada et al., 2012). Considerando a construção de
de até 500 ppmv) e são esperadas eficiências entre 95% e sistemas na cidade de São Paulo (custo de capital = 5%, capaci-
100% na remoção do H2S em uma única etapa de biofil- dade de tratamento = 50.000 m3·h-1), os biofiltros se mostram
tração. Se a ETE possuir etapa de pós-tratamento aeróbio como a alternativa mais econômica (1,6 mi€ a valor presente),
da fase líquida, primeiramente deve-se avaliar a possibi- seguidos dos biopercoladores (1,8 mi€ a valor presente), dos
lidade de oxidação biológica direta do H2S dissolvido na lavadores químicos (2,6 mi€ a valor presente) e dos filtros de
etapa aeróbia. Nesse caso, o efluente anaeróbio deve ser adsorção com carvão ativado granular (3,8 mi€ a valor pre-
introduzido de forma submersa no reator aeróbio e o seu sente) (Estrada et al., 2012). Segundo Estrada et al. (2012),
encaminhamento até o pós-tratamento deve ser feito em na cidade de São Paulo, 50% dos custos operacionais do bio-
canais fechados, livre de quedas d’água e turbulências. filtros estão associados à substituição do material de enchi-
3. Tratamento de correntes gasosas residuais geradas em mento, 30% à mão de obra, 15% aos gastos com energia e 5%
câmaras de dessorção utilizadas para a remoção de ao consumo de água. No caso dos biopercoladores, enquanto
gases dissolvidos em efluentes de reatores anaeróbios, 50% dos custos operacionais também estão associados à subs-
objetivando o controle de odor/corrosão na ETE e a tituição do material de enchimento, 40% estão associados aos
redução das emissões de GEE (CH4). As condições e gastos com energia e água (em proporções iguais) e 10% com
eficiências de remoção do H2S são semelhantes ao caso mão de obra. Vale notar os maiores gastos com energia e água
anterior. Para o CH4, são esperados teores de até 5%v/v quando se opta pelo uso dos biopercoladores.
no gás residual e eficiências de remoção variáveis entre
70% e cerca de 100% em duas etapas de biofiltração. 3. FUNDAMENTOS DO PROCESSO
(b)
(a) (b)
Figura 1 – Sistemas de biofiltração para o tratamento de gases residuais gerados em ETEs com reatores anaeróbios: (a) biofiltro;
(b) biopercolador.
No processo de biofiltração, o gás residual é insuflado 3.3. Características dos sistemas de biofiltração
em um reator e passa através de um material de enchi- Os materiais de enchimento originalmente usados em
mento, sobre o qual microrganismos crescem aderidos biofiltros eram constituídos tão-somente por camadas de
e oxidam os compostos gasosos de interesse. Para per- solo e materiais oriundos da compostagem de resíduos.
mitir o crescimento dos microrganismos (biofilme), um Esses materiais podem fornecer tanto os microrganismos
sistema de umidificação (sistema de aspersão de água necessários ao processo quanto os nutrientes necessários ao
acionado em regime intermitente) mantém uma pequena desenvolvimento desses microrganismos. A grande limi-
película líquida sobre o material de enchimento1. Já em tação do uso desses materiais é a degradação e a compac-
um biopercolador, a água é aplicada a uma taxa muito tação gradual, o que resulta na redução da porosidade do
superior àquela empregada nos biofiltros e, além disso, leito filtrante e no aumento das perdas de carga do fluxo
segue em circuito fechado, formando um fluxo contínuo de gás. Materiais inorgânicos e/ou sintéticos (p. ex.: britas;
de fase líquida. perlitas; materiais plásticos) têm sido aplicados juntamente
com os materiais naturais e/ou orgânicos, objetivando o
3.2. Princípio de funcionamento reforço e a estruturação do leito filtrante e, consequente-
dos sistemas de biofiltração mente, o aumento da sua permeabilidade.
A remoção de poluentes pelos processos de biofiltração Em diversas aplicações práticas, os materiais naturais/
(biofiltros e biopercoladores) envolve uma série de meca- orgânicos foram completamente substituídos por mate-
nismos de transporte de massa e de transformações bio- riais inorgânicos/sintéticos, porém, por não possuírem
lógicas, segundo as seguintes etapas (Kennes e Veiga, em sua constituição os nutrientes necessários ao desen-
2001): (i) dissolução do poluente gasoso em um meio volvimento dos microrganismos, na fase líquida utilizada
líquido; (ii) transporte de massa através do meio líquido, para a umidificação dos leitos filtrantes foram adiciona-
por mecanismos de difusão; e (iii) utilização do poluente dos nutrientes como nitrogênio, fósforo, potássio, ferro
pelo biofilme aderido a um meio suporte. A capacidade de etc. Com a adição de nutrientes e aumento da velocidade
remoção do poluente poderá ser limitada tanto pela sua superficial de aplicação da fase líquida dos reatores bio-
difusão no meio líquido quanto pela taxa de reação bio- lógicos, modificou-se o conceito original dos biofiltros,
lógica. Geralmente, poluentes que possuem baixa solubi- introduzindo uma nova configuração de reator chamada
lidade/difusividade em água (p. ex.: CH4 presente no gás de biopercolador. A principal diferença entre um biofiltro
residual) conduzem a limitações vinculadas ao transporte e um biopercolador, portanto, é a funcionalidade e forma
de massa. De outro modo, para gases poluentes que apre- de aplicação da fase líquida.
sentam elevada solubilidade/difusividade em água (p. ex.:
H2S presente no gás residual), o processo poderá ser limi- 4. CRITÉRIOS E PARÂMETROS DE PROJETO
tado pela taxa de reação biológica.
No caso do H2S, as reações biológicas são realizadas 4.1. Diagrama unifilar dos sistemas de biofiltração
por bactérias aeróbias oxidadoras de sulfeto que condu- utilizados para o tratamento de gases residuais
zirão a formação do enxofre elementar (S0) ou do sulfato Na Figura 2 é apresentada uma proposta para o fluxo-
(SO42-). A oxidação do H2S pode gerar condições ácidas grama de um sistema com um biofiltro aberto escavado
nas quais essas bactérias se adaptam bem. Com relação em solo para o tratamento do H2S presente em gases
aos biofiltros para a remoção de CH4, as reações bioló- residuais. Já na Figura 3 é apresentada outra proposta
gicas são processadas por uma comunidade de bactérias de fluxograma com um biofiltro fechado, também objeti-
metanotróficas aeróbias que convertem CH4 em CO2 e vando o tratamento do H2S. Neste fluxograma, o biofiltro
biomassa (Brandt et al., 2019). fechado poderia ser substituído por um biopercolador.
1 Eventualmente, o excesso de umidade é recolhido por um dreno de fundo.
Gás residual
Notatratado
Técnica 5 - Sistemas de biofiltração para tratamento de gases residuais
Água
Gás residual
Gás residual tratadodo
tratado Recirculação
A opção pelo uso de um biofiltro fechado no lugar de massa do gás para o biofilme geralmente não é um
Nutrientes da fase
aberto contribui para um maior controle da umidade fator limitante aos processos de biofiltração de gases líquida
Gás residual
Drenagem
do material de enchimento, bem como para uma maior mais solúveis e que ionizam tratado
em água (como é o caso do
Recirculação
Gás Nutrientes da fase
facilidade na coleta de amostras do gás residual tratado. H2S), mas poderesidual
ser fator-chave na biofiltração
líquida
de gases
Gás Drenagem
Por outro lado, os custos para a construção de biofiltros
residual menos solúveis em água (como é o caso do CH4). Dessa Bomba
Gás
fechados são maiores.Gás Legenda forma,
residual conforme será tratado adiante, para o tratamento
residual Bomba
As condições necessárias para Fase biofiltração do H2S e
agasosa CH4 são
do Fase necessários tempos de
líquida detenção do gás muito
Legenda
do CH4 são bastante diferenciadas, já que a transferência maiores, resultando em biofiltros também muito maiores.
Fase gasosa
Figura 1. Sistemas de biofiltraçãoFase líquida
para o tratamento de gases residuais gerados em ETEs com reatores anaer
(a)1.biofiltro;
Figura Sistemas de (b)biofiltração
biopercolador.
para o tratamento de gases residuais gerados em ETEs com reatores anaeróbios:
(a) biofiltro; (b) biopercolador.
1 Gás residual tratado
1 Adição de Gás residual tratado
Adição de
(para atmosfera)
Gás residual C MF umidade (para atmosfera)
Gás residual C MF umidade
(vem
(vem de áreasde áreas confinadas
confinadas ou da ou da
câmara câmara de dessorção)
de dessorção)
2 2
Dreno
Dreno
Legenda
Legenda
Exaustor
Válvula
2: Medição de umidade
Fase Gasosa
fechada (gases residuais)
Válvula Fase Gasosa
Exaustor 2: Medição de umidade
Controle e 1: Amostragem à fechada
Fase líquida Material de (gases residuais)
C MF
medição de fluxo montante (água) enchimento
Controle e 1: Amostragem à Fase líquida Material de
C MF
medição de fluxo montante (água) enchimento
Figura 2. Diagrama unifilar do processo de biofiltração de gases odorantes em biofiltro aberto escavado em solo.
Figura 2 – Diagrama unifilar do processo de biofiltração de gases odorantes em biofiltro aberto escavado em solo.
Figura 2. Diagrama unifilar do processo de biofiltração de gases odorantes em biofiltro aberto escavado em so
Adição de
Adição de
umidade
umidade
Gás residual tratado
Gás residual tratado
(para atmosfera) (para atmosfera)
3 3
Gás residual
Gás residual C MF C MF
2
(vem de áreas confinadas
2
(vem de áreasouconfinadas
da ou da
câmara de dessorção)
câmara de dessorção) Dreno
Dreno
1
1
Legenda
Legenda
Exaustor Válvula fechada 1: Amostragem à montante
Exaustor Válvula fechada 1: Amostragem à montante
Controle e Fase líquida
C MF 2: Amostragem à jusante
medição de fluxo (água)
Controle e Fase líquida
________________________________________________________________________________________________________________
CMF
medição de fluxoFase Gasosa (água)
2: Amostragem à jusante 12
Material de
3: Medição de umidade
enchimento (gases residuais)
Material de Fase Gasosa
3: Medição de umidade
enchimento (gases residuais)
Se o interesse for o tratamento conjunto de odores (H2S) mostradas na Tabela 1 são elementos cruciais na ope-
e CH4 presentes no gás residual, recomenda-se a ins- ração dos biorreatores, cujos detalhes são apresentados
talação de dois biofiltros em série, sendo o primeiro em sequência.
destinado ao tratamento dos compostos odorantes e Alturas do meio suporte. Tipicamente, as alturas do meio
o segundo destinado ao tratamento do CH 4 (ver flu- suporte variam da seguinte forma (Brandt et al., 2019):
xograma apresentado na Figura 4). Na biofiltração de 1. Biofiltros: de 0,6 m a 1,2 m (frequentemente 1,0 m).
misturas gasosas contendo H2S e CH4, deve-se atentar 2. Biopercoladores: até 3,0 m.
para possíveis efeitos inibitórios sobre a atividade dos
microrganismos metanotróficos (oxidadores do CH4) Razões volumétricas das misturas de materiais no leito
em decorrência da acidificação do leito filtrante provo- filtrante. Os materiais fibrosos/inertes/sintéticos usados
cada pela oxidação biológica do H2S, sendo esse efeito em biofiltros e biopercoladores (para melhorar a poro-
minimizado pelo sistema de biorreatores sequenciais, sidade e estrutura do leito filtrante) podem ser: perlitas,
onde no primeiro se faz a oxidação do H2S (com con- argilas expandidas, silicatos, materiais cerâmicos ou de
sequente acidificação do leito filtrante) e no segundo vidro, materiais plásticos, turfa fibrosa e outros materiais
se faz a oxidação biológica do CH4 em pH próximo à fibrosos sintéticos (resinas) ou materiais fibrosos naturais
neutralidade. provenientes do coco, da cana-de-açúcar e do eucalipto,
cavacos de madeira, entre outros. A mistura de materiais
4.2. Critérios de dimensionamento fibrosos/inertes/sintéticos e substratos orgânicos/natu-
de biofiltros e biopercoladores rais proporciona melhores condições hidrodinâmicas
Nos biofiltros e biopercoladores, o meio suporte (material ao leito filtrante, mantendo a fonte de microrganismos e
de enchimento) tem a função de apoiar o crescimento nutrientes. As razões volumétricas dessas misturas variam
dos microrganismos, reter umidade e, em alguns casos, da seguinte forma (Brandt et al., 2019):
fornecer os nutrientes para os microrganismos. A seleção 1. Materiais orgânicos/naturais: de 40% a 80% do leito
do meio suporte depende dos critérios biológicos, hidro- filtrante.
dinâmicos e econômicos apresentados na Tabela 1. Além 2. Materiais fibrosos/inertes/sintéticos: de 20% a 60% do
disso, várias propriedades dos materiais de enchimento leito filtrante.
Fluxo de gás. A transferência de massa dos poluen- de aplicação superficial de até 150 m3·m-2·h-1) ou cargas
tes entre as fases gasosa e líquida (biofilme) e as taxas de acima de 5-6 g·m-3, obviamente dependendo das caracte-
degradação biológica são afetadas pela composição do rísticas dos poluentes (Chernicharo et al., 2010; Kennes
fluxo de gás. As vazões da corrente gasosa determinam e Veiga, 2001).
as taxas de aplicação superficial (TAS) do gás e o tempo Nesse sentido, na Tabela 2 são apresentados os prin-
de detenção em leito vazio (TDLV), estando diretamente cipais parâmetros para o dimensionamento de biofil-
relacionadas às eficiências de remoção dos poluentes. tros e biopercoladores para a remoção de H2S e CH4.
Em ETEs, os sistemas de biofiltração em geral não são Considerando o estágio atual de desenvolvimento da
técnicas economicamente viáveis para o tratamento de tecnologia, não é recomendado o uso de biopercolado-
fluxos gasosos maiores que 90.000-100.000 m3·h-1 (taxas res para a remoção de CH4.
Tabela 1 – Critérios básicos utilizados na seleção de materiais de enchimento utilizados em sistemas de biofiltração de gases residuais.
Propriedades
Importância Critério Faixas típicas das propriedades
determinantes
• Tamanho de partículas: varia amplamente em função dos materiais
• Maior área disponível • Tamanho de empregados e da escala dos reatores (laboratório, piloto ou plena). Quando
para o crescimento do partículas utilizado composto orgânico, turfa ou solo, varia de < 2mm a 12mm, podendo
biofilme • Área específica conter fragmentos maiores da compostagem (10-20 mm) que auxiliam na
hidrodinâmica do leito filtrante. Quando utilizado material inorgânico e/ou
sintético, a faixa é ainda mais ampla, variando dos valores anteriormente
• Disponibilidade de • Composição mencionados até 35 mm no caso do uso de biosorventes sintéticos, anéis
nutrientes química (C/N/P) randômicos do tipo Pall Rings, esferas de plástico do tipo Jaeger Tri-Packs,
espumas de poliuretano, argilas expandidas e outros.
• Capacidade de retenção • Umidade • Área específica: 300 a 1.000 m2·m-3; embora alguns grupos de pesquisa já
de umidade tenham empregado materiais com áreas específicas de até 1.360 m2·m-3.
Biológica • Composição química: proporção de carbono, nitrogênio e fósforo (C/N/P) na
faixa de 70-230/5-15/1-3.
• Capacidade de drenagem • Umidade
• Umidade: os materiais devem ter capacidade de manter a umidade entre 40 e
de subprodutos do • Porosidade total
60% (no caso do H2S); embora alguns estudos recomendem valores menores
metabolismo microbiano do leito filtrante
(10 a 50%) para a biofiltração de gases com baixa solubilidade e difusividade
em água (p. ex.: CH4).
• Capacidade de • pH • Porosidade total do leito filtrante: 0,5 a 0,9, sendo os maiores valores obtidos
tamponamento pelos materiais inertes e/ou sintéticos.
• pH: os materiais devem ter capacidade de manter o pH do meio numa faixa de
6,0 a 8,0. Porém, a necessidade de tamponamento do leito filtrante depende
da comunidade de microrganismos envolvidos. Valores tão baixos quanto 1,0-
4,0 podem ser utilizados na biofiltração do H2S.
• Resistência • Resistência mecânica e biodegradabilidade: não existem indicações de
• Menor compactação do valores típicos. Devem ser determinados empiricamente pela operação de
mecânica
leito a longo prazo reatores em escala de laboratório ou piloto em estudos de longo prazo.
• Biodegradabilidade
• Perda de carga: varia amplamente em função dos tamanhos das partículas
dos materiais empregados e da TAS de operação. Quando são utilizados
materiais orgânicos/naturais com menores dimensões, a exemplo do
composto orgânico, da turfa ou do solo, varia de aproximadamente 15 a 1.200
Hidrodinâmica • Tamanho de mm c.a. por m de leito filtrante. Quando são utilizados materiais com maiores
partículas dimensões, a exemplo de rochas, argilas expandidas, lascas de madeira,
• Menor resistência ao
• Porosidade total carvão ativado etc., varia de aproximadamente 5 para partículas maiores que
fluxo de gás
do leito filtrante 12mm a 600 mm c.a. por m de leito filtrante para partículas menores que 3
• Perda de carga mm. Quando há uma mistura de materiais orgânicos/naturais com materiais
com maiores dimensões, valores intermediários são obtidos, 10-30 mm c.a.
por m leito filtrante. A utilização de espumas e materiais fibrosos pode levar a
perdas de carga extremamente baixas, variando de menos de 0,5 a 30 mm
c.a. por m de leito filtrante.
• Custo: materiais inorgânicos/sintéticos em geral demandam investimentos mais de
• Facilidade de obtenção
Econômica • Custo dez vezes maiores do que os investimentos requeridos para a utilização de materiais
e simplicidade
orgânicos/naturais (solo, composto orgânico, turfa, lascas de madeira etc.).
Fonte: Brandt (2016)
Tabela 2 – Parâmetros de projeto/operacionais e desempenho de biofiltros e biopercoladores utilizados para o tratamento do H2S e
do CH4 presentes em gases residuais gerados em ETEs.
Faixa típica
Parâmetro H2S CH4
Biofiltro Biopercolador Biofiltro
0,02 a 4,00%v/v
Concentração afluente ~1 a 2.650 ppmv ~1 a 3.862 ppmv
(200 a 40.000 ppmv)
Carga volumétrica < 0,1 a 865 gS-H2S∙m-3∙h-1 < 0,1 a 11.830 gS-H2S∙m-3∙h-1 0,1 a 80,0 gCH4∙m-3∙h-1
Tempo de detenção em leito vazio (TDLV) 15 a 130 s 1,6 a 120 s 20 a 80 min
Taxa de aplicação superficial do gás (TAS) 5 a 115 m ∙m ∙h
3 -2 -1
20 a 6.300 m ∙m ∙h
3 -2 -1
0,6 a 2,0 m3∙m-2∙h-1
Eficiência de remoção 90 a ~100% 95 a ~100% 70 a 100%
pH 1,0 a 8,5 1,0 a 9,0 Próximo à neutralidade
Fonte: Brandt et al. (2019)
Tendo em mente todas as características e parâmetros de cálculos para o dimensionamento dos biorreatores
mencionados anteriormente, é possível determinar as dimen- consta no Quadro 1 (ver exemplo no tópico subsequente).
sões do biofiltro ou do biopercolador. Primeiramente, é
necessário estimar a composição do gás residual ou taxas 4.3. Exemplo de pré-dimensionamento de um
de emissão dos compostos odoríferos (particularmente do sistema de biofiltração
H2S) e do CH4 (se a redução GEE também for de interesse). O exemplo seguinte ilustra o procedimento de cálculo
Concentrações e taxas de emissão típicas em diversas etapas para o dimensionamento de um sistema de biofiltração
da ETE e em gases residuais provenientes de câmaras de para o tratamento do gás residual gerado na câmara de
dessorção podem ser obtidas nas NTs 1 e 2 desta coletânea dessorção com enchimento dimensionada na NT 2 desta
(Brandt et al., 2021a; Souza et al., 2021). A sequência coletânea (Souza et al., 2021).
Exemplo: Dimensionar um sistema de biofiltração para tratamento do H2S e do CH4 presentes nos gases residuais gerados em câmaras de
dessorção com enchimento (CDE).
Dados de entrada:
• População de projeto (P): 25.000 habitantes
• Contribuição per capita de esgoto (QPC): 150 L·hab-1·d-1
• Taxa de contribuição por infiltração (Tinf) = 0,1 L·s-1·km-1
• Extensão de rede por habitante (Lrede·hab-1): 2,0 m·hab-1
Considerações:
Conforme NT 2 desta coletânea (Souza et al., 2021):
• Número de unidades: 4 reatores UASB e 4 CDEs (uma para cada reator)
adotartemos
𝑇𝑇𝑇𝑇𝐴𝐴𝐴𝐴𝑇𝑇𝑇𝑇
e) =de
Verificação
pressãode𝑄𝑄𝑄𝑄“normal das
𝑔𝑔𝑔𝑔á𝐷𝐷𝐷𝐷à𝑟𝑟𝑟𝑟𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒
CNTP m taxas 3”” =
3 (Nm3), adotar temperatura à CNTP = 0°C).
760 de aplicação
3),mmHg superficial doCNTP gás (TAS): (TAS): 𝐴𝐴𝐴𝐴 em
temos
e)
𝑇𝑇𝑇𝑇𝐴𝐴𝐴𝐴𝑇𝑇𝑇𝑇 Verificação
= 𝑄𝑄𝑄𝑄“normal das
𝐴𝐴𝐴𝐴 m𝑒𝑒𝑒𝑒taxas 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑎𝑎𝑎𝑎𝑟𝑟𝑟𝑟 (Nm de adotarou
aplicação 1 atm); MMàdo
temperatura
superficial - massa
gás = 0°C). molecular; T - temperatura do gás (°C) (para obter concentração
temos e)
𝑇𝑇𝑇𝑇𝐴𝐴𝐴𝐴𝑇𝑇𝑇𝑇 Verificação
de = “normal
𝑔𝑔𝑔𝑔á𝐷𝐷𝐷𝐷 das
𝑟𝑟𝑟𝑟𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒
m
𝐴𝐴𝐴𝐴 3” taxas
𝑒𝑒𝑒𝑒 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑎𝑎𝑎𝑎𝑟𝑟𝑟𝑟
(Nm 3),de aplicação
adotar temperatura superficial à CNTP do gás= (TAS): 0°C).
e) Verificação
e) 𝑄𝑄𝑄𝑄𝑔𝑔𝑔𝑔á𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 das 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑎𝑎𝑎𝑎𝑟𝑟𝑟𝑟 taxas de aplicação superficial do gás (TAS): 71
𝑇𝑇𝑇𝑇𝐴𝐴𝐴𝐴𝑇𝑇𝑇𝑇Verificação das𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒taxas 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑎𝑎𝑎𝑎𝑟𝑟𝑟𝑟 de aplicação superficial do Cadernosgás (TAS): Técnicos Eng Sanit Ambient | v.1 n.2 | 2021 | 63-76
= 𝑄𝑄𝑄𝑄 𝑄𝑄𝑄𝑄𝑔𝑔𝑔𝑔á𝐷𝐷𝐷𝐷
𝐴𝐴𝐴𝐴
𝑟𝑟𝑟𝑟𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒
e) 𝑇𝑇𝑇𝑇𝐴𝐴𝐴𝐴𝑇𝑇𝑇𝑇
Verificação = 𝑄𝑄𝑄𝑄 𝑔𝑔𝑔𝑔á𝐷𝐷𝐷𝐷
𝑇𝑇𝑇𝑇𝐴𝐴𝐴𝐴𝑇𝑇𝑇𝑇 = 𝑄𝑄𝑄𝑄𝑔𝑔𝑔𝑔á𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 das taxas
𝑟𝑟𝑟𝑟𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒
𝐴𝐴𝐴𝐴 𝑒𝑒𝑒𝑒𝑟𝑟𝑟𝑟𝑎𝑎𝑎𝑎𝑟𝑟𝑟𝑟 de aplicação superficial do gás (TAS):
𝐴𝐴𝐴𝐴 𝑒𝑒𝑒𝑒𝑟𝑟𝑟𝑟𝑎𝑎𝑎𝑎𝑟𝑟𝑟𝑟
𝑇𝑇𝑇𝑇𝐴𝐴𝐴𝐴𝑇𝑇𝑇𝑇 =
𝑇𝑇𝑇𝑇𝐴𝐴𝐴𝐴𝑇𝑇𝑇𝑇 = 𝑔𝑔𝑔𝑔á𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 𝐴𝐴𝐴𝐴 𝑒𝑒𝑒𝑒𝑟𝑟𝑟𝑟𝑎𝑎𝑎𝑎𝑟𝑟𝑟𝑟
76,30 𝑚𝑚𝑚𝑚3
= 1,4 𝑔𝑔𝑔𝑔𝐻𝐻𝐻𝐻2𝑆𝑆𝑆𝑆 · 𝑚𝑚𝑚𝑚−3 · ℎ−1 (𝑜𝑜𝑜𝑜𝑘𝑘𝑘𝑘 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻 𝟐𝟐𝟐𝟐)
Nota: é necessário converter as concentrações em %v/v ou ppmv (ppmv = %v/v x 10.000) a mg·Nm-3 usando a densidade do gás
Brandt,
nasE.M.F. et al.normais de temperatura e pressão (CNTP) ou usando a equação geral de gases (gás ideal), como segue:
condições
e) Verificação
e) Verificação dasdas taxas taxasdedeaplicação
aplicação superficial
superficialdodo
gásgás
(TAS):
(TAS):
𝑄𝑄𝑄𝑄𝑔𝑔𝑔𝑔á𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑟𝑟𝑟𝑟𝑎𝑎𝑎𝑎𝑟𝑟𝑟𝑟
𝑇𝑇𝑇𝑇𝐴𝐴𝐴𝐴𝑇𝑇𝑇𝑇 =
𝐴𝐴𝐴𝐴
Biofiltro para H2S:
Biofiltro para H2S:
Biofiltro para H2S:
2,18 𝑚𝑚𝑚𝑚33 · 𝑚𝑚𝑚𝑚𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷−1 −1
−1 × 60 𝑚𝑚𝑚𝑚𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 · ℎ −1
𝑇𝑇𝑇𝑇𝐴𝐴𝐴𝐴𝑇𝑇𝑇𝑇 = 2,18 𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝑚𝑚𝑚𝑚𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 ×260 𝑚𝑚𝑚𝑚𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 · ℎ = 60 𝑚𝑚𝑚𝑚33 · 𝑚𝑚𝑚𝑚−2 · ℎ−1 (𝑜𝑜𝑜𝑜𝑘𝑘𝑘𝑘 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻 𝟐𝟐𝟐𝟐)
𝑇𝑇𝑇𝑇𝐴𝐴𝐴𝐴𝑇𝑇𝑇𝑇 = 2,18 𝑚𝑚𝑚𝑚 2 = 60 𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝑚𝑚𝑚𝑚−2 · ℎ−1 (𝑜𝑜𝑜𝑜𝑘𝑘𝑘𝑘 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻 𝟐𝟐𝟐𝟐)
2,18 𝑚𝑚𝑚𝑚
Biofiltropara
Biofiltro para CH4:4:
Biofiltro paraCH CH4:
2,18 𝑚𝑚𝑚𝑚33 · 𝑚𝑚𝑚𝑚𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷−1 −1
−1 × 60 𝑚𝑚𝑚𝑚𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 · ℎ −1
𝑇𝑇𝑇𝑇𝐴𝐴𝐴𝐴𝑇𝑇𝑇𝑇 = 2,18 𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝑚𝑚𝑚𝑚𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 × 260 𝑚𝑚𝑚𝑚𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 · ℎ = 20 𝑚𝑚𝑚𝑚33 · 𝑚𝑚𝑚𝑚−2 · ℎ−1 (𝑜𝑜𝑜𝑜𝑘𝑘𝑘𝑘 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻 𝟐𝟐𝟐𝟐)
𝑇𝑇𝑇𝑇𝐴𝐴𝐴𝐴𝑇𝑇𝑇𝑇 = 63,6 𝑚𝑚𝑚𝑚 2 = 20 𝑚𝑚𝑚𝑚 · 𝑚𝑚𝑚𝑚−2 · ℎ−1 (𝑜𝑜𝑜𝑜𝑘𝑘𝑘𝑘 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻𝑻 𝟐𝟐𝟐𝟐)
63,6 𝑚𝑚𝑚𝑚
Observações finais:
Observaçõesfinais:
Observações finais:
• O O gás residual proveniente de cada
cadacâmara dededessorção deverá ser direcionado para umpara sistema um de biofiltração composto por
gás O gás residual
residual proveniente
proveniente de de cada câmara
câmara dessorção
de dessorção deverádeverá ser direcionado
ser direcionado para um sistema sistema
de de biofiltração
biofiltração composto por composto por dois biofiltros
dois biofiltros sequenciais, sendo o primeiroao destinado ao abatimento de odores
(H2S) e(H S) e o segundo destinado à remoçãodede CH4..
dois biofiltros
sequenciais, sequenciais,
sendo o primeiro sendo o primeiro destinado
destinado abatimentoao abatimento
de odores de odores (Ho22segundo
S) e o2 segundo destinado destinado à remoção deCH
à remoção CH44.
O biofiltro
biofiltro
• O paracontrole
para controle de odores odoresdeve possuir altura útil de
útil1,0
dem e área
m e útil de 2,18dem 2,18 (D = 1,7 2 m).
O biofiltro para controle de de odores deve
deve possuir
possuir altura
altura útil de 1,0 m1,0e área área
útil deútil 2,18 m22 (D =m1,7 (Dm). = 1,7 m).
O biofiltro
biofiltro
• O paradestruição
para destruição do CH CH444devedevepossuir altura útil de 1,2dem e área útil deútil 63,6 dem 2 (8,0 m2 x 8,0 m m).
O biofiltro para destruição do do CH deve possuir
possuir altura
altura útil útil
de 1,2 m1,2e m e área
área útil de 63,6 m63,6 (8,0mm (8,0 x 8,0 m).x 8,0 m).
Os
• Os biofiltrospoderão
biofiltros poderão ser ser preenchidos
preenchidos com
comumauma
mistura de substrato
mistura de proveniente
substrato proveniente
Os biofiltros poderão ser preenchidos com uma mistura de substrato proveniente da compostagem e vermiculita expandida
da compostagem da e vermiculita eexpandida
compostagem numa
vermiculita
numaexpandida numa proporção
proporção de
volumétrica volumétrica de 60:40, conforme
60:40, conforme propostopropostopor Brandtpor Brandt
(2016). (2016).
proporção volumétrica de 60:40, conforme proposto por Brandt (2016).
O exaustordodosistema
exaustor
• O sistema de biofiltração deve ser ser
dimensionado para uma vazão umade 131 m3de ·h-1 considerando as perdas deascarga
O exaustor do sistema de biofiltração
de biofiltração deve
deve dimensionado
ser dimensionado para uma para vazão devazão 131 m3·h-1131 m3·h-1 considerando
considerando perdas de carga associadas à
as perdas de carga
câmara associadas
de à câmara aos
dessorção, de dessorção,
leitos filtrantesaos leitos
dos filtrantes dos
biofiltros biofiltros (apresentadas
(apresentadas na Tabela 1)nae Tabela
à rede 1)
de egás à rede de gás
residual residual e localizadas nos tubos
(distribuídas
associadas à câmara de dessorção, aos leitos filtrantes dos biofiltros (apresentadas na Tabela 1) e à rede de gás residual
e nas (distribuídas
conexões). e localizadas nos tubos e nas conexões).
(distribuídas e localizadas nos tubos e nas conexões).
5. ASPECTOS ADICIONAIS DE CH4, a umidade do leito filtrante deverá ser menor para
OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO que a espessura da película d’água ou biofilme seja a
A umidade do leito filtrante é um parâmetro fundamental menor possível, garantindo uma menor resistência à
na operação de biofiltros e biopercoladores. Está diretamente difusão do poluente. Nesse sentido, recomenda-se a
relacionado à atividade microbiana (que ocorre apenas na manutenção da umidade do leito filtrante entre 10%v/v
presença de água), ao transporte de substratos, nutrientes e 50%v/v (Souza et al., 2019). Para o monitoramento
e produtos da atividade biológica no biofilme e à hidrodi- da umidade, recomenda-se a utilização de higrôme-
nâmica do leito filtrante. A falta de umidade pode reduzir tros agrícolas devidamente calibrados para a matriz
a atividade microbiana e levar à abertura de fendas no leito do meio suporte.
do filtro, levando a zonas de escoamento preferencial, prin- No caso dos biopercoladores, normalmente não se faz
cipalmente nas primeiras camadas do leito. Por outro lado, um controle específico de umidade do leito filtrante, já
o excesso de umidade pode reduzir a permeabilidade do que a fase líquida em contínua circulação não permite a
leito filtrante, aumentando as perdas de carga e induzindo manutenção das faixas de umidade mencionadas anterior-
a geração de zonas mortas. Para a manutenção da umidade mente. Em vez disso, normalmente se emprega outro parâ-
do meio suporte, a taxa de adição de água nos biofiltros é: metro denominado “taxa ou velocidade de circulação de
1. Geralmente menor do que 95 L·m-2·d-1. fase líquida”. Tipicamente, as velocidades de circulação de
2. Mais frequentemente de 20 a 30 L·m-2·d-1. fase líquida empregadas em biopercoladores situam na faixa
de 0,05 a 20 m·h-1 (Kennes e Veiga, 2001). Como parâme-
Essas taxas de adição de água são suficientes para a tro de comparação, para a manutenção da umidade ideal
manutenção da umidade do leito filtrante entre 40%v/v dos leitos filtrantes, as velocidades das fases líquidas apli-
e 60%v/v, ideal para a biofiltração do H2S. No caso do cadas em biofiltros geralmente são inferiores a 0,004 m·h-1.
(a) (b)(b)
Figura 5 – (a) Fluxograma do aparato experimental para a remoção do CH4 e do H2S dissolvidos no efluente de reatores anaeróbios
e tratamento dos gases residuais; (b) representação real das unidades experimentais.
Figura 6 – Material de enchimento dos biofiltros: (a) vermiculita; (b) composto orgânico; (c) mistura composta por 60% de composto
orgânico e 40% de vermiculita.
Na Figura 7 são apresentados os resultados (concen- eficiência na remoção de H2S (78 ± 16%), tendo sido o
trações e eficiências de remoção) de CH4 e H2S no sis- H2S remanescente totalmente removido no segundo bio-
tema de biofiltração usado para tratar a corrente de gás filtro. Embora não fosse esperado, o primeiro biofiltro
residual oriunda da câmara de dessorção. Foram obti- apresentou uma remoção marginal de CH4 (17 ± 6%),
das eficiências de remoção de 71 ± 6% para o CH4 e 100 enquanto no segundo biofiltro uma redução notável de
± 0% para o H2S no sistema de biofiltros sequenciais. CH4 foi observada (66 ± 7%), embora eficiências mais
Como esperado, o primeiro biofiltro apresentou maior altas fossem esperadas.
(a) (b)
Figura 7 – Concentração e eficiência de remoção de CH4 (a) e H2S (b) da corrente de gás residual pelo sistema de biofiltros sequenciais.
CD: câmara de dessorção; BF-1: biofiltro 1; BF-2 biofiltro 2.
Nesse contexto, o sistema de biofiltração sequencial aproveitamento energético, a princípio, não se apresen-
permitiu a redução substancial das concentrações de CH4 taria como uma alternativa economicamente viável. Não
e H2S da corrente de gás residual, mostrando a eficácia da obstante, a baixa solubilidade do CH4 em água também
configuração de dois biofiltros em série, o primeiro para limita a aplicação das técnicas de biofiltração e de bio-
o tratamento de H2S e o segundo para o tratamento de percolação de gases residuais devido à dificuldade de
CH4. Portanto, esses resultados comprovam que dispo- transferência de massa do CH4 da fase gasosa para o
sitivos simples como a câmara de dessorção seguida de biofilme. Conforme demostrado nesta NT, se o obje-
biofiltros podem contribuir efetivamente para o controle tivo é o tratamento do H2S e do CH4, a biofiltração de
das emissões difusas em ETEs com reatores anaeróbios. ambos os gases é atingida em um sistema de biorreato-
res sequenciais, em que são aplicadas condições de pro-
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS jeto e operação bastante diferenciadas. Nesse sentido,
O estado do conhecimento atual mostra que os sistemas os acadêmicos, pesquisadores, consultores, projetistas
de biofiltração (biofiltros e biopercoladores) são pro- e operadores de ETEs com reatores anaeróbios são con-
missores para o tratamento de gases residuais gerados vidados a explorarem o uso dos sistemas de biofiltração
em ETEs com reatores anaeróbios. Os aspectos econô- não só para o controle de odores/corrosão, mas também
micos (custos de implantação, operação, manutenção; para alcançar a efetiva sustentabilidade da ETE a partir
e requisitos de energia e de produtos químicos) são da redução das emissões do gás de efeito estufa, o CH4.
amplamente favoráveis ao uso dessa técnica. A biofil-
tração é uma técnica consolidada e utilizada há décadas AGRADECIMENTOS
no controle efetivo das emissões odorantes e corrosivas Os autores agradecem o apoio recebido do Conselho
(p. ex.: H2S) em ETEs. Por outro lado, somente nos últi- Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
mos anos essa técnica foi explorada para a remoção do – CNPq, da Coordenação de Aperfeiçoamento de
CH4 presente em gases residuais gerados em ETEs com Pessoal de Nível Superior – CAPES, da Fundação
reatores anaeróbios. As informações apresentadas nesta de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais –
coletânea de notas técnicas reforçam a urgente necessi- FAPEMIG, da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA)
dade de experiências práticas que atentem para o ade- e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em
quado gerenciamento do CH4 dissolvido nos efluentes Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto – INCT
dos reatores UASB, especialmente para o abatimento do ETEs Sustentáveis.
CH4 residual em ETEs brasileiras de pequeno e médio Este trabalho faz parte da série de publicações do
porte, nas quais a recuperação do CH4 para posterior INCT ETEs Sustentáveis.
REFERÊNCIAS
BRANDT, E. M. F.; SOUZA, C. L.; CENTENO-MORA, E.; BIANCHETTI, F. J.; gasosos do tratamento do esgoto. Parte B: Avanços nas técnicas de
SANTOS, J. M. B.; CHERNICHARO, C. A. L. Valoração e gerenciamento controle de emissões gasosas em ETEs com reatores anaeróbios
de subprodutos gasosos do tratamento do esgoto. Parte B: Avanços – Nota Técnica 6 - Uso energético e queima de gases residuais.
nas técnicas de controle de emissões gasosas em ETEs com reatores Cadernos Técnicos Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 1, n.2, p. 77-
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RESUMO ABSTRACT
As técnicas de controle de emissões gasosas em ETEs com reatores The techniques for controlling gaseous emissions in anaerobic-based
anaeróbios abordadas nesta coletânea de Notas Técnicas (NTs) baseiam- STPs studied in this collection of Technical Notes (TNs) are based
se no princípio da dessorção dos gases dissolvidos no efluente anaeróbio on the desorption principle of dissolved gases (e.g. CH4 and H2S) in
(p. ex.: CH4 e H2S), por meio de sua transferência a um gás residual. O gás anaerobic effuent, through their transfer to a waste gas. The waste
residual deve ser adequadamente gerenciado, por exemplo, por meio da gas must be properly managed, for example through its degradation/
sua degradação/oxidação em biofiltros (NT 5). Esta NT considera outras oxidation in biofilters (TN 5). This TN considers other approaches to
abordagens para o gerenciamento do gás residual: (i) seu aproveitamento manage the waste gas: (i) its energetic use mixed with biogas; and (ii)
energético misturado ao biogás; e (ii) seu uso como comburente its use as a comburent in the burning of biogas. Through mathematical
na queima do biogás. Por meio de modelos matemáticos, foram models, the operating conditions of the desorption systems required
estabelecidas as condições de operação dos sistemas de dessorção for both options were established. For option (i), values of the gas /
requeridas para ambas as opções. Para a opção (i), são necessários liquid ratio (QG /QL in the desorption system) in the range of 0.03-0.10
valores da razão gás/líquido (QG/QL no sistema de dessorção) na faixa de are necessary, leading to an increase in the energetic potential in the
0,03-0,10, o que levaria a um incremento do potencial energético da ETE range of 18 to 58%. For option (ii), it was determined that favourable
entre 18% e 58%. Para a opção (ii), são necessárias condições favoráveis conditions of biogas production are necessary, along with QG /QL values
de produção de biogás e valores de QG/QL menores do que 2,5. of less than 2.5.
Palavras-chave: corrosão; esgoto; metano; odor; reator UASB; sulfeto; Keywords: corrosion, sewage, methane, odour, UASB reactor, sulphide;
Etsus Ferramenta CH4-D. Etsus Tool D-CH4.
1
Químico Industrial pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Mestre e Doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG). Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Juiz de Fora (PEC-UFJF). Diretor Técnico da
Brandt Meio Ambiente Ltda. Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
2
Engenheiro Civil pela Universidad de Costa Rica (UCR). Mestre em Tratamento e Gestão do Solo, Águas e Resíduos pela Universidade Parisiense AgroParisTech. Aluno de
Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG. Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
3
Engenheira Ambiental e Sanitarista pela UFJF. Mestre e aluna de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG.
Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
4
Engenheiro Civil pela UFMG. Doutor em Engenharia Ambiental pela Universidade de Newcastle upon Tyne – UK. Professor titular aposentado do Departamento de
Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG. Coordenador do INCT ETEs Sustentáveis.
Endereço para correspondência: Avenida Antônio Carlos 6.627 – Universidade Federal de Minas Gerais - Escola de Engenharia – Departamento de Engenharia Sanitária e
Ambiental – Bloco 1. Belo Horizonte, MG. CEP: 31270-901. e-mail: calemos@desa.ufmg.br
Figura 1 – Esquema do processo de recuperação do metano dissolvido (CH4-D) em efluentes anaeróbios para o seu aproveitamento
energético misturado ao biogás.
Uma vez recuperado, o gás residual pode ser misturado considerado para o dimensionamento do reservatório de
com o biogás do reator anaeróbio a fim de aumentar o biogás e do processo de acondicionamento da fase gasosa.
potencial de aproveitamento energético do CH4. As con- 4. A mistura do gás residual com o biogás tenderá a
dições de projeto e operação mais importantes para essa aumentar o potencial energético da ETE, aumento
aplicação são: esse associado à eficiência de recuperação do CH4 no
1. O gás residual recuperado não deve estar muito diluído. sistema de dessorção.
Para isso, as relações de vazões de gás e líquido (QG/QL
ou RQ) nos contactores de membrana desgaseificadora Este item 3 visa abordar os quatro pontos anteriores,
devem ser baixas, permitindo a recuperação de um gás mostrando ao projetista e ao operador como calcular as
concentrado em CH4. condições de mistura do gás residual com o biogás e o
2. A mistura do gás residual com o biogás deve garantir efeito das principais condições operacionais sobre: (i) o teor
um teor de CH4 final suficiente para o aproveitamento de CH4 no gás residual recuperado; (ii) o teor de CH4 da
energético. Para o caso de reatores anaeróbios tratando mistura do gás residual com o biogás; (iii) a vazão de gás
esgoto, espera-se que o biogás seja diluído quando e os requisitos de volume para armazenamento; e (iv) o
misturado ao gás residual. Normalmente, para a pro- potencial energético da ETE.
dução de energia e calor, é necessária uma concentra-
ção mínima de CH4 de 30-45%v/v na mistura gasosa 3.2. Exemplo de aplicação do modelo
(Al Seadi, 2008). O exemplo seguinte ilustra os cálculos para estimar a produção
3. A mistura de biogás e gás residual tenderá a aumentar de biogás, a vazão de gás residual recuperado em um sistema
a vazão de gás a ser armazenado e tratado, a depender de dessorção de gases dissolvidos no efluente anaeróbio, e o
da razão QG/QL do sistema de dessorção. Isso deve ser potencial energético da mistura gasosa (biogás + gás residual).
Exemplo 1: Calcular: a) as vazões de biogás (Qbiogás) e de gás residual (QGR) e os teores de CH4 no biogás (Cbiogás) e no gás residual recuperado (CGR);
b) a vazão da mistura gasosa biogás + gás residual (QMG) e o teor de CH4 nessa mistura (CMG); c) o incremento da vazão de gás para armazenamento e
aproveitamento energético; e d) o incremento do potencial energético da ETE.
Dados de entrada:
• População de projeto (P): 250.000 habitantes
• Contribuição per capita de esgoto (QPC): 165 L·hab-1·d-1
• Taxa de contribuição por infiltração (Tinf) = 0,1 L·s-1·km-1
• Extensão de rede por habitante (Lrede·hab-1): 1,5 m·hab-1
• DensidadeCH4: 668 mg·L-1
• Teor de CH4 no biogás (CH4biogás): 75%
• Produção unitária de biogás (Qbiogás.unit): 85,6 NL·Nm-3
• Eficiência de dessorção do sistema de recuperação (ECDE): 60%
• Concentração de CH4 dissolvido no efluente (CL-CH4,ef): 20 mg·L-1 (20 g·m-3) (valor típico)
• Potencial energético do CH4 (poder calorífico inferior – PCI): 35,9 MJ·Nm-3
Considerações:
Para os cálculos, foram consideradas as condições típicas apresentadas na Tabela 1 e uma razão QG/QL no sistema de dessorção de 0,033, razão
mínima teórica para se atingir 100% de eficiência de dessorção do CH4 dissolvido no efluente anaeróbio. Ademais, considerou-se a distribuição da
vazão de esgoto em 10 reatores UASB.
Solução:
a) Cálculo da vazão média de esgoto bruto (Qmed):
1𝑑𝑑
𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = 𝑃𝑃 × 𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄 × + 𝑃𝑃 × Lrede · hab−1 × 𝑇𝑇𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖
86.400𝑠𝑠
1𝑑𝑑 1𝑘𝑘𝑘𝑘
𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = 250.000 ℎ𝑎𝑎𝑎𝑎 × 165 𝐿𝐿 · ℎ𝑎𝑎𝑏𝑏 −1 · 𝑑𝑑 −1 × + 250.000 ℎ𝑎𝑎𝑎𝑎 × 1,5 𝑚𝑚 · ℎ𝑎𝑎𝑏𝑏 −1 × × 0,1 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠 −1 · 𝑘𝑘𝑚𝑚−1
86.400𝑠𝑠 1000𝑚𝑚
Nota
𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 =Técnica
515 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠 −16 - Uso energético e queima de gases residuais
Exemplo 1:
b) Vazão média por reator UASB (QL):
𝑄𝑄𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 515 𝐿𝐿𝐿𝐿 · 𝑠𝑠𝑠𝑠 −1
𝑄𝑄𝑄𝑄𝐿𝐿𝐿𝐿 = = = 51,5 L · 𝑠𝑠𝑠𝑠 −1 (0,0515 𝑚𝑚𝑚𝑚3 · 𝑠𝑠𝑠𝑠 −1 )
𝑁𝑁𝑁𝑁𝑟𝑟𝑟𝑟𝑚𝑚𝑚𝑚𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟−𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑆𝑆𝑆𝑆𝑈𝑈𝑈𝑈 10
c) Determinação da vazão volumétrica (Qbiogás) e concentração de CH4 (Cbiogás) no biogás e no gás residual recuperado:
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑃𝑃𝑃𝑃𝑀𝑀𝑀𝑀𝐺𝐺𝐺𝐺 = 131.146 𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 · 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1
𝑠𝑠 1 𝑚𝑚3
𝑄𝑄𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏á𝑠𝑠 = 𝑄𝑄𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏á𝑠𝑠.𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢 × 𝑄𝑄med = 85,6 𝑁𝑁𝑁𝑁 · 𝑚𝑚3 × 515 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠 −1 × 86.400 × = 3.808,8 𝑚𝑚3 · 𝑑𝑑 −1 = 44,1 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠 −1
Exemplo 2: 𝑑𝑑 1000 𝐿𝐿
3
𝑚𝑚𝐶𝐶𝐶𝐶4 −3
𝐶𝐶𝐶𝐶4𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏á𝑠𝑠 = 75% = 0,75 3 × 0,668 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝐻𝐻4 · 𝑚𝑚𝐶𝐶𝐶𝐶4 = 0,501 𝑘𝑘𝑘𝑘 · 𝑚𝑚−3
%𝑂𝑂𝑂𝑂2𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = �𝑚𝑚𝑚𝑚𝑂𝑂𝑂𝑂2𝑔𝑔𝑔𝑔á𝑠𝑠𝑠𝑠 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑟𝑟𝑟𝑟𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 − 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑂𝑂𝑂𝑂2𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟é𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 � × 100 ÷ 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑂𝑂𝑂𝑂2𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟é𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 = 160%
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟
−1 −3
Ef. de dessorção
𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐶𝐶𝐻𝐻4 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐸𝐸𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 × 𝑄𝑄méd × 𝐶𝐶𝐻𝐻4 _𝐷𝐷𝑒𝑒𝑒𝑒 60% × 515 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠 × 0,020 𝑘𝑘𝑘𝑘 · 𝑚𝑚
de CH4-D (%)
80 50 =80
de CH4-D (%)
𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺 = = 95
𝑄𝑄𝐺𝐺𝐺𝐺 𝑄𝑄𝐺𝐺𝐺𝐺 17,0 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠 −1
60 50 90
60 𝑘𝑘𝑘𝑘 · 𝑚𝑚−3 (54,4 %𝑣𝑣/𝑣𝑣 )
𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺 = 0,364 60
85
30 20
e) Determinação da vazão volumétrica (QMG) e concentração de CH 40 80
40 40 4 na mistura gasosa (CMG):
(a) = 𝑄𝑄
𝑄𝑄𝑀𝑀𝑀𝑀 + 𝑄𝑄𝐺𝐺𝐺𝐺 10
= 44,1 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠 −1 + 17,0 𝐿𝐿 ∙ 𝑠𝑠 −1 = 61,1 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠 −1 75
𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏á𝑠𝑠
0,03 0,1 R = Q /Q 0,5 1 0,03 0,1 R = Q /Q 0,5 1,0
Q L G Q L G 70
100
𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
40 100
𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 𝐶𝐶𝐶𝐶4𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏á𝑠𝑠 × 𝑄𝑄𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏á𝑠𝑠 + 𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺 × 𝑄𝑄𝐺𝐺𝐺𝐺
𝐶𝐶𝑀𝑀𝑀𝑀 = 90 =
70 𝑄𝑄𝑀𝑀𝑀𝑀 30 10 𝑄𝑄𝑀𝑀𝑀𝑀 30 20
65
Ef. de dessorção
80 50
Ef. de dessorção
80 80 −170 60
de CH4-D (%)
20
de CH4-D (%)
−3 −1 −3 60 10
0,501 𝑘𝑘𝑘𝑘
60 · 𝑚𝑚 × 44,1 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠 + 0,364 𝑘𝑘𝑘𝑘 · 𝑚𝑚 × 17,0 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠
𝐶𝐶𝑀𝑀𝑀𝑀 = −1
50 55
61,1 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠
60 60 50
𝐶𝐶𝑀𝑀𝑀𝑀 = 0,463 𝑘𝑘𝑘𝑘 · 𝑚𝑚−3 (69,2 %𝑣𝑣/𝑣𝑣)
40 45
40 40
f) Incremento na vazão de gás para armazenamento e aproveitamento energético (Incrementovolume): 40
(b)
0,03 0,1 R 61,1 · 𝑠𝑠G−1 0,5 1 0,03 0,1 0,5 1,0
𝑄𝑄𝑀𝑀𝑀𝑀 Q = Q𝐿𝐿L/Q RQ = QL/QG 35
100 𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣 = 𝑄𝑄𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏á𝑠𝑠 = 44,1 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠 −1 = 1,39 (39%) 100
𝐼𝐼𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛
70 10 30
80 40 80 70
f. de dessorção
f. de dessorção
80 90 80 25
de CH4-D (%)
60
de CH4-D (%)
50
50 20
80 60
Cadernos Técnicos60
Eng Sanit Ambient | v.1 n.2 | 2021 | 77-90
15
20 40 20 10
Nota Técnica 6 - Uso energético e queima de gases residuais
Nota Técnica
Determinação 6 - Uso
do potencial energético
energético da ETEe(PotE
queima
biogás
): de gases residuais
−3
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑡𝑡𝑡𝑡
Exemplo = 𝑄𝑄𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏á𝑠𝑠 × 𝐶𝐶𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏á𝑠𝑠 × 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 3.808,8 𝑚𝑚3 · 𝑑𝑑 −1 × 75 %𝑣𝑣/𝑣𝑣 × 35,9 𝑀𝑀𝑀𝑀 · 𝑚𝑚𝐶𝐶𝐶𝐶4
𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏á𝑠𝑠 1: = 102.552 𝑀𝑀𝑀𝑀 · 𝑑𝑑 −1
Nota: neste exemplo, a mistura gasosa possui um teor de CH4 (69,2%v/v) suficiente para o seu aproveitamento energético na forma de calor ou
Atentar na hora de copiar as Figura 2, 3 e 5 para não perder a formatação.
energia elétrica; e o incremento na vazão de gás é razoável em relação ao incremento no potencial energético da ETE.
Teor de CH4
100 100 10 (% v/v)
60 30
40 20 100
Ef. de dessorção
Ef. de dessorção
de CH4-D (%)
80 50 80
de CH4-D (%)
95
3.3. Resultados gerais do modelo 50 A partir da Figura 2, é possível 90
observar um aumento
60
60
Nesta seção, é apresentada uma análise gráfica das prin- 60 do teor de CH4 no gás residual e na 85 mistura gasosa ao pas-
20
cipais variáveis envolvidas na determinação das concen- 40sar do pior ao melhor cenário. Adicionalmente,
30 80 observa-se
40 40
trações de CH4 no gás residual recuperado e na mistura
(a) 10 que, em termos de aproveitamento energético do CH4, a
75
0,03 0,1 R = Q /Q 0,5 1 0,03 0,1 R = Q /Q 0,5 1,0
Q
gasosa do100biogás com o gás residual, bem como da100vazão
L G geração Qde umL G gás residual com 70 teor de CH muito ele-
40 4
90
30
e do potencial energético da mistura gasosa, em função vado no sistema 65
70 10 30 20 de dessorção é desnecessária quando a
Ef. de dessorção
80 50
Ef. de dessorção
80 80 60
de CH4-D (%)
70 60
da relação QG60/QL e da eficiência de dessorção do sistema
20 sua mistura com o biogás é considerada, uma vez que,
de CH4-D (%)
10
50 55
de recuperação
60
do metano dissolvido (CH4-D) no efluente 60
em todos os cenários considerados, concentrações de
50
do reator anaeróbio. Para essa análise, foram considerados CH40 4
superiores a 30%v/v são obtidas na mistura gasosa
45
40 (a) pior cenário, quando o esgoto encontra-
três cenários: 40 quando aplicadas Q G/QL menores do que 0,1, típicas
(b) 40
-se diluído (p. ex.: época chuvosa)
0,03 0,1 RQ = QL/QGlevando à produção de
0,5 1 0,03 de sistemas
0,1
RQ = QL/Qde dessorção para35recuperação do CH4-D
0,5 1,0
G
100 100
biogás com menores 70 teores de CH104 e efluente anaeróbio (Centeno-Mora et al., 2021). Por 30 exemplo, para o pior
80 40 80 70
com menores 80 90 concentrações de CH4-D; (b) cenário típico, cenário, com uma eficiência de25dessorção de CH4-D de
Ef. de dessorção
Ef. de dessorção
80
de CH4-D (%)
60
de CH4-D (%)
50
uma condição média entre o pior e o melhor cenário; e
50 60% e um valor de QG/QL de 0,1,20é possível a obtenção de
60 60
(c) melhor cenário, provável para condições de esgoto mais um gás residual com teor de CH 15 de aproximadamente
4
20 40 20 10
concentrado,40 levando à produção de biogás com maiores 40 60 15%v/v e uma mistura gasosa com teor de CH4 acima de
30 30 10 5
teores de CH4 e efluente anaeróbio com maiores teores
(c) 30%v/v, aproveitável para a geração de energia térmica.
0,03 0,1 0,5 1 0,03 0,1 0,5 1,0 0
de CH4-D. Para os cálculos RQdesta
= QL/Qseção, foram considera- Já com RQum = QLvalor
/QG de Q /Q de 0,05, para o mesmo cenário
G G L
dos os parâmetros apresentados na Tabela 1. Os diversos e eficiência de dessorção, é possível atingir uma mistura
Figura 6 - Teor de CH no gás residual e na
cenários foram simulados a partir da ferramenta eletrônica
4 mistura gasosa (biogás + gás residual)
gasosa comgerados
mais adepartir da recuperação
50%v/v de CH4,doapta para a produ-
metano dissolvido (CH4-D) em efluentes anaeróbios. Os teores foram calculados em função da razão das vazões de gás e
“Etsus Ferramenta
de líquido (QG/QL) CH -D” disponibilizada
no sistema
4
no site
de dessorção de gases https://no efluente
dissolvidos ção de energia
anaeróbio e daelétrica.
eficiênciaPara condições
de dessorção do mais favoráveis
CH4-D para os seguintes cenários de geração de biogás e concentração de
etes-sustentaveis.org/. CH4-D no típico
(cenários efluenteeanaeróbio:
melhor),(a)os pior cenário;
teores de CH4 na mistura
(b) cenário típico; (c) melhor cenário.
Na Figura 2, são mostrados os resultados da concen- gasosa seriam ainda maiores para esses valores de QG/QL
tração de CH4 no gás residual e na mistura gasosa (biogás e de eficiência de dessorção de CH4-D.
+ gás residual) em função da razão QG/QL e da eficiência A Figura 3 considera uma faixa de variação desses parâ-
de dessorção de CH4-D, considerando um único valor para metros, realizando simulações de Monte Carlo segundo
os parâmetros de definição do modelo em cada cenário uma distribuição de probabilidade uniforme. Ao todo foram
(CH4-D, teor de CH4 no biogás e produção unitária de realizadas 500 simulações para cada cenário, obtendo-se
biogás – Tabela 1). uma distribuição de valores possíveis (uma faixa) para as
(a)
(b)
(c)
Figura 2 – Teor de CH4 no gás residual e na mistura gasosa (biogás + gás residual) gerados a partir da recuperação do metano
dissolvido (CH4-D) em efluentes anaeróbios. Os teores foram calculados em função da razão das vazões de gás e de líquido (QG/
QL) no sistema de dessorção de gases dissolvidos no efluente anaeróbio e da eficiência de dessorção do CH4-D para os seguintes
cenários de geração de biogás e concentração de CH4-D no efluente anaeróbio: (a) pior cenário; (b) cenário típico; (c) melhor cenário.
variáveis de saída (vazão da mistura gasosa e potencial • Efeito da QG/QL sobre a vazão da mistura gasosa: os
energético da ETE). Para todos os cálculos, considerou-se três cenários considerados (pior, típico e melhor) têm
uma vazão de esgoto unitária (1 m3·d-1) e a temperatura a mesma tendência de incremento acelerado na vazão
no sistema igual a 25 °C. Considerou-se ainda um limite da mistura gasosa com o aumento da QG/QL no sistema
inferior de QG/QL de 0,03, valor próximo ao mínimo teó- de dessorção de gases dissolvidos no efluente anaeróbio.
rico para a obtenção de 100% de eficiência de remoção de Exemplo: Para valores de QG/QL de 0,1, tem-se um incre-
CH4-D no efluente anaeróbio (Heile et al., 2017). mento da vazão de gás de 2,1 a 2,8 vezes a vazão de bio-
Os gráficos de vazão unitária da mistura gasosa do gás. Para valores de QG/QL de 1,0, esse incremento seria
biogás com o gás residual (primeira coluna da Figura 3) de mais de 10 vezes, tornando impraticável o armazena-
permitem concluir o seguinte: mento da mistura gasosa para aproveitamento energético.
(a)
(b)
(c)
Figura 3 – Vazão unitária da mistura gasosa e potencial energético da mistura gasosa (biogás + gás residual) gerada a partir da
recuperação do metano dissolvido (CH4-D) em efluentes anaeróbios. Os valores são dados por metro cúbico de esgoto tratado e
em função da razão das vazões de gás e de líquido (QG/QL) no sistema de dessorção de gases dissolvidos no efluente anaeróbio e da
eficiência de dessorção do CH4-D para os seguintes cenários de geração de biogás e concentração de CH4-D no efluente anaeróbio:
(a) pior cenário; (b) cenário típico; (c) melhor cenário.
• Efeito da vazão unitária de biogás sobre a vazão da redução similar da pegada de carbono da ETE é espe-
mistura gasosa: conforme mostra a linha de base rada (Bianchetti et al., 2021).
da Figura 3, a vazão unitária de biogás tem um impacto
baixo na vazão total da mistura gasosa quando QG/QL Por fim, destaca-se que valores muito reduzidos de
aumenta. Q G/QL estão associados a eficiências menores de recu-
• Incremento do potencial energético: na Figura 3 é peração de CH4-D (ou a maiores custos dos sistemas de
possível observar um incremento gradual da energia dessorção para a mesma eficiência; p. ex.: maiores áreas
primária disponível com o aumento da eficiência de de membrana no caso dos contactores de membrana des-
dessorção do CH4-D e, principalmente, com os cená- gaseificadora). Nesse sentido, é necessário buscar por um
rios avaliados. Com a recuperação do CH4-D, uma adequado equilíbrio entre a QG/QL e o custo do sistema
de dessorção, sendo que os requisitos de concentração de 3 desta NT). Nesse sentido, alternativamente, o gás resi-
CH4 na mistura gasosa deverão ser cuidadosamente deter- dual pode ser usado como comburente (ar de queima)
minados para cada projeto. em queimadores de biogás, contribuindo para o aumento
da energia da queima e, ao mesmo tempo, conduzindo a
4. USO DO GÁS RESIDUAL COMO destruição térmica do CH4, do H2S e de outros gases odo-
COMBURENTE NA QUEIMA DO BIOGÁS rantes presentes no gás residual. No caso do gás residual
gerado em câmaras de dessorção, a sua composição em
4.1. Preliminares oxigênio (aproximadamente 20%v/v) é semelhante à do ar
Na Figura 4, são mostrados os elementos necessários atmosférico (21%v/v), podendo ser utilizado como com-
para a proposta da queima ou destruição térmica do gás burente em algumas situações, conforme demonstrado
residual. Nessa proposta, o gás residual pode ter origem nos itens subsequentes. Vale destacar que essa proposta
em uma zona confinada para controle de odores na ETE deve ser implementada em queimador do tipo enclau-
ou em um sistema de dessorção de gases dissolvidos no surado (fechado), para o qual é possível se controlar a
efluente anaeróbio que empregue elevada razão QG/QL, a admissão da entrada do ar de combustão ou do gás resi-
exemplo da câmara de dessorção (NT 2 desta coletânea dual. É também possível propor o uso energético do gás
- Souza et al., 2021). Devido ao grande fluxo de gás de residual da câmara de dessorção em queimadores de cal-
arraste (QG/QL maior do que 2), a câmara de dessorção deiras ou secadores térmicos de lodo, mas nesse caso um
produz um gás residual com baixo teor de CH4, o que queimador de biogás do tipo enclausurado também deve
inviabiliza o seu uso energético quando misturado dire- ser previsto para situações de paralisação da unidade de
tamente ao biogás (vide resultados apresentado no item aproveitamento energético.
Figura 4 – Esquema do processo de destruição térmica do CH4 e do H2S no gás residual gerado em ETEs com reatores anaeróbios.
Para essa proposta, as condições de projeto e operação 2. Para o caso do gás residual gerado em sistemas de des-
mais importantes são: sorção, quanto maior for a eficiência de dessorção do
1. Na queima do biogás, deve-se fazer um balanço térmico CH4, maior será o incremento do calor da queima. Isso
da substituição do ar de queima pelo gás residual a fim deve ser considerado para o caso de queimadores em
de se garantir temperaturas teóricas de chama (TTC) sistemas de aproveitamento térmico do biogás (p. ex.:
- temperaturas adiabáticas de chama - maiores do que caldeiras e secadores de lodo).
850 °C (Al Seadi, 2008). Vazões de gás residual muito
elevadas podem causar a diminuição da temperatura da 4.2. Exemplo de aplicação do modelo
chama do queimador e, consequentemente, perda da efi- O exemplo seguinte ilustra os cálculos do balanço de massa
ciência de destruição do CH4 e do H2S. Temperaturas e energia para a verificação da temperatura teórica de
de chama muito inferiores a esse valor de referência chama (TTC) para um cenário de destruição térmica do
podem inclusive inviabilizar a manutenção da queima. gás residual proveniente de uma câmara de dessorção.
Exemplo 2: Calcular a temperatura teórica de chama (temperatura adiabática de chama) do queimador de biogás de uma ETE após injeção do gás
residual proveniente de uma câmara de dessorção na entrada de ar do queimador.
Dados de entrada:
• População de projeto (P): 25.000 habitantes
• Contribuição per capita de esgoto (QPC): 150 L·hab-1·d-1
• Taxa de contribuição por infiltração (Tinf) = 0,1 L·s-1·km-1
• Extensão de rede por habitante (Lrede·hab-1): 2,0 m·hab.-1
• Relações de vazão de gás e de líquido (QG/QL ou RQ): 2,0
• Eficiência de dessorção (ECDE): 60%
• Produção unitária de biogás (Qbiogás.unit): 85,6 NL·Nm-3
• Produção unitária de metano (QCH4.unit): 64,2 NL·Nm-3
Considerações:
Para os cálculos, foram consideradas as condições típicas apresentadas na Tabela 1, temperatura de operação do sistema de 18 °C e a base de cálculo
de 1 dia.
Solução:
a) Cálculo da vazão média de esgoto bruto:
1𝑑𝑑
𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = 𝑃𝑃 × 𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄 × + 𝑃𝑃 × Lrede · hab−1 × 𝑇𝑇𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖
86.400𝑠𝑠
1𝑑𝑑 1𝑘𝑘𝑘𝑘
𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = 25.000 ℎ𝑎𝑎𝑎𝑎 × 150 𝐿𝐿. ℎ𝑎𝑎𝑏𝑏 −1 · 𝑑𝑑 −1 × + 25.000 ℎ𝑎𝑎𝑎𝑎 × 2,0 𝑚𝑚. ℎ𝑎𝑎𝑏𝑏 −1 × × 0,1 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠 −1 · 𝑘𝑘𝑚𝑚−1
86.400𝑠𝑠 1000𝑚𝑚
𝑄𝑄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = 48,4 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠 −1
b) Balanço de massa para o uso do gás residual como comburente (ar de queima)
Cálculo do número de mols de combustível (biogás) e seus constituintes:
- Volume total de biogás gerado no reator UASB em 1 dia:
3
−3
𝑠𝑠 1 𝑚𝑚3 1 𝑁𝑁𝑁𝑁 3
𝑉𝑉𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏á𝑠𝑠 = 85,6 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏á𝑠𝑠 · 𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 × 48,4 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠 −1 × 86.400 × × = 358,0 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏á𝑠𝑠
𝑑𝑑 1000 𝐿𝐿 1.000 𝑁𝑁𝑁𝑁
- Mols de H2O (vapor) no biogás (considerando que a fração molar de vapor de água (yH2O) no biogás a uma pressão de 1 atm, temperatura de 18 °C e
umidade relativa do biogás de 90%, é 1,8%v/v:
𝑛𝑛𝐻𝐻2𝑂𝑂 = 16,0 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘 × 0,018 = 0,3 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘
- Mols de N2 no gás residual (considerando que o ar contém 79%v/v de N2 (e outros gases inertes)):
𝑛𝑛𝑁𝑁2 = 373,4 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘 × 0,79 = 295,0 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘
- Mols de CH4 no gás residual (considerando uma concentração de CH4 -D no efluente do reator UASB = 20 g m-3 uma eficiência de dessorção de 60%
e o peso molecular do CH4 = 16,04 kg kmol‑1):
−3 𝑠𝑠 1 𝑚𝑚3 1𝑘𝑘𝑘𝑘
20 𝑔𝑔𝐶𝐶𝐶𝐶4 · 𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑡𝑡𝑜𝑜 × 48,4 𝐿𝐿 · 𝑠𝑠 −1 × 86.400 × 1000 𝐿𝐿 × 1.000 𝑔𝑔 × 0,6
𝑑𝑑
𝑛𝑛𝐶𝐶𝐶𝐶4 = = 3,1 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘
16,04 𝑘𝑘𝑘𝑘 · 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘 −1
- Mols de gás residual: 𝑛𝑛𝑎𝑎𝑎𝑎 + 𝑛𝑛𝐶𝐶𝐶𝐶4 = 373,4 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘 + 3,1 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘 = 376,5 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘
Nota
- Mols de HTécnica
2
O (vapor)6no- gás
Usoresidual
energético e queima
(considerando que a de gases
fração molarresiduais
de vapor de água (yH2O) no gás residual será a mesma do biogás, ou seja
0,018), tem-se: 𝑛𝑛𝐻𝐻2𝑂𝑂 = 376,5 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘 × 0,018 = 6,8 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘
Exemplo 1:
- Mols de O2 nos fumos (relação estequiométrica = 1:2; cada 1 mol de CH4 reage com 2 mol de O2; ou 15,1 kmol de CH4 reagem com 30,2 kmol de O2
Exemplo 2:
𝑛𝑛𝑂𝑂2 = 𝑛𝑛𝑂𝑂2𝑔𝑔á𝑠𝑠 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 − 𝑛𝑛𝑂𝑂2𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒é𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 = 78,4 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘 − 30,2 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘 = 48,2 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘
%𝑂𝑂𝑂𝑂2𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = �𝑚𝑚𝑚𝑚𝑂𝑂𝑂𝑂2𝑔𝑔𝑔𝑔á𝑠𝑠𝑠𝑠 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑟𝑟𝑟𝑟𝑚𝑚𝑚𝑚𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 − 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑂𝑂𝑂𝑂2𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟é𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 � × 100 ÷ 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑂𝑂𝑂𝑂2𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟é𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 = 160%
de CH4-D (%)
80 50 80
de CH4-D (%)
95
Portanto, o balanço de massa completo é: 50 90 60
60 60
85
30 20
40 80
40 40
(a) 10 75
0,03 0,1 R = Q /Q 0,5 1 0,03 0,1 R = Q /Q 0,5 1,0
Q L G Q L G 70
100 40 100
90
70 30 10 30 65
20
Ef. de dessorção
80 50
Ef. de dessorção
80 80 60
de CH4-D (%)
20 70
de CH4-D (%)
60 10
60
50 55
c) Balanço de energia para o uso do gás residual como comburente (ar de queima)
60
Cálculo da temperatura teórica da chama do queimador: 60 50
Para os cálculos, as perdas de calor no queimador são desconsideradas. A temperatura da combustão será a mesma temperatura dos gases nos
40 45
fumos. Assim, tem-se o seguinte balanço térmico:
40 40
𝑄𝑄𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏á𝑠𝑠
(b) + 𝑄𝑄𝑔𝑔á𝑠𝑠 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 + 𝑄𝑄𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞 = 𝑄𝑄𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓 40
0,03 0,1 R = Q /Q 0,5 1 0,03 0,1 0,5 1,0
Q L G RQ = QL/QG 35
100 100
70 10 30
80 40 80 70
dessorção
essorção
86 80 90 Cadernos Técnicos 80
Eng Sanit Ambient50| v.1 n.2 | 2021 | 77-90 25
4-D (%)
60
H4-D (%)
50 20
Nota Técnica 6 - Uso energético e queima de gases residuais
Em que: Q = quantidade de calor. Sendo as temperaturas do combustível e do comburente iguais a 18 °C e considerando o nível de referência
de temperaturas igual 18 °C, tem-se uma variação da temperatura Δt = 0. Dessa forma, as quantidades de calor sensível das misturas gasosas
combustível (biogás) e comburente (gás residual) trazidas para o sistema de combustão são iguais a zero. Assim, o balanço térmico se resume a:
𝑄𝑄𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞 = 𝑄𝑄𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓
Em que: Qqueima = poder calorífico inferior (PCI) do CH4 = 191.760 kcal kmol‑1 (Felder et al., 2017).
−1 −1
𝑄𝑄𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞 = 191.760 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘 · 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝐶𝐶𝐶𝐶4 × 𝑛𝑛𝐶𝐶𝐶𝐶4 = 191.760 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘 · 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝐶𝐶𝐶𝐶4 × 15,1𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝐶𝐶𝐶𝐶4 = 2.895.576 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘
Sendo o processo de combustão a pressão constante, a quantidade de calor dos fumos pode ser expressa de forma simplificada pela equação de
terceiro grau do tipo (Hilsdorf et al., 2015):
𝑄𝑄𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓 = 𝑥𝑥𝑥𝑥𝑥𝑥𝑥𝑥 + 𝑤𝑤𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 2 + 𝑦𝑦𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 3 − 𝑧𝑧
TCC é a temperatura teórica de chama (em °K) e “a”, “b” e “c” são constantes empíricas, conforme Tabela 2:
Tabela 2. Constantes empíricas para a expressão MCp = a + bT + cT2 (kcal·kmol-1·K-1) válidas para o intervalo de 15 °C a 1.200 °C (Hilsdorf et al., 2015)
Gás a b c
N2 6,524 0,00125 -1,00 x 10-9
CO2 6,214 0,010396 -3,55 x 10-6
O2 6,148 0,003102 -9,23 x 10-7
H2O 7,256 0,002298 2,83 x 10-7
Considerando que Qfumos = Qcombustão (2.895.576 kcal), utilizando as constantes empíricas apresentadas na Tabela 2 e resolvendo a equação de terceiro
grau para os valores de “n” nos fumos encontrados no balanço de massa, tem-se uma TTC = 1.214 °K ou 941 °C. Para resolver a equação de terceiro
grau, utilizar a ferramenta “atingir meta” do Microsoft Excel. Caso não seja possível utilizar essa ferramenta, fazer o cálculo aproximado da temperatura
teórica de combustão utilizando o método gráfico e as capacidades caloríficas molares médias dos gases, conforme metodologia proposta por
Hilsdorf et al. (2015).
Figura 5 – Temperatura teórica da chama (TTC) do queimador para a opção de uso do gás residual como comburente na queima do
biogás, considerando diferentes cenários de geração de biogás: (a) pior cenário; (b) cenário típico; (c) melhor cenário.
No caso de ETEs com baixa produção de biogás (pior na Tabela 1. Maiores detalhes sobre esses possíveis apri-
cenário na Figura 5a), a opção só é viável para rela- moramentos são apresentados em Possetti et al. (2018).
ções QG/QL menores do que 1,5, não muito comuns de Vale notar que os cálculos do balanço térmico também
serem aplicadas em câmaras de dessorção – conforme poderiam ser feitos para o gás residual proveniente de um
NT 2 desta coletânea, a faixa de operação usual desses sistema de exaustão de zonas confinadas de uma ETE (sis-
sistemas é de 2,0-3,0 (Souza et al., 2021). Para ETEs no tema de controle de odores). No entanto, o balanço tér-
cenário típico de geração de biogás (Figura 5b), o fluxo- mico teria que ser avaliado caso a caso, já que os volumes
grama pode ser proposto, desde que as relações QG/QL confinados variam muito entre diferentes ETEs (ou mesmo
na câmara de dessorção sejam menores do que 2,0, também entre zonas de uma mesma ETE) e, por consequência, as
não muito comumente empregadas nesse tipo de sistema. vazões de gás residual também.
Nesse cenário, eficiências de dessorção maiores podem
permitir a aplicação de relações QG/QL um pouco maiores 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
do que 2,0, indicadas para esse tipo de sistema. Por fim, no Conforme apontado nesta NT, é possível propor o uso
melhor cenário de geração de biogás (Figura 5c), a opção energético do gás residual gerado em sistemas de dessor-
passa a ser viável com o uso de relações QG/QL menores ção de gases dissolvidos em efluentes de reatores anae-
que 2,5. Nesse sentido, para se propor a destruição tér- róbios utilizados para o tratamento de esgoto sanitário.
mica do gás residual, utilizando-o como gás comburente Para isso, nos sistemas de dessorção devem ser aplicados
em queimadores ou outro sistema de combustão de biogás, valores de QG/QL (razão entre vazões de ar de arraste e
é fundamental que esforços sejam direcionados para uma efluente anaeróbio) na faixa de 0,03 a 0,10 (possíveis em
adequada captação de biogás, eliminação de vazamentos contactores de membrana desgaseificadora), e o gás resi-
e perdas de biogás, bem como diminuição da entrada de dual deve ser misturado ao biogás gerado nos reatores
água pluvial no esgoto (diluição do esgoto), a fim de apro- anaeróbios. Essas condições permitem recuperar um gás
ximar a produção de biogás do melhor cenário indicado residual suficientemente concentrado em CH4 para não
diluir excessivamente o biogás, produzindo uma mistura Esta NT permitiu delimitar o potencial de aplicação
gasosa final (gás residual + biogás) com teores de CH4 na das opções de aproveitamento energético e destruição tér-
faixa de 45% a 55%. Para valores de QG/QL iguais a 0,10, as mica do gás residual, oferecendo uma visão mais ampla
vazões da mistura gasosa seriam de 2 a 3 vezes maiores do sobre o assunto para consultores, projetistas e operado-
que as vazões de biogás. Nesse sentido, valores de QG/QL res de ETEs com reatores anaeróbios. A ferramenta ele-
superiores à faixa anteriormente mencionada poderiam trônica “Etsus Ferramenta CH4-D” pode ser usada para
inviabilizar o aproveitamento energético do gás residual realizar essas estimativas no dimensionamento de pro-
devido ao aumento excessivo do volume da mistura gasosa, jetos específicos. Por último, testes experimentais são
bem como diluição excessiva do CH4. O incremento do necessários para validar os resultados apresentados neste
potencial energético depende das condições operacionais documento. Os acadêmicos e pesquisadores são convi-
nos sistemas de dessorção e das condições de produção do dados a fazerem uso deste documento e da ferramenta
biogás. No entanto, para todos os cenários avaliados nesta eletrônica “Etsus Ferramenta CH4-D” para o direciona-
NT, o uso energético do gás residual pode incrementar o mento das pesquisas.
potencial energético da ETE entre 18% e 58%.
Na opção pela destruição térmica do gás residual, é AGRADECIMENTOS
necessário que as temperaturas teóricas de chama nos Os autores agradecem o apoio recebido do Conselho
sistemas de queima sejam superiores a 850 °C. Os resul- Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico –
tados apresentados nesta NT permitem concluir que essa CNPq, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
condição é atingida em um cenário ótimo de produção de Nível Superior – CAPES, da Fundação de Amparo à
de biogás nos reatores anaeróbios (sistemas com míni- Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG e do
mas perdas e vazamentos de biogás, e com esgoto bruto Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações
sem diluições com água de chuva). Ademais, é necessário Sustentáveis de Tratamento de Esgoto – INCT ETEs
que os sistemas de dessorção (p. ex.: câmaras de dessor- Sustentáveis.
ção) sejam operados com valores de QG/QL inferiores a Este trabalho faz parte da série de publicações do INCT
2,5 (faixa de operação usual desses sistemas é de 2,0-3,0). ETEs Sustentáveis.
REFERÊNCIAS
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subprodutos gasosos do tratamento do esgoto. Parte B: Avanços
BIANCHETTI, F. J; BRANDT, E. M. F.; SANTOS, H. A.; CHERNICHARO, C. A. L.
nas técnicas de controle de emissões gasosas em ETEs com
Valoração e gerenciamento de subprodutos gasosos do tratamento do
reatores anaeróbios – Nota Técnica 4 - Recuperação de metano
esgoto. Parte B: Avanços nas técnicas de controle de emissões gasosas
dissolvido em efluentes de reatores anaeróbios por meio de
em ETEs com reatores anaeróbios – Nota Técnica 7 - Cadernos Técnicos
contactores de membrana desgaseificadora. Cadernos Técnicos
Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 1, n.2, p. 91-105, 2021.
Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 1, n.2, p. 49-62, 2021.
BRANDT, E. M. F.; SOUZA, C. L.; CENTENO-MORA, E.; BIANCHETTI, F. J.;
SANTOS, J. M. B.; CHERNICHARO, C. A. L. Valoração e gerenciamento CENTENO-MORA, E.; CHERNICHARO, C. A. L. Use of membrane
de subprodutos gasosos do tratamento do esgoto. Parte B: Avanços contactors for removing and recovering dissolved methane from
nas técnicas de controle de emissões gasosas em ETEs com reatores anaerobic reactors effluents: state-of-the-art, challenges, and
anaeróbios – Nota Técnica 1 - Tópicos de interesse. Cadernos Técnicos perspectives. Reviews in Environmental Science and Biotechnology,
Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 1, n. 2, p. 5-22, 2021. v. 19, p. 673-697, 2020.
FELDER, R. M.; ROUSSEAU, R. W. Princípios Elementares dos gases dissolvidos em efluentes de reatores anaeróbios por meio
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tecnológica. São Paulo: Cengage Learning, 2015. reatores UASB aplicados ao tratamento de esgoto sanitário -
Parte 5: Biogás e emissões fugitivas de metano. Revista DAE,
LOBATO, L. C. S.; CHERNICHARO, C. A. L.; SOUZA, C. L. Estimates of v. 66, n. 214, p. 90-108, 2018.
methane loss and energy recovery potential in anaerobic reactors
treating domestic wastewater. Water Science and Technology, v. SOUZA, C. L.; SANTO, B. C. E.; BRANDT, E. M. F. B.; SANTOS, J. M.
66, p. 2745-2753, 2012. B. Valoração e gerenciamento de subprodutos gasosos do
tratamento do esgoto. Parte B: Avanços nas técnicas de controle
NELTING, K.; POSSETTI, G. R. C.; RIETOW, J. C.; PAULA, A. C.; de emissões gasosas em ETEs com reatores anaeróbios – Nota
COSTA, F. J. O. G.; GALLO, E. M. F. S.; TRAUTMANN, N.; Valoração e Técnica 2 - Câmaras de dessorção para remoção de sulfeto
gerenciamento de subprodutos gasosos do tratamento do esgoto. de hidrogênio e metano dissolvidos em efluentes de reatores
Parte B: Avanços nas técnicas de controle de emissões gasosas em anaeróbios. Cadernos Técnicos Engenharia Sanitária e Ambiental,
ETEs com reatores anaeróbios – Nota Técnica 3 - Recuperação de v. 1, n.2, p. 23-33, 2021.
RESUMO ABSTRACT
Responsáveis pela manutenção da temperatura terrestre em níveis habitáveis, By making it possible to maintain terrestrial temperature at habitable
os gases de efeito estufa (GEEs) atingiram níveis de concentração nunca levels, greenhouse gases (GHG) have reached levels of concentration
antes vistos. Embora as emissões de dióxido de carbono (CO2) decorrentes da never seen before. Although carbon dioxide (CO2) emissions from the
estabilização da matéria orgânica sejam consideradas neutras, o tratamento decomposition of organic matter are considered neutral, sewage treatment
anaeróbio do esgoto se destaca por produzir, além do CO2, o metano (CH4), by means of anaerobic process stands out for producing methane (CH4),
um importante GEE incluído no conceito de pegada de carbono. Assim, a an important GHG included in the carbon footprint concept. Thus, the
adequada gestão dessas emissões gasosas, seja pelo controle e tratamento, proper management of gaseous emissions, whether through control and
seja pelo aproveitamento energético do biogás e outros gases gerados no treatment, or through the use of biogas energy, consists of an important
tratamento, consiste em importante mecanismo para mitigar, compensar ou mechanism to mitigate, compensate or avoid GHG emissions. To make it
evitar emissões de GEEs. Para auxiliar nas estimativas da pegada de carbono e easier to estimate the carbon footprint and the recovery energy potential,
do potencial de recuperação de energia, esta nota técnica (NT) apresenta uma this technical note (TN) presents an electronic tool that includes the
ferramenta eletrônica que incluiu as técnicas de controle de emissões gasosas gaseous emissions control techniques addressed in this collection of TN.
abordadas nesta coletânea de NTs. Em vista desses preceitos, a presente NT tem In view of these arguments, this TN aimed at discussing several topics
como objetivo discutir os diversos tópicos de interesse inerentes às emissões e of interest inherent to GHG and compensations under the context of
compensações de GEEs sob o contexto do tratamento anaeróbio de esgoto. anaerobic sewage treatment.
Palavras-chave: pegada de carbono; efeito estufa; metano; reator UASB; Keywords: carbon footprint; greenhouse effect; methane; UASB reactor;
aproveitamento energético; balanço de carbono e energia em ETEs anaeróbias. energy recovery; carbon and energy balance in anaerobic SPs.
1
Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre e aluno de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e
Recursos Hídricos da UFMG. Professor do Departamento de Engenharia Civil e Meio Ambiente do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet MG)
Campus Curvelo. Membro do INCT ETEs Sustentáveis
2
Químico Industrial pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Mestre e Doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela UFMG. Docente Permanente do Programa
de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Diretor Técnico da Brandt Meio Ambiente Ltda. Membro do INCT ETEs Sustentáveis
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Aluno de graduação do curso de Engenharia Civil do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) Campus Curvelo.
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Engenheiro Civil pela UFMG. Doutor em Engenharia Ambiental pela Universidade de Newcastle upon Tyne – UK. Professor titular aposentado do Departamento de
Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG. Coordenador do INCT ETEs Sustentáveis
*Endereço para correspondência: Avenida Antônio Carlos 6.627 – Universidade Federal de Minas Gerais - Escola de Engenharia – Departamento de Engenharia Sanitária e
Ambiental – Bloco 1. Belo Horizonte, MG. CEP: 31270-901. e-mail: calemos@desa.ufmg.br
1 Destaca-se que para elaboração destes inventários foram utilizados como base os GWP do Segundo Relatório de Avaliação, a citar: 28 para o CH4 e 310 para o N2O, em um horizonte
de 100 anos (IPCC, 2001).
2 O 2006 IPCC Guidelines assume que o carbono orgânico presente nos esgotos deriva de matéria orgânica moderna oriunda de excretas humanos e restos de alimento e, como tal, essas
emissões estariam dentro do ciclo biogeoquímico natural do carbono, desde que elas não representem transferência de carbono da litosfera para a atmosfera (IPCC, 2019).
No caso da pegada de carbono, não há unidade de área apresentação de uma ferramenta para cálculo da pegada
nas medidas adotadas, mas sim de peso (Durojaye et al., de carbono como um indicador do impacto proveniente
2020; Hammond, 2007; Matthews et al., 2008; Wiedman de ETEs anaeróbias, a qual permite comparar o efeito das
e Minx, 2007; Williams et al., 2012; Wright et al., 2011). diferentes técnicas de manejo de emissões gasosas aborda-
Algumas definições do termo consideram apenas as emis- das nas demais NTs que compõem esta coletânea.
sões de CO2, ao passo que outras consideram todos os GEEs.
No contexto da presente nota técnica (NT), foi adotada a defi- 2. EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA
nição proposta por Wright et al. (2011), que sugerem o termo EM ETES COM REATORES ANAERÓBIOS
pegada de carbono para indicar os cálculos de emissões de CO2 O tratamento de esgoto é uma atividade antrópica que,
e CH4, os quais, efetivamente, contêm átomos de carbono em embora por um lado, oferte benefícios ambientais e de
sua molécula e de coleta de dados relativamente direta, permi- saúde pública por meio da minimização ou controle da
tindo uma métrica econômica, prática e padronizada. poluição, por outro, contribui direta e indiretamente com
Diante do exposto, esta NT objetiva a apresentação e a emissão de GEEs. No presente item são abordadas as
discussão dos tópicos de interesse atribuídos a emissões emissões diretas, ao passo que as emissões indiretas são
diretas e indiretas de GEE em reatores anaeróbios, além da abordadas no item 3.
(a) (b)
(c)
Figura 1 – Emissões brasileiras setoriais de GEEs a) totais, b) de N2O e c) de CH4, com destaque ao setor de tratamento de efluentes domésticos.
Seja pela via biológica aeróbia ou anaeróbia, o tratamento A eficiência de conversão do CH4 a CO2 pode variar de
de esgoto é responsável por emissões de GEEs oriundas da 10% a 53% em queimadores abertos, segundo Leahey et al.
degradação da matéria orgânica e nitrogenada por micror- (2001), e de 98% a aproximadamente 100% em queimadores
ganismos. Tais gases são emitidos durante o tratamento da fechados, segundo Brasil (2017) e Kaminski et al. (2018).
fase líquida (esgoto), da fase sólida (digestão de lodo) ou, Por outro lado, o aproveitamento do potencial energético
ainda, dos gases gerados. Neste último, a combustão do CH4 do CH4 em ETEs anaeróbias, seja para uso interno ou externo,
produzido no tratamento anaeróbio do esgoto, se exitosa, pode consistir em um eficaz mecanismo de redução, compen-
resultará na emissão de CO2. Entretanto, como os queima- sação ou eliminação de emissões diretas ou indiretas e, ainda,
dores utilizados muitas vezes não propiciam a combustão de substituição de outras emissões alheias às demandas da
completa, ainda poderá ser emitida uma parcela significa- ETE. O biogás pode ser utilizado, por exemplo, para gera-
tiva de CH4, a depender das condições ambientais e, espe- ção de energia para a própria ETE ou exportada para a rede
cialmente, das características do queimador utilizado, como da companhia energética; para secagem térmica e higieniza-
bem nos assegura a NT 5 da coletânea “Valoração e geren- ção do lodo, reduzindo seus custos de transporte ou até per-
ciamento de subprodutos gasosos do tratamento do esgoto. mitindo que este seja usado como fertilizante; ou, ainda, para
Parte A: Avanço das ferramentas e técnicas para estimativa fornecimento de energia às residências vizinhas à ETE para
de produção e tratamento de biogás em ETEs com reatores substituição da eletricidade para aquecimento de água ou do
anaeróbios” (Kaminski et al., 2021). gás liquefeito de petróleo (GLP) para cocção. A eficácia destas
Os GEEs emitidos diretamente pelo tratamento de medidas é especialmente válida quando da aplicação de práti-
esgoto dependem da tecnologia de tratamento utilizada, cas que permitam o controle ou a recuperação de significativa
sendo os principais: parcela de CH4 dissolvido (CH4-D) no efluente, conforme téc-
1. Dióxido de carbono (CO2): nos processos aeróbios ou nicas abordadas nas NTs 2, 3 e 4 da presente coletânea (Souza
anaeróbios, as emissões de CO2 de uma ETE podem et al., 2021; Nelting et al., 2021; Centeno-Mora et al., 2021).
ter duas origens, a citar, na produção de energia neces- Tais medidas podem tornar a pegada de carbono da ETE neu-
sária à ETE e na estabilização da matéria orgânica. tra ou até mesmo negativa, conforme abordado no item 4.
2. Metano (CH4): é o principal subproduto no processo
de digestão anaeróbia da matéria orgânica. 3. EMISSÕES DE GASES DE EFEITO
3. Óxido nitroso (N2O): é um produto intermediário ESTUFA PROVENIENTES DE
resultante dos processos de degradação do nitrogênio OUTRAS ATIVIDADES ANTRÓPICAS
por vias aeróbias (nitrificação) ou vias anóxicas (des- RELACIONADAS AO TRATAMENTO
nitrificação), embora seja mais associado a esta última. ANAERÓBIO DE ESGOTO
Embora o N2O seja um GEE com um elevado GWP, Ante as diversas emissões gasosas provenientes de atividades
equivalente a 265 vezes a emissão de CO2 em um hori- antrópicas, alguns setores possuem emissões relacionadas
zonte de 100 anos, no contexto da presente NT este não ao tratamento anaeróbio de efluentes, ou que possam ser
é abordado em detalhes, uma vez que não é formado compensadas ou evitadas por práticas implantadas nas ETEs
sob condições anaeróbias, foco deste trabalho. anaeróbias. Esta relação é fundada nas atividades conjuntas
e comuns ao tratamento de efluentes, advindas dos setores
Em ETEs com reatores anaeróbios, a queima incom- de energia, transporte, processos industriais e agropecuária.
pleta do biogás em queimadores, as emissões fugitivas e As emissões indiretas no tratamento de esgoto podem
a dessorção do CH4 dissolvido nos efluentes anaeróbios advir de ações relacionadas ao condicionamento, trans-
são as principais fontes de emissão de CH4. Souza (2010) porte e disposição de lodo, bem como às demandas ener-
aponta para perdas superiores a 30% do CH4 total produ- géticas da ETE. Além disto, há ainda atividades não rela-
zido em reatores UASB na forma dissolvida no efluente. cionadas, mas que podem ser supridas pelo uso do biogás
gerado ou pelo aproveitamento do lodo como biossólido, Destaca-se que o biogás pode ser utilizado na geração com-
evitando emissões em outros setores. Nestes casos, a utili- binada de calor e eletricidade (CHP), permitindo que a
zação do biogás passa não só a mitigar as emissões de GEE eletricidade produzida supra as demandas da própria ETE
(destruição do CH4), mas também a evitar as emissões da e que o calor possa ser utilizado para condicionamento
produção de energia e de bens e serviços, demandados do lodo na própria ETE, permitindo sua higienização e
pela ETE, e a compensar as emissões fugitivas, suprindo redução de seu volume (Lobato et al., 2012).
demandas externas à ETE (Figura 2).
Tais ganhos se tornam maiores à medida que a matriz 3.2. Condicionamento do lodo
energética originalmente utilizada seja baseada em fontes Bem como no setor de energia, o setor de processos
consideradas “menos limpas”. Nos próximos subitens são industriais possui relação com o tratamento anaeró-
apresentados exemplos de atividades relacionadas ou com- bio de efluentes através do lodo. A cal é utilizada em
plementares ao tratamento de esgoto, para as quais o aprovei- diversas ETEs para estabilizar o lodo no processo de
tamento energético do biogás pode consistir em opção para caleação. Neste processo há a adição de cal em quan-
evitar ou compensar a pegada de carbono de ETEs anaeróbias. tidades que propiciem o aumento do pH do lodo para
12, o que resulta na diminuição da quantidade de
3.1. Aproveitamento energético do biogás microrganismos e possibilidade de odores (Andreoli
Uma prática com grande potencial para redução da pegada de et al., 2014). Sob a ótica dos inventários de emissões
carbono é a recuperação energética a partir do biogás, obser- de GEEs, a produção de cal foi responsável por 8,19%
vada em diversos países como Alemanha, Inglaterra, Itália e das emissões totais de CO2 atribuídas ao setor de pro-
Estados Unidos, e de recente interesse no Brasil. Como bem cessos industriais no ano de 2016 (Brasil, 2020). Por
asseguram Brasil (2015) e Chernicharo et al. (2017), a utiliza- conseguinte, processos de desinfecção de lodo, alter-
ção do biogás para aproveitamento energético representa uma nativos à caleação, podem reduzir a utilização de cal
das inúmeras vantagens do tratamento anaeróbio de efluentes. e, consequentemente, a pegada de carbono das ETEs.
A energia utilizada em diversas etapas do tratamento
de efluentes também ocasiona emissões de GEE em seu 3.3. Transporte do lodo
processo produtivo. A queima de combustíveis fósseis para O setor de tratamento de resíduos possui demandas de ati-
produção de energia, por Centrais Elétricas de Serviço vidades de transporte que também são emissoras de GEEs.
Público, foi responsável por 10,7% das emissões totais de Concernente com a demanda de transporte do lodo pro-
CO2 do setor de energia no Brasil em 2016 (Brasil, 2020). duzido em ETEs, como bem asseguram Chernicharo et al.
(2017), as soluções de gestão de lodo, que diminuam a
quantidade de lodo que será enviada ao aterro sanitário,
podem reduzir e evitar emissões advindas do transporte.
Não foram encontrados estudos que apresentem, para o
contexto brasileiro, especificamente a parcela do transporte
de lodo nas emissões totais do subsetor de tratamento de
efluentes domésticos.
pode fornecer diversos nutrientes ao solo, em detrimento também é um dos usos propostos que oportuniza
a fertilizantes químicos tradicionais. A produção de amô- mitigação nos danos ambientais atribuídos a ETEs.
nia, uma das formas de nitrogênio reativo (Garcia et al., O subsetor de transporte rodoviário foi responsá-
2013), e a produção de ácido fosfórico, utilizado, entre vel por 45,8%, 8,5% e 47,8% das emissões totais de
outros fins, na produção de fertilizantes, foram responsá- CO 2, CH 4 e N 2O, respectivamente, do setor de ener-
veis por 2,31% (1.805 Gg de CO2) e 0,13% (98 Gg de CO2) gia brasileiro no ano de 2016 (Brasil, 2020), isto
das emissões totais de CO2 do setor de processos indus- considerados todos os tipos de combustíveis. Em
triais em 2016, respectivamente (Brasil, 2020). relação à substituição do GNV pelo biogás, obser-
vada a equivalência dos respectivos poderes calorí-
3.5. Aproveitamento do biogás para aquecimento ficos (8.300 kcal·m - ³GNV e 8.578 kcal·m -³CH 4), o
de água e substituição do gás liquefeito de petróleo fator de emissão de CO 2eq para a queima de biogás
Ao propiciar o aquecimento de água utilizada para banho, (1,2 kgCO 2 eq·m - ³biogás) representa cerca de 60%
o biogás oportuniza a redução, além das próprias emissões do atribuído à combustão do GNV (1,9 kgCO 2eq·m -
de CH4, das emissões de CO2eq residenciais devidas à fonte ³GLP), segundo USEPA (2014). Todavia, o uso do
energética que originalmente seria utilizada para tal fim. biogás para a geração de outras formas de energia,
Além disso, em caldeiras a vapor também há a possibili- como, por exemplo, visando à injeção na linha de
dade de utilização energética do biogás para gerar energia. gás natural ou o aproveitamento como combustível
A utilização do biogás como fonte energética para veicular, demanda nível e custo de tratamento bem
cocção de alimentos, seja nas residências vizinhas à mais elevados.
ETE, seja em uma cozinha comunitária, destaca-se em
detrimento ao uso do GLP. Embora este seja respon- 4. A PEGADA DE CARBONO COMO
sável por 3,8% das emissões totais de CO2 do setor de INDICADOR DO IMPACTO DE UMA ETE
energia, advindas de sua extração e transporte (Brasil,
2020), a substituição é enormemente potencializada em 4.1. A Ferramenta Balanço de Energia e Carbono
decorrência da diferença nas emissões equivalentes de em ETEs Anaeróbias
queima do GLP e do biogás. Segundo USEPA (2014), A Ferramenta Balanço de Energia e Carbono em ETEs
o fator de emissão de CO2eq para a queima de biogás Anaeróbias (Chernicharo et al., 2017), executada
(1,2 kgCO 2eq·m -³biogás) representa apenas 0,3% do através de uma planilha em ambiente do software
fator de emissão do GLP (1.507,1 kgCO2eq·m-³GLP), Microsoft Excel ®, possibilita o cálculo da pegada de
já considerada a equivalência de poder calorífico de carbono, e da possível quantidade de energia recu-
ambos (8.578 kcal·m-³CH4 e 27.300 kcal·m-³GLP). Por perada na forma de eletricidade e calor, aplicada a
conseguinte, a utilização energética do biogás para ETEs anaeróbias de tratamento de esgoto. As esti-
cocção de alimentos apresenta-se como uma alterna- mativas são feitas a partir das características da ETE,
tiva que oportuniza redução expressiva na pegada de notadamente em relação às alternativas utilizadas
carbono em uma ETE. Importante ressaltar a necessi- para gerenciamento dos subprodutos sólidos (lodo) e
dade de implantação da rede de condução do biogás e gasosos (biogás, CH4 dissolvido e emissões fugitivas
adaptação dos queimadores, bem como a necessidade de CH 4), conforme Figura 3 e Tabela 2, permitindo
de regulamentação para tal ação. a simulação de diversos cenários para apoio e auxílio
à tomada de decisões.
3.6. Combustível veicular Para mais informações e download da Ferramenta Balanço
Por fim, a utilização do biogás como combustível vei- de Energia e Carbono em ETEs Anaeróbias e respectivos
cular em substituição ao gás natural veicular (GNV) documentos técnicos, acesse www.etes-sustentaveis.org.
Figura 3 – Rotas de gestão de biogás, do CH4 dissolvido e emissões fugitivas disponíveis na ferramenta.
Tabela 2 – Técnicas disponíveis na ferramenta para análise da recuperação do CH4 dissolvido, aproveitamento do biogás e gestão
do lodo em função do porte da ETE.
Técnica disponível em função do porte populacional da ETE
Objetivo Pequeno Médio Grande
(2.000 a 10.000 hab.) (10.000 a 100.000 hab.) (> 100.000 hab.)
• Queimador aberto
• Queimador aberto • Queimador aberto
• Queimador enclausurado
• Queimador enclausurado • Queimador enclausurado
Manejo do • Secador térmico
• Desinfecção do lodo • Secador térmico
biogás • Produção de vapor
• Cocção • Produção de vapor
• Motor CHP
• Aquecimento de água • Motor CHP
• Combustível veicular
• Câmara de dessorção simplificada • Câmara de dessorção simplificada
Recuperação do • Câmara de dessorção com enchimento • Câmara de dessorção com enchimento
• Câmara de dessorção simplificada
CH4 dissolvido • Contactores de membranas / Câmaras • Contactores de membranas / Câmaras
a vácuo a vácuo
Tratamento do • Biofiltro • Biofiltro
• Biofiltro
CH4 recuperado • Manejo conjunto com o biogás • Manejo conjunto com o biogás
• Decantador aberto • Decantador aberto • Decantador aberto
Emissões • Decantador fechado • Decantador fechado • Decantador fechado
decantador • Decantador fechado com exaustão e • Decantador fechado com exaustão e • Decantador fechado com exaustão e
biofiltro biofiltro biofiltro
• Leitos de secagem ou centrifuga + • Leitos de secagem ou centrifuga +
aterro sanitário aterro sanitário
• Leitos de secagem + aterro sanitário
Manejo do lodo • Leitos de secagem ou centrifuga + • Leitos de secagem ou centrifuga +
• Desinfecção + uso agrícola
secagem térmica + aterro sanitário ou secagem térmica + aterro sanitário ou
uso agrícola uso agrícola
Nota: Para mais informações sobre tais técnicas, ver NTs 3, 4 e 5 da coletânea “Parte A: Avanço das ferramentas e técnicas para estimativa de produção e tratamento de biogás
em estações de tratamento de esgoto com reatores anaeróbios” (Santos et al., 2021; Dos Santos et al., 2021; Kaminski et al., 2021) e NTs 2, 3, 4, 5 e 6 da presente coletânea (Souza
et al., 2021; Nelting et al., 2021; Centeno-Mora et al., 2021; Brandt et al., 2021a; Brandt et al., 2021b).
4.2. Exemplo de aplicações do cálculo da pegada adoção de diferentes alternativas de manejo do bio-
de carbono de uma ETE gás, emissões fugitivas, gases residuais e lodo (Tabela
O exemplo a seguir se refere à aplicação da ferramenta 3). Para outros exemplos de aplicação para ETEs de
para avaliação da pegada de carbono de uma ETE de pequeno, médio e grande porte, acesse www.etes-sus-
médio porte baseada em reatores UASB, mediante a tentaveis.org.
Dados de entrada:
• População de projeto (P): 25.000 habitantes
• Contribuição per capita de esgoto (QPC): 150 L·hab-1·d-1
• Taxa de contribuição por infiltração (Tinf) = 0,1 L·s-1·km-1
• Extensão de rede por habitante (Lrede·hab-1): 2,0 m·hab.-1
Cenários:
Tabela 3 – Cenários propostos, considerando diferentes alternativas de manejo do biogás, emissões fugitivas, gases residuais e lodo
Observação: A ferramenta oferece mais algumas dezenas de parâmetros diversos com valores sugeridos como padrão, os quais podem ser
alterados pelo usuário no menu “coeficientes”.
Tabela 4 – Resultados gerados pela Ferramenta Balanço de Energia e Carbono ETEs Anaeróbias para os cenários avaliados
Cenário 1 2 3
Vazão de esgoto – Qmed (L·s-1) 48,4
Vazão de biogás – Qbiogás (Nm3·d-1) 358,0 600,6
Vazão de metano – QCH4 (Nm3·d-1) 268,5 385,6
Teor de metano no biogás (%V/V) 75 64
Emissões provenientes do transporte do lodo (tCO2eq·ano-1) 591,2 258,7 258,7
Carga de metano dissolvido no efluente - CH4-D - (kgCH4·d-1) 83,6
Emissões pontuais a partir da combustão do biogás (tCO2eq·ano ) -1
816,3 204,1 11,7
Emissões evitadas no transporte do lodo a partir do aproveitamento do biogás para secagem
0,0 - 332,5 - 332,5
térmica (tCO2eq·ano-1)
Emissões fugitivas provenientes do compartimento de decantação (tCO2eq·ano-1) 95,8 9,6 9,6
Emissões fugitivas provenientes da dessorção dos gases dissolvidos no efluente (tCO2eq·ano ) -1
854,8 316,28 0,0
Emissões provenientes dos gases residuais (tCO2eq·ano-1) 0,0 53,85 0,0
Pegada de carbono total da ETE (tCO2eq·ano-1) 2.358,1 842,4 280,0
Pegada de carbono per capita (kgCO2eq·hab-1·ano-1) 94,3 33,7 11,2
Recuperação energética na forma de calor (Mcal·m-³esgoto tratado) 0,0 413,0 593,2
Recuperação energética per capita na forma de calor (Mcal·hab-1·ano-1) 0,0 25,2 36,2
Cenário 1 Cenário 2
Cenário 2
Cenário 2 Cenário 3
Cenário 3
Nota: A categoria “Total” (barras azuis) se refere às pegadas de carbono resultantes das emissões originadas na digestão da matéria orgânica e no
transporte do lodo, ao passo que a categoria “Digestão da matéria orgânica” (barras vermelhas) desconsidera as emissões de transporte do lodo,
de forma a permitir a comparação com o fator de emissão médio do “Setor brasileiro de tratamento de efluentes domésticos” (linha verde) no qual
somente são levadas em consideração as emissões resultantes da digestão da matéria orgânica.
• As simulações realizadas apontam que a mudança da configuração do Cenário 1, mais comum nas ETEs brasileiras, com queimador
aberto e sem manejo dos gases dissolvidos no efluente, para o Cenário 2, contemplando: i) secagem térmica do lodo antes do
encaminhamento para aterro; ii) excedente do biogás direcionado para queimador aberto; e iii) controle das emissões fugitivas de
metano, por meio de exaustão (decantador) ou câmara de dessorção simplificada (CH 4 dissolvido), e posterior tratamento dos gases
residuais por biofiltração, resulta em uma redução da pegada de carbono total da ETE da ordem de 60% (de 94,3 kgCO 2eq·hab -1·ano -1
para 33,7 kgCO 2eq·hab -1·ano -1).
• Caso o queimador seja substituído por um modelo enclausurado e se utilizem contactores de membranas para recuperação do CH4
dissolvido e posterior aproveitamento energético (Cenário 3), a redução na pegada de carbono total da ETE pode chegar a 88,1%
(de 94,3 kgCO2eq·hab-1·ano-1 para 11,2 kgCO2eq·hab-1·ano-1).
• O Cenário 1 (clássico) representou 83% do valor médio per capita das emissões do setor brasileiro de tratamento de efluentes domésticos
(85,23 kgCO2eq·hab-1·ano-1), segundo Brasil (2020), ao passo que os cenários 2 e 3 (melhorados) apresentaram, respectivamente, 27,5% e 1,1%
da referência setorial (barras vermelhas do gráfico anterior).
(a)
Figura 5. Pegada de carbono por fonte de emissão para os cenários avaliados
(b)
Figura 6. Pegada de carbono relativa ao Cenário 1 por fonte de emissão
Figura 6 - Pegada de carbono absoluta (a) e relativa (b) ao Cenário 1 por fonte de emissão.
▪ As emissões fugitivas, em especial as ocasionadas pela dessorção do CH4 dissolvido no efluente dos reatores anaeróbios e no
compartimento de decantação, podem representar uma das mais significativas parcelas da pegada de carbono em ETEs de médio porte.
• As emissões fugitivas, em especial
Para a simulação as ocasionadas
do cenário 1, muito usual pelanas dessorção do CH4tais
ETEs brasileiras, dissolvido
emissõesno efluente
(efluente dos reatores
= 854,8 tCO₂eq·ano anaeróbios
-1 e decantador e no= compartimento
de decantação, 95,8podem tCO₂eq·ano -1) representaram
representar uma dascerca maisdesignificativas
40% das emissões totais (2.358,1
parcelas da pegada tCO₂eq·ano -1).
de carbono em ETEs de médio porte. Para a simulação do
▪ Ausual
cenário 1, muito simulação
nasda implantação
ETEs de câmara
brasileiras, de dessorção
tais emissões simplificada
(efluente seguidatCO
= 854,8 de tratamento
2
eq·ano-1 edodecantador
gás residual em biofiltro, técnicas
= 95,8 tCO 2
eq·ano abordadas
-1
) representaram cerca
na presente
de 40% das emissões coletânea
totais (2.358,1 detCO
NTs,2eq·ano
apontou-1para
). a possibilidade de redução em 63% as emissões fugitivas oriundas do efluente do reator (de
• A simulação da854,8 tCO₂eq·anode
implantação -1 para 316,3 tCO₂eq·hab-1·ano-1) ou 23% das emissões totais do Cenário 1. Ao passo que, com a implantação de
câmara de dessorção simplificada seguida de tratamento do gás residual em biofiltro, técnicas abordadas
contactores
na presente coletânea dedeNTs,
membranasapontou com paraadiçãoadepossibilidade
metano recuperado de ao biogás a em
redução ser aproveitado energeticamente,
63% as emissões há a possibilidade
fugitivas oriundas do de redução
efluente do reator (de
854,8 tCO2eq·ano em-1 100%
para das emissõeseq·hab
316,3 tCO fugitivas-1 oriundas
·ano-1) oudo 23%efluente
das do reator ou totais
emissões 36,2% das do emissões
Cenário totais
1. Aoparapassoo mesmo
que, comcenário. a implantação de contactores de
2
membranas ▪com A exaustão
adição ede tratamento
metanoemrecuperado biofiltro dos gases do compartimento
ao biogás de decantação
a ser aproveitado pode permitir a redução
energeticamente, há aem 90% das emissões
possibilidade de CH4 em 100% das
de redução
emissões fugitivasdestaoriundas
fonte (de 95,8 tCO₂eq·ano
do efluente do para
-1
reator9,6 ou
tCO₂eq·ano
36,2% das
-1) ou em 4% da pegada total da ETE comparada ao Cenário 1 (2.358 tCO₂eq·ano-
emissões totais para o mesmo cenário.
1).
• A exaustão e tratamento em biofiltro dos gases do compartimento de decantação pode permitir a redução em 90% das emissões de CH4 desta
▪ A melhoria das condições de combustão do CH no queimador (flare) é uma importante ação para diminuição da pegada de carbono de
fonte (de 95,8 tCO2eq·ano-1 para 9,6 tCO2eq·ano-1) ou em4 4% da pegada total da ETE comparada ao Cenário 1 (2.358 tCO2eq·ano-1).
ETEs anaeróbias. Para os cenários simulados, a troca de um queimador aberto com 50% de eficiência (Cenário 2) para um queimador
• A melhoria das enclausurado
condições de comcombustão
98% de eficiência do CH no queimador
(Cenário
4 3) representou (flare)
uma é uma importante
diminuição em 95% daação pegada para diminuição
de carbono da queimada pegada
do biogásde(decarbono de ETEs
anaeróbias. Para204,1os cenários
tCO₂eq·ano simulados, a troca de-1).um
-1 para 11,7 tCO₂eq·ano queimador
Importante destacar aberto
que a com 50%
eficiência dede eficiência
destruição (Cenário
do biogás 2) para umabertos
dos queimadores queimador
pode enclausurado
com 98% de eficiência (Cenário
ser melhorada através 3) representou
da qualidade douma diminuição
equipamento (design,emdispositivo
95% da pegada de ignição, demanutenção
carbono da da queima do biogás
chama, defletor (de 204,
de ventos, 1 tCO2eq·ano-1 para
dentre
11,7 tCO2eq·ano-1).outros) e das condições
Importante destacarambientais de instalação
que a eficiência (exposição ado
de destruição ventos,
biogáschuvasdosetc.), não devendoabertos
queimadores tais equipamentos
pode ser serem condenados
melhorada através da qualidade
do equipamentocomo premissa.
(design, dispositivo de ignição, manutenção da chama, defletor de ventos, dentre outros) e das condições ambientais de instalação
Os ganhos
(exposição a ▪ventos, chuvas ambientais
etc.), não da melhoria
devendo dastais
condições de combustão
equipamentos do CHcondenados
serem 4 são especialmente comoválidos quando do aproveitamento energético
premissa.
do biogás.da
• Os ganhos ambientais Para os cenários
melhoria dassimulados,
condições o uso
dedecombustão
75% do biogás dopara
CHsecagem térmica do lodo permitiu
são especialmente válidosuma quandoredução dodeaproveitamento
75% e 99% nas energético do
4
emissões da
biogás. Para os cenários queima do obiogás
simulados, uso de para75%os cenários
do biogás em que
para ossecagem
25% restantes do biogás
térmica do lodoerampermitiu
destinados,uma respectivamente,
redução dea75% queimadores
e 99% nas emissões da
queima do biogás abertos
para(Cenário
os cenários2) e enclausurados
em que os(Cenário 3). Tais reduções
25% restantes do biogás representaram,
eram destinados, respectivamente, cerca de 26%a equeimadores
respectivamente, 34% de reduçãoabertosdas (Cenário 2) e
emissões totais do Cenário 1.
enclausurados (Cenário 3). Tais reduções representaram, respectivamente, cerca de 26% e 34% de redução das emissões totais do Cenário 1.
▪ O para
• O uso do biogás uso do biogás para a secagem térmica do lodo, reduzindo o volume a ser transportado ao aterro sanitário (Cenário 2), permitiu redução
a secagem térmica do lodo, reduzindo o volume a ser transportado ao aterro sanitário (Cenário 2), permitiu redução de
de cerca de 56% nas emissões resultantes desta atividade (de 591,2 kgCO₂eq·ano -1 para 258,7 kgCO₂eq·hab-1·ano-1) e de cerca de 14%
cerca de 56% nas emissões resultantes
das emissões totais do Cenário 1.
desta atividade (de 591,2 kgCO 2
eq·ano -1
para 258,7 kgCO 2
eq·hab-1·ano-1) e de cerca de 14% das emissões
totais do Cenário 1.
▪ Caso a secagem térmica objetive a produção de biossólidos (Cenário 3), a emissão evitada dependerá do modelo de negócio adotado e
• Caso a secagem da térmica
distância objetive
de transporte a produção
do biossólidos. de biossólidos
No desenvolvimento(Cenário 3), a emissão
da Ferramenta Balançoevitada dependerá
de Carbono e Energiado em modelo de negócio adotado e da
ETEs Anaeróbias,
distância de transporte
adotou-se do biossólidos.deNo
a consideração quedesenvolvimento da Ferramenta
o biossólido será comercializado Balanço
ou doado de Carbono
ao produtor e Energia aem
rural considerando ETEs percorrida
distância Anaeróbias, adotou-se a
consideração deequivalente
que o biossólido
à disposição será
finalcomercializado
em aterros sanitários. ou doado
Assim, ao cadaprodutor rural considerando
usuário deverá avaliar seu modelo a distância
de negócio percorrida equivalente
(transporte para algum à disposição
final em aterroslocal de comércio
sanitários. Assim, ou doação
cada ou retiradadeverá
usuário do biossólido
avaliarna seu
própria ETE). de negócio (transporte para algum local de comércio ou doação ou
modelo
▪ Com estas
retirada do biossólido namedidas,
própriaaETE). gestão integrada do biogás e lodo permitiu uma redução das emissões destas atividades de 1.407,5 tCO₂eq·ano-1
• Com estas medidas,(Cenário 1) para integrada
a gestão 462,5 tCO₂eq·ano do biogás -1 (Cenário
e lodo 2) permitiu
ou 270,1 tCO₂eq·ano
uma redução -1 (Cenário 3), representando,
das emissões respectivamente,
destas atividades reduções
de 1.407,5 tCO de2eq·ano-1 (Cenário
1) para 462,5 tCO emissões
eq·anoda -1 ordem de 67% e 80% no manejo do biogás
(Cenário 2) ou 270,1 tCO2eq·ano-1 (Cenário e lodo,3),e representando,
de 40% e 48% em respectivamente,
relação às emissões totais do Cenário
reduções 1.
de emissões da ordem de 67%
2
e 80% no manejo do biogás e lodo, e de 40% e 48% em relação às emissões totais do Cenário 1.
4.3. Matriz de emissões de CH4 para diferentes usos, formas de controle e porte de ETEs
As diversas alternativas do aproveitamento do biogás, gerenciamento do lodo e recuperação do
100 CH4 dissolvido, presentes na Ferramenta
Cadernos Balanço
Técnicos Eng de Carbono
Sanit Ambient e Energia
| v.1 n.2 | 2021 | 91-105 em ETEs Anaeróbias
(CHERNICHARO et al., 2017), propiciam simular diferentes impactos na pegada de carbono de uma
ETE. Todavia, a fim de oportunizar uma estimativa do impacto quantitativo atribuído a cada
Nota Técnica 7 - Emissão e compensação de gases de efeito estufa
4.3. Matriz de emissões de CH4 para diferentes usos, emissões para ETEs, gerada a partir de simulações para
formas de controle e porte de ETEs cada técnica e conforme os parâmetros e coeficientes
As diversas alternativas do aproveitamento do biogás, default disponíveis na Ferramenta.
gerenciamento do lodo e recuperação do CH4 dissolvido, Como exemplo de uso da matriz, faz-se a estima-
presentes na Ferramenta Balanço de Energia e Carbono tiva expedita do cálculo da pegada de carbono calcu-
em ETEs Anaeróbias (Chernicharo et al., 2017), pro- lada no cenário 3 do exemplo apresentado no item 4.2.
piciam simular diferentes impactos na pegada de car- Por meio dos valores da matriz constantes na coluna
bono de uma ETE. Todavia, a fim de oportunizar uma para ETEs de médio porte, com membranas / câmara
estimativa do impacto quantitativo atribuído a cada téc- a vácuo e gestão do gás residual com o biogás, é possí-
nica, de forma facilitada, a Tabela 3 constitui a matriz de vel obter os fatores de emissão per capita por categoria
Tabela 3 – Matriz de emissões de CH4 para diferentes usos, formas de controle e porte de ETEs.
Emissões per capita (kgCO2eq·hab·ano-1)
Leitos de
secagem +
0,012 23,65 14,19
disposição
final
Queimador
28,48 32,65 32,65 44,76 32,65 35,64 33,9 NA³ 33,9 NA³ 33,9 48,68
aberto
Queimador
1,14 1,31 NA³ 1,31 NA³ 1,31 1,88 1,36 NA³ 1,36 NA³ 1,36 1,95
enclausurado
Cocção -1.619,20 NA³ NA³
Aquecimento
- 0,09 NA³ NA³
de água
Manejo Biogás1 / Lodo em:
Centrífuga
+ secador
térmico2 + NA³ -30,35 -18,21
disposição
final
Leitos de
secagem
+ secador
NA³ -17,74 -10,64
térmico2 +
disposição
final
Caldeiras
NA³ -1.856,20 NA³ -1.856,20 NA³ -1.856,2 -2.666,1 -1.927 NA³ -1.927 NA³ -1927 -2.767
(vapor)
CHP NA³ -1,47 NA³ -1,47 NA³ -1,47 -2,10 -1,52 NA³ -1,52 NA³ -1,52 -2,19
Notas: 1 – Para ETEs com mais de uma técnica de manejo do biogás, realizar o somatório da multiplicação do fator de emissão de cada técnica pelo percentual de biogás
Notas: 1 – Para ETEs com mais de uma técnica de manejo do biogás, realizar o somatório da multiplicação do fator de emissão de cada técnica pelo percentual de biogás destinado a ela dividido
𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏á𝑠𝑠 𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢
destinado a ela dividido por por
100 100 [[Emissão𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏á𝑠𝑠 = ∑𝑛𝑛𝑖𝑖=1 (
100
𝑖𝑖
× 𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒ã𝑜𝑜𝑖𝑖 )]];; 2
2 ––Para
Para desinfecção,
desinfecção, limitar o uso dolimitar o euso
biogás a 90% do biogás
para secador a 90%
térmico, limitar o uso doe para
biogás secador
a 75%; 3 térmico, limitar o uso do biogás
- NA = Não aplicáve
a 75%; 3 - NA = Não aplicáve
Cadernos Técnicos Eng Sanit Ambient | v.1 n.2 | 2021 | 91-105 101
Bianchetti, F.J. et al.
e total (última coluna, somatório das demais) apresen- de energia, bem como a necessidade de inundação de novas
tados na Figura 7. áreas para geração de energia, no caso das hidrelétricas (susten-
A soma das parcelas descritas totaliza a pegada de car- tabilidade ambiental). Além disso, o biogás poderia ser ofertado
bono per capita inerente à configuração da ETE em ques- à população vizinha da ETE, em substituição a outras fontes
tão de 11,2 kgCO₂eq·hab-1·ano-1, a qual, multiplicada pela energéticas, de forma gratuita ou por um valor inferior ao de
população atendida de 25.000 habitantes, resulta em uma obtenção do tipo de energia original (sustentabilidade social).
emissão total de 280 tCO₂eq·ano-1, resultados compatíveis O controle e tratamento de emissões fugitivas com as
com os encontrados no Exemplo. técnicas apresentadas na presente coletânea de NTs tam-
Embora a matriz de emissão oportunize o cálculo bém podem evitar custos com produtos químicos inibido-
expedito de diversos cenários, recomenda-se a utilização res de sulfetos de hidrogênio e a corrosão das instalações
da Ferramenta em ambiente Microsoft Excel®, ante a pos- (sustentabilidade econômica), a emissão descontrolada
sibilidade da: (i) visualização do impacto de cada alter- de CH4 para a atmosfera (sustentabilidade ambiental) e
nativa de maneira gráfica e simultânea; (ii) simulação de os transtornos causados pelos odores aos operadores e à
diversos cenários de maneira rápida e flexível; (iii) altera- vizinhança da ETE (sustentabilidade social).
ção de coeficientes e parâmetros para valores adequados à O tratamento térmico do lodo gerado é outra prática com
realidade do usuário; (iv) possibilidade de impressão e sal- grande redução de impactos, seja para minimização do seu
vamento do trabalho desenvolvido, entre outros recursos. volume a ser transportado e disposto, reduzindo custos e emis-
Adicionalmente, por meio da matriz, é possível perceber sões (sustentabilidade econômica e ambiental), e aumentando
as configurações que possuem emissões mais significati- a vida útil do aterro (sustentabilidade econômica, ambiental
vas, bem como as com maior potencial de minimização e social), seja para uso agrícola como biossólido, diminuindo
da pegada de carbono de ETEs anaeróbias. a exploração, produção e aquisição de fertilizantes (sustenta-
bilidade econômica e ambiental), permitindo o fechamento
4.4. Influência do controle de emissões, de ciclos (sustentabilidade ambiental) e ofertando um pro-
aproveitamento do biogás e recuperação do CH4 duto sanitizado de forma a permitir uma aplicação segura
dissolvido na redução da pegada de carbono aos produtores (sustentabilidade social).
O aproveitamento energético do biogás reduz as demandas
por outras fontes energéticas, podendo tornar a ETE autossu- 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
ficiente do ponto de vista energético (sustentabilidade econô- O conceito de ETEs Sustentáveis pressupõe um olhar à
mica), evitar as emissões de GEE diretas, resultantes da queima pegada de carbono da estação, buscando aproximar-se
incompleta do CH4, e indiretas, oriundas da produção externa de uma pegada neutra ou, eventualmente, negativa. E são
Figura 7 – Fatores de emissão unitários por categoria e total para o Cenário 3 do exemplo 4.2 obtidos a partir da matriz de emissões.
102 Cadernos Técnicos Eng Sanit Ambient | v.1 n.2 | 2021 | 91-105
Nota Técnica 7 - Emissão e compensação de gases de efeito estufa
diversas as práticas passíveis de aplicação em uma ETE nos queimadores e do transporte do lodo para dis-
para minimização da pegada de carbono que ofertam posição final. Uma ação integrada, utilizando alguns
benefícios adicionais intimamente ligados ao conceito dos melhoramentos supracitados, mostrou-se capaz
de uma ETE Sustentável e que cumprem a salvaguarda ao de propiciar reduções próximas a 90% nos índices de
tripé da sustentabilidade: (i) econômica (autossuficiência pegada de carbono de uma ETE em relação à configu-
energética, diminuição de químicos e de deterioração das ração típica das ETEs brasileiras baseadas em reatores
instalações, diminuição do transporte do lodo, produção anaeróbios. Tais reduções podem ser ainda maiores e,
de biossólidos etc.); (ii) ambiental (energia alternativa, inclusive, resultarem em pegada de carbono negativa.
aumento da vida útil de aterros, diminuição da produção A Ferramenta Balanço de Energia e Carbono em
e exploração de fertilizantes, diminuição das emissões ETEs Anaeróbias é disponibilizada para a análise quan-
de GEEs, fechamento de ciclos, entre outros); e (iii) titativa do impacto atribuído a cada uma das técnicas
social (melhoria da qualidade de vida de operadores e suas diferentes contribuições na redução das emis-
e da população vizinha à ETE, oferta de biossólidos sões de GEEs atribuídas ao tratamento anaeróbio de
com segurança sanitária etc.). efluentes.
Os principais tópicos de interesse inerentes a emis-
são e compensação de GEEs foram apresentados nessa AGRADECIMENTOS
NT. Não obstante à quantidade neutra de emissões de Os autores agradecem o apoio recebido do Conselho
CO2eq, as conclusões apontam que é muito grande o Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico –
potencial de mitigação e compensação de emissões CNPq, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de GEEs nas ETEs anaeróbias, por meio de atividades de Nível Superior – CAPES, da Fundação de Amparo
como uso do biogás, aplicação de técnicas de dessor- à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG, do
ção e tratamento ou aproveitamento do CH4 dissolvido, Foreign, Commonwealth & Development Office (FCDO)
além do melhoramento da eficiência dos queimadores, do Reino Unido e do Instituto Nacional de Ciência e
dentre outras. Ademais, a presente NT demonstrou que Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento
as fontes de emissões potencialmente mais significa- de Esgoto – INCT ETEs Sustentáveis.
tiva são as emissões fugitivas a partir do efluente do Este trabalho faz parte da série de publicações do
reator anaeróbio, da destruição incompleta do biogás INCT ETEs Sustentáveis
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Parte B: Avanços nas técnicas de controle de emissões
gasosas em ETEs com reatores anaeróbios
Nota Técnica 8 - Emissão e modelagem matemática
da dispersão de gases odorantes gerados em ETEs
Part B: Advances in gas emission control techniques for anaerobic-based STPs
Technical Note 8 – Emission and mathematical models
of dispersion of odorants gases generated in the STPs
Willian Lemker Andreão1, Taciana Toledo de Almeida Albuquerque2,
Lucas de Almeida Chamhum Silva3, Carlos Augusto de Lemos Chernicharo4*
RESUMO ABSTRACT
Empreendimentos relacionados ao saneamento ambiental, como as Companies related to environmental sanitation, such as sewage treatment
estações de tratamento de esgotos (ETE), principalmente aquelas baseadas plants (STP), especially those based on anaerobic effluent treatment, are
em reatores anaeróbios, necessitam avaliar suas emissões gasosas odorantes, faced with the need to evaluate their odorous gaseous emissions, aiming
objetivando reduzir os eventuais impactos sobre o meio ambiente e na to reduce any impacts on the environment and on the surrounding
comunidade em seu entorno, uma vez que essas emissões proporcionam community, since odorant gases emission has a real impact on people and
um impacto real sobre as pessoas e o seu bem-estar, além de serem um their well-being, in addition to being one of the main reasons related to
dos principais motivos relacionados às reclamações e incômodo no entorno complaints and nuisance around the STP. In this context, this Technical
das ETE. Nesse contexto, esta Nota Técnica discorre sobre: (i) a aplicação Note discusses: (i) the application of the dynamic flux chamber for the direct
da câmara de fluxo dinâmica para a medição direta do gás volatizado em measurement of volatile gas in units that have quiescent liquid surfaces
unidades que possuem superfícies líquidas quiescentes (baixo grau de (low degree of agitation); (ii) the use of algebraic mathematical models to
agitação); (ii) o uso de modelos matemáticos algébricos para se estimar a taxa estimate the emission rate of odorants gases in the units of a STP; and
de emissão de gases odorantes nas unidades de uma ETE; e (iii) o emprego (iii) the use of dispersion models as tools to evaluate the concentration of
de modelos de dispersão como ferramentas para se avaliar a concentração pollutants after their emission. The required input data from each model is
de poluentes depois de sua emissão. Os dados de entrada necessários de highlighted as well as the limitations of each process.
cada modelo são levantados, assim como as limitações de cada processo.
Keywords: hydrogen sulfide, odor, dynamic flux chamber, mathematical
Palavras-chave: sulfeto de hidrogênio, odor, câmera de fluxo dinâmica, modeling, dispersion.
modelagem matemática, dispersão.
1
Engenheiro Ambiental pela FAESA. Mestre em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos
Hídricos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
2
Meteorologista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Doutora em Ciências Atmosféricas pela Universidade de São Paulo (USP). Professora adjunto do Departamento de
Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG e membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental pela UFES. Membro do INCT ETEs Sustentáveis.
3
Engenheiro Sanitário Ambiental pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela UFMG. Membro do INCT
ETEs Sustentáveis.
4
Engenheiro Civil pela UFMG. Doutor em Engenharia Ambiental pela Universidade de Newcastle upon Tyne – UK. Professor titular do Departamento de Engenharia Sanitária e
Ambiental da UFMG. Coordenador do INCT ETEs Sustentáveis.
Endereço para correspondência: Avenida Antônio Carlos 6.627 – Universidade Federal de Minas Gerais - Escola de Engenharia – Departamento de Engenharia Sanitária e
Ambiental – Bloco 1. Belo Horizonte, MG. CEP: 31270-901. e-mail: calemos@desa.ufmg.br
Cadernos Técnicos Eng Sanit Ambient | v.1 n.2 | 2021 | 107-122 107
Andreão, W.L. et al.
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Nota Técnica 8 - Emissão e modelagem matemática da dispersão de gases odorantes gerados em ETEs
preditiva, a qual utiliza equações matemáticas que bus- da superfície e obter a concentração do gás de interesse
cam estimar as emissões. na saída de um equipamento de amostragem, e assim
estimar a emissão do gás odorante (Hudson e Ayoko,
2.1. Medições na fonte e/ou no entorno 2008). Para fontes tipo área, que possuem uma super-
fície líquida passiva, com baixo grau de agitação, como
2.1.1. Métodos indiretos lagoas de estabilização, tanques de sedimentação, reato-
Nos métodos indiretos, também chamados de microme- res UASB abertos, dois equipamentos de amostragem são
teorológicos, monitora-se a concentração do composto de os mais empregados: (i) o túnel de vento portátil (Jiang
interesse nas áreas próximas às fontes de emissão ao longo et al., 1995), uma unidade retangular de fundo aberto
do tempo e, por meio de modelos de dispersão empregados por meio do qual um fornecimento de ar inodoro varre
de forma reversa, estima-se a emissão dos mesmos em suas paralelamente a superfície líquida que emite odores e as
fontes (Gostelow et al., 2003; Ro et al., 2013). Esse método amostras de ar odoríferos são recolhidos no escape do
tem como vantagem o fato de não interferir na emissão no túnel (Navaratnasamy et al., 2009); e (ii) câmara de
ponto medido, porém necessita de inúmeras amostragens, fluxo dinâmica (Kienbusch, 1986; Eklund, 1992), dis-
tornando o método pouco prático em situações cotidianas positivo côncavo, oco, de fundo aberto, com fluxos de ar
(Hudson e Ayoko, 2008). Além disso, torna-se difícil a esti- entrando e saindo do equipamento constantemente, e com
mativa quando há mais de uma fonte potencial de emissão. um alívio de pressão. A câmara de fluxo dinâmica é reco-
A olfatometria dinâmica, em geral, é limitada à amostragem mendada pela Agência de Proteção Ambiental Americana
de fontes, no entanto, em alguns casos, pode ser aplicada (US EPA, do inglês United States Environmental Protection
para amostragem e análise de ar ambiente (CaPelli et al., Agency) para medições em superfícies líquidas quiescen-
2013). Nesse caso, ela pode ser empregada em conjunto tes/passivas. Dessa forma, uma descrição mais detalhada
com os métodos indiretos. Os métodos indiretos também de suas principais características físicas e operacionais é
não são aplicáveis em ETEs em fase de projeto. dada na sequência.
(a) (b)
Fonte: Adaptado de Eklund (1992); Souza (2010).
Figura 1 – Ilustração em corte da câmara de fluxo dinâmica (a); câmara de fluxo inserida na superfície do decantador do reator UASB (b).
Cadernos Técnicos Eng Sanit Ambient | v.1 n.2 | 2021 | 107-122 109
Andreão, W.L. et al.
uma mistura eficiente do gás odorante dessorvido/volati- da câmara. Os fatores importantes de projeto para uma
lizado em seu interior. Isso é conseguido pela inexistência câmara de fluxo dinâmica são: tamanho da câmara, volume,
de cantos, o que minimiza a ocorrência de volumes mor- geometria, material de construção, extensão das linhas de
tos. Assim, o uso de câmaras de fluxo quadradas ou retan- amostragem, construção da linha, sistema de fornecimento
gulares de baixa altura e comprimento não é recomendado de ar e impulsor/sistema de mistura (Kienbusch, 1986).
devido a preocupações com a mistura adequada do ar no Após seu posicionamento sob a superfície líquida emis-
interior da câmara. Esse corpo cilíndrico é coberto no sora, onde pode flutuar com o auxílio de uma boia, ar ino-
topo por um domo em forma de calota esférica. De modo doro é introduzido num espaço superior (gás de arraste).
a garantir o isolamento da área enclausurada pela câmara, A introdução do fluxo de ar no interior da câmara é outro
esta deve ser inserida na superfície líquida emissora entre fator importante, o qual deve ser dirigido para o centro da
1,3 cm e 7,6 cm (Eklund, 1992). Na Tabela 1 são resumi- câmara, e em paralelo com superfície emissora (Eklund,
das as principais características geométricas e operacionais 1992). Quanto menor for o fluxo, há uma tendência de as
emissões obtidas serem minoradas em relação ao valor real
(Prata Jr. et al., 2018; Andreão et al., 2019a). As amostras
Tabela 1 – Principais características físicas e operacionais de
uma câmara de fluxo dinâmica. de ar a partir do espaço superior supõem-se estar homoge-
Características Valor/Descrição neamente misturadas, devido aos vórtices produzidos pela
Material de fabricação Aço inox/acrílico introdução de ar na câmara, e, por conseguinte, serem repre-
Diâmetro do corpo cilíndrico 40 cm sentativas de uma concentração uniformemente distribuída
Altura do corpo cilíndrico 18 cm
em todo o espaço da câmara (Navaratnasamy et al., 2009;
Altura total 28 cm
Andreão et al., 2019a).1 Se o sistema de introdução de ar
Área enclausurada 0,126 m2
Volume 25 L não estiver devidamente projetado e testado, a atmosfera
Altura que deve ser inserida na da câmara pode não estar bem misturada e os resultados
entre 1,3 cm e 7,6 cm
superfície líquida emissora
da medição serão tendenciosos. Essa é uma consideração
1,3 m de comprimento por 0,6
cm de diâmetro, com pelo menos crítica e deve ser tratada com atenção (Eklund, 1992).
Tubo de entrada de ar, localizado quatro perfurações espaçadas de
no interior da câmara, colado na forma equidistante em torno da
O gás odorante misturado ao gás de arraste é succio-
parede, no encontro do corpo câmara. O primeiro orifício possui nado pela mangueira de saída (sonda de amostragem), e
cilíndrico com o domo diâmetro aproximado de 2,0 mm
e os outros três possuem diâmetro analisado. Deve haver um cuidado no posicionamento
de aproximadamente 2,4 mm.
da sonda de amostragem para que esta não seja atingida
Fluxo de ar é dirigido para o
centro da câmara
5 L·min-1 pelo fluxo de ar limpo introduzido na câmara. A pressão
Vazão de saída na sonda de
não superior a 2,0 L·min-1
no interior da câmara deve ser aproximadamente igual à
amostragem
pressão atmosférica, equilíbrio este a ser garantido pela
tubo perfurado, com
diâmetro externo de 0,635 abertura de alívio de pressão no domo da câmara. O fun-
cm e comprimento total de
aproximadamente 15 cm. Esse tubo
cionamento geral de uma câmara de fluxo segue natural-
Sonda de amostragem contém 2 fileiras de orifícios com mente uma operação dinâmica, com vazões de entrada e
diâmetros de 0,24 cm, sendo 5
orifícios em cada fileira, separados saída de ar do seu interior. Nesse caso, ocorre uma mistura
uns dos outros por uma distância
de 2,54 cm entre os gases desprendidos da superfície líquida e o ar
Tempo de espera para início de seis tempos de residência (em alimentado ao interior da câmara (gás de arraste). O iní-
amostragem torno de 30 minutos)
cio da amostragem propriamente dita dá-se apenas após
Tempo de amostragem em cada
ponto para superfícies líquidas
30 minutos a 1 hora um período de homogeneização da mistura no interior
Fonte: Adaptado de Kienbusch (1986) e Eklund (1992). da câmara, recomendando-se em torno de seis tempos de
1 Caso necessário, um pequeno ventilador pode ser usado para ajudar na homogeneização do composto em seu interior (ROCHETTE et al., 1997; ANDREÃO et al., 2019a).
110 Cadernos Técnicos Eng Sanit Ambient | v.1 n.2 | 2021 | 107-122
Nota Técnica 8 - Emissão e modelagem matemática da dispersão de gases odorantes gerados em ETEs
residência, algo próximo de 30 minutos dependendo do O modelo de emissão de gases é baseado na investi-
volume útil da câmara (Andreão et al., 2019a). O tempo gação da mudança na taxa de concentração do composto
de residência pode ser calculado dividindo a vazão de de interesse dentro da unidade de tratamento (reator) por
entrada de ar na câmara pelo seu volume. Já o tempo total unidade de tempo. Portanto, a mudança na taxa de con-
de amostragem recomendado em cada ponto para super- centração é dada pela soma dos fluxos de massa relativos
fícies líquidas é de 30 minutos a 1 hora (Eklund, 1992). à massa do composto que entra, sai, é consumido e é pro-
Há um limite prático quanto ao tamanho de uma câmara duzido dentro do processo de tratamento em um deter-
de fluxo que é utilizada no campo. Portanto, é necessário minado momento (balanço de massa).
fazer uma série de medições ao longo da superfície líquida Em geral, os modelos de emissão se baseiam na solução
para avaliar a variabilidade espacial das emissões para de equações empíricas, efetuando um balanço de massa
uma dada fonte. As medidas repetidas em um dado local do composto de interesse na fase líquida (dissolvido no
podem ser realizadas para avaliar a variabilidade temporal efluente) que podem incluir a dessorção/volatilização, bio-
(Eklund, 1992). Para o cálculo da taxa de emissão do gás degradação por atividade microbiana, stripping (remoção
odorante para a câmara de fluxo é utilizado a Equação 1. por bolhas), adsorção a partículas sólidas e biomassa, e
absorção (Corsi e Olson, 1998) para calcular sua emis-
𝐸𝐸 = 1000 × 𝐶𝐶 × 𝑄𝑄 ⁄𝐴𝐴 (1) são em uma determinada fonte. Apesar da capacidade de
modelar diferentes processos de tratamento de esgoto, os
Na qual: E - taxa de emissão (g·m-2·s); C - concentração da espécie modelos de emissão atmosférica utilizados para estimar a
química na linha de saída da câmara de fluxo (kg·m-3); Q - vazão de emissão de gases em ETEs ainda não incorporam meca-
entrada na câmara (m3·s-1); A - área da interface. nismos para determinar a oxidação química do composto
em sistemas de tratamento com aeração, e para estimar a
2.2. Emissão preditiva (modelos produção bioquímica do composto durante a oxidação da
matemáticos algébricos) matéria orgânica em sistemas de tratamento anaeróbios.
A segunda abordagem para se estimar a emissão de gases Dentre os modelos algébricos mais citados na litera-
odorantes considera a utilização de modelos matemáti- tura pode-se destacar o WATER9 (US EPA, 2001) e os
cos algébricos (equações) que permitem a estimativa da fatores de emissão da AP-42 (Compilation of Air Emissions
taxa de emissão, tendo por base características da fase Factors)2, que trata de emissões por coleta, tratamento e
líquida, como a concentração de sulfeto no efluente, e armazenamento de águas residuárias, com a qual pode
da fase gasosa, como a velocidade do vento, para alguns ser estimada a emissão de H2S em diferentes unidades de
casos. Tais modelos são muito utilizados em estudos de uma ETE (US EPA, 1998).
impacto ambiental, onde ainda não existe uma fonte odo- A AP-42 inclui mecanismos de remoção de compostos
rante instalada, pois permite simular a concentração de por dessorção/volatilização (superfície quiescente, verte-
determinado gás na atmosfera a partir de concentrações douros e queda de água), por stripping (saturação com-
típicas reportadas para a unidade em planejamento. Essa pleta das bolhas de ar pelo contaminante) e por biodegra-
modelagem também pode ser empregada em ETEs já em dação. Entretanto, a dessorção é o principal mecanismo
funcionamento. Dentre as vantagens destaca-se a agilidade de remoção considerado, e responsável pela maior contri-
na obtenção de resultados e compreensão da contribui- buição das emissões de gases odorantes. Na dessorção, a
ção de determinada fonte em específico – em especial em emissão pode se dar por mecanismos de difusão, convec-
casos de ETEs localizadas próximas a outras fontes emis- ção ou por ambos. A difusão ocorre quando a concentra-
soras (Santos et al., 2012). ção do composto volátil na fase líquida é muito superior
2 Volume 1 (Fontes Estacionárias tipo Ponto e Área), capítulo 4 (Fontes de Perda por Evaporação), unidade 4.3 (Coleta, tratamento e armazenamento de águas residuais).
Cadernos Técnicos Eng Sanit Ambient | v.1 n.2 | 2021 | 107-122 111
Andreão, W.L. et al.
à concentração no ambiente, o que faz com que o com- por exemplo). Esses coeficientes são, por sua vez, base
posto se dessorva até que o equilíbrio entre as fases líquida para o cálculo da estimativa da taxa de emissão do com-
e gasosa seja atingido, conforme abordado na NT 1 desta posto volátil (US EPA, 1998), e podem ser calculados
coletânea (Brandt et al., 2021a). A convecção, por sua pelas diversas equações matemáticas do WATER9 ou
vez, ocorre quando o ar escoa sobre a superfície líquida, AP-42, por exemplo, a depender do processo da ETE.
removendo o composto da água. A taxa de dessorção é Para uma superfície líquida, a emissão (E), posterior-
diretamente proporcional à velocidade do vento e à área mente, pode ser calculada pela Equação 2.
da superfície líquida. Além disso, fatores como tempera-
tura, turbulência, tempo de detenção hidráulica, profun- 𝐸𝐸 = 𝐾𝐾𝐿𝐿 𝐶𝐶𝐿𝐿 𝐴𝐴 (2)
didade da unidade de tratamento, pH, e concentração do
composto volátil, podem influenciar a taxa de emissão Na qual: E - emissão (g·s·m-2); KL - coeficiente de transferência de massa
atmosférica desse composto (US EPA, 1998). na fase líquida; A - área da superfície emissora (m2); CL - concentração
A dessorção de gases é comumente observada em uni- do constituinte na fase líquida (g·m3), dada pela Equação 3.
𝑘𝑘𝐿𝐿 = [(2,605 × 10−9 )(𝑑𝑑𝑒𝑒 /𝐷𝐷) + (1,277 × 10−7 )](𝑈𝑈10 )2 (𝐷𝐷𝑤𝑤 ⁄𝐷𝐷𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 )2⁄3 (5) Para U10 > 3,25 m·s-1 e 14 < de/D < 51,2
𝑘𝑘𝐿𝐿 = (2,61 × 10−7 )(𝑈𝑈10 )2 (𝐷𝐷𝑤𝑤 ⁄𝐷𝐷𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 )2⁄3 (6) Para U10 > 3,25 m·s-1 e de/D > 51,2
𝑘𝑘𝐿𝐿 = 1,0 × 10−6 +144 × 10−4 (𝑢𝑢∗ )2,2 (𝑆𝑆𝑆𝑆𝐿𝐿 )−0,5 (7) Para U10 > 3,25 m·s-1; de/D < 14; u* < 0,3 m/s
𝑘𝑘𝐿𝐿 = 1,0 × 10−6 + 34,1 × 10−4 (𝑢𝑢∗ )(𝑆𝑆𝑆𝑆𝐿𝐿 )−0,5 (8) Para U10 > 3,25 m·s-1; de/D < 14; u* > 0,3 m·s-1
𝑘𝑘𝐺𝐺 = (4,82 × 10−3 )(𝑈𝑈10 )0,78 (𝑆𝑆𝑆𝑆𝐺𝐺 )−0,67 (𝑑𝑑𝑒𝑒 )−0,11 (9) -
vento a 10 metros acima da superfície da fase líquida (m·s-1); u*: velocidade de fricção (m·s-1); ScL: número de Schmidt na fase líquida (adimensional); ScG: número de Schmidt na
fase gasosa (adimensional); Keq: constante de equilíbrio ou coeficiente de partição (concentração na fase gasosa/concentração na fase líquida) (adimensional); μL: viscosidade
dinâmica da água (g·cm·s-1); PL: massa específica da água (g·cm-3); μG: viscosidade dinâmica do ar (g·cm·s-1); PG: massa específica do ar (g·cm-3); DG: difusividade do H2S no ar
(cm2·s-1); H: constante da Lei de Henry do H2S (atm·m³·gmol-1); R: constante universal dos gases (atm·m³·K-1·mol-1); T: temperatura da água (K).
112 Cadernos Técnicos Eng Sanit Ambient | v.1 n.2 | 2021 | 107-122
Nota Técnica 8 - Emissão e modelagem matemática da dispersão de gases odorantes gerados em ETEs
No caso de vertedor, são utilizadas as Equações 16 e 17 O Exemplo 1 ilustra o emprego das Equações 16
para o cálculo do coeficiente de transferência de massa e e 17 para se estimar a taxa de emissão de H 2 S em
emissão de acordo com a AP-42, respectivamente. uma estrutura equipada com vertedores. A estrutura
em questão, representada na Figura 2, trata-se de
𝐾𝐾𝐷𝐷 = 0,16 × ℎ × (𝐷𝐷𝑤𝑤 ⁄𝐷𝐷𝑂𝑂2 ,𝑤𝑤 )
0,75
(16) uma caixa de reunião de efluentes de reatores anae-
𝐸𝐸 = [1 − 10 (−𝐾𝐾𝑑𝑑 )
] × 𝑄𝑄 × 𝐶𝐶0 (17) róbios de fluxo ascendente e manta de lodo (UASB,
do inglês upflow anaerobic sludge blanket), equipada
Nas quais: E - taxa de emissão (g/s); Q - vazão de esgoto (m³·s-1); CO - com vertedores para a divisão de fluxo e alimentação
concentração inicial de sulfeto na fase líquida (g·m-3); KD - coeficiente de unidades de pós-tratamento. A queda do efluente
de transferência de massa de dessorção-reaeração (adimensional); pelos vertedores ocasiona o desprendimento (des-
h: altura do vertedor (ft); DW - difusividade do sulfeto de hidrogênio sorção) do gás odorante do meio líquido e o libera
em água (cm2·s-1); DO - difusividade do oxigênio em água (cm2·s-1). para a atmosfera.
2 ,W
Exemplo 1: Estimar a emissão de H2S em um vertedor, considerando uma caixa de reunião que receba um efluente a uma vazão de 500 L·s-1 (0,5 m3·s-1)
com uma concentração de sulfeto dissolvido de 10 mg·L-1 (10 g·m-3), onde o vertedor presente na unidade possua uma queda de 0,5 m (1,64 ft – para
converter metro para pés basta multiplicar por 3,28).
Nota
Dados de Técnica
entrada: 8 - Emissão e modelagem matemática da dispersão de gases odorantes
• Altura
Nota doTécnica
gerados em ETEs
vertedor 8 -0,5
(h): Emissão
m x 3,28 =e1,64
modelagem
ft matemática da dispersão de gases odorantes
• Difusidade do sulfeto de hidrogênio em água (Dw): 1,61 x 10-5 cm2·s-1
gerados em ETEs
• Difusividade do oxigênio em água (DO2,w): 2,4 x 10 cm ·s
-5 2 -1
calculado
𝐾𝐾𝐾𝐾𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 =
𝐾𝐾𝐾𝐾 𝐻𝐻𝐻𝐻/(𝑅𝑅𝑅𝑅 como
× 𝑇𝑇𝑇𝑇) −2 um sistema
𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 = 2,3 × 10 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 ∙ 𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝑔𝑔𝑔𝑔
3 −1
∙ 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑜𝑜𝑜𝑜𝑚𝑚𝑚𝑚biológico
−1
/(8,21 × 10com −5
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷aeração
∙ 𝑚𝑚𝑚𝑚3 ∙ 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑜𝑜𝑜𝑜𝑚𝑚𝑚𝑚 −1 ∙ 𝐾𝐾𝐾𝐾𝑎𝑎−1=×(𝐾𝐾 𝐿𝐿 𝐴𝐴/𝑄𝑄)𝐾𝐾𝐾𝐾)
301,15 += 1 0,93 (19)
−2 3 −1 −1 −5 3 −1 −1
natural.
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐿𝐿𝐿𝐿 = �𝑘𝑘𝑘𝑘Nesse
𝐾𝐾𝐾𝐾𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 = 2,3 × 10 caso, 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 ∙utiliza-se
𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝑔𝑔𝑔𝑔 ∙ 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑜𝑜𝑜𝑜𝑚𝑚𝑚𝑚
𝐿𝐿𝐿𝐿 × 𝐾𝐾𝐾𝐾𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 × 𝑘𝑘𝑘𝑘𝐺𝐺𝐺𝐺 ����𝐾𝐾𝐾𝐾𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 × 𝑘𝑘𝑘𝑘𝐺𝐺𝐺𝐺 � + 𝑘𝑘𝑘𝑘𝐿𝐿𝐿𝐿 �
as equações
/(8,21 × 10apresentadas 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 ∙ 𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑜𝑜𝑜𝑜𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝐾𝐾𝐾𝐾𝑏𝑏 =×𝐾𝐾301,15 𝐾𝐾𝐾𝐾) = 0,93
𝑠𝑠 [(𝐾𝐾𝐿𝐿 𝐴𝐴/𝑄𝑄) + 1] + 𝐾𝐾𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑏𝑏𝑖𝑖 (𝑉𝑉 ⁄𝑄𝑄 ) − 𝐶𝐶𝑜𝑜 (20)
na Tabela
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐿𝐿𝐿𝐿 = (6,02×para
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐿𝐿𝐿𝐿 = �𝑘𝑘𝑘𝑘 𝐿𝐿𝐿𝐿 × 10 𝑚𝑚𝑚𝑚o∙ cálculo
𝐾𝐾𝐾𝐾 −6
𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 × 𝑘𝑘𝑘𝑘 𝐺𝐺𝐺𝐺𝐷𝐷𝐷𝐷 × 0,93da
� �
−1 ��𝐾𝐾𝐾𝐾𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 × × transferência
𝑘𝑘𝑘𝑘 𝐺𝐺𝐺𝐺 �1,2 × 10 )⁄[(0,93de
+ 𝑘𝑘𝑘𝑘 𝐿𝐿𝐿𝐿 � −2
× massa1,2 × 10 e ) + 6,0 × 10 𝑠𝑠 𝑚𝑚𝑚𝑚
−2 𝑐𝑐 = −𝐾𝐾 −6 𝐶𝐶𝑜𝑜 ∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷 ] = 6,0 × 10
−1 −6
𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 (21)
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐿𝐿𝐿𝐿 = (6,0 × 10−6 𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 × 0,93 × 1,2 × 10−2 )⁄[(0,93 × 1,2 × 10−2 ) + 6,0 × 10−6 𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 ] = 6,0 × 10−6 𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1
2ª retângulo vermelho no pdf Cadernos Técnicos Eng Sanit Ambient | v.1 n.2 | 2021 | 107-122 113
2ª retângulo vermelho no pdf
−3 −6 −1 2 3 −1
Andreão, W.L. et al.
Exemplo 2: Estimar a emissão de H2S, considerando um FBP que receba um quarto do efluente da caixa de reunião do exemplo 1, ou seja, 125 L·s-1
(0,125 m3·s-1). O FBP possui um diâmetro efetivo de 25 m e altura de 2,5 m. Considere a velocidade do vento a 10 m igual a 4,5 m·s-1, a temperatura do
efluente em 28°C, a altura do braço mecânico em relação à superfície do FBP de 0,3 m e um tempo de detenção hidráulica de 8 minutos.
Dados de entrada:
• Altura do braço mecânico ao material suporte (h): 0,3 m x 3,28 = 0,98 ft
• Área da superfície do FBP (A): π x D2/4 = π x 252/4 = 491 m2
• Velocidade do vento a 10 m (U10): 4,5 m·s-1
• Temperatura do efluente (T): 28 + 273,15 = 301,15 K (para converter °C para K basta somar 273,15)
• Difusidade do sulfeto de hidrogênio em água (Dw): 1,61 x 10-5 cm2·s-1
• Difusividade do oxigênio em água (DO2,w): 2,40 x 10-5 cm2·s-1
• Número de Schmidt (adimensional) na fase gasosa (SCG): 0,852
• Vazão de esgoto no FBP (Q): 0,125 m3·s-1
Solução:
a) Concentração inicial de sulfeto na fase líquida (C0):
A concentração de sulfeto antes da caixa de reunião era de 10 g·m-3. Com a emissão de 1,77 g·s-1 calculada anteriormente, pode-se estimar a nova
concentração inicial do constituinte na fase líquida:
1,77 𝑔𝑔 ∙ 𝑠𝑠 −1
𝐶𝐶0 = 10 𝑔𝑔 ∙ 𝑚𝑚−3 − ( ) = 6,46 𝑔𝑔 ∙ 𝑚𝑚−3
0,50 𝑚𝑚3 ∙ 𝑠𝑠 −1
0,19 𝑔𝑔 ∙ 𝑠𝑠 −1
𝐶𝐶0−𝐶𝐶 = 6,46 𝑔𝑔 ∙ 𝑚𝑚−3 − ( ) = 4,94 𝑔𝑔 ∙ 𝑚𝑚−3
0,125 𝑚𝑚3 ∙ 𝑠𝑠 −1
e) Razão de/D:
114 Cadernos Técnicos Eng Sanit Ambient | v.1 n.2 | 2021 | 107-122
Essa
Essa emissão
emissão de
de 1,77 g·s-1representa
1,77 g·s
-1
representa 35,4%
35,4% do
do sulfeto
sulfeto inicialmente
inicialmente presente
presente no
no efluente.
efluente. Em
Em outras
outras palavras,
palavras, 35,4%
35,4% do
do sulfeto
sulfeto
(−𝐾𝐾𝐾𝐾𝑑𝑑𝑑𝑑 )
𝐸𝐸𝐸𝐸dissolvido
= �1 −se 10dessorveu � ×após
𝑄𝑄𝑄𝑄 ×passar
𝐶𝐶𝐶𝐶0 =pelo
�1 − 10(−0,19 ) � × 0,5 𝑚𝑚𝑚𝑚3 · 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 × 10 𝑔𝑔𝑔𝑔 · 𝑚𝑚𝑚𝑚−3 = 1,77 𝑔𝑔𝑔𝑔 · 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1
vertedor.
dissolvido se dessorveu após passar pelo vertedor.
Essa emissão de 1,77 g·s-1representa 35,4% do sulfeto inicialmente presente no efluente. Em outras palavras, 35,4% do sulfeto
Nota Técnica 8 - Emissão e modelagem matemática da dispersão de gases odorantes gerados em ETEs
Exemplose2.
dissolvido
Exemplo 2.dessorveu após passar pelo vertedor.
Nota Técnica 8 - Emissão e modelagem matemática da dispersão de gases odorantes gerados
em ETEs
1ª retângulo vermelho no pdf
1ª retângulo2. vermelho
Exemplo
Como U10 > 3,25 m·s-1, e 14 <no pdf< 51,2, utilizaremos as Equações 5, 9, 10 e 15:
de/D
Exemplo
𝐾𝐾𝐾𝐾 = 1: vermelho
= [(2,605
[(2,605 ×
× 10
−9
10−9 )) ×
× (𝐷𝐷𝐷𝐷
(𝐷𝐷𝐷𝐷 /𝐷𝐷𝐷𝐷) + (1,277 × 10−7
−7 )] × (𝑈𝑈𝑈𝑈 ) 2
2 × (𝐷𝐷𝐷𝐷 ⁄ 𝐷𝐷𝐷𝐷 ))22⁄⁄33
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿retângulo
1ª pdf+ (1,277 × 10 )] × (𝑈𝑈𝑈𝑈10
no𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 /𝐷𝐷𝐷𝐷) 10 ) × (𝐷𝐷𝐷𝐷𝑤𝑤𝑤𝑤
𝑤𝑤𝑤𝑤 ⁄𝐷𝐷𝐷𝐷𝑒𝑒𝑒𝑒𝑟𝑟𝑟𝑟𝑒𝑒𝑒𝑒𝑟𝑟𝑟𝑟
𝑒𝑒𝑒𝑒𝑟𝑟𝑟𝑟𝑒𝑒𝑒𝑒𝑟𝑟𝑟𝑟
−9
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐿𝐿𝐿𝐿 =
𝐾𝐾𝐾𝐾 = [(2,605
[(2,605 × 10−9 )) ×
× 10 × (25
(25 𝑚𝑚𝑚𝑚)
𝑚𝑚𝑚𝑚) −1 2⁄3
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 = [(2,605 × 10−9
+ )(1,277
× (25×𝑚𝑚𝑚𝑚)
(1,277 10+−7(1,277
)] × 10−7−1
× 𝑚𝑚𝑚𝑚
(4,5 )] )×22 (4,5 𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝑠𝑠𝑠𝑠 −110
)2−5× (1,61 2 × 10
−1
−5
×𝑐𝑐𝑐𝑐𝑚𝑚𝑚𝑚
10−6
2
∙ 𝑠𝑠𝑠𝑠 −1 ⁄28,5 × −110
−6 2
2⁄3 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝑠𝑠𝑠𝑠 )
+−9 × 10 −7 )] × (4,5 𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷−7
−1 )
× (1,61
× (1,61 2× 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑚𝑚𝑚𝑚2 ∙∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 −12⁄
× 10−5 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑚𝑚𝑚𝑚 ⁄⁄8,5
8,5
3 × 10
−6
𝑐𝑐𝑐𝑐𝑚𝑚𝑚𝑚2 ∙∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 ))2⁄3
𝑐𝑐𝑐𝑐𝑚𝑚𝑚𝑚
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐿𝐿𝐿𝐿 = [(2,605 ×
−6
10 )−1× (𝐷𝐷𝐷𝐷𝑒𝑒𝑒𝑒 /𝐷𝐷𝐷𝐷) + (1,277 × 10 )] × (𝑈𝑈𝑈𝑈10 ) × (𝐷𝐷𝐷𝐷𝑤𝑤𝑤𝑤 ⁄𝐷𝐷𝐷𝐷𝑒𝑒𝑒𝑒𝑟𝑟𝑟𝑟𝑒𝑒𝑒𝑒𝑟𝑟𝑟𝑟 )
𝐾𝐾𝐾𝐾
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 =
= 6,0
6,0 ×
× 10
10−6 𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 −1
−9 )
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐿𝐿𝐿𝐿 = [(2,605 × 10 −3 × (25 𝑚𝑚𝑚𝑚)
𝐾𝐾𝐾𝐾 = (4,82
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺 = (4,82 × 10−3 ))+×
× 10 (𝑈𝑈𝑈𝑈
(𝑈𝑈𝑈𝑈10 )0,78
0,78 × (𝑇𝑇𝑇𝑇 )−0,67
−0,67 × (𝐷𝐷𝐷𝐷 )−0,11
−0,11
Equação 23 ×(1,27710 ) × × 10(𝑇𝑇𝑇𝑇
−7 )]) × (4,5
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒∙)𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 )2 × (1,61 × 10−5 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑚𝑚𝑚𝑚2 ∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 ⁄8,5 × 10−6 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑚𝑚𝑚𝑚2 ∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 )2⁄3
× (𝐷𝐷𝐷𝐷
−3
−3 ) × (4,5 𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 0,78 −0,67 −0,11 −2 −1
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐺𝐺𝐺𝐺 = (4,82 (4,82 ×
× 10
−6 ) × (4,5
−1 )
× (0,852)
)0,78 × × (25
(0,852)−0,67 × (25 𝑚𝑚𝑚𝑚) = 1,22
𝑚𝑚𝑚𝑚)−0,11 = 1,22 ×
× 10
10−2 𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 −1
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐿𝐿𝐿𝐿𝐺𝐺𝐺𝐺 == 6,0 × 1010
𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷
𝐾𝐾𝐾𝐾 0,2
𝐾𝐾𝐾𝐾𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 =
𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝==𝐻𝐻𝐻𝐻/(𝑅𝑅𝑅𝑅
𝐶𝐶𝐶𝐶 ×
𝐻𝐻𝐻𝐻/(𝑅𝑅𝑅𝑅 × 𝑇𝑇𝑇𝑇)
�𝑇𝑇𝑇𝑇 ⁄𝑇𝑇𝑇𝑇 �
𝑇𝑇𝑇𝑇)
= (4,82𝑝𝑝𝑝𝑝1ℎ
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐺𝐺𝐺𝐺𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 1ℎ) × (𝑈𝑈𝑈𝑈
× 10−3 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 )0,78 × (𝑇𝑇𝑇𝑇 )−0,67 × (𝐷𝐷𝐷𝐷 )−0,11
10 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐺𝐺𝐺𝐺 𝑒𝑒𝑒𝑒
−2 3 −1 −1 −5
𝐾𝐾𝐾𝐾𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 =
𝐾𝐾𝐾𝐾 = 2,3
2,3 ×
× 10
10−2 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 ∙∙ 𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑚𝑚𝑚𝑚3 ∙∙ 𝑔𝑔𝑔𝑔
𝑔𝑔𝑔𝑔−1 ∙∙ 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑜𝑜𝑜𝑜𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑜𝑜𝑜𝑜𝑚𝑚𝑚𝑚 −1 /(8,21
/(8,21 ×
× 10
10−5 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑚𝑚𝑚𝑚33 ∙∙ 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑜𝑜𝑜𝑜𝑚𝑚𝑚𝑚
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 ∙∙ 𝑚𝑚𝑚𝑚
−1
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑜𝑜𝑜𝑜𝑚𝑚𝑚𝑚 −1 ∙∙ 𝐾𝐾𝐾𝐾
−1
𝐾𝐾𝐾𝐾 −1 ×
× 301,15
301,15 𝐾𝐾𝐾𝐾)
𝐾𝐾𝐾𝐾) =
= 0,93
0,93
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐺𝐺𝐺𝐺𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒= (4,82 × 10−3 ) × (4,5 𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 )0,78 × (0,852)−0,67 × (25 𝑚𝑚𝑚𝑚)−0,11 = 1,22 × 10−2 𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐿𝐿𝐿𝐿 =
𝐾𝐾𝐾𝐾 = �𝑘𝑘𝑘𝑘
�𝑘𝑘𝑘𝑘𝐿𝐿𝐿𝐿 ×
× 𝐾𝐾𝐾𝐾
𝐾𝐾𝐾𝐾𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 ×
× 𝑘𝑘𝑘𝑘
𝑘𝑘𝑘𝑘𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺 ���
���𝐾𝐾𝐾𝐾
��𝐾𝐾𝐾𝐾𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 × 𝑘𝑘𝑘𝑘 �� + 𝑘𝑘𝑘𝑘 ��
𝐿𝐿𝐿𝐿 𝐿𝐿𝐿𝐿 𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 × 𝑘𝑘𝑘𝑘𝐺𝐺𝐺𝐺
𝐺𝐺𝐺𝐺 + 𝑘𝑘𝑘𝑘𝐿𝐿𝐿𝐿
𝐾𝐾𝐾𝐾𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 = 𝐻𝐻𝐻𝐻/(𝑅𝑅𝑅𝑅 ×𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑇𝑇𝑇𝑇) 𝐿𝐿𝐿𝐿
−6 −1 −2 [(0,93 −2 −6 −1 −6 −1
= (6,0
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 =
𝐾𝐾𝐾𝐾 (6,0 ×
× 10
10−6 𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 ×
× 0,93
0,93 ×
× 1,2
1,2 × 10−2 ))⁄
× 10 ⁄[(0,93 ×
× 1,2
1,2 × 10−2 )) +
× 10 + 6,0
6,0 × 𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 ]] =
10−6 𝑚𝑚𝑚𝑚
× 10 = 6,0
6,0 × 10−6 𝑚𝑚𝑚𝑚
× 10 𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 −1
𝐾𝐾𝐾𝐾𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 = 2,3 × 10−2 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 ∙ 𝑚𝑚𝑚𝑚3 ∙ 𝑔𝑔𝑔𝑔−1 ∙ 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑜𝑜𝑜𝑜𝑚𝑚𝑚𝑚 −1 /(8,21 × 10−5 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 ∙ 𝑚𝑚𝑚𝑚3 ∙ 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑜𝑜𝑜𝑜𝑚𝑚𝑚𝑚 −1 ∙ 𝐾𝐾𝐾𝐾 −1 × 301,15 𝐾𝐾𝐾𝐾) = 0,93
g) 𝐾𝐾𝐾𝐾
Taxa=de
�𝑘𝑘𝑘𝑘emissão
× 𝐾𝐾𝐾𝐾 do
× FBP
𝑘𝑘𝑘𝑘 ��calculado como
��𝐾𝐾𝐾𝐾 × 𝑘𝑘𝑘𝑘 � + um
𝑘𝑘𝑘𝑘 � sistema biológico com aeração natural (E2):
2ª
2ª𝐿𝐿𝐿𝐿 retângulo
𝐿𝐿𝐿𝐿
retângulo vermelho
𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒
vermelho 𝐺𝐺𝐺𝐺 no pdf
𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒
no pdf 𝐺𝐺𝐺𝐺 𝐿𝐿𝐿𝐿
𝑉𝑉 = 0,125 𝑚𝑚3 ∙−6 𝑠𝑠 −1 × 8−1 60 𝑠𝑠 ∙ 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚−1 =−260 3
𝑓𝑓𝑓𝑓 3
𝐾𝐾𝐾𝐾 𝐿𝐿𝐿𝐿 = (6,0 × 10 𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
×× 0,93 × 1,2 × 10 )⁄𝑚𝑚 × 35,3147 = 2.119
[(0,93 × 1,2 × 10−2 ) + 6,0 × 10−6 𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 ] = 6,0 × 10−6 𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1
−3 −6 −1 2 3 −1
𝑎𝑎𝑎𝑎 =
*Para
𝑎𝑎𝑎𝑎 =converter
6,3294 𝑔𝑔𝑔𝑔
6,3294 𝑔𝑔𝑔𝑔m∙∙ 𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑚𝑚𝑚𝑚em
3 −3 ×ft [(6,0
× 3
basta×
[(6,0 10
10−6 𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 −1
×multiplicar por× 491
491 𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑚𝑚𝑚𝑚2 // 0,125
×35,3147 𝑚𝑚𝑚𝑚3 ∙∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 )) +
0,125 𝑚𝑚𝑚𝑚 + 1]
1]
𝑎𝑎 = (𝐾𝐾 × 𝐴𝐴/𝑄𝑄) + +
𝐿𝐿 1= (6,0
2,99
+ 2,99no 10×−6
𝑔𝑔𝑔𝑔 ∙−6
−610
10pdf𝑔𝑔𝑔𝑔 ∙ 𝑔𝑔𝑔𝑔 𝑔𝑔𝑔𝑔−1
𝑚𝑚 ×
−1
×
−1
∙ 𝑠𝑠50 491 𝑚𝑚⁄
× (2119
50 × (2119
2
/ 0,125
⁄0,125
0,125 𝑚𝑚𝑚𝑚 3 3−1
𝑚𝑚𝑚𝑚3𝑚𝑚 ∙ 𝑠𝑠))−1
∙∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 −)4,94
− + 1 𝑔𝑔𝑔𝑔
4,94
−3
𝑔𝑔𝑔𝑔=∙∙ 1,0236
𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑚𝑚𝑚𝑚−3 == 4,07
4,07
2ª retângulo vermelho
𝑏𝑏 = 𝐾𝐾𝑠𝑠 × [(𝐾𝐾𝐿𝐿 × 𝐴𝐴/𝑄𝑄) + 1] + 𝐾𝐾𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 × 𝑏𝑏𝑖𝑖 × (𝑉𝑉⁄𝑄𝑄 ) − 𝐶𝐶𝑜𝑜
𝑎𝑎𝑎𝑎 = 6,3294 𝑔𝑔𝑔𝑔 ∙ 𝑚𝑚𝑚𝑚−3 × [(6,0 × 10−6 𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 × 491 𝑚𝑚𝑚𝑚2 / 0,125 𝑚𝑚𝑚𝑚3 ∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 ) + 1]
+ 2,99 10−6 𝑔𝑔𝑔𝑔 ∙ 𝑔𝑔𝑔𝑔−1 × 50 × (2119⁄0,125 𝑚𝑚𝑚𝑚3 ∙ 𝐷𝐷𝐷𝐷 −1 ) − 4,94 𝑔𝑔𝑔𝑔 ∙ 𝑚𝑚𝑚𝑚−3 = 4,07
Cadernos Técnicos Eng Sanit Ambient | v.1 n.2 | 2021 | 107-122 115
Andreão, W.L. et al.
Essa ferramenta pode ser efetivamente usada, primeira- incorpora terrenos complexos; e (iii) AERMOD, modelo
mente, para estimar a dispersão de gases odorantes a par- de dispersão de poluentes na atmosfera.
tir de dados de emissão disponíveis e correlacionar com Já o California Puff Model (CALPUFF), desenvolvido
reclamações e, em seguida, para estimar as emissões máxi- pela Sigma Research Corporation, é um modelo de dispersão
mas permissíveis para uma determinada fonte a fim de se transiente do tipo puff, que simula os efeitos dos poluentes
evitar queixas de odor (Latos et al., 2011). Esses mode- no tempo e no espaço, variando as condições meteorológi-
los são tipicamente usados no processo de licenciamento cas sobre o transporte, transformação e remoção de polui-
ambiental para estimar as concentrações de poluentes em ção. O CALPUFF é usualmente utilizado para aplicações
receptores específicos do nível do solo que envolvem uma em escalas de dezenas a centenas de quilômetros, incluindo
fonte de emissões. algoritmos para tratamento do terreno, além de efeitos de
alcance mais longo (como deposição seca e úmida, e limitada
3.2. Modelos mais aplicados transformação química). O sistema de modelagem consiste
Os modelos mais aplicados nos estudos de dispersão atmos- em três componentes principais e um conjunto de programas
férica são o AERMOD e o CALPUFF, sendo o primeiro o de pré-processamento e pós-processamento. Os principais
modelo preferido/recomendado pela US EPA. componentes são o CALMET (um modelo tri-dimensional
O AERMOD, desenvolvido pela American Meteorological de diagnóstico meteorológico), o CALPUFF (um modelo de
Society/Environmental Protection Agency Regulatory Model dispersão da qualidade de ar), e o CALPOST (um pacote de
Improvement Committee (AERMIC) e US EPA, é um modelo pós-processamento). Este modelo também pode ser encon-
de pluma de estado estacionário que incorpora dispersão trado no site da US EPA. Além destes componentes, existem
do ar com base na estrutura de turbulência da camada vários outros processadores que podem ser usados para pre-
limite planetária e nos conceitos de escala, incluindo o parar dados geofísicos e interfaces com modelos de mesoes-
tratamento tanto de fontes superficiais como elevadas e cala, como o modelo meteorológico Weather Research and
terreno simples e complexo. O sistema AERMOD é de Forecasting Model (WRF) (Skamarock et al., 2008).
domínio público, gratuito no site da US EPA, e inclui três
ferramentas básicas: (i) AERMET, pré-processador de 3.3. Utilização do modelo de dispersão: dados de entrada
dados meteorológicos, que incorpora a dispersão com base Na Figura 3 são resumidos os principais processos na
em conceitos de escala e turbulência na estrutura da CLP; modelagem da dispersão atmosférica. Cada etapa e os
(ii) AERMAP, pré-processador de dados de terreno que arquivos envolvidos são descritos a seguir.
116 Cadernos Técnicos Eng Sanit Ambient | v.1 n.2 | 2021 | 107-122
Nota Técnica 8 - Emissão e modelagem matemática da dispersão de gases odorantes gerados em ETEs
A simulação com um modelo de dispersão inicia-se estações do ano também são necessários para a modela-
com o estabelecimento do tamanho do domínio de inte- gem. Os manuais dos modelos costumam trazer alguns
resse (10 ×10 km, 20 × 20 km, por exemplo), normalmente valores típicos, porém deve-se atentar ao fato de que tais
centrado no empreendimento. Após, é definido a grade valores se referem às condições ambientais dos Estados
(ou malha) para a qual o modelo irá calcular as concen- Unidos, onde o inverno pode incluir neve, por exemplo.
trações, estabelecendo o espaçamento entre os receptores Dessa forma, caso tal banco de dados seja usado para apli-
(100 × 100 m, 500 × 500 m, por exemplo). Quanto menor cações no Brasil, recomenda-se a escolha dos parâmetros
o espaçamento entre os receptores, maior o custo compu- referentes ao verão, e que estes sejam aplicados ao ano todo.
tacional. A inserção de receptores discretos (coordenadas Os dados de emissão são inseridos na modelagem de acordo
específicas) também é possível. com o tipo de fonte, que pode ser pontual, área, volumétrica
Um primeiro dado de entrada importante para a mode- etc. Para cada tipo de fonte, suas características intrínsecas
lagem da qualidade do ar com os modelos de dispersão é devem ser consideradas. Para fontes pontuais, por exemplo,
o arquivo topográfico da região de interesse. Ressalta-se a é necessário informar além da taxa de emissão, a coordenada
necessidade de se verificar o formato adequado do arquivo geográfica da fonte, altura de lançamento, diâmetro, vazão de
para cada modelo de dispersão. exaustão, velocidade de saída do gás, e temperatura de saída.
Além das informações geográficas, é essencial a entrada Para fontes tipo área, é necessário informar as coordenadas
de dados meteorológicos superficiais (temperatura, tempe- dos vértices que compõem a área emissora, altura de lança-
ratura do ponto de orvalho, pressão, radiação solar, umidade mento, e a taxa de emissão (constante no tempo ou variável
relativa, precipitação, cobertura de nuvens, direção e veloci- hora a hora). Após a inserção de todos os dados de entrada
dade do vento), que podem ser obtidos a partir de estações necessários, a modelagem pode ser executada.
meteorológicas de superfície, observando uma distância
máxima de até 50 km entre a estação de medição meteo- 3.4. Utilização do modelo
rológica e o ponto central da região de análise. Caso não de dispersão: dados de saída
haja dados meteorológicos de superfície disponíveis para As saídas das modelagens são as maiores concentrações
a região de interesse, a alternativa é o emprego da modela- (horárias, diárias, anuais, ou conforme estabelecido) encon-
gem meteorológica, com, por exemplo, o modelo Weather tradas em cada receptor para todo o período de modelagem.
Research and Forecasting (WRF). Além dos dados de super- Isso significa que a maior concentração predita para um
fície, os modelos de dispersão também necessitam de dados receptor pode não ocorrer no mesmo dia/horário da maior
meteorológicos de um perfil vertical da atmosfera (variação concentração em outro receptor. Dessa forma, as figuras de
da pressão, direção e velocidade do vento, e temperatura dispersão a serem geradas não representam uma pluma,
com a altura). Esses dados podem ser obtidos por meio de e sim a máxima concentração hipotética que se poderia
radiossondagem em aeroportos, por exemplo. Nesse caso, observar em cada receptor, ou seja, o pior cenário. Também
um banco de dados é o NOAA/ESRL Radiosonde Database, é possível investigar as segundas, terceiras máximas etc.
no formato FSL. Caso não estejam disponíveis para o domí- A unidade usual da concentração nos modelos é μg·m-3,
nio de interesse, o modelo meteorológico WRF pode forne- a qual pode ser convertida para partes por milhão (ppmv),
cer este perfil. Ressalta-se mais uma vez a importância de a partir da Equação 22.
os dados necessários estarem nos formatos específicos de
cada modelo para serem utilizados. Para fins regulatórios, 𝐶𝐶𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 = (𝐶𝐶 × 𝑇𝑇𝑎𝑎 × 𝑅𝑅)/(𝑃𝑃 × 𝑀𝑀𝑀𝑀) (22)
deve-se executar três anos de modelagem com no máximo
10% de dados meteorológicos faltantes (US EPA, 2000). Na qual: Cppm - concentração (ppmv); C- concentração em μg·m-3; Ta - tempe-
Valores de albedo, razão de Bowen, e rugosidade ratura do ar (K); R - constante universal dos gases (8,1314 Pa·m3·mol-1·K-1);
aerodinâmica baseados no uso e ocupação solo e nas P - pressão (Pa); MM - massa molecular (34 g·mol-1 para o H2S).
Cadernos Técnicos Eng Sanit Ambient | v.1 n.2 | 2021 | 107-122 117
Andreão, W.L. et al.
A sensação de odor promovida pelo H2S é percebida Assim, para a modelagem da qualidade do ar referente
de maneira subjetiva, com diferentes concentrações e ao H2S, recomenda-se a avaliação da exposição aguda e
tempos de exposição para percepção, que variam de crônica. A US EPA define 0,75 ppmv como o limite de expo-
pessoa para pessoa (Schirmer, 2004). Além disso, picos sição aguda de 10 minutos (AEGL1 – concentração acima
de odor possuem curto intervalo de duração, sendo da qual se prevê que a população em geral, incluindo indi-
rapidamente percebidos pelo receptor. Dessa forma, víduos suscetíveis, possa sentir desconforto, irritação ou
é recomendada a avaliação de picos de concentração certos efeitos não-sensoriais assintomáticos. No entanto,
de H 2S em curtos intervalos de tempo (Scire et al., os efeitos não são incapacitantes e são transitórios e rever-
2000). A escala de tempo de poucos segundos neces- síveis após a interrupção da exposição), e de 0,51 ppmv
sária para avaliar o impacto do odor é muito menor para exposições de uma hora (US EPA, 2019). Nesse con-
do que
Nota Técnica a escala de tempo
8 - Emissão normalmente
e modelagem matemática usadadapara dispersão texto, de gases recomenda-se
odorantes gerados a elaboração de cenários de disper-
em ETEs
avaliar a dispersão de espécies poluentes (de hora em são de H2S para se avaliar as máximas concentrações em
hora). Assim, os possíveis picos de concentração de uma hora e em 10 minutos (utilizando a Equação 23).
H2S podem ser estimados com base na saída das con-
Exemplo 1: Buscando avaliar possíveis picos de concentração em
centrações
𝐾𝐾𝐾𝐾𝐿𝐿𝐿𝐿 = [(2,605 × 10 horárias
−9 ) × (25 𝑚𝑚𝑚𝑚) dos modelos,
+ (1,277 −7
× (4,5 𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝑠𝑠𝑠𝑠 )Equação
× 10 )]conforme −1 2
× (1,61 × 10 curta
−5
𝑐𝑐𝑐𝑐𝑚𝑚𝑚𝑚 ∙ 𝑠𝑠𝑠𝑠 −1duração,
2 ⁄8,5 × 10−6 o
𝑐𝑐𝑐𝑐𝑚𝑚𝑚𝑚que
2
∙ 𝑠𝑠𝑠𝑠 −1pode
)2⁄3 levar ao incômodo, mesmo
23, para se avaliar possíveis picos de 10 minutos, 10 que rápido, de moradores próximos às fontes emissoras
segundos, ou outros.
Equação 23
de gases odorantes, recomenda-se a avaliação de concen-
trações em tempos de poucos segundos, como 10 segun-
0,2
𝐶𝐶𝐶𝐶𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 = 𝐶𝐶𝐶𝐶𝑝𝑝𝑝𝑝1ℎ �𝑇𝑇𝑇𝑇1ℎ ⁄𝑇𝑇𝑇𝑇𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 � (23) dos, por exemplo (utilizando a Equação 23). Assim, os
valores máximos de concentração obtidos indicarão pos-
Na qual: Cpn - concentração do poluente p no tempo n (μg·m-3ou ppmv); síveis áreas que eventualmente possam perceber o odor,
Cp1h - concentração do poluente no tempo de 1h (μg·m-3ou ppmv); T1h no período de tempo escolhido.
- tempo primário do cálculo da concentração do poluente (60 min); Já as exposições a longo período (cenário com máximas
Tpn - tempo do pico de interesse (min). anuais) indicarão as áreas que, de fato, podem apresentar
concentrações acima do limiar perceptivo por um longo
A partir das concentrações modeladas para cada nó período do ano, correspondendo às áreas primariamente
definido no grid (receptor), é realizado uma interpolação atingidas pelas emissões.
de tais valores para se gerar uma superfície de máximas Como exemplo, na Figura 4a é representado um cená-
concentrações. Para a interpolação das concentrações rio de dispersão de H2S de uma ETE considerando as
nos receptores recomenda-se a metodologia do inverso máximas médias de uma hora, enquanto a Figura 4b é
do quadrado da distância. representado um cenário obtido para possíveis picos de
Ainda não existem padrões nacionais de qualidade do ar 10 segundos a partir da aplicação da Equação 23.
para compostos odorantes. Dessa forma, a elaboração dos Para o cenário com as maiores concentrações médias
cenários de dispersão é dada pela experiência do modelador. de uma hora (Figura 4a), observa-se que o valor limite
De acordo com OMS (2003), exposições a concentrações de percepção de H2S pode atingir 6 km ao sul/sudoeste
de H2S em torno de 0,05 a 5 ppmv já permitem a detecção da ETE, localizada no norte da cidade (delimitada em
do odor característico do gás. Tchobanoglous et al. (2016) azul). A média horária modelada mais alta foi de 1,68
trazem uma concentração de 0,00047 ppmv como limite ppmv, acima da diretriz da US EPA (0,51 ppmv). Porém
de percepção (ver NT 1 desta coletânea). O tempo de per- essa máxima concentração encontra-se dentro dos limi-
manência do H2S na atmosfera foi estimado em cerca de tes da ETE. O cenário considerando um pico de exposi-
duas horas em atmosferas urbanas e de dois dias em áreas ção de 10 segundos (Figura 4b) mostra que as maiores
remotas (Gomes, 2010). médias de H2S calculadas foram de 5,44 ppmv na ETE.
118 Cadernos Técnicos Eng Sanit Ambient | v.1 n.2 | 2021 | 107-122
Nota Técnica 8 - Emissão e modelagem matemática da dispersão de gases odorantes gerados em ETEs
Figura 4 – Cenário de dispersão para (a) máxima média horário; (b) possíveis picos de 10 segundos.
Picos de concentrações de 0,005 ppmv foram observadas fluxo dinâmica, sempre é preferível em relação aos mode-
a até 15 km a noroeste da ETE e a 21 km a leste. Tais con- los algébricos. Contudo, tal medição deve ser representa-
centrações ocorreriam em dias desfavoráveis à dispersão tiva de toda área emissora. Dessa forma, eventualmente,
dos poluentes, uma vez que o resultado do modelo são as mais de um ponto de medição para uma mesma fonte é
máximas concentrações. Assim, em dias ensolarados e necessário, o que pode inviabilizar em algumas situações
com vento, ou seja, favoráveis à dispersão, espera-se con- a sua aplicação.
centrações inferiores às simuladas. Quando se fizer uso dos modelos matemáticos algébri-
Outros exemplos de aplicação de modelos de disper- cos, destaca-se a importância da avaliação adequada de
são em ETEs são dados por Augusto et al. (2017), onde os cada unidade, para a escolha das equações de modelagem
autores investigaram a dispersão do H2S emitido por um mais apropriadas. No caso do H2S, são necessárias mais
reator UASB localizado no município de Itajubá (MG), e experiências para validar os modelos de emissão existen-
Miranda (2017), que investigou a dispersão atmosférica tes, principalmente, para o caso de reatores UASB, com-
de H2S emitido por uma ETE em Belo Horizonte (MG). parando emissões por medidas diretas com aquelas esti-
Já Augusto et al. (2019) modelou a dispersão de H2S em madas pelos modelos algébricos.
uma estação de recuperação de recursos hídricos. As condições meteorológicas afetam consideravel-
mente a probabilidade de detecção e o grau de incô-
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS modo em relação ao odor. Uma verificação rápida do
A necessidade de se avaliar as emissões de gases odoran- padrão de vento da região já pode dar um indicativo
tes em ETEs, principalmente naquelas onde a população das possíveis áreas mais afetadas pelas emissões de
se encontra próxima, leva à necessidade de se estimar a gases odorantes. Geralmente as máximas concentra-
emissão de gases odorantes e de verificar seu impacto na ções ocorrem em períodos com baixas velocidades do
comunidade. vento e alta estabilidade atmosférica (atmosfera estável).
Dentre as técnicas de estimativa de emissão, a medi- Após a verificação das emissões gasosas, e suas concen-
ção direta com o uso de equipamentos, como a câmara de trações na comunidade, é necessário adotar medidas de
Cadernos Técnicos Eng Sanit Ambient | v.1 n.2 | 2021 | 107-122 119
Andreão, W.L. et al.
controle de emissões gasosas difusas, conforme discutido de Nível Superior – CAPES, da Fundação de Amparo
em Brandt et al. (2018) e nas NTs 1 a 7 desta coletânea. à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG
e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em
AGRADECIMENTOS Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto – INCT
Os autores agradecem o apoio recebido do Conselho ETEs Sustentáveis.
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Este trabalho faz parte da série de publicações do INCT
– CNPq, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal ETEs Sustentáveis.
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reatores anaeróbios – Nota Técnica 6 - Uso energético e queima
ANDREÃO, W. L., PEDRUZZI, R., SILVA, L. A. C., ALBUQUERQUE, T. de gases residuais. Cadernos Técnicos Engenharia Sanitária e
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Órgão Oficial de Informação Técnica da ABES - Rio de Janeiro
Vol. 01 | nº 2 | 2021