Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
L
íci
a
He
ine
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Em linhas gerais, o termo linguagem pode ser interpretado no sentido lato sensu e
no sentido stricto sensu. No primeiro caso, a linguagem “é qualquer meio de comunicação
utilizado por uma comunidade humana ou animal para transmitir mensagens” (GALISSON;
COSTE, 1983, p. 445). Assim, a linguagem das abelhas, a linguagem dos golfinhos, a
linguagem humana em todas as suas formas (falada, escrita ou através de sinais e códigos),
a música, a dança, a pintura, dentre outros, caracterizam a expressão a que se designa
linguagem. Nessa acepção, abarcaria todo e qualquer sistema de signos, imagens, gestos,
objetos, nuvens, pegadas de alguém na praia, reações fisiológicas (febre, fome, dor de
cabeça etc), constituindo-se, dessa forma, objeto de estudo de uma ciência que tem como
escopo de análise não apenas a linguagem humana e verbal, mas também a linguagem dos
animais e de todo e qualquer sistema de comunicação, seja ele natural ou convencional.
Trata-se da ciência dos signos em geral que, em verdade, possui dupla denominação:
Semiologia e Semiótica. A primeira surgiu na Europa com Ferdinand de Saussure e a
segunda nos Estados Unidos com Charles Sanders Peirce.
Por outro lado, em seu sentido stricto sensu, “a linguagem se aplica àquela aptidão
humana para associar uma cadeia sonora (voz) produzida pelo chamado aparelho fonador a
um conteúdo significativo” (BORBA, 1991, p. 9-10). Refere-se, pois, à linguagem humana
natural que se realiza normalmente por meio de sons vocais e por grafemas, mas também,
no caso da linguagem dos surdos-mudos, por sinais desprovidos de sons, revelando que o
1
emprego dos sons da fala não é, por si só, uma propriedade-chave da linguagem humana
(NOVELINO, 1980?, p. 112).
Nestes termos, ou seja, no seu sentido stricto sensu, a linguagem humana constitui-
se num macro objeto da ciência da linguagem – a lingüística, que, em função de suas
diferentes correntes, é analisado por vários ângulos ou fenômenos, gerando as diferentes
conceituações sobre a terminologia da linguagem, e, por conseguinte, os objetos teóricos
que caracterizam o foco de análise de cada corrente lingüística. Numa primeira abordagem,
apresentam-se os posicionamentos de Saussure e de Chomsky 1, principais mentores da
lingüística estruturalista e gerativista, respectivamente.
Linguagem
língua fala
2
O caráter supra-individual evidencia a presença da teoria sociológica de Émile Durkheim
(1858-1917) na obra de Saussure, pois para o referido sociólogo “os fatos sociais são
maneiras de agir, de pensar e de sentir, exteriores ao indivíduo, ou seja, [...] “apresentam a
propriedade marcante de existir fora das consciências individuais, dotadas de um poder de
coerção em virtude do qual se lhe impõem” (1966, p. 2-3). Isso significa dizer que os fatos
sociais existem fora das consciências individuais, ou seja, eles estão acima dos indivíduos e
exercem sobre estes um grande poder coercitivo. Os indivíduos são, portanto, coagidos a se
comportarem de acordo com as maneiras de agir, pensar e sentir de uma dada sociedade,
caso contrário sofrerão sanções de diversas intensidades. A teoria dos fatos sociais de
Durkheim exerceu influência marcante na obra Saussuriana, já que Sausurre afirmava,
fazendo uma analogia com os fatos sociais de Durkheim, que a língua era um sistema
supra-individual. O sistema lingüístico estaria, pois, acima dos indivíduos e representaria
uma estrutura complexa reguladora da atividade lingüística humana, assemelhando-se aos
elementos não-visíveis de sustentação de um edifício que organizam as unidades
habitacionais.
No que tange à outra face da linguagem — a fala (parole), esta processa a realização
do sistema lingüístico abstrato (langue), sendo por isso mesmo psico-física e vista como a
língua em ação. Porém, diferentemente desta, a fala é de caráter individual e não social, já
que se trata de um ato oriundo de um indivíduo e de sua vontade própria. Daí ser
heterogênea, imprevisível, ilimitada, dentre outras características. O texto, a seguir,
esclarece melhor o posicionamento de Saussure a respeito desses dois elementos
constitutivos da linguagem.
3
ao mesmo tempo instrumento e produto. Tudo isso, porém, não impede que sejam
duas coisas absolutamente distintas. (SAUSSURE, 1961?, p. 27)
Assim, para Saussure, só é lingüística o estudo que tomar por objeto a langue; tudo
o mais fica fora do domínio dessa ciência. [...] Saussure pretende tornar a
lingüística, verdadeiramente, uma ciência. Para isso, é preciso homogeneizar de
qualquer forma o objeto, uma vez que não é possível, no seu entender, descobrir as
regularidades necessárias para o estudo científico da linguagem se a lingüística não
voltar sua atenção para um objeto homogêneo. Apenas a homogeneização do objeto
permitirá descobrir nele a sua verdadeira ordem, uma ordem que ultrapasse a mera
descrição e que permita chegar ao nível da explicação. (BORGES NETO, 2004, p.
52)
[...] as línguas naturais são um dote genético do ser humano, e apenas dele. Nenhum
animal fala como nós falamos. Parece bastante plausível supor que a capacidade de
falar uma língua tenha conexão direta com o aparato genético da espécie humana e
que é isso que a distingue de todas as outras espécies.
(MIOTO, 2004, p. 22)
Assim entendida, toda criança nasce com uma gramática universal (GU), “estágio
inicial de um falante que está adquirindo a linguagem” (MIOTO, 2004, p. 20). Trata-se de
“uma estrutura cognitiva inata, e faz parte da herança genética de cada membro da espécie
4
humana, do mesmo modo que a visão é parte dessa herança” (LOBATO, 1986, p. 399).
Com o advento do gerativismo, Chomsky propôs um outro objeto de estudo para a ciência da
linguagem — a competência lingüística, que substitui a língua (langue) da ortodoxa lingüística
estrutural, concebendo-a como “o conhecimento que o falante-ouvinte possui de sua língua”
(CHOMSKY, 1965, p. 84). Para maiores esclarecimentos, veja o que Lobato diz a respeito
desse objeto de estudo chomskiano:
Esse saber lingüístico habilita os falantes/ouvintes a aptidões especiais, tais como entender e
produzir espontaneamente um número infinito de frases que, em maioria, nunca ouviram
anteriormente, auxiliando-os também a distinguir frases gramaticais das agramaticais. Frisa-se
que essas habilidades, realizadas quase inconscientemente, independem do grau de
escolaridade, visto que os falantes/ouvintes, escolarizados ou não, são capazes de
reconhecer e julgar se uma sentença pertence ou não ao sistema gramatical de sua
língua materna.
5
Faz-se mister tecer algumas considerações a respeito da linguagem animal, ou
melhor dizendo, do sistema de comunicação animal, como preferem alguns lingüistas, em
especial Benveniste2 (1995, p. 60), tendo como objetivo caracterizar de forma mais acurada
a linguagem humana. Para tanto, ilustra-se a linguagem das abelhas, lembrando que “há
mais de 2000 anos, ou seja, desde a Antiguidade Clássica, o filósofo grego Aristóteles
percebera que quando uma abelha solitária descobre uma fonte de néctar, é logo seguida
por outras abelhas”. Em meados do século XX, mais precisamente em 1959, corroborando
com esses mesmos pressupostos, o zoólogo alemão Karl von Frisch desenvolveu uma
pesquisa sobre o sistema de comunicação das abelhas, revelando que elas possuem um dos
mais notáveis meios de comunicação, visto que, quando uma abelha operária descobre uma
fonte de néctar, transmite uma mensagem a suas companheiras, que consiste em revelar o
local do alimento, sua qualidade, a direção a ser seguida e a correspondente distância em
que o mesmo se encontra (PETTER, 2002, p. 15). A mensagem é transmitida por meio de
dois tipos de dança: a circular, caso as flores estejam numa distância de até 100 metros e a
em formato de oito, para distâncias superiores a 100 metros. O tipo do néctar é informado
através do odor impregnado na dançarina e a direção a ser seguida é dada pela linha reta em
direção à posição do sol (NOVELINO, 1980?). Trata-se pois de uma linguagem,
processada por uma colônia de insetos, tal como se pode observar no texto a seguir:
Estamos pela primeira vez em situação de especificar com alguma precisão o modo
de comunicação empregado numa colônia de insetos; e pela primeira vez podemos
imaginar o funcionamento de uma “linguagem” animal. Pode ser útil assinalar de
leve aquilo em que ela é ou não é uma linguagem, e o modo como essas
observações sobre as abelhas ajudam a definir, por semelhança ou por contraste, a
linguagem humana. [...] Vêem-se aqui muitos pontos de semelhança com a
linguagem humana. Esses processos põem em ação um simbolismo verdadeiro
embora rudimentar, pelo qual dados objetivos são transpostos em gestos
formalizados, que comportam elementos variáveis e de “significação” constante.
Além disso, a situação e a função são as de uma linguagem, no sentido de que o
sistema é válido no interior de uma comunidade determinada e de que cada membro
dessa comunidade determinada tem aptidões para empregá-lo ou compreendê-lo nos
mesmos termos. (BENVENISTE, 1995, p. 63-64)
2
Neste trabalho, as expressões “comunicação animal” e “linguagem animal” serão usadas como sinônimas,
sem advogar o termo “linguagem” apenas para a linguagem humana.
6
Sistema de comunicação animal Linguagem humana
1. Não-produtivo; 1. Produtiva;
4. Invariabilidade de conteúdo;
3
Quando se diz que a linguagem humana se processa com independência de estímulos externos, procura-se
valorizar sobretudo a sua criatividade lingüística que a habilita a produzir frases sem nenhum treinamento
prévio, mas se reconhece o valor do meio social, visto que ele é responsável, em parte, pela construção da
competência lingüística da criança.
7
abelha não pode ser reproduzida por outra que não tenha visto ela mesma os fatos que a
primeira anuncia (BENVENISTE, 1995, p. 65), ou seja, as abelhas não têm a capacidade
de abstrair — processo cognitivo, cujas reflexões isolam comumente elementos da
realidade concreta. No que diz respeito à linguagem humana, independentemente de ter
vivenciado ou não uma determinada experiência, o homem é capaz de falar de objetos
presentes ou ausentes da situação de comunicação (FIORIN, 2002, p. 56), sem estabelecer
uma relação biunívoca entre as unidades lingüísticas e a realidade circundante, pois a
língua não é um sistema de mostração de objetos (FIORIN, 2002, p. 56), na medida em
que não há uma relação direta entre as coisas do mundo e as palavras, pois a maneira de
ver o mundo varia de cultura para cultura (PIETROFORTE, 2002, p. 86-87). Neste
sentido, vale a pena considerar o que diz Blikstein:
Blikstein defende a tese de que o que julgamos ser a realidade não passa de um
produto de nossa percepção cultural. Ou seja, percebemos os objetos tal como
previamente definidos por nossas culturas: a “realidade” é fabricada por toda uma
rede de estereótipos culturais, que condicionam a própria percepção e que, por sua
vez, são garantidos e reforçados pela linguagem, de modo que o processo de
conhecimento é regulado por uma interação entre práxis, percepção e linguagem.
(BLIKSTEIN, 1995, p. 17)
Por outras palavras, a linguagem humana não se caracteriza por estabelecer uma relação
biunívoca, direta, entre as unidades lingüísticas e a realidade circundante, e, como diz
Blikstein, a “realidade é fabricada por toda uma rede de estereótipos culturais”, o que explica o
fato de uma mesma realidade ser categorizada de forma diferente, ou seja, a categorização — “o
processo integral de organizar a experiência humana em conceitos gerais e em rótulos
lingüísticos a eles associados” (CRYSTAL, 1988, p. 44), se diferencia de sociedade para
sociedade, o que inviabiliza de uma vez por todas a tese tradicional da relação biunívoca,
ou conforme Fiorin (2002, p. 57), “a língua não é uma nomenclatura aplicada a uma
realidade cuja categorização preexiste à significação”.
Quanto a (7), a natureza indecomponível das mensagens, diz respeito ao fato de não
se poder segmentar em unidades menores os signos usados pelas abelhas no sistema de
comunicação (a dança circular ou a em forma de oito), pois se assim procedesse, eliminar-
8
se-ia o seu valor semântico – o seu significado. Já a linguagem humana, contudo, apresenta
o caráter analisável dos seus enunciados, decomponíveis, em verdade, em dois tipos de
unidades menores — os morfemas e os fonemas, que, nas palavras de Martinet (1971),
constituem a dupla articulação da linguagem. Veja-se o seguinte exemplo:
quer e mos
morfema lexical vogal temática de 2ª conjugação desinência número-pessoal de 1ª
(radical do verbo querer) pessoa do plural
com e r
morfema lexical vogal temática de 2ª conjugação desinência modo-temporal de
infinitivo
/ k, e, r, e, m, u, s /
/ k, o, m, e, x /
O traço distintivo dessas unidades é melhor entendido quando se substitui numa palavra um
som da língua por um outro som. Por exemplo, na substituição de [ b ] por [ m ] em bar
mar, que processa a geração de um novo vocábulo. Trata-se da 2ª articulação da linguagem,
considerada responsável pela economia lingüística, na medida em que possibilita produzir
uma infinidade de mensagens, a partir de um número limitado de elementos sonoros
distintos.
9
humana dos diferentes sistemas de comunicação, vez que esses possuem em qualquer
situação apenas a primeira articulação da linguagem.
Comenta-se, por fim, que Benveniste (1995, p. 65), além desses traços aqui
comentados a partir do Quadro 1, considera também como característica básica da
linguagem humana o fato de ela realizar-se por meio de um aparelho vocal. Contudo, no
século XVII, René Descartes, o ícone maior da corrente filosófica racionalista, apresentou
algumas reflexões a respeito da linguagem humana, posicionando-se da seguinte maneira:
10
sintaxe, ou seja, o indivíduo ao selecionar um verbo para formular uma frase, já tem
especificado, consoante os seus aspectos sintático-semânticos do léxico, os argumentos com
os quais o verbo pode ocorrer, a fim de construir uma sentença gramatical. Por exemplo, ao
se selecionar o verbo correr, automaticamente rejeita-se a possibilidade de se ter um SN
sujeito do tipo a pedra, o livro, o copo etc, porque o léxico, neste caso da gramática da
Língua Portuguesa, exigiria no mínimo um SN sujeito com o traço semântico de ser
animado, caso contrário ter-se-ia uma sentença agramatical, salvo se se tratasse de um
texto literário.
No que tange aos parâmetros, são propriedades que uma língua pode ou não exibir,
sendo também responsáveis pela variação estrutural entre as línguas, designada comumente de
variação paramétrica. Segundo a teoria gerativa, existem dois parâmetros 4: parâmetro do
sujeito nulo (línguas pro-drop); parâmetro do núcleo. O parâmetro do sujeito nulo explica o
porquê de certas línguas processarem frases sem a realização fonética obrigatória de um SN na
posição de sujeito. Contudo, é sabido que um dos princípios da GU postula:
Os valores paramétricos são abertos, sendo somente fixados após o período de aquisição da
linguagem. Por outras palavras, a criança, durante este processo e a partir dessas duas opções dadas
pela GU, vai acionar, em função da língua a que ela estiver exposta (línguas que realizam o seu
sujeito de forma fonética ou línguas que não o realizam), um dos parâmetros já previstos pela GU.
São consideradas línguas de parâmetro do sujeito nulo apenas o português, o espanhol e o
italiano; as demais, como o inglês, o francês e o alemão, dentre outras, são consideradas
línguas que exigem um SN, foneticamente realizado, na posição de sujeito.
Dessa forma, observa-se, nesta teoria, o quão é importante a base inata para o
gerativista, sendo, pois, capaz de explicar o processo de aquisição da linguagem, o porquê
4
Para maiores esclarecimentos, ver Mioto (2004), Raposo (1992), dentre outros.
11
das línguas possuírem diferentes estruturas sintáticas, e, sobretudo, ressaltar que o ser
humano é o único animal que possui a linguagem, no seu sentido stricto sensu. Mas, de que
maneira essa teoria poderia ajudar a explicar a língua dos sinais? Para Fernandes (2003, p.
30), as teorias biológicas podem explicar, sob muitos aspectos, o comportamento da língua
do surdo, mesmo porque, em se tratando de um membro da espécie, deve possuir a GU
postulada por Chomsky. Esse posicionamento da referida pesquisadora pode ser melhor
observado no texto a seguir:
Portanto, as línguas dos surdos, também denominadas de línguas espaço-visuais, podem ser
vistas, a partir da GU chomskiana, como uma das prováveis possibilidades paramétricas,
embora Chomsky, nas suas diferentes obras, ilustre os seus propósitos teóricos sempre a
partir dos sistemas lingüísticos orais-auditivos. Assim entendida, considera-se a língua de
sinais um meio natural de aquisição da linguagem — uma das modalidades lingüísticas da
faculdade da linguagem. O esquema a seguir ilustra, pois, a tese aqui defendida:
Signo lingüístico
Significante Significado
12
Saussure deixa bem claro que o signo lingüístico une um significante ao significado
e não ao objeto extralingüístico. É, portanto, uma unidade de duas faces, sem considerar o
referente extralingüístico. Por significante, se entende a parte psicofísica do signo,
justamente por processar o referido circuito lingüístico anteriormente mencionado; é, pois,
a parte concreta do signo lingüístico, realizada sobremaneira por meio dos sons da língua e
também pelos grafemas, que “designam os símbolos gráficos unos, constituídos por traços
gráficos distintivos, que nos permitem entender visualmente as palavras na língua escrita,
da mesma forma que os fonemas nos permitem entendê-las auditivamente na língua oral”
(CÂMARA JÚNIOR, 1978, p. 128). No caso do significado, este designa o conceito, a sua
imagem mental, a idéia de um determinado signo e não o objeto propriamente dito, o que
explica a sua face psíquica.
Com a consideração da língua dos sinais como uma língua natural, pensa-se que a
concepção de significante5 deva ser ampliada para abarcar, não somente os sons da fala e os
grafemas, mas também os sinais, isto é, o movimento das mãos e do pulso que se
coordenam entre si para formarem também um signo linguístico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando as questões aqui discutidas, deve ter ficado claro que o termo
linguagem se aplica tanto às línguas humanas naturais, quanto a qualquer sistema de
comunicação, podendo abarcar desde uma dança circular das abelhas até os meneios da
cabeça de determinados indivíduos. Porém, a lingüística, enquanto ciência da linguagem,
focaliza, como seu objeto de estudo, apenas as línguas humanas naturais, cujos diferentes
fenômenos constituem os denominados objetos teóricos, ou seja, os fenômenos eleitos por
cada corrente lingüística, para serem estudados com acuro e profundidade. Além disso, foi
possível ressaltar, ainda que de forma sucinta, que não somente as línguas orais-auditivas,
mas também as línguas espaço-visuais constituem línguas humanas naturais, visto que
apresentam sistemas abstratos de regras gramaticais, caracterizados por seus componentes
fonológico, morfológico, sintático e semântico-pragmático (FERNANDES, 2003, p. 39-44)
5
A concepção de signo lingüístico saussuriano vem sofrendo algumas críticas, ora ligadas à questão da
arbitrariedade, ora ligada à ausência do referente (a coisa representada pelo significado). Aqui não se objetiva
discorrer sobre essas questões, pretende-se apenas ressaltar que a noção de significante, tal como postulada
em Saussure, deve ser ampliada a fim de atender ao desenvolvimento dos estudos lingüísticos.
13
ABSTRACT
This work is intended to discuss the concept of language, focusing on animal language X
human language. Saussure´s and Chomsky´s assumptions are commented. The need to
consider the visual/spatial languages as one of the modalities of language capacity is
pointed out.
REFERÊNCIAS
14
KRISTEVA, Julia. História da linguagem. Tradução Maria Margarida Barahona. São
Paulo: Livraria Martins Fontes, 1969.
LOBATO, Lúcia Maria Pinheiro. Sintaxe gerativa do português: da teoria padrão à teoria
da regência e ligação. Belo Horizonte: Vigília, 1986.
LOPES, Edward. Fundamentos da lingüística contemporânea. São Paulo: Cultrix, 1993.
LYONS, John. Introdução à lingüística teórica. Tradução Rosa Virgínia Mattos e Silva e
Hélio Pimentel. São Paulo: Nacional, 1979.
LYONS, John. Lingua(gem) e lingüística: uma introdução. Tradução Marilda Windler
Averbug e Clarisse Siechenius de Souza. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 1987.
MARTINET, André. A lingüística sincrônica. Tradução de Lílian Abrantes. Rio de Janeiro:
Edições Tempo Brasileiro, 1974.
MIOTO, Carlos et al. Manual de sintaxe. Florianópolis: Insular, 1999.
MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina. Introdução à lingüística. v 1. São
Paulo: Cortez, 2001.
MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina. Introdução à lingüística. v 2. São
Paulo: Cortez, 2001.
NEVES, Maria Helena de Moura. A gramática: história, teoria e análise, ensino. São Paulo:
Editora UNESP, 2002.
NOVELINO, Humberto. Prolegômenos à fonética. Recife: [s. n.],1980?.
ORLANDI, E. P. (Org.). História das idéias lingüísticas. Campinas, Pontes: Unemat, 2001.
PINTO, Joana Plaza. Pragmática. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna
Christina (Orgs.). Introdução à lingüística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001.
p. 47-68.
PETER, Margarida. Linguagem, língua, lingüística. In: FIORIN, José Luiz (Org.).
Introdução à lingüística I: objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2002. p. 11-24.
PIETROFORTE, Antonio Vicente. A língua como objeto da lingüística. In: FIORIN, José
Luiz (Org.). Introdução à lingüística II: objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2002.
p. 75-94.
RAPOSO, Eduardo Paiva. Teoria da gramática. A faculdade da linguagem. Lisboa:
Editorial Caminho, 1992.
ROBINS, R. H. Pequena história da lingüística. Tradução Luís Martins Monteiro de
Barros. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1979.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de lingüística geral. Tradução de Antonio Chelini, José
Paes e Izidoro Blistein. 10. ed. São Paulo: Cultrix, 1961?.
ZANOTTO, Normélio. Estrutura mórfica da língua portuguesa. Caxias do Sul, Rio Grande
do Sul: EDUCS, 1986.
WEEDWOOD, Barbara. História concisa da lingüística. Tradução Marcos Bagno. São
Paulo Parábola Editorial, 2002.
15