A DOUTRINA MARXISTA

DO ESTADO
Jaum Loureiro

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INTRODUÇÃO
e tem uma coisa que me tira total e
S
imediatamente minha frágil paciência
são pessoas que gostam de falar
daquilo que não sabem. É infindável a
quantidade de marxistas ou que se
dizem marxistas defendo e dando
apoio às políticas estatais que Marx jamais
defendeu e nunca declararia apoio para esse
tipo de gente. Mas qual seria realmente a
posição de Marx sobre o Estado e seus
aparelhos? Vou tentar explicar de modo fácil
e conciso para que você não aprenda a falar
de um Marx que não existe e de ideias alheias
ao movimento. Pode passar esse texto para
seu amigo burro que acha que o ápice da
defesa marxista é lutar por direitos de
minorias e sindicatos. Boa leitura.
Obs: só gostaria de deixar claro que usarei
alguns livros como referência sobre o
assunto. Não sou chegado em fazer citações e
notas de rodapé então vou mencionar os
livros e suas edições antes de começar o que
interessa só para o leitor anotar alguma coisa
caso esteja realmente interessado no tema e,
lógico, vou abreviar cada um no momento
das citações. Para aqueles que apenas lêem
meus textos para quando me verem falar:
“nossa li seu texto sobre panelas de pressão e
estava muito bom, amei” podem pular essa
parte. Não é relevante para vocês.
Karl Marx e Friedrich Engels, Manifesto
Comunista, Boitempo, 2005. Karl Marx,
Crítica do Programa de Gotha, Boitempo,
2012. Karl Marx, 18 de Brumário de Luis
Bonaparte, Boitempo, 2011. Friedrich Engels,
A Origem da Família da Propriedade Privada
e do Estado, editora Civilização Brasileira,
1984. Louis Althusser, Ideologia e Aparelhos
Ideológicos do Estado, Martins Fontes.
Vladímir Lênin, Estado e a Revolução,
Boitempo, 2017.
 estará mais desprotegido e o burguês terá
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TEMA I: A HISTÓRIA PELOS MARXISTAS
E O SIGNIFICADO DO ESTADO
história de todas as sociedades
“A
até hoje existentes é a história
das lutas de classes” (Manifesto
pág 40).
Assim começa as rápidas
explanações de Marx e Engels sobre os
burgueses e proletários. Toda analise que
ambos fizeram da sociedade não pode ser
entendida se antes não se entender bem a
cosmovisão que os mesmo afirmavam. Em
suma, toda história escrita (e não a pré-
história) é fortemente marcada por uma
tensão social, um choque entre partes
totalmente opostas e irreconciliáveis: a luta
de classes entre burgueses e proletários.
Essas classes surgem por meio de um
universo puramente econômico que permite
alguns serem ricos e outros não. A
permanência da riqueza de alguns é mantida
pelo processo de exploração dos mais pobres.
Não tendo grandes opções de subsistência, os
proletários são forçados a trabalharem nas
indústrias com péssimas condições para que
seus patrões lhes joguem um osso fedido no
final do mês. Essa visão da economia que
Marx detinha é muito útil para entender sua
ideia de Estado. Todo esse processo de
mudanças econômicas será explicado em sua
origem no tema dois. Por ora quero apenas
expor a concepção estamental dos marxistas,
ao menos, em sua origem.
O estado é para Marx um produto da luta de
classes. Os poucos ricos que se têm em um
determinado povo, justamente por explorar
os pobres para manter suas riquezas,
possuem a capacidade de se defenderem e se
protegerem de todas as ameaças. Isso não
muito difícil de entender. Olhando um local
com muitos crimes, sabemos que o proletário
como usar seu dinheiro para comprar sua
segurança. Um local de grandes desastres
naturais pode varrer do mapa tanto uma
velha casa do subúrbio quanto uma bela
mansão no topo da colina. Contudo, o
segundo terá como reconstruir o seu lar e o
primeiro ficará sem abrigo. E é com essa
superioridade econômica que a minoria
burguesa consegue criar o aparelho do
Estado. O motivo pelo que se realiza esse
aparelho é para se perpetuar em seu sistema
de exploradores e explorados usando da
violência, da ameaça e do roubo
institucionalizado. O Estado é na verdade a
institucionalização do crime organizado dos
burgueses para usar de meios políticos,
criando assim obrigações enfiadas goela
abaixo nos pobres operários os impedindo de
ter direitos ou de lutar por sua liberdade.
Mas a história marxista tem um andar
estimativo e o socialismo é apenas uma
inerente ocasião que não pode ser evitada
por nenhum grupo de detentores dos meios
de produção.
A definição que Engels propõe é a seguinte: o
estado é antes um produto da sociedade
quando esta chega a determinado grau de
desenvolvimento; é a confissão de que essa
sociedade se enredou numa irremediável
contradição com ela própria e está dividida
por antagonismos inconciliáveis que não
consegue conjurar. Mas para que esses
antagonismos, essas classes com interesses
econômicos colidentes, não se devorem e não
consumam a sociedade numa luta estéril, faz-
se necessário um poder colocado
aparentemente por cima da sociedade,
chamado a amortecer o choque e mantê-lo
dentro dos limites da ordem. Esse poder,
nascido da sociedade, mas posto acima dela
se distanciando cada vez mais, é o Estado
(Família pág 191).
Aqui temos um importante aspecto que
convém ressaltar além da compreensão de
que o Estado só o é se formado por
burgueses. Esse aspecto é que o Estado não é
uma entidade obscura que chega às margens
de um território de um povo e se aloja como
uma terrível praga. Na verdade é algo
formado pelo próprio povo, ou ao menos o
que o Estado diz ser: fruto do povo. Como a
luta de classes gera nos explorados um
sentimento deprimente de abandono somado
com a dura vida, um grupo de burgueses
exploradores que se disfarçam de bons
homens propõe ao seu povo um órgão de
controle e de civilidade. Os empresários
adoram a ideia, pois sabem que é trapaça de
seus colegas e os operários se sentem
reconfortados pela ideia de um órgão de
controle que lhes garanta uma vida digna e
confortável. Quando esse Estado entra por
aceitação geral no controle de uma sociedade
é que tudo modifica. Ele já não mais se
importa em ajudar e cumprir suas promessas
feitas para a prole. Já não se importa mais
em receber ameaças por parte da massa
porque tem em mãos um enorme poder
militar. Então o Estado muda uma lei de
exploração em uma lei jurídica. Por via de
taxações altas eles se fixam no poder com
todas suas regalias. É um elemento estranho
na sociedade porque não correspondem a ela,
sugam-na em verdade.
“o poder executivo é a expressão da
heteronomia da nação em contraposição à
sua autonomia (18 Brumário).”
Essa definição perfeita de Marx diz o que
queremos saber: o estado é fruto da luta de
classes e tira de uma das classes sua total
liberdade. Mas se ele vem da luta de classes,
qual é a origem das lutas?

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TEMA II: A FAMÍLIA E
A PROPRIEDADE PRIVADA
obra entediante de Engels intitulada
A
A Origem da Família da Propriedade
Privada e do Estado teve como
objetivo encontrar fundamentos
históricos que rastreasse a luta de
classes.
Engels começa, usando os estudos de Lewis
Henry Morgan (1818-1881), dizendo que o
Estado não acompanha a sociedade desde a
aurora dos tempos. Isso é realmente uma
verdade histórica irrefutável. Não só os
marxistas, mas também os libertários
anarcocapitalistas entendem que o Estado é
um órgão antinatural parasitando a
sociedade.
O argumento de Engels visa entender
antropologicamente qual seria a origem
desse órgão. De começo, nos vem à mente a
lembrança das lições de Marx quando dizia
que o Estado era produto da luta de classes.
A luta de classe, segundo Engels, é produto
da propriedade privada. Esta ultima é fruto
da noção moderna de família. Mas o que ele
queria dizer com isso?
Segundo Engels, nos tempos remotos o sexo
era algo apenas impulsivo. Não havia ser
humano primitivo algum, e reforçou Morgan
eu seus estudos, que se importasse com a
moralidade sexual. Homens dormiam com
varias mulheres e vice versa. Havia relações
sexuais entre pais e filhas, entre filhos e
mães, entre parentes de sangue. A
reprodução era apenas algo trivial. Conforme
o tempo foi passando, surgiu o direito
materno. As mulheres tinham uma
responsabilidade por suas filhas e seus filhos
e eles não tinham mais relações com parentes
próximos, apenas distantes. Isso ajudava
muito na relação com diversos clãs porque as
mães criavam seus filhos para que pudessem
se unir com outros membros de outros clãs.
É claro que o principal era com o mesmo clã.
Mas a quantidade de sexo em certa medida
diminuiu. As mulheres poderiam ter filhos
com qualquer homem, geralmente tinham
com vários. Mas os frutos dessas uniões não
herdavam a mesma vida, pelo menos não a
maioria.
O problema maior, segundo essa análise
materialista, foi os vínculos entre clãs. O
casal unido fazia relações de bens produzidos
e a propriedade de cada clã entrava em
contato por via das relações conjugais. Isso
deu um novo esquema para as tribos: o
esquema de transferência de bens. Não
podemos fazer analogias com o que se tem
hoje previsto nas leis e nos direitos
modernos. Porém, havia de certo modo um
compartilhamento primitivo de casas ou
terras. Uma terra que era usada por
individuo de família A do clã X encontrava
como parceiros agora indivíduo B do clã Y.
Isso gerou na cabeça daquelas pessoas o
desejo afetivo de posse. Não se casava apenas
para reproduzir, mas também para ter a
chance de utilizar mais recursos de
produção. Era um desejo de posse e direito.
Esse desejo saiu desses vínculos e retornou
as casas das famílias que já haviam
selecionado melhor sua vida sexual. Naquele
instante os pais reivindicaram o direito
masculino. Isso significa que os homens não
tinham mais o interesse de fazer oito filhos
com oito mulheres diferentes, mas apenas
com uma só, dando lhe a chance de ter um
laço com seus filhos. Essa vontade, segundo
Engels, era apenas para perpetuar as riquezas
acumuladas, fruto dessa cooperação
produtiva entre tribos. Ora, essa posse dava
para as famílias a chance de ter muito
instrumentos que seriam esquecidos após a
morte de seus donos. A ideia dos homens foi
de criar um vínculo com seus filhos, uma
conexão com eles. Assim era possível que o
mesmo ganhasse as terras do pai quando o
mesmo viesse a falecer. Foi então que surgiu
a herança, de haereo, estar pegado,
perfeitamente conectado.
Os pais agora tinham o direito pelos seus
filhos e por sua mulher. Assim surgiu um
modelo primitivo que inspirou a família
moderna.1
Então foi assim que surgiram as famílias cuja
etimologia está ligada à escravidão. Era um
laço que conectava pessoas e não poderia ser
mais rompido sem que alguém ficasse muito
zangado. Não obstante, essa herança que
mencionei entregava para todas as
propriedades um esquema de restrição.
Quando fulano A morrer o fulano J não
poderá usar a terra de A porque ela só
pertencerá a seu herdeiro B. Na visão dos
marxistas, principalmente Engels, aqui é o
início da propriedade privada e das brigas
sobre elas. Havia muitas pessoas com a
necessidade de ferramentas para o
desenvolvimento de suas técnicas de
subsistência, mas a terra mesmo era única de
um único sujeito que nem sempre dava
devida atenção, deixando-a completamente
abandonada.
Tudo isso gerou conflitos pelo uso dos meios
de produção e a separação entre detentores
desses meios (burgueses) e não detentores
1
Para Engels, foi aqui que surgiu o machismo. As mulheres
já não tinham a mesma liberdade de transar como tinham
antes porque seus maridos as tinham como propriedade
sua. É muito triste mesmo saber que as vaginas, loucas para
catalogar os diversos formatos de paus numa tribo,
estivessem presas a tirania do pau alfa provedor. Tragédia.
(proletário) aconteceu.2 A partir das brigas,
surgiram oportunistas que convenceram as
massas de que o Estado era a única salvação.
Então surgiram as formas de governo que
encontramos até os dias de hoje.
Em suma, o Estado é uma ordem para manter
uma briga entre pessoas, briga essa que os
beneficiam. As brigas começaram na
tentativa de se obter uma propriedade
coletiva para o bem da sociedade que estava
em grandes apuros por conta do egoísmo das
heranças. Essas heranças eram vínculos que
homens cruéis criaram para aprisionar
pepecas em suas casas e, last but not least,
passar suas terras em seguranças.
Já que entendemos como o Estado se formou,
fica fácil entender o ad hominem 3 que os
marxistas usam quando dizem “o Estado só é
Estado enquanto for formado por
burgueses”. Acho correto agora explicar só
mais duas coisas. (1) Quais são os aparelhos
do Estado e (2) como Marx pretendia por fim
a essa exploração.
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TEMA III: OS APARELHOS
MATERIÁIS E IDEOLÓGICOS DO ESTADO
s mecanismos de repressão foram
O
muito bem estudados por Marx.
Podemos citar o exército por
exemplo. Os mecanismos matérias, a
reprodução da produção, também
tiveram atenção do economista
alemão. Basicamente o Estado usa sua
capacidade de organizar para agir
economicamente visando estabelecer o ciclo
de acumulação do capital. Mas e quanto aos
aparelhos ideológicos? Isso foi apenas
elaborado por Louis Althusser.
Primeiro temos que entender a necessidade
dos marxistas do século XX em pensar nisso.
“A tradição marxista é peremptória: o Estado
é explicitamente concebido a partir do
Manifesto e do 18 de Brumário ( e em todos
2
É por esse mesmo motivo, e por outros mais, que os
marxistas dão tamanho valor aos ciclos econômicos.
3
Se você estranhou o termo e acha, no fundinho do seu
coração inocente, que Ad Hominem é apenas quando uma
pessoa xinga a outra, peço que estude retórica antiga.
textos clássicos ulteriores, sobretudo de
Marx sobre a Comuna de Paris e de Lênin
sobre o Estado e a Revolução) como aparelho
repressivo. O Estado é uma máquina de
repressão que permite às classes dominantes
(no século XIX à classe burguesa dos
proprietários de terras) assegurar a sua
dominação sobre a classe operária para
submeter ao processo de extorsão da mais
valia (ideologia pág 31)”. 4
Althusser vai dizer que tudo isso pode ser
catalogado como “teoria descritiva”, isto é,
Marx apenas diz o que o Estado é, sem mais
explicações.
O objetivo de Althusser, construtivista que
só, era passar essa teoria descritiva para uma
teoria real do Estado. Para tal era preciso
analisar outros elementos de perpetuação do
Estado. Visando o melhor esclarecimento,
Althusser explica dois termos importantes
para a filosofia marxista
1) Superestrutura
2) Infraestrutura
O primeiro abarca os órgãos de ordem como
o sistema Jurídico, a política estatal e a
ideologia em geral. O segundo engloba a
economia, ou seja, a unidade das forças
produtivas e os meios de produção a grosso
modo. Althusser vai dizer que Marx não deu
a devida importância para a superestrutura
ideológica quando associada e manipulada
pela superestrutura do Estado. Com isso,
vem a missão do estudioso francês de
explicar o que seriam os aparelhos
ideológicos do Estado (AIE).
Por ideologia, Althusser entende a vida em
geral. Vivemos na ideologia e somos
ideologia porque a imagem que temos do
mundo e de nós sempre toca apenas em
nomes e generalidades meramente
conceituais (chega a ser um tipo de
nominalismo). Então a ideologia faz parte de
4
Althusser menciona o 18 de Brumário porque nele, marx
faz uma aplicação de sua cosmovisão num evento histórico
(Luis Bonaparte dá um golpe de Estado para se manter no
poder). Marx mostra que toda atividade política de Luis, os
generais do exercito francês e da assembleia constituinte
eram um jogo e uma guerra pelo poder total da França sem
nunca pensar no povo. Aliás, o povo é mencionado no livro
apenas como massa de manobra e grupo de pressão.
tudo e condiciona nossa vida por meio de
seus preceitos.
Essa é a tabela de AIE encontrada na página
44 da edição que mencionei:
1) AIE escolar
2) AIE familiar
3) AIE jurídico
4) AIE político-partidário
5) AIE sindical
6) AIE da informação
7) AIE cultural
Ele coloca a religião como AIE um pouco
depois. O Estado penetra nas escolas e diz o
que deve ser ou não ensinado. Segundo
Althusser, as escolas não produzem mentes
que estudam para compreender o mundo,
mas sim dá apenas uma pequena amostra de
trabalhos que exigem mão de obra
especializada. A infraestrutura precisa de
engenheiros, então o estado ensina física e
química voltada apenas para a técnica e para
a aprovação em universidades do Estado. A
infraestrutura precisa de advogados, então o
Estado faz com que a filosofia, a gramática
seja só jogo retórico de enorme uso para o
direito positivo.
A AIE familiar coloca nas mentes das
crianças o respeito aos mais velhos, o
respeito à qualquer tipo de autoridade, a
moralidade sexual etc. o jurídico cria todo
um aparato de leis para proteger o Estado do
povo e para deixar o povo sem meios de se
defender legalmente do Estado. O partidário
faz com que o povo se engaje para defender
alguma posição do próprio Estado. O sindical
faz com que os trabalhadores acreditem que
o Estado que os deixou nessa condição irá
tirá-los dessa. O AIE da informação manipula
as noticias enquanto o cultural emite apenas
uma ode as práticas burguesas. Por fim, o
religioso serve de autoridade para a conduta
moral que, quando associado ao Estado,
perde sua essência e passa a propagar a
conduta moral que o Estado quer que as
pessoas tenham.5
5
O leitor pode pesquisar sobre o AIE na igreja Católica por
meio da Teologia da Libertação.
Tudo isso permite que o Estado controle o
pensamento das pessoas sem deixar nenhum
vestígio.
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TEMA IV: COMO
ACABAR COM ISSO?
M
arx propunha a ditadura do
proletariado, ou seja, os
trabalhadores tomam o Estamento
Burocrático por meio da força armada (como
podemos ver no Estado e a Revolução de
Lênin nas paginas 31-34 na edição
mencionada). Como o Estado só é Estado se
for composto por burgueses, o Estado dos
trabalhadores já não é mais estado, apenas
um reação à exploração secular. 6
O partido alemão tentou, por via de
Ferdinand Lassalle (1825-1864), valorizar o
Estado como um conciliador, como alguns
soviéticos fizeram e Lênin os combateu com
todo vigor. Também tentaram emitir uma via
diferente à ditadura do proletariado. Marx,
em nojo, destruiu todos esses argumentos do
livro Crítica ao Programa de Gotha, dizendo
que o socialismo era a primeira etapa do
comunismo. Era necessário porque Marx
percebeu que o capitalismo não morre de
imediato junto ao Estado. Ele perdura por
estar enraizado nas profundezas da produção
social. Contudo, como o Estado não existe
mais, o capitalismo não encontra repouso e
passará a morrer assim que cada pessoa for
se adaptando a propriedade coletiva e ao
livre desenvolvimento de todos. Só assim,
quando todos que produzirem receberem o
que merecem, quando o trabalho feito pela
sociedade para a sociedade for recompensado
pelo o que cada um precisa é que podemos
dizer que a ditadura pode acabar e então o
comunismo irá imperar sobre todos os povos.
Engels termina seu estudo, assim como Marx,
acreditando com todas suas energias que, já
que a sociedade viveu tanto tempo sem
Estado, é possível voltar a termos essa era
em algum momento. E esse momento,
6
Examinamos o valor dialético do conceito de Estado em
Marx no capítulo dois de nosso artigo sobre a Enciclopédia
de Mário Ferreira dos Santos (secção sobre a decadialética
do marxismo). Expusemos nossas objeções por lá.

segundo ambos, é inevitável. Se será como
eles descreveram, só o tempo dirá.

S
obre a luta de classes e os contextos
históricos temos alguns livros de Marx:
Guerra Civil na França, Luta de Classes
na França, Luta de Classes na Rússia, Luta de
Classes na Alemanha.

Sobre a vida proletária temos dois livros de

Engels: Situação da Classe Trabalhadora na
Inglaterra e Sobre a Questão da Moradia.

Sobre teses feitas usando os AIE de Althusser

como base, me vem a mente o livro de Yves
Lacoste, Geografia (isso serve, antes de mais
nada, para se fazer guerra).



Alguns outros livros que podem

complementar seu estudo: