Você está na página 1de 2

IFPR: Instituto Federal do Paraná Campus Paranaguá

Ensino Pesquisa e Extensão


Prof: Antonio Marcio Haliski
Aluno(a): Gustavo Marques da Silva

“Esporos das Águas-Vivas Fúngicas”

“O tempo precede a existência.”


- Ilya Prigogine

Não sou a espécie de aluno que demonstra entusiasmo imediatamente, mas tardiamente. Sou
como um dos dados estatísticos caóticos que pifam o computador do metereologista Edward
Lorenz quando ele descobriu o infame efeito borboleta no campus do M.I.T. da Califórnia. A
empolgação começa equilibrada até se tornar uma súbita explosão hiperestética, como
aconteceu em sua matéria. Foi apenas com o convite que fizestes ao musicoterapeuta Thauy
Cabral de Jesus que ela começou a deixar de ser estática. Termos como mesa lira,
entrainment, zeitgebers, neuroplasticidade se conectaram a outros prévios e ancorados como
o psytrance, a radiologia de Tetsuo Kogawa, a morfofonologia de Trubetskov, a fisica de
ondas de Schrödinger, neurocitologia, dentre outros. As menções à transdisciplinaridade de
Guattari, Prigogine, Morin, Leff me empolgaram, e por fim fui rever as aulas assistidas e ler
seus trabalhos presentes no Moodle, isto é, Os Usos da Natureza e Ambiente Na Comunidade
do Guaraguaçu Como Elementos Para Uma Proposta em Torno da Agroecologia em Pontal
do Paraná - PR e Um Convite à Extensão nas Ilhas: Entre a Realidade e os Desafios de uma
Proposta de Prática Pedagógica Para Licenciados de Ciências Sociais e foram os primeiros
trabalhos lidos de meus professores da academia que, eu sinto, me contemplaram. E apesar de
eu ser cético às propostas de empreendimento, ainda que com viés ecológico, rural, regional e
tradicional, apreciei a ideia anunciada durante uma das palestras em que participaste.
O quão importantes, atuais e pertinentes são estes conceitos a seguir: ciência pública, cidades
invisíveis ou imaginárias e grupos focais. É possível executar uma pedagogia crítica a partir
deles, e de certo modo, é exatamente isto o que estão a fazer. Sob o PIBID, com a condução
do professor Luiz Belmiro, o qual não tive muita experiência presencial - a grosso modo, só
fizemos uma confraternização de fim de ano recentemente -, pude ter algum contato com a
ação da docência indiretamente em práticas coletivas com meus colegas, mas algo não
aprofundado. Mas há outros trabalhos, estes municipais, os quais trabalhei, como autor ou
co-autor, com objetivos semelhantes em mente de, a dizer, a preservação e elogio aos saberes
originários, com principalmente o meu antigo professor de geografia, Alexandro Ferreira de
Ramos, e os posteriores em que usei sua tese de cartografias interculturais na territorialidade
Tupã Nhe’é Kretã em Morretes e, mais ampliado, no Paraná e demais estudos. Estes trabalhos
posteriores são projetos em vigor ou ainda a serem lançados que pensam uma educação
pública baseada no estilo de vida Nhandareko e no planeta Gaia como uma rede de recursos
em acreção regida por Nhanderu e suas derivas Nhan, que não devem alcançar um
consumismo exarcebado, e sua produção deve sempre visar a obras produtivas, e não
improdutivas (no sentido que Ladislau Dawbor emprega), e um projeto de rádio com
convidados como antropólogos e militâncias indígenas chamado Rádio Oguatá.
As universidade-escola-comunidade-sociedade é uma ideia de aprendizagem prática tão
unificadora, tão não-dualista quanto a concepção antropológica de Marcel Mauss do ser
humano como sujeito fisiopsicossocial, e que cumpriria o maior legado que Marx me
exerceu: a de abolição de classes. É preciso, como diria o filósofo e antropólogo
anglo-americano Gregory Bateson, ver o território, e não o mapa, e menos torná-lo estatística,
número, e mais metaforiza-lo. Esses ilhéus não possuem centro, assim como o oceano, o
cosmos não tem centro, e são náuticos que liquefazem as áreas telúricas em fluxos e refluxos,
suas condições são a de volver continuamente em convecção. Mais apropriado dizer que são
campos concêntricos do que cêntricos. Esta ciência, ciência pública e de utilidade social, eu
simpatizo completamente com ela. Desejo me formar como humano além de como cientista,
sem precisar me desarraigar, me desterrar para que eu chegue à faculdade. É algo que me
encanta, assim como me encanta a catalogação não só dos nomes de nomenclatura binomial
introduzidos por Uppsala Carolus Von Liné em voga até hoje por sua eficácia semi-universal,
mas dos nomes regionais, grupais, pessoais das coisas. Esse mundo em criação, essa
educação em criação, que demorará muito mais do que sete dias para ser acabada, eu gostaria
de participar de sua construção. Pois se meu conhecimento transdisciplinar servir apenas ao
urbano, e não à natureza, melhor seria que eu não o fizesse.

PS: O título desse trabalho tem sentido interno.

Você também pode gostar