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LIBERALISMO E NEOLIBERALISMO
CONSERVADORISMO
O liberalismo começa com a aversão ao inatismo de Descartes com a tabula rasa de John Locke,
isto é: a vida se inscreve em palimpsestos, o trabalho na propriedade, como o gotejamento de
Jackson Pollock e o corpo colorido de Yves Klein pintando a folha de papel em branco da vida
em emergência. Sua obra, como muitas, fora deturpada ao longo do tempo pelos economistas
principalmente. A propriedade, defendida por Locke como adquirida ao infligir nela trabalho, a
esculpindo, é assim tida como de direito dos seres humanos. Poderíamos dizer, a grosso modo
que, então, propriedade de direito do proprietário é definida pelo seu uso, e não pelo seu uso,
logo atacando diretamente a questão latifundiária.
O fascismo possui várias derivações, como uma árvore da vida virada de cabeça pra baixo. A
louvação, idolatria ao tradicionalismo e ancestracionalismo é a grande base para tal ideologia. O
romantismo alemão, que em nada se relaciona com amor e sexo, qualquer relação humana na
verdade, buscando se transcender através da individualidade e solipcismo e fechar o mundo com
a imanência de si, também influenciou o fascismo nos seus aspectos de tragédia. Seu nome, que
etimologicamente significa "feixe", "ajuntamento", procura eliminar qualquer distinção entre o
povo e seu líder, os governados e o governante, os submissos e o dominante, sendo eles a res
extensa de seu líder.
Se a democracia insere uma organização social baseada em um escritório, uma papelaria, uma
livraria, algo com um quê de típico compartilhamento tanto intelectual quanto de ócio dos gregos
(e se há um padrão nos regimes políticos é o de inserir na sua gestão uma sistemática que
funciona como um local de trabalho ampliado) o fascismo se organiza como um cartel militar.
Marquês de Sade certa vez escreveu "Tudo é bom em excesso" e isso se generaliza no fascismo,
especialmente na crítica que o cineasta Pier Paolo Pasolini faz em seu filme Saló ou os 120 Dias
de Sodoma em que transpõe os eventos bíblicos do Antigo Testamento aos acontecimentos que
seguiram-se ao fascismo de Mussolini na Itália. Nesta obra, as atividades dos campos de trabalho
fascistas são ritualizadas em ciclos (ciclo de merda, ciclo de sangue, ciclo da perversão, dentre
outros) se convertendo em uma espécie de calendário obrigatório, um nascer e pôr da violência
ocorrida cardinalmente. As pessoas, antes emancipadas, afastadas disso, se tornam
paulatinamente participantes, cúmplices, psiquiatrizadas com a síndrome de Estocolmo nessa
obra, que por não terem mais vontade de se rebelarem, de quebrarem tais ciclos, são
indissociáveis dos algozes, e a teleologia por trás do fascismo - a de acabar com a distinção entre
o líder e o povo - é por fim cumprida.
REFERÊNCIAS:
GRAZIANO, Walter, Hitler Ganhou a Guerra. Tradução de Eduardo Fava Rubio. -- São Paulo:
Editora Palíndromo, 2005