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O direito de compreender

Um museu
não é um museu

sem seu público:

um museu sem público

é apenas um depósito
de objetos inúteis.
Mas aqueles
que visitam um museu

nem sempre fazem


parte de seu "público"
de iniciados.

Muitos visitantes
são passantes

que não observam


atentamente aquilo
que é oferecido
à atenção de todos,

iniciados ou não,
e que não fazem
A galáxia perguntas porque
431R6
eles não ousam
fazê-lo envergonhados
de sua ignorância :

Esses desistem de
saída de compreender.
No entanto,
compreender é
necessário.

Aquilo que alguém


entende, cada um
de nós também pode
muito bem entender.

Entender as coisas
não exige conhecimento
científico,

nem o conhecimento
de sistemas filosóficos.
Compreender as coisas
exige apenas bom senso

E um pouco
de informação
Compreender as coisas
permite saber
se comportar

diante daquilo que


nos cerca.

ão – GrrrrR
O direito de compreender
– Eu nou
o...

entest nd é um direito essencial


ende

Pois compreender
as coisas é ser capaz
de dominá-las.

O próprio nome
da espécie humana
não é

o "homem que sabe"


quer dizer, aquele
que compreende ?
O direito de compreender
Declaração
dos Direitos
do Homem
é também um dos "direitos
humanos"

tão importante quanto

o direito à vida,
o direito ao trabalho,

o direito à justiça,

além de muitos outros.


Compreender as coisas
portanto, leva-nos longe:

Nosso bem-estar pode


depender disso
se a ciência leva
Eure
ka a compreender.

A tecnologia leva à
utilização do saber

A tecnologia está
igualmente na base
da indústria
Mas existem indústrias
e indústrias,

e o impacto delas
sobre nossa sociedade
pode ser muito variado:

Certas indústrias
servem ao trabalhador
e ao consumidor,
algumas outras, com
instrumentos mais
simples, talvez sirvam
melhor às pessoas.
Mas a ciência aplicada
não é obrigatoriamente
tecnologia

É o caso da Medicina
da Sociologia,
da Economia

e de muitas outras
matérias.

Todo mundo
Nós não
cada um de nós,
Eu
também somos idiotas é capaz
não!

de compreender
as coisas,

desde que receba a


informação

em uma linguagem,
que lhe seja acessível.
Infelizmente,
Como são o intelectual
tontos!
frequentemente
despreza o leigo

descreve
r e se recusa a traduzir
Não vou ia dos
a teor o resultado de suas
m termos
campos e icos!
românt pesquisas

em termos leigos.

Um intelectual
não compreende mais
do que um iletrado

os saberes que não


estão em seu assunto.
Muitos intelectuais
Eu sei
tudo! são ignorantes
fora do seu domínio.

Hoje, porém
com ou sem razão ,
apenas o saber
científico é apreciado.
Expor as coisas
ao outro de maneira
compreensível

é o dever de todo
intelectual em
relação àquele que
não sabe.

Mas esse último


não é idiota

e, frequentemente,
dra sugeriu ao intelectual
Como a pe
ela deve
sabe que
baixo?
cair para

novas ideias
simples e válidas.
Tomemos um exemplo:

dos átomos.

O conceito de átomo
não é uma descoberta
do intelectual.

Ele vem da experiência


do trabalhador
da construção

Que sabe que todas as


coisas são construídas

com tijolos.
O intelectual busca
explicar as propriedades
desses tijolos

Com a ajuda
de suas fórmulas

E de seus instrumentos.

Mas a ideia de que


o mundo é construído
a partir de tijolos

foi sugerida a ele


pelo trabalhador
da construção.
Os chineses antigos
não escolheram a ideia
do trabalhador da
construção

mas preferiram a ideia


do marinheiro:

segundo a qual o mundo


é uma configuração de
sinuosidades ondas .

O intelectual fez
dessa ideia uma teoria
dos campos,

Mas a base dessa


teoria vem da ideia
do marinheiro.
Um conhecimento que é
considerado verdadeiro

Pode, no entanto, ser


Poderia contar explicado tão facilmente
quantas maçãs?

Na linguagem do leigo

Quanto naquela
do intelectual.

É mais vantajoso
é mais expressar uma verdade
fácil com as
maçãs

Na linguagem
mais simples.
Quem quiser compreender
2 mais 2 al
é sempre
igu deve primeiro
a 4?
fazer perguntas.

Nenhuma questão é tonta


não
Mas 4 cavalos
2
puxam a carroça
pido
vezes mais rá
s
que dois cavalo

enquanto muitas
respostas o são .

Aquilo que sabemos do


mundo, dos seres vivos,
das partículas, do
comportamento humano

e sobre muitos outros


assuntos,
nós o sabemos
Por quê? porque

alguém ousou
fazer uma pergunta.
O que é o céu?

O que é a vida?

Por que uma pedra


cai?

Por que o mar


é salgado?
Existem muitas respostas
éu não
O c ma O céu só
te
exis e o diferentes e todas
é u oda exist o
b são verdadeiras
abó vazi

para essas perguntas,

e nenhuma resposta
a
Será que
d
gente po ?
e Se é é necessariamente
céu vazio, como
tocar o melhor
consigo
enxergá
-lo?

do que as outras,
mas
um
O céu é algumas respostas
ptico da
efeito ó era
atmosf nos agradam mais

porque elas se ajustam


o,
o aviã o
Visto d
lto, melhor às respostas
ito a ro.
de mu escu
céu é a serem dadas a outras
perguntas

que podem resultar


das anteriores.
Para poder
compreender

é importante examinar
todas as respostas
de que dispomos,

Favor marcar
a aceitável

E de escolher aquelas
que nos oferecem
a imagem mais
reconhecível,

e – por que não, às


Que é a res
posta vezes – a mais bela.
ha
no 3, é a min
preferid a.
il
Tenho 25 m ra O direito de compreender
as p a
pergunt é o direito de todos
te faz er

de receber respostas
para todas as suas
perguntas,

o direito de todos de
o sei receber as respostas
Eu nã
é uma
o que ral.
integ em uma linguagem
que seja mais clara

para aquele que faz


as perguntas

O direito de todos
Gostei do de poder escolher
seu conto de
fadas... a resposta

que melhor lhe convier,


depois, enfim,
....mas quero
perguntar a
opinião o direito de todos
do papai.
de duvidar

das respostas
que recebeu.
Um museu
não satisfaz
o direito de compreender
Planetário

se se limita a
apresentar uma única
Olha só resposta às perguntas
o céu que foram feitas,

nem se as respostas
ão
você n ma
Ali ma s
a tem u são dadas
v ê-l
pode aridad
e.
de forma hermética,
singul

nem, sobretudo,
Mas isso não
é científico sabe
r se as respostas dadas
u ero s
Eu q feito d
e
a não tiverem relação
s
o rela
est com a vida cotidiana
do público.
Um museu,
da ciência,
das técnicas
e da indústria

não tem como única


Exposição das
razão de ser
obras do professor expor
arrogante
ciência e tecnologia.
Não é isso
que me
interessa.

Um museu da ciência,
á?
mos l das técnicas
Va Nós
mos
esta ndo
e da indústria
a
tent r às
onde .
resp uestões
q
suas

Deve provocar no público


o desejo de compreender.
YONA FRIEDMAN
O DIREITO DE COMPREENDER
Le Droit de Comprendre,
parte da publicação Manuels. Volume III
(2009), CNEAI.

Traduzido e distribuído em ocasião da


exposição Yona Friedman: Democracia
no Memorial da Resistência de São Paulo,
de 26 de junho de 2021 a 07 de março
de 2022.

Cortesia Fonds de Dotation Denise et


Yona Friedman, com a colaboração do CNEAI
e de Sylvie Boulanger.

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