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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

CURSO: ARQUEOLOGIA E PRESERVAÇÃO PATRIMONIAL


CAMPUS SERRA DA CAPIVARA

SÃO RAIMUNDO DE BELAS PAISAGENS, MUITAS HISTÓRIAS: UM


DIAGNÓSTICO SOBRE O PATRIMÔNIO EDIFICADO DE SÃO RAIMUNDO
NONATO- PI

Flávio André Gonçalves da Silva

Orientador: Prof. Msc. Mauro Alexandre Farias Fontes

São Raimundo Nonato

2009
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO
CURSO: ARQUEOLOGIA E PRESERVAÇÃO PATRIMONIAL
CAMPUS SERRA DA CAPIVARA

SÃO RAIMUNDO DE BELAS PAISAGENS, MUITAS HISTÓRIAS: UM


DIAGNÓSTICO SOBRE O PATRIMÔNIO EDIFICADO DE SÃO RAIMUNDO
NONATO- PI

Flávio André Gonçalves da Silva

Orientador: Prof. Msc. Mauro Alexandre Farias Fontes

São Raimundo Nonato

2009
Aos meus pais José Francisco e Albertina

nos vossos braços encontro um abrigo seguro,

onde sempre pretendo repousar.


AGRADECIMENTOS

Agradeço Ao Professor Msc. Mauro Farias pela orientação, pela amizade, pelo
companheirismo, pela cumplicidade na construção deste texto;

Aos meus pais, pela confiança, pelo amor a mim destinado durante toda a minha
vida;

Aos meus irmãos Júnior, Neto e Nayra e ao meu Tio Isaias pelo sonho
alimentado, pela energia injetada a cada vez que pensava em desistir, aos meus
sobrinhos Andressa, Ícaro e Alessandra por suas existências;

À Rosangela, Manoel, André Luis, Maria Luiza e Simão Pedro e toda família do
Bairro Galo Branco pelo apoio e pelo interesse em meu bem estar;

Aos meus amigos e colegas de universidade por me incentivarem;

Aos amigos do Pró – Arte, do IPHAN, da Cidade de São Raimundo Nonato, pela
forma carinhosa com que sempre me trataram;

Á Camila, pela amizade, companheirismo, fidelidade e pela correção ortográfica


na primeira fase desta pesquisa;

À Vera Lúcia de Castro pela amizade ao longo desses 4 anos e 4meses, e pela
correção ortográfica na primeira fase desta pesquisa;

Ao Thalison pelo resumè;

Às Professoras Elaine Ignácio e Prof.ª Dr.ª Ana Stela por me fornecerem um


norte em distintos momentos desta pesquisa;

Às professoras da banca. Prof.ª Dr.ª Daniela Cisneiros e Prof.ª Pávula Maria;

Aos autores das obras contempladas nesta, por me subsidiarem intelectualmente


na construção desta monografia em especial Nívia Paula e Marta Baião;

À Prof.ª Dr.ª Niède Guidon por sua obra, que serviu como motivação para minha
caminhada na Arqueologia que ora se inicia e pela correção do resumè.
.EPIGRAFE: Saudosa Maloca – Adoniran Barbosa

Se o senhor não "tá" lembrado


Dá licença de "contá"
Que aqui onde agora está
Este edifício "arto"
Era uma casa "véia"
Um palacete assobradado
Foi aquí, seu moço, que eu, Mato Grosso e o Joca
"Construímo" nossa maloca
Mas, um dia, "nóis" nem pode se "alembrá"
Veio os "home" co'as "ferramenta"
O dono "mandô derrubá"
"Peguemo" todas nossas coisa'
E "fomo" pro meio da rua
"Apreciá" a demolição
Que tristeza que "nóis sentia"
Cada "táuba" que caía
Doía no coração
Mato Grosso quis "gritá"
Mas em cima eu falei
Os "home" tá co'a razão
"Nóis arranja" outro "lugá"
Só se "conformemo"
Quando o Joca falou
"Deus dá o frio conforme o 'cobertô'"
E hoje "nóis pega as páia"
Na grama do jardim
E pra "isquecê" "nóis" "cantemo" assim
Saudosa maloca, maloca querida
Dim dim donde "nóis" "passemo" os'dias feliz de "nossas vida"
Saudosa maloca, maloca querida
Dim dim donde "nóis" "passemo" os'dias feliz de "nossas vida"
RESUMO

Este trabalho destinou-se ao diagnóstico do patrimônio edificado da cidade de


São Raimundo Nonato, assim como, buscou compreender o processo de modernização
pelo qual passa a Cidade desde início da década de 1950. Com claros objetivos de
entender a derrubada do referido patrimônio; identificar o agente financiador; fornecer
subsídios através das recomendações do ICOMOS para formulação de uma legislação
municipal a fim de salvaguardar o patrimônio edificado da cidade de São Raimundo
Nonato. De forma que este possa ser mais um documento a balizar e evidenciar a
urgência no que tange preservação do patrimônio cultural da referida cidade.

Palavras Chave: São Raimundo Nonato; Preservação Patrimonial; Monumento;


Legislação e Salvaguarda

RESUMÈ

Ce travail verse sur le diagnostique du patrimoine bati de la ville de São


Raimundo Nonato. Il cherche aussi à comprendre le processus de modernisation à partir
des années 50. Les objectifs sont comprendre le classement de ce patrimoine;
identifier l'agent financier; fournir les arguments, appuiés sur les recommandations de
l'ICOMOS, pour la formulation d'une politique communale de sauveguarde du
patrimoine bati de la ville de São Raimundo Nonato. Il doit être un document de base et
viser mettre en évidence l'urgence de prendre de mésures pour la préservation du
patrimoine culturel de cette ville.

Mots Clés: São Raimundo Nonato; Préservation du Patrimoine; Monuments; Législation


e Sécurité.
SUMÁRIO

Apresentação 8

Introdução 9

Capítulo I: Teresina e Rio de Janeiro: dois modelos práticos 14

Capítulo II Análise de paisagem patrimonial da cidade São Raimundo Nonato 31

Capítulo III: Comparanda 37

Caítulo IV: As belas paisagens atuais de São Raimundo Nonanto, 45


passíveis de tombamento

Considerações finais 61

Apêndice 67

Referência 70
APRESENTAÇÃO

O presente trabalho teve no início no ano de 2005 por ocasião da disciplina


Desenho Arqueológico, ministrada pela professora Elaine Ignácio no curso de
Bacharelado em Arqueologia e Preservação Patrimonial da Universidade Federal do
Vale do São Francisco (UNIVASF), onde a mesma solicitou o desenho das fachadas do
casario da cidade de São Raimundo Nonato, no estado do Piauí.
Tendo em vista a grande quantidade de fachadas com arquitetura colonial e
vernácula, a professora Elaine Ignácio decidiu dar continuidade ao trabalho adicionando
ao histórico de algumas casas, uma forma de inventário prévio. Com a qualidade
alcançada nos trabalhos, a professora e alguns alunos representando a UNIVASF
uniram-se ao Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional – IPHAN, à
Fundação Museu do Homem Americano – FUMDHAM, a Universidade Estadual do
Piauí – UESPI e ao Pró-Arte FUMDHAM para organizar o Caderno de Cultura sobre o
Patrimônio de São Raimundo Nonato.
O Caderno de Cultura do IPHAN tornou-se o primeiro registro do patrimônio
cultural e edificado de São Raimundo Nonato servindo como fonte primária para este
trabalho monográfico.
INTRODUÇÃO

A cidade de São Raimundo Nonato conta com um casario de arquitetura colonial


e vernarcular que constituem o patrimônio edificado da cidade.
O patrimônio edificado de São Raimundo Nonato a cada dia vem sendo
derrubado ou sofrendo modificações na suas fachadas e interiores. Pouco ou quase nada
tem sido feito para impedir essas derrubas ou modificações.
Junto com a destruição do patrimônio cultural da cidade em especial o edificado
também se destrói as identidades1 da comunidade sanraimundense. Um edifício é a
representação física de muitas memórias vividas por uma comunidade, a sua presença
representa a tentativa de manter viva parte dessa história.
São Raimundo Nonato já ocupou lugar de destaque na economia do Estado do
Piauí quando a cidade era grande produtora da borracha de maniçoba. Atualmente, o
turismo científico é o responsável pela projeção da cidade em âmbitos nacional e
internacional sua atividade mais estadual, por ser considerada a sede do Parque
Nacional Serra da Capivara. A cidade compõe a mesorregião sudoeste do Estado,
destacando-se como a maior cidade e atendendo sócio-econômico e culturalmente as
outras 12 cidades que compõem a mesorregião.
E por entender a importância de São Raimundo Nonato para região e diante,
principalmente, do avanço da derrubada do patrimônio edificado sanraimundense esta
pesquisa objetiva:
• Entender o progresso em São Raimundo Nonato –PI;
• Identificar o agente financeiro de tal progresso;
• Entender e caracterizar o processo de modernização ocorrido nas cidades de
Teresina e Rio de Janeiro em fins do século XIX e início do século XX para
estabelecer um parâmetro para o entendimento do processo de modernização da
cidade de São Raimundo Nonato;
• Diagnosticar o patrimônio edificado de São Raimundo Nonato passível de
tombamento;
• Sugerir algumas recomendações da ICOMOS de forma a subsidiar a legislação
municipal em prol da salvaguarda do patrimônio edificado da cidade de São
Raimundo Nonato.

1
Identidade social é o resultado da relação de pertinência da comunidade e seu patrimônio neste caso em
especial o patrimônio edificado da cidade de São Raimundo Nonato.
• Sugerir a educação patrimonial como forma de conscientização por parte da
população de São Raimundo Nonato da importância da preservação e
manutenção do seu patrimônio edificado.

Para se alcançar esses objetivos foram realizados levantamentos bibliográficos,


fotográficos e iconográficos dos edifícios de fachadas colonial e vernacular da cidade de
São Raimundo Nonato.
No levantamento bibliográfico, foram pesquisadas monografias, relatórios e a
publicação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN -
Caderno de Cultura - sobre a origem da cidade de São Raimundo Nonato como também
dos edifícios passíveis de tombamento assim como de seus respectivos donos.
Quanto ao levantamento fotográfico procurou-se estabelecer uma modificação
da paisagem a partir do paralelo entre fotografias antigas do acervo do IPHAN de
diversos autores com fotografias contemporâneas.
Em relação ao levantamento iconográfico foi realizada uma análise comparativa
entre os mapas apresentado nas pesquisas de Olavo Pereira de 1987 e Caderno de
Cultura de 2007 para identificar os edifícios passíveis de tombamento contemplados nas
respectivas pesquisas.
Estilo arquitetônico vernacular é aquele próprio de uma região passada em
geração e geração construindo um traço da cultura popular. Um aspecto comum à
arquitetura vernacular sanraimundense é a presença das alcovas2, que de certa forma é
uma apropriação da arquitetura colonial nordestina como um todo.
A arquitetura colonial segue um padrão, o lote urbano colonial.
As vilas e cidades apresentavam ruas de aspectos uniforme,
com casas térreas e sobrados construídos sobre o alinhamento das vias
públicas e sobre os limites laterais dos terrenos. (REIS FILHO,
2004,p.21).

As casas nesse período seguiam no Brasil o modelo português de construção, por


isso muitos sobrados eram ladeados por casas térreas. Os sobrados em sua grande
maioria utilizavam do térreo para o comércio enquanto que a parte superior se destinava
a moradia. O lote colonial comumente media 10 metros de frente e possui uma grande
extensão de fundo. Ainda hoje em cidades como São Paulo, Porto Alegre, Recife entre

2
Alcovas são cômodos construídos no interior das casas que não possuem nenhuma acesso a área externa
da casa, comumente utilizadas pelas filhas, de forma a protegê-las dos olhares masculinos e também de
possíveis fugas durante a noite com seus pretendentes não gratos a família.
outras se encontram prédios deste período e com essa metragem de lote, pois como já
foi dito anteriormente este era o fator de uniformização da arquitetura colonial.

Figura 01: Casa no estilo vernacular da cidade de São João do Piauí. É uma casa térrea com
10 metros de frente. Fonte: Flávio André – acervo IPHAN.

Figura 02: Centro da cidade de São Luis – Ma - Patrimônio Cultural da Humanidade, de


arquitetura colonial portuguesa, onde preferencialmente foram edificados sobrados com 10
metros de frente. Fonte: www.arquitetura.com.br

Embora seja a medida de frente definida, o traçado das cidades não traziam
consigo ângulos perfeitos, haja vista neste período não se dispunha de equipamentos
eficazes de medição. Na colônia, a delimitação era feita com estacas e cordas.
Nas cidades coloniais brasileiras, as casas eram construídas segundo padrões
contidos em Cartas Régias, desde quantidade de janelas a decoração de fachadas,
ficando a cargo do proprietário a planta interior da casa. Na grande maioria das vezes a
área de circulação do edifício estava restrita a um grande corredor que ligava a porta de
entrada à dos fundos.
A técnica de construção era de pau a pique3, taipa de pilão4 e ou adobe5 nas
residências mais simples enquanto que nas mais sofisticadas empregava-se pedra e sal e
muito raramente tijolos. O telhado se dividia em duas águas, uma voltada para rua e
outras para o quintal, eram evitadas calhas.
Foi a partir destas informações que foram identificadas as casas de arquitetura
vernacular e colonial na cidade de São Raimundo Nonato passíveis de tombamento6.
Como poderia se preservar o patrimônio edificado de São Raimundo Nonato,
diante da derrubada e modificações das fachadas dos edifícios, da ausência de
legislação, do descaso público e do desconhecimento de grande parte da população em
torno da dinâmica conservacionista?
Este processo de entendimento se fez longo e passou por outros
questionamentos. O que motivava a derrubada do patrimônio edificado
sanraimundense? Esta renovação do plano urbanístico da cidade fazia parte de um
movimento isolado em São Raimundo Nonato ou era a continuação de algum processo
de modernização das cidades do interior do nordeste?
Diante de tantos questionamentos buscou-se através da historiografia entender o
processo de modernização empregado no Brasil ainda nos séculos XIX e XX. Tentando
compreender por que as cidades brasileiras se modificaram neste período, procurando
inserir São Raimundo Nonato nesse processo, mas também questionando porque só
agora é que ela assume esse caráter de urgência em se modernizar através da derrubada
do antigo para construção do novo, do moderno.
Alguns historiadores afirmam que as colônias só sentiam a mudança cem anos
depois das metrópoles Rago (1997), talvez possa ter sido esse o fator de determinação
temporal para que São Raimundo Nonato tenha começado a modernizar-se somente um

3
A técnica de construção do pau-a-pique constitui-se em barro aplicado sobre um entramado de vara de
coqueiro
4
A taipa constitui-se de paredes feitas de barro amassado e calcado, por vezes misturado com cal para
controlar a acidez da mistura que vem a ser comprimida entre taipais de madeira desmontáveis,
removidas logo após estar completamente seca, formando assim uma parede de um material
incombustível e isotérmico natural e particularmente barato.
5
Utiliza o barro com pequena quantidade de areia como matéria prima. O barro deve ser bem sovado e
moldado em formas de madeira, sofre o processo de secagem a sombra, e não recebe queima. As
construções antigas sempre tinham a presença do Adobe
6
Tombamento é como um acordo realizado entre o órgão responsável pela preservação do patrimônio em
qualquer instância quer seja nacional, estadual, municipal e local para com o dono do bem a ser protegido
que regerá as interferências realizadas neste para fins de conservação.
século depois da primeira cidade brasileira a fazê-lo, o Rio de Janeiro. No Rio de
Janeiro, o discurso era o da higienização, onde o prefeito Pereira Passos7 e sua equipe
sanitarizaram a cidade que estava infestada de doenças; mas em São Raimundo Nonato
o que incentiva a modernização?
Outro caso que foi estudado para uma comparação foi Teresina, que é a sede
administrativa do Estado do Piauí e, e ficou conhecida “como a cidade que nasceu para
ser moderna”. A modernização da capital piauiense começou no início do século XX
terminando por volta da década de 1940. O fogo foi utilizado para higienizar o centro da
cidade, o que será apresentado de forma mais profícua no capítulo seguinte.
O discurso da sanitarização nos dois casos de modernização das cidades, para
atração de capitais, da preparação de ambas para uma vida mais digna dos cidadãos na
verdade mascaravam a segregação de classes, segundo Chalhoub (1996): “o pobre é
uma classe tão ordinária que não poderia se permitir que as crianças tivessem acesso a
eles, para que essas não se infectassem com sua preguiça e mediocridade.”
Nos dois casos, há um discurso implícito de segregação, pois apenas os pobres
foram retirados da área de convivência urbana. O que em São Raimundo Nonato a
priori não se aplica, pois não há retirada de famílias do centro, o que ocorre é uma
substituição de um prédio de estilo vernacular e/ou colonial por um prédio que buscam
transparecer modernidade no entendimento de quem o troca.
Segundo o IBGE, São Raimundo Nonato compõe com outras doze cidades, a
mesorregião sudoeste do Piauí, atendendo-as financeiro e comercialmente. É possível
que esteja neste fato um dos motivos para as substituições das residências coloniais por
pontos de comércios recém construídos. Surge assim outro questionamento. O comércio
é o responsável pela modernização em São Raimundo Nonato?

7
Francisco Pereira Passos foi um engenheiro e prefeito da cidade do Rio de Janeiro entre 1902 e 1906,
nomeado pelo presidente Rodrigues Alves.
Capítulo I TERESINA E RIO DE JANEIRO: DOIS MODELOS PRÁTICOS

O patrimônio edificado de São Raimundo Nonato por não dispor de uma legislação
que o salvaguarde enfrenta grandes perigos de desaparecer. O capítulo Teresina e Rio de
Janeiro: dois modelos práticos, apresenta duas vertentes de modernização ocorridas no
final do século XIX e início do XX.

Primeiro apresenta-se àqueles empecilhos que, são identificados como os mais


atuantes. O progresso, quando este se faz de forma desorganizada. O desconhecimento dos
governantes, que se utilizam da máquina pública para impor a cidade as suas marcas.

O progresso, ato ou efeito de progredir; resultado de ações que buscam um


melhoramento das condições técnicas e sociais de uma comunidade traz consigo
evoluções. O progresso tecnológico que será a base desta pesquisa tem seu limiar com a II
Revolução Científica e Tecnológica na segunda metade do século XIX.
Historicamente, o progresso tecnologicamente se espalhou pelo mundo inteiro
contemplando em diferentes épocas e de diferentes formas as sociedades, seguindo um
pressuposto de que aquelas mais desenvolvidas financeiramente sentiram suas ações
primeiro; seguidos de um longo espaço de tempo pelas menos favorecidas financeiramente.
Uma sociedade que pensa em progredir tecno-socialmente deve munir-se de
aspectos que assegurem que a nova fase a ser vivenciada não rompa com os padrões
tradicionais responsáveis pela identificação do grupo.
Ao pensar em padrões tradicionais dentro da sociedade dos séculos XX e XXI nos
referimos ao modo de vida como um todo, por exemplo: o fato de sentar nas calçadas
depois das 18:00h, um ato corriqueiro, que com o aumento da jornada de trabalho de dois
para três turnos impossibilita sua execução8, criando um distanciamento entre vizinhos que
já não se reconhecem mais como “parentes”9.

8
O terceiro turno é quando o trabalhador escolhe ampliar para três turnos sua jornada de trabalho e não mais
dois, por inúmeros motivos, um deles é o baixo salário.
9
Pessoas que possuem relações consaguíneas.
15

Entendemos tradição, como agregação de culturas. Tradição ao contrário daquilo que antes
era pensado evolui com o tempo, se adapta temporal e espacialmente, porém não é preciso
destruir o velho, o antigo para construir ou remodelar o novo, o moderno, nem tampouco é
necessário negar uma tradição do passado para demonstra-se moderno. Existem modelos
de inúmeras cidades em que se construiu uma nova ao lado da primitiva, sem que para isso
deixe de propiciar benefícios à todos respeitando-se as particularidades.
Em Mumford (1998), Ebenzer Howard pensa a cidade como aquela que evolui em
espaços distintos, o centro e o subúrbio, ele não entende a modificação de uma cidade com
traços totalmente rurais em metrópole e mais, alerta que através desta descaracterização
possa provocar a sensação de não pertencimento entre a comunidade e o cidadão.
Nas cidades cujo traçado urbanístico lembra o início do século XX, isto é uma
cidade com ares de campo, existem os chamados núcleos de famílias, onde seu vizinho é
seu primo, seu irmão, seu pai. A cidade é pequena, todos se conhecem. Com a expansão e
o advento dos subúrbios tudo se recria, agora esse pequeno núcleo familiar vai ser afastado
do centro, pois este será o lugar destinado ao comércio.
A quitandinha continua a existir, mas não será somente nela onde as famílias
adquirirão suas compras, agora será preciso se deslocar a uma longa distância para realizar
compras com fins de manutenção da dispensa, aquela conversinha com o dono, como o
colega enquanto anota as compras no caderno para acertar no final do mês, já não são mais
freqüentes. A cidade que se moderniza sem uma estruturação prévia, leva ao
desaparecimento paulatino dos velhos hábitos, das tradições como um grão de areia no
redemoinho que passa.

A dona-de-casa citadinha, que há meio século conhecia


pessoalmente o açougueiro, o merceeiro, o leiteiro, seus vários outros
fornecedores locais, como pessoas individuais, como histórias e
biografias que impressionavam, num intercâmbio diário, goza agora do
benefício de uma única expedição semanal ao supermercado impessoal,
onde só por acaso tem possibilidades de encontrar uma vizinha.
(MUMFORD, 1998, p.552-553)

A urbanização é o processo pelo qual as cidades pretendem afastar-se das feições


do campo, perdendo seus traços rurais; assim como ocorre nas cidades nordestinas do
interior onde conseguimos identificar a constante substituição das casas do estilo colonial e
vernacular, por um modernismo tardio.
16

A cidade se alterou e não guardamos nada dos tempos antigos ali


no coração da cidade, a não ser meia dúzia de fotografias. Isso muito
natural na cidade em processo de metropolização fadada à desmemoria”.
(LEMOS, 2004, p. 60)

No início do século XX, as cidades se enchem com bolsões de pobreza e com


pessoas não qualificadas pra o trabalho e para vida que as cidades podem oferecer.

O advento da era da máquina provocou imensas perturbações no


comportamento dos homens, em sua distribuição sobre a terra, em seus
empreendimentos, movimento desenfreado de concentração nas cidades a
favor das velocidades mecânicas, evolução brutal e universal sem
precedentes na história. O caos entrou na cidade. (CURY, 2004, p. 26).

A Carta de Atenas de 193310 é o primeiro documento a pensar a expansão de


Teresina e Rio de Janeiro. Propõe a necessidade de pensar de forma conjunta o
desenvolvimento econômico, urbanístico, social e político das cidades, além da
preocupação com o crescimento exacerbado de algumas metrópoles.
A Carta de Atenas 1933 apresenta uma preocupação com a água, com o ar, com
saúde, com a circulação de veículos, com o bem estar e com a instauração de uma
convivência plena entre o antigo e o moderno, entre a cidade e seu patrimônio e com a
relação de pertencimento entre um e outro.
Hoje vivencia-se momentos em que o planejamento se tornou lei. Atualmente as
cidades com mais 20 mil habitantes são obrigadas a elaborar e desenvolver um Plano
Diretor.
O Plano Diretor de uma cidade é um instrumento que pesquisa a situação atual do
município identificando seus problemas, propondo medidas e buscando solucioná-los. O
mesmo deve ainda ser votado e aceito pelos vereadores onde a partir de então o prefeito
terá um tempo estabelecido para desenvolver as ações propostas.

10
A Carta de Atenas é o resultado de uma pesquisa com 33 cidades em que se chegou a conclusão de que
faltava planejamento
17

Histórico

No final do período colonial da América portuguesa se difundiu a idéia de que a


cidade para ser moderna teria que respirar ares de progresso. Esses ares de modernidade
levaram a Inglaterra em 1780 experimentar as trevas, a peste, a poluição, o trabalho
infantil, a prostituição em nome de um mundo novo, pautado na industrialização.

O inferno é uma cidade semelhante a Londres, uma cidade


esfumaçada populosa (...). Uma cidade onde o amontoado dos miseráveis
cortiços dos bairros operários, carentes de luz, ventilação e esgotos
sanitários se mescla aos bairros burgueses com suas mansões e os belos
parques públicos (...). (DOURADO, 1996, p. 3).

Londres pagou caro pelo desenvolvimento rápido e sem nenhuma estruturação


prévia, a cidade não estava pronta para o acelerado crescimento. O povo não havia se
preparado para a nova vida, eles deixaram o campo que já não produzia tanto em busca de
uma ascensão social, algo parecido com o fenômeno hoje conhecido como êxodo rural. No
início do século XX, as cidades se enchem com bolsões de pobreza e com pessoas não
qualificadas para o trabalho e para vida que as cidades podem oferecer.
O Barão Haussmann era um visionário, um homem que fez do presente um futuro.
No pós Revolução Industrial ele decidiu higienizar Paris, transformá-la em um lugar onde
se pudesse viver dignamente, um lugar onde houvesse luz, onde se respirasse saúde.
Aqui lembra-se Londres da Revolução Industrial, uma cidade escura, sem rede de
esgoto, com ar poluído pela fumaça das fábricas, de ruas inseguras e cheias de prostituição
e violência.
É neste universo que se começa a pensar a preservação do patrimônio, esse ato se
desenvolve seguindo duas frentes, uma de Haussmann a da higienização onde o bem
público estava a serviço da modernização; não importava sua integridade quando o assunto
era progresso. Se havia um prédio público onde seria rasgada uma avenida já era sabido
que este iria para o chão, já quando este bem era de propriedade privada a avenida faria um
desvio, neste caso, o progresso não era maior que o bem patrimonial. Para Haussmann
havia de fato duas modalidades de bens a ser preservados os de propriedade privadas e os
públicos que não configuravam como entrave ao progresso. Choay (2001).
Já Jonh Ruskin na Inglaterra não seguiu o modelo Hausmaninano, para ele acima da
saúde estava a arte, em especial a arquitetura, baseado neste princípio nasce a primeira
18

categoria de valor em preservação - o valor artístico que será melhor apresentado mais
adiante. Fonseca (1997)
Haussmann se destacou, seu modelo pioneiro se difundiu, chegou ao Brasil, aqui
ele foi sentido nas capitais ainda no início do século XX. As cidades do Rio de Janeiro,
Salvador, São Paulo, Recife entre outras, dentre as quatro citadas de forma mais particular
o Rio de Janeiro será estudado e apresentar-se-a Teresina.
Por questão de cronologia começou-se por Teresina que vislumbrava uma
legislação já em 1867, o que parece ser o primeiro movimento em prol de uma legislação
de higienização de cidades no Brasil.

Teresina

(...) É fogo, é fogo, fogo na cidade.


A cidade pegou fogo. Fogo na cidade.
(NASCIMENTO,2002,p 240).

Nasce uma cidade

A Capital do Estado do Piauí nasceu para servir de entreposto comercial com o


vizinho Estado do Maranhão. A cidade teve sua fundação registrada pelo Presidente da
Província José Antonio Saraiva em 16 de Agosto de 1852 sob um traçado geométrico,
sendo a primeira no país neste segmento.
Em um discurso na Assembléia Provincial, em que se apresentava a necessidade de
uma nova capital, foi proposto a mudança da Capital de Oeiras para Teresina que seria
construída. O Conselheiro Saraiva afirma que esta mudança daria ao Piauí “uma Capital
mais rica, mais cômoda, mais civilizada e mais conveniente à direção dos negócios
públicos”. Teresina nasce sob a égide da modernidade. (apud http//www..teresina
panorâmica)
Saraiva (1850-1853) escolheu uma fazenda de gado na Chapada do Corisco para
sediar a nova capital, já neste momento demonstrou preocupações com a aparente
insalubridade do local rebatida pelo presidente ao tomar água e pronunciar “mais saborosa
que esta, nunca bebi”, o local foi escolhido por se acreditar que estava a salvo das
enchentes que assolavam a Vila do Poti.
19

No ano de 1860, a nova capital já contava com uma área


urbanizada de um quilômetro de extensão na direção norte-sul, com os
seguintes confrontos: de um lado o largo do quartel do Batalhão (atual
Estádio Municipal Lindolfo Monteiro) e do outro o "Barrocão" (atual
Avenida José dos Santos e Silva). Na direção leste-oeste o
desenvolvimento não ganhou a mesma intensidade. Tomando-se como
base o lado do Poti, as ruas findavam a algumas dezenas de metros acima
das duas principais praças a da Constituição, atual Praça Marechal
Deodoro da Fonseca (que anteriormente também denominou-se Praça do
Palácio e Largo do Amparo), e a do Largo do Saraiva (atualmente Praça
Saraiva). Para o lado do Parnaíba, nem todas as ruas chegavam ao rio. A
Rua Grande, atual Rua Alvaro Mendes, uma das principais ruas da nova
capital teve um papel significante no desenvolvimento da nova cidade.
(apud:http://www.achetudoeregiao.com.br)

Embora tenha sido planejada e fundada em 1852, já em 1860 a cidade se via


tomada por uma série de casas de palhas construídas por pessoas vindas do interior do
estado, perfazendo um total de 530 unidades distribuídas em uma área de 863m².
A elite política de Teresina estava incomodada com a presença das casas cobertas
de palhas construídas pelos pobres no centro urbano da nova cidade.
Em 11 de abril de 1867, o artigo 42 do Conselho Municipal de Teresina proibia a
construção e/ou reconstrução de casas cobertas com palha na área central. Assim ficou
cronologicamente definido o processo de higienização da cidade de Teresina.
Em 1868, o deputado Davi Moreira Caldas (1936-1871), apresentou a Assembléia
Provincial um projeto para a substituição da cobertura de palha por telha cerâmica. O
governo entraria com o valor da quinta parte do total do imóvel estimado em 500$000
perfazendo um total de 2 contos de réis aos cofres públicos.
O projeto foi negado em primeira instância, por ser julgado inexeqüível. Embora a
elite se incomodasse com a presença de casas cobertas de palha no centro da cidade ela não
sinalizava ser favorável à substituição da cobertura por cerâmica e sim pela total retirada
da casas e seus moradores pobres e indesejados do seio da sociedade.
Em 1910, foi sancionada a Lei. Nº. 69 do Conselho Municipal de Teresina que
expressa em seu artigo 30 a total proibição de casas de palhas na zona urbana. “É proibida
expressamente a construção dentro da área urbana, de casas cobertas de palha ou
qualquer outro material de fácil combustão, e assim também cobrir de palha as
existentes”. (NASCIMENTO, 2002, p.213).
Grande parte dos moradores das casas de palhas não possuía recursos para
substituir as coberturas de suas casas, este grupo foi visto como insurgentes. Além das
20

condições financeiras, outros fatores balizaram o não cumprimento do decreto; como a


justificativa da cobertura de palha ser mais fresca, portanto mais propícia as altas
temperaturas da capital, elas tornavam a temperatura do interior da residência mais
agradável.

O hábito, por exemplo, de uma parte da população, em construir


casas cobertas de palha seca de babaçu, teve por fim aquela amenização
[do calor]. Ao chegarmos à Cidade, em 1915, verificamos que
desembargadores, professores do Liceu, deputados estaduais e outras
pessoas gradas tinham o prazer de usá-las, não sendo assim pobreza ou de
poupança a cobertura de domicílio pelo modo descrito. A razão plausível
para o habitante preferir a palha estava em que o calor gera mais quentura
sobre as telhas. (NASCIMENTO, 2002, p. 215).

Com a aplicação do projeto, somente as casas humildes foram retiradas da área


central, assim ficou claro o objeto de expulsar a qualquer custo os pobres da zona urbana, o
fato interessante é que a proibição não aponta uma nova área para que sejam construídas
essas casas. Observa-se assim o desejo de “limpar” a área central, fato que fica mais
aparente quando a prefeitura não demonstra a mesma preocupação com as habitações de
mesmo material, edificadas na periferia, queria-se somente higienizar o centro da cidade.
Nascimento (2002) narra em sua obra a visita de Francisco de Assis Iglesias que
esteve em Teresina por volta de 1910. “É a menor das capitais que visitei, não tem água
encanada, o teatro vive fechado(...).”(NASCIMENTO, 2002, p. 215). Porém, o fato que
mais chamou a atenção foi o grande número de casas cobertas com palha de coco:

Tem mais ou menos umas 500 casas de alvenaria e o resto é de


pau a pique, ou simplesmente de palha palmeiras de babaçu ou ‘coco de
macaco’. Há ruas inteiras de casas de palhas. Quando pega fogo numa
casa, o incêndio se propaga com rapidez incrível, pela rua toda, pois além
de ser verdadeiro fogo de palha não havia bombeiro na cidade.
(NASCIMENTO, 2002, p. 216).

O fato relatado por Iglesias apóia a idéia de que Teresina estava tomada por
construções de palha, além daqueles edificados no centro, elas estendiam-se para todos os
lados da Cidade. Observou a historiadora Teresinha Queiroz (1994)
quando pesquisava o processo de modernização de Teresina:

Teresina é uma cidade curiosa. Uma cidade que se compõe de um


núcleo de casario de telha mais ou menos simétrico (...) é de mente maior
21

que corre da Vermelha ao Poti Velho, casinha de gentalha, pobres, de


palha, sem nenhum gosto sem a menor arte.
É como a miséria abraçando a abastança relativa; a nudez
espreitando a comunidade. ( apud NASCIMENTO, 2002, p. 217)

A Cidade precisa crescer.

Na expectativa de recolocar a Cidade no caminho da modernidade, a elite e o


Governador Arthur de Vasconcelos (1896-1900), pautaram-se no lema “ordem e
progresso”, eles acreditavam ser através de um ordenamento prévio da cidade que se
poderia recolocá-la no caminho certo, do progresso.
Neste sentindo, o governo do Estado exigiu uma participação mais ativa da
prefeitura que, por sua vez, implementou o plano de higienização do centro urbano
derrubando casas de operários e “dando-lhes” terrenos em uma nova área, afastada do
centro, mais tarde ficou conhecida como Vila Operária.
Após os operários terem construído as casas com suas próprias mãos eles
procuraram à Prefeitura Municipal para receberem os documentos de posse de suas casas.
11
O Governador Rocha Furtado (1947-1951) declarou a prefeitura incapaz de doar os
terrenos. Rocha Furtado havia sido recém empossado com a queda de Leônidas Melo12.
Além da Vila Operária começou-se a construir casas populares nas regiões
periféricas longe de qualquer fornecimento de serviço público, reforçando a segregação
social implícita no processo de urbanização. Não havia calçamento, água tratada, luz
elétrica, transporte público e telefone.
Mesmo com Teresina apresentando os problemas de infraestrutura, o que a
diferenciava das demais cidades era o fato de que nascera para ser moderna. Surge no seio
da sociedade teresinense discursos que ambicionavam a modernização, o progresso tornou-
se o assunto mais frequente nas rodas de conversa.
Em 1906 foi inaugurado o serviço de abastecimento de água canalizada
solucionando assim o problema de abastecimento e do inconveniente das águas barrentas
do Parnaíba no período das enchentes.13

11
José da Rocha Furtado era médico formado pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do
Brasil, foi governador do Piauí eleito pelo voto direto exercendo o mandato entre 1947 a 1951.
12
Leônidas de Castro Melo, médico formado pela Faculdade Nacional de Medicina foi governador do Estado
do Piauí, perdeu o cargo de governador com a queda de Vargas.
13
Deve-se salientar que este abastecimento de água chegou a pouquíssimas casas e alguns prédios públicos.
22

O engenheiro Saturnino de Brito chegou a conclusão que não se podia mais pensar
uma cidade nos moldes coloniais, era preciso vislumbrar um futuro próximo, não se podia
adiar a estruturação de uma cidade, foi por isso que com Teresina se deu inicio ao processo
de projetar cidades, modelos mais tarde seguidos por Aracaju, Goiânia, Belo Horizonte,
Brasília e outras. Fazia-se necessário pensar o problema antes dele acontecer, solucioná-lo
tornar-se-ia mais difícil, assim surgiu a pretensão de:

(...) Substituir a ‘desordem’ do acaso pela ‘ordem’ geométrica dos


desenhos dos planos de expansão ou dos planos de novas cidades. A
formação ‘xadrez’ representa a solução geométrica mais acessível sob o
aspecto da simplicidade ou menor esforço (...) (apud NASCIMENTO,
2002, p.136)

Luis Pires Chaves - engenheiro e Diretor de Obras Públicas do Município achava


que Teresina não tinha se preparado e o futuro havia chegado:

(...) E pensamos estar justamente no momento conveniente de dar inicio


aos trabalhos (...) agora que Teresina já alcançou um desenvolvimento
(...) é preciso mostrar com precisão os rumos de suas vias principais de
comunicação, fluviais, férreas, rodoviárias e aéreas, com seus pontos de
penetração ou contato com a cidade, perfeitamente definidos. (apud
NASCIMENTO, 2002, p. 137)

Luis Pires Chaves visualizava uma cidade onde o traçado interligasse a cidade e que
estava se preparando para a chegada do automóvel, o símbolo da modernidade em
transportes.

Uma onda incendiária toma a Cidade

A cidade foi tomada por fogo, este por sua vez, tornou-se presente na vida dos
teresinenses durante muito tempo. O fogo devorou as casas de palha, primeiramente da
área central da cidade, depois seguiu rumo a periferia, começava-se através dele limpar o
centro da cidade. O fogo que atingiu as casas dos pobres expulsou-os da área central,
livrando a cidade de uma paisagem indesejada pelos idealizadores do processo de
higienização, favorecendo o processo de modernização da mesma.
23

Em 1930 nos meses de B R O BRO14 tornaram-se mais freqüentes os incêndios,


segundo especialistas – engenheiros e arquitetos - eram favorecidos pela fácil combustão
das palhas que cobriam as casas. No mês de outubro ocorre uma queda na umidade do ar e
um aumento na temperatura que alcança 40ºC de média. Percebe-se nesta afirmativa, uma
vontade de apresentar os incêndios nas residências dos pobres no centro de Teresina como
tendo sido provocados por causas naturais.
Os incêndios eram constantemente relatados nos jornais:

(...) Ainda: “Violento incêndio devorou, pouco depois do meio dia de 20


do corrente, uma casa coberta de palha, sita a Rua Coelho de Resende e
pertencente à Sra. Dona Clarinda Bezerra de Sousa viúva do Sr. Antônio
Joaquim de Sousa (...) (apud NASCIMENTO, 2002, p. 228)

Foi baseado nestes constantes infortúnios que os cronistas solicitaram ao governo a


instalação na cidade de um corpo de bombeiros para combater o fogo e evitar a total
destruição das edificações como antes acontecia.
Havia um forte interesse em não incitar no povo a ideia de incêndios criminosos.
Pelo contrário, a todo instante justificava-se no calor e na fácil combustão do material que
as casas eram construídas.

Teresina naquela época tinha muitas casas de palha, uma


encostadinha na outra e qualquer negligência dos moradores, uma
lamparina acesso ou uma trempe com fogo pra cozinhar uma panela de
comida, podia pegar fogo nas paredes, que as vezes eram de palha e subir
para teto e assim, dava inicio a um grande incêndio que se propagava por
30 ou 40 casas. ( NASCIMENTO, 2002, p 232.)

As habitações na periferia na sua grande maioria eram geminadas15 o que


possibilitava a combustão de várias em um único incêndio. Outros fatores eram a
iluminação pública, que em Teresina ainda era realizada através de lamparinas e o
cozimento do alimento em fogões a lenha mais uma vez aliados a fácil combustão da palha
facilitava a ocorrência de incêndios.

Amparo às vítimas dos incêndios

14
B R O BRO expressão que se refere aos quatro últimos meses do ano e que é também o período do ano de
temperaturas mais elevadas em Teresina.
15
Casas que compartilham uma parede.
24

O governo decidiu interferir, abriu crédito de auxílio aos moradores atingidos pelos
incêndios, a distribuição deste foi delegada à polícia que a faria depois da realização de
uma sindicância que pormenorizaria as causas dos incêndios, sendo levantada primeiro a
hipótese deles não serem mero acaso.
O grande número de incêndios levou o governo através da portaria n.º 668 de 1941,
que elaborava um amparo social às famílias atingidas. Nesse período a noticia sobre o fogo
em Teresina já havia rompido as fronteiras do Estado, exercendo assim uma pressão em
prol de uma atitude do governo no intuito de controlar a piromania e punir seus praticantes.
O governo com 71 anos de atraso, colocou em prática a sugestão de reconstrução
das casas com material mais seguro, porém se deparou com um grande problema: a
produção ceramista em Teresina não supria uma demanda tão grande assim.

Quem incendiava de fato? Alguns suspeitos.

Em Teresina ainda há na população a curiosidade de saber quem pode ter sido o


mentor dos incêndios, muitos executores foram presos, porém nenhum deles revelou quem
os havia mandado fazer, começando-se a especular quem poderia ter feito.
Começou-se fazer conjecturas pela cidade em torno de quem seriam os autores da
onda incendiária que tomava a Cidade.
A população desacreditada no governo e no serviço da polícia, em um ato de
desespero, com medo de ver sua casa tomada pelo fogo, retiravam nos períodos sem
chuvas a cobertura de palha, e mantinham vigilância durante a noite.
Nascimento(2002) enlenca os possíveis responsáveis pela onda piromaniaca:
O primeiro suspeito foi o Prefeito Lindolfo Monteiro16, ele estaria “limpando” a
Cidade das casas dos pobres. A prefeitura dava a Teresina ares europeu com arborização,
construções de praças, urbanizando-a, neste tocante o trabalho de higienização constituía-
se na fase primeira do plano;
O segundo suspeito foi o Chefe Interino da Polícia - Delfino Vaz, ele criava um
ambiente inóspito, transformando a cidade num verdadeiro caos, o que propiciava a sua
efetivação ao cargo de Chefe da Polícia. Ele era um homem rígido e só ele seria capaz de
controlar essa onda de violência e colocar a Cidade no rumo certo;

16
Lindolfo Monteiro era médico e foi prefeito de Teresina no período compreendido entre 1936 a 1945.
25

O terceiro suspeito era a própria polícia, que sob a prerrogativa de desmoralizar o


governo, junto à população e ao Governo Geral apoiava-se, no dissenso entre o Interventor
e o Comando da Polícia. A Força Policial queria demonstrar a fragilidade do governante e
o importante papel dela no controle da população e manutenção da ordem.
O interventor por sua vez minimizou o problema dos incêndios em seu relatório
anual enviado à Getúlio Vargas, onde reforçava a atuação da Força Policial que compunha
com policiais civis e militares e, que por sua vez, comandava. Leônidas Melo, trocou o
Chefe da Polícia, dando ao novo status de Secretário de Governo. Outro aspecto reforçado
pelo Interventor foi o amparo social prestado por seu governo aos pobres atingidos.

O novo fogo.

Em 1945 os incêndios voltaram acontecer. Diferentemente das práticas de destruir


os cortiços adotadas pelo Prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Barata Ribeiro, em Teresina
a prática se fez através dos incêndios, estes somente atingiam os casebres com coberturas
de palhas.
O reaparecimento dos incêndios em Teresina ganhou os jornais de outros estados,
como a Gazeta de Fortaleza, que publicou:

(...) Para assombro nosso, somos sabedores, por informações de inimigos


e cartas, de que o fogaréu reapareceu. Teresina voltou a ser um oceano de
brasas. Uma fogueira infernal. Dezenas de famílias proletárias vêem de
novo seus lares envoltos em chamas. Transformam-se em montões
fumegantes ruas inteiras. (apud NASCIMENTO, 2002, p 261).

1.10 Terá sido de fato mera questão política?


Por volta de 1945 os incêndios ganham conotação política, adversários do
Interventor utilizam deles para de novo demonstrar a imagem de um governante fraco e
incapaz para gerir problemas como esses o que o tornava inapto para o cargo.
A policia prendeu um casal aparentemente culpado pelos incêndios. Um fato
curioso é que este casal desapareceu de forma intrigante da cadeia e nunca mais foi visto
pela região.
Para os cronistas ficou claro que a policia tinha algo a esconder, o que reforçava
ainda mais a ideia da participação do governo ou da própria polícia de forma ativa neste
processo. Outras pessoas foram presas e torturadas. O governo decretou o silêncio em
26

relação aos incêndios o que não foi cumprido. Nascimento (2002) não deixa claro quem foi
o culpado pelos incêndios. A prefeitura e o governo estadual de certa forma se
beneficiaram da piromania que assolou a cidade no processo de urbanização.

Rio de Janeiro,

Com o surgimento da nova classe, fortificou-se a segregação social no Brasil.

Com o final da escravidão no Brasil surgem nas cidades novos espaços para a
construção da cidadania dos ex-escravos, permitindo novas possibilidades de vida, do
esquecimento das mazelas do campo e das cidades, da memória do cativeiro.
Uma desordem mascarada recebia todos aqueles que viam ascender nas cidades
republicanas, reeditar nelas um passado deixado na sua origem. Enchendo-as de prédios
térreos, cortiços, casas de cômodos e palafitas, a esses miseráveis chamavam-se
“cidadãos”.
Este quadro emergente e desordeiro que se instalara nas cidades republicanas
brasileiras espantava os investidores europeus, acostumados às cidades estruturalmente
mais evoluídas.
Uma a uma, as cidades européias modernizavam-se seguindo o modelo
urbanístico de Paris, implementado por Hausmann. Modelo este onde era construído um
centro político e comercial com poder de gerir a cidade e, atrelado a ela uma boa
vizinhança formada por membros de uma mesma classe, a elite, tentava-se homogeneizar
os bairros de formar a torná-los iguais socialmente.

(...) Milhares de unidades habitacionais foram destruídas em Paris à custa


de desapropriações, e as muitas remanescentes foram fustigadas pelas
posturas cada vez mais ousadas. As novas construções foram submetidas
a aprovação governamental, o que restringia intensamente a possibilidade
de construir com se quisesse. A especulação estabelecia uma lógica
paralela de exclusão espacial, em que as imediações das grandes artérias
foram impossibilitando o habitar pouco custoso. (...) (MARINS, 1998, p.
135)

Esta prática parisiense ganhou adeptos por todo o mundo. A elite republicana
brasileira, ávida por progresso e pelos ideais de modernidade, não se fez de rogada e
programou ou pelo menos tentou pô-la em prática aqui no Brasil Republicano e
27

“modernista”. O governo estabeleceu leis, normatizando assim a utilização dos espaços


públicos e privados.
A nova geografia social ou redistribuição social; balizou a estruturação das
cidades brasileiras. Os iguais ficavam em seus nichos, distanciados dos demais de padrões
econômicos e costumes diferentes.
O desejo de “harmonizar” seguindo o modelo Hausmmaniano gerou conflitos,
afinal burlava os princípios do recém instalado regime político em seu sentido maior o da
Res publica17.

Rio de Janeiro modelo brasileiro de higienização.

O Rio de Janeiro, capital do país, foi primeira das grandes cidades brasileiras a
passar pelo processo de urbanização. Porém já em seu limiar, enfrentou um grande
problema a sazonalização da população, prática essa que criava cada dia espaços passíveis
de sanitarização e urbanidade. Paulatinamente, os pomposos palacetes e prédios imperiais
foram ocupados indiscriminadamente pelas camadas mais humildes da população, que
aglomeravam-se nos referidos edifícios transmultando-os em cortiços18. Nas casas térreas
eram erguidas “paredes” com restos de materiais para dividir o público e torná-lo privado.
Eram construídos casebres nos espaços dantes deixados para ventilação, reduzindo estas às
inúmeras janelas das fachadas associadas àquelas voltadas para os quintais.
A insalubridade eminente deflagrou na cidade um surto de doenças oriundas de
uma falta de higiene pessoal, para com as instalações e para com a cidade. Por conseguinte
técnicos, médicos sanitaristas e cientistas, diante da precária condição de trabalho, viram-
se de mãos atadas frente às epidemias e endemias de varíola, malária, cólera-morbo, peste
bubônica entre outras, que por sua vez foram fortificadas pelos problemas sociais e
espaciais por qual passavam o Rio de Janeiro.
O primeiro procedimento na sanitarização do centro do Rio de Janeiro foi
implementado pelo prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos, que expulsou pobres e
demoliu o cortiço Cabeça de Porco. Posteriormente as demolições, os moradores sem teto
recolheram as sobras das construções para reconstruir seus casebres em outros locais,

17
Palavra latina que designa coisa pública, ou ainda República que é a forma de governar onde o gestor é
eleito pelos cidadãos através do voto direto.
18
Cortiço é uma habitação de pobres, ambiente insalubre, sem idéia de privacidade, abriga a todas as
pessoas da classe pobre, todos são colocados ao um mesmo patamá de miseráveis.
28

próximos do centro. Fato que o prefeito Barata Ribeiro não conseguiu prever. O que
também era garantido por falhas na legislação, nada impedia que seus casebres fossem
reconstruídos nos morros da região central do Rio de Janeiro.

O Prefeito Barata num rompante de generosidade mandou facultar


a gente pobre que habitava aquele recinto a retirada das madeiras que
podiam ser aproveitadas em outra construção. De posse do material para
erguer pelo menos casinhas precárias, alguns moradores devem ter subido
o morro que existia lá mesmo por detrás da estalagem(...) (CHALHOUB,
1996, p. 17)

Assim, teve início um advento muito conhecido nas metrópoles brasileiras nos
dias de hoje, as favelas19, nome dado em alusão a grande quantidade de uma planta
encontrada no Morro Santo Antonio pelos homens de Antonio Conselheiro, planta esta
também muito abundante no Arraial de Canudos.
A primeira tentativa de sanitarizar o centro da cidade do Rio de Janeiro e proteger
a elite do infortúnio de conviver com os miseráveis fora frustrada, assim como o sonho de
dar à cidade ares europeus capacitando-a para receber investimentos estrangeiros.
A profilaxia proposta com a campanha de vacinação de 1904 instaurou de vez o
caos, gerando a Revolta das Vacinas. A elite dissidente e temerosa, repensou e optou pela
segurança e comodidade, vendeu ou trocou por títulos públicos propriedades e casas
construídas nas áreas de risco de epidemias ou ainda reconstruiu com o governo tornando
problemas financeiros em investimentos rentáveis. Tudo em nome de uma sociedade
“moderna” capaz de receber o progresso que se espalhava no mundo nas ondas da
industrialização.
Só fora esquecido um pequeno detalhe, o problema do Rio de Janeiro, assim
como nas outras capitais, não era apenas estético, havia muito mais a ser sanitarizado: a
economia, a política, a saúde. Por mais moderno que se pudesse parecer as “novas
instalações” da Cidade, (vale ressaltar que a República não construiu nenhum novo prédio
para abrigar seus governantes, apenas foram realizadas relocações e reformas nos “antigos”
edifícios utilizados pelo Império), eles não estavam prontos como uma metrópole européia.
(...) Certamente não basta obtermos água em abundância e esgostos
regulares para gozarmos de uma perfeita higiene urbana. É necessário
melhorar a higiene domiciliaria, transformar nossas edificações, fomentar
a construção de prédios modernos e esse desideratum somente pode ser
alcançado rasgando-se na cidade algumas avenidas, marcadas de forma a

19
Favela é um aglomerado de casas construídas de taipa, ou de madeira ou de papelão por pessoas pobres.
29

satisfazer as necessidades do tráfego urbano e a determinar a demolição


da edificação atual onde ela mais atrasada e repugnante se apresenta.
(MARINS, 1998, p. 145).

Rio, 40º Cidade maravilha purgatório da beleza e do caos20.

O Bota-abaixo demoliu prédios habitados por miseráveis, cortiços, casas térreas,


alargou avenidas e separou residências de casas comerciais. O centro agora não era mais
frequentado pelos miseráveis ou pelo menos não deveria ser, afinal fora construído um
novo, que se localizava na novíssima zona sul, onde só o iguais tinha acesso, esses iguais
compunham a elite.
O Rio de Janeiro viveu uma realidade estrangeira, os homens vestiam-se
elegantemente com fraque, enquanto as mulheres importavam sedas finas para estar a
altura das européias. Chique era cumprimentar-se em francês e, aqueles que não se
trajavam como regiam a moda parisiense, nem tampouco, comportavam-se como cidadãos
da cidade luz, eram ignorados, seguindo a máxima, “somente os iguais podem se
reconhecer”.
O que as leis e os governantes não imaginavam é que ao expulsar os miseráveis de
seio de seu convívio estavam construindo uma longa distância entre eles e seus
funcionários que dispensariam de um maior tempo para chegar a seus empregos, não deu
outra, as classes a priori excluídas ergueram seus casebres de madeira nos morros que
circundavam a nova Rio de Janeiro.
Como tudo no Brasil, se pensou muito na estética, porém, ficaram de lado os
aspectos fundamentais como saúde, educação, transportes público, trabalho, saneamento
básico entre outras, que foram relegados a um segundo plano no processo de modernização
da cidade do Rio de Janeiro.
Teresina e Rio de Janeiro constituem-se dois modelos práticos de modernização,
pode-se inferir como um passo rumo à urbanização, enquanto que a urbanização tem sido
utilizada muitas vezes para justificar o total desaparecimento de patrimônios, de tradição e
de identidade como discutimos no primeiro capítulo.
É preciso agora, compreender porque esses modelos estão sendo usados para
balizar ou justificar o processo de modernização e/ou urbanização na cidade de São

20
Trecho retirado da musica de Fernanda Abreu.
30

Raimundo Nonato, haja vista que todo esse processo aconteceu nas duas cidades no final
do século XIX e início do XX .
Nos dois casos se falou de modernização, progresso, higienização, legislação, ação
do governo, ação da população. São essas as características presentes no Rio de Janeiro e
Teresina que também influenciam ou motivam a derrubada ou mudança das fachadas dos
edifícios de São Raimundo Nonato? Há no sanraimundense um conceito do que venha a
ser patrimônio? Há no sanraimundense o desejo de preservar algum patrimônio? Qual a
relação entre o sanraimundense e o patrimônio edificado tecnicamente identificado?
Capítulo II ANÁLISE DA PAISAG
EM PATRIMONIAL DA CIDADE DE SÃ
O
RAIMU NDO NONATO

São Raimundo de belas paisagens, belas serras, mistério e saber; Serra branca que o
poeta cantará nas estrofes de um grande querer. Quantas serras te enfeitam e contornam
(...).20

Em 1832 por decreto regencial, o lugar chamado confusões foi


elevado a distrito eclesiástico com o nome de Freguesia de São Raimundo
Nonato, desmembrando dos municípios de Jerumenha e Jaicós. Em 1936,
a sede do distrito foi transferida para localidade Jenipapo que, na época,
era um próspero núcleo populacional com ruas alinhadas, feira semanal e
igreja matriz em edificação que veio ser concluída em 1876. Em 12 de
Agosto de 1850, pela Provincial n.º 257, ocorreu sua elevação a vila
(IPHAN, 2007, p. 9)

Em 1912 a Freguesia foi elevada a categoria de cidade, São Raimundo Nonato


nasceu no auge da produção da borracha de maniçoba. O comércio já demonstrava que
teria um futuro próspero; a cidade contava desde 1916 com uma estação de telegrafia.
O perímetro urbano era composto por 246 casas de telha e três praças. Em 1920 São
Raimundo Nonato tinha uma população de 19.851 habitantes.
1922 – Chega a Ordem Mercedária, responsável pela criação da primeira escola
privada da cidade, provocando deslocamento dos jovens das cidades vizinhas para São
Raimundo Nonato o que proporcionou crescimento do índice populacional do município.
Segundo Assis (2004) a paisagem de São Raimundo Nonato permaneceu quase a
mesma do período compreendido entre 1911-1976 com leves modificações na década de
1940.
Em 1950 foi construída a Praça Getúlio Vargas, hoje Praça Professor Júlio Paixão,
mais conhecida por todos como Praça do Relógio.
O desenvolvimento urbano da cidade de São Raimundo Nonato foi lento. Assim
como foi lento o desenvolvimento do comércio local. Mas a partir de fins da década de
1990 e início do século XXI, o comércio vem se expandindo devido ao aumento
vertiginoso das relações comerciais com as cidades vizinhas.

20
Trecho do Hino de São Raimundo Nonato. Letra: Teresinha de Castro Ferreira. Musica: Luis Santos
disponível em : http://www.aldeiasrn.net/Hinos.htm acesso: 03/02/2009
32

Monumentos ao redor da atual Praça Professor Júlio Paixão. A referida praça já


recebeu outros nomes: Getúlio Vargas e Rodinha do Bitoso.

Figura 3: Área onde um ano depois foi construída a Praça. Getúlio Vargas. Fonte:Solimar - acervo
IPHAN. 1 - Espaço da Praça Getúlio Vargas, onde era montada a feira do final de semana; 2 -
Casa do Senhor Sezernando Baldoíno; 3 - Casa de Dr. Valdir Castro.

Figura 4: Vista da Praça Prof. Júlio Paixão. Fonte: Flávio André – acervo IPHAN. 1 -
Loja Bomfim Calçados; 2 - Casa do Sr. Valdir Castro; 3 - Caixa Econômica Federal; 4
- Casa do Sr. Sezernando Baldoíno;

Há neste espaço uma grande mudança na paisagem. A primeira delas é a Praça


Professor Júlio Paixão, depois o prédio da Loja Bomfim Calçados, que impede a visão da
casa ao fundo no alto do morro, a Caixa Econômica Federal, a loja de eletrônicos na
esquina da Casa do Sr. Sezernando Baldoino.
33

Figura 5: Praça. Getúlio Vargas. Fonte: Acervo – IPHAN 1 – Praça Getúlio Vargas –
Rodinha do Bitoso; 2 – Barracão; 3 – Casa de D. Nilde Rosado Baião

Figura 6: Av. Professor João Menezes. Fonte: Flávio André – acervo IPHAN
Lojas que substituem o casario antigo do centro de São Raimundo Nonato

A modificação foi completa as casas antigas foram substituídas por lojas.


34

Figura 7: Praça do Relógio – Eurandes - Acervo IPHAN 1 – Sobrado ; 2 – Prédio


onde hoje funciona a Panificadora Renascer; 3 – Relógio da Praça Getúlio Vargas

Figura 8: Prédio da Prefeitura de São Raimundo Nonato, situado à Rua Zeca Coqueiro.
Fonte: Flávio André – acervo IPHAN

Os edifícios da cadeia pública e do mercado municipal foram reformados e


atualmente é a sede da Prefeitura municipal.
35

O Comércio.
A partir de 1922, com declínio da cultura da maniçoba, o comércio ganhou força
baseado, principalmente, na diversificação dos produtos agrícolas, nas lojas de tecidos e
armarinhos.
Atualmente, a atividade comercial é a principal fonte de divisas. São Raimundo
Nonato é uma cidade pólo fornecendo equipamento sócio-econômico para doze cidades
circunvizinhas: Anísio de Abreu, Bonfim do Piauí, Caracol, Cel. José Dias, Dirceu
Arcoverde, Dom Inocêncio, Fartura do Piauí, Guaribas, Jurema, São Braz do Piauí, São
Lourenço e Várzea Branca. Sua economia é aquecida nos cinco primeiro dias do mês
quando é realizado o pagamento aos aposentados e pensionistas das cidades acima citadas.
A rede formada pelo comércio, reparação de veículos automotores, objetos pessoais
e domésticos, constitui-se de 514 unidades empregando cerca de 860 pessoas sendo que
destas, apenas 493 possui salários fixos. Estas empresas movimentam o comércio em
forma de salário pago aos funcionários totalizando R$ 1.980.000; segundo o censo do
IBGE de 2005.
CapítuloIII COMPARANDA21

A cidade de São Raimundo Nonato conta com um casario de estilo colonial e


vernacular, apontado nas pesquisas realizadas por Olavo Pereira de 1987 e pelo Caderno de
Cultura publicado pelo IPHAN em 2007, como passível de tombamento por seu estilo
arquitetônico e por seu valor histórico para região sudeste do Estado do Piauí. Nessas
pesquisas foram elaborados mapas com a localização do patrimônio edificado de São
Raimundo Nonato.
O trabalho de Olavo Pereira Filho (2007) contemplou 43 casas. Desse total de
casas, 17 já foram derrubadas e 03 tiveram suas fachadas modificadas. No caderno de
cultura IPHAN (2007), foram apontadas 10 casas passíveis de tombamento, desta uma foi
derrubada.
Nesta pesquisa são diagnosticados 25 edifícios passiveis de tombamento. Alguns desses
edifícios não foram contemplados no trabalho de Olavo Pereira nem tampouco no Caderno
de Cultura. Este trabalho monográfico apresenta sob os mesmos critérios utilizados por
Olavo Pereira, Filho (1987) e pela equipe do Caderno de Cultura IPHAN (2007) –
arquitetura vernacular colonial e valor histórico, um mapa georeferenciado dos edifícios.

Monumentos tecnicamente identificados

Figura 9: mapa elaborado por Olavo Pereira, resultado de sua passagem por São
Raimundo Nonato em 1987. Contornado por vermelho, os locais onde ele realizou
uma fase preliminar do inventário. Filho (2007).

21
Em latim significa comparação
37

Olavo Pereira identificou 43 prédios passíveis de tombamento pela região das três
primeiras praças da cidade, alguns desses, ele fez desenhos de fachadas e perfis e
fotografias.
Seguem abaixo apresentados os desenhos e fotografias de Olavo Pereira realizadas
em 1987.
A casa da Srta. Diolinda Rubens de Macedo e Sr.ª Lourdes Reis de Macedo
constituem a sede da fazenda Jenipapo, sendo a segunda edificação da cidade. Baião
(2007).

Figura 10: Fotografia da fachada da antiga sede da Fazenda Jenipapo, situada a rua Com.
Piauilino n.ºs 138 e 138. Filho (2007)
38

Figuras 11: Planta baixa, perfil, detalhes do teto, telhado e da janela da casa situada a rua COM.
Piauilino n.ºs 64-70. Filho (2007).

Figuras 12 e 13: Casa situada a rua COM. Piauilino n.ºs 64-70. Filho (2007).
39

Figura 14: Planta baixa da casa do Sr. Sezernando Baldoino. Filho (2007)

Figura 15: Casa de Sr. Sezernando Baldoino. Filho (2007)


40

Caderno de cultura - IPHAN

Figura 16: Mapa elaborado pela equipe do caderno de cultura do IPHAN em 2005

O Caderno de Cultura identificou 35 casas distribuídas por toda área urbana de São
Raimundo Nonato, demonstrando um decréscimo no número de edifícios no centro da
cidade em um período de 17 anos em relação a pesquisa de Olavo Pereira.
O trabalho em algumas casas se deu apenas no desenho das fachadas em outras da
planta baixa e ou planta baixa em axiométrica e desenho de perfil.
Assim sendo segue o demonstrativo deste trabalho

Figura 17: Casa sede da Fazenda Jenipapo, hoje pertence a duas proprietárias: Diolinda
Rubens de Macedo e Maria de Lourdes Macedo Reis, situada a Rua COM. Piauilino quadra
40 – Centro. Desenho realizado por Valdecir Negreiros. IPHAN (2007).
41

Figura 18: Casa do Prof. Júlio Paixão, situada à rua Prof. João Menezes quadra 17 - Centro.
Desenho realizado por Nívia Paula. IPHAN(2007)

Figura 19: Casa do Sr. Antonio Martins de Castro, situada à Rua Professor João
Menezes, quadra 21 – Centro. Desenho realizado por Nívia Paula. IPHAN (2007)

Figura 20: Casa de Dona Rosa Teixeira de Castro, situada à Rua Cap. Newton de Rubem
quadra 22(sic) – Centro. Desenho realizado por Dalmir Negreiros. IPHAN (2007).
42

Figura 21: Casa do Sr. Manoel de Negreiros Sobrinho, situada à Rua Cap. Newton Rubem,
quadra 22 (sic)– Centro. Desenho realizado por Dalmir Negreiros. IPHAN (2007).

Figura 22: Casa do Jessé Piauilino da Silva, situada à Praça Francisco Antonio da Silva,
quadra 02 – Centro. Desenho realizado por Crisvanete Aquino. IPHAN (2007).

Figura 23: Casa do Sr. Jose Ferreira Paes Landim, situada a rua Aniceto Bairro
Aldeia. Desenho realizado por Claudeilson de Morais IPHAN(2007)
43

Comparanda

Estabelecendo uma comparação entre os mapas de Olavo Pereira e do Caderno de


Cultura pode-se notar que 21 prédios já ruíram em um período de 22 anos na cidade de São
Raimundo Nonato. Uma casa derrubada a cada ano. O que denota uma destruição lenta e
gradual do patrimônio edificado da cidade.

Segue o resultado da comparação no mapa na folha seguinte:

As pontos em azul no mapa são as casas identificadas pela equipe do caderno de


cultura, os em rosa são as identificada por Olavo Pereira, já os em pretos estão em ambos
trabalhos.
44

SÃO RAIMUNDO DE BELAS PAISAGENS

Figura 24: Mapa comparanda, nele estabelece-se uma comparação de identificações de edifícios,
observando semelhanças e diferenças, ausências e presença nos mapas elaborados tanto pelo caderno
de cultura quanto por Olavo Pereira
Capítulo IV AS BELAS PAISAGENS ATUAIS DE SÃO RAIMUNDO NONATO,
PASSIVEIS DE TOMBAMENTO.

Neste capítulo através de fotografias identifica-se a mudança na paisagem da cidade


de São Raimundo Nonato mais especificamente na região central da cidade, tendo em vista
ser esta a região contempladas nas fotografias antigas.

Figura 25: Mapa georeferenciado com a visão globalizada do patrimônio edificado


sanraimundense. Fonte: Google earth, elaboração Flávio André.
46

A análise deste mapa nos permite afirmar que na região mais antiga da cidade, que
engloba Praça Com. Piauilino representada no mapa pelos balões de cor azul, Praça Prof.
Júlio Paixão representada pelos balões de cor verde, e adjacências são representadas pelos
balões de cor amarela, está concentrado o maior número de edifício, em um total de 15
enquanto que na Praça Francisco Antonio da Silva 05 edifícios representada no mapa pelos
balões de cor rosa e no Bairro Aldeia estão outros 05 totalizando 25 prédios passíveis de
tombamento, alguns deles esta salvaguarda deverá ser efetuada em caráter de urgência.
A partir daqui, organizo um compêndio de dados, plantas baixas, fachadas e fotos
dos edifícios que identifico passíveis de tombamento devido ao estilo arquitetônico
colonial e vernacular em que se enquadram. Em alguns casos consegui anexar dados das
três pesquisas em outros apenas apareceram fotos e georeferenciamento, estes parte da
pesquisa realizada para este trabalho monográfico.
A primeira região apresentada é a da Praça Com. Piauilino representada no mapa
pelos balões de cor azul, como fora referido anteriormente é a região que abriga o maior
número de edifícios passíveis de tombamento.
A historiografia aponta esta área como marco fundado da Cidade de São Raimundo
Nonato. Ao redor da Pça. Com. Piauilino estão a antiga sede da fazenda Jenipapo, a Casa
da Sr.ª Maria Luiza Araújo, da Sr.ª Helena Rubens de Araújo, Igreja Matriz e o Palácio
Episcopal.
Naquilo que fora considerado adjacências refere-se a espaço de intersecção entre as
Praças Com. Piauilino e Prof. Júlio Paixão, onde estão as casas da Sr.ª Socorro Vítor, do
Sr. Osvaldo Paixão, da Srta. Isabel Paixão, o prédio da Micro arte.
Segue abaixo fotos de fachadas, desenhos de fachadas plantas baixas:

Figura 26: Igreja Matriz de São Raimundo Nonato, situada à Praça Com. Piauilino – Centro.
UTM: 23 L 0754309 E 9002822 N. Fonte: Flávio André – acervo IPHAN.
47

Figura 27: Palácio Episcopal, situada à Rua Prof. José Leandro n.º 185 – Centro. UTM : 23
L 0754278 E 9002792 N . Flávio André – acervo IPHAN.

Figura 28: Palácio Episcopal. Desenho realizado por Luis Raffaello. Acervo IPHAN

Figura 29: Antiga Sede da Fazenda Jenipapo. Hoje residência da Srta. Diolinda Macedo e da Srª
Maria de Lourdes Reis de Macedo, situada à rua Com. Piaulino n.ºs 138 e 130 – Centro. UTM :
23 L 0754253 E 9002834 N. Fonte: Flávio André – acervo IPHAN.
48

Figura 30: Antiga sede da Fazenda Jenipapo. Desenho realizado por Valdecir Negreiros.
IPHAN (2007).

Figura 31: Planta baixa e perfil da antiga sede da Fazenda Jenipapo. Filho (2007).

Foto 32: Casa de D. Maria Luiza Araújo, situada à rua Com. Piauilino n.º 110 - Centro.
UTM: 23L 0754282 E 9002842 N . Fonte: Flávio André – acervo IPHAN
49

Figura 33: Casa de D. Helena Rubens de Araújo, situada à Rua Com. Piauilino n.º 90 –
Centro. UTM: 23 L 0754297 E 9002848 N. Fonte: Flávio André. Acervo IPHAN

Figura 34: Casa de D. Helena Rubens de Araújo. Desenho realizado por Nívia Paula. Acervo
IPHAN.
50

Figura 35 : Casa do Sr. Osvaldo Paixão, situada à Rua Prof. João Menezes n.º357 – Centro.
UTM: 23 L 0754222 E 9002730 N . Fonte: Flávio André – acervo IPHAN

Figura 36 : casa do Sr. Osvaldo Paixão. Desenho realizado por Gênesis Naum. Acervo
IPHAN.
51

Figura 37: Casa da Srta. Isabel Paixão, situada à Rua Prof. João Menezes n.º 393 – Centro.
UTM: 23L 0754179E 9002718N. Fonte:Flávio André- acervo IPHAN.

Figura 38: Desenho realizado por Nívia Paula. IPHAN(2007)

Figura 39: Casa onde funciona a Microarte , situada à Rua Prof. João Menezes n. 396 –
Centro. UTM: 23L 0754180E 9002726N. Fonte: Flávio André – acervo IPHAN.
52

Na área do entorno da Praça Prof. Júlio Paixão foram indicados 6 edifícios entre
que são eles as casas do Sr. Valdir Castro, da Sr.ª Nilde Baião, panificadora Renascer,
Sobrado e casa do Sr. Sezernando Baldoino.

Figura 40: casa do Sr. Valdir Castro, Figura 41 : casa de Sr. ª Nilda Rosado
situada à Rua Prof. João Menezes s/n. – Baião situada à Praça. Prof. Júlio Paixão
Centro. UTM: 23 L 0754135 E n.º 95 – Centro. UTM: 23 L 0754103 E
90022710 N.Fonte: Flávio André – 9002720 N. Fonte: Flávio André –
acervo IPHAN acervo IPHAN

Foto 42: Casa, situada a rua Prof. João Menezes n.º 462 – Centro. UTM: 23 L 0754101E
9002704N. Fonte: Flávio André – acervo IPHAN.
53

Figura 43: Sobrado, situado à esquina das ruas Prof. Raimundo Araújo Pinheiro com Prof.
José Leandro s/n. UTM: 23L 0754143E 9002762N. Fonte: Flávio André – acervo IPHAN.

Há registros iconográficos realizados pelos médicos da FIOCRUZ marcam a


presença do prédio desde 1912.

Foto 44: casa, situada à Rua Prof. Foto 45: casa da Sr.ª Socorro Vítor, em
Raimundo Araújo Pinheiro n.º 108 – sua fachada data 1914 como data de
Centro. UTM: 23L 0754146E 9002744N. construção. UTM: 23L 0754182E
Fonte: Flávio André – acervo IPHAN. 9002798N. Fonte: Flávio André- acervo -
IPHAN
54

Figura 46 : Casa do Sr. Sezernando Baldoino, situada à rua Prof. João Menezes n. 411
– Centro. UTM: 23 L 0754161E 9002714N. Fonte: Flávio André – acervo IPHAN.

Figura 47 : Planta baixa da casa do Sr. Sezernando Baldoino. Filho (2007)


55

Na área do entorno da Praça Francisco Antonio da Silva, estão localizadas as casas


do Sr.ª Mercê Palmeira, Sr.ª Rosa Teixeira de Castro, Sr. Manoel de Negreiro Sobrinho,
Jessé Piauilino da Silva, esta última mais conhecida como casa velha encontra-se em um
péssimo estado de conservação, seu telhado caiu em 2008 no período das chuvas, e agora
ele se encontra tem cobertura e fechado, a impressão que dá é que estão a espera de que as
paredes venham a baixo.

Figura 48 Casa do Sr. Raimundo Satu, situada à Av. Prof. João Menezes n.º 718 –
Centro. UTM 0753789E 9002638N. Fonte: Flávio André – acervo IPHAN.

Figura 49 : Casa da Sr.º Mercês Palmeira, situada à Rua Prof. João Menezes n.º 748 –
Centro. UTM: 23L 0753737E 9002620N. Fonte: Flávio André – acervo IPHAN.
56

Figura 50: Casa da Sr.ª Rosa Texeira de Castro, situada à Rua Cap. Newton de Rubem n.
804 – Centro. UTM: 23 L 0753645E 9002606N. Fonte: Flávio André – acervo IPHAN.

Figura 51 : desenho realizado por Dalmir Negreiros. IPHAN (2007).


57

Figura 52: Casa do Sr. Manoel de Negreiros Sobrinho, situda à Rua Cap. Newton de Rubem
n.º 810 – Centro. UTM: 23L 0753634E 9002604N. Fonte: Flávio André – acervo - IPHAN

Figura 53: desenho realizado por Dalmir Negreiros. IPHAN (2007).


58

Figura 54: Casa do Jessé Piauilino da Silva, situada à Praça Francisco Antonio da Silva s/n –
Centro. UTM: 23L 0753668E 9002550N. Fonte: Flávio André – acervo IPHAN.

Figura 55: Desenho realizado por Crisvanete Aquino. IPHAN (2007).

Na região do Bairro Aldeia foram inseridas as casas do Sr. Manoel policarpo de


Castro e do Sr. De Castro Batista que estão situadas no Centro, porém não estão ligadas a
nenhuma das Praças que concentram um grande número de edifícios passívies de
tombamento. Além das casas acima referidas também nesta área estão situadas as casas do
Sr. José Ferreira Paes Landim, Sobrado do Sr. Chico Fotógrafo e o Ginásio dom Inocêncio.
59

Figura 56: Casa do Sr. Manoel Policarpo de Castro, situada à Rua Rua Cap. Newton de
Rubem s/n. – Centro. UTM: 23L 0753394E 9002544N. Fonte: Flávio André – acervo
IPHAN.

Figura 57: Casa do Senhor Manoel Policarpo de Castro, situada à Rua Cap. Newton de
Rubem, quadra 22 – Centro. Desenho realizado por Luis Raffaello. IPHAN (2007).

Figura 58: Casa do Sr. Gerson Batista de Castro .UTM: 23L 0753671E 9002744N. Fonte:
Flávio André – acervo IPHAN
60

Figura 59: Casa do Sr. José Ferreira Paes Landim, situada à Rua Ancieto Bairro Aldeia. UTM: 23
L 0753362E 9002344N. Flávio André – acervo IPHAN.

Figura 70 : Desenho realizado por Claudeilson de Morais. IPHAN (2007).

Figuras 71 e 72: Colégio Dom Inocêncio localizado no Bairro Aldeia. UTM: 0752970E
9002718N. Fonte: Acervo IPHAN.
Con
sid
eraçõesfin
ais

O patrimônio edificado de São Raimundo Nonato desde 1987 vem sendo analisado
e apontados quais edifícios devem ser salvaguardados. O primeiro foi o arquiteto Olavo
Pereira em 1987 quando ele andou todo o Estado do Piauí reconhecendo os edifícios que
poderiam um dia ser preservados.
Em 2005 a equipe formada pela Universidade Federal do Vale do São Francisco -
UNIVASF, a Universidade Estadual do Piauí - UESPI, o Escritório Técnico I da 19ª S.R.
do IPHAN, a Fundação Museu do Homem Americano – FUMDHAM e o PRÓ-ARTE
FUMDHAM, pesquisaram o patrimônio, segregando os edifícios de arquitetura colonial e
vernacular sanraimundense. Publicando o resultado desta pesquisa no Caderno de Cultura
do IPHAN intitulado: São Raimundo Nonato: Memória e Patrimônio. Serra da Capivara,
em 2007.
Este trabalho monográfico continua as pesquisas sobre o diagnóstico do patrimônio
edificado de São Raimundo Nonato iniciada com o Caderno de Cultura. Seguindo-se
orientação dos professores Elaine Ignácio e Msc. Mauro Farias, ambos da UNIVASF. E
corientado pela Professora Dr.ª Ana Stela Negreiros de Oliveira que irá elaborar um dossiê
sobre os inventários.
Assim sendo, procurou-se estabelecer modelos que servissem de parâmetros para o
entendimento da derrubada do patrimônio edificado sanraimundense, neste tocante
utilizou-se das cidades de Teresina e Rio de Janeiro. Teresina por ser a primeira cidade no
Brasil a criar uma legislação em prol da organização do processo de modernização e
urbanização. O Rio de Janeiro por ser o modelo brasileiro das práticas higienista do Barão
Hausmann.
Em Teresina o processo higienista logrou êxitos dando ao centro uma paisagem que
fugia da significação de cidade rural, ergueram-se edifícios modernos e pomposos que
ocuparam o lugar dos casebres, só habitava a área central a elite, tudo se deu como o
planejado.
Já no Rio de Janeiro, houve um infortúnio, graças a “bondade” do prefeito Barata
Ribeiro. Criou-se a favela, que transformou paisagem da Nova Rio de Janeiro. Enquanto os
pobres possuíam uma visão privilegiada à elite passou a ter como vista de suas janelas os
morros amontoados de casebres. Sob esta óptica ocorreu um deslize no projeto de
urbanização da Cidade Maravilhosa.
62

Depois de ter estabelecido este parâmetro e ter aprofundado na cidade de São Raimundo
Nonato e após ter comparado os mapas apresentados por Olavo Pereira e pelo Caderno de
Cultura, pode-se notar que havia uma diferença no processo de modernização entre as
cidades modelo e São Raimundo Nonato. Enquanto em Teresina e no Rio de Janeiro deu-
se de forma abrupta, teve-se pressa em modernizar, foi uma ação governamental, em São
Raimundo Nonato se fez lento e gradual, e através da iniciativa privada, acompanhando o
crescimento do comércio local. Os prédios antigos principalmente os da região central
estão sendo substituídos por prédios de mais de um piso no intuito de servir ao comércio
em expansão.
Quando une-se a informação da substituição dos prédios antigos por modernos e
comercias às informações da movimentação financeira realizada pelo comércio local,
pode-se afirmar que este é o principal financiador desta substituição de edifícios.
Assim, como reafirma-se aquilo que sugeriu Baião (2007), toda a derrubada do
patrimônio edificado sanraimundense é fruto da falta de legislação que o salvaguarde e por
sua vez, a ausência de legislação é resultado do desconhecimento dos gestores públicos e
de grande parte da população da importância do referido patrimônio que o inoportuniza
uma chance de cumprir plenamente o seu tempo natural de vida e seu papel histórico, de
estreitar laços idenditários entre monumento-história-população.
São esses os fatores que legam ao patrimônio edificado sanraimundense um
descaso que é o caminho mais curto para destruição, para o esquecimento. Em alguns deles
a justificativa para o péssimo estado de conservação é que é um prédio de herança, que são
muitos donos e não há consenso sobre o futuro dos mesmos; em outros, o proprietário
alegam não dispor de recursos para uma manutenção o que os deixa susceptível a
exploração imobiliária patrocinada pelo comércio.
Fatores que balizam o estado de descaso para com o patrimônio edificado
sanraimundense são muitos, poucas são as iniciativas em prol de sua preservação.
Nesse intuito o Escritório Técnico I da 19ª S.R.do IPHAN vem proferindo
palestras sobre o patrimônio cultural do entorno do Parque Nacional Serra da Capivara e
um dos temas abordados é o Patrimônio Edificado da Cidade São Raimundo Nonato,
dentro do programa de educação patrimonial realizado pelo escritório que é modelo para
todo o Piauí.
Esta é uma das iniciativas de salvaguarda do patrimônio cultural sanraimundense,
assim como essa existem outras poucas ações isoladas enquanto não for elaborada uma
63

legislação municipal que o salvaguarde, e ainda que esta deva ser pautada nas
recomendações do ICOMOS que são elaboradas por especialistas na preservação.
A educação patrimonial neste momento soa como um paliativo urge uma legislação
municipal para salvaguarda deste patrimônio, caso contrário a história de São Raimundo
Nonato existirá apenas na memória daqueles que conseguiram viver antes da expansão do
comércio local.
É preciso colocar em prática as recomendações do Plano Diretor, se este já estiver
sido aceito pela administração municipal, se ainda não fora que se faça o mais rápido
possível, o relógio começa a andar mais rápido para destruição do patrimônio. A destruição
do o patrimônio sanraimundense avança em progressão geométrica enquanto as ações
conservacionistas em progressão aritmética. Faz-se necessário uma mudança nos ritmos.
É no Plano Diretor onde se sugere a área mais adequada às práticas
comercias e a moradia; onde deve-se, por exemplo, colocar um posto de saúde
possibilitando acesso a um número maior de pessoas; de fato através dele a equipe técnica
vai pensar o crescimento ordenado da cidade. É o que recomenda o artigo 2ª do Estatuto
das Cidades:

Art 2º III- Planejamento do desenvolvimento das cidades, da


distribuição espacial da população e das atividades econômicas do
Município sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as
distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio
ambiente. (Estatuto das Cidades, 2001, p. 1).

Na elaboração do Plano diretor é criado um junta de pessoas de diversas áreas da


cidade, compostas por representantes: do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia - CREA, das Universidades, da Igreja, da Prefeitura, das Associações de
bairro, Técnicos contratados (arquitetos, engenheiros, urbanistas), da Câmara de
Vereadores e etc.
Neste tocante é preciso pensar a gestão do patrimônio com uma parceria entre o
público e o privado; assim sugere a Recomendação de Paris Obras Públicas e Privadas de
1968 que delega ao Estado o dever de preservar o patrimônio cultural, mas aponta que essa
preservação deverá ser dividida com a comunidade e isso se dará através da educação
patrimonial que é umas das tarefas dos gestores.
Na recomendação está bem enfático que o patrimônio poderá ser promotor da
economia e não seu inimigo, como muitos gestores públicos ou empresários, isto é, “os
64

donos do poder administrativo-financeiro”, afirmam e se asseguram para destruir a história


de uma sociedade.
O que impossibilita muitas vezes pôr em prática a Recomendação de Paris de 1968
está no segundo entrave da preservação: o desconhecimento dos gestores públicos no
tocante ao patrimônio cultural e sua importância como elo entre a população e a cidade.
É este desconhecimento que leva o gestor público apagar parte da história de um
grupo. Isso se dá quando ele derruba um patrimônio cultural, talvez o ato de derrubar não
tenha a idéia primeira de desconstruir as identidades, mas sim o demarcar materialmente o
período em que esteve no poder. É este ato que Vitor Hugo considera ainda assim um ato
bárbaro:

Não importa quais sejam os direitos de propriedade, a destruição


de um prédio histórico e monumental não deve ser permitida a esses
ignóbeis especuladores, cujo interesse os cega para honra (...) Há duas
coisas em um edifício: seu uso e sua beleza. Seu uso pertence ao
proprietário, sua beleza a todo o mundo; destruí-lo é, portanto, extrapolar
o que é de direito. (apud.FONSECA, 2005, p. 35).

Assim sendo, o ato de destruir um patrimônio, monumento ou apenas uma “praça”


por ter sido construída na gestão anterior a que esta no poder é um ato de substituição,
pois, visa apagar da história um momento.
A vontade de perpetuar seu nome como grande gestor esta acima dos interesses da
população. Neste momento, o Plano Diretor acima apresentado entra como parceiro da
população duplamente fraudada, tanto financeira como culturalmente.
O gestor público deve ser o “homem” de visão, de conhecimentos. Acredita-se que
o bom senso seja uma das melhores características de um gestor.
O outro fator ideal é que a equipe de governo seja composta por técnicos éticos e
que estes desenvolvam seu trabalho estreitando os laços entre a comunidade seus bens suas
história. Assim dificultando-se que ocorra novamente o erro que se deu com o relógio da
Praça, um monumento existente na memória da população e no material fotográfico.
Para melhor ilustrar mostro a seqüência da Praça do Relógio no centro de São
Raimundo Nonato.
65

Figura 73: praça do relógio. Fonte: Figura 74: Rléogio em 1980. Fonte
Acervo IPHAN Acervo IPHAN.

Figura75 : a derrubada do relógio 1980. Figura 76: Praça Prof. Júlio Paixão. Fonte:
Fonte: Acervo IPHAN Acervo IPHAn

Tomada as precauções com o discernimento do gestor e da equipe, é preciso a


inserção de um técnico do patrimônio imbuído com a necessidade de promover a
informação através de um intercâmbio com a população sobre o patrimônio, afinal a
educação já fora proposto em 1962 na Recomendação de Paris. 22
Somando-se o conhecimento do gestor, ao da população, do técnico e o Plano
Diretor talvez possa se alcançar o desejado, isto é, uma comunidade moderna sem esquecer
de seu passado, onde co-exista o novo e o antigo. A não ser que se entenda o antigo como
aquele que possuiu seu momento e agora tornou-se obsoleto, um peso morto a ser

22
Deixa-se claro ao descrever como alguém provido de conhecimento, não se fala apenas do conhecimento
científico, mas também de senso comum.
66

carregado. Lúcio Costa: “Desde quando é de boa ética matar gente velha porque estorva o
caminho?” (apud. FONSECA, 2005, P. 82).23
Fatos como a derrubada do relógio podem até ter a intenção de apagar o
monumento fisicamente da história, mas não possui a força de apagá-lo da memória, pois
este já foi assimilado pela comunidade.
Muitos gestores públicos desconhecem a Recomendação de Paris das Obras
Públicas e Privadas de 1968 relegando a segundo plano o patrimônio cultural das cidades.
Assim sendo:

Em vez de buscar a modernidade, o Brasil padece de ímpetos de


modernização, através dos quais se tenta queimar etapas no processo de
desenvolvimento. Uma nova modernização sepulta a anterior e nenhuma
consegue fazer com que o País encontre o caminho para o
desenvolvimento. (FAORO, 2001, p. 22).

São Raimundo Nonato é mundialmente conhecida como sede do Parque Nacional Serra da
Capivara, modelo de preservação o que acarretou várias premiações à FUMDHAM
cogestora administrativa do PARNA.
Enquanto que os monumentos históricos da cidade que são importantes documentos
históricos tanto para cidade como para o estado, haja vista, a historiografia piauiense
afirmar que, São Raimundo Nonato serviu como porta de entrada para os colonizadores
oriundos da Bahia, não possuírem o direito de salvaguarda por ausência de legislação
municipal; de desconhecimento da gestão pública e grande de parte da população.

23
Quando Lúcio questiona acima, refere-se ao processo de tombamento da Igreja de Bom Jesus dos Martírios
em Recife, Pernambuco.
APÊNDICE

Segundo Riegl (1903, apud REIS e CUNHA, 2006) Monumento é uma


representação física da sociedade, para tanto é preciso que haja um reconhecimento por
parte da sociedade representada. O monumento pode ser intencional e não intencional.
Monumento intencional é aquele que foi edificado para representar uma
sociedade, ou ainda um momento especial desta, um exemplo de momento intencional é
o tatu na entrada da cidade de São Raimundo Nonato. Deve-se ressaltar que nem sempre
há um reconhecimento por parte da sociedade representada para com o monumento.

Figura 77 : Tatu construído no anel viário que dá acesso a cidade de São Raimundo Nonato –
PI. Fonte: viasaoraimundo.com.br

Monumento não intencional é quando fora edificado para servir a outras funções e
acabou por ser representativo da comunidade, comumente acontece com as igrejas
matrizes das pequenas cidades e quando acontece é porque está ligado diretamente às
memórias, afinal foi alí que a maioria dos cidadãos foram batizados, crismados, casados
e realizaram as missas de corpo presente e sétimos dias de seus parentes.

(...) A especificidade do monumento deve-se precisamente ao


seu modo de atuação sobre a memória. Não apenas ele a trabalha e a
mobiliza pela mediação da afetividade, de forma que lembre o
passado fazendo-o vibrar como se fosse presente. Mas esse passado
invocado, convocado, de certa forma encantado, não é um passado
qualquer: ele é localizado e selecionado para fins vitais, na medida em
que pode, de forma direta, contribuir para manter e preservar a
identidade de uma comunidade étnica ou religiosa, nacional, tribal ou
familiar. (CHOAY, 2001, p.18)

Monumento histórico
É uma criação da sociedade moderna, um evento histórico
localizado no tempo e no espaço. Após um período em que não se
conhecia senão os monumentos intencionais, a partir do século XV, na
68

Itália, as obras da Antiguidade começam a ser valoradas por suas


características artísticas e históricas, não mais apenas por serem
símbolos ou memoriais das grandezas de Grécia e Roma. Assim, é a
partir dessa mudança de atitude que se verifica o despontar de um
novo valor de rememoração (RIEGL, 1984, p.49).

Assim tendo sido definido monumento e monumento histórico, cabe agora


lembrar os valores a eles adicionados durante o transcorrer da história da preservação do
patrimônio no mundo.
Segundo Fonseca (2005), são quatro os valores legados ao patrimônio: o valor
artístico, o valor econômico, o valor histórico o valor de educação.
O valor artístico foi responsável por muitos tombamentos em todo o mundo, foi
o que levou John Ruskin a preservar muitas obras de arte na Londres da Revolução
Industrial, para ele e seus seguidores a arte estava acima do bem estar social, a arte era o
resultado do mais perfeito momento de inspiração do homem.
No valor econômico. O monumento passa a ter função para a sociedade quando
se reverte em dividendos, o melhor exemplo deste, é o espanhol, foi a partir do turismo
que o Estado espanhol se levantou de uma crise financeira em fins da década de 1990.
O valor histórico – quando o tombamento do monumento esta relacionado a
história que este conta, a relação dele com a sociedade que representa e a história que
ele conta durante toda a sua existência, o valor histórico esta estritamente ligado a
memória.
O quarto e último, o valor educacional – este está imbuído do valor histórico, e
tem função de educar.

Conservação e restauro

Segundo a carta de Veneza:


A conservação e o restauro deve contar com a colaboração de todas as ciências e
técnicas que possam contribui para o estudo e salvaguarda dos monumentos, que se
aplica tanto à obra de arte como ao testemunho histórico.

Recomenda-se na carta:
Quanto à conservação;
Artigo 4º - a conservação dos monumentos exige, antes de tudo,
manutenção permanente.
69

Artigo 5º - A conservação dos monumentos é sempre favorecida por


sua destinação a uma função útil a sociedade; tal destinação é
portanto, desejável, mas não pode nem deve alterar a disposição ou a
decoração dos edifícios. É somente dentro desses limites que se deve
conceber e se pode autorizar as modificações exigidas pela evolução
dos usos e costumes.

Quanto ao restauro;
Artigo 11º - As contribuições válidas de todas as épocas para
edificação do monumento devem ser respeitadas, visto que a unidade
de estilo não é a finalidade a alcançar no curso de uma restauração, a
exibição de uma etapa subjacente só se justifica em circunstâncias
excepcionais e quando o que se elimina é de pouco interesse e o
material que é revelado é de grande valor histórico, arqueológico, ou
estético e seu estado de conservação é considerado satisfatório. O
julgamento dos elementos em causa e a decisão quanto ao que pode
ser eliminado não podem depender somente do autor do projeto.
Artigo 12º - Os elementos destinados a substituir as partes
faltantes devem integra-se harmoniosamente ao conjunto,
distinguindo-se, todavia, das partes originais afim de que a restauração
não falsifique o documento de arte e de história
Artigo 13º - Os acréscimos só poderão ser tolerados na medida
em que respeitarem todas as partes interessantes do edifício, seu
esquema tradicional, o equilíbrio de sua composição e suas relações
com o meio ambiente.

Quanto ao sítio monumental:


Artigo 14 – Os sítios monumentais devem ser objeto de
cuidados especiais que visem a salvaguardar sua integridade e
assegurar seu saneamento, sua manutenção e valorização. Os trabalhos
de conservação e restauração que nele se efetuarem devem inspirar-se
nos princípios enunciados nos artigos precedentes.
E
RE
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