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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RGS – PUCRS

Qualidade da Água

SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUA


Prof. Renato Machado
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RGS – PUCRS

ÁGUA
ÁGUA PURA ÁGUA BRUTA

ÁGUA DURA

ÁGUA TRATADA ÁGUA POTÁVEL

ÁGUA POTABILIZÁVEL
4 - QUALIDADE DA ÁGUA

4.1 - CARACTERÍSTICAS DA ÁGUA X POTABILIDADE

FÍSICAS : SER DE ASPECTO AGRADÁVEL


QUÍMICAS : NÃO CONTER SUBSTÂNCIAS NOCIVAS ou TÓXICAS
BACTERIOLÓGICAS : NÃO CONTER GERMES PATOGÊNICOS

NOTA: através da avaliação das características da qualidade da água pode-se


interpretar os fatores naturais ou não naturais que a afetam.

4.2 - PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA


As impurezas contidas nas água podem alterar (positivamente ou
negativamente) as suas características físicas, químicas e biológicas.
Em decorrência disto a qualidade da água é interpretada através de
parâmetros físicos, químicos e biológicos que traduzem estas características.

4.2.1 - PARÂMETROS FÍSICOS


a - COR
A COR na água é devida à presença de
substâncias dissolvidas e coloidais de origem
natural e/ou antropogênica.
Origem natural:
Decomposição da matéria orgânica vegetal
Ferro e manganês

Origem antropogênica:
Resíduos industriais (tecelagem, polpa e papel, tintas)
Esgotos domésticos

Determinação: comparação visual

Unidade de medida: unidades Hazen – uH

Padrões: águas naturais – 0 a 200 uH


águas potáveis – VMP = 15 uH (valor máx. permissível)
Interpretação dos resultados:
Valores de água bruta  5 uH usualmente dispensam o tratamento
completo, exigindo apenas filtração (lenta ou rápida)

Valores superiores  25 uH exigem tratamento completo

Importância Sanitária: estética (confiabilidade), toxicidade (a


cloração da água colorida pode gerar produtos potencialmente
cancerígenos-trihalometanos)
Rio Negro e Rio Solimões -
Amazonas
Rio Doce : Rompimento da Barragem da SAMARCO em
Mariana-MG
b – TURBIDEZ

A TURBIDEZ na água é devida à presença de


substâncias em suspensão e coloidais de origem
natural e/ou antropogênica.

Representa o grau de interferência à passagem da luz através da água.

Origem natural:
Partículas de rocha, argila e silte
Algas e outros microrganismos microscópicos

Origem antropogênica:
Resíduos industriais
Esgotos domésticos
Erosão do solo

Determinação: comparação por nefelometria

Unidade de medida: unidades de turbidez – uT

Padrões: águas naturais – 0 a 300 uT


águas potáveis – VMP = 5 uT
Interpretação dos resultados:
Valores de água bruta  20 uT usualmente dispensam o tratamento
completo, exigindo apenas filtração (lenta)
Valores superiores  50 uT exigem tratamento completo ou pré-filtro

Importância Sanitária: estética (confiabilidade), toxicidade e abrigo


para microrganismos, pode prejudicar a fotossíntese e o processo de
cloração.

c – TEMPERATURA

A TEMPERATURA na água regula ou controla as


velocidades das reações químicas e bioquímicas.

Origem natural:
Transferência de calor por radiação, condução e convecção (atmosfera
e solo)
Origem antropogênica:
Despejos industriais
Águas de torres de resfriamento

Unidade de medida: C
Interpretação dos resultados:

A temperatura deve ser analisada em conjunto com outros parâmetros,


tais como oxigênio dissolvido.

Elevações de temperatura aumentam as taxas das reações químicas e


bioquímicas e a taxa de transferência de gases (odores
desagradáveis), diminuem a solubilidade dos gases.

d – CONDUTIVIDADE

A CONDUTIVIDADE na água é devida à presença de


substâncias dissolvidas ionizadas.

Está relacionada com a concentração e mobilidade dos sais dissolvidos,


medindo a capacidade da água em transmitir a corrente elétrica.
Origem:
Poluição de indústrias químicas e mineralógicas, esgotos domésticos

Unidade de medida: S/cm (microSiemens/cm)

Padrões: Águas naturais: 10 a 100 S/cm


à 25 C Águas poluídas: até 1000 S/cm
Águas do mar: 50.000 S/cm
Condutivímetros
4.2.2 - PARÂMETROS QUÍMICOS

a - pH (Potencial hidrogeniônico)

O pH representa a concentração de íons


hidrogênio (H ), dando uma indicação
+ sobre a
condição de acidez, neutralidade ou alcalinidade
da água.

Origem natural:
Dissolução de rochas
Fotossíntese

Origem antropogênica:
Despejos domésticos e industriais

Para a adequada manutenção da vida aquática o pH deve situar-se geralmente


na faixa de 6,0 a 9,0.
O valor do pH é determinante em diversas etapas do tratamento de água,
como na coagulação e na desinfecção.
Além disto o pH:
- contribui para um maior ou menor grau de solubilidade das
substâncias;
- define o potencial de toxicidade de vários elementos.
O pH influencia na qualidade da água tratada:
pH baixo (5,5): corrosividade e agressividade nas águas de
abastecimento.
pH elevado (9,5): possibilidade de incrustações das canalizações.

A Portaria 2.914 recomenda que no sistema de distribuição de água, o


pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5. O pH não é exigência
de potabilidade.

b – ACIDEZ

Mede a capacidade da água em resistir à


mudanças de pH causadas pelas bases.
A acidez pode ser do tipo natural ou mineral.

Origem natural: Acidez natural  pH  4,5


CO2 absorvido da atmosfera ou resultante da decomposição da
matéria orgânica.
Gás sulfídrico

Origem antropogênica: Acidez mineral  pH  4,5


Despejos industriais
Passagem por minas abandonadas, vazadouros de mineração
Importância Sanitária:
Tem pouco significado sanitário
Águas com acidez mineral são desagradáveis ao paladar
Provocam corrosão de tubulações e materiais

Unidade de medida: mg/l CaCO3

c – ALCALINIDADE

capacidade da água em resistir à mudanças de pH


causada por ácidos: capacidade tampão

Os bicarbonatos, os carbonatos e os hidróxidos são os principais


constituintes da alcalinidade.

A distribuição entre as três formas na água é função do pH.


A maioria das águas naturais apresenta valores de alcalinidade na faixa de 30 a
500 mg/l de CaCO3.

A alcalinidade é uma determinação importante no controle do processo de


tratamento de água, estando relacionada com a coagulação, redução de
dureza e prevenção da corrosão em tubulações.

Não tem significado sanitário para a água potável, mas em elevadas


concentrações confere um gosto amargo para a água.
pHmetro

Determinação de pH
pH
Coagulação
Floculação
Decantação
Coagulantes mais utilizados
Coagulante Faixa de pH Características

Sulfato de alumínio 5,0 – 8,0 Custo relativamente baixo e fácil aquisição

Sulfato ferroso 8,5 – 11,0 Próprio para águas de pH elevado


Sulfato férrico 5,0 – 11,0 Próprio para águas ácidas e de cor elevada
Cloreto férrico 5,0 – 11,0 Produz bons flocos em amplo intervalo de pH
4.2.3 - PARÂMETROS BIOLÓGICOS

Os coliformes (fecais e/ou totais) são utilizados como indicadores


microbiológicos de agentes patogênicos oriundos de poluição fecal
(escherichia coli)

COLIFORMES x FEZES x DOENÇAS

Obs.: 1 g de fezes contém aproximadamente de


106 a 109 coliformes

Em águas poluídas, aproximadamente, 95 % dos coliformes são fecais


(intestinos de animais de sangue quente)

Avaliação: NMP/100 ml = número mais provável / 100 ml (mais usual)


Contagem de colônias

4.2.4 – PRINCIPAIS PARÂMETROS INVESTIGADOS NA


ANÁLISE DE ÁGUA

a – Físicos : Cor e Turbidez


b – Químicos : pH, alcalinidade (bruta), Fe e Manganês
c – Biológicos : Coliformes Termotolerantes
PARÂMETROS DE QUALIDADE INFORMADOS NA CONTA DE ÁGUA
EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO DE COR E TURBIDEZ
EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO DE COR E TURBIDEZ
5- TRATAMENTO DE ÁGUAS DE ABASTECIMENTO

5.1 – INTRODUÇÃO

• A água destinada ao consumo humano deve preencher condições mínimas para


que possa ser ingerida ou utilizada para fins higiênicos, o que se consegue por
meio das ESTAÇÕES DE TRATAMENTO.

• Água bruta de qualquer qualidade pode ser tratada e destinada ao


consumo, embora os custos e riscos envolvidos possam resultar extremamente
elevados e inviabilizar a implantação da estação de tratamento.

• Três requisitos que devem ser obedecidos simultaneamente para que um


sistema de tratamento de água seja considerado apropriado: qualidade
da água bruta, tecnologia de tratamento e capacidade de sustentação.

• A escolha de determinada tecnologia de tratamento deve, finalmente,


conduzir ao menor custo sem, contudo, deixar de lado a segurança na produção
de água potável.

• A PROTEÇÃO DOS MANANCIAIS é invariavelmente o melhor método para


assegurar a qualidade da água destinada ao consumo humano.
5.2 – CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS DOCES x TRATAMENTO
Segundo o CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente):

Classificação Tratamento Requerido


Classe Especial Desinfecção
Classe 1 Tratamento Simplificado
Classe 2 Tratamento Convencional
Classe 3 Tratamento Convencional

Segundo a ABNT, por meio da NBR - 12216 “Projeto de Estação de Tratamento


de Água para Abastecimento Público”, os tipos de águas naturais são:

Tipo A:
Águas subterrâneas ou superficiais, provenientes de bacias sanitariamente
protegidas com os parâmetros de qualidade de acordo com o Padrão de
Potabilidade.

Tipo B:
Águas superficiais ou subterrâneas, provenientes de bacias não protegidas, que
possam atender ao Padrão de Potabilidade com tecnologias de tratamento que
não exijam a coagulação química.
Tipo C:
Águas superficiais ou subterrâneas de bacias não protegidas, que exigem
tecnologias de tratamento com coagulação química para atender ao Padrão de
Potabilidade.

Tipo D:
Águas superficiais de bacias não protegidas, sujeitas a poluição ou contaminação
e que requerem tratamentos especiais para atender ao Padrão de
Potabilidade.

5.3 - NORMAS E PADRÃO DE POTABILIDADE

No Brasil, a partir de 12 de dezembro de 2011, entrou em vigor a


Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde, intitulada “Norma de Qualidade da
Água para Consumo Humano”.

5.3.1- Padrão Microbiológico de Potabilidade

A água potável deve estar em conformidade com o Padrão


Microbiológico conforme Tabela a seguir.
PARÃMETRO VMP (1)

Água para consumo humano


Escherichia Coli (2) Ausência em 100 ml

Água na Saída do tratamento


Coliformes totais (3) Ausência em 100 ml

Água tratada no sistema de distribuição


Escherichia Coli Ausência em 100 ml

Coliformes totais (4) Sistemas ou soluções alternativas coletivas


que abastecem menos de 20.000 hab.:
apenas uma amostra, no mês, poderá
apresentar resultado positivo.
Sistemas ou soluções alternativas coletivas
que abastecem a partir de 20.000 hab.:
ausência em 100 ml em 95% das amostras
examinadas no mês.
NOTAS: (1) Valor máximo Permitido.
(2) Indicador de contaminação fecal.
(3) Indicador de eficiência de tratamento.
(4) Indicador de integridade do sistema de distribuição
Padrão de turbidez para água pós-filtração ou pré-desinfecção
TRATAMENTO DA ÁGUA VMP(1)
Desinfecção (água subterrânea) 1,0 uT(2) em 95 % das amostras
Filtração Rápida (tratam. Completo ou filtração direta) 0,5 uT(2) em 95 % das amostras

Filtração Lenta 1,0 uT(2) em 95 % das amostras


NOTAS: (1) Valor máximo permitido
(2) Unidade de Turbidez

5.3.2 - Padrão de Substâncias Químicas


A água potável deve estar em conformidade com o padrão de substâncias químicas

PARÂMETRO UNIDADE VMP(1)


INORGÂNICAS
Antimônio mg/L 0,005
Arsênio mg/L 0,01
Bário mg/L 0,7
Cádmio mg/L 0,005
Cianeto mg/L 0,07
Chumbo mg/L 0,01
Cobre mg/L 2
Cromo mg/L 0,05
Fluoreto(2) mg/L 1,5
5.3.3 - Padrão de Radioatividade
A água potável deve estar em conformidade com o padrão de radioatividade.

PARÂMETRO UNIDADE VMP(1)


Radio-226 Bq/L 1(2)
Radio-228 Bq/L 0,1(2)
5.3.4 - Padrão de Aceitação de Consumo
A água potável deve estar em conformidade com o Padrão de Aceitação de
Consumo.
PARÂMETRO UNIDADE VMP(1)
Alumínio mg/L 0,2
Amônia (como NH3) mg/L 1,5
Cloreto mg/L 250
Cor Aparente uH(2) 15
Dureza mg/L 500
Etilbenzeno mg/L 0,2
Ferro mg/L 0,3
Manganês mg/L 0,1
Monoclorobenzeno mg/L 0,12
Odor Intensidade 6(3)
Gosto Intensidade 6(3)
Sódio mg/L 200
Sólidos Dissolvidos Totais mg/L 1000
Questões para Recapitulação

Assinale a(s) alternativa(s) FALSA(s) ou VERDADEIRA(s):

1. Água bruta nunca se presta para o consumo. ( )

2. Água Tratada é sinônimo de água Potável. ( )

3. Água Potável é sinônimo de água Pura. ( )

4. O parâmetro Cor é considerado uma característica física e organoléptica pela Portaria 2914 do Ministério
da Saúde. ( )

5. Águas Duras consomem muito sabão e quase sempre são também alcalinas.( )

6. Ferro e Manganês são classificados pela Portaria 2914 do Ministério da Saúde como características
químicas que afetam a qualidade organoléptica da água. ( )

7. Coliformes são organismos altamente patogênicos, daí a necessidade da determinação de sua presença
nas águas destinadas ao consumo humano. ( )

8. O Cloro Residual garante que se a água distribuída vier a se contaminar na rede ou nos reservatórios,
ele ainda será capaz de combater essa contaminação. ( )

9. A Fluoração das água como forma de prevenção da cárie dentária é opcional no Brasil. ( )

10. A aplicação de Flúor em excesso é prejudicial à saúde, podendo provocar a Fluorose com o
escurecimento dos dentes. ( )

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