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TRATAMENTO DE FERIDAS EM

MEIO HÚMIDO
TRATAMENTO DE FERIDAS EM
MEIO HÚMIDO

• Em 1962, George Winter demonstrou


experimentalmente que lesões cutâneas
cobertas por uma película impermeável
cicatrizavam 2x mais rapidamente que as
lesões expostas ao ar.

• Surgiu, assim, o conceito de Tratamento


de Feridas em Meio Húmido.
TRATAMENTO DE FERIDAS EM
MEIO HÚMIDO

• Método através do qual se mantém a ferida


isolada do meio exterior e em contacto com o
seu próprio exsudado permanecendo, assim,
em ambiente húmido.

• Gera-se um ambiente com condições de


humidade e temperatura ideais para o processo
de cicatrização.
TRATAMENTO DE FERIDAS EM
MEIO HÚMIDO

• O desenvolvimento desta metodologia


marcou o início da produção de apósitos
com capacidade de oclusão e de
isolamento da ferida em relação ao meio
exterior.

• Em 1980, Turner definiu os critérios que


caracterizariam o “apósito ideal”.
“APÓSITO IDEAL”
• 7 CRITÉRIOS DE TURNER:

– Manter ambiente húmido;


– Remover o excesso de exsudado;
– Permitir trocas gasosas;
– Manter isolamento térmico;
– Proteger de agressões externas (microbianas e
físicas);
– Ser livre de partículas tóxicas;
– Permitir a sua remoção sem causar traumatismo ou
dor.
Tratamento Local
Limpeza da Ferida
• Utilizar solução salina isotónica ou água potável;
• Não utilizar soluções antissépticas;
• Soluções citotóxicas para os tecidos neoformados;
• Administrar pressão eficaz e não traumática;
• Remoção mecânica de detritos orgânicos e restos de
apósitos;
• Pressão ideal = 2 Kg/cm2 (a pressão segura oscila entre 1 e
4 Kg/cm2 );
• Seringa de 35 ml com catéter de 19G (com seringa de 20 ml
e catéter de 18G ou 20G mantém-se a pressão dentro do
intervalo de segurança).

AHCPR (Agency for Health Care Policy and Research); GNEAUPP (Grupo Nacional para el Estudio y Asesoramiento en Úlceras por Presión y
Heridas Crónicas)
Limpeza da Ferida
• A temperatura da solução de limpeza
deve ser semelhante à temperatura
corporal;
• Com temperaturas ≤ 28º C diminui a actividade
mitótica e fagocitária;
• A exposição a ambiente e soluções frias resulta
numa demora de 40 minutos a recuperar a
temperatura inicial e cerca de 3 horas a reiniciar
divisão mitótica e actividade leucocitária.
• Utilizar a mínima força mecânica possível.
AHCPR (Agency for Health Care Policy and Research); GNEAUPP (Grupo Nacional para el Estudio y Asesoramiento en Úlceras por Presión y
Heridas Crónicas)
Desbridamento
• O objectivo do desbridamento é a remoção do tecido
necrosado;

• “ O desbridamento do tecido desvitalizado é um passo


essencial e obrigatório para os cuidados e tratamento
com sucesso de feridas” (Bergstrom, 1994);

• A presença de tecido desvitalizado prolonga o tempo de


cicatrização (por prolongar a resposta inflamatória)
porque a necrose constitui uma barreira mecânica à
granulação, favorece a proliferação microbiana e
dificulta a correcta avaliação das dimensões da ferida.
Desbridamento
• Critérios de selecção do(s) Método(s) de
Desbridamento:

• Estado geral;
• Dor;
• Alterações da coagulação/ fármacos anticoagulantes;
• Rapidez de eliminação do tecido necrosado;
• Selectividade do método;
• Custo/benefício;
• Carga bacteriana;
• Características e quantidade do tecido necrosado;
• Características da úlcera;
– Etiologia;
– Localização;
– Profundidade.
Desbridamento
• Métodos de Desbridamento:

– Cirúrgico;
– Cortante;
– Autolítico;
– Enzimático;
– Mecânico.
Desbridamento
• Desbridamento cirúrgico:

– Realizado em BO e com anestesia;


– Técnica rápida e eficaz;
– Indicações específicas:
• Feridas necrosadas extensas e profundas;
• Feridas infectadas / celulite / sepsis;
– Desvantagens:
• Custos elevados;
• Contra-indicado em doentes clinicamente em más
condições.
Desbridamento
• Desbridamento cortante:

– Rápido, selectivo, exequível em ambulatório;


– Permite combinação com outros métodos de desbridamento;
– Indicações:
• Feridas com necrose e com sinais locais de infecção;
– Desvantagens:
• Risco de dor;
• Risco de hemorragia;
– Contra-indicações:
• Falta de perícia na execução do procedimento;
• Feridas localizadas em áreas com insuficiência arterial;
• Doentes hipocoagulados.
Desbridamento
• Desbridamento autolítico:

– Processo fisiológico e selectivo;


– Potenciado por apósitos concebidos para tratamento
em meio húmido (ex.: hidrogéis);
– Permite associação a outros métodos de
desbridamento;
– Procedimento não traumático e não doloroso;
– Não requer habilidades técnicas específicas;
– Desvantagens:
• Acção demorada;
• Risco de maceração peri-lesional.
Desbridamento
• Desbridamento enzimático:

– Aplicação tópica de enzimas exógenas (ex.:


colagenase);
– Método selectivo e de fácil aplicação;
– Método mais rápido que o desbridamento autolítico;
– Pode associar-se a outros métodos de
desbridamento;
– Desvantagens:
• Risco de maceração peri-lesional;
• Geralmente exige tratamento diário;
• Custo superior ao desbridamento autolítico.
Desbridamento
• Desbridamento mecânico:

– Remoção física dos detritos presentes no leito da


ferida;
– Pode ser efectuado através de:
• Irrigação sob pressão;
• Hidroterapia / whirlpool;
• Método húmido/seco: CONTRA-INDICADO;
– Desvantagens:
• Não selectivo;
• Risco de traumatismo;
• Risco de dor.
Controlo do Exsudado
• Excesso de exsudado:

– Atraso na cicatrização:

• Feridas extremamente exsudativas cicatrizam mais lentamente que


as não exsudativas;
• O excesso de exsudado provoca decomposição da matriz
extracelular, inibição dos factores de crescimento e da proliferação
celular;

– Maceração peri-lesional:

• Risco de aumento das dimensões da ferida;


• Risco de infecção;
• Dor.
Controlo do Exsudado
• Controlo do exsudado:
– Indirecto:
• Tratamento da(s) causa(s) subjacente(s);
• Ex.: colonização bacteriana.

– Directo:
• Apósitos com grande capacidade de absorção
(ex.: alginatos, espumas, hidrofibras);
• Pressão negativa (vácuo);
• Terapia compressiva (úlceras venosas).
Abordagem da Carga Bacteriana e
Infecção

• O envolvimento bacteriano numa ferida


pode ser dividido em três categorias:

– Contaminação;
– Colonização;
– Infecção.
Abordagem da Carga Bacteriana e
Infecção
• Contaminação: presença de microorganismos que não
se replicam; engloba a maioria dos microorganismos
presentes numa ferida.

• Colonização: presença de microorganismos em


replicação sem causar lesão no hospedeiro; inclui os
comensais da pele (Staphylococcus epidermis e as
espécies Corynebacterium).

• Infecção: presença de microorganismos em replicação


provocando lesão no hospedeiro.
Abordagem da Carga Bacteriana e
Infecção

• Identificação da infecção:

– Diagnóstico clínico:
• Sinais e sintomas clássicos: dor, rubor, edema, calor;
• Alterações das características do exsudado;
• febre, leucocitose.

– Diagnóstico laboratorial:
• Concentração > 105 microorganismos por grama de tecido;
– Biópsia;
– Zaragatoa (Levine).
Abordagem da Carga Bacteriana e
Infecção

• Abordagem da carga bacteriana e infecção:

– Limpeza;
– Desbridamento;
– Apósitos com acção antimicrobiana:
• Iodo;
• Prata;
• Polihexanida;
• Mel;
– Antibioterapia sistémica.

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