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Como

realizar
a SUTURA ideal
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01

CONCEITO DE SUTURA
“O termo sutura é usado para designar todo

material utilizado para ligar vasos sanguíneos

ou aproximar tecidos.

Na Odontologia o objetivo principal

da sutura é posicionar e manter firme o retalho

cirúrgico a fim de promover ótima reparação”.

(Silverstein et al, 2003)


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02
FINALIDADES DA SUTURA
Reposicionar o retalho com uma tensão
adequada de fechamento da ferida, mas frouxa
o suficiente para evitar isquemia e necrose do
tecidual
Manter hemostasia
Permitir a cicatrização por primeira intenção
Fornecer suporte para as margens do tecido
até que tenham cicatrizado
Reduzir o desconforto pós-operatório. (1-2)

Assim, a sutura é um conjunto de manobras


manuais e instrumentais, destinadas a
restabelecer a forma e função dos tecidos
separados, cirurgicamente ou não,
favorecendo a HEMOSTASIA, NUTRIÇÃO e
REPARAÇÃO tecidual. (1-2-3)
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FATORES DETERMINANTES
PARA O SUCESSO DA SUTURA
1. Habilidade do Cirurgião
Por vezes a gente costuma se preocupar em escolher
os melhores materiais e instrumentais e esquece da
importância de treinar a sutura, para tirar o melhor
proveito deles. A técnica de sutura, assim como as
outras fases do procedimento cirúrgico, precisa ser
PLANEJADA e TREINADA. (3)

2. Boa assistência no ato cirúrgico


O trabalho a 4 mãos faz toda diferença na hora da
sutura. O correto afastamento tecidual, além de
favorecer boa visualização, facilita muito o
reposicionamento correto dos tecidos e,
consequentemente, a sutura. (3)

3. Qualidade e escolha dos materiais e instrumentais


Por fim, e não menos importante, devemos saber
indicar o material e instrumental ideal para cada
procedimento. Por isso, é importante conhecer os
requisitos ideais para um bom fio de sutura. (3)
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04
REQUISITOS MATERIAIS PARA
UM BOM FIO DE SUTURA

Boa resistência, permitindo o uso de fios mais finos


Retenção de alta resistência à tração, estabilizando a
ferida com segurança durante todo o período crítico de
cicatrização
Ser estéril
Boa flexibilidade para facilitar o manuseio e a segurança
do nó
Ser livre de substâncias irritantes ou de impurezas, para
que o tecido aceite bem o fio (biocompatível)
Impedir ou limitar a adesão e proliferação bacteriana. (1)
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05

COMO ESCOLHER O FIO DE


SUTUTRA IDEAL?
A seleção do fio de sutura deve ser baseada

no conhecimento sólido de:

Características cicatriciais dos tecidos a

serem suturados

Propriedades físicas e biológicas dos

materiais de sutura

Curso pós-operatório individual do

paciente. (2)
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CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DE
UM FIO DE SUTURA
1. Resistência à tração
É identificada pelo diferente número de
zeros. (2)
2. Força do nó
Quantidade de força necessária para fazer
com que o nó deslize. É proporcional ao
coeficiente de fricção do material. (2)
3. Elasticidade
Capacidade de recuperar sua forma e
comprimento original após ser esticada. (2)
4. Plasticidade
Capacidade de se expandir quando esticada,
se adaptando às condições teciduas. (2)
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07
DIÂMETRO
DOS FIOS DE SUTURA

O diâmetro do fio é determinado em milímetros e


expresso em zeros. E quanto menor o calibre
do fio, maior o número de zeros. (1)

3 2 1 0 1-0 2-0 3-0 4-0 5-0 6-0 7-0 8-0 9-0 10-0

ESPESSO FINO
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08

TIPOS DE
FIOS DE SUTURA
Os fios de sutura podem ser classificados de
acordo com a sua PERMANÊNCIA, sua ORIGEM e
sua ESTRUTURA. (1)

A permanência deles determina a classificação


em absorvíveis e não absorvíveis. Quanto à sua
origem, eles podem ser classificados em naturais
e sintéticos. E, quanto à estrutura, em mono ou
multifilamentar. (1)

ABSORVÍVEIS NÃO ABSORVÍVEIS

Naturais Naturais
Catgut Seda
Colágeno
Artificiais
Artificiais
Poliéster
Ácido polilático
Poliamida/Nylon
Ácido poliglicólico
Polipropileno
Poliglactina (Vicryl)
Politetrafluoretileno
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09

FIOS
ABSORVÍVEIS

Fios absorvíveis (Catgut e Vicryl) são bastante


usados em cirurgias periodontais, sobretudo para
estabilizar matrizes e enxertos. (2)

Como ocorre a reabsorção das suturas?

Por meio da degradação enzimática da proteína


animal e por hidrólise. A velocidade de absorção é
aproximadamente proporcional à vascularização do
tecido circundante. (2)
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OS FIOS NÃO ABSORVÍVEIS
MAIS DIFUNDIDOS NA PERIO
SEDA

Esse é um fio bastante popular e ainda muito


utilizado na suturas rotineiras, principalmente
pela facilidade de manipulação e estabilização do
nó. (2)

Contudo, nos procedimentos periodontais é um


fio que vem caindo em desuso. Sobretudo por ser
multifilamentar, o que gera maior acúmulo de
biofilme e resposta inflamatória, que pode
retardar o processo cicatricial.
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OS FIOS NÃO ABSORVÍVEIS
MAIS DIFUNDIDOS NA PERIO
NYLON

O fio nylon é monofilamemtar. Ele é um excelente fio


do ponto de vista biológico, mais resistente à tração
que o seda e tem menor acúmulo de biofilme. Isso
provoca menor reação inflamatória e favorece a
reparação. (1)

Porém, esse fio tem a tendência de retornar à sua


memória de estado original (pouca plasticidade).
Além disso, é mais difícil de manipular, mais
fácil em desatar os nós e pode incomodar o paciente
caso as pontas do nó fiquem muito curtas. (1-2)
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OS FIOS NÃO ABSORVÍVEIS
MAIS DIFUNDIDOS NA PERIO
POLIPROPILENO
É um fio monofilamentar, com excelente
resistência à tração e reação inflamatória mínima.
Tem uma boa elasticidade e plasticidade, que
acompanha o edema e evita o estrangulamento
tecidual. (1-2)
Além de boa estabilidade do nó, é macio, oferece
trauma mínimo ao tecido e não sofre degradação
ou perda de resistência, causada pela ação de
enzimas teciduais. (1-2)

POLITETRAFLUORETILENO (PTFE)
É um fio monofilamentar, com alta resistência à
tração, excelentes propriedades de manuseio e
baixa reação tecidual inflamatória. Contudo, é um
fio de custo mais elevado. (1-2)
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ESCOLHA
DA AGULHA

Tão importante quanto a escolha do material


do fio é a escolha da agulha ideal. E muitas
vezes, esse ponto é deixado de lado.

As agulhas cirúrgicas são projetadas para


conduzir o fio de sutura através do tecido com
lesão mínima. (2)

Basicamente as agulhas utilizadas na


periodontia devem ser curvas, de secção
triangular e diâmetro delicado (média entre
13 e 20 mm). (2)

A curvatura da agulha é outra característica importante para escolha


do fio e sua escolha será determinada pela extensão da área a ser
suturada.
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ESCOLHA
DA AGULHA
CURVATURA DA AGULHA
A curvatura da aguha varia de 1/2 (meio)
círculo a 5/8 de um círculo. (2)

As curvaturas mais versáteis para uso na


periodontia são 1/2 e 3/8. Dessa forma, 1/2
é mais indicada para áreas menores, como a
região de papila e suturas em periósteo, por
exemplo. Já a agulha de curvatura 3/8, para
áreas mais extensas, como suturas no palato
(área doadora).

(Koshak, 2017)
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ATENÇÃO

Agulhas mais finas necessitam de porta-agulhas com


pontas delicadas de vídea ou diamante.
A agulha deve ser manipulada pelo corpo (meio),
enquanto a ponta e o fundo devem ser evitados. (1)
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IMPORTANTES PRÍNCIPIOS
DE TÉCNICA DE SUTURA

A agulha deve entrar perpendicularmente à superfície


tecidual
A agulha deve passar através do tecido seguindo a
curva da agulha, por isso é importante o movimento
de rotação
A sutura deve ser colocada na mesma profundidade e
os pontos devem estar equidistantes da incisão em
ambos os lados
Sempre que possível, a agulha deve passar do tecido
livre (retalho) para o lado inserido
Se um lado do tecido for mais fino do que o outro, a
agulha deve passar do tecido mais fino para o mais
espesso. (2)
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IMPORTANTES PRÍNCIPIOS
DE TÉCNICA DE SUTURA

Evitar "picadas" excessivas no tecido, pois podem


danificar as agulhas e será difícil recuperá-las
Os tecidos não devem ser fechados sob tensão, pois
podem romper ou haver necrose ao redor da sutura.
Se houver tensão (verificar isquemia), os tecidos
devem ser liberados para aliviá-la
Pontos simples devem ser colocados com uma
distância de aproximadamente 3-4 mm. Contudo, em
áreas de tensão, pontos com espaçamento mais
próximo são indicados. (2)
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REMOÇÃO DE SUTURAS
O tempo para a remoção da sutura depende

do grau de tensão sob o qual a ferida foi

fechada e da evolução da vascularização no

reparo tecidual. Em geral, as suturas

periodontais são removidas entre dez e

catorze dias de pós-operatório. (2-4)


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O SUPRASSUMO
A reação tecidual e a adesão bacteriana devem
ser sempre consideradas na seleção do fio de
sutura, assim como o manuseio cuidadoso dos
tecidos moles durante o procedimento das
várias técnicas de sutura. (2)

Visando menor adesão bacteriana e menor


reação tecidual, o indicado é optar por fios
monofilamentares, como nylon, polipropileno e
de PTFE. Em procedimentos onde se espera um
grande volume de edema, é necessário optar
por fios com boa plasticidade como o
polipropileno ou o PTFE, por exemplo.

Além disso, fios reabsorvíeis, como Vicryl, são


uma boa opção para estabilizar matrizes e
enxertos.

Com o intuito de minimizar o trauma tecidual,


devemos sempre priorizar o uso de agulhas
delicadas e curvaturas de 1/2 ou 3/8.

Assim, ter cuidado com a sutura pode garantir a


cicatrização ideal do tecido e um alto resultado
estético.
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E NUNCA ESQUEÇA
"NENHUMA CIRURGIA TERMINA
COM A SUTURA"
Mariana Figueiredo

Por fim, agora que você já tem em mãos

dicas valiosas para realizar uma sutura de

sucesso, nunca esqueça que as primeiras 72

horas são cruciais para a boa evolução

cicatricial.

Por isso, dedique tempo para explicar

detalhadamente todos os cuidados pós-

operatórios necessários.

Um forte abraço,

Mari, Ingrid e Marcele


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REFERÊNCIAS

1. SILVERSTEIN, L. H. Princípios de sutura em odontologia. Guia

completo para fechamento cirúrgico, Ed. Santos, 1a edição, 2003

2. HASSAN H K. Dental Suturing Materials and Techniques. Glob J Oto

2017; 12(2): 555833.

3. CARVALHO. A C. P., CARVALHO. P. S. P., OKAMOTO, T. Fios

empregados em suturas superficiais intrabucais. ln: CARVALHO. A. C.

P., OKAMOTO, T. Cirurgia bucal: fundamentos experimentais

aplicados à clínica. São Paulo: Panamerícana, 1987. cap.4, p. 43-53

4. ZUCCHELLI G, De Sanctis M (2007) The coronally advanced flap for

the treatment of multiple recession defects: a modified surgical

approach for the upper anterior teeth. J Int Acad Periodontol 9(3): 96-

103.
Quem somos nós?
Nós somos três amigas que decidiram compartilhar de forma
genuína e autêntica todo conhecimento adquirido ao longo
da nossa jornada profissional e inspirar atitudes
conscientes para a prática da Perio.
Esse é o projeto Perio em Foco!
@PERIOEMFOCO

Ingrid Aquino
Especialista em Periodontia (Instituto Aria)
Mestre em Ciências da Saúde (UnB)
Doutoranda em Ciências Genômicas e Biotecnologia (UCB)
Professora de cursos de graduação em odontologia (UNIEURO e ICESP)
Professora de cursos de aperfeiçoamento e especialização em Periodontia (Instituto Práxis e PRIMED)

Marcele Quirino
Especialista em Periodontia (Instituto Aria)

Mariana Figueiredo
Especialista em Periodontia (FOAR-UNESP)
Especialista em Implantodontia (FOAR-UNESP)
Mestre em Periodontia (FOAR-UNESP)
Doutoranda em Periodontia (UNG)
Professora de curso de especialoização em Periodontia (Instituto Aria)

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