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promoção da saúde,
qualidade de vida e
sustentabilidade ambiental
EDITORA FIOCRUZ
Diretora
Nísia Trindade Lima
Editor Executivo
João Carlos Canossa Mendes
Editores Científicos
Gilberto Hochman
Carlos Machado de Freitas
Conselho Editorial
Claudia Nunes Duarte dos Santos
Jane Russo
Ligia Maria Vieira da Silva
Maria Cecília de Souza Minayo
Marilia Santini de Oliveira
Moisés Goldbaum
Pedro Paulo Chieffi
Ricardo Lourenço de Oliveira
Ricardo Ventura Santos
Soraya Vargas Côrtes
Saneamento:
promoção da saúde,
qualidade de vida e
sustentabilidade ambiental
Revisão
Irene Ernest Dias
Normalização de referências
Clarissa Bravo
Editoração eletrônica
Robson Lima
Produção gráfico-editorial
Phelipe Gasiglia
Catalogação na fonte
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde/Fiocruz
Biblioteca de Saúde Pública
S223s Saneamento: promoção da saúde, qualidade de vida e sustentabilidade
ambiental. / Cezarina Maria Nobre Souza...[et al.]. ― Rio de Janeiro :
Editora FIOCRUZ, 2015.
140 p. : il. ; mapas (Coleção Temas em Saúde)
ISBN: 978-85-7541-470-5
2015
Editora Fiocruz
Av. Brasil, 4.036, térreo, sala 112 – Manguinhos
21040-361 – Rio de Janeiro, RJ
(21) 3882-9039 e 3882-9041 Editora filiada
Apresentação 7
Referências 131
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Gestão
Sustentabilidade
Tecnologia Sociocultura
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Do Higienismo ao Preventivismo
Desde o higienismo no século XIX, o saneamento constitui
uma intervenção de engenharia que ocorre no ambiente conside-
rado como espaço físico, voltada para obstaculizar a transmissão
de doenças e assegurar a salubridade ambiental, compreendendo
a saúde como ausência de doenças. No fim da década de 50 do
século XX, as intervenções do saneamento no ambiente passam
a se apoiar na concepção preventivista presente no modelo de
história natural das doenças de Leavell e Clark (1976).
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Hospedeiro
Agente Ambiente
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A incipiência do Estado
No início do primeiro quarto do século XIX, o Brasil ainda
não contava com sistemas de abastecimento de água ou de esgo-
tamento sanitário implantados. As soluções para o acesso à água
e a destinação dos dejetos eram individuais. Havia os chafarizes
implantados, sobretudo a partir do século XVIII pela Igreja, com
adução, em geral, por canaletas de pedra. Havia os vendedores
de água, e os mananciais ainda permitiam o acesso à água limpa
em fontes e riachos sem poluição significativa.
As ações coletivas de salubridade ambiental eram conduzidas
pelas câmaras do Senado, as atuais câmaras municipais, em ações
de aterro e drenagem em um período que a teoria miasmática era
hegemônica e se acreditava que as doenças eram transmitidas por
odores fétidos. Devemos lembrar também que a expansão das
cidades se deu, em grande parte, sobre aterros.
Ao fim da primeira metade do século XIX, os primeiros
sistemas e serviços públicos de abastecimento de água foram
construídos no Brasil. A distribuição domiciliar de água ocorria
sem tratamento e se restringia aos núcleos centrais urbanos das
cidades de maior importância econômica, espaços de produção
e circulação de bens de interesse do capital privado.
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Gestão empresarial
Na década de 1960 consolida-se a perspectiva do modelo em-
presarial na gestão dos serviços públicos de água e esgotos, por
meio das empresas de economia mista. O financiamento oneroso
e a autossustentação tarifária são o centro desse modelo. Prestar
esses serviços por meio de investimentos, operação e manuten-
ção apenas mediante a cobrança de tarifas – e não mais utilizar
recursos orçamentários – passa a ser a lógica da área. O Banco
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Neoprivatização
O mundo vivia um contexto econômico e político na década
de 1980 marcado pelo neoliberalismo, com foco na mudança do
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Incremento %
Incremento %
Incremento %
Incremento %
Tipo de
serviço % % % % % %
Abastecimento
43,4 54,4 11,0 76,4 22,0 87,9 11,5 89,8 1,9 91,9 2,1
de água
Esgotamento
27,7 22,3 -5,4 36,0 13,7 44,6 14,9 56,0 11,4 63,4 7,4
sanitário
Obs.: Nos censos demográficos de 2000 e 2010 a variável referente ao esgotamento sanitário e à
conexão à rede pública incorporou a conexão à rede de drenagem urbana. Dessa forma, a cobertura
é sobre-estimada.
Fonte: censos demográficos IBGE.
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Legenda
Não significante
Alto-alto
Baixo-baixo
Alto-baixo
Baixo-alto
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Aglomerados subnormais
No Censo 2010, o IBGE define aglomerado subnormal
(AGSN) como o conjunto constituído de, no mínimo, 51 uni-
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Equidade
Equidade é o reconhecimento do direito e o atendimento das
necessidades de cada indivíduo ou comunidade, de forma que
estas sejam os fatores orientadores da distribuição das oportu-
nidades de bem-estar. Tem suas raízes ligadas ao conceito de
justiça social e, segundo Westphal (2006), tal como tem sido
trabalhada no campo da promoção da saúde, ajuda a discutir
a noção de necessidades diferenciadas, baseada na compreensão de
que as desigualdades sociais estruturais produzem diferenças
nas condições sociais e, em uma relação de consequência, nas
necessidades sociais. Alicerça-se, portanto, segundo essa autora,
no materialismo histórico, definido como a concepção marxista
acerca dos modos de produção, seus elementos constituintes e
determinantes, sua gênese, transição e sucessão.
A equidade é assegurada por meio do acesso diferenciado
para os que mais necessitam, permitindo-se constituir um acesso
igualitário a serviços e recursos básicos que afetam a vida e a ca-
pacidade dos indivíduos de atuar como membros produtivos da
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Intersetorialidade
Surge como uma consequência natural do deslocamento da
questão da saúde para o centro das discussões sobre o processo
de desenvolvimento social, pois, diante da complexidade do que
significa intervir sobre a saúde, as políticas e as ações a imple-
mentar exigem a superação de visões setorizadas, assistencialistas
e compensatórias.
Intersetorialidade fundamenta-se na articulação de saberes e
experiências, dentro de uma lógica que se opõe à fragmentação,
pois considera o indivíduo, o cidadão, na sua totalidade, levan-
do em conta suas relações com a natureza e com seus pares na
construção social da cidade. Nesse sentido, o grande desafio está
em também superar velhos hábitos, práticas e até mesmo precon-
ceitos, engendrados ao longo do tempo nas lidas diárias de cada
setor enclausurado em si mesmo, o que mina sua capacidade de
diálogo e trabalho em conjunto. Significa, portanto, sobrelevar-se
às resistências naturais ao processo, em nome de algo que fala
diretamente à promoção da qualidade de vida – à promoção do
ser humano, em última instância.
Participação social
Participação é uma necessidade básica inerente aos seres
humanos, evidente em qualquer análise de sua vida social, desde
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Sustentabilidade
Envolve as dimensões social, cultural, ambiental, econômica,
política e intergeracional e está relacionada à criação de iniciativas
que assegurem: 1) os princípios de desenvolvimento sustentável
e 2) um processo de desenvolvimento duradouro e forte. No
que diz respeito ao ao primeiro aspecto, deve ser fundamentada
no princípio ético da equidade em relação às gerações presentes
e futuras, no concernente à sustentabilidade tanto dos determi-
nantes da saúde (emprego, renda, desigualdades e condições de
vida) quanto dos determinantes ambientais (saneamento ambien-
tal e manutenção dos serviços dos ecossistemas que servem de
suporte à vida) para o alcance de melhores condições de vida,
bem-estar e saúde.
Relativamente ao segundo aspecto, a sustentabilidade de pro-
gramas, projetos e ações deve levar em conta a continuação dos
benefícios deles decorrentes por um largo período, mesmo depois
de cessado o auxílio financeiro, gerencial e técnico proporcionado
por um agente externo à comunidade-alvo das ações.
Empoderamento
Termo que traduz a expressão inglesa empowerment e designa
um dos núcleos filosóficos e uma das estratégias-chave do movi-
mento de promoção da saúde, pois está presente nas definições de
saúde e de sua promoção, bem como no âmago de estratégias de
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Ações multiestratégicas
Dizem respeito à implementação de ações que envolvam e
combinem entre si diferentes disciplinas e métodos de aborda-
gem complementares, tais como: desenvolvimento de políticas
públicas, legislação, mudanças organizacionais, fortalecimento
comunitário, educação e comunicação.
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O conceito de saneamento
O saneamento, segundo o enfoque da promoção da saúde,
deve ser compreendido e executado como uma mediação entre
os humanos e o ambiente, marcada por sua natureza multidi-
mensional, conforme ilustrado na Figura 1 (cap. 1). Abrange a
implantação de uma estrutura física composta por soluções tec-
nológicas de porte variado, desde obras e sistemas de engenharia
sanitária e ambiental de grande envergadura até tecnologias sociais
(dimensão tecnológica referida na terceira seção do cap. 1), o que
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Co
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Fiscalização
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Não gerar
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Enfoque interdisciplinar
A GISRSU amplia o enfoque técnico e financeiro da gestão
de resíduos sólidos urbanos ao incluir aspectos ambientais, so-
ciais, institucionais e políticos. Além disso, requer um enfoque
interdisciplinar. Isso tem relação direta com a visão holística da
saúde preconizada pela promoção da saúde, pois, uma vez que o
objetivo fim da GISRSU é a promoção da saúde pública e am-
biental, é importante reconhecer os múltiplos determinantes da
saúde, afetos a campos diversos do conhecimento e de práticas,
e sobre eles atuar.
Como já visto, o saneamento não é apenas da alçada da enge-
nharia sanitária e ambiental. Portanto, para alcançar seus objetivos,
a GISRSU deve, necessariamente, envolver uma gama de profis-
sionais das áreas correlatas, inclusive arte-educadores, assistentes
sociais, antropólogos e outros da área das ciências sociais.
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