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8 CONSEQÜÊNCIAS DO BULLYING PARA OS ENVOLVIDOS

74. Quais são as conseqüências dos atos de bullying para a saúde das vítimas?
Dentre as diferentes e variadas conseqüências encontradas em estudos de casos e atendimentos
clínicos, podemos mencionar os altos índices de estresse. Vale
lembrar que o estresse é responsável por cerca de 80% das doenças da atualidade, pelo
rebaixamento da resistência imunológica e sintomas psicossomáticos diversificados,
principalmente próximos ao horário de ir à escola (especialmente no caso das crianças menores),
como dores de cabeça, tonturas, náuseas, ânsia de vômito, dor no
estômago, diarréia, enurese, sudorese, febre, taquicardia, tensão, dores musculares, excesso de sono
ou insônia, pesadelos, perda ou aumento do apetite, dores generalizadas,
dentre outras. Podem surgir doenças de causas psicossomáticas, como gastrite, úlcera, colite,
bulimia, anorexia, herpes, rinite, alergias, problemas respiratórios,
obesidade e comprometimento de órgãos e sistemas. (página 83)

75. E quanto à saúde mental, quais são as conseqüências?


Inicialmente, vale mencionar as inúmeras possibilidades de traumas psicológicos que podem ser
vivenciados pela vítima, que, depois de prolongado período de
tempo sendo exposta aos ataques, poderá ter prejuízos irreparáveis ao seu desenvolvimento
cognitivo, emocional e socioeducacionaL Dependendo da estrutura psicológica
de cada indivíduo, o bullying pode mobilizar ansiedade, tensão, medo, raiva, irritabilidade,
dificuldade de concentração, déficit de atenção, angústia, tristeza,
desgosto, apatia, cansaço, insegurança, retraimento, sensação de impotência e rejeição, sentimentos
de abandono e de inferioridade, mágoa, oscilações do humor, desejo
de vingança e pensamentos suicidas, depressão, fobias e hiperatividade, entre outros. Imaginemos
uma criança em desenvolvimento, que passa a vivenciar de forma repetitiva
uma mesma experiência aversiva e constrangedora. Ao longo do tempo, sua mente será dominada
por pensamentos geradores de emoções desagradáveis e ficará ancorada
ao sofrimento e à desesperança. O bullying também está ligado ao desenvolvimento de transtornos
psicológicos graves. Dentre eles o mais enfatizado pela mídia mundial,
em face das tragédias provocadas, é o caso do aluno vítima, que, depois de prolongado período de
tempo sendo alvo de ataques, chega ao limiar da sanidade e resolve
dar fim à própria vida, antes, porém, levando com ele quantos puder. Mune-se de armamento, vai à
escola, lá alveja quantos pode e depois comete suicídio.

76. Que prejuízos o bullying pode trazer para o desenvolvimento da inteligência e da capacidade de
aprendizagem?
Explicaremos à luz da teoria da inteligência multifocal, pela simplicidade com que esta se propõe a
explicar o funcionamento inconsciente da mente na construção
de pensamentos e no desenvolvimento da inteligência. Ao longo da vida, o indivíduo registra
automaticamente em sua memória, de forma inconsciente, todas as informações
e experiências vivenciadas desde (página 84) a vida intra-uterina. As informações que tiveram
maior carga emocional, positiva ou negativa, no momento do registro,
serão arquivadas privilegiadamente e, por isso, serão disponibilizadas para ser reutilizadas em novas
construções de cadeias de pensamentos geradoras de emoção (Cury,
1998). Seguindo esse processo inconsciente, a pessoa constrói, ao longo dos anos, toda a sua noção
de auto-estima, auto-imagem e auto-conceito, habilidades sócio-relacionais
e de resolução de conflitos, além de todo repertório comportamental necessário à sobrevivência e à
auto-superação na vida. Dependendo da predominância dos tipos
de registros acumulados na memória, se traumáticos ou prazerosos, o indivíduo disporá ou não das
habilidades de auto-afirmação e de auto-expressão necessárias à
sua auto-realização. No caso dos envolvidos em bullying, principalmente os que foram vitimizados,
sendo expostos a situações intimidatórias e constrangedoras, pode
ocorrer a formação de uma estrutura psicológica caracterizada por auto-estima rebaixada e
inabilidades relacionais. Eles poderão ter suas mentes dominadas por pensamentos
e emoções marcadas por excessiva insegurança, ansiedade, angústia, medo, vergonha, etc.,
prejudicando sua capacidade de raciocínio e aprendizado, favorecendo o surgimento
de um perfil emocional, que, aos olhos do agressor, caracteriza-o como alguém que não oferecerá
resistência aos seus ataques. Nesse caso, o indivíduo poderá ter
comprometimentos no desenvolvimento da inteligência, da capacidade de criatividade e liderança,
bem como sérios problemas no desenvolvimento afetivo, familiar, social
e laboral.

77. Quais são os resultados da vitimização para a aprendizagem e como isso ocorre?
Entre os alunos por nós atendidos, identificamos como mais comuns o déficit de concentração e de
aprendizagem, a dispersão, o desinteresse pelos estudos e
pela escola, o absentismo, a queda do rendimento escolar e a evasão. Em decorrência da
vitimização, muitas crianças se tornam ainda mais introvertidas, tristes,
(página 85) ansiosas ou irritadas. Geralmente, vão se fechando e se isolando das demais, perdendo o
contato com seus colegas de classe e o interesse pelos estudos.
Suas mentes ficam aprisionadas às construções inconscientes de cadeias de pensamentos, geradoras
de emoções aversivas, que mobilizam aflição, tensão e medo de ser
atacadas a qualquer momento. Por isso, perdem a concentração e se dispersam em viagens mentais,
na expectativa aversiva de um novo ataque ou montando estratégias
de defesa, esquiva ou revide. Quando em aula, caso tenham alguma dificuldade de entendimento ou
ainda se lhes restarem dúvidas, temem saná-las, pois sabem que se
converterão em alvos de "zoações" ou críticas. Como não conseguem acompanhar o rendimento da
turma, inventam desculpas para faltar às aulas, uma vez que a escola
tornou-se local de infelicidade e insegurança. Por isso, a aprendizagem fica comprometida e a queda
do rendimento escolar vai se acentuando, perdendo aos poucos
o interesse acadêmico. Por esses motivos, o rendimento escolar acaba sendo prejudicado, gerando
ainda mais constrangimento. Assim, muitos alunos não resistem e mudam
de escola ou optam pela evasão escolar. Outros ainda desenvolvem fobia escolar, comprometendo
suas relações sócio-educacionais e afetivas.

78. Porque o bullying compromete a socialização das vítimas?


Outra característica por nós identificada é a tendência das vítimas a se recolher e se isolar dos
demais. Elas querem ser deixadas em paz, ou mesmo não ser
notadas por seus agressores. A vitimização compromete sua auto-estima e, dessa forma, elas vão se
fechando para novos relacionamentos, dificultando a integração
social. Muitas vítimas não superam essa dificuldade no decorrer do seu desenvolvimento acadêmico
e se tornam adultos com probabilidades de comportamentos depressivos
ou compulsivos. Tendem, a apresentar dificuldades na vida sentimental, por não confiarem nos
parceiros. No local de trabalho, podem apresentar dificuldade para se
expressar, (página 86) falar em público e liderar, déficit de concentração, insegurança, dificuldade
de resolução de conflitos, de tornada de decisões e iniciativas.
Quanto à educação dos filhos, projetam sobre eles seus medos, suas desconfianças e inseguranças,
em muitos casos tornando-se pais superprotetores.

79. Porque as vítimas de bullying não conseguem se defender com facilidade?


Alguns fatores podem justificar a dificuldade de defesa das vítimas: estar em minoria frente aos
agressores; ser de menor estatura ou força física; apresentar
pouca habilidade de defesa e de auto-expressão; inabilidade em lidar com as circunstâncias
estressantes e desagradáveis; pouca flexibilidade psicológica e baixa
resistência à frustração. No entanto, isso ocorre principalmente por sentirem medo de seus
agressores.

80. Porque entre as vítimas impera a "lei do silêncio?"


Alguns motivos colaboram para que a maioria das vítimas se cale: falta de apoio e compreensão
quando se queixam para os adultos; medo de represálias dos agressores;
vergonha de se expor perante os colegas como incompetentes e fracotes; temor pelas reações dos
familiares; mobilização de raiva voltada contra si mesma, pela incapacidade
de defesa ou por concordar com os seus agressores, acreditando ser merecedora dos maus-tratos
sofridos.

81. Normalmente as vítimas tentam interromper a cadeia de maus-tratos que sofrem?


Sim. Em alguns casos, a vítima desenvolve um mecanismo de defesa, que lhe faculta superar o
problema. São aquelas que se dedicam ao extremo aos estudos ou
a outras atividades, conseguindo destaque e (página 87) notoriedade. Como exemplo, podemos citar
as gozações e a exclusão que sofreu na escola o renomado escritor
Rubem Alves. Por ser oriundo do interior, em função das roupas que usava e do sotaque mineiro,
estudando numa escola de elite do Rio de Janeiro, ele passou por vários
sofrimentos emocionais. No entanto, um grande número de vítimas não consegue resultado
satisfatório de auto-superação. Ao contrário, muitas pedem para ser deixadas
em paz, mas parece que ninguém as ouve. Algumas conseguem interromper os maus-tratos
mediante a violência, como forma de revide. Outras se encorajam e buscam auxílio
junto aos adultos, conseguindo ou não resultados positivos. Em casos extremados, algumas vítimas,
no limiar do sofrimento, resolvem dar fim à própria vida. Outras
se armam, se vingam de colegas e professores, para, em seguida, cometer suicídio. Existem outras
que perdem a autoconfiança e desenvolvem tiques nervosos, ansiedade,
obsessões, compulsões, fobia escolar e social, bloqueios, dificuldade de manter-se controlada em
focos de tensão, além de transtornos psicológicos.

82. As conseqüências da vitimização podem ser evidenciadas no contexto profissional?


Sem dúvida. Em estudos de casos que recebemos e atendimentos clínicos, constatamos drásticas
conseqüências da vitimização bullying para a vida profissional.
Podemos citar o caso de um homem talentoso, competente, que temia assumir cargo de chefia.
Também era excelente compositor, com potencial artístico e musical, mas
não conseguia se apresentar em público, por ter desenvolvido excessiva timidez, em função dos
traumas vivenciados na escola. Segundo Zimerman (1999, p. 113), "esses
traumas psicológicos ficam representados no ego da criança, de modo que posteriores
acontecimentos, aparentemente banais, podem incidir e evocar essas representações
traumáticas, determinando um estado de "desamparo", muitas vezes acompanhado de uma intensa
angústia, de um estado de pânico totalmente desproporcional ao manifesto
fator desencadeante. Os acontecimentos externos traumáticos costumam ser administrados pelo ego
do indivíduo traumatizado por meio de uma lenta elaboração". (página
88)
Outros poderiam ir além academicamente, porém sentem-se bloqueados e acabam desistindo.
Outros abrem mão de promoções por medo de exercer a liderança. Outros
apresentam dificuldades com figuras de autoridade. Outros se mantêm passivos e submissos,
preferindo cargos inferiores pelo medo de lidar com situações de conflito
ou de tomada de decisões, uma vez que sua auto-estima ficou prejudicada. Outros se tomam muito
competentes, mas se isolam no ambiente de trabalho, por não saber
se relacionar com os colegas ou temer a relação com o público. Outros se tomam competitivos,
individualistas e egoístas, com dificuldades de empatia, de solidariedade
e de compartilhamento de idéias. Outros se valem de subterfúgios, como manipulação, fofoca e
difamação, para obter vantagens de ascensão. Outros desenvolvem um nível
de exigência pessoal muito rígido, com baixa resistência à frustração, elevado nível de estresse e
mecanismos compulsores. Outros apresentam dificuldades de trabalho
em equipe. Outros se tomam vítimas ou praticantes de assédio moral. Outros se tomam usuários e
dependentes de álcool ou de drogas. Outros reproduzem inconscientemente
a vitimização sofrida e adotam atitudes autoritárias, agressivas, intolerantes, insinuantes, pouco
afetivas, tanto no trabalho como nas relações familiares.

83. A vitimização do bullying pode prejudicar o desempenho de atletas de alto nível?


Em nossa experiência de preparação de atletas competitivos, constatamos que em alguns casos a
vitimização bullying incidiu diretamente no desempenho esportivo.
Muitos são aqueles com talento e habilidades desportivas, mas que apresentam dificuldade de
concentração relaxada em foco de tensão. São capazes de grande superação
nos treinamentos, mas, à medida que se aproximam do momento da competição, começam a sentir
efeitos psicossomáticos indesejáveis e acabam "amarelando" ou sentindo-se
travados, prejudicando seu rendimento. Dentre os sintomas apresentados nesses casos,
encontramos: ansiedade exacerbada, insegurança, níveis de ativação e agressividade
inadequados ao momento da competição, insônia, construções mentais obsessivas de fracasso,
inquietação, tensão muscular, tremores, dor no estômago, (página 89) diarréia,
vômito, taquicardia e nervosismo, além do medo da opinião pública em caso de fracasso, prejuízos
na capacidade de tomada de decisão e de antecipação de movimentos,
rigidez no nível de exigência pessoal e baixa resistência à frustração. Com alguns amantes e
praticantes do esporte, verificamos que proporcionalmente ao seu crescimento
em termos de ranking, houve minimização da sensação de prazer e satisfação pessoal,
transformando a prática desportiva em fonte de angústia e sofrimento. Conhecemos
casos de atletas que, nos treinamentos, obtinham Índices acima da média, com potencial para se
tomar estrelas, mas que de tanto obterem baixos resultados nas competições,
acabaram abandonando a prática competitiva.

84. Quais são as conseqüências para os praticantes de bullying no contexto escolar?


Os praticantes de bullying comumente apresentam distanciamento dos objetivos escolares, baixo
nível acadêmico e dificuldades de adaptação às regras escolares
e sociais, devido às suas atitudes indisciplinadas, desafiantes, perturbadoras, resultando em déficit
de aprendizagem e desinteresse pelos estudos. Podem tomar-se
arrogantes, manipuladores, cruéis, "durões", além de desenvolver liderança negativa. Podem
introjetar a noção de que conseguem destaque e notoriedade social por
meio de comportamentos autoritários, abusivos e violentos, o que pode conduzi-los ao caminho da
delinqüência e da criminalidade.

85. E no contexto social, que conseqüências podem ser observadas?


O autor de bullying tem grande probabilidade de adotar comportamentos anti-sociais ou
delinqüentes, devido à falta de limites ou de modelos educativos que
direcionem seu comportamento de auto-realização na vida para ações proativas e solidárias. As
regras de convívio escolar e social são encaradas com desmotivação,
uma vez que ele se sente superior aos demais e aprendeu a conviver sentindo-se mais gratificado
com as próprias regras internalizadas, que lhe dão maior notoriedade
(página 90) e destaque perante seus iguais. Pela insegurança que sente, resultante da carência de
amor e de limites, suas ações são desprovidas de consideração,
de empatia e de compaixão pelos colegas, adotando postura desafiadora frente às figuras de
autoridade, como pais, professores e policiais, como expressão da necessidade
de sentir-se valorizado e respeitado. Por isso, tais atitudes podem ser encaradas como pedido de
ajuda e sinalizador de que algo não está bem. O praticante de bullying
presenta maior suscetibilidade ao envolvimento em gangues, brigas, tráfico, porte ilegal de armas,
abuso de álcool e de drogas. Tende a praticar a violência doméstica
e o assédio moral em seu local de trabalho, além de apresentar baixa resistência à frustração.

86. Existem evidências do envolvimento de praticantes de bullying em criminalidade?


Estudos demonstram que os agressores têm maior probabilidade de praticar atos delinqüentes e
criminosos e violência doméstica. Nesse sentido, o pesquisador
Dan Olweus (Fante, 2005) desenvolveu estudos longitudinais com um grupo de adolescentes
identificados como autores de bullying com idades entre 12 e 16 anos. Em
seus estudos, ele concluiu que, antes de completar 24 anos de idade, 60% dos adolescentes haviam
sido apenados com pelo menos uma condenação legal. Nessa mesma linha
de pesquisa, estudiosos americanos disseram haver grande probabilidade de esses agressores ainda
terem, no mínimo, mais duas condenações legais durante a vida.

89. Quais são as conseqüências para os espectadores do Bullying?


Mesmo não sofrendo diretamente as agressões, muitos deles podem se sentir inseguros,
incomodados (página 93) e mesmo traumatizados pelo sofrimento do outro.
Alguns espectadores reagem negativamente, uma vez que seu direito de aprender em um ambiente
seguro e solidário foi violado, o que pode influenciar seu progresso
acadêmico e social, além de prejudicar sua saúde física e emocional.

90. Como o espectador pode ter a sua aprendizagem comprometida?


O medo de ser alvo de bullying faz com que muitos espectadores se inibam, prejudicando sua
participação nas aulas. Não se atrevem a fazer perguntas ao professor
para sanar suas dúvidas por temerem "zoações" ou rótulos. Dessa forma, ao longo do tempo,
acumulam dúvidas e, na maioria dos casos, os familiares não conseguem ajudá-los,
por falta de tempo ou de conhecimento do tema. Preferem faltar às aulas a participar de
determinadas atividades em grupo. O excesso de faltas, o acúmulo de dúvidas,
a falta de cooperação, a insegurança e a tensão geram déficit na aprendizagem e prejuízos no
desempenho escolar.

91. Na questão da socialização, como podemos observar os prejuízos?


Muitos espectadores se retraem, se isolam e se tornam quase imperceptíveis, para não ser notados
em sala de aula. Como defesa, adotam posturas reativas, como
agressividade, passividade ou apatia, o que repercute no desenvolvimento de suas habilidades
relacionais de fazer amigos e se integrar aos grupos. Quando adultos,
podem apresentar extremo retraimento, timidez exacerbada, dificuldade de falar em público e de
ampliar sua rede de relacionamentos.

92. Por que o bullying pode despertar apatia entre os espectadores?


Percebemos que a maioria dos espectadores fica engessada ante a violência. São acometidos de
certa inércia social e indiferença ao sofrimento do outro, pela
banalização da própria violência e até mesmo sua validação. Isso ocorre por vários fatores, dentre
eles, o sistema (página 94) de normas socioculturais, que norteiam
as crenças e as opiniões das pessoas e sua atitude nas situações de emergência. Outros se calam em
razão do temor de se tomar a próxima vítima. Outros se mobilizam
internamente, mas não sabem o que fazer nesses casos. É necessário que os alunos sejam orientados
sobre como encaminhar uma denúncia, de forma anônima, frente a
esse tipo de violência. Para isso é necessário que conheçam as formas seguras de encaminhamento,
para não se expor a riscos desnecessários. Sugerimos que os espectadores
sejam orientados à inclusão de colegas que apresentam dificuldades de socialização, nos trabalhos
em grupo, nas equipes esportivas, na recreação, nos relacionamentos.
93. O silêncio do espectador não é prejudicial a si mesmo?
Sem dúvida, mas precisamos antes de tudo entender as causas desse silêncio. Para muitos alunos, o
ato de presenciar as situações de bullying gera, a princípio,
tensão, medo, raiva, revolta, inconformismo. Com o tempo, as atitudes adotadas pelos intimidadores
passam a fazer parte do cotidiano da escola, gerando certa acomodação
ou psicoadaptação. Alguns espectadores vêem a agressão sofrida pelo outro como fonte de diversão
e prazer. Com isso, reforçam as atitudes maldosas dos agressores
ou nelas se inspiram para perseguir a mesma presa ou eleger outra. Porém, encontramos
espectadores que se incomodam, se angustiam e se sentem impotentes. Nesse caso,
gostariam de ajudar os colegas vitimizados ou denunciar a perversidade dos intimidadores, porém o
medo de se transformar em "próxima vítima", associado ao fato de
não saberem como fazer uma denúncia com segurança, os impedem. Por outro lado, não fica bem
para a sua popularidade, caso alguém os veja em companhia de um "fracote",
que não reaja aos ataques. Muito delicada é a situação dos espectadores, pois estes também são
tomados por sensações de constrangimento e por emoções desagradáveis.
Pior é quando desenvolvem a insensibilidade frente ao sofrimento alheio, o que é muito comum.
(página 95)

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