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Cabeçalho
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Ementa
O presente parecer abordará os princípios essenciais para uma boa gestão do
programa de Compliance, o papel do Auditor Interno, com o adicional de um comparativo
desse com o Auditor Externo e o Compliance Officer, de forma a delimitar as competências e
graus de independência nas atuações na gestão e aplicabilidade do programa de Compliance
e governança corporativa de cada um dentro da organização.
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Relatório e Fundamentação
O caso concreto a ser analisado retrata a situação fática de CLÁUDIO, auditor interno da
sociedade limitada LABORATÓRIO REMÉDIOS & MEDICAMENTOS LTDA., que, durante detida
análise nos documentos da empresa, se deparou com a informação de que boa parte dos
medicamentos injetáveis destinados a crianças acima de 2 (dois) anos adquiridos para
comercialização continham em seus rótulos datas de validade próximas do seu vencimento,
mais precisamente nos 3 (três) meses subsequentes. Tal informação foi levada à alta
administração, que afirmou saber da situação, bem como autorizou a compra de tais
insumos, em razão de estarem com um preço de compra mais acessível por conta da
proximidade da data de vencimento. Além disso, importante dizer que a alta gestão deu a
ordem a CLÁUDIO de omitir tal informação de seu relatório e não tocar mais no assunto,
tendo em vista que é um funcionário contratado pela empresa.
1. AUDITORIA E COMPLIANCE
Nesse sentido, mister se faz traçar uma diferenciação entre os dois tipos de Auditoria,
sendo eles a Externa – que é feita por um auditor independente da organização, ou seja,
não possui vínculos empregatícios com a empresa, sendo, portanto, um terceiro contratado
especificamente para o fim de auditar o controle interno –, e a Interna – que ocorre dentro
dos liames da empresa, por um profissional contratado e vinculado à organização para o fim
de acompanhar o dia a dia organizacional e conhecer a fio o controle interno para que suas
análises e opiniões sejam utilizadas como ferramenta de melhoria para a alta direção ter um
poder decisório mais eficiente e saudável para a empresa, com a efetiva mitigação dos riscos
operacionais já mencionados. Dentre as suas diferenças mais relevantes, pode-se destacar
em relação à sua finalidade, ao auditor propriamente dito, ao tipo de análise elaborada e a
sua obrigatoriedade.
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precisa realizar algum tipo de transação empresarial, conseguir investidores, até mesmo
realizar um empréstimo, em razão de possui um nível de independência em seu parecer
muito forte, já que o auditor não possui quaisquer vínculos com a empresa e, por isso,
emitirá sua opinião sem ter o fator de influência em evidência no seu momento de emissão
da análise. Já a auditoria interna possui a finalidade de exprimir uma análise operacional e
contábil baseada em toda a documentação da empresa de acordo com o controle interno,
com a diferença de que o seu parecer será apenas uma ferramenta nas mãos da alta
administração, que terá o poder decisório para seguir ou não o que foi sugerido pelo auditor
– este que possui o vínculo de subordinação, normalmente, somente com a alta direção.
Vale dizer que a modalidade da auditoria interna se mostra mais eficaz, em razão do
auditor vivenciar o dia a dia da empresa e estar no ambiente onde, de fato, o programa de
integridade e de compliance está sendo aplicado em todas as suas diretrizes, sendo o auditor
impactado por tais normativas, estando, consequentemente, ligado, ainda que
intrinsicamente, com o controle interno da organização, tornando a sua análise mais natural,
completa e eficiente, sendo essa a modalidade utilizada pela Órgão solicitante, motivo pelo
qual será o objeto principal do presente parecer.
Tal profissional se difere do auditor interno exatamente por conta da sua carga
decisória para atuar dentro da organização, o que, de fato, o auditor não possui, sendo
possível apenas a emissão de um parecer com a sua opinião sobre a atuação da empresa,
através dos seus funcionários e ações da alta gestão, em comparação com o controle interno
imposto para ser obedecido por todos.
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programa eficaz e eficiente de compliance e integridade. Entretanto, bem se sabe que a
realidade nem sempre é essa.
Destarte, convém dizer que, embora o auditor interno tenha a necessidade de ser total
independência no seu parecer ao definir e recomendar ações em conformidade com o
programa de integridade da empresa, infelizmente em alguns casos a alta direção não se
comporta com os valores éticos, morais e legais suficientes para por em prática o perfeito
plano de atuação que o compliance propõe.
Não é prolixo repisar que a maior e mais importante característica da auditoria interna
para que esta seja bem-sucedida é a independência, motivo pelo qual o auditor deve,
necessariamente, se basear da codificação da organização para entregar o seu trabalho de
forma condizente com a sua profissão, a fim de que se concretize os reais objetivos do
programa de integridade e gerenciamento de riscos.
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Artigo 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena – detenção, de três anos a um ano, se o fato
não constituir crime mais grave.
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Artigo 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de
qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim
como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
§ 6º - São impróprios ao uso e consumo: I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; II - os produtos deteriorados,
alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em
desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; III - os produtos que, por qualquer motivo,
se revelem inadequados ao fim a que se destinam.
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Portanto, o auditor interno, ainda que sujeito à hierarquia que o organograma
empresarial lhe impõe, possui a responsabilidade profissional de identificar todo e qualquer
tipo de irregularidade nos procedimentos adotados pela organização a fim de que seu
trabalho possibilite a proteção e minimalização dos riscos traçados, inclusive manter as
informações referente às suas apurações em sigilo, por conta do princípio da
confidencialidade – que existe para que sejam respeitadas e preservados os valores
institucionais, não havendo divulgação de informações importantes da empresa sem a
devida autorização da alta direção.
O referido princípio deverá ser mitigado por conta do sopesamento deste com o
princípio da integridade, na hipótese de tais informações serem objeto de algum ato ilícito
que traga a obrigação ao auditor de externalizar as irregularidades em seu relatório – em
razão do auditor interno ter a obrigação legal de expor fatos ilegais apurados de maneira
imparcial, a fim de que seja realizado um trabalho honesto, profissional e diligente.
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LAMBOY, Christian Karl de. – Coordenador. Manual de Compliance – Introdução ao Corporate Compliance, Ética e Integridade.
Via Ética – São Paulo (SP): 2018.
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comportamento é muito relavante a partir do mais alto nível de gestão, e deve ser
vinvenciado de forma efetiva à nova realidade adotada pela empresa no seu dia a dia, bem
como incorporá-la em seu discurso, e sempre que possível, a missão da empresa e seu
compromisso com a ética e a transparência – fatores basilares para um bom programa de
integridade.
Por fim, se faz necessário que a alta gestão entenda e internalize a utilização a finco
dos princípios de compliance e governança corporativa, a fim de que sejam melhorados a
cada dia as práticas e gestão dentro da organização, aumentando, assim, a eficácia do
controle interno elaborado e beneficiando o bom relacionamento da empresa com
investidores, clientes e demais parceiros de negócios.
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Considerações finais
Em virtude de todas essas considerações, conclui-se que as organizações que desejam
permanecer no mercado por muito tempo, precisam alinhar o cumprimento dos objetivos
estratégicos, missão, visão e valores da empresa. Uma vez estabelecido o plano de
compliance, ele fortalecerá o relacionamento com o fornecedor, com o clima organizacional
e, mais importante, começará a fazer parte da cultura organizacional. Isso leva a uma
postura dos colaboradores voltada para a previsão e solução de problemas, melhorando a
confiança de todos os Stakeholders, principalmente os investidores.
Por fim, mas não menos importante, vale ressaltar também que os profissionais
responsáveis por compliance e governança devem conduzir as atividades com total
independêcia para demonstrar as ações e recomendações para as melhorias necessárias à
organização, o que é fundamental. Um plano de conformidade verdadeiramente eficaz pode
evitar que a reputação e o valor intangível da empresa sejam afetados, evitar penalidades
monetárias ou criminais e até mesmo afetar a economia da empresa. Os fatos comprovam
que políticas e procedimentos claramente definidos podem orientar as empresas a agir em
um mercado altamente competitivo e a serem mais estáveis e seguras nos produtos que
fornecem. Portanto, para as organizações, para obter maiores margens de lucro sem
renunciar à ética e dos valores estabelecidos, é possível e essencial alinhar o compliance à
eficiência do negócio.
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