Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2020) 6
Conceito de Obrigação 6
Dever Jurídico 7
Ónus Jurídico 7
Disponibilidade 8
1. Sujeitos 8
2. Objeto 10
Garantias pessoais: 14
Garantias reais: 14
Contratos 15
Desvantagens 19
Contratos Mistos 21
Efeitos do contrato 24
Promessa 27
Promessa unilateral 27
Sinal 28
Sinal 31
Execução especifica 31
Negócios Unilaterais 36
Deveres do gestor 37
1 – Facto voluntário do lesante que pode ser uma ação ou uma omissão 42
2 – Ilicitude 42
3 – Culpa 45
3.1 – Imputabilidade 45
3.3 – Negligência 47
4 – Dano 47
Conceito de Obrigação
O termo obrigação (em alemão Shulrecht), tem uma acessão ao nível do direito objetivo na
medida em que regula os direitos de crédito. Trata-se assim de uma parte do direito privado que
trata das relações de crédito. Por outro lado, temos como relação de crédito a relação jurídica
mediante a qual, uma pessoa (o credor) está legitimada a exigir de outra pessoa (o devedor)
uma determinada prestação. Por outro lado, o direito das obrigações é a disciplina jurídica que
de forma sistemática e enquanto ciência, dispõe sobre as normas reguladoras das relações de
crédito (noção de obrigações – ART. 397 CC).
1. No direito das obrigações nós temos o que são direitos relativos, ou seja, entre as partes,
partes essas que são o credor e o devedor.
No direito real, são direitos absolutos, ou seja, que se impõem a toda a gente (obrigação
passiva universal).
2. No direito das obrigações nós temos que, o credor tem o direito à prestação (ART. 397),
por sua vez nos direitos reais o titular tem direito sobre uma coisa.
3. No direito das obrigações temos o princípio da atipicidade e nos direitos reais vigora o
princípio da tipicidade (ART. 405).
4. Nos direitos reais, temos ainda o direito de preferência e também o direito de sequela
(o credor com hipoteca registada (pode ir buscar o bem onde e com quem ele estiver).
Dever Jurídico
Consiste no facto de uma pessoa ser obrigada a suportar na sua esfera jurídica a modificação da
mesma, fruto do exercício do poder conferido à outra pessoa.
Ónus Jurídico
Consiste na observância de um comportamento ou da manutenção de uma vantagem para o
próprio onerado.
− As obrigações não autónomas, são aquelas que surgem a partir de uma relação jurídica
anterior entre os sujeitos e em função dela, por exemplo: Pensão de alimentos.
Nos termos do ART. 1141, existem obrigações cuja cessação ocorre fruto da caducidade
operada pela morte, nomeadamente a nível do comodato.
− Por sua vez, a relação jurídica é complexa quando estamos perante um conjunto de
direitos e deveres ou estados de sujeição nascidos do mesmo facto jurídico.
Disponibilidade
É uma caraterística tendencial, no entanto há situações em que não se pode renunciar aos
direitos, por exemplo no caso de prestações de alimentos.
1. Sujeitos;
2. Objeto;
3. Vínculo;
1. Sujeitos
Conforme referido temos o credor de um lado e o devedor do outro lado. O credor é a pessoa a
quem se proporciona a vantagem resultante da prestação, ou seja, é o titular do interesse que
o dever de prestar visa satisfazer. Para se ter um interesse protegido, temos que, o credor é
portador de uma necessidade que visa satisfazer por conta de “coisas” pertencentes ao devedor
e o credor quer satisfazer a sua necessidade por conta dos bens do dito devedor. Por sua vez, o
Se tivermos vários devedores conjuntos, isto significa que o credor para exigir o cumprimento
integral da obrigação, tem que exigir a cada um e todos os co-devedores a quota que lhe cabe
na obrigação comum. Ex: se o António é credor de Bernardo e Cláudio da quantia de 1000€, se
obrigação dos devedores for conjunta, o António só poderá exigira de Bernardo o pagamento de
500€ e de Cláudio o pagamento dos outros 500€.
Se a obrigação for solidária, o credor pode exigir de qualquer dos devedores o cumprimento
integral da obrigação, ou seja, qualquer um dos devedores está obrigado ao cumprimento da
totalidade das prestações, tendo, no entanto, direito de regresso contra os seus devedores
quanto à quota que corresponde a cada um. Ex: Se António é credor da quantia de 1000€ a
Bernardo e Cláudio, este como devedores são responsáveis pelo pagamento integral da dívida,
ou seja, se Bernardo pagar os 1000€ a António a dívida fica saldada, sendo que Bernardo fica
com um direito de regresso da quantia de 500€ face a Cláudio.
− Se for uma solidariedade ativa, isso significa que qualquer um dos credores pode
sozinho, extinguir do devedor a titularidade da dívida, sendo que tem a obrigação do
pagar aos outros credores a parte que lhes cabe no crédito comum. Ex: O António
assinou uma confissão de dívida mediante a qual diz que deve 1500€ a Bernardo, Cláudio
e Dário, mas se ele pagar os 1500€ a Bernardo a dívida extingue-se por pagamento,
sendo que que o Bernardo tem a obrigação de entregar 500€ a Cláudio e 500€ a Dário.
− Se a obrigação plural do lado ativo for conjunta, cada um dos credores tem o direito a
exigir do devedor comum a parte que lhe cabe no crédito comum. Ex: Se António na
confissão de dívida de 1500€ disser que deve 500€ a Bernardo, 500€ a Cláudio e 500€ a
Dário, estes credores só poderão exigir a sua quota parte. Ex: Bernardo só pode exigir a
António o pagamento de 500€ e não o pagamento do valor total de 1500€.
O dever geral de abstenção é típico dos direitos reais, enquanto que no direito das obrigações
temos o dever jurídico de prestar. A prestação tem de obedecer dos ART. 280 para que o negócio
do qual emerge a obrigação, seja válido.
Neste caso a obrigação é válida, mas tem um outro regime, que é o da impossibilidade
superveniente, previsto no ART. 790 e seg CC. Neste caso podemos ter uma impossibilidade
superveniente não culposa em que o devedor é culpado pelo facto de a obrigação se ter tornado
impossível.
Ex: se António convencionar com Bernardo que lhe irá vender uma tonelada de maçãs sendo
também convencionado o pagamento de 1000 euros a título de valor pela tonelada de maçãs,
se António apenas colher meia tonelada, Bernardo também irá reduzir proporcionalmente o
valor da sua contraprestação. A qual será neste caso de 500 euros. Confrontar ART. 793/1 CC.
Ex: Se porventura o António não colher nenhuma maçã o Bernardo nada terá que lhe pagar,
confrontar ART. 795/1 CC. Nada impede, no entanto, que as partes convencionem que o risco da
prestação que não chega a existir será suportado pelo credor ART. 800/2.
As prestações serão infungíveis quando o credor tem interesse não só no objeto da obrigação,
mas também nas características e qualidades pessoais do devedor. Ex: António quer ser atendido
pelo conceituado Dr. Bernardo Silva médico especialista em pedopsiquiatria. Caso o Dr. Bernardo
esteja impossibilitado de o atender no dia agendado e como o António quer ser atendido por
aquele concreto médico e não por nenhum colega seu, estamos perante uma prestação
infungível porque a referida substituição não é possível.
O credor tem o direito à prestação e caso o devedor não cumpra a obrigação de forma
espontânea, o credor pode lançar mão de uma ação de cumprimento à qual poderá ser
declarativa ou executiva.
Uma vez determinado concretamente o objeto da prestação verifica-se que o mesmo poderá
consistir num bem/coisa facto ou ato.
1. Direito à prestação;
2. Dever correlativo de prestar;
3. A garantia;
Quanto ao direito à prestação o mesmo respeita ao poder que o credor tem de exigir a
prestação do devedor.
Quanto à garantia a mesma é tutelada pela lei à qual não se limita a impor um dever de prestar
ao obrigado e a atribuir ao credor o direito à prestação, mas também assegura a realização
coativa da prestação sem prejuízo de em certos casos competir ao credor resolver o contrato ou
recusar de forma legitima o cumprimento da obrigação que recaía sobre ele até que o devedor
se digne a cumprir (por exemplo no caso da exceção de não cumprimento).
No que respeita aos mesmos verifica-se que estes respondam total e absolutamente pelo
pagamento a dívida. Há também bens que são relativamente penhoráveis, estando sujeitos a
determinadas limitações. Há bens que são parcialmente penhoráveis. Havendo igualmente
bens que são absolutamente impenhoráveis.
Quanto aos bens absolutamente impenhoráveis temos, por exemplo, os seguintes: utensílios
de culto público, sendo que neste caso devem ser objetos especialmente destinados ao exercício
de culto público, os túmulos, os animais de companhia. Os bens cuja apreensão seja ofensiva
dos bons costumes ou careça de justificação económica pelo seu diminuto valor venal, os bens
pertencentes ao estado e integrantes do domínio público do estado.
No que respeita aos bens relativamente impenhoráveis a lei é clara quando diz que quanto à
isenção da penhora dos instrumentos de trabalho e dos objetos indispensáveis ao exercício da
atividade do executado.
No que respeita aos bens parcialmente penhoráveis a lei estabelece que são impenhoráveis
dois terços da parte líquida dos vencimentos, salários, prestações periódicas pagas a título de
aposentação ou qualquer outra regalia social, seguros, indeminizações, rendas vitalícias ou
quaisquer prestações que tenham como natureza assegurar a subsistência do executado.
Garantias reais:
− consignação de rendimentos ART. 656 CC;
− penhor art 666 CC;
− hipoteca art 686 CC;
− privilégios creditórios art 733 e 736;
− direito de retenção art 754 CC.
2. Negócios jurídicos unilaterais ART. 457 a 459 CC (ex: dar uma recompensa a quem
encontrar um animal que se perdeu);
4. Enriquecimento sem causa ART. 473 CC no enriquecimento sem causa verificamos que
há um empobrecimento de um dos sujeitos, enriquecimento de outros sujeitos e a
ausência de causa justificativa. Ex: se António colocar 30.000 euros numa conta do filho,
ficando como autorizado na referida conta e se o filho o retirar de autorizado impedindo
o acesso à conta que tem o seu dinheiro, temos que o filho enriqueceu, o pai
empobreceu e que terminou (há uma ausência) a causa justificativa, porque o pai deixou
de ter acesso à referida conta e ao seu dinheiro.
Contratos
O contrato é o acordo vinculativo assente sobre duas ou mais declarações de vontade que são
contrapostas, mas perfeitamente harmonizáveis entre si e que visam estabelecer uma
composição unitária de interesses. Apesar de o CC estabelecer que o contrato constitui
obrigações com prestações de caráter não patrimonial o certo é que existem figuras que são
apelidadas de contrato e que tem um foro pessoal.
Vigorando entre nós o princípio da liberdade contratual previsto no ART. 405 CC fica em
consignar que as partes são livre de celebrar ou não celebrar o contrato que quiserem, no
entanto temos duas vertentes a essa liberdade contratual: liberdade de estipulação e de
celebração, no entanto temos situações como por exemplo a nível bancário em que a entidade
bancária é a única que tem liberdade e estipulação.
O contrato como negócio unilateral pode ser considerado uma fonte natural das relações de
crédito. No entanto a disciplina dos contratos pauta-se pela autonomia privada que atribui aos
contraentes o poder de os mesmos fixarem a disciplina que mais lhes convém à sua relação
jurídica, à confiança segundo a qual cada contraente deve responder pelas expetativas que
justificadamente cria na contraparte e justiça cumulativa, segundo a qual nos contratos a título
No que respeita ao princípio da autonomia privada, é este que nos permite a liberdade de testar,
a liberdade de associar, a liberdade de tomar deliberações em órgãos colegiais bem como, a
liberdade de praticar atos unilaterais tutelados pelo direito.
O princípio da confiança ou do pacta sunt servanda estabelece uma força vinculativa do contrato
quer ao nível da sua interpretação e integração, quer ao nível da imodificabilidade do contrato
por vontade unilateral de uma das partes ART. 406 CC. No que respeita ao princípio da justiça
comutativa verificamos que a mesma se prende com a equivalência das prestações, ou seja, no
nosso CC estão previstas atuações por forma a zelar pela igualdade negocial das partes, daí que
se preveja a possibilidade de modificação ou anulação de negócios usurários (ART. 282 CC) ou
até a possibilidade de reduzir oficiosamente a cláusula penal excessiva (ART. 812).
2. Promessa negocial de contratar: quando uma das partes ou ambas tenham assumido
em contrato promessa a obrigação de celebrar o contrato definitivo/prometido ART.
410 CC.
Desvantagens:
Contratos Mistos
Diz-se misto o contrato no qual se reúnam elementos de dois ou mais negócios os quais poderão
ser total ou parcialmente regulamentados havendo uma espécie típica diretamente regulada na
lei.
Os contratos são onerosos quando a atribuição patrimonial efetuada por cada um dos
contraentes tem correspetivamente uma compensação ou contraprestação. Para que o
contrato seja oneroso é assim necessário que cada uma das partes tenha simultaneamente uma
vantagem de natureza patrimonial e um sacrifício do mesmo tipo.
Pode também caso tenha aceite o cumprimento parcial ou defeituoso sob reserva da reparação
dos defeitos ou sob reserva da prestação da parte faltosa do cumprimento. Se ainda assim não
houver cumprimento da parte que falta à prestação desde que tenha sido feita essa reserva no
momento da aceitação do cumprimento poderá invocar a exceção do não cumprimento. Essa
exceção poderá ser oponível tanto ao contraente como a terceiro que venha ocupar o lugar dele
no contrato nos termos do ART. 431 CC.
Para que se verifique a exceção de não cumprimento é necessário que estejam em causa
obrigações correspetivas ou correlativas, ou seja que uma seja o sinalagma da outra. A exceção
de não cumprimento aplica-se não só nos casos de falta integral do cumprimento, como também
Nos direitos reais, ao contrário dos direitos das obrigações há uma eficácia absoluta. No entanto
estão previstos os chamados contratos com eficácia real também conhecidos como contratos
reais quod effectum, que são contratos reais quanto aos efeitos.
Quanto a estes contratos vigora o princípio da consensualidade o que implica que o contrato se
celebra por mero acordo das partes e também que o efeito real decorre do contrato e é
independente de qualquer ato posterior ao acordo conclusivo do contrato (ver ART. 408, 1129
e 1142).
O ART 408 CC estabelece que o efeito real do contrato se produz, em regra pela mera celebração
do contrato. Por sua vez nos contratos quod constitutionem, ou seja, contratos reais quanto à
sua constituição, verificamos que estes se aperfeiçoam, consideram-se celebrados com a
entrega da coisa que é seu objeto, ex: contrato mútuo, comodato e depósito.
Os contratos podem se extinguir por mútuo consenso, nos termos do artigo 406. Se ambas as
partes quiserem terminar o contrato que celebraram elas podem fazê-lo de forma livre e
esclarecida, esta forma extintiva do contrato designa-se por revogação. A revogação tem uma
eficácia ex nunc (para o futuro), o que significa que todos os efeitos produzidos pelo contrato se
mantém e o contrato deixará de produzir efeitos a partir do momento da sua revogação.
Outra forma de cessação é a caducidade, isto é, quando o efeito jurídico ocorre pela verificação
de um facto jurídico. O negócio em que podemos verificar a caducidade de um contrato será
aquele em que se estabelece um prazo ou quando temos um termo incerto e em que a
Outra forma de cessação dos contratos é a denúncia, a qual é uma forma de extinção dos
contratos de execução duradoura, sem tempo de duração convencional ou legalmente
convencionada, por exemplo denúncia do contrato de prestação de serviços com a Meo.
Por fim, outra forma de extinção dos contratos, é a chamada resolução que também é designada
na doutrina antiga como rescisão. A resolução do contrato está prevista nos artigos 432 e seg.
e consiste na extinção do contrato por declaração unilateral e vinculada de uma das partes, ou
seja, a resolução é feita por um dos contraentes como direito potestativo, que só pode ser
exercido quando tiver fundamento na lei ou no próprio contrato, por exemplo no contrato de
promessa de compra e venda em que havendo incumprimento de uma das partes a contraparte
comunica de forma unilateral e vinculada que o contrato se extingue automaticamente podendo
a parte celebrar um novo contrato com outrem.
Esta situação acontece nos contratos bilaterais em que o credor tem direito à resolução do
contrato se o devedor incumprir de forma definitiva e culposa a obrigação que sobre ele
impendia. Existem situações em que são estabelecidas contratualmente cláusulas penais tendo
em vista acautelar as situações de incumprimento das partes.
− Que haja uma alteração anormal das circunstâncias em que as partes tenham um
fundado receio de contratar (houve uma alteração estranha, não prevista, não
pretendida e excecional);
− Que a exigência da obrigação à parte lesada afete gravemente os princípios da boa fé
contratual e não seja coberta pelos riscos do negócio como no caso de se tratar de um
negócio por sua natureza aleatório.
R: Entre nós vigora a tese do efeito externo das obrigações conforme os artigos 406/2, 413, 421,
495/3 e 1306/1.
Quando se diz que o contrato de promessa é uma convenção, quer significar que, primeiro é um
contrato autónomo (que é independente do contrato prometido apesar de estar na base do
mesmo e além disso é uma convenção/compromisso que as partes assumem no sentido de
levarem à celebração o contrato definitivo.
2. Pacto de opção
É uma declaração que corresponde ao contrato que se pretende celebrar, enquanto que
a contraparte se reserva na faculdade de aceitar ou declinar o contrato.
Promessa unilateral
Promessa unilateral confere ao não promitente uma verdadeira pretensão à celebração do
contrato prometido. A promessa unilateral é distinta da proposta contratual pois enquanto que
a promessa unilateral assenta num contrato consumado, a proposta é uma simples declaração
de vontade emitida por uma das partes que só se converte num contato com a aceitação do
outro contraente.
3. Se o contrato prometido estiver subordinado a qualquer outra finalidade que não seja
a redução a documento vale para a respetiva promessa a regra geral da liberdade de
forma.
No ART. 410 nº2 está previsto o princípio da consensualidade segundo o qual o contrato
promessa pode ser válido independentemente da observância de forma especial caso exista um
encontro de vontades.
Se estiver em causa um contrato prometido formal então o contrato promessa também o será,
sendo que neste caso a forma imposta decorrerá da lei ou de documento que a dita lei atribua
esse efeito. Neste caso o contrato promessa será um contrato formal e a sua forma é a de
documento particular subscrito pelas partes.
O contrato promessa cria para o promitente uma obrigação de contratar, ou seja em principio
este goza de uma eficácia meramente obrigacional, ou seja, apenas aplicável às partes
contraentes. Diferentemente se o contrato promessa tiver uma eficácia real, este já poderá ser
oponível a terceiros, ultrapassando a simples relação inter partes. No entanto é essencial o
registo conforme decorre do (ART.413º CC).
2. Quanto á publicidade temos que o contrato promessa com eficácia real tem de ser
registado para ser oponível a terceiros. IMPORTANTE!!! (ART. 830º CC), porque confere
ao promitente comprador e mesmo ao vendedor o direito a fazer cumprir o contrato,
mesmo que a contraparte não o queira voluntariamente celebrar.
O não cumprimento culposo terá reflexos ao nível da esfera jurídica das partes. Se o devedor
não cumprir no momento em que o deveria fazer, ele poderá cumprir caso o credor mantenha
o interesse na celebração do contrato prometido. Nesta situação estamos perante um "atraso",
ou seja, um incumprimento temporário também conhecido como mora do devedor.
Há situações em que o devedor não cumpre quando devia fazê-lo porque não pode ou não
consegue cumprir. Nesta situação temos uma impossibilidade de cumprimento. Das duas uma,
ou o devedor não cumpre, entra em mora e o credor perde o interesse e temos aqui um
incumprimento definitivo, ou então o devedor entra em mora mas o credor tem interesse e
temos apenas um incumprimento temporário.
A interpelação admonitória do devedor em mora com a cominação do (ART. 808 nº1 CC) é assim
um poder que é conferido ao credor. Se o credor quiser que a mora do devedor se converta num
verdadeiro incumprimento o credor necessita de conceder ao devedor uma nova chance para
cumprir. Nos termos do CC verificando-se o incumprimento voluntário de um contrato promessa
pode implicar o recurso ao (ART. 830º CC).
Além de ser um princípio de pagamento, o sinal pode ser e funcionar como "cláusula penal" na
medida em que pode ser o meio de compensação em caso de incumprimento definitivo e
culposo do contrato (ART. 442º CC).
Nos termos do (ART. 442º CC) temos que se quem entregou o sinal deixar de cumprir a prestação
por causa que lhe é imputável tem o outro contraente a faculdade de fazer sua a coisa entregue.
Se houver tradição da coisa verificamos que o promitente comprador pode exigir ao promitente
vendedor quando o incumprimento lhe é imputável: ou o sinal em dobro ou requerer a execução
especifica. Sempre que o contraente não faltoso optar pelo valor da coisa, a outra parte pode
opor-se ao exercício dessa faculdade oferecendo-se para cumprir a promessa salvo o disposto
no (ART. 808º CC).
Execução especifica
O (ART. 830 nº1 CC) estabelece que aquele que tiver direito á celebração de um contrato e vir
insatisfeito esse direito pela contraparte pode requerer ao tribunal a emissão de uma sentença
que produza os mesmos efeitos da declaração negocial do faltoso. A execução especifica do
contrato promessa sem eficácia real não é admitida no caso de impossibilidade de cumprimento
por um promitente vendedor que houver transmitido o seu direito real sobre a coisa, objeto do
contrato prometido antes de registada a ação de execução especifica ainda que o terceiro
adquirente não haja obtido registo da aquisição antes do registo da ação, ou seja, o registo da
ação não confere eficácia real à promessa.
A execução específica tem como pressuposto a mora do devedor. Por sua vez o (ART. 830º nº2
CC) tem caracter dispositivo ou supletivo, ou seja, às partes é admissível excluir a execução
especifica. No entanto, no (ART. 830 nº3 CC) temos que o direito à execução especifica não pode
ser afastado pelas partes nos casos do (ART. 410 nº3 CC) não valendo qualquer convenção em
contrário expressa ou tácita. No (ART. 830 nº5 CC) temos que a exceção de não cumprimento
do contrato não é de conhecimento oficioso exigindo a produção de prova.
Temos também que os (ART. 811 e 812 CC) assumem especial importância.
Tendo a promessa eficácia real nos termos do (ART. 413 CC) o direito da contraparte é oponível
ao terceiro adquirente cujo direito não esteja registado antes do registo contrato promessa.
Os pactos de preferência podem ter por objeto quer a compra e venda quer outros contratos,
como o arrendamento, aluguer, contrato de fornecimento, etc. Significa isto que os pactos de
preferência são admitidos em relação à compra e venda nos termos do ART. 414 bem como são
admitidos quanto a outros contratos onerosos em que se tenha sentido a opção por certa pessoa
sobre quaisquer outros concorrentes ART. 423.
Sempre que o obrigado à preferência pretenda vender ou fazer uma dação em cumprimento a
lei impõe os seguintes deveres:
Negócios Unilaterais
Conforme decorre no ART. 457 CC, a promessa unilateral de uma prestação só obriga nos casos
previstos na lei. Temos assim previstas duas situações: a promessa de cumprimento e o
reconhecimento de dívida.
Há, no entanto, negócios jurídicos unilaterais que são fonte das obrigações, são eles: a promessa
pública e o concurso público. A promessa pública consiste na declaração feita mediante anúncio
divulgado entre os interessados e na qual o autor se obriga a dar uma recompensa ou
gratificação a quem se encontre numa determinada situação ou pratique um certo facto ART.
459 e 460 CC. Por sua vez o concurso público é um negócio unilateral pelo qual alguém promete
um prémio a quem realizar certas provas discriminadas no concurso. Se o anúncio público não
indicar a existência de prémio a decisão da sua concessão caberá ao autor do concurso público.
Requisitos:
3. Falta de autorização – inexiste uma relação jurídica entre o dono e o agente que confira
a este o direito ou lhe imponha um dever legal de se intrometer nos negócios jurídicos
daquele. Quando falamos em falta de autorização falamos de falta de mandato bem
como falta de poderes voluntários ou legais de representação ou administração.
Deveres do gestor
Os deveres do gestor em face do dono do negócio estão previstos no (ART.465º CC). Em primeiro
lugar, uma vez iniciada a gestão, o agente já não é inteiramente livre de interrompê-la. A lei não
impõe ao gestor de modo direto o dever de prosseguir a gestão iniciada, mas responsabiliza-o
pelos danos que resultarem da injustificada interrupção dela (ART.466º nº1 CC).
O gestor tem ainda um dever de “fidelidade” quanto ao interesse e á vontade real ou presumível
do dono do negócio, sendo que responde pelos danos que causar, por culpa sua, no exercício
da gestão sempre que agir em desconformidade com os interesses ou a vontade real ou
presumível do dono do negócio (ART. 466º e 465º alínea a)).
O gestor tem ainda que entregar os valores por si detidos e prestar contas logo que a gestão
finde ou seja, interrompida. O gestor tem ainda um dever de avisar e informar o dono do negócio
que assumiu a gestão (ART. 465º alínea b) )
O dono do negócio tem assim a obrigação de reembolsar essas despesas desde que a situação
objetivamente o justificasse.
Mal o dono do negócio tenha conhecimento da atividade de gestão realizada pelo gestor ele
pode tomar uma das seguintes atitudes:
A aprovação da gestão é uma declaração negocial dirigida pelo dono do negócio ao gestor e cuja
declaração não tem que ser expressa, pode ser tácita e cujo conteúdo é um juízo de
concordância global com a atividade genérica realizada pelo gestor (p.ex: se A gestor do negócio,
ao ver o telhado da casa de B voar em virtude de uma intempérie e se contratar C para fazer a
reparação, e se C cobrar a quantia de 1000€, se B liquidar diretamente a C os 1000€ ele está
tacitamente a concordar coma a atividade do gestor).
1. Renuncia por parte do dono do negócio a qualquer direito indemnizatório que ele
tivesse ou pudesse ter contra o gestor por incumprimento culposo e danoso das
obrigações do gestor (ART. 469º CC).
No entanto se a gestão não for regular, o gestor apenas terá direito a ser restituído
daquilo com que tenha empobrecido nos termos do enriquecimento sem causa (ART.
468º nº2 CC).
O dono do negócio pode ratificar os atos jurídicos praticados pelo gestor no exercício da
gestão caso o gestor tenha agido representativamente.
Se o gestor agiu no seu próprio interesse, isto é, não comunicou ao terceiro com quem
celebrou os negócios, que estes negócios não eram dele nem para ele, temos uma
gestão não representativa na medida em que o gestor atuou em nome próprio.
A ratificação por sua vez é um negócio jurídico unilateral pelo qual o representado por
outrem que não tinha poderes de representação lhe atribui poderes posteriormente
com eficácia retroativa. (NOTA: A responsabilidade do gestor prevista no (ART.466º
CC) implica que caso este interrompa a gestão e incumpra a obrigação responda
civilmente face ao dono do negócio pelos danos que lhe causar).
2- Quanto ao segundo ponto que diz que o enriquecimento contra o qual se reage carece
de causa justificativa: temos de ter em consideração que ou essa causa justificativa
nunca existiu ou existiu e deixou de se verificar. Temos muitas situações em que temos
atos de intromissão do enriquecido em direitos ou bens jurídicos alheios;
É a partir daí que se inicia a contagem do prazo de prescrição de 3 anos. No entanto o prazo de
prescrição ordinária de 20 anos corre a partir do momento em que ocorre a deslocação
patrimonial, não estando dependente do conhecimento de ninguém.
1 – Facto voluntário do lesante que pode ser uma ação ou uma omissão
o elemento basilar da responsabilidade do agente implica a prática de um facto dominável ou
controlável pela vontade, ou seja, um comportamento ou forma de conduta humana. O facto
pode-se notar como facto positivo que importa a violação de um dever geral de abstenção ou
seja do dever de não ingerência na esfera de ação do titular do direito absoluto. O facto
voluntário pode traduzir-se também num facto negativo, ou seja, numa abstenção ou numa
omissão ART. 486 CC.
2 – Ilicitude
O CC fixa o conceito de ilicitude através de duas variantes, mediante as quais se releva o caráter
antijurídico da atuação do lesante. Temos assim:
− Violação da lei que protege interesses alheios: trata-se da infração das leis que embora
protejam um direito subjetivo têm principalmente em vista a proteção de interesses
2- que a tutela dos interesses dos particulares figure entre os fins da norma
violada;
3- que o dano se tenha registado no círculo de interesses privados que a lei visa
tutelar.
Estas figuras têm os seguintes aspetos em comum: natureza preventiva, ou seja, é uma
autotutela para evitar uma violação dos direitos; carater subsidiário: só é lícito atuar com a ação
direta em legitima defesa ou em estado de necessidade, quando não seja possível em tempo
útil recorrer aos meios normais; princípio da proporcionalidade: o ato só é licito na medida que
cause danos inferiores aos que resultariam do ato que se pretende evitar
1. Fundamento real – é necessário que o agente seja titular de um direito que procura
realizar ou assegurar;
4. Valor dos interesses em jogo – através da ação direta o agente não pode sacrificar
interesses superiores aos que visa realizar ou assegurar.
O ART. 340 CC prevê o instituo do consentimento do lesado que se traduz na aceitação da prática
do ato sem que a mesma constitua uma violação desse direito ou uma ofensa de uma norma
tuteladora do respetivo interesse.
3 – Culpa
Para que o facto ilícito gere responsabilidade é necessário é necessário que o agente tenha
atuado com culpa. Agira com culpa significa atuar de uma forma que merece reprovação ou
censura do direito. Não basta que o agente tenha praticado um facto voluntário e não basta que
esse facto voluntário seja ilícito sendo também necessário que esse facto possa ser imputado
ao agente, sendo que, quando essa tenha atuado culposamente. A culpa em sentido amplo tem
duas sub-modalidades:
3.1 – Imputabilidade
Diz-se imputável a pessoa que tem a capacidade natural para prever os efeitos e medir o valor
dos atos e para se determinar de harmonia com o juízo que faça sobre eles ART. 488 CC.
1. Facto ilícito;
3. Que o facto tenha sido praticado em condições de ser considerado culposo e reprovável
se nas mesmas condições tivesse sido praticado por pessoa imputável.
5. Que a reparação do dono não possa ser obtida dos vigilantes do inimputável;
A culpa conforme está previsto no ART. 487 CC exprime um juízo de reprovabilidade pessoal da
conduta do agente, pois que o usante em fase das circunstâncias específicas do caso devia e
podia ter agido de outro modo. É um juízo que assenta num nexo existente entre o facto e a
vontade do autor. Há dolo quando o agente atuou por forma a aceitar as consequências ilícitas
da sua conduta. Diz-se dolosa a conduta quando o agente tendo previsto as consequências
danosas e ilícitas do seu ato não se inibiu de atuar, nada tendo feito para as afastar porque as
admitiu. Há negligência quando o agente atua de forma leviana, sem cuidado ou sem atenção,
sem ter empregue a diligência que o bom pai de família teria tido naquela mesma situação.
1. Dolo direto – acontece quando o agente atuou para obter a consequência ilícita e
danosa e a obteve; o agente atua intencionalmente para obter o resultado ilícito. (eu
atiro o cigarro aceso para incendiar a mata)
2. Dolo necessário – acontece quando o agente não tinha como objetivo do seu
comportamento o resultado ilícito, mas sabia que o seu comportamento ia ter como
resultado necessário e inevitável o ilícito. ((eu atiro o cigarro aceso e inevitavelmente
ira haver um incêndio)
3. Dolo eventual – é quando o agente prefigura a consequência ilícita e danosa como uma
consequência possível do seu comportamento e não fez nada para a evitar. ((eu atiro o
cigarro aceso e penso que possivelmente poderá incendiar).
4 – Dano
Para haver obrigação de indemnizar a condição essencial é que exista dano, ou seja, que o facto
ilícito e culposo tenha causado um prejuízo a alguém. Os danos podem ser classificados como
sendo pessoais ou materiais.
Existem além dos danos patrimoniais os chamados danos não patrimoniais ou morais, que são
aqueles que se traduzem na lesão de direitos ou interesses insuscetíveis de avaliação pecuniária.
A gravidade do dano é medida por um padrão objetivo e não à luz de fatores subjetivos. Há
situações em que poderá ocorrer a reparação do dano, sendo nesses casos aplicável um juízo de
equidade nos termos do ART. 496/3 e 496/4.
1. Quando a vítima morre o direito à indemnização por danos não patrimoniais cabe ao
cônjuge, esteja separado de pessoas e bens e aos filhos ou outros descendeste (no caso
da morte dos filhos os netos têm direito de representação).
2. Não havendo cônjuges e filhos ou outros descendentes, o direito à indemnização passa
a pertencer aos pais ou outros ascendentes.
3. Não havendo, cônjuges, filhos ou descendentes ou pais ou outros ascendentes, o direito
à indemnização pertencerá aos irmãos ou sobrinhos que os representam.
Requisitos: Para que exista a responsabilidade prevista no ART. 500 CC é necessário que se
verifiquem cumulativamente os seguintes requisitos:
1. Que exista entre dois sujeitos jurídicos uma relação de comissão, sendo a comissão uma
relação em que um dos sujeitos realiza um ato isolado ou uma atividade duradoura por
conta e sob as instruções de outrem.
3. Para que haja obrigação de indemnizar pelo comitente nos termos do ART. 500 CC é
necessário que o comissário pratique o facto danoso e constitutivo da responsabilidade
civil no exercício das suas funções.
O exemplo típico da relação comitente e comissário ocorre no âmbito dos contratos de trabalho,
por exemplo caso o motorista tenha um acidente de viação.
???????Na responsabilidade por danos causados por animais ou veículos temos ainda que se
enquadra no âmbito da responsabilidade pelo risco os danos causados por instalações de
energia elétrica ou gás ART. 509 CC.
Nos termos do ART. 762 CC temos que da boa-fé podem decorrer deveres principais como o
pagamento e deveres secundários que podem ser acessórios ou laterais da prestação de vida,
deveres instrumentais da realização pontual da prestação ou deveres de lealdade, de conduta
que ele tem que observar. A vinculação à boa-fé do credor no exercício do seu direito resulta
que o direito de crédito tem de ser exercido em conformidade com a boa-fé, isto é, não pode
ser exercido abusivamente sob pena de ineficácia ou até de responsabilidade do credor pelos
danos causados ao devedor no exercício abusivo do direito.
A boa-fé consiste assim em atuar com correção e lisura e circunscreve-se não só ao devedor
como também ao credor. O princípio da boa-fé é assim essencial no âmbito do cumprimento
das obrigações, sendo igualmente relevantes os princípios da pontualidade e da integridade do
cumprimento. O princípio da pontualidade estabelece que a prestação tem de ser cumprida nos
termos exatos em que foi configurada. Como consequência da pontualidade no cumprimento
O princípio da pontualidade implica que sem acordo do credor o obrigado não fica desonerado
sem o sem consentimento caso preste coisa diversa o que implica que mesmo que haja uma
dação em cumprimento esta fica dependente do acordo do credor. De igual forma o devedor
não pode exigir a redução da prestação estabelecida entre as partes com fundamento na sua
precária situação económica caso cumprisse a obrigação. Nem ao tribunal será lícito ou
admissível facilitar as condições de cumprimento da prestação. Por fim a prestação de vitória
deve ser realizada integralmente e não por partes, não podendo o credor ser forçado a aceitar
o cumprimento parcial ART. 763 e ART. 837 CC.
Temos ainda o princípio da integridade do cumprimento do ART. 763 CC que diz que mesmo
que o devedor pretenda efetuar uma parte apenas da prestação e caso o credor se recuse a
recebê-la, não há mora do credor mas sim do devedor quanto a toda a prestação de vitória e
não apenas quanto à parte que não se propunha a realizar. Nada impede, no entanto, que o
credor receba apenas, caso queira, uma parte da prestação e nada impede que exija só uma
parte do crédito nos termos do ART. 763/2 CC. A aceitação do credor não evita que o devedor
fica em mora quanto à parte restante da prestação, salvo se houver prorrogação do prazo
relativamente ao cumprimento dessa parte.
A lei no ART. 602 CC estabelece uma ressalva ao nível da limitação convencional do objeto da
garantia patrimonial das obrigações. Por sua vez o ART. 601 CC ao dizer que o património do
devedor é a garantia geral das obrigações quer significar que é o património do devedor que
assegura a realização coativa da prestação ou da indemnização, caso a obrigação não seja
voluntariamente cumprida, ou seja, o património é também a garantia comum das obrigações.
O ART. 604 CC distingue quanto à garantia do cumprimento duas grandes categorias de créditos:
aqueles que têm qualquer direito de garantia/preferência e os créditos comuns. Se o devedor
não cumprir voluntariamente no momento próprio e dois ou mais credores recorrerem ao
direito de agressão do património do obrigado, das duas uma: ou os bens do devedor chega
para a integral satisfação dos seus débitos e não se coloca nenhum problema de prioridade
quanto aos credores ou os bens do devedor não chegam para pagar a todos e, nesse caso, o
ART. 604 CC manda dividir o preço dos bens do devedor por todos, de forma proporcional ao
valor dos créditos e sem efetuar nenhuma distinção, ou seja, de forma rateada.
2. Capacidade do Credor
Exige-se que o credor seja capaz de receber a prestação perante quem a obrigação
tenha sido cumprida ART. 764/2 CC.
3. carecer de legitimidade para o fazer, sendo certo que, o devedor quer tenha
agido de boa-fé quer tenha agido de má-fé não pode impugnar o
cumprimento salvo se ao mesmo tempo oferecer uma nova prestação ART.
765/2. Quando o cumprimento for declarado nulo ou for anulado por causa
O devedor mesmo que tenha agido de boa fé ou má fé, não pode impugnar o cumprimento,
salvo se ao mesmo tempo oferecer uma nova prestação ART. 765/2.
Por Exemplo: se o Paulo constitui como mandatário a Maria para que esta efetue um pagamento
em seu nome ao Manuel, temos aqui duas obrigações: a obrigação de Paulo pagar ao Manuel
que fica feita com a entrega do dinheiro de Maria ao Manuel e a obrigação de Maria perante o
Paulo que é cumprida quando ela, como sua mandatária entrega o dinheiro ao Manuel.
2. Culpa
A principal diferença entre o regime da responsabilidade obrigacional/contratual ou o
da responsabilidade extracontratual resulta da presunção de culpa que está consagrada
no ART. 799/1. Na responsabilidade civil extracontratual o ónus da prova da culpa cabe
ao lesado ART. 487/1. Por sua vez na responsabilidade civil contratual a lei presume a
culpa do devedor, assim é ao devedor que incumbe provar que não teve culpa por forma
a afastar a sua responsabilidade. Neste caso temos que o credor para exercer o seu
direito à indemnização não necessita de provar a culpa do devedor uma vez que a culpa
do devedor está presumida. Quanto à forma de apreciação da culpa o ART. 799/2
remete para o art. 487/2, ou seja, a culpa é apreciada na responsabilidade civil
obrigacional tal como na responsabilidade civil extra-obrigacional em abstrato.
5. Prazo de prescrição
Na responsabilidade extracontratual o prazo de prescrição é o que resulta do ART. 498
que consigna um prazo especial de três anos. Na responsabilidade civil contratual a
obrigação de indemnização prescreve no prazo ordinário de 20 anos
No caso em concreto temos que a responsabilidade civil por danos causados por veículos é
independente da culpa do autor da lesão. Trata-se assim da responsabilidade pelo risco inerente
à circulação dos veículos prevista como exceção à regra geral segundo a qual só existe obrigação
de indemnizar quando concorra a culpa do autor da lesão ART. 483/1. A responsabilidade
independente da culpa só existe nos casos especificados na lei ART. 483/2, o que ocorre no
presente caso. O ART. 503/1 em sede de responsabilidade pelo risco prevê que aquele que tiver
a direção efetiva de qualquer veículo de circulação terreste e o utilizar no seu próprio interesse,
ainda que por intermédio de comissário, responde pelos danos provenientes dos riscos próprios
do veículo, mesmo que este não se encontre em circulação. Portanto, a lei estabelece dois
pressupostos da responsabilidade: que o responsável tenha a direção efetiva do veículo e que o
utilize no seu próprio interesse ou benefício. Apesar de Aníbal não ter culpa no acidente, tal não
releva para a imputação da responsabilidade objetiva porque esta prescinde da culpa. O ART.
503 prevê, no entanto, a exclusão da responsabilidade civil objetiva nos casos em que há culpa
do lesado, e, no caso concreto não é irrelevante o facto de a Belinha ter atravessado
inadvertidamente à frente da viatura do Aníbal. A Belinha é inimputável nos termos do ART.
488/2 o que faz com que não responda pelos danos que pratica nos termos do art 488/1, no
entanto temos que verificar se se aplica o ART. 505. Se o Aníbal conduzia com cautela, de forma
atenta e sem excesso de velocidade nos termos do ART. 505 deverá ser excluída a
responsabilidade de Aníbal porque o acidente é imputável ao próprio lesado ou a terceiro.
Quanto aos danos na sua viatura e verificando os pressupostos da responsabilidade civil
extracontratual, apesar de haver um facto ilícito, causador de danos e haver nexo de causalidade