Você está na página 1de 24

UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

Casos Práticos - Direito Fiscal 2

Índice
IMI................................................................................................................................................................................. 2
Estrutura Típica de uma Lei de Imposto / Incidência e Isenção Subjetiva ............................................................... 2
CIMI: a especificidade do art.º 6º/3 ......................................................................................................................... 2
Início da tributação ................................................................................................................................................... 4
Isenções IMI .............................................................................................................................................................. 7
Inscrição nas Matrizes .............................................................................................................................................. 8
Garantias de defesa na Liquidação ........................................................................................................................... 9
IMT.............................................................................................................................................................................. 11
Sujeição de facto jurídico a tributação de IMI........................................................................................................ 11
Valor Tributável ...................................................................................................................................................... 14
Imposto de Selo .......................................................................................................................................................... 19
Revisões ...................................................................................................................................................................... 24

Pág. 1 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

IMI
Estrutura Típica de uma Lei de Imposto / Incidência e Isenção Subjetiva
1. A Santa Casa da Misericórdia de Valpaços é Sujeito Passivo de IRC?
Sim, porque conforme o art.º 2º/1, a), cabem todas “as pessoas coletivas de direito privado, com sede ou
direção efetiva em território português”.
a. A Santa Casa da Misericórdia de Valpaços paga IRC?
Não, pois a Santa Casa da Misericórdia de Valpaços embora seja Sujeito Passivo de IRC,
enquanto instituição particular de solidariedade social (IPSS) encontra-se isenta de IRC conforme
definido no art.º 10º/1, b).

CIMI: a especificidade do art.º 6º/3


2. A sociedade Lidl e Companhia pretendendo construir um armazém num terreno que não está
inscrito na matriz, antes mesmo de o comprar, pede ao Município competente uma informação
prévia sobre a possibilidade de construção naquele local. A Câmara Municipal emite informação
prévia favorável no dia 3/03/2021.
A emissão desta informação prévia altera a classificação do prédio?
Decorrente da emissão da informação do Município, a classificação do prédio é alterada, pois como
decorre do art.º 6º/3 do CIMI, é “considerado terreno para construção” aqueles a quem seja emitida
informação prévia favorável de construção.

3. Existe um terreno dentro do perímetro urbano da cidade de Macedo de Cavaleiros. Na matriz


predial de Macedo de Cavaleiros o terreno encontra-se classificado como rústico, tendo esta
classificação de 1968. A empresa Pingo Doce pretende construir aí um edifício para instalar um
supermercado, não sabendo se lhe será autorizado, a empresa à CMMC uma informação prévia. A
informação prévia favorável é emitida no dia 03/03/2021.
A emissão desta informação prévia altera a classificação do prédio?
São prédios urbanos todos aqueles que não devam ser classificados como rústicos, conforme o
previsto no artigo 4º do CIMI.
No caso em concreto, o terreno já era um prédio urbano para construção, independentemente da
emissão de informação prévia favorável, uma vez que, se encontra dentro do perímetro urbano da
cidade de Macedo de Cavaleiros, conforme o artigo 6º/3 1ª parte do CIMI e porque não se verifica
nenhuma das exceções previstas no mesmo artigo na 2ª parte, situação pela qual a informação
prévia não irá alterar a classificação deste prédio.

Pág. 2 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

4. Dentro do perímetro urbano de Mirandela, na rua da Telecom existe, entre dois prédios urbanos,
um terreno cultivado com horta. Não tem qualquer construção. Não é proibido construir. O prédio
está inscrito na matriz como prédio rústico. Tendo essa classificação de 1950.
a) Qual é a classificação desse prédio?
Não se enquadrando nas características de prédio rústico previstas no art.º 3 CIMI, é este
prédio urbano, com base no previsto no art.º 4º. É um prédio urbano, da categoria outros
(6º/1, d) + 6º/4, 1ª parte.)
b) O dono deste mesmo prédio aliena-o, no dia 9/03/2021 através de compra e venda. Na
escritura de compra e venda fica mencionado que o comprador pretende destinar o
terreno à construção de um prédio habitacional, de serviços e comércio. Escritura assinada
neste dia. Esta escritura altera a classificação do prédio?
Sim, altera a classificação para terreno de construção, por tal ser sido declarado no título
aquisitivo, conforme decorre de um dos pressupostos do art.º 6º/3.

5. Um terreno situado em Mirandela, atrás do edifício da Telecom que vai até à ribeira de Carvalhais.
Estando em zona em que nada pode ser construído, por estar em REN ou RAN. O terreno está a ser
cultivado. Qual a classificação do prédio?
Estamos perante um condicionamento de construção, por força de disposição legalmente aprovada,
no caso pelo facto de estar em zona REN ou RAN. Assim, e muito embora esteja colocado dentro de
um aglomerado urbano, só pode ter utilização geradora de rendimentos agrícolas, silvícolas e
pecuários, estando, pelo decorrente do enunciado, efetivamente a ter essa a ter essa afetação, pelo
que, aplicando-se o art.º 3º/2 do CIMI, trata-se de um prédio rústico.

6. Um terreno situado em Mirandela, atrás do edifício da Telecom que vai até à ribeira de Carvalhais.
Estando em zona em que nada pode ser construído, por estar em REN ou RAN. O terreno não está
a ser cultivado. Qual a classificação do prédio?
Por se encontrar dentro de um aglomerado urbano e tendo condicionantes de construção por força
da legislação resultante da REN ou RAN, só pode ter utilização geradora de rendimentos agrícolas,
silvícolas e pecuários, mas, pelo facto de não estar a ser cultivado, não o poderemos enquadrar no
previsto no art.º 2º/3 do CIMI. Não o podendo considerar rústico pelas outras condições previstas
neste art.º 3º, devemos considerar este prédio como urbano pelo decorrente do art.º 4º.
Sendo um prédio urbano e por não ser um terreno destinado a construção por se encontrar vedada
essa possibilidade pelas entidades competentes (art.º 6º/3), classificamos este como um prédio
Pág. 3 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

urbano da categoria outros previsto no art.º 6º/1, d), aplicando o previsto na 1ª parte do nº4 do
mesmo art.º 6º: “(…) os terrenos situados dentro de um aglomerado urbano que não sejam terrenos
para construção nem se encontrem abrangidos pelo disposto no n.º2 do art.º 3º (…)”.

Início da tributação
7. A sociedade Coelho Construções, Lda. – que tem no seu objeto a construção de edifícios para
venda -, comprou no dia 20 de junho de 2016, um terreno para construção em Mirandela.
Inscreveu o terreno no seu inventário no momento da aquisição.
Por dificuldades financeiras, a sociedade apenas começou a construir o edifício em dezembro de
2018. A partir de que ano a sociedade fica obrigada a pagar IMI sobre o terreno?
Prevê o art.º 9º/1, d) que o imposto de IMI é devido no 4º ano seguinte, inclusive, ao da inscrição do
terreno para construção no inventário da empesa que tenha objeto a construção de edifícios para
venda. Assim, cumprindo este último requisito, a Sociedade Coelho e Construções, Lda. fica obrigada
ao pagamento de IMI a partir do 4º ano após 2016, ano de inscrição do terreno no inventário
contabilístico, ou seja, no ano 2020, se ainda for sua proprietária.

8. A empresa comprou um prédio X para revenda, no dia 15 de novembro de 2019. Inscreveu-o no


inventário.
A partir de que ano passa a estar obrigado a pagar IMI sobre esse prédio?
Prevê o art.º 9º/1, e) que o imposto de IMI é devido no 3º ano seguinte, inclusive, ao da inscrição do
terreno para construção no inventário da empesa que tenha objeto a venda de prédios. Assim,
cumprindo este último requisito, e considerando que a inscrição em inventário ocorreu aquando da
compra do prédio, a empresa em análise fica obrigada ao pagamento de IMI a partir do 3º ano após
2019, ano de inscrição do terreno no inventário contabilístico, ou seja, no ano 2022, caso ainda seja
sua proprietária.

Pág. 4 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

9. A Sociedade ABC Construções, SA, tem como objeto:


a. A compra e venda de imóveis
b. A construção de imóveis por empreitada e para venda
A Sociedade adquiriu um terreno classificado na matriz como terreno para construção. A aquisição
teve lugar por compra e venda no dia 25/05/2019. No mesmo dia, o prédio foi inscrito no
inventário da empresa. A empresa construiu no terreno 4 moradias, tendo ficado concluídas no
dia 31/05/2020. As licenças de utilização foram obtidas no dia 17/03/2021.
Qual o último dia que a Sociedade tinha para efetuar a comunicação prevista no n.º 4 do art.º 9º
do CIMI?
Sendo o prazo do art.º 9/4 do CIMI de 60 dias após a verificação de “facto determinante para a
afetação dos prédios àqueles fins”, e decorrente do acórdão do TCA-S de 25/02/2021 que indica
como facto determinante a inscrição do inventário, tendo esse ocorrido a 25/05/2019, o prazo de 60
dias finaliza a 25/07/2019

10. A Sociedade ABC que tem por objeto a construção de edifícios para revenda e a compra de
imóveis para revenda, adquiriu, por compra e venda, celebrada no dia 1 de fevereiro de 2017, um
terreno para construção, tendo-o registado na sua contabilidade como propriedade de
investimento. (Nota: não registou em inventário) Entretanto, no dia 15 de abril de 2020 a Sociedade, tendo
decidido construir sobre o terreno um prédio para venda, regista o terreno em inventário.
a. Analisar em termos de IMI a incidência temporal.
Tendo a Sociedade ABC como objeto a construção de edifícios para revenda, poderá
beneficiar da suspensão da tributação de IMI relativamente a um determinado imóvel,
conforme decorre do art.º 9º/1, d).
Para beneficiar dessa suspensão, a empresa, por aplicação do n.º 4 do mesmo art.º 9º,
deverá comunicar ao serviço de finanças no prazo de 60 dias após verificação do facto
determinante da sua aplicação, a afetação do prédio ao fim de venda. Para entendermos o
significado da expressão “facto determinante da sua aplicação”, atendemos à jurisprudência,
nomeadamente ao acórdão do TCA-S de 25/02/2021 que que fixa esse facto como o
momento da inscrição do prédio no inventário da empresa.
Pág. 5 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

Neste sentido, o aludido prazo de 60 dias conta-se, no caso sub judice, a partir do dia 15 de
abril de 2020, momento da inscrição do prédio no inventário. O prazo para a empresa
comunicar o previsto no art.º 9º/4 vai, portanto, verificar-se a 14 de junho de 2020. Assim
ocorrendo, a empresa beneficiará da suspensão de pagamento de IMI durante 4 anos, sendo
este imposto devido a partir do último, inclusive, destes 4 anos, portanto, em 2024.
b. Suponha que a Sociedade apenas faz a comunicação do art.º 9º/4 no dia 15 de abril de
2021
Quando a comunicação prevista no art.º 9º/4 não ocorre dentro do prazo, teremos que
atender ao previsto no n.º 5 do mesmo art.º 9º, que nos indica que a suspensão da
tributação se inicia apenas a partir do ano da comunicação (sendo o imposto devido no
tempo decorrido), terminando, no ano em que findaria se apresentada dentro do prazo.
Assim, tendo esta comunicação ocorrida em 2021, um ano depois da inscrição em inventário,
a empresa não beneficiará da suspensão da tributação de IMI no ano de 2020, beneficiando,
contudo, nos anos 2021, 2022 e 2023, começando a dever o imposto em 2024, como tal
ocorreria se comunicada dentro de prazo pelo que decorre do art.º 9º/1, d).

11. A sociedade ABC, Lda. adquiriu em 1/06/2016 um prédio urbano habitacional em propriedade
horizontal para revenda. A sociedade tem como objeto a compra de prédios para revenda. A
sociedade registou o prédio em inventário em junho de 2016, contudo em janeiro de 2021, vendo
que não conseguia vender as 3 últimas frações, colocou-as em arrendamento. A sociedade efetuou
a comunicação prevista no n.º 4 do art.º 9º, no dia 15/07/2016.
Prevê o art.º 9º/1, e) que o imposto de IMI é devido no 3º ano seguinte, inclusive, ao da inscrição do
terreno para construção no inventário da empesa que tenha objeto a venda de prédios. Assim,
cumprindo este último requisito, e tendo a inscrição em inventário ocorrido em julho de 2016, a
empresa em análise fica obrigada ao pagamento de IMI a partir do 3º ano após 2016, inclusive, ou
seja, no ano 2019.

Pág. 6 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

Isenções IMI
12. Temos um agregado familiar formado pelas seguintes pessoas: Mário (800€/mês), mas ficou
desempregado a partir do dia 30 de setembro de 2020 e a Maria (750€/mês). O Duarte, filho, é
menor e apenas estuda.
Calcular o rendimento bruto.

Mário Maria
9 meses de salários: 800€ x 9 = 7200€ 12 meses salário: 750€ x 12 = 9000€
Subs. Férias e Natal: 9/12 x 800 = 600€ x 2 = 1200€ Subs. de Férias e Natal: 750€ x 2 = 1500€
Rendimento bruto: 7200€ + 1200€ = 8.400€ Rendimento bruto: 9000€ + 1500€ = 10.500€

Rendimento bruto agregado: 8.400€ + 10.500€ = 18.900€

Uma vez que o rendimento bruto total do agregado, que é de 18.900€, é superior a 2,3 vezes o valor
anual do IAS* [2,3 x (475 x 14) = 15.295€], desde logo não poderá beneficiar da isenção de IMI
(mesmo que o valor patrimonial tributário do seu possa património pudesse ser inferior a 10 vezes o
valor anual do IAS = 66.500€), previsto no n.º 1 do art.º 11º-A do CIMI.

* Embora o Indexante de Apoio Social seja atualmente aplicável seja de 438,81€, vigora ainda norma do art.º 220º/1 da
Lei n.º 42/2016 (OE 2016) que que nos indica que enquanto o IAS (438,81€) não atinja o valor da retribuição mínima
mensal garantida em vigor em 2010 (475,00€), é este o valor aplicável para efeito de indexação deste artigo. Assim:
475,00€ X 14 X 2,3 = 15.295€

13. O Mário e a Maria são proprietários do seguinte prédio:


i. Apartamento onde vivem com VPT de 50.000€
ii. Terreno da Maria com VPT de 1000€
iii. Casa de Mário na aldeia com VPT de 700€
1. Calcular o Valor Patrimonial Total dos prédios rústicos e urbanos.
50.000€ + 1000€ + 700€
O valor patrimonial total é de: 51.700€
2. O agregado cumpre a condição dos 10 IAS inscrita no art.º 11º-A/1 do CIMI?
Sim, uma vez que a condição de 10 IAS é de 66.500€ (475€ x 14 = 6650€ x 10 = 66.500€) e o
valor patrimonial total do agregado é inferior, cifrando-se em 51.700€.

Pág. 7 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

Inscrição nas Matrizes


14. A Suponha que A aquire a B o prédio urbano “X” através de compra e venda outorgada no dia
10/03/2021. O A tem aqui que declarar alguma coisa?
A obrigação de declarar do sujeito passivo para a inscrição na matriz decorrer a partir das
ocorrências verificadas nas alíneas a) a l) do n.º 1 do art.º 13º. Nelas não se encontra prevista a
obrigação de declaração aquando da mudança de titular de um prédio, assim, não há obrigação de A
em declarar na AT esta alteração de titularidade, podendo, no entanto, fazê-lo de forma voluntária,
como é evidente.
Conforme decorre o art.º 13º/ 3, c) é ao chefe de finanças da área que cabe oficiosamente proceder
à atualização da identidade dos proprietários sempre que tenha conhecimento da mudança do
respetivo titular.

Pág. 8 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

Garantias de defesa na Liquidação


15. O Jaimeley constrói uma casa em Mirandela, declara a conclusão e a casa é avaliada em 100 000
euros (VPT). É notificado dessa avaliação no dia 1 de julho de 2021 e não faz nada, embora não
concorde. (Se não concorda com a avaliação tem de impugnar logo a avaliação e não esperar pela
liquidação, é o que se chama de impugnação autónoma).
No dia 10 de abril de 2022, o Jaimeley recebe notificação para pagar IMI: 0,30% * 100 000 = 300
O Jaimeley pode reclamar ou impugnar de outra forma?
O Jaimeley já não pode impugnar a liquidação dizendo que a avaliação não está correta. Pode
impugnar com base em outros fundamentos: por exemplo, a taxa está errada, as contas estão mal
feitas, ele tem uma isenção, etc.

16. A, proprietário de uma moradia, construiu uma piscina no logradouro da sua moradia no ano de
2018. O facto determina aumento do VPT e, consequentemente, pode dar lugar a uma
reavaliação. A estava obrigado a declarar essa alteração à AT. Não o fez.
A AT detetou a falta de declaração quando já havia sido emitida a liquidação para o ano de 2018,
antes da avaliação. Procedeu à avaliação e atualizou o VPT. A AT Pode rever (revisão oficiosa) a
liquidação e exigir a diferença de imposto. Qual é o prazo para o fazer?
A revisão oficiosa da liquidação de IMI é, nos termos do art.º 115º/2 CIMI da competência dos serviços
de finanças da área da situação dos prédios. Indica o art.º 113º/4 que a revisão oficiosa é feita a todo
o tempo, sem prejuízo, por força do art.º 116º, ambos do CIMI, dos prazos de caducidade da liquidação
previstos nos art.ºs 45º e 46º da LGT.
Sendo que o art.º 46º da LGT nos remete para situações de suspensão resultantes da notificação ao
contribuinte, não tem aplicação ao caso concreto, tendo-se que olhar exclusivamente para o art.º 45.
No seguimento, indica-nos o n.º 1 deste art.º que o prazo para a liquidação é, na ausência de outro
legalmente fixado, de 4 anos. O n.º 4 estabelece que para os impostos periódicos, como é o caso do
IMI, o prazo de 4 anos referido, se conta a partir do ano em que se verificou o facto tributário.
Ora, tendo o facto que suscetível de alterar o valor patrimonial do imóvel ocorrido em 2018, o prazo
de 4 anos conta-se, precisamente, a partir de 31 de dezembro de 2018, fixando-se, assim, em 31 de
dezembro de 2022.
Assim, a AT pode proceder à revisão oficiosa da liquidação de IMI da moradia do sujeito passivo A, até
31/12/2022.

Pág. 9 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

17. B é proprietário de um prédio urbano X, o qual é avaliado no ano de 2018, determinando um valor

patrimonial tributário de 100.000€, o qual é notificado ao Sujeito Passivo no dia 10/12/2018.


B, não concordando com o resultado da avaliação, requer segunda avaliação.
O resultado da segunda avaliação é notificado no dia 1 de junho de 2019 e determina uma redução
do valor patrimonial tributário de 100.000€ para 95.000€.
Entretanto, a AT liquidou IMI para o ano de 2018 sobre o valor de 100.000€, notificando o sujeito
passivo no dia 1 de abril de 2019.
A AT está obrigada a proceder a revisão oficiosa da liquidação. Qual o prazo para o fazer?
A revisão oficiosa da liquidação de IMI é, nos termos do art.º 115º/2 CIMI da competência dos serviços
de finanças da área da situação dos prédios. Indica o art.º 113º/4 que a revisão oficiosa é feita a todo
o tempo, sem prejuízo, por força do art.º 116º, ambos do CIMI, dos prazos de caducidade da liquidação
previstos nos art.ºs 45º e 46º da LGT.
Sendo que o art.º 46º da LGT nos remete para situações de suspensão resultantes da notificação ao
contribuinte, não tem aplicação ao caso concreto, tendo-se que olhar exclusivamente para o art.º 45.
No seguimento, indica-nos o n.º 1 deste art.º que o prazo para a liquidação é, na ausência de outro
legalmente fixado, de 4 anos. O n.º 4 estabelece que para os impostos periódicos, como é o caso do
IMI, o prazo de 4 anos referido, se conta a partir do ano em que se verificou o facto tributário.
Ora, tendo o facto que altera o valor patrimonial do imóvel ocorrido a 1 de junho de 2019, o prazo de
4 anos conta-se, precisamente, a partir de 31 de dezembro de 2019, fixando-se, assim, em 31 de
dezembro de 2023.
Assim, a AT pode proceder à revisão oficiosa da liquidação de IMI da moradia do sujeito passivo B, até
31/12/2023.
Importa, contudo, atender que esta revisão oficiosa da liquidação de IMI, sendo obrigatória a AT
realizar pelo resultante do art.º 115º/1, b), importa de sobremaneira ao Sujeito Passivo, uma vez que
resultará num pagamento menor de IMI, devendo, assim, este usar da sua faculdade de reclamação
administrativa que é, nos termos conjugados do art.º 78º/1 da LGT.

Pág. 10 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

IMT
Sujeição de facto jurídico a tributação de IMI
18. Uma sociedade Alfa, lda. tem um ativo total de 200.000€. Este ativo é formado em 55% por imóveis. A
sociedade dedica-se à compra e venda de produtos agrícolas e a totalidade dos seus imóveis está afeta à
atividade da empresa. Raquel compra uma cota na sociedade ficando a dispor de 75% do capital social. Esta
operação é ou não tributada e porquê?
Não, porque o requisito do ponto ii) da alínea d) do art.º2º do CIMT, da afetação dos imóveis à atividade da
empresa, não se encontra preenchido.

19. A é proprietário de uma fração de imóvel com VPT de 75.000€. B é proprietário de imóvel com VPT de
80.000€. Outorgam escritura pública em que permutam os dois imóveis. Na escritura fica dito que
“permutam os dois imóveis, nada havendo a pagar a nenhuma das partes pois os outorgantes consideram
que ambos os imóveis têm o mesmo valor real de 110.000€.
Haverá lugar a IMT?
Sim, nos termos do art.º 2º/5, b) porque, apesar de os valores declarados serem iguais, os VPT são diferentes.

20. A morre, sucedendo-lhe cônjuge sobrevivo, B, e C e D, filhos. Sendo A e B casados em separação de bens, a
cada um dos sucessores cabe um terço da herança. Desta faz parte uma conta bancária de 80.000€, um
imóvel X no valor de 300.000€ e um imóvel y no valor de 160.000€.
Na escritura de partilha é atribuída a B o imóvel Y. O dinheiro da conta bancária é atribuído a C. B entrega
60.000€ de tornas a C e outro tanto a D. O imóvel X é atribuído a D.
Haverá aqui algum facto tributável em IMT?
Para efeito de tributação de IMT nesta herança consideramos apenas o valor dos bens imóveis. Assim:
300.000€ (imóvel x) + 160.000€ (imóvel y) = 460.000€. Cabe a cada um dos herdeiros o valor de 460.000€/3 =
153.333€.
Verificamos que B recebeu de imóveis 160.000€ e D recebeu também de imóveis 300.000€. Em ambos os
casos, estes herdeiros receberam mais que a quota-parte correspondente. Calcularemos agora o excesso de
quota-parte:
B: 160.000€ - 153.333€ = 6.667€
C: 300.000€ - 153.333€ = 146.667€
Assim, temos aqui dois factos tributáveis de IMT, que incidirá no excesso de quota-parte de cada um dos dois
herdeiros, nos termos do art.º 5º/5, c)

Pág. 11 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

21. Abel morre. Aberta a sucessão, verifica-se que existem 2 herdeiros legitimários, ambos filhos (B e C).
Verifica-se a existência de um testamento em que Abel dispõe de 10% da herança a favor do filho B.
Verifica-se existirem dívidas no valor de 100.000€. O valor da herança (sem dívidas) é de 200.000€. O
testamento estipula como condição que o filho B fica obrigado a pagar todas as dívidas de Abel.
1. Qual o valor da dívida que cabe ao filho B?
60% x 100.000= 60.000€
2. Qual o valor da quota da herança que lhe cabe em testamento
10% X 200.000 = 20.000€
3. Ver se o valor da quota que lhe cabe por testamento é superiora o valor da dívida que lhe cabe.
Esta última condição, neste caso, não se verifica. Aplicação do 3º/b, última parte

22. O Abel comprou em 2019 um imóvel. Pagou o IMT na compra desse imóvel. Em 2020, Abel quer comprar
outro imóvel. Para não pagar IMT sobre esta compra, vai às Finanças pedir a Certidão prevista no art.º 7º/3
do CIMT. Abel ainda não vendeu o primeiro imóvel; Registou-se nas finanças com a atividade de compra e
venda de imóveis.
a) Abel pode obter a Certidão?
Nos termos do art.º 7º/3, a Certidão tem que mencionar se no ano anterior “foi adquirido para venda
ou revenda algum prédio antes adquirido para esse fim”. Para que a certidão possa mencionar esse
facto, é necessário que a escritura de compra e venda menciona a realidade de venda
b) Caso não tenha obtido a certidão, poderá obter isenção de IMT?
O facto de o Abel não ter condições para obter Certidão, não prejudica liminarmente a isenção. Para
que ele obtenha isenção, necessita de dois requisitos: adquirido para revenda e tenha cae (+ revenda
no prazo de 3 anos). Não tenha a certidão, vai pagar no imediato de IMT, podendo vir beneficiar de
isenção a requerimento próprio nos termos do art.º 7º/4.

23. A Ana no ano de 2018 comprou um apartamento. Em 2019 a Ana revendeu esse apartamento. Em 2020 a
Ana quer comprar outro apartamento, prevendo beneficiar da isenção de IMT ao abrigo do art.º 7º do
CIMT. A Ana está coletada com CAE 68100 desde 2018.
Tem Ana condições para nesse ano de 2020 obter a certidão do art.º 7º/3?
Não se pode presumir que a Ana comprou para revenda o apartamento só pelo facto de o vindo a vender.
Aplicando-se o art.7º/3, a certidão passada pelo serviço de finanças tem de mencionar se, no ano anterior, foi
adquirido um imóvel para revenda ou revendido algum prédio para esse fim. Para que a certidão possa
mencionar esse facto é necessário que a escritura de compra e venda do imóvel se inscreva a finalidade da
revenda.

Pág. 12 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

24. A e B são comproprietários (podiam ser quinhoeiros: pessoa com quota parte de bens) do prédio rústico X.
Este tem umVPT de 20.000€. Cada um dos comproprietários tem uma quota ideal de 50%. A aliena a sua
cota ao B.
B vai pagar pela parte do VPT ou do valor declarado na escritura (12º/4, 1ª), conforme o valor que for maior
por aplicação do n.º 1 deste art.º

Pág. 13 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

Valor Tributável
25. Abel é proprietário de um prédio rústico X, com VPT de 100.000€. Em abril de 2021 constitui, por escritura
pública, direito de superfície a favor de Bruno por um período de 40 anos, a terminar no dia 30 de abril de
2061.
Qual é o valor atual deste direito de superfície? Qual é o valor atual do solo?
Aplicação do art.º 12º/4, 2ª, b) + 13º/i) e h):
40 anos/5 = 8 períodos
8 períodos = 80%
100.000€ x 80% = 80.000€
100.000€ – 80.000€ = 20.000
O valor atual de direito de superfície é de 100.000€ – 20.000€ = 80.000€
É este valor atual do direito de superfície que servirá de base à tributação de IMT.

26. Ana é propriedade de um imóvel X com o VPT de 80.000€. Bruno é proprietário de um imóvel Y com o VPT
de 82.000€. Ana e Bruno permutam os dois imóveis. No DPA fica escrito que Bruno entrega a Ana 12.000€,
por ser essa a diferença estimada entre os valores dos imóveis.
Qual o valor tributável?
Os 12.000€ declarados no DPA, por ser superior à diferença entre os VPT’s, com base no art.º 12º/4, 4ªR.

27. Ana tem uma dívida de 85.000€ para com a sociedade BB, Lda. Em pagamento entrega-lhe um imóvel com
um VPT de 20.000€.
Qual o valor tributável?
Os 85.000€, que é o valor da dívida, superior ao valor patrimonial tributário, com base no art.º 12º/4, 5ªR.

28. A tem uma dívida de 40 000 € para com seu irmão B. Ambos são herdeiros na sucessão de C. A renuncia à
sua parte da herança, na qual tinha direito a ½ de um imóvel com um VPT de 15 000€, em contrapartida da
anulação da dívida
Qual o valor tributável?
Por aplicação do art.º 12º/4, 6ª R., caso no contrato fique escrito que a renuncia tem como contrapartida a
assunção da dívida, o imposto incidirá sobre os 40.000€. Se, ao invés, nada for escrito nesse sentido, o valor
tributável já será os 7.500€, correspondentes à sua parte do VPT do imóvel da herança.

29. Maria é proprietária do imóvel X com VPT de 60.000€. É feita uma escritura em que a Maria fica com o
usufruto do imóvel e a nua-propriedade é atribuída ao João. A seguir, João vende o seu direito à irmã Carla
por 25.000€. Maria tem 72 anos.
A propriedade plena tem o VPT de 60.000€.
Valor da nua-propriedade: 60.000 – (60.000 x 25%) = 60.000 - 15.000 = 45.000€
Pág. 14 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

Valor do usufruto: 60.000 – 45.000 = 15.000€.


Tendo em conta a aplicação do art.º 12º/4, 7ª R., o imposto será calculado sobre o valor da nua-propriedade,
45.000€, dado que este é superior aos 25.000€ constantes do contrato.

30. Prosseguindo no exemplo do caso anterior, suponha que a Maria tem uma dívida de 30.000€ para com Rui.
Instaurada a ação de execução, é penhorado e vendido o usufruto que a Maria tem sobre a casa, vindo este
a ser adjudicado pelo valor de 32.000€.
a) A operação é tributável?
É, é uma aquisição onerosa.
b) Qual é o valor tributável?
Propriedade plena – Nua-propriedade: 60.000 – 45.000 = 15.000€. Este é por aplicação do art.º
13º/b) o valor do usufruto.
Assim, e à luz do art.º 12º/4, 8ª R., o imposto será liquidado pelo valor do contrato, 32.000€, por este
ser superior ao valor do usufruto.

31. A sociedade Alfa dá de arrendamento a Pedro um imóvel com um contrato de arrendamento com um prazo
de 40 anos. A renda é estipulada em 1000€/mensais. O VPT do prédio é de 75.000€.
a) A operação é tributável em IMT?
Sim, pelo art.º 2º/2, c)
b) Qual o valor tributável?
Aplica-se aos arrendamentos de longo prazo, a regra 10ª do art.º 12º/4, incidindo o imposto, neste
caso, uma vez que não se verifica a aquisição do prédio pelo arrendatário, sobre o valor de 20 vezes a
renda anual se maior que o valor tributário do prédio, que é.
Renda anual: 1000 x 12 = 12.000€
12.000 x 20 = 240.000€
Assim, o imposto irá incidir sobre os 240.000€

Pág. 15 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

32. Carlos morre, sendo seus sucessores Eduarda, Filipe e Gualter. Da herança fazem parte dois imóveis: X (VPT
100.000€) e Y (VPT 120.000€). Do acervo da herança faz ainda parte uma conta bancária de 200.000€ e um
automóvel no valor de 20.000€
Na partilha, Eduarda leva o imóvel X. O Filipe leva o imóvel Y. Gualter leva o resto.
Temos tributação tributável em IMT?
Imóveis: 100.000 + 120.000 = 220.000
Quota a cada um: 220.000 / 3 = 73.333,33€
Eduarda = 100.000 – 73.333,33 = 26.666,67€
Filipe = 120.000 – 73.333,33 = 46.666,67€

Assim, tanto no caso de Eduarda e Filipe há um excesso de quota-parte na partilha e assim tributável art.º
2º/5, c).
Aqui não temos valores de avaliação. O valor tributável da Eduarda era 26.666,67…. Não conseguimos
completar o exercício.

33. Beta forma com mais 3 pessoas uma sociedade por quotas. Berta realiza a sua entrada de capital mediante
a entrega da propriedade do seu imóvel X, com VPT de 50.000€. No relatório de avaliação é atribuído ao
imóvel o valor de 120.000€
Por aplicação do art.º 12º/4, 12ª R., pelo facto de o valor da peritagem de avaliação ser superior, a tributação
irá incidir sobre os 120.000€.

34. A empresa Alfa faz com o banco Beta um contrato de locação financeira sobre o imóvel X de VPT de
150.000€. A renda anual é de 16.800€. Fica estipulado no contrato que caso a Alfa queira adquirir a
propriedade do bem no final do contrato, deverá pagar ao banco o valor residual de 2.000€. A sociedade
adquire o bem.
Neste caso, e tendo em conta a regra do do art.º 12º/4, 14ª R., o valor tributável será o valor residual do
contrato, ou seja, os 2.000€.

Pág. 16 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

35. Carminda outorga na qualidade de promitente-compradora contrato de promessa de compra e venda de


prédio rústico com Dário na qualidade de promitente-vendedor. O VPT do prédio é de 3.000€. O preço
estipulado para a venda é de 20.000€. No contrato fica estipulado clausula autorizando a cessão da posição
contratual de Carminda.
No momento da outorga do CPCV paga a Dário a quantia de 2.000€, a título de sinal e princípio de
pagamento.
Passado um mês, Carminda transmite a sua posição contratual a Elvira, pagando esta a Carminda o preço
de 3.000€.
Finalmente, 3 meses depois, Dário vende a Elvira, pagando esta a Dário o valor de 18.000€.
Estamos perante 3 factos tributários sujeitos a IMT:
• O pagamento de 2.000€ de Carminda a Dário – O imposto incide sobre os 2.000€ por aplicação do
art.º 12º/4, 18ª R., 1ª parte;
• A cedência da posição contratual por 3.000€ de Carminda a Elvira – o imposto incide sobre os 3.000€
por aplicação do art.º 12º/4, 18ª R., 2ª parte;
• A aquisição definitiva por Elvira a Dário por 18.000€ - o imposto vai incidir em 17.000€ (20.000€ -
3.000€) por aplicação do art.º 22º/3.

36. A, na qualidade de proprietário locador, e B, na qualidade de arrendatário, celebram contrato de


arrendamento pelo prazo de 15 anos. A renda estipulada é de 10.000€/ano. Fica estipulado que se B pagar
todas as rendas acordadas, no final do prazo de 15 anos B ficará com a propriedade do imóvel.
Qual o valor tributável?
No momento da fixação do contrato de arrendamento ocorre o facto tributário. Este incide sobre a
importância das rendas acordadas, conforme decorre do art.º 12º/5, g). Assim:
15 x 10.000 = 150.000€.
O valor tributável é 15.000€.

37. Berta faz doação de um apartamento com o VPT de 120.000€ ao seu afilhado, Carlos. Fica no contrato de
doação que Carlos pagará uma dívida que Berta tem ao banco no valor de 80.000€.
a) Este contrato é tributado em IMT?
Sim, ao abrigo do art.º 3º/a).
b) Se sim, qual o valor tributável?
Por aplicação do art.º 15º/a) temos a importância em dívida que é de 80.000€.
Por aplicação do art.º 15º/b) consideramos o excedente do valor dos bens: 120.000 – 80.000 =
40.000€
Assim, o valor tributável é de 80.000 + 40.000 = 120.000€.

Pág. 17 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

38. Alberto adquire por compra e venda uma moradia para habitação própria e permanente pelo preço de
450.000€. O VPT é de 380.000€. Calcule o IMT a pagar por Alberto.
Por aplicação do art.º 12º/1, o IMT incidirá no valor do contrato por este ser maior que o vpt.

O cálculo do imposto a pagar faz-se com base no art.º 15º/1, a) e 3:

450.000€ - aplica-se a taxa média do 4º escalão para primeira parte, e a taxa marginal do 5º escalão para a
segunda parte.

Cálculo auxiliar i. 1º: [taxa média] 287.213 x 3,8361% = 11.017,77€


480.000 – 287.213 =
162.787€ ii. 2º: [taxa marginal] 162.787 x 8% = 13.022,96€

Imposto a pagar: 11.017,77€ + 13.022,96€ = 24.040,74€

39. Alberto adquire por compra e venda uma moradia para habitação própria e permanente pelo preço de
600.000€. O VPT é de 380.000€. Calcule o IMT a pagar por Alberto.
Por aplicação do art.º 12º/1, o IMT incidirá no valor do contrato por este ser maior que o vpt.

O cálculo do imposto a pagar faz-se com base no art.º 15º/1, a). Dado tratar-se de um preço superior a
574.323, o cálculo do IMT faz-se por aplicação da taxa única de 6%.

600.000 x 6% = 36.000€

Valor de IMT a pagar é de 36.000€

40. Alberto adquire por compra e venda um apartamento destinado a arrendamento. O VPT do imóvel é de
87.000€, o preço constante da escritura 180.000€.
Qual o valor do imposto?
Por aplicação do art.º 12º/1, o IMT incidirá no valor do contrato por este ser maior que o vpt.

O cálculo do imposto a pagar faz-se com base no art.º 15º/1, b) e 3:

180.000€ - aplica-se a taxa média do 3º escalão para primeira parte, e a taxa marginal do 4º escalão para
a segunda parte.

Cálculo auxiliar 1º: [taxa média] 172.348 x 2,2636% = 3.901,27€


180.000 – 172.348 =
7.652€ 2º: [taxa marginal] 7.652 x 7% = 535,64€

Imposto a pagar: 3.901,27€ + 535,64€ = 4.436,91€

Pág. 18 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

Imposto de Selo
41. A e B celebram por escritura pública um contrato de compra e venda de um imóvel X no valor de 140.000€.
O imóvel tem um VPT de 100.000€.
a. Este facto está sujeito a imposto de selo, qual a verba aplicável?
Por aplicação do art.º 1º do CIS, incide sobre este facto o índice 1.1 da tabela geral do IS, por se tratar
de uma “aquisição onerosa do direito de propriedade sobre imóveis”.
b. Qual o valor tributável?
Determina o art.º 9º/4 do CIS, como regra geral, que à tributação de negócios jurídicos sobre imóveis
se aplicam as regras de determinação da matéria coletável do CIMT. Assim, e o conforme o art.º
12º/1 que indica que a incidência ocorre sobre o valor constante do contrato ou sobre o valor
patrimonial tributário, consoante o que for maior, neste caso, os 140.000€ do contrato será o valor
tributável.
c. Qual o valor do imposto?
Valor do imposto = 140.000 x 0,8% = 1.120€
d. Quem é o sujeito passivo?
Conforme decorre do art.º 2º/1, a) do CIS, o sujeito passivo é o profissional que autentique (ou exara)
os documentos particulares.
e. De quem é o encargo?
O encargo do imposto é, de acordo com o art.º 3º/1 do CIS, o “titular do interesse económico”, sendo
este, conforme o n.º 3 do mesmo preceito legal, in fine, o adquirente do bem.
f. Quem procede à liquidação?
Determina o art.º 23º/1 que quem procede à liquidação são os sujeitos passivos, ou seja os
profissionais que autenticam os documentos particulares.
g. Qual o prazo para a realização da liquidação?
O legislador não estabelece para estes casos um prazo para a liquidação, ocorrendo este, na prática,
no momento do pagamento do imposto.
h. Quem faz o pagamento e em que prazo?
O pagamento, de acordo com o art.º 41º/1, é efetuado pelas pessoas responsáveis pela liquidação,
neste caso os profissionais, devendo o imposto ser pago até ao dia 20 do mês seguinte àquele em que
a obrigação tributária se tenha constituído. (art.º 44º/1).
i. Quando se constituiu esta obrigação tributária?
Conforme o art.º 5º/1, no momento da assinatura pelos outorgantes.

Pág. 19 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

42. A e B celebram entre si um contrato de doação de um imóvel X. O imóvel tem um VPT de 100.000€.
a. Este facto está sujeito a imposto de selo, qual a verba aplicável?
Por aplicação do art.º 1º do CIS, incide sobre este facto o índice 1.1 da tabela geral do IS, por se tratar
da doação do direito de propriedade sobre imóveis, somando-se o índice 1.2 da mesma tabela por se
tratar de uma aquisição gratuita de bens.
b. Qual o valor tributável?
Nas transmissões gratuitas, conforme decorre do art.º 13º/1 do CIS, o valor tributável do imóvel é o
valor patrimonial tributário constante da matriz, que é, no caso em análise, de 100.000€.
c. Quem é o sujeito passivo?
Conforme decorre do art.º 2º/2, b) do CIS, nas transmissões gratuitas o sujeito passivo é o
beneficiário da mesma, ou seja, aplicando-se ao caso em concreto, o donatário.
d. De quem é o encargo?
O encargo do imposto é, de acordo com o art.º 3º/1 do CIS, o “titular do interesse económico”, sendo
este, conforme o n.º 3 do mesmo preceito legal, in fine, o adquirente do bem, neste caso, o donatário
já identificado também como sujeito passivo.
e. Quem procede à liquidação?
Aos serviços centrais da DGCI (AT), conforme emanado no art.º 25º/1.
f. Quem participa à AT?
O beneficiário, ou seja o donatário, como previsto no art.º 26º/1 do CIS.
g. Quando tem de ser feita essa participação da liquidação?
Deve ser apresentada até ao final do 3º mês seguinte ao do nascimento da obrigação tributária
(26º/3). O nascimento da obrigação tributária ocorre no momento da assinatura pelos outorgantes,
conforme o art.º 5º/1, a).
Por exemplo, se neste caso a assinatura ocorresse a 15/05/2021, o termo do prazo para participação à AT seria
o dia 31/08/2021.
h. Quando tem de ser pago?
Tem de ser pago na totalidade até ao fim do segundo mês seguinte ao da notificação, conforme
previsto no art.º 45º/1 do CIS. Esta notificação ocorre com a liquidação, de acordo com o art.º 36º.

Pág. 20 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

43. Abel e Beno outorgaram um contrato de arrendamento de bem imóvel no dia 15/05/2021. A renda mensal
é de 500€.
a. Este facto está sujeito a imposto de selo, qual a verba aplicável?
Por aplicação do art.º 1º do CIS, incide sobre este facto o índice 2 da tabela geral do IS, por se tratar
de um arrendamento.
b. Qual o valor tributável?
Conforme o próprio índice 2 da tabela geral do IS, o valor tributável incide sobre o valor da renda, ou
seja, os 500€.
c. Qual o valor do imposto?
Valor do imposto = 500 x 10% = 50€
d. Quem é o sujeito passivo?
O sujeito passivo é, conforme o art.º 2º/5 do CIS o locador, ou seja, o proprietário do imóvel.
e. De quem é o encargo?
O encargo do imposto é também do locador, nos termos do art.º 3º/3, b)
f. Quem procede à liquidação?
O imposto é liquidado pela AT conforme o previsto no art.º 23º/8.
g. Quem comunica à AT e em que prazo?
O locador, como decorre do art.º 60º/1. Essa comunicação é efetuada até ao fim do mês seguinte ao
do início do arrendamento – art.º 60º/2 do CIS.
Por exemplo, se o arrendamento teve início a 1/06/2021, o prazo para comunicar a liquidação de imposto
termina a 31/07/2021.
h. Quando tem de ser pago?
É pago no mesmo prazo previsto no art.º 60º/2 do CIS, ou seja, até ao fim do mês seguinte ao início
do arrendamento.

Pág. 21 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

44. Artur morre sucedendo-lhe cônjuge, Maria, e filhos, José e Ana. O acervo da herança inclui uma moradia
(VPT de 200.000€), um prédio rústico (VPT de 10.000€), duas contas bancárias no valor de 500.000€ e um
automóvel no valor de 20.000€.
O Artur deixou em testamento ao Claúdio, sobrinho, deixando-lhe 50.000€ em dinheiro.
O Artur morre 1 de janeiro de 2021.
Mapa de Partilha:
• Moradia adjudicada a Maria;
• O prédio rústico em copropriedade a José e Ana;
• O dinheiro (450.000€) é dividido entre José e Ana;
• Automóvel adjudicado a Maria.

a. Este facto está sujeito a imposto de selo?


Por aplicação do art.º 1º do CIS, este imposto vai incidir em cada uma destas aquisições, aplicando-se
o índice 1.2 da tabela geral do IS, por se tratar de uma aquisição gratuita de bens.
b. Qual o valor tributável?
No caso dos imóveis, o valor tributável é aquele que consta da matriz, conforme o art.º 13º, ou seja,
200.000€ no caso da moradia e 10.000€ no caso prédio rústico. No caso da conta bancária, o valor é o
de 500.000€ por aplicação do art.º 15º/5 e no caso da entrega monetária o valor tributável
corresponde ao montante existente à data de transmissão (15º/5). No caso do automóvel é o seu
valor de mercado (14º/2) que, tendo em conta o enunciado, será de 20.000€.
c. Quem é o sujeito passivo?
O sujeito passivo é a herança, de acordo com o art.º 2º/2, a).
d. De quem é o encargo?
É da herança e dos legatários, conforme o art.º 3º/3, a).
e. Quem procede à liquidação?
Maria (cabeça de casal) deve proceder à participação - 26º/1;
Segue-se a liquidação nos termos do art.º 33º/1 (pelas finanças);
Feita a liquidação, a notificação é feita ao cabeça de casal – art.º 36º.
f. Qual o valor do imposto?
10% x 730.000€ = 73.000€
g. Qual o prazo para a realização da participação?
30 de abril de 2021 – art.º 26º/3.
h. Qual o pagamento e em que prazo?
O imposto é pago até ao fim do segundo mês seguinte ao da notificação, aplicando-se os pagamentos
em prestações – art.º 45º

Pág. 22 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

i. Aplica-se a estes casos algumas das isenções previstas no art.º 6º?


O cônjuge e os descendentes estão isentos do pagamento de imposto de selo (art.º 6º/e)), sendo que
não está isento o Claúdio. O imposto associado a este é de 50.000€ x 10%.

45. Fernando empresta 20.000€ à prima Francisca. Está sujeita a imposto de selo?
Por aplicação do art.º 1º do CIS, incide sobre este facto o índice 17.1 da tabela geral do IS, por se tratar de um
mútuo.
46. Hipoteca voluntária e qualquer garantia (penhor, fiança, aval)?
Por aplicação do art.º 1º do CIS, incide sobre este facto o índice 10 da tabela geral do IS, por se tratar de um
garantia.
47. Trespasse: A sociedade ABC fizer um trespasse para a sociedade LTM, Lda. O trespasse está sujeito a
imposto de selo? O valor de 100.000€?
a. Sim –Por aplicação do art.º 1º do CIS, incide sobre este facto o índice 27 da tabela geral do IS, por se
tratar de um trespasse. O imposto será de 100.000€ x 5% = 5.000€.
b. Sujeito passivo: Trespassante – art.º 2º/1, q)
c. Encargo do imposto: Os adquirentes - art.º 3º/3, v)

Pág. 23 de 24
UC Direito Fiscal 2 – Casos Práticos

Revisões
48. Ambrósio faleceu em 22 de novembro de 2019 com testamento no qual lega à sua irmã Berta um prédio
urbano com o VPT 300.000€ e o encargo do pagamento de uma pensão mensal vitalícia de 100€ a favor de
Carlota, de 60 anos. Em 20 de janeiro de 2020, Berta fez doação do imóvel a Carlota.
Berta não afeta o imóvel a habitação própria e permanente.
Análise em termos de IMT e Imposto de Selo.
Sucessão testamentária IMT:
• Incidência de IMT por força do art.º 3º/b) CIMT.
• Art.º 15º/a) “Valor atual das pensões”
o 13º/c) e a): 100 x 12 x 20 x 35% = 8400€
• Art.º 15º/b) “excedente do valor dos bens”
o VPT – Valor pensão: 300.000 – 8400 = 291.600€
• Sujeito Passivo da Sucessão Testamentária
o Berta (art.º 4º)
• IMT a pagar
o Art.º 17º/1, b) e 3
o 291.600 = 287.213 + 4.387
▪ 287.213 x 4,1578% + 4.387 x 8% =11.941,74 + 350,96 = 12.292,7€
Sucessão testamentária IS:
• Consideramos, interpretativamente à inserção sistemática, uma vez que o art.º 19º está inserido
na secção das transmissões gratuitas, vamos considerar aqui que há uma situação gratuita, pelo
que apenas será tributado a sucessão testamentária pela verba 1.2 da tabela geral do IS;
• O valor tributável
o 300000 – 8400 = 291600
• Imposto a pagar: 291600 x 10% = 29160€

Doação
• Não é tributável em IMT
• É tributável em IS (verba 1.2)
o VT: 13º/1 – 300.000€
o Taxa: 10%
o Imposto a pagar: 300.000 x 10% = 30.000€

Pág. 24 de 24

Você também pode gostar