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Índice
IMI................................................................................................................................................................................. 2
Estrutura Típica de uma Lei de Imposto / Incidência e Isenção Subjetiva ............................................................... 2
CIMI: a especificidade do art.º 6º/3 ......................................................................................................................... 2
Início da tributação ................................................................................................................................................... 4
Isenções IMI .............................................................................................................................................................. 7
Inscrição nas Matrizes .............................................................................................................................................. 8
Garantias de defesa na Liquidação ........................................................................................................................... 9
IMT.............................................................................................................................................................................. 11
Sujeição de facto jurídico a tributação de IMI........................................................................................................ 11
Valor Tributável ...................................................................................................................................................... 14
Imposto de Selo .......................................................................................................................................................... 19
Revisões ...................................................................................................................................................................... 24
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IMI
Estrutura Típica de uma Lei de Imposto / Incidência e Isenção Subjetiva
1. A Santa Casa da Misericórdia de Valpaços é Sujeito Passivo de IRC?
Sim, porque conforme o art.º 2º/1, a), cabem todas “as pessoas coletivas de direito privado, com sede ou
direção efetiva em território português”.
a. A Santa Casa da Misericórdia de Valpaços paga IRC?
Não, pois a Santa Casa da Misericórdia de Valpaços embora seja Sujeito Passivo de IRC,
enquanto instituição particular de solidariedade social (IPSS) encontra-se isenta de IRC conforme
definido no art.º 10º/1, b).
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4. Dentro do perímetro urbano de Mirandela, na rua da Telecom existe, entre dois prédios urbanos,
um terreno cultivado com horta. Não tem qualquer construção. Não é proibido construir. O prédio
está inscrito na matriz como prédio rústico. Tendo essa classificação de 1950.
a) Qual é a classificação desse prédio?
Não se enquadrando nas características de prédio rústico previstas no art.º 3 CIMI, é este
prédio urbano, com base no previsto no art.º 4º. É um prédio urbano, da categoria outros
(6º/1, d) + 6º/4, 1ª parte.)
b) O dono deste mesmo prédio aliena-o, no dia 9/03/2021 através de compra e venda. Na
escritura de compra e venda fica mencionado que o comprador pretende destinar o
terreno à construção de um prédio habitacional, de serviços e comércio. Escritura assinada
neste dia. Esta escritura altera a classificação do prédio?
Sim, altera a classificação para terreno de construção, por tal ser sido declarado no título
aquisitivo, conforme decorre de um dos pressupostos do art.º 6º/3.
5. Um terreno situado em Mirandela, atrás do edifício da Telecom que vai até à ribeira de Carvalhais.
Estando em zona em que nada pode ser construído, por estar em REN ou RAN. O terreno está a ser
cultivado. Qual a classificação do prédio?
Estamos perante um condicionamento de construção, por força de disposição legalmente aprovada,
no caso pelo facto de estar em zona REN ou RAN. Assim, e muito embora esteja colocado dentro de
um aglomerado urbano, só pode ter utilização geradora de rendimentos agrícolas, silvícolas e
pecuários, estando, pelo decorrente do enunciado, efetivamente a ter essa a ter essa afetação, pelo
que, aplicando-se o art.º 3º/2 do CIMI, trata-se de um prédio rústico.
6. Um terreno situado em Mirandela, atrás do edifício da Telecom que vai até à ribeira de Carvalhais.
Estando em zona em que nada pode ser construído, por estar em REN ou RAN. O terreno não está
a ser cultivado. Qual a classificação do prédio?
Por se encontrar dentro de um aglomerado urbano e tendo condicionantes de construção por força
da legislação resultante da REN ou RAN, só pode ter utilização geradora de rendimentos agrícolas,
silvícolas e pecuários, mas, pelo facto de não estar a ser cultivado, não o poderemos enquadrar no
previsto no art.º 2º/3 do CIMI. Não o podendo considerar rústico pelas outras condições previstas
neste art.º 3º, devemos considerar este prédio como urbano pelo decorrente do art.º 4º.
Sendo um prédio urbano e por não ser um terreno destinado a construção por se encontrar vedada
essa possibilidade pelas entidades competentes (art.º 6º/3), classificamos este como um prédio
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urbano da categoria outros previsto no art.º 6º/1, d), aplicando o previsto na 1ª parte do nº4 do
mesmo art.º 6º: “(…) os terrenos situados dentro de um aglomerado urbano que não sejam terrenos
para construção nem se encontrem abrangidos pelo disposto no n.º2 do art.º 3º (…)”.
Início da tributação
7. A sociedade Coelho Construções, Lda. – que tem no seu objeto a construção de edifícios para
venda -, comprou no dia 20 de junho de 2016, um terreno para construção em Mirandela.
Inscreveu o terreno no seu inventário no momento da aquisição.
Por dificuldades financeiras, a sociedade apenas começou a construir o edifício em dezembro de
2018. A partir de que ano a sociedade fica obrigada a pagar IMI sobre o terreno?
Prevê o art.º 9º/1, d) que o imposto de IMI é devido no 4º ano seguinte, inclusive, ao da inscrição do
terreno para construção no inventário da empesa que tenha objeto a construção de edifícios para
venda. Assim, cumprindo este último requisito, a Sociedade Coelho e Construções, Lda. fica obrigada
ao pagamento de IMI a partir do 4º ano após 2016, ano de inscrição do terreno no inventário
contabilístico, ou seja, no ano 2020, se ainda for sua proprietária.
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10. A Sociedade ABC que tem por objeto a construção de edifícios para revenda e a compra de
imóveis para revenda, adquiriu, por compra e venda, celebrada no dia 1 de fevereiro de 2017, um
terreno para construção, tendo-o registado na sua contabilidade como propriedade de
investimento. (Nota: não registou em inventário) Entretanto, no dia 15 de abril de 2020 a Sociedade, tendo
decidido construir sobre o terreno um prédio para venda, regista o terreno em inventário.
a. Analisar em termos de IMI a incidência temporal.
Tendo a Sociedade ABC como objeto a construção de edifícios para revenda, poderá
beneficiar da suspensão da tributação de IMI relativamente a um determinado imóvel,
conforme decorre do art.º 9º/1, d).
Para beneficiar dessa suspensão, a empresa, por aplicação do n.º 4 do mesmo art.º 9º,
deverá comunicar ao serviço de finanças no prazo de 60 dias após verificação do facto
determinante da sua aplicação, a afetação do prédio ao fim de venda. Para entendermos o
significado da expressão “facto determinante da sua aplicação”, atendemos à jurisprudência,
nomeadamente ao acórdão do TCA-S de 25/02/2021 que que fixa esse facto como o
momento da inscrição do prédio no inventário da empresa.
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Neste sentido, o aludido prazo de 60 dias conta-se, no caso sub judice, a partir do dia 15 de
abril de 2020, momento da inscrição do prédio no inventário. O prazo para a empresa
comunicar o previsto no art.º 9º/4 vai, portanto, verificar-se a 14 de junho de 2020. Assim
ocorrendo, a empresa beneficiará da suspensão de pagamento de IMI durante 4 anos, sendo
este imposto devido a partir do último, inclusive, destes 4 anos, portanto, em 2024.
b. Suponha que a Sociedade apenas faz a comunicação do art.º 9º/4 no dia 15 de abril de
2021
Quando a comunicação prevista no art.º 9º/4 não ocorre dentro do prazo, teremos que
atender ao previsto no n.º 5 do mesmo art.º 9º, que nos indica que a suspensão da
tributação se inicia apenas a partir do ano da comunicação (sendo o imposto devido no
tempo decorrido), terminando, no ano em que findaria se apresentada dentro do prazo.
Assim, tendo esta comunicação ocorrida em 2021, um ano depois da inscrição em inventário,
a empresa não beneficiará da suspensão da tributação de IMI no ano de 2020, beneficiando,
contudo, nos anos 2021, 2022 e 2023, começando a dever o imposto em 2024, como tal
ocorreria se comunicada dentro de prazo pelo que decorre do art.º 9º/1, d).
11. A sociedade ABC, Lda. adquiriu em 1/06/2016 um prédio urbano habitacional em propriedade
horizontal para revenda. A sociedade tem como objeto a compra de prédios para revenda. A
sociedade registou o prédio em inventário em junho de 2016, contudo em janeiro de 2021, vendo
que não conseguia vender as 3 últimas frações, colocou-as em arrendamento. A sociedade efetuou
a comunicação prevista no n.º 4 do art.º 9º, no dia 15/07/2016.
Prevê o art.º 9º/1, e) que o imposto de IMI é devido no 3º ano seguinte, inclusive, ao da inscrição do
terreno para construção no inventário da empesa que tenha objeto a venda de prédios. Assim,
cumprindo este último requisito, e tendo a inscrição em inventário ocorrido em julho de 2016, a
empresa em análise fica obrigada ao pagamento de IMI a partir do 3º ano após 2016, inclusive, ou
seja, no ano 2019.
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Isenções IMI
12. Temos um agregado familiar formado pelas seguintes pessoas: Mário (800€/mês), mas ficou
desempregado a partir do dia 30 de setembro de 2020 e a Maria (750€/mês). O Duarte, filho, é
menor e apenas estuda.
Calcular o rendimento bruto.
Mário Maria
9 meses de salários: 800€ x 9 = 7200€ 12 meses salário: 750€ x 12 = 9000€
Subs. Férias e Natal: 9/12 x 800 = 600€ x 2 = 1200€ Subs. de Férias e Natal: 750€ x 2 = 1500€
Rendimento bruto: 7200€ + 1200€ = 8.400€ Rendimento bruto: 9000€ + 1500€ = 10.500€
Uma vez que o rendimento bruto total do agregado, que é de 18.900€, é superior a 2,3 vezes o valor
anual do IAS* [2,3 x (475 x 14) = 15.295€], desde logo não poderá beneficiar da isenção de IMI
(mesmo que o valor patrimonial tributário do seu possa património pudesse ser inferior a 10 vezes o
valor anual do IAS = 66.500€), previsto no n.º 1 do art.º 11º-A do CIMI.
* Embora o Indexante de Apoio Social seja atualmente aplicável seja de 438,81€, vigora ainda norma do art.º 220º/1 da
Lei n.º 42/2016 (OE 2016) que que nos indica que enquanto o IAS (438,81€) não atinja o valor da retribuição mínima
mensal garantida em vigor em 2010 (475,00€), é este o valor aplicável para efeito de indexação deste artigo. Assim:
475,00€ X 14 X 2,3 = 15.295€
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16. A, proprietário de uma moradia, construiu uma piscina no logradouro da sua moradia no ano de
2018. O facto determina aumento do VPT e, consequentemente, pode dar lugar a uma
reavaliação. A estava obrigado a declarar essa alteração à AT. Não o fez.
A AT detetou a falta de declaração quando já havia sido emitida a liquidação para o ano de 2018,
antes da avaliação. Procedeu à avaliação e atualizou o VPT. A AT Pode rever (revisão oficiosa) a
liquidação e exigir a diferença de imposto. Qual é o prazo para o fazer?
A revisão oficiosa da liquidação de IMI é, nos termos do art.º 115º/2 CIMI da competência dos serviços
de finanças da área da situação dos prédios. Indica o art.º 113º/4 que a revisão oficiosa é feita a todo
o tempo, sem prejuízo, por força do art.º 116º, ambos do CIMI, dos prazos de caducidade da liquidação
previstos nos art.ºs 45º e 46º da LGT.
Sendo que o art.º 46º da LGT nos remete para situações de suspensão resultantes da notificação ao
contribuinte, não tem aplicação ao caso concreto, tendo-se que olhar exclusivamente para o art.º 45.
No seguimento, indica-nos o n.º 1 deste art.º que o prazo para a liquidação é, na ausência de outro
legalmente fixado, de 4 anos. O n.º 4 estabelece que para os impostos periódicos, como é o caso do
IMI, o prazo de 4 anos referido, se conta a partir do ano em que se verificou o facto tributário.
Ora, tendo o facto que suscetível de alterar o valor patrimonial do imóvel ocorrido em 2018, o prazo
de 4 anos conta-se, precisamente, a partir de 31 de dezembro de 2018, fixando-se, assim, em 31 de
dezembro de 2022.
Assim, a AT pode proceder à revisão oficiosa da liquidação de IMI da moradia do sujeito passivo A, até
31/12/2022.
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17. B é proprietário de um prédio urbano X, o qual é avaliado no ano de 2018, determinando um valor
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IMT
Sujeição de facto jurídico a tributação de IMI
18. Uma sociedade Alfa, lda. tem um ativo total de 200.000€. Este ativo é formado em 55% por imóveis. A
sociedade dedica-se à compra e venda de produtos agrícolas e a totalidade dos seus imóveis está afeta à
atividade da empresa. Raquel compra uma cota na sociedade ficando a dispor de 75% do capital social. Esta
operação é ou não tributada e porquê?
Não, porque o requisito do ponto ii) da alínea d) do art.º2º do CIMT, da afetação dos imóveis à atividade da
empresa, não se encontra preenchido.
19. A é proprietário de uma fração de imóvel com VPT de 75.000€. B é proprietário de imóvel com VPT de
80.000€. Outorgam escritura pública em que permutam os dois imóveis. Na escritura fica dito que
“permutam os dois imóveis, nada havendo a pagar a nenhuma das partes pois os outorgantes consideram
que ambos os imóveis têm o mesmo valor real de 110.000€.
Haverá lugar a IMT?
Sim, nos termos do art.º 2º/5, b) porque, apesar de os valores declarados serem iguais, os VPT são diferentes.
20. A morre, sucedendo-lhe cônjuge sobrevivo, B, e C e D, filhos. Sendo A e B casados em separação de bens, a
cada um dos sucessores cabe um terço da herança. Desta faz parte uma conta bancária de 80.000€, um
imóvel X no valor de 300.000€ e um imóvel y no valor de 160.000€.
Na escritura de partilha é atribuída a B o imóvel Y. O dinheiro da conta bancária é atribuído a C. B entrega
60.000€ de tornas a C e outro tanto a D. O imóvel X é atribuído a D.
Haverá aqui algum facto tributável em IMT?
Para efeito de tributação de IMT nesta herança consideramos apenas o valor dos bens imóveis. Assim:
300.000€ (imóvel x) + 160.000€ (imóvel y) = 460.000€. Cabe a cada um dos herdeiros o valor de 460.000€/3 =
153.333€.
Verificamos que B recebeu de imóveis 160.000€ e D recebeu também de imóveis 300.000€. Em ambos os
casos, estes herdeiros receberam mais que a quota-parte correspondente. Calcularemos agora o excesso de
quota-parte:
B: 160.000€ - 153.333€ = 6.667€
C: 300.000€ - 153.333€ = 146.667€
Assim, temos aqui dois factos tributáveis de IMT, que incidirá no excesso de quota-parte de cada um dos dois
herdeiros, nos termos do art.º 5º/5, c)
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21. Abel morre. Aberta a sucessão, verifica-se que existem 2 herdeiros legitimários, ambos filhos (B e C).
Verifica-se a existência de um testamento em que Abel dispõe de 10% da herança a favor do filho B.
Verifica-se existirem dívidas no valor de 100.000€. O valor da herança (sem dívidas) é de 200.000€. O
testamento estipula como condição que o filho B fica obrigado a pagar todas as dívidas de Abel.
1. Qual o valor da dívida que cabe ao filho B?
60% x 100.000= 60.000€
2. Qual o valor da quota da herança que lhe cabe em testamento
10% X 200.000 = 20.000€
3. Ver se o valor da quota que lhe cabe por testamento é superiora o valor da dívida que lhe cabe.
Esta última condição, neste caso, não se verifica. Aplicação do 3º/b, última parte
22. O Abel comprou em 2019 um imóvel. Pagou o IMT na compra desse imóvel. Em 2020, Abel quer comprar
outro imóvel. Para não pagar IMT sobre esta compra, vai às Finanças pedir a Certidão prevista no art.º 7º/3
do CIMT. Abel ainda não vendeu o primeiro imóvel; Registou-se nas finanças com a atividade de compra e
venda de imóveis.
a) Abel pode obter a Certidão?
Nos termos do art.º 7º/3, a Certidão tem que mencionar se no ano anterior “foi adquirido para venda
ou revenda algum prédio antes adquirido para esse fim”. Para que a certidão possa mencionar esse
facto, é necessário que a escritura de compra e venda menciona a realidade de venda
b) Caso não tenha obtido a certidão, poderá obter isenção de IMT?
O facto de o Abel não ter condições para obter Certidão, não prejudica liminarmente a isenção. Para
que ele obtenha isenção, necessita de dois requisitos: adquirido para revenda e tenha cae (+ revenda
no prazo de 3 anos). Não tenha a certidão, vai pagar no imediato de IMT, podendo vir beneficiar de
isenção a requerimento próprio nos termos do art.º 7º/4.
23. A Ana no ano de 2018 comprou um apartamento. Em 2019 a Ana revendeu esse apartamento. Em 2020 a
Ana quer comprar outro apartamento, prevendo beneficiar da isenção de IMT ao abrigo do art.º 7º do
CIMT. A Ana está coletada com CAE 68100 desde 2018.
Tem Ana condições para nesse ano de 2020 obter a certidão do art.º 7º/3?
Não se pode presumir que a Ana comprou para revenda o apartamento só pelo facto de o vindo a vender.
Aplicando-se o art.7º/3, a certidão passada pelo serviço de finanças tem de mencionar se, no ano anterior, foi
adquirido um imóvel para revenda ou revendido algum prédio para esse fim. Para que a certidão possa
mencionar esse facto é necessário que a escritura de compra e venda do imóvel se inscreva a finalidade da
revenda.
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24. A e B são comproprietários (podiam ser quinhoeiros: pessoa com quota parte de bens) do prédio rústico X.
Este tem umVPT de 20.000€. Cada um dos comproprietários tem uma quota ideal de 50%. A aliena a sua
cota ao B.
B vai pagar pela parte do VPT ou do valor declarado na escritura (12º/4, 1ª), conforme o valor que for maior
por aplicação do n.º 1 deste art.º
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Valor Tributável
25. Abel é proprietário de um prédio rústico X, com VPT de 100.000€. Em abril de 2021 constitui, por escritura
pública, direito de superfície a favor de Bruno por um período de 40 anos, a terminar no dia 30 de abril de
2061.
Qual é o valor atual deste direito de superfície? Qual é o valor atual do solo?
Aplicação do art.º 12º/4, 2ª, b) + 13º/i) e h):
40 anos/5 = 8 períodos
8 períodos = 80%
100.000€ x 80% = 80.000€
100.000€ – 80.000€ = 20.000
O valor atual de direito de superfície é de 100.000€ – 20.000€ = 80.000€
É este valor atual do direito de superfície que servirá de base à tributação de IMT.
26. Ana é propriedade de um imóvel X com o VPT de 80.000€. Bruno é proprietário de um imóvel Y com o VPT
de 82.000€. Ana e Bruno permutam os dois imóveis. No DPA fica escrito que Bruno entrega a Ana 12.000€,
por ser essa a diferença estimada entre os valores dos imóveis.
Qual o valor tributável?
Os 12.000€ declarados no DPA, por ser superior à diferença entre os VPT’s, com base no art.º 12º/4, 4ªR.
27. Ana tem uma dívida de 85.000€ para com a sociedade BB, Lda. Em pagamento entrega-lhe um imóvel com
um VPT de 20.000€.
Qual o valor tributável?
Os 85.000€, que é o valor da dívida, superior ao valor patrimonial tributário, com base no art.º 12º/4, 5ªR.
28. A tem uma dívida de 40 000 € para com seu irmão B. Ambos são herdeiros na sucessão de C. A renuncia à
sua parte da herança, na qual tinha direito a ½ de um imóvel com um VPT de 15 000€, em contrapartida da
anulação da dívida
Qual o valor tributável?
Por aplicação do art.º 12º/4, 6ª R., caso no contrato fique escrito que a renuncia tem como contrapartida a
assunção da dívida, o imposto incidirá sobre os 40.000€. Se, ao invés, nada for escrito nesse sentido, o valor
tributável já será os 7.500€, correspondentes à sua parte do VPT do imóvel da herança.
29. Maria é proprietária do imóvel X com VPT de 60.000€. É feita uma escritura em que a Maria fica com o
usufruto do imóvel e a nua-propriedade é atribuída ao João. A seguir, João vende o seu direito à irmã Carla
por 25.000€. Maria tem 72 anos.
A propriedade plena tem o VPT de 60.000€.
Valor da nua-propriedade: 60.000 – (60.000 x 25%) = 60.000 - 15.000 = 45.000€
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30. Prosseguindo no exemplo do caso anterior, suponha que a Maria tem uma dívida de 30.000€ para com Rui.
Instaurada a ação de execução, é penhorado e vendido o usufruto que a Maria tem sobre a casa, vindo este
a ser adjudicado pelo valor de 32.000€.
a) A operação é tributável?
É, é uma aquisição onerosa.
b) Qual é o valor tributável?
Propriedade plena – Nua-propriedade: 60.000 – 45.000 = 15.000€. Este é por aplicação do art.º
13º/b) o valor do usufruto.
Assim, e à luz do art.º 12º/4, 8ª R., o imposto será liquidado pelo valor do contrato, 32.000€, por este
ser superior ao valor do usufruto.
31. A sociedade Alfa dá de arrendamento a Pedro um imóvel com um contrato de arrendamento com um prazo
de 40 anos. A renda é estipulada em 1000€/mensais. O VPT do prédio é de 75.000€.
a) A operação é tributável em IMT?
Sim, pelo art.º 2º/2, c)
b) Qual o valor tributável?
Aplica-se aos arrendamentos de longo prazo, a regra 10ª do art.º 12º/4, incidindo o imposto, neste
caso, uma vez que não se verifica a aquisição do prédio pelo arrendatário, sobre o valor de 20 vezes a
renda anual se maior que o valor tributário do prédio, que é.
Renda anual: 1000 x 12 = 12.000€
12.000 x 20 = 240.000€
Assim, o imposto irá incidir sobre os 240.000€
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32. Carlos morre, sendo seus sucessores Eduarda, Filipe e Gualter. Da herança fazem parte dois imóveis: X (VPT
100.000€) e Y (VPT 120.000€). Do acervo da herança faz ainda parte uma conta bancária de 200.000€ e um
automóvel no valor de 20.000€
Na partilha, Eduarda leva o imóvel X. O Filipe leva o imóvel Y. Gualter leva o resto.
Temos tributação tributável em IMT?
Imóveis: 100.000 + 120.000 = 220.000
Quota a cada um: 220.000 / 3 = 73.333,33€
Eduarda = 100.000 – 73.333,33 = 26.666,67€
Filipe = 120.000 – 73.333,33 = 46.666,67€
Assim, tanto no caso de Eduarda e Filipe há um excesso de quota-parte na partilha e assim tributável art.º
2º/5, c).
Aqui não temos valores de avaliação. O valor tributável da Eduarda era 26.666,67…. Não conseguimos
completar o exercício.
33. Beta forma com mais 3 pessoas uma sociedade por quotas. Berta realiza a sua entrada de capital mediante
a entrega da propriedade do seu imóvel X, com VPT de 50.000€. No relatório de avaliação é atribuído ao
imóvel o valor de 120.000€
Por aplicação do art.º 12º/4, 12ª R., pelo facto de o valor da peritagem de avaliação ser superior, a tributação
irá incidir sobre os 120.000€.
34. A empresa Alfa faz com o banco Beta um contrato de locação financeira sobre o imóvel X de VPT de
150.000€. A renda anual é de 16.800€. Fica estipulado no contrato que caso a Alfa queira adquirir a
propriedade do bem no final do contrato, deverá pagar ao banco o valor residual de 2.000€. A sociedade
adquire o bem.
Neste caso, e tendo em conta a regra do do art.º 12º/4, 14ª R., o valor tributável será o valor residual do
contrato, ou seja, os 2.000€.
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37. Berta faz doação de um apartamento com o VPT de 120.000€ ao seu afilhado, Carlos. Fica no contrato de
doação que Carlos pagará uma dívida que Berta tem ao banco no valor de 80.000€.
a) Este contrato é tributado em IMT?
Sim, ao abrigo do art.º 3º/a).
b) Se sim, qual o valor tributável?
Por aplicação do art.º 15º/a) temos a importância em dívida que é de 80.000€.
Por aplicação do art.º 15º/b) consideramos o excedente do valor dos bens: 120.000 – 80.000 =
40.000€
Assim, o valor tributável é de 80.000 + 40.000 = 120.000€.
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38. Alberto adquire por compra e venda uma moradia para habitação própria e permanente pelo preço de
450.000€. O VPT é de 380.000€. Calcule o IMT a pagar por Alberto.
Por aplicação do art.º 12º/1, o IMT incidirá no valor do contrato por este ser maior que o vpt.
450.000€ - aplica-se a taxa média do 4º escalão para primeira parte, e a taxa marginal do 5º escalão para a
segunda parte.
39. Alberto adquire por compra e venda uma moradia para habitação própria e permanente pelo preço de
600.000€. O VPT é de 380.000€. Calcule o IMT a pagar por Alberto.
Por aplicação do art.º 12º/1, o IMT incidirá no valor do contrato por este ser maior que o vpt.
O cálculo do imposto a pagar faz-se com base no art.º 15º/1, a). Dado tratar-se de um preço superior a
574.323, o cálculo do IMT faz-se por aplicação da taxa única de 6%.
600.000 x 6% = 36.000€
40. Alberto adquire por compra e venda um apartamento destinado a arrendamento. O VPT do imóvel é de
87.000€, o preço constante da escritura 180.000€.
Qual o valor do imposto?
Por aplicação do art.º 12º/1, o IMT incidirá no valor do contrato por este ser maior que o vpt.
180.000€ - aplica-se a taxa média do 3º escalão para primeira parte, e a taxa marginal do 4º escalão para
a segunda parte.
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Imposto de Selo
41. A e B celebram por escritura pública um contrato de compra e venda de um imóvel X no valor de 140.000€.
O imóvel tem um VPT de 100.000€.
a. Este facto está sujeito a imposto de selo, qual a verba aplicável?
Por aplicação do art.º 1º do CIS, incide sobre este facto o índice 1.1 da tabela geral do IS, por se tratar
de uma “aquisição onerosa do direito de propriedade sobre imóveis”.
b. Qual o valor tributável?
Determina o art.º 9º/4 do CIS, como regra geral, que à tributação de negócios jurídicos sobre imóveis
se aplicam as regras de determinação da matéria coletável do CIMT. Assim, e o conforme o art.º
12º/1 que indica que a incidência ocorre sobre o valor constante do contrato ou sobre o valor
patrimonial tributário, consoante o que for maior, neste caso, os 140.000€ do contrato será o valor
tributável.
c. Qual o valor do imposto?
Valor do imposto = 140.000 x 0,8% = 1.120€
d. Quem é o sujeito passivo?
Conforme decorre do art.º 2º/1, a) do CIS, o sujeito passivo é o profissional que autentique (ou exara)
os documentos particulares.
e. De quem é o encargo?
O encargo do imposto é, de acordo com o art.º 3º/1 do CIS, o “titular do interesse económico”, sendo
este, conforme o n.º 3 do mesmo preceito legal, in fine, o adquirente do bem.
f. Quem procede à liquidação?
Determina o art.º 23º/1 que quem procede à liquidação são os sujeitos passivos, ou seja os
profissionais que autenticam os documentos particulares.
g. Qual o prazo para a realização da liquidação?
O legislador não estabelece para estes casos um prazo para a liquidação, ocorrendo este, na prática,
no momento do pagamento do imposto.
h. Quem faz o pagamento e em que prazo?
O pagamento, de acordo com o art.º 41º/1, é efetuado pelas pessoas responsáveis pela liquidação,
neste caso os profissionais, devendo o imposto ser pago até ao dia 20 do mês seguinte àquele em que
a obrigação tributária se tenha constituído. (art.º 44º/1).
i. Quando se constituiu esta obrigação tributária?
Conforme o art.º 5º/1, no momento da assinatura pelos outorgantes.
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42. A e B celebram entre si um contrato de doação de um imóvel X. O imóvel tem um VPT de 100.000€.
a. Este facto está sujeito a imposto de selo, qual a verba aplicável?
Por aplicação do art.º 1º do CIS, incide sobre este facto o índice 1.1 da tabela geral do IS, por se tratar
da doação do direito de propriedade sobre imóveis, somando-se o índice 1.2 da mesma tabela por se
tratar de uma aquisição gratuita de bens.
b. Qual o valor tributável?
Nas transmissões gratuitas, conforme decorre do art.º 13º/1 do CIS, o valor tributável do imóvel é o
valor patrimonial tributário constante da matriz, que é, no caso em análise, de 100.000€.
c. Quem é o sujeito passivo?
Conforme decorre do art.º 2º/2, b) do CIS, nas transmissões gratuitas o sujeito passivo é o
beneficiário da mesma, ou seja, aplicando-se ao caso em concreto, o donatário.
d. De quem é o encargo?
O encargo do imposto é, de acordo com o art.º 3º/1 do CIS, o “titular do interesse económico”, sendo
este, conforme o n.º 3 do mesmo preceito legal, in fine, o adquirente do bem, neste caso, o donatário
já identificado também como sujeito passivo.
e. Quem procede à liquidação?
Aos serviços centrais da DGCI (AT), conforme emanado no art.º 25º/1.
f. Quem participa à AT?
O beneficiário, ou seja o donatário, como previsto no art.º 26º/1 do CIS.
g. Quando tem de ser feita essa participação da liquidação?
Deve ser apresentada até ao final do 3º mês seguinte ao do nascimento da obrigação tributária
(26º/3). O nascimento da obrigação tributária ocorre no momento da assinatura pelos outorgantes,
conforme o art.º 5º/1, a).
Por exemplo, se neste caso a assinatura ocorresse a 15/05/2021, o termo do prazo para participação à AT seria
o dia 31/08/2021.
h. Quando tem de ser pago?
Tem de ser pago na totalidade até ao fim do segundo mês seguinte ao da notificação, conforme
previsto no art.º 45º/1 do CIS. Esta notificação ocorre com a liquidação, de acordo com o art.º 36º.
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43. Abel e Beno outorgaram um contrato de arrendamento de bem imóvel no dia 15/05/2021. A renda mensal
é de 500€.
a. Este facto está sujeito a imposto de selo, qual a verba aplicável?
Por aplicação do art.º 1º do CIS, incide sobre este facto o índice 2 da tabela geral do IS, por se tratar
de um arrendamento.
b. Qual o valor tributável?
Conforme o próprio índice 2 da tabela geral do IS, o valor tributável incide sobre o valor da renda, ou
seja, os 500€.
c. Qual o valor do imposto?
Valor do imposto = 500 x 10% = 50€
d. Quem é o sujeito passivo?
O sujeito passivo é, conforme o art.º 2º/5 do CIS o locador, ou seja, o proprietário do imóvel.
e. De quem é o encargo?
O encargo do imposto é também do locador, nos termos do art.º 3º/3, b)
f. Quem procede à liquidação?
O imposto é liquidado pela AT conforme o previsto no art.º 23º/8.
g. Quem comunica à AT e em que prazo?
O locador, como decorre do art.º 60º/1. Essa comunicação é efetuada até ao fim do mês seguinte ao
do início do arrendamento – art.º 60º/2 do CIS.
Por exemplo, se o arrendamento teve início a 1/06/2021, o prazo para comunicar a liquidação de imposto
termina a 31/07/2021.
h. Quando tem de ser pago?
É pago no mesmo prazo previsto no art.º 60º/2 do CIS, ou seja, até ao fim do mês seguinte ao início
do arrendamento.
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44. Artur morre sucedendo-lhe cônjuge, Maria, e filhos, José e Ana. O acervo da herança inclui uma moradia
(VPT de 200.000€), um prédio rústico (VPT de 10.000€), duas contas bancárias no valor de 500.000€ e um
automóvel no valor de 20.000€.
O Artur deixou em testamento ao Claúdio, sobrinho, deixando-lhe 50.000€ em dinheiro.
O Artur morre 1 de janeiro de 2021.
Mapa de Partilha:
• Moradia adjudicada a Maria;
• O prédio rústico em copropriedade a José e Ana;
• O dinheiro (450.000€) é dividido entre José e Ana;
• Automóvel adjudicado a Maria.
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45. Fernando empresta 20.000€ à prima Francisca. Está sujeita a imposto de selo?
Por aplicação do art.º 1º do CIS, incide sobre este facto o índice 17.1 da tabela geral do IS, por se tratar de um
mútuo.
46. Hipoteca voluntária e qualquer garantia (penhor, fiança, aval)?
Por aplicação do art.º 1º do CIS, incide sobre este facto o índice 10 da tabela geral do IS, por se tratar de um
garantia.
47. Trespasse: A sociedade ABC fizer um trespasse para a sociedade LTM, Lda. O trespasse está sujeito a
imposto de selo? O valor de 100.000€?
a. Sim –Por aplicação do art.º 1º do CIS, incide sobre este facto o índice 27 da tabela geral do IS, por se
tratar de um trespasse. O imposto será de 100.000€ x 5% = 5.000€.
b. Sujeito passivo: Trespassante – art.º 2º/1, q)
c. Encargo do imposto: Os adquirentes - art.º 3º/3, v)
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Revisões
48. Ambrósio faleceu em 22 de novembro de 2019 com testamento no qual lega à sua irmã Berta um prédio
urbano com o VPT 300.000€ e o encargo do pagamento de uma pensão mensal vitalícia de 100€ a favor de
Carlota, de 60 anos. Em 20 de janeiro de 2020, Berta fez doação do imóvel a Carlota.
Berta não afeta o imóvel a habitação própria e permanente.
Análise em termos de IMT e Imposto de Selo.
Sucessão testamentária IMT:
• Incidência de IMT por força do art.º 3º/b) CIMT.
• Art.º 15º/a) “Valor atual das pensões”
o 13º/c) e a): 100 x 12 x 20 x 35% = 8400€
• Art.º 15º/b) “excedente do valor dos bens”
o VPT – Valor pensão: 300.000 – 8400 = 291.600€
• Sujeito Passivo da Sucessão Testamentária
o Berta (art.º 4º)
• IMT a pagar
o Art.º 17º/1, b) e 3
o 291.600 = 287.213 + 4.387
▪ 287.213 x 4,1578% + 4.387 x 8% =11.941,74 + 350,96 = 12.292,7€
Sucessão testamentária IS:
• Consideramos, interpretativamente à inserção sistemática, uma vez que o art.º 19º está inserido
na secção das transmissões gratuitas, vamos considerar aqui que há uma situação gratuita, pelo
que apenas será tributado a sucessão testamentária pela verba 1.2 da tabela geral do IS;
• O valor tributável
o 300000 – 8400 = 291600
• Imposto a pagar: 291600 x 10% = 29160€
Doação
• Não é tributável em IMT
• É tributável em IS (verba 1.2)
o VT: 13º/1 – 300.000€
o Taxa: 10%
o Imposto a pagar: 300.000 x 10% = 30.000€
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