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Gênero Textual: Editorial

Editorial da Folha de São Paulo (08/11/2020)

Editorial

Trump já vai tarde

Na longa história da democracia dos Estados Unidos, um presidente não


conseguir a reeleição é coisa rara --a última vez havia sido em 1992. Donald Trump fez
muita coisa errada para ter negado um segundo mandato.
Ele já era, desde o início, uma figura no mínimo polêmica. Claramente
despreparado para o cargo, dado a espalhar informações falsas e com propostas
absurdas como a de construir um muro na fronteira com o México, o republicano se
projetou na política estimulando conflitos na sociedade americana.
Mesmo assim, era o favorito na eleição presidencial até a chegada da Covid-19.
Sua irresponsabilidade diante da pandemia custou vidas e, para ele, votos. A crise
econômica que se seguiu elevou o desemprego e tirou outra vantagem do republicano --
o mercado de trabalho andava muito bem até o início do ano.
Seu vexame mais recente se deu a partir da campanha eleitoral, quando as
pesquisas passaram a apontar o democrata Joe Biden como líder nas preferências dos
americanos. Trump começou a indicar que não aceitaria uma derrota e passou a acusar
fraudes na votação pelo correio, sem nenhuma base.
As democracias não funcionam bem quando os participantes rejeitam as regras
do jogo --ou só as aceitam quando vencem. O presidente dos EUA dá um péssimo
exemplo para o mundo todo.
Que nosso presidente, Jair Bolsonaro, aprenda com a derrota histórica de seu
ídolo americano. Investir na confusão pode dar resultado durante algum tempo, mas
cedo ou tarde é preciso governar e mostrar resultados concretos.
O mundo é um lugar melhor desde que uma maioria de votos se formou para
barrar Trump, que já vai tarde.
Editorial (Jornal “Hoje em Dia”[11/11/2020])

E vamos de mais devaneios negacionistas

Parte do mundo já encara uma segunda onda de contaminação pelo coronavírus. É um


alerta dos mais preocupantes e que deveria levar a pensar - ao menos isso - os que insistem
em ver a pandemia como algo menor.
Os Estados Unidos já registraram mais de 10 milhões de casos de Covid-19; as
autoridades de saúde na Itália temem uma “pandemia incontrolável; França e Reino Unido
decretaram toque de recolher e outras medidas restritivas; o Brasil é o terceiro país no triste e
desolador ranking de contaminados, se aproximando dos 5,7 milhões de infectados e quase
163 mil mortes. Fica atrás da Índia, país que registra explosão de casos da doença.
E apesar disso tudo, dos riscos iminentes, de termos várias cidades novamente
registrando alta na taxa de transmissão do coronavírus, como é o caso de Belo Horizonte,
seguimos assistindo o embate político-eleitoreiro em torno das vacinas. Seguimos vendo o
presidente da República colocando “fogo no parquinho”.
A Anvisa mandou recado pela imprensa ao Instituto Butantan vetando testes com a
CoronaVac no país. O recado, na verdade, era para o desafeto do Planalto, o ex-aliado João
Dória, governador de São Paulo. A falta de “tato”, digamos assim, abriu discussão sobre uso
político da Anvisa, ainda mais diante do posicionamento de Jair Bolsonaro, destacando em
rede social que havia “ganhado” de Dória. Vale lembrar que o governo de São Paulo anunciou
a chegada de 120 mil doses do imunizante chinês.
A briga cresceu: o STF exigiu explicações; o Comitê Internacional Independente no
combate à pandemia fez apelos ao governo. E, mais uma vez, diante do sofrimento de tantas
famílias, diante das incertezas em vários cenários, o governo brasileiro avisou sem rodeios:
“tem que deixar de ser um país de maricas”.
Alguém chamou de devaneio negacionista. Difícil não concordar.

Atividades de leitura
1) Os dois textos acimas são editoriais de populares jornais brasileiros. Explicite as
características que fazem com que ambos pertençam a esse gênero jornalístico, utilizando
como comprovação passagens retiradas do texto.

R: Ambos os textos apresentam uma opinião coletiva da equipe jornalística do veículo


de comunicação a que pertencem, trazendo uma visão específica sobre um assunto relevante
daquele momento. No primeiro texto, como exemplo temos o trecho “O mundo é um... que já
vai tarde.” Já no segundo texto, temos “Alguém chamou de devaneio negacionista. Difícil não
concordar.”

2) Segundo a perspectiva apresentada no texto I, como funciona a democracia?


R:

3) No texto II, que conotação possui a expressão “fogo no parquinho”?


R: A expressão em questão está no sentido figurado/conotativo, e ela revela o caos e o
tumulto que, segundo o texto, o presidente alimenta.

4) Apresente dois argumentos utilizados no texto II que fornecem sustentação para o


ponto de vista expresso pelo jornal “Hoje em Dia”.
R:

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