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LINGÜÍSTICA APLICADA
Introdução
“Os estudos das crenças são, a nosso ver, o ponto de partida para as teorizações, ou seja, são
uma reserva potencial para os pressupostos no ensino de línguas, intimamente interligada com a
nossa prática pedagógica e com a formação de professores (e acrescentamos de “alunos”) de
línguas”.
(Silva, 2005, p. 164).
1
Neste artigo foram incluídos artigos, livros, dissertações de mestrado e teses de doutorado que tratam
especificamente das crenças sobre o ensino e aprendizagem de línguas e trazem este conceito expresso nos
seus respectivos títulos e um arcabouço teórico relacionado com o mesmo. Não foram incluídas aqui as
dissertações sobre representações (sociais), percepções, visões, concepções, conceitos relacionados, em nossa
acepção, com crenças (cf. Silva, Rocha e Vieira-Abrahão, no prelo). O mapeamento dos trabalhos que tratam
das representações (sociais), percepções, visões e concepções de alunos, professores e terceiros serão escopo
de outro artigo.
preliminar, a complexidade da linha de pesquisa sobre crenças no ensino e na
aprendizagem de línguas, complexidade esta advinda, conforme Gil2 (2005:173), “do
amplo repertório de objetos com diferentes naturezas que fazem parte da mesma”. As
pesquisas sobre crenças no ensino e na aprendizagem de línguas realizadas no Brasil
completaram, em 2005, 10 anos de atividades produzidas a partir de programas nacionais
de pós-graduação strictu senso (Mestrado e Doutorado) em LA. Ao longo desta década, a
pesquisa aplicada no âmbito da linguagem buscou, espontaneamente, desenvolver projetos
em linhas que, avaliadas em retrospectiva, evidenciam uma agenda passiva de pesquisa
sobre crenças no ensino/aprendizagem de línguas.
Levando em consideração a importância desta linha de investigação na LA,
conforme apresentado preliminarmente, o presente artigo tem como propósito delinear a
situação da pesquisa sobre crenças no ensino/aprendizagem de línguas no contexto
brasileiro. Tendo como cerne a ciência em que estamos inseridos, a LA, apresentaremos
um breve histórico de como o conceito crenças surgiu e como vem sendo definido e
investigado desde a década de 90 no contexto brasileiro, como pode ser observado nas
inúmeras coletâneas, dissertações e teses publicadas recentemente (Silva, 2007, 2006,
2005; Barcelos e Vieira-Abrahão, 2006; Gil, 2006; Rocha, 2006; Lima, 2005; Silva, Rocha
e Sandei, 2005; Dutra e Melo, 2004; Rottava e Lima, 2004; Vieira-Abrahão, 2004;
Gimenez, 2002; Kudiess, 2002, 2005; Leffa, 2001; Barcelos, 2001, 2001, 2003, 2004a,
2004b, Almeida Filho, 1999; dentre outros).
Na segunda seção, apresentaremos uma categorização e descrição geral dos estudos
sobre crenças no ensino e na aprendizagem de línguas e os seus respectivos focos
investigativos, tendo como pano de fundo as perspectivas teóricas e metodológicas
adotadas nos estudos. Acreditamos que isto possibilitará ao leitor ter uma visão panorâmica
do que foi feito e do que está sendo feito nos estudos sobre crenças na LA. A seguir,
abordaremos as tendências recentes de pesquisas sobre crenças. A partir desta perspectiva,
destacaremos as variáveis que fazem parte da agenda atual. Na terceira seção,
esboçaremos algumas prospecções para uma agenda pró-ativa sobre crenças no ensino e na
aprendizagem de línguas. Na quinta parte, apresentaremos sugestões concernentes a
continuidade dos estudos sobre crenças no ensino e aprendizagem de línguas e na formação
de professores para próxima década. Finalizaremos nosso artigo, elicitando algumas
importantes variáveis nas considerações finais.
2
Gil (2005; p. 175-177) elenca os seguintes focos investigativos mais comuns na formação de professores de
línguas: a) Prática Reflexiva/Consciência Crítica; b) Crenças sobre o ensino e aprendizagem de línguas; c)
Construção da Identidade Profissional; d) Uso de novas Tecnologias; e) Gêneros Textuais; f) Leitura e
Letramento; g) Ideologias. Vale salientar que os estudos sobre crenças, segundo Gil (2005, p. 176), é um
focos investigativos mais comuns nas pesquisas brasileiras no contexto de formação de professores de
línguas.
3
Se o leitor desejar obter maiores informações sobre este conceito nas outras ciências, tais como na
Sociologia, na Psicologia Cognitiva, na Psicologia Educacional e na Educação, veja Silva (2005).
1019
do conhecimento como a Sociologia (Bourdieu, 1987, 1991), Psicologia Cognitiva
(Abelson, 1979; Posner et al., 1982; Nespor, 1987), Psicologia Educacional, Educação
(Dewey, 1933; Kruger, 1993; Pacheco, 1995; Raymond e Santos, 1995; Sadalla, 1998; Del
Prette e Del Prette, 1999; Mateus, 1999; e Rocha, 2002) e Filosofia (Peirce, 1877) (cf.
Silva, 2005).
Um dos precursores do estudo sobre crenças na aprendizagem é Honselfeld (1978),
que usou o termo “mini-teorias de aprendizagem de línguas dos alunos”, para se referir ao
“conhecimento tácito dos alunos, mesmo sem denominá-los de crenças” (Barcelos, 2004a,
p. 127). Após os estudos de Honselfeld (1978) surgiram os estudos de Horwitz (1985) e de
Wenden (1986). Sadalla (1998, p. 25), por sua vez, afirma que um dos percussores dos
estudos sobre crenças no ensino é Shulman (1986). Shulman (1986), tinha como objetivo,
em suas pesquisas, descrever “a vida mental do professor, concebido como um agente que
toma decisões, reflete, emite juízos, tem crenças e atitudes” (Grifo nosso). Já que o foco
desta seção é apresentar um breve histórico deste conceito na LA, estaremos voltados, a
partir de então, à essa área do conhecimento.
Barcelos (2004a, p. 124) afirma que o início da pesquisa sobre crenças na
aprendizagem (e, acrescentamos, no ensino) de línguas na LA “se deu em meados dos anos
80, no exterior, e em meados dos anos 90, no Brasil”. A referida autora explica que esse
conceito ganhou proeminência e cita que, no congresso da Associação Brasileira de
Lingüística Aplicada (doravante CBLA) de 1995, não havia nenhum trabalho sobre crenças
no ensino e na aprendizagem de línguas. Já nos CBLA de 1998 encontramos as primeiras
referências a estudos a respeito de crenças de professores de línguas, e nos subseqüentes,
em 2001 e 2004, o número de trabalhos sob este tema cresceu expressivamente. Da mesma
forma, desde 1995, o número de dissertações de mestrado tem crescido consideravelmente,
além de publicações de artigos sobre crenças de professores e de aprendizes em periódicos
muito conhecidos pelos lingüistas aplicados brasileiros.
Além das variáveis supracitadas, foram publicados na área da LA oito livros que,
por sua vez, investigaram as crenças de professores de línguas em formação. Vale salientar
que sete deles foram publicados por estudiosos da LA no contexto brasileiro (Barcelos e
Vieira-Abrahão, 2006; Gil, 2006; Vieira-Abrahão, 2004; Rottava e Lima, 2004; Gimenez,
2002; Leffa, 2001; Almeida Filho, 1999) e um livro no exterior (Kalaja e Barcelos, 2003).
Essa variável, a nosso ver, atesta ainda mais a vitalidade relativa das crenças sobre ensino-
aprendizagem de línguas, contribuindo para o desenvolvimento e a consolidação desse
conceito na LA tanto no nosso país quanto no exterior.
Price (1969), Pajares (1992), Woods (1996) e Johnson (1999) afirmam que as
crenças são um conceito complexo. Parte dessa complexidade deve-se à existência de
inúmeros termos e definições para se referir às mesmas, tais como atitudes, valores,
julgamentos, axiomas, opiniões, ideologia, percepções, conceituações, sistema conceitual,
pré-conceituações, disposições, teorias implícitas, teorias explícitas, teorias pessoais,
processo mental interno, estratégia de ação, regras de prática, princípios práticos,
perspectivas, repertórios de compreensão, estratégia social. Abordando essa mesma
questão, Gimenez (1994) e Garcia (1995) ampliam a relação previamente definida por
Pajares (1992), acrescentando os seguintes termos: teorias populares, conhecimento prático
pessoal, perspectiva, teoria prática, construções pessoais, epistemologias, modos pessoais
de entender, filosofias instrucionais, teorias da ação, paradigmas funcionais,
autocompreensão prática, sabedoria prática, metáforas e crenças.
1020
Barcelos (2001, p. 72) alerta-nos que esse fenômeno - a existência de diversos
termos para um mesmo conceito - acontece em outras áreas do conhecimento (Filosofia,
Psicologia Cognitiva, Psicologia Educacional e Educação), mas especialmente na
Lingüística Aplicada, onde encontramos termos como “representações dos aprendizes”
(Holec, 1987), “filosofia de aprendizagem de línguas” (Abraham e Vann, 1987),
“conhecimento metacognitivo” (Wenden, 1986), “crenças” (Wenden, 1986), “crenças
culturais” (Gardner, 1988), “representações” (Riley, 1989, 1994), “teorias folclórico-
lingüísticas de aprendizagem (Miller e Ginsberg, 1995), “cultura de aprender” (Almeida
Filho, 1993; Cortazzi e Jin, 1996), “cultura de ensinar” (Almeida Filho, 1993), “cultura de
aprendizagem” (Riley, 1997), “concepções de aprendizagem e crenças” (Benson e Lor,
1999) e “cultura de aprender línguas” (Barcelos, 1995), são empregados para se referir às
crenças sobre aprendizagem de línguas.
Woods (1993) utiliza a metáfora “floresta terminológica” para se referir às crenças,
enfatizando a complexa tarefa de investigá-las no contexto de ensino/aprendizagem de uma
LE e o grande número de termos encontrados na literatura da LA para nomeá-las. Coelho
(2005), por sua vez, menciona que o termo “representações” tem sido usado por diversos
autores, dentre eles Celani & Magalhães (2002), Freire & Lessa (2003), Dudas (2003) e
Ribeiro (2003), para se referirem às visões dos alunos e professores acerca do processo de
ensino-aprendizagem de línguas. Olhando para essas definições, é possível fazermos duas
observações. Primeiro, grande parte das definições levam em consideração o contexto
social em que tanto professores quanto alunos estão inseridos. Segundo, para os referidos
autores, as crenças variam de pessoa para pessoa, são mutáveis e estão relacionadas às
experiências de cada indivíduo e ao contexto sócio-cultural com o qual interage. Assim, as
crenças podem ser pessoais ou coletivas, intuitivas e na maioria das vezes são implícitas.
As definições apontam, portanto, para o fato de que as crenças são socialmente
(e, deste modo, também cultural e historicamente) constituídas através da interação,
recíprocas, dinâmicas, possuindo uma estreita relação com a ação. Dentro dessa
perspectiva, conforme salienta Rocha (2006), é pertinente mencionarmos a abordagem
de Kalaja (1995, 2000, 2003), Alanen (2003) e Dufva (2003) frente ao conceito de
crenças. As referidas autoras representam vertentes que investigam as crenças no ensino-
aprendizagem de línguas sob perspectivas discursivas, vygotskianas e bakhtinianas,
repspectivamente.
Tais abordagens têm como referencial o homem como sujeito histórico e a
linguagem como prática social, culturalmente constituída. Consequentemente, cria-se
um estreito vínculo entre o conceito de crenças e a perspectiva ideológica, inerente à
linguagem e à educação. De acordo com Barcelos (2004, p.140), ao propor uma
abordagem discursiva de crenças, Kalaja pressupõe que as mesmas são construídas no
discurso, que o uso da língua é social (e, acrescentamos, situado historicamente) e
orientado para a ação, que a linguagem cria a realidade e que o conhecimento científico,
bem como as concepções leigas, são construções sociais do mundo.
A nosso ver, assim como o viés discursivo, as abordagens sócio-cultural e
bakhtiniana enfatizam as crenças como sendo historicamente construídas nas relações
humanas, através da linguagem. Nesse contexto, sendo as crenças também resultado das
avaliações que fazemos de nossas experiências (Dewey, 1933), podemos relacioná-las às
diferentes valorações atribuídas pelas pessoas aos eventos por elas vivenciados, às suas
ações e às relações sociais experienciadas (Bakhtin, 1981). Em uma perspectiva
bakhtiniana, as crenças podem ser conceituadas como os diferentes modos,
1021
axiologicamente (leia-se, ideologicamente) constituídos, de se dar sentido ao mundo.
Podemos então dizer que as mesmas, assim como os signos para Bakhtin (1981, 1929),
são marcadas pela diversidade e pelos conflitos. As crenças, nesse viés, “refletem” e
refratam o mundo”, assumindo um caráter multissêmico, em uma sociedade marcada
pelas contradições e confrontos de interesses e valores, conforme bem aponta Faraco ao
discorrer sobre o pensamento de Bakhtin acerca da linguagem (2006: 50).
Segundo Silva (2005), essa profusão de termos que caracteriza as crenças no
processo de ensino/aprendizagem de línguas, por si mesma, já justifica a importância dessa
variável nos estudos de LA e mostra que ainda há um extenso caminho a ser percorrido
nesse campo de pesquisa. Conscientes de não haver uma definição única do conceito
crenças sobre o processo de ensinar e aprender línguas, convergimos com Silva (2005) no
que diz respeito à concepção do referido termo. Esse autor define crenças sobre o ensino e
aprendizagem de línguas como:
4
Para Silva (2005, p. 77), “terceiros” ou “cultura de terceiros” são os “os outros agentes participantes do
processo educacional, tais como o coordenador, diretor e/ou proprietário da escola; autores de documentos
educacionais (Parâmetros Curriculares Nacionais, Leis e Diretrizes e Bases para a Educação, etc), pais, dentre
outros”.
1022
2. Agenda passiva de produção teórica sobre crenças no ensino/aprendizagem de LE
5
O livro organizado intitula-se “O Professor de Língua Estrangeira em formação”.
1023
Moreira & Gil, 2006; Rauber & Gil, 2006), que investigam as crenças dos professores e
alunos acerca do complexo processo de aprender línguas (cf. Almeida Filho, 1993).
O trabalho de Barcelos e Vieira-Abrahão (2006) passou a ser a primeira coletânea
publicada no contexto brasileiro que tem como objetivo analisar as crenças de professores e
aprendizes de LE. O livro foi dividido em duas partes. Na primeira parte, traz estudos que
tem como foco as crenças do professor em formação inicial e/ou em serviço (Pessoa e
Sebba, 2006; Basso, 2006; Garbuio, 2006; Silva, 2006; Coelho, 2006). E, na segunda parte,
apresenta resultados de estudos empíricos que investigaram as crenças de professores e
aprendizes no processo de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras em nossas escolas
da rede pública de ensino (Lima, 2006; Pereira, 2006; Dutra e Oliveira, 2006; Araújo, 2006;
Moraes, 2006). Além de que, o livro possue dois ensaios teóricos: a) um de Barcelos
(2006), que apresenta as principais tendências recentes de investigação sobre crenças no
ensino e na aprendizagem de línguas, discutindo, por sua vez, a relação entre crenças, ações
e contexto; b) e outro, de Vieira-Abrahão (2006) que faz uma síntese dos principais
instrumentos utilizados na investigação de crenças, elencando as vantagens e desvantagens
de cada um.
E no exterior, o trabalho que realça as crenças dos professores e dos aprendizes de
línguas é o de Kalaja e Barcelos (2003). O que nos chama muita atenção nesta importante
coletânea é que esta temática tem despertado o interesse de respeitados estudiosos da
Lingüística Aplicada ligados a diferentes agendas de investigação, dentre as quais podemos
mencionar, crenças e a aprendizagem de línguas por crianças (Alanen, 2003; Kalaja, 2003;
Dufva, 2003); a investigação das crenças através de diários (Hosenfeld, 2003); o estudo
das crenças através de metáforas (Kramsch, 2003; Sakui & Gaies, 2003) e, finalmente, a
construção social das crenças na sala de aula (Woods, 2003), somente para citar algumas.
1024
gramática em LM e a origem das crenças e possíveis transformações no contexto de ensino
de línguas.
Finalmente, na “Revista Contexturas: Ensino Crítico de Língua Inglesa”
(APLIESP), podemos citar os artigos de Silva & Margonari, (2003/2004); Maláter (2002);
Sabino (2002); Silva, Rocha & Sandei (2005) e Santos (2006), os quais abordam as crenças
na prática e na formação de professores de línguas, bem como as crenças acerca do ensino
de línguas nas séries iniciais.
1025
Crenças de alunos do ensino médio Cunha (1998)
Crenças de alunos do curso de Letras André (2000), Carvalho (2000) e Silva, L. (2001)
Crenças de professores em escolas da Martins (2001)
rede particular
Crenças, autonomia e motivação Moreira (2000)
Crenças Específicas
Bom professor de línguas Silva, I. (2000)
Crenças sobre a escola pública Custódio (2001)
Crenças sobre o ensino e aprendizagem Saquetti (1997); Marques (2001)
de outras LEs.
1026
Crenças sobre a inclusão do inglês nas Santos (2005) e Rocha (2006)
séries iniciais
Crenças sobre o lúdico na aula de LE Finardi (2004)
Crenças e motivação na escola pública Lima (2005)
Crenças, mudança e identidade Leite (2003), Miranda (2005)
Crenças sobre a oralidade em LE Dias (2003)
Crenças sobre a tradução Bomfim (2006)
Crenças sobre o ensino de vocabulário Conceição (2004)6 e Vechetini (2005)
Crenças sobre o ensino e aprendizagem de Nonemacher (2002), Espinosa (2006)
outras LEs.
6
Conceição (2004) foi a primeira tese sobre crenças no ensino e aprendizagem de línguas defendidas em um
Programa Brasileiro de Pós-Graduação Stricto Sensu (Mestrado e/ou Doutorado) em LA e/ou áreas afins. As
teses de doutorado de Gimenez (1994), Barcelos (2000) e Kudiess (2002), tiveram como cerne investigar
alunos e professores brasileiros, contudo, foram defendidas no exterior (Lancaster University, Alabama
University e Universitat de Barcelona, respectivamente). E o estudo Silva, S. (2001), foi um estudo que teve
como objetivo principal discutir as práticas pedagógicas que contribuem positiva ou negativamente para o
controle em sala de aula de LE. Partindo-se de uma perspectiva sócio-interacionista, o autor apontou a
importância da interação e do conhecimento metalingüístico como práticas centrais no processo de ensino e
aprendizagem de língua estrangeira e analisou, dentre outras variáveis, as crenças da professora concerne as
manifestações de controle empreendida por ela.
1027
alunos (1º e 2º Ciclos; Ensino Fundamental, Ensino Médio e em Escolas de Idiomas) e
terceiros (diretores, pais, supervisores, dentre outros).
1028
conscientização das crenças, pressupostos e conhecimentos sobre língua(gem), ensino e
aprendizagem de língua(s), trazidos por seis alunos professores do curso de Letras em um
curso de formação inicial de professores desenvolvido numa universidade pública,
localizada no sudeste brasileiro. Por meio de narrativas de histórias de vida, inventário de
crenças, questionário e autobiografias, foi possível explicitar as crenças, pressupostos e
conhecimentos dos alunos professores; possibilitando por sua vez uma (re) construção
consciente dos conhecimentos teóricos e práticos que foram expostos nas disciplinas
“Lingüística Aplicada” e “Prática de Ensino de LE”. Lima (2005), por sua vez, investigou a
relação entre crenças, expectativas e motivação em contexto de escola pública, numa
pesquisa de caráter longitudinal. Por ter sido desenvolvido durante um ano todo foi possível
corroborar com a literatura da área de que não somente as crenças dos professores
influenciam as crenças dos alunos, como as crenças dos alunos somadas aos fatores
contextuais em que os mesmos estão inseridos podem influenciar tanto as crenças quanto as
práticas dos professores de línguas (cf. Barcelos, 2006).
d) Estudos realizados em escolas públicas: Nos períodos inicial e de
desenvolvimento/consolidação do conceito, a grande maioria dos estudos focalizavam as
crenças de alunos e professores nos cursos de Letras (Silva, L., 2001; Silva, I., 2000;
Barcelos, 1995; dentre outros). Atualmente, corroboramos com Barcelos (2006, p. 24)
quando afirma que “um bom número de trabalhos tem escolhido investigar as crenças de
alunos e professores na escola pública”. Para ilustrar esta premissa, segue abaixo os estudos
realizados no contexto brasileiro e que tiveram como foco as crenças de alunos, professores
e terceiros na escola pública (Rocha, 2006; Coelho, 2005; Lima, 2005; Miranda, 2005;
Pereira, 2005; dentre outros).
e) A grande maioria dos estudos realizados na LA focalizaram respectivamente os
professores e alunos de línguas (cf. Silva, 2005). Hoje em dia percebe-se uma tendência dos
estudos em investigar as crenças de terceiros, ou seja, agentes que não estão imbricados
dentro de sala, contudo, influenciam de maneira direta ou indiretamente o processo
educacional (pais, coordenadores, diretores, dentre outros) (Rocha, 2006; Lima, 2005;
Silva, 2005).
f) Estudos sobre crenças e o uso de (novas) tecnologias. Percebemos um vislumbre
no âmbito LA de pesquisas nesta perspectiva, como por exemplos, os estudos de Perina
(2003), Telles & Vassallo (2006a), Vassallo & Telles (2006b) e os estudos que estão em
andamento (Vieira-Abrahão, em andamento; Silva em andamento; Kfouri-Kaneoya, em
andamento; Mesquita, em andamento; Salomão, em andamento; Bedran, em andamento;
Luvizari, em andamento). Perina (2003) teve por objetivo investigar as crenças de
professores de inglês, tanto em relação ao uso do computador em suas práticas docentes
quanto em relação ao seu papel na sociedade digital em que está inserido. Telles & Vassallo
(2006) e Vassallo & Telles (2006b), tiveram como cerne discutir as inovações tecnológicas
e pedagógicas propostas pelo Teletandem7 no ensino e na aprendizagem de línguas. E os
estudos de Silva (em andamento); Kfouri, Kaneoya (em andamento), Mesquita (em
andamento), Salomão (em andamento), Bedran (em andamento) e Luvizari (em
andamento), fazem parte de um projeto que está dentro de um projeto maior do CNPQ
7
Teletandem é um tandem virtual que utiliza as ferramentas de escrita, leitura, áudio e vídeo do aplicativo
MSN Messenger 7,5, no ensino e na aprendizagem de línguas (cf. Telles & Vassallo, 2006a; Vassallo &
Telles 2006b) e poderia ser utilizado também no contexto de formação de professores de línguas para o meio
virtual (cf. Vieira-Abrahão, em andamento; Silva, em andamento; dentre outros).
1029
intitulado “Teletandem Brasil: Línguas Estrangeiras para Todos”, coordenados
respectivamente pelos professores Dr. João Antonio Telles e Drª Maria Helena Vieira-
Abrahão, ambos docentes e pesquisadores em LA na UNESP (São José do Rio Preto)8.
8
Se o leitor desejar obter maiores informações sobre este projeto inovador, tanto no ensino e na aprendizagem
de línguas quanto na formação dos professores, entre no site www.teletandembrasil.org .
9
Silva (2005, p. 41-51) e Vieira-Abrahão (2006, p. 219-232) discutem estes instrumentos de coleta de
registros, elencando as vantagens e desvantagens de cada um. Se o leitor desejar obter maiores informações
sobre as metodologias que podem ser empreendidas em estudos sobre crenças no ensino e na aprendizagem
de línguas, veja Barcelos (2001, p. 71-92) e Barcelos (2003, p. 7-34).
1030
aula (cf. Barcelos, 2001); 4) investigar a relação entre as crenças dos participantes e as
implicações ideológicas para o contexto sócio-cultural em que estão inseridas (cf. Silva e
Rocha, em elaboração).
6. Considerações Finais
1031
e Letramentos”, “Formação de Professores e Ideologias”, “Formação de Professores e
Competências do Professor de LE”, “Formação de Professores e Avaliação em LE”, dentre
outros.
b) Construção de CD-ROM (como o TELA – Textos em Lingüística Aplicada 1, 2 e
3) e sites com informações da área10. Sugerimos, também, a criação de sites específicos das
grandes subáreas da LA, como exemplo, a formação de professores de línguas (materna
e/ou estrangeira), o ensino de LE para crianças, dentre tantas outras.
c) Formação de projetos interinstitucionais (como por exemplo, o projeto
interinstitucional intitulado “Linguagem e interação em segmentos sociais”, sob a
coordenação da Professora Drª Lúcia Rottava (UNIJUIÍ) e da Professora Drª Sandra Regina
Buttros Gattolim de Paula (UFSCar); além do projeto “AMFALE” que reúnem
pesquisadores interessados em investigar aspectos diversos dos processos de aquisição e de
formação de professores de LEs através de narrativas de aprendizagem, e é coordenado pela
Professora Drª Vera Menezes (UFMG)11.
d) Periódicos e revistas acadêmicas-científicas publicadas em formato eletrônico,
como as revistas D.E.L.T.A (Documentação em Estudos em Lingüística Teórica e
Aplicada/PUC-SP), Intercâmbio (PUC-SP), The ESPecialist (Pesquisa em Línguas para
Fins Específicos Descrição, Ensino e Aprendizagem e Linguagem/PUC-SP) e Linguagem
& Ensino (Universidade Católica de Pelotas).
e) Criação de fóruns de discussão.
10
Como por exemplo, o site eletrônico da Associação Brasileira de Lingüística Aplicada:
http://www.alab.org.br
11
Se o leitor desejar obter maiores informações sobre este projeto entre no seguinte site eletrônico:
http://www.veramenezes.com/textohp.htm.
12
Como os cursos de extensão: “Teorias Implícitas dos Professores de Língua Inglesa I e II”, “Crenças sobre
o ensino e a aprendizagem de línguas na Lingüística Aplicada”, “Formação de Professores de Línguas:
Paradigmas e Práxis” e “Ensino de Línguas Estrangeiras para Crianças: Princípios e Práticas”, idealizados
pelos autores deste artigos e ofertados sistematicamente na Coordenadoria de Extensão do Instituto de
Estudos da Linguagem (IEL)
1032
linguagem e ensino-aprendizagem de línguas, descobrir novas formas de caminhar, como
também quebrar barreiras e paradigmas, a fim de trilharmos novos caminhos, nunca antes
andados na LA.
Referências Bibliográficas
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