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Série de Mensagens – No que cremos?!

Mensagem 01 – Introdução e Defesa do Credo dos Apóstolos

Introdução –

Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso,


Criador do céu e da terra,
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor;
Que foi concebido pelo poder do Espírito Santo;
Nasceu da virgem Maria,
Padeceu sob Pôncio Pilatos,
Foi crucificado, morto e sepultado;
Desceu ao inferno;
Ressuscitou ao terceiro dia;
Subiu aos céus
E está assentado à direita do Deus Pai, Todo-Poderoso,
De onde há de vir para julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo;
Na santa igreja católica;
Na comunhão dos santos;
Na remissão dos pecados;
Na ressurreição do corpo;
Na vida eterna,
Amém!

Minha intenção não é escandalizar a nenhum de vocês e muito menos passei minhas férias em
Roma e aderi ao catolicismo romano. O que quero é chamar atenção para as verdades
esquecidas neste antigo credo, conhecido como credo apostólico que foi utilizado pelos
primeiros cristãos para resumir a fé que tinham, a fé cristã não é fideísta (fé na fé). Pelo
contrário, nossa fé embora seja a convicção e prova de coisas que não se veem é firmada em
Cristo e nas escrituras. O nome da nossa nova série de mensagens é: No que cremos? Você é
capaz de afirmar e confirmar no que crê? Consegue formular uma resposta a respeito da sua fé
em Jesus? O Credo é esta resposta de fé que nossos irmãos do passado formularam,
defenderam com suas próprias vidas e utilizaram como ferramenta de ensino seja no período
pré ou pós reforma.
O Dr, Albert Mohler Jr (Presidente do seminário batista mais importante da convenção sul dos
EUA) diz que: “ Todos os cristãos creem em mais do que está contido no Credo dos Apóstolos,
mas nenhum pode crer em menos do que o credo contém”. Ou seja, quem afirma o credo
pode ser considerado cristão, quem não concorda está em sério risco de crer num falso
cristianismo.

O nosso objetivo será estudar linha por linha deste credo e disseca-lo ao longo das Escrituras
para vermos se de fato tais palavras são dignas da nossa confiança e da nossa fé. Antes de
começarmos claro quero compartilhar alguns motivos por que considero isso importante:

1. Credos definem a verdade: Jesus Cristo disse aos seus discípulos: “E conhecereis a
verdade, e a verdade vos libertará”. (João 8.32). Devemos estudar os credos da fé,
desde que defendam corretamente as Escrituras, porque eles delineiam as verdades
da nossa fé. A verdade liberta o povo de Deus do pecado, da corrupção e de um
mundo que vive sob o desespero do pecado. A verdade introduz esperança eterna no
esplendor glorioso de Deus e em seu evangelho para a humanidade. Porque os credos
ensinam a verdade, exibem um poder que liberta o cativo.
2. Credos corrigem erros: A realidade da verdade pressupõe a existência de erro. Na
presente época, entretanto, encontramos uma geração que, talvez pela primeira vez,
questiona a existência da verdade. A igreja, porém, entendeu desde a sua fundação,
que heresias e falsos ensinos existem, e que são perigos terríveis para o povo de Deus.
Ainda mais quando falamos de erro teológico. A igreja precisa dos credos ainda hoje,
não apenas para ensinar a verdade, mas também para se proteger contra o erro.
3. Credos fornecem regras e padrões para o povo de Deus: O credo funciona como uma
barreira de segurança para nosso ensino e instrução. Uma das funções mais
importantes do credo sempre foi ajudar a igreja a ensinar e preparar os novos crentes
para a fidelidade e a maturidade na fé. Este era o texto base para que o candidato ao
batismo afirmasse sua fé perante os demais.
4. Credos ensinam à Igreja como adorar e confessar a fé: Os credos delineiam verdades
gloriosas da nossa fé. Portanto, através dos credos as nossas vozes convergem do “Eu
creio” para os “Nós cremos”, unindo todos os crentes numa adoração comunitária.
5. Credos nos conectam com a fé de nossos pais: O teólogo e historiador Jaroslav Pelikan
escreveu: “A tradição é a fé viva dos mortos e o tradicionalismo é a fé morta dos
vivos”. O credo contém o testemunho fiel daqueles que nos antecederam na fé cristã,
pessoas que por defenderem tais crenças perderam as vidas diante das perseguições
do império romano, é uma dádiva e alegria podemos professar a mesma fé que eles,
desde os apóstolos.
6. Credos resumem a fé: Nenhum credo é feito para substituir as Escrituras, ou mesmo,
para afastar-nos da mesma, pelo contrário, como resumos de fé que são devem nos
levar a Palavra para aprofundamento e maior entendimento do que se afirma nos
credos. São respostas para um diálogo resumido e uma resposta de fé que apontam
para verdades mais profundas contida nas Escrituras.
7. Credos definem a verdadeira unidade cristã: As verdades contidas nos credos
unificam os cristãos de todas as denominações, a verdadeira unidade da igreja de
Cristo é revelada por meio destas pontes que nos unem uns aos outros, afinal, no céu
não haverá divisões denominacionais como alguns pensam. O credo é o tipo de
mínimo denominador comum, pelo contrário, ele é uma amostra da grandeza do reino
de Deus onde povos de todas as línguas, raças, lugares adorarão ao único Deus todo
poderoso.
Próximo domingo – Creio em Deus Pai Todo Poderoso....

Série de Mensagens – No que cremos?!


Mensagem 02 – Deus, o Pai Todo-Poderoso

Introdução –

Nosso Deus autorrevelado – A. W. Tozer resumiu de maneira brilhante todo o discipulado


cristão quando disse: “O que vem à nossa mente quando pensamos em Deus é a coisa mais
importante sobre nós”. O que a igreja quer dizer quando diz a palavra Deus revela tudo sobre
nossa adoração e integridade teológica. Se começarmos com uma concepção errada,
interpretamos mal toda a fé. É por isso, que os hereges sempre começam rejeitando a Deus
como revelado nas escrituras.

Desde os tempos dos apóstolos, a Igreja firmou-se na frase: Creio em Deus Pai Todo Poderoso.
Cremos no Deus revelado, conhecido e, portanto, verdadeiro. Todos sabem que Deus existe
segundo as Escrituras (Rm. 1.20 e 1.18). Para exaurirem seus pecados, suprimem aquilo que de
Deus se pode conhecer e o negam veementemente. (Salmos 14.1)

Citação – Carl Henry diz: “ Deus nos ama tanto que abre mão da sua privacidade pessoal para
que suas criaturas possam conhece-lo”.

Calvino diz: “O coração do ser humano é uma fábrica de ídolos”. (Formas físicas, filosóficas,
ideológicas).

O nosso Deus é um pai pessoal – A revelação de Deus como pai acaba com todo princípio de
impessoalidade ou distanciamento que possamos ter com o altíssimo. Ele se revela como pai
desde o antigo testamento (Dt 32.6) (Oseias 11.1-4) (Salmos 68.5).

É plenamente revelado na pessoa de Jesus Cristo (João 10.30) e Ele mesmo no ensinar a
dirigirmo-nos a Deus como Pai (Mateus 6.9). Jesus o apresenta como o Pai à espera do filho
pródigo. E Paulo lembra-nos que se somos filhos, somos também herdeiros do reino de Deus
(Gálatas 4.7).

 Deus é Pai e não mãe? Nos últimos anos por conta das correntes liberais e do
movimento feminista as igrejas têm questionado a utilização do título Pai para a
pessoa de Deus. Questionando o porquê Deus é apresentado no masculino.
 O problema é que o pronome ele quando direcionado a Deus é sempre pessoal
(genérico) e não específico (gênero). Deus é assexuado, não possui gênero (masculino
ou feminino) como suas criaturas e o fato de ser apresentado como Pai é para
distinção das personalidades e papéis do seu ser autorrevelado (Pai, Filho e ES).

Abominação da Igreja Presbiteriana dos EUA

O Pai Todo Poderoso – Assim como Deus é pai é também todo poderoso. Deus é imanente
(relaciona-se com sua criação), mas também é transcendente (Está bem acima de tudo que
fora criado). Esta afirmação de onipotência impulsiona tudo que vem a seguir no credo. (Dn.
4.35).

Nosso Deus não é um deus comum. (Cena do Hulk, Vingadores).


Ele é o pai que nos fez, que nos criou para sua glória, que tem um plano e propósito para nós,
que está no controle, que faz uso de tudo que acontece para o nosso próprio bem, que está no
controle, que governa, que perdoa, que julga, que salva, ...

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Mensagem 03 – Criador do Céu e da Terra

Introdução:

Desenvolvimento –

As características mais fundamentais de nossa cosmovisão estão enraizadas em nossa doutrina


da criação. Toda cosmovisão tem uma teoria das origens, e a nossa compreensão sobre nossas
origens influenciará a maneira como pensamos sobre a identidade e o propósito humanos e
para onde a história se direciona. A maneira como respondemos à pergunta das origens revela
o que pensamos sobre nosso valor, nosso propósito e nosso senso de obrigação uns para com
os outros e para com Deus.

A criação é parte de uma história maior que conduz ao ápice dos planos de Deus, esta história
maior se desenvolve ao longo de 4 capítulos: Criação, Queda, Redenção e Consumação.
Precisamos saber nosso lugar dentro dessa narrativa bíblica para contribuirmos para a Glória
de Deus em meio a criação.

Ao compreendermos a primeira linha completa do Credo, podemos responder as perguntas


fundamentais da existência humana: Quem? O Que? Quando? Onde? Como? Porque?

Quem? – A Escritura responde imediatamente ao QUEM? – No princípio criou Deus – Este não
é outro senão o Deus revelado nas escrituras: Pai, Filho e ES, o Deus que se revela e assume
para si a autoria da criação. (Gn. 2.4; Êx. 20.11; Sl. 121.1-2; At. 17.22-28).

O Niilismo e o darwinismo andam de mãos dadas, pois o darwinismo explica a existência a


partir do cosmos, eliminando Deus da equação, destruindo assim qualquer pensamento moral
e bíblico sobre Deus e sua vontade para nossas vidas.

O que? – Deus o pai todo poderoso é aquele que criou, mas o que exatamente? Ele criou os
céus e a Terra. O Universo inteiro, ou os cosmos, nos enche de assombro e admiração pelo
Criador. Ele criou o reino animal, vegetal, fungos, protozoários e eucariotas. Ele criou elefantes
e sapos, florestas e desertos, o sistema solar e as bactérias e amebas. Essa biodiversidade
impressionante mostra a complexidade do universo e grandeza daquele que o criou.

Quando? – Agora entendemos o quem e o que da criação, mas quando Deus criou os céus e a
terra? Para responder a esta pergunta, devemos entender que tempo, espaço e matéria só
podem existir juntos. Logo, antes da criação Deus estava fora do tempo, do espaço e da
matéria. Apenas Deus existia como a Trindade. Mas a primeira linha da Escritura nos diz que
Deus criou “no princípio”. Deus criou a matéria em determinado tempo e criou o espaço para
que a matéria existisse.
A narrativa bíblica tem muito a ver com o tempo. O tempo começa na criação. A criação e a
subsequente queda da humanidade estabeleceram a promessa pela qual Cristo viria na
plenitude dos tempos. A narrativa também aponta uma nova era, uma era na qual o tempo
não mais existirá.

Onde? – O naturalismo como já vimos ao invés de começar com o Criador, começa com o
mundo criado e terminam nele também, o que deixa a porta aberta para qualquer outro
cosmos não conhecemos. Porém, biblicamente não vemos qualquer menção a outro sistema
planetário, forma de vida fora daquilo que conhecemos por mundo. O mundo criado é
inteligível, ou seja, passível de ser compreendido e estudado, porém não há vida fora do
universo criado por Deus.

Como? – A ciência não pode responder à pergunta sobre como Deus criou o universo. Mais
uma vez a escritura faz um relato ao qual devemos confiar integralmente, Deus é o autor da
criação e o agente de Deus nessa criação é a sua palavra. Cada ato criativo começa com Disse
Deus... Sua palavra é a representação perfeita de sua vontade e de sua glória, sem falhar em
nenhum aspecto ou dimensão. Portanto, Deus criou pelo poder de sua palavra, a partir do
nada. Sua fala não era meramente uma coleção de verbos e substantivos, mas, sim, uma
pessoa que se fez carne e habitou entre nós.

Porque? – Como ser supremo sobre todas as coisas, a determinação primária de Deus consiste
em exibir sua própria glória. João Calvino afirmou que o cosmos é o teatro da glória de Deus.
Toda a criação existe para exibir a glória de Deus na redenção dos pecadores por meio de Jesus
Cristo. A criação leva à nova criação. Ansiamos por voltar a comunhão com o Pai todo
poderoso e criador que existia em Genesis 2 e será retomada na nova criação. Labutamos por
um novo céu e uma nova terra e não pelos antigos. Vemos hoje a glória de Deus em meio a
mancha do nosso próprio pecado, porém, um dia contemplaremos essa glória sem nada para
atrapalhar-nos.
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Mensagem 04 – Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor.

Introdução:

Desenvolvimento: Os cristãos são definidos por uma marca principal: nós cremos e somos
discípulos do Senhor Jesus Cristo. Não obstante as crenças que possam separar igrejas e
denominações, um cristão verdadeiro é alguém que se arrependeu de seu pecado e recebeu
Cristo como único Senhor e Salvador. Somos o povo de Cristo, de fato, instintivamente,
usamos expressões como cristocêntrica para descrever nossa adoração e nossa vida. Esse
compromisso com Cristo não é apenas um fenômeno evangélico moderno, também se reflete
na antiga fé do credo. Na verdade, devemos ver o credo dos apóstolos. A maior parte do credo
é dedicada a Cristo. Na verdade, devemos ver o Credo como uma confissão de Cristo, com uma
introdução e uma conclusão. Ele marca a história de Jesus, desde sua concepção pelo Espírito
Santo até as suas elevação e ascensão; desde a sua exaltação até o seu prometido retorno
como rei.

Uma coisa que se nota imediatamente é a forma como o credo confronta a tendência atual ao
minimalismo teológico. Não é suficiente dizer “Eu amo Jesus” ou “Eu sigo Jesus” Muitos que
dizem que seguem a Jesus não o fazem como ele se revelou nas Escrituras.

Devemos identificar quem é o Senhor a quem adoramos, esse Salvador que nos redimiu de
nossos pecados. Lamentavelmente até mesmo nas igrejas cristãs existe uma cristologia
superficial. Alguns querem Jesus como um grande mestre, mas não como filho de Deus. Outros
querem Jesus como salvador, mas não o querem como senhor.

Jesus, o Cristo
Um anjo apareceu a José para lhe dizer que a criança concebida em Maria pelo Espírito Santo
se chamaria Jesus, “ porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” Mt. 1.21 e mais tarde
isso acontece também com a proclamação dos anjos. Lc 2.10-11

Cremos em JC, o ungido, o Messias, aquele que foi prometido a Israel, aquele cumpre todas
essas promessas e muito mais. Ao mencionar seu nome, confessamos que somos um povo
miserável e fraco, indefeso e perdido. Precisamos de um salvador, precisamos de Cristo, o
senhor.

Salvação somente em Cristo


O Senhor salva por meio de seu Messias. Essa ideia é essencial a pregação apostólica e ao
evangelho. Veja: Atos 2.36 / Atos 2.22-26 / Atos 4.8-12.

Anunciar uma declaração como está no contexto do judaísmo da época é de tirar o folego. É
perigoso falar essas coisas sem refletir sobre o que significam. Com sua vida em risco, Pedro,
de forma ousada, proclamou a exclusividade de Jesus Cristo. Somente por meio de JC podemos
ser salvos; Só pelo seu nome entraremos na presença de Deus.
Seu Único Filho
Creio em Deus Pai todo poderoso, criador dos céus e da terra. Creio em Jesus Cristo, seu único
filho, nosso Senhor.

A figura de filho remonta o antigo testamento 2 Samuel 7.14, Ele seria rei de Israel, também
um novo DAVI e, portanto, filho de Deus. Gerado e não criado para não ser criatura. Pois, ele é
eterno assim como Deus o é. Enviado para não ter nascido a partir da encarnação JO 3.16 / HB
1.1-4, MT 3.17, HB 2.10 e RM 8.17.

Cristo nosso Senhor.


Em Filipenses 2.5-11 a palavra nos oferece uma doutrina clara sobre o senhorio de Cristo sobre
todas as coisas. Porém , há muita resistência a isso no coração do homem. A semelhança do
primeiro casal no Jardim queremos saber o que é certo e errado por conta própria e não
confiamos na palavra e no cuidado de Deus para nossas vidas.

Porém, só terá JC como salvador aquele que também o tiver como Senhor. Romanos 10.9
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Mensagem 05 – Concebido pelo poder do Espírito Santo, nascido da Virgem Maria.

Introdução:

O significado doutrinário do nascimento virginal


Como já dito, a concepção virginal de Cristo tem importância doutrinária significativa para a
Igreja; contudo, considere apenas três implicações do nascimento virginal. Primeiro, o
nascimento virginal afirma a real identidade de Cristo como verdadeiro Deus e verdadeiro
homem. Wayne Grudem resumiu a importância dessa doutrina:

Deus, em sua sabedoria, ordenou uma combinação de influência humana e divina no


nascimento de Cristo, de modo que sua plena humanidade seria evidente para nós pelo fato
de seu nascimento humano comum por meio de mulher, e sua plena divindade seria evidente
por sua concepção no ventre de Maria pela obra poderosa do Espírito Santo.

Jesus não foi concebido pela vontade de um homem humano; antes, foi concebido pelo
Espírito Santo. O nascimento virginal torna possível a união entre o divino e o humano.

Segundo, o nascimento virginal certamente aponta para o milagre pelo qual essa criança é
concebida sem pecado. De acordo com a Escritura, todos que descendem de Adão recebem a
culpa do pecado; entretanto, Jesus não descende de Adão, logo não participa dessa condição
comum (2 Co 5.21; Rm 5.18-19). Pietro Martire Vermigli explica:

Todos os descendentes do primeiro Adão foram sujeitados à ira e ao pecado, sem exceção.
Mas, para poupar a humanidade de Cristo da condição comum de nossa raça, limpando-a do
que é inerente à nossa natureza humana, a sabedoria divina preparou um plano maravilhoso e
impressionante. O homem unido a Deus e que deveria possuir tanto divindade como
humanidade deveria, assim, ser concebido. Como os anjos profetizaram à virgem Maria, assim
o Espírito Santo desceu sobre ela. Do sangue dela, já tornado puro pela santíssima graça, com
habilidade impar ele produziu esse homem único e perfeito. Assim, pelo Deus de misericórdia,
a Palavra eterna assumiu a humanidade. O ventre da virgem Maria tornou-se a fornalha divina
de que o Espírito Santo, de carne e sangue santificados, retirou aquele corpo destinado a ser o
servo obediente de alma igualmente nobre, de modo que nenhum dos defeitos de Adão foi
transmitido a Cristo. Embora os corpos dos dois tenham sido produzidos de maneira similar,
nosso primeiro pai foi miraculosamente formado da terra se a semente do homem. Mas, pelo
poder de Deus, assim também foi o segundo Adão.

Terceiro, o nascimento virginal acentua a natureza miraculosa da redenção de Deus. De fato, a


concepção virginal de Jesus pode ser explicada apenas pelo ato soberano e unilateral de Deus
– essa criança é um presente dele. A humanidade precisava de um salvador humano perfeito,
mas jamais conseguiria produzir um. Carl F. H. Henry esclareceu: “Assim, do fato de que Jesus
é “nascido da virgem Maria”, pode-se ver que a obra da encarnação e da reconciliação envolve
uma intervenção definitiva da parte do próprio Deus. Como viu Lutero, um novo começo
precisava ser feito, e uma nova criação, iniciada. O nascimento de Cristo enfatiza a
necessidade da intervenção sobrenatural de Deus na história e demonstra a iniciativa de Deus.
Aqueles que negam, ignoram ou tentam “consertar” o nascimento virginal tem dificuldades
para explicar, de qualquer forma significativa, a divindade do Filho e a majestade da
encarnação. Por isso, o nascimento miraculoso de Cristo se encontra na vanguarda do Novo
Testamento e se tornou um teste decisivo de ortodoxia:

O nascimento virginal é colocado como guarda à porta do mistério do Natal, e nenhum de nós
deve pensar em passar correndo por ele. Ele se encontra no limiar do Novo Testamento,
ostensivamente sobrenatural, desafiando nosso racionalismo, informando a todos nós que
tudo o que vem a seguir pertence a essa mesma ordem, e que, se nós o consideramos
ofensivo, não faz sentido prosseguir.

O liberalismo protestante fornece um excelente exemplo desse abandono da natureza


miraculosa do nascimento de Jesus. Como resultado, eles relegam Cristo a um sábio ou
revolucionário moral; o cristianismo oferece apenas um dos muitos caminhos a Deus. Sem o
nascimento virginal, a história da salvação não tem um salvador.

A veracidade do nascimento virginal, portanto, cria uma obrigação moral. Em outras palavras,
se a Escritura afirma o nascimento virginal, então isso é virginal, e, se é verdade, então deve
ser crido. Negar o nascimento virginal, não obstante ser afirmado pelos Evangelhos,
comprometeria a autoridade das Escrituras. Os teólogos liberais podem reconhecer ou negar a
veracidade do nascimento virginal, mas ambas as escolhas têm relevância para a totalidade
das Escrituras. Os cristãos, porém, não têm a escolha de aceitar ou rejeitar a verdade da
Escritura. Ela exerce autoridade sobre os cristãos, e eles tem de aceitar sua verdade.

Para os crentes, o nascimento virginal tem ainda mais importância. Aquele que foi concebido
pelo Espírito Santo, no ventre da virgem, também foi concebido pelo Espírito Santo no coração
dos cristãos. Por meio do milagre do evangelho – que começa com o nascimento virginal -,
Deus gera nova vida em um povo profundamente pecaminoso. Não fique incomodado com o
nascimento virginal; antes, ensine-o, pregue-o e compartilhe-o como parte da história do
evangelho, para que, quando uma pessoa responder com fé, saiba em que crê. Ore para ver o
milagre de Cristo concebido em seu coração da maneira como foi concebido no ventre de
Maria. A criança na manjedoura de Belém era aquela cujo calcanhar esmagaria a serpente, e
em cujo nome os cristãos se reúnem.

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