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As "Boas" Obras dos Ímpios

por

Vincent Cheung

(O que se segue é uma mensagem de e-mail editada)

Acabei de ler “Chosen in Christ” [Escolhidos em Cristo].

Por muitos anos eu tenho sido alimentado com literatura carismática,


e nunca tinha aprendido sobre essas coisas que você escreveu e que
são tão óbvias na Bíblia. Tenho 50 anos de idade agora e lamento o
quão estúpido fui por tanto tempo.

Ainda estou estarrecido sobre alguns daqueles que serão enviados ao


inferno. O que dizer daquelas freiras católicas que cuidam de pessoas
indigentes — alguém como Madre Teresa?

Obrigado pelos seus livros. Seria muito bom disponibilizar sua


literatura para a Igreja Reformada Húngara.

Obrigado por escrever.

Visto que o seu contexto é predestinação, devemos primeiro notar


que a questão com respeito às “boas” obras dos não-cristãos — os
ímpios, os heréticos e os mestres e discípulos dos falsos evangelhos —
aplica-se não somente à doutrina bíblica da predestinação, mas
também ao todo da fé bíblica em geral, ou à justificação pela fé em
particular. Todos os cristãos que são realmente cristãos crêem que
ninguém pode ser salvo pelas obras.

De fato, pode ser mostrado que a justificação pela fé é inconsistente


com qualquer outra visão além do Calvinismo, ou predestinação
bíblica, de forma que as duas não podem ser consideradas de
maneira apropriada independentemente uma da outra. Contudo,
mesmo que ignoremos essa conexão necessária por ora (embora
possamos fazer isso somente forçosamente), sua questão implica uma
hesitação não somente com respeito ao Calvinismo, como se ele fosse
uma doutrina de homem, mas contra o fundamento comum
reconhecido por todos aqueles que afirmam o evangelho — a
justificação pela fé aparte das obras.

Apenas porque Teresa pareça ter feito uma abundância de boas obras
não faz a mínima diferença, isto é, a menos que ela tenha
verdadeiramente confiado em Cristo para salvação.Tentar ajudar,
curar, unir ou até mesmo salvar a humanidade sem Deus, e sem o
único e verdadeiro evangelho, não é nenhuma outra coisa senão uma
outra tentativa de construir Babel. É uma tentativa centrada-no-
homem de edificar a humanidade. É pecado e rebelião disfarçada de
justiça e compaixão. As boas obras dos ímpios são feitas, não a partir
de um motivo para ajudar a humanidade em obediência a Deus e
para glorificar a Deus, mas para ajudar a humanidade a despeito de
Deus, de forma que eles não necessitarão nem venerarão a Deus.

Assim, se estabelecermos nós mesmos e as nossas obras como o ponto


de referência para o bem e o mal, então, já sucumbidos à primeira
tentação de Satanás. Uma “boa” obra é verdadeiramente uma boa
obra somente porque ela assim o é em referência a Deus (somente
porque ela glorifica a Deus, pois a fazemos com sabe no Seu faça
assim, e porque Ele aprova), e não porque ela seja útil ao homem e
julgada como boa pelos homens, aparte de Deus.

Sobre esse tópico, a Confissão de Westminster Confession declara:

As obras feitas pelos não regenerados, embora sejam, quanto à


matéria, coisas que Deus ordena, e úteis tanto a si mesmos como aos
outros, contudo, porque procedem de corações não purificados pela
fé, não são feitas devidamente - segundo a palavra; - nem para um
fim justo - a glória de Deus; são pecaminosas e não podem agradar a
Deus, nem preparar o homem para receber a graça de Deus; não
obstante, o negligenciá-las é ainda mais pecaminoso e ofensivo a
Deus.

Enquanto eles permanecerem não-cristãos, suas assim chamadas


“boas” obras ainda serão pecaminosas, e como tal, elas incorrem a
ira de Deus. A diferença é que essas “boas” obras, visto que elas
demonstram uma concordância superficial com os preceitos de Deus,
são freqüentemente consideradas menos pecaminosas do que as
outras obras dos ímpios. Contudo, não é necessariamente verdadeiro
que as “boas” obras dos ímpios sejam menos pecaminosas do que
suas obras más, visto que Deus também toma as atitudes e os motivos
da pessoa em conta.
Assim, se um não-cristão realiza uma aparente “boa” obra, tal como
ajudar um mendigo ou alimentar uma criança, mas a partir de um
motivo intensamente ímpio (grande orgulho, grande admiração de
sua própria “compaixão”, etc.), isso poderia ser contado como ainda
mais ímpio (e certamente mais hipócrita) do que se ele tivesse, sem
ocultar sua verdadeira natureza como um não-cristão, chutado o
mendigo na cara ou deliberadamente privado a criança de alimento.

Com respeito ao evangelho, Paulo escreve: “Assim como já vo-lo


dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar
outro evangelho além do que já recebestes, que ele seja
eternamente amaldiçoado” (Gálatas 1:9). Uma vez que um falso
evangelho é ensinado e afirmado, então, é ultimamente irrelevante
se uma pessoa parece fazer boas obras, pois “todas as nossas justiças
são como trapo da imundícia” (Isaías 64:6). As pessoas pensam que
elas são boas obras somente porque elas assim pensam, e não porque
Deus assim o diz.

Certamente, o que eu disse aqui é apenas o Cristianismo básico, e


negá-lo é rejeitar o evangelho e perder a salvação. Assim, eu
suponho que você já creia em tudo isso; apenas precisa aplicar o
mesmo consistentemente.

LEITURA RECOMENDADA:

What's Wrong with “White” Magic

Vincent Cheung, Systematic Theology

Vincent Cheung, Commentary on Ephesians

Vincent Cheung, Commentary on Philippians

Jonathan Edwards, Justification by Faith Alone

Charles Hodge, Justification by Faith Alone

Horatius Bonar, The Everlasting Righteousness

William Pemble, The Justification of a Sinner


Nota sobre o autor: Vincent Cheung é o presidente da Reformation
Ministries International [Ministério Reformado Internacional]. Ele é o
autor de mais de vinte livros e centenas de palestras sobre uma vasta
gama de tópicos na teologia, filosofia, apologética e espiritualidade.
Através dos seus livros e palestras, ele está treinando cristãos para
entender, proclamar, defender e praticar a cosmovisão bíblica como
um sistema de pensamento compreensivo e coerente, revelado por
Deus na Escritura. Ele e sua esposa, Denise, residem em Boston,
Massachusetts. [ http://www.rmiweb.org/]

Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto


Cuiabá-MT, 22 de Julho de 2005.

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