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2022

Escola de Minas
Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade
Socioeconômica Ambiental
PPGSSA

Protocolo de Avaliação
Rápida: ferramenta para
análise da qualidade dos
recursos hídricos
Dissertação

Bárbara Emanuelly Santos Souza Sales


Bárbara Emanuelly Santos Souza Sales

“Protocolo de Avaliação Rápida: ferramenta para análise da qualidade dos recursos


hídricos”

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Sustentabilidade
Socioeconômica Ambiental da Escola de
Minas da Universidade Federal de Ouro
Preto como parte dos requisitos para a
obtenção do Grau de Mestre em
Sustentabilidade Socioeconômica Ambiental.
Área de Concentração: Avaliação ambiental
e uso sustentável dos recursos naturais
Orientador: Dra. Adivane Terezinha Costa

Ouro Preto, março de 2022.


Universidade Federal de Ouro Preto

Mestrado em Sustentabilidade Socioeconômica Ambiental

“Protocolo de Avaliação Rápida: ferramenta para análise da qualidade dos


recursos hídricos”

Bárbara Emanuelly Santos Souza Sales

Dissertação defendida e aprovada, em xx de março de 2022, pela banca examinadora constituída


pelos seguintes membros:

_____________________________________________________________________________

Profa. Dra. Adivane Terezinha Costa

Universidade Federal de Ouro Preto

_____________________________________________________________________________

Universidade Federal de Ouro Preto

_____________________________________________________________________________

Universidade Federal de Ouro Preto


Dedico ao Victor Souza, o amor da minha vida

e melhor amigo!
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu Deus!

Agradeço ao meu esposo Victor Souza por apoiar os meus sonhos e me auxiliar a conquistá-
los. Agradeço à minha mãe Maria Girlande e ao José Marcos pela motivação. Ao meu pai
Jaelson pelo apoio. Aos meus irmãos Mylenna, Diego e Junio, meus grandes amigos.

A Universidade Federal de Ouro Preto pela oportunidade de alcançar mais uma etapa em
minha caminhada. Ao Programa de Sustentabilidade Socioeconômica Ambiental. Aos
educadores pelo compartilhamento durante o curso e pelo importante papel que cumprem
perante a sociedade, fundamentais em minha trajetória. Aos colegas de turma pela artilha
durante as aulas e pelo apoio dados uns aos outros.

Agradeço a coordenação do curso, em especial, a professora Doutora Kerley dos Santos


Alves, pelo importante trabalho que tem executado e pelo carinho oferecido, ela escuta
cuidadosa e pela motivação oferecida durante as aulas.

A minha orientadora Professora Doutora Adivane Terezinha Costa, pelo compartilhamento


de conhecimento, auxílio, confiança e afeição direcionados a mim durante a construção e
execução do trabalho. Tenho profunda admiração por você!

Aos meus amigos, em especial Sabrina Do Carmo e Tarcísio Petter pela força, apoio e por
proporcionarem diversão nessa caminhada. Agradeço ao Paulo e a Marlene pelas
incontáveis orações, e por me presentear com a afilhada mais linda do mundo, Kézia, a
dindinha te ama muito!

Agradeço aos participantes de Santo Antônio do Leite e Jequitinhonha pela disponibilidade.

Enfim, a todos que direta ou indiretamente estão colaborando para realização de mais um
sonho.
“A água de boa qualidade é como a saúde ou a liberdade:
só tem valor quando acaba.”

Guimarães Rosa
RESUMO

OCom o crescimento populacional e a crescente demanda por água para múltiplos usos têm
provocado degradação aos ecossistemas aquáticos. Assim, torna-se imprescindível a
utilização de ferramentas que possam avaliar a qualidade dos recursos hídricos. O Protocolo
de avaliação rápida (PAR) é uma ferramenta útil e acessível às comunidades para o
monitoramento da qualidade hídrica por meio empírico dos parâmetros físicos. Com o
monitoramento é possível perceber alterações dos corpos d’água causada, em sua maioria,
pela ação antrópica. O objetivo dessa pesquisa foi utilizar o Protocolo de Avaliação Rápida
para analisar trechos do Ribeirão da Prata, em Ouro Preto, pertencente a Bacia Hidrográfica
do Rio das Velhas e trechos do Rio Jequitinhonha, inserido na Bacia Hidrográfica do Rio
Jequitinhonha, Minas Gerais. Para isso, parâmetros foram estabelecidos em cada PAR
levando em consideração as particularidades dos cursos d’água avaliados. A partir das
análises empíricas foram atribuídas as notas 10 para ‘ótimo’, 5 ‘bom’ e 0 para ‘péssimo’,
para os parâmetros estipulados. Foram realizadas equações matemáticas para obter as
condições ambientais para os trechos avaliados, sendo ‘condição natural’, ‘levemente
alterado’ e ‘severamente alterado’. As análises evidenciaram que as ações antrópicas são as
principais causadoras da perda da qualidade da água. As contribuições dos parâmetros
observados nos protocolos auxiliam no detalhamento das condições do meio ambiente e dos
rios. A ferramenta utilizada permitiu o envolvimento de participantes das comunidades
visitadas, se mostrando como um instrumento de Educação Ambiental.

Palavras chave: água; metodologia participativa; qualidade ambiental.


ABSTRACT

With population growth and the increasing demand for water for multiple uses have caused
degradation to aquatic ecosystems. Thus, it is essential to use tools that can assess the
quality of water resources. The Rapid Assessment Protocol (RAP) is a useful and accessible
tool for monitoring water quality through physical parameters. With the monitoring, it is
possible to perceive alterations in the water bodies caused, mostly, by anthropic action. The
objective of this research was to use the Rapid Assessment Protocol to analyze stretches of
the Ribeirão da Prata, in Ouro Preto, belonging to the Rio das Velhas watershed and
stretches of the Jequitinhonha River, inserted in the Jequitinhonha River watershed, Minas
Gerais. For this, parameters were established in each RAP taking into account the
particularities of the waterways evaluated. From the empirical analyses, the stipulated
parameters were assigned the grades 10 for "excellent", 5 for "good" and 0 for "bad".
Mathematical equations were performed to obtain the environmental conditions for the
evaluated stretches, being "natural condition", "slightly altered" and "severely altered". The
analyses showed that anthropic actions are the main causes of the loss of water quality. The
contributions of the parameters observed in the protocols help in detailing the conditions of
the environment and the rivers. The tool used allowed the involvement of participants from
the visited communities, showing itself as an Environmental Education tool.

Keywords: water; participatory methodology; environmental quality.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Processo erosivo com formação de voçorocas 53


Figura 2 - Aplicação do PAR no trecho 2 do Ribeirão da Prata 55
Figura 3 - Ribeirão da Prata 57
Figura 4 - Atividades antrópicas nos trechos 1 e 2 82
Figura 5 - Córrego Tamboril 83
Figura 6 - Trechos avaliados na Comunidade Ilha do Pão 86
LISTA DE MAPAS

Mapa 1- Bacia hidrográfica do Rio das Velhas 46


Mapa 2 - Mapa da Sub-bacia Ribeirão da Prata 48
Mapa 3 - Mapa de localização dos pontos 49
Mapa 4 - Localização da porção mineira da bacia hidrográfica do Jequitinhonha, em Minas
Gerais 69
Mapa 5- Principais afluentes do rio Jequitinhonha na porção mineira da bacia 70
Mapa 6 - Localização das Unidades de Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos
(UPGRHs) do estado de Minas Gerais (MG) situadas na bacia do Jequitinhonha 72
Mapa 7 - Mapa de localização dos trechos avaliados 75
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Categorias e pontuações dos parâmetros analisados 50


Quadro 2 - Categorias e pontuações dos parâmetros analisados 76
Quadro 3 - Descrição dos trechos avaliados 78
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Categorização das condições ambientais do Protocolo de Avaliação Rápida 51


Tabela 2 - Média das pontuações estabelecidas pelos avaliadores no Trecho 1 52
Tabela 3 - Média das pontuações estabelecidas pelos avaliadores no Trecho 2 55
Tabela 4 - Categorização das condições ambientais do Protocolo de Avaliação Rápida 77
Tabela 5 - Pontuação por trecho avaliado 80
LISTA DE SIGLAS

CAPES Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior


CBH Comitês de Bacia Hidrográfica
CNRH Resolução do Conselho Nacional de Recursos Hídricos
EA Educação Ambiental
EPA Environmental Protection Agency
JQ1 Bacia Hidrográfica do Alto Rio Jequitinhonha
JQ2 Bacia Hidrográfica do Rio Araçuaí
JQ3 Bacia Hidrográfica do Médio e Baixo Rio Jequitinhonha
ODS Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
ONU Organização das Nações Unidas
PAR Protocolo de Avalição Rápida
PARV Protocolo de Avaliação Rápida de Veredas JQ2 Bacia Hidrográfica do Rio
Araçuaí
PARV Protocolo de Avaliação Rápida de Veredas
PEAMSS Programa Nacional de Educação Ambiental e Mobilização Social em
Saneamento
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
RBPs Rapid Bioassessment Protocols
SF5 Unidade de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos São Francisco 5
SINGREH Gestão Integrada de Recursos Hídricos no Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos
UFOP Universidade Federal de Ouro Preto
UHE Usina Hidrelétrica
USDA Instituto Nacional de Alimentos e Agricultura dos Estados Unidos
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 15
2. METODOLOGIA 17
3. Instrumento de coleta de dados 20
4. Tratamento e Análise dos resultados 20
5. Elaboração do Produto Técnico 21
6. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO 21

CAPÍTULO I - PROTOCOLOS DE AVALIÇÃO RÁPIDA: INSTRUMENTO DE


ANÁLISE PARA A QUALIDADE DOS RECURSOS HÍDRICOS..................................22

CAPÍTULO II - APLICAÇÃO DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO RÁPIDA NO


RIBEIRÃO DA PRATA, OURO PRETO – MINAS GERAIS 43

CAPÍTULO III - APLICAÇÃO DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO RÁPIDA NO


RIBEIRÃO DA PRATA, OURO PRETO – MINAS GERAIS 67

PRODUTO TÉCNICO 96
15

1. INTRODUÇÃO

O uso sustentável dos recursos naturais provém diversos benefícios e serviços


ecossistêmicos para a humanidade, destaca-se a manutenção da integridade biológica de
comunidade de organismos aquáticos (SILVA et al., 2017). Contudo, desde o início da
civilização a humanidade tem utilizado, explorado e degradado os ecossistemas de água
doce, inicialmente com a agricultura em terras férteis comumente realizadas em torno dos
rios, depois com a industrialização e, na segunda metade do século XX pela urbanização
(FEIO et al., 2021).
Com o crescimento populacional e a crescente demanda por água para múltiplos usos
urbanos têm provocado degradação aos ecossistemas aquáticos (CALLISTO et al., 2021).
Diante disso, a biodiversidade aquática tem sofrido declínio devido à perda de habitas,
poluição das águas, mudanças nos usos do solo, invasões por espécies exóticas, mudanças
no fluxo natural dos rios e mudanças climáticas globais (FEIO et al., 2015). Nesse aspecto,
Feio e colaboradores (2019) apontam que são múltiplas as consequências, desde a poluição
da água a canais altamente modificados, zonas, e regimes de fluxo.
A Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável afirma claramente a necessidade
de diminuir a poluição e garantir o acesso à água potável segura para todos e proteger a água
aquática de água doce ecossistemas e biodiversidade de água doce. Assim, a reabilitação dos
rios é um desafio global que para atingi-lo deve-se ter como objetivo alcançar a
sustentabilidade global e a segurança da água (FEIO et al., 2021).
A legislação, por meio de resolução CONAMA Nº. 357/2005 (MMA, 2005)
determina a classificação dos corpos d’água através da avaliação de diversos parâmetros
físicos e químicos. Nesse contexto, a avaliação da qualidade da água de rios e lagos é
utilizada como forma de promover políticas públicas de recuperação e conservação de
ecossistemas aquáticos. A caracterização física e química de ambientes aquáticos é
fundamental em avaliações de qualidade de água, pois permite detectar possíveis
desequilíbrios no ambiente, como excesso de nutrientes, acidez, níveis de oxigênio etc.
(FRANÇA et al., 2010). Nesse contexto, a utilização de ferramentas que alinham com as
análises tradicionais realizadas por órgãos públicos tende de contribuir para um olhar
holístico sobre o curso d’água avaliado.
Nesse contexto, Callisto e colaboradores (2021), colocam que programas de
monitoramento de qualidade de águas podem subsidiar a proposição de soluções efetivas
para mitigar distúrbios antropogênicos em bacias hidrográficas. Dentre as novas formas de
16

avaliação qualitativas que consideram uma análise integrada e holística da paisagem e


atendem os preceitos de uma educação ecossistêmica e transdisciplinar, encontra-se o
Protocolo de Avaliação Rápida (PAR).
Os PARs têm sua origem no Protocolo de Avaliação Visual de Habitat – Visual-
based Habitat Assessment – que integra os Protocolos de Bioavaliação Rápida – Rapid
Bioassessment Protocols (RBPs), desenvolvidos para atender a necessidade de
reestruturação dos programas de monitoramento americanos, de forma a suprir as demandas
que despontaram na década de 1980, que incluíam, por exemplo, os contaminantes tóxicos e
poluição difusa (BARBOUR et al., 1999).
Por definição, os PARs são ferramentas de avaliação rápida que reúnem métodos
qualitativos e semi-quantitativos, de um conjunto de variáveis que representam os
componentes e fatores que controlam e determinam os processos e funções ecológicas dos
sistemas fluviais (CALLISTO et al., 2002; RODRIGUES; CASTRO, 2008). Portanto, o
PAR é uma ferramenta útil e acessível para o monitoramento dos recursos hídricos
avaliando de forma holística parâmetros físicos que determinam a qualidade do meio
(RODRIGUES; CASTRO, 2008), sendo possível detectar alterações na dinâmica dos corpos
d’água decorrentes da ação antrópica no ecossistema, influenciando a natureza dos corpos
hídricos (RODRIGUES et al., 2010).
O estudo e a restauração de córregos e rios devem integrar, sempre que possível,
valores ecológicos, econômicos e sociais, para que os serviços ecossistêmicos de
ecossistemas aquáticos urbanos sejam mantidos no longo prazo (CALLISTO et al.,2019a),
caracterizando uma perspectiva multidisciplinar para conservação e manejo de bacias
hidrográficas (CALLISTO et al., 2019b).
Diante disso, é fundamental ter em mente a importância de avaliar não só aspectos
físicos e químicos na água, bem como o habitat físico e as condições biológicas (FRANÇA
et al., 2019; FEIO et al., 2021). Assim, avaliações de qualidade de água e medidas de
restauração de córregos e rios devem levar em conta diferentes aspectos do ecossistema, tais
como qualidade de água, transporte de sedimentos e água, morfologia e dinâmica do canal,
regime hidrológico, e composição de espécies de fauna e flora aquáticas e da zona ripária
(FEIO et al., 2021).
O rio das Velhas atualmente é um dos principais mananciais de abastecimento
público da Região Metropolitana de Belo Horizonte (3ª maior metrópole do país) (FEIO et
al., 2021), pertence a Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas. O rio Jequitinhonha é o terceiro
maior rio de Minas Gerais, possui nascente na Serra do Espinhaço e deságua em Belmonte,
17

no estado da Bahia, p. Pertence a Bacia Hidrográfica do Rio Jequitinhonha. Ambas as bacias


hidrográficas são fundamentais no equilíbrio ambiental, na provisão de serviços ambientais
e no abastecimento público dos municípios aos quais estão inseridos.
Diante do exposto, o objetivo desse trabalho é realizar revisão de literatura a respeito
do monitoramento hídrico com foco no PAR, desenvolver e aplicar Protocolo de Avaliação
Rápida no Ribeirão da Prata, afluente da cabeceira da Bacia do Ri das Velhas, inserido no
distrito de Santo Antônio do Leite, em Ouro Preto e em trechos do rio Jequitinhonha
localizado no município de Jequitinhonha, no estado de Minas Gerais.

2. METODOLOGIA

2.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

A classificação da pesquisa é realizada de acordo com suas características e


objetivos. Assim, é classificada como pesquisa aplicada, a fim de atingir o conhecimento e a
compreensão necessários para determinar os meios pelos quais uma necessidade específica
pode ser satisfeita. Do ponto de vista da abordagem metodológica, ela se enquadra em
qualitativa. Como procedimentos técnicos é caracterizada como revisão de literatura e
levantamento. Quanto aos objetivos e fins, esse trabalho enquadra-se no tipo exploratória/
descritivo, porque busca-se relatar as características de uma área e público-alvo que carecem
de informações sobre o assunto pesquisado (VERGARA, 2010).

2.2 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO NA LITERATURA

A base da pesquisa foi construída através de leitura de várias frentes, como livros,
monografias, dissertações e teses. Artigos científicos, periódicos acadêmicos e políticas
ambientais foram consultados na base de dados da Scielo, Capes, Google Acadêmico bem
como em repositórios da Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP. Dessa maneira,
ressalta-se a importância da revisão de literatura, como colocado por Fachin (2001) ela é
tida como a etapa mais importante no trajeto da pesquisa, que se dá através da leitura,
separação, fichamento e compreensão para buscar as informações necessárias para a
realização do trabalho.
18

2.3 BACIAS HIDROGRÁFICAS

2.3.1 Bacia hidrográfica do Rio da Velhas

A bacia hidrográfica do rio das Velhas está localizada na região central do Estado de
Minas Gerais, entre as latitudes 17° 15'S e 20° 25'S e longitudes 43° 25'W e 44° e 50W, e
corresponde à Unidade de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos São Francisco 5
(SF5). O rio recebeu o nome Velhas, provavelmente no ano de 1.711 pelo Governador
Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, ele apresentava a primitiva
denominação indígena de UAIMII, alterada para GUAICHUI, que significa "Rio das
Velhas Tribos Descendentes".
O Rio das Velhas tem sua nascente principal na cachoeira das Andorinhas,
município de Ouro Preto, a uma altitude de cerca de 1.500 metros. A bacia tem uma área de
29.173 Km², onde estão localizados 51 municípios que abrigam uma população de
aproximadamente 4,8 milhões de habitantes - destes, aproximadamente 89% residem em
distritos e municípios integralmente inseridos na bacia (CAMARGOS, 2005). Seu rio
principal percorre 806,84 km até desaguar no rio São Francisco, no município de Várzea da
Palma, a uma altitude de 478 m (MARTINS, 2019). O rio das Velhas é o maior afluente do
rio São Francisco (MORENO et al. 2004).
O alto rio das Velhas compreende o Quadrilátero Ferrífero, região importante
economicamente por possuir reservas minerais de ferro, manganês, cobre, antimônio,
arsênio, ouro, alumínio e urânio. A região é bastante explorada por atividades minerárias e
apresenta 70% do contingente populacional da bacia hidrográfica, já que esta região abriga a
Região Metropolitana de Belo Horizonte (TRINDADE et al., 2017).
Os trechos médio e baixo do rio das Velhas correspondem, respectivamente, a 45 e
45,2 % da área de drenagem da bacia hidrográfica, incluem 25 e 5 % da população da área
em estudo e nestas áreas há o predomínio das atividades agrícolas e pecuárias (TRINDADE
et al., 2017). A temperatura média anual ao longo da bacia é de 20ºC, com precipitação
média de 1400 mm. A vegetação natural predominante é de campos e cerrado. A bacia
hidrográfica apresenta sua vegetação modificada devido à ocupação antrópica crescente e
desenfreada (MORENO et al. 2004).
19

2.3.2 Bacia hidrográfica do Rio Jequitinhonha

A bacia hidrográfica do rio Jequitinhonha está localizada no nordeste do Estado de


Minas Gerais e no sudeste da Bahia entre os paralelos 16º e 18°S e os meridianos 39º e
44ºW. Sua área de drenagem total é de 70.315 km² sendo que a maior parte está localizada
no Estado de Minas Gerais (MG), 66.319 km², e uma pequena parte, em sua foz, no Estado
da Bahia (BA), com 3.996 km². Em Minas Gerais, ela corresponde a 11,3% do Estado e
apenas a 0,8% da Bahia. Seu rio principal, e que lhe dá o nome, nasce no município do
Serro - MG (Serra do Espinhaço) a uma altitude aproximada de 1.260m e deságua no
Oceano Atlântico, na costa litorânea do município de Belmonte-BA, depois de percorrer 920
km (IGAM, 2013).
Parte significativa da bacia do Jequitinhonha está sob o clima semiárido,
caracterizado por pouca chuva, altas temperaturas e altas taxas de evaporação com totais
pluviométricos anuais compreendidos entre 600 e mais de 1.600 mm, irregularmente
distribuídos ao longo do ano. As chuvas concentram-se basicamente em seis meses do ano
(outubro a março), sendo o trimestre dezembro/fevereiro responsável por mais de 50% da
precipitação total (IBGE, 1997). O vale do Jequitinhonha abriga em sua população ricas
expressões culturais como a forma de falar, as cantigas das lavadeiras, a musicalidade dos
violeiros e as diversas danças e brincadeiras que ainda persistem na comunidade local
(IEPHA, 2017).
A Bacia hidrográfica do Rio Jequitinhonha foi declarada como monumento natural
através da Constituição Estadual em 1989. O tombamento estadual da Bacia Hidrográfica do
Rio Jequitinhonha e a sua declaração como monumento natural foram instituídos pelo art.
84 dos Atos das Disposições Transitórias da Constituição do Estado de Minas Gerais de
1989 (IEPHA, 2017).

2.3.3 Escolha das áreas estudadas

A escolha das áreas estudas se deu a partir da oportunidade de conhecer as


comunidades e envolvê-las na pesquisa. Dessa forma, apresenta-se como potencialidades
para atividades de Educação Ambiental com o envolvimento participativo. Além disso, Aas
bacias hidrográficas as quais pertencem os cursos d’águas estudados exercem papel
20

fundamental no estado de Minas Gerais com o abastecimento público e a provisão de


serviços ecossistêmicos.
Outro fator fundamental para a escolha foi aproximar a pesquisa cientifica do
conhecimento popular sobre os recursos hídricos estudados. Enxergou, nesse aspecto uma
oportunidade de convergências dos saberes científicos e populares na construção do
conhecimento em conjunto. Dessa maneira, as áreas selecionadas para o estudo foram o a
escolha ocorreu pela Ribeirão da Prata inserido na BH Rio das Velhas, distrito de Santo
Antônio do Leite, Ouro Preto – Minas Gerai e os. A área estudada corresponde ao rio
Jequitinhonha, localizado no município de Jequitinhonha e pertencente a bacia hidrográfica
do Jequitinhonha, ambos situados em Minas Gerais..

3. INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS – APLICAÇÃO DO PAR

Como instrumento de coleta de dados foram utilizados dois modelos de Protocolos


de Avaliação Rápida, um para cada área. Para isso foi necessário realizar a adaptação do
PAR diante das especificidades de cada curso d’água. Dessa maneira o PAR aplicado ao
Ribeirão da Prata apresenta 20 parâmetros de análise e o PAR aplicado ao rio Jequitinhonha
possui 23 parâmetros. As notas determinadas em cada parâmetro são 10 para uma condição
‘ótima’, 5 ‘boa’ e 0 para uma condição ‘péssima’, sendo estipuladas 3 categorias para
avaliação.
Para a aplicação do PAR em ambas as áreas, inicialmente foram realizadas contou
com reuniões online para conversas com pessoas da comunidade que auxiliaram no
levantamento dos dados. Os dois protocolos foram aplicados no período chuvoso
correspondente a estação do Verão.

4. TRATAMENTO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os dados obtidos nos protocolos utilizados foram tabulados e os parâmetros


analisados. As análises referentes a aplicação do PAR no Ribeirão da Prata foram analisadas
de acordo com as notas atribuídas em cada parâmetro pelos 6 avaliadores que participaram
da aplicação. Para isso, foi calculado a média das notas estabelecidas e a descrição da
condição alcançada em cada parâmetro, sendo ela ‘natural’, ‘levemente alterado’ e
’severamente alterado’. As análises foram realizadas nos 2 trechos avaliados.
21

O PAR aplicado no Rio Jequitinhonha foi analisado de acordo com as notas


atribuídas em cada parâmetro. Assim, foi realizado a soma delas para estabelecer a condição
do trecho avaliado. As condições estipuladas foram ‘natural’, ‘levemente alterado’ e
’severamente alterado’. As análises foram realizadas nos 15 trechos avaliados.

5. ELABORAÇÃO DO PRODUTO TÉCNICO

Para elaboração do produto técnico foi considerada a Portaria Normativa Nº 17 de 28


de dezembro de 2009 estabelecida pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES) e disponibilizada na Plataforma Lattes (Produção C,
T&A), que dispõe sobre o mestrado profissional no âmbito da CAPES.
Dessa maneira, como produto dessa pesquisa, foi elaborado o Protocolo de
Avaliação Rápida como ferramenta de análise empírica para monitoramento da qualidade de
rios. Segundo o Manual de Produção Técnica da CAPES (2019), a definição para produtos
desse aspecto é “conjunto das informações, decisões, normas e regras que se aplica a
determinada atividade, que encerra os conhecimentos básicos de uma ciência, uma técnica,
um ofício, ou procedimento. ”

6. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A pesquisa em questão está organizada em 4 capítulos. O primeiro se trata de uma


síntese, como revisão da literatura, sobre o Protocolo de Avaliação Rápida por meio de
estudos realizados nos últimos anos. O segundo é referente a aplicação do PAR no Ribeirão
da Prata em Santo Antônio do Leite – Ouro Preto. O terceiro apresenta o estudo
desenvolvido nos trechos do rio Jequitinhonha, na cidade de Jequitinhonha. O quarto
contempla o Protocolo de Avaliação Rápida como Produto Técnico dessa pesquisa.
22

CAPÍTULO I - PROTOCOLOS DE AVALIÇÃO RÁPIDA: INSTRUMENTO DE


ANÁLISE PARA A QUALIDADE DOS RECURSOS HÍDRICOS
Sales, Bárbara Emanuelly S. S.; Costa, Adivane Terezinha.

RESUMO
A qualidade dos recursos hídricos é constantemente atingida afetada por ações antrópicas.
Instrumentos que possam auxiliar na análise da qualidade da água são primordiais para
traçar estratégias de conservação desteo recurso natural. O Protocolo de Avaliação Rápida
(PAR) surge como uma ferramenta que permite, de maneira qualitativa e empírica, a análise
da água. O PAR permite o envolvimento participativo, não é oneroso financeiramentea,
sendo bem, simples de ser aplicadoa e ainda auxilia no processo de gestão participativa das
águas. Além disso, fortalece uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e o
como o comportamento humano interfere na qualidade aquática. Assim, o objetivo desse
trabalho é apresentar uma síntese de como o PAR pode ser utilizado e os pontos cruciais
para sua aplicação. Desse modo, o estudo em questão se caracteriza em uma revisão da
literatura abordando pontos cruciais no desenvolvimento e aplicação do PAR. De maneira
geral, a possibilidade de adaptar o PAR para diversas áreas é um dos pontos positivos
principais. Diante das perspectivas apresentadas, observa-se a importância de utilizar
ferramentas que corroboram para a gestão de qualidade da água de maneira holística e
enaltecendo a comunidade como agente de mudança, incentivando a participação individual
e coletiva na preservação dos recursos hídricos.

Palavras-chave: avaliação ambiental; aspectos físicos; qualidade; monitoramento.

ABSTRACT
The quality of the water resource is constantly affected by human actions. Instruments
that can assist in the analysis of water quality are essential to draw conservation
strategies for the natural resource. The Rapid Assessment Protocol (RAP) is a tool that
allows, in a qualitative way, the analysis of water. The PAR allows participatory
involvement, is not expensive, is simple to apply, and assists in the process of water
management. Moreover, it strengthens a critical consciousness about environmental
problems and how human behavior interferes with water quality. Thus, the objective
of this work is to present a synthesis of how PAR can be used and the crucial points for
its application. Thus, the study in question is characterized as a literature review
addressing crucial points in the development and application of PAR. In general, the
possibility of adapting PAR to several areas is one of the main positive points. Given
the perspectives presented, it is observed the importance of using tools that support the
management of water quality in a holistic way and praising the community as an agent
of change, encouraging individual and collective participation in the preservation of
water resources.

Keywords: environmental assessment; physical aspects; quality; monitoring.


23

1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento constante de uma sociedade provoca diversas alterações a partir


do crescimento populacional, da urbanização, do desenvolvimento econômico e do uso dos
recursos naturais. Tais alterações acontecem nas relações humanas e entre os elementos que
compõe o meio ambiente como um todo. Em especial, a utilização dos recursos naturais de
maneira exacerbada provoca uma série de mudanças que impactam diretamente o bem-estar
humano e a qualidade ambiental. Os recursos hídricos são receptores das ações antrópicas.
De maneira direta ou indireta, eles são atingidos pelo uso inadequado do solo, das liberações
de agrotóxicos, resíduos domésticos e industriais, pavimentações, atividade mineradora,
desmatamento, entre tantas outras.
Segundo Callisto e colaboradores (2002), os protocolos de avaliação rápida são
instrumentos que visam avaliar a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas aquáticos,
visto que eles podem ser utilizados em programas de manejo e conservação destes
ambientes, baseando-se em parâmetros de fácil entendimento e utilização simplificada. Os
protocolos de avaliação rápida (PAR) permitem o envolvimento da comunidade local em
sua aplicação, é simples e não é necessário investimento financeiro para sua utilização, o
que permite autonomia e planejamento comunitário. O PAR pode ser adaptado a qualquer
ambiente lótico, porém deve-se analisar as informações coletadas de maneira cuidadosa para
não gerar informação incoerente ao ambiente estudado. Segundo Callisto e colaboradores
(2002), os protocolos de avaliação rápida são instrumentos que visam avaliar a estrutura e o
funcionamento dos ecossistemas aquáticos, visto que eles podem ser utilizados em
programas de manejo e conservação destes ambientes, baseando-se em parâmetros de fácil
entendimento e utilização simplificada.
Machado (2019), Oo PAR é uma ferramenta de baixo custo, que pode ser aplicada
por diversas pessoas, previamente treinadas, realizando o monitoramento de forma contínua,
facilitando ações para atenuar os problemas detectados e permitir a participação efetiva da
sociedade na gestão e monitoramento dos recursos hídricos (Machado, 2019). De acordo
com Zamboni (2019), a aplicação do protocolo traz um resultado importante para
compreender que a influência da urbanização afeta diretamente nos acontecimentos como
enchentes, alagamentos e inundações. O uso do PAR juntamente com outras análises da
qualidade das águas, como químicas e bacteriológicas, pode trazer informações que
24

possibilitem o planejamento do uso e conservação da qualidade do recurso hídrico .


(OLIVEIRA; VELOSO; ROSSONI, 2021).
O PAR pode ser integrada como uma importante ferramenta na Educação Ambiental.
A Educação Ambiental (EA) tem o poder de agir como mediadora das ações que
condicionam, determinam e impactam favoravelmente a qualidade de vida das pessoas,
orientada pelo controle e participação social.  Para Carvalho (2008, p. 156-157), "o projeto
político pedagógico de uma EA crítica poderia ser sintetizado na intenção de contribuir para
uma mudança de valores e atitudes, formando um sujeito ecológico capaz de identificar e
problematizar as questões socioambientais e agir sobre elas". A participação social objetiva
a construção coletiva, se fortalecendo como papel político. As ações voltadas para a
Educação Ambiental, incluindo a aplicação do PAR pelas comunidades, são ferramentas
imprescindíveis para alcançar a sustentabilidade dos recursos hídricos e a gestão
participativa dos mesmos.
Por conseguinte, este trabalho tem como objetivo produzir uma síntese dos principais
pontos sobre o Protocolo de Avaliação Rápida como ferramenta na análise das águas, com
base em estudos já implementados e bem-sucedidos e, produzidos ao longo dos anos acerca
deste tema.

2. INTEGRAÇÃO DO PAR AO MONITORAMENTO HÍDRICO

Nos Estados Unidos, até 1970, a ênfase do monitoramento ambiental realizado


seguiu a tradição das análises quantitativas, contudo, em meados de 1980, métodos de
avaliações qualitativas foram definidos por órgãos ambientais visando reduzir o alto custo e
a demora das pesquisas quantitativas. Estudos referente à qualidade da água foram
desenvolvidos em 1986 pela Environmental Protection Agency (EPA) e as agências de
monitoramento de águas superficiais resultando, em 1987, no relatório “Surface Water
Monitoring: A Framework for Change”. O relatório recomendava que os programas de
monitoramento existentes fossem reestruturados, sugeria a elaboração de um guia de
avaliação do meio físico que além de ser de baixo custo, pudesse identificar os problemas
existentes. Nesse período, o relatório possibilitou o desenvolvimento dos protocolos de
avaliação rápida de rios (RODRIGUES, 2008).
Os PARs têm sua origem no Protocolo de Avaliação Visual de Habitat – Visual-
based Habitat Assessment – que integra os Protocolos de Bioavaliação Rápida – Rapid
Bioassessment Protocols (RBPs), desenvolvidos para atender a necessidade de
25

reestruturação dos programas de monitoramento americanos, de forma a suprir as demandas


que despontaram na década de 1980, que incluíam, por exemplo, os contaminantes tóxicos e
poluição difusa (BARBOUR et al., 1999).
Em 1989, foi publicado por Plafkin e colaboradores, um documento destacando os
primeiros protocolos desenvolvidos pela Divisão de Avaliação e Proteção das Bacias
Hidrográficas, criados para fornecer dados básicos sobre a vida aquática, para fins de
qualidade da água e gerenciamento de recursos hídricos (SILVEIRA, 2004). Desta forma, o
Protocolo de Avaliação Rápida (PAR) foi elaborado com o objetivo de auxiliar o acesso e a
compreensão dos sistemas hídricos com fácil aplicabilidade e baixo custo.
A habilidade de proteger os ecossistemas depende da capacidade de distinguir os
efeitos das ações antrópicas das variações naturais, buscando categorizar a influência das
ações humanas sobre os sistemas biológicos (CAIRNS Jr. et al., 1993). Nesse contexto, a
definição de biomonitoramento mais aceita é o uso sistemático das respostas de organismos
vivos para o termo “resposta biológica” que se refere ao “conjunto de reações de um
indivíduo ou uma comunidade em relação a um estímulo ou a um conjunto de estímulos”
(ARMITAGE, 1995). Nesse contexto, vale ressaltar a importância de indicadores biológicos
no PAR.
Segundo o McGeorge, ex-administrador assistente do Departamento de Proteção
Ambiental de Nova Jersey nos Estados Unidos, o monitoramento de dados de água tem um
papel primordial, nos aspectos qualitativos e quantitativos da gestão da água, incluindo o
regime de fluxo natural e integridade biológica (EPA, 2019).
Ainda segundo McGeorge, por muito tempo, o gerenciamento da qualidade da água
foi caracterizado pela compartimentalização e criação de limites artificiais entre vários
aspectos do que deveria ser uma abordagem unificada da qualidade da água em termos
químicos, físicos e biológicos. Levando em consideração as informações, os dados de
monitoramento da água são a chave para realizar políticas que possam analisar em
diferentes escalas temporais e espaciais a bacia hidrográfica (MEHAN, 2010).
Segundo o Instituto Nacional de Alimentos e Agricultura dos Estados Unidos
(USDA) (2012), para um eficiente trabalho de monitoramento de água, seja no aspecto
biológico ou físico, é necessário construir um planejamento utilizando de duas principais
etapas. A primeira etapa consiste em definir o que será monitorado, quais perguntas serão
respondidas e quais serão os potenciais parâmetros a serem analisados. A segunda etapa
apresenta as estratégias para a realização do monitoramento, como envolvimento da
comunidade local, identificação dos recursos disponíveis, desenvolvimento da metodologia
26

ideal e determinação de como os dados serão utilizados (USDA, 2012). Nesta segunda
etapa, a aplicação do PAR pela comunidade local, se constitui numa ferramenta importante
para maior envolvimento da mesma.
No ano de 2011 em Nova Iorque, Chris Lowry e um professor assistente de geologia
da Universidade de Buffalo criaram um projeto chamado Crowd Hydrology (Multidão da
hidrologia). A ideia foi criar medidores nos fluxos de água por meio de uma placa. Esta
placa analisava os níveis de água e quando estivessem acima da média as pessoas poderiam
enviar os dados em formato de texto para um número de telefone. Os dados das mensagens
seriam gravados e publicados em um site para uso público (KELLY, 2013). O objetivo dos
criadores foi construir uma programação que pudesse simplificar o processamento de dados
provenientes dos textos enviados pelo público. O desejo dos pesquisadores se estendia para
que projetos como esse pudesse ser utilizado na rede de ensino e em outros países (KELLY,
2013). Embora, esses tipos de medidas não integram a aplicação do PAR, pode-se pensar
em futuros protocolos que integram também medidas de vazão, principalmente em
segmentos de bacias hidrográficas sujeitos a enchentes e inundações. Estas informações são
extremamente importantes no contexto atual de mudanças climáticas.
Um estudo de caso realizado pela USDA em 2012, apresentou alguns passos para
desenvolver um processo envolvendo parceiros da comunidade. De acordo com as
instruções, definir um padrão de resultados a ser alcançado é muito importante, por
exemplo, atingir 10% da população como parceiro. Elaborar perguntas para guiar o trabalho
e identificar indicadores diretos e indiretos, além do desenvolvimento de um plano para
coletar os dados, são passos imprescindíveis para a execução do projeto. Nesse contexto, o
PAR se constitui numa ferramenta para obtenção de indicadores principalmente indiretos.
Se os critérios não forem estabelecidos a priori, depois de obter os resultados não será
sabido se o projeto atingiu o objetivo.
Outro aspecto importante relacionado ao monitoramento de água com parceiros
locais é estruturar um relatório resumido durante o desenvolvimento do projeto para analisar
o programa e relatar as partes interessadas (USDA, 2012). Vale ressaltar, que a análise dos
dados empíricos do PAR que foram obtidos pelos parceiros podem fornecer informações
fundamentais para compor o relatório. Recomenda-se, portanto, uma busca de integração e
aliança entre os dados quantitativos e dados empíricos.

3. EDUCAÇÃO AMBIENTAL VOLTADA PARA RECURSOS HÍDRICOS


27

A Organização das Nações Unidas (ONU) publicou um documento de abrangência


mundial, em 22 de março de 1993, intitulado “Declaração Universal dos Direitos da Água”.
Seguem três princípios dos dez relatados: (a) A água faz parte do patrimônio do planeta.
Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é
plenamente responsável aos olhos de todos. (b) A água é a seiva de nosso planeta. Ela é a
condição essencial de vida de todo vegetal, animal. Sem ela não poderíamos conceber como
são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. (c) os recursos naturais de
transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados.
Apesar da abundância de água existente no planeta, milhões de pessoas não têm
acesso a água potável e/ou a serviços de saneamento básico. A irregularidade da distribuição
do recurso hídrico aparece como um dos principais fatores para essa discrepante realidade.
Assim, na construção das Metas de Desenvolvimento do Milênio a ONU reconheceu a água
e o saneamento como direitos humanos (ONU, 2015). Em 2010, foram aprovadas pela
ONU, duas resoluções que reconhecem o direito humano à água e ao saneamento,
associando à condição básica de saúde e vida digna. O objetivo foi assegurar o direito
humano aos recursos naturais como patrimônio comum, identificando que todas as pessoas
possuem os mesmos direitos.
No relatório “Água para um mundo sustentável”, são citados fatores que interferem
diretamente na qualidade e disponibilidade dos recursos hídricos, como: (a) crescimento
populacional, (b) urbanização, (c) políticas de segurança alimentar e energética, e (d) os
processos macroeconômicos (UNESCO, 2015). O relatório ainda aponta que tais aspectos
colocam restrições à gestão desse recurso e à capacidade de colaborar para que os objetivos
do Desenvolvimento Sustentável sejam alcançados.
A Lei Nº 9.433/97 (PNMA, 1997), que instituiu a Política Nacional de Recursos
Hídricos, consignou por meio da noção de gestão integrada, o plano de recursos hídricos, no
âmbito nacional e estadual. Trata-se de uma gestão pública colegiada para um conjunto de
microbacias, onde prevalecem os interesses da coletividade sobre o particular, pelos
Comitês de Bacias Hidrográficas (MACHADO, 2003).
A Resolução do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) nº 98 de 2009,
estabeleceu os princípios, fundamentos e diretrizes para a educação, o desenvolvimento de
capacidades, a mobilização social e a informação para a Gestão Integrada de Recursos
Hídricos no Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH).
Apresentou os pilares e pressupostos, orientados pela reflexão de valores, hábitos e atitudes,
mediados pela relação entre os entes do SINGREH e a sociedade. Contribuiu desta forma
28

para o fortalecimento da participação e do controle social na gestão democrática da água


(BRASIL, 2009).
O processo de gerenciamento ambiental, de maneira geral, deve ser orientado pela
participação coletiva. A água não pode ser vista somente como um recurso estratégico e de
mercado para a produção capitalista, incentivando o setor privado em detrimento do serviço
público e comunitário. Segundo Wolkmer (2012), existe a necessidade de estabelecer um
controle social efetivo sobre a água e a biodiversidade. Nesse aspecto, alguns instrumentos
de caráter normativo podem ser apresentados para a consolidação deste processo e a
educação ambiental integrada com o PAR como ferramenta, assume um papel importante
neste contexto..
A noção de gestão integrada assume dimensões, que vão desde o respeito e o
conhecimento abrangente do ciclo hidrológico e a preservação de seus usos múltiplos, suas
inter-relações com os ecossistemas; até a administração dos recursos hídricos pela
coparticipação de gestores, usuários e populações locais (BRASIL, 1998). Nesse contexto, a
educação ambiental propicia mecanismos de compreensão para que essa gestão integrada
dos recursos hídricos se concretize.
A participação social é possível com a população empoderada, mobilizada pela
importância da água e dos demais componentes do saneamento (PICCOLI et al, 2016).
Assim a Educação Ambiental é um mecanismo propulsor pelo qual se dá este processo, com
fortalecimento da mobilização e a participação com vistas ao controle social sobre os
recursos hídricos. Dessa forma, desenvolve-se uma população organizada, informada e
atuante na exigência do cumprimento de seus direitos, com potencial crítico para observar e
cumprir seus deveres de não degradar e não desperdiçar a água, promovendo a
sustentabilidade (PICCOLI et al, 2016). Vale ressaltar que a aplicação do PAR integrado a
um programa de Educação Ambiental, propicia uma vivência prática e, portanto, mais
consciente da população que vive na bacia hidrográfica investigada.
Assim como as normas que estabelecem critérios e diretrizes para o controle social
efetivo, o Programa Nacional de Educação Ambiental e Mobilização Social em Saneamento

(PEAMSS) é um forte instrumento para aplicação prática destas exigências legais (BRASIL,
2009). O caderno metodológico do PEAMSS é uma ferramenta de operacionalização da
exigência do cumprimento dos direitos humanos reconhecidos pela ONU (BRASIL, 2009).
Exibe a educação ambiental para o saneamento como instrumento de formação e reforço da
cidadania, ao estimular a consciência crítica na busca do direito de todos e para todos.
29

Indicadores do PAR referente ao saneamento são considerados notórios e pode contribuir


para a vivência prática da Educação Ambiental e estímulo da consciência crítica das
comunidades.
Os Comitês de Bacia Hidrográfica, possuem um modelo descentralizado da gestão
participativa. Possuem como atribuições promover debates, arbitrar em primeira instância os
conflitos sobre o uso dos recursos hídricos, estabelecer mecanismos de cobrança pelo uso
dos recursos hídricos, além de aprovar e acompanhar a execução do plano de
recursos hídricos (SAITO, 2000). São instâncias fundamentais no modelo de gestão
descentralizada dos recursos hídricos adotado no Brasil, funcionam como parlamentos, com
representantes da sociedade civil, do poder público e dos usuários de recursos hídricos
(SALLES, 2000). Nessa instância devem ser permeados os programas de educação
ambiental para fortalecer a consciência dos integrantes visando a integração de esforços no
sentido de proteger os recursos hídricos, como ocorre em muitos comitês de bacias. É
estratégico que os CBHs do país desenvolvam suas atividades por um processo pedagógico
de formação e capacitação de seus membros, como forma de direcionar as ações e
atividades aos seus fins.
Por muito tempo, acreditava-se que a promover a sensibilização ambiental nas
pessoas, restabelecer a ligação homem-natureza e estimular a sua proteção (SAITO, 2012),
seriam suficientes para tomadas de decisões efetivas sobre os problemas ambientais. A
degradação ao meio ambiente e o uso exacerbado têm evidenciado o esgotamento dos
recursos naturais e enunciado o modo de vida insustentável. É nesse contexto que a EA
dialoga com a gestão dos recursos hídricos e com a saúde coletiva, sendo mediada com
ações que potencializam o senso crítico do ser humano enquanto indivíduo que pode
influenciar o coletivo.
A EA deve também ser mediada por ações que condicionam, determinam e
impactam favoravelmente a qualidade de vida das pessoas, orientada pelo controle e
participação social. A participação social deve possuir objetivo de construção coletiva, se
fortalecendo como papel político. De maneira que, a construção social seja orientada pela
mobilização por meio de ações exercidas pelas diferentes forças sociais (VALLA, 1998).
Somente com ações de EA pode-se alcançar a sustentabilidade dos recursos hídricos. A
Gestão Social das Águas está possibilitada na Política Nacional de Recursos Hídricos, por
seu caráter descentralizado, democrático e participativo, e pode ser concretizada de maneira
consciente através da Educação Ambiental com ênfase em gestão dos recursos hídricos,
tendo o PAR como instrumento prático de monitoramento das comunidades locais..
30

Segundo dados do PNUD Brasil (2020), a escassez de água afeta mais de 40% das
pessoas no mundo, podendo aumentar cada vez mais esse número, prevendo para 2050
registrar dados de uma a cada quatro pessoas já terem sido afetadas por carência de água. Os
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), compõem uma agenda mundial adotada
em 2015 composta por 17 objetivos e 169 metas que devem ser atingidos até 2030. Nela
estão previstas ações mundiais que visam acabar com a pobreza, garantir saúde de
qualidade, proteção do meio ambiente, entre outros.
Dentre os 17 objetivos adotados, o ODS-6 Água Potável e Saneamento dispõe de
oito metas que têm como ponto principal a garantia de água potável e segura para todos,
incluindo também a temática de saneamento e higiene. A Meta 6.b designa ao Brasil
“saneamento”. (IPEA, 2018), que incentiva a participação social na tomada de decisões para
uma melhor administração dos recursos hídricos.
Ressalta-se que de maneira direta e indireta a água é fundamental para que os demais
ODS sejam alcançados, já que ela é a base para existência de vida animal e vegetal, bem
como importante no estabelecimento de relações sociais. Assim, todos os ODS
estabelecidos de alguma forma se relacionam com o recurso hídrico.

4. ESTUDOS DE MONITORAMENTO HÍDRICO INTEGRADO À


APLICAÇÃO DO PAR NO BRASIL

No Brasil, o monitoramento ambiental está fortemente baseado na análise da água


(FERREIRA, 2016). O conceito de Protocolo de Avaliação Rápida de Rios surge no
trabalho desenvolvido por Karr (1999) (apud LIMA 2013), que avaliou condições físicas e
bióticas nos corpos hídricos em função da ictiofauna. Essas iniciativas de monitorar, de
forma rápida e simples, se tornaram uma questão essencial, abrindo oportunidades para a
criação de protocolos visuais (LIMA, 2013).
O uso de parâmetros biológicos para medir a qualidade da água se baseia nas
respostas dos organismos em relação ao meio onde vivem. Como os rios estão sujeitos a
inúmeras perturbações, a biota aquática reage a esses estímulos, sejam eles naturais ou
antropogênicos (BUSS; BAPTISTA; NESSIMIAN, 2003).
De acordo Mehan (2010), deve-se desenvolver e promover o uso de várias
ferramentas de monitoramento, como estatísticas baseadas em pesquisas, monitoramento
preditivo e sensoriamento remoto para apoiar toda a gama de decisões sobre a qualidade da
água. Estatisticamente, pesquisas baseadas em dados, por exemplo, fornecem uma maneira
31

rigorosa de mostrar um subconjunto de águas, e depois fornece uma estimativa da qualidade


de todas as águas, a. Além de melhorar os sistemas de dados eletrônicos para gerenciar e
compartilhar informações de monitoramento e ainda fazer dados mais acessíveis ao público
(MEHAN, 2010).
Vários estudos têm sido desenvolvidos a partir da aplicação do PAR. Na pesquisa
desenvolvida por Callisto et al. (2002), a área de estudo correspondia trechos de bacias no
Parque Nacional da Serra do Cipó (MG) e no Parque Nacional da Bocaina (RJ). O objetivo
dos autores foi observar os resultados de análise realizada por dois grupos com 50 pessoas
em cada um. Um grupo foi formado por voluntários que receberam treinamentos básicos
sobre a aplicação e a região estudada entes da execução, e o outro grupo não teve acesso a
nenhuma informação. Os dados evidenciaram que não houve diferenças significativas entre
os resultados, apenas parâmetros mais específicos como substratos do fundo, vegetação,
tipos de ocupação das margens sofreram variação. De acordo com os autores, esses
resultados refletem o bom entendimento do protocolo, a fácil aplicação e a definição clara
da metodologia de avaliação.
Upgren (2004) desenvolveu um protocolo para monitorar os efeitos da agropecuária
e das práticas de conservação dos solos na qualidade da água de rios inseridos no bioma
Cerrado. Minatti-Ferreira; Beaumord (2006) e Callisto et al. (2002) aplicaram o protocolo
em trechos de rios inseridos no bioma Mata Atlântica. Rodrigues (2008), desenvolveu a
adequação de um PAR para trechos de rios inseridos em campos rupestres do Cerrado
utilizando o Parque Estadual do Itacolomi (PEIT) como área de referência.
Faria e Fernandez (2019), realizaram a aplicação do Protocolo de Avaliação Rápida
da Diversidade de Habitats em córregos urbanos e rurais de bacias hidrográficas em
Marechal Cândido Rondon – Paraná. O estudo evidenciou baixos índices de qualidade dos
habitats nos trechos das áreas urbanas e uma crescente melhora dos índices conforme os
cursos d’água se distanciam da área urbanizada em direção ao setor rural. Machado (2019),
utilizou de um PAR adaptado como recurso didático de educação ambiental para alunos do
ensino médio, o estudo foi desenvolvido no município de Pires do Rio, localizado na
Microrregião do Sudeste Goiano.
Araujo et, al. (2020), atuaram em um estudo comparativo entre trechos da sub-bacia
do Igarapé localizada no município de Rio Branco, no estado do Acre. Os pesquisadores
avaliaram trechos da área urbana e rural, identificando que na área urbana a inexistência de
mata ciliar e o lançamento de efluentes são os principais problemas. Na área rural avaliada,
há pouca interferência humana. Entretanto, os autores citam que há um avanço da área de
32

pastagem e crescente construção de reservatórios para a expansão da criação bovina e de


piscicultura.
Campos et. al. (2021), realizaram um estudo pautado na aplicação do PAR por
alunos do 9º ano de uma escola pública pertencente a bacia hidrográfica do Rio Palmital,
região metropolitana de Curitiba – Paraná.
Oliveira e colaboradores (2021), estimaram a qualidade ambiental de trechos do Rio
Piumhi, em Minas Gerais. Os autores apontam que utilizar do PAR tornou possível
demonstrar a realidade ambiental dos trechos escolhidos no Rio Piumhi, apresentando as
fragilidades ambientais e evidenciando a urgência de preservação e conservação do recurso
hídrico estudado. Os autores ainda apontam que o PAR é uma ferramenta de simples
aplicação e que potencializa o empoderamento da sociedade quanto a gestão dos recursos
hídricos.
Costa, Costa e Marques (2021), também utilizaram da ferramenta de PAR. O
objetivo do trabalho foi avaliar as condições ambientais do Rio Preguiças no município de
Barreirinhas - Maranhão, a partir da aplicação do PAR em pontos específicos do referido
corpo d’água.
Martins e Bispo (2021), desenvolveu um estudo em áreas de Veredas no curso do
córrego Correntinho, em Miracema do Tocantins - Tocantins. Os autores adaptaram a
metodologia de Protocolos de Avaliação Rápida para Rios aplicando-a em veredas,
intitulando como Protocolo de Avaliação Rápida de Veredas (PARV). O PARV foi aplicado
em 12 pontos amostrais no córrego Correntinho. Segundo os autores, a aplicação do PARV
permitiu relacionar os dados com o uso e ocupação da terra, mostrando que a vegetação
nativa permanece pouco alterada no alto do curso, diagnosticando ainda que as Veredas na
área de estudo estão em boas condições naturais.
Como apresentado, diversos estudos têm recorrido a metodologia do PAR para
análise da qualidade ambiental e para ações de Educação Ambiental. Tal diversidade de
aplicações fortalece o PAR como ferramenta de fácil utilização e adaptabilidade, além de
permitir o envolvimento participativo, corroborando para movimentos críticos para a
sensibilização, conscientização e ampliação das visões sobre os recursos naturais.

5. APLICAÇÃO DO PROTOCOLO DE AVALIÇÃO RÁPIDA

Os Protocolos de Avaliação Rápida (PAR) são instrumentos que proporcionam


análises qualitativas dos rios e do ecossistema local. São compostos por listas e/ou tópicos
33

que avaliam determinados parâmetros, assim possibilitam obter uma pontuação que
apresente o estado de conservação do ambiente analisado (BIZZO; MENEZES;
ANDRADE; 2014). O valor obtido na aplicação do PAR na área controle servirá como
referência limite para a área estudada. A partir desse ponto de referência, serão realizadas as
análises da qualidade ambiental dos outros pontos. Ressalta-se que é possível adaptar os
protocolos uma vez que o ecossistema em questão pode apresentar diferentes tipos de
vegetação, clima, solo, relevo, dentre outros aspectos.
Em síntese, o desenvolvimento de um protocolo de avaliação da integridade
ambiental de ecossistemas de rios e riachos leva em consideração aspectos físicos do habitat
(MINATTI-FERREIRA; BEAUMORD, 2006), tais como substrato do fundo, qualidade dos
remansos, características do fluxo de água, frequência e extensão das corredeiras, alteração
no canal do rio, estabilidade das margens, presença de mata ciliar e grau de proteção
oferecido ao ambiente pela cobertura vegetal das margens (CALLISTO et al., 2002).
Assim, a avaliação de rios através do PAR é um exame das condições do corpo
d’água através da observação, in situ, de uma lista de parâmetros físicos e biológicos pré-
definidos (RODRIGUES, 2008). Após um treinamento prévio, os avaliadores vão a campo,
e o PAR adaptado às condições locais, é aplicado sem a utilização de aparato tecnológico.
As pontuações atribuídas a cada um dos parâmetros avaliados indicam o estado de saúde do
sistema. Notas maiores refletem um estado de conservação, enquanto notas menores
indicam que existe um estado de degradação severa (FERREIRA, 2016).
Os protocolos de avaliação rápida não apresentam caráter universal, eles estão
sujeitos a complementações e adequações de acordo com as necessidades específicas das
regiões locais e regionais. Salienta-se que os PARs não pretendem ser documentos rígidos e
conclusivos, a ideia é agregar atributos básicos que devem ser considerados na avaliação eco
morfológica de ambientes fluviais, tanto aqueles localizados em ambientes naturais quanto
em áreas antropizadas (FERREIRA, 2003).
Sua construção é um processo contínuo de ajustes e aprimoramentos à medida que o
seu emprego possa cobrir uma gama mais diversificada de tipologias fluviais, bacias
hidrográficas e regiões. Dessa maneira, são necessárias alterações para que os protocolos
possam ser aplicados a diferentes condições ambientais. Realizadas as mudanças
necessárias, os protocolos são aplicáveis a qualquer tipo de ecossistema.

6. PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DO PAR


34

Segundo Callisto et al. (2002), os protocolos são instrumentos que visam avaliar a
estrutura e o funcionamento dos ecossistemas aquáticos no sentido de contribuir para o
manejo e conservação destes ambientes, baseados em parâmetros de fácil entendimento e
utilização simplificada. Os resultados obtidos com os PARs aliados aos resultados das
tradicionais análises de qualidade da água, análises química, física e biológica, dão à
avaliação um caráter holístico.
O método de avaliação por meio de protocolos diferencia-se de outros por permitir
uma análise mais geral e por possibilitar a inserção da população no monitoramento dos
recursos hídricos (BERSOT; MENEZES; ANDRADE, 2015). Segundo Rodrigues (2008),
no Brasil, os monitoramentos realizados pelas agências ambientais responsáveis, ainda não
possuem este caráter, pois os programas de monitoramento ambiental são fortemente
focados no aspecto químico da água.
Levando em consideração que o objetivo principal da criação dos PARs foi facilitar
a análise ambiental em qualquer ecossistema a partir de seus aspectos qualitativos, um dos
pontos que merece ser evidenciado é a facilidade de aplicação. Em geral, não são
necessários especialistas no assunto e o método pode ser estendido às pessoas de qualquer
segmento social, bastando para isso um treinamento prévio e/ou instruções mínimas que os
permitem aplicar o protocolo sem grandes divergências. A metodologia ainda oferece
oportunidade de avaliar os níveis de impactos antrópicos (CALLISTO et al., 2001),
facilitando a tomada de decisão em relação aos problemas identificados durante a avaliação
(REYNOLDSON; METCALFE-SMITH, 1992).
As informações obtidas podem ser úteis para a sensibilização de questões referentes
à preservação de recursos hídricos (KRUPEK, 2010), oferecendo avaliações das condições
biológicas do rio e de sua bacia, ou de outras sub-bacias em uma mesma região geográfica
(HANNAFORD et al., 1997) e até mesmo auxiliam no alerta de acidentes ambientais. Nesse
aspecto, as possibilidades de adaptações dos protocolos às especificidades de ambientes
diversos também aparecem como fator positivo. O fato de o método contribuir com a
redução de custos na avaliação ambiental, é outro aspecto que apresenta positividade em sua
utilização, após o estabelecimento do protocolo para área em questão, sua aplicação não é
onerosa.
Apesar do estudo desenvolvido por Callisto et al em 2002, não apresentar
divergências nos dados obtidos como resultado, sugere-se que haja um conhecimento prévio
da área a ser trabalhada pelos aplicadores dos PARs, objetivando minimizar interpretações
que podem alterar as informações coletadas. Assim, o grande desafio é desenvolver métodos
35

que caracterizam o estado global de um determinado sistema fluvial e que sejam fáceis e
simples o suficiente para serem aplicados (DALE; BEYELER, 2001).
Buss e colaboradores (2003), sinalizam a importância, de um programa de
monitoramento de recursos hídricos, para conduzir a informação de maneira mais clara aos
gestores ambientais, ao público em geral e mais ainda para a comunidade. Segundo os
autores, em muitos momentos a complexidade dos métodos e dos resultados, dificulta a
interpretação pelo público leigo, tornando-a restrita e, por isso, obscura. Rodrigues (2008),
aponta que os PARs são ferramentas que permitem a formação de grupos de monitores
ambientais voluntários nas comunidades, que frequentemente podem realizar o
levantamento de dados com qualidade, sendo considerados nos programas oficiais de
monitoramento.
Segundo Hannaford et al. (1997) as informações obtidas através dos PARs, no
monitoramento dos recursos hídricos, podem ser úteis para (a) sensibilizar para questões de
preservação desses recursos motivando a participação e inserção de comunidades no
contexto social, político e econômico; (b) oferecer um alerta imediato quanto a ocorrência
de acidentes ambientais (p.ex. derramamentos e fontes pontuais de poluição antrópica) e
mortandade de peixes, contribuindo para medidas mitigadoras imediatas dos órgãos
competentes; (c) desenvolver técnicas e métodos de fácil aplicação para o desenvolvimento
de programas de biomonitoramento, possibilitando a replicação da metodologia em outras
sub-bacias em uma mesma região geográfica.
O uso do PAR, aparece como uma alternativa economicamente viável de
monitoramento ambiental que pode ser empregada por órgãos ambientais e, indiretamente,
beneficiar o planejamento territorial, para o qual é imprescindível entender como o ambiente
reage às alterações antrópicas, bem como suas potencialidades e limitações. E, em se
tratando de uma ferramenta acessível à população em geral, pode fomentar a governança da
água, por meio de uma participação social de forma ativa (CAMPOS; NUCCI, 2019).
Rodrigues e colaboradores (2012), citam que a integração da comunidade no
monitoramento dos recursos hídricos, por meio dos PARs, gera dados que representam a
qualidade dos ecossistemas fluviais ao longo do tempo, sem que sejam necessários custos
altos e profissionais especializados no assunto. Esses dados podem ser úteis por detectarem
possíveis interferências antrópicas sobre fontes de água da região, além de gerarem uma
consciência ambiental nas pessoas, despertando-as para a importância da manutenção dos
recursos hídricos a elas disponíveis.
36

Para Rezende e Luca (2017), por se tratar de uma análise macroscópica, o PAR não
avalia algumas informações, como a qualidade físico-química, biológica e sanitária da água,
sendo necessário complementar os estudos com essas informações para que se obtenha
resultados mais satisfatórios.
Em diversos estudos que utilizam a aplicação do PAR, apresentam a metodologia
como uma ferramenta para a Educação Ambiental, o. O que demonstra a importância de
promover atividades que potencializam a sensibilização ambiental da população a respeito
da qualidade ambiental dos rios (ARAÚJO et al., 2020). Motivar a população a conhecer e
identificar os cursos d’água existentes próximos as moradias e/ou refletir sobre a utilização
do rio no passado, podem ser estratégias interessantes para início do trabalho.
Apesar do resultado da aplicação do protocolo não ser conclusivo, ele pode ser
empregado como ponto de partida em estudos mais aprofundados, integrando por exemplo
os dados empíricos do PAR com os dados quantitativos físico-químicos e biológicos da
água. Nesse sentido, a utilização do PAR serve como uma base de dados para trabalhos
futuros, e, como fonte para planejamento e gestão mais adequada dos recursos hídricos
(FARIA; FERNANDEZ, 2019).
O protocolo mostra a influência que a ocupação humana está ocasionando na
diversidade e qualidade do ambiente natural, sendo nas áreas de poluição hídrica que ela se
encontra mais afetada. O protocolo pode ser utilizado também como uma ferramenta em
atividades voltadas para conscientização ambiental nas escolas ou mesmo formação de
agentes ambientalistas. Este método pode ser aliado com o monitoramento biológico
(ARAUJO et al., 2020).
Assim, é possível perceber que por meio dos protocolos todo ambiente pode ser
avaliado, somando a inserção da comunidade na gestão dos recursos hídricos e com baixo
custo, maximizando a análise dos recursos hídricos de maneira integrada.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
37

Diante das perspectivas apresentadas, observa-se a importância no desenvolvimento


de uma gestão de qualidade de água. A utilização de metodologias participativas corrobora
para a sensibilização ambiental e, por conseguinte o empoderamento comunitário.
O PAR é uma ferramenta que permite o envolvimento comunitário, apresenta
facilidade na aplicação, não é onerosa, e ainda contribui no trabalho de gestão hídrica.
Assim, quando bem elaborado, pode evidenciar as características físicas e o estado de
qualidade do recurso hídrico. Além disso, é uma avaliação de fácil acesso e prática que é
possível ser usada como uma ferramenta para monitoramento permitindo visualizar mais
rapidamente as mudanças do rio.
Para Machado (2019), o PAR é uma ferramenta de baixo custo, que pode ser
aplicada por diversas pessoas, previamente treinadas, realizando o monitoramento de forma
contínua, facilitando ações para atenuar os problemas detectados e permitir a participação
efetiva da sociedade na gestão e monitoramento dos recursos hídricos. O PAR ainda
fortalece uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e incentiva a participação
individual e coletiva na preservação do equilíbrio dos recursos hídricos, na qual a defesa da
qualidade ambiental se torna um valor inseparável do exercício da cidadania.
Ressalta-se que alinhavar os resultados obtidos com a aplicação do PAR àas análises
químicas e biológicas constantemente executadas por órgãos responsáveis, fortalece o olhar
holístico para o recurso hídrico. Seu uso juntamente com outras análises da qualidade das
águas pode trazer informações que possibilitem o planejamento do uso e conservação da
qualidade do recurso hídrico. (OLIVEIRA; VELOSO; ROSSONI, 2021). Salienta-se ainda
que os recursos naturais são interligados e que ações de preservação e/ou conservação das
águas impactam fortemente na qualidade ambiental do ecossistema como um todo.
38

8. REFERÊNCIAS

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42

CAPÍTULO II - APLICAÇÃO DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO RÁPIDA NO


RIBEIRÃO DA PRATA, OURO PRETO – MINAS GERAIS
Sales, Bárbara Emanuelly S. S.; Maciel, Álvaro Simões; Costa, Adivane Terezinha.

RESUMO

A água é essencial para a existência e manutenção dos ecossistemas. Entretanto, as ações


antrópicas têm ocasionado impactos significativos aos recursos hídricos. Isso acontece por
meio do aumento da população de maneira desordenada, no aumento de áreas de agricultura
e mineração, na urbanização entre tantas outras. Dessa maneira, traçar estratégias que
auxiliem no monitoramento e na preservação da qualidade hídrica é urgente e fundamental.
Nesse sentido, o Protocolo de Avaliação Rápida (PAR) aparece como uma ferramenta de
monitoramento de aplicação simples, barata, que permite o envolvimento comunitário e
contribui para as análises físico-químicas e bacteriológicas realizadas por órgãos públicos. O
seguinte trabalho teve como objetivo aplicar o Protocolo de Avaliação Rápida no Ribeirão
da Prata, curso d’água localizado na comunidade Santo Antônio do Leite, distrito do
município de Ouro Preto, Minas Gerais. Para isso, pessoas da comunidade foram
convidadas a participar da aplicação e a escolha dos 3 trechos ocorreu de maneira conjunta.
Foram estabelecidos 20 parâmetros para análise empírica. Os resultados demonstram que as
voçorocas existentes na região impactam a qualidade hídrica e os trechos avaliados foram
classificados nas condições de ‘levemente alterado’ e ‘severamente alterado’. Além disso,
pode-se constatar que o PAR possui simplicidade em sua aplicação e pode gerar
empoderamento da sociedade quanto à gestão dos recursos hídricos e que a envolvimento da
comunidade fomenta para uma visão crítica a respeito dos recursos naturais.
43

Palavras-chave: água; metodologia participativa; monitoramento ambiental;

ABSTRACT

Water is essential for the existence and maintenance of ecosystems. However, human
actions have caused significant impacts on water resources. This happens through
population growth in a disorganized way, in the increase of agricultural and mining areas, in
urbanization, among many others. In this way, designing strategies that help monitor and
preserve the water quality is urgent and fundamental. In this sense, the Rapid Assessment
Protocol (RAP) appears as a monitoring tool that is simple, inexpensive, allows community
involvement, and contributes to the physical-chemical and bacteriological analyses carried
out by public agencies. The following work aimed at applying the Rapid Assessment
Protocol to the Ribeirão da Prata, a water course located in the community of Santo Antônio
do Leite, a district in the municipality of Ouro Preto, Minas Gerais. To this end, people from
the community were invited to participate in the application, and the choice of three sections
was made jointly. Twenty parameters were established for empirical analysis. The results
show that the gullies in the region impact the water quality and the evaluated stretches were
classified as "slightly altered" and "severely altered". Furthermore, it can be seen that PAR
is simple to apply and can generate empowerment in society regarding the management of
water resources, and that the involvement of the community promotes a critical view of
natural resources.

Key words: water; participatory methodology; environmental monitoring;

1. INTRODUÇÃO

Os sistemas fluviais são essenciais para a existência e manutenção dos ecossistemas,


dos processos ambientais, da qualidade e bem-estar da vida humana, e das questões
socioeconômicas. Pode-se destacar o ciclo hidrológico, o transporte de sedimentos, o
abastecimento público, a regulação ecossistêmica, as atividades agrícolas e industriais.
Entretanto, há uma significativa interferência antrópica que resulta na má qualidade da água.
Além das alterações diretas, os cursos d’água também espelham a realidade de suas bacias
hidrográficas, refletindo estados de preservação ou degradação e transmitindo efeitos
negativos de montante à jusante (ROSA; MAGALHÃES JÚNIOR, 2019).
Para estabelecer ações de gestão dos recursos hídricos, torna-se ainda mais urgente a
necessidade de obter informações adequadas, pautadas na realidade, na diversidade e na
qualidade das regiões hidrográficas (LEMOS et al., 2014). A gestão dos recursos hídricos
tem se tornado latente no sentido de evitar, minimizar e/ou solucionar problemas e riscos
criados pela sua má utilização. As alterações nos ambientes lóticos são consequências,
44

principalmente, das ações antropogênicas. O aumento da população mundial, a ampliação de


áreas agricultáveis e da produção industrial, a urbanização, a mineração entre outras
atividades interfere diretamente na qualidade e no uso dos recursos hídricos. A biota
aquática pode ser impactada pelas alterações na hidrologia da bacia, modificações no
habitat, alterações das fontes de energia e por poluentes (ARAÚJO, 1998).
Segundo Rodrigues (2008), a preocupação com o estado de degradação do meio
ambiente aumenta a necessidade de estabelecer métodos de avaliação que sejam eficientes
tanto no nível da própria avaliação, quanto para auxiliar nas tomadas de decisões nos
processos de gestão ambiental. Normalmente os monitoramentos de ambientes lóticos são
realizados por meio de medições de parâmetros físico-químicos e bacteriológicos, para
analisar a potabilidade ou a qualidade da água. Contudo, estes parâmetros quando analisados
isoladamente, podem subestimar a real magnitude dos danos que estão sendo causados aos
ambientes aquáticos (RODRIGUES, 2008).
A avaliação integrada dos rios é uma importante ferramenta de monitoramento.
Dessa maneira, conhecer as características e a dinâmica dos corpos hídricos é fundamental
para determinar as condições ambientais dos ecossistemas fluviais, tendo em vista que as
condições do ambiente estão interligadas com aspectos físicos do habitat. Neste contexto se
inserem os Protocolos de Avaliação Rápida de Rios (PARs), instrumentos que levam em
consideração a análise integrada dos ecossistemas lóticos através de uma metodologia
simples e de rápida aplicação (RODRIGUES; CASTRO, 2012).
Os PARs permitem avaliar os níveis de impactos em trechos de rios e constituem
uma importante ferramenta nos programas de monitoramento ambiental (CALLISTO et al.,
2001). Estes protocolos avaliam a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas aquáticos
contribuindo com o manejo e a conservação, tendo como base parâmetros de fácil
entendimento e de utilização simplificada (CALLISTO et al., 2002). Essa avaliação consiste
em uma inspeção visual do ambiente que substitui ou que agrega indicadores aos resultados
das tradicionais análises físico-químicas e bacteriológicas de qualidade da água.
Por definição, os PARs são documentos de referência que reúnem procedimentos
metodológicos aplicáveis à avaliação rápida, qualitativa e semiquantitativa, de um conjunto
de variáveis representativas dos principais componentes e fatores que condicionam e
controlam os processos e funções ecológicas dos sistemas fluviais (CALLISTO et al., 2002;
RODRIGUES; CASTRO 2012).
O uso dos PARs como instrumentos complementares no monitoramento dos recursos
hídricos, exige que indicadores ambientais sejam criteriosamente desenvolvidos para esse
45

fim, os quais devem caracterizar efetivamente as condições dos sistemas lóticos. De acordo
com Barbour et al. (1991), a escolha dos parâmetros a serem analisados em cada protocolo
particular depende principalmente da proposta de monitoramento a ser seguida. Dessa
maneira, quando a proposta está relacionada com a utilização de bioindicadores como
ferramenta para avaliar a qualidade da água, parâmetros como os relacionados com os
aspectos biológicos e ecológicos das comunidades aquáticas devem ser considerados
(FERREIRA, 2016).
Diante do exposto, o objetivo desse trabalho é a utilização de Protocolo de Avaliação
Rápida, como ferramenta de envolvimento participativo na avaliação da qualidade
ambiental do curso d’água Ribeirão da Prata, localizado na comunidade Santo Antônio do
Leite, distrito do município de Ouro Preto, Minas Gerais.

2. METODOLOGIA

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

2.1.1 Bacia hidrográfica do Rio das Velhas

A bacia hidrográfica do rio das Velhas (Mapa 1) está localizada na região central do
Estado de Minas Gerais, entre as latitudes 17° 15'S e 20° 25'S e longitudes 43° 25'W e 44° e
50W, e corresponde à Unidade de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos São
Francisco 5 (SF5). O rio recebeu o nome Velhas, provavelmente no ano de 1.711 pelo
Governador Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, ele apresentava a primitiva
denominação indígena de UAIMII, alterada para GUAICHUI, que significa "Rio das Velhas
Tribos Descendentes".
O Rio das Velhas tem sua nascente principal na cachoeira das Andorinhas,
município de Ouro Preto, a uma altitude de cerca de 1.500 metros. A bacia tem uma área de
29.173 Km², onde estão localizados 51 municípios que abrigam uma população de
aproximadamente 4,8 milhões de habitantes - destes, aproximadamente 89% residem em
distritos e municípios integralmente inseridos na bacia (CAMARGOS, 2005). Seu rio
principal percorre 806,84 km até desaguar no rio São Francisco, no município de Várzea da
Palma, a uma altitude de 478 m (MARTINS, 2019). O rio das Velhas é o maior afluente do
rio São Francisco (MORENO et al. 2004).
46

O alto rio das Velhas compreende o Quadrilátero Ferrífero, região importante


economicamente por possuir reservas minerais de ferro, manganês, cobre, antimônio,
arsênio, ouro, alumínio e urânio. A região é bastante explorada por atividades minerárias e
apresenta 70% do contingente populacional da bacia hidrográfica, já que esta região abriga a
Região Metropolitana de Belo Horizonte (TRINDADE et al., 2017).
Os trechos médio e baixo do rio das Velhas correspondem, respectivamente, a 45 e
45,2 % da área de drenagem da bacia hidrográfica, incluem 25 e 5 % da população da área
em estudo e nestas áreas há o predomínio das atividades agrícolas e pecuárias (TRINDADE
et al., 2017). A temperatura média anual ao longo da bacia é de 20ºC, com precipitação
média de 1400 mm. A vegetação natural predominante é de campos e cerrado. A bacia
hidrográfica apresenta sua vegetação modificada devido à ocupação antrópica crescente e
desenfreada (MORENO et al. 2004).
47

Mapa 1- Bacia hidrográfica do Rio das Velhas

Fonte: IGAM, 2013.

2.1.2 Santo Antônio do Leite

O povoado do Leite teve início antes de 1.822, quando se tem relatos do surgimento
das primeiras casas. Muitas pessoas que não buscavam atividades na mineração foram para
Santo Antônio com intuito de trabalhar no campo para plantar ou criar gado, visto que Santo
António do Leite possui terras muito férteis. Ainda há relatos de que muitas pessoas que
foram escravizadas buscaram alojamento no local (GUIA SANTO ANTÔNIO DO LEITE,
2021).
Santo Antônio do Leite, como o município é conhecido, nem sempre teve esse nome.
O primeiro nome do distrito foi Leite, devido ser uma das primeiras regiões a produzir leite
com abundância e atrair os soldados da cavalaria de Cachoeira do Campo. Os soldados, que
faziam muitas atividades físicas, descobriram uma fazenda de leite e começaram a
frequentá-la todos os dias. Eles deram o nome a fazenda de leite. Com o tempo essa notícia
48

chegou a Ouro Preto e a partir daí o nome Leite ficou consagrado. O nome Santo Antônio se
deve a um homem vindo de Portugal. Seu nome era Antônio Gonçalves do Sacramento,
devoto de Santo Antônio, seu conterrâneo português. Antônio Gonçalves do Sacramento
resolve fazer uma homenagem a seu santo construindo uma igreja no distrito (GUIA
SANTO ANTÔNIO DO LEITE, 2021).
Santo Antônio do Leite, historicamente vem sofrendo com problemas relacionados à
erosão do solo, fenômeno natural conhecido como voçorocas, o qual implica em escassez e
perda de qualidade da água. Nesse sentido, destaca-se o Coletivo Ribeirão da Prata que é
formado por pessoas do distrito empenhadas na proteção do meio ambiente. O seu objetivo
central é recuperar a nascente e a qualidade da água do Ribeirão da Prata. A iniciativa
começou a ser organizada em julho de 2018 e recebe o apoio técnico do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), por meio do Subcomitê Nascentes,
que abrange Ouro Preto e Itabirito. Uma das conquistas mais recentes é a criação de um
viveiro comunitário com mudas oriundas do Viveiro Lansgdorff (uma parceria do CBH Rio
das Velhas com a ArcelorMittal Brasil, a Agência Peixe Vivo e o Subcomitê Rio
Taquaraçu) (CBH Rio das Velhas, 2019).
O grupo não tem uma hierarquia formal, buscando uma gestão coletiva das suas
ações. Desde sua fundação, mobiliza aproximadamente 40 pessoas nas atividades, sendo
que, em geral, conta com 12 membros mais atuantes.

2.1.3 Ribeirão da Prata

A sub-bacia Ribeirão da Prata (Mapa 2) possui nascentes até a confluência com o


Rio das Velhas. De acordo com a Deliberação Normativa COPAM n.º 10/86, a água é
classificada como Classe 1, sendo destinadas para: a) ao abastecimento doméstico (após
tratamento simplificado); b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à recreação de
contato primário (natação, esqui aquático e mergulho); d) à irrigação de hortaliças a serem
consumidas cruas, bem como de frutas que se desenvolvem rentes ao solo e que se
destinam, igualmente, à ingestão crua, sem remoção de película; e) à criação natural e/ou
intensiva (aquicultura) de espécie destinadas à alimentação humana (CAMARGOS, 2005).
49

Mapa 2 - Mapa da Sub-bacia Ribeirão da Prata

Fonte: Maciel, 2021.

2.1.4 Definição do curso d’água avaliado

Para o reconhecimento ambiental da área, pesquisas e encontros virtuais ocorreram


com representantes da comunidade de Santo Antônio do Leite, já que devido a pandemia
Covid – 19 visitas presenciais não são recomendadas. Por meio da busca em banco de
dados, foi possível identificar a sub-bacia e analisar os parâmetros estabelecidos para obter a
qualidade ambiental do rio em questão. O desejo da comunidade local foi levado em
consideração na escolha do curso d’água avaliado, sendo a escolha coletiva pelo Ribeirão da
Prata. Para aplicação do PAR foram escolhidos três pontos localizados no distrito de Santo
Antônio do Leite. Um ponto escolhido está localizado na área central e os demais em
propriedades privadas em que os moradores permitiram a entrada dos envolvidos no
trabalho.
Os trechos (Mapa 3) foram escolhidos da seguinte maneira: o primeiro é uma
propriedade privada, sugerido pela comunidade. O local apresenta estorvo por causa de
50

diversas voçorocas que têm impactado diretamente as nascentes existentes. O segundo ponto
foi escolhido devido apresentar, também nascentes que abastecem o Ribeirão da Prata, parte
da água é captada para a criação de peixes como fonte de renda do proprietário do local. A
escolha do terceiro trecho se deu por estar próximo a ponte e ser de fácil acesso e que
também, tornam-se vulneráveis para modificações humanas.

Mapa 3 - Mapa de localização dos pontos

Fonte: Google Earth (2021).

2.1.5 Adequação do Protocolo de Avaliação Rápida

O desenvolvimento metodológico se caracteriza em duas principais etapas,


construção e aplicação do PAR. Já o protocolo utilizado no presente estudo foi
fundamentado nos estudos da Agência de Proteção Ambiental de Ohio (EPA,1987).
Callisto et al., (2002); Minatti-Ferreira & Beaumord (2006); Rodrigues (2008); Araujo et al.,
(2020). Dessa maneira, o protocolo de avaliação rápida (Apêndice 1) contém um cabeçalho
de descrição do ambiente, como localização, hora da coleta, nome do rio, entre outras
informações. O PAR estabelecido possui 20 parâmetros (Quadro 1) com divisões de trechos
e a pontuação correspondente a qualidade do recurso hídrico em análise.
51

Quadro 1 - Categorias e pontuações dos parâmetros analisados


Categorias e pontuações
Parâmetros
Ótima Boa Péssima
1 Ocupação das margens do corpo d’água  10 5 0
2 Depósitos sedimentares no fundo do rio 10 5 0
3 Tipo de substrato 10 5 0
4  Alteração do canal do corpo d'água 10 5 0
5  Erosão 10 5 0
6  Lixo 10 5 0
7  Esgoto doméstico ou industrial 10 5 0
8  Substrato e habitats disponíveis 10 5 0
9 Presença de plantas Aquáticas 10 5 0
10  Presença de mata ciliar 10 5 0
11 Presença da fauna  10 5 0
12  Oleosidade da água 10 5 0
13 Odor da água 10 5 0
14  Transparência da água 10 5 0
15  Características do fluxo das águas 10 5 0
16  Frequência de corredeiras 10 5 0
17 Presença de cianobactérias na água  10 5 0
18 Turbidez da água  10 5 0
19 Presença de materiais flutuantes 10 5 0
20 Aumento do assoreamento 10 5 0
Fonte: Sales, 2021.

No protocolo proposto por Minatti-Ferreira & Beaumord (2006), os autores optaram


por estabelecer 4 categorias de classificação correspondentes à situação verificada no local
da avaliação. Os autores consideraram para cada categoria uma única nota, independente do
parâmetro sob avaliação, ou seja, para uma situação ótima atribuiu uma nota de 20 para
“ótimo”, para uma situação “boa” nota 15, para “razoável” nota 10 e nota 5 uma situação
“ruim”. Já no estudo de Callisto et al. (2002), 22 parâmetros foram avaliados de maneira
distinta. Enquanto na pontuação dos 10 primeiros as notas 4, 2 e 0 correspondem
respectivamente à uma “situação natural”, “levemente alterada” e “severamente alterada”,
na pontuação dos 12 restantes as notas relativas a cada categoria são diferentes, ou seja, nota
5 para uma “situação natural” e 3, 2 e 0 para situações “levemente” ou “severamente
alteradas”.
No protocolo proposto neste trabalho, foram estabelecidas 3 categorias sendo nota 10
para “situação natural”, nota 5 “levemente alterada” e nota 0 “severamente alterada”.
52

As categorias foram definidas de acordo com a escala Likert (1932) que estabelece uma
escala unificada em que através do mesmo instrumento fosse possível identificar o sentido e
a intensidade da atitude (LUCIAN; DORNELAS, 2015). Essa categoria permite a soma
final para entender em quais condições ambientais os trechos do rio se encontram (Tabela
1).

Tabela 1 - Categorização das condições ambientais do Protocolo de Avaliação Rápida


Categorias/Classes das Condições Faixas de Pontuação
Situação natural 200 a 170 - Acima de 70%
Levemente alterado 169 a 100 (Entre 70 e 50%)
Severamente alterado Abaixo de 99 (menos que 50%)
Fonte: Sales, 2021.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A aplicação do PAR ao longo dos pontos do rio revelou aspectos importantes de


cunho ambiental, em específico na perspectiva do gerenciamento dos recursos hídricos. Por
meio da avaliação dos parâmetros mensurados foi possível identificar as fragilidades e
potencialidades locais, ressaltando aspectos naturais e influência antrópica por meio das
distintas formas de uso e ocupação do solo.
Os dados oriundos da avaliação do rio foram analisados de forma a fornecer
informações sobre a condição dos parâmetros e do rio nos trechos observados, dada pela
soma das notas dos parâmetros (nota ou variável total) de cada aplicador. Para análise da
condição hídrica em cada trecho levou em consideração a pontuação sinalizada pelos
avaliadores em cada parâmetro. Assim, foi calculada a média das pontuações, sendo: média
entre 0 e 4,99 ‘severamente alterado’; entre 5 e 6,99 ‘levemente alterado’ e de 7 a 10
‘situação natural’.
A partir dos encontros virtuais, da visita a campo e da aplicação do PAR no rio
Ribeirão da Prata em Santo Antônio do Leite, distrito de Ouro Preto, evidenciou, de modo
geral, uma homogeneidade nas pontuações atribuídas em cada parâmetro pelos seis
avaliadores. O tempo de aplicação do PAR pelos participantes variou entre 15 e 30 minutos,
tempo este considerado relativamente pequeno.
Segundo a média das notas totais dos aplicadores, a condição do rio estava
‘levemente alterado’ no trecho 1 ‘severamente alterado’ 3, o ponto 2 não pôde ser analisado.
Segundo relato, desde agosto a nascente que forma um curso d’água pertencente ao Ribeirão
53

da Prata não tem apresentado água disponível. Tal evento pode ter relação direta com a
atividade mineradora que ocorre nas redondezas do local. Dessa maneira, foram avaliados
dois pontos, aqui nomeados de trechos 1 e 2.
O trecho 1, recebeu notas similares (Tabela 2) em todos os parâmetros avaliados. A
maior variação de pontos ocorreu nos parâmetros 6 (Lixo), 8 (Substrato e habitats
disponíveis), 11(Presença da fauna) e 16 (Frequência de corredeiras).

Tabela 2 - Média das pontuações estabelecidas pelos avaliadores no Trecho 1


Parâmetro Analisado Pontuação Geral
1 5,00
2 0,00
3 5,00
4 10,00
5 0,00
6 9,17
7 10,00
8 1,67
9 0,00
10 0,00
11 1,67
12 8,33
13 10,00
14 10,00
15 0,00
16 1,67
17 10,00
18 9,17
19 10,00
20 1,67
Análise Geral do PAR 103,33
Legenda: Vermelho = severamente alterado; Amarelo = Levemente alterado; Verde = Situação natural. A
análise foi realizada a partir da média baseada na pontuação em que os avaliadores sinalizaram em cada
parâmetro.
Fonte: Sales, 2021.

A variação de notas recebidas no trecho 2 foi maior em comparação ao trecho 1. Isso


devido ao não preenchimento de alguns parâmetros pelos avaliadores. Nessa situação, para
análise, considerou como nulo e não contabilizado para o cálculo da média.
No trecho 1, o parâmetro 5 (erosão) foi o que proporcionou diversas discussões entre
os participantes, isso porque a área estudada possui voçorocas (Figura 1). A erosão é o
54

principal vetor de degradação dos solos e os impactos gerados são mensurados a partir de
várias óticas, estando diretamente conectada a qualidade do recurso hídrico tendo em vista
que os fluxos de serviços ecossistêmicos relacionados (ANDRADE, 2013, p. 209).
A dinâmica da erosão é determinada parcialmente pela ação da chuva e dos ventos, e
pelas características especificas de um determinado tipo de solo. O surgimento das feições
deve-se em parte ao escoamento concentrado das águas da chuva sobre o solo desprotegido
de vegetação (ANDRADE, 2013, p. 209). Além das causas naturais, fatores antrópicos
como a irracionalidade no uso do solo e a adoção de técnicas de plantio inadequadas para a
aptidão agrícola do local também potencializam a erosão.
O processo que converge na formação de uma voçoroca passa por várias etapas, que
tem início com o fluxo laminar de água da chuva que ao se concentrar em canais específicos
gera sulcos superficiais e à medida que esses sulcos vão sendo erodidos e aumentam de
tamanho e profundidade, passam a ser chamados de ravinas e, por último, a evolução destas
para um canal que atinge o lençol freático caracteriza as voçorocas (HONORATO, 2021).
A erosão em voçorocas consiste no deslocamento de grande volume de terra,
formando, assim, fendas ou grotas profundas ao ponto de atingir o nível freático. É a forma
espetacular da erosão, ocasionada por grandes concentrações de enxurrada que passam, ano
após ano, no mesmo sulco, que vai se ampliando. Quando os diferentes horizontes do solo
são de material de consistência uniforme, a voçoroca se desenvolve em parede mais ou
menos verticais, e se o material é muito friável, está sujeito a frequentes desmoronamentos.
Quando o material do subsolo ou de horizontes mais profundos é mais resistente que o
horizonte superficial, as voçorocas apresentam as paredes em forma de “V” (ANDRADE,
2013, p. 209).

Figura 1 - Processo erosivo com formação de voçorocas

Fonte: Sales, 2021.


55

A existência de voçorocas influencia diretamente outros pontos abordados no PAR,


em especial a presença de mata ciliar (parâmetro 10). Ressalta-se que o ecossistema hídrico
é formado por um conjunto de características bióticas e abióticas que estabelecem conexões
e fornecem serviços ecossistêmicos. Entre os serviços prestados, especial importância deve
ser dada aos conhecidos serviços hidrológicos, que compreendem os serviços de purificação
e filtragem da água, a regulação dos fluxos estacionais, o controle da erosão e dos
sedimentos e a preservação de áreas florestais. Postel e Thompson Jr. (2005), apontam que
bacias hidrográficas com alta proporção de áreas florestadas possuem uma maior capacidade
de moderação de escoamento superficial bem como de purificação dos recursos hídricos.
Não apenas serviços hidrológicos, mas também outros, tais como habitat para a
fauna, ciclagem e mobilização de nutrientes estão relacionados com a qualidade ambiental
do recurso hídrico (ANDRADE, 2013, p. 210). Tal fator apresentado pelo autor tem relação
direta com os parâmetros 9 (presença de planta aquática) e 11(presença de fauna). Eles
receberam nota 0 (zero) por todos os avaliadores, demonstrando que a ausência da mata
ciliar atrelada a existência de voçorocas resultou em um ambiente que atualmente não
permite o desenvolvimento da flora e não proporciona habitas favoráveis para a fauna.
As voçorocas influenciam outro parâmetro avaliado que corresponde ao aumento do
assoreamento no curso d’água (parâmetro 20). Todas as pontuações dadas a esse parâmetro
pelos avaliadores correspondem a nota 0 (zero) o que evidencia o aumento no assoreamento.
Um fator importante é que partes dos avaliadores conheciam a área previamente por serem
moradores da região, o que resulta em uma memória do local para preenchimento da
pontuação correspondente.
Os parâmetros 4 (alteração do canal do corpo d'água), 6 (lixo), 7 (esgoto doméstico
ou industrial), 12 (oleosidade da água), 13 (odor), 14 (transparência da água), 17 (presença
de cianobactéria) e 19 (presença de materiais flutuantes) receberam como pontuação de
todos os avaliadores nota 10 (dez). O que representa que as condições do curso d’água não
sofreu impactos antrópicos que ocasionasse o surgimento dessas alterações.
Quando analisado apenas o trecho 1, de acordo com a somatória de pontos atribuídos
em cada parâmetro e calculada a média deles (103,33), tem-se um trecho em condição de
‘Levemente alterado’.
O trecho 2 (Figura 2) está inserido na região central do distrito e concentra a maior
parte de população. Resume-se a basicamente em duas ruas, Pedro Gonçalves da Silva e
Rua de Baixo. As condições do trecho 2 (Tabela 3) se diferem das condições referente ao
56

trecho 1, principalmente se tratando de uma área que possui residências no entorno e por sua
localização. Os parâmetros avaliados corroboram para evidenciar tais diferenças.

Figura 2 - Aplicação do PAR no trecho 2 do Ribeirão da Prata

Fonte: Sales, 2021.

Tabela 3 - Média das pontuações estabelecidas pelos avaliadores no Trecho 2


Parâmetro Analisado Pontuação Geral
1 6,67
2 5,00
3 5,83
4 8,00
5 4,17
6 5,00
7 3,33
8 5,00
9 5,83
10 0,00
11 0,00
12 10,00
13 8,00
14 5,00
15 2,00
16 7,00
17 10,00
18 2,00
19 9,17
57

20 0,83
Análise Geral do PAR 92,50
Legenda: Vermelho = severamente alterado; Amarelo = Levemente alterado; Verde = Situação natural. A
análise foi realizada a partir da média baseada na pontuação em que os avaliadores sinalizaram em cada
parâmetro.
Fonte: Sales, 2021.
A principal ocupação nas margens do curso d’água foi assinalada pelos avaliadores
como campo de pastagem/agricultura (parâmetro 1), como o local estudado é situado na
zona rural é comum que os moradores possuem gado, e que eles fiquem soltos pela
redondeza. Diante disso, uma cerca foi colocada entorno do curso d’água para minimizar os
impactos no solo e na água.
Ao analisar o curso d’água não foi observado canalizações que pudessem alterar o
canal (parâmetro 1) e em alguns pontos o substrato composto por lama e areia (parâmetro 3)
ficou aparente demonstrando que o curso d’água está assoreado (parâmetro 20) (Figura 3).
Não existe no local sinais de desmoronamento ou deslizamento de barrancos (parâmetro 5)
que possam impactar o rio como ocorreu no trecho 1.
Foi percebido a presença de lixo (parâmetro 6) e esgoto doméstico (7), isso devido,
possivelmente, a maior quantidade de residências na região e pela falta de saneamento
básico. A falta de saneamento básico é frequentemente pauta de manifestações dos
moradores aos órgãos competentes. O distrito sofre ainda com falta de abastecimento de
água (PERES, 2021).
Apesar de existir vegetação no entorno do curso d’água não se caracteriza como
mata ciliar (parâmetro 10), sendo mais abundante algumas espécies de gramíneas. Também
não foi visto a presença de fauna (parâmetro 11). Porém, há plantas aquáticas (Figura 3) em
alguns pontos do curso d’água, o que pode sinalizar a existência espécies residentes da
fauna aquática como insetos aquáticos, anfíbios e/ou moluscos, mesmo não sendo avistados.
As macrófitas aquáticas são extremamente importantes na estruturação e na dinâmica
dos ecossistemas aquáticos. Elas são fontes de matéria orgânica, fornecem alimento, abrigo
e local de reprodução para fauna, entre outros (LAYON, 2018). No entanto, por
apresentarem crescimento rápido, essas plantas podem se tornar invasivas e prejudiciais,
principalmente em ambientes com modificações humanas, como reservatórios e lagos, onde
a flutuação natural do nível das águas foi suprimida ou é manipulada pelo homem (LAYON,
2018).
A oleosidade (12) e o odor da água (13) foram parâmetros que não apresentaram
alterações, isso porque não foi observado manchas de óleo na água e cheiro ruim mesmo o
rio recebendo esgoto doméstico. A turbidez (18) da água também foi avaliada de maneira
58

empírica, sendo sinalizada pelos avaliadores como turva. Ressalta-se que a aplicação do
PAR ocorreu na temporada chuvosa e que pode ter contribuído para que alguns parâmetros
apresentassem características diversas. Sugere-se dessa maneira, que o PAR também seja
aplicado na temporada de seca. Isso corrobora para uma análise holística do rio. Nesse
ponto, Rodrigues (2008), sugere que o PAR seja aplicado na temporada de seca. Aqui
entende-se que é importante conhecer o recurso hídrico em diferentes estações, portanto
sendo aplicado mais de uma vez durante o ano.

Figura 3 - Ribeirão da Prata

Legenda: (A) assoreamento e (B) plantas aquáticas.


Fonte: Sales, 2021.

De maneira geral, analisando os parâmetros dos dois trechos do Ribeirão da Prata,


tem-se como condição no trecho 1 ‘levemente alterado’ e no trecho 2 ‘severamente alterado’
de acordo com média das pontuações estabelecidas pelos avaliadores. Tal condição
demonstra para a população local e para os órgãos públicos responsáveis que é necessário
agir na melhoria da qualidade hídrica do curso d’água avaliado.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Do ponto de vista da conservação dos recursos hídricos, pode-se dizer que


atualmente é indiscutível a importância do monitoramento e avaliação ambiental desses
recursos, sobretudo quando se considera que a demanda e a oferta desses está cada vez mais
comprometida em função das atividades poluidoras diversas.

A grande quantidade de estudos sobre avaliação e monitoramento desses recursos,


em diferentes contextos regionais, revela a importância que tem sido dada a essa temática.
Porém, esses estudos têm focado análises mais técnicas, com destaque para avaliações dos
parâmetros físico-químicos e microbiológicos da água, com pouca atenção aos fatores
59

físicos condicionantes da qualidade do ecossistema fluvial, bem como aos aspectos sociais e
à inserção da comunidade nessas avaliações. Essas iniciativas de monitorar, de forma rápida
e simples, se tornaram uma questão essencial, abrindo oportunidades para a criação de
protocolos visuais (LIMA, 2013).

A metodologia de monitoramento participativo da qualidade das águas,


fundamentada no conceito que a gestão da água deve ser baseada no princípio participativo,
envolvendo os usuários, o poder público e os responsáveis pelas decisões em todos os níveis
(MALHEIROS; PROTA; PEREZ, 2013). É uma importante ferramenta que integra o
diálogo entre estes agentes sociais no que tange a implantação de política públicas que
impactam na gestão hídrica, e que em contrapartida, é vista como uma forma de
instrumentalizar e empoderar os cidadãos para que eles monitorem e proponham os
aprimoramentos das políticas públicas, enquadradas a sua realidade socioambiental (SOS
MATA ATLÂNTICA, 2019).
A utilização do PAR também pode ser utilizada em projetos de Educação Ambiental,
aliado a análises complementares do recurso fluvial, proporcionando o desenvolvimento de
uma compreensão integrada da qualidade ambiental desse compartimento (incluindo
aspectos ecológicos); o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática
ambiental, bem como o incentivo à participação individual e coletiva na preservação do
equilíbrio dos recursos hídricos, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um
valor inseparável do exercício da cidadania (GUIMARÃES; RODRIGUES; MALAFAIA,
2012).
Além disso, pode-se constatar que o PAR possui simplicidade em sua aplicação e
pode gerar empoderamento da sociedade quanto à gestão dos recursos hídricos. Sendo essa,
uma avaliação de fácil acesso e prática que é possível ser usada como uma ferramenta para
monitoramento permitindo visualizar mais rapidamente as mudanças do rio. Seu uso
juntamente com outras análises da qualidade das águas pode trazer informações que
possibilitem o planejamento do uso e conservação da qualidade do recurso hídrico.
Todos os parâmetros observados e aplicados na análise do protocolo são
fundamentais para a compreensão da área de estudo, possibilitando a interação da análise da
qualidade da água e do ecossistema que a envolve. Os resultados deste estudo permitem
concluir que o PAR adequado se apresenta como ferramenta viável e útil no
desenvolvimento da Educação Ambiental e do envolvimento participativo. Em adição, tal
ferramenta foi capaz de permitir a observação, sensibilização e apropriação de conceitos
60

referentes ao funcionamento e à preservação dos recursos fluviais locais, contribuindo


significativamente com envolvimento comunitário.

5. REFERÊNCIAS

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metodológicas. (Coleção Cidadania e Meio Ambiente). São Paulo; Annablume, 2013.
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RODRIGUES, A.S.L.; CASTRO, P.T.A. Protocolos de Avaliação Rápida: Instrumentos


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TRINDADE, Ana Laura Cerqueira; ALMEIDA, Katiane Cristina de Brito; BARBOSA,


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da qualidade das águas superficiais da sub-bacia do Rio das Velhas, estado de Minas
Gerais. Eng. Sanit. Ambiental, v 22. Jan. 2017.
63

APÊNDICES

Apêndice 1 - Protocolo de Avaliação Rápida aplicado em Santo Antônio do Leite, Ouro


Preto - Minas Gerais
DESCRIÇÃO DO AMBIENTE
Localização:
Coordenadas:
Data da coleta: Hora da coleta:
Tempo (situação do dia)
Modo de coleta (coletor):
Tipo de ambiente: ( ) Córrego ( ) Rio
Nome do Rio: Ordem do Rio:
Largura média do corpo d’água:
Profundidade média:
Temperatura da água:
Choveu nos últimos 7 dias? ( ) Sim ( ) Não
1: Tipo de ocupação das margens do corpo d’água (principal atividade).
Ótima Boa Ruim
Campo de pastagem/Agricultura/
Vegetação natural Residencial/ Comercial/ Industrial
Monocultura/ Reflorestamento
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
2: Depósitos sedimentares no fundo do rio.
Alguma evidência de modificação no O fundo do rio apresenta muita lama ou
Não se observa acúmulo de lama ou
fundo, principalmente como aumento areia, cobrindo galhos, troncos, cascalhos
areia no fundo do rio. É possível
de areia ou lama; 5 a 30% do fundo (pedras). Não se observa abrigos naturais
visualizar pedras/cascalhos e plantas no
afetado; suave deposição nos para os animais se esconderem ou
fundo.
remansos. reproduzirem.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
3: Tipo de substrato
Pedras/cascalho Lama/areia Cimento/canalizado
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
4: Alteração do canal do corpo d'água.
64

Ausente ou mínima presença de Presença de alguma canalização, em


Margens revestidas com cimento e cerca de
canalizações e dragagens. O curso geral em área de apoio de pontes ou
80% do curso d'água encontra-se canalizado.
d'água segue com padrão natural. canalizações antigas.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
5: Erosão.
Os barrancos dos rios, nas duas margens,
Não existe desmoronamento ou Apenas um dos barrancos do rio está
estão desmoronando. Há muitos
deslizamento dos barrancos do rio. desmoronando.
deslizamentos.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
6: Lixo.
Há pouco lixo doméstico no fundo ou
Não há lixo no fundo ou nas margens Há muito lixo no fundo ou nas margens do
nas margens do rio (papel, garrafas pet,
do rio. rio.
plásticos, latinhas de alumínio etc.).
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
7: Esgoto doméstico ou industrial.
Existem canalizações de esgoto Existem canalizações de esgoto doméstico e
Não se observam canalizações de
doméstico ou industrial em alguns industrial em um longo trecho do rio ou em
esgoto doméstico ou industrial.
trechos do rio. vários trechos.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
8: Substrato e/ou habitats disponíveis.
Substratos favoráveis à colonização da
Trechos com substratos favoráveis a
epifauna e abrigo para insetos
epifauna. Presença de troncos ou Não há presença de cascalhos, seixos ou
aquáticos, anfíbios ou peixes. Presença
galhos próximo à água, mas que ainda vegetação aquática.
de galhos, margens escavacadas e
não fazem parte do substrato do rio.
seixos.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
9: Presença de plantas Aquáticas.
Macrófitas aquáticas ou algas Ausência de vegetação aquática no leito do
Pequenas macrófitas aquáticas e/ou filamentosas ou musgos distribuídos no rio ou grandes bancos macrófitas (p.ex.
musgos distribuídos pelo leito. rio. aguapé).
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
10: Presença de mata ciliar.
Entre 70 e 90% com vegetação ripária
Acima de 90% com vegetação ripária
nativa arbórea ou arbustiva;
nativa, incluindo árvores, arbustos ou Menos de 50% da mata ciliar nativa;
desflorestamento evidente, mas não
macrófitas; mínima evidência de desflorestamento muito acentuado ou
afetando o desenvolvimento da
desflorestamento; todas as plantas ausência de mata ciliar.
vegetação; maioria das plantas
atingindo a altura “normal”.
atingindo a altura “normal”
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
65

11: Presença da fauna.


Observam-se com facilidade peixes, Observam-se apenas alguns peixes, Não se observa peixes, anfíbios (sapos, rãs
anfíbios (sapos, rãs ou pererecas) ou anfíbios (sapos, rãs ou pererecas) ou ou pererecas) ou insetos aquáticos no trecho
insetos aquáticos no trecho avaliado. insetos aquáticos no trecho avaliado. avaliado.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
12: Oleosidade da água.
Não se observa manchas de óleo na Moderada. Presença de algumas Abundante. Observam-se muitas manchas de
superfície d’água manchas de oleosidade espalhadas. óleo na água.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
13: Odor da água.
Odor moderado de esgoto (ovo podre) Odor forte de esgoto (ovo podre) ou
Não tem cheiro ou industrial industrial
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
14: Transparência da água.
Transparente Turva/cor de chá-forte Opaca ou colorida
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
15: Características do fluxo das águas.
Fluxo relativamente igual em toda a Lâmina d’água acima de 75% do canal
Lâmina d’água escassa e presente apenas
largura do rio; mínima quantidade de do rio; ou menos de 25% do substrato
nos remansos.
substrato exposta. exposto
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
16: Frequência de corredeiras.
Ocorrência de corredeiras, mas não há Raras ou nenhuma ocorrência de corredeiras.
Ocorrem frequentes corredeiras.
condições favoráveis à presença de Na maior parte do trecho a água encontra-se
Presença de pequenos poços.
habitats como poços. parada em poços.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
17: Presença de cianobactétias na água (algas com coloração verde-azulada).
Observa-se pequenas manchas verde- Presença excessiva de algas no curso d'água.
Não é possível perceber.
azulada nas margens do rio. Alteração do cheiro e do sabor da água.

Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto


Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
18: Turbidez da água.
Água escura opaca, voltada para a cor
Ausência de matéria em suspensão na marrom ou marrom avermelhada. Presença
Água amarelada turva.
água. Água clara, quase transparente. de matéria em suspensão na água, como
argila, silte ou substâncias orgânicas
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
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Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto


19: Presença de materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais.
Presença de materiais flutuantes em Presença de materiais flutuantes em grande
Vitualmente ausentes.
pouca quantidade. quantidade.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
20: Houve aumento de assoreamento no substrato e margens no rio nos últimos 5 anos?
Houve pouco aumento de lama e areia Houve aumento significativo de lama e areia
Não houve mudanças.
no substrato e nas margens. no substrato e nas margens.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Fonte: Sales, 2021.
67
68

CAPÍTULO III – ANÁLISE DA QUALIDADE AMBIENTA DE TRECHOS DO RIO


JEQUITINHONHA ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DE PROTOCOLO DE
AVALIAÇÃO RÁPIDA, NO MUNICÍPIO DE JEQUITINHONHA, MINAS GERAIS
Sales, Bárbara Emanuelly S. S.; Costa, Adivane Terezinha.

RESUMO

Os rios são imprescindíveis para a manutenção dos serviços ecossistêmicos. Entretanto, são,
maneira direta ou indireta, atingidos pelas ações antrópicas. Assim, torna-se essencial conter
os processos de deterioração e prevenir alterações na estrutura dos ecossistemas aquáticos,
para que haja melhor aproveitamento dos recursos existentes nos rios. A utilização de
ferramenta que corroboram para o monitoramento hídrico tem sido utilizada em pesquisas
que almejam um diagnóstico ambiental. Diante disso, os Protocolos de Avaliação Rápida
(PAR) são usados para caracterizar qualitativamente os corpos hídricos e o ambiente que se
encontra. Assim, o objetivo desse trabalho é aplicar o Protocolo de Avaliação Rápida para
análise da qualidade ambiental em trechos do Rio Jequitinhonha, inserido no município de
Jequitinhonha, Minas Gerais. Para isso, 23 parâmetros foram inseridos no PAR e aplicados
em 15 trechos ao longo do rio Jequitinhonha. Comunidades foram visitadas para obter uma
maior extensão da área estudada. Para a avaliação pessoas das comunidades participaram
informando suas percepções sobre o rio. Os trechos avaliados foram categorizados em
‘situação natural’, ‘levemente alterado’ e ‘severamente alterado’. Os resultados apontam que
a maior parte dos trechos avaliados estão na condição ‘levemente alterado’. Salienta-se que
o método de avaliação através de protocolos diferencia-se de outros por permitir uma análise
mais geral e por possibilitar a inserção da população no monitoramento dos recursos
hídricos. Sugere-se que mais estudos sejam realizados no Jequitinhonha abarcando toda
bacia hidrográfica.
69

Palavras-chave: recurso hídrico; comunidade; avaliação ambiental; qualidade da água;

ABSTRACT

Rivers are essential for the maintenance of ecosystem services. However, they are, directly
or indirectly, affected by human actions. Thus, it is essential to contain the processes of
deterioration and prevent changes in the structure of aquatic ecosystems, so that there is
better use of existing resources in rivers. The use of tools that corroborate the hydric
monitoring has been used in research that aim at an environmental diagnosis. Therefore, the
Rapid Assessment Protocols (RAP) are used to qualitatively characterize the water bodies
and their environment. Thus, the objective of this work is to apply the Rapid Assessment
Protocol to analyze the environmental quality in stretches of the Jequitinhonha River,
inserted in the municipality of Jequitinhonha, Minas Gerais. For this, 23 parameters were
inserted in the RAP and applied in 15 stretches along the Jequitinhonha River. Communities
were visited to obtain a larger extension of the studied area. For the evaluation people from
the communities participated by informing their perceptions about the river. The stretches
evaluated were categorized as 'natural', 'slightly altered', and 'severely altered'. The results
indicate that most of the evaluated stretches are in the 'slightly altered' condition. The
protocol-based evaluation method differs from others in that it allows a more general
analysis and allows the inclusion of the population in the monitoring of water resources. It is
suggested that further studies be carried out in Jequitinhonha covering the entire
hydrographic basin.

Key words: water resource; community; environmental assessment; water quality.

1. INTRODUÇÃO

Os recursos hídricos são receptores das ações antrópicas. De maneira direta ou


indireta são atingidos pelo uso inadequado do solo, das liberações de agrotóxicos, resíduos
domésticos e industriais, pavimentações, atividade mineradora, entre tantas outras. A água é
o recurso natural imprescindível à manutenção da vida na Terra e tem papel vital e
insubstituível em todo o equilíbrio ecológico (RODRIGUES; JUSTINO; SANTANA,
2001). Portanto, falar de sua relevância significa dizer sobre a sobrevivência da espécie
humana, da conservação, do equilíbrio da biodiversidade, e das relações de dependência
entre seres vivos e ambientes naturais (BACCI; PATACA, 2008).
A presença ou ausência do recurso hídrico escreve histórias, cria culturas e hábitos,
determina a ocupação de territórios, aproxima pessoas, extingue e dá vida às espécies, e
determina futuro de gerações (BACCI; PATACA, 2008). Os rios são importantes
mananciais de abastecimento de água para a população das cidades. No entanto, cada vez
mais, esses corpos d’água sofrem degradações, incluindo despejos de resíduos,
70

desmatamento de suas matas ciliares, recebimento de altas cargas de nutrientes, sendo eles
orgânicos e/ou industriais e de agrotóxicos (OLIVEIRA; VELOSO; ROSSNI, 2021).
Todas as funções e relações existentes nos ecossistemas são essenciais. Não existe
um rio igual a outro. Os sistemas fluviais são marcados pela alta diversidade natural, além
dos recursos e serviços prestados para a humanidade. As funções culturais e turísticas são
cruciais para a manutenção e perpetuação de civilizações com os elementos da
geodiversidade fluvial são a espinha dorsal do território (GRAY, 2013; OLLERO, 2017).
Dessa maneira, torna-se imprescindível conter os processos de deterioração e
prevenir alterações na estrutura dos ecossistemas aquáticos, para que haja melhor
aproveitamento dos recursos existentes nos rios. A avaliação ambiental dos rios, como
ferramenta de monitoramento destes ecossistemas, fornece subsídios importantes para uma
análise integrada da qualidade fluvial (RODRIGUES et al., 2012).
O Protocolo de Avaliação Rápida de Rios (PAR) é uma ferramenta desenvolvida
com o objetivo de auxiliar o monitoramento ambiental dos sistemas hídricos encontrados no
mundo, de modo que sejam levantadas informações qualitativas e a partir daí seja realizado
um diagnóstico ambiental do meio em que se encontra o rio (RODRIGUES, 2008). Os
Protocolos de Avaliação Rápida de corpos d’água são ferramentas utilizadas para
caracterizar corpos d’água qualitativamente, ou seja, para estabelecer uma pontuação para o
estado em que o ambiente se encontra (FREITAS et al., 2015). O PAR reúne alguns
procedimentos metodológicos com o objetivo de auxiliar o monitoramento ambiental e
avaliar um conjunto de parâmetros levantados em diferentes pontos da rede hidrográfica
(ZOMBONI, 2019)
O método de avaliação por meio de protocolos diferencia-se de outros por permitir
uma análise geral e por possibilitar a inserção da população no monitoramento dos recursos
hídricos (BERSOT; MENEZES; ANDRADE, 2015). Este método demonstra ser uma
alternativa economicamente viável de monitoramento ambiental que pode ser utilizada por
órgãos ambientais e, indiretamente, pode beneficiar o planejamento territorial, para o qual é
primordial entender como o ambiente reage às alterações antrópicas, bem como suas
potencialidades e limitações. E, em se tratando de uma ferramenta acessível à população em
geral, pode fomentar a governança da água, por meio de uma participação social de forma
ativa (CAMPOS; NUCCI, 2019).
Conhecido por seus atrativos turísticos, a região no Nordeste de Minas Gerais está
conformada por 70 municípios (OLIVEIRA; SAADI, 2013), organizados nas microrregiões
do Alto, Médio e Baixo Jequitinhonha. O Rio Jequitinhonha exerce importância ecológica,
71

social e econômica, além de ser um dos maiores rios do estado de Minas Gerais. Diante do
exposto, o objetivo desse trabalho é a utilização de Protocolo de Avaliação Rápida, como
ferramenta de análise da qualidade ambiental do Rio Jequitinhonha, especificamente na área
que corresponde ao município de Jequitinhonha, Minas Gerais.

2. METODOLOGIA

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

2.1.1 Bacia hidrográfica Rio Jequitinhonha

A bacia hidrográfica do rio Jequitinhonha está localizada no nordeste do Estado de


Minas Gerais e no sudeste da Bahia entre os paralelos 16º e 18°S e os meridianos 39º e
44ºW. Sua área de drenagem total é de 70.315 km² sendo que a maior parte está localizada
no Estado de Minas Gerais (MG), 66.319 km², e uma pequena parte, em sua foz, no Estado
da Bahia (BA), com 3.996 km². Em Minas Gerais, ela corresponde a 11,3% do Estado e
apenas a 0,8% da Bahia. Seu rio principal, e que lhe dá o nome, nasce no município do
Serro - MG (Serra do Espinhaço) a uma altitude aproximada de 1.260m e deságua no
Oceano Atlântico, na costa litorânea do município de Belmonte-BA, depois de percorrer 920
km (IGAM, 2013).
Parte significativa da bacia do Jequitinhonha está sob o clima semiárido,
caracterizado por pouca chuva, altas temperaturas e altas taxas de evaporação com totais
pluviométricos anuais compreendidos entre 600 e mais de 1.600 mm, irregularmente
distribuídos ao longo do ano. As chuvas concentram-se basicamente em seis meses do ano
(outubro a março), sendo o trimestre dezembro/fevereiro responsável por mais de 50% da
precipitação total (IBGE, 1997). O vale do Jequitinhonha abriga em sua população ricas
expressões culturais como a forma de falar, as cantigas das lavadeiras, a musicalidade dos
violeiros e as diversas danças e brincadeiras que ainda persistem na comunidade local
(IEPHA, 2017).
A Bacia hidrográfica do Rio Jequitinhonha foi declarada como monumento natural
através da Constituição Estadual em 1989. O tombamento estadual da Bacia Hidrográfica do
Rio Jequitinhonha e a sua declaração como monumento natural foram instituídos pelo art.
84 dos Atos das Disposições Transitórias da Constituição do Estado de Minas Gerais de
72

1989 (IEPHA, 2017). O Mapa 4 apresenta a localização da bacia hidrográfica do rio


Jequitinhonha com destaque da sua porção no estado de Minas Gerais.

Mapa 4 - Localização da porção mineira da bacia hidrográfica do Jequitinhonha, em Minas


Gerais

Fonte: MENDES SILVA, FERREIRA, 2011.


Ao Norte a bacia do Jequitinhonha se limita com a bacia do rio Pardo, ao sul com a
do rio Doce, ao sudeste com a do rio Mucuri e várias outras bacias independentes
(Sucuruçu, Itanhém, Buranhém e Peruípe). Os principais afluentes mineiros do rio
Jequitinhonha são: Itacambiruçu, Salinas, São Francisco, São Pedro e Vacaria na margem
esquerda, e, Araçuaí, Piauí, Ribeirão São João e São Miguel pela margem direita, sendo
estes representados no Mapa 5.
73

Mapa 5- Principais afluentes do rio Jequitinhonha na porção mineira da bacia

Fonte: MACIEL, 2018.

O Vale do Jequitinhonha é dividido em três microrregiões: Baixo, Médio e Alto


Jequitinhonha (HENRIQUES, 2018). Para efeitos de gerenciamento das águas de seu
domínio o Estado de Minas Gerais dividiu a bacia em 3 unidades de planejamento e gestão
de recursos hídricos (Mapa 6):
● Bacia dos Afluentes Mineiros do Alto Rio Jequitinhonha – Bacia JQ1
● Bacia do rio Araçuaí – Bacia JQ2
● Bacia dos Afluentes Mineiros do Médio e Baixo Rio Jequitinhonha – Bacia
JQ3

Bacia Hidrográfica do Alto Rio Jequitinhonha (JQ1)

O Alto Jequitinhonha, que abrange parte da Comarca do Serro Frio e Demarcação


Diamantina, foi ocupado pelos europeus e seus descendentes a partir do século XVIII
devido à descoberta de ouro e diamante (IGAM, 2013). Com a decadência da mineração
ocorreu a diversificação econômica da região que passou a se dedicar à criação de gado, ao
cultivo de algodão e a agricultura de subsistência. A partir de 1811, a Coroa portuguesa
74

instalou quarteis guarnecidos por Companhias de Dragões ao longo do rio – origem de


vários povoados e cidades (IEPHA, 2017).
A Bacia Hidrográfica do Alto Rio Jequitinhonha situa-se nas mesorregiões do Vale
do Jequitinhonha e Norte de Minas. Abrangendo um total de 10 sedes municipais e
apresentando uma área de drenagem de 19.803 km², a bacia possui uma população estimada
de 100.006 habitantes. O clima na bacia é considerado semi-úmido, com período seco
durando entre quatro e cinco meses por ano, situando-se a disponibilidade hídrica entre 2 e
10 litros por segundo por quilômetro quadrado (IGAM, 2013).

Bacia Hidrográfica do Rio Araçuaí (JQ2)

Bacia Hidrográfica do Rio Araçuaí situa-se na mesorregião do Vale do


Jequitinhonha. Abrangendo um total de 21 sedes municipais e apresentando uma área de
drenagem de 16.273 km², a bacia possui uma população estimada de 290.325 habitantes. O
clima na bacia é considerado semi-úmido, com período seco durando entre quatro e cinco
meses por ano, situando-se a disponibilidade hídrica entre 2 e 10 litros por segundo por
quilômetro quadrado nas partes mais altas e entre 10 e 20 litros por segundo por quilômetro
quadrado nos vales (IGAM, 2013).

Bacia Hidrográfica do Médio e Baixo Rio Jequitinhonha (JQ3)

A Bacia Hidrográfica do Médio e Baixo Rio Jequitinhonha situa-se nas mesorregiões


do Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas, onde estão municípios como Salinas, Araçuaí,
Pedra Azul e Almenara. Abrangendo um total de 29 sedes municipais e apresentando uma
área de drenagem de 29.774 km², a bacia possui uma população estimada de 387.000
habitantes, sendo cerca de 256.000 na zona urbana (66%) e 131.000na zona rural (34%)
(IGAM, 2013). Esta população total corresponde a cerca de 2% da população do Estado de
Minas Gerais.
O clima na bacia é considerado semi-árido, com período seco superior a seis meses
por ano, com exceção da parte leste da bacia, onde o clima é semi-úmido, com período seco
durando ente quatro e cinco meses por ano. A disponibilidade hídrica na bacia situa-se entre
2 e 10 litros por segundo por quilômetro quadrado, com exceção do Vale do Jequitinhonha,
onde se situa abaixo de 2 litros por segundo por quilômetro quadrado (IGAM, 2013).
75

Mapa 6 - Localização das Unidades de Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos


(UPGRHs) do estado de Minas Gerais (MG) situadas na bacia do Jequitinhonha

Fonte: MACIEL, 2018.

No sistema de mapeamento da cobertura vegetal são identificadas para a Bacia JQ3


Formações de Savana (Campo Cerrado e Cerrado), Florestas Ciliares (que podem
corresponder a formações de cerrado, florestas estacionais ou ombrófilas, ecótonos ou
encraves destes), e Florestas Estacionais (Semideciduais e Deciduais) (IGAM, 2013).
Concentram-se no Médio e Baixo Jequitinhonha as regiões consideradas de importância
biológica alta e extrema, especialmente para conservação de aves e da mastofauna (CEMIG;
INTERTECHNE, 2010). Destacam-se as regiões de Bandeira, que apresenta alta riqueza de
espécies de fauna, a Reserva Biológica da Mata Escura, as regiões de Limoeiro e Felisburgo,
com alta riqueza de espécies da fauna ameaçadas de extinção, especialmente primatas, e a
região de Salto da Divisa (CEMIG; INTERTECHNE, 2010).

2.1.2 Município de Jequitinhonha

Entre os anos de 1780 e 1781, José Joaquim da Rocha escreveu sua Geografia


Histórica da Capitania de Minas Gerais, na qual se refere ao Rio Jequitinhonha nos
76

seguintes termos: "O Rio Jequitinhonha, que tem o seu nascimento ao norte das serras de
Santo Antônio e Itambé da Vila do Príncipe, é o tesouro mais precioso destas Minas; não só
o Jequitinhonha, mas todos os mais rios e ribeiros que nele se metem, desde o seu
nascimento" (ROCHA, 1995). O competente cartógrafo referia-se, é claro, aos depósitos de
ouro, diamantes e pedras preciosas explorados no Jequitinhonha, Araçuaí, Piauí e
Itacambiruçu, que motivaram a ocupação inicial do nordeste das Minas Gerais e garantiram,
pelos séculos posteriores, o lugar destacado do rio Jequitinhonha no cenário provincial e
estadual (MARTINS, 2018).
As riquezas e as grandes belezas naturais do rio atraíram, ampla curiosidade sobre o
território por ele banhado. Por isso, em diferentes épocas do período compreendido entre as
primeiras décadas do século XIX e as décadas iniciais do século XX, viajantes estrangeiros
e brasileiros percorreram trechos mais ou menos extensos do Rio Jequitinhonha. Dessas
viagens resultaram narrativas que abordam diversos aspectos do quadro regional -
econômico, social e ambiental - encontrado por esses homens. Entre os que estiveram nas
margens do Médio Jequitinhonha na primeira metade do século XIX, contam-se Auguste de
Saint-Hilaire, Spix & Martius, Johann Emanuel Pohl e John Mawe. Praticamente um século
depois, viajaram pelo mesmo trecho do rio cronistas como Leopoldo Pereira, J. Duarte,
Eduardo Santos Maia e Frei Samuel Tetteroo (MARTINS, 2018).
O Topônimo Jequitinhonha é de origem indígena e significa “rio largo cheio de
peixes”, o lugarejo de origem do atual município foi fundado em 1811, pelo então Alferes
Julião Fernandes Taborda Leão, por ordem da Coroa Portuguesa, para guarnecer o Rio
Jequitinhonha, que se supunha ser diamantífero (PREFEITURA MUNICIPAL, 2022).
A Cidade teve, inicialmente, o nome de Sétima Divisão Militar de São Miguel,
passando a denominar-se, sucessivamente, Freguesia de São Miguel da Sétima Divisão, Vila
de Jequitinhonha e Jequitinhonha. A denominação São Miguel se deve à circunstância de ter
o seu fundador ali chegado no dia dedicado ao Arcanjo São Miguel. Jequitinhonha tornou-se
município em 30 de agosto de 1911 através da Lei Estadual nº 556 (PREFEITURA
MUNICIPAL, 2022).
Os primitivos habitantes foram os índios Botocudos, que se localizavam nas
povoações de Aldeias e Farranchos, distantes de 3 a 36 quilômetros, respectivamente, da
Sede Municipal. Inicialmente, foram construídas 2 casas, uma no lugar denominado Roda e
outra no centro do povoado, instaladas as primeiras fazendas de criação e iniciadas as
lavouras. A localização da Cidade se prendeu a razões de segurança militar e por se achar
77

ali a barra do rio São Miguel, cujo percurso facilitava o local, onde foram encontrados
índios que poderiam ser catequizados (MARTINS, 2008).
Jequitinhonha é uma cidade de Estado do Minas Gerais. Os habitantes se chamam
jequitinhonhenses. O município se estende por 3.514,2 km² e contava com 25.555 habitantes
no último censo (IBGE, 2021). A densidade demográfica é de 7,2 habitantes por km² no
território do município. Vizinho dos municípios de Joaíma, Almenara e Felisburgo,
Jequitinhonha se situa a 43 km a Sul-Oeste de Almenara a maior cidade nos arredores.
Uma das riquezas do município é conhecida como Reserva Biológica da Mata
Escura, localizada na margem esquerda do Rio Jequitinhonha, apresenta consideráveis
remanescentes florestais de Mata Atlântica. O local abriga populações selvagens do mico-
leão-da-cara-dourada e do macaco-prego-do peito-amarelo e de outros animais da fauna
brasileira, como é o caso da onça-parda ou puma e o pássaro borboletinha-baiano. Além de
apresentar rica fauna, a flora destaca-se por agrupamentos de bromélias, que se intercalam
com arvoretas, moitas de ciperáceas e canelas-de-ema, além de orquídeas e bromélias
epífitas. A rara beleza e os altos índices de biodiversidade desse local enaltecem as riquezas
existentes no município (ICMBIO, 2017).

2.1.3 Definição do curso d’água avaliado

O Rio Jequitinhonha exerce importância ecológica, social e econômica. É um dos


maiores rios do estado de Minas Gerais. No município de Jequitinhonha, cidade que
compartilha o nome do rio, é utilizado como forma de laser e subsistência de diversas
famílias. Diante do exposto, o Rio Jequitinhonha foi escolhido para análise da qualidade
ambiental de maneira empírica. Para tanto, sete comunidades foram visitadas na tentativa de
abranger a maior área possível no município. As comunidades são: São Pedro, Sapucaia,
Aurora, Carrapicho Centro, Fazenda Martins e Ilha do Pão (Mapa 7).
78

Mapa 7 - Mapa de localização dos trechos avaliados

Fonte: Google Earth, 2022.

2.1.4 Adequação do Protocolo de Avaliação Rápida

O desenvolvimento metodológico se caracteriza em duas principais etapas,


construção e aplicação do PAR. O protocolo utilizado no presente estudo foi fundamentado
nos estudos da Agência de Proteção Ambiental de Ohio (EPA,1987). Callisto et al., (2002);
Minatti-Ferreira & Beaumord (2006); Rodrigues (2008); Araujo et al., (2020). Dessa
maneira, o Protocolo de Avaliação Rápida (Apêndice 1) contém um cabeçalho de descrição
do ambiente, como localização, hora da coleta, nome do rio, entre outras informações. O
PAR estabelecido possui 23 parâmetros (Quadro 2) com divisões de trechos e a pontuação
correspondente a qualidade do recurso hídrico em análise.
79

Quadro 2 - Categorias e pontuações dos parâmetros analisados


Categorias e pontuações
Parâmetros
Ótima Boa Péssima
1 Ocupação das margens do corpo d’água  10 5 0
2 Depósitos sedimentares no fundo do rio 10 5 0
3 Tipo de substrato 10 5 0
4  Odor do sedimento de fundo 10 5 0
5 Alteração do canal do corpo d'água 10 5 0
6  Erosão 10 5 0
7  Lixo 10 5 0
8  Esgoto doméstico ou industrial 10 5 0
9  Substrato e habitats disponíveis 10 5 0
10 Presença de plantas Aquáticas 10 5 0
11  Presença de mata ciliar 10 5 0
12 Presença da fauna  10 5 0
13  Oleosidade da água 10 5 0
14 Odor da água 10 5 0
15  Transparência da água 10 5 0
16  Características do fluxo das águas 10 5 0
17  Frequência de corredeiras 10 5 0
18 Presença de cianobactérias na água  10 5 0
19 Turbidez da água  10 5 0
20 Presença de materiais flutuantes 10 5 0
21 Alta oferta de peixes 10 5 0
22 Laser 10 5 0
23 Atividade econômica 10 5 0
Fonte: Sales, 2021.

No protocolo proposto por Minatti-Ferreira & Beaumord (2006), os autores optaram


por estabelecer 4 categorias de classificação correspondentes à situação verificada no local
da avaliação. Os autores consideraram para cada categoria uma única nota, independente do
parâmetro sob avaliação, ou seja, para uma situação ótima atribuiu uma nota de 20 para
“ótimo”, para uma situação “boa” nota 15, para “razoável” nota 10 e nota 5 uma situação
“ruim”. Já no estudo de Callisto et al. (2002), 22 parâmetros foram avaliados de maneira
distinta. Enquanto na pontuação dos 10 primeiros as notas 4, 2 e 0 correspondem
respectivamente à uma “situação natural”, “levemente alterada” e “severamente alterada”,
na pontuação dos 12 restantes as notas relativas a cada categoria são diferentes, ou seja, nota
5 para uma “situação natural” e 3, 2 e 0 para situações “levemente” ou “severamente
alteradas”.
80

No protocolo proposto neste trabalho, foram estabelecidas 3 categorias sendo nota 10


para “situação natural”, nota 5 “levemente alterada” e nota 0 “severamente alterada”. As
categorias foram definidas de acordo com a escala Likert (1932) que estabelece uma escala
unificada em que através do mesmo instrumento fosse possível identificar o sentido e a
intensidade da atitude (LUCIAN; DORNELAS, 2015). Essa categoria permite a soma final
para entender em quais condições ambientais os trechos do rio se encontram (Tabela 4).

Tabela 4 - Categorização das condições ambientais do Protocolo de Avaliação Rápida


Categorias/Classes das Condições Faixas de Pontuação
Situação natural 230 a 161 - Acima de 70%
Levemente alterado 162 a 115 (Entre 70 e 50%)
Severamente alterado Abaixo de 114 (menos que 50%)
Fonte: Sales, 2021.

Para cada um dos parâmetros foram atribuídos valores correspondentes à situação


verificada no local de avaliação, variando de uma situação ótima (nota 10) até uma situação
péssima (nota 0), passando pela situação intermediária de boa (nota 5). Ao final do
procedimento os valores foram totalizados. As análises foram realizadas in loco, no mês de
dezembro, marcado na região pelo período de chuva. O PAR foi aplicado em 15 trechos ao
longo do Rio Jequitinhonha.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A aplicação do Protocolo de Avaliação Rápida ao longo dos 15 pontos do Rio


Jequitinhonha revelou aspectos importantes de cunho ambiental, social e econômico, em
específico sobre as comunidades inseridas no decorrer da área avaliada (Quadro 3). A partir
da avaliação dos dados empíricos levantados foi possível perceber as fragilidades e as
potencialidades existentes no gerenciamento do recurso hídrico local.
81

Quadro SEQ Quadro \* ARABIC 3 - Descrição dos trechos avaliados


Quadro 2 - Descrição dos trechos (continuação)

Fonte: Sales, 2022.

Os 23 parâmetros contidos no PAR foram avaliados em cada ponto. Para a avaliação


contou-se com o auxílio das pessoas das comunidades que compartilharam informações
sobre o rio e as percepções individuais. Como são pessoas que usufruem dos serviços
ecossistêmicos disponibilizados pelo Rio Jequitinhonha diretamente, além de conhecer a
biota aquática do local e as influências que elas sofrem se fez primordial tê-los como
parceiros.
De acordo com as análises referente as notas estabelecidas em cada parâmetro do
protocolo, foi possível chegar em uma nota geral para cada trecho avaliado (Tabela 5 -
Pontuação por trecho avaliado). Dessa maneira, percebeu-se que dos 15 pontos examinados 5
encontram-se na classificação ‘situação natural’, são os trechos 4 (São Pedro), 7 (Sapucaia),
10 (Aurora), 12 (Fazenda Martins) e 15 (Ilha do Pão) com notas 170, 165, 175, 175 e 165
respectivamente. Apenas o ponto 6, localizado na comunidade de São Pedro, recebeu
classificação como ‘severamente alterado’ com 85 pontos. Os demais trechos foram
classificados em ‘levemente alterado’.
82

Tabela 5 - Pontuação por trecho avaliado


Pontuação
Pontos analisados
Geral
Trecho 1 Ponte 140
Trecho 2 Carrapicho 130
Trecho 3 Centro 115
Trecho 4 São Pedro 170
Trecho 5 São Pedro 155
Trecho 6 São Pedro 85
Trecho 7 Sapucaia 165
Trecho 8 Sapucaia 145
Trecho 9 Sapucaia 160
Trecho 10 Aurora 175
Trecho 11 Aurora 155
Trecho 12 Fazenda Martins 175
Trecho 13 Ilha do Pão 145
Trecho 14 Ilha do Pão 140
Trecho 15 Ilha do Pão 165
Legenda: Vermelho = severamente alterado; Amarelo = Levemente alterado; Verde = Situação natural.
Fonte: Sales, 2022.

O primeiro trecho avaliado, corresponde a ponte que permite o acesso a Reserva


Biologia Mata Escura, observou-se que há residências em um dos lados das margens do rio.
É comum o plantio de bananeiras e outras espécies frutíferas ao fundo dessas residências. O
tipo de substrato presente se enquadra em lama/areia, o que proporciona o plantio das
espécies que se adequam bem a alta umidade. Outro fator observado é a presença de canoas,
elas são utilizadas em época de seca para a coleta de areia que é comercializada pelos
moradores do local. Em um estudo no Rio Cabuçu-Piraquê, Zona Oeste do Estado do Rio de
Janeiro, foi apontado que as obras de aterros, remoção de areia, contenção e alargamento em
diversos trechos do leito do rio têm desconfigurado as características naturais. Os autores
afirmam que essa situação provavelmente está associada a baixa qualidade da água no local
(GOUVEA; SANTOS, 2021). As ações humanas com intuito de desenvolvimento
econômico resultam em impactos negativos tanto para o funcionamento da natureza quanto
para os seres humanos (BURSZTYN, 2001, p.180).
A comunidade Carrapicho, por estar próxima ao centro da cidade de Jequitinhonha
possui saneamento básico o que não acarreta o despejo direto de esgoto no rio. Nesse ponto
83

avaliado não foi possível perceber manchas oleosas, cianobactérias e materiais flutuantes na
água.
Um fator interessante é que não foi observado a fauna local no momento da
avaliação, mas é provável que o comportamento dela seja noturno segundo relatos dos
moradores locais. Segundo Melo (2007), as condições ambientais que são caracterizadas e
modeladas pela morfologia dos rios e pela sazonalidade resultam em um sistema que
movimenta e influencia a estrutura da comunidade de peixes em períodos de chuva.
Ressalta-se que o momento da aplicação do estudo foi realizado em período chuvoso, o que
vai de encontro com o explicitado pelo autor.
Ainda sobre o ponto 1, é importante sinalizar que em uma das margens do rio há a
Reserva Biológica Mata Escura o que exerce papel fundamental quanto a mata ciliar e a
inexistência de erosão por ser uma área de conservação da biodiversidade. Em 05 de junho
de 2003, Dia Mundial do Meio Ambiente, foi assinado o Decreto s/n.º que criou a Reserva
Biológica da Mata Escura, em área aproximada de 50.890 hectares, “com os objetivos de
133 preservar integralmente os recursos naturais e a diversidade biológica existentes em
seus limites" (BRASIL, 2003). Isso enaltece a riqueza biológica local.
Quanto a coloração e a turbidez da água em todos os pontos avaliados do rio
apresentavam as mesmas características, água com tonalidade marrom. Isso se deve ao
excesso de material suspenso na água na temporada de chuva. Um estudo no rio Siriri, em
Sergipe – Brasil, revelou o aumento de poluentes em época chuvosa advindos de atividades
agrícolas e de esgotos urbanos, sendo que o fator sazonal teve influência direta nos
parâmetros clorofila a temperatura, nitrogênio, fósforo totais e turbidez (CRUZ et al., 2019).
O estudo de Silva et al. (2019), também mostrou que a qualidade da água apresentou
parâmetros mais desconformes com a legislação em época chuvosa no rio Tamanduá, em
Santa Catarina – Brasil.
O trecho 2 apresenta características similares ao trecho 1, isso porque fazem parte da
mesma comunidade, Carrapicho. Um ponto em especial que demonstra divergência entre
eles é a presença de lixo próximo a margem do rio (Figura 4). Outra condição é o
recebimento de água de lagoas localizadas próximas ao rio. Não foi possível, neste
momento, saber a qualidade da água dessas lagoas e se recebem, por exemplo, esgoto. Caso
isso aconteça, de maneira indireta, o rio Jequitinhonha também recebe estes contaminantes.
Embora a área próxima ao rio ainda que não sofra uma interferência antropogênica tão
profunda, pois não há uma intensa ocupação, as intervenções provocadas pelas poucas
famílias instaladas no local, podem interferir e comprometer o equilíbrio do ecossistema
84

local a médio e longo prazo.

Figura 4 - Atividades antrópicas nos trechos 1 e 2

Legenda: A) Areia retirada do rio para comercialização; B) Plantação próxima a margem do rio; C) Lixo
próximo a margem do rio; D) Água de lagoa com sentido ao rio.
Fonte: Sales, 2021.

O trecho 3 é localizado na área central da cidade próximo ao Mercado Municipal e a


Avenida principal da cidade. O local foi, por muito tempo, utilizado para banho e festas
culturais como forma de lazer, atualmente isso não ocorre. Na avaliação foi notório
substrato exposto formando bolsões de água. O local recebe água de chuva pelos
encanamentos distribuídos na cidade. Não possível perceber oleosidade na água, materiais
flutuantes e cianobactérias. Entretanto, o odor da água e do substrato apresentavam cheiro
moderado.
Pode-se compreender que a água apresenta odor devido a diversos fatores, entre eles
presença de compostos orgânicos (fontes antropogênicas), aromáticos (tetracloreto de
carbono, tetracloroetileno), orgânicos originários de fontes biogênicas e constituintes
inorgânicos em concentrações elevadas provocadas por rejeitos domésticos lançados de
forma indiscriminada nos leitos de rios (COSTA; COSTA; MARQUES, 2021). Nesse ponto
o rio segue o percurso natural e é contornado pela Reserva Biológica Mata Escura.
Os trechos 4, 5 e 6 foram avaliados no distrito de São Pedro do Jequitinhonha. Para
chegar à área é necessário atravessar o rio de balsa. No trecho 4, foi sinalizado que não há
lixo, esgoto, manchas de óleo e materiais flutuantes na água. Todavia, para o funcionamento
85

da balsa é utilizado óleo diesel e o vazamento desse resíduo no rio, de maneira recorrente,
pode prejudicar a qualidade ambiental do recurso hídrico. Nesse sentido, Pinheiro e Silva
(2021) citam que a poluição por óleo pode interferir no comportamento dos fatores
ambientais, sociais e econômicos, gerando então impactos que podem ser sentidos de
imediato ou a médio e longo prazo. Não existe sinais de erosão e de alteração no curso
d’água.
A soma referente trecho 5 corresponde a condição de ‘levemente alterado’ com 155
pontos. Nesse trecho observou-se que algumas mulheres utilizam o rio para lavar roupas.
Não há presença de plantas aquáticas e de fauna, apesar dos relatos dos moradores
apontarem para animais de hábito noturno como anfíbios e capivaras.
O trecho 6 foi o único que recebeu como condição ‘altamente alterado’. Ele
corresponde ao encontro do Córrego Tamboril com o Rio Jequitinhonha. No local foi
possível perceber canalizações de esgoto doméstico, erosão e a ausência mata ciliar (Figura
5). A mata ciliar caracteriza-se como vegetação que margeia os corpos hídricos e os
reservatórios de água naturais ou não, sendo essencial a manutenção das fontes de água e da
biodiversidade. Apresentam em sua composição, espécies típicas, resistentes ou tolerantes
ao encharcamento ou excesso de água no solo. Dentre suas inúmeras funções destacam-se:
seu habitat, refúgio e alimento para fauna, atuar como corredores ecológicos, manter o
microclima e qualidade da água e conter os processos erosivos (CHAVES, 2009). Percebeu-
se que o odor da água estava alterado em comparação aos demais pontos avaliados na
comunidade.

Figura 5 - Córrego Tamboril

Legenda: A) Ausência de mata ciliar, erosão; B) encontro o Córrego Tamboril e o Rio Jequitinhonha.
Fonte: Sales, 2021.

Os trechos 7, 8 e 9 foram investigados na Comunidade Sapucaia e receberem


pontuações semelhantes, 165, 145 e 160 respectivamente. As diferenças foram nos
86

parâmetros 4 (odor do sedimento) em que apenas no trecho 7 não apresentava cheiro,


mesmo que nos demais trechos o odor fosse mínimo.
O parâmetro 6 (erosão), foi perceptível apenas no trecho 9, já que para construção do
imóvel e plantações foi necessário retirar a vegetação existente anteriormente. Fato que
também gerou problemas ao morador devido os barrancos cederem. Nesse contexto, Cunha
e Guerra (2011) citam que os processos naturais como a formação do solo, lixiviação,
erosão, deslizamentos, mudanças no comportamento da cobertura vegetal, alterações
hidrológicas, entre outros ocorrem no ambiente natural, sem a necessidade da intervenção
humana. Entretanto, quando o homem modifica estes processos, eles são intensificados de
maneira descontrolada e suas consequências na maioria das vezes trazem sérios prejuízos
para a sociedade.
Não há presença de plantas aquáticas, lixo, oleosidade, cianobactérias e nem
alteração no canal do corpo d’água. A presença de fauna aquática não foi avistada, mas os
moradores relataram a existência dela. Algo notório é a criação de animais domésticos como
galinhas, porcos, cachorros. O parâmetro 22 (lazer) demonstrou a utilização do rio para
banho e para brincar, em especial pelas crianças. O comportamento de utilização do rio
como lazer é algo também citado no trabalho de Santos e colaboradores (2020), o qual se dá
pelo envolvimento das crianças ao brincarem de pular na água.
Os trechos 10 e 11 foram avaliados no acampamento Aurora. As pontuações
estabelecidas caracterizaram o trecho 10 como ‘natural’ e o 11 como ‘levemente alterado’,
com 175 e 155 pontos nessa ordem. As diferenças foram encontradas foram nos parâmetros
11 (presença de mata ciliar), 17 (frequência de corredeiras), 20 (materiais flutuantes) e 22
(lazer).
A retirada da mata ciliar, segundo a moradora, foi para realizar o plantio de espécies
que são comercializados por ela e fonte de renda da família, caso comum nas comunidades
rurais. De acordo com Marin-Morales et al., (2016), os recursos hídricos têm profunda
importância no desenvolvimento de diversas atividades econômicas.
Observou-se que o trecho 11 está em uma área que não tem corredeiras na época
avaliada. Outro fator diferente nesses trechos é a utilização da água para lazer sendo
recorrente no trecho 10, já que parte dos moradores são crianças. Scherer (2010), ao
pesquisar a dinâmica da vida ribeirinha amazonense, afirma que o processo de cheia e
enchente dos rios condiciona tanto os modos de trabalho quanto a utilização dos rios com
fins de lazer, a sazonalidade. Condição que pode ser semelhante em outras comunidades
ribeirinhas no país.
87

O trecho 12 foi avaliado na Fazenda Martins. É um local de produção de peixes em


tanques para serem comercializados. Nesse sentido, não há produção de hortaliças ou
plantações a margem do rio. A água caracteriza-se pelo coração marrom e ausência de
cheiro.
O substrato, como observado nos demais trechos, é arenoso/lama e não apresenta cheiro. Há
a criação de gado no local. De acordo com Zamboni (2019), o excessivo pisoteio animal
pode exercer uma grande pressão ao solo. Quando essa pressão excede a capacidade do solo
em resistir há a alteração em sua estrutura, que muitas vezes se dá de maneira maléfica. A
pressão exercida favorece a reorganização das partículas e dos agregados, aumentando a
densidade do solo e interferindo na macroporosidade, na porosidade de aeração,
consequentemente afetando indiretamente a retenção de água e o desenvolvimento das
plantas, o que traz prejuízos à qualidade do solo (ZAMBONI, 2019).
Segundo o proprietário, a vegetação na margem do rio não é modificada por ele, o
que auxilia no desenvolvimento da mata ciliar no local. Foi relatado também que o caminho
que direciona para a cidade de Almenara há esgoto doméstico e lixo, resíduos gerados pela
cidade de Jequitinhonha. Apesar de não estarem presente no trecho avaliado, tais questões
influenciam a qualidade do recurso hídrico como um todo. Portanto, investigar as causas e
propor soluções é fundamental para a preservação da qualidade do recurso hídrico.
Sobretudo, ouvir as pessoas que estão em contato com o rio frequentemente e que o
conhecem. A utilização do rio como lazer se dá por meio de esportes aquáticos como torneio
de caiaque.
Os trechos 13 e 14 foram analisados na comunidade de pescadores Ilha do Pão
(Figura 6). Em torno do trecho 13, há lagoas que no período chuvoso aumentam de volume
e tem o surgimento de plantas aquáticas. Essas lagoas não foram avaliadas, porém é
importante sinalizar a existência delas para a caracterização das possíveis influências ao
curso d’água. As notas estabelecidas nos parâmetros foram similares em sua maioria.
Apenas apresentou divergência quanto ao lixo, que foi possível perceber no trecho 14 e não
no 13. O que foi ao contrário se tratando do parâmetro 8 (esgoto doméstico), sendo notório
no trecho 13 e não no 14. A atividade econômica para subsistência da família é proveniente
da pesca. Dias Neto e Marrul (2003) declaram que a pesca se caracteriza por ser uma
atividade capaz de absorver mão de obra de baixa ou nenhuma escolaridade, seja de origem
urbana ou rural.
Segundo Da Cunha (2020), embora a atividade pesqueira se configure como uma
prática fundamental para as comunidades, principalmente do ponto de vista econômico, mas
88

também pelas questões sociais, é notória a existência de um vazio de informações sobre o


setor da pesca artesanal. Em virtude de a pesca ser uma atividade extrativista, estudos sobre
a sua dinâmica de execução e sobre os estoques pesqueiros disponíveis (e fatores bióticos e
ambientais associados à disponibilidade destes) são imprescindíveis para o desenvolvimento
e a implantação de ações que possam garantir, em longo prazo, a manutenção desses
estoques e, por consequência, o equilíbrio da economia associada à pesca.
O último trecho avaliado é também na comunidade Ilha do Pão, entretanto, a família
residente não é pescadora. O trecho 15 foi classificado como ‘natural’ como soma de nota
igual a 165 pontos. Nesse ponto foi possível perceber algumas plantas aquáticas, não se sabe
se são provenientes das lagoas do entorno. Já o odor da água não apresentou mau cheiro. O
rio não é utilizado para atividades de lazer e econômica, já que a renda da família é oriunda
da agricultura familiar, e a produção não ocorre nas margens do rio. Observou também a
presença de gado na margem do rio.

Figura 6 - Trechos avaliados na Comunidade Ilha do Pão

Legenda: A) Área de pesca; B) Plantio às margens do rio; C) Presença de gado nas margens do rio.
Fonte: Sales, 2021.

Em suma, alguns pontos foram idênticos na aplicação do PAR nos 15 trechos


avaliados. Entre eles o tipo de substrato (parâmetro 3) e a ausência de cianobactérias
(parâmetro 20). Apesar de grande parte dos moradores dizerem que não há despejo do
esgoto doméstico no rio, a utilização da fossa não é adequada devido a contaminação do
solo e do lençol freático. Souza (2019) aponta que as fossas rudimentares em zona rurais
podem levar à contaminação da água por patogênicos gerais e substâncias orgânicas
diversas e a disseminação de graves doenças a quem utiliza e consome essa água.
O sistema “Fossa rudimentar”, caracteriza-se como um buraco na terra com
profundidade entre 3 e 4 metros, recebe todos os dejetos líquidos e sólidos sem qualquer
tratamento. Estatísticas mostram que 14 milhões de pessoas contaminam o solo e lençol
89

freático com essas fossas rudimentares, isso existe em fazendas, sítios e chácaras (SOUZA,
2019). Muitas pessoas ainda se encontram com esse sistema de saneamento muito precário,
isso acontece por falta de conhecimento, informação, conscientização do sério risco que isso
pode acarretar.
Salienta-se que próximo a cidade de Jequitinhonha há a Usina Hidrelétrica de Irapé.
A UHE de Irapé foi construída no alto curso do Rio Jequitinhonha entre os municípios de
Grão Mogol e Berilo, localizados na porção nordeste de Minas Gerais. Finalizada em 2006,
a UHE Irapé criou um lago de aproximadamente 140 km². Informações oriundas das
declarações dos moradores locais atestam existir um declínio da disponibilidade de pescado
em toda a região, em especial após a construção da UHE Irapé. Por fim é muito importante
que pesquisas sobre impactos decorrentes da implantação de grandes empreendimentos
sejam realizadas, uma vez que, os reflexos são sentidos por muitos anos (AZEVEDO;
GLINFSKOI THÉ, 2018)
Há uma dependência grande das comunidades do rio o que enaltece a importância da
sua conservação e principalmente ações de educação ambiental para que elas possam estar
cientes como as atividades diárias podem impactar o recurso hídrico. O sentimento de
pertencimento é real nesses lugares. A maneira como contam histórias e como dizem sobre
as atividades que desenvolvem é de profunda sensibilidade.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em um contexto de escassez de recursos hídricos em contraste a uma crescente


demanda global por água associado a preocupação dos efeitos rápidos de degradação dos
recursos hídricos (PETRIKOSKI et al.,2016), é fundamental o desenvolvimento de ações
que visem contribuir para a sua gestão eficiente. Sobretudo, tratando-se de um recurso no
qual a sua disponibilidade e qualidade está diretamente atrelada a vida humana, refletindo
em indicadores de condição social, de qualidade de vida e saúde.
A adaptabilidade do PAR permite que características da área sejam avaliadas, em sua
especificidade. Diante do apresentado, sugere-se que mais estudos sejam realizados no rio
Jequitinhonha abarcando toda bacia hidrográfica. Em síntese, a pesquisa desenvolvida é uma
análise preliminar de trechos do rio Jequitinhonha. Observou-se que o método de avaliação
através de protocolos diferencia-se de outros por permitir uma análise mais geral e por
possibilitar a inserção da população no monitoramento dos recursos hídricos.
90

5. REFERÊNCIAS

ARAUJO, Ronnilda & Santos, João & Ghidini, André & Santos, Leandro & Silva, Pedro &
Santos, Larissa. (2020). Diagnóstico da integridade ambiental de trechos de um igarapé por
meio de protocolo de avaliação rápida – Rio Branco, AC. Revista Brasileira de Ciências
da Amazônia. 9. 29. 10.47209/2317-5729.v.9.n.4.p.28-38.

AZEVEDO, Célia Lopes; GLIINFSKOI THÉ, Ana Paula. A lei do mais forte: reflexos
sobre conflitos e os impactos socioambientais a partir da instalação da Usina de Irapé, no rio
Jequitinhonha, MG. Desafio à Democracia, Desenvolvimento e Bens Comuns. VI
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95

APENDICE

Apêndice 1 – Protocolo de Avaliação Rápida aplicado em trechos do Rio Jequitinhonha,


município de Jequitinhonha – Minas Gerais
DESCRIÇÃO DO AMBIENTE
Localização:
Coordenadas:
Data da coleta: Hora da coleta:
Tempo (situação do dia):
Modo de coleta (coletor):
Tipo de ambiente: ( ) Córrego ( ) Rio
Nome do Rio: Ordem do Rio:
Bacia hidrográfica:
Largura média do corpo d’água:
Profundidade média:
Temperatura da água:
Choveu nos últimos 7 dias? ( ) Sim ( ) Não
1: Tipo de ocupação das margens do corpo d’água (principal atividade).
Ótima Boa Ruim
Campo de pastagem/Agricultura/ Residencial/
Vegetação natural
Monocultura/ Reflorestamento Comercial/Industrial/Mineração
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
2: Depósitos sedimentares no fundo do rio.

Alguma evidência de modificação O fundo do rio apresenta muita lama ou


Não se observa acúmulo de lama ou
no fundo, principalmente como areia, cobrindo galhos, troncos, cascalhos
areia no fundo do rio. É possível
aumento de areia ou lama; 5 a 30% (pedras). Não se observa abrigos naturais
visualizar pedras/cascalhos e plantas
do fundo afetado; suave deposição para os animais se esconderem ou
no fundo.
nos remansos. reproduzirem.

Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto


Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
3: Tipo de substrato
Pedras/cascalho Lama/areia Cimento/canalizado
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
4: Odor do sedimento de fundo
Não apresenta cheiro. Odor moderado. Esgoto/ovo podre. Odor forte. Óleo/industrial
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto

5: Alteração do canal do corpo d'água.


96

Ausente ou mínima presença de Presença de alguma canalização, em Margens revestidas com cimento e cerca de
canalizações e dragagens. O curso geral em área de apoio de pontes ou 80% do curso d'água encontra-se
d'água segue com padrão natural. canalizações antigas. canalizado.

Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto


Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
6: Erosão.
Os barrancos dos rios, nas duas margens,
Não existe desmoronamento ou Apenas um dos barrancos do rio
estão desmoronando. Há muitos
deslizamento dos barrancos do rio. está desmoronando.
deslizamentos.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
7: Lixo.
Há pouco lixo doméstico no fundo
Não há lixo no fundo ou nas margens ou nas margens do rio (papel, Há muito lixo no fundo ou nas margens do
do rio. garrafas pet, plásticos, latinhas de rio.
alumínio etc.).
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
8: Esgoto doméstico ou industrial.
Existem canalizações de esgoto Existem canalizações de esgoto doméstico e
Não se observam canalizações de
doméstico ou industrial em alguns industrial em um longo trecho do rio ou em
esgoto doméstico ou industrial.
trechos do rio. vários trechos.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
9: Substrato e/ou habitats disponíveis.
Substratos favoráveis à colonização Trechos com substratos favoráveis a
da epifauna e abrigo para insetos epifauna. Presença de troncos ou
Não há presença de cascalhos, seixos ou
aquáticos, anfíbios ou peixes. galhos próximo à água, mas que
vegetação aquática.
Presença de galhos, margens ainda não fazem parte do substrato
escavacadas e seixos. do rio.

Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto


Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto

10: Presença de plantas Aquáticas.


Macrófitas aquáticas ou algas Ausência de vegetação aquática no leito do
Pequenas macrófitas aquáticas e/ou filamentosas ou musgos distribuídos rio ou grandes bancos macrófitas (p.ex.
musgos distribuídos pelo leito. no rio. aguapé).
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
11: Presença de mata ciliar.
97

Entre 70 e 90% com vegetação


Acima de 90% com vegetação ripária
ripária nativa arbórea ou arbustiva;
nativa, incluindo árvores, arbustos ou Menos de 50% da mata ciliar nativa;
desflorestamento evidente, mas não
macrófitas; mínima evidência de desflorestamento muito acentuado ou
afetando o desenvolvimento da
desflorestamento; todas as plantas ausência de mata ciliar.
vegetação; maioria das plantas
atingindo a altura “normal”.
atingindo a altura “normal”
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
12: Presença da fauna.

Observam-se apenas alguns peixes,


Observam-se com facilidade peixes, Não se observa peixes, anfíbios (sapos, rãs
anfíbios (sapos, rãs ou pererecas) ou
anfíbios (sapos, rãs ou pererecas) ou ou pererecas) ou insetos aquáticos no trecho
insetos aquáticos no trecho
insetos aquáticos no trecho avaliado. avaliado.
avaliado.

Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto


Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
13: Oleosidade da água.
Não se observa manchas de óleo na Moderada. Presença de algumas Abundante. Observam-se muitas manchas
superfície d’água manchas de oleosidade espalhadas. de óleo na água.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
14: Odor da água.
Odor moderado de esgoto (ovo Odor forte de esgoto (ovo podre) ou
Não tem cheiro podre) ou industrial industrial
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto

15: Transparência da água.


Transparente Turva/cor de chá-forte Opaca ou colorida
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
16: Características do fluxo das águas.

Fluxo relativamente igual em toda a Lâmina d’água acima de 75% do


Lâmina d’água escassa e presente apenas
largura do rio; mínima quantidade de canal do rio; ou menos de 25% do
nos remansos.
substrato exposta. substrato exposto

Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto


Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
17: Frequência de corredeiras.

Ocorrência de corredeiras, mas não Raras ou nenhuma ocorrência de


Ocorrem frequentes corredeiras.
há condições favoráveis à presença corredeiras. Na maior parte do trecho a água
Presença de pequenos poços.
de habitats como poços. encontra-se parada em poços.

Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto


98

Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto


Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
18: Presença de cianobactétias na água (algas com coloração verde-azulada).

Observa-se pequenas manchas Presença excessiva de algas no curso d'água.


Não é possível perceber.
verde-azulada nas margens do rio. Alteração do cheiro e do sabor da água.

Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto


Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
19: Turbidez da água.
Água escura opaca, voltada para a cor
Ausência de matéria em suspensão na marrom ou marrom avermelhada. Presença
Água amarelada turva.
água. Água clara, quase transparente. de matéria em suspensão na água, como
argila, silte ou substâncias orgânicas
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto

20: Presença de materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais.


Presença de materiais flutuantes em Presença de materiais flutuantes em grande
Ausentes.
pouca quantidade. quantidade.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
21: Houve aumento de peixes no último ano?
Aumento significativo Não apresentou aumento. Tem diminuído.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
22: O rio é utilizado como forma de laser?
Às vezes. Em determinadas épocas
Sim. Em hipótese alguma.
do ano.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
23: O rio é utilizado para alguma atividade econômica (pesca, extração de areia, lavagem de roupas etc.)?
Às vezes. Em determinadas épocas
Em hipótese alguma. Sim.
do ano.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Fonte: Sales, 2021.
99

CAPÍTULO 4 – PRODUTO TÉCNICO, PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO RÁPIDA


PARA ANÁLISE DA QUALIDADE DE RIOS

1. PRODUTO TÉCNICO

Segundo o Manual da Capes para produção de produtos técnicos como parte


fundamental da estrutura da dissertação referente ao Mestrado Profissional, foi necessário o
desenvolvimento de um para compor o trabalho desenvolvido. Desse modo, foi elaborado na
categoria Manual/Protocolo estabelecida pela Capes o Protocolo de Avaliação Rápida como
ferramenta de análise empírica para a qualidade dos rios.

1.1 PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO RÁPIDA

Os Protocolos de Avaliação Rápida de Rios são ferramentas que proporcionam


análises qualitativas de rios e dos ecossistemas que estejam inseridos. São compostos por
check lists que avaliam determinados parâmetros e permitem obter uma pontuação do estado
de conservação em que os rios se encontram (BIZZO; MENEZES; ANDRADE; 2014).
A avaliação de rios através dos PARs é um exame das condições do corpo d’água
através da observação, in situ, de uma lista de parâmetros físicos e biológicos pré-definidos.
Após um treinamento prévio, os avaliadores vão a campo, e os PAR adaptado às condições
locais, são aplicados sem a utilização de aparato tecnológico. As pontuações atribuídas a
cada um dos parâmetros avaliados indicam o estado de saúde do sistema. Notas maiores
refletem um estado de conservação, enquanto notas menores indicam que existe um estado
de degradação severa (FERREIRA, 2016).
Os PARs permitem avaliar os níveis de impactos em trechos de rios e constituem
uma importante ferramenta nos programas de monitoramento ambiental (CALLISTO et al.,
2001). Estes protocolos avaliam a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas aquáticos
contribuindo com o manejo e a conservação, tendo como base parâmetros de fácil
entendimento e de utilização simplificada (CALLISTO et al., 2002). Essa avaliação consiste
em uma inspeção visual do ambiente que substitui ou que agrega indicadores aos resultados
das tradicionais análises físico-químicas e bacteriológicas de qualidade da água.
100

1.2 DESCRIÇÃO DA FINALIDADE

Os protocolos de avaliação rápida permitem o envolvimento da comunidade local em


sua aplicação, é simples e não é necessário investimento financeiro para sua utilização, o
que permite autonomia e planejamento comunitário. O PAR pode ser adaptado a qualquer
ambiente lótico, porém deve-se analisar as informações coletadas de maneira cuidadosa para
não gerar informação incoerente ao ambiente estudado.

2. MATERIAIS

Prancheta, lápis, caneta, borracha, boné, protetor solar, capa de chuva, tênis de
segurança, aparelho GPS, garrafa de água e o protocolo impresso ou em formato digital, por
exemplo em tablet.

2.1 PROCEDIMENTOS PARA APLICAÇÃO DO PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO RÁPIDA

a) Escolha do rio a ser trabalhado;


b) Levanatamento, quando possível, das características geológicas, litológicas,
morfopedológicas, hidrográficas, climatológicas e fitofisionômicas;
c) Organização dos materiais necessários para aplicação do PAR, como caneta
ou lápis, prancheta, boné, garrafinha de água e o protocolo impresso ou
digital;
d) Escolha dos trechos do rio para serem trabalhados;
e) Coleta de coordenadas geográficas. Para isso, pode ser utilizado o Utilize o
Aplicativo SurveyCam para pegar as coordenadas dos trechos trabalhados.
Deve-se habilitar no celular a função e tirar uma foto;
f) Preenchimento do cabeçalho de descrição do ambiente;
g) Observação cuidadosa do rio e preenchimento do protocolo;
h) Atribuição de notas referente a cada parâmetro. Ao ler cada parâmetro o
avaliador devera inserir a nota correspondente;
i) Ao final realize a soma das pontuações indicadas em cada parâmetro e
identifique qual o estado de qualidade do rio que foi escolhido. No protocolo
proposto neste trabalho, foram estabelecidas 3 categorias sendo nota 10 para
101

“situação natural”, nota 5 “levemente alterada” e nota 0 “severamente


alterada”.

Quadro 1 – Protocolo de Avaliação Rápida

DESCRIÇÃO DO AMBIENTE
Localização:
Coordenadas:
Data da coleta: Hora da coleta:
Tempo (situação do dia)
Modo de coleta (coletor):
Tipo de ambiente: ( ) Córrego ( ) Rio
Nome do Rio: Ordem do Rio:
Largura média do corpo d’água:
Profundidade média:
Temperatura da água:
Choveu nos últimos 7 dias? ( ) Sim ( ) Não
1: Tipo de ocupação das margens do corpo d’água (principal atividade).
Ótima Boa Ruim
Campo de pastagem/Agricultura/
Vegetação natural Residencial/ Comercial/ Industrial
Monocultura/ Reflorestamento
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
2: Depósitos sedimentares no fundo do rio.
Alguma evidência de modificação no O fundo do rio apresenta muita lama ou
Não se observa acúmulo de lama ou
fundo, principalmente como aumento areia, cobrindo galhos, troncos, cascalhos
areia no fundo do rio. É possível
de areia ou lama; 5 a 30% do fundo (pedras). Não se observa abrigos naturais
visualizar pedras/cascalhos e plantas no
afetado; suave deposição nos para os animais se esconderem ou
fundo.
remansos. reproduzirem.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
3: Tipo de substrato
Pedras/cascalho Lama/areia Cimento/canalizado
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
4: Alteração do canal do corpo d'água.
Ausente ou mínima presença de Presença de alguma canalização, em
Margens revestidas com cimento e cerca de
canalizações e dragagens. O curso geral em área de apoio de pontes ou
80% do curso d'água encontra-se canalizado.
d'água segue com padrão natural. canalizações antigas.
Trecho 1: ( ) 10 pontos () 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos () 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos () 5 pontos ( ) 0 ponto
5: Erosão.
Não existe desmoronamento ou Apenas um dos barrancos do rio está Os barrancos dos rios, nas duas margens,
deslizamento dos barrancos do rio. desmoronando. estão desmoronando. Há muitos
102

deslizamentos.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
6: Lixo.
Há pouco lixo doméstico no fundo ou
Não há lixo no fundo ou nas margens Há muito lixo no fundo ou nas margens do
nas margens do rio (papel, garrafas pet,
do rio. rio.
plásticos, latinhas de alumínio etc.).
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
7: Esgoto doméstico ou industrial.
Existem canalizações de esgoto Existem canalizações de esgoto doméstico e
Não se observam canalizações de
doméstico ou industrial em alguns industrial em um longo trecho do rio ou em
esgoto doméstico ou industrial.
trechos do rio. vários trechos.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
8: Substrato e/ou habitats disponíveis.
Substratos favoráveis à colonização da
Trechos com substratos favoráveis a
epifauna e abrigo para insetos
epifauna. Presença de troncos ou Não há presença de cascalhos, seixos ou
aquáticos, anfíbios ou peixes. Presença
galhos próximo à água, mas que ainda vegetação aquática.
de galhos, margens escavacadas e
não fazem parte do substrato do rio.
seixos.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
9: Presença de plantas Aquáticas.
Macrófitas aquáticas ou algas Ausência de vegetação aquática no leito do
Pequenas macrófitas aquáticas e/ou filamentosas ou musgos distribuídos no rio ou grandes bancos macrófitas (p.ex.
musgos distribuídos pelo leito. rio. aguapé).
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
10: Presença de mata ciliar.
Entre 70 e 90% com vegetação ripária
Acima de 90% com vegetação ripária
nativa arbórea ou arbustiva;
nativa, incluindo árvores, arbustos ou Menos de 50% da mata ciliar nativa;
desflorestamento evidente, mas não
macrófitas; mínima evidência de desflorestamento muito acentuado ou
afetando o desenvolvimento da
desflorestamento; todas as plantas ausência de mata ciliar.
vegetação; maioria das plantas
atingindo a altura “normal”.
atingindo a altura “normal”
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
11: Presença da fauna.
Observam-se com facilidade peixes, Observam-se apenas alguns peixes, Não se observa peixes, anfíbios (sapos, rãs
anfíbios (sapos, rãs ou pererecas) ou anfíbios (sapos, rãs ou pererecas) ou ou pererecas) ou insetos aquáticos no trecho
insetos aquáticos no trecho avaliado. insetos aquáticos no trecho avaliado. avaliado.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
12: Oleosidade da água.
103

Não se observa manchas de óleo na Moderada. Presença de algumas Abundante. Observam-se muitas manchas de
superfície d’água manchas de oleosidade espalhadas. óleo na água.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
13: Odor da água.
Odor moderado de esgoto (ovo podre) Odor forte de esgoto (ovo podre) ou
Não tem cheiro ou industrial industrial
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
14: Transparência da água.
Transparente Turva/cor de chá-forte Opaca ou colorida
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
15: Características do fluxo das águas.
Fluxo relativamente igual em toda a Lâmina d’água acima de 75% do canal
Lâmina d’água escassa e presente apenas
largura do rio; mínima quantidade de do rio; ou menos de 25% do substrato
nos remansos.
substrato exposta. exposto
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
16: Frequência de corredeiras.
Ocorrência de corredeiras, mas não há Raras ou nenhuma ocorrência de corredeiras.
Ocorrem frequentes corredeiras.
condições favoráveis à presença de Na maior parte do trecho a água encontra-se
Presença de pequenos poços.
habitats como poços. parada em poços.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
17: Presença de cianobactétias na água (algas com coloração verde-azulada).
Observa-se pequenas manchas verde- Presença excessiva de algas no curso d'água.
Não é possível perceber.
azulada nas margens do rio. Alteração do cheiro e do sabor da água.

Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto


Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
18: Turbidez da água.

Água escura opaca, voltada para a cor


Ausência de matéria em suspensão na marrom ou marrom avermelhada. Presença
Água amarelada turva.
água. Água clara, quase transparente. de matéria em suspensão na água, como
argila, silte ou substâncias orgânicas

Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto


Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
19: Presença de materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais.
Presença de materiais flutuantes em Presença de materiais flutuantes em grande
Vitualmente ausentes.
pouca quantidade. quantidade.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
104

Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto


20: Houve aumento de assoreamento no substrato e margens no rio nos últimos 5 anos?
Houve pouco aumento de lama e areia Houve aumento significativo de lama e areia
Não houve mudanças.
no substrato e nas margens. no substrato e nas margens.
Trecho 1: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 2: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Trecho 3: ( ) 10 pontos ( ) 5 pontos ( ) 0 ponto
Fonte: Sales, 2021.

Após o preenchimento dos parâmetros existente no Protocolo de Avaliação Rápida


deve ser realizada a soma da nota atribuída em cada um deles. Ao final deve-se utilizar o
Quadro 2 para entender a condição do curso d’água avaliado.

Quadro 2 – Categoria de pontuações


Categorias e pontuações
Parâmetros
Ótima Boa Péssima
1 Ocupação das margens do corpo d’água  10 5 0
2 Depósitos sedimentares no fundo do rio 10 5 0
3 Tipo de substrato 10 5 0
4  Alteração do canal do corpo d'água 10 5 0
5  Erosão 10 5 0
6  Lixo 10 5 0
7  Esgoto doméstico ou industrial 10 5 0
8  Substrato e habitats disponíveis 10 5 0
9 Presença de plantas Aquáticas 10 5 0
10  Presença de mata ciliar 10 5 0
11 Presença da fauna  10 5 0
12  Oleosidade da água 10 5 0
13 Odor da água 10 5 0
14  Transparência da água 10 5 0
15  Características do fluxo das águas 10 5 0
16  Frequência de corredeiras 10 5 0
17 Presença de cianobactérias na água  10 5 0
18 Turbidez da água  10 5 0
105

19 Presença de materiais flutuantes 10 5 0


20 Aumento do assoreamento 10 5 0
Fonte: Sales, 2021.

3. ORIENTAÇÕES GERAIS

a) O protocolo pode ser aplicado em qualquer época do ano, porém sugere-se


que seja na temporada de chuva e de seca para ter dados de comparação;
b) Pode-se utilizar o PAR quantas vezes forem necessárias;
c) Sugere-se a utilização do PAR como atividade de educação ambiental e
envolvimento comunitário;
d) Aconselha-se que os dados coletados sejam divulgados para as comunidades
envolvidas, órgãos públicos e associação de bairros;
Ressalta-se que para análises mais profundas análises químicas e bacteriológicas
sejam realizadas.
PA

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A urbanização, o crescimento populacional desordenado, a má utilização dos


recursos naturais, o consumismo, o descarte de maneira irregular de lixo, o uso
exacerbado de agrotóxicos, entre tantos outros fatores têm impactado o meio ambiente e
a qualidade ambiental. É sabido isso baseado em diversos estudos que são realizados
além de ser possível observar as alterações no ciclo natural da chuva e no aquecimento
global.
A utilização de ferramentas para análise da qualidade ambiental é fundamental
para uma visão holística dos recursos hídricos. Em especial, ferramentas que permitam o
envolvimento comunitário. O Protocolo de Avaliação Rápida é uma metodologia
economicamente viável que proporciona uma análise empírica do curso d’água avaliado
e possibilita o envolvimento da comunidade agindo também como ferramenta de
Educação Ambiental.
Observa-se que para uma gestão de qualidade deve-se ter o envolvimento da
comunidade local, organizações não governamentais e das instituições públicas e
privadas. A gestão dos recursos hídricos de maneira efetiva requer o desenvolvimento
de processos que instaure a população como agente participante. É importante que as
comunidades envolvidas participem das tomadas de decisões, sejam propositoras de
soluções e que se enxerguem como parte do processo que auxiliam na qualidade e
preservação ambiental. Além disso, cabe ressaltar que o ser humano é parte do
ecossistema em que vive e que as atitudes relacionadas ao seu comportamento refletirão
ao longo do tempo.
As bacias hidrográficas, exercem papel fundamental na gestão dos recursos
hídricos, entretanto deve-se buscar ainda mais o envolvimento participativo das
comunidades locais. Essa gestão contribui com a qualidade ambiental, com a qualidade
de vida da população e também com a manutenção das mais variadas formas de vida
presentes no planeta. Zamboni (2019), diz que cada território possui uma identidade
regional construída a partir das características naturais e dos processos humanos
implantados no decorrer do tempo histórico. Essas características naturais e as
construídas pelos homens são a essência que molda a paisagem de uma bacia
hidrográfica que é determinante na influência da região onde se localiza.
PA

Nessa ótica, os Protocolos de Avaliação Rápida aparecem como ferramentas


viáveis ao monitoramento hídrico e ao envolvimento participativo. Tal metodologia
pode contribuir para a gestão dos recursos hídricos, para os comitês de bacias
hidrográficas, para comunidades que utilizam o curso d’água diretamente e para ações
de educação ambiental. A implementação de programas de gerenciamento do meio
ambiente através de métodos que possuem uma linguagem acessível à população, pode
promover o envolvimento desta com as questões ambientais e, paulatinamente, um
maior interesse dessa comunidade na conservação dos recursos que a cerca
(RODRIGUES, 2008).
A partir das diferenças existentes nos cursos d’águas avaliadas nessa pesquisa foi
possível evidenciar a adaptabilidade e facilidade na utilização do PAR como método de
avalição rápida. Além de ser, como apontado anteriormente, sem custo econômico.
Sendo também adotado como instrumento rápido e ferramenta de avaliação ambiental
preliminar de uma bacia hidrográfica para fins de avaliação e manejo.
Recomenda-se o levantamento de possíveis aspectos que influenciam no rio
avaliado, como características geológicas, litológicas, morfopedológicas, hidrográficas,
climatológicas e fitofisionômicas. Quando houver participação da comunidade é
importante que os parâmetros existentes no PAR sejam apresentados e um treinamento
para aplicação realizado. Além disso, sugere-se que os resultados sejam discutidos em
conjunto com os participantes e os resultados sejam apresentados para os envolvidos.
Sugere-se também que análises químicas e bacteriológicas sejam feitas para que sejam
completares ao Protocolo de Avaliação Rápida e que reflitam o verdadeiro estado dos
recursos hídricos avaliados.
PA

REFERÊNCIAS

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https://www.icmbio.gov.br/cepsul/images/stories/legislacao/Resolucao/2005/
res_conama_357_2005_classificacao_corpos_agua_rtfcda_altrd_res_393_2007_397_20
08_410_2009_430_2011.pdf. Acesso em: 05 de janeiro de 2022.

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