Você está na página 1de 116

AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA E O SANEAMENTO AMBIENTAL NA

REGIÃO HIDROGRÁFICA DA BAÍA DE GUANABARA: ANÁLISE E VALIDAÇÃO DE


FATORES CRÍTICOS DE DECISÃO

Nícolas Assumpção Leite Brito

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de


Engenharia Ambiental da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título de
Engenheiro.

Orientadoras: Monica Pertel


Heliana Vilela de Oliveira Silva

Rio de Janeiro

Junho de 2021
AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA E O SANEAMENTO AMBIENTAL NA
REGIÃO HIDROGRÁFICA DA BAÍA DE GUANABARA: ANÁLISE E VALIDAÇÃO DE
FATORES CRÍTICOS DE DECISÃO

Nícolas Assumpção Leite Brito

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE


ENGENHARIA AMBIENTAL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A
OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO AMBIENTAL.

Examinada por:
________________________________________
Profª. Monica Pertel, D.Sc.

________________________________________
Heliana Vilela de Oliveira Silva, D.Sc.

________________________________________
Prof. Emilio Lèbre La Rovere, D.Sc.

________________________________________
Profª. Maria do Rosário Partidário, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

JUNHO DE 2021
Brito, Nícolas Assumpção Leite
Avaliação Ambiental Estratégica e o Saneamento Ambiental
na Região Hidrográfica da Baía de Guanabara: análise e
validação de Fatores Críticos de Decisão / Nícolas Assumpção
Leite Brito. - Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2021.
XIV, 102 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadoras: Monica Pertel e Heliana Vilela de Oliveira
Silva.
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de
Engenharia Ambiental, 2021.
Referências Bibliográficas: p. 86-94
1. Avaliação Ambiental Estratégica 2. Saneamento
Ambiental 3. Região Hidrográfica da Baía de Guanabara 4.
Fatores Crítico de Decisão.
I. Pertel, Monica et al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Escola Politécnica, Curso de Engenharia Ambiental. III.
Avaliação Ambiental Estratégica e o Saneamento Ambiental na
Região Hidrográfica da Baía de Guanabara: análise e validação
de Fatores Críticos de Decisão.

iii
Agradecimentos
Agradeço imensamente à minha família por todo suporte e incentivo que me deu nas minhas
escolhas, em especial à minha mãe, sempre comigo, me educando para ser um indivíduo do bem,
sempre disposto a ajudar a quem precise.

Aos meus amigos me faltam palavras para agradecer todo o companheirismo que me deram e
maravilhosos momentos juntos que tivemos durante a faculdade, tanto nas incríveis viagens que
fizemos quanto nas longas horas de trabalhos em grupo.

Às minhas orientadoras, Monica e Heliana, sou grato por acreditarem em mim e por sempre me
retornarem rápido em meio às dificuldades impostas nesses tempos tão tristes e conturbados da
pandemia de Covid-19. Muito obrigado pelas reuniões, dicas, conselhos e correções!

A toda equipe do Drhima, professores e demais funcionários, obrigado pela convivência sempre
muito agradável no departamento, projetos desafiadores e aulas enriquecedoras que a Engenharia
Ambiental trouxe à minha vida.

Aos meus colegas da Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade de


Niterói, sou grato por nossa troca de experiências, conversas sempre interessantes e trabalhos
desenvolvidos para o bem-estar de nosso Município.

Não posso deixar de fazer um agradecimento super especial àqueles que foram fundamentais para
sanar todas as minhas dúvidas de escrita, estruturação e inseguranças nesse TCC: Marianna Ottoni,
apesar de super ocupada com suas 1001 tarefas, esteve sempre disponível para conversar comigo
a qualquer momento e me ajudar a ter confiança no meu trabalho, em meio a tantas ideias que lhe
mostrei; Mariana Nunes, me deu o melhor passo a passo do mundo para fazer um bom trabalho,
sem contar a sua igual disponibilidade para o que eu precisasse; e Wagner, desde nossas idas e
vindas pela Ponte Rio-Niterói, sempre esteve disposto a me ajudar nas dúvidas que tive pelos
softwares que cruzaram a minha vida.

Um muito obrigado a todos vocês!

iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Ambiental.

Avaliação Ambiental Estratégica e o Saneamento Ambiental na Região Hidrográfica da Baía de


Guanabara: análise e validação de Fatores Críticos de Decisão

Nícolas Assumpção Leite Brito

Junho/2021

Orientadoras: Monica Pertel e Heliana Vilela de Oliveira Silva

Curso: Engenharia Ambiental

Este trabalho trouxe para discussão o recorte territorial da Região Hidrográfica da Baía de
Guanabara (RHBG), alvo de programas de saneamento cujos objetivos não foram amplamente
atingidos. Ao reforçar a importância da avaliação ambiental atrelada a políticas públicas, a AAE
(Avaliação Ambiental Estratégica), para o alcance de resultados eficientes e sustentáveis,
considerou-se oportuno seu uso para novos programas. Assim, foi proposta uma metodologia para
análise de Fatores Críticos de Decisão (FCD), questões-chave que determinam o rumo da
avaliação. Nela, são utilizados indicadores associados a critérios de análise que geram um número
qualificando cada FCD por suas adversidades no grau de criticidade. Esse valor, em percentual, foi
dividido em quatro faixas de classificação: baixo, moderado, alto e muito alto. Ao elencar a
Qualidade dos Serviços de Saneamento Ambiental e a Qualidade das Águas como FCD da região,
pôde-se encontrar distintas classificações. O primeiro, calculado em 50,7%, indicou criticidade
alta, demandando reflexão e cautela para a tomada de decisão. Já o segundo, com 80,6%, revelou
criticidade muito alta, faixa mais crítica, havendo maior complexidade para solucionar os
problemas que demandam políticas públicas. A junção desses valores no grau de criticidade total
permitiu obter 70,6% de criticidade para toda a AAE, servindo de alerta e justificativa quanto à
necessidade da adoção de medidas estratégicas para a despoluição dos recursos hídricos da RHBG.
Pode-se concluir com a metodologia proposta que, mesmo após dois programas de saneamento, o
entorno da Baía de Guanabara ainda é crítico quanto à demanda por novas ações para recuperar
seus espelhos d`água. Assim sendo, o resultado encontrado e o histórico dos programas anteriores
validam a possibilidade de aplicar a AAE a novas rodadas de programação do saneamento na
RHBG.

Palavras-chave: Avaliação Ambiental Estratégica, Saneamento Ambiental, Região Hidrográfica


da Baía de Guanabara, Fatores Crítico de Decisão.

v
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Engineer.

Strategic Environmental Assessment and Environmental Sanitation in the Guanabara Bay


Hydrographic Region: analysis and validation of Critical Decision Factors

Nícolas Assumpção Leite Brito

June/2021

Advisors: Monica Pertel and Heliana Vilela de Oliveira Silva

Course: Environmental Engineering

This work brought to discussion the territorial cut of the Guanabara Bay Hydrographic Region
(RHBG), target of sanitation programs whose objectives were not widely achieved. By reinforcing
the importance of environmental assessment linked to public policies, the AAE (Strategic
Environmental Assessment), to achieve efficient and sustainable results, it was considered
opportune to use it for new programs. Thus, a methodology for the analysis of Critical Decision
Factors (FCD), key issues that determine the direction of the evaluation, was proposed. In it,
indicators associated with analysis criteria are used, which generate a number qualifying each FCD
for its adversities in the degree of criticality. This value, as a percentage, was divided into four
classification ranges: low, moderate, high and very high. By listing the Quality of Environmental
Sanitation Services and Water Quality as FCD in the region, different classifications could be
found. The first, calculated at 50.7%, indicated high criticality, demanding reflection and caution
in decision-making. The second, with 80.6%, revealed very high criticality, the most critical range,
with greater complexity to solve the problems that demand public policies. The combination of
these values in the degree of total criticality allowed obtaining 70.6% of criticality for the entire
AAE, serving as a warning and justification for the need to adopt strategic measures to clean up
the water resources of the RHBG. It can be concluded with the proposed methodology that, even
after two sanitation programs, the surroundings of Guanabara Bay are still critical regarding the
demand for new actions to recover its water bodies. Therefore, the result found and the history of
previous programs validate the possibility of applying AAE to new rounds of sanitation
programming at RHBG.

Keywords: Strategic Environmental Assessment, Environmental Sanitation, Guanabara Bay


Hydrographic Region, Critical Decision Factors.

vi
Sumário
1. Introdução .......................................................................................................................... 1

2. Objetivos ............................................................................................................................ 3

2.1. Objetivo geral ............................................................................................................... 3


2.2. Objetivos específicos .................................................................................................... 3
3. Justificativa ........................................................................................................................ 3

4. Revisão bibliográfica.......................................................................................................... 4

4.1. Planejamento ambiental ................................................................................................ 4


4.2. Avaliação de Impacto Ambiental .................................................................................. 4
4.3. Avaliação Ambiental Estratégica .................................................................................. 6
4.3.1. Contextualização ................................................................................................... 6
4.3.2. Objetivos e Importância ......................................................................................... 9
4.3.3. Critérios à boa prática .......................................................................................... 10
4.3.4. Aspectos positivos e restrições ............................................................................. 13
4.3.5. Semelhanças, diferenças e complementariedades entre AIA e AAE ..................... 16
4.3.6. Abordagens metodológicas .................................................................................. 18
4.3.7. Etapas de uma AAE ............................................................................................. 21
4.3.8. AAE no Brasil ..................................................................................................... 23
4.3.9. Experiências práticas no setor de saneamento ...................................................... 26
4.4. Saneamento Ambiental ............................................................................................... 28
4.4.1. Cenário brasileiro ................................................................................................ 28
4.4.2. Fatores que propiciam o uso da AAE ................................................................... 29
5. Área de estudo.................................................................................................................. 30

5.1. Aspectos gerais ........................................................................................................... 31


5.2. Programas de saneamento implementados................................................................... 35
5.2.1. Programa de Despoluição da Baía de Guanabara.................................................. 36
5.2.2. Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía de
Guanabara.......................................................................................................................... 37
5.3. Uso da AAE para o estudo de caso .............................................................................. 39
6. Metodologia ...................................................................................................................... 40

vii
6.1. AAE no estudo de caso ............................................................................................... 42
6.2. Proposta de ferramenta para etapa dos FCD em AAE de base estratégica .................... 42
6.3. Aplicação da ferramenta ............................................................................................. 47
6.3.1. FCD 1 – Qualidade dos Serviços de Saneamento Ambiental ................................ 47
6.3.1.1. Critérios e indicadores .................................................................................. 47
6.3.1.2. Subindicadores ............................................................................................. 50
6.3.2. FCD 2 – Qualidade das Águas ............................................................................. 50
6.3.2.1. Critérios e indicadores .................................................................................. 50
6.3.2.2. Subindicadores ............................................................................................. 58
6.3.3. Grau de criticidade total ....................................................................................... 59
7. Resultados ........................................................................................................................ 60

7.1. FCD 1 – Qualidade dos Serviços de Saneamento Ambiental ....................................... 60


7.1.1. Análise dos dados primários ................................................................................ 60
7.1.2. Aplicação da ferramenta ...................................................................................... 68
7.2. FCD 2 – Qualidade das Águas .................................................................................... 71
7.2.1. Análise dos dados primários ................................................................................ 71
7.2.2. Aplicação da ferramenta ...................................................................................... 78
7.3. Grau de criticidade total .............................................................................................. 83
8. Conclusão ......................................................................................................................... 84

9. Recomendações ................................................................................................................ 85

Referências Bibliográficas ...................................................................................................... 86

APÊNDICES ........................................................................................................................... 95

viii
Lista de Figuras
Figura 1 - Encadeamento vertical entre PPP e projetos e relação horizontal com outras PPP ..... 18
Figura 2 - Abordagens de uma AAE.......................................................................................... 20
Figura 3 - Região Hidrográfica V e suas bacias ......................................................................... 31
Figura 4 - Áreas municipais inseridas na RH-V ......................................................................... 32
Figura 5 - Áreas urbanas e rurais dos municípios da RH-V ........................................................ 33
Figura 6 - Etapas sequenciais da metodologia ........................................................................... 41
Figura 7 - Distribuição espacial das estações de amostragem do INEA nas bacias da RH-V ...... 52
Figura 8 - Distribuição espacial das estações de amostragem do INEA no Sistema Lagunar de
Maricá ...................................................................................................................................... 54
Figura 9 - Distribuição espacial das estações de amostragem do INEA no Sistema Lagunar de
Itaipu e Piratininga .................................................................................................................... 55
Figura 10 - Distribuição espacial das estações de amostragem do INEA no Sistema Lagunar de
Jacarepaguá............................................................................................................................... 56
Figura 11 - Distribuição espacial das estações de amostragem do INEA na Baía de Guanabara . 58
Figura 12 - Distribuição espacial do índice de abastecimento total de água (IN055-AE) nos
municípios da RH-V para o ano de referência de 2019 .............................................................. 61
Figura 13 - Distribuição espacial do índice de atendimento total de esgoto referido aos
municípios atendidos com água (IN056-AE) na RH-V para o ano de referência de 2019 ........... 62
Figura 14 - Distribuição espacial do índice de coleta de esgoto (IN015-AE) nos municípios da
RH-V para o ano de referência de 2019 ..................................................................................... 63
Figura 15 - Distribuição espacial do índice de tratamento de esgoto (IN016-AE) nos municípios
da RH-V para o ano de referência de 2019 e das Estações de Tratamento de Esgoto ................. 64
Figura 16 - Distribuição espacial do índice de tratamento de esgoto referido à água consumida
(IN046-AE) nos municípios da RH-V para o ano de referência de 2019 .................................... 65
Figura 17 - Distribuição espacial da parcela de domicílios em situação de risco de inundação
(IN046-AP) nos municípios da RH-V para o ano de referência de 2019 .................................... 66
Figura 18 - Evolução das médias anuais do IQANSF nas bacias da RH-V ................................... 72
Figura 19 - Evolução das médias anuais do IQACCME nas lagoas do Sistema Lagunar de Maricá 74

ix
Figura 20 - Evolução das médias anuais do IQACCME nas lagoas do Sistema Lagunar de Itaipu e
Piratininga ................................................................................................................................ 75
Figura 21 - Evolução das médias anuais do IC nas lagoas do Sistema Lagunar Jacarepaguá ...... 76
Figura 22 - Evolução das médias anuais do IQACCME nas seções da Baía de Guanabara ............ 78

x
Lista de Quadros
Quadro 1 - Critérios à boa prática de AAE ................................................................................ 11
Quadro 2 - Diferenças entre AAE e AIA ................................................................................... 16
Quadro 3 - AAE de base AIA X AAE de base estratégica ......................................................... 19
Quadro 4 - Etapas sequenciais básicas da AAE ......................................................................... 21
Quadro 5 - Três fases do modelo de pensamento estratégico em AAE ....................................... 22
Quadro 6 - Projetos de lei para regulamentar avalições ambientais das decisões públicas no Brasil
................................................................................................................................................. 24
Quadro 7 - AAE no setor de saneamento brasileiro ................................................................... 27
Quadro 8 - Atividades responsáveis pela maior parcela do PIB municipal na RH-V .................. 35
Quadro 9 - Faixas de classificação do grau de criticidade .......................................................... 44
Quadro 10 - Faixas de classificação do IQANSF ......................................................................... 51
Quadro 11 - Faixas de classificação do IQACCME ....................................................................... 51
Quadro 12 - Faixas de classificação do IC ................................................................................. 51
Quadro 13 - Divisões da Baía de Guanabara ............................................................................. 57
Quadro 14 - Médias anuais do IQANSF das bacias hidrográficas da RH-V.................................. 71
Quadro 15 - Médias anuais do IQACCME das lagoas do Sistema Lagunar de Maricá ................... 73
Quadro 16 - Médias anuais do IQACCME das lagoas do Sistema Lagunar de Itaipu e Piratininga 75
Quadro 17 - Médias anuais do IC das lagoas do Sistema Lagunar de Jacarepaguá ..................... 76
Quadro 18 - Médias anuais do IQACCME das seções da Baía de Guanabara ................................ 77

xi
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Representatividade populacional na RH-V em 2010 ................................................. 34
Tabela 2 - Grau de criticidade para apenas um subindicador ...................................................... 43
Tabela 3 - Grau de criticidade para mais de um subindicador .................................................... 45
Tabela 4 - Grau de criticidade total ........................................................................................... 46
Tabela 5 - Exemplo de grau de criticidade total ......................................................................... 46
Tabela 6 - Taxa de cobertura regular do serviço de coleta de RDO em relação à população total
do município (IN015-RS).......................................................................................................... 67
Tabela 7 - Cálculo do subindicador do FCD 1 ........................................................................... 69
Tabela 8 - Grau de criticidade do FCD 1 ................................................................................... 70
Tabela 9 - Cálculo do subindicador 1 do FCD 2 ........................................................................ 79
Tabela 10 - Cálculo do subindicador 2 do FCD 2 ...................................................................... 80
Tabela 11 - Grau de criticidade do FCD 2 ................................................................................. 82
Tabela 12 - Grau de criticidade total para a programação do saneamento na RHBG .................. 84

xii
Lista de Abreviaturas e Siglas
AAE Avaliação Ambiental Estratégica
AIA Avaliação de Impacto Ambiental
ALERJ Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro
AMD Agência Multilateral de Desenvolvimento
APA Agência Portuguesa do Ambiente
BG Baía de Guanabara
BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
BM Banco Mundial
CEDAE Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro
CERHI-RJ Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Rio de Janeiro
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CPI Comissão Parlamentar de Inquérito
EIA Estudo de Impacto Ambiental
ETE Estação de Tratamento de Esgoto
FCD Fator Crítico de Decisão
IAIA International Association for Impact Assessment (Associação
Internacional de Avaliação de Impacto)
IEA Institute of Environmental Assessment (Instituto de Avaliação de
Impacto)
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INEA Instituto Estadual do Ambiente
JBIC Japan Bank for International Cooperation (Banco Japonês para
Cooperação Internacional)
MF Ministério da Fazenda
MMA Ministério do Meio Ambiente
MPRJ Ministério Público do Rio de Janeiro
NEPA National Environmental Policy Act (Lei de Política Ambiental
Nacional)

xiii
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
PDBG Programa de Despoluição da Baía de Guanabara
PIB Produto Interno Bruto
PLANSAB Plano Nacional de Saneamento Básico
PMSB Plano Municipal de Saneamento Básico
PNMA Política Nacional do Meio Ambiente
PPP Política, Plano e Programa
PSAM Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da
Baía de Guanabara
RDO Resíduos Sólidos Domiciliares
RHBG Região Hidrográfica da Baía de Guanabara
RIMA Relatório de Impacto Ambiental
SEA Secretaria de Estado do Ambiente
SEFAZ Secretaria de Estado de Fazenda e Planejamento
TAC Termo de Ajustamento de Conduta

xiv
1. Introdução
Nas últimas décadas, o aumento populacional atrelado aos avanços tecnológicos e crescimento das
cidades potencializou as vulnerabilidades do meio ambiente frente às decisões tomadas pelo
homem, tornando-as mais complexas e havendo, portanto, a necessidade de se ter maior cautela na
escolha de caminhos capazes de promover maior sustentabilidade no desenvolvimento urbano.

Nesse sentido, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida
como Comissão Brundtland, ao publicar em 1987 o relatório “Nosso Futuro Comum”, passou a
inserir o conceito de desenvolvimento sustentável no cenário internacional (ONU, 2020),
definindo-o como “[...] aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades” (BRUNDTLAND,
1991, p.46).

No Brasil, o desenvolvimento sustentável começa a surgir, ainda que em princípios e não em


definição, na década de 1980, com Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), sancionada pela
Lei nº 6.938 de 1981. Nessa lei, a importância de compatibilizar os aspectos social, econômico e
ambiental, assim como prevê o desenvolvimento sustentável, tem valor de objetivo e passa a balizar
o planejamento ambiental nacional (BRASIL, 1981).

Um dos instrumentos previstos na PNMA é a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA), cujo papel
é verificar os impactos que determinada atividade pode produzir sobre o meio ambiente, fazendo
análise quali-quantitativa, a fim de propor alternativas mais sustentáveis a serem seguidas. Esse
instrumento foi regulamentado pela Resolução CONAMA nº 001 de 1986, onde é exigido
exclusivamente a adoção de AIA para projetos, deixando de lado instancias estratégicas capazes
de causar impactos muitas vezes estruturais, como políticas, planos e programas (LEMOS, 2011).

Diante da necessidade de expandir a área de atuação da AIA para além de projetos, o conceito de
Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) surge para inserir a variável ambiental aos processos de
tomada de decisão, como o processo que busca garantir que as questões ambientais sejam
consideradas na formulação de Políticas, Planos e Programas (PPP) de forma “[...]sistemática,
orientada por objetivos, baseada em evidencias, proativa e participativa [...], levando a uma melhor

1
governança [...]” (FISCHER, 2007, p.6, tradução nossa) e possibilitando a formação de cenários
de desenvolvimento mais sustentáveis e com menores riscos ambientais (OCDE, 2012).

A AAE vem sendo internacionalmente aplicada como avaliação ambiental diferenciada da AIA de
projetos (SÁNCHEZ, 2008), com destaque para os países da Europa e os Estados Unidos, cujo
nível de amadurecimento do uso do instrumento é maior em virtude de recomendações e/ou
imposições do Governo.

Já no Brasil a prática ainda é muito incipiente por não ser obrigatória em lei. Possui caráter
facultativo, sendo por vezes exigida pelas agências multilaterais de desenvolvimento, como o
Banco Mundial (BM) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para aprovação de
empréstimos.

Conforme mostrado por Teixeira (2008), dentre os setores brasileiros com maior experiência em
AAE há destaque para energia, transporte e turismo. No entanto, há ainda vasta aplicabilidade em
outros segmentos que possuem fragilidades a serem superadas e potencialidades a serem
exploradas, dentre eles o setor do saneamento básico.

Nesse sentido, ainda que na Política Federal de Saneamento Básico seja prevista a elaboração de
Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB), com os princípios norteadores de
universalidade, integralidade e equidade (MCIDADES, 2011), e que programas de saneamento
surjam para atender demandas específicas do setor, sua eficácia tende a ser afetada pelo grau
estratégico utilizado no processo de planejamento. Assim, ao visar atender demandas pontuais ou
apenas seguindo determinações jurídicas para obtenção de recursos, a tomada de decisão pode
ocorrer de maneira equivocada, com insuficiência de informações e comprometimento das metas
elencadas. O uso da AAE pode então agregar valor ao setor do saneamento ambiental ao inserir
uma visão mais holística sobre o objeto de avaliação, além de considerar os aspectos de
cumulatividade e sinergia das ações propostas (SÁNCHEZ, 2008), contribuindo assim para a
inserção da sustentabilidade no processo decisório, além de torná-lo mais assertivo.

Com base no exposto, este trabalho busca inserir a AAE como ferramenta de gestão ambiental no
campo do saneamento ambiental na Região Hidrográfica da Baía de Guanabara (RHBG). Assim,
frente à demanda por investimento e anseio de melhor qualidade ambiental para a população e todo
o ecossistema local, esse recorte do Estado do Rio de Janeiro pode ser beneficiado com a eficiência

2
e sustentabilidade em decisões públicas promovidos pela AAE. A partir dessa ideia, é então
proposta e aplicada para o estudo de caso uma estrutura metodológica incorporando a etapa de
identificação dos Fatores Críticos de Decisão (FCD), que visa destacar problemas pertinentes à
tomada de decisão estratégica.

2. Objetivos
2.1. Objetivo geral
Propor e aplicar ferramenta metodológica para utilização em uma das etapas de Avaliação
Ambiental Estratégica (AAE) para a programação do setor de saneamento ambiental na Região
Hidrográfica da Baía de Guanabara (RHBG), a fim de melhor identificar os problemas a serem
resolvidos e orientar a elaboração de políticas públicas mais eficientes.

2.2. Objetivos específicos


• Propor matriz analítica de indicadores para a etapa de identificação dos Fatores Críticos de
Decisão em AAE, arbitrada segundo foco dos programas de saneamento na Região
Hidrográfica da Baía de Guanabara já aplicados;
• Elencar possíveis FCD para análise;
• Verificar se os FCD são válidos por meio do cálculo de grau de criticidade;
• Hierarquizar a prioridade entre eles para encontrar o grau de criticidade total para a
programação do saneamento na RHBG, a fim de validar a demanda por ações estratégicas.

3. Justificativa
A AAE com sua metodologia preventiva de impactos pode ser o instrumento ideal para otimizar
os serviços de saneamento da Região Hidrográfica da Baía de Guanabara, além de atuar como
ferramenta de gestão integrada a novas tentativas de despoluição da baía.

O tema de interesse do presente trabalho possui relevância, então, por sugerir o uso de uma
metodologia para uma das etapas de AAE como possibilidade de aprimorar essa ferramenta de

3
gestão ambiental de esfera pública. Ademais, ao considerar o uso da AAE para programas de
saneamento na área de estudo, este trabalho valida a empregabilidade da metodologia proposta.

4. Revisão bibliográfica
4.1. Planejamento ambiental
Planejar consiste em estabelecer estratégias para que determinados objetivos sejam alcançados. No
seu livro Planejamento Ambiental: teoria e prática, Rozely Ferreira dos Santos (2009, p.24), define
o termo como:

[...] processo contínuo que envolve a coleta, organização e análise sistematizadas das
informações, por meio de procedimentos e métodos, para chegar a decisões ou a escolhas
acerca das melhores alternativas para o aproveitamento dos recursos disponíveis.

Em virtude do aumento observado de conflitos pelo uso dos recursos naturais como solo, água,
fauna e flora nas últimas décadas, houve a necessidade de instaurar maior ordenamento do território
a fim de promover maior sustentabilidade do meio integrada à qualidade de vida das pessoas
(SANTOS, 2009). Com isso, surge um planejamento voltado às questões relacionadas ao meio
ambiente, o planejamento ambiental, que possui como prioridade a valorização e a conservação da
biodiversidade, além da minimização dos possíveis impactos ambientais causados pelos processos
decisionais e cujo objetivo principal é atingir o desenvolvimento sustentável (SANTOS;
FERREIRA, 2011).

4.2. Avaliação de Impacto Ambiental


A crescente pressão sobre os recursos naturais e o consequente aumento de efeitos adversos sobre
o meio ambiente e a saúde humana, fez com que a sociedade civil dos países mais poluidores,
especialmente os desenvolvidos, exigisse uma resposta por parte de seus governos para controlar
a situação dos problemas ambientais (TEIXEIRA, 2008). A partir daí, em 1969, os Estados Unidos
se torna o primeiro país a implementar a avaliação ambiental como instrumento de planejamento
governamental ao promulgar a National Environmental Policy Act (NEPA), sua lei nacional de
meio ambiente, onde prevê que todas as ações federais que possam impactar significativamente o
meio ambiente, sejam submetidas à avaliação ambiental antes que decisões sejam tomadas (NEPA,
4
1969), sendo tais ações especificadas nove anos depois pelo Council of Environmental Quality
como projetos, programas, regras, regulamentos, planos, políticas, procedimentos ou propostas
legislativas (CEQ, 1978).

A Resolução CONAMA nº 001 de 1986 (p.1) define um impacto ambiental como sendo:

[...] qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que,
direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II -
as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do
meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais.

Nesse sentido, serão esses impactos que uma avaliação ambiental deverá identificar. Sadler (1996)
aponta que o processo consiste, de forma genérica, em fazer o levantamento de informações acerca
das condições naturais de um sistema, avaliando-as e registrando-as de modo a orientar a tomada
de decisão frente aos efeitos adversos decorrentes das alternativas possíveis de serem
implementadas, sendo chamado de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) quando aplicado a
projetos específicos.

A Associação Internacional de Avaliação de Impacto - IAIA (1999, p.2, tradução nossa) define
AIA como sendo: “[...] processo de identificar, prever, avaliar e mitigar os efeitos biofísicos, sociais
e outros efeitos relevantes de propostas de desenvolvimento antes das principais decisões serem
tomadas e compromissos assumidos”.

A AIA possui como principal objetivo a inserção sistemática de questões ambientais ao


planejamento de determinada proposta de desenvolvimento de uma atividade, identificando
potenciais impactos negativos ao meio ambiente, a fim de preveni-los ou atenuá-los (ABAZA,
BISSET; SADLER, 2004). Além disso, esse instrumento também é focado no fomento da
sustentabilidade e da otimização dos recursos disponíveis e na garantia de que os sistemas naturais
e ecológicos permaneçam com sua capacidade produtiva e de manutenção da melhor forma
possível (IAIA; IEA, 1999).

São consideráveis as vantagens que a AIA traz ao planejamento ambiental. Abaza, Bisset e Sadler
(2004) destacam que esse mecanismo de avaliação diminui os prejuízos sobre o meio ambiente ao
possuir olhar preventivo voltado às sensibilidades e riscos ambientais, além de integrar de forma
mais eficiente e sustentável as considerações socioeconômicas dos projetos. Os autores ainda

5
assinalam que a ferramenta é capaz de permitir maior participação social ao processo de tomada
de decisão, aumentando a transparência e gerando noção de responsabilidade coletiva nas
disposições sobre o meio ambiente.

A avaliação de impacto ambiental passou a ter obrigação jurídica no Brasil com a Lei nº 6.803 de
1980, que dispõe sobre diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de
poluição. Nesta lei, é exigido que estudos especiais de alternativas e de avaliações de impacto sejam
realizados para assegurar viabilidade da delimitação e implantação de zonas de uso estritamente
industrial, destinadas a:

[...] estabelecimentos industriais cujos resíduos sólidos, líquidos e gasosos, ruídos,


vibrações, emanações e radiações possam causar perigo à saúde, ao bem-estar e à
segurança das populações, mesmo depois da aplicação de métodos adequados de controle
e tratamento de efluentes [...] (BRASIL, 1980, p.1).

No entanto, no ano seguinte, com o estabelecimento da PNMA, a AIA passou a ter maior
abrangência de aplicação, sendo direcionada a qualquer projeto público ou privado que possa
causar consequências ao meio ambiente, ficando a cargo do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), criado na mesma lei, a determinação de sua aplicabilidade (BRASIL, 1981). Com a
regulamentação da AIA pela Resolução CONAMA nº 001/86, todos os empreendimentos e demais
projetos estruturantes modificadores do meio ambiente, seja em suas propriedades físicas, químicas
ou biológicas, estão sujeitos à elaboração de Estudo de Impacto Ambiental (EIA), onde a AIA é
uma etapa do mesmo, e de Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), resumo acessível do EIA para
que leigos no assunto possam compreender o que é apresentado no estudo (BRASIL, 1986).

Muitas vezes há confusão quanto aos termos utilizados em avaliação ambiental, principalmente por
conta de nomes parecidos, mas com semânticas diferentes. Um desses casos é entre EIA e AIA,
onde o segundo está inserido no primeiro.

4.3. Avaliação Ambiental Estratégica


4.3.1. Contextualização
Ao longo dos anos em que a AIA foi posta em prática, a noção de que outras instâncias mais
estratégicas de decisão também deveriam ser submetidas a uma avaliação ambiental, tais como
políticas, planos e programas (PPP), incentivou o seu uso para além de projetos. A avaliação
6
ambiental estratégica (AAE) se torna, portanto, o instrumento de governança ambiental que visa
antever impactos que determinadas decisões, no nível de PPP, podem repercutir sobre o meio
ambiente antes que o processo de planejamento seja definido e colocado em prática.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2002, p.13), em seu manual Avaliação Ambiental
Estratégica, apresenta a seguinte definição para a AAE:

[...] instrumento de política ambiental que tem por objetivo auxiliar, antecipadamente, os
tomadores de decisões no processo de identificação e avaliação dos impactos e efeitos,
maximizando os positivos e minimizando os negativos, que uma dada decisão estratégica
– a respeito da implementação de uma política, um plano ou um programa – poderia
desencadear no meio ambiente e na sustentabilidade do uso dos recursos naturais, qualquer
que seja a instância de planejamento.

No Guia de Boas Práticas para Avaliação Ambiental Estratégica - Orientações metodológicas,


Maria do Rosário Partidário (PARTIDÁRIO, 2007, p.9) ainda conceitua o termo como:

[...] instrumento de avaliação de impactos de natureza estratégica cujo objetivo é facilitar


a integração ambiental e a avaliação de oportunidades e riscos de estratégias de ação no
quadro de um desenvolvimento sustentável.

Devido às diferentes circunstâncias e abordagens que as PPP podem apresentar, a AAE deve
possuir caráter flexível nos ciclos de decisões (SADLER, 1996), se adequando, portanto, à
realidade à qual o instrumento irá avaliar. Assim, para melhor entendimento da aplicabilidade da
AAE, os PPP podem ser diferenciados da seguinte maneira:

• Política: diretriz geral que um país, estado ou município irá atribuir à tomada de decisão
(SADLER, 1996), apresentando o posicionamento de conduta da gestão pública adotado
pelo governo; ou seja, conjunto de ações e decisões do governo, voltadas para a solução de
questões relevantes para a sociedade;
• Plano: conjunto de orientações a serem seguidas para que determinados objetivos gerais
baseados em políticas globais e setoriais sejam alcançados, indicando as prioridades a
serem seguidas e as possibilidades de alocação dos recursos (PARTIDÁRIO, 2012);
• Programa: direcionamento das ações elencadas em um plano e/ou política, focando no
atendimento a objetivos específicos (PARTIDÁRIO, 2012) e propondo maneiras concretas
de alcançar as metas pretendidas.

7
A ideia de aplicar a avaliação ambiental para instancias estratégicas de planejamento no âmbito de
governos, como já citado, surgiu nos Estados Unidos com a publicação da NEPA, onde todas as
ações federais que pudessem causar impactos significativos ao meio ambiente, estariam sujeitas à
avaliação ambiental (SÁNCHEZ, 2008), sem caracterizar as mesmas como sendo exclusivamente
projetos, políticas, planos ou programas (TEIXEIRA, 2008), ainda que inicialmente o foco fosse
dado apenas a projetos (FISCHER, 2007).

Foi apenas na década de 1990 que o termo Avaliação Ambiental Estratégica despontou no cenário
internacional e ganhou força, principalmente em países da Europa como Holanda, Grã-Bretanha e
Portugal (ALVARELI JÚNIOR, 2014), devido a experiências praticadas pelos mesmos e ao
“boom” literário de estudos e orientações publicados sobre o tema (SILVA, 2010).

Nesse sentido, diversas foram as iniciativas de institucionalização do instrumento mundo afora,


com destaque para a Diretiva Europeia 2001/42/EC, que orienta países-membros da União
Europeia por meio de um conjunto de requisitos processuais, a aplicar a avaliação ambiental a
planos e programas que venham a causar efeitos significativos sobre o meio ambiente, no intuito
de preservá-lo e promover o desenvolvimento sustentável do bloco econômico e político (UE,
2001). Dessa forma, grande parte do continente europeu passou a se alinhar ao princípio da
integração de questões ambientais em níveis estratégicos de decisão.

A AAE, contudo, não é uma prática restrita aos países desenvolvidos. A Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2012), em seu Guia, elaborado para fomentar
o desenvolvimento internacional político e operacional, destaca que a ferramenta de gestão
ambiental vem sendo aos poucos estimulada e praticada em diversos países em desenvolvimento,
como África do Sul, República Dominicana, China, Belize e Etiópia. Como reforçado por Pellin et
al. (2011), o incentivo e a influência à implementação da AAE nesses países são muitas vezes
dados pelos países desenvolvidos além das agências multilaterais de desenvolvimento (AMD).

Cabe observar que essas agências, como o Banco Mundial (BM) e o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), orientam em assessorias e capacitações e solicitam o uso da AAE como
condicionante ao acesso a financiamentos para atividades de desenvolvimento econômico setorial
e de infraestrutura nos países favorecidos (PELLIN et al., 2011). Assim, uma vez que essas
agencias são partes interessadas dos investimentos nas atividades executadas, é importante garantir

8
que os riscos ambientais sejam considerados e geridos adequadamente, refletindo na credibilidade
internacional que terão quanto às posturas tomadas em suas políticas ambientais (OCDE, 2012).

O papel das agências multilaterais de desenvolvimento, apesar de ser importante na disseminação


da AAE, é alvo de críticas quanto às condutas adotadas por essas agências e aos resultados
alcançados nas avaliações ambientais exigidas. Margato (2012) observa que, ao elaborar guias de
orientação baseados em realidades externas, acabam por impor interesses estrangeiros nas políticas
nacionais onde a AAE é sugerida, sem levar em consideração as necessárias adaptações inerentes
às realidades locais que o instrumento deveria passar antes de ser empregado. Além disso, Pellin
et al. (2011) destacam a falha recorrente quanto ao momento tardio em que a AAE é solicitada em
relação ao processo de tomada de decisão, não podendo influenciar diretamente sobre ele. Os
autores observam que a escolha das estratégias e planos de investimentos é feita antes que a
avaliação seja aplicada, restando considerar fatores ambientais restritos a um planejamento já
definido pelos governos locais, tornando o processo meramente político e sem cunho realmente
estratégico.

4.3.2. Objetivos e Importância


A AAE, em sua competência no sistema de planejamento ambiental, tem o papel de aperfeiçoar o
desenvolvimento dos processos decisórios por meio de considerações sustentáveis e com visão
estratégica de longo prazo sobre as ações públicas (e privadas), além de aprimorar a AIA ao
encadear questões ambientais em todos os níveis hierárquicos de decisão, indo desde instancias
mais estratégicas até a implementação de projetos (SADLER, 1998). Partidário (2012) reforça
ainda que a AAE visa mudar a estrutura política de tomadas de decisão, com viés menos
conservador e mais integrativo, permitindo assim expandir a cultura estratégica e diminuir conflitos
institucionais.

Dentro daquilo que é visto em sua definição, a AAE tem a importante função de integrar as
dimensões sociais, econômicas e ambientais nas tomadas de decisão (EGLER, 2001). No entanto,
é essencial que seja aplicada no tempo certo a fim de conferir caráter proativo das ações propostas,
onde a avaliação é focada em evitar impactos negativos e estimular os positivos, e não reativo como
ocorre em AIA, centrada basicamente em mitigar os impactos negativos (FISCHER, 2007). O seu

9
contexto institucional de aplicação também deve ser bem estruturado e coordenado para direcionar
o estudo de maneira mais eficiente, como evitar esforços orçamentários e dispêndio de tempo
excessivos ao processo (MMA, 2002). Assim, a integração desses fatores pode permitir à AAE
alcançar maiores êxitos, com resultados mais sustentáveis.

A relevância da utilização da AAE é, portanto, preconizada e constatada por diversos autores na


literatura internacional. Fischer (2007) aponta que a justificativa central de inserir a AAE no
planejamento das decisões está relacionada às deficiências que as PPP apresentam em sua
formulação, com capacidade limitada de uma governança sustentável e presença de impactos
adversos sobre o meio ambiente (SILVA, 2010). Dessa forma, a AAE pode expandir as
considerações ambientais dos processos decisionais, antevendo seus problemas ao invés de apenas
cuidar de seus impactos a posteriori (SADLER, 1996). Além disso, esse instrumento também
considera os princípios de desenvolvimento sustentável em instancias estratégicas e aumenta a
participação pública no processo de tomada de decisão (SILVA, 2010), tornando-o mais
democrático e com maior credibilidade (IAIA, 2002).

Devido ao seu caráter holístico, amplo e flexível, essa ferramenta pode suprir as limitações
encontradas na AIA, resultando não só numa relação de complementariedade entre os instrumentos,
como também de ajuda na identificação de problemas e desafios. Nesse sentido, a AAE apresenta
melhor capacidade de considerar a cumulatividade e sinergia dos efeitos de intervenções sobre o
meio ambiente se comparada à AIA (SADLER, 1996; FISCHER, 2007), como também agrega
maior celeridade e economia aos processos de licenciamento (IAIA, 2002), por já apresentar antes
da AIA as considerações quanto às melhores alternativas de desenvolvimento sustentável para a
região de interesse (SADLER, 1996).

4.3.3. Critérios à boa prática


A AAE, se bem executada, pode agregar valor às decisões e refletir em uma melhor qualidade de
vida para o ambiente humano. Para isso, é necessário levar em consideração alguns princípios
norteadores que a AAE deve seguir, de forma a balizar sua aplicação e permitir a verificação de
sua eficiência. Desse modo, uma vez que a AAE tem como propósito geral contextualizar o objeto
estratégico alvo da avaliação, de modo a compreender sua tendência de desenvolvimento frente

10
aos seus principais desafios e potenciais (PARTIDÁRIO, 2012), traçando caminhos sustentáveis
focados nas causas e não nos efeitos dos problemas ambientais como na AIA (AGRA FILHO,
2002), deve seguir alguns critérios básicos para um bom desempenho, que são sintetizados no
Quadro 1. Com isso, as metas desejadas podem ser mais facilmente alcançadas e as considerações
ambientais desde níveis mais estratégicos de planejamento até a execução de projetos tem maiores
chances de se inserir com êxito nos processos de tomada de decisão.

Quadro 1 - Critérios à boa prática de AAE

Possuir estrutura institucional política e administrativa sólida onde a AAE for


aplicada, a fim de permitir a coesão entre as esferas responsáveis pela tomada de
Fortalecimento
decisão, definindo o papel e a responsabilidade de cada uma, assim como regular
institucional
toda a elaboração do estudo, garantindo melhor governança e efetividade dos
procedimentos aplicados.

Permitir que a AAE se adapte a diferentes contextos políticos e instâncias de


Flexibilidade planejamento, não sendo uma ferramenta rígida com maneira única de ser
empregada.

Simplificação dos Otimizar a elaboração do estudo adotando procedimentos simples e objetivos,


processos voltados a atender às especificidades de cada AAE.

Desenvolver estratégias e propostas baseadas no conceito da sustentabilidade na


formulação e condução das políticas, planos e programas, garantindo o
Viés sustentável
aprimoramento das considerações ambientais nas instancias públicas de
governança.

Englobar de maneira ampla os assuntos avaliados, permitindo ao processo atribuir


Visão holística diferentes e variados aspectos sobre a tomada de decisão, tornando-o mais
completo e abrangente.

Considerar as relações existentes entre os diferentes aspectos biofísicos, sociais e


econômicos necessários a uma decisão estratégica sustentável e bem articulada,
Integração capaz de integrar as políticas públicas e todo o arcabouço legal existentes em sua
base de considerações de planejamento para promover uma tomada de decisão em
consonância com os princípios jurídicos do local da AAE.

11
Disponibilizar o produto da avaliação, informando todas as causas dos possíveis
Iteratividade impactos que diferentes decisões estratégicas iriam gerar, em tempo hábil de serem
feitas verificações e correções antes da tomada final de decisão.

Conferir caráter contínuo e não-linear à avaliação, onde o processo decisório é


sempre revisado e acrescido de novas informações e fatores ambientais, sociais e
Ciclicidade
econômicos que surgem ao longo do tempo, gerando caminhos estratégicos
ajustados às prioridades atuais do ciclo de decisão.

Tornar públicas as informações referentes a todas as etapas da AAE, permitindo


Transparência que atores externos tenham conhecimento prévio do processo de planejamento das
decisões a serem tomadas mediante sistema de comunicação bem estruturado.

Ouvir e permitir envolvimento de todas as partes interessadas na tomada de


decisão, por meio de canais de comunicação bem delineados e de fácil acesso, a
Participação fim de proporcionar um processo de planejamento democrático, onde todos os
atores envolvidos possam expressar suas opiniões e influenciar o desenvolvimento
das decisões públicas.

Conferir maior agilidade e economia possíveis ao processo avaliativo após eficaz


levantamento de informações técnicas e embasamento jurídico necessários para
Foco
execução de uma avaliação direcionada por questões-chave do desenvolvimento
sustentável bem definidas.

Apresentar e justificar o modo de inserção das questões de sustentabilidade nas


tomadas de decisão e estar disponível para verificações de todas as ações tomadas
Responsabilidade ao longo do processo de planejamento, com profissionalismo, rigor, justiça,
imparcialidade e equilíbrio das partes interessadas e diretamente envolvidas com
a AAE.

Fonte: Elaboração própria (2020), adaptado de Agra Filho (2002), IAIA (2002), Partidário (2007), MMA (2010) e
OCDE (2012)

Deve-se destacar que, ao seguir todos os critérios à risca, a AAE terá maiores chances de obter um
desempenho efetivo, além de ser reconhecida pela sua capacidade de realmente auxiliar o processo
da tomada de decisão que engloba fatores ambientais, sociais e econômicos do desenvolvimento
sustentável nas PPP, considerando riscos potenciais de cada linha estratégica das políticas públicas.

12
Vale ressaltar, no entanto, que esses critérios são recomendações gerais dadas em literatura
internacional para o bom uso da ferramenta de gestão ambiental, mas a consideração de cada um
deles nem sempre é observada nas AAE aplicadas mundo afora. Nesse sentido, muitos autores ao
discorrerem sobre o desempenho de AAE já elaboradas, observaram que diversas falhas são
encontradas ao longo da execução das mesmas, como uso da AAE quando as principais decisões
já foram tomadas, incapacidade de influenciar as PPP, lacunas nas considerações sustentáveis dos
sistemas de planejamento, estrutura política de implementação e controle da ferramenta
enfraquecidos e pouco envolvimento público (RETIEF, 2007; OPPERMANN, 2012;
MALVESTIO, 2013), refletindo uma base de aplicação da AAE com princípios mal delimitados
e/ou assegurados.

É necessário, portanto, que critérios à boa prática sejam exigidos institucionalmente pelos órgãos
responsáveis em implementar a AAE em seu território, assim como deve ser feita a devida
regulação e fiscalização do instrumento para garantir melhor qualidade, eficácia e influência do
produto final da avaliação no processo estratégico de decisão.

4.3.4. Aspectos positivos e restrições


Muitas são as vantagens que a AAE pode trazer para a prosperidade de uma nação, se bem aplicada.
Os ganhos, ainda que sejam centrados em questões ambientais, se estendem para outros campos do
desenvolvimento, como institucional, político, social, econômico e cultural. Dessa forma, alguns
benefícios principais do uso da AAE como ferramenta de planejamento ambiental podem ser
constatados (SADLER, 1996; AGRA FILHO, 2002; MMA, 2002; FISCHER, 2007;
PARTIDÁRIO, 2007; IIED, 2009; OCDE, 2012):

• Valoriza e preserva o meio ambiente como forma de garantia à qualidade de vida e ao


desenvolvimento setorial;
• Aprimora a estruturação das decisões estratégicas governamentais diante do acesso a
informações mais completas das tendências, riscos e oportunidades tanto na esfera
ambiental, quanto social e econômica das políticas, planos e programas;
• Promove o desenvolvimento sustentável por meio de ações públicas de governança
ambientalmente mais responsáveis;

13
• Garante uma gestão ambiental encadeada e fortalecida desde as ações mais burocráticas de
decisão até as medidas concretas de intervenção no meio ambiente;
• Aumenta a celeridade e diminui os custos do processo de AIA, por orientar previamente os
melhores caminhos que o setor deve seguir, assim como os impactos de cada um,
conferindo à implementação dos projetos uma etapa de complementariedade e
especificidade da intervenção pretendida;
• Evita erros que possam causar perda de tempo e recursos ao informar aos tomadores de
decisão no início do planejamento quais caminhos não são sustentáveis e adequados às
propostas de desenvolvimento desejadas;
• Detecta a partir de sua abordagem holística e integrada os efeitos adversos cumulativos da
implantação das políticas públicas;
• Aumenta o envolvimento público nas decisões governamentais, resultando num processo
mais transparente, bem como diretamente influenciado e validado por aqueles que serão
diretamente afetados pelas deliberações das PPP, resultando num produto final menos
sujeito a conflitos de interesses;
• Diversifica o leque de opções das ações governamentais ao ampliar as oportunidades
intersetoriais de elaboração das PPP e até mesmo entre setores distintos, mas que podem
desenvolver medidas sinérgicas de governança, como modernização do sistema de
transporte, servindo de estímulo ao turismo ou substituição de uma matriz energética
poluente por outra renovável em determinado local, aumentando a capacidade valorativa
dos imóveis da região;
• Facilita o diálogo entre regiões que possuem recursos em comum, como, por exemplo, áreas
de preservação ou áreas com elevado potencial de exploração mineral, diminuindo conflitos
e aumentando a cooperação transfronteiriça;
• Fomenta a diminuição das desigualdades socioeconômicas uma vez que populações menos
privilegiadas estão mais vulneráveis aos riscos ambientais e podem, portanto, se beneficiar
do cuidado direcionado aos recursos naturais, desde o contato com um meio menos
degradado, do ponto de vista da saúde pública, até a utilização de recursos mais preservados
como fonte de renda e sustento.

14
No entanto, os desafios que a ferramenta enfrenta não podem ser desconsiderados, uma vez que
ameaçam sua integridade ou até mesmo sua existência. Assim, dentre as principais ameaças que
podem desfavorecer a AAE, destacam-se (EGLER; AGRA FILHO, 2006; IIED, 2009; PELLIN et
al., 2011; OPPERMANN; MALVESTIO; MONTAÑO, 2013):

• Dificuldade no levantamento de informações ambientais, sociais, culturais e econômicas


em locais onde o banco de dados é restrito ou mal articulado;
• Confidencialidade sobre o conteúdo de uma política pública, até que a mesma esteja pronta
para ser aplicada, dificultando processos avaliativos e participativos em sua elaboração;
• Experiência limitada da aplicação da AAE, especialmente em países que nunca a utilizaram
ou a utilizam de maneira incipiente;
• Não obrigatoriedade institucional da AAE, implicando em avalições compulsórias sem
delineamento legal acerca de seu conteúdo e podendo resultar, portanto, num produto não
eficiente, sem a devida regulação para atestar sua capacidade de influenciar o processo
decisório;
• Uso inadequado do termo “avaliação ambiental estratégica” para grandes projetos, ao invés
de políticas, planos e programas conforme é destinado;
• Falta de interesse dos órgãos governamentais devido ao receio que a AAE diminua suas
capacidades de controle sobre as PPP e as incertezas quanto aos resultados que o
instrumento pode gerar, bem como o tempo e as despesas acrescidos ao processo de tomada
de decisão;
• Transição entre as gestões governamentais, ameaçando o seguimento do sistema de
planejamento em curso ou a forma como ele é conduzido.

É importante, portanto, para a AAE, assim como para qualquer outro mecanismo de gestão
ambiental, que os atores responsáveis por seus procedimentos tenham consciência do que pode se
tornar um bônus e aquilo que se constitui como uma barreira para o seu desenvolvimento. Dessa
forma, olhares tornam-se mais atentos para o que é relevante combater ou estimular em
determinado contexto de aplicação.

15
4.3.5. Semelhanças, diferenças e complementariedades entre AIA e AAE
A AAE surge a partir da AIA para atender demandas mais extensivas de planejamento que fogem
ao escopo de um projeto. Assim, segue um passo a passo próprio, mas que contém elementos
básicos que uma AIA possui, como definir o contexto do objeto a ser avaliado, diagnosticar a área
de estudo, avaliar as consequências que diferentes intervenções trariam para o meio ambiente,
envolver as partes afetadas/interessadas e acompanhar a solução escolhida após sua
implementação.

Tanto a AAE quanto a AIA podem, e devem, direcionar ações que influenciem da melhor forma a
preservação do meio ambiente. Entretanto, a abordagem de cada uma varia, assim como a situação
em que cada ferramenta se encaixa. Para Partidário (2012), não basta diferenciar AAE de AIA
apenas pela aplicação a políticas, planos e programas ou a projetos, respectivamente, uma vez que
já foram constatadas AAE para grandes projetos e AIA para planos e programas. Nesse sentido,
algumas diferenças fundamentais entre os dois mecanismos de avaliação podem ser vistas no
Quadro 2.

Quadro 2 - Diferenças entre AAE e AIA

AIA AAE

Avalia projetos, com visão restrita a um horizonte Avalia políticas, planos e programas, com visão
de planejamento de curto a médio prazo. estratégica de longo prazo.
Busca orientar com diretrizes mais sustentáveis
Objetiva conquistar uma licença para implementar
para a política pública de desenvolvimento a ser
a proposta.
construída.
Sua área de atuação tende a ser mais extensa e
Direcionada a uma área geograficamente menor.
varia conforme a jurisdição da PPP.
Acesso facilitado a dados, seja por mensuração ou Maior dificuldade em obter informações de base,
obtenção daqueles já auferidos, por se tratar de com dados frequentemente escassos ao considerar
uma área menor. a totalidade da área de influência.
Restritas possibilidades de alternativas para
Gama extensa de opções a serem avaliadas.
implementar o empreendimento proposto.
Elevado grau de detalhamento das pretensões in Informações mais genéricas das propostas de
loco de um projeto. desenvolvimento.

16
AIA AAE

Proatividade para antever efeitos adversos sobre o


Postura reativa para mitigar os impactos negativos
meio ambiente, de modo a evitá-los e não mitigá-
gerados no meio ambiente.
los.
Caráter mais especulativo e incerto dos impactos
Maior concretude acerca dos efeitos gerados pelas
causados por estratégias que agem indiretamente
ações diretas de intervenção no meio ambiente.
na natureza.

Resultados mais qualitativos e menos


Capacidade de mensurar com especificidade os
quantitativos dos impactos devido ao maior grau
impactos.
de incerteza dos níveis estratégicos.

É capaz de avaliar impactos cumulativos e


Limitada capacidade de avaliar a relação dos
sinérgicos com maior propriedade ao englobar
impactos gerados pelo empreendimento com
uma perspectiva mais ampla sobre o que se
aqueles oriundos de outras fontes.
relaciona com as proposições da PPP.
Processo cíclico, onde novas considerações são
Processo linear, que se inicia e finaliza após
feitas por meio de iterações ao longo do
encerrado o licenciamento.
planejamento.
Aquilo que é proposto se torna concreto na As estratégias das propostas podem nunca ser
execução do projeto, uma vez aprovado pelo executadas se as diretrizes das PPP nunca forem
processo de licenciamento. colocadas em prática.
Fonte: Elaboração própria (2020), adaptado de CSIR (1996), Abaza, Bisset e Sadler (2004), Fischer (2007),
Partidário (2007) e OCDE (2012)

Cabe observar que a lacuna que uma ferramenta apresenta pode ser preenchida pela outra e vice e
versa. Nesse sentido, a AIA e a AAE tendem a se complementar para alcançar o desenvolvimento
sustentável de maneira eficiente e otimizada, onde a primeira, para Partidário (2012), pode ser uma
das formas de colocar em prática as diretrizes da segunda. Desse modo, a AIA se situa melhor
quanto às possibilidades e limitações de desenvolvimento já apontadas pela AAE e traz consigo as
especificidades inviáveis de serem discutidas na AAE.

Sánchez (2008) destacou que além de promover uma integração horizontal de compatibilidade
entre as demais PPP setoriais, a AAE também integra verticalmente as decisões tomadas desde os

17
níveis hierárquicos mais altos, das políticas, até os mais baixos e com maior nível de detalhamento,
dos projetos, conforme esquematizado na Figura 1.

Figura 1 - Encadeamento vertical entre PPP e projetos e relação horizontal com outras PPP

Fonte: Elaboração própria (2020), adaptado de Sánchez (2008)

No entanto, para que ocorra essa integração vertical entre todos os níveis de decisão é necessário
que as contribuições da AAE na tomada de decisão sejam devidamente passadas adiante (NOBLE,
2009), levando em consideração que fatores como o não encadeamento sequencial de PPP até
projetos e a lacuna temporal desde a elaboração da PPP até a execução do projeto, segundo Sánchez
(2008), podem se tornar impeditivos ou dificultadores a essa articulação.

Diante disso, uma vez obtido êxito nesse processo de conexão entre as decisões estratégicas,
projetos vinculados a planos ou programas já avaliados anteriormente, por exemplo, tendem a estar
aptos a incorporar diretrizes ambientais pré-determinadas. Tal condição os situa melhor no
contexto de seus possíveis impactos frente aos demais oriundos de outras atividades, como também
diminui despesas, otimiza o tempo e facilita o processo de licenciamento como um todo, ao já
estarem alinhados com as demandas de desenvolvimento governamentais (SÁNCHEZ, 2008).

4.3.6. Abordagens metodológicas


Ao longo da pesquisa bibliográfica para elaborar o presente trabalho, foi constatado que a AAE
não possui um padrão metodológico único de aplicação, mas sim uma série de abordagens que se
adaptam conforme a realidade de cada local, a situação que a demanda ou mesmo o objetivo do
estudo.
18
De acordo com Partidário (2007), existem dois tipos bem definidos de diferenciação da base de
identidade de uma AAE: base AIA e base estratégica. A primeira, possui uma abordagem mais
próxima àquela usada na avaliação de projetos, onde procura-se analisar os efeitos causados ao
meio ambiente de uma decisão já tomada, de modo a dispor sobre como lidar com esses
desdobramentos (SÁNCHEZ, 2008), e não necessariamente evitar que eles ocorram. Devido a essa
característica de partir de um cenário já estabelecido, ela é também conhecida por bottom-up (de
baixo para cima) (MMA, 2002) e tem pouca capacidade de influenciar os processos decisivos
(PARTIDÁRIO, 2007; SÁNCHEZ, 2008), mas pode modificar a proposta administrativa inicial
(SÁNCHEZ, 2008), em se tratando de uma revisão dos procedimentos públicos (OCDE, 2012).

Já a segunda, possui uma estrutura metodológica cujo conceito “estratégia” é realmente colocado
em prática, partindo de cima para baixo (top-down) (MMA, 2002) ao elencar objetivos desejados
e traçar caminhos para alcançá-los (SÁNCHEZ, 2008), avaliando de maneira integrada ao processo
de planejamento (MMA, 2002) o que cada um poderia implicar na sustentabilidade do
desenvolvimento. Dessa forma, a capacidade que a AAE de base estratégica tem de influenciar o
processo de tomada de decisão é muito maior, uma vez que este é o produto conclusivo de um
processo avaliativo, e não apenas o objeto avaliado. As principais diferenças entre a AAE de base
AIA e a AAE de base estratégica são mostradas no Quadro 3.

Quadro 3 - AAE de base AIA X AAE de base estratégica

Base AIA Base estratégica

Todas as PPP em formulação ou


Aplicação Planos e programas existentes ou em revisão
em revisão

Relação com a
tomada de Autônoma e desvinculada Integrada
decisão

Foco Impactos gerados Sustentabilidade

Fonte: Elaboração própria (2020), adaptado de OCDE (2012)

Usualmente, o modelo de base AIA é visto em AAE de planos e programas, já que o nível de
complexidade atribuído a uma política pública inviabiliza o seu uso nessa linha metodológica,
conforme assinalou Sánchez (2008). Assim, o modelo de base estratégica, por se adequar melhor
19
ao conceito de flexibilidade esperada nos âmbitos de decisão mais elevados, é tido como uma
abordagem política (MMA, 2002), porém se enquadra a todos os níveis de PPP.

Devido ao maior nível de detalhamento do objeto a ser avaliado em escalas hierárquicas de decisão
mais baixas, Fischer (2007) enfatiza que quanto mais próxima de um projeto, a AAE tende a adotar
metodologia baseada em AIA. O autor acrescenta ainda, que as técnicas empregadas em cada
situação variam de acordo com o grau estratégico da decisão a ser tomada, relacionado à demanda
de especificidade na avaliação em curso. Assim, é esperada em níveis de políticas, por exemplo, a
utilização de previsões e cenarizações baseadas em dados estatísticos e levantamentos de
tendências. À medida que a decisão atinge maiores níveis de precisão territoriais e seus objetivos
se aproximam das intervenções físicas sobre o meio, técnicas como georreferenciamento e análise
multicritério se tornam mais comuns (FISCHER, 2007).

A ideia de que a AAE de base AIA procura chegar a um meio ambiente equilibrado por meio de
suas propostas de controle dos impactos e a AAE de base estratégica parte da ideia de um meio
ambiente equilibrado para agir em prol da sustentabilidade, pode ser vista na Figura 2.

Figura 2 - Abordagens de uma AAE

Fonte: Elaboração própria (2020)

Ambas as abordagens metodológicas têm sido utilizadas, com maior destaque para o modelo
baseado em AIA, a exemplo das orientações da Diretiva da União Europeia para aplicação da AAE
(TEIXEIRA, 2008), uma vez que a ferramenta surge justamente como uma extensão da avaliação
de impactos ambientais, trazendo consigo fortes traços característicos. Mas a tendência observada
nos últimos anos, de acordo com Nadruz (2015), é uma transição gradual da abordagem

20
fundamentada na avaliação de projetos para uma perspectiva mais estratégica conforme a
experiencia com a ferramenta aumenta e seu conceito estratégico é amadurecido e colocado em
prática.

4.3.7. Etapas de uma AAE


A maneira como uma AAE é concebida vai depender basicamente da existência de legislação ou
termo de referência que oriente como o estudo deve ser realizado ou ainda pela preferência e prática
da equipe de trabalho sobre determinada metodologia. Nesse sentido, desde o início da AAE no
campo teórico e conceitual, alguns autores e governos vêm estabelecendo roteiros a melhores
práticas dessa ferramenta, ora adotando base AIA, ora adotando base estratégica.

No Brasil, o manual Avaliação Ambiental Estratégica publicado em 2002 pelo Ministério do Meio
Ambiente (MMA, 2002) mostrou, a partir das práticas internacionais, que a AAE pode ser dividida
em oito etapas:

Quadro 4 - Etapas sequenciais básicas da AAE

1. Seleção de propostas de decisão estratégica (screening)


2. Estabelecimento dos prazos (timing)
3. Definição do conteúdo da avaliação (scoping)
4. Avaliação dos impactos estratégicos
5. Documentação e informação
6. Revisão
7. Decisão
8. Acompanhamento da implementação da decisão estratégica
Fonte: MMA (2002)

Já a autora portuguesa Maria do Rosário Partidário, no manual Guia de melhores práticas para
Avaliação Ambiental Estratégica - orientações metodológicas para um pensamento estratégico em
AAE (PARTIDÁRIO, 2012), atualização da primeira versão publicada em 2007, ambos pela
Agência Portuguesa do Ambiente (APA), inseriu a metodologia dos FCD na área de AAE,
tornando-a referência para trabalhos acadêmicos e AAE realizadas, como pôde ser observado nas
pesquisas por material para escrita da presente revisão bibliográfica. Nesse manual, o uso de base

21
estratégica é defendido pela autora e a metodologia proposta é estruturada para servir a esse
propósito, como pode ser visto a seguir.

Quadro 5 - Três fases do modelo de pensamento estratégico em AAE

Fase 1: Contexto e foco estratégico (define prioridades estratégicas)


− Problema de decisão: o que motiva a necessidade de decisão;
− Objeto de avaliação: identificado a partir do problema de decisão,
determina o que será avaliado;
− Quadro problema: problemas, potencialidades e forças de mudança;
− Quadro de governança: partes relevantes de interesse para a AAE;
− Quadro de referência estratégico: macropolíticas estratégicas da AAE;
− Quadro de avaliação: fatores críticos para a decisão – FCD (temas chave
e importantes para a AAE, que direcionam seu foco), critérios de
avaliação (especificam os FCD) e indicadores (métricas de avaliação).
Fase 2: Caminhos para a sustentabilidade e diretrizes (orientada pela visão
de futuro)
− Análise de tendências: entende os diferentes contextos aos quais o
desenvolvimento está suscetível;
− Opções estratégicas: possíveis caminhos a serem seguidos para alcançar
objetivos estratégicos;
− Avaliação de oportunidades e riscos: enumera o que é favorável e o que
é desfavorável em cada opção estratégica;
− Diretrizes: recomendações para a PPP.
Fase 3: Contínua
Seguimento, monitoramento, controle, ligação de processos e envolvimento:
estabelece uma rotina sistemática de coesão, verificação de conformidade de
resultados e resguardo a eventos inesperados que possam mudar o rumo das
decisões.
Fonte: Elaboração própria (2021), adaptado de Partidário (2012)

Sendo a AAE, portanto, uma ferramenta em diferentes estágios em cada local em que é aplicada, a
forma que se estrutura também é variável e está sob constantes revisões. Assim, suas etapas,
independente do nome que irão receber ou das técnicas empregadas na avaliação servirão para o
22
mesmo fim de resguardar a sustentabilidade em políticas públicas, cada uma com seu potencial a
depender do comprometimento imputado à ferramenta.

4.3.8. AAE no Brasil


No Brasil, a AAE ainda não é obrigatória por lei federal (OPPERMANN; MALVESTIO;
MONTAÑO, 2013), mas seu uso já é constatado, ainda que de maneira limitada aos princípios
gerais esperados de uma AAE, desde a década de 1990, com a construção do gasoduto Brasil-
Bolívia (TEIXEIRA, 2008). Esse empreendimento binacional, mesmo não sendo uma PPP, foi
submetido à AAE para verificar de forma mais ampla os desdobramentos socioambientais que a
AIA prevista não iria englobar, como condicionante ao financiamento do projeto (TEIXEIRA,
2008).

De maneira geral, as iniciativas já vistas no Brasil são fomentadas, em grande parte nas esferas
estaduais de planejamento e gestão ambiental, pelo fortalecimento do apelo a práticas sustentáveis
que insiram questões ambientais em âmbitos administrativos onde a AIA não é capaz de alcançar
e pela exigência a financiamentos de agências multilaterais de desenvolvimento, notadamente o
BID e o BM (PELLIN et al., 2011; OPPERMANN; MALVESTIO; MONTAÑO, 2013).

Ainda que a AAE não tenha reconhecimento legal, algumas iniciativas foram tomadas para tentar
introduzir o instrumento na gestão pública. Nesse sentido, o Ministério do Meio Ambiente além de
organizar eventos de divulgação e capacitações acerca da AAE (SÁNCHEZ, 2008; PELLIN et al.,
2011), também elaborou, em 2002, um manual sobre o tema, onde consta um levantamento técnico
dos principais conceitos da AAE, suas experiencias nacionais e internacionais e orientações
procedimentais para aplicação no contexto brasileiro, visando divulgar a ferramenta nas esferas
públicas, privadas e acadêmicas para que fosse progressivamente desenvolvida e aplicada (MMA,
2002).

Em 2004, o Tribunal de Contas da União recomendou a aplicação da AAE para planos plurianuais,
bem como PPP setoriais por meio do acórdão 464/2004 (SÁNCHEZ, 2008) e, em 2010, foi aberta
consulta pública pelo MMA sobre a publicação do documento preliminar Diretrizes para a
Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) nas decisões do Governo Federal, que objetivava “[...]
estabelecer os princípios, as condições e os critérios básicos para o emprego da AAE como

23
instrumento avançado de política ambiental dos processos de formulação de estratégias de ação
que ocorram em diferentes níveis de decisão do Governo Federal” (MMA, 2010, p.1). Almeida et
al. (2015) relatam em seu artigo, entretanto, não ter ocorrido nenhum feedback dessa consulta até
2015.

Cerca de oito projetos de lei que envolvem a avaliação ambiental de decisões públicas
administrativas foram apresentados à Câmara dos Deputados, sendo o primeiro, em 1988, pelo
Deputado Fábio Feldmann e o mais recente, em 2019, pelo Deputado Marcelo Freixo, conforme
mostrado no Quadro 6. Cinco desses PL fazem menção direta ao instrumento de AAE e os outros
três propõem o licenciamento de políticas, planos e/ou programas. Todavia, entre arquivamentos e
esperas à apreciação do plenário, a institucionalização da AAE no Brasil ainda segue em aberto.

Quadro 6 - Projetos de lei para regulamentar avalições ambientais das decisões públicas no Brasil

Proposta de avaliação ambiental da decisão


Projeto de Lei Autoria
pública
EIA e RIMA para licenciamento de planos urbanísticos
que impliquem grandes alterações no zoneamento dos
710/1988 Deputado Fábio Feldmann municípios com mais de 200 mil habitantes, ou em
áreas consideradas de relevante interesse ambiental a
critérios dos órgãos integrantes do SISNAMA.
AAE para políticas, planos e programas, consolidada
2072/2003 Deputado Fernando Gabeira
no Relatório de Avaliação Ambiental (RAA).
Licenciamento, a critério do licenciador e em etapa
3729/2004 Deputado Luciano Zica única, para planos e programas que envolvam vários
empreendimentos.
Licenciamento, a critério do licenciador e em etapa
3957/2004 Deputada Anna Pontes única, para políticas, planos e programas
potencialmente causadores de impacto ambiental.
AAE para políticas, planos e programas, consolidada
261/2011 Deputado Marçal Filho
no Relatório de Avaliação Ambiental (RAA).
AAE para políticas, planos e programas, consolidada
4996/2013 Deputado Sarney Filho
no Relatório de Avaliação Ambiental (RAA).

24
Proposta de avaliação ambiental da decisão
Projeto de Lei Autoria
pública
AAE para planos e programas determinados por lei ou
5716/2013 Deputado Alessandro Molon que estipulem diretrizes para a implantação de uma
lista de projetos relacionados em anexo na PL.
AAE para planos e programas que envolvam a
4093/2019 Deputado Marcelo Freixo implantação futura de empreendimentos que
demandem EIA.
Fonte: Brasil (1988, 2003, 2004a, 2004b, 2011, 2013a, 2013b, 2019)

A nível estadual, Bahia, Minas Gerais e São Paulo, já possuem decretos que regulamentam a AAE
como instrumento avaliativo de PPP (OPPERMANN, 2012). Em outros estados, como Espírito
Santo e Rio de Janeiro, ainda sem regulamentação específica sobre a ferramenta de planejamento
ambiental, a AAE ganha destaque ao ser incorporada para iniciativas que englobam conjuntos de
empreendimentos regionais (TEIXEIRA, 2008; OPPERMANN, 2012).

Com o crescimento das práticas da AAE no país ao longo dos anos, alguns autores (TEIXEIRA,
2008; MARGATO, 2012; OPPERMANN, 2012; MALVESTIO, 2013; NADRUZ, 2015) puderam
fazer um levantamento desse quantitativo, chegando a quase 40 AAE, até o ano da última
publicação (2015). Os setores de energia e transporte, ambos relacionados com infraestrutura,
foram os que tiveram maior número, seguidos pelos setores de desenvolvimento regional e turismo,
de acordo com a categorização das amostras de AAE feita por Nadruz (2015) em seu trabalho.
Teixeira (2008) destacou que na maioria dos casos, a metodologia empregada é de base AIA, com
exceção ao setor de turismo, que se destaca pela maior influência da base estratégica.

Apesar da AAE ser esperada em PPP, no Brasil, seu uso inclui uma categoria que não é
propriamente estratégica, a de projetos estruturantes, entendidos por Malvestio e Montaño (2013,
p.7, tradução nossa) como “[...] grandes projetos de infraestrutura que podem mudar
significativamente o desenvolvimento de uma região”.

Nesse contexto, Oppermann, Malvestio e Montaño (2013) mostram que o uso da AAE é
inversamente proporcional ao nível hierárquico das decisões, com maior número para os projetos
estruturantes, seguidos dos programas e por último os planos. Esse cenário é o reflexo de uma

25
aplicação não estruturada da AAE, decorrente da sua não institucionalização e obrigatoriedade no
país.

Ainda que sejam verificadas AAE no Brasil, muitas críticas são feitas nos trabalhos que discorrem
sobre a experiencia brasileira no assunto. A desarticulação institucional, segundo Oppermann,
Malvestio e Montaño (2013), ocasiona em delegação imprecisa de responsabilidades e processos
mal coordenados e com falhas de comunicação. Outra deficiência vista no uso do instrumento no
país é a atribuição do termo AAE para casos em que não há realmente uma estratégia a ser definida,
mas sim deliberar sobre como grandes empreendimentos serão implementados após a decisão de
fazê-los já tomada (PELLIN et al., 2011). Ademais, a ausência de uma orientação oficial
regulamentada por lei e regulada por órgão competente certamente enfraquece o instrumento, que,
de acordo com Oliveira et al. (2009 apud MALVESTIO; MONTAÑO, 2013) dificilmente é capaz
de influenciar uma tomada de decisão de fato estratégica, mas sim pontual e reflexo de uma opção
de desenvolvimento já estabelecida.

Diante do exposto, é possível observar que as experiencias brasileiras com a AAE não estão
integralmente alinhadas com os critérios de eficiência esperados numa AAE, conforme
apresentados na seção 4.3.3 deste trabalho.

Assim, garantir a institucionalização da AAE no Brasil pode otimizar a “[...] compatibilização do


desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do
equilíbrio ecológico” (BRASIL, 1981, p.2), primeiro objetivo da PNMA, aumentando
oportunidades e diminuindo conflitos setoriais (MMA, 2010), como também fortalecendo os
segmentos da economia (GARCIA; SOUZA, 2015). Além disso, pode ajudar a desenvolver um
pensamento mais inteligente sobre como explorar de forma sustentável o país que, conforme
ressaltou Egler (2001), possui ainda vasta dimensão territorial sem ocupação.

4.3.9. Experiências práticas no setor de saneamento


No Brasil, as práticas de AAE no setor de saneamento ainda não são muito extensas e tiveram
início, em 2004, com o Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus, como exibido no
Quadro 7. Vale ressaltar, no entanto, que o conjunto de AAE para todos os setores aplicados não
passava de 40 em 2015, como já mencionado. Isso revela que a pequena amostra voltada ao nicho

26
de interesse deste trabalho apenas segue o padrão do conjunto onde está inserida a AAE no país,
sem legislação que obrigue sua aplicação, sendo assim, não recorrente e espaçada.

Quadro 7 - AAE no setor de saneamento brasileiro

Financiamento
Ano AAE Promotor Papel da AAE
externo
Orientar as possibilidades
interventivas do programa na
recuperação de áreas degradadas, com
Programa
direcionamento a adequações no
Social e Governo do
BID sistema de drenagem, melhorias em
2004 Ambiental dos Estado do
abastecimento de água e esgotamento
Igarapés de Amazonas
sanitário e intervenções urbanísticas e
Manaus
habitacionais para melhor qualidade
de vida da população
(CONCREMAT; UFAM, 2004).
Indicar os possíveis desdobramentos
socioambientais das soluções
Programa de propostas e
Melhoria da garantir que estas se relacionem
Governo do
Qualidade diretamente com os problemas
2006 Estado do BID
Ambiental ambientais urbanos que realmente
Amapá
Urbana do existem em determinadas cidades do
Amapá Amapá relativos à salubridade e à
preservação de áreas de fragilidade
ambiental (AMAPÁ, 2006).
Programa de
Elencar diretrizes socioambientais
Saneamento
voltadas à implementação de projetos
Ambiental e
de urbanização e infraestrutura na
Urbanização
sub-bacia do riacho do Mané Dendê a
do Prefeitura de
2016 BID partir de análise das potencialidades e
Subúrbio de Salvador/BA
ameaças trazidas pelo programa a fim
Salvador: 1ª
de gerar debates antes de decisões
Etapa - Projeto
serem tomadas (SALVADOR; NCA,
Novo Mané
2016).
Dendê
Determinar os possíveis caminhos a
serem seguidos pela gestão pública de
Política de saneamento ambiental vinculada aos
Governo do
Saneamento recursos hídricos para uma melhor
2017 Estado do BM
Ambiental do qualidade das águas estaduais após
Ceará
Ceará processo analítico que justifique as
escolhas baseadas nas necessidades
locais (ARCADIS, 2017).
Fonte: Elaboração própria (2021), adaptado de Margato (2012)

Observa-se que o uso da AAE no setor de saneamento brasileiro é majoritariamente vinculado a


programas, com apenas um caso na esfera de política. Constata-se ainda que todas as experiencias
27
registradas se concentram nas regiões norte e nordeste. Ainda que poucas, a existência dessas AAE
revela que houve demanda e, portanto, o setor do saneamento pode ser contemplado por essa
ferramenta de planejamento ambiental.

4.4. Saneamento Ambiental


4.4.1. Cenário brasileiro
Sanear significa tornar são, habitável (FERREIRA, 2004), em concertação com a Organização
Mundial da Saúde (OMS, 1946, n.p.) para quem “[...] saúde é um estado de completo bem-estar
físico, mental e social e não consiste apenas na ausência de doença ou enfermidade”. Assim, de
acordo com a Política Federal de Saneamento (Lei nº 11.445/2007), no serviço de saneamento que
é prestado à população, há a divisão de quatro eixos considerados básicos às necessidades humanas
coletivas:

[...] abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos
sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente; e
disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e de manejo das águas
pluviais adequados à saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público e
privado [...] (BRASIL, 2007, p.2)

Não apenas um setor que presta serviços como objeto de obtenção de receitas, o saneamento
ambiental também está vinculado diretamente à qualidade de vida da população e à preservação do
meio ambiente, sendo, portanto, um segmento de infraestrutura que abarca aspectos sociais,
econômicos e ambientais (BRK AMBIENTAL, 2020).

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 determina que a União é responsável por estabelecer
diretrizes ao saneamento, sem exercer, no entanto, atribuições executivas e operacionais
(PEREIRA JÚNIOR, 2008). Além disso, ela divide entre União, Estados, Distrito Federal e
Municípios a responsabilidade de promover programas de melhorias no saneamento básico
(BRASIL, 1988) de forma ampla, sem determinar o escopo e circunstâncias de aplicação.

Com a Lei nº 11.445, o setor passou a contar com marco regulatório, onde titulares, prestadores e
usuários dos serviços tiveram que seguir diretrizes nacionais da Política então estabelecida
(PEREIRA JÚNIOR, 2008). Essa lei instituiu o Plano Nacional de Saneamento Básico
(PLANSAB) para orientar ações e investimentos federais, exigindo a elaboração de Planos

28
Municipais de Saneamento Básico (PMSB) como ferramenta de planejamento à universalização
dos serviços e condicionante ao acesso a recursos do governo federal às municipalidades para
serem aplicados ao setor (TRATA BRASIL, 2012).

Em 2020, com o novo marco legal do saneamento, a legislação de 2007 deu lugar à Lei nº 14.026,
onde dentre as alterações realizadas, destaca-se a atribuição da Agência Nacional de Águas e
Saneamento Básico (ANA) à instituição de normas de referência regulatórias aos serviços públicos
de saneamento básico (BRASIL, 2020).

A nova lei, no entanto, se fez em meio a polêmicas quanto a quem sairá beneficiado com as
mudanças. Souza (2020) apontou que o novo marco regulatório possui mecanismos que induzem
à privatização dos serviços, colocando em questionamento a real prioridade que o Estado dá ao
setor dentre os demais, visto que, segundo o autor, uma pequena parcela das receitas da União
injetadas no saneamento já poderia atender às demandas anuais de universalização que a iniciativa
privada viria a suprir.

Isso mostra que o saneamento ambiental é então um assunto passível de muitas discussões e que
carece de muita atenção quanto às melhores ações que devem ser tomadas por abarcar fragilidades
cruciais para o desenvolvimento do país, já que sua universalização traz uma série de benefícios
como redução dos custos com a saúde, aumento de produtividade, renda e arrecadação de impostos,
valorização imobiliária e expansão do turismo (TRATA BRASIL, 2018).

4.4.2. Fatores que propiciam o uso da AAE


Como mostrado anteriormente, o saneamento ambiental tem a capacidade de influenciar outras
áreas de planejamento, sendo assim um setor estruturante e decisivo para o desenvolvimento do
país. Há, no entanto, uma série de entraves políticos, de conflitos de interesse, orçamentários, de
transparência, entre outros que acabam por atrapalhar ou impedir que a universalização dos
serviços ocorra, implicando não apenas na perda de potencial que o setor pode gerar, mas também
em prejuízos sociais, ambientais e econômicos.

Nesse sentido, com o propósito de inserir a sustentabilidade nas tomadas de decisão, alguns autores
já vêm defendendo o uso da AAE como aliada às políticas públicas de saneamento. Silva e Agra
Filho (2019) apontaram a participação social e a discussão política como características
29
estruturantes consideradas na AAE que podem fortalecer a governança e, com isso, subsidiar
decisões sustentáveis orientadas pelos objetivos das PPP. Coury (2018) acrescenta ainda que, para
PMSB, a AAE com sua visão holística e coordenada confere maior qualidade e organização no
planejamento. A autora também destaca que a característica integrativa da AAE aproxima os
stakeholders à tomada de decisão, abarcando consigo um vasto leque de opiniões na elaboração
desses planos municipais.

Assim, seja pelas ameaças que colocam o setor de saneamento em vulnerabilidade quanto ao seu
funcionamento ou pelo fato de se tratar de um segmento extremamente importante para a qualidade
de vida da população e para a qualidade ambiental dos recursos naturais, a elaboração de PPP de
saneamento pode obter ganhos estratégicos ao atrelar a AAE como ferramenta de planejamento
ambiental a sua formulação. Ademais, como pode ser visto na seção 4.3.9, a AAE já vem sendo
empregada nesse setor, reforçando sua aplicabilidade além do campo conceitual de trabalhos
acadêmicos.

5. Área de estudo
O presente trabalho considera como área de estudo para aplicação da AAE toda a Região
Hidrográfica da Baía de Guanabara (RHBG), uma vez que a extensão delimitada por ela abrange
não só as porções drenantes à baía, como também territórios adjacentes que fazem parte do seu
entorno. Ademais, a escolha deste recorte territorial se justifica por coincidir com a área de
planejamento do programa mais recente que será aqui examinado, mesmo sem atuação integral
sobre toda ela.

Assim, neste capítulo, a RHBG será caracterizada quanto a aspectos gerais de localização
geográfica, divisões municipais, população e produto interno bruto (PIB). Além disso, serão
mostradas as experiências com programas de saneamento no entorno da BG, como forma de
salientar a importância de tomadas de decisão bem equacionadas para obtenção de resultados mais
eficientes, mediante o uso da AAE.

30
5.1. Aspectos gerais
A Região Hidrográfica Baía de Guanabara, conhecida por Região Hidrográfica V (RH-V) de
acordo com a Resolução nº 107/2013, do Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Rio de
Janeiro (CERHI-RJ), que divide o estado em nove RH de planejamento, é composta pelas bacias
hidrográficas que possuem a BG como estuário e por aquelas que drenam para os complexos
lagunares de Jacarepaguá, Itaipu-Piratininga e Maricá (RHA, 2020), conforme mostrado no mapa
da Figura 3.

Figura 3 - Região Hidrográfica V e suas bacias

Fonte: Elaboração própria (2021)

Compreendendo a totalidade de 17 municípios, sendo Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Tanguá,


Guapimirim, Magé, Duque de Caxias, Belford Roxo, Mesquita, São João de Meriti e Nilópolis
inteiramente inseridos na RH e Maricá, Rio Bonito, Cachoeira de Macacu, Petrópolis, Nova Iguaçu
e Rio de Janeiro parcialmente inseridos (RIO DE JANEIRO, 2013), conforme o mapa da Figura

31
4, a RHBG ocupa apenas 10,98%1 do território estadual, mas sua população equivale a mais de sua
metade, cerca 61,36%2 pelos dados do Censo Demográfico de 2010.

Figura 4 - Áreas municipais inseridas na RH-V

Fonte: Elaboração própria (2021)

A ocupação deste território é diversa, indo desde áreas urbanas densamente povoadas até áreas
rurais. De acordo com as informações disponibilizadas pelo Censo de 2010, a Figura 5 mostra que
54,29%3 do território dessa região é urbanizado, sendo o município do Rio de Janeiro, totalmente
urbano, aquele que concentra maior parte da população (51,78%), seguido de São Gonçalo (9,54%)
e Duque de Caxias (8,45%), conforme a Tabela 1.

1
Valor obtido pela razão entre a área total da RH-V e área total do ERJ, ambos calculados a partir dos shapefiles
utilizados nos mapas elaborados (480.695,513889/4.378.987,40715 ha).
2
Valor obtido pela razão entre a população equivalente à RH-V (densidade populacional por grade estatística
multiplicada pela área do shapefile de grades estatísticas após corte para a RH-V) e a população total do ERJ, de acordo
com dados do Censo Demográfico de 2010 (9.811.177,542249 / 15.989.929 hab.).
3
Valor obtido pela razão entre a área total dos setores censitários urbanos da RH-V e a área total da RH-V
(260.575,58708/479.996,254304 ha).
32
Figura 5 - Áreas urbanas e rurais dos municípios da RH-V

Fonte: Elaboração própria (2021)

33
Tabela 1 - Representatividade populacional na RH-V em 2010

Fonte: Elaboração própria (2021), com base nas grades estatísticas de IBGE (2010)

A região do entorno da BG possui localização estratégica para a economia do estado. Dados do


último levantamento do Produto Interno Bruto (PIB), feito em 2018, pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram que os municípios que fazem parte da RHBG
concentram 73,25%4 do PIB estadual, refletindo nas receitas que se concentram nesse recorte do
território, cujas atividades com maior valor adicionado bruto por município são expostas no
Quadro 8.

4
Valor obtido pela razão entre o somatório do PIB a preços correntes (R$1.000) dos 92 municípios do ERJ e dos 17
municípios integrantes à RH-V (555861454.98/758859046.867 R$)
34
Quadro 8 - Atividades responsáveis pela maior parcela do PIB municipal na RH-V5

Fonte: Elaboração própria (2021), com base em IBGE (2018)

5.2. Programas de saneamento implementados


Sob a premissa de obter uma Baía de Guanabara despoluída, a área de interesse deste trabalho é
alvo de iniciativas diretas do Governo do Estado, há mais de 25 anos, na promoção do saneamento
ambiental, em especial o esgotamento sanitário, principal fonte da poluição carreada pelos rios da
região. Nesse sentido, este capítulo contextualiza como os programas implementados para tratar da
questão foram conduzidos e quais os resultados obtidos.

5
A classe Demais serviços compreende a agregação dos setores: Transporte, armazenagem e correio; Alojamento e
alimentação; Informação e comunicação; Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados; Atividades
imobiliárias; Atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços complementares; Educação e
saúde privadas; Artes, cultura, esporte e recreação e outras atividades de serviços e serviços domésticos.
35
5.2.1. Programa de Despoluição da Baía de Guanabara
Iniciado em 1994, o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG) tinha a finalidade de
adequar os sistemas de saneamento nos municípios do entorno da Baía por meio de obras de
infraestrutura para que a qualidade das águas que nela desaguam fosse gradativamente melhorada
e seus ecossistemas recuperados (BRITTO; QUINTSLR, 2020; BRITTO, 2003).

O programa foi conceitualmente estruturado em três fases: 1) Programa de Despoluição da Baía de


Guanabara propriamente dito e a base para alcançar os objetivos almejados; 2) Programa de
Recuperação Ambiental da Bacia da Baía de Guanabara, voltada para o gerenciamento ambiental
e complementariedade às ações da fase 1; e 3) Programas Ambientais Complementares, exercendo
o papel de consolidar as demais fases e promover o fortalecimento institucional dos agentes
envolvidos no programa (VIEIRA, 2009).

A Fase 1, mais específica, foi dividida em cinco componentes: saneamento (esgotamento sanitário
e abastecimento de água), drenagem, resíduos sólidos, projetos ambientais e mapeamento digital,
sendo o eixo esgotamento sanitário aquele que obteve a maior parte dos recursos, cerca de 76%,
evidenciando o foco e importância que essa questão exercia sobre o objetivo – despoluição
(VIEIRA, 2009).

Com um volumoso investimento de mais de R$ 2 bilhões, o PDBG contou com o apoio financeiro
de agências multilaterais, BID e JBIC (Japan Bank for International Cooperation), e também de
uma parcela de recursos estaduais (ALENCAR, 2019; BRITTO; QUINTSLR, 2020). Apesar do
gasto gerado com o programa, seu encerramento, em 2006, se fez às custas de inúmeros atrasos e
objetivos não cumpridos (VIEIRA, 2009). Deixou-se um legado de juros de R$ 700 milhões e de
ETE (Estações de Tratamento de Esgoto), principal meio de controle da poluição hídrica, operando
bem abaixo de sua capacidade pela falta de rede coletora de esgoto, reduzindo muito pouco o
volume de efluentes in natura despejados nos corpos receptores (CHAVES; BITTENCOURT,
2016).

Nesse sentido, Vieira (2009) constatou que desde 1997 já foram sinalizados pela própria Secretaria
de Estado do Ambiente (SEA) entraves logísticos, executivos e de comunicação e transparência no
PDBG. O autor relatou ainda que foram denunciadas obras incompletas apesar de terem sido
divulgadas como concluídas. Assim, em 2003, após diversas polêmicas acerca do programa, uma

36
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi aberta na Assembleia Legislativa do Estado do Rio
de Janeiro (ALERJ) para investigar a gestão financeira, sendo encontradas irregularidades nos
processos de licitação, emissão de notas e andamento das obras (CHAVES; BITTENCOURT,
2016).

O PDBG, portanto, ainda que tenha contribuído para a infraestrutura de saneamento da região,
ocorreu sob sucessivas falhas. Segundo Vieira (2009), o BID, principal investidor, apontou que os
papéis de responsabilidade nos órgãos coexecutores sofreram diversas mudanças ao longo do
programa, comprometendo sua estrutura institucional. O autor também reforçou que o modelo de
gestão multipartido entre os órgãos envolvidos sem uma eficiente coordenação político-
administrativa abriu brechas para as ilegalidades atestadas na CPI. Com isso, a desarticulação
vertical entre os poderes políticos e a horizontal entre as partes envolvidas comprometeram os
resultados almejados para o programa (VIEIRA, 2009).

5.2.2. Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía de


Guanabara
O Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara (PSAM)
começou a ser estruturado logo após o fim do PDBG, em 2006 (CHAVES; BITTENCOURT,
2016). A escolha da Cidade do Rio de Janeiro, em 2009, como sede dos jogos olímpicos de 2016
não só fomentou o processo de recuperação dos rios e estuários da região, como se tornou também
um compromisso olímpico (BRITTO; QUINTSLR, 2020).

Apesar de reconhecer os resultados insatisfatórios do PDBG, o BID aprovou o financiamento do


novo programa (CHAVES; BITTENCOURT, 2016), que foi oficialmente implantado com o
Decreto Estadual nº 42.931 de 2011, com o aporte de US$ 451,98 milhões para seu
desenvolvimento, acrescidos de US$ 187,57 milhões de contrapartida do governo estadual (SEA-
Relatório PSAM apud SEFAZ, 2017).

Segundo o site oficial do PSAM6, o objetivo do programa foi garantir o acesso aos serviços de
saneamento, melhorando as condições do ambiente e a qualidade de vida da população. O mesmo

6
https://psam.eco.br/
37
portal informa também que ele foi dividido em três componentes: obras e projetos de engenharia
relativos a esgotamento sanitário, fortalecimento institucional e promoção de políticas públicas
municipais, principalmente no apoio à elaboração de Planos Municipais de Saneamento Básico de
algumas cidades dentro da área de abrangência do programa.

O relatório do PSAM elaborado pela SEA indica o baixo desempenho do programa nos seus cinco
primeiros anos, em decorrência de entraves na sua estruturação, processos de licitação e obtenção
de licenças, tendo um pequeno avanço em 2015, seguido de desaceleração das atividades em 2016,
em meio à crise econômica do Estado (SEA- Relatório PSAM apud SEFAZ, 2017). Há, então,
semelhança entre o PSAM e o PDBG não apenas quanto ao que foi programado, mas igualmente
na susceptibilidade a falhas, onde, de acordo com Chaves e Bittencourt (2016), há destaque para a
falta de transparência, fator crucial para garantir o controle social.

Como alternativa à continuidade das obras e tendo em vista o vencimento dos desembolsos, em
março de 2017 o contrato do PSAM foi submetido a processo de prorrogação e cancelamento de
parte dos valores orçados, após reavaliação dos recursos necessários à conclusão do programa
(SEFAZ, 2017).

Dentre as alegações apresentadas à época no relatório do PSAM, a Secretaria de Estado de Fazenda


e Planejamento (SEFAZ, 2017) e o Ministério da Fazenda (MF, 2018) destacaram os ativos futuros
transferidos para a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) – responsável
pela operação e manutenção dos bens oriundos do PSAM – e o aumento de receitas operacionais
com novas ligações domiciliares, além da ausência de atribuição a mais uma tentativa, de
insucesso, de controlar a poluição na BG. Ademais, foram ponderados os investimentos que seriam
perdidos pela deterioração dos materiais e pela não serventia das obras inacabadas, bem como
encargos com processos judiciais indenizatórios contra o Estado, abertos pelas empresas
contratadas.

Ainda com obras em andamento, após a assinatura de um TAC (Termo de Ajustamento de


Conduta) entre Governo do Estado, CEDAE e Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) para
continuidade das atividades interrompidas em 2016 e conclusão até 2023 (LOIS, 2020), muito
ainda precisa ser feito para melhorar as condições sanitárias da região. Em 2016, o Governo do
Estado afirmou serem necessários mais 25 anos e cerca de 20 bilhões de reais investidos para que

38
especificamente a BG alcançasse as condições desejadas de ambiente despoluído (LOIS, 2020).
Isso mostra que o segundo grande programa implantado com a premissa de despoluir a Baía de
Guanabara não será capaz de atingir o macro objetivo de recuperar a qualidade das águas, sendo
necessários novos ciclos de programação e tomadas de decisão.

5.3. Uso da AAE para o estudo de caso


O saneamento no entorno da Baía de Guanabara, por se tratar de uma questão complexa e que
perpassa diversos municípios com características sociais, econômicas, políticas e ambientais
distintas, já foi e tem sido objeto de políticas públicas cujo desenvolvimento não foi capaz de
alcançar a desejada despoluição dos corpos hídricos da região, como visto nos tópicos anteriores.

Ao longo da execução dos programas relacionados à promoção do saneamento no entorno da BG,


houve uma série de falhas que comprometeram o alcance das metas, contribuindo para a
continuidade dos impactos ambientais e sociais decorrentes da não prestação plena dos serviços de
saneamento, em especial o esgotamento sanitário, e também de uma gestão financeira deficitária.

Ainda que nesses programas a frente de ação das decisões fosse dada diretamente sobre questões
ambientais para a redução dos impactos relacionados à ausência de saneamento ambiental, os
processos decisionais mal coordenados geraram impactos que comprometeram toda a sua cadeia
de sustentabilidade, onde meio ambiente, sociedade e economia saíram prejudicados ou com saldos
nulos, mesmo que ganhos pontuais tenham sido alcançados.

A inserção da AAE como instrumento de planejamento ambiental, pode, então, auxiliar na


reprogramação ou na criação de novos programas voltados às ações de saneamento nesse recorte
territorial, visto que, como já foi dito, há ainda muito a ser investido ao longo de vários anos para
que a palavra “despoluição” possa finalmente ser conquistada.

Nesse sentido, por compreender uma série de critérios para tornar a tomada de decisão mais
eficiente, como visto no capítulo 4.3.3 (Critérios à boa prática), principalmente quanto a ações mais
reguladas em vista à melhor governança, definição de papeis de responsabilidade, transparência e
participação pública, a AAE aglutinaria boas práticas à programação, de forma a buscar minimizar
o histórico de falhas e equacionar os problemas não resolvidos.

39
Espera-se, portanto, que a AAE aplicada ajude a expor as fragilidades e encontre caminhos para
superá-las antes que novas decisões sejam tomadas, diminuindo riscos, conflitos de interesses e
falhas que possam gerar gastos excessivos de tempo e dinheiro. Assim, caminhos mais sustentáveis
podem ser seguidos, com maior integração, otimização de oportunidades e credibilidade. Ademais,
por se tratar da esfera de um programa e prever uma série de intervenções estruturais, a AAE torna-
se fundamental para acelerar o licenciamento das obras, pois leva consigo o caráter preventivo de
impactos vinculados às necessidades que o programa terá ao longo de seu desenvolvimento.

6. Metodologia
Após revisão dos principais aspectos relativos à AAE e sua aplicação no setor de saneamento
ambiental, bem como a caracterização da área de estudo, o presente Capítulo apresenta as etapas
sequenciais metodológicas adotadas para a obtenção dos objetivos deste trabalho, como pode ser
visto no fluxograma da Figura 6. Em maiores detalhes, os itens 6.1, 6.2 e 6.3 explicitam todas as
atividades realizadas, onde, incialmente, é justificada a importância do uso da AAE para o estudo
de caso, seguido da proposição de ferramenta para ser empregada em etapa específica de AAE. A
partir dessa convergência de ideias, são mostrados os insumos escolhidos para aplicação e
apresentação dos resultados.

40
Figura 6 - Etapas sequenciais da metodologia

41
6.1. AAE no estudo de caso
Partindo do princípio de que a AAE é instrumento de apoio à tomada de decisão com relação à
elaboração ou revisão de PPP e de que, para a RHBG, área de estudo deste trabalho, as experiências
com programas de saneamento não foram suficientes no alcance de seus objetivos, considerou-se
a oportunidade do uso da AAE como indicativo de um novo Programa de Saneamento Ambiental
da região, visto que a demanda por tratamento de esgotos sanitários e consequente despoluição de
corpos hídricos ainda incide sobre sua territorialidade.

6.2. Proposta de ferramenta para etapa dos FCD em AAE de base estratégica
Para o presente trabalho, a metodologia escolhida como referência para a AAE inclui, inicialmente,
a seleção dos Fatores Críticos de Decisão (FCD), proposta pela autora Maria do Rosário Partidário
(PARTIDÁRIO, 2012), como apresentado no item 4.3.7, sob a justificativa da sua versatilidade,
base estratégica e vasta aplicabilidade em estudos de AAE, assim como naqueles do setor de
saneamento no Brasil.

A etapa de identificação dos FCD é fundamental para determinar o norte, as prioridades que a AAE
irá se debruçar, segundo seus objetivos estratégicos. Desse modo, é uma fase que demanda muita
atenção. Partidário (2012) destaca que nessa etapa não há uma única forma de execução e que
adequações podem ser feitas a cada caso, mas que deve haver discussão entre os agentes
interessados, como debates com brainstorming ou construção de dashboards, até que haja uma
convergência acerca dos FCD mais apropriados.

Assim, por não ser um modelo engessado e passível de adaptações como a própria autora salienta,
este trabalho traz uma proposta de ferramenta que tem por objetivo facilitar a interpretação de
elementos do diagnóstico preliminar, essenciais para o conhecimento dos problemas, sob a ótica
dos objetivos estratégicos. A Tabela 2 mostra como seria construída a matriz por FCD analisado.

42
Tabela 2 - Grau de criticidade para apenas um subindicador

FCD Subindicador
Peso para a tomada Grau de
Indicador (Nome do
(Nome do FCD) de decisão criticidade
subindicador)
(Critério
(Nome do indicador 1)
analisado 1)
(Critério
(Nome do indicador 2)
analisado 2)
(...) (...)
Fonte: Elaboração própria (2021)

A escolha de cada FCD será feita de acordo com as questões relacionadas e de interesse do
Programa alvo da AAE. Neste caso, cada FCD terá sua própria matriz, onde serão discriminados
um ou mais indicadores-base para cada critério analisado. A divisão por critério é guiada por temas
ou características que receberão diferentes pesos para suporte à tomada de decisão, sempre segundo
os objetivos estratégicos da AAE. Cabe ressaltar que o número de critérios e indicadores é
adaptável a cada caso em que a ferramenta proposta for aplicada. As escolhas e justificativas para
o estudo de caso deste trabalho serão apresentas no item 6.3.

Como a função do grau de criticidade é qualificar problemas de gestão pública na forma de


porcentagem, caso o indicador não seja assim representado, será realizada análise para obtenção
de valor percentual, levando à identificação de um subindicador. Além disso, ainda que o indicador
já esteja em percentual, mas não revele a fragilidade esperada, ele será igualmente submetido a
uma análise justificada.

De posse de todos os indicadores ou subindicadores e levando em conta a relevância da informação


trazida por eles para o programa em questão, será atribuído um peso de 1 a 5 ao seu critério
associado. Ao fim, será realizada uma média ponderada obtendo então o grau de criticidade.

O Quadro 9 mostra as diferentes faixas de classificação do grau de criticidade escolhidas para


agrupar os valores a serem obtidos. Quanto maior o valor encontrado, maior será a criticidade e a
correspondente necessidade de se estabelecer políticas públicas, como evidenciado no significado
de cada uma das respectivas classificações.

43
Quadro 9 - Faixas de classificação do grau de criticidade

Grau de Faixa de
Significado
criticidade classificação
< 25,0 % Baixo Poucos elementos precisam ser decididos.
Desafios à gestão pública já podem ser mais facilmente
25,0 a 50,0 % Moderado
percebidos.
50,1 a 75,0 % Alto Decisões demandam reflexão e cautela.
Maior complexidade para solucionar os problemas que
> 75,1 % Muito alto
demandam políticas públicas.
Fonte: Elaboração própria (2021)

Caso seja necessário que os indicadores associados aos critérios sejam expressos em mais de um
subindicador, será realizada a média ponderada variando de 1 a 5, de acordo com sua relevância
para a mensuração dos problemas considerados. Assim, como mostra a Tabela 3, em posse de um
único valor, este será submetido ao cálculo já mencionado de grau de criticidade.

44
Tabela 3 - Grau de criticidade para mais de um subindicador

FCD Subindicador 1 Subindicador 2 (...) Subindicador n


Média ponderada Peso para a
(Nome do (Nome do (Nome do Grau de
(Nome do Indicador dos indicadores tomada de
subindicador Peso subindicador Peso (...) subindicador Peso criticidade
FCD) construídos decisão
1) 2) n)
(Critério
analisado (Nome do indicador 1)
1)
(Critério
analisado (Nome do indicador 2)
2)
(...) (...)
Fonte: Elaboração própria (2021)

45
Com os graus de criticidade de cada FCD encontrados, será realizada nova média ponderada para
obtenção do valor do grau de criticidade total, aplicando-se a mesma lógica de pesos, porém desta
vez para todo o FCD. Desse modo, todos os valores obtidos são agrupados num só indicador, como
pode ser visto na Tabela 4 e exemplificado na Tabela 5. Vale ressaltar que o grau de criticidade
total tem o intuito apenas de mensurar e validar a importância de submeter o Programa ao estudo
de AAE pela análise de seus fatores críticos, ainda que as diretrizes da AAE sejam pensadas a partir
de cada FCD.

Tabela 4 - Grau de criticidade total

Grau de Peso do Grau de


FCD
criticidade FCD criticidade total

(FCD 1)
(FCD 2)
(...)
Fonte: Elaboração própria (2021)

Tabela 5 - Exemplo de grau de criticidade total

Grau de Peso do Grau de


FCD
criticidade FCD criticidade total

(FCD 1) 72% 3
59%
(FCD 2) 51% 5
Fonte: Elaboração própria (2021)

A ferramenta proposta tem a finalidade, portanto, de direcionar prioridades e indicar o quão crítico
é o objeto a ser submetido à AAE, segundo temas-chave relacionados com o Programa. Ela ajuda,
dessa forma, no direcionamento e justificativa que serão dados à escolha dos FCD junto às partes
interessadas ao processo, de forma mais simplificada, focada e objetiva, seguindo o princípio da
parcimônia que Partidário (2012) destaca como imprescindível nesse momento da AAE.

46
6.3. Aplicação da ferramenta
Ainda que a escolha de FCD, numa AAE oficial, necessite da apreciação das partes interessadas,
neste trabalho, eles serão elencados para simular a ferramenta proposta. Assim, para a área de
estudo, RHBG, foram elencados dois FCD que se relacionam diretamente com o tema de
saneamento ambiental da região: Qualidade dos Serviços de Saneamento Ambiental e Qualidade
das Águas. Posteriormente, foram selecionados os critérios e seus respectivos indicadores, e
calculados o que foi designado como subindicadores.

No capítulo de resultados, os indicadores serão representados em mapas e gráficos ilustrativos,


para discussão preliminar dos dados de entrada que servirão de insumo para a ferramenta proposta.
Em seguida, todas as informações serão compiladas na matriz de grau de criticidade por FCD,
obtendo, por fim, o grau de criticidade total dos FCD vinculados ao objeto de estudo.

6.3.1. FCD 1 – Qualidade dos Serviços de Saneamento Ambiental


6.3.1.1. Critérios e indicadores
Para o primeiro FCD foram escolhidos 4 critérios, abastecimento de água, esgotamento sanitário,
drenagem urbana e resíduos sólidos, que compõem os serviços de saneamento ambiental. No
entanto, como o foco estratégico dos programas de saneamento já realizados na RH-V é a melhoria
dos serviços do setor em prol da despoluição dos corpos hídricos, nem todos os seus componentes
terão influência direta sobre a tomada de decisão, mas são importantes de serem representados por
constarem nas experiências dos programas já implantados.

Todos os indicadores escolhidos para este critério tiveram como referência a série histórica do
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), segundo os dados mais recentes
informados pelos municípios da RH-V sobre água e esgoto (AE), resíduos sólidos (RS) e águas
pluviais (AP).

Abastecimento de Água

O SNIS, em seu cálculo de indicadores de atendimento, faz distinção entre índice de atendimento
urbano e total de água. No caso da RHBG, a título de sua totalidade territorial composta não apenas
47
por áreas urbanas, mas também considerável parcela rural, utilizou-se o índice de atendimento total
de água (IN055-AE) para representar como se encontra distribuído o serviço na região de interesse
deste trabalho.

Para este critério, foi escolhido o menor peso possível para a tomada de decisão (1), em virtude de
não ser o foco principal das ações programadas, anteriormente, no PDBG e PSAM. Além disso, a
incidência é indireta sobre a poluição das águas, se relacionando diretamente com a degradação
hídrica apenas quando esta se torna um problema para o próprio abastecimento.

Esgotamento Sanitário

Assim como no abastecimento de água, o índice de atendimento usado para representar como se
encontra o esgotamento sanitário na RHBG é o total. Nesse caso, o índice de atendimento total de
esgoto referido aos municípios atendidos com água (IN056-AE) traduz apenas o acesso ao serviço.

Além deste índice, como o esgotamento sanitário se relaciona de forma direta com a deterioração
dos corpos hídricos da região, foco principal dado aos programas de saneamento já realizados,
outros indicadores são importantes para ilustrar como sua gestão se encontra atualmente. Assim,
também foram escolhidos como importantes para representar esse critério o índice de coleta de
esgoto (IN015-AE) e o índice de tratamento de esgoto (IN016-AE).

O SNIS em seu Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos de 2019 (SNIS, 2020), destaca,
entretanto, que para uma percepção clara do quanto de esgoto é tratado em relação ao que é gerado,
o indicador mais representativo seria o índice de tratamento de esgoto referido à água consumida
(IN046-AE), sendo este, portanto, incluído à lista de indicadores do serviço de esgotamento
sanitário.

Os pesos aplicados a esses indicadores associados ao esgotamento sanitário tiveram o maior valor
(5), uma vez que esse eixo do saneamento está intrinsecamente relacionado com a qualidade dos
rios e estuários. Assim, pela evidência de ser a principal causa da poluição das águas na região,
maior importância será dada a esse critério para o cálculo de grau de criticidade do FCD 1.

48
Drenagem Urbana

A drenagem urbana é um eixo do saneamento que possui menos informações se comparado aos
demais, não havendo a disponibilização de variados indicadores em porcentagem para retratar
como esse serviço se encontra. Dessa forma, o indicador adotado para quantificar uma
característica desse critério é o IN040-AP (parcela de domicílios em situação de risco de
inundação), não apenas pelos desafios que as inundações causam às cidades, mas também pela sua
capacidade de carrear poluentes para rios e estuários.

Nesse critério, o peso adotado foi 2, visto a ligação de esgotos domésticos nas redes de águas
pluviais ser uma realidade observável na RHBG, embora de difícil mensuração. Desse modo, o
peso não é muito alto, pois o indicador associado representa riscos pontuais de inundação a parcelas
de domicílios das cidades, e não aos impactos na qualidade das águas, consequência da má gestão
de esgotos.

Resíduos Sólidos

Para representar as condições do critério de resíduos sólidos na RH-V, foi selecionado o indicador
IN015-RS (taxa de cobertura regular do serviço de coleta de RDO 7 em relação à população total
do município), uma vez que é a não-cobertura que pode impactar de forma mais direta os corpos
hídricos ao se associar com a drenagem urbana.

O peso aplicado a esse critério também foi 2, pois embora possa impactar a qualidade das águas,
não se pode afirmar que tudo aquilo que não é coletado será escoado ou lançado nos rios.
Alternativamente, poderia ser considerado um impacto mais grave relacionado a esse critério com
o quantitativo de lixiviado, altamente poluente, que percola dos lixões para os corpos d`água. No
entanto, dada a dificuldade de monitorar esse tipo de ocorrência, neste trabalho restringiu-se apenas
ao IN015-RS.

7
Resíduos Sólidos Domiciliares
49
6.3.1.2. Subindicadores
Como já mencionado, para se obter o grau de criticidade é necessário qualificar o problema. Assim,
para os indicadores IN055-AE, IN056-AE, IN015-AE, IN016-AE, IN046-AE e IN015-RS do FCD
1, que representam a prestação de determinado serviço, seus respectivos subindicadores foram
obtidos pela Equação 1 para indicar a não-prestação.

Equação 1: 100% - [média do indicador para a amostra de municípios] (%) = [Subindicador] (%)

Apenas para o indicador de drenagem, IN040-AP, não foi aplicado nenhum cálculo pois ele já
representa o problema, constando em sua célula de subindicador apenas a média do indicador para
a amostra de municípios.

6.3.2. FCD 2 – Qualidade das Águas


6.3.2.1. Critérios e indicadores

Segundo o portal eletrônico do Instituto Estadual do Ambiente (INEA)8, o monitoramento dos


corpos hídricos no Estado do Rio de Janeiro é realizado desde a década 1980, com aumento dos
pontos de amostragem ao longo dos anos. A divulgação dos dados coletados, entretanto, passou a
ocorrer há pouco mais de 10 anos, onde os parâmetros medidos são sintetizados em três
indicadores: o Índice de Qualidade de Água NSF (IQANSF) para as águas doces dos rios, o Índice
de Qualidade de Água CCME (IQACCME) para águas salgadas e salobras e o Índice de
Conformidade (IC) para as lagoas do Sistema Lagunar de Jacarepaguá.

Assim, para compreender a qualidade dos corpos hídricos por tipologia, os critérios do FCD 2
foram divididos entre bacias hidrográficas, sistemas lagunares e Baía de Guanabara, sendo cada
um deles agrupado utilizando um ou mais dos indicadores mencionados, estritamente relacionados
com a qualidade do saneamento na região, em especial o esgotamento sanitário.

Todos os três índices, ainda que possuam metodologias de cálculo distintas, traduzem o estado de
deterioração ou conservação das águas e suas faixas de classificação são apresentadas nos Quadros
de 10 a 12.

8
http://www.inea.rj.gov.br/ar-agua-e-solo/como-e-feito-o-monitoramento-das-aguas-interiores/
50
Quadro 10 - Faixas de classificação do IQANSF

Categoria de Resultados EXCELENTE BOA MÉDIA RUIM MUITO RUIM

IQANSF 100 ≥ IQA ≥ 90 90 > IQA ≥ 70 70 > IQA ≥ 50 50 > IQA ≥ 25 25 > IQA ≥ 0

Águas impróprias para tratamento


Águas apropriadas para tratamento convencional convencional visando abastecimento
Significado
visando o abastecimento público. público, sendo necessários
tratamentos mais avançados.
Fonte: Boletins anuais de qualidade das águas da RH-V disponibilizados pelo INEA

Quadro 11 - Faixas de classificação do IQACCME

Categoria de Resultados EXCELENTE BOA MÉDIA RUIM MUITO RUIM

IQACCME 100 ≥ IQA > 95 95 ≥ IQA > 80 80 ≥ IQA > 65 65 ≥ IQA > 45 45 ≥ IQA ≥ 0
Qualidade da
Qualidade da
água protegida,
Qualidade da água protegida, Qualidade da Qualidade da
apresentando
água protegida, mas com água afetada água quase
apenas um
com virtual ocasionais com frequência; sempre alterada;
pequeno grau
ausência de impactos; as as condições as condições
Significado de impacto; as
impactos; condições por frequentemente geralmente se
condições
condições muito vezes se se desviam dos desviam dos
raramente se
próximas às desviam dos níveis naturais níveis naturais
desviam dos
naturais. níveis naturais ou desejáveis. ou desejáveis.
níveis naturais
ou desejáveis.
ou desejáveis.
Fonte: Boletins anuais de qualidade das águas da RH-V disponibilizados pelo INEA

Quadro 12 - Faixas de classificação do IC

Classificação de Conformidade
Se (V) / (P) ≤ 1,00 Satisfatório
Se 1,00 < (V) / (P) ≤ 1,50 Regular
Se 1,50 < (V) / (P) ≤ 2,00 Ruim
Se (V) / (P) > 2,00 Péssimo
Fonte: Boletins anuais de qualidade das águas da RH-V disponibilizados pelo INEA.

Diferentemente do primeiro FCD, foi utilizado não apenas os dados mais recentes dos índices, mas
toda a série histórica devido à análise realizada no cálculo do subindicador 2, como será mostrado
no item 6.3.2.2. Vale ressaltar que, nos boletins anuais disponibilizados pelo INEA, em alguns
pontos há defasagem de informação.

51
Bacias Hidrográficas

A RH-V possui 55 estações de amostragem do INEA em seus rios, distribuídas entre 15 das 19
bacias existentes, conforme o mapa da Figura 7. Com isso, a fim de agrupar os valores de IQANSF
médios anuais de cada estação e, dessa forma, apresentá-los por recortes distintos da área estudada,
calculou-se a média por bacia.

Figura 7 - Distribuição espacial das estações de amostragem do INEA nas bacias da RH-V

Fonte: Elaboração própria (2021)

Como a qualidade das águas nos rios revela de forma direta se há incidência de poluentes no meio,
a esse critério atribuiu-se peso máximo, ou seja, 5. Ademais, é pela capilaridade dos rios por onde
são incorporados os poluentes que chegam aos estuários, salvo em lançamentos diretos. Assim, as
informações vinculadas à qualidade dos rios foram consideradas como prioritárias à tomada de
decisão.

52
Sistemas Lagunares

A RH-V possui 3 sistemas lagunares: Sistema Lagunar de Maricá, Sistema Lagunar de Itaipu-
Piratininga e Sistema Lagunar de Jacarepaguá. Assim, para melhor entender o comportamento dos
indicadores de cada um desses sistemas, as estações de amostragem foram agrupadas por lagoa,
ainda que para alguns casos só haja uma estação.

Sistema Lagunar de Maricá

O Sistema Lagunar de Maricá é composto por quatro lagoas: Lagoa de Guarapina, Lagoa do Padre,
Lagoa da Barra e Lagoa de Maricá, como exibido no mapa da Figura 8. Totalizando 10 estações,
os dados de qualidade de água para esse grupo de lagoas estão disponíveis para consulta apenas
entre 2012 e 2013-2014, menor intervalo dentre os demais sistemas avaliados.

Deve-se ressaltar que para os dois últimos anos (2013 e 2014), os parâmetros coletados foram
agrupados pelo INEA para atender ao critério de cálculo do IQACCME, onde pelo menos quatro
amostras devem ser obtidas com o mínimo de quatro parâmetros diferentes por amostra.

53
Figura 8 - Distribuição espacial das estações de amostragem do INEA no Sistema Lagunar de
Maricá

Fonte: Elaboração própria (2021)

Sistema Lagunar de Itaipu-Piratininga

Formado apenas pela Lagoa de Itaipu e pela Lagoa de Piratininga, esse sistema lagunar é o menor
dentre os três da RH-V e possui apenas uma estação de amostragem para cada lagoa, como mostra
o mapa da Figura 9. Os dados de qualidade de água (IQACCME) dessas lagoas foram publicados
pelo INEA a partir de 2012 até 2019, sendo os anos de 2014 a 2016 e 2017 a 2019 agrupados no
cálculo do IQACCME, conforme os critérios já mencionados anteriormente.

54
Figura 9 - Distribuição espacial das estações de amostragem do INEA no Sistema Lagunar de Itaipu
e Piratininga

Fonte: Elaboração própria (2021)

Sistema Lagunar de Jacarepaguá

O Sistema Lagunar de Jacarepaguá é constituído por quatro lagoas: Lagoa de Jacarepaguá, Lagoa
de Camorim, Lagoa de Marapendi e Lagoa da Tijuca, como mostra o mapa da Figura 10. A
qualidade de suas águas é informada desde 2010, sendo 2019 o último ano disponível para consulta.
Há, no entanto, uma diferença no indicador utilizado pelo INEA nesse sistema lagunar em relação
aos demais, onde é feito o cálculo do Índice de Conformidade, cujos valores indicam melhor
qualidade quanto menor for o número, o oposto do IQA.

55
Figura 10 - Distribuição espacial das estações de amostragem do INEA no Sistema Lagunar de
Jacarepaguá

Fonte: Elaboração própria (2021)

Para os sistemas lagunares foi adotado peso 2, sob a justificativa de não terem sido o foco das ações
de saneamento nos programas referenciados neste trabalho, ainda que sejam estuários cuja
degradação se relaciona à falta de saneamento na RH-V. Com isso, a informação que o critério
sistema lagunar traz não é tão relevante para a tomada de decisão se comparada àquelas dos demais
critérios.

Baía de Guanabara

A Baía de Guanabara (BG), estuário da maior parte das bacias da RH-V, possui 21 estações de
amostragem distribuídas ao longo de seu espelho d`água, cujas informações de qualidade de água
(IQACCME) estão disponibilizadas de 2014 a 2019, sendo os anos de 2016 e 2017 representados

56
como apenas um único período. Para melhor interpretar esses pontos, utilizou-se a divisão da BG
em 5 seções, propostas por Mayr et al. (1989), de acordo com suas características hidrobiológicas.
Segundo o estudo feito pelos autores, cada uma dessas seções possui diferentes fatores naturais e
antrópicos que determinam suas particularidades e podem ser vistas no Quadro 13.

Quadro 13 - Divisões da Baía de Guanabara

Seção Características
Definida pelo canal de circulação principal, onde se encontram as melhores condições
1
ambientais devido ao aporte mais eficaz de água do mar.

Embora próximas à entrada da baía, as enseadas deste trecho estão sujeitas a forte poluição
2 orgânica proveniente das cidades do Rio de Janeiro (zona oeste) e Niterói (zona leste), os
dois centros urbanos mais desenvolvidos da região.
Caracterizada por um alto nível de deterioração ambiental, esta seção é influenciada por
3 esgotos domésticos, resíduos industriais e poluição por óleo, somados à presença do porto e
de vários estaleiros.
A seção norte é diretamente influenciada pela rede de drenagem de rios menos deteriorados.
4 A área de preservação de Guapimirim se destaca como um dos poucos manguezais
remanescentes.
Localizada no lado noroeste, e caracterizada como a região mais degradada, devido às
5 diversas fontes de poluição. Os aterros nesta área também aumentam a deterioração,
tornando a circulação local mais deficiente
Fonte: Mayr et al., 1989, p.136, tradução nossa

Na Figura 11 é possível observar as divisões da BG, bem como as estações de amostragem nela
existentes. A única estação que não está inserida em nenhuma seção é a GN093. Como se encontra
na entrada da baía, local de maior circulação com águas externas, foi acrescentada ao grupo das
estações da seção 1 para fins representativos de qualidade das águas.

57
Figura 11 - Distribuição espacial das estações de amostragem do INEA na Baía de Guanabara

Fonte: Elaboração própria (2021), com base em Fistarol et al. (2015)

Por ser ponto focal e origem dos programas de saneamento discutidos neste trabalho, o peso
escolhido para esse critério foi 4. Sua ordem de prioridade, menor apenas do que a dos rios, se
justifica pelas condições de qualidade das águas na BG serem resultado da mistura da água do mar
com água dos rios, diluindo assim a carga de poluentes de origem humana.

6.3.2.2. Subindicadores
Para analisar os indicadores do FCD 2, utilizou-se dois subindicadores. O primeiro, subindicador
1, equivale ao percentual da amostra em uma das duas piores faixas de qualidade para o último ano
com dado disponível. Nesse caso, o novo indicador calculado irá representar quantas divisões
(bacias, lagoas ou seções) encontram-se nos níveis mais críticos de qualidade de água, conforme a
Equação 2.

58
Nº de divisões nas faixas RUIM ou MUITO RUIM/PÉSSIMO
Equação 2: = [Subindicador 1] (%)
𝐍º de divisões total

Já para o subindicador 2, com o objetivo de representar a instabilidade dos corpos hídricos ao longo
de suas respectivas evoluções qualitativas, foram analisados os agravos dos índices registrados
entre cada período amostrado. Para isso, toda a série histórica de qualidade das águas da RH-V foi
utilizada para obter o percentual de agravamento, seguido do cálculo de sua média para bacias,
sistemas lagunares e BG, como mostra a Equação 3.

Nº de agravos ao longo dos períodos amostrados


Equação 3: Média [ ] = [Subindicador 2] (%)
𝐍º de intervalos entre períodos

Conforme já explicado no item 6.2, caso haja mais de uma coluna de indicador ou subindicador na
matriz de grau de criticidade, será calculada uma média ponderada para que esses valores sejam
unificados num só valor. Sendo esse o caso do FCD 2, para o subindicador 1 atribuiu-se peso 5,
uma vez que este representa, segundo dados mais atuais, como se situam os corpos hídricos. Assim,
o processo de programação prioriza o hoje para planejar o amanhã.

Já para o subindicador 2, o peso escolhido foi 1, apenas pela sua utilidade para indicar fragilidades
cujas causas precisam ser analisadas, porém é menos eficaz para entender a situação do critério
analisado, se comparado ao subindicador 1.

6.3.3. Grau de criticidade total


Por fim, para encontrar o grau de criticidade total de todos os FCD, cada um deve possuir um peso
que represente a sua significância para que ações sejam tomadas. Nesse sentido, para o estudo de
caso, foi atribuído peso 1 o FCD 1 (Qualidade dos Serviços de Saneamento Ambiental) e peso 2
ao FCD 2 (Qualidade das Águas), uma vez que o fator que impulsionou os programas de
saneamento na região foi justamente a deterioração dos corpos hídricos. Assim, ainda que seja a
melhoria nos serviços de saneamento o caminho para a melhoria das águas, é a mensuração do grau
de criticidade do FCD 2 que serve como principal alerta quanto à necessidade de agir.

Vale ressaltar que, para aplicar toda a metodologia descrita, foram utilizados dois softwares: o
Excel e o ArcGIS. O primeiro, mais utilizado, foi essencial para gerenciar os dados obtidos, como

59
a elaboração das planilhas de grau de criticidade, o uso de fórmulas nos cálculos aplicados nas
análises realizadas e a representação gráfica de valores. Já o segundo software, serviu para auxiliar
a compreensão espacial das informações da área de estudo por meio de mapas georreferenciados.

7. Resultados
O presente capítulo discute inicialmente, para cada FCD escolhido na aplicação da ferramenta
proposta na metodologia, o que seus indicadores revelam sobre a área de estudo nos itens 7.1.1 e
7.2.1 (Análise dos dados primários). Em seguida, mostra quais foram os graus de criticidade
obtidos ao aplicar a ferramenta para a programação do saneamento no entorno da BG, tendo como
referência na ponderação das médias calculadas a priorização de áreas de interesse dos programas
anteriores já realizados. E por fim, revela o quão crítico o objeto candidato à AAE se apresenta a
partir dos FCD analisados e sintetizados em um só valor, o grau de criticidade total.

7.1. FCD 1 – Qualidade dos Serviços de Saneamento Ambiental


7.1.1. Análise dos dados primários
Os dados primários que serviram de insumo na aplicação da ferramenta proposta serão
apresentados e discutidos para a compreensão do contexto do FCD 1, como parte das informações
de referência, antes que sejam sintetizadas na matriz de grau de criticidade.

Nas figuras de distribuição espacial dos indicadores, as faixas percentuais foram adotadas com base
nos valores da amostra (Apêndice I), de forma a agrupá-las de maneira representativa para a região.

Abastecimento de Água

Nos 17 municípios integrantes à RH-V, o índice de atendimento total de água (IN055-AE) varia
desde valores abaixo de 50% até acima de 95%, como pode ser observado no mapa da Figura 12.
A maior parte da amostra, no entanto, encontra-se entre esses dois valores, com 10 municípios
distribuídos em três faixas percentuais.

60
Figura 12 - Distribuição espacial do índice de abastecimento total de água (IN055-AE) nos
municípios da RH-V para o ano de referência de 2019

Fonte: Elaboração própria (2021), com base na série histórica do SNIS de água e esgoto

Constata-se que alguns municípios com considerável território urbano conforme ilustrado
anteriormente na Figura 5 (Áreas urbanas e rurais dos municípios da RH-V), como Maricá,
Itaboraí e Magé, situam-se em faixas percentuais de ordem inferior àqueles com parcela rural mais
expressiva, como Cachoeiras de Macacu e Rio Bonito, mostrando que nem sempre a urbanização
implica em prestação de serviços.

Esgotamento Sanitário

O primeiro indicador utilizado para representar este critério, o índice de atendimento total de esgoto
referido aos municípios atendidos com água (IN056-AE) é ilustrado na Figura 13. Observa-se,

61
neste caso, que grande parte do perímetro da Baía de Guanabara é composto por municípios com
baixo atendimento, entre 20 e 40%.

Figura 13 - Distribuição espacial do índice de atendimento total de esgoto referido aos municípios
atendidos com água (IN056-AE) na RH-V para o ano de referência de 20199

Fonte: Elaboração própria (2021), com base na série histórica do SNIS de água e esgoto

Para compreender separadamente como as duas frentes de ação do esgotamento, coleta e


tratamento, se comportam na RHBG, os mapas das Figuras 14 e 15 mostram, respectivamente, o
índice de coleta de esgoto (IN015-AE) e o índice de tratamento de esgoto (IN016-AE). Neste
último, é apresentada, também, a localização geográfica das estações de tratamento de esgoto.

9
Para os municípios de Magé, São João de Meriti e Tanguá foram utilizados valores de 2018, último ano de referência
disponibilizado.
62
Figura 14 - Distribuição espacial do índice de coleta de esgoto (IN015-AE) nos municípios da RH-V
para o ano de referência de 201910

Fonte: Elaboração própria (2021), com base na série histórica do SNIS de água e esgoto

10
Para os municípios de Magé, São João de Meriti e Tanguá foram utilizados valores de 2018, último ano de referência
disponibilizado.
63
Figura 15 - Distribuição espacial do índice de tratamento de esgoto (IN016-AE) nos municípios da
RH-V para o ano de referência de 201911 e das Estações de Tratamento de Esgoto

Fonte: Elaboração própria (2021), com base na série histórica do SNIS de água e esgoto

É importante destacar que no caso da coleta de esgoto, os municípios que apresentaram maiores
índices, Niterói e Petrópolis, são os únicos cujo serviço é operado por empresa privada dentre a
totalidade da amostra. E quanto ao tratamento de esgoto, Niterói é o único município que
apresentou valor de 100% para o índice. Ademais, verifica-se que nos municípios que não possuem
ETE são também aqueles que possuem baixos índices de tratamento de esgoto, muitos deles com
valor de 0%.

Há também, como mencionado na metodologia, o índice de tratamento de esgoto referido à água


consumida (IN046-AE), que traduz de forma mais clara a parcela de esgoto destinada a tratamento,
do montante gerado. Dessa forma, a noção de quais municípios contribuem mais com o lançamento

11
Para os municípios de Magé, São João de Meriti e Tanguá foram utilizados valores de 2018, último ano de referência
disponibilizado.
64
de esgoto total não tratado pode ser vista na Figura 16, revelando que a maior parte da amostra
apresenta valores abaixo de 25%, o que acaba por caracterizar a realidade da região.

Figura 16 - Distribuição espacial do índice de tratamento de esgoto referido à água consumida


(IN046-AE) nos municípios da RH-V para o ano de referência de 201912

Fonte: Elaboração própria (2021), com base na série histórica do SNIS de água e esgoto

Drenagem Urbana

A drenagem urbana acompanha o processo de urbanização de uma cidade tendo como finalidade
destinar águas pluviais até um corpo hídrico. No entanto, este segmento do saneamento está
diretamente vinculado ao esgoto sanitário e aos resíduos sólidos quando passa a ser veículo de
disposição desses rejeitos. Nesse caso, além de captar e distribuir poluentes ao longo das bacias, o

12
Para os municípios de Magé, São João de Meriti e Tanguá foram utilizados valores de 2018, último ano de referência
disponibilizado.
65
sistema também pode ser sobrecarregado com excesso de volume escoado e não dimensionado e,
com isso, potencializar as enchentes.

No mapa da Figura 17, a distribuição espacial do IN040-AP (parcela de domicílios em situação de


risco de inundação), é possível observar que há alguns municípios que se destacam quanto ao risco
de enchentes, como São Gonçalo, Belford Roxo e Rio de Janeiro. Ainda que todos os valores sejam
abaixo de 30%, gerir essa questão é de extrema complexidade e requer muito planejamento.

Figura 17 - Distribuição espacial da parcela de domicílios em situação de risco de inundação (IN046-


AP) nos municípios da RH-V para o ano de referência de 201913

Fonte: Elaboração própria (2021), com base na série histórica do SNIS de águas pluviais

13
Para os municípios de Duque de Caxias, Itaboraí e São Gonçalo foram utilizados valores de 2018, último ano de
referência disponibilizado.
66
Resíduos Sólidos

A taxa de cobertura regular do serviço de coleta de RDO em relação à população total do município
(IN015), naqueles inseridos na RH-V, segundo dados mais recentes informados ao SNIS, conforme
a Tabela 6, revela que todas as cidades alcançam valores acima ou muito próximos de 90%,
mostrando que a população dessa parcela do território é majoritariamente atendida pelo serviço.

Tabela 6 - Taxa de cobertura regular do serviço de coleta de RDO em relação à população total do
município (IN015-RS)

Ano de IN015-RS
Município
Referência (%)

Belford Roxo 99.82


Cachoeiras de Macacu 94.39
Duque de Caxias 99.89
Mesquita 100
Niterói 100
Nova Iguaçu 98.23
2019
Petrópolis 99.48
Rio Bonito 96.85
Rio de Janeiro 100
São Gonçalo 90.91
São João de Meriti 100
Tanguá 98
Guapimirim 96.63
2018 Itaboraí 99
Magé 89.95
2017 Maricá 90
2016 Nilópolis 99.99
Fonte: Elaboração própria, com base na série histórica do SNIS de resíduos

Para melhor avaliar a relação desse critério com a degradação dos corpos hídricos, seria necessário,
no entanto, informação quanto à quantia de resíduos coletada e disposta corretamente em relação
ao volume total gerado.

67
7.1.2. Aplicação da ferramenta
Para sintetizar as informações trazidas pelos indicadores de Qualidade dos Serviços de Saneamento
Ambiental num só valor, calculou-se o grau de criticidade com base em diferentes pesos atribuídos
aos critérios desse FCD. Assim, foram calculados os subindicadores para abastecimento de água,
esgotamento sanitário e resíduos sólidos pela média aritmética dos indicadores por município e
subsequente diferença do total (100%), como pode ser visto na Tabela 7. Para a drenagem urbana,
o indicador original foi mantido por já reportar diretamente em percentual a parcela de domicílios
em risco, calculando-se apenas a média para os municípios.

68
Tabela 7 - Cálculo do subindicador do FCD 1

Abastecimento Resíduos Drenagem


Esgotamento sanitário
de água sólidos urbana
Município IN055-AE (%) IN056-AE (%) IN015-AE (%) IN016-AE (%) IN046-AE (%) IN015-RS (%) IN040-AP (%)
Belford Roxo 73.61 27.92 45.62 36.60 3.66 99.82 20.60
Cachoeiras de Macacu 94.28 54.30 59.85 0.00 0.00 94.39 0.70
Duque de Caxias 81.39 23.47 41.58 14.09 5.86 99.89 0.00
Guapimirim 72.60 - - - - 96.63 0.00
Itaboraí 54.35 22.48 53.69 2.93 1.57 99.00 0.30
Magé 44.68 37.56 39.19 0.00 0.00 89.95 0.10
Maricá 54.29 4.78 8.18 68.81 5.63 90.00 0.30
Mesquita 98.54 30.24 47.66 14.47 6.89 100.00 0.30
Nilópolis 97.60 30.29 52.48 16.91 8.88 99.99 8.00
Niterói 100.00 95.55 100.00 100.00 100.00 100.00 4.50
Nova Iguaçu 94.23 100.00 76.70 14.01 10.75 98.23 1.20
Petrópolis 96.86 84.51 100.00 80.88 100.00 99.48 1.10
Rio Bonito 72.41 73.17 63.99 0.00 0.00 96.85 5.50
Rio de Janeiro 98.44 86.28 81.04 81.06 65.62 100.00 19.80
São Gonçalo 89.10 35.12 45.33 32.71 14.66 90.91 28.60
São João de Meriti 89.96 60.51 25.34 0.00 0.00 100.00 1.30
Tanguá 54.49 26.75 39.04 0.00 0.00 98.00 8.20
MÉDIA 80.40 49.56 54.98 28.90 20.22 97.24 5.91
(100% - MÉDIA) 19.60 50.44 45.02 71.10 79.78 2.76 -
Fonte: Elaboração própria (2021)

69
Com todas as médias calculadas, as mesmas alimentaram a matriz de grau de criticidade do FCD
1, como consta na Tabela 8. Ao realizar a média ponderada dos valores usando os pesos atribuídos
a cada critério para a tomada de decisão, foi então encontrado o grau de criticidade para esse FCD,
no valor de 50,7%.

Tabela 8 - Grau de criticidade do FCD 1

FCD 1 Subindicador
Qualidade dos Peso para a Grau de
Indicador Média da não
Serviços de tomada de decisão criticidade (%)
prestação do
Saneamento
serviço* (%)
Ambiental
Abastecimento de
IN055-AE 19.6 1
água
IN056-AE 50.4 5
IN015-AE 45.0 5
Esgotamento sanitário
IN016-AE 71.1 5 50.7
IN046-AE 79.8 5
Drenagem urbana IN040-AP 5.9 2

Resíduos sólidos IN015-RS 2.8 2


*Exceção à drenagem urbana, que já representa a média do indicador, ou seja, as moradias em risco de inundação.
Fonte: elaboração própria (2021)

Conforme as faixas de classificação do grau de criticidade (50,1 a 75,0 %) (ver Quadro 9), o valor
calculado enquadra-se como “alto”, revelando ao tomador de decisão que a qualidade dos serviços
de saneamento ambiental demanda reflexão e cautela. Como pôde ser visto nos dados de entrada
desse critério, a distribuição dos índices do SNIS utilizados já demonstravam que a região possuía
significativas fragilidades, corroborando o resultado encontrado. Ademais, o maior valor
encontrado para a coluna de subindicador, da não prestação do serviço de tratamento de todo o
esgoto gerado nos municípios da RHBG, é aquele que traduz a realidade do esgotamento sanitário
e, consequentemente, o que mais contribui para o grau de criticidade identificado para o FCD 1.

70
7.2. FCD 2 – Qualidade das Águas
7.2.1. Análise dos dados primários
Para cada um dos critérios relacionados ao FCD 2, será mostrada a evolução dos indicadores de
qualidade de água da RH-V disponibilizados nos boletins anuais do INEA. Assim, será possível
compreender a base de informações utilizada para a análise dos subindicadores desse FCD.

Bacias Hidrográficas

Em posse dos valores de IQANSF das estações de amostragem da RHBG, os mesmos foram
separados por bacia para o cálculo do índice médio. O Quadro 14 e o gráfico da Figura 18
mostram a evolução de 2012 a 202014 das médias anuais de cada bacia. Os dados individuais de
cada estação encontram-se no Apêndice II.

Quadro 14 - Médias anuais do IQANSF das bacias hidrográficas da RH-V

Fonte: Elaboração própria (2021), com base nos boletins anuais de qualidade das águas da RH-V

14
Dados de 2020 apenas para as bacias contribuintes aos sistemas lagunares.
71
Figura 18 - Evolução das médias anuais do IQANSF nas bacias da RH-V

Fonte: Elaboração própria (2021), com base nos boletins anuais de qualidade das águas da RH-V

É possível observar que as bacias do Irajá, Faria-Timbó, Pavuna-Meriti e aquelas drenantes da


vertente norte da Serra da Carioca apresentaram qualidade “muito ruim” na maior parte dos anos
amostrados, segundo as faixas de classificação do IQANSF. Já para o resto das bacias, houve a
predominância de IQA “ruim”, com exceção de Guapimirim-Macacu, que indicou qualidade
“média” para todos os anos. E para todo o conjunto das bacias, entre 2016 e 2017 houve um
aumento de IQA, seguido de redução. Constata-se, portanto, que a evolução da qualidade das águas
dessas bacias não alterou de patamar a classificação de IQA, ainda que tenham ocorrido oscilações,
mantendo o mesmo estado de degradação ao longo tempo.

Sistemas Lagunares

Os indicadores de qualidade das águas de cada um dos sistemas lagunares da RH-V foram
representados como média por lagoa. Os valores individuais das médias anuais por estação dos
Sistemas Lagunares de Maricá e Itaipu-Piratininga e os valores mensais por lagoa do Sistema
Lagunar de Jacarepaguá (não há separação dos dados por estação e média anual) encontram-se no
Apêndice III e no Apêndice IV, respectivamente.

72
Sistema Lagunar de Maricá

O Sistema Lagunar de Maricá é aquele que possui menor série histórica de dados, apenas dois
períodos de cálculo do IQACCME. Além disso, no último reporte realizado, houve a união dos
valores medidos entre 2013 e 2014, para atender aos requisitos de cálculo do IQA. O resultado, no
entanto, compromete a análise de evolução da qualidade das águas, pois não é possível avaliar o
comportamento anual desse período.

Pelo Quadro 15 e pelo gráfico da Figura 19 é possível observar que houve um pequeno aumento
do IQACCME no intervalo de anos, exceto a Lagoa de Maricá, onde houve uma diminuição e cujos
índices são os mais baixos dentre as lagoas. Interessante notar, também, que quanto mais próxima
a ligação com o mar, melhor é a qualidade, indicando maior taxa de renovação de suas águas.

Quadro 15 - Médias anuais do IQACCME das lagoas do Sistema Lagunar de Maricá

Fonte: Elaboração própria (2021), com base nos boletins anuais de qualidade das águas do Sistema Lagunar de
Maricá

73
Figura 19 - Evolução das médias anuais do IQACCME nas lagoas do Sistema Lagunar de Maricá

Fonte: Elaboração própria (2021), com base nos boletins anuais de qualidade das águas do Sistema Lagunar de
Maricá

Sistema Lagunar de Itaipu-Piratininga

Nesse sistema lagunar, os dados já tiveram uma recorrência maior de medição de parâmetros se
comparado ao sistema anterior. No entanto, entre 2014 e 2019 os registros foram poucos, tendo
que agrupar os dados de seis anos em dois períodos de três anos cada para calcular o IQACCME.

O Quadro 16 e o gráfico da Figura 20 indicam que houve um aumento gradual na melhoria da


qualidade das águas ao longo dos anos, principalmente entre 2014-2016 e 2017-2019, passando a
Lagoa de Itaipu da categoria “muito ruim” para “ruim”, segundo as faixas de classificação do
IQACCME. Além disso, bem como no Sistema Lagunar de Maricá, quanto mais próxima da ligação
com o mar, maior é o IQA da lagoa.

74
Quadro 16 - Médias anuais do IQACCME das lagoas do Sistema Lagunar de Itaipu e Piratininga

Fonte: Elaboração própria (2021), com base nos boletins anuais de qualidade das águas do Sistema Lagunar de
Itaipu e Piratininga

Figura 20 - Evolução das médias anuais do IQACCME nas lagoas do Sistema Lagunar de Itaipu e
Piratininga

Fonte: Elaboração própria (2021), com base nos boletins anuais de qualidade das águas do Sistema Lagunar de
Itaipu e Piratininga

Sistema Lagunar de Jacarepaguá

O Sistema Lagunar de Jacarepaguá possui a maior série histórica para qualidade de água da RH-V
dentre os demais sistemas. Ao longo de 10 anos, foi reportado o IC mensal de cada uma de suas
quatro lagoas, sendo aqui calculada a média anual.

Pode-se observar no Quadro 17 e no gráfico da Figura 21 que todas as lagoas em todos os anos
tiveram seus valores de IC no intervalo “péssimo”, segundo as faixas de classificação para este
indicador, com destaque para a Lagoa de Camorim, cujas médias anuais estiveram acima da média
das demais lagoas na maior parte dos anos. Além disso, houve uma piora considerável na

75
conformidade das lagoas no ano de 2015, voltando posteriormente a valores mais baixos, mas ainda
considerados como péssimos e refletindo, portanto, na continuidade da deterioração nas lagoas
desse sistema.

Quadro 17 - Médias anuais do IC das lagoas do Sistema Lagunar de Jacarepaguá

Fonte: Elaboração própria (2021), com base nos boletins anuais de qualidade das águas do Sistema Lagunar de
Jacarepaguá

Figura 21 - Evolução das médias anuais do IC nas lagoas do Sistema Lagunar Jacarepaguá

Fonte: Elaboração própria (2021), com base nos boletins anuais de qualidade das águas do Sistema Lagunar de
Jacarepaguá

Baía de Guanabara

A Baía de Guanabara, dividida em 5 seções, como mostrado na metodologia, pode ser interpretada
por diferentes caraterísticas. Assim, ao analisar o comportamento de seus indicadores de qualidade
de água, por seção, as tendências de aumento ou redução de IQACCME tornaram-se mais
compreensíveis.

76
Pelo Quadro 18 e pelo gráfico da Figura 22, observa-se que as seções 1 e 2 foram aquelas que
tiveram melhores médias de IQA. Além disso, pelo Apêndice V (valores anuais de IQA por
estação), essas seções foram as únicas que registraram valores na categoria “boa”, segundo as
faixas de classificação do IQACCME. Tal informação corrobora a divisão qualitativa de Mayr. et al.
(1989) ao apresentarem a seção 1 com as melhores condições ambientais pela maior interação com
águas oceânicas.

A seção 2, no entanto, influenciada mais diretamente pela poluição dos municípios de Niterói e
Rio Janeiro, não apresentou grandes diferenças em relação à seção 1 para a maior parte dos anos
amostrados, indicando melhora nos padrões dessa seção pelo maior controle de efluentes ou uma
piora nos padrões da seção 1 ao longo dos anos de forma a se tornarem semelhantes. Outra
possibilidade para este comportamento destoante com a divisão de seções é a ocorrência eventos
hidrodinâmicos ou pontuais nos meses de medição que geram as médias anuais, necessitando assim
análise específica para sua compreensão, que fogem da alçada deste trabalho.

Quadro 18 - Médias anuais do IQACCME das seções da Baía de Guanabara

Fonte: Elaboração própria (2021), com base nos boletins anuais de qualidade das águas da Baía de Guanabara

77
Figura 22 - Evolução das médias anuais do IQACCME nas seções da Baía de Guanabara

Fonte: Elaboração própria (2021), com base nos boletins anuais de qualidade das águas da Baía de Guanabara

Apresentando valores intermediários entre as demais seções, a seção 3 indicou certo grau de
deterioração, mas não tão grave quanto o constatado para a seção 5, e esperado de acordo com sua
descrição. Já a seção 4 apontou valores baixos de IQA, ainda que suas características sejam de uma
área que recebe água de rios menos deteriorados, apontando uma possível mudança de
comportamento do ano em que as divisões foram propostas até os anos de publicação dos índices
de qualidade das águas.

Para todas as seções, consta-se que a qualidade se manteve estável ao longo dos anos, com um
pequeno aumento no período 2016-2017, seguido de uma diminuição. Tal condição revela que
mesmo com algumas melhoras nas águas da Baía de Guanabara, parte deste grande estuário ainda
se encontra na categoria “ruim” ou “muito ruim”.

7.2.2. Aplicação da ferramenta


Uma vez calculadas as médias anuais dos indicadores de qualidade de água por bacia, lagoa e seção
da BG, bem como a visualização desses índices na escala de tempo, pôde-se realizar as duas
análises descritas na metodologia para obter os subindicadores que irão compor a matriz de grau
de criticidade do FCD 2.

78
Desse modo, para encontrar a parcela da amostra em uma das duas piores faixas de qualidade para
o último ano de análise, foram contabilizados o número total de bacias, lagoas e seções, seguido
dos registros para o ano mais recente onde estes estiveram nas faixas de pior qualidade. Após a
divisão do segundo valor pelo primeiro, encontrou-se o subindicador 1, como mostra a Tabela 9.

Tabela 9 - Cálculo do subindicador 1 do FCD 2

Nº de Parcela da amostra
bacias/lagoas/seções em uma das duas
Total de em uma das duas piores faixas de
Critério
bacias/lagoas/seções piores faixas de qualidade para o
qualidade para o último último ano de análise
ano de análise (%)

Bacias (hidrografia) 15 13 86.7

Itaipu-Piratininga 2 2 100.0
Sistema
Maricá 4 3 75.0
Lagunar
Jacarepaguá 4 4 100.0

Baía de Guanabara 5 4 80.0


Fonte: Elaboração própria (2021)

Já para encontrar o subindicador 2, foi verificado o número de agravos ao longo dos períodos
amostrados para cada bacia, lagoa e seção, dividindo-se esse valor pelo número de intervalos entre
períodos. Em seguida, calculou-se a média dos percentuais de agravamento, como pode ser visto
na Tabela 10.

Com os pesos definidos em 5 para o primeiro subindicador e 1 para o segundo, foram encontradas
as médias ponderadas dos subindicadores. Esses valores foram, então, submetidos ao cálculo de
grau de criticidade. Os pesos atribuídos, bem como o resultado encontrado, podem ser vistos na
Tabela 11.

79
Tabela 10 - Cálculo do subindicador 2 do FCD 2

Nº de
Nº de agravos Percentual de Média do
intervalos
Critério Divisões ao longo dos agravos do percentual de
entre períodos
períodos indicador (%) agravos (%)
amostrados

Bacia do Pavuna-Meriti 7 5 71.4


Bacia do Guaxindiba-Alcântara 7 4 57.1
Bacia do Iguaçu 7 4 57.1
Bacia do Caceribú 7 4 57.1
Bacias drenantes da vertente norte da Serra da
7 5 71.4
Carioca
Bacia do Faria-Timbó 7 6 85.7
Bacia do Guapimirim-Macacu 7 4 57.1
Bacia do Irajá 7 4 57.1
Bacias Bacia do Estrela, Inhomirim e Saracuruna 7 5 71.4 59.2
Bacia do Iriri 7 3 42.9
Bacia do Roncador ou Santo Aleixo 7 5 71.4
Bacia do Suruí 7 5 71.4
Bacias contribuintes ao Sistema Lagunar de
8 5 62.5
Jacarepaguá
Bacias contribuintes ao Sistema Lagunar de
7 2 28.6
Itaipu e Piratininga
Bacias contribuintes ao Sistema Lagunar de
8 2 25.0
Maricá
Itaipu- Lagoa de Piratininga 3 1 33.3
50.0
Sistemas Piratininga Lagoa de Itaipu 3 2 66.7
lagunares Lagoa de Guarapina 1 0 0.0
Maricá 25.0
Lagoa do Padre 1 0 0.0

80
Nº de
Nº de agravos Percentual de Média do
intervalos
Critério Divisões ao longo dos agravos do percentual de
entre períodos
períodos indicador (%) agravos (%)
amostrados

Lagoa da Barra 1 0 0.0


Lagoa de Maricá 1 1 100.0
Lagoa de Jacarepaguá 9 6 66.7
Lagoa de Camorim 9 6 66.7
Jacarepaguá 55.6
Lagoa de Marapendi 9 4 44.4
Lagoa da Tijuca 9 4 44.4
Seção 1 + GN093 4 2 50.0
Seção 2 4 2 50.0
Baía de Guanabara Seção 3 4 2 50.0 45.0
Seção 4 4 1 25.0
Seção 5 4 2 50.0
Fonte: Elaboração própria (2021)

81
Tabela 11 - Grau de criticidade do FCD 2

FCD 2 Subindicador 1 Subindicador 2

Parcela da amostra em Média ponderada Peso para Grau de


Média do
Indicador uma das duas piores dos subindicadores a tomada criticidade
percentual de
Qualidade das Águas faixas de qualidade Peso Peso construídos (%) de decisão (%)
agravos ao longo
para o último ano de
dos anos (%)
análise (%)

Bacias (hidrografia) IQA NSF 86.7 5 59.2 1 82.1 5


Itaipu-
100.0 5 50.0 1 91.7 2
Piratininga
IQA CCME
Sistemas
Maricá 75.0 5 25.0 1 66.7 2 80.6
Lagunares
Jacarepaguá IC 100.0 5 55.6 1 92.6 2

Baía de Guanabara IQA CCME 80.0 5 45.0 1 74.2 4


Fonte: Elaboração própria (2021)

82
Na coluna do subindicador 2, constata-se que na maior parte das divisões de corpos hídricos
adotada ocorre redução da qualidade de água em, aproximadamente, metade dos períodos em que
houve monitoramento, revelando a susceptibilidade à degradação hídrica na região estudada.

Os valores elevados reportados pelo subindicador 1 mostram que a maior parte dos corpos d`água
da RHBG se encontram em faixas de classificação “ruim” ou “muito ruim” / “péssimo”. Como essa
informação foi considerada mais relevante do que as pioras entre períodos do subindicador 2, a
coluna de média ponderada dos subindicadores que alimentou o cálculo do grau de criticidade,
também apresentou valores altos.

Com isso, o grau de criticidade para “Qualidade das Águas” de 80,6%, segundo as faixas de
classificação, revela o valor obtido como “muito alto”. O FCD 2 está, então, na faixa mais crítica,
onde há maior complexidade para solucionar os problemas que demandam políticas públicas.

Ao se observar o comportamento dos dados de qualidade de água ao longo dos anos de


amostragens, já era possível compreender que esse FCD não poderia ter um grau de criticidade
pouco elevado. O resultado encontrado ao aplicar essa matriz deixa claro, dessa forma, que muitos
desafios aguardam ações do poder público para que o grau de criticidade seja amenizado.

7.3. Grau de criticidade total


Uma vez calculados os graus de criticidade dos dois FCD escolhidos para representar o objeto da
AAE sugerida nesse trabalho, é possível obter o grau de criticidade total. Esse valor, representado
na Tabela 12, sintetiza todos os dados de entrada das análises, conforme ponderação que destaca o
principal fator-problema que motivou as programações anteriores do saneamento na RHBG, a
deterioração dos corpos hídricos, mesmo a prestação dos serviços de saneamento sendo crucial
para o processo de despoluição.

83
Tabela 12 - Grau de criticidade total para a programação do saneamento na RHBG

Grau de
Grau de criticidade
FCD Peso do FCD criticidade
(%)
total (%)

Qualidade dos Serviços de


50.7 1
Saneamento Ambiental
70.6
Qualidade das Águas 80.6 2
Fonte: Elaboração própria (2021)

Foi escolhido um peso duas vezes maior para o FCD 2 em relação ao FCD 1, cujo resultado final
de 70,6% reflete o que é mais importante se observar nesse contexto: a qualidade das águas. O grau
de criticidade total é, então, “alto”, de acordo com as faixas de classificação. Esse valor, apesar de
priorizar as informações de um FCD em detrimento do outro, serve para alertar e justificar a
importância de políticas públicas para a melhoria das condições dos serviços de saneamento, como
caminho para a recuperação dos corpos hídricos da região.

8. Conclusão
A discussão trazida por este trabalho mostrou que a existência de políticas públicas, como as que
resultaram no PDBG e no PSAM, por exemplo, não garantem a solução dos desafios identificados
em uma dada região. Diante dessa realidade, a AAE, enquanto ferramenta de gestão ambiental
pautada no viés da sustentabilidade, pode ser alternativa para identificar potenciais
encaminhamentos na perspectiva de solução tanto para as questões ambientais como também para
os aspectos sociais e econômicos que permeiam PPP.

Por considerar a necessidade ainda presente de novas rodadas de programas para o saneamento da
RHBG, foi então defendido o uso da AAE para auxiliar nesse processo. Dessa maneira, ao propor
uma estrutura metodológica para a etapa relevante da AAE, a de identificação e análise dos FCD,
que representam os problemas-chave e alvo de políticas públicas, foi possível constatar que os
graus de criticidade encontrados validaram os FCD selecionados como verdadeiramente críticos
para a região de estudo.

84
O primeiro FCD analisado, Qualidade dos Serviços de Saneamento Ambiental, revelou que a
região do entorno da BG ainda é carente em serviços de saneamento e, mesmo não estando
classificado na faixa mais crítica, influencia na criticidade do segundo FCD: Qualidade das Águas.
Este, por representar a motivação para proposição de novos programas de despoluição, teve
confirmada sua prioridade com o elevado grau de criticidade total, alertando quanto à necessidade
de agir pela recuperação da qualidade hídrica na RHBG.

Além disso, em cada análise de subindicador realizada, pode-se observar, para cada critério,
características específicas que compõem os FCD. Com isso, o caminho inverso, ou seja, como o
grau de criticidade foi obtido, pode ajudar na escolha de diretrizes para tomada de decisão.

Como o PSAM ainda está em andamento, este trabalho, mais do que um exercício acadêmico, pode
ser referência para os próximos passos após o término do atual programa previsto para 2023.
Assim, o uso de ferramentas como a matriz de grau de criticidade pode, então, simplificar a
informação que chega ao gestor público responsável por propor PPP, evitando extensivos relatórios
ao apresentar uma análise, por FCD, dos indicadores relevantes para cada critério. Além disso,
como as articulações políticas podem atribuir cargos a gestores cujas áreas de conhecimento não
recaem sobre o setor gerenciado, esse tipo de ferramenta entrega uma série de informações já
processadas, de maneira clara e objetiva àqueles que irão exercer seu poder de mudança no dia a
dia da população.

É importante salientar que a metodologia utilizada neste trabalho se aplica a uma ferramenta de
gestão ambiental ainda não regulamentada no Brasil. O desafio de institucionalizá-la torna-se maior
frente ao cenário de desmonte das políticas ambientais brasileiras. A expectativa, entretanto, é que
a transitoriedade da administração pública, de certa forma vista como ameaça à AAE, passe a
favorecer seu processo de institucionalização no momento em que o perfil político dos governantes
trabalhe a favor do desenvolvimento sustentável.

9. Recomendações
O presente trabalho trouxe para discussão questões importantes quanto à gestão ambiental na
RHBG. No entanto, ainda é possível estender a metodologia empregada. Desse modo, recomenda-
se para trabalhos futuros que sejam construídos novos indicadores de resíduos sólidos e drenagem
85
urbana para o FCD 1 (Qualidade dos Serviços de Saneamento Ambiental), associados de maneira
mais direta com a qualidade das águas. Com isso, informações como “volume de resíduos coletados
em ecobarreiras por período de tempo” ou “parcela de municípios com sistema de drenagem
unitário (água e esgoto) sem tratamento” poderiam aumentar o peso desses critérios no cálculo da
criticidade e diminuir distorções sobre o que importa no processo decisório.

Além disso, para um estudo completo de AAE, outros FCD devem ser atribuídos ao processo.
Assim, como foram analisados apenas dois, seria oportuno que outros FCD fossem escolhidos e
analisados na matriz proposta, como “Saúde Pública e Saneamento”, “Ordenamento do Território”,
“Desigualdade Social e Saneamento”, “Poluição Industrial”, entre outros que fossem relevantes
para uma abordagem mais extensiva da AAE.

Vale destacar que a ferramenta proposta, ainda que tenha sido aplicada na esfera de um programa
fictício do setor de saneamento de determinada região, pode ser também útil para políticas e planos
sujeitos à AAE, em qualquer outro setor. O importante em todos os casos é analisar os FCD com o
foco estratégico, qualificando-os para que futuras propostas de AAE sejam melhor justificadas e
objetivas a partir de seus graus de criticidade.

Por fim, é relevante salientar que as futuras políticas públicas de saneamento na RHBG ao invés
de pensarem na correção do problema da despoluição, como fez o PDBG, precisariam ir além,
atuando preventivamente na melhoria ambiental e qualidade de vida da população, a exemplo do
PSAM, uma vez que, na perspectiva da AAE, deve-se procurar atuar nos "problemas causas" e não
nos "problemas efeitos".

Referências Bibliográficas
ABAZA, H.; BISSET, R.; SADLER, B. Environmental Impact Assessment and Strategic
Environmental Assessment: Towards an Integrated Approach. United Nations Environment
Programme (UNEP), 2004.

AGRA FILHO, S. S. Avaliação Ambiental Estratégica - uma alternativa de incorporação da


questão ambiental no processo de desenvolvimento. Tese (Doutorado em Economia Aplicada na
área de Desenvolvimento, Espaço e Meio Ambiente). Instituto de Economia – UNICAMP,
Campinas/SP, 2002.

86
ALENCAR, E. Em 25 anos, o PDBG frustrou o sonho da Baía limpa. Diário do Porto, 20 de Março
de 2019. Disponível em: https://diariodoporto.com.br/em-25-anos-pdbg-frustrou-sonho-da-baia-
limpa/. Acesso em: 20 jan. 2021.

ALMEIDA, M. R. R.; MARTINS, T. P.; ROQUETTI, D. R.; SOTO, N. L. C. Análise da proposta


federal de implementação da avaliação ambiental estratégica no Brasil. Revista de Gestão
Ambiental e Sustentabilidade, Vol. 4, N. 2, p. 18 – 32, Agosto/2015.

ALVARELI JÚNIOR, S. Avaliação Ambiental Estratégica: potencial de aplicação para a bacia


hidrográfica do ribeirão São Bartolomeu, Viçosa – MG. Dissertação (Mestrado em Ciencia
Florestal). Universidade Federal de Viçosa, Viçosa/MG, 2014.

AMAPÁ. Relatório da Avaliação Ambiental Estratégica - Programa de Melhoria da Qualidade


Ambiental Urbana do Amapá GEA-BID. Abril/2006. Disponível em:
http://idbdocs.iadb.org/wsdocs/getdocument.aspx?docnum=724751. Acesso em 23 jan. 2021.

ARCADIS. Avaliação Ambiental Estratégica da Política de Saneamento Ambiental do Ceará.


Projeto PforR (Banco Mundial) – Eixo: Qualidade da Água (Produto 4 – Relatório Final
Consolidado). Abril/2017.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Presidência da República,


Brasília DF, 1988.

BRASIL. Lei nº 11.445 de 05 de Janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o


saneamento básico. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11445.htm. Acesso em: 15 mar. 2021.

BRASIL. Lei nº 14.026 de 15 de Julho de 2020. Atualiza o marco legal do saneamento básico.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/l14026.htm.
Acesso em 24 jan. 2021.

BRASIL. Lei nº 6.803 de 02 de Julho de 1980. Dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento
industrial nas áreas críticas de poluição, e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6803.htm . Acesso em: 05 out. 2020.

BRASIL. Lei nº 6.938 de 31 de Agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm . Acesso em: 28 set. 2020.

BRASIL. Projeto de Lei nº 2072 de 24 de Setembro de 2003. Altera a Lei nº 6.938, de 31 de agosto
de 1981, a fim de dispor sobre a avaliação ambiental estratégica de políticas, planos e programas.
Brasília, 2003. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/
fichadetramitacao?idProposicao=134963 . Acesso em: 06 nov. 2020.

BRASIL. Projeto de Lei nº 261 de 08 de Fevereiro de 2011. Altera a Lei nº 6.938, de 31 de agosto
de 1981, a fim de dispor sobre a avaliação ambiental estratégica de políticas, planos e programas.
87
Brasília, 2011. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/
fichadetramitacao?idProposicao=491399 . Acesso em: 06 nov. 2020.

BRASIL. Projeto de Lei nº 3729 de 08 de Junho de 2004. Dispõe sobre o licenciamento ambiental,
regulamenta o inciso IV do § 1º do art. 225 da Constituição Federal, e dá outras providências.
Brasília, 2004a. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/
fichadetramitacao?idProposicao=257161 . Acesso em: 06 nov. 2020.

BRASIL. Projeto de Lei nº 3957 de 07 de Julho de 2004. Dispõe sobre o licenciamento ambiental
e dá outras providências. Brasília, 2004b. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=260606. Acesso
em: 06 nov. 2020.

BRASIL. Projeto de Lei nº 4093 de 12 de Julho de 2019. Dispõe sobre mecanismos de avaliação
de impactos ambientais e dá outras providências. Brasília, 2019. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2212180 . Acesso
em: 06 nov. 2020.

BRASIL. Projeto de Lei nº 4996 de 20 de Fevereiro de 2013. Altera a Lei nº 6.938, de 31 de agosto
de1981, tornando a Avaliação Ambiental Estratégica um dos instrumentos da Política Nacional de
Meio Ambiente e dá outras providências. Brasília, 2013a. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=565264 . Acesso
em: 06 nov. 2020.

BRASIL. Projeto de Lei nº 5716 de 05 de Junho de 2013. Dispõe sobre os objetivos e competências
dos órgãos licenciadores responsáveis pela avaliação e aprovação de estudos de impactos
ambientais de planos, programas e projetos potencialmente causadores de significativa degradação
ambiental, e dá outras providências. Brasília, 2013b. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=579695&ord=1 .
Acesso em: 06 nov. 2020.

BRASIL. Projeto de Lei nº 710 de 24 de Maio de 1988. Torna obrigatórios a elaboração de estudo
de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental (RIMA). Brasília, 1988.
Disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=15760 . Acesso em:
06 nov. 2020.

BRASIL. Resolução CONAMA nº 001 de 23 de Janeiro de 1986. MMA. Brasília, 1986.

BRITTO, A. L. Implantação de infra-estrutura de saneamento na Região Metropolitana do Rio de


Janeiro: uma avaliação das ações do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara. Revista
Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, v. 5, n. 1, p. 63-77, 31 maio 2003. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.22296/2317-1529.2003v5n1p63. Acesso em: 02 fev. 2021.

BRITTO, A. L. N. P.; QUINTSLR, S. Políticas e programas para esgotamento sanitário na


metrópole do Rio de Janeiro: um olhar na perspectiva das desigualdades ambientais. Cadernos
88
Metrópole, v. 22, n. 48, p. 435-456, maio/ago 2020. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.1590/2236-9996.2020-4805. Acesso em: 02 fev. 2021.

BRK AMBIENTAL. O guia sobre saneamento ambiental com dados e políticas no Brasil.
Saneamento em pauta, 2020. Disponível em: https://blog.brkambiental.com.br/saneamento-
ambiental-no-
brasil/#:~:text=As%20pr%C3%A1ticas%20abarcadas%20pelo%20saneamento,tanto%20nos%20
centros%20urbanos%20quanto. Acesso em: 23 jan. 2021.

BRUNDTLAND, G. H. Nosso Futuro Comum. 2ª Edição. Comissão Mundial sobre o Meio


Ambiente e Desenvolvimento. Rio de Janeiro, Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1991.

CADERNO NITERÓI. Meio ambiente - Prefeitura (Clin), Inea e Águas de Niterói são
denunciados por crime ambiental. Jornal do Brasil, 04 de Dezembro de 2019. Disponível em:
https://www.jb.com.br/rio/caderno_niteroi/2019/12/1020678-meio-ambiente---prefeitura--clin---
inea-e-aguas-de-niteroi-sao-denunciados-por-crime-ambiental.html. Acesso em: 20 jan. 2021.

CEQ - Council on Environmental Quality. 40 CFR Parts 1500–1508: Regulations for


Implementing the Procedural Provisions of the National Environmental Policy Act. Washington,
DC, 47 pp, 1978. Disponível em: http://energy.gov/sites/prod/files/NEPA-40CFR1500_1508.pdf .
Acesso em: 09 out. 2020.

CHAVES, C. R.; BITTENCOURT, C. L. Águas turvas, informações opacas: uma análise sobre a
transparência dos programas de despoluição da Baía de Guanabara. Artigo 19 Brasil, São Paulo,
p. 1-40, 2016.

CONCREMAT; UFAM. Estudo de Avaliação Ambiental Estratégica – Programa Social e


Ambiental dos Igarapés de Manaus (PROSAMIN). Manaus, junho 2004. Disponível em:
https://www.iadb.org/en/project/BR-L1297#doc. Acesso em 23 jan. 2021.

COURY, G. C. Contribuições da Avaliação Ambiental Estratégica para Planos Municipais de


Saneamento Básico. Monografia (Graduação em Engenharia Ambiental). Universidade de
Brasília/Faculdade de Tecnologia/Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Brasília/DF,
2018.

CSIR - Council for Scientific and Industrial Research. Strategic Environmental Assessment: A
Primer. CSIR Report ENV/S-RR 96001. Stellenbosch, África do Sul, 1996. Disponível em:
http://fred.csir.co.za/www/sea/primer/primerf.htm . Acesso em: 28 out. 2020.

EGLER, P. C. G. Perspectivas de uso no Brasil do processo de Avaliação Ambiental Estratégica.


Revista Parcerias Estratégicas, Brasília, v.6, n.11, p.175-190, Junho/2001. Disponível em:
http://seer.cgee.org.br/index.php/parcerias_estrategicas/article/viewFile/166/160. Acesso em: 08
ago. 2020.

EGLER, P. C. G.; AGRA FILHO, Severino Soares. Avaliação Ambiental Estratégica (AAE). [S.
l.], 52 p. 2006.
89
FERREIRA, A. B. de H. Mini Aurélio. O dicionário da língua portuguesa. 6ª ed. rev. atual. Curitiba:
Editora Positivo, 896 p., 2004.

FISCHER, T. B. Theory & practice of strategic environmental assessment: towards a more


systematic approach. 1ª ed. Londres: Earthscan, 2007.

FISTAROL, G. O.; COUTINHO, F. H.; MOREIRA, A. P. B.; VENAS, T.; CÁNOVAS, A.;
PAULA JÚNIOR, S. E. M.; COUTINHO, R.; MOURA, R. L.; VALENTIN, J. L.; TENENBAUM,
D. R.; PARANHOS, R.; VALLE, R. A. B.; VICENTE, A. C. P.; AMADO FILHO, G. M.;
PEREIRA, R. C.; KRUGER, R.; REZENDE, C. E.; THOMPSON, C. C.; SALOMON, P. S.;
THOMPSON, F. L. Environmental Conditions of Guanabara Bay. Frontiers in Microbiology . v.
6, n. 1232, p. 1-17, Rio de Janeiro, Novembro/2015. doi: 10.3389/fmicb.2015.01232. Disponível
em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4653747/#B56. Acesso em: 22 jan. 2021.

GARCIA, H. S.; SOUZA, M. C. S. A. Avaliação Ambiental Estratégica: uma visão da construção


ideológica mundial e os seus reflexos no Brasil. Revista da AJURIS, Porto Alegre, v. 42, n. 139,
p.113-136, Dezembro/2015.

IAIA – International Association for Impact Assessment. Strategic Environmental Assessment -


Performance Criteria. Fargo/Estados Unidos, 2002.

IAIA; IEA – International Association for Impact Assessment; Institute of Environmental


Assessment. Principles of Environmental impact assessment best practice. Fargo/Estados Unidos,
1999.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico de 2010. Brasil, 2010.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produto Interno Bruto dos Municípios.
Brasil, 2018.

IIED – International Institute for Environment and Development. A Guide to Environmental


Mainstreaming: best practice for integrating environmental objectives into development
institutions, policies and plans – revealed from a 12-country survey and global review. Londres,
2009. Disponível em: https://www.environmental-mainstreaming.org/guide.html. Acesso em: 15
ago. 2020.

INEA - Instituto Estadual do Ambiente. Boletins anuais de qualidade das águas da RH-V.
Disponível em: http://www.inea.rj.gov.br/ar-agua-e-solo/qualidade-das-aguas-por-regiao-
hidrografica-rhs/. Acesso em: 15 jan. 2021.

LEMOS, C. C. Avaliação ambiental estratégica para o setor de turismo: uma proposta para
aplicação no Brasil. Tese (Doutorado em Ciências da Engenharia Ambiental). Escola de
Engenharia de São Carlos – Universidade de São Paulo, São Carlos/SP, 2011.

LOIS, R. Quatro anos depois da Rio-2016, qualidade da água da Baía de Guanabara está pior,
aponta Inea. G1, 14 de Agosto de 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/rj/rio-de-
90
janeiro/noticia/2020/08/14/quatro-anos-depois-dos-jogos-rio-2016-qualidade-da-agua-da-baia-de-
guanabara-esta-pior-aponta-inea.ghtml. Acesso em: 20 jan. 2021.

MALVESTIO, A. C. Análise da efetividade da Avaliação Ambiental Estratégica como instrumento


de política ambiental no Brasil. Dissertação (Mestrado em Ciências da Engenharia Ambiental).
Escola de Engenharia de São Carlos/Universidade de São Paulo, São Carlos/SP, 2013.

MALVESTIO, A. C.; MONTAÑO, M. Effectiveness of SEA applied to renewable energy in Brazil.


Journal of Environmental Assessment Policy and Management, Vol. 15, No. 2, 1340007/1-
1340007/21, 2013.

MARGATO, V. Análise de estudos de Avaliação Ambiental Estratégica no Brasil. Relatório final


de projeto de iniciação científica PIBIC/CNPq. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2012.

MAYR, L. M.; TENENBAUM, D. R.; VILLAC, M. C.; PARANHOS, R.; NOGUEIRA, C. R.;
BONECKER, S. L. C.; BONECKER, A. C. T. Hydrological characterization of Guanabara Bay.
In Coastlines of Brazil, eds Maggon O., Neves C. American Society of Civil Engineers, Nova
Iorque, p. 124–138, 1989. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/283921167_Hydrobiological_characterization_
of_Guanabara_Bay. Acesso em: 22 jan. 2021.

MCIDADES - Ministério das Cidades. Guia para a elaboração de Planos Municipais de


Saneamento Básico – 2ª edição. Brasil, Brasília, 2011.

MF - Ministério da Fazenda. Conselho de Supervisão de Regime de Recuperação Fiscal. Parecer


SEI nº 8/2017/CSRRF--MF. Parecer sobre Pedido de Inclusão de Aditamento do Programa PSAM
no PRF/RJ, 5 p., Fevereiro/2018.

MMA - Ministério do Meio Ambiente. Avaliação Ambiental Estratégica. Brasília: MMA/SQA,


2002.

MMA - Ministério do Meio Ambiente. Diretrizes para a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE)
nas decisões do Governo Federal (Versão de 23 de setembro de 2010). Documento preliminar para
consulta pública. Brasília, 2010.

NADRUZ, V. N. Mudanças climáticas na prática brasileira de Avaliação Ambiental Estratégica.


Dissertação (Mestrado em Gestão Ambiental e Sustentabilidade). Universidade Nove de Julho, São
Paulo, 2015.

NEPA. The National Environmental Policy Act of 1969. Lei que estabelece uma política nacional
de meio ambiente, dispõe sobre a criação de um Conselho de Qualidade Ambiental e outros fins.
Estados Unidos da América, 1969. Disponível em:
https://www.energy.gov/nepa/downloads/national-environmental-policy-act-1969 . Acesso em: 04
out. 2020.

91
OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Aplicação da avaliação
ambiental estratégica: Guia de boas práticas na cooperação para o desenvolvimento. OECD
Publishing, 2012. Disponível em: https://read.oecd-ilibrary.org/development/aplicacao-da-
avaliacao-ambiental-estrategica_9789264175877-pt#page141. Acesso em: 20 ago. 2020.

OMS – Organização Mundial da Saúde. Constituição da Organização Mundial da Saúde


(OMS/WHO) de 1946. Biblioteca Virtual de Direitos Humanos da Universidade de São Paulo.
Disponível em: http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/OMS-
Organiza%C3%A7%C3%A3o-Mundial-da-Sa%C3%BAde/constituicao-da-organizacao-
mundial-da-saude-omswho.html. Acesso em 01 mar. 2021.

ONU - Organização das Nações Unidas. A ONU e o meio ambiente. 2020. Disponível em:
https://brasil.un.org/pt-br/91223-onu-e-o-meio-ambiente . Acesso em: 28 set. 2020.

OPPERMANN, P A. Estudo da Avaliação Ambiental Estratégica no Brasil em Perspectiva


Comparada. Dissertação (Mestrado em Ciências da Engenharia Ambiental). Escola de Engenharia
de São Carlos – Universidade de São Paulo, São Carlos/SP, 2012.

OPPERMANN, P.; MALVESTIO, A. C.; MONTAÑO, M. Avaliação Ambiental Estratégica como


instrumento de política ambiental no Brasil. I Semana de Pós-Graduação em Ciência Política:
Interfaces da Ciência Política. 18 p. Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2013.

PARTIDÁRIO, M. R. Guia de boas práticas para Avaliação Ambiental Estratégica - orientações


metodológicas. Agência Portuguesa do Ambiente, 2007.

PARTIDÁRIO, M. R. Guia de melhores práticas para Avaliação Ambiental Estratégica -


orientações metodológicas para um pensamento estratégico em AAE. Agência Portuguesa do
Ambiente, 2012.

PELLIN, A.; LEMOS, C. C.; TACHARD, A.; OLIVEIRA, I. S. D.; SOUZA, M. P. Avaliação
Ambiental Estratégica no Brasil: considerações a respeito do papel das agências multilaterais de
desenvolvimento. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 16, n. 1, p. 27-36, Março/2011.

PEREIRA JÚNIOR, J. S. Aplicabilidade da Lei nº 11.445/2007 – Diretrizes Nacionais para o


Saneamento Básico. Consultoria Legislativa, Brasília/DF, Julho/2008.

RETIEF, F. Effectiveness of Strategic Environmental Assessment (SEA) in South Africa. Journal of


Environmental Assessment, Policy and Management, Vol. 9, No. 1, p.83-101, Março/2007.

RHA. Recursos Hídricos e Ambientais Engenharia. Atualização e complementação do Plano de


Recursos Hídricos da Região Hidrográfica da Baía de Guanabara e dos Sistemas Lagunares de
Maricá e Jacarepaguá. Relatório Diagnóstico (Tomo 01 de 03), Curitiba/PR, Junho/2020.

RIO DE JANEIRO. Governo do Estado. Secretaria de Estado do Ambiente. Instituto Estadual do


Ambiente. Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Resolução CERHI-rj nº 107 de 22 de maio de

92
2013. Aprova nova definição das regiões hidrográficas do estado do Rio de Janeiro e revoga a
resolução CERHI n° 18 de 08 de novembro de 2006. 5 p. Junho/2013.

SADLER, B. Environmental Assessment in a Changing World: Evaluating practice to improve


performance. Canadian Environmental Assessment Agency/International Association for Impact
Assessment, 1996.

SADLER, B. Strategic Environmental Assessment: Institutional Arrangements, Practical


Experience and Future Directions. International Workshop on Strategic Environmental
Assessment. Japan Environment Agency. Tókio. P.31- 39, 1998.

SALVADOR; NCA. Avaliação Ambiental Estratégica – Programa de Saneamento Ambiental e


Urbanização do Subúrbio de Salvador. 1ª Etapa – Projeto Novo Mané Dendê (Produto 3 –
Relatório Final). Agosto/2016.

SÁNCHEZ, L. E. Avaliação Ambiental Estratégica e sua aplicação no Brasil. Texto preparado


como referência para o debate “Rumos da Avaliação Ambiental Estratégica no Brasil”, realizado
no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, Dezembro/2008. Disponível em:
http://www.iea.usp.br/publicacoes/textos/aaeartigo.pdf/view. Acesso em 29 ago. 2020.

SANTOS, J. V.; FERREIRA, R. C. Planejamento Ambiental. Instituto Federal do Paraná para o


Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil - e-Tec Brasil. Curitiba-PR, 2011.

SANTOS, R. F. Planejamento Ambiental: teoria e prática. 2ª Reimpressão. Oficina de Textos. São


Paulo, Brasil, 2009.

SEFAZ – Secretaria de Estado de Fazenda e Planejamento. Governo do Estado do Rio de Janeiro.


Subsecretaria de Política Fiscal. Nota Técnica SEFAZ/SUPOF nº13/2017. Inclusão do Programa
de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara - PSAM no Plano de
Recuperação Fiscal do ERJ. 7 p. Dezembro/2017.

SILVA, F. R. Avaliação Ambiental Estratégica como instrumento de promoção do


desenvolvimento sustentável. Revista Direitos Fundamentais & Democracia - UniBrasil, Curitiba,
Vol.8, n.8, p. 301-329, Dezembro/2010.

SILVA, L. E. P. C.; AGRA FILHO, S. S. Avaliação ambiental estratégica para programas de


saneamento básico: construindo orientações para a etapa de scoping. Bahia anál. dados, Salvador,
v.29, n.2, p. 126-151, jul-dez 2019.

SNIS - Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento. 25º Diagnóstico dos Serviços de Água
e Esgoto - 2019. Brasília: 2020. Disponível em: http://www.snis.gov.br/diagnostico-anual-agua-e-
esgotos/diagnostico-dos-servicos-de-agua-e-esgotos-2019. Acesso em 20 jan. 2021.

SNIS - Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento. Série Histórica. 2016 a 2019.
Disponível em: http://app4.mdr.gov.br/serieHistorica/. Acesso em 15 jan. 2021.

93
SOUZA, A. C. A. O que esperar do novo marco do saneamento? Cad. Saúde Pública 2020;
36(12):e00224020; p. 1-4, doi: 10.1590/0102-311X00224020, Setembro/2020.

TEIXEIRA, I. M. V. O uso da Avaliação Ambiental Estratégica no planejamento da oferta de


blocos para exploração e produção de petróleo e gás no Brasil: uma proposta. Tese (Doutorado
em Ciências em Planejamento Energético). 308 p. COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 2008.

TRATA BRASIL. Benefícios Econômicos e Sociais da Expansão do Saneamento no Brasil.


Instituto Trata Brasil. Ex Ante Consultoria Econômica. 86 p., Novembro/2018. Disponível em:
http://tratabrasil.org.br/estudos/estudos-itb/itb/beneficios-economicos-e-sociais-da-expansao-do-
saneamento-brasileiro. Acesso em 24 jan. 2021.

TRATA BRASIL. Manual do Saneamento Básico – Entendendo o saneamento básico no Brasil e


sua importância econômica. Instituto Trata Brasil, 62 p., 2012. Disponível em:
http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/uploads/estudos/pesquisa16/manual-imprensa.pdf. Acesso
em 24 jan. 2021.

UE – União Europeia. Parlamento Europeu e Conselho da União Europeia. Diretiva 2001/42/CE.


Diretiva Avaliação Ambiental Estratégica, relativa à avaliação dos efeitos de determinados planos
e programas no ambiente. Jornal Oficial das Comunidades Europeias L197/30. Luxemburgo, 2 de
Junho de 2001. Disponível em: https://eur-lex.europa.eu/legal-
content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:32001L0042&from=PT . Acesso em: 09 out. 2020.

VIEIRA, M. V. O Programa de Despoluição da Baía de Guanabara. Entraves institucionais e


impactos territoriais na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado em
Geografia). Instituto de Geociências - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ,
2009.

94
APÊNDICES

Apêndice I - Indicadores de saneamento do SNIS e suas faixas percentuais


ESGOTO
IN056 - Índice IN046 -
de atendimento IN015 - Índice de
Faixas Faixas IN016 - Faixas Faixas
total de esgoto Índice esgoto
Ano de percentuais da percentuais da Índice de percentuais da percentuais da
Município referido aos de coleta tratado
Referência amostra amostra tratamento amostra amostra
municípios de referido à
(IN056) (IN015) de esgoto (IN016) (IN046)
atendidos com esgoto água
água consumida

Belford Roxo 2019 27.9% 20,0 a 40,0 % 45.6% 30,0 a 60,0 % 36.6% 30,0 a 60,0 % 3.7% < 5,0 %
Cachoeiras de Macacu 2019 54.3% 40,1 a 60,0 % 59.9% 30,0 a 60,0 % 0.0% < 30,0 % 0.0% < 5,0 %
Duque de Caxias 2019 23.5% 20,0 a 40,0 % 41.6% 30,0 a 60,0 % 14.1% < 30,0 % 5.9% 5,0 a 25,0 %
Guapimirim - - - - - - - - -
Itaboraí 2019 22.5% 20,0 a 40,0 % 53.7% 30,0 a 60,0 % 2.9% < 30,0 % 1.6% < 5,0 %
Magé 2018 37.6% 20,0 a 40,0 % 39.2% 30,0 a 60,0 % 0.0% < 30,0 % 0.0% < 5,0 %
Maricá 2019 4.8% < 20,0 % 8.2% < 30,0 % 68.8% 60,1 a 90,0 % 5.6% 5,0 a 25,0 %
Mesquita 2019 30.2% 20,0 a 40,0 % 47.7% 30,0 a 60,0 % 14.5% < 30,0 % 6.9% 5,0 a 25,0 %
Nilópolis 2019 30.3% 20,0 a 40,0 % 52.5% 30,0 a 60,0 % 16.9% < 30,0 % 8.9% 5,0 a 25,0 %
Niterói 2019 95.6% > 80,0 % 100.0% > 90,0 % 100.0% > 90,0 % 100.0% > 70,0 %
Nova Iguaçu 2019 100.0% > 80,0 % 76.7% 60,1 a 90,0 % 14.0% < 30,0 % 10.8% 5,0 a 25,0 %
Petrópolis 2019 84.5% > 80,0 % 100.0% > 90,0 % 80.9% 60,1 a 90,0 % 100.0% > 70,0 %
Rio Bonito 2019 73.2% 60,1 a 80,0 % 64.0% 60,1 a 90,0 % 0.0% < 30,0 % 0.0% < 5,0 %
Rio de Janeiro 2019 86.3% > 80,0 % 81.0% 60,1 a 90,0 % 81.1% 60,1 a 90,0 % 65.6% 25,1 a 70,0 %
São Gonçalo 2019 35.1% 20,0 a 40,0 % 45.3% 30,0 a 60,0 % 32.7% 30,0 a 60,0 % 14.7% 5,0 a 25,0 %
São João de Meriti 2018 60.5% 60,1 a 80,0 % 25.3% < 30,0 % 0.0% < 30,0 % 0.0% < 5,0 %
Tanguá 2018 26.8% 20,0 a 40,0 % 39.0% 30,0 a 60,0 % 0.0% < 30,0 % 0.0% < 5,0 %

95
ÁGUA DRENAGEM

IN040 - Parcela de
IN055 - Índice Faixas Faixas
Ano de Ano de domicílios em
Município de atendimento percentuais da percentuais da
Referência Referência situação de risco
total de água amostra (IN055) amostra (IN040)
de inundação

Belford Roxo 2019 73.6% 65,1 a 80,0 % 2019 20.6% 20,1 a 30,0 %
Cachoeiras de Macacu 2019 94.3% 80,1 a 95,0 % 2019 0.7% < 1,0 %
Duque de Caxias 2019 81.4% 80,1 a 95,0 % 2018 0.0% < 1,0 %
Guapimirim 2019 72.6% 65,1 a 80,0 % - - -
Itaboraí 2019 54.4% 50,0 a 65,0 % 2018 0.3% < 1,0 %
Magé 2019 44.7% < 50,0 % 2019 0.1% < 1,0 %
Maricá 2019 54.3% 50,0 a 65,0 % 2019 0.3% < 1,0 %
Mesquita 2019 98.5% > 95,0 % 2019 0.3% < 1,0 %
Nilópolis 2019 97.6% > 95,0 % 2019 8.0% 1,0 a 10,0 %
Niterói 2019 100.0% > 95,0 % 2019 4.5% 1,0 a 10,0 %
Nova Iguaçu 2019 94.2% 80,1 a 95,0 % 2019 1.2% 1,0 a 10,0 %
Petrópolis 2019 96.9% > 95,0 % 2019 1.1% 1,0 a 10,0 %
Rio Bonito 2019 72.4% 65,1 a 80,0 % 2019 5.5% 1,0 a 10,0 %
Rio de Janeiro 2019 98.4% > 95,0 % 2019 19.8% 10,1 a 20,0 %
São Gonçalo 2019 89.1% 80,1 a 95,0 % 2018 28.6% 20,1 a 30,0 %
São João de Meriti 2019 90.0% 80,1 a 95,0 % 2019 1.3% 1,0 a 10,0 %
Tanguá 2019 54.5% 50,0 a 65,0 % 2019 8.2% 1,0 a 10,0 %
Fonte: Elaboração própria (2021), com base na série histórica do SNIS de água, esgoto e drenagem

96
Apêndice II - Médias anuais do IQANSF das estações de amostragem da RH-V agrupadas
por bacia

Estação de
Bacia Município Localização 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Amostragem

AC240 21.2 18.8 15.9 16.6 22.8 24.7 21.4 23.1


Rio de Janeiro Rio Acarí
AC241 27.2 24.4 17.4 17.4 39.6 23.2 15.3 26.9

Duque de CB004 20.7 14.9 21.5 17.9 15.8 16


Rio Caboclo
Caxias
CB005 21.1 14.1 20.5 17 15.7 15.2
Bacia do Rio dos Cachorros
Pavuna- 1 CH025 17.1 13.9 21 16.6 18.2 18
Meriti
Rio de Janeiro Rio dos Cachorros
2 CH088 19.2 14.6 22.1 15.5 14.9 15.5

PV981 30.6 28.7 21.6 21.6 34.9 26.9 24 24


São João de Rio Pavuna
Meriti PV982 21.7 19.1 20.6 17.4 24 26 23.6 22.5
Duque de Rio São João de
Caxias Meriti SJ220 19.4 19.9 18.4 15.3 28.4 16.2 15.5 16.3

AN738 29.5 28.8 27.3 29.1 37.5 32.1 30.5

AN740 37.6 29.9 23.8 22.7 33.8 25.1 25.5 31.8


Rio Alcântara
AN741 24.6 22.2 19.5 23.5 26.7 22.2 16.5 19.3
Bacia do
AN750 28.7 27.9 23.4 23.1 34.6 24.6 28.7 26.5
Guaxindiba- São Gonçalo
Alcântara Rio Bomba BM760 32.8 27.2 25 30 32.5 27.3 28.7 27.4
Rio Guaxindiba GX720 31 31.9 21 22.3 27.5 22.8 18 23.8
Rio Imboassú IB810 20.1 23.3 17.7 19.3 22 20.6 16.2 20.5
Rio Mutondo MT821 24 20.7 26.1 30.4
Belford Roxo Rio Bota BT100 28.3 24.3 18 14.8 36.8 21.6 16.5 23.8

IA250 36.8 43.2 36.3 30.5 49.9 46.4 43.7 43.8

IA260 24.1 23.6 20.1 29 23.8


Duque de Rio Iguaçu
Caxias IA261 23.4 26.4 20.7
Bacia do
Iguaçu IA262 25.9 25.9 19.6

SP300 20.1 22.6 17.4 15.1 19.1 17.4 20.3 18.6

SP305 22.6 23 18.8 17.7 37.9 19.6 17 27.3


São João de Rio Sarapuí
Meriti SP307 22 18.9 17.3 18.2 32.8 23.4 23.2 27.8

SP313 22.8 19.6 19.9 19 39.7 20.2 16.6 26


Itaboraí CC620 59.5 56.5 55.1 53.6 65.7 49.9 57.4 63.7
Bacia do Guapimirim Rio Caceribú CC622 41.5 40.7 46.5 38.6 23.5 59.8 28.2 48.6
Caceribú
Tanguá CC625 39 46.3 37.3 30.5 52.6 37.9 42.3 44.4

97
Estação de
Bacia Município Localização 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Amostragem

Rio Bonito CC630 68.3 69.6 69.6 74.1 71.8 79.2 73.8 74
Guapimirim Rio Guapi GP601 68.5 54.4 57.7 50.3 63.2
São Gonçalo Rio Mutondo MT820 30.2 27.3 22.8 22.5 28.5 26 20.6 24.6
Rio Comprido CM020 29 23 18.3 17.2 21.8 16.6 18 23.1
Rio Joana JN820 31.7 25.2 23.3 18.7 24.7 13.1 14.1 20.3
Bacias
drenantes da MN000 18.5 22.3 19.7 19.6 25.6 17.8 15.9 15.8
vertente Canal do Mangue
MN001 31.2 22.3 23.6 23.1 24 23.9 26 25.7
norte da
Serra da Rio de Janeiro MR040
Carioca 26.2 24.2 20.1 16.7 23.9 17.6 15 18.7
Rio Maracanã
MR043 27.4 26.1 20.6 17.5 29.3 22.2 20.5 23.4
Rio Trapicheiro TR060 23 25.9 21.1 18.6 21.3 17.4 17.6 21

Bacia do Canal do Cunha CN100 23.4 18.8 21.8 15.8 24.8 16.3 19.5 17.5
Faria-Timbó
Rio Farias FR142 23.3 23.1 17 16.5 21.2 21.4 16.4 18.2
Guapimirim Rio Guapi GP600 53.4 56.1 55.7 49.4 37.2 64.4 60.1 47.8
Bacia do MC965
Cachoeiras de 72.2 69.1 62.4 58.3 75.8 77.2 69.2 72.2
Guapimirim- Rio Macacu
Macacu MC967
Macacu 55.6 57.4 55.5 60.7 59.1 61.9 64.8 59.1
Guapimirim Rio Soberbo SB998 55.9 52.1 53 46 63 62.7 36.4 57.6

Bacia do Rio Irajá IJ200 16.6 17.9 20.2 15.2 18 17.6 14.7 16.6
Rio de Janeiro
Irajá Canal da Penha PN180 18.5 19.7 18.3 15.6 20.1 17.5 18.2 14.6
IN450 41.4 40.5 37.5 35 51 51 47.5 48
Bacia do Magé Rio Inhomirim
Estrela, IN460 35.2 39.1 37.3 32.1 53.4 49.5 40.9 44.1
Inhomirim e SR400
Saracuruna Duque de 34.1 38.2 32.1 33.3 41.2 39.6 37.7 36.4
Rio Saracuruna
Caxias SC420 37.2 34.9 28.5 30.5 35.4 34.4 35.5 31.9
Bacia do
Rio Iriri IR540
Iriri 51.6 39.4 43.5 35.6 42.3 47.6 30.2 44.3
Bacia do Rio Magé MG580 26.1 20.1 19.1 14.7 25.9 15.8 29.2 32.6
Roncador ou Magé
Santo Aleixo Rio Roncador RN560 60.1 59.8 52 54 60.9 58.1 32.6 51.2
Bacia do
Rio Suruí SR500
Suruí 47.7 46.3 40.3 35.3 53.6 38.1 33.4 42.6
Rio do Anil AN040 32.2 43.2 21.1 31.1 24.9 22.6 30.1 21.6 25.7
Bacias Rio Cachoeira CC000
contribuintes 51 52 40.3 27.8 32.5 36.8 41.8 43.8 46.9
ao Sistema Rio de Janeiro Rio Camorim CM220 62.8 62.4 43.2 49.2 55.1 55.9 60.7 46.4 62.9
Lagunar de
Jacarepaguá FN090 24.8 25.8 21.7 27.1 20.4 23.6 16 19.5 15.4
Arroio Fundo
FN100 28.9 34.3 25 17.4 17.3 20.2 16.3 21.1 23.1

98
Estação de
Bacia Município Localização 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Amostragem

Rio Gurenguê GN400 29.2 43.1 24.7 22.3 19.8 20.1 19.9 16.5 16.8
GR140 32.1 39.4 26.2 35.2 29.6 23.5 44 19.6 27.7
Rio Grande
GR144 42.2 53.2 45 48.8 38.3 39.2 21.4 39.1 52.5
Rio do Marinho MN240 21.6 27.6 31.8 22.8 18.4 27.5 21.9 20 33.8
Rio Pavuninha PN480 29.2 24.8 18.2 16.5 16.4 17.7 17.4 31.4 14.6
Arroio Pavuna PV180 22.3 19.9 16.7 15.6 16.1 16.5 15.8 14.9 17.2
Rio Retiro RT020 36.7 39.5 24.9 20.9 26.3 23.8 20.3 18.4 18.8
Rio Arrozal AZ100 36.5 32.8 37.9 58.5 31.6 33.6 37.8 35.2
Bacias
contribuintes Rio Jacaré JC200 34.5 29.4 33.3 44.4 25.9 31.1 29.4 31.7
ao Sistema
Niterói Rio João Mendes JM300 33.3 26 29.4 45 34.9 27.1 35.2 35.5
Lagunar de
Itaipu e Rio Santo Antônio SA720
Piratininga 21.1 20.8 38.4 18.8 25.6 27.1 37.7 38.6
Rio da Vala VL350 39.4 44.2 39.7 46.6 25.2 27.6 34.8 40.7
Canal dentro do
Aeroporto de AM000
Maricá 18.8 17.5 17.6 18.1 24.3 26.4 12.8 19.9 27.1
Bacias Canal do Buriche BU010 37 34.7 31.8 40.3 37.3 48.5 17.7 35.6 49.4
contribuintes
ao Sistema Maricá Canal de Itaipuaçu CI005 52.9 61.1 50.3 47.8 49.8 52.5 53 48.5 33.6
Lagunar de
Rio Caranguejo CR040 55.3 64.4 59.8 65.1 60.6 68.1 68.6 64.3 52.2
Maricá
Rio Ludigero LU010 33.8 50.6 43.6 43.9 38.2 38.1 26.8 31.9 59.1
Rio Mombuca MM010 31.1 37.9 23.9 26.6 35.9 55.4 45.3 30.9 48.9
Fonte: Elaboração própria (2021), com base nos boletins anuais de qualidade das águas da RH-V

Apêndice III - Médias anuais do IQACCME das estações de amostragem do Sistema Lagunar
de Maricá e do Sistema Lagunar de Itaipu e Piratininga

Estação de
Espelho d`água Município Localização 2012 2013 - 2014
Amostragem
Lagoa de
MR000 61.3 68.7
Guarapina
Lagoa do Padre MR005 46.4 49.1

Sistema Lagunar de MR006 43.9 48.9


Maricá
Maricá
MR007 42.2 50.4
Lagoa da Barra
MR008 45.3 43.7

MR009 50.2 47.9

99
Estação de
Espelho d`água Município Localização 2012 2013 - 2014
Amostragem

MR010 50 47.1

MR011 46.2 37.5


Lagoa de
MR012 37.5 37.6
Maricá
MR013 45.9 39

Estação de
Espelho d`água Município Localização 2012 2013 2014 -2016 2017 - 2019
Amostragem
Lagoa de
Sistema Lagunar de Itaipu PR002 28.7 15.7 20.4 31.4
Niterói Piratininga
e Piratininga
Lagoa de Itaipu PR003 32.5 30.5 29.4 61.5
Fonte: Elaboração própria (2021), com base nos boletins anuais de qualidade das águas dos Sistema Lagunares de
Marica e Itaipu-Piratininga

Apêndice IV - Médias anuais do IC das lagoas do Sistema Lagunar de Jacarepaguá


Estação de
Lagoa Mês 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Amostragem
jan 2.3 14.9 24.7 3.6 12 10 13 10
fev 2.4 1.3 3.4 1.6 133.5
mar 10.2 1.3 3.4 6.8 32.2 14 5 4
abr 7.3 2.3 3.1 16.6 5.4 14 2
mai 5.4 4 3.2 43.5 37.9 12 2
jun 1.32 7.6 21.3 8.4 14.8 105.1 10
Lagoa de
JC341 e JC342 jul 1.59 3.5 15.4 14 5 4
Jacarepaguá
ago 12.9 6.4 4 5.9 4.6 21 7 20
set 2.8 4.5 12.6 5.2 6.8 9 3 6
out 4.8 4.9 6.1 5.7 7.8 5 8 14
nov 4.6 1.8 34.2 5.3 21.5 15 12 20 46 3
dez 2.2 9.1 6.6 29.5 18 3
MÉDIA 4.32 5.63 9.34 9.43 12.76 36.01 9.67 8.33 19.40 5.00
jan 9.5 2.9 26.9 2.9 40 11 6 2
fev 9.9 2.8 132.3 2.1 131.9
mar 8.1 15.8 131.2 3.9 76.5 18 6 4
abr 11.6 21.4 15.1 57.8 58.3 79 7
Lagoa de
CM320 mai 60.3 6.7 30.1 80.7 28.3 54 21
Camorim
jun 7.5130.6 4.8 48.3 133.6 8
jul 15.9 29.9 78 23 8
ago 38.8 19.2 107.3 39.3 33.3 166 21 16
set 21.1 4.6 106.2 8.7 17.4 98 10 11

100
Estação de
Lagoa Mês 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Amostragem
out 27.9 7.2 65.2 11.8 76.4 164 97 12
nov 9.9 47 107.8 132.8 30.8 98 6 46 4 22
dez 5.3 44.9 22.8 131.4 164 9
MÉDIA 20.60 20.89 50.45 57.86 35.36 108.78 27.22 34.00 8.40 10.00
jan 3.6 3.2 5.7 3 3 3 8 5
fev 5 0.9 18.1 2.1 5
mar 8.6 1.5 11.6 3.3 15.8 10 4 2
abr 18.8 1.9 3.9 2.2 21.9 3 3
mai 15.3 2.4 2.6 1.1 6.3 17 3
MR361, jun 3.9 9.5 4.4 8.1 10.5 3.5 12
Lagoa de
MR363 e jul 23.3 6.7 11.2 7.8 6 3
Marapendi
MR36 ago 8.2 5.9 2.5 6.8 10 163 3 4
set 8.5 4.5 2.6 3.7 1.4 9 3 3
out 5.5 4.2 3.4 3.8 1.8 5 8 3
nov 3.1 4.5 3.2 10.5 1.3 3 6 6 12 2
dez 3.5 9.3 1.8 2.3 2 5
MÉDIA 8.00 8.11 2.88 7.36 3.67 22.03 6.89 5.00 5.80 3.20
jan 4.4 8.2 68.2 2 83 2 4 9
fev 3 1 69.3 7.1 103.7
mar 13.4 16.2 45.1 69.8 60.1 11 3 6
abr 90.2 25.1 25.8 11.3 12 66 5
mai 5.1 73.6 1.9 2.6 9.3 32 1
jun 0.81 9.7 6 13.1 4.1 68 30
Lagoa da
TJ303 e TJ30 jul 14.03 3.3 46.1 112 69 5
Tijuca
ago 13.3 3.6 4.8 20.6 23.8 2 13 14
set 6 4.8 6.8 16.5 1.7 5 10 4
out 14.5 7.3 8.1 5.3 1.7 19 4 11
nov 11.2 6.2 14.6 6.3 2.4 3 3 16 21 0
dez 5.6 14.2 26.1 11.2 13 7
MÉDIA 9.35 14.72 16.15 27.45 12.65 37.01 28.33 15.83 11.20 4.60
Fonte: Elaboração própria (2021), com base nos boletins anuais de qualidade das águas do Sistema Lagunar de
Jacarepaguá

101
Apêndice V - Médias anuais do IQACCME das estações de amostragem da Baía de
Guanabara agrupadas por seção

Estação de
Seção 2014 2015 2016-2017 2018 2019
Amostragem
GN042 52.1 66.8 67 51.8 35.4
GN061 26.1 70.2 76.1 67.4 62.8
1
GN063 45 57.3 80.5 66.8 57.9
GN306 66.3 57.9 75.9 66.4 61.3
Sem seção específica GN093 69.9 69.6 84.9 76.1
GN024 34.6 24.3 76.8 46.4 65.8
GN025 61.8 57.7 77 70.2 73.6
2 GN034 43.4 62.5 84.9 79.4 73.5
GN047 67.5 56.8 84.2 68.6 79.1
GN064 60 56.9 75.6 78.2 65.2
GN022 36.7 39.2 57.1 18.7 36.8
3 GN026 52 57.3 68.1 61.6 60.2
GN062 46.9 69.5 69.3 78.1 58.9
GN000 26.6 59.1 74.4 67 49.6
GN020 19.3 22.4 47.1
4
GN044 21.8 27.2 26.6 19.3 26.2
GN060 26.2 66.4 57 75.5 46.9
GN040 21.7 26.8 24.5
GN043 20.4 39.1 41.2 26.6 36.5
5
GN048 31.8 16.7 29.8 20 27.2
GN050 16.7 9.2 15.2 15.9 21
Fonte: Elaboração própria (2021), com base nos boletins anuais de qualidade das águas da Baía de Guanabara

102

Você também pode gostar