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EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS
Aprovada por:
___________________________________________
Prof. Emílio Lèbre La Rovere, D.Sc.
___________________________________________
Profª. Alessandra Magrini, D.Sc.
___________________________________________
Prof. Sérgio Luiz Costa Bonecker, D.Sc.
___________________________________________
Dra. Telma Maria Marques Malheiros Carvalho, D.Sc.
1. Avaliação Ambiental
2. Impacto Ambiental
3. Licenciamento Ambiental
4. Sísmica
ii
À Luiza.
iii
AGRADECIMENTOS
À Luiza, por escolher compartilhar essa vida comigo (ao invés de escolher um
cabeludo sarado e tatuado).
Aos meus pais, por me ensinarem aquelas coisas que não sei onde aprendi.
À Tia Sonia, pela inestimável ajuda com o netinho – sem a qual esse trabalho
não teria sido concluído nessa década.
Ao prof. Emilio, por gentilmente aceitar esse aluno relapso como orientando.
Ao amigo Rodrigo Medeiros, pelo suporte generoso e essencial para que esse
estagiário possa trilhar seu próprio caminho. Vida longa à confraria!
Aos meus amigos da vida, estejam perto ou longe, pela alegria compartilhada.
iv
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Junho/2007
v
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
June/2007
vi
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
vii
FCA Ficha de Caracterização da Atividade
FONSI Finding Of No Significant Impact
FWS Fish and Wildlife Service
GEIA Grupo de Estudos de Impacto Ambiental
GIA Grupo Integrado de Aqüicultura e Estudos Ambientais
GT Grupo de Trabalho
IAGC International Association of Geophysical Contractors
IAIA International Association for Impact Assessment
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
IBP Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás
IHA Incidental Harassment Authorization
IMR Institute of Marine Research
LEP Licença Especial para Perfuração
LI Licença de Instalação
LO Licença de Operação
LP Licença Prévia
LPS Licença de Pesquisa Sísmica
MARPOL Convenção Internacional para a Prevenção de Poluição por Navios
MMA Ministério do Meio Ambiente
MME Ministério de Minas e Energia
MMPA Marine Mammals Protection Act
MMS Minerals Management Service
MPE Ministry of Petroleum and Energy
NEB National Energy Board
NEPA National Environmental Policy Act
NOAA National Oceanic and Atmosferic Administration
NPD Norwegian Petroleum Directorate
NRC Natural Resources Canada
NTL Notice to Lessees and Operators
OCS Outer Continental Shelf
OEMA Órgão Estadual de Meio Ambiente
OGP International Association of Oil and Gas Producers
OMM Organização Meteorológica Mundial
PCAS Plano de Controle Ambiental de Sísmica
PEA Programmatic Environmental Assessment
viii
PEIS Programmatic Environmental Impact Statement
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PSA The Petroleum Safety Authority Norway
PTS Permanent Threshold Shift
REVIZEE Programa de Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na
Zona Econômica Exclusiva
RIAS Relatório de Impacto Ambiental de Sísmica
RIMA Relatório de Impacto Ambiental
ROV Remotely Operated Vehicle
SEAP/PR Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca / Presidência da República
SFT The Norwegian Pollution Control Authority
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
TR Termo de Referência
TTS Temporary Threshold Shift
UERJ Universidade Estadual do Rio de Janeiro
UFPR Universidade Federal do Paraná
VEC Valued Ecosystem Components
ix
LISTA DE FIGURAS
x
Figura 18: Representação esquemática da sísmica de cabos de fundo
multicomponente (OBC/4C)............................................................................ 33
Figura 19: Ilustração da recente tecnologia de pesquisa sísmica com cabo de
fundo utilizando apenas uma embarcação. Note que os cabos
sismográficos são presos a bóias na superfície, permitindo a redução de
custos de uma operação como essa (Fonte: www.rxt.com). .......................... 35
Figura 20: Exemplo de geração de energia sonora: um alto falante (Fonte:
www.fisica.net)................................................................................................ 42
Figura 21: Comparação entre as freqüências conhecidas de vocalização de
alguns mamíferos e as bandas de emissão (total e de pico de energia)
de um típico canhão de ar (MMS, 2004). ....................................................... 51
Figura 22: Área de restrição temporária para realização de pesquisas sísmicas
em função da Baleia Jubarte – área hachurada em azul. Período
proibido: julho a novembro. Profundidade: 0 - 500 metros. Adaptado de
IBAMA (2006a). .............................................................................................. 57
Figura 23: Área de restrição temporária para realização de pesquisas sísmicas
em função da Baleia Franca – área hachurada. Período proibido: junho
a 15 de dezembro. Profundidade: 0 - 50 metros. Adaptado de IBAMA
(2006a). .......................................................................................................... 58
Figura 24: Audiograma de peixe-boi marinho comparado com audiograma
subaquático humano (adaptado de Gerstein, 2002). Perceba que os
seres humanos ouvem melhor debaixo d’água em baixas freqüências do
que os peixes-boi............................................................................................ 60
Figura 25: Áreas de restrição para realização de pesquisas sísmicas em função
do Peixe-boi marinho. Período proibido: setembro a maio (áreas
hachuradas em azul) e o ano inteiro (áreas cinza). Profundidade: 0 – 12
metros. Adaptado de IBAMA (2006a)............................................................. 61
Figura 26: Áreas de restrição temporária para realização de pesquisas sísmicas
em função das Tartarugas Marinhas – área hachurada em azul. Período
proibido: Outubro a Fevereiro (Dezembro a Março na área mais ao
norte). Distância da costa: até 15 milhas náuticas (aprox. 28 km).
Adaptado de IBAMA (2006a).......................................................................... 64
Figura 27: Exemplos da capacidade auditiva estimada de algumas espécies de
peixes (adaptado de Hastings e Popper, 2005). É importante ressaltar
que a faixa de freqüências dominante no pulso sísmico vai de 10 a 200
Hz (Gulland e Walker, 1998; Gausland, 1998, 2003). .................................... 68
Figura 28: Regime de exposição aos disparos de um canhão de ar utilizado por
McCauley et al. (2000 e 2003). O eixo vertical representa o nível sonoro
(dB rms de 95% da energia do sinal) medido por hidrofones preso à
gaiola onde os peixes se encontravam. O eixo horizontal mostra a hora
local. ............................................................................................................... 70
Figura 29: a) Exemplo de epitélio sensorial auditivo saudável, obtido de peixe
não-exposto aos disparos do canhão de ar. b) Fotografia do epitélio
sensorial auditivo de peixe exposto aos disparos do canhão de ar,
mostrando células ciliadas “esmagadas” e um “buraco” no epitélio.
(McCauley et al.; 2000 e 2003)....................................................................... 71
Figura 30: Aparência do epitélio sensorial auditivo de peixes expostos
novamente aos disparos do canhão de ar 58 dias após a primeira
exposição. Observe a presença de uma rede de finos filamentos,
xi
possivelmente indicando um processo de reparo inflamatório (McCauley
et al., 2000). As amostras foram obtidas imediatamente após a segunda
exposição........................................................................................................ 73
Figura 31: Adaptação de um gráfico apresentado pela Dra. Chandra Salgado-
Kent em Seminário Internacional no Rio de Janeiro mostrando a tardia,
porém existente, tendência de recuperação do epitélio sensorial auditivo
de Pagrus auratus. ......................................................................................... 74
Figura 32: Localização da área experimental (Engås et al.,1996). Profundidades
em metros. A – Malha amostral da prospecção hidroacústica. B –
Malha amostral das pescarias de espinhel (barras) e arrasto (círculos).
As amostras foram categorizadas com relação à distância da área da
pesquisa sísmica (0, 1-3, 7-9 e 16-18 milhas náuticas) ................................. 76
Figura 33: Localização do experimento escocês (adaptado de Wardle et al.,
2001). Os quadrados representam as diferentes posições do arranjo de
canhões de ar e o X marca o local da câmera de filmagem........................... 81
Figura 34: Alguns quadros da filmagem exemplificando o susto-C em peixes
(Wardle et al., 2001). ...................................................................................... 82
Figura 35: Localização do estudo de Slotte et al. (2004). À direita, o desenho
amostral dos cruzeiros de prospecção acústica realizados antes,
durante e depois da pesquisa sísmica (figura adaptada de Slotte et al.,
2004)............................................................................................................... 84
Figura 36: Representação esquemática do desenho experimental conduzido pela
equipe do GIA em 2004 no litoral de Tinharé-Boipeba/BA. A
profundidade local era de 10 metros. (GIA, 2004).......................................... 89
Figura 37: Localização dos experimentos brasileiros com peixes recifais de 2004.
Elaboração própria sobre imagem do software Google Earth. ....................... 91
Figura 38: Desenho esquemático representando o experimento conduzido em
2004 por GEIA/Everest no litoral de Barra Grande/BA. A profundidade
local era de 19 metros. (GEIA/Everest, 2004) ................................................ 92
Figura 39: Desenho final do experimento de Barra Grande, com a indicação dos
5 pulsos sísmicos que provocaram reações comportamentais
perceptíveis nos peixes nos tanques-rede. A tabela sintetiza as
informações obtidas no monitoramento do decaimento sonoro.
(GEIA/Everest, 2004)...................................................................................... 93
Figura 40: Quadros de uma filmagem mostrando em detalhes o disparo de um
canhão de ar. O raio da bolha gerada neste caso deve representar
cerca de 1 metro. (Vídeo obtido em CD-ROM fornecido ao IBAMA pela
IAGC – Associação Internacional das Empresas de Sísmica – Seção
Brasil em 2004. Disponível na CGPEG/IBAMA)........................................... 102
Figura 41: Representação do “processo genérico” de Avaliação de Impacto
Ambiental. Fonte: Baseado em Sánchez (2006). ......................................... 112
Figura 42: Diagrama conceitual para determinação da necessidade de
preparação de estudos ambientais (Sánchez, 2006). .................................. 114
Figura 43: Diagrama representando o campo de aplicação da Avaliação de
Impacto Ambiental (Sánchez, 2006)............................................................. 115
Figura 44: Estrutura conceitual de um Estudo de Impacto Ambiental. A
abrangência e profundidade de cada atividade são definidas na etapa
de Determinação do Escopo. A depender da natureza do
xii
empreendimento, questões associadas ao risco acidental devem ser
inseridas nessa estrutura.............................................................................. 121
Figura 45: Localização e divisão política dos Estados Unidos da América. Fonte:
www.nationalatlas.gov .................................................................................. 141
Figura 46: Divisão da plataforma continental dos Estados Unidos em áreas de
planejamento, com destaque para as áreas em avaliação para o
programa de licitações 2007-2012. (Adaptado de MMS, 2006a) ................. 143
Figura 47: Representação esquemática do processo de avaliação ambiental
introduzido pela NEPA - National Environmental Policy Act nos Estados
Unidos. Fonte: Adaptado de Sánchez, 2006. ............................................... 145
Figura 48: As imagens representam as pesquisas sísmicas 3D autorizadas pelo
MMS entre 1993 e 2001, sendo a) 1993-1995 (169 autorizações); b)
1996-1998 (180 autorizações); c) 1999-2001 (106 autorizações); e d)
1993-2001 (total de 455 autorizações). (Figuras adaptadas de MMS,
2004 e dados quantitativos obtidos em MMS, 2005).................................... 149
Figura 49: Áreas de planejamento para exploração petrolífera na Região do
Alasca. Atualmente, só existem contratos de concessão ativos no Mar
de Beaufort e na Área de Cook Inlet, estando previstas licitações no Mar
de Chukchi e na Bacia de North Aleutian no programa de 2007-2012.
Fonte: www.mms.gov/alaska e MMS, 2006a. .............................................. 150
Figura 50: Localização e divisão política do Canadá, representando as províncias
ao sul e os territórios ao norte. Fonte: www.wikipedia.com.......................... 154
Figura 51: Divisão da competência federal para a regulação do setor petrolífero
offshore no Canadá. Em amarelo, as áreas não-cobertas por Acordos
de Gestão. Em branco, a área do Acordo Canadá-Newfoundland e
Labrador. Em cinza escuro, área do Acordo Canadá-Nova Scotia.
Fonte: www.neb.gc.ca .................................................................................. 156
Figura 52: Esquema representando os diferentes níveis de avaliação ambiental
previstos no CEA Act. Fonte: Baseado em CEAA, 2003.............................. 157
Figura 53: Localização e divisão política da Noruega. Fonte: www.wikipedia.com.... 165
Figura 54: Zoneamento estabelecido pelo Plano de Gestão Integrada Barents –
Lofoten. Adaptado de Ministry of the Environment, 2006. ............................ 173
Figura 55: Nível de atividade da indústria de pesquisa sísmica em águas
norueguesas no período 1962 – 2006. Fonte: Adaptado de Stenløkk,
2007.............................................................................................................. 175
Figura 56: Variação mensal do número de embarcações sísmicas operando
simultaneamente em águas brasileiras (Cosme Peruzzolo, ex-
presidente da IAGC Brasil, comunicação pessoal, 2006). ........................... 183
Figura 57: Evolução recente do preço do barril de óleo cru no mercado spot em
dólares americanos (IEA, 2006). .................................................................. 184
Figura 58: Esquema-síntese do modelo de licenciamento conduzido atualmente
pelo IBAMA com base na Resolução CONAMA nº 350/04 (IBAMA,
2005a)........................................................................................................... 198
Figura 59: Tempo necessário para a emissão das Licenças de Operação no
período pré-Resolução CONAMA n° 350/04, descontando-se o tempo
necessário para elaboração de complementações e esclarecimentos
pelo empreendedor....................................................................................... 207
xiii
Figura 60: Evolução anual do tempo médio de licenciamento no período pré-
Resolução CONAMA nº 350/04. Os números em branco correspondem
ao número de licenças concedidas no respectivo ano. ................................ 208
Figura 61: Tempo necessário para a emissão das Licenças de Pesquisa
Sísmica, descontando-se o tempo necessário para elaboração de
complementações e esclarecimentos pelo empreendedor. As licenças
assinaladas com um asterisco são referentes a processos que foram
iniciados antes da vigência da nova resolução, tendo sido penalizados
com um procedimento de transição. Legenda de cores: Azul - Classe 1;
Grená - Classe 2; Verde - Classe 3. Atualizado até janeiro/2007. ............... 209
Figura 62: Tempo necessário para a emissão de todas as licenças já concedidas
para pesquisas sísmicas marítimas no Brasil – levantamento atualizado
até janeiro/2007. As linhas pontilhadas dividem os anos. A linha
contínua representa a evolução da média anual de tempo de
licenciamento, estando a média de 2007 comprometida pelo baixo
número de amostras. O número presente em cada período anual
representa a quantidade de licenças emitidas naquele ano......................... 211
Figura 63: Representação gráfica da evolução da composição do quadro técnico
do ELPN-CGPEG, ao final de cada ano. Não foram considerados os
cargos administrativos ou de chefia do escritório. (Fonte: Relatórios
anuais ELPN-CGPEG e Malheiros, 2002) .................................................... 222
Figura 64: Evolução anual do tempo médio de licenciamento de pesquisas
sísmicas marítimas no Brasil. A Resolução CONAMA n° 350/04 entrou
em vigor em novembro/2004. Os números em branco representam a
quantidade de licenças expedidas no ano.................................................... 243
xiv
LISTA DE TABELAS E QUADROS
xv
Tabela 18: Comparação entre algumas diretrizes regulamentares de mitigação
das jurisdições selecionadas. Adaptado de Weir e Dolman (2007).............. 239
Tabela 19: Síntese dos aspectos positivos e negativos do modelo brasileiro de
avaliação ambiental de pesquisas sísmicas marítimas frente à
experiência internacional analisada.............................................................. 241
Tabela 20: Média mensal de pesquisas sísmicas simultâneas na costa brasileira
após a abertura do mercado. Fonte: elaborada a partir de dados
fornecidos por Cosme Peruzzolo, ex-presidente da IAGC Brasil em
2006.............................................................................................................. 242
xvi
SUMÁRIO
RESUMO .......................................................................................................................... V
ABSTRACT ...................................................................................................................... VI
INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 1
OBJETIVOS ...................................................................................................................... 3
ESTRUTURA DO TRABALHO .............................................................................................. 4
METODOLOGIA ................................................................................................................. 6
PARTE 1: A ATIVIDADE DE PESQUISA SÍSMICA MARÍTIMA E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS ..... 8
1. CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE DE PESQUISA SÍSMICA MARÍTIMA ............................ 9
1.1. Histórico da tecnologia............................................................................................... 10
1.2. Fundamentos ............................................................................................................. 11
1.2.1. Sísmica 2D ........................................................................................................ 12
1.2.2. Sísmica 3D ........................................................................................................ 13
1.3. A fonte de energia...................................................................................................... 16
1.3.1. O pulso sísmico................................................................................................. 19
1.3.2. A escala dB ....................................................................................................... 24
1.3.3. Composição de freqüências.............................................................................. 26
1.3.4. Direcionalidade do pulso sísmico...................................................................... 28
1.4. O sistema de registro................................................................................................. 30
1.4.1. Cabos flutuantes (streamers)............................................................................ 30
1.4.2. Cabos de Fundo (Ocean Bottom Cable – OBC)............................................... 33
1.5. Outras metodologias.................................................................................................. 35
2. IMPACTOS AMBIENTAIS DA PESQUISA SÍSMICA MARÍTIMA ......................................... 37
2.1. Aspectos ambientais relevantes da pesquisa sísmica .............................................. 40
2.1.1. Emissão sonora do navio .................................................................................. 40
2.1.2. Emissão sonora dos canhões de ar.................................................................. 41
2.1.3. Lançamento de substâncias no mar ................................................................. 43
2.1.4. Risco acidental .................................................................................................. 44
2.1.5. Utilização do espaço marítimo .......................................................................... 45
2.2. Impactos ambientais da pesquisa sísmica ................................................................ 46
2.2.1. Mamíferos Marinhos.......................................................................................... 46
2.2.1.1. Cetáceos ...................................................................................................................47
2.2.1.2. Sirênios...................................................................................................................... 59
2.2.2. Quelônios Marinhos .......................................................................................... 61
2.2.3. Peixes................................................................................................................ 64
2.2.4. Invertebrados .................................................................................................... 97
2.2.4.1. Moluscos ...................................................................................................................98
2.2.4.2. Crustáceos ................................................................................................................99
2.2.5. Plâncton .......................................................................................................... 101
2.2.6. Recifes............................................................................................................. 102
2.2.7. Atividade Pesqueira ........................................................................................ 104
2.3. Síntese “conclusiva”................................................................................................. 105
PARTE 2: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE PESQUISAS SÍSMICAS MARÍTIMAS ......................... 108
3. AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, ETAPAS E MELHORES PRÁTICAS 109
3.1. Origem e difusão...................................................................................................... 110
3.2. O Processo de Avaliação de Impacto Ambiental..................................................... 111
3.2.1. Triagem ........................................................................................................... 113
3.2.2. Determinação do Escopo ................................................................................ 116
3.2.3. Elaboração do Estudo de Impacto Ambiental ................................................. 120
3.2.3.1. Diagnóstico.............................................................................................................. 121
3.2.3.2. Prognóstico..............................................................................................................123
xvii
3.2.3.3. Medidas de Gestão ................................................................................................. 125
3.2.3.4. Elaboração do resumo em linguagem não-técnica.................................................. 126
3.2.4. Análise Técnica do Estudo de Impacto Ambiental.......................................... 128
3.2.5. Participação pública ........................................................................................ 131
3.2.6. Tomada de Decisão ........................................................................................ 133
3.2.7. Acompanhamento pós-decisão....................................................................... 134
3.3. Melhores Práticas em AIA ....................................................................................... 137
4. EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL NA AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE PESQUISAS SÍSMICAS
MARÍTIMAS ................................................................................................................... 139
4.1. Estados Unidos da América..................................................................................... 140
4.1.1. Contexto Institucional e Regulatório ............................................................... 142
4.1.2. Avaliação Ambiental de Pesquisas Sísmicas Marítimas ................................ 144
4.1.2.1. Golfo do México....................................................................................................... 145
4.1.2.2. Alasca...................................................................................................................... 149
4.2. Canadá..................................................................................................................... 153
4.2.1. Contexto Institucional e Regulatório ............................................................... 155
4.2.2. Avaliação Ambiental de Pesquisas Sísmicas Marítimas ................................ 156
4.3. Noruega ................................................................................................................... 165
4.3.1. Contexto Institucional e Regulatório ............................................................... 166
4.3.2. Avaliação Ambiental de Pesquisas Sísmicas Marítimas ................................ 169
4.4. Síntese comparativa entre os países estudados..................................................... 175
5. EVOLUÇÃO DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE PESQUISAS SÍSMICAS MARÍTIMAS NO
BRASIL ........................................................................................................................ 181
5.1. Breve histórico da tecnologia no Brasil.................................................................... 182
5.2. Aspectos regulatórios do setor ................................................................................ 184
5.3. Evolução do licenciamento ambiental ..................................................................... 185
5.4. A Resolução CONAMA n°350/04 ............................................................................ 190
5.5. O licenciamento segundo a Resolução CONAMA nº 350/04 .................................. 193
5.5.1. Enquadramento............................................................................................... 193
5.5.2. Classe 1........................................................................................................... 195
5.5.3. Classe 2........................................................................................................... 195
5.5.4. Classe 3........................................................................................................... 196
5.5.5. Plano de Controle Ambiental de Sísmica – PCAS.......................................... 197
5.5.6. Documentos de apoio ao licenciamento ......................................................... 200
5.6. Prazos legais............................................................................................................ 201
5.6.1. Licenças emitidas............................................................................................ 204
5.7. Mitigação, Monitoramento e Compensação ............................................................ 212
5.8. Evolução do contexto institucional........................................................................... 217
5.8.1. Histórico da composição do escritório de licenciamento ................................ 217
5.8.2. Contexto institucional interno ao IBAMA......................................................... 222
5.8.3. Contexto institucional externo ao IBAMA........................................................ 225
5.8.3.1. ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis ................... 225
5.8.3.2. Órgãos Estaduais de Meio Ambiente - OEMAs....................................................... 225
5.8.3.3. Empresas de pesquisa sísmica ............................................................................... 226
5.9. Participação pública e transparência....................................................................... 228
6. DISCUSSÃO DO MODELO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE PESQUISAS SÍSMICAS
MARÍTIMAS NO BRASIL.................................................................................................. 233
6.1. A Prática Brasileira frente à Experiência Internacional selecionada ....................... 234
6.2. O Modelo Brasileiro atual: Ganhos obtidos e oportunidades para aperfeiçoamento. 241
CONCLUSÃO ................................................................................................................ 256
RECOMENDAÇÕES ........................................................................................................ 259
ANEXO - RESOLUÇÃO CONAMA N° 350/04.................................................................. 285
xviii
INTRODUÇÃO
1
Livre adaptação da definição presente no site sobre meio ambiente da Comissão Européia:
http://ec.europa.eu/environment/eia/home.htm
1
Compreender o processo de avaliação ambiental de determinada atividade
humana – incluindo os aspectos condicionantes de sua evolução – é fundamental para
o aprimoramento das práticas vigentes e para a avaliação de sua efetividade e
eficiência.
2
OBJETIVOS
3
ESTRUTURA DO TRABALHO
4
Por fim, a título de Conclusão, são apresentadas as considerações finais
relevantes para a compreensão da evolução da avaliação ambiental de pesquisas
sísmicas no Brasil e também as Recomendações para aperfeiçoamento futuro do
processo.
5
METODOLOGIA
2
Até abril de 2006, a CGPEG era o Escritório de Licenciamento das atividades de Petróleo e
Nuclear – ELPN/IBAMA.
6
Além da pesquisa bibliográfica, foi fundamental para a confecção do capítulo
relacionado à experiência internacional a consulta pessoal a profissionais do setor nos
países em questão. Esse contato foi realizado via correio eletrônico e a seleção de
profissionais consultados se deu por conhecimento prévio do autor, pela indicação de
terceiros ou ainda através da obtenção do endereço no site da instituição no qual o
profissional trabalha.
7
PARTE 1: A ATIVIDADE DE PESQUISA SÍSMICA MARÍTIMA E
SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS
8
1. CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE DE PESQUISA SÍSMICA
MARÍTIMA
9
Este capítulo apresenta uma descrição da tecnologia de aquisição e seus
diferentes aspectos potencialmente impactantes, buscando fornecer subsídios para a
discussão presente neste trabalho de dissertação.
10
de petróleo. Dutra (1995) comenta que entre 1925 e 1930 foram descobertos 26
grandes campos nos Estados Unidos utilizando as técnicas de aquisição sísmica.
1.2. Fundamentos
11
Figura 1: Representação esquemática de uma aquisição de dados sísmicos utilizando cabos
flutuantes.
1.2.1. Sísmica 2D
12
informações sobre o acervo de dados georreferenciados via internet chamada Web
Maps - http://www.bdep.gov.br/webmaps_intro.html
Figura 2: Pesquisas Sísmicas 2D realizadas nas Bacias de Santos e Campos. Essa cobertura
significa conhecimento das estruturas geológicas em escala regional. Fonte: BDEP – Banco de
Dados de Exploração e Produção - www.bdep.gov.br
1.2.2. Sísmica 3D
13
enorme evolução tecnológica que ocorreu na indústria geofísica da década de 90 até o
presente.
14
Figura 4: Representação do procedimento usual de manobra do navio sísmico em um
levantamento 3D com cabos flutuantes (Gulland e Walker, 1998).
15
Figura 6: Visualização das estruturas geológicas após o processamento dos dados sísmicos
tridimensionais.
16
Figura 7: Um canhão de ar (Fonte: www.bolt-technology.com).
17
Figura 8: Representação esquemática do funcionamento de um canhão de ar (Fonte:
http://www.bolt-technology.com/Marine_Air%20Guns_Title_Page.htm).
18
1.3.1. O pulso sísmico
19
medida peak-to-peak ou peak-to-through. Também são utilizadas as medidas de zero-
to-peak e primary-to-bubble ratio (PBR), esta última sendo a razão entre a medida
peak-to-peak principal e a medida peak-to-peak do sinal da bolha.
20
Figura 10: Representação esquemática de um sub-arranjo de canhões de ar (Christie et al.,
2001).
Figura 11: Vista aérea de um arranjo de canhões de ar em atividade com dois sub-arranjos
(montagem de fotos do autor).
21
Figura 12: Conceito de “afinação” de um arranjo de canhões de ar. Os números à esquerda
das assinaturas superiores são os volumes dos canhões em polegadas cúbicas. A assinatura
inferior simula como seria a emissão de um arranjo formado pelos seis canhões de ar, gravada
a 300 m de distância vertical do arranjo (Dragoset, 2000).
Repare que a coincidência temporal dos picos principais gera uma interferência
construtiva e amplifica o sinal inicial, enquanto que a coincidência dos picos relativos à
oscilação das “bolhas” proporciona uma interferência destrutiva e atenua os efeitos
indesejados desta oscilação. O resultante é um sinal nítido e preciso, ideal para o
processamento do sinal de retorno e formação da imagem da subsuperfície. Quanto
maior a peak-to-bubble ratio (PBR), mais nítido é o sinal.
22
Para obter a assinatura far-field de um arranjo, é preciso colocar um receptor
(hidrofone) a uma distância grande o suficiente para que o conjunto de canhões de ar
soe como uma única fonte sonora. Uma analogia pertinente é imaginar o Estádio do
Maracanã visto de cima em dia de jogo. Se o observador estiver, digamos, a 200
metros de altitude, verá nitidamente cada um dos muitos refletores que iluminam o
estádio. Supondo que este observador seja levado para uma altitude cada vez maior,
é possível imaginar uma distância na qual ele não será mais capaz de discernir entre
os diferentes refletores e o Maracanã será um único ponto de luz. Esta seria a
percepção far-field do estádio.
Figura 13: Exemplo de assinatura far-field de um arranjo de 4.800 polegadas cúbicas (MMS,
2004) A pressão acústica peak-to-peak retro-calculada é de cerca de 120 bar-m.
23
não é observado em nenhum ponto da coluna d’água. Como os canhões de ar estão
separados espacialmente, nas imediações do arranjo o que se percebe não é a soma
das pressões individuais geradas pelos canhões. As medições realizadas em campo
sugerem que a maior pressão acústica gerada por um arranjo é ligeiramente superior
àquela gerada pelo maior canhão do arranjo, sendo cerca de 10 vezes menor que o
valor retro-calculado (Gausland, 1998; Gausland, 2000; Dragoset, 2000; MMS, 2004).
Assim, um arranjo com pressão acústica nominal de 100 bar-m não gera em local
nenhum da coluna d’água uma pressão superior a 15 bar, por exemplo.
1.3.2. A escala dB
Quando existe uma grande variação possível nas medidas de uma grandeza, é
comum a utilização de uma escala logarítmica para descrever seus valores. No caso
da pressão acústica, é utilizada a escala deciBel (dB) para permitir a comparação
entre valores muito díspares em Pascals (Pa), a unidade do Sistema Internacional.
P1
dB = 20 log
P0
24
marítima, o valor de referência para pressão acústica é 1 μPa (Gausland, 1998, 2000 e
2003; McCauley et al., 2000).
A diferença nos valores de referência faz com que a comparação direta entre
medições sonoras realizadas no ar e na água seja incorreta. Gausland (1998, 2000 e
2003) demonstra que é necessário somar 62 dB às medidas realizadas no ar para que
estas sejam diretamente comparáveis às obtidas na água.
25
total recebida em um determinado ponto que seja superior ao ruído ambiente local
(McCauley et al., op. cit.).
McCauley et al. (2000) citam que existe uma tentativa de padronização para
esses casos, a qual sugere que deva ser computada a energia acumulada entre os
pontos de 5% e 95% da curva de energia equivalente total.
26
Figura 14: Espectro de amplitudes para um arranjo comumente utilizado (MMS, 2004).
27
afirma que, para comparar um valor máximo de amplitude de uma análise espectral
(uma freqüência específica) com o valor da assinatura da fonte (broadband), é preciso
adicionar cerca de 40 dB.
Ou seja, normalmente, para um arranjo que gera uma pressão acústica global
de 260 dB peak-to-peak re 1 μPa-m, a máxima amplitude da freqüência de pico (60
Hz, digamos) será aproximadamente de 220 dB re 1 μPa/Hz.
28
Figura 15: Gráficos que descrevem a direcionalidade da emissão sonora dos arranjos de
canhões de ar (MMS, 2004). O gráfico (a) refere-se à propagação no plano vertical
perpendicular ao deslocamento do navio e o gráfico (b) no plano vertical paralelo ao
deslocamento do navio.
Na Figura 15, a redução nas emissões sonoras está representada ao longo das
linhas concêntricas, para as freqüências entre 0 e 90 Hz. O ângulo de inclinação a
partir da vertical está representado pelas linhas convergentes.
29
É importante ressaltar que este gráfico não representa uma fatia do espaço e,
portanto, não contém indicação de distâncias. Ou seja, não devemos olhar para ele
como um gráfico de decaimento sonoro ao longo do espaço. A intenção é demonstrar
que a emissão sonora de um arranjo de canhões de ar é diferenciada direcionalmente
a partir da simples disposição espacial dos elementos no arranjo.
30
Figura 16: Cabo flutuante enrolado no carretel de armazenamento. Repare no tamanho das
pessoas ao fundo, para efeito de comparação.
Hoje em dia têm sido cada vez mais utilizados cabos flutuantes preenchidos
por um polímero de baixa densidade, os chamados cabos sólidos. Por não causarem
vazamentos em caso de rompimento, serem mais robustos e duráveis e sofrerem
menos interferência do mau tempo, é possível que os cabos sólidos tornem-se
hegemônicos em um futuro próximo.
31
Os cabos flutuantes nada mais são que um suporte para o equipamento de
registro propriamente dito – os hidrofones. Os hidrofones são sensores de pressão (tal
qual os microfones) altamente sensíveis, projetados para operar submersos na coluna
d’água. São eles que, embutidos no cabo flutuante, captam o retorno do sinal sísmico,
convertendo o sinal acústico (pressão) em impulsos elétricos. Geralmente os
hidrofones estão situados a cada 1 m ao longo do cabo (Gulland e Walker, 1998)
Figura 17: Dispositivo de controle de profundidade – bird – sozinho (a) e acoplado ao streamer (b)
32
Por fim, um outro componente importante do arranjo de cabos flutuantes é a
bóia terminal (tailbuoy). Esta bóia é colocada ao final de cada cabo tanto para fins de
flutuabilidade do cabo e sinalização marítima, quanto para servir de referência de
posicionamento para os outros elementos do arranjo, uma vez que carrega consigo
um sistema de DGPS – Differential Global Positioning System – fundamental para o
processamento dos dados sísmicos.
33
partir de um sistema multicomponente. Estas informações adicionais são obtidas pela
utilização de geofones em conjunto com os hidrofones.
34
Figura 19: Ilustração da recente tecnologia de pesquisa sísmica com cabo de fundo utilizando
apenas uma embarcação. Note que os cabos sismográficos são presos a bóias na superfície,
permitindo a redução de custos de uma operação como essa (Fonte: www.rxt.com).
No entanto, a adoção em larga escala desse tipo de operação não está sendo
tão rápida como previsto. McBarnet (2006) avalia que esta situação possa ser reflexo
da falta de profissionais nas empresas de petróleo capacitados a conduzir
adequadamente um programa de aquisições 4D, produzindo os resultados que são
esperados na teoria.
35
Outro tipo de pesquisa sísmica é a VSP – Vertical Seismic Profile 3 , realizada
com o cabo sismográfico dentro de um poço petrolífero, antes de instalar o
equipamento de produção ou ao término da vida útil do poço, antes do abandono. A
principal função da sísmica VSP é correlacionar dados sísmicos com dados geológicos
(MMS, 2004). Na modalidade zero offset ou check shot 4 , um simples canhão de ar é
descido do deck da plataforma e disparado algumas vezes sobre o poço perfurado. Já
na modalidade walk-away 5 , um pequeno arranjo (4-8 canhões) é disparado de um
barco que se afasta radialmente da locação do poço. A operação nessas modalidades
não dura mais do que um dia.
3
Em inglês, Perfil Sísmico Vertical.
4
Em inglês, pode ser traduzido como “Deslocamento Zero” ou “Disparo de Verificação”.
5
Em inglês, pode ser traduzido como “Em Afastamento”.
36
2. IMPACTOS AMBIENTAIS DA PESQUISA SÍSMICA MARÍTIMA
37
Este capítulo apresenta uma síntese da discussão sobre os principais impactos
ambientais associados à atividade de pesquisa sísmica marítima. Por se tratar de uma
revisão sobre o assunto, o que está sendo retratado é o estado-da-arte mundial, ou
seja, uma “fotografia” atual do conhecimento científico gerado sobre a questão. Nesse
sentido, novas informações estão sendo geradas a cada momento, refinando os
resultados já encontrados e provocando novas discussões.
38
cativeiro são problemáticos, pois embora possam fornecer informações
inquestionáveis sobre determinado impacto, sempre representam a resposta
de alguns poucos indivíduos, não permitindo a extrapolação para as
populações livres na natureza – e pouco se pode descobrir sobre as possíveis
mudanças comportamentais que o animal apresentaria no ambiente natural
(Gordon et al., 2004).
39
2.1. Aspectos ambientais relevantes da pesquisa sísmica
O navio sísmico, como todo navio de grande porte, produz diversos ruídos no
ambiente marinho em seu navegar. O principal ruído produzido nesse caso é gerado
pelo funcionamento das enormes hélices que fornecem a propulsão da embarcação.
Trata-se de um ruído de baixa freqüência, alcançando 50 Hz em seu limite superior de
emissão (Gordon et al., op.cit.). Gausland (2003) afirma que os superpetroleiros
podem produzir ruídos de até 180 dB re 1μPa/Hz a 1 metro da fonte 6 . Há uma grande
preocupação do meio acadêmico com o aumento do nível de ruído antropogênico no
mar, que pode estar causando diversos efeitos na fauna, diminuindo até o fitness 7 de
indivíduos, populações e espécies (Perry, 1999).
40
Os navios sísmicos emitem também sons relacionados ao sistema de
posicionamento acústico dos elementos do arranjo de canhões de ar e de cabos
sismográficos. Nesse caso, são emitidos sons de alta freqüência, entre 50 e 100 kHz
(Gulland e Walker, 1998), em geral fora da capacidade auditiva presumida para
mamíferos marinhos.
41
Figura 20: Exemplo de geração de energia sonora: um alto falante (Fonte: www.fisica.net).
42
No entanto, Wardle et al. (op. cit.) ressaltam que, quando uma fonte sísmica é
disparada muito perto de um organismo, a variação de pressão em qualquer 1
milissegundo dos 6 milissegundos que o sinal leva até atingir o pico de amplitude é tão
grande que pode causar danos severos ao organismo.
Para operar no Brasil, todo navio de sísmica precisa passar pela inspeção da
Autoridade Marítima Brasileira, no caso, a Diretoria de Portos e Costas – DPC, que
atestará se a embarcação possui condições de operar em acordo com a MARPOL
73/78, além de outras diretrizes legais nacionais.
43
ecotoxicidade e biodegradabilidade apresentados ao IBAMA durante o licenciamento
ambiental da atividade indicam que os compostos são altamente voláteis, com baixa
toxicidade aos organismos indicadores e de certa biodegradabilidade.
44
seus tanques. Uma pesquisa realizada nos inventários dos navios sísmicos que já
operaram no Brasil 8 revela que este volume pode chegar até cerca de 5.000 m3,
somando a capacidade de todos os tanques de uma embarcação. Este óleo
combustível poderia ser lançado no ambiente em caso de acidente com o rompimento
do casco e vazamento de um ou mais tanques.
Este aspecto pode dar origem a impactos significativos sobre atividades como
a pescaria artesanal de pequena escala. Em geral, os pescadores artesanais realizam
8
Material disponível no Centro de Documentação da CGPEG/IBAMA.
45
sua atividade em pesqueiros tradicionais, conhecidos há muitos anos e cuja
localização é passada de pai para filho ao longo das gerações. As embarcações
utilizadas são de baixíssima tecnologia e autonomia, por vezes carecendo de
equipamentos básicos como rádio. Essa questão, aliada à extrema dependência
econômica da atividade para subsistência das comunidades costeiras, amplifica o
problema para esse setor da sociedade.
Outras atividades também podem ser afetadas, porém sem a mesma gravidade
da pesca artesanal, como o turismo ligado aos recursos marinhos – mergulhos, whale
watching, etc..
46
2.2.1.1. Cetáceos
47
Quadro 1: Listagem das espécies de cetáceos com ocorrência no Brasil (adaptado de IBAMA, 2001).
Balaenopteridae
Balaenoptera acutorostrata (DD) Baleia-minke-anã
Balaenoptera bonaerensis (LR) Baleia-minke-antártica
Balaenoptera borealis (VU) Baleia-sei, espadarte
Balaenoptera edeni (DD) Baleia-de-bryde, espadarte
Balaenoptera musculus (EN) Baleia-azul
Balaenoptera physalus (VU) Baleia-fin
Megaptera novaeangliae (VU) Jubarte
Balaenidae
Eubalaena australis (VU) Baleia-franca-do-sul
Physeteridae
Physeter macrocephalus (VU) Cachalote
Kogiidae
Kogia breviceps (DD) Cachalote-pigmeu
Kogia simus (DD) Cachalote-anão
Ziphiidae
Berardius arnuxii (DD) Baleia-bicuda-de-arnoux
Hyperoodon planifrons (DD) Boto-gladiador, baleia-bicuda-de-cabeça-plana
Mesoplodon densirostris (DD) Baleia-bicuda-de-blainville
Mesoplodon grayi (DD) Baleia-bicuda-de-gray
Mesoplodon hectori (DD) Baleia-bicuda-de-hector
Ziphius cavirostris (DD) Baleia-bicuda-de-cuvier
Delphinidae
Delphinus delphis (DD) Golfinho-comum-de bico-curto
Delphinus capensis (DD) Golfinho-comum-de-bico-longo
Feresa attenuata (DD) Orca-pigméia
Globicephala macrorhynchus (DD) Baleia-piloto-de-peitorais-curtas, caldeirão
Globicephala melas (DD) Baleia-piloto-de-peitorais-longas, caldeirão
Grampus griseus (DD) Golfinho-de-risso, golfinho cinzento
Lagenodelphis hosei (DD) Golfinho-de-fraser
Lissodelphis peronii (DD) Golfinho-de-peron
Orcinus orca (DD) Orca
Peponocephala electra (DD) Golfinho-cabeça-de-melão
Pseudorca crassidens (DD) Falsa-orca
Sotalia fluviatilis (DD) Tucuxi, boto-comum, boto-cinza
Stenella attenuata (DD) Golfinho-pintado-pantropical
Stenella frontalis (DD) Golfinho-pintado-do-atlântico
Stenella longirostris (DD) Golfinho-rotador
Stenella clymene (DD) Golfinho-de-climene
Stenella coeruleoalba (DD) Golfinho-listrado, golfinho-estriado
Steno bredanensis (DD) Golfinho-de-dentes-rugosos
Tursiops truncatus (DD) Boto, golfinho-nariz-de-garrafa
Iniidae
Inia geoffrensis (VU) Boto, boto-cor-de-rosa, boto-amazônico
Pontoporiidae
Pontoporia blainvillei (VU) Toninha, cachimbo, boto-amarelo, franciscana
Phocoenidae
Phocoena spinipinnis (DD) Boto-de-burmeister, boto-de-dorsal-espinhosa
48
ela está ameaçada de extinção ou não. Esse desconhecimento da ecologia básica das
espécies de cetáceos – que não é exclusividade do caso brasileiro, mas uma
característica mundial – contribui de forma decisiva para a manutenção das incertezas
acerca dos impactos das pesquisas sísmicas sobre o grupo.
Por outro lado, existe uma classe de perturbação auditiva que já está bem
documentada para certos organismos em resposta à exposição a altos níveis de ruído,
seja ele contínuo ou pulsante. É a perda de sensibilidade auditiva, também conhecida
como alteração no limiar auditivo (hearing threshold).
49
indução de TTS sem a devida recuperação pode causar PTS ao longo do tempo. É
análogo ao que acontece em seres humanos quando o trabalhador é exposto anos a
fio a um ambiente de trabalho barulhento sem a adequada proteção aos ouvidos –
tende a perder permanentemente a capacidade auditiva depois de um tempo.
Em todo caso, TTS e PTS são mudanças no limiar auditivo dos cetáceos e
como tal, só podem ser provocadas por sons “audíveis” aos animais. Pode-se realizar
uma analogia com os apitos de cachorros, que emitem sons em uma freqüência que
os cães podem ouvir, mas está fora dos limites da capacidade auditiva humana
(aproximadamente 20–20.000 Hz). É impossível para um ser humano sofrer perda
auditiva pela exposição a um apito de cachorro, não importa o quão alto ele seja
soprado: nosso aparato auditivo simplesmente não é capaz de perceber o estímulo e,
portanto, não pode ser exaurido nesta específica banda de freqüências.
50
eles diversos com ocorrência no Brasil – e compara com a banda de emissão da fonte
sísmica.
51
Outra consideração importante a ser feita em relação à audição dos cetáceos
e, conseqüentemente, à potencial indução de TTS ou PTS, é que não basta o ruído
estar contido na freqüência adequada – é preciso que a sua intensidade sonora seja
significativamente superior à do ruído ambiente para que seja percebido pelo animal.
Ou seja, como a intensidade do pulso sísmico decresce acentuadamente com a
distância, o risco de indução de alteração no limiar auditivo está restrito às
proximidades do arranjo de canhões de ar. O quão próximo um cetáceo precisa estar
para sofrer TTS/PTS é uma pergunta que necessita de pesquisas adicionais para
obtenção de uma resposta.
Por outro lado, Gordon et al. (2004) argumenta que, a grandes distâncias, os
sons de baixa freqüência tendem a se ampliar no tempo, devido às múltiplas reflexões
e modos de propagação. Ou seja, um pulso bem curto e pontual à distância pode ser
percebido como um ruído mais extenso, aumentando a chance de causar
mascaramento.
52
subida do pulso sísmico é mais lento do que os pulsos gerados por explosões
químicas, o que reduz o risco de lesões provocadas por canhões de ar – a menos que
o animal esteja a poucos metros do arranjo de canhões de ar (MMS, 2004, Gordon et
al., op.cit.).
Gordon et al. (2004) ressaltam que não existem pesquisas científicas sobre os
efeitos da sísmica em seres humanos. Contudo, é possível supor que, pela maior
robustez estrutural do organismo, os cetáceos sejam mais bem adaptados a ondas de
pressão subaquáticas do que nós, humanos, de hábitos terrestres.
Impactos Comportamentais
53
(Richardson et al., 1995; McCauley et al., 2000; NRC, 2003; Gordon et al., 2004;
Hildebrand, 2004; MMS, 2004).
Por exemplo, podemos até chegar a identificar quais os níveis sonoros que
produzem reação de fuga em um determinado cetáceo, mas daí a entender
completamente quais as implicações da produção desse comportamento no ciclo de
vida do indivíduo e nos parâmetros populacionais são longos – e talvez inatingíveis –
passos.
54
MMS (2004) ressalta que as características de emissão do pulso sísmico e de
sonares ativos militares são bem diferentes, não sendo possível inferir para as
pesquisas sísmicas os mesmos efeitos atribuídos aos sonares.
55
aquelas cujas populações encontram-se ameaçadas de desaparecimento. Assim, será
possível desenhar áreas e períodos de restrição à atividade de sísmica de forma a
evitar quaisquer impactos sobre essas espécies, em uma postura de precaução frente
às incertezas ainda persistentes. Weir e Dolman (2007), após revisão dos
procedimentos de mitigação adotados em diversas jurisdições, concluíram que o
estabelecimento de áreas de restrição temporária em áreas de grande importância
para mamíferos marinhos ainda é a medida mitigadora mais efetiva a ser adotada para
a proteção desses animais.
Estas áreas foram definidas pelo IBAMA após um trabalho interno de discussão
entre as Diretorias de Licenciamento Ambiental e de Fauna e Recursos Pesqueiros,
esta representada principalmente pelo Centro Nacional de Pesquisa, Conservação e
Manejo de Mamíferos Aquáticos – CMA.
56
Figura 22: Área de restrição temporária para realização de pesquisas sísmicas em função da
Baleia Jubarte – área hachurada em azul. Período proibido: julho a novembro. Profundidade: 0
- 500 metros. Adaptado de IBAMA (2006a).
57
Figura 23: Área de restrição temporária para realização de pesquisas sísmicas em função da
Baleia Franca – área hachurada. Período proibido: junho a 15 de dezembro. Profundidade: 0 -
50 metros. Adaptado de IBAMA (2006a).
58
Tabela 1: Compilação de alguns dados da bibliografia sobre respostas comportamentais de
cetáceos.
168 dB p-p 1 km
Máxima aproximação: 10 km?
Cessação de vocalização por
McDonald et
Baleia Azul 143 dB p-p 10 km cerca de 1 hora.
al. (1995)
Retorno das vocalizações e
afastamento da fonte sonora.
Fonte: adaptado de Gordon et al., 2004.
2.2.1.2. Sirênios
59
A seguir, é apresentado o audiograma fornecido por Gerstein (2002) para
peixes-boi marinhos (Figura 24). O gráfico demonstra a baixa sensibilidade dos peixes-
boi a sons de baixa freqüência, como os gerados por motores de barcos e disparos de
canhões de ar.
60
precaução contra os possíveis impactos advindos da pesquisa sísmica em águas
rasas e em zonas de transição, o IBAMA estabeleceu áreas de restrição para a
atividade no litoral norte-nordeste brasileiro (Figura 25). As áreas compreendem desde
a linha de costa até a batimetria de 12 metros e proíbem a atividade entre 1° de
setembro a 31 de maio. Em algumas localidades, a restrição é permanente e válida
durante todo o ano.
Figura 25: Áreas de restrição para realização de pesquisas sísmicas em função do Peixe-boi
marinho. Período proibido: setembro a maio (áreas hachuradas em azul) e o ano inteiro (áreas
cinza). Profundidade: 0 – 12 metros. Adaptado de IBAMA (2006a).
61
imbricata (ou tartaruga de pente), Dermochelys coriacea (ou tartaruga de couro) e
Lepidochelys olivacea (ou tartaruga-oliva).
62
seriam atingidos a uma distância de aproximadamente 2 km e 1 km da fonte sísmica,
respectivamente.
Esse estudo também relata o trabalho de Moein et al. (1995), que identificaram
a ocorrência de TTS em Caretta caretta juvenis para níveis sonoros de
aproximadamente 177 dB re 1μPa rms, tendo a audição retornado à capacidade
normal em duas semanas. Esse mesmo estudo obteve indicações de comportamento
evasivo aos primeiros disparos de canhões de ar, mas registrou posterior habituação
ao estímulo e cessação do comportamento evasivo. MMS (2004) comenta que é
possível interpretar a habituação como uma “desistência” da fuga, visto que as
tartarugas estavam confinadas em um tanque-rede de 18 m x 61 m x 3,6 m e não
poderiam escapar verdadeiramente da fonte sonora, situada em uma das
extremidades do tanque-rede.
Estas áreas foram definidas pelo IBAMA após um trabalho interno de discussão
entre as Diretorias de Licenciamento Ambiental e de Fauna e Recursos Pesqueiros,
esta representada principalmente pelo Centro Nacional de Conservação e Manejo de
Tartarugas Marinhas – Centro Tamar.
63
Figura 26: Áreas de restrição temporária para realização de pesquisas sísmicas em função das
Tartarugas Marinhas – área hachurada em azul. Período proibido: Outubro a Fevereiro
(Dezembro a Março na área mais ao norte). Distância da costa: até 15 milhas náuticas (aprox.
28 km). Adaptado de IBAMA (2006a).
2.2.3. Peixes
64
os demais). Como inexistem quaisquer estudos sobre os impactos da pesquisa
sísmica sobre lampréias, tubarões e raias, a discussão será centrada nos peixes
ósseos – que concentram a vasta maioria das espécies do grupo.
65
No entanto, apesar dessa conclusão, diferentes estudos buscaram reproduzir o
cenário de pior caso de exposição aos pulsos sísmicos, com o objetivo de averiguar se
a letalidade era possível. Até hoje, não há registro na literatura científica de estudo que
tenha provocado morte imediata de peixes.
Um estudo foi realizado no Mar Adriático na Itália por Santulli et al. (1999) com
o objetivo de investigar a indução de stress bioquímico no Robalo Europeu – European
Sea Bass (Dicentrarchus labrax) pela exposição aos disparos de canhões de ar. Foi
utilizado um arranjo de 2.500 pol³ e os peixes foram colocados em gaiolas no fundo do
mar, a uma profundidade média de 15 metros e a diferentes distâncias da linha de
navegação do navio sísmico, sendo que a menor distância entre os canhões de ar e
as gaiolas foi de 180 m. O navio percorreu um transect de 10 MN (aprox. 18,5 km) ao
largo da costa de Ancona, na Itália. As gaiolas foram monitoradas por câmeras de
vídeo para avaliação comportamental dos peixes.
66
No entanto, os autores avaliam que os indicadores voltaram aos níveis normais 72
horas após a exposição. Na realidade, devido à metodologia amostral utilizada, o que
se sabe é que o nível de stress dos robalos retornou ao normal em algum momento
entre 6 e 72 horas após a passagem do navio sísmico, sendo impossível precisar quão
rápido foi esse retorno. É importante ressaltar que os peixes estavam confinados em
gaiolas, impossibilitados de se afastar da fonte sísmica.
67
exemplifica audiogramas obtidos para alguns peixes, sendo que a maioria não ocorre
no Brasil. Para uma compilação recente dos audiogramas conhecidos em peixes, ver
Nedwell et al. (2004).
Como regra geral, Engås et al. (1996) sugerem que um peixe é capaz de
perceber um som quando a intensidade deste supera o ruído ambiente por 20 dB e
começar a alterar seu comportamento quando a intensidade supera 20 dB o limiar de
detecção, ou seja, 40 dB acima do ruído ambiente. Naturalmente, a detecção do som
só acontece quando o peixe possui sensibilidade auditiva suficiente na banda de
freqüências em questão.
68
Popper et al. (2005) relatam um experimento realizado no Canadá com três
espécies de peixes – uma que apresentava especializações auditivas (Couesius
plumbeus) e duas sem especializações conhecidas (Esox lucius e Coregonus nasus) –
buscando avaliar a possibilidade de indução de TTS – Temporary Threshold Shift
(alteração temporária de limiar auditivo) em peixes a partir de exposição aos disparos
de canhões de ar.
Eles utilizaram um arranjo de canhões com volume total de 730 pol3 operando
a 1.900 psi. A profundidade local foi de 1,9 metros e a distância mínima entre a gaiola
de peixes e a fonte sonora foi de 13 metros. Foram medidas as sensibilidades
auditivas dos peixes antes e após a exposição aos disparos de canhões de ar
utilizando-se a técnica chamada ABR – Auditory Brainstem Response (resposta
auditiva do tronco cerebral), um método não-invasivo pra medir a resposta do cérebro
como um todo aos estímulos acústicos (Popper et al., 2005).
69
Figura 28: Regime de exposição aos disparos de um canhão de ar utilizado por McCauley et
al. (2000 e 2003). O eixo vertical representa o nível sonoro (dB rms de 95% da energia do
sinal) medido por hidrofones preso à gaiola onde os peixes se encontravam. O eixo horizontal
mostra a hora local.
70
diferente de células danificadas em relação às amostras do grupo I (controle) em
termos estatísticos. No entanto, a densidade de células danificadas nas amostras do
grupo III (obtidas 58 dias após a exposição) demonstrou ser significativamente
superior às amostras dos grupos I e II, confirmando evidências obtidas em estudos
anteriores de que danos acústicos a células ciliadas só seriam perceptíveis após um
ou mais dias da exposição (McCauley et al., 2003).
Figura 29: a) Exemplo de epitélio sensorial auditivo saudável, obtido de peixe não-exposto aos
disparos do canhão de ar. b) Fotografia do epitélio sensorial auditivo de peixe exposto aos
disparos do canhão de ar, mostrando células ciliadas “esmagadas” e um “buraco” no epitélio.
(McCauley et al.; 2000 e 2003).
71
McCauley et al. (2003) especulam que as células ciliares danificadas poderiam
ter sido “arrancadas” de seus lugares por um dano mecânico imediato ou poderiam ter
“explodido” como resposta fisiológica a um grave dano provocado pela exposição aos
disparos do canhão de ar. Como a exposição aos pulsos sísmicos foi obtida com um
regime de aproximações e afastamentos do canhão de ar, não foi possível determinar
qual a “dose” necessária para causar o efeito observado. Não se sabe se o dano foi
causado pela exposição a poucos pulsos de alta intensidade ou pelo efeito cumulativo
de vários pulsos de média a alta intensidade.
A hipótese de surdez não pôde ser confirmada pela equipe do Dr. McCauley
porque não foram realizados testes neurofisiológicos nos organismos, apenas
avaliações morfológicas. No entanto, a análise microscópica dos epitélios sensoriais
dos peixes expostos novamente aos disparos do canhão de ar 58 dias após a primeira
exposição revelou a existência de rede de finos filamentos, não observada em
nenhuma amostra até então (Figura 30). Os autores sugerem que, uma vez os
filamentos sendo muito finos para caracterizarem contaminação fúngica ou bacteriana,
possivelmente são indicadores de um processo de reparo inflamatório.
72
Figura 30: Aparência do epitélio sensorial auditivo de peixes expostos novamente aos disparos
do canhão de ar 58 dias após a primeira exposição. Observe a presença de uma rede de finos
filamentos, possivelmente indicando um processo de reparo inflamatório (McCauley et al.,
2000). As amostras foram obtidas imediatamente após a segunda exposição.
73
Figura 31: Adaptação de um gráfico apresentado pela Dra. Chandra Salgado-Kent em
Seminário Internacional no Rio de Janeiro mostrando a tardia, porém existente, tendência de
recuperação do epitélio sensorial auditivo de Pagrus auratus.
74
a ejeção de células ciliadas tenha outras implicações funcionais na fisiologia do
organismo que não foram detectadas com o uso de microscopia eletrônica.
Impactos Comportamentais
75
Figura 32: Localização da área experimental (Engås et al.,1996). Profundidades em metros. A
– Malha amostral da prospecção hidroacústica. B – Malha amostral das pescarias de espinhel
(barras) e arrasto (círculos). As amostras foram categorizadas com relação à distância da área
da pesquisa sísmica (0, 1-3, 7-9 e 16-18 milhas náuticas)
76
prospecção hidroacústica revelou uma redução de 64% na densidade acústica média
na área total do estudo. Nos arrastos com as traineiras, onde o bacalhau respondeu
por mais de 90% da média de captura, a redução na pesca alcançou 69% dentro da
área da pesquisa sísmica e nos arrastos realizados fora da área central, a redução
observada foi de 45 a 50% em relação aos arrastos realizados antes da realização dos
disparos sísmicos. Não houve sinais de recuperação das taxas de captura de arrasto
nos 5 dias subseqüentes à pesquisa sísmica.
77
As razões para essa diferenciação na resposta pelo tamanho do peixe ainda
não são conhecidas. No entanto, os autores especulam que pode estar relacionada
com a maior capacidade de natação dos maiores peixes ou com uma capacidade
auditiva aumentada proporcionalmente ao tamanho da bexiga natatória.
Com relação aos peixes demersais, foi observada uma grande redução na
densidade acústica dentro da área onde foi realizada a pesquisa sísmica. Dalen e
Knutsen (1986) realizaram arrastos de fundo experimentais dentro da área de
levantamento antes e após a operação sísmica e notaram um aumento de 34 e 290%
na captura de peixes demersais em relação ao arrasto pré-sísmica. Com isso, o
estudo sugere que os peixes não fugiram da área dos disparos, mas concentraram-se
no fundo ficando mais susceptíveis à pesca de arrasto de fundo.
78
por isso, não teriam sido detectados pelo dispositivo acústico de pesquisa (estariam na
zona “cega” do aparelho – dead zone). Kenchington explica que a dead zone nestes
casos não costuma ser larga o suficiente para abrigar cardumes inteiros de peixes
demersais sem que sejam detectados pelo equipamento de detecção. Este autor
sugere que a redução na densidade acústica de peixes demersais obtida nesse estudo
pode ser explicada pela movimentação lateral dos cardumes de peixes (que não teria
sido captada pelos aparelhos por mero azar) e não pela existência da dead zone.
79
alarme tendem a diminuir em intensidade ao longo do tempo. Parece evidente que a
habituação está relacionada com a freqüência de repetição do estímulo sonoro
(previsibilidade) e também com o padrão de incremento na intensidade acústica (se a
fonte está se aproximando e a qual velocidade). Esses parâmetros parecem fornecer
indicações ao animal de “quão perigoso é o estímulo” e assim influenciar a resposta
comportamental do indivíduo.
80
Figura 33: Localização do experimento escocês (adaptado de Wardle et al., 2001). Os
quadrados representam as diferentes posições do arranjo de canhões de ar e o X marca o local
da câmera de filmagem.
81
Figura 34: Alguns quadros da filmagem exemplificando o susto-C em peixes (Wardle et al.,
2001).
McCauley et al. (2000) ressaltam que o fato da fonte utilizada por Wardle et al.
(2001) disparar de 60 em 60 segundos pode ter permitido a completa recuperação da
reação inicial de susto de cada peixe e com isso não desencadear nenhum outro
comportamento de alarme – como as alterações no ritmo de natação e na formação
dos cardumes.
Outro estudo recente foi realizado por Hassel et al. (2004), do Instituto de
Pesquisa Marinha (IMR) da Noruega, mesma instituição que os responsáveis pelos
estudos de Dalen e Raknes (1985), Dalen e Knutsen (1986), Løkkeborg (1991),
82
Løkkeborg e Soldal (1993), Booman et al. (1996) e Engås et al. (1993 e 1996). Dessa
vez, eles investigaram os efeitos da pesquisa sísmica sobre o Lesser Sandeel
(Ammodytes marinus), Galeota para os portugueses, um peixe com formato alongado
que parece uma enguia.
83
Da mesma forma, o monitoramento acústico da abundância e distribuição do
sandeel não revelou diferenças significativas na maioria dos transects, levando os
autores a considerar o resultado inconclusivo. Este experimento foi descrito também
em uma dissertação de Mestrado na Universidade de Bergen, Noruega (Skaar, 2004)
Figura 35: Localização do estudo de Slotte et al. (2004). À direita, o desenho amostral dos
cruzeiros de prospecção acústica realizados antes, durante e depois da pesquisa sísmica
(figura adaptada de Slotte et al., 2004).
84
A partir dos resultados obtidos não foi possível identificar nenhum tipo de
alteração significativa na distribuição horizontal e abundância dos peixes em resposta
direta à realização da pesquisa sísmica. Contudo, quando comparando os dados
acústicos ao longo de todo o período do experimento, percebe-se que a densidade de
peixes foi significativamente maior fora da área da sísmica do que dentro dela. Esse
dado pode representar um efeito de maior escala nas populações de peixes, mas pode
também ser fruto de comportamentos normais dos peixes, ditados por fatores bióticos
como disponibilidade de alimento ou abióticos, como temperatura e salinidade da
água.
85
arranjo utilizado (130 pol³) e da distância mínima de exposição de 150 metros. Assim,
este estudo não reflete as condições normais de operação e suas conclusões não
devem ser tomadas como um indicativo de ausência de impacto comportamental nas
espécies testadas.
Ainda que a possível influência negativa dos disparos sísmicos possa estar
mascarada na variabilidade natural dos dados pesqueiros obtidos nos
monitoramentos, o fato é que até hoje não foram registradas alterações severas na
produção da pesca artesanal – mesmo em águas muito rasas, como na Baía de
Camamu-Almada (Diogo et al., 2002).
Estudos Brasileiros
86
foram realizados em 2004, na costa da Bahia, por exigência do IBAMA a duas
empresas que obtiveram licenciamento ambiental para realizar suas atividades.
Tabela 2: Resumo das condições experimentais do estudo no litoral das Ilhas de Tinharé e
Boipeba, no litoral da Bahia (adaptado de GIA, 2004).
Distância vertical
0m 2,5 m 0m
canhões-gaiolas
Distância horizontal
7m 0m 1m
canhões-gaiolas
87
Profundidade local 50-60 m 7,5 m 60 m
50 disparos
2 passagens 2 passagens com 2 canhões
Exposição
com 8 canhões com 8 canhões parados junto ao
tanque-rede
Além desses testes voltados a investigar o impacto agudo nos peixes, o GIA
realizou outro experimento simulando uma situação real de pesquisa sísmica em
águas rasas com cabos de fundo para investigar a ocorrência de impactos fisiológicos
agudos ou crônicos em peixes. Para esse experimento foram utilizadas 3 espécies de
peixes coletados na própria região do experimento: Lutjanus synagris (Ariocó),
Lutjanus analis (Cioba), Chaetodipterus faber (Parú).
88
Figura 36: Representação esquemática do desenho experimental conduzido pela equipe do
GIA em 2004 no litoral de Tinharé-Boipeba/BA. A profundidade local era de 10 metros. (GIA,
2004)
89
A avaliação realizada não detectou alterações na bexiga natatória e nem nas
brânquias. A análise histopatológica do fígado identificou “um aumento no grau de
alterações patológicas no fígado de peixes posicionados até uma distância horizontal
de 50 metros em relação à fonte geradora de ondas sísmicas.” (GIA, 2004). Contudo,
a conclusão do estudo alerta que as alterações observadas foram de baixa
intensidade e reversíveis ao final do período estudado de 30 dias. Os autores afirmam
ainda que nenhuma das histopatologias identificadas em pequena escala nos fígados
dos peixes – degeneração hialina, degeneração gordurosa (esteatose microvesicular),
degeneração hidrópica e necrose da coagulação – pode ser “especifica e
comprovadamente caracterizada como tendo origem a partir da exposição dos animais
aos disparos sísmicos” (GIA, op. cit.).
Este estudo foi conduzido por outra equipe da UFPR, o GEIA – Grupo de
Estudos de Impacto Ambiental, em parceria com a empresa de consultoria ambiental
Everest Tecnologia em Serviços Ltda.. Da mesma forma que o experimento descrito
anteriormente, peixes em tanques-rede foram expostos aos disparos de um arranjo de
canhões de ar tipicamente utilizado no litoral brasileiro. A principal diferença é o estudo
do GIA trabalhou com um arranjo de canhões de ar específico para águas rasas (360
pol3), enquanto o trabalho conduzido por GEIA/Everest utilizou um arranjo completo
para águas profundas, totalizando um volume de 3.090 pol3. Por outro lado, questões
de logística náutica e segurança da equipe não permitiram a aproximação desejada
entre o arranjo de canhões e os tanques-rede com os peixes, de forma a gerar o
cenário de pior caso e testar os possíveis efeitos agudos em situações extremas.
90
Figura 37: Localização dos experimentos brasileiros com peixes recifais de 2004. Elaboração
própria sobre imagem do software Google Earth.
91
Figura 38: Desenho esquemático representando o experimento conduzido em 2004 por
GEIA/Everest no litoral de Barra Grande/BA. A profundidade local era de 19 metros.
(GEIA/Everest, 2004)
92
Figura 39: Desenho final do experimento de Barra Grande, com a indicação dos 5 pulsos
sísmicos que provocaram reações comportamentais perceptíveis nos peixes nos tanques-rede.
A tabela sintetiza as informações obtidas no monitoramento do decaimento sonoro.
(GEIA/Everest, 2004)
93
todas as direções. Após esses 5 disparos mais próximos, os animais continuaram seu
comportamento normal de natação, sem apresentar sinais de desorientação ou perda
de equilíbrio. As câmeras voltadas para os recifes detectaram o mesmo tipo de reação
– susto e natação acelerada – e posterior retorno à condição normal de natação. Logo
após a passagem do navio, o vídeo registrou a chegada de diversos cardumes ao
centro do recife, indicando não ter havido mudanças na distribuição horizontal dos
peixes.
“Conclusões”
94
1) As possíveis respostas aos disparos de canhões de ar são tão
variáveis quanto a diversidade existente de peixes. Cada espécie
possui uma sensibilidade auditiva distinta, que pode variar mesmo
durante o ciclo de vida do organismo (indivíduos juvenis x adultos).
Peixes sem bexiga natatória possuem menor sensibilidade auditiva
que os demais, sendo menos susceptíveis aos impactos da sísmica.
95
reação básica de alarme talvez seja a mais recorrente, consistindo no
aumento da velocidade de natação e maior atividade do animal. Para
níveis sonoros mais altos, foi detectada a ocorrência da reação de
sustos – variando desde o clássico susto-C até outros movimentos
súbitos de mudança de direção – e posterior retorno à condição
normal de natação.
96
auditivo, fazendo com que os juvenis tenham menor sensibilidade aos
distúrbios sonoros que os adultos.
2.2.4. Invertebrados
97
O órgão regulador Canadense Department of Fisheries and Oceans – DFO
publicou uma revisão sobre os impactos da pesquisa sísmica sobre os invertebrados
(Moriyasu et al., 2004). O documento faz uma crítica pesada sobre diversos estudos
publicados e condena as freqüentes conclusões prematuras geradas sob a ausência
de evidências científicas robustas. Em geral, os estudos concentram-se em outros
grupos animais e a questão dos invertebrados é tratada de forma tangencial e
simplificada, gerando confusão e contradições na literatura.
2.2.4.1. Moluscos
A reação de alarme e fuga foi bem descrita para lulas (Sepioteuthis australis)
no estudo de McCauley et al. (2000). Ao receber um nível sonoro de 174 dB re 1μPa
rms, em um disparo súbito, as lulas demonstraram um claro comportamento de
defesa: expeliram tinta e nadaram rapidamente para longe da fonte sonora. No
entanto, ao repetir o experimento simulando uma fonte móvel se aproximando
(intensidade sonora crescente), não houve a mesma resposta evidente, embora tenha
sido percebido um aumento na velocidade de natação a partir de 156-161 dB re 1μPa
rms. Assim, a previsibilidade do ruído mostrou ser um fator importante para a reação
das lulas.
Outra reação observada por McCauley et al. (op. cit.) foi uma tendência das
lulas ocuparem a parte superior da gaiola, próxima à superfície da água, durante a
atividade do canhão de ar experimental. Provavelmente os animais fizeram uso da
chamada “zona de sombra”, na qual os diferentes modos de propagação da energia
sonora interagem destrutivamente e é gerada uma região onde há menos ruído que o
resto da coluna d’água. De fato, os pesquisadores australianos constataram uma
redução de 12 dB entre as medições de intensidade sonora feitas a 3,0 m e a 0,5 m de
profundidade junto à gaiola experimental.
98
ocasiões: em setembro/outubro de 2001 e em setembro de 2003. Ambos os episódios
coincidiram espaço-temporalmente com a realização de pesquisas sísmicas na região.
Os autores alertam para o fato de que as lulas gigantes podem ser apenas a
“ponta do iceberg” e que as explorações acústicas podem estar causando grande
dano à fauna que habita as profundezas dos oceanos.
2.2.4.2. Crustáceos
99
pesqueira antes e após a realização de disparos de canhões de ar. Foi utilizada uma
fonte sísmica com volume máximo de 200 pol³ a 2.000 psi. A menor distância testada
para os efeitos agudos foi de 4 metros.
100
experimentais antes e depois da passagem da embarcação sísmica por uma área de
águas rasas. Esse estudo foi publicado em periódico científico recentemente
(Andriguetto-Filho et al., 2005).
2.2.5. Plâncton
Boa parte dos efeitos deletérios observados no plâncton pode ser explicada
pela enorme turbulência causada nas imediações do canhão de ar logo após o disparo
(Figura 40).
101
Figura 40: Quadros de uma filmagem mostrando em detalhes o disparo de um canhão de ar. O
raio da bolha gerada neste caso deve representar cerca de 1 metro. (Vídeo obtido em CD-ROM
fornecido ao IBAMA pela IAGC – Associação Internacional das Empresas de Sísmica – Seção
Brasil em 2004. Disponível na CGPEG/IBAMA)
Apesar dos indícios que a pesquisa sísmica não deve causar impactos
significativos na população planctônica em condições normais de operação, alguns
autores alertam para o risco de prejuízo para certas espécies cujas larvas estejam
agregadas junto à superfície na rota de passagem da embarcação sísmica. Nesse
sentido, e em uma postura de precaução, as autoridades norueguesas proíbem a
realização de sísmica em uma distância de até 50 km das áreas de desova e
corredores migratórios conhecidos para os peixes de importância comercial/ecológica
(Thomson et al., 2000).
2.2.6. Recifes
9
Programa de Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zona Econômica
Exclusiva.
102
que estão entre os ecossistemas mais produtivos do planeta e possuem extrema
importância ecológica e econômica.
O relatório afirma que “os peixes parecem se afugentar com o disparo, mas
obtivemos indicações de que podem retornar ao local original em pouco tempo”,
porém não apresenta nenhuma evidência para embasar a afirmação. Essa
constatação é contraditória com os resultados de Wardle et al. (2001) e GEIA/Everest
(2004), que não observaram alterações na distribuição de peixes associados a recifes
expostos aos disparos de canhões de ar.
103
2.2.7. Atividade Pesqueira
104
vezes após a polemização da questão no âmbito da mídia e dos tribunais de justiça.
Em geral, nota-se uma tendência de ampliação do debate e da participação do setor
pesqueiro na elaboração de diretrizes regulatórias para a atividade de sísmica e na
proposição de estudos científicos para preencher as lacunas de conhecimento ainda
persistentes.
105
2. A interferência com a pesca artesanal de baixa mobilidade, sobretudo,
no que diz respeito à restrição de acesso aos pesqueiros tradicionais.
106
Um outro aspecto no qual o Brasil está evoluindo de maneira significativa é na
determinação do impacto da sísmica sobre a atividade pesqueira artesanal. O IBAMA
tem exigido das empresas de aquisição de dados que operam em águas rasas que
realizem um monitoramento detalhado do desembarque pesqueiro da região antes,
durante e após a pesquisa sísmica. Em pouco tempo, o Brasil contará com o maior
contingente mundial de dados de desembarque pesqueiro artesanal simultâneo a
atividades de sísmica. Com o aprimoramento desses projetos e a partir da
padronização dos dados coletados, talvez seja possível chegar a resultados
significativos sobre o impacto da sísmica sobre a atividade pesqueira artesanal.
Mesmo que variações sutis no rendimento pesqueiro não possam ser percebidas por
essa metodologia, o monitoramento pode servir para descartar a ocorrência de
impactos severos nas capturas artesanais.
107
PARTE 2: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE PESQUISAS SÍSMICAS
MARÍTIMAS
108
3. AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS,
ETAPAS E MELHORES PRÁTICAS
109
Sánchez (1995) reconhece duas dimensões da Avaliação de Impacto
Ambiental: instrumento de planejamento e procedimento inserido no âmbito das
políticas públicas. A AIA-Instrumento é definida como uma atividade de caráter
técnico-científico com o objetivo de identificar, prever e interpretar as conseqüências
ambientais de determinada ação humana. É também dever da AIA-Instrumento
comunicar às partes interessadas as conclusões dos estudos ambientais realizados. É
nessa dimensão que se encontra a elaboração de Estudos de Impacto Ambiental, com
as metodologias de prognóstico de impactos e a proposição de medidas mitigadoras e
compensatórias.
110
A avaliação do impacto ambiental, como instrumento nacional,
será efetuada para as atividades planejadas que possam vir a ter um
impacto adverso significativo sobre o meio ambiente e estejam sujeitas
à decisão de uma autoridade nacional competente 10 .
10
Tradução obtida no site do Ministério do Meio Ambiente: www.mma.gov.br
111
Figura 41: Representação do “processo genérico” de Avaliação de Impacto Ambiental. Fonte:
Baseado em Sánchez (2006).
Esse processo genérico pode ser dividido em três grandes fases: (i) Fase de
Avaliação Inicial, (ii) Fase de Avaliação Detalhada e (iii) Fase Pós-Aprovação. Na Fase
de Avaliação Inicial, são empreendidas atividades para determinar se é necessário
avaliar de maneira detalhada os impactos ambientais de uma futura ação e, em caso
positivo, determinar o escopo e a profundidade dos estudos a serem exigidos.
112
qualidade ambiental atual. Em geral, essa fase envolve a elaboração de um Estudo de
Impacto Ambiental 11 ou documento similar. A Fase de Análise Detalhada culmina com
a tomada de decisão a respeito da autorização do projeto, que em caso positivo inicia
a Fase Pós-Aprovação ou de Acompanhamento da decisão 12 .
3.2.1. Triagem
11
Neste item, será utilizada a nomenclatura Estudo de Impacto Ambiental para representar
toda a gama de estudos detalhados do processo de Avaliação de Impacto Ambiental.
12
Em inglês, esta fase é normalmente citada como de follow-up.
113
Na Triagem, o conceito-chave é o de “impacto significativo” (Sánchez, 2006).
Geralmente estabelecido por lei ou outro regulamento nas diferentes jurisdições, o
conceito de impacto ambiental significativo é o principal “gatilho” para aplicação da
Fase de Avaliação Detalhada a uma iniciativa. No entanto, definir o que é impacto
ambiental significativo é um desafio para a maioria dos sistemas de avaliação
ambiental.
114
portanto, devem estar sujeitas a uma avaliação de impacto ambiental detalhada para
garantir a sua viabilidade ambiental.
13
Exigência de Estudo de Impacto Ambiental estabelecida pelo Decreto Federal n° 99.556/90.
115
triagem, desconsiderando as especificidades caso-a-caso dos empreendimentos.
Dessa forma, torna-se necessário o estabelecimento de algum grau de
14
discricionariedade para o órgão responsável pela triagem .
116
decisão eficiente. Os Estados Unidos da América novamente foram pioneiros na
história da AIA ao introduzir a previsão formal da etapa de Scoping por meio da
Regulamentação da NEPA que o Conselho de Qualidade Ambiental (CEQ) publicou
em 1978. Hoje em dia, a etapa de Determinação do Escopo é obrigatória em muitas
jurisdições, mas em outras é apenas facultativa.
Scoping pode ser definido como “um processo antecipado e aberto para
determinar:
(...)
117
I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa
descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal
como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área,
antes da implantação do projeto, considerando:
(...)
118
definição do escopo – o regulador postula por “precaução”, ampliando o escopo do
EIA, com receio de questionamentos legais e o proponente reclama por “eficiência”,
defendendo a flexibilidade do processo e a simplificação das diretrizes (Snell e Cowell,
2006).
119
- Aplicação antecipada na cadeia de tomada de decisão, mas parte de um
processo cíclico que continua durante a AIA;
120
Figura 44: Estrutura conceitual de um Estudo de Impacto Ambiental. A abrangência e
profundidade de cada atividade são definidas na etapa de Determinação do Escopo. A
depender da natureza do empreendimento, questões associadas ao risco acidental devem ser
inseridas nessa estrutura.
3.2.3.1. Diagnóstico
121
Na abordagem exaustiva, o consultor tenta produzir um diagnóstico ambiental
“enciclopédico”, supondo que, quanto mais informações disponíveis, melhor a
avaliação ambiental. Essa abordagem tende a produzir diagnósticos extensos e
detalhados, que geralmente consomem boa parte do tempo de elaboração do EIA,
tendendo a prejudicar a avaliação das relações funcionais entre os componentes do
ecossistema. Por outro lado, a abordagem dirigida pressupõe que só faz sentido
levantar dados que serão efetivamente utilizados na etapa de prognóstico dos
impactos, ou seja, serão úteis para a tomada de decisão.
122
recomenda que “o processo de AIA seja focado nas questões principais, de modo que
cada proposta seja examinada no nível e no detalhe adequado ao seu potencial de
alteração ambiental”.
3.2.3.2. Prognóstico
123
afetados e outros buscam identificar as diferentes visões e percepções dos agentes
sociais potencialmente afetados pelo projeto. Alguns métodos se prestam apenas a
uma das fases do prognóstico (identificação, previsão e avaliação) e outros
pressupõem uma abordagem mais integrada da análise dos impactos.
124
Embora tenham se desenvolvido em contextos e por comunidades profissionais
distintas, a Análise de Risco guarda muitas similaridades com a Análise de Impactos.
Por exemplo, a seqüência de identificação, estimativa e avaliação está presente nos
dois processos de análise – assim como a etapa de gerenciamento. A depender do
tipo de empreendimento em questão, a Análise dos Riscos Ambientais pode ser até
mais importante do que a Análise dos Impactos em si. É o caso de empreendimentos
com baixo impacto de instalação e operação, mas com alto risco acidental 15 – como
Usinas Nucleares, por exemplo.
15
Ressalta-se que em uma definição clássica, Risco Ambiental é o produto da freqüência
acidental pela severidade do dano ocasionado. No caso da Usina Nuclear, embora a
freqüência de falha seja bastante pequena, as conseqüências podem ser catastróficas.
125
3. Compensar impactos negativos que não podem ser evitados ou reduzidos.
126
No Brasil, a legislação federal incorporou a exigência do resumo não-técnico
através da Resolução CONAMA n° 001/86 16 , denominando-o RIMA – Relatório de
Impacto Ambiental e definindo o seu conteúdo da seguinte forma:
16
Na realidade, o Decreto Federal n° 88.351/83, que regulamentou a Lei da Política Nacional
do Meio Ambiente (n°6.938/81), já exigia a elaboração do RIMA sem, contudo, explicitar seu
conteúdo ou função. Posteriormente, esse decreto foi revogado pelo Decreto Federal
n°99.274/90, que manteve o dispositivo com a mesma redação.
127
Parágrafo único - O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e
adequada a sua compreensão. As informações devem ser traduzidas
em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros,
gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se
possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como
todas as conseqüências ambientais de sua implementação.”
A partir dessa definição legal, fica evidente que o RIMA brasileiro dificilmente
atenderá à recomendação das Nações Unidas no que diz respeito à extensão do
documento de resumo não-técnico. De fato, a maioria dos RIMAs desenvolvidos são
bem mais extensos que sete páginas, alguns chegando a alcançar uma centena ou
mais de páginas.
Sánchez (2006) argumenta que os RIMAs não costumam passar pelo crivo do
agente governamental no Brasil, diferentemente de outras jurisdições. Talvez um
maior controle de qualidade realizado pelo órgão ambiental poderia forçar a
elaboração de documentos mais adequados à função de comunicação dos resultados
da Avaliação de Impacto Ambiental realizada.
128
Pode-se considerar que os objetivos básicos da etapa de Análise Técnica do
EIA são avaliar se o estudo apresentado: (i) atende aos requisitos aplicáveis da
legislação, de outros documentos normativos e do Termo de Referência; e (ii) possui
qualidade técnica suficiente para subsidiar a tomada de decisão acerca da viabilidade
ambiental do empreendimento proposto (Sánchez, 2006).
UNEP (2002, p.357) propõe que a revisão do estudo seja feita em três etapas:
17
Em inglês, Pacote de Revisão de Lee e Colley, nome dos principais autores do método.
129
finalmente, chegando a um juízo sobre a qualidade geral do documento. Essa análise
é realizada com base em conceitos padronizados, da seguinte forma (EIA Centre,
1995):
130
onde o sistema de avaliação ambiental é muito recente ou praticamente inexistente,
principalmente nas nações ditas “em desenvolvimento” (Wood, 2003).
- Obter conhecimento local e tradicional que podem ser úteis para a tomada
de decisão.
18
Dada a inexistência de uma tradução precisa em português, esse termo tem sido utilizado no
original inglês na literatura técnica associada. Relaciona-se à responsabilidade pelos próprios
atos e à capacidade de prestação de contas de indivíduos, organizações e comunidades.
131
menos a participação pública poderá alterar o rumo dos eventos (Doelle e Sinclair,
2006).
132
legalmente pela Resolução CONAMA n° 009/87. Segundo essa Resolução, o órgão
ambiental promoverá a realização de Audiência Pública quando (i) julgar necessário
ou (ii) for solicitado por Entidade Civil, pelo Ministério Público ou por 50 (cinqüenta) ou
mais cidadãos. Sánchez (1995) ressalta que, apesar das suas deficiências, as
audiências públicas ambientais foram procedimentos pioneiros nas consultas formais
ao público no Brasil e em outros países. Cabe, então, aos praticantes da AIA
desenvolver formas de ampliar a eficácia desse instrumento e garantir a participação
efetiva do público no processo de avaliação das iniciativas impactantes ao meio
ambiente.
133
Ambiental. Dessa forma, dificilmente o tomador de decisão terá contato profundo com
os detalhes do processo de AIA (e muitas vezes nem possui a qualificação técnica
necessária para tal), sendo fundamental que ele receba um subsídio adequado do
corpo técnico em relação aos pontos principais identificados na avaliação, incluindo as
múltiplas demandas das partes interessadas. No Brasil, esse subsídio normalmente é
materializado na forma de um Parecer Técnico conclusivo emitido pelo órgão
ambiental competente.
Dessa forma, apesar dos resultados possíveis da Tomada de Decisão serem (i)
aprovação incondicional da proposta, (ii) reprovação da proposta e (iii) aprovação da
proposta com condições, o processo de AIA geralmente culmina com esta última
opção, e o foco da avaliação normalmente é concentrado na discussão das condições
para aprovação.
134
2003). Sadler (1996), que aponta essa etapa como prioritária para incremento da
efetividade do processo, atribui boa parte dessa deficiência à característica básica da
AIA de ser um exercício de previsão que acontece antes da tomada de decisão sobre
um empreendimento.
135
O conjunto de atividades desenvolvidas na Fase Pós-Aprovação pode ser
dividido em três categorias (Sánchez, 2006): (i) monitoramento; (ii) supervisão,
fiscalização ou auditoria; e (iii) documentação e análise.
136
3.3. Melhores Práticas em AIA
19
No original em inglês, purposive. Traduzido como proposital no sentido de ter um propósito
definido, não ser um procedimento meramente formal.
137
Eficiente – o processo deve impor o menor custo possível em termos de tempo
e recursos financeiros aos proponentes e outros participantes, desde que atinja os
requisitos e objetivos da AIA.
20
No original em inglês, credible. Traduzido como confiável no sentido de possuir credibilidade
perante os atores envolvidos e o público em geral.
138
4. EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL NA AVALIAÇÃO
AMBIENTAL DE PESQUISAS SÍSMICAS MARÍTIMAS
139
Este capítulo aborda aspectos da experiência internacional relativa à avaliação
ambiental da atividade de pesquisa sísmica marítima com o objetivo de subsidiar a
discussão do modelo de avaliação adotado no Brasil. Foram selecionadas três
jurisdições para esta análise: Estados Unidos da América, Canadá e Noruega.
140
Figura 45: Localização e divisão política dos Estados Unidos da América. Fonte:
www.nationalatlas.gov
21
Estimativa do FMI - Fundo Monetário Internacional para 2006: US$ 13.262.074.000. Fonte:
www.imf.org
22
Dados de 2006, disponíveis no site do Minerals Management Service – www.mms.gov
141
extremamente prescritivos e há pouco espaço para colaboração ou negociação entre
os reguladores e a indústria (GCA, 2003).
23
Serviço de Gerenciamento de Minerais
24
Departamento do Interior, instância do poder executivo equivalente ao ministério brasileiro.
25
Lei da Plataforma Continental Externa, aquela situada a partir de 3 milhas da linha de costa,
de responsabilidade federal.
142
Buscando melhor desempenhar suas funções de gestão das reservas de
petróleo e gás natural existentes na plataforma continental dos EUA (OCS – Outer
Continental Shelf), o MMS subdividiu a OCS em três regiões: Golfo do México,
Pacífico e Alasca. O escritório regional do MMS em cada região é responsável por
regular a exploração petrolífera na sua jurisdição, incluindo a realização de licitações
de blocos exploratórios e emissão de autorizações para pesquisas geofísicas. A Figura
46 representa a divisão da plataforma continental dos EUA nas áreas geográficas de
planejamento, com destaque para as áreas em avaliação para o próximo programa de
licitações de 5 anos.
Figura 46: Divisão da plataforma continental dos Estados Unidos em áreas de planejamento,
com destaque para as áreas em avaliação para o programa de licitações 2007-2012.
(Adaptado de MMS, 2006a)
143
atualmente vetadas (MMS, 2006a e NACA/IOGCC, 2006). Assim, esta análise será
focada apenas nas Regiões do Golfo do México e Alasca.
26
Pode ser traduzido como “Declaração de ausência de impacto significativo”.
144
Figura 47: Representação esquemática do processo de avaliação ambiental introduzido pela
NEPA - National Environmental Policy Act nos Estados Unidos. Fonte: Adaptado de Sánchez,
2006.
27
Avaliação Ambiental Programática. É uma aplicação dos conceitos de avaliação de impacto
ambiental a um conjunto de projetos com similaridades geográficas e/ou tecnológicas,
permitindo uma melhor avaliação de impactos sinergéticos e cumulativos. É uma forma de
Avaliação Ambiental Estratégica aplicada a programas (Partidário, 2003).
145
MMS, 2004). Assim, praticamente todas as pesquisas sísmicas marítimas realizadas
desde então nos EUA foram dispensadas de quaisquer avaliações ambientais
adicionais.
28
Em inglês, Department Manual.
146
- Afetem adversamente espécies ou habitats preferenciais de espécies listadas
ou propostas para inclusão na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção;
29
Lei de Proteção dos Mamíferos Marinhos.
30
Autorização para Assédio Incidental. “Assédio” (Harassment) é legalmente definido como ato
de perseguir, atormentar ou incomodar um mamífero marinho (ou sua população) que possa
causar lesões físicas ou perturbação de padrões comportamentais biologicamente importantes.
Já “incidental” é o assédio não-intencional, porém não-inesperado.
31
http://www.nmfs.noaa.gov/pr/permits/incidental.htm
147
a maioria das pesquisas no Golfo do México desde então (Geofísico Ronald Brinkman,
MMS Golfo do México, comunicação pessoal, 2007). Na realidade, os EAs elaborados
para as operações no Golfo do México são documentos bastante enxutos e objetivos
(em geral, menos de 50 páginas), por fazer referência sistemática à Avaliação
Ambiental Programática de 2004. Na realidade, o CEQ recomenda que os EAs
possuam entre 10 e 15 páginas 32 .
32
CEQ NEPA’s 40 Most Asked Questions - http://ceq.eh.doe.gov/nepa/regs/40/40p3.htm
33
Em inglês, Environmental Compliance Unit.
148
Figura 48: As imagens representam as pesquisas sísmicas 3D autorizadas pelo MMS entre
1993 e 2001, sendo a) 1993-1995 (169 autorizações); b) 1996-1998 (180 autorizações); c)
1999-2001 (106 autorizações); e d) 1993-2001 (total de 455 autorizações). (Figuras adaptadas
de MMS, 2004 e dados quantitativos obtidos em MMS, 2005).
Tabela 3: Dados recentes sobre o número de pesquisas sísmicas autorizadas pelo MMS no
Golfo do México (Geofísico Ronald Brinkman, MMS Golfo do México, comunicação pessoal,
2007). Não estão representadas as pesquisas realizadas no âmbito de Contratos de
Concessão.
2003 99
2004 90
2005 92
2006 83
4.1.2.2. Alasca
149
Chukchi) e julho a outubro (Mar de Beaufort), pois nos demais meses o Oceano Ártico
apresenta congelamento superficial, impossibilitando o trânsito dos arranjos sísmicos.
150
Essa avaliação também resultou na publicação de um FONSI – Finding Of No
Significant Impact, o qual descreve as medidas mitigadoras a serem adotadas para
assegurar que o prognóstico de ausência de impactos significativos seja verdadeiro.
34
Mais informações em www.mms.gov/alaska/ref/EIS%20EA/draft_arctic_peis/draft_peis.htm
151
Cummings e Brandon (2004) avaliaram à época que existiria uma diferença
significativa entre o nível de exigência adotado pelo MMS para autorizar pesquisas
sísmicas no Golfo do México e na região do Alasca, sendo muito mais restritivo nesta
última. No entanto, a partir das informações levantadas nesta pesquisa de dissertação
foi possível perceber que o MMS tem modificado seus procedimentos nos últimos
anos para fazer frente a esse tipo de crítica, sem desconsiderar as diferenças
fundamentais entre os ecossistemas das duas regiões. No Alasca, por exemplo, é
preciso mediar o conflito entre as pesquisas sísmicas e a caça de subsistência de
baleias por comunidades tradicionais, problemática inexistente no Golfo do México.
35
No original, Mitigated FONSI – Finding Of No Significant Impact.
152
4.2. Canadá
153
Figura 50: Localização e divisão política do Canadá, representando as províncias ao sul e os
territórios ao norte. Fonte: www.wikipedia.com
154
4.2.1. Contexto Institucional e Regulatório
36
Lei Canadense dos Recursos Petrolíferos, 1985.
37
Canada – Newfoundland Atlantic Accord.
38
Canada – Nova Scotia Petroleum Resources Accord.
39
Conselho Nacional de Energia.
40
Departamento dos Assuntos Indígenas e Desenvolvimento do Norte, Ministério.
41
Recursos Naturais do Canadá, Ministério.
155
Figura 51: Divisão da competência federal para a regulação do setor petrolífero offshore no
Canadá. Em amarelo, as áreas não-cobertas por Acordos de Gestão. Em branco, a área do
Acordo Canadá-Newfoundland e Labrador. Em cinza escuro, área do Acordo Canadá-Nova
Scotia. Fonte: www.neb.gc.ca
A lei estabelece que esse processo de avaliação ambiental pode se dar de dois
modos: auto-avaliação ou avaliação independente. As avaliações independentes,
divididas em Mediação e Revisão por Comissão Independente 42 , são utilizadas
raramente e dedicam-se à avaliação de projetos altamente controversos ou de
presumível impacto ambiental significativo. Os avaliadores independentes são
especialistas selecionados pelo Ministro do Meio Ambiente que, ao final de um
processo que inclui diversas formas de participação pública, preparam um relatório
aconselhando a decisão do Ministério.
42
No original, Mediation e Review Panel, respectivamente.
156
Figura 52: Esquema representando os diferentes níveis de avaliação ambiental previstos no
CEA Act. Fonte: Baseado em CEAA, 2003.
43
Informação obtida no site da Canada Environmental Assessment Agency, que é a agência
responsável pela supervisão da implementação do CEA Act – www.ceaa-acee.gc.ca
44
Documento equivalente ao Parecer Técnico Final, no Brasil.
157
A Avaliação Detalhada (Comprehensive Study) é aplicada a grandes projetos
envolvendo riscos ambientais significativos e requer a elaboração de um Estudo de
Impacto Ambiental completo. No início do processo, o Ministro do Meio Ambiente
emite uma decisão sobre se o projeto deve continuar a ser avaliado no nível de
Comprehensive Study ou se deve ser encaminhado para Avaliação Independente. A
regulamentação da CEA Act inclui uma lista dos projetos que devem,
necessariamente, ser objeto de Avaliação Detalhada (Comprehensive Study List
Regulations).
Por outro lado, a Law List Regulations especifica que as autorizações para
realização de Pesquisas Sísmicas Marítimas não podem ser concedidas sem a
avaliação ambiental de suas conseqüências nos termos da CEA Act (itens 1.1, 1.2 e
2). Essa especificação é o gatilho que deflagra o processo de avaliação ambiental das
Pesquisas Sísmicas Marítimas no Canadá.
45
Environmental Assessment.
158
Cabe às agências reguladoras o papel de definir o escopo do estudo (scoping),
identificar as demais agências governamentais interessadas no processo,
46
disponibilizar informações sobre o projeto na Internet para consulta pública , revisar o
Estudo Ambiental e preparar o Screening Report, contendo a conclusão sobre a
significância dos impactos ambientais da atividade proposta e a definição das medidas
mitigadoras adequadas. Se a Agência julgar que os efeitos ambientais foram
adequadamente avaliados, que as medidas mitigadoras propostas são compatíveis
com a manutenção da qualidade ambiental existente e que o processo de consulta às
partes interessadas foi satisfatório, então ela pode prosseguir e autorizar a execução
da atividade.
46
A CEA Act criou o Registro Canadense de Avaliação Ambiental (http://www.ceaa-
acee.gc.ca/050/index_e.cfm), onde são obrigatoriamente mantidas informações sobre o
andamento dos processos de avaliação ambiental em nível federal.
159
no ambiente marinho, o Estudo deve apresentar as consultas realizadas às partes
interessadas e discutir os aspectos relevantes que porventura tenham sido levantados.
47
Departamento da Pesca e dos Oceanos, Ministério.
48
Meio Ambiente do Canadá, Ministério.
49
Em inglês, pode ser traduzido como “Declaração da prática canadense relativa à mitigação
do ruído causado pela atividade de pesquisa sísmica no ambiente marinho”.
50
No original, National Science Advisory Meeting.
160
- Zona de segurança de 500 metros a partir do centro do arranjo sísmico,
determinando o desligamento dos canhões mediante a presença de baleias ou
tartarugas marinhas ameaçadas de extinção. A presença de golfinhos não requer o
desligamento.
161
Canadá. Existe uma reforma regulatória em curso no âmbito do National Energy
Board, com reflexos óbvios nas políticas das agências independentes, para
transformar a regulação do setor de petróleo em uma regulação goal-oriented 51 , ao
invés do tradicional modelo de regulação prescritiva. Em termos gerais, a regulação
goal-oriented especifica objetivos, mas não os quantifica nem especifica os meios para
atingi-los, enquanto o modelo prescritivo define os meios pelos quais os objetivos
devem ser atingidos (NEB, 2005).
Na realidade, o modelo que está sendo implantado pelo NEB busca uma
“mistura ótima” dos estilos regulatórios, isto é, utilizar os modelos prescritivo ou goal-
oriented onde eles fornecerem os melhores resultados (NEB, 2005).
51
Em inglês, pode ser traduzido por “com foco em objetivos”.
52
Mais informações em www.oneocean.ca
162
- Identificação de aspectos ambientais relevantes; e
Data de Agência
Área de abrangência
finalização responsável
Janeiro de 2007 C-NLOPB Sydney Basin Offshore Area
Dezembro de 2005 C-NSOPB Misaine Bank Area
Western Newfoundland & Labrador
Dezembro de 2005 C-NLOPB
Offshore Area
C-NLOPB
Novembro de 2003 Laurentian Subbasin
C-NSOPB
Novembro de 2003 C-NLOPB Orphan Basin
Eastern Sable Bank, Western
Junho de 2003 C-NSOPB Banquereau Bank, the Gully Through
and the Eastern Scotian Slope
Parcels #1-9
Agosto de 2001 C-NSOPB
Call for Bids NS01-1
Parcel # 1 – Western Cape Breton
Abril de 1999 C-NSOPB
Call for Bids NS98-2
53
MPA – Marine Protected Area. Categoria de proteção estabelecida pela Oceans Act (1996).
163
Em relação à participação pública no processo de avaliação ambiental das
pesquisas sísmicas marítimas, existem dois mecanismos principais: a obrigatoriedade
de consulta às partes interessadas quando da elaboração do Estudo Ambiental e a
disponibilização do Estudo no site da Agência para revisão e comentários (Coady,
2006). O Estudo deve especificar o resultado de todas as consultas realizadas e
detalhar se e como as questões foram incorporadas no documento final.
Tabela 5: Síntese do nível de atividade recente da indústria de pesquisa sísmica marítima nas
áreas de Newfoundland & Labrador e Nova Scotia. Fontes: CAPP, 2006c; C-NLOPB
(www.cnlopb.nl.ca); C-NSOPB, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006.
2000 4 6
2001 8 7
2002 4 3
2003 4 4
2004 3 2
2005 4 1
2006 3 0
164
4.3. Noruega
54
Fonte: Statistics Norway - www.ssb.no/en/
55
Fonte: IBGE, estimativa para 2005. www.ibge.gov.br
165
A Noruega é um país próspero, com a segunda maior renda per capita
mundial 56 e o maior Índice de Desenvolvimento Humano – IDH do mundo: 0,965
(PNUD, 2006). Sua economia é baseada na exploração de recursos naturais – vivos,
como a indústria pesqueira, e minerais, como a exploração petrolífera e hidroelétrica.
O setor de petróleo tem fundamental importância na economia norueguesa,
respondendo por 25% do Produto Interno Bruto e por 51% do total de exportações, em
dados de 2006. Atualmente, a Noruega é o 10° maior produtor de óleo do mundo e o
5° maior exportador mundial de óleo e gás natural, ficando atrás apenas de Arábia
Saudita, Rússia, Irã e Emirados Árabes Unidos (MPE, 2007). Isto só é possível graças
ao pequeno consumo interno: em 2005, a Noruega produziu quase 3.000.000 barris de
óleo por dia e teve um consumo médio de apenas 213 barris de óleo/dia (BP, 2006).
O Mar do Norte hoje é considerado uma província madura, com uma infra-
estrutura de produção e escoamento bem desenvolvida. No Mar da Noruega
coexistem uma porção leste bem desenvolvida e uma porção oeste ainda muito pouco
conhecida. Já o Mar de Barents tem sido recentemente explorado em sua porção sul,
enquanto grandes áreas ao norte e ao leste permanecem como fronteiras
inexploradas 58 .
56
US$ 42.364, estimativa do FMI – Fundo Monetário Internacional – World Economic Outlook
Database, setembro de 2006. www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2006/02/data/index.aspx
57
Petroleum Activities Act, de 29 de novembro de 1996.
58
Site da Agência Norueguesa de Petróleo – Norwegian Petroleum Directorate (NPD) - Why
Norway? http://www.npd.no/English/Emner/Ressursforvaltning/Promotering/whynorway_04.htm
166
exclusivo de gerenciamento das reservas. A Coroa exerce esse direito através do seu
Ministério do Petróleo e da Energia – MPE, embora assuntos e decisões importantes
sejam tratados necessariamente pelo Parlamento.
59
A Autoridade Norueguesa de Controle da Poluição.
60
A Autoridade Norueguesa de Segurança do Petróleo.
61
A Administração Costeira Norueguesa.
62
Instituto de Pesquisa Marinha, subordinado ao Ministério da Pesca e Assuntos Costeiros.
167
Produção. A Licença de Exploração autoriza o licenciado a realizar atividades
exploratórias utilizando métodos geológicos, petrofísicos, geofísicos, geoquímicos e
geotécnicos em áreas determinadas da Plataforma Continental Norueguesa. Contudo,
a Licença de Exploração não autoriza a realização de perfurações exploratórias. Além
disso, a licença não garante exclusividade do direito de exploração – o MPE pode
conceder outras licenças para a mesma área – nem estabelece nenhum tipo de
preferência para obtenção de Licença de Produção.
168
A prosperidade da indústria petrolífera Norueguesa é baseada em um
consenso político inicial que estabeleceu que a exploração de petróleo no país seria
realizada em benefício da população Norueguesa. Em nome desse princípio, o Estado
conduziu políticas que levassem os ganhos econômicos da indústria de petróleo para
além daqueles obtidos com a mera venda de óleo e gás – favorecendo as empresas
nacionais e promovendo o desenvolvimento da base industrial nacional de suporte às
atividades offshore (Estrada, 2006).
63
Atualmente, o nome oficial do fundo é Government Pension Fund – Global.
64
Em 31.1.2007, o dado oficial do governo Norueguês relatava mais de 1,8 trilhão de Coroas
Norueguesas (NOK) alocadas no Fundo.
65
Awards in Predefined Areas – APA, realizados desde 2003.
169
Licenças de Exploração possuem validade de 3 anos a não ser que a agência estipule
outro período de tempo. Empresas operando sob Licenças de Exploração não podem
adquirir dados em áreas cobertas por Licenças de Produção sem autorização
expressa do NPD.
66
O conteúdo exigido para essa descrição é determinado nas Resource Management
Regulations (Regulamento sobre gestão dos recursos), de 18 de junho de 2001.
67
O IMR é responsável por importantes estudos sobre os impactos da pesquisa sísmica em
peixes – ver item 2.2.3. Peixes.
170
pesqueira, a pesquisa sísmica deve necessariamente ser interrompida” (John Dalen,
IMR - Institute of Marine Research, comunicação pessoal, 2007).
171
- Proibição de novas atividades nos setores Nordland VI, Nordland VII e
Troms II.
172
Figura 54: Zoneamento estabelecido pelo Plano de Gestão Integrada Barents – Lofoten.
Adaptado de Ministry of the Environment, 2006.
173
Apesar da proibição estabelecida no Plano de Gestão Integrada, o Parlamento
atribuiu ao NPD a prerrogativa de realizar aquisição de dados sísmicos nas áreas
fechadas à indústria com o objetivo de aumentar o conhecimento do subsolo marinho
com vistas à futura exploração petrolífera. Pesquisas sísmicas contratadas pelo NPD
nas áreas fechadas do Mar de Barents e Ilhas Lofoten estão previstas para 2007, 2008
e 2009 68 .
Para as demais áreas do Mar de Barents onde não foram definidas restrições
adicionais, permanece válida apenas a política de descarte zero de substâncias no
mar, aplicável a toda a Plataforma Continental Norueguesa (Ministry of the
Environment, 2006).
68
Notícia publicada no site do NPD em 5.1.2007.
174
Sendo assim, as principais medidas mitigadoras aplicadas na Noruega são as
restrições espaço-temporais, tanto para evitar atividade pesqueira intensa, quanto
para proteger agregações reprodutivas ou corredores migratórios de peixes.
175
pessoal por vezes contradisseram as informações disponíveis nos sites oficiais, por
estarem estas defasadas, por falta de clareza nos documentos ou ainda pela
indisponibilidade pública de dados fundamentais para a compreensão do quadro
regulatório. No caso da Noruega essa questão se fez mais presente, uma vez que,
apesar de muitas informações estarem disponíveis em inglês, a língua oficial dos
documentos é o norueguês – e algumas publicações relevantes só estão disponíveis
na língua oficial.
Ainda assim, foi possível identificar alguns aspectos comuns aos três países
estudados. O principal deles talvez seja a inexistência do licenciamento ambiental, tal
como ele é concebido no Brasil. Nas três jurisdições estudadas, a questão ambiental é
inserida no processo de concessão de direitos de exploração, sob responsabilidade do
órgão regulador do setor (MMS, C-NSOPB, C-NLOPB, NEB e NPD). Há sempre a
previsão de consulta a outros órgãos governamentais, mas o condutor do processo é o
órgão regulador da exploração petrolífera – o equivalente, no caso do Brasil, à ANP.
176
abertura de áreas abordam principalmente a interferência da indústria com a atividade
pesqueira. Já nos EUA a questão é abordada sucintamente no EIA do Programa de
Licitações de 5 anos, sendo os potenciais impactos da tecnologia tratados como um
aspecto plenamente equacionado através da mitigação requerida.
Além dessa distinção, outras mais existem entre os quadros regulatórios dos
países estudados. Os EUA possuem a NEPA – National Environmental Policy Act e o
Canadá dispõe da CEAA – Canadian Environmental Assessment Act para formalizar a
adoção do instrumento de avaliação de impacto ambiental para iniciativas poluidoras –
inclusive pesquisas geofísicas. Na Noruega, a regulamentação da Avaliação de
Impactos Ambientais foi introduzida em 1990 junto à legislação de uso do solo
(Planning and Building Act), embora antes dessa data legislações setoriais, tais como
a Petroleum Activities Act, já previam a necessidade da AIA para o desenvolvimento
de projetos específicos (Holm-Hansen, 1997). Como a pesquisa sísmica marítima não
consta na lista de projetos sujeitos à AIA da regulamentação da Planning and Building
Act, nem a Petroleum Activities Act exige tal procedimento, a tipologia é isenta do
processo formal de avaliação de impactos na Noruega – o que não significa a
desconsideração da variável ambiental, como se viu no item 4.3.2.
69
Principalmente a IHA - Incidental Harassment Authorization para mamíferos marinhos, obtida
junto ao NOAA-Fisheries.
177
exige a submissão da documentação aos órgãos competentes com antecedência
mínima de 5 semanas.
70
Mais informações em www2.nrcan.gc.ca/es/erb/prb/english/View.asp?x=547
71
Notice to Lessees - NTL n°2007-G02 no Golfo do México/EUA e Statement of Canadian
Practice on Mitigation of Seismic Noise in the Marine Environment no Canadá.
178
depender das condições específicas da operação (John Dalen, IMR, comunicação
pessoal, 2007).
72
Coexistence Group, em inglês. Sameksistens, em norueguês.
179
Tabela 6: Síntese do quadro regulatório relativo às atividades de pesquisa sísmica marítima nas jurisdições estudadas.
Órgão responsável pela Regulador do setor petrolífero Regulador do setor petrolífero Regulador do setor petrolífero
avaliação ambiental MMS NEB, C-NSOPB e C-NLOPB NPD
Principalmente DFO – Ministério da Pesca
NOAA-Fisheries e FWS, quando há Agência da Pesca, Ministério da Defesa e
Órgãos colaboradores e dos Oceanos e EC – Ministério do Meio
interferência com mamíferos marinhos. IMR – Instituto de Pesquisa Marinha.
Ambiente.
Há elaboração de
Sim Sim
estudo caso-a-caso? Não
Environmental Assessment - preliminar Screening - preliminar
Nível de avaliação
Nenhuma, a não ser no processo de Abertura de prazo para consulta pública
Participação pública Nenhuma
emissão de IHA (NOAA-Fisheries e FWS) na internet
Sim Sim
Há avaliação em nível EIA do Plano de Licitações de 5 anos Avaliação do impacto da abertura de áreas
Sim à exploração petrolífera
anterior ao de projeto?
EIA de cada oferta de blocos
Avaliação Ambiental Estratégica Avaliações de Impacto Ambiental
Instrumento
Avaliação Ambiental Programática para Regionais realizadas para a abordagem
pesquisas sísmicas futuras de impactos sinergéticos e cumulativos
Tempo necessário para Entre 2 semanas e 6 meses. Tipicamente 5 semanas é a antecedência requerida
Recentemente, entre 6 e 18 meses.
autorização 30 dias. legalmente.
180
5. EVOLUÇÃO DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE PESQUISAS
SÍSMICAS MARÍTIMAS NO BRASIL
181
Neste capítulo, será registrado de que modo evoluiu a avaliação ambiental da
atividade de pesquisa sísmica marítima no Brasil sob os aspectos legal, técnico e
burocrático. No tocante às atividades de pesquisa sísmica marítima, a avaliação
ambiental ocorre quase exclusivamente em nível de projeto (Avaliação de Impacto
Ambiental) e durante o processo autorizativo junto ao Estado Brasileiro (Licenciamento
Ambiental). Assim, este capítulo versará basicamente sobre o histórico desse
processo, buscando subsidiar a discussão presente no Capítulo 6.
182
Densidade da pesquisa sísmica no Brasil
20
2D 3D
18
N° de navios sísmicos simultaneamente
16
14
12
10
0
9
6
/ 99
9
/ 00
0
/ 01
1
/ 02
2
/ 03
3
/ 04
4
/ 05
5
/ 06
6
i /9
i /0
i /0
i /0
i /0
i /0
i /0
i /0
t/ 9
t/ 0
t/ 0
t/ 0
t/ 0
t/ 0
t/ 0
t/ 0
jan
jan
jan
jan
jan
jan
jan
jan
ma
ma
ma
ma
ma
ma
ma
ma
se
se
se
se
se
se
se
se
Figura 56: Variação mensal do número de embarcações sísmicas operando simultaneamente
em águas brasileiras (Cosme Peruzzolo, ex-presidente da IAGC Brasil, comunicação pessoal,
2006).
183
Figura 57: Evolução recente do preço do barril de óleo cru no mercado spot em dólares
americanos (IEA, 2006).
Ainda assim, Jasny et al. (2005) coloca o Brasil em terceiro lugar no ranking
mundial de exploração sísmica entre 2002 e 2005, atrás apenas de Estados Unidos e
China e logo à frente da Índia. O estudo afirma que, em conjunto, China, Brasil e Índia
responderam por mais de 20% da exploração sísmica mundial nos últimos anos.
184
A aquisição de dados sísmicos em áreas ainda não leiloadas é de
responsabilidade da própria empresa de pesquisa sísmica (EAD – Empresa de
Aquisição de Dados) e requer a obtenção de Autorização junto à ANP, nos termos da
Portaria ANP n° 188/98. O dado sísmico adquirido desta forma é considerado não-
exclusivo e possui um período de confidencialidade de 10 anos, após o qual é tornado
público.
185
O parágrafo 2° do artigo 1° da portaria trazia textualmente: “O levantamento de
campo de dados geofísicos e geológicos, pra indústria do petróleo, não é considerado
potencialmente causador de significativa modificação do meio ambiente”,
desobrigando, portanto, os empreendedores do setor a buscarem o licenciamento
ambiental de suas atividades.
186
III - A produção efetiva para fins comerciais.”
(Art. 2°)
187
como outras medidas mitigadoras, compensatórias e de monitoramento a partir da
avaliação dos impactos ambientais da atividade (Malheiros, 2002).
188
O que aconteceu com a prática dos licenciamentos por polígonos foi a tentativa
de licenciar a “intenção” de operação, não o projeto a ser executado. Essa visão do
licenciamento ambiental como um trâmite meramente burocrático dificultava
sobremaneira o andamento dos processos. De fato, o diagnóstico ambiental para
áreas tão extensas dificilmente atendia às necessidades do órgão licenciador. Como
realizar uma avaliação adequada dos impactos ambientais da atividade se não era
conhecida a localização específica da operação, nem o cronograma de execução do
levantamento? Por vezes, a presença de uma pequena região ambientalmente
sensível dentro do extenso polígono aumentava significativamente o nível de exigência
do licenciamento.
Esse modelo foi adotado sem alterações significativas até o final de 2003,
quando houve o licenciamento de duas pesquisas sísmicas na região da Baía de
Camamu, no Baixo Sul do Estado da Bahia, área de grande sensibilidade ambiental.
Durante aquele ano houve um episódio de mortandade de peixes no litoral em
questão, de causa até hoje desconhecida. Uma pesquisa sísmica regularmente
licenciada havia sido realizada recentemente alguns quilômetros ao sul do litoral
afetado e foi considerada como uma das possíveis causas do ocorrido episódio.
Esse fato gerou grande mobilização das comunidades locais e levou o IBAMA
a determinar a elaboração de EIA/RIMA e a realização de audiências públicas para o
licenciamento de pesquisas sísmicas em áreas ambientalmente sensíveis a partir de
então. Em verdade, o escopo do Estudo Ambiental exigido para o licenciamento em
águas rasas já era compatível com o detalhamento de um Estudo de Impacto
Ambiental (EIA), tendo sido necessária apenas a elaboração do respectivo Relatório
de Impacto Ambiental (RIMA).
189
prévio de impacto ambiental (EIA/RIMA), nos processos de licenciamento das
atividades sísmicas”.
73
O trâmite desse processo pode ser acompanhado no endereço eletrônico
http://www.mma.gov.br/port/conama/processo.cfm?processo=02000.001082/2002-13.
190
O assunto foi encaminhado à Câmara Técnica de Atividades Minerarias,
Energéticas e de Infra-Estrutura, que em sua 2ª reunião (22.8.2003), após a
apresentação do tema por técnico do Ministério do Meio Ambiente – MMA, definiu pela
criação de um Grupo de Trabalho coordenado pelo Ministério das Minas e Energia –
MME para elaboração de regulamentação específica para o licenciamento ambiental
das pesquisas sísmicas.
191
Por fim, a proposta de resolução foi levada à 74ª Reunião Ordinária do plenário
do CONAMA em 6 e 7 de julho de 2004, sendo aprovada com emendas. A versão final
da resolução foi então publicada no Diário Oficial da União em 20.8.2004 (edição nº
161, p.80-81), sob o número 350/04 e com a seguinte ementa: Dispõe sobre o
licenciamento ambiental específico das atividades de aquisição de dados sísmicos
marítimos e em zonas de transição.
192
Considerando que as atividades de aquisição de dados
sísmicos marítimos e em zonas de transição são potencialmente
causadoras de impactos ambientais nos ecossistemas marinho e
costeiro e em atividades como a pesca e a aqüicultura, entre outras;
5.5.1. Enquadramento
74
Corresponde à etapa de Triagem do processo de Avaliação de Impacto Ambiental.
193
do documento denominado Ficha de Caracterização da Atividade – FCA 75 . Este
documento, a ser elaborado pelo empreendedor com base em modelo disponibilizado
pelo IBAMA, consiste na padronização do memorial descritivo da atividade pleiteada,
de modo a fornecer subsídio para a decisão do enquadramento nas classes de
licenciamento. A FCA contempla os seguintes itens:
- Identificação do Empreendedor
- Caracterização da Atividade
- Cronograma da atividade
75
Embora a Resolução CONAMA n°350/04 a denomine Ficha de Caracterização das
Atividades, a prática do licenciamento consagrou a utilização no singular.
194
uma avaliação da sensibilidade ambiental da região proposta para a atividade. Esse
procedimento foi descrito com maiores detalhes no Guia Passo-a-Passo para o
Licenciamento Ambiental da Atividade de Aquisição de Dados Sísmicos Marítimos e
em Zona de Transição (IBAMA, 2005a), elaborado em março de 2005.
5.5.2. Classe 1
5.5.3. Classe 2
195
essas águas não apresentem alta intensidade de pesca artesanal nem abriguem
ecossistemas sensíveis 76 .
5.5.4. Classe 3
76
Situações nas quais o enquadramento deve ser em Classe 1.
196
implementação de medidas previamente aprovadas pelo IBAMA no Plano de Controle
Ambiental da Sísmica - PCAS.
197
- Arranjos de Canhões de Ar
- Projetos Ambientais
- Projeto de Controle da Poluição
- Projeto de Monitoramento da Biota Marinha
- Projeto de Comunicação Social
- Projeto de Educação Ambiental para os Trabalhadores
- Plano de Ação de Emergência
198
Tabela 9: Resumo comparativo da itemização básica dos Estudos Ambientais exigidos para cada classe de licenciamento.
CLASSE 3 – INFORMAÇÕES
CLASSE 1 – EIA CLASSE 2 – EAS* COMPLEMENTARES
Identificação da atividade e do empreendedor Identificação da atividade e do empreendedor Identificação da atividade e do empreendedor
Caracterização da atividade Caracterização da atividade
Descrição geral da atividade Descrição geral da atividade
Descrição da operação Descrição da operação
Descrição da fonte sísmica Descrição da fonte sísmica
Descrição do sistema de registro Descrição do sistema de registro
Área de influência da atividade Área de influência da atividade
Área de influência direta Área de influência direta
Área de influência indireta Área de influência indireta
Diagnóstico ambiental Diagnóstico ambiental
Meio físico Meio físico
Meio biótico Meio biótico
Meio socioeconômico Meio socioeconômico
Análise integrada e síntese da qualidade ambiental Análise integrada e síntese da qualidade ambiental
Identificação e avaliação dos impactos ambientais Identificação e avaliação dos impactos ambientais
Análise de riscos ambientais Análise de riscos ambientais
Medidas mitigadoras, compensatórias e projetos de Medidas mitigadoras, compensatórias e projetos de Medidas mitigadoras, compensatórias e projetos
controle e monitoramento controle e monitoramento de controle e monitoramento
Projeto de controle da poluição Projeto de controle da poluição Projeto de controle da poluição
Projeto de monitoramento da biota marinha Projeto de monitoramento da biota marinha Projeto de monitoramento da biota marinha
Projeto de monitoramento do desembarque Projeto de monitoramento do desembarque
pesqueiro pesqueiro
Projeto de comunicação social Projeto de comunicação social Projeto de comunicação social
Projeto de educação ambiental para Projeto de educação ambiental para trabalhadores Projeto de educação ambiental para
trabalhadores trabalhadores
Plano de ação de emergência Plano de ação de emergência
Plano de compensação da atividade pesqueira Plano de compensação da atividade pesqueira
Conclusão Conclusão
* O Estudo Ambiental de Sísmica/EAS pode ser tão completo quanto um EIA de Classe 1 ou ser bastante simplificado, dependendo do caso específico.
199
5.5.6. Documentos de apoio ao licenciamento
200
águas profundas e distantes da costa (Classe 3), o IBAMA considerou pertinente a
padronização dos procedimentos a serem utilizados nesses casos.
201
Tabela 10: Prazos máximos a serem observados no licenciamento ambiental da pesquisa
sísmica pré-Resolução CONAMA nº 350/04.
202
40 dias a partir da publicação do
requerimento de licença pelo
Manifestação por escrito sobre o
empreendedor, obrigando o órgão
empreendimento (qualquer 5º, § 4º
ambiental a considerar a
pessoa)
manifestação na fundamentação da
emissão da licença ambiental
Antecedência a ser estabelecida na
Solicitação de Renovação da LPS 10
licença
203
5.6.1. Licenças emitidas
Tabela 12: Todas as licenças já emitidas para a atividade de pesquisa sísmica marítima até
janeiro de 2007.
Bloco BM-FZA-1
LO 204/02 BP BRASIL
Bacia da Foz do Amazonas
LO 208/02 CGG Bacia de Sergipe/Alagoas
204
Licença Empresa Localização
Campos de Camorim, Caioba, Dourado e Guaricema
LO 224/02 PETROBRAS
Bacia de Sergipe/Alagoas
Bloco BCE-5
LO 234/02 PETROBRAS
Bacia do Ceará
LO 242/02 VERITAS Bacias do Espírito Santo e Campos
BPOT-1
LO 252/02 PETROBRAS
Bacia Potiguar
LO 259/02 PGS Bacias de Barreirinhas, Maranhão e Pará
LO 266/02 PGS Bacia do Ceará
Blocos BM-CE-1 e BM-CE-2
LO 293/02 CGG
Bacia do Ceará
Bacias do Ceará, Barreirinhas, Pará-Maranhão e Foz
LO 300/03 VERITAS
do Amazonas
Campos de Atum, Xaréu e Espada
LO 301/03 PETROBRAS
Bacia do Ceará
205
Licença Empresa Localização
Bacias de Foz do Amazonas, Pará/Maranhão e
LO 414/04 CGG
Barreirinhas
Bloco BM-POT-11
LPS 001/04 PETROBRAS
Bacia Potiguar
Tecnologia OBC
LPS 002/04 WESTERN GECO
Bacia de Campos
BM-J-1 e BM-J-2
LPS 003/05 PGS
Bacia de Jequitinhonha
BM-S-22
LPS 004/05 PGS
Bacia de Santos
BM-ES-24
LPS 005/05 PGS
Bacia do Espírito Santo
BM-SEAL-9
LPS 006/05 PETROBRAS
Bacia de Sergipe/Alagoas
LPS 007/05 PGS Bacia de Camamu-Almada - Fase I
BM-S-42
LPS 008/05 PGS
Bacia de Santos
BM-S-36 e BM-S-29
LPS 009/06 CGG
Bacia de Santos
BM-S-40
LPS 010/06 PGS
Bacia de Santos
Campo de Jubarte
LPS 011/06 PGS
Bacia de Campos
BM-J-4 e BM-J-5
LPS 012/06 PGS
Bacia de Jequitinhonha
LPS 013/06 PGS Bacia de Camamu-Almada - Fase II
BM-S-4
LPS 014/06 PGS
Bacia de Santos
BM-C-28
LPS 015/06 CGG
Bacia de Campos
BM-S-29
LPS 016/06 PGS
Bacia de Santos
BM-FZA-4 e BM-FZA-5
LPS 017/06 CGG
Bacia da Foz do Amazonas
BM-C-7
LPS 018/06 PGS
Bacia de Campos
LPS 019/06 REPSOL YPF Bacia de Santos
BM-SEAL-4, 10 e 11
LPS 020/06 CGG
Bacia de Sergipe/Alagoas
BM-C-26 e BM-C-27
LPS 021/07 CGG
Bacia de Campos
BM-S-50, 52 e 53
LPS 022/07 PGS
Bacia de Santos
206
variou bastante ao longo do tempo, desde o início do licenciamento pelo IBAMA. Neste
item, serão apresentados dados referentes às duas principais fases do licenciamento:
antes e depois da Resolução CONAMA nº 350/04.
Tempo
Tempo de
de licenciamento
licenciamento pré-Resolução
pré-Resolução CONAMA
CONAMAnº
nº 350/04
350/04
600
600
500
500
(dias)
licenciamento(dias)
400
400
delicenciamento
300
300
Tempode
200
200
Tempo
100
100
00
49 /99
LLOO0056/999
LLOO0063/999
63 /99
LLOO0076/999
LLOO0079/000
79 /00
LLOO1102/ 000
LLOO1107/000
/00
LLOO1130/000
LLOO1131/011
31 /01
LLOO1143/011
LLOO1149/011
49 /01
LLOO1191/ 011
LLOO1194/022
94 /02
LLOO2208/022
LLOO2224/022
24 /02
LLOO2242/022
LLOO2251/022
51 /02
LLOO2259/ 022
LLOO2266/022
66 /02
LLOO3300/022
LLOO3301/033
01 /03
LLOO3311/033
LLOO3315/ 033
15 /03
LLOO3322/ 033
LLOO3335/033
35 /03
LLOO3354/033
LLOO3357/033
57 /03
LLOO3361/033
LLOO3383/ 033
3 /04
LLOO4400/ 044
LLOO4409/044
09 /04
LLOO4414/044
/04
LLOO0050/99
LLOO0071/99
LLOO0090/00
LO 1108 0
LLOO1137/01
LLOO1181/01
LLOO2204/02
LLOO2234/02
LLOO2252/02
LLOO2293/02
LLOO3303/03
LLOO3316/03
LLOO3351/03
LLOO3358/03
LLOO3387/04
LLOO4410/04
4
50 /9
56 /9
71 /9
76 /0
90 / 0
2 /0
08 /0
30 /0
37 /0
43 /0
81 / 0
91 /0
04 /0
08 /0
34 /0
42 /0
52 / 0
59 /0
93 /0
00 /0
03 /0
11 / 0
16 / 0
22 /0
51 /0
54 /0
58 /0
61 / 0
87 / 0
00 /0
10 /0
07/0
14/0
LLOO0049
8
L O
Figura 59: Tempo necessário para a emissão das Licenças de Operação no período pré-
Resolução CONAMA n° 350/04, descontando-se o tempo necessário para elaboração de
complementações e esclarecimentos pelo empreendedor.
207
Tempo
Tempo Médio
Médio de
de Licenciamento
Licenciamento
Período
Período pré-Resolução
pré-Resolução CONAMA
CONAMA nº
nº 350/04
350/04
(dias)
Licenciamento(dias)
350
350 314,5
314,5
de Licenciamento
300
300
250
250 222,7
222,7
202,3
202,3
200
200
156,3
156,3
150
150
108,5
Médiode
108,5
TempoMédio
100
100
52,4
52,4
50
50
Tempo
5 6 6 12 13 8
00
1999
1999 2000
2000 2001
2001 2002
2002 2003
2003 2004
2004
208
Tempo
Tempo de
de Licenciamento
Licenciamento
(dias)
licenciamento (dias) Período
Período pós-Resolução
pós-Resolução CONAMA
CONAMAn°
n° 350/04
350/04
450
450 415
415
400
400 341
341
de licenciamento
350
350
300
300 251
251 246
246
250
250
189
189
200
200 170
170
139
139 126 128
150
150 126 128
102
102 90 99
99 104
104
85 87
85
Tempo de
73 90 87 78
78
100
100 58
58 73
24
24 33 36 41
41
Tempo
50 33 36
50
00
/ 077
LLPPS 2211//007
LLPPS 2200//006
LLPPS 1199//006
LLPPS 1188//006
LLPPS 1177//006
LLPPS 166//006
LLPPS 1155//006
LLPPS 1144//006
LLPPS 1133//006
LLPPS 1122//006
LLPPS 111//006
LLPPS 1100//006
LLPPS 0099//006
LLPPS 0088//005
LLPPS 0077//005
S 00 055
LLPPS 0044//005
S 00 5**
4**
0 4**
S 00 5**
7
6
6
6
6
6
1 6
6
6
6
6
1 6
6
5
5
5
LLPPS 066//005
LLPPS 0011//004
LLPPS 0022//004
LLPPS 033//005
2222/ 0
LLPPS 0 0055// 0
0
S 00
S 00
S 00
S 00
S 00
S 00
S 00
S 00
S 00
S 00
S 00
S 00
S 00
S 00
S 00
S 0
S 00
S 00
S 00
LLPPS
Figura 61: Tempo necessário para a emissão das Licenças de Pesquisa Sísmica,
descontando-se o tempo necessário para elaboração de complementações e esclarecimentos
pelo empreendedor. As licenças assinaladas com um asterisco são referentes a processos que
foram iniciados antes da vigência da nova resolução, tendo sido penalizados com um
procedimento de transição. Legenda de cores: Azul - Classe 1; Grená - Classe 2; Verde -
Classe 3. Atualizado até janeiro/2007.
Tempo Tempo
Nº de Média Média de
Classes Mínimo Máximo
licenças em dias revisões
(dias) (dias)
Classe 1 4 313,3 246 415 2,0
Classe 2 5 121,6 78 189 2,0
Classe 3 13 78,9 24 170 1,2
Geral 22 131,2 24 415 1,5
209
Os dados da Tabela 13 indicam que, ao menos em relação ao prazo de
licenciamento, as classes definidas pela Resolução CONAMA nº 350/04 formaram na
prática 3 níveis distintos de exigência, sendo progressivamente mais demorados os
processos das classes 2 e 1 quando comparados com aqueles da classe 3.
210
Tempo
Tempo de
de licenciamento (dias)
licenciamento (dias)
100
200
300
400
500
600
00
100
200
300
400
500
LLO
O 00449/9
LLO
O 005590/9 99
/999
600
LLO
O 005506/9/999
LLO
55
O 006663/9/9 9
LO 3/9
LO 007711/999
L
LO /9
O 00776/09
LLO
O 007769/0 00
/000
LLO
O 009990/0/000
66
LLO
O 110002/0
2/0/0 0
LO
LO 110077/000
L
LO /0
O 11008/00
LLO
O 113380/0 00
/011
LLO
O 113301/0/011
LLO
O 113317/0
7/0/0 1
LO
66
LO 114433/011
L
LO /0
O 11449/01
LLO
O 118891/0 11
/011
LLO
O 119911/0/022
LLO /0
O 119914/0
4
L
LO /0
O 22004/022
L
LO 4 /0
O 22008/022
LLOO 222284/0 22
/022
LLOO 223344/0
/022
LLO /0
12
O 224442/0
2 /0
12
L O
LO 225511/022
L
LO /0
O 22552/022
LLOO 225529/0 22
/022
Tempo
LLOO 226696/0
/022
LLO /0
O 229963/0
3
L
LO /0
O 33000/022
0
Tempo de
LLO /0
O 33001/033
LLOO 330013/0 33
L O 3/0/033
LO 331111/0 3
LLOO 33115/0 3
/033
LLOO 331156/0
/033
LLOO 332262/0
/033
13
LLO
13
O 333325/0
/033
LLOO 335551/0
jul1999-jan2007
1/0/0 3
jul1999-jan2007
L O
LO 335544/033
L
LO /0
O 33557/03
LLOO 335578/0 33
/033
de licenciamento
LLO
licenciamento
O 336681/0
/033
LLOO 338813/0
3/0/0 4
L O
LO 338877/044
LLO /0
O 44000/04
LLOO 440009/0 44
/044
LLOO 441190/0
88
/044
LLO /0
O 441104/0
4
L P /0
LPSS 0000 1/044
L 1 /0
LPPSS 0000 2/044
LLPPSS 000023/0 44
/055
LLPPSS 000034/0
/055
L P /0
LLPPSS 000045/0
5 /0
66
/0
LLPPSS 001145/0
12
L P 5 /0
LPSS 0011 6/066
LLPPSS 001167/0 66
/066
LLPPSS 001178/0
/066
L P /0
LLPPSS 001189/0
9 /0
LPSS 0022 0/066
L 0 /0
LPPSS 0022 1/066
77
22
LLPPSS 002212/0
2/0/077
2007 comprometida pelo baixo número de amostras. O número presente em cada período anual representa a quantidade de licenças emitidas naquele ano.
211
janeiro/2007. As linhas pontilhadas dividem os anos. A linha contínua representa a evolução da média anual de tempo de licenciamento, estando a média de
Figura 62: Tempo necessário para a emissão de todas as licenças já concedidas para pesquisas sísmicas marítimas no Brasil – levantamento atualizado até
5.7. Mitigação, Monitoramento e Compensação
212
Outros projetos são mais recentes e foram incorporados ao conjunto básico de
mitigação e monitoramento de pesquisas sísmicas em águas rasas (Classe 1), como o
Projeto de Monitoramento do Desembarque Pesqueiro e o Projeto de Monitoramento
de Praias.
Tabela 14: Resumo dos principais projetos ambientais exigidos pelo IBAMA para a realização
de pesquisas sísmicas marítimas.
213
Projeto Objetivos principais Ações principais
Projeto de Sensibilizar, informar e Realizar atividades de treinamento utilizando
Educação capacitar os trabalhadores, metodologias e recursos didáticos que
Ambiental dos enfatizando as enfatizem a reflexão/participação dos
Trabalhadores interferências causadas ao trabalhadores, levando em conta os
ambiente natural e social e pressupostos de interdisciplinariedade e
os cuidados necessários à respeito à diversidade social e biológica.
execução da atividade.
Promover uma convivência
positiva entre os
trabalhadores e desses com
os usuários do espaço
marinho onde a pesquisa
sísmica ocorrerá.
Plano de Ação Mitigar as conseqüências de Realizar uma análise dos riscos ambientais
de Emergência possíveis acidentes com envolvidos na atividade.
derramamento de óleo.
Estruturar um sistema de alerta para acionar
o procedimento de resposta ao
derramamento e de comunicação do
acidente.
Dimensionar e manter a bordo das
embarcações equipamentos suficientes para
uma primeira resposta a derramamentos de
óleo.
Projeto de Registrar a produção Caracterizar a atividade pesqueira artesanal
Monitoramento pesqueira da frota potencialmente afetada pela pesquisa
do Desembarque artesanal. sísmica.
Pesqueiro
Monitorar a ocorrência de Disponibilizar monitores em todos os pontos
variações significativas no de desembarque significativos da região.
desembarque pesqueiro da
Realizar a coleta de dados de captura no
região antes, durante e
padrão do Projeto Estatpesca do IBAMA.
depois da realização da
pesquisa sísmica.
214
genérica, estabelecendo-se de antemão quais as áreas e períodos de restrição à
atividade de sísmica.
Período de
Espécie/Grupo Área
Restrição
Baleia Jubarte 1º de junho a 30 De Barra do Riacho/ES a Mangue Seco/BA,
de novembro da costa até a profundidade de 500 metros.
Baleia Franca 1º de junho a 15 Litoral dos estados do Paraná, Santa
de dezembro Catarina e Rio Grande do Sul, da costa até
a profundidade de 50 metros.
Tartarugas Marinhas 1º de outubro ao De Macaé/RJ a Ponta do Itabapoana/RJ;
(todas as espécies) final de fevereiro.
De Barra do Riacho/ES a Barra do Una/BA;
De Ponta de Itapoã/BA a Pontal do
Peba/AL;
Da costa até a distância ortogonal de 15
milhas náuticas (~27,8 km).
215
Período de
Espécie/Grupo Área
Restrição
Tartarugas Marinhas 1º de dezembro De Acaú/PB a Ponta Negra/RN.
(todas as espécies) a 31 de março
Da costa até a distância ortogonal de 15
milhas náuticas (~27,8 km)
Peixe-Boi Marinho 1º de setembro a Da foz do Rio São Francisco/AL a
31 de maio Aquiraz/CE;
De Bitupitá/CE à divisa Piauí/Maranhão;
Da Baía de Tubarão/MA até a fronteira com
a Guiana Francesa;
Da costa até a profundidade de 12 metros.
Peixe-Boi Marinho O ano inteiro De Barroquinha/CE a Luís Corrêia/PI,
referente à Foz do rio Timonhas (parte da
APA do Delta do Parnaíba) e adjacências;
De Lucena/PB a Baía da Traíção/PB,
correspondente à Foz do Rio
Mamanguape/PB (parte da APA da Barra
do Rio Mamanguape) e adjacências;
De Maceió/AL a Rio Formoso/PE
correspondente a extensão da APA Costa
dos Corais;
Da costa até a profundidade de 12 metros.
Fonte: Pareceres Técnicos e Informações Técnicas do IBAMA
216
Em cada abordagem das embarcações assistentes deve ser preenchida uma
Planilha de Controle de Abordagem das Embarcações Pesqueiras, fornecida pelo
IBAMA, com o objetivo de avaliar a dimensão da interferência sobre a atividade
pesqueira, assim como a efetividade do Projeto de Comunicação Social.
217
Além dos 6 profissionais fixos da equipe do ELPN, todos consultores
contratados com recursos de organismos internacionais (OMM – Organização
Meteorológica Mundial), o licenciamento era realizado com a colaboração eventual de
servidores da Superintendência do IBAMA no Rio de Janeiro.
A partir do final do ano 2000 até o início de 2002, o corpo técnico do ELPN foi
ampliado mediante a contratação de consultores técnicos através de convênio firmado
entre o Ministério do Meio Ambiente/MMA e a Universidade Estadual do Rio de
Janeiro/UERJ, e de recursos provenientes de projetos geridos pelo Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento/PNUD. Ao final desse período, a equipe
técnica do ELPN contava com cerca de 18 profissionais dedicados à análise de
estudos e relatórios ambientais.
218
Durante o ano de 2003 o ELPN recebeu mais alguns analistas advindos da
reclassificação do concurso público, de forma que em agosto/2003 o quadro técnico
do escritório contava com 38 técnicos: 1 chefe, 21 consultores e 16 analistas
ambientais.
Até março de 2003, as licenças emitidas pelo ELPN eram assinadas pelo
Gerente Executivo do IBAMA no Rio de Janeiro, em uma descentralização do
processo decisório federal. A partir desse mês, com a mudança de governo e da
presidência do IBAMA, a assinatura das licenças voltou a ser prerrogativa do
presidente do IBAMA. Considerando que o ELPN, à época, era vinculado
tecnicamente à Diretoria de Licenciamento e Qualidade Ambiental – DILIQ em Brasília
e o vínculo com a Gerência Executiva no Rio de Janeiro era meramente
administrativo, a delegação ao gerente executivo local para emissão das licenças era,
de fato, uma distorção a ser sanada.
219
possível junto ao quadro de analistas – como era o caso do oceanógrafo especialista
em modelagem de derramamento de óleo, tema fundamental para o licenciamento das
atividades de perfuração e produção de petróleo e gás.
220
Em meados de 2006, houve a chegada de mais alguns analistas ambientais
provenientes das reclassificações do concurso público, os quais, junto com os demais
servidores recém-contratados, freqüentaram uma nova edição do curso de
capacitação em exploração e produção de óleo e gás ministrado por profissionais
ligados ao IBP.
Tipologia Funcional 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Analistas Ambientais –
- - - 13 16 20 32 35
Quadro permanente
Analistas Ambientais –
- - - - - 7 3 2
Contrato Temporário
Consultores – OMM 6 9 - - - - - -
Consultores – UERJ - - 17 - - - - -
Consultores – ANP - - - 22 16 - - -
Consultores – PNUD - - - - - 14 - -
Consultores – PNUD
- - - - - - 17 7
Contrato por Produto
TOTAL 6 9 17 35 32 41 52 44
Fonte: Relatórios anuais ELPN-CGPEG e Malheiros, 2002.
221
Evolução
Evolução da
da composição
composição do
do quadro
quadro técnico
técnico do
do ELPN-CGPEG
ELPN-CGPEG
55
55
50
50
Analistas
Analistas Ambientais
Ambientais ––permanentes
permanentes
45
45
40 Analistas
Analistas Ambientais
Ambientais ––temporários
temporários
40
técnicos
de técnicos
35
35 Consultores
Consultores ––OMM
OMM
30
30
Consultores
Consultores ––UERJ
UERJ
25
25
Nº de
20
20 Consultores
Consultores ––ANP
ANP
Nº
15 Consultores
15 Consultores ––PNUD
PNUD
10
10
Consultores
Consultores ––PNUD
PNUD por
por Produto
Produto
55
00
1999
1999 2000
2000 2001
2001 2002
2002 2003
2003 2004
2004 2005
2005 2006
2006
222
enviava cópias dos estudos ambientais para manifestação da Superintendência
Estadual do IBAMA mais próxima à atividade e da chefia de Unidades de Conservação
que porventura fossem localizadas próximas à operação em questão.
Esse Grupo de Trabalho, cuja formação atual é definida pela Portaria IBAMA nº
2110/06, é composto por técnicos da Diretoria de Licenciamento Ambiental – DILIC, da
Diretoria de Ecossistemas – DIREC, da Diretoria de Florestas – DIREF, da Diretoria de
Fauna e Recursos Pesqueiros – DIFAP e da Coordenação Geral de Petróleo e Gás –
CGPEG/DILIC, com colaboração do Centro Nacional de Conservação e Manejo de
Mamíferos Aquáticos – CMA, Centro de Tartarugas Marinhas - TAMAR, do Centro
Nacional das Populações Tradicionais e Desenvolvimento Sustentável – CNPT e do
223
Centro de Sensoriamento Remoto – CSR. A coordenação das ações do Grupo de
Trabalho fica a cargo da CGPEG.
224
para gestão de Unidades de Conservação, a forma apressada e inconseqüente de
materialização da iniciativa – através de Medida Provisória, sem qualquer discussão
prévia ou planejamento que desse suporte – poderá afetar significativamente a
capacidade de articulação dos diferentes gestores ambientais e prejudicar
severamente o processo de licenciamento ambiental em nível federal.
Por outro lado, a agência teve papel atuante e muito importante em dois
momentos na evolução do licenciamento da atividade de pesquisa sísmica no Brasil:
quando da elaboração da Resolução CONAMA nº 350/04, quando contribuiu
decisivamente para a adequada condução dos trabalhos em prol da regulamentação
do licenciamento; e no processo desenvolvido anualmente de confecção dos Guias de
Licenciamento para as rodadas de licitação, no qual a agência evoluiu de simples
financiadora para efetivamente tornar-se uma instituição parceira viabilizadora da
logística necessária da produção dos guias, investindo recursos humanos e materiais
fundamentais para a tarefa.
225
correspondente, as respectivas manifestações quase nunca são recebidas no IBAMA
e, quando são, em geral representam análises superficiais e pouco contribuem para o
licenciamento do projeto em questão.
Como exemplo dessa primeira fase, a Dra. Telma Malheiros, primeira chefe do
então ELPN, cita em sua tese de doutorado (Malheiros, 2002) um parecer do jurista
Antonio Inagé de Assis Oliveira encomendado pela IAGC – Associação Internacional
das Empresas de Geofísica em maio 2001, no qual há uma defesa extremada da tese
da não-obrigatoriedade do licenciamento ambiental para a sísmica marítima. Ou seja,
até meados de 2001, dois anos após os primeiros licenciamentos, as empresas de
sísmica ainda disputavam com o IBAMA a necessidade do licenciamento ambiental
para a atividade de sísmica.
226
consultores técnicos, à exceção da própria chefia do escritório, limitar o contato destes
com os empreendedores pode ser entendido como uma tentativa de minimizar a
incidência de pressões políticas, potencializadas pela situação funcional instável dos
profissionais.
Essa situação foi sendo modificada ao passar dos anos a partir de dois
condicionantes principais: a modificação do quadro funcional do licenciamento
ambiental, que passou a contar com servidores concursados, estáveis em suas
funções e menos suscetíveis a pressões da indústria; e o processo de discussão
relativo à elaboração da Resolução CONAMA nº 350/04, quando o IBAMA e as
empresas tiveram que sentar à mesa e expor suas demandas e preocupações em
busca da melhor solução para ambas as partes, em um processo inexoravelmente
colaborativo.
227
5.9. Participação pública e transparência
Local da
Data Empresa Localização da atividade
Audiência Pública
Grant
30/9/2003 Bacia de Camamu/Almada Valença/BA
Geophysical
1/12/2003 PGS Bacia de Camamu/Almada Valença/BA
Blocos BM-J-1 e BM-J-2
2/3/2004 PGS Ilhéus/BA
Bacia de Jequitinhonha
Bloco BM-POT-11
21/8/2004 Petrobras Guamaré/RN
Bacia Potiguar
228
Blocos BM-C-26 e BM-C-27 Campos/RJ e
26 e 28/2/2006 CGG
Bacia de Campos Marataízes/ES
Zona de Transição
8/4/2006 Petrobras Macau/RN
Bacia Potiguar
Bacia de Camamu/Almada
13/5/2006 PGS* Salvador/BA
Fase II
* Na realidade, Reuniões Técnicas Informativas, conforme Resolução CONAMA nº
350/04.
Outra forma de participação recentemente implantada pelo IBAMA acontece
durante a execução de Planos de Compensação para a Atividade Pesqueira no âmbito
de licenciamentos em águas rasas com interferência significativa sobre a pesca
artesanal. Nesses casos, o IBAMA exige da empresa a aplicação de técnicas de
diagnóstico participativo para subsidiar a definição de projetos comunitários a serem
financiados a título de medida compensatória pelo impacto sobre a atividade
pesqueira. Assim, embora a licença já tenha sido concedida, a população afetada
pode ser partícipe de decisões que envolvam o seu destino, podendo deliberar ela
própria quais são as prioridades para a comunidade.
Por outro lado, o envio dos estudos e relatórios diretamente para as partes
interessadas identificadas no diagnóstico ambiental do EIA ou EAS (geralmente
associações e colônias de pesca) tem uma eficiência maior no que diz respeito à
disponibilização de informações ao público. No entanto, mesmo nesse caso, as
organizações recebem apenas a versão inicial do estudo, não sendo informada das
229
revisões subseqüentes ou dos demais atos do processo, como o deferimento da
licença, suas condicionantes e possíveis sanções administrativas aplicadas à
empresa.
230
contém funcionalidades voltadas à disponibilização de informações na Internet. O
SisLic atualmente está em funcionamento para o setor de hidroeletricidade e encontra-
se em fase de testes para implantação junto ao licenciamento de petróleo.
231
V – a licença ambiental concedida, incluindo os pareceres
técnicos elaborados pelo licenciador;
232
6. DISCUSSÃO DO MODELO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE
PESQUISAS SÍSMICAS MARÍTIMAS NO BRASIL
233
Este capítulo busca discutir a prática atual de avaliação ambiental de pesquisas
sísmicas marítimas no Brasil com base nas informações apresentadas até aqui nesta
dissertação. A discussão será dividida em duas seções, considerando a comparação
com a experiência internacional pesquisada (Cap. 4) e a própria evolução da prática
brasileira (Cap. 5), tendo como pano de fundo o estado-da-arte do conhecimento
relativo aos impactos ambientais da atividade (Cap. 2), bem como os conceitos e as
melhores práticas do processo de Avaliação de Impacto Ambiental presentes no
Capítulo 3.
Uma ressalva importante a ser feita é relativa ao espaço amostral que está
sendo discutido. A seleção das jurisdições estudadas obedeceu a alguns critérios
subjetivos, conforme apresentado no Capítulo 4, não sendo necessariamente uma
amostra representativa da diversidade mundial – e, de fato, não se buscou
representatividade nesse sentido. Na realidade, uma análise da amostragem realizada
revela um viés bem nítido no sentido de terem sido selecionados três países com
prósperas economias, que figuram entre os 10 maiores PIB per capita do mundo 78 .
Embora não tenha sido um critério de seleção, é uma característica comum aos países
estudados a boa situação em termos de desenvolvimento econômico.
77
Como ressaltado anteriormente, a prática brasileira é restrita ao nível de projeto.
78
Fonte: Estimativa do FMI para o ano de 2007 (paridade do poder de compra) - World
Economic Outlook Database, Abril de 2007. www.imf.org
79
São eles: Estados Unidos, Brasil, Reino Unido (Mar do Norte), Austrália e Canadá.
234
45% das pesquisas sísmicas sejam realizadas em países onde medidas mitigadoras
não são exigidas de forma rotineira.
235
petrolífera, incluindo as rodadas anuais de licitação. O referido estudo afirma ainda (p.
58) que a abordagem da AAE para o setor de petróleo e gás deve ser,
prioritariamente, regional, com a definição de áreas específicas para Exploração e
Produção e para conservação ambiental. Embora o cenário desejável seja o de
aplicação seqüencial da AAE aos diversos níveis de planejamento (tiering), Malheiros
(2002) considera que há necessidade imediata de aplicação da AAE para subsidiar o
processo de concessão de blocos exploratórios de modo a evitar impasses e conflitos
na etapa de licenciamento ambiental (AIA) dos projetos.
80
A interferência com a pesca artesanal é um dos principais impactos ambientais da pesquisa
sísmica marítima, conforme revisão realizada no Capítulo 2.
81
A recomendação de retirada de blocos das rodadas de licitação, por exemplo, é baseada
quase que exclusivamente na opinião técnica dos analistas ambientais que participam do grupo
de trabalho interno do IBAMA.
236
inferior à necessária, colocando em risco os ganhos de eficiência obtidos com a
Resolução CONAMA n° 350/04.
Assim, talvez não haja nesses países uma demanda exaustiva de mediação do
conflito com a atividade pesqueira caso-a-caso, pois a questão é tratada de forma
82
Para descrição do licenciamento segundo a Resolução CONAMA n° 350/04, ver item 5.5.
83
Considera-se, de um modo geral, que as questões ligadas à biota são equacionadas
mediante a implementação das medidas mitigadoras padronizadas pelo IBAMA.
237
mais continuada, com o suporte de fóruns institucionalizados com esse fim. Isso
explicaria em parte o sucesso do modelo canadense de avaliação apenas em nível
preliminar, com poucas oportunidades de participação pública. Já o caso da Noruega
ainda há um outro fator determinante: a própria legislação do setor petrolífero atribui
prioridade à atividade pesqueira no uso do espaço marítimo, de modo que, mesmo
sem a elaboração de estudos ambientais, a agência reguladora governamental da
pesca (Directorate of Fisheries) consegue impor restrições às atividades de petróleo e
gás – graças também ao conhecimento existente sobre a dinâmica da frota pesqueira
e dos recursos vivos explorados.
Por outro lado, o processo de avaliação detalhada que ocorre no Brasil ainda
se dá em um prazo muitas vezes incompatível com o planejamento do setor
petrolífero 85 . Apesar de muitas vezes os empreendedores cultivarem expectativas
irreais quanto ao tempo necessário para o licenciamento, o processo atual para águas
rasas (Classe 1) ainda é demasiadamente lento perante a experiência internacional.
Obviamente, o contexto brasileiro possui questões específicas que demandam maior
atenção do processo de avaliação, como a pesca artesanal, que não estão presentes
nas jurisdições com processo mais expedito. Mesmo assim, ainda parece possível
obter ganhos de eficiência que reduzam esse prazo sem prejuízo da qualidade da
avaliação ambiental (ver item 6.2).
84
A extrema complexidade dessa questão impede que ela seja aprofundada neste trabalho,
apesar de sua grande relevância.
85
Para conferir a média recente de tempo de licenciamento, ver item 5.6.1. Licenças emitidas.
238
pelas suas diretrizes voltadas à mitigação. Além de ter um dos pacotes de exigências
mais completos do mundo, a política brasileira de delimitação de áreas de restrição
temporária à atividade 86 (Baleia Jubarte, Baleia Franca, Quelônios e Peixe-boi) tem
sido bastante enaltecida e recomendada por especialistas em conservação marinha
(Weir et al., 2006; Dolman e Brensing, 2007; Jasny, 2007; Weir e Dolman, 2007).
Tabela 18: Comparação entre algumas diretrizes regulamentares de mitigação das jurisdições
selecionadas. Adaptado de Weir e Dolman (2007).
Zona de
Espécies- Observadores de Requisitos de Áreas de
Jurisdição segurança
alvo biota marinha observação restrição
(shut down)
Observação Recomenda
1 observador qualificado
Apenas obrigatória durante 30 planejamento
e aprovado pelo DFO
Canadá baleias* e minutos pré-disparos. 500 m para evitar
(qualificação não
tartarugas Coleta adicional de áreas/períodos
definida)
dados opcional. sensíveis
Para peixes e
Não se
Noruega Nenhuma Nenhum Não se aplica atividade
aplica
pesqueira**
Talvez isso seja reflexo, dentre outras razões, da grande extensão costeira do
Brasil e da conseqüente diversidade biogeográfica das bacias sedimentares marítimas
onde ocorre a exploração petrolífera. Esta variedade de circunstâncias obrigou o órgão
ambiental brasileiro a desenvolver uma visão bastante completa das questões
associadas à atividade. Provavelmente não há outra jurisdição no mundo que precise
86
Weir e Dolman (2007) afirmam que a única outra jurisdição a definir claramente áreas de
restrição para a atividade de pesquisa sísmica é a Austrália (na região chamada Great
Australian Bight). As autoras certamente desconhecem o caso da Noruega, onde também são
definidas áreas de restrição à pesquisa sísmica (ver item 4.3.2).
239
equacionar tantas variáveis como ocorre no caso brasileiro – peixes, cetáceos,
quelônios, sirênios, crustáceos, pesca artesanal, pesca empresarial, turismo, unidades
de conservação de proteção integral, unidades de conservação de uso sustentável,
etc.
240
Tabela 19: Síntese dos aspectos positivos e negativos do modelo brasileiro de avaliação
ambiental de pesquisas sísmicas marítimas frente à experiência internacional analisada.
241
Tabela 20: Média mensal de pesquisas sísmicas simultâneas na costa brasileira após a
abertura do mercado. Fonte: elaborada a partir de dados fornecidos por Cosme Peruzzolo, ex-
presidente da IAGC Brasil em 2006.
Média de
Ano
pesquisas/mês
1999 7,6
2000 11,7
2001 6,2
2002 5,6
2003 3,1
2004 1,6
2005 1,9
2006 2,4
Atualizado até outubro/2006.
242
licenciamento é geralmente visto como um indicativo de sucesso para o modelo em
análise.
Assim, de nada adiantaria uma redução nos prazos legais para o licenciamento
se esta não viesse acompanhada de mudanças estruturais nos procedimentos e no
suporte humano e tecnológico aos procedimentos. No caso em análise, aconteceu o
inverso: apesar de a Resolução CONAMA n° 350/04 manter os 180 dias de prazo (1
ano para EIA/RIMA), as modificações nos procedimentos resultaram em redução
significativa dos prazos do licenciamento (Figura 64).
Tempo
Tempo Médio
Médio de
de Licenciamento
Licenciamento
350
350
314,5
314,5
(dias)
Licenciamento(dias)
300
300
deLicenciamento
250
250 222,7
222,7
202,3
202,3
200
200
156,3
156,3
150 129,2
129,2
150
Médiode
108,5
108,5 105,7
105,7
TempoMédio
100
100
52,4
52,4
Tempo
50
50
5 6 6 12 13 8 6 12
00
1999
1999 2000
2000 2001
2001 2002
2002 2003
2003 2004
2004 2005
2005 2006
2006
Figura 64: Evolução anual do tempo médio de licenciamento de pesquisas sísmicas marítimas
no Brasil. A Resolução CONAMA n° 350/04 entrou em vigor em novembro/2004. Os números
em branco representam a quantidade de licenças expedidas no ano.
87
Na história recente do IBAMA, um fator importante a afetar os prazos de licenciamento é a
ocorrência de greves dos servidores. Entre 2003 e 2007, foram 4 paralisações – quase uma por
ano.
243
350/04 foi a simplificação do licenciamento das operações em águas profundas (mais
de 200 metros), mediante a dispensa do procedimento detalhado de Avaliação de
Impacto Ambiental. Assim, essas pesquisas sísmicas, enquadradas na Classe 3 de
licenciamento, têm sido aprovadas em um prazo muito menor que as demais. A média
de tempo gasto para licenciar as 13 pesquisas sísmicas de Classe 3 propostas entre
novembro/2004 e janeiro/2007 foi de 78,9 dias, descontando o tempo necessário para
elaboração de complementações pelo empreendedor. Nesse período considerado, as
pesquisas de Classe 3 representaram cerca de 60% do total da demanda do
licenciamento.
244
- a revisão de todos os Termos de Referência, especialmente aquele
voltado à elaboração de EIA/RIMA (Classe 1), buscando identificar e remover
exigências supérfluas para focar o licenciamento nas questões relevantes de subsídio
à decisão 88 .
245
trabalham nas empresas de sísmica e nas empresas que prestam consultoria
ambiental a elas. Em um ambiente relativamente restrito de participantes, como o
mercado brasileiro de pesquisas sísmicas 89 , o processo de aprendizado e acúmulo de
experiência é especialmente relevante. Desse modo, se as diretrizes do órgão
ambiental forem suficientemente transparentes e coerentes ao longo do tempo, a
tendência é que a elaboração dos estudos e projetos ambientais e o próprio
planejamento da operação sejam cada vez mais adequados aos olhos da autoridade
ambiental, proporcionando maior agilidade e eficiência ao processo de licenciamento.
89
Atualmente existem 6 empresas no Brasil com atividades no ambiente marítimo: CGG,
Veritas, PGS, WesternGeco, Fugro e GX Technology – sendo que CGG e Veritas estão em
processo de fusão para formar a CGGVeritas. O IBAMA ainda interage com freqüência com a
Petrobras, principal contratante de serviços de sísmica.
246
Triagem
90
Ver detalhes do enquadramento no item 5.5.1.
91
Além de Bancos de Dados do MMA, como o SIGERCOM – Sistema de Informações do
Gerenciamento Costeiro e Marinho e o SisREVIZEE (ainda em estruturação), há a
possibilidade de “oficialização” do conteúdo do BAMPETRO (www.bampetro.on.br). Esse
processo está atualmente em discussão entre as partes interessadas.
247
Definição do Escopo (Scoping)
248
formalizaram qualquer crítica aos documentos ou reivindicaram a justa participação na
sua confecção – o que pode ser entendido como uma anuência tácita à definição do
escopo do licenciamento realizada privativamente pelo órgão ambiental.
92
Nota-se que, assim como o estudo ambiental, os documentos gerados na análise técnica,
como Pareceres Técnicos, também deveriam primar pela clareza na comunicação. No entanto,
isso nem sempre é conseguido, com prejuízos significativos em termos de tempo e recursos
despendidos em complementações e revisões dos estudos.
249
de conceitos idênticos com terminologias diferentes ao longo do estudo, ou ainda
afirmações contraditórias na descrição de determinado compartimento ambiental.
Existe ainda uma questão que se coloca como pano de fundo da discussão
sobre a qualidade dos EIAs ou EASs: o estudo ambiental está sendo utilizado como
um verdadeiro instrumento de auxílio ao planejamento e à decisão ou é tratado
apenas como um documento voltado ao atendimento formal a requisitos pré-
estabelecidos?
93
Obviamente, se o estudo ambiental deve ser focado nas questões relevantes, a análise
técnica também deve evoluir nesse sentido, evitando a solicitação de revisões e
complementações desnecessárias à tomada de decisão.
250
diagnóstico do meio socioeconômico normalmente possui informações relevantes para
a implementação do projeto de comunicação social ou de compensação da atividade
pesqueira, mas o desenho dos projetos em si já está consolidado e o estudo tem
pouca ou nenhuma interferência neles. Como lidar com essa questão da perda de
utilidade, ainda que parcial, de partes do estudo ambiental é um assunto que precisa
ser resolvido em breve. O desafio maior parece ser tornar o estudo ambiental um
documento enxuto, objetivo e informativo sem, contudo, restringir a sua capacidade de
identificação de novos aspectos relevantes nem a possibilidade de inovação nas
medidas mitigadoras e de monitoramento.
Participação Pública
251
- Ocorrem muito tarde no processo de AIA, quando muitas
decisões importantes sobre o projeto já foram tomadas;
252
do processo de licenciamento são iniciativas que poderiam trazer benefícios à
avaliação ambiental dessas pesquisas sísmicas.
Mesmo que esse dilema não tenha solução óbvia nem imediata, alguns pontos
podem ser trabalhados para aperfeiçoamento do processo:
Acompanhamento pós-licença
253
Uma das principais expectativas do IBAMA quando da aprovação da
Resolução CONAMA n° 350/04 era que a partir da simplificação do licenciamento em
águas profundas (Classe 3), da revisão dos TRs e da elaboração dos guias de apoio
ao licenciamento, a equipe técnica iria ter mais disponibilidade para realizar o
acompanhamento das licenças concedidas. Essa expectativa até hoje não foi
concretizada, continuando a etapa de acompanhamento pós-licença restrita à análise
de relatórios ambientais após o encerramento da atividade e alguns eventuais
acompanhamentos presenciais a bordo do navio em operação – o que é atualmente
exceção, quando deveria ser regra.
254
Camamu/Almada, no início de 2004 94 . Outra possibilidade também já testada em
algumas situações é a utilização de servidores do IBAMA local para auxiliar no
acompanhamento das atividades. Porém, ambas as sugestões necessitam da
definição dos mecanismos de relatoria e comunicação dos resultados e de algum tipo
de treinamento prévio.
94
Um relatório produzido pelos próprios representantes das comunidades descrevendo as
atividades de acompanhamento pode ser acessado em www.ilhaboipeba.org.br/mac.html.
255
CONCLUSÃO
256
Além dessa modificação estrutural no processo, diversas alterações foram
realizadas nos procedimentos ligados ao processo de licenciamento, incluindo a
revisão e padronização de diretrizes e a elaboração de documentos de apoio ao
licenciamento.
Com isso, foi possível reduzir de forma substancial o tempo necessário para o
licenciamento das atividades com baixo potencial de impacto ambiental – aquelas
realizadas em águas profundas e distantes da costa, sem interferência com
ecossistemas sensíveis ou atividades socioeconômicas relevantes (Classe 3 da
Resolução CONAMA nº350/04).
257
Observa-se ainda que as principais inovações introduzidas a partir da
Resolução CONAMA n° 350/04 – triagem de iniciativas de impacto significativo e
padronização de diretrizes de mitigação e monitoramento – assim como diversas
recomendações para aperfeiçoamento do modelo aplicado às pesquisas sísmicas
marítimas podem servir de subsídio à modernização de processos de avaliação
ambiental de outras tipologias de atividades potencialmente causadoras de impactos
ambientais.
258
RECOMENDAÇÕES
259
- Fomentar a viabilização de um Banco de Dados Ambientais
Georreferenciados junto às instâncias governamentais para suporte ao
processo de avaliação de impacto ambiental.
260
REFERÊNCIAS
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BOWLES, A.E.; SMULTEA, M.; WURSIG, B.; DEMASTER, D.P. e PALKA, D. 1994.
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Comunicações pessoais
284
ANEXO - RESOLUÇÃO CONAMA N° 350/04
285
III - enquadramento: estabelecimento de classe em que se encontram as atividades
em relação ao licenciamento ambiental, com base na Ficha de Caracterização das
Atividades - FCA;
IV - ficha de caracterização das atividades-FCA: documento sentado pelo
empreendedor, em conformidade com o modelo indicado pelo Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA, em que são descritos os
principais elementos que caracterizam as atividades e sua área de inserção e são
fornecidas informações acerca da justificativa da implantação do projeto, seu porte e a
tecnologia empregada, os principais aspectos ambientais envolvidos e a existência ou
não de estudos e licenças ambientais emitidas por outras instâncias do governo;
V - termo de referência-TR: documento fornecido pelo IBAMA ao empreendedor, em
que são estabelecidas as diretrizes, o conteúdo mínimo e a abrangência dos estudos
ambientais necessário ao licenciamento da atividade de aquisição de dados sísmicos;
VI - embarcação sísmica: embarcação equipada com fonte sísmica, unidade de
registro, cabos sismográficos e equipamentos acessórios, utilizada especificamente
para as atividades de aquisição de dados sísmicos;
VII - embarcação assistente: embarcação que acompanha a embarcação sísmica com
a finalidade de evitar possíveis interferências com outras embarcações que estejam
operando na região;
VIII - embarcações de apoio: embarcações empregadas no transporte de pessoal e de
material, em apoio à operação da embarcação sísmica no mar;
IX - área de sensibilidade ambiental: área de concentração de espécies marinhas e
costeiras, de importância ecológica, social, cultural e econômica;
X - plano de controle ambiental de sísmica - PCAS: documento elaborado pelo
empreendedor que prevê as medidas de controle ambiental da atividade de aquisição
de dados sísmicos;
XI - estudo ambiental de sísmica - EAS: documento elaborado pelo empreendedor que
apresenta a avaliação dos impactos ambientais não significativos da atividade de
aquisição de dados sísmicos nos ecossistemas marinho e costeiro;
XII - relatório de impacto ambiental de sísmica - RIAS: documento elaborado pelo
empreendedor que apresenta a síntese do EAS em linguagem acessível aos
interessados, demonstrando as conseqüências ambientais da implementação das
atividades de aquisição de dados sísmicos;
XIII - Licença de Pesquisa Sísmica - LPS: ato administrativo pelo qual o IBAMA
autoriza e estabelece condições, restrições e medidas de controle ambiental que
devem ser seguidas pelo empreendedor para a realização das atividades de aquisição
de dados sísmicos;
XIV - audiência pública: reunião pública com o intuito de explanar aos interessados
sobre a atividade de aquisição de dados sísmicos, visando dirimir dúvidas e recolher
críticas e sugestões a respeito.
286
Art. 4° O licenciamento ambiental das atividades de aquisição de dados sísmicos
marítimos e em zonas de transição deve obedecer às seguintes etapas:
I - encaminhamento da FCA por parte do empreendedor;
II - enquadramento das atividades pelo IBAMA, considerando as seguintes classes:
a) Classe 1 - Levantamentos em profundidade inferior a 50 metros ou em áreas de
sensibilidade ambiental, sujeitos à elaboração de PCAS e EAS/RIAS;
b) Classe 2 - Levantamentos em profundidade entre 50 e 200 metros, sujeitos à
elaboração de PCAS e EAS/RIAS;
c) Classe 3 - Levantamentos em profundidade superior a 200 metros, sujeitos à
elaboração de PCAS;
III - emissão do TR pelo IBAMA, no prazo de 15 (quinze) dias úteis, contados da data
de protocolo da solicitação;
IV - entrega da documentação pelo empreendedor, juntamente com o requerimento da
LPS;
V - atendimento pelo empreendedor de esclarecimentos e informações
complementares, caso solicitados, no prazo máximo de 4 (quatro) meses, contados do
recebimento da respectiva notificação, prazo esse passível de prorrogação, desde que
justificado, acordado com o IBAMA e requerido até 30 (trinta) dias antes de sua
expiração;
VI - manifestação do IBAMA pelo deferimento ou indeferimento da LPS.
§ 1° O órgão ambiental competente terá o prazo de 6 (seis) meses a contar do ato de
protocolo de requerimento até o seu deferimento ou indeferimento, ressalvados os
casos em que houver Estudo de Impacto Ambiental-EIA e seu respectivo Relatório de
Impacto Ambiental-RIMA, quando o prazo será de 12 meses.
§ 2º A contagem do prazo previsto no §1º será suspensa durante a elaboração dos
estudos ambientais complementares ou preparação de esclarecimentos pelo
empreendedor.
§ 4° O TR é estabelecido pelo IBAMA, em conjunto com o empreendedor, com
detalhamento compatível com as classes de enquadramento previstas no inciso II.
§ 5° As informações apresentadas durante o processo de licenciamento devem ser
sistematizadas em banco de dados coordenado pelo IBAMA.
§ 6° Quando a atividade sísmica for considerada pelo IBAMA como potencialmente
causadora de significativa degradação ambiental deverá ser exigida, de forma
motivada, a apresentação de EIA/RIMA.
287
§ 3° Na reunião técnica informativa será obrigatório o comparecimento do
empreendedor, das equipes responsáveis pela elaboração do EAS/RIAS, e de
representantes do órgão ambiental competente.
§ 4° Qualquer pessoa poderá se manifestar por escrito no prazo de quarenta dias da
publicação do requerimento de licença nos termos desta Resolução cabendo o órgão
ambiental juntar as manifestações ao processo de licenciamento ambiental e
considerá-las na fundamentação da emissão da licença ambiental.
Art. 8° O IBAMA deve definir por meio de ato administrativo as áreas e os períodos de
restrição periódica, temporária ou permanente para a realização das atividades de
aquisição de dados sísmicos marítimos e em zonas de transição.
Art. 10. A renovação da LPS deve ser requerida com a antecedência a ser
estabelecida na respectiva licença.
§ 1° Caso o prazo estabelecido seja insuficiente para a conclusão da avaliação do
pedido de renovação da LPS pelo IBAMA, este deve comunicar ao empreendedor o
prazo necessário à conclusão da avaliação do pedido, bem como o de prorrogação da
validade da LPS.
Art. 12. Esta Resolução entra em vigor 90 (noventa) dias após a data de sua
publicação oficial, prazo em que o IBAMA e os empreendedores devem se adequar
aos procedimentos previstos nesta Resolução.
MARINA SILVA
Presidente do Conselho
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