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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Graduação em Administração

Leandro Vitor Alves

LICENCIAMENTO AMBIENTAL:
Um estudo do processo de obtenção da licença ambiental no
Estado de Minas Gerais

Poços de Caldas
2014
ALVES, Leandro Vitor. Licenciamento Ambiental: Um estudo do processo de
obtenção da licença ambiental no Estado de Minas Gerais. Revista Gestão &
Conhecimento: PUC Minas, Poços de Caldas, MG, v. 7, n. 2, p. 1-81, 2014.
Leandro Vitor Alves

LICENCIAMENTO AMBIENTAL:
Um estudo do processo de obtenção da licença ambiental no
Estado de Minas Gerais

Monografia apresentada ao Curso de


Administração da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, campus Poços de
Caldas, como requisito parcial para obtenção
do título de Bacharel em Administração.

Orientadora: Profª. M.Sc. Maria Teresa Mariano

Poços de Caldas
2014
Leandro Vitor Alves

LICENCIAMENTO AMBIENTAL:
Um estudo do processo de obtenção da licença ambiental no Estado de Minas
Gerais

Monografia apresentada ao Curso de


Administração da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, campus Poços de
Caldas, como requisito parcial para obtenção
do título de Bacharel em Administração.

Profª. M. Sc. Maria Teresa Mariano (Orientadora) – PUC Minas

Profª. M. Sc. Alessandra Valim Ribeiro – PUC Minas

Profº. Dr. Francisco de Paula Oliveira – PUC Minas

Poços de Caldas/MG, 20 de Novembro de 2014


Dedico este trabalho à minha esposa e aos
meus filhos que muito pacientemente
abdicaram-se de minha companhia noturna
durante quatro longos anos, até que o conjunto
da obra fosse concluído.
AGRADECIMENTOS

Merecem meus elogios e especiais agradecimentos todos aqueles que de


forma direta ou indiretamente contribuíram para os resultados desta pesquisa, em
especial minhas amigas e amigos:
Maria Teresa Mariano, professora, mestra em ciências da engenharia
ambiental, pessoa que aceitou orientar-me de forma motivadora;
Alessandra Valim Ribeiro, professora, mestra em administração, que me
mostrou caminhos claros e objetivos para a construção da pesquisa;
Bruno Carlos Pena, engenheiro ambiental, policial militar de meio ambiente
em Poços de Caldas/MG, pelo compartilhamento dos conhecimentos técnicos da
engenharia ambiental e práticos da atividade de fiscalização ambiental;
Reinaldo Martins Bazílio policial militar de meio ambiente que serve em Poços
de Caldas/MG, chefe da seção de planejamento de emprego operacional e
estatística da 18ª Companhia da Policia Militar Independente de Meio Ambiente e
Trânsito, pelos vários exemplos práticos de aplicação da lei e suas controvérsias.
Gilson de Oliveira Wenceslau, grande conhecedor do direito ambiental,
policial militar de meio ambiente, por ter me apresentado esse campo de
conhecimento tão valoroso.
Diego Vicente Gonçalves Alves, policial militar de Minas Gerais, estudante de
Direito, pelas opiniões e observações que sempre vão além da normalidade.
Todos aqueles que mesmo indiretamente contribuíram com a pesquisa.
Desta vez, não haverá uma arca de Noé que salve alguns e deixe perecer
os demais. Ou nos salvamos todos, ou nos perderemos todos.
(Leonardo Boff, 2014)
Este mundo esta podre, e quem apodreceu junto com ele deve morrer!
(Light Yagami, Death Note, 2003).
RESUMO

Preservar e cuidar do meio em que se vive é uma premissa essencial para a


existência humana, fator que não pode ser diferenciado para os empreendimentos
que geram impactos negativos ao meio ambiente. Tendo em vista as relações de
homem, empresa e natureza, esta pesquisa se propôs a estudar o complexo
processo de licenciamento ambiental do Estado de Minas Gerais. Para tanto, foram
utilizadas várias bibliografias que englobaram assuntos das áreas técnicas, legais e
práticas sobre a questão e também foram entrevistados empreendedores e agentes
públicos que de alguma forma estão envolvidos com assuntos ambientais. O
trabalho resultou uma descrição detalhada do processo de licenciamento ambiental
utilizado no Estado de Minas Gerais acrescido de informações importantes sobre os
tipos de licença, o método de classificação dos empreendimentos e a apresentação
dos custos financeiros do processo legal em contraponto as penalidades que o
empreendedor esta sujeito em caso de não cumprimento das normas legais pré-
estabelecias. Findado o processo analítico conclui-se que a máquina pública possui
um procedimento de licenciamento ambiental bem elaborado, mas ainda, moroso e
burocrático e que existem divergências gritantes entre a legislação ambiental federal
e estadual, principalmente quanto a autorização ambiental de funcionamento e sobre
a certidão de dispensa, elementos que não atendem na sua essência o fator mais
importante que é a proteção e a preservação do meio ambiente.

Palavras-chave: Meio Ambiente. Licença Ambiental. Licenciamento Ambiental.


Gestão Ambiental.
ABSTRACT

Preserve and care for the environment in which we live is an essential premise for
human existence, a factor that cannot be differentiated for projects that generate
negative environmental impacts. In view of the relations of man and nature now, this
research set out to study the complex process of environmental licensing in the state
of Minas Gerais. To this end, several bibliographies that encompassed issues of
technical, legal and practice on the issue areas and entrepreneurs and public officials
who are somehow involved with environmental issues also were interviewed were
used. The work resulted in a detailed description of the environmental licensing
process used in MG plus important information about license types, the method of
classification of projects and the presentation of the financial costs of the legal
process, against the penalties that the entrepreneur is subject if of non-compliance
with pre-estabelecias legal standards. Termination to the analytical process is
concluded that the public system has a well-developed environmental licensing
procedure, but still lengthy and bureaucratic and that there are glaring differences
between the federal and state environmental laws, especially regarding
environmental operating permit and the certificate layoff, elements that do not meet in
essence the most important factor is the protection and preservation of the
environment.

Keywords: Environment. Environmental License. Environmental licensing.


Environmental Management.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figuras:
Figura 1 – Método de classificação dos empreendimentos e atividades em MG, 2014
................................................................................................................................. 45
Figura 2 – Fluxograma do processo de regularização ambiental de MG, 2014 ........ 52

Quadros:
Quadro 1 - Custos da regularização ambiental em MG – Listagens A, B, C, D, E e F
da DN 74/2004 ......................................................................................................... 54
Quadro 2 - Custos da regularização ambiental em MG - Listagem G da DN 74/2004
................................................................................................................................. 54
Quadro 3 - Outros custos da regularização ambiental em Minas Gerais .................. 55
Quadro 4 - Valores de multas para infrações contrarias a lei 7.772/80, MG/2014 .... 56
LISTA DE SIGLAS

AAE – Avaliação Ambiental Estratégica


AAF – Autorização Ambiental de Funcionamento
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
AIA – Avaliação de Impacto Ambiental
AIPRA – Análise Interdisciplinar do Processo de Regularização Ambiental
ART – Anotação de Responsabilidade Técnica
CAR – Cadastro Ambiental Rural
CF – Constituição Federal (1988)
CO2 – Dióxido de Carbono
CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente
CONFEA – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
COPAM – Conselho Estadual de Política Ambiental
CREA/MG – Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais
CTE – Cadastro Técnico Estadual
DN – Deliberação Normativa
EIA – Estudos de Impacto Ambiental
EPIA – Estudo prévio de impacto ambiental
EPIA/RIMA – Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo Relatório de Impacto
Ambiental
FCE – Formulário de Caracterização do Empreendimento
FEAM – Fundação Estadual de Meio Ambiente
FOB – Formulário de Orientação Básica
IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE – Instituto brasileiro de Geografia e Estatística
IEF – Instituto Estadual de Florestas
IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática
LI – Licença de Instalação
LIC – Licença de Instalação Corretiva
LO – Licença de Operação
LOC – Licença de Operação Corretiva
LP – Licenças Prévia
MG – Minas Gerais
MMA – Ministério do Meio Ambiente
MP – Ministério Público
NBR – Norma Brasileira
NEPA – National Environmental Policy Act (Lei de Política Nacional do Meio
Ambiente dos Estados Unidos da America)
PCA – Plano de Controle Ambiental
PEA – Plano de Educação Ambiental
PNMA – Política Nacional de Meio Ambiente
PNRH – Política Nacional de Recursos Hídricos
PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos
PRAD – Plano de Recuperação de Área Degradada
PUC – Pontifícia Universidade Católica
PUC Minas - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
RCA – Relatório de Controle Ambiental
RIMA – Relatório de Impacto ambiental
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEF – Secretaria de Estado da Fazenda
SEMA – Secretaria de Meio Ambiente
SEMAD – Secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
SGA – Sistema de Gestão Ambiental
SISEMA – Sistema Estadual de Meio Ambiente
SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente
SUPRAM SUL – Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável do Sul de Minas Gerais
SUPRAM’s – Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável – SUPRAM’s
TAC – Termos de Ajustamento de Conduta
UEMG – Universidade do Estado de Minas Gerais
UFEMG – Unidade Fiscal do Estado de Minas Gerais
UFLA – Universidade Federal de Lavras
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
URC – Unidade de Regional Colegiada
USA - United States of America (Estados Unidos da America)
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 23
1.1 Problema............................................................................................................ 24
1.2 Objetivos ............................................................................................................ 24
1.2.1 Objetivo geral .................................................................................................. 24
1.2.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 24
1.3 Justificativa ........................................................................................................ 25

2 CARACTERIZAÇÃO DO SETOR AMBIENTAL ..................................................... 26


2.1 No Brasil ............................................................................................................ 26
2.2 No Estado de Minas Gerais ............................................................................... 26

3 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 28


3.1 Marcos do histórico ambiental ............................................................................ 28
3.1.1 No mundo ....................................................................................................... 28
3.1.2 No Brasil ......................................................................................................... 30
3.1.3 No Estado de Minas Gerais............................................................................. 32
3.2 Legislação ambiental brasileira .......................................................................... 33
3.2.1 O que é impacto ambiental?............................................................................ 33
3.2.2 Os instrumentos de proteção e preservação ambiental ................................... 34
3.2.3 Principais legislações ...................................................................................... 35
3.3 O Processo administrativo ................................................................................. 37
3.4 Importância aos administradores ....................................................................... 38

4 METODOLOGIA ................................................................................................... 40
4.1 Caracterização da pesquisa ............................................................................... 40
4.2 Amostra.............................................................................................................. 40
4.3 Instrumentos da pesquisa .................................................................................. 41

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 42


5.1 Os fatos e os dados ........................................................................................... 42
5.1 1 Tipos de licença ambiental .............................................................................. 42
5.1.2 Método de classificação dos empreendimentos e atividades .......................... 43
5.1.3 O processo de licenciamento ambiental de Minas Gerais ............................... 45
5.1.4 Custos do processo de licenciamento ambiental de Minas Gerais .................. 53
5.1.5 Custo das penalidades .................................................................................... 55
5.2 Divergências percebidas .................................................................................... 58
5.2.1 Divergências no processo ............................................................................... 58
5.2.2 Divergências nas normas ................................................................................ 63
5.3 Cinco exemplos práticos de como burlar o sistema ............................................ 68
5.4 Contos da fiscalização ....................................................................................... 69
5.5 Cinco vantagens de ser ambientalmente correto................................................ 70

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 72

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 76
23

1 INTRODUÇÃO

O Brasil possui uma Política Nacional de Meio Ambiente desde 1981,


estabelecida através da lei 6.938/81 e baseada em princípios do direito ambiental
internacional, tais como o princípio da prevenção e precaução. Para a sua
efetivação, esta política nacional estabeleceu doze instrumentos de gestão cuja
concepção foi a de instrumentos de ação e instrumentos de apoio. Dos instrumentos
de ação tem-se o licenciamento ambiental e a avaliação de impacto ambiental.
(AB’SABER, 2002)
Para conhecer melhor estes instrumentos, o presente projeto de pesquisa
visa estudar todo o processo de licenciamento ambiental desenvolvido no Estado de
Minas Gerais, tendo como campo de pesquisa a área de competência da
Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Sul
de Minas Gerais (SUPRAM SUL). Trata-se de uma pesquisa de natureza
participativa, de objetivos descritivos, abordagem qualitativa e de procedimentos
bibliográficos e documentais. Leitura, comparações, análises, discussões e
entrevistas não estruturadas de forma narrativa foram os instrumentos
metodológicos utilizados para desenvolver a arte de ser pesquisador. A arte de
pesquisar coloca o ser humano mais próximo da realidade do mundo. Mundo este,
que hoje passa por momentos críticos como nunca antes foram vistos. Catástrofes
ambientais acontecem em todas as regiões do globo e vitimam inúmeros seres vivos
todos os dias, inclusive o ser humano. Vive-se hoje uma fase de decisões que irão
definir o quanto a vida na terra será prolongada. Cabe aos profissionais de todas as
áreas, em especial os administradores, unirem seus esforços em atendimento ao
clamor mundial pela elaboração de um novo modelo vida sustentável. O novo
modelo de vida não pode ser leviano e deve passar obrigatoriamente pela quebra
dos atuais paradigmas culturais, sociais e econômicos, permeia os conceitos de
sustentabilidade mundial e se torna concreto quando desperta-se a percepção para
um planeta que está morrendo. As decisões não podem mais ser meramente
“discursos políticos”. Se nada for feito agora, em breve não haverá um mundo
saudável onde se possa viver com dignidade e paz.
24

1.1 Problema

Por imposições legislativas, em observância ao clamor público de uma melhor


qualidade de vida e devido à necessidade gritante de preservação do meio
ambiente, faz-se necessário que todos, em especial os administradores e
empreendedores, conheçam e saibam como utilizar as ferramentas legais e técnicas
para que as atividades em que estiverem inseridos se mantenham economicamente
viáveis ao mesmo tempo em que não impactem agressivamente o meio ambiente e
a sociedade circunvizinha.
Para que tais exigências sejam atendidas, no Brasil é obrigatório que os
empreendimentos que consomem recursos naturais e os que sejam capazes de
causar modificações prejudiciais no meio ambiente, possuam uma licença ambiental
para exercerem suas atividades. Diante de tal situação, questiona-se: Como os
empreendedores obtém a licença ambiental para exercerem suas atividades
empresariais?

1.2 Objetivos

Objetivo se define por aquilo que se espera alcançar ao final do


desenvolvimento de uma determinada ação. Esta pesquisa tem os seguintes
objetivos:

1.2.1 Objetivo geral

Analisar o processo de obtenção da licença ambiental no Estado de Minas


Gerais na área de competência da Superintendência Regional de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável do Sul de Minas Gerais (SUPRAM SUL).

1.2.2 Objetivos específicos

São etapas para se atingir o objetivo geral da pesquisa:


a) Descrever o processo de licenciamento ambiental realizado no Estado de
Minas Gerais;
25

b) Confrontar os aspectos práticos e legais relacionados à obtenção da


licença ambiental;
c) Pontuar as possíveis divergências existentes entre a prática e as normas.

1.3 Justificativa

Essa pesquisa destina-se a estudar o processo de obtenção da licença


ambiental, elemento complexo e que bloqueia a inserção ou permanência de
determinados empreendimentos e atividades no mercado atual. A pesquisa sobre o
tema proposto abrange importância em três esferas distintas: Social, Cientifica e
Pessoal.
Vive-se hoje, uma era onde o “TER” e muito mais valorado que o “SER”. O
consumismo desenfreado é a todo tempo estimulado por um marketing agressivo
que martela, principalmente nas mentes em formação, que só se é feliz quando se
consome. Porém, a recomposição dos recursos naturais não acompanha o devorar
cotidiano de bens e sua consequente geração de lixo. Para tentar proteger os
recursos existentes e regrar o uso do planeta foram criadas legislações de proteção
ao meio ambiente, instituídos órgão de regulamentação, deliberação, consultivos e
de fiscalização o que exige constantes atualizações e estudos.
Os estudos do meio ambiente se mostram cada vez mais em evidência, mas
não somente nos campos de conhecimento diretamente associados como a biologia,
a agronomia ou a pecuária, por exemplo. Podemos encontra-lo tomando grandes
proporções e gerando especialistas em todos os ramos e áreas de atuação, como
por exemplo, no direito ambiental, nas consultorias e auditorias ambientais, na
logística reversa, nos ramos da engenharia e várias outras. Isso mostra que o
assunto vem se alargando, gerando conhecimento e oportunidades.
Considerando toda a importância que o meio ambiente representa na vida dos
seres vivos, torna-se importante os profissionais atuantes no ramo da Administração
também conheçam e saibam como lidar profissionalmente com situações ambientais
dentro das organizações onde atuarem, pois as empresas devem sim continuar
sendo rentáveis e cumprindo sua função social, mas o meio ambiente também tem o
direito de continuar vivo.
26

2 CARACTERIZAÇÃO DO SETOR AMBIENTAL

Apesar de muito comentado e discutido por especialistas de todos os ramos


de conhecimento, o assunto ainda é pouco compreendido e vasto em possibilidades
acadêmicas, profissionais e de estilos variados de vida. Compreenda melhor o
assunto, entendendo sua dinâmica no Brasil e no Estado de MG.

2.1 No Brasil

País localizado na América do Sul, vasto em diversidade biológica, de clima


predominantemente tropical e com uma flora espantosa, que atrai pesquisadores de
todo o globo. Abriga também um dos povos mais amistosos do mundo, devido a
ampla diversidade sociocultural que o forma. É um local quase mítico, devido a
quantidade de experiência que podem ser vividas e pela quantidade de belíssimos
locais que podem ser visitados. Um local tão esplêndido merece toda atenção
possível dos governantes e residentes para que possa ser preservado e protegido.
Em 1981 a Política Nacional de Meio Ambiente – PNMA institui o Sistema Nacional
do Meio Ambiente – SISNAMA, que tem o papel de proteger e melhorar a qualidade
do meio ambiente através dos vários órgãos que o compõe. Para que as
competências do SISNAMA pudessem ser cumpridas, foram criados o EIA – Estudo
de Impacto Ambiental e as Licenças Ambientais com finalidade de auxiliar o poder
público a controlar os empreendimentos capazes de causar impactos lesivos ao
meio ambiente, inclusive para as obras realizadas pelo próprio governo.
O processo de licenciamento ambiental brasileiro em âmbito federal é
realizado pelo IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis e é regulamentado pelo CONAMA – Conselho Nacional do
Meio Ambiente. Porém cada Estado membro da federação brasileira tem
competência para realizar os processos de licenciamento ambiental que não sejam
expressamente competência da União.

2.2 No Estado de Minas Gerais

Estado brasileiro localizado na região sudeste do País. Possui 853 municípios


e uma população estimada em 20.734.097 habitantes, cerca de 33 habitantes por
27

km², segundo dados extraídos do censo 2010 do Instituto brasileiro de Geografia e


Estatística – IBGE. Geograficamente está localizado numa das zonas mais
economicamente favorecidas do país, pela proximidade com o Estado de São Paulo
e pela ampla disponibilidade de recursos naturais. É um Estado promissor, que atrai
muitos investimentos, esbarrando apenas nas altas tributações. Possui um dos
melhores sistemas de compras públicas do país, onde todos os processos licitatórios
do Estado são centralizados num único portal eletrônico, sendo considerado um
modelo para outros Estados.
No tocante a administração ambiental, o Estado se organiza através do
Sistema Estadual de Meio Ambiente – SISEMA, que divide MG em 9 grandes
territórios chamados de Superintendências Regionais de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável – SUPRAM’s, que são coordenadas pela Secretária
de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD. Seu
objetivo é integrar e viabilizar a comunicação e as atividades entre os vários órgão e
instituições que estão sob a administração do governo estadual e que possuem em
comum aspectos de defesa do meio ambiente. Os empreendedores que desejarem
se instalar em MG devem se adequar a todo um sistema de regularização ambiental
próprio do Estado, que possui uma complexidade de leis e regulamentos de controle
dos empreendimentos e atividades que podem causar danos ao meio ambiente.
28

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Considerando o aumento populacional no planeta, a constante evolução


tecnológica e a era vivência da era do consumismo, torna-se cada vez mais evidente
que o meio ambiente corre sérios riscos. Tomando como exemplo os Estados
Unidos da América – USA, a preocupação com os estudos de impacto ambiental
iniciaram-se em 1969 através da National Environmental Policy Act – NEPA (Lei de
Política Nacional do Meio Ambiente), contudo, tratava-se de uma avaliação
unilateral, onde se considerava apenas o meio biofísico 1. (OLIVEIRA; MONTANÕ;
SOUZA; et al, 2009, p. 23-26).

3.1 Marcos do histórico ambiental

Em todas as partes do mundo, ativistas ambientais e certos governantes tem


manifestado sua preocupação com questões de cunho ambiental, em especial
aquelas que refletem impacto direto na continuidade da espécie humana. Perceba
alguns destes fatos que marcaram a historia de defesa do meio ambiente.

3.1.1 No mundo

Nos tempos mais antigos “O Senhor Deus tomou o ser humano e o colocou
no jardim de Édem, para que o cultivasse e guardasse.” (Gênesis 2, 15). A bíblia é
uma coletânea de livros que além de trazerem valiosas lições de vida
independentemente da crença religiosa, sustenta fatos históricos que são
transmitidos de geração a geração. Logo no primórdio dos tempos o Senhor Deus
deixou bem claro o papel da raça humana em relação ao meio ambiente – Cultivar e
Guardar. Ou seja, utilizar os recursos naturais para a sobrevivência da humanidade
e guarda-los, preserva-los, protegê-los para que não viessem a faltar. O que parece
não ter dado muito certo no decorrer da história.
Em 1962 foi publicado o livro “Primavera Silenciosa” pela bióloga marinha
Raquel Carson (USA,  1907 † 1964). Sua obra denunciava os males causados
pelos lançamentos descontrolados de substancias tóxicas no meio ambiente pelas

1
Biofísica é o estudo interdisciplinar da biologia e da física.
29

indústrias químicas de inseticidas e outros produtos sintéticos. É um livro clássico


dos movimentos em defesa do meio ambiente. Outro livro de repercussão ambiental
foi lançado em 1967 com o título “Design With Nature” (Projeto com a natureza)
onde o autor Ian L. McHarg (Reino Unido,  1920 † 2001) constatou que fatores
econômicos acarretam uma avaliação imperfeita do mundo biofísico e propôs a
inserção de componentes ambientais no planejamento espacial e de uso e ocupação
do solo. Desde então, os fatores ambientais passaram a integrar as preocupações
de alguns tomadores de decisão. (OLIVEIRA; MONTANÕ; SOUZA; 2009, p. 127).
Em 1970 institui-se na América (USA) normas de controle da poluição do ar
com foco na saúde do trabalhador, suscitando a lei 84-159 de 1955. (BRAGA et al,
2005, p. 232). Logo depois, em 1972, a degradação ambiental tornou-se mais
evidente, o que conduziu à realização, em Estocolmo, da 1ª Conferência das Nações
Unidas sobre o Ambiente Humano. (BRAGA et al, 2005 apud Harrington; Knight,
2001, p. 287). Foi um momento de muita reflexão sobre o futuro do mundo e que
transmitiu uma mensagem positiva em relação à possibilidade de projetar e
implementar estratégias de desenvolvimento ambiental mais adequadas.
(OLIVEIRA; MONTANÕ; SOUZA; 2009 apud SACHS, 1994, p. 128). Como resultado
da conferência, foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente –
PNUMA. (BRAGA et al, 2005, p. 287). Na mesma década, 1977, a Organização das
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – UNESCO realizou a primeira
conferência intergovernamental sobre educação ambiental que foi realizada em
Tbilisi, Capital da Geórgia.
Em 1987 a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
publicou o relatório intitulado “Nosso Futuro Comum”, o qual consagrou a expressão
“Desenvolvimento Sustentável”, além de estabelecer com bastante clareza o papel
das empresas na gestão ambiental. (BRAGA et al, 2005, p. 287). No ano seguinte
(1988) ocorreu na cidade canadense de Toronto a primeira reunião com líderes de
países e classe científica para discutir sobre as mudanças climáticas do planeta.
Chegou-se a conclusão que as mudanças climáticas têm um impacto que somente
poderia ser superado por uma guerra nuclear. (BRASIL ESCOLA, 2014). Pouco
tempo após este dois eventos, em 1990, foi criado o Painel Intergovernamental
sobre Mudança Climática – IPCC. Foi o primeiro mecanismo de caráter científico
com a intenção alertar o mundo sobre o aquecimento global. Ficou constatado que o
30

dióxido de carbono (CO2) emitido pela queima de combustíveis fósseis é o principal


causador do fenômeno. (BRASIL ESCOLA, 2014).
Até então as decisões de caráter ambiental eram tomadas somente por
pessoa que ocupavam cargos governamentais. Mas em 1994 a sociedade
americana (USA) passou a ter importância nos processos decisórios relativos as
intervenções humanas no meio ambiente, balanceando os aspectos sociais com os
biofísicos na tomada de decisões empresariais. (OLIVEIRA; MONTANÕ; SOUZA; et
al, 2009, p. 23-26). Pouco tempo após esta mudança de postura foi assinado o
Protocolo de Kyoto (1997). A convenção serviu para firmar o compromisso, por parte
dos países do norte (ditos desenvolvidos), em reduzir a emissão de gases. No
entanto, não são concretos os meios pelos quais serão colocadas em prática as
medidas de redução e se realmente todos envolvidos irão aderir. (BRASIL ESCOLA,
2014). Daí em 2004 os assuntos ligados à saúde pública americana (USA)
passaram a integrar as discussões sobre as atividades que alteram a qualidade do
meio ambiente. (OLIVEIRA; MONTANÕ; SOUZA; et al, 2009, p. 23-26). E em 2005,
com a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto, criou-se uma nova oportunidade de
negócios. Surge o mercado dos “Créditos de Carbono”. As empresas classificadas
como poluidoras podem receber um crédito de carbono para cada tonelada de
dióxido de carbono (CO2) que deixarem de produzir. Os créditos são negociados em
dólar nas diversas bolsas de valores do mundo. (BRASIL ESCOLA, 2014).

3.1.2 No Brasil

O histórico ambiental brasileiro teve inicio em 1934 com a edição do código


florestal e do código das águas que traziam conceitos para a utilização dos recursos
naturais de forma racional, mas não citava conceitos para sua preservação.
(SANTOS2, 2014). Trinta anos depois, a partir de 1964 o legislativo brasileiro
retomou a edição de leis que versavam sobre o meio ambiente, a primeira foi a lei
4.504/64 e que institui o Estatuto da Terra. Logo depois em 1965 e anos seguintes
destacaram-se: A reformulação do Código Florestal (Lei 4.771/65), o Código de

2
Paula Fernandes dos Santos é superintendente regional de regularização ambiental do Alto São
Francisco em Minas Gerais. Bióloga (Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG, 2008),
especialista em gestão ambiental intergrada (Pontifícia Universidade Catolica de Minas Gerais – PUC
Minas, 2011). Atualmente é mestranda no curso de Tecnologias e Inovações Ambientais da
Universidade Federal de Lavras – UFLA (2014).
31

Caça (5.197/67), o Código de Pesca (Decreto-Lei 221/67) e de Código de Mineração


(Decreto-Lei 227/67), mesmo assim, eram apenas diplomas legais voltados para a
questão administrativas e penais, sem que trouxessem instrumentos materiais e
processuais que garantissem a reparação efetiva de danos causados ao meio
ambiente. (GARCIA, 2012, p. 21). Ainda em 1967, no Rio de Janeiro/RJ houve a
primeira menção sobre Licenças Prévia, de Instalação e de Operação (LP, LI, LO),
através do Decreto-Lei nº 1.633/67. (SANTOS, 2014)
As atividades de proteção ambiental no Brasil iniciaram-se efetivamente
através dos trabalhos da Secretaria de Meio Ambiente – SEMA, em 1973, como uma
das consequências tiradas de sua participação na Conferência de Estocolmo em
1972. (CHARLES; SOBRAL, 2002 in AB’SABER, 2002. p.85).
Em 1975 foi criado o Decreto-Lei 1.413/75 que se dispunha contra a poluição
industrial, definindo normas e padrões ambientais para poluentes emitidos por estes
empreendimentos. (BRAGA et al, 2005, p. 233). Ao mesmo tempo no Rio de
Janeiro/RJ foi editado o Decreto-Lei 134/75, versando sobre a autorização prévia
para atividades real ou potencialmente poluidoras. (SANTOS, 2014).
O ano de 1981 se tornou um marco na história jurídica do Brasil em relação à
proteção do meio ambiente. Tal importância se deu em razão da criação da Política
Nacional de Meio Ambiente – PNMA, instituída pela lei 6.938/81 que, segundo Braga
e outros (2005), recebeu um status de constituição por ter organizado de forma clara
a política ambiental, criado o Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA e ter
ampliado os poderes fiscalizadores e punitivos do Ministério Público. Acompanhando
a PNMA, em 1987 houve a instituição da Política Nacional de Recursos Hídricos –
PNRH pela lei federal 9.433/87.
No ano de 1988 foi reformulado todo ordenamento jurídico brasileiro através
da instituição da atual Constituição Federal (CF/88). Uma das principais mudanças
foi a definição de um artigo específico para cuidar do meio ambiente, o artigo 225.
No ano seguinte (1989) aconteceu uma reorganização geral da Secretária de Meio
Ambiente – SEMA, que a partir de então, foi incorporada ao Instituto Brasileiro de
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. (CHARLES;
SOBRAL, 2002 in AB’SABER, 2002. p.86). Logo depois em 1990, houve a
regulamentação da PNMA pelo decreto federal 99.274/90. (SANTOS, 2014).
Em 1992 aconteceu a ECO-92, uma conferência que reuniu na cidade do Rio
de Janeiro, mais de 160 líderes de Estado. Sobre a conferência, Braga e outros
32

(2005) afirmam que foi novamente enfatizada a necessidade de uma maior


integração entre meio ambiente e desenvolvimento, demonstrando que o nosso
modo de atuação ainda despertava preocupação. Os participantes discutiram
exaustivamente a eficácia dos instrumentos existentes e a necessidade de sua
reformulação para que possam realmente conduzir ao desenvolvimento sustentável.
Cinco anos mais tarde, em 1997, aconteceu a RIO+5, a criação da agenda 21
brasileira e foi editada pelo CONAMA a resolução 237/97 que estabeleceu novas
normas nacionais para o processo de licenciamento ambiental brasileiro. Nos anos
de 2012 e 2013 o Brasil foi palco da conferencia mundial chamada RIO+20. Foi a
oportunidade de vários governantes se reunirem e retomarem as discussões sobre o
meio ambiente, aquecimento global e especialmente discutir questões voltadas para
a mudanças dos atuais hábitos e alterar o curso da humanidade ruma a uma vida
mais sustentável. O encontro aconteceu em meio a um fervoroso debate enquanto o
legislativo brasileiro instituía o novo código florestal no ordenamento jurídico do país,
através da lei 12.651/12.

3.1.3 No Estado de Minas Gerais

No Estado mineiro a historia de preservação do meio ambiente teve início em


1962 com a criação o Instituto Estadual de Florestas – IEF, pela lei 2.606/62 e em
1988 foi criada a Fundação Estadual de Meio Ambiente – FEAM, pelo decreto
28.163/88. No mesmo ano, foi criada a CF/88 que deu origem a edição da
Constituição Estadual de Minas Gerais (CE/89), que ao moldes da CF/88 dedicou
partes de seu texto à defesa do meio ambiente. Anos depois, em 1995 foi criada a
Secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD
pela lei 11.903/95. (SANTOS, 2014). Que logo depois em 1997 deu origem ao
Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM, pela lei 12.584/97.
Ao publicar a Deliberação Normativa 74 em 2004, o Estado mineiro alterou as
normas de classificação dos empreendimentos para o licenciamento ambiental do
Estado e regulamenta a figura da Autorização Ambiental de Funcionamento – AAF,
prevista pelo art. 8º da lei estadual 7.772/80. Em 2008 publica o decreto estadual
44.844/08 que estabeleceu normas para o licenciamento ambiental e da AAF,
tipificando e classificando as infrações ambientais, estabeleceu procedimentos
administrativos de fiscalização e aplicação de penalidades. (MINAS GERAIS, 2008).
33

Acompanhando a política nacional, em 2009 foi criada no Estado de Minas


Gerais a Política Estadual de Resíduos Sólidos através da lei 18.031/09 que
estabeleceu normas para a destinação final de produtos, subprodutos e resíduos
gerados pelas empresas.
Já na atualidade, as leis delegadas 140/11, 179/11 e 180/11 alteraram a
estrutura orgânica da SEMAD, tornando todos os órgãos envolvidos nos processos
ambientais do Estado vinculados a ela, cada qual por meio de sua própria
subsecretaria, definiram competências e instrumentos de cooperação institucional.
(SANTOS, 2014). Foi aprovada a nova política florestal pela lei 20.922/13 e em 2014
foi publicada a resolução 2.088/14 pela SEMAD, que criou um grupo de estudos com
finalidade de avaliar e propor novas estratégias e procedimentos de análise dos
processos de regularização ambiental em MG. O prazo para apresentação dos
resultados findou-se em 04 de setembro de 2014, mas foi prorrogado por mais 90
dias.

3.2 Legislação ambiental brasileira

Os diplomas legais do Brasil, no que tange as questões ambientais, trazem as


seguintes definições:

3.2.1 O que é impacto ambiental?

Numa linguagem figurada a palavra “impacto” pode ser definida como algo
que causa um “choque” e numa linguagem mais culta é definida como uma colisão
entre dois ou mais corpos. A lei estadual 7.772/80 acompanhada da resolução
CONAMA 01/86 definem “impacto ambiental” como sendo:

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio


ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a
segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e
econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio
ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais. (CONAMA, 1986).

Os impactos ambientais estão diretamente relacionados à forma que o ser


humano utiliza os recursos naturais, os processa, deles tira o proveito que deseja e
34

os devolve na forma de resíduos para que a natureza os absorva. Esta relação até
certo grau é possível e sustentável. Porém com o passar do tempo e com o aumento
da comodidade humana, o planeta já não consegue mais gerar recursos o suficiente
para atender a crescente demanda e nem consegue mais absorver de maneira sadia
a quantidade de resíduos devolvidos. Neste ponto, Braga e outros (2005)
esclarecem que “é irreal querer aumentar o conforto sem produzir impactos
negativos. Se algum lado ganhou é porque outro perdeu. A natureza é equilibrada”.

3.2.2 Os instrumentos de proteção e preservação ambiental

Dos instrumentos de proteção e preservação ambiental instituídos pela


PNMA, dois deles merecem especial atenção e serão objetos de estudo desta
pesquisa, são eles: a AIA – Avaliação de Impactos Ambientais e o procedimento de
Licenciamento Ambiental.
A AIA é uma das peças legais mais importantes na composição do
procedimento de licenciamento ambiental e a razão destes dois instrumentos
trabalharem juntos é simples:

Evitar que um projeto justificável sob o prisma econômico ou em relação


aos interesses imediatos de seu proponente, se revele, depois, nefasto ou
catastrófico para o meio ambiente. Valoriza-se, na plenitude, a vocação
essencialmente preventiva do direito ambiental, expressa na conhecida
máxima: é melhor prevenir do que remediar. (MILARÉ, 2002 in AB’SABER,
2002, p. 53)

Licenciamento Ambiental “é o procedimento administrativo por meio do qual o


órgão ambiental competente licencia a implantação, ampliação e operação de
empreendimentos potencialmente causadores de degradação ambiental”. (CÂMARA
DOS DEPUTADOS, 2002).
Licença Ambiental é o documento emitido pelo órgão ambiental competente
quando finalizado o procedimento de licenciamento ambiental. Este documento
atesta a regularidade ambiental do empreendimento para que possa funcionar suas
atividades de forma ambientalmente legalizada.
AIA é um processo formal para prever e elencar os possíveis efeitos que
serão causados por um determinado empreendimento ao mesmo tempo em que são
planejadas as formas de mitigar e monitorar estes impactos. No Brasil, este
processo é realizado através do Estudo Prévio de Impacto Ambiental, previsto no
35

artigo 225, inciso IV da CF/88. Para o empreendimento o estudo deve ser encarado
como sendo parte de uma Avaliação Ambiental Estratégica - AAE, que permite ao
empreendedor melhorar suas tomadas de decisões, elaborar soluções de forma
mais rentáveis e sustentáveis, ser melhor reconhecido pela comunidade onde estiver
inserido, dentre outras vantagens. No âmbito internacional o AIA e amplamente
difundido, defendido e estudado pelo “IAIA – International Association for impact
assessment”, (Associação Internacional de Avaliação de Impacto) tamanha é sua
importância no cenário mundial.

3.2.3 Principais legislações

Vastas e complexas são as legislações que tratam o assunto. A Constituição


Federal de 1988 prevê em seu artigo 225:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de


uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações. (BRASIL,1988).

A Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais – FEAM (2003)


relata que os legisladores da Constituição Federal de 1988 e da Constituição Mineira
de 1989 concordam que o meio ambiente e um patrimônio de suma importância para
a manutenção da qualidade de vida na Terra e consagraram sua preservação como
obrigação constitucional de todos. Deste ato, fortaleceu-se a obrigatoriedade da
realização estudos de impacto ambiental (EIA 3) e a correspondente elaboração de
um relatório de impacto ambiental (RIMA), antecedendo a instalação de novos
empreendimentos, além da obrigação de recuperar áreas degradadas pelos
empreendimentos e atividades que já estão em funcionamento, conforme inciso IX
do artigo 214 da Carta de Minas combinado com a resolução 01/86 do Conselho
Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) e com a lei federal 6.938/81, que instituiu a
Política Nacional de Meio Ambiente no bojo legislativo da federação brasileira.
Segundo Ab’Saber (2002), as principais leis de proteção ambiental no âmbito
federal são:

3
EIA – Vários autores utilizam a expressão “EIA” para se referir ao Estudo de Impacto Ambiental,
sendo esta expressão divergente da que consta no artigo 225, parágrafo 1º, inciso IV da CF/88,
sendo descrita como Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EPIA. (BRASIL, 1988).
36

a) Lei Federal 6.803 de 02 de julho de 1980. Dispõe sobre o zoneamento


industrial nas áreas críticas de poluição. Foi a primeira vez que se levantou
a ideia de realização de estudos de impacto ambiental no Brasil.
b) Lei Federal 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política
Nacional de Meio Ambiente (PNMA). Elevou o EIA à categoria de
instrumento de controle de projetos que possam causar danos ao meio
ambiente.
c) Decreto Federal 88.351 de 1° de junho de 1983. Regulamentou a lei
6.938/81 vinculando o EIA aos processos de licenciamento ambiental que
passa a ser administrado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente
(CONAMA).
d) Resolução CONAMA 01 de 23 de janeiro de 1986. Regulamentou o EIA,
definindo critérios básicos, diretrizes, definições, responsabilidades e
vinculou o EIA a um respectivo RIMA.
e) Resolução CONAMA 006 de16 de setembro de 1987. Estabelece regras
especiais para o licenciamento de obras de grande porte e regras para
empreendimentos em funcionamento anteriores a legislação ambiental.
f) Resolução CONAMA 009 de 03 de dezembro de 1987, porém publicada
no Diário Oficial da União em 05 de julho de 1990. Disciplinou as
audiências públicas como etapa do processo de licenciamento ambiental
com a participação da comunidade na análise do EIA/RIMA.
g) Constituição Federal de 05 de outubro de 1988. Marco do inicio de um
novo momento na história do Brasil. Em seu artigo 23, a federação
delibera poderes e responsabilidades iguais aos Estados, ao Distrito
Federal e aos municípios acerca do cuidado com a proteção ambiental,
combate a poluição e preservação das florestas, fauna e flora.
h) Decreto Federal 99.274 de 06 de junho de 1990. Visou adequar à Política
Nacional de Meio Ambiente a nova ordem constitucional, criou estações
ecológicas e áreas de proteção ambiental. Também regulamentou o
CONAMA e o processo de licenciamento ambiental.
Além das leis citadas por Ab’Saber (2002) e em consonância com a CF/88, os
Estados e Municípios são dotados de autonomia para legislar e instituir regras de
controle e proteção do meio ambiente dentro de sua área de atuação, não podendo
as legislações hierarquicamente inferiores serem menos restritivas que as leis
37

hierarquicamente superiores, conforme o princípio da hierarquia das leis e


supremacia da constituição, previsto no artigo 59 da CF/88.

3.3 O Processo administrativo

Processo administrativo é o caminho que os documentos devem percorrer


internamente nas repartições públicas até que o pleito do interessado seja deferido
ou não.

O licenciamento ambiental é o procedimento administrativo pelo qual o


órgão ambiental autoriza a localização, instalação, ampliação e operação de
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais,
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob
qualquer forma, possam causar degradação ambiental. (MINISTÉRIO DO
MEIO AMBIENTE, 2013).

O Ministério do Meio Ambiente – MMA posicionou-se de maneira muito


objetiva quanto à obrigatoriedade do licenciamento ambiental. Os empreendedores
que desejarem instalar um empreendimento ou exercer alguma atividade que
consuma recursos naturais ou que possa causar danos ao equilíbrio ambiental
devem adequar seu projeto às exigências do respectivo processo de licenciamento
ambiental, sob as penas da lei por descumprimento de qualquer uma das normas
pré-estabelecidas ou condicionantes impostas pelo órgão licenciador.
O EPIA e a confecção de seu respectivo RIMA são uma das etapas do
processo de licenciamento ambiental. Segundo Santos (2004), os países
subdesenvolvidos quase nunca realizam os devidos estudos de impacto e quando o
fazem, objetivam mais a necessidade do empreendedor em viabilizar sua atividade
do que analisar e atender as necessidades diretas e indiretas da região onde se
pretende instalar o empreendimento.
Segundo a FEAM (2002, p. 41), o licenciamento ambiental é o principal
instrumento de controle ambiental que existe no País e no Estado de MG, pois “[...]
propicia além de ações preventivas – no caso de novos empreendimentos – ações
educativas e corretivas para aqueles que se instalaram ou iniciaram sua operação
em desacordo com a legislação ambiental [...]”.
Adequar-se as exigências ambientais, segundo Braga e outros (2005), não
satisfaz apenas questões ecológicas, satisfaz também questões de ordem
econômica, quando o empreendimento consegue atender à maior quantidade das
38

demandas que a sociedade valoriza, utilizando a menor quantidade possível dos


recursos que são escassos. Atender a demanda e consumir o mínimo possível de
recursos disponíveis é o ideal de qualquer empreendedor. São requisitos essenciais
para obtenção de um maior lucro e da permanência do empreendimento no mercado
competitivo.

3.4 Importância aos administradores

Segundo Domiciano (2011) citando Fayol ( 1841 † 1925), planejar é uma


das funções básicas do profissional em Administração, seguida de organizar, dirigir,
controlar e comandar. Todo novo empreendimento que almeja alcançar o sucesso
deve necessariamente passar por uma etapa de planejamento de qualidade. Com
base neste raciocino é imprescindível que os profissionais de administração insiram
em seus roteiros de planejamento dos novos empreendimentos a figura da licença
ambiental. Segundo Santos (2004, p. 38), “[...] o planejamento costuma ser
idealizado dentro de uma analise sistêmica, integrada e continuada [...]” O
administrador deve então, descobrir outras áreas do conhecimento, integra-las ao
seu cotidiano e não limitar o licenciamento ambiental a apenas a aquisição de mais
um documento. O licenciamento ambiental exige acompanhamento contínuo de
todos os setores do empreendimento.
Para aqueles que não desejarem se adequar as normas ambientais, em 12 de
fevereiro de 1998 foi promulgada a lei federal 9.605, conhecida como “Lei de Crimes
Ambientais”, que prevê sanções penais e administrativas para as pessoas físicas ou
jurídicas que por atos ou omissões concorrerem lesivamente contra a qualidade do
meio ambiente. A citada lei alerta os profissionais da administração em seu capitulo
primeiro, sendo expressamente clara no artigo 2°:

Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos


nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua
culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho
e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de
pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de
impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la. (BRASIL, 1998).

A lei 9.605/98 não deixa dúvidas quanto à responsabilização de todos aqueles


que contribuírem na conduta delituosa contra o meio ambiente, ainda que
omissivamente. Os artigos seguintes, do mesmo capitulo, vem aumentar o poder de
39

responsabilização por parte do Estado ao agressor do meio ambiente, narrando que


“[...] a responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas,
autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato [...]” (BRASIL, 1998) e acrescenta
que toda vez que a personalidade jurídica for obstáculo para o ressarcimento do
prejuízo ambiental, esta poderá ser desfeita e alcançar o responsável enquanto
pessoa física, por meio do princípio da desconsideração da pessoa jurídica.
Princípio este, que tem sido amplamente utilizado pelos promotores de justiça ao
oferecerem suas denúncias.
Para garantir que as penas civis e penais sejam aplicadas com exatidão, a lei
6.938/81(PNMA) declarou a figura do Ministério Público Federal e dos Estados como
curadores do meio ambiente, munindo-os com legitimidade para a responsabilização
daqueles que causarem danos ao meio ambiente. Para os casos de infrações
administrativas contra o meio ambiente ficaram os órgãos federais, estaduais e
municipais pertencentes ao Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) a cargo
da aplicação de sanções pecuniárias e restritivas de direito. (BRASIL, 1981).
40

4 METODOLOGIA

Metodologia de pesquisa, segundo Severino (2002), consiste na realização de


atividades estruturadas de caráter operacional técnico para se chegar à resolução
de um problema. Esta pesquisa foi realizadas com as seguintes características:

4.1 Caracterização da pesquisa

As características da pesquisa são:


a) Quanto à natureza: Pesquisa participativa. Com vistas a contribuir no
crescimento profissional e acadêmico do pesquisador.
b) Quanto aos objetivos: Pesquisa descritiva. Visa analisar e descrever o
processo de licenciamento ambiental do Estado de Minas Gerais,
observando os procedimentos realizados na área de competência da
SUPRAM SUL, durante o ano de 2014.
c) Quanto à abordagem: Pesquisa qualitativa. Visa analisar, comparar e
pontuar possíveis divergências entre as normas, procedimentos e opiniões
das pessoas envolvias com o assunto. Descreve o processo teórico
confrontado com os dados empíricos.
d) Quanto aos procedimentos: Pesquisa bibliográfica e documental como
forma de ampliar o conhecimento teórico sobre o assunto. Pesquisa de
campo, considerando-se o contato direto e levantamento de informações
junto a entes públicos, empresas e pessoas que de algum modo
trabalham, que sofrem influência ou possuem conhecimento sobre o
assunto.

4.2 Amostra

Considerando a enorme dimensão territorial sob-responsabilidade da


SUPRAM SUL, os debates ocorreram com um público alvo das cidades onde
existem núcleos de atendimento ambiental e postos de fiscalização ambiental, pela
facilidade de acesso as informações. Sendo as principais: Poços de Caldas (Sede
da 18ª Companhia da Polícia Militar de Meio Ambiente e Trânsito) e Passos.
41

4.3 Instrumentos da pesquisa

Para operacionalizar a pesquisa, serão utilizados os seguintes instrumentos:


a) Levantamento da legislação ambiental pertinente ao assunto;
b) Levantamento da bibliografia ambiental;
c) Levantamento de manuais do tipo “passo a passo”;
d) Debates e conversas informais com agentes da administração pública que
realizam avaliação, aprovação e a fiscalização de licenciamentos
ambientais pelo critério de facilidade de acesso, sendo estes participantes,
citados nos agradecimentos desta pesquisa;
e) Verificação dos custos do processo de licenciamento ambiental;
f) Pontuação de outras informações implícitas e percebidas ao longo da
pesquisa.
42

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Após a realização dos procedimentos de coleta de dados, separação e


classificação por assuntos específicos, foram alcançados os seguintes resultados:

5.1 Os fatos e os dados

A análise dos levantamentos realizados será apresentada em 2 blocos


distintos. O primeiro visa apresentar o funcionamento do atual modelo de
licenciamento ambiental que esta vigente no Estado de MG. Serão apresentados os
tipos de documentos que atestam a regularidade ambiental, os métodos de
classificação dos empreendimentos, a descrição detalhada do processo de
licenciamento ambiental e seus respectivos custos. O segundo bloco visa pontuar os
conflitos percebidos entre o processo prático e nas normas ambientais.

5.1 1 Tipos de licença ambiental

A definição inspirada pela resolução CONAMA 237/97, por outros


regulamentos, apoiada por vários legisladores e também pelos membros do
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais –
CREA/MG (2010), diz que:

“Licenciamento ambiental é o procedimento administrativo por meio do qual


o órgão ambiental competente licencia a implantação, ampliação e
operação de empreendimentos potencialmente causadores de degradação
ambiental”. (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2002).

Ao final do procedimento, o empreendedor que cumprir todas as condições


legais e técnicas requeridas pelo órgão ambiental, receberá sua respectiva licença
ambiental, ou seja, receberá “o documento pelo qual o órgão ambiental competente
atesta a regularidade ambiental do empreendimento”. (SEBRAE, 2008).
Segundo a legislação federal, o procedimento de licenciamento ambiental e
dividido em três fases distintas: Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de
Operação. Cada uma das licenças possui uma finalidade especifica, um tempo de
execução, validade e peculiaridades próprias. A resolução CONAMA 237/97 define
43

as licenças ambientais (LP, LI e LO) como instrumentos de controle a serem


utilizados pelo poder público e detalha suas finalidades como sendo:

a) Licença Prévia (LP) – Concedida na fase de planejamento do


empreendimento ou atividade. Aprova sua localização, concepção e
estabelece os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas
próximas fases de sua implementação.
• Validade: Até 4 anos. É importante que o empreendedor tenha um
cronograma bem elaborado para escolher o melhor momento de
solicitar a LP.

b) Licença de Instalação (LI) – Atendidos os requisitos da LP, autoriza a


instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações
constantes nos planos, programas e projetos aprovados. Incluiu medidas de
controle ambiental e mais condicionantes.
• Validade: Até 6 anos.

c) Licença de Operação (LO) – Após verificação do efetivo cumprimento do que


consta das licenças anteriores (LP e LI), autoriza a operação da atividade ou
empreendimento com as medidas de controle ambiental e condicionantes
determinados para a operação.
• Validade (Classe 3 e 4): 6 anos.
• Validade (Classe 5 e 6): 4 anos.

5.1.2 Método de classificação dos empreendimentos e atividades

No Estado de Minas Gerais existe também um instrumento de controle


ambiental conhecido por Autorização Ambiental de Funcionamento – AAF. O
documento de “autorização” assemelha-se aos documentos de licença ambiental,
porém trata-se de um documento que atesta a regularidade ambiental dos
empreendimentos ou atividades considerados de pequeno porte e/ou de menor
potencial poluidor/degradador. A norma legal que regulamenta o processo de
licenciamento no Estado de MG é a Deliberação Normativa nº 74 de 09 de setembro
de 2004 (DN 74/04), editada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
44

Desenvolvimento Sustentável – SEMAD, através do Conselho Estadual de Política


Ambiental – COPAM. A DN 74/04 traz em seu prefácio a seguinte definição:

Estabelece critérios para classificação, segundo o porte e potencial poluidor,


de empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente
passíveis de autorização ou de licenciamento ambiental no nível estadual,
determina normas para indenização dos custos de análise de pedidos de
autorização e de licenciamento ambiental, e dá outras providências.
(CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA AMBIENTAL, 2004)

O Estado de MG, a partir da publicação da DN 74/04 passou a classificar e


enquadrar os empreendimentos e as atividades modificadoras do meio ambiente em
uma escala numérica contendo 6 classes distintas, sendo a classe 1, a de menor
potencial poluidor/degradador e a classe 6, a de maior potencial
poluidor/degradador. Os parâmetros de classificação e enquadramento variam de
acordo com a natureza da atividade do empreendimento. As classes surgem a partir
do cruzamento de dois critérios:
1º. Critério – Porte do empreendimento/atividade: Avalia-se nesse critério o
tamanho da empresa, a capacidade de produção, a capacidade instalada, a
capacidade de armazenamento, a área útil, o número de empregados, o faturamento
anual, dentre outros. O empreendimento/atividade pode ser classificado como sendo
de pequeno, médio ou grande porte.
2º. Critério – Potencial poluidor/degradador: Avalia-se nesse critério a capacidade
que o empreendimento ou atividade possui de causar danos ao meio ambiente. São
levados em consideração os possíveis danos que serão causados ao ar (inclusive
poluição sonora), as águas, ao solo e os possíveis efeitos causados nos meios
bióticos e socioeconômicos. O empreendimento/atividade pode ser classificado
como sendo de pequeno, médio ou grande potencial poluidor/degradador.
Aqueles empreendimentos/atividades que se enquadrarem nas classes 1 ou 2
estarão sujeitas ao procedimento de AAF e os que se enquadrarem nas classes 3, 4,
5 e 6 estarão sujeitas ao procedimento de licenciamento ambiental.
45

Figura 1 – Método de classificação dos empreendimentos e atividades em MG,


2014
Potencial poluidor/degradador
P M G
P 1 1 3
Porte do
M 2 3 5
empreendimento
G 4 5 6
Fonte: Conselho Estadual de Política Ambiental, 2004.

Sendo assim, uma determinada atividade que for classificada como sendo de
pequeno porte e de pequeno ou médio potencial poluidor/degradador será
enquadrada na classe 1 e um empreendimento que for classificado como sendo de
grande porte e de grande potencial poluidor/degradador será enquadrado na classe
6, por exemplo.
A fim de padronizar parâmetros de enquadramentos em todo Estado de MG,
o anexo único da DN 74/04 se encarregou de classificar, enquadrar e agrupar vários
tipos de empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente em 7
listagens distintas, sendo:

• Listagem A – Atividades Minerarias;


• Listagem B – Atividades Industriais / Indústria Metalúrgica e Outras;
• Listagem C – Atividades Industriais / Indústria Química;
• Listagem D – Atividades Industriais / Indústria Alimentícia;
• Listagem E – Atividades de Infraestrutura;
• Listagem F – Serviços e Comércio Atacadista;
• Listagem G – Atividades Agrossilvipastoris.

5.1.3 O processo de licenciamento ambiental de Minas Gerais

René Descartes, segundo Pacievith (2014), foi um filósofo, matemático e


físico francês que viveu de 1596 a 1650. Descartes defendia a teoria de que para se
entender algo, este algo, deveria ser fracionado ao máximo, suas partes analisadas
criteriosamente, as conclusões deveriam ser enumeradas e depois agrupadas
novamente, conseguindo-se assim compreender um todo através do estudo de suas
pequenas frações. Este método recebeu o nome de cartesianismo e é o que será
46

usado para realizar a análise do complexo procedimento de licenciamento ambiental


do Estado de Minas Gerais.

Qualquer projeto que possa desencadear efeitos negativos no meio


ambiente precisa ser submentido a um processo de licenciamento. De
acordo com sua localização e a natureza do projeto, a licença é concedida
pelo IBAMA ou por alguma outra secretária listada no SISNAMA,
geralmente estadual. (AB’SABER. 2002, p. 88 apud SEMA, 1982).

No trecho acima, Ab’Saber (2002) deixa claro o porquê de ser obrigatória a


realização de procedimentos de licenciamento ambiental. O cerne da questão é que
qualquer novo projeto com capacidade de causar efeitos negativos ao meio
ambiente deve ser previamente avaliado pelo poder público e pelas comunidades
que serão atingidas pelos efeitos econômicos, sociais e ambientais, direta e
indiretamente. Para optar-se ou não pela realização do procedimento de
licenciamento ambiental duas condições deveriam ser observadas – a localização e
a natureza do empreendimento ou atividade que o projeto se propõe a realizar.
Após esta introdução do pensamento de Ab’Saber (2002), perceba
cartesianamente como o procedimento de licenciamento ambiental funciona no
Estado de Minas Gerais. Ao detalhar o procedimento e necessário entender que
existem duas situações distintas:

• A primeira refere-se ao processo de obtenção da Licença de Operação


Corretiva – LOC, utilizada para regularização ambiental de empreendimentos
e atividades que já estão em funcionamento, que será apresentada mais
adiante.
• A segunda refere-se aos empreendimentos e atividades que ainda estão “no
papel”, são projetos que os empreendedores têm a intenção de realizar, mas
para tal, o poder público deve avaliar sua viabilidade ambiental. Para esse
segundo caso, é importante que o proponente do projeto esteja consciente do
caminho que deverá trilhar através dos seguintes passos:

1º. Passo: É aconselhável que o empreendedor contrate um profissional ou um


grupo de profissionais habilitados para auxilia-lo a elaborar um projeto
tecnicamente coerente aos regulamentos ambientais vigentes. Estes
profissionais deveram responder tecnicamente pelo empreendimento através
47

de sua Anotação de Responsabilidade Técnica, (A.R.T.) que é regulamentada


pela resolução nº 1.025 de 30 de outubro de 2009, elaborada pelo Conselho
Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CONFEA.

2º. Passo: Preencher corretamente o Formulário de Caracterização do


Empreendimento – FCE. O empreendedor devera acessar o site da SEMAD,
escolher a opção “Regularização Ambiental”, item “Formulários”, procurar o
formulário que se adéqua ao tipo de empreendimento ou atividade do projeto
proposto, baixar o arquivo e preenche-lo corretamente. No formulário são
informados os dados básicos de identificação da empresa, de seus
responsáveis, de suas finalidades e localização geográfica, mas em especial,
levanta a necessidade que a projeto terá em utilizar recursos hídricos, causar
supressão vegetal, desmatamento, intervir em áreas ambientalmente
protegidas ou utilizar-se do consumo de outros recursos naturais, além de
averiguar em casos específicos a necessidade de averbação da reserva legal.
O FCE também deixa esclarecido quais são as possíveis formas de
pagamento das custas do processo. Vale lembra que prestar informações
inverídicas constitui crime na forma do artigo 299 do código penal, onde a
punição é de 1 a 5 anos de reclusão e multa, sem prejuízo das punições
previstas na legislação ambiental especifica.

3º. Passo: Apresentar pessoalmente ou por meio de representante legal o FCE


preenchido na SUPRAM que possui responsabilidade territorial sob o
município onde se pretende executar o projeto. A SUPRAM tem o prazo
máximo de 10 dias para analisar o FCE e emitir um respectivo Formulário de
Orientação Básica – FOB. Porém, através de um sistema informatizado, o
empreendedor termina seu atendimento na SUPRAM com o seu respectivo
FOB em mãos. Para aquelas atividades que não estão listadas na DN 74/04 e
para aquelas que forem classificadas abaixo da classe 1, baseando-se nos
parâmetros informados no FCE, o empreendedor terá a opção de solicitar a
emissão de uma “Certidão de Dispensa” com um custo de impressão de R$
10,00 e vale por 4 anos.
48

4º. Passo: Receber o FOB – Neste formulário constam todos os documentos que
o empreendedor deverá providenciar e todas as atitudes que ele deverá
tomar para que seu projeto se alinhe aos regulamentos ambientais do Estado,
caso seja necessário. O FOB determinara se o procedimento a ser seguido
será o de licenciamento ou o de AAF. Segundo os termos do artigo 7º da
resolução SEMAD 412/05 o FOB tem validade de:
a) Até 120 dias quando o interessado tenha sido orientado a elaborar um
Relatório de Controle Ambiental – RCA e um Plano de Controle
Ambiental – PCA;
b) Até 180 dias quando o interessado tenha sido orientado a elaborar um
Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo relatório – EIA/RIMA;
c) 60 dias quando há necessidade apenas de outorga;
d) 360 dias quando o empreendimento for passível de AAF, nos casos de
empreendimentos em fase de instalação e planejamento e 30 dias para
aqueles que já estiverem em funcionamento;
e) Prazos especiais podem ser concedidos em razão das características
especificas do projeto, a critério do órgão ambiental.

Caso o prazo do FOB não seja suficiente, este poderá ser prorrogado
mediante solicitação escrita e justificada do interessado, pelo prazo máximo original
e uma única vez, a critério do órgão ambiental. A solicitação deve ser feita em
formulário próprio conforme o anexo único da resolução SEMAD 412/05, exceto se o
prazo tiver sido concedido em caráter especial. Na data de protocolização do pedido
de prorrogação de prazo o órgão ambiental pode cobrar complemento das custas do
processo, caso já tenham ocorrido os reajustes anuais.

5º. Passo: Realizar os pagamentos das taxas e verificar se não constam para a
empresa, seja física ou jurídica, débitos de natureza ambiental. Os débitos
podem ser referentes à: Multas, Termos de Ajustamento de Conduta – TAC,
custos de análise administrativa ou laboratorial, taxa ou multa por não
inscrição no Cadastro Técnico Estadual – CTE. O processo somente segue
para julgamento após a efetiva quitação de todos os débitos e taxas.
49

6º. Passo: Protocolar a entrega de todos os documentos requeridos no FOB,


formalizando assim o processo que será analisado pela SUPRAM. Na data da
protocolização, não serão formalizados os processo que estiverem com o
FOB vencido, que constarem débitos de natureza ambiental e/ou que faltarem
documentos exigidos expressamente no FOB, conforme artigo 11 da
resolução SEMAD 412/05.

7º. Passo: Após a formalização do processo a SUPRAM irá realizar a publicação


no Diário Oficial do Estado do pedido de Licenciamento Ambiental. Caso o
projeto seja passível de EPIA/RIMA será publicado também o Edital de
Audiência Pública, com prazo de 45 dias para manifestação dos órgãos,
grupos ou comunidades afetadas ou interessadas no projeto. Se o projeto for
passível de AAF devera ser confeccionado o Relatório de Controle Ambiental
- RCA. As Resoluções 06/86 e 281/01 do CONAMA estabelecem os critérios
para realização das publicações. O EPIA/RIMA encontra-se atualmente
regulamentado pela resolução 01/86 do CONAMA, onde é chamado de
EIA/RIMA. Já a realização de audiência pública do processo de licenciamento
ambiental é regulamentada pela resolução CONAMA 09/87 e pela DN 12/94.
Se o projeto for enquadrado nas classes 5 ou 6, conforme artigo 16 da DN
74/04, será necessária a estruturação de um Plano de Educação Ambiental –
PEA, regulamentado na DN 110/07. O processo formalizado, acompanhado
dos estudos realizados, será apreciado através da metodologia AIPRA
(Análise Interdisciplinar do Processo de Regularização Ambiental). A
Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEAM, o Instituto Estadual de
Florestas – IEF e o Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM, tem prazo
máximo de 90 dias para se manifestarem sobre o processo formalizado. Se
for caso de revalidação de LO o prazo é de 60 dias. Terminada a avaliação
integrada, o órgão ambiental deverá cientificar o requerente sobre o resultado
de seus pleitos, conforme artigo 8º, VI, da resolução SEMAD 390/05.

8º. Passo: Após a AIPRA, se o empreendimento for avaliado ambiental viável, o


empreendedor irá receber a LP. O empreendedor devera publicar em
periódico local de grande circulação que recebeu sua LP e cumprir as
exigências listadas no documento. Nesta fase é exigida a elaboração do
50

Plano de Controle Ambiental – PCA, contendo soluções para os impactos


ambientais que possivelmente serão causados pela instalação e operação do
empreendimento. O PCA é resultado do Relatório de Controle de Ambiental –
RCA e em casos específicos é resultado do EPIA/RIMA. A SUPRAM, através
de suas câmaras técnicas é a responsável pela realização dos estudos de
impacto ambiental mediante o pagamento de taxa especifica por parte do
proponente do projeto. A LP pode ter validade de até 4 anos.

9º. Passo: Quando as exigências da LP estiverem satisfeitas devera ser


preenchido um novo FCE, apresenta-lo SUPRAM e receber um novo FOB. O
procedimento tem objetivo de demonstrar ao órgão ambiental que as
exigências da LP foram cumpridas e de solicitar a LI. A SUPRAM analisará o
PCA elabora pelo empreendedor a partir dos estudos de impacto ambiental
decorrentes da instalação do empreendimento, que se for aprovado, o
empreendedor recebera sua LI. Ao receber a LI o empreendedor esta
autorizado a iniciar a instalação de seu empreendimento, segundo as
condições expressas no documento. Assim como na LP, a LI devera ser
publicada em periódico local. A LI pode ter validade de até 6 anos.

10º. Passo: Terminada a instalação, o empreendedor devera apresentar à


SUPRAM os documentos comprobatórios de quitação dos custos das
análises do processo e dos estudos de impactos ambientais realizados, a
certidão negativa de débitos ambientais, a publicação do recebimento da LI, a
comprovação da implantação do PCA e de outros documentos descritos no
FOB. Os documentos entregues serão analisados e o local da instalação será
visitado pelos técnicos do órgão ambiental para comprovação do
cumprimento das exigências. Se as condições forem satisfatórias, a SUPRAM
irá emitir parecer técnico favorável que a ampara a emissão da LO pela
Unidade Regional Colegiada – URC do COPAM. O empreendedor receberá
sua LO e seu empreendimento passará a estar licenciado para o início
ambientalmente legal de suas atividades. A LO tem validade de 4 anos para
as empreendimentos de classes 5 e 6 e validade de 6 anos para os de
classes 3 e 4.
51

11º. Passo: Em até 30 dias, a partir do inicio das atividades, o


empreendedor devera realizar a inscrição de seu empreendimento ou
atividade no Cadastro Técnico Estadual – CTE. O cadastro é obrigatório,
gratuito e preenchido via internet com impressão do formulário e guarda do nº
de protocolo. Os anexos I e II da lei 14.940/03 descrevem os empreendimento
e atividades que devem se cadastrar. Deixar de se cadastrar sujeita o
empreendedor às penalidades da legislação ambiental. Se as atividades
forem encerradas, o empreendedor devera comunicar o fato a FEAM por meio
eletrônico ou via oficio em até 30 dias. Caso o empreendimento seja instalado
em imóvel rural devera ser inscrito no Cadastro Ambiental Rural – CAR,
através de ambiente virtual. O CAR foi instituído pela lei 12.651/12 e gera
benefícios para os cadastrados, como: Obtenção de credito agrícola, linhas
especiais de financiamentos, seguros agrícolas, isenção de impostos para
aquisição de insumos, dentre outros.

12º. Passo: Renovação da LO – Quando faltarem 120 dias para o


vencimento da LO, o empreendedor devera preencher novo FCE solicitando a
renovação de sua LO a qual será dará publicidade pelo órgão ambiental.
Quando faltarem 90 dias para o vencimento da LO o empreendedor devera
formalizar um pedido de Avaliação de Desempenho Ambiental de
Revalidação, junta a Unidade de Regional Colegiada – URC do COPAM.
Conforme artigo 7º da DN 17/96. A perda dos prazos passa a exigir do
empreendedor a formalização de um processo de Licença de Operação
Corretiva – LOC.

Segue uma representação gráfica que resume as fases do processo de


regularização ambiental do Estado de Minas Gerais no formato de fluxograma:
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Figura 2 – Fluxograma do processo de regularização ambiental de MG, 2014


PROJETO

A.R.T

Preencher FCE

SIM NÃO
Classificação Regularização
pelo FOB Ambiental ?

Classe 1 e 2 Classe 3 e 4 Classe 5 e 6

Processo de Processo de Licenciamento


Autorização

Documentos EPIA/RIMA, Publicações e


Específicos da Audiência Pública
Atividade,
RCA/PCA

AIPRA - Análise
Interdisciplinar do Processo
de Regularização Ambiental

LP – Licença Prévia

LI – Licença de Instalação
AAF
Autorização
Ambiental de
Funcionamento LO – Licença de Operação Certidão de Dispensa

PEA – Programa de
Educação Ambiental

Cadastro Técnico Estadual – CTE


Cadastro Ambiental Rural - CAR

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.


53

Após terem sido apresentados os passos que o empreendedor deve seguir


para conseguir a licença ambiental dos empreendimentos que ainda estão no
projeto, se faz necessário apresentar como acontece à regularização ambiental de
empreendimentos e atividades que já estão na fase de instalação ou na fase de
funcionamento, porém sem anuência do órgão ambiental competente. Neste caso o
empreendedor deve tomar as seguintes atitudes no âmbito estadual:

1ª. Atitude: Preencher o FCE e apresenta-lo na SUPRAM.


2ª. Receber o FOB, providenciar os documentos e cumprir as exigências
descritas nele e posteriormente dirigir-se a SUPRAM para realizar a
formalização do processo.
3ª. Atitude: Pagar todas as taxas e os custos do processo.
4ª. Atitude: Após analise da SUPRAM, caso seja necessário, será determinado
ao empreendedor que realize uma serie de adaptações ambientais no
empreendimento, que deverão ser cumpridas a risca.
5ª. Atitude: Quando todas as exigências forem atendidas, se o empreendimento
estiver em fase de instalação o empreendedor recebera a Licença de
Instalação Corretiva – LIC (LP + LI) e prossegue-se o processo conforme
apresentado no passo-a-passo acima. Agora se o empreendimento já estiver
em funcionamento recebera uma Licença de Operação Corretiva – LOC, (LP
+ LI + LO) que atesta sua regularidade ambiental para continuar funcionando.

5.1.4 Custos do processo de licenciamento ambiental de Minas Gerais

A resolução conjunta SEMAD/IEF/FEAM nº 1.919 de 17 de setembro de 2013


estabeleceu os critérios para cálculo dos custos de análise de processos de
regularização ambiental no Estado de Minas Gerais, incluídos aqueles inerentes à
prorrogação do prazo de validade e os de revalidação. Os valores são expressos em
unidade fiscais do estado de MG – UFEMG. A Secretaria de Estado da Fazenda –
SEF, definiu através da resolução 4.618 de 2 de dezembro de 2013, que o valor de
cada UFEMG para o ano/exercício de 2014 é de R$ 2,6382 (dois reais, seis mil e
trezentos e oitenta e dois décimos de milésimos). A partir destes dados foram
confeccionados os quadros que demonstram os custos do processo de
regularização ambiental em MG para o ano de 2014, expressos em moeda corrente.
54

Quadro 1 - Custos da regularização ambiental em MG – Listagens A, B, C, D, E


e F da DN 74/2004
DN 74/04 - Listagem A – F
PROCEDIMENTO DE AUTORIZAÇÃO AMBIENTAL DE FUNCIONAMENTO
TIPO / CLASSE 1 2
AAF R$ 1.164,63 R$ 1.746,96
PROCEDIMENTO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL
TIPO / CLASSE 3 4 5 6
Licença Prévia- LP R$ 7.279,00 R$ 10.190,60 R$ 29.115,99 R$ 48.041,38
Licença de Instalação - LI R$ 4.367,41 R$ 5.823,19 R$ 20.381,20 R$ 29.115,99
Licença de Instalação Corretiva - LIC (LP+LI) R$ 11.646,41 R$ 16.013,79 R$ 49.497,20 R$ 77.157,38
Licença de Operação - LO R$ 9.462,70 R$ 12.374,29 R$ 23.292,80 R$ 32.027,59
Licença de Operação Corretiva - LOC (LP+LI+LO) R$ 21.109,11 R$ 28.388,09 R$ 72.790,00 R$ 109.184,97
EPIA/RIMA R$ 8.734,79 R$ 10.918,51 R$ 32.027,59 R$ 49.497,20
Revalidação de LO R$ 9.462,70 R$ 12.374,29 R$ 23.292,80 R$ 32.027,59
Fonte: Dados da pesquisa, 2014

O quadro acima compreende os valores para realização da regularização


ambiental dos empreendimentos e atividades listados na DN 74/04 nas listagens de
A-F, sendo: A – Mineração; B – Indústria Metalúrgica e outras; C – Indústria
Química; D – Indústria Alimentícia; E – Infraestrutura e F – Serviços e Comércio
Atacadista.

Quadro 2 - Custos da regularização ambiental em MG - Listagem G da DN


74/2004
DN 74/04 - Listagem G
PROCEDIMENTO DE AUTORIZAÇÃO AMBIENTAL DE FUNCIONAMENTO
TIPO / CLASSE 1 2
AAF R$ 518,62 R$ 907,54
PROCEDIMENTO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL
TIPO / CLASSE 3 4 5 6
Licença Prévia- LP R$ 2.623,61 R$ 3.879,97 R$ 6.281,87 R$ 12.009,46
Licença de Instalação - LI R$ 1.810,65 R$ 2.716,00 R$ 4.397,30 R$ 8.314,23
Licença de Instalação Corretiva - LIC (LP+LI) R$ 4.434,26 R$ 6.595,97 R$ 10.679,17 R$ 20.323,69
Licença de Operação - LO R$ 2.217,14 R$ 3.103,97 R$ 5.025,48 R$ 10.346,60
LI + LO R$ 4.027,79 R$ 5.819,97
Licença de Operação Corretiva - LOC (LP+LI+LO) R$ 2.217,14 R$ 3.103,97 R$ 5.025,48 R$ 10.346,60
EPIA/RIMA R$ 6.466,62 R$ 9.238,05 R$ 13.857,07 R$ 22.171,30
Revalidação de LO R$ 1.552,00 R$ 2.172,80 R$ 3.517,86 R$ 7.242,62
Fonte: Dados da pesquisa, 2014
55

O quadro acima compreende os valores para realização da regularização


ambiental dos empreendimentos e atividades descritos na listagem G da DN 74/04,
sendo chamadas de atividades agrossilvipastoris, Estas atividades são aquelas que
se relacionam essencialmente com a agricultura, pecuária, exploração florestal,
madeireira, beneficiamento/armazenamento de grãos e de irrigação. Ressalva-se
que a “As Licenças de Instalação e de Operação (LI + LO) dos empreendimentos
agrossilvipostoris enquadrados nas classes 3 e 4 poderão ser solicitadas e, a critério
do órgão ambiental, expedidas concomitantemente, quando a instalação implicar a
operação”, conforme artigo 9º, III, § 1º do decreto estadual 44.844/08 c/c artigo 1º,
§§ 1º e 2º da Deliberação Normativa 74/04

Quadro 3 - Outros custos da regularização ambiental em Minas Gerais


2ª VIA DE CERTIFICADO E PRORROGAÇÃO DE LICENÇA AMBIENTAL
2ª Via de Autorização Ambiental de Funcionamento - AFF R$ 57,70
2ª VIA Certificados de Licenças Ambientais R$ 57,70
Prorrogação de LI - Sem Vistoria R$ 2.267,37
Prorrogação de LI - Cem Vistoria R$ 2.689,22
Prorrogação de Outras Licenças Ambientais - Sem Vistoria R$ 2.267,37
Prorrogação de Outras Licenças Ambientais - Cem Vistoria R$ 2.689,22
Prorrogação de LO - Conforme DN 121/2008 do COPAM R$ 60,02
Fonte: Dados da pesquisa, 2014

Caso o empreendedor desista de dar continuidade ao seu projeto de


negócios, ele poderá solicitar a devolução dos valores que já foram pagos para fins
de custear as despesas do processo de regularização ambiental. Do valor pago, o
órgão ambiental irá deduzir as despesas realizadas até a fase em que se encontrar
o processo, conforme artigo 14 da resolução SEMAD 412/05.

5.1.5 Custo das penalidades

Considerando a imensa faixa territorial que o Estado de MG possui e a pouca


quantidade de pessoal disponível para realizar uma fiscalização ambiental mais
contundente, muitos empreendedores optam por não realizar a devida regularização
ambiental e ficam vulneráveis as penalidades previstas na legislação. Dentre todas
as penalidades, as pecuniárias ainda são as mais temidas. Os valores das multas
relativas as infrações administrativas contrarias às normas sobre a proteção,
56

conservação e melhoria do meio ambiente são definidas pelo anexo I do decreto


estadual 44.844/08 e para o ano/exercício de 2014 os valores expressos em moeda
corrente estão resumidos no quadro abaixo:

Quadro 4 - Valores de multas para infrações contrarias a lei 7.772/80, MG/2014


Porte do Empreendimento
Grau da Infração
Inferior Pequeno Médio Grande
Sem Reincidência R$ 50,00 R$ 251,00 R$ 501,00 R$ 2.001,00
Leve Reincidência Genérica R$ 116,67 R$ 334,00 R$ 1.000,67 R$ 3.000,67
Reincidência Específica R$ 250,00 R$ 500,00 R$ 2.000,00 R$ 5.000,00
Sem Reincidência R$ 250,00 R$ 2.501,00 R$ 10.001,00 R$ 20.001,00
Grave Reincidência Genérica R$ 1.000,00 R$ 7.500,33 R$ 16.667,00 R$ 73.333,67
Reincidência Específica R$ 2.500,00 R$ 10.000,00 R$ 20.000,00 R$ 100.000,00
Sem Reincidência R$ 2.500,00 R$ 10.001,00 R$ 20.001,00 R$ 50.001,00
Gravíssima Reincidência Genérica R$ 10.000,00 R$ 20.000,00 R$ 50.000,00 R$ 500.000,00
Reincidência Específica R$ 10.000,00 R$ 20.000,00 R$ 50.000,00 R$ 500.000,00
FONTE: Anexo I do Decreto Estadual 44.844/08 adaptado pelo autor

Existem no anexo I do decreto estadual 44.844/08, 31 infrações possíveis de


serem cometidas pelos empreendedores, dentre elas valem destacar as
classificadas como:

1. Graves
• Infração 105: Descumprir condicionantes aprovadas na Licença de Operação,
inclusive planos de controle ambiental, de medidas mitigadoras, de
monitoração, ou equivalentes, ou cumpri-las fora do prazo fixado, se não
constatada a existência de poluição ou degradação ambiental .
• Infração 106: Instalar, construir, testar, operar ou ampliar atividade efetiva ou
potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente sem as licenças
de instalação ou de operação, desde que não amparado por termo de
ajustamento de conduta com o órgão ou entidade ambiental competente, se
não constatada a existência de poluição ou degradação ambiental.
• Infração 108: Funcionar sem autorização ambiental de funcionamento, desde
que não amparado por termo de ajustamento de conduta com o órgão ou
entidade ambiental competente, se não constatada a existência de poluição
ou degradação ambiental.
57

• Infração 109: Sonegar dados ou informações solicitadas pelo COPAM, pelas


URCs ou pela SEMAD e suas entidades vinculadas.
• Infração 112: Instalar, construir, testar, operar ou ampliar atividade efetiva ou
potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente em propriedade
rural cuja reserva legal não tenha sido averbada.

2. Gravíssimas
• Infração 114: Descumprir condicionantes aprovadas nas Licenças Prévia, de
Instalação e de Operação, inclusive planos de controle ambiental, de medidas
mitigadoras, de monitoração, ou equivalentes, ou cumpri-las fora do prazo
fixado, se constatada a existência de poluição ou degradação ambiental.
• Infração 115: Instalar, construir, testar, operar ou ampliar atividade efetiva ou
potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente sem Licenças de
Instalação ou de Operação, se constatada a existência de poluição ou
degradação ambiental.
• Infração 117: Funcionar sem autorização ambiental de funcionamento, desde
que não amparado por termo de ajustamento de conduta com o órgão ou
entidade ambiental competente, se constatada a existência de poluição ou
degradação ambiental.
• Infração 120: Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do COPAM ou da
SEMAD e suas entidades vinculadas.
• Infração 121: Prestar informação falsa ou adulterar dado técnico solicitado
pelo COPAM ou SEMAD e suas entidades vinculadas, independentemente de
dolo.
• Infração 125: Instalar, construir, testar, operar ou ampliar atividade efetiva ou
potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente em área de
reserva legal sem licença ou autorização ambiental ou em desacordo com
ela.

Vale lembrar que as penalidades administrativas não se resumem apenas nas


multas. Segundo o artigo 56 do decreto estadual 44.844/08, o infrator esta sujeito
concomitantemente as penas de: I - advertência; II - multa simples; III - multa diária;
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos,
58

petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na prática da


infração; V - destruição ou inutilização do produto; VI - suspensão de venda e
fabricação do produto; VII - embargo de obra ou atividade; VIII - demolição de obra;
IX - suspensão parcial ou total das atividades; e X - restritiva de direitos,
independentemente da reparação os danos causados ao meio ambiente. Caso
sejam praticadas mais de uma infração ao mesmo tempo, cada qual será tratada de
forma independente e o infrator também fica sujeito as penalidades resultantes das
ações civis e criminais. No direito ambiental o infrator e punido nas três esferas,
administrativa, civil e penal pelo mesmo ato.

5.2 Divergências percebidas

O processo de regularização ambiental do Estado de Minas Gerais foi descrito de


maneira genérica, considerando-se as características que podem ser encontradas
em vários ramos de negócios diferentes. As peculiaridades específicas de cada
projeto devem ser analisadas caso a caso de acordo com o ramo de negócio e
localização pretendida. Deve-se atentar também para as exigências de outros
órgãos de controle, como por exemplo a prefeitura municipal, a agência de vigilância
sanitária, de fiscalização trabalhista, tributária, dentre outras.
As análises do processo de licenciamento ambiental do Estado de Minas
Gerais foram geradas a partir de informações que se baseiam na legislação
ambiental pesquisada, nas conversas com diversos empreendedores e profissionais
da área ambiental e na experiência prática de fiscalização ambiental do próprio
pesquisador.

5.2.1 Divergências no processo

• Da contratação de profissionais habilitados


Muitos empreendedores erram logo no primeiro passo de constituição da
empresa que desejam avidamente iniciar. Em vários casos, percebe-se que há muita
força de vontade e capacidade técnica na pessoa do empreendedor, mas pouco
conhecimento sobre a gestão do negócio e menos conhecimento ainda quando se
fala dos documentos que atestam sua regularidade ambiental para funcionar.
59

Acontece que por falta de informação, dinheiro ou simplesmente por desleixo, o


empreendedor quase sempre e pego desprevenido com a chegada da fiscalização.
Outro problema se encontra fora da pessoa do empreendedor e se estaciona nas
pessoas que se dizem profissionais das áreas de técnicas administrativas ou das
diversas engenharias, mas que não passam de “picaretas”, pessoa de péssima
índole, que com muita lábia enganam os empreendedores como promessas fúteis
de auxilia-los na organização de suas empresas, levam quantidades significativas
dos recursos do empreendedor, não fazem nada pelo empreendimento e quando
questionados, se evadem furtivamente alegando que a culpa é de um sistema
infinitamente burocrático do Estado.
Para casos específicos é imprescindível que o empreendimento seja
acompanhado por profissionais legalmente habilitados com A.R.T. (Anotação de
Responsabilidade Técnica – Resolução CONFEA nº 1.025/09), sob pena do órgão
ambiental não reconhecer a legitimidade dos documentos apresentados para
formalização do processo.

• Do preenchimento do FCE
A criminalização da prestação de informações inverídicas parece não intimidar
aqueles que pensam em burlar o sistema. O preenchimento do FCE e a principal
base de informações sobre a natureza do projeto e sua possível localização, dados
estes que balizam a decisão do órgão ambiental sobre qual o procedimento de
regularização ambiental que devera ser imposto. Mas é também o ponto mais falho
do processo, pois as informações nem sempre correspondem com a realidade,
podendo os mal intencionados moldar o FCE segundo sua vontade ou necessidade.
Para os bem intencionados, o preenchimento correto do FCE evita o dispêndio de
recursos e de tempo em procedimentos burocráticos.

• Da apresentação do FCE à SUPRAM


Por mais incrível que possa parecer as pessoas ainda se esquecem de detalhes
simples, quando devem comparecer em órgão públicos. Um fato que acontece com
muita frequência nesta fase é que o empreendedor comparece pessoalmente na
SUPRAM munido do FCE, porém sem portar seus documentos de identificação.
Semelhantemente os representantes legais comparecem sem a devida procuração
reconhecida em cartório. A falta dos documentos de identificação ou de vinculação
60

comercial/trabalhista impede o atendimento do órgão ambiental e gera atrasos no


cronograma do projeto proposto.

• Quanto ao FOB e a Certidão de Dispensa


Apesar da SUPRAM ter um prazo de até 10 dias para gerar o FOB a partir do
FCE apresentado, durante o atendimento os dados do FCE serão inseridos num
sistema informatizado, que gera o FOB instantaneamente. Ponto positivo para o
Estado, que desburocratiza e agiliza seus atos. Por outro lado, a legislação
ambiental de MG deixa uma brecha incoerente quando estabelece a chamada
Certidão de Dispensa. Este documento é aplicado aos empreendimentos que não
foram classificados e descritos na DN 74/04 e também para aqueles que têm suas
características abaixo dos parâmetros para serem classificados como no mínimo
classe 1. Apesar da Certidão de Dispensa ser opcional por parte do empreendedor,
não há outra maneira de se provar no momento da fiscalização que o
empreendimento não esta obrigado a possuir AAF ou LO. A Certidão de Dispensa
também e necessária quando o empreendedor se dirige às redes bancarias a
procura de creditos financeiros ligados a programas de preservação ambiental.
Um fato muito percebido durante as fiscalizações ambientais é o
desconhecimento dos objetivos do FOB por parte dos empreendedores, onde muitos
já se sentem autorizados a funcionar seus empreendimentos apenas com o FOB em
mãos, o que resulta na aplicação das penalidades descritas na legislação ambiental.
A falta de planejamento do projeto também é causa de problemas nesta fase, o
que sujeita o empreendedor a solicitar a prorrogação de prazos ou até mesmo não
concluir os trabalhos antes do vencimento do FOB, sendo forçado a reiniciar o
processo do FCE.

• Da realização dos pagamentos


Considerada por muitos empreendedores a fase mais difícil de superar. Os
custos da regularização ambiental realmente são elevados e o processo não
prossegue sem a realização dos pagamentos, fator que motiva a permanência na
irregularidade. Além dos custos estatais o empreendedor fica sujeito também ao
pagamento dos profissionais que o auxiliam no alinhamento do projeto aos
regulamentos ambientais, de gestão e técnicos das diversas engenharias. É
muito aconselhável procurar profissionais com boa reputação e com
61

especialização no ramo de negócios que o empreendimento se destina, evitando-


se assim, entregar o futuro do empreendimento nas mãos de pessoas
irresponsáveis ou mal intencionadas. É importante também, solicitar orçamentos,
os custos entre as consultorias ambientais podem variar de maneira espantosa.
Existem também situações em que o empreendedor compra uma empresa
que já esta em funcionamento e quando vai procurar sua regularização ambiental
se depara com o chamado “passivo ambiental”. É importante que os
empreendedores estejam atentos a este fato. A partir do momento em que se
assume uma empresa, assume-se também todo seu histórico de degradação
ambiental, acordos ambientais que estejam pendentes ou em andamento, como
termos de ajustamento de conduta ou áreas há serem recuperadas. O passivo
ambiental também passa a ser responsabilidade do novo proprietário, que terá
de assumi-los, concordando ou não com isso.

• Da formalização do processo
O artigo 11 da resolução SEMAD 412/05 é bem claro quanto a não
formalização do processo se houverem dívidas ambientais pendentes ou falta de
documentos descritos no FOB, mesmo assim, o brasileiro sempre quer dar o
“jeitinho”. Não são raros os casos de pessoas que comparecem ao órgão ambiental
tentando protocolar seus processos de forma irregular.

• Dos vários estudos de impacto ambiental


Momento cerne do procedimento de licenciamento. Trata-se da fase onde o
projeto é colocado em confronto com a sustentabilidade local. Entende-se por
sustentabilidade uma harmonia entre aspectos econômicos, sociais e ambientais. Se
os estudos não revelarem esta harmonia o órgão ambiental não pode atestar a
viabilidade ambiental do empreendimento. Os estudos são realizados por uma
equipe técnica multidisciplinar formada por técnicos do órgão ambiental e os custos
dos estudos pagos pelo interessado. Arcar com as despesas financeiras dos
estudos não garante ao interessado que o projeto terá sua viabilidade ambiental
aprovada. Caso o projeto seja atestado como sendo ambientalmente inviável, não
caberá por parte do empreendedor ação de indenização dos valores já investidos.

• Do recebimento da Licença Prévia (LP)


62

Ao receber a LP, muitos empreendedores não entendem que somente estão


licenciados para providenciar os preparativos da instalação do empreendimento.
Não entendem a função da LP e já se sentem autorizados a iniciar suas atividades
produtivas e comerciais. O momento é somente de se utilizar das melhores técnicas
e tecnologias de gestão e de engenharia para elaborar o PCA e atender outras
determinações descritas da LP.

• Da solicitação e recebimento da Licença de Instalação (LI)


Momento em que o órgão ambiental ira verificar se o que foi solicitado na LP foi
atendido. Fato importante para este momento e que o PCA será realmente possível
de ser cumprido, pois daqui em diante será uma das principais ferramentas de
controle ambiental do empreendimento e certamente ira rotineiramente consumir
recursos financeiros para ser mantido. Recebendo a LI o empreendedor esta
autorizado a iniciar a construção/instalação de seu empreendimento, porém, mais
uma vez e comum verificar-se empreendimentos em funcionamento em um
momento diverso do permitido.

• Da vistoria para recebimento da Licença de Operação (LO)


O que muitos não sabem é que após a instalação do empreendimento o órgão
ambiental ira enviar uma equipe de técnicos para averiguar as condições físicas e
estruturais do empreendimento. O objetivo é a confirmação de que todas as
exigências até este momento foram cumpridas conforme o determinado nas LP e LI.
Para que a visita aconteça o empreendedor deve apresentar os documentos que
comprovam a quitação de todos os custos do processo. As condições sendo
satisfeitas o empreendedor recebe sua LO. O que gera a maior preocupação neste
quesito não é se o empreendedor conseguir realmente cumprir o que lhe foi
determinado, mas qual a índole das pessoas que irão vistoriar o empreendimento.
Bem se sabe que a corrupção existe em todos os órgãos públicos, mas neste caso o
que se esta em jogo para os possíveis casos de corrupção, não é a troca de um
documento por dinheiro, é na verdade a troca da sustentabilidade e da saúde
pública por dinheiro.

• Do cadastro da atividade
63

É comum os empreendedores não realizarem os devido Cadastro Técnico


Estadual – CTE, e aqueles que são localizados em zona rural não realizarem o
Cadastro Ambiental Rural – CAR, o que pode gerar penalidades e limitar a
percepção de vantagens pelos empreendedores.

• Da renovação da Licença de Operação


No momento da renovação da LO é muito comum os empreendedores
deixarem para procurar o órgão na data de vencimento da licença, não
observando o prazo prévio de 120 dias antes do vencimento para iniciarem o
processo de renovação. Ficando assim descobertos pela de regularidade por certo
lapso temporal até que a nova licença seja confeccionada. O órgão ambiental
orienta que o prazo seja observado para que haja tempo hábil para análise das
condições ambientais do empreendimento antes de renova-lhe a LO.

5.2.2 Divergências nas normas

a) Autorização x Licença
O artigo 8º da lei 7.772/80 combinado como o artigo 4º do decreto estadual
44.844/08, preveem que:

A localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação


de empreendimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais
considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como dos que
possam causar degradação ambiental, observado o disposto em
regulamento, dependerão de prévio licenciamento ou autorização ambiental
de funcionamento do Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM.
(MINAS GERAIS, 2008)

Surge aqui a primeira divergência do processo de licenciamento ambiental


mineiro em relação ao de âmbito federal. Trata-se da instituição da Autorização
Ambiental de Funcionamento – AAF, figura que não está presente na legislação
ambiental federal e gera muitos questionamentos quanto a sua aplicabilidade e
eficácia. Para se compreender melhor a questão deve-se recorrer ao ramo do direito
administrativo que esclarece as distinções, considerando-se:

• Licença – Marchesan; Steigleder e Cappelli (2008, p.68) dizem que a licença


é um ato vinculado (a leis e regulamentos) e que se deve atender o
64

interessado quando satisfeitas as exigências impostas. Não é um ato


discricionário do poder público.
• Autorização – Santos (2014) citando Sánchez (2008) afirma que é um ato
discricionário pelo qual a administração pública possibilita ao particular o
desempenho de atividade material ou a prática de ato, que, sem
consentimento seriam legalmente proibidas.

Na pratica do âmbito ambiental, estas distinções significam que o processo de


licenciamento ambiental federal não admite o instituto da “autorização”. O que existe
é a previsão legal de processos de licenciamentos ambientais simplificados para
atividades especificas, onde podem ser tomadas como exemplo as seguintes
resoluções do CONAMA:
• 279/01 – Empreendimentos elétricos de pequeno potencial de impacto
ambiental;
• 377/06 – Esgotamento Sanitário;
• 385/06 – Agroindústria de pequeno porte;
• 404/08 – Aterro sanitário de resíduos urbanos de pequeno porte; dentre
outras.
O que se percebe nesses casos é que o processo apesar de ser chamado de
simplificado, passa pelas mesmas fases do processo regular, apenas com
adaptações para cada ramo de atividade, que o torna mais ágil e menos burocrático.
Outro aspecto importante de ser mencionado sobre o licenciamento ambiental
é que não raramente, encontram-se entendimentos equivocados de que os
empreendimentos que não geram impacto ambiental definido pela legislação ou pelo
órgão licenciador como significativo, não precisam ser licenciados. Eles dispensam o
EPIA/RIMA, mas não o licenciamento ambiental. Esse equívoco em certo grau, é
gerado pelas próprias normas que regulam o tema. (CÂMARA DOS DEPUTADOS,
2002)
Em defesa da autorização ambiental de funcionamento, Santos (2014) afirma
que a AAF é o processo simplificado da licença para empreendimentos como baixo
potencial e/ou pequeno porte. É realizado através da análise da documentação
apresentada de forma exclusivamente jurídica. Este tipo de regularização inverte o
ônus das informações prestadas ao empreendedor e ao seu consultor/responsável
65

técnico. Não dispensa a necessidade de averbação de reserva legal, outorga,


autorização para supressão de vegetação e demais autorizações, que devem
anteceder a liberação da AAF.
A posição de Santos (2014) fica contestada quando se verifica a sentença do
Juiz de Direito, Osvaldo Oliveira Araujo Firmo (2011), em julgamento da ação civil
pública proposta pelo Ministério Público de Minas Gerais em face ao próprio Estado
de MG, processo nº 2440732-62.2010.8.13.0024, julgado na comarca de Belo
Horizonte em 07 de janeiro de 2011. O MPMG contesta a eficácia da AAF para (no
caso) atividade mineraria e o meritíssimo juiz argumenta e decide que:
• A AAF é uma norma inapta à efetiva prevenção de danos e proteção ao meio
ambiente;
• A DN 74/04 possibilita o funcionamento de atividade com mera AAF em casos
que a legislação federal exige o EPIA/RIMA e o processo de licenciamento
clássico;
• Contraria a CF/88 no artigo 225, §1º, IV – Exige EPIA/RIMA para atividades
potencialmente poluidoras.
• As razões de ordem fática apontadas pelo Estado como justificadoras da burla
à materialização do princípio da avaliação de impactos ambientais por meio do
licenciamento ambiental, determinada pela lei 6.938/81 (Art. 9º, III, IV, art. 10º),
são de lastimável impressão. Aponta-se o despreparo administrativo dos
municípios e uma “descalibragem” do sistema, a resultar na sua incapacidade
de realizar exaustivamente o licenciamento ambiental clássico.
• Por tudo, resta claro que o AAF é um instrumento, por assim dizer mais frouxo,
que o Estado de MG optou instituir, acreditando-se autorizado (...) para isentar-
se de assumir suas atribuições legais.
• Ao confrontarmos a legislação mineira com a federal não nos parece haver
permissão para a dispensa do processo de licenciamento ambiental, ainda que
para atividade considerada de impacto ambiental não significativo.
• Fica suspensa a aplicabilidade do art. 2º da DN 74/04, até que contra ordem
judicial delibere diferentemente.

Art. 2° - Os empreendimentos e atividades listados no Anexo Único desta


Deliberação Normativa, enquadrados nas classes 1 e 2, considerados de
impacto ambiental não significativo, ficam dispensados do processo de
licenciamento ambiental no nível estadual, mas sujeitos obrigatoriamente à
autorização de funcionamento pelo órgão ambiental estadual competente,
66

mediante cadastro iniciado através de Formulário Integrado de


Caracterização do Empreendimento preenchido pelo requerente,
acompanhado de termo de responsabilidade, assinado pelo titular do
empreendimento e de Anotação de Responsabilidade Técnica ou
equivalente do profissional responsável. (MINAS GERAIS, 2004)

Conclui-se que a procedimento de AAF não atende as necessidades reais de


proteção ao meio ambiente e a saúde pública.

b) Certidão de Dispensa
É emitida quando o empreendimento ou atividade esta abaixo da
classe 1, sendo considerado de impacto insignificante, ou quando não esta
listado no anexo da DN 74/04. Não requer avaliação ou analise técnica, não
exige estudos e os custos são administrativos (R$10,00). Não dispensa a
necessidade de averbação de reserva legal, outorga, autorização para
supressão de vegetação e demais autorizações. O certificado não é
obrigatório, porém muitas empresas a requerem para fins de algum
financiamento ou para se resguardar da fiscalização. (SANTOS, 2014).
Semelhante aos comentários sobre a AAF pode-se afirmar que não há
previsão legal que permita dispensar o empreendimento de análise de
impacto ambiental. Dois problemas surgem com a Certidão de Dispensa. O
primeiro refere-se a sua emissão para aqueles empreendimentos que estão
abaixo dos parâmetros mínimos para se enquadrarem pelo menos na classe
1. Neste caso, o problema não esta no empreendimento e sim no seu local de
instalação e funcionamento. Mesmo sendo dito, “insignificante”, o meio onde
ele encontrar-se inserido já pode estar saturado de outros tantos
empreendimentos “ditos insignificantes”, o que não garante as condições
naturais do meio ambiente em absorver e diluir os impactos ambientais
sofridos. Pode ser este, o ultimo “insignificante”, que terá o condão de romper
o limite de saturação suportado pelo ambiente, o que irá a partir daí, causar
impacto significativo. O segundo fator problema são os empreendimentos que
não estão listados na DN 74/04 e recebem a Certidão de Dispensa
simplesmente pelo critério de não estarem listados. Em ambos os casos o
questionamento é o mesmo: Como pode o órgão ambiental atestar que o
empreendimento é de impacto ambiental insignificante sem estuda-lo
previamente?
67

c) O método de classificação dos empreendimentos e atividades


Aparentemente o método de classificação dos empreendimentos de
MG veio resolver uma velha discussão gerada por termos vagos e subjetivos
apresentados pela legislação federal na identificação daqueles que serão
submetidos ao processo de licenciamento ambiental. Os termos “tais como,
efetivo, significativo, potencialmente, modificadores”, dentre outros, tornam
difícil a mensuração da necessidade ou não da licença. Para resolver o
impasse de quem deveria ser licenciado e de quem não deveria ser, o
COPAM editou a DN 74/04, listando todos os empreendimentos e atividades
sujeitos a regularização ambiental no âmbito no Estado, segundo seu porte e
potencial poluidor que foram previamente tabelados em parâmetros. A criação
dos parâmetros tem amparo legal no artigo 5º da lei 7.772/80 onde lista as
competências do COPAM, sendo: “I - formular as normas técnicas e
estabelecer os padrões de proteção, conservação e melhoria do meio
ambiente, observada a legislação federal.” Ampara-se também no artigo 20
da resolução CONAMA 237/97 que prevê que os entes federados tem
competência para licenciar, mediante conselho deliberativo e corpo técnico
próprio. Sendo assim, a classificação veio objetivamente facilitar as decisões
do órgão licenciador. Porém, MG é um dos maiores Estados no Brasil e
dentro deste mesmo território são encontradas características ambientais
totalmente distintas. O método de classificação de empreendimentos e
atividades, regulamentado pela DN 74/04, padroniza e nivela todos os tipos
de impactos ambientais, o que na prática é incoerente. Como pode um
empreendimento causar um impacto ambiental “x” estando localizado no sul
de minas e outro empreendimento com as mesmas características causar
impactos idênticos em outro local do Estado, que possui um sistema
ecológico, social e cultural totalmente diferente? Pode se dizer que o sistema
de classificação e bom para uma orientação relativa dos estudos a serem
realizados sobre determinado projeto, mas que são ineficazes quando
padronizam os tipos de impactos, devido a vasta diversidade ecológica das
regiões do Estado.
68

5.3 Cinco exemplos práticos de como burlar o sistema

Este tópico tem objeto de demonstrar situações que os empreendedores


conseguem se esquivar de condições impostas pelos regulamentos.

1ª. Preencher o FCE de maneira orientada, mentindo ou omitindo informações,


para que a classe do empreendimento seja constatada pelo órgão ambiental
inferior a classe real ou até mesmo se passar por “insignificante”. Pode se
manipular também a necessidade da outorga, de intervenção em APP e todos
os outros requisitos vinculados a informações preenchidas no FCE. Para
atividades agrossilvipastoris que o enquadramento seja baseado no número
de animais, pode se reduzir a classe apenas omitindo-se a declaração de
algumas cabeças.
2ª. Os empreendimentos localizados em zona rural estão obrigados, em via de
regra, a preservar 20% de sua área total na forma de reserva legal, com
averbação em cartório. Após realizarem a devida averbação e como
dificilmente serão visitados por fiscalização para esta finalidade, muitos dão
utilidade diversa a área que deveria ser preservada.
3ª. Quando determinado infrator estiver diante do fiscal e a lavratura da multa for
eminente, este pode recorrer as atenuantes descritas no artigo 68 do decreto
estadual 44.844/08, para reduzir seus prejuízos financeiros. Deve-se também
evitar o cometimento ou a percepção do fiscal quanto a existência das
agravantes descritas no mesmo artigo.
4ª. As taxas de regularização ambiental corretiva tem o mesmo valor das taxas
do processo normal. O que deve ser pesado pelo empreendedor é o valor da
autuação decorrente de eventual fiscalização, do possível TAC do MP e em
casos onde houver a incidência de crime, a consequente responsabilização
penal. Para este último caso, os empreendedores mais preparados já mantém
alguém dentro da empresa que não tem nada a perder em levar a culpa penal
em troca de agrados financeiros.
5ª. Outra opção possível, é regularizar corretamente o empreendimento, porém
com o passar do tempo realizar ampliações gradativas sem declara-las ao
órgão ambiental competente.
69

São apenas exemplos de como o sistema de licenciamento ambiental pode


ser contornado, mas sempre haverá o risco e a falta de tranquilidade de ser
descoberto, uma vez que fiscalização pode chegar a qualquer hora do dia ou da
noite e permanecer no empreendimento pelo tempo que julgar necessário para
averigua-lo. E por azar do empreendedor, pode ser que o fiscal seja um dos muitos
que ainda são honestos.

5.4 Contos da fiscalização

Em complemento ao tópico anterior, apresento dois casos reais onde meus


amigos, policiais militares de meio ambiente se depararam durante o exercício das
atividades de fiscalização ambiental. Os casos demonstram a criatividade do
empreendedor brasileiro quando o assunto é “dar um jeitinho”.

1ª. Caso – Durante a fiscalização de um empreendimento destinado a pesca


esportiva, tipo “pesque-pague”, contendo na área três poços medindo
cerca de mil metros quadrados de espelho d’água cada. Para estar
ambientalmente regulamentado pela norma vigente o empreendedor deve
possuir AAF e outorga do uso dos recursos hídricos para exercer a
atividade. O proprietário do local apresentou a devida AAF acompanhada
de três cadastros de uso insignificante de água, um para cada poço. A
justificativa dada ao órgão ambiental para se conseguir os “cadastros” ao
invés das “outorgas” foi que o barramento do curso d’água seria realizado
para fins paisagísticos da propriedade. O que não era verdade.

2ª. Caso – Outro amigo miliciano recebeu a incumbência do MP para


fiscalização do cumprimento de um Plano de Recuperação de Área
Degradada (PRAD) acordado por meio de Termo de Ajustamento de
Conduta (TAC), onde o proprietário infrator deveria realizar a recuperação
da área com o plantio vegetação nativa e sua respectiva preservação. Ao
chegar ao local, percebe-se uma área toda arborizada, porém com
eucaliptos. O proprietário alegou não saber que as plantas deveriam ser
nativas, mas claramente se percebe nestes casos a vontade de aproveitar
70

a área para futuros fins econômicos. Outra tentativa frustrada de se


enganar o poder público.

Como nos dois exemplos narrados, todos os dias, varias pessoas tentam tirar
proveito da ausência de fiscalização, pois o Estado não é capaz de se fazer
presente em todos os cantos de seu território. Os honestos pagam pelos desonestos
e com diz o filósofo Mário Sérgio Cortella (2014) em vídeos da internet: “Chega o
momento em que o honesto se sente um idiota”.

5.5 Cinco vantagens de ser ambientalmente correto

Este tópico tem objetivo mostrar vantagens que os empreendedores podem


conseguir com a regularidade ambiental:
1ª. Vantagem – Acreditação
Além do valor intangível da marca que esta sendo cada vez mais
valorizado pelo público consumidor, o artigo 1º da DN 121/08 prevê que os
empreendimentos que apresentarem certificação de Sistema de Gestão
Ambiental – SGA, nos termos da ABNT NBR ISO 14001, acreditada por
empresa certificadora reconhecida nacionalmente ou internacionalmente,
farão jus ao acréscimo de um ano na validade da LO ou da AAF.

2ª. Vantagem – Financeira


Ficar rico não se baseia apenas em ganhar dinheiro, mas também em
deixar de desperdiça-lo. Quando se institui um sistema empresarial de
boas práticas ambientais, logo são percebidas as suas vantagens, alguns
exemplos são:
• Redução do consumo de matérias-primas e insumos;
• Agregação de valor econômico aos produtos vinculados a marca;
• Aproveitamento ou comercialização dos resíduos que seriam
descartados ao lixo; dentre outros.

3ª. Vantagem - Isenções e descontos


71

Segundo o SEBRAE (2008) os empreendimentos classificados como


microempresas estão isentos dos custos de análises técnicas, desde que
o FCE seja preenchido corretamente.
Segundo SANTOS (2014) no ato da renovação da LO, o órgão ambiental
devera realizar a avaliação de desempenho ambiental da atividade ou
empreendimento, com base no cumprimento das condicionantes,
relacionamento com a comunidade, investimentos na área ambiental,
aspectos ambientais, implantação de medidas de mitigação, ausência de
autos de infração, automonitoramento, etc. Os empreendimentos que
obtiverem uma avaliação positiva terão 30% de desconto nos custos da
renovação do licenciamento e acréscimo no prazo de validade da nova
licença.

4ª. Mudança de atividade


Caso o empreendedor deseje mudar seu ramo de negócios e a atual
licença ambiental ainda esteja no período de validade, lhe é garantido o
direito de realizar a portabilidade da licença para o novo empreendimento
pelo tempo que lhe resta de validade, mediante análise e aprovação do
órgão que o licenciou.

5ª. Pela qualidade ambiental


O mais importante dos motivos para que nossos empreendimentos sejam
cada vez mais sustentáveis. A qualidade ambiental exerce efeitos
diretamente proporcionais a qualidade de vida humana, representa saúde
e longevidade desta e das próximas gerações.
72

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final de tudo, os objetivos propostos foram alcançados. O processo foi


descrito com riqueza de detalhes, mas sem esgotar o assunto, o que irá demandar
mais pesquisas em outros campos de conhecimento que se relacionam aos
assuntos do licenciamento ambiental. Ao confrontar os procedimentos práticos à luz
da legislação, percebe-se uma confusão tremenda de termos pouco objetivos e
interpretações pretensiosas de muitos grupos e pessoas com interesses diversos
aos da preservação ambiental. Em cada divergência que foi listada, percebe-se
claramente o quanto é rico e vasto é o assunto e o quanto o ser humano é
prepotente em achar que pode domar a natureza, quando deveria simplesmente
respeita-la e se deixar levar pelo fluxo natural das coisas.
O ato de pesquisar será sempre uma experiência árdua, porém fantástica,
para todos aqueles que se lançarem ao desafio. O pesquisador empenhado sempre
conseguirá produzir mais oportunidades e conhecimentos do que aqueles que se
propor no início de suas atividades investigativas.
Fica claro também que o Estado é realmente algo muito complexo e
burocrático, mas não incompreensível. O fato real que cria esta sensação de
elevada burocracia não esta baseado tão somente nas varias normas para um
mesmo assunto, mas sim no comodismo e imediatismo que figura no ser humano,
no chamado homem moderno, tão atarefado que não consegue perceber os coisas
e fatos em detalhes, em profundidade ou em beleza, deixando passar informações e
situações que poderiam lhe dar a vanguarda do conhecimento. Voltando ao assunto
que iniciou este parágrafo, o processo de licenciamento ambiental mineiro não é
melhor nem pior que o da esfera federal, só é um pouco diferente e é fato que
precisa ser revisto, mas algumas questões valem ser mantidas, como por exemplo:
• A questão da equipe multidisciplinar que realiza o EPIA/RIMA ser do próprio
Estado garante um estudo livre de pretensões e favoritismo. Uma vez que o
proponente do projeto paga pelos estudos, mas não mantém vínculos
empregatícios ou econômicos com a equipe multidisciplinar, fato este que
interferia nos resultados de equipes particulares.
• Os documentos e estudos devem continuar sendo avaliados de forma
integrada, pois cada órgão que compõe o SISEMA tem sua área de
especialidades e consegue perceber detalhes específicos de cada projeto.
73

Por outro lado existem questões muito polêmicas que devem ser reavaliadas
pela quantidade de dúvidas que geram e pela incompatibilidade com a legislação
federal.
• A certidão de dispensa é uma ferramenta incompatível com a realidade
ambiental, não da simplesmente para dispensar uma atividade ou
empreendimento da regularização ambiental somente por não estar descrito
na DN 74/04 ou porque esta abaixo dos parâmetros. É minimamente
necessário conhecer e avaliar o local de instalação e operação da atividade
antes de atestar que ela não necessita de regularização ambiental.
• A autorização ambiental de funcionamento é um procedimento frouxo, onde
muitas etapas importantes ficam de lado. Muitos dirão neste ponto da leitura
que a ideia é desburocratizar o processo, o que é perfeitamente
compreensivo sob todas as óticas, mas a qualidade ambiental não pode ser
banalizada em prol da desburocratização. O necessário é a criação de
ferramentas cada vez mais práticas e rápidas, mas de forma que a qualidade
seja elevada, para que isso ocorra também são necessários investimentos em
tecnologias, qualificação do capital humano e sua respectiva ampliação
numérica e uma legislação ambiental menos subjetiva que atenda as
necessidades do povo, sem agredir os ecossistemas e nem atender
interesses de grupos e/ou pessoas especificas. O procedimento de AAF não
atende as necessidades reais de proteção ao meio ambiente e a saúde
pública. Neste ponto cabe exclamar e exaltar que a AAF é um instrumento de
controle ambiental incompatível com o previsto no artigo 225, §1º, inciso IV da
Constituição Federal de 1988. Tal afirmativa pode se amparada pelas
opiniões de diversos estudiosos nacionais e por decisões do próprio judiciário
mineiro. Sendo, portanto, considerada uma norma inconstitucional, pois não
se vincula ao seu procedimento administrativo um dos principais instrumentos
de proteção do meio ambiente que existe no Brasil – o Estudo Prévio de
Impacto Ambiental, ferramenta indispensável pela legislação federal.
• A própria SEMAD percebeu que o atual processo precisa de inovação e
mudanças, por isso editou a resolução 2.088/14 que cria um grupo de
estudos para propor novos rumos aos procedimentos de regularização
ambiental do Estado. Em 17 de setembro de 2014 o prazo para a entrega dos
74

resultados foi prorrogado por mais 90 dias. O fato central é que ao início do
ano de 2015, grande parte dos conceitos desta pesquisa provavelmente e
encontrarão desatualizados. O que é uma ótima oportunidade aos
profissionais qualificados, em especial os administradores que se inclinarem
aos estudos da gestão ambiental. Haverá um campo totalmente novo para
atuar, enquanto muitos estarão perdidos sem saber o que fazer para
regularizar seus empreendimentos.

Como o brasileiro é por natureza “engenhoso”, não se pode deixar de abordar


os assuntos financeiros, dos custos do processo x o risco de ser flagrado pela
fiscalização. Assunto este, que os empreendedores não medem com clareza o risco
ou não o conhecem. Acompanhe o exemplo: Imagine um projeto de uma grande
empresa do ramo industrial que se enquadra na classe 6 da DN 74/04 e esteja
causando um grau qualquer de degradação do meio ambiente. Este projeto irá
custar ao empreendedor, em taxas ambientais do Estado um valor de R$
158.682,17, compreendendo LP, LI, LO e EPIA/RIMA. Caso o empreendedor seja
apanhado pela fiscalização operando a sem a devida licença, este recebera uma
multa administrativa no valor de R$ 50.001,00 um valor relevantemente inferior ao
custo da regularização ambiental. A maioria dos empreendedores desconhece o que
acontece deste ponto em diante. Além da multa, a empresa será obrigada a passar
pelo processo de regularização ambiental, ela pode ter suas atividades suspensas, o
que gera um prejuízo diário com o armazenamento dos estoques, possível perda de
matéria prima, o efetivo humano não ira trabalhar, mas manterão por determinado
tempo o vínculo empregatício, todos os objetos utilizados na prática da infração,
instrumentos, petrechos, veículos, maquinas e equipamentos de qualquer natureza
podem ser apreendidos e a estrutura física da empresa pode ser demolida. Uma via
do processo será enviada ao curador do meio ambiente, o promotor de justiça, o
qual ira processar civilmente o empreendimento e força-lo e reparar o dano
ambiental através de um TAC, o promotor de justiça irá também oferecer denuncia
ao judiciário nos casos de crime. Caso o empreendedor se recuse a pagar pelos
seus atos administrativos e civis, todos os responsáveis serão inscritos na dívida
ativa, que não tem prazo de prescrição e os objetos utilizados na pratica da infração
permaneceram à disposição da justiça. Resumido, é mais viável fazer o que é
75

correto do que ser submetido a todos estes riscos e com certeza é economicamente
mais interessante.

Após análise do atual cenário socioambiental é perfeitamente possível afirmar


que a municipalização é uma opção possível para agilizar e desburocratizar os
processos de licenciamento ambiental, assim como já acontece com vários outros
serviços públicos, o licenciamento ambiental tende a ser responsabilidade da
administração pública do local onde o empreendimento pretende-se instalar. As
vantagens dessa opção estão na agilidade do processo, na melhor participação da
comunidade nos estudos e na fiscalização, no melhor cumprimento do plano diretor
e zoneamento industrial dos municípios e na arrecadação de impostos locais
acrescido de geração de empregos. Por outro lado, facilita-se a corrupção dos
agentes públicos que provavelmente não serão de carreira e podem ocorrer varias
influências e pressões da política local para aprovação ou não de um determinado
projeto.

Por fim é importante falar aos administradores, estudantes ou profissionais,


que lhes cabe o aprofundamento dos conhecimentos nas questões ambientais, onde
podem elaborar formas criativas e inovadoras de equacionar o desenvolvimento
social e econômico em tempos de escassez de recursos e desequilíbrios ambientais
cada vez mais contundentes. As oportunidades de trabalho nos ramos do meio
ambiente são vastas e devem ser expurgados todos aqueles profissionais corruptos
e “picaretas" que se tiram proveito do desconhecimento dos empreendedores. Faz
parte da missão dos administradores trazer para a luz aqueles que se escondem nas
sombras, enganando e tirando proveito de situações onde os profissionais honestos
e qualificados ainda não estão presentes. Ergam a bandeira da boa administração,
seja pública ou privada e lutem por uma melhor qualidade de vida através da
preservação do meio ambiente.
REFERÊNCIAS

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