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PROCESSO CIVIL
Batatais
Claretiano
2018
© Ação Educacional Claretiana, 2017 – Batatais (SP)
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forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição
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do autor e da Ação Educacional Claretiana.
INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Noções de Direito Civil e Processo Civil
Versão: dez./2018
Formato: 15x21 cm
Páginas: 203 páginas
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS............................................................................. 13
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE................................................................ 17
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 18
5. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 18
Conteúdo
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Pessoas.
Bens. Direitos da Personalidade. Fatos Jurídicos: ato jurídico,
negócio jurídico e ato ilícito. Forma e prova dos negócios
jurídicos. Prescrição e decadência. Teoria geral das obrigações
e contratos. Contratos em espécie. Direito das Coisas. Família e
sucessões. Jurisdição e ação. Sujeitos e atos processuais. Tutelas
provisórias. Formação, suspensão e extinção do processo. Do
processo de conhecimento e do cumprimento de sentença.
Procedimentos especiais. Execução. Recursos.
Bibliografia Básica
FERNANDES, A. C. Direito Civil – Obrigações. Caxias do Sul: Educs, 2010.
GUILHERME, L. F. V. A. Manual de direito civil. Barueri: Manole, 2016.
LISBOA, R. S. Direito Civil de A a Z. Barueri: Manole, 2008.
Bibliografia Complementar
MACHADO, A. C.; CHINELLATO, S. J. (Orgs.). Código Civil Interpretado – Artigo por
Artigo, Parágrafo por Parágrafo. Barueri: Manole, 2013.
PELUSO, C. Código civil comentado: doutrina e jurisprudência. 9. ed. rev. atual. Barueri:
Manole, 2015.
TEBALDI. J. Z. F. Direito Civil: família e sucessões. São Paulo: Manole, 2012.
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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO
Prezado aluno, seja bem-vindo!
Iniciaremos o estudo de Noções de Direito Civil e Processo
Civil, por meio do qual você obterá as informações necessárias
relacionadas ao embasamento teórico para exercer sua profissão,
estando pronto para as atividades e os desafios que virão.
Nosso principal objetivo, nesta obra, é identificar os
conceitos e os fundamentos necessários para a compreensão
do tema Direito Civil e Processual Civil. Além disso, procuramos
elaborar o conteúdo de forma a oferecer os elementos
necessários para o posicionamento crítico no exercício da
profissão e a tomada de decisões.
Mas o que é o Direito Civil e o Processo Civil?
O Direito Civil é o ramo do Direito que traz as regras
aplicáveis às relações jurídicas privadas, celebradas entre as
pessoas, físicas e jurídicas, e entre elas e seus bens. Já o Processo
Civil é um conjunto de atos e procedimentos concatenados que
devem ser seguidos quando houver a violação de um direito,
proporcionando o exercício de uma pretensão junto ao Poder
Judiciário.
O Código Civil, que está instrumentalizado pela Lei n.
10.406 de 10 de janeiro de 2002, é o diploma normativo aplicável
as relações civis. Ele é dividido em duas partes.
A primeira, chamada de Parte Geral, traz normas gerais
sobre as pessoas físicas e jurídicas, sobre a individualização
destas e os direitos da personalidade, sobre os bens e sobre os
fatos jurídicos, que são os acontecimentos relevantes para o
mundo do direito, dividindo-se entre atos e negócios jurídicos.
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida
e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom
domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados.
1) Norma: em um sentido geral, é a determinação de
conduta, ou seja, de como se comportar. A norma
jurídica possui natureza de norma ética de conduta,
promulgada pela autoridade que detém o poder,
para aprovar ou não seu conteúdo, sujeitando os
destinatários ao cumprimento do que ela determina
(LISBOA, 2008, p. 13).
2) Direito Civil: é a parte do direito voltada ao estudo
das relações privadas, isto é, das relações particulares.
O direito civil regula as obrigações, contratos civis,
a responsabilidade civil, as relações de família e a
sucessão causa mortis.
3) Pessoas: são entidades que detêm personalidade
jurídica, conferida pela lei. As pessoas dividem-se em
pessoas naturais, também chamadas de pessoas físicas
e pessoas jurídicas.
4) Pessoa natural: a pessoa natural é a pessoa física.
Trata-se do ser humano individualmente considerado.
5) Pessoa jurídica: "é toda entidade constituída de forma
solene pela vontade de pessoas físicas ou jurídicas, com
personalidade e patrimônio próprios, cuja finalidade
encontra-se prevista em sua ata constitutiva” (LISBOA,
2008, p. 63). Trata-se de uma organização, constituída
para a execução de uma atividade predeterminada,
com ou sem finalidade lucrativa.
4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
FERNANDES, A. C. Direito Civil – Obrigações. Caxias do Sul: Educs, 2010.
5. E-REFERÊNCIAS
AVILA, C. A. A. Processo e procedimento: as distinções necessárias no contexto do
Estado Democrático de Direito. Disponível em < http://www.ambito-juridico.com.br/
site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12983>. Acesso em: 22 ago.2018.
BEDUSCHI, L. O conceito de ação no Novo Código de Processo Civil. Disponível em
<http://proxy.furb.br/ojs/index.php/juridica/article/view/4599/2983>. Acesso em: 22
ago. 2018.
BRANDÃO, D. V. C. Casamento putativo: um estudo baseado no novo Código
Civil. BuscaLegis. Disponível em: <http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/
anexos/9409-9408-1-PB.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2018.
BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 5 out. 1988.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.
htm>. Acesso em: 8 ago. 2018.
BRASIL. Presidência da República. Emenda Constitucional n. 66, de 13 de julho de
2010. Dá nova redação ao § 6º do art. 226 da Constituição Federal, que dispõe sobre
a dissolubilidade do casamento civil pelo divórcio, suprimindo o requisito de prévia
separação judicial por mais de 1 (um) ano ou de comprovada separação de fato por
mais de 2 (dois) anos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF,
5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/
Emendas/Emc/emc66.htm>. Acesso em: 16 ago. 2018.
______. Presidência da República. Lei n. 4.591, de 16 de dezembro de 1964. Dispõe
sôbre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 dez. 1964. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4591.htm>. Acesso em: 8 ago. 2018.
______. Presidência da República. Lei n. 4.657, de 4 de setembro de 1942. Lei de
Introdução às normas do Direito Brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.376, de 2010).
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 4 set. 1942. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm>. Acesso em: 8
ago. 2018.
______. Presidência da República. Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe
sobre os registros públicos, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 6 jul. 2015. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>.
Acesso em: 9 ago. 2018.
______. Presidência da República. Lei n. 13.465, de 11 de julho de 2017. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13465.htm>. Acesso
em: 8 ago. 2018.
______. Presidência da República. Lei n. 24.643, de 10 de julho de 1934. Decreta o
Código de Águas. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 jul.
1934. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto/D24643.htm>.
Acesso em: 8 ago. 2018.
BRASIL. Supremo Tribunal de Justiça. Recurso Especial: Resp 1183378 – RS
(2010/0036663-8) da 4ª turma do Superior Tribunal de Justiça, Brasília, DF, 01 de
fevereiro de 2012 – Rel. Ministro Luís Felipe Salomão. Disponível em: <https://stj.
jusbrasil.com.br/jurisprudencia/21285514/recurso-especial-resp-1183378-rs-2010-
0036663-8-stj>. Acesso em: 16 ago. 2018.
CARVALHO NETO, I. A morte presumida como causa de dissolução do casamento.
Revista Justitia. Disponível em: <http://www.revistajustitia.com.br/artigos/b06xc3.
pdf>. Acesso em: 16 ago. 2018.
LEITE, G. O conceito de ação e suas principais modificações do Novo Código de
Processo Civil Brasileiro. Disponível em <https://professoragiseleleite.jusbrasil.com.
br/artigos/180930381/o-conceito-de-acao-e-suas-principais-modificacoes-do-novo-
codigo-de-processo-civil-brasileiro>. Acesso em: 22 ago. 2018.
Objetivos
• Compreender a importância e a finalidade das Normas de Introdução ao
Direito Brasileiro.
• Entender a estrutura do Código Civil.
• Compreender a definição de pessoa natural (pessoa física) e de pessoa
jurídica.
• Identificar as espécies de bens.
• Entender os fatos jurídicos, incluindo o ato, o negócio jurídico, o ato ilícito
e as teorias da responsabilidade civil.
• Compreender os institutos da prescrição e da decadência.
Conteúdos
• Normas de Introdução ao Direito Brasileiro.
• Pessoa natural (pessoa física) e de pessoa jurídica.
• Bens e suas espécies.
• Fatos jurídicos, incluindo o ato, o negócio jurídico, o ato ilícito e as teorias
da responsabilidade civil.
• A prescrição e decadência.
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UNIDADE 1 – O CÓDIGO CIVIL: PARTE GERAL
1. INTRODUÇÃO
Iniciaremos nosso estudo nesta Unidade 1 analisando o
Direito Civil. Como vimos no Glossário de Conceitos, o Direito
Civil é um conjunto de normas que regulamenta as relações civis,
estabelecidas entre as pessoas e seus bens.
Nas relações civis, aplicam-se as regras constantes no
Código Civil. O Código Civil é dividido em duas partes, quais
sejam: a parte geral e a parte especial. Começaremos o estudo
analisando a Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro, a
parte geral do Código Civil.
Parágrafo segundo:
Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou
alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do
exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida
inalterável, a arbítrio de outrem. (BRASIL, 1942).
Emancipação
O Código Civil também prevê a possibilidade de
emancipação, nos termos do artigo 5º do Código Civil (BRASIL,
2002).
A emancipação é a antecipação dos efeitos da maioridade.
Trata-se da antecipação da aquisição da capacidade civil antes da
idade legal.
São três as hipóteses de emancipação: voluntária, judicial
e legal.
A emancipação voluntária é aquela concedida pelos pais,
se o menor tiver 16 anos completos. Está prevista no artigo 5º, §
único do Código Civil. É extrajudicial e deve ser feita no Cartório
de Notas (BRASIL, 2002).
A emancipação voluntária deve ser feita por ambos os pais,
ou por um deles na falta do outro. A impossibilidade de qualquer
dos pais de participar do ato, por se encontrar em local ignorado
Morte Real
O artigo 6º do Código Civil prevê a morte real. A prova da
morte real faz-se pelo atestado de óbito ou pela justificação,
em caso de catástrofe e não encontro do corpo (Lei n. 6.015/73,
artigo 88) (BRASIL, 1973).
A pessoa natural deixa de existir com sua morte real,
conforme os critérios da Medicina Legal. É a morte cerebral, e
não outra, que extingue a pessoa física. Não se confunde a morte
real com morte aparente, isto é, aquela que a pessoa apresenta
sinais de morte sem ter falecido como, por exemplo, no estado
cataléptico. (LISBOA, 2008, p. 60).
Assim, podemos dizer que o diagnóstico da morte se dá
pela constatação da paralisação da atividade cerebral, circulatória
e respiratória, o que deve ser feito por médico perito.
Morte presumida
A morte presumida poderá ser declarada quando não se
tem o corpo.
Se a pessoa desapareceu sem qualquer causa aparente,
não se pode decretar imediatamente a sua morte. Para que a
morte seja declarada nesses casos, é necessário que as pessoas
legitimadas proponham ação judicial requerendo a declaração
de ausência e a sucessão do falecido. Sem passar por essa
ação, que pode ter duração mínima de 20 anos, não há como
Comoriência
A comoriência é a morte simultânea de duas ou mais
pessoas herdeiras ou beneficiárias entre si. Está prevista no artigo
8º do Código Civil (BRASIL, 2002). Para ser aplicado o instituto
da comoriência, é necessário que se preencha os seguintes
requisitos:
• falecimento de dois ou mais indivíduos, na mesma
ocasião, sem se conseguir identificar quem faleceu
primeiro;
• não há a necessidade de o falecimento ocorrer no
mesmo lugar, mas sim na mesma ocasião.
Pelo fato de se considerarem os herdeiros ou beneficiários
mortos ao mesmo tempo, considera-se que não houve tempo
para a efetivação da transmissão de bens entre eles. Portanto,
nesse caso, um não herda do outro. Se se tratar de um casal, os
parentes colaterais de cada um deles ficarão com a quota parte
do patrimônio de cada um deles.
Se for possível verificar qual faleceu antes do outro, não
se aplica a comoriência. Nesse caso, o que viveu um pouco mais
herda a meação do outro e depois transmite tudo aos seus
colaterais.
As pessoas jurídicas
As pessoas jurídicas estão reguladas no Código Civil nos
artigos 40 a 52, que traz disposições gerais aplicáveis a todas
as pessoas jurídicas. Nos artigos 53 a 61, temos disciplinadas as
Associações, e nos artigos 62 a 69 temos a regulamentação das
Fundações (BRASIL, 2002).
Do domicílio
Após o Código Civil tratar das pessoas naturais e das pessoas
jurídicas, ele passa a regular o domicílio delas. O domicílio está
regulado no Código Civil, nos artigos de 70 a 78 (BRASIL, 2002).
O domicílio da Pessoa Natural está definido no artigo 70
do Código Civil: "Domicílio civil da pessoa natural é o lugar onde
ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo" (BRASIL,
2002).
O artigo 71 do Código Civil admite a pluralidade de
domicílios. Nesse caso, possuindo a pessoa natural vários
domicílios, ela poderá ser acionada em qualquer um deles.
Poderá também a pessoa natural estabelecer o local de uma das
residências como centro principal de seus negócios. O domicílio
profissional está previsto no artigo 72 do Código Civil (BRASIL,
2002).
O domicílio da pessoa que não possui residência habitual é
o local onde ela for encontrada (Código Civil, artigo 73). Podemos
citar como exemplo de pessoas sem residência habitual os
ciganos, os profissionais de circo e os andarilhos (BRASIL, 2002).
A pessoa natural pode mudar de domicílio. Nos termos do
artigo 74, muda-se o domicílio se a pessoa natural transferir sua
residência com intenção manifesta de o mudar.
O Estado
Trata-se do modo como a pessoa é reconhecida na
sociedade:
• Estado individual (ou físico): é a maneira de ser da
pessoa.
• Estado familiar: é a posição ocupada pela pessoa no
seio da família. Por exemplo: casado ou solteiro, filho,
pai, genro, etc.
• Estado político: “é a qualidade jurídica que advém da
posição do indivíduo na nação. Por exemplo: brasileiro
(nato ou naturalizado) ou estrangeiro.
Direitos da Personalidade
Trata-se de conjunto de características que possui o ser
humano. Pode-se afirmar que direitos da personalidade são
Bem de família
É impenhorável, nos termos da Lei n. 8.009/1990 (BRASIL,
1990). Existem dois regimes legais disciplinando o bem de família.
Quanto às formalidades
Quanto às formalidades, os negócios podem ser dos
seguintes tipos:
• Solenes: requerem para sua existência forma especial
prescrita em lei (casamento, compra e venda de bem
imóvel);
• Não solenes: não exigem forma legal para sua efetivação
(compra e venda de coisa móvel).
A partir de agora, passaremos à análise dos atos ilícitos.
Da Prescrição e Decadência
A Prescrição está prevista no Código Civil nos artigos de 189
a 206 e a Decadência, nos artigos de 207 a 211 (BRASIL, 2002).
Definição de Prescrição
O direito não socorre quem dorme. Esse é um ditado
extremamente conhecido, que surgiu em virtude da existência
dos institutos jurídicos da prescrição e da decadência. Toda ação
tem um prazo para ser proposta.
Se o interessado deixar passar o prazo sem exercer sua
pretensão, ou seja, sem propor a ação, ocorrerá a prescrição. A
pretensão é o poder de fazer valer um direito em juízo através de
uma ação. Como exemplo, podemos citar o poder do credor de
Definição de decadência
É a extinção do direito, em virtude de seu titular não o
exercer no prazo estabelecido em lei ou no prazo combinado
pelas partes interessadas. O prazo é extintivo do direito. Seu
objeto é o direito. A decadência está prevista no Código Civil,
nos artigos de 207 a 211 (BRASIL, 2002).
Como os prazos de prescrição são aqueles discriminados
nos artigos 205 e 206 do Código Civil, os demais prazos
estabelecidos no Código, em cada caso, são decadenciais (ex.:
arts. 178, 516, 445 e 1.859).
O artigo 207 determina que "salvo disposição legal em
contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem,
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
autoavaliativas propostas:
1) c.
2) b.
3) c.
4) c.
5) d.
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da primeira unidade, na qual você teve
a oportunidade de compreender os conceitos legais sobre o
direito civil, contidos na parte geral e nas obrigações.
Na próxima unidade, iniciaremos a análise do direito
contratual e do direito das coisas.
6. E-REFERÊNCIAS
BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 5 out. 1988.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.
htm>. Acesso em: 8 ago. 2018.
______. Presidência da República. Lei n. 4.657, de 4 de setembro de 1942. Lei de
Introdução às normas do Direito Brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.376, de 2010).
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 4 set. 1942. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm>. Acesso em: 8
ago. 2018.
______. Presidência da República. Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe
sobre os registros públicos, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 31 dez. 1973. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/Leis/L6015original.htm>. Acesso em: 8 ago. 2018.
______. Presidência da República. Lei n. 8.009, de 29 de março de 1990. Dispõe
sobre a impenhorabilidade do bem de família. Diário Oficial [da] República Federativa
do Brasil, Brasília, DF, 29 mar. 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Leis/L8009.htm>. Acesso em: 8 ago. 2018.
______. Presidência da República. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui
o Código Civil. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 jan.
2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm>.
Acesso em: 8 ago. 2018.
______. Presidência da República. Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 6 jul. 2015. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>.
Acesso em: 9 ago. 2018.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LISBOA, R. S. Direito Civil de A a Z. Barueri: Manole, 2008.
MACHADO, A. C.; CHINELLATO, S. J. (Orgs.). Código Civil Interpretado – Artigo por
Artigo, Parágrafo por Parágrafo. Barueri: Manole, 2013.
Objetivos
• Compreender o conceito de obrigação.
• Entender os elementos das obrigações.
• Identificar as espécies de obrigações e seus efeitos.
• Compreender os modos de extinção das obrigações.
• Identificar as consequências do inadimplemento das obrigações.
• Analisar as obrigações, suas espécies e a forma de extinção das obrigações.
• Definir contratos.
• Identificar os requisitos do contrato e os princípios contratuais.
• Entender a formação, execução e extinção do contrato.
• Verificar a exceção do contrato não cumprido, as hipóteses de evicção e o
vício redibitório.
• Compreender as formas de extinção do contrato.
• Identificar os contratos em espécie tipificados no Código Civil.
Conteúdos
• Definição, elementos e espécies de obrigação.
• Extinção das obrigações.
• Efeitos do inadimplemento das obrigações.
• Definição de contrato e requisitos do contrato.
• Princípios contratuais.
• Formação dos contratos, contrato de adesão e contrato preliminar.
• Execução do contrato.
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UNIDADE 2 – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E CONTRATOS
1. INTRODUÇÃO
Após a análise da Introdução às Normas do Direito
Brasileiro e da Parte Geral do Código Civil, iniciaremos, nesta
segunda unidade o estudo da Parte Especial do Código Civil,
começando pelo Direito das Obrigações.
O Direito das Obrigações consiste em normas que regulam
as relações jurídicas entre credores e devedores. Dessa forma,
estudaremos nesta unidade o momento da formação da relação
entre os credores e devedores, as espécies de obrigações que
eles podem assumir um para com o outro, a possibilidade de
transmitir os direitos e obrigações a terceiros e os modos de
extinção das obrigações, sendo o mais comum, o pagamento.
Na sequência, analisaremos a teoria geral dos contratos.
Veremos que o contrato é o instrumento das obrigações, e
quem assume uma obrigação está contratando.
Assim, quais seriam as regras gerais aplicáveis aos
contratos originados de obrigações assumidas pelas partes?
Quais as responsabilidades das partes no cumprimento e o que
ocorre quando há o descumprimento dos contratos? São esses
os temas objeto dessa parte do nosso estudo.
Vistas as regras gerais que se aplicam a todos e quaisquer
contratos, veremos as espécies de contratos trazidos pelo
Código Civil. Isso porque, após tratar das regras gerais sobre
todos os contratos, o legislador civil passa a regular cada um
deles, iniciando-se, por exemplo, pelo contrato de compra e
venda.
Espécies de obrigações
O objeto da obrigação é a prestação. Na obrigação, as
partes têm sempre prestações a cumprir. A prestação possui três
espécies: a obrigação de dar, a obrigação de fazer e a obrigação
de não fazer.
• Obrigação de dar: na obrigação de dar, o objeto da
prestação é a entrega de uma coisa (como, por exemplo,
dar dinheiro, dar um automóvel) etc. A coisa pode ser
certa ou incerta. A coisa certa é aquela individualizada
e a coisa incerta é aquela que pode ser indicada por sua
qualidade, quantidade e espécie.
• Obrigação de fazer: na obrigação de fazer, o objeto
da prestação é a realização de um serviço. Nesse
caso, trata-se da responsabilidade do devedor de
realizar determinados atos em benefício do credor.
Como exemplo de obrigação de fazer, podemos citar a
contratação de um pintor para pintar um quadro, a de
um técnico para consertar um computador etc.
• Obrigação de não fazer: na obrigação de não fazer, o
objeto da prestação é uma omissão, uma abstenção,
ou seja, um deixar de fazer alguma coisa. Consiste
em uma obrigação assumida pelo devedor de não
praticar determinado ato. Como exemplo, podemos
citar a obrigação que o antigo proprietário de um
estabelecimento empresarial tem de não fazer
concorrência após a venda do estabelecimento
comercial ou a obrigação do químico da fábrica de
Pagamento
O pagamento é um meio de extinção da obrigação. O
pagamento somente pode ser feito ao credor legítimo.
Na obra Código Civil Interpretado, organizada por Antonio
Claudio da Costa Machado, o pagamento é definido como:
Pagamento é a execução voluntária e exata, por parte do
devedor, da prestação devida ao credor, no tempo, forma e
lugar previstos no título constitutivo. Se a obrigação não for
intuitu personae, será indiferente ao credor a pessoa a solver a
prestação – o próprio devedor outra por ele –, pois o que lhe
importa é o pagamento, já que a obrigação se extinguirá com ele.
(MACHADO, 2016, p. 277).
Novação
Outra forma extinguir a obrigação é a novação, que é
a criação de uma nova obrigação em substituição à obrigação
anterior. Ocorre a novação quando o objeto da obrigação é
substituído, ou quando há substituição do credor ou do devedor.
Nesses casos, surge uma nova relação jurídica, que extingue e
substitui a obrigação anterior.
Como exemplo, imagine a seguinte situação: suponha
que André deva para João a importância de R$ 1.000,00. Pedro,
amigo de André, pede que João o libere da dívida, ficando em
seu lugar como devedor. Nesse caso, podemos dizer que houve
novação, pois a obrigação entre André (antigo devedor) e João
(credor) foi extinta, surgindo uma nova obrigação entre Pedro
(novo devedor) e João.
Remissão
Temos ainda a possibilidade de o credor perdoar a dívida
do devedor. Se o devedor concordar, ocorrerá a remissão da
dívida. A remissão, portanto, é o perdão da dívida e extingue a
obrigação.
Contrato
Podemos definir contrato como o acordo de duas ou mais
vontades, com objetivo de regular os interesses entre as partes
Princípios contratuais
A finalidade dos princípios contratuais é nortear os
contratantes na celebração dos contratos e o juiz, quando este
estiver diante de um litígio para solucionar.
Princípio é, portanto, padrão de conduta que pode estar
presente na norma ou se apresentar de forma implícita no
ordenamento jurídico.
Princípio do Consensualismo
Conforme já estudamos, a regra é a forma livre, bastando
o consenso entre as partes. Portanto, para que um contrato se
aperfeiçoe, basta o consenso entre as partes, em regra.
Em algumas situações, o consenso não basta, pois, além
dele, é necessária a tradição, que é a entrega da coisa. Como
exemplo, podemos citar os contratos de comodato e depósito,
em que o contrato somente se aperfeiçoa quando o comodatário
e o depositário recebem a coisa.
Contrato de adesão
Contrato de adesão é aquele em que não há liberdade para
negociação do conteúdo. O proponente oferece as condições e
o oblato aceita ou não, sem o direito de negociar. Ou adere ou
não adere.
Contrato preliminar
É um contrato preparatório a um contrato principal e
definitivo. No contrato preliminar, as partes convencionam um
compromisso de futuramente celebrar o contrato principal.
O contrato preliminar pode ser celebrado por meio
de instrumento particular. O definitivo deverá cumprir a
determinação legal. No caso do artigo 108 do Código Civil, as
partes deverão celebrá-lo por meio de instrumento público. As
regras do contrato preliminar estão no Código Civil, nos artigos
de 462 a 466 (BRASIL, 2002).
Vícios redibitórios
Os vícios redibitórios são defeitos ou problemas verificados
na coisa após sua aquisição.
Evicção
A evicção é uma garantia que o comprador tem em caso de
perda do bem em virtude de ação judicial, que reconhece que o
bem é de terceiro.
Como exemplo, podemos citar a seguinte situação: A
vende uma casa para B. Após a venda, C entra na justiça e prova
que a casa que A dizia ser dele é de sua propriedade. Assim, C
consegue demonstrar que é o verdadeiro proprietário do bem.
A venda feita por A para B deve ser desfeita e o bem deverá ser
entregue ao seu verdadeiro dono, no caso, C.
As partes na evicção são as seguintes:
• Alienante: aquele que vendeu o bem que não era seu.
• Evicto: o que comprou o bem.
• Evictor: o verdadeiro proprietário, que reivindica o bem.
Contrato estimatório
Esse contrato é mais conhecido como contrato de venda
em consignação. Nessa modalidade, o consignante entrega
bens móveis ao consignatário, que fica autorizado a vendê-
los, pagando o preço ajustado ou devolvendo o bem no prazo
estipulado. Não há transferência de propriedade quando ocorrer
Contrato de doação
A doação é o contrato em que uma pessoa, por mera
liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens
para o patrimônio de outra. Essa é a doação pura e simples.
O doador pode impor ao donatário a execução de um
encargo. O encargo é uma obrigação. Essa espécie de doação
é considerada onerosa, pois atribui uma incumbência imposta
pelo doador em relação ao donatário. Como exemplo, podemos
citar a doação de uma determinada área com o encargo de se
fazer uma escola nas proximidades.
A doação está prevista no Código Civil, nos artigos de 538
a 564 (BRASIL, 2002).
Contrato de locação
É o contrato pelo qual uma das partes, mediante
remuneração, se obriga a ceder a outra, por tempo determinado
ou não, o uso de coisa não fungível, mediante remuneração.
O Código Civil não trata da locação de imóveis urbanos,
pois essa é contemplada pela Lei n. 8.245/1990, conhecida como
Lei de Locação. No Código Civil, a locação está regulada nos
artigos de 565 a 578 (BRASIL, 2002).
Contrato de empréstimo
O empréstimo é o contrato pelo qual uma pessoa entrega
a outra, gratuitamente, uma coisa, para que dela se sirva,
Contrato de empreitada
No contrato de empreitada, o dono de uma obra contrata
um profissional para sua execução. Na empreitada, contrata-
se o resultado, ou seja, a obra finalizada, independentemente
Contrato de depósito
É o contrato pelo qual um dos contraentes (depositário)
recebe do outro (depositante) um bem móvel, obrigando-se a
guardá-lo, temporária e gratuitamente, para restituí-lo quando
lhe for exigido. No Código Civil, o depósito está nos artigos de
627 a 652 (BRASIL, 2002).
Contrato de mandato
É o contrato pelo qual alguém (mandatário ou procurador)
recebe de outrem (mandante) poderes para, em seu nome,
praticar atos ou administrar bens. A procuração é o instrumento
do mandato. Trata-se de uma forma de representação, em que o
mandatário representará o mandante. Está regulado nos artigos
de 653 a 692 do Código Civil (BRASIL, 2002).
Contrato de comissão
O contrato de comissão tem por objeto a contratação de
uma pessoa para que ela adquira ou venda bens em nome do
contratante. O comitente é a pessoa que contrata e o comissário
é o contratado para comprar e vender bens móveis a terceiros.
O comissário age em nome próprio, é ele quem aparece perante
terceiros, mas seguindo ordens do comitente. Pela incumbência,
recebe o comissário uma comissão. O comissário não é
obrigado a divulgar o nome do proponente, podendo omitir
essa informação, pois ele se apresenta para negociar em nome
próprio. Esse contrato está previsto no Código Civil, nos artigos
de 693 a 709 (BRASIL, 2002).
Contrato de corretagem
Nos termos do artigo 722, "Pelo contrato de corretagem,
uma pessoa, obriga-se a obter para a segunda um ou mais
negócios, conforme as instruções recebidas" (BRASIL, 2002). A
função do corretor é apenas intermediar o negócio, aproximando
as partes que desejam negociar. A corretagem está no Código
Civil, nos artigos de 722 a 729 (BRASIL, 2002). A corretagem com
a finalidade de intermediação imobiliária tem regulamentação
própria.
Contrato de transporte
É aquele em que uma pessoa ou empresa se obriga,
mediante retribuição, a transportar, de um local para
outro, pessoas ou coisas animadas ou inanimadas. Temos o
transportador e o passageiro (viajante) ou expedidor (remetente).
A regulamentação está no Código Civil, nos artigos de 730 a 756
(BRASIL, 2002).
Há dois tipos de transporte:
Contrato de seguro
É aquele pelo qual uma das partes, o segurador, que deve
ser uma sociedade anônima legalmente autorizada, nos termos
da lei, se obriga, mediante o pagamento de um prêmio, a pagar
uma indenização em virtude da ocorrência de um sinistro.
Temos as seguintes espécies de seguro:
• seguro de dano: contrato pelo qual uma empresa
especializada obriga-se a pagar uma indenização
mediante o pagamento de um valor denominado prêmio
se acontecer algum infortúnio previsto no contrato que
gere dano ao segurado.
• seguro de pessoa: que se divide em seguro de vida e
seguro de saúde. No seguro de saúde, serão devidas
indenizações quando o contratante necessitar de
algum serviço relacionado à saúde. Seu objetivo é
garantir a cobertura médica e hospitalar em caso de
enfermidades dos contratantes. No seguro de vida,
contrata-se o pagamento de uma indenização no caso
de morte ou invalidez, que será paga à pessoa indicada
pelo contratante como beneficiária.
Contrato de fiança
Fiança é uma espécie de garantia. O contrato de fiança é
aquele que contém promessa feita por uma ou mais pessoas,
Transação
É um negócio jurídico bilateral, consistente em um acordo
pelo qual as partes interessadas fazem concessões mútuas,
previnem ou extinguem obrigações litigiosas ou duvidosas. No
Código Civil, está prevista nos artigos de 840 a 850 (BRASIL,
2002).
Compromisso
O compromisso é o acordo realizado entre as partes para
se estabelecer o modo de solução de conflito, caso ele surja.
Trata-se da previsão de como solucionar o conflito.
O compromisso pode estabelecer que o conflito
será resolvido judicialmente ou por meio da arbitragem. O
compromisso pode ser judicial ou extrajudicial e está previsto no
Código Civil, nos artigos de 851 a 853 (BRASIL, 2002).
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) (OAB-MS/2002 – 72º Exame de Ordem): O credor da coisa certa:
a) Pode ser obrigado a receber outra, ainda que mais valiosa.
b) Pode aceitar outra coisa, desde que haja abatimento do preço.
c) Pode aceitar receber outro bem, mas sempre que estiver de acordo com
as condições preestabelecidas no negócio jurídico.
d) Não pode ser obrigado a receber outra, ainda que mais valiosa.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
autoavaliativas propostas:
1) d.
2) b.
3) a.
4) e.
5) c.
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da segunda unidade, na qual você teve
a oportunidade analisar as obrigações, a teoria geral do contrato
e os contratos em espécies. Na próxima unidade, veremos os
direitos das coisas.
6. E-REFERÊNCIAS
BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 5 out. 1988.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GUILHERME, L. F. V. A. Manual de direito civil. Barueri: Manole, 2016. (Biblioteca
Digital Pearson).
LISBOA, R. S. Direito Civil de A a Z. Barueri: Manole, 2008. (Biblioteca Digital Pearson).
MACHADO, C. (Org.); CHINELLATO, S. J. (Coord.).Código civil interpretado: artigo
por artigo, parágrafo por parágrafo. 9. ed. Barueri: Manole, 2016. (Biblioteca Digital
Pearson).
PELUSO, C. Código civil comentado: doutrina e jurisprudência. 9. ed. rev. atual. Barueri:
Manole, 2015. (Biblioteca Digital Pearson).
Objetivos
• Compreender a definição de posse e propriedade.
• Identificar os modos de aquisição da posse e da propriedade.
• Entender a usucapião como forma de aquisição da propriedade.
• Compreender o condomínio.
• Identificar os direitos e deveres dos vizinhos.
• Entender os direitos reais sobre as coisas alheias.
Conteúdos
• Posse: aquisição e perda.
• Propriedade: aquisição e perda.
• Usucapião.
• Condomínio.
• Direitos de Vizinhança.
• Direitos reais sobre coisas alheias.
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UNIDADE 3 – DIREITO DAS COISAS
1. INTRODUÇÃO
Na Unidade 2, verificamos o direito das obrigações e os
contratos, analisando a teoria geral dos contratos e os contratos
em espécie. Nessa unidade, analisaremos o Direito das Coisas,
analisando os aspectos relacionados à posse e à propriedade e
os direitos reais em geral.
Posse
O Código Civil adota a teoria de Lhering, nos termos do
artigo 1.196, que diz: “considera-se possuidor todo aquele que
tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes
inerentes à propriedade” (BRASIL, 2002). Pode-se afirmar,
portanto, que se considera possuidor aquele se apresenta em
relação à coisa possuída como se proprietário fosse.
O locatário (inquilino) apresenta-se nessa condição de
possuidor, por isso não é considerado proprietário, mas sim mero
possuidor em decorrência do contrato de locação que firmou.
Se ele se apresentar como dono e comprovar que age
como se dono fosse, poderá vir a ser considerado proprietário se
conseguir êxito em uma ação de usucapião, por exemplo.
Espécies de posse
A posse pode ter características diferentes, podendo ser
dividida em várias espécies, identificadas e explicadas a seguir.
1) Posse direta e posse indireta: quando a posse pertence
a quem não é o proprietário da coisa, a posse pode ser
direta e indireta. Tem posse direta aquele que possui
materialmente a coisa. Como exemplo podemos citar
o locatário e o usufrutuário. A posse indireta é daquele
que não está com a coisa, mas é seu proprietário.
Como exemplo, podemos citar o locador, que é dono
do imóvel locado, mas quem possui o imóvel durante a
locação é o locatário.
2) Posse justa e posse injusta: a posse justa é aquela
adquirida sem violência, de maneira que não seja
clandestina nem precária, conforme determina o artigo
1.200 do Código Civil (BRASIL, 2002). Já a posse injusta
é aquela obtida com violência, de maneira clandestina
ou precária.
3) Posse violenta: é aquela adquirida mediante força.
4) Posse clandestina: é a aquela que se adquire
ocultamente, sem publicidade.
5) Posse precária: é a que se origina do abuso de confiança
por quem recebe a posse, que tem a obrigação de
devolvê-la, mas se recusa a fazê-lo.
Ao tratar de posse violenta, clandestina ou precária, é
importante ressaltar o conteúdo do "Princípio da continuidade
do caráter da posse", que está no artigo 1.203 do Código
Civil: “salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o
mesmo caráter com que foi adquirida” (BRASIL, 2002). Isso
significa que se a aquisição foi violenta, clandestina ou precária,
Propriedade
Propriedade é o direito de usar, gozar e dispor de um bem,
corpóreo ou incorpóreo. Além disso, a propriedade dá o direito
de reivindicar a coisa de quem a detenha ou possua de forma
injusta.
1) Usar: pode ser entendido como ocupar. Como exemplo
de uso, podemos citar o proprietário habitando a coisa
ou permitindo que alguém a habite.
2) Gozar ou fruir: é o direito de explorar economicamente
a coisa.
3) Dispor: é o direito de alienar a coisa, ou seja, de dispor
da coisa.
As características da propriedade
A propriedade tem características, as quais estudaremos a
seguir.
1) É absoluta e, por esse motivo, pode ser oponível
contra todos. Isso significa que o proprietário poderá
utilizar da coisa como bem quiser, respeitando apenas
os limites que a lei determina para proteger o interesse
público e não violar direito de terceiros. Vale evidenciar
que a Constituição Federal de 1988 trouxe o princípio
da função social da propriedade, que, de certa forma,
em algumas situações relativiza o caráter absoluto
do direito de propriedade. Como função social da
propriedade, podemos entender que o proprietário
não pode usar a propriedade de modo a causar dano a
terceiros. Se, por exemplo, uma pessoa é proprietária
de um terreno, ela deverá mantê-lo limpo para que
a vegetação não se acumule e incomode terceiros.
Se não mantiver, o Poder Público poderá intervir e
determinar a limpeza do terreno. Portanto, esse é um
caso em que o proprietário não pode dizer o terreno
é dele e, por isso, pode deixá-lo como quiser, pois,
embora proprietário, deve respeito à coletividade, ao
interesse público.
2) Exclusiva: o mesmo bem não pode pertencer com
exclusividade e simultaneamente a duas ou mais
pessoas. Se não houver a exclusividade, admite-se a
propriedade em comum.
Usucapião
Usucapião é um modo originário de aquisição do domínio,
por meio da posse por um tempo determinado pela lei. Nesse
caso, a posse deve ser mansa e pacífica.
Espécies de usucapião
Analisaremos na sequência a usucapião de bens imóveis.
Ao estudarmos os modos de aquisição da propriedade móvel,
verificaremos a usucapião de bem móvel.
Condomínio
O condomínio é uma relação que se estabelece em
relação ao direito de propriedade. Ocorre quando duas ou mais
pessoas são proprietárias do mesmo bem. Exemplo: um imóvel
com propriedade de três irmãos. Nesse caso, a propriedade é
concorrente e simultânea dos três, cada um com sua cota-parte,
podendo usar a coisa toda, nos termos do artigo 1.314 do Código
Civil (BRASIL, 2002). Esse é o condomínio chamado de geral.
Espécies de condomínio
• Condomínio voluntário: é voluntário o condomínio
quando duas ou mais pessoas adquirem o mesmo bem.
• Condomínio forçado: ocorre sem que os condôminos
tenham propriamente vontade de estabelecer um
condomínio, como, por exemplo, no caso de pessoas
que recebem doação de um mesmo bem.
Administração do condomínio
O condomínio pode ser administrado. As decisões quanto à
administração devem ser tomadas por maioria. O administrador
pode ser um condômino ou um terceiro.
A maior parte das decisões é calculada nos termos do
artigo 1.323 do Código Civil, a seguir:
Art. 1.325. A maioria será calculada pelo valor dos quinhões.
§ 1º As deliberações serão obrigatórias, sendo tomadas por
maioria absoluta.
§ 2º Não sendo possível alcançar maioria absoluta, decidirá o
juiz, a requerimento de qualquer condômino, ouvidos os outros.
§ 3º Havendo dúvida quanto ao valor do quinhão, será este
avaliado judicialmente.
Extinção do condomínio
Um condomínio pode ser extinto pela divisão da coisa
quando esta for divisível ou pela alienação.
Condomínios especiais
Temos dois condomínios especiais, quais sejam: o
condomínio por meação de paredes, cercas, muros e valas e o
condomínio edifício, os quais veremos a seguir.
Administração
Quem administra o condomínio é o síndico, que pode
ser pessoa física ou jurídica, condômino ou não, de forma
remunerada ou gratuita. O síndico é escolhido por eleição
realizada pela assembleia.
As regras estão nos artigos sobre a eleição e o exercício da
função do síndico estão nos artigos 1.347, 1.348, 1.350 e 1.355,
CC (BRASIL, 2002).
Extinção do Condomínio
O condomínio pode terminar por:
• perecimento do bem (Código Civil, artigo 1.357);
• por desapropriação do edifício (Código Civil, artigo
1.358) (BRASIL, 2002);
• por venda de todas as unidades a uma só pessoa.
Multipropriedade
Trata-se de um condomínio especial em que os condôminos
dividem a mesma unidade habitacional em frações de tempo
diversas. Nessa hipótese, o proprietário passa a ser titular de um
imóvel, tendo direito de usá-lo em determinado período para
usar e gozar da coisa. Geralmente, é usado em locais destinados
ao lazer.
Shopping centers
Nos shopping centers, cada unidade empresarial é alienada
a um titular, estabelecendo-se um condomínio subordinado a
regras de mercado. Estabelece-se uma convenção condominial
que regerá a relação entre o empreendedor e os proprietários
das unidades comerciais.
Direito de vizinhança
O direito entre vizinhos é regulado pelo Código Civil. Trata-
se de limitações impostas para conciliar o interesse dos vizinhos,
de modo a possibilitar a convivência social.
Das águas
As águas tratadas no Código Civil são as pluviais (de chuva)
e as águas de nascentes naturais (não captadas).
As regras são as seguintes:
• Sabe-se que as águas correm de cima para baixo. Assim,
nos termos do artigo 1.288:
o dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a receber
as águas que correm naturalmente do superior, não podendo
realizar obras que embaracem o seu fluxo; porém a condição
Do direito de construir
O proprietário do imóvel pode construir em seu terreno.
Nesse sentido, determina o artigo 1.299: "O proprietário pode
levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo
o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos. Os
regulamentos administrativos cabem ao município.
O que não se permite:
1) Despejar águas diretamente no terreno do vizinho,
conforme artigo 1.300 do Código Civil (BRASIL, 2002).
2) Abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a
menos de um metro e meio do terreno vizinho (Código
Civil, artigo 1.301) (BRASIL, 2002).
3) Executar chaminés, fogões, fornos ou quaisquer
aparelhos ou depósitos suscetíveis de produzir
infiltrações ou interferências prejudiciais ao vizinho,
conforme Código Civil, artigo 1.308 e parágrafo único)
(BRASIL, 2002).
4) Construir fossa junto de poço de água (Código Civil,
artigo 1.309) (BRASIL, 2002).
5) Executar qualquer obra ou serviço suscetível de
provocar desmoronamento ou deslocação de terra, ou
que comprometa a segurança do prédio vizinho, senão
Usufruto
É um direito real, em que se confere a uma pessoa a
posse direta da coisa durante determinado tempo. As partes no
Uso
O uso é uma espécie de usufruto, mais restrito. Isso porque
o uso, ao contrário do usufruto, é insuscetível de cessão e é
limitado pelas necessidades do usuário e de sua família.
Podem ser objeto os bens móveis infungíveis e os imóveis,
corpóreos e incorpóreos. O uso pode ser constituído por ato
entre vivos ou mortis causa, decisão judicial e usucapião. Não há
a constituição legal.
As causas de extinção do uso são: morte do usufrutuário,
pela cessação do motivo que deu origem e pela consolidação da
propriedade na pessoa de quem usa ou de quem concede o uso.
Habitação
Trata-se do direito real temporário de ocupar gratuitamente
casa alheia com a finalidade de morada pelo seu titular e de sua
família.
Superfície
Determina o artigo 1.369 do Código Civil:
O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou
de plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante
escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro
de Imóveis. (BRASIL, 2002).
Penhor
Penhor é um direito real que permite a transferência
efetiva de uma coisa móvel, suscetível de alienação, realizada
pelo devedor ou por terceiro ao credor com a finalidade de
garantir o pagamento da dívida.
Pode ser constituído por meio de convenção ou por lei
(vide artigos 1.432 e 1.467 do Código Civil). As regras e espécies
Hipoteca
É a garantia constituída por um bem imóvel. Nesse caso um
imóvel é dado em garantia de uma dívida, sem a transferência de
posse, podendo o credor, em caso de inadimplência, promover
sua venda judicial para com o produto da venda quitar a dívida.
É indispensável conferir a publicidade a hipoteca, mediante
o registro no Cartório do lugar do imóvel.
Temos a hipoteca convencional, constituída por um acordo
de vontades, a legal, imposta por lei, e a hipoteca judiciária,
que é aquela que decorre de sentença. Na hipoteca judicial,
quando uma sentença judicial condenar o réu ao pagamento de
prestação consistente em dinheiro ou determinar a conversão
de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em prestação
pecuniária, o autor terá direito de garantia real sobre os bens
do vencido, para vendê-los e obter a quantia necessária para a
satisfação da obrigação. Nos termos do Código de Processo Civil
(BRASIL, 2015), a hipoteca judiciária pode conferir para o credor
hipotecário o direito de preferência.
A hipoteca extingue-se pela extinção da obrigação principal,
pelo perecimento da coisa, pela resolução da propriedade, pela
renúncia do credor, pela remição, pela sentença transitada em
Anticrese
Anticrese é o direito real sobre imóvel alheio, em virtude
do qual o credor obtém a posse da coisa, a fim de lhe perceber os
frutos e rendimentos em compensação da dívida (Código Civil,
artigo 1.506) (BRASIL, 2002).
A anticrese depende da tradição, ou seja, da entrega,
recaindo sobre bem imóvel e requer, para sua constituição,
escritura pública e inscrição no Registro Imobiliário.
A anticrese pode ser extinta pelo pagamento da dívida, pelo
término do prazo legal, pelo perecimento do bem anticrético,
pela desapropriação, pela renúncia do anticresista, pela exceção
de outros credores, quando o anticrético não opuser direito de
retenção, pelo resgate do bem dado em anticrese, por ato do
adquirente que, antes do vencimento da dívida, vem pagá-la em
sua totalidade.
Por fim, veremos o direito real de aquisição, qual seja, o
direito do promitente comprador de imóvel.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
autoavaliativas propostas:
1) Não. O direito do possuidor à indenização por benfeitorias necessárias
independe da espécie da posse. Com efeito, tanto o possuidor de boa-fé
quanto o de má-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias,
conforme se depreende dos artigos 1.219 e 1.220 do CC (BRASIL, 2002).
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da terceira unidade, na qual você teve
a oportunidade de compreender os conceitos e aspectos gerais
sobre os direitos das coisas, contidos regulamentados na parte
especial do Código Civil.
Na próxima unidade, iniciaremos a análise do direito de
família e das sucessões.
6. E-REFERÊNCIAS
BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 5 out. 1988.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.
htm>. Acesso em: 8 ago. 2018.
______. Presidência da República. Lei n. 4.591, de 16 de dezembro de 1964. Dispõe
sôbre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 dez. 1964. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4591.htm>. Acesso em: 8 ago. 2018.
______. Presidência da República. Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe
sobre os registros públicos, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 31 dez. 1973. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/L6015compilada.htm>. Acesso em: 8 ago. 2018.
______. Presidência da República. Lei n. 10.257, de 10 julho de 2001. Regulamenta os
arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana
e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF,
10 jul. 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/
L10257.htm>. Acesso em: 8 ago. 2018.
______. Presidência da República. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui
o Código Civil. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 jan.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERNANDES, A. C. Direito Civil – Obrigações. RS: Educs, 2010. (Biblioteca Digital
Pearson).
MACHADO, C. (Org.); CHINELLATO, S. J. (Coord.). Código civil interpretado: artigo
por artigo, parágrafo por parágrafo. 9. ed. Barueri: Manole, 2016. (Biblioteca Digital
Pearson).
PELUSO, C. Código civil comentado: doutrina e jurisprudência. 9. ed. rev. atual. Barueri:
Manole, 2015. (Biblioteca Digital Pearson).
Objetivos
• Definir Direito de Família.
• Compreender o casamento e a união estável.
• Identificar as relações de parentesco.
• Entender o poder familiar.
• Compreender a tutela e a curatela.
• Definir o direito das sucessões.
• Compreender a sucessão legítima e a representação.
• Entender a sucessão testamentária.
• Identificar os indignos de suceder e a deserdação.
Conteúdos
• Casamento e união estável.
• Relações de parentesco.
• Poder familiar.
• Tutela e curatela.
• Definição do Direito das Sucessões.
• Sucessão legítima e representação.
• Sucessão testamentária.
• Os indignos de suceder e a deserdação.
147
UNIDADE 4 –DIREITO DE FAMÍLIA E SUCESSÕES
1. INTRODUÇÃO
Na unidade anterior, estudamos o Direito das Coisas,
analisando a posse, a propriedade, a usucapião, o condomínio,
os direitos de vizinhança e outros importantes institutos
relacionados aos direitos reais. Nesta unidade, faremos o estudo
do Direito de Família e Sucessões.
A família
Atualmente, a família tem um conceito amplo e pode
ser compreendida como a relação entre as pessoas unidas
por vínculo jurídico de natureza familiar. Aqui se incluem os
cônjuges ou conviventes em união estável, descendentes, os
ascendentes e os colaterais, incluindo os parentes do cônjuge,
que são chamados de parentes por afinidade ou afins. A proteção
alcança também as chamadas entidades familiares, chamada
de família monoparental, formada, nos termos do artigo 226,
§ 4 da Constituição Federal, por apenas um dos pais e seus
descendentes.
Iniciaremos nosso estudo pelo casamento.
Casamento
Casamento é a união entre duas pessoas com objetivo de
constituir uma vida comum. Atualmente, admite-se o casamento
civil entre pessoas do mesmo sexo. O precedente judicial foi a
Regime de bens
Os cônjuges devem escolher o regime de bens que será
aplicado no casamento antes da celebração, no momento da
habilitação, que é o ato que antecede o casamento.
O regime legal que se aplica, em regra, se as partes não se
opuserem, é o regime da comunhão parcial de bens.
Se os nubentes fizerem a opção por outro regime, eles
devem fazer isso por meio do pacto antenupcial.
Pacto antenupcial é um ajuste, que deve ser feito por
meio de escritura pública, onde as partes estabelecem qual o
regime que estão adotando, lembrando que se o regime for o da
comunhão parcial de bens, não há a necessidade da realização
do pacto.
Os regimes são os seguintes:
Separação de bens
Por este regime, cada um dos cônjuges permanece
administrando seus próprios bens, os anteriores ao casamento
Dissolução do casamento
O casamento se dissolve, ou seja, se extingue, nas seguintes
hipóteses, conforme estabelece o artigo 1.571 do Código Civil
(BRASIL, 2002):
1) pela morte de um dos cônjuges;
Parentesco afim
Afinidade é um vínculo que se cria por determinação da
lei. O artigo 1.595 do Código Civil determina: Cada cônjuge ou
companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da
afinidade.” (BRASIL, 2002). Dessa forma, esse parentesco é o
estabelecido entre um dos cônjuges ou companheiros com os
parentes do outro. Limita-se aos ascendentes, descendentes
e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. Portanto, se você é
casado, você é parente, por afinidade, dos irmãos e dos pais do
seu cônjuge, por exemplo.
Parentesco civil
O parentesco civil é aquele estabelecido, por exemplo,
entre adotante e adotado. Trata-se do parentesco que não deriva
da consanguinidade ou afinidade.
Dos alimentos
O artigo 1.694 do Código Civil (BRASIL, 2002) determina
que "podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns
aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo
compatível com a sua condição social, inclusive para atender às
necessidades de sua educação. (BRASIL, 2002).
Ao se fixar alimentos, deve-se levar em conta a capacidade
de quem vai pagá-los e a necessidade de quem vai recebê-los.
Trata-se do binômio necessidade/possibilidade, que sempre
deve ser observado nessa situação.
Os alimentos são necessários para que a pessoa possa
continuar vivendo de modo compatível com sua condição
social, atendendo inclusive às necessidades com a educação do
alimentando.
Os alimentos podem englobar todas as despesas
necessárias à sobrevivência, incluindo além da alimentação, os
valores correspondentes a vestuário, educação, habitação, lazer
e saúde.
Eis o que determina o artigo 1.701 do Código Civil: "A pessoa
obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, ou
dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar
o necessário à sua educação, quando menor" (BRASIL, 2002).
Temos dois fundamentos para pedir alimentos, que se
fundamentam:
• na solidariedade familiar, que um parente tem em
relação ao outro, independentemente da filiação;
• no dever de sustento dos pais em relação aos filhos;
esse dever decorre do poder familiar que os pais têm
em relação aos filhos.
Alimentos gravídicos
Os alimentos gravídicos, embora já fossem considerados
pelos tribunais, foram regulamentados pela Lei n. 11.804/2008
(BRASIL, 2008). Referida lei dá direito à gestante obter os
valores correspondentes às despesas com o parto, alimentação,
assistência médica, entre outras. O objetivo da lei é garantir à
mulher uma gestação saudável.
A gestante pode pleitear os alimentos gravídicos desde a
concepção. Para tanto, não há necessidade de prova absoluta
da paternidade, mas sim de indícios de provas de paternidade,
como prova testemunhal ou outras demonstrações de que havia
um relacionamento amoroso entre a gestante e o suposto pai.
Após o nascimento da criança, os alimentos gravídicos
podem ser convertidos em pensão alimentícia.
A tutela
É uma forma de proteção do menor incapaz que não está
sob o poder familiar, em que se confere a um terceiro os poderes
necessários para tanto. Os menores, em caso de falecimento
dos pais ou em caso de os pais perderem o poder familiar, são
colocados sob tutela. Está regulada no Código Civil, nos artigos
de 1.728 a 1.766 (BRASIL, 2002).
A tutela pode ser legítima, quando a lei define quem será
o tutor, ou testamentária, em que a nomeação do tutor é feita
pelos pais em testamento.
A ordem da tutela legítima é a seguinte, nos termos do
artigo 1.731 (BRASIL, 2002):
• os ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao
mais remoto;
• os irmãos ou os tios, sendo preferido o mais próximo
ao mais remoto e, no mesmo grau, o mais velho ao
mais moço.
O juiz, respeitando o interesse do menor, poderá não seguir
a ordem estabelecida na lei.
Curatela
A curatela é a proteção de maiores incapazes. A incapacidade
dos maiores pode ocorrer, por exemplo, por enfermidade ou
doença mental. A curatela está regulada nos artigos de 1.767 a
1.783 (BRASIL, 2002).
O curador sempre será determinado judicialmente em
processo judicial de interdição.
A ação de interdição poderá ser promovida pelos pais,
tutor, cônjuge, parentes em linha reta ou colateral até o quarto
grau, excluído os afins, e pelo Ministério Público.
Aplica-se a curatela os dispositivos legais relativos à tutela.
Sucessão legítima
A sucessão legítima deve ser feita de acordo com o que a lei
estipula. É o Código Civil que disciplina essa espécie de sucessão
nos artigos 1.829 a 1.856 (BRASIL, 2002).
Representação
A representação foi tratada no Código Civil, nos artigos de
1.851 a 1.856 (BRASIL, 2002).
O artigo 1.851 do Código Civil determina que: "dá-se o
direito de representação, quando a lei chama certos parentes do
falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia,
se vivo fosse" (BRASIL, 2002). Como exemplo, podemos citar a
seguinte situação: Pedro, viúvo, faleceu em 20/09/2017. Ele teve
três filhos, André, Sebastião e Valter. Valter faleceu antes do pai,
deixando um filho, chamado de João.
Como Pedro não tem ascendentes, a herança deverá ser
recebida por seus filhos (descendentes), em partes iguais. O
filho de Valter, que é neto de Pedro, representará o pai morto,
herdando a quota-parte deste, que no caso é equivalente a 1/3
da herança.
Sucessão testamentária
A sucessão testamentária está presente nos artigos de
1.857 a 1.990 do Código Civil (BRASIL, 2002). Temos a sucessão
testamentária quando o falecido indica em um testamento as
pessoas que devem receber a parte disponível de sua herança.
Testamento é um "contrato" solene, escrito e registrado
nos termos da lei, em que uma pessoa dispõe acerca de seus
bens e sobre atos de última vontade, para depois de sua morte.
Se existirem, porém, descendentes, ascendentes ou
cônjuge (herdeiros necessários), o testador só poderá dispor da
metade de seus bens, pois a outra metade pertence a eles.
A herança pode ser constituída de legados. Os legados
são bens individualizados que constituem a herança, atribuídos
a um ou a vários legatários. O legado pode ser atribuído
independentemente da qualidade de herdeiro.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) (OAB, 2011 – VI Exame Unificado): Paulo, maior e capaz, e Eliane, maior
e capaz, casaram-se pelo regime da comunhão parcial de bens no ano de
2004. Nessa ocasião, Paulo já havia herdado, em virtude do falecimento
de seus pais, um lote de ações na Bolsa de Valores, cujo montante
atualizado corresponde a R$ 50.000,00, sendo certo que Eliane, à época,
não possuía bens em seu patrimônio. No ano de 2005, nasceu João, filho
do casal. Em 2006, Paulo vendeu as ações que havia recebido e, com o
produto da venda, comprou um automóvel de igual valor. Em 2007, Paulo
foi contemplado com um prêmio de loteria no valor atualizado de R$
100.000,00, que se mantém depositado em conta bancária. Agora, no ano
de 2017, o casal pretende-se divorciar mediante a lavratura de escritura
pública. Sobre essa situação, responda:
a) Pode o casal divorciar-se no cartório, extrajudicialmente, por meio de
lavratura de escritura pública?
b) A respeito da partilha de bens em caso de divórcio do casal, qual(is)
bem(ns) deve(m) integrar o patrimônio de Eliane e qual(is) bem(ns)
deve(m) integrar o patrimônio de Paulo?
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
autoavaliativas propostas:
1) a) Não, de acordo com o artigo 733 do CPC (BRASIL, 2015). Isso porque os
cônjuges possuem um filho menor de idade, o que consiste em empecilho
legal à utilização da via extrajudicial para a decretação do divórcio.
b) Caberá a Eliane perceber metade do prêmio de loteria a título de
meação, na forma do artigo 1.660, inciso II, do CC (BRASIL, 2002). Paulo
terá direito ao automóvel, por ter sido adquirido com o produto da
herança (art. 1.659, inciso I, CC), e também à metade do prêmio de loteria
(artigo 1660, II, CC).
2) b.
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da quarta unidade, na qual você teve a
oportunidade de compreender os conceitos e os aspectos gerais
sobre o direito de família e sucessões, esgotando o direito civil.
Na próxima unidade, iniciaremos a análise do direito
processual civil. Até lá!
6. E-REFERÊNCIAS
BRANDÃO, D. V. C. BuscaLegis. Casamento putativo: um estudo baseado no novo Código
Civil. Disponível em: <http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/9409-
9408-1-PB.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2018.
BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 5 out. 1988.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.
htm>. Acesso em: 16 ago. 2018.
______. Presidência da República. Emenda Constitucional n. 66, de 13 de julho de
2010. Dá nova redação ao § 6º do art. 226 da Constituição Federal, que dispõe sobre
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MACHADO, C. (Org.); CHINELLATO, S. J. (Coord.). Código civil interpretado: artigo
por artigo, parágrafo por parágrafo. 9. ed. Barueri: Manole, 2016. (Biblioteca Digital
Pearson).
PELUSO, C. Código civil comentado: doutrina e jurisprudência. 9. ed. rev. atual. Barueri:
Manole, 2015. (Biblioteca Digital Pearson).
Objetivos
• Conceituar o Direito Processual.
• Explicar jurisdição, processo e ação.
• Entender a formação, suspensão e extinção do processo.
• Compreender o processo de conhecimento e a fase de cumprimento de
sentença.
• Identificar as tutelas provisórias.
• Identificar os procedimentos especiais.
• Compreender a execução e seus aspectos.
• Identificar os recursos e seus principais aspectos.
Conteúdo
• Jurisdição e ação.
• Processo de conhecimento e a fase de cumprimento de sentença.
• Tutelas provisórias.
• Formação, suspensão e extinção do processo.
• Procedimentos especiais.
• Execução.
• Recursos.
175
UNIDADE 5 – DIREITO PROCESSUAL CIVIL
1. INTRODUÇÃO
Nesta quinta e última unidade, verificaremos o Direito
Processual Civil e seus principais elementos, como as partes, a
ação e a jurisdição. Analisaremos o procedimento comum e o
cumprimento de sentença, os procedimentos especiais previstos
no Código de Processo Civil (CPC) e o processo de execução.
Estudaremos, por fim, as tutelas provisórias e os recursos. Vamos
lá?
Jurisdição
O Estado tem três poderes, quais sejam: o Poder Executivo,
o Poder Legislativo e o Poder Judiciário. A função jurisdicional
cabe ao Poder Judiciário. Podemos entender como jurisdição a
função que o Estado tem de solucionar conflitos e aplicar a lei.
A jurisdição pode ser contenciosa ou voluntária. Na
contenciosa busca-se a composição de um litígio e na voluntária
o objetivo é a integração das partes envolvidas.
A Constituição Federal fixa a jurisdição material da seguinte
forma:
• Jurisdição Comum, que inclui a Justiça Federal e Justiça
Estadual
• Jurisdição Especial, que inclui a Justiça do Trabalho, a
Justiça Eleitoral e a Justiça Militar.
Processo
O processo é um conjunto de atos praticados de forma
ordenada no exercício da função jurisdicional. Os atos de um
processo são chamados de procedimento ou rito e podem ser
entendidos como o caminho que deverá ser percorrido pelos
Ação
Podemos definir ação processual como um instrumento
que traduz o agir da pessoa que entende que teve um direito
lesado e quer, por meio do Poder Judiciário, restaurar esse
direito. Esse instrumento chama-se ação.
O nosso Código de Processo Civil adotou a teoria de
Liebmam para definir ação. "Para Liebman, a Ação, como direito
de provocar a Jurisdição, deve ser tida como o direito de provocar
o julgamento do pedido, ou seja, a decisão sobre a lide, ou a
análise do mérito" (BEDUSCHI, p. 8)
Analisados os conceitos de jurisdição, processo e ação,
identificaremos, a partir de agora, os atos correspondentes a
cada sujeito processual. Assim, veremos quais podem ser os atos
das partes, os atos do juiz e os atos dos auxiliares da justiça.
Atos do Juiz
No processo civil o Juiz decidirá por meio de sentenças,
decisões interlocutórias e despachos.
Petição inicial
O procedimento comum inicia-se com a petição inicial.
Protocolada a inicial e estando o processo formalmente em ordem,
o juiz determina a intimação do réu para o comparecimento na
audiência de conciliação prevista no artigo 319 do CPC, se houve
solicitação do autor nesse sentido, bem como a citação dos fatos
contra ele aduzidos.
Não havendo solicitação da audiência de conciliação pelo
autor ou se não houver acordo, inicia-se o prazo de apresentação
de defesa pelo réu. Após a apresentação de defesa, se não houver
determinação de efetivação da réplica, o juiz saneará o processo,
designando audiência de instrução e julgamento. Pode ser que
o juiz se sinta apto a efetuar o julgamento por entender que já
existe no processo provas suficientes para tanto.
A defesa do réu
O réu pode apresentar sua defesa alegando problemas
formais em relação ao processo, pedindo que o juiz extinga o
processo sem analisar o direito do autor. Nesse caso, antes de
tratar sobre o direito pleiteado pelo autor, o réu atacará aspectos
formais, ou seja, o tipo de ação proposta ou algum problema
formal em relação ao processo.
Saneamento do processo
O saneamento do processo é uma decisão proferida
pelo juiz após a defesa e quando o processo não é extinto sem
julgamento do mérito por não haver irregularidades formas.
Por meio dessa decisão o juiz determina as correções que
forem necessárias e especifica o que ainda depende de prova.
O artigo 357 do CPC trata do saneamento:
Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo,
deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do
processo:
I - resolver as questões processuais pendentes, se houver;
II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade
probatória, especificando os meios de prova admitidos;
III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373;
IV - delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do
mérito;
V - designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento
(BRASIL, 2015).
Alegações finais
No final da instrução, nos termos do artigo 364:
[...] o juiz dará a palavra ao advogado do autor e do réu, bem
como ao membro do Ministério Público, se for o caso de sua
intervenção, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte) minutos
para cada um, prorrogável por 10 (dez) minutos, a critério do juiz
(BRASIL, 2015).
Sentença
Nos termos do artigo 366 do CPC, após a apresentação das
alegações finais, o juiz deverá decidir o processo. A decisão de 1º
grau é chamada de sentença. Trata-se da decisão que resolve o
processo.
2.4. RECURSOS
Apelação
Cabe apelação da sentença. Os artigos que tratam da
apelação são os seguintes: 1.009 a 1.014 do CPC.
Agravo de instrumento
Cabe o agravo de instrumento em relação as decisões
interlocutórias, que são as decisões proferidas antes da sentença.
Está regulado nos artigos 1.015 a 1.020.
Embargos de declaração
Cabe embargos de declaração quando a decisão proferida
apresenta omissões, contradições ou obscuridade. A previsão está
nos artigos 1.022 a 1.026 do CPC. O prazo desse recurso é de 5 dias.
Recurso Ordinário
As hipóteses de cabimento do recurso ordinário estão no
artigo 1.027 do CPC.
Agravo interno
Cabe agravo interno de decisões proferidas pelo relator,
dirigido para o órgão colegiado, nos termos do artigo 1.021 do
CPC.
Embargos de divergência
Cabe embargos de divergência de acórdão de órgão
fracionado que, em recurso extraordinário ou especial quando
houver divergência na decisão proferida, nos atermos do artigo
1.043 do CPC.
Bom, vistos esses conceitos, iniciaremos, agora, o estudo
das tutelas provisórias.
Tutela de urgência
A tutela de urgência também pode ser entendida como
uma providência de urgência requerida por uma das partes ao
juiz. Cabe esse pedido quando, nos termos do artigo 300 do CPC:
• Estiver evidente a probabilidade da existência do direito
pleiteado.
• Houver perigo de dano ou risco ao resultado útil do
processo.
Quando a urgência ocorrer no momento da propositura da
petição inicial, a tutela a ser usada é a antecipada. Já quando há
necessidade de requerimento cautelar, antes da petição inicial, a
tutela será a cautelar.
Tutela de evidência
Conforme prevê o artigo 311 do CPC, a tutela de evidência
é cabível independente da demonstração do perigo de dano ou
resultado útil ao processo, nas seguintes hipóteses:
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto
propósito protelatório da parte;
Ações possessórias
As ações possessórias têm como objetivo proteger a posse.
Temos as seguintes ações possessórias:
• Reintegração de posse: quando no caso de esbulho, ou
seja, quando ocorrer a perda da posse.
Ação de Inventário
A ação de inventário deve ser proposta pelos sucessores do
falecido para formalizar a transferência dos bens por ele deixados.
O objeto do inventário é a partilha de bens entre os sucessores,
devendo ser efetivada por meio do formal de partilha.
Quando todos os sucessores forem maiores e capazes,
o inventário pode ser feito na forma de arrolamento sumário.
O arrolamento sumário é uma forma mais simplificada do
inventário.
Agora, se houver sucessores incapazes e o falecido tiver
deixado testamento, não se pode usar a forma do arrolamento
sumário. Nesse caso, a forma a ser seguida é a prevista para o
inventário, sem a simplificação do arrolamento sumário.
O procedimento para o inventário está no CPC, nos artigos
610 a 658. Já o arrolamento está nos artigos 659 a 667 do CPC.
Na sequência o legislador traz dispositivos aplicáveis tanto
ao inventário como a partilha (artigos 668 a 673).
Embargos de terceiro
Se alguém sofrer constrição ou ameaça de constrição
em um bem que lhe pertence, poderá propor judicialmente os
Embargos de Terceiro.
Se alguém adquire um automóvel e não formaliza a
transferência e por conta de dívidas do vendedor sofrer penhora
no automóvel, poderá entrar com embargos de terceiro para
mostrar que adquiriu o bem regularmente, demonstrando a boa-
fé e a ausência de fraude contra terceiros.
Os embargos de terceiro vêm regulado nos artigos 674 a
681 do CPC.
O próprio legislador definiu os embargos de terceiro no
artigo 674:
Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça
de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha
direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu
desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro
(BRASIL, 2015).
Ação monitória
Segundo o artigo 700 do CPC,
[A] ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar,
com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter
direito de exigir do devedor capaz:
I - o pagamento de quantia em dinheiro;
II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou
imóvel;
III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer
(BRASIL, 2015).
Embargos de devedor
Os embargos do devedor são um meio de defesa dos que
constam como devedores ou responsáveis pelos pagamentos
nos títulos de créditos.
O artigo 914 do Código de Processo Civil determina:
"O executado, independentemente de penhora, depósito ou
caução, poderá se opor à execução por meio de embargos"
(BRASIL, 2015).
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
1) A ação monitória é procedimento comum ou especial? Quais as hipóteses
de cabimento desta ação? Explique e fundamente.
Gabarito
1) Não é procedimento comum, sendo considerada procedimento especial.
É cabível nos termos do artigo 700 do CPC:
Ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com
base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito
de exigir do devedor capaz:
I - o pagamento de quantia em dinheiro;
II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou
imóvel;
III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.
2) Essa audiência é opcional, nos termos do artigo 319, inciso VII. A parte tem
que dizer se quer ou não quer realizá-la. Não será realizada a audiência
quando as duas partes não quiserem ou não se admitir a composição,
conforme determina o artigo 334, § 4º do CPC.
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final de nosso estudo. Aqui, analisamos o
Direito Civil e também o Direito Processual Civil.
Nesta última unidade vimos os aspectos gerais do
Direito Processual, estudando sua definição e sua finalidade.
Vimos também, os conceitos de jurisdição e ação. Além disso,
analisamos o processo de conhecimento, a formação, suspensão
e extinção, o cumprimento de sentença e as tutelas provisórias.
Por fim, verificamos os procedimentos especiais, o processo de
execução e os recursos previstos no Código de Processo Civil.
Aqui você também teve acesso aos conhecimentos
essenciais para o desenvolvimento de sua futura atividade
profissional.
É importante que você se aprofunde nos temas abordados
por meio dos conteúdos indicados no Conteúdo Digital
Integrador. Além disso, leia os artigos de lei indicados e tenha
contato com mais referências bibliográficas sobre cada assunto.
O direito é extremamente instigante e, muitas vezes,
há mais de uma solução para um determinando caso. Estude
e se aprofunde para solucionar as questões que lhe forem
apresentadas da melhor forma possível.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponivel em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 17 set.
2018.
BRASIL. Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil Brasília.
Disponivel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/
L13105.htm>. Acesso em: 17 set. 2018.
BEDUSCHI, L. O conceito de ação no Novo Código de Processo Civil. Disponível em
<http://proxy.furb.br/ojs/index.php/juridica/article/view/4599/2983>. Acesso em: 22
ago. 2018.
LEITE, G. O conceito de ação e suas principais modificações do Novo Código de
Processo Civil Brasileiro. Disponível em <https://professoragiseleleite.jusbrasil.com.
br/artigos/180930381/o-conceito-de-acao-e-suas-principais-modificacoes-do-novo-
codigo-de-processo-civil-brasileiro>. Acesso em: 22 ago. 2018.