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A Necessidade da Expiação

por

John Murray

A realização da redenção preocupa-se com aquilo que é


geralmente chamado expiação. Nenhum estudo da expiação
pode ser devidamente desenvolvido sem reconhecer em primeiro
lugar o livro e soberano amor de Deus. Esta perpectiva se
encontra no texto mais conhecido da Bíblia: “Porque Deus
amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,
para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna” (João 3:16). Temos aqui uma revelação fundamental de
Deus e, portanto, do pensamento humano. Além disso não
podemos e nem devemos aventurar-nos ir.

Pelo fato de ser um fundamento do pensamento humano não


exclui, contudo, outras caracterizações desse amor de Deus. A
Escritura nos informa que esse amor de Deus, do qual a
expiação emana, e da qual é a sua expressão, é um amor
distinto. Ninguém gloriava-se nesse amor de Deus mais do que
o apóstolo Paulo. “Mas Deus prova o seu próprio amor para
conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós
ainda pecadores” (Romanos 5:8). “Que diremos, pois, à vista
destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
Aquele que não poupou a seu próprio Filho, antes, por todos
nós o entregou, porventura não nos dará graciosamente com ele
todas as coisas?” (Romanos 8:31,32). Contudo, é o mesmo
apóstolo que nos delineia o eterno conselho de Deus que
fornece o contexto para tal afirmação e que nos define a órbita
dentro da qual tais pronunciamentos têm sentido e validade.
Ele escreve: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também
os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a
fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”
(Romanos 8:29). E em outro lugar, ele se torna talvez ainda
mais explícito quando diz: “Assim como nos escolheu nele antes
da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis
perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção
de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de
sua vontade” (Efésios 1:4,5). O amor de Deus, do qual a
expiação se origina, não é indiscriminado; é um amor que elege
e predestina. Deus foi servido em colocar o seu amor invencível
e eterno sobre uma multidão inumerável, e é o propósito
determinante deste amor que assegura a expiação.

É necessário salientar este conceito de amor soberano.


Verdadeiramente, Deus é amor. O amor não é algo à parte de
Deus, não é algo que ele pode escolher ser ou não ser. Deus é
necessariamente amor; o amor lhe é inerente e eterno. Da
mesma forma em que Deus é espírito e luz, assim ele é amor.
Porém, pertence à própria essência do amor eletivo o
reconhecimento de que este amor necessariamente não deve
culminar em redenção e adoção em favor de objetos que são
totalmente indesejáveis e merecedores do inferno. Foi do livre e
soberano beneplácito de sua vontade, um beneplácito que
emana das profundezas da sua própria bondade, que ele elegeu
um povo para ser herdeiro de Deus e co-herdeiro com Cristo. A
razão reside inteiramente nele mesmo e procede das
determinações que são peculiarmente suas: “Eu sou o que
Sou”. A expiação não persuade e nem compele o amor de Deus.
Pelo contrário, o amor de Deus é que compele à expiação, como
o meio para cumprir o propósito determinante deste mesmo
amor. [1]

Devemos compreender, portanto, que o amor de Deus é uma premissa


estabelecida, ou seja, este amor é a causa ou a fonte da expiação.
Todavia, isto não resolve o problema quanto à razão ou necessidade da
expiação. Qual é a razão por que o amor de Deus deve tomar um
caminho na realização de seu fim e no cumprimento de seu propósito?
Somos compelidos a indagar: Por que o sacrifício do Filho de Deus? Por
que o sangue do Senhor da glória? Anselmo de Canterbury perguntou:
“Sabendo que Deus é onipotente, qual foi a necessidade e qual foi a
razão para tomar sobre si a humilhação ”. [2] Por que Deus não
podia realizar os propósitos de seu amor para a humanidade
pela palavra de seu poder ou pelo decreto de sua vontade? Se
declaramos que ele não podia, estamos impugnando o seu
poder? Se declaramos que ele podia, porém não quis, estamos
impugando a sua sabedoria? Tais indagações não são sutilezas
escolásticas e nem vã curiosidade. Fugir delas é perder algo que
é central na interpretação da obra redentora de Cristo e perder
a visão de uma parte de sua glória essencial. Por que Deus se
fez homem? E tendo-se tornado homem, por que morreu? E
tendo morrido, por que morreu a morte maldita de cruz? Esta é
a indagação sobre a necessidade da expiação.
Entre as respostas oferecidas para estas perguntas, duas são
mais importantes. Elas são, antes de tudo, o conceito conhecido
como necessidade hipotética, e, segundo, o conceito que
podemos designar como o da necessidade conseqüente e
absoluta. O primeiro foi defendido por homens eruditos, tais
como Agostinho e Tomás de Aquino.[3] O segundo pode ser
considerado como a posiçaõ clássica do protestantismo.

O conceito conhecido como necessidade hipotética assevera que


Deus podia perdoar o pecado e salvar os seus eleitos sem a
expiação ou satisfação — outros meios estavam disponíveis a
Deus, a quem todas as coisas são possíveis. Porém, a forma de
sacrifício vicário do Filho de Deus foi simplesmente o meio que
Deus, em sua graça e sabedoria soberanas, escolheu, porque
este é o meio pelo qual a graça é mais maravilhosamente
revelada. Assim, embora Deus pudesse salvar sem uma
expiação, todavia, de acordo com o seu decreto soberano, ele de
fato não o fez. Sem derramamento de sangue, realmente não há
remissão nem salvação. Contudo, não há nada inerente à
natureza de Deus ou à natureza da remissão do pecado que faz
o derramamento de sangue indispensável.

Chamamos ao outro conceito de necessidade conseqüente e


absoluta. A palavra “conseqüente”, nesta designação, se refere
ao fato de que a vontade de Deus ou o decreto para salvar
alguém é de livre e soberana graça. A salvação de homens
perdidos não foi uma necessidade absoluta, e, sim, a expressão
do beneplácito de Deus. Os termos “necessidade absoluta”,
porém, indicam que Deus, tendo elegido alguns para a vida
eterna, segundo o seu livre beneplácito, se sentiu na obrigação
de cumprir este propósito através do sacrifício de seu próprio
Filho, uma obrigação que emanou das perfeições da sua própria
natureza. Em uma palavra, embora não fosse in erentemente
necessário que Deus salvasse, todavia, desde que a salvação foi
propositada, era necessário assegurar esta salvação através de
uma satisfação que pudesse ser realizada somente através de
um sacrifício substitutivo e uma redenção adquirida por meio
de sangue. [4]

Pode parecer algo inutilmente especulativo e presunçoso forçar


tal indagação e procurar determinar o que é inerentemente
necessário para Deus. Além disso, pode surgir um texto como:
“sem derramamento de sangue não há remissão”, que a
revelação se limita a dizer que de fato não há remissão sem
derramamento de sangue, e que iríamos além da autoridade da
Escritura afirman do o que é de fato indispensável para Deus.

Mas não é presunçoso quando dizemos que certas coisas são


inerentemente necessárias ou impossíveis para Deus. Pertence
à nossa fé em Deus confessar que ele não pode mentir e que
não pode negar-se a si mesmo. Os não pode divinos são a sua
glória, e para nós deixar de admitir tais impossíveis seria negar
a glória e a perfeição de Deus.

A realidade da questão é: a Escritura nos fornece evidências ou


considerações pelas quais podemos concluir que esta é uma das
coisas impossíveis ou necessárias para Deus; impossível que ele
salve pecadores sem sacrifício vicário e inerentemente
necessário, portanto a salvação, livre e soberanamente
determinada, seria realizada somente pelo derramamento do
sangue do Senhor da glória. As seguintes considerações bíblicas
nos induzem a dar uma resposta afirmativa. Quando aduzimos
estas considerações, deve mos lembrar que elas têm de ser
vistas em coordenação e em seu efeito cumulativo.

1. Existem passagens que criam uma forte conjectura em favor


desta inferência. Por exemplo, em Hb 2.10,17 é afirmado que
Deus, a fim de conduzir muitos filhos à glória, foi servido que o
Comandante da salvação deles fosse aperfeiçoado pelos sofri
mentos e que em todas as coisas se tornasse semelhante aos
irmãos. A força de tais expressões é dificilmente satisfeita pela
noção de que foi simplesmente consoante com a sabedoria e o
amor de Deus realizar a salvação desta maneira. Os adeptos do
conceito da necessidade hipotética não reconhecem estas
dificuldades. Mas existe muito mais nesse texto. Ele ensina que
as exigências do propósito da graça que os ditames divinos
requeriam que a salvação fosse realizada somente através de
um Líder supremo da salvação que seria aperfeiçoado através
de sofrimentos, e foi necessário que este supremo Guia da
salvação fosse feito em todas as coisas semelhante aos homens.
Em outras palavras, somos conduzidos da idéia de consonância
com o caráter divino à idéia dos direitos divinos que tornam in
dis pensável que muitos filhos sejam conduzidos à glória desta
maneira específica. Se este for o caso, então somos levados a
concluir que as exigê ncias divinas são satisfeit as pelos
sofrimentos do Chefe da salvação.
2. Há passagens, como Jo 3.14-16, que de forma clara sugerem
que a alternativa de oferecer o Filho unigênito de Deus e de ser
ele levantado no madeiro maldito é a perdição eterna dos
perdidos. O perigo eterno a que os perdidos estão expostos é
remediado pela doação do Filho. Porém, dificilmente podemos
escapar da idéia adicional de que não existe outra alternativa.

3. Passagens tais como Hb 1.1-3; 2.9-18; 9.9-14,22-28 ensinam


claramente que a eficácia da obra de Cristo é dependente da
constituição única de sua pessoa. Este fato, por si mesmo, não
estabelece o ponto em questão. Porém, considerações
contextuais revelam outras implicações. A ênfase nestes textos
tem por base a finalidade, a perfeição e a eficácia
transcendentes do sacrifício de Cristo. Tal finalidade, perfeição
e eficácia são necessárias por causa da gravidade do pecado, e o
pecado tem de ser eficazmente removido para que a salvação
seja realizada. Esta é a consideração que dá força à necessidade
mencionada em Hb 9.23, ao efeito que, enquanto as figuras das
coisas celestiais se purificassem com o sangue de cabritos e
bezerros, as próprias coisas celestiais fossem purificadas com
nenhum outro sangue senão o do Filho. Em outras palavras,
existe uma necessidade que não pode ser expiada senão pelo
sangue de Jesus. Mas o sangue de Jesus é o sangue que tem a
indispensável virtude e eficácia somente naquele que é o Filho,
a refulgência da glória do Pai e a expressa imagem da sua
substância. Ele se tornou participante da carne e sangue, e
assim ele foi qualificado por um único sacrifício a aperfeiçoar
todos aqueles que são santificados. Certamente que não é uma
inferência sem base concluir que a idéia aqui apresentada é que
somente esta pessoa, oferecendo tal sacrifício, pôde resolver o
problema do pecado, removendo-o e fazendo total purificação,
garantiu que muitos filhos seriam trazidos à glória, tendo
acesso à santíssima presença divina. É o mesmo que dizer que
o derramamento do sangue de Jesus foi necessário para os fins
propostos e assegurados.

Há também outras considerações que podem ser derivadas


destas passagens, especialmente Hb 9.9-14, 22-28. São
considerações que surgem do fato de que o próprio sacrifício de
Cristo é o grande exemplo do qual os sacrifícios levíticos foram
figuras. Às vezes pensamos nos sacrifícios levíticos como que
fornecendo as figuras do sacrifício de Cristo. Esta forma de
pensar não é incorreta - os sacrifícios levíticos nos fornecem os
elementos em termos por meio dos quais podemos interpretar o
sacrifício de Cristo, especialmente as categorias da expiação,
propiciação e reconciliação. Porém esta linha de pensamento
não é a característica de Hb 9. A idéia específica é que os
sacrifícios levíticos foram figuras segundo o modelo celestial -
foram “figuras das coisas que se acham nos céus” (Hb 9.23). Por
isso, a necessidade de se oferecer sangue na economia levítica
surgiu do fato de que o modelo, do qual elas eram figuras, foi
uma oferenda de sangue, a oferenda do sangue transcendente
pelo qual as coisas celestiais são purificadas. A necessidade de
derramamento de sangue na ordenança levítica é simplesmente
uma necessidade que surge da necessidade de derramamento
de sangue na mais alta esfera celestial. Ora, a nossa pergunta é
a seguinte: que espécie de necessidade é está que surgiu na
esfera celestial? Foi meramente hipotética ou foi absoluta? As
seguintes observações indicarão a resposta.

a) A ênfase do contexto é que a eficácia transcendente do


sacrifício de Cristo é requerida pelas exigências oriundas do
pecado. E estas exigências não são hipotéticas - são absolutas.
A lógica desta ênfase sobre a gravidade intrínseca do pecado e a
necessidade de sua remoção não concordam com a idéia de
uma necessidade hipotética - a realidade e a gravidade do
pecado fazem com que uma expiação efetiva seja indispensável
e, portanto, absolutamente necessária.

b) A natureza exata da oferta sacerdotal de Cristo e a eficácia de


seu sacrifício estão inseparavelmente ligadas com a constituição
de sua pessoa. Se houvesse a necessidade de tal sacrifício a fim
de remover o pecado, nenhum outro, senão Cristo, poderia
oferecer tal sacrifício. E isso revela a necessidade que tal pessoa
ofereça tal sacrifício.

c) Nesta passagem, as coisas celestiais em conexão com as


quais o sangue de Cristo foi derramado são
denominadas verdadeiras. O contraste subentendido não é
verdadeiro em oposição ao falso ou real, mas em oposição ao
fictício. O celestial é contrastado com o terreno, o eternal com o
temporário, o completo com o parcial, o final com o provisório, o
permanente com aquilo que é efêmero. Quando consideramos o
sacrifício de Cristo como uma oferta em conexão com as coisas
correspondentes àquela caracte rização - celestial, eterno,
completo, final, permanente - é impossível pensar que este
sacrifício foi apenas hipoteticamente necessário na realização
do desígnio de Deus em trazer muitos filhos à glória. Se o
sacrifício de Cristo fosse apenas hipotetica mente necessário,
então as coisas celestiais em conexão com o que é relevante e
significante, seriam também apenas hipoteticamente
necessárias. E esta é sem dúvida uma hipótese
demasiadamente difícil.

A síntese da questão é que uma necessidade (Hb 9.23) para o


derramamento do sangue de Cristo para a remissão dos
pecados (vv.14, 22, 26) é aqui proposta, e é urna necessidade
sem reserva ou qualificação.

4. A salvação que a eleição da graça envolve em cada conceito


da necessidade da expiação é a salvação do pecado para a
santificação e comunhão com Deus. Mas se pensarmos na
salvação assim concebida em termos que são compatíveis com a
santidade e justiça de Deus, esta salvação deve incluir não
apenas o perdão do pecado, mas também a justificação. E deve
ser uma justificação que reconheça a nossa situação como
culpados e condenados. Esta justificação implica a.necessidade
de uma justiça que seja adequada à nossa situação. De fato a
graça reina, mas uma graça reinante à parte da justiça não é
apenas inverossímel, mas também inconcebível. Ora, que
justiça é igual à justificação de pecadores? A única justiça
concebível que satisfará as necessidades da nossa situação
como pecadores e que satisfará as exigências de uma plena e
irrevogável justificação é a justiça de Cristo. Esta afirmação
implica a sua obediência e, portanto, a sua encarnação, morte e
ressurreição. Em uma palavra, a necessidade da expiação é
inerente. Uma salvação do pecado que é divorciada da
justificação é uma impossibilidade, e a justificação de pecadores
sem a justiça divina do Redentor é inconcebível. É difícil fugir
da relevância da palavra de Paulo: “Porque se fosse promulgada
uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria
procedente de lei”. (Gl 3.21). O que Paulo enfatiza é que, se a
justificação fosse possível por qualquer outro método e não pela
fé em Cristo, então esse método teria sido utilizado.

5. A cruz de Cristo é a demonstração suprema do amor de Deus


(Rm 5.8; 1 Jo 4.10). O caráter supremo da demonstração reside
no extremo custo do sacrifício oferecido. É a respeito deste
elevado custo que Paulo faz referência quando escreve: “Aquele
que não poupou a seu próprio Filho, antes, por todos nós o
entregou” (Rm 8.32). O custo do sacrifício nos persuade a
respeito da grandeza do amor de Deus e garante a doação de
todas as demais dádivas de forma gratuita.

Contudo, devemos perguntar: a cruz de Cristo seria a


manifestação suprema do amor de Deus se não houvesse
necessidade de tal custo? Não é verdade que a única inferência
com base na qual a cruz de Cristo pode nos ser recomendada
como a manifes tação suprema do amor de Deus, e que as
exigências em questão requereram nada menos que o sacrifício
do Filho de Deus? Com base nesta pressuposição, podemos
entender a palavra do apóstolo João: “Nisto consiste o amor,
não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos
amou, e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos
pecados” (1 Jo 4.10). Sem isto somos despidos dos elementos
necessários para compreendermos o significado do Calvário e a
maravilha de seu supremo amor insuperável para com os
homens.

6. Finalmente, há o argumento da justiça vindicatória de Deus.


O pecado é o oposto de Deus; portanto, o Senhor tem de reagir
contra ele com uma santa indignação. É o mesmo que dizer que
o pecado tem de confrontar-se com o juízo divino (vejam-se Dt
27.26; Na 1.2; Hc 1.13; Rm 1.17; 3.21-26; Gl 3.10,13). É esta
santidade inviolável da lei de Deus o ditame imutável da
santidade e a exigência irrevogável da justiça que faz obrigatória
a conclusão de que a salvação do pecado sem expiação e
propiciação é inconcebível. Este é o princípio que explica o
sacrifício do Senhor da glória, as agonias do Getsêmani e o seu
abandono no madeiro maldito. É este o princípio que
fundamenta a grande verdade de que Deus é justo e o
justificados daquele que crê em Jesus. Na obra de Cristo, os
ditames da santidade e as exigências da justiça foram
plenamente vindicados. Deus o estabeleceu como a propiciação
a fim de declarar a sua justiça.

Por estas razões somos levados a concluir que o tipo de


necessidade que as considerações bíblicas propõem é aquele
que pode ser compreendido como absoluto ou indispensável. Os
proponentes da necessidade hipotética não reconhecem
suficiente mente as exigências envolvidas na salvação do
pecado para a vida eterna; eles não consideram
convenientemente os aspectos teocêntricos da realização de
Cristo. Se conservarmos em mente a gravi dade do pecado e as
exigências oriundas da santidade de Deus que devem ser
encaradas na execução da salvação, então a doutrina da
necessidade indispensável faz que o Calvário seja inteligível e
que a maravilha incompreensível tanto do Calvário como do
propósito soberano do amor de Deus que o Calvário cumpriu
sejam exalta dos. Na medida em que enfatizarmos as exigências
inflexíveis da justiça e santidade, o amor de Deus e todas as
suas providências se tornarão ainda mais maravilhosos.

NOTAS:

[1] - V. Hug Martin: The Atonement: in its relation to the


Covenant, The Priesthood, The Intercession of our
Lord (Edinburgh, 1887), pág. 19. [voltar]

[2] - V. Cur Deus Homo, Lib. I, Cap. I “qua necessitate scilicet et ratione
Deus, cum sit omnipotens, humilitatem et infirmitatem humanae
naturae pro eius restauratione assumpserit”. [voltar]

[3] - V. Augustine: On The Trinity, Liv. XIII, Cap. 10;


Aquinas: Suma Theologica, Parte III, Perg. 45, Arts. 2 e 3. [voltar]

[4] - V. Francis Turretin: Institutio Theologiae Elencticae, Loc.


XIV, Q. X; James Henley Thorwell: “The Necessity of The
Atonement” - in Collected Writings, vol. H (richamond, 1886),
págs. 205-261; George Stevenson: A Dissertation on The
Atonement (Philadelphia, 1832), págs. 5-98; A. A. Hodge, The
Atonement (London, 1868), págs. 217-222. [voltar]

Fonte: Redenção Consumada e Aplicada, John Murray, Editora


Cultura Cristã.

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Felipe Sabino de Araújo Neto®
Proclamando o Evangelho Genuíno de CRISTO JESUS, que é o poder de DEUS para salvação de todo
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