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Formalização dos Negócios Rurais Familiares ou Individuais

Cláudio Viana França 1


SUMÁRIO

1 – Introdução …................................................................................................................. p. 02

2 – Individual Pessoa Física ….......................................................................................... p. 03

2.1 – O Produtor Rural Pessoa Física e a Agroindústria na Legislação Tributária . p. 04

2.2 – O Produtor Rural Pessoa Física, o Artesanato e o Turismo Rural na


Legislação Tributária ….......................................................................................... p. 07

2.3 – O Produtor Rural Pessoa Física na Legislação Previdenciária ….................. p. 07

2.3.1 – O Segurado Especial da Previdência Social ….............................. p. 08

2.3.2 – A Contribuição Previdenciária do Produtor Rural Pessoa Física .... p. 11

2.3.3 – O Segurado Especial da Previdência Social e a Agroindústria ....... p. 14

2.3.4 – O Segurado Especial da Previdência Social e o Artesanato …........ p. 18

2.3.5 – O Segurado Especial da Previdência Social e o Turismo Rural …. p. 18

3 – Individual Pessoa Jurídica …........................................................................................ p. 19

3.1 – A Pessoa Física Equiparada à Pessoa Jurídica …........................................... p. 20

3.2 – Os Serviços de Contabilidade ….................................................................... p. 21

3.3 – Empresário Individual – EI …....................................................................... p. 22

3.3.1 – Microempreendedor Individual – MEI …...................................... p. 22

3.3.1.1 – Dificuldades Associadas à Criação do MEI Rural ….................. p. 25

3.3.1.2 – O Microempreendedor Individual – MEI Segurado Especial …. p. 28

3.4 – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI …................. p. 29

4 – A Responsabilidade do Titular ou Sócio pelas Obrigações da Pessoa Jurídica............. p. 29

5 – Pessoa Física e Jurídica nos Programas PAA e PNAE …............................................. p. 30

6 – Considerações Finais …................................................................................................. p. 32

7 – Referências Bibliográficas …........................................................................................ p. 33


1 Coordenador Técnico Estadual de Associativismo e Cooperativismo – EMATER-MG. Mai. 2018.

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 1


1 – Introdução

Como vimos na aula 1, a natureza da atividade econômica vai determinar as possibilidades


para a sua formalização. Neste sentido, os negócios rurais agrícolas e não agrícolas podem
ser individuais ou coletivos, realizados por pessoa física ou jurídica. Nesta aula 2, trataremos
apenas dos negócios rurais familiares ou individuais. Os negócios coletivos – comumente
tratados no âmbito da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos
Familiares Rurais como organizações da agricultura familiar – serão tratados na próxima
unidade.

O produtor ou produtora rural que faz a opção pela forma individual poderá comercializar
seus produtos legalmente como pessoa física (Cadastro de Pessoa Física – CPF) ou por meio
da pessoa jurídica (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ). Destaca-se que a Lei
Federal nº 11.326 de 24 de Julho de 2006, faz clara distinção entre a figura do agricultor
familiar (pessoa física); e do empreendedor familiar rural (pessoa jurídica).

Assim, os negócios rurais individuais (ou familiares, registrados em nome de um dos


componentes da família) podem ser formalizados por meio da:

• Pessoa física; ou
• Pessoa jurídica.

O negócio rural individual, pode ser formalizado por meio das seguintes pessoas jurídicas:

• Empresário individual – EI;


• Microempreendedor individual – MEI; ou
• Empresa individual de responsabilidade limitada – EIRELI.

A seguir, trataremos basicamente de cada um desses formatos, separadamente.

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2 – Individual Pessoa Física

Como pessoa física, o produtor rural (contribuinte individual ou segurado especial) deve
requerer:

a) na Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais → a inscrição no Cadastro de Produtor


Rural Pessoa Física (cartão do produtor);

b) no Instituto Nacional de seguridade Social – INSS → o Número de Inscrição do


Trabalhador – NIT (a inscrição NIT poderá usar o mesmo Número de Identificação Social –
NIS, atribuído pela Caixa Econômica Federal para inscrever beneficiários de programas
sociais);

c) na Secretaria da Receita Federal – SRF → a inscrição no Cadastro Específico do INSS –


CEI.

Para a emissão das notas fiscais de venda, o produtor rural pessoa física poderá:

1) procurar o Serviço Integrado de Assistência Tributária e Fiscal – SIAT do seu município. O


SIAT é uma unidade descentralizada da Secretaria de Estado de Fazenda – SEF, vinculada às
Superintendências Regionais, em convênio com as Prefeituras Municipais; ou

2) cadastrar-se no Sistema Integrado de Administração da Receita Estadual – SIARE, a partir


do qual, receberá uma senha para acesso ao sistema de emissão de Nota Fiscal Eletrônica –
NFe.

Nas operações de venda do produtor rural pessoa física, o ICMS dependerá da operação
(varia de acordo com o produto, o destino da mercadoria, entre outros), mas a contribuição
previdenciária é obrigatória em todos os casos.

IMPORTANTE → como pessoa física, o produtor rural também é contribuinte do Imposto de


Renda da Pessoa Física – IRPF. Como tal, em alguns casos, ele deverá fazer a declaração
anual e, se for o caso, recolher o tributo devido. Clique aqui para ver as condições e critérios
de obrigatoriedade.

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2.1 – O Produtor Rural Pessoa Física e a Agroindústria na Legislação Tributária

Do ponto de vista da legislação tributária, quando se tratar de operações com produtos


beneficiados, processados ou industrializados – setor secundário, tal como tratado na seção 4,
da aula 1 –, pontos importantes precisam ser observados.

Em primeiro lugar, o dispositivo da legislação do imposto de renda que trata do assunto é


muito subjetivo, podendo levar a entendimentos muito diversos sobre uma mesma situação,
dependendo da interpretação. Neste caso, sendo uma questão tributária importante –
incidência e recolhimento de tributos federais – sugerimos posicionamentos mais
conservadores a respeito, garantindo maior grau de segurança jurídica.

Basicamente, todo desenvolvimento de atividade econômica gera renda, fato gerador da


incidência do imposto de renda – IR, exceto operações consideradas imunes pela legislação.
No entanto, o imposto de renda pode incidir sobre a pessoa física ou jurídica (imposto de
renda da pessoa física – IRPF; ou imposto de renda das pessoas jurídicas – IRPJ). Isto exige
da legislação a distinção entre atividades sujeitas à incidência de IRPF, daquelas sujeitas ao
IRPJ. A propósito da questão que nos interessa mais diretamente, a legislação tributária assim
dispõe: “a base de cálculo do imposto da pessoa física será constituída pelo resultado da
atividade rural apurada no ano-base” (BRASIL, 1990). Verifica-se, assim, que a lei classifica
a atividade rural, como uma atividade econômica sobre a qual incide IRPF, podendo ser,
portanto, habitualmente desenvolvida pela pessoa física – neste caso, o produtor rural pessoa
física.

Dito isso, precisamos agora compreender o conceito legal de atividade rural. Segundo a
mesma legislação tributária,

Considera-se atividade rural:

I – a agricultura;

II – a pecuária;

III – a extração e a exploração vegetal e animal;

IV – a exploração da apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura,


sericicultura, piscicultura e outras culturas animais;

V – a transformação de produtos decorrentes da atividade rural, sem que

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sejam alteradas a composição e as características do produto in natura, feita
pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente
empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matéria-prima
produzida na área rural explorada, tais como a pasteurização e o
acondicionamento do leite, assim como o mel e o suco de laranja,
acondicionados em embalagem de apresentação. (BRASIL, 1990)

Observe que os incisos de I a IV se referem a atividades do setor primário (agricultura,


pecuária e extrativismo). Apenas o inciso V se refere a atividades do setor secundário
(indústria). Este último estabelece que, em determinadas condições, a atividade agroindustrial
é considerada atividade rural, podendo, portanto, ser exercida pela pessoa física. No entanto,
é preciso estar bem atento a essas condições, que limitam muito as possibilidades de
enquadramento da atividade agroindustrial no conceito legal de atividade rural, e, por
conseguinte, a condição de poder ser exercida pelo produtor rural pessoa física.

Detalhando essas condições temos:

1) “a transformação de produtos decorrentes da atividade rural” → transformação de produtos


decorrentes da agricultura, pecuária e extrativismo;

2) “sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura” →


exemplo: mandioca, em farinha; milho, em fubá; cana em rapadura, melado ou açúcar
mascavo; arroz com casca, em arroz sem casca; leite cru, em pasteurizado; mel em balde
(produto in natura), em mel em potes, bisnaga ou sachê (beneficiado). Em todos esses
processos não há mistura de ingredientes (alteração da composição) e o produto final conserva
as características básicas do seu estado primário.

3) “feita pelo próprio agricultor ou criador” → sem utilização de empregados ou terceiros no


processo;

4) “com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais” → essa é a


parte mais subjetiva da lei, embora não seja a única. O que vem a ser “usualmente
empregados na atividade rural”? A qual tipo de equipamentos e utensílios a lei se refere? Com
base na análise geral da legislação – incluindo normas infralegais – e no contexto onde se
insere o conceito legal de atividade rural, tomando ainda de empréstimo o termo utilizado na
legislação previdenciária, nosso entendimento é que se trata de um tipo de agroindústria
“rudimentar”, muito comum no meio rural brasileiro: tachos de cobre, colheres de pau, tendas

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de farinha etc., e que não utiliza máquinas industriais ou equipamentos mais modernos, ou
seja, que não sejam aquelas agroindústrias mais estruturadas.

Dois problemas decorrem disso: a) o problema sanitário: no geral, este tipo de agroindústria
apresenta processos e estruturas em desacordo com a legislação sanitária; b) como vimos, na
aula 1, a legislação do IPI não faz distinção entre os tipos de processos e estruturas. Neste
sentido, a Tabela do IPI – TIPI classifica a incidência do imposto pela natureza do produto,
desconsiderando o processo produtivo. Assim, a classificação do produto na TIPI não muda,
mesmo em se tratando de agroindústria “rudimentar”;

5) “utilizando exclusivamente matéria-prima produzida na área rural explorada”;

6) “acondicionados em embalagem de apresentação” → isso significa que, cumprindo as


demais condições, o acondicionamento (exemplos: envase de mel, empacotamento de farinha
– 1kg) não descaracteriza a operação como atividade rural. Isso é importante porque, como
vimos na seção 4 da aula 1, o simples “acondicionamento ou reacondicionamento” em
embalagem de apresentação caracterizaria atividade como industrial, não fosse esse
dispositivo.

Obviamente, por dispensar a formalização da atividade no CNPJ, o enquadramento da


operação agroindustrial como atividade rural traz ao produtor rural pessoa física importantes
benefícios fiscais (simplificação da contabilidade, incluindo grande redução dos custos com
contador), e tributários (redução ou até mesmo isenção dos impostos), daí a necessidade de se
estabelecer critérios e condições de enquadramento na legislação. É neste sentido, que a
legislação tributária assim dispõe:

A inclusão, na apuração do resultado da atividade rural, de rendimentos


auferidos em outras atividades que não as previstas no art. 2º, com o objetivo
de desfrutar de tributação mais favorecida, constitui fraude e sujeita o
infrator à multa de cento e cinqüenta por cento do valor da diferença do
imposto devido, sem prejuízo de outras cominações legais. (BRASIL, 1990)

Em suma, a subjetividade do inciso V, acima citado; as dificuldades de adequação dos


critérios estabelecidos neste dispositivo com as exigências da legislação sanitária; e as
implicações da classificação dos produtos com incidência na TIPI, criam um ambiente
juridicamente inseguro para grande parte das operações agroindustriais que, de uma forma ou

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de outra, poderiam se enquadrar nos demais critérios estabelecidos no conceito legal de
atividade rural.

Simplificadamente, podemos dizer que, na prática, o desenvolvimento de atividades


agroindustriais (transformação, processamento, beneficiamento, classificação ou
acondicionamento) somente poderia ser realizado pela pessoa física em casos muito
excepcionais. Em caso de dúvidas, situações limites de enquadramento ou qualquer outra
situação em que não esteja suficientemente clara a estrita legalidade, recomenda-se
interpretações mais conservadoras, de modo a criar um ambiente de maior segurança jurídica
para o empreendedor familiar rural. A opção, nestes casos, é a formalização da pessoa
jurídica, que elimina os riscos associados às três questões aqui levantadas.

2.2 – O Produtor Rural Pessoa Física, o Artesanato e o Turismo Rural na Legislação


Tributária

A confecção ou preparo do produto de artesanato, bem como, a exploração do turismo rural,


não são consideradas atividades rurais, nos termos da legislação tributária, não podendo,
portanto, ser exercidas pelo produtor rural pessoa física. A venda habitual do produto de
artesanato ou a exploração habitual de serviços ligados ao turismo rural deve ser formalizada
por meio do CNPJ.

2.3 – O Produtor Rural Pessoa Física na Legislação Previdenciária

Segundo a legislação previdenciária (BRASIL, 1991a; e 1991b), são segurados obrigatórios


da previdência social as seguintes pessoas físicas:

1 – o empregado;
2 – o empregado doméstico;
3 – o contribuinte individual;
4 – o trabalhador avulso; e
5 – o segurado especial.

Como produtor rural pessoa física, o agricultor familiar, em geral, pode se enquadrar em uma
de duas dessas categorias de segurados da previdência social: contribuinte individual ou

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segurado especial. Quase sempre, o agricultor familiar que, por algum motivo, não se
enquadra como segurado especial, será obrigatoriamente contribuinte individual.

2.3.1 – O Segurado Especial da Previdência Social

Em primeiro lugar, é importante salientar que o segurado especial é aquele vulgarmente


conhecido como beneficiário da “aposentadoria rural”, enquadramento que inclui outros
benefícios próprios do segurado.

De acordo com a lei (BRASIL, 1991a; e 1991b), o segurado especial da previdência social é
a pessoa física, residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele,
podendo ser:

a) produtor rural;
b) pescador artesanal ou a este assemelhado; ou
c) cônjuge, companheiro ou filho, maior de 16 anos (ou equiparado), do segurado especial.

Obs.: É digno de nota, que o conceito se refere ao indivíduo, pessoa física, não à unidade
familiar, ou qualquer outra forma de grupo. Neste sentido, legalmente, a lei prevê que o
enquadramento (ou desenquadramento) de um indivíduo do grupo familiar não implica,
necessariamente, o enquadramento (ou desenquadramento) dos demais membros da família.
Na prática, porém, o desenquadramento de um dos membros da família (cônjuge, por
exemplo) pode comprometer o enquadramento do outro, caso haja deficiência de provas
materiais.

Enquadrado em uma dessas três categorias acima (a, b ou c), o segurado especial da
previdência social é ainda aquele que desenvolve atividades agropecuárias, de extrativismo
ou pesca, individualmente ou em regime de economia familiar, desde que atenda as seguintes
condições:

1) se produtor rural (agricultura e pecuária):


→ seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados,
comodatário ou arrendatário rurais, de até 04 (quatro) módulos fiscais.

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2) se produtor rural (seringueiro ou extrativista):
→ seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados,
comodatário ou arrendatário rurais;
→ que faça dessa atividade seu principal meio de vida; e
→ que atue em um sistema de exploração baseado na coleta e extração, de modo sustentável,
de recursos naturais renováveis.

3) se pescador artesanal ou assemelhado:


→ que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida;

4) se cônjuge, companheiro(a), filho maior de 16 anos ou (equiparado), do segurado especial:


→ que, comprovadamente, trabalhe com o grupo familiar respectivo; ou seja, que participem
ativamente nas atividades rurais do grupo familiar.

Importante: segundo a legislação previdenciária,

Regime de economia familiar é a atividade em que o trabalho dos membros


da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento
socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua
dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes
[grifo nosso]. (BRASIL, 1991a; e 1991b)

Admite-se, porém, a contratação de empregados por prazo determinado, ou trabalhador


eventual sem relação de emprego, à razão de no máximo 120 (cento e vinte) dias de serviço
(dias homem), em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em
horas de trabalho.

Observa-se que, conceitualmente, as atividades próprias do segurado especial da previdência


social são todas atividades primárias (agricultura, pecuária e extrativismo), não enquadrando
aqui, até o momento, atividades dos setores secundário e terciário, tais como: artesanato,
agroindústria, comércio e prestação de serviços (turismo rural, por exemplo). Veremos,
adiante que, excepcionalmente, são admitidas atividades ligadas ao artesanato, agroindústria e
turismo rural, mas sob algumas condições muito específicas.

Um outro aspecto importante do conceito legal de segurado especial da previdência social é o


fato de, formalmente, não haver limite – ou teto – para a renda auferida pelo segurado em suas
atividades econômicas. Os critérios, ou fatores limitantes, estão concentrados basicamente no

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tipo de atividade permitida e na vedação da contratação de terceiros assalariados acima de 120
dias de serviço, como exposto acima. Ora, na prática, a obtenção de uma renda muito alta
pode indicar, por exemplo, que o segurado possui fontes de renda estranhas às atividades
permitidas, ou que a renda da sua atividade rural não seja auferida exclusivamente pelo
trabalho da família, podendo haver, portanto, a utilização de mão de obra assalariada acima do
limite permitido.

A legislação previdenciária é suficientemente clara no que diz respeito à vedação de fontes de


renda estranhas às atividades permitidas. Segundo dispositivo legal, “não é segurado especial
o membro de grupo familiar que possuir outra fonte de rendimento” [grifo nosso] (BRASIL,
1991a; e 1991b). No entanto, o mesmo dispositivo também é claro quanto às exceções. Ou
seja, admite-se, excepcionalmente, as seguintes fontes de renda estranhas às atividades
permitidas:

1) benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não supere
um salário-mínimo;

2) benefício previdenciário pela participação em plano de previdência complementar,


instituído por entidade classista a que seja associado, em razão da condição de trabalhador
rural ou de produtor rural em regime de economia familiar;

3) exercício de atividade remunerada em período não superior a 120 dias, corridos ou


intercalados, no ano civil. Ou seja, trabalhar para terceiros até 120 dias, desde que sejam
recolhidas as contribuições previdenciárias devidas;

4) remuneração de dirigente sindical da categoria de trabalhadores rurais;

5) remuneração por mandato de vereador do município onde desenvolve a atividade rural,


desde que sejam recolhidas as contribuições previdenciárias devidas;

6) remuneração por mandato de dirigente de cooperativa rural, desde que esta seja constituída
exclusivamente por segurados especiais, e que sejam recolhidas as contribuições
previdenciárias devidas;

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7) remuneração por parceria ou meação, estabelecida, por meio de contrato escrito, em até
50% do imóvel rural em sua posse ou propriedade, desde que outorgante e outorgado
continuem a exercer a respectiva atividade, individualmente ou em regime de economia
familiar;

ATENÇÃO → os casos previstos no item “7” se referem exclusivamente à parceria ou


meação de até 50% de suas terras. Importante notar que a legislação não permite ao segurado
especial a remuneração pelo arrendamento de parte ou totalidade de suas terras.

8) remuneração por atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao salário-mínimo;

9) benefícios de programa assistencial oficial de governo;

10) associação em cooperativa agropecuária ou de crédito rural (não estão incluídos aqui os
rendimentos recebidos a título de remuneração da mão de obra, como aqueles próprios do
modelo de cooperativas de produção). Obs.: ver diferença entre cooperativas de produção e de
produtores, na aula 3 (BRASIL, 1991a; e 1991b).

IMPORTANTE → como já observado, em determinadas condições, também são permitidas,


ao segurado especial da previdência social, rendas provenientes de atividades agroindustriais
(beneficiamento, processamento ou industrialização), artesanato e turismo rural. No entanto,
entre outras questões, deve-se ter bastante cuidado com o correto enquadramento da atividade,
levando em consideração as limitações impostas pela legislação. Trataremos destas questões
mais adiante.

2.3.2 – A Contribuição Previdenciária do Produtor Rural Pessoa Física

No universo dos tributos destinados ao financiamento da Seguridade Social, destacamos dois


tipos de contribuições obrigatórias à Previdência Social: a contribuição patronal; e a
contribuição do segurado.

Sendo o empregador também um segurado obrigatório da previdência, ele contribui duas


vezes: como segurado, para financiar as despesas relativas à sua cobertura; como empregador,
para ajudar a financiar as despesas relativas à cobertura de seus empregados, trabalhadores

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rurais. O trabalhador, empregado, também contribui com sua parte de segurado. Este aspecto
é importante para que se possa entender adequadamente a lógica que está por traz da
contribuição previdenciária incidente sobre o produtor rural pessoa física.

Existem dois tipos de produtor rural pessoa física: o empregador; e o que não possui
empregados.

Como segurado, o empregador rural é contribuinte individual da previdência social, devendo


recolher sua contribuição de segurado mensalmente, de acordo com as regras desta categoria.
Mas, como todo empregador, deverá também recolher sua contribuição patronal – aquela
destinada a cobrir os benefícios do seu empregado, trabalhador rural.

A contribuição patronal do empregador rural pessoa física é de 1,5% sobre o valor bruto da
comercialização. Deste valor, 1,3% é devido à previdência; os outros 0,2% são destinados ao
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR.

Como o segurado especial da previdência social não possui empregado permanente, o mesmo
não contribui mensalmente, nos moldes do contribuinte individual. Como trabalhador rural,
sua contribuição será, unicamente, de 1,5% sobre o valor bruto da comercialização da sua
produção rural, seguindo a mesma lógica da contribuição patronal do empregador rural
pessoa física que, como dissemos, é destinada a financiar as despesas relativas à cobertura dos
benefícios do trabalhador rural. Essa forma de contribuição previdenciária – alíquota
incidente sobre o resultado da comercialização – e os benefícios dela decorrentes, são
garantidos aos segurados especiais pela Constituição da República Federativa do Brasil
(BRASIL, 1988).

A contribuição de 1,5%, devida pelo empregador rural pessoa física e pelo segurado especial,
deverá ser recolhida de acordo com as 06 (seis) seguintes hipóteses:

HIPÓTESE 1 – Quando a produção for vendida para empresa adquirente, consumidora ou


consignatária ou a cooperativa:

Neste caso, a pessoa jurídica adquirente deverá fazer o recolhimento, independentemente de


as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com estes ou com

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intermediário pessoa física.

HIPÓTESE 2 – Quando a produção for vendida para pessoa física, não produtora rural, para
ser revendida, no varejo, a consumidor pessoa física:
Neste caso, igualmente, a pessoa física adquirente (revendedora) deverá fazer o recolhimento.

Obs.: nos casos descritos nas hipóteses 1 e 2, acima, a pessoa adquirente (física ou jurídica),
fica sub-rogada ao recolhimento da contribuição, sendo sua obrigação promover a retenção do
valor do tributo, isto é, descontá-lo no valor a ser pago ao produtor rural pessoa física para
posterior recolhimento aos cofres públicos.

HIPÓTESE 3 – Quando a produção for comercializada com adquirente domiciliado no


exterior:

HIPÓTESE 4 – Quando a produção for comercializada diretamente no varejo, a consumidor


pessoa física, a outro produtor rural pessoa física ou a outro segurado especial:

HIPÓTESE 5 – Quando se tratar de receitas provenientes da comercialização de artesanato ou


exercício de atividade artística:

HIPÓTESE 6 – Quando se tratar de serviços prestados, equipamentos utilizados e produtos


comercializados no imóvel rural, desde que em atividades turística e de entretenimento
desenvolvidas no próprio imóvel, inclusive hospedagem, alimentação, recepção, recreação e
atividades pedagógicas, bem como taxa de visitação e serviços especiais:

Nos casos descritos nas hipóteses 3, 4, 5 e 6, acima, o próprio produtor rural pessoa física
(segurado especial ou não) deverá fazer o recolhimento, diretamente.

Em se tratando de segurado especial da previdência social, importantes limites estabelecidos


para o exercício das atividades descritas nas hipóteses 5 e 6 devem ser levados em conta.
Oportunamente, trataremos deste assunto.

Dica: Como parte interessada, o SENAR de Santa Catarina elaborou uma pequena cartilha
com detalhes sobre a maneira correta de proceder o recolhimento da contribuição

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previdenciária obrigatória. Para acesso à versão online, clique aqui.

Obs.: Na versão da cartilha disponibilizada no link acima, no campo 6 da guia de


recolhimento “valor do INSS”, ainda consta a alíquota de 2,1% sobre o valor da
comercialização. Esta alíquota foi reduzida este ano para 1,3% (BRASIL, 2018). O valor da
contribuição destinado ao SENAR continua o mesmo: alíquota de 0,2% (BRASIL, 1997).
Assim, o total das contribuições – campo 11 da guia – foi também reduzido para 1,5%.

Outra mudança recente na lei, a entrar em vigor a partir de 1º de janeiro de 2019, cria a
possibilidade do produtor rural pessoa física optar por fazer a sua contribuição patronal de
outra forma, se assim achar mais conveniente. Então, em vez de contribuir como devem fazer
os segurados especiais (alíquota de 1,5% sobre o valor bruto da comercialização), o produtor
rural pessoa física poderá escolher fazer a sua contribuição patronal da mesma forma que as
empresas. Isto é: uma alíquota de 20% sobre a folha de salários, ou seja: “sobre o total das
remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados
empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços” (BRASIL, 1991a; 2018).

ATENÇÃO → Deve-se procurar o contador para orientações sobre a emissão das notas
fiscais, onde devem ser destacados os valores dos tributos, e a forma correta de recolhimento
dos mesmos.

Importante buscar orientação no sindicato dos trabalhadores rurais, contador e postos da


Previdência Social sobre os documentos que precisam ser guardados para fins de produção de
prova material junto ao INSS, demais procedimentos e obrigações para com órgãos de
controle. A nota fiscal de venda da produção agrícola, acompanhada da cópia do recolhimento
da contribuição previdenciária são provas materiais privilegiadas. Mais uma vez, destaca-se
que, cuidados especiais devem ser tomados quando se tratar de produtos processados,
beneficiados ou industrializados.

2.3.3 – O Segurado Especial da Previdência Social e a Agroindústria

Segundo a legislação previdenciária, “não é segurado especial o membro de grupo familiar


que possuir outra fonte de rendimento” (BRASIL, 1991a e 1991b). Trata-se, neste caso, da
vedação de uma fonte de rendimento estranha ao exercício das atividades consideradas

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próprias do segurado especial da previdência social, que, como vimos, são basicamente
atividades primárias (agricultura, pecuária e extrativismo), desenvolvidas pelo próprio
segurado em regime de economia familiar. Sendo a agroindústria uma atividade diversa
daquelas conceitualmente estabelecidas como próprias do segurado especial, legalmente, a
renda proveniente deste tipo de atividade (setor secundário) o desenquadraria.

Porém, o próprio dispositivo que cria a vedação legal de “outra fonte de rendimento” traz, em
seguida, uma lista de exceções, que nada mais são que, hipóteses de fontes de renda que são
permitidas ao segurado especial da previdência social, mesmo estas não sendo provenientes
do desenvolvimento de atividades próprias desta categoria de segurado.

Para os nossos propósitos, concentraremos apenas na questão relacionada às rendas


provenientes da agroindústria, que possui duas formas bastante distintas de tratamento na
legislação previdenciária. Uma delas, introduzida na lei em 2008, é tratada aqui como a
primeira tentativa de solucionar o problema (BRASIL, 2008). Pouco efetiva, praticamente
nula, essa tentativa falhou por um detalhe da legislação tributária, que muitas vezes passa
despercebido, mas que tem profundo impacto legal no enquadramento previdenciário: a
incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI.

A primeira tentativa visou solucionar o problema, por meio da institucionalização do


conceito de beneficiamento ou industrialização artesanal. Segundo este dispositivo legal, é
permitida ao segurado especial da previdência social “a utilização pelo próprio grupo
familiar, na exploração da atividade, de processo de beneficiamento ou industrialização
artesanal” (BRASIL, 2008).

É bastante razoável imaginar que, naquela ocasião, pareceu aos demandantes que a introdução
do dispositivo que reconhece ao segurado especial o direito de explorar atividades ligadas à
agroindústria artesanal havia resolvido definitivamente o problema. Porém, é precisamente na
definição do conceito de beneficiamento ou industrialização artesanal, estabelecido pela
legislação previdenciária, que entra a história da incidência do IPI. Nos termos da lei,
“considera-se processo de beneficiamento ou industrialização artesanal aquele realizado
diretamente pelo próprio produtor rural pessoa física, desde que não esteja sujeito à incidência
do Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI” (BRASIL, 2008).

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 15


O problema é que, como vimos na primeira aula, segundo a legislação tributária (BRASIL,
2002a), há incidência do imposto em todos os produtos relacionados na TIPI, ainda que a
alíquota seja zero, excetuando apenas aqueles identificados com a notação “NT” (Não
Tributado). Dito de outra forma, legalmente, independentemente do “processo utilizado para
obtenção do produto e a localização e condições das instalações ou equipamentos
empregados” (BRASIL, 2010), qualquer produto, cuja notação da coluna “alíquota” na TIPI
seja diferente da sigla NT, possui incidência de IPI, ainda que a alíquota do imposto seja igual
a zero. Este é o caso de quase totalidade dos produtos agroindustriais, tradicionalmente
trabalhados pela agricultura familiar. Portanto, sua produção não pode ser objeto da atividade
econômica do produtor rural pessoa física, segurado especial da previdência social.

É importante salientar que outros dispositivos da legislação previdenciária (BRASIL, 1999)


estabelecem que o conceito de beneficiamento ou industrialização artesanal está ligado a um
tipo de agroindústria “rudimentar” (expressão da legislação), muito conhecida entre nós
extensionistas, mas que, em grande parte dos casos, não se enquadram na legislação sanitária.
Ademais, uma vez que o segurado especial da previdência social é pessoa física, o problema
do desenvolvimento da atividade agroindustrial deve ser abordado também sob a ótica da
legislação tributária, como já destacamos.

Em suma, os problemas relacionados às questões sanitárias e tributárias complicam ainda


mais a bem-intencionada, mas frágil, solução introduzida na legislação em 2008, naquilo que
chamamos de primeira tentativa (BRASIL, 2008). Neste sentido, em face dos problemas
acima relatados, no que diz respeito à difícil conciliação das exigências da legislação
previdenciária, sanitária e tributária, com a realidade da agroindústria da agricultura familiar,
sugerimos muita cautela no enquadramento da atividade no conceito legal de beneficiamento
ou industrialização artesanal (BRASIL, 2008). Somente em casos muito excepcionais seria
possível esta conciliação.

Salvo as raras exceções, a solução pode ser encaminhar tais processos, que envolvam o
segurado especial da previdência social, segundo os termos introduzidos na legislação por
meio de dois dispositivos:

1) a Medida Provisória 619, de 06 de junho de 2013, convertida em lei no mesmo ano


(BRASIL, 2013); ou

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 16


2) as alterações promovidas na Lei Complementar 123/2006, marco regulatório do Simples
Nacional, por ocasião da criação do MEI Rural (BRASIL, 2016).

Importante ressaltar, no entanto, que o novo dispositivo legal introduzido na legislação


previdenciária (BRASIL, 2013) não revogou os dispositivos anteriores que tratavam da
matéria, introduzidos em 2008. Por este motivo, as Leis Federais nº 8.212 e 8.213, de 24 de
julho de 1991, têm duas formas distintas de tratamento da questão, ambas em vigor, mas que
trazem soluções que caminham em direções bem diversas uma da outra. Estas são aqui
tratadas como primeira e segunda tentativas de resolver a questão do desenvolvimento de
atividade agroindustrial por parte do segurado especial da previdência social.

Além dessas duas soluções, introduzidas diretamente na legislação previdenciária, a Lei


Complementar 123/2006 agora traz uma outra forma, ligada à formalização do
empreendimento familiar rural por meio da categoria do Microempreendedor Individual –
MEI. Talvez não seja correto falar de uma “terceira tentativa”, porque a criação do MEI Rural
está muito mais ligada aos interesses patronais na reforma trabalhista do que propriamente ao
problema do desenvolvimento de atividades agroindustriais por parte do segurado especial,
embora trate também desse assunto (ver seções 3.3.1.1 e 3.3.1.2).

Como vimos, a primeira tentativa (de 2008), caminha para a complicada possibilidade de
conciliação do desenvolvimento de atividades não agrícolas com o conceito legal de
segurado especial, produtor rural pessoa física, e por isso foi tratada nesta aula. Como os
dispositivos legais que compõem aquilo que chamamos de segunda tentativa (BRASIL,
2013) apontam para a formalização da agroindústria na forma de pessoa jurídica, deixaremos
para abordar esse assunto na próxima aula, na seção que trata da participação do segurado
especial na pessoa jurídica. Antes, porém, temos que avançar um pouco mais em algumas
questões básicas relacionadas às pessoas jurídicas, que podem ser individuais ou coletivas.
Como já observado, nesta aula trataremos mais especificamente do formato individual (ou
familiar).

Pelos mesmos motivos, deixaremos para tratar da questão da inscrição do segurado especial
como MEI Rural, na seção 3.3.1.2 desta aula.

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 17


2.3.4 – O Segurado Especial da Previdência Social e o Artesanato

A renda proveniente da confecção ou preparo de produto de artesanato é permitida ao


segurado especial da previdência social, desde que:
a) a matéria-prima seja produzida pelo respectivo grupo familiar (sem limite de renda); ou

b) a renda mensal obtida na atividade não exceda um salário-mínimo, nos casos em que haja
utilização de matéria-prima de outra origem.

ATENÇÃO: embora a legislação previdenciária trate da produção de artesanato pelo


segurado especial, que é pessoa física, a legislação tributária não considera esta uma
atividade rural, exigindo, portanto, a inscrição no CNPJ. Contraditoriamente, a legislação
previdenciária não permite ao segurado especial a formalização da sua atividade de produção
do artesanato por meio da Pessoa Jurídica.

Portanto, há aqui uma flagrante contradição entre a legislação previdenciária e tributária. O


enquadramento do segurado especial na atividade de confecção ou preparo de produto de
artesanato só é possível, nos termos da legislação previdenciária, nos casos em que o mesmo
segurado estiver desenvolvendo sua atividade em desacordo com a legislação tributária.

Também para este caso, quando houver enquadramento, a solução pode ser a inscrição do
artesão, segurado especial da previdência social, na modalidade de Microempreendedor
Individual – MEI (ver seção 3.3.1.2).

2.3.5 – O Segurado Especial da Previdência Social e o Turismo Rural

A renda proveniente da “exploração da atividade turística da propriedade rural, inclusive com


hospedagem, por não mais de 120 (cento e vinte) dias ao ano” (BRASIL, 1991a e 1991b) é
permitida ao segurado especial da previdência social.

ATENÇÃO: embora a legislação previdenciária trate da exploração do turismo rural pelo


segurado especial, que é pessoa física, do ponto de vista da legislação tributária, a exploração
habitual de serviços ligados ao turismo rural deve ser formalizada por meio da inscrição no
CNPJ (ver também seções 2.2 e 3.3.1.2 desta aula, e seção 4 da aula 3).

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 18


3 – Individual Pessoa Jurídica

Como pessoa jurídica, individualmente, o agricultor familiar poderá optar por criar uma
Microempresa – ME, devidamente registrada na Junta Comercial, nas modalidades de
Empresário Individual – EI, ou Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI.
A legislação considera microempresa aquela cuja receita bruta anual não ultrapassa R$
360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais), teto que, não por acaso, coincide com o critério de
enquadramento estabelecido para os empreendimentos familiares rurais, no âmbito da Política
Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais.

Havendo enquadramento, a ME pode optar pelo regime tributário Simples Nacional que, entre
outros benefícios, simplifica as obrigações fiscais e reúne vários tributos em uma única
alíquota, incidente sobre a receita bruta, podendo, em alguns casos, significar expressiva
redução da carga tributária (BRASIL, 2006a). O contador habilitado é o profissional
preparado para orientar o empresário (ou empresária), para que o mesmo tenha condições de
fazer a opção mais adequada aos seus negócios.

A título de informação, seguem quadros, onde constam as alíquotas incidentes sobre a receita
bruta, devidas pela ME, optante pelo Simples Nacional, relativas às duas primeiras faixas de
faturamento (até R$ 360.000,00), conforme os respectivos setores de atuação (BRASIL,
2006a).

Comércio:
Receita Bruta em 12 Meses (em R$) Alíquota Valor a Deduzir (em R$)
1a Faixa Até 180.000,00 4,00% -
2a Faixa De 180.000,01 a 360.000,00 7,30% 5.940,00

Os tributos reunidos na alíquota constante do quadro acima são: IRPJ, CSLL, Cofins,
PIS/PASEP, CPP, e ICMS.

Indústria:
Receita Bruta em 12 Meses (em R$) Alíquota Valor a Deduzir (em R$)
1a Faixa Até 180.000,00 4,50% -
2a Faixa De 180.000,01 a 360.000,00 7,80% 5.940,00

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 19


Os tributos reunidos na alíquota constante do quadro acima são: IRPJ, CSLL, Cofins,
PIS/PASEP, CPP, ICMS e IPI.

Obs. 1: o setor de serviços tem alíquotas diferenciadas, conforme o tipo de serviço prestado.
Seus percentuais podem variar entre 4,50% e 15,50%, para primeira faixa; e 9,00% e 18,00%,
para a segunda faixa. Os tributos reunidos nestas alíquotas são: IRPJ, CSLL, Cofins,
PIS/PASEP, CPP, e ISS.

Obs. 2: apesar de ser optante pelo Simples Nacional, o MEI não está sujeito a essas alíquotas.
Sua sistemática de recolhimento é outra, conforme trataremos a seguir.

ATENÇÃO → é preciso verificar com o contador o enquadramento dos rendimentos


recebidos da pessoa jurídica, para fins das obrigações relativas à declaração de Imposto de
Renda da Pessoa Física – IRPF e, se for o caso, o imposto devido.

IMPORTANTE → a ME, optante pelo Simples Nacional, não poderá se associar a outra
pessoa jurídica, exceto cooperativa de crédito ou outros tipos de consórcio, associação ou
sociedade, autorizados pela legislação (BRASIL, 2006a). Essa vedação pode inviabilizar a
participação legal de grande parte das agroindústrias familiares em cooperativas
agropecuárias. Esse é um grande problema para a formalização de muitos arranjos da
agricultura familiar, normalmente encontrados em Minas Gerais. Na próxima aula, trataremos
de grupos formais que podem ser alternativas para a formalização de alguns desses arranjos.

3.1 – A Pessoa Física Equiparada à Pessoa Jurídica

O simples fato de não estar devidamente registrado no CNPJ não garante ao produtor proteção
no que diz respeito às implicações legais da sua atividade, muito pelo contrário. Para fins da
legislação tributária, “as pessoas físicas que, em nome individual, explorem, habitual e
profissionalmente, qualquer atividade econômica de natureza civil ou comercial, com o fim
especulativo de lucro, mediante venda a terceiro de bens ou serviços” (BRASIL, 1999) são
caracterizadas como empresa individual, estando equiparadas à pessoa jurídica, ainda que não
se encontrem regularmente inscritas junto ao órgão do registro de comércio ou registro civil.
Entre outras coisas, isso quer dizer que, mesmo não estando registrada como tal, a pessoa

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 20


física assim equiparada, não está dispensada do cumprimento das obrigações tributárias e
fiscais próprias da pessoa jurídica, estando sujeitas ainda às penalidades previstas em lei, pela
não observação dessas obrigações que, em muitos casos, incluem o registro.

Obs.: Por ter previsão legal, quando se tratar de atividade rural – basicamente, produção
primária, como vimos na seção 2 – o produtor rural pode optar por fazer ou não o registro no
CNPJ. Caso faça opção por registrar sua atividade na Junta Comercial, “ficará equiparado,
para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro” (BRASIL, 2002b).

3.2 – Os Serviços de Contabilidade

Todas as pessoas jurídicas precisam dos serviços especializados de contabilidade. O contrato


de prestação de serviços com o contador é imprescindível. Ele garante que as contas e
obrigações da empresa sejam acompanhadas por um profissional habilitado para isso. O
contador possui a Responsabilidade Técnica (RT) sobre a prestação desse serviço.

Obs.: Embora se trate de uma pessoa jurídica, o Microempreendedor Individual – MEI é


dispensado legalmente da contratação dos serviços de contabilidade.

Além de manter a escrituração completa das receitas e despesas da pessoa jurídica, em livros
revestidos das formalidades, de acordo com as determinações legais, e de orientar os
dirigentes do empreendimento com relação às suas obrigações (principais e acessórias), um
bom contador poderá contribuir ainda para o planejamento tributário da entidade,
desenvolvendo um trabalho com vistas à elisão fiscal. Isto é, o profissional de contabilidade
utiliza um conjunto técnicas e conhecimentos que o permitem orientar o empreendedor a fazer
as escolhas que melhor adaptam ao seu tipo de negócio, de modo que sua empresa possa,
legalmente, pagar menos impostos.

Dessa forma, a assessoria de um bom contador pode ser decisiva, não só para a segurança
fiscal, mas também para viabilidade do empreendimento (planejamento tributário). Suas
orientações devem ser seguidas, com base na responsabilidade técnica (RT) e no contrato
formal de prestação de serviços de contabilidade.

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 21


IMPORTANTE → Na intenção de ajudar o agricultor familiar, alguns extensionistas assumem
para si responsabilidades próprias do contador e acabam cometendo erros, que podem
complicar o empreendedor no futuro. Nesse caso, o barato muitas vezes sai caro. Embora os
conhecimentos sobre contabilidade e legislação tributária sejam muito importantes para que o
extensionista/comunicador possa ajudar o agricultor familiar no planejamento e regularização
do seu negócio, não se pode perder de vista que o responsável técnico (RT) sobre este tipo de
orientação é o contador, contratado especificamente para este fim. Extrapolando a sua área de
atuação, o extensionista assumirá sérios riscos para si e para os agricultores familiares,
desnecessariamente.

3.3 – Empresário Individual – EI

O EI é uma categoria de empresa, cujo titular é uma única pessoa física – equiparada à pessoa
jurídica –, obrigada ao registro no CNPJ. Neste caso, a pessoa física responde integralmente
pelas obrigações da empresa, sendo ilimitada a responsabilidade do titular pelas obrigações da
empresa – responsabilidade ilimitada (ver seção 4).

Segundo a legislação, “considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade


econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”, sendo
“obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da
respectiva sede, antes do início de sua atividade” (BRASIL, 2002b).

3.3.1 – Microempreendedor Individual – MEI

O MEI é uma modalidade de Empresário Individual – EI, cuja lei assegura tratamento
favorecido, diferenciado e simplificado, no âmbito do regime tributário Simples Nacional.
Nos termos da lei, “o instituto do MEI é uma política pública que tem por objetivo a
formalização de pequenos empreendimentos e a inclusão social e previdenciária” (BRASIL,
2006a). Assim, por suas características de política pública, para a inclusão social e
previdenciária, o MEI pode ser uma boa alternativa para formalizar alguns negócios rurais
não agrícolas, na forma de pessoa jurídica, especialmente certos empreendimentos ligados ao
artesanato, turismo rural e agroindústria. Como MEI, o empreendedor familiar rural também
passa a ter acesso facilitado à emissão de notas fiscais, mesmo para produtos e serviços
resultantes de atividades não agrícolas como estas, além de contar com carga tributária muito

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 22


reduzida, quase inexistente.

Para enquadramento, porém, o empresário terá que observar, entre outras, as seguintes
condições (BRASIL, 2006a):

→ faturamento bruto máximo de R$ 81.000,00 por ano;

→ somente são admitidas as atividades econômicas definidas pelo Comitê Gestor do Simples
Nacional – CGSN. Para acesso à lista de atividades permitidas, clique aqui;

→ possuir um único estabelecimento;

→ não participar de outra empresa como titular, sócio ou administrador;

→ não participar de cooperativa, exceto cooperativas de crédito.

São muitos os benefícios do MEI, entre os quais, destaca-se:

1) Simplicidade e baixo custo de formalização → Em apenas alguns minutos, o


empreendedor familiar rural pode formalizar o seu negócio no portal do Empreendedor MEI.
É fácil, rápido e gratuito! A formalização no portal gera o CNPJ imediatamente, regularizando
o negócio. Ao mesmo tempo, ao declarar que atende a legislação municipal, o MEI recebe
uma autorização para funcionamento imediato do negócio, que corresponde a um alvará de
funcionamento provisório de 180 dias. Este é o prazo que a prefeitura tem para verificar se
não há nenhum impedimento à operação do estabelecimento. Caso o empreendedor familiar
rural tenha alguma dificuldade para realizar a inscrição no Portal, a lei prevê que os
escritórios de serviços contábeis optantes pelo Simples Nacional são obrigados a promover
atendimento gratuito relativo à inscrição do MEI e à primeira Declaração Anual do Simples
Nacional (BRASIL, 2006a);

2) Reduzida carga tributária e pagamento de valores fixos mensais → O MEI tem os impostos
federais zerados e grande redução nos valores do INSS, ICMS e ISS. Assim, a carga tributária
se resume a um pagamento mensal dos seguintes tributos:

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 23


→ 5% do salário-mínimo (SM), como contribuição previdenciária; e
→ R$ 1,00 de ICMS, se a atividade for comércio ou indústria; ou
→ R$ 5,00 de ISS, se a atividade for prestação de serviços.

Isto é, apenas um pagamento mensal de:

→ 5% do SM + R$ 1,00 para comércio ou indústria;


→ 5% do SM + R$ 5,00 para prestação de serviços; ou
→ 5% do SM + R$ 6,00 para comércio ou indústria e prestação de serviços.

3) A lei dispensa a contratação do Contador (RT), e simplifica sobremaneira a contabilidade,


que pode ser feita facilmente pelo próprio empreendedor, por meio do preenchimento do
Relatório Mensal de Receitas Brutas; e da Declaração Anual do Simples Nacional. Ambos os
procedimentos são acessíveis por meio do portal do Empreendedor MEI.

Esta simplificação das obrigações contábeis tem grande impacto na redução dos custos fiscais
do empreendimento.

ATENÇÃO → é obrigatório anexar ao Relatório Mensal de Receitas Brutas as notas fiscais de


compras de produtos e de serviços, bem como das notas fiscais que forem emitidas;

4) Dispensa de emissão de notas fiscais na venda e ou prestação de serviços diretamente ao


consumidor final, sendo obrigatória a sua emissão quando se tratar de vendas e nas prestações
de serviços realizadas para pessoas jurídicas (empresas) de qualquer porte;

5) Cobertura previdenciária → uma vez formalizado, o MEI passa a ter todos os benefícios
previdenciários;

6) É permitida ao MEI a contratação de até 1 (um) empregado. O custo desta contratação é


muito reduzido.

ATENÇÃO → em algumas situações, o empresário inscrito como MEI precisará fazer


também a declaração anual do Imposto de Renda da Pessoa Física – IRPF e, se for o caso,
recolher o tributo devido. O contador deve ser consultado para verificar as condições de

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 24


enquadramento e faixas de isenção. Clique aqui para ver as condições de obrigatoriedade; e
aqui para informações sobre o cálculo necessário.

3.3.1.1 – Dificuldades Associadas à Criação do MEI Rural

No conjunto de alterações legislativas que acompanharam aquilo que se convencionou chamar


de reforma trabalhista, de 2016, destaca-se, para os nossos propósitos, a criação do MEI
Rural. Nos termos da lei,

Poderá enquadrar-se como MEI o empresário individual ou o empreendedor que


exerça as atividades de industrialização, comercialização e prestação de serviços no
âmbito rural que possua um único empregado que receba exclusivamente um salário
mínimo ou o piso salarial da categoria profissional.
[…]
O empreendedor que exerça as atividades de industrialização, comercialização e
prestação de serviços no âmbito rural manterá todas as suas obrigações relativas à
condição de produtor rural ou de agricultor familiar. (BRASIL, 2006a)

Embora o texto da Lei Geral/2006, uma vez modificado pela Lei Complementar nº 155/2016,
tenha passado a tratar explicitamente do desenvolvimento de “atividades de industrialização,
comercialização e prestação de serviços no âmbito rural”, por parte do MEI, a introdução
desse dispositivo está muito mais ligada aos objetivos da reforma trabalhista – e, por
consequência, à prestação de serviços no âmbito rural –, do que aos princípios do
desenvolvimento agrário e as atividades agroindustriais ou comerciais a ele relacionadas.

No âmbito da reforma trabalhista, o legislador pretendia legalizar determinadas formas de


contratação temporária, de modo que o vínculo empregatício entre contratante e contratado
fosse afastado. A solução encontrada foi a criação do MEI Rural, nos termos acima descritos.
Por meio da inscrição como MEI, o trabalhador rural temporário poderá prestar determinados
serviços aos produtores rurais como pessoa jurídica, sem vínculo empregatício,
desburocratizando e barateando a contratação da mão de obra. Em contrapartida, sabe-se que
a ausência do vínculo empregatício afasta também determinados direitos próprios do
trabalhador empregado – direitos trabalhistas.

Talvez por esse motivo, a introdução das atividades de industrialização e comercialização no


dispositivo legal – mais ligada à noção de desenvolvimento agrário – não foi precedida dos
cuidados e discussões técnicas necessárias. Isso gerou problemas importantes. Para os nossos
propósitos, destaca-se o conflito existente entre a realidade rural, a legislação da agricultura

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 25


familiar e previdenciária e as condicionantes da figura jurídica do MEI. Como vimos, algumas
dessas condicionantes são:

→ faturamento bruto máximo de R$ 81.000,00 por ano;

→ somente são admitidas as atividades econômicas definidas pelo Comitê Gestor do Simples
Nacional – CGSN;

→ possuir um único estabelecimento.

Acontece que, do ponto de vista da legislação e da realidade da agricultura familiar, o que


conta é o trabalho da família como um todo, a “Unidade Familiar de Produção Agrária –
UFPA”, nos termos do Decreto Federal nº 9.064/2017. Essa mesma lógica do trabalho
familiar está presente no conceito de segurado especial da previdência social. Pelo lado do
fisco, quando se trata de agroindustrialização e comercialização, o principal fato gerador das
obrigações tributárias é a saída de mercadoria do estabelecimento. É preciso lembrar ainda
que, de acordo com o Código Civil, “considera-se estabelecimento todo complexo de bens
organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária” (ver
seção 3.3 da aula 1).

Ora, se a propriedade rural é um único estabelecimento, nos termos da legislação tributária,


onde trabalha a Unidade Familiar de Produção Agrária, como pode um único membro da
família, inscrito como MEI, explorar o mesmo estabelecimento que os outros membros da
família exploram como produtores rurais pessoas físicas? Do ponto de vista da legislação
tributária, isso não é possível – essa situação caracterizaria uma confusão patrimonial.

Entendemos que o correto, neste caso, seria que o membro da família, empreendedor rural,
inscrito como MEI, separasse formalmente o empreendimento agroindustrial, prestador de
serviços ou comercial, delimitando um espaço apropriado ao desenvolvimento da atividade,
de modo a separar o estabelecimento sob a gestão da pessoa jurídica do restante da
propriedade rural, a exemplo de uma pequena agroindústria ali destacada, como
estabelecimento autônomo ou independente, sob a gestão do MEI Rural. Assim, a
formalização dessa separação daria origem a dois estabelecimentos distintos, geograficamente
delimitados: 1) a propriedade rural, onde se desenvolvem as atividades rurais, sob a gestão de

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 26


pessoas físicas da família, não optantes pelo regime do MEI; 2) o estabelecimento
agroindustrial, onde o membro da família inscrito no MEI desenvolve sua atividade,
individualmente.

Além de separar formalmente seu estabelecimento do restante da propriedade rural, a


legislação tributária ainda traz outra importante obrigação para o MEI, com impacto direto no
modo característico de produção da agricultura familiar. Trata-se do dispositivo que veda ao
MEI possuir mais de um estabelecimento (BRASIL, 2006a). Entre outras coisas, isso significa
que não pode a mesma pessoa natural, se inscrever como MEI e continuar inscrito como
produtor rural pessoa física. Em outras palavras, a pessoa natural terá que fazer uma opção:
ou se inscreve como MEI ou como produtor rural pessoa física. Essa pessoa não poderá
acumular simultaneamente as duas inscrições.

Do ponto de vista prático, isso traz outro grande problema para o MEI, empreendedor
familiar rural. Como vimos, ao MEI somente são admitidas como atividades econômicas as
ocupações definidas pelo Comitê Gestor do Simples Nacional – CGSN. Ora, por uma questão
suficientemente óbvia, entre as ocupações definidas no âmbito do CGSN não constam aquelas
relacionadas à atividade rural, próprias do produtor rural pessoa física. Isto é, o
desenvolvimento dessas atividades não é permitido ao MEI. Se o MEI não pode desenvolver
atividades rurais em seu estabelecimento e o titular, pessoa física, não pode ter mais de um
estabelecimento, com raras exceções, a pessoa natural que se inscrever como MEI não poderá
produzir ou comercializar produtos agropecuários.

Como se não bastassem os problemas aqui levantados, a falta de regulamentação clara e


precisa, alicerçada em bons fundamentos técnicos e adequada à realidade da agricultura
familiar e do segurado especial na criação do MEI Rural ainda cria outro, como pode ser
observado em resposta no Portal do Empreendedor – MEI, do Governo Federal, na seção de
Dúvidas Frequentes:

O limite de faturamento para fins de enquadramento como MEI deve considerar toda
a receita do segurado especial. Se o segurado especial se formaliza como MEI, essa
formalização deverá abranger toda a sua atividade rural e não apenas parte dela.
Sendo assim, o total das receitas do grupo familiar não poderá ultrapassar R$
81.000,00/ano.

O resultado da confusão generalizada, que decorre da criação do MEI Rural e da ausência de


uma regulamentação adequada, foi a submissão, por parte do CGSN, da receita proveniente

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 27


do trabalho de todos os membros da família no limite de R$ 81.000,00, que deveria estar
relacionado apenas ao trabalho do indivíduo que se inscreveu como MEI, como ocorre no
MEI urbano, por exemplo. Observa-se que há aqui um claro tratamento discriminatório em
desfavor do MEI Rural. Ademais, o mesmo Portal do Empreendedor – MEI não traz nenhum
texto que orienta como pode um MEI – ou grupo familiar, uma vez que as atividades de toda a
família estão vinculadas à sua inscrição –, desenvolver atividades rurais, que em geral não
estão previstas na lista de ocupações permitidas, formulada pelo CGSN.

Esses e outros problemas estão sendo discutidos no âmbito do Grupo de Trabalho Construção
Social dos Mercados – GTCSM, vinculado ao CEDRAF-MG. Com a ajuda da FETAEMG,
uma de nossas parceiras também nesse GT, levamos o assunto para ser discutido em Brasília,
contando com a mobilização e apoio da CONTAG. Nossa expectativa é que haja melhor
entendimento desses problemas, para que se possa regulamentar adequadamente o dispositivo
legal que criou o MEI Rural. Importante salientar, no entanto, que o tema é politicamente
muito sensível, especialmente no momento em que determinadas propostas de reforma da
previdência ameaçam seriamente os benefícios vinculados à categoria do segurado especial.

3.3.1.2 – O Microempreendedor Individual – MEI Segurado Especial

A criação do MEI Rural também trouxe um novo dispositivo que trata da formalização do
segurado especial como Microempreendedor Individual – MEI. Nos termos da lei, “o
empreendedor que exerça as atividades de industrialização, comercialização e prestação de
serviços no âmbito rural que efetuar seu registro como MEI não perderá a condição de
segurado especial da Previdência Social” [grifo nosso] (BRASIL, 2006a).

Embora o novo texto da lei, que se encontra em plena vigência, seja suficientemente claro e
não apresente nenhuma condição adicional, como pode ser percebido na citação acima, é
preciso levar em conta pelo menos duas questões: 1) as dificuldades associadas à criação do
MEI Rural, anteriormente tratadas (ver seção 3.3.1.1); 2) as dificuldades práticas relacionadas
à ausência, até o momento, de qualquer regulamentação, normativo interno ou orientação
formal, partindo do comando do INSS aos servidores responsáveis pelo atendimento direto ao
público. Diante dessa situação, na análise de cada caso, recomendam-se cuidados especiais e
abertura de diálogo com os atendimentos da Receita Federal e do INSS, além do apoio de um
bom contador.

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 28


3.4 – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI

A EIRELI também é uma categoria de empresa, cujo titular é uma única pessoa física. A
principal diferença em relação ao EI, porém, é a responsabilidade do titular, pessoa física,
pelas obrigações da pessoa jurídica. Ao contrário do EI, como o próprio nome já diz, o titular
de uma EIRELI tem responsabilidade limitada. Isto é, em condições de atuação dentro dos
limites da lei, a responsabilidade do titular da pessoa jurídica é restrita ao valor do capital por
ele integralizado (ver próxima seção). O valor a ser integralizado “não será inferior a 100
(cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País” (BRASIL, 2002b). Na prática, esse
valor corresponde ao capital mínimo, que deverá ser colocado em risco no negócio.

4 – A Responsabilidade do Titular ou Sócio pelas Obrigações da Pessoa Jurídica

Legalmente, os titulares ou sócios de algumas pessoas jurídicas podem optar por responder ou
não, com o patrimônio pessoal, pelas obrigações da pessoa jurídica. Como vimos, a
responsabilidade do titular de uma empresa individual é definida na escolha do seu formato
jurídico – EI ou EIRELI. Já associações, cooperativas e algumas sociedades empresárias,
entre outras, podem fazer a opção – responsabilidade limitada ou ilimitada –, registrando-a
em seus atos constitutivos – estatuto ou contrato social, conforme o caso.

No geral, a responsabilidade limitada corresponde a uma separação legal entre o patrimônio


particular do sócio ou titular e o patrimônio da pessoa jurídica. Nesse caso, a responsabilidade
do titular ou sócio em relação às obrigações da pessoa jurídica se limita ao capital subscrito.
Segundo Ministra do STJ,

Pessoa jurídica é uma ficção jurídica instituída pela lei para suprir a inquietação
humana. Permite que os empresários enfrentem os desafios e a álea inerentes à
prática comercial. Para abrir um comércio ou uma indústria os sócios se expõem a
riscos de vários matizes, que podem redundar em dilapidação patrimonial.

Os sócios da pessoa jurídica passam a atuar no mundo dos negócios com


personalidade distinta da natural. Podemos dizer que a personalidade da pessoa
jurídica tem o efeito de escudo do patrimônio pessoal do sócio. [...]

Tem-se então, no ordenamento jurídico nacional, dois tipos de pessoa: a pessoa


natural do sócio e a pessoa jurídica. Dessa bipartição advém o princípio da
separação patrimonial entre os bens do sócio e os bens da sociedade, o qual possui a
prerrogativa de limitar a responsabilidade do sócio, resguardando o seu patrimônio
pessoal de eventuais infortúnios. Oferece, portanto, segurança ao sócio ao mesmo
tempo em que estimula o investimento. (ANDRIGHI, 2004, p. 1)

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 29


Ao contrário, como o próprio nome revela, a responsabilidade ilimitada implica em uma
situação legal, onde o titular ou sócio da pessoa jurídica responde, inclusive com seu
patrimônio particular, por todas as obrigações da pessoa jurídica, ilimitadamente (BRASIL,
2002b).

Importante salientar que essa espécie de proteção legal do patrimônio particular do titular ou
sócio da pessoa jurídica de responsabilidade limitada é válida somente para as operações
realizadas dentro da legalidade. Ademais, existem outras condições que podem prejudicá-la
juridicamente. Trata-se da teoria da desconsideração da personalidade jurídica.

A teoria da desconsideração da personalidade jurídica é conhecida como aquela


que permite ao juiz desconsiderar a autonomia jurídica da personalidade da empresa
e da personalidade de seus sócios, toda a vez que a sociedade tiver sido utilizada
para fins ilegais ou que acarretem prejuízo a seus credores. […]

Essa teoria corresponsabiliza os patrimônios, isto é, afasta o princípio da autonomia


patrimonial entre os bens dos sócios e os bens da sociedade. […]

A personificação tem seus limites que são a ocorrência da fraude e ou do abuso do


direito de personificação. (ANDRIGHI, 2004 pp. 2-3)

Observa-se que, no que diz respeito às empresas de responsabilidade limitada, a legislação e


jurisprudência estabelecem limites tanto para a proteção dos sócios ou titulares, quanto para a
responsabilização dos mesmos.

A propósito dessa teoria, sugerimos especial atenção no cumprimento do disposto na


legislação ambiental, trabalhista, tributária e, principalmente, no Código de Defesa do
Consumidor (BRASIL, 1990b), pela abrangência com que a teoria da desconsideração da
personalidade jurídica é nele aplicada.

Será desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma
forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Aqui o
avanço da lei é significativo, porque dispensa a prova da intenção do fornecedor em
fazer mau uso da pessoa jurídica. (ANDRIGHI, 2004 pp. 5-6)

5 – Pessoa Física e Jurídica nos Programas PAA e PNAE

No que diz respeito à participação da pessoa física ou jurídica nos programas PAA e PNAE, é
preciso observar, mais uma vez, a importante distinção estabelecida na Lei Federal nº
11.326/2006, entre as figuras do agricultor familiar (pessoa física) e empreendedor familiar
rural (pessoa jurídica). Estes conceitos legais são importantes porque permitem perfeita

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 30


adequação da característica pluriativa da agricultura familiar, que compreende o
desenvolvimento de atividades agrícolas e não agrícolas, com os princípios da legislação
tributária, principalmente.

Como se sabe, em se tratando da venda de produtos no mercado institucional público, no


âmbito de programas como o PAA e PNAE, quando há dispensa de procedimento licitatório
em favor da agricultura familiar, uma das exigências para acesso aos benefícios de tais
programas é a apresentação da Declaração de Aptidão ao Pronaf – DAP.

A primeira coisa a se observar, neste caso, de acordo com a discussão acima, é a natureza do
negócio rural, do ponto de vista das suas obrigações fiscais. Como vimos, quando se tratar de
atividade rural, esta poderá ser desenvolvida pela pessoa física – CPF; O desenvolvimento de
outras atividades, exigirá a formalização da pessoa jurídica – CNPJ, sob pena de estar o
empreendedor incorrendo em fraude fiscal e sonegação de tributos, nos termos da lei.

Importante salientar que, deve haver coerência entre os diferentes processos. Assim, na
comercialização de produtos da atividade rural, desenvolvida pela pessoa física, o contrato
com a Entidade Executora – EEx deve ser firmado pela pessoa física – CPF, que, neste caso,
apresentará a DAP física. Por outro lado, na comercialização de produtos de outras atividades
(como a agroindústria, por exemplo), não enquadradas como atividade rural, o contrato com a
EEx deve ser firmado pela pessoa jurídica – CNPJ, que, neste caso, apresentará a DAP
jurídica.

Em resumo, temos:

1) Produtos da atividade rural (basicamente, produtos in natura)


O contrato da EEx poderá ser efetuado com a Pessoa Física – CPF.

Neste caso, exige-se:

→ DAP física; e
→ Nota fiscal de produtor rural Pessoa Física.

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 31


2) Produção não classificada como atividade rural (agroindústria, em geral)
O contrato da EEx deverá ser efetuado com a Pessoa Jurídica – CNPJ.

Neste caso, exige-se:

→ DAP jurídica; e
→ Nota fiscal da Pessoa Jurídica.

Obs.: poderá haver casos em que a Entidade Executora contratará simultaneamente a pessoa
física, para ofertar produtos in natura; e a pessoa jurídica, para ofertar produtos da
agroindústria, ainda que o titular da pessoa jurídica seja a mesma pessoa física já contratada.
Isso porque, uma mesma pessoa pode desenvolver atividades como pessoa física e outras
atividades como pessoa jurídica. Exemplo: uma senhora que fornece quitandas e hortaliças
para determinada escola. Para produzir e comercializar suas quitandas (agroindústria), ela
deverá formalizar seu negócio rural no CNPJ – uma microempresa, por exemplo; Esta mesma
senhora, no entanto, poderá continuar comercializando suas hortaliças (atividade rural) em
nome da pessoa física, por meio de sua inscrição estadual de produtora rural pessoa física.

6 – Considerações Finais

Neste segundo texto, trabalhamos aspectos ligados aos negócios rurais individuais (ou
familiares), procurando descrever as alternativas de formalização, abordando ainda algumas
importantes questões relacionadas a cada uma delas (produtor rural pessoa física, EI, MEI e
EIRELI), sobretudo, do ponto de vista da legislação tributária. Sobre as questões
previdenciárias, nos dedicamos mais na conceituação e discussão do conceito legal de
segurado especial da previdência social. Dedicamos também uma parte especial à
problemática do desenvolvimento de atividades agroindustriais por pessoas físicas e jurídicas,
bem como, algumas implicações destas atividades no enquadramento do segurado especial.

No próximo texto (aula 3), que trata da Formalização dos Negócios Rurais Coletivos,
abordaremos alguns assuntos mais diretamente ligados ao desenvolvimento de atividades
econômicas por parte das associações, o importante tema das cooperativas da agricultura
familiar, as sociedades empresárias, consórcios e condomínios rurais. Por questões um tanto
óbvias, somente após termos tratado dos formatos mais comuns de pessoas jurídicas – seja

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 32


como empreendimentos individuais (nesta aula), ou coletivos (na próxima aula) – teremos
melhores condições de abordar um outro aspecto, muito importante, da legislação
previdenciária, a saber: A participação do segurado especial da previdência social na pessoa
jurídica, tema que encera a terceira e última aula desta unidade.

7 – Referências Bibliográficas

ANDRIGHI, Fátima Nancy. Desconsideração da Personalidade Jurídica. Palestra UNIP –


Tele-Conferência em Tempo Real, Universidade Paulista – UNIP, Brasília, 12 de maio de
2004. Disponível em: <https://www.mprs.mp.br/media/areas/consumidor/arquivos/desconside
racao.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2018.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 05 outubro de 1988.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso
em: 09 jan. 2018.

BRASIL. Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999. Regulamenta a tributação, fiscalização,


arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 29 mar. 1999. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm>. Acesso em: 09 jan. 2018.

BRASIL. Decreto nº 3.048, de 06 de maio de 1999. Aprova o Regulamento da Previdência


Social, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 07 mai. 1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d30
48.htm>. Acesso em: 09 jan. 2018.

BRASIL. Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010. Regulamenta a cobrança, fiscalização,


arrecadação e administração do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 jun. 2010. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7212.htm>. Acesso em:
09 jan. 2018.

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 33


BRASIL. Decreto nº 9.064, de 31 de maio de 2017. Dispõe sobre a Unidade Familiar de
Produção Agrária, institui o Cadastro Nacional da Agricultura Familiar e regulamenta a Lei nº
11.326, de 24 de julho de 2006, que estabelece as diretrizes para a formulação da Política
Nacional da Agricultura Familiar e empreendimentos familiares rurais. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 31 mai. 2017. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/D9064.htm>. Acesso em:
05 out. 2018.

BRASIL. Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional


da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis no 8.212 e
8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada
pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, da Lei no 10.189, de 14 de fevereiro de
2001, da Lei Complementar no 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis no 9.317, de 5
de dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999.. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 15 dez. 2006a. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp123.htm>. Acesso em: 09 jan. 2018.

BRASIL. Lei Complementar nº 155, de 27 de outubro de 2016. Altera a Lei Complementar no


123, de 14 de dezembro de 2006, para reorganizar e simplificar a metodologia de apuração do
imposto devido por optantes pelo Simples Nacional; altera as Leis nos 9.613, de 3 de março
de 1998, 12.512, de 14 de outubro de 2011, e 7.998, de 11 de janeiro de 1990; e revoga
dispositivo da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20 out. 2016. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp155.htm#art1>. Acesso em: 09 jan. 2018.

BRASIL. Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990. Altera a legislação do Imposto de Renda sobre
o resultado da atividade rural, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 abr. 1990. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8023.htm>. Acesso em: 09 jan. 2018.

BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e


dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 12
set. 1990b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm>. Acesso
em: 03 ago. 2018.

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 34


BRASIL. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre a organização da Seguridade
Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 25 jul. 1991a. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8212cons.htm>. Acesso em: 09 jan. 2018.

BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da


Previdência Social e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, 25 jul. 1991b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L8213cons.htm>. Acesso em: 09 jan. 2018.

BRASIL. Lei nº 9.528, de 10 de dezembro de 1997. Altera dispositivos das Leis nºs 8.212 e
8.213, ambas de 24 de julho de 1991, e dá outras providências. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 dez. 1997. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9528.htm>. Acesso em: 16 mai 2018.

BRASIL. Lei nº 10.401, de 10 de maio de 2002. Altera a legislação tributária federal e dá


outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13
mai. 2002a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10451.htm#ar
t6>. Acesso em: 09 jan. 2018.

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jan. 2002b. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 05 mai. 2017.

BRASIL. Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006. Estabelece as diretrizes para a formulação da


Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 25 jul. 2006b. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11326.htm>. Acesso em: 05
mai. 2017.

BRASIL. Lei nº 11.718, de 20 de junho de 2008. Acrescenta artigo à Lei no 5.889, de 8 de


junho de 1973, criando o contrato de trabalhador rural por pequeno prazo; estabelece normas
transitórias sobre a aposentadoria do trabalhador rural; prorroga o prazo de contratação de
financiamentos rurais de que trata o § 6o do art. 1o da Lei no 11.524, de 24 de setembro de

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 35


2007; e altera as Leis nos 8.171, de 17 de janeiro de 1991, 7.102, de 20 de junho de 1993,
9.017, de 30 de março de 1995, e 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 jun. 2008. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11718.htm>. Acesso em: 09
jan. 2018.

BRASIL. Lei nº 12.873, de 24 de outubro de 2013. Autoriza a Companhia Nacional de


Abastecimento a utilizar o Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC, instituído
pela Lei no 12.462, de 4 de agosto de 2011, para a contratação de todas as ações relacionadas
à reforma, modernização, ampliação ou construção de unidades armazenadoras próprias
destinadas às atividades de guarda e conservação de produtos agropecuários em ambiente
natural; altera as Leis nos 8.212, de 24 de julho de 1991, e 8.213, de 24 de julho de 1991, o
Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1942 – Consolidação das Leis do Trabalho, as Leis
nos 11.491, de 20 de junho de 2007, e 12.512, de 14 de outubro de 2011; dispõe sobre os
contratos de financiamento do Fundo de Terras e da Reforma Agrária, de que trata a Lei
Complementar no 93, de 4 de fevereiro de 1998; autoriza a inclusão de despesas acessórias
relativas à aquisição de imóvel rural nos financiamentos de que trata a Lei Complementar no
93, de 4 de fevereiro de 1998; institui o Programa Nacional de Apoio à Captação de Água de
Chuva e Outras Tecnologias Sociais de Acesso à Água – Programa Cisternas; altera a Lei no
8.666, de 21 de junho de 1993, o Decreto-Lei no 167, de 14 de fevereiro de 1967, as Leis nos
10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil, 9.718, de 27 de novembro de 1998, e
12.546, de 14 de setembro de 2011; autoriza a União a conceder subvenção econômica,
referente à safra 2011/2012, para produtores independentes de cana-de-açúcar que
desenvolvem suas atividades no Estado do Rio de Janeiro; altera a Lei no 11.101, de 9 de
fevereiro de 2005; institui o Programa de Fortalecimento das Entidades Privadas Filantrópicas
e das Entidades sem Fins Lucrativos que Atuam na Área da Saúde e que Participam de Forma
Complementar do Sistema Único de Saúde – PROSUS; dispõe sobre a utilização pelos
Estados, Distrito Federal e Municípios dos registros de preços realizados pelo Ministério da
Saúde; autoriza a União, por intermédio do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,
a conceder o uso de bens públicos imobiliários dominicais, mediante emissão de Certificado
de Direito de Uso de Bem Público Imobiliário – CEDUPI; altera o Decreto-Lei no 3.365, de
21 de junho de 1941; dispõe sobre as dívidas originárias de perdas constatadas nas
armazenagens de produtos vinculados à Política de Garantia de Preços Mínimos – PGPM e
Estoques Reguladores do Governo Federal, depositados em armazéns de terceiros, anteriores

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 36


a 31 de dezembro de 2011; altera a Lei no 10.438, de 26 de abril de 2002; autoriza o Poder
Executivo a declarar estado de emergência fitossanitária ou zoossanitária, quando for
constatada situação epidemiológica que indique risco iminente de introdução de doença
exótica ou praga quarentenária ausente no País, ou haja risco de surto ou epidemia de doença
ou praga já existente; altera a Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996; dispõe sobre o
repasse pelas entidades privadas filantrópicas e entidades sem fins lucrativos às suas
mantenedoras de recursos financeiros recebidos dos entes públicos; altera a Medida Provisória
no 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, as Leis nos 10.848, de 15 de março de 2004, 12.350, de
20 de dezembro de 2010, 12.096, de 24 de novembro de 2009, 5.869, de 11 de janeiro de 1973
– Código de Processo Civil, 12.087, de 11 de novembro de 2009, e 10.260, de 12 de julho de
2001; e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 25 out. 2013. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2013/lei/l12873.htm>. Acesso em: 09 jan. 2018.

BRASIL. Medida Provisória nº 619, de 06 de junho de 2013. Autoriza a Companhia Nacional


de Abastecimento a contratar o Banco do Brasil S.A. ou suas subsidiárias para atuar na gestão
e na fiscalização de obras e serviços de engenharia relacionados à modernização, construção,
ampliação ou reforma de armazéns destinados às atividades de guarda e conservação de
produtos agropecuários; altera as Leis no 8.212, de 24 de julho de 1991 e no 8.213, de 24 de
julho de 1991, para dispor sobre a condição de segurado especial, o Decreto-Lei nº 167, de 14
de fevereiro de 1967 e a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, para dispor sobre prazos do
penhor rural, e as Leis nº 12.096, de 24 de novembro de 2009 e nº 12.512, de 14 de outubro
de 2011; atribui força de escritura pública aos contratos de financiamento do Fundo de Terras
e da Reforma Agrária, de que trata a Lei Complementar nº 93, de 4 de fevereiro de 1998,
celebrados por instituições financeiras por meio de instrumentos particulares; institui o
Programa Nacional de Apoio à Captação de Água de Chuva e Outras Tecnologias Sociais de
Acesso à Água – Programa Cisternas; e dá outras providências. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 07 jun. 2013. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/Mpv/mpv619.htm>. Acesso em:
09 jan. 2018.

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 37


BRASIL. Lei nº 13.606, de 09 de janeiro de 2018. Institui o Programa de Regularização
Tributária Rural (PRR) na Secretaria da Receita Federal do Brasil e na Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional; altera as Leis nos 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.870, de 15 de abril de
1994, 9.528, de 10 de dezembro de 1997, 13.340, de 28 de setembro de 2016, 10.522, de 19
de julho de 2002, 9.456, de 25 de abril de 1997, 13.001, de 20 de junho de 2014, 8.427, de 27
de maio de 1992, e 11.076, de 30 de dezembro de 2004, e o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal); e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 18 abr. 2018. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br
/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13606.htm>. Acesso em: 16 mai 2018.

BRASIL. Ministério da Fazenda. Site da Secretaria de Previdência. Disponível em:


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BRASIL. Ministério da Fazenda. Tabela de Incidência do Imposto Sobre Produtos


Industrializados – TIPI. Versão 2012. Disponível em: <https://www.receita.fazenda.gov.br/p
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MDIC – Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Secretaria Especial da Micro


e Pequena Empresa. Portal do Empreendedor – MEI. Disponível em: <http://www.portaldo
empreendedor.gov.br/>. Acesso em: 09 jan. 2018.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Fazenda. Site Oficial s/d. Disponível em:
<http://www.fazenda.mg.gov.br/>. Acesso em: 09 jan. 2018.

SEBRAE. Como o MEI faz a Declaração de Imposto de Renda. Site Oficial s/d. Disponível
em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como-o-mei-faz-a-declaracao-de-
imposto-de-renda,2f48921aaebab510VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 12 dez.
2018.

SRF – Secretaria da Receita Federal do Brasil. Site Oficial s/d. Disponível em:
<http://idg.receita.fazenda.gov.br/interface/cidadao/irpf/2018/apresentacao/obrigatoriedade>.

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 38


Acesso em: 12 dez. 2018.

SENAR. Produtor Rural Pessoa Física. Santa Catarina. Departamento de Arrecadação.


Disponível:<http://senar.com.br/portal/senar/gercont/spaw2/uploads/files/pessoa_fisica.pdf>.
Acesso em: 05 mai. 2017.

ATENÇÃO: MATERIAL DE USO INTERNO DA EMATER-MG 39

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