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Distúrbios ácido-base
Relevância A*
MD, D, T, GD
Harrison’s principles of internal medicine 20ª ed.
Guyton and Hall, Textbook of medical physiology 14ª ed.
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GASOMETRIA ARTERIAL
1 Oxigenação PaO2 e SaO2
2 Ventilação pH e PaCO2
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GASOMETRIA ARTERIAL
1 Oxigenação PaO2 e SaO2 Hipoxémia - ↓ níveis de oxigénio no sangue
Hiperóxia - excesso de oxigénio suplementar
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EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
pH arterial normal: 7.35 – 7.45
Acidemia pH < 7.35
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EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
3 sistemas que regulam a conc. de H+ (ou seja, que regulam o pH):
TAMPÕES
CENTRO RESPIRATÓRIO
RINS
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EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
3 sistemas que regulam a conc. de H+ (ou seja, que regulam o pH):
TAMPÕES
ü Combinam-se com um ácido ou base para prevenir alterações excessivas a conc. de H+.
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EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
3 sistemas que regulam a conc. de H+ (ou seja, que regulam o pH):
CENTRO RESPIRATÓRIO
PaCO2 é controlada pelo
SNC e sistema respiratório
ü Regula a eliminação de CO2 (fatores neuronais respiratórios)
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EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
3 sistemas que regulam a conc. de H+ (ou seja, que regulam o pH):
Mecanismo de feedback negativo
↓PaCO2
Alterações da ventilação alteram o pH:
E vice-versa
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EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
3 sistemas que regulam a conc. de H+ (ou seja, que regulam o pH):
1 – Secreção de H+
2 – Reabsorção de HCO3- filtrado
3 – Produção de novo HCO3-
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EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
3 sistemas que regulam a conc. de H+ (ou seja, que regulam o pH):
RINS
↓ secreção H+
↓ H+ (alcalose)
↓ reabsorção do HCO3- filtrado à ↑ excreção HCO3-
↑ secreção H+
↑ H+ (acidose)
Reabsorvem todo o HCO3- filtrado e produze HCO3- de novo
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EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
3 sistemas que regulam a conc. de H+ (ou seja, que regulam o pH):
1- Ácidos tituláveis Junção de iões H+ com tampões urinários para formar ácidos tituláveis.
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EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
Equação de Henderson-Hasselbalch
pH arterial é mantido entre 7.35 e 7.45 graças ao equilíbrio entre a conc. HCO3- e a PaCO2
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RESPOSTAS COMPENSATÓRIAS
Distúrbio metabólico (HCO3-) Distúrbio respiratório (PaCO2)
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RESPOSTAS COMPENSATÓRIAS
pH HCO3- PCO2
Acidose Metabólica ↓ ↓ ↓
(Compensação)
Alcalose Metabólica ↑ ↑ ↑
(Compensação)
Acidose Respiratória ↓ ↑ ↑
(Compensação)
Alcalose Respiratória ↑ ↓ ↓
(Compensação)
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RESPOSTAS COMPENSATÓRIAS
Compensação apropriada Interpretação
PaCO2 = (1.5 x HCO3-) + 8 (± 2) Se PaCO2 dentro do intervalo esperado pela
(Fórmula de Winter) compensação: acidose metabólica compensada
Acidose Metabólica
ou
PaCO2 = HCO3- + 15 Se PaCO2 doente > PaCO2 esperado: Acidose
↑10 HCO3- respiratória concomitante
↑ 6 PCO2
Alcalose Metabólica Se PaCO2 doente < PaCO2 esperado: Alcalose
ou
respiratória concomitante
PaCO2 = HCO3- + 15
↑ 1 HCO3-
Aguda Se HCO3- de acordo com o esperado pela
Acidose ↑10 PCO2
compensação: distúrbio respiratório compensado
Respiratória ↑ 4 HCO3-
Crónica Se HCO3- doente < HCO3- esperado: Acidose
↑10 PCO2
metabólica concomitante (pH pode estar muito
↓ 2 HCO3- baixo)
Aguda
Alcalose ↓10 PCO2
Se HCO3- doente > HCO3- esperado: Alcalose
Respiratória ↓ 4 HCO3-
Crónica metabólica concomitante (pH pode estar normal)
↓10 PCO2
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RESPOSTAS COMPENSATÓRIAS
Se a resposta compensatória for diferente do que é esperado
ü Distúrbio ácido-base simples – apenas 1 distúrbio com compensação respiratória ou renal apropriada
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RESPOSTAS COMPENSATÓRIAS
Em todos os distúrbios ácido-base simples, o distúrbio primário gera uma resposta compensatória que
provoca alteração do HCO3- ou da PaCO2 no MESMO SENTIDO da alteração primária.
As respostas compensatórias tentam impedir a alteração do pH, mas NÃO provocam a normalização do pH
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ANION GAP
AG = Na+ - (Cl- + HCO3-)
AG normal = 6-12 (média ~ 10 mmol/L) Harrison assume que AG
está elevado quando é > 10
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ANION GAP
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ANION GAP
Soma de todos os catiões = Soma de todos os aniões
Portanto,
↑ Aniões não medidos +++ Quando aniões ácidos (p.e.
Ocorre ↑ AG se: ou acetoacetato e lactato) se acumulam
↓ Catiões não medidos no fluido extracelular à ↑ AG
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ANION GAP
ALBUMINA É o principal anião não medido
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DISTÚRBIOS ÁCIDO-BASE
Ratio 𝜟AG/𝜟HCO3- AG = 𝑁𝑎!− (𝐶𝑙"+𝐻𝐶𝑂3"): 8-10
Responde à pergunta:
“Este doente com acidose AG >10
metabólica com ↑ AG, tem
outro distúrbio metabólico
concomitante?”
Acidose Metabólica com aumento do AG
1 – Acidose metabólica
2 – Alcalose metabólica
3 – Acidose respiratória:
Aguda
Crónica
4 – Alcalose respiratória:
Aguda
Crónica
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DISTÚRBIOS ÁCIDO-BASE
1º Determinar o distúrbio primário pH e PaCO2
↓pH – Acidemia
pH
↑pH - Alcalemia
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DISTÚRBIOS ÁCIDO-BASE
1º Determinar o distúrbio primário pH e PaCO2 Em alternativa....
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DISTÚRBIOS ÁCIDO-BASE
2º Avaliar a compensação
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DISTÚRBIOS ÁCIDO-BASE
3º Calcular o AG Sempre!
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CASOS
CASO 1
Uma mulher de 25 anos, com diabetes mellitus tipo 1, vem ao SU por náuseas, dor abdominal e
poliúria com início há 2 noites.
Bioquímica Gasometria arterial
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CASOS
CASO 1
31
CASOS
CASO 2
Um homem de 80 anos é trazido ao SU por dispneia e edema dos membros inferiores. Não fornece
história e os seus antecedentes são desconhecidos.
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CASOS
CASO 2
33
CASOS
CASO 3
Um homem de 60 anos vem ao SU por dispneia. Diz que tem estado constipado, mas que desta vez é
pior do que nos anos anteriores. Queixa-se também de tosse produtiva. Não teve febre.
Fuma 2 maços de cigarros por dia desde a adolescência. Tem diabetes mellitus tipo 2, hipertensão
arterial, dislipidemia, e disseram-lhe que tem enfisema numa TC torácica que fez há 2 anos.
Ao exame objetivo tem diminuição do murmúrio vesicular e sibilância. No SU fez uma gasometria
arterial que mostrou:
pH 7.23
PaCO2 88 mmHg
PaO2 40 mmHg
HCO3- 16 mEq/L
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CASOS
CASO 3
pH 7.23
PaCO2 88 mmHg
PaO2 40 mmHg
HCO3- 16 mEq/L
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CASOS
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ACIDOSE METABÓLICA
Processo patológico que, quando sem oposição, leva ao ↑ conc. H+ e ↓ conc. HCO3-.
ü Nem todos os doentes com acidose metabólica têm um pH arterial baixo – o pH e conc. H+
também dependem da coexistência de outros distúrbios ácido-base.
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ACIDOSE METABÓLICA
Fisiopatologia
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ACIDOSE METABÓLICA
Fisiopatologia
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ACIDOSE METABÓLICA
Clínica
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ACIDOSE METABÓLICA COM ↑ AG
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ACIDOSE METABÓLICA
Causas de acidose metabólica com ↑ AG
4 causas
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ACIDOSE METABÓLICA
Acidose lática - L Por hipoperfusão tecidular, que pode ser secundária a hipotensão.
ü 1º Corrigir a causa
Cetoacidose ü Restaurar perfusão tecidular (mas evitar vasoconstritores)
ü Suplementação com bases se e só se acidose aguda grave (pH <7.0)
Insuficiência
renal
Isquemia ou enfarte intestinal não reconhecidos num
doente com aterosclerose severa ou descompensação
Toxinas cardíaca a receber vasopressores é uma causa frequente
de acidose lática em idosos
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ACIDOSE METABÓLICA
Acidose lática - D Devido à formação de D-lactato por bactérias do intestino.
Acidose lática
ü Síndrome do intestino curto
Cetoacidose ü Bypass jejuno-ileal
ü Oclusão intestinal
Insuficiência
renal
Toxinas
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ACIDOSE METABÓLICA
Cetoacidose diabética
Toxinas
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ACIDOSE METABÓLICA
Cetoacidose diabética
Hiperglicemia 250-600mg/dL
GSA: pH <7.3 com aumento do Anion Gap, ↓PaCO2, ↓HCO3 <15
↑↑Beta-hidroxibutirato SÉRICO
Lab
K+ N ou ↑ (motivo: défice de insulina e hiperosmolaridade à K+ p/ fora das células)
MAS há défice corporal total de potássio (perdido na urina)
↓Na+ e ↑Osmolaridade sérica 300-320 à Hiponatrémia hipertónica
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ACIDOSE METABÓLICA
Cetoacidose alcoólica
Ocorre em doentes malnutridos + alcoolismo crónico, que têm história de binge drinking
Acidose lática
ü O consumo ativo de álcool geralmente já terminou devido ao desenvolvimento de
Cetoacidose dor abdominal, náuseas e vómitos.
ü Os níveis de etanol no sangue podem já estar baixos aquando da apresentação.
Toxinas TRATAMENTO
Fluidos! – NaCl e glicose (5% dextrose em NaCl 0.9%)
Corrigir défices de fosfato, potássio e magnésio
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ACIDOSE METABÓLICA
Cetoacidose alcoólica
50
ACIDOSE METABÓLICA
DRC/ LRA severa
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ACIDOSE METABÓLICA
DRC/ LRA severa
Cetoacidose
TRATAMENTO TFG
Insuficiência G1 ≥ 90
ü Bicarbonato ou citrato de sódio per os Acidose
renal G2 60-89 metabólica com
G3a 45-59 AG normal/
hiperclorémica
G3b 30-44
Toxinas
G4 15- 29 Acidose
metabólica com
G5 <15 ↑ AG
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ACIDOSE METABÓLICA
1. Ingestão de álcoois tóxicos
Metanol
Acidose lática Etilenoglicol
Propilenoglicol
Cetoacidose
2. Intoxicação por salicilatos (aspirina)
Insuficiência
renal 3. Paracetamol
Toxinas
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ACIDOSE METABÓLICA
1. Ingestão de álcoois tóxicos
Insuficiência
renal
Toxinas
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ACIDOSE METABÓLICA
O que é o Osmolal gap?
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ACIDOSE METABÓLICA
O que é o Osmolal gap?
Osmolalidade calculada
Acidose lática Devem ser semelhantes (diferença <10-15 mmol/kg H20)
Osmolalidade medida
Cetoacidose
Osmolalidade medida > calculada (>10-15 mmol/kg H20) = ↑ Osmolal gap 2 causas:
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ACIDOSE METABÓLICA O fomepizol e etanol reduzem a
toxicidade porque competem com o
etilenoglicol no metabolismo da álcool
1. Ingestão de álcoois tóxicos desidrogenase.
TRATAMENTO
Toxinas ü Lavagem gástrica com NaCl isotónico
ü Carvão ativado por SNG
ü Alcalinização do soro e da urina – com Bicarbonato de sódio IV
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ACIDOSE METABÓLICA
2. Intoxicação por salicilatos (aspirina)
GSA
Acidose lática
Alcalose respiratória primária
Cetoacidose ou
Distúrbio misto de:
Insuficiência Alcalose respiratória + Acidose metabólica com ↑ AG
renal
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ACIDOSE METABÓLICA
3. Paracetamol
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ACIDOSE METABÓLICA
Equilíbrio do potássio
Alguns doentes com acidose ou alcalose metabólica têm condições concomitantes que produzem hipoK+ ou hiperK+, por
mecanismos independentes da troca celular. p.e. diarreia, ATR, cetoacidose diabética
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CASO CLÍNICO
Um homem de 60 anos é trazido ao SU por depressão do estado de consciência. Está confuso e agitado. É mecânico. É
fumador desde os 20 anos e bebe 1 garrafa de vinho por dia. A família diz que o doente tem andado deprimido desde
que os pais faleceram. Os sinais vitais são temperatura de 37ºC, pressão arterial de 110/70 mmHg, frequência cardíaca de
90/min e frequência respiratória de 22/min. O estudo laboratorial mostra:
A. Acidose lática. – É causa de acidose metabólica com aumento do AG, surgindo mais frequentemente em contexto de
hipoperfusão. Não explica o aumento do osmolal gap.
B. Cetoacidose diabética. – É causa de acidose metabólica com aumento do AG, mas o doente tem glicemia normal.
C. Intoxicação por etilenoglicol. – Este doente tem acidose metabólica com aumento do AG (141- [100+13]=28) e
elevação do osmolal gap, pelo que devemos suspeitar de intoxicação por metanol, etilenoglicol, ou
propilenoglicol, como causa da acidose. A urina do doente mostra cristais de oxalato, que são tipicamente
observados nos doentes com intoxicação por etilenoglicol, o qual é usado como anticongelante. A lesão renal
aguda é uma potencial complicação da intoxicação por etilenoglicol.
D. Intoxicação por aspirina. – A intoxicação por salicilatos (aspirina) causa distúrbio misto de acidose metabólica com
aumento do AG e alcalose respiratória, sem aumento do osmolal gap.
E. Acidose da doença renal crónica. – A doença renal crónica terminal pode causar acidose metabólica com aumento
do AG, mas não causa aumento do osmolal gap e o doente há 3 meses tinha creatinina normal.
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ACIDOSE METABÓLICA
HIPERCLORÉMICA/ AG NORMAL
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1 – ACIDOSE METABÓLICA
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1 – ACIDOSE METABÓLICA
Acidose metabólica associa-se a hiperK+, exceto em 2 situações:
1) Diarreia (perda de K+ nas fezes)
1) ATR 1 e 2 (perda de K+ pelo rim)
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1 – ACIDOSE METABÓLICA
O que é o Anion Gap Urinário (UAG)?
Numa dieta ocidental típica, a quantidade de Na e K absorvidos pelo trato GI é geralmente > quantidade
cloro absorvido.
Logo, em circunstâncias normais: Na + K > Cl (na urina)
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1 – ACIDOSE METABÓLICA
O que é o Anion Gap Urinário (UAG)? UAG = [𝑁𝑎! + 𝐾 !]" −[𝐶𝑙 #]"
UAG NEGATIVO - [𝑁𝑎! + 𝐾 ! ]" < [𝐶𝑙# ]" UAG POSITIVO - [𝑁𝑎! + 𝐾 ! ]" > [𝐶𝑙# ]"
UAG NEGATIVO - [𝑁𝑎! + 𝐾 ! ]" < [𝐶𝑙# ]" UAG POSITIVO - [𝑁𝑎! + 𝐾 ! ]" > [𝐶𝑙# ]"
Indica que a amónia na urina está Significa que o nível de amónia na urina está baixo
apropriadamente aumentada
Sugere causa RENAL para a acidose
Sugere causa EXTRA-RENAL para a acidose
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1 – ACIDOSE METABÓLICA
Diarreia
ü Fezes contêm uma maior conc. HCO3- do que o plasma à Acidose metabólica na diarreia
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1 – ACIDOSE METABÓLICA
Acidose tubular renal (ATR)
pH urinário:
ü ATR Distal (tipo 1) – pH ≥ 5.5
ü ATR Proximal (tipo 2) – pH variável
AG urinário (UAG) – para DDx com outras causas de acidose metabólica hiperclorémica:
ü ATR Distal (tipo 1) – UAG positivo (↓ excreção renal de NH4+)
ü ATR Proximal (tipo2) - UAG negativo
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1 – ACIDOSE METABÓLICA
ATR 4
ATR 1 (DISTAL) ATR 2 (PROXIMAL)
(Hipoaldosteronismo)
Compromisso da acidificação ↓ reabsorção de HCO3- Resistência/ redução da
Defeito primário distal proximal secreção de aldosterona
Acidose Tubular Renal
AG urinário + - +
K+ ↓ N/↓ ↑
Ratio ↑
Normal Normal
cálcio/creatinina (Hipercalciúria)
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1- ACIDOSE METABÓLICA
Tratamento da acidose metabólica no geral
Tratamento com bases deve ser
reservado para ACIDEMIA GRAVE
O tx da acidose metabólica depende da causa subjacente. (pH <7.1)
PRINCÍPIOS GERAIS:
ü 1º - Sempre que possível, o foco principal do tx da acidose metabólica deve ser dirigido a reverter o
processo fisiopatológico de base
ü Doente com acidose metabólica aguda com acidemia grave (pH < 7.1):
ü Indicado tratar com Bicarbonato de sódio.
O objetivo é manter o pH > 7.1 até que o processo primário que está a causar a acidose seja
revertido.
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ALCALOSE METABÓLICA
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ALCALOSE METABÓLICA
↑ pH arterial, ↑ [HCO3−] e ↑ PaCO2
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ALCALOSE METABÓLICA
Fisiopatologia
4. Alcalose de contração
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ALCALOSE METABÓLICA
Fisiopatologia
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ALCALOSE METABÓLICA
Fisiopatologia
1. Défice de volume, défice de cloro e hipoK+, em associação com ↓ TFG RESPONDE A NaCl
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ALCALOSE METABÓLICA
Causas de alcalose metabólica
1. Origem GI
- VÓMITOS ou aspiração gástrica
- Cloridorreia congénita (doença rara em que há bloqueio da absorção de cloro intestinal)
- Adenoma viloso
2. Origem renal
- DIURÉTICOS tiazídicos e da ansa
- Estado pós-hipercapnia crónica
Defeitos
- HipoK+
genéticos em - S. Bartter: ↓ reabsorção de NaCl na ansa de Henle. Imita a ação dos diuréticos da ansa.
transportadores
iónicos.
- S. Gitelman: ↓ reabsorção de NaCl no túbulo dista. Imita a ação de diurético tiazídico.
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ALCALOSE METABÓLICA
VÓMITOS
Conteúdo gástrico tem elevada conc. de HCl e baixa conc. de KCl e NaCl.
NORMAL: Em situações normais, a secreção de H+ gástrico não provoca alcalose metabólica, pois o H+ não é
perdido do corpo, mas é neutralizado pelo pâncreas, fígado e intestino em resposta ao ácido que entra no
intestino delgado.
No lúmen do intestino delgado, o H+ e HCO3- combinam-se para formar ácido carbónico e água, e o Cl-,
Na+ e K+ são reabsorvidos para a circulação sistémica.
VÓMITOS: Nos vómitos ou aspiração NG, há remoção do H+ do corpo, impedindo que ele chegue ao
duodeno, pelo que o HCO3- que é adicionado ao fluido extracelular não é equilibrado pela subsequente
secreção de HCO3- para o lúmen GI mais distal à Alcalose metabólica
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ALCALOSE METABÓLICA
DIURÉTICOS
Tiazídicos e da ansa
ü Se a diurese provoca ↓ volume extracelular, isto também contrai o espaço do bicarbonato à ↑ conc.
HCO3- (alcalose de contração)
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ALCALOSE METABÓLICA
HIPOCALIÉMIA ESTADO PÓS-HIPERCAPNIA
Frequente associação com défice de Mg2+ em doentes Se a PaCO2 cronicamente elevada diminui
alcoólicos malnutridos. rapidamente, geralmente devido a ventilação
mecânica, a conc. HCO3- pode manter-se ↑,
produzindo alcalose pós-hipercapnia.
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ALCALOSE METABÓLICA
Causas de alcalose metabólica
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ALCALOSE METABÓLICA
Causas de alcalose metabólica
1. Síndrome milk-alkali
TRÍADE: Alcalose metabólica + Hipercalcémia + LRA
Foi inicialmente descrito como complicação de tx agressivo de úlcera péptica com leite e antiácido.
Hoje em dia, ocorre ++ em pessoas a tomar suplementos com cálcio (p.e. mulheres a tomar carbonato de
cálcio para osteoporose)
85
ALCALOSE METABÓLICA
Causas de alcalose metabólica
Alcalose de contração
Ocorre quando há perda de grandes volumes de fluido que têm elevada conc. de NaCl, mas baixa
conc. de HCO3-.
à ↑ conc. HCO3- plasmático (pois há contração do volume extracelular à volta de uma quantidade
relativamente constante de HCO3- extracelular)
P.e. Administração de diuréticos da ansa IV para induzir rápida remoção de fluidos num
doente muito edemaciado.
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ALCALOSE METABÓLICA
Alcalose Metabólica
Baixo cloro urinário Elevado cloro
(<20 mEq/L) urinário (>20 mEq/L)
Tx. Farmacológico ou
Tx. NaCl 0.9% e KCl
cirúrgico da causa
A restauração do volume extracelular com fluidos IV
remove o estimulo para ativação do SRRA, restaurando a subjacente
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capacidade do rim excretar bicarbonato
ALCALOSE METABÓLICA
Porque é que estamos a utilizar o CLORO URINÁRIO?
Suspeita de hipovolémia
Na+ urinário
EXCEÇÃO: Alcalose metabólica à temos que usar o cloro urinário em vez do sódio!
Na alcalose metabólica, não podemos usar o Na+ urinário para avaliar se o doente tem hipovolémia. Na alcalose metabólica
↑ excreção de HCO3- (com o Na+ como catião acompanhante). Portanto, ↑ Na+ urinário.
Nesta situação, o Cl- urinário continua baixo (< 20mEq/L) e é um melhor índice da volémia.
EM SUMA: ↓ Na+ urinário (ou ↓ Cl- urinário em doentes com alcalose metabólica) é muito sugestivo de
hipovolémia, exceto se causa renal. 88
ALCALOSE METABÓLICA
Tratamento da alcalose metabólica
2. Reverter fatores que previnem os rins de excretar o excesso de HCO3- (fase manutenção)
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ALCALOSE METABÓLICA
Tratamento da alcalose metabólica
P.e.
90
ALCALOSE METABÓLICA
Tratamento da alcalose metabólica
2. Reverter fatores que previnem os rins de excretar o excesso de HCO3- (fase manutenção)
NaCl isotónico
(exceto em estados edematosos, como IC ou cirrose – nestes casos, se for necessária mais diurese,
considerar acetazolamida, um inibidor da anidrase carbónica - vai inibir a reabsorção de HCO3-)
à HipoK+:
Cloreto de K+
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CASO CLÍNICO
Uma mulher de 70 anos vem ao SU por vómitos severos com 2 dias de evolução. Os vómitos são de conteúdo alimentar,
não hemático. Tem astenia e perda ponderal de 10 kg nos últimos 6 meses. Os sinais vitais são temperatura de 37ºC,
pressão arterial de 90/60 mmHg, frequência cardíaca de 100/min e frequência respiratória de 16/min. A auscultação
pulmonar é normal. Tem dor à palpação epigástrica, sem sinais de irritação peritoneal. Não tem edemas periféricos. O
estudo laboratorial mostra:
Gasometria arterial: Bioquímica:
pH 7.49 Na+ 138 mEq/L
paCO2 41 mmHg K+ 3 mEq/L
PaO2 100 mmHg Cl- 95 mEq/L
HCO3- 30 mEq/L
A. Acetazolamida. – A doente tem depleção de volume e os diuréticos iam agravar a alcalose de contração. A
acetazolamida é uma opção na alcalose metabólica em doentes com hipervolemia, como na IC e cirrose.
B. Cloreto de sódio isotónico e cloreto de potássio intravenosos. - Vómitos são causa de alcalose metabólica. Os
vómitos recorrentes causam depleção de volume, ácido, e cloreto de sódio, levando a alcalose metabólica,
ativação do SRAA e aumento da perda urinária de potássio. A ressuscitação com volume através de NaCl
isotónico remove o estímulo para a ativação do SRAA, restaurando a capacidade do rim excretar o excesso de
bicarbonato. A hipocaliémia também deve ser tratada.
C. Bicarbonato de sódio e potássio intravenosos. – O bicarbonato de sódio IV pode ser alguma em algumas
situações para tratar acidose metabólica grave, não alcalose.
D. Só potássio intravenoso. – A depleção de volume também deve ser corrigida com NaCl.
E. Pantoprazol intravenoso. – Pode ser utilizado para diminuir o ácido das secreções gástricas, mas o tratamento
deve ser dirigido principalmente a reverter a depleção de volume e hipocaliémia.
93
ACIDOSE RESPIRATÓRIA
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ACIDOSE RESPIRATÓRIA
Hipercapnia (↑ PaCO2) Por HIPOVENTILAÇÃO alveolar
Ventilação alveolar (VA) depende da ventilação/min (VE) e ratio de espaço morto (VD)/volume corrente (VT)
VA = VE x (1- VD/VT)
ü ↑ espaço morto
Causas frequentes de hipercapnia
ü ↓ ventilação/minuto
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ACIDOSE RESPIRATÓRIA
Vias respiratórias que afetam a eliminação de CO2
SNC
SN Periférico
Músculos respiratórios
Pulmões
Compromisso das troncas gasosas
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ACIDOSE RESPIRATÓRIA
ü Fármacos: BZP, narcóticos, anestésicos
ü Álcool
ü Encefalite
↓ ventilação/ ↓ drive respiratório central ü AVC
ü S. apneia obstrutiva e central do sono
minuto ü Hipoventilação alveolar central congénita
(hipoventilação ü Obesidade-hipoventilação
global; causas extra-
pulmonares) ü Doenças neuromusculares
↓ função neuromuscular
ü Fadiga dos músculos respiratórios
respiratória ou da parede
ü Anomalias da parede torácica (p.e. cifoescoliose,
torácica
espondilite anquilosante)
Compensação apropriada
↑ 1 HCO3-
Aguda
Acidose ↑10 PCO2
Respiratória ↑ 4 HCO3-
Crónica
↑10 PCO2
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ACIDOSE RESPIRATÓRIA
Tratamento
ü OXIGÉNIO
ü Importante TITULAR O O2 em doentes com DPOC grave e retenção crónica de CO2
à Risco de agravarmos a acidose respiratória causando acidemia severa
ü Evitar correção rápida da hipercapnia
ü Se insuficiência respiratória grave: pode necessitar de VNI ou VI
100
ALCALOSE RESPIRATÓRIA
101
ALCALOSE RESPIRATÓRIA
Ocorre quando os pulmões são estimulados a remover mais CO2
(isto é, há ↑ drive respiratório)
Por HIPERVENTILAÇÃO alveolar
102
ALCALOSE RESPIRATÓRIA
Dor, febre
Causas SNC
Ansiedade, pânico, psicose
Patologia intracraniana (p.e. AVC, meningite, encefalite, TCE,
tumor)
↑ altitude
Shunt direito-esquerdo
Hipertiroidismo
Anemia grave
Miscelânea Hiperventilação na ventilação mecânica Gravidade da alcalose
Fase de recuperação de acidose metabólica correlaciona-se com o grau
D. Hepática crónica de insuficiência hepática
Paralisia prolongada
ALCALOSE RESPIRATÓRIA
Causas
CLÍNICA: sintomas variados – dispneia, tonturas, parestesias, dor torácica, palpitações, diaforese,
medo e sensação de morte iminente, e ansiedade
Grande overlap com comorbilidades psiquiátricas (++ perturbação do pânico e ansiedade)
104
ALCALOSE RESPIRATÓRIA
Tratamento
105
CASO CLÍNICO
Uma mulher de 73 anos apresenta-se por alteração do estado de consciência, febre, acufenos e taquipneia.
Tem antecedentes pessoais de artrite não especificada. O exame neurológico não mostra sinais
neurológicos focais. A TC crânio-encefálica é normal. O estudo analítico mostra:
Na+ 140 mEq/L
pH 7.40 K+ 3.0 mEq/L
PaCO2 20 mmHg Cl- 107 mEq/L
PaO2 62 mmHg HCO3- 12 mEq/L
Qual o distúrbio ácido-base presente?
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CASO CLÍNICO
Qual o distúrbio ácido-base presente?
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