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Como destaca Cláudio Joel Brito Lóssio, a internet não nasceu para ser controlada
nem limitada ou segurada, mas como um instrumento de comunicação que busca a
independência, fluidez, e a capacidade de não se limitar a qualquer espaço e que, por essa
razão:
os Estados procuram, já há algum tempo, criar regulações direcionadas ao
ciberespaço – um mundo que, ao mesmo tempo que pretende ser “autônomo”, traz
muitas vezes a possibilidade de rastro na sua estrutura.
O espaço dos fluxos pode ser visto como uma possibilidade de liberdade pelo fato de
os Estados não poderem interceptar a comunicação entre pessoas, muito embora
possa ocorrer um controle Estatal dessa comunicação. Fica-se, então, entre um
aspecto positivo e um negativo, a depender da perspectiva de cada um [3].
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tecnologias de comunicação, como a internet, esse processo, conforme salienta Claudio
Carneiro, pode desencadear eventos que gerem danos através de mudanças comportamentais
que ocorrem de forma veloz [6], a exemplo da fuga e violação de dados de cunho internacional
entre tais Estados, aproveitando essa velocidade do ciberespaço [ 7]. Na mesma linha, o já
citado Zygmunt Bauman, ao alertar para as consequências da globalização, informa que esse
processo tem um efeito colateral inconsciente e frágil, de modo que as fronteiras entre os
Estados são fictícias e a soberania territorial é uma ilusão diante desse novo paradigma
proporcionado pelo ciberespaço [8].
A forma como é validada uma transação que envolve bitcoin quando uma pessoa, por
exemplo, utilizando um computador ou smartphone pretende transferir uma quantidade para
uma outra, se dá por intermédio de outra tecnologia, o chamado blockchain. Explicando o
funcionamento da transação e do blockchain, de acordo com Tarcísio Teixeira:
é necessário que a cada utilizador seja atribuído duas “chaves”: uma chave privada
que é mantida em segredo com uma senha, e uma chave pública que pode ser
compartilhada com o mundo. A transferência de propriedade dos bitcoins é gravado
em uma “cadeia de blocos” (blockchain), de forma que a criptografia da chave
pública assegura que todos os computadores na rede tenham um registro
constantemente atualizado e verificado de todas as operações dentro da rede bitcoin,
o que impede duplo gastos e fraude.
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se a várias outras vantagens, como a capacidade de visualizar os estados anteriores
de um registro e a oportunidade de criar registros programáveis – chamados
“contratos inteligentes” [12].
REFERÊNCIAS
[1] BAUMAN, Zygmunt. A cultura no mundo líquido moderno. (Trad. MEDEIROS, Carlos Alberto). Rio de
Janeiro: Jorge Zahr, 2013, p. 49.
[2] LÓSSIO, Cláudio Joel Brito. Proteção de dados e Compliance digital. 1 ed. São Paulo: Almedina, 2021, p.
45.
[3] LÓSSIO, Cláudio Joel Brito, ibidem, p. 45-46.
[4] MATIAS, Eduardo Felipe Pérez. A humanidade contra as cordas: a luta da sociedade global pela
sustentabilidade. 1 ed., São Paulo: Paz & Terra, p. 79.
[5] CASTELLS, Manuel. O poder da identidade: a era da informação. vol. 2 (trad.) Klaus Brandini Gerhardt. 9
ed. rev. ampl. São Paulo / Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2018, p. 370.
[6] CARNEIRO, Cláudio. Compliance e a cultura da paz. Revista de Direito e Economia. Galileu, Lisboa, v. XX,
p. 37-58, jan./jun. 2019.
[7] LÓSSIO, Cláudio Joel Brito, ibidem, p. 50.
[8] BAUMAN, Zygmunt, ibidem, p. 25.
[9] LÓSSIO, Cláudio Joel Brito, ibidem, p. 51.
[10] PERELMUTER, Guy. Futuro do presente: o mundo movido à tecnologia. Jaguaré, SP: Companhia Editora
Nacional, 2019, p. 156.
[11] TEIXEIRA, Tarcisio. Direito digital e processo eletrônico. 5 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 303-
304.
[12] SCHWAB, Klaus. Aplicando a quarta revolução industrial. (prefs.) NADELLA, Satya; DORIA, João. (trad.)
MIRANDA, Daniel Moreira. São Paulo: Edipro, 2018, p. 134.
[13] SCHWAB, Klaus, ibidem, p. 138-139.
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