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AFORISMOS, EXCERTOS E CITAÇÕES DE JOSÉ SARAMAGO

"Sem futuro, o presente não serve para nada, é como se não existisse, Pode ser que a
humanidade venha a conseguir viver sem olhos mas então deixará de ser humanidade."
- José Saramago, em "Ensaio sobre a cegueira". Lisboa: Editorial Caminho, 1995.

"Em profunda escuridão se procuraram, nus, sôfrego entrou nela, ela o recebeu ansiosa,
depois a sofreguidão dela, a ânsia dele, enfim os corpos encontrados, os movimentos, a
voz que vem do ser profundo, aquele que não tem voz, o grito nascido, prolongado,
interrompido, o soluço seco, a lágrima inesperada, e a máquina a tremer, a vibrar,
porventura não está já na terra, rasgou a cortina de silvas e enleios, pairou no alto da
noite, entre as nuvens, pesa o corpo dele sobre o dela, e ambos pesam sobre a terra,
afinal estão aqui, foram e voltaram."
- José Saramago, em "Memorial do convento". Lisboa: Editorial Caminho, 1982.

"Não há nada mais triste que uma ausência (...), só fica uma pungente melancolia, esta
que faz (...) sentar ao cravo e tocar um pouco, quase nada, apenas passando os dedos
pelas teclas como se estivessem olhando um rosto quando já as palavras foram ditas ou
são de menos."
- José Saramago, em "Memorial do convento". Lisboa: Editorial Caminho, 1982.

"Com as palavras todo cuidado é pouco, mudam de opinião como as pessoas." [...]
"Porque as palavras, se não o sabe, movem-se muito, mudam de um dia para o outro,
são instáveis como sombras, sombras elas mesmas, que tanto estão como deixaram de
estar, bolas de sabão, conchas de que mal se sente a respiração, troncos cortados."
- José Saramago, em "As intermitências da morte". São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

"Aí está uma palavra que soa bem, cheia de promessas e certezas, dizes metamorfose e
segues adiante, parece que não vês que as palavras são rótulos que se pegam às cousas,
não são as cousas, nunca saberá como são as cousas, nem sequer que nomes são na
realidade os seus, porque os nomes que lhes deste não são mais que isso, os nomes que
lhes deste."
- José Saramago, em "As intermitências da morte". São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

"O tempo pusera-se a contar os dias desde o princípio, agora usando a tábua de
multiplicação para tirar o atraso. (...) O tempo, ainda que os relógios queiram
convencer-nos do contrário, não é o mesmo para toda gente."
- José Saramago, em "Todos os nomes". Lisboa: Editorial Caminho, 1997.

"O que dá o verdadeiro sentido ao encontro é a busca e que é preciso andar muito para
alcançar o que está perto."
- José Saramago, em "Todos os nomes". Lisboa: Editorial Caminho, 1997.

"Para ela, vá lá entender a alma humana, o facto de não ver as paredes do cárcere, as
próximas e as distantes, era o mesmo que se elas tivessem deixado de estar ali, era
como se o espaço se tivesse alargado, livre, até ao infinito, como se as pedras não
fossem mais do que o mineral inerte de que são feitas, como se a água fosse
simplesmente a razão da lama, como se o sangue corresse só dentro das suas veias, e
não fora delas."
- José Saramago, em "Todos os nomes". Lisboa: Editorial Caminho, 1997.

"Quero encontrar a ilha desconhecida, quero saber quem sou quando nela estiver."
- José Saramago, em "O Conto da Ilha Desconhecida". São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

"Da literatura à ecologia, da fuga das galáxias ao efeito de estufa, do tratamento do lixo
às congestões do tráfego, tudo se discute neste nosso mundo. Mas o sistema
democrático, como se de um dado definitivamente adquirido se tratasse, intocável por
natureza até à consumação dos séculos, esse não se discute."
- José Saramago, em 'pronunciamento no Fórum Social Mundial', em Porto Alegre, fevereiro de
2002.

“Começar a ler foi para mim como entrar num bosque pela primeira vez e encontrar-
me, de repente, com todas as árvores, todas as flores, todos os pássaros. Quando
fazes isso, o que te deslumbra é o conjunto. Não dizes: gosto desta árvore mais que
das outras. Não, cada livro em que entrava, tomava-o como algo único.”

“Não existe pontuação quando se fala. Falamos em um fluxo modulado por nossos
pensamentos e emoções.”

“Eu digo a um leitor que está a ler um romance meu que ele seja capaz de ouvir
dentro da cabeça a voz que está a dizer aquilo que ele está a ler. Ele está a fazer
uma leitura silenciosa, o que é normal. O que peço, alguma coisa posso pedir aos
leitores, mesmo no sentido de uma compreensão mais exata daquilo que está escrito,
é que tente ouvir dentro de sua cabeça essa voz.”

“Eu sou tão pessimista que acho que a humanidade não tem remédio. Vamos de
desastre em desastre e não aprendemos com os erros.”

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