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INTRODUÇÃO

Uma sociedade humana pode ser definida como um grupo de pessoas unidas
por um conjunto de traços semelhantes, como por exemplo, traços culturais e étnicos.
Ou seja, cada sociedade possui suas tradições, costumes e diversos outros fatores que a
caracterizam e determinam.
Para falar de sociedade temos que falar de seu criador e responsável, o
Homem. Além das necessidades biológicas imprescindíveis à sobrevivência de todo ser
vivo, como alimentação e adaptação ao meio em que vive, o Homem se diferencia das
outras espécies por seu “interesse motivador”, o qual, além de contribuir para a
evolução da sociedade, ainda a sustenta. Esse interesse, que varia de pessoa para pessoa
ou de sociedade para sociedade, pode ser exemplificado como o de buscar sempre novas
experiências, de ser aceito no seu grupo social e de ser reconhecido e respeitado no seu
ambiente.
Esse interesse motivador, aliado a capacidade humana de aprendizagem, tem
sido um dos mais importantes fatores do progresso das civilizações e da evolução das
sociedades. Há que se destacar, neste aspecto, a própria estrutura das suas instituições
sociais, tais como, a família e a escola, criando um ambiente propício ao processo da
aprendizagem.
No ambiente geográfico de nosso planeta, em algumas regiões, podemos notar
uma diferença do ser humano para os outros animais: o homem, uma vez adaptado ao
ambiente, consegue agir sobre ele; enquanto os animais precisam ajustar-se à geografia
local. Isso não significa que o homem tenha poder sobre a natureza. Ele não pode evitar,
por exemplo, que fenômenos naturais ocorram, embora possa prevenir-se de alguma
forma.
Podemos observar que esses fatores naturais, de uma forma ou de outra, estão
ligados à vida humana em sociedade, uma vez que, como conseqüência do que a
natureza lhe ofereceu e graças a sua capacidade de adaptação, o homem pode evoluir
através dos tempos. Daí a ligação entre meio ambiente e sociedade.
O atual modelo social, o qual pretendemos utilizar neste trabalho, surgiu a
partir do desenvolvimento das atividades econômicas decorrentes do comércio. Este,
por sua vez, propiciou o surgimento de uma nova estrutura geográfica das sociedades,
que passaram a ser caracterizadas pelo binômio Centro/ Periferia.
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A nova estrutura é marcada por constantes mudanças, uma vez que, sendo
separadas de acordo com a concentração – maior ou menor – de pessoas ou de
comércio, essas áreas que antes eram comerciais tornam-se residenciais ou vice-versa.
A urbanização, como fenômeno, surgiu a partir da Revolução Industrial e,
decorrente deste fenômeno, começaram a surgir os problemas sociais; como a pobreza,
a violência e a degradação ambiental, típicos de grandes cidades com alta densidade
populacional. Como problema social enquadra-se tudo o que foge aos padrões
estabelecidos pelas sociedades, que variam desde o bem-estar material e saúde até o
ajustamento social.
Esses problemas, que podem levar ao caos urbano, são conseqüência da
dificuldade da administração das cidades. Além disso, podem também ser decorrentes
de diversos outros fatores, como: esgotamento e má conservação de recursos naturais,
declínio e mobilidade populacional, falta de controle da natalidade e dos movimentos
migratórios, mudanças tecnológicas, condições econômicas, educação e saúde pública.
Na verdade, não existe uma causa específica, o que existe são explicações e
tentativas de melhorar o problema. A própria vida social tende a gerar estes tipos de
situações e a humanidade sempre teve que lidar com eles, assim como procurar as
soluções, embora muitas delas caminhassem para um mundo utópico. Hoje em dia o que
se busca são métodos preventivos para evitar que novos problemas sociais surjam
decorrentes dos que já existem.
As mudanças paradigmáticas no modo de conceber e implementar ações que
considerem os seus impactos sobre o meio ambiente exige cada vez mais que o
desenvolvimento sustentável seja garantido pela ação conjunta entre atores políticos,
econômicos e sociais. Modernamente, as atenções incidem com maior intensidade sobre
as ações do segmento empresarial, em virtude de sua maior contribuição para as
degradações ao meio ambiente.
Com isso, as empresas precisam adotar uma nova postura visando atender as
cobranças da sociedade, cada vez mais conscientizada, bem como as medidas
governamentais, integrando, assim, a dimensão ambiental em suas atividades.
Entretanto, a introdução dessa variável no âmbito dos negócios não ocorre de forma
homogênea, variando entre as unidades produtivas, o que pode ser associado ao grau de
conscientização ambiental dos gerentes e administradores no que tange a questão
ambiental, e que, portanto, caracteriza os níveis de maturidade da gestão ambiental
implementada na empresa.
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Neste estudo, a atenção está voltada para os meios empresarial e industrial, já


que deles surgem os maiores problemas ambientais. O que se quer mostrar é como este
meio pode agir em benefício da natureza e da sociedade, em paralelo ao
desenvolvimento de sua atividade produtiva, baseado no conceito de sustentabilidade
econômica, social e ambiental. Interesses particulares de indústrias e empresas na
adesão de projetos de desenvolvimento sustentável não é foco deste trabalho. O
principal objetivo está em mostrar as vantagens dessas adesões para o meio ambiente e a
sociedade brasileira.
A partir da visão da ligação entre meio ambiente e sociedade, este projeto
pretende mostrar como a sociedade brasileira e, principalmente, empresas e indústrias,
podem amenizar problemas ecológicos e sociais e prevenirem-se de outros que possam
surgir. Nela buscaremos mostrar como a questão ecológica está ligada a problemas,
como a pobreza, e de que maneira as ações sociais podem tratar isso. Aqui também
serão expostas idéias que unem ação social e proteção ao meio ambiente, a partir da
efetiva participação de Organizações Não Governamentais (ONGS) e que, podem gerar
empregos e levar cultura à pessoas que, até então, não tinham acesso a mesma.

METODOLOGIA

A metodologia para realização deste projeto prevê a análise de bibliografias que


abordem assuntos diretamente ligados a questões ambientais, para que assim conceitos
sobre meio ambiente, desenvolvimento sustentável e gestão ambiental possam ser
melhor entendidos e absorvidos, afim de que um raciocínio seja criado.
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Além de adquirir conhecimentos, o uso bibliográfico terá finalidade de


pesquisa. Tal pesquisa será realizada para que se possa conhecer o processo de
implantação da Gestão ambiental em empresas, seus objetivos e resultados.

PROBLEMA DE PESQUISA

Este Projeto Final tem como principal finalidade expor questões envolvendo
Projetos de Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, fornecendo idéias para
minimizar, solucionar, problemas ambientais gerados por empresas e pela sociedade.

OBJETIVOS

Com propósito de estabelecer uma idéia concreta das metas propostas destacam-
se abaixo, o objetivo geral e os objetivos específicos do Projeto Final.

OBJETIVO GERAL

O presente trabalho tem por objetivo avaliar a implementação e a utilização do


Programa de Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável comparando os serviços
de empresas e destacando suas possíveis vantagens.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Abordar conceitos atuais e literaturas ligadas à Gestão Ambiental e


Desenvolvimento Sustentável.
• Destacar as vantagens da implementação do Programa de Gestão Ambiental
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• Destacar as dificuldades para implementação de Gestão Ambiental em uma


empresa.
• Destacar os resultados obtidos pelas empresas.

JUSTIFICATIVA

O assunto escolhido para o desenvolvimento do presente trabalho teve origem


através das disciplinas Gestão Ambiental e Ecologia I, na qual despertou um grande
interesse. Adicionalmente, este assunto é de grande importância para as empresas com
grande destaque atualmente no cenário mundial.
A atenção a questões ambientais deixaram de ser vistas como domínio dos
ecologistas e passaram a ser incorporadas como um das principais preocupações da
sociedade. No contexto atual, com o mercado globalizado e altamente competitivo,
torna-se imperativo a necessidade de inovar, levando-se em consideração os aspectos
ambientais envolvidos e os novos projetos industriais/ empresarias devem ser analisadas
em suas mínimas conseqüências, de maneira a permitir o desenvolvimento de todo um
substrato tecnológico onde possíveis impactos ambientais sejam minimizados e
previsto.
A crescente conscientização da sociedade em função da preservação ambiental
vem ocasionando pressões governamentais, de entidades não governamentais e de
comunidades sobre as empresas, para que assumam responsabilidade pelos efluentes,
emissões e resíduos gerados em seus processos produtivos. Para que os futuros
empresários, principalmente os engenheiros de produção, é imprescindível estejam
também preocupados com as questões ambientais, a fim de que estes conhecimentos
também sejam contemplados na execução de seus futuros um projeto.

HIPÓTESES

• A importância de um Projeto de Gestão Ambiental para o crescimento


racional e econômico da empresa.
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• As vantagens da implementação do Projeto de Gestão Ambiental para o


meio ambiente e para a sociedade brasileira.
• Valorização que o mercado oferece para as empresas que adotam Projetos de
Gestão Ambiental.
• Maximização dos lucros no qual a empresa atinge com a implementação
destes projetos.

RELEVÂNCIA DO TRABALHO

A importância cada vez maior que questões ambientais estão ganhando nas
empresas e na sociedade em geral, ao passo que projetos referente a Gestão Ambiental
estão em crescente implementação, esse novo ramo desenvolvimento está sendo
inserido de forma bastante abrangente, pois os setores produtivos e sociais vem se
preocupando não apenas com o lado ambiental, mas também com o lado social. As
organizações não-governamentais, por sua vez, também possuem uma série de projetos
em andamento.
Abaixo segue como exemplo, algumas parcerias que estão dando certo e
alguns projetos interessantes que são desenvolvidos e mantidos por ONG’s.
Ao longo deste Projeto Final, alguns projetos serão abordados de uma forma
menos sucinta, expondo maior riqueza de detalhes.

• Empresa General Motors: Em 1994, assinou um acordo com a The Nature


Conservancy visando participar da Campanha de Conservação Brasil Verde, que tem
como foco a Mata Atlântica, o Pantanal, o Cerrado e a Amazônia.
• Empresa Nitroquímica, do Grupo Votorantim: Criou um programa
educacional com vídeos produzidos no G-TEC, para treinar os motoristas que
transportam produtos químicos perigosos na prevenção de acidentes com as suas cargas.
• Projeto Tamar: Atua controlando e fiscalizando as áreas de desova de
tartarugas marinhas com a ajuda e conscientização da população e dos pescadores locais
de mais de 1000 km da costa brasileira. Com mais de 20 anos de existência, está
conseguindo reverter a ameaça de extinção das tartarugas e já salvou mais de 2 milhões
delas. O Projeto foi criado pelo IBAMA em 1980.
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• Fundação Ondazul: Promove campanhas educacionais com o objetivo de


alertar as pessoas para a necessidade de preservação de praias, rios e lagoas. Foi criada
em 1989 por Gilberto Gil, quando era vereador da Câmara Municipal de Salvador.
• Centro Abrolhos: Apóia as atividades de fiscalização e conservação do Parque
Nacional Marinho dos Abrolhos, no litoral da Bahia. Foi criado em 1991, por técnicos
que prestavam serviço ao Parque.
• Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê): Situa-se no Parque Estadual Morro do
Diabo, em Teodoro Sampaio, São Paulo. Lá são realizados cursos de educação e
capacitação ambiental para professores e estudantes da Rede Estadual de Ensino e
funcionários do Parque. Além disso, promove atividades educativas, que estimulam a
valorização e a proteção do ecossistema local. Também são realizadas palestras com
projeção de slides, eventos educativos em datas comemorativas, plantio de árvores em
áreas degradadas, exposições ecológicas, gincanas, teatro e concursos ecológicos. São
produzidos ainda folders, livretos, apostilas e posters com a temática ambiental local.
• ASA-Associação de Serviços Ambientais: ONG criada em 1999 que tem por
objetivo prestar serviços na área de Gestão Ambiental e Conservação e Uso dos
Recursos Naturais, visando a conciliação do desenvolvimento econômico e social, com
as questões ambientais.
• Empresa Petrobrás: Possui um Programa de Gestão Ambiental envolvido com
política de saúde, meio ambiente e segurança industrial e um Programa de
Desenvolvimento Sustentável. Também tem uma parceria com o Projeto Tamar,
apoiando a Fundação, e uma série de convênios com universidades e centros de
pesquisa de preservação do meio ambiente. Além de diversos outros projetos ligados à
área ambiental e social.

LIMITAÇÕES DO TRABALHO

Para a realização do presente Projeto de Pesquisa foram efetuadas quanto aos


fins, pesquisas descritivas e quanto aos meios, pesquisas bibliográficas. O método
científico apresentado foi de análise de conteúdo com o objetivo de dar maior
compreensão ao assunto.
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1 - MEIO AMBIENTE

Segundo o Conselho Nacional de Meio Ambiente nº 306 de 2002 - CONAMA,


podemos definir o meio ambiente como o conjunto das condições e influências externas
ao espaço que nos rodeia, que interagem com um organismo, uma população, ou uma
comunidade. Conjunto este que afeta de forma direta a vida e o desenvolvimento dos
seres vivos.
O meio ambiente pode ser divido entre os fatores abióticos e fatores bióticos.

1.1 - MEIO AMBIENTE ABIÓTICO

O meio ambiente abiótico, que significa o componente não vivo, inclui fatores
químicos e físicos, como solo, água, atmosfera e radiação. É formado por muitos
objetos e forças que exercem influências entre si e influenciam todos os seres vivos que
se relacionam com o meio ambiente.
Um importante grupo de fatores ambientais abióticos constitui o que se chama
de clima. Tanto os seres vivos e quanto os destituídos de vida são influenciados pela
chuva, geada, neve, temperatura, evaporação da água, umidade, vento e muitas outras
condições que vão caracterizar o clima. Muitas plantas e animais morrem a cada ano por
causa das condições do clima em algumas regiões. Os seres humanos constroem casas e
usam roupas para proteger-se e adaptar-se aos climas ásperos e estudam o clima para
aprender a conviver da melhor forma com ele.
Outros fatores abióticos, que se relacionam diretamente com a vida dos seres
vivos, abrangem a quantidade de espaço para o desenvolvimento e de certos nutrientes
na alimentação que pode dispor um organismo. Levando em consideração que os
organismos necessitam de certa quantidade de espaço em que possam viver, se
desenvolver e constituir suas relações comunitárias, como também precisam de certa
quantidade de nutrientes presente em sua alimentação, para manter em bom
funcionamento as atividades corporais.

1.2 - MEIO AMBIENTE BIÓTICO


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O meio ambiente biótico, que é constituído por elementos vivos, inclui


alimentos, plantas e animais, e suas relações entre si, com o meio abiótico. Para
sobreviver e estar em bem-estar o homem precisa diretamente dos alimentos que come,
tais como frutas, verduras e carne. Depende de forma equivalente de suas relações com
outros seres vivos, assim, algumas bactérias do sistema digestivo do homem ajudam-no
a digerir certos alimentos.
Temos dois fatores, os sociais e culturais, que cercam o homem de forma
bastante intima e são os mais importantes do meio biótico. O sistema nervoso do
homem, altamente desenvolvido, tornou possível o desenvolvimento da memória, do
raciocínio e da comunicação. Em suas relações interpessoais os seres humanos ensinam
aos seus descendentes e aos seus companheiros o que aprenderam, pela transmissão dos
conhecimentos tornou-se possível o desenvolvimento da religião, da arte, da música, da
literatura, da tecnologia e da ciência. A herança cultural e a herança biológica do
homem possibilitaram-lhe progredir muito além do que qualquer outro animal na sua
relação com o meio ambiente, assim há uma melhor adaptação do homem com o meio.
A possibilidade de locomoção, no reino animal, e a dispersão através dos
esporos, no reino vegetal, permitem às espécies instalarem-se em novos ambientes, mais
favoráveis. O organismo pode, também, diminuir as trocas ou contatos com um meio
hostil através da reclusão, como construir um abrigo.

1.3 - O MEIO AMBIENTE BRASILEIRO

O Brasil, no início do período colonial, possuía uma extensa área verde que
nunca se pensou que pudesse acabar. A variedade de fauna e flora brasileira instigou os
colonizadores à exploração desenfreada de nossas terras, começando exatamente neste
período o desflorestamento com as atividades agrícolas e o extrativismo vegetal
madeireiro.
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O Brasil possui uma grande variedade de vegetação que pode fornecer aos
homens uma extensa gama de matéria-prima para o seu sustento e industrialização.
Porém, o extrativismo vegetal deve ser feito com ponderação, já que, nos dias de hoje,
grande parte da flora foi degradada e o que resta está sob os cuidados de órgãos
responsáveis pela proteção do meio ambiente e monitorados por algumas ONG’s.
Esta preocupação com a preservação da vegetação surgiu quando se percebeu,
por exemplo, a sua importância para o controle do clima de uma região. Ela impede o
excesso de evaporação nas águas dos rios, fazendo com que as chuvas caiam
regularmente. Locais onde há escassez de vegetação costumam ter grandes períodos de
seca, o que comprova a sua importância para o equilíbrio climático. Além disso,
também é responsável pela captação de carbono, durante o processo da fotossíntese.
No Brasil, assim como a flora, o solo também possui uma variedade de
aspectos, porém os realmente ricos ocupam uma área pequena em relação à área total do
território, em virtude do desmatamento que prejudicou o solo e o ciclo das águas e
também os mecanismos de captação de carbono atmosférico, afetando a produção de
oxigênio pelas plantas. Além disso, a prática da monocultura, em uma mesma área,
acabou cooperando para o empobrecimento do solo.
Refletindo sobre esses dados, nota-se a importância da natureza na vida do ser
humano. Sem ela, não haveria vida humana no planeta, já que não somos auto-
sustentáveis, mas sim parte de um ecossistema, de cujo equilíbrio dependemos para
sobreviver. A par disso, a preservação ambiental tornou-se algo indispensável.

1.4 - SOCIEDADE, MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL

A distribuição e concentração da população em áreas urbanas; os estilos de vida; o


aproveitamento racional de recursos naturais; o controle do desperdício e deterioração
destes; as mudanças culturais, de valores e comportamentos e a organização sócio-
política no Brasil são fatores interligados e que merecem grande atenção.
As modificações em cada um desses setores podem ser demoradas, mas o quanto
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antes se começar a agir, melhores serão as condições futuras. Sempre se deve ter em
mente que sociedade e meio ambiente estarão sempre ligados um ao outro, por isso, a
melhoria de um pressupõe melhoria do outro.

A exploração desenfreada dos recursos naturais que ocorre atualmente beneficia


financeiramente somente aos setores de renda média e alta, desfavorecendo os setores
populares, que é a grande maioria em nosso país. E ambos setores têm preocupações
diferentes. O primeiro está interessado em qualidade de vida, enquanto segundo, em
uma maneira de sobreviver.
A melhoria das condições de vida da população somente será realidade quando os
recursos naturais passarem a ser usados de maneira correta. Daí a importância da
educação e conscientização em massa, que beneficiará tanto os setores de classe média e
alta, quanto os populares.
Nesse aspecto, a relação empresa/ meio ambiente pode apresentar soluções que se

encaixam exatamente na melhoria destes problemas sociais. Uma empresa pode, e

muito, ajudar a melhorar as condições de vida de sua sociedade, do seu meio ambiente e

beneficiar-se com isso também.


Chama-se a isso Desenvolvimento Sustentável ,que mostra que o melhor caminho
para a solução de problemas sociais e ecológicos é a sociedade aprender a administrar
suas diferenças e recursos naturais. E para ser sustentável, a empresa deve buscar a
ecoeficiência.

1.5 - A QUESTÃO AMBIENTAL NAS INDÚSTRIAS E EMPRESAS

No âmbito do desenvolvimento sustentável e da globalização das questões


ambientais, suas principais conseqüências foram as mudanças no campo econômico de
diversos países do mundo inteiro, principalmente no Brasil.

Com o avanço tecnológico, observou-se que muitas empresas sumiram do


mercado e outras surgiram. Hoje, para uma empresa manter-se no mercado é necessário
investir na questão ambiental. Nos dias de hoje é considerado mais lucrativo para uma


“Desenvolvimento sustentável seria, assim, aquele que satisfaz as necessidades do presente sem
comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades”.O Bom
Negócio da Sustentabilidade, Fernando Almeida (p. 56).
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empresa um produto que seja “ecologicamente correto“, ou seja, que a utilização dos
recursos naturais necessários à sua produção seja feita de forma adequada, já que é
muito importante a manutenção dos ecossistemas, pois a economia global depende
deles. A fabricação de um produto leva em conta suas propriedades mecânicas e físicas,
fatores do meio ambiente, suprimento, custos, certificações, acabamento e reciclagem.
Tudo isso envolve um capital muito grande, porém, como foi dito, o investimento tende
a retornar de forma lucrativa. Como exemplo, pode-se considerar o comportamento do
consumidor europeu, que se dispõe a pagar mais caro por mercadorias que tenham
rótulo ambiental. Essa lucratividade em cima do alto investimento em produtos
ecológicos chama-se ecobusiness.

Esse mercado tende a crescer a medida em que as pessoas vão se conscientizando


mais a respeito da preservação do meio ambiente. E é um mercado que abrange uma
série de produtos e serviços, gerando mais empregos tanto em grandes e médias, como
em pequenas empresas. O consumidor de hoje não está somente interessado em
qualidade e preço do produto, mas também em qualidade e preço ambiental. Por isso
esse mercado torna-se tão promissor.

No Brasil, o ecobusiness poderia funcionar como uma fonte geradora de novos


empregos juntamente com uma maior conscientização da população sobre o meio
ambiente. Seria interessante, por exemplo, instalar esse mercado no Brasil através de
empresas que se propusessem a oferecer cursos de baixo custo, para que o público geral
(inclusive desempregados) pudesse se especializar na área, bem como treinamento para
que se adquirisse experiência no ramo. Desta forma, lucraria a empresa, pois é um
mercado crescente e promissor e lucraria a população, com uma nova oportunidade de
emprego, além de claro, ser trabalhada a conscientização ambiental.
Muitas empresas hoje possuem o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), que visa a
criação de estratégias que possam reduzir os impactos que suas atividades causam ao
meio ambiente. É comum também a parceria entre empresas e ONG’s, pelo mesmo
motivo. Desta forma, a empresa mostra aos seus empregados e consumidores o seu
compromisso e responsabilidade para com as questões ambientais.
O investimento na preservação ambiental é uma realidade nos países
desenvolvidos, onde se observa a crescente procura por inovações tecnológicas que
reduzam os efeitos causados pelas empresas no meio ambiente. Mas, ainda assim, esses
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efeitos poluidores ainda são graves e a situação ambiental é crítica, o que comprova que
o desenvolvimento nesta área de tecnologia limpa tende a crescer com o tempo.
No Brasil, este sistema de tecnologia limpa começou a ganhar força devido à
pressão de ONG’s e de instituições internacionais que exigiam produtos ecologicamente
corretos de empresas comprometidas com a preservação do meio ambiente. Ainda
assim, muitas empresas brasileiras ainda não se aprofundaram no tema e se restringem
ao controle de poluição exigido pela lei. As maiores interessadas no assunto são
empresas de nível internacional ou multinacionais, devido à pressão de investidores e
consumidores de países desenvolvidos, onde a questão ambiental é primordial. Além
disso, um desastre ambiental teria enorme repercussão na mídia e mancharia ainda mais
a sua imagem institucional caso ela não fosse comprometida com as questões
ambientais, pois a ampla divulgação de desastres ambientais coopera para a maior
conscientização da sociedade.
As ONG’s, por exemplo, tornaram-se entidades fundamentais para atuar em
parceria com as empresas. Elas conquistaram uma autonomia não só técnica como
política, atuando de diversas formas, seja na implantação de produtos ecológicos no
mercado ou mesmo no estudo de impactos ambientais e tecnologias alternativas.
Mesmo assim, no Brasil, os métodos utilizados pelas empresas para a preservação
do meio ambiente precisam ser aperfeiçoados. O caminho seria uma integração de
tecnologias limpas, métodos preventivos e biotecnologia. As tecnologias limpas
serviriam para reduzir os efeitos poluidores causados pelas empresas, os métodos
preventivos funcionariam na empresa como bloqueadores de desastres ecológicos,
preservando, assim, o meio ambiente; e a biotecnologia atuaria em conjunto na
descoberta de novos materiais, no processo de reciclagem e na restauração do ambiente
degradado.
A parceria de ONG’s e empresas seguindo este esquema de proteção ambiental,
além do que já é feito, produziria melhores efeitos na preservação ambiental.
Diante disso tudo constata-se que uma empresa moderna, que pretende manter-se
no mercado, deve ter por princípio básico a preocupação com o meio ambiente. Esta
empresa deve estabelecer políticas e programas para atuar de forma ambientalmente
correta. Além disso, deve investir no desenvolvimento de tecnologias limpas e estudos
que possam prever, evitar ou mesmo diminuir os impactos ambientais, educando e
conscientizando seus funcionários para que sejam ambientalmente corretos dentro e fora
da empresa.
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Dentro desta política de manter sua boa imagem perante a sociedade, é interessante
também para a empresa informar aos seus clientes, distribuidores e população sobre a
maneira mais segura de manipular os seus produtos, caso estes sejam, de alguma
maneira, perigosos para o meio ambiente. Outro ponto importante também para se
preservar uma boa imagem seria a realização de palestras ou eventos que informassem
sobre sua atuação na questão ambiental, ou abrisse, de alguma forma, um canal de
diálogo com o público interessado.
Como se pôde observar, essas idéias podem parecer detalhes, mas acabam
reforçando a marca e a qualidade da empresa. Daí também reforça-se a importância da
parceria com ONG’s, que fariam um trabalho mais amplo, funcional e produtivo, tanto
para empresa quanto para o meio ambiente.
Desta forma saem ganhando os dois lados: o meio ambiente, que será menos
prejudicado e a empresa que se tornará diferenciada no mercado.

2 - AGENDA 21 - UM PROJETO PARA O DESENVOLVIMENTO


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SUSTENTÁVEL

A Agenda 21 é uma série de recomendações às nações sobre os procedimentos que


devem ser adotados para que o desenvolvimento caminhe em direção a modelos
sustentáveis. Esse plano foi elaborado de modo que seja adotado global, nacional ou
localmente, pelo sistema das Nações Unidas, governos e até mesmo pela sociedade
civil, em todo lugar que a ação do homem interfira no meio ambiente.
A Agenda 21 Global é constituída de 40 capítulos elaborados durante dois anos
com a contribuição de governos e instituições de 179 países. Seu conteúdo foi pré-
determinado na Conferência das Nações Unidades sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável (CNUMAD), no Rio de Janeiro, em 1992, um evento que
ficou conhecido como Rio 92. Já neste evento foram estabelecidos deveres e direitos a
serem cumpridos em dez anos. Posteriormente, em 2002, o programa proposto para a
Agenda 21 foi discutido e reafirmado na Cúpula de Joanesburgo ou Rio +10, na África
do Sul, que reuniu desta vez 189 países.
Para a socióloga Aspácia Camargo, da equipe de articulação da Agenda 21 do
Brasil, o principal fruto da Rio-92 foi o aumento da consciência coletiva sobre a
importância do desenvolvimento sustentável.
Outro tema importante discutido na Cúpula foi a questão do consumo de água
doce. Desde a Rio-92 este consumo subiu de 3,5 mil quilômetros cúbicos para 4,1 ao
ano. A água é um recurso que tende a ficar tão precioso quanto o petróleo é atualmente.
Isso quer dizer, segundo a discussão, que em 2025 metade da população mundial poderá
estar brigando por um balde d’água. Chegou-se a esta conclusão porque apenas 2,5%
das águas do planeta são potáveis e destes, 71% está congelada nos arcos polares. Os
outros 29% estão em aqüíferos que, por enquanto, são inacessíveis ou antieconômicos,
ou estão a céu aberto, poluídos. A contaminação química é outro fator que ameaça o
abastecimento de água doce, já que no futuro, pode atingir os lençóis freáticos, por isso
também mereceu grande atenção da Cúpula.
Durante a semana da Rio +10, o desempenho do Brasil não foi tão bem como
esperavam seus representantes, já que, junto com a União Européia foram derrotados na
votação do Plano de Implementação da Agenda 21. A tese de introduzir no plano de
metas quantitativas o uso de fontes renováveis de energia foi rejeitada pelos EUA e
outros países. O Ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, declarou sobre o
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fato: “Não é crível falar em desenvolvimento sustentável, convocar uma cúpula para
isso e não adotar medidas concretas na área de energia”.
Durante a Cúpula, o então presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu o
equilíbrio entre desenvolvimento e meio ambiente. Disse ele: “Há dez anos, no Rio de
Janeiro, iniciamos uma ambiciosa jornada (Rio-92). Esse empreendimento visionário
consagrou a necessidade de incorporar considerações ambientais aos projetos de
desenvolvimento”.“É imprescindível encontrar o equilíbrio entre prosperidade
econômica, proteção ao meio ambiente e justiça social”.
O presidente também falou sobre a criação do Fundo para a Diversidade Biológica
que estará aberto a contribuições de outros países, organizações e empresas, e propôs a
criação de um fundo internacional para a erradicação da pobreza.
A Conferência Rio +10 terminou em 4 de setembro de 2002 e, após longas
discussões sobre diversos temas para se melhorar o mundo, ficaram decididas as

seguintes questões :

• ÁGUA: Acordo para reduzir pela metade, até 2015, o número de pessoas sem
acesso a saneamento básico.
• ENERGIA: Acordo para ampliar o uso de energia renovável, mas não foram
estabelecidos metas ou prazos.
• PESCA: Acordo para recuperar áreas de pesca comercial até 2015.
• PRODUTOS QUÍMICOS: Até 2020, os produtos químicos deverão ser feitos de
forma a minimizar o impacto causado ao homem e ao meio ambiente, mas não
foram estabelecidas metas de redução do uso dos produtos.
• SAÚDE: Acordo sobre patentes no âmbito da Organização mundial do Comércio,
estabelecendo que os países pobres não podem ter impedido o acesso a
medicamentos.
• AJUDA AOS PAÍSES POBRES: Um acordo reconhece a necessidade de se
ampliar a ajuda aos países pobres e aconselha as nações ricas a cumprirem a meta
previamente estabelecida de destinar 0,7% de seu PIB à assistência mas apenas 5
países cumprem a meta. Também foi criado um fundo de combate à pobreza.
• DIVERSIDADE BIOLÓGICA: Ficou acertada a redução significativa das taxas
de extinção de animais e plantas raras até 2010, mas nenhuma meta foi fixada.

Fonte: Jornal do Brasil de 3 de setembro de 2002.1º caderno, (p. A13).
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Pode-se concluir, que apesar de o Brasil não ter se saído bem, toda discussão gera
algum fruto. Novas idéias podem surgir a partir daí, mas vai caber a cada país fazer a
sua parte, inclusive o Brasil.

Esses pontos principais que constituem a Agenda 21 Global fazem parte de uma
série de documentos gerados durante esses encontros, principalmente a Declaração do
Rio (1992) e a recente Declaração de Joanesburgo; e devem ser cumpridos por todos os
países de acordo com as particularidades de cada um, tais como política e meio
ambiente. A agenda 21 Brasileira entrou em vigor no ano de 2003, observando todos os
critérios elaborados na Agenda 21 Global.
Como a implementação da Agenda 21 coincidiu com a posse do novo presidente
do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, este criou o Programa Agenda 21. Atualmente,
existem mais de 544 processos de Agenda 21 Locais em andamento no país e o

Programa visa :

• Implementar a Agenda 21 Brasileira regionalmente, de modo eficaz e com


resultados rápidos.
• Orientar para a elaboração e implementação das Agendas 21 Locais. A Agenda
21 Local é um dos principais instrumentos para se conduzir processos de
mobilização, troca de informações, geração de consensos em torno dos
problemas e soluções locais e estabelecimento de prioridades para a gestão
desde um estado, município, bacia hidrográfica, unidade de conservação, até um
bairro, uma escola. O processo deve ser articulado com outros projetos,
programas e atividades do governo e sociedade, sendo consolidado, dentre
outros, a partir do envolvimento dos agentes regionais e locais; análise,
identificação e promoção de instrumentos financeiros; difusão e intercâmbio de
experiências; definição de indicadores de desempenho.
• Implementar a formação continuada em Agenda 21. Promover a educação para a
sustentabilidade através da disseminação e intercâmbio de informações e
experiências por meio de cursos, seminários, workshops e de material didático.
Esta ação é fundamental para que os processos de Agendas 21 Locais ganhem
um salto de qualidade, através da formulação de bases técnicas e políticas para a
sua formação; trabalho conjunto com interlocutores locais; identificação das

O conteúdo é baseado no texto exposto no site do Ministério do Meio Ambiente: http://www.mma.gov.br
19

atividades, necessidades, custos, estratégias de implementação; aplicação de


metodologias apropriadas, respeitando o estágio em que a Agenda 21 Local em
questão está.

A meta estabelecida pelo Governo brasileiro para que os quesitos básicos das
Agendas 21 Locais sejam cumpridos é até o ano de 2007. Uma vez que a Agenda 21
Local é definida baseada na Agenda 21 Global, a expectativa é que se possa alcançar o
melhor resultado em desenvolvimento sustentável, levando-se em conta o fato de que o
país está encaixado no grupo dos países em desenvolvimento.

2.1 - AGENDA 21 BRASILEIRA

A Agenda 21 Brasileira é um processo e instrumento de planejamento


participativo para o desenvolvimento sustentável e que tem como eixo central a
sustentabilidade, compatibilizando a conservação ambiental, a justiça social e o
crescimento econômico. O documento é resultado de uma vasta consulta à população
brasileira, sendo construída a partir das diretrizes da Agenda 21 global. Trata-se,
portanto, de um instrumento fundamental para a construção da democracia ativa e da
cidadania participativa no País.
A primeira fase foi a construção da Agenda 21 Brasileira. Esse processo que se
deu de 1996 a 2002, foi coordenado pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento
Sustentável (CPDS) e da Agenda 21 Nacional - CPDS e teve o envolvimento de cerca
20

de 40.000 pessoas de todo o Brasil. O documento Agenda 21 Brasileira foi concluído


em 2002.
A partir de 2003, a Agenda 21 Brasileira não somente entrou na fase de
implementação assistida pela CPDS, como também foi elevada à condição de Programa
do Plano Plurianual, PPA 2004-2007, pelo atual governo. Como programa, ela adquire
mais força política e institucional, passando a ser instrumento fundamental para a
construção do Brasil Sustentável, estando coadunada com as diretrizes da política
ambiental do Governo, transversalidade, desenvolvimento sustentável, fortalecimento
do Sisnama e participação social e adotando referenciais importantes como a Carta da
Terra.
Portanto, a Agenda 21, que tem provado ser um guia eficiente para processos de
união da sociedade, compreensão dos conceitos de cidadania e de sua aplicação, é hoje
um dos grandes instrumentos de formação de políticas públicas no Brasil.

2.2 - ELABORAÇÃO DA AGENDA 21 BRASILEIRA (1997-2002)

Em metodologia de trabalho aprovada pela CPDS selecionou as áreas temáticas


e determinou a forma de consulta e construção do documento Agenda 21 Brasileira. A
escolha dos temas centrais foi feita de forma a abarcar a complexidade do país e suas
regiões dentro do conceito da sustentabilidade ampliada. Foram seis eixos temáticos que
tomaram os nomes de Agricultura Sustentável, Cidades Sustentáveis, Infra-estrutura e
Integração Regional, Gestão dos Recursos Naturais, Redução das Desigualdades Sociais
e Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável.
Os eixos temáticos tiveram como princípio para sua definição não só a análise
das potencialidades, como é o caso da gestão dos nossos recursos naturais - um grande
diferencial do Brasil no panorama internacional - mas, também, fragilidades
21

reconhecidas historicamente no nosso processo de desenvolvimento, ou seja, as


desigualdades sociais.
Outro critério perseguido pela CPDS para a definição dos seis temas, foi a
necessidade de fugir da temática setorial que exclui grupos e reforça corporações e,
como conseqüência, leva a soluções equivocadas.
Assim, apesar de não ser a única forma possível para encaminhar a construção
da Agenda 21 Brasileira, a proposta feita pela CPDS permitiu discutir de forma ampla a
sustentabilidade do desenvolvimento do Brasil.
Sobre cada tema foi realizado um trabalho de consulta aos diferentes segmentos
da sociedade. Não sendo um documento de governo, esse processo de consulta foi
capitaneado por entidades da sociedade sob a coordenação do Ministério do Meio
Ambiente (MMA), na condição de Secretaria Executiva da CPDS. Assim sendo, o
MMA contratou, por intermédio de edital de concorrência pública nacional, seis
consórcios que se encarregaram de organizar a discussão e elaboração de documentos
de referência sobre os temas definidos como centrais da Agenda 21. Por meio de
workshops e seminários abertos ao público procurou-se envolver todos os setores da
sociedade que se relacionam com os temas em questão. A consulta visava identificar,
em cada tema, a opinião dos diferentes atores sociais e os conceitos, os entraves e as
propostas para a construção da sustentabilidade.
Os resultados do trabalho das consultorias realizado dos anos de 1998 a 1999
foram sistematizados e consolidados em seis publicações que tomaram os nomes dos
eixos temáticos, Agricultura Sustentável, Cidades Sustentáveis, Infra-estrutura e
Integração Regional, Gestão dos Recursos Naturais, Redução das Desigualdades Sociais
e Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável.
Concluído o processo de consultas, a CPDS realizou uma análise crítica sobre o
processo desenvolvido, e entendeu que deveria ser ampliada a discussão em torno da
Agenda 21; não só para que alguns temas ausentes e relevantes fossem incluídos, como
também para que segmentos da sociedade, que não tiveram oportunidade de se
manifestar, o fizessem. Para a Comissão, só assim se obteria o resultado esperado de
formulação de políticas pactuadas entre os diferentes setores da sociedade brasileira.
Essa constatação levou a decisão de consolidar os trabalhos realizados até aquele
momento, numa publicação chamada "Agenda 21 Brasileira - Bases para Discussão".
Esse documento foi entregue ao Presidente da República em 8 de junho de 2000.
22

2.3 - A AMPLIAÇÃO DA CONSULTA À SOCIEDADE BRASILEIRA

A continuidade do processo de elaboração da Agenda 21 Brasileira se deu entre


os anos de 2000 e 2001, por meio da realização de debates estaduais, consolidados em
encontros regionais, com o objetivo de construir uma Agenda de desenvolvimento
sustentável para o país que, além do recorte temático que provocou a consulta inicial,
reflita a diversidade regional do País, afirmando os compromissos assumidos entre os
diferentes setores da sociedade com as estratégias definidas na Agenda 21.
Como resultado dos debates estaduais foi produzido um documento na forma de
relatório para cada estado brasileiro, expressando a visão predominante no estado sobre
as contribuições apresentadas pelas diferentes entidades locais e sobre as diretrizes e
ações constantes no documento "Agenda 21 Brasileira - Bases para Discussão".
23

Em cada região do País, ao final dos debates estaduais, foi realizado um


encontro regional, onde foram analisados os relatórios dos estados, visando definir um
documento que expresse os resultados da região.
Todo esse processo de convocação da sociedade para o debate em torno da
Agenda 21 contou com a parceria dos governos estaduais, por meio das secretarias de
meio ambiente, e das instituições oficiais de crédito e de fomento ao desenvolvimento, a
saber: Banco do Nordeste, Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste,
Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia, Banco da Amazônia, Caixa
Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo
Sul e Petrobrás.
Nos vinte e seis debates estaduais realizados foram apresentadas e discutidas
5.839 propostas, endereçadas aos seis temas da agenda nacional. Agricultura
Sustentável foi o tema que mais recebeu propostas (32%), seguido por Gestão dos
Recursos Naturais (21%), Infra-Estrutura e Integração Regional (14%), Redução das
Desigualdades Sociais (12%), Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento
Sustentável (11%) e Cidades Sustentáveis (10%). Três mil e novecentos representantes
de instituições governamentais, civis e do setor produtivo participaram dos debates
estaduais realizados.
Os encontros regionais foram realizados no período de junho a outubro de 2001
e visavam obter as tendências predominantes entre as propostas apresentadas nos
estados de cada região. Desses encontros resultaram cinco relatórios, para as cinco
regiões brasileiras.

2.4 - RESULTADOS DA CONSULTA NACIONAL

O processo de consulta nacional desencadeado pela CPDS passou por diferentes


fases: consulta temática em 1999, consulta aos estados da federação em 2000 e
encontros regionais em 2001. Nos documentos produzidos nessas fases constam os
nomes de 6.000 representantes das mais diferentes instituições. Nestes quatro anos, em
torno de 40 mil pessoas se envolveram no processo, contando que toda reunião foi
24

precedida por encontros de sensibilização que cada uma das secretarias estaduais de
meio ambiente realizaram durante quatro meses pelo interior de seus estados.

2.5 - CONCLUSÃO DO DOCUMENTO AGENDA 21 BRASILEIRA

A fase final desse trabalho em prol do desenvolvimento sustentável brasileiro foi


realizada no mês de maio de 2002 com a realização do seminário nacional que se
constituiu em cinco reuniões setoriais, a saber: executivo, legislativo, produtivo,
academia e sociedade civil organizada. Nessas reuniões a CPDS apresentou sua
plataforma de ação, baseada nos subsídios da consulta nacional e definiu com as
lideranças de cada setor os meios e compromissos de implementação.
O lançamento da Agenda 21 Brasileira*, em julho de 2002, finaliza a fase de
elaboração e marca o início do processo de implementação, um grande desafio para
sociedade e governo.

*Dois documentos compõem a Agenda 21 Brasileira: "Agenda 21 Brasileira - Ações Prioritárias", que estabelece os caminhos preferenciais da construção da

sustentabilidade brasileira, e "Agenda 21 Brasileira - Resultado da Consulta Nacional", produto das discussões realizadas em todo o território nacional. *tem que colocar no rodapé

2.6 - IMPLEMENTAÇÃO DA AGENDA 21 BRASILEIRA (A PARTIR DE 2003)

A posse do Governo Luíz Inácio Lula da Silva coincidiu com o início da fase de
implementação da Agenda 21 Brasileira. A importância da Agenda como instrumento
propulsor da democracia, da participação e da ação coletiva da sociedade foi
reconhecida no Programa Lula, e suas diretrizes inseridas tanto no Plano de Governo
quanto em suas orientações estratégicas.
Um outro grande passo foi a utilização dos princípios e estratégias da Agenda 21
Brasileira como subsídios para a Conferência Nacional de Meio Ambiente, Conferência
das Cidades e Conferência da Saúde. Esta ampla inserção da Agenda 21 remete à
necessidade de se elaborar e implementar políticas públicas em cada município e em
cada região brasileira.
25

Para isso, um dos passos fundamentais do atual governo foi transformá-la em


programa no Plano Plurianual do Governo - PPA 2004/2007, o que lhe confere maior
alcance, capilaridade e importância como política pública. O Programa Agenda 21 é
composto por três ações estratégicas que estão sendo realizadas com a sociedade civil:
implementar a Agenda 21 Brasileira; elaborar e implementar as Agendas 21 Locais e a
formação continuada em Agenda 21. A prioridade é orientar para a elaboração e
implementação de Agendas 21 Locais com base nos princípios da Agenda 21 Brasileira
que, em consonância com a Agenda global, reconhece a importância do nível local na
concretização de políticas públicas sustentáveis. Atualmente, existem mais de 544
processos de Agenda 21 Locais em andamento no Brasil, quase três vezes o número
levantado até 2002.
Abaixo segue resumidamente os principais desafios do Programa Agenda 21:

• Implementar a Agenda 21 Brasileira. Passada a etapa da elaboração, a Agenda 21


Brasileira tem agora o desafio de fazer com que todas as suas diretrizes e ações
prioritárias sejam conhecidas, entendidas e transmitidas, entre outros, por meio da
atuação da Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21
Brasileira - CPDS; implementação do Sistema da Agenda 21; mecanismos de
implementação e monitoramento; integração das políticas públicas; promoção da
inclusão das propostas da Agenda 21 Brasileira nos Planos das Agendas 21 Locais.

• Orientar para a elaboração e implementação das Agendas 21 Locais. A Agenda 21


Local é um dos principais instrumentos para se conduzir processos de mobilização,
troca de informações, geração de consensos em torno dos problemas e soluções
locais e estabelecimento de prioridades para a gestão de desde um estado,
município, bacia hidrográfica, unidade de conservação, até um bairro, uma escola. O
processo deve ser articulado com outros projetos, programas e atividades do
governo e sociedade, sendo consolidado, dentre outros, a partir do envolvimento dos
agentes regionais e locais; análise, identificação e promoção de instrumentos
financeiros; difusão e intercâmbio de experiências; definição de indicadores de
desempenho.
• Implementar a formação continuada em Agenda 21. Promover a educação para a
sustentabilidade através da disseminação e intercâmbio de informações e
experiências por meio de cursos, seminários, workshops e de material didático. Esta
26

ação é fundamental para que os processos de Agendas 21 Locais ganhem um salto


de qualidade, através da formulação de bases técnicas e políticas para a sua
formação; trabalho conjunto com interlocutores locais; identificação das atividades,
necessidades, custos, estratégias de implementação; aplicação de metodologias
apropriadas, respeitando o estágio em que a Agenda 21 Local em questão está.

2.7 - AGENDA 21 BRASILEIRA EM AÇÃO

No âmbito do Programa Agenda 21, as principais atividades realizadas em 2003


e 2004 refletem a abrangência e a capilaridade que a Agenda 21 está conquistando no
Brasil. Estas atividades estão sendo desenvolvidas de forma descentralizada, buscando o
fortalecimento da sociedade e do poder local e reforçando que a Agenda 21 só se realiza
quando há participação das pessoas, avançando, dessa forma, na construção de uma
democracia participativa no Brasil. Destacamos as seguintes atividades:

• Ampliação da CPDS: Criada no âmbito da Câmara de Políticas dos Recursos


Naturais, do Conselho de Governo, a nova constituição da CPDS se deu por meio de
Decreto Presidencial de 03 de fevereiro de 2004. Os novos membros que incluem 15
ministérios, a ANAMMA e a ABEMA e 17 da sociedade civil tomaram posse no dia
1º. de junho de 2004. A primeira reunião da nova composição aconteceu no dia 1º
de julho, e a segunda em 15 de setembro de 2004.
• Realização do primeiro Encontro Nacional das Agendas 21 Locais, nos dias 07 e 08
de novembro de 2003, em Belo Horizonte, com a participação de cerca de 2.000
pessoas de todas as regiões brasileiras. O II Encontro das Agendas 21 Locais será
realizado em janeiro de 2005, durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre-
RS.
• Programa de Formação em Agenda 21, voltado para a formação de cerca de 10.000
professores das escolas públicas do País que, através de cinco programas de TV,
discutiram a importância de se implementar a Agenda 21 nos municípios, nas
comunidades e na escola. Esse programa, veiculado pela TVE em outubro de 2003,
envolveu, além dos professores, autoridades governamentais e não governamentais,
e participantes dos Fóruns Locais da Agenda 21, da sociedade civil e de governos.
27

• Participação na consolidação da Frente Parlamentar Mista para o Desenvolvimento


Sustentável e Apoio às Agendas 21 Locais. Esta frente, composta de 107 Deputados
Federais e 26 Senadores, tem como principal objetivo articular o Poder Legislativo
brasileiro, nos níveis federal, estadual e municipal, para permitir uma maior fluência
na discussão dos temas ambientais, disseminação de informações relacionadas a eles
e mecanismos de comunicação com a sociedade civil.
• Elaboração e monitoramento, em conjunto com o FNMA, do Edital 02/2003 -
Construção de Agendas 21 Locais, que incluiu a participação ativa no processo de
capacitação de gestores municipais e de ONGs, em todos os estados brasileiros, para
a confecção de projetos para o edital. Ao todo foram cerca de 920 pessoas
capacitadas em 25 eventos. No final do processo, em dezembro de 2003, foram
aprovados, com financiamento, 64 projetos de todas as regiões brasileiras.
• Publicação da Série Cadernos de Debate Agenda 21 e Sustentabilidade com o
objetivo de contribuir para a discussão sobre os caminhos do desenvolvimento
sustentável no País. São seis os Cadernos publicados até o presente: Agenda 21 e a
Sustentabilidade das Cidades; Agenda 21: Um Novo Modelo de Civilização; Uma
Nova Agenda para a Amazônia; Mata Atlântica o Futuro é Agora; Agenda 21 e o
Setor Mineral; Agenda 21, o Semi-Árido e a Luta contra a Desertificação.
• Publicação de mil exemplares da segunda edição da Agenda 21 Brasileira: Ações
Prioritárias e Resultado da Consulta Nacional, contendo apresentação da Ministra
Marina Silva e a nova composição da CPDS.

Ainda, foram efetivadas parcerias e convênios com o Ministério da Educação,


Ministério da Saúde, Ministério das Cidades, Ministério da Cultura, Ministério do
Desenvolvimento Agrário, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,
Ministério da Integração Nacional, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
e Ministério de Minas e Energia; Fórum Brasileiro das ONGs para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento; CONFEA/CREA, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco
do Nordeste e prefeituras brasileiras.
28

3 - GESTÃO AMBIENTAL

O termo gestão ambiental ultimamente é bastante abrangente. Freqüentemente


usado para designar ações ambientais em determinados locais, como por exemplo:
gestão ambiental de bacias hidrográficas, gestão ambiental de parques e reservas
29

florestais, gestão de áreas de proteção ambiental, gestão ambiental de reservas de


biosfera e outras tantas modalidades de gestão que incluam aspectos ambientais.
A gestão ambiental empresaria, que se apresenta como o foco deste trabalho,
está essencialmente voltada para organizações como corporações, firmas, empresas ou
instituições. Podemos defini-la como sendo um conjunto de políticas, programas e
práticas administrativas e operacionais que levam em conta a saúde e a segurança das
pessoas e a proteção do meio ambiente através da eliminação ou diminuição de
impactos e danos ambientais decorrentes do planejamento, implantação, operação,
ampliação, realocação ou desativação de empreendimentos ou atividades, incluindo-se
todas as fases do ciclo de vida de um produto.
A gestão ambiental deve ter com principal objetivo a busca contínua de melhoria
da qualidade ambiental dos serviços, produtos e ambiente de trabalho de qualquer
organização pública ou privada.
A busca contínua pela qualidade ambiental é assim um processo de
aprimoramento permanente do sistema de gestão ambiental de acordo com a política
ambiental estabelecida pela organização.
Dentro dos objetivos citados há também os objetivos específicos da gestão
ambiental, que estão muito bem definidos segundo a norma NBR-ISO 14.001 que
destaca cinco pontos básicos. Além dos objetivos da norma ISO, na prática, observam-
se outros objetivos que também podem ser alcançados através da gestão ambiental, que
são as seguintes:

• Direcionar as atividades da empresa para políticas, diretrizes e programas


relacionados ao meio ambiente e externo da companhia;
• De forma preventiva, manter em conjunto com a área de segurança do trabalho,
a saúde dos trabalhadores;
• Produzir, com a colaboração de toda a cúpula dirigente e os trabalhadores,
produtos ou serviços ambientalmente compatíveis;
• Trabalhar em parceria com setores econômicos, com a comunidade e com os
órgãos ambientais para que sejam desenvolvendo e adotando processos
produtivos que evitem ou minimizem agressões ao meio ambiente.
30

3.1 - FUNDAMENTOS BÁSICOS DA GESTÃO AMBIENTAL

Os fundamentos básicos, ou seja, os motivos que levam as empresas a adotar e


colocar em prática a gestão ambiental são vários. Podendo ser desde procedimentos
obrigatórios para o atendimento da legislação ambiental até a assimilação de políticas
ambientais que procurem a conscientização de todo o pessoal da organização.
A tentativa de procedimentos gerenciais ambientalmente corretos, incluindo a
adoção de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), encontra outras inúmeras razões
que justificam a sua adoção. As bases fundamentais de um Sistema de Gestão
Ambiental podem variar de uma organização para outra. Porém, eles podem ser
resumidos nos seguintes básicos:
Os recursos naturais e as matérias-primas, que estão sendo fortemente afetados
pelos processos de utilização exaustiva e degradações decorrentes de atividades públicas
ou privadas, são limitadas, assim estão se tornando cada vez mais escassos e por isso
encontram-se mais caros ou legalmente mais protegidos.
O crescimento populacional, principalmente em grandes centros urbanos e nos
países menos desenvolvidos, exerce forte ação sobre o meio ambiente e seus recursos
naturais.
A legislação ambiental, que tem se adaptado a nova realidade de necessidade do
meio ambiente, exige cada vez mais respeito e cuidado com nossos recursos naturais, tal
exigência acaba por conduzir a uma maior preocupação ambiental.
Pressões públicas de âmbito local, nacional e internacional exigem cada vez
mais responsabilidades ambientais das empresas. A sociedade está cada vez mais crítica
no que diz respeito a problemas ambientais e à poluição causada por empresas e suas
atividades. Organizações não-governamentais estão cada vez mais atuantes e exigem o
cumprimento da legislação ambiental, a diminuição de impactos, a reparação de danos
ambientais ou impedem a implantação de novos empreendimentos ou atividades.

3.2 - NECESSIDADE E IMPORTÂNCIA DA GESTÃO AMBIENTAL PARA A


EMPRESA
31

Durante o ciclo de vida do produto existem danos que podem ser causados ao
meio ambiente, que compreende todos os impactos sobre o meio ambiente, além a saúde
humana, os danos podem ocorrer desde a obtenção e transporte de matérias-primas, da
transformação, da distribuição e comercialização até o uso dos produtos, da assistência
técnica e sua destinação final.
É importante deixar claro que a empresa é a única responsável pela adoção de
um Sistema de Gestão Ambiental e assim uma política ambiental. Só depois da sua
adoção é que o cumprimento e a conformidade devem ser seguidos integralmente.
Sendo assim, nenhuma empresa é obrigada a adotar um SGA e/ou Política Ambiental,
porém depois de adotados, é imprescindível que se cumpra o estabelecido sob pena da
organização cair num tremendo descrédito no que se refere às questões ambientais,
principalmente perante a sociedade.

3.4 - AVALIAÇÃO AMBIENTAL INICIAL

O processo de introdução de um sistema de gestão ambiental tem início na


avaliação ambiental. Esse procedimento pode ser realizado com recursos humanos
internos ou externos, pois, quando a empresa já dispõe de pessoal habilitado ou
relacionado com questões ambientais, (por exemplo, técnicos da área de saúde e
segurança do trabalho ou controle de riscos), essa tarefa poderá ser feita internamente.
Por outro lado, não existindo tal possibilidade, a organização poderá recorrer aos
serviços de terceiros, quer seja ao de consultores autônomos ou ao de firmas de
consultoria ambiental.

Em geral as empresas principalmente as mais poluentes possuem uma série de


problemas ambientais que vão desde suas fontes poluidoras, destino de resíduo e
despejos perigosos, até o cumprimento da legislação ambiental. Fato preocupante é que
muitas vezes as empresas mal conseguem perceber suas deficiências em termos de meio
32

ambiente, pois vários aspectos contribuem para isso, como por exemplo:

• Pouca preocupação ou conscientização ecológica de dirigentes e


colaboradores.

• Tradições na cadeia de produção, tratamento de efeitos poluidores no fim do


processo industrial.

• Diminuir despesas, a qualquer custo, em detrimento do meio ambiente.

• Manter a competitividade em setores que em geral não cuidam das questões


ambientais.

• Precariedade de monitoramento ou fiscalização dos órgãos ambientais


competentes.

Uma avaliação ambiental inicial permite às organizações:

• Conhecer seu perfil e desempenho ambiental.

• Experiência na identificação e análise de problemas ambientais.

• Conhecer pontos fracos que possibilitem obter benefícios ambientais e


econômicos.

• Eficiência na utilização de matérias-primas e insumos.

Para executar a avaliação ambiental, podem ser usadas várias técnicas


isoladamente ou de forma combinada - sempre dependerá da atividade ou organização a
ser avaliada. As principais técnicas comuns para fazer a avaliação podem incluir:

• Questionários previamente desenvolvidos para fins específicos.

• Entrevistas dirigidas, com o devido registro dos resultados obtidos.

• Utilização de listas de verificação pertinentes às características da


organização. Estas se mostram muito apropriadas para analisar atividades,
linhas de produção ou unidades fabris semelhantes, permitindo comparações
e uma melhor organização de todas as etapas da cadeia de produção.

• Inspeções e atuações diretas em casos específicos, como por exemplo:


emissões atmosféricas, quantidades e qualidade de despejos.

• Averiguação de registros de ocorrências ambientais, como infrações, multas,


etc.
33

3.5 - COMPROMETIMENTO E POLÍTICA AMBIENTAL

A política ambiental deve estabelecer um quadro de regras gerais de orientação


para as organizações e simultaneamente fixar os princípios de ação pertinentes aos
assuntos e à postura empresarial relacionadas ao meio ambiente.

A base inicial deve ser a avaliação ambiental ou mesmo uma revisão que permita
descobrir em que patamar a organização se encontra em relação às questões ambientais,
é a partir daí que a empresa começa a definir claramente aonde ela quer chegar. Nesse
sentido, a organização começa a efetuar mudanças, discute, define e fixa o seu
comprometimento e a respectiva política ambiental.

O objetivo maior é então alcançado, que é obter um comprometimento e uma


política ambiental definida para a organização. Mas para que haja sucesso a empresa
não deve simplesmente conter declarações vagas; ela precisa ter um posicionamento
definido e forte.

A política ambiental da organização deve necessariamente estar disseminada em


todos os locais da empresa, ou seja, em todas as áreas administrativas e operativas e
também deve estar incorporada em todas as hierarquias existentes, ou seja, de baixo
para cima e de cima para baixo - da alta administração até a produção.

Ao adotar a política ambiental, a organização deve escolher primeiramente as


áreas mais óbvias a serem focalizadas com relação ao cumprimento da legislação e das
normas ambientais vigentes específicas no que se refere a problemas e riscos ambientais
potenciais da empresa.

A organização deve ter o cuidado de não ser demasiadamente genérica, deve-se


ter atenção a pontos específicos da legislação que atende aos interesses das ações
necessárias.

O compromisso com o cumprimento e a conformidade é de vital importância


para a organização, pois, em termos de gestão ambiental, inclusive nos moldes das
normas da série ISO 14000, a adoção de um SGA é voluntária, portanto nenhuma
empresa é obrigada a adotar uma política ambiental ou procedimentos ambientais
espontâneos, como já foi mencionado, salvo em casos de requisitos exigidos por lei,
34

como, por exemplo: licenciamento ambiental, controle de emissões, tratamento de


resíduos, etc.

3.6 - PLANEJAMENTO DO PROCESSO

Planejar a implementação de um sistema de gestão ambiental, como qualquer


atividade de planejamento, exige alguns pequenos cuidados para que as intenções
possam ser transformadas em ações reais. Portanto, as organizações devem formular um
plano para cumprir sua política ambiental.

Ao iniciar o planejamento das ações previstas, a organização deve estabelecer e


manter procedimentos que permitam avaliar, controlar e melhorar posteriores resultados
nas questões que envolvem os aspectos ambientais da empresa, especialmente no que
diz respeito ao cumprimento da legislação, normas, uso racional de matérias-primas e
insumos, saúde e segurança dos trabalhadores e minimização de danos ambientais,
dentre outros aspectos.

Segundo o entendimento expresso na própria norma NBR-ISO 14.004, o


relacionamento entre os aspectos ambientais e os impactos (danos) ambientais é o de
causa-efeito.

3.7 - TAREFA E ATRIBUIÇÕES DA GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL

São as seguintes tarefas e atribuições da Gestão Ambiental Empresarial:

• Definir política/diretriz ambiental para a empresa holding/matriz e demais


unidades.

• Elaborar objetivos, metas e programas ambientais globais e específicos para


ação local.

• Definir a estrutura funcional e alocar pessoas qualificadas.


35

• Organizar um banco de dados ambientais.

• Montar um sistema de coleta de dados ambientais definidos por unidade.

• Medir e registrar dados ambientais, por exemplo:

• Consumo de água, energia e combustível;

• Geração de resíduos, lixo e despejos;

• Emissões e imissões de poluentes;

• Consumo de diversos (papel, impressos, plásticos, produtos de limpeza, etc).

• Elaborar relatórios ambientais específicos de áreas críticas (pode envolver


análise de risco).

• Fazer um inventário de leis, normas e regulamentações ambientais.

• Fazer inspeções ambientais isoladas em unidades críticas.

• Implantar e fazer monitoramento ambiental.

• Elaborar e implantar programas de gestão ambiental.

• Implantar e executar treinamento e conscientização ambiental em diferentes


setores e níveis organizacionais.

• Divulgar informações e resultados ambientais para mídia e propaganda.

• Definir e implantar prêmios e concursos ambientais internos e externos.

• Elaborar e divulgar orientações ambientais para fornecedores, consumidores,


funcionários e acionistas.

• Fazer a avaliação de impactos ambientais nos termos legais para


implantação, operação, ampliação ou desativação de empreendimentos.

• Emitir relatórios de desempenho ambiental.

• Propor e executar ações corretivas.

• Fazer auditoria ambiental espontaneamente e/ou por exigência legal.

É recomendável que a organização defina suas prioridades ambientais, os


objetivos e as responsabilidades para que o sistema de gestão ambiental e as atividades
diárias a ela relacionadas realmente possam ser viabilizadas.
36

3.8 - IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO


AMBIENTAL

Após terem sido executadas as fases anteriores, chega-se ao momento da


implementação e da operação do sistema de gestão ambiental. Esse procedimento
compreende essencialmente a capacitação e os mecanismos de apoio. Em síntese, isso
significa disponibilizar recursos humanos, físicos e financeiros para que a política, os
objetivos e as metas ambientais da organização possam ser viabilizados.

Deve-se ressaltar que no contexto da melhoria contínua da qualidade ambiental,


as exigências de capacitação e os mecanismos de apoio evoluem constantemente, ou
seja, devem ser aperfeiçoadas ou adequados sempre que se fizer necessário.

4 - NORMAS AMBIENTAIS

As normas ambientais contribuem para a diminuição e controle da degradação


ambiental e poluição provocadas por todo e qualquer processo produtivo gerado pela
atividade humana.
Uma norma internacional surge como uma tentativa de padronizar conceitos,
atividades e gerar procedimentos que sejam apoiados por indústrias e empresas que
37

geram impactos ambientais em sua produção. Logo, se uma empresa implementa


voluntariamente uma norma internacional, automaticamente, estará demonstrando seu
interesse e preocupação com o meio ambiente.

O surgimento das normas ambientais foi importante no sentido de acompanhar


continuamente o processo produtivo das empresas e seu impacto ambiental. Ou seja,
essas normas fizeram com que as empresas tivessem que passar a se preocupar com o
ambiente desde o planejamento de seu produto até sua exposição no mercado.
Desta maneira, as empresas que querem obter uma certificação e uma boa posição
no mercado procuram atender a essas normas, assim como a legislação e os
regulamentos que lhe sejam aplicados. Neste âmbito, entram as ONG’s com o papel de
pressionar as empresas para estarem sempre melhorando seu desempenho ambiental e
cumprindo as leis ambientais.
A partir da criação dessas normas começaram a surgir o que se denomina selo
verde, uma marca que informa ao consumidor se um determinado produto está em
conformidade com o meio ambiente e, conseqüentemente, a empresa também. Estes
selos podem aparecer na forma de símbolos ou declaração numa embalagem, boletins
técnicos, através de publicidade, e várias outras formas. A principal função deles está
em incentivar o consumo de produtos ambientalmente corretos, mas servem também
como motivadores da proteção do meio ambiente.
Existem vários programas de rotulagem de produtos no mundo (selos verdes) e
mais de vinte países já os possuem. O seu reconhecimento internacional, porém, requer
esforços do governo e de seus organismos. Para isso existe uma série de procedimentos
que visam harmonizar os vários programas de rotulagem ambiental.
Os itens considerados para a rotulagem são variados podendo, na maioria das
vezes, ser classificados através de vários critérios. Ou seja, todo o ciclo de vida do
produto é analisado, desde a extração da matéria-prima até sua deterioração no meio
ambiente. Como exemplos de selos verdes, existem o Blau Agel, White Swan e o
Ecologic Choice.
Dentre as entidades que criam normas ambientais, pode-se citar a ISO, uma das
mais conhecidas. Ela é uma federação mundial, não-governamental, de organismos
nacionais de normalização fundada em 1947. Composta por 91 países representa 95%
da produção industrial do mundo. Sua sede localiza-se na Suíça, onde são discutidas e
analisadas normas para uso em todos os domínios de atividades, exceto ao que se refere
38

ao campo eletro eletrônico. Como a ISO é uma instituição normatizadora, sua função é
elaborar e avaliar as normas discutidas através de vários comitês técnicos compostos
por especialistas destes países. No campo ambiental, o comitê responsável foi
designado pelo número 207 (TC-207), composto por 56 países. Deste comitê é que
saem as normas de gestão ambiental, chamadas de série ISO 14000.
Geralmente, uma empresa para estar de acordo com as normas estabelecidas pela
ISO, deve, entre outras coisas:
• Atender aos requisitos legais.
• Adotar procedimentos em ações ambientais.
• Criar programas de treinamento da mão-de-obra.
• Criar ações de controle corretivas e preventivas referentes à acidentes
ambientais.
• Promover uma interação com programas de qualidade, saúde e segurança.
• Promover uma relação de comunicação com a população e outras partes
interessadas.
A política ambiental de uma empresa deve estar comprometida com a melhoria
contínua e com o atendimento aos requisitos legais e de mercado das normas da ISO.
Esta política deve ser difundida não somente para o público interno da empresa como
também para o externo, como por exemplo, consumidores e públicos de interesse. Isto
pode ser feito, dentre outras maneiras, através de declarações onde a empresa expõe
como pretende reduzir os efeitos ambientais de suas atividades.
Outra ação de extrema importância prevista nas normas ambientais e que deve
fazer parte da política ambiental de uma empresa é a avaliação dos impactos ao meio
ambiente causados por ela, no sentido de prever-se acidentes ecológicos e impactos
ambientais irreversíveis ao planeta. Por isso é necessário que seja uma avaliação
minuciosa e abrangente.
Segundo a obra Gestão Ambiental-Planejamento, Avaliação, Implantação,

Operação e Verificação vale ressaltar que as empresas devem, em seu estudo,
identificar não somente os efeitos ambientais diretos de sua produção, como também os
indiretos, aqueles que surgem decorrentes da atividade fabril da empresa. Em seguida,
selecioná-los, de maneira que possa eliminar primeiramente aqueles que julgue mais


Obra de Josimar Ribeiro de Almeida, Claudia dos S. Mello e Yara Cavalcanti. Capítula: Avaliação dos
Efeitos Ambientais. Página 74.
39

insignificante. Desta forma o trabalho de eliminação e controle dos efeitos ambientais


torna-se mais produtivo.
Dentre os impactos ambientais diretos, destacam-se:
• Emissões gasosas para a atmosfera: Ocorrem durante a extração de matérias-primas
e combustíveis e na sua utilização nos processos químicos. São lançados na
atmosfera através das chaminés das fábricas.
• Descargas de efluentes nas águas: Os efluentes industriais, em sua maioria, são
aquosos. São provenientes dos processos industriais que exigem água. São
despejados no esgoto público através de autorização da companhia local responsável
pelo tratamento de água e esgoto.
• Geração de resíduos sólidos ou contidos: Os resíduos industriais são diversos. São
provenientes, por exemplo, de restos de matéria-prima, materiais de embalagem,
solventes contaminados, óleos, etc.
• Consumo de energia: A produção e consumo de energia são responsáveis pelo maior
impacto sobre o meio ambiente. A extração de petróleo, carvão e gás natural têm
um impacto local muito grande e a combustão para produzir eletricidade é capaz de
gerar implicações globais.
• Uso da água: Empresas que usam grandes volumes de água costumam obtê-la
através da extração subterrânea ou de fontes superficiais. Constrói-se então represas,
estações de recalque, e isso acaba por gerar um impacto no meio ambiente. Por
exemplo, nos períodos de seca, a qualidade das águas fluviais pode ser deteriorada
devido a essa demanda excessiva de água.
• Manuseio e armazenamento de materiais: Existem vários materiais que precisam de
uma atenção especial quanto ao manuseio e armazenamento pois podem causar
riscos ambientais. Cabe a empresa orientar os funcionários e o público consumidor
quanto à maneira correta de manusear e armazenar determinados materiais.
• Disposição final de lixo de embalagens: Este é um dos problemas ambientais mais
comuns. E é exatamente neste aspecto que observa-se a importância da reciclagem.
Cada empresa deve trabalhar pensando no que fazer com o lixo de suas embalagens,
se pode ser reciclado e a melhor maneira de se trabalhar em cima dessa questão.
• Transporte de materiais e pessoas: Ele é essencial para a segurança dos produtos e
trabalhadores. Deve ser o mais eficiente possível. A empresa também deve estar
atenta quanto ao tipo de combustível utilizado em seus transportes. Hoje é comum
40

encontrar no mercado, por exemplo, empilhadeiras movidas à eletricidade, óleo ou


gasolina.
• Ruído, odores e impacto visual da instalação: Ruídos, odores, poeiras, fumaça e
sujeira são problemas comuns nas indústrias. Requerem estudos minuciosos para se
amenizar tais transtornos.
• Perturbação de habitat e ecossistemas: É fato de que todo processo industrial gera
um efeito direto sobre o meio ambiente. A maneira correta de se amenizar tal
problema está, como já foi explicado, em criar projetos sociais e ecológicos de
participação e apoio da empresa, além de todo o cuidado para que esta proceda
sempre de maneira ecologicamente correta.
• Contingência: O planejamento de contingência é feito com o objetivo de reduzir
riscos de acidentes ambientais, incêndios e outros acidentes de emergência. São
essenciais para assegurar a proteção de trabalhadores, população e meio ambiente.

Os efeitos indiretos são mais difíceis de se avaliar por estarem fora do controle das
empresas. São efeitos decorrentes de atividades afastadas da empresa ou longe de suas
imediações. Por exemplo, não há como saber se um produto será utilizado e armazenado
pelo consumidor, conforme a empresa recomenda. Se isso não acontecer, um problema
decorrente do mau uso do produto pode ser considerado como efeito indireto.
Mesmo assim, tais efeitos não fogem totalmente ao controle da empresa. Esta
pode, de alguma forma evitar tais situações. Isto pode ser feito criando embalagens que
possam ser recicladas ou fornecendo maiores informações sobre a procedência de seu
produto.
Baseado ainda na obra citada, os efeitos indiretos que merecem maior destaque

são:

• Efeitos de processos de fornecedores ou subcontratantes: É importante, para uma


empresa, saber a procedência dos materiais usados, ou seja, saber se eles estão em
conformidade com o meio ambiente, pois caso não, isso prejudicará a imagem da
empresa. Também é importante que a empresa volte sua atenção aos prestadores de
serviços que contratar. Esta atenção deve ser dada de maneira que os oriente a agir
de maneira ecologicamente correta, ao lidarem com seus produtos.
41

• Efeitos da utilização e disposição dos produtos: Como foi dito anteriormente, fica
difícil para uma empresa saber como será armazenado ou descartado o seu produto
após o uso. As soluções mais indicadas para que se evite problemas posteriores é
informar, na embalagem, maneiras de se armazenar e como se deve proceder para
descartar o produto após o uso. Também é interessante, para a empresa, sempre que
puder, criar produtos/embalagens que possam ser reciclados.
• Efeitos de atividades e serviços: Além de fornecer dados sobre armazenamento e
manuseio final de produtos, é importante também, que a empresa relate como deve
ser usado seu produto. Assim, evita-se o uso incorreto e conseqüentemente, riscos
tanto para o público consumidor quanto para o meio ambiente.
Essa avaliação de efeitos diretos e indiretos, bem como a implantação de
programas e projetos para solucioná-los é muito importante para uma empresa. Para tal
é necessário investir um capital significativo, pois tais procedimentos geram gastos.
Porém, este capital investido tende a gerar lucros futuramente. A empresa que investe
no setor ecológico tem, entre outras vantagens: menos gastos com desperdícios, menos
riscos de acidentes (conseqüentemente, menos custos com ações emergenciais),
melhoria de sua imagem e maior aceitação no mercado.
Como se pode ver, o retorno do capital investido torna-se muito mais

compensatório. Para se saber os gastos que uma empresa terá para se tornar

ecologicamente correta é necessário identificar e relacionar os efeitos que foram citados

acima com os projetos ou planos a serem implantados para solucioná-los.


42

5 - GESTÃO DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS

Como já foi mencionado diversas vezes anteriormente, alcançar padrões de


excelência em segurança, meio ambiente e saúde é uma preocupação constante para
grandes empresas, fato que não poderia ser diferente para a Petrobras. Alcançar tal
43

patamar para Petrobras tornou-se uma condição de negócio, que passou a ser inserida
em todas as etapas de suas atividades, de modo a se consolidar definitivamente como
um valor na companhia.
Como parte desse processo, e para aumentar a transparência de suas atividades,
A Petrobras pela primeira vez lançou um projeto que de forma sistematizada contabiliza
as emissões de poluentes e de gases de efeito estufa da companhia.
As ações para realizar esse trabalho foram iniciadas em 2002, que culminou com
o desenvolvimento de um sistema informatizado de gestão das emissões atmosféricas da
Petrobras, no Brasil e na América Latina, num total de mais de 20 mil fontes. Dessa
forma foi possível intensificar o controle sobre tais emissões e melhor identificar as
oportunidades para minimizá-las.
Após realizado estudo bibliográfico a cerca de projetos relacionados a gestão
ambiental realizados pela Petrobras, o projeto em questão foi o que mais chamou
atenção, pela sua grandiosidade já que atinge vários âmbitos da Petrobras e pela sua
continuidade, pois há metas até 2010. Para obter dados mais precisos que serão
apresentados no decorrer da apresentação do projeto de gestão de emissões, foi
realizada uma pesquisa minuciosa sobre o relatório feito em cima da avaliação do
projeto. Tal avaliação ocorreu no período de fevereiro a junho de 2005 e foi realizada
por uma empresa de consultoria.

5.1 - A EMPRESA

A Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras é uma sociedade anônima de capital


aberto que opera em vários segmentos relacionados a atividades da indústria de óleo,
gás e energia, nos mercados nacional e internacional. A empresa produz derivados de
petróleo, combustíveis, lubrificantes, insumos para a indústria petroquímica e de
fertilizantes, gás natural e outras formas de energia.
A Petrobras tem como missão atuar de forma segura e rentável, com
responsabilidade social e ambiental, fornecendo produtos e serviços adequados às
necessidades dos seus clientes e contribuindo para o desenvolvimento do Brasil e dos
países onde atua.
O Planejamento Estratégico Petrobras 2015 reforça o compromisso da empresa
com essa missão. Ao buscar a liderança nos mercados de petróleo e gás natural da
44

América Latina, a Petrobras definiu como pilares estratégicos a expansão seletiva na


petroquímica e a atuação nos mercados de energia renovável. O crescimento, a
rentabilidades e a responsabilidade social ambiental são essenciais para realizar essa
visão.
Alinhadas à sua missão e visão, a Petrobras definiu uma política e quinze
diretrizes corporativas que orientam a gestão de Segurança, Meio Ambiente e Saúde
(SMS). Com base nestas diretrizes SMS, a Petrobras implantou mecanismos para
identificar, analisar e monitorar impactos associados às emissões atmosféricas, gerar
informações para buscar a continua redução de seus efeitos e a comunicação do
desempenho neste tema para as partes interessadas.
Criada e, 1953, a empresa está entre as 15 maiores companhias de petróleo no
mundo, segundo critérios da publicação Petroleum Intelligence Weekly, abrangendo
toda a cadeia da indústria de petróleo.
O Sistema Petrobras inclui quatro áreas de negócios: Exploração e Produção
(E&P), Abastecimento, Gás e Energia, Internacional e duas grandes subsidiárias –
empresas independentes com diretorias próprias: Transpetro e Petrobras Distribuidora
(BR).

5.2 - A PETROBRAS E A MUDANÇA CLIMÁTICA

Um dos grandes desafios deste século é encontrar meios de suprir a crescente


demanda de energia sem promover alterações na estabilidade co clima do planeta. A
disponibilidade e o acesso à energia são de importância para todos os países e essenciais
para o crescimento econômico e o bem-estar social nos países em desenvolvimento. A
busca por soluções tecnologicamente viáveis deve guiar as empresas de energias nas
próximas décadas.
É reconhecido que a mudança climática global tem sido fortemente influenciada
pela emissão de gases de efeito estufa – GEF, particularmente as associadas à produção
e utilização de energéticos e a transformação de energia. Entre os energéticos, os
combustíveis fósseis – carvão, petróleo e gás natural – representam globalmente a
parcela mais significativa no que diz respeito à emissão desses gases.
45

A par de tal realidade, a Petrobras, procurando incorporar os princípios da


responsabilidade social e ambiental às suas atividades e tendo como um de seus Projetos
Estratégicos a busca de excelência em SMS, estabeleceu estratégias, objetivos e metas
capazes de permitir a incorporação das questões relacionadas à mudança climática
global ao planejamento e gestão de seu negócio.
Para atingir os objetivos a Petrobras trabalha em conjunto com a comunidade
científica e empresarial, no desenvolvimento de soluções tecnológicas viáveis que
contribuam para minimizar as emissões de gases efeito estufa e do controle dos
poluentes regulados.
Além disso, a Petrobras é hoje uma empresa atuante e reconhecida no mercado
internacional, sendo constantemente analisada e avaliada pela sociedade em geral,
inclusive potenciais acionistas e investidores de todo o mundo. Visando a atender
também às demandas e expectativas desses públicos.

5.3 - PLANOS GERENCIAIS

A contribuição da Petrobras para mitigação das emissões de gases de efeito


estufa e de poluentes regulados se dá através de ações agrupadas em três eixos,
alinhados com a sua estratégia corporativa e os seus valores, com as suas políticas
corporativas de SMS e de atuação corporativa, conforme o Plano Estratégico Petrobras
2015:
1. Gestão das Emissões Atmosféricas através de;

• Conscientização da força de trabalho, por meio de treinamentos e capacitações;


• Quantificação das emissões atmosféricas;
• Estímulo a projetos de abatimento de emissões e seqüestro de carbono;
46

• Investimento em projetos de redução de emissão de poluentes regulados, tanto


em seus processos como produtos;
• Gestão corporativa das oportunidades de uso dos mecanismos de mercado;
• Incentivo à pesquisa;
• Comunicação sistemática das emissões atmosféricas;
• Participação em fóruns nacionais e internacionais;
• Contribuição na formulação de políticas públicas;
• Estabelecimento de objetivos e indicadores visando ao controle e à gestão das
emissões atmosféricas.

Energia Eólica: A Petrobras desenvolve desde 2001 várias atividades na área de


energia eólica, incluindo a avaliação do potencial eólico em diversos pontos do país
e a instalação de novas usinas. Em seu pano de negócios 2006-2010, a Petrobras
estabeleceu como meta possuir uma potência eólica instalada de 104 MW. Como
primeiro marco para o atendimento desta meta, em janeiro de 2004 a Petrobras
inaugurou no município de Macau, no Estado do Rio Grande do Norte, sua primeira
Usina Eólica Piloto com 1,8 MW de potência instalada.

Projeto economizar: Criado em 1996, por meio de uma parceria da Petrobras com
a Confederação Nacional dos Transportes, sob coordenação do Ministério de Minas
e Energia e apoio do setor privado de transportes de cargas e passageiros, o Projeto
Economizar consiste em análise dos combustíveis e das emissões dos ônibus e
caminhões em defesa da qualidade do ar. Técnicos treinados pela Petrobras utilizam
veículos equipados com minilaboratórios capazes de realizar testes de acmpo. A
partir dos resultados, as empresas voluntárias recebem orientação de como aumentar
a eficiência no uso do óleo diesel e aperfeiçoar seus métodos de gerenciamento e de
capacitação dos empregados que trabalham com os veículos, manuseio e estocagem
do combustível. O Projeto Economizar atua em 22 estados, com participação de 14
sindicatos e federações regionais de transporte, envolvendo cerca de 3200 empresas
e uma frota de mais de 133 mil veículos.
47

2. Ecoeficiência através de:


• Ênfase em eficiência energética;
• Quantificação, verificação e controle das emissões por sistema audível;
• Introdução de novas tecnologias menos intensivas em carbono;
• Estímulo a consumidores e fornecedores para mitigar suas emisões.

Otimização energética e redução das emissões na ampliação e gestão do


parque de refino: A necessidade de processar cargas de petróleo com
características mais pesadas e maior acidez, adicionadas a maiores restrições da
legislação aos teores de enxofre no óleo diesel e na gasolina, levou a Petrobras a
realizar grandes investimentos no seu parque de refino. As novas unidades de
processo destinadas a elevar a produção desses produtos acabam por provocar
uma natural elevação da demanda de utilidades na refinaria, como energia
elétrica, vapor e água de resfriamento. Para aperfeiçoar o atendimento a esta
demanda, a área de abastecimento desenvolveu metodologias e ferramentas para
definir uma configuração considerando os investimentos necessários, a
contabilidade do sistema, os custos operacionais e os impactos ambientais. A
metodologia foi aplicada ao projeto da ampliação do sistema de utilidades da
refinaria de São José dos Campos (REVAP), onde as alternativas de
investimentos adotadas provocaram uma redução de 50 toneladas/ hora nas
emissões de CO2, além de reduções nos poluentes regulados.

3. Investimentos em fontes de energia alternativas e renováveis visando:


• Diversificação energética na carteira de produtos da empresa;
• Aumento da participação de energia renovável nas suas atividades;
• Introdução e disseminação de novas tecnologias.

Biocombustíveis – Planta Experimental de produção de biodiesel da


Petrobras: A Petrobras desenvolveu duas rotas tecnológicas para a produção de
biodiesel: a partir da utilização de sementes de oleaginosas ou de vários tipos de
48

óleos vegetais com a utilização de álcool. Estão sendo construídas duas


Unidades Experimentais em Guamaré, no Rio Grande do Norte. As duas
unidades terão capacidade de produção de 12 mil toneladas de biodiesel por ano,
representando um investimento da ordem de R$ 20 milhões.

5.4 - SISTEMA DE GESTÃO

A gestão de emissões atmosférica passa por todas as áreas de atuação da


Petrobras. A gestão corporativa é feita através de um subcomitê de gestão
(Subcomitê de Emissões e Mudança Climática) composto por representantes das
áreas e empresas do Sistema Petrobras.
Planos de gestão para as emissões atmosféricas são elaborados a partir de
informações obtidas através do Sistema de Gestão de Emissões Atmosféricas –
SIGEA, que abrange todo o sistema Petrobras. Aproximadamente 700 pessoas
de diversas instalações receberam treinamentos específicos que lhes permite
participar da construção do inventário e da gestão das emissões atmosféricas na
Petrobras, fornecendo dados, monitorando o sistema buscando seu
aperfeiçoamento.

5.5 - SUBCOMITÊ DE EMISSÕES E MUDANÇA CLIMÁTICA

• O Subcomitê de Emissões e Mudanças Climáticas foi constituído em novembro


de 2004 e possui atribuições para:
• Consolidar e analisar os cenários de emissões da empresa com base no Sistema
de Gestão de Emissões Atmosféricas SIGEA e nos planos de investimentos e
operações das áreas de negócio e negócios;
• Estabelecer critérios para o desenvolvimento de projetos adequados às regras e
normas dos diversos regimes e mercados de emissões;
• Identificar no ambiente externo as ameaças e oportunidades relativas ao risco
carbono;
49

• Avaliar opções tecnológicas e propor aos Comitês Tecnológicos ( CTOs e


CTEs) as linhas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para redução e
mitigação de emissões;
• Propor políticas e estratégias para maximização da ecoeficiência das operações e
dos produtos quanto à emissão de poluentes regulados – materail particulado
(MP), dióxido de enxofre (SOx), óxido de nitrogênio ( NOx), monóxido de
carbono (CO) e compostos orgânicos voláteis (COVs), e gases de efeito estufa –
dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), considerando
as peculiaridades das áreas de negócio e serviço;
• Propor objetivos, indicadores e metas de desempenho;
• Identificar mecanismos para alavancar projetos de mitigação de emissões:
redução, remoção, mercado de carbono;
• Acompanhar e relatar periodicamente a evolução dos resultados e da gestão de
emissões da empresa.

5.6 - SISTEMA DE GESTÃO DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS – SIGEA

Após três anos de esforços conjuntos de todas as áreas de negócio da


corporação, entrou em operação na Petrobras o Sistema de Gestão de Emissões
Atmosféricas – SIGEA. Composto de quatro módulos principais – Administrativo,
Cálculo das Emissões, Geração de Relatórios e Apoio ao Usuário, o sistema possibilita
inventariar e detalhar todas as enissões atmosféricas( gases de efeito estufa) da empresa.
São dados sobre mais de vinte mil fontes emissoras inventariadas, dente as quais
aproximadamente nove mil são fontes de emissão de gases de efeito estufa, que o
SIGEA, totalmente informatizado, permite administrar em tempo real.
50

O sistema integra todas as atividades da empresa na tarefa de gerar um


inventário de emissões de máxima desagregação (por fonte emissora) e, ao mesmo
tempo, permite a elaboração de relatórios gerenciais com diversos tipo de agregação –
por unidade de negócio, por região, por tipo de fonte emissora, etc.
Historicamente, analisando dados, a Petrobras parecia atender aos requisitos das
legislações vigentes quanto às emissões de poluentes regulados, mas ainda não havia
estabelecido uma padronização de procedimentos em nível corporativo. A partir da
implementação do SIGEA,a empresa monitora de forma sistemática suas emissões
atmosféricas, subsidiando todos os níveis da corporação e o Subcomitê de Emissões e
Mudança Climática na elaboração de estratégias.

5.7 - ABRANGÊNCIA DOS DADOS E METODOLOGIA DE CÁLCULO

As emissões de dióxido de carbono (CO2), um dos gases de efeito estufa, são


calculadas na Petrobras desde 1990, com base em metodologia agregada (top-down),
utilizando o consumo totalizado e o tipo de combustível.
A partir de 2002, as emissões atmosféricas passaram a ser calculadas por
metodologia desagregada (bottom-up), com base nos logaritmos de cálculo do sistema
de Gestão das Emissões Atmosféricas (SIGEA) incluindo: os três principais gases de
efeito estufa – dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O); os
poluentes regulados – óxidos de nitrogênio (NOx), óxidos de enxofre (SOx), material
particulado (MP) e monóxido de carbono (CO); e a quantidade de gás queimando em
tocha.
As fontes de emissão pertencentes às operações com controle financeiro e
acionário igual ou superior a 50% ou cujo controle operacional pertence à Petrobras
foram contabilizadas em 2002 atingindo a totalidade em 2004. Na área de exploração e
produção foram consideradas apenas as fontes em que a Petrobras é considerada
operada perante o órgão regulador (Agência nacional de Petróleo).
As estimativas das emissões diretas da área internacional são apresentadas neste
relatório agregadas às atividades de exploração e produção, abastecimento, gás e
energia e transporte no Brasil. As emissões dos gases de efeito estufa relatadas como
51

“indiretas” referem-se a atividades de compra de energia elétrica e vapor realizadas no


Brasil.
Os navios da frota da Petrobras e da frota contratada que realizam viagens
internacionais são apresentadas neste relatório como “outros”.
As emissões atmosféricas da Petrobras Distribuidora (BR) e da Área Comercial
Downstream pertencente a PESA não foram incluídas no relatório.
As fontes móveis – carros, caminhões, helicópteros e outros, pertencentes às
frotas de cada unidade de negócio ou frota de terceiros – não foram inventariadas com
exceção dos caminhões quando utilizado no transporte do petróleo bruto em
substituição a oleodutos nas atividades de exploração e produção no Brasil.
O potencial de aquecimento global adotado neste relatório para o cálculo de
CO2 equivalente segue o relatório Climate Chance 1995: The Science of Climate
Change (tabela 4, p.22) Intergovernamental Panel on Climate Change – IPCC, no qual
considera para o metano: vinte e um e para o óxido nitroso: trezentos e dez.

5.8 - QUALIDADE DE INFORMAÇÕES

Os resultados das emissões atmosféricas referentes aos anos de 2002 -2004


apresentados neste relatório são garantidos pelos critérios de utilização e administração
do SIGEA. O SIGEA é alimentado mensalmente de forma automática e maneul, por
usuários cadastrados no sistema, sendo os resultados verificados e revisados por
facilitadores treinados.
O inventário de 2004 apresenta qualidade superior aos dados de inventários
anteriores, graças principalmente ao maior grau de conhecimento e de envolvimento dos
colaboradores com o SIGEA. O esforço corporativo na difusão do sistema em todas as
52

áreas de negócio e o treinamento dos colaboradores influenciou significativamente a


qualidade e quantidade dos resultados relativos às emissões atmosféricas da empresa.
O ano base considerado para fins deste relatório é o 2003, no qual o cadastro de
fontes emissoras foi ampliado de forma significativa em relação ao ano anterior. Neste
ano houve a inclusão de novos protocolos de cálculo e de resultados de emissões
associadas aos ativos PESA localizados no Brasil, Argentina, Venezuela, Bolívia e
Peru, ativos na área de negócios Gás e Energia e de navios contratados.
No período de 1990-2001, as emissões de CO2 foram calculadas a partir do
consumo agregado por tipo de combustível (óleo combustível, óleo diesel, gás
combustível e gás residual de refinaria). Foram utilizados fatores de emissão para
combustível típicos conforme usos específicos nos diferentes segmentos da empresa. As
emissões atmosféricas no período de 2002 e 2004, foram coletadas e calculadas através
do SIGEA.

35

30

25
Milhões de Toneladas de CO2

20

15

10

0
Gráfico 1: Emissão de Gases
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Fonte: ICF Consultoria do Brasil LTDA

EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA 2002/2004 (TONELADAS POR ANO)

ANO CO2 CH4 N2O CO2 EQUIVALENTE


2002 28.651.531 77.550 475 30.427.331
2003 36.636.099 105.419 787 39.093.868
2004 40.552.509 170.742 881 44.411.201
Tabela 01 : Emissão de Gases de Efeitos Estufa
Fonte: ICF Consultoria do Brasil LTDA
53

EMISSÕES DE POLUENTES REGULADOS 2002-2004 (toneladas por ano)

ANO NOX MP SOX


2002 94.154 9.406 156.677
2003 175.719 14.345 160.845
2004 205.471 13.676 153.717
Tabela 02 : Emissão de Poluentes Regulados
Fonte: ICF Consultoria do Brasil LTDA

EMISSÕES DE CO2 EQUIVALENTE POR ATIVIDADE 2002-2004 (toneladas por ano)


ATIVIDADE 2002 2003 2004
E&P ( * ) 10.872.581 14.527.743 16.512.162
ABASTECIMENTO ( * ) 17.922.462 19.132.446 19.782.144
GÁS E ENERGIA ( * ) 2.065.944 3.984.691
TRANSPORTE ( * ) 1.456.935 1.498.011 2.351.465
OUTROS ( ** ) 1.539.888 1.431.589
INDIRETAS ( *** ) 175.353 329.836 349.150
TOTAL 30.427.331 39.093.868 44.411.201
( * ) Os resultados incluem as estimativas atmosféricas das unidades instaladas no Brasil e das unidades
internacionais por tipo de atividades. ( ** ) Navios da frota da Petrobras e da frota contratada que realizam viagens
internacionais. ( *** ) As emissões indiretas referem-se a atividades de compra de energia elétrica e vapor
realizadas no Brasil
Tabela 03 : Emissão de CO2 Equivalentes por Atividade
Fonte: ICF Consultoria do Brasil LTDA

ENISSÕES DE CO2 EQUIVALENTE POR ATIVIDADE – 2004


54

ABASTECIMENTO
E&P
GÁS E ENERGIA
TRANSPORTE
OUTROS
INDIRETAS

Gráfico 02 : Emissão de CO2 Equivalentes por Atividade


Fonte: ICF Consultoria do Brasil LTDA

Ecoeficiência – Gestão de Processos internos das refinarias:


Ponto importante a ser da
Redução considerado
queima denagás
gestão de emissões
associado da Petrobras
ao petróleo refere-se
produzido: O às ações de
refino voltadas para a gestão
programa interna
de redução dedos seus de
queima processos, o que (flaring)
gás em tocha provocouregistrou
uma redução
uma
significativa de emissões.
redução Considerando
de queima o períodoao
de gás associado depetróleo
1990 a 2004, as emissões
produzido pelas evitadas
acumuladas alcançaram 10,16
atividades de milhõesede
exploração toneladas
produção de CO2 equivalente
instaladas no Brasil daa ordem
224 mildetoneladas
de SO2. Observando as 2003
13,6% de emissões
para anuais da Petrobras,
2004, passando este
de 4,4 total dedeemissões
milhões evitadas
m3 / dia em 2003
indicam uma para
redução de SOx equivalente
3,8 milhões de m3/dia. a quase dois anos de emissões totais da
Companhia. Já para MP, a sua emissão evitada representa aproximadamente um ano e meio
e para NOx corresponde a cerca de seis meses do total de emissões da Petrobras.

INDICADORES DE DESEMPENHO

Exploração e Produção ( E & P) – As operações de exploração e produção no


Brasil adotam indicadores da International Association for Oil and Gás Producer
(OGP), que quantifica as emissões de gases de efeito estufa por toneladas de
hidrocarbonetos produzido. O aumento da intensidade das emissões de CO2 e CH 4

demonstrado nos gráficos a seguir é resultante de uma maior abrangência do inventário


de emissões entre 2002-2004.
55

EMISSÕES DE CO2 (TON) /HIDROCARBONETO PRODUZIDO (1000T)

116
2004 ( * )

110
2003 ( * )

103

2002

( * ) Curva crescente em conseqüência do EMISSÕES


número de fontes consideradas.
Gráfico 03 : Emissão de CO2 / Hidrocarboneto Produzido
Fonte: ICF Consultoria do Brasil LTDA
Abastecimento - A gestão de eficiência energética das operações de
abastecimento no Brasil adota mensalmente o indicador denominado índice de
Intensidade de Energia (IIE). Este índice adimensional, desenvolvido pela Solomon
Associates, compara o consumo de fontes primárias de energia de uma refinaria com
uma refinaria de referência de igual complexidade e mede o desempenho energético. A
redução do IIE implica um menor consumo de energia para um mesmo patamar de
produção e representa diretamente uma redução relativa de emissões de GEE e de
poluentes regulados. Outro indicador de gestão das emissões das refinarias é o indicador
de emissões de SOx. O uso deste indicador tem sido importante para identificar ações
que evitem o aumento destas emissões neste momento de implantação de projetos para a
redução de enxofre no óleo diesel e na gasolina.

EMISSÕES DE CH4 (TON)/HIDROCARBONETOS PRODUZIDOS (1000T)


56

0,69
2004 ( ** )

0,61
2003 ( * )

2002

0,8
( * ) Impacto da redução
0 de queima
0,1 0,2 em0,3
tocha.0,4
( ** ) Aumento
0,5 0,6de intensidade
0,7 0,8 pela0,9
consideração de novas fontes de emissão.

Gráfico 04 : Emissão de CH4 / Hidrocarboneto Produzido


Fonte: ICF Consultoria do Brasil LTDA

ÍNDICE DE INTENSIDADE DE ENRGIA (IEE) DAS ATIVIDADES DE


ABASTECIMENTO 1997-2004

125%

120%

115%

110%

105%

100%

95%

90%
Gráfico 05 : Índice de Intensidade
1997 1998de Energia
1999 das Atividades
2000 2001 2002 de 2003
Abastecimento
2004

Fonte: ICF Consultoria do Brasil LTDA


57

5.8.1 - INICIATIVAS

CONSERVAÇÃO DE ENERGIA
O Programa Interno de Conservação de Energia Petrobras tem como objetivo o
aumento da eficiência energética da companhia. Atualmente o programa é conduzido
pela Gerência de desempenho energético, responsável por realizar investimentos em
projetos de eficiência energética nas unidades da empresa, promovendo maior volume
de produção, processamento ou movimentação por unidade de energia consumida. De
1992 a 2004 houve economia de 742 milhões de m3 de gás combustível e de gás
natural, de 998 mil m3 de óleo combustível, de 76 mil m3 de óleo diesel e de 8 mil
toneladas de GLP.
Esta iniciativa evitou o aumento considerável nas emissões de gases de efeito
estufa e de poluentes regulados na empresa. No período de 1992 a 2004, foram evitadas
as emissões de cerca de 5,2 milhões de toneladas de CO2 equivalente. Em relação ao
NOx, foi evitada a emissão de aproximadamente 17 mil toneladas; em relação ao
Material Particulado alcançou-se, 1,6 mil toneladas e, quanto ao SO2 foram evitadas
19,6 mil toneladas de emissões. Somente em 2004, o programa propiciou à empresa a
economia de 945 mil barris de óleo equivalente, o que evitou a emissão de
aproximadamente 367 mil toneladas de CO2.

CADEIA DE NEGÓCIOS
A Petrobras, nas mais recentes revisões do seu planejamento estratégico, definiu
que as fontes de energia renováveis serão uma das bases para a sustentabilidade futura
de seu negócio. Projetos nas áreas de biocombustíveis, energia eólica, energia solar e
termossolar são algumas das iniciativas em andamento.
Para direcionar esses investimentos, a empresa prioriza projetos que permitam
agregar valor a sua cadeia de negócios ou que contribuam para o desenvolvimento
sustentável das regiões onde atua. A produção de biomassa e biocombustíveis, por
exemplo, apresenta condições favoráveis no Brasil.
O Plano de Negócios 2006 – 2010 da Petrobras inclui a meta de suprir o
mercado em 8200 barris por dia (bpd) de biodiesel até 2010. A Petrobras também atua
de forma a auxiliar a sociedade na redução e controle do consumo de combustíveis
58

fósseis, especialmente no setor de transportes. A empresa coordena o Programa


Nacional de Racionalização do uso dos Derivados de Petróleo e do Gás Natural
(CONPET), que tem como objetivo a redução no consumo de óleo e gás no Brasil. Dois
destaques desse programa são os projetos Economizar que em 2003 proporcionou
economia estimada em 303 milhões de litros de diesel e evitou a emissão de mais de
800.000 toneladas de CO2, 18 milhões de toneladas de material particulado e mais de
mil toneladas de SO2, além do Transportar que promoveu a economia de 13,6 milhões
delitros de óleo diesel e evitou a emissão de mais de 36.000 toneladas de CO2, 800
toneladas de materail particulado e pelo menos 45 toneladas de SO2.

CONCLUSÃO

O objetivo primordial deste trabalho, como se pode ver, foi o de mostrar a ligação
existente entre meio ambiente e sociedade e como as grandes empresas e industrias
podem atuar sem prejudicá-los e sem se prejudicar através do desenvolvimento
sustentável.
59

Dentro das idéias apresentadas aqui podem surgir outras, ou elas mesmas podem
ser melhoradas para que se encaixem no perfil e recursos disponíveis da empresa. É
importante lembrar sempre que a questão ecológica exerce influência fundamental na
estrutura de uma sociedade. Dentro deste contexto, uma empresa pode apresentar
soluções que dariam às populações ótimas oportunidades e novas idéias criativas. O
benefício seria de ambos, já que uma empresa integrada às questões ambientais é
sempre bem vista e aceita no mercado.
É necessário que se conheça o meio ambiente, que se estude maneiras de preservá-
lo, que se compense o que foi degradado. Isto pode ser feito com o apoio dos
empregados, das ONG’s e da população. No que se refere à população, esta seria
altamente privilegiada com novas oportunidades, educação e melhoria de qualidade de
vida. Isto porque o meio ambiente sempre estará ligado às práticas sociais e produtivas
do homem. E, desta forma, pode-se notar que a cultura e as atividades de cada indivíduo
influi diretamente no seu meio. Como foi dito, projetos empresariais que se destinam à
melhoria do meio ambiente, também podem ser de cunho social. Também são
importantes as avaliações de impactos ambientais que possam contribuir para uma
maior conscientização dos problemas de uso dos recursos naturais e qualidade do meio
ambiente.
Os resultados podem ser vantajosos se tudo for levado a sério. Não se pode dizer
que algo não dará certo se houver força de vontade para se tentar. Pode ser que os
problemas não sejam sanados, já que são muito complexos, mas com certeza podem ser
atenuados. Para o Brasil dar certo, falta tentar esses novos caminhos. A ação é
fundamental. As propostas de cunho sócio-ambiental são essenciais para se prevenir e
evitar problemas futuros. O princípio está na educação ambiental para, depois, se partir
para a recuperação e preservação.
60

BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Fernando. O bom negócio da sustentabilidade.Rio de Janeiro: Nova


Fronteira, 2002.
ALMEIDA, Josimar Ribeiro de; MELLO, Claudia dos S. e CAVALCANTI, Yara.
Gestão Ambiental – planejamento, avaliação, implantação, operação e verificação. Rio
de Janeiro: Thex Ed., 2000.
ALVES, Marcio Moreira. Sábados azuis – 75 histórias de um Brasil que dá certo. Rio
de Janeiro: Léo Christiano Editorial, 2000.
BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e
instrumentos. SãoPaulo: Saraiva, 2006.
61

CUNHA, Sandra Baptista; GUERRA, Antônio José Teixeira (orgs). A questão


Ambiental: diferentes abordagens. Rio de Janeiro:Bertrand Brasil, 2003.
PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter, A Globalização da Natureza e a Natureza da
Globalização. 1.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

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